A intensa trajetória de um competidor nato
Gualter Salles,
O SENHOR SOU EU, UM CONTO DE PEDRO NOGUEIRA
RUMO À FORA PROMETIDAGRANDES CRAVADAS
DEMORAM, MAS CHEGAM
WSOP, BEN LAMB E A BARBADA
DO ANO
Somos comprometidos com uma política de atitude responsável. Somente para maiores de 18 (ou a idade legal de seu país de origem). *Sujeito aos termos e condições. Acesse www.partypoker.com/terms para mais informações. PartyPoker.com é uma marca pertencente ao grupo bwin.party. bwin.party digital entertainment plc é uma empresa listada publicamente na Bolsa de Valores de Londres.
Todos os direitos reservados. © bwin.party 2012. †“World Series of Poker” e “WSOP” são marcas registradas pertencentes ao Caesars Interactive Entertainment, Inc. Seu uso aqui não implica nenhum tipo de licença, afiliação, patrocínio ou endosso. Não somos licenciados ou afiliados de modo algum ao Caesars Interactive Entertainment, Inc. ou ao World Series of Poker. Para mais informações, favor ligar para 00 800 0000 8282 (ligação gratuita). 04318
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10. ANDRÉ AKKARIRUMO À FORRA PROMETIDAAkkari comenta uma grande vitória online e discute as habi-lidades mais importantes para se dar bem no poker: o amor pelo jogo e a disposição para estudá-lo.
18. RIO POKER TOURGRAND FINALETorneio mais famoso do Rio de Janeiro encerra sua primeira temporada com vitória de Vini Marques e coroação de Alex Riveiro como campeão do ano.
74. BSOP 2012ETAPA SÃO PAULOEm meio a controvérsias sobre tarifação, etapa de abertura do campeonato brasileiro reúne 558 jogadores e distribui quase um milhão de reais no seu evento principal.
28. PEDRO NOGUEIRAO SENHOR SOU EUNeste conto de Pedro Nogueira, conheça as desventuras de Cara de Cavalo, um parceiro “sem nervo”, que resolve entrar na mesa mais cara do clube de poker.
36. A BARBADA DO ANO Ben Lamb é o Jogador do Ano
da CardPlayer Magazine
60. DAS PISTAS AOS FELTROSEntrevista com Gualter Salles
10. FICHAS NA TELARounders - Cartas na Mesa (1998)
52. DUSTY SCHIMIDTCARNE VERMELHA PARA UM LEÃO FAMINTODusty Schimidt mostra o que apenas uma ficha pode fazer para extrair valor ou conseguir informações do adversário.
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Ao longo da revista, você encontrará vários símbolos como esse. São “QR Codes”, uma espécie de código de barras que contém um link para internet.
Na CardPlayer Brasil, os QR Codes direcionarão você, por exemplo, aos sites ou blogs dos nossos colunistas e a arquivos em PDF contendo trechos de livros publicados pela Raise Editora.
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APROVEITE OS CÓDIGOS QR
Diretor ExecutivoRenato Lins
Diretor de RedaçãoBruno Nóbrega de Sousa
TraduçãoKaren Dias
Diretor de Arte Diego Bittencourt
Diagramador Davi Panzera
WebmasterBernardo Benevides
Conteúdo WebKaren Dias
Editor Marcelo Souza
Jornalista Diego Scorvo
FotógrafoBruno Mooca
Colunistas NacionaisAndré “Dexx”, Christian
Kruel, Diógenes Malaquias, Felipe Mojave, Pedro Nogueira
Colunistas InternacionaisAlan Schoonmaker, David Apostolico,
Dusty Schmidt,Ed Miller, Jeff Hwang, John Vorhaus
Suporte / SACHeliana de Souza
Endereço
Raise Editora Ltda
Rua Conde de Santa Marinha, 400, Cachoeirinha
CEP 31130-080 - Belo Horizonte - MG
Tel.: (31) 32252123
Impressão
Alicerce Editora
Distribuição
Dinap
Marcelo Souza - Editor
@MarceloCPBR
IMAGEM E SEMELHANÇA
OCARTA AO LEITORO ano novo chegou, e com ele, uma nova revista. O clichê é antigo, mas serve bem. Mudamos novamente. A CardPlayer modelo 2012 está ainda mais leve, mais gostosa de ler. Criamos novas seções, alteramos outras.
Tudo elaborado com base nas sugestões, críticas e comentários que você, leitor, generosamente nos fez. A nova Card foi pensada à sua imagem e semelhança. Do papel da capa aos artigos publicados.
Também para o poker, o ano é novinho em folha, e as expectativas, as melhores possíveis. O BSOP já anunciou seu calendário e promete trazer ainda mais jogadores aos feltros. O PokerStars, como de costume, chegou de forma arrebatadora ao anunciar as etapas de encerramento do BPT e do LAPT para a semana de carnaval. A AW8, que acaba de nascer, já chega com um batalhão de primeira linha e cheia de ideias inovadoras.
Fora dos feltros, a maior novidade é a nossa parceria com o Terra. Junto com a TVPokerPro, empresa-irmã da CardPlayer, vamos encarar o tremendo desafio de produzir o conteúdo de poker do principal portal multimídia da América Latina. Finalmente, nosso esporte deverá ter o destaque que merece. Nós, CardPlayer e TVPokerPro, chamamos a responsabilidade de apresentar o nosso esporte mental a um público totalmente novo. Deixaremos de ser um nicho? Vamos trabalhar duro para isso.
Mais do que fidelizar clientes, buscamos respeitar pessoas. Mais do que produzir conteúdo de qualidade, nossa missão é levar até você o brilho nos olhos e o orgulho incontido de ser jogador de poker – do amador mais desajeitado ao profissional mais exigente. É assim que pensamos. É assim que agimos.
A cena
Mike McDermott (Matt Damon) precisa de
dinheiro para saldar uma dívida de jogo do seu
amigo “Worm” (Edward Norton). Para tanto, ele
recorre, mais uma vez, a Joey Knish (John Turturro),
que já lhe ajudou antes quando perdera todo o
seu dinheiro para o mafioso Teddy “KGB” (John
Malkovich). Depois de escutar um sermão de Knish,
Mike abre o jogo e revela porque arriscou tudo
contra “KGB”.
fichas na tela Momentos marcantes dos filmes de poker
Mike McDermott: Eu nunca contei isso a ninguém, mas há oito ou nove meses eu
estava no Taj Mahal e vi Johnny Chan entrando. Ele se sentou nas mesas de $300-
$600. Todos os olhares se voltaram para ele. Pouco tempo depois, não havia mais
nenhuma mesa, porque todos os jogadores tinham ido assisti-lo. Alguns até jogaram
com ele, perdendo dinheiro apenas para dizer: “Eu joguei com o campeão mundial”.
E sabe o que eu fiz? Sentei com ele.
Joey Knish: Você precisa de 50 ou 60 mil dólares para jogar bem naquelas mesas.
Mike McDermott: Eu tinha seis mil, mas precisava saber.
Joey Knish: E o que aconteceu?
Mike McDermott: Eu joguei tight por uma hora, largando quase todas as mãos, e
então fiz minha jogada.
8 CardPlayer.com.br
9@cardplayerbr
Rounders - Cartas na Mesa (1998)Matt Damon, Edward Norton, John Turturro, John Malkovich e Gretchen Mol.
Produtora: Miramax FilmsDireção: John Dahl
Joey Knish: O que você tinha? Ases ou reis?
Mike McDermott: Nada. Lixo. Ele aumentou, e eu decidi que não me importava
com o dinheiro, apenas em tirá-lo da mão. E reaumentei.
Joey Knish: Você “voltou” nele?
Mike McDermott: Sim, e ele pegou as fichas e aumentou ainda mais, tentando me
ameaçar, como se eu fosse um maldito turista. Hesitei por dois segundos, mas reau-
mentei novamente. Ele fez um movimento em direção ao seu stack e depois olhou
para mim. Olhou para as cartas e para mim de novo, e desistiu. E eu puxei o pote.
Mike McDermott: “Você tinha mesmo?”, ele perguntou. “Me desculpe, John, eu
não me lembro”. Então, me levantei e fui ao caixa. Eu me sentei com o melhor do
mundo. E ganhei. ♠
Johnny Chan
A
PROMETIDAÀ FORRARUMO
10 CardPlayer.com.br
pesar disso, o que me levou a escrever sobre este domingo, na verda-
de, foram os domingos anteriores. Incrivelmente, no Sunday Millions eu fiquei entre os 45 mais bem colo-cados há um mês, entre os 35 no domingo seguinte, entre os 30 há duas semanas e, na edição da sema-na passada, acabei caindo em 25º.
Antes que você pense “caraca, que animal! Quantos resultados bons!”, é preciso dizer que a parada não é bem assim, muito pelo contrá-rio. Quem está acostumado a jogar,
GRANDES CRAVADAS DEMORAM,
MAS CHEGAM
Escrevo esta coluna logo após uma cravada maravilhosa. Acabei de vencer o Sunday Warm-Up do PokerStars, em uma noite na qual eu tive uma das minhas melhores sessões nos últimos dois anos. Além do primeiro lugar em um Warm-Up com 3.500 jogado-res, consegui ficar entre os trinta melhores no Sunday 500, entre os dezoito no major de US$162, e em quinto lugar no 6-max de US$162 – que por sinal é bem casca. Foi uma reta online da qual eu vou me lembrar para o resto da carreira.
sabe a raiva que dá chegar tão perto de uma mesa final tão importante, de um prêmio tão alto, e acabar sendo eliminado. Ainda mais como na vez em que faltavam três mesas e eu perdi um all-in pré-flop de K-K para 10-10. Dei adeus a um pote enorme quando um dez bateu no turn. Aquilo me tirou parte do fígado.ANdRé AkkARI
@aakkari
André Akkari conquistou um bracelete de ouro na WSOP e é o único brasileiro no time de profissionais do PokerStars
11@cardplayerbr
Assim é a vida do jogador pro-fissional de torneios. O que nos resta é jogar, jogar e jogar. Tomar bad beats, cair por cima, cair por baixo e por aí vai. Não é nada sim-ples atrelar tudo isso a um plane-jamento financeiro e psicológico, de modo que você não enlouqueça e ainda colha os resultados nos famosos médio e longo prazos.
Sinto informar, mas eu não trou-xe uma solução mágica para este problema. Só me resta dizer: “é assim mesmo”. Vida de jogador pro-fissional é dura, e muito pouca gente consegue viver sob tamanha pres-são. Porém, aqueles que conseguem cedo ou tarde colhem frutos magní-ficos como os que eu tive ontem.
Não existe dor causada por uma bad beat ou por uma eliminação na reta final que se compare ao pra-zer de uma bela cravada. É somen-te nisso que o profissional deve se concentrar, no pote de ouro no fim do arco-íris. Tente visualizar as gar-galhadas e a feliz gritaria que estão por vir quando o melhor aconte-cer. Foque naquele telefonema que você vai fazer para sua mãe, sua namorada ou seus amigos, dizendo: “Cravamooos”!
12 CardPlayer.com.br
Para que isso aconteça, duas coisas são muito importantes. A primeira delas é gostar do jogo. É preciso amar o poker, independentemente da recom-pensa. Você deve ter prazer em apostar, dar raises, reraises e ganhar potes enormes. É necessário até mesmo adorar os coin flips. Esse amor pelo esporte, sem se preocupar com o valor da premiação, é o que gera os vencedores. São estes que acabam arrumando uma nota.
O outro fator é gostar de estudar o jogo. É funda-mental sentir-se bem ao estudar o poker. E isso quer dizer discutir mãos com os seus amigos todos os dias, sejam eles jogadores melhores ou piores do que você. É entender o que falta para o seu jogo chegar ao ponto de lucratividade imediata. É ter brilho nos olhos ao bus-car o melhor caminho para jogar uma mão, e imaginar o que os grandes jogadores fariam naquela situação. Enfim, é tentar enxergar o lado técnico do jogo sem se deixar influenciar pela emoção.
Depois de tudo isso, mesmo que você esteja em harmonia com esses dois aspectos, ainda será preciso aceitar que o jogo tem um fator aleatório importante, e também entender que seus movimentos não serão
recompensados imediatamente. E como isso dói.
É doloroso ver o river trazer uma daquelas duas cartas que não pode-riam ter batido, tirando de você a chan-ce de ganhar uma bolada, quando res-tavam meia dúzia de jogadores dentre os milhares que entraram no torneio. No final das contas, se você estiver entre os que sobreviveram ao esquema BOPE dos primeiros fatores, este últi-mo aspecto tem grandes chances de fazer você “pedir para sair”.
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Agência Card Player Brasil
14 CardPlayer.com.br
A boa notícia é que, se você passar por todas estas provas de vida, de amor e de dedicação ao poker, ele vai lhe tratar bem e fazer de você um sujeito muito feliz. Depois da cravada de ontem, é exatamente assim que eu me sinto enquanto escrevo este artigo.
Antes que eu me esqueça, quero declarar a minha enorme satisfação por estar voltando a escrever para a CardPlayer, maior revista de poker do mundo. Depois de muitas conversas com o meu amigo Bruno Nóbrega, diretor de redação da casa, finalmente consegui me organizar para retornar a esta maravilhosa fonte de informações sobre o nosso esporte.
Agora que estou com a rotina de jogo e a vida empresarial devidamente planejadas, eu volto com tudo para a Card. ♠
18 CardPlayer.com.br
RIO POKER TOURGRAN FINALE
Com a autoridade dos grandes torneios, o RPT teve sua grande final disputada em dezembro. Como dissemos ainda no início de 2011, a série que virou parada obrigatória no poker live foi uma grata surpresa. Crescendo a olhos vistos, o RPT ficou cada vez melhor e encerrou com chave de ouro sua primeira temporada
Apesar do buy-in mais caro em relação às etapas anteriores, as
expectativas para o RPT Grand Finale eram muito boas. A premia-
ção garantida de R$ 200.000 e a transmissão ao vivo da TV Poker
Pro eram atrativos a mais para que os jogadores fossem ao hotel
Royal Tulip, no São Conrado.
O primeiro dia de torneio reuniu 118 jogadores. Superar o re-
corde de 229 inscritos da 4ª etapa era questão de tempo. No field,
nomes como Marco “Salsicha”, André Doblas e Carlos Mavca eram
alguns dos que prometiam brigar pelo título até o final. Na mesa da
TV, Marco Cheida, o “M_Chacal”, fazia com que os telespectadores
não desgrudassem os olhos da tela por um segundo. Implacável, ele
se envolvia em sucessivos potes. E não levou mais que um nível de
blind até que ele eliminasse três jogadores e acumulasse um stack
considerável.
Outro que estava afiado era Vini Marques.
Com 80 big blinds, o irmão do genial apre-
sentador Vitão era o sexto em fichas quando
a organização anunciou o fim do Dia 1 A. A
liderança ficou com o carioca André “Boizão”,
que puxava a fila dos 43 sobreviventes com
impressionantes 115 big blinds.
19@cardplayerbr
20 CardPlayer.com.br
O Dia 1B confirmou o óbvio: recorde de público
e de premiação. Com 119 inscritos, o campeão teria
que superar outros 236 jogadores para levantar o
caneco da etapa e embolsar 55 mil reais. Os profis-
sionais Marcos Sketch, Stetson Fraiha e o “noseble-
eder” Gabril Goffi eram três dos responsáveis por
tornar o field ainda mais difícil.
Complementando o sucesso do evento, o
próprio Vini, junto com Vitão, André Akkari e os in-
tegrantes do Akkari Team comandavam a transmis-
são ao vivo da TV Poker Pro. Pelo salão, esbanjando
beleza e simpatia, circulava a nova apresentadora,
Juliana Kelling. Ela comandava as entrevistas ao
vivo, expondo curiosidades e fatos interessantes do
torneio.
21@cardplayerbr
No domingo, dentre os 89 jogadores
que continuavam na disputa, 26 seriam
premiados. O bolha receberia como
prêmio de consolação um tablet – que
acabou indo para uma figura ilustre:
Nicolau Villa-Lobos, filho do guitarrista
Dado Villa-Lobos, da inesquecível Legião
Urbana. Com a queda de Nicolau, apenas
um jogador ainda tinha chances de tirar
o título da temporada do líder do ranking
Alexandre Rivero.
Na terceira etapa, Cláudio Jomary
havia conquistado o vice-campeonato.
Agora, para superar Rivero, ele precisaria
ficar entre os três primeiros. Missão nada
impossível, já que Jomary esteve sempre
entre os líderes desde os primeiros níveis
de blinds. Infelizmente para ele, o sonho
terminou de maneira dramática. Na
bolha da mesa final, o carioca foi elimi-
nado juntamente com “Salsicha”. Seu
carrasco foi ninguém menos do que Vini
Marques, que faria uma mesa final impe-
cável no dia seguinte.
22 CardPlayer.com.br
R$ 7.000
R$ 9.000
R$ 19.300
R$ 11.800 R$ 14.800
R$ 33.500
R$ 10.000
R$ 8.0009. Fernando Ferreira (sp)
7. André “Boizão” (RJ)
3. Marco Silva (RJ)
5. Fernando Stiebler (RJ) 4. Tiago Dutra (RS)
2. Myro Garcia (RJ)
6. Roberto Duek (RJ)
8. Jorge Pereira (AM)
23@cardplayerbr
Em um ano de “justiça” para o poker
brasileiro, vimos jogadores como André
Akkari, Felipe Nunes, Flávio Reis e outros
tantos profissionais qualificados conquis-
tarem títulos de grandes torneios. Ponto
para a habilidade. Na etapa de encerra-
mento do RPT não poderia ser diferente.
Vini Marques mostrou por que seu
nome tornou-se tão conhecido Brasil
afora. Em um momento crucial da
FT, ele deu um belo fold com um par
de valetes, num flop em que a maior
carta era um oito. Aquilo foi um divisor
de águas, já que seu oponente, Myro
Garcia, tinha par de ases. Ali, com um
nível de confiança estratosférico, seria
difícil alguém lhe tirar o título. E não
tiraram. No heads-up, contra o próprio
Myro, levou apenas uma mão para Vini
conquistar o troféu com louvor. Festa
paulistana na cidade maravilhosa.
24 CardPlayer.com.br
O empresário carioca Alex Rivero teve
um ano fantástico, coroado com o título da
primeira temporada do Rio Poker Tour. No
início de 2011, ele já havia ganhado 100 mil
dólares ao eliminar Phil Ivey em um torneio
comemorativo de aniversário da “Ivey Room”
– sala de cash game high stakes do cassino
Aria, em Las Vegas.
No RPT, Rivero conseguiu o incrível feito
de chegar entre os primeiros colocados em
três etapas consecutivas, aumentando em
mais R$ 60.000 seus ganhos no ano.
Por fim, o BSOP Million. Em um field
recheado de estrelas do online e do live,
ele cravou o evento High Roller, embolsou
R$ 101.000 e ainda garantiu a vaga do Main
Event da World Series of Poker 2012.
Um ano perfeito para o carioca, que
comemorou o título juntamente com o cam-
peão da etapa, Vini Marques, e toda a galera
da TV Poker Pro em uma pizzaria. E tem gente
que ainda diz que poker é sorte...
Campeão do Rio Poker Tour 2011Alexandre Rivero
FICHA TÉCNICARio Poker Tour Grand Finale – 200K GarantidosLocal: Hotel Royal Tulip (Rio de Janeiro - RJ)Data: 15 a 19 de dezembroBuy-in: R$ 1.050Field: 237 jogadoresPrize Pool: R$ 213.300Transmissão: tvpokerpro.com
26 CardPlayer.com.br poker pics - rpt gran finale
27@cardplayerbrpoker pics - rpt gran finale
28 CardPlayer.com.br
arece que, num domingo desses, um parceiro que chamam de Diego Cara de
Cavalo, porque ele tem o rosto com-prido como o de um cavalo, forrou uma nota no poker online e decidiu dar um tirinho na mesa cara do Paradiso. E todo mundo sabe que precisa ter nervo e bala para dar um tirinho ali.
Bom, talvez o Cara de Cavalo tenha bala agora, mas já joguei várias vezes com ele para saber que nervo ele não tem. Esse não é o tipo de coisa que você desenvolve de um dia para o outro. Ou talvez nem dê para desenvolver. Quem tem nervo já nasce com ele.
A parceirada então gosta quan-do o Cara de Cavalo senta no jogo caro e pede 10 mil, afinal, não é sempre que um parceiro sem nervo engata ali. Mesmo quanto aparece rico que não sabe jogar direito, o sujeito sempre tem nervo, porque ninguém fica rico sem nervo. É um grande perigo sentar no jogo caro sem ter.
P
sou EU
@pedronogueira87
PEdRO NOgUEIRA
Pedro Nogueira é jornalista, já disputou torneios internacionais de poker, como a WSOP Europe, e é blogueiro da revista Alfa, da Editora Abril.
O SENHOR
Quando o Cara de Cavalo chega, há um cochicho entre a parceirada – não a do jogo caro, mas a das mesas pequenas – sobre a forra do Cara de Cavalo na internet. Um dealer diz para mim que ele cravou um torneio de 45 mil dólares, o que certamente não é nada mal, ainda mais para um parceiro limitado como ele. Mas todo mundo sabe que ele vai queimar essa grana mais rápido do que cigarro em boca de ex-fumante.
Se a parceirada da mesa peque-na já está sabendo da cravada do Cara de Cavalo, a da mesa cara tam-bém está, é claro. Eles vivem de ganhar dinheiro dos outros, e para fazer isso você precisa saber quem é que está forrado.
um conto de Pedro Nogueira
29@cardplayerbr
Então, a parceirada decide aper-tar o Cara de Cavalo e acelera o jogo. Ninguém quer só 10 mil reais. Quer os 45 mil dólares. O “General” pede mais 50 mil de frente. Daí “Paulinho Cego”, que de cego não tem nada – ele ganhou esse apelido porque joga com um óculos de grau sem lente – pede outros 50 mil, e toda a mesa faz igual. É claro que o Cara de Cavalo faz a mesma coisa, porque ele sabe contar dois mais dois: se todo mundo tiver 50 mil na mesa e só ele tiver 10 mil, vai ser prensado.
Ali, da mesa pequena, estou olhando o jogo caro e vejo o Cara de Cavalo ficar amarelo quando assina o vale de 50 mil, o que é compreen-sível. Um parceiro que está acos-tumado a jogar na mesa pequena e engata no jogo caro sempre vai se sentir assim.
Estou tão concentrado no jogo caro e no Cara de Cavalo que fico des-ligado da minha mesa, e acabo per-dendo todas minhas fichas quando um parceiro quebra a minha trinca de damas com uma seguida no river. Mas eu não posso ficar nervoso, a culpa é minha. Se eu tivesse prestado atenção, nunca ia bater aquele nove no river. Todo mundo sabe que as cartas gostam de castigar parceiro distraído.
Já que quebro, deixo a mesa pequena do Paradiso e visito a minha prima, que tem um flat ali perto. Dá para ir a pé. A Prima não cobra barato, mas ela gosta de mim. Então, fico até as três da manhã no flat – e poderia ter dormido lá. Mas estou realmente curioso para saber se o Cara de Cavalo já perdeu tudo no jogo caro. Deixo a Prima dormindo e volto ao Paradiso.
E quem imagina que o Cara de Cavalo está numa forra daquelas, com quase 200 mil para frente? Sento na mesa pequena, e o dealer diz que o Cara de Cavalo está matan-do mais parceiro do que catapora, por isso só sobram cinco jogadores no jogo caro.
Bom, o General é ganhador e todo mundo sabe, então não é sur-presa que ele tenha 200 mil tam-bém. O resto da parceirada está short, mas ninguém quer largar o osso, porque enquanto há ficha na mesa, dá para forrar. E ficha tem demais. Cara de Cavalo e General, juntos, têm quase meio milhão. Não é sempre que você vê esse tanto de dinheiro, nem mesmo no jogo caro do Paradiso.
Com parceiro para trás e só cinco na mesa, a parceirada decide capar o baralho. Quando deixa só do sete para cima sai mais jogo e os potes ficam maiores. O dealer faz o que mandaram. É um golpe perigoso para todo mundo, porque você pode quebrar de vez ou enterrar todo o lucro da noite rapidinho.
30 CardPlayer.com.br
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Logo na primeira mão, o General quebra um parceiro. Full contra full. E o sujeito vai embora com um vale de 120 mil nas costas. Agora, com 300 mil de frente, o General, que é nego véio, começa a apertar todo mundo e não dá descanso para nin-guém.
O dealer vira o sete de ouros, o nove de espadas e a dama de espadas no flop. O General sai atirando o pote e todo mundo foge, menos o Cara de Cavalo, que aumenta para 10 mil. O General paga e o dealer vira um oito de espadas no turn. É uma carta bem perigosa, porque no Omaha capado sempre bate straight flush.
O General aposta o pote de 30 mil e o Cara de Cavalo paga. Um parceiro me cutuca e vou lá assistir o pote. Todo mundo no Paradiso vai também. A dama de ouros bate no river, dando quadra. De novo,
o General sai atirando o pote de 90 mil. O Cara de Cavalo, sem pen-sar, aposta tudo, 235 mil. O General paga. Eu tô achando que o General fez flush e o Cara de Cavalo quadrou de dama no river.
O Cara de Cavalo abre a quadra de dama, como eu estava imaginan-do, e o General diz assim:
“O senhor ganhou”. O Cara de Cavalo dá um sorriso de cabide e vai metendo a mão naquele pote mara-vilhoso. Está todo mundo besta de ver um parceiro sem nervo como o Cara de Cavalo metendo a mão num pote de meio milhão. Só que aí o General fala:
“O senhor sou eu”. E abre o dez e o valete de espadas para um straight flush. O Cara de Cavalo parece um ovo de codorna de tão branco que fica. Desesperado, ele pega as cartas para encontrar um valete preto, o de
33@cardplayerbr
paus. E todo mundo percebe que o Cara de Cavalo confundiu sua carta; achou que tinha o valete de espadas, que cortava o straight flush.
Depois que o Cara de Cavalo percebe a besteira que fez, fica ver-melho feito um pimentão. Não por causa da besteira, mas por causa do comentário do General. “O senhor ganhou” e “o senhor sou eu” é pior do que tapa na cara. Cara de Cavalo voa por cima da mesa no General, que até cai da cadeira. A parceirada precisa segurar o homem para aquele golpe não virar tragédia.
Um parceiro da mesa pequena, amigo do Cara de Cavalo, agarra o infeliz e o leva embora. O General levanta do chão e começa a juntar aquele Kilimanjaro de fichas. Mesmo
quando o Cara de Cavalo já está fora do Paradiso, ainda dá para ouvi--lo xingando o General, que de fato foi brutal no comentário. Mas todo mundo sabe que parceiro sem nervo em jogo caro dá nisto: forra para a parceirada. Só o Cara de Cavalo parecia não saber. ♠
abra sua conta
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nós somos poker
Eu sou todos que alguma vez duvidaram de mimCada jovem tolo e babão
Cada velho desprezível
Eu estou aqui
Sua semelhante
Eu sou forte
14929 We Are Poker Liv DPS - Card Player Mag PTBR.indd 2 14/03/2012 17:24
a WSOP 2011, Lamb cravou um bracelete, conquistou
um vice-campeonato, chegou à mesa final no evento
de US$ 50.000 e ficou na terceira colocação no Main
Event. Ao todo, ele faturou mais de quatro milhões de
dólares apenas no verão de Las Vegas.
Aos 25 anos, o jogador de Tulsa, Oklahoma, atribui sua
fantástica ascensão na temporada passada à sua nova men-
talidade para o jogo: “Se eu tivesse ganhado um bracelete
antes, passaria três dias festejando com meus amigos. Nem
voltaria para os outros eventos”, afirma. “Ter concentração
total no jogo me ajudou demais. Eu estava jogando o meu
melhor, e ainda tive alguma sorte na hora em que foi preciso”.
DO ANOA BARBADA
N
BEN LAMB CONQUISTA O TÍTULO DE JOGADOR DO ANO DA CARDPLAYER MAGAZINE
Monstro nas mesas de cash games, e autor de um desempenho antológico na World Series do ano passado. Com uma bola tão cheia, o título de Jogador do Ano de 2011 da CardPlayer americana ir parar nas mãos de Ben Lamb acabou sendo uma barbada.
37@cardplayerbr
Sujeito pacato, Lamb foi apresentado
ao poker na adolescência. Curiosamente,
em um salão de sinuca. “Já na primeira
vez que joguei cartas com os meus ami-
gos, aquilo se tornou uma ‘guerra’ para
ver quem se dava melhor em diferentes
jogos que ninguém havia visto antes”.
No segundo semestre da faculda-
de, ele tomou a contestável decisão de
tentar viver de poker em tempo integral.
Largou tudo para trabalhar como dealer
em um cassino local. “Obviamente, foi
uma péssima escolha. Tive sorte de me
dar bem no poker. Milhares de pessoas
abandonam a faculdade para jogar; se
meia dúzia se dá bem, é muito. Não é
algo que vale a pena fazer se você joga
em limites baixos”, pondera Lamb.
Enquanto trabalhava como dealer,
ele guardava alguns trocados para o
bankroll online. E sempre quebrava.
Durante uma boa fase nos cash games de
pot-limit Omaha e no-limit hold’em na
internet, ele transformou 100 dólares em
90 mil. Mas a brincadeira acabou no dia
em que deu de cara com o temido Phil
Galfond.
Certa vez, os dois se enfrentaram
numa mesa de $25-$50 de no-limit
hold’em. Ao final, Lamb havia perdido
quase todo o seu bankroll. “Sempre
achei que tive influência na carreira de
38 CardPlayer.com.br
Phil Galfond. Talvez aquela minha noite insa-
na, do alto dos meus 19 anos, tenha criado
esse monstro. Ele deve tudo isso a mim”, diz
Lamb, com um sorriso de quem sabe que deu
a volta por cima.
Após retornar à estaca zero, Ben Lamb
conseguiu se reerguer. “Eu não era um bom
jogador, reconheço. Os jogos é que eram
fáceis o bastante para eu vencer de forma
consistente”. Apesar da recuperação rápida,
a fatiada sofrida para Galfond o fez agir de
maneira mais conservadora dali por diante.
Em 2006, ele ganhou quatro vagas para o
Main Event da WSOP, mas decidiu não jogar
porque achava o buy-in de dez mil dólares
caro demais.
EU NÃO ERA UM BOM JOGADOR, RECONHEÇO. OS JOGOS É QUE ERAM FÁCEIS O BASTANTE PARA EU VENCER DE FORMA CONSISTENTE”
Nos anos seguintes, Lamb foi um lobo solitário. Só depois
ele encontrou um grupo de amigos no poker, e a matilha o
apresentaria a novos conceitos do jogo. A confiança que a
experiência traz lhe rendeu um lugar entre os 200 melhores
do Main Event 2007. Dois anos depois, ele chegaria à mesa se-
mifinal do mesmo torneio, ficando em 14° lugar, sua primeira
aparição na reta final de um evento desse porte.
Lamb diz que não é lá muito bom em mixed games. Nada
mal para alguém que chegou à mesa final do Players Cham-pionship, principal torneio da modalidade, cuja entrada custa
50 mil dólares. Atualmente, Lamb mora em Las Vegas. E com
o estado de Nevada caminhando rapidamente para o resta-
belecimento do poker online, ele em breve terá a chance de
voltar a batalhar nos feltros virtuais. Seria também a chance
de vê-lo estampando um patrocínio no peito. “Quem sabe eu
não viro jogador do site de poker do Aria”, brinca.
40 CardPlayer.com.br
“ANTES DA WSOP, MUITOS DOS MEUS AMIGOS NÃO ENTENDIAM O QUE EU ESTAVA FAZENDO AQUI EM VEGAS. ACHAVAM QUE EU ERA UM DEGENERADO [...] QUANDO ME VIRAM NA TV, ENTENDERAM O QUE ESTAVA ACONTECENDO”
Lamb acredita que o poker online provavelmen-
te retornará mais rápido do que as pessoas pensam,
embora em grau mais limitado. Segundo ele, se um
projeto de lei federal for aprovado, o poker poderá
ficar melhor do que nunca. Isso, em termos de
popularidade, mas não de facilidade para vencer os
jogos.
Apesar de ter sido coroado Jogador do Ano, não
espere vê-lo passeando pelos torneios mundo afora.
Lamb pretende jogar apenas uns 15 eventos este
ano. “O retorno dos torneios não é lá essas coisas”.
Ele disse que ficou surpreso com o próprio de-
sempenho na temporada passada. “Ganhar o título
de Jogador do Ano da CardPlayer é espetacular,
pena que seja tão concorrido. Acho que não terei a
menor chance em 2012”, brinca Lamb.
Ainda no clima de descontração, ele confessa
que também se aventura no baccarat. “Jogo barati-
nho, só para me divertir. E sou o melhor do mundo.
Pergunte a qualquer um dos meus amigos”.
Apesar de viver à custa do tempo que passa
dentro de um cassino, alguns de seus amigos de
fora dos feltros não entendem a vida de um profis-
sional de poker. Foi necessário chegar à mesa final
do Main Event para colocar alguns pingos nos is.
“Antes da WSOP, muitos dos meus
amigos não entendiam o que eu estava
fazendo aqui em Vegas. Achavam que
eu era um degenerado”, disse Lamb.
“Quando me viram na TV, entenderam o
que estava acontecendo”.
O humilde e introspectivo Lamb
reconhece que há o elemento sorte no
poker. Porém, sendo uma das mentes
mais afiadas do jogo na atualidade, ele
logo compreendeu que alguns resultados
simplesmente devem ficar na gaveta do
acaso. Entretanto, ao se recusar a con-
sumir uma única gota de álcool durante
a WSOP, sua disciplina franciscana o fez
aprimorar sua ética de trabalho e o levou
a novos patamares na carreira.
Entre o garoto que irresponsavel-
mente largou a faculdade e o homem
que recebeu o título de Jogador do Ano,
o caminho que Ben Lamb percorreu aca-
bou levando-o ao lugar com que muitos
sonham, mas poucos alcançam: o topo. E
ao legítimo vencedor, todos os aplausos
são justos. ♠
41@cardplayerbr
42 CardPlayer.com.br
26 anos
Reino Unido
Títulos: 0
Mesas Finais: 4
Dinheiro Ganho: US$ 2.289.194
Em 2011, Chris Moorman foi o cara
que mais ganhou dinheiro sem ter
cravado um título. Ele puxou mais
de dois milhões de dólares apenas
em eventos de Jogador do Ano, e
fez quatro mesas finais em grandes
torneios.
Principais resultados em 2011
2° lugar no Main Event da WSOPE
(US$ 1.101.520)
2º lugar no NL 6-Max
Championship da WSOP
(US$ 716.282)
TOP 10 – JOGADOR DO ANO 2011
CHRIS MOORMAN
2º
43@cardplayerbr
CARD PLAYER
OLEKSII KOVALCHUK
3º21 anos
Ucrânia
Títulos: 3
Mesas Finais: 5
Dinheiro Ganho: US$ 1.555.344
Kovalchuk teve um ano brilhante no
circuito de torneios, com três im-
pressionantes títulos. Ele venceu os
main events do Russian Poker Tour
Kiev e do Italian Poker Tour Nova
Gorica, ficou em terceiro no
Partouche Poker Tour e ainda cra-
vou seu primeiro bracelete
da WSOP.
Principais resultados em 2011
Campeão do NL 6-Max de US$ 2.500
da WSOP (US$ 689.739)
3º lugar no Partouche Poker Tour
(US$ 518.246)
44 CardPlayer.com.br
TOP 10 – JOGADOR DO ANO 2011
MARVIN RETTENMAIER21 anos
Alemanha
Títulos: 2
Mesas Finais: 13
Dinheiro Ganho: US$ 700.917
O jovem alemão chegou a nada
menos do que treze mesas finais
em 2011, o maior número do
circuito no ano passado. Essa
incrível consistência o deixou bem
colocado no ranking, apesar de ele
ter ganhado menos do que alguns
de seus colegas de lista.
Principais resultados em 2011
Campeão da France Poker Series
Paris Finale (US$ 332.470)
Campeão da Grand Poker Series
(US$ 54.713)
4º
45@cardplayerbr
CARD PLAYER
SAM STEIN24 anos
EUA
Títulos: 2
Mesas Finais: 5
Dinheiro Ganho: US$ 2.028.637
Sam Stein teve o melhor ano de sua
carreira no circuito live, ultrapas-
sando seus ganhos e sua colocação
de 2010. Ele novamente chegou a
cinco mesas finais, mas desta vez
conquistou o seu primeiro grande
título, em um evento de pot-limit
Omaha da WSOP.
Principais resultados em 2011
4º lugar no Main Event do PCA
(US$ 1.000.000)
Campeão do Pot-Limit Omaha da
WSOP (US$ 420.802)
5º
46 CardPlayer.com.br
TOP 10 – JOGADOR DO ANO 2011
JASON MERCIER25 anos
EUA
Títulos: 3
Mesas Finais: 9
Dinheiro Ganho: US$ 2.241.726
Jason Mercier continua a provar
porque é um dos jogadores de
torneio mais respeitados do mun-
do. Ele teve mais uma temporada
impressionante, acumulando mais
de US$2 milhões ao conquistar
três títulos e chegar a nove mesas
finais.
Principais resultados em 2011
Campeão do PLO 6-Max da WSOP
(US$ 619.575)
Campeão do Five Diamond High
Roller (US$ 683.000)
6º
47@cardplayerbr
CARD PLAYER
ELIO FOX25 anos
EUA
Títulos: 3
Mesas Finais: 3
Dinheiro Ganho: US$ 2.656.884
Elio Fox conseguiu a proeza de
chegar a três grandes mesas finais
e vencer todas, incluindo a do
Main Event da WSOP Europe. De
quebra, cravou a Bellagio Cup VII.
Definitivamente, esse nova-iorqui-
no teve um natal para lá de gordo.
Principais resultados em 2011
Campeão do Main Event da
WSOPE (US$ 1.900.000)
Campeão da Bellagio Cup VII
(US$ 669.692)
7º
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TOP 10 – JOGADOR DO ANO 2011
GALEN HALL25 anos
EUA
Títulos: 1
Mesas Finais: 3
Dinheiro Ganho: US$ 3.004.198
Hall destacou-se no pelotão de
elite logo no começo da corrida.
Ao final, mostrou que não era um
cavalo paraguaio, e permaneceu
no Top 10 até o final da disputa.
Sua maior conquista em 2011 foi
o título do PokerStars Caribbean
Adventure. “Apenas” isso.
Principais resultados em 2011
Campeão do Main Event do PCA
(US$ 2.300.000)
3º lugar no WPT Championship
(US$ 589.355)
8º
49@cardplayerbr
CARD PLAYER
EUGENE KATCHALOV30 anos
UCRÂNIA
Títulos: 2
Mesas Finais: 7
Dinheiro Ganho: US$ 2.500.457
Em 2011, Katchalov quase con-
quistou a prestigiada “Tríplice
Coroa do Poker” em 2011, por
ter vencido dois eventos em três
grandes circuitos diferentes, e che-
gado bem perto do último com um
terceiro lugar no EPT Barcelona.
Ele ainda fez sete mesas finais. Em
uma delas, faturou US$1,5 milhão.
Como se não bastasse, cravou seu
primeiro bracelete da WSOP.
Principais resultados em 2011
Campeão do High Roller do PCA
(US$ 1.500.000)
3º lugar no EPT Barcelona
(US$ 453.812)
9º
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TOP 10 – JOGADOR DO ANO 2011
PIUS HEINZ22 anos
Alemanha
Títulos: 2
Mesas Finais: 3
Dinheiro Ganho: US$ 8.820.382
Pius Heinz ganhou o Main Event
da World Series of Poker 2011, o
torneio de poker mais importante
do universo. Precisa dizer mais
alguma coisa?
Principais resultados em 2011
Campeão do Main Event da WSOP
(US$ 8.711.956)
3º lugar de um evento de
US$ 1.500 da WSOP (US$ 83.286)
10º
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52 CardPlayer.com.br
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texto base: Dusty Schmidt
A
CARNE VERMELHAPARA UM LEÃO FAMINTO Dando Check Com Uma Ficha
ideia é bem direta. Em no-limit hold’em, quando o pote for mediano ou relativa-mente grande, você estiver fora de posição
e pedir mesa for a jogada padrão, às vezes vale a pena fazer uma aposta fraca (geralmente, o valor mínimo) em vez de dar um check óbvio. Contanto que o pote seja razoavelmente grande em relação ao tamanho da apos-ta, quase não há risco adicional. Sem falar que você terá algumas vantagens:
Seu oponente pode dar fold diante da aposta míni-ma. Se, digamos, você tiver uma queda que não bateu, mas seu oponente tiver uma queda que não bateu ligeiramente melhor, fazê-lo desistir com uma aposta mínima é uma grande vitória.
Ele pode dar apenas call com uma mão que teria apos-tado pelo valor se você tivesse dado check. Neste caso, sua aposta mínima funciona como uma blocking bet.
Você já ouviu falar em dar check usando uma ficha? Isso não acontece com muita frequência, mas é uma das minhas jogadas favoritas. E pode ser uma forma interessante de chegar ao showdown ou de con-seguir muita informação gastando pouco.
Talvez ele entenda que a sua aposta mínima seja uma demonstra-ção de fraqueza e dê raise blefando. Contra alguns jogadores, uma apos-ta leve induz um blefe com mais frequência do que um check. Se você quiser que seu oponente blefe, esse pode ser um caminho.
Dê uma olhada neste exemplo de “check com uma ficha”:
Vamos supor uma mesa de $5-$10 de no-limit. Você recebe A♣J♦ no big blind, seu oponente dá raise do button para $40. Todos dão fold, e você paga do big blind.
O pote é de US$85 e vocês veem o flop em heads-up, cada um com um stack de 100 big blinds. O flop vem 6♦J♠Q♦. Você sai apostando US$60, seu oponente paga. Com US$205 no pote, o turn traz um 2♥ e você aposta de novo, US$150, e ele dá call.
O river traz um 3♥, e você agora está em uma situação muito traiço-eira. Seu oponente pode ter várias mãos, e as suas opções naturais não
parecem muito boas. Se você dis-parar dois terços do pote no river, essa aposta pelo valor pode se voltar contra você, já que existe uma real possibilidade de o oponente ter uma mão melhor.
Se você der check no river, e seu oponente apostar, você não faz ideia se ele tem uma queda que não bateu, como K-T, T-9, ou uma queda para flush. Ele também pode estar apos-tando pelo valor com uma mão do tipo top pair, que derrota, por pouco, seu segundo par com top kicker. Você pode até tomar a decisão certa ao dar ou call ou fold, mas certamen-te não será uma escolha feita com muita confiança.
Usar uma ficha para extrair valor ou conseguir informação é uma das minhas jogadas favoritas”
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Mas e se você simplesmente apostar US$10 no river? Se uma mão como K-Q lhe pagar, você só perde um big blind. Se ele der call com uma mão pronta pior, provavelmente teria dado check no river se você tivesse feito isso também, ou fold diante de uma aposta de dois terços do pote. Nesses casos, você acaba ganhando US$10.
Levando em conta a ação na mão até agora, é muito pouco provável que seu oponente esteja fazendo slowplay com um monstro. Com um bordo tão cheio de quedas, os jogadores raramente fazem isso. A parte forte da gama dele ser algo como K-Q ou Q-T. É pouco provável que mãos assim deem raise pelo valor. Portanto, se você tomar raise depois de apostar uma ficha no river, é quase certo que ele tem uma dessas quedas que não bateu. Neste caso, você deve estar ganhando. Dê call, ainda que seja em um all-in.
Há quem argumente o seguinte: con-tra uma aposta de uma ficha no river, alguns jogadores muito bons das mesas mais caras darão raise pelo valor com uma mão como K-Q. Mas é bem provável que, se você tivesse dado check no river, ele apostasse pelo valor com algo como K-Q do mesmo jeito.
Considerando o grande número de quedas que não bateram com as quais ele pode estar blefando no river, seria dificílimo conseguir um fold. Além disso, poucos jogadores são capazes de dar esse raise. Ao se deparar com um deles, você pode tomar iniciativa com mãos como trincas e dois pares, e esperar como resposta um raise light pelo valor.
Como eu disse, usar uma ficha para extrair valor ou conseguir informação é uma das minhas joga-das favoritas. Por acontecer no river, ela se torna muito mais valiosa do que outras nas quais o pote é menor. Quando a ação terminar, o pote estará entre médio e grande. A menos que você esteja enfrentando os melhores do mundo, essa é uma jogada vantajosa.
Você quase nunca pagará uma aposta alta no river quando estiver perdendo. E ainda terá a chance de ganhar um pote bem grande, pois a maioria dos oponentes sim-plesmente não consegue se ren-
der diante de uma ficha apenas. É como carne vermelha para um leão faminto. Ele avançará com raises, talvez até um all-in, usando a maior parte da sua gama, com exceção das mãos que você derrota. E o pote só cresce se você quiser. Esta é a beleza da jogada. ♠
Você quase nunca pagará uma aposta alta no river quando estiver perdendo. E ainda terá a chance de ganhar um pote bem grande, pois a maioria dos oponentes simplesmente não consegue se render diante de uma ficha apenas”
dUsTy sCHMIdT
Dusty “Leatherass” Schmidt é instrutor no DragTheBar.com. Ele já disputou cerca de 7 milhões de mãos online e ganhou mais de $3 milhões de dólares.
dusty.schmidt
@dustyschmidt
56 CardPlayer.com.br
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DAS PISTAS
AOS FELTROS
60 CardPlayer.com.br
paixonado por velocidade, flamenguista fanático e já vestiu as cores do time de profissionais
do PokerStars. É fácil identificar o sorriso largo de Gualter Salles em meio às pequenas multidões que frequentam os eventos dos quais ele participa, sejam de automobilismo, de futebol ou de poker.
Aos 41 anos, sendo mais da metade dedicados ao automobilismo, “Gualti-nho” é casado e tem um casal de filhos. Competidor nato, sua imagem fortalece a legitimação do poker como esporte, que é algo inerente à sua carreira e à sua vida.
Conversamos com Gualter Salles durante sua estadia nas Bahamas, no PCA, logo após sua decisão de manter o foco profissional apenas na Stock Car. Conheça algumas das histórias desse atleta de alta combustão.
Gualtinho, você é um sujeito que
claramente se preocupa com seu condi-
cionamento físico e mental, algo típico
de atletas profissionais. Quando come-
çou sua história como esportista?
Sempre fui apaixonado por automo-
bilismo. Aos sete anos, eu já assistia a
todas as provas da Fórmula 1. Quando
completei dezesseis, pintou a oportuni-
dade de correr de kart. Logo na minha
primeira corrida, cheguei em 5º lugar. Na
terceira, eu ganhei. Então, meu pai ficou
bem empolgado, e eu também.
A
por Marcelo Souza
DAS PISTAS
AOS FELTROS
61@cardplayerbr
Aí começou a luta para conseguir
patrocinadores e ir subindo de categoria.
Fui do kart para a Fórmula Ford, depois
para a Fórmula Open europeia, em que
eu fui vice-campeão europeu, venci o
grande prêmio da Inglaterra na Fórmula
3 inglesa. Depois disso, eu me tornei pro-
fissional e me mudei para os EUA, onde
comecei a correr na Indy Lights [catego-
ria de acesso para a Fórmula Indy]. Venci
três provas logo no meu primeiro ano e
já fui contratado pela Fórmula Indy, na
qual disputei seis temporadas.
Depois voltei ao Brasil, à Stock Car.
Comprei uma equipe e comecei a com-
petir. Naquela época eu já vislumbrava
que, quando eu me aposentasse, conti-
nuaria no automobilismo. Atualmente,
comando umas das principais equipes
do campeonato, a Vogel Motorsport,
e estou sempre presente em todas as
provas da categoria. Quando você não
me encontrar na Stock, é porque estou
em um evento de poker. (Risos)
Você utilizava o número 99 quando
corria pela Stock Car, tanto que seu nick
no PokerStars já foi “stockcar99”. Existe
alguma mística por trás desse número?
Eu tive um amigo canadense, Greg
Moore, que era piloto da Formula Indy.
Ele faleceu em um acidente. No instante
daquela tragédia, o pai dele estava ao
meu lado. Quando entrei para a Stock
Car, escolhi o 99 para o meu carro em
homenagem a ele. Curioso é que,
quando sofri aquele acidente em Buenos
Aires, corria com esse número. Esse tam-
bém era meu nick no PS até o momento
em que me tornei Team Pro. Mudei por
força de contrato.
63@cardplayerbr
Aquele acidente impressionante
aconteceu no final de 2006. Um ano de-
pois, você anunciava sua aposentadoria
como piloto profissional. O ocorrido na
prova de Buenos Aires influenciou sua
decisão de alguma forma?
Foi um acidente muito sério. Real-
mente me marcou. Tive outros acidentes
durante a minha carreira, mas graças a
Deus, nunca quebrei um dedo. Aquele foi
diferente. Eu já tinha 36 anos, imaginava
que ainda correria por mais seis ou sete.
Na época, eu já estava no poker e tinha
minha própria equipe na Stock. Decidi
parar e me dedicar à carreira nos feltros.
Hoje, continuo no automobilismo, mas
como dono de equipe.
Sempre fui apaixonado por automobilismo.
Aos sete anos, eu já assistia a todas
as provas da Fórmula 1”
64 CardPlayer.com.br
“Foi um acidente muito sério. Realmente me marcou [...] Graças a Deus, nunca quebrei um dedo”.
Sabemos que pilotos profissionais normal-
mente adoram jogar poker, caso do Thiago
Camillo e do Rubens Barichello. No seu caso,
como você conheceu o jogo?
O poker que eu conheci era aquele antigo,
de cinco cartas [Five Card Draw]. Comecei a jogar
quando tinha uns 10 anos. Meu pai tinha uma
roda de amigos que jogavam na nossa casa uma
vez por semana. Eu ficava olhando, mas meu pai
não me deixava participar, falava que não era coi-
sa de criança (risos). Então comecei a jogar com
os meus amigos, usando feijões e moedas. Desde
então, não parei mais.
Quando eu morava na Inglaterra, jogava com
outros pilotos. Se não fosse poker, era truco ou
buraco. Na minha vida, sempre tive contato com
as cartas. O poker competitivo, o Texas Hold’em,
no caso, comecei primeiro assistindo na ESPN, em
2004 ou 2005. O interesse começou a aumentar e
eu comprei a trilogia do Dan Harrington [publi-
cada no Brasil pela Raise Editora] para aprender
mais sobre o jogo.
Em 2006, abri minha primeira conta no
PokerStar. No ano seguinte vim direto para as
Bahamas, jogar o PCA. Eu não sabia jogar direito,
mas tinha um apartamento em Miami, que é
praticamente do lado. Lá, joguei um satélite e
consegui a vaga para o Main Event. No mesmo
ano, fui jogar minha primeira WSOP, o evento
principal. Fazia sete ou oito meses que eu jogava,
mesmo assim consegui minha primeira premia-
ção. Terminei em 447º e ganhei 30 mil dólares.
Dali em diante, tudo que aparecia eu jogava –
EPT, WPT etc. E o poker passou a fazer parte da
minha vida.
E o PokerStars, quando entra nessa história?
Em 2008, quando eu era piloto profissional
e comentarista do SporTV. Eu tinha apelo na
mídia. Então, eu estava jogando em uma mesa,
e o manager do Stars no Brasil à época se
apresentou e me perguntou se eu gostaria de
jogar patrocinado pelo site. Mesmo sendo como
65@cardplayerbr
“Friends of PokerStars”, para mim foi
ótimo. Só depois eu me tornei “Team Pro”.
Como eu nunca me senti um profissional
do poker, pedi para mudar de categoria
quando chegou a hora de renovar o
contrato. Preferi ser “Team Sport Stars”,
algo intermediário entre os dois anteriores.
E assim permaneci por dois anos.
Sendo alguém que respira esporte,
imagino que você tenha alguns ídolos.
Quem são as pessoas que lhe inspiram
como competidor?
Ídolo mesmo, o único que tive foi o
Zico. Tive não, porque ainda sou fã do
“Galinho”. No poker, existem grandes
jogadores que eu admiro.
Tem o André Akkari, que inclusive é
meu sócio na TV Poker Pro. Sem falar em
Caio Pimenta, Thiago Decano, Mojave. Lá
fora, o Jason Mercier, o Bertrand “Elky”
Grospellier e o Daniel Negreanu. Tem
outro que eu também admiro muito.
Inclusive, é alguém com quem eu me
identifico bastante, tanto no estilo de
jogo quando no comportamento: John
Juanda. É um cara discreto, na dele, e
dificilmente tem uma explosão de alegria
ou de raiva.
CardPlayer.com.br 66
No automobilismo, sempre fui
torcedor do Nelson Piquet. Na época que
eu acompanhava, ele já era campeão, e
sempre torci muito para ele. Depois veio
o Ayrton Senna. Para mim, o maior de
todos.
Quanto ao Piquet, eu me decepcionei
um pouco depois que vi algumas decla-
rações dele. Ele desrespeitou pessoas
como o Rubinho, dizendo que ele era
mais lento do que os pilotos de ponta da
categoria, e o Nigel Mansell, falando que
a mulher do cara era feia e não sei mais o
quê. Até o Senna ele cutucou, insinuando
coisas sobre sua sexualidade. Apesar de
eu não ser torcedor do Ayrton Senna na
época, hoje eu admiro mais as atitudes e
a história dele.
Atualmente, meu piloto favorito na
F1 é o Lewis Hamilton. O Rubinho é meu
irmão, fui padrinho de casamento dele,
mas, hoje, quem eu mais admiro na F1 é
o Hamilton.
No poker, o primeiro nome que você
citou foi o de André Akkari. Quando ele
conquistou o bracelete em Las Vegas, no
ano passado, um dos mais emocionados
era você. Como foi que começou essa
amizade?
A gente se conheceu no clube Paradi-
se de São Paulo. Não éramos do time do
PokerStars naquele tempo. Depois que
fomos contratados pelo site, acabamos
nos tornando grandes amigos. Mesmo
com a minha saída do PS, essa é uma
amizade que eu vou levar para o resto da
minha vida.
Você disse que não se considerava
um estudioso do poker. Mesmo assim,
seus resultados têm sido significativos,
com boas premiações online, e também
ao vivo, na WSOP, no EPT e por aí vai. A
que você atribui isso?
É uma série de fatores. Joguei muito
poker online. Durante uns três anos,
entrava em pelo menos 40 torneios por
semana. Não sou daqueles que abrem
15 mesas ao mesmo tempo, no máximo
quatro, mas durante 10 ou 12 horas.
Neste tempo, passei da casa de
US$ 1.000.000 em premiações.
Acho que a melhor maneira de se
desenvolver é jogando. Se você é uma
pessoa inteligente, vai aprendendo com
seus erros, vai aprendendo coisas novas.
E foi assim, na prática, tanto online como
ao vivo. Conversar com outros jogadores
também é importante, discutir mãos,
isso ajuda bastante.
68 CardPlayer.com.br
Esta semana você tomou uma deci-
são que pegou muita gente de surpresa,
quando anunciou sua saída do Poker
Stars. Qual o porquê dessa decisão e qual
o balanço você faz da sua trajetória no
site ao longo desses cinco anos?
Na verdade, foi algo que eu já vinha
planejando. Sempre dividi meu tempo
entre a Stock Car e o poker. Eu estava no
site fazia cinco anos, e achei que não era
hora de assumir compromissos de datas
e metas com o PS. Minha fonte de renda
principal nunca foi o poker. Então, resolvi
me dedicar à minha equipe da Stock Car
neste ano e no futuro próximo.
E só tenho coisas boas para falar
de todas as pessoas que eu conheci no
PS. Aprendi muito, tive muitas opor-
tunidades de jogar grandes torneios e
consegui bons resultados em todos eles.
Fiz muitos amigos mundo afora e vou
continuar a jogar poker online e ao vivo.
Só não quero ter isso como um compro-
misso profissional. Minha saída do PS foi
bastante tranquila, de comum acordo. É
provável que eu ainda participe de even-
tos do site, mas sem compromisso.
Agora que você está voltando seu
foco apenas para o automobilismo,
quais lições acredita que levará do feltro
para o asfalto? E quais você trouxe do
poker para as corridas?
Existem certas coisas que eu trouxe
para o poker que se deve ter no auto-
mobilismo o tempo todo: paciência,
disciplina e concentração. Se você toma
uma ultrapassagem ou erra uma curva e
perde o controle emocional, já era. Fa-
talmente, vai ser ultrapassado. É preciso
aprender a controlar as emoções, e eu
acho que consigo fazer isso muito bem.
No poker, você deve ter frieza para não se deixar abalar por uma
bad beat. Se você perder o controle, acabará entregando todas as suas
fichas. Isso é difícil mesmo, principalmente na internet. Se você pega
uma sessão em que apanha do baralho o tempo todo, acaba tiltando. A
minha experiência no automobilismo me ensinou a ter esse controle. Eu
não deixo minhas decisões serem influenciadas pela emoção.
O poker lhe ensina a usar bem a matemática e a constantemente
analisar todos os fatores antes tomar decisões. Como dirigente de
equipe, isso me ajuda nas estratégias de corrida, para saber o que pode
dar certo ou errado. E essas escolhas têm de que ser feitas rapidamen-
te. O poker deixa a sua mente mais rápida, isso é muito útil na hora de
acertar o carro ou de definir uma tática de pit stop, por exemplo.
69@cardplayerbr
Fique a vontade para deixar sua men-
sagem a todos os jogadores do Brasil.
Bem, fico muito feliz de ser um
dos pioneiros do nosso esporte. Eu me
lembro de quando comecei, no tempo
dos torneios baratinhos em São Paulo,
da época em que conheci o Akkari. Eram
30 ou 40 jogadores. Hoje, a gente vê os
resultados sendo colhidos, online e ao
vivo. Fico muito feliz de ter participado
ativamente disso. De ver o quanto se
transformou o cenário brasileiro, com
BPT, LAPT, BSOP. De ver os torneios
regionais crescendo.
Como uma pessoa do esporte, é
extremamente gratificante poder mos-
trar que o poker é um esporte saudável,
disputado por pessoas saudáveis. Fico
feliz por poder ter ajudado a acabar com
aquela impressão errada que muitos
tinham do nosso esporte. Ter contribuído
com tudo isso é realmente gratificante. ♠
CardPlayer.com.br 70
Jack “Treetop” Straus ganhou o Main
Event da WSOP 1982 depois de ter ficado
com apenas uma ficha, daí aquela máxima
de que “para jogar poker, basta uma ficha e
uma cadeira”. Você passou por uma situação
bem parecida. Como foi essa história?
Foram mais ou menos 7.000 inscritos
naquele torneio. Já estávamos In The Money,
restando uns 500 jogadores. Eu tinha pouco
mais de 220.000 fichas, e os blinds e antes
estavam em 4.000-8.000/1.000.
Eu tinha J♠J♣ e meu oponente, 8♠9♥. O
bordo mostrava K♣9♦9♣4♦. Ele perguntou
quantas fichas eu ainda tinha. Eu contei e
falei 106.000, mas me esqueci da ficha de
1.000 que eu estava usando como protetor
de cartas. Ele então anunciou uma aposta de
106.000.
Eu já tinha colocado mais da metade do
meu stack na mesa, e dei call. Todos pensa-
ram que tinha sido all-in e mostramos as car-
tas. Depois que a crupiê, uma senhora para
lá dos seus 70 anos, virou um 5♦ no river, eu
já estava com minha mochila nas costas. Mas
ela me chamou e disse: “Olha, sobrou uma
ficha aqui, porque ele falou 106 e você tinha
107”. Fiquei com apenas um ante.
Coloquei o ante, sentei e nem olhei
as cartas. Um cara deu raise, outro voltou
reraise e apresentou A-J. Eu tinha A-2, e veio
o dois. Fiquei com 9.000 fichas, olhei minhas
cartas e vi 8-2. Fold. Caí para 8.000, que era
apenas um blind.
GUALTER SALLES, UMA FICHA E UMA CADEIRAA história da incrível reação na WSOP 2010,
contada pelo próprio autor do feito.
Na jogada seguinte, eu era o UTG e
sai com um par pequeno. De quatro ou
de seis, não me lembro. Foi tudo para
o pano e o parzinho segurou! Fui para
24.000 fichas.
Logo em seguida, A-K no big blind.
Raise de um, call de outro, e eu fui all-in.
O cara que abriu raise foi all-in por cima
e mostrou 7-7. Ganhei o flip e fui para
mais de 70 mil.
Na mão seguinte, A-K de novo. Dobrei
novamente. Fui para quase 200 mil. Uma
hora depois, eu tinha A-A versus A-Q de
Gregory Gokey. Subi para 405.000, elimi-
nei o Gokey e voltei para o jogo. Acabei
passando para o Dia 6 do Main Event com
939.000 fichas, consegui chegar na 117ª
colocação e ganhar US$ 57.102. ♠
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CardPlayer.com.br 74
BSOPBrazilian Series of Poker
Como na última etapa do ano passado, o
hotel Holiday Inn Anhembi foi o palco do BSOP
São Paulo. Depois de vários profissionais terem
declarado publicamente que não jogariam o
torneio por causa da nova legislação sobre
recebimento de prêmios, a expectativa era de
que o field fosse menor do que de costume
para os padrões da capital paulista -- e
realmente foi. Ainda assim, 248 jogadores
compareceram ao primeiro dia da parada mais
tradicional da série. Entre os participantes, Tito
Feltrin, Alex Rivero e Gabriel Otranto.
No sábado, Dia 1B, nomes como André
Akkari, Felipe Mojave e o casal Alessandra e
Sérgio Braga estavam entre os 309 inscritos.
Com um field total de 558 jogadores e uma
prize pool de quase 850 mil reais, os temores
sobre um possível fracasso do torneio logo
caíram por terra.
Mesmo diante da polêmica em torno das novas regras tributárias, a etapa de abertura do campeonato brasileiro de
poker mantém o tradicional brilho e distribui quase um milhão de reais no evento principal
Com 67 classificados na sexta e 90 no
sábado, 157 jogadores seguiram na busca
pelo título. Puxando a fila, Larissa Metran
(128 big blinds) e Emerson Baroni (102 big
blinds). E, em razão da nova estrutura, com
mais níveis de blinds e um stack inicial 25%
maior, o domingo terminou com treze sobrevi-
ventes em vez dos tradicionais nove.
Contrariando as expectativas, a mesa
final foi formada rapidamente na segunda-
feira. Depois de duas eliminações, Marcelo
Jensen e Emerson Baroni também não
demoraram a cair, praticamente ao mesmo
tempo. Menos de uma hora depois, os final-
istas estavam definidos. Entre eles, Larissa
Metran, em sua terceira mesa final da série,
e Rafael Caiaffa, buscando o feito inédito de
conquistar duas etapas do BSOP.
Etapa São Paulo
Imprevisível e estranha: assim seria
a primeira mesa final do ano. Logo no
início da disputa, Rafael Caiaffa acertou
um full house contra Jhon Rua e Alex
Kim. Jhon me disse, depois, que tinha
par de reis e ficou bastante aliviado ao
ver as cartas de Caiaffa. O paulistano
Kim não teve tanta sorte. Com uma
trinca, ele não deu crédito ao all-in do
mineiro no river e viu seu gigantesco
stack ser reduzido a apenas um pu-
nhado de big blinds. Sem conseguir se
recuperar do golpe, ele acabou sendo o
primeiro eliminado.
Mesa Final
A próxima eliminação veio num verda-
deiro cooler. Em uma guerra de blinds, Victor
Dermendjian não acreditou quando o oponente
pagou seu all-in e mostrou K-K. Segurando
Q-Q, ele apenas lamentou a eliminação.
Mais um cooler. Desta vez, o protagonista
da situação inescapável foi Paulo Novaes, que
viu seu A-Q bater de frente com o par de ases
do amazonense Odaly. Resultado? Mais um
jogador da casa eliminado.
As próximas eliminações foram doloro-
sas. A profissional do Steal Team, Larissa
Metran, entrou short-stacked na mesa final,
mas chegou a dobrar. Infelizmente para a
goiana, o próximo all-in em que se envolveu
foi contra Jhon Rua, e aquela era a noite do
colombiano. Com A-Q, ela viu dois cincos
aparecerem no flop, dando uma trinca para
o A-5 do seu adversário.
Rodrigo Alemão
Vitor Torres
Odaly dos Santos
Paulo Novaes
Larissa Metran
@cardplayerbr 77
Mas o baralho não parou de aprontar. Buscando o inédito
bicampeonato do BSOP, Rafael Caiaffa colocou todo seu stack
no pano contra Rodrigo “Alemão”. Ambos apresentaram A-Q,
mas três cartas de ouro no bordo deram o flush e o pote para
Rodrigo. Fim da linha para o mineiro. E com a eliminação de
Odaly para Jhon, restavam apenas três competidores, e muita
água para rolar.
A partir dali, confesso que poucas vezes presenciei tantas
bizarrices no poker – do baralho, não dos jogadores. Um show
de bad beats e coin flips ganhos de um lado e de outro fizeram
com que o torneio se prolongasse madrugada adentro. Final-
mente, depois da eliminação de Rodrigo “Alemão” na terceira
colocação, estava formado o heads-up.
O duelo final não foi muito diferente da batalha a três.
Confesso que perdi as contas lá pelo quinto all-in/call. Flop, turn
e river faziam mãos favoritas se tornarem lixos, e stacks de três
big blinds se multiplicarem exponencialmente. No fim, depois
do heads-up com mais “all-ins” da história do BSOP, Jhon Rua
conquistou o título de maneira dramática.
Segurando A♠K♦ contra 10♥10♠ de Vitor Torres, ele
já lamentava mais uma indefinição com o bordo mostrando
J♠Q♣6♠Q♦. Então, um J♣ apareceu no river, e demorou alguns
segundos para que ele percebesse que o par do seu adversário
havia “sumido”. Fim do duelo. E, a exemplo do ano passado,
quando Marcelo Jensen cravou a etapa do Rio Janeiro, o pri-
meiro troféu do ano do BSOP foi levantado por mãos gringas. ♠
Resultado Final
1. Jhon Rua (Colômbia) - R$ 185.8002. Vitor Torres (SP) - R$ 114.500
3. Rodrigo “Alemão” (SP) - R$ 81.0004. Odaly dos Santos (AM) - R$ 59.700
5. Rafael Caiaffa (MG) - R$ 45.0006. Larissa Metran (GO) - R$ 32.700
7. Paulo Novaes (SP) - R$ 24.5508. Victor Dermendjian (SP) - R$ 19.450
9. Alex Kim (SP) - R$ 14.700
Rafael Caiaffa
Alex Kim
Victor Dermendjian
Ficha Técnica1ª Etapa do Brazilian Series of PokerData: 26 a 30 de janeiroLocal: Hotel Holiday Inn Anhembi (São Paulo – SP)Buy-in: R$ 1.800Field: 558 jogadoresPrize Pool: R$ 848.160
Eventos Paralelos
1. Paulo César Figueiredo (PA)2. Tony (AM)3. Caio Mendes (GO)
1. Abílio Monteiro (GO)2. Hiran Bass (Al)3. Antônio Isidro (SP)
1. Alverto Santana (AM)2. Signei Bandiera (MS)3. César Macedônia (SP)
1. Roberto Motta (SP)2. Rafael Rodrigues (SP)3. Marcos Maveryque (SP)
Pot-Limit Omaha
Second Chance
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Last Chance
81 Jogadores
112 Jogadores
34 Jogadores
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BSOP - SÃO PAULO
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