CENTRO UNIVERSITÁRIO HERMÍNIO DA SILVEIRA – IBMR
LAUREATE INTERNATIONAL UNIVERSITIES
CURSO BACHARELADO EM ESTÉTICA
ALÍCIA FERREIRA LIRA MARQUES
BARBARA MOREIRA PINNA
CONTRADIÇÕES ENTRE OS RECURSOS FISÍCOS DA RADIOFREQUÊNCIA E CRIOFREQUÊNCIA
Rio de Janeiro 2017
ALÍCIA FERREIRA LIRA MARQUES
BARBARA MOREIRA PINNA
CONTRADIÇÕES ENTRE OS RECURSOS FISÍCOS DA RADIOFREQUÊNCIA E CRIOFREQUÊNCIA
Trabalho de conclusão de curso apresentado
ao Curso Bacharelado em Estética do
Centro Universitário Hermínio da Silveira-
IBMR/ Laureate International Universities,
como requisito parcial para obtenção do
Título de Bacharel em Estética.
ORIENTADOR: CARLOS JOSÉ DA COSTA PAIVA
CO-ORIENTADOR: RENATO MACHADO
Rio de janeiro
2017
ALÍCIA FERREIRA LIRA MARQUES
BARBARA MOREIRA PINNA
CONTRADIÇÕES ENTRE OS RECURSOS FISÍCOS DA RADIOFREQUÊNCIA E CRIOFREQUÊNCIA
Artigo apresentado ao curso Bacharelado em Estética do IBMR – Laureate International Universities, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Estética.
Aprovado em: ___/ ___/ ____
Banca Examinadora
Prof (a)______________________________
Instituição:__________________
Julgamento:__________________________
Assinatura: __________________________
Prof (a)_______________________________
Instituição:_________________
Julgamento:___________________________
Assinatura: ___________________________
Prof (a)_______________________________
Instituição:_________________
Julgamento:___________________________
Assinatura: ___________________________
RESUMO
Introdução: O presente trabalho aborda as contradições dos recursos eletroterápicos oferecidos pela radiofrequência (RF) e criofrequencia, embasados nas obras literárias e artigos científicos sobre a RF, em que são questionados os parâmetros presentes no equipamento de criofrequência e sua ação nos efeitos fisiológicos, alertando aos possíveis danos teciduais, por ainda não existirem evidências científicas sobre esta nova técnica já tão famosa no mercado estético. Objetivo geral: Apresentar os recursos físicos oferecidos pelos equipamentos da radiofrequência e criofrequência e suas consequências fisiológicas. Objetivo específico: Evidenciar as controvérsias paramentares entre a radiofrequência e a criofrequência, assim como seus respectivos mecanismos de ação fisiológica. Metodologia: Refere-se a um estudo de revisão de literatura realizada em artigos científicos em inglês e português, obras literárias, material didático, curso e workshop da empresa Adoxy, palestra e e-mail explicativo da empresa Body Health e contato com profissionais renomados no mercado estético. Resultados: Na elaboração do trabalho foram encontrados 41 materiais, porém 20 artigos científicos foram descartados devido ao ano estabelecido da pesquisa, restando 21 materiais que agregaram a pesquisa evidenciando os conteúdos analisados com os equipamentos de radiofrequência e criofrequência. Conclusão: De acordo com a literatura e pesquisas científicas referentes à RF, os parâmetros do equipamento da criofrequência, podem causar possíveis danos irreversíveis aos constituintes da pele, porém é preciso levar em consideração a inexistência de estudos científicos, não podendo concluir de fato essas questões levantadas. Diante disso, se faz necessário obter resultados consolidados numa alimentação científica.
Palavras-chave: Radiofrequência, Criofrequência, Danos teciduais,
Lipodistrofia Localizada, Tecido adiposo, Temperatura tecidual, Eletroterapia.
ABSTRACT
Introduction: The present study deals with the contradictions of electrotherapy resources offered by radiofrequency (RF) and cryofrequence, based on literary works and scientific articles about RF, in which the parameters present in the cryofrequence equipment and its action on the physiological effects are questioned, alerting To possible tissue damage, as there is still no scientific evidence on this new technique already so famous in the aesthetic market. General objective: To present the physical resources offered by radiofrequency and cryofrequence equipment and its physiological consequences. Specific objective: To demonstrate the parental controversies between radiofrequency and cryofrequence, as well as their respective mechanisms of physiological action. Methodology: Refers to a study of literature review carried out in scientific articles in English and Portuguese, literary works, didactic material, course and workshop of the company Adoxy, lecture and explanatory e-mail of the company Body Health and contact with renowned professionals in the aesthetic market. Results: In the elaboration of the work 41 materials were found, but 20 scientific articles were discarded due to the established year of the research, remaining 21 materials that added the research evidencing the contents analyzed with the equipment of radiofrequency and cryofrequence. Conclusion: According to the literature and scientific research related to RF, the parameters of the equipment can cause irreversible irreversible damage to the constituents of the skin, but it is necessary to take into account the lack of scientific studies, and can not actually conclude these questions Raised. Therefore, it is necessary to obtain consolidated results in scientific feeding. Keywords: Radiofrequency, Crioprequence, Tissue Damage, Localized Lipodystrophy, Adipose tissue, Tissue temperature, Electrotherapy.
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1. INTRODUÇÃO
O mercado estético está sempre em transformação, desenvolvendo tecnologias
inovadoras no âmbito da cosmetologia, terapêutica e eletroterápica, sempre em
busca de resultados com eficácia e segurança para diversas alterações
inestéticas.
A arte do marketing tem como papel apresentar esses novos produtos
estéticos, agregando seus valores à marca para atribuir uma maior importância
na satisfação de seus consumidores e seu potencial de lucro. Nesse cenário
encantador em que o marketing promete resultados com sucesso, vendendo
uma ideia de um grande diferencial de produto, em que as pessoas acreditam
nessa oferta; sendo que muitas das vezes, o resultado prometido não atende
as suas expectativas.
Contudo os profissionais na área da estética precisam sempre estar buscando
o conhecimento, se certificando sobre a real eficácia e segurança dos
equipamentos apresentados no mercado sem se deslumbrar com tudo o que o
marketing oferece.
A escolha pelo tema iniciou a partir da grande repercussão em que o
marketing consegue alcançar quando apresenta um equipamento de alta
tecnologia inovadora e que divulga resultados expressivos, como acontece com
uma técnica ainda tão recente no mercado estético, porém já tão famosa
conhecida pelo nome de criofrequência. Diante disso fez-se necessário se
aprofundar nos recursos físicos e fisiológicos desse equipamento.
Por sua vez, a apresentação da radiofrequência traz toda a fundamentação
teórica, sendo a origem no surgimento desta nova técnica em que atua na
termoterapia por conversão, emitindo ondas eletromagnéticas que se
convertem em energia térmica, tendo como diferencial um sistema de
resfriamento na sua ponteira, oferecendo uma potência muito maior do que
qualquer radiofrequência e, por conseguinte, um aumento muito maior da
temperatura tecidual.
De acordo com os estudos analisados no decorrer deste trabalho, percebeu-se
a importância de questionar sobre os parâmetros presentes no recurso físico
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da criofrequência, a partir das obras literárias e pesquisas científicas referentes
à RF, em que foram identificadas contradições sobre o que é oferecido pelo
equipamento, em relação ao que se apresenta na literatura.
2. OBJETIVOS
Objetivo geral: Apresentar os recursos físicos oferecidos pelos equipamentos
da radiofrequência e criofrequência e suas consequências fisiológicas.
Objetivo específico: Evidenciar as controvérsias paramentares entre a
radiofrequência e a criofrequência, assim como seus respectivos mecanismos
de ação fisiológica.
3. REVISÃO DE LITERATURA
3.1 TECIDO ADIPOSO
De uma forma sucinta será abordado inicialmente, uma breve descrição sobre
as camadas da pele (epiderme1, derme 2e hipoderme3) para que tenha uma
melhor compreensão dos recursos físicos da radiofrequência e criofrequencia.
A funcionalidade do tecido adiposo teve sua maior importância a partir da alta
incidência de obesidade na sociedade, devido a isto, pesquisas foram
realizadas com o objetivo de elucidar a real atuação do tecido adiposo no
controle metabólico do corpo (PROENÇA et al, 2014).
No adulto o aumento do volume adipocitário (hipertrofia) ocorre durante o
sobrepeso. Com a evolução deste quadro (até a consequente obesidade
mórbida), observa-se também o aumento da quantidade dos adipócitos
(hiperplasia). Portanto são de suma importância os conhecimentos
morfofisiológicos e funcionais do tecido cutâneo e subcutâneo, afim de que se
estabeleça uma avaliação mais precisa (AGNE, 2016).
1 Epiderme: É um tecido epitelial estratificado pavimentoso queratinizado, que abrange toda a superfície corpórea.
2 Derme: É um tecido conjuntivo, sendo intermédio entre a epiderme e hipoderme. É formada por duas subcamadas chamadas:
papilar e reticular. 3 Hipoderme: De acordo com os estudos analisados, alguns autores afirmam que a hipoderme faz parte da pele, porém, outros
autores dizem que não faz parte, ou seja, é relativo dizer que a hipoderme faz parte da pele (CARNEIRO, JUNQUEIRA; 2011; HARRIS, 2005; apud PUJOL, 2011).
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Dessa forma, o tecido adiposo e os adipócitos são revestidos por tecido
conjuntivo (fibras colágenas e reticulares), tecido nervoso, nódulos linfáticos,
fibroblastos, células imunes (leucócitos, macrófagos), células do estroma
vascular, pré - adipócitos ou células adiposas indiferenciadas.
Existe uma ligação evidente entre a pele e o tecido adiposo, em que se
conectam por estruturas a nível circulatório, linfático, e por sustentação. De
acordo com AGNE (2016), a camada adiposa pode se apresentar em duas
partes: como tecido adiposo superficial (TAS) 4ou hipoderme, e outra abaixo
compreendida como tecido adiposo profundo (TAP) 5, especificamente nas
áreas de abdômen e flancos. A presença dessas duas camadas nessas
regiões em particular, denomina-se bolsa adiposa. Portanto, é possível afirmar
que as estruturas da hipoderme e do tecido adiposo são independentes e
apresentam respostas metabólicas diversas (AGNE, 2016).
Quando o tecido subcutâneo apresentar características mais densa e
volumosa, esse adipócito se encontrará mais hipertrófico. Uma das formas de
identifica-la é quando o paciente apresenta dor intensa em forma de lipedema,
ou seja, com excesso de líquido no espaço intersticial, com o consequente
aumento do volume hipertrófico.
As respostas teciduais podem ser diferentes para cada paciente. Contudo, os
procedimentos eletroterápicos precisam ser personalizados conforme cada
anamnese realizada.
Para que o tratamento estético tenha êxito, é necessário estabelecer um
conjunto de procedimentos multidisciplinares, tais como a reeducação
alimentar associada à atividade física (AGNE, 2016).
Os recursos eletroterápicos estéticos destinados ao tratamento do tecido
adiposo podem ter por objetivo a promoção da lipólise6, apoptose7 e necrose8.
4 “Tecido adiposo superficial ou hipoderme: Com a rede colagênica bem definida (TAS)” (AGNE, 2016, p.11).
5 “Tecido adiposo profundo: Com grande adipócitos e pobre componente colagênico (TAP)” (AGNE, 2016, p.11).
6 A lipólise tem ação na quebra de gordura, precisando que essa gordura seja transformada em energia (AGNE, 2016, p. 34).
7 A morte por apoptose celular pode ser induzida e antecipada por alguns aparelhos estéticos (AGNE, 2016, p. 34). 8 A necrose se explica através do termo emulsificação da gordura decorrente da ação do equipamento que irá destruir a
membrana adipocitária, onde todo o conteúdo do interior do adipócito será liberado para o interstício, sendo que o lipídeo não será usado como fonte energética e consequentemente voltarão a ser estocados no interior dos adipócitos íntegros ou ficando na circulação sanguínea (AGNE, 2016, p. 34).
8
Cada ação resultará em respostas distintas. Sendo assim, é importante
compreender os mecanismos de ação fisiológica, assim como seus respectivos
parâmetros de utilização (AGNE, 2016).
Quando a porção facial apresentar certa quantidade de gordura e edema,
deve-se utilizar na radiofrequência a manopla monopolar. Por outro lado, a
utilização da manopla bipolar será benéfica em seus resultados no tecido
cutâneo com baixo percentual de gordura, pois a profundida deste aplicador se
dá a nível dérmico, com baixa ação lipolítica. Em adição, deve ser levado em
consideração o biótipo do paciente e seu volume de gordura apresentado na
região. O conceito das manoplas e a utilização das técnicas eletroterápicas
serão abordados nos próximos capítulos.
3.2 RADIOFREQUÊNCIA
Para que se tenha o entendimento da atuação fisiológica do recurso
eletroterápico da criofrequência, se torna necessário a prévia abordagem da
radiofrequência em que traz toda a fundamentação teórica, sendo a origem no
surgimento da criofrequência.
A radiofrequência (RF) no decorrer do tempo, desde a sua descoberta secular,
pelo inventor francês, médico e fisiologista Jacques Arséne D`Arsonval em
1891, vem através de estudos literários, experimentos e eventos internacionais,
descobrindo muitos benefícios nos tratamentos ablativos como a eletrocirurgia
e com a grande descoberta do uso da RF ablativa na destruição das células
cancerígenas. Sua atuação é ampla em tratamentos patológicos e também em
tratamentos estéticos em que foi um grande boom quando perceberam que ela
podia ser utilizada na estética sendo aplicada a RF não ablativa9,
proporcionando tratamentos efetivos, seguros e sem bisturis (AGNE, 2012;
BORGES, 2010; TAGLIOLATTO, 2015).
Na literatura técnica voltada para a estética, são apresentadas diferentes
classificações em relação à frequência empregada nos equipamentos
9 Aplicação da RF não ablativa não é invasiva podendo ser aplicada em procedimentos estéticos como também é utilizada por
outros profissionais da área da saúde em disfunções músculo esqueléticas como dores, processos reumatológicos como
fibromialgia, entre outras patologias. E a (RF) ablativa (invasiva) são utilizadas somente por médicos (AGNE, p. 2012, p.227.).
9
existentes no mercado, compreendida nos aparelhos entre 0,30MHz até
40MHz, que inclusive entre essas frequências no âmbito da estética não
causam danos a saúde do paciente e nem do profissional por também receber
essa radiação do campo eletromagnético (AGNE, 2012; MEYER et al, 2013).
A base terapêutica da Radiofrequência é a conversão da energia
eletromagnética em energia térmica, portanto ela está classificada dentro da
termoterapia como gerador no aumento da temperatura tecidual. Segundo os
colaboradores Ronzio e Meyer, apontam que o segredo de um resultado eficaz
e correto utilizando a radiofrequência está exatamente em utilizar a
temperatura correta para cada caso (apud BORGES, 2010).
Quando as ondas eletromagnéticas com corrente alternada de alta frequência
conseguem ultrapassar a bioimpedância tecidual, convertendo a corrente
elétrica em energia térmica, ocorre a reação conhecida pela “[...] lei de Joule (J)
= I²xRxT (corrente elétrica, impedância do tecido e tempo de aplicação” (AGNE,
2012, p. 239).
A sua essência é gerar esse aumento da temperatura a partir de um
movimento iônico. Então quanto mais água o tecido tiver, maior será esse
movimento iônico e por consequência mais rápido será a produção de calor. A
conversão em calor superficial acontece quando é usada uma energia com
uma maior frequência, porém mesmo ocorrendo à concentração de calor
superficialmente, não quer dizer que a energia elétrica não tenha chegado às
camadas mais profundas (PAIVA, 2015).
Teoricamente, os tecidos menos hidratados, quando submetidos à RF,
apresentam maior dificuldade para aumentar a sua temperatura, criando uma
resistência tecidual, e tudo que confere resistência aquece, portanto num corpo
desidratado a passagem da corrente elétrica vai promover um aquecimento
maior, utilizando-se uma energia com menor frequência, atingindo uma maior
profundidade (AGNE, 2012; BORGES, 2010; BRAVO et al, 2013; PAIVA,
2015).
10
Essa resistência à corrente elétrica é a impedância representada “[...] pela
unidade SI10 como o ohm (Ω), e essa impedância vai depender do conteúdo de
água nos tecidos” (PUC – Rio, 201_, p.21).
Como no interior do corpo a resistência é inversamente proporcional à
quantidade de água no tecido, os ossos têm maior resistência, seguidos por
tendões, gordura, pele, músculos, sangue e nervos. Portanto pode-se dizer que
o corpo humano é gerador e condutor heterogêneo de eletricidade,
apresentando a massa muscular como melhor condutora que a pele, e por sua
vez a pele sendo melhor condutora que o tecido gorduroso.
Tabela 1: Resistência elétrica nos tecidos
Resistência
Baixa
Resistência
Intermediária
Resistência
Elevada
Nervos Pele molhada Ossos
Sangue Tendões
Mucosas Gordura
Vísceras
Fonte: PUC - Rio - acesso em 16/maio/2017, 201_, p. 23.
A relação da resistência entre uma pele pouco hidratada para uma pele
hidratada está diretamente relacionada na primeira num nível de impedância de
4 000 Ω, comparado os níveis de resistência de uma pele hidratada podendo
cair até 2500 Ω.
A corrente elétrica (I), tem como unidade de medida o ampère (A) “[...] que
consiste no fluxo de partículas com carga que se forma entre os dois extremos
de um condutor quando entre eles existe uma diferença de potencial” (PUC –
Rio, 201_, p.21).
Com o aumento da tensão, Volt (V), ocorrerá também o aumento do fluxo da
corrente elétrica (I) no circuito, e é de grande importância ressaltar que numa
corrente alternada as tensões mais perigosas se apresentam acima de 300 V.
10
Unidade do Sistema Internacional de Unidades (SI) (PUC – Rio, 201_, p.22).
11
Por sua vez a mesma atenção se deve ter na utilização da corrente elétrica por
ser regida por um complexo de leis físicas que irão conduzir essa corrente
elétrica por um caminho podendo ser lesivo ou indesejado.
A corrente elétrica quando atravessa o tecido pode produzir danos como
parada cardíaca, respiratória, queimaduras entre outras complicações,
representada pela tabela 2. Por esta razão precisam-se ser levados em
consideração os cinco fatores que são determinantes nos efeitos dessa
passagem de corrente como a intensidade da corrente, a densidade da
corrente, a frequência da corrente, duração da corrente elétrica e pelo caminho
percorrido pela corrente elétrica (PUC – Rio, 201_).
Tabela 2: Efeitos da corrente de 60 Hz no corpo humano (homem 70 kg).
Intensidade de
corrente
Efeito
<1 mA11 Aplicadas no coração,
correntes maiores que 10 μA
podem causar fibrilação
ventricular
Entre 1 e 10 mA Limiar de percepção
Entre 10 e 30 mA Perda de controle motor
Entre 30 e 70 mA Parada respiratória
Entre 75 e 250 mA Fibrilação ventricular
Entre 250 mA e 4 A Contração cardíaca
sustentada
> 4 A Queimadura dos tecidos
Fonte: (www.fee.unicamp.br) (PUC – Rio, acesso em 16/maio/2017, 201_, p. 28).
Portanto “[...] a corrente elétrica, tensão e resistência estão relacionadas entre
si através da Lei de Ohm, que estabelece a relação fundamental V = I.R” (PUC
– Rio, 201_, p.22).
11
1mA (milliampère) = 1 milésimo de ampère, ou seja, 1A=1000mA; 1uA (microampère)=1 milionésimo de ampère, ou seja,
1A=1.000.000A, ou ainda 1mA=1000uA
12
Quando é mencionada a potência do equipamento quer dizer que é a energia
transformada, ou seja, produzida pelos elétrons, e sua unidade SI é
representada pelo watt (W). A partir desse conceito o produto da corrente e a
tensão irão determinar a potência de uma corrente elétrica, em que P=V*I”
(PUC – Rio, 201_).
Para isso se faz necessário apresentar de uma forma breve como sua energia
é gerada, a escolha do modo de emissão, sua aplicabilidade, seus parâmetros,
seus efeitos biológicos, suas indicações e contraindicações.
3.2.1 INDUTIVA, CAPACITIVA E RESISTIVA
A RF indutiva possui um aplicador de vidro e é considerada ultrapassada. Está
em desuso no mercado, não possui placa de retorno, e funciona induzindo a
corrente no corpo do cliente. “Não aconselha seu uso, devido sua temperatura
se espalhar de forma heterogênea podendo lesionar o tecido” (BORGES, 2010,
p. 612).
Os equipamentos mais utilizados na estética são a RF capacitiva e RF
resistiva. Apresentam elevação de temperatura superior e de forma mais rápida
que a indutiva (AGNE, 2013).
A RF capacitiva no ponto do seu aplicador gera um campo eletromagnético em
torno dele por possuir no seu eletrodo ativo um isolante (pintura), como um
capacitor, que vai gerar e armazenar energia, que o aplicador só deixa passar
depois de vencer esse isolamento, promovendo maior conforto para o paciente
(BORGES, 2010; PAIVA 2015).
A RF resistiva possui um eletrodo ativo metálico, em que o metal tem contato
direto com a pele, e o campo eletromagnético se forma dentro do próprio tecido
formando uma resistência no corpo do paciente, alcançando o aumento da
temperatura em tecidos com baixa hidratação, e promovendo maior
desconforto para o paciente (AGNE, 2013; BORGES, 2010; PAIVA 2015).
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3.2.2 TIPOS DE MANOPLAS
A escolha da manopla vai influenciar como essa energia será distribuída nos
diferentes tecidos, as diversas empresas oferecem equipamentos com
manoplas, unipolar, monopolar, bipolar, tripolar, tetrapolar, hexapolar
(multipolares).
A manopla monopolar e unipolar possui a placa de retorno. Essa placa de
retorno em contato com o corpo do paciente fechando o circuito elétrico, e
favorece uma maior profundidade do efeito térmico, para promover o efeito
fisiológico. Essa placa é de metal fazendo com que a energia retorne ao
paciente através de uma grande área “[...] com penetração profunda de 15 a
20mm” (LOFEU, et al, 2015, p. 573).
A manopla bipolar possui seus dois eletrodos no mesmo cabeçote, diminuindo
então a resistência da corrente, promovendo um aumento da temperatura nos
tecidos superficiais, com penetração superficial entre 4 e 5 mm (AGNE, 2012;
2013; BORGES, 2010; PAIVA, 2015; LOFEU, et al, 2015).
As manoplas tri-tetra-multipolares são diferenciados pela sua quantidade de
eletrodos que há em um cabeçote, promovendo um calor mais superficial,
independente da sua frequência utilizada. O aumento dos pontos de contato
faz com que seja maior a área trabalhada, sendo utilizadas para tratamentos
corporais (PAIVA, 2015).
3.2.3 EFEITOS FISIOLÓGICOS
Os benefícios da técnica da RF são alcançados devido ao aumento da
temperatura tecidual, promovendo uma cascata de efeitos metabólicos.
Quando o organismo detecta uma maior temperatura que a fisiológica, ocorrerá
uma hiperemia profunda promovendo a vasodilatação e com isso irá
desencadear a abertura dos capilares, a reabsorção do excesso de líquido
intersticial e o aumento da circulação. Com o incremento do sistema circulatório
e linfático haverá um ganho nutricional de oxigênio, nutrientes para o tecido, e
também ocorrerá drenagem dos resíduos celulares (toxinas e radicais livres).
Todo esse processo em cascata possibilita a diminuição da concentração de
14
toxinas nos adipócitos, por conseguinte reduzindo assim seu tamanho,
promovendo fibras elásticas de melhor qualidade, atuando nos fibroblastos e
em outras células (AGNE, 2013; BORGES, 2010; LOFEU, 2015; MEYER et all,
2011; PAIVA, 2015).
Na lei de Van Hoff foi observada a relação do aumento da temperatura com o
aumento do processo metabólico, em que explica que, “[...] a cada 1° C de
aumento da temperatura aumenta em 10% a velocidade dos processos
biológicos tendo uma grande disponibilidade de ATP” (BORGES, 2010, p.615).
São recomendados os modos capacitivo ou resistivo, utilizando RF monopolar
com temperatura entre 39° C a 40° C para tratamento no tecido adiposo, porém
existe uma discordância muito grande entre autores e estudos sobre o
resultado da RF na gordura com ação da lipólise.
Com a elevação da temperatura a 40°C, a HSP-47 (Heat Shock Proteins -
HSP) é estimulada. Esta proteína tem a função de proteger o colágeno tipo I
durante a sua síntese no tratamento de flacidez cutânea, fazendo com que os
fibroblastos reajam aumentando a produção de colágeno, sendo indicado no
mínimo uma vez por semana, respeitando seu processo inflamatório.
(CARVALHO, et al, 2011; MEYER et al, 2011).
Em todos os casos de fibroses, recentes ou tardios, cicatrizes hipertróficas,
FEG (compacta) deve ser utilizada a temperatura de 37°C, em que é ativada a
proteína HSP-46, que vai desorganizar o colágeno e aumentar a sua
distensibilidade, podendo ser realizado todos os dias, pois não há produção de
novo colágeno (AGNE, 2013; BORGES, 2010).
A radiofrequência é indicada na área da estética para tratamentos de flacidez
cutânea facial e corporal, fibroedema geloide, remodelador corporal, nos
tratamentos pós-lipoaspiração, cicatrizes, fibroses recentes ou tardias,
cicatrizes hipertróficas, edema, adiposidades, em que esse aumento do
metabolismo local vai influenciar no tecido adiposo; para cada disfunção é
utilizado parâmetros adequados para cada objetivo a ser alcançado (AGNE,
2012; BORGES, 2010; MEYER, et al, 2011).
15
3.2.4 PARÂMETROS APLICADOS E SEUS CUIDADOS
O uso de um termômetro especial é importante para verificar a temperatura
tecidual em que a avaliação térmica é súbita, e “[...] a temperatura
internamente pode variar entre 2°C a 5°C a mais, em relação à medição do
termômetro” (BORGES, 2010, p. 620).
Quando chegar à temperatura desejada deve-se manter entre 2 a 5 minutos a
cada duas áreas do cabeçote. Menos que 2 minutos não terá resultado e mais
que 5 minutos não vai fazer diferença (MEYER, et al, 2011).
É recomendado o uso da glicerina como meio de contato do que o uso do gel,
pois se consegue verificar a temperatura real, diferente do gel que irá aquecer
e terá interferência na leitura do termômetro (PAIVA, 2015).
“Em termos gerais, os efeitos fisiológicos ocorrem com temperaturas internas
entre 37° e 46°C sem causar danos” (AGNE, 2012, p.243).
Existem outros diferentes valores na literatura (segundo ERBE, Operator
Manual, ERBOTON ICC 350, V1.06; 1994, 1994) frente ao detalhamento
dessas diferentes reações teciduais, alertando os efeitos diversos em graus de
temperaturas diferentes que podem causar consequências nocivas ao tecido
(apud, AGNE, 2012).
Tabela 3: Temperaturas que causam danos irreversíveis no tecido e
efeitos sobre a pele de um animal em função de temperatura e sua relação
de tempo
Temperatura Efeito Tempo
> 50°C Desnaturação
tecidual e a
redução das
atividades
enzimáticas.
10 minutos
Em torno
70°C
Coagulação das
proteínas
celulares
< 1 segundo
16
Entre
90°C/100°C
Completa
desidratação
tecidual
(Dessecação do
tecido)
Milissegundos
>100°C Vaporização
explosiva da
célula
200°C Processo de
carbonização
(AGNE, 2012, p.232; 2013 p. 286; PUC- Rio, 201_, p.26/27). Fonte:(www.cervicolp.com.br)
Acrescentando ainda, “Em estudos realizados por Fernandes et al. (2009) foi
observado que altas temperaturas podem comprometer o tecido colágeno
provocando a morte celular” (apud MEYER, et al, 2011, p.14).
“De acordo com Low e Reed (2001) e Del Pino et al. (2006), o colágeno
liquefaz a temperaturas acima de 50ºC” (apud MEYER, et al, 2011, p. 14).
3.2.5 CONTRADIÇÕES ABSOLUTAS E RELATIVAS
Deve-se estar atentos às contra indicações absolutas para o uso da
radiofrequência como utilização de metais no corpo, marca-passo, aparelhos
auditivos ou outros dispositivos eletromagnéticos, câncer ou metástase,
próteses metálicas subjacentes à área de aplicação, gestantes, pacientes em
tratamentos com medicamentos para a circulação sanguínea, utilização sobre
glândulas hormonais, hemofílicos, focos de infecções e indivíduos com febre,
após peeling químicos agressivos, feridas abertas, acne ativa, rosácea,
qualquer aparelho eletrônico ou metais devem ser retirados próximo do
aparelho de radiofrequência durante a aplicação da técnica, etc. (BORGES,
2010; CARVALHO et al, 2011; AGNE 2013).
As contradições relativas devem estar atentas nas áreas sobre a glândula da
tireoide quando for tratar o pescoço, disfunção na diminuição da tireoide (não
consegue fazer lipólise e sim lipogênese), menstruação (aumenta o fluxo
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sanguíneo aplicado na região abdominal), pacientes que fizeram terapia de
colágeno e toxina botulínica nos últimos seis meses não deve receber a
radiofrequência, diabetes descompensadas (por ocorrer o aumento do
metabolismo, tendo maior consumo de glicose nas células) (BORGES, 2010;
PAIVA, 2015).
4. CRIOFREQUÊNCIA
A criofrequência é um aparelho eletroterápico que se encontra há pouco tempo
no mercado estético, baseado nos fundamentos da Radiofrequência (RF) em
seu efeito térmico. Este equipamento dispõe mais energia do que qualquer RF
e emite resfriamento por condução em sua ponteira para preservar o tecido
epitelial e obter mais segurança em sua aplicação, já que ocorre um aumento
de temperatura interna muito maior, devido ao nível de potência oferecida pelo
aparelho. Atualmente existem duas empresas que fabricam a criofrequência,
porém, de forma um pouco distintas no que se refere aos tipos de manoplas e
programação do aparelho.
AGNE (2012), já mencionava sobre a radiofrequência fria, apresentando um
equipamento com o poder de gerar um aquecimento muito maior, contendo um
sistema de resfriamento que acontece no eletrodo ativo em torno de 3°C por
um gás freon, com o objetivo de proteger a epiderme desse aquecimento
diferenciado.
Borges (2010) complementa que os equipamentos citados acima pelo Agne
oferecem modalidades capacitivas e resistivas, porém seu alerta se refere aos
riscos de causar possíveis lesões na pele já que o paciente perde a informação
da temperatura, considerando ser uma desvantagem do aparelho.
Devido à atuação do sistema de resfriamento ocorrer na ponteira, não se utiliza
o termômetro para medir a temperatura cutânea, e por trabalharem com
potências mais elevadas, requer maior atenção dos profissionais quanto aos
diferentes geradores de radiofrequência (AGNE, 2013).
Segundo a empresa ADOXY, fabricante de um modelo específico de
criofrequência chamada Andrus, o mecanismo fisiológico desta técnica, se
18
inicia a partir do aquecimento volumétrico do tecido profundo, onde resultará
uma contração imediata dos colágenos através da quebra de pontes de
hidrogênio deste componente dérmico. A empresa afirma que o aparelho “[...]
proporciona temperaturas entre 65-75°C, possibilitando a distribuição de
grandes quantidades de energia na derme, sem a coagulação ou a queimadura
na interface, entre o eletrodo e a pele” (ADOXY, 2016, p.6). Devido às altas
temperaturas que ocorrem nas camadas mais profundas da pele, a epiderme
permanece preservada através do resfriamento á -10°C que se encontra na
ponteira do eletrodo, dispensando o uso do termômetro (ADOXY, 2016).
Figura 1: Ilustração da criofrequência sobre os tecidos.
Fonte: Adoxy, p.12, 2016.
Outro fabricante de aparelhos de criofrequência do modelo BHS 156 criogena,
é a empresa BODY HEALTH, cujo aparelho é constituído por três terapias:
radiofrequência, introdução de ativos (VMT) e cavitação. Este aparelho é
composto por aplicador corporal / facial capaz de emitir até 1.050 W de
potência. Além disso, este equipamento promete obter resultados imediatos e
duradouros, tanto no sentido de lifting instantâneo, quanto na redução de
medidas (BODY HEALTH, 2014).
De acordo com a BODY HEALTH (2014) e ALMEIDA (2016), este aparelho de
criofrequência emprega temperaturas a -10 graus Celsius a partir do aplicador
que atua na camada superficial. A fabricante afirma ainda que devido à dupla
exposição de temperaturas, surge o efeito choque térmico internamente com a
ligação do frio externo com o calor interno. A ação do choque térmico produz
19
efeitos como oxigenação dos tecidos, vasodilatação, produção de colágeno e
elastina, tensão imediata da pele e desestabiliza o metabolismo local. As altas
temperaturas são capazes de chegar à camada subcutânea e devido ao
aquecimento e aos choques térmicos, o tecido adiposo é degradado por meio
do processo de lipólise, assim como, a drenagem de fluidos pode ser
estimulada e toxinas eliminadas.
De acordo com uma entrevista publicada na rede virtual da empresa BODY
HEALTH12, a pesquisadora Andreia Almeida menciona pontos importantes
sobre o aparelho de criofrequência. Esta técnica visa à redução da adiposidade
localizada e segundo os estudos realizados pela mesma pesquisadora,
comparando os efeitos instantâneos da criofrequência, notam-se efeitos
eficazes na redução localizada e melhora da flacidez cutânea. De acordo com
as revisões, Almeida afirma que ”[...] a criofrequência não faz só lipólise. A
princípio tem a lipólise e posteriormente de 15 á 20 dias se tem a apoptose”
(ALMEIDA, 2016).
Tabela 4: Tipos de manoplas referentes a cada empresa.
Empresa Manoplas Descrição
Adoxy
- Tripolares faciais
- Tripolares corporais
- Bipolares faciais e corporais
- Monopolares faciais e corporais
- Facial: para rugas faciais.
- Corporal: para celulite e flacidez
- Indicado mais para áreas faciais
- Indicado mais para lipodistrofia
localizada
Body health
- Multipolares faciais e corporais
- Monopolares faciais e corporais
- Bipolares faciais
- Tripolares faciais
- Promove aquecimento dos tecidos
profundos e superficiais
ao mesmo tempo.
- Indicado para tratamentos de
redução ou remodelação tecidual.
- Indicado para tratamentos faciais e
região do orbicular dos olhos.
- Indicado para tratamentos faciais e
região do orbicular dos olhos.
Segundo a empresa ADOXY, as manoplas mencionadas acima, são indicadas
para cada região e objetivo específico. A empresa informa ainda que a
12
A entrevista pode ser acessada em http://www.bodyhealthbrasil.com/canal/
20
manopla tripolar, possui três polos onde será emitida a corrente de RF
concêntrica e uniforme. Em relação à manopla bipolar, a empresa afirma que
“[...] atua de forma efetiva em profundidades >20 mm (camadas superiores da
derme) para tratamentos de flacidez da pele” (ADOXY, 2016, p.24). De outro
modo, em relação á manopla monopolar, “[...] A profundidade do tratamento
pode ser de até 50 mm” (ADOXY, 2016, p.28). Assim, Carvalho (2017)
complementa que todas as manoplas irão realizar aquecimento e esfriamento,
exceto a manopla tripolar que promoverá apenas o aquecimento.
Segundo a empresa BODY HEALTH, a manopla multipolar possui diâmetro
maior e distribui o aquecimento simultaneamente para tecidos superficiais e
profundos. A monopolar contém apenas um polo, na qual o polo ativo fica
sobre a superfície e a placa de retorno fica acoplada ao paciente. Neste caso, o
tecido gorduroso aquece quatro vezes mais do que os outros tecidos,
acarretando o aumento do metabolismo graxo, que resultará na diluição e
compactação dos tecidos. A manopla bipolar é constituída por dois polos e a
corrente elétrica circula apenas na região do aplicador, isso restringe partes do
tecido. De outra forma, a manopla tripolar contém três polos, com o intuito de
distribuir mais energia do que a bipolar e sem riscos de ferimentos
(BODYHEALTH, 2014).
De acordo com a consultora científica da BODY HEALTH Thaís Padovani
(2017), o grande diferencial desta técnica é a soma de 1050 W de onda
eletromagnética, onde possui a junção da ponteira multipolar (650watts) que
atua na flacidez cutânea e lipólise, e da monopolar (400 watts) que age na
flacidez cutânea e na camada adiposa ocasionando a apoptose, por volta de 3
cm de profundidade. Este equipamento permite colocar tanto a forma multipolar
quanto a unipolar funcionando ao mesmo tempo, numa só manopla, tratando
simultaneamente (flacidez e gordura) com uma potência maior do que qualquer
outra radiofrequência convencional, junto ao efeito de resfriamento que ocorre
na ponteira do aplicador, promovendo uma sensação mais agradável, mesmo
com o evento de temperaturas de até 60°C internamente.
Assim, a empresa BODY HEALTH (2014) estabeleceu diversos níveis de
frequência desse equipamento, como: Low (0.5MHZ; 12 mm de profundidade),
21
Medium (0.8MHZ; 7,2 mm de profundidade), High (1MHZ; 0.5 mm de
profundidade), Mix (combinação das três frequências anteriores).
4.1 MODOS DE APLICAÇÃO
A frequência do equipamento de criofrequência da empresa ADOXY já se
encontra programada, de acordo com o eletrodo a ser utilizado e a área a ser
trabalhada. Por emitir resfriamento em sua ponteira, é considerável o aumento
do tempo de aplicação e dosagem do aparelho, com isso, são baixas as
chances de desconforto e os resultados serão mais eficazes (ADOXY, 2016). O
modo de aplicação deve ser realizado por área, dividindo em quadrantes, com
movimentos multidirecionais, concentrando a aplicação nos pontos com mais
alterações inestéticas (INÁCIO, 2017).
Tabela 5: Explicação de pontos específicos das duas terapias.
Aparelho Objetivos Indicações Contraindicações Recomendações
Criofrequência
- Estimulação do
colágeno e da
elastina
- Promove a
lipólise e reforça
a estrutura
dérmica para
eliminar a celulite
- Reduz o volume
e modela o corpo
- Combate a
flacidez e dá
firmeza aos
tecidos
- melhora a
circulação, e etc.
- Flacidez
facial e
corporal
- Celulite
- Adiposidade
localizada
- Fibrose
- Estrias
- Pós
criolipólise e
etc.
- Marca-passo
- Amamentação
- Implante
(silicone/metal) nas
áreas a tratar
- Uso de
corticoides
- Peles sensi-
bilizadas com
couperose e
telangiectasias
- Diabéticos
- Sobre a glândula
tireoide
e etc.
- Recomenda-se
ingerir 2 litros de
água durante e
após o tratamento
- A partir da 1°
sessão, nota-se
resultado. Pode ser
realizado de 5 á 8
sessões, de acordo
com o caso, tendo
de ter uma
periodicidade de 7
a 21 dias entre
cada uma
- Recomenda-se
cautela em
aplicação sobre
globo ocular:
respeitar o limite
Fonte: Body health (2014); Adoxy (2016).
22
O manuseio do aparelho requer uma avaliação prévia do paciente,
identificando sua necessidade, para assim, selecionar o tempo, a frequência,
potência e o meio condutor, que é o gel glicerinado, visto que estes parâmetros
são pontos de partida para iniciar a sessão e, por conseguinte, a potência será
aumentada automaticamente de acordo com a resistência tecidual encontrada
(BODY HEALTH, 2014). Para a função criogena ser eficaz, a condição do
ambiente para o uso do equipamento, precisa estar entre 0°C a + 35°, além de
utilizar água desmineralizada no recipiente acoplado ao aparelho, em torno de
800 ml (BODY HEALTH, 2014).
5. DISCUSSÃO
Com base nos conceitos apresentados sobre os equipamentos eletroterápicos
na ação dos seus recursos físicos e fisiológicos, e a partir das contradições
identificadas na literatura, a importância nessa abordagem, tornou-se
necessária na criação dessa discussão, a fim de levantar questionamentos
construtivos para um melhor entendimento.
A criofrequência é uma técnica ainda recente no mercado estético, porém sua
repercussão é em grande escala na venda de seus equipamentos para
tratamentos estéticos, sendo destacada no marketing como um recurso de alta
tecnologia inovadora.
É preciso entender primeiramente seu recurso físico quando se fala da sua alta
tecnologia vendida no mercado. Este equipamento de criofrequencia foi criado
justamente para conseguir produzir temperaturas teciduais mais elevadas
atingindo camadas mais profundas, por possuir em seu equipamento uma
potência em níveis muito maiores que qualquer RF, apresentando em seus
parâmetros aparelhos com 600 W e outros com 1050 W de potência,
oferecendo um resfriamento na sua ponteira para preservar a epiderme.
Apesar da criofrequência vir da essência da termoterapia por conversão
oriunda dos recursos da RF, seus parâmetros são completamente distintos em
que é questionado seu maior nível de potência, onde não se utiliza termômetro,
produzindo um aumento muito maior na temperatura não mencionado na tela
do equipamento, e por esta razão não se podem ter conclusões nos seus
23
resultados mesmo com todas as obras literárias e científicas presentes nesse
trabalho citados sobre a radiofrequência.
Além desse caminho percorrido para obter o máximo de informações sobre
equipamentos dessa nova técnica, foi pesquisado na ANVISA sobre registros
como referência ao aparelho de criofrequência e foi identificado com outros
nomes intitulados de formas divergentes ou não específica referente ao seu
recurso físico oferecido, ao contrário do equipamento da radiofrequência que
se apresenta registrado na ANVISA com sua mesma referência intitulada de
radiofrequência.
Diante deste cenário, analisando os efeitos da criofrequencia atingindo
temperaturas entre 65°/75°C internamente (manual ADOXY, 2016 p.6) e por
sua vez, apresentando carência de uma alimentação científica, foram tomados
como embasamento os pontos de discordâncias a partir dos diversos autores
renomados no cenário nacional, apresentando em suas diversas obras
literárias citadas, os possíveis danos irreversíveis a saúde causada por
determinados níveis de temperaturas internamente acima de 50°C como já
citado na tabela 3, no capítulo sobre radiofrequência.
Muitos questionamentos são levantados inevitavelmente quando atribuímos a
estética à saúde, contudo essa busca pela compreensão dos conceitos
mecânicos e fisiológicos, e a construção por uma unidade de ética entre os
profissionais da área da saúde estética e sua conscientização são
fundamentais para que se tenha um trabalho com segurança e excelência.
Não é o objetivo nesse trabalho aprofundar sobre as leis da física, mas apenas
conceituar os parâmetros apresentados pelo aparelho e a relação existente
entre eles para entender o que essa potência pode proporcionar em seu nível
muito maior.
Sabemos que, a P (potência) = V (tensão) x I (corrente elétrica), ou seja, a
potência é o resultado final dessa energia produzida, e quando é aumentada
essa potência, automaticamente é proporcional o aumento de uma, ou as duas
unidades de medida dessa multiplicação. Para isso é importante saber que a
tensão elétrica acima de 300 V numa corrente alternada é prejudicial à saúde e
24
que também existe um limite de amperagem que também é mostrado no
capítulo sobre radiofrequência.
Essas aparentes contradições existentes entre o que se diz nas literaturas e
pesquisas científicas, em relação ao que é descrito no manual dos
equipamentos de criofrequencia, nos faz questionar sobre essa grande
demanda e procura na utilização desta técnica no mercado por profissionais,
sem mesmo ter nenhuma consciência maior de suas possíveis consequências.
Segue abaixo quadro contraditório em relação aos parâmetros oferecidos pelo
equipamento da criofrequência e seus eventuais efeitos biológicos embasado
nas obras literárias e artigos científicos citados na bibliografia.
Tabela 6: Quadro contraditório em relação aos parâmetros oferecidos do
equipamento
Questionamentos Embasamento em obras
literárias e pesquisas
Temperaturas internas
de 65° / 75°C (Adoxy e
Body Health)?
Não causa coagulação
e queimadura (Adoxy,
p.29 capítulo
criofrequencia).
>50°C danos teciduais
irreversíveis (tabela 3 - RF)
(AGNE, 2012, p. 232; 2013 p.
286; PUC - Rio - Certificação
Digital N° 0220987/CA, p.26-
27).
50 mm profundidade
monopolar (Adoxy p.28)
20 mm profundidade
com bipolar – flacidez
(Adoxy 31 – capítulo de
criofrequencia)
Na RF monopolar com 20 mm
atinge tecido adiposo (capítulo
RF)
5 mm profundidade –
tratamento flacidez(capítulo
RF)
25
6. METODOLOGIA
O presente estudo foi realizado durante os meses de Março a Junho de 2017
e se refere a uma revisão integrativa de literatura de artigos científicos, obras
literárias no período de 2010 a 2017 nos idiomas português e inglês sobre
radiofrequência e lipodistrofia localizada, cursos e workshop no 11° Congresso
Científico Brasileiro de Esteticista sobre criofrequência da empresa Adoxy,
palestra da consultora científica da empresa Body Health sobre criofrequência,
e-mails e manuais explicativos das empresas Body Health e Adoxy que
oferecem equipamento da criofrequência, além dos contatos feitos com
renomados profissionais e pesquisadores da área da saúde como a Dra.
Patrícia Meyer Froes, Dênis Barnes, Dr. José Mário Lisboa em que foi obtido
um retorno deles reafirmando a inexistência de artigos científicos desta nova
técnica.
Para a elaboração e execução do objetivo da pesquisa, foram realizadas
buscas nas bases multidisciplinares de periódicos: Scientific Eletronic Library
Online (Scielo), ScienceDirect (Science), U.S National Library Of Medicine
(Pubmed), livros didáticos utilizando os seguintes descritores com base em
Potência de 600W
(Adoxy) e 1050 W
(Body Health)?
Body Health multipolar
650W + monopolar
400W = 1050 W
Potência RF 150 W – atinge
facilmente 40°C, e chega ao
tecido adiposo (Bibliografia
RF).
Por que ter uma
potência tão alta?
Conceito de potência: P=V*I,
ou seja, potência é a energia
produzida, logo aumentando
potência, automaticamente se
eleva a corrente elétrica (I) e ou
a tensão elétrica (V). PUC - Rio
- Certificação Digital N°
0220987/CA).
26
Borges (2010), Agne (2012), Agne (2013), Paiva (2015), radiofrequência (radio
frequency), radiofrequência fria (Cold Radio Frequency), criofrequência
(cryofrequence), Pujol (2011), Junqueira; Carneiro (2013), Proença (2014),
tecido cutâneo (Layers of skin), tecido adiposo (adipose tissue).
Foram encontrados ao total, 41 materiais, no qual envolvem artigos, livros,
manuais, material didático, e-mails explicativos, palestras, curso e workshop
sobre os assuntos de radiofrequência, criofrequência.
7. RESULTADOS
Na elaboração do trabalho foram encontrados 41 materiais, porém 20 artigos
científicos foram descartados devido ao ano estabelecido da pesquisa,
restando 21 materiais que agregaram a pesquisa evidenciando os conteúdos
analisados com os equipamentos de radiofrequência e criofrequência.
8. CONCLUSÃO
Com base no presente trabalho, pode-se observar através dos estudos
literários e pesquisas científicas baseadas à RF, que os parâmetros do
equipamento da criofrequência, podem causar possíveis danos teciduais,
percebidos em todo o contexto apresentado na discussão deste trabalho,
porém é preciso levar em consideração a inexistência de evidências científicas,
não podendo assim concluir de fato seus efeitos fisiológicos. Uma alimentação
científica se faz necessária em obter resultados consistentes para que se tenha
um esclarecimento maior sobre toda essa discussão levantada.
Por de trás de qualquer equipamento estético, tem-se o profissional da área da
saúde estética que precisa se conscientizar da importância do conhecimento
dos recursos físicos do aparelho e suas consequências não só na forma
estética, como também ter uma visão holística que se fundamenta literalmente
na saúde como um todo.
27
9. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A elaboração do trabalho tomou uma proporção muito maior do que se
esperava, pois inicialmente o propósito era apenas fazer um comparativo entre
as duas técnicas, visando à redução da adiposidade localizada, mas à medida
que eram levantadas as informações, estudos e pesquisas, criou-se a
necessidade de questionar os parâmetros da criofrequência e seus eventuais
efeitos fisiológicos através de todo o embasamento e contrapontos de autores
renomados no mercado nacional presente na bibliografia.
Depois de ter construído essa comparação, vimos que o conteúdo sobre
gordura localizada não era mais relevante, comparada as contradições
analisadas ao longo do trabalho.
Mesmo sabendo desse desafio a enfrentar pela carência de estudos científicos,
a necessidade em conhecer essa nova técnica, foi maior que os obstáculos
enfrentados ao longo dessa pesquisa.
O intuito deste trabalho não é impor verdades nem certezas, e muito menos
denegrir qualquer entidade que fabrique os equipamentos dessa técnica, mas
sim, discutir como formandos junto aos mestres e presentes, de forma
construtiva sobre os estudos apontados dessa pesquisa em relação às
discussões levantadas.
28
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29
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