MESTRADO EM TURISMO
ESPECIALIZAÇÃO EM PLANEAMENTO E GESTÃO
EM TURISMO DE NATUREZA E AVENTURA
AGROTURISMO E TURISMO NA NATUREZA NOS AÇORES:
ESTUDO APLICADO À QUINTA DA GROTINHA
VITÓRIO EMANUEL DE ALMEIDA E SOUSA DIAS FIDALGO
Junho de 2014
Escola Superior de Hotelaria e Turismo do Estoril Vitório Emanuel de Almeida e Sousa Dias Fidalgo
Dissertação apresentada à Escola Superior de Hotelaria e Turismo do Estoril para a obtenção do grau de Mestre em Turismo, Especialização em Planeamento e Gestão em Turismo de Natureza e Aventura.
Orientação Professor Doutor Francisco António dos Santos da Silva Coorientação Professora Doutora Maria do Céu de Sousa Teixeira de Almeida
Junho de 2014
Agroturismo e Turismo na Natureza nos Açores:
Estudo aplicado à Quinta da Grotinha
Ser homem é ser responsável. É sentir que se colabora na construção do mundo.
Antoine de Saint-Exupéry
Dedico esta dissertação,
ao Eduardo Augusto de Sousa Dias Fidalgo - meu Pai,
à Sandra Cláudia Matias Rodrigues
e à Ana Catarina Ribeiro.
Sem vocês este projeto nunca teria sido concretizado e serve esta dedicatória para vos demonstrar
o Respeito, Amor e Dedicação que existitrá sempre em mim perante Vós.
Vocês foram e serão sempre uma inspiração para mim, pela Força, Inteligência e Resiliência que
sempre demonstram ter.
-V-
Agradecimentos
Agora que finalmente estou prestes a concluir mais uma grande etapa na minha vida não poderia
deixar para trás o agradecimento sentido que aqui deixo a todas as pessoas que me possibilitaram
ser quem sou.
O meu primeiro agradecimento vai para quem comigo levou este projeto em frente e que
passando horas, dias a ler e corrigir todos os textos, que desde o início comecei a escrever nunca
se negou e sempre me entusiasmou e ajudou a ir em frente… Ao meu Pai o meu mais sincero
agradecimento pois sem as tuas orientações no mundo das letras, sei que os textos não teriam o
mesmo colorido e fluidez de discurso. Sei que estás sempre pronto para me ajudar, ensinar e
contigo aprendi a acreditar que, sejam quais forem as dificuldades, com trabalho, esforço e
verdade os resultados acabarão por aparecer.
Agradeço ainda, aos meus professores, em especial aos meus orientadores - Prof. Francisco Silva
e Profª. Maria do Céu Almeida - que me orientaram neste caminho que decidi trilhar e que
mesmo depois de um ano parado e sem dar novidades não hesitaram em me estender a mão e
orientar para chegar com a presente tese a bom porto.
Outro agradecimento deixo aqui também para outras duas pessoas que foram outros tantos
pilares importantes para esta presente dissertação.
À Sandra Rodrigues, quero garantir que jamais me esquecerei das palavras que me deixaste
escritas num pequeno papel, que guardo com muito carinho, e que diziam assim: “Uma parte de
ti será sempre minha”. Agora te digo também que uma parte desta tese é também tua. Por toda a
tua Dedicação, Sentimento e desejo íntimo em Acreditar em mim, hoje aqui te deixo, também a
ti, o fim desta viagem com sentido de missão cumprida. Agradeço-te do mais profundo e íntimo
do meu ser o privilégio que foi ter vivido, aprendido e crescido ao teu lado durante quase cinco
anos das nossas vidas.
À Ana Catarina Ribeiro, o meu agradecimento e a minha homenagem também não poderiam
deixar de ficar publicamente expressas porque, apesar de todo este mar de encontros e
desencontros que aconteceu nas nossas vidas, foste tu quem mesmo assim me acolheu, me
incentivou a seguir em frente, foste tu também quem me apresentou a Quinta da Grotinha e me
mostrou o potencial e a magia daquele espaço. Foi contigo que partilhei também as minhas
angústias e tristezas quando as respostas não vinham e quando os ventos da incerteza assolavam
a minha costa.Jamais te esquecerei, e sei que mesmo como amigo serei para ti uma prioridade,
assim como tu para mim.
-VI-
Agradeço do mesmo modo à minha Mãe pelo constante acreditar nas minhas capacidades, pelos
muitos conselhos que me foi dando ao longo da minha vida, e como minha eterna confidente e
amiga: Obrigado por me teres passado a vontade e energia de não baixar os braços mesmo
quando se tem de empurrar o mundo. Os teus beijinhos, os teus abraços e a tua mão na minha
cabeça continuam a ser a garantia de que nada nem ninguém me poderão fazer mal. Obrigado,
Muito Obrigado.
À minha Irmã, mesmo vendo o mundo de uma forma bem diferente, sei e sinto que estarás
sempre aí pronta para me ajudar e que nunca me deixarias ficar à deriva. A vida é um verdadeiro
oceano de projetos e a ti te agradeço e dedico grande parte desta tese como forma de te dar a
mesma energia e vontade de lutar, por criar algo que sonhei e acreditei com vocês e contigo. A
tua pessoa foi e é muito importante para aquilo em que me transformei e hoje posso dizer anda!
Vamos! O caminho é por aqui!
À minha segunda mãe Rita Bens que apareceu na minha vida e que até então me adotou, guiou,
ouviu e me ajudou em todos os momentos, as tuas sábias palavras e a tua experiência de vida
serão sempre uma inspiração de como se deve viver e aproveitar a vida. Obrigado Ritinha por
seres assim e por estares sempre aí comigo.
Sem dúvida que os nossos amigos são a nossa segunda família e posso por isso dizer que sou uma
pessoa cheia de sorte por os ter e que, com a sua determinação e apoio, me ajudaram a tornar
esta tese numa realidade.
O Paulo Morais que, além de um irmão, é para mim uma verdadeira inspiração de energia,
vitalidade e um verdadeiro complemento à minha pessoa. A ti só posso dizer obrigado por
estares sempre na minha vida e por acreditares e estares sempre disposto a apostar em mim. Foi
também graças ao teu apoio constante que consegui concretizar esta tese.
O Tiago Mateus aquele amigo e irmão que eu também nunca esqueço e nunca esquecerei. Sei que
partilharemos sempre do mesmo sentido de entreajuda. Não esquecerei também como me
ajudaste em momentos conturbados por que passei na minha vida. Obrigado amigo.
Henrique Lebre, como me poderia esquecer de ti? Não só sei que me abres a porta de tua casa e
me ajudas a encontrar harmonia na minha vida quando mar se agita e produz ondas maiores do
que as que uma prancha consegue surfar, como me ensinas a ver a vida de um ponto de vista
menos romântico e mais prático. Foi também graças ao teu companheirismo que hoje consigo
apresentar um resultado concreto deste meu projeto.
-VII-
Rui Cabral, o amigo que me ensinou a ser marinheiro e um melhor profissional. A ti amigo e
confidente Cabral só te posso dizer que é porque quero aprender mais e pela nossa amizade
fraterna que te quero sempre também como amigo na minha vida. Foi também graças ao teu
constante apoio e preocupação que hoje chego ao fim de mais esta etapa. Obrigado.
À família das caminhadas Ana Almeida, Mário Chan e Tatiana Ribeiro. A vocês também devo
muito porque me estimularam a continuar a avançar, porque souberam ajudar a criar tudo o que
temos falado e projetado nas nossas iniciativas e por serem também os meus conselheiros e
amigos de sempre.
Não poderia terminar a referência a esta segunda Família sem agradecer ao Miguel Wallenstein e
à Ana Teresa (família dos Açores) que me disponibilizaram o seu projeto para ser a minha área de
estudo. A vossa atenção em facultar a vossa base de dados foi fundamental para que eu
conseguisse levar este projeto até ao fim, projeto este que foi pensado para vocês e para que a
Quinta da Grotinha seja um verdadeiro polo de desenvolvimento. Ela é sem sombra de dúvidas o
projeto com mais energia limpa que conheci. Como tal o meu muito obrigado por me receberem
em vossa casa e por me deixarem apresentar o que hoje aqui deixo.
Sem dúvida que não poderia deixar de agradecer o valioso apoio dos professores Jorge Umbelino,
João Reis, assim como do Sr. José Toste da Associação Regional de Turismo e do meu colega e
amigo Tiago Lopes, pelo precioso apoio que me deram na revisão e estruturação dos
questionários que serviram de base à investigação empírica.
Para terminar não me poderia esquecer dos meus amigos e colegas de mestrado que têm vindo ao
longo do tempo a relembrar a importância de fechar este ciclo, a vocês e em especial à Maria
Xavier pela tua amizade e prontidão em me ajudar; Joana Coimbra pelo teu sorriso, energia de
vida e por aquela ligação que ainda hoje não sei explicar mas que sinto; João Bexiga pela tua
preocupação constante de como as coisas estão a correr; Cristina Lebre pela tua disponibilidade e
enorme vontade em me ajudares e pelas inúmeras horas em que trabalhámos juntos na faculdade,
o meu Muito Obrigado!!!
-VIII-
-IX-
AGROTURISMO E TURISMO NA NATUREZA NOS AÇORES: ESTUDO
APLICADO À QUINTA DA GROTINHA
RESUMO
O turismo é um setor estratégico para cada vez maior número de destinos e em particular para
economias periféricas de reduzida escala, como é o caso de muitos territórios insulares e dos
Açores em particular.
Os Açores apresentam-se como um território com um importante potencial de crescimento e de
valorização, com caraterísticas indispensáveis para se constituir como um espaço de promoção do
turismo na natureza.
A presente dissertação tem como foco de estudo o turismo nos Açores, em particular com base
na realidade do turismo rural e agroturismo, desenvolvida na Quinta da Grotinha (ilha de São
Miguel – Arrifes) e que se encontra presentemente numa fase de mudança.
Considerando uma abordagem holística ao turismo de Espaço Rural, pretende-se analisar as
valências atuais da Quinta da Grotinha e chegar a proposta de melhoria da oferta deste espaço,
nomeadamente, de quais os produtos turísticos a desenvolver, baseados em desportos de
natureza e aventura, saúde e bem-estar, não esquecendo outros associados a um cariz mais
cultural, mas tudo convergindo para um denominador de inovação fundamental à sua afirmação
na Quinta que polariza a nossa atenção.
Para alcançar estes objetivos recorreu-se a uma revisão do estado da arte e a um trabalho de
investigação empírica com base na aplicação de questionários aos clientes da Quinta da Grotinha.
-X-
AGROTURISMO E TURISMO NA NATUREZA NOS AÇORES: ESTUDO
APLICADO À QUINTA DA GROTINHA
ABSTRACT
Tourism is a strategical sector for an increasing number of destinations and, in particular, for
reduced-scale peripheric economies, as it happens with many insular territories, such as the
Azores.
The Azores present itself as a territory with and enormous potential of improvement and increase
in value, with prime characteristics to be transformed into a promotional space of tourism in
nature.
The goal of this paper is to study tourism in the Azores, looking in particular into the reality of
rural tourism and agrotourism, developed at Quinta da Grotinha (São Miguel – Arrifes), which is
currently undergoing a changing phase.
Considering and holistic approach to tourism in rural space, the purpose is to analyse the current
features of Quinta da Grotinha and to come to a proposal to improve the offer of this space,
such as what kind of products may be developed in terms of sports of nature and adventure,
health and wellness, not overlooking the cultural offer. All of these contribute to a common
denominator for innovation, which is fundamental to the affirmation of Quinta da Grotinha.
In order to achieve these targets, we have resorted to a state-of-the-art revision and to a work of
empirical investigation based on surveys made to the Quinta da Grotinha’s guests.
-V-
LISTA DE SIGLAS, ACRÓNIMOS E ABREVIATURAS
ART Associação Regional de Turismo
ATA Associação de Turismo dos Açores
UNCED Comissão Mundial sobre o Ambiente
DL Decreto Lei
INE Instituto Nacional de Estatística
IOS International Organization for Standardization
OMT Organização Mundial de Turismo
ORT Observatório Regional de Turismo
OTA Observatório Turismo dos Açores
PENT Plano Estratégico Nacional de Turismo
PIB Produto Interno Bruto
POTRAA Plano de Ordenamento Turístico da Região Autónoma dos Açores
PReDSA Plano Regional de Desenvolvimento Sustentável da Região Autónoma
dos Açores
PROTA Plano Regional de Ordenamento do Território dos Açores
RAA Região Autónoma dos Açores
SREA Serviço Regional de Estatística dos Açores
TP Turismo de Portugal, I.P.
UNWTO United Nations World Tourism Organization
-VI-
-VII-
ÍNDICE GERAL
Agradecimentos ................................................................................................................... V
Resumo ............................................................................................................................... IX
Abstract ................................................................................................................................ X
Lista de siglas, acrónimos e abreviaturas ........................................................................... V
Índice Geral ...................................................................................................................... VII
Índice de Figuras................................................................................................................ IX
Índice de Quadros ............................................................................................................... X
1. Introdução ..................................................................................................................... 1
1.1 Enquadramento geral.................................................................................................................. 1
1.2 Objetivos ......................................................................................................................................... 6
1.3 Problemática da investigação ........................................................................................................ 7
1.4 Abordagem metodológica ........................................................................................................... 11
1.5 Estrutura da dissertação .............................................................................................................. 13
2 Turismo em Espaço Rural ........................................................................................... 15
2.1 TER: princípios de um bom desenvolvimento ........................................................................ 15
2.2 Agroturismo .................................................................................................................................. 22
2.3 Qualidade ....................................................................................................................................... 26
2.3.1 Definição e âmbito do conceito ...................................................................................... 26
2.3.2 Motivação para aplicação da qualidade .......................................................................... 29
2.3.3 Qualidade no turismo ....................................................................................................... 31
2.3.4 Qualidade no TER ............................................................................................................ 32
2.4 Sustentabilidade no turismo ........................................................................................................ 33
2.5 Turismo na natureza .................................................................................................................... 37
2.6 Animação turística ........................................................................................................................ 41
2.7 Mercados e tendências da procura no turismo ........................................................................ 46
2.7.1 Tendências e procura no turismo ................................................................................... 46
2.8 O novo turista ............................................................................................................................... 49
-VIII-
3 Marketing e Mercados................................................................................................. 55
3.1 A importância do marketing ....................................................................................................... 55
3.2 Construção de uma imagem ....................................................................................................... 58
3.3 Construção de produtos turísticos ............................................................................................. 60
3.4 Canais de comunicação ............................................................................................................... 62
4 Metodologia para investigação em turismo enquanto objeto social .......................... 65
4.1 Modelo de investigação ............................................................................................................... 65
4.2 Construção dos questionários .................................................................................................... 66
4.3 Metodologia adotada para o questionário ................................................................................ 68
4.4 Caraterização da amostra ............................................................................................................ 68
5 Turismo em Espaço Rural na RAA .............................................................................. 71
5.1 Caraterização e importância do TER na RAA ......................................................................... 71
5.2 Contextualização geográfica, ambiental e sociocultural ......................................................... 74
5.3 Quinta da Grotinha ...................................................................................................................... 77
5.3.1 Caraterização ..................................................................................................................... 77
5.3.2 Limitações e potencialidades ........................................................................................... 79
5.3.3 Imagem de marca .............................................................................................................. 80
5.3.4 Principais mercados emissores ....................................................................................... 80
6 Apresentação e discussão de resultados ..................................................................... 83
6.1 Apresentação de resultados do questionário ............................................................................ 83
6.2 Discussão dos resultados ............................................................................................................ 89
7 Conclusões e considerações finais .............................................................................. 97
Referências Bibliográficas ................................................................................................. 101
Anexos ............................................................................................................................... 112
Anexo I - Legislação e regulamentação do TER ............................................................................ 112
Anexo II - Legislação e regulamentação do setor das atividades de turismo na natureza ........ 114
Anexo III – A Quinta da Grotinha ................................................................................................... 116
Anexo IV – Inquérito ......................................................................................................................... 122
-IX-
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 1| Nova Lógica de pensar o turismo (Brito, 1999) .................................................................... 3
Figura 2| Princípio da Sustentabilidade - adaptado de Swarbrooke (1999) ..................................... 16
Figura 3| Paisagem como elemento central de todos os vetores (Cardoso, 2010) .......................... 18
Figura 4| Previsões do turismo para 2020 (UNWTO, 2014c)............................................................ 47
Figura 5| Intervalo de idades dos clientes da Quinta da Grotinha .................................................... 85
Figura 6| Qual o principal motivo da visita ........................................................................................... 85
Figura 7| Os aspetos que o levaram a escolher um TER em detrimento da hotelaria tradicional 86
Figura 9| O que mais gostou na habitação ............................................................................................ 87
Figura 10 | Frente da Quinta da Grotinha .......................................................................................... 116
Figura 11 | Sala de estar comum ........................................................................................................... 116
Figura 12 | Casa Azul ............................................................................................................................. 117
Figura 13 | Quarto Casa Azul ................................................................................................................ 117
Figura 14 | Casa Grande ........................................................................................................................ 118
Figura 15 | Casa Grande - Vista ............................................................................................................ 118
Figura 16 | Casa Grande – Sala de Estar ............................................................................................. 118
Figura 17 | Primeiro Quarto Casa Grande .......................................................................................... 119
Figura 18 | Quarto do Meio - Casa Grande ........................................................................................ 119
Figura 19 | Casa Grande - Terceiro Quarto ........................................................................................ 120
Figura 20 | Casa Grande - Quarto da Ponta ....................................................................................... 120
Figura 21 | Casa Grande - Casa Banho ................................................................................................ 121
-X-
ÍNDICE DE QUADROS
Quadro 1| Definição do conceito qualidade ......................................................................................... 28
Quadro 5| Estimativa de dormidas para o ano 2008 (Turismo de Portugal, 2008: 6) .................... 72
Quadro 6| Estabelecimentos do Universo TER / TN, por modalidade e NUT II (IESE, 2008) 73
Quadro 7| Distribuição da População dos Açores (INE, 2011) ........................................................ 76
Quadro 8| Limitações e potencialidades da Quinta da Grotinha ...................................................... 79
Quadro 9| Produtos turísticos a desenvolver ....................................................................................... 88
Quadro 10| Produtos turísticos para fora de época ............................................................................. 88
Agroturismo e Turismo na Natureza nos Açores: Estudo aplicado à Quinta da Grotinha | Introdução
-1-
1. INTRODUÇÃO
1.1 Enquadramento geral
Sendo o turismo um setor económico cada vez mais estruturante da economia global
(Albuquerque e Godinho, 2001; Brito, 1999; Stabler et al., 2009; WEF, 2013), resultante da
enorme evolução e desenvolvimento da componente serviços, é importante desde já procurar
analisar os dados económicos que nos permitam fundamentar esta observação e isto para que, a
partir dela, possa refletir-se sobre os melhores caminhos a empreender para o desenvolvimento
de um negócio de agroturismo.
Perante os dados desta atividade económica, apresentados pela Organização Mundial do Turismo
(OMT), é possível verificar que o turismo tem vindo a crescer de forma significativa,
especialmente desde a segunda metade do século XX.
O número de chegadas internacionais passou de 25 milhões em 1950 para 657 milhões em 1999, o que corresponde a
uma taxa de crescimento médio anual de 7%. No mesmo período, as receitas do turismo internacional registaram um
crescimento médio de 12% ao ano. Até 2020, a OMT prevê uma taxa de crescimento médio anual das chegadas
internacionais de turistas na ordem dos 4% e das receitas do turismo entre 6% e 7% (Albuquerque e Godinho, 2001:
7).
A resultante destes números é só possível graças a uma rede complexa de atividades económicas
que o turismo estimula e faz crescer no seu interior de forma a satisfazer os seus clientes. Como
resultante dos serviços prestados aos viajantes podemos dizer que os serviços de alojamento,
restauração, transportes, agências de viagens, animação turística, culturais, recreação e lazer são
os mais utilizados e desenvolvidos, para os clientes, pela atividade turística.
Esses serviços irão gerar uma influência muito grande a nível da componente sociocultural, visto
que, se o objetivo principal do turismo é movimentar pessoas e proporcionar-lhes experiências
únicas, a influência dos seus clientes junto das populações tenderá a criar também resultados
globalizantes.
Alguns exemplos extraídos entre investigadores apontam exatamente para a questão do efeito
globalizador que está agregado ao turismo como refere Brito (1999: 2), o que: “pressupõe, no
viajante, a descoberta de elementos socioculturais diversos do seu quadro de referência de
origem, podendo verificar-se processos de aculturação e traduz-se na relação entre o visitante e o
meio ambiente natural”.
Vitório Fidalgo | ESHTE – Mestrado em Turismo
-2--2-
Não obstante, esta ação globalizadora também pode acarretar consequências menos positivas,
desde que influenciada por vetores que redundem no prejuízo ou destruição de um destino
turístico, pelo facto da sua massificação poder afetar a singularidade do local nas suas
componentes paisagística e ambiental. Desta forma, para o evitar, torna-se necessária uma boa
gestão e planeamento do território, de maneira a acautelar essas circunstâncias que possam afetar
a identidade do local.
O turismo de massas teve o grande apogeu em meados do século XX (Brito, 1999; Lopes, 2013;
Silva, 2013; UNEP, 2011), mas hoje não é visto como o mais adequado face a questões
ambientais e socioculturais que, ao verificarem-se, o possam prejudicar na sua essência.
Como evidencia Turismo de Portugal (2010: 10), “chegou ao fim a era do turismo standard, não
diferenciado, em que é difícil a cada visitante fugir à massificação. Hoje há que propor
flexibilidade, diferença, inovação, conhecimento, originalidade, enriquecimento cultural”.
O aparecimento de destinos emergentes alternativos não massificados, capazes de dar ao turista a
sensação de que estão perante um destino reservado a pensar nele e que é ainda detentor das suas
verdadeiras jóias, tem ganho cada vez mais adeptos, pelo que este movimento levou a que o
turismo alternativo surgisse e que ganhasse cada vez mais força nesta sociedade que quer ser
mobilizada para novos desafios de férias, o que pressupõe essa alteração de comportamentos e
estratégias (Neto, 2013).
É assim que o aparecimento de destinos emergentes permite preencher e dar aos turistas aquilo
que os outros já perderam pela massificação de que foram sendo vítimas. Daí que Albuquerque
(2001: 8) defenda que este surgimento deve ser feito de forma controlada, afirmando que “outros
países constituem destinos emergentes com fluxo turístico modesto mas crescente. O seu sucesso
dependerá crucialmente da sua capacidade de gerir e controlar o crescimento. Em simultâneo,
destinos potenciais com atividade turística pouco significativa ou esporádica estão a procurar
desenvolver a sua atratividade.”.
Com o aparecimento destes mercados emergentes novos nichos foram criados, onde o turismo
na natureza se apresenta como o mais promissor a nível global (Balmford, 2009; Wells, 1997).
Para que as suas potencialidades não se percam em relação a outros tipos turísticos é necessário
que seja palavra de ordem do seu desenvolvimento, o estabelecimento de uma base de
sustentabilidade a nível económico, ambiental e sociocultural (Moniz, 2006).
Agroturismo e Turismo na Natureza nos Açores: Estudo aplicado à Quinta da Grotinha | Introdução
-3-
O caminho mais adequado é certamente o do turismo sustentável, já que é graças às suas
caraterísticas inclusivas, baseadas em três pilares fundamentais (económico, sociocultural e
ambiental), que se poderá verificar um continuado crescimento do turismo, a nível mundial,
levando também ao entendimento da população das referidas sociedades recetoras, que o turismo
não só não tem impactos negativos, como adiciona valor e qualidade de vida às zonas que o
recebem (Albuquerque e Godinho, 2001).
Já Brito (1999: 2) orienta a sua reflexão sobre o tema, sublinhando que:
o novo conceito de turismo equaciona um conjunto de princípios que não sendo novos, para a maioria dos estudos que
abordam a matéria, são hoje entendidos como fundamentais para o sucesso das práticas turísticas com consequente
desenvolvimento: a localidade, o respeito pelas diferenças, a identidade, a autenticidade das comunidades de acolhimento e a
preservação ambiental. No fundo, trata-se da sustentabilidade ecológica, económica e sociocultural.
A resultante destas novas filosofias sociais proporcionou que novos segmentos e nichos de
mercado surgissem, à semelhança dos destinos, e que estes se tornassem também emergentes.
No relatório efetuado por Albuquerque (2001), os segmentos que apresentam mais elevadas taxas
de expansão e crescimento são os nichos de mercado relacionados com a interação do turista
com a natureza e a sua proteção. Daí o turismo aventura e o ecoturismo serem colocados como
plano de referência.
Figura 1| Nova Lógica de pensar o turismo (Brito, 1999)
Esta nova maneira de encarar o turismo, que surge no fundo de um conjunto de análises feitas ao
longo dos anos pela UNWTO, WTTC e OMT, torna-se possível porque diferentes governos e
Vitório Fidalgo | ESHTE – Mestrado em Turismo
-4--4-
organismos espalhados pelos cinco continentes veem e sentem que o turismo é uma mais-valia
para as suas economias.
Os Açores, arquipélago estratégico do território nacional, apresentam particularidades especiais
como natureza geológica e biodiversidade, capazes de lhes garantirem um conjunto de mais-valias
fundamentais para a sua colocação privilegiada entre os destinos turísticos preferidos.
O sucesso dos Açores na disputa desses mercados dependerá da qualidade dos produtos e
serviços que forem colocados ao dispor de quem visita o seu território. Especialistas e
bibliografia na área apontam alguns caminhos a seguir para o sucesso destas ilhas como podemos
perceber nas palavras de Moniz (2006: 3): “(…) num cenário de concorrência global, essas ilhas
têm de competir com um leque muito variado de destinos, pelo que precisam de oferecer
experiências turísticas singulares, que as diferenciem desses destinos” e do Observatório Regional
do Turismo (2008: 7): “Não basta ter paisagem e património edificado para vingar nesse
mercado. A concorrência internacional é grande, sendo que quase todos os anos surgem novos
destinos turísticos. Assim sendo, importa criar e promover competências que nos permitam
satisfazer os melhores padrões de qualidade a nível mundial.”
A procura de um destino por um número crescente de turistas depende das qualidades que o
território tem para oferecer, conseguindo assim dar resposta aos vários gostos, de modo a que a
sua procura resulte da necessidade sentida pelos turistas em quererem encontrar uma paisagem
única associada a uma experiência ímpar. Para tal é necessário alcançarem-se cada vez mais níveis
de excelência, tanto nos serviços como na manutenção do território.
Para dar corpo a essa realidade foram criados alguns instrumentos que permitem guiar o
desenvolvimento de forma competitiva e sustentada do turismo nos Açores (Moniz, 2006), tais
como o PENT, a nível macro, pelo Governo de Portugal e Plano de Ordenamento Turístico da
Região Autónoma dos Açores (POTRAA), que pretendem extrair as elevadas capacidades que
este território possui. Foi a pensar nisso que o Governo dos Açores decidiu elaborar um plano
setorial para a área do turismo.
O POTRAA tem como principal objetivo “o desenvolvimento e afirmação de um sector turístico
sustentável, que garanta o desenvolvimento económico, a preservação do ambiente natural e
humano e que contribua para o ordenamento do território e para a atenuação da disparidade
entre os diversos espaços constitutivos da Região” (Observatório Regional de Turismo, 2008: 8).
Contudo, de uma forma que tende para um assinalável consenso, a maior parte dos especialistas
da área defende que os Açores deveriam ter como principal enfoque o desenvolvimento de
Agroturismo e Turismo na Natureza nos Açores: Estudo aplicado à Quinta da Grotinha | Introdução
-5-
produtos para o turismo de natureza e touring, especialmente na modalidade soft, de acordo com
os dados extraídos do PENT.
No Observatório Regional de Turismo (2008: 14) reforça-se a ideia ao lembrar que “as
abundantes dotações ambientais do arquipélago permitem-lhe especializar-se num turismo
ecológico, que valorize a natureza, transformando-o, aliás, na região portuguesa que melhor
poderá contribuir para a estratégia nacional de promover um turismo ambientalmente
sustentável.”
Neste mesmo plano estão expressas algumas preocupações que deverão nortear a criação dos
referidos produtos. Por tratar-se de um destino emergente é fundamental garantirem-se formação
e ferramentas adequadas para que esses produtos sejam adquiridos, numa lógica sustentável,
como podemos observar na proposta governamental:
“Por ser uma região com pouca tradição turística, grande parte das empresas foram criadas recentemente,
existindo uma escassa oferta de experiências inovadoras relacionadas com o turismo de natureza. Neste
sentido, seria necessário atuar no sentido de colaborar com as empresas fazendo chegar informação de
mercado, tecnologia e ideias para a criação de experiências que valorizem os valores autênticos da região”
(Turismo de Portugal, 2006: 55).
Só numa lógica sustentável é possível limitar as consequências dos grandes afluxos de pessoas
nestes ambientes sensíveis, aquando do planeamento dos espaços, dos equipamentos e das
atividades de forma a minimizarem-se os danos sobre os meios visitados, mantendo a atratividade
dos recursos para as gerações futuras (Ruschmanm, 2008).
Considera-se por isso desenvolvimento sustentável, segundo a World Comission of Environment and
Development (1987: 43), “aquele que atende às necessidades dos turistas atuais, sem comprometer a
possibilidade do usufruo dos recursos pelas gerações futuras”.
Segundo Ruschmann (2008), o interesse de um destino turístico é determinado pela quantidade e
intensidade de construções feitas pelo homem: as cidades, os monumentos históricos, os locais
arqueológicos, assim como os padrões e comportamentos culturais, tais como o folclore, o
vestuário, a gastronomia e o próprio modo de vida local.
Importantes e decisivos são também o legado deixado pela mão do homem, fatores naturais
como as paisagens, a vida animal e vegetal, os ecossistemas e os próprios monumentos esculpidos
e desenhados pela natureza, que de igual forma vão ajudar a intensificar, em quantidade e afluxo,
o número elevado de potenciais turistas.
Em conclusão, os Açores são uma região com todas as caraterísticas indispensáveis para se
constituirem como um espaço de promoção do turismo na natureza, enquadrado por toda uma
Vitório Fidalgo | ESHTE – Mestrado em Turismo
-6--6-
realidade arquitetónica que intensifica a sua beleza e é capaz, por via disso, de aumentar o
deslumbramento dos turistas e a sua curiosidade, que conduzem à familiaridade por
permanecerem no meio e a ele poderem retornar muitas e mais vezes.
O presente estudo pretende refletir sobre o turismo nos Açores, em particular com base na
realidade do turismo rural e agroturismo, desenvolvido na Quinta da Grotinha (ilha de São
Miguel – Arrifes, a pouca distância de Ponta Delgada) e que se encontra presentemente numa
fase de mudança para atingir horizontes mais largos.
É inspirado nas campanhas publicitárias relativas aos Açores, sob o lema “Açores Natureza
Pura”. Pretende partir-se do exemplo deste projeto já existente, que teve em conta as
caraterísticas do território, e dotá-lo dos canais favoráveis à sua publicitação nacional e
internacional.
Do mesmo modo, é intenção orientá-lo para produtos turísticos marcados por desportos de
natureza e aventura, saúde e bem-estar e associados a outros de cariz mais cultural, pois que
ambiente e história são uma simbiose perfeita, capaz, em suma, de garantir uma resposta clara,
genuína e inovadora aos diferentes nichos de mercado e assim ajudando a criar uma atividade
para todo o ano e não tão só para alguns meses específicos, o que ajudaria também a gerar
empregos e a combater a sazonalidade, indo de encontro às prioridades definidas nas políticas de
turismo regional:
Queremos, ainda, aumentar os resultados desta atividade pela atenuação da sazonalidade. Por conseguinte, temos procurado
alargar o período da procura pela parte dos mercados prioritários, como é o caso do continente português, da Alemanha e do
Reino Unido. Pela mesma razão, temos apoiado o desenvolvimento de produtos, tais como, e em particular, o turismo de bem-
estar, o golfe, os congressos e incentivos. (Observatório Regional de Turismo, 2008: 6) (Presidente do Governo
RAA. Carlos César, 2008)
Existem ainda fatores pessoais que justificam este estudo, pelo meu envolvimento à Quinta da
Grotinha, que considero como um projeto de futuro e de vida, daí que o objetivo do presente
estudo seja também o de repensar este negócio de agroturismo, no sentido de o relançar no
mercado com vista a criar uma oferta singular, inovadora, dinâmica e típica, de forma a que esta
se estabeleça fortemente no mercado nacional e internacional de agroturismo e TER nos Açores.
1.2 Objetivos
A presente dissertação visa, de uma forma abrangente, analisar e apresentar propostas para
melhorar a oferta, garantindo a sustentabilidade de um projeto como o da Quinta da Grotinha,
Agroturismo e Turismo na Natureza nos Açores: Estudo aplicado à Quinta da Grotinha | Introdução
-7-
tendo como base o agroturismo e o turismo de habitação suportado por fatores diferenciadores e
associados à complementaridade de produtos e serviços, nomeadamente de turismo na natureza e
bem-estar.
Este objetivo é complementado por outros mais específicos:
Realizar uma revisão bibliográfica sobre agroturismo, turismo em espaço rural e turismo
de natureza;
Desenvolvimento de produtos de turismo na natureza e de saúde e bem-estar com uma
forte componente criativa e capaz de proporcionar uma experiência única a quem os
pratica;
Encontrar os melhores mercados para inserir a Quinta da Grotinha na rota dessa massa
crítica de turismo;
Apresentar propostas que permitam desenvolver pacotes turísticos capazes de combater a
sazonalidade do turismo dos Açores;
Estabelecer uma análise de benchmarking, de forma a potenciar a oferta, a promoção e as
vendas dos produtos de turismo na natureza e agroturismo, nos Açores e em particular na
Quinta da Grotinha;
Analisar a opinião dos clientes que já utilizaram as instalações e serviços da Quinta através
de um questionário avaliador do grau de satisfação suscitado;
Contribuir para o desenvolvimento de um projeto capaz de fundir as atividades de
turismo na natureza e agroturismo de forma sustentável para um futuro a médio e longo
prazo.
1.3 Problemática da investigação
Como Portugal é um país de caraterísticas fortemente rurais, deve olhar-se, como destino, para as
raízes estruturantes da sua oferta e respeitando as influências e tendências internacionais.
O turismo, pela sua extrema complexidade e mudança permanente, exige que, quem pretender
investir nele, seja na dimensão TER, ou numa dimensão mais clássica de hotéis e de praias, tenha
sempre presente uma visão alargada e integrada pelas várias dimensões que o constituem, assim
Vitório Fidalgo | ESHTE – Mestrado em Turismo
-8--8-
como da complexa rede de ligações, comunicações e da projeção que esta atividade exige para
que o negócio seja bem-sucedido.
É através desta visão abrangente e baseada na qualidade e na singularidade da oferta, tanto a nível
de produtos como da própria região, que iremos refletir sobre os Açores.
Dado que os Açores representam uma região caraterizada pelos seus traços rurais e que, ao longo
dos séculos, passaram por vários ciclos produtivos, a sua paisagem é por isso também
marcadamente rural. Cenário perfeito para onde a natureza e a biodiversidade apelam ao
desenvolvimento do turismo na natureza.
O turismo é uma atividade em expansão, na Região Autónoma dos Açores, levando a que os
sucessivos governos regionais tenham vindo a apostar no turismo, mediante políticas turísticas
destinadas à captação de um mercado emergente fortemente apoiado na comunhão com a
natureza e na proteção dos ecossistemas (Observatório Regional Turismo, 2008).
Em virtude de se tratar de uma região insular, as fragilidades estruturais inerentes à sua condição,
isolamento e pequena dimensão dos diferentes territórios, obrigaram a que os seus governantes
adotassem modelos de desenvolvimento capazes de dinamizar o turismo de forma sustentável, a
nível económico, ambiental e sociocultural (Barbieri, 1998; Malheiro et al., 2008; Moniz, 2006;
Observatório Regional de Turismo, 2008).
Convém, no entanto, notar que o desenvolvimento dos produtos turísticos estratégicos definidos no Plano Estratégico Nacional do
Turismo exige a implementação, em paralelo, de um conjunto de políticas e acções transversais, relacionadas com acessibilidades,
infra-estruturação, qualidade e ambiente, capazes de reforçar a competitividade do destino turístico Açores (Observatório
Regional de Turismo, 2008: 15)
O destino Açores deve assim encontrar na sua cultura, identidade e natureza, produtos e ofertas
turísticos capazes de serem competitivos e sustentáveis (Moniz, 2006), de forma a mostrarem-se
como uma alternativa genuína perante os mercados emergentes de turismo alternativo, a nível
nacional e internacional.
Deste modo, e sendo a envolvente das diferentes ilhas do arquipélago dos Açores a paisagem
rural, pensamos que essa imagem deve ser o nosso maior enfoque na produção de alojamento
turístico, já que é essa a imagem que pretendemos vender (Cabral e Scheib, 2004).
Ao olharmos para o panorama regional, verificamos que a maior oferta a nível de alojamento
encontra-se ainda fundamentalmente apoiada na hotelaria tradicional como podemos observar
nos dados apresentados por ORT (2008: 13): ”(…) entre 2000 e 2007 a procura cresceu de modo
significativo, passando de cerca de 680.000 dormidas na hotelaria tradicional no ano 2000, para
Agroturismo e Turismo na Natureza nos Açores: Estudo aplicado à Quinta da Grotinha | Introdução
-9-
cerca de 1.190.000 no ano 2007”, registando-se uma ligeira quebra em 2012 que resultou numa
diminuição de cerca de 230 635 dormidas. (SREA, 2012)
Em termos de dormidas no alojamento TER, em 2007 os resultados alcançados foram de cerca
de 19.679 dormidas, enquanto em 2012 esse valor subiu para 30.000 dormidas. (SREA, 2007,
2012)
É com base nestes dados e na emergência de vários nichos de turismo frequentemente
designados por alternativos, que o agroturismo será a base para lançarmos um conjunto de
propostas com vista ao desenvolvimento sustentável dos Açores e da Quinta da Grotinha (São
Miguel – Arrifes), em particular.
É pretensão desta dissertação avaliar as diferentes dimensões e compreender a dinâmica do
turismo em espaço rural, com enfoque no agroturismo como caminho para o desenvolvimento
sustentado.
Visto que o turismo de “massas” não é um caminho para a sustentabilidade das diferentes
dimensões que abrangem o conceito, a nossa aposta de estudo é a criação de um novo produto
de agroturismo capaz de gerar desenvolvimento social e económico e colaborar na conservação e
preservação das áreas naturais, das tradições e da cultura rural dos Açores, em geral, e da ilha de
São Miguel em particular, (Almeida e Silva, 1989; Brito, 1999; Ruschmanm, 2008).
Silva (2013: 7) reforça esta ideia ao afirmar que “a oportunidade de desenvolvimento associada ao
turismo nessas regiões encerra um conjunto de desafios, dos quais se destacam a necessidade de
constituição de um destino turístico competitivo à escala global, com aportes que se traduzam
essencialmente na melhoria da qualidade de vida das populações e na valorização do património.”
Pensando nesta ideia de valorização Guzzatti (2010), afirma que “(…) neste cenário, e de forma
geral, o agroturismo é apontado como uma ferramenta importante na construção de um
desenvolvimento sustentável do espaço rural.”
Primeiramente iremos tentar compreender o que levou a Quinta da Grotinha a não ter
conseguido o crescimento esperado, em 15 anos de existência, como produto de turismo em
espaço rural e analisaremos ainda o grau de oferta, a nível de produtos e serviços, assim como
dos preços praticados pela concorrência.
Em paralelo, estudaremos a oferta turística de alojamento de agroturismo nos Açores e sua
repercussão internacional.
Vitório Fidalgo | ESHTE – Mestrado em Turismo
-10--10-
Este estudo será consubstanciado na compreensão e nas mais-valias da aplicação separada ou
conjugada de oferta de produtos turísticos na área do turismo na natureza, aliados às suas
componentes de saúde e de bem-estar.
O primeiro destes aspetos assume-se como fundamental e estratégico, a nível regional, como
elemento principal para o desenvolvimento do destino Açores, como fonte de captação de
segmentos e nichos de mercado que lhe são diretamente associados (Albuquerque e Godinho,
2001; Silva, 2013).
Para tal teremos de compreender como é que a Quinta da Grotinha necessita de se organizar e
que infraestruturas terá ou não de construir para conseguir acolher estes dois setores de mercado
tão importantes mas tão diferentes.
Setores que estão associados a idênticos propósitos identificados com a natureza – cortarem com
a rotina e com o stress das sociedades modernas e possibilitarem o descanso através de formas
bem diversificadas e muitas vezes diametralmente opostas, mas fortemente baseadas na proteção
e respeito pelas questões ambientais (Barbieri, 1998), assim como ao conhecimento da cultura de
destinos ainda com genuinidade (Observatório Regional de Turismo, 2008).
Outro fator relevante em estudo nesta dissertação é o de se compreender que canais de
divulgação dos referidos produtos terão de ser utilizados para podermos chegar a potenciais
clientes, visto que as novas tecnologias de informação e comunicação passaram a ser a nova
forma de intermediação comercial do novo turismo e dos novos turistas. Desta forma pensamos
que é extremamente importante e crucial para o futuro de qualquer destino e negócio o domínio
e o saber utilizar todas essas ferramentas à nossa disposição (Neto, 2013).
Para isso iremos ter de analisar os diferentes mercados emissores como forma de os compreender
e de podermos criar produtos que estejam de acordo, em primeiro lugar, com os Açores e em
segundo com as motivações associadas a esses clientes.
Os Açores devem estar sempre em primeiro lugar, visto que se trata do garante do nosso futuro e
como tal devem ser protegidos a todo o custo para que os turistas os continuem a procurar.
Para isso, importa que não entremos em campos mais complexos, onde já não estaremos a
trabalhar no sentido do desenvolvimento, mas sim na destruição do ambiente e do destino, como
é alertado por Almeida e Silva (1989: 11), “então já se deixou o campo do desenvolvimento local
para cair-se novamente na depredação e comprometimento do futuro.”
Agroturismo e Turismo na Natureza nos Açores: Estudo aplicado à Quinta da Grotinha | Introdução
-11-
A escolha do tema da presente dissertação prende-se sobretudo com a necessidade de
compreender o turismo em espaço rural e principalmente do agroturismo, como base do turismo
de alojamento dos Açores, para uma defesa da sua identidade e genuinidade do território.
Pretende-se também alicerçar esta tese com o estudo da criação de produtos de turismo de
natureza, saúde e bem-estar, identificando os mercados interessados nesta oferta, assim como os
canais importantes para a divulgação do conjunto de produtos turísticos desenvolvidos.
A partir deste estudo apresentaremos uma solução para o reposicionamento da Quinta da
Grotinha e para a aplicação de pacotes turísticos de seu interesse, assim como para a projeção da
referida Quinta no espaço turístico nacional e internacional.
Com efeito, a Quinta da Grotinha é um espaço que tem vindo a ser transmitido de geração em
geração e que pela mão de Miguel Wallenstein e Ana Teresa se transformou num local único,
capaz de levar a quem o visita uma energia soberba e descontraída, onde podem saborear-se os
pequenos, tornados grandes, prazeres da vida e onde o tempo sobra para se poder viver com a
necessária tranquilidade a que um relaxe completo aconselha.
Aliada a esta magia – o saber receber – logo nos primeiros instantes de contato percebe-se que
estamos entre amigos e que certamente férias, ali passadas, tenderão a ficar na nossa memória
porque as fabulosas ideias do Miguel, misturadas com uma “pitada de loucura”, vão possibilitar
estar nos Açores e sentir a Quinta da Grotinha em toda a sua plenitude natural.
Foi por tudo isto que resolvi então interrogar-me sobre como poderia dar o meu contributo a
este projeto, para que ele nunca se perca e assim seja capaz de perdurar no tempo que o futuro
ajuda a marcar, como legado alicerçado em raízes fortes e dinâmicas, fundamentais para a
afirmação crescente da Quinta da Grotinha.
1.4 Abordagem metodológica
A presente dissertação irá ser desenvolvida com o propósito de reestruturar o alojamento local –
Quinta da Grotinha situada na ilha de São Miguel nos Açores – numa lógica de agroturismo,
capaz de desenvolver produtos de turismo na natureza e de saúde e bem-estar, seguindo a lógica
defendida pelo POTRAA e pelo PENT.
Para conseguirmos obter toda a fundamentação da proposta, que queremos que seja o resultado
final deste estudo, iremos adotar uma metodologia de investigação estruturada em quatro fases
bem distintas:
Vitório Fidalgo | ESHTE – Mestrado em Turismo
-12--12-
A primeira parte irá consistir na análise do estado da arte das principais temáticas
inerentes ao estudo aqui apresentado, onde teremos como temas principais: novas
tendências e estado atual do turismo em Portugal, turismo em espaço rural, agroturismo,
turismo sustentável, turismo na natureza, turismo de saúde e bem-estar, animação
turística. Por último exploraremos o tema de marketing e mercados e seus produtos
preferenciais;
Na segunda parte irá fazer-se uma caraterização dos Açores e da história e território do
caso particular em estudo, a Quinta da Grotinha, para, de seguida, podermos criar uma
imagem do setor do turismo rural e de agroturismo nos Açores, assim como do setor da
animação turística e mercados emergentes na procura deste destino;
A terceira parte contará com uma investigação empírica, suportada pela elaboração e
aplicação de um questionário aos clientes que já pernoitaram na Quinta da Grotinha, com
o objetivo de percecionar a sua opinião sobre a sua experiência turística e os fatores que
estes valorizam para melhoramento do serviço e rentabilização do espaço;
Inerente a todos estes estudos estará ainda uma análise da oferta em TER destinada a
analisar o que o mercado está a oferecer e que preços estão a ser praticados, para que
consigamos compreender que caminho devemos seguir para potenciar a promoção e as
vendas dos produtos de turismo na natureza e agroturismo, nos Açores e em particular os
da Quinta da Grotinha;
Finalmente, a quarta parte contará com a análise de todos os dados resultantes dos
questionários e da avaliação da oferta em TER de forma a poder apresentar-se um
conjunto de propostas concretas de melhoria deste projeto, através de uma abordagem
integrada da oferta da quinta (alojamento, animação turística e agropecuária), com
destaque também para a melhoria do grau de sustentabilidade do seu desenvolvimento e
competitividade em mercados regionais, nacionais e internacionais.
Pretende-se que as propostas, que aqui serão desenvolvidas, não se esgotem apenas na Quinta da
Grotinha, mas que possam também aplicar-se em outros projetos de agroturismo.
Trata-se, enfim, de uma dissertação que tem por intenção estudar os diferentes conceitos
inerentes a esta vertente de negócio, mas que pretende também criar um conjunto de propostas
aplicáveis e exequíveis para garantir uma rentabilidade ao longo de vários anos, tentando assim
constituir uma solução inovadora para o mercado do agroturismo nos Açores.
Agroturismo e Turismo na Natureza nos Açores: Estudo aplicado à Quinta da Grotinha | Introdução
-13-
1.5 Estrutura da dissertação
O presente trabalho encontra-se estruturado em oito capítulos, os quais ajudem a compreender a
relevância e justificação do estudo aqui apresentado, assim como os produtos e estratégias a
seguir no setor do turismo em espaço rural e na sua derivação em agroturismo.
A constituição do primeiro capítulo encontra-se assente em temas que nos façam compreender e
enquadrar a problemática da investigação, assim como os seus objetivos e as metodologias
encontradas e aplicadas para trabalhar os diferentes temas que serão tratados. Para além disso
será descrita a estrutura da dissertação.
No segundo capítulo exploram-se e aprofundam-se as diferentes abordagens teóricas aos diversos
conceitos de turismo, que irá ser necessário aflorar para encontrar os melhores caminhos de
desenvolvimento. Desta forma iremos compreender a diferença entre turismo em espaço rural e
agroturismo e da sua simbiose com o turismo na natureza, saúde e bem-estar.
O terceiro capítulo contempla uma abordagem ao marketing e a sua dinâmica neste setor
económico.
Esta abordagem será importante para estudarmos os mercados e as melhores formas que
podemos encontrar para, de uma forma consistente, encontrar caminhos e soluções que nos
facilitem a implementação dos produtos e ofertas turísticas que forem produzidos.
No quarto capítulo, é apresentada a metodologia da investigação empírica que é a base estrutural
da presente dissertação.
O quinto capítulo incide sobre o caso de estudo da dissertação, na primeira fase numa dimensão
mais macro “Açores”, seguido pela contextualização do território da Quinta da Grotinha em
diferentes aspetos (imagem de marca, oferta, qualidade, potencialidades e limitações).
No capítulo seis são apresentados, analisados e discutidos os resultados obtidos através dos
questionários aplicados aos utilizadores da Quinta da Grotinha. Seguidamente a esta análise e
discussão surgirão as melhores propostas que são o resultado do estudo feito através da análise
do estado da arte e da investigação empírica da dissertação.
No último capítulo são apresentadas as considerações finais, acompanhadas pela referência às
limitações e fragilidades do trabalho das propostas e perguntas que se foram levantando ao longo
do trabalho e que servirão para estudos futuros.
Agroturismo e Turismo na Natureza nos Açores: Estudo aplicado à Quinta da Grotinha | Turismo em Espaço Rural
-15-
2 TURISMO EM ESPAÇO RURAL
2.1 TER: princípios de um bom desenvolvimento
Dado que o turismo se afirma cada vez mais como um setor estruturante da economia global
(Brito, 1999; Frías, 2010; Hall, 2006; Luís, 2002; Neto, 2013; WTTR, 2012), resultante da enorme
evolução e desenvolvimento da componente serviços, é possível observá-lo, ao longo de décadas,
a acompanhar as mudanças registadas na sociedade e nas motivações e gostos dos turistas da
modernidade.
De certa forma, um turismo clássico assente ainda nos conceitos que deram início ao turismo a
nível mundial “3 S’s” (Sun, Sea and Sand) está aos poucos a dar lugar a um modelo de procura
apoiado pelos “3 E’s” (Excitement, Entertainment and Education), que resulta da afirmação de novos
valores que a sociedade moderna procura no momento de escolher o seu destino de férias
(Klimek, 2013: 31).
Não se pretende afirmar que o turismo baseado em produtos e destinos massificados venha a
desaparecer, nem mesmo que deixe de ser predominante, mas que há uma tendência para uma
maior seletividade nas escolhas, isso é inegável (Fonseca e Ramos, 2007; Menezes, 2000).
As novas dinâmicas do turismo refletem-se no perfil do turista, na oferta e em múltiplos outros
aspetos como é o caso de uma maior preocupação com a sustentabilidade. Esse conceito tem
sido, nas últimas décadas, amplamente debatido, a nível mundial, devido à sua grande
importância para o setor do turismo. O apogeu da sua discussão foi na Cimeira do Rio em 1992.
Como tal considerou-se que a utilização mais racional dos recursos e do ambiente, com o intuito
de preservar as espécies e os habitats, estaria fortemente associada a esta nova forma de turismo.
Como se destaca na figura 2, para além desta vertente ambiental, o desenvolvimento sustentável
seria a solução para o desenvolvimento deste setor, para o que é fundamental que abranja três
dimensões fundamentais: económica, social e ambiental, na exata medida em que a satisfação das
necessidades das gerações atuais não causassem uma delapidação dos recursos e não pusessem
em causa os anseios e os níveis de desenvolvimento das gerações futuras (Fonseca e Ramos,
2007; Silva et al., 2013).
Vitório Fidalgo | ESHTE – Mestrado em Turismo
-16-
Figura 2| Princípio da Sustentabilidade - adaptado de Swarbrooke (1999)
Seguindo essa perspetiva, o TER deve desenvolver-se segundo os parâmetros do turismo
sustentável em que a componente sociocultural, económica e ambiental seja sempre tida em
conta, de modo a que possa acontecer um desenvolvimento corretamente planeado do tecido
rural. Através dele rapidamente poderemos compreender o porquê do turismo rural estar de
mãos dadas com o turismo sustentável.
Ao longo das décadas este tipo de turismo em espaços rurais foi sendo explorado em pequena
escala em todo o mundo. Particularmente em Portugal os dados apontam para que a sua primeira
utilização experimental tenha ocorrido na década de 1970, sob a forma de turismo de habitação,
estruturado em quatro áreas piloto - Ponte de Lima, Vouzela, Castelo de Vide e Vila Viçosa, que
depois veio resultar num alargamento generalizado por todo o território nacional (Ribeiro et al.,
2001; Ribeiro e Vareiro, 2007).
A partir do momento em que a sua aplicação é posta em prática começa a ser necessário
encontrar um quadro legislativo que ajude, tanto as autoridades como os empresários, a balizarem
a sua forma de atuação. Para tal, ao longo dos anos, foram sendo criados e recriados sucessivos
enquadramentos legislativos, de forma a poder aprimorar-se, cada vez mais, o próprio conceito
de TER.
Ao mesmo tempo foram lançadas as bases que dariam lugar à definição do TER, como sendo o
conjunto de atividades e serviços realizados e prestados em espaços rurais, segundo diferentes
modalidades de alojamento, de atividades e serviços complementares de animação e diversão
turísticas, tendo em vista a oferta de um produto turístico completo e diversificado no espaço
rural (Fonseca e Ramos, 2007).
Assim, encontramos esse conceito inserido no decreto-lei n.º 54/2002, onde se define TER como
“conjunto de atividades, serviços de alojamento e animação a turistas, em empreendimentos de
Agroturismo e Turismo na Natureza nos Açores: Estudo aplicado à Quinta da Grotinha | Turismo em Espaço Rural
-17-
natureza familiar, realizados e prestados (...) em zonas rurais” (Decreto-Lei n.o 54/2002 de 11 de
Março: 2068).
A aposta no TER permite atenuar a tendência para a desertificação de muitas das regiões do
interior e valorizar a economia local (Cardoso, 2010; Costa, 1993).
Assim, o TER surge como uma forma não só de gerar dinheiro e algum desenvolvimento, mas
aparece igualmente como um revitalizador que está baseado num desenvolvimento do tecido
económico rural, contribuindo para o aumento do rendimento das populações locais e criando
condições para o crescimento da oferta de emprego e fixação das populações, tais como a
inversão do fluxo de partida.
Para além disso fomenta ainda a recuperação de edifícios de traça antiga, o que leva a que esse
património imobiliário seja recuperado, e força a que as novas construções sejam feitas,
mantendo a traça original para que as caraterísticas do local não se percam (Cardoso, 2010; G.,
1998; Jesus, 2007).
Esta revalorização do espaço rural motivou que se gere uma proteção e melhoramento dos
elementos patrimoniais (culturais, naturais e paisagísticos), numa lógica de multifuncionalidade do
mundo rural, criando-se alternativas às atividades tradicionais em declínio, gerando-se emprego
que assim valorize a população local (Candiotto, 2010; Fonseca e Ramos, 2007; Luís, 2002).
Esta foi também uma grande preocupação da União Europeia, a reabilitação dos espaços rurais.
Para esse efeito lançou, em 2001, um conjunto de iniciativas LEADER I (Ligação Entre Ações
de Desenvolvimento da Economia Rural), esta desenvolvida entre 1991 e 1994; LEADER II em
1995-1999; LEADER+ (2000-2006). No período 2007-2013 a abordagem LEADER passou a
desenvolver os Programas de Desenvolvimento Rural, Continente (PRODER), Açores
(PRORURAL) e Madeira (PRODERAM), o que é encarado como um verdadeiro estímulo para
promover e diversificar as economias rurais (FPADL, 2012; SRAF, 2007).
Com esta nova filosofia de repensar o espaço rural a União Europeia passa a direcionar recursos
para atividades agrícolas e não agrícolas, pondo a ênfase em aspetos que apontam para as
múltiplas funções do espaço rural: produção agropecuária e agroindustrial; segurança alimentar;
conservação ambiental, paisagística e cultural; manutenção do tecido social rural.
O enfoque multidisciplinar do território deixa de estar unicamente focado no setor agrícola e
passa a ter uma visão mais abrangente e eclética, valorizando o uso integrado dos recursos e das
diferentes áreas do saber, possibilitando uma diversificação das economias locais e a participação
Vitório Fidalgo | ESHTE – Mestrado em Turismo
-18-
da população no seu planeamento e gestão. Estes elementos passam a fundamentar as políticas
públicas de desenvolvimento rural na Europa, a partir da década de 1990 (Candiotto, 2010).
Para que tal aconteça não se pode nunca perder de vista a lógica de um crescimento e
desenvolvimento bem planeados, para que os aspetos fundamentais que trazem os turistas para
estes espaços não sejam perdidos.
O planeamento será uma das armas mais importantes para todas as atividades que irão utilizar os
recursos naturais, visto que estes são fundamentais para a imagem e paisagem da zona e para a
captação de mercados que irão abastecer este produto. Quando se fala em planeamento e
recursos naturais há que olhar para eles e reconhecer as suas verdadeiras potencialidades de uso,
sendo necessário definir zonas sensíveis que devem ser valorizadas e protegidas.
Este planeamento possibilitará a definição da capacidade de carga máxima de determinados
destinos ou zonas, valor esse que permitirá desenvolver o turismo de forma sustentável e
respeitando o património cultural e natural da região que está a visitar-se (G., 1998: 39).
A paisagem surge portanto como um elemento fundamental a proteger para que a economia do
país ou do destino que se pretende explorar não seja afetada, daí que tenha sido consagrado no
decreto-lei n.º 4/2005 da Convenção Europeia da Paisagem, “que a paisagem desempenha
importantes funções de interesse público nos campos cultural, ecológico, ambiental e social e que
constitui um recurso favorável à atividade económica, cuja proteção, gestão e ordenamento
adequados podem contribuir para a criação de emprego;”
Figura 3| Paisagem como elemento central de todos os vetores (Cardoso, 2010)
Agroturismo e Turismo na Natureza nos Açores: Estudo aplicado à Quinta da Grotinha | Turismo em Espaço Rural
-19-
A paisagem é por isso o eixo central do destino (Figura 3) e será por isso a imagem de marca que
define a região e a tornam única, ou até, por vezes, semelhante a outra, mas são essas
semelhanças ou esses traços únicos, que são os elementos característicos dessa mesma paisagem,
servindo para a definir e dar potencial para emancipar as regiões que a possam envolver. Por este
motivo este vetor paisagem, bem cuidado e preservado, é valorizado por tudo aquilo que tem de
diferente, daí que a sua singela qualidade seja o tesouro a proteger, já que esta é a base da escolha
do destino selecionado, para onde se pretenda viajar.
O TER deve por isso apoiar o seu desenvolvimento num conjunto de princípios que
possibilitem, a quem o desenvolve, não cometer os mesmos erros praticados em destinos já
descaraterizados e sobrecarregados, que ao longo dos anos acabaram por ir alterando não só a
sua paisagem, mas também importantes vetores de qualidade, que os transformaram em tempos
num destino turístico procurado e apetecível.
Segundo Fonseca e Ramos (2007: 14/15) os princípios que devem reger o TER são:
Planificação;
Integração;
Abertura;
Definição de capacidade de carga;
Participação;
Sustentabilidade.
Podemos então afirmar que o TER apresenta o seguinte leque de vantagens (Fonseca e Ramos,
2007; Santos e Cabral, 2005):
Contribui para a sustentabilidade não apenas do setor, como do próprio desenvolvimento
local/regional, devido ao conjunto de atividades que lhe são tributárias;
Não sendo um turismo de massas, e sendo uma atividade onde a maioria das pessoas que
a procura, tenta encontrar uma solução para as férias de forma mais ecológica, a sua
exploração irá provocar uma menor pressão sobre os recursos do território;
Motiva a que as entidades públicas e privadas estejam envolvidas e preocupadas com a
preservação da autenticidade e dos valores patrimoniais em que se alicerça o TER, como
a arquitetura encarada como expressão da cultura nacional. Estes cuidados a ter com o
património exigem uma gestão adequada em termos de conservação e de reabilitação dos
recursos (ambientais ou culturais). A perda deste valor acrescentado faria com que o
Vitório Fidalgo | ESHTE – Mestrado em Turismo
-20-
território perdesse todas as suas aspirações em captar os segmentos de mercado que se
reveem neste tipo de imaginário;
A sustentabilidade do TER manifesta-se por um conjunto de medidas e ações que passam
pela recuperação do património arquitetónico, pela revitalização do património cultural
(artesanato, gastronomia e tradições), encaradas como verdadeiro depósito de virtudes e onde se
crê que nasceram as verdadeiras civilizações, pela preocupação em preservar a qualidade
ambiental e a unidade paisagística, sendo que esta última será vista cada vez mais como o marco
identitário nacional do país, gerando a elevação do sentimento de pertença nas sociedades
contemporâneas (Fonseca e Ramos, 2007; Silva, 2007).
Entendemos por isso que o TER é uma realidade para o turismo porque se apresenta como um
produto capaz de ser uma mais-valia para os mercados, já que o seu principal objetivo é o de
romper com a globalização imposta no mundo e trazer para junto de si os valores do mundo
rural, gastronomia, tranquilidade física, mental e espiritual e a possibilidade de ter tempo para
contemplar a vida e a natureza, atividades essas há muito perdidas nesta sociedade sedenta de
stress e de rapidez desordenada de decisão (Frías, 2010).
A procura das unidades de TER é fundamentalmente composta por população oriunda dos
espaços urbanos, caraterizada por um bom nível de formação académica, culta, relativamente
jovem, a maior parte da qual com uma idade compreendida entre 31 e 45 anos, que busca nos
meios rurais o sossego e a tranquilidade que não encontra nos locais de residência. Essa procura é
oriunda principalmente dos grandes centros urbanos, quer nacionais quer mundiais, tais como
Lisboa, Porto, Amesterdão, Berlim, Londres, Paris e Washington (Fonseca e Ramos, 2007;
Menezes, 2000; Silva, 2007).
Os turistas que procuram este tipo de conceito, têm inerentes a si motivações que derivam de
fatores de ordem social e psicológica intimamente associados à necessidade real ou imaginária de
um indivíduo sair da sua bolha quotidiana e ir em busca de algo genuíno capaz de o trazer para
fora do mundo onde vive e assim reviver e experienciar estórias vividas ou ouvidas na sua
infância ou imaginário.
O interesse pelo TER vem por isso associado ao desejo de distanciamento temporário das
pressões quotidianas e de uma atmosfera de inautenticidade do ambiente citadino sentido pelas
pessoas, que desse modo podem desfrutar de locais onde o descanso, relaxamento, tranquilidade,
reencontro com a sua própria autenticidade e contato com a natureza possibilitam o tão ansiado
“recarregar de baterias” (Silva, 2007).
Agroturismo e Turismo na Natureza nos Açores: Estudo aplicado à Quinta da Grotinha | Turismo em Espaço Rural
-21-
Neste cenário que temos vindo a traçar podemos identificar claramente as motivações dos
diferentes setores de turistas, segundo (Fonseca e Ramos, 2007; Silva, 2007).
O setor senior é um público-alvo do TER pela sua disponibilidade de tempo, aliada a condições
de suporte financeiro de que possa auferir, para o que não é também menos importante um
reconhecido aumento da esperança média de vida, a que se junta um sentimento marcado pela
incessante necessidade que o ser humano tem de conhecer, viajar e aprender.
O turista senior encontra aqui um palco favorável ao reviver de memórias passadas, de reavivar
as tradições da infância, apreciar a calma e a beleza do meio natural e apreciar a gastronomia
autóctone. Eventos naturais ou de caráter cultural (festas, recriações históricas, folclore) são
elementos chave para que o chamamento a esta franja de mercado seja mais efetivo. Para tal será
necessário alicerçar esta oferta a um touring (dominado pela opção de viajar) cultural e paisagístico,
de qualidade superior, capaz de deixar uma marca clara e inequívoca de originalidade e qualidade.
Sendo os jovens um setor de mercado muitas vezes apenas associado a ambientes noturnos e de
fragilidade social, encontramos também no TER boas soluções a pensar neles, quer para jovens
em idade escolar quer para adolescentes, através de produtos que os cativem, motivem a sua
prática e também para um melhor conhecimento.
Desta forma a vertente mais lúdica, sem esquecer a cultural, associada sempre à qualidade dos
serviços prestados em cada um dos produtos turísticos apresentados, será um garante de
potencial sucesso.
O TER só pode funcionar em espaços onde exista uma ligação muito forte com a agricultura em
moldes tradicionais, onde as caraterísticas ambientais e paisagísticas sejam marcadamente rurais,
onde a preservação da cultura e património seja uma constante, em que as casas, por um lado,
proporcionem um ambiente familiar e doméstico e, por outro, sejam representativas da
ruralidade, tanto no caso das casas rústicas como no dos solares e casas apalaçadas.
A sua arquitetura deve garantir a capacidade de, respeitando a cultura e traça local, dar
comodidades atuais e de proporcionar equipamentos e atividades de animação extra, como
piscinas e courts de ténis, e inclusivamente observar e participar na execução de tarefas agrícolas e
pecuárias (G., 1998; Silva, 2007).
Outros elementos adicionais podem ainda robustecer a atratividade destes espaços rurais,
nomeadamente como o touring a locais de interesse histórico, a biodiversidade aliada à existência
de áreas protegidas, as condições para a prática de desportos e de atividades recreativas.
Vitório Fidalgo | ESHTE – Mestrado em Turismo
-22-
A chave de todas as ofertas de turismo em espaço rural será sempre a capacidade de apresentar o
produto mais autêntico e com maior grau de qualidade possível para que desta forma não só o
mercado mas também os agentes locais (públicos e privados) sintam o valor do produto
apresentado e sejam por isso os principais polos de divulgação e afirmação do produto TER no
mercado (Fonseca e Ramos, 2007; MacCannell, 1999; Silva, 2007).
Em síntese, para além da atração exercida pelo campo e pelas componentes do imaginário rural e
ancestral, a procura do TER deve estar sempre assente numa proposta de qualidade, ao mais alto
nível, conjugada com requinte e conforto, alicerçada numa estratégia de preservação do meio
ambiente e com cuidados na construção de atividades e animações que consigam chegar a todo o
tipo de públicos.
2.2 Agroturismo
Para compreendermos melhor o conceito de turismo demasiado abrangente e globalizante,
tornou-se importante classificar e catalogar os seus diferentes conceitos para que fosse mais fácil
a sua compreensão e estudo.
Seguindo esta filosofia de pensamento, o turismo apresentou-se primeiramente diferenciado em
turismo de massas e turismo alternativo. Como o estudo em apreço está diretamente relacionado
com os conceitos emergentes do turismo alternativo, nele é possível destacar o ecoturismo e o
turismo rural, onde ambos pressupõem, teoricamente, que haja uma valorização dos espaços
“naturais” e ruralizados.
Iremos por isso olhar para o turismo rural, em particular, como ponto de partida para chegarmos
ao agroturismo. Este conceito parece ter um potencial apreciável no quadro atual em que
emergem novas preferências.
Ele insere-se no designado turismo dos três “L” – Lore, Landscape and Leisure (tradições, paisagens,
lazer) – como alternativa ao massificado turismo dos três “S” – Sun, Sea and Sand (sol, mar e areia)
(Luís, 2002).
Sendo o agroturismo uma sub-modalidade do TER, por se tratar de uma abordagem turística em
espaço rural, os conceitos por ele apresentados apresentam uma crescente popularidade junto de
toda a população residente nas zonas urbanas e suburbanas que pretendem encontrar
experiências de ambiente rural, associadas à nostalgia de memórias passadas ou contadas por
familiares mais velhos e que com as suas histórias fizeram crescer, dentro dos diferentes
indivíduos, a nostalgia do campo e do viver num ambiente mais rural. Como tal a população que
Agroturismo e Turismo na Natureza nos Açores: Estudo aplicado à Quinta da Grotinha | Turismo em Espaço Rural
-23-
se identifica com este tipo de espaço procura nele todo o conjunto de atividades que fazem parte
do seu imaginário de estar e trabalhar numa quinta (Bernardo et al., 2004).
Como tal torna-se também importante definir o conceito aqui tratado. O agroturismo é
geralmente definido, segundo (Santos e Cabral, 2005: 17), como uma:
modalidade extremamente interessante na perspetiva de possibilitar um acréscimo de rendimentos às explorações agrícolas,
consiste num serviço de hospedagem, de natureza familiar, prestado em casas particulares integradas em explorações
agrícolas que permitam aos hóspedes o acompanhamento e conhecimento da atividade agrícola ou participação nos trabalhos
aí desenvolvidos, de acordo com as regras estabelecidas pelo seu responsável. Deve apostar claramente na animação turística
tornando as suas quintas apelativas pelas suas atividades lúdicas.
Como este conceito está inserido na abrangência do conceito de TER definido no decreto-lei n.º
54/2002 como sendo o “conjunto de atividades, serviços de alojamento e animação a turistas, em
empreendimentos de natureza familiar, realizados e prestados (...) em zonas rurais”, define assim
claramente o seu âmbito quando direciona e limita o seu campo de atuação para a quinta
(Decreto-Lei n.o 54/2002 de 11 de Março: 2068).
A partir da década de 60, o turismo encontra na valorização do espaço rural e do seu
desenvolvimento, um argumento extremamente forte e desejado por quem o procura, para
entender a relevância da discussão cada vez mais urgente e necessária sobre desenvolvimento
rural (Candiotto, 2010).
Especialmente desde a revolução industrial que o espaço rural tem vindo a sofrer constantes
transformações graças ao desenvolvimento das novas tecnologias que procuram satisfazer a cada
vez maior necessidade de produção em massa de produtos agrícolas.
Como refere M. Silva (1982), a revolução industrial em Portugal não funcionou, como era
esperado e indicado pelos setores da economia, que identificam o desenvolvimento da indústria,
acompanhado paralelamente com o desenvolvimento da agricultura. Para M. Lipton (1977 cit.
por Silva, 1982), lamentavelmente não foi tomada em conta essa regra de desenvolvimento:
“…Em Portugal, porém, ao longo de todo o processo de crescimento económico, a agricultura
foi drasticamente marginalizada e duramente sacrificada a população que trabalhava a terra ou
vivia da agricultura.”(Silva, 1982: 13)
A aplicação deste modelo económico desequilibrado levou a que o espaço rural se tornasse cada
vez mais pobre, o que promoveu um agravamento crescente das desigualdades e levou a que
muitas pessoas abandonassem o ambiente rural.
Para agravar ainda mais o cenário, as condições de acesso ao crédito, aos regimes de segurança
social, a localização do equipamento e as condições de acessibilidade dos serviços sociais foram
Vitório Fidalgo | ESHTE – Mestrado em Turismo
-24-
dificultadas, o que provocou o aumento das desigualdades entre os setores agrícola e industrial
(Silva, 1982).
Estas políticas nefastas para o setor agrícola levaram a que, entre 1950 e 1990, a percentagem de
trabalhadores na agricultura diminuisse de 48% para 10% e que a contribuição da agricultura para
a produção do país baixasse de 28% para 5%.
Enquanto, no início da década de 90, se verificava um significativo êxodo rural em Portugal, a
Europa já começava a olhar para o mundo rural e para os agricultores, de uma perspetiva mais
holística e de longo prazo, fazendo emergir o fenómeno da pluriatividade no espaço rural.
Nessa perspetiva, a conceção de multifuncionalidade de um agricultor deve estar assente numa
visão mais abrangente, não unicamente direcionada para a agricultura mas capaz de englobar
conceitos tão díspares como próximos, como é o caso do turismo, da agricultura e da proteção
do ambiente. O mesmo se exige ao próprio espaço em si, que necessita de encontrar na sua
arquitetura, paisagem, imagem, atividades, pessoas, predicados a explorar para servirem de
complemento à multifuncionalidade que um agricultor deve possuir.
Esta mudança de pensamento que se tem multiplicado, provocou um acentuado interesse dos
agentes turísticos e da população urbana pelo espaço rural e pelas ruralidades, de maneira que,
através da natureza e da sua proteção correspondente, surgisse e se tornasse realidade um
mercado cada vez mais sedutor para ser explorado, capaz de produzir dividendos importantes
para ajudarem os negócios agrícolas em apostas interessantes e estimulantes, a explorar por todos
os que possuam quintas e terrenos de pequenas e médias dimensões (Cabral e Scheib, 2004;
Candiotto, 2010).
O sentido de multifuncionalidade que se torna importante desenvolver, no âmbito das atividades
agroturísticas, vai no sentido da valorização estética e utilitária do espaço da propriedade, daí a
importância da perspetiva da “propriedade e do ambiente envolvente como paisagem” (Cabral e
Scheib, 2004).
É notório que os agricultores, ao verem este cenário interessante e lucrativo para os seus
negócios, têm vindo a ser estimulados para reorganizar o espaço das suas propriedades
privilegiando a dimensão estética e utilitária das instalações (Cabral e Scheib, 2004).
Com efeito, os principais atrativos do TER prendem-se com a tranquilidade do território, com a
singularidade do património cultural e natural, com a perpetuação de heranças ancestrais
(Fonseca e Ramos, 2007). Cabe assim ao agricultor construir e preservar estes atrativos para que
Agroturismo e Turismo na Natureza nos Açores: Estudo aplicado à Quinta da Grotinha | Turismo em Espaço Rural
-25-
possa encontrar, de forma alternativa, uma boa oportunidade de encaixe financeiro para o seu
negócio.
Alguns agricultores veem o agroturismo como um suplemento financeiro para as suas
explorações, outros encontram nesta atividade uma oportunidade para elucidar o público nas
questões relacionadas com a atividade de uma quinta e também na componente de respeito pela
natureza (Geisler, 2013).
Para além das atividades diretamente relacionadas com a quinta, o agricultor deve olhar para o
espaço envolvente como fazendo parte do potencial da oferta que propõe aos seus clientes, tais
como (Bernardo et al., 2004):
Atividades de “outdoor” (pesca, caça, observação da vida selvagem, passeios a cavalo);
Experiências educativas (visitas a fábricas tradicionais, aulas de culinária, provas de vinhos
e aprendizagem de algumas técnicas de artesanato);
Entretenimento (festivais de colheitas ou vindimas ou festivais de danças e cantares
tradicionais);
Serviços baseados na hospitalidade e hospedagem (estadias na quinta ou visitas guiadas)
ou ainda uma pequena loja de venda direta representativa de produtos tradicionais da
região e produzidos pela própria quinta.
Para realmente se investir e desenvolver esta área de negócio é necessário compreender-se quais
são as reais vantagens de desenvolvimento do agroturismo numa perspetiva agroindustrial e
agroturística, que podem surgir tanto para a quinta como para a comunidade local.
Segundo Santos (2005) e Bernardo (2004), as vantagens apontadas são as seguintes:
Operacionalizam a expansão agrícola;
Trazem novas formas de receitas;
Garantem, a longo prazo, a sustentabilidade do negócio da quinta;
Promovem os produtos agrícolas que são localmente produzidos;
Criam novas fontes de trabalho para familiares que tenham de trabalhar fora dela;
São um adicional de negócio para as empresas locais;
Representam estímulo ao melhoramento de acessibilidades e serviços;
Ajudam a diversificar e estabilizar a economia local;
Melhoram os níveis de instrução da população;
Vitório Fidalgo | ESHTE – Mestrado em Turismo
-26-
Orientam capacidades e interesses no sentido da importância e preservação do
património;
Mostram maior sensibilidade para as questões da natureza e da ecologia.
Recapitulando:
Primeiro é importante reafirmar que se não forem tidas em conta as bases de atuação definidas
pelo TER podemos colocar em risco a sustentabilidade do negócio e da região, visto que se trata
de uma atividade onde existe uma necessidade clara de um investimento elevado de capital e de
tempo.
Em segundo lugar, de notar que a taxa de sucesso, a quatro anos, para pequenos negócios
administrativos é de cerca de 49%, enquanto os relacionados com áreas de serviço é de 56%.
Terceiro, o mais importante para que uma empresa de agroturismo seja realmente uma mais-valia
para o negócio da quinta está relacionado com a forma como ela irá ser gerida.
Para tal é necessário que o gestor de agroturismo apresente um conjunto importante de atributos
e conhecimentos. Este elemento torna-se o ponto charneira entre o sucesso e o insucesso do
negócio.
Será importante apostar na formação de um gestor qualificado capaz de simultaneamente gerir a
relação dos turistas com as atividades agrícolas da quinta, como também de garantir elevados
padrões de hospitalidade, qualidades de hospedagem e na alimentação, conjugados com produtos
turísticos inovadores de diferentes tipos de atividades, que acabem por dar resposta aos diversos
tipos possíveis de clientes.
2.3 Qualidade
2.3.1 Definição e âmbito do conceito
A qualidade é algo que neste momento se encontra enraízada no nosso vocabulário e que faz
parte da nossa vivência diária, mas apesar de ser quase uma palavra banal a definição do seu
conceito é difícil de atingir e definir, visto tratar-se de um conceito multidimensional onde estão
inseridas variáveis de ordem extremamente subjetiva.
Como afirma (Silva, 2013), a“ abordagem à qualidade passou a colocar no centro os clientes e a
combinar a tangibilidade com intangibilidade, deixando de estar apenas ligada às características
objetivas do produto final”.
Agroturismo e Turismo na Natureza nos Açores: Estudo aplicado à Quinta da Grotinha | Turismo em Espaço Rural
-27-
Como afirma Delgado (1996), as pessoas adquiriram uma nova cultura, uma nova mentalidade e
tornaram-se mais exigentes e sensíveis para a observância de todos os pormenores.
Hoje, fala-se em qualidade de um produto, qualidade de um serviço, qualidade de ensino,
qualidade de vida, turismo de qualidade, mas também podemos interrogar-nos sobre o que isso
tudo significa.
Desta forma podemos dizer que o próprio cliente não avalia um produto ou serviço pelo preço
que este tem indicado ou por determinada caraterística. Pelo contrário, a qualidade é determinada
quando o produto ou serviço atingem a expetativa do cliente.
Se anteriormente víamos o conceito qualidade centrado no produto, à medida que houve um
aumento da capacidade da oferta e da concorrência o foco da qualidade deixou de ser o produto
para passar a ser o cliente (Delgado, 1996; Silva, 2013).
Antes de tentarmos compreender o conjunto de estratégias que as diferentes organizações
seguiram para alcançar a meta da qualidade, torna-se imperioso desde já observar o que os
diferentes autores apontaram como definição de qualidade.
Assim, Barbalhol (1997) considera que, apesar da variedade de significados que serão apontados
abaixo, todos eles devem estar baseados no conhecimento do que o cliente deseja e exige, para
encontrar respostas para as suas expetativas de qualidade, como sublinha o autor:
Consiste nas caraterísticas que o produto deve possuir para satisfazer as necessidades do
consumidor;
Consiste na inexistência de não conformidade;
A sua adequação ao uso;
Está relacionada com a capacidade da organização de satisfazer requisitos
predeterminados e pressupostos.
Este autor realça que “a qualidade pode ser definida como o conjunto de procedimentos que se
iniciam com o conhecimento das necessidades e expectativas do cliente, influenciando na
confeção original (projeto) de um produto ou serviço, bem como na sua confeção final, com o
objetivo de cativar, manter e satisfazer o consumidor” (Barbalhol e Simol1etti, 1997).”
Já a UNWTO (2014b: 1) define qualidade como:
resultado de um processo que implica a satisfação de todas as necessidades legítimas do produto e do serviço, requisitos e
expetativas do consumidor, a um preço aceitável, em conformidade com as condições contratuais mutuamente aceites e as
Vitório Fidalgo | ESHTE – Mestrado em Turismo
-28-
determinantes qualitativas subjacentes, como a segurança, a higiene, a acessibilidade, a transparência, a autenticidade e a
harmonia da atividade turística com o ambiente humano e natural.
De acordo com a fonte (Paim et al., 1996), foi possível apresentar as seguintes definições feitas
pelos diferentes autores que aqui apresentamos (Quadro 1):
Quadro 1| Definição do conceito qualidade
CROSBY Qualidade significa ir de encontro às necessidades do cliente.
JURAN Qualidade é adequação ao uso.
TOWSEND Qualidade é aquilo que o cliente percebe quando sente que o produto ou serviço vai de encontro às suas necessidades e corresponde às suas expetativas.
TEBOUL
Qualidade é a capacidade de satisfazer as necessidades, tanto na hora da compra
quanto durante a utilização, ao menor custo possível, minimizando as perdas, e melhor do que os nossos concorrentes.
TAGUGHI Qualidade consiste em minimizar, a longo prazo, as perdas causadas pelo produto não apenas ao
cliente, mas à sociedade.
SMITH
Qualidade indica o valor relativo de produtos e serviços, a eficiência e a eficácia
de processos para gerar produtos e suprir serviços. Do ponto de vista prático,
qualidade é uma arma estratégica e competitiva.
Norma ISO 8402 - Vocabulário da
Qualidade
Qualidade é a totalidade das propriedades e caraterísticas de um produto ou
serviço que lhe conferem habilidade para satisfazer necessidades explícitas do
cliente.
A análise destas definições permite verificar que existe algo comum a todas elas, nomeadamente a
satisfação das necessidades dos clientes, que é o eixo basilar da qualidade. Desta forma podemos
afirmar que a qualidade está fortemente relacionada com a satisfação dos clientes e que esta só
está conseguida quando as expetativas dos clientes são atingidas ou superadas.
A promoção da qualidade é um dos grandes desafios de qualquer organização, apostada em
descobrir mecanismos que lhe permitam encontrar as soluções mais acertadas, para que de tal
forma estas consigam sobreviver neste mundo extremamente competitivo de busca de clientes.
Para isso os objetivos reais de qualquer organização passam primeiramente por – segundo
Delgado (1996):
Satisfazer as necessidades dos clientes- A procura da perfeição no que se vai oferecer
exige por parte da empresa um estudo constante das tendências do mercado e dos seus
clientes sempre sob o aspeto da qualidade e esta corresponde à total sintonia entre o
produto que estamos a preparar e as reais necessidades do cliente;
Agroturismo e Turismo na Natureza nos Açores: Estudo aplicado à Quinta da Grotinha | Turismo em Espaço Rural
-29-
Aumento da produtividade - Só é conseguido através da supressão de todas as falhas
internas inerentes à criação e produção do produto ou serviço, assim se conseguindo
aumentar a qualidade e reduzindo os custos de produção;
Promover a realização socioprofissional dos trabalhadores - Para isso é preciso que
estes se encontrem motivados e profissionalmente realizados para o desempenho das suas
funções.
Para que o cliente seja o eixo da qualidade, o verdadeiro critério de certificação de qualidade é a
preferência do consumidor em relação à concorrência, sendo que esta escolha pressupõe que a
organização esteja a trabalhar no sentido certo de garantir a sua sobrevivência a médio e longo
prazo (Barbalhol e Simol1etti, 1997).
A preferência indica a adequação do produto ou serviço às necessidades, expetativas e ambições
do consumidor. Concomitantemente podemos dizer que a estratégia para o alcance da qualidade
foi conseguida e com esta otimização conseguiu-se não só ganhar um cliente com um produto
produzido a menor custo.
2.3.2 Motivação para aplicação da qualidade
Se o objetivo de qualquer tipo de organização é conseguir arranjar clientes que se fidelizem aos
seus produtos e sabendo que a qualidade é um meio para alcançar esse objetivo principal, será
necessário que a implementação de medidas ou sistemas de gestão da qualidade seja estudada de
forma a poderem transformar-se em formas capazes de fazer com que a empresa se posicione no
mercado de forma sólida e inovadora.
Se por um lado a qualidade nos permite melhorar o número de clientes, por outro consegue-se
um aumento da produtividade com a diminuição do desperdício e a otimização dos processos,
diminuindo os custos de produção e aumentando a possibilidade de margem de lucro. Achamos
por isso a qualidade não só fundamental como necessária para o futuro de qualquer organização.
Em seguida realça-se a lógica de pensamento que qualquer organização deve ter no sentido de
compreender se o que está a oferecer vai de encontro às necessidades dos clientes (Delgado,
1997):
Qualidade quanto ao desempenho do produto- Capacidade deste conseguir gerar
satisfação quanto às expetativas, interesses e motivações do cliente. Aqui podemos dizer
que o produto é gerado e testado na ótica do cliente e para conseguir-se este
Vitório Fidalgo | ESHTE – Mestrado em Turismo
-30-
desempenho regista-se um aumento da qualidade geralmente através de um aumento de
custos;
Qualidade quanto à existência de deficiências – Aqui o objetivo é aperfeiçoar
permanentemente todas as fases da produção ou criação. A eficácia e eficiência são as
metas a alcançar tanto na fase de produção como na de venda, criação e melhoria da
imagem. Esta ótica é vista do lado do produtor. A qualidade é trabalhada através da
otimização dos processos visando sempre a redução de custos;
Qualidade na ótica da excelência – Este será o conceito onde se vê a gestão da qualidade
de uma forma completa e que visa a satisfação total do cliente. Para tal todos os setores
da empresa têm como objetivo o aperfeiçoamento, que não fica por isso estagnado no
tempo e no espaço, antes é constante e dinâmico, sendo por isso atualizado quase
diariamente.
É ainda importante realçar um conjunto de fatores que contribuem para uma maior qualidade a
nível dos serviços:
A amabilidade/simpatia;
A prontidão/disponibilidade;
O sentido básico de que as suas necessidades foram satisfeitas;
A atitude de quem presta o serviço.
Desta forma podemos concluir que as motivações que qualquer organização deve encontrar para
a implementação e aplicação de sistemas de qualidade são:
A qualidade é o principal argumento de compra;
A qualidade leva-nos a reduzir os custos de produção;
A qualidade é um dos principais meios de implementar a flexibilidade/capacidade de
resposta;
A qualidade é um dos principais meios de redução do tempo dando à organização mais
capacidade para antecipar novos aspetos.
Agroturismo e Turismo na Natureza nos Açores: Estudo aplicado à Quinta da Grotinha | Turismo em Espaço Rural
-31-
2.3.3 Qualidade no turismo
Numa sociedade onde o fluxo de informação e de negócios processa-se praticamente em tempo
real, e onde o acesso à informação é globalizante, a nossa capacidade para estar sempre um passo
à frente da nossa concorrência é fundamental, pelo que devemos dispor de canais de informação
bem abertos e a nossa organização bem blindada face a eventuais ataques do mundo
concorrencial exterior (Longhini e Borges, 2005).
Essa blindagem só será possível graças à utilização de serviços aplicados sempre com qualidade e
sujeitos a avaliações e reavaliações para se poderem ir eliminando as falhas. Agindo desta forma
estaremos a trabalhar para a sustentabilidade da organização e também para a consolidação da sua
posição no mercado.
Dado que a sustentabilidade de qualquer negócio só se consegue através da qualidade e que os
pensamentos mais profundos devem sempre surgir de organismos com um estatuto mais elevado
na hierarquia social, a Comissão Europeia lançou recentemente um modelo de implementação de
gestão de qualidade para os destinos turísticos, onde aponta a necessidade para o respeito dos
seguintes elementos chave (Silva, 2013):
Satisfação dos turistas, em relação às suas expetativas, à qualidade dos serviços prestados
e oferecidos e a todos os fatores que contribuem para a boa qualidade de serviços
durante a sua estadia;
Satisfação do próprio setor do turismo, no que diz respeito à qualidade e sucesso das
empresas pelo grau de qualidade assegurada;
Satisfação da comunidade local face ao turismo e em que medida encontra nele o
aumento da sua rentabilidade;
Qualidade ambiental, medidas de impacte positivo ou negativo do turismo sobre o
ambiente.
Um dos sistemas que nos permite compreender em que medida os nossos serviços estão assentes
e respeitam as bases de qualidade exigida é o SERVQUAL. Foi talvez um dos primeiros modelos
que nos permitiram medir e aferir a perceção do consumidor sobre a qualidade do serviço
prestado (Parasuraman et al., 1988).
Através da aplicação deste modelo a organização consegue obter respostas a 22 das declarações
que são efetuadas, o que permite identificar:
Vitório Fidalgo | ESHTE – Mestrado em Turismo
-32-
As expetativas gerais dos clientes;
As perceções do serviço prestado aos clientes.
Parasuranam (1988) consideram, por isso, fundamental para a qualidade de qualquer serviço, que
as cinco dimensões aqui apresentadas sejam respeitadas: fiabilidade, capacidade de resposta,
empatia, garantia/segurança e tangibilidade.
Sendo este um dos primeiros sistemas de implementação e gestão da qualidade, foi considerado
uma referência de base de estudo e como tal influenciado o desenvolvimento de muitos outros
sistemas.
Com o passar dos anos, Cronin e Taylor (1992 cit. por Botelho, 2010: 9) apresentaram um
conjunto de críticas que indicavam que a escala utilizada SERVQUAL era parca em conteúdo e
suporte teórico e diminuta na sua evidência empírica.
Deste modo, Cronin e Taylor (1992 cit. por Adil et al., 2013: 67) propõem um novo sistema que
se chama SERVPERF, que apesar de não abandonar as mesmas 22 declarações do SERVQUAL,
apresenta-as agora com um novo foco - o desempenho do serviço prestado em detrimento das
expetativas e perceções dos clientes.
Atualmente e seguindo a linha de investigação de F. Silva (2013), pensamos que o sistema ITQT
(Integrated Total Quality Tourism) será o modelo mais adequado para aplicação nos dias de hoje,
visto que já inclui a componente da sustentabilidade dos destinos turísticos como uma premissa a
ter em conta e procura demonstrar como é que o turismo pode contribuir para desenvolver e
beneficiar a componente sociocultural e ambiental com a sua preservação e por último a sua
componente económica.
De igual modo, F. Silva (2013) indica que “ os autores deste modelo consideram que a adoção do
ITQT por todos os stakeholders do turismo garantirá múltiplos benefícios sinergéticos e um
desenvolvimento turístico sustentável”.
2.3.4 Qualidade no TER
A qualidade tornou-se numa “bandeira” importante para cativar clientes.. Contudo, como
evidencia (Moreira e Dias, 2010), existem ainda algumas limitações como é o caso de não
existirem “estudos que ajudem a compreender como é avaliada a qualidade nos alojamentos em
zonas rurais, nas suas vertentes mais comuns: casas apalaçadas, solares, casas rústicas, quintas
com atividades agrícolas e hotéis rurais.”
Agroturismo e Turismo na Natureza nos Açores: Estudo aplicado à Quinta da Grotinha | Turismo em Espaço Rural
-33-
Apesar destas dificuldades, a aposta da qualidade pelo TER é essencial refletindo-se na vontade
da empresa em direcionar-se para o cliente. A qualidade será também uma garantia para trazer
mais pessoas a descobrirem o destino e procurarem as organizações que melhores feedbacks
oferecerem.
Moreira (2010) e Avena (2001) defendem que as duas dimensões mais importantes para que o
cliente percecione a qualidade estão na dimensão da atitude institucional e do pessoal de
atendimento. Por sua vez, as dimensões de menor peso para a perceção do cliente são as
referentes a conteúdos informativos e promocionais, bem como a correspondente evidência física
do serviço (Moreira e Dias, 2010).
Devido a um número relativamente diminuto de funcionários, que um negócio de TER tem, o
controlo das duas componentes técnica e funcional é certamente mais fácil, visto que a
complexidade da orgânica do TER é mais simples, pelo que resulta daí que a aposta na qualidade
será mais fácil.
Incrementar uma política de qualidade, definir os passos a seguir para a implementação do
sistema de qualidade e a logística necessária para a sua implementação, verificar a implementação
do sistema, tomar as decisões necessárias ao correto funcionamento dos sistema de qualidade, são
as dimensões necessárias a implementar, sendo que na lógica de uma micro ou média empresa
será rápida a sua aplicação.
Em termos de conclusão e parafraseando (Moreira e Dias, 2010: 59), o TER “depende em grande
medida das características do pessoal que presta o serviço. Assim, é recomendável prestar uma
grande atenção aos recursos humanos, que são essenciais na qualidade percecionada deste tipo de
atividade.”
A competitividade e qualidade dos serviços de TER está igualmente dependente de outros
fatores, como são os casos de legislação e regulamentação do setor (Anexo I).
2.4 Sustentabilidade no turismo
O conceito sustentabilidade aparece associado, no início dos anos 70 do século XX, ao
estabelecimento de limites ao crescimento. As primeiras noções desse conceito surgem em
resposta aos impactos negativos associados ao crescimento económico, daí que tenham surgido
movimentos ecologistas que começaram a lançar para a opinião pública temas como eco-
desenvolvimento, crescimento orgânico, crescimento zero, etc.
Vitório Fidalgo | ESHTE – Mestrado em Turismo
-34-
As Nações Unidas definiram sustentabilidade como “o desenvolvimento que satisfaz as necessidades
atuais sem comprometer a capacidade das gerações futuras de satisfazerem as suas próprias necessidades”
(WCED, 1987: 37). Como tal desenvolveram e lançaram um conjunto de problemáticas para que
o desenvolvimento mundial fosse repensado, tendo sempre em vista o não comprometimento
das gerações futuras (D.R.E., 2000).
Uma das primeiras referências mais divulgadas sobre o conceito de desenvolvimento sustentável
ocorreu num documento cujo título é “Our Common Future” (O Nosso Futuro Comum). Este
documento foi elaborado pela Comissão Mundial sobre o Ambiente (UNCED), em 1987, e onde
foram desenvolvidos os temas ambiente e desenvolvimento.
Este documento apresentou também uma reflexão sobre modelos de desenvolvimento à escala
global e um conjunto de reparos face a políticas em curso e que não iriam precaver de forma
coerente o futuro das próximas gerações, já que apontavam para uma utilização e consumo
excessivos de recursos naturais, sem ter em linha de conta as verdadeiras capacidades dos
ecossistemas.
Este relatório, cujo nome ficou conhecido por relatório Brundtland, teve como objetivo principal
fazer uma chamada de atenção ao mundo para a importância de desenvolver políticas apoiadas
num desenvolvimento sustentável, que tivessem em linha de conta o desenvolvimento
económico, social e onde a preservação da natureza fosse uma constante (Oliveira, 2013).
O elevado crescimento e os seus impactos nefastos excessivos e insustentáveis levaram à tomada
de consciência da necessidade de agir à escala global e local e de refletir para compreender qual
deveria ser o caminho a seguir para se tentarem colmatar algumas marcas menos positivas, que
então predominavam.
Para tal, em 1995, e a partir das recomendações do capítulo 40 da Agenda 21 Global, foi lançado
e criado um projeto que possibilitasse a construção, no prazo de cinco anos (1995-2000), de um
conjunto de indicadores de desenvolvimento sustentável. Neste processo estiveram presentes,
após terem sido convocadas, organizações do sistema das Nações Unidas, organizações
governamentais e não-governamentais.
Guiadas pelos relatórios produzidos pelos diferentes países, iniciou-se o processo de verificação
de quais os indicadores principais. O resultado deste processo resultou na criação de uma
estrutura constituída por quatro componentes – ambiental, social, económica e institucional –
organizada em 15 temas e 38 sub-temas passíveis de cobrir questões comuns a todas as regiões e
países do mundo, num total de 57 (Malheiro et al., 2008; Unidas, 2001).
Agroturismo e Turismo na Natureza nos Açores: Estudo aplicado à Quinta da Grotinha | Turismo em Espaço Rural
-35-
O paradigma da sustentabilidade passou a ser transversal a todos os setores económicos,
refletindo-se de forma expressiva no turismo, pelo facto deste ser dos setores que mais tem
crescido desde a segunda metade do século XX e ter uma expressão global e local significativas.
Em consequência, o planeamento e desenvolvimento turístico passou a incorporar cada vez mais
preocupações de sustentabilidade, respondendo tanto às necessidades dos destinos, como às dos
“novos turistas” que procuram formas e espaços diferentes dos até então procurados pelo
turismo de massas. Neste sentido, a autenticidade, a descoberta e a aventura, e em simultâneo a
proliferação de nichos, passaram a ganhar relevância.
Esta mudança de mentalidades surge exatamente com a necessidade que foi encontrada de gerar
no turismo atual preocupações como a necessidade de desenvolver e aplicar modelos de
desenvolvimento sustentável, compatíveis com o desenvolvimento económico, conjugados com a
conservação dos recursos naturais e dando também ênfase aos aspetos de ordem social (D.R.E.,
2000; García, 2011).
A OMT, desde a década de 1980 ocupada em desenvolver políticas de sustentabilidade, lançou
um conjunto de propostas para implementação deste novo conceito em que o turismo e o
desenvolvimento deviam basear-se, para serem debatidas na Cimeira do Rio, Agenda 21 em 1992
(Malheiro et al., 2008).
Nesse mesmo ano, a União Europeia, através do Tratado de Maastricht, definiu o conceito de
sustentabilidade, associado aos seguintes objetivos: (i) “a promoção de um progresso económico
e social equilibrado e sustentável; (ii) um crescimento sustentável e não inflacionista; (iii) um alto
grau de competitividade e de convergência dos comportamentos das economias; (iv) um elevado
nível de proteção e de melhoria da qualidade do ambiente e da qualidade de vida”(García, 2011:
5).
Graças a este alcance de notoriedade na discussão lançaram-se as primeiras e mais importantes
pedras para o delinear do verdadeiro caminho a construir e a seguir, de modo a que, num futuro
hoje mais alcançável, se pudesse ter cada vez mais presente, não em teoria mas na prática, um
desenvolvimento apoiado na preservação de valores morais e de bem-estar baseados na utilização
racional dos recursos e dos direitos, em que assentam a liberdade, a justiça, a solidariedade e a
equidade social.
Estas preocupações levaram a que também fossem revistas as políticas de gestão ambiental,
populacional e administrativas, de forma a conseguir-se garantir uma relação harmoniosa entre a
dinâmica da sociedade e a ambiental.
Vitório Fidalgo | ESHTE – Mestrado em Turismo
-36-
Motivado pela tão profunda alteração de mentalidades conseguida através do debate sobre
sustentabilidade, o turismo passa a funcionar com base em princípios com ela relacionados e que
são diferenciados por García (2011) da seguinte forma:
A nível social, visam dar às populações as condições essenciais para a melhoria da
qualidade de vida;
A nível económico, contribuem para ser uma solução alternativa destinada a resolver
questões de ordem económica, possibilitando uma maior dinâmica na atividade
económica global;
A nível do território, contribuem para uma melhor ocupação e distribuição das atividades,
a nível regional;
A nível do património, fomentam a proteção do ambiente e valorizam o património
cultural através da intervenção em monumentos muitas vezes degradados pelo tempo e
pela dinâmica social e também pelo estudo da pegada ecológica associado ao
desenvolvimento da capacidade de carga de um destino ou local turístico;
A nível cultural, a sua contribuição é na promoção e divulgação de uma herança imaterial
que acarreta consigo conhecimentos, atitudes e experiências.
Se o turismo e os turistas mudaram, como acima referimos, a emergência do ecoturismo lançado
segundo as bases do turismo sustentável surge acompanhada de uma nova consciência trazida
por parte dos turistas, onde a procura por paisagens, locais, povos, animais e culturas em estado
virgem é uma constante (Cater e Lowman, 1994; García, 2011).
Esta nova forma de turismo define-se como sendo baseada na proteção da natureza, onde a
experiência de viajar para zonas relativamente virgens, não contaminadas e intactas, com o
objetivo específico de as estudar, viver, observar ou simplesmente desfrutar da paisagem, servem
de pretexto para poderem participar ativamente na preservação das áreas protegidas e do
ambiente, em geral (Cater e Lowman, 1994; Honey, n.d; Irving et al., 2005).
A nível económico, o setor do turismo apresenta-se como um elemento diversificador, visto que
gera fluxos de capital para novos locais turísticos e principalmente para locais e áreas mais
isolados. A sua sustentabilidade económica acaba por funcionar de forma muito eficiente e de
grande relevância, pois os recursos presentes em cada destino turístico surgem da criação de
fundos, aumentando a rentabilidade de cada local, ao mesmo tempo que são melhoradas as
possibilidades de preservação e conservação.
Agroturismo e Turismo na Natureza nos Açores: Estudo aplicado à Quinta da Grotinha | Turismo em Espaço Rural
-37-
Deste modo aponta-se esta vertente de turismo – o turismo sustentável – como um elemento que
aumenta os benefícios deste setor, vital para a economia, através da utilização de boas práticas
assentes em normas e sistemas de gestão e na introdução de qualidade nas atividades turísticas. É
também marcado pela diminuição, ao máximo, dos efeitos negativos produzidos por turistas e
pelo turismo (García, 2011; Irving et al., 2005).
2.5 Turismo na natureza
Como já aqui foi referido, o turismo define-se como um movimento temporário das pessoas para
destinos fora do seu espaço habitual, onde realizam atividades que satisfaçam as suas
necessidades (Newsome et al., 2002).
Estes movimentos de diferentes tipos de pessoas levam a que as suas motivações e gostos
contribuam para dois tipos de turismo, onde os turistas procuram experiências de caraterísticas
diferentes.
Se por um lado temos o turismo convencional, representado e caraterizado por uma
movimentação massiva de grande número de pessoas, que ambicionam ir ao encontro da cultura
em locais com pouca interação com cenários naturais, por outro temos o turismo alternativo,
onde o que realmente motiva o turista a sair e a conhecer é a possibilidade de um maior contato e
compreensão das culturas que visita, assim como da possibilidade de conhecer, ver e viver o
ambiente envolvente, o que lhe permite comungar com ele as energias e sensações do espaço
natural (Newsome et al., 2002).
O turismo na natureza surge como associado ao turismo alternativo, visto que ambos partilham
das mesmas filosofias e interesses, como é a sustentabilidade, a proteção e a preservação do meio
ambiente (Priskin, 2001).
O turismo na natureza encontra a sua base de desenvolvimento no turismo responsável, que
ocorre em ambientes naturais previamente selecionados e onde a conservação do ambiente e o
bem-estar das populações locais, sustentáveis a longo prazo, são fundamentais para a
minimização dos impactos por ele provocados nas zonas onde se desenvolve (Lopes, 2013;
TPWD, 2011).
São diversos os fatores que levam a considerar que o turismo na natureza é uma aposta com
grande potencial de crescimento, tornando-se um produto cada vez mais relevante e a ter em
conta no desenvolvimento do turismo a nível mundial, nomeadamente:
Vitório Fidalgo | ESHTE – Mestrado em Turismo
-38-
O turismo na natureza apresenta-se como um dos setores em franco crescimento
(Fredman e Tyrväinen, 2010) como podemos observar nos dados que a OMT apresenta;
O fluxo de ecoturistas no universo global aumenta 20% ao ano. Já em contrapartida o
turismo convencional apenas tem crescido 7,5% no mesmo período de tempo. As
previsões da OMT apontam para que o ecoturismo nesta década chegue aos 10% em vez
dos atuais 5% do turismo mundial (Ventura, 2011).
Um dos maiores problemas do turismo na natureza prende-se com a sua própria definição, já que
até à data ainda não houve nenhuma estabilização em relação ao conceito (Hall, 2006; Lang e
O'leary, 1997; Lopes, 2013; Silva, 2013; Valentine, 1992). No levantamento das principais
referências sobre o turismo na natureza, Silva (2013) chega à conclusão que existem diversas
definições deste produto, com níveis de abrangência distintas (Quadro 2).
Quadro 2| Definições de turismo na natureza (F. Silva, 2013)
Graburn (1983) O turismo na natureza é o turismo praticado em áreas predominantemente naturais, podendo ser dividido em turismo ecológico e ambiental.
Lucas (1984 op. cit. Valentine, 1992: 108)
Turismo na natureza é o turismo que é baseado na apreciação de áreas naturais e na observação da natureza e tem um baixo impacte ambiental.
Laarman e Durst (1987 op. cit. Mehmetoglu, 2007: 651)
Turismo na natureza é um tipo de atividade turística que contém três elementos específicos: educação, animação e aventura.
Valentine (1992: 108) Turismo na natureza está principalmente associado à fruição direta de algum fenómeno da natureza relativamente intacto
Lang e O’Leary (1997) Os turistas com base na natureza são os que viajam para áreas ou destinos naturais
Turismo de Portugal e ICNF (Decreto-lei n.º 47/99, de 16 de
fevereiro; Decreto-lei n.º 108/2009, de 15 de maio)
Turismo de natureza é o produto turístico composto por estabelecimentos, atividades e serviços de alojamento e animação turística e ambiental realizados e prestados em zonas integradas na rede nacional de áreas protegidas, ou noutras áreas com valores naturais, desde que sejam reconhecidas como tal pelo ICNB [atual ICNF].
Mckercher (2002: 17) O turismo na natureza engloba o ecoturismo, turismo de aventura, turismo educacional e uma profusão de outros tipos de experiências proporcionadas pelo turismo ao ar livre e alternativo.
Macouin e Pierre (2003: 1) Turismo de natureza é a forma de turismo em que a motivação principal é a observação e interpretação da natureza.
Tourism Victoria (2008: 10) Turismo na natureza é qualquer tipo de turismo que se baseie em experiências diretamente relacionadas com atrativos naturais.
Fredman et al. (2009, pp. 24-25) Turismo na natureza são as atividades humanas decorrentes da visitação de áreas naturais em lugares diferentes do ambiente habitual dos visitantes.
Bryden et al. (2010: 2) Turismo na natureza na Escócia é considerado todo aquele que implica pernoita relacionada, no todo ou em parte, ao património natural da Escócia.
Agroturismo e Turismo na Natureza nos Açores: Estudo aplicado à Quinta da Grotinha | Turismo em Espaço Rural
-39-
O desenvolvimento deste setor do turismo pressupõe a contínua perceção e cuidado no
desenvolvimento de ferramentas que potenciem a melhoria das atividades, para que estas se
apresentem harmoniosamente desenvolvidas em todas as dimensões que as constituem.
As dimensões que este setor do turismo responsável apoia e desenvolve são por isso as mesmas
do turismo sustentável, visto que não pode haver um correto desenvolvimento se este não tiver
presente a dimensão económica, sociocultural e ambiental.
Assim todos os agentes envolvidos e que utilizam e desenvolvem esta franja de turismo devem
ter bem presente, inerentes a si e aos seus negócios, quais as medidas operacionais e as ações a
desenvolver para que este tipo de turismo seja respeitado e defendido, de forma a que a sua
sustentabilidade, a longo prazo, não seja comprometida. Desta forma estaremos a estimular
aspetos relacionados com os benefícios da atividade, seguindo uma lógica de escolha dos
melhores locais para as pessoas que os visitam, mas também para as que lá residem próximo
(DEAT, 2002; ICRT & GTA, 2006; TRTP, 2002).
A filosofia deste turismo carateriza-se pelo desenvolvimento de uma atividade que visa mitigar o
impacto dos aspetos negativos e maximizar os positivos, a nível ambiental, social, cultural e
económico, através do envolvimento da população local (Lopes, 2013).
Esta, ao ser envolvida e estimulada para os benefícios de um desenvolvimento multidimensional
nas suas comunidades, contribuirá de forma motivada para a conservação da natureza e para o
seu melhoramento no acesso a todo o tipo de pessoas, com maior ou menor dinâmica de
mobilidade, através de uma componente operacional. Sem este envolvimento da comunidade
local não poderá existir sustentabilidade do turismo e das zonas que se pretendem proteger.
Graças a este benéfico caminho para o desenvolvimento que foi gerado pelo turismo sustentável,
onde se insere o turismo alternativo e a sua componente turismo na natureza agora em estudo,
acreditamos que o caminho para o sucesso está descoberto, visto que nenhuma das dimensões é
posta em causa (sociais, culturais, económicas, tecnológicas, ambientais e institucionais) como
referem vários autores (Balmford, 2009; Buhalis e Costa, 2006; Lopes, 2013; Rantala, 2011; Silva,
2013), que apresentam também o que levou a que o produto turístico tenda a evidenciar cada vez
mais:
Difusão e divulgação através dos novos sistemas de informação;
Desenvolvimento da indústria dos transportes;
Consciencialização e aposta na preservação ambiental;
As alterações dos padrões de trabalho e dos paradigmas do lazer;
Vitório Fidalgo | ESHTE – Mestrado em Turismo
-40-
A aproximação da natureza;
Aumento da importância da prática da atividade física na natureza;
Proteção e valorização do património e dos destinos.
Estas sinergias geradas contribuíram também para o desenvolvimento de um movimento
ambientalista que realça a importância da preservação de recursos naturais e culturais tão
importantes para a oferta turística como a água, praias, neve, florestas, paisagens, grutas, fauna,
geologia e flora, assim como as atividades socioculturais representativas das populações dos locais
visitados.
Desta forma, devemos olhar para o turismo na natureza como um produto estratégico no
contexto do desenvolvimento sustentável, visto que ele, por si só, motiva o setor privado a
financiar e injetar recursos que irão contribuir para o desenvolvimento económico nacional e
local, ao mesmo tempo que promove uma utilização mais sustentável do uso do solo, ajudando e
criando iniciativas de conservação da biodiversidade como são exemplos os diferentes projetos
que têm vindo a ser lançados, como o Project Aware da PADI e Clean up the World, entre
outros (Lopes, 2013; PADI, 1993; Wells, 1997; World, 1993).
Esta nova mentalidade permite-nos sentir a criação de riqueza associada à produção humana de
um bem ou serviço, mas também assente na natureza como um meio para o seu
desenvolvimento.
O turismo na natureza encontra-se no meio deste mundo natural e olha para ele como uma
ferramenta com capacidade para gerar muitos serviços, tornando as áreas “selvagens” do planeta
num dos últimos refúgios para fugir ao stress civilizacional.
Propostas como o prazer de estar na natureza, conjugadas com atividades de observação externa
como a observação de aves, escalada, pesca, caça, BTT, e o surf, certamente encontrarão clientes
que estejam dispostos a pagar um bom preço para experienciar estas sensações e emoções num
dos seus possíveis santuários naturais (Ventura, 2011; Wells, 1997).
Para que esta forma de turismo resulte é necessário que a dimensão institucional funcione, de
forma a que consigam criar-se mecanismos e dinâmicas que promovam adequada coordenação a
vários níveis, desde local, regional, nacional e internacional, bem como acorrer às necessidades
que são sentidas no terreno relacionadas com quem está a trabalhar na prática e a nível legislativo
e de equipamentos (Lopes, 2013).
A maioria das empresas de turismo na natureza são estruturas localizadas em pequenas regiões
rurais ou naturais, onde se encontram os verdadeiros elos de ligação entre os turistas que
Agroturismo e Turismo na Natureza nos Açores: Estudo aplicado à Quinta da Grotinha | Turismo em Espaço Rural
-41-
procuram a natureza e os territórios e onde irão ser desenvolvidos os produtos turísticos que irão
consistir na sua oferta.(Fredman e Tyrväinen, 2010; Silva, 2013)
Normalmente estas empresas encontram-se desenvolvidas a uma pequena escala, muitas vezes
sujeita a acentuada sazonalidade da procura, para além da necessidade de criação de relações com
os proprietários de terrenos, com as entidades gestoras das áreas protegidas, com outros
utilizadores dos recursos ou com organizações de proteção ambiental.
Caso a ligação deste turismo seja voltada à comunidade, certamente que muitas das ligações e
autorizações aqui levantadas serão certamente mais fáceis de conseguir. Para isso existe a
necessidade de haver um envolvimento da empresa na comunidade local e provavelmente o
desenvolvimento de comportamentos simbióticos com o poder local da zona em que se insere,
para que, tendo em consideração as tradições e culturas locais, seja possível potenciar a criação de
um projeto privado construído com base numa iniciativa local acarinhada por toda a população.
Daqui podemos concluir que o turismo e, em particular, a sua vertente turismo na natureza,
representa uma atividade extremamente complexa, que envolve inúmeras áreas de atuação,
levando a que muitas vezes a imprecisão do termo não ajude sobremaneira à tarefa de definição
deste segmento turístico.
No entender de Deng, Turismo de Portugal e Ventura(2002; 2006; 2011), o mais importante a
reter é que não existe forma de turismo na natureza apta a tornar-se sustentável se houver
ausência de um planeamento forte e de envolvência local, acompanhado de uma monitorização
consistente, com avaliação e gestão adequadas.
O turismo na natureza só poderá ser sustentável se os comportamentos dos gestores dos
destinos, stakeholders e turistas for responsável, em termos éticos, ambientais e económicos, por
aquilo que se pretende vender, desenvolver e aplicar no terreno. Só a partir dai poderá consumar-
se o investimento de um país neste setor de turismo (Lopes, 2013).
2.6 Animação turística
O espaço natural é considerado por muitos como o cenário ideal para a prática de desportos de
natureza. Estando na maioria das vezes ligado a turismo na natureza podemos dizer que as zonas,
onde estes irão ter lugar, serão de tipo rural ou em áreas protegidas (Cale, 2012). Estas atividades
hoje consideradas de lazer assumem-se como um setor potencial no desenvolvimento do turismo
(Melo, 2009).
Vitório Fidalgo | ESHTE – Mestrado em Turismo
-42-
Desta forma, encaramos a animação turística como o veículo e suporte para a sustentabilidade do
mesmo, caraterizando a sua atividade pelos seguintes aspetos(Santos e Cabral, 2005):
Ocupação dos tempos livres dos turistas;
Integração dessas atividades com outros recursos das áreas protegidas;
Contribuição para a divulgação e proteção dos recursos locais;
Recurso às infraestruturas e aos serviços existentes no âmbito do turismo
na natureza.
As alterações na forma de ver o turismo e o lazer contribuíram para que a criação de novos
produtos turísticos tivesse lugar em diferentes destinos. Dessa forma foi imperioso que estes se
organizassem e estruturassem, com o objetivo de oferecer serviços mais direcionados para as
expetativas e necessidades desta nova corrente de turistas.
Já que a valorização destes produtos a nível de mercado mundial tem vindo a crescer, aspetos
relacionados com a animação e experiência ambiental, desportiva ou cultural dos visitantes,
seriam um vetor importante para a angariação e fidelização de clientes (Almeida e Silva, 2009:
309).
Encarando estes novos territórios e produtos como as novas atrações turísticas deve haver por
isso um grande investimento neles, sem nunca descurar o futuro da criação de novos produtos
turísticos, visto que é este constante alimentar de novas atrações que vai possibilitar a
sustentabilidade deste setor de negócios (Naidoo et al., 2011: 88). Como evidencia Lopes (2013) a
criação e desenvolvimento destas novas atrações turísticas são observados como fundamentais na
angariação de turistas e de visitantes. Estas lufadas de ar fresco funcionam com catalisadores do
turismo para as diferentes regiões. A ausência destas novas atrações colocaria o turismo face a
uma sua irremediável extinção.
Desta forma e, apesar das marcas identitárias de um destino e a sua singularidade serem uma
mais-valia para captar turistas e recursos, não devemos nunca olhar para elas com estruturas
estagnadas a nível da oferta. Os agentes e organizações que lá estão inseridos devem construir
novas atrações sem que nenhum dos parâmetros da sustentabilidade seja posto em causa. Caso
isso não aconteça certamente iremos assistir a uma diminuição progressiva da procura e como
consequência também a um esvaziamento desse destino (Lopes, 2013; Oliveira, 2013).
Daí que tenha que existir um constante investimento por parte das entidades prestadoras de
serviços de animação turística e dos setores público e privado em infraestruturas, de forma a
Agroturismo e Turismo na Natureza nos Açores: Estudo aplicado à Quinta da Grotinha | Turismo em Espaço Rural
-43-
marcarem a diferença a nível do mercado da oferta turística, apresentando-se com um elevado
nível de atratividade perante regiões em que a oferta se encontra já bem cimentada.
Este equilíbrio é por isso essencial no desenvolvimento turístico, visto que irá obrigar áreas com
produtos já bastante amadurecidos a desenvolverem mecanismos de renovação e
desenvolvimento de novos tipos de produtos turísticos, bem como na introdução de produtos
que tragam novos públicos e que sejam capazes de combater a sazonalidade típica deste setor
(Cale, 2012).
A aposta em equipamentos específicos para o turismo na natureza é essencial para o
desenvolvimento do setor, evitando “o erro de confiar quase exclusivamente no valor intrínseco
da atração dos seus recursos naturais, baseado na sua beleza, singularidade, etc., para atrair
visitantes, descurando a criação de condições necessárias para que, nesses recursos naturais, o
visitante possa viver experiências inesquecíveis”(THR, 2006: 37).
Como temos tido a oportunidade de constatar o setor da animação turística apresenta-se como
um dos elementos fundamentais e essenciais para a criação e valorização das experiências
turísticas, sendo o elemento que complementa e apoia a correta implementação da oferta turística
(Cale, 2012; Lopes, 2013).
Em Portugal, segundo o decreto-lei n.º 108/2009, de 15 de maio, alterado pelo decreto-lei n.º
95/2013, de 19 de julho, consideram-se “atividades próprias das empresas de animação turística,
a organização e a venda de atividades recreativas, desportivas ou culturais, em meio natural ou em
instalações fixas destinadas ao efeito, de carácter lúdico e com interesse turístico para a região em
que se desenvolvam”, onde podem ser praticadas algumas atividades, serviços e instalações de
animação.
Respeitando-se as disposições legais e regulamentares em matéria de ambiente, previstas na lei, irá
também contribuir-se para a preservação do ambiente, tendo sempre em vista a maximização da
utilização dos recursos, de forma a minimizar a produção de ruído, resíduos, emissões para a água
e para a atmosfera, assim como dos impactos no património natural.
Tendo em linha de conta o que foi referido anteriormente, a obtenção de certificação para se
poderem desenvolver atividades na rede de áreas protegidas ficará certamente mais simplificada.
Desta forma, e reforçando o que foi dito, ao abrigo do decreto-lei n.º 95/2013, de 19 de julho,
para que se possam desenvolver atividades em áreas protegidas ou que detenham um estatuto
especial devido à existência de valores naturais, as entidades interessadas deverão requerer, junto
do Instituto de Conservação da Natureza e Florestas (ICNF), a atribuição de certificação que lhes
Vitório Fidalgo | ESHTE – Mestrado em Turismo
-44-
permita desenvolver neste tipo de territórios as referidas atividades, como podemos constatar
pela presente afirmação encontrada junto do próprio ICNF: “o reconhecimento das atividades de
animação turística e/ou marítimo-turísticas como Turismo de Natureza é obrigatório no
território abrangido pela Rede Nacional de Áreas Protegidas e opcional fora deste espaço.”
O setor da animação turística está assim fortemente associado ao turismo na natureza, que
encontra no desporto de aventura o seu maior suporte para a sua colocação em prática (Burnay,
2006).
O acesso às áreas protegidas é que continua por definir em concreto, o que gera graves
preocupações. Essa dificuldade, aparentemente difícil de transpor, não se prende com a falta de
legislação, antes com a ausência de fiscalização e de capacidade de resposta de que os setores
públicos dão mostras para definirem, com exatidão, a capacidade de carga dessa rede nacional de
áreas protegidas.
Mais do que o respeito pelo código de conduta expresso na Portaria n.º 651/2009, de 12 de
junho, que obriga a um cumprimento integral de um conjunto de normativos assentes na
responsabilidade empresarial e com boas práticas ambientais no âmbito do exercício da sua
atividade, a definição da capacidade de carga turística revela-se primordial.
Segundo a OMT a capacidade de carga turística pode ser entendida como “o número máximo de
pessoas que uma determinada área pode suportar, sem que haja alteração no meio físico, sem
reduzir a satisfação dos visitantes e sem que se produzam efeitos adversos sobre a comunidade
recetora, a economia ou cultura local.”(UNWTO, 2014a). Por sua vez, Oliveira (2013: 25) reforça
a ideia ao afirmar que
o desenvolvimento turístico deverá comprometer-se a utilizar os recursos naturais disponíveis de forma cuidada e
equilibrada e deverá ter em conta a sensibilidade dos mesmos. A partir do momento em que as características dos
recursos naturais são afetadas e a capacidade de carga do local for atingida, irá verificar-se uma degradação dos
recursos utilizados e uma perda da qualidade do produto turístico e da sua experiência turística. Como consequência
da perda de qualidade, irá existir uma diminuição dos níveis de satisfação dos turistas e um declínio nos mercados
turísticos.
Só serão possíveis de antecipar os níveis de saturação dos locais turísticos, se forem
desenvolvidas e aplicadas estratégias de gestão apropriadas (Oliveira, 2013; UNWTO, 2005). O
turismo na natureza, animação turística e o turismo de aventura, são assim três segmentos
extremamente exigentes, tanto a nível das competências técnicas, associadas à prática das
diferentes modalidades e ao socorro, como na inúmera diversidade de saberes teóricos e teórico-
práticos em áreas tão díspares como turismo, ambiente, gestão e dinâmica de grupos,
planeamento, línguas, etc. (Silva, 2013).
Agroturismo e Turismo na Natureza nos Açores: Estudo aplicado à Quinta da Grotinha | Turismo em Espaço Rural
-45-
Para que todos estes saberes se juntem para a constituição de uma empresa que pretenda
dinamizar estas atividades, torna-se necessário que exista uma reformulação da regulamentação
no setor, visto que a formação e qualificação destes técnicos de animação turística continuam a
ser ignoradas pelas entidades legisladoras, como podemos verificar na nova legislação que vem
substituir o decreto-lei n.º 108/2009, de 15 de maio: 3035. Não se encontra qualquer referência
aos técnicos deste setor.
Enquanto este reconhecimento e importância não forem assumidos, pelo organismo legislador,
não conseguirá assegurar-se um modelo de formação adequado e eficaz.Silva (2013) indica ainda
que “importa atuar no imediato, definindo padrões de prática e competências mínimas dos
técnicos, incentivando mecanismos de formação voluntária, o respeito e a difusão das boas
práticas”.
Caso Portugal não venha a encarar, em concreto, esta lacuna como primordial pensamos que
falar em turismo sustentável será apenas um mero chavão utilizado para vender mais, visto que a
formação de técnicos capazes de desenvolver todo um conjunto de práticas, de que já aqui
falámos no capítulo referente a turismo sustentável, estará posta em causa.
Silva (2013) evidencia ainda na sua tese de doutoramento um conjunto de documentos técnicos e
estudos como “O turismo em Portugal – evolução das qualificações e diagnóstico das
necessidades de formação” (IQF, 2005) e o “Plano Estratégico Nacional do Turismo” (MEE,
2013), onde é referida a falta de experiência e de know-how como uma das principais lacunas na
área do turismo na natureza e de aventura. Paradoxalmente, como refere o autor, o próprio
governo português, apesar de não desenvolver trabalho significativo nesta área, que venha dar
resposta às necessidades identificadas, reconhece como prioridade para o desenvolvimento do
produto turismo de natureza em Portugal, para o horizonte 2015, “melhorar as condições de
visitação dos recursos e a formação dos recursos humanos (MEE, 2013: 50; Ministério da
Economia e do Emprego, 2013)”.
As incongruências em torno da identificação das necessidades versus ação são também patentes na
gestão turística de diversas regiões, como é o caso da Região Autónoma dos Açores, onde, a
propósito do turismo na natureza, a maior parte dos especialistas da área fala dela como sendo a
região onde o principal enfoque deveria centrar-se no desenvolvimento de produtos com ele
relacionados.
Acontece que depois a aposta tem sido essencialmente direcionada para o touring, o turismo na
natureza especialmente na modalidade soft, assim como para produtos de turismo de saúde e
Vitório Fidalgo | ESHTE – Mestrado em Turismo
-46-
bem-estar, sem dar a atenção devida a muitos outros nichos e segmentos do turismo na natureza
(Silva, 2013).
No entanto, apesar de ter sido grande, nos últimos anos, o crescimento do número de empresas
de animação turística, ainda se encontra fora da sua alçada uma grande parte dos praticantes de
desportos na natureza que não recorreram aos serviços disponibilizados por elas. Como
resultado, estes veem-se forçados a atuar de forma autónoma ou através de atividades
organizadas por clubes e associações (Silva, 2008). Contudo, como estamos perante um setor de
eleição, é de acreditar que a situação possa alterar-se, no futuro, pois existem ainda muitos
possíveis clientes para captar, o que permitirá ainda retirar muitos dividendos, que sejam
apelativos para empresas e praticantes (Melo, 2009).
O desenvolvimento e aplicação da atividade de turismo na natureza, que se encontra diretamente
relacionada com a área da animação turística, está igualmente dependente de outros fatores, casos
da legislação e regulamentação do setor (Anexo II).
2.7 Mercados e tendências da procura no turismo
2.7.1 Tendências e procura no turismo
No seu relatório de 2012, o panorama apresentado para o turismo pela UNWTO é algo de
excecional, visto que nesse ano as economias emergentes revelaram um crescimento de 5%,
quando comparadas com as economias mais avançadas, que, por sua vez, apenas registaram um
crescimento de 4% (UNWTO, 2012). Além disso, a Europa continuou a apresentar-se como o
destino mais visitado no mundo, deixando os seus mais fortes concorrentes a cerca de três
pontos percentuais.
Outros indicadores positivos deste panorama geral estão nas receitas do turismo internacional,
que batem um novo recorde, em 2012, ao atingirem o montante de um bilião de dólares
(aumento de 4% em relação a 2011) e apresentando um crescimento estimado de 3 a 4% em
2013.
Agroturismo e Turismo na Natureza nos Açores: Estudo aplicado à Quinta da Grotinha | Turismo em Espaço Rural
-47-
Figura 4| Previsões do turismo para 2020 (UNWTO, 2014c)
A UNWTO (2014c), tendo sempre o futuro do turismo em mira, apresenta as seguintes previsões
de crescimento, a longo prazo, com 2030 como meta em vista:
Estima que o turismo internacional chegue a 1,4 biliões de dólares, em 2020, e 1,8 biliões
em 2030;
Mais de 5 milhões de pessoas atravessarão as fronteiras internacionais para realizarem
uma viagem de lazer, negócios ou com outras propostas;
Em 2015 espera-se que as economias emergentes recebam mais turistas internacionais do
que as economias avançadas;
Viagens com a intenção de visitar a família, por motivos de saúde ou envolvendo
propósitos de crença ou de religião, entre outros, terão um crescimento mais rápido do
que as viagens, onde o objetivo principal serão o lazer ou os negócios.
Aliás, uma das principais preocupações da UNWTO aponta para o turismo sustentável como
caminho para o desenvolvimento a longo prazo. Ora, tendo em conta que a resolução de
Milestone reconhece o ecoturismo como a chave e o instrumento para o desenvolvimento e
crescimento em diferentes áreas, a UNWTO apresenta algumas recomendações, tais como:
Planos Nacionais de Turismo de acordo com as necessidades de mercado e como forma
de apresentar vantagens competitivas;
Os incentivos governamentais como forma de promoção do ecoturismo.
Visto que o caminho a escolher deve ser o do turismo sustentável, iremos portanto excluir uma
abordagem direcionada para o turismo de massas, demasiado economicista e que deixa para trás
questões tão importantes como os impactos ambientais e socioculturais sobre o destino.
Vitório Fidalgo | ESHTE – Mestrado em Turismo
-48-
Como temos afirmado, ao longo deste trabalho, o mundo do turismo tem vindo a registar
constantes mutações, daí que o turismo de massas não corresponda aos objetivos do seu
crescimento presente, face aos aspetos negativos que encerra, pelo que tende a cair em desuso,
em detrimento de um turismo alternativo emergente.
Mendonça (2002: 4) reforça a ideia ao dizer que: “no princípio, a indústria oferecia apenas o
turismo em massa. Em função de vários problemas decorrentes dessa modalidade, como custos
de congestionamentos, limites sociais e destruição ambiental, surgiu um turismo alternativo em
contraposição ao primeiro.”
Desta forma, o turismo alternativo carateriza-se por possibilitar experiências pessoais, sociais e
culturais autênticas, num território virgem e preservado, capaz de mostrar e ao mesmo tempo
acautelar as suas verdadeiras marcas identitárias como caminho para o seu sucesso, a longo prazo.
Esta nova tendência vai ao encontro do que é referenciado no relatório (WTTR, 2012), onde o
consumidor pretende beneficiar de mais e melhores experiências, sentidas como autênticas e
únicas nas suas viagens, numa palavra, é isto que o novo turista procura nestes novos destinos.
No seu relatório sobre Green Economy (Economia Verde) para o turismo, publicado em 2011, a
(UNEP, 2011) destaca exatamente esta preocupação, apontando como garantia de futuro que o
investimento no turismo sustentável tenha a capacidade de funcionar como catalisador, potencie
o crescimento e fortalecimento das estruturas locais, faça com que a economia se fortifique,
gerando com isso a capacidade de criação de mais emprego.
Todos estes propósitos têm sempre, como linha de horizonte a atingir, a proteção e preservação
cultural e ambiental, com enfoque na sustentabilidade do turismo apoiada nas três vertentes base
do turismo sustentável em que o desenvolvimento é visto, ou seja, apoiando as estruturas
económicas, sócio-culturais e ambientais.
É assim que estas mudanças de paradigma, estas novas tendências, dão lugar à criação de novos
produtos que visam abranger este novo mercado, que se fortifica a cada dia que passa e que,
alicerçado no turismo alternativo, encontra no ecoturismo, turismo em espaço rural, agroturismo
e na parceria com o turismo na natureza, o caminho favorável para a sua implementação e
crescimento. A preparação destes novos produtos/oferta pressupõe obrigatoriamente
componentes materiais (produtos, serviços e eventos) e imateriais (a imagem e a marca).
Estes novos destinos emergentes, para atraírem recursos externos, irão precisar de oferecer
condições que se adequem aos desejos e particularidades específicas de cada um e de tratar da sua
própria imagem de marca.
Agroturismo e Turismo na Natureza nos Açores: Estudo aplicado à Quinta da Grotinha | Turismo em Espaço Rural
-49-
Este aspeto é talvez umas das peças mais decisivas do sucesso de qualquer destino, visto que as
informações, impressões, ideias e crenças, que formos criando em seu redor, serão o alimento
para o seu fortalecimento no futuro.
Neste momento torna-se necessário compreender a tendência do mercado para a procura do
turismo na natureza, nos planos nacional e mundial. De acordo com o que é referido pelo
relatório (TP, 2006) este setor do turismo apresenta-se como uma aposta que vale cerca de 22
milhões de viagens, de uma ou mais noites de duração, na Europa, o que constitui
aproximadamente 9% do total das viagens de lazer realizadas pelos europeus.
De referir também que, através da análise de dados apresentados no mesmo relatório, mas
utilizando como fonte de informação o ATHR, as viagens de turismo na natureza apresentaram
um crescimento situado em 7% ao ano, entre 1997 e 2004.
Podemos assim dizer que este setor de aventura apresenta um crescimento rápido (Balmford,
2009) através dos dados anteriormente apresentados, em que os turistas veem nas novas
experiências uma forma de ajudar e proteger as comunidades locais e o ambiente.
É assim que Chris Doyle, Diretor Executivo da Europe US-Based Global Adventure Travel
Trade Association afirma no relatório da (WTTR, 2012: 21) que “ o mercado da aventura é maior
do que muitas pessoas acreditam, apresenta um volume de negócios estimado em 89 biliões de
dólares, o que representa uma taxa de crescimento de 17% .”
Desta forma, dando expressão a estas novas tendências do turismo, que o fazem evoluir de um
turismo de massas para um turismo alternativo, assente na valorização fundamental da
componente natureza, no turismo sustentável, pensamos que a aposta em ofertas inovadoras e
capazes de motivarem a circulação de turistas, ao longo de todo o ano, constituirá a chave e o
segredo para o sucesso deste mercado tão promissor.
2.8 O novo turista
A questão aqui proposta como área de reflexão prende-se com a emergência de um novo
mercado de procura turística, que se pretende afastar das conexões com o rotulado turismo de
massas.
Antes de enveredarmos pela descoberta do que é que estes novos turistas procuram, acreditam e
o que os motiva, torna-se imperioso levantarmos aqui um conjunto de perguntas que nos
permitam analisar melhor os conceitos até aqui abordados.
Vitório Fidalgo | ESHTE – Mestrado em Turismo
-50-
Assim, será que se poderá afirmar que o turismo de massas é sustentável? Ou será possível que o
turismo sustentável possa ser massificado?
São duas perguntas que apesar de simples envolvem conceitos que hoje se querem distantes, mas
que acabam por necessitar de adequada convergência para que a sustentabilidade de ambos possa
existir.
Se por um lado os operadores necessitam de uma estrutura económica que os alimente, por outro
lado não querem deixar de fornecer um produto genuíno, personalizado e respeitador das três
dimensões principais para o garante da sustentabilidade, sendo elas a dimensão económica,
sócio/cultural e ambiental, caraterísticas essas do turismo sustentável.
Já da parte do turismo de massas a quantidade de turistas é o que interessa, mas por outro a perda
da sua singularidade como local e como região leva a que, a curto/médio prazo, os turistas
percam interesse pelo destino em causa e deixem de o visitar tantas vezes.
Desta forma, afigura-se fundamental o respeito pelos principais padrões de qualidade ambiental e
cultural, o reconhecimento e promoção da identidade cultural dos destinos, a preservação das
estruturas ecológicas fundamentais, a infraestruturação adequada e eficiente, a disponibilização de
serviços eficazes. É aqui que o turismo sustentável se afasta do turismo de massas.
Perante duas visões diferentes de como fazer turismo importa criar regulamentação adequada,
que não os destrua, antes os complete, ou seja, respeitando embora os seguidores do turismo de
massas, que se garanta ao turismo sustentável condições para se afirmar com as suas caraterísticas
próprias.
Se para cada destino e para cada local for definida uma correspondente capacidade de carga,
certamente que se conseguirá ir ao encontro dessa oferta sem comprometer a integridade da sua
dimensão sócio/cultural, ambiental e económica. É para isso que devemos trabalhar, ao mesmo
tempo que importa legislar, como se disse, para que esse anseio se torne em realidade.
É assim que esta noção de turismo sustentável conduz ao aparecimento de uma nova classe de
turistas, que assim procura novos mercados, abandonando os atualmente banalizados por todos,
em busca de outras experiências que lhes possibilitem um contato mais direto com as realidades e
vivências dos locais que visitam, associadas ao respeito por uma conduta de proteção e
preservação do meio ambiente.
É esta a relação que existe entre estes novos turistas e o conceito de turismo sustentável, que tem
sido alvo de aturada análise por diversos especialistas à procura da forma de como os designar
melhor e que os afastam do chamado turismo de massas.
Agroturismo e Turismo na Natureza nos Açores: Estudo aplicado à Quinta da Grotinha | Turismo em Espaço Rural
-51-
Alguns apontam-nos como “consumidores verdes”, mas, em geral, os dois nomes mais utilizados
são os de “novo turista” ou “turista verde” (Lima e Partidário, 2002).
Esta discussão remonta já aos princípios da década de 90, já que as suas referências começaram a
aparecer, desde então, através de alguns autores como (Batista, 2010; Boniface e Cooper, 2001;
Swarbrooke, 1999; Webster, 2000).
Como resultado da crescente tomada de consciência dos consumidores pelas questões
relacionadas com a importância e preservação ambientais e da alteração do paradigma social
apoiado em ideologias “verdes”, o chamado “novo turista” encontra na criação de pequenos
grupos de viagem uma solução para a satisfação das suas motivações, desse modo conseguindo
distanciação face aos “turistas de massas”.
O seu grau de influência sobre os mercados que procuram incessantemente turistas, leva a que
estes modifiquem o sentido das suas apostas, criando novos produtos, de forma a captarem os
turistas pertencentes a este novo segmento de mercado, que se mostra altamente promissor para
as próximas décadas e alternativo ao turismo de massas (WTTR, 2012).
Esta revolução turística põe em marcha a necessidade de se compreenderem as caraterísticas
desta nova procura turística. Desta forma torna-se necessário diferenciar os diferentes tipos de
turistas quanto ao seu perfil psicográfico, para o que irei basear-me em Gazoni (2006) e em Plog
(1998):
Quadro 3| Perfil Psicográfico dos turistas (Gazoni, 2006; Plog, 1998)
Perfil Psicográfico Caraterísticas
Alocêntricos
Procuram contextos diferentes do seu ambiente e cultura;
Procuram destinos exóticos;
Têm maior poder económico;
São denominados de aventureiros;
Requerem poucas infraestruturas turísticas;
São autoconfiantes;
Preferem grupos pequenos;
São intelectualmente curiosos;
Procuram lugares únicos;
São incansáveis na procura de novos destinos.
Mesocêntricos
Procuram os locais da moda;
Procuram satisfação;
Diversão é a sua maior motivação;
Os locais para onde se deslocam são caraterizados pelo elevado número de pessoas;
Não dispensam boas infraestruturas turísticas;
Viajam em grandes grupos;
A sua capacidade monetária é média;
São eles os responsáveis pela massificação do turismo nos diferentes destinos.
Psicocêntricos Procura de ambientes familiares;
Vitório Fidalgo | ESHTE – Mestrado em Turismo
-52-
Elevada necessidade de infraestruturas turísticas;
Procuram sempre os mesmos locais.
A partir dos perfis apresentados no quadro acima, o “novo turista” – segundo Weaver &
Oppermann (2000 cit. por Lima e Partidário, 2002: 9) – coincide com o turista alocêntrico.
Boniface (2001: 20) enfatiza que as suas caraterísticas de flexibilidade, como conhecedor e
pesquisador de qualidade nos destinos, fazem dele um reflexo da mudança do estilo de vida
operado pela sociedade.
O comportamento dos consumidores mudou o mercado, que assim está, por assim dizer, mais
verde, mais consciente dos limites do nosso planeta e em que o turismo faz parte de uma
dinâmica social, que – como ele – se torna um reflexo dessa mudança.
Como defendem os diferentes autores aqui apresentados, esta máquina global mostra-se em todo
o lado a partir do momento em que é aplicada a política dos 3R’s (Reduzir, Reutilizar e Reciclar)
em toda a máquina turística. A adoção destas práticas ambientalmente responsáveis, a introdução
de códigos de conduta e a implementação de programas como o Green Globe, Projet Awar,
Clean Up the World, colocam estes turistas mais em sintonia com os movimentos ambientalistas.
Assim, segundo (Webster, 2000: 176), este tipo de turista tenderá a não procurar produtos que:
Ponham em risco a saúde do consumidor ou de outros;
Degradem o ambiente;
Sejam despesistas em relação à quantidade de energia que utilizam;
Utilizem materiais não sustentáveis e desrespeitadores dos Direitos dos Animais e
Humanos;
Onde não se vejam meios para atingir os fins, mesmo que isso implique prejudicar outros
países ou mercados.
Se olharmos para os diferentes mercados, através de Lima (2002), verificamos que os alemães,
estando ou não dispostos a pagar mais pelo ambiente, são exemplos dos que pugnam por
requisitos de qualidade ambiental no desenvolvimento da atividade turística.
Já Swarbrooke (1999: 205) indica que os turistas britânicos, de uma forma geral, são menos
sensíveis às questões relacionadas com o ambiente.
Parafraseando Maison de la France (1998 cit. por Lima e Partidário, 2002) existe uma diferença
clara entre povos escandinavos e germânicos (Dinamarca, Suécia, Alemanha, Suiça, Áustria,…), e
anglófonos (Reino Unido, Estados Unidos, Canadá, Austrália, ...).
Agroturismo e Turismo na Natureza nos Açores: Estudo aplicado à Quinta da Grotinha | Turismo em Espaço Rural
-53-
Os primeiros povos – escandinavos e germânicos – revelam preocupações ambientais muitas
vezes determinantes para a sua mudança de hábitos, já que reconhecem que existe uma
necessidade de preservação e proteção ambientais.
Em contraponto, a sensibilidade ambiental é menos efetiva nos povos anglófonos, o que os
coloca num patamar mais abaixo do grupo dos países do sul da Europa, para quem essas
preocupações são prioridades a cumprir (Lima e Partidário, 2002).
Se queremos então captar o “novo turista” devemos ter em consideração, e de acordo com
Batista (2010: 53), os seguintes fatores:
Diversidade dos recursos naturais - ecossistemas, flora e fauna;
Existência de Áreas Protegidas;
Respeito pelas condutas de proteção e preservação da natureza;
Boas acessibilidades;
Limpeza e conservação das zonas envolventes.
Estas modificações nas estruturas turísticas revestem-se de grande importância, dado que,
segundo Weaver & Oppermann (2000 cit. por Lima e Partidário, 2002: 23), o crescimento deste
novo mercado apresenta-se com enorme rentabilidade e sustentabilidade, a longo prazo, mas que
antecipadamente pode começar a ser trabalhado, no curto prazo, desde que tudo se faça para o
aprofundar no sentido de mais e melhor turismo (WTTR, 2012).
Agroturismo e Turismo na Natureza nos Açores: Estudo aplicado à Quinta da Grotinha | Marketing e Mercados
-55-
3 MARKETING E MERCADOS
Já não basta simplesmente satisfazer clientes. É preciso encantá-los.
Kotler (2000 cit. por Kotler, 2006)
3.1 A importância do marketing
O mundo do turismo, cada vez mais global em oferta e em procura, exige que todas as empresas
turísticas, independentemente da sua dimensão, devam estar estruturadas e concebidas a partir
das novas realidades existentes neste mercado, onde os consumidores têm uma visão
crescentemente pluridimensional e onde são eles também que ditam as regras e as necessidades
sentidas nos diferentes mercados (Abreu e Costa, 2000; Pimentel, 2013; Santos, 2011).
Assim, as empresas de turismo olham para as férias, short breaks, eventos, turismo de negócios,
religioso, saúde e bem-estar, como tendências que lhes permitem criar ofertas de acordo com os
interesses dos turistas e tentando cada vez mais personalizar o produto oferecido. Estas
exigências obrigam a uma planificação mais inovadora e cuidada, assim como a uma nova atitude
no marketing turístico com vista ao alcance das expetativas deste novo turista.
O mercado hoje é extremamente competitivo levando a que as empresas encontrem no
marketing a base que lhes irá permitir assumir e ter uma atitude competitiva, que não é mais do
que a afirmação dessa empresa ou organização pela sua capacidade de gerar produtos
internamente, que tenham a capacidade de competir com outros similares, desenvolvidos no
exterior e pela concorrência (Kotler, 2006).
Por isso, torna-se importante definir o conceito de marketing como elemento chave que irá
ajudar as empresas a assumirem e a demonstrarem o seu papel competitivo. Kotler e Armstrong
(1998 cit. por Pimentel, 2013) apresentam o conceito de marketing como um processo social
através do qual indivíduos ou grupos sociais encontram ou produzem ofertas, ao ponto de
satisfazerem os seus desejos ou irem ao encontro dos desejos de outros. Para Kotler o conceito
de marketing permite o alcance dos objetivos organizacionais, através do estudo das expetativas,
determinações, necessidades e desejos dos mercados-alvo, conseguindo proporcionar-lhes a
satisfação desejada de uma maneira efetiva, eficiente e eficaz.
Já para Cobra (1993 cit. por Abreu e Costa, 2000) o marketing não é só publicidade ou
simplesmente venda. O marketing tem a capacidade de agregar todas as forças e de as colocar no
produto que aparecerá no momento certo e à hora exata. Ele não é só um exercício de
Vitório Fidalgo | ESHTE – Mestrado em Turismo
-56-
negociação entre produtores e distribuidores, é uma filosofia de trabalho, uma forma diferente de
estar nos mercados e que obriga a que todos os que trabalham nessa empresa ou organização
partilhem da mesma filosofia e que pensem e ajam de acordo com os valores de marketing.
Por sua vez, para El-Check (1991 cit. por Abreu e Costa, 2000) o marketing é a ciência que
estuda em primeira instância as necessidades, desejos e objetivos dos diferentes consumidores e
que daí apresenta um produto cuidado que irá dar uma resposta clara ao que foi estudado. Assim,
o marketing apresenta-se como uma forma empregue pelas empresas para desenvolverem
estratégias de condução de negócios, que lhes venham a assegurar sucessos no futuro.
Em suma, o marketing tem como principal objetivo descobrir os desejos e motivações dos
clientes, ou seja, apresentar ofertas capazes de os satisfazerem, desse modo criando-lhes valor
acrescentado, transformando-se numa forma de ganhar vantagem competitiva e por
consequência maior rentabilidade com o objetivo final de obter mais e melhor lucro (Abreu e
Costa, 2000).
Como refere Pimentel (2013: 5), “o enfoque da gestão deve ser na satisfação das necessidades dos
clientes e para isso é fundamental conhecer de forma aprofundada o mercado e criar propostas
de valor”.
Nesta filosofia trabalha-se em primeiro lugar para as necessidades e gostos do consumidor e não
para aquilo que o empresário gostaria de fabricar. Assim podemos dizer que o marketing é de
extrema importância para os mercados industriais e para os de consumo final; para os mercados
de indústrias de serviços e para os de indústrias de bens; para as pequenas, médias e grandes
empresas; para organizações sem fins lucrativos e para as que trabalham com base neles; para
compradores e para vendedores (Abreu e Costa, 2000; Santos, 2011).
Daí que tenha surgido a necessidade de lançar um plano de orientação que apresenta lógicas de
trabalho que, embora diferentes, acabam por ser subjacentes à evolução do marketing (Abreu e
Costa, 2000):
Orientação para a produção – Falamos aqui numa produção em massa onde a oferta é
maximizada com vista à redução de custos. Assim, quanto maior for o número de
turistas, mais lucros se conseguirão como resultado dos gastos de produção aparecerem
minimizados. Este tipo de oferta leva a que, a médio prazo, surja uma deterioração física
e cultural do destino, o que leva a que, progressivamente, esse excesso de oferta
descaraterize o destino;
Agroturismo e Turismo na Natureza nos Açores: Estudo aplicado à Quinta da Grotinha | Marketing e Mercados
-57-
Orientação para a venda – Quando surge a descaraterização do destino, as organizações
apostam em soluções de incremento de ações promocionais. Aqui o marketing funciona
como elemento causador de pressão sobre o mercado, tentando aliciar o turista a voltar
ou a vir conhecer o destino. O que podemos ver aqui é um produto que a empresa
constrói no seu seio para o mercado, independentemente das suas necessidades e
motivações;
Orientação para o cliente – Esta é a filosofia atual da maior parte das organizações, visto
que o enfoque está no turista, que é o centro de tudo. É ele quem determina as tendências
de mercado e, a partir delas, cabe ao marketing identificar as suas necessidades, desejos e
objetivos para os satisfazer. Para tal, utiliza-se a ferramenta marketing mix que se baseia
nos 4 Ps (product, price, place e promotion), que são apresentados - segundo Buhalis (2000) -
como ferramenta que “depende das características de cada destino/produto, assim como
das características dos mercados-alvo” e que irá desempenhar um papel fundamental em
informar sobre produtos e serviços prestados; promover a experimentação, estimulando a
compra; preparando a venda e efetivando-a; promover a fidelização; combater a
sazonalidade; promover a imagem e a sua implantação no mercado; transmitir confiança;
envolver e integrar os colaboradores como forma de garantir uma imagem forte e
mostrando as mais-valias em relação a destinos concorrentes (Pimentel, 2013);
Orientação do marketing social – Este é o elemento que vem reforçar o anterior e
permite assegurar, a cada turista, condições de bem-estar junto da comunidade local.
Através do marketing social trabalha-se também, através de um modelo de
desenvolvimento assente nas premissas da sustentabilidade, para que exista uma melhoria
da qualidade de vida dos turistas e da população recetora.
A mensagem a que Kotler (2006), entre outros autores aqui abordados, dá expressão é que, de
facto, o cliente é o centro e a razão de existir de uma empresa deste tipo. A tarefa do marketing
vai no sentido de pensar a realidade do consumidor e alinhar a empresa com vista ao
desenvolvimento de ofertas inovadoras que sejam relevantes e atraentes para os clientes, ou seja,
garante às suas necessidades e desejos a capacidade de funcionarem como os motores do
negócio.
Vitório Fidalgo | ESHTE – Mestrado em Turismo
-58-
3.2 Construção de uma imagem
O turismo, como qualquer outra área que esteja implementada no mercado, vive essencialmente
da imagem que consegue transmitir para o seu público-alvo. Cada atividade terá assim
necessariamente de criar as suas imagens que sejam suficientemente apelativas junto dos agentes e
dos mercados que pretendam influenciar.
O processo de criação de imagens irá proporcionar um juízo de valor por parte do potencial
turista. O desafio não fica apenas restrito ao momento da criação, pois o que se pretende é que
essa imagem criada seja capaz de refletir, a longo prazo, a qualidade e a confiabilidade dos
produtos que representa, ao assegurar um selo de prestígio à marca que ostenta essa imagem
(Pimentel, 2013; Pimentel et al., 2006).
Qualquer marca vive do produto que apresenta e também da imagem que tem agregada a si. Se
por um lado as marcas têm como principal função a identificação e diferenciação do fabricante
perante os seus concorrentes, por outro facilitam ao consumidor a tarefa de efetuar a sua escolha,
já que a imagem de qualquer marca é única e reservada, servindo para a proteger, o que ajuda a
evitar que o consumidor, de forma inadvertida, adquira imitações (Santos, 2011).
Torna-se por isso importante apresentar o conceito de imagem em turismo, que surge construída
através da representação mental cognitiva e afetiva, que o turista produz na sua mente sobre o
destino turístico da sua preferência (Baloglu e McCleary, 1999). Como se trata de uma construção
individual, essa imagem irá exercer uma forte influência na forma como o turista procederá às
suas escolhas (O'Leary & Deegan, 2003 cit. por Matos et al., 2012: 1).
A reflexão leva-nos a perceber que a imagem condiciona o comportamento do turista e a sua
capacidade de decisão no momento em que a escolha dos destinos tem de ser feita, afetando por
isso o consumo efetivo (Beerli e Martın, 2004).
Como a perceção da imagem corresponde a algo de muito pessoal, envolve um conjunto de
diversas informações, que terão fundamentalmente a ver com história, motivações, experiências,
gostos, etc. O marketing, como forma de a promover e impor, surge através do elemento que seja
capaz de medir e de estabelecer o perfil mais difundido no mercado.
A partir do momento em que a imagem seja definida torna-se importante que, ao longo dos
tempos, ela se torne um elemento estável e caraterístico da marca ou produto que a ela estiverem
associados, o que implica que a imagem deva ser vista como “a expressão dos conhecimentos e
atitudes dos consumidores relativamente à marca” (Lindon e Freitas, 2004: 181). Sem a
Agroturismo e Turismo na Natureza nos Açores: Estudo aplicado à Quinta da Grotinha | Marketing e Mercados
-59-
estabilização dessa imagem o cliente ou os mercados não conseguirão criar laços de empatia
capazes de os fidelizar ao que lhes está a ser apresentado.
Assim, se a empresa conseguir compreender como é que essa marca é vista pelo mercado e pelos
potenciais consumidores, esta será detentora de elementos essenciais que lhe irão permitir
desenvolver, adaptar ou fazer evoluir o seu posicionamento estratégico (Serra e Gonzalez, 1998
cit por Pimentel (2006).
Segundo Echtner & Ritchie (1991 cit. por Kastenholz, 2002), a imagem de um destino pode ser
vista segundo três dimensões:
Cognitiva, com padrões, atributos e perceções derivados do conhecimento que se tem do
destino e através das caraterísticas palpáveis que este oferece (Smith, 2006);
Afetiva ou avaliativa, associada às suas caraterísticas, vistas como um todo, e aos seus
aspetos psicológicos e emocionais como sentimentos e emoções associados ao destino;
A ideia de imagem comum como a que está envolta na sua singularidade e unicidade.
Pimentel (2006) e outros pesquisadores defendem que a imagem de marca pode estar relacionada
com aspetos ambientais, a satisfação do consumidor e a sua tomada de decisão. Daí que a maioria
das imagens seja estudada na ótica de como o visitante as perceciona e das sensações que o
destino lhes transmite.
Hoje em dia a maior parte das marcas de destinos turísticos aponta as suas imagens para
conceitos, entre outros, como clima, hospitalidade, natureza, relaxamento, preço ou valor
acrescido, atributos esses colocados perante os potenciais clientes, que as investigam, inseridos no
processo de gerar uma expetativa do local, que torne assim possível, a quem nunca lá tenha
estado, poder imaginar e ganhar interesse pela vivência do destino, meio caminho andado para o
querer ir visitar (Kastenholz, 2002).
Em conclusão, a imagem de marca de um destino ou de uma empresa turística corresponde à
forma como o cliente ou consumidor a perceciona de uma forma global, assim como a representa
mentalmente através do que ele sabe, conhece ou sente sobre o destino a escolher.
Esta é sem dúvida uma ferramenta para o sucesso de qualquer destino, já que é a partir dele que
se faz a diferenciação de acordo com a concorrência. Por isso, as políticas de criação desta
ferramenta de marketing devem estar assentes em propostas inovadoras e criativas, que serão
pontos decisivos para garantir a afirmação do destino ou empresa num mercado cada vez mais
competitivo (Gândara, 2007).
Vitório Fidalgo | ESHTE – Mestrado em Turismo
-60-
3.3 Construção de produtos turísticos
A grande questão deste terceiro capítulo está centrada no marketing como conceito
extremamente importante para qualquer empresa ou organismo.
O marketing é a ferramenta essencial para a compreensão do mercado, para que daí possamos
escolher qual o segmento de negócio a dar preferência e que mais-valias importam captar para
conseguir a atenção dos potenciais clientes. Para isso torna-se imperioso abordar o tema da
imagem de marketing para se compreender qual o seu papel fundamental e forçosamente
orientado para o mercado onde pretendemos entrar.
Mediante esta estratégia ficaremos aptos a saber para onde queremos ir e onde deveremos
investir para fazer face à concorrência. Ficaremos também na posse de informação valiosa, que
nos permitirá criar aquilo que a nossa empresa ou organização quer colocar no mercado para
venda.
Posto isto, importa aprofundar o conceito de produto, já que sem este nada existe que nos
permita entrar em relação com o cliente. Silva et al (2001 cit. por Ladeiro, 2012) indica que os
produtos turísticos devem ser divididos em dois grandes grupos:
O produto global - Este produto é constituído por tudo o que o destino turístico oferece
e acaba por ser experimentado pelo turista. Esta oferta resulta da combinação de
elementos tangíveis e intangíveis, no todo ou isolados, captados pela imagem global do
turista;
O produto específico – Corresponde a bens ou serviços não integrados, que podem ser
comercializados separadamente. Na realidade, acabam por ser todos os bens e serviços
que giram em torno de um destino e que sendo a base estrutural da oferta turística são os
elementos potenciadores da cadeia de valor que o turista vivencia.
As grandes diferenças que existem entre os produtos turísticos e os produtos apresentados fora
do panorama turístico são as seguintes, segundo Cooper (2008):
No primeiro caso, são bens de consumo abstrato, uma vez que comprados a priori e
consumidos a posteriori;
No segundo, o produto só pode ser consumido no local onde se encontra
geograficamente localizado.
Segundo Kotler (2006), o produto é definido como algo que pode ser um serviço, um carro, um
apartamento, uma pastilha elástica, uma ideia. No fundo, segundo estudos feitos em
Agroturismo e Turismo na Natureza nos Açores: Estudo aplicado à Quinta da Grotinha | Marketing e Mercados
-61-
conformidade, qualquer coisa que a nossa empresa queira colocar num mercado visando a
satisfação de um desejo ou de uma necessidade encontrada.
Ao mesmo tempo que criamos um produto temos de ter uma ideia concreta que, para que este
vingue no mercado, deverá estar associada a uma estratégia que permita à empresa, de forma
simples e clara, vender cada uma das suas caraterísticas.
Nesta estratégia devem estar bem expressas as necessidades e desejos dos consumidores que
estudamos no momento da criação do produto. Para se viabilizar toda essa estratégia de venda de
um produto torna-se imperioso criar uma imagem e uma marca que o suporte.
Esta tarefa ficará a cargo de designers postos ao serviço de criatividade e inovação suficientes para
lançarem no mercado o referido produto, apresentado de forma diferenciada e capaz de ser
valorizado e aceite perante a concorrência (Costa, 2010). Nada pode ser deixado ao acaso, pois o
mercado de hoje, fortemente globalizado e competitivo, nunca perdoará falhas na conceção da
qualidade dos produtos.
Por isso é que Cooper (2001) apresenta treze pontos fundamentais para que não possam existir
essas falhas no processo de desenvolvimento de um produto:
Monitorização inicial;
Análise preliminar do mercado;
Análise tecnológica preliminar;
Estudos de mercado;
Análise de negócio e da atividade da empresa;
Desenvolvimento de produto;
Testes internos;
Testes em clientes chave;
Testes de marketing e de vendas;
Pré-produção;
Análise de pré-vendas;
Lançamento da produção;
Lançamento no mercado.
Dessa maneira, a criação de novos produtos terá em conta o real valor que o consumidor lhes
atribuirá, assim como o seu grau de qualidade e eficiência. É assim que, quando pensamos em
mercados, devemos avaliar cuidadosamente todos os fatores que os podem influenciar como a
Vitório Fidalgo | ESHTE – Mestrado em Turismo
-62-
competitividade, a concorrência e a sua taxa de crescimento, para que daí se possa elaborar um
bom plano de marketing.
Em conclusão, o verdadeiro segredo de qualquer produto, que seja apresentado ao mercado e aos
clientes, reside na sua conceção e desenvolvimento, capazes de lhe assegurar um grau aceitável de
novidade, de autenticidade e de um tal sentido de inovação, que o diferencie dos demais (Alves,
2004; Costa, 2010).
3.4 Canais de comunicação
Não poderia terminar este capítulo sem dar ênfase ao verdadeiro colosso de vendas, por todo o
mundo, de produtos turísticos via internet. Cruz (2003) mostra, através de dados concretos, que
esta janela para o mundo não se trata de um mito, antes mesmo de uma realidade, pois o
consumo mundial com turismo apresentou um crescimento, em média 5% ao ano, enquanto o
consumo de produtos turísticos através da internet aumenta em 47%, quando nos reportamos ao
ano de 2004, o que conduz a um resultado global de 20%, tendo em conta o consumo total de
produtos e serviços.
Ladeiro (2012) indica ainda que o crescimento incomparável desta ferramenta representa milhões
de pessoas e organizações, a diferentes níveis e com diversos propósitos, que passaram a
encontrar na sua utilização uma importância extrema para estarem atualizados e conectados ao
mundo.
As novas tecnologias de informação e comunicação possibilitam novas oportunidades e
revolucionaram os modos tradicionais de atuação, o que se tornou num fator determinante para
um posicionamento competitivo num mercado complexo e em constante evolução (Ladeiro,
2012).
A internet apresenta-se associada a um conjunto de vantagens ímpares no mundo atual, que
Lavaredas (2010) enuncia da seguinte forma:
Entrada facilitada em novos mercados;
Conquista de novos clientes;
Estabelecimento de relações com novos fornecedores;
Estabelecimento de novas alianças e parcerias;
Implementação e exploração de novos produtos e serviços;
Ausência de limites materiais, geográficos ou temporais;
Redução do tempo de resposta.
Agroturismo e Turismo na Natureza nos Açores: Estudo aplicado à Quinta da Grotinha | Marketing e Mercados
-63-
Com estas vantagens colocadas à disposição de toda uma atividade, sedenta de rapidez na
informação, a indústria do turismo, ao implementar esta nova ferramenta, modifica a forma
como até então este setor se processava, bem como as vendas dos seus produtos e destinos,
transformando-se, a curto prazo, num fator determinante de competitividade (Longhini e Borges,
2005; Marujo, 2008).
A internet, sendo uma ferramenta desenvolvida através das novas tecnologias, segundo Bachel
(2000) e Marujo (2008), não se substitui a cada empresa na definição da sua estratégia, pois o
planeamento compete à organização da própria, mas pode sim estar associada a ela como
elemento diferenciador junto da concorrência. É assim que Carrillo e Fernández (s/d cit. por
Ladeiro, 2012) apontam as principais vantagens da internet para o setor do turismo:
Alcance de um grande número de clientes e de potenciais outros a relativo baixo custo;
Difusão de informação mais completa e com mais qualidade;
Capacidade de gerar reservas de forma instantânea e rápida;
Melhoria na comunicação e nas relações entre a empresa, destino ou organização, com o
seu mercado ou clientes;
Reduzidos custos na produção e distribuição de informação;
Rápida modificação e atualização de conteúdos a um baixo custo.
Dentro da internet um dos meios mais utilizados por todas as empresas para a divulgação dos
seus produtos e serviços é o site, que surge como o verdadeiro veículo de comunicação com o
mundo cibernauta. É através dele que o marketing deve evoluir e produzir o seu trabalho, já que
atualmente a imagem da empresa ou organização fica espelhada nessa página, à qual recorremos
sempre que desejamos obter informações sobre uma dada organização e de quais as suas ofertas e
produtos. Assim, o site não só é a imagem virtual da empresa como é através dele que o
consumidor produz o seu julgamento em relação a ela.
O site é obrigatoriamente uma das bases da estratégia do marketing, pois é ele que tem o poder de
influenciar, persuadir ou despertar o desejo de aquisição de um destino, produto ou serviço. O
tipo de informação que fornecemos, e a forma como o fazemos, tem de ir ao encontro da
estratégia de comunicação definida por cada uma das empresas.
Se com a internet tudo fica mais próximo, mais fácil e mais rápido, a nossa capacidade e dinâmica
também têm de acompanhar essa mudança constante.
Vitório Fidalgo | ESHTE – Mestrado em Turismo
-64-
Por isso, a importância da criação de um site assente numa boa estratégia de marketing, que se
afirme por uma imagem credível e uma inovadora apresentação dos produtos da empresa ou
organização, é imperativo de exigência para uma sua constante atualização. Se isso não acontecer
o público-alvo tende a perder o interesse em visitá-lo, dada a ausência de novidades que o
estimulem a lá ir.
Em conclusão, o site é uma ferramenta que, desde que bem conduzida pela empresa apoiada na
indústria do marketing, permite-nos ter o mundo como meta final e sempre à mão (Arruda e
Pimenta, 2005).
Já na otica do TER, e estando este associado ao turismo, irá necessitar que os mecanismos do
marketing o ajudem a expandir-se para outros mercados, permitindo de forma mais eficiente
reforçar a sua importância como alternativa ao turismo dito normal.
Para tal todas as etapas, estratégias, ferramentas e filosofias são também fundamentais para que o
crescimento e desenvolvimento do TER possa suceder naturalmente graças a uma imagem,
filosofia, interesses e objetivos, que sejam bem compreendidos pelo público, permitindo assim
chegar a mais mercados e conseguindo captar mais clientes através de uma imagem e mensagem
mais acertivas e criadas pela indústria do marketing.
Agroturismo e Turismo na Natureza nos Açores: Estudo aplicado à Quinta da Grotinha | Metodologia
-65-
4 METODOLOGIA PARA INVESTIGAÇÃO EM TURISMO
ENQUANTO OBJETO SOCIAL
4.1 Modelo de investigação
São principais temas da presente dissertação, que pretendeu aflorar as novas dinâmicas do
turismo: (i) a importância do TER e do Agroturismo como elemento potenciador de
desenvolvimento das regiões rurais (Cabral e Scheib, 2004; Candiotto, 2010; Fleischer e Pizamt,
1997; Schelle et al., 2010); (ii) a crescente relevância do turismo na natureza, da animação turística
e dos paradigmas da sustentabilidade; (iii) a responsabilidade e qualidade no setor, como eixos
transversais ao desenvolvimento de um turismo de qualidade nos Açores.
Para conseguir reunir as opiniões e indicações dos clientes que têm visitado a Quinta da
Grotinha, optou-se pela aplicação do questionário eletrónico como instrumento de consulta. Este
instrumento permite a recolha de informação de forma mais rápida, ao mesmo tempo que não
compromete a eficácia e a veracidade das respostas recebidas.
Os inquéritos servirão para avaliar expetativas e tendências dos turistas e de quem os trabalha e
estuda. Iremos aplicar um estudo de análise da oferta em TER, definido como um processo de
comparação de produtos, serviços e práticas empresariais, que funciona como um
importante instrumento de gestão dessas empresas. Em concreto, trata-se de um instrumento
essencial para melhorar as funções e processos da Quinta da Grotinha.
Para além disso, iremos usá-lo como um importante aliado para melhorar a concorrência, uma
vez que iremos olhar para esse mercado concorrencial, ao mesmo tempo procurando desenhar e
criar novas ideias.
É através desta aprendizagem com outras empresas que a análise de oferta em TER consegue
transformar-se num instrumento capaz de contribuir para melhorar o desempenho da Quinta da
Grotinha.
Assim, com a ajuda deste estudo de análise da oferta em TER poderemos avaliar o panorama real
existente na ilha de São Miguel, o que permitirá verificar o que já existe e o que falta, através do
cruzamento de informações extraídas dos questionários.
Neste capítulo serão descritas as fases relativas ao desenvolvimento da investigação empírica
realizada com vista à auscultação dos clientes da Quinta da Grotinha, no sentido de se
compreender quais as mais-valias das atuais instalações e serviços e também quais os aspetos a
melhorar, a curto e médio prazo, tendo em conta as especificidades territoriais e setoriais.
Vitório Fidalgo | ESHTE – Mestrado em Turismo
-66-
O TER, Agroturismo, serviços de turismo na natureza e de aventura, são maioritariamente
desenvolvidos na região por micro-empresas ou empresas familiares de âmbito local, “pautadas
por uma atuação a tempo parcial e com equipas com qualificações e competências de gestão
turística reduzidas” (Lopes, 2013: 67).
Este tipo de condicionantes leva a que muitas vezes questões críticas relacionadas com os planos
de marketing, imagem, divulgação, inovação e planeamento, sejam encaradas como atividades de
tal forma desafiantes que acabam, muitas vezes, por serem postas de lado, tal a complexidade
sentida para as levar a cabo.
As exigências deste tipo de turismo e serviços impõem que, quem compra estas experiências, saia
delas com um sentimento inesquecível de satisfação, que sejam memoráveis e únicas tanto do
ponto de vista do alojamento como das atividades desenvolvidas.
Se os Açores se apresentam e se reconhecem como um destino relativamente jovem que pretende
desenvolver-se sobre a bandeira da qualidade, defendendo a imagem que até então tem levado
aos quatro cantos do mundo (Observatório Regional de Turismo, 2008), torna-se por isso
importante compreender as necessidades de o desenvolver sem perder a identidade, garantindo,
em simultâneo, as necessidades de formação exigidas ao turismo na natureza.
4.2 Construção dos questionários
A elaboração de um questionário, com perguntas precisas, é fundamental para se compreender o
grau de satisfação suscitado pela Quinta da Grotinha e quanto à necessidade de possíveis
melhorias no seu funcionamento.
A elaboração do questionário a ser aplicado exigiu fazer uma análise do estado da arte sobre o
assunto, não descurando aspetos como de quais os cuidados que devemos ter em atenção,
aquando da elaboração das perguntas, quanto ao vocabulário usado e de tipos de resposta
possíveis.
Para Parasuraman, (1991 cit. por Chagas, 2000: 1) um questionário é simplesmente um conjunto
de perguntas construídas tendo em atenção: (i) o problema e os objetivos da pesquisa; (ii) as
hipóteses da pesquisa; (iii) a população-alvo; iv) os métodos de análise de dados escolhidos e que
nos permitam determinar aqueles que são necessários com vista ao alcance dos objetivos do
projeto.
Agroturismo e Turismo na Natureza nos Açores: Estudo aplicado à Quinta da Grotinha | Metodologia
-67-
Sendo este um instrumento complexo e que exige muito tempo e trabalho para a sua construção,
o questionário permite medir a opinião dos inquiridos sobre os seus interesses e aspetos da
personalidade, acompanhados dos respetivos dados pessoais (Yaremko et al., 1986: 186).
Para que os objetivos deste questionário sejam claramente alcançados teremos de diferenciar
claramente a parte referente à avaliação da quinta para suscitar respostas quanto às necessidades
sentidas e que devam ser acauteladas (Günther, 2003).
Segundo Dillman (1978: 12), “o processo de enviar questionários aos inquiridos, conseguir
recebê-los, pode ser visto como um caso especial de troca social”, pelo que, nem sempre sendo
fácil de conseguir, torna-se necessário considerar que “há três coisas que precisam ser feitas para
maximizar as respostas do questionário, minimizar o custo para quem responde, maximizar as
recompensas para fazê-lo e estabelecer confiança”.
Por sua vez, Rodeghier (1996 cit. por Günther, 2003: 9) afirma que, para se conseguir ter sucesso
com a receção dos questionários, estes terão de ter as seguintes nuances aquando da construção
das suas perguntas para que os inquiridos possam facilmente aderir a elas: (i) sentir nas perguntas
do questionário facilidade de resposta; (ii) gerar um nível de interesse que leve o inquirido a
responder ao máximo possível de questões; (iii) capacidade para captar a atenção de modo a que
esta permaneça num nível elevado durante o maior tempo possível.
Para além deste caminho a percorrer para a substância das respostas, será necessário também
juntar a tudo isto o que Dillman (1978) acrescenta e reforça do autor anteriormente citado:
Reduzindo o esforço físico e mental requerido;
A não existência de possibilidade de perguntas embaraçosas;
A eliminação de qualquer implicação de subordinação;
Não existência de custos financeiros.
Terminada essa reflexão há que produzir as questões, segundo Fowler, (1998 cit. por Günther,
2003: 7), que sejam breves, claras, específicas e em vocabulário apropriado. Daí que, a par dos
cuidados apresentados acima, o questionário deva ser criado e construído, de forma a que, na sua
fase inicial, possa abordar perguntas que comecem pelos conceitos mais gerais e terminem nos
dados mais específicos que se pretendam obter.
Autores como (Gunther e Junior, 1990; Schuman e Presser, 1981) apontam para dois tipos
essenciais de perguntas:
Perguntas abertas utilizam-se numa fase inicial da investigação, onde ainda não existe uma
abrangência quanto às respostas possíveis, pelo que importa estabelecer um clima
Vitório Fidalgo | ESHTE – Mestrado em Turismo
-68-
recetivo, que implique que as pessoas possam dar as suas opiniões, dessa forma
cooperando com quem as questiona;
As perguntas fechadas irão por isso ser utilizadas para aumentar a rapidez do questionário
e também com vista a facilitar o tratamento dos dados obtidos nessas mesmas questões.
4.3 Metodologia adotada para o questionário
Optou-se por um questionário com um instrumento semi-novo constituído por perguntas novas
e um conjunto de perguntas já existentes no RURALQUAL relacionadas com as perceções, sobre
a qualidade dos serviços dos diferentes alojamentos rurais da Quinta da Grotinha (Casielles e
Martín, 1996; Fernandes, 2008; Loureiro e Gonzaléz, 2006).
Não sendo por isso um questionário já testado, foi elaborada uma proposta inicial, verificada por
um conjunto de especialistas (n = 8) na área do turismo, TER e turismo na natureza, sendo que
um deles foi dos Açores e dois foram os orientadores da dissertação.
Através das sugestões obtidas foi melhorado o questionário que serviu de pré-teste, seguindo por
isso a lógica de pensamento de Goode & Hatt (1972 cit. por Chagas, 2000).
O resultado do pré-teste, que foi efetuado a cinco clientes da amostra total, levou-nos a efetuar
algumas pequenas alterações nas perguntas e chegar à versão final do questionário (Anexo xx), a
aplicar aos clientes da Quinta da Grotinha, recorrendo-se à plataforma Qualtrics que possibilitou
colocar o inquérito numa página acessível a todos os que receberam o endereço de internet a partir
de um email enviado para o endereço pessoal dos clientes que visitaram a Quinta.
A estrutura do questionário foi dividida em três partes:
Caraterização anónima dos clientes;
Pontos fortes e o que pode ser melhorado na Quinta da Grotinha e nos alojamentos;
Que atividades deve a Quinta desenvolver para garantir um serviço 100% completo no
Verão, assim como os produtos a desenvolver que a ajudem a quebrar o grau de
sazonalidade tão sentida nos Açores.
4.4 Caraterização da amostra
O presente estudo abrange um universo composto por todos aqueles que já usufruíram de
alojamento na Quinta da Grotinha ao longo destes quase 13 anos da sua existência.
Agroturismo e Turismo na Natureza nos Açores: Estudo aplicado à Quinta da Grotinha | Metodologia
-69-
Apesar de, em alguns dos casos, podermos estar a avaliar condições bem diferentes, em virtude
da estrutura da Quinta e dos alojamentos ir passando por constantes melhoramentos, é
importante, para este estudo, saber como clientes da Quina da Grotinha vivenciaram essa
experiência comparativamente ao conhecimento de outros alojamentos turísticos, por eles
frequentados ao longo dos anos.
Será também esta experiência que lhes possibilitará dar um contributo mais criativo e assertivo
aos objetivos da presente dissertação, visto que a descoberta de novos produtos e melhoramentos
na categoria de serviços só será uma realidade se houver também uma resposta por parte dos
inquiridos de forma criativa e inovadora.
É assim que existem, no inquérito que lhes é feito, espaços onde todos poderão vir a deixar
sugestões potencialmente importantes para a criação de um agroturismo em comunhão com
ofertas turísticas em turismo na natureza, forte e bastante inovador no panorama do turismo nos
Açores.
Apesar do universo em estudo abranger a generalidade dos turistas que já passaram pela Quinta
da Grotinha, o seu universo operacional foi condicionado aos registos efetuados e ao detalhe e
atualização dessa informação, tendo sido considerados os hóspedes para os quais foi possível
aceder e validar o email.
Após o levantamento dos dados referentes aos clientes da Quinta da Grotinha verificamos
existirem 410 hóspedes registados, dos quais 228 hóspedes com email pessoal, distribuidos da
seguinte forma em termos de nacionalidades: 3 alemães; 1 holandês; 14 espanhóis; 1 suíço; 1
americano; 1 checo; 1 inglês; 5 franceses; 1 grego e 200 portugueses.
Estes clientes foram contatados para responderem ao questionário via email. Contudo dos 228 e-
mails enviados verificou-se que 49 desses contatos estavam inoperativos ou desatualizados, pelo
que de facto o universo operacional resultou em 179 casos. Por sua vez a amostra foi de 65 casos,
correspondendo aos questionários recebidos e validados, ou seja 28,5% do total de registos e
36,3% do universo operacional.
Agroturismo e Turismo na Natureza nos Açores: Estudo aplicado à Quinta da Grotinha | Turismo em Espaço Rural na RAA
-71-
5 TURISMO EM ESPAÇO RURAL NA RAA
5.1 Caraterização e importância do TER na RAA
São internacionalmente reconhecidas as caraterísticas e potencialidades naturais que o território
dos Açores possui para o desenvolvimento e prática do turismo na natureza e turismo em espaço
rural.
A identidade rural dos Açores, interligada com um permanente “respirar a natureza”, é também a
sua imagem de marca presente nos dias de hoje, que lhes confere um terreno fértil para o
lançamento de produtos na área do turismo em espaço rural, cujo papel fundamental e crucial de
promoção e divulgação cabe aos agentes turísticos privados e estatais desenvolver.
O secretário regional do Turismo, Adolfo Mesquita Nunes, reiterou a importância deste setor,
nos Açores, ao afirmar que "mais importante do que oferecer apenas alojamento, a grande mais-
valia a explorar é oferecer a quem chega uma possibilidade de experiências. Experiências únicas.
E o turismo rural é uma das áreas por excelência onde podemos oferecer essas experiências
únicas porque os nossos destinos rurais são únicos, são só nossos" (PRIVETUR, 2013).
Como o setor está identificado como um dos grandes pilares económicos da região, o governo
regional decidiu lançar um conjunto de estratégias com vista a salvaguardar a sustentabilidade
ambiental e o ordenamento do território, conseguindo assim estruturar o desenvolvimento
turístico, mediante uma tentativa de equilibrar o desenvolvimento económico e social da região
(Governo Regional dos Açores, 2008b).
Desta forma, a estratégia lançada foi a de apoiar e fomentar o aumento da oferta de alojamento
alternativo como é o caso do turismo de habitação em espaço rural em paralelo ao da hotelaria
convencional (Governo Regional dos Açores, 2008b).
Estas medidas não foram assentes em argumentos vagos, antes apoiadas por um conjunto de
vantagens detetadas neste tipo de turismo como Moreira (2009) identifica:
Incrementa valor acrescentado às explorações agrícolas viabilizando a manutenção;
Cria emprego local;
Combate a desertificação rural;
Estimula o aparecimento de novos serviços;
Viabiliza e incrementa a produção artesanal;
Estimula o empreendedorismo, a criatividade e a inovação;
Promove a recuperação e manutenção do património histórico e típico;
Vitório Fidalgo | ESHTE – Mestrado em Turismo
-72-
Revaloriza, protegendo e mantendo, o património natural e cultural;
Reforça a preservação da identidade cultural da região;
Estimula a produção artística e cultural;
Promove a autoestima dos residentes;
Garante a sustentabilidade, conferindo-lhe competitividade com outros destinos.
Foi também por este conjunto de vantagens aqui enumeradas que o governo regional orientou a
sua estratégia para o fomento do turismo na natureza e do turismo em espaço rural no
arquipélago.
O turismo em espaço rural tem vindo por isso a ganhar terreno e a certificar-se como uma aposta
ganha, visto que o seu crescimento tem-se vindo a notar ao longo dos anos, já que a oferta em
termos do número de camas passou de 404, em 2004, para 612 camas, em 2007, o que representa
aumento expressivo de 34%. Este aumento deu resposta e estimulou a procura, registando-se,
entre 2000 e 2007, um espetacular aumento no número de dormidas no TER, de 9.500, em 2000,
para quase 20.000 dormidas em 2007 (Observatório Regional de Turismo, 2008).
Não obstante todo o interesse pelo acesso dos Açores a mercados externos competitivos, a
realidade é que 55,9% da procura e ocupação deste tipo de turismo está ainda a cargo de turistas
vindos do mercado interno (Quadro 1).
Desta forma reitera-se o que Neto (2013) havia defendido, ao acentuar que, apesar da promoção
turística feita no estrangeiro, o nosso mercado interno tem de continuar a ser acarinhado e
estimulado, visto que se trata de uma aposta estruturante e estratégica para a economia turística
nacional.
Apesar da aposta ganha nos anos de 2001 a 2007, verificamos que este setor ainda tem margem
de crescimento (Candiotto, 2011; CCAH, 2009). Para tal torna-se necessário investir para que o
conjunto das caraterísticas até agora apontadas seja totalmente maximizado e rentabilizado. O
quadro 5 apresenta as estimativas de dormidas para o ano de 2008 em empreendimentos de
turismo de habitação e turismo no espaço rural.
Quadro 2| Estimativa de dormidas para o ano 2008 (Turismo de Portugal, 2008: 6)
2008 (milhares)
∆08/07 Quota
País de residência % Abs. % ∆p.p
Portugal 292,4 -20,4 -74,9 55,9 0,6
Estrangeiro 231,1 -22,2 -66,1 44,1 -0,6
Total 523,5 -21,2 -141,0 100,0
Agroturismo e Turismo na Natureza nos Açores: Estudo aplicado à Quinta da Grotinha | Turismo em Espaço Rural na RAA
-73-
Desta forma, e quando olhamos para o panorama nacional, e para as diferentes caraterísticas dos
diferentes territórios de Portugal verificamos que embora a essência dos Açores seja de um
ambiente rural, ainda existe uma fraca expressão no número de estabelecimentos TER/TN,
comparativamente com a Madeira que tem apenas um território com uma área de 801 km² ao
contrário dos Açores que compreende uma área de 2325 Km². Contudo, mais do que a dimensão
do território, é necessário ter em conta o peso da procura turística que é substancialmente
superior na Madeira. Quando comparamos estes dois territórios verificamos que, embora a área
do território dos Açores seja quase três vezes maior que a da Madeira, o número de
estabelecimentos não é três vezes maior, como podemos observar no quadro apresentado:
Quadro 3| Estabelecimentos do Universo TER / TN, por modalidade e NUT II (IESE, 2008)
Por sua vez, em 2013, o número de turistas estrangeiros que visitaram os Açores foram
responsáveis por 79,3% do total de dormidas do turismo rural na região. O crescimento
extraordinário, de 23,2% no número de dormidas, no período de janeiro a setembro, fez
ultrapassar uma meta nunca até então alcançada, pois pela primeira vez foi ultrapassado o milhão
de euros de receita (1,177 milhões), a que correspondeu um crescimento de 19,14%
comparativamente ao ano de 2012 (SREA, 2013).
Para que este setor se torne mais estável, visto que a taxa maior de ocupação foi registada, entre
julho e agosto, com 49% da procura, é essencial reduzir a elevada sazonalidade, o que não está a
ser assegurado, conforme provam os dados de setembro que registaram uma descida para 20%,
enquanto o valor mais baixo se verificou em janeiro e fevereiro com menos de 3% (SREA, 2013).
Vitório Fidalgo | ESHTE – Mestrado em Turismo
-74-
Estes resultados preocupam todo o setor, visto que a margem temporal para rentabilizar os
investimentos feitos torna-se diminuta. Assim, o governo da RAA pretende apoiar iniciativas de
operadores para trazer turistas aos Açores fora da época alta.
Em síntese, o turismo no espaço rural possui efetivas qualidades ímpares para apoiar dinâmicas
de desenvolvimento a nível regional. Deve ser por isso utilizado como um instrumento de
gestação de alternativas para as economias locais e regionais, que valorize os recursos endógenos
e potencie o seu desenvolvimento, ao mesmo tempo que torne imperiosos, à margem do
crescimento registado no setor do turismo em espaço rural nos Açores, novos investimentos
futuros assentes em parcerias entre o setor público e privado, para que sejam encontradas
estratégias conjuntas de quebra da sazonalidade tão sentida e refletida em números acima
apresentados.
Deste modo será possível que este tecido económico encontre um caminho mais sustentado para
o desenvolvimento e qualificação do turismo em espaço rural nos Açores.
5.2 Contextualização geográfica, ambiental e sociocultural
O arquipélago dos Açores fica localizado em pleno oceano Atlântico, entre a Europa e a América
do Norte, a 760 milhas marítimas de Lisboa e 2110 milhas marítimas de Nova Iorque,
apresentando uma posição estratégica.
Este arquipélago é constituído por três grupos: Oriental - Santa Maria e São Miguel; Central –
Terceira, Pico, Graciosa, São Jorge e Faial; Ocidental – Flores e Corvo. Estas nove ilhas de
pequena dimensão têm uma área total de 2.323 km2, sendo São Miguel a maior com 745km2 e o
Corvo a mais pequena com 17Km2.
Os Açores são um arquipélago em que as diferentes ilhas estão distribuídas ao longo de uma área
que se estende por 600Km2. Devido ao seu isolamento acentuado, as ilhas tiveram que encontrar
mecanismos e soluções para se ligarem, com o transporte marítimo e o aéreo regular a serem as
principais soluções para que essa ligação seja uma realidade.
Para isso o governo regional criou ligações inter-ilhas via mar e ligações aéreas entre as diferentes
ilhas dos Açores, Madeira, Continente e diversos países. Como o turismo é um setor com forte
peso na economia regional, existem também outras ligações em determinadas épocas do ano,
para vários destinos europeus e norte-americanos como forma de alimentar o mercado do
turismo (Lopes, 2013).
Agroturismo e Turismo na Natureza nos Açores: Estudo aplicado à Quinta da Grotinha | Turismo em Espaço Rural na RAA
-75-
O arquipélago é caraterizado por uma paisagem vulcânica, com cerca de 1750 vulcões, em
resultado da sua localização se situar na tripla junção das placas litosféricas Euroasiática, Norte-
Americana e Africana (ou Núbia). Destes vulcões, apenas 16 são de grandes dimensões e estão na
sua maioria silenciosos e truncados por uma caldeira no topo (Nunes et al., 2010).
As ilhas dos Açores, em resultado da sua dimensão, dispersão, distanciamento aos continentes
europeu e americano e clima, gerem condições ecológicas únicas no mundo. Os Açores estão
localizados no percurso migratório de algumas aves, que acabam por utilizar as ilhas como
importante poiso de descanso, nidificação e reprodução. De destacar também a Floresta
Laurissilva, verdadeira relíquia da vegetação típica da Era Terciária, que há muito que
desapareceu, devido às glaciações, de quase todo o continente europeu.
Quando decidimos “sair” da terra e “saltamos” para dentro de água, esse mar revela-nos uma
imensidão gigante de espécies, desde grandes cetáceos, até a organismos microscópicos, para
além de habitats singulares de fontes hidrotermais de grande profundidade, que suportam
comunidades únicas e cheias de grande riqueza a nível de ecossistemas e de raridade (Açores,
2014).
De uma forma geral, os Açores apresentam um clima caraterizado por elevados índices de
humidade no ar, amenidade térmica, taxas de insolação pouco elevadas, chuvas regulares e
abundantes e por um regime de ventos vigorosos (Açores, 2014; Grimm et al., 2012).
Mesmo sendo a sua localização especial e trazendo com isso condições específicas de clima,
conseguem-se identificar nas ilhas dos Açores quatro estações do ano, típicas dos climas
temperados. Entre elas, o inverno carateriza-se como uma estação não excessivamente rigorosa,
com precipitação e a ocorrência de queda de neve nas zonas mais elevadas. Os verões são
tipicamente amenos.
Mas o clima açoriano tem outras peculiaridades. Como referem muitos habitantes locais, num só
dia pode deparar-se com “quatro estações”, tal a variação que o estado do tempo pode atingir.
Contudo, e apesar do céu limpo não ser uma constante, mesmo nos dias de verão, as
temperaturas médias são geralmente de 13°C no inverno e 24°C no verão.
Para além disso, é de notar que as diferentes ilhas açorianas apresentam caraterísticas climáticas
distintas, resultantes da sua própria localização, relevo e vegetação (Açores, 2014).
Como já foi referido, desde a sua descoberta que os Açores têm vindo a ser conhecidos pelas
suas ligações associadas à lendária Atlântida, que ainda hoje desperta lendas e suspeitas, como
será o caso da suposta pirâmide descoberta no mar dos Açores (Firmino, 2013), cuja descoberta
Vitório Fidalgo | ESHTE – Mestrado em Turismo
-76-
ocorreu quando da grande epopeia marítima portuguesa, que levou, em 1431, ao início do
processo da sua colonização. Ao longo de muitos séculos, os Açores resistiram a erupções
vulcânicas, terramotos, isolamento, invasões de piratas, guerras políticas e doenças.
Os Açores foram também a capital de Portugal durante o domínio espanhol e o grande apoio à
causa liberal na guerra civil (1828-1834). Destes valorosos tempos as gentes destas terras
marcaram um país e o mundo.
Hoje a população é de cerca de 246.000 habitantes segundo os censos 2011 (INE, 2011), com a
seguinte distribuição : São Miguel 55,9%; Terceira 22,9%; Faial 6.1%; Pico 5.7%; Santa Maria
2.2%; Graciosa 1.8%; São Jorge 3.7%; Flores 1.5% e Corvo 0.5% (Quadro 7).
Quadro 4| Distribuição da População dos Açores (INE, 2011)
Com o processo de globalização e de uma dispersão cada vez maior de informação, o arquipélago
tem assistido a uma procura cada vez mais intensa por parte de turistas, que veem nos Açores
algo que não encontram em outras partes do mundo. Estas ilhas são territórios de grande valor
natural e cultural, o que levou ao reconhecimento internacional com a classificação de algumas
das ilhas de Reservas da Biosfera pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e
Cultura (UNESCO), nomeadamente a Graciosa (2007), o Corvo (2007) e as Flores (2009)
(UNESCO, 2012).
Estando este território voltado para a natureza, a biodiversidade tanto no mar como em terra, a
nível de fauna e flora, a geodiversidade e o património histórico, fizeram com que o turismo
Agroturismo e Turismo na Natureza nos Açores: Estudo aplicado à Quinta da Grotinha | Turismo em Espaço Rural na RAA
-77-
surgisse como uma alternativa económica estratégica para o desenvolvimento do arquipélago
(Açores, 2014).
Contudo, os elevados custos de transporte para as ilhas são responsáveis por algumas fragilidades
económicas nos Açores, que se revelam especialmente críticas na área do turismo (Silva, 2013).
Acresce que a pequena dimensão das diferentes ilhas traz consigo uma população reduzida, com
a existência de frequentes carências de recursos humanos qualificados no setor do turismo –
Cooper (1995 cit. por Moniz, 2006: 159). Este aspeto repercurte-se também na dimensão do
turismo interno, o que promove uma maior dependência da chegada de turistas do exterior.
Este isolamento geográfico, leva a que a economia das ilhas se encontre muito sujeita às
flutuações nos mercados emissores (Moniz, 2006), pelo que as ofertas apresentadas ao mercado
do turismo devem ser revestidas de experiências distintas, atrativas e competitivas, capazes de se
tornarem diferenciadoras de outros destinos (Neto, 2013).
5.3 Quinta da Grotinha
“Um lugar desconhecido, pequeno e cosy, onde nos sentimos em casa. É assim a Quinta da Grotinha, uma casa
que gostávamos que fosse a nossa e onde passamos bons momentos na ilha de São Miguel.” (Grotinha, 2011)
5.3.1 Caraterização
A Quinta da Grotinha está localizada na ilha de São Miguel, umas das nove ilhas do arquipélago
dos Açores, mais precisamente nos Arrifes, uma freguesia a 4 Km de Ponta Delgada, e que está
posicionada na cota de 150 metros de altitude (Grotinha, 2011).
Este espaço, que originariamente se dedicava à produção de laranjas e à criação de aves, ocupa
mais de 5 hectares e é propriedade da família Wallenstein há já algumas décadas.
Os registos desta atividade estão bem presentes na arquitetura das casas, em tempos grandes
aviários, que albergaram centenas de perus e frangos, e que hoje, após as transformações que
foram sofrendo, não passam de uma memória histórica.
No exterior ainda resta um conjunto alto e denso de abrigos que outrora protegeram laranjeiras
dos ventos fortes vindos do Atlântico, que produziam laranjas consideradas das melhores do
mundo. Acontece que, a partir da década de cinquenta do século dezoito, elas começaram a
definhar com a moléstia que as atacou e dessa maneira uma das principais indústrias do
arquipélago entrou em colapso (Dias, 1995).
Vitório Fidalgo | ESHTE – Mestrado em Turismo
-78-
Hoje podemos ver o resultado do esforço conjunto de um casal - Miguel Wallenstein (Biólogo
Marinho) e Ana Teresa (Arquiteta) – os atuais donos da propriedade que, no início dos anos
1990, optaram por deixar Lisboa e rumar às suas origens (Açores - São Miguel), pegando na
Quinta da Grotinha e iniciando a sua recuperação (Grotinha, 2011).
Com o passar do tempo os antigos aviários foram sendo transformados e decorados nas
acolhedoras casas rurais que hoje lá encontramos e que, para além de todos os seus atributos
exteriores, maximizaram uma atmosfera simpática e descontraída.
Essas casas rurais, com fachadas azuis e amarelas, portadas vermelhas e um amplo jardim, dão as
boas-vindas aos hóspedes, que aqui vêm passar uns dias de completa descontração (Grotinha,
2011). Quem chega à Quinta da Grotinha e olha em seu redor é invadido pela imensidão do azul
do mar, quando voltado para sul, e pelo refrescante verde a norte. Este espaço é constituído por
três zonas de alojamentos e três áreas interiores para uso comum, uma das quais em fase de
finalização. Os alojamentos caraterizam-se da seguinte forma (Grotinha, 2011):
Casa Grande – É composta por três quartos com cama de casal, um quarto com duas
camas simples e mezanine, que permite receber ainda mais clientes. Todos os quartos estão
equipados com lareira e dispoem ainda de duas casas de banho (uma com jacuzzi), cozinha
com forno a lenha e uma sala comum.
Casa Azul – Dispõe de uma pequena sala com lareira e kitchnet, um quarto com cama de
casal e uma casa de banho com banheira.
Casa Branca - Tem uma ampla sala com salamandra e kitchnet, um quarto com cama de
casal e uma casa de banho com banheira.
Espaços para uso comum – Uma sala grande de jantar com cozinha e um grande forno a
lenha, uma lavandaria equipada com máquinas de lavar e secar e, em fase de conclusão,
uma sala de reuniões e para workshops.
Atualmente a Quinta da Grotinha tem uma capacidade máxima para acolher até 16 pessoas e
projeta-se já a sua ampliação futura, a médio e longo prazo, com a construção de mais duas casas,
que permitirão o acolhimento de mais dois casais.
Para além da habitação rural, o restante espaço da Quinta é utilizado para produção agrícola. Até
meio do ano passado praticou-se nela a plantação de beterraba para produção de açúcar e este
ano já dispõe de pasto para utilização por produtores de gado, que estejam interessados em
investir para que os seus animais façam uso dele.
Agroturismo e Turismo na Natureza nos Açores: Estudo aplicado à Quinta da Grotinha | Turismo em Espaço Rural na RAA
-79-
A Quinta da Grotinha conta ainda com um terreno de 1000 m2 para produção de morangos e de
outros 2000 m2 (espaço inserido dentro dos antigos abrigos das laranjeiras) destinados a horta
comunitária e pomar, onde se podem observar araçaleiros, anoneiras, mangueiras, figueiras e
ameixoeiras.
No anexo III apresentam-se diversas imagens da quinta para melhor se compreender como é esse
espaço do Agroturismo.
5.3.2 Limitações e potencialidades
Para podermos olhar para a Quinta da Grotinha como um TER com potencialidades, torna-se
importante analisar as limitações que lhe são inerentes, assim como das suas potencialidades
(Quadro 8). Esta capacidade de percecionar a Quinta da Grotinha irá permitir em primeiro lugar
tentar transformar as limitações possíveis em potencialidade e maximizar as potencialidades
como elementos cada vez mais marcantes da imagem de marca da quinta.
Quadro 5| Limitações e potencialidades da Quinta da Grotinha
Limitações
Forte sazonalidade do destino (Governo Regional dos Açores, 2008a);
Elevados preços das passagens aéreas (Governo Regional dos Açores, 2008a);
Baixo número de trabalhadores da Quinta (só o Miguel Wallenstein );
Imprevisibilidade do mercado;
Fraca capacidade de comunicação da Quinta da Grotinha;
Insuficiente utilização das TIC;
Oferta limitada do alojamento.
Potencialidades
O sistema de incentivos do Governo Regional, está orientado, para investimentos em unidades de quatro
e de cinco estrelas, resorts e turismo em espaço rural (Governo Regional dos Açores, 2008a);
Não há encargos com dívidas ou empréstimos;
A Quinta transmite uma imagem aprazível junto de quem a visita;
Proximidade a Ponta Delgada;
Fácil acesso às diferentes vias rápidas;
Localizado na ilha que concentra grande parte dos visitantes dos Açores;
Vitório Fidalgo | ESHTE – Mestrado em Turismo
-80-
Localização da quinta está, junto de áreas onde é possível implementar caminhadas.
5.3.3 Imagem de marca
A Quinta da Grotinha apresenta uma imagem de local calmo, descontraído, regenerador, capaz
de se afirmar como uma ilha dentro da própria ilha açoriana, no seu global, e de permitir, a quem
a visita, desfrutar de alguns dias marcados pela magia e pela capacidade de potenciar um
relaxamento completo de toda a vida intensa e stressante que ocorre nos locais de residência. Ali
o tempo passa a outra velocidade e para finalizar esta junção de ingredientes lá está o
“cozinheiro” que finaliza o prato com os seus gestos suaves de feiticeiro - o Miguel.
Com efeito, a Quinta da Grotinha – para além da sua capacidade única de deixar marca em quem
a visita – não seria certamente a mesma coisa sem essa personagem tão carismática como é o
Miguel Wallenstein. Exemplo disso é a referência no blog de Laurinda Alves, onde Paula Seixas
revela a sua perceção sobre o Miguel ao sublinhar: “O Miguel merece o céu pois é paz,
disponibilidade e amor que irradia aos seus convidados/hóspedes.”
Marcolino Osório reforça também essa ideia: “Tive uns dias cheios, com amigos de sempre,
momentos mágicos, que ficam para sempre, num sítio incrível - na Quinta da Grotinha, com uma
pessoa marcante - o Miguel, que sabe tão bem acolher. (Alves, 2009)”.
Em relação à Quinta as opiniões vão no mesmo sentido que foi acima expresso relativamente ao
seu mentor:
Paula Seixas transmite o que sentiu: “… É realmente um lugar mágico porque é
partilhado por um ser mágico chamado Miguel (…) um lugar de partilhas, almoços e
jantares especiais, que ele invariavelmente apanha no mar (no seu deep blue ocean) e prepara
em gestos suaves de feiticeiro.”(Alves, 2009)
Filipe Tavares sublinha: “Fui muito feliz na Grotinha, e sou muito feliz sempre que lá
ponho os pés!!! O local, a companhia das pessoas, dos animais, são altamente
convidativos. Come-se, relaxa-se e passa muito bem o tempo na Quinta da
Grotinha…”(Grotinha, 2008)
5.3.4 Principais mercados emissores
A estratégia adotada por Miguel Wallenstein para a divulgação da Quinta da Grotinha assentou
preferencialmente no “boca em boca”.
Agroturismo e Turismo na Natureza nos Açores: Estudo aplicado à Quinta da Grotinha | Turismo em Espaço Rural na RAA
-81-
Segundo Cafferky (1999, cit. por Bentivegna, 2002: 80), mais de 80% das pessoas seguem as
recomendações de familiares, amigos ou profissionais, quando pensam em adquirir um produto
ou serviço. Como arma de comunicação bastante forte, a organização passa a ser divulgada por
diferentes pessoas, conseguindo-se assim conquistar novos clientes através de uma campanha
publicitária de baixo custo (Arena et al., 2002).
Desta forma, os consumidores acabam por ser inevitavelmente vindos do mercado interno, já
que, tendo a Quinta da Grotinha uma ainda fraca divulgação na internet e junto dos agentes de
turismo, o seu alcance fica limitado. Daí que seja fácil encontrar lá amigos de amigos, conhecidos
de conhecidos.
Contudo, um negócio deste género não deve limitar-se só a este tipo de comunicação, sob o
perigo de estar à mercê, de modo crescente, de todas as limitações existentes no destino Açores.
Diferentes mercados pressupõem turistas com preferências diferentes quanto a épocas de férias,
para que o negócio de alojamento encontre aí também uma solução para a sua ocupação ao longo
do ano.
-82-
Agroturismo e Turismo na Natureza nos Açores: Estudo aplicado à Quinta da Grotinha | Apresentação de resultados
-83-
6 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DE RESULTADOS
6.1 Apresentação de resultados do questionário
Para a elaboração da presente dissertação foram utilizados dois tipos de metodologias:
A primeira baseou-se numa análise de mercado, onde foram tidos em linha de conta os
diferentes graus de oferta assumidos pelos clientes da Quinta da Grotinha, na Ilha de São
Miguel - Arrifes.
A segunda metodologia foi desenvolvida sob a forma de questionário aplicado aos turistas
que passaram e pernoitaram na Quinta da Grotinha (Anexo IV).
Por sua vez, este questionário permitiu efetuar:
Primeiro, uma caraterização geral dos inquiridos (total de 5 questões na sua maioria
fechadas ou mistas), seguido de uma outra parte onde foi feita uma caraterização da
última viagem em que o cliente permaneceu na Quinta da Grotinha (total de 7 questões
na sua maioria fechadas ou mistas);
Por último foi pedido, através de um conjunto de 16 perguntas, que o turista explicitasse,
mediante respostas na sua maioria fechadas ou mistas, qual o seu grau de satisfação em
relação às expetativas existentes, assim como o que deveria ser desenvolvido, de acordo
com a sua opinião, a nível de atividades de turismo na natureza, de saúde e bem-estar
com vista a garantir um serviço 100% completo no verão, assim como os produtos a
desenvolver que ajudem a Quinta, através de um melhor serviço, a ser um exemplo de
como quebrar o grau de sazonalidade tão sentido nos Açores.
A análise da oferta em TER, no arquipélago dos Açores, e mais especificamente na Ilha de São
Miguel, permite-nos verificar que a Quinta da Grotinha apresenta preços abaixo da média de
mercado para a tipologia de alojamento de T1 e T2 – o valor médio está em 89.9€ e 113.3€ na
época alta e 76€ e 91.7€ na época baixa. Ora, a Quinta da Grotinha pratica, para a mesma
tipologia de alojamentos, respetivamente, 74€ na época alta e 64€ na época baixa, portanto entre
2€ e à volta de 27€ menos.
Já contrariamente, na categoria de T4 ou superior, a Quinta da Grotinha pratica preços mais
elevados comparativamente aos da concorrência, o que se justifica por os seus alojamentos
incluídos nessa categoria terem capacidade para acolher até 10 pessoas, enquanto a restante
concorrência não apresenta alojamentos de tão grande envergadura, o que naturalmente faz a sua
diferença.
Vitório Fidalgo | ESHTE – Mestrado em Turismo
-84-
Assim, o valor praticado pela Quinta da Grotinha, para a época alta, neste tipo de alojamentos
(T4 ou superior), é de 174€ (a média de mercado cifra-se nos 132€) e para a época baixa de 164€,
quando o restante mercado não ultrapassa os 120€. Tendo em conta um espaço de alojamento
bem mais espaçoso, uma diferença à volta de mais 40€ não parece muito significativa, tendo em
conta o tipo de turismo em questão.
Por isso, não há dúvida, pela análise generalizada destes valores, que a Quinta da Grotinha pratica
preços bastante concorrenciais, quando comparados com o restante mercado, razão pela qual não
estará nos valores praticados a justificação para a sua não tão significativa afluência de clientes no
conjunto de outros espaços turísticos de natureza idêntica.
Se a nível de preços a Quinta da Grotinha pode considerar-se competitiva, quando comparamos
a oferta deste negócio, a nível de disponibilização de equipamentos de saúde e bem-estar,
serviços de animação turística e outros, os resultados não são tão animadores, dado que a sua
carência é muito sentida.
Acresce também que não proliferam meios de informação e consulta na quinta, pois existe
apenas um aparelho de televisão na Casa Grande que, por sua vez, não dispõe de internet,
existindo apenas ligação nas Casas Azul e Branca.
A oferta também é baixa, ou mesmo inexistente, a nível de equipamentos e atividades, quando
comparada com os TER da Casa da Igreja Velha, Quinta Nossa Srª. de Lurdes, Quinta da Mó,
Ninhos da Terra, Pico do Refúgio, Casa dos Afectos, Quinta Atlantis, Casa da Abelheira e
Moinho do Passal, igualmente situados em S. Miguel.
A propósito, importa ter em conta a análise efetuada ao mercado do Agroturismo, possível
através das respostas apresentadas pelos turistas ao inquérito de satisfação.
Na Quinta da Grotinha, estamos a falar de um tipo de cliente que apresenta uma média de idade
de 39 anos, com especial incidência nos intervalos [33-38 anos – 40%] e [39-44 – 21%], como
pode ser visto no gráfico apresentado (Figura 5). No que se refere ao género as percentagens são
aproximadas: Clientes do sexo masculino – 51%, ligeiramente superior aos do sexo feminino –
49%. Quanto à nacionalidade dos clientes, predominam os portugueses, oriundos principalmente
de Portugal Continental – 81%.
Agroturismo e Turismo na Natureza nos Açores: Estudo aplicado à Quinta da Grotinha | Apresentação de resultados
-85-
Figura 5| Intervalo de idades dos clientes da Quinta da Grotinha
É de sublinhar que o cliente tipo da Quinta não tem raízes nos Açores: 86% afirma não ter
qualquer ligação ao território pelo que a sua viagem visa única e exclusivamente conhecer a ilha e
aproveitar os seus encantos, o que se conclui pela análise generalizada às respostas dadas à
questão suscitada sobre essa matéria (questão 12), com 85% dos clientes a indicar vir fazer férias
e lazer (Figura 6).
Figura 6| Qual o principal motivo da visita
Quanto às habilitações da generalidade dos clientes, conclui-se maioritariamente que são pessoas
com grau académico médio/superior – 73%.
No capítulo de caraterização da última viagem feita aos Açores e em que ficaram na Quinta da
Grotinha, as principais conclusões reveladas pelo inquérito são:
Na sua maioria (53%) os casais, sejam casados ou simplesmente namorados, não trazem
outros acompanhantes, nomeadamente filhos;
Quantos acompanhantes com idade inferior a 18 anos o acompanharam na viagem? –
75% afirmam vir sem qualquer acompanhante com idade inferior a 18 anos;
Vitório Fidalgo | ESHTE – Mestrado em Turismo
-86-
Quando ponderamos a avaliação do número de dias que os clientes indicam preferir ficar,
constatamos que maioritariamente os 5 dias são apontados por 23% como os mais escolhidos,
seguidos pela opção de 7 dias – 20%. Por último, uma permanência de 10 dias recolhe uma
percentagem de 15%.
Interessa também compreender se o regresso aos Açores é uma constante. Aí o conjunto das
respostas indica que 30% dos clientes apenas aponta ter vindo aos Açores uma vez, enquanto
22% identifica estar já pela segunda vez.
Por fim, neste segundo capítulo do questionário, quando analisamos as respostas à questão:
“Assinale os aspetos que o levaram a escolher um Turismo em Espaço Rural em detrimento da
Hotelaria Tradicional?”, verifica-se que 82% dos clientes prefere o TER por preponderar em
locais marcados pela sua tranquilidade ou serenidade; 52% destacam também o privilégio causado
pelo contato com a natureza; 38% indica a ruralidade e o afastamento do ambiente citadino como
as caraterísticas que os levam a optar por escolher estes locais (Figura 7).
Figura 7| Os aspetos que o levaram a escolher um TER em detrimento da hotelaria tradicional
Entrando agora na análise do grau de conhecimento que conduziu os clientes para a Quinta da
Grotinha, de um modo geral, 83% justificam ter tido conhecimento dela através de amigos; 11%
indicam saber da sua existência pela internet; uma maior percentagem de pessoas afirma ter feito
a sua reserva via telefone e 46% por email.
Para conseguirmos compreender os motivos que levaram os clientes a escolher a Quinta da
Grotinha, utilizou-se a escala de Likert, ou seja, 1 - Nada importante; 2 - Pouco importante; 3 -
Média importância; 4 - Muito importante; 5 – Fundamental. As médias apuradas foram:
hospitalidade – 4,49; ambiente e imagem – 4,31; qualidade do serviço – 4,3; qualidade do
alojamento – 4,03 e relação preço/qualidade -3,91%.
Agroturismo e Turismo na Natureza nos Açores: Estudo aplicado à Quinta da Grotinha | Apresentação de resultados
-87-
Por tudo isto, quando questionados se – “Numa próxima viagem à ilha de São Miguel, optava
por ficar na Quinta da Grotinha?” – as respostas são unânimes, o que corresponde a 100% dos
clientes, que se pronunciam peremtoriamente pela afirmativa – sim.
As habitações mais utilizadas na Quinta da Grotinha: Casa Azul (43%) e Casa Grande (51%), que
recebem comentários muito favoráveis dos clientes, que nelas destacam: A decoração (78%), a
área da habitação (63%); a paisagem (57%) e a luminosidade (51%). Para além destes motivos
existem ainda outros que são referenciados no gráfico da figura 9. Apenas 18% dos clientes
indica que as habitações carecem de um ou outro melhoramento.
Figura 8| O que mais gostou na habitação
O grau alargado de satisfação com a estadia na Quinta da Grotinha é identificado pelos
clientes quando convidados a pronunciar-se às perguntas 22, 23 e 24 do questionário:
“Grau de satisfação global com a estadia na Quinta”, 57% indica estar Totalmente
Satisfeito e 37% Muito Satisfeito;
À pergunta “Grau de satisfação global em relação a Quinta da Grotinha como Turismo
em Espaço Rural?”, 57% afirmam estar Totalmente Satisfeitos e 34% Muito
Satisfeitos;
“Em conclusão, as expetativas foram superadas?”, 44% afirmam que sim e 30% vão
mesmo ao ponto de julgarem que o foram em muito.
Importa nesta análise verificar também que tipo de oferta de atividade de turismo de natureza
será necessário criar ou aperfeiçoar no futuro, com vista a dar resposta ao mercado de exploração
de natureza que é o lema dos Açores “Açores! Natureza pura!”, de forma a poder dar-se resposta
aos inúmeros turistas que vêm em busca dessa mesma descoberta.
Perante um conjunto de opções bastante vasto, apresentadas no questionário, e que deram
também a possibilidade aos clientes de indicarem as suas próprias sugestões, foi possível reunir
Vitório Fidalgo | ESHTE – Mestrado em Turismo
-88-
qual a tendência de atividades com maior importância, a privilegiar no contexto da oferta de
serviços prestados pela Quinta da Grotinha, como sendo da preferência dos clientes. De novo
recurso à escala de Likert em que 1 - Nada importante; 2 - Pouco importante; 3 - Média
importância; 4 - Muito importante; 5 – Fundamental. As médias apuradas foram as seguintes,
conforme se pode verificar pela análise do quadro 9.
Quadro 6| Produtos turísticos a desenvolver
Produtos Média Produtos Média
Percursos pedestres interpretativos 3,36 Workshops de doçaria 2,54
Caminhadas na natureza com meditação 2,74 Workshops de agricultura biológica 3,10
Caminhadas para observação de aves 2,76 Workshops de artesanato 2,6
Observação de cetáceos 3,30 Aulas de yoga 2,65
Passeios de barco 3,46 Aulas de meditação 2,51
Atividades de caça submarina 2,93 Visitas guiadas a locais de interesse da ilha 3,75
Atividades de mergulho 3,34 Massagens e acupunctura 2,72
Workshops de cozinha vegetariana 2,77
Existência de equipamentos como sauna e jacuzzi
2,09 Workshops de cozinha regional 3,07
Workshops de doçaria 2,54
Escala: Likert em que 1 - Nada importante; 2 - Pouco importante; 3 - Média importância; 4 - Muito importante; 5
Outra questão que merece ser refletida: Se durante a época alta o turismo e a afluência de turistas
não constitui problema, quando se sai desta época mais estival, os números caem para valores
preocupantes como os já abordados em anteriores capítulos, o que representa uma grande
preocupação.
Contudo, a satisfação sentida pelos clientes da Quinta da Grotinha é tal que, quando
questionados se viriam à Quinta fora da época alta, 97% responderam afirmativamente e apenas
3% entenderam optar pela negativa.
Havendo potencial mercado fora da época alta, e perguntados a propósito da oferta que então
deveria prevalecer, as respostas acabaram por tender, no geral, no mesmo sentido (Quadro 10), o
que ajuda a caraterizar estas atividades como de eleição para turismo na natureza, em especial
praticado na Quinta da Grotinha. Com recurso à mesma escala da pergunta nº 25, apresentamos
na tabela abaixo as médias encontradas.
Quadro 7| Produtos turísticos para fora de época
Produtos Média Produtos Média
Percursos pedestres interpretativos 3,16 Workshops de doçaria 2,5
Caminhadas na natureza com meditação 2,54 Workshops de agricultura biológica 2,15
Caminhadas para observação de aves 2,7 Workshops de artesanato 1,91
Agroturismo e Turismo na Natureza nos Açores: Estudo aplicado à Quinta da Grotinha | Apresentação de resultados
-89-
Observação de cetáceos 3,05 Aulas de yoga 1,8
Passeios de barco 3,57 Aulas de meditação 2,16
Atividades de caça submarina 2,92 Visitas guiadas a locais de interesse da ilha 3,5
Atividades de mergulho 3,21 Massagens e acupunctura 2,2
Workshops de cozinha vegetariana 2,37
Existência de equipamentos como sauna e jacuzzi
1,88 Workshops de cozinha regional 2,69
Workshops de doçaria 2,17
Escala: Likert em que 1 - Nada importante; 2 - Pouco importante; 3 - Média importância; 4 - Muito importante; 5
Procurámos compreender também, através do questionário, em que medida os turistas achavam
importante, na Quinta, a existência de uma loja de artesanato regional com trabalhos
desenvolvidos por artesãos locais, e aí as respostas não foram tão afirmativas porque apenas 24%
considerou essa necessidade como muito importante, enquanto claros 48% não foram além de
uma preferência caraterizada de média importância.
Por último, sugestões: “Quais as situações que merecem maior atenção dos clientes?” A
existência de uma rede WiFi extensível a toda a Quinta (Extrema Importância); Maior e mais
eficaz referência, no momento do check in, às regras de limpeza a ter em conta em cada habitação
(Muito Importante); maior cobertura televisiva no espaço da Quinta – Importante a
curto/médio prazo.
6.2 Discussão dos resultados
Após o estudo aqui apresentado sobre as ofertas em TER, na ilha de São Miguel, e do
levantamento e correspondente interpretação dos dados dos questionários de satisfação aos
clientes que passaram pela Quinta da Grotinha, há condições para pensar que um tipo de turismo
deste género, voltado para a natureza e para todas as valências que dela sejam possíveis extrair,
tem de facto condições de progressão, assim se consigam aliar os gostos dos clientes à oferta
turística que se lhes possa apresentar.
Não é assim por acaso que o panorama apresentado para o turismo, pela UNWTO, no seu
relatório de 2012, tenda a confirmar o essencial das virtualidades do turismo na natureza, que só
necessitam ser aprofundadas em função de cada uma das situações específicas das áreas a
desenvolver na captação e difusão desta vertente.
Este turismo alternativo, que se identifica muito com o turismo na natureza, pode vir a afirmar-se
como um mercado de futuro. Para que isso aconteça importa que as ofertas já propostas, e as que
futuramente venham a ser criadas, disponham de produtos genuínos, dinâmicos e inovadores.
Vitório Fidalgo | ESHTE – Mestrado em Turismo
-90-
Quando interrogados no inquérito sobre o que mais gostaram na Quinta da Grotinha os turistas
disseram preferi-la, numa escala percentual variável entre os 38% e os 82%, por inserir-se num
local tranquilo e sereno, que possibilita o contato com a natureza e a libertação de ambientes
citadinos.
Outras caraterísticas identificadas pelos clientes turistas como importantes para a escolha da
Quinta da Grotinha e do TER em detrimento da hotelaria tradicional são o ambiente acolhedor e
genuíno e a fraternidade hospitaleira que todo o bucólico envolvente possibilita no
relacionamento entre as diversas pessoas que usufruem desses espaços.
Poderemos então considerar que estes são resultados que confirmam as teses de (Fonseca e
Ramos, 2007; Menezes, 2000; Silva, 2007), quando indicam que quem procura estes espaços
busca acima de tudo o sossego e a tranquilidade que não encontra nos locais de residência. Aliás,
a grande maioria dos autores aqui referenciados, caminha no mesmo sentido quanto às mais-
valias necessárias para a afirmação deste tipo de turismo, razões pelas quais a Quinta da Grotinha,
que só por si se integra num ambiente ideal para a afirmação deste tipo de turismo, poderá
beneficiar de uma posição bastante interessante neste mercado, se conseguir dar a volta às suas
fragilidades, mediante uma atenta reestruturação, que inverta as carências sentidas e, em seu lugar,
faça transformar o seu negócio em verdadeiros pilares de estratégia empresarial.
De uma forma geral, os dados que caraterizam os clientes da Quinta da Grotinha seguem em
tudo o que autores como Fonseca, Menezes (2000) e Silva (2007), apontaram como sendo o
perfil do cliente que procura unidades de TER. Indicam, por exemplo, que a grande maioria é
oriunda dos espaços urbanos, caraterizada por um bom nível de formação académica, como foi
possível concluir pelas respostas dadas, com 73% a indicarem ter formação superior.
Por sua vez, a faixa etária situa-se entre os 33 e os 44 anos, o que representa cerca de 61% da
amostra, o que vai ao encontro do indicado nas referências bibliográficas, onde o intervalo
referido foi dos 31 aos 45 anos.
Contudo, esses dados indicam também que apenas 22% dos inquiridos regressaram aos Açores
pela segunda vez, o que põe um problema sobre que importa refletir e compreender se, de
alguma forma, o não regresso terá a haver com expetativas não totalmente satisfeitas pelo
território ou então por outros constrangimentos como o elevado custo das ligações aéreas.
Apesar de os Açores se encontrarem a cerca de duas horas de avião de Portugal Continental
verificamos que maioritariamente as pessoas que procuram a Quinta da Grotinha não vêm para
Agroturismo e Turismo na Natureza nos Açores: Estudo aplicado à Quinta da Grotinha | Apresentação de resultados
-91-
passar um fim de semana. O seu propósito é ficar mais tempo: 5 dias para cerca de 23%; a opção
de 7 dias para 20% e, por último, 10 dias como a escolha preferencial para apenas 15%.
Será importante analisar que a relativa longa estadia dá espaço para que produtos de atividades de
natureza e aventura, assim como de saúde e bem-estar sejam comercializados, pelo que importa
melhorar toda essa informação pelos diferentes alojamentos e na página da internet.
A somar a este baixo nível de oferta é de referenciar que a Quinta da Grotinha representa um
exemplo de agroturismo, que lamentavelmente ainda não se encontra difundido em qualquer dos
grandes sites especializados. Dessa forma o mercado, tanto nacional como o internacional, ficam
sem a possibilidade de ter um conhecimento adequado do espaço.
Como refere Kotler (2000 cit. por Kotler, 2006: 7), “já não basta simplesmente satisfazer clientes.
É preciso encantá-los.”. Ora, esse encantamento deve começar logo pelo endereço de um site,
que normalmente serve de primeiro contato com o cliente, daí que tenha de haver uma forte
aposta neste canal de comunicação.
Com efeito, quando olhamos para os dados recolhidos no questionário, constatamos que mais de
83% dos clientes da Quinta da Grotinha tiveram conhecimento deste Agroturismo através de
amigos e que apenas 11% indicam saber da sua existência pela internet, o que preocupa, na
projeção de uma maior divulgação a potenciais turistas, e prova que o meio internet está muito
mal explorado na Quinta.
Também pelo facto deste nicho de mercado ser extremamente competitivo, a Quinta da
Grotinha não pode dar-se ao luxo de “perder o barco” por falta de investimento na componente
do marketing, visto que esta é a base que lhe irá permitir assumir-se perante esse mercado e
marcar a sua presença nele, independentemente da sua capacidade de gerar produtos
internamente, que tenham condições de competitividade com outros similares, desenvolvidos no
exterior e pela concorrência (Kotler 2000 cit. por Kotler, 2006).
Os autores Cruz (2003) e Ladeiro (2012) afirmam que existe uma necessidade de fazer com que o
mundo saiba desse tipo de oferta. Por isso, toda e qualquer empresa na área do turismo, que
pretenda realmente vingar, deve aproveitar a janela de oportunidade que é aberta pelo correto
aproveitamento da ferramenta internet. Segundo o primeiro destes autores, ela é responsável pelo
aumento, em 47%, do consumo de produtos turísticos, segundo dados referentes ao ano de 2004,
o que corresponde a um resultado global de 20% do total de produtos e serviços vendidos.
Vitório Fidalgo | ESHTE – Mestrado em Turismo
-92-
Segundo Cobra (1993 cit. por Abreu e Costa, 2000) e El-Check (1991 cit. por Abreu e Costa,
2000) não há outro caminho para a afirmação do turismo na natureza que não passe pelo
investimento em formas de marketing, até porque ele não é só publicidade ou simplesmente
venda. Ele será o elemento agregador das necessidades sentidas pelos clientes, que
posteriormente será trabalhado para que visualmente os cative e chame a aderir. Interfere na
forma como seja possível vender os produtos e serviços e na postura apresentada para tal efeito.
Trata-se de uma ferramenta que a Quinta da Grotinha terá de seguir também, afirmando-se desse
modo, o mais a curto prazo possível, como um TER competitivo em relação à concorrência já
existente, metodologia essa já aconselhada pelos autores (Longhini e Borges, 2005; Marujo, 2008).
Ao conciliarmos estas duas ferramentas (marketing e internet) estaremos a criar algo fundamental
visto que, se por um lado o marketing trabalha a empresa e os produtos para que o público os
veja de outra forma, por outro a internet permite chegar a um maior número de potenciais
clientes a um custo relativamente mais baixo.
A internet permite também uma difusão de informação mais completa e com maior qualidade, a
possibilidade de gerar reservas de forma instantânea e rápida, reduzindo o número de reservas
efetuadas por telefone que é atualmente de 46%. Esta ferramenta ajudará igualmente a melhorar a
comunicação com o mercado, a reduzir custos na produção e na distribuição de informação.
Mesmo havendo esta grande lacuna na comunicação com o exterior, a Quinta da Grotinha
continua a demonstrar qualidades fundamentais para se posicionar no mercado, já que
hospitalidade, ambiente e imagem, qualidade do serviço, qualidade do alojamento, relação
preço/qualidade, foram identificadas, no inquérito, pelos turistas que já a visitaram como
caraterísticas muito importantes.
De acordo com Moreira (2010) e Avena (2001) esta perceção muito satisfatória da atitude
institucional e do pessoal de atendimento, refletidos nas categorias de hospitalidade, qualidade de
serviço, qualidade do alojamento, representam dimensões que todos os que trabalham em TER
devem privilegiar.
Quando associamos a isso o sentimento de aprovação que sentimos nas respostas quando
inquirimos os clientes sobre o que mais gostaram nos alojamentos, verificamos que a decoração
(78%), a área da habitação (63%); a paisagem (57%); e a luminosidade (51%) foram considerados
os pontos fortes. Apenas um valor residual de 18% dos clientes não foi tão afirmativo, indicando
a necessidade de melhoramentos.
Perante tais indicadores, autores como Cabral (2004) entendem que os proprietários de um
espaço turístico como este, ao aperceberem-se de que se trata mesmo de um negócio lucrativo,
Agroturismo e Turismo na Natureza nos Açores: Estudo aplicado à Quinta da Grotinha | Apresentação de resultados
-93-
devem sentir-se estimulados para reorganizarem as suas propriedades, onde tão bem pode
desenvolver-se este negócio, privilegiando a dimensão estética e utilitária das suas instalações.
Dessa forma, uma maior fidelização de clientes poderá assumir circunstâncias mais propícias,
juntando-se muitos mais a todos os que, já agora, quando questionados se – “Numa próxima
viagem à ilha de São Miguel, optava por ficar na Quinta da Grotinha?” – dão-lhe a unanimidade
do seu aval, pronunciando-se peremtoriamente pela afirmativa – sim.
Daí que seja expectável ter elevados horizontes quando tentamos compreender o grau de
satisfação dos clientes com a estadia na Quinta da Grotinha: 57% indica estar Totalmente
Satisfeito e 37% Muito Satisfeito.
Quando abrimos o leque para a satisfação em relação à Quinta da Grotinha como Turismo em
Espaço Rural – as respostas encontradas reforçam as da pergunta anterior, já que 57% afirmam
estar Totalmente Satisfeitos e 34% Muito Satisfeitos.
Ao fechar este ciclo de avaliação de satisfação, procurámos saber se as expetativas foram
superadas: 44% afirmam que sim e 30% vão mesmo ao ponto de julgarem que o foram em
muito. Segundo Delgado (1996), esta satisfação encontrada reflete a total sintonia entre o
produto e as reais necessidades do cliente.
Estas respostas são a chave mestra para identificar que o produto oferecido tem qualidade, tem
condições para afirmar a sua autenticidade no mercado turístico alternativo e que por isso urge
contar também com apoios de agentes locais (públicos e privados), que assim se afirmarão
também como polos fundamentais de divulgação e afirmação do produto TER (Fonseca e
Ramos, 2007; MacCannell, 1999; Silva, 2007).
Resta-nos falar sobre o que falta ainda desenvolver a nível de atividades de natureza e aventura,
que são apontadas por Balmford (2009), Fredman (2010), Melo (2009)e Wells (1997), como um
dos setores em franco crescimento, sendo o principal produto estratégico da região (Silva, 2013 e
eventualmente outros) e ao qual a Quinta da Grotinha não pode, nem deve “virar a cara”, visto
que o desenvolvimento deste tipo de oferta possibilitará satisfazer ainda mais os clientes, com a
correspondente melhoria dos seus níveis de angariação e fidelização (Almeida e Silva, 2009: 309).
Note-se que o turista que procura este tipo de produtos está identificado como “novo turista” –
segundo Weaver & Oppermann (2000 cit. por Lima e Partidário, 2002: 9). Boniface (2001: 20)
enfatiza que as suas caraterísticas de flexibilidade, como conhecedor e pesquisador de qualidade
nos destinos, fazem dele um reflexo da mudança do estilo de vida operado pela sociedade e que
Vitório Fidalgo | ESHTE – Mestrado em Turismo
-94-
se insere dentro do setor do turismo alternativo e de nichos, onde este encontra resposta às suas
carateristicas.
Para além disso, este tipo de turismo foi identificado por um conjunto de autores como a
atividade que, não colocando de modo algum em causa os caminhos para uma atividade
sustentável, melhor servirá os interesses da ilha (Balmford, 2009; Buhalis e Costa, 2006; Lopes,
2013; Moniz, 2006; Newsome et al., 2002; Rantala, 2011; Silva, 2013).
Assim, e tendo em consideração as carateristicas apresentadas, foram elaboradas propostas de
atividades das quais foram considerados os produtos que apresentavam médias mais altas de
acordo com a citada escala Likert de 1 a 5: visitas guiadas a locais de interesse da ilha (3,75);
percursos pedestres interpretativos (3,36); passeios de barco (3,46); observação de cetáceos (3,3);
e atividades de mergulho (3,34%).
Sendo os Açores um arquipélago no meio do oceano a sazonalidade da atividade turística é
fortemente sentida, levando a que as taxas de ocupação desçam a níveis quase impossíveis de
conseguir fazer com que um negócio do tipo subsista (SREA, 2013).
Assim, é urgente colmatar um entrave grave como esse, o que nos levou a questionar os clientes
se estariam dispostos a voltar na época baixa, fora portanto do período estival, e o resultado foi
bastante positivo, já que 97% respondeu afirmativamente e apenas 3% entendeu optar pela
negativa. Portanto, a disponibilidade existe em larga escala, importando então criarem-se as
condições para que isso aconteça. Que atividades os estimulariam então a vir fora de época e que
a Quinta deveria aproveitar e oferecer?
Surpreendentemente as respostas caminharam no sentido do mesmo modelo, ou seja,
independentemente da época do ano as atividades de preferência são do mesmo tipo, não
obstante quaisquer aperfeiçoamentos de circunstância que se justifiquem pontualmente, o que
ajuda a caraterizar as atividades que de seguida se indicam como genericamente de eleição para
turismo na natureza, em especial praticado na Quinta da Grotinha.
Assim, classificaram-se com as médias mais altas,de acordo com a escala de Likert, as seguintes
preferências: Passeios de barco (3,57); atividades de mergulho (3,21); percursos pedestres
interpretativos (3,16); observação de cetáceos (3,05); visitas guiadas a locais de interesse da ilha
(3,5%).
Por fim, a apreciação dos questionários suscita algumas sugestões mais referenciadas pelos
clientes. A temática envolvendo a oferta de serviços de internet, rede WiFi, extensível a toda a
Quinta (Extrema Importância) mostra-se decisiva para muitos dos potenciais frequentadores da
Agroturismo e Turismo na Natureza nos Açores: Estudo aplicado à Quinta da Grotinha | Apresentação de resultados
-95-
Quinta, que muitas vezes, devido aos cargos que ocupam, não se podem sentir privados de
manterem contato com o mundo cibernauta durante o seu tempo de férias. Um handicap que
importa ser ultrapassado.
Olhando para o estudo de mercado a cobertura televisiva é algo que está presente em todos os
TER e no espaço da Quinta mais uma vez esse ponto não deve ser descurado, visto que mesmo
que se tente fomentar mais a relação entre as pessoas, a TV deve existir e ser satisfatória para o
cliente na escolha desta sua solução TER – Ela é sentida como Importante a curto/médio prazo.
Também as regras relacionadas com a limpeza, a ter em conta em cada habitação, poderiam
constar do pacote, para o que bastaria que essa opção fosse passível de ser clarificada logo no
momento da reserva. Se houvesse um formulário de reserva na internet essa opção deveria facilitar
esse pormenor, assim como a existência da opção de camas extra (Muito Importante).
Agroturismo e Turismo na Natureza nos Açores: Estudo aplicado à Quinta da Grotinha | Conclusões e considerações finais
-97-
7 CONCLUSÕES E CONSIDERAÇÕES FINAIS
No resumo com que a princípio indicámos a que nos propunhamos neste trabalho, foi acentuado
que o turismo é um setor deveras importante para a economia e isso será tanto ou mais
significativo quanto for a capacidade para desenvolver a sua componente serviços mediante
medidas suficientemente atrativas e inovadoras.
Nessa perspetiva, como a Quinta da Grotinha insere-se num negócio que visa produzir serviços,
quer de alojamento, quer de atividades de natureza e aventura para os diferentes clientes no setor
do turismo, podemos então inferir que o futuro deste produto será promissor desde que esta
componente respeite, como serviço, o lema da qualidade tão exigida nos dias de hoje.
Como setor estruturante da economia global é de extrema importância que todo o tipo de
atividades que se desenvolvam em seu redor aconteça tendo sempre em atenção os mais elevados
conceitos de desenvolvimento sustentável.
Podemos assim concluir que:
Para que esse desenvolvimento decorra no caminho certo, e nesse caso a Quinta da
Grotinha deve ser vista como um exemplo entre muitos, terão de ter-se em linha de conta
as três dimensões fundamentais a cada sociedade: económica, social e ambiental, de que
dependerá uma correta abordagem das necessidades das gerações atuais, o que será uma
garantia de que os recursos ao dispor serão devidamente orientados e assim não porão em
causa as aspirações das gerações futuras (Fonseca e Ramos, 2007; Silva et al., 2013);
Neste processo toda a criação e desenvolvimento de novos produtos e oferta turística
deverão assentar num forte planeamento, já que será a partir deste que alguns pontos
fundamentais como a definição da capacidade de carga máxima de determinados destinos
ou zonas, possibilitará desenvolver o turismo no caminho da sustentabilidade(G., 1998:
39);
A Quinta da Grotinha, exemplo de turismo no espaço rural, possui qualidades ímpares
para apoiar dinâmicas de desenvolvimento a nível regional e afirma-se como veículo que
valoriza os recursos endógenos e que potenciem o seu desenvolvimento como tal;
Devido às suas caraterísticas, o tipo de turistas da Quinta da Grotinha é preferencialmente
aquele que, devido a fatores de ordem social e psicológica, procura algo de genuíno e
associado ao desejo de distanciamento temporário das pressões quotidianas e de uma
atmosfera no oposto ao ambiente citadino, que desse modo possa desfrutar de locais
Vitório Fidalgo | ESHTE – Mestrado em Turismo
-98--98-
onde o descanso, relaxamento, tranquilidade, reencontro com a sua própria autenticidade
e contato com a natureza possibilitem o tão ansiado “recarregar de baterias”
(PRIVETUR, 2013; Silva, 2007);
Devido às carateristicas da nossa sociedade o turismo em espaço rural apresenta-se assim
como uma aposta com tendência para ser ganha, dados os sinais de crescimento, que tem
vindo a manifestar ao longo dos últimos anos (Observatório Regional de Turismo, 2008);
Em relação aos Açores torna-se urgente estabilizar mais as taxas de ocupação, já que
mesmo havendo sempre uma forte sazonalidade (SREA, 2013), torna-se imperioso
conseguir arranjar soluções para essa diminuição da procura através da criação de novos
produtos e da redução do preço das ligações aéreas;
Segundo Cafferky (1999, cit. por Bentivegna, 2002: 80), mais de 80% das pessoas seguem
as recomendações de familiares, amigos ou profissionais, mas o recurso a este turismo de
lazer não se esgota nesses meios. O recurso à internet para uma mais ampla divulgação é
assim fundamental, o que a Quinta da Grotinha não pode também descurar;
É assim que uma ampla divulgação pelas novas tecnologias determinará que a Quinta da
Grotinha deva dispor de um site com mais valências do que aquele de que presentemente
dispõe e que surja em outros tipos de páginas tais como Booking, Airbub e Tripadvisor, entre
outros;
A Quinta da Grotinha deverá apostar na renovação das suas instalações, acompanhada
pelo aumento da capacidade de alcance da rede WiFi e a disponibilização de informação,
para todos os hóspedes, via internet, com as receitas mais interessantes e possíveis de
serem experimentadas nas cozinhas de cada um dos diferentes alojamentos;
Se as ofertas em turismo de natureza e saúde e bem-estar envolvem atividades que são
apontadas por muitos autores (Balmford, 2009; Fredman e Tyrväinen, 2010; Melo, 2009;
Wells, 1997), como em franco crescimento e ao qual é exigida uma resposta, a Quinta da
Grotinha deve procurar investir nelas para o seu efetivo desenvolvimento;
Alguns exemplos dessas ações: atividades de mergulho; passeios de barco e observação de
cetáceos; visitas guiadas a locais de interesse da ilha; percursos pedestres interpretativos;
ações a culminar com refeições em zonas emblemáticas da ilha. Para isso a Quinta da
Grotinha deveria associar-se em parceria a outras empresas, cujos meios humanos e
materiais a ajudem na sua concretização;
Agroturismo e Turismo na Natureza nos Açores: Estudo aplicado à Quinta da Grotinha | Conclusões e considerações finais
-99-
Destas atividades deverá ser dado prévio conhecimento, para além de outros meios de
difusão propostos, à chegada dos clientes no ato do seu check in;
Dado que a Quinta da Grotinha é um espaço com capacidade para transmitir calma,
descontração, capacidade regeneradora e relaxamento completo seria interessante que
pudesse vir a envolver a sua atividade através da existência de um gabinete de terapias
alternativas, que funcionasse interna ou exteriormente a ela, num dos recantos mágicos da
ilha de São Miguel, que merecesse o aval dos seus responsáveis;
Esta nova visão, que se pretende atribuir à Quinta da Grotinha, pressupõe investimento
na justa medida das ambições pretendidas, mas o seu resultado, no curto/médio prazo,
será convertido em mais dias de ocupação e em consequente encaixe financeiro;
Desta maneira, a Quinta da Grotinha passará a fornecer um serviço de maior qualidade e
diversificado, o que lhe dará maior relevância turística, de que poderão resultar mais
ganhos pelo facto de um maior conhecimento à sua volta a poder projetar ao encontro
das principais revistas internacionais da especialidade.
Como apontámos no resumo inicial com vista à presente dissertação o principal objetivo
subjacente consistiu em, analisar e apresentar, de uma forma abrangente, propostas para melhorar
a oferta, garantindo a sustentabilidade de um projeto como o da Quinta da Grotinha.
A investigação desenvolvida permitiu aferir que o valor da Quinta da Grotinha é inegável no
panorama do agroturismo, que ultrapassa em muito o mero âmbito regional, embora as
potencialidades, que torna vísiveis, se mostrem ainda muito aquém das suas reais capacidades,
devido à estagnação sentida a nível da ocupação dos diferentes alojamentos como resultado da
reduzida e inadequada utilização das novas tecnologias de comunicação, em especial a internet, e
da pouca criação e implementação de novos produtos turísticos.
A análise do estado da arte sobre turismo, em particular o TER, agroturismo e turismo na
natureza, conjuntamente com a aplicação de inquéritos aos clientes da Quinta da Grotinha e uma
análise de estudo de mercado, permitiram que se chegasse a um conjunto de conclusões que
confirmaram as premissas da presente dissertação, a saber:
Que existe um conjunto de produtos de turismo na natureza e de saúde e bem-estar com
uma forte componente criativa e capaz de proporcionar uma experiência única a quem os
realiza, que devem ser desenvolvidos como complemento da oferta de alojamento;
Vitório Fidalgo | ESHTE – Mestrado em Turismo
-100--100-
Apesar de terem sido encontradas algumas respostas sobre o desenvolvimento de pacotes
turísticos capazes de combater a sazonalidade do turismo nos Açores este ponto carece
de maior dedicação e uma análise mais aprofundada;
A partir da análise de estudo de mercado, foi possível identificar quais as soluções que a
concorrência tinha e que a Quinta da Grotinha não poderia deixar de ter;
A análise à opinião dos clientes revelou que, na sua quase totalidade, os clientes da Quinta
da Grotinha sentiram a sua estadia com um grau de satisfação muito elevado e mostram
vontade de regressar;
Foram apresentadas um conjunto de medidas que sugerem atualizar e melhorar a Quinta
da Grotinha para que, de uma forma mais sustentável, ela consiga estabelecer-se de uma
forma sólida, confiante e determinada para um futuro a médio e longo prazo.
A Quinta da Grotinha é vista pelos que responderam como um espaço turístico de referência,
que só precisará de se lançar mais para o exterior através de uma promoção mais
internacionalizada, criativa e moderna.
Assim, se a Quinta da Grotinha quiser apostar numa atividade turística mais ampla e inovadora,
poderá vir a ser no futuro um exemplo de agroturismo que prime por qualidade redobrada e
reconhecida além-fronteiras.
Pensamos ter assim respondido ao propósito aqui primeiramente formulado, partindo do
exemplo da Quinta da Grotinha. Há todas as condições para o agroturismo, o turismo na
natureza, se afirmar, mas importa avançar para apostas inovadoras que ajudem a captar um maior
número de turistas. Para isso há que investir, trabalhar no sentido de ir ao encontro dos seus
anseios, de como se sintam cada vez melhor em contato com a tranquilidade que a natureza
suscita. Essa predisposição existe. Bastará apenas que os operadores traduzam mais e mais ideias
em atos inovadores, para que esta vertente turística alcance maior sucesso no futuro.
Potencialidades existem e se esta dissertação serviu para despertar consciências, como nos
propusemos de início, tanto melhor!
Agroturismo e Turismo na Natureza nos Açores: Estudo aplicado à Quinta da Grotinha | Referências Bibliográficas
-101-
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Abreu, N. R. e Costa, E. d. B. (2000). [Estudo da viabilidade da utilização de marketing na
internet no setor hoteleiro de Maceió].
Açores, G. (2014) Disponível a 06-02-2014, em http://www.azoresgeopark.com.
Adil, M., Ghaswyneh, D. O. F. M. A. e Albkour, A. M. (2013). SERVQUAL and SERVPERF: A
review of measures in services marketing research. Global Journals Inc., 13(6), 13.
Albuquerque, M. L. e Godinho, C. (2001). Turismo diagnóstico prospectivo. Lisboa Gabinete de
Estudos e Prospectiva Economica.
Almeida, J. A. e Silva, M. F. (1989). Turismo rural: a comunicação como fator estratégico no desenvolvimento
local. UFSM. Santa Maria.
Almeida, M. C. e Silva, F. (2009). Gestão do risco em animação turística . Em C. G. Soares, C.
Jacinto, A. P. Teixeira e P. Antão (Eds.), Riscos Industriais e Emergentes (pp. 309-322). Lisboa:
Edições Salamandra.
Alves, L. (2009). Laurinda Alves - A substância da vida. Retrieved from
http://laurindaalves.blogs.sapo.pt/257594.html, 09-02-2014.
Alves, P. L. F. R. (2004). Processo de desenvolvimento de produto: um modelo para PME's. Dissertação de
mestrado, Universidade de Aveiro, Aveiro.
Arena, K., Buglia, P., Pereira, M. e Simões, P. (2002). Marketing boca a boca: a importância de se
almejar a satisfação do cliente. Apresentado no III Simpósio de Ciências Aplicadas da FAIP, S.
Paulo.
Arruda, E. e Pimenta, D. (2005). Algumas reflexões sobre a internet e as estratégias
comunicativas no marketing em turismo. Caderno Virtual de Turismo, 5, 8.
Avena, B. M. (2001). Acolhimento de qualidade: fator diferenciador para o incremento do
turismo. Turismo em Análise, 12, 5.
Bachel, A. (2000). [Nuevas tecnologias y educación para el desarrollo del turismo].
Balmford, A. (2009). A global perspective on trends in nature-based tourism. PlosBiology, 7, 6.
Baloglu, S. e McCleary, K. W. (1999). A model of destination image formation. Annals of Tourism
Research, 26, 30.
Barbalhol, C. R. S., Barbosa e Simol1etti, P. R. (1997). Turismo & qualidade: referenciais teóricos
para uma prática. Turismo em Análise, 8, 5.
Barbieri, J. C. (1998). Desemvolvimento e meio ambiente: as estratégias de mudança da Agenda
21 Revista Administração de Empresas, 38, 2.
Vitório Fidalgo | ESHTE – Mestrado em Turismo
-102--102-
Batista, D. F. (2010). Turismo, contributo para o desenvolvimento sustentável de áreas protegidas. Dissertação
de mestrado, Universidade Nova de Lisboa Lisboa
Beerli, A. e Martın, J. D. (2004). Factors influencing destination image. Annals of Tourism Research,
31, 25.
Bentivegna, F. J. (2002). Fatores de impacto no sucesso do marketing boca a boca on-line. Revista
de Administração de Empresas, 42, 9.
Bernardo, D., Valentin, L. e Leatherman, J. (2004). [Agritourism: if we build it, will they come?].
Boniface, B. e Cooper, C. (2001). World wide destinations – the geography of travel and tourism.
Disponível a 25-03-2014, em http://www.google.pt/books?hl=pt-
PT&lr=&id=0SFkLo2GLVIC&oi=fnd&pg=PT6&dq=World+Wide+Destinations+%E2%8
0%93+The+Geography+of+Travel+and+Tourism&ots=xWHAODcV9T&sig=wspObMt5c
IyCN3vfvwncKokbt7o&redir_esc=y#v=onepage&q=World%20Wide%20Destinations%20
%E2%80%93%20The%20Geography%20of%20Travel%20and%20Tourism&f=false.
Botelho, D. R. (2010). Satisfação e fidelidade dos turistas no sector hoteleiro: um aplicação à ilha de S.Miguel.
Dissertação de mestrado, Universidade dos Açores Açores
Brito, B. R. (1999). O turista e o viajante contributos para a conceptualização do turismo alternativo e
responsável. Apresentado no IV Congresso Português de Sociologia, Lisboa.
Buhalis, D. (2000). Marketing the competitive destination of the future. Tourism Management 21,
20.
Buhalis, D. e Costa, C. (2006). Tourism business frontiers - consumers, products and industry.
Em Elsevier (Ed.), (3 ed., pp. 296). ReinoUnido.
Cabral, L. O. e Scheib, L. F. (2004). Análise da dinâmica espacial em agroturismo. Turismo - Visão
e Ação, 6, 14.
Cale, T. S. L. (2012). Surf como potencial produto turistico dos Açores Dissertação de mestrado, Escola
Superior de Hotelaria e Turismo do Estoril Estoril.
Candiotto, L. (2011). Implicações do turismo no espaço rural e em estabelecimentos de
agricultura familiar Revista de Turismo Património Cultural, 9, 13.
Candiotto, L. Z. P. (2010). Elementos para debate Acerca do Conceito de turismo rural. Turismo
em Analise, 21, 22.
Cardoso, M. N. (2010). A importância da paisagem para o desenvolvimento turistico: caso da iha de S. Jorge.
Dissertação de mestrado, Universidade Nova de Lisboa Lisboa.
Casielles, R. V. e Martín, A. M. D. (1996). El conocimiento de las expectativas de los clientes:
Una pieza clave de la calidad de servicio en el turismo. (pp. 19). Oviedo: Facultad de Ciencias
Económicas y Empresariales.
Agroturismo e Turismo na Natureza nos Açores: Estudo aplicado à Quinta da Grotinha | Referências Bibliográficas
-103-
Cater, E. e Lowman, G. (1994). Ecoturism a sustainable option? : Royal Geographical Society.
CCAH. (2009). Alojamento rural tem margem para crescer nos Açores. Disponível a 06-04-2014, em
http://www.novo.ccah.eu/economia/noticias/ver.php?id=5135.
Chagas, A. (2000). O questionário na pesquisa científica Administração On line, 14.
Cooper, C., Fletcher, J., Gilbert, D., Wanhill, D., Shepherd, R. e Fyall, A. (2008). Tourism: Principles
and practice. Disponível a 30-01-2014, em http://www.google.pt/books?hl=pt-
PT&lr=&id=jlBa76_JzaoC&oi=fnd&pg=PR12&dq=Tourism:+Principles+%26+Practice+,+
cooper+1993&ots=_WoZiffpfO&sig=IqobgQt1IHdW4IMXjcWgeg5Wz8Y&redir_esc=y#v
=onepage&q=Tourism%3A%20Principles%20%26%20Practice%20%2C%20cooper%20199
3&f=false.
Cooper, R. G. e Kleinschmidt, E. J. (2001). Stage-gate process for new product success. Innovation
Management, 8.
Costa, P. (1993). [Cidades e urbanização em Portugal: uma sociologia, geografia ou economia
urbanas?].
Costa, P. L. d. S. B. d. (2010). Concepção e desenvolvimento de um novo produto. Dissertação de
mestrado, Escola Superior de Hotelaria e Turismo do Estoril, Estoril.
Cruz, G. e Gândara, J. M. G. (2003). O turismo, a hotelaria e as tecnologias digitais. Turismo -
Visão e Ação 5, 23.
D.R.E. (2000). Sistema de indicadores de sustentabilidade do turismo da macaronésia Funchal: DREF.
DEAT. (2002). Responsible tourism manual for south africa. África do Sul: DEAT.
Decreto-Lei n.o 54/2002 de 11 de Março. Diário da República, n.º 59 - 1 Série. Lisboa.
Decreto-Lei n.º 95/2013 de 19 de julho. Diário da República, n.º 138 - 1.ª série. Secretaria Geral.
Lisboa.
Decreto-Lei n.º 108/2009 de 15 de maio. Diário da República, n.º 94 - I Série. Ministério da
Economia e da Inovação. Lisboa.
Delgado, J. (1996). Sensibilização para a importância da qualidade no mercado actual. Disponível a 08-
01-2014, em http://www.ipv.pt/millenium/arq8_2.htm.
Delgado, J. (1997). Sensibilização para a importância da qualidade no mercado actual. Millenium,
8, 13.
Deng, J., King, B. e Bauer, T. (2002). Evaluating natural attractions for tourism. Annals of Tourism
Research, 29, 12.
Dias, F. S. (1995). A importância da "economia da laranja" no Arquipélago dos Açores durante o
século XIX (Vol. 1, pp. 52). Açores: Universidade dos Açores.
Dillman. (1978). Mail and telephone surveys: the total design method, 1.
Vitório Fidalgo | ESHTE – Mestrado em Turismo
-104--104-
Fernandes, M. A. d. S. (2008). Deleite e fidelização do consumidor no turismo em espaço rural Dissertação
de mestrado, Universidade de Aveiro, Aveiro.
Firmino, T. (2013). Pirâmide subaquática ao largo da Terceira não existe. Publico.
Fleischer, A. e Pizamt, A. (1997). Rural tourism in Israel. Tourism Management, 18, 6.
Fonseca, F. P. e Ramos, R. (2007). O Turismo em espaço rural como eixo estratégico de desenvolvimento
Sustentavel: o caso de Almeida. 13º Congresso da APDR, Angra do Heroismo.
FPADL. (2012). 3 Projetos LEADER. Disponível a 13-02-2014, em
http://www.minhaterra.pt/minha-terra-publica-3-projetos-leader.T11191.php.
Fredman, P. e Tyrväinen, L. (2010). Frontiers in nature‐based tourism. Scandinavian Journal of
Hospitality and Tourism, 10, 15.
Frías, A. I. (2010). Collective strategies for rural tourism: the experience of networks in Spain.
Journal of Tourism Consumption and Practice 2, 21.
G., S. C. (1998). Relaciones entre agroturismo y valoración de patrimonio medio ambiental.
Gestión Turística, 3, 6.
Gândara, M. G. (2007). A imagem dos destinos turisticos urbanos Turismo Cultural, 22.
García, A. L. (2011). O turismo sustentável como instrumento de desenvolvimento económico: o caso das ilhas do
Triângulo Açorianas Dissertação de mestrado, Instituto Superior de Economia e Gestão.
Gazoni, J. L., Mota, J. A., Brasileiro, I. L. G. e Carvalho, A. X. Y. (2006). Valoração económica do
Parque Estadual de Itaúnas (ES)
Geisler, M. (2013). Agritourism profile. Disponível a 13-05-2014, em
http://www.agmrc.org/commodities__products/agritourism/agritourism-profile/.
Governo Regional dos Açores. (2008a). “A estratégia para as RUP: progressos e perspectivas
futuras" (pp. 44). Açores Governo Regional dos Açores
Governo Regional dos Açores. (2008b). Plano de ordenamento turístico dos Açores (1 ed., pp.
38): Diário da República.
Grimm, I. J., Prado, L., Giacomitti, R. B. e Mendonça, F. (2012). Mudanças climáticas e o
turismo: desafios e possibilidades. Revista Brasileira de Climatologia 11, 24.
Grotinha, Q. d. (2008). Visitas à quinta Retrieved from
https://www.blogger.com/comment.g?blogID=34538742&postID=115844903410160397,
10-02-2014.
Grotinha, Q. d. (2011). Conceito. Disponível a 10-10-2013, em
http://www.grotinha.com/pt/grotinha.php.
Günther, H. (2003). Como elaborar um questionário In U. d. Brasília (Ed.), Planeamento de
Pesquisas em Ciências Sociais (pp. 15). Brasília: Instituto de Psicologia
Agroturismo e Turismo na Natureza nos Açores: Estudo aplicado à Quinta da Grotinha | Referências Bibliográficas
-105-
Gunther, H. e Junior, J. L. (1990). Perguntas abertas versus perguntas fechadas: uma comparação
empírica. Psicologia: Teoria e Pesquisa, 6, 11.
Guzzatti, T. C. (2010). O Agroturismo como elemento dinamizador na construção de territórios rurais: O caso
da Associação de Agroturismo acolhida na Colônia em Santa Rosa de Lima. Tese de doutoramento
Universidade Federal de Santa Catarina.
Hall, C. M. (2006). Nature-based tourism in peripheral areas: development or disaster. Channel
View Publications, 3, 9.
Honey, M. (n.d). Ecotourism and sustainable development (Vol. 1): Island Press.
ICNF. (n.d.). O que saber sobre atividades de ar livre. Instituto da Conservação da Natureza e das
Florestas.
ICRT & GTA. (2006). Gauteng tourism - responsible-tourism manual: Gauteng Tourism Authority.
INE. (2011). Censos 2011 resultados definitivos - região Autónoma dos Açores. Instituto Nacional de
Estatística
IQF. (2005). O turismo em Portugal – evolução das qualificações e diagnóstico das necessidades
de formação (pp. 408): MTSS.
Irving, M. d. A., Bursztyn, I., Sancho, A. P. e Melo, G. d. M. (2005). Revisitando significados em
sustentabilidade no planejamento turístico. Caderno Virtual de Turismo, 18, 7.
Jesus, L. (2007). Evolução da oferta e da procura do TER. III Congresso de Estudos Rurais, Faro.
Kastenholz, E. (2002). The role and marketing implications of destination images on tourist behavior: the case
of northern Portugal Tese de doutoramento, Universidade de Aveiro, Aveiro.
Klimek, K. (2013). Destination management organisations and their shift to sustainable tourism
development. European Journal of Tourism, Hospitality and Recreation, 4, 21.
Kotler, P. (2006). [Administração de marketing ].
Ladeiro, M. M. L. (2012). A eficácia dos sites turísticos estudo de caso: Lisboa e os principais concorrentes.
Dissertação de mestrado, Escola Superior de Hotelaria e Turismo do Estoril, Estoril.
Lang, C.-T. e O'leary, J. T. (1997). Motivation, participation, and preference: A multi-
segmentation approach of the australian nature travel market. Journal of Travel & Tourism
Marketing, 6, 24.
Lavaredas, R. A. M. C. (2010). A internet como meio de promoção turistica na região de Lisboa: o sector
público. Dissertação de mestrado Universidade Aberta.
Lima, S. e Partidário, M. d. R. (2002). Novos turistas e a procura da sustentabilidade Gabinete de
Estudos e Prospectiva Económica.
Lindon, D. e Freitas, L. (2004). Mercator XXI, teoria e prática do marketing (10 ed.): Dom Quixote.
Vitório Fidalgo | ESHTE – Mestrado em Turismo
-106--106-
Longhini, F. O. e Borges, M. P. (2005). A influência da internet no mercado turístico: um estudo
de caso nas agências de viagens de Piracicaba (SP) e região. Caderno Virtual de Turismo, 8.
Lopes, T. A. F. M. (2013). Contributos para a qualidade dos serviços de animação turistica nos Açores
Dissertação de mestrado, Escola Superior de Hotelaria e Turismo do Estoril.
Loureiro, S. M. C. e Gonzaléz, F. J. M. (2006). Qualidade percebida do serviço em alojamentos
no espaço rural em Portugal. Contabilidade e Gestão, 36.
Luís, E. (2002). Turismo e desenvolvimento do espaço rural: o caso do concelho de Santa Marta
do Penaguião. Inforgeo, 16/17, 17.
MacCannell, D. (1999). The tourist. Schocken Books. Disponível a 30-4-2014, em
http://www.google.pt/books?hl=pt-
PT&lr=&id=6V_MQzy021QC&oi=fnd&pg=PR9&dq=MacCannell+1999&ots=e6gRsip7DS
&sig=Q_vBx4wtk1qNRD5OB0ibP_3aJR0&redir_esc=y#v=onepage&q=MacCannell%2019
99&f=false.
Malheiro, T. F., Jr., A. P. e Coutinho, S. M. V. (2008). Agenda 21 nacional e indicadores de
desenvolvimento sustentável: contexto brasileiro. Saude Soc. São Paulo, 14.
Marujo, M. N. N. V. (2008). [A internet como novo meio de comunicação para os destinos
turísticos: O caso da Ilha da Madeira].
Matos, N., Mendes, J. e Valle, P. (2012). A model development of relationships between tourism experiences
and destination image. 2nd Advances in Hospitality and Tourism Marketing & Management
Conference.
MEE. (2013). Plano Estratégico Nacional de Turismo - revisão do plano de desenvolvimento do turismo no
horizonte de 2015. Lisboa: Ministério da Economia e do Emprego
Melo, R. J. E. S. d. (2009). Desportos de natureza: reflexões sobre a sua definição conceptual.
Educação/Formação, 12.
Mendonça, M. C. A., Batalha, M. O. e Santos, A. C. (2002). [Turismo em espaço rural: debates e
tendências ].
Menezes, F. (2000). Tourism as an agent of rural development construction of programmes and institutional
forms of implementation a case study of LEADER I in Vale do Lima(in NW Portugal). Dissertação de
mestrado, Bournemouth Universidade.
Ministério da Economia e do Emprego. (2013). Plano Estratégico Nacional do Turismo. Governo de
Portugal.
Moniz, A. I. D. S. A. (2006). A sustentabilidade do turismo em ilhas de pequena dimensão: o caso dos açores
Tese de douturamento, Universidade dos Açores
Agroturismo e Turismo na Natureza nos Açores: Estudo aplicado à Quinta da Grotinha | Referências Bibliográficas
-107-
Moreira, A. C. e Dias, A. M. d. C. D. (2010). Qualidade nos serviços de alojamento rural. O
agroturismo em Trás-os-Montes e Alto Douro, Portugal. Gestión Turística, 13, 24.
Moreira, F. J. d. M. (2009). [O potencial do turismo em espaço rural para o desenvolvimento dos
territórios ].
Naidoo, P., Ramseook-Munhurrun, P. e Seegoolam, P. (2011). An assessment of visitor
satisfaction with nature-based tourism attractions. International Journal of Mangement and
Marketing Research, 4, 13.
Neto, V. (2013). Portugal turismo - relatório urgente.
Newsome, D., More, S. A. e Dowling, R. (2002). Natural area tourism: ecology, impacts and
management. Channel View Publications, 340.
Nunes, J. C., Lima, E. A., Costa, M. P. e Porteiro, A. (2010). Vulcanismo e paisagens vulcânicas
dos Açores: contributo para o geoturismo e o projecto geoparque Açores. Ciências da Terra
Geosciences, 18, 4.
Observatório Regional de Turismo. (2008). Os Açores e o turismo. Turismo em Observação, 1.
Observatório Regional Turismo. (2008). A qualidade do destino Açores na perspectiva dos
turistas. 21.
Oliveira, C. P. (2013). Caracterização do mercado de actividades de turismo de natureza em Portugal.
Dissertação de mestrado, Universidade Nova de Lisboa
OMT. (2005). Evaluating and improving websites – the destination web watch. Organização Mundial do
Turismo
PADI. (1993). Project AWARE. Disponível a 15-01-2014, em http://www.projectaware.org/.
Paim, I., Nehmy, R. M. Q. e Guimarães, C. G. (1996). Problematização do conceito "qualidade"
da informação. Perpectivas em Ciências de Informação 1, 9.
Parasuraman, A., ZelthamI, V. A. e Berry, L. L. (1988). SERVQUAL: a multiple-item scale for
measuring consumer perceptions of service quality. Journal of Retailing, 64, 29.
Pimentel, D. (2013). Marketing e branding em hotelaria: casos práticos nas pousadas de Portugal Pós
Graduação Escola Superior de Hotelaria e Turismo do Estoril, Estoril.
Pimentel, E., Pinho, T. e Vieira, A. (2006). Imagem de marca de um destino turístico. Turismo -
Visão e Ação 8, 17.
Plog, S. C. (1998). Why destination preservation makes sense. In B. Heinemann (Ed.), Global
Tourism (pp. 251 - 266). Retrieved from http://www.google.pt/books?hl=pt-
PT&lr=&id=IVn_mdwAY5EC&oi=fnd&pg=PA251&dq=why+destination+preservation+m
akes+sense&ots=YaiEyY7-
Vitório Fidalgo | ESHTE – Mestrado em Turismo
-108--108-
lb&sig=Xlfhii97wJ3JjurIQxuJNwzeSCY&redir_esc=y#v=onepage&q=why%20destination%
20preservation%20makes%20sense&f=false.
Portaria n.º 651/2009 de 12 de junho. Diário da República, n.º 112 - 1.ª série. Ministério do
Ambiente, do Ordenamento, do Território e do Desenvolvimento Regional e da Economia e
da Inovação. Lisboa.
Priskin, J. (2001). Assessment of natural resources for nature-based tourism: the case of the
Central Coast Region of Western Australia. Tourism Management, 22, 12.
PRIVETUR. (2013). "O Turismo Rural é uma Aposta, Proporciona Experiências Únicas". Disponível a
07-02-2014, em http://www.privetur.pt/pt/entrevistas/page.html?id=1473.
Rantala, O. (2011). An ethnographic approach to naturebased tourism. Scandinavian Journal of
Hospitality and Tourism, 11:2, 17.
Ribeiro, J. C., Freitas, M. M. e Mendes, R. B. (2001). [Turismo no espaço rural: uma digressão
pelo tema a pretexto da situação e evolução do fenomeno em Portugal].
Ribeiro, J. C. e Vareiro, L. C. (2007). [Turismo e desenvolvimento regional: o espaço rural como
destino turistico].
Ruschmanm, D. (2008). Turismo e planejamento sustentavel. Disponível a 22-11-2013, em
http://www.google.pt/books?hl=pt-
PT&lr=&id=kvK5ujzbZdIC&oi=fnd&pg=PA9&dq=introdu%C3%A7%C3%A3o+ao+turis
mo&ots=58-
4lCXeDf&sig=ypdgNkcFblJvtmmtRb2YVMqrk6A&redir_esc=y#v=onepage&q=introdu%C
3%A7%C3%A3o%20ao%20turismo&f=false.
Santos, C. e Cabral, M. (2005). Manual para o Investidor em Turismo de Natureza: ANTE MARE -
Turismo, ambiente e desenvolvimento sustentável no sudoeste.
Santos, T. I. I. (2011). Marketing & Promoção nas pequenas empresas de turismo. Dissertação de
mestrado, Escola Superior de Hotelaria e Turismo do Estoril, Estoril.
Schelle, R. C., Andreatta, T. e Wandscheer, E. A. R. (2010). O turismo rural enquanto estratégia para o
desenvolvimento rural: o caso de PAIM filho/RS. Apresentado no VIII Congresso Latinoamericano
de sociedade Rural, Porto Galinhas.
Schuman, H. e Presser, S. (1981). Questions and answers in attitude surveys: Experiments on question form,
wording, and context. Disponível a 7-4-2014, em
http://books.google.pt/books?id=Je640UKqNaYC&printsec=frontcover&hl=pt-
PT&source=gbs_ge_summary_r&cad=0#v=onepage&q&f=false.
Agroturismo e Turismo na Natureza nos Açores: Estudo aplicado à Quinta da Grotinha | Referências Bibliográficas
-109-
Silva, F. (2008). Sistemas de informação geográfica na internet aplicados ao turismo na natureza nos Açores -
projeto ZoomAzores. Dissertação de mestrado, Instituto Superior de Estatística e Gestão da
Informação da Universidade Nova de Lisboa.
Silva, F. (2013). Turismo na natureza como base do desenvolvimento turistico responsavel nos Açores Tese de
douturamento, Universidade de Lisboa
Silva, F., Almeida, M. C. e Lopes, T. (2013). Bases para a qualificação do turismo na natureza nos Açores.
Região Autónoma dos Açores: Associação de Turismo dos Açores.
Silva, L. (2007). [A procura do turismo em espaço rural].
Silva, M. (1982). [Crescimento económico e pobreza em Portugal (1950-74)].
Smith, A. (2006). Conceptualizing city image change: the ‘re-imaging’ of Barcelona. Tourism
Geographies: An International Journal of Tourism Space, Place and Environment, 27.
SRAF. (2007). Açores abordagem leader (pp. 50). Açores
SREA. (2007). Hóspedes, dormidas e estada média (pp. 2).
SREA. (2012). Hóspedes, dormidas e estada média (pp. 2).
SREA. (2013). Estatísticas do turismo: Na Região dos Açores
Stabler, M. J., Papatheodorou, A. e Sinclair, M. T. (2009). The economics of tourism. Routledge.
Disponível a 06-01-2014, em
http://www.google.pt/books?id=cTmMAgAAQBAJ&dq=tourism+economic+important+se
ctor+in+global+economi&lr=&hl=pt-PT&source=gbs_navlinks_s.
Swarbrooke, J. (1999). Sustainable tourism management. Disponível a 03-04-2014, em
http://www.google.pt/books?hl=pt-
PT&lr=&id=1WQtIOqVT3gC&oi=fnd&pg=PR9&dq=SWARBROOKE,+J.+(1999),+Sustai
nable+Tourism+Management&ots=GTT2afGLgL&sig=l3E1uR8u_0V7ZTVeNJFHYPulxM
Q&redir_esc=y#v=onepage&q=SWARBROOKE%2C%20J.%20(1999)%2C%20Sustainable
%20Tourism%20Management&f=false.
THR. (2006). 10 produtos estratégicos para o desenvolvimento do turismo em Portugal - saúde e
bem-estar (pp. 66). Lisboa, Portugal: Turismo de Portugal.
TP. (2006). Turismo de Natureza. Turismo de Portugal.
TPWD. (2011). What is nature tourism? Disponível a 23-01-2014, em
http://www.tpwd.state.tx.us/landwater/land/programs/tourism/what_is/.
TRTP. (2002). Responsible tourism in destinations. Disponível a 23-01-2014, em
http://www.responsibletourismpartnership.org/CapeTown.html.
Turismo de Portugal. (2006). 10 produtos estratégicos para o desenvolvimento do turismo em
Portugal (pp. 60): Turismo de Portugal.
Vitório Fidalgo | ESHTE – Mestrado em Turismo
-110--110-
Turismo de Portugal. (2008). A oferta e a procura (pp. 21).
Turismo de Portugal. (2010). Relatorio de sustentabilidade. 88.
UNEP, U. (2011). Green Economy Report (pp. 672).
UNESCO. (2012). World network of biosphere reserves. United Nations Educational, Scientific and
Cultural Organization.
Unidas, N. (2001). Indicators of Sustainable Development: guidelines and Methodologies.
UNWTO. (2012). UNWTO world tourism barometer. Disponível a 15-03-2014, em
http://dtxtq4w60xqpw.cloudfront.net/sites/all/files/pdf/unwto_barom12_06_nov_excerpt.
pdf.
UNWTO. (2014a). Definition. Disponível a 23-01-2014, em
http://sdt.unwto.org/en/content/about-us-5.
UNWTO. (2014b). Quality in tourism. Disponível a 23-01-2014, em
http://sdt.unwto.org/en/content/quality-tourism.
UNWTO. (2014c). Tourism 2020 vision. Disponível a 23-01-2014, em
http://www.unwto.org/facts/eng/vision.htm.
UNWTO, U. (2005). Making tourism more sustainable - a guide for policy makers. In I. a. E.
Division of Technology (Ed.), (pp. 222): United Nations Environment Programme.
Valentine, P. S. (1992). Nature-based tourism. Special Interest Tourism, 23.
Ventura, A. (2011). Natureza e turismo um equilíbrio possível. Açoriano Oriental, 1.
WCED. (1987). Our common future: report of the world comission on environment and
development (pp. 300): United Nations.
Webster, K. (2000). Environmental management in the hospitality industry. Continuum. Disponível a 02-
1-2014, em http://www.google.pt/books?hl=pt-
PT&lr=&id=eCewh284lkwC&oi=fnd&pg=PR7&dq=Environmental+Management+in+the
+Hospitality+Industry&ots=BqKoNysyNC&sig=cQFOxQzX1Zc8iFlj-
3agJiq5xZg&redir_esc=y#v=onepage&q=Environmental%20Management%20in%20the%20
Hospitality%20Industry&f=false.
WEF. (2013). The travel & tourism competitiveness report 2013 (Blanke, Jennifer; Chiesa, Thea
ed., pp. 517). Geneva: World Economic Forum.
Wells, M. P. (1997). [Economic perspectives on nature tourism, conservation and development].
World, C. U. t. (1993). Clean up the world. Disponível a 15-01-2014, em
http://www.cleanuptheworld.org/en/.
WTTR. (2012). ITB world travel trends report 2012/2013. Messe Berlin GmbH.
Agroturismo e Turismo na Natureza nos Açores: Estudo aplicado à Quinta da Grotinha | Referências Bibliográficas
-111-
Yaremko, R. M., Harari, H., Harrison, R. C. e Lynn, E. (1986). Handbook of research and quantitative
methods in psychology: for students and professionals. Lawrence Earlbaum Associates. Disponível a 26-
2-2014, em
http://books.google.pt/books?id=LZmD9x0nzs4C&pg=PR3&lpg=PR3&dq=Yaremko,+Ha
rari,+Harrison+%26+Lynn,+1986+Handbook+of+Research+and+Quantitative+Methods+i
n+Psychology:+For+Students+and+Professionals&source=bl&ots=I6KRkRnvRP&sig=f3I
MfXHoWHpJkK3CWt8nacojRwc&hl=pt-
PT&sa=X&ei=Yi4CU9ytIsvMygOt4oK4Bw&ved=0CD4Q6AEwAQ#v=onepage&q=Yare
mko%2C%20Harari%2C%20Harrison%20%26%20Lynn%2C%201986%20Handbook%20of
%20Research%20and%20Quantitative%20Methods%20in%20Psychology%3A%20For%20St
udents%20and%20Professionals&f=false.
Vitório Fidalgo | ESHTE – Mestrado em Turismo
-112--112-
ANEXOS
Anexo I - Legislação e regulamentação do TER
O processo criador dessa legislação (Ribeiro et al., 2001; Santos e Cabral, 2005) é assim
fundamental, tendo em consideração a franca ascensão registada nos serviços de hospedagem,
para que paralelamente se ajude a promover este tipo de espaço turístico localizado em zonas
com inúmeras fragilidades nos planos económico e produtivo.
Graças ao início da recuperação das casas senhoriais, houve a necessidade de criar o conceito
legal de TER, surgido em 1986, e que abrange as seguintes componentes: Turismo de Habitação;
Turismo Rural e Agro-Turismo (D.L. 256/86). Em 1989 aparece mais uma novidade no leque de
possibilidades do TER, o “Hotel Rural”, e só em 1997 surge o Turismo de Aldeia e as Casas de
Campo com o decreto lei 169/97.
No quadro da longa evolução que o TER já regista, há atualmente a considerar sete modalidades
distintas (Santos e Cabral, 2005):
Turismo de Habitação - Serviço de hospedagem de natureza familiar prestado a turistas
em casas antigas particulares, cujo valor arquitetónico, marca e representa claramente uma
determinada época;
Turismo Rural - Serviço de hospedagem de natureza familiar prestado a turistas em casas
rústicas particulares, onde a sua traça e demais características conservam a arquitetura
típica local.
Agroturismo – Esta modalidade, como já foi anteriormente referida, representa a
possibilidade de acréscimo de rendimento para os agricultores, onde estes fornecem um
serviço de hospedagem, de natureza familiar, prestado em casas particulares integradas
em explorações agrícolas onde os hóspedes podem participar na vida de uma exploração
agrícola;
Turismo de Aldeia – Serviço de hospedagem prestado em casas particulares onde estas
estão localizadas em aldeias e têm de ter um conjunto de, no mínimo, cinco casas;
Casas de Campo – São casas particulares localizadas em zonas rurais onde a traça e os
materiais têm necessariamente de estar integrados na arquitetura e ambiente rústico da
zona envolvente:
Hotéis Rurais – São estabelecimentos hoteleiros situados em zonas rurais onde quem lá
trabalha apresenta um serviço remunerado e profissionalizado;
Agroturismo e Turismo na Natureza nos Açores: Estudo aplicado à Quinta da Grotinha | Anexos
-113-
Parques de Campismo Rurais – São terrenos destinados à instalação de acampamentos,
que podem ou não estar localizados em explorações agrícolas.
Para o conjunto das possíveis modalidades de turismo rural apresenta-se agora, de uma forma
explicativa muito resumida, a legislação existente:
Decreto-Regulamentar nº 13/02 de 12 de Março – Estipula os requisitos mínimos que
uma instalação deve possuir e como esta deve funcionar a nível de empreendimentos de
turismo no espaço rural;
Decreto-Regulamentar nº 14/2002 de 12 de Março – Estabelece as normas a que estão
sujeitos os parques de campismo públicos e privados;
Decreto-Lei nº 54/2002 de 11 de Março - Estabelece o novo regime jurídico da instalação
e do funcionamento dos empreendimentos de turismo no espaço rural;
Decreto-Regulamentar n.º13/2002 de 12 de Março - Estipula os requisitos mínimos para
o funcionamento dos empreendimentos de turismo no espaço rural;
Decreto-Lei nº 55/2002 de 11 de Março – Indica o novo regime jurídico da instalação e
funcionamento dos empreendimentos turísticos (e Hotéis Rurais);
Decreto-Lei nº 336/93 de 29 de Setembro - Estabelece normas de higiene e saúde
públicas;
Decreto-Lei nº 192/82 de 19 de Maio – Cria os Parques de Campismo Rurais.
Vitório Fidalgo | ESHTE – Mestrado em Turismo
-114--114-
Anexo II - Legislação e regulamentação do setor das atividades de
turismo na natureza
O tema que aqui se pretende desenvolver é o de apresentar o conjunto de legislação existente e
pertinente para o desenvolvimento, criação e aplicação da atividade de turismo na natureza,
diretamente relacionada com a área da animação turística.
Para compreendermos as disposições legais em torno do turismo na natureza, tenhamos em
conta o seguinte enquadramento legislativo:
A Resolução do Conselho de Ministros nº 112/98, de 25 de agosto, clarifica e estabelece a
criação do Programa Nacional de Turismo na Natureza (PNTN), onde se prevê uma
prática integrada de atividades de animação ambiental, aplicável na Rede Nacional de
Áreas Protegidas;
O Decreto-Lei n.º 56/2002, de 11 de março, que substitui o Decreto-Lei nº 47/99, de 16
de fevereiro, onde é estabelecido o regime jurídico regulador do turismo na natureza;
Para regular a animação ambiental nas modalidades de interpretação ambiental e desporto
na natureza, a nível do seu processo de licenciamento, importará consultar o Decreto
Regulamentar nº 18/99, de 27 de agosto;
Decreto Regulamentar nº 17/03, de 10 de outubro, que veio alterar o Decreto-
Regulamentar nº 18/99, de 27 de agosto, e que regulamenta cada uma das modalidades de
animação ambiental nas áreas protegidas;
A Portaria nº 164/2005, de 11 de fevereiro, e a Declaração de Retificação nº 12/2005, de
13 de março, estabelecem as taxas devidas pela concessão e renovação das licenças
emitidas pelo ICN;
O Decreto-Lei nº 19/93, de 23 de janeiro, indica o normativo que regulamenta a rede de
áreas protegidas que foi posteriormente alterado pelo Decreto-Lei nº 136/2007, de 27 de
abril.
A legislação que se aplica ao turismo na natureza e à gestão da Rede Nacional de Áreas
Protegidas (RNAP), irá regular os Desportos de Natureza. Esta legislação não poderá sobrepor-
se à que é específica de cada modalidade, à legislação relativa ao turismo na natureza e à animação
ambiental.
Para além disso, para podermos desenvolver atividades desportivas em áreas protegidas, teremos
de ter ainda em consideração a seguinte legislação geral:
Agroturismo e Turismo na Natureza nos Açores: Estudo aplicado à Quinta da Grotinha | Anexos
-115-
Decreto-Lei nº 218/95, de 26 de agosto, que regula a circulação de veículos motorizados
nas praias, dunas, falésias e reservas integrais;
O Decreto-Lei nº 407/99, de 15 de outubro, regula o regime jurídico da formação
desportiva no quadro da formação profissional;
O Decreto-Lei n.º 95/2013, de 19 de julho, veio alterar o Decreto-lei n.º 108/2009, de 15
de maio, e estabelece as atividades próprias e as acessórias das empresas de animação
turística;
Conduta Expresso na Portaria n.º 651/2009, de 12 de junho, que deve ser adotada para a
rede de áreas protegidas;
A Portaria n.º 651/2009, de 12 de junho, regulamenta o código de conduta a adotar pelas
empresas de animação turística e operadores marítimo-turísticos, que exerçam atividades
reconhecidas como turismo na natureza;
O Decreto-Lei n.º 21/2002, de 31 de janeiro, alterado pelos Decretos-Lei n.º 269/2003,
de 28 de outubro, e n.º 108/2009, de 15 de maio, que regulamenta a atividade marítimo-
turística.
Algumas modalidades obedecem a uma legislação em comum, como no caso dos vários
desportos náuticos e da náutica de recreio. Alguns desportos são ainda regulados por
legislação específica ou regulamentos das respetivas federações.
Vitório Fidalgo | ESHTE – Mestrado em Turismo
-116--116-
Anexo III – A Quinta da Grotinha
Figura 9 | Frente da Quinta da Grotinha
Figura 10 | Sala de estar comum
Agroturismo e Turismo na Natureza nos Açores: Estudo aplicado à Quinta da Grotinha | Anexos
-117-
Figura 11 | Casa Azul
Figura 12 | Quarto Casa Azul
Vitório Fidalgo | ESHTE – Mestrado em Turismo
-118--118-
Figura 13 | Casa Grande
Figura 14 | Casa Grande - Vista
Figura 15 | Casa Grande – Sala de Estar
Agroturismo e Turismo na Natureza nos Açores: Estudo aplicado à Quinta da Grotinha | Anexos
-119-
Figura 16 | Primeiro Quarto Casa Grande
Figura 17 | Quarto do Meio - Casa Grande
Vitório Fidalgo | ESHTE – Mestrado em Turismo
-120--120-
Figura 18 | Casa Grande - Terceiro Quarto
Figura 19 | Casa Grande - Quarto da Ponta
Agroturismo e Turismo na Natureza nos Açores: Estudo aplicado à Quinta da Grotinha | Anexos
-121-
Figura 20 | Casa Grande - Casa Banho
Vitório Fidalgo | ESHTE – Mestrado em Turismo
-122--122-
Anexo IV – Inquérito
Este questionário tem por objetivo auscultar os clientes da Quinta da Grotinha em relação à sua perceção quanto à
qualidade dos alojamentos, do serviço prestado e do grau de satisfação experimentado.
Para além disso, é de interesse identificar quais são as atividades que os clientes gostariam de ter disponíveis.
Adicionalmente, agradecem-se sugestões de melhoria que permitam qualificar e valorizar os alojamentos e serviços
da Quinta.
Este inquérito está a ser desenvolvido no âmbito do Mestrado em Turismo, da Escola Superior de Hotelaria e
Turismo do Estoril. A confidencialidade dos dados obtidos é garantida, não sendo divulgadas informações
individualizadas.
Agradecemos a sua atenção e colaboração, confiantes de que as opiniões expressas contribuirão para o aumento da
qualidade da oferta da Quinta da Grotinha.
Informação geral sobre quem preenche o inquérito
1) Idade
2) Sexo
Masculino
Feminino
3) País ou região de residência
Alemanha
Canadá
Dinamarca
Espanha
Estados Unidos
Finlândia
Holanda
Noruega
Portugal Continental
Região Autónoma dos Açores
Região Autónoma da Madeira
Reino Unido
Suécia
Outro, Qual?_______
4) Ligação aos Açores?
Reside
Tem familiares nas ilhas
Tem ascendência Açoriana
Nenhum dos casos
5) Escolaridade
Ensino básico
Ensino secundário
Ensino superior
Agroturismo e Turismo na Natureza nos Açores: Estudo aplicado à Quinta da Grotinha | Anexos
-123-
Informação sobre a sua última viagem em que ficou alojado na Quinta
6) Quantos adultos o acompanharam na viagem?
7) Quantos acompanhantes com idade inferior a 18 anos o acompanharam na viagem?
8) Duração da última viagem aos Açores (número de dias)?
9) Quantas vezes já visitou os Açores (incluindo esta)?
10) Que sites costuma utilizar para pesquisar alojamentos nas suas viagens?
11) Assinale os aspetos que o levaram a escolher um Turismo em Espaço Rural em detrimento da Hotelaria Tradicional?
Ruralidade e afastamento do ambiente citadino
Contato com a natureza
Pegada ecológica mais reduzida
Local tranquilo e sereno
Lugar com história e genuinidade
Maior proximidade com a comunidade local
Outro, qual?
12) Principal motivo da visita (selecione apenas uma opção)?
Férias ou lazer;
Visita a amigos ou familiares;
Negócios e outros motivos profissionais;
Eventos culturais ou desportivos;
Outro, Qual?______________
Informação sobre a estada na Quinta da Grotinha
13) Quantas noites permaneceu alojado na Quinta da Grotinha?
14) Quantas vezes (número de viagens) ficou alojado na Quinta da Grotinha (incluindo esta)?
15) Como teve conhecimento da Quinta da Grotinha?
Amigos / Familiares
Internet
Folhetos
Outros, Qual?
16) Como efetuou a reserva do alojamento na Quinta da Grotinha?
Telefone
Online
17) Quais os motivos que levaram à escolha da Quinta da Grotinha?
Vitório Fidalgo | ESHTE – Mestrado em Turismo
-124--124-
Utilize a seguinte escala: 1 - Nada importante; 2 - Pouco importante; 3 - Média importância; 4 - Muito importante; 5 – Fundamental.
1 2 3 4 5
Preço
Proximidade a Ponta Delgada
Ambiente/Imagem
Qualidade do Serviço
Hospitalidade
Qualidade do alojamento
Relação qualidade/preço
Tipologia de alojamento
Outra, qual:_________________
Outra, qual:_________________
18) Numa próxima viagem à ilha de São Miguel, optava por ficar na Quinta da Grotinha?
Não
Se não, porquê?
Sim
Se sim, com que regularidade?
19) Em que habitação esteve alojado na Quinta da Grotinha?
Azul
Branca
Grande
20) O que mais gostou na habitação?
Decoração
Limpeza
Área da Habitação
Luz
Paisagem
Outras, Quais?______
21) Algum aspeto deve ser melhorado na habitação onde esteve?
Não
Sim, o quê?_______
22) Grau de satisfação global em relação a Quinta da Grotinha como turismo em espaço rural?
Muito insatisfeito
Insatisfeito
Satisfeito
Muito satisfeito
Totalmente satisfeito
23) Grau de satisfação global com a sua estada na Quinta da Grotinha?
Muito insatisfeito
Insatisfeito
Satisfeito
Muito satisfeito
Totalmente satisfeito
24) Relação entre a satisfação e as expetativas de oferta do local?
Muito inferior às expetativas
Inferior às expetativas
Agroturismo e Turismo na Natureza nos Açores: Estudo aplicado à Quinta da Grotinha | Anexos
-125-
Ao encontro com as expetativas
Superou as expetativas
Superou muito as expetativas
25) Indique a importância das seguintes atividades no contexto da oferta de serviços a disponibilizar pela Quinta da Grotinha?
Considerando a seguinte escala: 1 - Nada importante; 2 - Pouco importante; 3 - Média importância; 4 - Muito importante; 5 –
Fundamental.
26) Voltaria à Quinta da Grotinha fora da época alta?
Não
Sim
27) Se respondeu sim à resposta anterior, quais destas atividades contribuiriam para o motivar a regressar à Quinta da Grotinha fora de época alta? Considerando a seguinte escala: 1 - Nada importante; 2 - Pouco importante; 3 - Média importância; 4 - Muito importante; 5 –
Fundamental.
1 2 3 4 5
Percursos pedestres interpretativos
Caminhadas na natureza com meditação
Caminhadas para observação de aves
Observação de golfinhos e baleias
Passeios de barco
Atividades de caça submarina
Atividades de mergulho
Workshops de cozinha vegetariana
Workshops de cozinha regional
Workshops de doçaria
Workshops de agricultura biológica
Workshops artesanato
Aulas de yoga
Aulas de meditação
Aulas de pilates
Visitas guiadas a locais de interesse da ilha
1 2 3 4 5
Percursos pedestres interpretativos
Caminhadas na natureza com meditação
Caminhadas para observação de aves
Observação de cetáceos
Passeios de barco
Atividades de caça submarina
Atividades de mergulho
Workshops de cozinha vegetariana
Workshops de cozinha regional
Workshops de doçaria
Workshops de agricultura biológica
Workshops de artesanato
Aulas de yoga
Aulas de meditação
Aula de pilates
Visitas guiadas a locais de interesse da ilha
Massagens e acupunctura
Existência de equipamentos como sauna e jacúzi
Outra, qual:_________________
Outra, qual:_________________
Vitório Fidalgo | ESHTE – Mestrado em Turismo
-126--126-
Massagens e acupunctura
Existência de equipamentos como sauna e jacúzi
Outra, qual:_________________
Outra, qual:_________________
28) Indique o interesse de existir uma loja de artesanato regional na Quinta da Grotinha, com trabalhos
desenvolvidos por artesãos locais? Considerando a seguinte escala: 1 - Nada importante; 2 - Pouco importante; 3 - Média importância; 4 - Muito importante; 5 –
Fundamental.
1 2 3 4 5
29) Agradecemos as suas sugestões para complementar a oferta de serviços e melhorar a qualidade da oferta da
Quinta da Grotinha.
Muito obrigado pela sua colaboração! Para quaisquer esclarecimentos adicionais, poderá contatar Vitório Fidalgo via email:
[email protected] |Março 2014
Top Related