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Cenpec e Fundação Itaú Social
CAMINHOS PARA O ACOMPANHAMENTO PEDAGÓGICO
A experiência do Cenpec e da Fundação Itaú Social com o Programa de
Educação Integral do município de Vitória/ES
VERSÃO FINAL
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São Paulo, 13 de março de 2017
Ao Cenpec e à Fundação Itaú Social
A/C Letícia Araújo e Paulo Corniani
Ref.: Sistematização sobre o acompanhamento pedagógico do Programa de
Educação Integral – Vitória ES.
Prezados,
Encaminhamos a versão final da sistematização sobre o acompanhamento
pedagógico do Programa de Educação Integral – Vitória/ES.
Atenciosamente,
Camila Iwasaki e Ana Luiza Mendes Borges
Tomara! Educação e Cultura
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EXPEDIENTE
Assessoria em Educação Integral
Iniciativa
Fundação Itaú Social
Vice-presidente
Fábio Barbosa
Superintendente
Angela Cristina Dannemann
Gerente
Patricia Mota Guedes
Equipe
Paulo Henrique Corniani
Coordenação técnica
Cenpec – Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação
Comunitária
Presidente do Conselho de Administração
Maria Alice Setubal
Superintendente
Anna Helena Altenfelder
Coordenadora técnica
Maria Amabile Mansutti
Área responsável – Equipe de Educação Integral
Alexandre Isaac
Letícia Araújo Moreira da Silva
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CAMINHOS PARA O ACOMPANHAMENTO PEDAGÓGICO
A experiência do Cenpec e da Fundação Itaú Social com o Programa de
Educação Integral do município de Vitória/ES
Equipe Fundação Itaú Social
Patricia Mota Guedes
Paulo Henrique Corniani
Equipe Cenpec
Alexandre Isaac
Letícia Araújo Moreira da Silva
Pesquisa e Redação
Tomara! Educação e Cultura
Camila Iwasaki, Ana Luiza Mendes Borges, Clara Azevedo e Julia Young
Greta Martins de Souza e Luiz Henrique Gurgel
Sistematização desenvolvida entre setembro de 2016 e fevereiro de 2017.
Agradecemos a todos os interlocutores que ajudaram no processo de
levantamento de informações para compor esta publicação:
Cacilda Ferreira da Cunha
Débora de Almeida Torres de Brito
Elizabete Gomes de Souza
Fábio Mota
Fátima Rodrigues Burzlaff
Janine Mattar Pereira de Castro
Meyri Venci Chieffi
Myriam Fernandes Pestana Oliveira
Nadia Peres de O. Pereira
Raquel Reis Nurse
Viviane Rosa Gomes dos Santos
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SUMÁRIO Apresentação – p. 6
Introdução – p. 9
Capítulo 1 – Como tudo começou. O contexto da política de Educação Integral de
Vitória e um breve panorama da parceria entre Cenpec, FIS e SEME – p. 12
1.1 O contexto da política de Educação Integral de Vitória – p. 12
1.2 Um breve panorama histórico da parceria entre Cenpec, FIS e SEME – p. 15
1.3 Em 2015, abre-se nova frente de atuação: o acompanhamento pedagógico das
escolas participantes do Programa – p. 18
1.4 Em 2016, um novo desafio: o ganho de escala do acompanhamento pedagógico –
p. 23
1.5 Ações do Programa de Educação Integral com Jornada Ampliada nas escolas – p.
24
Capítulo 2 – Acompanhamento pedagógico. Premissas, fundamentos metodológicos
e operacionalização – p. 30
2.1 O que é o acompanhamento pedagógico e quais são os seus objetivos – p.30
2.2 Premissas que subsidiam o trabalho de acompanhamento pedagógico – p.33
2.3 Fundamentos metodológicos – p. 37
2.4 Ciclo operacional do acompanhamento pedagógico: escolhas, metodologia e
infraestrutura utilizada – p. 40
2.5 Passo a passo das reuniões e encontros – p. 44
2.6 Os efeitos do acompanhamento pedagógico nas escolas – p. 52
Capítulo 3 - Condicionalidades, potencialidades e desafios para o trabalho de
acompanhamento pedagógico – p. 54
3.1 Condicionalidades – p. 54
3.2 Potencialidades – p. 58
3.3 Desafios – p. 63
Capítulo 4 – Aprendizados, perspectivas e recomendações – p. 77
4.1 Aprendizados – p. 77
4.2 Perspectivas – p. 80
4.3 Algumas recomendações para o aprimoramento do acompanhamento pedagógico
em ações futuras – p. 82
4.4 Encerrando um ciclo de trabalho – p. 86
Referências – p. 87
Anexos – p. 89
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APRESENTAÇÃO
O desafio da qualidade da educação no Brasil ainda é um tema pertinente e
relevante mediante os diferentes problemas que impactam a garantia do
direito de aprendizagem de crianças e jovens. Frente a esse cenário, que
inclui, entre outros elementos, movimentos de revisão dos currículos,
reorganização dos níveis de ensino e discussões sobre os desafios das
condições físicas e financeiras dos sistemas educacionais, o conceito de
Educação Integral vem pautando um intenso debate no País, tendo em vista
seu importante papel para a promoção da equidade e da qualidade do
atendimento aos estudantes.
A fim de contribuir com esse esforço, o Centro de Estudos e Pesquisas em
Educação, Cultura e Ação Comunitária (Cenpec) e a Fundação Itaú Social
(FIS) vêm, há algum tempo, desenvolvendo parcerias com redes municipais
e estaduais de educação1, voltadas para o apoio, desenvolvimento e
fortalecimento de ações no campo da Educação Integral.
Cumprindo sua missão de desenvolver, disseminar e implementar tecnologias
sociais para a melhoria da educação pública brasileira, a Fundação Itaú Social
busca atuar em diferentes Estados brasileiros, em parceria com as três esferas
de governo, o setor privado e as organizações da sociedade civil. As
propostas desenvolvidas e apoiadas têm como foco a Educação Integral e a
gestão educacional e, para alcançar resultados transformadores, a Fundação
Itaú Social também valoriza e investe na mobilização social e na avaliação de
projetos sociais e políticas públicas.
Já o Cenpec tem como missão contribuir para políticas públicas de educação
que promovam a equidade e a redução de desigualdades sociais no Brasil.
Seu objetivo é desenvolver projetos, pesquisas e metodologias voltadas à
melhoria da qualidade da educação pública e sua atuação acontece em
parceria com a escola pública, espaços educativos de caráter público e
iniciativas destinadas ao enfrentamento das desigualdades. O Cenpec é
reconhecido como um indutor das políticas públicas de Educação Integral,
articulando atores, espaços e saberes em prol do desenvolvimento integral
da criança e do adolescente.
1 Hoje, a assessoria em Educação Integral acontece nos municípios de Vitória (ES), Petrópolis (RJ), Itabira (MG), Sobral (CE) e Porto Alegre (RS).
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Pautando-se nesses objetivos, desde 2014, a Fundação Itaú Social e o Cenpec
estabeleceram uma parceria com a Secretaria Municipal de Educação de
Vitória (SEME), no Espírito Santo, iniciando um amplo processo no município
em busca do aprimoramento de sua política de Educação Integral.
O trabalho desenvolvido em Vitória (ES), assim como em outros municípios,
tem a premissa de que, para educar integralmente, é necessário estabelecer
conexões, articulando os interesses dos estudantes com o conhecimento a
ser aprendido, mas também esse conhecimento com a esfera da vida, da
escola com a comunidade e da comunidade com o mundo. Nesse sentido, o
conceito de Educação Integral que orienta o trabalho do Cenpec e da FIS tem
como ponto de partida a concepção do ser humano visto e analisado em sua
integralidade, considerando o sujeito como elemento central das indagações
e preocupações acerca da educação.
Com a Educação Integral, nessa perspectiva, busca-se impactar a melhoria
das aprendizagens por meio (i) de novas experiências curriculares, (ii) da
integração entre os conhecimentos historicamente construídos e os
diferentes saberes locais e (iii) da promoção de uma educação que contribua
com a formação de uma sociedade de sujeitos conscientes, autônomos,
solidários, cooperativos e alertas sobre seus direitos e deveres.
Em suma, a Educação Integral não visa apenas à ampliação do tempo do
aluno na escola, mas busca reorganizar este tempo levando em consideração
as necessidades das crianças, adolescentes e jovens e, junto a isso, rever
questões relativas aos espaços e conteúdos presentes no cotidiano escolar.
Ou seja, somos convidados a repensar o planejamento das atividades
pedagógicas (desde o agrupamento dos estudantes, passando pela inclusão
de novas linguagens, como arte, esporte, etc., e de novas práticas de
avaliação da aprendizagem), alargando também a função da escola e do
currículo.
O acúmulo de conhecimento e a experiência das duas organizações revelam
o quão desafiador ainda é colocar tais conceitos em prática. Diante do desafio
de implementar projetos de Educação Integral em escolas públicas,
considera-se a assessoria desenvolvida pelo Cenpec e a FIS junto à SEME de
Vitória uma iniciativa bem-sucedida na busca por fortalecer a política de
Educação Integral por meio do acompanhamento pedagógico dos diferentes
atores envolvidos em sua consecução.
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Isso posto, organizou-se a presente sistematização, com o objetivo de
compartilhar essa experiência, suas estratégias e ações, para que gestores,
educadores e políticos interessados em melhorar a qualidade de nossas
escolas públicas possam se inspirar e adensar as iniciativas no campo da
Educação Integral.
Ao contar essa história, o Cenpec e a Fundação Itaú Social pretendem
também reconhecer os desafios, limites e especificidades envolvidos na
condução de iniciativas como essa, ao mesmo tempo que reiteram seu
compromisso de produção e disseminação do conhecimento. Dessa forma,
espera-se contribuir com reflexões que possam favorecer a garantia do
direito à educação de qualidade de todas as crianças e jovens brasileiros.
Boa leitura!
Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária
(Cenpec) e Fundação Itaú Social (FIS)
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INTRODUÇÃO
Esta sistematização é fruto do esforço em registrar e documentar o processo
de acompanhamento pedagógico realizado no âmbito da assessoria
oferecida pelo Cenpec e pela FIS ao Programa de Educação Integral com
Jornada Ampliada da Secretaria Municipal de Educação de Vitória (SEME),
no Espírito Santo.
Em 2014, uma parceria entre essas três organizações foi estabelecida com o
objetivo principal de fortalecer e aprimorar a política de Educação Integral
que estava em vigência no município. De lá para cá, um sólido caminho com
diversas atividades foi estruturado no âmbito da assessoria, contando com
contribuições para a formulação de Diretrizes da Educação Integral e para o
aprimoramento da gestão pedagógica e dos processos formativos dos
diferentes profissionais envolvidos na Educação Integral municipal. Mais
recentemente, as ações voltaram-se para a estruturação e o fortalecimento
do processo de acompanhamento pedagógico das escolas do Programa de
Educação Integral com Jornada Ampliada de Vitória.
Entende-se que, entre os diferentes suportes desenvolvidos pela assessoria
do Cenpec e da FIS à SEME, o acompanhamento pedagógico possui uma
importância fundamental não só porque envolve os diferentes profissionais
(equipes técnicas da Secretaria, diretores de escola, pedagogos,
coordenadores do Programa, integradores sociais e professores) na
consecução prática da política de Educação Integral, mas também porque
contribui para a consolidação das ações no interior das unidades escolares,
beneficiando os seus maiores interessados, os estudantes, por meio de um
trabalho focalizado na atuação dos coordenadores e integradores sociais do
Programa e gestores das escolas.
O acompanhamento pedagógico, portanto, é o foco central do presente
texto. A proposta aqui é compartilhar com profissionais da área, organizações
interessadas, educadores e sociedade em geral os conhecimentos
produzidos e sistematizados no âmbito dessa recente e intensa experiência.
Mais de 40 registros de reuniões e encontros, materiais e documentos
relacionados ao trabalho da assessoria do Cenpec e da FIS compõem um
banco de referências que passou por uma minuciosa análise, a fim de
organizar e reunir, de forma sintética, o conhecimento gerado, as experiências
e as estratégias do trabalho de acompanhamento pedagógico. Também
foram coletados depoimentos tanto de membros do Cenpec e da FIS como
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de representantes de diferentes instâncias da SEME de Vitória. Entre
setembro e dezembro de 2016, diferentes reuniões da assessoria em Vitória
e o trabalho de visitas técnicas às escolas foram acompanhados pela equipe
da Tomara! Educação e Cultura, ocasiões em que foram realizados registros
de campo, observações e conversas informais. Além disso, aconteceram
encontros entre a Tomara! e as equipes que coordenam a assessoria por parte
do Cenpec e da FIS, a fim de esclarecer dúvidas, discutir os caminhos
escolhidos e refinar o entendimento sobre o trabalho de acompanhamento
pedagógico. Dessa forma, a análise documental criteriosa, a checagem e
cruzamento das diferentes fontes de informações fizeram parte da estratégia
metodológica escolhida para realizar esta sistematização.
Assim, nas páginas seguintes, será apresentado o trajeto percorrido,
remontando, em linhas gerais, o contexto da política educacional local e o
histórico da parceria. Buscou-se também conceder um retrato sobre a forma
como o acompanhamento pedagógico está estruturado hoje, quais são seus
fundamentos metodológicos e operacionais, suas premissas e os métodos
utilizados, além dos resultados percebidos até o presente momento.
Ademais, esta sistematização contém uma análise reflexiva sobre as
condicionalidades do trabalho de acompanhamento pedagógico, no sentido
de problematizar as potencialidades e os desafios relacionados ao
desenvolvimento da iniciativa. Por fim, apresenta os aprendizados, discute as
perspectivas futuras, evidencia lacunas e aponta recomendações para as
equipes envolvidas.
Desse modo, o documento está organizado nas seguintes partes: o capítulo 1
apresenta um contexto da política de Educação Integral de Vitória e um breve
panorama histórico da parceria; o capítulo 2 destaca o componente principal
da assessoria, o acompanhamento pedagógico, evidenciando suas premissas,
fundamentos metodológicos e estratégias de operacionalização; o capítulo 3
apresenta uma análise reflexiva sobre as condicionalidades, potencialidades
e desafios do trabalho de acompanhamento pedagógico; e o capítulo 4 traz
aprendizados e algumas indicações para o futuro, com perspectivas e
recomendações; seguido, por fim, das referências e dos anexos.
Com esta sistematização, espera-se não só registrar e contribuir para a
produção de conhecimento sobre a iniciativa desenvolvida pela parceria
entre Cenpec, FIS e SEME de Vitória, mas também documentar um modo de
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conduzir o acompanhamento pedagógico no âmbito de programas e
políticas de Educação Integral, para, eventualmente, inspirar organizações e
profissionais preocupados com a melhoria da qualidade da educação pública
em prol da formação integral de crianças, adolescentes e jovens.
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CAPÍTULO 1 - COMO TUDO COMEÇOU
O contexto da política de Educação Integral de Vitória e um breve panorama
da parceria entre Cenpec, FIS E SEME
1.1 O contexto da política de Educação Integral de Vitória
Remontar o contexto da política de Educação Integral no município de
Vitória, antes mesmo da chegada da assessoria da Fundação Itaú Social e do
Cenpec, se faz necessário, tendo em vista que, nesse município, há uma
trajetória específica e importante no âmbito de iniciativas associadas aos
processos de Educação Integral.
As primeiras experiências de atendimento em tempo integral em Vitória
remontam ao início da década de 1980, com as chamadas “creches-casulo”,
que recebiam crianças de zero a seis anos. Esse serviço estava a cargo da
Secretaria de Saúde e objetivava garantir a segurança, a higienização, o
entretenimento e os cuidados com a saúde, sem maior ênfase aos aspectos
pedagógicos. Em 1983, ocorreu
uma mudança e as então 21
“creches-casulo” passaram a
fazer parte da Secretaria
Municipal de Educação,
vinculadas ao Departamento de
Pré-Escola. Ainda nesse
momento, não se estabeleceu
propriamente uma política de
ação educacional em tempo
integral e as famílias puderam
optar por manter os filhos em
jornada parcial ou integral. Esse
formato não sofreu grandes
alterações até 1995, quando o
atendimento se intensificou
prioritariamente para a jornada
parcial, por conta da crescente
demanda por vagas na
Educação Infantil.
Foi só em 2005 que teve início o
Programa Educação em Tempo
Enquanto isso, no cenário nacional... O debate em torno da Educação Integral no Brasil tem como ponto forte de referência
histórica os ideais de educação democrática propostos por Anísio Teixeira na primeira metade
do século XX. A partir dos anos 1990, o tema ganha outra dimensão e caráter, refletidos na LDB. (...) A lei que rege a educação brasileira
aponta como horizonte da política educacional o aumento progressivo da jornada escolar, a
valorização de ações educacionais para além do currículo escolar padronizado e a necessária
articulação entre escola e sociedade. A posição assumida pela LDB vigente em relação à oferta
de Educação Integral é fruto de todo um reordenamento institucional concomitante ao
processo de redemocratização do país, marcado pela Constituição Federal de 1988 que (...) estabelece uma ampla rede de proteção a crianças e adolescentes, regulamentada no
âmbito do ECA, na Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS) e na própria LDB. (...) É nesse
sentido que, ao destacar a proteção integral para crianças e adolescentes, o ECA afirma em seu Art. 227 ser dever “... da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente,
com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à
profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e
comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração,
violência, crueldade e opressão.” (Trechos retirados de Tendências para a Educação Integral. São Paulo: Fundação Itaú Social –
Cenpec, 2011)
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Integral, criado pela Prefeitura e voltado, a princípio, para a Educação Infantil.
O Programa previa ações conjuntas e articuladas entre as Secretarias
Municipais de Educação, Saúde e de Assistência Social para crianças de seis
meses a seis anos nos Centros Municipais de Educação Infantil (CEMEIs). O
objetivo era oferecer atendimento em tempo integral para 15% das crianças
dessa faixa etária matriculadas na rede municipal, sendo que o principal
critério de inclusão no Programa era a situação de vulnerabilidade social.
Nos dois anos seguintes, a SEME manteve as mesmas metas, porém, de início,
estabeleceu como prioridade para atendimento integral nos CEMEIs crianças
entre seis meses e três anos, com a oferta de 400 vagas (número ampliado
posteriormente, em 2007, quando quase todas as unidades ofereciam vagas
em tempo integral para crianças com idade nesse intervalo). Nesse mesmo
ano, visando aumentar o atendimento às crianças de quatro a seis anos, foram
criados os Núcleos Brincartes2, resultado de parceria entre Secretaria de
Educação e organizações não governamentais de Vitória.
Ainda em 2007, outras iniciativas visavam incorporar ao Programa Educação
em Tempo Integral estudantes do Ensino Fundamental. A primeira foi criar
um projeto-piloto de tempo integral envolvendo 600 alunos de turmas de 9º
ano (antiga 8ª série) em quatro escolas localizadas em áreas de
vulnerabilidade social do município. Conhecido por “Pró-Médio”, e a exemplo
do que ocorria com a Educação Infantil, oferecia atividades complementares
no contraturno do período regular. Estendeu-se até o fim de 2009, sendo
que, em seus dois últimos anos, já chegava a todos os nonos anos da rede,
com a adesão de mais de mil alunos – incluindo de período noturno – com o
nome de “8ª Série Integral”.
Também em 2007, visando incluir alunos de 1ª à 7ª série do Ensino
Fundamental, tiveram início ações do Programa, com ampliação da jornada,
em quatro escolas da região do bairro de São Pedro, envolvendo 320 alunos.
Essa iniciativa articulava nove Secretarias Municipais: Educação, Assistência
Social, Saúde, Cidadania e Direitos Humanos, Esporte, Cultura, Transporte,
Meio Ambiente e Segurança Urbana, além da Companhia de
Desenvolvimento de Vitória, que formavam um comitê gestor do Programa.
No ano seguinte, em 2008, o município já tinha 35 escolas de Ensino
Fundamental com atividades do Programa Educação Integral com Jornada
Ampliada, além de outras duas que participavam do Programa Mais
2 Em 2009, já eram sete desses núcleos, ofertando 1900 vagas.
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Educação, do Governo Federal, ao qual Vitória acabava de aderir.
Paralelamente às ações nas escolas, a SEME buscou estruturar-se e, ainda no
final de 2007, realizou um concurso interno para selecionar coordenadores
do tempo integral em cada uma dessas unidades.
Com exceção dos alunos da Educação Infantil de alguns CEMEIs que já
funcionavam em tempo integral, os outros estudantes da Educação Infantil e
do Ensino Fundamental saíam de ônibus de suas escolas, no contraturno do
ensino regular, e se dirigiam a diferentes espaços conveniados ou públicos
para participar de atividades extras de formação. Os de Infantil seguiam para
os Núcleos Brincartes, com atividades pedagógicas específicas para cada
idade. Os do Fundamental ficavam dois dias na escola e dois dias
frequentavam diferentes espaços de socialização da cidade, como parques,
museus, teatros, clubes e escolas da ciência, ambientes com atividades
educativas extracurriculares como esporte, lazer, música, artes cênicas, dança
e conhecimentos gerais.
Visando articular as experiências e ações nos dois níveis – Educação Infantil
e Ensino Fundamental, as equipes internas da Secretaria Municipal de
Educação compuseram, em 2009, uma equipe única de Educação Integral
para fortalecer a aproximação e articulação das ações, estabelecendo
princípios que possibilitassem unidade, organicidade e sistematicidade da
concepção e implementação do Programa.
Para subsidiar o atendimento, foi elaborado o Documento Orientador do
Programa de Educação em Tempo Integral (2009/10), que apresentava
concepções baseadas em três pilares: a perspectiva da cidade como espaço
de aprendizagem; a importância das políticas públicas articuladas entre as
Secretarias; e o desenvolvimento de atividades que contribuíssem para a
formação integral por meio das diversas e múltiplas linguagens – escrita,
matemática, oral, plástica, corporal, musical e dos diversos conhecimentos
das ciências da natureza, humanas e sociais.
Outro marco nesse processo foi a criação do Programa Municipal Educação
Ampliada, de 2013, que pretendia aumentar as oportunidades de
aprendizagem numa interação com espaços não formais de educação, além
de qualificar as atividades curriculares das próprias escolas. Essa nova etapa
previa que crianças e adolescentes pudessem ter acesso às atividades de
educação em tempo integral por meio de três modalidades de atendimento:
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a) Educação Integral com Jornada Ampliada, b) Estudantes em Atividades
Intersetoriais (oferecidas em parcerias com outras Secretarias Municipais), c)
Escolas Municipais em Tempo Integral.
Na Educação Infantil, dentre as principais mudanças naquele período, está a
reorganização dos CEMEIs, que passaram a absorver, progressivamente, a
oferta da Educação Integral para estudantes da própria unidade de ensino, e
não mais nos Núcleos Brincarte. Isso resultou que, em 2014, permaneciam
funcionando apenas três desses Núcleos, sendo dois sob administração direta
da municipalidade. Dos 49 CEMEIs existentes em 2016, 40 realizaram o
atendimento em tempo integral, sendo que quatro dessas unidades fizeram
parte de um projeto-piloto para atendimento em tempo integral – da maior
parte de seus alunos – na própria unidade.
No Ensino Fundamental, a adesão de outras escolas ao Programa Educação
Integral com Jornada Ampliada foi aumentando e, em 2016, das 53 escolas
públicas de Ensino Fundamental da rede municipal de ensino, 46
desenvolvem atividades de Educação Integral, sendo 43 com a modalidade
Educação Integral com Jornada Ampliada e outras três como escolas
municipais de Ensino Fundamental em tempo integral. Estas últimas,
implantadas em 2015, darão subsídios no futuro, segundo a SEME, para uma
possível extensão, gradativa, do novo modelo para toda a rede.
Com a perspectiva de ofertar mais atividades em equipamentos públicos ou
de parcerias pela cidade, por meio da modalidade “Estudantes em Atividades
Intersetoriais”, são oferecidas atividades em uma plataforma, na internet, com
ações variadas, em diferentes Secretarias (cultura, esporte, ação social), onde
as famílias inscrevem os filhos, estudantes da rede, em atividades em que
tenham interesse: esporte, atividades culturais, dança, música, entre outras.
Essas aulas e atividades não estão diretamente vinculadas ao currículo
escolar; elas são complementares e fazem parte de outro tipo de ação que
não precisa estar, necessariamente, atrelada ao currículo da escola.
1.2 Um breve panorama histórico da parceria entre Cenpec, FIS e SEME
Com o panorama apresentado no item anterior, é possível compreender o
contexto da política de Educação Integral em Vitória, em 2014, com o qual se
deparam a Fundação Itaú Social e o Cenpec. Os trâmites para uma parceria
com a Secretaria Municipal de Educação se desenvolvem, a princípio, com o
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objetivo de colaborar para o aprimoramento dessa política pública que estava
implantada e que já possuía uma série de ações e experiências realizadas.
Dentre as posturas assumidas pela SEME, a partir de 2013, em relação à
política de Educação Integral, estava a de dar maior visibilidade, aprimorar e
de ampliar gradativamente essa forma de atendimento, acentuando seu
caráter de política pública, previsto no Plano Nacional de Educação e também
no Plano Municipal de Educação de Vitória. O primeiro objetivo da parceria,
portanto, seria estabelecer diretrizes, as bases conceituais e os princípios da
política de Educação Integral em um documento que fosse, até certo ponto,
independente das mudanças de governo.
Desse ponto de partida nasceu o primeiro fruto da parceria, o documento
Diretrizes da Educação Integral3, elaborado em conjunto, a partir de 2014, e
que trouxe os pressupostos dessa política para a rede de ensino. A
construção desse documento deu-se ao longo daquele ano e, no primeiro
semestre de 2015, por meio de encontros sistemáticos de discussão da equipe
do Cenpec e da Fundação Itaú Social com a Comissão de Educação Integral,
formada por profissionais das equipes técnicas das Gerências da Educação
Infantil, Ensino Fundamental, Gestão Democrática, Formação, Coordenações
da Educação Especial e Alimentação Escolar e Conselho Municipal de
Educação, e representantes das equipes das escolas (diretores, pedagogos e
coordenadores da Educação Integral). As discussões buscavam identificar e
fomentar o entendimento do grupo sobre temas estruturantes da política
educacional e pedagógica, reconhecendo as matrizes ou diretrizes basilares
para o trabalho de Educação Integral na rede.
Durante esses encontros, viu-se a necessidade de potencializar a formação
dos coordenadores das 43 escolas participantes do Programa de Educação
Integral. Assim, no segundo semestre de 2014, a assessoria também passou a
trabalhar junto com a SEME na construção das pautas e nos encontros de
formação desses profissionais, ampliando o escopo da parceria.
A SEME mantinha desde 2005 – primeiro, para a Educação Infantil e, depois,
a partir de 2007, também para o Ensino Fundamental – equipe específica para
acompanhar a Educação Integral e que também promovia formações na rede.
3 O documento das Diretrizes da Educação Integral de Vitória passou por uma nova revisão em 2016 e será publicado em breve.
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A formação de 2014 já havia sido planejada para começar em julho daquele
ano.
Desse modo, o Cenpec e a FIS partiram dessa proposta já preparada pela
SEME e passaram a contribuir com as pautas dos encontros, incluindo outras
ações não previstas no planejamento anterior, ajudando na realização das
atividades.
O objetivo final era
aprimorar as ações
pedagógicas
desenvolvidas pelos
coordenadores de
Educação Integral junto
às escolas participantes
do Programa. Dessa
forma, em 2014 e 2015, a
parceria se deu em duas
frentes: na elaboração
do Documento
Orientador da Política
Educacional e na formação de coordenadores do Programa.
Importante salientar que as ações da parceria foram sendo construídas num
processo dinâmico e participativo, em que, em vez de se estabelecer a priori
o “modelo” de tudo que seria feito, definia conjuntamente quais deveriam ser
os próximos passos do trabalho. Assim, respeitaram-se as necessidades do
município e o que já estava construído pela equipe local, aproveitando a
estrutura existente na rede municipal para dar suporte às propostas.
Na avaliação de diferentes atores da Secretaria, a parceria como a
formalizada com Fundação Itaú Social e Cenpec foi importante justamente
por ter a característica fundamental de não trazer propostas prontas, mas, ao
contrário, colaborar com o que já está sendo trabalhado e com as
experiências existentes.
Entendemos que uma assessoria externa faz sentido
na medida em que vem potencializar e atender às
demandas da rede municipal de ensino,
considerando seus percursos e trajetórias e
contribuindo para avançar na direção do
fortalecimento da política pública. Conhecemos
tanto a Fundação Itaú Social como o Cenpec e,
assim, acreditamos na possibilidade de colaborarem
tecnicamente com as iniciativas da rede municipal, a
partir das produções coletivas dos educadores de
Vitória registradas em documentos que objetivam
apontar caminhos estruturantes para a identidade de
uma rede que prioriza a efetividade de políticas
educacionais. (Janine Mattar Pereira de Castro, atual
subsecretária pedagógica da SEME)
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1.3 Em 2015, abre-se nova frente de atuação: o acompanhamento pedagógico
das escolas participantes do Programa
Nesse processo de assessoria, a etapa seguinte foi o acompanhamento
pedagógico direto junto às escolas
participantes do Programa de
Educação Integral com Jornada
Ampliada da rede municipal de
Vitória. Esta ação surgiu – e, ao
mesmo tempo, norteou-se – pelo
entendimento de que o
acompanhamento pedagógico
deveria tornar-se um processo
formativo, com potencial
transformador, em que todos os
envolvidos pudessem avaliar o
trabalho realizado, comemorando
os êxitos e redirecionando o que não estivesse adequado.
Como dito anteriormente, a SEME mantinha uma equipe que acompanhava
as ações do ensino regular relacionadas à Educação Infantil e ao Ensino
Fundamental. O acompanhamento pedagógico, nesse caso, era realizado in
loco por técnicos de referência da escola junto ao corpo técnico
administrativo de cada unidade (diretores, pedagogos e coordenadores de
turno). Cada visita tinha um propósito e instrumento para registro. Também
eram realizadas assessorias regionalizadas com as pedagogas para debater
sobre os dados das escolas (defasagem, rendimento, etc.). O trabalho era
sistematizado e contínuo e, a cada rodada de acompanhamento na escola, os
temas eram tratados de acordo com as necessidades de formação
observadas pela SEME.
No caso da Educação Integral, não havia um acompanhamento pedagógico
sistemático in loco, nem tão pouco sistematização do processo empreendido
pela Secretaria. A Coordenação de Educação Integral realizava apenas visitas
esporádicas e pontuais para atender a demandas mais imediatas das
unidades escolares.
A proposta, elaborada em 2015, utilizou como base a experiência da SEME do
ensino regular, mas foi pensada de modo que o acompanhamento
A equipe anterior realizava visitas
técnicas às escolas, de acordo com as
necessidades, para resolver questões de
conflitos entre a equipe da Educação
Integral e a equipe do regular, ou para
acompanhar o planejamento das ações
de Educação Integral, mas não havia um
registro sequencial, com objetivos a
serem alcançados durante o ano.
(Fátima Rodrigues Burzlaff, atual
coordenadora de Educação Integral na
SEME)
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pedagógico permitisse identificar e compreender os avanços e as
dificuldades do percurso, com o fim de subsidiar a tomada de decisão pelas
diversas instâncias do sistema de ensino (a SEME e a equipe escolar),
direcionando as ações subsequentes para garantir o direito de todos à
educação de qualidade.
Assim, o modelo de trabalho do acompanhamento pedagógico para o
Programa de Educação Integral com Jornada Ampliada foi construído em
parceria com a Secretaria Municipal de Educação, de maneira adequada às
necessidades do sistema, identificando as práticas já utilizadas como ponto
de partida. Além disso, considerou-se que o acompanhamento pedagógico
deveria ser exequível frente às condições técnicas, operacionais e estruturais
da Secretaria Municipal de Educação e ter um caráter formativo de seus
técnicos para poder se incorporar às rotinas institucionais. Ao fim de um
determinado período, faria parte do trabalho cotidiano, transformando-se
num pilar de sustentação da melhoria do sistema de ensino.
E para alcançar esses objetivos e construir uma proposta de
acompanhamento pedagógico para as escolas participantes do Programa de
Educação Integral com Jornada Ampliada, deu-se início a essa ação em três
unidades educacionais, que seriam as “escolas-piloto” para esse processo. Por
meio de um acompanhamento sistemático e in loco, esperava-se obter
subsídios técnicos e pedagógicos para a construção de uma proposta e de
um modelo de acompanhamento pedagógico que alcançasse as demais
escolas. Para isso, contou-se com a participação de diferentes profissionais e
instâncias da Secretaria Municipal de Educação, assim como das equipes das
escolas-piloto, cada qual com atribuições e responsabilidades inerentes ao
seu papel e função.
Ao Cenpec e à FIS, coube assessorar a equipe da Coordenadoria de Educação
Integral da SEME na formulação da proposta e na sua implementação para
apresentar e validar as concepções teóricas que embasaram a proposta, para
estruturar as pautas das reuniões e levantar aspectos significativos que
orientaram os encontros com a equipe da SEME e com as escolas-piloto, para
participar do acompanhamento pedagógico desenvolvido nas três escolas-
piloto e, por fim, para sistematizar as reuniões com a equipe técnica da SEME
e as reuniões de acompanhamento pedagógico realizadas.
Após a aprovação desse modelo de trabalho pela SEME, foi feito um convite
(ver carta utilizada no anexo 2) às 43 escolas do Programa de Educação
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Integral com Jornada Ampliada para se inscreverem para participar do
projeto-piloto de acompanhamento pedagógico. O convite explicava que
seriam escolhidas três, dentre as que estivessem interessadas, e que isso
exigia participação e comprometimento de profissionais da escola – diretores,
pedagogos, coordenadores e até professores e pais em alguns momentos –
nas discussões e também na elaboração da proposta. Quatro escolas, a
princípio, se interessaram em participar, mas apenas três – EMEF Eber
Louzada Zippinotti, EMEF Lenir Borlot e EMEF Mal. Mascarenhas de Moraes –
continuaram de fato.
A proposta previa a realização de reuniões mensais com cada uma dessas
escolas, reuniões estas precedidas de outras, de pauta e planejamento,
realizadas em conjunto com as equipes da SEME (Coordenadoria de
Educação Integral e assessores que compõem a Gerência de Ensino
Fundamental, além de representantes da Gerência de Ensino Infantil e da
Gerência de Gestão Democrática4). O objetivo era construir a metodologia
para o acompanhamento pedagógico de forma participativa e que fosse
também formativa, respeitando a particularidade de cada escola e, ao mesmo
tempo, possibilitando a construção de uma diretriz comum.
Uma vez por mês, de maio a dezembro de 2015, as equipes do Cenpec, da
FIS e da SEME realizavam os encontros. O caráter formativo e participativo,
principalmente em relação às unidades escolares, estava garantido pela
metodologia adotada. Desde o início, deixou-se claro que não se tratava de
uma ação fiscalizadora a ser realizada nas escolas-piloto.
Na prática, os encontros começavam com uma primeira abordagem
diagnóstica e sobre as potencialidades e fragilidades na implantação da
Educação Integral, propondo ações aos profissionais para superarem os
desafios encontrados. As questões e soluções apontadas eram rediscutidas
na reunião do mês seguinte, em que se faziam avaliações do que fora
realizado e seus resultados. A partir disso, novas ações eram propostas.
Após cada encontro, a equipe do Cenpec enviava a todos os participantes
uma devolutiva por email com os apontamentos, discussões e proposições
4 Essa gerência é responsável, segundo o regimento interno da Secretaria de Educação, por elaborar propostas de criação e/ou reformulação da legislação referente à gestão democrática; organizar e acompanhar as eleições de diretores, conselhos de escola e grêmios estudantis; assessorar os conselheiros de escola na elaboração, acompanhamento e avaliação do Projeto Político-Pedagógico das unidades de ensino, entre outras atividades.
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acordados nas reuniões. Dentro dessas discussões, cada uma das três escolas
acompanhadas escolheu, logo no início, um objetivo a ser buscado, algo que
se tornaria o ponto de partida para pautar as discussões dos encontros
subsequentes de acompanhamento pedagógico.
Os três objetivos foram:
• melhorar a integração curricular entre o Programa de Educação
Integral com Jornada Ampliada e o ensino regular (escolhido pela
EMEF Eber Louzada Zippinotti);
• aproximar o Programa de Educação Integral com Jornada Ampliada
das famílias e melhorar a comunicação entre os profissionais do
Programa e os professores (EMEF Lenir Borlot);
• ressignificar os espaços educativos e integração curricular entre o
Programa de Educação Integral com Jornada Ampliada e o ensino
regular (EMEF Mal. Mascarenhas de Moraes).
A partir dos encontros das
equipes do Cenpec e da SEME
com a equipe de cada escola
ao longo de 2015, que, em
alguns momentos, incluíram a
participação das famílias e dos
próprios estudantes, foram
construídos objetivos e
indicadores de qualidade para
o Programa (entendidos aqui
como pontos a serem
observados no interior das
escolas).
No final de 2015, a experiência
com as três escolas-piloto foi
apresentada aos 43 coordenadores do Programa de Educação Integral com
Jornada Ampliada nas escolas, juntamente com os objetivos do Programa
que foram sistematizados até então. Nesse mesmo período, como parte do
acompanhamento pedagógico, as escolas-piloto também realizaram
encontros com pais, familiares e estudantes para falar do projeto e ouvir
Depois, sistematizamos essa escuta do que eles relatavam como pontos positivos e desafios ainda a serem superados com a
Educação Integral. E, quando começamos a sistematizar esses pontos positivos e desafios, foram surgindo os objetivos construídos coletivamente. Depois,
começamos a criar estratégias para efetivar o objetivo que eles elegeram como o maior desafio a ser superado na escola. Durante
as visitas, sempre levávamos um texto para refletir sobre o que eles apontavam como desafio e pactuavamos uma ação a ser
cumprida pela equipe da escola para atingir parte do objetivo. Na visita seguinte,
relatavam o que deu certo e o que não deu e já se planejava outra ação. (Fátima
Rodrigues Burzlaff, atual coordenadora de Educação Integral na SEME)
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sugestões, que foram discutidas e incorporadas aos objetivos e indicadores
do Programa.
Por fim, as duas últimas ações do ano foram: a avaliação geral do
acompanhamento pedagógico às escolas, seus êxitos, fragilidades e
indicações de mudanças para que pudesse ser ampliado a todas as escolas
da rede em 2016; e um seminário promovido pela SEME, Cenpec e FIS para
apresentar a experiência de 2015. Esses dez grandes objetivos (veja o
diagrama abaixo), construídos com a equipe da Secretaria de Educação e
com as três escolas-piloto, são entendidos por diferentes atores como um
importante produto elaborado nessa fase do Programa5.
Diagrama 1 - Objetivos do Programa de Educação Integral com Jornada Ampliada
5 Os objetivos estão passando por um processo de revisão, tendo em vista as necessidades de aprimoramento dos mesmos frente ao contexto do acompanhamento pedagógico em 2016.
ProgramadeEducação
IntegralcomJornadaAmpliada
Ampliarotempodiáriodosalunosnaescola.
Ampliarasoportunidadeseducativasdosalunosa
partirdaofertadeatividadesdiversificadas.
Ampliaroconhecimentodosespaçospúblicosdacidadeedoentornodaescolaeseupotencial
educativo.
Utilizaroucriarnovosespaçosetemposde
aprendizagemdentrodaescola.
Integraçãocurricular(articularotrabalhodaEducaçãoIntegralcomo
doregular).Promoveraçõesarticuladasentre
diferentessetoresdegestãodoPrograma.
Viabilizarasaçõesdafamílianosentidode
participar,acompanhareavaliarasaçõesdo
Programa.
Desenvolveroprotagonismoeautonomia
infanto-juvenil.
Favoreceracomunicaçãoentreosdiferentes
participantesdoPrograma.
Promoverasaúdedosalunos.
Construir objetivos junto com os coordenadores, diretores, pedagogos,
familiares e alunos que participaram desse projeto foi muito rico. Depois,
tivemos também a oportunidade de socializar com as demais escolas e com
os coordenadores. (Fátima Rodrigues Burzlaff, atual coordenadora de
Educação Integral na SEME)
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1.4 Em 2016, um novo desafio: o ganho de escala do acompanhamento
pedagógico
Com a continuidade da parceria em 2016, o Cenpec e a FIS auxiliariam a SEME
em um novo desafio: expandir o acompanhamento pedagógico para as 43
escolas participantes do Programa, envolvendo, preferencialmente, as
mesmas equipes que trabalharam com as escolas-piloto em 2015.
Logo de início, essa possibilidade esbarrava em um problema real: a SEME
teve um grande número de servidores se aposentando ou que precisaram se
afastar por questões pessoais e não foram abertos concursos públicos nesse
período, desfalcando várias equipes. Essa foi uma das principais razões que
impediram que se continuasse o trabalho conjunto com a participação das
outras áreas da Secretaria que estiveram no projeto-piloto de
acompanhamento em 2015: a Gerência de Gestão Democrática, a equipe de
Educação Especial e os assessores da Gerência de Ensino Fundamental.
Frente a esse cenário, o acompanhamento pedagógico das escolas contaria
apenas com a equipe da Coordenadoria de Educação Integral, composta
pelos seus três técnicos – incluindo a própria coordenadora – para realizar o
acompanhamento das 43 escolas. O desenho inicial previa um
acompanhamento individual a cada uma das escolas, mas, em razão do
quadro enxuto, pensou-se em outras combinações possíveis e arranjos
operacionais.
Nas discussões da equipe do Cenpec com a SEME para se chegar ao melhor
formato, surgiu a proposta de combinar o acompanhamento individual com
encontros regionalizados, como já era realizado por outras equipes da própria
Secretaria.
Evidentemente, nessa mudança de escala – de três para 43 escolas, nem
todas as sistemáticas desenvolvidas em 2015 com as escolas-piloto puderam
ser mantidas. Foi o caso das devolutivas mensais dadas às três escolas depois
de cada encontro, que ficaram comprometidas. O trabalho com apenas três
escolas-piloto já havia sido um desafio e tanto para a pequena equipe, que,
junto com colegas de outros setores e auxiliada por representantes do
Cenpec e da FIS, era a responsável por organizar e executar todas as
inúmeras tarefas decorrentes dos acompanhamentos. Agora, com 40 escolas
a mais e muitos colegas a menos, a situação ficara bem mais complicada.
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Ainda assim, com tantos percalços, o acompanhamento pedagógico foi
estruturado em 2016 para atender a todas as unidades escolares que
participam do Programa de Educação Integral com Jornada Ampliada. Dessa
forma, no próximo capítulo, serão apresentados em detalhes as premissas, os
fundamentos metodológicos e as escolhas operacionais do
acompanhamento pedagógico realizado com as 43 escolas que integram o
Programa.
1.5 Ações do Programa de Educação Integral com Jornada Ampliada nas
escolas
O Programa de Educação Integral com Jornada Ampliada está estruturado
para atender as crianças e adolescentes regularmente matriculados na
Educação Infantil e Ensino Fundamental das unidades de ensino da rede
municipal de Vitória, como ação complementar à escolarização. O Decreto nº
16.637 e a Portaria SEME nº006/2016, de 14 de março de 2016, estabelecem
as orientações e os critérios para acesso e atendimento dos alunos. Em linhas
gerais, o Programa está estruturado no Ensino Fundamental da seguinte
maneira:
Organização interna da SEME de Vitória
A Secretaria Municipal de Educação de Vitória está sob a responsabilidade principal da secretária de Educação, que divide a gestão e coordenação com a subsecretária político-pedagógica e subsecretária de Gestão Escolar e de Gestão de Pessoas, organizadas da seguinte maneira: Subsecretária Político-Pedagógica possui sob sua responsabilidade:
Gerência de Educação Infantil, Gerência de Ensino Fundamental, Gerência de Formação e Desenvolvimento em Educação, Coordenação de Formação e Acompanhamento da Educação Especial.
Subsecretaria de Gestão Escolar possui sob sua responsabilidade:
Gerência de Recursos Humanos, Gerência Orçamentária e Financeira, Gerência Administrativa, Gerência de Gestão Democrática, Gerência de Acompanhamento e Manutenção das Obras da Educação.
A cada gerência educacional se atribui uma ou mais coordenações, a depender da especificidade e das demandas de cada setor. A Coordenação de Educação Integral, responsável pelo Programa de Educação Integral com Jornada Ampliada, está subordinada à Gerência de Ensino Fundamental. Esta última também é responsável pela Coordenação de Educação de Jovens e Adultos e pela Coordenação de Formação e Acompanhamento do Ensino Fundamental.
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• Público atendido: o atendimento é facultativo a todos alunos do 1º ao
9º ano do Ensino Fundamental, com idades entre 6 e 14 anos,
priorizando os seguintes aspectos: social, de saúde, de exposição às
violências e situação escolar. O responsável ou representante legal
deve preencher, no início do ano letivo, uma ficha cadastral e
apresentar as documentações solicitadas, cabendo à equipe escolar e
ao conselho de escola da unidade de ensino proceder ao
cadastramento, análise e avaliação, com apoio da rede
socioassistencial. Em 2016, foram abertas 2.519 vagas entre as 43
escolas participantes do Programa. As escolas têm autonomia para
definir o número de vagas ofertadas (a escola com menor número de
vagas é 40 e com maior número de vaga é 100), com base em uma
análise da capacidade física de atendimento, infraestrutura disponível,
recursos humanos e parcerias com o entorno. Esse estudo e definição
são feitos em diálogo com o conselho escolar.
• Tempo: as atividades acontecem nos períodos da manhã e tarde, no
contraturno. Os alunos do regular do período da manhã frequentam o
Programa de Educação Integral com Jornada Ampliada no período da
tarde; e os alunos do regular do período da tarde frequentam o
Programa no período da manhã. O tempo de permanência desses
alunos na escola é de 7h30 a 10h por dia, de acordo com a organização
de cada escola – precisa haver, no mínimo, 15 horas semanais para ser
considerado atendimento em jornada ampliada (em consonância com
as diretrizes estabelecidas pelo Ministério da Educação). O transporte
e o deslocamento são de responsabilidade das famílias, que, em sua
maioria, vivem na mesma região e bairro em que está localizada a
escola.
• Atividades desenvolvidas pelas escolas: são ofertadas atividades
socioculturais, esportivas e científicas distribuídas nos seguintes eixos
temáticos: orientação aos estudos, diversidade no currículo, educação
socioambiental, comunicação e inclusão digital, linguagem artístico-
cultural e corpo e movimento.
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Diagrama 2 – Eixos temáticos do Programa de Educação Integral com
Jornada Ampliada
• Atividades realizadas em parceria: as escolas participantes do
Programa estabelecem parcerias com equipamentos socioculturais e
esportivos pertencentes à Secretaria de Assistência Social (Serviço de
Atendimento à Crianças e Adolescentes - Projeto Caminhando Juntos
- Cajun), Secretaria de Esporte e Lazer (Pólos Esportivos) e Secretaria
de Cultura, além de OSCs, para compor o quadro de oferta de
atividades às crianças e adolescentes.
• Saídas pedagógicas: cada escola participante do Programa possui uma
diária de ônibus quinzenal que pode ser usada para o deslocamento
dos estudantes aos equipamentos parceiros e/ou para realizarem as
saídas pedagógicas aos diferentes espaços educativos da cidade. As
saídas pedagógicas são atividades frequentes da Educação Integral,
com o objetivo de explorar os diversos espaços e equipamentos
públicos, a fim de desenvolver atividades pedagógicas e de estímulo à
aprendizagem. Locais como parques, praças, museus, centros culturais
e esportivos, cinemas, bibliotecas, praias, mercados/feiras, etc. são
visitados pelos estudantes. Em alguns casos, a depender do número
de alunos das turmas, duas escolas podem compartilhar o mesmo
ônibus e desenvolver em conjunto as atividades das saídas
pedagógicas, proporcionando, assim, saídas semanais aos alunos.
Além das saídas pedagógicas pela cidade, a Coordenação de
Educação Integral da SEME tem estimulado os coordenadores a
explorar espaços no próprio entorno, reconhecendo o território no
qual se insere a escola, sua história, suas características, sua
comunidade, seus movimentos e manifestações socioculturais.
• Ações complementares: em algumas escolas, existem professores com
uma carga horária específica para atender às atividades da Educação
Integral. Eles devem desenvolver atividades relacionadas aos eixos do
Programa e de maneira articulada com a Coordenação de Educação
Integral na escola, de modo a aproveitar outros espaços e experiências
proporcionados pela Educação Integral para criar diferentes
Orientaçãoaosestudos
Diversidadenocurrículo
Educaçãosocioambiental
Comunicaçãoeiinclusãodigital
Linguagemartístico-cultural
Corpoemovimento
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oportunidades de aprendizado aos alunos. E, nesse sentido, o
acompanhamento pedagógico orienta os coordenadores e pedagogos
a dialogarem e planejarem ações conjuntas. Em algumas escolas,
também há monitores do Programa Mais Educação. Eles desenvolvem
oficinas com os alunos participantes do Programa e do ensino regular,
em dias e horários específicos, complementando o
planejamento/agenda do Programa de Educação Integral, e sua carga
horária de trabalho é exclusiva para a realização das oficinas.
Em relação à equipe da escola responsável pela gestão do Programa, há em
cada escola os coordenadores de Educação Integral, profissionais da rede
(professores, coordenadores de turno e pedagogos) que são convidados
pelas próprias escolas para assumirem a função por um período
indeterminado. Para selecionar esses coordenadores, inicialmente, foi
realizado um processo seletivo interno na SEME, mas, depois, com o aumento
do número de vagas na Educação Integral, as escolas é que assumiram a
definição/indicação desses profissionais.
De acordo com as entrevistas realizadas, esses coordenadores atuam em
período integral nas escolas (40 horas) e têm a função de coordenar todas
as atividades da Educação Integral, respondendo e atendendo a
necessidades e questões pedagógicas, administrativas e operacionais para o
desenvolvimento do Programa.
Os coordenadores também são responsáveis pela interlocução direta com os
pedagogos e diretores da escola, propondo e estimulando agendas conjuntas
e planejamentos integrados, e por orientar os integradores sociais. Por sua
vez, esses últimos são profissionais contratados também via processo
seletivo da SEME por um período de um ano, renovável por mais um ano.
Atuam 30 horas semanais e têm a função de acompanhar e desenvolver
todas as ações da Educação Integral.
Para essas duas funções, coordenadores da Educação Integral e integradores
sociais, não há um documento ou dispositivo legal6 atualizado que indique
66O edital do processo seletivo interno da SEME realizado em 2007 é o único documento que estabelece as responsabilidades e atribuições dos coordenadores de Educação Integral. Já para os integradores sociais, as atribuições estão descritas no edital do processo seletivo ocorrido em 2014. Atualmente, a equipe da SEME vem
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quais são as suas responsabilidades frente ao Programa, bem como qual o
perfil que eles devem ter. Atualmente, a escolha dos que irão assumir essas
funções acaba, em última instância, sendo definida pelos diretores das
escolas.
Diretores, pedagogos, coordenadores de turno e professores das escolas são
convocados para os encontros individualizados de acompanhamento
pedagógico e, eventualmente, também participam das reuniões de
planejamento das atividades da Educação Integral com os coordenadores e
integradores sociais.
Para facilitar o entendimento das atribuições e responsabilidades dos
diferentes atores junto ao Programa, segue o diagrama abaixo. Importante
frisar que as atribuições listadas para diretor, coordenador de Educação
Integral, professores e integradores sociais foram consolidadas a partir,
principalmente, das entrevistas realizadas durante o processo de
sistematização, tendo em vista que não há documento legal ou diretriz que
estabeleça a responsabilidade desses atores frente ao Programa de Educação
em Tempo Integral com Jornada Ampliada. O regimento comum às unidades
de ensino da rede municipal de Vitória (sem data) cita, de modo geral, em
seu Art. 230: “a Educação em Tempo Integral, na Rede Pública de Vitória, é
garantida por meio de Projeto e ofertada em consonância com políticas
públicas articuladas, visando o acesso e a permanência de alunos, de acordo
com critérios específicos, regulamentados em Decreto Municipal”.
Para as funções de pedagogo e coordenador de turno, o regimento menciona
que, entre suas atribuições, esses profissionais devem “planejar ações e
acompanhar os alunos atendidos no horário integral”. Mesmo assim, percebe-
se que não há atribuição relacionada diretamente ao Programa de Educação
Integral com Jornada Ampliada.
procurando discutir as atribuições desses profissionais e estruturar um documento orientador, processo esse ainda em andamento..
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Diagrama 3 – Atribuições e responsabilidades dos atores escolares junto ao
Programa
Diretor: gestãoadministrativa,financeiraepedagógicadaescolacomoumtodo,incluindoaEducaçãoIntegral.
Pedagogos:planejaraçõeseacompanharosalunosatendidosnohoráriointegral.
Coordenadordeturno:planejaraçõeseacompanharaosalunosatendidosnohoráriointegral.
CoordenadordeEducaçãoIntegral:gestãodasatividadespedagógicas,administrativaseoperacionaisdaEducaçãoIntegral.
Professores: algunspossuemcargahoráriaespecíficaparaatenderàsaçõesdaEducaçãoIntegral.
Integradoressociais: acompanharedesenvolvertodasasaçõesdaEducaçãoIntegral.
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CAPÍTULO 2 - ACOMPANHAMENTO PEDAGÓGICO
Premissas, fundamentos metodológicos e operacionalização
No capítulo anterior, foi possível conhecer um pouco sobre o contexto da
política de Educação Integral de Vitória e compreender as atividades
desenvolvidas no âmbito da parceria entre Cenpec, FIS e SEME. Ao longo
desse processo, as ações foram sendo aprimoradas, visando ao
fortalecimento e à qualificação da oferta de Educação Integral aos estudantes
do município.
Como dito anteriormente, o caminho traçado em 2015, com o
desenvolvimento de uma experiência-piloto de acompanhamento
pedagógico junto a três escolas municipais, solidificou as bases para a
ampliação da iniciativa: em 2016, 43 escolas participantes do Programa de
Educação Integral com Jornada Ampliada passaram a contar com o
acompanhamento pedagógico.
Com efeito, o presente capítulo tem como objetivo apresentar o que é o
acompanhamento pedagógico realizado em 2016 com essas 43 escolas, quais
premissas subsidiam o trabalho, quais escolhas foram feitas, os conceitos que
justificam essas escolhas e as metodologias utilizadas pelas equipes que
conduzem o processo. Também será apresentado como se dá o ciclo
operacional do acompanhamento pedagógico, partindo das ações da
assessoria do Cenpec e FIS junto à SEME e chegando às escolas participantes.
2.1 O que é o acompanhamento pedagógico e quais são os seus objetivos
O acompanhamento pedagógico é um conjunto de atividades de caráter
formativo, informativo, dialógico e participativo, voltado a oferecer suporte
aos profissionais da equipe diretiva da política de Educação Integral da
Secretaria Municipal de Educação de Vitória, suas instâncias regionais e
escolas, apoiando o desenvolvimento das atividades técnicas, pedagógicas e
administrativas relacionadas à implantação do Programa de Educação
Integral com Jornada Ampliada.
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O objetivo é desenvolver uma cadeia de ações junto às diferentes instâncias
e com os diferentes atores da Secretaria de Educação, de modo que as
escolas participantes recebam suporte técnico e pedagógico constante para
consolidar as atividades de
Educação Integral em seu
interior, a partir do
envolvimento de diversos
profissionais (diretores,
pedagogos, monitores,
professores, integradores
sociais e coordenadores do
Programa nas escolas).
A primeira dimensão desse processo se dá com a articulação permanente
entre a equipe da assessoria do Cenpec e FIS e a equipe da Secretaria, em
especial a Coordenadoria de Educação Integral. A ação contínua e articulada
entre essas duas equipes tem contribuído para a gestão do Programa de
Educação Integral com Jornada Ampliada, nos âmbitos do planejamento, da
definição do conteúdo e das estratégias que serão empreendidas, do
monitoramento e da avaliação das atividades, que concretizam o processo
de acompanhamento pedagógico junto às 43 escolas.
Esse trabalho conjunto permite efetivar o acompanhamento pedagógico por
parte da equipe da Secretaria junto às escolas em uma segunda dimensão
desse processo, que acontece nos encontros individualizados e
regionalizados, dos quais participam os técnicos da equipe de Coordenação
de Educação Integral e representantes das escolas participantes do
Programa.
Espera-se, com esse movimento, proporcionar às escolas momentos de
reflexão sobre suas práticas no desenvolvimento do Programa de Educação
Integral e oferecer suporte/orientações conceituais, metodológicas e
operacionais para que seus objetivos sejam alcançados, garantindo, assim, a
ampliação das oportunidades de aprendizado e o direito à educação de
qualidade a todos.
Eu penso que o objetivo do acompanhamento
pedagógico é dar ferramentas para a gente e
proporcionar a troca de experiências com
outros locais que também caminham nesse
sentido da Educação Integral. (Nádia Perez,
coordenadora do Programa de Educação
Integral na EMEF Éber Louzada)
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Também entende-se que os efeitos
do acompanhamento pedagógico
devem ser refletidos na execução
qualificada das ações do Programa
de Educação Integral com Jornada
Ampliada por parte das escolas junto
aos estudantes. Essa é a terceira
dimensão desse processo, em que
cada escola define quais são os
objetivos que deseja alcançar no
âmbito do Programa e busca
elaborar um planejamento para
desenvolver diferentes atividades
com os alunos participantes.
Nesse sentido, o processo do
acompanhamento pedagógico tem como intenção apoiar o desenvolvimento
de práticas efetivas de Educação Integral, a partir do repertório e da proposta
que a própria escola concebe e de maneira integrada às demais ações que
ela realiza. Assim, o acompanhamento pedagógico reforça a importância da
articulação e integração das
iniciativas desenvolvidas para os
estudantes.
O objetivo do trabalho é ampliar
o repertório das equipes das
unidades escolares e qualificar a
oferta das atividades inerentes
ao Programa, que são
fundamentais para a formação
integral dos alunos.
O acompanhamento pedagógico
tem dimensões claras: possibilitar
que a Secretaria se aproxime das
escolas para ver o Programa de
Educação Integral que está sendo
desenvolvido e compreender esse
processo como uma prática
formativa, que auxilia as escolas a
avançarem na questão dessa
política da Educação Integral e,
principalmente, na emancipação
dos alunos enquanto sujeitos.
(Débora de Almeida Torres de
Brito, consultora do Cenpec)
As ações incentivadas pelo acompanhamento pedagógico para serem desenvolvidas por parte
das escolas dialogam diretamente com os preceitos estabelecidos nas Diretrizes para a Política de Educação Integral do Município de Vitória: “Com a Educação Integral, busca-se impactar a melhoria das aprendizagens por meio de novas experiências curriculares, da
integração entre os conhecimentos historicamente construídos e os diferentes
saberes locais, da promoção de uma educação que contribui com a formação de uma
sociedade com sujeitos conscientes, autônomos, solidários, cooperativos e que cumpram com
seus deveres e lutem pelos seus direitos. Dessa forma, procura-se romper com o individualismo competitivo e a visão fragmentada de mundo
centrada na ciência e na técnica, buscando assim o desenvolvimento que contemple o ser
humano em seus aspectos integrais.”
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Diagrama 4 – Caminhos para o desenvolvimento do acompanhamento
pedagógico
O desenvolvimento do acompanhamento pedagógico proporciona, portanto,
uma aproximação da Secretaria de Educação junto às escolas e oferece pistas
sobre as demandas e necessidades de cada unidade, tornando possível o
desenvolvimento de uma política educacional mais contextualizada. Ele
permite, por meio da oferta de aporte técnico formativo e informativo,
conhecer a realidade da escola, sentar junto, provocar, fazer discussões,
formar grupos de trabalho e de estudo, com vistas à efetivação prática da
política de Educação Integral na unidade escolar. Trata-se, em suma, de um
processo que possibilita promover a emancipação dos atores escolares e
identificar e compreender os avanços e as dificuldades das escolas, a fim de
subsidiar a tomada de decisão por parte das diversas instâncias que
compõem o sistema de ensino.
Importante pontuar que o trabalho de acompanhamento pedagógico contou,
em 2016, com uma coordenadora e duas consultoras do Cenpec e um
representante da FIS, que realizavam a assessoria à SEME no âmbito das
atividades de acompanhamento pedagógico desempenhadas pelos
profissionais da secretaria junto às escolas.
Já na Secretaria, a Coordenação de Educação Integral, responsável pelo
Programa de Educação Integral com Jornada Ampliada, está subordinada à
Gerência de Ensino Fundamental e possui uma equipe de profissionais da
Educação Integral composta por três pessoas, uma coordenadora e dois
técnicos pedagógicos. São responsabilidades dessa Coordenação: realizar a
formação de toda a equipe de Educação Integral, fazer o acompanhamento
pedagógico das escolas, organizar um festival anual de práticas culturais e
esportivas que envolva todas as escolas do município.
APROXIMAÇÃOSECRETARIAESCOLA
COMPREENSÃODASDEMANDAS
ENECESSIDADES
APORTETÉCNICO
FORMATIVOEINFORMATIVO
EMANCIPAÇÃODOSATORESESCOLARES
APOIOÀTOMADADEDECISÃODASDIFERENTESINSTÂNCIAS
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34
Há também os assessores pedagógicos da SEME, responsáveis pelo apoio e
suporte pedagógico a todas as escolas de Ensino Fundamental. Essa equipe
de assessores participou ativa e diretamente do acompanhamento
pedagógico com as escolas da experiência-piloto, atuando em conjunto com
os técnicos da Coordenação de Educação Integral. Porém, em 2016, não
desenvolveram ações diretamente no acompanhamento pedagógico
específico da Educação Integral, mas dialogaram com a Coordenação de
Educação Integral em busca de uma assessoria à escola que promovesse a
integração de diferentes ações realizadas.
2.2 Premissas que subsidiam o trabalho de acompanhamento pedagógico
O desenvolvimento do acompanhamento pedagógico se estrutura em
algumas premissas que orientam todo o trabalho desenvolvido pela equipe
do Cenpec e FIS junto à Secretaria Municipal de Educação de Vitória,
conforme destacado a seguir.
Diagrama 5 – Premissas do acompanhamento pedagógico
Participação
Integração
EscutaeDiálogo
Exequibilidade
Formação
Sustentabilidade
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Participação: a proposta de acompanhamento pedagógico para as escolas
participantes do Programa de Educação Integral com Jornada Ampliada foi
concebida e desenvolvida em parceria com a equipe da Secretaria Municipal
de Educação de Vitória, em especial a Coordenação de Educação Integral, de
modo a garantir a sua adequação às necessidades do sistema público de
ensino da rede municipal.
Dessa maneira, a equipe da assessoria não queria partir de uma solução
“pronta”, mas sim estruturar um trabalho contando com as potencialidades
dos atores do território para melhor compreender as demandas e
necessidades da Educação Integral no município.
Também foram identificadas as práticas de acompanhamento já utilizadas
pela SEME que vinham se revelando adequadas e que contribuíram com
ideias para a estruturação do acompanhamento pedagógico. Nesse sentido,
o fato de a equipe do Cenpec e da FIS estar aberta a processos participativos
e de aprendizagem mútua, não só com a equipe central da SEME, mas
também com os atores das diferentes instâncias (regionais e escolas), foi
importante no momento da elaboração da proposta e continuou sendo
essencial para o acompanhamento pedagógico, tal como ele foi executado.
Integração: a demanda por integração era um desejo da própria SEME, que
sentia a necessidade de promover maior articulação entre áreas e programas,
tendo como mote a política de Educação Integral, integrando também as
ações do Programa de Educação Integral com Jornada Ampliada às
atividades desenvolvidas no âmbito do ensino regular.
Somado a isso, entende-se que a premissa da integração é fundamental, uma
vez que o acompanhamento pedagógico precisa envolver diversos sujeitos
para que representem a diversidade de olhares e perspectivas. Assim, além
da equipe de Coordenação de Educação Integral, diferentes gerências e
O acompanhamento foi firmado neste ano, em Vitória, dentro de um processo
participativo, em que o Cenpec, a FIS e a SEME desenharam um formato de
acompanhamento baseado no que eles disseram que conseguiriam realizar. Tudo
foi muito conversado dentro de objetivos que eles escolheram e que queriam
alcançar enquanto Secretaria. (Débora de Almeida Torres de Brito, consultora do
Cenpec)
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técnicos da SEME, das instâncias regionais e também representantes das
escolas estão envolvidos no processo do acompanhamento pedagógico.
Escuta e diálogo: tendo em vista as duas premissas anteriores, o processo de
trabalho não poderia deixar de garantir mecanismos de interlocução entre as
várias instâncias envolvidas. Nesse sentido, a escuta e o diálogo são
premissas permanentes e importantes, que subsidiam as ações desenvolvidas
no âmbito do acompanhamento pedagógico.
Por meio da escuta forte e atenta e de processos orgânicos de diálogo e
reflexão, busca-se ampliar as possibilidades de compreensão e os espaços de
troca e compartilhamento entre os sujeitos – proporcionando a valorização
dos diferentes saberes e trajetórias. Como consequência, espera-se abrir
diálogo com grupos que, muitas vezes, estão à margem dos processos
decisórios – como familiares e estudantes, por exemplo.
Exequibilidade: uma importante premissa para o acompanhamento é que
suas ações respeitem o contexto das equipes, com um planejamento realista
e exequível frente às condições técnicas, operacionais e estruturais da
Secretaria Municipal de Educação, das instâncias regionais e escolas. Nesse
sentido, as atividades são pensadas de modo a se adequar às rotinas
institucionais e ao trabalho cotidiano, solidificando-se como mais um pilar de
sustentação da melhoria do sistema de ensino.
O acompanhamento pedagógico busca atender a uma necessidade de
monitorar os dados e informações do Programa de Educação Integral
(quantidade de alunos, vagas, frequência, etc.) e acompanhar como o Programa
se articula com o ensino regular nas escolas. É importante que as pessoas
entendam que não existe um currículo da Educação Integral, e sim um currículo
da escola que pode ser enriquecido e ampliado na Educação Integral. (Fátima
Rodrigues Burzlaff, atual coordenadora de Educação Integral na SEME)
O acompanhamento pedagógico funciona como uma supervisão institucional, em
que você vai ajudando aquele sujeito e aquelas pessoas a lidarem com os seus
desafios. Não é para ser fiscalizador. Agora não adianta eu ir lá e dizer: “vocês
precisam trabalhar isso”. A ideia é que a escola perceba do que ela precisa”
(Letícia Araújo Moreira da Silva, coordenadora da assessoria do Cenpec ao
município de Vitória)
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Formação: o acompanhamento pedagógico tem como premissa se
caracterizar com uma das modalidades de formação em serviço que
proporcione a todos os envolvidos elementos para aprimorar suas
concepções e práticas. Assim, as ações desenvolvidas sempre buscam
fornecer subsídios conceituais, técnicos e pedagógicos, de maneira a
estabelecer a ponte entre teoria e prática e ampliar perspectivas e repertórios
dos diferentes atores.
Sustentabilidade: a premissa da sustentabilidade orienta as ações
desenvolvidas e as estratégias de acompanhamento pedagógico construídas
pela Coordenação de Educação Integral com assessoria do Cenpec e da FIS,
na perspectiva de buscar desenvolver práticas de trabalho que possam ser
incorporadas à rotina da equipe da SEME, de maneira autônoma e
permanente, mesmo após o encerramento dos trabalhos da assessoria.
2.3 Fundamentos metodológicos
O principal fundamento metodológico do acompanhamento pedagógico é o
processo de ação-reflexão-ação, que se desenvolve a partir de um
diagnóstico das possibilidades de ação de cada contexto/realidade de
trabalho, seguido de reflexões para a construção colaborativa das propostas
e ações. A referência utilizada é o método dialógico e os conceitos dos três
momentos pedagógicos, ambos de Paulo Freire, adaptados para o trabalho
aqui desenvolvido: estudos de realidade (problematização inicial),
organização e ampliação dos conhecimentos e aplicação dos conhecimentos.
O processo formativo tem que ser permanente, primeiro, porque a realidade
cotidiana está em constante mudança e é muito densa em termos de
complexidade e, segundo, porque a formação inicial de professores não dá
conta da realidade e, para isso, existe a formação continuada na escola, que
também é garantida pela Secretaria. (Janine Mattar Pereira de Castro, atual
subsecretária pedagógica da SEME)
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Esse método busca sempre
partir de uma leitura dos
acontecimentos, ou seja, de
um diagnóstico informado por
fatos, dados primários e
secundários, experiências
vividas e lições aprendidas,
tanto do ponto de vista do
trabalho com as escolas,
quanto da rede de ensino
como um todo. São
desenvolvidos com a SEME e
com as escolas, por exemplo, estudos de realidade (problematização inicial)
com o objetivo de se apreender de que forma os diferentes sujeitos percebem
os principais objetivos do Programa de Educação Integral com Jornada
Ampliada, suas potencialidades e seus principais desafios.
Nesse sentido, a análise do contexto é fundamental e, a partir dela, acionam-
se elementos teóricos e conceitos que possam ajudar a refletir sobre a prática.
Assim, torna-se possível realizar a organização e ampliação dos
conhecimentos dos envolvidos, com o objetivo de problematizá-los,
mobilizando todos em busca de mais informações e provocando reflexões
para que os conceitos e as práticas transformem-se na direção dos valores
que devem orientar a construção de uma escola de qualidade.
Entende-se que momentos de planejamento, registro e replanejamento são
fundamentais, pois permitem a análise crítica das ações realizadas e a
Notas sobre o método dialógico
Para Freire, a reflexão é o movimento realizado entre o fazer e o pensar, entre o
pensar e o fazer, ou seja, no “pensar para o fazer” e no “pensar sobre o fazer. [...] “O que
se precisa é possibilitar que, voltando-se sobre si mesma, através da reflexão sobre a prática, a curiosidade ingênua, percebendo-se como
tal, se vá tornando crítica. [...]A prática docente crítica, implicante do pensar certo, envolve o movimento dinâmico, dialético,
entre o fazer e o pensar sobre o fazer” (FREIRE, 2001). (Trechos da tese “Ação-
reflexão-ação: processo de formação continuada” de Ingrid Barbara Pereira, 1996)
Estou certo, porém, de que é preciso deixar claro, mais uma vez, que a nossa preocupação pela pergunta, em torno da pergunta, não pode ficar apenas a nível da pergunta pela pergunta. O importante, sobretudo, é ligar, sempre que possível, a pergunta e a resposta a ações que foram praticadas ou a ações que podem vir
a ser praticadas ou refeitas. Eu não sei se fica claro o que digo. Parece-me fundamental esclarecer que a tua defesa e a minha, do ato de perguntar, de
maneira nenhuma tornam a pergunta como um jogo intelectualista. Pelo contrário, o necessário é que o educando, ao perguntar sobre um fato, tenha na resposta uma explicação do fato e não a descrição pura das palavras ligadas ao fato. É preciso que o educando vá descobrindo a relação dinâmica, forte, viva,
entre palavra e ação, entre palavra-ação-reflexão. (...) Agir, falar, conhecer estariam juntos. (Trecho de Paulo Freire, extraído de Por uma pedagogia da
pergunta, Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1985)
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aplicação imediata de aprimoramentos que se façam necessários para a
obtenção de melhores resultados no desenvolvimento do acompanhamento
pedagógico.
Além disso, o desenvolvimento desse processo deve ser capaz de produzir
conhecimentos, com a retomada de todo o percurso de aprendizagens
realizado, o que permite organizar os principais aspectos trabalhados,
utilizando-se dos registros efetuados no processo, permitindo que todos os
sujeitos tenham uma visão geral do que foi feito, dos avanços e dificuldades
encontradas.
Dessa forma, torna-se possível a aplicação dos conhecimentos nas práticas
futuras envolvidas no processo de acompanhamento pedagógico. O
diagrama a seguir resume essa metodologia de trabalho.
Diagrama 6 – Ação-reflexão-ação
Esse processo orienta a estruturação das diferentes atividades
desempenhadas tanto por parte da assessoria do Cenpec e da FIS junto à
SEME, quanto na consecução do acompanhamento pedagógico junto às
escolas.
De maneira complementar, a transversalidade e transdisciplinaridade são
conceitos acionados para desenvolver os diferentes temas, conteúdos e
atividades da Educação Integral e também se configuram como fundamentos
metodológicos do acompanhamento pedagógico. Assim, o conjunto de
ações realizadas busca estimular e provocar os diferentes atores a pensar nas
abordagens e metodologias que melhor traduzem o sentido e significado
Produção de conhecimento
Prática
Teoria
Diagnóstico Estudos de realidade
Ação
Reflexão Reflexão
Ação
Registro Replanejamento
Aplicação dos conhecimentos
Tempo
Planejamento
Organização e ampliação de
conhecimentos
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pedagógico para as diferentes interações e intersecções entre os conteúdos
propostos.
2.4 Ciclo operacional do acompanhamento pedagógico: escolhas,
metodologia e infraestrutura utilizada
O acompanhamento pedagógico realizado pela equipe da Secretaria, antes
da assessoria do Cenpec e FIS e da experiência-piloto realizada em 2015 com
as escolas, era pontual e atendia apenas às demandas mais urgentes. Os
esforços da equipe da SEME estavam concentrados nas ações de formação
dos coordenadores e integradores sociais, não sendo possível realizar um
acompanhamento sistematizado das escolas.
Como apresentado no capítulo anterior, com o desenvolvimento da proposta
de acompanhamento pedagógico junto às escolas da experiência-piloto em
2015, a Coordenação de Educação Integral teve a oportunidade de observar,
refletir e analisar as potencialidades e resultados de um trabalho de
acompanhamento contínuo às escolas no desenvolvimento das ações de
Educação Integral. Ao reconhecer a importância desse trabalho, optou-se por
estender o acompanhamento pedagógico para todas as escolas participantes
do Programa de Educação Integral com Jornada Ampliada.
Entretanto, o desafio era adequar o modelo da experiência-piloto (cujo
acompanhamento era frequente e individualizado para cada uma das três
escolas) à realidade da SEME e à escala do Programa, principalmente em
relação à quantidade de escolas e técnicos disponíveis (três técnicos para
acompanhar 43 escolas). Assim, escolhas e ajustes tiveram que ser feitos e,
em um processo participativo entre a assessoria do Cenpec e FIS e a
Na Educação Integral eles têm feito um trabalho de visibilidade com as
temáticas da transversalidade. Nem sempre esse trabalho está relacionado a
disciplinas específicas e, ao mesmo tempo, pode enriquecer todas. Há também
as questões das temáticas étnico-raciais, que são muito trabalhadas, dando
essa possibilidade de aprofundamento em questões culturais, visitas a espaços
culturais, a construção de linguagens diferenciadas, seja do teatro, da música
ou de uma performance corporal em que eles traduzem conteúdos estudados
e trabalhados pela escola. (Janine Mattar Pereira de Castro, atual subsecretária
pedagógica da SEME)
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Coordenação de Educação Integral, mantendo as premissas estabelecidas, foi
possível desenhar uma nova estrutura de acompanhamento pedagógico, a
partir de um planejamento anual, que resultou no modelo a seguir:
• reuniões mensais de planejamento, preparação e avaliação do
acompanhamento pedagógico realizados entre a assessoria do
Cenpec e FIS junto à SEME, somando oito encontros no total;
• encontros regionalizados de acompanhamento pedagógico com as
escolas, por grupos/polos7, bimestrais, somando quatro encontros no
total;
• encontros individualizados de acompanhamento pedagógico com as
escolas, bimestrais, somando quatro encontros no total;
• Encerramento: reunião de avaliação junto aos participantes (SEME e
escolas).
Tais encontros acontecem de forma intercalada, sendo que, em um mês, as
escolas recebem a visita dos técnicos e, no mês seguinte, as escolas
encontram os técnicos e outras escolas da mesma região no encontro
regionalizado. No bojo da revisão do acompanhamento pedagógico, foram
definidas algumas condições de execução:
• cada escola estabeleceu o seu objetivo na realização do Programa de
Educação Integral com Jornada Ampliada, sendo este o foco para o
encontro individualizado de acompanhamento pedagógico;
• a Coordenação de Educação Integral estabeleceu, no início do ano, um
objetivo comum para ser trabalhado com todas as escolas nos
encontros regionalizados de acompanhamento pedagógico. Em 2016,
esse objetivo foi promover a interlocução das escolas com o território;
• cada técnico da equipe da SEME acompanhou individual e
regionalmente um grupo de escolas, mantendo, de preferência, o
mesmo técnico ao longo do ano para as mesmas escolas.
Essa configuração estabelecida para o acompanhamento pedagógico
permite colocar em prática os fundamentos metodológicos apresentados no
item anterior. A cada encontro, os aprendizados e as questões acionadas
7 A divisão/organização dos polos/regiões é específica da Coordenação de Educação Integral para o Programa de Educação Integral com Jornada Ampliada, não é uma divisão oficial da SEME.
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pelos atores das escolas são registrados e sistematizados, informando o
planejamento e a preparação dos próximos, realizados por parte da equipe
do Cenpec e FIS e SEME. O diagrama abaixo resume o ciclo operacional do
acompanhamento pedagógico.
Diagrama 7 – Ciclo operacional do acompanhamento pedagógico
Legenda:
Além das dez reuniões previstas no esquema acima, podem ocorrer reuniões
extraordinárias, a depender da demanda da Secretaria e das necessidades
identificadas ao longo do acompanhamento pedagógico junto às escolas.
Para desenvolver esse conjunto de atividades, cabe pontuar a infraestrutura
necessária, resumida a seguir:
• Infraestrutura para reuniões entre a equipe Cenpec e FIS e SEME: as
reuniões são realizadas na própria SEME, nas salas da Gerência de
Ensino Fundamental. Algumas reuniões também acontecem no espaço
de trabalho da Coordenação de Educação Integral;
Planejamento anual
Encerramento
Participantes: Cenpec, FIS, SEME
Participantes: Cenpec, FIS, SEME e ESCOLAS
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• Infraestrutura para os encontros individualizados: os encontros de
acompanhamento pedagógico individualizado são realizados nas
escolas. Em geral, as escolas têm uma sala exclusiva da Educação
Integral, onde acontecem algumas atividades e são armazenados e
organizados diversos materiais pedagógicos. Os técnicos da SEME se
deslocam para as escolas com transporte da Secretaria, agendado
previamente com o setor responsável, e também via transporte público
(isso varia de acordo com a localização das escolas e com a
disponibilidade de carros);
• Infraestrutura para os encontros regionalizados: esses encontros são
realizados em uma das escolas do grupo/polo de escolas de cada
região – cada encontro é realizado em uma escola diferente. O
coordenador do Programa dessa escola é “anfitrião” do encontro,
responsável por organizar previamente um espaço adequado na escola
para receber todos os participantes. Em alguns encontros, são
utilizados recursos como data show para exibição/projeção de textos,
vídeos, imagens, etc. O anfitrião da escola também oferece aos
participantes uma mesa simples com café e biscoitos. O deslocamento
é de responsabilidade dos participantes.
Nesse sentido, a infraestrutura necessária não é muito grande e envolve: (i)
profissionais da equipe técnica da Secretaria, (ii) transporte para o
deslocamento às escolas e (iii) espaços para as reuniões de formação.
Considera-se que Vitória é uma capital pequena (com 359.555 habitantes e
uma área de 96,536 km² , segundo o IBGE 2016), o que acaba por facilitar o
deslocamento dos técnicos.
Além da infraestrutura para os encontros, cabe destacar que outros recursos
são acionados ao longo do processo. A equipe do Cenpec e FIS realiza um
acompanhamento junto à equipe da SEME a distância, por telefone, email e,
eventualmente, por Skype.
Já a comunicação da SEME com as escolas, por exemplo, acontece por meio
de CI – circular interna – para envio de documentos e informações oficiais e
também por email, telefone e WhatsApp (nesse último, grupos de
coordenadores e integradores sociais recebem comunicados e trocam
informações em geral sobre o Programa).
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2.5 Passo a passo das reuniões e encontros
A fim de detalhar o ciclo operacional do acompanhamento pedagógico, cabe
demonstrar o passo a passo de como as reuniões e encontros acontecem.
Reuniões entre a assessoria Cenpec, FIS e a SEME8
As reuniões desenvolvidas mensalmente entre a assessoria Cenpec e FIS e
SEME são voltadas ao planejamento, preparação e avaliação do
acompanhamento pedagógico e possuem o seguinte ritual:
1) Aquecimento: retomada das últimas reuniões e discussões para
aquecer a memória e também para informar a todos os
participantes sobre o andamento do trabalho (o que ficou dos
combinados e encaminhamentos da reunião anterior, o que foi
feito, o que está em aberto, etc.);
2) Discussão sobre a última rodada de acompanhamento realizado –
individualizado ou regionalizado: as equipes compartilham as
informações, dados e percepções e fazem as análises sobre os
pontos positivos, negativos e aprendizados. Também definem as
necessidades e pontos de atenção de cada escola ou do conjunto
de escolas;
3) Combinados e próximos passos: definição da pauta da próxima
rodada de acompanhamento pedagógico, com discussão sobre os
objetivos, informações e metodologias a serem utilizadas;
4) Avaliação conjunta da reunião: momento final em que os
participantes avaliam a reunião realizada de formas variadas, ora
em roda de conversa, ora registrando o que acham pertinente para
que seja compartilhado na reunião seguinte.
Normalmente, as informações referentes à rodada de acompanhamento
pedagógico anterior são sistematizadas pela equipe do Cenpec e FIS e
apresentadas na reunião seguinte, junto com equipe da SEME. Essas
informações são a base para o desenvolvimento das propostas de reflexão e
encaminhamentos que a equipe da assessoria prepara para ser tratada com
a equipe da Secretaria.
8Para detalhamento do histórico das reuniões que ocorreram entre Cenpec/FIS e SEME em 2016, vide Anexo 1, ao final do documento.
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Durante as reuniões, também são pensadas diferentes estratégias e
intervenções para consolidar ainda mais o trabalho da SEME junto às escolas,
fortalecendo a abertura/confiança e a escuta e diálogo entre ambas. Nesse
sentido, o estímulo à reflexão e à autoavaliação sobre a atuação de cada
sujeito envolvido acontece continuamente nesse processo, bem como a
análise dos desafios e das potencialidades de cada realidade e de cada escola.
A equipe do Cenpec e FIS atua no apoio, suporte, organização e estruturação
das propostas e pautas do acompanhamento pedagógico que a equipe da
Secretaria tratará com as escolas. E utiliza, sobretudo, uma abordagem
reflexiva e participativa, em busca de mais elementos, informações e
perspectivas, incentivando o grupo a desenhar as propostas de forma mais
estruturada e detalhada. Faz sugestões de aprofundamento e convida os
envolvidos a fazer as conexões pedagógicas e metodológicas com maior
intencionalidade. Há também sugestões de ferramentas, instrumentos e
recursos pedagógicos diversos, que podem ser acionados pela SEME na
orientação das escolas.
A cada encontro de assessoria da equipe do Cenpec e FIS com a SEME, é
construído um cartaz para registro, que contém as seguintes informações:
tema e número do encontro, participantes, pauta, desenvolvimento, tarefas e
avaliação. Ao final dos encontros, a equipe da Coordenação de Educação
Integral da SEME fica com o cartaz para posterior consulta e análise, e a
equipe do Cenpec e FIS faz um registro fotográfico para depois transcrever
e inserir as informações nas atas das reuniões – enviadas logo em seguida à
Secretaria.
Cabe pontuar que a equipe do Cenpec e FIS mantém uma rotina de trabalho
entre as reuniões, a fim de produzir as atas e relatórios, dar andamento aos
encaminhamentos combinados e realizar encontros internos de reflexão
sobre os pontos de atenção relacionados à condução do acompanhamento
pedagógico em Vitória. Há também trabalhos de pesquisa de materiais e de
referências conceituais e teóricas que possam vir a auxiliar o desenvolvimento
das ações, de acordo com as demandas identificadas, contribuindo para a
proposição de ações e intervenções mais adequadas.
Ao longo desse trabalho, vale destacar alguns aprendizados que essa
dinâmica de encontros proporcionou para a equipe da assessoria do Cenpec
e da FIS:
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• Garantia de abertura e flexibilidade em relação às bases inicialmente
planejadas: o trabalho exige, sobretudo, a capacidade de lidar com
diversas demandas, nem sempre esperadas, tanto advindas da
Secretaria de Educação quanto das equipes das escolas. Os caminhos
traçados para responder a essas demandas devem contar com
abertura e flexibilidade em relação ao planejado inicialmente, de modo
a respeitar os limites, as possibilidades e a disponibilidade da equipe
da SEME. Além disso, a equipe da assessoria tem que se aprimorar
constantemente para dialogar com aspectos não previstos e que vão
surgindo a partir do contato da Secretaria com as escolas;
• Absorção de funções e atribuições não previstas inicialmente: os
combinados iniciais de aporte por parte da assessoria muitas vezes
passaram por transformações a fim de garantir o bom andamento e
qualidade do trabalho. A assessoria teve que assumir, por exemplo, o
registro das reuniões ao perceber que a equipe da SEME não teria
condições de desenvolver essa atividade, por conta de sua intensa
rotina de trabalho;
• Escuta ativa e observação das relações: as complexidades inerentes às
relações cotidianas vivenciadas nas escolas pelos diversos atores e aos
conflitos entre os mesmos exigiram, por parte da assessoria, um
processo de escuta ativa e de observação das relações. A
compreensão de como as relações são estabelecidas e mantidas, o
olhar para o impacto de algumas ações na aprendizagem dos
estudantes e o entendimento de que era necessário preparar os
profissionais para trabalharem em prol da garantia de direitos das
crianças e adolescentes foram fundamentais e, muitas vezes,
extrapolaram os aspectos estritamente técnicos relacionados ao
acompanhamento pedagógico;
• Articulação das ações de formação e de acompanhamento
pedagógico: a equipe da assessoria identificou a necessidade de
pensar os dois processos de trabalho junto à Secretaria de forma
articulada, a fim de gerar uma ação efetiva dentro do Programa de
Educação Integral. Tal esforço foi desafiador à medida que exigiu uma
atuação multidimensional por parte da assessoria. O desenvolvimento
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das atividades das duas frentes revelou a importância de criar sinergia
entre os assuntos tratados no acompanhamento pedagógico e aqueles
abordados nas formações;
• Indicadores, monitoramento e avaliação do Programa: elaborados em
conjunto com a equipe da SEME, a equipe da assessoria percebeu a
necessidade de aprimoramento dos indicadores desenhados na fase
do piloto, no sentido de avançar para a consolidação de uma matriz de
monitoramento e avaliação das ações do Programa. Foi identificada a
importância desse instrumento, a fim de auxiliar a Secretaria nessa
construção, concedendo parâmetros para o acompanhamento das
atividades desenvolvidas nas escolas.
Encontros individualizados de acompanhamento pedagógico
Como dito anteriormente, esses encontros acontecem uma vez a cada dois
meses, totalizando quatro encontros por ano. Eles têm duração média de
duas horas, ocorrem nas próprias escolas, nas salas de aula e/ou salas
reservadas para atividades da Educação Integral.
São convidados para participar os coordenadores da Educação Integral, os
integradores sociais, pedagogos e diretores das escolas – em alguns casos,
os professores também (participam obrigatoriamente os coordenadores e
integradores sociais, sendo que, a depender do horário/período da reunião,
nem todos da equipe diretiva – diretores e pedagogos – podem participar).
Nas escolas que não têm coordenador, participam apenas os integradores
sociais.
Os técnicos da SEME agendam previamente os encontros com as escolas, de
acordo com a disponibilidade e agenda de ambos. Também enviam um
lembrete/mensagem alguns dias antes da reunião.
Os encontros individuais têm início com os informes gerais do Programa de
Educação Integral com Jornada Ampliada e também informes da SEME. Em
seguida, os demais participantes também compartilham informações gerais
sobre a escola e as últimas ações e atividades desenvolvidas.
Também são lembrados/reafirmados no início do encontro os objetivos
gerais do acompanhamento pedagógico e do trabalho/atuação da
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Coordenação de Educação Integral por parte da SEME (apoio e suporte às
escolas em todas as atividades da Educação Integral e o estímulo e incentivo
ao planejamento conjunto/integrado das ações com a escola, tendo em vista
a ampliação das oportunidades de aprendizado para os alunos).
Os técnicos da SEME possuem um instrumento chamado “Registro do
Acompanhamento Pedagógico Individualizado” (modelo consta no anexo 4),
utilizado durante o encontro e preenchido à mão, e conduzem a reunião a
partir das questões e pontos ali colocados: nome da escola, data da visita,
responsáveis presentes, planejamento semanal, objetivo escolhido pelas
escolas e outras perguntas relativas ao andamento das atividades.
Em relação ao planejamento das atividades, os técnicos buscam identificar
como a equipe da escola está desenvolvendo as atividades, em que
momentos se reúnem, quem participa, que escolhas são feitas, como
organizam os tempos e os espaços, como as atividades se articulam com o
ensino regular na escola, a participação e interesse dos alunos, e quais vêm
sendo os desafios, conquistas e aprendizados. Segue-se, então, o momento
em que os coordenadores, integradores sociais, pedagogos e/ou diretores
descrevem/compartilham essas informações.
A abordagem dos técnicos busca tanto problematizar e convidar os
participantes a refletirem /avaliarem em conjunto alternativas /caminhos
/possibilidades, quanto dar sugestões, orientações e direcionamentos para
aprimorar o trabalho e superar os desafios. Os participantes também
apresentam ao técnico as dúvidas mais diversas sobre o Programa, incluindo
questões operacionais e administrativas, além de pedidos e demandas
específicas de cada escola.
O objetivo do trabalho da Educação Integral é definido pela própria escola
no início do ano e também é tema de pauta do encontro individual de
acompanhamento pedagógico. Esse objetivo é estabelecido tendo em vista
as ações e resultados que ela pretende alcançar com as atividades da
Educação Integral ao longo do ano, de forma que atenda/compreenda a
realidade e características de cada escola, assim como a articulação com o
ensino regular, visando à integração cada vez maior entre eles.
Os técnicos propõem reflexões sobre a relação/alinhamento do objetivo com
as atividades e o trabalho que está sendo desenvolvido na escola, com o
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intuito de avaliar em que medida os objetivos estão sendo alcançados ou o
que é ainda necessário para alcançá-los.
O conhecimento e o contato que os técnicos têm com as escolas também
lhes possibilitam ter um panorama dos potenciais de cada uma, dos espaços
e infraestrutura disponíveis e das possíveis atividades, projetos e ações que
podem ser desenvolvidos. Existe, por parte deles, grande interesse e
disponibilidade em sugerir e ajudar a elaborar ações criativas e significativas,
que proporcionem experiências diferenciadas de aprendizagem, com o
intuito de promover dinâmicas complementares àquelas que os alunos já
vivem no ensino regular.
Há outros temas abordados nos encontros, que podem ser resumidos em:
verificação do número de alunos atendidos versus o número de vagas
disponíveis e como estão procedendo com listas de espera; levantamento
sobre número de alunos evadidos/desistentes e seus motivos; agendamentos
de saídas pedagógicas (transporte e locais visitados) e a relação dessas
saídas com o aprendizado dos alunos, no desenvolvimento do trabalho em
sala de aula e a importância de escutar também os alunos na definição e
escolha dos locais; consolidação de agendas conjuntas com os pedagogos e
diretores das escolas em busca de maior integração e articulação da
Educação Integral com a escola como todo.
Ao final dos encontros, são feitos os encaminhamentos e
combinados/compromissos finais entre os técnicos e a equipe da escola e,
em seguida, reserva-se um momento livre para dúvidas, sugestões, outros
informes, etc.
Encontros regionalizados de acompanhamento pedagógico
Como dito anteriormente, esses encontros acontecem uma vez a cada dois
meses, de forma intercalada com os encontros individuais, totalizando quatro
encontros por ano. Os encontros têm duração média de três horas e
acontecem em uma das escolas do grupo/polo regional de escolas, nas salas,
auditórios e/ou demais espaços reservados para atividades da Educação
Integral. São oito grupos/polos de escolas e cada um abrange seis escolas,
em média.
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São convidados para participar desses encontros os coordenadores da
Educação Integral, os integradores sociais, pedagogos e diretores das
escolas. Participam obrigatoriamente os coordenadores e integradores
sociais, sendo que, a depender do horário/período da reunião, nem todos
podem participar. E nas escolas que não têm coordenador, participam apenas
os integradores sociais.
Os técnicos da SEME também agendam previamente os encontros com as
escolas e enviam um lembrete/mensagem alguns dias antes da reunião.
Os encontros regionais9 têm início com as boas-vindas aos participantes e os
informes gerais do Programa de Educação Integral com Jornada Ampliada,
além de informes da SEME. Em seguida, os técnicos comunicam a pauta do
encontro e as atividades que serão realizadas. Pode haver alguma dinâmica
de grupo antes de iniciar o trabalho, com intuito de estimular, descontrair ou
despertar entusiasmo nos participantes.
Para o acompanhamento pedagógico regionalizado, a Coordenação de
Educação Integral da SEME estabeleceu, no início do ano, um objetivo para
guiar/nortear as ações a serem desenvolvidas ao longo do ano com os
grupos/polos de escolas. O objetivo escolhido foi “ampliar o conhecimento
dos espaços públicos da cidade e do entorno da escola e seu potencial
educativo”, uma vez que a equipe da SEME identificou a necessidade da rede
aprofundar o conhecimento sobre esse tema e compreender a possibilidade
de vivenciar e reconhecer o território da escola de outras formas.
Após a definição desse objetivo no início do ano, no primeiro encontro
regional, a Coordenação de Educação Integral da SEME identificou com as
escolas quais espaços no entorno são utilizados e quais são reconhecidos e
podem ser indicados como espaços a serem visitados. Nesse mesmo
encontro, os coordenadores, integradores e demais participantes receberam
uma “tarefa de casa”10, que foi uma pesquisa/investigação sobre os espaços
de interesse dos alunos, professores e famílias no entorno da escola.
Para o segundo encontro regional, os coordenadores foram convidados com
antecedência pela Coordenação de Educação Integral da SEME a
9 Acompanhamos apenas um encontro regional, conduzido pelo técnico Fábio, realizado em outubro/2016. 10 Esse é o nome que os técnicos dão às ações/atividades que são solicitadas às escolas para serem realizadas entre um encontro e outro.
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participarem do planejamento e da elaboração da pauta. O intuito era
aproximar e incluir esse sujeito de forma ativa e propositiva nas ações do
acompanhamento pedagógico.
O interesse e a disponibilidade deles nesse processo resultaram em maior
participação e dedicação ao desenvolvimento do Programa nas escolas, além
de enriquecer a pauta do encontro com as perspectivas do cotidiano de
trabalho dos coordenadores. Cada escola, portanto, realizou diversas
atividades com os alunos nesses espaços do entorno e os coordenadores
compartilharam suas experiências durante este segundo encontro regional.
No terceiro encontro regional, os próprios coordenadores e integradores
sociais também foram convidados para participar de uma vivência no
território da escola anfitriã do encontro. Os coordenadores das escolas que
receberam os demais colegas que compõem o grupo/polo de escola
planejaram e desenvolveram, com apoio da Coordenação de Educação
Integral da SEME, uma atividade exploratória em algum local da região. A
atividade pretendia evidenciar as diferentes possibilidades de trabalho,
abordagens, articulações de temas/conteúdos e atividades que podem ser
desenvolvidas com os alunos. E também a possibilidade de trabalhar
territórios comuns a duas ou mais escolas a partir da realização de
planejamentos conjuntos entre os coordenadores.
No quarto encontro regionalizado, foi realizada uma avaliação do
acompanhamento pedagógico da Educação Integral, tanto do
acompanhamento regionalizado quanto do individualizado, ao longo do ano
2016. Os participantes foram convidados a avaliar esse trabalho, assim como
suas experiências e percepções a partir de diferentes aspectos. Esse encontro
gerou informações importantes para a equipe de Coordenação de Educação
Integral sobre as dificuldades, desafios, desejos e demandas das escolas. Foi
também uma oportunidade de avaliar o acompanhamento pedagógico e o
desenvolvimento do Programa como um todo, com vistas ao aprimoramento
das ações para 2017.
Em linhas gerais, podemos resumir o fluxo geral do acompanhamento
pedagógico, considerando as diferentes atividades e os diferentes atores
desenvolvidos, de acordo com o diagrama a seguir.
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Diagrama 8 – Fluxo geral do acompanhamento pedagógico
2.6 Os efeitos do acompanhamento pedagógico nas escolas
Para a equipe da Secretaria, antes da implantação de acompanhamento
pedagógico, o registro das escolas em relação às ações do Programa não era
sistemático e não possuía um viés pedagógico ou curricular esperado pela
SEME. Tanto o planejamento quanto o
registro eram mais aleatórios e esporádicos.
O “Plano de Trabalho da Educação Integral”
(modelo consta no anexo 3) das escolas foi
apontado como um importante instrumento
de registro. A SEME orienta as escolas a
fazerem o plano de todo Programa, com o
detalhamento das atividades que serão
realizadas naquele ano.
A escola também faz um plano semanal de
atividades, que deve ser afixado não apenas
na sala/espaço da Educação Integral, mas
Buscou-se, então, inverter
essa lógica, ou seja, pensar
primeiro nos objetivos de
aprendizagem e no
conhecimento que se deseja
desenvolver para, então,
buscar lugares interessantes
que possam ampliar as
oportunidades de experiência
e aprendizados dos alunos.
(Janine Mattar Pereira de
Castro, atual subsecretária
pedagógica da SEME)
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também em outros espaços, para integrar ainda mais o Programa como parte
da escola.
No acompanhamento pedagógico, os técnicos orientam os coordenadores a
compartilharem esse planejamento com os pedagogos, professores, pais e
comunidade escolar em geral. É importante que todos tenham conhecimento
sobre o trabalho que está sendo desenvolvido e também possam envolver-
se e sentir-se parte das ações do Programa.
Além do planejamento semanal de atividades, relatórios de atividades,
projetos desenvolvidos e do plano de trabalho, as escolas têm o registro de
frequência dos estudantes nas diferentes atividades. O plano de trabalho tem
um formato específico orientado pela SEME e os demais registros ficam a
critério de cada escola, podendo ser registrados de diferentes formas.
As informações dos encontros individuais, registradas em papel pelos
técnicos, são levadas à SEME e compartilhadas com a equipe do Cenpec e
FIS, que passa esses dados para uma planilha em Excel, denominada “Planilha
do Acompanhamento Pedagógico” (modelo consta no anexo 5), que reúne
as informações dos encontros individuais realizados e dados das escolas
acompanhadas: número de vagas publicadas, número de crianças atendidas,
matrículas por gênero, faixa etária, estudantes com deficiência, estudantes
em defasagem idade/série, estudantes “evadidos”, lista de espera, tipo de
registro de frequência e objetivo do acompanhamento pedagógico.
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CAPÍTULO 3 - CONDICIONALIDADES, POTENCIALIDADES E DESAFIOS DO
TRABALHO DE ACOMPANHAMENTO PEDAGÓGICO
Este capítulo apresenta uma análise reflexiva sobre as condicionalidades, as
potencialidades e desafios do trabalho de acompanhamento pedagógico,
observados a partir do processo de sistematização da experiência.
A análise do contexto e histórico da parceria entre Cenpec, FIS e SEME e o
registro e sistematização das premissas, dos fundamentos metodológicos e
da operação do acompanhamento pedagógico permitiram mapear algumas
condições locais que facilitam o desenvolvimento da iniciativa,
potencialidades que podem ser suscitadas com a experiência e desafios que
ainda precisam ser superados ao longo da continuidade do trabalho.
3.1 Condicionalidades
Entendendo condicionalidades como aspectos específicos e características
locais que influenciam os resultados do trabalho de acompanhamento
pedagógico realizado em Vitória, estão listados a seguir alguns pontos que
merecem destaque.
• Histórico do município de Vitória com Educação Integral
Como visto no capítulo 1, o histórico do município de Vitória com a Educação
Integral, com ações que vêm sendo aprimoradas desde a década de 1980, e
a busca pela consolidação das fundamentações teóricas e práticas da política
e do Programa de Educação Integral são características marcantes que
facilitaram o estabelecimento do processo de acompanhamento pedagógico.
A atenção dada às políticas de Educação Integral no município demonstra
uma preocupação com o tema por parte da Secretaria Municipal de Educação
e também um desejo institucional de desenvolver ações nesse campo,
essencial para a realização desse tipo de iniciativa. Entende-se também que
o Programa de Educação Integral com Jornada Ampliada já é desenvolvido
no município há mais de dez anos, o que contribui com o acúmulo de
conhecimentos e experiências por parte da Secretaria de Educação,
indicando o compromisso com seu aperfeiçoamento e continuidade.
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Não é comum encontrar Secretarias que possuem a Educação Integral como
um foco e uma preocupação, como acontece em Vitória. Nesse caminho, têm
destaque o interesse por parte da SEME em consolidar um documento com
as diretrizes e orientações de uma política de Educação Integral para o
município e o convite feito ao Cenpec e à FIS para colaborar nesse processo
de qualificação.
Percebe-se, portanto, uma tendência por parte da SEME em assumir a
Educação Integral como uma política de Estado (e não de governo) e essa
vontade se traduziu, inclusive, no investimento financeiro e de recursos
humanos em aspectos específicos relacionados ao Programa, como: a
destinação de verbas por parte da Secretaria para as escolas, a fim de
viabilizar a contratação de ônibus para as saídas pedagógicas (deslocamento
de estudantes aos equipamentos parceiros e/ou para visita em diferentes
espaços educativos da cidade); a conformação de uma equipe específica na
SEME para coordenar o Programa de Educação Integral; e a existência de
coordenadores exclusivos – funcionários da SEME – alocados para garantir
que o Programa se desenvolva nas escolas, assim como a contratação de
integradores sociais, responsáveis pela execução das atividades junto aos
estudantes.
• Comprometimento e qualificação técnica da equipe da SEME
O comprometimento e qualificação da equipe responsável pela Coordenação
de Educação Integral da SEME também são condições que contribuem para
que o trabalho de acompanhamento pedagógico seja realizado. Os
envolvidos têm uma boa formação acadêmica/teórica e uma longa trajetória
na educação pública. Existe excelente abertura para o diálogo e a construção
Quando nós assumimos a Secretaria, uma das questões que nos chamou a
atenção era dar uma visibilidade maior a essa forma de atendimento que não é
um programa ou um projeto, mas que tem caráter de uma política pública, que
está prevista no Plano Nacional de Educação e também no nosso Plano
Municipal de Educação. É essa questão de ampliarmos gradativamente o
atendimento por meio da Educação Integral. Nós entendíamos a necessidade de
isso se constituir inclusive no organograma da nossa Secretaria. (Janine Mattar
Pereira de Castro, atual subsecretária pedagógica da SEME)
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coletiva, assim como há o interesse em fazer um trabalho articulado e
integrado aos outros setores e gerências da SEME.
Desde o princípio das ações do Cenpec e FIS em Vitória, foi sendo construído
um alinhamento conceitual e técnico entre a equipe da assessoria e a da
Coordenação da Educação Integral da Secretaria, que se mostrou engajada,
comprometida com o trabalho e disposta a discutir, de maneira crítica e
reflexiva, as possibilidades e limites de sua atuação junto às escolas.
Nesse sentido, entende-se que essa equipe da SEME investiu no “fazer com”
a equipe do Cenpec e da FIS como uma via para a cooperação, colaboração
e construção coletiva das ações relacionadas ao acompanhamento
pedagógico.
• Desenvolvimento de um projeto-piloto de acompanhamento
pedagógico
O desenvolvimento de um projeto-piloto de acompanhamento pedagógico
do Programa de Educação Integral com Jornada Ampliada, que foi realizado
ao longo de 2015 com três escolas da rede municipal, pode ser considerado
uma importante condicionalidade que contribuiu para a consolidação dessa
iniciativa.
Nesse caso, não só a equipe da Coordenação de Educação Integral participou
de forma ativa durante todo processo, assim como os assessores do ensino
regular e da educação especial se envolveram e trabalharam em conjunto
com a assessoria do Cenpec e FIS.
Foi um ganho o fato de o desenho do piloto considerar as experiências já
realizadas por essas equipes no desenvolvimento do acompanhamento
pedagógico, buscando transpor o acúmulo de conhecimento e de reflexão
para a ação concreta junto aos diferentes atores. Assim, foi possível aprender
com as lições do modelo de acompanhamento do ensino regular que já era
realizado e pensar em um formato que pudesse dar conta das necessidades
relacionadas à Educação Integral e à articulação das atividades do Programa
no interior das escolas.
Em meio ao desafio do atendimento em escala, nem sempre as Secretarias
de Educação estão dispostas a testar as iniciativas apenas com algumas
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escolas antes de sua extensão para toda a rede. Por isso, considera-se
louvável e corajoso o aceite da proposta feita pelo Cenpec e pela FIS e a
decisão institucional, por parte da SEME, em realizar primeiro um projeto-
piloto que ajudasse a solidificar algumas bases do trabalho antes da expansão
do acompanhamento pedagógico para as 43 escolas participantes do
Programa de Educação Integral com Jornada Ampliada, que aconteceu em
2016.
Como apresentado no primeiro capítulo, por mais que a escala tenha exigido
que fossem feitos ajustes e adaptações na proposta inicialmente
desenvolvida, considera-se que a experiência de 2015 agregou valor,
robustez e ampliou as chances do sucesso do trabalho de acompanhamento
pedagógico realizado a partir de 2016.
• Condições do território
Como apresentado no capítulo 2, considera-se que Vitória é uma capital
pequena (com 359.555 habitantes e uma área de 96,536 km², segundo o IBGE
2016), sendo que o número de escolas e a proximidade entre elas facilitam
muito os deslocamentos dos técnicos para as unidades escolares.
Possivelmente, se a extensão territorial fosse maior, ou mesmo se as
condições de acesso às escolas fossem mais difíceis, os encontros
individualizados não poderiam ser realizados com a frequência estabelecida
pelo modelo de acompanhamento pedagógico realizado em 2016.
Nesse sentido, as condições do próprio território parecem auxiliar o
desenvolvimento das ações, uma vez que, mesmo tendo uma equipe
reduzida, a SEME pode potencializar o acompanhamento das escolas com
visitas periódicas, in loco e individuais. Tal formato ajuda a estreitar a relação
Eu acho que a gente teve um movimento significativo, porque nós saímos de
uma discussão de diretrizes que, muitas vezes, corre o risco de ficar no papel ou
de ficar de forma muito teórica no discurso das pessoas e nós passamos a olhar
e ajudar a melhorar práticas concretas de técnicos de Secretarias de equipes
escolares. Isso passou por formação, por acompanhamento in loco e ganhou
uma robustez. Nesse sentido e ao meu ver, isso faz com que a sustentabilidade
também aumente. (Patricia Mota Guedes, gerente de Gestão do Conhecimento
da FIS)
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entre a Secretaria e as equipes escolares, pois intensifica o fluxo de
comunicação sobre o andamento do Programa, em uma via de mão dupla:
entende-se que há mais possibilidade de ação e intervenção da equipe de
SEME junto às escolas, assim como também o encaminhamento das
demandas por parte das escolas para a Secretaria fica mais ágil.
3.2 Potencialidades
Nesse tópico, serão apresentadas algumas das potencialidades identificadas
no processo de desenvolvimento do acompanhamento pedagógico do
Programa de Educação Integral com Jornada Ampliada em Vitória. Tais
potencialidades são consideradas lições aprendidas e podem servir como
inspiração para outras organizações públicas e privadas que queiram
desenvolver trabalhos semelhantes em seus locais de atuação.
• Articulação e mobilização de ações e atores no interior das escolas e
no sistema de ensino como um todo
A Educação Integral, no âmbito do processo de acompanhamento
pedagógico, é compreendida em sua dimensão pedagógica e formativa, que
não se limita a um tempo e espaço à parte do que acontece na escola, mas
sim deve ser entendida como um suporte transversal importante para o
desenvolvimento da formação integral dos estudantes. Nesse sentido,
entende-se que a presença de ações e programas de Educação Integral na
escola tem o grande potencial na integração de iniciativas, atores e ações no
interior das unidades escolares.
Por ser transversal, e não uma proposta à parte, há espaço para que exista,
no interior das escolas, maior articulação entre a Educação Integral e o ensino
regular e esse deve ser o foco de ações desenvolvidas quando tratamos desse
tipo de iniciativa.
Assim, experiências como o Programa de Educação Integral com Jornada
Ampliada de Vitória abrem diversas possibilidades de expansão das práticas
pedagógicas que ocorrem nas escolas e cabe ao acompanhamento
pedagógico incentivar que os atores escolares explorem essas possibilidades.
Mesmo ocorrendo no contraturno, atividades que estimulem aspectos
relacionados à formação integral dos indivíduos podem contribuir com a
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melhoria no rendimento e aprendizado dos alunos, assim como para o
desenvolvimento de habilidades e atitudes socioemocionais que incentivem
a presença e dedicação dos estudantes.
Dessa maneira, o conceito de Educação Integral, seus objetivos e propostas
de trabalho, se melhor compreendidos e incorporados pelas interlocutores
envolvidos, podem contribuir muito para a qualidade dos processos e a
aprendizagem junto aos alunos. Contudo, tais elementos devem estar
pactuados entre todas as instâncias do sistema de ensino e devem ser objeto
de discussão dos encontros de acompanhamento pedagógico, a fim de
incentivar o planejamento comum das ações, com base no diagnóstico e
necessidades de cada escola.
Com a sistematização desenvolvida, ficou claro que nas unidades escolares
em que há maior participação dos diretores e pedagogos nos encontros de
acompanhamento pedagógico, a compreensão da Educação Integral como
conceito educacional e não só como um programa específico da escola é
melhor difundida/assimilada e as ações são mais consistentes.
Além disso, no âmbito institucional da rede de ensino, o desenvolvimento de
iniciativas como essa realizada em Vitória pode suscitar o estreitamento de
relações mais frequentes e qualificadas entre os atores de diversas instâncias
da própria Secretaria de Educação.
Como dito anteriormente, ao mesmo tempo em que diferentes áreas da SEME
se envolveram para discutir e estruturar como seria o processo de
acompanhamento pedagógico junto às escolas, trocando conhecimento,
informações e lições aprendidas, o desenvolvimento do processo de
acompanhamento pedagógico permitiu que a própria equipe da Secretaria
estivesse mais próxima da escola; e a escola, por sua vez, pôde estabelecer
um canal para apresentar as suas próprias demandas e necessidades para a
SEME.
O acompanhamento pedagógico teria, nesse sentido, a dimensão de “ponte”
que possibilita a consolidação de ações mais sistêmicas por parte da SEME e
colabora com a ampliação da articulação e mobilização de diferentes atores
e iniciativas em prol do fortalecimento das unidades escolares.
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• Processos de trabalho que respeitam o fazer participativo
No processo de elaboração da proposta de acompanhamento pedagógico,
um elemento fundamental foi que o trabalho foi desenvolvido de maneira
participativa, levando em consideração as especificidades, os limites e as
demandas da equipe da SEME. Por ter uma equipe pequena, com restrições
de tempo e que atende a outras demandas e agendas relacionadas a outros
temas além da Educação Integral, a proposta desenvolvida foi pensada com
o cuidado para respeitar essa realidade e as características locais.
Entende-se que essa característica do fazer participativo e que leva em
consideração as condições reais de execução das propostas foi fundamental
para potencializar as ações do acompanhamento pedagógico e se configura
como uma importante lição aprendida durante o processo.
Além disso, partindo do fundamento metodológico da ação-reflexão-ação,
destaca-se que o trabalho foi estruturado de modo a ouvir os atores das
diferentes instâncias, não sendo uma política implantada “de cima para
baixo”. De maneira contrária, a configuração do acompanhamento
pedagógico, com encontros regionalizados e individualizados, permite uma
escuta ativa dos atores escolares, que se tornam uma voz relevante para o
aperfeiçoamento do trabalho e para a melhoria contínua dos processos
relacionados ao Programa.
O trabalho de acompanhamento pedagógico possibilita que as demandas das
escolas sejam acolhidas e respeitadas, a partir do diálogo e da valorização
das sugestões, ideias e reflexões dos diferentes atores envolvidos no
desenvolvimento das ações.
Há estratégias para serem identificadas e desenvolvidas pela escola e o
acompanhamento pedagógico pode identificar áreas de formação para as
equipes escolares que são necessárias para que elas possam alavancar. Às vezes,
elas querem fazer, mas não sabem como, e aí entra a formação. E, muitas vezes,
no acompanhamento pedagógico, o técnico também identifica questões mais
sistêmicas que têm a ver com demandas para a Secretaria. (Patricia Mota
Guedes, gerente de Gestão do Conhecimento da FIS)
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• Focalização do atendimento do Programa
O Programa de Educação Integral com Jornada Ampliada tem como foco de
atendimento os estudantes em condição de vulnerabilidade social. Em meio
à escassez de recursos humanos e financeiros, que impedem a oferta do
Programa para todos alunos, entende-se que a focalização do público a ser
atendido é uma lição aprendida e também uma medida necessária e acertada.
Importante, porém, compreender que essa focalização do atendimento e que
a intersecção entre Educação Integral e a assistência social não podem ser
confundidas com assistencialismo. Infelizmente, ao longo do processo de
sistematização, foi possível perceber que, para alguns atores, existe uma
visão negativa sobre a focalização do público atendido e sobre a relação com
a política de assistência social, acarretando, principalmente, na
estigmatização dos alunos que participam do Programa de Educação Integral
com Jornada Ampliada, que são vistos como “coitados”, “necessitados”, entre
outras conotações pejorativas.
Possuir uma dimensão assistencial significa garantir proteção social aos
estudantes em situação de vulnerabilidade social e respeitar os direitos das
crianças atendidas. Entende-se que medidas relacionadas à área da
assistência social são extremamente necessárias para alguns estudantes que
estão submetidos a riscos e problemas reais no seu cotidiano. Nesse sentido,
o Programa de Educação Integral em Vitória sempre contou com uma
dimensão socioassistencial, sendo fundamental, para isso, o estabelecimento
de ações interssetoriais entre a Secretaria de Educação e as demais
Secretarias Municipais.
Os técnicos da SEME vêm à escola, em média, trimestralmente, perguntam o que
está acontecendo. Normalmente, têm uma ficha de acompanhamento. Nós
trabalhamos em conjunto para restabelecer uma linha de trabalho, um
planejamento ou uma estratégia. Às vezes, iniciamos de uma forma e
percebemos que tem que haver uma mudança para obtermos outro resultado.
Assim, avaliamos se foi satisfatório ou não e o que podemos melhorar. (Raquel
Reis Nurse, integradora social em uma escola da rede)
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Assim, a presença da equipe de Coordenação da Educação Integral nas
escolas, realizando o acompanhamento pedagógico, tem auxiliado a
identificar essas posturas e desconstruir essa imagem pejorativa dos alunos
atendidos. Dessa forma, como lição aprendida, entende-se que o
acompanhamento pedagógico tem um papel importante ao buscar desfazer,
para os diferentes envolvidos, as confusões entre o assistencialismo e a
assistência social.
• Equipes específicas nas escolas
No interior das escolas, existe grande interesse e dedicação por parte dos
coordenadores do Programa e dos integradores sociais. Eles são atores
essenciais no processo de desenvolvimento das ações: planejam e executam
as diferentes atividades, fazem a articulação dentro da escola e buscam
parcerias com organizações diversas, visando explorar o entorno e aproveitar
o potencial da comunidade.
O fato de existirem profissionais alocados especificamente para o
desenvolvimento das ações da Educação Integral pode ser considerado uma
potencialidade do Programa, uma vez que há exemplos do quanto a
proatividade, criatividade e envolvimento desses atores facilitam a execução
das ações e a articulação da Educação Integral com outros aspectos do
cotidiano escolar.
Entende-se que o acompanhamento pedagógico é um excelente canal para
mapear essas potências das escolas, não só relacionadas aos recursos
humanos, mas também a outros aspectos, como infraestrutura ou
participação da comunidade, que muitas vezes precisam de estímulo para
que sejam aprimorados e aproveitados ao máximo.
• Desconstrução do caráter fiscalizador da supervisão escolar
Infelizmente, não é incomum encontrar, em diferentes redes de ensino,
estratégias de supervisão escolar muito centradas nas questões
administrativas e burocráticas, com certo tom mais afeito à fiscalização,
inspeção e cobrança por resultados, e menos centradas no apoio à realização
dos processos internos das escolas, na qualidade de suas práticas
pedagógicas e na formação em serviço de seus atores.
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Nesse sentido, entende-se que o trabalho de acompanhamento pedagógico
desenvolvido em Vitória representa uma desconstrução dessa propostas de
supervisão escolar sedimentadas na chave da fiscalização. O processo de
sistematização revelou que a prática construída e desenvolvida pela SEME,
em conjunto com o Cenpec e a FIS, conseguiu instituir uma forma de
acompanhamento em que a aproximação da Secretaria com as escolas
permite identificar necessidades pedagógicas, conceder suporte formativo e
informativo, apoiar a emancipação dos atores escolares e reunir informações
para a tomada de decisão das diferentes instâncias do sistema.
3.3 Desafios
Neste tópico, serão apresentados os principais desafios do acompanhamento
pedagógico do Programa de Educação Integral com Jornada Ampliada no
município de Vitória, levantados a partir da análise das informações
consolidadas no processo de sistematização.
• Baixo engajamento das escolas no projeto-piloto
Um dos desafios observados foi o baixo engajamento das escolas quando
convidadas a se candidatarem para participar do projeto piloto de
acompanhamento pedagógico, ainda em 2015. O convite foi feito via Carta
Convite (ver anexo 2), enviada por email. Apesar de ter sido encaminhada
para todas as 43 escolas, apenas quatro sinalizaram o interesse em participar
do piloto.
Abaixo estão listadas algumas hipóteses para o baixo engajamento, que
poderiam ser avaliadas por parte da equipe do Cenpec e da FIS, a fim de
pensar em melhorias para os processos de contatação e adesão de escolas
Eu acho que a SEME precisa conhecer o trabalho dos coordenadores e o que
eles desenvolvem na escola. E aí nós acabamos nos sentindo valorizados pelo
que fazemos, então é muito bom que eles conheçam o que estamos fazendo.
(Cacilda Ferreira da Cunha, coordenadora do Programa de Educação Integral
em uma escola da rede)
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em atividades futuras, que venham a ser desenvolvidas nas redes públicas de
ensino.
• Estratégia de contato com as escolas: o convite foi feito por email e
existiram poucas estratégias complementares para divulgar a
proposta do projeto piloto e incentivar a participação das escolas. Esse
ponto, em iniciativas futuras, talvez possa ser foco de atenção, no
sentido de identificar outras estratégias que possam estimular o
interesse dos atores escolares.
• Teor da carta convite: o texto da carta enviada, entre outras
informações, dizia: “Esperamos que várias escolas se inscrevam! Mas,
caso haja mais dos que 3 inscrições, infelizmente, teremos que decidir
com quais trabalharemos esse ano e os critérios utilizados para a
escolha serão os tamanhos diferenciados das unidades escolares e a
localização, de forma a contemplar mais de uma realidade presente na
rede municipal”. Dessa forma, o convite, apesar de enviado para as 43
escolas, indicava que apenas três seriam selecionadas para participar
do piloto. Considera-se que o teor já anunciava que existiria um
processo seletivo (caso existisse o interesse de várias escolas), porém
sem especificar detalhamente os pré-requisitos exigidos para as que
seriam selecionadas. Talvez a restrição do número de participantes e a
falta de clareza sobre os critérios do processo seletivo tenham
desestimulado a inscrição de escolas.
• Condições para a participação no projeto piloto: a carta enviada
indicava que escolas deveriam se comprometer a envolver os
membros da equipe diretiva (diretor, pedagogo e coordenador de
turno) e do Programa de Educação Integral em Jornada Ampliada
(coordenador e integradores sociais) em reuniões mensais com a
equipe da SEME e do Cenpec e FIS. Frente a rotina intensa de trabalho
nas escolas, talvez a exigência de encontros mensais e a consequente
dedicação demandada pelo projeto podem ter sido elementos
restritivos do ponto de vista da adesão das escolas.
• Desconhecimento dos processos envolvidos: pelo teor da carta não
ficava claro o que seria o trabalho de acompanhamento pedagógico
desenvolvido. Sabemos, como dito anteriormente, que há muita
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resistência por parte dos atores escolares com estratégias de
supervisão escolar voltadas mais para uma certa “fiscalização” das
escolas e menos para o suporte e acompanhamento do
desenvolvimento de atividades pedagógicas. Nesse sentido, a falta de
informações pode ter gerado resistências por parte das escolas.
• Recursos humanos, materiais e financeiros
No cenário das escolas, foram observados alguns desafios relacionados à
questão dos recursos, que acabam por impactar negativamente a execução
do Programa nas escolas:
• ausência de coordenadores do Programa em algumas escolas, pois
não foram abertas novas vagas para a contratação desses
profissionais;
• diminuição de verbas/recursos, como, por exemplo, do transporte
para saídas pedagógicas – antes semanal, agora quinzenal;
• fim do programa Mais Educação, pois com a ele havia mais
profissionais à disposição, apoiando as ações da Educação Integral;
• alta rotatividade dos integradores sociais, contratados por até dois
anos, impacta no desenvolvimento do Programa nas escolas.
No âmbito da SEME, a questão dos recursos humanos também se mostrou
como um desafio para o desenvolvimento do processo de acompanhamento
pedagógico.
Como visto anteriormente, com uma equipe de três pessoas, existem críticas
em relação à falta de profissionais/técnicos para compor a equipe de
Coordenação de Educação Integral e, além disso, essa equipe atende a
diferentes agendas/demandas concomitantes da própria SEME.
Avalia-se que faltam técnicos para a realização de um trabalho mais estreito
com as escolas, tendo em vista que muitos profissionais se aposentaram ou
estão afastados e não houve concurso público recentemente. Esse é um
desafio apontado não só pela própria equipe da coordenação, mas também
pelas escolas, que sentem falta de um acompanhamento mais “de perto” e de
mais tempo para os encontros.
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Os membros da Coordenação de Educação Integral ficam sobrecarregados,
e a rotina intensa de atividades fragiliza os momentos de reflexão para que a
equipe possa analisar os dados e as informações das escolas, compartilhar os
desafios observados nos encontros de acompanhamento, e pensar em
estratégias e intervenções focalizadas e personalizadas.
Percebeu-se que os momentos de reflexão por parte da equipe da SEME
acontecem quase que exclusivamente nas reuniões de planejamento com
assessoria do Cenpec e da FIS. Contudo, como esses encontros ocorrem
apenas uma vez por mês, entende-se que os espaços para a reflexão não são
suficientes.
Outro desafio identificado é que entre a equipe da Coordenação da Educação
Integral as responsabilidades e divisão de tarefas não é muito clara: todos
fazem tudo e se dividem de acordo com as demandas e atividades pré-
estabelecidas e as que vão surgindo (entre elas, o acompanhamento
pedagógico).
Soma-se a isso o fato de que a comunicação interna da SEME, entre áreas e
gerências, também foi citada com um desafio por diferentes interlocutores
ao longo do processo de sistematização. Tanto em relação ao grande fluxo
de informações, quanto em relação às agendas paralelas e concomitantes que
impedem as pessoas de se encontrarem e dialogarem sobre projetos e ações
conjuntas, compartilharem informações sobre o andamento do trabalho, etc.,
o que impacta diretamente na organização da equipe da Educação Integral.
Se tivéssemos um tempo e uma constância maior, seria muito melhor. Nós
entendemos essa questão da demanda, mas, se tivéssemos a oportunidade de ter
um tempo e um planejamento maior, até mesmo uma espécie de congresso ou
seminário sobre isso, para trocarmos experiências a respeito de como foi o
acompanhamento em outras escolas, seria ótimo. (Raquel Reis Nurse, integradora
social em uma escola da rede)
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• Estigmatização do público-alvo do programa
Como dito anteriormente, parte da comunidade educacional envolvida no
Programa de Educação Integral em Vitória enxerga as ações apenas com o
rótulo do “assistencialismo”. Ainda está muito arraigado para diferentes
atores o pensamento de que as ações do Programa servem para “tomar
conta” das crianças no contraturno escolar, e que ali os alunos passam o
tempo livre e fazem passeios fora da escola.
Esse estigma minimiza as possibilidades práticas das atividades da Educação
Integral e o reconhecimento de sua dimensão pedagógica, articulada ao
currículo escolar, e com a função de atender o aluno na sua integralidade.
De certa forma, o próprio decreto e a portaria que estabelecem os critérios
para acesso de crianças e adolescentes ao atendimento da Educação Integral
reforça esse estigma, da maneira como apresentam as condições de
participação e o público beneficiário, “priorizando os seguintes aspectos:
social, de saúde, exposição às violências e situação escolar” (Art.3 da
portaria). Em relação aos critérios de escolha de crianças com problemas de
saúde, é possível ver a seguir um exemplo do que é descrito no decreto:
Saúde
Diagnóstico comprovado de desnutrição
Condições precárias de higiene (corporal e ou socioambiental)
Comprovação de três ou mais internações nos últimos 12 meses
Recorrência de doenças infecto contagiosas e respiratórias
Esses aspectos são exemplos do que consta detalhado na Ficha Cadastral
dos candidatos, mas, muitas vezes, da forma como são descritos, contribuem
para a estigmatiza ção do público selecionado para participar do Programa.
Nesse sentido, é preciso pensar em soluções para desfazer esse estigma, que
devem partir desde as orientações legais até os trâmites práticos que podem
ser desenvolvidos pelo processo de acompanhamento pedagógico para
minimizar esse problema.
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• Falta de registro e sistematização das ações, por parte da equipe da
SEME
Os registros das reuniões de planejamento entre a assessoria e a SEME, assim
como dos encaminhamentos, materiais e modelos de documentos, são feitos
pela equipe da assessoria do Cenpec e da FIS. Já nos encontros
regionalizados, em que existe uma lista de presença dos participantes e
também um relato dos técnicos que acompanham cada grupo de escolas, é
feito a mão no papel impresso.
Da mesma forma, o registro do acompanhamento pedagógico
individualizado é feito por meio do preenchimento à mão da ficha “Registro
do Acompanhamento Pedagógico”, que os técnicos levam para a escola.
Cabe a equipe da assessoria a sistematização e consolidação de informações
básicas sobre as escolas (relacionadas mais aos números de atendimento do
Programa e menos sobre sua execução no interior das unidades escolares e
seus resultados).
Nota-se, portanto, que nem tudo o que acontece no âmbito do
acompanhamento pesdagógico e da execução do Programa é registrado;
que os registros realizados não são comumente sistematizados ou passados
a limpo em suportes informatizados por parte da equipe da secretaria; e que
os únicos registros consolidades existentes são aqueles organizados pela
equipe do Cenpec e da FIS.
Assim, percebe-se que a equipe da SEME consegue coletar dados e
informações diversas no acompanhamento pedagógico, mas não consegue
se organizar para garantir o registro perene e acessível. Essa ausência de uma
sistemática de documentação dos assuntos tratados nos encontros revela
que o registro não é uma prioridade em meio a tantas demandas e urgências
e nem foi um processo apropriado por parte da equipe da secretaria.
Isso dificulta a produção de conhecimento sobre o desenvolvimento do
Programa nas escolas e também sobre o próprio processo de
acompanhamento pedagógico.
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• Em algumas escolas, o programa ainda não acontece como planejado
Apesar da falta de registro sobre a condução do Programa por parte das
escolas, ao longo da sistematização foram identificados relatos de diferentes
interlocutores sobre algumas fragilidades no processo de execução das
atividades de Educação Integral em algumas escolas, a saber:
• Falta de clareza sobre as responsabilidades com o Programa por parte
dos diferentes atores da escola, bem como sobre o perfil adequado à
função de coordenador de Educação Integral na escola: como foi
apresentado no capítulo 1 não há documentos oficiais atualizados que
descrevam quais são as responsabilidades dos diferentes atores
(diretor, pedagogo, coordenador de turno e professores) junto ao
Programa de Educação Integral com Jornada Ampliada. Isso pode
prejudicar o envolvimento e engajamento dos atores na execução das
atividades de Educação Integral junto aos alunos. Além disso, não há
descrição de qual o perfil necessário para que um profissional assuma
a função de coordenador de Educação Integral na escola. Hoje, a
seleção desse profissional é feita por indicação do diretor e a ausência
de parâmetros pode afetar a alocação de profissionais qualificados
para a condução das atividades de Educação Integral nas unidades
escolares.
• Falta de integração na escola: em alguns casos, o Programa funcionaria
de forma desarticulada com o ensino regular e os profissionais da
Educação Integral estão apartados, não dialogam e nem fazem
trabalho conjunto com os demais atores. O planejamento da escola
como um todo nem sempre inclui demandas, propostas e atividades
da Educação Integral, e o contrário também acontece. Nem sempre os
horários e agendas das equipes do regular e do integral coincidem, o
que também dificulta o diálogo. Esse planejamento integrado é um
grande desafio para as escolas e, seu estímulo, um desafio para o
acompanhamento pedagógico. A integração e articulação com o
currículo do Ensino Fundamental também é “fraca”. Todavia, os
membros entrevistados da equipe da SEME afirmam que isso tem
mudado gradativamente, pois, no passado, as atividades eram bem
mais “soltas” do que são hoje.
• Os atores da escola não dominam ou conhecem os fundamentos e os
propósitos do Programa de Educação Integral com Jornada Ampliada:
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em alguns casos, há relatos sobre o desenvolvimento “da atividade
pela atividade”, sem conseguir estabelecer a ponte com a proposta de
formar os estudantes na sua integralidade. Alguns depoimentos de
atores envolvidos reforçam a impressão de que nem todas as
atividades são realizadas com a clareza e intencionalidade pedagógica
desejada; em algumas escolas, por exemplo, as saídas pedagógicas são
feitas mais como um passeio e sem propostas ou objetivos de
aprendizagem.
• Falta de participação de outros atores escolares nas ações da
Educação Integral: há relatos de diretores e pedagogos - e em alguns
casos professores – convidados para os encontros de
acompanhamento pedagógico individualizado, mas que não
participam dos mesmo. Esse distanciamento das equipes no
planejamento e no desenvolvimento das atividades pode ser reflexo
de múltiplos fatores. Abaixo, estão listadas algumas hipóteses que
poderiam ser exploradas para melhor compreensão dessa falta de
participação dos diferentes atores escolares nas ações da Educação
Integral:
o falta de compreensão dos gestores escolares sobre a
importância do desenvolvimento de ações sistêmicas e
articuladas no interior das escolas;
o falta de interesse das equipes de gestão em participar das
atividades relacionadas ao Programa;
o dificuldades de organização da equipe escolar, em meio
inúmeras demandas e à rotina, para dar conta de incluir e
integrar as atividades do Programa às demais atividades da
escola;
o falta de conhecimento, por parte dos atores escolares, de quais
são as suas responsabilidades no desenvolvimento do
Programa, reiterada pela ausência de documento legal que
oriente tais profissionais sobre as suas atribuições;
o falta de investimento, por parte da SEME, em ações de
engajamento e mobilização dos atores da equipe escolar, para
que esses profissionais participem mais ativamente do
planejamento e desenvolvimento das atividades da Educação
Integral.
• Restrição das atividades desenvolvidas pelas escolas: alguns
entrevistados disseram que as atividades da Educação Integral
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desenvolvidas pelas escolas nem sempre são atrativas para os alunos
mais velhos, das séries finais do Ensino Fundamental. Em sua maioria,
são direcionadas para os alunos mais novos, o que leva a um baixo
interesse e participação por parte dos mais velhos.
Em todo caso, também há relatos positivos em que os coordenadores da
Educação Integral têm contato e proximidade maior com a equipe da escola
como um todo, participam de reuniões gerais onde compartilham
informações da Educação Integral e também elaboram ações conjuntas.
Há a percepção de que existem coordenadores com perfil e atuação que
atendem/entendem melhor as propostas de trabalho e sugestões da
Coordenação de Educação Integral e, nessas escolas, há mais autonomia dos
coordenadores e confiança por parte da equipe de coordenação. Nesse
sentido, a equipe da assessoria identifica a necessidade de: (i) estabelecer
com clareza o perfil, os requisitos, as competências e habilidades que os
coordenadores de Educação Integral devem ter, a fim de auxiliar a indicação
de profissionais mais preparados para o cargo; (ii) estabelecer legalmente, e
por meio de diretrizes orientadoras, quais são as atribuições e
responsabilidades desses atores no desenvolvimento do Programa; e (ii)
investir em estratégias de profissionalização de todos os coordenadores do
Programa em relação à sua função social na garantia dos direitos à educação
de crianças e adolescentes.
De certa forma, entende-se que o próprio atendimento da SEME às escolas,
por meio de múltiplas coordenações (de ensino regular, de educação
especial, de acompanhamento pedagógico da Educação Integral), dificulta
uma integração entre os planejamentos internos das unidades escolares. A
escola recebe assessoria de diversos profissionais da Secretaria, o diálogo é
feito com um determinado grupo de profissionais da escola e nem sempre há
tempo disponível para a partilha e troca de informações entre as equipes.
Também, como já sinalizado, faltam registros organizados e sistematizados
das próprias escolas em relação ao desenvolvimento do Programa, das
atividades e dados e informações sobre os resultados junto aos alunos. O
único registro orientado pela Coordenação de Educação Integral para que a
própria escola realize é o Plano de Trabalho da Educação Integral, que deve
ser preenchido e enviado à SEME no início do ano.
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A Secretaria exige também que seja feito um registro de presença dos alunos,
mas o formato é livre e cada escola se organiza por conta própria em relação
a esse e outros registros, tais como planejamentos semanais, relatórios,
portfólios, registros de atividades, registros fotográficos, mensuração de
resultados, etc. Dessa forma, avalia-se a necessidade de instituir uma
sistemática padronizada sobre o que acontece no interior das escolas, a fim
de garantir a coleta de informações mais fidedigna das atividades de
Educação Integral realizadas, de sua pertinência pedagógica e dos efeitos
gerados por elas para os estudantes.
Nesse processo, a assessoria do Cenpec e da FIS também considera que ouvir
os estudantes, considerando as especificidades do Programa, e estimular a
participaçao dos mesmos é fundamental para dar voz aos mais interessados
no desenvolvimento da iniciativa.
Por fim, o Sistema de Gestão Escolar (SGE) da SEME é considerado uma
ferramenta de grande importância na rede, pois integra diversos dados e
informações da área administrativa, educacional e de gestão de todas escolas
do município de Vitória. Contudo, esse sistema não abrange a Educação
Integral de forma completa e inclui apenas os dados de matrícula dos alunos.
A equipe de Coordenação Integral já sinalizou à área responsável da
Secretaria a necessidade de inclusão de um espaço específico para inserir
dados de frequência e desempenho dos alunos, que pudesse estimular e
facilitar o registro por parte das escolas, mas até agora essa solicitação não
foi atendida.
• Objetivos, indicadores: o monitoramento e avaliação do Programa
Os objetivos e indicadores da Educação Integral são vistos de diferentes
formas pelo Cenpec e FIS, pela SEME e pelas escolas. Para a assessoria, eles
ainda são muito frágeis e precisariam ser melhorados e aprimorados para de
fato serem utilizados como instrumento de monitoramento e avaliação pela
SEME e pelas escolas. Para SEME, eles estão prontos e já vêm sendo utilizados
pelos atores. E, por fim, para as escolas, percebe-se que a aplicação no dia a
dia do Programa é reduzida, uma vez que os atores escolares escolhem um
dos objetivos para ser desenvolvido/trabalhado ao longo do ano, mas o
alcance desse objetivo não é, necessariamente, foco do monitoramento e
acompanhamento das ações desenvolvidas.
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Esses itens chamados de objetivos e indicadores foram criados durante o
acompanhamento pedagógico com as escolas-piloto, como um exercício
coletivo com todos os participantes do Programa (SEME, coordenadores,
integradores, diretores, pedagogos, professores, alunos e familiares), com a
proposta inicial de conhecer/entender o que seria uma Educação Integral de
qualidade e o que fazer para alcançá-la.
Os pontos e indicações foram então organizados e divididos por temas,
refletindo toda diversidade de olhares dos participantes sobre os objetivos e
finalidades do Programa e abrangendo, de certa forma, aspectos importantes
para o seu desenvolvimento. Vale ressaltar, porém, que esse exercício, para a
equipe da assessoria, não pretendia ser uma proposta intencional de
monitoramento ou avaliação das ações de acompanhamento pedagógico.
No redesenho da proposta de acompanhamento pedagógico para 2016 –
com todas as escolas participantes do Programa, houve a necessidade de se
definir alguns objetivos e seus desdobramentos por meio de indicadores, e
esse documento, então, após novas inclusões e alterações, passou a ser
utilizado como uma tabela de referência para a SEME e para as escolas.
Importante ressaltar, entretanto, que, pela natureza dos itens listados, os
indicadores não poderiam ser entendidos como indicadores de avaliação e
monitoramento, mas sim como pontos a serem observados nas escolas.
Nesse sentido, permanece como desafio a necessidade de estruturação de
uma sistemática de monitoramento e avaliação que consiga registrar, de
maneira objetiva, o que de fato vem acontecendo nas escolas, analisar a
pertinência pedagógica das atividades de Educação Integral e sua articulação
com as outras ações realizadas pela escola, bem como mensurar os
resultados obtidos pelo Programa junto aos estudantes.
• Sustentabilidade do acompanhamento pedagógico após a saída da
assessoria
As propostas de sustentabilidade e continuidade do acompanhamento
pedagógico começaram a ser desenvolvidas no final do período da parceria
entre a assessoria do Cenpec e da FIS e a SEME. Apesar de ser uma premissa
para o desenvolvimento do trabalho, não houve um plano/projeto de
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continuidade sistematizado/formatado que fosse pensado desde o início da
parceria. Entende-se que tal condição é um desafio e pode trazer certos
riscos para a continuidade do acompanhamento pedagógico, principalmente
quando ocorrem os ciclos eleitorais e de mudança governamental.
Alguns processos do acompanhamento, por exemplo, não foram totalmente
internalizados pela equipe da Secretaria, tais como o registro e a análise das
informações – que ocorrem, fundamentalmente, nas reuniões mensais de
planejamento com a assessoria. Com o cotidiano atribulado de trabalho, será
preciso muito foco e disciplina para que a equipe da SEME continue a
desenvolver algumas atividades como essas sem que elas se percam com o
fim da parceria com o Cenpec e a FIS.
Dessa forma, a proximidade e a integração entre a equipe do Cenpec e da FIS
e a equipe da SEME são muito importantes e positivas por um lado, mas, por
outro, podem ter gerado uma relação de dependência que interfere na
sustentabilidade e na consolidação das práticas de trabalho por parte da
SEME quando a assessoria for encerrada.
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CAPÍTULO 4 - APRENDIZADOS, PERSPECTIVAS E RECOMENDAÇÕES
Em toda assessoria realizada pelo Cenpec e pela FIS, como a que foi
desenvolvida nos últimos anos em Vitória, há sempre a preocupação, no
decorrer e, principalmente, ao final do projeto, de se realizar uma análise
sobre o quão acertadas foram as escolhas e quais foram os resultados obtidos
na percepção dos diferentes envolvidos. Algumas questões se colocam na
busca por melhor compreender efeitos e possibilidades geradas a partir da
iniciativa: foram construídos novos aprendizados? As reflexões e ações
conjuntas desenvolvidas foram incorporadas ou assimiladas por parte da
equipe da Secretaria? Há perspectivas para o futuro com a concretização de
ações previstas, possíveis alterações de rota e aprimoramento dos projetos?
Como foi possível perceber ao longo desta sistematização, a própria
metodologia de assessoria do Cenpec e FIS respeita e incorpora as
particularidades, as expertises e o conhecimento que cada rede de ensino
tem de si própria, de sua trajetória, história e de sua experiência. Por isso,
todo o trabalho de assessoria tem uma característica fundamental, que é a
construção conjunta, em que ambas as equipes – da assessoria e da
Secretaria de Educação – estão envolvidas, sendo atuantes e
corresponsáveis.
Outra característica desse processo foi a existência de uma aceitação mútua
para a realização desse tipo de trabalho. Como apresentado no primeiro
capítulo desta publicação, a assessoria teve início após uma solicitação da
Secretaria Municipal de Educação de Vitória, para tratar de questões
relacionadas a sua política de Educação Integral, tema ao qual FIS e Cenpec
têm se dedicado na última década, por meio de pesquisas, formação de
educadores, acompanhamentos e formulação de projetos em várias partes
do Brasil.
A partir daí, vários caminhos foram construídos no município de Vitória, em
parceria, nesses últimos três anos, passando pela estruturação de diretrizes,
pelo suporte ao desenvolvimento de ações formativas e pela organização,
fundamentação e fortalecimento do trabalho de acompanhamento
pedagógico no âmbito da Educação Integral municipal.
Em relação ao acompanhamento pedagógico, foi possível consolidar um
trabalho longitudinal, mais permanente e contextualizado, que se apoiou em
um processo dialógico e participativo, baseado na premissa metodológica da
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ação-reflexão-ação, conforme apresentado no capítulo 2. Além disso, do
ponto de vista operacional, foi estruturado um conjunto de encontros com a
participação de diferentes atores, com temas relacionados ao Programa de
Educação Integral com Jornada Ampliada e de periodicidade regular, que
possibilitou maior proximidade e mais intensidade no fluxo de comunicação
entre as instâncias da Secretaria de Educação, as regionais e as escolas.
Alguns desafios, como apresentado no capítulo 3, entretanto, permanecem
para serem enfrentados e superados. Todavia, o trabalho de
acompanhamento pedagógico realizado em Vitória pode ser entendido como
um referencial e tem potencialidade para servir como exemplo para outras
organizações ou profissionais com propostas de atuação similares. Por essa
razão, colocou-se em prática o presente trabalho de sistematizar e avaliar o
que foi realizado, ouvir e consultar os envolvidos, aproveitando o
conhecimento acumulado e os modelos desenvolvidos para subsidiar novas
experiências e projetos.
No entanto, tendo em vista a enorme diversidade regional, política,
econômica e cultural de um país como o Brasil, vale a ressalva de que os
caminhos trilhados em Vitória não são automaticamente reprodutíveis em
todos os lugares. Além disso, há características específicas relacionadas ao
cenário político e relacional da Secretaria Municipal de Educação de Vitória
que contribuíram diretamente para que a experiência fosse bem-sucedida.
Como demonstrado também no capítulo 3, são condicionalidades locais que
confluem para que a iniciativa seja considerada na sua essência e de acordo
com as especificidades do município – desencorajando tentativas de
replicação desse processo que não considerem a existência de desafios e
problemas específicos entre as mais de 5 mil redes municipais de educação
do País.
A título de encerramento, este capítulo aborda, a partir da visão dos
entrevistados, os aprendizados e as perspectivas para a continuidade do
acompanhamento pedagógico em Vitória. Ao final, são listadas algumas
recomendações que devem ser levadas em consideração na estruturação
futura de projetos similares, construídas com base nos desafios e lacunas
identificados ao longo do processo de sistematização.
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4.1 Aprendizados
Ao longo do trabalho de sistematização, foram realizadas algumas
entrevistas com aqueles que participaram do processo de acompanhamento
pedagógico, nas suas várias frentes, para colher impressões e saber a opinião
sobre o tipo de aprendizado adquirido com a assessoria realizada para a
Educação Integral da rede municipal.
Ainda no capítulo 2, foram evidenciados alguns aprendizados adquiridos com
o trabalho de acompanhamento pedagógico pela equipe da assessoria do
Cenpec e FIS, como: a percepção da necessidade de abertura e flexibilidade
em relação às bases inicialmente planejadas; a necessidade de absorção de
funções e atribuições não previstas inicialmente em prol do desenvolvimento
do trabalho; a demanda pela escuta ativa, a fim de compreender as
complexidades inerentes às relações cotidianas vivenciadas nas escolas e
pelos diversos atores das diferentes instâncias; a articulação das ações de
formação e de acompanhamento pedagógico, a fim de gerar uma ação
efetiva dentro do Programa de Educação Integral; a demanda pelo
aprimoramento dos indicadores e estratégias de monitoramento e avaliação
das ações do Programa. Esses são alguns dos elementos que contribuíram,
nesses últimos anos, para um processo de aprimoramento constante da
equipe do Cenpec e da FIS, visando ao melhor encaminhamento das
atividades relacionadas ao acompanhamento pedagógico.
De maneira complementar, vale aprofundar a análise sobre os aprendizados
que o processo gerou para os outros atores envolvidos, com os quais se teve
contato durante o processo de sistematização. Nas entrevistas realizadas, foi
unânime a opinião de que o trabalho trouxe aprendizados, alterou,
aperfeiçoou ou fez com que práticas, olhares e novas perspectivas fossem
incorporadas. Foi a isso que se referiu Nádia Perez, uma das coordenadoras
do Programa em uma das escolas da rede, ao declarar que aprendeu “a rever
as práticas, aquilo que você tem como certo, porque não existe uma verdade
absoluta”.
A ideia de que há autonomia para se trabalhar foi apontada como um
aprendizado durante o processo, de acordo com a técnica pedagógica
Myriam Pestana Oliveira, que também falou sobre a possibilidade de olhar
para o próprio trabalho e para a equipe:
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Para mim, o maior aprendizado é esse: quebrar um pouco essa
dicotomia, de que a Secretaria só tem que ir à escola para
ensinar ou que a escola tem que ficar esperando a Secretaria
mandar fazer. O maior aprendizado é justamente conseguir
olhar para a minha prática e ver o potencial que eu posso
desenvolver e ver que muita coisa a gente pode fazer, mesmo
sem estrutura.
Sensação semelhante foi experimentada por Viviane dos Santos, atualmente
diretora escolar, quando estava na coordenação:
Enquanto coordenadora, eu aprendi muito quando percebi
como o coordenador de tempo integral é fundamental para
organizar esse trabalho em equipe para que ele realmente dê
resultados positivos.
A valorização e a consciência de que é fundamental o trabalho em equipe são
algumas das questões mais mencionadas pelas educadoras. “Nós estamos
construindo juntos”, afirmou Elizabete Gomes de Souza, assessora
pedagógica; mesma conclusão de Fátima Rodrigues Burslaf, coordenadora
de Educação Integral: “A gente só consegue êxito numa ação quando faz uma
ação coletiva”. Mas foi a subsecretária pedagógica da SEME, Janine Pereira
de Castro, quem se declarou ainda mais enfática quando questionada sobre
os seus aprendizados: “Primeiro, nós não fazemos nada sozinhos; segundo,
nós não devemos fazer nada sozinhos”. E ela explica por que essa foi sua
“grande aprendizagem”:
O mais legal para mim e para a minha grande aprendizagem é
isso: somos um grupo, discutindo, dialogando, refletindo,
problematizando, vivendo, confrontando. Pois é no conflito que
construímos. Aquele conflito que é para colocar pontos de
vistas e não para determinar quem está certo ou errado.
Por se tratar de um trabalho coletivo, Fátima Burslaf ainda acentuou a
necessidade de organização e planejamento da equipe para que funcione e
alcance seus objetivos, em vez de ter de sempre correr para “apagar
incêndios”:
Essa ação coletiva precisa ter hora, ter sistematização, ter
planejamento. A gente precisa se organizar para acompanhar
as ações, não fazer ações esporádicas e achar que está feito.
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Então, você só consegue também atingir um objetivo se você
tem um processo planejado. Um processo que vai ter início,
meio e fim, onde você quer chegar, com que metas você quer
atingir, qual o foco vai dar. Acho que isso é um grande
aprendizado. A gente tem uma mania de querer apagar
incêndio o tempo todo, querendo fazer muitas coisas. Mas
quando a gente elabora um planejamento sistematizado,
sequenciado, que tem um objetivo claro de onde queremos
chegar, os resultados são melhores.
Também aparecem apontadas nas entrevistas uma melhor conceituação do
que seja Educação Integral e, consequentemente, uma maior clareza no que
se refere a ações relacionadas ao projeto desenvolvido em Vitória. Para a
coordenadora Fátima Burslaf, nos anos de assessoria houve a possibilidade
de se:
(...) ter com mais clareza o que a gente espera para Educação
Integral. Acho que essas discussões nesses últimos anos, desde
2014, em que o Cenpec vem acompanhando a gente na escrita
dos documentos, no acompanhamento, na formação e na
política, fizeram com que tivéssemos uma visão sobre o que se
entende por Educação Integral.
Essa ampliação do que significa desenvolver um trabalho de Educação
Integral também foi sentida pela diretora de escola, Viviane Rosa Gomes dos
Santos:
Escola não é só sala de aula, existem outros espaços, outros
tempos que a gente pode conhecer fora da nossa escola, desde
que haja planejamento. Aprendi muito. Aliás, eu aprendo muito
com a Educação Integral. É impressionante.
Para a gerente da área de Gestão do Conhecimento, da Fundação Itaú Social,
Patricia Mota Guedes, o avanço do trabalho em Vitória foi significativo, pois
saltou de uma proposta que, a princípio, iria discutir diretrizes da Educação
Integral, correndo o risco de gerar apenas mais um documento ou de
prevalecer o âmbito teórico, para uma ação mais direta e concreta que afetou
as práticas dos técnicos da Secretaria. E, para ela, existe a percepção de que
a equipe de Educação Integral passou a dialogar mais com as outras equipes
da Secretaria.
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Eu vi essa mudança na forma de se pensar o apoio pedagógico.
Eu acho que esse descolamento não é simples e aconteceu lá.
E eu vejo também uma equipe no órgão central que se
apropriou muito dos temas de Educação Integral, trazendo isso
para a definições das políticas e dos programas. Isso também
não é pequeno, não é trivial. Essa equipe realmente se
apropriou, ela já tinha um nível técnico muito bom quando a
gente chegou, mas se apropriou muito rapidamente da
proposta da assessoria. Eu acho que esse também é um ponto
muito positivo.
Percebe-se, nesse mosaico de visões, que os aprendizados dos envolvidos
foram ricos e variados. Há nos depoimentos, evidentemente, uma sensação
de que a assessoria proporcionou um processo de trabalho em equipe entre
envolvidos, trazendo maior clareza, consistência e segurança não só para a
prática de cada um, como também para a própria política de Educação
Integral em Vitória.
4.2 Perspectivas
Do ponto de vista institucional, o trabalho da assessoria da Fundação Itaú
Social e do Cenpec em Vitória teve em 2016 o seu último ano. A proposta,
entretanto, é que a equipe da SEME dê continuidade às atividades
desenvolvidas no campo da Educação Integral, principalmente no que diz
respeito ao trabalho de acompanhamento pedagógico.
Para isso, no final de 2016, a assessoria trabalhou, em conjunto com a equipe
da Secretaria, no desenvolvimento de um planejamento das ações para o ano
seguinte, mapeando as atividades, de acordo com as demandas da SEME,
que deverão ser desenvolvidas a fim de manter o trabalho de
acompanhamento pedagógico junto às escolas. São propostas desse plano:
• continuidade do acompanhamento pedagógico com as rodadas
individualizadas e as regionalizadas;
• foco no registro dos dados do Programa de Educação Integral no SGE;
• elaboração de uma nova versão da matriz de acompanhamento
(objetivos e indicadores);
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81
• manutenção do desenvolvimento de estratégias de acompanhamento
pedagógico numa perspectiva dialógica;
• garantia de uma equipe de assessoria comprometida com as questões
de direitos das crianças e adolescentes e com olhar sensível para as
questões de vulnerabilidade social.
Visando, ainda, conceder pistas sobre novos caminhos e possibilidades, as
entrevistas também abordaram as perspectivas de futuro para o
acompanhamento pedagógico e o Programa de Educação Integral de Vitória.
A primeira questão ressaltada nas entrevistas realizadas é o entusiasmo com
que os envolvidos passaram a projetar suas perspectivas, de modo a
imaginarem que essa modalidade e suas posturas deveriam se estender a
toda rede. Mas, antes, dentre as primeiras preocupações, é preciso consolidar
a Educação Integral como política pública, como colocado pela subsecretária
pedagógica Janine de Castro.
É importante ver essa política ir se consolidando; ver as pessoas
se apropriando; é ampliar a formação para os outros sujeitos da
escola, que não sejam só aqueles que trabalham diretamente
com a Educação Integral, ou seja, para que, de fato, esse
conceito possa começar a colar e fazer parte da postura de
todos os educadores da rede, em especial os gestores, aqueles
que estão na função de gestão, e da gestão pedagógica, que
são pedagogos e coordenadores.
Essa defesa ecoa na fala de outros educadores que propõem novas posturas
e ações a partir da SEME. Para Elizabete de Souza, assessora pedagógica, é
preciso “trabalhar de maneira mais articulada e integrada”. Já a coordenadora
Fátima pontuou que, em 2017, com a chegada de novos técnicos à Secretaria
que não vivenciaram todo esse processo com a FIS e o Cenpec, será preciso
que a SEME realize uma formação desses atores, a fim de nivelar o
entendimento e o aprendizado dos mesmos. Para ela, será necessário
empenho para garantir a continuidade e qualidade do trabalho.
A hora que não tiver mais a assessoria da FIS e do Cenpec a
gente precisará rever as práticas e vamos trabalhar para
conseguir fazer com que esse projeto continue. É o início de
uma proposta que é contínua e que é necessária, mas a gente
precisa focar no que é realmente o trabalho da equipe da
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Secretaria. Isso é um desafio grande para se ter mais foco nas
ações.
Percebe-se, com os diferentes depoimentos, que há a consciência, por parte
dos atores, em relação aos desafios colocados para a garantia de
continuidade do trabalho até então realizado. Por outro lado, entende-se que
existem disposição e entusiasmo para enfrentar tais desafios.
4.3 Algumas recomendações para o aprimoramento do acompanhamento
pedagógico em ações futuras
Com base nos conteúdos reunidos no processo de sistematizaçao e a partir
da análise dos caminhos percorridos, das lições aprendidas, das perspectivas
e dos desafios colocados, estão elencadas, a seguir, algumas recomendações
para o aprimoramento do acompanhamento pedagógico em ações futuras e
similares que venham a ser desenvolvidas pelo Cenpec e pela FIS.
• Investir nos processos de engajamento dos atores escolares
Visto que a adesão das escolas e o engajamento de seus profissionais em
programas e projetos da Secretaria são movimentos que guardam certa
fragilidade, vale ressaltar a importância de criar mecanismos para promover
a mobilização e maior participação dos atores escolares, assim como
estruturar processos de comunicação mais eficazes e estratégias alternativas
voltadas para a melhoria dos fluxos de informações entre Secretarias,
regionais e escolas.
Do ponto de vista do engajamento e da mobilização, entende-se a
importância de encontrar maneiras capazes de desenvolver a identificação
dos diferentes atores com a política ou iniciativa que se deseja implantar.
Encontrar canais de diálogo e estabelecer instâncias e espaços institucionais
para a escuta das demandas e necessidades dos envolvidos é fundamental.
Criar empatia e sentimento de pertencimento entre os participantes,
mobilizando agentes protagonistas e/ou lideranças que ajudem a elaborar
objetivos comuns, definir o rumo das ações a serem desencadeadas,
fortalecer a construção de uma coerência entre a iniciativa e a realidade dos
atores podem ser um caminho interessante para promover engajamento.
Entende-se também que a atenção à adequação dos procedimentos
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operacionais escolhidos à rotina dos envolvidos parece ser indispensável para
que a ação coletiva produza seus efeitos esperados.
Os processos de comunicação, compreendidos como essenciais para o
engajamento e a mobilização, merecem destaque especial. É interessante que
sejam estabelecidos procedimentos regulares para que essa comunicação
aconteça, que as estratégias de comunicação estejam a serviço do que se
quer comunicar e que as equipes das Secretarias de Educação sejam
envolvidas e conscientes da necessidade de consolidar práticas mais efetivas
para proporcionar o engajamento das escolas em diferentes ações,
programas e projetos.
Sobre esse ponto, parece ser válido o investimento, por parte da equipe da
assessoria, no desenvolvimento de pesquisas de opinião junto aos atores
escolares sobre o formato de materiais recebidos, as estratégias de
engajamento e de mobilização, ou mesmo sobre as formas pelas quais as
informações são recebidas nas escolas. Conhecer a opinião de diretores,
pedagogos, coordenadores e professores sobre os processos de
comunicação existentes e as práticas de engajamento desenvolvidas por
parte das redes de ensino pode ser fonte importante de conhecimento que
ajude a rever as estratégias até então adotadas.
De maneira complementar, a equipe do Cenpec e da FIS pode realizar, caso
tenha interesse, uma revisão de literatura sobre estratégias de
implementação de projetos, programas e políticas. A proposta aqui é
aprofundar o entendimento sobre como é possível garantir maior aderência
e engajamento dos educadores em estratégias que venham a ser implantadas
por iniciativa das Secretarias de Educação, voltadas para processos de
formação, melhoria de práticas pedagógicas e de condução de ações
gerenciais e pedagógicas no interior das escolas.
Há um conjunto de autores nacionais e internacionais11 dedicados aos estudos
sobre a eficácia de processos de implementação de políticas públicas no
interior de unidades escolares e esse pode ser um importante campo de
11 Sobre esse assunto, indicamos: BROOKE, Nigel (Org.). Marcos históricos na reforma da educação. Belo Horizonte: Fino Traço, 2012, 520 p. (Coleção EDVCERE, 19); DYER, Caroline. Pesquisando a implementação das políticas educacionais: uma abordagem do mapeamento reverso, 1999; BALL, Stephen J. e MAINARDES, Jefferson. (Orgs.). Políticas Educacionais: questões e dilemas. São Paulo: Cortez, 2011; ELMORE, R. F. 1979. Backward Mapping: Implementation research and policy decisions. Political Science Quaterly, New York, v. 94, n.4, p. 601- 616, Winter.
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aprofundamento e análise, a fim de aprimorar os preceitos e as práticas
estabelecidas no trabalho de acompanhamento pedagógico.
• Registro e documentação de todas as etapas
Tendo em vista que não foram encontrados registros detalhados e
sistematizados de todas as etapas percorridas pela assessoria no âmbito do
acompanhamento pedagógico junto à SEME de Vitória, recomenda-se que
esse seja um foco de aprimoramento no desenvolvimento de ações similares
futuras.
Considera-se que o registro de todas as etapas, decisões e lições aprendidas
é de extrema importância, uma vez que possibilita a compreensão da história,
dos caminhos e das escolhas realizadas ao longo do desenvolvimento do
trabalho e pode promover processos de tomada de decisão mais
consistentes.
A implantação de práticas mais sistemáticas nesse campo ajudará, inclusive,
a aprimorar e facilitar o processo de identificação das necessidades e
demandas das equipes das Secretarias e escolas, pois permite consolidar
bases mais objetivas, justas e relevantes para a melhoria da gestão e das
práticas futuras da assessoria, retroalimentando as decisões políticas e
programáticas, a escolha de prioridades a serem atendidas e de otimização e
alocação de recursos.
Além disso, entende-se que esse registro tem que ser objeto de atenção não
só por parte da equipe da assessoria do Cenpec e da FIS, mas também deve
ser colocado como parte inerente ao trabalho das Secretarias. Quando
envolvidas no processo, é fundamental que exista o comprometimento do
registro periódico e sistemático das ações realizadas e que isso seja
atribuição da equipe da Secretaria e das unidades escolares, a fim de
incentivar e demonstrar a importância da documentação adequada e da
preservação da memória das atividades realizadas.
• Monitoramento e avaliação do que acontece nas escolas
Ao longo do processo de sistematização, pouco material sobre o que
acontece de fato no interior das escolas foi coletado, tendo em vista a
escassez de registros organizados e sistematizados, por parte do
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acompanhamento pedagógico, no âmbito do monitoramento e avaliação das
atividades relacionadas ao Programa nas unidades escolares, bem como dos
resultados das ações junto aos estudantes.
Para criar uma sistemática de levantamento, monitoramento e análise e
avaliação das práticas e resultados das unidades escolares, relacionada às
ações da Educação Integral, considera-se fundamental que: (i) o
acompanhamento pedagógico estabeleça critérios e indicadores para
monitorar e avaliar o que acontece no interior das escolas; (ii) sejam
desenvolvidos os procedimentos e instrumentos necessários para a coleta de
informações; (iii) os diferentes atores envolvidos devem ser capacitados para
aplicar o processo de coleta, registro e consolidação dos dados; (iv) sejam
criados espaços ou momentos institucionais de reflexão para análise,
avaliação e replanejamento das ações com base nos dados coletados.
Sem a organização desses elementos, as avaliações correm o risco de se
concentrarem apenas nas percepções dos envolvidos e perde-se a
oportunidade de também coletar dados objetivos sobre quais são as
atividades desenvolvidas e quais resultados essas ações da Educação Integral
podem gerar para o público mais interessado – os alunos.
• Ações sustentáveis ao longo do projeto
Em relação às perspectivas de futuro, percebe-se que, para os entrevistados,
apesar dos desafios encontrados no percurso, as expectativas para a
continuidade do trabalho são bem positivas. Tendo em vista a trajetória que
já foi percorrida e a forte atuação da Coordenação de Educação Integral,
acredita-se que a equipe está empenhada em dar prosseguimento ao
acompanhamento pedagógico, mesmo após o fim da parceria.
Contudo, percebe-se que a perspectiva de sustentabilidade das ações por
parte da equipe da SEME após a saída da assessoria não está completamente
estruturada, apesar de ser uma premissa do acompanhamento pedagógico.
Não foi desenvolvido, por exemplo, um plano de transição específico e
detalhado, com as diferentes atividades que poderiam ocorrer ao longo de
2016, de modo a já preparar a equipe para tocar as ações em sua completude
sem o apoio do Cenpec e da FIS (apesar de esse assunto ter sido abordado
diversas vezes ao longo dos encontros da assessoria com a SEME e de terem
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sido feitas duas reuniões para a estruturação de um cronograma de ações
para 2017).
Para as próximas experiências da assessoria, em outros municípios,
recomenda-se que sejam estruturadas, desde o início, ações que garantam a
sustentabilidade do trabalho após a saída da assessoria e que as mesmas
sejam desenvolvidas ao longo da parceria, e não somente mediante o
encerramento dos trabalhos.
4.4 Encerrando um ciclo de trabalho
A sistematização realizada buscou remontar aspectos da história e do
contexto da política de Educação Integral em Vitória, assim como, no seu
primeiro capítulo, apresentou um breve relato da evolução da parceria entre
o Cenpec, a FIS e a SEME, destacando as principais atividades realizadas
desde sua origem até os dias atuais.
Este documento também abordou, em seu segundo capítulo, o que é o
acompanhamento pedagógico, quais as premissas, conceitos e fundamentos
metodológicos e as ações operacionais que estruturam esse trabalho.
Uma vez compreendidas as bases do acompanhamento pedagógico, buscou-
se, no terceiro capítulo, desenvolver uma análise reflexiva sobre as
condicionalidades, as potencialidades e desafios envolvidos na consecução
de uma iniciativa como essa.
Por fim, o presente e último capítulo abordou os aprendizados e as
perspectivas de futuro para o trabalho de acompanhamento pedagógico
desenvolvido no município para os diferentes atores envolvidos no processo.
Pontuou, ainda, frente às lacunas ou aos desafios encontrados, algumas
recomendações para apoiar a equipe do Cenpec e da FIS para trabalhos
futuros.
Fazendo votos para que as ações estruturadas entre 2014 e 2016 em Vitória
ganhem força e sustentabilidade em 2017, considera-se que a Fundação Itaú
Social e o Cenpec, com a viabilização desta sistematização, firmam mais um
degrau em sua trajetória que visa consolidar uma metodologia de trabalho
para acompanhamento pedagógico da Educação Integral nas redes públicas
do País.
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Referências
Publicações
Cenpec; ITAÚ SOCIAL; UNICEF. Percursos da Educação Integral: em busca da qualidade e da equidade. São Paulo: Cenpec, Itaú Social, Unicef, 2013.
Cenpec; ITAÚ SOCIAL; UNICEF. Tendências para Educação Integral. São Paulo: Cenpec, Itaú Social, Unicef, 2011.
FREIRE, Paulo; FAUNDEZ, Antonio. Por uma Pedagogia da Pergunta. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1985.
VITÓRIA. Programa Educação em Tempo Integral. Vitória: Secretaria Municipal de Educação, 2010.
Documentos
Cenpec; FUNDAÇÃO ITAÚ SOCIAL. Acompanhamento pedagógico das escolas participantes do Programa Municipal de Educação Integral em Vitória (Relatório). São Paulo: Fundação Itaú Social, Cenpec, 2016.
Cenpec; FUNDAÇÃO ITAÚ SOCIAL. Programa de Assessoria às Políticas de Educação Integral – Parceria entre a Secretaria de Educação de Vitória do Espírito Santo-Fundação Itaú Social – 2015 (Proposta técnica). São Paulo: Fundação Itaú Social, Cenpec, 2015.
Cenpec; FUNDAÇÃO ITAÚ SOCIAL. Programa de Assessoria às Políticas de Educação Integral – Parceria entre a Secretaria Municipal de Educação de Vitória, Fundação Itaú Social e Cenpec (Proposta técnica). São Paulo: Fundação Itaú Social, Cenpec, 2016.
Cenpec; FUNDAÇÃO ITAÚ SOCIAL. Pautas e atas de reuniões de planejamento e de acompanhamento pedagógico com Secretaria de Educação de Vitória (maio a dezembro de 2015). Vitória/São Paulo: Fundação Itaú Social, Cenpec, 2015.
Cenpec; FUNDAÇÃO ITAÚ SOCIAL. Pautas e atas de reuniões de planejamento e de acompanhamento pedagógico com Secretaria de Educação de Vitória (março a agosto de 2016). Vitória/São Paulo: Fundação Itaú Social, Cenpec, 2016.
VITÓRIA-ES (Município). Plano de Trabalho da Educação Integral – Escola Municipal de Ensino Fundamental “Alvimar Silva”. Vitória: Secretaria Municipal de Educação, 2016.
VITÓRIA. Diretrizes para a política de Educação Integral. Vitória: Secretaria Municipal de Educação, 2016.
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Entrevistas:
BURZLOAFF, Fátima Rodrigues (Coordenadora de Educação Integral – Secretaria Municipal de Educação de Vitória). Entrevista concedida à Greta Martins de Souza [31 de outubro de 2016]. Vitória (ES).
CASTRO, Janine Mattar Pereira de (Subsecretária pedagógica – Secretaria Municipal de Educação de Vitória). Entrevista concedida à Greta Martins de Souza [14 de outubro de 2016]. Vitória (ES).
CUNHA, Cacilda Ferreira da (Coordenadora de Educação Integral da EMEF Castelo Branco – Vitória). Entrevista concedida à Greta Martins de Souza [31 de outubro de 2016]. Vitória (ES).
GUEDES, Patricia Mota (Gerente de Pesquisa e Desenvolvimento da Fundação Itaú Social). Entrevista concedida à Camila Iwasaki e Ana Luiza Mendes Borges [08 de dezembro de 2016]. São Paulo (SP).
NURSE, Raquel Reis (Integradora social da EMEF Lauro Braga – Vitória). Entrevista concedida à Greta Martins de Souza [31 de novembro de 2016]. Vitória (ES).
OLIVEIRA, Myriam Fernandes Pestana (Técnica pedagógica – Secretaria Municipal de Educação de Vitória). Entrevista concedida à Greta Martins de Souza [14 de outubro de 2016]. Vitória (ES).
PEREIRA, Nádia Peres de Oliveira (Coordenadora de Educação Integral da EMEF Éber Louzada – Vitória). Entrevista concedida à Greta Martins de Souza [31 de outubro de 2016]. Vitória (ES).
SANTOS, Viviane Rosa Gomes dos (Diretora da EMEF Lenir Borlot – Vitória). Entrevista concedida à Greta Martins de Souza [30 de novembro de 2016]. Vitória (ES).
SILVA, Letícia Araújo Moreira da e TORRES DE BRITO, Débora de Almeida (Equipe Cenpec). Entrevista concedida à Camila Iwasaki, Ana Luiza Mendes Borges e a Greta Martins de Souza [17 de outubro de 2016]. São Paulo (SP)
SOUZA, Elizabete Gomes de (Assessora pedagógica/Gerência de Ensino Fundamental/ Secretaria Municipal de Educação de Vitória). Entrevista concedida à Greta Martins de Souza [14 de outubro de 2016]. Vitória (ES).
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ANEXOS
Anexo 1 – Histórico das reuniões de planejamento entre Cenpec, FIS e SEME em 2016
Data Atividade Resumo Participantes
MARÇO 10/03/16
Reunião presencial
Apresentação e discussão de itens e temas relativos ao desenvolvimento da assessoria, tais como a proposta do desenho do trabalho a ser desenvolvido em 2016, o relatório produzido sobre o acompanhamento em 2015, assim como uma avaliação sobre a ação em 2015 por parte da SEME junto a seus profissionais, pontuando avanços e desafios ou necessidades de aprimoramento e suas indicações para o ano de 2016 (participação, aprimoramento da comunicação entre as equipes, articulação de acompanhamento e formação, compromisso com a garantia de direito à educação e à aprendizagem). Apresentação e discussão de itens relativos ao desenvolvimento da política pública, como indicações de acompanhamento pedagógico pela equipe da SEME.
Coordenação de Educação Integral (Gerência de Ensino Fundamental): Myriam e Fábio. Cenpec: Meyri, Letícia e Débora. Gerência de Formação: Zuleica. Gerência de Educação Infantil: Larissa. Equipe de Assessores (Gerência de Ensino Fundamental): Beta.
ABRIL 07/04/16
Reunião presencial
Retomada de acordos da reunião realizada em março e identificação/avaliação das ações realizadas. Apresentação das informações sobre o contexto da SEME em 2016: mudanças nas equipes e nova Portaria de matrículas. Apontamentos e encaminhamentos sobre a construção de proposta de continuidade do acompanhamento pedagógico e das estratégias de registro, com maior aproximação da equipe do Cenpec e da Fundação para assessoria ao processo, bem como necessidade de aproximação do PEI em relação aos conselhos escolares.
Coordenação de Educação Integral (Gerência de Ensino Fundamental): Myriam e Fábio. Cenpec: Meyri, Letícia, Débora e Iara. Gerência de Gestão Democrática: Rosângela. Gerência de Educação Infantil: Larissa. Equipe de assessores (Gerência de Ensino Fundamental): Beta e Luciana. Fundação Itaú Social: Paulo.
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MAIO 05/05/16
Reunião presencial
Socialização da primeira rodada de acompanhamento pedagógico realizado pela Coordenação de Educação Integral em 41 das 43 escolas participantes do PEI: realização pela dupla de técnicos, participação de diversos atores escolares, foco na implementação pelas escolas dos princípios da nova Portaria de matrícula (desafios); socialização do modelo de registro utilizado nas visitas; identificação das estratégias utilizadas para acompanhamento e respectivos indicadores analisados. Definição, junto à SEME, do objetivo geral do acompanhamento pedagógico, das potencialidades e dos desafios das escolas e seus territórios; apresentação, pelo Cenpec, de possibilidades de monitoramento do acompanhamento individualizado e regionalizado e discussão e encaminhamentos sobre os planos de trabalho de 2016 e objetivos e critérios de acompanhamento.
Coordenação de Educação Integral (Gerência de Ensino Fundamental): Myriam, Fábio e Fátima. Cenpec: Meyri, Letícia e Débora. Equipe de assessores (Gerência de Ensino Fundamental): Beta e Sheyla. Fundação Itaú Social: Paulo.
JUNHO 02/06/16
Reunião presencial
Socialização do processo de acompanhamento pedagógico regionalizado realizado pela equipe da Coordenação de Educação Integral no mês anterior – no qual foram realizados dois encontros com participação de quatro escolas normalmente representadas pelos coordenadores do Programa e os integradores sociais. Relatos sobre os desafios em relação à participação e troca de experiências, bem como o reconhecimento de potenciais locais e articulação entre as escolas. Apresentação da nova reordenação do processo de acompanhamento individualizado por parte da SEME: participação de um técnico em vez de dois, pois o modo atual deixa os técnicos fora da Secretaria por muito tempo. Análise do relatório da 1ª rodada de acompanhamento pedagógico individual e apontamentos: necessidade de criar modelos específicos para adolescentes e de identificar experiências de algumas escolas com Projeto de Vida e outras iniciativas, bem como promover participação e autonomia.
Coordenação de Educação Integral (Gerência de Ensino Fundamental): Myriam, Fábio e Fátima. Cenpec: Meyri, Letícia, Débora e Iara. Equipe de assessores (Gerência de Ensino Fundamental): Beta. CEFAI: Mildred.
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Retomada do documento que aponta objetivos, estratégias e indicadores para o acompanhamento pedagógico e planejamento das próximas ações de acompanhamento pedagógico.
JULHO 14/07/16
Reunião por Skype
Socialização do processo de acompanhamento pedagógico individualizado realizado em junho pela equipe da Coordenação de Educação Integral. Discussão sobre estabelecimento de metas para o acompanhamento pedagógico individualizado, regionalizado e para as ações de formação; análise da ação de acompanhamento regionalizado e definição da pauta norteadora da 2ª rodada de acompanhamento pedagógico regionalizado com indicações de conceitos, conteúdos e abordagens a serem trabalhados pela equipe da Coordenação de Educação Integral.
Coordenação de Educação Integral (Gerência de Ensino Fundamental): Myriam, Fábio e Fátima. Cenpec: Débora.
AGOSTO 04/08/16
Reunião presencial
Apresentação da síntese das últimas reuniões de assessoria para o acompanhamento pedagógico e análise do registro da segunda ação de acompanhamento pedagógico regionalizado – retomada dos registros do acompanhamento e o do foco do trabalho em desenvolvimento. Socialização dos informes gerais sobre o Programa: a chegada dos novos coordenadores às escolas, a formação dos integradores sociais – com bom aproveitamento e participação nas atividades e jogos lúdicos e nas discussões das temáticas questões étnico-raciais. Continuação definição da pauta para a 3° ação de acompanhamento individualizada.
Coordenação de Educação Integral (Gerência de Ensino Fundamental): Myriam, Fábio e Fátima. Cenpec: Letícia, Débora e Iara.
SETEMBRO 01/09/16
Reunião presencial
Análise do relatório da 2ª rodada de acompanhamento pedagógico individual com a sistematização e análise de dados feitos pelo Cenpec, incluindo a complementação de dados pela SEME. Reflexões e discussão sobre possíveis intervenções em situações
Coordenação de Educação Integral (Gerência de Ensino Fundamental): Myriam e Fábio e Fátima.
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em desacordo com a proposta do PEI, a partir de situações percebidas durante a formação ou acompanhamento e de um levantamento de alternativas sobre possíveis intervenções. Apresentação do calendário do acompanhamento até o final do ano e construção da pauta para a 3º rodada do acompanhamento regionalizado.
Cenpec: Meyri e Iara. Gerência de Formação: Zuleica Gerência de Gestão Democrática: Rosângela. Gerência de Educação Infantil: Alessandra. CEFAI: Mildred. Tomara!: Greta.
OUTUBRO 06/10/16
Reunião presencial
Análise da 3ª rodada do acompanhamento individualizado: pauta e discussões realizadas nas escolas, análise dos dados e gráficos da planilha de acompanhamento pedagógico. Coleta de novos dados e informações para identificar o que as escolas vêm fazendo para alcançar os seus objetivos. Reflexão sobre as ações realizadas na última rodada de acompanhamento individualizado: o que foi feito e pode ser repetido nas próximas e o que não deve ser repetido. Reflexão sobre o conceito de território e a metodologia de estudo do meio. Construção da pauta para a 4º rodada do acompanhamento individualizado, incluindo a socialização dos dados recolhidos pela SEME em 2016, organizados pelo Cenpec em gráficos e tabelas da planilha de acompanhamento; a devolutiva do plano de trabalho das escolas (objetivos do Programa e objetivos das aprendizagens); a avaliação do acompanhamento individualizado nas escolas e projeção/indicações para 2017.
Coordenação de Educação Integral (Gerência de Ensino Fundamental): Myriam, Fábio e Fátima. Cenpec: Meyri, Letícia, Débora e Iara. Tomara!: Greta.
NOVEMBRO 17/11/16
Reunião presencial
Apresentação pela equipe do Cenpec de uma proposta de sumário para o relatório final, no qual a equipe de Educação Integral na SEME pode contribuir com sugestões nos itens:
Coordenação de Educação Integral (Gerência de Ensino
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Retomada do projeto em 2015, Desenvolvimento do acompanhamento pedagógico em 2016, Resultados, Refletindo sobre nossa prática. Balanço do acompanhamento pedagógico e indicações para 2017: discussão e breve avaliação do acompanhamento pedagógico e algumas considerações sobre 2017. Análise da planilha dos dados do acompanhamento nas escolas: verificação dos dados e informações que não constam na planilha e indicação para serem recolhidos com as escolas no próximo encontro individualizado. Construção das pautas dos próximos encontros: acompanhamento regionalizado, individualizado e do fórum de Educação Integral.
Fundamental): Fábio e Fátima. Cenpec: Meyri, Letícia, Débora e Iara.
DEZEMBRO 08-09/12/16
Reunião presencial
Leitura do relatório com a equipe de Coordenação e a assessoria do Cenpec: análise coletiva e contribuições para o texto. Fechamento da planilha dos dados do acompanhamento nas escolas: levantamento dos itens em aberto e preenchimento da planilha. Detalhamento da pauta do acompanhamento regionalizado: discussão sobre a dinâmica de acolhimento, retomada da tarefa anterior e exercício de avaliação do acompanhamento pedagógico.
Detalhamento da pauta do fórum da Educação Integral: discussão sobre a metodologia de apresentação do fórum e sobre a proposta de trabalho. As escolas irão se dividir em diferentes grupos de acordo com os objetivos de trabalho da Educação Integral, compartilharão os avanços e desafios e depois farão apresentação criativa em plenária. Haverá também momento de confraternização dos participantes com café da manhã e almoço no dia do evento.
Coordenação de Educação Integral (Gerência de Ensino Fundamental): Fábio, Fátima e Myriam. Cenpec: Meyri, Letícia, Débora e Iara.
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Anexo 2 – Carta-convite às escolas para participar do projeto-piloto
(CARTA-CONVITE)
Car@s diretores(as) e coordenadores(as) do Programa de Educação em Tempo
Integral,
a Secretaria Municipal de Educação de Vitória (SEME), em parceria com o
Centro de Estudos e Pesquisa em Educação, Cultura e Ação Comunitária (Cenpec) e
a Fundação Itaú Social, tem o prazer de convidar sua escola a se inscrever para
participar do projeto de acompanhamento do Programa de Educação Integral, que
nos ajudará a elaborar as bases para o acompanhamento técnico e pedagógico das
escolas participantes do Programa.
Você deve estar se perguntando: como funcionará esse projeto? Iremos
escolher três escolas-piloto que tenham interesse de participar do acompanhamento
e que possam receber visitas mensais da assessoria do Cenpec e da SEME para
discutir as potencialidades e os desafios do Programa de Educação Integral dentro
da escola.
Parece interessante, não? Mas como funcionará esse acompanhamento?
Iremos realizar visitas mensais às escolas para conhecer os espaços físicos e discutir
aspectos relacionados ao Programa com a equipe gestora e demais componentes da
comunidade escolar.
Para que possamos realizar um trabalho participativo, decidimos enviar esse
convite. Nesse sentido, a adesão ao acompanhamento proposto é voluntária.
Esperamos que várias escolas se inscrevam! Mas, caso haja mais dos que três
inscrições, infelizmente, teremos que decidir com quais trabalharemos este ano e os
critérios utilizados para a escolha serão os tamanhos diferenciados das unidades
escolares e a localização, de forma a contemplar mais de uma realidade presente na
rede municipal.
A escola que tiver interesse em se inscrever deve enviar um email até o dia XX de
XXXXX para (colocar email da Secretaria) e responder duas perguntas simples sobre
o motivo por que gostaria de ser acompanhada:
• Fazer uma rápida descrição da adesão da escola (Quem participou da
decisão? O que motivou vocês a se inscreverem?);
• Descrever as características da escola: localização, número de alunos e
número de alunos participantes do Programa de Educação Integral
(Programa Municipal de Educação Integral e/ou Programa Mais Educação).
Para construirmos juntos o projeto, é importante que a escola que aderir às visitas
envolva, a princípio, o coordenador do Programa de Educação Integral e a equipe
diretiva da escola.
Esperamos que a troca de experiências fortaleça as práticas escolares e o debate
sobre a Educação Integral para as crianças e adolescentes.
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Anexo 3 - Plano de trabalho da Educação Integral
PLANO DE TRABALHO DA EDUCAÇÃO INTEGRAL
Secretaria Municipal de Educação de Vitória 1. IDENTIFICAÇÃO DA ESCOLA Nome
Bairro
Diretor(a)
Pedagogos Nome Turno Email
Coordenador do Programa Nome Email Telefone
Integradores Nome Email Telefone Turno Formação
Monitores do Mais Educação Nome Email Telefone Turno Formação Oficina
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Espaços da escola utilizados pela Educação Integral Identificar também se a escola disponibiliza uma sala para uso exclusivo da Educação Integral.
Espaços do entorno da escola utilizados pela Educação Integral Considerar: ONGs, CAJUN, praças públicas, parcerias, etc.
A escola tem um projeto institucional? ( ) Sim ( ) Não
Caso tenha, qual o tema desse projeto? Quais atividades da Educação Integral se relacionam com o projeto institucional?
Funcionamento da Educação Integral na escola Dia e horário de planejamento Dias de atividade com estudantes ( ) 5 dias ( ) 4 dias Horário de atividade com estudantes
Matutino Vespertino
2. DIAGNÓSTICO DOS ALUNOS DA EDUCAÇÃO INTEGRAL As informações para o diagnóstico deverão ser obtidas na ficha de matrícula no SGE
Renda familiar
Até R$
260
De R$ 261
a R$ 780
De R$ 781
a R$
1.300
De R$
1.301 a
R$ 1.820
De R$
1.821 a R$
2.600
De R$
2.601 a R$
3.900
De R$
3.901 a
R$ 5.200
De R$
5.201 a R$
6.500
De R$
6.501 a R$
7.800
Acima de R$ 7.800
Total
Número de famílias
PERCEN-TUAL
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Profissões dos pais e das mães Tabular as profissões dos pais e mães e preencher a tabela a seguir
Profissões Número de pais Profissões Número
de mães
Ajudante de obras ASG
ASG Atendente
Caminhoneiro Cabeleireira
Comerciante Diarista
Embalador Doméstica
Flanelinha Estampadora
Motoboy Manicura
Pedreiro Operadora de telemarketing
Pintor Promotora de vendas
Téc. de informática Téc. enfermagem
Vigilante Outra, qual? _____________
Outra, qual? _____________
Nível de escolaridade dos pais
Tabular o nível de escolaridade dos pais e preencher
Grau de escolaridade Quantidade de pais
Analfabeto
Ensino Fundamental incompleto
Ensino Fundamental completo
Ensino Médio incompleto
Ensino Médio completo
Ensino Superior incompleto
Ensino Superior completo
Pós-Graduação
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Estudantes com deficiências
( ) Sim ( ) Não
Quantos?
Quais tipos de deficiências?
Raça/ cor
Encontrar estes dados no Censo escolar
Raça/Cor Branco Pardo Preto Amarelo Indígena
Total
3. OBJETIVOS E JUSTIFICATIVA OBJETIVOS [O que esperamos alcançar em 2016 na Educação Integral na minha escola com base no diagnóstico feito (educacional e socioeconômico) e com base nas Diretrizes Curriculares do Ensino Fundamental?]
JUSTIFICATIVA (Explicar por que escolheram o objetivo acima)
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4. PLANEJAMENTO
Ativida-des
O que você espera alcançar com essa atividade?
Descrição do desenvol-vimento da atividade
Eixo
Carga horária semanal
Local Como vão?
Corpo e movimento Linguagem artístico-cultural Comunicação e inclusão digital Meio ambiente e sustentabilidade Diversidade no currículo Apoio à aprendizagem
(ex: Trabalho em parceria com a instituição, com textos ligados à saúde)
(Para atividades realizadas dentro da escola, especificar qual espaço é usado)
(Para atividades na escola, deixar em branco; para atividades fora, especificar se vão a pé ou de ônibus)
5. AVALIAÇÃO (Descrever como irão avaliar os seguintes pontos) Avaliação das atividades Fazer uma avaliação DAS ATIVIDADES PROPOSTAS neste plano de trabalho (uma avaliação processual que pode verificar se a atividade se relacionou com os objetivos, se houve aceitação por parte dos alunos, etc.)
Avaliação da aprendizagem Como a atividade contribuiu para o processo ensino/aprendizagem dos alunos?
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Anexo 4 - Registro acompanhamento pedagógico (individualizado)
REGISTRO DE ACOMPANHAMENTO PEDAGÓGICO INDIVIDUAL
Secretaria Municipal de Educação de Vitória Nome da escola Data da visita Profissionais presentes
Objetivo da escola
Reflexão sobre a concepção que está atrelada ao objetivo escolhido
O que as escolas já realizam em relação a esse objetivo
Observações em relação à recepção dos materiais indicados
Planejamento das ações que serão desenvolvidas para concretizar o objetivo escolhido
Comentários gerais sobre a reunião
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