Conhecimentos da populao do Concelho de Mono sobre Suporte Bsico de Vida
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Vanessa Campos Rodrigues
Conhecimentos da Populao do Concelho de Mono
Sobre Suporte Bsico de Vida
Ponte de Lima, 2009
Conhecimentos da populao do Concelho de Mono sobre Suporte Bsico de Vida
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Conhecimentos da populao do Concelho de Mono sobre Suporte Bsico de Vida
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Vanessa Campos Rodrigues
Conhecimentos da Populao do Concelho de Mono
Sobre Suporte Bsico de Vida
Ponte de Lima, 2009
Conhecimentos da populao do Concelho de Mono sobre Suporte Bsico de Vida
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Vanessa Campos Rodrigues
Conhecimentos da Populao do Concelho de Mono
Sobre Suporte Bsico de Vida
Atesto a Originalidade:
_______________________________________
Monografia apresentada Universidade
Fernando Pessoa como parte dos requisitos para
obteno do grau de licenciatura em
Enfermagem.
Conhecimentos da populao do Concelho de Mono sobre Suporte Bsico de Vida
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Resumo
A paragem cardio-respiratria uma das principais causas de mortalidade na Europa,
podendo ocorrer no domiclio da vtima, no local de trabalho, na rua ou num espao
comercial, sendo a cadeia de sobrevivncia a base para o socorro. importante que o
indivduo que assiste a esta situao consiga compreender a necessidade de chamar
ajuda imediata e, no caso de possuir conhecimentos, iniciar precocemente manobras de
Suporte Bsico de Vida.
Neste sentido, surge a investigao intitulada Conhecimento da populao de Mono
sobre Suporte Bsico de Vida, com o intuito de dar resposta aos seguintes objectivos
especficos: averiguar se os indivduos possuem curso de socorrismo; avaliar o nvel de
conhecimentos da populao face a situaes de paragem cardio-respiratria; verificar
se os indivduos se sentem preparados para actuar em situaes de paragem cardio-
respiratria; investigar se a populao consegue identificar qual o nmero Europeu de
Emergncia Mdica; analisar se os indivduos conseguem identificar qual a ordem
bsica de actuao numa situao de emergncia; verificar se os indivduos inquiridos
identificam quanto tempo levam as reservas de energia e oxignio do crebro a esgotar-
se, numa pessoa em paragem cardio-respiratria; identificar a reaco dos indivduos
que tenham assistido a uma situao com vtima de paragem cardio-respiratria e
investigar se os indivduos tero conhecimento relativamente ao algoritmo de Suporte
Bsico de Vida, nomeadamente regra de compresses e insuflaes instituda.
Para o caminhar da investigao, procedeu-se elaborao do trabalho atravs de um
estudo descritivo simples com apoio numa abordagem quantitativa. Utilizou-se como
instrumento de colheita de dados o questionrio, constitudo maioritariamente por
perguntas fechadas, tendo apenas duas de resposta aberta.
Aps confirmao nos critrios de incluso (residir no concelho de Mono, ser adulto e
alfabetizado) a amostra total resultou em cinquenta e sete indivduos. Posteriormente a
esta colheita de dados, estes foram tratados no programa informtico Microsoft Office
Excel, apresentados depois em forma de quadros e grficos para melhor anlise e
Conhecimentos da populao do Concelho de Mono sobre Suporte Bsico de Vida
20
discusso.
Os principais resultados desta investigao mostram que a populao apresenta
carncias ao nvel dos conhecimentos sobre Suporte Bsico de Vida, pelo que
necessrio investir em formao nesta temtica.
De forma a salvaguardar os direitos dos participantes na investigao, teve-se em conta
os cinco princpios determinados pelos cdigos de tica, nomeadamente, o direito
auto-determinao, o direito intimidade; o direito ao anonimato e confidencialidade; o
direito da proteco contra o desconforto e o prejuzo e finalmente o direito a um
tratamento justo e equitativo.
Palavras-chave: Conhecimento; Populao; Paragem cardio-respiratria e Suporte
Bsico de Vida.
Conhecimentos da populao do Concelho de Mono sobre Suporte Bsico de Vida
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Abstract
The cardio-respiratory stopping is one of the main causes of mortality in the Europe,
being able to occur in the domicile of the victim, in the workstation, the street or in
another space, being the survival chain the base for the aid. It is important that the
individual attends this situation obtains to understand the necessity to call immediate aid
and, in the case to possess knowledge, precociously to initiate Basic Support of Life.
In this direction, the inquiry untitled the Knowledge of the population of Mono on
Basic Support of Life, with intention to give reply to the following specific objectives:
to inquire if the individuals they possess Basic Support of Life course; to evaluate the
level of knowledge of the population face the situations of cardio-respiratory stopping;
to verify if the individuals feel prepared to situations of cardio-respiratory stopping; to
investigate if the population identify the European number of Medical Emergency; to
analyze if the individuals they obtain to identify the basic order of actuation in an
emergency situation; to verify if the inquired individuals they identify how much time
takes the reserves of energy and oxygen of the brain to be depleted, in a person in
cardio-respiratory stopping; to identify the reaction of the individuals that have attended
a situation with victim of cardio-respiratory stopping; and to investigate if the
individuals they will relatively have knowledge to the algorithm of Basic Support of
Life, nominated to the rule of compressions and insufflations instituted.
To walk it of the inquiry, it was proceeded the elaboration from the work through
simple a descriptive study with support in a quantitative boarding. The questionnaire,
consisting of closed questions, having only two of open reply, was used as instrument of
harvest of data.
After confirmation in the inclusion criteria (to reside in Mono, being adult and to be
alphabetized) the total sample resulted in fifty-seven individuals. Later to this collect of
information, these had been treated in the program Microsoft Office Excel, presented
later in form of pictures and tables for better analysis and discussion.
Conhecimentos da populao do Concelho de Mono sobre Suporte Bsico de Vida
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The main results of this inquiry show that the population presents lacks to the level of
the knowledge on Basic Support of Life, for what are necessary to invest in formation in
this thematic one.
Of form to safeguard the rights of the participants in the inquiry, one had in account the
five principles determined for the ethics codes, nominated, the right to the self-
determination, the right to the privacy; the right to the anonymity and confidentiality;
the right of the protection against the discomfort and the damage and finally the right to
and a just equitable treatment.
Keyword: Knowledge; Population; Cardio-respiratory stopping and Basic Support of
Life.
Conhecimentos da populao do Concelho de Mono sobre Suporte Bsico de Vida
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Dedicatria
Dedico cada pgina desta investigao e cada dia de xito desta Licenciatura aos meus
PAIS, que foram e so a razo pelo qual eu cheguei at aqui.
Conhecimentos da populao do Concelho de Mono sobre Suporte Bsico de Vida
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Agradecimentos
Agradeo aos meus pais, Maria Jos e Paulo, pelo sacrifcio e apoio infindvel.
Agradeo minha irm, Cludia, o simples facto de existir.
Agradeo ao meu namorado, Cndido, o ter estado sempre ao meu lado, a sua pacincia
e apoio.
Agradeo aos meus avs, Virgnia e Lus, o seu contributo para a minha formao.
Agradeo ao Enfermeiro orientador, Jos Coelho, por me ter acompanhado na
elaborao deste trabalho.
Agradeo finalmente aos meus amigos, aos que j c estavam e aos que passaram a estar
ao meu lado nesta longa caminhada.
A todos, o meu OBRIGADA.
Conhecimentos da populao do Concelho de Mono sobre Suporte Bsico de Vida
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Siglas e Abreviaturas
CODU Centro de Orientao Doentes Urgentes
CODU-MAR - Centro de Orientao Doentes Urgentes no Mar
CIAV Centro de Informaes Anti-Veneno
DAE Desfibrilhador Automtico Externo
DPOC Doena Pulmonar Obstrutiva Crnica
EAM Enfarte Agudo do Miocrdio
Fa Frequncia absoluta
Fr Frequncia relativa
FV Fibrilhao ventricular
GEM Gabinete de Emergncia Mdica
INE Instituto Nacional de Estatistica
INEM Instituto Nacional de Emergncia Mdica
OMS Organizao Mundial de Sade
p. pgina
pp. pginas
PSO Policia de Segurana Pblica
PCR Paragem Crdio-Respiratria
RCR Ressuscitao cardio-respiratria
SBV Suporte Bsico de Vida
SIEM Sistema Integrado de Emergncia Mdica
SNA Servio Nacional de Ambulncias
TV Taquicardia ventricular
Conhecimentos da populao do Concelho de Mono sobre Suporte Bsico de Vida
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ndice
Introduo ... pg. 15
PARTE I ENQUADRAMENTO CONCEPTUAL
1. Formulao do problema de investigao. pg. 20
1.1. Justificao e delimitao do tema de investigao.. pg. 20
1.2. Pergunta de partida... pg. 21
1.3. Questes de investigao.. pg. 21
1.4. Objectivos da investigao.... pg. 22
2.Contextualizao terica...... pg. 25
2.1. Breve histria da Reanimao cardio-respiratria pg. 26
2.2. Reanimao cardio-respiratria em Portugal pg. 27
2.3.Cadeia de sobrevivncia. pg. 29
2.3.1. Acesso precoce aos Servios de Emergncia.. pg. 30
2.3.2. Suporte Bsico de Vida precoce.. pg. 30
2.3.3. Desfibrilhao precoce pg. 31
2.3.4. Suporte Avanado de Vida precoce. pg. 32
2.4. Paragem Crdio-respiratria. pg. 32
Conhecimentos da populao do Concelho de Mono sobre Suporte Bsico de Vida
27
2.4.1. Causas de Paragem Crdio-respiratria... pg. 33
2.4.1.1. Obstruo da via area..pg. 33
2.4.1.2. Falncia respiratria......pg. 34
2.4.1.3. Patologia cardaca pg. 35
2.5. Suporte Bsico de Vida..... pg. 35
2.5.1. Etapas e procedimentos de Suporte Bsico de Vida.... pg. 36
2.5.2. Consequncias de Suporte Bsico de Vida.. pg. 40
PARTE II- ENQUADRAMENTO METODOLGICO
2. Metodologia.. pg. 43
2.1.Tipo de estudo.... pg. 43
2.2. Populao e amostra......pg. 44
2.3. Definio de variveis... pg. 46
2.4. Instrumento de colheita de dados.. pg. 46
2.4.1 Pr-teste pg. 47
2.5. Previso de tratamento de dados... pg. 48
2.6. Consideraes ticas. pg. 48
Conhecimentos da populao do Concelho de Mono sobre Suporte Bsico de Vida
28
PARTE III- ENQUADRAMENTO EMPIRICO
3. Apresentao e anlise de dados ... pg. 52
3.1.Caracterizao da amostra..... pg. 52
3.1.1. Caracterizao da amostra relativamente ao gnero pg. 52
3.1.2. Caracterizao da amostra relativamente idade................ pg. 53
3.1.3. Caracterizao da amostra relativamente s habilitaes
Literrias.... pg. 54
3.1.4.Caracterizao da amostra relativamente profisso... pg. 55
3.2. Caracterizao do conhecimento da populao sobre SBV...... pg. 56
4. Discusso de dados.. pg. 67
Concluses pg. 71
Sugestes... pg. 73
Bibliografia... pg. 74
Anexos... pg. 78
Anexo I Mapa do Concelho de Mono
Anexo II Algoritmo de Suporte Bsico de Vida
Apndices. pg. 83
Apndice I Instrumento de colheita de dados
Apndice II Cronograma de actividades
Conhecimentos da populao do Concelho de Mono sobre Suporte Bsico de Vida
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ndice de Grficos
Grfico A Distribuio percentual da amostra por gnero..pg. 52
Grfico B Distribuio percentual da amostra por idade.pg. 53
Grfico C Distribuio percentual da amostra por habilitaes literrias...pg. 54
Grfico D Distribuio percentual dos dados relativos realizao de curso de
socorrismopg. 57
Grfico E Distribuio percentual dos dados relativos ao nmero Europeu de
Emergncia Mdica.pg. 59
Grfico F Distribuio percentual dos dados relativos sequncia de actuao numa
situao de emergncia....pg. 60
Grfico G - Distribuio percentual dos dados relativos ao cessar das reservas de
energia e oxignio no crebro de um indivduo em PCRpg. 61
Grfico H - Distribuio percentual dos dados relativos presena dos inquiridos numa
situao com vtima de PCR ...pg. 62
Grfico I - Distribuio percentual dos dados relativos capacidade de actuar face a
uma vtima de PCR..........pg. 64
Grfico J - Distribuio percentual dos dados relativos aos passos de reanimao
cardio-respiratriapg. 65
Grfico K - Distribuio percentual dos dados relativos s regras de execuo de
compresses e insuflaes...pg. 66
Conhecimentos da populao do Concelho de Mono sobre Suporte Bsico de Vida
30
ndice de Quadros
Quadro A Distribuio percentual da amostra por profisso pg. 55
Quadro B Distribuio percentual dos dados relativos ao motivo pelo qual os
inquiridos no possuem curso de socorrismo..................pg. 58
Quadro C Distribuio percentual dos dados relativos actuao dos inquiridos numa
situao com vtima de paragem cardio-respiratria.................pg. 63
Conhecimentos da populao do Concelho de Mono sobre Suporte Bsico de Vida
31
Introduo
O profissional de Sade necessita de uma base de conhecimentos que lhe permita saber
ser, saber estar e saber fazer, para que desta forma possa desempenhar dignamente a sua
profisso. A investigao conquista assim um papel importante pois engrandece a
prtica de Enfermagem, favorecendo o seu desenvolvimento como cincia.
Este Projecto Monogrfico surge no mbito do plano curricular do 4. ano da
Licenciatura em Enfermagem, da Faculdade de Cincias da Sade da Universidade
Fernando Pessoa Unidade de Ponte de Lima, no ano lectivo 2008/2009, com a
finalidade de obter-se o grau de Licenciatura.
A investigao em Enfermagem parte essencial para alargar o campo de
conhecimentos e facultar o seu crescimento. Dando cumprimento a uma exigncia
acadmica, o contributo da realizao deste trabalho alargou-se pela aquisio de
competncias cientficas, humanas e relacionais, bem como de uma melhor
compreenso do processo de investigao.
O acesso investigao assinala, ao que parece, uma etapa importante no desenvolvimento da uma
profisso. Se nos reportarmos profisso de Enfermagem em Frana, a palavra investigao era
completamente inslita at aos ltimos dez anos. Foi a partir da difuso do 5 Relatrio Organizao
Mundial de Sade, da Comisso de peritos dos cuidados de Enfermagem que se comeou a abrir caminho
para uma investigao, no s como algo possvel e desejvel, mas tambm recomendado para o
desenvolvimento dos cuidados de enfermagem e da prpria profisso. (Collire, 2003,p.403)
A prestao de cuidados em contexto de urgncia e pr-hospitalar, reas desenvolvidas
em contexto acadmico, so temticas de eleio para o investigador. Devido ao facto
da paragem cardaca ser () uma das principais causas de mortalidade na Europa,
afectando cerca de 700 000 indivduos por ano, (Handley et al, 2005, p.1), a temtica
envolvida despertou interesse para a realizao da investigao.
Relativamente a questes sociais, e devido ao facto do investigador trabalhar como
bombeiro em regime de voluntariado, a percepo das lacunas relativamente ao acesso
Conhecimentos da populao do Concelho de Mono sobre Suporte Bsico de Vida
32
aos servios de emergncia e execuo de Suporte Bsico de Vida, motivaram o
investigador para averiguar os conhecimentos da populao sobre esta rea.
Assim, a escolha do tema a desenvolver surge devido existncia de motivaes
pessoais, acadmicas e sociais do investigador. Decidiu-se averiguar qual o
Conhecimento da populao do concelho de Mono sobre Suporte Bsico de
Vida, sendo esta a pergunta de partida para o desenvolvimento do problema de
investigao.
A cadeia de sobrevivncia a base para o socorro no pr-hospitalar, sendo que os quatro
elos que a compem so todos de igual importncia, no sendo nenhum substituvel ou
ultrapassvel. Assim, devido necessidade dos indivduos terem uma base de
conhecimentos sobre este assunto para poder aplic-los eficazmente, este estudo tem
como objectivos especficos: averiguar se os indivduos possuem curso de socorrismo;
avaliar o nvel de conhecimentos da populao face a situaes de paragem cardio-
respiratria; verificar se os indivduos se sentem preparados para actuar em situaes de
paragem cardio-respiratria; investigar se a populao consegue identificar qual o
nmero Europeu de Emergncia Mdica; analisar se os indivduos conseguem
identificar qual a ordem bsica de actuao numa situao de emergncia; verificar se
os indivduos inquiridos identificam quanto tempo levam as reservas de energia e
oxignio do crebro a esgotar-se, numa pessoa em paragem cardio-respiratria;
identificar a reaco dos indivduos que tenham assistido a uma situao com vtima de
paragem cardio-respiratria e investigar se os indivduos tero conhecimento
relativamente ao algoritmo de Suporte Bsico de Vida, nomeadamente regra de
compresses e insuflaes instituda.
Com o intuito de levar a cabo a concluso dos objectivos supracitados, decidiu-se
utilizar metodologia cintifica fazendo-se uma abordagem quantitativa, atravs de um
estudo descritivo simples, sendo que este tm como principal finalidade a explicao de
um fenmeno.
O instrumento de colheita de dados realizado foi um questionrio, constitudo por duas
partes, uma de caracterizao scio-demogrfica da populao e outra de aplicao de
Conhecimentos da populao do Concelho de Mono sobre Suporte Bsico de Vida
33
questes sobre a temtica a investigar. O questionrio foi aplicado a uma amostra total
de 57 indivduos, sendo que optou-se por um processo de amostragem no aleatrio,
acidental e intencional. Aps a colheita de dados, procedeu-se ao tratamento dos
mesmos atravs de suporte informtico, com o programa Microsoft Office Excel.
Devido a limitaes geogrficas do investigador, o estudo foi desenvolvido em local
territorial favorvel para as deslocaes, nomeadamente o Concelho de Mono. A
amostra utilizada constituiu-se por 57 indivduos, tal como referido, o que se revelou
inferior s expectativas do investigador, no entanto, devido a limitaes temporais no
foi possvel prosseguir-se com um alargamento dos dias de colheita de dados.
Atravs da anlise dos dados pde-se concluir que relativamente realizao de curso
de socorrismo, 63% do total da amostra nunca o realizou, e que destes indivduos, 59%
referiram no terem tido oportunidade de o fazer. O Numero Europeu de Emergncia
Mdica foi identificado correctamente por 84% da amostra. Apenas 23% dos indivduos
inquiridos identificam a ordem bsica de actuao numa situao de emergncia e um
total de 44% da populao questionada nesta investigao identificou correctamente o
tempo que demoram as reservas de energia e oxignio a esgotar-se no crebro de um
indivduo em paragem cardio-respiratria (P.C.R.). Um total de 75% dos indivduos
referiram nunca terem assistido a uma situao de paragem cardio-respiratria, e dos
23% que referiram ter assistido, 46% refere que a sua actuao baseou-se em pedir
ajuda e aproximar-se da vtima a fim de prestar auxlio. No entanto, 40% dos indivduos
da amostra referem no se sentirem preparados para actuar face a uma situao de
P.C.R. Da populao questionada nesta investigao, um total de 53% colocou os
passos da sequncia de reanimao cardio-respiratria (R.C.R.) de forma incorrecta e
44% dos inquiridos respondeu acertadamente regra de compresses
cardacas/ventilaes do algoritmo de Suporte Bsico de Vida.
Nesta etapa de realizao deste primeiro trabalho de investigao, de salientar que
foram sentidas dificuldades na realizao do mesmo por parte do investigador, e para o
colmatar das dificuldades sentidas, este recorreu ao apoio do Enfermeiro orientador,
Jos Coelho, realizao de pesquisa bibliografia contnua e ao esclarecimento de
Conhecimentos da populao do Concelho de Mono sobre Suporte Bsico de Vida
34
dvidas com docentes da Universidade.
Considera-se pertinente referir que como principal finalidade pretende-se que este
estudo possa contribuir para o inicio de novos estudos, bem como aumentar a
sensibilidade das pessoas relativamente necessidade de todos adquirirem
conhecimentos sobre Suporte Bsico de Vida.
De forma a simplificar a leitura do projecto monogrfico, este est dividido em seis
partes, sendo que se inicia com a Introduo e se segue o desenvolvimento do trabalho.
Optou-se por dividir o desenvolvimento em trs partes, nomeadamente Enquadramento
Conceptual, Enquadramento Metodolgico e Enquadramento Emprico. Na primeira
parte, designada Enquadramento Conceptual, so abordados os temas relativos
formulao do problema de investigao e posteriormente desenvolve-se a
contextualizao terica; na segunda parte, que tem como titulo Enquadramento
Metodolgico, so desenvolvidas as temticas relacionadas com a metodologia aplicada
ao longo da investigao; na terceira parte, designada Enquadramento Emprico,
apresentam-se, analisam-se e posteriormente realiza-se a discusso dos resultados
obtidos com a investigao. Depois de expressas as Concluses obtidas, apresentam-se
as Sugestes do investigador, a Bibliografia utilizada e por fim, apresentam-se os
Anexos e os Apndices do trabalho.
Conhecimentos da populao do Concelho de Mono sobre Suporte Bsico de Vida
35
PARTE I
ENQUADRAMENTO CONCEPTUAL
Conhecimentos da populao do Concelho de Mono sobre Suporte Bsico de Vida
36
A fase conceptual definida como a primeira etapa de uma pesquisa. Esta actividade
incluem o pensar, a leitura, o repensar, o teorizar e o rever as ideias de forma a orientar
a concretizao do estudo. (Polit e Hungler, 2004, p.34)
1. Formulao do problema de investigao
Toda a investigao que se pretende elaborar tem como ponto de partida uma situao
considerada ambgua, uma situao que carea de uma melhor explicao e
compreenso do fenmeno que se pretende analisar.
Assim, a investigao () tem como ponto de partida uma situao considerada como
problemtica ().O problema de investigao () surge quando constatado um
desvio entre uma situao julgada insatisfatria e a situao desejvel () (Fortin,
2003, p. 48).
1.1 Justificao e delimitao do tema de investigao
A investigao surge da necessidade de obter respostas acerca de determinado assunto,
sendo que este vai de encontro com as motivaes do investigador. Torna-se assim
necessrio delimitar um campo de interesse, ou seja, estabelecer limites para a
investigao. (Lakatos e Marconi, 2003, p. 162)
O conhecimento adquirido previamente, quer na Universidade, quer devido ao facto de
ser bombeiro voluntrio, moveram o investigador a debruar-se sobre a temtica. Aps
pesquisa bibliogrfica ficou claro que o tema era pertinente e actual, o que permitiu o
caminhar da investigao.
H alguns casos em que til ter conhecimento de como prestar primeiros socorros, e alguns em que
mesmo indispensvel. Dos ferimentos de importncia secundria s grandes emergncias, uma
familiaridade de ordem prtica com a prestao de primeiros socorros pode reduzir os problemas sofridos
pela vtima e, em alguns casos, pode mesmo salvar uma vida. (Collins, 1996, p.3)
Conhecimentos da populao do Concelho de Mono sobre Suporte Bsico de Vida
37
A identificao da situao que permite o acesso precoce aos servios de urgncia e
inclusivamente o inicio de manobras de Suporte Bsico de Vida pode salvar uma vida.
um acto de solidariedade, de responsabilidade social e de conscincia cvica que se
inscreve nos direitos e deveres de cidadania (Guedlines of Ressuscitation, 2005, p. 3)
Por este motivo, acredita-se que necessrio passar a mensagem aos cidados de que
fundamental adquirir conhecimentos bsicos de actuao nestas situaes.
1.2. Pergunta de partida
Uma vez definido o domnio da investigao, imprescindvel que o investigador se
interrogue sobre a questo a colocar-se. A pergunta de partida () a incerteza que o
investigador pretende resolver sobre algo na populao, realizando aferies nos
sujeitos do estudo. (Hulley et al, 2008, p. 35)
De acordo com Fortin (2003, p.51) que afirma que a pergunta de partida () uma
interrogao explcita relativa a um domnio que se deve explorar com vista a obter
novas informaes, a questo definida para este estudo qual o conhecimento da
populao do Concelho de Mono sobre Suporte Bsico de Vida.
1.3. Questes de investigao
As questes de investigao so premissas sobre as quais se apoiam os resultados da
investigao, tem por finalidade proporcionar novos conhecimentos, ao encontrar
respostas vlidas para questes que tenham sido levantadas ou solues para problemas
que tenham sido identificados (Sheehy, 2001, p.101).
Segundo Hulley et al (2006, p.22), as questes de investigao so os alvos que o
investigador pretende decifrar, e sendo assim, para dar resposta ao tema de investigao,
formularam-se as seguintes questes de investigao:
Ser que os indivduos possuem curso de socorrismo?
Conhecimentos da populao do Concelho de Mono sobre Suporte Bsico de Vida
38
Possuram os indivduos conhecimentos face a situaes de paragem cardio-
respiratria?
Ser que os indivduos se sentem preparados para actuar em situaes de paragem
cardio-respiratria?
Os inquiridos conseguiram identificar qual o nmero Europeu de Emergncia
Mdica?
Conseguiram os indivduos identificar qual a ordem bsica de actuao numa
situao de emergncia?
Ser que os inquiridos identificam quanto tempo levam as reservas de energia e
oxignio do crebro a esgotar-se, numa pessoa em paragem cardio-respiratria?
Qual ter sido a reaco dos indivduos que tenham assistido a uma situao com
vtima de paragem cardio-respiratria?
Os inquiridos tero conhecimento relativamente ao algoritmo de Suporte Bsico de
Vida, nomeadamente regra de compresses e insuflaes instituda?
1.4. Objectivos da investigao
Delimitar os objectivos de uma investigao um passo fulcral para que todo o
processo se encaminhe de forma a atingir os fins.
Para Lakatos e Marconi (2007, p. 29) delimitar a pesquisa estabelecer limites para a
investigao e assim, o objectivo torna explcito o problema, aumentando
conhecimentos sobre determinado assunto. (Lakatos e Marconi. 2007, p.24)
Conhecimentos da populao do Concelho de Mono sobre Suporte Bsico de Vida
39
O objectivo geral do estudo equivale viso global e abrangente do tema em estudo,
relacionando-se directamente com o contedo do trabalho proposto pelo investigador
(Lakatos e Marconi, 2003, p. 219).
Na conduo de uma investigao, o investigador orientado por determinados objectivos operacionais,
estes vo depender da natureza dos fenmenos e das variveis em presena, bem como das condies de
maior ou menor controlo em que a investigao vai ocorrer. (Almeida e Freire, 2007, p.24)
Como objectivo geral para este estudo tem-se: Identificar o conhecimento da
populao do Concelho de Mono sobre Suporte Bsico de Vida.
Tem-se tambm definidos objectivos especficos, que so mais concretos e permitem
atingir o objectivo geral, sendo aplicados em situaes particulares (Lakatos e Marconi,
2003, p. 219). Desta forma, definiu-se como objectivos especficos:
Averiguar se os indivduos possuem curso de socorrismo;
Avaliar o nvel de conhecimentos da populao face a situaes de paragem cardio-
respiratria;
Verificar se os indivduos se sentem preparados para actuar em situaes de paragem
cardio-respiratria;
Investigar se a populao consegue identificar qual o nmero Europeu de
Emergncia Mdica;
Analisar se os indivduos conseguem identificar qual a ordem bsica de actuao
numa situao de emergncia;
Verificar se os indivduos inquiridos identificam quanto tempo levam as reservas de
energia e oxignio do crebro a esgotar-se, numa pessoa em paragem cardio-
respiratria;
Conhecimentos da populao do Concelho de Mono sobre Suporte Bsico de Vida
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Identificar a reaco dos indivduos que tenham assistido a uma situao com vtima
de paragem cardio-respiratria;
Investigar se os indivduos tero conhecimento relativamente ao algoritmo de
Suporte Bsico de Vida, nomeadamente regra de compresses e insuflaes instituda.
Conhecimentos da populao do Concelho de Mono sobre Suporte Bsico de Vida
41
2. Contextualizao terica
O conhecimento sobre determinado assunto tido, segundo Rey (1999, p.176) como o
conjunto de informaes, ideias e conceitos acumulados na memria de um indivduo,
de um grupo ou de uma sociedade.
Para Doran e Parot (2001, p 160) conhecimento consiste no processo que coloca o
sujeito em relao com o mundo e o resultado desse processo. Os autores supracitados
citam ainda Piaget que se referia ao conhecimento como a passagem progressiva do
exgeno para o endgeno, ou seja, o mundo no totalmente conhecido, s o caso
tenha sido construdo pelo prprio sujeito.
Assim, estudar o conhecimento tornou-se o objectivo primordial nesta investigao,
bem como analisar-se o conjunto de ideias e informaes que a populao possui sobre
o tema que envolve todo o estudo.
Cuidar, tomar conta da vida est na origem de todas as culturas. () volta desta imperiosa
necessidade de tomar conta da vida, ou seja, de fazer o indispensvel para que a vida continue, que
nasceram e se desenvolveram todas as maneiras da fazer que geraram crenas e modos de organizao
social. (Collire, 2003,p.58)
Diariamente ocorrem situaes inesperadas e todos os indivduos so passveis de serem
socorristas ou de serem socorridos, portanto prestar auxlio implica compreender a
necessidade de chamar ajuda qualificada e prestar socorro at chegada dos meios de
ajuda diferenciada.
() Nesta partilha de responsabilidades cada cidado deve ser um participante activo da sua segurana e
da segurana colectiva. () Cada um de ns tem o dever cvico de desenvolver uma verdadeira apetncia
de preparao face ao perigo. (Martins, 2004, p.33)
Qualquer que seja o ambiente, quer social, quer profissional, os indivduos tm a
responsabilidade de prestar toda a assistncia de que forem capazes e estejam
preparados. No entanto, actualmente as emergncias ocorrem em todo o lado e
imprescindvel que os cidados sejam capazes para agir em consonncia.
Conhecimentos da populao do Concelho de Mono sobre Suporte Bsico de Vida
42
Se nada for feito a probabilidade de salvar uma vtima em paragem cardio-respiratria (PCR) diminui 7
a 10% por cada minuto que passa sem a vtima ser ajudada. Pelo contrrio, se a testemunha iniciar
imediatamente respirao cardaca e pulmonar (RCP) o declnio da probabilidade de sobreviver mais
gradual, cerca de 3-4% por cada minuto que passa. No indivduo em PCR as reservas de energia e
oxignio do crebro esgotam-se ao fim de cinco minutos. (Guedlines of Ressuscitation, 2005, p.1)
A American Heart Association estima a incidncia deste evento em 1,5 milhes de
vtimas por ano, e destas, cerca de 1/3 morre. Do total destas mortes, 350 000 ocorrem
fora do hospital e geralmente duas horas depois do inicio dos sintomas. (Cceres et al,
2005/2006, p. 70)
2.1. Breve histria da reanimao cardio-respiratria
No antigo Egipto, h cerca de 3 500 anos, nasceu a mais primitiva tcnica de
reanimao cardio-respiratria, conhecida como mtodo de inverso. Esta tcnica
consistia em pendurar as vtimas pelos ps e aplicar presso no trax, com o objectivo
de assistir o indivduo na expirao, existindo um perodo de relaxao que ia ao
encontro do tempo de inspirao da vtima. (Cceres et al, 2005/2006, p. 68)
Vrios sculos antes, Andreas Vesalius y Phillipus Aureolus Paracelsus sugeriram o uso
de um tubo em vtimas da paragem cardio-respiratria (PCR), com o objectivo de
proporcionar assistncia respiratria, o que mais tarde veio a dar origem s bolsas de
ventilao, que actualmente correspondem ao ambu. (Cceres et al, 2005/2006, p. 68)
Em 1767 a Dutch Humane Society prope um esquema para o manuseamento de
vtimas em paragem cardio-respiratria, no qual as linhas mais importantes incluam:
conservar a temperatura corporal do indivduo, remover substncias deglutidas ou a
gua aspirada, ventilar boca a boca e insuflar fumo/ tabaco ardente dentro do recto da
vtima. (Cceres et al, 2005/2006, p. 69)
Em 1783 De Haen descreve a actual tcnica de RCR, cuja influncia sobre a presso
arterial estimulou a investigao e a sua rpida e extensa difuso anos mais tarde.
Conhecimentos da populao do Concelho de Mono sobre Suporte Bsico de Vida
43
A partir de 1950, Kouwenhoven e Knickerbocke descreveram a tcnica de compresso
cardaca externa em conjunto com a tcnica de ventilao artificial, depois
aperfeioadas pelo anestesista Peter Saffar. (Cceres et al, 2005/2006, p. 69)
Em 1966, a Academia Nacional de Cincias do National Research Council recomenda
para a dcada de setenta, a formao de profissionais de sade, segundo as normas
impostas pela American Heart Association (AHA), organismo que no ano 1974,
promoveu a educao em RCR bsica para o pblico em geral.
A academia manifestou inclusivamente a necessidade de expandir a formao a jovens
em idade escolar nos incios da dcada de 90. Em base dos resultados obtidos, nasceu
em 1992, o conceito de cadeia de sobrevivncia que engloba a generalizao dos
processos de RCR no pr-hospitalar. (Cceres et al, 2005/2006, p. 69)
2.2. Reanimao cardio-respiratria em Portugal
Em 1965 iniciou-se em Lisboa o socorro s vtimas de acidente na via pblica atravs
do nmero 115. Este servio era prestado numa ambulncia tripulada por elementos da
PSP que realizava o transporte para o hospital. Nos anos seguintes, este servio foi
alargado a outras cidades, nomeadamente Porto, Coimbra Aveiro, Setbal e Faro.
(INEM, 2000, p.20)
Em 1971 criou-se o Servio Nacional de Ambulncias (SNA), com o objectivo de
assegurar a orientao, coordenao e eficincia de actividades relacionadas com
primeiros socorros a doentes e sinistrados e o seu transporte at ao hospital.
O SNA criou os Postos de Ambulncia SNA, dotados de veculos medicalizveis,
equipamento sanitrio e de telecomunicaes, entregues s corporaes da PSP de
Lisboa, Porto, Coimbra, Setbal e de corpos de bombeiros nas restantes cidades,
constituindo uma rede que abarcou todo o pas. (INEM, 2000, p.20)
Conhecimentos da populao do Concelho de Mono sobre Suporte Bsico de Vida
44
Em 1980 criou-se o Gabinete de Emergncia Mdica (GEM) que, entre outros
objectivos, cabia-lhe a realizao de um projecto de organismo que viesse a desenvolver
e coordenar um Sistema Integrado de Emergncia Mdica.
O Sistema Integrado de Emergncia Mdica (SIEM) define-se como sendo o
responsvel pelo
conjunto de aces coordenadas, de mbito extra-hospitalar, hospitalar e inter-hospitalares, que resultam
da interveno cvica e dinmica dos vrios componentes do Sistema de Sade Nacional, de modo a
possibilitar uma aco rpida, eficaz e com economia de meios em situaes de emergncia mdica.
Compreende toda a actividade de urgncia/emergncia, nomeadamente o sistema de socorro pr-
hospitalar, o transporte, a recepo hospitalar e a adequada referenciao do doente urgente/emergente.
(Dirio da Republica, 2007, p.3514)
A organizao do SIEM exige um conjunto de programas perfeitamente definidos que
determinem a actuao dos diferentes intervenientes em cada fase. Em 1981, criou-se o
Instituto Nacional de Emergncia Mdica (INEM), que
tem por misso definir, organizar, coordenar, participar e avaliar as actividades e o funcionamento de um
Sistema Integrado de Emergncia Mdica (SIEM), de forma a garantir aos sinistrados ou vitimas de
doena sbita a pronta e adequada prestao de cuidados de sade. (Dirio da republica, 1997, p.3513)
Desde a sua criao, que o INEM tem vindo a alargar a sua rede de actuao atravs da
criao de subsistemas para a prestao de socorros com caractersticas especficas,
como so os cuidados de sade aos recm-nascidos de alto risco, socorro das vtimas de
doena sbita no domiclio ou na rua e o socorro a vtimas a bordo de navios e o centro
mdico de informaes anti-venenos. (INEM, 2000, p.18)
De entre os diferentes subsistemas, o Centro de Orientao de Doentes Urgentes
(CODU), foi criado em 1987 e competem-se funes de orientao e apoio mdico
necessrio para o eficiente socorro de doentes em situao de urgncia, na sua rea de
responsabilidade e em tempo til. (INEM, 2000, p.19)
Conhecimentos da populao do Concelho de Mono sobre Suporte Bsico de Vida
45
O Centro de Orientao de Doentes Urgentes Mar (CODU-MAR) criado dois anos
mais tarde, visa assegurar o atendimento, orientao mdica e encaminhamento de
pedidos de socorro que sejam provenientes de navios ou embarcaes,
independentemente do local ou nacionalidade, de acordo com as regras nacionais e
internacionais sobre a matria. (INEM, 2000, p.19)
2.3. Cadeia de sobrevivncia
De acordo com INEM (2006, pp. 4/5) cadeia de sobrevivncia constituda por quatro
elos, todos eles com a mesma importncia. Para que o resultado final seja uma vida
salva, necessrio o seu correcto funcionamento e articulao eficaz. Este conceito de
cadeia de sobrevivncia deriva da necessidade de sequenciar atitudes para que cada elo
articule com o procedimento anterior e assim sendo, no se pode desrespeitar a
sequncia dos procedimentos.
Segundo o Instituto Nacional de Emergncia Mdica (2006 p.4) considera-se que
existem trs atitudes a ter no socorro s vtimas de paragem cardiorespiratria:
Pedir ajuda, accionando o sistema de emergncia mdica de imediato;
Iniciar manobras de Suporte Bsico de Vida imediatamente;
Aceder desfibrilhao (quando necessrio) e a Suporte Avanado de Vida to
precocemente quanto possvel.
Assim sendo, segundo o mesmo autor, a cadeia de sobrevivncia est dividida em
quatro elos, sendo eles:
1. - Acesso precoce aos servios de emergncia;
2. - Suporte Bsico de Vida precoce (SBV);
Conhecimentos da populao do Concelho de Mono sobre Suporte Bsico de Vida
46
3. - Desfibrilhao precoce;
4. - Suporte Avanado de Vida precoce (SAV)
2.3.1. Acesso precoce aos Servios de Emergncia
A paragem cardio-respiratria caracteriza-se pela cessao da respirao e da circulao
num indivduo, o que resulta num estado de morte clnica. (Phipps, 2003, p.776) Em
contexto pr-hospitalar essencial que exista acesso precoce aos servios de
emergncia, para mais rapidamente se iniciar a cadeia de sobrevivncia. Assim, ser
essencial que o indivduo que presencia a situao de emergncia, seja capaz de
reconhecer a sua gravidade e consiga iniciar a cadeia de sobrevivncia, activando o
sistema de emergncia atravs do telefone. (INEM, 2006, p.4)
O 112 representa, em Portugal, o nmero de emergncia a activar sem demora e de quem se espera uma
resposta imediata. Por isso a organizao eficaz para acorrer com prontido aos pedidos de ajuda
essencial. () Durante este tempo a sobrevivncia da vtima e a qualidade da sua vida futura est
totalmente dependente da iniciao precoce dos trs primeiros elos da Cadeia de Sobrevivncia pelo
cidado que reconhece a vtima de colapso. (Guedlines of Ressuscitation, 2005, p. 3)
2.3.2. Suporte Bsico de Vida precoce
Suporte Bsico de Vida define-se como sendo o conjunto de manobras que tm como
objectivo reconhecer situaes onde pode existir perigo de vida, pedir ajuda e iniciar os
procedimentos que mantm a via area permevel, a respirao e a circulao at a
chegada de ajuda especializada. (Guedlines of Ressuscitation, 2005, p.1)
Assim, o indivduo que presencia uma situao com vtima em PCR, aps avaliar a
situao e contactar os servios de emergncia (primeiro elo da cadeia), deve ser capaz
de continuar com a sequncia da mesma, passando assim para o segundo elo e iniciando
precocemente Suporte Bsico de Vida.
Conhecimentos da populao do Concelho de Mono sobre Suporte Bsico de Vida
47
De acordo com o INEM (2006, p.4), as manobras que constituem o Suporte Bsico de
Vida, compresso torcica externa e ventilao, tm como objectivo manter a circulao
com sangue minimamente oxigenado para preservao da viabilidade do corao e
crebro.
2.3.3. Desfibrilhao precoce
Em meio extra-hospitalar, o objectivo da Desfibrilhao (quando estiver indicado)
conseguir aplic-la em menos de 3 minutos aps activao dos servios de emergncia.
O acesso a esta prtica por elementos no mdicos (por exemplo bombeiros,
enfermeiros e outros profissionais de sade) permite o acesso a este elo mais
rapidamente e de forma eficaz. (INEM, 2006, p.5)
A Desfibrilhao a passagem de corrente elctrica, atravs do miocrdio, de
magnitude suficiente para poder restaurar a actividade elctrica do corao. Assim,
define-se como o trmino da fibrilhao, ou de uma forma mais precisa, a ausncia de
fibrilhao ventricular /taquicardia ventricular (FV / TV) cinco segundos depois de se
produzir a descarga elctrica. No entanto, o objectivo da desfibrilhao restaurar a
circulao espontnea do indivduo. (Deakin e Nolan, 2005, p.1)
No momento em que se realiza a primeira anlise do ritmo cardaco aproximadamente
40% das vtimas de paragem cardio-respiratria apresentam fibrilhao ventricular
(FV), contudo provvel que existam muitas mais vtimas com fibrilhao ventricular
ou taquicardia ventricular rpida (TV) no momento em que ocorre a paragem. (Handley
et al, 2005, p1)
Handley et al (2005, p.25) defende que a desfibrilhao imediata, logo que se dispe de
um desfibrilhador, sempre foi um elemento chave, considerando-se de grande
importncia para sobreviver paragem cardio-respiratria pois o corao perde a
capacidade de coordenar e deixa de ser eficaz a bombear o sangue para o organismo.
Conhecimentos da populao do Concelho de Mono sobre Suporte Bsico de Vida
48
A vtima pode sobreviver se os que a rodeiam actuam de maneira imediata, enquanto
esta est com fibrilhao ventricular, mas pouco provvel que a vtima seja reanimada
quando o ritmo se deteriora e ocorre assistolia. O tratamento ptimo para a P.C.R. em
ritmo de fibrilhao ventricular a prtica de massagem cardaca combinada com
ventilao artificial, seguida por desfibrilhao elctrica. (Handley et al, 2005, p1)
Segundo o INEM (2006, p.5), a maioria dos casos so implementados programas de
desfibrilhao usando Desfibrilhadores Automticos Externos (DAEs). Estes
Desfibrilhadores, guiam o utilizador com instrues de voz, analisam o ritmo cardaco
da vtima e informam o socorrista da necessidade de executar tratamento com descarga
elctrica. Estes aparelhos tm uma altssima preciso e s realizam a descarga elctrica
quando ocorra fibrilhao articular ou taquicardia ventricular rpida. (Handley et al,
2005, p.3)
2.3.4. Suporte Avanado de Vida
Existem diversas situaes em que o SBV e a desfibrilhao no so suficientes, sendo
necessrias manobras adicionais que permitam optimizar a funo cardiorespiratria do
indivduo. fundamental preservar a integridade dos rgos nobres (corao e crebro),
aumentando a possibilidade de sobrevivncia.
2.4. Paragem Crdio-respiratria
A Paragem cardio-respiratria (PCR) pode ocorrer devido a problemas primrios da via
area, respiratrios ou associada a patologia cardiovascular. Os sistemas respiratrio e
cardiovascular esto estreitamente ligados, pelo que a falncia de um dos sistemas pode
levar insuficincia do outro, e assim, saber quais so os primeiros passos a ter face a
uma situao de paragem cardio-respiratria um compromisso civil que salva vidas.
A situao extrema de risco de vida a paragem cardaca e respiratria. Neste caso a vtima est
integralmente dependente da ajuda das testemunhas e da sua capacidade de adoptarem, a tempo, as
decises e atitudes correctas. (Guedlines of Ressuscitation, 2005, p. 1)
Conhecimentos da populao do Concelho de Mono sobre Suporte Bsico de Vida
49
Devido ao facto da mortalidade em indivduos ps-PCR ser elevada, estes devem ser
identificados como doentes de risco de forma a serem tomadas medidas preventivas de
PCR.
Os actuais recursos da Medicina permitem salvar vtimas de paragem cardaca e respiratria () A
probabilidade de assistir a um episdio destes maior se ele ocorrer com familiares, colegas de trabalho,
amigos ou pessoas com quem conviva frequentemente, facilmente se compreende que o problema tem a
ver com todos ns. Por isso, em caso de necessidade importante saber o que fazer. (Guedlines of
Ressuscitation, 2005, p. 1)
Segundo Instituto Nacional de Emergncia Mdica (2006, p. 10), algum tempo antes de
sofrer a PCR, o indivduo pode apresentar sinais e sintomas que incluem: dificuldade
respiratria, elevao da frequncia cardaca, diminuio do dbito cardaco,
hipotenso, prostrao, letargia e estado confucional.
Conseguir identificar estes indivduos, alertar os meios indicados e estar preparado para
actuar so factores importantes para salvar vidas.
2.4.1. Causas de Paragem Crdio-respiratria
Como referido, a paragem cardio-respiratria pode acontecer devido a patologias que
envolvem o compromisso da funo respiratria ou cardaca. Assim sendo, tem-se como
causas de PCR, a obstruo da via area, a falncia respiratria e a patologia cardaca.
(INEM, 2006, p.7)
2.4.1.1. Obstruo da via area
A obstruo da via area define-se como sendo parcial ou total e as causas podem
incluir a presena de corpos estranhos (dentes, alimentos), a presena de sangue,
aspirao de contedo gstrico, traumatismos (da fase ou do pescoo), presena de
secrees brnquicas, inflamao da epiglote, edema da laringe, espasmo larngeo e
broncospasmo. (INEM, 2006, p.7)
Conhecimentos da populao do Concelho de Mono sobre Suporte Bsico de Vida
50
Segundo o INEM (2000, p.74), no caso de se tratar de obstruo parcial, existe algum
rudo respiratrio (tal como sibilncia ou estridor), pode ocorrer tosse (mecanismo de
defesa do organismo) e cianose, no entanto se a obstruo for total ocorre silncio
respiratrio.
De acordo com Deakin e Nolan (2005, p. 27), quando a obstruo da via area parcial,
a entrada de ar fica diminuda e geralmente ruidosa. O estridor inspiratrio causado
por una obstruo a nvel da laringe ou por cima desta. A sibilncia expiratria implica
una obstruo da via area inferior, que tende a colapsar e obstruir-se durante a
expirao. Outros sons caractersticos incluem o gorgolejar causado por lquidos ou
substncias semi-slidas alojadas na via area principal.
Se a vitima ainda possuir esforo respiratrio, apresenta sinais de grande angstia e
exausto, fazendo recurso a msculos acessrios da respirao, apresentando assim
adejo nasal, tiragem intercostal e supraclavicular. O padro dos movimentos abdominais
descrito como barco, quando a vtima tenta inspirar o trax contrai-se e o abdmen
expande-se, devido ao esforo inspiratrio com a via area obstruda, sendo um padro
contrrio ao da respirao normal. (INEM, 2006, p.11)
No indivduo inconsciente ocorre o relaxamento dos msculos da lngua, pelo que se
associado a posio de deitado (decbito dorsal), existe o perigo de queda da lngua
para a orofaringe que impede ou dificulta a entrada e sada de ar dos pulmes, portanto
contribui para a obstruo da via area. (INEM, 2000, p.28)
2.4.1.2. Falncia respiratria
Outro mecanismo que pode ser suficientemente grave e provocar PCR a falncia
respiratria. Esta pode ser classificada de aguda ou crnica, contnua ou intermitente,
podendo ser suficientemente grave para provocar PCR. Em indivduos com reserva
respiratria diminuda, basta uma pequena alterao para precipitar complicaes
graves. (INEM, 2006, p.8)
Conhecimentos da populao do Concelho de Mono sobre Suporte Bsico de Vida
51
Podem classificar-se as causas de falncia respiratria a trs nveis: Centro Respiratrio,
quando ocorre uma afeco grave do Sistema Nervoso Central que pode significar
depresso ou abolio dos movimentos respiratrios; Esforo Ventilatrio, quando os
msculos mais importantes na ventilao so afectados, nomeadamente o diafragma e
os msculos intercostais, seja por leso medular ou devido a patologias; Doenas
pulmonares pois a ventilao pode ser afectada pela presena de pneumotorx, derrame
pleural, pneumonias, DPOC agudizada, asma, embolia pulmonar, entre outras. (INEM,
2006, p.8/9)
2.4.1.3. Patologia cardaca
Na Europa, as doenas cardiovasculares contribuem em 40% da mortalidade, em
indivduos com menos de 75 anos de idade. A patologia cardaca, que envolve o
compromisso deste sistema, pode agravar-se e provocar paragem cardio-respiratria.
(INEM, 2006, p.4)
As leses cardacas podem classificar-se em primrias ou secundrias e a paragem
cardio-respiratria pode surgir de forma sbita ou ser precedida por um estado de baixo
dbito. Nalgumas situaes no possvel determinar a etiologia da PCR, nem so
encontradas alteraes estruturais. (INEM, 2006, p.9)
So causas da paragem cardaca primria: isqumia, EAM, cardiopatia hipertensiva,
valvulopatias, acidose, frmacos, desequilbrios electroltico, hipotermia e
electrocusso. As causas da paragem cardaca secundria implicam a existncia de um
problema extra-cardaco que secundariamente afecte o corao de forma aguda ou
crnica, o que acontece a uma vtima de asfixia por obstruo da via area, apneia,
pneumotrax hipertensivo ou hemorragia aguda. (INEM, 2006, p.9/10)
2.5. Suporte Bsico de Vida
De acordo com Instituto Nacional de Emergncia Mdica (2006, p.18) as manobras de
Suporte Bsico de Vida tem como objectivo manter a permeabilidade da via area, a
respirao e a circulao de modo a manter a vtima vivel, sem recurso a qualquer
Conhecimentos da populao do Concelho de Mono sobre Suporte Bsico de Vida
52
equipamento, at se poder instituir o tratamento mdico adequado.
Guedlines of Ressuscitation (2005, p. 2) definem Suporte Bsico de Vida como um
conjunto de procedimentos e atitudes que tm por objectivo reconhecer situaes em
que h perigo de vida, pedir ajuda quando esta se justifique e iniciar de imediato as
intervenes que permitem manter a circulao sangunea e a oxigenao dos rgos
nobres at que chegue a ajuda especializada.
Segundo Phipps (2003, p.776) trata-se um procedimento de emergncia que consiste no
reconhecimento de uma paragem cardio-respiratria (PCR) e no inicio de tcnicas de
reanimao, at a vitima recuperar ou ser transportada para uma instituio capaz de
prestar cuidados adequados.
As vtimas de paragem cardaca necessitam de reanimao cardio-respiratria imediata, porque esta lhes
proporciona algum fluxo sanguneo para o crebro e corao, que apesar de ser pequeno decisivo.
(Guedlines of Ressuscitation, 2005, p. 2)
Na maior parte das situaes de PCR imprescindvel a ajuda de meios para executar-se
Desfibrilhao e Suporte Avanado de Vida e profissionais com treino especfico, pelo
que, a seguir ao reconhecimento da situao imprescindvel activar os servios de
emergncia mdica para continuar o tratamento.
2.5.1. Etapas e procedimentos de Suporte Bsico de Vida
As manobras de Suporte Bsico de Vida devem ser executadas com a vtima em
decbito dorsal, no cho, ou sobre um plano duro. O reanimador deve posicionar-se
junto da vtima para que, no caso de ser necessrio, possa fazer ventilaes e
compresses sem ter que fazer grandes deslocaes.
De acordo com Phipps (2003, p. 777), o ABC da reanimao consiste na via area,
respirao e circulao, mnemnica que deriva de airway, breathing e circulation.
Conhecimentos da populao do Concelho de Mono sobre Suporte Bsico de Vida
53
De acordo com INEM (2003, p.19), as quatro etapas de SBV so avaliao inicial,
manuteno da via area, ventilao com ar expirado e compresses cardacas, tal como
se pode observar no algoritmo em Anexo II e se descreve a seguir:
Etapa I - Avaliao inicial
A avaliao inicial consiste em avaliar se existem condies de segurana no local, a
fim de poder-se aproximar e avaliar a situao da vtima, verificando o seu estado de
conscincia.
Qualquer reanimador que se preste a realizar Suporte Bsico de Vida, deve ter em
ateno o espao fsico onde se encontra a vtima. Assim sendo, no deve submeter-se a
mais perigos do que aqueles s quais a vitima j est sujeita. essencial assegurar-se
que no existem riscos que prejudiquem a sua actuao. (INEM, 2006, pp. 16/20)
No contexto de socorro pr-hospitalar, antes de se aproximar de uma vtima aparentemente inconsciente,
fundamental assegurar que no existem riscos ambientais como fogo, matrias perigosas, exploso,
electrocusso, derrocadas, trfego automvel, etc. (INEM, 2006, p. 16)
Depois de garantidas as condies de segurana, deve-se aproximar-se da vtima,
questiona-la acerca do seu estado ou acerca do sucedido, enquanto se estimula
suavemente os seus ombros a fim de verificar a sua reactividade.
Se a vtima responder, deve-se deix-la na posio em que se encontrou e averiguar o
que se passou, como se sente, se tem ferimentos e se necessrio pedir ajuda. Se a
vitima no responder, deve-se pedir ajuda gritando em voz alta, sem nunca abandonar a
vtima e posteriormente prosseguir com a avaliao. (INEM, 2006, p. 20)
Etapa II - Manuteno da via area;
Se a vitima se encontrar inconsciente, existem estruturas que perdem o seu tnus
habitual e podem causar obstruo da via area. Actualmente reconhece-se que no
apenas a queda da lngua pode provocar obstruo, mas fundamentalmente a epiglote e
Conhecimentos da populao do Concelho de Mono sobre Suporte Bsico de Vida
54
o palato mole. Como referido, tambm sangue, vmito, objectos estranhos podem
causar obstruo, pelo que se deve proceder permeabilizao da via area. (INEM,
2006, p. 21)
aconselhvel desapertar a roupa da vtima em redor do pescoo expondo o trax
verificando a presena de corpos estranhos na cavidade oral. A abertura da via area
pode ser executada de duas formas, fazendo inclinao da cabea para trs, elevando o
maxilar inferior, ou elevando apenas o maxilar inferior, fundamentalmente se existe
suspeita de leso da cervical. (INEM, 2000, p. 62)
Devem-se usar 10 segundos para ver, ouvir e sentir a respirao espontnea, colocando
o ouvido sobre o nariz e a boca da vtima enquanto se observa a existncia de expanso
torcica. Assim, deve-se procurar ver se o peito se move com a respirao, se escutada
a sada de ar e se se sente o movimento de ar contra o rosto. (INEM, 2000, p. 63)
Se a vtima respira espontaneamente dever ser colocada em posio lateral de
segurana, posteriormente deve-se pedir ajuda e reavaliar a vtima periodicamente.
Se a vitima no respira mas possui sinais de circulao deve ser feito o pedido de ajuda
e iniciar suporte ventilatrio, a um ritmo de 10 ventilaes por minuto, fazendo
reavaliao da funo cardaca a cada minuto.
Se por outro lado, a vtima no respira nem possui circulao, deve ser feito o pedido de
ajuda e iniciar de imediato compresses cardacas. Este pedido de ajuda essencial para
que a vitima tenha acesso ao terceiro e quarto elo da cadeia de sobrevivncia,
desfibrilhao e SAV respectivamente. (INEM, 2006, p. 23)
Etapa III - Ventilao com ar expirado;
A ventilao artificial pode realizar-se boca-a-boca, boca-a-nariz, boca-a-estoma e
boca-a-barreira.
Na respirao boca-a-boca, mantm-se a cabea da vtima inclinada e o queixo
levantado. Posteriormente aperta-se as narinas da vtima, inspira-se
Conhecimentos da populao do Concelho de Mono sobre Suporte Bsico de Vida
55
profundamente, e coloca-se a boca em volta do exterior da boca da vtima. Sopra-se
para o interior da boca, sem que escape ar. Se a ventilao for feita correctamente, o
peito da vtima sobe e desce, ouve-se e sente-se a sada de ar enquanto a vtima expira
passivamente e sente-se a resistncia dos pulmes da vtima a expandirem-se. (Phipps,
2003, p. 777)
A respirao boca-a-nariz est recomendada quando a boca tem traumatismo grave ou
quando impossvel fazer vedao estanque volta dela. Neste caso, coloca-se uma
mo na testa da vtima para inclinar a cabea para traz e outra no queixo de modo
levantar o maxilar inferior e tambm fechar a boca. Depois de inspirar profundamente,
coloca-se a boca em volta do nariz da vtima e sopra-se o ar at os pulmes se
expandirem. (Phipps, 2003, p. 777)
A respirao artificial directa boca-a-estoma efectuada num indivduo
laringectomizado. Se este possuir um tubo de traqueostomia temporrio, dever iniciar-
se a respirao boca-a-tubo depois de insuflado o cuff. (Phipps, 2003, p. 777)
A respirao boca-a-barreira uma alternativa da respirao boca-a-boca pois
utilizado um dispositivo que serve de barreira, como um protector de rosto ou uma
mscara. Este dispositivo colocado sobre a boca e nariz da vtima assegurando uma
vedao perfeita. A maioria das mscaras possui uma vlvula de uma via que impede a
passagem do ar expirado de novo para a boca do socorrista. (Phipps, 2003, p.777)
Etapa IV - Compresses cardacas
Para a determinao da necessidade de compresses cardacas, deve palpar-se o pulso
carotdeo a fim de avaliar-se a pulsao. Escolhe-se palpar o pulso carotdeo pois
localiza-se numa zona acessvel e trata-se de um pulso em posio central que por vezes
persiste enquanto outros pulsos perifricos j no so palpveis.
Este pulso encontra-se deslizando os dedos lateralmente pela laringe, entre a traqueia e
o msculo esternocleidomastideo. Se aps 10 segundos o pulso estiver ausente devem
Conhecimentos da populao do Concelho de Mono sobre Suporte Bsico de Vida
56
iniciar-se as compresses cardacas. (Phipps, 2003, p. 777)
Quem executa compresses cardacas deve colocar-se junto vtima de joelhos. Coloca-
se a base de uma das mos no centro do trax e a outra mo colocada sobre a primeira.
Entrelaam-se os dedos e levantam-se por forma a no fazer qualquer presso ao nvel
das costelas. Deve ter-se em ateno o posicionamento correcto dos ombros,
perpendiculares ao esterno da vitima, mantendo os braos esticados e sem flectir os
cotovelos. (INEM, 2006, p. 24)
As compresses devem ser regulares, suaves e ininterruptas. A presso exercida sobre o
esterno deve fazer com que este baixe 4 a 5 cm. Depois de cada compresso, a presso
deve ser aliviada por completo para permitir a descompresso do trax e o reenchimento
do corao. (Phipps, 2003, p. 780)
A presso intermitente comprime o corao, faz subir a presso intratorcica e produz
circulao pulstil artificial. Compresses cardacas realizadas correctamente podem
provocar presso sistlica de 100 mmHg. (Phipps, 2003, p. 778) O ritmo de execuo de
compresses de 100 por minuto, sendo que sincronizadas com ventilaes, a regra do
algoritmo defende 30 compresses e 2 ventilaes, que devero demorar 1 segundo
cada uma. (INEM, 2006, p. 24)
2.5.2. Consequncias do Suporte Bsico de Vida
Uma vez iniciadas as manobras de Suporte Bsico de Vida, estas devem ser contnuas e
ininterruptas at que a vitima ressuscite, ocorra chegada de ajuda diferenciada que se
responsabilize pela ocorrncia ou quem reanime se encontre exausto.
Assim, e segundo Phipps, (2003, p. 780) a consequncia mais vulgar da realizao de
SBV, nomeadamente da compresso cardaca externa a fractura de costelas, a qual
pode ocorrer apesar de se executar correctamente a tcnica.
Conhecimentos da populao do Concelho de Mono sobre Suporte Bsico de Vida
57
Outras eventuais complicaes que podem surgir so a fractura do esterno, fractura de
articulao condro-costal e consequentemente leso de rgos internos, tais como:
rotura de pulmo, corao ou fgado. (INEM, 2006, p.30)
Um dos problemas ligados ventilao a insuflao de ar no estmago, o que provoca
sada do contedo gstrico para a via area. Tambm acontece que o ar presente no
estmago provoca elevao do diafragma, o que restringe os movimentos respiratrios,
tornando a ventilao menos eficaz. (INEM, 2006, p.29)
Apenas com manobras de Suporte Bsico de Vida, as hipteses de uma vtima recuperar
actividade cardaca espontnea so muito reduzidas, pelo que qualquer das
complicaes se minimiza visto a nica alternativa a este procedimento ser a morte da
vtima.
Conhecimentos da populao do Concelho de Mono sobre Suporte Bsico de Vida
58
PARTE II
ENQUADRAMENTO METODOLGICO
Conhecimentos da populao do Concelho de Mono sobre Suporte Bsico de Vida
59
A fase metodolgica diz respeito determinao, por parte do investigador, dos
mtodos a utilizar ao longo da investigao bem como da escolha dos mtodos de
investigao adequados. (Fortin, 2003, p. 40)
2. Metodologia
Para a aquisio de conhecimentos a investigao cientfica o mtodo mais rigoroso e
aceitvel uma vez que assenta num processo racional. (Fortin, 2003, p. 18)
No seguinte capitulo, especificam-se as opes metodolgicas utilizadas no decorrer do
desenvolvimento da investigao.
2.1. Tipo de estudo
Relativamente ao mtodo de investigao, aps realizar-se pesquisa bibliogrfica,
optou-se por utilizar uma abordagem quantitativa acompanhada de num estudo de tipo
descritivo simples.
Os estudos descritivos simples tm como principal finalidade a explicao de um
fenmeno, tal como refere Collire (2003, p.407)
a investigao do tipo descritivo, que prope um estudo dos factos para evidenciar, de maneira
fundamentada, verificvel e verificada, o que se passa num determinado domnio ou lugar. () Este tipo
de investigao pode no se limitar a dar conta dos factos, mas iniciar certas tentativas de explicaes de
fenmenos.
Para Fortin (2003, p. 164) este estudo baseia-se, principalmente, na descrio de
fenmenos ou de um conceito respeitante a uma determinada populao, com o
objectivo de deliberar as caractersticas dessa mesma populao ou atravs de uma
amostra significativa desta.
Torna-se necessrio o apoio de uma abordagem quantitativa, para o tratamento de dados
pois permite expressar-se os dados recolhidos atravs de nmeros (Ribeiro, 2007, p. 79).
Conhecimentos da populao do Concelho de Mono sobre Suporte Bsico de Vida
60
2.2. Populao e Amostra
Para executar a investigao planeou-se rigorosamente o processo de colheita dos
dados, quer em relao aos sujeitos inquiridos, quer em relao ao espao e aos
momentos escolhidos para realizao do mesmo.
Dois aspectos so fundamentais para o rigor do procedimento da investigao: o processo de seleco
dos sujeitos que vo fazer parte da investigao, isto , quem vai ser alvo da interveno e/ou da
avaliao, e os momentos em que ocorre a recolha de dados. (Almeida e Freire, 2007, p.83)
Tal como refere Ribeiro (1999, p.52), quando se pretende colher dados acerca de uma
populao, podem seguir-se duas estratgias, ou se recolhe a informao de toda a
populao ou se recolhe a informao de uma amostra representativa.
Lobiondo-Wood (2001, p.141) considera que uma populao um conjunto bem
definido que tem certas propriedades especficas. Uma populao pode ser composta
por pessoas, animais, objectos ou acontecimentos.
A populao pode ser definida como compreendendo todas aquelas pessoas que
possuem as caractersticas que interessam ao investigador, o conjunto dos indivduos
onde se pretende estudar o fenmeno. (Hicks, 2006, p. 25) Assim, a populao deste
estudo so todos os indivduos adultos residentes no concelho de Mono.
Populao, tal como referem Almeida e Freire (2007, p. 113) o () conjunto dos
indivduos, casos ou observaes onde se quer estudar o fenmeno, enquanto a
amostra definiu-se como () o conjunto de situaes (indivduos, casos ou
observaes) extrado de uma populao.
Este estudo passvel de ser aplicado a toda a populao que se encontre entre as
caractersticas definidas e rena as condies exigidas, portanto surge a necessidade de
seleccionar uma amostra de forma a diminuir o tamanho dos estudados.
Conhecimentos da populao do Concelho de Mono sobre Suporte Bsico de Vida
61
Acontece que, muitas vezes, o investigador no tem tempo nem recursos suficientes para recolher e
analisar dados para cada um dos casos do Universo pelo que, nessa situao, s possvel considerar uma
parte dos casos que constituem o Universo. Esta parte designa-se por amostra do Universo. (Hill, 2002,
p.42)
A amostra, segundo Almeida e Freire (2007, p. 114), definida atravs de um processo
de amostragem, que deve garantir a validade dos dados e permitir a sua generalizao.
Para este estudo definiu-se o tipo de amostragem no aleatria, acidental e intencional.
Trata-se de uma amostra no aleatria quando os sujeitos no possuem todos a mesma
probabilidade de serem seleccionados e acidental quando so includos no estudo
medida que casualmente se apresentam no local de recolha de dados.
Um processo de amostragem intencional, segundo Polit et al. (2004, p. 229) baseia-se
no pressuposto de que o conhecimento do investigador sobre a populao pode ser
utilizado para seleccionar a amostra. Assim sendo, os indivduos so seleccionados
sempre que se incluam dentro dos critrios definidos.
De acordo com a temtica deste estudo, optou-se por estabelecer os critrios de incluso
direccionando a investigao pelo caminho pretendido pelo investigador. Por este
motivo, os critrios de incluso determinados vo de encontro necessidade dos
indivduos pertencerem classe adulta (dos 18 aos 65 anos de idade), residirem no
concelho de Mono e serem alfabetizados, caracterstica indispensvel para darem
resposta metodologia escolhida para a colheita de dados.
Segundo Silva (2007, p.4) ser alfabetizado significa que uma pessoa capaz de
reconhecer e compreender smbolos, sendo capaz de com eles produzir mensagens
compreensveis para outros alfabetizados.
Realizou-se a colheita de dados no Concelho referido por ser geograficamente acessvel
para as deslocaes do investigador. Escolheu-se o meio natural, na praa central do
municpio, nos dias 18 e 19 de Dezembro de 2008, devido a uma maior densidade
populacional nesta zona do Concelho, nesta poca do ano.
Conhecimentos da populao do Concelho de Mono sobre Suporte Bsico de Vida
62
O Concelho de Mono situa-se no limite norte de Portugal, inserindo-se na regio do
Alto Minho, enquadrando-se na sub-regio do Minho-Lima, compreendendo 33
freguesias ao longo de uma superfcie territorial de cerca de 211 km2
, como se pode
verificar no mapa do Concelho (em Anexo I). Est localizado a sensivelmente 120 Km
do Porto, 70 Km de Viana do Castelo e Braga, 35 Km de Vigo e 32 Km da fronteira de
S. Gregrio.
De acordo com dados dos Censos de 2001, a populao residente no Concelho, no ano
referido estimou-se em 19957, sendo que 9080 pertenciam ao gnero masculino e 10877
ao gnero feminino. (INE, 2001)
Sendo assim, a amostra deste estudo constituiu-se por todos os indivduos adultos,
alfabetizados e residentes no concelho de Mono, que circulavam no local de colheita
de dados e concordaram em participar no estudo, nomeadamente cinquenta e sete
indivduos.
2.3. Definio de Variveis
Uma varivel toda a qualidade de uma pessoa, grupo ou situao, que varia ou assume
um valor diferente. Assim, e indo ao encontro das caractersticas do estudo, optou-se
por contemplar apenas variveis de atributo. (Polit, 2004, p.26)
De forma a caracterizar a amostra em estudo, as variveis seleccionadas foram: o gnero
a que pertenciam os indivduos, a sua idade, as habilitaes literrias que possuam e a
profisso desempenhada.
2.4. Instrumento de colheita de dados
O instrumento para a colheita de dados tem de dar resposta s perguntas de partida e aos
objectivos do estudo. Segundo Hicks (2006, p.23), os questionrios () so uma
forma muito til de recolha de dados no campo dos cuidados da sade.
Conhecimentos da populao do Concelho de Mono sobre Suporte Bsico de Vida
63
Trata-se de () um instrumento de colecta de dados, constitudo por uma srie
ordenada de perguntas, que devem ser respondidas por escrito e sem a presena do
entrevistador. (Lakatos e Marconi, 2007, p. 98)
Assim, o instrumento seleccionado para a colheita de dados foi um questionrio, sendo
composto predominantemente por questes fechadas pois estas permitem ao
investigador direccionar o tema a abordar na investigao e excluir o mximo de
desvios de assunto. No entanto, o questionrio possui duas questes de resposta aberta,
sendo uma relativa a caractersticas da amostra e outra de resposta nica.
A forma como esto estruturadas as opes de resposta, importante na concepo do questionrio, uma
vez que isso pode ditar o nvel de honestidade com que o inquirido responde, bem como a importncia e a
quantidade de informao que pode ser obtida com a pergunta (Hicks, 2006, p.22)
Optou-se pela aplicao directa do questionrio, entregue em mos pelo investigador,
aps consentimento verbal de participao por parte dos indivduos e confirmao de
incluso nos critrios pr-estabelecidos. Depois de respondidos, colocaram-se os
questionrios numa caixa fechada com ranhura, reservada exclusivamente para o efeito.
2.4.1. Pr-teste
Antes da recolha de dados definitiva efectuou-se um pr-teste numa amostra
populacional semelhante, de modo a testar a pertinncia das questes e detectar
possveis falhas relativamente semntica e ambiguidade das perguntas.
O pr-teste tem como finalidade verificar a validade do instrumento de colheita de
dados, devendo ser aplicado anteriormente colheita de dados, numa populao
semelhante da verdadeira colheita de dados. (Lakatos e Marconi, 2003, p. 165).
Realizou-se o pr-teste no concelho de Valena, em meio natural, no dia 12 de
Dezembro de 2008, das 15 s 16 horas, tendo-se obtido um total de treze questionrios.
Conhecimentos da populao do Concelho de Mono sobre Suporte Bsico de Vida
64
O preenchimento do questionrio por uma pequena amostra que reflicta a diversidade da populao
visada (entre 10 a 30 sujeitos), de todo indispensvel e permite corrigir ou modificar o questionrio,
verificar a redaco e ordem das questes. (Fortin, 2003, p.253)
A metodologia utilizada foi a mesma definida para o estudo, sendo que a recolha de
dados implicou um processo amostral no aleatrio, acidental e intencional. Os
indivduos que participaram no estudo encontravam-se casualmente a circular no local
de colheita de dados e foram seleccionados porque obedeciam aos critrios de incluso
(ser adulto, alfabetizado e residir no concelho de Valena).
Aps avaliarem-se os resultados obtidos atravs da realizao do pr-teste, no foram
efectuadas alteraes no questionrio pois concluiu-se que a populao sujeita
investigao compreendeu, quer as questes do instrumento de colheita da dados, quer
os critrios de resposta inerentes a estas.
2.5. Previso de tratamento de dados
Aps realizao da colheita de dados procedeu-se ao tratamento dos mesmos, uma vez
que o estudo quantitativo se centra na colheita de dados possveis de se expressarem
atravs de nmeros (Ribeiro, 2007, p. 79).
A estatstica descritiva () permite descrever as caractersticas da amostra na qual os
dados foram colhidos e descrever os valores obtidos pela medida das variveis. (Fortin
2003, p. 277). Assim sendo, optou-se por fazer o tratamento de dados estatisticamente
de forma informatizada, por ser mais rpida e por haver menos probabilidade de erro.
Os dados foram tratados recorrendo ao programa Microsoft Office Excel.
2.6 Consideraes ticas
Para a realizao da investigao acreditou-se ser crucial ter em conta as normas ticas
em trabalho cientfico. Como se verifica em Ribeiro (1999, p. 67), o investigador
necessita de seguir um cdigo de tica que lhe permita orientar a investigao definindo
Conhecimentos da populao do Concelho de Mono sobre Suporte Bsico de Vida
65
os seus limites, pois de outra forma toda a investigao ficaria comprometida.
De acordo com Fortin (2003, p.113) a investigao aplicada em seres humanos pode vir
a causar danos aos direitos e liberdades da pessoa, e por este motivo o investigador teve
em ateno os seguintes cinco princpios determinados pelos cdigos de tica:
Direito autodeterminao;
Direito intimidade;
Direito ao anonimato e confidencialidade;
Direito proteco contra o desconforto e o prejuzo;
Direito a um tratamento justo e equitativo.
Segundo Fortin (2003, pp.116-119), relativamente ao direito autodeterminao, que se
baseia no princpio do respeito pela pessoa, o investigador tem de permitir ao inquirido
decidir por si e tomar conta do seu prprio destino e deste modo decidir sobre a sua
participao no estudo e igualmente sobre o seu abandono.
Relativamente ao direito intimidade, o investigador teve em conta que o investigado
tem direito a decidir sobre a extenso das informaes que quer dar e a determinar em
que medida aceita partilhar assuntos ntimos e privados. (Fortin, 2003, pp.116-119)
O direito ao anonimato respeitado se a identidade do indivduo no puder ser
associada s respostas. O direito confidencialidade diz respeito ao tratamento dos
dados colhidos de forma ntima e privada, no podendo haver partilha dos dados
pessoais sem autorizao expressa do sujeito. (Fortin, 2003, pp.116-119)
No que diz respeito ao direito contra o desconforto e o prejuzo, o investigador tem de
garantir regras de proteco da pessoa contra inconvenientes susceptveis de lhe
causarem mal ou de a prejudicarem. Este direito baseia-se no princpio do
Conhecimentos da populao do Concelho de Mono sobre Suporte Bsico de Vida
66
benefcio, segundo o qual os cidados desempenham um papel activo na preveno do
desconforto e do prejuzo, na promoo do maior conforto da pessoa e das que a
rodeiam. (Fortin, 2003, pp.116-119)
O direito a um tratamento justo e equitativo implica que os sujeitos sejam informados
sobre a natureza, o fim e a durao da investigao, bem como dos mtodos utilizados.
Este fornecimento da informao importante para a deciso da pessoa quanto ao
consentimento ou recusa esclarecida da participao na investigao. Todos os sujeitos
devem ser tratados equitativamente e a sua escolha deve estar ligada com o problema de
investigao e no baseada com factores de convenincia ou disponibilidade. (Fortin,
2003, pp.116-119)
Um consentimento para ser legal, deve ser obtido de forma livre e esclarecida. () O consentimento
livre se dado sem nenhuma ameaa, promessa ou presso seja exercida sobre a pessoa e quando esteja
na plena posse das suas faculdades mentais. Para que o consentimento seja esclarecido, a lei estabelece o
dever de informao. (Fortin, 2003, p.120)
Neste trabalho de investigao, o consentimento informado foi obtido de forma verbal,
de todos os participantes na investigao, aquando da proposta de participao no
estudo. Os sujeitos tiveram acesso ao esclarecimento sobre o objecto de estudo da
investigao, bem como dos fins a que se destinavam as informaes prestadas.
Conhecimentos da populao do Concelho de Mono sobre Suporte Bsico de Vida
67
PARTE III
ENQUADRAMENTO EMPRICO
Conhecimentos da populao do Concelho de Mono sobre Suporte Bsico de Vida
68
A fase emprica corresponde ao tratamento dos dados atravs de tcnicas estatsticas,
seguindo-se da sua apresentao, anlise e discusso. (Fortin, 2003, p. 41)
3. Apresentao e Anlise de Dados
A apresentao dos dados encontra-se dividida em dois subcaptulos, sendo que o
primeiro referente caracterizao da amostra e o segundo vai ao encontro dos
resultados da investigao realizada atravs do questionrio.
Os dados representados em grficos e tabelas so mais fceis de interpretar e de comparar com questes
de investigao, ou hipteses, e com enquadramento terico (Sheehys, 2001, p.108)
3.1 Caracterizao da amostra
Apresentou-se os dados recolhidos de forma simples e esquemtica, atravs de quadros
ou grficos. Relativamente caracterizao da amostra, esta foi representada segundo as
seguintes categorias: gnero, idade, habilitaes literrias e profisso.
3.1.1. Caracterizao da amostra relativamente ao Gnero
Considerou-se para esta categoria o gnero feminino e o gnero masculino, assim o
grfico seguinte representa a distribuio da amostra relativamente a esta caracterstica.
Grfico A: Distribuio percentual da amostra por gnero
Feminino
51%
Masculino
49%
Distribuio da amostra por gnero
Conhecimentos da populao do Concelho de Mono sobre Suporte Bsico de Vida
69
Como pde verificar-se atravs da anlise do grfico A, relativa ao gnero da
populao, verificou-se tratar-se de uma amostra homognea, sendo que no existe
prevalncia de nenhum dos gneros. Obteve-se um total de 29 questionrios
respondidos por mulheres (51%) e 28 respondidos por homens (49%).
3.1.2. Caractersticas da amostra relativamente Idade
Para a anlise desta categoria, optou-se pela agregao das idades da amostra em quatro
categorias, sendo a idade mnima de seleco 18 e a idade mxima 65 anos.
Grfico B: Distribuio percentual da amostra por idades
Como se verificou no Grfico B, relativo a distribuio da amostra por idades, existiu
uma maior adeso de indivduos pertencentes faixa etria entre os 18 e os 29 anos,
sendo que constitui 53% do total da amostra, ou seja, 30 inquiridos. Na faixa etria entre
os 30 e os 41 anos obteve-se 10 questionrios, o que corresponde a 17% da amostra.
Na faixa etria dos 42 aos 53 anos, o nmero de indivduos foi de 12, sendo que
constituiu 21% do total da amostra. Finalmente, na faixa etria entre os 54 e os 65 anos
a percentagem da amostra foi de 9%, o que corresponde a um total de 5 indivduos.
0
10
20
30
40
50
60
[18-29] [30-41] [42-53] [54-65]
Fre
qu
nci
a r
ela
tiv
a
Intervalo de idades
Conhecimentos da populao do Concelho de Mono sobre Suporte Bsico de Vida
70
3.1.3. Caractersticas da amostra relativamente s Habilitaes
Literrias
O grfico que se segue diz respeito distribuio da amostra segundo o seu nvel de
habilitaes literrias.
Grfico C: Distribuio percentual da amostra por habilitaes literrias
Relativamente s habilitaes literrias, revelou-se que o grupo que tem formao at ao
9ano, constituiu 28% da amostra, nomeadamente 16 indivduos. A este resultado
seguiu-se a percentagem de indivduos com formao at ao 12ano, sendo que constitui
25% do total da amostra, um total de 14 indivduos.
Com formao at ao 6ano os resultados apontaram para 12 indivduos, o que constitui
21% da amostra. Relativamente aos indivduos com formao at ao 4ano, estes
constituem 14% da amostra (8 indivduos), percentagem semelhante relativa aos
indivduos com licenciatura que constituram 12% da amostra, um total de 7 indivduos.
De acordo com os resultados, nenhum indivduo participante na investigao possua
mestrado ou doutoramento.
0
5
10
15
20
25
30
Fre
qu
nci
a r
ela
tiv
a
Habilitaes literrias
Distribuio da amostra por
habilitaes literrias
Conhecimentos da populao do Concelho de Mono sobre Suporte Bsico de Vida
71
3.1.4. Caractersticas da amostra relativamente Profisso
De acordo com o Instituto Nacional de Estatstica, agrupou-se as vrias profisses em 9
grupos, sendo que, para este estudo, foram acrescentadas mais duas possibilidades, ser
estudante ou estar desempregado, tal como se verifica no quadro seguinte.
PROFISSO Fa Fr
Grupo 1 Quadros Superiores da Administrao Pblica,
Dirigentes, e Quadros Superiores Empresa 0 0
Grupo 2 Especialistas das Profisses Intelectuais e
Cientficas 6 11
Grupo 3 Tcnicos e Profissionais de nvel Intermdio 4 7
Grupo 4 Pessoal Administrativo e Similares 3 5
Grupo5 Pessoal dos Servios e Vendedores 5 9
Grupo 6 Agricultores e Trabalhadores Qualificados da
Agricultura e Pescas 0 0
Grupo 7 Operrios, Artfices e Trabalhadores Similares 7 12
Grupo 8 Operadores de Instalaes e Mquinas e
Trabalhadores de Montagem 7 12
Grupo 9 Trabalhadores no Qualificados 3 5
Estudante 17 30
Desempregado 5 9
TOTAL 57 100
Quadro A: Distribuio percentual da amostra relativamente profisso
Fonte: Instituto Nacional de Estatstica
Como pde verificar-se atravs da anlise do quadro A, a percentagem mais
significativa pertenceu ao grupo dos estudantes com 30% do total da amostra,
nomeadamente 17 indivduos.
Conhecimentos da populao do Concelho de Mono sobre Suporte Bsico de Vida
72
Seguiu-se a adeso pelos grupos 7 (constitudo por operrios, artfices e trabalhadores
Similares) e grupo 8 (operadores de instalaes/mquinas e trabalhadores de montagem)
com 12% do total da amostra, o que equivale a 7 indivduos.
Da anlise destes dados, verificou-se que seguidamente a percentagem mais elevada
corresponde ao grupo 2 (especialistas das profisses intelectuais e cientficas) com 11%
da amostra (6 indivduos), seguindo-se do grupo 5 (pessoal dos servios e vendedores) e
do grupo de indivduos desempregados, perfazendo respectivamente 9% da amostra,
com apenas 5 indivduos cada grupo.
Seguiu-se o grupo 3 (de tcnicos e profissionais de nvel intermdio) com 4 indivduos,
correspondendo a 7% da amostra. Finalmente, com um total de 3 indivduos,
correspondendo a 5% da amostra, seguiram-se os grupos 4 (pessoal administrativo e
similares) e 9 (trabalhadores no qualificados) respectivamente.
Do grupo 1 (quadros superiores da administrao pblica, dirigentes e quadros
superiores de empresa) e grupo 6 (agricultores e trabalhadores qualificados da
agricultura e pescas) no foi identificado nenhum indivduo.
3. 2. Caracterizao dos conhecimentos sobre Suporte Bsico de Vida
Nesta fase de anlise das informaes um dos objectivos interpretar os factos para que
nas concluses, o investigador esteja em condies de sugerir aperfeioamentos no
trabalho ou propor sugestes para trabalhos futuros. (Quivy e Campenhoudt, 2008,
p.221)
Aps anlise e interpretao dos dados colhidos, considerou-se valiosa a discusso dos
mesmos numa etapa final deste trabalho, pois deste modo tenta-se explicar os resultados
do fenmeno em estudo.
de salientar que os dados colhidos foram resultado do conhecimento da amostra sobre
Suporte Bsico de Vida.
Conhecimentos da populao do Concelho de Mono sobre Suporte Bsico de Vida
73
Relativamente primeira questo ao longo da sua vida fez algum curso de socorrismo,
representou-se os resultados obtidos atravs do grfico seguinte.
Grfico D: Distribuio percentual dos dados relativos
realizao de curso de socorrismo
Quando questionados os indivduos relativamente realizao de um curso de
socorrismo, da anlise do grfico D concluiu-se que 63% da amostra, o que corresponde
a 36 indivduos, no fizeram nenhum curso de socorrismo ao longo da sua vida. Assim,
32% da amostra, o que equivale a 18 indivduos afirmaram ter realizado este curso.
As respostas consideradas nulas perfizeram um total de 5%, ou seja 3 indivduos no
seguiram correctamente as instrues de resposta ou no responderam questo.
Tentou-se compreender quais os motivos pelos quais os indivduos no possuam curso
de socorrismo, pelo que colocou-se a seguinte questo apenas aos indivduos que na
questo anterior responderam no possuir curso de socorrismo Se no o fez, escolha a
opo que mais se adequa ao seu caso.
32%
63%
5%
Questo relativa existncia de curso de socorrismo
Sim
No
Nula
Conhecimentos da populao do Concelho de Mono sobre Suporte Bsico
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