Download - Dons Espirituais e Ministeriais

Transcript
  • Servindo a Deus e aos homens com poder

    extraordinrio

    E L I N A L D O r e n o v a t o

  • E l i n a l d o R e n o v a t o

    D o n s espiritu a is & M in ister ia is

    Servindo a Deus e aos homens com poder

    extraordinrio

    1a Edio

    CP/ORio de Janeiro

    2014

  • Todos os direitos reservados. Copyright 2014 para a lngua portuguesa da Casa Publicadora das Assembleias de Deus. Aprovado pelo Conselho de Doutrina.

    Preparao de originais: Vernica ArajoCapa: Flamir AmbrsioProjeto grfico e editorao: Elisangela Santos

    C D D : 220 - Comentrio Bblico ISBN: 978-85-263-1153-4

    As citaes bblicas foram extradas da verso Almeida Revista e Corrigida, edio de 1995, da Sociedade Bblica do Brasil, salvo indicao em contrrio.

    Para maiores informaes sobre livros, revistas, peridicos e os ltimos lanamentos da CPAD, visite nosso site: http://www.cpad.com.br

    SAC Servio de Atendimento ao Cliente: 0800-021-7373

    Casa Publicadora das Assembleias de DeusAv. Brasil, 34.401, Bangu, Rio de Janeiro - RJ CEP 21.852-002

    I a edio: Janeiro/2014 Tiragem: 30.000

  • A g r a d e c i m e n t o s

    Como em todos os livros que tenho a graa de escrever, em primeiro lugar, agradeo a Deus, por mais uma oportunidade de ser til sua Igreja. Agradeo a meus pais, Jos Martins de Lima (in memoriani) e Milza Renovato de Lima, que me encaminharam na f em Cristo Jesus.

    A minha esposa, ris, que, nos 48 anos de casados, sempre est ao meu lado, ajudando no meu ministrio. Ela minha leitora nmero um, e cuida da reviso dos livros e textos que escrevo. Com sua ajuda, meu trabalho literrio aperfeioado. Com suas oraes, apia-me espiritualmente, dando-me tranquilidade para servir ao Senhor com alegria.

    A meus filhos: a Ilana e seu esposo, Kennedy, a Liana Rebeca e Ana Beatrice (netas); a Ilene e seu esposo, Joel e Jnatas (netinho); a Elieber e sua esposa, Talita, aTaminha (neta), a Elieber Filipe (netinho) e a Tmara (a netinha mais nova); a Raquel, a filha mais nova e a seu esposo, Renielton; agradeo-lhes pelo incentivo que me do com suas vidas nos caminhos do Senhor, dando-me a alegria de dizer eu e minha casa servimos ao Senhor.

    A Assembleia de Deus em Parnamirim, e a meus irmos e amigos, que oram por mim e pelo meu ministrio e me estimulam a trabalhar em prol do Reino de Deus.

  • CPAD, na pessoa de Dr. Ronaldo Rodrigues, seu ilustre diretor, que tem valorizado o autor nacional; sua diretoria, formada por homens, que colaboram para a melhoria da educao crist, e a todos os que fazem a nossa Casa Publicadora.

    Aos queridos irmos, leitores, pelo Brasil afora, que tm prestigiado nosso trabalho literrio. Que este livro seja uma bno para edificao de suas vidas. A Deus, toda a glria!

    Parnamirim, 30 de outubro de 2013 Elinaldo Renovato de Lima Pastor

  • A p r e s e n t a o

    Deus se compraz em dar presentes. da natureza divina a generosidade para com sua criao, e o mesmo pode ser dito no que concerne ao relacionamento de Deus para com sua Igreja. Nesse caso especfico, a Bblia nos apresenta a expresso dom como uma capacitao dada pelo prprio Deus para que seus servos possam atuar de forma adequada nas esferas da igreja local.

    Este livro fala dos presentes que Deus d sua Igreja. Esse assunto tem atravessado sculos de discusso dentro da igreja crist, e no sem motivos. As duas grandes temticas referem-se contemporaneidade dos dons espirituais e sobre a sua utilizao. Outras temticas so tratadas tambm, como a classificao dos dons, definies modernas de cada um, os dons ministeriais e a importncia da utilizao dos dons com sabedoria, humildade e submisso a Deus.

    Como pentecostal, creio na atualidade dos dons. No h na Palavra de Deus qualquer texto que nos remeta ideia de que os dons espirituais foram apenas dados para a poca dos primeiros apstolos. No consigo entender que tipo de hermenutica feita para que telogos entendam que presentes especiais dados por Deus para a edificao da Igreja tm prazo de validade vencida.

  • Creio tambm na correta e amorosa utilizao dos dons do Esprito. Temos visto que abusos na utilizao dos dons tm gerado confuso na igreja, e esta obra mostra a necessidade de um estudo aprofundado no apenas sobre a definio dos dons, mas tambm sobre a forma bblica de sua utilizao.

    Os dons ministeriais e de servio tambm so abordados de forma clara nesta obra. Ministrio e servio devem andar juntos, e Deus proporciona Igreja lderes que certamente somaro grandes valores ao povo de Deus na administrao e no ensino.

    Que Deus possa abenoar a sua vida e a sua compreenso dos dons descritos na Bblia Sagrada e na prtica congregacional dos mesmos.

    Em Cristo Jesus,

    Alexandre Claudino Coelho Gerente de Publicaes da CPAD

  • S u m r i o

    C a p t u l o 1E Deu Dons aos Homens.....................................................9

    C a p t u l o 2Os Propsitos dos D on s.....................................................22

    C a p t u l o 3Dons de Revelao.............................................................. 32

    C a p t u l o 4Dons de Poder..................................................................... 43

    C a p t u l o 5Dons de Elocuo................................................................53

    C a p t u l o 6O Apstolo...........................................................................70

    C a p t u l o 7O Profeta...............................................................................82

    C a p t u l o 8Evangelista............................................................................ 94

    C a p t u l o 9O Pastor...........................................................................105

  • D o n s Es p i r i t u a i s & M i n i s t e r i a i s

    C a p t u l o 1 0O Doutor ou Mestre....................................................118

    C a p t u l o 11O Presbtero, Bispo ou A ncio.................................. 128

    C a p t u l o 1 2O Dicono..................................................................... 139

    C a p t u l o 1 3A Multiforme Sabedoria de D eus............................ 148

    B ib l io g r a f ia 159

  • E D e u D o n s a o s h o m e n s

    Pelo que diz: Subindo ao alto, levou cativo o cativeiro e deu dons aos homens" (E f 4.8).

    Deus, o Criador de todas as coisas, do universo, dos seres vivos e do homem, compraz-se em ser um doador de bnos. Faz parte de sua natureza divina, do seu carter e de sua essncia, conceder ddivas ou dons ao ser criado sua imagem, conforme a sua semelhana. Ao criar o ser humano, homem e mulher, deu-lhes o sopro divino, o primeiro dom, o dom da vida. No apenas a vida biolgica, mas a vida espiritual, a vida eterna, com a qual o homem poderia desfrutar para sempre da gloriosa presena do Criador, sem sofrer os males decorrentes do pecado.

    A Queda foi a tragdia de dimenso espiritual, humana e csmica. O homem no soube aproveitar a grande ddiva da existncia e da vida, propiciada pelo Ser Supremo. E desperdiou a grande oportunidade de viver com Deus, no paraso, que se estenderia por todo o planeta, num ambiente plenamente adequado para uma vida especial. Perdeu a vida eterna, restando-lhe o dom da vida na dimenso biolgica, sujeito s fraquezas e desordens naturais.

    Mas Deus provou que tem um plano especial para o homem, na face da Terra. E propiciou a redeno da humanidade, com a promessa da semente da mulher (Gn 3.15), que haveria de ferir a cabea da serpente, o Diabo e seus seguidores. Jesus, a maior ddiva de Deus

  • DONS ESPIRITUAIS & MINISTERIAIS

    humanidade, nasceria de uma mulher (cf. Is 7.14), para ser morto, em sacrifcio pelo homem perdido, e tornar-se o vencedor do pecado, da morte e do Diabo. A salvao foi o maior dom de Deus ao mundo (Jo 3.16). O dom da vida eterna, em Cristo Jesus.

    No plano de Deus para o planeta Terra, Ele previu a formao de um povo especial, que deveria representar os interesses do seu Reino. Foi o povo de Israel (Ex 19.3-6).

    O Senhor deu a Israel todas as condies para ser um reino sacerdotal e povo santo. Mas Israel no entendeu os sublimes propsitos de Deus para sua histria. Ao longo de sculos, alternou-se em servir a Deus e a desobedecer a sua vontade. Bnos e castigos fazem parte de sua histria. Culminando em sua rejeio por um tempo, para que Deus escolhesse outro povo para servir aos interesses dos cus no universo. Esse povo a Igreja de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. Cumprindo a promessa feita no den, de redeno da humanidade, Jesus veio ao mundo, no tempo de Deus (kairs), na plenitude dos tempos (G1 4.4), para congregar a sua igreja, como ... um povo seu especial, zeloso de boas obras (Tt 2.14).

    Na Antiga Aliana, Deus concedeu a Israel lderes extraordinrios para gui-los como povo eleito. Alguns tinham dons especiais, como Moiss, Aro, Miri, Josu; outros eram profetas ou mensageiros, que tinham dons especiais, concedidos por Deus para a operao de sinais e maravilhas. Mas aqueles dons no estavam disposio de toda a comunidade. Moiss fazia sinais ante Fara, e o povo apenas tomava conhecimento e era beneficirio dos milagres de Deus. Eliseu fazia sinais, multiplicando o azeite da viva; ou tornando doces as guas estreis (2 Rs 3.20-22), e o povo era apenas espectador, ou nem tomava conhecimento de tais maravilhas.

    Entretanto, na Nova Aliana (Novo Testamento), como parte do plano de Deus, em Cristo Jesus, Ele resolveu dar dons aos homens (Ef 4.8), aps sua vitria sobre a morte e sobre todos os poderes do mal. Indo alm dos dons naturais, Jesus resolveu capacitar seus servos, integrantes de sua Igreja, dando-lhes dons {carismas), que so postos disposio de todos os salvos, no seio da comunidade crist.

    Os dons so ferramentas, por assim dizer, disposio da igreja, para que essa exera sua misso proftica, de proclamadora do evangelho de Cristo, de modo eficaz, contra ...os principados, contra as potestades, contra os prncipes das trevas deste sculo, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais (Ef 6.12), usando a armadura do salvo,

    10

  • E D eu D o n s a o s H o m e n s

    na guerra espiritual sem trguas a que todo salvo submetido. Neste estudo, veremos o que so os dons, seu propsito e sua classificao, e como so postos disposio dos salvos em Cristo Jesus.

    Nunca foi to necessria a manifestao dos dons do Esprito Santo, como nos dias atuais visto que estamos vivendo numa sociedade corrompida pelo pecado e enganada por falsos milagres e ensinamentos que contradizem o verdadeiro evangelho de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.

    Existe em toda a Bblia Sagrada pelo menos quatorze palavras para referir-se a dons, cinco delas em hebraico e nove em grego. Porm o apstolo Paulo emprega a palavra charisma, para indicar os dons do Esprito Santo, as suas graas, gratuitamente conferidas para a obra do ministrio (1 Co 12.4,9,28,30,31). A Palavra Charisma usada por dezessete vezes no Novo Testamento, com certas variedades de aplicao.

    As habilidades dadas a cada pessoa pelo Esprito Santo so chamadas de dons espirituais. E capacita a quem os recebe para ministrar s necessidades principalmente do Corpo de Cristo que a Igreja. Nesta anlise, de natureza introdutria, chamamos de dons de Deus a todos os carismas concedidos por Deus, de diversas formas, como recursos de origem divina, que tm o propsito de capacitar os salvos em Cristo Jesus, como membros da Igreja, para que esta alcance sua Misso e seus objetivos, definidos pelo seu Senhor, Cabea e Mestre.

    I - Os d o n s n a B b lia

    1. N O A N TIG O TESTA M EN TO

    A palavra dom tem vrios significados no texto bblico. No Antigo Testamento, escrito em hebraico, h vrias palavras que traduzem o sentido de dom. Dentre elas, destacamos os termos mattan, com o sentido de alguma coisa oferecida gratuitamente, ou um presente, como em Provrbios 19.6; 21.14; ou como dote, ddiva (Gn 34.12). H o termo maseth, que tambm significa presente, ddiva (Et 2.18; Jr 40.5); a mais usada, no entanto, minchach, que ocorre duzentas e nove vezes, com o significado de oferta, presente (SI 45.12;72.10). Em todas as ocorrncias, o sentido sempre o de algo que dado ou oferecido gratuitamente. No Antigo Testamento, os dons eram

    11

  • D o n s Es p i r i t u a i s & M i n i s t e r i a i s

    concedidos a pessoas especficas, chamadas por Deus para cumprir determinadas misses. Os dons no estavam disposio de todo o povo de Deus.

    2. N O N O VO TESTA M EN TO

    No Novo Testamento, escrito em grego, a palavra dom assume de igual modo significados diversos. O termo doma indica a oferta de um presente, boa coisa (Mt 7.11); o po nosso uma ddiva de Deus (Lc 11.13); dons, concedidos por Deus aos homens (Ef 4.8), com base no Salmo 68.19. A palavra chris indica dom gratuito, ou graa (2 Co 8.4). O termo charisma muito utilizado em estudos bblicos, pois tem o significado de dons do Esprito, concedidos pela graa de Deus, com propsitos muito elevados; relacionado ao termo ta charismata, utilizado em 1 Corntios 12.4,9,28,30,31, que tem o sentido de dons da graa . H o termo grego ta pneumtica, usado por Paulo, em 1 Corntios 12.1; 14.1, que se refere a dons espirituais . Em o Novo Testamento, os dons de Deus esto disposio de todos os que creem, com a finalidade de promover graa, poder e uno Igreja no exerccio de sua misso, de forma que Cristo seja glorificado.

    3. D O N S NATURAIS

    O objetivo deste captulo enfatizar os dons no sentido espiritual. No entanto, inclumos rpida referncia aos dons naturais , visto que eles so tambm ddivas ou concesses de Deus a todos os homens. Eles podem ser dados atravs de dois meios, e no devem ser confundidos com dons espirituais.

    1) A travs da natureza

    Em sua infinita bondade, Deus ... quem d a todos a vida, a respirao e todas as coisas (At 17.25). Alm da vida humana, infundida no ato da criao, e na gerao de cada novo ser vivo, Deus concede, atravs da natureza, o ar, a gua, o sol, a chuva, a germinao das plantas, os frutos, os alimentos e tudo o que necessrio sobrevivncia no planeta. So dons ou ddivas naturais. E fruto da graa de Deus.

    12

  • E DEU DONS AOS HOMENS

    Para o naturalista, tudo isso resultado de um processo ecolgico, fruto do acaso cego. E a suprema ignorncia sobre a verdadeira origem da Terra e do universo em geral. Mas os cristos verdadeiros, que conhecem a Palavra de Deus, como revelao divina, sabem que todo o funcionamento dos ecossistemas so fruto da criao de Deus e de sua bondade para com o homem, face o seu plano glorioso para o planeta Terra, que propriedade de Deus (SI 24.1).

    2 ) A travs d as aptides hum anas

    De modo geral, cada pessoa tem algum tipo de habilidade para realizar determinadas coisas. A psicometria, que usa o Quociente de Inteligncia (QI) como parmetro, indica que h pessoas com nvel de inteligncia maior ou menor que outra. Numa outra linha de entendimento, o psiclogo Howard Gardner (1980) entende que existem 7 tipos de inteligncia:1

    Inteligncia lingustica. As pessoas que possuem este tipo de inteligncia tem grande facilidade de se expressar tanto oralmente quanto na forma escrita. Elas alm de terem uma grande expressividade, tambm tm um alto grau de ateno e uma alta sensibilidade para entender pontos de vista alheios. uma inteligncia fortemente relacionada ao lado esquerdo do crebro uma das inteligncias mais comuns.

    Inteligncia lgica: Pessoas com esse perfil de inteligncia tm uma alta capacidade de memria e um grande talento para lidar com matemtica e lgica em geral. Elas tm facilidade para encontrar soluo de problemas complexos, tendo a capacidade de dividir estes problemas em problemas menores e ir resolvendo at chegar resposta final. So pessoas organizadas e disciplinadas. E uma inteligncia fortemente relacionada ao lado direito do crebro.

    Inteligncia Motora: Talento para os esportes e para a dana. Pessoas com este tipo de inteligncia possuem um grande talento em expresso corporal e tem uma noo espantosa de espao, distncia e

    1 Os 7 tipos de Inteligncia. Disponvel em http://www.rius.com.br. Acesso em 23/06/2013.

    13

  • D o n s Es p i r i t u a i s & M i n i s t e r i a i s

    profundidade. Tem um controle sobre o corpo maior que o normal, sendo capazes de realizar movimentos complexos, graciosos ou ento fortes com enorme preciso e facilidade. E uma inteligncia relacionada ao cerebelo que a poro do crebro que controla os movimentos voluntrios do corpo. Presente em esportistas olmpicos e de alta performance. E um dos tipos de inteligncia diretamente relacionado coordenao e capacidade motora.

    Inteligncia Espacial. Pessoas com este perfil de inteligncia tm uma enorme facilidade para criar, imaginar e desenhar imagens 2D e 3D. Elas tem uma grande capacidade de criao em geral, mas principalmente tem um enorme talento para a arte grfica. Pessoas com este perfil de inteligncia tm como principais caractersticas a criatividade e a sensibilidade, sendo capazes de imaginar, criar e enxergar coisas que quem no tem este tipo de inteligncia desenvolvido, em geral, no consegue dominar esses assuntos.

    Inteligncia Musical: um dos tipos raros de inteligncia. Pessoas com este perfil tm uma grande facilidade para escutar msicas ou sons em geral e identificar diferentes padres e notas musicais. Eles conseguem ouvir e processar sons alm do que a maioria das pessoas consegue, sendo capazes tambm de criar novas msicas e harmonias inditas. Pessoas com este perfil como se conseguissem enxergar atravs dos sons. Algumas pessoas tm esta inteligncia to evoluda que so capazes de aprender a tocar instrumentos musicais sozinhas. Assim como a inteligncia espacial, este um dos tipos de inteligncia fortemente relacionados criatividade.

    Inteligncia Interpessoal: E um tipo de inteligncia ligada capacidade natural de liderana. Pessoas com este perfil de inteligncia so extremamente ativas e em geral causam uma grande admirao nas outras pessoas. So os lderes prticos, aqueles que chamam a responsabilidade para si. Eles so calmos, diretos e tem uma enorme capacidade para convencer as pessoas a fazer tudo o que ele achar conveniente. So capazes tambm de identificar as qualidades das pessoas e extrair o melhor delas organizando equipes e coordenando trabalho em conjunto.

    Inteligncia Intrapessoal: Liderana indireta para influenciar as pessoas. E um tipo raro de inteligncia, tambm relacionado liderana.

    14

  • E D eu D o n s a o s H o m e n s

    Quem desenvolve a inteligncia intrapessoal tem uma enorme facilidade em entender o que as pessoas pensam, sentem e desejam. Ao contrrio dos lderes interpessoais que so ativos, os lderes intrapessoais so mais reservados, exercendo a liderana de um modo mais indireto, atravs do carisma e influenciando as pessoas atravs de ideias e no de aes. Entre os tipos de inteligncia, este considerado o mais raro.

    Numa anlise teolgica, podemos dizer que esse ou aquele tipo de inteligncia ou habilidade humana dom natural de Deus, manifestado atravs de talentos, virtudes, capacidades inatas, ou vocaes para determinadas tarefas.

    Inteligncia Espiritual. O apstolo Paulo, em sua viso ampla acerca da vida espiritual, incluiu, em seus ensinos o conceito de Inteligncia Espiritual (Cl 1.9). Sem dvida alguma, a inteligncia concedida por Deus para os crentes compreenderem, discernirem e praticarem a vontade de Deus, em todas as reas e situaes de sua vida. A inteligncia espiritual transcende os dons naturais e situa-se na esfera da ao do Esprito Santo na vida do crente. Certamente, podemos dizer que tambm um dom de Deus.

    II - DONS ESPIRITUAIS (1 CO 12.1-11)

    Como consta do item I, tanto no Antigo como no Novo Testamento, a palavra dons sempre se refere ddiva, ofertas ou presentes, concedidos graciosamente. Os dons espirituais ou carismticos so manifestaes espirituais ou poderes, concedidos pelo Esprito Santo com o propsito maior de glorificar a Cristo. O Novo Testamento faz uso da expresso pneumtica (gr. derivada de pneuma, esprito), indicando que a expresso dons espirituais refere-se s manifestaes sobrenaturais concedidas como dons da parte do Esprito Santo, e que operam atravs dos crentes, para o seu bem comum (w. 1,7; 14.1). A expresso pneu- matikon, usada por Paulo (1 Co 12.1), refere-se a coisas espirituais , entendidas como os dons espirituais.

    Aps a ressurreio de Cristo, Ele se credenciou, diante de Deus, dos anjs e dos poderes do mal, para dar dons aos homens (Ef 4.8). Indo alm dos dons naturais, Jesus resolveu capacitar seus servos, integrantes de sua Igreja, dando-lhes dons (carismas), que so postos disposio

    15

  • d o n s Es p i r i t u a i s & M i n i s t e r i a i s

    de todos os salvos, no seio da comunidade crist. Esses dons no so privilgio ou exclusividade dos lderes, dos pastores, evangelistas, presbteros, ou dos ensinadores da igreja. Eles esto disposio dos santos, para que, por eles, o Senhor realize seus propsitos especiais. Ele os reparte particularmente a cada um como ele quer (1 Co 12.11).

    A Igreja de Jesus ...a gerao eleita, o sacerdcio real, a nao santa, o povo adquirido, para anunciar as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz (1 Pe 2.9). Esse povo o seu Corpo, do qual Ele a cabea (Cl 1.18). A Igreja a ...universal assembleia e igreja dos primognitos, que esto inscritos nos cus, e a Deus, o Juiz de todos, e aos espritos dos justos aperfeioados (Hb 12.23). E no pode ser confundida com igrejas e igrejas, que existem, cuja origem no divina, mas humana e criadas com propsitos humanos. Os dons espirituais contribuem para estabelecer e demonstrar a diferena entre igrejas e a Igreja de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.

    1. O C O N H E C IM E N T O D O S D O N S ESPIRITUAIS

    Os salvos em Cristo Jesus no podem ser ignorantes acerca dos dons espirituais (1 Co 12.1-3). interessante, ainda que no aspecto negativo, como h falta de ensino, em muitas igrejas, acerca do batismo com o Esprito Santo e mais ainda sobre os dons espirituais. Essa omisso contribui para a ignorncia acerca dos dons, e d lugar a comportamentos estranhos, de origem carnal e emocional, como expresses falsas de espiritualidade. E o caso do cair no esprito, quando certos pastores ou pregadores, sem base bblica, do palavras de ordem a pessoas incautas e carentes de ensino, e elas caem desmaiadas. E isso visto como elevado sinal de espiritualidade. Quanto mais pessoas o pregador derrubar , visto como muito espiritual. Se no derrubar crentes no espiritual!

    2. A N EC ESSID A D E D O S D O N S ESPIRITUAIS

    A Igreja, como Corpo de Cristo , precisa de poder, de uno e de manifestaes espirituais, que se expressam genuinamente atravs dos dons espirituais. Esses dons so indispensveis unidade e ao da Igreja, por diversas razes.

    16

  • E D eu d o n s a o s h o m e n s

    1) N a espera pela vinda de Jesus. Em toda a sua histria, desde sua fundao por Jesus Cristo, a Igreja tem sido a instituio mais atacada pelas foras do mal. Ela nasceu debaixo da perseguio. Imprios humanos tentaram destru-la, apagando seu nome da face da terra. Filosofias humanistas e materialistas tentaram sufoc-la, abafando sua mensagem; sistemas polticos totalitrios e atestas, a servio do Diabo, tentaram eliminar sua influncia no mundo.

    Os ataques contra a integridade espiritual da Igreja continuam, ao longo dos sculos. Como Noiva do Cordeiro, Ela precisa de poder para vencer s mais diferentes investidas malignas, na longa espera pelo Noivo. Ainda que, no sculo XXI, haja, no meio das igrejas locais, recursos que os primeiros cristos no possuam, em termos teolgicos, educacionais ou tecnolgicos, o nico recurso que lhe d condies de suplantar o imprio do mal o Poder do Esprito Santo. E este poder se manifesta na operao sobrenatural dos dons espirituais.

    2) Os dons espirituais fazem a diferena. Na parbola das Dez Virgens (Mt 25.1-13), Jesus demonstrou a seus discpulos que a chegada do Noivo poderia demorar. As cinco virgens loucas representam a parte da Igreja que no estar preparada para esperar a Volta de Jesus. As virgens prudentes representam os crentes salvos, que, alm de terem o azeite nas lmpadas, ou em suas vidas e testemunho, tm azeite nas vasilhas de reserva.

    O azeite representa a presena e o poder do Esprito Santo na vida dos crentes que vo subir ao encontro do Senhor Jesus Cristo (cf. 1 Ts4.16,17). Os dons espirituais que fazem a diferena, atuando no meio da igreja, nesses tempos trabalhosos (2 Tm 3.1), em que a pecami- nosidade e a rebeldia contra Deus esto aumentando. H milhares e milhares de igrejas, mas s vo subir ao encontro do Noivo os crentes salvos, santos e irrepreensveis para a vinda de Jesus (1 Ts 5.23).

    3 ) Os dons podem ser abundantes. A igreja de Corinto um exemplo eloquente de que uma igreja crist pode experimentar a ocorrncia de uma variedade enorme de dons espirituais. Na introduo sua primeira Carta aos Corntios, Paulo tece consideraes elogiosas queles crentes, acentuando que nenhum dom (espiritual) lhes faltava, esperando a manifestao de nosso Senhor Jesus Cristo (1 Co 1.7), que os haveria de confirmar at o fim para serem irrepreensveis no Dia de Nosso Senhor Jesus Cristo (1 Co 1.8).

    17

  • D o n s Es p i r i t u a i s & M i n i s t e r i a i s

    4) Os dons so indispensveis evangelizao. A misso da Igreja, levada a efeito atravs das igrejas locais, de proclamar o evangelho. Nos tempos ps-modernos, a incredulidade, a frieza e a indiferena pelo evangelho de Cristo to grande e to latente, que, sem a manifestao espiritual de forma evidente, as pessoas no vo saber discernir entre os falsos evangelhos e o verdadeiro evangelho de Jesus. Sempre houve essa necessidade.

    Nos primrdios da evangelizao, atravs de Jesus Cristo, as pessoas criam nEle, a ponto de multides segui-lo, no s pela sua mensagem que tinha autoridade, e fazia diferena (Jo 7.46), mas, principalmente, por causa dos sinais e prodgios que Ele fazia.

    III - A GENUIDADE DOS DONS ESPIRITUAIS

    Os dons espirituais devem ser utilizados na igreja, respeitados os requisitos e condies estabelecidos na palavra de Deus. Fora disso, h o risco de haver manifestaes esprias ou falsas em relao ao verdadeiro carter dos dons.

    1. OS D O N S D EVEM SER EX ER CID O S CO M AM O R

    A diviso da Bblia em captulos s ocorreu em 1227 e, em versculos, em 1551.2 Quando se l o captulo 12 de 1 Corntios, sobre os dons espirituais e se passa para o captulo seguinte, sobre o amor cristo, tem-se a impresso de que so temas distintos. Na verdade, originalmente, antes da diviso da Bblia em captulos, o texto dos captulos 12 a 14 trata do mesmo tema dos dons.

    Paulo termina o captulo 12, com sua belssima dissertao sobre os dons espirituais, com uma exortao por demais relevante, dizendo: Portanto, procurai com zelo os melhores dons; e eu vos mostrarei um caminho ainda mais excelente (1 Co 12.31 grifo nosso). Que caminho ainda mais excelente esse? A resposta vem de imediato, na ligao entre o ltimo versculo do captulo 12 e o primeiro versculo do captulo 13, quando o apstolo d sequncia ao seu precio-

    2 LIMA, Elinaldo Renovato de. Deus e a Bblia, p. 141,142.18

  • E D eu d o n s a o s h o m e n s

    so ensino sobre os dons espirituais. E afirma de modo peremptrio: Ainda que eu falasse as lnguas dos homens e dos anjos e no tivesse caridade, seria como o metal que soa ou como o sino que tine. E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistrios e toda a cincia, e ainda que tivesse toda a f, de maneira tal que transportasse os montes, e no tivesse caridade, nada seria (1 Co 13.1,2).

    Fica bem claro que, se os crentes tiverem dons espirituais em abundncia, mas no tiverem amor, o exerccio desses carismas de nada adianta diante de Deus. Nesses dois versculos Paulo mostra a sntese da inutilidade dos dons, quando usados sem amor.

    2. OS D O N S DEVEM SER USA DO S D E A C O R D O CO M A PALAVRA

    A Palavra de Deus deve ser a referncia nmero um para qualquer atividade ou manifestao na igreja? Lmpada para os meus ps tua palavra e luz, para o meu caminho (SI 119.105). E o Esprito Santo quem inspira a Palavra de Deus e a seus escritores. Logo, no h nenhuma justificativa para que um dom seja exercido em desacordo com os preceitos da Palavra de Deus.

    3. OS D O N S NO DO O RIGEM A D O U TRIN A S

    A fonte primordial e nica de qualquer doutrina, na igreja crist, a Palavra de Deus. altamente danoso para a integridade espiritual de qualquer igreja, quando um lder, ou um outro membro da igreja, apresenta como doutrina aquilo que no tem fundamento na Bblia. Determinado obreiro ensinou que os crentes que possuem internet esto em pecado. Para se dizer que algo pecado necessrio fundamentar na Palavra de Deus. N a realidade, tal ensino fruto de opinio pessoal do lder. Do contrrio, imposio autoritria, que s traz prejuzo obra do Senhor. Ensinar que quem usa a internet de maneira ilcita, para visualizar coisas que no agradam a Deus, est pecando, correto, mas afirmar que possuir internet pecado abuso de autoridade ministerial.

    No h necessidade de outra fonte de doutrina alm da Palavra de Deus (G1 1.8,9).

    19

  • D o n s e s p i r i t u a i s & M i n i s t e r i a i s

    4. Q UEM TEM UM D O M D EVE SER MAIS H U M ILD E

    Os dons espirituais so parte das riquezas sobrenaturais, concedidas pelo Esprito Santo aos servos do Senhor, com o objetivo de servir igreja. Jamais o portador de um dom deve orgulhar-se e portar-se de modo arrogante ou autoritrio. Deve agir, sabendo que Temos, porm, esse tesouro em vasos de barro, para que a excelncia do poder seja de Deus e no de ns (2 Co 4.7). Nunca devemos esquecer de que o Esprito Santo glorifica a Cristo e no ao homem (Jo 16.14). Se o que tem o dom no tiver essa conscincia de humildade, poder perder a graa para us-lo. Deus no admite que o seu louvor seja transferido para ningum.

    IV - D o n s M i n i s t e r ia i s (Ef 4 .11)

    Ministrios so servios ou funes exercidos na igreja local, como parte do Corpo de Cristo, que a sua Igreja. No mbito cristo, ministrios so servios que devem ser exercidos por pessoas que tenham a mentalidade de servas de Cristo. Quem no pode ser servo no pode ser ministro na Igreja de Cristo. Ele disse que no veio para ser servido, mas para ser servo (Mt 20.28).

    1. O LADO ESPIRITUAL DA IGREJA

    Igreja de Jesus Cristo espiritual e humana. No lado espiritual, precisa de poder espiritual, de sabedoria espiritual, de capacitao espiritual. Da, a necessidade dos dons espirituais, como foi visto no item anterior. O lado espiritual reflete a natureza da Igreja como organismo, ou o Corpo de Cristo, Paulo discerniu bem o aspecto espiritual da Igreja, como organismo espiritual ao dizer: Antes, seguindo a verdade em caridade, cresamos em tudo naquele que a cabea, Cristo, do qual todo o corpo, bem ajustado e ligado pelo auxlio de todas as juntas, segundo a justa operao de cada parte, faz o aumento do corpo, para sua edificao em amor (E f 4.15,16).

    20

  • E DEU DONS AOS HOMENS

    2. O LADO H U M A N O DA IGREJA

    No lado humano, a Igreja precisa de liderana. E esta no pode ser exercida apenas pela capacidade humana, intelectual, teolgica, por mais que tais capacitaes sejam importantes. A liderana eclesistica deve ser espiritual, ministerial e administrativa. Os ministrios ou servios (gr. diakonion), indispensveis ao ordenamento e o funcionamento da igreja dependem da graa de Deus. Os dons ministeriais fortalecem a unidade da Igreja, atuando de modo equilibrado ao lado dos espirituais.

    Os lderes cristos podem ter formao secular ou teolgica, mas no podem prescindir da legitimao atravs dos dons que os capacitam para liderar o Corpo de Cristo na Terra. Antes de tudo, precisam ter convico da chamada de Deus para serem servos-lderes.

    Jesus, o Dono e Senhor da Igreja, s d dons a homens que tm esse perfil de homens-servos. Os dons espirituais esto disposio de todos os crentes, de todos os salvos. Mas os dons ministeriais so especficos para homens que tm a chamada de Deus para o ministrio de servir Igreja.

    C o n c l u s o

    A Igreja de Cristo Jesus, nestes tempos que antecedem sua Vinda, precisa mais do que nunca do exerccio e da experincia concreta dos dons espirituais e ministeriais. Espiritualidade sem organizao ministerial pode levar a prticas fanticas de falsos exemplos de espiritualidade. O exerccio dos ministrios, sem a demonstrao do poder de Deus, atuando pelos dons espirituais, seguramente leva frieza institucional, transformando igrejas em meras instituies religiosas.

    21

  • Os P r o p s i t o s d o s d o n s

    Assim, tambm vs, como desejais dons espirituais, procurai sobejar neles, para a edificao da igreja (1 Co 14.12).

    A experincia da vida crist indica que grande parte das pessoas, nas igrejas pentecostais, no sabe lidar muito bem com os recursos espirituais que Deus coloca disposio dos crentes. A comear pelo batismo com o Esprito Santo, h uma confuso de ideias sobre sua natureza, a forma de receber, e, mais ainda, quanto sua finalidade ou propsito. H quem pense que o cristo batizado para falar lnguas. Quando, na verdade, o falar em lnguas, em princpio, um sinal da experincia do recebimento do batismo com o Esprito Santo, e este, uma bno distinta da salvao, concedida para que o cristo tenha poder para testemunhar com eficcia a mensagem do evangelho (At 1.8).

    O falar em lnguas tambm pode ser evidncia do recebimento do dom de variedade de lnguas, como um dom, ou carisma do Esprito Santo, entre outros, to importantes, que Deus concede a cada um como Ele quer, mas sempre com propsitos ou finalidades especiais, visando a edificao, a unidade e o fortalecimento da sua igreja, tanto no sentido Universal, quanto no sentido da igreja local. Com esse entendimento, podemos dizer que, se o batismo com o Esprito Santo eo uso dos dons espirituais no forem bem compreendidos, no seio da igreja local, certamente haver a manifestao estranha de comportamentos inadequados de espiritualidade.

  • O s Pr o p s i t o s d o s D o n s

    Em certa ocasio, este escritor foi pregar numa igreja, no interior de um Estado brasileiro. O templo estava lotado. Mas, na hora da pregao, ficou invivel discorrer sobre o tema a que o pregador se props, porque os irmos, quase sem parar, falavam lnguas o tempo todo. Era uma comunidade bem animada, avivada, por assim dizer, mas pareceu claro que havia faltado ensino quanto ao uso dos dons espirituais, especialmente o dom de lnguas.

    Eles no o faziam com o intuito de prejudicar a transmisso da mensagem. Mas estavam muito mais interessados em mostrar que eram batizados com o Esprito Santo, ou que falavam lnguas, do que com o entendimento do que lhes seria transmitido. Tivemos que encerrar a prdica mais cedo, pois ramos interrompidos o tempo todo, com brados em alta voz de louvor. A falta de ensino resulta no mau uso dos dons espirituais e d lugar a meninices no meio da igreja. A igreja de Corinto, na Grcia, possua praticamente todos os dons espirituais (cf. 1 Co 1.7), mas o apstolo Paulo, em sua primeira carta quela igreja, fez uma referncia nada desejvel queles irmos. E eu, irmos, no vos pude falar como a espirituais, mas como a carnais, como a meninos em Cristo (1 Co 3.1).

    Um verdadeiro paradoxo primeira vista. Uma igreja que possua todos os dons, com crentes batizados com o Esprito Santo; uns falavam lnguas, outros profetizavam; outros interpretavam; outros tinham dons de curas e milagres; outros possuam muito conhecimento espiritual, mas Paulo lhes escreve, demonstrando que, em sua avaliao, eles no eram to espirituais quanto pareciam ser, pelo fato de terem tantos dons! Foi mais contundente, dizendo que eles eram carnais ou meninos em Cristo! Seria motivo para perguntarem a Paulo: Como pode, pastor Paulo, uma coisa dessas? O senhor diz, no incio de sua carta (1.7), que nenhum dom falta igreja, e, poucos pargrafos depois, diz que esta igreja formada de carnais e meninos em Cristo?

    Talvez, nem tal pergunta foi feita, pois a resposta sobre sua avaliao da igreja de Corinto foi dada logo a seguir, naquele trecho da missiva do apstolo, para no deixar dvida quanto sua afirmao desagradvel: porque ainda sois carnais, pois, havendo entre vs inveja, contendas e dissenses, no sois, porventura, carnais e no andais segundo os homens? Porque, dizendo um: Eu sou de Paulo; e outro: Eu, de Apoio; porventura, no sois carnais? (1 Co 3.3,4). No poderia haver uma igreja mais espiritual do que aquela, mas, infelizmente, no poderia haver crentes mais carnais do que aqueles. Se fosse nos

    23

  • D O N S ESPIRITUAIS & M IN IST ER IA IS

    dias atuais, algum apstolo ou bispo se sentiria muito vaidoso em ser pastor de tal congregao.

    Entre eles havia crentes invejosos, outros que promoviam contendas e dissenses, lanando irmos contra irmos. Certamente, eles no entendiam bem a natureza e o propsito dos dons espirituais para a igreja. Imaginavam, como acontece hoje, que possuir um dom espiritual motivo para considerar-se superior aos outros; era razo para ser consagrado ao ministrio, para ser presbtero ou ministro; quem sabe, havia irms de orao, que viviam profetizando, com a finalidade de dirigir a vida do pastor ou de outras pessoas; quem sabe, ainda, havia quem sapateasse na igreja, ou sasse marchando ou correndo, para l e para c, a fim de chamar a ateno para sua espiritualidade.

    Havia algo pior. Diviso dentro da prpria igreja. Havia grupos, partidos, igrejinhas, panelinhas e grupinhos de partidrios de Apoio, de Pedro, de Paulo e at de Cristo. Alis, este ltimo grupo ou partido era o mais carnal de todos. Eram do tipo de crente que, hoje, diz: Eu no dou satisfao a ningum. Eu no obedeo a homem, mas s a Cristo . So os que no obedecem aos pastores, ao dirigente da igreja, principalmente quando esses querem corrigir excessos de manifestaes ditas espirituais no uso de dons.

    Como Paulo no era o pastor titular da igreja, mas seu fundador, e vivia distante por fora de seu ministrio missionrio, deve ter tomado conhecimento atravs de informaes consistentes quanto ao comportamento da igreja. E por carta precisou exort-los a que no continuassem na prtica de comportamentos contrrios s doutrina e tica no uso dos dons espirituais. Assim, importantssimo que os lderes de igrejas promovam o ensino bblico quanto origem, a natureza e o propsito dos dons espirituais. Este comentrio tem essa finalidade, fornecendo anlise e subsdios para o ensino sobre o propsito dos dons espirituais.

    I - H DIVERSIDADE DE DONS

    Deus quer que, agora, pela igreja, a multiforme sabedoria de Deus seja conhecida dos principados e potestades nos cus (Ef 3.10). Esta uma das elevadssimas misses da igreja: alm de ser portadora da mensagem de salvao, na Terra, deve ser portadora do conhecimento

    24

  • o s Pr o p s it o s d o s d o n s

    e da sabedoria divina at mesmo perante os principados e potestades espirituais. Essa sabedoria to profunda, que Paulo teve de exclamar de modo eloquente: 0 profundidade das riquezas, tanto da sabedoria, como da cincia de Deus! Quo insondveis so os seus juzos, e quo inescrutveis, os seus caminhos! (Rm 11.13).

    Diante de to grande sabedoria, a ser conhecida na esfera celestial, e na esfera dos homens, Deus quis propiciar igreja o acesso a recursos espirituais, tanto para conhecer a cincia de Deus, quanto para demonstrar o seu poder no meio dos homens. Se no fossem os dons espirituais, a igreja seria apenas uma instituio meramente humana, uma associao religiosa sem fins econmicos, por exigncia legal. Assim, Deus capacitou a igreja com caractersticas e recursos que transcendem esfera humana.

    Diz Paulo, acerca desses recursos e manifestaes espirituais: Ora, h diversidade de dons, mas o Esprito o mesmo. E h diversidade de ministrios, mas o Senhor o mesmo. E h diversidade de operaes, mas o mesmo Deus que opera tudo em todos (1 Co 12.4-6). A multiforme sabedoria de Deus nunca poderia ser demonstrada atravs de um s dom. A mente humana jamais abarcaria a grandeza e a profundidade do saber divino. Assim, quis Deus que houvesse uma diversidade de dons espirituais, para que, de modo equilibrado, os crentes pudessem compreender e atuar na esfera da vida espiritual.

    Dessa forma, Paulo registra que h nove tipos de dons (no nove dons). Numa igreja bem edificada, os dons so abundantes. H palavra de sabedoria, cincia de Deus, existe a f; h os dons de curar, que so variados; h operao de maravilhas; h profecia autntica e no profe- tadas; porque h dom de discernir os espritos ; e tambm h lnguas e interpretao de lnguas (cf. 1 Co 12.7-10).

    Horton diz que O Esprito Santo quer honrar Jesus, no s chamando-o de Senhor, mas distribuindo uma diversidade (diferentes tipos) de dons espirituais (gr. charismata, dons da graa livremente dados; cf. charis, graa). O nico Esprito Santo a fonte de todos eles .1 Esse autor acrescenta que os diversos ministrios ou servios (gr. diakonin) tm sua fonte no nico Senhor Jesus e os tipos de operaes e atividades (gr. energematri) vm do nico Deus, que opera efetivamente em todos eles e em todos os crentes.2

    1 HORTON, Stanley. I e II Corntios os problemas da igreja e suas solues, p. 112.2 Ibidem., p. 112.

    25

  • D o n s Es p i r i t u a i s & M i n i s t e r i a i s

    Na realidade, dons, ministrios e operaes formam o arsenal espiritual que equipam a igreja para o cumprimento de sua misso, ante as foras que se opem a ela. O que seria da igreja se no houvesse esses recursos sobrenaturais? Certamente, j teria desaparecido da face da terra h muito tempo. Mas, como Corpo de Cristo, ela indestrutvel. Perseguida, sofrida, ameaada, mas vitoriosa! Todos os imprios que se levantaram contra ela j sucumbiram. E os que ainda existem tambm ho de ser aniquilados. As portas do inferno no prevalecero contra ela (Mt 16.18).

    II - OS PROPSITOS DOS DONS

    Os propsitos dos dons podem ser compreendidos a partir de sua natureza. Myer Pearlman diz que os dons do Esprito ...descrevem as capacidades sobrenaturais concedidas pelo Esprito para ministrios especiais... .3 Para esse telogo, o propsito principal dos dons do Esprito Santo edificar a Igreja de Deus, por meio da instruo aos crentes e para ganhar novos convertidos .3

    1. SEREM TEIS ED IFICAO DA IGREJA

    A Igreja comparada a um edifcio. Paulo toma a figura da edificao de um prdio, que, desde tempos imemoriais, possui a ideia ou o projeto; os alicerces ou suas bases ou fundamentos; sua estrutura vertical e horizontal; e sua superestrutura. Vs sois.... edifcio de Deus (ver 1 Co 3.9). E adverte: veja cada um como edifica sobre ele (1 Co3.10). Os dons espirituais, sejam quais forem, tm propsitos elevados para a edificao da igreja, e no devem ser usados de qualquer maneira, mas segundo a orientao da Palavra de Deus.

    Os dons do Esprito Santo so manifestaes espirituais que devem ser teis edificao da igreja local. Diz Paulo: Mas a manifestao do Esprito dada a cada um para o que for til (1 Co 12.7). Por exemplo: se, numa mensagem radiofnica, um pregador fala lnguas, qual a utilidade para o ouvinte, se ele no entende nada do que est ouvindo? Numa rede de televiso de determinada igreja, o pregador

    3 PEARLMAN, Myer. Conhecendo as doutrinas da Bblia, p. 317.26

  • O s Pr o p s i t o s d o s D o n s

    dizia que todos, naquele momento, deveriam falar em lnguas. E ele prprio comeou a balbuciar: bal, bal, bal; ialam, ialam... . O que os telespectadores aproveitaram de tais lnguas? Tornou-se ridculo. Talvez os meninos espirituais apreciaram muito, mas os que tm um pouco de maturidade e discernimento acerca da natureza e da finalidade dos dons devem ter desligado o televisor para no perder tempo com tamanha baboseira.

    Mesmo que sejam lnguas autnticas, o dom de lnguas, assim como os outros dons, tem que ter utilidade prtica, concreta e oportuna para a edificao da igreja local. Ensinando sobre o dom de lnguas, Paulo diz que o crente que ora em lnguas pode faz-lo, em ao de graas a Deus, mas no edifica o outro. Porque realmente tu ds bem as graas, mas o outro no edificado (1 Co 14.17). O nico propsito do Esprito Santo ao outorgar esses poderes aos cristos sempre o de glorificar a Cristo (12.3), para o benefcio e o bem de todos (12.7) .4

    No captulo 14 da primeira epstola aos corntios, Paulo procura corrigir o abuso e o descontrole no uso dos dons espirituais, principalmente o dom de lnguas. Exortando a mesma igreja de Corinto, diz: Que fareis, pois, irmos? Qiiando vos ajuntais, cada um de vs tem salmo, tem doutrina, tem revelao, tem lngua, tem interpretao. Faa-se tudo para edificao (1 Co 14.26 grifo nosso). Aqui, temos o modelo de um verdadeiro culto pentecostal. Em primeiro lugar, a prioridade da palavra: salmo, doutrina. Depois, vm as manifestaes espirituais de revelao (cincia), lngua e interpretao . Mas tudo deve ser feito para a edificao da igreja. Se no for, no faz sentido demonstraes vazias de espiritualidade, por mais espontneas e interessantes que elas sejam.

    A Bblia de Estudo Pentecostal tem uma nota interessante sobre o uso dos dons, ressaltando que tais recursos espirituais devem ser para a edificao da igreja. O propsito principal de todos os dons espirituais edificar a igreja e o indivduo (w. 3,4,12,17,26). Edificar (gr. oiko- domeo) significa fortalecer e promover a vida espiritual, a maturidade e o carter santo dos crentes. Essa edificao uma obra do Esprito Santo atravs dos dons espirituais, pelos quais os crentes so espiritualmente transformados mais e mais para que no se conformem com este mundo (Rm 12.2-8), mas edificados na santificao, no amor a Deus, no bem-estar do prximo, na pureza de corao, numa boa conscincia

    4 PFFEIFER, Charles F. et al. Dicionrio bblico WiclifF.p. 582.27

  • D o n s Es p i r i t u a i s & M i n i s t e r i a i s

    e numa f sincera (ver 1 Co 13; Rm 8.13; 14.1-4,26; G1 5.16-26; E f 2.19-22; 4.11-16; Cl 3.16; 1 Ts 5.11; Jd 20; ver 1 Tm 1.5 nota) .5

    Por isso, quando o crente fala lnguas com interpretao, alm de edificar a si mesmo, tambm edifica a igreja. Assim, tambm vs, como desejais dons espirituais, procurai sobejar neles, para a edificao da igreja. Pelo que, o que fala lngua estranha, ore para que a possa interpretar (1 Co 14.12, 13). Neste caso, as lnguas com interpretao equivalem profecia, pois o que profetiza edifica a igreja (1 Co 14.4).

    A edificao da igreja, acima de tudo, da competncia do supremo edificador que o Senhor Jesus Cristo. Ele afirmou, de modo solene e eloquente, ante seus discpulos, quando Pedro teve o discernimento de quem Ele era Pois tambm eu te digo que tu s Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno no prevalecero contra ela (Mt 16.18 grifo nosso). A edificao da igreja como a edificao da vida do crente. Se Deus no edificar, todo o trabalho ser vo, como diz o salmista: Se o Senhor no edificar a casa, em vo trabalham os que edificam... (SI 127.1). Segundo Boyd, A origem dos dons espirituais, charismata, de Deus, o Pai (outorgante), e Jesus Cristo, o Filho, quem distribui (1 Co 12.4-6).6

    2. A ED IFICAO D O C R EN TE

    Diz Paulo que O que fala lngua estranha edifica-se a si mesmo, mas o que profetiza edifica a igreja (1 Co 14.4). um aspecto muito interessante do propsito dos dons. O membro da igreja, em particular, precisa ser edificado, para que a coletividade, a igreja, tambm o seja. No pode haver igreja edificada, se os membros no tiverem edificao espiritual. Quando o crente fala lnguas, sem que haja intrprete, no edifica a igreja, porque o que fala fica sem entendimento para os demais. Mas no se deve proibir que o crente fale lngua para si prprio (1 Co 14.39). To somente, deve ser ensinado que ele se controle e no eleve a voz, numa mensagem ininteligvel. H irmos que, ao falar lnguas, querem chamar a ateno para si, para mostrar que so espirituais. Isso falta de maturidade.

    O apstolo ensina: E, agora, irmos, se eu for ter convosco falando lnguas estranhas, que vos aproveitaria, se vos no falasse ou por meio

    5 BEP - Tudo para edificao. Nota sobre 1 Corntios 14.26.6 BOYD, Frank M. Introduo e comentrio Carta aos corntios, p. 60.

    28

  • O s Pr o p s i t o s d o s D o n s

    da revelao, ou da cincia, ou da profecia, ou da doutrina? (1 Co 14.6). Ele quer dizer que, se falar lngua sem interpretao, timo para si prprio, pois edifica a si mesmo. Mas, se no houver interpretao, no haver revelao, cincia, profecia ou doutrina. E a igreja fica sem edificao, sem aproveitamento. Da, porque, no mesmo captulo, ele exorta: Pelo que, o que fala lngua estranha, ore para que a possa interpretar. Porque, se eu orar em lngua estranha, o meu esprito ora bem, mas o meu entendimento fica sem fruto (1 Co 14.13,14).

    Quem fala lnguas, sem interpretao, edifica-se a si mesmo, mas ... no fala aos homens, seno a Deus; porque ningum o entende, e em esprito fala de mistrios (1 Co 14.2). Naturalmente, quando o crente ora em lnguas, mesmo que ele no saiba o sentido das palavras, Deus o entende. O crente, batizado com o Esprito Santo, deve procurar desenvolver uma adorao individual, plena da uno do Esprito Santo. H ocasies em que as palavras do seu idioma nativo no conseguem expressar o que sua alma deseja dizer a Deus, seja glorificando, intercedendo ou suplicando ao Senhor.

    E nessas horas, quando o crente no sabe orar, que o Esprito Santo intercede por ele de maneira especial. E da mesma maneira tambm o Esprito ajuda as nossas fraquezas; porque no sabemos o que havemos de pedir como convm, mas o mesmo Esprito intercede por ns com gemidos inexprimveis (Rm 8.26). Esses gemidos do Esprito, pronunciados em lnguas estranhas, so incompreensveis ao que ora, mas perfeitamente entendidos por Deus, pois h lnguas estranhas que so linguagem do cu, ou lnguas dos anjos (1 Co 13.1).

    3. OS D O N S D EVEM SER PRO CURA D O S

    Os dons espirituais so to importantes e necessrios edificao da igreja, que Paulo diz que devemos procur-los. Um dos maiores problemas da igreja, no sentido denominacional, nos dias atuais, a superficialidade doutrinria, especialmente, nas igrejas ditas pentecostais ou neopentecostais. Em lugar da busca genunas dos dons, h uma busca pela prosperidade material. Pregadores famosos, pregoeiros da tal teologia da prosperidade, esbaldam-se em ensinar que todo crente tem que ser rico e nunca adoecer. Mas esquecem de ensinar sobre a busca dos dons espirituais, que levam os crentes a aprofundarem-se no rio da graa de Deus.

    29

  • D o n s e s p i r i t u a i s & m i n i s t e r i a i s

    Diz o apstolo: Portanto, procurai com zelo os melhores dons; e eu vos mostrarei um caminho ainda mais excelente (1 Co 12.31). Os dons devem ser procurados com zelo, com interesse real, e no apenas passageiro, em eventos de avivamento. A exortao para que experimentemos os dons de maneira sobeja, abundante. Assim, tambm vs, como desejais dons espirituais, procurai sobejar neles, para a edificao da igreja (1 Co 14.12 grifo nosso). Os dons tm um objetivo primordial: a edificao da igreja.

    III - Os Ed if i c a d o r e s d a Ig r e ja

    1. SBIOS A RQ U ITETO S

    Deus levanta homens, ministros, pastores, ensinadores e lderes, para que se encarreguem da edificao espiritual, moral e doutrinria da igreja. Eles precisam de dons espirituais. A igreja , em seu conjunto, ... edifcio de Deus (1 Co 3.9). Aps afirmar que os crentes so edifcio de Deus, Paulo demonstra que foi comissionado, pela graa de Deus, como sbio arquiteto, para estabelecer o fundamento da igreja, com seus ensinos, exortaes, pregaes e discipulado; e diz que outro edifica sobre ele, ou seja, ele no seria nico, como obreiro, a cuidar da edificao da igreja; haveria outros que tomariam parte na edificao espiritual da igreja, segundo a mesma graa que lhe fora concedida. Mas fez solene advertncia: mas veja cada um como edifica sobre ele (1 Co 3.10); Porque ningum pode pr outro fundamento, alm do que j est posto, o qual Jesus Cristo (1 Co 3.11).

    Paulo teve coragem de dizer que era um sbio arquiteto, na edificao da igreja. Nem todo obreiro pode dizer isso, nos dias presentes. Os terrenos em que a igreja est sendo edificada so to instveis, que desafiam a capacidade de todos os engenheiros ou arquitetos. Os ventos fortes de falsas doutrinas e movimentos herticos, disfarados de genunos movimentos cristos conspiram contra a estabilidade e a unidade da Igreja de Cristo. Os edificadores de hoje tm tantos ou maiores desafios do que os do tempo de Paulo, mesmo que tenham mais recursos humanos e tcnicos que o apstolo dos gentios.

    30

  • OS PROPSITOS DOS DONS

    Mas a misso dos obreiros do Senhor cuidar da evangelizao, buscando as almas que se integram igreja, e o cuidado delas, atravs do discipulado autntico, que se fundamenta na s doutrina, esposada por Jesus Cristo, e interpretada e aplicada pelos seus apstolos e discpulos, ao longo da Histria. Os cristos devem ser edificados para serem templos do Esprito Santo (1 Co 6.19,20). E os dons so indispensveis nessa edificao espiritual.

    2. D ESPEN SEIRO S D O S D O N S

    O apstolo Pedro exortou a igreja sobre como o dom de Deus deve ser administrado. E usou a figura do despenseiro, que, antigamente, era o homem que cuidava da despensa. Tinha que ser homem de total confiana do patro. Ele cuidava da aquisio dos mantimentos; zelava pela sua guarda, para que no se estragassem e distribua-os para a alimentao da famlia. Ele tinha a chave da despensa.

    Dessa forma, os despenseiros de Deus, ministros ou membros da igreja, que a famlia de Deus (Ef 2.19), precisam ter muito cuidado no uso dos dons concedidos pelo Senhor para proviso, alimentao espiritual e edificao. Diz Pedro: Cada um administre aos outros o dom como o recebeu, como bons despenseiros da multiforme graa de Deus. Se algum falar, fale segundo as palavras de Deus; se algum administrar, administre segundo o poder que Deus d, para que em tudo Deus seja glorificado por Jesus Cristo, a quem pertence a glria e o poder para todo o sempre. Amm (1 Pe 4.10,11).

    C o n c l u s o

    A Igreja de Jesus Cristo a representante dos cus na terra. Ela tem uma misso que transcende a esfera humana, pois recebeu a incumbncia de fazer com que a ... multiforme sabedoria de Deus seja conhecida dos principados e potestades nos cus (Ef 3.10). Sua misso, na terra, a proclamao do evangelho, num mundo hostil s verdades de Cristo; um mundo que rejeita a Palavra de Deus. Diante dessa realidade, a igreja precisa de poder sobrenatural. Os dons espirituais so um arsenal disposio da igreja para o cumprimento eficaz de sua misso na terra.

    31

  • D o n s d e Re v e l a o

    Que fareis, pois, irmos? Quando vos ajuntais, cada um de vs tem salmo, tem doutrina, tem revelao, tem lngua, tem interpretao. Faa-

    se tudo para edificao (1 Co. 14.26).

    Os dons de revelao constituem parte da revelao de Deus, concedida ao homem salvo, para que, por eles, a multiforme sabedoria divina seja manifestada no meio da Igreja, e os crentes em Jesus sejam protegidos das sutilezas do Adversrio e das maquinaes humanas contra a f crist.

    Sem a presena fsica de Cristo, aps sua Ascenso aos cus, os salvos, reunidos em igrejas locais, precisam, de maneira indispensvel, dos dons espirituais, tanto para cumprirem a Misso confiada por Cristo, quanto para lutar e vencer as hostes espirituais da maldade nos lugares celestiais (Ef 6.12). Sem eles, a igreja local no passa de uma comunidade humana, uma associao religiosa, como um vale de ossos, transformados em corpos com tecidos humanos, mas sem vida. Tem estruturas humanas, ministeriais, denominacionais, intelectuais, polticas e administrativas, mas no tem o poder de Deus em sua vida institucional. Os dons espirituais propiciam a proviso divina para a igreja cumprir a sua misso, concedida por Cristo, de proclamar o evangelho por todo o mundo e a toda a criatura.

    Dentre esses, os chamados dons de revelao aparecem como categoria de grande valor e necessidade, no meio das igrejas locais. No tempo

  • D o n s d e R e v e l a o

    de Paulo, havia confuses, mistificaes doutrinrias, ensinos herticos e tantos outros tipos de informaes, que chegavam aos ouvidos dos crentes, que muitos se desviaram, iludidos pelos ventos de doutrina (Ef 4.14). O gnosticismo ameaava a integridade da f crist. Os judaizantes queriam impor seus ensinos legalistas e ultrapassados. A igreja precisava de recursos espirituais sobrenaturais para no ser esmagada pelas heresias, muitas delas travestidas de verdades absolutas. S a revelao de Deus, manifestada de forma incisiva, poderia evitar a derrocada do cristianismo.

    E, nos dias presentes, ser que no h necessidade da revelao especial de Deus, atravs de sua palavra e de dons ou carismas que faam a diferena, para que os cristos saibam discernir o joio do trigo? Certamente hoje, mais do que nunca, a igreja de Jesus, em toda a parte, necessita desses recursos. Os dons de revelao podem identificar a origem, os meios e os propsitos de muitas falsas doutrinas que surgem a cada dia, no meio evanglico. Pela revelao sobrenatural, pode-se desmascarar os falsos pastores, os obreiros fraudulentos, de torpe ganncia .

    I - PALAVRA DA SABEDORIA (1 CO 12.8)

    parte da sabedoria de Deus, com a finalidade de propiciar entendimento, na ministrao da palavra ou pregao; de grande valor na tarefa de aconselhamento, em situaes que demandam uma orientao sbia, notadamente no ministrio pastoral. E de fundamental importncia no exerccio da liderana, da administrao eclesistica, na separao de obreiros, ultrapassando os limites do saber intelectual ou humano. Jesus agradeceu ao Pai por essa revelao: Naquela mesma hora, se alegrou Jesus no Esprito Santo e disse: Graas te dou, Pai, Senhor do cu e da terra, porque escondeste essas coisas aos sbios e inteligentes e as revelaste s criancinhas; assim , Pai, porque assim te aprouve (Lc 10.21).

    Esse dom proporciona, pela operao do Esprito Santo, uma compreenso (cf. E f 3.4) da profundidade da sabedoria de Deus, ensinando a aplic-la, seja no trabalho seja nas decises no servio do Senhor, e a exp-la a outros, de modo a ser bem entendida.1 Quando os que dirigem a igreja local contam com esse dom, dispem de uma

    1 BERGSTN, Eurico. Teologia sistemtica, p. 10.33

  • D o n s Es p i r i t u a i s & M i n i s t e r i a i s

    diversidade de servios ou ministrios que dinamizam o trabalho da igreja (1 Co 12.28) e a edificao da igreja feita com sabedoria (1 Co3.10). Quando surgem problemas, no meio da congregao, as solues so encontradas com a ajuda do Esprito Santo (At 6.1-7; 15.11-21).

    Paulo recebeu essa viso, de que h uma sabedoria sublime, quando escreveu aos corntios, dizendo: Mas, como est escrito: As coisas que o olho no viu, e o ouvido no ouviu, e no subiram ao corao do homem so as que Deus preparou para os que o amam. Mas Deus no-las revelou pelo seu Esprito; porque o Esprito penetra todas as coisas, ainda as profundezas de Deus. Porque qual dos homens sabe as coisas do homem, seno o esprito do homem, que nele est? Assim tambm ningum sabe as coisas de Deus, seno o Esprito de Deus (1 Co 2.9-11).

    Essa sabedoria de altssimo nvel, e transcende os limites da sabedoria natural ou humana. No se adquire nas escolas seculares, nem tambm nas escolas teolgicas ou filosficas. Ela concedida por Deus, a quem Ele quer, visando atender necessidade da igreja, ou individual, de algum servo ou serva sua, principalmente em ocasies em que o saber natural insuficiente para a tomada de decises, ou resolues difceis.

    No Antigo Testamento, temos alguns exemplos marcantes dessa revelao da sabedoria de Deus. Vemos tal sabedoria na construo do Tabernculo (x 36.1,2).

    Jos, filho de Jac, teve momentos especiais em sua vida, em que demonstrou ter a sabedoria concedida por Deus, em situaes extremamente significativas. Na priso, interpretou sonhos de servos de Fara, os quais se cumpriram plenamente. Chamado ao palcio real, diante de todos os sbios, adivinhos e conselheiros do rei, interpretou os sonhos profticos que Deus concedera ao monarca egpcio, e, ainda por cima, deu instrues e consultoria gratuita sobre planejamento, economia, contabilidade e finanas a Fara. Se no fosse a sabedoria do Esprito de Deus, jamais o jovem hebreu teria tamanha capacidade para interpretar os misteriosos sonhos das vacas gordas e das vacas magras, e foi elevado posio de Governador do Egito (cf. Gn 41.14-41).

    A proverbial sabedoria de Salomo era, sem dvida alguma, manifestao da sabedoria de Deus, para a resoluo de causas impossveis . O caso das duas mulheres, que disputavam a mesma criana demonstra tal capacidade, proveniente do Esprito de Deus (1 Rs 3.16-28). Antes de desviar-se dos caminhos do Senhor, em sua velhice, Salomo foi um

    34

  • D o n s d e Re v e l a o

    exemplo como beneficirio da sublime sabedoria de Deus. E deu Deus a Salomo sabedoria, e muitssimo entendimento, e largueza de corao, como a areia que est na praia do mar. E era a sabedoria de Salomo maior do que a sabedoria de todos os do Oriente e do que toda a sabedoria dos egpcios (1 Rs 4.29,30).

    Em o Novo Testamento, h diversas referncias quanto aplicabilidade dessa sabedoria divina. Paulo exorta aos colossenses a que saibam transmitir a palavra aos ouvintes, dizendo: Andai com sabedoria para com os que esto de fora, remindo o tempo. A vossa palavra seja sempre agradvel, temperada com sal, para que saibais como vos convm responder a cada um (Cl 4.5,6). A falta dessa sabedoria de Deus pode causar graves prejuzos pregao do evangelho. H pregadores, que usam o plpito, em eventos evangelsticos, de maneira arrogante e prepotente. Houve um que dizia, para uma grande multido, que os pastores eram um bando de trambiqueiros; e que a igreja (denominao da qual fazia parte) estava ultrapassada. E dizia, diante de pessoas no crentes; No sei por que Deus no tira essa velharia de cena . A sabedoria desse tipo de pregador no do Esprito Santo. Essa no a sabedoria que vem do alto, mas terrena, animal e diablica (Tg 3.15).

    Na vida de Jesus, como o Filho do Homem, por diversas vezes, ele demonstrou essa sabedoria vinda do Alto. Ao chegar sua ptria, causou profunda admirao em seus conterrneos, por causa da sabedoria como que ministrava a mensagem. E, chegando sua ptria, ensinava-os na sinagoga deles, de sorte que se maravilhavam e diziam: Donde veio a este a sabedoria e estas maravilhas? No este o filho do carpinteiro? E no se chama sua me Maria, e seus irmos, Tiago, e Jos, e Simo, e Judas? E no esto entre ns todas as suas irms? Donde lhe veio, pois, tudo isso! (Mt 13.54-56 grifo nosso).

    Essa mesma sabedoria tem sido identificada, na vida de irmos humildes, ao longo da Histria da Igreja. H casos em que pessoas de pouca instruo formal, usadas por Deus, transmitem mensagens de profundo significado e contedo espiritual, que provocam admirao nos que o ouvem. Em Natal, dcadas atrs, o folclorista Lus da Cmara Cascudo, um dos cones da literatura nacional, estava num culto, na Assembleia de Deus. Foi dada oportunidade a um crente muito humilde, que, cheio do Esprito Santo, entregou a mensagem na uno de Deus. O ilustre visitante no se conteve, e exclamou: Esse homem prega e mostra o cu por dentro! .

    35

  • D o n s Es p i r i t u a i s & M i n i s t e r i a i s

    Na vida da igreja local, h casos interessantes, do exerccio da sabedoria divina, pois Deus o mesmo. Um novo convertido, homem do campo, recebeu a visita de um neto, que era formado em Medicina, em faculdade famosa. Sabendo que o av houvera aceitado a Cristo, passou a critic-lo com arrogncia, dizendo que, em seus estudos houvera aprendido muitas coisas, inclusive que Deus no existe, que o homem proveio de um macaco, e, depois de desfilar outras informaes do que aprendera, perguntou ao velho crente: E, nessa crena, o que o senhor aprendeu? . O novo convertido, que nem sequer tivera tempo de conhecer bem a Bblia, respondeu ao neto ateu: Eu aprendi a dizer: para trs de mim, Satans! . O materialista despediu-se, dizendo que no adiantava lutar contra esses crentes... .

    interessante que anotemos que o dom da palavra da sabedoria no faz do seu portador uma pessoa mais sbia do que as outras. Diz Horton: O Esprito no torna a pessoa sbia por meio deste dom, nem significa que a pessoa mais tarde no possa cometer erros (cf. o exemplo do rei Salomo que, no fim da vida, no s errou, mas pecou).2

    II - PALAVRA DO CONHECIMENTO (1 CO 12.8)

    manifestao da cincia ou do conhecimento de Deus, concedido ao homem salvo. Pode ser dado por sonho, por viso, por revelao especial, operando na esfera humana, no seio da igreja; sendo um conhecimento sobrenatural propiciado por Deus. Podemos dizer que a palavra da sabedoria a aplicao da cincia de Deus, na vida prtica pessoal ou da igreja. Escrevendo aos corntios, sobre as armas de nossa milcia, Paulo diz que essas armas destroem ...os conselhos e toda altivez que se levanta contra o conhecimento de Deus, e levando cativo todo entendimento obedincia de Cristo (2 Co 10.5 grifo nosso). Paulo fala de todos os mistrios e toda a cincia (1 Co 13.2), que s tm valor se for sob a graa do amor de Deus. Atravs desse dom, o crente penetra nas profundezas do conhecimento de Deus (cf. E f 1.17-19).

    Em Cristo o mistrio de Deus [...] em quem esto escondidos todos os tesouros da sabedoria e da cincia (Cl 2.2,3), que os dons

    2 HORTON, Stanley M. I e II Corntios Os problemas da igreja e suas solues, p. 114.

    36

  • D o n s d e Re v e l a o

    devem ser exercidos, no meio da igreja crist. Pois Deus quer que esse conhecimento profundo e sobrenatural esteja disposio dos seus servos, que o amam. Mas, como est escrito: As coisas que o olho no viu, e o ouvido no ouviu, e no subiram ao corao do homem so as que Deus preparou para os que o amam. Mas Deus no-las revelou pelo seu Esprito; porque o Esprito penetra todas as coisas, ainda as profundezas de Deus (1 Co 2.9).

    A Palavra de Deus mostra exemplos desse dom. Quando Jesus pregava para a mulher samaritana, soube detalhes da vida dela, que o conhecimento humano no teria condies de alcanar naquela circunstncia de um encontro inesperado. Ele disse mulher que chamasse seu marido. A mulher respondeu que no tinha marido e Jesus lhe disse que ela tivera cinco maridos e aquele com quem vivia no era seu marido. A mulher ficou admirada, e disse: Senhor, vejo que s profeta (Jo 4.16-19). A palavra da cincia no adivinhao nem expresso de tentativa de erro e acerto. E dada pelo Esprito Santo.

    O profeta Eliseu sabia os planos de guerra do rei da Sria, mesmo distncia. Quando o rei pensava em atacar o exrcito de Israel de surpresa, em determinado lugar o profeta de Deus alertava ao rei de Israel dos planos do inimigo, por diversas vezes. O rei srio ficou intrigado e desconfiou de que haveria um traidor no meio de suas tropas. Mas um dos servos do rei o fez saber o mistrio: E disse um dos seus servos: No, rei, meu senhor; mas o profeta Eliseu, que est em Israel, faz saber ao rei de Israel as palavras que tu falas na tua cmara de dormir (2 Rs 6.8-12).

    Era um conhecimento muito mais aperfeioado do que todos os atuais sistemas de informao, com uso de tecnologia de ponta, usados no mundo atual. Eliseu no tinha informantes, nem sonhava com equipamentos de comunicao ou de satlites. Era a mensagem divina, diretamente do Esprito Santo ao seu corao. Quando o profeta Samuel disse a Saul que as jumentas do pai j haviam sido encontradas, foi pela cincia ou conhecimento de Deus (1 Sm 9.15-20).

    A revelao dada a Daniel acerca dos imprios mundiais demonstra quo grande a sabedoria de Deus, como recurso divino para ocasies especiais, em que de nada adianta a sabedoria humana, ou os conhecimentos adquiridos pela experincia de quem quer que seja. Quis Deus utilizar-se de um rei estrangeiro ao seu povo para revelar segredos sobre acontecimentos que teriam lugar na Histria, na ocasio, e para o futuro. A viso de Nabucodonosor uma referncia para a

    37

  • DONS ESPIRITUAIS & MINISTERIAIS

    Escatologia, com base nas interpretaes dadas pelo Altssimo a Daniel, seu servo, que estava vivendo naquele Pas, com uma misso do mais alto significado.

    Trata-se de um caso bem emblemtico do que significa receber o conhecimento, ou a revelao de Deus. O rei tivera um sonho muito estranho, que o perturbara sobremaneira. Pela manh, reuniu os magos, e os astrlogos, e os encantadores, e os caldeus, para que declarassem ao rei qual tinha sido o seu sonho; e eles vieram e se apresentaram diante do rei. E o rei lhes disse: Tive um sonho; e, para saber o sonho, est perturbado o meu esprito (Dn 2.2,3). Tudo em vo. Ningum soube interpretar o sonho, por uma razo muito bvia: o rei no se lembrava do sonho! Furibundo, o rei mandou matar todos os sbios da Babilnia, pelo fato de no saberem interpretar um sonho de que no tiveram sequer o relato de sua viso.

    Mas Daniel, que estava no reino, em posio de destaque, pediu ao mensageiro do rei que desse um tempo para que buscassem a interpretao. Seu pedido foi atendido, e, contando o grave problema a seus trs companheiros, foram orar ao Deus dos cus. Diz a Bblia: Ento, Daniel foi para a sua casa e fez saber o caso a Hananias, Misael e Azarias, seus companheiros, e pediu que orassem a Deus, para que pedissem misericrdia ao Deus dos cus sobre este segredo, a fim de que Daniel e seus companheiros no perecessem com o resto dos sbios da Babilnia. Ento, foi revelado o segredo a Daniel numa viso de noite; e Daniel louvou o Deus do cu (Dn 2.17-19). De maneira didtica, com preciso histrica, Daniel interpretou o sonho, mostrando ao rei o desenrolar dos acontecimentos de sua poca e de eventos futuros. Foi o conhecimento de Deus e no humano, lgico ou natural.

    Esse dom revela coisas que no so percebidas pela viso natural (ver1 Sm 16.7; Jo 2.24,25). Na vida prtica da igreja, algumas experincias demonstram que o dom da palavra da cincia pode ser dado nos tempos presentes. Num Crculo de Orao, em Natal-RN, as irms estavam tranquilas, orando e louvando a Deus, numa congregao, anos atrs. Apresentou-se um homem, muito bem vestido, de palet de tecido fino, sapato lustroso, gravata e Bblia debaixo do brao. Ao ser interpelado, para ser apresentado, disse que era um servo de Deus, que estava de passagem por ali, e que viera visitar o trabalho. Acrescentou que era filho do Ministro da Educao, Sr. Jarbas Passarinho. A apresentao do ilustre visitante foi feita, e as irms de imediato quiseram ouvir uma palavra por ele.

    38

  • DONS DE REVELAO

    Uma humilde serva de Deus, num lampejo divino, disse dirigente: No d oportunidade a ele. E um mentiroso, falso e procurado pela polcia...! . Foi um mal-estar, pois a dirigente j ia anunciar a oportunidade ao visitante. Mas, diante da advertncia, no o fez. Foi criticada por um santo irmo, que achou uma falta de respeito a um servo de Deus, filho de uma autoridade pblica. Esse tambm convidou o visitante para ir sua casa, num gesto de desagravo e de hospitalidade. No caminho, dizia ao visitante: Essas irms no tm sabedoria. E pediu desculpas pelo constrangimento. Recebeu-o em casa, apresentou famlia, e ofereceu dormida ao desconhecido.

    Pela madrugada, algum bateu porta. O anfitrio foi abrir, e deparou-se com policiais federais, apontando metralhadoras para sua casa, e dizendo que ele estava preso, pois dera acolhida a um criminoso, es- telionatrio, que vinha sendo rastreado em sua viagem. Quem revelaria tal coisa a uma simples serva de Deus? Sem dvida, foi a operao do dom da cincia, num momento crucial. Este exemplo prova de que Deus no muda. Agiu nos tempos antigos. E age em todos os tempos.

    E preciso entender a diferena entre o dom da sabedoria e o dom da palavra da cincia. A cincia o conhecimento profundo, concedido por Deus, em relao s coisas divinas ou s coisas dos homens, que esto alm do conhecimento natural. O dom da sabedoria refere-se utilizao do conhecimento em questes prticas da vida. Conhecimento sem sabedoria puro exerccio intelectual infrutfero e diletante. O cristo deve ter conhecimento de Deus para viver o cristianismo de forma concreta, no seu dia a dia.

    III - DISCERNIMENTO DOS ESPRITOS (1 CO 12.10)

    Mais adiante, na epstola em apreo, encontramos o dom de discernir os espritos (1 Co 12.10b). Refere-se capacidade sobrenatural, concedida por Deus, com a finalidade de identificarem-se as origens e natureza das manifestaes espirituais. Tais manifestaes podem ter basicamente, trs origens: De Deus, do homem (da carne) ou do maligno. Em determinadas ocasies, uma manifestao espiritual pode apresentar-se, no meio da congregao, ou diante de um servo de Deus, com aparncia de genuna,

    39

  • D o n s Es p i r i t u a i s & m i n i s t e r i a i s

    e ser uma mistificao diablica, ou arti manha de origem humana. Pelo entendimento e pela lgica humana, nem sempre possvel avaliar a origem das manifestaes espirituais. Mas, com o dom de discernir os espritos o servo de Deus ou a igreja no ser enganada.

    Segundo Boyd, a palavra discernir (grego diakrisis) gri&ca julgado atravs de, distinguir, e tem o sentido de penetrar por baixo da superfcie, desmascarando e descobrindo a verdadeira fonte dos motivos e da animao.3 Atravs desse dom, em suas diversas manifestaes, a igreja pode detectar a presena de demnios, no meio da comunidade ou congregao, a fim de expuls-los, no nome de Jesus. Na ilha de Pafos, Paulo defrontou-se com uma ao diablica declarada com o objetivo de impedir a pregao do evangelho ali, e a converso de uma autoridade pblica. Mas o apstolo, cheio do Esprito Santo, percebeu as artimanhas do Adversrio, e, na autoridade de Deus, declarou que o opositor do evangelho ficaria cego por algum tempo, o que de pronto aconteceu. Diante de tamanho sinal, Ento, o procnsul, vendo o que havia acontecido, creu, maravilhado da doutrina do Senhor (At 13.12).

    Myer Pearlman diz que se pode saber a diferena entre uma manifestao espiritual legtima e uma falsa manifestao, atravs desse dom. Pelo dom de discernimento que d capacidade ao possuidor para determinar se um profeta est falando, ou no, pelo Esprito de Deus. Esse dom capacita o possuidor para enxergar todas as aparncias exteriores e conhecer a verdadeira natureza duma inspirao.4 A manifestao espiritual precisa passar por duas provas de sua legitimidade: A prova doutrinria e a prova prtica.

    A prova doutrinria pode basear-se no ensino do apstolo Joo, que diz:

    Amados, no creiais em todo esprito, mas provai se os espritos so de Deus, porque j muitos falsos profetas se tm levantado no mundo. Nisto conhecereis o Esprito de Deus: todo esprito que confessa que Jesus Cristo veio em carne de Deus; e todo esprito que no confessa que Jesus Cristo veio em carne no de Deus; mas este o esprito do anticristo, do qual j ouvistes que h de vir, e eis que est j no mundo. Filhinhos, sois de Deus e j os tendes vencido, porque maior o que est em vs do que o

    3 BOYD, Frank M. Cartas aos corntios, p. 69.4 PEARLMAN, Myer. Conhecendo as doutrinas da Bblia, p. 322.

    40

  • DONS DE REVELAO

    que est no mundo. Do mundo so; por isso, falam do mundo, e o mundo os ouve. Ns somos de Deus; aquele que conhece a Deus ouve-nos; aquele que no de Deus no nos ouve. Nisto conhecemos ns o esprito da verdade e o esprito do erro. (1 Jo 4.1-6)

    A prova prtica tem base no ensino de Jesus, quando advertiu acerca dos falsos profetas, que podem ser conhecidos pelos seus frutos, ou seja, pelo seu carter, demonstrado em seu testemunho, na vida prtica:

    Acautelai-vos, porm, dos falsos profetas, que vm at vs vestidos como ovelhas, mas interiormente so lobos devoradores. Por seus frutos os conhecereis. Porventura, colhem-se uvas dos espinheiros ou figos dos abrolhos? Assim, toda rvore boa produz bons frutos, e toda rvore m produz frutos maus. No pode a rvore boa dar maus frutos, nem a rvore m dar frutos bons. Toda rvore que no d bom fruto corta-se e lana-se no fogo. Portanto, pelos seus frutos os conhecereis (Mt 7.15-20).

    Jesus tinha esse dom. Quando seus adversrios queriam apanh-lo em alguma palavra ou alguma falta, Ele j sabia o que se passava no interior das pessoas. Mas o mesmo Jesus no confiava neles, porque a todos conhecia e no necessitava de que algum testificasse do homem, porque ele bem sabia o que havia no homem (Jo 2.24, 25). O apstolo Pedro teve a percepo de que Ananias estava mentindo, quando sonegou parte da oferta que prometera a Deus, por esse dom especial de discernir os espritos (At 5.3).

    No ministrio de Paulo, temos o exemplo notvel do uso desse dom (At 16.12-18). Ao lado de seu companheiro, Silas, chegou cidade de Filipos, na Macednia, para onde se dirigiram por orientao do Esprito Santo. Aps um perodo de orao e evangelizao pessoal, foi acolhido por Ldia, a vendedora de prpura, que aceitou a Cristo e foi batizada com toda a sua famlia. Era patente o sucesso da misso dos apstolos naquele lugar. O Adversrio no ficaria satisfeito de forma alguma e resolveu atacar de uma forma muito sutil, usando uma jovem para tecer um dos mais elevados elogios que um pregador poderia receber publicamente.

    Ela era bem conhecida na cidade, pois era usada por comerciantes inescrupulosos que obtinham grande lucro, usando-a em seu proveito, pois possua esprito de adivinhao. Quando os dois apstolos saram para a orao, a jovem os seguiu, dizendo em alta voz: Estes homens,

    41

  • D o n s Es p i r i t u a i s & M i n i s t e r i a i s

    que nos anunciam o caminho da salvao, so servos do Deus Altssimo (At 16.17). E fez essa declarao elogiosa, durante vrios dias. Pregadores so seres humanos, sujeitos s falhas prprias de sua natureza. Elogios em geral sempre fazem bem ao ego, parte emocional, ainda mais, quando o elogio verdadeiro, como era o que a moa propagava acerca dos dois servos de Deus.

    Jamais algum poderia imaginar que aquele elogio no seria de origem legtima. Podemos entender at, que, a princpio, os apstolos devem ter ficado pensativos com aquela declarao. De fato, eles eram servos do Deus Altssimo! O que haveria de errado ou repreensvel ouvir tal elogio? No teria a jovem percebido que eles eram cristos autnticos? Acontece que Paulo e Silas eram homens de orao, tinham comunho com o Esprito Santo. Depois de alguns dias, ouvindo aquela declarao, Paulo discerniu a sua origem.

    No era nada da parte de Deus. A afirmao era verdadeira, mas a origem e a inteno eram malignas. O Diabo queria iludir os apstolos, com bajulao e lisonja, para que o demnio continuasse livre para agir, aps a sada dos servos do Senhor. Assim, Paulo, perturbado, voltou-se e disse ao esprito: Em nome de Jesus Cristo, te mando que saias dela. E, na mesma hora, saiu (At 16.18).

    C o n c l u s o

    No mundo atual, a Igreja de Jesus necessita, mais do que nunca, da revelao profunda das coisas divinas, para discernir entre o certo e o errado; entre o legtimo e o falso, no que respeita s manifestaes espirituais. Em determinados programas de TV, de responsabilidade de igrejas ou de determinados pregadores, existem heresias absurdas, como a chamada teologia da prosperidade; o cair no esprito; maldio hereditria para o salvo em Cristo; tesmo aberto e outras manifestaes herticas, que, a princpio, tm aparncia de serem genunas, e levam muitas pessoas incautas, que no leem a Bblia, a interessarem-se por tais ensinamentos esprios. Que o Senhor conceda sua igreja os dons de revelao a muitos crentes, incluindo lderes, para presidirem a igreja local com segurana espiritual e doutrinria.

    42

  • DONS DE PODER

    A minha palavra e a minha pregao no consistiram em palavras persuasivas de sabedoria humana, mas em demonstrao do Esprito e de poder, para que a vossa f no se apoiasse eyn sabedoria dos homens, mas

    no poder de Deus (1 Co 2.4,5).

    Paulo, maior intrprete do evangelho de Jesus Cristo, doutrinando atravs de sua Carta aos Romanos, declarou: Porque no me envergonho do evangelho de Cristo, pois o poder de Deus para salvao de todo aquele que cr, primeiro do judeu e tambm do grego (Rm 1.16 grifo nosso). Na poca em que se tornou discpulo de Jesus, aps sua dramtica converso, no caminho de Damasco, j havia muitos evangelhos estranhos, apcrifos, que pregavam outro Jesus (2 Co 11.4). Mas o evangelho genuno tinha que ser um evangelho que demonstrasse ao mundo que era a mensagem de Deus aos homens, atravs de sinais, prodgios e maravilhas, que o diferenava dos outros evangelhos.

    Jesus, em seu ministrio terreno, demonstrou que no viera trazer mais uma corrente filosfica para o mundo. As naes j conheciam as filosofias gregas, de Plato, Aristteles, Herdoto, e outros. O Budismo, o Hindusmo, o Xintosmo e outras religies dominavamo Oriente. O Judasmo era a religio consagrada na Palestina. Mas no se viam sinais de poder impactante e transformador na vida dos seus adeptos nem daqueles a quem pregavam seus ensinos. Mas Jesus comeou, transformando gua em vinho (Jo 2.10). Curou cegos,

  • D o n s Es p i r i t u a i s & M i n i s t e r i a i s

    paralticos, ressicados, lunticos, e fez o que nenhum lder de religio fizera ou haveria de fazer: ressuscitou mortos, inclusive Lzaro, cujo corpo j entrara em estado de decomposio avanada (jo 11.43). O cristianismo apresentou-se como um movimento do Esprito Santo para a salvao de almas e libertao dos males resultantes do pecado.

    Alm de demonstrar o poder sobre as foras das enfermidades, Jesus demonstrou que tinha poder sobre as foras da natureza. Acalmou a tempestade, repreendendo o vento e o mar (Mt 8.23-27); andou por cima das guas e fez passar a tormenta (Mt 14.22-34). E, para provar que tinha suprema autoridade sobre todos os poderes, expulsou demnios, libertando os oprimidos do Diabo (Mt 8.28-34 e referncias). A Histria da Igreja uma histria de pregao e de poder de Deus. Neste captulo, meditaremos sobre os dons de poder, to necessrios igreja, nestes tempos trabalhosos a que se referiu Paulo (1 Tm 3.1).

    I - O DOM DA F (1 C o 12.9)

    1. SIG N IFIC A D O D E F

    A palavra f (gr. pisteu-, lat. Fides) E a confiana que depositamos em todas as providncias de Deus. E a crena de que Ele est no comando de tudo, e que capaz de manter as leis que estabeleceu. E a convico de que a sua palavra a verdade.1 A melhor definio de f enunciada pelo autor do livro aos Hebreus, que recebeu uma profunda inspirao para a descrio dessa virtude crist; Ora, a f o firme fundamento das coisas que se esperam e a prova das coisas que se no veem (Hb 11.1). Vemos, nessa definio, trs elementos essenciais f:

    1) Ela fundamento ou base para a confiana em Deus;

    2) Ela envolve a esperana ou expectativa segura do que se espera daparte de Deus;

    3) Ela a prova das coisas que no se veem, mas so esperadas, ousignifica convico antecipada.

    1 ANDRADE, Claudionor de. Dicionrio de teologia, p. 132.44

  • DONS DE PODER

    2. A F C O M O D O M

    a capacidade concedida pelo Esprito Santo para o crente realizar coisas que transcendem esfera natural, visando o benefcio e a edificao da igreja. Podemos entender melhor o significado do dom da f, atravs de declaraes negativas em relao a outros tipos de f. No a f salvfica, que despertada pela proclamao da Palavra de Deus (Rm 10.17; E f 2.8); no a f como doutrina, que denota a permanncia do crente, vivendo de acordo com a Palavra de Deus, ou a s doutrina (2 Co 13.5); no a f como fruto do Esprito, que consiste nas virtudes, que devem ser cultivadas pelo crente, na comunho com o Esprito Santo. No dada, buscada e desenvolvida (G1 5.22); o dom da f tambm no a f natural, que resulta da observao da natureza. Se tudo existe, de maneira organizada e com propsito, h pessoas que creem no Criador (Rm 1.19,20).

    O dom da f Pode ser considerado como um dom especial da f para uma necessidade particular. Alguns o definem como a f que remove montanhas, trazendo manifestaes incomuns ou extraordinrias do poder de Deus .2 Esse dom concedido, num momento especial, quando s um milagre resolve algo que no tem soluo, no meio da igreja, ou na vida de um servo de Deus, que atende a seus propsitos. Podemos entender que esse dom foi usado por Moiss, quando o povo de Israel percebeu que Fara estava no seu encalo aps a sada do Egito. De um lado e do outro, as montanhas; pela frente, o Mar Vermelho; por trs o exrcito egpcio com carros e cavalos.

    A resposta do lder do xodo foi uma demonstrao de uma f fora do comum. Moiss, porm, disse ao povo: No temais; estai quietos e vede o livramento do Senhor, que hoje vos far; porque aos egpcios, que hoje vistes, nunca mais vereis para sempre. O Senhor pelejar por vs, e vos calareis (x 14.13,14). Ele viu o livramento de Deus antes que acontecesse. Se tivesse falhado em sua f, teria havido uma tragdia contra a sua liderana.

    Vemos esse dom operando na vida de Daniel. Quando soube do decreto do rei, proibindo que algum fizesse qualquer pedido ou splica a qualquer pessoa ou a qualquer Deus, e no unicamente ao rei, seria lanado na cova dos lees famintos, Daniel continuou orando ao Senhor,

    2 M. HORTON, Stanley. I e II Corntios Os problemas da igreja e suas solues, p. 115.

    45

  • D o n s e s p i r i t u a i s & M i n i s t e r i a i s

    como o fazia trs vezes ao dia. Foi acusado pelos seus adversrios, e foi lanado na cova dos lees. O prprio rei viu que Daniel tinha f em seu Deus (Dn 6.16). Daniel foi salvo da morte (Dn 6.23).

    Certamente, o exemplo do profeta Elias, diante dos profetas de Baal e de Asera, no Monte Carmelo, tambm envolveu o dom da f. Ele fez um desafio aos profetas dos deuses falsos. Props que o Deus que respondesse com fogo seria o verdadeiro Deus. E Deus honrou sua f, fazendo cair fogo do cu sobre o altar encharcado de gua (1 Rs 18.22-39).

    Em sua viagem a Roma, o apstolo Paulo foi vtima de um grande naufrgio. Escapando na Ilha de Malta, ele e os demais nufragos foram acolhidos com hospitalidade. Ali, experimentou um milagre extraordinrio. Ao colocar alguns pedaos de madeira numa fogueira, foi picado por uma cobra venenosa, conhecida na regio. Os nativos logo imaginaram que Paulo iria perecer dentro de poucas horas, pois sabiam que o efeito do veneno era mortal. Mas o servo de Deus, simplesmente, sacudiu a mo e a vbora cai no fogo, e nada lhe aconteceu (At 28.1-6).

    Esse dom da f no se desenvolve. E concedido, em ocasies especiais, para a resoluo de algum problema insolvel aos meios normais, racionais, ou naturais. E s dado a quem j tem f em Deus e em suas promessas. Esse dom em ao gera uma atmosfera de f, que d convico de que agora tudo possvel (cf. Jo 11.40-44; Mc 9.23). [...] Esse dom um impulso poderoso orao da f (cf. Tg 5.17), pois impe a certeza de que para Deus tudo possvel (cf. Lc 1.37; Mc 10.27).3 Quando se diz que tudo possvel deve-se ter em mente que se tem em mente tudo o que de acordo com a vontade de Deus.

    II - DO N S DE CURAR (1 CO 12.9)

    Os dons de curar so recursos espirituais, de carter sobrenatural, que atuam na cura de enfermidades fsicas, psicossomticas ou emocionais. Sua concesso igreja deve-se ao fato de que Deus quer dar sade a seu povo. No Antigo Testamento, Ele se manifestava ao povo de Israel como o Jeov Rofeca, ou Jeov Raf O Senhor que Sara (x 15.26; SI 103.3). So dons de grande valor na pregao do evangelho. As pessoas em geral so descrentes do poder de Deus. Mas, quando

    3 BERGSTN, Eurico. Teologia Sistemtica, p. 112.46

  • D o n s d e Po d e r

    veem uma cura de impacto, como a cura de cncer, de diabetes, de paralisia, ou de doenas degenerativas, com Alzheimer, doena de Parkinson, e outras, so compelidas a ter sua f despertada para o poder de Deus em suas vidas. Milagres de cura, sem transformao de vidas, pelo poder do evangelho de Cristo, tornam-se apenas elementos de shows para glorificao do pregador. Mas quando as curas contribuem para a glorificao a Deus, tm grande valor para a divulgao do evangelho.

    E promessa de Jesus sua igreja a delegao de poder para curar enfermidades, como parte da misso de pregar o evangelho (Mc 16.15-18 ).