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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃOUNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ – UFPI
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE - DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEMPROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO - MESTRADO EM ENFERMAGEM
KHELYANE MESQUITA DE CARVALHO
CONHECIMENTOS E PRÁTICAS SOBRE CONSERVAÇÃO DE
IMUNOBIOLÓGICOS ADOTADOS POR PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM EM
SALA DE VACINA
TERESINA2013
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KHELYANE MESQUITA DE CARVALHO
CONHECIMENTOS E PRÁTICAS SOBRE CONSERVAÇÃO DE
IMUNOBIOLÓGICOS ADOTADOS POR PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM EM
SALA DE VACINA
Relatório final apresentado para defesa dedissertação do Programa de Pós-Graduação Mestrado em Enfermagem daUniversidade Federal do Piauí, como partedos requisitos necessários para obtençãodo título de Mestre em Enfermagem.
Orientadora: Profa. Dra. Telma MariaEvangelista de Araújo
Área de Concentração: A Enfermagem nocontexto social brasileiro
Linha de Pesquisa: Políticas e PráticasSócio-Educativas de Enfermagem
TERESINA2013
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FICHA CATALOGRÁFICA
Universidade Federal do PiauíBiblioteca Comunitária Jornalista Carlos Castello Branco
Serviço de Processamento Técnico
C331c Carvalho, Khelyane Mesquita de.
Conhecimentos e práticas sobre conservação deimunobiológicos adotados por profissionais deenfermagem em sala de vacina / Khelyane Mesquita deCarvalho. – 2013.
79.: il.
Dissertação (Mestrado em Enfermagem). –Universidade Federal do Piauí, Teresina, 2013.
Orientação: Profa. Dra. Telma Maria Evangelista deAraújo.
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KHELYANE MESQUITA DE CARVALHO
CONHECIMENTOS E PRÁTICAS SOBRE CONSERVAÇÃO DE
IMUNOBIOLÓGICOS ADOTADOS POR PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM EM
SALA DE VACINA
Defesa em 06 de dezembro de 2013
Banca Examinadora
Orientadora: Profa. Dra. Telma Maria Evangelista de AraújoDepartamento de Enfermagem/Universidade Federal do Piauí
1ª Examinadora: Profa. Dra. Daniela França Barros PessoaDepartamento de Enfermagem/Universidade de Brasília
2ª Examinadora: Profa. Dra. Elaine Maria Leite Rangel AndradeDepartamento de Enfermagem/Universidade Federal do Piauí
Suplente: Profa. Dra. Silvana Santiago da RochaDepartamento de Enfermagem/Universidade Federal do Piauí
Relatório final apresentado para defesa dedissertação do Programa de Pós-Graduação Mestrado em Enfermagem daUniversidade Federal do Piauí, como partedos requisitos necessários para obtençãodo título de Mestre em Enfermagem.
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Dedico este trabalho a todas aquelas
pessoas que amo e que fazem tudo valer a
pena; minha mãe, meus irmãos e meu
esposo.
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AGRADECIMENTOS
Agradeço em primeiro lugar ao meu Deus sempre fiel e providente por me
conceder o dom da vida permitindo a concretização desse grande sonho.A minha mãe pelo amor incondicional e exemplo de coragem. Meu pai pelo
exemplo de honestidade e compromisso com o trabalho.
Minha irmã Khelyne, fonte de inspiração, pela enfermeira dedicada e
competente que é. Meus irmãos Kharyne, Bernardo e Chagas pela amizade.
Meus sobrinhos que tanto amo, Júlia, Felipe e Sophia.
Meu esposo grande amor da minha vida, companheiro, amante e amigo.
Aurélio, obrigada por sonhar comigo o desejo de ser mestre em enfermagem.
Minha avó Bernarda pelo amor e pela contribuição na minha formação.Todas as minhas tias e primos pela compreensão de muitas horas ausentes.
Meus sogros e cunhadas, em especial minha sogra Carminha pelo amor de mãe que
me dedicou e a confiança em mim depositada.
A amizade especial da Cynthia, que construí nesse mestrado e que tanto me
ajudou a superar os momentos difíceis.
A todas as pessoas amigas que torceram por mim.
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AGRADECIMENTOS ESPECIAIS
À Profa. Dra. Telma Maria Evangelista de Araújo, fonte de inspiração pela
profissional inteligente e competente que é, meus sinceros agradecimentos, porconduzir os ensinamentos em toda a minha trajetória profissional, desde a iniciação
científica, sempre com compromisso, seriedade, respeito e amizade.
À Profa. Dra. Daniela França Barros Pessoa pelas valiosas contribuições e
disponibilidade.
À Profa. Dra. Elaine Maria Leite Rangel Andrade por me ajudar a reorganizar,
com muita sabedoria, o conhecimento produzido.
À Profa. Dra. Silvana Santiago da Rocha pela ajuda na melhor maneira de
expor minhas ideias.Aos demais doutores professores do mestrado por todas as contribuições ao
longo dessa formação.
A Universidade Federal do Piauí, Fundação Municipal de Saúde do Piauí e
aos profissionais de enfermagem das salas de vacina que me permitiram realizar
esse estudo.
Aos alunos da graduação em enfermagem da Universidade Federal do Piauí
e da iniciação científica, Elane, Andressa e Armano pela valiosa contribuição na
coleta de dados.A minha turma maravilhosa do mestrado, aquela que jamais esquecerei, pelos
ricos e inesquecíveis momentos compartilhados.
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“É muito melhor lançar-se em busca de
conquistas grandiosas, mesmo expondo-se
ao fracasso, do que aliar-se aos pobres de
espírito, que nem gozam muito nem sofrem
muito, porque vivem numa penumbra
cinzenta, onde não conhecem nem vitória,
nem derrota.”
(Theodore Roosevelt)
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ABSTRACT
BACKGROUND: Vaccination represents major advancement in healthcaretechnology in recent decades and is one of the most favorable measures public
health intervention. OBJECTIVE: To assess the knowledge and practices onconservation of biological products adopted by nursing professionals in vaccine.METHODS: A descriptive cross-sectional study, carried out by means of anepidemiological survey and non participant observation, with 200 professionals in 73rooms vaccine urban area of Teresina, in the period from March to June 2013.RESULTS: Most participants (92.5 %) consisted of women, 52.5 % technicians andnursing assistants. The average time worked in the vaccination room was 7.2 years.It is noteworthy that although the nursing staff has notable participation in theconservation of biopharmaceuticals process, 18.5 % of the sample had not receivedspecific training for the role and only 47 % reported exclusive functions in vaccine.Regarding the structure of rooms, 94.5 % were unique to the immunization, 82.2 %had easy access, only 34.2 % had adequate size, 56.2 % had no furniture required,
53.4 % had no sink with countertop and only 48 % of them exhibited adequateprotection against direct solar incidence. The professionals' knowledge regarding theexposure of some vaccines to freezing temperatures was unsatisfactory as well asknowledge about the time allowed for use after opening the bottle. The break in thecold chain was found in 100 % of the units presented for sometime, temperaturesoutside the packaging allowed. The practice and knowledge were rated asinadequate in 65 % and 57%, respectively, and showed no linearity. A statisticallysignificant association between length of service in the room and the time of the lasttraining with knowledge. The nursing staff had 4.8 more likely to have regular (OR =4.8) and 6.4 knowledge (OR - 6,4) have adequate knowledge when compared withnurses . CONCLUSION: Nurses need to better reflect on their practice, emphasizingthe urgency of professional resume leadership of the vaccination room, through
supervision, monitoring and evaluation of activities carried out in them. It isunderstood that the knowledge generated to subsidize and vaccination strategies,whose practice is complex and great value. Managers of health services need to beaware of the situation and providing means to modify that reality found in theinvestigation.
Keywords: Knowledge. Practice. Vaccine. Nursing. Conservation.
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LISTA DE TABELAS E GRÁFICOS
Tabela 1 - Características demográficas e funcionais da amostra do estudo.Teresina/PI, 2013 (n=200)
32
Tabela 2 - Estrutura física e equipamentos das salas de vacina do estudo.Teresina/PI, 2013 (n=73)
33
Tabela 3 - Aspectos relacionados aos refrigeradores das salas do estudo.Teresina/PI, 2013 (n=73)
34
Tabela 4 - Conhecimento sobre estrutura física, material, situação frente adescontinuidade de energia e acondicionamento dos imunobiológicos.Teresina/PI, 2013 (n=200)
35
Tabela 5 - Distribuição percentual dos acertos e erros da amostra
relacionados à temperatura de conservação dos imunobiológicos. Teresina/PI,2013 (n=200)
36
Tabela 6 - Prática relacionada a conservação dos imunobiológicos.Teresina/PI, 2013 (n=200)
38-39
Tabela 7 - Correlação entre a classificação do conhecimento e prática daamostra com as variáveis: média de tempo de serviço em sala de vacina, detempo de formação e tempo do último treinamento. Teresina/PI, 2013 (n=200).
41
Tabela 8 - Classificação do conhecimento dos profissionais de enfermagem ecategoria profissional. Teresina/PI, 2013 (n=200)
42
Gráfico 1 - Prazo referido para utilização das vacinas após abertura dosfrascos.Teresina/PI, 2013 (n=200)
37
Gráfico 2 - Observação de registros de alteração da temperatura nos mapasde controle diário das salas de vacina do estudo. Teresina/PI, 2013 (n=73)
40
Gráfico 3 - Classificação do conhecimento. Teresina/PI, 2013. (n= 200) 40
Gráfico 4 - Classificação da prática. Teresina/PI, 2013 (n= 200) 41
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇ O 121.1 Objetivos 15
1.1.1 Objetivo Geral 151.1.2 Objetivos específicos 15
2 MARCO CONCEITUAL 162.1 Abordagem histórica da imunização e sua importância 162.2 Conservação dos imunobiológicos, aspectos conceituais daconservação e sua importância para imunização
18
2.3 Conhecimentos e práticas da equipe de enfermagem em vacinação 20
3 METODOLOGIA 273.1 Tipo de Pesquisa 273.2 Local do estudo 27
3.3 População 273.4 Procedimento de coleta de dados/instrumento 283.5 Definição das variáveis do estudo 293.6 Classif icação dos conhecimentos e práticas 293.7 Análise dos dados 303.8 Aspectos éticos 30
4 RESULTADOS 314.1 Seção I 314.1.1 Identificação da amostra estudada 314.1.2 Estrutura física das salas de vacinas 32
4.1.3 Aspectos gerais dos refrigeradores das salas de vacina 344.1.4 Conhecimento referente a estrutura física, material, situação frente adescontinuidade de energia e acondicionamento dos imunobiológicos.
35
4.1.5 Conhecimento referente a temperatura de acondicionamento dosimunobiológicos
36
4.1.6 Prática relacionada a conservação dos imunobiológicos 374.2 Seção II 41
5 DISCUSSÃO 43
6 CONCLUSÃO 55
REFERÊNCIAS 57
APÊNDICES 61
ANEXOS 71
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1 INTRODUÇÃO
A vacinação representa um dos grandes avanços da tecnologia para a área
da saúde nas últimas décadas, constituindo uma das medidas de intervenção maisfavoráveis em saúde pública em termos de custo efetividade, sendo utilizada em
âmbito mundial, ocupando lugar de destaque entre os instrumentos de política de
saúde.
O Programa Nacional de Imunização (PNI) foi instituído em 1973 como uma
forma de coordenar ações que se caracterizavam pela descontinuidade, caráter
episódico e pela reduzida área de cobertura. Estas ações conduzidas dentro de
programas especiais como a erradicação da varíola e o controle da tuberculose,
necessitavam de uma coordenação central que lhes proporcionassem sincronia eracionalização, tendo suas competências regulamentadas em 1975, tais como
implantar e implementar ações do Programa, fornecer apoio técnico, supervisionar e
avaliar a execução das atividades de vacinação em todo o território nacional
(BRASIL, 2013).
O PNI é referência mundial, inspirando respeito internacional entre
especialistas de saúde pública por sua excelência comprovada. Os seus 30 anos de
existência têm mostrado resultados e avanços notáveis. Todavia as imunizações no
Brasil, desde os primeiros ensaios, têm demonstrado preocupações com asegurança da disponibilidade comercial dos produtos. Essa preocupação justifica o
principal objetivo do Programa, que segundo o Ministério da Saúde é contribuir para
o controle e ou erradicação de agravos evitáveis por imunizantes mediante
coordenação do suprimento e administração de imunobiológicos (BRASIL, 2003).
O desenvolvimento de vacinas seguras e efetivas para a prevenção de
doenças infecciosas associadas à alta mortalidade e morbidade é uma das mais
relevantes ações da tecnologia em saúde. Tal fato por si só não é suficiente para
garantir o êxito dos Programas de Vacinação, dessa forma a atividade requerconhecimentos e práticas adequadas que garantam a qualidade efetiva da
imunização para não comprometer e nem abalar a credibilidade da vacinação.
Estudos nacionais realizados nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro,
Ceará, Pernambuco, Minas Gerais e Rio Grande do Norte (ARANDA, MORAES,
2006; JESUS et al., 2004; LUNA et al., 2011; MELO, OLIVEIRA, ANDRADE, 2010;
OLIVEIRA et al., 2009; OLIVEIRA et al., 2010) têm mostrado que algumas práticas,
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tais como conservação e administração dos imunobiológicos, destino do lixo gerado
nas salas de vacina, atividades de qualificação profissional, bem como conduta
frente aos eventos adversos, estão aquém da padronização estabelecida pelo PNI,
vindo comprometer a qualidade dos imunobiológicos (BRASIL, 2011).No tocante a conhecimentos específicos e práticas relacionadas à
conservação de imunobiológicos em sala de vacina, estudos realizados no Brasil,
têm evidenciado o desconhecimento dos profissionais sobre intervalos de
temperatura adequados para a conservação, inexistência de termômetros ou
monitoramento diário de temperaturas, detecção de exposição frequente dos
produtos a extremos de temperatura (10ºC) durante o transporte e o
armazenamento, organização inadequada dos refrigeradores e não exclusividade
dos mesmos para estocar vacinas. Essa realidade configura um problema, visto quea prática de vacinação não deseja apenas atingir as metas das campanhas ou de
vacinação de rotina, no que diz respeito à cobertura vacinal, e sim a soroconversão
propriamente dita, que garantirá a proteção contra agravos imunopreveníveis.
No Estado do Piauí, essa situação referida guarda certa similaridade.
Segundo a coordenação estadual de imunização (BRASIL, 2009), ainda é frequente
a observação de práticas inadequadas dos profissionais em sala de vacina,
constituindo preocupação, uma vez que o objetivo final da vacinação não é a
obtenção de altas coberturas vacinais e sim a redução da morbidade e mortalidadepor doenças imunopreveníveis.
Dessa forma, a avaliação dos serviços de vacinação não pode ser vista de
forma isolada, levando-se em consideração apenas o cumprimento da cobertura
vacinal, e sim das condições ideais de armazenamento, preparo e administração
dessas vacinas, fazendo-se necessária a verificação das práticas dos profissionais
que irão impactar na qualidade do serviço e do produto ofertado à população.
É interesse da Fundação Nacional de Saúde contribuir com a confiabilidade e
qualidade dos imunobiológicos em todos os recantos deste país, independente desua diversidade geográfica e, consequentemente, garantir o direito de vacinação a
toda a população, desde a instância central até as salas de vacina, objetivando a
excelência de qualidade dos imunobiológicos a serem aplicados. Nessa perspectiva,
é importante promover a máxima segurança nas atividades relacionadas ao
suprimento de imunobiológicos que são distribuídos às secretarias estaduais de
saúde por meio da Central de Distribuição de Imunobiológicos (CENADI), que tem
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competência de receber, armazenar, acondicionar e distribuir os imunobiológicos
(ARAÚJO, 2005).
Cabe destacar que as doenças transmissíveis nos últimos anos têm cedido
lugar às não transmissíveis e tal fenômeno tem sido observado mais particularmentenas doenças evitáveis por imunizantes, o que vem demonstrar que as vacinas dão
provas incontestes da sua eficácia. Contudo, é necessário destacar o fato de que o
êxito dos Programas de Vacinação depende não somente da proporção com que os
imunobiológicos estão sendo utilizados na população, ou seja, da cobertura vacinal
atingida, mas também das características e do uso desses produtos, de modo a
promover imunização segura e eficaz.
É importante evidenciar que as falhas no cumprimento das recomendações
para a conservação de vacinas têm sido cada vez mais frequentes, o que vemcomprometer a qualidade dos imunobiológicos e, por conseguinte, colocar em
dúvida a credibilidade da vacinação, levando ao risco de descontrole das doenças
evitáveis por imunizantes, podendo acarretar em impactos negativos sociais e
econômicos. Visto que a principal ação de manutenção das características iniciais
dos imunobiológicos é a sua conservação adequada com a manutenção da cadeia
de frio.
A manutenção da integridade da Rede de Frio contempla manter adequada a
temperatura de acondicionamento dos imunobiológicos entre +20
C a +80
C durantetodos os processos de armazenamento, conservação, distribuição, transporte e
manuseio dos imunobiológicos utilizados nos Programas de Imunização, com o
objetivo de assegurar que todos os produtos administrados mantenham suas
características imunogênicas. Esse é um desafio que demanda a completa
integração entre os diversos níveis, exigindo compromisso e responsabilidade das
três esferas de governo e em especial das equipes dos serviços de imunizações.
Nesse sentido, os profissionais envolvidos com a prática de vacinação e, de
modo especial, aqueles que atuam em sala de vacina, precisam ter a máximasegurança na realização de todos os procedimentos referentes a essa prática, o que
pode ser possível por meio dos processos de qualificação, os quais precisam
adequar-se à nova realidade do PNI, mediante processos contínuos e sistemáticos
de supervisão. Diante desse contexto, este estudo tem como objeto os
conhecimentos e as práticas sobre conservação de imunobiológicos, adotadas pelos
profissionais de enfermagem de salas de vacina do município de Teresina.
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Assim, considerando-se a carência de publicações referentes e esse tema na
realidade piauiense, entende-se que o estudo fornecerá subsídios que vão contribuir
de forma expressiva para a melhoria da qualidade das ações do Programa de
Imunização do Estado, em particular para as ações relacionadas à conservação deimunobiológicos, em consequência, contribuir para o controle das doenças evitáveis
por imunizantes, além de estimular a produção de outros estudos nessa temática,
visando o fortalecimento do Programa.
1.1 Objetivos
1.1.1 Objetivo geral
Avaliar conhecimentos e práticas sobre conservação de imunobiológicos
adotados por profissionais de enfermagem de salas de vacina da rede de saúde
pública do município de Teresina/PI.
1.1.2 Objetivos específicos
Caracterizar os profissionais do estudo quanto ao sexo, a categoria
profissional, tempo de formação, tempo de serviço em sala de vacina e treinamentopara atuar em sala de vacina;
Descrever a estrutura física e de equipamentos das salas de vacina;
Identificar o conhecimento e a prática dos profissionais de enfermagem das
salas de vacina relativos à conservação dos imunobiológicos;
Classificar o conhecimento e a prática da população do estudo sobre
conservação de imunobiológicos;
Correlacionar o conhecimento e a prática em conservação de imunobiológicos
com tempo de serviço em sala de vacina, tempo de formação e tempo decorrido doúltimo treinamento da população do estudo do estudo.
Correlacionar o conhecimento e prática com a categoria profissional.
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2 MARCO CONCEITUAL
2.1 Abordagem histórica da imunização e sua importância
A realidade sanitária no Rio de Janeiro, no século XX, era a falta de
saneamento básico e as péssimas condições de higiene, que faziam da cidade um
foco de epidemias, principalmente febre amarela, varíola e peste. Estas pragas
tropicais condicionaram a necessidade de uma ação imediata, a qual provocou uma
insatisfação popular em oposição à lei obrigatória proposta pelo sanitarista Osvaldo
Cruz, como forma de combater essas epidemias. Desse modo, o episódio
acontecido em 1904 recebeu o nome de “Revolta da Vacina” que induziu
interpretações equivocadas a essa demanda urgente em combater as epidemiasque castigavam a capital do país. Todavia esse episódio foi considerado o marco da
saúde pública brasileira (PORTO, 2003).
Definitivamente, a campanha de vacinação aplicada de forma autoritária e
violenta, embora tivesse objetivo positivo, foi colocada em prática em 1904, todavia
as ações relacionadas à prática passaram a ser executadas com descontinuidade,
pelo caráter episódico e pela reduzida área de cobertura. Desse modo, essas ações
conduzidas dentro de programas especiais de erradicação da varíola e controle da
tuberculose, associadas a atividades desenvolvidas por iniciativas de governosestaduais, necessitavam de uma coordenação central que lhes proporcionassem
sincronia e racionalização, dando origem ao Programa Nacional de Imunização
(PNI) instituído em 1973, com a finalidade de coordenar essas ações (BRASIL,
2011).
O PNI, inspirado no modelo de ação deixado pelo sanitarista Osvaldo Cruz, é
uma prioridade nacional, com responsabilidades dos governos federal, estadual e
municipal. Erradicar ou manter sob controle todas as doenças imunopreviníveis é um
dos objetivos desse Programa, que visa não apenas cumpri-lo, uma vez que secaracteriza pela inclusão social, na medida em que assiste todas as pessoas, em
todos os recantos do país, sem distinção de qualquer natureza em todos os
momentos de sua vida (BRASIL, 2003).
O alcance dos objetivos e a adoção de estratégias exigem a articulação
dessas instâncias, de forma a compatibilizar atividades, necessidades e realidades,
num esforço conjunto, por ser a vacinação um serviço básico, passando,
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obrigatoriamente, a ser planejada nas ações oferecidas pela rede de serviços de
saúde. A vacinação, certamente, tem um espaço privilegiado no modelo de gestão
descentralizado e de atenção à saúde, preconizado com comando único em cada
esfera de governo e com participação social. Um modelo de atenção com enfoqueepidemiológico, centrado na qualidade de vida das pessoas e do seu meio ambiente
e nas relações entre equipe de saúde e comunidade (BRASIL, 2013).
Dentre os diversos Programas e diretrizes governamentais o PNI é valorizado
por conferir proteção individual e coletiva, sendo considerada uma prática
fundamental de saúde pública, que tem resultado na prevenção, controle e
erradicação das doenças graves, tendo destaque com a erradicação da varíola em
1973, da poliomielite em 1989 e com o controle do sarampo, tétano neonatal e
acidental, difteria e coqueluche, em anos mais recentes. Como resultado dessesvários sucessos, os óbitos por doenças imunopreveníveis têm apresentado uma
constante redução, embora ainda existam diferenças regionais (BRASIL, 2003).
Buscando manter a excelência e credibilidade, com foco no cumprimento dos
objetivos do PNI, o Ministério da Saúde vem realizando investimentos para garantir a
qualidade dos imunobiológicos disponibilizados à população brasileira. Isso se
traduz em uma Rede de Frio (RF), capaz de garantir as características iniciais do
produto, do laboratório fabricante até o nível local e na aquisição de produtos mais
modernos, seguros e eficazes, provenientes de processos de produção queatendem às normas estabelecidas pela Organização Mundial da Saúde (OMS)
(BRASIL, 2011).
De um modo geral, os imunobiológicos figuram entre os produtos biológicos
mais seguros para o uso humano, proporcionando benefícios indiscutíveis à saúde
pública. Todavia são substâncias, como proteínas, toxinas, partes de bactérias ou
vírus, ou mesmo vírus e bactérias atenuados ou mortos, que ao serem introduzidas
no organismo de um animal, suscitam uma reação do sistema imunológico
semelhante à que ocorreria no caso de uma infecção por um determinado agentepatogênico, desencadeando a produção de anticorpos que acabam por tornar o
organismo imune ou, ao menos mais resistente, a esse agente e às doenças por ele
provocadas. No entanto, como qualquer outro produto farmacêutico, elas não estão
isentas de risco (ANTUNES, 1999).
O processo imunológico pelo qual se desenvolve a proteção conferida pelas
vacinas compreende o conjunto de mecanismos através dos quais o organismo
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humano reconhece uma substância como estranha, para, em seguida, metabolizá-
la, neutralizá-la e/ou eliminá-la. A resposta imune do organismo às vacinas depende
basicamente de fatores como aqueles inerentes às vacinas e os relacionados com o
próprio organismo (BRASIL, 2011).No entanto, para que a prática de vacinação ofereça segurança e eficácia, é
necessário o cumprimento de todas as diretrizes do PNI visando assegurar que a
variedade de imunobiológicos oferecidos à população mantenha suas características
iniciais, a fim de conferir imunidade.
2.2 Conservação dos imunobio lógicos , aspectos conceituais da conservação e
sua impo rtância para imunização
Os imunobiológicos são produtos termolábeis, ou seja, sofrem inativação dos
componentes imunogênicos quando expostos a temperaturas inadequadas. Para
garantir a qualidade desses imunobiológicos é necessária equipe técnica qualificada,
equipamentos e procedimentos padronizados, operações essas realizadas pela
Rede de Frio ou Cadeia de Frio, cujo objetivo é assegurar que todos os
imunobiológicos administrados mantenham suas características iniciais. A Rede de
Frio compreende os processos de armazenamento, conservação, manipulação,
distribuição e transporte dos imunobiológicos desde o laboratório produtor até omomento em que a vacina é administrada (BRASIL, 2013).
A imunização apresenta-se como uma das medidas mais efetivas na
prevenção de doenças, dessa forma a atividade requer conhecimentos e práticas
adequadas que garantam a qualidade da imunização para não comprometer e nem
abalar a credibilidade da vacinação.
Nessa perspectiva, Oliveira et al. (2009) apontam para a necessidade de
educação permanente com potencial formação dos profissionais responsáveis pela
imunização, favorecendo mudança necessária para que a equipe de enfermagempossa garantir qualidade das vacinas disponibilizadas para a população, uma vez
que seu estudo realizado em Minas Gerais evidenciou falhas na manutenção da
Rede de Frio das Unidades Básicas de Saúde do município estudado, embora seja
indiscutível a importância da manutenção da Rede de Frio para assegurar que todos
os imunobiológicos mantenham todas as características imunogênicas desde o
laboratório produtor até seu destino final.
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Melo, Oliveira e Andrade (2010) reforçam o exposto acima ao evidenciarem
em seu estudo que, apesar dos profissionais reconhecerem a importância da leitura
diária da temperatura das geladeiras realizadas no início e no final da jornada de
trabalho e do registro em impresso próprio, a significativa maioria (61,5%) não ofazem. Além disso, muitos também não fazem ambientação das bobinas de gelo,
contribuindo para a exposição dos imunobiológicos às variações de temperaturas
que podem provocar inativação desses componentes. Em relação ao
acondicionamento das vacinas no espaço interno da geladeira, observaram em
33,3% das salas, vacinas bacterianas na 1ª prateleira e em 100% descumprimento
do padrão em relação à gaveta inferior que deve ser preenchida com garrafas com
água tingida. Diante das falhas cometidas, o estudo apontou para a necessidade de
capacitação dos profissionais que operacionalizam a conservação das vacinas.Em Fortaleza, no ano de 2007, Luna et al. (2011) obtiveram achados
incongruentes na conservação das vacinas, o que talvez justifique o fato de muitos
profissionais de enfermagem referirem não ter participado de treinamento no último
ano, podendo inferir que a falta de atualização influencia na dinâmica do serviço.
Estudo realizado no estado de Pernambuco destaca a importância de
supervisões, monitoramento e avaliação nas salas de vacina, uma vez que
evidenciaram descumprimento das normas estabelecidas pelo PNI, para um
melhoramento desse serviço, oferecendo mais suporte aos profissionais e prestandouma melhor assistência à população (ARAÚJO; SILVA; FRIAS 2009).
Corroboram com o exposto acima, Jesus, et al. (2004), ao identificarem em
pesquisa realizada no município do Rio de Janeiro uma sucessão de falhas quanto à
manutenção da Rede de Frio no tocante à observação da abertura e fechamento da
porta da geladeira durante um turno de observação, pelo menos seis vezes, fato que
pode explicar o aumento da temperatura interna do refrigerador, demonstrando que
existem lacunas no cumprimento da manutenção da Rede de Frio, o que de certa
forma evidencia a irregularidade do trabalho na sala de vacina, acarretandoimpactos na qualidade da vacinação, por interrupção do processo de refrigeração,
favorecendo a perda da potência e eficácia dos mesmos.
É importante destacar que as falhas relacionadas ao cumprimento das
diretrizes do PNI não são pertinentes apenas à manutenção da Rede de Frio nas
salas de vacina e sim, em relação ao conhecimento para correta atuação da equipe
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como um todo, no que diz respeito às técnicas corretas de administração da vacina
e controle dos imunobiológicos.
2.3 Conhecimentos e práticas da equipe de enfermagem em vacinação
O conceito de conhecimento, segundo Pinto (1985), refere-se a capacidade
que o ser vivo possui para representar o mundo que o rodeia e reagir a ele. Para
Drucker (1993), conhecimento é um conjunto formado por experiências, valores,
informações de contexto e criatividade aplicadas a novas experiências.
Complementando, Marinho (2003) diz que é a habilidade para aplicar fatos
específicos na resolução de problemas ou emitir conceitos com a compreensão
adquirida sobre determinado evento. Sobretudo informação e conhecimentofrequentemente têm sido utilizados como sinônimos, e muitas pessoas julgam estar
gerando conhecimento, quando na verdade estão apenas gerenciando informações.
Contextualizando o conhecimento e a prática no cotidiano das salas de
vacina, é importante destacar que saber a temperatura adequada de
acondicionamento de um determinado imunobiológico não garante com absoluta
certeza a manutenção da cadeia de frio, uma vez que saber a temperatura
adequada é uma informação, mas a habilidade de saber usar essa informação de
modo que gere ação de impacto positivo para a imunização é chamado deconhecimento.
Nessa perspectiva, observa-se que o conhecimento necessariamente passa
pela vinculação às pessoas, de modo que o mesmo refere-se a experiências,
valores e habilidade para aplicar fatos na resolução de problemas, devendo,
portanto, ser compartilhado como forma de assegurar que os colaboradores possam
repassar uns aos outros, informações necessárias que possuem, garantindo a
disseminação das mesmas e desencadeando ação positiva e eficaz na prática
diária. No serviço de saúde, por exemplo, o conhecimento muitas vezes fica restritoa indivíduos ou a algumas áreas, vindo a impactar negativamente na prática
cotidiana.
Desse modo, informação e conhecimento estão articulados. Porém, a
informação torna-se estéril sem o conhecimento do homem para aplicá-la
produtivamente. Nessa perspectiva, é importante destacar, que o conhecimento não
é apenas uma informação; baseia-se nela, mas vai além, pois para gerar novos
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conhecimentos é necessário interpretar dados e fatos, além de criar novas
associações. Na mesma perspectiva, os autores enfatizam que a multiplicação e a
distribuição de informações são os meios que possibilitam o repasse de
conhecimento com a finalidade de manter uma linha de continuidade, com opropósito de sua expansão e entendimento (MARX; BENTO, 2004).
Para que a gestão do conhecimento seja efetiva e útil, é necessário
transformar dados em informação, informação em conhecimento e conhecimento em
ação, prática. Para transformar dados em informação, precisamos de conhecimento,
mas para transformar informação em conhecimento precisamos de tempo (ABREU,
2002).
O avanço tecnológico tem colocado evidências muito claras do que é possível
fazer com a posse de conhecimento, que cada vez mais é agregado a produtos eserviços. A aplicação de conhecimento na conservação, preparo e administração
dos imunobiológico, por exemplo, pode trazer mudanças no comportamento a partir
de reflexões e contribuições sobre os fundamentos das atitudes, buscando relações
consistentes e inconsistentes entre conhecimento, atitude e práticas.
No atual cenário das organizações, o compartilhamento de conhecimento tem
mostrado ser de suma importância, mas de difícil concretização, uma vez que ele é
definido como o comportamento do indivíduo de repassar o que sabe às pessoas
com quem trabalha e de receber o conhecimento que elas possuem. E,consequentemente, a ação esperada da aquisição do conhecimento é a mudança de
comportamento que resulte em uma atitude eficaz (TONETE; PAZ, 2006).
A marca da humanidade no mundo é a racionalidade que se apresenta de
várias maneiras: técnica, arte, ciência, filosofia e saberes. Todas essas maneiras se
encontram na prática humana, em que a ação é deliberadamente motivada pela
idéia, pela teoria. A prática denuncia a racionalidade humana nas mais diferentes
atividades. No cotidiano da enfermagem coexistem duas dimensões: a do
conhecimento/saber e a da prática, que diz respeito ao fazer, que envolve todo oprocesso de cuidar em enfermagem. É em nossa prática que percebemos que o
saber é um dos elementos que utilizamos no exercício da profissão de Enfermagem,
e esse saber possibilita o fazer na perspectiva da ação por meio da competência,
habilidade, persistência, paciência e disponibilidade para agir consciente e
intuitivamente (VALE; PAGLIUCA; QUIRINO, 2009).
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A aquisição de conhecimento, competências e habilidades, encontra-se
diretamente vinculada à vida cotidiana por meio do ensino, da prática e da pesquisa
científica fundada em teorias. Consequentemente a busca pela cientificidade fez
com que a Enfermagem sofresse a influência dessas teorias definidas na prática.Por contemplar o Programa Nacional de Imunização ações complexas, faz-se
necessária muita responsabilidade. Erros na técnica de aplicação podem causar
sérios eventos adversos. Por isso, o vacinador tem que ser treinado para função e
não depende apenas de dedicação, mas de formação técnica que desencadeie
conhecimentos e práticas adequadas. O ato de vacinar é complexo, necessitando de
qualificação das equipes em muitos municípios do Brasil para exercer essa
atividade.
Estudo realizado em Recife, por Melo, Oliveira e Andrade (2010) reforça essanecessidade exposta na ideia anterior, uma vez que achados evidenciaram que
apenas dois vacinadores dos 39 entrevistados receberam treinamento específico
para trabalhar em sala de vacina no último ano, embora 89,7% dos entrevistados
trabalhem há mais de um ano na sala de vacina. Resultado semelhante foi
destacado por Feitosa, Feitosa, Coriolano (2010) em estudo realizado em Iguatu, no
Ceará, que evidenciou que das 10 auxiliares de enfermagem investigadas, apenas
duas disseram ter participado de atualizações. É importante destacar que o menor
tempo de permanência citado na sala de vacina foi de cinco anos.Há um novo e radical paradigma para a humanidade. O surgimento das
ciências modernas e seu caráter prático e intervencionista revolucionam toda sua
época e a posteridade. A mensuração, a quantificação e verificação passam a ser
elementos que ditam as regras da nova forma de conhecimento, de modo que faz-se
necessário a presença do enfermeiro como responsável técnico dotado de
conhecimento científico, capaz de supervisionar ações de vacinação, com garantia
de prática adequada (VALE; PAGLIUCA; QUIRINO, 2009).
Corroboram com a ideia contida no parágrafo anterior, alguns autores, aoevidenciarem que a presença reduzida do enfermeiro na sala de vacinação pode ser
considerada um dos entraves em relação ao processo de vacinação, já que se
observou que os profissionais mantêm uma dicotomia entre a prática de
procedimento técnico e a educação em saúde, as quais deveriam ser integradas. É
importante destacar que a presença do enfermeiro na sala de vacina constitui ação
complexa e imprescindível, já que o mesmo é responsável técnico em 100% desse
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serviço, dotado de conhecimento para compartilhar e preparar de maneira segura os
outros profissionais da sala de vacina (OLIVEIRA et al., 2010; QUEIROZ et al.,
2009).
Levando em consideração que a unidade básica de saúde constitui espaçoprivilegiado para se desenvolver educação em saúde e que as principais estratégias
da ação promotora da saúde são o desenvolvimento de habilidades pessoais, a
criação de ambientes favoráveis à saúde, o reforço da ação comunitária, a
reorientação dos serviços de saúde sob o marco da promoção da saúde e a
construção de políticas públicas saudáveis, faz-se necessária a utilização do espaço
da sala de vacina para envolver de maneira correta os sujeitos dessa ação na busca
de maior adesão ao Programa de imunização.
A enfermagem exerce papel fundamental em todas as ações de execução doPrograma Nacional de Imunizações, sendo de suma responsabilidade ter o
conhecimento para orientar e prestar assistência à clientela com segurança,
responsabilidade e respeito, prover periodicamente as necessidades de material e
imunobiológicos, manter as condições ideais de conservação de imunobiológicos,
manter os equipamentos em boas condições de funcionamento, acompanhar as
doses de vacinas administradas de acordo com a meta e buscar faltosos, avaliar e
acompanhar sistematicamente as coberturas vacinais e buscar periodicamente
atualização técnico-científica.Atualmente é uma realidade de sucesso no serviço público, o envolvimento do
enfermeiro em todo esse contexto de maneira comprometida, utilizando
conhecimento técnico-científico para alcance dos objetivos propostos pela OMS e
pelo próprio PNI. O enfermeiro deve estar ciente da importância de sua participação
na equipe multiprofissional, em que cada um tem o seu papel e sua importância,
contribuindo para o controle das doenças imunopreveníveis.
Cabe aos profissionais da sala de vacina buscar sempre uma conscientização
de suas atribuições, criando novos processos de trabalho humanizado nos aspectoséticos. Sabe-se que não é fácil mudar o que está enraizado há décadas, porém faz-
se necessária a realização de um trabalho eficaz de conscientização do profissional
de sala de vacina, sobre a importância de constante atualização.
A literatura aponta que entre os profissionais da estratégia Saúde da Família
a equipe de enfermagem é a responsável pelo gerenciamento e oferta de
imunobiológicos à população, o que remete à necessidade de acompanhar o
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processo de trabalho nas salas de vacinas, posicionamento e conhecimento desses
profissionais sobre o trabalho desenvolvido. Destacando a suma responsabilidade e
necessidade de conhecimento científico que garantam a qualidade desse serviço
prestado à comunidade.De outro lado, com o surgimento de estratégias específicas voltadas à
transformação do modelo de atenção à saúde, como a estratégia Saúde da Família
e o Programa de Agentes Comunitários de Saúde, a população passa a ser vista,
cada vez mais, no seu todo e as ações passam a ser dirigidas às pessoas, individual
e coletivamente. Com isso, não se justifica um plano de vacinação isolado, ou seja,
o trabalho casa a casa, mobilização ou a montagem de operações de campo
somente para vacinar. As oportunidades são potencializadas, oferecendo-se outros
serviços identificados pela equipe local de saúde como necessários para aquelapopulação determinada (BRASIL, 2003).
Por ser a atenção básica considerada uma das portas de acesso aos serviços
de saúde, o modelo assistencial representado na forma da estratégia de Saúde da
Família constitui campo com excelente oportunidade para desenvolver ações de
controle aos agravos que possam constituir risco de disseminação nacional ou no
caso da adoção de instrumento ou mecanismo de controle que exige uma utilização
rápida e abrangente, como é o caso das campanhas nacionais de vacinação.
É necessário evidenciar que a participação maciça dos profissionais deenfermagem frente às ações de imunização confirma a responsabilidade por todas
as atividades que permeiam essa ação no setor público, como atribuição
fundamental dessa categoria profissional, embora a lei do exercício profissional
brasileira permita a administração de vacinas por profissionais de enfermagem e
médicos. Alguns autores confirmam essa informação quando evidenciam que o
Programa de imunização em São Paulo, semelhante aos demais municípios
brasileiros, é fundamentalmente exercido pelos profissionais de enfermagem e a
supervisão da assistência exercida pelos enfermeiros (ARANDA; MORAES, 2006).Todavia, mesmo a responsabilidade da sala de vacina estando centrada
essencialmente na equipe de enfermagem observam-se práticas inconsistentes
referentes à imunização, que não estão sendo efetivamente cumpridas de forma
padronizada no que diz respeito à conservação dos imunobiológicos, estrutura da
sala de vacina, condutas frente aos eventos adversos, administração da vacina,
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registro correto dos eventos adversos, controle e destino adequado do lixo produzido
na sala de vacina.
São especialmente importantes as capacitações dos profissionais, não só em
rede de frio, mas em sala de vacina, vigilância de eventos pós-vacinais e sistema deinformação. É essencial, do mesmo modo, garantir a capacitação permanente dos
gestores e sua atualização constante, uma vez que existe grande rotatividade de
pessoas nos serviços (BRASIL, 2005). Diante do exposto acima, vale ressaltar que
estudo realizado em São Paulo demonstrou que o enfermeiro, responsável técnico
pela sala de vacina, é o profissional que apresenta um menor tempo de
permanência nesse serviço em função das outras atividades (ARANDA; MORAES,
2006).
Considerando que a equipe de enfermagem é responsável pela imunizaçãona rede de saúde pública, é importante maior investimento na formação desses
profissionais com necessidade constante de aperfeiçoamento, uma vez que as
normas de vacinação sofrem constante mudanças, sendo a introdução de
imunobiológicos no calendário de vacinação prática constante.
O Ministério da Saúde, através da Secretaria de Gestão do Trabalho e da
Educação na Saúde (SGTES), tem apoiado e financiado as iniciativas e ações
apresentadas e pactuadas nos Pólos para formação, mudanças nos currículos de
formação e educação permanente de profissionais de saúde (BRASIL, 2004).A Educação Permanente, considerada como estratégia fundamental para a
recomposição das práticas de atenção, gestão e do controle social no setor saúde,
levou o Departamento de Educação na Saúde (DEGES) da SGTES, a adotar como
principais, os seguintes pontos de agenda de trabalho: qualificação da formação
profissional em saúde; formação de trabalhadores e desenvolvimento das profissões
técnicas da saúde; educação permanente no SUS; educação popular em saúde.
Na Educação Permanente em Saúde, as necessidades de conhecimento e a
organização de demandas educativas são geradas no processo de trabalhoapontando caminhos e fornecendo pistas ao processo de formação. Sob este
enfoque, o trabalho não é concebido como uma aplicação do conhecimento, mas
entendido em seu contexto sócio-organizacional e resultante da própria cultura do
trabalho (BRASIL, 2004).
Dessa forma, é válido destacar que os aspectos operacionais em salas de
vacinas merecem uma atenção especial, pois tratam de medidas essenciais para a
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aplicação de um imunobiológico dentro de todos os padrões corretos de
conservação, armazenamento, manuseio e administração dos mesmos. Além disso,
a enfermagem exerce um importante papel no tocante às imunizações por monitorar
todos os aspectos técnicos e operacionais nas salas de vacina, devendo, portanto,ser dotada de conhecimento para exercer competentemente essa função.
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3 METODOLOGIA
3.1 Tipo de Pesquisa
Trata-se de estudo descritivo com delineamento transversal, desenvolvido por
meio de inquérito epidemiológico e observação não participante.
3.2 Local do estudo
O estudo foi realizado em 73 salas de vacina da rede de saúde pública de
Teresina. Algumas dessas salas de vacina encontram-se situadas nas unidades
básicas de saúde (UBS) e as demais em alguns hospitais de Teresina, pertencentesa Fundação Municipal de Saúde (FMS).
Atualmente a FMS dispõe de 50 UBS, nove hospitais e 228 equipes da
estratégia Saúde da Família, sendo 13 na zona rural e 188 na zona urbana. No
tocante as salas de vacina, são 73 salas fixas na zona urbana, sendo 22 na zona
sul, 30 na zona centro/norte e 21 na leste/sudeste, além de 15 salas na zona rural
das quais sete são classificadas como virtuais, ou seja, não dispõem de estrutura
física, de equipamentos e funcionários especificamente lotados nas mesmas, mas
utilizam os espaços de atendimento da estratégia Saúde da Família (ESF), onde sãorealizadas atividades de vacinação em datas fixas, previamente agendadas com a
população de determinada área. Contudo, foram incluídas no estudo apenas as
salas de vacina fixas da zona urbana.
Para efeito deste estudo, se utilizou a definição de salas fixas do PNI, que
correspondem, aquelas que além de serem cadastradas dispõem de estrutura física,
de equipamentos e funcionários especificamente lotados nas mesmas e tem
funcionamento em regime de pelo menos um ou dois turnos diários, de segunda a
sexta-feira.
3.3 População
A população do estudo foi constituída de 200 profissionais de enfermagem de
nível superior e médio das 73 salas de vacina das unidades básicas de saúde e
unidades hospitalares da FMS. Cabe mencionar que foram incluídos todos os
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profissionais de enfermagem que realizam atividades nas salas de vacina do estudo,
mesmo aqueles recém-ingressos no setor, já que devem ter sido submetidos a
treinamento específico em imunização, considerando ser requisito para o trabalho.
3.4 Procedimentos de Coleta de dados/Instrumentos
A coleta de dados foi realizada pela própria mestranda e por graduandos em
enfermagem da UFPI, após serem submetidos a treinamento, oferecido sob a
supervisão da coordenadora da pesquisa. Os dias das entrevistas foram
previamente marcados de acordo com a coordenação de enfermagem das unidades
de saúde pesquisadas, de modo a interferir o mínimo possível na dinâmica das
atividades. Para tanto, foi enviada uma carta de encaminhamento, para informar àdireção e coordenação de enfermagem das respectivas UBS, sobre os objetivos e
procedimentos que seriam utilizados no estudo, bem como foi apresentada uma
carta de autorização da FMS para realização da investigação.
Os procedimentos para coleta dos dados foram realizados por meio de duas
técnicas distintas, como seguem:
Entrevistas mediante aplicação de formulário, com perguntas fechadas e
algumas semi-abertas (Apêndice A). O citado instrumento foi adaptado de um
formulário padrão do PNI (BRASIL, 2013), utilizado para supervisão.É importante destacar que todas as partes do instrumento continham
questões que permitiram avaliar a prática e o conhecimento dos profissionais da sala
de vacina. Antes da aplicação foram realizados dois pré-testes, com o objetivo de
aperfeiçoar os instrumentos, sendo ambos aplicados com cinco enfermeiros e cinco
técnicos não participantes da pesquisa. As dificuldades apresentadas foram
revisadas e no segundo teste não houve dificuldade para compreensão.
Observação não participante, realizada após às entrevistas, onde observou-
se refrigeradores, caixas térmicas e termômetros das salas de vacina, bem como omanuseio dos mesmos e registrados em um roteiro padronizado, proposto pelo
Ministério da Saúde para supervisão das salas (Anexo A) (BRASIL, 2013). Também
foram analisados os impressos relativos à conservação das vacinas.
Como contribuição, ao final de cada visita, era deixado relatório com
observações e sugestões acerca do descumprimento do padrão, estabelecido pelo
PNI (Anexo B).
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3.5 Definição das variáveis do estudo
Identificação da amostra (características demográficas, categoria profissional,
tempo de serviço em sala de vacina, tempo de formação, treinamento paraatuar em sala de vacina, tempo decorrido do último treinamento);
Estrutura física das salas de vacina;
Aspectos gerais dos refrigeradores das salas de vacina;
Conhecimento referente a estrutura física, material, situação frente a
descontinuidade de energia e acondicionamento dos imunobiológicos;
Conhecimento referente a temperatura de acondicionamento dos
imunobiológicos;
Prática relacionada a conservação dos imunobiológicos.
3.6 Classif icação dos conhecimentos e práticas
Para classificar o conhecimento dos profissionais do estudo em relação à
conservação das vacinas, foram avaliadas as respostas às questões numeradas no
formulário referente ao apêndice A, e atribuídos escores, em adaptação ao estudo
de Aranda (2005), o qual categorizou o conhecimento em suficiente (9 a 10), regular
(7 a 8) e insuficiente (6 ou menos). Nesta pesquisa, a cada resposta considerada
totalmente correta (concordância com o Manual de Rede de Frio do PNI) foi
atribuído um ponto. Assim, o conhecimento foi categorizado em três intervalos de
classe, conforme o percentual de acerto das repostas: ADEQUADO (90 a 100%);
REGULAR (70 a 89%) e INADEQUADO (menor que 70%).
Para classificar a prática, também adaptou-se a escala utilizada por Aranda
(2005). Observaram se as condutas relacionadas à conservação das vacinas
estavam de acordo com as orientações do PNI. Para cada item do formulário de
observação realizado de forma correta, foi atribuído um ponto. Assim, a prática foi
categorizada em três intervalos de classe, acerto das condutas: ADEQUADA (90 a
100%); REGULAR (70 a 89%) e INADEQUADA (menor que 70%).
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3.7 Análise dos dados
Para análise e tratamento dos dados, as variáveis foram codificadas a fim de
se estabelecer uma linguagem estatística padrão. Posteriormente, os dados foramtranscritos com o processo de dupla digitação, utilizando-se planilhas do aplicativo
Microsoft Excel.
A análise estatística exploratória e inferencial foi realizada utilizando-se o
Software SPSS (Statistical Package for the Social Science), versão 18.0.
A análise descritiva das características sociodemográficas e funcionais da
amostra estudada, foi realizada utilizando-se tabelas de distribuição de frequência
absoluta e relativa.
Na comparação de médias entre grupos categorizados em variáveisqualitativas, os testes paramétricos de escolha foram teste t de Student e ANOVA.
Em virtude da violação do pressuposto de normalidade, avaliada por meio do teste
de Kolmogorov Smirnov (n>50), utilizaram-se o teste Mann-Whitney e Kruskal-
Wallis.
Para testar a associação do conhecimento e prática com a categoria
profissional, foram utilizados os testes Qui-quadrado, exato de Fisher e Odds Ratio
com os respectivos intervalos de confiança. Usou-se o teste Exato de Fisher quando
20% das células tinham valor esperado inferior a 5. Vale destacar que o nível designificância foi fixado em p≤0,05 para todos os testes realizados.
3. 8 Aspectos Éticos
Esta pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da
Universidade Federal do Piauí (Anexo C) aprovada (CAAE 07381812.2.0000.5214) e
respeitados todos os preceitos éticos contidos na Resolução 196/96 do Conselho
Nacional de Saúde (BRASIL, 1996).Aos participantes foi solicitada a assinatura do Termo de Consentimento
Livre e Esclarecido (Apêndice B), após as devidas explicações sobre os objetivos do
estudo, seus riscos e benefícios, desconfortos, sendo a todos garantido o
anonimato, a confidencialidade e a privacidade, bem como a prévia autorização da
Fundação Municipal de Saúde, para realização da pesquisa nas suas salas de
vacina, observado no anexo D.
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4 RESULTADOS
A apresentação dos resultados está subdividida em duas seções, sendo que
na primeira encontram-se os dados de identificação da amostra estudada (Tabela 1),Estrutura física e equipamentos da sala de vacina, aspectos relacionados aos
refrigeradores, conhecimento e prática sobre conservação de imunobiológicos
transporte, recebimento, acondicionamento, armazenamento, manuseio dos
imunobiológicos e situação frente a descontinuidade de energia (Tabelas 2, 3, 4, 5, 6
e Gráficos 1, 2, 3).
Na segunda, apresentam-se a associação da classificação da prática e do
conhecimento dos profissionais de sala de vacina relacionados a conservação de
imunobiológico e as variáveis: tempo de serviço em sala de vacina, tempo deformação e tempo decorrido do último treinamento, bem como associação do
conhecimento e da prática relacionados a conservação de imunobiológico com a
categoria profissional (Tabelas 7 e 8).
4.1 Seção I
4.1.1 Identificação da amostra estudada.
A Tabela 1 apresenta a caracterização dos profissionais de sala de vacina,
em que observou-se predomínio do sexo feminino na execução das funções em sala
de vacina (92,5%), sendo 52,5% técnicos de enfermagem e 47,5% enfermeiras. A
média de anos trabalhados na sala de vacina foi de 7,2 anos, e 52% tinha até cinco
anos de exercício da profissão em sala de vacina. O tempo de formação variou de
um a 46 anos de formado, com média igual a 13,4 anos. Em relação ao tempo
decorrido do último treinamento em sala de vacina, 18,5% da amostra referiu não ter
tido treinamento algum para assumir o serviço e dentre os 81,5% que receberamtreinamento, 59,5% foi há menos de cinco anos. É importante destacar que apenas
47% da amostra estudada referiu exclusividade em relação ao desempenho das
funções em sala de vacina.
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Tabela 1 - Características demográficas e funcionais da amostra do estudo.Teresina/PI, 2013 (n=200).Variáveis n (%) X̅a (dp) b ± IC 95% Min- Maxc Sexo
Masculino 15 (7,5)
Feminino 185 (92,5)Categoria ProfissionalTécnico/auxiliar de
enfermagem105 (52,5)
Enfermeiro 95 (47,5)Tempo de serviço em salade vacina (anos)
7,2 6,9 6,2-8,2 01-34
Até 05 anos 104 (52,0)Mais que 05 anos 96 (48,0)
Tempo de formação 13,4 9,6 12,0-14,7 01-46Até 10 anos 99 (49,5)Mais que 10 anos 101(50,5)
Treinamento para atuar
em sala de vacinaSim 163 (81,5)Não 37 (18,5)
Tempo decorrido doúltimo treinamento
4,6 5,0 3,7-5,4 01-30
Até 05 anos 119 (59,5)Mais que 05 anos 44 (22,0)Sem treinamento 37 (18,5)
Funcionário exclusivo desala de vacina
Sim 94 (47,0)Não 106 (53,0)
Legenda: x= média, ±= Desvio padrão c, IC95%= intervalo de confiança, Min-Max= Mínima e máxima
Fonte: Pesquisa realizada com funcionários de salas de vacina, Teresina – PI, 2013.
4.1.2 Estrutura física das salas de vacina.
Na Tabela 2, observou-se que 82,2% das salas tinham fácil acesso e 94,5%
eram de uso exclusivo para vacinação. Quanto às condições de higiene, 21,9% não
apresentavam condições satisfatórias, em apenas 41% das salas de vacina a
limpeza era realizada quinzenalmente e o cronograma de limpeza foi evidenciado
em apenas três delas (4,1%). Verificou-se que 46,6% apresentavam objetos de
decoração. A temperatura ambiente adequada foi observada somente em 24,7%.
Quanto ao tamanho das salas, 65,8% estavam fora do padrão preconizado e
56,2% apresentavam proteção adequada contra luz direta, com destaque para
inadequação relacionada à mobília, em 56,2%, no que se refere a falta de armários
para estocagem de insumos e ausência de maca para administração de vacinas. Em
53,4% observou-se inadequação em relação a ausência de bancadas. O piso e
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paredes laváveis, só foi observado em 58,9% das unidades. Em 63% das salas as
tomadas não estavam posicionadas a 1,30cm de altura. (Tabela 2).
Tabela 2 - Estrutura física e equipamentos das salas de vacina do estudo.Teresina/PI, 2013 (n=73).Variáveis n %Sala de vacina de uso exclusivo
Sim 69 94,5Não 04 5,5
Sala de vacina de fácil acessoSim 60 82,2Não 13 17,8
Condições de conservação e limpezaAdequada 57 78,1Inadequada 16 21,9
Periodicidade da limpeza da sala de
vacinaUma vez por semana 06 8,2Quinzenal 30 41,0Mensal 10 13,7Não sabe 27 37,1
Existe cronograma de limpeza da salade vacina
Sim 03 4,1Não 70 95,9
Temperatura ambiente da sala entre18ºC e 20ºC
Sim 18 24,7Não 55 75,3
Presença de objetos de decoraçãoSim 34 46,6Não 39 53,4
Tamanho da salaAdequada 25 34,2Inadequada 48 65,8
Piso e paredes laváveis, impermeávele de fácil higienização
Adequada 43 58,9Inadequada 30 41,1
Presença de maca e mobíliaAdequada 32 43,8Inadequada 41 56,2
Existência de pia com torneira ebancadasAdequada 34 46,6Inadequada 39 53,4
Proteção adequada contra luz diretaAdequada 32 43,8Inadequada 41 56,2
Tomada(s) posicionadas a 1,30mSim 27 37,0Não 46 63,0
Fonte: Pesquisa realizada com funcionários de salas de vacina, Teresina – PI, 2013.
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4.1.3 Aspectos gerais dos refrigeradores das sala de vacina.
Em se tratando das condições do refrigerador, destaca-se que em 100% da
amostra o mesmo era de uso exclusivo para estocagem de imunobiológico, em27,4% das salas de vacinas o refrigerador já havia apresentado algum defeito, e
21,9% necessitaram de conserto em 2012. Todavia, nenhum refrigerador apresentou
manutenção preventiva. No quesito capacidade do refrigerador em litros, 100%
atendiam ao padrão, com predomínio de termômetros do tipo digital com
temperatura de máximo, mínimo e a temperatura do momento, 84,9%. O
posicionamento adequado do refrigerador em relação à distância de fonte e
incidência de luz solar direta foi observado em 79% das salas. (Tabela 3).
Tabela 3 - Aspectos relacionados aos refrigeradores das salas do estudo. Teresina/PI, 2013(n=73).Variáveis n %Refrigerador exclusivo da sala devacina
Sim 73 100Não - -
O refrigerador já apresentou defeitosSim 20 27,4Não 53 72,6
Quantidade de conserto dasgeladeira(s) da unidade em 2012
Sim 16 21,9Não 57 78,1
Manutenção preventiva da(s)geladeira(s) das unidades
Não 73 100,0Termômetro utilizado na geladeira daUnidade
Digital (Max;Min;Mom) 62 84,9Analógico (Max;Min;Mom –
Capela)04 5,5
Analógico (Mom-cabo extensor) 07 9,6Capacidade da geladeira (em litros)
Adequada 73 100,0Inadequada _ _
Posição do refrigerador em relação aincidência de luz solar direta
Adequada 158 79,0Inadequada 40 20,0Não há outro equipamento 02 1,0
Fonte: Pesquisa realizada com funcionários de salas de vacina, Teresina – PI, 2013.
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4.1.4. Conhecimento referente a estrutura física, material, situação frente a
descontinuidade de energia e acondicionamento dos imunobiológicos.
O conhecimento dos profissionais a respeito da estrutura física, foi adequado
em 38% da amostra, seguido de 37% dos que conheciam de maneira satisfatória aestrutura adequada e 25% que relataram não conhecer de forma alguma essa
estrutura adequada. Quando questionados sobre a presença da mobília como
equipamento fundamental para desempenho das atividades na sala de vacina 39,5%
responderam desconhecer sua importância. Em relação as condutas frente a
descontinuidade de energia 97,5% da amostra referiu conhecer e 87,5% sabiam
acondicionar corretamente os insumos. No tocante a temperatura fora do padrão,
63,5% relataram avisar imediatamente ao nível superior no caso dessa ocorrência.
A notificação de ocorrência de temperatura fora do padrão era realizadasempre em 34% dos casos e 65,5% somente se a alteração for grande. (Tabela 4).
Tabela 4 - Conhecimento sobre estrutura física, material, situação frente a descontinuidadede energia e acondicionamento dos imunobiológicos. Teresina/PI, 2013 (n=200).Variáveis n %Estutura física
Sim 74 37,0Não 50 25,0Em Partes 76 38,0
MobiliárioSim 121 60,5Não 79 39,5
Condutas frente a descontinuidade deenergia
Sim 195 97,5Não 05 2,5
Acondicionamento dos insumosSim 175 87,5Não 25 12,5
Conduta mediante temperatura deacondicionamento das vacinas fora dointervalo
Notifica SMS sempre 68 34,0Notifica a SMS somente se a
alteração for grande131 65,5
Inutiliza as vacinas e solicitareposição
33 16,5
Fonte: Pesquisa realizada com funcionários de salas de vacina, Teresina – PI. 2013.
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4.1.5. Conhecimento referente a temperatura de acondicionamento dos
imunobiológicos
Questionados sobre os imunobiológicos que poderiam ser expostos atemperaturas negativas 100% da amostra cometeu algum erro. O conhecimento
equivocado mais relacionou-se a vacina rotavirus em que 30,9% dos profissionais
responderam que pode ser submetida a temperatura de zero graus, seguido da
hepatite B (16,5%) e BCG (15,1%). (Tabela 5).
Tabela 5 - Distribuição percentual dos acertos e erros da amostra relacionados àtemperatura de conservação dos imunobiológicos. Teresina/PI, 2013 (n=200).Vacinas Acertos Erros
N % n %BCG 192,4 84,9 7,5 15,1
Tetravalente 198,5 97,1 1,4 2,9
Rotavirus 184,5 69,1 15,4 30,9
Tríplice viral 185,2 70,5 14,7 29,5
Pneumo 198,2 96,4 1,8 3,6
Meningo 196,7 93,5 3,2 6,5
Dupla adulto 194,9 89,9 5,0 10,1Poliomielite oral 187,4 74,8 12,6 25,2
Hepatite B 191,7 83,5 8,2 16,5
Febre amarela 187,7 75,5 12,2 24,5
Pentavalente 196,7 93,5 3,2 6,5
Soros 197,8 95,7 2,1 4,3Fonte: Pesquisa realizada com funcionários de salas de vacina, Teresina – PI, 2013.
Com relação ao conhecimento dos profissionais da sala de vacina a respeito
do prazo para utilização dos frascos de imunobiológico após sua abertura, o
destaque maior foi para a vacina hepatite B, em que 63% dos profissionais não
souberam responder satisfatoriamente. Os prazos mais conhecidos foram das
vacinas que seguem: Pólio (70,5%), VTV (68,5%), febre amarela (67%), BCG
(66,5%) e Rotavirus (65,5%) (Gráfico 1).
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Gráfico 1 - Prazo referido para utilização das vacinas após abertura dos frascos.Teresina/PI,2013.
Fonte: Pesquisa realizada com funcionários de salas de vacina, Teresina – PI, 2013.
4.1.6 Prática relacionada a conservação dos imunobiológicos
Outras irregularidades também foram observadas, como por exemplo, em
relação a periodicidade da leitura da temperatura do refrigerador que esteve
inadequada em 9%. Observou-se que em 87% das salas de vacina do estudo, oregistro da temperatura era feito em local apropriado, corretamente nos mapas
padronizados. Todavia em 6% das salas de vacina do estudo foi possível observar
que não era feito nenhum registro de temperatura, mesmo que fosse em local não
padronizado (Tabela 6).
A frequência de limpeza da geladeira visualizada na Tabela 6 foi referida
quinzenalmente em 43% do total de salas visitadas. Um item que chama atenção, é
o fato de um elevado número de profissionais referir limpeza da geladeira
mensalmente (43%). Quando indagados sobre a reacomodação das vacinas apóslimpeza das geladeiras os funcionários responderam corretamente em 87,5% das
salas.
Ainda com relação a reacomodação dos imunobiológicos após limpeza das
geladeira, vale chamar atenção aos 7,5% dos profissionais enfermeiros que que
referiram não ter tempo para acompanhar o procedimento em sala de vacina.
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É importante destacar que em 5,5% das unidades pesquisadas foram
encontrados imunobiológicos acondicionados na porta do refrigerador. Em relação
ao posicionamento do bulbo do termômetro no interior da geladeira, 28% das
unidades não atendiam o padrão. As garrafas tingidas estavam presentes apenasem 55% da amostra. (Tabela 6).
O padrão correto para acondicionamento adequado de insumos só foi
observado em 87,5% das salas, vale destacar que um significativo percentual
(12,5%) não acondicionavam corretamente os insumos utilizados para a realização
da atividade de vacinação. Em 17% das salas de vacina estudadas não havia
padronização das caixas térmicas da rotina. O registro de temperatura adequado
das caixas térmicas só estava sendo cumprido corretamente em 55,5%.
Quanto à ambientação das bobinas de gelo para montagem das caixastérmicas da rotina, 95,5% da amostra referiu realizar.
Durante observação da distância correta dos imunobiológicos e as paredes da
geladeira foram observados em 16,5% de descumprimento do item e adequação de
83,5% das salas.
Quanto à existência de formulário de imunobiológico sob suspeita, apenas
32% da amostra referiram ter e conhecer o impresso.
Tabela 6 - Prática relacionada a conservação dos imunobiológicos. Teresina/PI, 2013(n=200).Continua
Variáveis n %Periodicidade da leitura datemperatura do refrigerador
Correto 182 91,0Incorreto 18 9,0
Local de registro da leitura detemperatura
Não registra 12 6,0Caderno da sala de vacina 14 7,0
Mapa de registro de temperaturapadronizado 174 87,0
Frequência da limpeza interna dageladeira
1x/semana 86 43,0Quinzenal 86 43,0Mensal 15 7,5Outros 13 6,5
Fonte: Pesquisa realizada com funcionários de salas de vacina, Teresina – PI, 2013.
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Tabela 6 - Prática relacionada a conservação dos imunobiológicos. Teresina/PI, 2013(n=200).
ConclusãoVariáveis n %Tempo de reacomodação das vacinas
após limpeza do refrigeradorCorreto 175 87,5Incorreto 08 4,0Não companha o procedimento 15 7,5Não soube informar 02 1,0
Porta livre de qualquer materialSim 189 94,5Não 11 5,5
Localização do bulbo do termômetrona 2ª prateleira
Sim 144 72,0Não 56 28,0
Presença de garrafas com água
tingidasSim 110 55,0Não 90 45,0
Acondicionamento adequado deinsumos
Sim 175 87,5Não 25 12,5
Organização padronizada da caixatérmica da rotina
Adequada 166 83,0Inadequada 34 17,0
Registro adequado de temperatura dacaixa térmica
Sim 111 55,5Não 89 44,5Ambientação das bobinas de geloreciclável para uso nas caixastérmicas
Sim 191 95,5Não 09 4,5
Distância correta entre osimunobiológicos e as paredes dorefrigerador de no mínimo 2cm
Sim 167 83,5Não 33 16,5
Existência de formulário de
imunobiologicos sob suspeitaSim 64 32,0Não 136 68,0
Fonte: Pesquisa realizada com funcionários de salas de vacina, Teresina – PI, 2013.
De acordo com o gráfico 2, observou-se registros da ocorrência de
temperaturas máximas elevadas em 82,8% das salas de vacina, com 34,5% das
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temperaturas na ocasião da pesquisa alteradas e 37,1% das temperaturas mínimas
alteradas.
Gráfico 2 - Observação de registros de alteração da temperatura nos mapas de controlediário das salas de vacina do estudo. Teresina/PI, 2013 (n=73).
Fonte: Pesquisa realizada com funcionários de salas de vacina, Teresina – PI, 2013.
Os gráficos 3 e 4 demonstram, respectivamente, classificação do
conhecimento e classificação da prática dos profissionais de enfermagem em sala
de vacina, em que observou-se um discreto percentual de profissionais com
conhecimento adequado de 11,3%, todavia 57% tinham conhecimento inadequado e
31,5% conhecimento regular.
Gráfico 3 - Classificação do conhecimento. Teresina/PI, 2013 (n= 200).
Fonte: Pesquisa realizada com funcionários de salas de vacina, Teresina – PI, 2013.
Em relação a classificação da prática, observou-se que apenas 35%
realizavam prática de forma regular, estando a maioria da amostra (65%)
executando-a de maneira inadequada.
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Gráfico 4 - Classificação da prática. Teresina/PI, 2013 (n= 200).
Fonte: Pesquisa realizada com funcionários de salas de vacina, Teresina – PI, 2013.
4.2 Seção II
Quando realizado cruzamento do conhecimento e da prática dos profissionais
de sala de vacina com as variáveis média de tempo de serviço em sala de vacina,
de tempo de formação e de tempo decorrido do último treinamento, observou-se
associação estatisticamente significativa do conhecimento com o tempo de trabalho
em sala de vacina e com o tempo decorrido do último treinamento (p0,05) (Tabela 07).
Tabela 7 - Correlação entre a classificação do conhecimento e prática da amostra com asvariáveis: média de tempo de serviço em sala de vacina, de tempo de formação e tempo doúltimo treinamento. Teresina/PI, 2013 (n=200).
Classificação do ConhecimentoVariáveis Adequado Regular Inadequado P valor*
n média n média n médiaTempo de serviço emSala de vacina
23 4,9 63 8,9 114 6,7 0,01
Tempo de formação 23 10 63 14,8 114 13,2 0,08Tempo decorrido doúltimo treinamento
22 3,3 58 4,3 85 5,3
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Quando realizada associação da classificação do conhecimento dos
profissionais de enfermagem e a categoria profissional, observou-se que os
auxiliares/técnicos de enfermagem apresentaram 4,8 mais chances de ter o
conhecimento regular (OR=4,8 IC95% 2,4-9,4) e 6,4 mais chances de ter oconhecimento adequado quando comparado com o dos enfermeiros (IC95% 2,4-9,4
e 2,2-18,5), respectivamente. (Tabela 08).
Quando realizada associação da classificação da prática de enfermagem em
sala de vacina com a categoria profissional, não se verificou significância estatística.
(p=0,26). (Tabela 08).
Tabela 8: Classificação do conhecimento dos profissionais de enfermagem e categoriaprofissional. Teresina/PI, 2013 (n=200).
Categorias ProfissionaisConhecimento Enfermeiro Aux. Téc.Enf.
n % n % OR IC95% Pvalor
Inadequado 73 76,8 41 39,0 1
Regular 17 17,9 46 43,8 4,8 2,4-9,4
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5 DISCUSSÃO
A amostra referente ao estudo foi composta por 200 profissionais de sala de
vacina, em que observou-se predominância de técnicos de enfermagem, com amaioria das salas funcionando em dois turnos. Em relação ao tempo de trabalho em
sala de vacina, observou-se profissionais com até cinco anos, o que se justifica pelo
fato das novas oportunidades de concurso permitirem estabilidade desses
profissionais com redução da rotatividade, o que pode trazer impactos positivos para
a prática em sala de vacina, além de favorecer uma relação de segurança,
estabilidade e progressão no trabalho.
Quanto aos aspectos relacionados ao acesso às salas de vacina, observou-se
que embora 100% não estivessem de acordo com o padrão estabelecido, 82,2%encontravam-se bem localizadas e as 17,8% restantes, embora não estivessem em
posições privilegiadas, também não se localizavam em lugares que comprometesse
a busca pela vacina. Um fator de descumprimento do padrão de sala que merece
destaque, diz respeito ao uso não exclusivo de algumas salas para atividades de
vacinação, as quais dividiam espaço com laboratório e sala de reuniões, utilizadas
para debater assuntos da estratégia de saúde da família.
A sala de vacina que não é de uso exclusivo, traz impacto negativo, uma vez
que todas as atividades realizadas na sala devem contar com uma estrutura quegaranta acondicionamento, manipulação, estocagem, transporte e recebimento dos
insumo de maneira segura, reduzindo ao máximo riscos que possam trazer prejuízos
à população. Segundo o PNI (BRASIL, 2011), é importante que todos os
procedimentos desenvolvidos garantam a máxima segurança, prevenindo infecções
nas crianças e adultos atendidos. Os imunobiológicos são líquidos estéreis que por
sua vez devem assim permanecer a fim de garantir o processo de vacinação livre de
danos, juntamente com as boas práticas e procedimentos. É importante ressaltar
que é terminantemente proibido dividir o espaço de manipulação de vacinas commateriais para exames laboratoriais, os quais podem funcionar como veículo potente
de contaminação dos imunobiológicos.
Em relação à estrutura física das salas de vacina do estudo, encontrou-se um
quadro que merece destaque e atenção dos órgãos de saúde da capital piauiense,
pois segundo o manual de estrutura física de sala de vacina (BRASIL, 2013) torna-
se imprescindível que as mesmas possuam condições para promover máxima
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segurança na atividade de vacinação, devendo levar em consideração o
atendimento as condições mínimas exigidas, tais como ter 9m2 de área física, ser de
fácil acesso, bem iluminada, porém sem incidência direta de luz que possa
comprometer a estabilidade dos imunobiológicos, conter pia preferencialmente emaço inox, em mármore ou granito, com torneira e água corrente para facilitar a
limpeza, um balcão para preparo dos imunobiológicos, paredes e piso laváveis e de
cor clara para facilitar a desinfecção. Não se deve utilizar pisos de madeira,
carpetes, cortinas, pois nestes tipos de pisos e acessórios é grande a formação de
fungos e outros microrganismos. E, além de ter uso exclusivo para atividades de
vacinação, se possível deve ter entrada e saída independentes.
Tem-se observado que o atendimento dos quesitos relacionados ao padrão
de estrutura física das salas de vacina está muito aquém do preconizado peloMinistério da Saúde. Comparando-se o perfil das atuais salas com o observado em
estudo realizado no Piauí há dois anos (DEUS, 2011), percebeu-se que houve
pouco avanço nesse aspecto, o que faz deduzir que o governo pouco investiu em
reformas que pudessem estruturar melhor essas salas, o que leva a crer que a
atividade não está recebendo a devida valorização, provavelmente porque mesmo
com uma estrutura inadequada o sucesso da vacinação ainda é perceptível.
A situação da estrutura física de salas de vacina no Piauí guarda certa
similaridade com a encontrada em estudo realizado em Marília (SP), que evidenciouque aproximadamente dois terços das salas de vacina alcançaram índice regular no
item aspectos gerais das salas, no tocante à estrutura física, destacando-se como
ponto crítico o elevado percentual de salas (34%) não serem de uso exclusivo para
vacinação (VASCONCELOS, ROCHA, AYRES, 2012). Outro fator observado no
presente estudo chama a atenção, como a ausência de maca observada em mais da
metade das salas de vacina.
A recomendação para administração dos imunobiológicos é que as crianças
tome-os deitadas em macas que são superfícies firmes e não no colo das mães,favorecendo possíveis erros na aplicação, como perfuração de algum vaso
sanguíneo ou administração equivocada, o que poderá trazer sérias consequências.
Nessa perspectiva, corroboram com achados relacionados a falta de estrutura física
de sala de vacina Luna et al. (2011) que identificaram em 41,7% das unidades
observadas ausência de maca, bancadas e armários
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O atendimento aos aspectos preconizados para estrutura física da sala de
vacina em relação à proteção dos imunobiológicos contra luz direta é um fator que
visa minimizar os riscos relacionados. Entre outras medidas de proteção dos
imunobiológicos destaca-se a proteção contra luz, devido à sensibilidade à luzultravioleta. A vacina deve ser protegida da luz solar direta. Se não for usada
imediatamente após a reconstituição, a vacina deve ser mantida em local que a
proteja da luz, bem como acondicionada de modo a manter a temperatura entre +
2ºC e + 8ºC.
A disposição correta dos equipamentos, quando avaliada a distância da
geladeira para a parede, deixou a desejar em algumas unidades, o que associado à
falta de proteção da luz direta, às elevadas temperaturas da cidade de Teresina e a
capacidade da geladeira em manter as vacinas bem refrigeradas, pode colocar emrisco o poder imunogênico desses imunobiológicos que são constituídos, em sua
grande maioria, de vírus vivos atenuados, sensíveis a exposição à luz e
temperaturas elevadas. Estudos realizados em outros estados brasileiros também
evidenciaram falta de proteção adequada a incidência solar direta (LUNA et al.,
2011; ARAÚJO, SILVA, FRIAS, 2009).
Outra consideração relevante diz respeito à correta disposição dos
imunobiológicos no interior do refrigerador que esteve em desacordo com o padrão
estabelecido, uma vez que foi possível observar no presente estudoacondicionamento de vacinas que não podem ser congeladas ou submetidas a
temperatura inferior a +20C, tais como BCG, rotavirus e hepatite B na primeira
prateleira, podendo comprometer a termoestabilidade das mesmas que contêm
adjuvantes, tendo que ser dispostas corretamente na segunda prateleira.
Demais estudos realizados também apontam para inúmeras deficiências no
armazenamento de vacinas nas unidades de saúde de outros países que podem
comprometer a qualidade imunogênica, evidenciada pelos 39,7% das salas de
vacina em Valência na Espanha, em que as vacinas encontravam-se dispostasincorretamente (BARBER-HUESO et al., 2009). Widsanugorn et al. (2011) em
estudo realizado em Kalasin na Tailândia, também identificaram manutenção
inadequada da temperatura do refrigerador para acondicionamento de vacinas que
não podem ser congeladas em 13% das unidades de saúde.
Com relação a geladeira, o PNI preconiza que as salas de vacina disponham
de geladeira comercial de 280 litros e que seja para uso exclusivo de
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imunobiológico, realidade encontrada em 100% da amostra estudada (BRASIL,
2003). Vale frisar que, com base em estudos realizados (ARANDA; MORAES, 2006;
QUEIROZ et al., 2009; OLIVEIRA et al., 2009), a aquisição de refrigeradores foi o
aspecto de maior evolução. Tal fato pode se justificar por ser um item que traz umimpacto direto ao imunobiológico e por ser um equipamento de fácil aquisição
associado ao fato de ter longa vida útil, aproximadamente seis a oito anos. Todavia,
convém mencionar que foi observado em todas as salas, a falta de manutenção
preventiva desses equipamentos, o que reflete desatenção por parte dos gestores.
Este resultado corrobora com os estudos realizados no estado do Rio de
Janeiro, (OLIVEIRA et al., 1991; LUNA et at., 2011; MELO; OLIVEIRA; ANDRADE,
2010), em que foram identificados refrigeradores com capacidade e estado de
conservação satisfatórios, que atendem parte das condições de estocagem corretados imunobiológicos.
Quando pesquisado o conhecimento dos profissionais a respeito da estrutura
física, menos da metade da amostra emitiu resposta correta; o que demonstra
desconhecimento sobre a importância da mesma, tornando-os passivos diante de
uma realidade que precisa ser modificada, impossibilitando-os de lutar por
melhorias.
A maior parte da amostra quando questionada a respeito de conhecer
condutas frente à descontinuidade de energia, respondeu que sim. Entretanto, esseconhecimento não gerou prática positiva, pois se observou que em todas as salas
foram identificados registros de temperaturas inadequadas, sem descrição da
ocorrência ou da conduta tomada frente à situação. Alguns profissionais se
posicionaram em favor da notificaç
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