ENCICLOPÉDIA BÍBLICA:
ANÁLISE DO ANTIGO
TESTAMENTO
JOÃO MARCOS BRANDET
BREVE ANÁLISE LINGUÍSTICA DO ANTIGO
TESTAMENTO
BREVE COMENTÁRIO SOBRE A POESIA HEBRAICA
A poesia hebraica teve grande popularidade em todo o antigo Oriente Próximo. Numerosos
exemplos desse gênero literário chegaram até nós de Canaã (cujos músicos e cantores tinham fama
internacional) bem como do Egito e da Mesopotâmia. É evidente a contribuição que, nesse sentido,
Israel deu ao mundo cultural do seu tempo. Na poesia hebraica não existe a rima, e é exato falar em
ritmo do que em métrica na poesia hebraica. Sua característica mais importante é a repetição de
ideias, denominada de Paralelismo. Uma ideia é afirmada e, logo em seguida, é novamente expressa
com palavras diferentes, sendo que os conceitos das duas linhas se equivalem de forma aproximada.
Foi Robert Lowth, professor de poesia em Oxford, Inglaterra, quem primeiro chamou a atenção
para o princípio fundamental da poesia hebraica. Em seu tratato, De Sacra Poesi Hebraeorum:
Praelectiones Academicae de 1753. Os tipos de Paralelismo foram classificados por Lowth em três
categorias:
(1) Sinomínico: consiste em expressar duas vezes a mesma ideia com palavras diferentes, como em
Sl 113:7. Ele levanta do pó o necessitado E ergue do lixo o pobre. (NVI).
(2) Antitético: é formado pela oposição ou pelo contraste entre duas idéias ou imagens poéticas,
como em Sl 37:21. Os ímpios tomam emprestado e não devolvem, Mas os justos dão com
generosidade. (NVI).
(3) Sintético: aqui as duas linhas do verso não dizem a mesma coisa, mas antes, a declaração da
primeira linha serve como base sobre a qual a segunda declaração se fundamenta. A relação é a de
causa e efeito, como em Sl 19:7-8. A lei do Senhor é perfeita, e revigora a alma. Os testemunhos do
Senhor são dignos de confiança, E tornam sábios os inexperientes. Os preceitos do Senhor são
justos, e dão alegria ao coração. Os mandamentos do Senhor são límpidos, e trazem luz aos olhos.
(NVI).
Outra característica da poesia hebraica para a qual devemos chamar a atenção é o emprego do
arranjo acróstico ou alfabético. Existem nove salmos acrósticos no saltério. São eles: 9-10, 25, 34,
37, 111-112, 119 e 145. Neste tipo de composição, as linhas ou estrofes iniciam cada uma, com
letras em ordem alfabética. Essa técnica, a exemplo do paralelismo, auxiliaria na memorização e no
ensino. Isto também pode sugerir-se que o assunto foi tratado de forma completa.
Vamos analisar agora alguns elementos interessantes da poética hebraica!
A metáfora, palavra de origem grega, consiste em descrever ou apresentar uma realidade em termos
que sugerem uma outra. Mas a definição de metáfora é motivo de grande discussão, sendo possível
encontrar mais de cem abordagens diferentes do tema. Fundamentalmente, entretanto, a metáfora
funciona de maneira semelhante ao paralelismo, pois cria um relacionamento entre palavras, frases,
linhas, etc., estabelecendo equivalência através da justaposição de imagens. (cf. Rogers, 2010, p.
12) Por isso, é dito que a metáfora e o paralelismo são duas faces da mesma moeda.
Pv 26:9 - como galho que ascende nas mãos do bêbado, é um provérbio na boca dos tolos.
Ec 7:1 - bom nome é melhor que óleo bom, e o dia da morte do que o dia do seu nascimento.
Símile é uma comparação de duas coisas semelhantes; usa a palavra “como” - Sl 1.3 “...como a
árvore plantada...” (Sl 2.9; Sl 12.6; Sl 32.9)
Hipérbole é um exagero deliberado para fins de efeito - Sl 6.6 = “...toda noite faço nadar em
lágrimas a minha cama, inunda com elas o meu leito”. Sl 51.5 = “Em pecado me concebeu minha
mãe”. O salmista não está defendendo que a concepção é pecaminosa ou que sua mãe era pecadora
por ter ficado grávida. O salmista expressa um exagero deliberado com o propósito deliberado e
enfático que é um pecador.
Personificação é quando uma expressão aparece dando personalidade às coisas inanimadas - Sl
35.10 = “Todos os meus ossos dirão: O Senhor, quem é como tu...”
Apóstrofe é dirigindo-se às coisas inanimadas como se fossem vivas - Sl 114.5 = “Que tens tu, ó
mar, para fugires? e tu, ó Jordão, para tornares atrás?”
Sinédoque é representando o todo por uma parte, ou uma parte pelo todo - Sl 91.5 = "Não temerás
os terrores da noite, nem a seta que voe de dia" (representando a guerra, as flechas, etc. do inimigo).
Vale comentar sobre os termos musicais que descrevem o jogo ou canto do Salmo:
1. SELAH é usada 71 vezes em 39 salmos e Hc. 3.3, 9, 13. Seu significado é incerto. Há várias
teorias:
a. a partir da LXX "interlúdio" para a meditação ou efeito dramático
b. da raiz hebraica "levantar", portanto, uma elevação ou forte
c. os rabinos dizem que é uma afirmação como "amém", que significa "para sempre"
2. SHIGGAION ou SIGIONOTE é usado no Salmo 7 e Habacuque 3. É um lamento ou canto
fúnebre expressando tristeza. Ele tem uma forma poética altamente emocional.
3. NEGINOTH é usado 6 vezes nos Salmos e em Hc. 3.19. Significa "em instrumentos de cordas".
4. SEMINITE é usada duas vezes. Pode significar "na oitava" ou "em oito". É o posto de
ALAMOTE, portanto, possivelmente para vozes masculinas (cf. 1 Cr. 15.21).
5. ALAMOTE é usado 4 vezes. Refere-se às vozes soprano feminino (cf. 1 Cr. 15.20).
6. MECHILOTH é usado uma vez. Significa "em instrumentos de sopro."
7. GITTITH é usado 3 vezes. Significa "na harpa."
8. Existem várias referências aos tons especificamente nomeados, Salmo 9; 22; 45; 53; 56; 57- 59;
60; 62; 69; 75; 77; 80; e 88
HEBRAICO BÍBLICO
SALMOS 1
Este poema opõe os caminhos dos justos aos caminhos dos perversos, destacando, dessa forma, que
somente a insistência na justiça prevista pelas tradições da Torá promete um futuro bom à pessoa,
no sentido de poder contar com uma maior produtividade e com a integração na comunidade dos
justos.
ב׃ א יש א ים ל צי ב לצ ד ובמושב א עמ ב טאים ל רך ח ים ובדא עב ת רשו א הלך בעשצ ב ר ׀ ל שה יש אש רי־ האי ש אב
אבשרי־ ’aš·rê- Abençoado
יש האי hā·’îš, [é] o homem
אששהר ’ă·šer que
א ב ל lō não
הלך hā·laḵ anda
ת בעשצ ba·‘ă·ṣaṯ no conselho
ים עב רשו rə·šā·‘îm dos ímpios
רך ובדא ū·ḇə·ḏe·reḵ e caminho
חטאים ḥaṭ·ṭā·’îm dos pecadores
א ב ל lō nem
ד עמ ‘ā·māḏ; fica
ב ובמושב ū·ḇə·mō·wō·šaḇ no assento
לצציים lê·ṣîm, dos escandalosos
א א ל lō nem
ב׃ יש yā·šāḇ. senta
COMENTÁRIO: O início do Salmo 1 caracteriza-se pela presença numerosa de pessoas más. O
texto menciona ímpios, pecadores e escandalosos. Não se trata de desconhecidos, pois diversos
outros textos bíblicos falam deles. O ímpio, nas tradições da Sagrada Escritura, é quem mostra um
comportamento negativo, no sentido de desfavorecer a comunidade. É aquele que, por meio de suas
palavras e/ou seus atos, se torna culpado, ameaçando a vida de inocentes. Isso porque o ímpio trama
contra o justo, [...] a fim de fazer cair o oprimido e o pobre, ou seja, para degolar os homens retos
(Sl 37,12.14). Além disso, seja lembrado que, na cultura do Antigo Israel — assim como em todo o
Antigo Oriente —, não existe oposição entre a vida profana e a vida religiosa da pessoa. Portanto, o
comportamento em relação ao próximo influencia a relação com Deus. O paralelismo criado entre
ímpios e pecadores reforça essa compreensão da realidade. Nesse sentido, as tradições do Antigo
Testamento qualificam a falta de solidariedade com os mais necessitados como pecado, avaliando
essa postura como não correspondente à vontade do SENHOR Deus. A terceira palavra que ajuda a
criar o paralelismo nos meios-versículos descreve os maus como escandalosos. Nos textos
paralelos, os escandalosos aparecem como pessoas arrogantes que agem no ardor de sua insolência
(Pr 21,24). Responsáveis por rixas, litígios e humilhações, agitam a cidade (cf. Pr 22,10; 29,8).
Consequentemente, o escandaloso não anda com os sábios (Pr 15,12). Pelo contrário, quem tenta
corrigir um escandaloso, apenas receberá humilhação e ódio como reação dele (cf. Pr 9,7-8). A
crítica do Salmo 1 à sociedade, porém, vai ainda mais longe. Além de caracterizar os malvados
como ímpios, pecadores e escandalosos, o poeta deixa claro que essa gente age de forma planejada.
A palavra hebraica conselho poderia ser traduzida também por estratégia, desígnio, projeto ou ideia.
Quer dizer, os maldosos atuam de forma consciente. Seus crimes são altamente qualificados. Outras
duas imagens ainda marcam a descrição das pessoas más no primeiro versículo. A metáfora do
caminho parece reforçar a ideia de que a atuação de tais pessoas inclui processos históricos mais
abrangentes. A imagem do assento, por sua vez, lembra o assento do rei (1Sm 18,25) ou dos chefes
mais proeminentes numa cidade (cf. Jó 29,7.25). Quer dizer, traz-se à memória o lugar de honra e,
com isso, a posição decisiva e influente que alguém pode ocupar numa sociedade. Resumindo: o
início do Salmo 1 deixa perceber uma situação em que um grande número de pessoas más —
ímpios, pecadores e escandalosos — chega a dominar a vida da sociedade. Não obstante, em
oposição a toda essa gente decidida a promover o mal, encontra-se uma única pessoa que o poeta
chama de homem abençoado. Este se mostra resistente. Um triplo não marca sua postura. Em todas
as situações de sua vida — quer dizer, andando, parado, ou, literalmente traduzido, estando de pé e
sentado — não faz companhia a seus conterrâneos que optaram por outros caminhos e assentos. Por
outro lado, porém, esse homem abençoado e justo está sozinho. Fala-se dele no singular. Parece que
“sua decisão de vida o transformou em uma raridade”. Nasce, assim, a dúvida sobre sua
sobrevivência. Com outras palavras: como alguém pode manter-se como pessoa, quando está
decidido a abandonar o “mundo”, ou seja, quando se opõe aos valores negativos que, muitas vezes,
dominam a convivência na sociedade? O Salmo 1, assim como o conjunto dos 150 Salmos, parece
ter sido composto para consolar e, sobretudo, motivar (!) esse tipo de gente.
ANÁLISE LINGUÍSTICA: O vocábulo tem 36 ocorrências na Bíblia אבשרי־ Hebraica (Citarei
ocorrências no livro de Salmos – Sl 2.12, 32.1, 32.2, 33.12, 34.8, 40.4, 41.1, 65.4, 84.4-5 e 12,
89.15, 94.12, 106.3, 112.1, 119.1-2, 127.5, 128.1, 137.8-9, 144.15 e 146.5). O vocábulo האייש possui
166 ocorrências na Bíblia Hebraica (Sl 25.12, 34.12 e 147.10). O vocábulo possui אששהר 4804
ocorrências. O advérbio de negação א ב .aparece 3269 vezes no Antigo Testamento ל O verbo no
presente se הלך refere ao vocábulo andar, ir. O vocábulo ת possui בעשצ 2 ocorrências na Bíblia
Hebraica (Esdras 10.3 e Salmos 1.1). O adjetivo ים עב é רשו registrado 105 vezes no Antigo
Testamento. O substantivo רך possui 4 ocorrências na Bíblia (Números 9.13, 1 Reis 22.52 [2 ובדא
ocorrências] e Salmos 1.1). O adjetivo tem ocorrência de 9 vezes. O verbo חטאים ד possui 21 עמ
ocorrências na Bíblia Hebraica. A expressão substantiva ב possui duas ocorrências (Salmos 1.1 ובמושב
e Salmos 107.32). O vocábulo לצציים possui apenas ocorrência neste Salmo. O termo ישב possui 18
ocorrências na Bíblia Hebraica. O significado básico de ashre “abençoado” vem do substantivo
“felicidade”. Se refere a felicidade resultante de um vida sábia e prudente. A referência masculina
ao "homem" fornece uma visão da sociedade patriarcal israelita. No entanto, a mensagem do Salmo
se aplica a todas as pessoas. A palavra Hebraica atsat “aconselhar” também pode ser traduzida como
“conselho”. Este verso se refere a aquele que caminha "segundo o conselho dos corrompidos". A
ação de “caminhar” sugere um tipo de associação habitual com os corrompidos, buscando conselho
ou discernimento nas suas rotinas.A palavra "bem-aventurado" é PLURAL, mas o OBJETO é
SINGULAR, "o homem". Isto poderia ser explicado: 1. o PLURAL é uma forma hebraica para
designar todas as bênçãos de Deus 2. "o homem" é um PLURAL SINGULAR denotando todos os
homens que conhecem e obedecem a Deus (ou seja, Tiago 1.2-23). Isto é como o termo "uma
árvore" é usado em Sl. 1.3a. Esta palavra ("bem-aventurado", BDB 80) significa "feliz", "honrado",
ou "bem de vida" (cf. Mt. 5.3-12). Nenhum ser humano pode ser "feliz" à parte de Deus. Fomos
criados por Ele e para Ele (cf. Gn. 1.26-27; 3.8). Até o nosso relacionamento com o nosso Criador é
vibrante, todas as outras áreas da vida física não trazem felicidade verdadeira e duradoura! Este
relacionamento tem características observáveis! Observe os três VERBOS Qal PERFEITOS que
denotam ações, características e atitudes (ou seja, caráter afirmado). 1. não ande segundo o conselho
dos ímpios 2. não se detém (fica) no caminho dos pecadores 3. não se assente na roda dos
escarnecedores O "bem-aventurado" fiel seguidor é descrito por negações em Sl. 1.1 e por suas
ações em Sl. 1.2.
ילה׃ ם ול ה יומב ו יהגי ו ובתורתב פצב ה חו ת יהוי ם בתורב י אב כה
כהי kî pois
ם אב ’im eis
ת בתורב bə·ṯō·w·raṯ [é] a lei do
ה יהוי YHWH SENHOR
חופצבו ḥep·ṣōw seu deleite
ו ובתורתב ū·ḇə·ṯō·w·rā·ṯōw e a sua lei
ה יהגי yeh·geh, ele medita
ם יומב yō·w·mām dia
ילה׃ ול wā·lā·yə·lāh. e noite
COMENTÁRIO: O homem abençoado do Salmo 1 não é uma pessoa que apenas sabe dizer não
(cf. o triplo uso da negação não no versículo 1). Não limita sua vida a uma postura de oposição e
resistência ante os ímpios, pecadores e escandalosos. Por mais que tenha mostrado exatamente essa
atitude no decorrer de sua vida, por detrás desse comportamento encontra-se uma motivação
positiva. Com outras palavras: o protagonista do Salmo 1 é alguém capaz de sentir deleite, e isso
durante o dia e durante a noite. Mas deleite em quê? De forma realçada, v. 2 apresenta a resposta
para essa pergunta tão central, colocando, por duas vezes, o conceito ensino. Mais especificamente,
o texto fala do ensino de SENHOR e, logo em seguida, do ensino dele, ou seja, do ensino cuja
autoria se atribui, em última instância, ao Deus de Israel. Em vista da importância desse termo para
a compreensão do Salmo 1, é bom insistir num estudo mais exato. Ensino é a tradução da palavra
hebraica Torá. Seria também possível traduzir Torá por instrução. Para o autor do Salmo 1 — assim
como para a comunidade de seus ouvintes israelitas —, esse ensino encontra-se, fixado por escrito,
nos cinco livros de Moisés, cujo conjunto os cristãos chamam de Pentateuco. Trata-se, na realidade,
dos livros bíblicos Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio. Numa leitura mais atenta
da Torá descobre-se que o ensino de Israel é marcado por uma estrutura dupla. De um lado, tem-se
aí, em forma de narrativas poéticas, a história da salvação. Após ter contemplado as origens do
mundo e da humanidade em Deus (cf. Gn 1–11), a Torá ou o Pentateuco apresenta, por primeiro, os
inícios do povo bíblico nas figuras dos patriarcas - Abraão, Isaac e Jacó – e das matriarcas – Sara,
Rebeca, Lia e Raquel -, assim como nos doze filhos de Jacó (cf. Gn 12–50). A realização da dupla
promessa de descendência e posse da terra, feita por Deus aos patriarcas, acompanhará, para
sempre, o caminho do povo eleito. O que, por sua vez, se iniciou nas tradições dos patriarcas, tem
continuidade nos últimos quatro livros da Torá, os quais se dedicam a narrar a história do êxodo.
Conta-se que o SENHOR Deus libertou seu povo da escravidão no Egito e o conduziu
maravilhosamente, pelo meio do deserto, a fim de favorecer sua instalação nas terras de Canaã.
Dessa forma, cumpre-se a antiga promessa do SENHOR de dar aos descendentes de Abraão, Isaac e
Jacó a posse da terra. Por outro lado, inserido no meio das narrativas poéticas, a Torá contém um
abundante material jurídico. Tendo em vista que é Moisés quem, dentro da história do êxodo, recebe
as leis do SENHOR e/ou as anuncia ao povo, pode- -se falar de “leis mosaicas”. Não obstante,
observando o conteúdo das leis — sobretudo o contexto socioeconômico pressuposto nelas —, fica
claro que essas formulações jurídicas são de épocas posteriores ao momento do êxodo histórico, o
qual, geralmente, se procura no final do século XIII a.C. Contudo, determinante foi o fato de que os
legisladores israelitas, em busca de justiça, se inspiraram, sempre de novo, na experiência do êxodo,
ou seja, no SENHOR Deus que fez seu povo sair da terra do Egito, isto é, da casa da escravidão (cf.
Ex 20,2). Dessa forma, pode-se afirmar que as leis mosaicas realmente são fruto do êxodo, pois o
objetivo principal delas é transformar a experiência da libertação da escravidão em um projeto
jurídico, que quer garantir a construção de uma sociedade nova e justa. Com outras palavras: as leis
da Torá são a tentativa de proteger, juridicamente, aquela liberdade com a qual o SENHOR
presenteou seu povo, no momento em que adotou os oprimidos pelo sistema faraônico como filhos
(cf. Os 11,1). Assim, dentro da perspectiva teológica, as leis da Torá pertencem, de fato, à história
do êxodo e a Moisés. Mais uma vez: a Torá é marcada por uma estrutura dupla. Trata-se da história
da salvação do povo israelita, a qual se concretiza, posteriormente, num projeto jurídico que quer
servir à construção de uma sociedade justa. Observando o volume do texto, a metade dos 187
capítulos do Pentateuco se constitui por narrativas poéticas, sendo que a outra metade é formada por
leis. No entanto, mais importante ainda é que ambas as partes, quanto ao conteúdo, formam uma
unidade indissolúvel. Por isso, seria errado definir o conjunto da Torá – e, por consequência,
traduzir a palavra Torá — como “lei”, algo que acontece em diversas traduções do Salmo 1. Mais
correto é falar de ensino ou de instrução, pois, no caso da Torá, trata-se de um amplo ensino que se
forma a partir de uma experiência histórica de libertação — no sentido de que o projeto do êxodo
representa a vontade salvadora do SENHOR Deus em favor do povo dos oprimidos — e a
concretização dela em um direito. Juntas, as duas partes estabelecem o ensino, o qual quer definir o
rumo do povo bíblico para todos os tempos. Voltando à interpretação do Salmo 1, chama a atenção
do leitor que o salmista insiste na relação entre a homem abençoado e o deleite que este sente com o
ensino, ou seja, com a Torá do SENHOR. Tendo consciência do projeto favorecido por esse ensino,
pode-se afirmar o seguinte: abençoado o homem que é capaz de se prender à proposta mosaica de
uma sociedade alternativa, sendo esta última marcada por relações mais igualitárias e justas. Mais
ainda: abençoado o homem que consegue, conforme o ensino das tradições do êxodo, imaginar a
construção de uma sociedade nova a partir dos e pelos oprimidos, uma vez que estes estejam
dispostos a corresponderem à vontade libertadora do SENHOR Deus e a confiarem nele como
soberano de toda a história. Observando, por sua vez, a realidade do dia-a-dia, no Salmo 1 também
já se sabe que o modelo da sociedade alternativa ainda não foi colocado em prática. Pelo contrário,
o salmista participa da experiência de que a caminhada histórica do povo eleito é marcada por
sucessivas desistências do projeto previsto no ensino de SENHOR, causadas, em geral, pelos
interesses particulares da classe dirigente. Por enquanto, ímpios, pecadores e escandalosos parecem
dominar a convivência entre as pessoas. Mesmo assim, ou talvez até por causa dessa circunstância,
o modelo de comportamento proposto pelo Salmo 1 torna-se mais importante ainda: dia e noite,
deve-se meditar o ensino do Senhor. Talvez esta seja a única alternativa para o fiel em épocas de
maior resistência ao projeto de Deus, querendo combater os sentimentos de isolação e solidão.
Sendo repetidas, pois, de forma ininterrupta, as tradições do êxodo, não se perde facilmente a
esperança que nasceu junto à experiência da libertação da escravidão no Egito. É uma forma de
manter o mundo alternativo presente, ao menos em voz baixa, ou seja, como mundo murmurado. A
palavra meditar indica, nesse contexto, um falar para fora e, ao mesmo tempo, para dentro de si, a
fim de acolher plenamente o ensino do SENHOR. Com outras palavras: meditando, a pessoa
estabelece um mundo imaginado, em contraste com aquele que vive. Isso, porém, não significa que
o mundo murmurado não exista, pois o Salmo 1 até afirma a dependência do abençoado homem
para com esse mundo imaginado. Na realidade, todos meditam. Há línguas que meditam maldade
(Is 59,3) e falsidade (Jó 27,4), ou corações que meditam violência (Pr 24,2). Existem os
companheiros que meditam mentiras (Sl 38,12-13). No entanto, conforme a fé do Antigo Israel,
todos eles serão como as nações que meditam em vão (Sl 2,1). O Salmo 1, no entanto, estabelece
um modelo contrário. Paralelamente ao pedido feito a Josué — o sucessor de Moisés! —, a proposta
consiste em meditar (murmurar), dia e noite, o livro da Torá (cf. Js 1,8). Dessa forma, medita-se a
justiça (Sl 35,28; 71,24) e as obras do Senhor (Sl 77,13; 143,5), respectivamente, a verdade (Pr 8,7)
e a sabedoria (Sl 37,30). Afinal, a ideia de a pessoa desenvolver uma verdadeira paixão pelo ensino
de SENHOR encontra sua última razão na qualidade e na finalidade dessa instrução, pois se afirma
que a Torá do SENHOR é perfeita e capaz de devolver o alento à pessoa humana (cf. Sl 19,8). Uma
vez que a vida confirme essa experiência, realmente pode-se afirmar: Felizes os que andam
conforme a Torá do SENHOR (Sl 119,1) e se comprazem muito com seus mandamentos (cf. Sl
112,1).
ANÁLISE LINGUÍSTICA: Seu prazer ou deleite: o salmista aqui faz uma alusão à lei dada ao
povo judeu através de Moisés, pois o maior prazer que o judeu fiel tinha, era estar junto da sua
“toráh”. Uma das primeiras coisas que uma criança judia aprendia ara o “shemá”. Os pais quando
estavam ensinando a toráh para seus filhos e eles aprendiam, os pais davam mel para eles. Desse
modo, eles associavam que a palavra de deus era doce como o mel (Sl-119:103). Assim eles tinham
prazer em aprender a lei de Javé.
Verbo meditar: significa: falar, expressar, pensar meditar. O texto diz “e medita sua lei dia e noite”,
é notável percebermos o amplo sentido deste verbo. O salmista está afirmando que Javé abençoa o
servo que medita (exame interior) , fala, pensa, estuda a sua palavra de dia e de noite. A expressão
dia e noite além de especificar um período de tempo, pode caracterizar tipologicamente, luta e
vitória (Sl-30:5b). “O choro pode durar uma noite, mas, a alegria vem pela manhã”, neste caso a
ficaria assim: “o choro pode durar uma noite (luta), mas a alegria vem pela manhã (vitória)”. O
salmista está dizendo que tem vitória aquele que medita na lei de Javé quando está bem (dia), mas
também medita quando tudo está mal (noite). O justo sofre assédio, cerco e zombaria por parte dos
injustos. Mas se mantém firme na escuta e meditação da lei de Javé.
O termo "lei" significa "ensino". Nos Salmos "a lei" sempre se refere aos ensinamentos gerais de
Deus (Sl. 119), e não apenas aos escritos de Moisés. A lei não era um fardo para o crente do AT (cf.
Sl. 19.7-13), mas a própria revelação de YHWH para a longevidade, paz, segurança, alegria e
abundância.
"medita de dia e de noite" Este VERBO (Qal IMPERFEITO) indica uma "leitura leve" das verdades
reveladas de YHWH. Os antigos não liam silenciosamente, por isso, deve referir-se a leitura
silenciosa. Observe como esse VERBO é usado em: 1. meditar sobre os ensinamentos de YHWH -
Sl. 1.2; Js. 1.8. 2. meditar sobre YHWH - Sl. 63.6 3. meditar sobre as obras de YHWH – Sl. 77.12;
143.5 4. meditar sobre o terror - Is. 33.18 Em que você medita? A nossa vida intelectual é a semente
para as nossas ações (cf. Pr. 23.7). Este versículo enfatiza o princípio da continuação (ou seja, dia e
noite), mantendo Deus e Sua vontade em nossa consciência. Este foi o propósito original
simbolizado no Dt. 6.8-9. [Dt. 6.8 "as amarrarás como sinal na mão e como faixa na testa"
Originalmente esta frase parece ser usada como uma metáfora (LXX). O contexto é oportunidades
de estilo de vida do ensino da palavra de Deus. No entanto, os rabinos tomaram este versículo muito
literalmente, e começaram a envolver uma tira de couro em torno de sua mão esquerda com uma
pequena caixa (tefilin) anexada, que continha Escrituras selecionadas da Torá. O mesmo tipo de
faixa também era amarrada na testa. Estes "filactérios" ou "frontais" também são mencionados em
Dt. 11.18 e Mt. 23.5. Dt. 6.9 "E as escreverás no batente de tua casa e nas tuas portas" Este é um
gesto simbólico, Deus faz parte não só da nossa vida em casa, mas da nossa vida social (ou seja, a
porta, cf. Dt. 21.19; 22.15, 24). Como o batente da casa era muitas vezes visto como um lugar
demoníaco nos mundos grego e romano, no mundo judaico representava a presença de Deus (isto é,
o lugar onde o sangue da Páscoa era colocado, cf. Ex. 12.7, 22, 23). "Nas tuas portas" pode se
referir ao local de reunião e justiça social (ou seja, como os portões da cidade). Normalmente, estas
pequenas faixas e marcadores da porta (mezuza) continham várias passagens conjuntas das
Escrituras. Dt. 6.4-9; 11.13-21 e Êx. 13.1-10, 11-16.]
יח׃ ה יצל שר־ יעששא ל אש א־ יבול וכ הו ל ו ועלב ן בעתי ר פריו ׀ יתת שה ים אש י מב ל־ פלגו ה כעץ שתול ע היי ו
ה היי ו wə·hā·yāh, E ele será
כעץ kə·‘êṣ como uma árvore
שתול šā·ṯūl plantada
על־ ‘al- perto de (ao lado de)
פלגוי pal·ḡê rios
ים מב mā·yim de água
אששהר ’ă·šer o qual
פריו ׀ pir·yōw seus frutos
יתתן yit·tên produz (gera, dá)
ו בעתי bə·‘it·tōw, na sua época
הו ועלב wə·‘ā·lê·hū e suas folhas
א־ ל lō- não
יבול yib·bō·wl; murcham
ל וכ wə·ḵōl e tudo
אששר־ ’ă·šer- que
ה יעששא ya·‘ă·śeh ele faz
יצליח׃ yaṣ·lî·aḥ. prosperará
COMENTÁRIO: A linguagem abstrata cede lugar à linguagem metafórica que trabalha com
imagens. O poeta responsável pela autoria do Salmo 1 compara agora o homem apaixonado pelo
ensino do SENHOR a uma árvore cheia de vida. Por ser plantada ao lado de rios de água, essa
árvore produz seu fruto no tempo certo e, já ultrapassando os limites da natureza, não permite que
sua folhagem murche. Na realidade, trata-se de uma imagem complexa, formada por vários
elementos: estão presentes uma árvore, canais de água, frutos e folhagem. O conjunto da imagem
revela a estima da cultura do Antigo Israel, assim como das diversas culturas do Antigo Oriente,
pelas árvores e, em especial, pelas árvores frutíferas. Basta lembrar como os reis e as pessoas mais
ricas cuidavam de seus jardins, uma vez que estes ofereciam um excelente conforto. Observando os
detalhes da imagem da árvore produtiva, certos pormenores devem ser explorados em vista das
perspectivas teológicas do Salmo 1. Afirma-se, entre outras coisas, que a árvore foi plantada ao lado
de rios de água. Quer dizer, ela não nasceu por si só nesse lugar tão privilegiado. Alguém “a
transferiu para lá. Tem-se, portanto, a consciência de que aconteceu um êxodo”. Coerentemente,
Israel é convidado a compreender-se como resultado desse projeto de liberdade promovido pelo
SENHOR. Sua existência nas terras de Canaã tem caráter de presente, pois, conforme suas próprias
tradições, foi o apoio do Deus do êxodo que assegurou ao povo dos oprimidos a chegada e
permanência na terra prometida. Foi o SENHOR quem plantou Israel ao lado de rios de água, no
meio de outras nações bem mais antigas. O homem fiel ao ensino do SENHOR sabe disso, pois é a
própria Torá que o ensina. A imagem avança ainda mais: trata-se de uma árvore que dá seu fruto a
seu tempo. Com isso, afirma-se no Salmo 1 a fé de que o futuro, de fato, pertence a quem se
preocupa com a memória religioso-histórica das tradições mosaicas. Basta chegar o tempo certo.
Além do mais, trata-se de um processo irreversível, algo que não morre mais, assim como a
folhagem da árvore não murcha. A última frase do v. 3 adota novamente a linguagem abstrata: Tudo
o que faz prosperará. O verbo fazer somente pode referir-se ao homem abençoado, ou seja, àquele
que sente prazer com o ensino do SENHOR. Com outras palavras: o tema continua sendo o destino
bem-sucedido do justo solitário. Todavia, a expressão na última frase do verso 3 abre maior espaço
para sua compreensão. O verbo prosperar concorda com o substantivo tudo. Portanto, deve-se
traduzir como proposto acima: tudo o que faz prosperará. Por outro lado, porém, o leitor pode estar
lembrado de que as Sagradas Escrituras falam também que o SENHOR deixa ter êxito, no sentido
de que é Deus quem faz alguém prosperar (cf. Gn 24,21.40.42.56; 39,3.23; Sl 118,25; Ne 1,11;
2,20; 2Cr 26,5). A formulação na última frase do versículo 3 mantém-se aberta para essa
compreensão, uma vez que o SENHOR pode ser subentendido como sujeito oculto. Chegar-se-ia,
portanto, à seguinte ideia: Tudo o que o homem preocupado com a Torá faz, o SENHOR faz
prosperar.
ANÁLISE LINGUÍSTICA: Plantada: o verbo está no particípio e dar-se a entender que Javé é
quem plantou, e que Javé é o responsável pelo cuidado desta árvore dando-lhe todo nutriente
necessário, para a sua existência.
Perto de (ao lado de) rios: parece que o salmista está fazendo uma alusão às escrituras, ou está se
referindo literalmente a um rio, mas na verdade ele está se referindo ao mundo (sistema), os
injustos, e está árvore (homem ou mulher) foi plantada numa facção (peleg) à parte, separada das
águas (alusão ao mundo, sistema), ou seja, a obra de Deus constitui-se numa facção, uma parte de
homens e mulheres que tomaram outro rumo a seguir, o salmista desvincula totalmente o justo do
injusto.
Dá fruto no tempo devido: O salmista parece ser um homem do campo e está sendo oprimido por
alguém que ele chama de injusto, e faz um retrato perfeito do justo, que dirigido por Javé, não dá
fruto fora da hora, mas no tempo determinado, na estação própria, ou seja, o salmista está tranquilo
porque no momento certo ele, isto é, sua terra dará seus frutos.
Suas folhas nunca murcham: o verbo usado significa: murchar, fenecer, secar. Além de ser uma
árvore que só dá fruto na estação própria, o justo é também tipo de uma árvore cuja folha não
murcha ou seca, o salmista está dizendo que esta árvore não sente mudança de tempo. Tem épocas
do ano que as árvores perdem suas folhas, em Israel isso acontecia no início do inverno, a figueira,
ficava totalmente sem folhas, o salmista dá entender que o justo não sente essa mudança de tempo e
ainda “tudo o que ele faz prosperará”, o verbo usado para prosperar significa: prosperar, triunfar,
atravessar. O salmista está dizendo que o justo terá êxito, triunfará e atravessará por qualquer
adversidade.
"como árvore" Não é uma metáfora marcada em Jr. 17.5-8. Para uma comunidade do deserto, a
árvore frutífera era um símbolo de força e prosperidade. O VERBO (firmemente plantada, Qal
PARTICÍPIO PASSIVO) significa "transplantado" (cf. Sl. 92.14; Jr. 17.8; Ez. 17.10, 22; 19.10, 13;
Os. 9.13) Isto implica que essa pessoa, como todas as pessoas, não era originalmente um crente
frutífero, a Maturidade leva tempo, esforço e, especialmente, a graça de Deus. Paulo usa uma litania
dos textos do AT para ilustrar o mal inicial dos seres humanos depois da queda (cf. Rm. 3.10-18). 1.
Sl. 1.10-12 - Sl. 14.1-3; 53.1-4 2. Sl. 1.13 - Sl. 5.9; 140.3 3. Sl. 1.14 - Sl. 10.7 4. Sl. 1.15 -17 - Is.
59.7-8 5. Sl. 1.18 - Sl. 36.1 Todos nós estamos "transplantados" de rebelião em bem-aventurança!
"corrente de águas" Este é PLURAL e fala de um sistema de irrigação elaborado. "no devido tempo,
dá o seu fruto" Esta é uma metáfora bíblica para descrever uma vida espiritual madura (cf. Mt. 7.15-
27). O objetivo da fé é a fidelidade! Esta mesma imagem tem um cenário escatológico em
Apocalipse 22. "cuja folhagem não murcha" Este é um tema escatológico (cf. Ez. 47.12; Ap. 22.2).
Metáforas agrícolas eram muito poderosas para os agricultores e pastores em áreas semi-áridas.
נו רוח׃ ץ א שר־ תדפב מי י אם־ כצ ים כב ן הרשע לא־ כב
לא־ lō- Não
כבן ḵên assim
ים הרשע hā·rə·šā·‘îm; Os ímpios
כבי kî pois
אם־ ’im- [são]
ץ מי כצ kam·mōṣ, como a palha
א שר־ ’ăšer- que
נו תדפב tid·də·pen·nū espalha
רוח׃ rū·aḥ. o vento
COMENTÁRIO: Terminou a primeira parte do Salmo 1, que contempla, centralmente, o
personagem e o destino da pessoa preocupada com o ensino do SENHOR. V. 4 inicia a segunda
metade do Salmo, na qual são meditados, sobretudo, os ímpios e o futuro deles. Olhando a forma
literária do Salmo 1, chama a atenção do leitor que o final da primeira parte, após um discurso em
linguagem abstrata, trouxe a metáfora da árvore bem-sucedida. V. 3, por sua vez, fechou a seção
sobre o homem abençoado novamente com uma formulação abstrata. A segunda metade do Salmo 1
trabalha de forma simetricamente oposta. Introduzida por uma curta frase abstrata, a metáfora da
palha que o vento dispersa torna-se marcante no início. Em seguida, versos 5 e 6 levam Salmo 1 até
seu final, adotando, outra vez, linguagem abstrata. A imagem da palha que o vento dispersa (cf.
também Sl 35,5; Jó 21,18) contrasta fortemente com a metáfora da árvore que dá ao homem seu
fruto para comer e sua folhagem para se ter sombra. A palha, por sua vez, após ter cumprido sua
função no processo de crescimento do grão, não é mais útil ao homem. Ela simplesmente sobra
como debulho quando se extraem os grãos da espiga. A partir de agora, somente dá trabalho, pois
precisa ser separada das sementes, a fim de que essas possam servir para a fabricação da farinha. A
sociedade agrícola do Antigo Israel estava até familiarizada com a imagem do trabalhador jogando
os grãos para o alto, a fim de deixar o vento dispersar a palha. Contudo, a metáfora no verso 4
parece indicar a inutilidade dos ímpios, uma vez que seu comportamento culposo os torna
inaproveitáveis no processo da construção de uma sociedade alternativa, a qual encontra suas metas
na experiência da libertação dos oprimidos, ou seja, nas tradições do êxodo.
ANÁLISE LINGUÍSTICA: Injustos que pode ser traduzido por ímpios, quer dizer: que não tem
fé, incrédulo, que pratica impiedade, que não pratica a justiça. O salmista aqui dá dois exemplos de
como são os injustos.
São como a palha: esta palavra no hebraico que significa: palha cortada em pedaços, escória de
cereais. João Ferreira de Almeida edição RC. 1995; traduziu esta palavra por moinha. Se o injusto é
como a palha, o salmista está dizendo que é um ser leve, sem consciência espiritual, vazio,
verdadeiro dejeto humano, largado as suas próprias sortes, a moinha, segundo o dicionário Aurélio
é, fragmentos miúdos de palha que ficam depois da debulha de cereais, (cascas de grãos vazias).
Que o vento arrebata: o verbo usado aqui significa: dispersar, espalhar. O salmista está dizendo que
o vento irá soprar nestas cascas de grãos vazias (os injustos) e os espalhará. A palavra vento no
hebraico é a mesma usada para o Espírito (ruach), que quer dizer: vento, sopro, espírito, aqui o
salmista dá a entender que o próprio Deus é quem os espalhará.
"como a palha" Esta é uma metáfora bíblica comum para aquilo que é transitório, temporário ou
passageiro (cf. Sl. 35.5; 83.13; Jó 21.18; Is. 17.13; 29.5; 40.24; 41.15-16; Jr. 13.24; Os. 13.3). Há
duas maneiras de olhar para o julgamento dos ímpios. 1. temporais - nenhuma alegria, nenhuma
prosperidade, a morte precoce (cf. Mt. 7) 2. escatológicos - cena do julgamento no fim dos tempos,
em que o destino eterno é revelado (cf. Mateus 25; Apocalipse 20)
ים׃ ת צדיק ים בעשדב חטאי ט וצ שעים במשפ מו ר א ן ׀ לא־ יקש על־ כה
על־ ‘al- Portanto
כהן kên depois disso
לא־ lō- não
יקשאמו yā·qu·mū ficam de pé
שעים ר rə·šā·‘îm os ímpios
במשפט bam·miš·pāṭ; no julgamento
וצחטאיים wə·ḥaṭ·ṭā·’îm, nem pecadores
ת בעשדב ba·‘ă·ḏaṯ na assembleia
צדיקים׃ ṣad·dî·qîm. dos justos
COMENTÁRIO: Reassumindo a linguagem abstrata, o salmista continua descrevendo o destino
dos perversos. Dois paralelismos marcam v. 5. Primeiramente, os ímpios aparecem, outra vez, ao
lado dos pecadores. Em segundo lugar, as expressões no julgamento e na assembleia dos justos
levam o leitor ao mesmo ambiente do judiciário. A circunstância de que um único verbo conduz
todo o versículo — cf. a expressão não se ficam de pé em — causa ainda maior proximidade entre
as formulações paralelas. Por mais clara, porém, que seja a forma poética do versículo, o texto
impõe agora a seguinte questão em relação as suas perspectivas teológicas: a qual momento o
salmista se refere em v.5? Será que o poeta fala do julgamento realizado no portão da cidade
israelita, quando os homens livres de um lugar formam a assembleia do tribunal, propondo-se a
decidir os litígios? Ou está em vista algum tipo de juízo final, promovido, após a morte, por Deus
nos céus? A resposta a tal pergunta é decisiva para outras dúvidas que a pessoa humana —
sobretudo o justo perseguido — apresenta com muita urgência. Por exemplo: pode-se esperar por
um momento na história deste mundo em que os perversos não influenciem mais, de forma
negativa, a procura da justiça? Ou por assembleias formadas apenas por justos? E como Deus
participa ou não desse processo tão desejável? Na procura de uma resposta para essas questões, é
importante observar que o Salmo 1 “não descreve uma condenação dos perversos por parte de
Deus” (confira também v. 6). Isso, por sua vez, se pressuporia caso o texto quisesse apresentar o
juízo final. Torna-se, portanto, mais provável que o salmista sonhe mesmo com a transformação do
mundo em que vive. Ou seja: numa perspectiva intramundana, o objetivo é prever a formação de
uma sociedade em que os perversos fiquem sem voz nos grêmios decisivos. Afinal, as duas
perspectivas nem se excluem, pois “como todo o saltério também Salmo 1 se mantém aberto em seu
anúncio para o fim dos tempos. O que está sendo dito pode fazer referência ao futuro pertencente à
história deste mundo como ao futuro que transcende este mundo. [...] Apenas uma coisa deve saber-
se: temos uma esperança enorme e caminhamos em direção a ela. No entanto, como será e quando
se realizará, não sabemos. Apenas alcançamos essa esperança através de imagens”.
ANÁLISE LINGUÍSTICA: Aqui o salmista faz uma analogia a dois futuros, um para os injustos e
outro para os pecadores fazendo um paralelismo entre si.
O futuro dos injustos: “não ficarão de pé no julgamento” no hebraico o verbo quer dizer: levantar-
se, rebelar-se, resistir. Aqui o salmista dá a entender que o injusto não poderá ao menos se levantar
no dia do juízo, pois Javé não os permitirá.
O futuro dos pecadores: “não subsistirão na assembleia dos justos” a palavra para assembleia no
hebraico é (odat), e é oriunda do verbo que significa “adornar”. O salmista está dizendo que os
pecadores não irão compor o adorno, joia dos justos (figura da salvação, promessas, dons, etc).
Sendo assim o salmista diz que não serão reconhecidos por Javé e serão espalhados pelo horizonte a
fora.
"não prevalecerão" Este VERBO tem a conotação de um ambiente legal (cf. Pr. 19.21; Is. 14.24;
Rm. 8.31-38). Pecadores / ímpios terão: 1. nenhum direito de apresentar o seu caso 2. nenhum
direito de estar presentes no tribunal 3. nenhuma desculpa possível 4. nenhuma esperança para um
julgamento positivo
ד׃ ים תאב רך רשעא ים וד רך צדיק הוה דא ע י י־ יודא כ
י־ כ kî- Pois
ע יודא yō·w·ḏê·a‘ conhece
הוה י YHWH SENHOR
רך דא de·reḵ o caminho
ים צדיק ṣad·dî·qîm; dos justos
רך וד wə·ḏe·reḵ mas o caminho
ים רשעא rə·šā·‘îm dos ímpios
תאבד׃ tō·ḇêḏ. perecerá
COMENTÁRIO: V. 6 tem caráter de resumo. Define por quê os justos têm futuro. E declara o fim
dos ímpios. A forma literária do versículo oferece, novamente, as primeiras pistas para a
compreensão de seu conteúdo. Bem visível é o paralelismo entre o caminho dos justos e o caminho
dos ímpios. Com isso, a oposição que marcou todo o Salmo 1 é outra vez realçada. Mais ainda: os
opositores do homem preocupado com o ensino de SENHOR aparecem agora pela sétima vez,
sendo que esse número é usado como elemento estilístico pelos poetas hebreus. Veja a sequência:
ímpios (v. 1), pecadores (v. 1), escandalosos (v. 1), ímpios (v. 4), ímpios (v. 5), pecadores (v. 5) e
ímpios (v. 6). Em contrapartida, a presença dos justos é mais rara. No início, tem-se um único
homem abençoado (v. 1), o qual resiste a uma multidão de malvados, caindo assim numa grande
solidão. No final do Salmo 1, porém, o fiel ao ensino do SENHOR não está mais sozinho. Agora o
salmista fala, no plural, dos justos como um grupo. Ou seja: o justo conseguiu formar sua
comunidade. Marcante também é que, apenas em v. 6, o SENHOR atua pela primeira vez. Antes
disso, o nome do Deus de Israel estava presente somente em v. 2, quando o assunto foi o ensino,
quer dizer, ou seja, a Torá do SENHOR. Agora, por sua vez, se afirma que o SENHOR é
conhecedor do caminho dos justos. No texto hebraico do Salmo, trata-se de uma frase nominal, que
chama a atenção do leitor pela ausência de um verbo finito. Com isso, a frase não é ligada a um
determinado momento histórico. Muito mais, seu caráter é afirmar algo que vale sempre, no sentido
de que o SENHOR, em princípio ou eternamente é aquele que conhece o caminho dos justos. A
palavra conhecer merece maior atenção. Indica-se, com esse termo, a comunhão mais íntima
possível, inclusive a relação íntima do ato sexual entre homem e mulher. Da mesma forma, o verbo
conhecer marca a história entre o SENHOR e seu povo. Por excelência, há de se lembrar Ex 2,23-
25, onde se descreve a decisão divina de realizar o êxodo: Deus escutou seus gemidos [...], Deus viu
os filhos de Israel e Deus (os) conheceu. Em relação ao Salmo 1, portanto, vale dizer que “o
caminho do justo, em última instância, alcança êxito não por causa do esforço dele mesmo, mas
porque o SENHOR o conhece, ou seja, o acompanha de forma preocupada e amável”. Por outro
lado, de forma bem diferente, Salmo 1 afirma agora que o caminho dos ímpios perece (v. 6). O
verbo hebraico também poderia ser traduzido como desviar-se ou andar perdido. Importante,no
entanto, é a observação de que, nesse caso, não se descreve uma ação de Deus. “Conforme à visão
do Salmo, Deus se preocupa apenas com o justo, uma vez que fica em aberto até que ponto ele tem
a ver com o fracasso e o perecimento do perverso”.Com outras palavras: “Ao nada em que o ímpio
se afunda [...] Deus não colabora de modo algum. A própria lógica deste mundo o leva à auto-
dissolução. Ou, como diz a imagem no meio do Salmo, os ventos da história levam o perverso em
direção ao inalcançável. Dessa forma, a situação inicial do Salmo 1 se inverteu: a multidão dos
malfeitores desapareceu, enquanto o homem fiel ao ensino do SENHOR está sendo integrado na
comunidade dos justos.
Salmo 1 marca seu lugar - literariamente tão realçado no início do livro dos Salmos - de forma bem
definida. Defende o pensamento de que o homem, para ser abençoado e próspero em tudo que faz,
deve mostrar-se resistente à malvadeza e apaixonar-se pelo projeto da libertação dos oprimidos, de
acordo com as tradições do êxodo. O destino dos que optam pela perversidade, porém, será outro.
Os ventos da história, pois, encarregar-se-ão para levá-los embora. Mais ainda: é dessa forma que se
aproxima um tempo futuro, no qual as assembleias serão formadas somente por justos. No entanto,
há de se observar o detalhe mais importante: Salmo 1 cultiva a ideia de que se precisa de Deus para
chegar a este tempo. Pois somente a esperança de que o SENHOR conheça o justo, garantindo-lhe a
vitória sobre os perversos, justifica a visão de um futuro melhor para toda a sociedade.
ANÁLISE LINGUÍSTICA: Semelhante ao versículo anterior, o salmista faz o mesmo jogo de
palavras usando sendo que agora para dois caminhos, fazendo paralelismos semelhantes. O caminho
dos justos: este caminho é conhecido por Javé, o salmista está dizendo que por onde o justo passa
Javé tem cuidado dele, que é conhecedor de cada passo, de cada atitude tomada e este caminho
conduz à paz, a alegria e a salvação. O caminho dos injustos: conduz à ruína, o verbo usado no
original quer dizer: “perder-se”, errar, perecer, sumir, deste verbo deriva-se apalavra “abadom” que
quer dizer: “destruição”. Nisto o salmista está dizendo que o caminho do injusto conduz a perdição
e a destruição.
"o SENHOR conhece" O termo "conhecer" significa "relação pessoal e íntima" (Gn. 4.1; Jr. 1.5).
SALMOS 23
Uma pessoa religiosa, diante da perseguição, sente-se protegida por Deus: eis o que o Salmo 23
descreve. Metaforicamente, um animal – e não o rebanho! – experimenta, de forma surpreendente e
duradoura, o pastoreio e a hospitalidade do Senhor, Deus de Israel, embora não falte quem insiste na
agressão.
ר׃ א אחס א י ל עי ד יהובה רצ ור לדו מזמב
ור מזמב miz·mō·wr Um Salmo
ד לדו lə·ḏā·wiḏ; de Davi
יהובה YHWH O SENHIOR
י עי רצ rō·‘î, [é] o meu pastor
א א ל lō nada
אחסר׃ ’eḥ·sār. me faltará
COMENTÁRIO: O Salmo 23 faz parte do primeiro “Saltério de Davi” (Sl 3–41), sendo que os
salmos atribuídos a este rei formam cinco grupos no livro dos Salmos (Sl 3-41; 51-72; 101-103;
108-110; 138-145). Com isso, o leitor ou ouvinte é convidado a imaginar as palavras do Salmo 23
como salmo de ou para Davi, personagem acompanhada de diversas conotações simbólicas. Davi,
originalmente, era um pastor de gado miúdo (cf. 2Sm 16,11). Mais tarde, porém, recebeu a tarefa de
pastorear seu povo (cf. Sl 78,71-72). Todavia, logo no início do Salmo 23, o próprio Davi afirma
que o SENHOR, ou seja, Deus mesmo é seu pastor. O rei insiste no pastoreio divino! Sublinha-se,
dessa forma, que a verdadeira liderança pertence ao SENHOR, Deus de Israel. A Davi, por sua vez,
cabe a tarefa de salmodiar, a fim de proclamar o pastoreio e a hospitalidade do SENHOR, único
capaz de garantir o bem-estar e a sobrevivência ao homem. Após o título, inicia-se a primeira parte
do Salmo 23. Nela, o salmista descreve as qualidades do pastoreio do SENHOR. Observando o
conteúdo do Salmo 23, percebe-se o seguinte: o salmista começa com a criação de uma imagem que
apresenta o SENHOR como pastor (cf. também Gn 48,15 e Sl 80,2). A frase O SENHOR (é) meu
pastor (v. 1b) ganha destaque tanto por sua brevidade – apenas duas palavras no texto hebraico! –
como por ser uma frase nominal, a qual, no hebraico, dispensa o verbo auxiliar. Exclusivamente “o
pastoreio do SENHOR, ou seja, a sensação de sentir-se guardado na proximidade agradável e
sossegadora dele é o assunto aqui, e não a distinção entre o SENHOR como pastor e possíveis
outros pastores”. Daqui para frente, o Salmo 23 concentra-se justamente na descrição do pastoreio
do Deus de Israel. Neste sentido, “a frase nominal – O SENHOR: meu pastor –, ao descrever um
estado ou uma situação, ganha função de um lema, sendo que seu conteúdo será desdobrado e
ilustrado no decorrer do salmo”. No Antigo Israel, o trabalho do pastor é descrito como uma luta
árdua e, às vezes, dramática, a fim de garantir a permanência do rebanho. Basta lembrar as palavras
que Jacó dirige a Labão, seu sogro: Eis que são vinte anos que eu estou contigo. Tuas ovelhas e tuas
cabras não abortaram. E não comi nenhum carneiro de teu gado miúdo. Não fiz chegar um animal
despedaçado a ti, mas eu o compensava. Procuravas de minha mão o que fora furtado de mim
durante o dia e o que fora furtado de mim à noite. Durante o dia, o calor me comeu e, à noite, o frio.
E meu sono fugiu de meus olhos (Gn 31,38-40). Com outras palavras: a vida do pastor não pode ser
caracterizada como algo romântico. Pelo contrário, trata-se de um trabalho exigente e perigoso. No
caso do Salmo 23, a imagem do pastor, aparentemente, limita-se a quem lida com gado miúdo, pois
somente este tipo de pastor anda com seu rebanho, à procura de verdes pastagens (v. 2) e águas em
lugares de repouso (v. 2). Entrementes, é preciso observar o uso do plural na apresentação das
localidades. Quer dizer: o pastor do gado menor é transeunte. De época em época, transmigra,
fazendo o rebanho mudar de pasto. As trilhas, mencionadas em v. 3, lembram os caminhos estreitos
na região montanhosa, onde o gado menor sabe se equilibrar, por mais perigoso que seja. Até certa
época no verão, pastor e rebanho ficam ali, pois encontram suficiente pastagem. Após a colheita,
porém, descem para os vales. Na época da maior seca, o gado precisa alimentar-se do restolho. Em
princípio, pastor é gado são até bem-vindos entre os agricultores sedentários, uma vez que os
animais fertilizam, com seus excrementos, os campos. Além disso, surge um intercâmbio e uma
troca interessante de produtos entre os pastores transeuntes e os agricultores sedentários. Ao
contrário de ovelhas e cabras, o gado maior anda muito pouco, pois logo sente falta de água. Muito
menos saberia equilibrar-se em trilhas não niveladas (cf. Pr 4,26; Is 26,7). Sobre si mesmo, por sua
vez, o salmista afirma: Não sinto falta de nada (v. 1). A frase chama a atenção do leitor por vários
motivos. É a única vez na primeira unidade literária (v. 1-3) que o SENHOR não é o sujeito da
frase. Ou seja: a ênfase está sobre o ser humano, presente como sujeito oculto no verbo que aparece
na primeira pessoa do singular. Da mesma forma, o significado da raiz verbal - sentir falta de algo
ou carecer – refere-se, em princípio, ao ser humano (cf. Dt 15,18; Is 32,6; Ez 4,17; Pr 13,25). Não
se encontra, pois, nenhuma referência na Bíblia Hebraica, onde tal verbo seja usado para descrever
um animal necessitado. Mais ainda: a frase Não sinto falta de nada tem caráter de resumo
antecipado. Com apenas duas palavras em hebraico, prevalece, outra vez, a brevidade. A ideia da
ausência de qualquer carência, necessidade ou falta de bens é trabalhada também em Sl 34,11.
Afirma-se ali que aqueles que buscam o SENHOR, em vez de tornarem-se indigentes e passarem
fome, não sentem falta de bem nenhum. Da mesma forma, Sl 8,6, ao promover sua reflexão
antropológica, sublinha a seguinte característica do Senhor em relação ao ser humano: Deixaste lhe
faltar pouco em relação aos deuses! Resumindo: indigência, necessidade ou falta de bem-estar, em
princípio, contradizem a vontade do Deus de Israel. Resta, no entanto, descobrir quais são as trilhas
indicadas pelo SENHOR, a fim de que todos possam dizer: Não sinto falta de nada.
ANÁLISE LINGUÍSTICA: YHWH: O próprio Deus, o Eterno, o GRANDE EU SOU me
pastoreia “E apesar desta glória que tens, Tu te importas comigo também”; Is 33.5 “ O SENHOR é
sublime, pois habita nas alturas;...” Is 57.15: “Habito no alto e santo lugar, mas habito também com
o contrito e abatido de espírito, para vivificar o coração dos contritos.” “É especialmente no nome
YAHWEH que Deus se revela o Deus da graça. Sempre foi tido como o mais sagrado e o mais
distinto nome de Deus, o nome incomunicável. O Pentateuco liga o nome ao verbo hebraico hayah,
SER, Ex 3.13,14. (Berkhof).Yahweh é o nome mais importante de Deus no AT. Tem um sentido
duplo: o Ser ativo e auto-existente (verbo “SER”, Ex 3.14). “Deus é espírito, infinito, eterno e
imutável em seu ser, sabedoria, poder, santidade, justiça, bondade e verdade” (Breve Catecismo, 4ª
resposta) I Rs 8.27 “Mas, de fato habitaria Deus na terra? Eis que os céus, e até o céu dos céus, não
te podem conter,...” Salomão na edificação do templo. Sl 90.2 “Antes que os montes nascessem e se
formassem a terra e o mundo, DE ETERNIDADE A ETERNIDADE tu és Deus.” Sl 145.3 “Grande
é o SENHOR e mui digno de ser louvado; a sua grandeza é INSONDÁVEL.” Sl 147.5 “Grande é o
SENHOR nosso, e mui poderoso; o seu entendimento NÃO SE PODE MEDIR.” Rm 11.33 “Ó
profundidade da riqueza, tanto da sabedoria, como do conhecimento de Deus! Quão insondáveis são
os seus juízos e quão inescrutáveis, os seus caminhos!” ro’i Particípio Presente do QAL (grau
simples) de ra’ah pastorear + sufixo da 1ª singular. Particípio é adjetivo verbal indica ação
CONTÍNUA (“Em sua função verbal apresenta a pessoa ou o sujeito no exercício contínuo da ação
ou na demonstração constante do estado denotado pelo verbo.” Fundamentos para exegese do
Antigo Testamento, Carlos Osvaldo Cardoso Pinto, manual de sintaxe hebraica, Vida Nova, p.83).
Pastor Meu – ideia de proximidade. Sl 68. 19 (20) “Bendito seja o Senhor (Adonai) que dia a dia
leva o nosso fardo! Deus é a nossa salvação.” Isáias 40.10-31 (NVI) , registra a grandeza deste ser
pastoral: “O Soberano, o Senhor, vem com poder! Com seu braço forte ele governa. A sua
recompensa com ele está. E seu galardão o acompanha. (v 11) Como pastor ele cuida de seu
rebanho, com o braço ajunta os cordeiros e os carrega no colo; conduz com cuidado as ovelhas que
amamentam suas crias. Quem mediu as águas na concha da mão, ou com o palmo definiu os limites
dos céus? Quem jamais calculou o peso da terra, ou pesou os montes na balança e as colinas nos
seus pratos? Quem definiu limites para o Espírito do SENHOR, ou o instruiu como seu conselheiro?
A quem o SENHOR consultou que pudesse esclarecê-lo, e que lhe ensinasse a julgar com justiça?
Quem lhe ensinou o conhecimento ou lhe apontou o caminho da sabedoria? Na verdade as nações
são como a gota que sobra do balde; para ele são como o pó que resta na balança; para ele as ilhas
não passam de um grão de areia. Nem as florestas do Líbano seriam suficientes para o fogo do altar,
nem os animais de lá bastariam para o holocausto. Diante dele todas as nações são como nada; para
ele são sem valor e menos que nada; Com quem vocês compararão Deus? Como poderão
representá-lo? Como uma imagem que o artesão funde, e que o ourives cobre de ouro e para a qual
modela correntes de prata? Ou com o ídolo do pobre, que pode apenas escolher um bom pedaço de
madeira e procurar um marceneiro para fazer uma imagem que não caia? Será que vocês não
sabem? Nunca ouviram falar? Não lhes contaram desde a antiguidade? Vocês não compreenderam
como a terra foi fundada? Ele se assenta no seu trono, acima da cúpula da terra, cujos habitantes são
pequenos como gafanhotos. Ele estende os céus como um forro, e os arma como uma tenda para
neles habitar. Ele aniquila os príncipes Isáias 40.10-31 (NVI) , registra a grandeza deste ser pastoral:
“O Soberano, o Senhor, vem com poder! Com seu braço forte ele governa. A sua recompensa com
ele está. E seu galardão o acompanha. (v 11) Como pastor ele cuida de seu rebanho, com o braço
ajunta os cordeiros e os carrega no colo; conduz com cuidado as ovelhas que amamentam suas
crias. Quem mediu as águas na concha da mão, ou com o palmo definiu os limites dos céus? Quem
jamais calculou o peso da terra, ou pesou os montes na balança e as colinas nos seus pratos? Quem
definiu limites para o Espírito do SENHOR, ou o instruiu como seu conselheiro? A quem o
SENHOR consultou que pudesse esclarecê-lo, e que lhe ensinasse a julgar com justiça? Quem lhe
ensinou o conhecimento ou lhe apontou o caminho da sabedoria? Na verdade as nações são como a
gota que sobra do balde; para ele são como o pó que resta na balança; para ele as ilhas não passam
de um grão de areia. Nem as florestas do Líbano seriam suficientes para o fogo do altar, nem os
animais de lá bastariam para o holocausto. Diante dele todas as nações são como nada; para ele são
sem valor e menos que nada; Com quem vocês compararão Deus? Como poderão representá-lo?
Como uma imagem que o artesão funde, e que o ourives cobre de ouro e para a qual modela
correntes de prata? Ou com o ídolo do pobre, que pode apenas escolher um bom pedaço de madeira
e procurar um marceneiro para fazer uma imagem que não caia? Será que vocês não sabem? Nunca
ouviram falar? Não lhes contaram desde a antiguidade? Vocês não compreenderam como a terra foi
fundada? Ele se assenta no seu trono, acima da cúpula da terra, cujos habitantes são pequenos como
gafanhotos. Ele estende os céus como um forro, e os arma como uma tenda para neles habitar. Ele
aniquila os príncipes e reduz a nada os juízes deste mundo. Mal eles são plantados ou semeados,
mal lançam raízes na terra, Deus sopra sobre eles, e eles murcham; um redemoinho os leva como
palha. Com quem vocês vão me comparar? Quem se assemelha a mim? Pergunta o Santo. Ergam os
olhos e olhem para as alturas. Quem criou tudo isso? Aquele que põe em marcha cada estrela do seu
exército celestial, e todas chama pelo nome. Tão grande é o seu poder e tão imensa a sua força, que
nenhuma delas deixa de comparecer! Por que você reclama, ó Jacó, e por que se queixa, ó Israel: ‘O
SENHOR não se interessa pela minha situação; o meu Deus não considera a minha causa? Será que
você não sabe? Nunca ouviu falar? O SENHOR É O Deus eterno, o Criador de toda a terra. Ele não
se cansa nem fica exausto; sua sabedoria é insondável. Ele fortalece o cansado e dá grande vigor ao
que está sem forças. Até os jovens se cansam e ficam exaustos, e os moços tropeçam e caem; mas
aqueles que esperam no SENHOR renovam as suas forças. Voam alto como águias; correm e não
ficam exaustos, andam e não se cansam.”
“...NADA ME FALTARÁ.” ‘ehsar Qal incompleto de “sofrer falta”. Incompleto – não foi
concluída, nem realizada a ação, ação em andamento. Ou seja CONTINUO SEM SOFRE FALTA,
ou ainda SERÃO CONTINUAMENTE SUPRIDOS. Salmo 34.10 “Os leõezinhos sofrem
necessidade e passam fome, porém os que buscam o SENHOR bem nenhum lhes faltará.” Os
filhotes de leões podem sofrer falta, mas os que buscam o LEÃO DE JUDÁ, são supridos. Fp 4.19
“E o meu Deus, segundo a sua riqueza em glória há de suprir em Cristo Jesus cada uma de vossas
necessidades.” Suprir, pleroo – Léx. Encher, completar. Hb 13.5 “Contentai-vos com as cousas que
tendes, porque Ele tem dito: De maneira alguma (em nenhuma circunstância) te deixarei, nunca (em
tempo algum) jamais te abandonarei.”
A linha de abertura é, literalmente, "YHWH é o único, meu pastor." A único VERBO é o Qal
PARTICÍPIO ATIVO. "nada me faltará" Esta é uma frase simples, mas abrangente. Ela não pode se
referi a tudo que querem ou precisamos. Ela denota o que é necessário para as ovelhas serem
saudáveis. A pior coisa que Deus poderia fazer para a maioria dos seres humanos caídos é responder
positivamente aos seus pedidos egoístas e mundanos. O Pastor das nossas almas vai fazer e dar o
que é melhor para nós!
ני׃ ל ות ינהש י מנשחא ני על־ מ שא ירביצ ות ד בנאא
ות בנאא bin·’ō·wṯ pastagens
דשא de·še em verdes
ני ירביצ yar·bî·ṣê·nî; Ele me faz deitar
על־ ‘al- ao lado das
מ י mê águas
מנשחאות mə·nu·ḥō·wṯ mansamente
ני׃ ל ינהש yə·na·hă·lê·nî. Ele me conduz (guia)
COMENTÁRIO: O salmista segue com a descrição das razões pela ausência da falta de bens. Com
isso, volta a “aplicar a terminologia rica da linguagem pastoril ao SENHOR”. O enfoque concentra-
se agora no que o pastor de Israel (cf. Sl 80,2) oferece a seu rebanho, sendo que, na perspectiva
individual do Salmo 23, o rebanho se reduz a um animal. Neste sentido, o cantor descreve, de um
lado, os alimentos básicos que o pastor divino disponibiliza: pastagens verdes (cf. Ez 34,14), ou
seja, prados com erva nova e água, ou melhor, água em lugares de repouso, ou seja, num ambiente
que oferece descanso. De outro lado, o salmista deixa claro que os alimentos se tornam acessíveis
por causa da atuação favorável do SENHOR, ou seja, é o pastor divino quem conduz rumo a lugares
que oferecem fartura e bem-estar. Da mesma forma, é o pastor divino quem faz o animal,
respectivamente, a pessoa representada pelo animal reclinar-se (cf. Ez 34,15), sendo que o
conduziu, anteriormente, a tal lugar de repouso.
ANÁLISE LINGUÍSTICA: Yarebitseni incompleto hifil (causativo) de ravats deitar + sufixo obj.
da 1ª pessoa. Incompleto – ação inacabada: Está e estará me fazendo deitar. Hifil grau causativo,
“Deus é o responsável em me fazer deitar”. Ele providencia as condições. Ele “provoca” meu
descanso. Hifil – causativo na voz ativa. O pastor é o causador do repouso da ovelha. “Lançando
(particípio do aoristo, arremessando) sobre Ele toda a vossa ansiedade, porque Ele tem cuidado
(presente do indicativo ativo) de vós.” (I Pe.5.7) “Não fiquem preocupados porque Ele se
preocupa...” Salmo 55.22 “Confia os teus cuidados ao SENHOR, e Ele te susterá (Dic. Segurar para
que não caia; suster – segurar por baixo, para que não caia) Como o pastor providencia o descanso?
Escreveu um profundo conhecedor de ovelhas, Phillip Keller, no seu livro “Nada me faltará”, que
há QUATRO condições para que os carneiros (carneiro+ovelha = cordeiro) deitem-se: 1)
TRANQUILIDADE – sem temor, segurança. Sl 91.1 “O que habita no esconderijo do Altíssimo, e
descansa à sombra do Onipotente.”; Jo.10.28,29 “Eu lhes dou a vida eterna, jamais perecerão, e
ninguém as arrebatará da minha mão . Aquilo que meu Pai me deu é maior do que tudo; e da mão
do Pai ninguém poderá arrebatar.”; 2) UNIDADE Por causa do seu comportamento social no grupo
do rebanho, não se deitam enquanto houver quaisquer atritos com outras ovelhas. União gera paz,
Salmo 133. “Oh! Quão bom e quão suave é...”; 3) LIBERDADE – Se estiverem sendo
importunados por moscas e parasitas, também não se deitarão. Só conseguem relaxar quando estão
livres dos insetos. Sl Como o pastor providencia o descanso? Escreveu um profundo conhecedor de
ovelhas, Phillip Keller, no seu livro “Nada me faltará”, que há QUATRO condições para que os
carneiros (carneiro+ovelha = cordeiro) deitem-se: 1) TRANQUILIDADE – sem temor, segurança.
Sl 91.1 “O que habita no esconderijo do Altíssimo, e descansa à sombra do Onipotente.”;
Jo.10.28,29 “Eu lhes dou a vida eterna, jamais perecerão, e ninguém as arrebatará da minha mão .
Aquilo que meu Pai me deu é maior do que tudo; e da mão do Pai ninguém poderá arrebatar.”; 2)
UNIDADE Por causa do seu comportamento social no grupo do rebanho, não se deitam enquanto
houver quaisquer atritos com outras ovelhas. União gera paz, Salmo 133. “Oh! Quão bom e quão
suave é...”; 3) LIBERDADE – Se estiverem sendo importunados por moscas e parasitas, também
não se deitarão. Só conseguem relaxar quando estão livres dos insetos. Sl 91.3 “Pois Ele te livrará
do laço do passarinheiro (armadilhas para aves) e da peste perniciosa.”; Rm 8.38 “Porque eu estou
bem certo de que nem os anjos, nem os principados...nem qualquer outra criatura poderá separar-
nos do amor de Deus.”; I Jo 4.4 “...maior é aquele que está em vós do que aquele que está no
mundo” Cl 2.15; 4) SACIEDADE – Não se deitam enquanto estiverem com fome. Precisam estar
bem alimentadas. Jo 6.35 Declarou-lhes Jesus: “Ego eimi ho artos tes dzoes , eu ( e não outro) sou
(e continuo sendo) o pão da vida ( genitivo objetivo, vivente, que tem vida, genitivo subjetivo,
vivificador, fonte de vida); o que vem a mim jamais terá fome; e o que crê em mim jamais terá
sede.”
Yenahaleni incompleto de piel (não ocorre no Qal) + sufixo 1ª sg. “guia-me”. Este verbo é usado no
AT em contextos que falam de ‘levar e fazer descansar’ ou levar para pasto ou água, portanto,
expressa direção que visa o bem-estar do dirigido. Olhando para outros contextos deste mesmo
verbo nas Escrituras, descobrimos Jacó em Gn 33.12-14 “Disse Esaú: Partamos e caminhemos; eu
seguirei junto de ti. Porém Jacó lhe disse: Meu senhor sabe que estes meninos são tenros, e tenho
comigo ovelhas e vacas de leite; se forçadas a caminhar demais um só dia, morrerão todos os
rebanhos. Passe meu senhor adiante de seu servo; EU SEGUIREI GUIANDO-AS POUCO A
POUCO, no passo do gado que me vai à frente e no PASSO DOS MENINOS até chegar a meu
senhor em Seir.” Referindo-se ao cuidado especial que o gado e as crianças merecem ao viajar;
Deus nos GUIA dentro de nossa estrutura, conhece nossas limitações, sabe que somos pó, dentro de
nosso ritmo. Ele não nos força a caminhar demais em um só dia. José que “sustentou com pão” os
irmãos a quem amava, Gn 47.17 (12) [em ambos os casos o verbo é o mesmo traduzido por levar no
Sl 23.2]. Em 2 Cr 32.22 “Assim livrou o SENHOR a Ezequias e aos moradores de Jerusalém, das
mãos de Senaqueribe, rei da Assíria e das mãos de todos os inimigos; e lhes deu paz , por todos os
lados.” O nosso pastor é o Príncipe da Paz, Is 9.6, Ele nos concede Sua paz, Jo 14.27. É do próprio
Senhor que se fala, no hino de vitória de Ex. 15.1. “Então, entoou Moisés, e os filhos de Israel, este
cântico ao SENHOR e disseram:... v.13 Com a tua beneficência guiaste o povo que salvaste; com a
tua força o levaste à habitação da tua santidade” Ver 1 Pe 1.15,16; Ef 4.25-32. Pois não se trata do
verbo com um correspondente a ‘levar’ ou ‘conduzir’ e sim, do termo técnico que descreve a
atividade do bom pastor de animais que os conduz a lugares de refrigério e segurança. Deus nos
leva pelo caminho da: a) COERÊNCIA; b) PROVIDÊNCIA; c) PAZ; d) SANTIDADE. “...Leva-me
para junto das águas de descanso;” Sl 23.2 Quanto ao repouso, lemos em Hb 4.9,10 “Portanto, resta
um repouso para o povo de Deus. Porque aquele que entrou no descanso de Deus, também Ele
mesmo descansou de suas obras, como Deus das suas.” As águas de descanso trazem a lembrança o
rio de Ap 22.1ss: “Então me mostrou o rio da água da vida, brilhante como cristal que sai do trono
de Deus e do Cordeiro.” Sl 46.4 “Há um rio, cujas correntes alegram a cidade de Deus, o santuário
das moradas do Altíssimo.” Phillip Keller afirmou: “ Naturalmente o orvalho é fonte de água pura e
limpa. E não há ilustração mais resplendentes das águas tranquilas do que as gotinhas prateadas da
umidade pesando nas folhas e na relva ao nascer do dia. O bom pastor, criador dedicado,
providencia para que o seu rebanho saia logo cedo, e vá pastar na relva molhada de orvalho.
‘Porque dois males cometeu o meu povo: a mim me deixaram, o manancial de águas vivas, e
cavaram cisternas, cisternas rotas, que não retêm as águas’ Jr 2.13”
Este versículo descreve Sl. 23.1. O pastor sabe as necessidade das ovelhas 1. repouso 2. pastos 3.
águas Ele fornece isto de maneira que as ovelhas possam aceitar (ou seja, o alimento correto, a água
que pode beber facilmente). Nós não estamos sozinhos (Sl 139)! Há um propósito em nossas vidas,
mesmo em um mundo caído. Isto não é para implicar uma experiência de vida livre de problemas,
sem dor. Ele afirma que Ele está conosco, e é por nós (cf. 1 Co. 10.13).
ען שמו׃ דק למא י ני במעגלי־ צצ נחב ב י י ישוב נפשב
י נפשב nap·šî minha alma
ב ישוב yə·šō·w·ḇêḇ; Ele restaura
ני נחב י yan·ḥê·nî ele me conduz
במעגלי־ ḇə·ma‘·gə·lê- nos caminhos
צצידק ṣe·ḏeq, da justiça
למאען lə·ma·‘an até o final
שמו׃ šə·mōw. de seu nome
COMENTÁRIO: Em v. 3, continua a linguagem metafórica e o tema da condução. Deus refrigera
o Seu povo com Sua voz tranquilizadora e Seu toque gentil. Por isso, as ovelhas conhecem seu
Pastor e são por Ele conhecidas (Jo 10.14). Por amor de seu nome. Os atos amorosos do Pastor
provêm de Sua natureza. Na frase final de seu testemunho inicial, o salmista, de um lado, dá
continuidade a sua reflexão sobre o pastor divino. Apresenta um terceiro ambiente. Após as
pastagens verdes e os lugares de repouso com água, surgem agora as trilhas (os caminhos). Mais
tarde, o vale escuro completará esta lista. Todas essas localidades ajudam a criar a imagem do
pastor e de seu rebanho, por mais que um animal não seja mencionado expressamente. No mais, o
salmista afirma agora: é o SENHOR quem me guia. É interessante observar o paralelismo que se
forma com os dois verbos anteriores: veja a sequência conduzir, restaurar ou trazer de volta e
conduzir (guiar). Aliás, o que o cantor no Salmo 23 afirma de forma individual, Sl 77,21 diz sobre
Deus numa perspectiva comunitária: Guiaste teu povo como um rebanho. De outro lado, entra agora
um conceito-chave na reflexão de quem canta as palavras do Salmo 23. Afirma-se, pois, que, pelas
trilhas da justiça, o SENHOR pretende trazer a pessoa de volta ao bem-estar. Este bem-estar inclui a
disponibilidade dos alimentos necessários - veja as pastagens verdes e as águas em v. 2 - e o
descanso – veja o repouso em v. 2. Enfim, busca-se uma realidade em que o ser humano não sente
falta de nada (v. 1). Contudo, seja sublinhado outra vez – e isso em sintonia com as palavras do
Salmo 23 - que o caminho de salvação rumo a uma situação satisfatória de bem-estar passa pelas
trilhas da justiça. Pois é com sua justiça que o SENHOR quer guiar o ser humano (Sl 5,9), sendo
que pastoreia segundo o direito (Ez 34,16). Enfim, o discurso do cantor no Salmo 23 culmina no
assunto da justiça. Com isso, o salmista promove a sabedoria profética da religião do Antigo Israel.
Afinal, sabe-se que as trilhas do bem são justiça, direito e retidão (Pr 2,9) e que justamente estas são
as trilhas do SENHOR (Sl 17,5), trilhas que pingam gordura (Sl 65,12). Mais ainda: Deus propõe-se
até a aplainar a trilha do justo (Is 26,7; Pr 5,21), no sentido de lhe ensinar o caminho da sabedoria e
fazê-lo andar nas trilhas da retidão (Pr 4,11). Além do mais, a palavra trilha permite imaginar “um
caminho, no qual alguém já andou anteriormente, ou seja, os rastros como resultado visível deste
andar”. Isso vale também para a questão da justiça. Trata-se de um caminho que o povo de Deus
conhece, desde as origens de sua história. E esse caminho se transformou em ensino. Basta ler o
ensino por excelência - a Torá, ou seja, o Pentateuco -, sobretudo, as tradições do êxodo, inclusive
os mandamentos de Deus, sendo que estes últimos se propõem a transformar a experiência de
libertação em um projeto jurídico. Abençoado quem sente prazer com este ensino (cf. Sl 1,2). Pois é
aqui que se descobre a natureza do SENHOR, marcada pela insistência na inversão do destino dos
pobres (cf. Sl 113). E é por causa disso que Israel, sempre de novo, volta à casa do SENHOR (cf. v.
6), uma vez que o Templo e a cidade de Jerusalém encontram sua tarefa mais sublime na promoção
da justiça (cf. Sl 122). Finalmente, o cantor no Salmo 23 fecha a primeira parte de seu poema
insistindo no nome do SENHOR (v. 3) como modelo decisivo de justiça. Afinal, o Deus de Israel
santificou seu nome quando libertou seu povo da escravidão no Egito (cf. Lv 22,31-33). Neste
sentido, o nome de Deus pretende garantir que o SENHOR sempre será quem está (Ex 3,14) com os
carentes e necessitados, ou seja, com quem sente falta do que é necessário para uma sobrevivência
digna. Quem reza no Salmo 23 realçará tal presença salvadora do SENHOR ainda mais ao afirmar:
Tu estás comigo! (v. 4). No mais, o nome de Deus, além de trazer o SENHOR presente, destaca a
característica principal da ação dele. Pois é por causa de seu nome (v. 3), ou seja, de acordo com o
significado de seu nome, que o SENHOR é pastor. Neste sentido, o primeiro testemunho do
salmista encontra- -se moldurado por elementos que fazem de Deus o foco de atenção: o SENHOR
é pastor (v. 1) e ele age por causa de seu nome (v. 3). Ou, observada a forma do texto: a expressão
seu nome em v. 3 faz referência à presença do nome do SENHOR – o tetragrama – em v. 1. Os
elementos centrais, por sua vez, levam a atenção aos que creem neste Deus, sendo descrito, mais
concretamente, o que o SENHOR faz em benefício deles.
ANÁLISE LINGUÍSTICA: Yeshobeb Polel (forma intensiva que substitui o PIEL em certos
verbos) do verbo shûb. Aqui o significado shûb literal é fazer voltar isto é renovar, restaurar.
Compare o Sl 19.7 onde ocorre o mesmo verbo. (RA) “A lei do SENHOR é perfeita e restaura
(ARC refrigera) a alma; o testemunho do SENHOR é fiel e dá sabedoria aos símplices.” O verbo é
traduzido por RESTAURAR (ARA), REFRIGERAR (ARC). “Refrigera ou restaura a minha alma é
uma expressão passível de mais de uma interpretação. Pode retratar a OVELHA DESGARRADA
QUE É TRAZIDA DE VOLTA como em Is 49.5, ou talvez 60.1 [heb.2], que empregam o mesmo
verbo no original, cujo significado transitivo é frequentemente ‘ARREPENDER-SE’ ou
‘CONVERTER-SE’. (Rm 2.4 “bondade de Deus...conduz ao arrependimento.”; “bondade e
misericórdia certamente me seguirão todos os dias da minha vida...”Sl 23.6; 2 Co 7.10 a tristeza
segundo Deus produz arrependimento.) Salmo 19.7 pelo seu sujeito (a lei), e pelo verbo paralelo (dá
sabedoria), indica uma renovação espiritual deste tipo, mais do que mero refrigério. Do outro lado,
minha alma muitas vezes significa minha vida ou eu próprio, e restaurar, muitas vezes tem o sentido
físico ou psicológico como em Is 58.12 “Os teus filhos edificarão as antigas ruínas; levantarás os
fundamentos de muitas gerações e serás chamado reparador de brechas e restaurador de veredas
para que o país se torne habitável”, ou com o emprego de outra parte do verbo, Pv 25.13 “Como o
frescor da neve no tempo da ceifa, assim é o mensageiro fiel para com os que o enviam, porque
refrigera a alma dos seus senhores” Ver ainda Lm 1.11,16,19. Em nosso contexto parece haver
interação entre os dois sentidos, de tal modo que a renovação mais profunda do homem de Deus,
por mais espiritualmente perverso ou enfermo que seja.” (Comentário Cultura Bíblica – Mundo
Cristão) “Uma ovelha virada é uma cena triste. Deitada de costas as patas para o alto ela se debate
freneticamente, lutando para por se de pé, mas sem sucesso. As vezes ela bate em pouco, como que
pedindo socorro naturalmente. Mas em geral fica ali deitada, batendo as patas, frustrada e assustada.
Acontece do seguinte modo. Uma ovelha gorda, pesada ou de pelo grande, deita-se
confortavelmente em uma pequena depressão de terreno. Rola, ligeiramente de lado ou estende-se
para descansar. De repente, o centro de gravidade de seu corpo desloca-se e ela se vê de costas, de
modo que as patas não tocam mais o chão.” Phillip Keller no livro “Nada me faltará”. Restaurar é
colocar a ovelha novamente de pé. Os 14.1,2 “Volta, ó Israel, para o SENHOR, teu Deus, porque,
teus pecados, ESTÁS CAÍDO. Tende convosco palavras de arrependimento e convertei-vos ao
SENHOR; dizei-lhe: Perdoa toda iniquidade, aceita o que é bom e, em vez de novilhos, os
sacrifícios dos nossos lábios.” ARREPENDIMENTO para a vida é uma graça salvadora, pela qual o
pecador, tendo um verdadeiro sentimento de seu pecado e percepção da misericórdia de Deus em
Cristo, se enche de tristeza e de horror pelos seus pecados, abandona-os e volta-se para Deus,
internamente resolvido a prestar-lhe nova obediência. (Breve Catecismo, pergunta 87).
Yanehenî incompleto hifil de nahah ‘guiar’ + sufixo ação inacabada, ação de guiar
permanentemente, sempre. Hifil, causativo, (pastor responsável pela condução do rebanho),
‘guiados pelo Espírito de Deus, são filhos de Deus’, Rm 8.14. Mayggeley trilhas (rigorosamente
aquelas feitas por uma carroça) Shem shemo + sufixo 3ª m. sg. ‘o nome dele’ Salmos 5.8 “Guia-me
na tua justiça.”; 25.9 “Guia os humildes na justiça”; 73.24 “Tu me guias com o Teu conselho...”
Veredas da justiça – “mas vós sois dele em Cristo Jesus, o qual se nos tornou da parte de Deus
sabedoria e justiça, e santificação e redenção” 1Co 1.30. 2 Tm 2.19 “Entretanto, o firme
fundamento de Deus permanece, tendo este selo: O Senhor conhece os que lhe pertencem. E mais:
Aparte-se da injustiça todo aquele que professa o nome do Senhor” Aparte-se, aoristo imperativo,
aposteto, 3 sg aoristo imperativo de afistemi (1-14), partir, deixar, ’separar-se de’, histemi, separar.
Ordem para iniciar uma ação. (o aoristo pede rompimento definitivo, chave linguística) Injustiça –
adikia (dike, es – s.f. direito, justiça com alfa privativo, de negação).
AMOR DO SEU NOME: Sl 138.2 “...pois magnificaste acima de tudo o teu nome e a tua palavra.”
Ez 36.22,23 “Dize, portanto, à casa de Israel: Assim diz o SENHOR Deus: Não é por amor de vós
que eu faço isto, ó casa de Israel, mas pelo meu SANTO NOME, que profanaste entre as nações
para onde fostes. Vindicarei (defenderei) a santidade do meu grande nome, que foi profanado entre
as nações, o qual profanastes no meio delas...” Profanar Dic. Tratar com irreverência, sem respeito.
Vindicar- Dic. Exigir a restituição de; defender. Mt 6.9 “Portanto, vós orareis assim: Pai nosso, que
estás nos céus, SANTIFICADO SEJA O TEU NOME.” Jo 17.11 “Pai santo, guarda-os em teu
nome...” “As ovelhas são reconhecidamente criaturas que observam hábitos. Se entregues a si
mesmas, seguirão sempre os mesmos caminhos até que estes se tornam gastos. Pastam nas mesmas
colinas até que elas fiquem destituídas de vegetação. O bom nome e a reputação do criador
dependem exatamente de sua eficiência em manter o gado sempre mudando-se para novas
pastagens verdejantes...” (Keller)
"refrigera-me a alma" Este versículo é endereçado e reconhece a condição da humanidade caída (cf.
Is. 53.6). Precisamos de "restauração". Este VERBO é o mesmo VERBO usado para
"arrependimento". Este mesmo VERBO é usado em Sl. 23.6 para retornar ao tabernáculo / templo
para a comunhão ao longo da vida. Os fiéis seguidores, motivados pelo Espírito de Deus, devem se
afastar do eu e do pecado e estar com Deus. A salvação bíblica é: 1. uma reversão da queda 2.
restauração da intimidade com Deus 3. abandono do pecado conhecido e o perdão para o pecado
desconhecido (cf. Sl. 19.12-14) 4. voltar-se propositalmente a Deus (isto é, em comunhão,
obediência e adoração, cf. Sl. 23.3b) O termo hebraico "alma" é nephesh (BDB 659, KB 711, veja
nota em Sl. 3.2 e Gn. 35.18) e pode se referir a 1. seres humanos - Gn 2.7 2. Os animais - Gn 1.24;
2.19
ני׃ מש חש מה ינ ך הא משענתי י שבטךב וצ ה עמד ע כי־ אתב א רי ירה ות לא־ אע ך בגיא צלמא י־ אל גהם כ
גהם gam Sim
י־ כ kî- apesar que
אלך ’ê·lêḵ eu ande
בגיא bə·ḡê no vale
צלמאות ṣal·mā·weṯ da sombra da morte
לא־ lō- não
אעירהא ’î·rā temerei
ע רי rā‘, mal
כי־ kî- pois você
ה אתב ’at·tāh [está]
י עמד ‘im·mā·ḏî; comigo
שבטךב šiḇ·ṭə·ḵā Tua vara
ך משענתי וצ ū·miš·‘an·te·ḵā, e Teu cajado
מה הא hêm·māh eles
ינחשמשני׃ yə·na·ḥă·mu·nî. me confortam
COMENTÁRIO: A perspectiva do poema muda em v. 4. O salmista dirige-se agora, de forma
direta, ao SENHOR (v. 1), em vez de se pronunciar sobre o pastor divino. Ou, com outras palavras:
a imagem e a experiência do pastoreio exercido pelo SENHOR transformam-se em “alocução
comprometedora de oração”. As duas conjunções hebraicas, traduzidas como mesmo (apesar) que,
“marcam”, logo no início da segunda unidade literária do poema, “uma cesura”. Elas introduzem
uma oração subordinada que traz uma situação específica à mente, na qual há de se provar que o
pastoreio do SENHOR realmente existe. Indo ao encontro do conteúdo do discurso, outro elemento
completa a imagem composta do mundo pastoril. De repente, é preciso andar por um vale escuro.
As trilhas anteriormente mencionadas (v. 3) já levam o pensamento do ouvinte-leitor à região
montanhosa, onde os caminhos se estreitam. O vale escuro suscita ainda mais a lembrança dos
desfiladeiros e barrancos íngremes na região desértica de Judá. Ali “a luz do dia chega somente de
forma atenuada e a sombra da noite se estende cedo”. Contudo, dois instrumentos são muito úteis na
travessia perigosa de um vale escuro. De um lado, o pastor usa o bastão. Trata-se, conforme a
iconografia do Antigo Oriente, de uma clava mais curta, bastante resistente e mais pesada,
sobretudo, no lado oposto à empunhadura, tendo, muitas vezes, semelhança a uma maça. Tal bastão
serve como arma, em especial para defender-se a si mesmo ou para defender um membro do
rebanho contra um animal selvagem. O cetro dos reis no Antigo Oriente imita a forma do bastão,
sendo que, em hebraico, se trata da mesma palavra. De outro lado, o cantor do Salmo 23 lembra o
cajado. Este é mais comprido e o pastor pode apoiar-se nele. Mais ainda: é com o cajado que
conduz o rebanho. Às vezes, o pastor toca, com o cajado, as rochas no caminho, a fim de que os
animais sejam guiados pelo som. Outras vezes, afasta com o cajado um arbusto. Em uma situação
de emergência, o cajado estendido pode tornar-se uma ajuda bem- -vinda, para que um animal, ao se
apoiar nele, supere um desnível. Mais ainda: embora a imagem do ambiente pastoril prevaleça em v.
4, o vale escuro ou, mais literal ainda, o vale da escuridão provoca ainda outras associações. A terra
de trevas e escuridão, pois, é o lugar da morte, rumo a qual a pessoa caminha e da qual não volta,
lugar sem ordem (Jó 10,21s; 38,17). Neste sentido, em hebraico, a palavra escuridão espelha até o
significado de sombra da morte. Além disso, o motivo da escuridão serve, na cultura do Antigo
Israel, para ilustrar um lugar marcado pela opressão (Is 9,1.3) e pela presença de prisioneiros de
ferro e miséria (Sl 107,10.14). Por último, vale lembrar que o deserto, terra de estepes e barrancos –
região pela qual o SENHOR fez caminhar seu povo, quando o fez subir do Egito, durante o êxodo –
é tido como terra de aridez e escuridão, sendo que o ser humano, normalmente, não atravessa ou
habita tal lugar (Jr 2,6). Resumindo: a escuridão “simboliza a ameaça da existência”. Onde a
sobrevivência da pessoa não se encontra mais garantida – por causa de um poder opressivo, da
miséria ou da própria morte –, a realidade torna-se escura. Contudo, o Salmo 23 afirma, junto à
tradição religiosa do Antigo Israel, que o SENHOR está com quem passa por essa situação, sendo
que tal realidade não foge do poder dele. Afinal, o SENHOR pode transformar a luz em escuridão
(Jr 2,16), mas também a escuridão em manhã luminosa (Am 5,8). Neste sentido, o povo de Deus, de
acordo com sua experiência histórica – coletiva ou individual –, testemunha e cultiva a esperança de
que a ação divina possa ocorrer de acordo com as circunstâncias dadas. O justo perseguido, cuja voz
se escuta no Salmo 23, espera poder verificar o companheirismo confortante do SENHOR, ao andar
num vale escuro. Eis a sua razão por não querer temer mal algum. Cabe ainda observar dois
paralelismos que, mais facilmente, podem ser vistos ou ouvidos em hebraico. Em v. 1, o SENHOR
é chamado de meu pastor. O substantivo mal em v. 4 revela uma escrita e pronúncia semelhante.
Trata-se, portanto, de um paralelismo na base de uma aliteração. No mais, duas expressões verbais
ganham certa semelhança por apresentarem a mesma forma e por ser repetida a negação: confira
não sinto falta em v. 1 e não temo em v. 4. Surge, com isso, a impressão de que a forma do texto
apoia o conteúdo. A primeira parte do Salmo 23, formada por duas unidades literárias menores (v.
1-3 e v. 4), encontra-se, de certa forma, moldurada pelos paralelismos existentes entre v. 1 e v. 4. No
mais, a metáfora complexa do mundo pastoril, ao perpassar toda a primeira parte do Salmo 23,
confere coesão literária a v. 1-4.
ANÁLISE LINGUÍSTICA: A esperança que brota da experiência permite ao autor gloriar o
sofrimento. Não foi poupado de andar por muito vale escuro. Recordando essas passagens de sua
vida e a superação das mesmas, verifica a bênção que vem de íntima relação com Deus. Por isso
passa a expressar-se na linguagem da oração, dirigindo-se a Deus com um “tu”. Deus, que não o
abandonou nas horas de dificuldade e tirou-lhe o medo, foi seu guia, proteção e consolo na difícil
caminhada. Por isso a lembrança dos tempos difíceis é transfigurada em sentimento de gratidão por
profunda comunhão com Deus, permitindo-lhe seguir caminhando sem temor e esperançoso,
independente do que o futuro vier a trazer. Neste verso destacam-se duas ferramentas de uso do
Pastor:
1) Vara – Instrumento de defesa usada pelos pastores de ovelhas para afugentar lobos, leões e ursos,
Era uma espécie de bastão na muito longo, porem muito resistente. Vara nas escrituras representa
autoridade, correção, Jesus disse: João 10. 12 – 15: Mas o mercenário, e o que não é pastor, de
quem não são as ovelhas, vê vir o lobo, e deixa as ovelhas, e foge; e o lobo as arrebata e dispersa as
ovelhas. Ora, o mercenário foge, porque é mercenário, e não tem cuidado das ovelhas. Eu sou o
bom Pastor, e conheço as minhas ovelhas, e das minhas sou conhecido. Assim como o Pai me
conhece a mim, também eu conheço o Pai, e dou a minha vida pelas ovelhas.
2) Cajado – Segundo Matthew Henry, o cajado é um instrumento distinto da vara, usado para
resgatar a ovelha quando caem em algum precipício, podendo içá-las. Como instrumento de
misericórdia, o cajado fala de proteção e é indicado para dar direção. Parábola da ovelha perdida:
(Lucas 15: 4- 7) Que homem dentre vós, tendo cem ovelhas, e perdendo uma delas, não deixa no
deserto as noventa e nove, e não vai após a perdida até que venha a achá-la? E achando-a, a põe
sobre os seus ombros, gostoso; E, chegando a casa, convoca os amigos e vizinhos, dizendo-lhes:
Alegrai-vos comigo, porque já achei a minha ovelha perdida. Digo-vos que assim haverá alegria no
céu por um pecador que se arrepende, mais do que por noventa e nove justos que não necessitam de
arrependimento.
"o vale da sombra da morte"- Este é um CONSTRUCTO de "vale" e "escuridão", "sombra
profunda" (BDB 853). Muitos estudiosos pensam que צלמות vem de צל e מות.
1. sombra, trevas, escuridão
2. morte, morrendo
Ele é usado dezoito vezes no AT (dez em Jó) para:
1. morte - Jó 10.21, 22; 38.17; Sl. 107.10, 14
2. angústia - Jó 16.16; 24.17
3. frequentemente em contexto de contraste à luz - Jó 3.5; 12.22; 24.17; 28.3; 34.22; Jr. 13.16; Am.
5.8 Ele é usado em sentido figurado das experiências terríveis, angustiantes e fatais da humanidade
caída neste mundo caído. A vida é repleta de medos, mas Deus está conosco (cf. Sl. 23.4b, c; Dt.
31.6, 8; Mt 28.20; 2 Co. 4.9; Hb 13.5).
"não temerei... me consolam" Que contraste! Os fiéis enfrentam tribulações com confiança, porque
Deus está com eles (isto é, simbolizada com o cajado e o bordão do pastor, seus instrumentos de
cuidado e proteção). Problemas virão! Nós nunca os enfrentamos sozinhos! Nunca! Ele nunca nos
abandonará ou nos deixará (cf. Dt. 31.6; Js. 1.5; Hb 13.5).
ה׃ י רוי י כוסב אשי צ מן ר נת בשב י דש ן נברגד צרר לחי י ׀ שש ך לפנ תעשרת
ך תעשרת ta·‘ă·rōḵ prepara
י ׀ לפנ lə·pā·nay perante mim
ן לחי שש šul·ḥān, uma mesa
נברגד ne·ḡeḏ na presença
צררי ṣō·rə·rāy; dos meus inimigos
נת דש diš·šan·tā você unge
בשבמן ḇaš·še·men com óleo
רצאשיי rō·šî, minha cabeça
כוסבי kō·w·sî meu cálice
רויה׃ rə·wā·yāh. transborda
COMENTÁRIO: Na segunda parte do Salmo 23 (v. 5-6), é trabalhada outra imagem: o bom
anfitrião e a hospitalidade que este oferece. Novamente, duas pequenas unidades literárias formam
o trecho. Na primeira delas (v. 5), é mantida a direção do discurso da unidade literária anterior (v.
4). O salmista dirige-se diretamente ao SENHOR, dizendo-lhe como experimenta a ação
hospitaleira dele como anfitrião divino. O primeiro elemento da hospitalidade descrita no Salmo 23
refere-se à alimentação. O salmista imagina o SENHOR preparar uma mesa diante dele (v. 5), de
acordo com a cultura do Antigo Oriente, onde se cultiva “a expectativa de anfitriões, em suas
mesas, providenciarem comida para seus hóspedes”. Uma série de narrativas bíblicas ilustra este
costume. Ao apresentar a visita misteriosa a Abraão, a narrativa, no caso, reserva um espaço
significativo à preparação e à colocação dos alimentos diante dos visitantes (cf. Gn 18,1-8). De
forma semelhante, também Melquisedec (Gn 14,18), Ló (Gn 19,1-3), Raguel (Ex 2,20), o homem
de Belém (Jz 19,4-8), o imigrante de Gabaá (Jz 19,21), Booz (Rt 2,14), a viúva de Sarepta (1Rs
17,8-16) e a mulher de Sunam (2Rs 4,8-10) celebram sua hospitalidade, oferecendo comida a seus
hóspedes. Mais ainda: da mesma forma que o SENHOR preparou uma mesa para seu povo no
deserto (Sl 78,19), no tempo em que este, após a saída do Egito, caminhou rumo à liberdade na terra
prometida, ele alimenta agora o salmista, novamente em meio a circunstâncias adversas e num
ambiente hostil. Inimigos, pois, se opõem a quem dialoga no Salmo 23 com o SENHOR (v. 5). O
termo inimigo refere-se a pessoas que causam aflições a outros. De forma insensata (Sl 74,23),
encolerizam-se (Sl 7,7), favorecendo pranto (Sl 6,7s), escárnio (Sl 31,12), insulto (Sl 42,11),
afronta, vergonha e opróbrio (Sl 69,20). Os que afligem os demais podem ser conterrâneos, mas
também invasores estrangeiros que se fazem presentes em meio aos encontros no santuário (Sl
74,3s). Em todo caso, oferecer proteção e segurança ao hóspede – ou seja, conforto em meio a uma
situação perigosa (cf. v. 4) –, é outra tarefa do anfitrião, sobretudo, à noite. Exemplifica isso o
comportamento de Ló (Gn 19,4-11), de Raab (Js 2), do imigrante velho de Gabaá (Jz 19) e de Jó (Jó
31,32). Ao avançar com sua descrição da hospitalidade do SENHOR, o salmista traz, como terceiro
elemento, a ideia de sua cabeça ter sido oleada com perfume (v. 5; cf. Lc 7,46). “Na ocasião de uma
refeição festiva, pois, gordura perfumada é colocada sobre a cabeça dos hóspedes, sendo que ela
derrete com o calor do corpo, espalhando seu cheiro (Sl 133,2)”. Composto por diversos aromas e
tendo como base o azeite, o perfume oleoso refresca a pele da cabeça, favorecendo, desse modo, o
repouso (v. 2) e a recuperação do alento (v. 3), devolvendo vigor ao corpo inteiro (cf. Sl 92,11).
Neste sentido, é bom que, além dos vestidos brancos, não falte perfume sobre a cabeça do homem
(Ecl 9,8) e que o perfume não caracterize apenas o bem-estar dos nobres (cf. Am 6,6). O quarto
elemento da hospitalidade oferecida pelo anfitrião divino consiste na taça ou cálice transbordante (v.
5). O hóspede é convidado a participar da abundância dos bens do hospedeiro. Em hebraico, pois, o
adjetivo transbordante traz a conotação de beber muito e até embriagar-se. Mais ainda: ao pensar
que a taça transborde de vinho, favorece-se, então, a alegria e o bem-estar do coração (Sl 104,15;
Ecl 9,7) de quem se acomoda numa casa alheia. Por consequência, surge o resultado de que “o
SENHOR não conforta apenas o salmista em tempos difíceis, para que o salmista não sinta medo,
mas que a presença de Deus é tão profunda que Deus oferece até regozijo neste momento”. Enfim,
“a imagem do trato principesco do SENHOR com quem reza em v. 5, com os três aspectos básicos
da comida, bebida e unção, pertence, no Antigo Oriente, à tradição real”. Textos revelam como reis
oferecem este tipo de ceia festiva. Seja citada a inscrição do rei assírio Asarhaddon (680-669 a.C.):
“Os grandes e o povo de meu país: fiz todos se assentarem em mesas festivas, com refeição e muita
comida. Fiz jubilar seu coração, molhei seu interior com vinho branco e vinho tinto. E fiz suas
cabeças molharem-se com perfume precioso”. Também as imagens do Antigo Oriente apresentam
este tipo de cena, sendo que “a taça se torna o símbolo de tais refeições”. No Salmo 23, por sua vez,
o SENHOR, Deus de Israel, assume a função do rei e oferece os bens de forma abundante a seu
hóspede, sendo que este último, como justo perseguido, se encontra, neste momento, ameaçado em
sua sobrevivência por enfrentar opositores.
ANÁLISE LINGUÍSTICA: Observando o ambiente em que se encontra, o salmista volta-se à
outra questão. Parte do culto findou, os hinos emudeceram. Parte-se agora com roupas festivas,
tendo a cabeça ungida com óleo, para a ceia sacrificial no templo. Cf. Salmo 45.7; Lucas 7. 46. É
motivo de alegria poder ser hóspede de Javé (cf. Sl 15.1). Já outras vezes, o salmista há de ter
participado essa cerimônia, louvando o hospedeiro. Ela lhe lembra que, durante toda a sua vida,
vem sendo hóspede de Javé; dele recebeu comida e bebida. Mesmo seus inimigos não podem tirar o
brilho de sua alegria pela presença e bondade de seu hospedeiro. Assim, a alegria em Deus se
apresenta como possibilidade de superação das amarguras, provocadas pelos desacertos na
convivência humana. Azeite usado para tratar as feridas das ovelhas. O bom anfitrião, na Palestina
ungia o visitante com óleo, era um gesto de honra, neste salmo o Senhor unge sua ovelha com óleo,
ou azeite perfumado, representando a unção de Deus através de seu Espírito Santo. Pelo motivo de
as narinas da ovelha ser facilmente feridas ou infectadas: o pastor utiliza óleo como agente de cura e
proteção. Onde há moscas que podem perturbar as ovelhas, o óleo as mantém afastadas. Quando o
óleo é aplicado sobre a ovelha ela muda imediatamente o seu comportamento, acaba a irritação e a
inquietude. A ovelha volta a pastar com tranquilidade e permanece em pacifico contentamento.
Deus não é apenas conosco e por nós, Ele vai reivindicar-nos na presença de quem iria nos
prejudicar. A hospitalidade culturalmente esperada é usada para demonstrar a abundância
extravagante do amor de Deus. 1. mesa preparada 2. cabeça ungida 3. amor transbordante.
"transborda" - Esta é uma palavra rara ("saturada") encontrada somente aqui no AT. Salmo 66.12
usa "lugar de abundância" (com a ortografia ligeiramente diferente). A LXX traduz como "seu
cálice brinda-me como o melhor vinho" ou "seu cálice era extremamente intoxicante", o que,
obviamente, tem a ideia de "saturada" como "intoxicado".
ים׃ רך ימ ה לאא הוי י בבית־ יצ י חיי ושבתב רדפוני כל־ ימא סד י וב וחא ך ׀ טה אה
אהך ׀ ’aḵ Certamente
וב טה ṭō·wḇ bondade
סד וחא wā·ḥe·seḏ e fidelidade à aliança (ao pacto)
ירדפוני yir·də·pū·nî me seguirão
כל־ kāl- todos
ימאי yə·mê os dias
חיי ḥay·yāy; da minha vida
י ושבתב wə·šaḇ·tî e habitarei
בבית־ bə·ḇêṯ- na casa
ה הוי יצ YHWH do SENHOR
לאארך lə·’ō·reḵ em perpetuidade
ימים׃ yā·mîm. de dias
COMENTÁRIO: Como no início da oração (v. 1-3), o salmista dirige-se, também no final de seu
discurso (v. 6), a quem o ouve, dando destaque à atuação do SENHOR com ele. Dois paralelismos
reforçam a conexão entre as unidades literárias no início e no final do poema, tornando visível uma
moldura em torno da parte central (v. 4.5), onde o salmista fala diretamente a seu Deus. De um lado,
observa-se que a oração começa com a menção do nome de Deus, sendo que o tetragrama é
traduzido aqui como SENHOR (v. 1). Pela segunda vez, o nome de Deus aparece somente no final
do poema (v. 6). No mais, v. 6 tem caráter de conclusão e resumo. A linguagem metafórica cede
lugar à linguagem abstrata. O uso tanto de bondade quanto de misericórdia para descrever o amor
leal de Deus intensifica o sentido de ambas as palavras. O que o salmista destaca no versículo 5 é a
abundante misericórdia de Deus — Seu amor imerecido por nós. O verbo hebraico seguir refere-se
aqui a um animal caçando. Quando o SENHOR é nosso Pastor, em vez de sermos perseguidos por
feras selvagens, somos seguidos pelo Seu amor. Na casa do SENHOR por longos dias. A promessa
de Deus aos israelitas não era somente do usufruto desta vida na terra prometida (Sl 6.1 -3); mas
valia também para o usufruto total de vida eterna em Sua abençoada presença (Sl 16.9-11; 17.15;
49.15).
ANÁLISE LINGUÍSTICA: O reconhecimento da muita bênção recebida provoca no autor um
grito de imensa alegria: Bondade e misericórdia certamente me seguirão todos os dias de minha
vida. Ele descobriu a grandeza da bênção de Deus em sua vida. Sua felicidade não pode mais ser
diminuída por experiências más. Até o fi m de sua vida, nada poderá separá-lo da bondade e do
amor de Deus. A experiência da proximidade de Deus no templo transforma-se em certeza do que
há de acontecer no futuro. Novamente a concomitância de tempos da fé de Israel: para todo o
sempre. É óbvio que o “para todo o sempre” não se refere mais ao templo, mas à comunhão com
Deus, pois o templo não durará para todo o sempre. Mesmo assim, o templo é o lugar santo no qual
se experimenta mais profundamente a proximidade de Deus do que na balbúrdia das avenidas.
O verbo [seguir] tem aqui o mesmo sentido, no original hebraico, da palavra utilizada para
descrever o ato de caçar de um animal selvagem. Quando o Senhor é o nosso Pastor, ao invés de
sermos perseguidos por feras selvagens, somos seguidos pela bondade e pela misericórdia, que
descrevem o amor leal de Deus.
Habitarei na casa do SENHOR: Mais do que uma promessa terrena e material, esta palavra também
é uma profecia do Reino eterno do nosso Senhor Jesus, em cuja presença estaremos para sempre,
usufruindo das suas promessas e de suas bençãos, vivendo eternamente com Ele.
OBSERVAÇÃO LEXICOGRÁFICA:
YHWH
No Sl 23.1 segundo a Bíblia de Estudo Palavras-Chave com o Dicionário de Strong: “ (Y howah) ...;
(o) auto-Existente ou Eterno; Jehovah, nome nacional judaico de Deus:-Jeová, o SENHOR.
Substantivo que significa Deus. A palavra se refere ao nome próprio do Deus de Israel,
particularmente o nome pelo qual Ele se revelou a Moisés (Êx 6.2,3). Tradicionalmente, o nome
divino não era pronunciado, principalmente em respeito por sua santidade (cf. Êx 20.7; Dt 28.58).
Até a Renascença, ele era escrito sem as vogais no texto hebraico do Antigo Testamento, sendo
traduzido como YHWH. Contudo, desde aquela época, as vogais de outra palavra, donay, foram
supridas na expectativa de se reconstruir a pronúncia. Embora a derivação exata do nome seja
incerta, muitos estudiosos concordam que o seu significado básico deveria ser compreendido no
contexto da existência de Deus, i.e., de que Ele é o ‘Eu Sou o Que Sou’ (Êx 3.14), aquele que era,
que é, e que sempre será (cf. Ap 11.17). Traduções mais antigas da Bíblia, e muitas outras mais
recentes, usam da prática de representar o nome divino com letras maiúsculas, para distingui-lo de
outras palavras hebraicas. Ele é mais frequentemente traduzido por Senhor (Gn 4.1; Dt 6.18; Sl
18.31[32]; Jr 33.2; Jn 1.9), mas também por Deus (Gn 6.5; 2 Sm 12.22) ou JEOVÁ (Sl 83.18[19]; Is
26.4). A frequente aparição deste nome em relação à obra redentora de Deus enfatiza a sua tremenda
importância (Lv 26.45; Sl 19.14[15]). Além disto, ele aparece, às vezes, composto com outra
palavra, para descrever o caráter do Senhor com maior detalhe (veja Gn 22.14; Êx 17.15; Jz 6.24).”
Wayne Grudem em sua Teologia Sistemática (Ed. Vida Nova, p.110) comenta: “Também se vê a
independência de Deus na sua autodesignação em Êxodo 3.14: ‘Disse Deus a Moisés: Eu Sou o que
Sou’. É também possível traduzir assim essa declaração: ‘Eu serei o que serei’, mas em ambos os
casos subentende-se que a existência e o caráter de Deus são determinados somente por ele, não
dependendo de ninguém nem de coisa nenhuma. Isso significa que o ser divino sempre foi e sempre
será exatamente o que é. Deus não depende de parte nenhuma da criação para sua existência ou sua
natureza.” O Ser divino é transcendente, auto existente, único em categoria, singular. O nome
sublime, pois representa o Ser sublime. Girdlestone em ‘Sinonimos del Antiguo Testamento’ (CLIE,
p.45) afirma: Jehová Y hôvâh, que aparece em torno de 5.500 vezes no AT. ...Na forma abreviada,
Yâhh ou Jah, aparece em Êx 15.6 e 17.16 além de Isaías e em trinta e cinco passagens nos Salmos,
como Sl 77.11 e 89.8. Forma parte da expressão ‘Aleluia’, halleluyah, isto é Louvai a Yâhh. Um
teólogo escocês (citado por R. B. Girdlestone) coloca: ‘Em o nome Jehová se expressa de uma
maneira distintiva a Personalidade do Ser Supremo. É em todas as partes um nome próprio,
denotando a Pessoa de Deus, e só a dEle, tanto que Elohim participa mais do caráter de um nome
comum, denotando em geral, porém não necessária e uniformemente, o Ser Supremo. Um hebreu
pode dizer o Elohim, o verdadeiro Deus, em oposição a todos os falsos deuses; porém nunca diz o
Jehová, porque Jehová é o nome do Deus único e verdadeiro. Diz uma vez ou outra meu Deus,
porém nunca meu Jehová, porque quando diz ‘meu Deus’ refere-se a Jehová. Fala de o Deus de
Israel, porém nunca de o Jehová de Israel, porque não há outro Jehová. Fala de o Deus vivente,
porém nunca de o Jehová vivente, porque de Jehová só pode conceber como vivente.” (tradução
nossa). Tryggve N. D. Mettinger ( O Significado e a Mensagem dos Nomes de Deus na Bíblia.
Academia Cristã, pp.59ss) afirma: “A interpretação bíblica do nome divino em Ex 3,14 A única
passagem do Antigo Testamento que oferece uma explicação do significado do nome de Deus é Ex
3,14 e dele se infere que a raiz do nome deriva do verbo ‘ser’. Em resposta à pergunta (v.13) sobre o
nome de seu interlocutor, Moisés recebe duas respostas paralelas, que deve transmitir aos israelitas:
1. ‘Eu sou’ (‘ehyeh...em hebraico) me enviou até vós (v.14). 2. Iahweh...me envia até vós (v.15).
Ambas as expressões possuem uma lógica interna que não se deve esquecer. O nome de Deus é
YHWH, isto é, ‘Ele é’; quando fala de si mesmo não o faz na terceira pessoa, mas diz naturalmente
‘eu sou’ (v.14); mas quando Moisés deve se referir a Ele, o próprio é que deverá dizer ‘Ele é’
(v.15)....YHWH, o nome hebraico de Deus deve ser entendido como uma forma derivada do verbo
hayâ ‘ser’. Trata-se mais precisamente de uma forma da raiz principal do verbo cujo significado é:
‘Ele é’.” Estes termos denotam a existência eterna de YHWH, sua existência plena em Si mesmo,
sua existência independente de qualquer outro ser, totalmente distinto. O Ser que existe por Si, em
Si e para Si resolveu criar e amar o ser humano.
PASTOR
W. Vine, Merril Unger e William White Jr (Dicionário VINE. CPAD, pp.41-2) expressam: ro’eh,
pastor. Este substantivo ocorre por volta de 62 vezes no Antigo Testamento. É aplicado a Deus, o
Grande Pastor, que pastoreia ou alimenta Suas ovelhas (Sl 23.1-4; cf. Jo.10.11). Este conceito de
Deus, o Grande Pastor, é muito antigo, tendo sua primeira ocorrência na Bíblia nos lábios de Jacó
em Gn 49.24: ‘Donde é o Pastor e a Pedra de Israel’. [APASCENTAR] ra’ah ‘pastar, pastorear,
apascentar. Esta raiz semita comum aparece no acadiano, fenício, ugarítico, aramaico e árabe. É
atestada em todos os períodos do hebraico e em torno de 170 vezes na Bíblia. ...O termo ra’ah
descreve o que um pastor permite que os animais domésticos façam enquanto eles se alimentam no
campo. Em sua primeira ocorrência, Jacó fala aos pastores: ‘Eis que ainda é muito dia, não é tempo
de ajuntar o gado; dai de beber às ovelhas, e ide, e apascentai-as’ (Gn 29.7). A palavra ra’ah também
descreve o trabalho do pastor. ‘Sendo José de dezessete anos, apascentava as ovelhas com seus
irmãos; e [ele ainda era jovem]’ (Gn 37.2). Usado metaforicamente, este verbo descreve um líder ou
a relação de um soberano para com o seu povo. Em Hebrom, o povo disse a Davi: ‘E também
dantes, sendo Saul ainda rei sobre nós, eras tu o que saías e entravas com Israel; e também o
SENHOR te disse: Tu apascentarás o meu povo de Israel e tu serás chefe sobre Israel’ (2 Sm 5.2). O
verbo é empregado figuradamente no sentido de ‘prover acalento’ ou ‘animar’: ‘Os lábios do justo
apascentam muitos, mas os tolos, por falta de entendimento, morrem’ (Pv.10.21). Usado no modo
intransitivo, ra’ah descreve o que o gado faz quando se alimenta no campo. Faraó sonhou que
‘subiam do rio sete vacas, formosas à vista e goras de carne, e pastavam no prado’ (Gn 41.2). Este
uso é aplicado metaforicamente a homens em Is 14.30: ‘E os primogênitos dos pobres [os que são
muito indefesos] serão apascentados, e os necessitados se deitarão seguros’.”
SALMOS 37
Este Salmo se alterna entre advertir e descrever os fiéis seguidores e descrever os infiéis. A questão
teológica é a prosperidade dos ímpios (Sl 73; Habacuque). YHWH é caracterizado de várias formas
diferentes. Ele sustenta os fiéis e destrói os infiéis. Este é um salmo acróstico. Cada letra sugestiva
tem dois versículos (ou seja, 4 linhas), exceto Qoph, 37.34, que tem 3 linhas. A teologia deste
Salmo sobre herdar a terra (ou seja, Canaã) e prosperidade está baseada em Gênesis 12.1-3 (o
chamado inicial de YHWH e as promessas a Abraão), que se desenvolve sob Moisés para a aliança
mosaica. Ela tinha bênçãos para a obediência e maldições para a desobediência (cf. Lv. 26;
Deuteronômio 27-30 como um bom resumo). YHWH queria revelar-se ao mundo através de Seu
povo especial da aliança, Israel. Israel tinha que revelar a Sua graça, misericórdia e amor através de
sua prosperidade e de sua cultura de acordo com Deus. Como é óbvio a partir dos livros históricos
(ou seja, Josué - 2 Reis), a desobediência de Israel contraria esta finalidade. Israel foi julgado e o
pacto quebrado (ou seja, o exílio). Portanto, YHWH foi forçado a iniciar uma "nova aliança" (cf. Jr.
31.31-34; Ez. 36.22-38) com base na Sua graça e ações, e não na obediência da humanidade a caída
(ou seja, o evangelho de Jesus Cristo registrado no NT). Com esta nova aliança as promessas feitas
a Israel foram anuladas!
ה׃ י עול א בעשב קני ים אל־ תצ ר במרע ד ׀ אל־ תתחב לדו
ד ׀ לדו lə·ḏā·wiḏ [Um salmo] de David
אל־ ’al- não
תתחבר tiṯ·ḥar se preocupe
ים במרע bam·mə·rê·‘îm; por causa dos malfeitores
אל־ ’al- não
א קני תצ tə·qan·nê, seja invejoso
י בעשב bə·‘ō·śê contra os trabalhadores
ה׃ עול ‘aw·lāh. da iniquidade
COMENTÁRIO: Não se preocupe com o aparente triunfo do ímpio (ver Pv 24:19). O cristão deve
vencer a ira, pois, ao irar-se, ele perde a perspectiva e clareza de visão. Além disso, quando a pessoa
se ira fica incapaz de ajudar o próximo e, como consequência, também deixa de fazer o que é
correto. O salmo começa e prossegue em grande parte no estilo de Provérbios. Nunca deveríamos
invejar pessoas ímpias, mesmo que elas sejam extremamente populares ou excessivamente ricas.
Não importa o quanto elas tenham, isto se apagará e desaparecerá como a grama que seca e morre.
Aqueles que seguem a Deus vivem diferentemente do ímpio e, ao final, terão grandes tesouros no
Céu. Aquilo que o descrente consegue pode durar o tempo de uma vida, se ele tiver sorte. Aquilo
que você conseguir seguindo a Deus durará para sempre.
ANÁLISE LINGUÍSTICA: Este início sapiencial está diretamente ligado a alguns provérbios:
Não te aflijas por causa dos maus, nem tenhas inveja dos ímpios. Pois não há futuro pra o mau: a
lâmpada dos ímpios se extingue (Pr 24,19-20). Não tenhas inveja do homem violento, nunca
escolhas seus caminhos; porque o perverso é a abominação de Iahweh (Pr 3,31-32). Que o teu
coração não inveje os pecadores (Pr 23,17).
Não invejes: o verbo invejar expressa uma emoção muito forte na qual o sujeito quer ter a posse de
algum objeto ou qualidade de outrem. A inveja pode levar alguém a eliminar o outro, fisicamente.
שא יבולון׃ י לו וכיבררק דצ ה ימ חציר מהרא י כ כא
כאי kî Pois
כחציר ḵe·ḥā·ṣîr como a relva
ה מהרא mə·hê·rāh eles devem em breve
ימלו yim·mā·lū; ser cortados
וכיבררק ū·ḵə·ye·req e como a verde
דצישא de·še, planta
יבולון׃ yib·bō·w·lūn. murcharão
COMENTÁRIO: Como a relva. Uma comparação muito comum (ver Sl. 90:5 e 6; 103:15).
ANÁLISE LINGUÍSTICA: O salmista insiste no destino dos malvados, certamente por causa da
sedução que eles exercem sobre os justos. Ao falar que o castigo virá depressa, aborda a
impaciência de seus ouvintes em ver o fim dos maus.
ה׃ מונ ה אמ רץ ורעב י יהוה ועששה־ טוב שכן־ אצ ח ב בטא
בטאח bə·ṭaḥ Confia
יהוה ב YHWH no SENHOR
ועששה־ wa·‘ă·śêh- e faça
טוב ṭō·wḇ; o bem (o que é bom)
שכן־ šə·ḵān- [então] você deve morar
רץ י אצ ’e·reṣ, na terra
ה ורעב ū·rə·‘êh e você será alimentado
ה׃ מונ אמ ’ĕ·mū·nāh. verdadeiramente
COMENTÁRIO: Os melhores antídotos para a impaciência são a confiança em Deus e achar-se
sempre ocupado no que tem valor ante Deus e para o próximo.
ANÁLISE LINGUÍSTICA: Confiar significa entregar-se, dar-se por completo. Existe uma
diferença entre acreditar e confiar. Conta-se que um homem malabarista, anunciou para os
jornalistas que atravessaria de bicicleta, de um prédio para o outro, sobre uma corda. A maioria das
pessoas quando ouviram a notícia não acreditaram naquilo. Então, uma pessoa, uma única pessoa
procurou o malabarista e disse: eu acredito que você conseguirá. Então o malabarista respondeu:
então sobe na minha bicicleta e atravessa comigo. A pessoa respondeu: não tenho coragem. Então o
malabarista replicou: você acredita que atravesso, mas não confia em mim. Aqui está a diferença
entre acreditar e confiar. Acreditar é mais fácil. A Bíblia diz que até o Diabo e seus demônios
acreditam em Deus: “Crês tu que Deus é um só? Fazes bem; os demônios também o creem, e
estremecem” (Tiago 2.19). A confiança significa entregar-lhe o próprio caminho para que possa
atuar. O imperativo habita surpreende, porque os marginalizados ainda se acham despossuídos. No
contexto, soa como convite a permanecer e não se desterrar do país, como acontecera no tempo da
ocupação babilônica: Nabuzardã, comandante da guarda, deixou no território de Judá aqueles dentre
o povo que eram pobres e não possuíam nada, e naquele dia, distribuiu-lhes vinhas e campos (Jr
39,10).
ך׃ ת לב לב ךי משאש תן־ לצ והתענבג על־ יהוה וי
והתענבג wə·hiṯ·‘an·naḡ e Deleita
על־ ‘al- no
יהוה YHWH SENHOR
תן־ וי wə·yit·ten- e ele deve dar
לצךי lə·ḵā, para você
ת לב משאש miš·’ă·lōṯ os desejos
לבך׃ lib·be·ḵā. do Seu coração
COMENTÁRIO: Se escolhemos e amamos o que Deus ama, gozaremos em nossos desejos ou
petições. Com referência à identificação de nossos pensamentos e nossas metas com os planos que
Deus tem para nós. O que deseja o teu coração. Se os desejos do justo emanam do SENHOR, o
SENHOR certamente os satisfará.
ANÁLISE LINGUÍSTICA: O texto fala de uma vida que tem prazer nas coisas de Deus. O texto
tem uma promessa de que se vivermos uma vida que agrada a Deus, uma vida de onde nossa fonte
de alegria esteja em estar em sua presença, ele nos dará todas as outras coisas. Esse texto tem
respaldo nas palavras de Jesus: “Mas buscai primeiro o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas
vos serão acrescentadas” (Mt 6.33). Tem uma canção do Kleber Lucas, que leva o título “Não posso
te deixar”, que diz: “Eu ando com meu Deus na rua, E quando chego em casa ele está comigo. Eu
falo com meus Deus na hora de dormir, e logo quando acordo digo: "Eis me aqui" Sou de Jesus. E
mesmo atarefado sempre estou ligado Eu não abro mão da presença, e no partir do pão em cada
comunhão Graças, graças por tudo Sou de Jesus”. Observe o que diz o versículo 23-24 do mesmo
salmo: “23 O SENHOR firma os passos do homem bom e no seu caminho se compraz; 24 se cair,
não ficará prostrado, porque o SENHOR o segura pela mão” (Salmo 37.23-24). Nos deleitamos
nele, e ele se agrada de nós. É um amor relacional. Nós o amamos porque Ele nos amou primeiro.
Jesus não nos prometeu uma vida sem dores, mas ao contrário nos alertou que no mundo teríamos
aflições. O texto fala de queda. Podemos cair, tropeçar, mas o texto nos promete: “se cair, não ficará
prostrado, porque o SENHOR o segura pela mão”. Deleitar é: Se deliciar, Agradar-se, Ter prazer em
Deus. Mas, no sentido espiritual da Palavra, é: Amamentar-se, é leitar-se de Deus. Confiança é
conhecimento de Deus. Deleitar-se, é ter prazer em se alimentar de Cristo, do puro leite
espiritual."Desejai afetuosamente, como meninos novamente nascidos, o leite racional, não
falsificado, para que por ele vades crescendo; se é que já provastes que o SENHOR é benigno." (1
Pedro 2:2-3) O Salmo 131 traz com mais clareza o que é deleitar-se, quando diz: "SENHOR, o meu
coração não se elevou nem os meus olhos se levantaram; não me exercito em grandes matérias, nem
em coisas muito elevadas para mim. Certamente que me tenho portado e sossegado como uma
criança desmamada de sua mãe; a minha alma está como uma criança desmamada. Espere Israel no
SENHOR, desde agora e para sempre." (Salmos 131). A confiança em Iahweh significa colocar nele
a alegria. Ele responde aos desejos profundos do coração do justo.
ה׃ וא יעשש יו והא לי ח עצ ול על־ יהואה דרכך ובטב גא
גאול gō·wl Entregue
על־ ‘al- ao
יהואה YHWH SENHOR
דרכך dar·ke·ḵā; Seu caminho
ובטבח ū·ḇə·ṭaḥ e confie
יו לי עצ ‘ā·lāw, também nEle
והאוא wə·hū e Ele [isso]
ה׃ יעשש ya·‘ă·śeh. deve fazer passar
COMENTÁRIO: Se a carga é demasiada pesada, temos mais que colocá-la sobre o SENHOR.
David Livingstone declarou que esse versículo o sustentava em todo momento, tanto na África
quanto na Inglaterra. Entrega o teu caminho significa depositá-lo junto ao SENHOR — magnífica
imagem de confiança total nele. Podemos simplesmente entregar a Deus o fardo que nos é pesado
demais. Entregar-se ao SENHOR significa confiar tudo – nossas vidas, famílias, ocupações, posses
– ao Seu controle e orientação. … significa confiar nEle, acreditando que ele pode cuidar melhor de
nós do que nós mesmos. Devemos estar dispostos a esperar pacientemente para que ele faça o que é
melhor para nós.
ANÁLISE LINGUÍSTICA: Entregar/encomendar é um verbo que significa fazer girar ou rodar
algo para passá-lo a outrem. O caminho é a linha de conduta que se segue: um caminho ético e
prático. Essa entrega significa confiança que crê em sua ação para que ele manifeste a justiça e o
direito do justo. Entregar é deixar nas Suas mãos, é verdadeiramente abandonar o que estamos
fazendo para que Deus faça. Entregar, no sentido espiritual, é ceder para Aquele que pode todas as
coisas. É necessário entregarmos o nosso caminho ao Senhor, porque é Ele que tudo fará. Cristo é o
caminho, e esse caminho nós não conhecemos, nunca passamos. É Ele quem nos fará conhecer. É
Ele quem tudo fará. Entregar é: Ceder completamente, Render-se inteiramente: "Porque para Deus
nada é impossível. Disse então Maria: Eis aqui a serva do Senhor; cumpra-se em mim segundo a tua
palavra. E o anjo ausentou-se dela." (Lucas 1:37-38). Andar, crer e confessar que: "Já estou
crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na
carne, vivo-a na fé do Filho de Deus, o qual me amou, e se entregou a si mesmo por mim." (Gálatas
2:20). Levar o morrer de Jesus no nosso corpo, para que a vida de Cristo se manifeste em nossa
carne mortal.
ים׃ צהר ך כ משפטי ך וצ ור צדק יא כאא והוצא
והוצאיא wə·hō·w·ṣî E ele deve produzir
ור כאא ḵā·’ō·wr como a luz
צדקך ṣiḏ·qe·ḵā; Sua justiça
ך משפטי וצ ū·miš·pā·ṭe·ḵā, E Seu julgamento
רים׃ כצה kaṣ·ṣā·ho·rā·yim. como o meio-dia
COMENTÁRIO: Se, quando caluniado, o crente confia em Deus, Ele dissipará as nuvens de modo
que seu verdadeiro caráter e suas razões sejam tão claros como o sol do meio-dia (ver Jr 51:10).
ANÁLISE LINGUÍSTICA: Iahweh levará adiante teu direito, com a mesma garantia e
pontualidade como a aurora, e como o meio dia. Luz e meio dia expressam a luminosidade, a
evidência que não permite ocultar algo. Pode-se relacionar essa expressão com a de Os 6,5: o meu
julgamento virá como luz. Pode-se recordar o sol da justiça de Ml 3,20. A luz brilhará nas trevas (Is
58,10) refere-se ao resplendor do homem justo e generoso.
ה מזמות׃ יש עשב אי יח דרכו בצ תחר במצלא ו אל־ ת ל לב ום ׀ ליהוה והתחולו דה
דהום ׀ dō·wm Descanse
ליהוה YHWH no SENHOR
והתחולול wə·hiṯ·ḥō·w·lêl e espere pacientemente
ו לב lōw para
אל־ ’al- não se preocupar
תתחר tiṯ·ḥar .. .. ..
במצלאיח bə·maṣ·lî·aḥ por causa dele que prospera
דרכו dar·kōw; em seu caminho
יש אי בצ bə·’îš, por causa do homem
ה עשב ‘ō·śeh passar
מזמות׃ mə·zim·mō·wṯ. dispositivos perversos
COMENTÁRIO: Se descansássemos, poderíamos ouvir na quietude a voz de Deus, que nos fala
para nos aquietar. Descansa [...] espera nele. Estes conselhos voltam a ressaltar a principal
mensagem do salmo: não te indignes (v. 1). Não se trata de chamados à inatividade, mas, sim, à
dependência ativa do SENHOR vivo. O salmo nos exorta que paremos de nos preocupar.
ANÁLISE LINGUÍSTICA: Uma das canções mais belas do ministério do Diante do Trono diz:
“Desde a antiguidade não se viu, Nem jamais se ouviu, De um Deus semelhante a ti, Que trabalha
por quem espera e confia em ti, Em me arrepender e sossegar, Em me tranquilizar está minha
salvação, Minha força está em esperar, confiar em ti, Enquanto eu descanso em Deus, Ele me dá
tudo o que eu preciso, É descansar, confiar, entregar, todo o meu cuidado a Deus, Descansar,
repousar, colocar minha esperança em Deus”. (Descanso em Deus – DT). Essa canção reflete o que
o salmista está querendo nos ensinar. O nosso dever é descansar e esperar em Deus. Não devemos
olhar para o nosso redor, mas devemos olhar para Deus, e colocarmos a nossa esperança em Deus.
O verbo ום .possui 3 ocorrências no Velho Testamento (Josué 10.12, Salmos 37.7 e Ezequiel 24.17) דה
A expressão verbal ל .possui apenas ocorrência neste Salmo והתחולו
ע׃ ר אך־ להר תחי ה אל־ תצ ב חמ אף ועשזא רף מ הא
רף הא he·rep Cesse
מאף mê·’ap de raiva
ב ועשזא wa·‘ă·zōḇ e abandone
ה חמ ḥê·māh; ira
אל־ ’al- não se preocupe
תצתחיר tiṯ·ḥar, .. .. ..
אך־ ’aḵ- de qualquer forma
ע׃ להר lə·hā·rê·a‘. para maldade
COMENTÁRIO: O salmista segue dando conselhos a respeito de como devemos considerar os
ímpios. Não temos de abrigar sentimentos de ira contra eles nem contra Deus porque Deus lhes
concede um pouco mais de tempo. Seu castigo final está nas mãos de Deus. O salmista aconselha a
respeito da atitude para com o malfeitor. Não se deve abrigar sentimentos de ira contra ele, pois isso
lhe permite seguir adiante com o mal. O castigo dele está nas mãos de Deus. Ira e preocupação são
duas emoções muito destrutivas. Elas revelam pouca fé de que Deus nos ama e está no controle.
Não devemos nos preocupar. Em vez disso, devemos confiar em Deus, entregando-nos a Ele para
que Ele nos use e nos guarde seguros. Quando você se concentra em seus problemas, você se torna
ansioso e irritado. Mas se você se concentrar em Deus e em Seu bondade, você encontrará paz.
Aonde você foca a sua atenção?
ANÁLISE LINGUÍSTICA: Aqui, novamente, é a ênfase recorrente no AT da soberania e
presciência de Deus (cf. Sl 37.23). Toda a história está presente diante dele. Os fiéis seguidores
podem confiar que: 1. o passado é perdoado 2. o presente está empoderado 3. o futuro é seguro.
Deixa a ira – Este termo é usado para designar nariz ou face. Em geral, é usado para expressar a ira
do ser humano e de Deus. A ira é uma emoção que nasce do desejo de que se faça justiça. A ira e o
desgosto (irritação) são duas das emoções mais destrutivas. Revelam uma falta de fé em que Deus
nos ama e está ao leme de nossas vidas. Não devemos nos desgostar. Em troca, devemos confiar no
Senhor, nos entregando ao para seu serviço e para que nos ponha a salvo. Quando você se enfrasca
em seus problemas, volta-se ansioso e se zanga. Mas se se concentra em Deus e em sua bondade,
encontrará paz. Onde põe sua atenção?
רץ׃ ירשו־ א מה י ה הא הוי רעים יכרתון וקובי יצ י־ מ כ
י־ כ kî- Porque
רעים מ mə·rê·‘îm malfeitores
יכרתון yik·kā·rê·ṯūn; devem ser exterminados
וקובי wə·qō·wê mas aqueles que esperam
ה הוי יצ YHWH no YHWH
מה הא hêm·māh eles
יירשו־ yî·rə·šū- herdarão
ארץ׃ ’ā·reṣ. a terra
COMENTÁRIO: Os que esperam. Cf. vers. 7. Os vers. 9-15 tratam principalmente da sorte dos
ímpios. Possuirão a terra. Ver vers. 3, 11, 22, 29, 34. Essa consoladora e preciosa promessa se deixa
ouvir em todo o salmo. Cf. Sl. 25:13; Is. 57:13; Mt. 5:5.
ANÁLISE LINGUÍSTICA: A motivação para o justo confiar em Iahweh é porque ele fará triunfar
a justiça e o direito. O porquê do v. 9 é um eixo do salmo: a retribuição acontecerá para cada um
conforme suas obras. Ainda um pouco, e não haverá mais ímpio, mas os pobres possuirão a terra. O
convite ao controle e à calma tem em vista romper com a prática dos ímpios e colocar a confiança
em Iahweh, descobrindo alternativas que não são contempladas na sociedade violenta.
No sentido em que nós entendemos a palavra, o israelita herdava a propriedade de seu pai (Lv
25,46). Mas a palavra hebraica “herdar”(nahal) tem um sentido mais amplo que em português.
Israel recebe como herança Canaã, que é propriedade do Senhor (Js 22,19), prometida aos patriarcas
(Gn 12,7). Canaã e o povo de Israel são herança de Deus, sem que ele os tenha recebido de outrem
(Ex 15,17; Dt 9,26-29). O sacerdócio é a herança da tribo de Levi (Js 18,7). Quanto à legislação
sobre a herança, que passa de pais a filhos, ver Nm 27,1-19 e Dt 21,15-17.
נו׃ ו ואינ ע והתבונ נת על־ מקומא ין רש עט ואא וד מ ועא
וד ועא wə·‘ō·wḏ Pois ainda
עט מ mə·‘aṭ um pouco
ין ואא wə·’ên e nem
ע רש rā·šā‘; os maus
והתבונ נת wə·hiṯ·bō·w·nan·tā você deve considerar diligentemente
על־ ‘al- em
ו מקומא mə·qō·w·mōw para seu lugar
ואיננו׃ wə·’ê·nen·nū. e não
COMENTÁRIO: Muitas vezes, os ímpios parecem prosperar; mas este salmo nos lembra
repetidamente que os malfeitores serão desarraigados. Ainda um pouco. Do ponto de vista de Deus,
a prosperidade do perverso dura muito pouco (Ec 3.16,17).
ANÁLISE LINGUÍSTICA: YHWH está no controle do tempo. Há um plano, um propósito e um
resultado justo. A justiça será vitoriosa no final e a maldade será exposta, julgada e eliminada (cf.
Sl. 37.13)!
ב שלום׃ ו על־ רב התענגי רץ וצ ירשו־ א ים י נוב ועש
ים נוב ועש wa·‘ă·nā·wîm Mas os mansos
יירשו־ yî·rə·šū- herdarão
ארץ ’ā·reṣ; a terra
ו התענגי וצ wə·hiṯ·‘an·nə·ḡū, e se deleitarão
על־ ‘al- na
רבב rōḇ abundância
שלום׃ šā·lō·wm. de paz
COMENTÁRIO: Os mansos herdarão a terra. Jesus cita estas palavras em Mateus 5.5,
confirmando o Antigo Testamento e demonstrando a importância dos Salmos na Sua vida e na
nossa. Mansidão dificilmente parece ser a arma adequada para lidar com os inimigos. A guerra de
Deus deve ser realizada com fé e humildade tranquilas diante de Deus e esperança na Sua
libertação. Jesus também promete uma recompensa segura por essas atitudes (Mateus 5: 5).
ANÁLISE LINGUÍSTICA: A mansidão não parece ser a arma apropriada para enfrentar inimigos.
A batalha de Deus deve levar-se a cabo com uma fé serena, humildade diante Do e esperança em
sua liberação. Jesus também promete uma recompensa segura para os que têm atitudes humildes
(Mat_5:5). MT 5.5, ao citar este texto, amplia o horizonte; já não se trata sozinho da "terra" do
Canaán, mas também do reino de Deus. Cf. Dt 11.8-9; Sl 25.12-13.
יו׃ יו שנ ק עלא יק וחר שע לצד ם ר זמא
זמאם zō·mêm maquina
שע ר rā·šā‘ O ímpio
יק לצד laṣ·ṣad·dîq; contra o justo
ק וחר wə·ḥō·rêq e range
יו עלא ‘ā·lāw contra ele
שניו׃ šin·nāw. com seus dentes
COMENTÁRIO: Veja o Salmos 35:16 – Com hipócritas zombadores nas festas, rangiam os
dentes contra mim.
ANÁLISE LINGUÍSTICA: A descrição revela a relação social entre dois grupos, que longe de
serem autônomos e caminharem por caminhos paralelos, vão pelo mesmo caminho: os ímpios
provocando e atacando os justos. A expressão ranger os dentes é gesto de ira ou de burla: Se eu
caio, eles me cercam, rangendo os dentes contra mim (Sl 35,16). Sua ira persegue-me para
dilacerar-me, range contra mim os dentes (Jó 16,9).
א יומו׃ ב י־ יב ה כ אי י־ רצ דנבי ישחק־ לו כ אש
דנבי אש ’ă·ḏō·nāy O Senhor
ישחק־ yiś·ḥaq- rirá
לו lōw; do
י־ כ kî- pois
ה אי רצ rā·’āh, Ele vê
י־ כ kî- que
א ב יב yā·ḇō está chegando
יומו׃ yō·w·mōw. seu dia
COMENTÁRIO: O Senhor se rirá. Estas palavras relembram a risada de Deus em Salmos 2.4. Que
completo terror para o ímpio ouvir a risada de Deus para ele! Compare com o agrado que o Senhor
demonstra pelo caminho do justo (v. 23).
ANÁLISE LINGUÍSTICA: Diante dessa atitude e prática dos ímpios, Deus vê seu dia chegando e
ri às suas custas. O seu dia é o dia de prestar contas. Na sua transcendência, o Senhor contempla a
história e seu olhar abarca o processo presente e seu desenrolar até o desenlace.
רך׃ וח ישרי־ ד טבי י ואביון לצ הפיל ענא ם ל שתב ו רשעים ודרכו קו תחא רב ׀ פ חה
חהרב ׀ ḥe·reḇ a espada
פתחאו pā·ṯə·ḥū têm puxado
רשעים rə·šā·‘îm O ímpio
ודרכו wə·ḏā·rə·ḵū e têm entesado
קושתבם qaš·tām seu arco
הפיל ל lə·hap·pîl para lançar
י ענא ‘ā·nî o pobre
ואביון wə·’eḇ·yō·wn; e necessitado
לצטביוח liṭ·ḇō·w·aḥ, para matar
ישרי־ yiš·rê- os que são retos
רך׃ ד ḏā·reḵ. [na sua] conversação
COMENTÁRIO: Veja Salmos 9:18 – Pois o necessitado não será esquecido para sempre, nem a
esperança dos pobres será frustrada perpetuamente. Os que trilham o reto caminho. Alguns dos
manuscritos hebreus, como também a LXX, dizem: “retos de coração”.
ANÁLISE LINGUÍSTICA: O ímpio é violento. Ele se utiliza da espada e do arco, armas mortais
que podem sugerir metáforas bélicas que indicam a agressividade dos malvados. O alvo é abater o
homem reto, que é pobre e necessitado.
רנה׃ ם תשב קשתותי ם וצ וא בלב רבם תבא ח
רבם ח ḥar·bām Espada deles
תבאוא tā·ḇō·w entrará
ם בלב ḇə·lib·bām; no coração deles
ם קשתותי וצ wə·qaš·šə·ṯō·w·ṯām, e arcos deles
רנה׃ תשב tiš·šā·ḇar·nāh. quebrarão
COMENTÁRIO: O mal é como um bumerangue, volta para quem o pratica (ver Sl 7:15, 16; 9:15;
cf. Et 7:10).
ANÁLISE LINGUÍSTICA: No entanto, o alvo volta-se contra eles mesmos, atingirá seu coração,
isto é seu próprio ser, realizando-se a lei do talião. Os ‘arcos quebrados’ lembram a promessa feita
por Iahweh: Jr 49,35; Os 1,5; Sl 46,10.
ים׃ ים רב ון רשעב מי הש יק מצ עט לצד טוב־ מ
טוב־ ṭō·wḇ- [é] o homem tem melhor
עט מ mə·‘aṭ Um pouco
יק לצד laṣ·ṣad·dîq; dos justos
מצהשמיון mê·hă·mō·wn, do que as riquezas
ים רשעב rə·šā·‘îm ímpios
ים׃ רב rab·bîm. de muitos
COMENTÁRIO: Ver Prov. 15:16. Nos vers. 16-34, o tema principal é a sorte final dos piedosos.
ANÁLISE LINGUÍSTICA: A expressão mais vale tem um tom sapiencial e introduz uma reflexão
genérica: Mais vale o pouco com temor de Iahweh, do que grandes tesouros com sobressalto (Pr
15,16). Mais vale pouco com justiça, do que muitos ganhos sem o direito (Pr 16,8). Melhor é a
esmola do que acumular ouro (Tb 12,8). Todos os ditos, bem como o texto do salmo, fazem
referência à questão da riqueza, do acúmulo dos bens. O pouco do justo está em contraste com as
grandes riquezas dos ímpios. Há uma correlação entre eles. Se eles usam da violência, como
aparece no v. 14, o objetivo parece estar ligado ao v. 16: abarcar grandes riquezas, provocando
empobrecimento e necessidade para o homem vítima da ganância dos malvados.
ה׃ ים יהו ך צדיקא רנה וסומ שעים תשב ות ר י זרועא כה
כהי kî Pois
ות זרועא zə·rō·w·‘ō·wṯ os braços
שעים ר rə·šā·‘îm dos ímpios
רנה תשב tiš·šā·ḇar·nāh; serão quebrados
ך וסומ wə·sō·w·mêḵ e sustenta
ים צדיקא ṣad·dî·qîm os justos
יהוה׃ YHWH [mas o] SENHOR
COMENTÁRIO: Pois os braços. Esse versículo, escrito em forma de provérbio, é um exemplo de
paralelismo antitético simples.
ANÁLISE LINGUÍSTICA: A motivação passa da economia ao poder, simbolizado no braço que
pode expressar uma realidade política ou militar. Esse poder será tirado de suas mãos, pois ‘o braço
será quebrado’ e o Senhor apoiará os justos. A resistência do justo em não acumular riquezas faz
com que Iahweh tome sua defesa. Ele se torna o apoio dos justos.
ה׃ ם תהי ם לעולב לתי נחש ם וצ י תמימ הוה ימא ע י יודא
ע יודא yō·w·ḏê·a‘ conhece
הוה י YHWH SENHOR
ימאי yə·mê os dias
תמימם ṯə·mî·mim; dos íntegros
וצנחשלתים wə·na·ḥă·lā·ṯām, e herança deles
לעולבם lə·‘ō·w·lām para sempre
תהיה׃ tih·yeh. estará
COMENTÁRIO: A expressão o SENHOR conhece os dias possui diversos sentidos: (1) Deus
conhece nossa situação e provê aquilo de que precisamos; (2) Deus sabe quanto tempo viveremos e
há de nos sustentar até o fim (Sl 90.12); (3) Deus sabe que nossos dias na terra são apenas o começo
de nossos dias junto a Ele na eternidade. Ver Sl. 1:6. O SENHOR conhece os dias dos íntegros. Cf.
Sl. 31:15.
ANÁLISE LINGUÍSTICA: No sentido em que nós entendemos a palavra, o israelita herdava a
propriedade de seu pai (Lv 25,46). Mas a palavra hebraica “herdar”(nahal) tem um sentido mais
amplo que em português. Israel recebe como herança Canaã, que é propriedade do Senhor (Js
22,19), prometida aos patriarcas (Gn 12,7). Canaã e o povo de Israel são herança de Deus, sem que
ele os tenha recebido de outrem (Ex 15,17; Dt 9,26-29). O sacerdócio é a herança da tribo de Levi
(Js 18,7). Quanto à legislação sobre a herança, que passa de pais a filhos, ver Nm 27,1-19 e Dt
21,15-17.
O Deus de Israel é um Deus vivo (Js 3,10-13; Dt 5,22-27; Sl 36,6-10; 84,1-3; Jr 2,13). A vida é um
dom precioso (Ecl 9,4; Jó 2,4). Mas a vida é instável e breve (Gn 45,26s; Nm 21,8s; Jz 15,19; 2Rs
1,2; 8,9; Jó 20,8; 33,22; Sl 18,5s; 22,16; 31,11; 88,4.7; 116,8; Ecl 5,12; 8,13; Eclo 18,10; 40,1-4;
51,10; Sb 2,5; Mt 6,25).
עו׃ ון ישב י רעבא ה ובימ ת רע בשו בעא א־ י ל
א־ ל lō- Não
בשו י yê·ḇō·šū serão envergonhados
בעאת bə·‘êṯ no tempo
רעה rā·‘āh; do mal
ובימ י ū·ḇî·mê e nos dias
רעבאון rə·‘ā·ḇō·wn da fome
עו׃ ישב yiś·bā·‘ū. eles estarão satisfeitos
COMENTÁRIO: Todas as suas necessidades e problemas serão resolvidos.
ANÁLISE LINGUÍSTICA: A herança é o terreno atribuído à família e transmitido de pai para
filho, o qual assegura o sustento normal e digno dos membros da casa. E não só. Nos tempos de
carestia, a aliança selada com Iahweh e com as tribos, garante o sustento dos necessitados. O
salmista não especifica as tradições que falam desse socorro, como José que socorre seus irmãos por
ocasião da fome, como Elias que garante a subsistência da viúva e de seu filho em tempo de
necessidade; ele simplesmente recorre à tradição para alimentar a esperança dos que, no momento,
sentem-se indignados pela abundância dos grandes, em detrimento da vida dos pobres. O Senhor se
ocupa com os dias dos íntegros, isto é, Ele se mantém fiel ao cotidiano de suas vidas,
principalmente nos dias maus, nos dias da fome.
לו׃ ן כ ו בעשא ים כל ר כר הוה כיקא י י דו ואיבא ים ׀ יאבי י רשע כה
כהי kî pois
ים ׀ רשע rə·šā·‘îm os ímpios
יאבידו yō·ḇê·ḏū, perecerão
ואיבאי wə·’ō·yə·ḇê e os inimigos
הוה י YHWH do YHWH
כיקאר kî·qar [serão] como a gordura
כרים kā·rîm; das pastagens;
ו כל kā·lū eles desaparecerão
ן בעשא ḇe·‘ā·šān em fumaça
כלו׃ kā·lū. eles se desfarão
COMENTÁRIO: Em uma tradução, usa-se a expressão “como a gordura dos carneiros”. Heb.
kiqar karim. Seu significado não é claro. Yaqar literalmente significa “preciosura”. A ideia de
“gordura” se baseia na observação de que as mais preciosas partes dos cordeiros são as que contêm
gordura. Karim também pode traduzir-se, como em Isa. 30:23, “lugares espaçosos” (RA)… Por
isso, alguns traduzam: “como as flores do campo, se murcharão”; “se esfumarão como o viço dos
pastos”; linguagem muito bem compreendida em um país onde os campos de pastoreio eram
consumidos pelo ardente verão. Alguns eruditos sugerem que, além de uma ligeira mudança na
vocalização, deve se entender que teve uma confusão de duas letras que em hebraico são muito
parecidas, e que em vez de kiqar, deve-se ler kiqod, “como queimação”. Também se modifica a voz
karim, e o resultado final é: “como queimação de forno”. A LXX traduz muito diferente: “E os
inimigos do Senhor, no momento de ser honrados e exaltados, se desvaneceram por completo como
fumaça”. Em fumaça: Ver Sl. 102:3.
ANÁLISE LINGUÍSTICA: O destino dos ímpios é a morte, porque são os inimigos de Iahweh.
Seu futuro é a pobreza.
ן׃ יק חונברן ונות צדי ם וצ א ישל א שע ול לואה ר
לואה lō·weh pede emprestado
שע ר rā·šā‘ O ímpio
א א ול wə·lō e não
ישלם yə·šal·lêm; paga
יק צדי וצ wə·ṣad·dîq, mas o justo
חונברן ḥō·w·nên mostra misericórdia
ונותן׃ wə·nō·w·ṯên. e dá
COMENTÁRIO: Você pode dizer muito sobre o caráter de uma pessoa pela forma como ele ou ela
lida com dinheiro. A pessoa perversa rouba sob o disfarce de pedir emprestado. O justo dá
generosamente aos necessitados. O ímpio, por outro lado, se concentra em si mesmo, enquanto o
justo procura o bem-estar dos outros. Os vers. 21 e 22 contrastam as obras e o caráter dos ímpios
com os dos justos. Os ímpios não pagam suas dívidas, mas os justos têm suficiente como para
socorrer caritativamente aos necessitados (ver a promessa de Dt 15:6; 28:12 e 44). O justo se
compadece. Há vários contrastes entre o ímpio e o justo nos salmos de sabedoria; este se constitui
de atitudes opostas em relação aos bens (Sl 15.5; 112.5). De todas as coisas que Deus criou na terra,
somente uma delas há de perdurar — as pessoas. Tudo o mais que atualmente é material há de
desaparecer (2 Pe 3.10-12).
ANÁLISE LINGUÍSTICA: O ímpio se vê obrigado a pedir emprestado, porque caiu na pobreza e
não pode devolver o que pediu, ao passo que o justo é compassivo e tem como emprestar, porque é
generoso e possui o necessário para repartir. Essa interpretação baseia-se em alguns versículos do
Deuteronômio. Em relação ao justo: – Emprestarás a muitas nações, mas nada pedirás emprestado
(Dt 15,6). – Quando lhe deres algo, não dês com má vontade, pois, em resposta a este gesto,
Iahweh teu Deus te abençoará (Dt 15,10). – Iahweh abrirá o seu bom tesouro para ti, o céu, para
dar no tempo oportuno a chuva para a tua terra, abençoando todo trabalho da tua mão; e
emprestarás a muitas nações, porém nada tomarás emprestado (Dt 28,12). Em relação ao ímpio: –
Ele (o estrangeiro) poderá emprestar a ti, e tu nada lhe poderás emprestar […] e essas maldições
virão sobre ti e te perseguirão e te atingirão, até que sejas exterminado (Dt 28,44-45). Pedir
emprestado e não devolver é a maneira injusta de se enriquecer, que atrai maldição. Emprestar
generosamente é atrair bênçãos. Essa interpretação apóia-se em Dt 15,1-11, que recomenda a
generosidade como condição para receber as bênçãos divinas. Eclesiástico 29,1-7 aborda a questão
sobre o empréstimo, ajudando a perceber por onde passa a sabedoria do homem justo. Se podem
dizer muitas coisas sobre o caráter de uma pessoa pela forma em que dirige o dinheiro. Os ímpios
disfarçam o roubo como empréstimo. Os justos dão com generosidade ao necessitado. Os ímpios,
portanto, centram-se em si mesmos enquanto que os justos procuram o bem-estar de outros.
תו׃ יו יכר ללי מקש רץ וצ ירשו א ברכיו יא י מ כא
כאי kî Pois
מברכיו mə·ḇō·rā·ḵāw aqueles que são abençoados
ירשו יא yî·rə·šū por Ele herdarão
ארץ ’ā·reṣ; a terra
ללייו וצמקש ū·mə·qul·lā·lāw, [aqueles que são] e amaldiçoados
תו׃ יכר yik·kā·rê·ṯū. Por Ele serão exterminados
COMENTÁRIO: Aquele que é abençoado herdará a terra. Aquele que não é abençoado por Ele,
será exterminado.
ANÁLISE LINGUÍSTICA: O v. 22 retorna ao eixo do salmo, vinculado à bênção e à maldição. O
justo não se contenta com a justiça estrita, mas pratica a compaixão com largueza de coração e
generosidade. Recebe a bênção: a posse da terra.
ץ׃ ו יחפ נו ודרכב צעשדי־ גבבר כוני יהוה מ מ
יהוה מ YHWH pelo YHWH
צעשדי־ מ miṣ·‘ă·ḏê- Os passos
גבבר ḡe·ḇer [bons] de um homem
כונינו kō·w·nā·nū, são ordenados
ו ודרכב wə·ḏar·kōw e em seu caminho
יחפץ׃ yeḥ·pāṣ. ele deleita
COMENTÁRIO: Os passos bons, os passos de um homem íntegro são ordenados e são guiados
pelo SENHOR. Em seu caminho, o homem íntegro se deleita.
ANÁLISE LINGUÍSTICA: Deus ordena e afirma os passados do que lhe busca. Se quiser que
Deus dirija seu caminho, procure seu conselho antes de dar o primeiro passo. O v. 23 fala não
somente de um homem de bem. O texto hebraico emprega a palavra que conota guerreiro. O justo é
alguém que luta permanentemente. A decisão de trilhar o caminho do Senhor é fundamental para
garantir que seus passos estão seguros, não por causa de sua justiça, mas pelo sustento que o próprio
Deus oferece.
ך ידו׃ ה סומב הוי י־ יצ ל כ א־ יוט ל ל י־ יפב כ
י־ כ kî- Ainda que
ל יפב yip·pōl ele caia
א־ ל lō- não
יוטל yū·ṭāl; é completamente abatido
י־ כ kî- pois
ה הוי יצ YHWH o SENHOR
ך סומב sō·w·mêḵ sustenta
ידו׃ yā·ḏōw. [ele com] Sua mão
COMENTÁRIO: O justo não está livre de pecar; mas, quando comete uma falta, de imediato toma
medidas para corrigi-la. O sustém. O justo sabe que, se cair, nunca ficará desamparado; se tropeçar,
nunca ficará inteiramente abandonado. Ainda que, provavelmente, o salmista se referisse em
primeiro lugar à pessoa que cai em alguma situação desafortunada, na decepção ou na calamidade,
também poderia ter aludido à queda no pecado. O justo não está isento de pecado; mas quando erra,
imediatamente toma as medidas necessárias para retificar seu erro. “Quando estivermos vestidos
com a justiça de Cristo, não nos deleitaremos no pecado, pois Cristo estará fazendo conosco. Longe
de cometermos erros, mas odiaremos o pecado que causou o sofrimento do Filho de Deus” (Jo
3:16). Segura pela mão. Para que não caia por terra quando tropeça (ver Is. 41:13; 43:2).
ANÁLISE LINGUÍSTICA: Em todas as circunstâncias do seu caminho, o justo pode contar com o
apoio de Iahweh (cf. Jr 10,23; Pr 16,9).
חם׃ ו מבקש־ ל זרעי זב וצ יק נעמ איתי צדא לא־ ר נתי ו קב יתי גם־ זו נהער ׀ היי
נהער ׀ na·‘ar jovem
יתי היי hā·yî·ṯî, Eu estive
גם־ gam- e
נתי קב זו zā·qan·tî [agora] sou velho
ולא־ wə·lō- e não
ראיתי rā·’î·ṯî vi
צדאיק ṣad·dîq o justo
זב נעמ ne·‘ĕ·zāḇ; desamparado
ו זרעי וצ wə·zar·‘ōw, nem sua descendência
מבקש־ mə·ḇaq·qeš- mendigando
לחם׃ lā·ḥem. pão
COMENTÁRIO: agora, sou velho. O versículo indica que o salmista escreveu o salmo em seus
últimos dias de idade. Ele não declara que os justos não passam por privações, mas que eles não são
abandonados por Deus quando enfrentam dificuldades. No final, eles prosperam, pois seus
descendentes têm o que necessitam. O salmista expressa uma verdade: a verdadeira religião torna o
ser humano ativo e independente e o livra da necessidade de mendigar pela subsistência (ver em Jó
15:20, 23, o quadro oposto). Porque as crianças morrem de fome hoje, como acontecia nos tempos
de Davi, o que Davi quis dizer com estas palavras? Davi está observando a provisão de Deus ao
longo da vida. Entretanto, havia exceções infelizes a este princípio geral. Deus provê para Seu
povo. Os filhos dos justos passam fome para que outros crentes possam ajudar em seu tempo de
necessidade. Nos dias de Davi, Israel obedecia à lei de Deus que assegurava que os pobres fossem
tratados com justiça e misericórdia. Enquanto Israel fosse obediente, havia o suficiente para
qualquer um. Quando Israel se esqueceu de Deus, os ricos cuidaram apenas de si mesmos, e os
pobres sofreram (Amós 2:6, 7). Quando vemos um irmão ou irmão cristão sofrendo hoje, podemos
responder de uma das três maneiras: (1) Podemos dizer, como os amigos de Jó, que a pessoa aflita
trouxe isso para si mesmo; (2) Podemos dizer que este é um teste para ajudar os pobres a
desenvolver mais paciência e confiança em Deus; (3) Podemos ajudar a pessoa em necessidade.
Embora muitos governos hoje tenham seus próprios esquemas para ajudar aqueles que precisam,
isso não é escusa para ignorar os pobres e necessitados ao nosso alcance. Mendigar o pão. Estas
palavras podem ser vistas de dois ângulos: (1) A fome do justo é temporária e será substituída pela
fartura nos dias por vir; (2) existe uma fome de que os justos nunca precisam padecer: nunca estão
sem a presença do SENHOR (Jo 6.35). Talvez seja também uma convocação para ajudarmos os
justos se ocasionalmente vierem a passar fome neste mundo.
ANÁLISE LINGUÍSTICA: Esta é uma perspectiva do AT baseada na aliança mosaica (cf. Lv. 26;
Dt. 27-30). Isto não é para ser interpretado nos dias de hoje que todas as pessoas pobres e
necessitadas não podem ser crentes. A aliança foi alterada, veja os Conhecimentos Contextuais D.
Para uma boa e breve discussão deste versículo, consulte Hard Sayings of the Bible, pp. 267-268.
Posto que meninos morrem de fome hoje, como nos dias do Davi, o que quis dizer ele com estas
palavras? Os filhos dos justos não terão fome porque outros crentes os ajudarão em seus momentos
de necessidade. Nos dias do Davi, Israel obedeceu as leis de Deus que estabeleciam que se devia
tratar aos pobres com justiça e misericórdia. Enquanto o Israel foi obediente, houve suficiente
comida para todos. Quando o Israel se esqueceu de Deus, os ricos cuidaram de si mesmos e os
pobres sofreram (Amo_2:6-7). Quando virmos a um irmão em Cristo sofrendo, podemos responder
de três maneiras: (1) Dizer, como os amigos do Jó, que o aflito se conduziu os males. (2) Dizer que
é uma prova para ajudar ao pobre a ter mais paciência e confiança em Deus. (3) Podemos ajudar à
pessoa em necessidade. Davi tivesse aprovado sozinho a última opção. Apesar de que muitos
governos atuais têm suas leis para ajudar aos necessitados, isto não é desculpa para esquecer ao
pobre e ao necessitado que estão a nosso alcance.
ה׃ ו לברכ זרעי יום חונארן ומלוה וצ כל־ ה
כל־ kāl- Todo
היום hay·yō·wm [ele é] sempre
חונארן ḥō·w·nên misericordioso
ומלוה ū·mal·weh; e empresta
ו זרעי וצ wə·zar·‘ōw, e sua descendência
ה׃ לברכ liḇ·rā·ḵāh. [é] abençoada
COMENTÁRIO: É sempre. Literalmente, “todo o dia”. Empresta. Mas o ímpio toma emprestado
(ver com. Vers. 21).
ANÁLISE LINGUÍSTICA: Os v. 25-26 são também sapienciais. O sábio apela para sua longa
experiência: sua idade permite que ensine sabedoria. Sua experiência revela que, em seu caminho
de integridade, nunca viu um justo abandonado. É uma afirmação marcada pelo otimismo, porque
na verdade, a vida revela o contrário. A possibilidade dessa afirmação encontra-se em sua fé, na sua
integridade, na constatação que o justo vive de seu trabalho e dele retira o necessário para a
subsistência de seus familiares. Não aspira acumular e se contenta com o necessário: o pão. Essa
experiência lembra a viúva de Sarepta, que na sua indigência, partilha o pão com Elias e, com isso,
nunca lhe faltou o pão (1Rs 17,7-16).
ם׃ ן לעול וב ושכב רע ועששה־ טי ור מ סא
סאור sūr Afaste
רע מ mê·rā‘ do mal
ועששה־ wa·‘ă·śêh- e faz
וב טי ṭō·wḇ, bem
ן ושכב ū·šə·ḵōn e habite (terá morada)
ם׃ לעול lə·‘ō·w·lām. para todo o sempre
COMENTÁRIO: Afaste. Esse versículo encerra a lição de todo o salmo (ver Sl. 34:14). Este
mesmo conselho para apartar-se do mal encontra-se em Salmos 34.14. Nesta vida, temos de
escolher entre apegarmo-nos a Deus e à justiça ou buscar o mal. O caminho de Deus leva à vida
eterna. O SENHOR ama o juízo. Como Deus se opõe à injustiça, apoiar a injustiça é tornar-se Seu
inimigo. O povo de Deus deve amar aquilo que Ele ama e detestar aquilo que Ele abomina.
ANÁLISE LINGUÍSTICA: Evita o mal, faze o bem, são sentenças que abrem a terceira parte do
Salmo 37. É uma exortação ao justo para direcionar o seu comportamento. O motivo que segue é o
fundamento para todo agir: Iahweh ama o direito (v. 28).
ת׃ ים נכר רו וז ררע רשעא ם נשמ סידיו לעולא ב את־ חש ט ולא־ יעשזא ב משפי הה ה ׀ אע י יהו כה
כהי kî Pois
ה ׀ יהו YHWH o SENHOR
ב הה אע ’ō·hêḇ ama
משפיט miš·pāṭ, julgamento (juízo)
ולא־ wə·lō- e não
ב יעשזא ya·‘ă·zōḇ abandona
את־ ’eṯ- -
סידיו חש ḥă·sî·ḏāw seus santos
לעולאם lə·‘ō·w·lām para sempre
רו נשמ niš·mā·rū; eles são preservados
וז ררע wə·ze·ra‘ mas a descendência
ים רשעא rə·šā·‘îm do ímpio
נכרת׃ niḵ·rāṯ. será exterminada
COMENTÁRIO: Para sempre. Heb. le’olam. Aqui deveria começar uma seção com a letra áyin,
mas o termo le’olam tem uma lámed prefixada, algo não habitual no acróstico. É possível, se se tem
em conta a LXX, que tenha desaparecido uma palavra: “malvados”, que em hebraico começa
comáyin.
ANÁLISE LINGUÍSTICA: O agir ético do justo não é simplesmente para garantir a vida pessoal
e familiar, mas por amor a Iahweh. Quem age em comunhão com o Senhor terá a garantia de que
ele jamais abandonou seus fiéis (v. 28). Recomenda-se ao justo afastar-se do mal e praticar o bem.
Trata-se da dupla vertente da ética e da aliança. Não basta evitar o mal; é necessário agir bem. A
confiança em Iahweh e no seu direito garante o cuidado com o justo. A descendência... será
destruída: A versão grega (LXX) adiciona, antes desta linha, o seguinte texto: o inocente será
vindicado (no julgamento).
יה׃ ד על ו לעא רץ וישכנ ירשו־ א ים י צדיקב
ים צדיקב ṣad·dî·qîm Os justos
יירשו־ yî·rə·šū- herdarão
ארץ ’ā·reṣ; a terra
ו וישכנ wə·yiš·kə·nū e habitarão
לעאד lā·‘aḏ para sempre
עליה׃ ‘ā·le·hā. nesse lugar
COMENTÁRIO: Herdarão a terra: Ver vers. 3, 9, 11, 22, 34. Para sempre: Note-se a repetição
dessa ideia (ver vers. 27-29).
ANÁLISE LINGUÍSTICA: Os malfeitores e sua descendência serão destruídos e deles nada mais
restará. Pelo contrário, os justos possuirão a terra, e sua descendência se fixará nela para sempre.
ט׃ ר משפ ו תדבב לשוני ה וצ דיק יהגאה חכמ י־ צ פ
י־ פ pî- A boca
צדיק ṣad·dîq do justo
יהגאה yeh·geh fala
ה חכמ ḥāḵ·māh sabedoria
ו לשוני וצ ū·lə·šō·w·nōw, e sua língua
ר תדבב tə·ḏab·bêr fala
ט׃ משפ miš·pāṭ. do julgamento (juízo)
COMENTÁRIO: A boca do justo fala sabedoria e a sua língua fala do juízo.
ANÁLISE LINGUÍSTICA: A sabedoria judaica não é especulativa nem legalista, mas
essencialmente prática. A sua raiz é a experiência cotidiana do relacionamento com Deus que deve
influenciar o dia todo. O alimento do justo deve ser a sabedoria. Meditar sussurrando, pronunciar
articulando, conservar no coração e na mente a lei e sabedoria de Iahweh são sinais de sabedoria.
יו׃ ר שש ד אש א תמעא יו בלבו ל להא ת אמ תורא
תוראת tō·w·raṯ A lei
יו להא אמ ’ĕ·lō·hāw do seu Deus
בלבו bə·lib·bōw; [está] em seu coração
א ל lō não
תמעאד ṯim·‘aḏ deslizarão
יו׃ ר שש אש ’ă·šu·rāw. seus passos
COMENTÁRIO: Lei. Heb. torah (cf. Pv. 3:1). No coração. Ver Deut. 6:6; Sal. 40:8. A experiência
do novo pacto (ver Hb. 8:8-13). Em seu coração. Em diversos lugares dos Salmos, o poeta declara
seu amor à lei de Deus e seu empenho em aplicá-la integralmente em sua vida (SI 1.2; 19.7-11;
119.1-176).
ANÁLISE LINGUÍSTICA: Além de órgão humano ou animal, o coração é visto como sede do
homem interior (1Pd 3,4), conhecido por Deus (1Sm 16,7). É a sede da vida intelectiva, dos
pensamentos (Dn 2,30), da fé e da dúvida (Mc 11,23; Rm 10,8s), enfim dos sentimentos e das
paixões em geral (Dt 15,10; 20,3; 28,47; Rm 1,24). O coração é ainda a sede da vontade, da vida
moral e religiosa (Lc 21,14; 2Cor 9,7; Gl 4,6). Por isso o coração representa o homem todo (Jl
2,13). Ter a lei no coração é uma promessa feita a Jeremias como sinal da verdadeira aliança: porei
minha lei no seu peito, escrevê-la-ei no seu coração (31,33).
"no coração" - Esta é a internalização da revelação de Deus (isto é, a Lei de Deus, inscrita no
coração) e é um marco da "nova aliança" de Jr. 31.31-34.
מיתו׃ ש להש מבקי יק וצ שע לצד ה ר צופא
צופאה ṣō·w·peh vê
שע ר rā·šā‘ O ímpio
יק לצד laṣ·ṣad·dîq; sobre o justo
קיש וצמב ū·mə·ḇaq·qêš, e procura
מיתו׃ להש la·hă·mî·ṯōw matar
COMENTÁRIO: O ímpio organiza planos terríveis contra o justo.
ANÁLISE LINGUÍSTICA: A ameaça de morte ronda a vida do justo devido à prática do ímpio
que é violenta. Ela é feita mediante um processo desencadeado pelo ímpio, levando o justo para o
tribunal. Este é um recurso que utiliza para dar uma aparência legal de um processo, como em Is 53
e 1Rs 21.
נו בהשפטו׃ רשיעי א יצ ב נו בידו ול הוה לא־ יעזבא י
הוה י YHWH O SENHOR
לא־ lō- não
יעזבאנו ya·‘az·ḇen·nū o deixará
בידו ḇə·yā·ḏōw; nas mãos dele
א ב ול wə·lō nem
נו רשיעי יצ yar·šî·‘en·nū, o condenará
בהשפטו׃ bə·hiš·šā·pə·ṭōw. quando for julgado
COMENTÁRIO: Deixará: Ou “abandonará” (NC).Nas mãos dele: Expressão idiomática hebraica
que significa “em seu poder”. Condenará: Quando uma pessoa piedosa é condenada injustamente
pelos seus próximos, Deus a absolve (ver 1 Co 4:3 e 4).
ANÁLISE LINGUÍSTICA: A vida do justo encontra-se nas mãos de Iahweh e ele não o abandona
no momento do julgamento.
ה׃ ים תרא ת רשעא רץ בהכר שת א ירוממך לרא ו ו ר דרכי ה ׀ ושמת קוהה אל־ יהו
קוהה qaw·wêh Espera
אל־ ’el- no
ה ׀ יהו YHWH SENHOR
ר ושמת ū·šə·mōr e mantenha
ו דרכי dar·kōw, seu caminho
ירוממך ו wî·rō·w·mim·ḵā ele exaltará
לראשת lā·re·šeṯ você para herdar
ארץ ’ā·reṣ; a terra
ת בהכר bə·hik·kā·rêṯ forem exterminados
ים רשעא rə·šā·‘îm quando os ímpios
ה׃ תרא tir·’eh. você verá
COMENTÁRIO: É difícil esperar pacientemente que Deus aga quando queremos mudar de
imediato. Mas Deus promete que, se nos submetemos a seu tempo, ele nos honrará. … Seja
paciente, continuamente fazendo o trabalho que Deus lhe deu para fazer, e permita que Deus
escolha o melhor momento para mudar suas circunstâncias. Espera no SENHOR recomenda uma
atitude de fé; não esperar nele é insensato. Finalmente, se revindicará a retidão, e os santos verão o
triunfo da verdade. Isso não se deve entender necessariamente como uma expressão de vingança,
senão mais bem como uma profecia do triunfo final da justiça e do amor de Deus (ver Ml. 4:3).
ANÁLISE LINGUÍSTICA: Mais dois imperativos incentivam o justo a manter sua atitude de
fidelidade: esperar em Iahweh e continuar em seu caminho. Não se trata de um esperar passivo, mas
de observar atentamente quem caminha com retidão (v. 37). O v. 34 utiliza o mesmo verbo observar
no sentido de praticar o caminho de Deus, cumprir sua vontade. Por isso, o alimento do justo tem de
ser a sabedoria. Sua boca vive ruminando a instrução de Deus. Sua língua é para anunciar o direito,
isto é, a lei de Deus em favor dos pobres e indigentes. A vontade de Deus reside no centro de seu
ser, no íntimo de seu coração. Aí está o segredo de sua firmeza, seus passos não vacilam (vv. 30-
31).
É difícil esperar com paciência a ação de Deus quando queremos uma mudança imediata. Mas Deus
promete que se submetermos a seu tempo, O nos exaltará. Pedro diz: "lhes humilhe, pois, sob a
poderosa mão de Deus, para que O lhes exalte quando for tempo" (1Pe_5:6). Seja paciente, fazendo
com mansidão a obra que Deus lhe atribuiu, e permita que O dita o melhor momento para trocar
suas circunstâncias.
רן׃ נ ח רעש ה כאזרב מתערי יץ וצ ע ער איתי רשא ר
ראיתי rā·’î·ṯî Eu tenho visto
ע רשא rā·šā‘ o ímpio
עריץ ‘ā·rîṣ; com grande poder
ה מתערי וצ ū·miṯ·‘ā·reh, e espalhando-se
ח כאזרב kə·’ez·rāḥ loureiro
רן׃ נ רעש ra·‘ă·nān. como um verde
COMENTÁRIO: Árvore verde na terra natal. Davi admite que os ímpios possam temporariamente
prosperar, mas afirma que eles não desfrutarão de seu suposto sucesso para sempre. Em uma
tradução, usa-se a expressão “loureiro verde”. Heb. ‘ezraj ra’anan, frase cujo sentido não é claro. A
palavra ‘ezraj significa “natural de um lugar”, “cidadão” (ÊX. 12:49; LV. 16:29; etc.); ra’anan,
“viçoso”, “cheio de folhas”. Talvez a LXX conserva melhor o verdadeiro sentido: “cedros do
Líbano”. Alguns sugeriram que deve traduzir-se “árvore que nunca foi transplantada”.
ANÁLISE LINGUÍSTICA: O sábio transmite sua experiência, comparando o que viu e observou
sobre a vida do ímpio. Esta é comparada com a árvore de grande porte, que cresce frondosa e
corpulenta. Ela tem seu tempo de duração e assim acontece com a vida do ímpio. Em um momento,
lá está ele cheio de arrogância. No outro, já não existe mais. Não resta mais nada de sua vida.
א׃ א נמצ א הו ול בקשי אש עשבר והנאה איננו וצ י ו
עשבר י ו way·ya·‘ă·ḇōr e ainda ele faleceu
והנאה wə·hin·nêh vi
איננו ’ê·nen·nū; ele não
הו בקשי אש וצ wā·’ă·ḇaq·šê·hū, eu o procurei
א א ול wə·lō mas ele não podia
נמצא׃ nim·ṣā. ser encontrado
COMENTÁRIO: Isso é, o ímpio (ver com. Vers. 10).
ANÁLISE LINGUÍSTICA: Ver análise linguística do versículo anterior.
יש שלום׃ ית לאא ר י־ אחש ר כ ה יש ם וראא שמר־ ת
שמר־ šə·mār- Nota
תם tām o perfeito
ה וראא ū·rə·’êh [homem] e eis que
ישר yā·šār; o justo
י־ כ kî- pois
אחשר ית ’a·ḥă·rîṯ o fim
לאאיש lə·’îš Para o homem
שלום׃ šā·lō·wm. [é] paz
COMENTÁRIO: Heb. ‘ajarith. Este vocábulo tem vários significados, entre eles: “fim”, “resultado
final” (ver NM. 23:10; PV 1:19; etc.), “futuro” (PV. 23:18; JE. 29:11), “descendência” (Sal. 37:38).
O salmista está pensando no fim do justo, que será o triunfo, em contraste com o triste fim do
ímpio, tal como se expressa no seguinte versículo. O paralelismo antitético resulta claro. Paz, aqui,
sugere tudo como deveria ser. O destino dos justos contrasta fortemente com o dos ímpios (SI 1.4-
6).
ANÁLISE LINGUÍSTICA: O convite a fazer a mesma observação é o conselho do sábio. Ele
propõe a observação do homem integro e reto. ‘Ver o homem reto’ é assumir para si mesmo o seu
jeito de caminhar, é agir fazendo o bem. Seu caminho é garantia da vida na paz e na prosperidade.
Contemplar o futuro da vida do ímpio e do justo revela o contraste em relação ao futuro: o primeiro
será extirpado e o segundo terá futuro promissor.
O conceito “paz” é muito rico na Bíblia. Ter paz é ser completo, inteiro; é gozar de prosperidade
material e espiritual; é manter boas relações entre pessoas, famílias e povos. Paz é o oposto de tudo
quanto perturba a prosperidade e as boas relações. É um dom de Deus, concedido a Israel em
virtude da aliança (Nm 25,12; cf. 6,22-26).
תה׃ ים נכר ית רשעא ר ו אחש ו יחד פשעים נשמדא ו
פשעים ו ū·pō·šə·‘îm Mas os transgressores
ו נשמדא niš·mə·ḏū serão destruídos
ו יחד yaḥ·dāw; juntos
אחשר ית ’a·ḥă·rîṯ o fim
ים רשעא rə·šā·‘îm dos ímpios
תה׃ נכר niḵ·rā·ṯāh. será exterminado
COMENTÁRIO: Note-se o agudo contraste com o fim dos justos, cuja posteridade permanece.
ANÁLISE LINGUÍSTICA: Contemplar o futuro da vida do ímpio e do justo revela o contraste em
relação ao futuro: o primeiro será extirpado e o segundo terá futuro promissor.
ה׃ ת צר ם בעא עוזי דיקים מיהוה מצ ת צ ותשועא
ותשועאת ū·ṯə·šū·‘aṯ Mas a salvação
דיקים צ ṣad·dî·qîm dos justos
מיהוה YHWH [é] do SENHOR
ם עוזי מצ mā·‘ūz·zām, [ele é] a força deles
בעאת bə·‘êṯ no tempo
צרה׃ ṣā·rāh. de problemas (dificuldade)
COMENTÁRIO: Apesar do aparente triunfo dos ímpios, Deus é um refúgio para os justos. Os que
nEle confiam serão liberados finalmente. Salvação. A questão principal aqui não é a regeneração,
mas, sim, a santificação — o livramento diário do mal e da tentação, que Deus concede a seu povo.
ANÁLISE LINGUÍSTICA: O Senhor será também um alto refúgio para o oprimido; um alto
refúgio em tempos de angústia. Salmos 9:9
A nossa força vem de Deus (Dt 8,17; 32,27; Jr 9,22; 1Sm 14,6; Ez 30,6; Lv 26,19; Am 6,13; Jz 7,2;
At 6,8s; Rm 8,31; 1Cor 16,13; Ef 6,10; Fl 4,13; 1Jo 2,14).
סו בו׃ ם כי־ חב רשעים ויושיע ם מ ם יפלטא לטב ריפו ה ו ם יהוי ריעזרב ו
ם ריעזרב ו way·ya‘·zə·rêm E ajudará
ה יהוי YHWH o SENHOR eles
ם לטב ריפו ו way·pal·lə·ṭêm e resgata
ם יפלטא yə·pal·lə·ṭêm ele resgatará eles
רשעים מ mê·rə·šā·‘îm dos perversos
ויושיעם wə·yō·wō·šî·‘êm; e os salvará
כי־ kî- Porque
חבסו ḥā·sū eles confiam
בו׃ ḇōw. no
COMENTÁRIO: Ao estudar este salmo é bom ter em mente que esta vida é uma escola que
prepara para a vida no porvir; é um prelúdio da vida eterna. No final, os justos vencerão. O salmo
conclui com o Deus de confiança, que lembra os crentes correndo como pintainhos para o abrigo
das asas da ave-mãe (SI 17.8; 36.7).
ANÁLISE LINGUÍSTICA: Os últimos versículos são dedicados a Iahweh, a causa última da
libertação e da salvação dos justos. É Ele que fortalece no embate com os ímpios e assegura a
proteção necessária para que o fiel não resvale em seu caminho.
SALMOS 40
É um salmo de louvor declarativo, que muda para salmo de lamentação. Constitui um bom exemplo
de como os problemas e dificuldades levaram Davi a depender continuamente do Senhor. A
estrutura do salmo é a seguinte: (1) relato do livramento (v. 1-3); (2) exortação ao povo para que
entregue sua vidas ao Senhor (v. 4,5); (3) profissão de louvor (v. 6-8); (4) relato a Deus do
cumprimento do voto de louvor (v. 9,10); (5) novo lamento (v. 11,12); (6) uma série de pedidos de
livramento (v. 13-15); (7) louvor contínuo em meio aos problemas (v. 16,17).
י׃ ע שועת י וישמב לי יתי יהוה ויבט אצ ה קוא ד מזמור׃ קוא ח לדוב מנצי לצ
לצמנציח lam·naṣ·ṣê·aḥ, Para o músico-chefe
ד לדוב lə·ḏā·wiḏ de David
מזמור׃ miz·mō·wr. Um Salmo
ה קוא qaw·wōh Eu esperei
קואיתי qiw·wî·ṯî pacientemente
יהוה YHWH pelo SENHOR
ויבט way·yêṭ e ele inclinou
י לי אצ ’ê·lay, para mim
ע וישמב way·yiš·ma‘ e ouviu
י׃ שועת šaw·‘ā·ṯî. meu clamor.
COMENTÁRIO: O hebraico traduzido por esperei com paciência seria, literalmente, esperei
esperando. A ênfase nesta frase não está na paciência, mas no fato de que Davi espera somente no
SENHOR. O verbo esperar expressa confiança, ou fé, resoluta no SENHOR (Sl 130.5). Davi sabe
que a salvação provém somente do Todo-poderoso (Sl 3.8). As palavras ele se inclinou para mim
apresentam a imagem do Criador do universo, o Rei dos céus, olhando atentamente do Seu trono
para salvar os indefesos.
ANÁLISE LINGUÍSTICA: "Esperei confiantemente" - Este é um INFINITIVO ABSOLUTO e
um VERBO PERFEITO de mesma raiz usado para indicar intensidade.
"inclinou" - Este VERBO significa "curvar". O cenário é que YHWH inclinou os ouvidos para ouvir
claramente ou YHWH se inclinou para ouvir (cf. Jó 15.29).
י׃ ר שש י כונברן אש לע רגלי רן וי רקם על־ סב וב יט היו ור שאון מט ני ׀ מבב לה ויעש
ני ׀ לה ויעש way·ya·‘ă·lê·nî e Ele me tirou
מבבור mib·bō·wr poço (cova)
שאון šā·’ō·wn também fora de um horrível
מטיט miṭ·ṭîṭ barro (argila)
היווברן hay·yā·wên fora de um charco de lodo
וי רקם way·yā·qem e pôs
על־ ‘al- sobre
סבלע se·la‘ uma rocha
רגליי raḡ·lay, meus pés
כונברן kō·w·nên estabeleceu
אשששרי׃ ’ă·šu·rāy. meus passos
COMENTÁRIO: Davi escreveu este poema ao sair de um período de terrível angústia, em que se
sentia como que preso em um charco ou pântano. Por mais que tentasse, não conseguia sair. Davi
expôs então tal frustração ao SENHOR e confiou em Sua força.
ANÁLISE LINGUÍSTICA: YHWH
1. Tirou ele de um poço de perdição (literalmente "poço de tumulto / barulho", cf. Sl. 69.2; este
poderia ser o cenário de água significando a morte (cf. Sl. 18.4) ou uma inundação (cf. Sl. 18.16)
2. Tirou ele de um tremedal de lama
a. a lama era utilizada nas ruas - 2 Sm. 22.43; Mq 7.10; Zc. 9.3; 10.5
b. a lama era utilizada na cisterna - Jr. 38.6
c. a lama era usada figurativamente para aflição - Sl. 40.2; 69.14 ( "poço" também mencionado em
Sl. 69.15)
d. a lama possivelmente refere-se ao Sheol (ou seja, a morte, a UBS Handbook, p. 381)
3. colocou os pés dele sobre uma rocha e lhe firmou os passos – os que vivem de acordo com Deus,
os fiéis seguidores da aliança, eram aqueles que caminhavam em um caminho reto, plano e
desobstruído (Sl. 17.5; 18.36; 37.31; 44.18; 73.2; 94.18; Jó 23.11; 31.7)
ה׃ ו ביהו יבטחי או וצ ים וייר ו רבא ינו יראא הב אלו ה ל יר חדש תהל י ׀ שב ן בפ ויתת
ויתתן way·yit·tên E ele colocou
י ׀ בפ bə·pî na minha boca
שביר šîr um cântico
חדש ḥā·ḏāš novo
תהלה tə·hil·lāh [mesmo] louvor
ינו הב אלו ל lê·lō·hê·nū para o nosso Deus
יראאו yir·’ū verão
ים רבא rab·bîm muitos
או וייר wə·yî·rā·’ū; e [isso] e temerão
וציבטחיו wə·yiḇ·ṭə·ḥū, e confiarão
ה׃ ביהו YHWH no SENHOR
COMENTÁRIO: Novo cântico. A salvação do SENHOR leva Davi a louvá-Lo. A música é nova
porque esta salvação de Deus é nova, recente, para ele.
ANÁLISE LINGUÍSTICA: E lhe pôs nos lábios um novo cântico - novos cânticos eram uma
forma cultural de reconhecer e glorificar os atos de libertação de YHWH (cf. Êxodo 15; Juízes 5;
Deuteronômio 32); veja nota em Sl. 33.2; nota também Sl. 96.1; 98.1; 144.9; 149.1; Is. 42.10; Ap.
5.9; 14.3 O objetivo da libertação do salmista por YHWH não foi apenas um tratamento especial
para um ser humano, e sim para abençoar e proteger Seus seguidores da aliança para que outros
(isto é, "muitos", BDB 912 I) se tornem seguidores da aliança.
1. Verão - Qal IMPERFEITO
2. temerão - Qal IMPERFEITO
3. confiarão - Qal IMPERFEITO
י כזב׃ ים ושטב הבי לא־ פנבה אל־ רצ הוה מבטחו ו ם י שר־ שא בר אש רי הגי ש אב
אבשרי ’aš·rê Abençoado
בר הגי hag·ge·ḇer, [é] o homem
אששר־ ’ă·šer- que
ם שא śām faz
הוה י YHWH do SENHOR
מבטחו miḇ·ṭa·ḥōw; sua confiança
ולא־ wə·lō- e não
פנבה pā·nāh atenta
אל־ ’el- para
ים הבי רצ rə·hā·ḇîm, o orgulhoso
י ושטב wə·śā·ṭê nem os que se desviam
כזב׃ ḵā·zāḇ. em falsidade
COMENTÁRIO: o homem. Do heb. geber, “homem no vigor da vida”.
ANÁLISE LINGUÍSTICA: As razões dadas para o estado de bem aventurado são:
1. aquele que põe no SENHOR a sua confiança.
2. aquele que não pende para (Qal PERFEITO) os arrogantes (LXX, NRSV, TEV veja nº 2, 3
referindo-se aos ídolos)
3. aquele que não pende (Qal PARTICÍPIO, essa palavra encontrada somente aqui no AT)
ר׃ ו מספ צמי רה עצ דב ידה ואש יך אגב ך אלי ין ׀ עשרת ינו אה לב יך או יך ומחשבתי פלאתב להי נ ה ׀ יהואה אמ ית ׀ אתה ות עש רבה
רבהות rab·bō·wṯ Muitas
ית ׀ עש ‘ā·śî·ṯā [que] tem feito
ה ׀ אתה ’at·tāh você
יהואה YHWH SENHOR
להי אמ ’ĕ·lō·hay meu Deus [são]
יך פלאתב נ nip·lə·’ō·ṯe·ḵā Seus maravilhosos trabalhos
יך ומחשבתי ū·maḥ·šə·ḇō·ṯe·ḵā, e Seus pensamentos
ינו לב או ’ê·lê·nū para
ין ׀ אה ’ên eles não podem
ך עשרת ‘ă·rōḵ [que são] ser contados em ordem
אלייך ’ê·le·ḵā, a Ti
אגבידה ’ag·gî·ḏāh [se] eu declararia
רה דב ואש wa·’ă·ḏab·bê·rāh; e fale
ו צמי עצ ‘ā·ṣə·mū, [deles] eles são mais
מספר׃ mis·sap·pêr. contar
COMENTÁRIO: São muitas… mais do que se pode contar. As recordações das bênçãos de Deus
… foram tantas que ele não pode ordená-las a fim de que as pudesse contar.
ANÁLISE LINGUÍSTICA: Este versículo parece estar refletindo-se aos grandes atos de YHWH
de libertação para Israel, especialmente o Êxodo. O "conosco" deve referir-se a comunidade de fé
dos descendentes de Abraão (Gn 12.1-3). Dentro da comunidade da aliança estão os fiéis e os infiéis
(cf. Sl. 40.4), mas YHWH sustenta toda a comunidade. Ele tem um propósito universal e redentor
para Israel (cf. Sl. 33.10-12). O termo "maravilha" é frequentemente usado em conexão com o
Êxodo.
1. VERBO - Êx. 3.20; 34.10; Dt. 28.59
2. SUBSTANTIVO - Êx. 15.11 O êxodo foi a maior evidência da fidelidade de YHWH à Suas
promessas (Gn. 15.12-21) e a demonstração do seu poder e propósito para Israel (cf. Gn 12.3).
"são mais do que se pode contar" - Esta pode ser uma ligação verbal as promessas feitas a Abraão
que seus descendentes seriam numerosos de mais para contar (ou seja, como grãos de areia, cf. Gn.
13.16; 28.14; Nm 23.10; como areia, cf. Gn. 22.17; 32.12; como estrelas, Gn 15.5; 22.17; 26.4).
Uma outra maravilha de YHWH de um casal idoso e infértil! Um bom texto paralelo seria Sl.
139.17-18, que também regista os numerosos atos de libertação de YHWH. Observe que menciona
"mais numerosos que areia", que é outra alusão à promessa dos descendentes de Abraão.
לת׃ א שא א ה ל טאי חש ה וצ י עולב ית ל זנים כרא צת א א־ חפי ה ׀ ל זהבח ומנח
זהבח ze·ḇaḥ Sacrifício
ה ׀ ומנח ū·min·ḥāh e oferta
א־ ל lō- não
צת חפי ḥā·paṣ·tā, deseja
זנים א ’ā·zə·na·yim meus ouvidos
כראית kā·rî·ṯā tem Você aberto
לי lî; para
עולבה ‘ō·w·lāh oferta queimada
ה טאי חש וצ wa·ḥă·ṭā·’āh, e oferta pelo pecado
א א ל lō não
לת׃ שא šā·’ā·lə·tā. requere (obriga, reclama)
COMENTÁRIO: O SENHOR Se agrada daqueles que vêm a Ele obedientemente e com louvor
nos lábios (1 Sm 15.22,23). As minhas orelhas furaste. O SENHOR não nos dotou de ouvidos
apenas para ouvirmos Sua palavra, mas também para que tivéssemos entendimento do que ouvimos
e pudéssemos obedecer-lhe. O salmista se pergunta como poderia agradecer a Deus os maravilhosos
feitos em seu favor e conclui que Deus requer dele um serviço mais elevado do que todas as ofertas
e os ritos do templo. Esse serviço mais elevado é o tema dos versículos seguintes. O rituais
religiosos dos dias de Davi envolviam sacrificar animais no tabernáculo. Davi diz que esses atos
não tinham sentido a menos que fossem feitos pelas razões certas. Hoje, frequentemente fazemos
rituais de ir à igreja, tomar comunhão, pagar os dízimos. Essas atividades também são vazias se
nossas razões para fazê-las forem egoístas. Deus não quer esses sacrifícios e ofertas sem uma
atitude de devoção a Ele. O profeta Samuel disse a Saul: “O obedecer é melhor do que o sacrificar”
(1Sm 15:22). Certifique-se de que você dá a Deus a obediência e o serviço ao longo de toda a sua
vida que Ele deseja de você.
abriste os meus ouvidos. Do heb. karah, “esburacar”, “cavar”. Aqui se trata de destapar o canal
auditivo, de modo que o ouvido esteja aberto para a Palavra de Deus. A obediência é superior a
mero sacrifício (ver Sl 51:16, 17).
ANÁLISE LINGUÍSTICA: Há quatro palavras diferentes usadas para descrever os diferentes
sacrifícios de Israel (cf. Lv. 1-7).
1. sacrifícios - o termo geral de sacrifícios onde parte do animal era comida em uma comunhão com
a sua Divindade
2. ofertas - originalmente se referia a ambas as ofertas, animais e cereais, mas veio a ser usado
unicamente para os cereais
3. holocaustos - referido a uma oferta que foi consumida completamente no altar
4. ofertas pelo pecado - um dos dois SUBSTANTIVOS FEMININOS; este é o mais raro; é
traduzido como "grande pecado" em Gn 20.9; Êx. 32.21, 30, 31; 2 Rs. 17.21; e "pecado" em Sl.
32.1; 109.7. Aqui parece referir-se a uma oferta pelo pecado por causa do paralelismo, mas o uso é
exclusivo.
Este versículo não é uma rejeição do sistema de sacrifício, mas seu abuso (cf. 1 Sam. 15.22; Sl.
50.8-14; 51.16- 17; 69.30-31; Is. 1.11-15; Jr. 7.22-23; Os. 6.6; Am. 5.21-22).
י׃ וב על פר כתב י אתי במגלת־ סצ מרתי הנה־ ב ז א אא
אאז ’āz Então
אמרתי ’ā·mar·tî disse
הנה־ hin·nêh- veja
אתי ב ḇā·ṯî; Eu vim
במגלת־ bim·ḡil·laṯ- no pergaminho
פר י סצ sê·per, do livro
כתבוב kā·ṯūḇ [está] escrito
עלי׃ ‘ā·lāy. para
COMENTÁRIO: Depois de seu ouvido ter sido aberto para compreender a mensagem de Deus.
Esta passagem se aplica ao Messias (ver Hb 10:7).
ANÁLISE LINGUÍSTICA: "No pergaminho do livro" - Alguns estudiosos veem isso como se
referindo à revelação de YHWH a Moisés. Ao rei foi dada uma cópia (cf. Dt. 17.18-20; 1 Rs. 2.3; 2
Rs. 11.12). A Bíblia usa "livro (s)" para denotar os planos de YHWH para cada pessoa (cf. Sl.
139.1-6,16) ou a memória da vida de todos os seres humanos que um dia estarão diante dele como
juiz. Essa imagem é expressa em dois livros, o livro da vida e o livro das obras.
י׃ וך מע ורתךי בתא תב צתי וצ י חפ להא עששות־ רצונךא אמ ל
עששות־ ל la·‘ă·śō·wṯ- fazer
רצונךא rə·ṣō·wn·ḵā Sua vontade
י להא אמ ’ĕ·lō·hay ó Deus meu
צתי חפ ḥā·pā·ṣə·tî; eu deleito
ורתךי תב וצ wə·ṯō·w·rā·ṯə·ḵā, Sua lei
וך בתא bə·ṯō·wḵ [está] dentro
י׃ מע mê·‘āy. meu coração
COMENTÁRIO: Cristo tinha prazer em obedecer a Seu Pai. Quando a lei é escrita no coração, a
obediência se torna um prazer. Em vez de ser considerada uma série de ordens externas a serem
seguidas ao pé da letra, a lei é vista como uma transcrição do caráter de Deus. O conhecimento
correto de Deus conduz à apreciação inteligente de Seu caráter e desperta o desejo de imitá-Lo. Ao
se compreender o custo infinito da salvação, a pessoa a aprecia mais e mais, de modo que viver em
harmonia com os princípios do Céu se torna o maior deleite do cristão (ver com. de Pv 3:1). Jesus
retratou essa atitude de obedecer e servir a Deus (João 4:34; 5:30). Ele veio como os profetas
predisseram, proclamando a Boa Nova da justiça de Deus e perdão dos pecados. Em Hebreus 10.5-
10, os versículos 6-8 são aplicados a Jesus.
Para os judeus, o exterior era a parte integral da religião. Jesus ensinou que o exterior era apenas um
meio para um fim, e que o fim em si era estar em harmonia com a vontade de Deus. A função básica
é restaurar no ser humano a imagem divina (Ed, 15), e qualquer sistema religioso que subordine
essa função ao cumprimento de cerimônias e tradições obscurece o propósito da verdadeira religião.
ANÁLISE LINGUÍSTICA: "Agrada-me fazer a tua vontade" - Uma mudança radical de Gênesis
3. A "imagem de Deus" danificada foi restaurada! A comunhão no nível mais profundo é novamente
possível. O espírito independente da Queda é substituído por um espírito dependente. Jesus
modelou esta atitude de servo para nós vermos (Mt. 26.39; Jo. 4.34; 5.30; 6.38).
עת׃ ה יד ה אתב הוי א יצ א אכל א פתי ל ב הנאה ש ל רי הה דק ׀ בקע רתי צ בשה
בשהרתי biś·śar·tî Eu tenho pregado (proclamado)
דק ׀ צ ṣe·ḏeq justiça
ל הה בקע bə·qā·hāl congregação
ריב rāḇ, na grande
הנאה hin·nêh eis
פתי ש pā·ṯay meus lábios
א א ל lō não
אכלא ’eḵ·lā; se absteve
ה הוי יצ YHWH ó SENHOR
ה אתב ’at·tāh você
עת׃ יד yā·ḏā·‘ə·tā. conhece
COMENTÁRIO: Esta passagem ilustra a responsabilidade do cristão de pregar o evangelho a
outros. Não é justiça o que se reserva para si mesmo. Quando sentimos o impacto da justiça de Deus
em nossas vidas, não podemos mantê-lo escondido. Queremos dizer a outras pessoas o que Deus
tem feito por nós. Se a fidelidade de Deus mudou sua vida, não seja tímido. É natural compartilhar a
existência de um bom negócio com os outros ou recomendar um médico habilidoso. Por isso
também deve ser natural compartilhar o que Deus tem feito por você.
ANÁLISE LINGUÍSTICA: "Tu o sabes" - YHWH conhece o coração de Sua criação humana (cf.
Js. 22.22; 1 Sm.2.3; 16.7; 1 Rs. 8.39; 1 Cr. 28.9; Sl. 139.2-4; Jr. 17.10; 20.12; Lucas 16.15; Atos
1.24; 15.8; Romanos 8.27).
ב׃ ל ר מתךי לקהב אש דתי חסדךב וצ רתי לא־ כחב מונתךא ותשועתךא אמ י אמ וך לבי יתי ׀ בתת צדקתךת לא־ כס
צדקתךת ṣiḏ·qā·ṯə·ḵā Sua justiça
לא־ lō- não
סיתי ׀ כ ḵis·sî·ṯî se escondeu
וך בתת bə·ṯō·wḵ dentro
י לבי lib·bî, meu coração
אממונתךא ’ĕ·mū·nā·ṯə·ḵā Sua fidelidade
ותשועתךא ū·ṯə·šū·‘ā·ṯə·ḵā e Sua salvação
אמרתי ’ā·mā·rə·tî; eu tenho declarado
לא־ lō- não
כחבדתי ḵi·ḥaḏ·tî se ocultou
חסדךב ḥas·də·ḵā Sua lealdade à aliança
וצאשמתךי wa·’ă·mit·tə·ḵā, e Sua verdade
ל לקהב lə·qā·hāl congregação
רב׃ rāḇ. da grande
COMENTÁRIO: Uma religião que faz com que a pessoa retenha para si os benefícios de sua fé
sem compartilhá-los com outros não tem nada a ver com cristianismo. “Se o amor de Deus está no
coração, será manifesto na vida” (GC, 83). Quando pensamos em fidelidade, um amigo ou o
cônjuge pode vir à mente. Pessoas que são fiéis a nós nos aceitam e amam, mesmo quando não
somos amáveis. As pessoas de fé mantêm suas promessas, sejam elas promessas de apoio ou
promessas feitas em nossos votos de matrimônio. A fidelidade de Deus é como a fidelidade humana,
somente perfeita. Seu amor é absoluto, e Suas promessas são irrevogáveis. Ele nos ama apesar de
nossa constante inclinação para com o pecado, e ele mantém todas as promessas que Ele nos fez,
mesmo quando quebramos nossas promessas a ele.
ANÁLISE LINGUÍSTICA: YHWH deseja que seu povo exalte o Seu caráter e ações em louvor e
testemunho, para que todos os seres humanos feitos à Sua imagem (Gn. 1.26-27) possam vir a
conhecê-Lo e adorá-Lo!
יד יצרוני׃ מתךי תמב אש ני חסדךב וצ יך ממ מא א רחש ה לא־ תכלא ה יהוי אתה
ה אתה ’at·tāh Comigo
ה יהוי YHWH ó SENHOR
לא־ lō- não
תכלאא ṯiḵ·lā se retém
יך מא רחש ra·ḥă·me·ḵā Sua misericórdia
ני ממ mim·men·nî; para
חסדךב ḥas·də·ḵā deixe sua lealdade à aliança
וצאשמתךי wa·’ă·mit·tə·ḵā, e Sua verdade
תמביד tā·mîḏ continuamente
יצרוני׃ yiṣ·ṣə·rū·nî. preservar
COMENTÁRIO: Mesmo depois do livramento com que o salmo começa, Davi tem outro motivo
para voltar-se para o Senhor com preces renovadas. Em hebraico, as tuas misericórdias, que também
pode ter o sentido de ventre, refere-se à íntima afeição que Deus tem por nós. Davi, na verdade, está
pedindo praticamente ao Senhor que o envolva com ternura e conforto maternais.
ANÁLISE LINGUÍSTICA: O Servo do Senhor apresenta suas petições ao Pai, fiado na
benignidade e fidelidade do Pai (Sl 91:1; Sl 17:8). Por que o Servo do Senhor precisaria de
proteção? A resposta decorre dos versos 12 ao 15.
ני׃ י עשזב י ולבב אשי צ ות ר עשרב ו מש לתי לראות עצמב ונתי ולא־ יכא וני עש ר השיגא ין מספי ות עד־ את י ׀ רעא ו־ על י אפפב כה
כהי kî Pois
ו־ אפפב ’ā·pə·pū- tem me cercado
עלי ׀ ‘ā·lay .. .. ..
ות רעא rā·‘ō·wṯ males
עד־ ‘aḏ- inúmeros
ין את ’ên outro
מספיר mis·pār, número
וני השיגא hiś·śî·ḡū·nî tem tomado conta
עשונתי ‘ă·wō·nō·ṯay minhas iniquidades
ולא־ wə·lō- de modo que eu não sou
יכאלתי yā·ḵō·lə·tî capaz
לראות lir·’ō·wṯ; ver
ו עצמב ā·ṣə·mū eles são mais
ות עשרב מש miś·śa·‘ă·rō·wṯ do que os cabelos
רצאשיי rō·šî, da minha cabeça
י ולבב wə·lib·bî portanto meu coração
עשזבני׃ ‘ă·zā·ḇā·nî. falha (desfalece)
COMENTÁRIO: O Servo do SENHOR apresenta suas petições ao Pai, fiado na benignidade e
fidelidade do Pai (Sl 91:1 ; Sl 17:8). Por que o Servo do SENHOR precisaria de proteção? A
resposta decorre dos versos 12 ao 15: inúmeros males haveriam de cercar o Messias deixando-o em
pavor (Sl 69:9). O Messias tomou sobre si a culpa da humanidade e levou sobre si "Todos nós
andávamos desgarrados como ovelhas; cada um se desviava pelo seu caminho; mas o SENHOR fez
cair sobre ele a iniquidade de nós todos" (Is 53:6; Mt 26:60; Is 53:4; Sl 71:7; Sl 89:38; Sl 91:15).
ANÁLISE LINGUÍSTICA: YHWH certamente está com ele, mas há problemas (uma série de
PERFEITOS).
1. Não têm conta os males que me cercam - Qal PERFEITO; esta lista é o cenário de uma matilha
de cães selvagens que atacam suas presas; este número de problemas é contrastado com
"maravilhas" de YHWH em Sl. 40.5
2. as minhas iniquidades me alcançaram - Hiphil PERFEITO; em vários Salmos o salmista
reconhece seu pecado, cf. Sl. 25.11; 31.10; 32.5; 38.4, 18; esta pode ser uma forma literária de
afirmar a pecaminosidade de todos os seres humanos.
3. me impedem a vista - Qal PERFEITO; possivelmente ligado ao choro constante, cf. Sl. 69.3; o
pecado sempre provoca uma ruptura em nosso relacionamento com Deus e nossa capacidade de
conhecer a Sua vontade
4. ele reconhece que as suas iniquidades são muitas - Qal PERFEITO; a imagem de "cabelos de
minha cabeça" é repetida em Sl. 69.4 e usado por Jesus para o conhecimento de YHWH a nosso
repeito em Mt.10.30; é uma expressão o idiomática do AT, cf. 1 Sm.14.45; 2 Sm. 14.11; 1 Rs. 1.52;
At. 27.34
5. seu coração desfalece (ou seja, deixou) - Qal PERFEITO
A vida do fiel seguidor é uma luta entre o pecado que habita (cf. Romanos 7) e a graça e a
misericórdia de Deus (cf. Romanos 8).
תי חושה׃ ה לעזרב הוי ני יצ הוה להציל ה י רצא
ה רצא rə·ṣêh Fique satisfeito
הוה י YHWH SENHOR
ני להציל lə·haṣ·ṣî·lê·nî; em livrar
ה הוי יצ YHWH Ó SENHOR
תי לעזרב lə·‘ez·rā·ṯî em ajudar (socorrer)
חושה׃ ḥū·šāh. apressa-te
COMENTÁRIO: O Servo do SENHOR clama por auxílio a quem pode livrá-lo, para que os que
buscavam tirar-lhe a vida fossem confundidos e os que o afrontaram fossem retribuídos segundo as
suas obras (Sl 62:12); "E, respondendo todo o povo, disse: O seu sangue caia sobre nós e sobre
nossos filhos" (Mt 27:25).
ANÁLISE LINGUÍSTICA: Salmos 40:13 - NVI - Nova Versão Internacional
Agrada-te, Senhor, em libertar-me; Apressa-te, Senhor, a ajudar-me.
Salmos 40:13 - KJA - King James Atualizada
Agrada-te, SENHOR, em libertar-me; apressa-te, SENHOR, em socorrer-me!
Salmos 40:13 - NTLH - Nova Tradução na Linguagem de Hoje
Ó SENHOR Deus, salva-me! Ajuda-me agora.
Salmos 40:13 - Ave Maria - Católica
Vós, porém, me conservareis incólume, e na vossa presença me poreis para sempre.
Salmos 40:13 - TNM - Tradução Novo Mundo - Testemunhas de Jeová
Tem prazer em livrar-me, ó Jeová. Ó Jeová, apressa-te deveras em meu auxílio.
י׃ י רעת פצי חור ויכלמו חשצ גו א ה יסא ותב י לספו י נפשי שו ויחפרו ׀ יחד מבקשב בה יע
שו בה יע yê·ḇō·šū Deixe-os ter vergonha
ויחפרו ׀ wə·yaḥ·pə·rū e confundidos
יחד ya·ḥaḏ juntos
מבקשבי mə·ḇaq·šê que buscam
י נפשי nap·šî, minha alma
ה ותב לספו lis·pō·w·ṯāh para destruir
יסאגו yis·sō·ḡū deixe-os conduzir
אחור ’ā·ḥō·wr para trás
ויכלמו wə·yik·kā·lə·mū; que confundem
י פצי חשצ ḥă·pê·ṣê, me deseje
י׃ רעת rā·‘ā·ṯî. mal
COMENTÁRIO: A confusão dos que buscavam tirar a vida de Cristo é patente quando o
SENHOR no Jardim respondeu “Sou eu!” (Jo 18:6), e todos retrocederam e caíram, conforme o
predito no Salmo 56: “Quando eu a ti clamar, os meus inimigos retrocederão. Por meio disto saberei
que Deus está comigo” (Sl 56:9).
ANÁLISE LINGUÍSTICA: Salmos 40:14 - NVI - Nova Versão Internacional
Sejam humilhados e frustrados todos os que procuram tirar-me a vida; retrocedam desprezados os
que desejam a minha ruína.
Salmos 40:14 - KJA - King James Atualizada
Sejam humilhados e frustrados todos os que conspiram contra a minha vida; retrocedam
humilhados os que desejam a minha ruína.
Salmos 40:14 - NTLH - Nova Tradução na Linguagem de Hoje
Que sejam completamente derrotados e humilhados aqueles que me querem matar! Que fujam,
envergonhados, aqueles que se alegram com as minhas aflições!
Salmos 40:14 - Ave Maria - Católica
Bendito seja o Senhor, Deus de Israel, de eternidade em eternidade! Assim seja! Assim seja!
Salmos 40:14 - TNM - Tradução Novo Mundo - Testemunhas de Jeová
Fiquem envergonhados e encabulados juntos os que procuram a minha alma para a arrasar.
Tornem atrás e sejam humilhados os que se agradam da minha calamidade.
ח׃ ח ׀ הא י האב י ים לצ ם האמרב קב בשת שמו על־ עא י
שמו י yā·šōm·mū Deixe-os ficar desolados
על־ ‘al- para
קב עא ‘ê·qeḇ uma recompensa
בשתם bā·šə·tām; da sua vergonha
האמרבים hā·’ō·mə·rîm que dizem
לציי lî, para mim
ח ׀ האב he·’āḥ Aha
האח׃ he·’āḥ. Aha
COMENTÁRIO: Davi não busca, aqui, o perdão de seus pecados (compare com Sl 51.3,4), mas,
sim, ficar livre de inimigos poderosos. Ah! Ah!_Os inimigos de Davi o rodeiam, zombando dele
sem compaixão (Sl 35.21).
ANÁLISE LINGUÍSTICA: Salmos 40:15 - NVI - Nova Versão Internacional
Fiquem chocados com a sua própria desgraça os que zombam de mim.
Salmos 40:15 - KJA - King James Atualizada
Fiquem aturdidos com sua própria vergonha os que zombam de mim.
Salmos 40:15 - NTLH - Nova Tradução na Linguagem de Hoje
Que caiam na desgraça e fiquem cheios de confusão aqueles que zombam de mim!
Salmos 40:15 - TNM - Tradução Novo Mundo - Testemunhas de Jeová
Olhem espantados, em conseqüência da sua vergonha, os que me dizem: “Ah! Ah! ”
ך׃ י תשועת בי הש ל יהוה אצ מיד יגדא ו ת יך יאמרא קשב ל־ מבו ישו וישמחו ׀ בךי כ שה יע
ישו שה יע yā·śî·śū Alegrem-se
וישמחו ׀ wə·yiś·mə·ḥū e fiquem felizes
בךי bə·ḵā, em
ל־ כ kāl- todos
מבוקשביך mə·ḇaq·še·ḵā aqueles que procuram
יאמראו yō·mə·rū dizer
תמיד ṯā·mîḏ continuamente
ל יגדא yiḡ·dal seja engrandecido
יהוה YHWH O SENHOR
י בי הש אצ ’ō·hă·ḇê, deixe como amor
ך׃ תשועת tə·šū·‘ā·ṯe·ḵā. Sua salvação
COMENTÁRIO: Engrandecido seja o SENHOR. Com estas excelentes palavras de louvor, Davi
incentiva a comunidade a glorificar o SENHOR (Sl 35.27).
ANÁLISE LINGUÍSTICA: O SENHOR seja magnificado!. - Qal imperfeito usado em um sentido
jussivo (isto está em contraste com o que o ímpio diz em Sl 40.15).
Salmos 40:16 - NVI - Nova Versão Internacional
Mas regozijem-se e alegrem-se em ti todos os que te buscam; digam sempre aqueles que amam a
tua salvação: "Grande é o Senhor! "
Salmos 40:16 - KJA - King James Atualizada
Entretanto, regozijem-se e alegrem-se em ti todos os que te buscam. Proclamem sempre aqueles
que amam a tua salvação: “Grande é o Senhor!”
Salmos 40:16 - NTLH - Nova Tradução na Linguagem de Hoje
Que fiquem alegres e contentes todos os que te adoram! E que os que são gratos pela tua ajuda
digam sempre: “Como o SENHOR é grande! ”
Salmos 40:16 - TNM - Tradução Novo Mundo - Testemunhas de Jeová
Exultem e alegrem-se em ti todos os que te procuram. Digam estes constantemente: “Magnificado
seja Jeová”, os que amam a salvação por ti.
ר׃ י אל־ תאח להי תה אמצ י א י ומפלטא י עזרתא ב לב שו דני יחש י ואביון אש י ׀ ענא נה ואש
י ׀ נה ואש wa·’ă·nî Mas eu [sou]
י ענא ‘ā·nî pobre
ואביון wə·’eḇ·yō·wn e necessitado
דני אש ’ă·ḏō·nāy [ainda] o Senhor
ב שו יחש ya·ḥă·šāḇ pensa
לבי lî em [é]
י עזרתא ‘ez·rā·ṯî minha ajuda
ומפלטאי ū·mə·pal·ṭî e meu libertador
תה א ’at·tāh; você
י להי אמצ ’ĕ·lō·hay, Oh meu Deus
אל־ ’al- não se
תאחר׃ tə·’a·ḥar. demore
COMENTÁRIO: Pobre e necessitado. O salmista sente que ainda tem problemas, mas que,
clamando a Deus, Ele irá livrá-lo novamente. A fé do salmista continua firme até o fim. Em meio à
tristeza, a pessoa pode confiar que Deus vigia sobre ela e dará livramento.
ANÁLISE LINGUÍSTICA: Observe como o salmista caracteriza a si mesmo e YHWH.
1. O salmista
a. pobre
b. necessitado
(Estas são muitas vezes utilizadas para os seguidores fiéis, cf. Sl. 70.5; 86.1; 109.22; neste sentido,
são metáfora de uma necessidade espiritual, cf. Mt. 5.3-6)
2. YHWH (a MT usa Adon, mas algumas MSS hebraicas usam YHWH)
a. ajuda
b. libertador (Piel PARTICÍPIO)
"ó meu Deus" - Neste Salmo YHWH e Elohim são usados frequentemente e combinados em Sl.
40.5.
1. YHWH, Sl. 40.1, 3, 4, 9, 11, 13 (duas vezes), 16
2. Elohim, Sl. 40.3, 5, 8, 17
SALMOS 91
Este é um Salmo maravilhoso que descreve a proteção e a presença de Deus com os Seus
seguidores fiéis (Salmo 16; 23; 62; 121). Muitas vezes os Salmos falam da nação de Israel (Salmo
90), mas este é individualizado (SINGULAR "você"). As verdades de Sl. 91.1-8 são paralelas a Sl.
91.9-13. O cuidado e a provisão de Deus são repetidos com ênfase e então o próprio Deus fala em
Sl. 91.14-16. Os nomes usados para a Divindade no Salmo 91:
1. Altíssimo (Elyon), Sl. 91.1a - título descritivo mais usado na poesia
2. Poderoso (Shaddai), Sl. 91.1b, 9b, usado principalmente em Gênesis e Jó; Apenas duas vezes em
Salmos; 68.14 e aqui - nome patriarcal para Deus (Ex 6.30, possivelmente a partir da raiz hebraica
"ser forte", NIDOTTE, vol.1, p. 410)
3. SENHOR (YHWH), Sl. 91.2a, 9a - o nome da aliança para a Divindade, usado pela primeira vez
em Gênesis 2.4; do VERBO hebraico "ser" (Ex. 3.14); os rabinos descrevem a Divindade como
Salvador, Redentor
4. Deus (Elyon), Sl. 91.2b - este é o nome geral para Divindade na ANE, El; Em Gn. 1.1, a forma
PLURAL, Elohim é usada; Os rabinos dizem que este termo descreve Deus como criador,
sustentador e provedor de toda a vida na terra.
Este Salmo é repleto de IMPERFEITOS (28), que denotam ações contínuas do nosso Deus em favor
dos fiéis seguidores.
Os dois PERFEITOS de Sl. 91.14 denotam a relação estabelecida e íntima entre Deus e Seus fiéis
seguidores. O cenário é de uma vida conjugal (Isaías 54.5; Os. 2.19; Ef. 5.25). 1. "abrir caminho" -
cf. Gn. 2.24 2. "conhece" - Gn 4.1, 17, 25; 24.16; 38.26
רן׃ י יתלונ די ל שצ תר עליון בצב שב בסא י
שב י yō·šêḇ Aquele que habita
בסאתר bə·sê·ṯer no abrigo
עליון ‘el·yō·wn; do Altíssimo
ל בצב bə·ṣêl na sombra
י די שצ day, do Todo-Poderoso
רן׃ יתלונ yiṯ·lō·w·nān. descansará
COMENTÁRIO: Aquele que confia em Deus vive junto a Ele. O título Altíssimo ressalta a
majestade de Deus (SI 92.1) e é paralelo ao termo Todo-poderoso, tradução do título divino
Shaddai. Juntos, estes termos, Altíssimo e Shaddai, retratam uma majestade divina portentosa como
uma montanha, em cuja presença ressalta uma sombra ou esconderijo de seguro abrigo ao crente. A
primeira palavra do Salmo 91 é yoshev - que tem em si o significado de "viver", habitar de ישב
forma permanente. Esconderijo do Altíssimo - סתר עליון - é beseter Elyon em hebraico. Estudiosos
do Antigo Testamento atribuem a autoria do Salmo 91 a Moisés. Os antigos sábios Judeus ensinam
que Moisés escreveu este Salmo, enquanto se posicionava no "beseter Elyon", lugar secreto do
Altíssimo, no meio da ל עשרפ ,ha-araphel ה nuvem espessa, descrita em Êxodo 24:18. O meio da
"nuvem espessa" é um lugar de ocultação, como está escrito "As nuvens são esconderijo para ele,
para que não veja; e passeia pelo circuito dos céus" Jó 22:14. Beseter também possui um aspecto
que significa "escondido", "oculto", sobre o qual nos falou o Apóstolo Paulo na sua carta aos
Efésios, "E demonstrar a todos qual seja a comunhão do mistério, que desde os séculos esteve
oculto em Deus, que tudo criou por meio de Jesus Cristo" Efésios 3:9. E de acordo com Efésios 3:9,
o esconderijo do Altíssimo é Jesus. "Esconderijo" em hebraico bíblico - beseter, - significa בסתר
"lugar secreto". Altíssimo, aqui no Salmo 91 é referido pela palavra Elyon, que é um dos עליון
maiores nomes usados para Deus - El Elyon - o Deus Altíssimo. A primeira vez que esse nome
apareceu na Bíblia, foi na passagem do livro do Gênesis, quando o texto apresenta a figura
misteriosa de דק ל עליון Malki Tzedek, Melquisedeque, em que a Torá o descreve como מלכי צ ן לאב כה
kohen leEl Elyion, sacerdote do Deus Altíssimo. Melquisedeque, rei de Salém [ שלם shalem - paz],
é o primeiro que a Torá chama de Kohen, Sacerdote, e de forma muito interessante, ele, nesta
passagem, traz para Abraão וירין חם ,lechem vayayn לא pão e vinho - justamente elementos que
simbolizam a nossa salvação por meio do corpo e do sangue do nosso Senhor Jesus. Melquisedeque
era um לך שלם kohen - Sacerdote, o que o qualifica יון melech shalem - rei da paz, e também um מא
como uma Teofania, uma revelação pré-encarnada do Messias. Yeshua, Jesus, é o Rei, príncipe da
paz e Sacerdote eterno, pelo que foi oferecido como sacrifício eterno que nos traz o perdão dos
pecados. Já ל btzel בצב - sombra - também significa "abrigo". Esta palavra é bem empregada na
passagem em que dois anjos foram visitar Ló em Sodoma, e a sua casa foi cercada pelos homens da
cidade que intencionavam fazer mal aos hóspedes angelicais de Ló. Porém Ló pede para que os
habitantes de Sodoma não fizessem mal aos seus hóspedes, pois segundo a Lei da hospitalidade do
antigo oriente, Ló deveria dar proteção enquanto eles permanecessem no seu "abrigo" da sua casa.
E é justamente isso que Ló diz em suas palavras: "somente nada façais a estes homens, porque por
isso vieram à sombra [ל abrigo] do meu telhado" Gênesis 19:8. Quando estamos no esconderijo בצב
do Altíssimo, somos Seus hóspedes, estamos na Sua בצבל btzel, na Sua sombra, no seu abrigo e por
isso gozamos da proteção da Sua Lei, e da Sua Palavra - a Palavra de Deus é Jesus. Portanto,
"Aquele que vive, que habita de forma permanente em Jesus, à sombra do Onipotente descansará -
pois esta sombra é originada do próprio Jesus, que com suas asas estendidas nos protege do sol e
das intempéries deste mundo, assim como uma galinha protege os seus pintinhos. Descansará, aqui
é a palavra יתלונרן yitlonan que quer dizer "passar a noite", no sentido de dormir e acordar, que nos
remete para a morte e ressurreição dos justos. Jesus foi o primeiro a vencer a morte, e prometeu que
aqueles que Nele cressem, ainda que morram, viverão. Porém aqueles que não confiam em Jesus,
não poderão entrar neste descanso, e ficarão perdidos para sempre.
ANÁLISE LINGUÍSTICA: "sombra do Onipotente" - Isso pode se referir a
1. as asas do querubim sobre a Arca (ou seja, a proteção da aliança, cf. Ex. 25.17-22)
2. as asas de uma ave mãe protetora (veja Salmo 17.8; 36.7; 57.1; 61.4; 53.7; 91.4 e Mateus 23.27)
3. proteção contra o calor ardente do sol (Salmo 121.5; Isaías 25.4; 32.2)
י אבטח־ בו׃ להי י אמצ י ומצודת יהוה מחסא ר ל אמי
אמיר ’ō·mar, Eu direi
יהוה ל YHWH do SENHOR
מחסאי maḥ·sî [Ele é] Meu refúgio
י ומצודת ū·mə·ṣū·ḏā·ṯî; e minha fortaleza
י להי אמצ ’ĕ·lō·hay, meu Deus
אבטח־ ’eḇ·ṭaḥ- nele confio
בו׃ bōw. em
COMENTÁRIO: O meu refúgio, a minha fortaleza pode ser reformulado como minha fortaleza
segura. O verso 2 do Salmo 91, "Direi do Senhor", começa com a palavra ר omar que quer dizer אמי
"eu contarei", no sentido de "darei testemunho". "Ele é o meu Deus" , com a palavra י להי ,Elohay אמצ
"meu Deus", trazendo o sentimento de orgulho por poder dizer que temos um Deus que é "nosso",
que é o verdadeiro e único o onipotente י די .Shadday שצ "Meu refúgio" - י חסי machsi מצ - também
significa "confiança", a nossa confiança está naquele que é a nossa י דת ,umetsudaty - fortaleza ומצש
castelo forte, e por isso "Nele confiarei".
ANÁLISE LINGUÍSTICA: "em quem confio" - Esta é a chave para uma relação de aliança com
Deus (cf. Salmo 4.5; 25.2; 56.4).
בר הוות׃ וש מדב ח יקי ילך מפב צ וא י י הא כה
כהי kî Certamente
האוא hū ele
יצילך yaṣ·ṣî·lə·ḵā te livra
מפבח mip·paḥ do laço (da armadilha)
יקיוש yā·qūš, do passarinheiro
בר מדב mid·de·ḇer peste
הוות׃ haw·wō·wṯ. do ruidoso
COMENTÁRIO: Passarinheiro [...] peste perniciosa. As imagens da arapuca ou de vários tipos de
doença descrevem, em geral, os perigos que podem acometer os incautos e indefesos.
ANÁLISE LINGUÍSTICA: "perniciosa" - A raiz básica é דבר , que tem vários usos.
1. palavra (cf. LXX de Salmos 91.3)
2. falar (cf. Jeremias 5.13)
3. pestilência (cf. Ex. 5.3; 9.15; Nm. 14.12; Levítico 26.25; Deuteronômio 28.21; Salmo 78.50)
4. Pasto (cf. Miquéias 2.12)
5. abelha ou ferroada de abelha (NIDOTTE, vol. 1, página 916) Por causa de Sl. 91.5-6 o nº 3 se
ajusta melhor ao contexto e o paralelismo.
Por causa de Sl. 91.5-6 o nº 3 se ajusta melhor ao contexto e o paralelismo.
מתו׃ ה אש סחרא ה צנ ה ו יו תחס חת־ כנפא ך ות באברתו ׀ יאסך ל
באברתו ׀ bə·’eḇ·rā·ṯōw com suas penas
יאסך yā·seḵ Ele te cobre
לך lāḵ para
ותחת־ wə·ṯa·ḥaṯ- e debaixo
כנפאיו kə·nā·pāw Suas asas
תחסה teḥ·seh; você deve confiar
צנ ה ṣin·nāh [será seu] escudo
ה סחרא ו wə·sō·ḥê·rāh e broquel
מתו׃ אש ’ă·mit·tōw. sua verdade
COMENTÁRIO: Deus é descrito como uma ave-mãe sob cujas asas o salmista pode se refugiar
(SI 61.4; 63.7). Escudo e broquel indica total proteção de qualquer perigo. Deus é a proteção
absoluta para o crente.
ANÁLISE LINGUÍSTICA: O vocábulo ṣin·nāh refere-se a um escudo grande, retangular, que
cobria toda a parte da frente do corpo. Outra palavra, māgen, indicava um tipo de escudo redondo e
menor, usado pela infantaria ligeira e por oficiais (HARRIS; ARCHER, JR.; WALTKE, 1998, p.
279).
ם׃ וף יומ ץ יעב חי ילה מצ חד ל ירא מפא לא־ ת
לא־ lō- Não
תירא ṯî·rā temerá
מפאחד mip·pa·ḥaḏ do terror
ילה ל lā·yə·lāh; da noite
מצחיץ mê·ḥêṣ, [nem] para a seta
וף יעב yā·‘ūp [que] voe
ם׃ יומ yō·w·mām. de dia
COMENTÁRIO: O alternar das palavras relativas a noite e dia nestes versículos indica a natureza
universal da proteção de Deus.
ANÁLISE LINGUÍSTICA: Em Koehler; Baumgartner (1996, p. 922), o substantivo pa·ḥaḏ
recebe, como primeiras acepções, trembling (“trêmulo”), dread (“espanto”). Brown; Driver; Briggs
(1978, p. 808) também fornecem, como primeira opção de tradução, dread. Kirst (1988, p. 193)
traz: tremor, pavor, susto, temor, medo, terror. Andrew Bowling (HARRIS; ARCHER, JR.;
WALTKE, 1998, p. 1209) esclarece que pa·ḥaḏ; pode referir-se tanto a uma forte sensação de medo
ou pavor como à fonte externa que provoca o pavor.
Os substantivos ḥêṣ: “flecha”, de·ḇer: “pestilência” e qe·ṭeḇ: “epidemia, destruição”) designavam,
na origem, divindades, símbolos vinculados a elas ou demônios relacionados à doença, à guerra e à
morte. De acordo com Kilpp (2002, p. 28s), na Bíblia judaica, há a tendência de fazer desaparecer a
divindade ou o demônio e apenas referir-se aos fenômenos naturais associados.
ים׃ וד צהר טב ישב קי לך מצ פל יהש דבר באא מ
מדבר mid·de·ḇer Da pestilência
פל באא bā·’ō·pel na escuridão
לך יהש ya·hă·lōḵ; [que] anda
טב קי מצ miq·qe·ṭeḇ, [nem] pela destruição
וד ישב yā·šūḏ [que] assole
רים׃ צה ṣā·ho·rā·yim. ao meio-dia
COMENTÁRIO: Espanto, seta, peste e mortandade referem-se, todas, ao mal em geral.
ANÁLISE LINGUÍSTICA: Quando relacionado etimologicamente com ocorrências da raiz na
literatura targúmica e no árabe, o substantivo qe·ṭeḇ tem recebido o significado de “aquilo que é
cortado”. Contudo, geralmente lhe tem sido dado o sentido básico de “destruição”. As traduções por
“peste”, “pestilência”, “epidemia” apoiam-se no uso em paralelo com outros substantivos como por
exemplo o substantivo de·ḇer (TOORN; BECKING; HORST, 1999, p. 673; BROWN; DRIVER;
BRIGGS, 1978, p. 881).
ש׃ א יג א יך ל לי ה מימינרך אצ לף ורבבב ל מצדך ׀ אי יפה
ל יפה yip·pōl deve cair
מצדך ׀ miṣ·ṣid·də·ḵā ao seu lado
אילף ’e·lep, mil
ה ורבבב ū·rə·ḇā·ḇāh e dez mil
מימינרך mî·mî·ne·ḵā; à sua direita
אצלייך ’ê·le·ḵā, se aproxima
א א ל lō não
ש׃ יג yig·gāš. [mas] se aproxime
COMENTÁRIO: Tal como os israelitas no Egito foram poupados dos perigos que assolaram seus
vizinhos (Êx 9.26; 10.23; 11.7), os crentes no Senhor estão inteiramente protegidos de todo e
qualquer ataque inimigo.
ANÁLISE LINGUÍSTICA: Esta é uma expressão hiperbólica que usa imagens militares do
cuidado pessoal do crente, provido por sua aliança com Deus.
ה׃ ים תרא ת רשעא יט ושלשמ ק בעינאיך תב ר
רק raq Somente
בעינאיך bə·‘ê·ne·ḵā com seus olhos
יט תב ṯab·bîṭ; você verá
ת ושלשמ wə·šil·lu·maṯ e a recompensa
ים רשעא rə·šā·‘îm dos perversos
ה׃ תרא tir·’eh. verá
COMENTÁRIO: O castigo dos ímpios é tão certo quanto a redenção dos justos.
ANÁLISE LINGUÍSTICA: Como o povo de Deus está sujeito ao ataque dos ímpios, eles também
serão um observador do seu julgamento (cf. Salmo 37.34; 54.7; 58.10). "o castigo" - Esta forma da
raiz básica é encontrada somente aqui no AT. Outras formas semelhantes são encontradas em Dt.
32.35; Is. 59.18 (duas vezes).
רך׃ מת מעונ ון שא ליי י עצ ה יהואה מחס י־ אתא כ
י־ כ kî- Porque
ה אתא ’at·tāh você
יהואה YHWH o SENHOR
מחסי maḥ·sî; [que é] meu refúgio
עצלייון ‘el·yō·wn, [também] o Altíssimo
שאמת śam·tā tem feito
רך׃ מעונ mə·‘ō·w·ne·ḵā. Sua morada
COMENTÁRIO: Ele é o nosso Refúgio e Fortaleza.
ANÁLISE LINGUÍSTICA: Este versículo em hebraico parece primeiro dirigir-se a Deus (isto é,
O YHWH) na linha a e então faz uma declaração dirigida ao fiel seguidor que fez Dele a sua
morada. Há vários lugares em que este tipo de mistura de pessoas ocorre. A UBS Handbook (página
801) sugere que,
1. Sl. 91.1, um sacerdote está falando
2. Sl. 91.2, um adorador
3. Sl. 91.3-8, um sacerdote novamente
4. Sl. 91.9a, um adorador
5. Sl. 91.9b, um sacerdote novamente
6. Sl. 91.14-16, Deus fala
Isso esclarece alguns dos problemas de quem está falando, mas levanta outras questões gramaticais.
A língua hebraica muitas vezes muda as pessoas, até mesmo o gênero, sem razão aparente.
ך׃ ב באהל גע לא־ יקרב ני ה וצ יך רע נאה אלא א־ תאש ל
א־ ל lō- não
נאה תאש ṯə·’un·neh acontece
אלאיך ’ê·le·ḵā até
רעה rā·‘āh; mal
גע ני וצ wə·ne·ḡa‘, e qualquer praga à você
לא־ lō- também não
ב יקרב yiq·raḇ chega perto (se aproxima)
ך׃ באהל bə·’ā·ho·le·ḵā. Sua habitação
COMENTÁRIO: Nada pode e nada vai nos perturbar, pois Ele está conosco. Ele é o Senhor dos
Exércitos.
ANÁLISE LINGUÍSTICA: A raiz qāraḇ indica a posição mais próxima e íntima do objeto
(HARRIS; ARCHER, JR.; WALTKE, 1998, p. 1367). Pode ter conotação sexual (SCHÖKEL;
CARNITI, 1998, p. 590).
יך׃ שמרךי בכל־ דרכ ך לצ לאכיו יצוה־ ל י מ כא
כאי kî Porque
לאכיו מ mal·’ā·ḵāw ele deve dar aos seus anjos
יצוה־ yə·ṣaw·weh- ordem
לך lāḵ; para
שמרךי לצ liš·mā·rə·ḵā, guardá-lo
בכל־ bə·ḵāl em todos
יך׃ דרכ də·rā·ḵe·ḵā. Seus caminhos
COMENTÁRIO: Com este versículo Satanás tentou a Jesus no deserto. E Jesus respondeu que não
devemos tentar a Deus. Isto significa que não devemos procurar o perigo por nossos próprios pés. É
preciso prudência para que não venhamos a tropeçar em percalços que nós mesmos colocamos em
nossos caminhos. Mas se estamos abrigados no altíssimo e em comunhão, e em obediência a Deus,
Ele envia teus anjos para nos proteger. Mas do contrário, estamos entregues à nossa própria sorte. O
amor de Deus é demonstrado, nas determinações que Ele dá aos seus subordinados para nos
defender.
ANÁLISE LINGUÍSTICA: "seus anjos" - Isto pode ser um pano de fundo do AT (veja Ex. 23.20)
para Mt. 18.10; Lucas 4.10-11 (LXX) e At. 12.15 do conceito de "anjos da guarda". Observe
também, se juntar Hb. 1.14 com Sl. 103.21, parece haver uma conexão.
"guardem em todos os teus caminhos" - Esta é uma promessa maravilhosa para aqueles que confiam
em Deus e se refugiam nos Seus cuidados. No entanto, esta é também uma hipérbole bíblica.
Vivemos em um mundo caído e mal. Os crentes enfrentam provações, enfermidades, tentação, etc.
(cf. Mt. 5.10-12, Jo. 15.18-21; 16.1-3; 17.14; At. 14.22; Rm. 5.3- 4; 8.17; 2 Co. 4.16-18; 6.3-10;
11.23-30; Fp. 1.29; 1 Ts. 3.3; 2 Tm. 3.12; Tg. 1.2-4; 1 Pd. 3.14; 4.12-16; Ap. 11.7; 13.7).
ך׃ בן רגל ף באא ים ישאונך פן־ תג על־ כפב
על־ ‘al- Em
ים כפב kap·pa·yim [suas] mãos
ישאונך yiś·śā·’ū·nə·ḵā; Eles devem suster você
פן־ pen- para que não
ף תג tig·gōp você tropece
בן באא bā·’e·ḇen contra uma pedra
ך׃ רגל raḡ·le·ḵā. Seu pé
COMENTÁRIO: Anjos são ministradores de bênçãos para o povo de Deus. E para não
tropeçarmos eles nos sustentam. Não devem ser adorados, pois a adoração é somente e somente só
para Deus.
ANÁLISE LINGUÍSTICA: Salmos 91:12 - NVI - Nova Versão Internacional
com as mãos eles o segurarão, para que você não tropece em alguma pedra.
Salmos 91:12 - KJA - King James Atualizada
com as mãos eles te susterão, para que jamais tropeces em alguma pedra.
Salmos 91:12 - NTLH - Nova Tradução na Linguagem de Hoje
Eles vão segurá-lo com as suas mãos, para que nem mesmo os seus pés sejam feridos nas pedras.
Salmos 91:12 - TNM - Tradução Novo Mundo - Testemunhas de Jeová
Carregar-te-ão nas suas mãos, para que não dês com o pé numa pedra.
Jó 5:23 - Pois fará aliança com as pedras do campo, e os animais selvagens estarão em paz com
você.
Salmos 37:24 - ainda que tropece, não cairá, pois o Senhor o toma pela mão.
Provérbios 3:23 - Então você seguirá o seu caminho em segurança, e não tropeçará;
Isaías 46:3 - "Escute-me, ó casa de Jacó, todos vocês que restam da nação de Israel, vocês a quem
tenho sustentado desde que foram concebidos, e que tenho carregado desde o seu nascimento.
Isaías 63:9 - Em toda a aflição do seu povo ele também se afligiu, e o anjo da sua presença os
salvou. Em seu amor e em sua misericórdia ele os resgatou; foi ele que sempre os levantou e os
conduziu nos dias passados.
Mateus 4:6 - "Se você é o Filho de Deus, jogue-se daqui para baixo. Pois está escrito: ‘Ele dará
ordens a seus anjos a seu respeito, e com as mãos eles o segurarão, para que você não tropece em
alguma pedra’".
Lucas 4:11 - com as mãos eles os segurarão, para que você não tropece em alguma pedra’".
ין׃ יר ותנ ס כפא ך תרמ תן תדר חל ופא על־ שא
על־ ‘al- No
שאחל ša·ḥal leão
תן ופא wā·pe·ṯen e víbora
ך תדר tiḏ·rōḵ; você deve pisar
תרמ ס tir·mōs você pisoteará debaixo dos pés
כפאיר kə·pîr o jovem leão
ותנין׃ wə·ṯan·nîn. e o dragão
COMENTÁRIO: O crente pode em nome de Jesus Cristo vencer as forças que lhe oprimem. Não
significa com isto que iremos de encontro ao perigo sem estarmos preparados. Mas como crentes,
por meios da oração e da palavra, e da habitação no altíssimo temos o poder para em nome de Jesus,
sermos o sal e a luz. E se isto implicar em um combate corpo-a-corpo com os emissários do malo,
não podemos nos furtar a isto. A vitória do homem de Fé é calcada e espelhada na vitória de Deus.
Ao encararmos as ameaças da vida, estamos entrando no triunfo de Deus. O início é a aceitação do
sacrifício que Jesus fez na Cruz. É na Cruz que devemos nos Gloriar.
ANÁLISE LINGUÍSTICA: Isso liga as promessas anteriores historicamente ao período de
peregrinação no deserto ou pode ser uma linguagem figurativa para os problemas que os seres
humanos enfrentam em um mundo caído (cf. Salmo 58.3-5 e Lucas 10.19).
A tradução de pe·ṯen por “serpente peçonhenta” ou “cobra venenosa” (a venomous serpent) segue
Brown; Driver; Briggs (1978, p. 837) e Harris; Archer, Jr..; Waltke (1998, p. 1252). Segundo
Schökel e Carniti (1998, p. 1166), pe·ṯen, “[...] é nome genérico de ofídio venenoso”. Em Kirst
(1998, p. 202), oferecem-se “cobra” e “víbora”.
O significado de ṯan·nîn é incerto. De acordo com Ronald F. Youngblood (HARRIS; ARCHER, JR.;
WALTKE, 1998, p. 1651), refere-se a qualquer grande réptil; aqui, a uma cobra grande
especificamente. É possível traduzi-lo também por “crocodilo”, opção indicada em Kirst (2003, p.
268) e assumida por Chouraqui (1998, p. 141). Desse modo, a bênção de YHWH protetor assegura
que o fiel pisoteará o leãozinho e o crocodilo. Esse é um retrato que se reconhece de imediato numa
estela de esteatita, exposta no Museu Britânico, na qual se vê o menino Hórus, filho de Ísis, pisando
sobre crocodilos, as mãos agarrando serpentes e, sobre sua cabeça, a efígie de Bēs (KEEL, 1978,
figura XXVIII [apêndice de imagens entre as páginas 242 e 243]). Bēs era uma divindade popular
egípcia, representada pela imagem de um pigmeu barbudo de aparência leonina que trazia na cabeça
um cocar e na face, uma careta. Protetor do quarto de dormir e das parturientes, afastava demônios,
serpentes e escorpiões. As descobertas arqueológicas sugerem que a veneração desse deus esteve
bastante difundida na Palestina durante as Idades do Bronze Recente (1550 – 1150 AEC) e do Ferro
(1150 – 586 AEC). Logo, não é impossível que essa formulação do Salmo 91 tenha sido apropriada
pelo culto de YHWH do âmbito da religiosidade ligada a Bēs. Para maiores informações sobre Bēs,
cf. SILVA, 2012, p. 43-49.
Lucas 10:19 - Eu lhes dei autoridade para pisarem sobre cobras e escorpiões, e sobre todo o poder
do inimigo; nada lhes fará dano.
OBSERVAÇÃO LEXICOGRÁFICA:
Em Isaías 27.1 há um termo muito parecido com dragão:
ל ה עה זקי חש ה וה ה והגדולא בחרבו הקש ד יהוה וא יפקא ום ההא ועל לויתןביא ח ש בר נחא ן רלוית שב ין אש ג את־ התנ ש עשקלתון והרב נח
בים׃ ס
Naquele dia o SENHOR castigará com a sua dura espada, grande e forte, o leviatã, a serpente
fugitiva, e o leviatã, a serpente tortuosa; e matará o dragão, que está no mar.
O verbo castigará vincula esse versículo ao anterior; é o clímax da seção anterior. A semelhança da
serpente Lotã dos mitos ugaritas, o Leviatã era uma divindade-dragão mitológica que simbolizava o
caos e batalhava sem êxito contra Deus (Jó 41.1; SI 74-14). Serpente e dragão são imagens que
Isaías toma emprestadas dessa batalha mitológica para ensinar que Deus triunfará sobre todos os
que o desafiarem.
י׃ ע שמ י־ ידב הו כ שגבי הו אשצ פלט שק ואש י ח י בא כה
כהי kî Porque
י בא ḇî em
חשק ḥā·šaq ele tem definido seu amor
לטהו ואשפ wa·’ă·pal·lə·ṭê·hū; portanto, eu livrarei
הו שגבי אשצ ’ă·śag·gə·ḇê·hū, vou colocá-lo no alto
י־ כ kî- porque
ע ידב yā·ḏa‘ ele tem conhecido
י׃ שמ šə·mî. meu nome
COMENTÁRIO: O termo traduzido aqui por amou não procede do verbo usual hebraico para
amar. Contém mais a ideia de ter por perto e até de abraçar apertado com amor (Dt 7.7; 10.15).
Conheceu o meu nome trata de uma relação íntima e experiente com o Pai (Jo 1.18). Amor.
Livramento. Alto retiro. Porque conhecemos o nome de Deus.
ANÁLISE LINGUÍSTICA: Em Koehler; Baumgartner (1994, p. 362), o primeiro sentido
apresentado para ḥā·šaq é to be very attached to (“estar fortemente preso a”). Em seguida, to love
somebody (“amar alguém”).
Em Koehler; Baumgartner (1996, p. 931), o primeiro sentido para o grau piel (ativo intensivo) de
pālaṭ é to bring out (“trazer para fora”), isto é, to save (“salvar”).
O sentido do grau piel de šāgaḇ aqui é tornar seguro ou inacessível, proteger, defender (SCHÖKEL,
1997, p. 636).
No comentário sobre a ocorrência de yā·ḏa‘ em Gn 4,1, Chouraqui (1995, p. 66) esclarece que essa
raiz, cujo sentido é “conhecer por experiência concreta”, é usada com muita frequência para
relações sexuais íntimas entre casais. Ressalta ainda: “O rigor do sentido concreto de „penetrar‟,
com a ambivalência desta expressão, parece mais próximo do hebraico do que o eufemismo
„conhecer‟, propagado em todas as traduções.”
הו׃ כבד אש הו ו חלצי ה אשצ י בצר הו עמו־ אנכב ני אעמ ני ׀ ו יקרא
ני ׀ יקרא yiq·rā·’ê·nî Ele deve me chamar
ניהו ואעמ wə·’e·‘ĕ·nê·hū, e eu responderei
עמו־ ‘im·mōw- com
י אנכב ’ā·nō·ḵî eu [sou]
ה בצר ḇə·ṣā·rāh; [estarei] com ele nos problemas
לציהו אשצח ’ă·ḥal·lə·ṣê·hū, vou livrá-lo
הו׃ כבד אש ו wa·’ă·ḵab·bə·ḏê·hū. e honrá-lo
COMENTÁRIO: Temos aqui uma resposta para as orações. Os crentes invocam o nome de Jesus,
e Ele responde. Jesus está conosco nos momentos em que mais precisamos que são os momentos
angustiosos. Resposta para a oração, Consolo nos momentos problemáticos, Livramento. E depois
de tudo isto um prêmio pela Salvação.
ANÁLISE LINGUÍSTICA: O grau piel da raiz kāḇad traduz-se como “fazer pesado”, no sentido
de “honrar”. Usa-se aqui o adjetivo “vultoso” por comunicar bem, ao mesmo tempo, as acepções
literal (“volume”) e metafórica (“honra”) expressas pelo termo hebraico. O sujeito “vultoso”,
portanto, é alguém honrado, distinto, importante. Para o piel, Brown; Driver; Briggs (1978, p. 457),
relacionam tanto to make heavy (“fazer pesado”) como to honour (“honrar”).
י׃ ישועת הו ב אראי הו וצ מים אשביע רך י אא
אארך ’ō·reḵ Com longa
ימים yā·mîm vida
אשביעהו ’aś·bî·‘ê·hū; vou satisfazê-lo
הו אראי וצ wə·’ar·’ê·hū, e mostrá-lo
י׃ ישועת ב bî·šū·‘ā·ṯî. minha salvação
COMENTÁRIO: Os privilégios deste Salmo estão endereçados ao Povo que acredita em Jesus
Cristo e aceita ser protegido por Ele. Somos os destinatários destas promessas. A salvação que
veremos é a Salvação de Deus, a única e verdadeira. Isto vai além de nossos pensamentos.
ANÁLISE LINGUÍSTICA: Vida: O Deus de Israel é um Deus vivo (Js 3,10-13; Dt 5,22-27; Sl
36,6-10; 84,1-3; Jr 2,13). A vida é um dom precioso (Ecl 9,4; Jó 2,4). Mas a vida é instável e breve
(Gn 45,26s; Nm 21,8s; Jz 15,19; 2Rs 1,2; 8,9; Jó 20,8; 33,22; Sl 18,5s; 22,16; 31,11; 88,4.7; 116,8;
Ecl 5,12; 8,13; Eclo 18,10; 40,1-4; 51,10; Sb 2,5; Mt 6,25).
BREVE COMENTÁRIO SOBRE O ARAMAICO BÍBLICO
O aramaico bíblico, anteriormente chamado caldaico ou caldeu, é encontrado em Esdras 4:8 a -6:18,
e Esdras 7:12-26; Jeremias 10:11; e Daniel 2:4b a -7:28. Expressões aramaicas aparecem também
em outras partes da Bíblia, mas, muitas das tentativas de peritos de identificar fontes aramaicas para
palavras hebraicas são simplesmente conjecturais. O uso de algumas expressões aramaicas não
surpreende, pois os hebreus tinham por muito tempo um contato íntimo com os arameus e com a
língua aramaica. Entre as mais primitivas versões das Escrituras Hebraicas em outras línguas
acham-se os Targuns aramaicos, embora não fossem assentados por escrito senão alguns séculos
depois de começar a produção da Septuaginta grega, por volta de 280 AEC. O aramaico e o
hebraico são ambos classificados como pertencentes à família de línguas semíticas do noroeste.
Embora o aramaico difira consideravelmente do hebraico, é uma língua cognata, que possui as
mesmas letras em seu alfabeto, com os mesmos nomes que no hebraico. Assim como o hebraico, é
escrito da direita para a esquerda, e, originalmente, a escrita aramaica era consonantal. No entanto,
o aramaico empregado na Bíblia recebeu mais tarde pontos vocálicos por parte dos massoretas,
assim como eles colocaram pontos vocálicos no hebraico. O aramaico foi influenciado por seu
contato com outras línguas. O aramaico bíblico, além de conter vários nomes próprios hebraicos,
acadianos e persas de localidades e de pessoas, demonstra influência hebraica nos termos religiosos,
influência acadiana especialmente em termos políticos e financeiros, e influência persa em termos
tais como os relacionados com assuntos políticos e jurídicos. O aramaico, além de ter a mesma
forma de escrita que o hebraico, possui similaridade com ele em suas flexões verbais, nominais e
pronominais. Os verbos possuem dois estados, o imperfeito (indicando ação incompleta) e o
perfeito (significando ação completada). O aramaico emprega substantivos no singular, no dual e no
plural, e possui dois gêneros, o masculino e o feminino. Difere das outras línguas semíticas por
demonstrar preferência pelo som vocálico a, e, de outros modos, inclusive certas preferências
consonantais, tais como d para z, e t para sh.O aramaico se divide geralmente em grupos ocidentais
e orientais. No entanto, do ponto de vista histórico, tem-se reconhecido os seguintes quatro grupos:
aramaico antigo, aramaico oficial, aramaico levantino e aramaico oriental. Tem-se sugerido que,
provavelmente, falavam-se vários dialetos aramaicos na região do Crescente Fértil e da
Mesopotâmia, e em torno dela, durante o segundo milênio AEC. Uma diferença entre as formas
primitivas do aramaico e do hebraico pode ser observada em Gênesis 31:47. Depois de Jacó e
Labão se terem reconciliado, ergueu-se um montão de pedras como testemunha entre eles. Labão o
chamou de “Jegar-Saaduta” em aramaico (sírio), ao passo que Jacó o chamou de “Galeede”, em
hebraico, ambas as expressões significando “Montão de Testemunho”. Aramaico antigo é o nome
aplicado a certas inscrições descobertas no norte da Síria, e que se diz datarem do décimo ao oitavo
séculos AEC. Gradualmente, porém, um novo dialeto aramaico tornou-se a língua franca ou língua
internacional auxiliar durante o tempo do Império Assírio, suplantando o acadiano como língua
usada na correspondência governamental oficial com as regiões distantes do império. Em vista de
seu uso, esta forma padrão de aramaico é chamada de aramaico oficial. Continuou a ser empregada
no tempo em que Babilônia era a potência mundial (625-539 AEC), e depois disso, durante o tempo
do Império Persa (538-331 AEC). Especialmente então, gozou de amplo uso, sendo a língua oficial
do governo e do comércio numa ampla região, conforme atestam as descobertas arqueológicas.
Aparece em registros feitos em tabuinhas cuneiformes; em óstracos, papiros, selos, moedas; em
inscrições em pedra, e assim por diante. Esses artefatos têm sido encontrados em terras tais como a
Mesopotâmia, a Pérsia, o Egito, a Anatólia, o norte da Arábia; em regiões tão ao N como os montes
Urais; e ao L, em lugares tão distantes como o Afeganistão e o Curdistão. O uso do aramaico oficial
continuou durante o período helenístico (323-30 AEC). Parece que é este aramaico oficial que é
encontrado nos escritos de Esdras, de Jeremias e de Daniel. As Escrituras também fornecem
evidência de que o aramaico era uma língua franca daqueles tempos antigos. Assim, no oitavo
século AEC, porta-vozes designados pelo Rei Ezequias, de Judá, apelaram para Rabsaqué,
representante do rei assírio Senaqueribe, dizendo: “Por favor, fala aos teus servos em sírio [arameu,
portanto, em aramaico], pois estamos escutando; e não nos fales no idioma judaico, aos ouvidos do
povo que está sobre a muralha.” (Is 36:11; 2Rs 18:26) Os oficiais de Judá entendiam aramaico, ou
sírio, mas, evidentemente, naquele tempo, este não era entendido pelo povo comum entre os
hebreus em Jerusalém. Alguns anos depois de os judeus terem voltado do exílio babilônico, Esdras,
o sacerdote, leu o livro da Lei para os judeus reunidos em Jerusalém, e diversos levitas o explicaram
ao povo, Neemias 8:8 declarando: “Continuaram a ler alto no livro, na lei do verdadeiro Deus,
fornecendo-se esclarecimento e dando-se o sentido dela; e continuaram a tornar a leitura
compreensível.” Esta exposição ou interpretação talvez envolvesse a paráfrase do texto hebraico em
aramaico, os hebreus tendo possivelmente adotado o aramaico enquanto em Babilônia. Sem dúvida,
a exposição envolveu também um esclarecimento, para que os judeus, mesmo que compreendessem
o hebraico, discernissem o profundo significado do que era lido.
ARAMAICO BÍBLICO
SOBRE ESDRAS
Os acontecimentos do capítulo 6 se deram durante o reinado de Dario. Mais especificamente, o
templo ficou pronto e foi dedicado em 515 a.C. O capítulo 7 pula vários anos para o reinado de
Artaxerxes (464-424 a.C.), já que Esdras regressou por volta de 458 a.C. Desse modo, entre os
capítulos 6 e 7 existe um intervalo de, aproximadamente, 60 anos. Durante esse período, ocorrem os
acontecimentos descritos no livro de Ester. Esdras, o líder do segundo retorno para Jerusalém, é
apresentado com uma expressiva genealogia, demonstrando que ele pertencia a uma família de
sacerdotes — a de Arão. Seraías presenciou a queda de Jerusalém (2 Rs 25.18), e seu filho,
Jeozadaque, foi para o exílio (1 Cr 6.15). A designação filho de Zeraías indica a linhagem de
Esdras, e não o nome de seu pai.
O primeiro mês corresponde a março/ abril do nosso calendário; o quinto mês, a julho/ agosto. O
trajeto percorrido por Esdras era perigoso, pois uma rebelião havia começado no Egito e a
primavera era a época em que os exércitos antigos iniciavam suas campanhas.
ESDRAS 7:26
י ק) ן [לשרשו כ] (לשרש ן למות הא ה הה ד מנ ובא מתעשב ה להמ רנא דינ א אספ י מלכ ך ודתא דא להי י־ אמ א ד ד דתא א עב ו וכל־ די־ לא להמ
ין׃ פ סור ין ולאמ נבש נכס הן־ לעש
וכל־ wə·ḵāl E quem quer que seja
די־ dî- que
לא lā não
א ו להמ le·hĕ·wê vai
עב ד ‘ā·ḇêḏ fazer
דתאא dā·ṯā a lei
די־ ḏî- do
ך להי אמ ’ĕ·lā·hāḵ, seu Deus
ודתא wə·ḏā·ṯā e a lei
דאי dî tanto mais
א מלכ mal·kā, do rei
רנא אספ ’ā·sə·par·nā rapidamente
ה דינ dî·nāh o julgamento
ובא להמ le·hĕ·wê deixe
מתעשב ד miṯ·‘ă·ḇêḏ ser executado
ה מנ min·nêh; em
ן הה hên quer
למות lə·mō·wṯ para a morte
ן הא hên ou
לשרשו [liš·rō·šū -
כ ḵ] -
י לשרש (liš·rō·šî, ao banimento
ק q) -
הן־ hên- ou
לעשנבש la·‘ă·nāš para confiscação
ין נכס niḵ·sîn de bens
ין׃ סור ולאמ wə·le·’ĕ·sū·rîn. ou à prisão
פ p -
COMENTÁRIO: Tão grande era seu respeito ela lei que [o rei] praticamente deixou Esdras fazer o
que entendesse ser o melhor. Essa reverência para com a lei de Deus vinda de um monarca pagão
nos envergonha. Procuremos exaltá-la mais nós também! Sejamos o povo do Livro e o exaltemos,
como por ele somos exaltados, até na opinião daqueles que não o reverenciam! Este versículo
mostra que até o imperador reconhecia claramente que a infidelidade à vontade de Deus se
constitui, realmente, na pior traição contra o império, contra sua prosperidade e contra sua
sobrevivência física, moral e espiritual.
ANÁLISE LINGUÍSTICA: Deixe o julgamento ser executado rapidamente sobre ele. - Depois
disso, a autoridade civil é adicionada aos religiosos. Todos esses poderes eram geralmente confiados
aos administradores provinciais, com mais ou menos reservas, pelos persas. Mas é óbvio que sua
combinação na única pessoa desse servo de Tehovah exigiu declaração expressa.
Quem não fará a lei de seu Deus, & c. - Não foram autorizados a fazer novas leis, mas a ver a lei de
Deus devidamente executada (que aqui é feita a lei do rei) e, portanto, foi confiada à espada, para
que eles sejam um terror para os malfeitores. O que poderia Jeosafá, ou Ezequias, ou o próprio
Davi, como rei, fizeram mais pela honra de Deus e pela promoção da religião?
SOBRE DANIEL
O livro de Daniel é considerado uma obra do período interbíblico. Foi o último a entrar para as
Escrituras Hebraicas, quando estas já estavam bastante estabelecidas, na parte dos Hagiógrafos. É
provável que sua entrada se deu por pertencer à tradição do ciclo de Daniel, personagem antigo
louvado por sua justiça e sabedoria. Diferentemente das Escrituras Hebraicas, a Septuaginta
(tradução grega dessas Escrituras) relacionou o livro entre os profetas, tradição que foi seguida
pelas Bíblias cristãs. Os Hagiógrafos (“Escritos”) das Escrituras Hebraicas não englobavam a Torah
nem os livros proféticos, e o fato de Daniel ser inserido nessa parte pode indicar sua composição
tardia. O próprio redator (Daniel 9, 2) faz referências às “Escrituras”, dentre as quais estava
Jeremias, o que dá testemunho da cristalização e autoridade dos livros proféticos. Além disso,
certamente os escribas perceberam sua categoria diferente da dos livros proféticos, e assim não o
inseriram entre eles. O fato é que, como um todo, o livro se encaixa no florescimento da literatura
apocalíptica judaica (século II a.C.), o que é defendido pela maioria dos estudiosos. O personagem
principal do livro é Daniel. Daniel era um hebreu de Judá, provavelmente de linhagem real, nascido
no final do século VII a.C., e como um jovem garoto, ele foi levado de sua terra natal para a
Babilônia (no que é hoje o sul do Iraque) por volta de 605 a.C.. Lá, depois de três anos de educação
formal em língua e literatura (Dn 1:4, 5), ele se tornou um oficial na casa real. Os seis primeiros
capítulos falam dos incidentes particulares na vida de Daniel, mas não fornecem uma biografia
abrangente de sua vida e tempos. O nome de Daniel significa “Deus é meu juiz”. Como um
residente estrangeiro na Babilônia, lhe foi dado outro nome, Beltessazar, o que pode ter significado
“(deixe o deus) proteger sua vida” na língua babilônica. Embora o próprio Daniel fosse exilado c.
605 a.C., a principal fase do exílio babilônico começou em 586 a.C., após a derrota do reino de Judá
e da destruição de Jerusalém. A conta se estende através dos reinados de Nabucodonosor
(devidamente Nabucodonosor) e Belsazar, culminando nos primeiros anos do rei persa Ciro, que
assumiu a cidade de Babilônia em 539 a.C. Para os judeus do exílio foi um momento de dificuldade,
mas também um tempo de renovada compreensão teológica. Ambos os aspectos são refletidos no
Livro de Daniel. Datas importantes a lembrar:
a. 612 a.C. Queda de Nínive, capital do império assírio.
A Assíria tinha dominado o mundo desde os dias de Tiglate-Pileser em 845 a.C. Nabopalasar subiu
ao trono da Babilônia e se rebelou com sucesso contra os assírios em 625 a.C. Nabucodonosor, seu
filho, foi o general que conduziu o exército babilônio contra Nínive, derrotando-o em 612 a.C.
b. 605 a.C. A batalha de Carquêmis provou a supremacia babilônia.
Depois que a Assíria foi vencida, os egípcios se levantaram e o faraó Neco veio com seu exército
lutar contra os babilônios em Carquêmis. De novo, Nabucodonosor provou sua astúcia vencendo
duramente os egípcios e então perseguiu-os no caminho para o sul, através de Judá. Em Jerusalém,
contudo, ele soube da morte de seu pai Nabopalasar. Retornou imediatamente à Babilônia para
assumir o trono de seu pai, mas levou consigo alguns reféns dos judeus. Daniel e seus três amigos
estavam entre os primeiros cativos levados. Não nos é dito quantos outros foram levados.
c. 597 a.C. Uma segunda leva foi encaminhada para Babilônia, incluindo Ezequiel.
Joaquim (Jeconias, Conias) tinha sucedido ao reino de seu pai, Jeoaquim. Contudo, durou somente
três meses antes que Nabucodonosor viesse para remover seu rei rebelado e 10.000 judeus, entre os
quais estava Ezequiel (2 Reis 24:8-16; Ezequiel 1:1-3).
d. 586 a.C. Jerusalém caiu e o templo foi destruído.
Zedequias tinha sido instalado como governador em Jerusalém, mas foi fraco e vacilante.
Finalmente, onze anos depois, o exército babilônio devastou totalmente Jerusalém (2 Reis 25:1-7).
A maioria dos judeus que não foram mortos foram levados cativos para a Babilônia. Jeremias
preferiu permanecer atrás com alguns poucos sobreviventes (Jeremias 40-44).
e. 536 a.C. Babilônia cai, e a primeira leva retorna a Jerusalém.
Ciro, o rei persa, envia de volta a primeira leva para Jerusalém, guiada por Zorobabel (leia os livros
de Esdras e Neemias). A fundação do templo foi lançada em 520 a.C. e completada em 516 a.C.
(leia Ageu e Zacarias).
f. 457 a.C. Uma segunda leva retorna com Esdras.
A nação é reorganizada e a palavra de Deus é lida.
g. 444 a.C. Uma terceira leva retorna com Neemias.
O muro é reconstruído em volta de Jerusalém
DANIEL 2:20
יא׃ ה־ ה י ל א דב א וגבורת י חכמת א ד ד־ עלמ א ועא ך מן־ עלמ להא מבר י־ אמ ה ד א שמה ו ר להמ ניאל ואמ ענהה ד
ענהה ‘ā·nêh respondeu
ניאל ד ḏā·nî·yêl Daniel
ואמר wə·’ā·mar, e disse
א ו להמ le·hĕ·wê seja
ה שמה šə·mêh o nome
י־ ד dî- de
להא אמ ’ĕ·lā·hā Deus
מברך mə·ḇā·raḵ, Bendito
מן־ min- para sempre e sempre
עלמ א ‘ā·lə·mā sempre
ועאד־ wə·‘aḏ- e até
עלמא ‘ā·lə·mā; sempre
י ד dî para
א חכמת ḥā·ḵə·mə·ṯā sabedoria
וגבורת א ū·ḡə·ḇū·rə·ṯā e força
דבי dî porquanto
ה־ ל lêh- a
יא׃ ה hî. são
COMENTÁRIO: Aqui inicia-se mais uma oração de Daniel. Daniel era um homem de propósito,
um homem de oração e um homem de profecia. Somente Deus poderia revelar esse segredo a
Daniel, e essa foi a sua grande oração de ação de graças. Então, ele estava pronto para ir e solicitar
novamente outra audiência com o rei.
ANÁLISE LINGUÍSTICA: A oração de Daniel é, em sua maior parte, enquadrada no modelo da
linguagem bíblica, enquanto, por outro lado, parece ter sido adaptada às suas próprias necessidades
especiais em posteriores servos piedosos de Deus. A Doxologia, com a qual ela começa, baseia-se
na fórmula litúrgica que conclui os Salmos 41, sendo a substância repetida por Neemias ( Neemias
9: 5 ).A palavra "resposta", nas Escrituras, muitas vezes ocorre substancialmente no sentido de
"falar" ou "dizer". Não significa sempre uma resposta a algo que tenha sido dito por outro, como
ocorre com a gente, mas é usado frequentemente quando um discurso é iniciado, como se alguém
respondesse a algo que "poderia" ser dito no caso, ou no sentido de que as circunstâncias do caso
deram origem à observação. Aqui, o significado é que Daniel respondeu, por assim dizer, à bondade
que Deus manifestou, e expressou seus sentimentos em expressões apropriadas de louvor. Bendito
seja o nome de Deus para todo o sempre - Isto é, seja abençoado seja Deus - o "nome", nas
Escrituras, muitas vezes usado para denotar a própria pessoa. É comum na Bíblia pronunciar
atribuições de louvor a Deus em vista de revelações importantes, ou em vista de grandes mercias.
Compare a música de Moisés após a passagem do Mar Vermelho, Êxodo 15 ; a canção de Deborah
após o derrube de Sisera, juízes 5 ; Isaías 12: 1-6 .
DANIEL 2:21
ה׃ י בינ א לידעב ין ומנדע ב חכמתא לחכימ ין יהה ים מלכ ין ומהקא ה מלכ א מהעדב הוא מהשנהא עדניא וזמני וש
הוא וש wə·hū E ele
מהשנהא mə·haš·nê muda
עדניא ‘id·dā·nay·yā os tempos
א וזמני wə·zim·nay·yā, e as estações
ה מהעדב mə·ha‘·dêh ele remove
מלכ ין mal·ḵîn reis
ים ומהקא ū·mə·hā·qêm e estabelece
מלכין mal·ḵîn; reis
ב יהה yā·hêḇ ele dá
חכמתא ḥā·ḵə·mə·ṯā sabedoria
ין לחכימ lə·ḥak·kî·mîn, ao sábio
ומנדע א ū·man·də·‘ā e conhecimento
לידעבי lə·yā·ḏə·‘ê para aqueles que conhecem
ה׃ בינ ḇî·nāh. os homens de compreensão
COMENTÁRIO: Quando vemos líderes malvados que vivem e a líderes bons que morrem jovens,
possivelmente nos perguntemos se Deus ainda regula os acontecimentos do mundo. Daniel viu
governantes malvados com um poder quase ilimitado, mas sabia e proclamava que Deus controla
tudo o que acontece. O mundo se move de acordo aos propósitos de Deus. Permita que este
conhecimento lhe dê confiança e paz aconteça o que possa acontecer em sua vida.
ANÁLISE LINGUÍSTICA: Tempos, ou seja, ele ordena os eventos que ocorrem em diferentes
épocas e épocas. Daniel se refere ao sonho que lhe foi revelado recentemente, em que as mudanças
dos tempos e das épocas do futuro foram retratadas de maneira tão maravilhosa. Os "tempos" se
opõem às "estações", pois as circunstâncias do tempo podem ser contrastadas com épocas de tempo.
(Comp. Daniel 7:12). E ele muda os tempos e as estações - O objetivo disto é afirmar o controle
geral de Deus em relação a todas as mudanças que ocorrem. A afirmação é feita, sem dúvida, em
vista das revoluções no império que Daniel agora viu, a partir da significação do sonho, teriam lugar
sob a mão Divina. Pretendendo agora essas vastas mudanças denotadas por diferentes partes da
imagem Daniel 2: 36-45, estendendo-se em tempos distantes, Daniel foi levado a atribuir a Deus o
controle sobre "todas" as revoluções que ocorrem na Terra. Não há diferença essencial entre as
palavras "tempos" e "estações". As palavras em Caldéia indicam estações declaradas ou designadas;
e a idéia dos tempos "designados, definidos, determinados", entra em ambos. Os tempos e as
estações não estão sob o controle do acaso, mas são limitados pelas leis estabelecidas; e, no entanto,
Deus, que designou essas leis, tem poder para mudá-las, e todas as mudanças que ocorrem sob essas
leis são produzidas por sua agência. Assim, as mudanças que ocorrem em relação ao dia e à noite,
primavera e verão, outono e inverno, nuvens e luz do sol, saúde e doença, infância e juventude,
masculinidade e idade, estão sob seu controle. Tais mudanças, de acordo com certas leis, pode ser
considerado como "designado" ou "conjunto", e, no entanto, as leis e as revoluções consequentes
estão sob seu controle. Assim, em relação às revoluções do império. Com os arranjos de sua
providência, ele assegura que tais revoluções, como ele deve ver que seja melhor, devem ocorrer, e
em todas elas sua mão alta deve ser considerada. As palavras "estações" e "tempos" são frequentes
em Daniel, e às vezes são usadas em um sentido peculiar, mas eles parecem aqui estar empregados
em sua significação usual e geral, para denotar que "todas" as revoluções que ocorrem na Terra
estão sob seu controle.
Ele remove os reis e remete os reis - Ele tem controle absoluto sobre todos os soberanos da terra,
colocando no trono que ele quer, e para removê-los quando quiser. Isto foi indubitavelmente
sugerido a Daniel, e foi o fundamento desta parte de seu hino de louvor, do que ele foi autorizado a
ver nas divulgações feitas para ele na interpretação do sonho. Ele então viu (compare Daniel 2: 37-
45 ) que haveria as mais importantes revoluções de reinos sob a mão de Deus, e ficando
profundamente impressionado com essas grandes mudanças prospectivas, ele faz essa afirmação
geral, que era prerrogativa de Deus para fazer isso com prazer. Nabucodonosor foi levado a sentir
isso, e reconhecê-lo, quando ele disse Daniel 4:17"O Altíssimo domina no reino dos homens, e dá-o
a quem quiser"; "Ele faz conforme a sua vontade no exército dos céus, e entre os habitantes da terra;
ninguém pode ficar com a mão, nem dizer-lhe: o que você faz?" Daniel 4:32 , Daniel 4:35 . Esta
afirmação é muitas vezes afirmada por Deus nas Escrituras como uma prova de sua supremacia e
grandeza. "Porque a promoção não vem do oriente, nem do ocidente, nem do sul; mas Deus é o juiz,
derruba um e coloca outro," Salmo 75: 6-7 . Compare 1 Samuel 2: 7-8 . Assim, ele reivindicou o
controle absoluto sobre Senaquerib para empregá-lo no seu prazer em executar seus propósitos de
punição sobre a nação hebraica Isaías 10: 5-7 , e assim sobre Ciro para executar seus propósitos
sobre Babilônia e para restaurar seu povo para a sua terra, Isaías 45: 1 , seguindo Veja também
Isaías 46: 10-11. Desta forma, todos os reis da terra podem ser considerados como sob seu controle;
e se o plano divino fosse totalmente compreendido, verificaria-se que cada um recebeu sua
nomeação sob a direção divina, para realizar uma parte importante para levar adiante os planos
divinos para sua realização. Uma história de assuntos humanos, mostrando o propósito exato de
Deus em relação a cada governante que ocupou um trono, e o objeto exato que Deus projetou
realizar ao colocar "ele" no trono no momento em que ele fez, seria um História muito mais
importante e valiosa do que qualquer que tenha sido escrita. De muitos desses governantes, como
Ciro, Senaquerib, Pilatos, Henrique VIII, Eduardo VI e Eleitor da Saxônia, podemos ver a razão
pela qual eles viveram e reinaram quando o fizeram; Ele dá sabedoria aos sábios ... - Ele é a fonte
de toda a verdadeira sabedoria e conhecimento. Isso é muitas vezes reivindicado por Deus nas
Escrituras. Compare os Provérbios 2: 6-7. Veja também 1 Reis 3: 9-12 ; Êxodo 31: 3. Deus afirma
ser a fonte de toda sabedoria e conhecimento. Ele formou originalmente cada intelecto humano, e
tornou o que é; Ele abre diante dele os caminhos do conhecimento; ele dá a ele a clareza da
percepção; Ele preserva seus poderes para que eles não se tornem perturbados; ele tem poder para
fazer sugestões, direcionar as leis da associação, consertar a mente em pensamentos importantes e
abrir diante de novas e interessantes visões da verdade. E, como seria encontrado, se a história
pudesse ser escrita, Deus colocou cada monarca no trono com uma referência distinta a algum
propósito importante no desenvolvimento de seus grandes planos, então, provavelmente, seria visto
que cada trabalho importante de gênio que foi escrito; cada invenção nas artes; e cada descoberta na
ciência tem sido, para um propósito semelhante, sob seu controle.
DANIEL 2:22
א׃ ה שר א ק) עמב א [ונהירא כ] (ונהור שוכ ה בחש א ידע מא א ומסתרת א עמיקת הוא גלב
הוא hū Ele
א גלב gā·lê revela
א עמיקת ‘am·mî·qā·ṯā o profundo
ומסתרתא ū·mə·sat·tə·rā·ṯā; e coisas secretas
ידע yā·ḏa‘ ele sabe (conhece)
ה מא māh o que
א שוכ בחש ḇa·ḥă·šō·w·ḵā, [está] em trevas
ונהירא [ū·nə·hî·rā -
כ ḵ] -
ונהור א (ū·nə·hō·w·rā a luz
ק q) -
ה עמב ‘im·mêh com
שרא׃ šə·rê. habita
COMENTÁRIO: Ele revela o profundo e o escondido e conhece o que está em trevas. A expressão
profundo diz respeito a algo inacessível (SI 92.5,6). O que se encontra em trevas está oculto aos
olhos.
ANÁLISE LINGUÍSTICA: Luz - Talvez "iluminação" e não "luz" expressa o significado real. O
próprio homem precisa de iluminação de uma fonte externa. Esta fonte é Deus, o "sol da alma do
homem", em quem a luz habita como se fosse um palácio, e em "Sua luz vemos a luz" (Salmo 36:
9).
DANIEL 2:44
כל־ ק ותסיף ק תדה א תשתב ן לא ם אחר ה לעב לכות ל ומ א תתחב לא י לעלמין דה ה שמיהא מלכו ל ון יקים אמ י מלכיאא אני וביומיהון ד
א׃ ום לעלמי יא תקב א וה ין מלכות אלא
וביומיהון ū·ḇə·yō·w·mê·hō·wn e nos dias
י ד dî dos
מלכיאא mal·ḵay·yā reis
ון אני ’in·nūn, estes
יקים yə·qîm será estabelecido
ה ל אמ ’ĕ·lāh o Deus
שמיהא šə·may·yā do céu
מלכו mal·ḵū um reino
דהי dî que
לעלמין lə·‘ā·lə·mîn nunca
לאא lā deverá
ל תתחב ṯiṯ·ḥab·bal, ser destruído
ה לכות ומ ū·mal·ḵū·ṯāh, e o reino
לעבם lə·‘am pessoas
אחר ן ’ā·ḥo·rān para outros
לאא lā deverá
ק תשתב ṯiš·tə·ḇiq; ser deixado
ק תדה tad·diq [mas] deve quebrar em pedaços
ותסיף wə·ṯā·sêp e consumir
כל־ kāl- a todos
ין אלא ’il·lên estes
א מלכות mal·ḵə·wā·ṯā, reinos
וה יא wə·hî e isso
תקבום tə·qūm deve permanecer (subsistirá)
לעלמיא׃ lə·‘ā·lə·may·yā. para sempre
COMENTÁRIO: O Reino de Deus jamais será destruído. Se lhe inquietarem os rumores de guerra
e a prosperidade dos líderes maus, recorde que Deus, não os líderes do mundo, decidem o
desenvolvimento da história. Sob o amparo de Deus, o Reino de Deus é indestrutível. Todos os que
acreditam em Deus são cidadãos de seu reino e estão seguros nele.
ANÁLISE LINGUÍSTICA: E nos dias desses reis - Ou seja, reinos, ou durante a sucessão dessas
quatro monarquias; e deve ser durante o tempo do último deles, porque são contados quatro em
sucessão e, consequentemente, esse deve ser o quinto reino. O Deus dos céus estabelecerá um reino.
Isso só pode ser entendido com propriedade, como os antigos entendiam, do reino de Cristo. Assim,
seu reino foi criado durante os dias do último desses reinos, isto é, o romano. A pedra era totalmente
diferente da imagem; e o reino de Cristo é totalmente diferente dos reinos deste mundo. Esta
imagem representava os reinos da terra, que deveria sucessivamente governar as nações e
influenciar os assuntos da igreja judaica. 1. A cabeça de ouro significava o império caldino, então
em ser. 2. O peito e os braços de prata significavam o império dos medos e persas. 3. A barriga e as
coxas de bronze significavam o império grego, fundado por Alexandre. 4. As pernas e os pés de
ferro significavam o império romano. O império romano se ramificou em dez reinos, como os dedos
dos pés. Alguns eram fracos como argila, outros fortes como o ferro. Os desejos costumavam ser
usados para uni-los, para fortalecer o império, mas em vão. A pedra cortada sem mãos, representava
o reino de nosso Senhor Jesus Cristo, que deveria ser estabelecido nos reinos do mundo, sobre as
ruínas do reino de Satanás nelas. Esta foi a pedra que os construtores recusaram, porque não foi
cortada pelas mãos, mas tornou-se a cabeça do canto. Do aumento do governo e da paz de Cristo,
não haverá fim. O Senhor reina, não apenas no fim dos tempos, mas quando o tempo e os dias não
serão mais. No que diz respeito aos acontecimentos, o cumprimento desta visão profética tem sido
exato e inegável; As idades do futuro testemunharão esta pedra destruindo a imagem e enchendo
toda a terra. O cumprimento desta visão profética tem sido exato e inegável; As idades do futuro
testemunharão esta pedra destruindo a imagem e enchendo toda a terra. O cumprimento desta visão
profética tem sido exato e inegável; As idades do futuro testemunharão esta pedra destruindo a
imagem e enchendo toda a terra.
DANIEL 5:20
ה׃ יו מנ ה העדב יקר ה ו א מלכות ה הנחת מן־ כרסא זד ת להש קפא ה ת ה ורוח ם לבב וכדי רא
וכדי ū·ḵə·ḏî Mas quando
ראם rim se elevou
ה לבב liḇ·ḇêh, seu coração
ה ורוח wə·rū·ḥêh e sua mente
קפאת ת tiq·paṯ se endureceu
ה זד להש la·hă·zā·ḏāh; no orgulho
הנחת hā·nə·ḥaṯ ele foi deposto
מן־ min- do
כרסאא kā·rə·sê trono
ה מלכות mal·ḵū·ṯêh, de seu real
ה יקר ו wî·qā·rāh sua glória
יו העדב he‘·di·yū eles levaram
ה׃ מנ min·nêh. dele
COMENTÁRIO: Além de órgão humano ou animal, o coração é visto como sede do homem
interior (1Pd 3,4), conhecido por Deus (1Sm 16,7). É a sede da vida intelectiva, dos pensamentos
(Dn 2,30), da fé e da dúvida (Mc 11,23; Rm 10,8s), enfim dos sentimentos e das paixões em geral
(Dt 15,10; 20,3; 28,47; Rm 1,24). O coração é ainda a sede da vontade, da vida moral e religiosa
(Lc 21,14; 2Cor 9,7; Gl 4,6). Por isso o coração representa o homem todo (Jl 2,13). Em hebraico
(kabod ), o termo significa aquilo que dá peso, torna importante e confere estima, como a riqueza, o
esplendor e o poder. Muitas vezes significa a manifestação radiante da grandeza divina (Ex 24,15s;
29,43; Ez 1,28; 9,3). A glória de Deus enche o tabernáculo ou o templo (Ex 40,35; 1Rs 8,11),
manifesta seu poder e sua santidade nas obras da criação (Sl 19,2), nos prodígios em favor de seu
povo (Nm 14,22; Is 40,5). Jesus possuía esta glória (Jo 1,14), que se manifesta nos milagres, no
monte Tabor (Mt 17,2-8; 2Cor 3,7s; Jo 2,11) e na paixão (Jo 17,1; 12,23; 13,31-32). O cristão, pela
esperança (Fl 3,21), dela participa já neste mundo.
ANÁLISE LINGUÍSTICA: As expressões aqui têm uma força peculiar, ao marcar a altiva
insolência do rei Nabucodonosor. Sua autoridade, como mencionado no último verso, tinha sido
levada para o tédio mais alto; e por essa razão, encontramos aqui que sua mente estava exaltada, e
seu espírito cresceu obstinado em orgulho e arrogância; em vez de atribuir todas as suas honras e
vantagens ao verdadeiro doador, o Deus verdadeiro, a quem ele tinha sido levado a reconhecer, e ao
descuido de quem, e a melhorar os sofrimentos de seu avô, o profeta atribui justa e judiciosamente o
destino de Belshazzar. Daniel lê a condenação de Belshazzar. Ele não havia avisado os julgamentos
sobre Nabucodonosor. E ele insultou Deus. Os pecadores estão satisfeitos com deuses que nem
vêem, nem ouvem, nem sabem; mas serão julgados por Aquele a quem todas as coisas estão abertas.
Daniel lê a frase escrita na parede. Tudo isso pode ser aplicado ao destino de todos os pecadores. Na
morte, os dias do pecador são numerados e terminados; Depois da morte é o julgamento, quando ele
será pesado no equilíbrio, e achou querer; e depois do julgamento, o pecador será cortado, e dado
como uma presa do diabo e seus anjos. Enquanto essas coisas passavam no palácio, considera-se
que o exército de Ciro entrou na cidade; e quando Belshazzar foi morto, uma submissão geral
seguiu. Em breve, todo pecador impenitente encontrará a escrita de Deus.
DANIEL 6:10
על־ ך וא ׀ ברא א הא ה ביומ תלת ם וזמנין נ רגד ירושל ה בעלית ן לה ין פתיחב וכו ה ל לבית עא ים כתבא י־ רשה ע ד י יד דניאל כד וש
ה׃ ס ת דנ ד מן־ קדמ ואא עב י־ הש ה כל־ קבל ד לה ם אמ א ומודא קדא והי ומצלה ברכי
דניאל וש wə·ḏā·nî·yêl e Daniel
כדי kə·ḏî quando
ע יד yə·ḏa‘ soube
י־ ד dî- que
רשהים rə·šîm estava assinado
כתבא kə·ṯā·ḇā o edital
עאל ‘al ele entrou
ה לבית lə·ḇay·ṯêh, em sua casa
ין וכו wə·ḵaw·wîn e suas janelas
פתיחבן pə·ṯî·ḥān estavam abertas
לה lêh para
ה בעלית bə·‘il·lî·ṯêh, em seu quarto
נ רגד ne·ḡeḏ em direção a
ירושלם yə·rū·šə·lem; Jerusalém
וזמנין wə·zim·nîn e vezes
ה תלת tə·lā·ṯāh três
א ביומ ḇə·yō·w·mā por dia
וא ׀ הא hū ele
בראך bā·rêḵ se ajoelhou
על־ ‘al- nos
ברכיוהי bir·ḵō·w·hî, seus joelhos
להא ומצ ū·mə·ṣal·lê e orava
ומודא ū·mō·w·ḏê e dava graças
קדאם qo·ḏām diante do
ה לה אמ ’ĕ·lā·hêh, seu Deus
כל־ kāl- como
קבל qo·ḇêl de acordo com
י־ ד dî- agora quando
השואא hă·wā ele fazia
עבד ‘ā·ḇêḏ, .. .. ..
מן־ min- antigamente
קדמ ת qaḏ·maṯ anteriormente
דנה׃ də·nāh. tempo
ס s -
COMENTÁRIO: A oração, em primeiro lugar, foi corajosa (cons. Hus at Constance, d.C. 1415 ).
Em segundo lugar, ela era verdadeiramente piedosa, sem exibição do heroísmo em público. Não
houve ostentação de religião. Daniel só fez o que achou que era certo (cons. Tg, 1: 27; Mt, 6: 5 e
segs.). Em terceiro lugar, foi uma oração de acordo com as Escrituras. Como Moisés, em Dt. 28:36-
68, predisse o cativeiro dos judeus, assim as palavras de Salomão em II Cr. 6:36-39 determinaram
que adorariam em cativeiro. Daniel 6:10, 11 deve ser entendido à luz indispensável destas
passagens. Oito elementos específicos da verdadeira oração aparecem na comparação: (1) Fé.
Daniel cria na Palavra, pois ele obedecia e orientava suas orações por meio dela. A oração dos
exilados tinha de ser orientada "na direção de sua terra" e ao orar voltado para os lados de
Jerusalém, Daniel demonstrou fé respeitosa. (2) Adoração. Salomão determinou que fosse "em
direção da cidade", isto é, Jerusalém (Dt. 12:5-7; I Cr. 11:4-9; 13:1-14; 15:25-29; II Cr. 3:1, 2; 5:1-
14; 7:1-3. Cons. João 4:20-22; Atos 4:12). Daniel não podia adorar literalmente na Cidade Santa,
mas sua atitude demonstrava que ele desejava fazê-lo; e em espírito ele o fazia. (3) A base da
expiação pelo sangue. "A casa . . . edificada para o meu nome" era o centro do ritual sacrificial. A
atitude de Daniel reconhecia isto (cons. Hb. 10:19-22). (4) Humildade. Isto está indicado pela
ênfase marcada sobre a posição de joelhos (cons. Luc. 18:13, 14). (5) Regularidade. Três vezes no
dia (cons. Sl. 55:16, 17). (6) Petição. E orava ou e perseverava orando. A palavra sela’ significa
"curvar-se num pedido". (7) Ação de graças. Dava graças, etc. (cons. Fp. 4: 6). (8) Constância.
Como costumava fazer.
ANÁLISE LINGUÍSTICA: Para Jerusalém. - Com o costume de orar, veja 1 Reis 8:33; 1 Reis
8:35; Salmo 5:7; Salmo 28:2; e na oração nos intervalos mencionados aqui, veja o Salmo 55:17.
Não há nada ostentoso na oração de Daniel. Ele removeu as redes (ver Ezequiel 40:16) da janela,
para que ele possa ver o mais longe possível em direção a Jerusalém, e depois continuou suas
devoções, como se o decreto do rei não tivesse sido registrado. O profeta deve, nesse momento, ter
estado perto dos noventa anos de idade, mas ainda assim sua fé é tão firme e inabalável quanto a
dos seus três companheiros muitos anos antes.De acordo com o antigo costume dos judeus; Para
aqueles que estavam no país, ou em terras estrangeiras, se voltaram para Jerusalém; e os que
estavam em Jerusalém se voltaram para o templo para orar, conforme a consagração de Salomão -
oração, 1 Reis 8: 48-49. Ele orou, ao que parece, com as janelas abertas, as persianas sendo
removidas, uma vez que ele escolheu fazer o seu testemunho do culto exclusivo de Deus,
negligenciado pelos outros, tão público como poderia ser, que ele poderia mostrar que ele não era
nem envergonhado de adorar a Jeová, o Deus de seus pais, nem medo de qualquer coisa que ele
possa sofrer por essa conta; e ele os abriu em direção a Jerusalém, para significar seu afeto pela
cidade santa, embora agora em ruínas, e a lembrança que ele teve de suas preocupações diariamente
em suas orações. Ele se punha de joelhos - A postura mais adequada em oração, mais expressiva de
humildade diante de Deus, de reverência para ele e submissão a ele; três vezes por dia - Manhã,
meio dia e tarde, as horas de oração observadas por homens devotos de tempos passados,Salmo
55:17 ; O costume religioso foi continuado pelos apóstolos, com quem a terceira, a sexta e a nona
horas eram tempos de oração; e orou, e deu graças antes de seu Deus -Ele juntou a oração e a ação
de graças em todas as suas devoções, em que ele é um exemplo para a nossa imitação. O dia de
Ação de Graças deve fazer parte de todas as nossas orações; pois quando oramos a Deus pelas
misericórdias que queremos, devemos louvá-lo por aqueles que recebemos. Observe, leitor, embora
Daniel tenha sido um grande homem, ele não pensou que ele estava abaixo dele três vezes por dia,
de joelhos diante de seu Criador; embora ele fosse um homem velho, e tinha sido a sua prática
desde a sua juventude, ele não estava cansado desse tipo de bem-fazer; e apesar de ser um homem
de negócios, de grandes e importantes negócios, e que, para o serviço do público, ele não achava
que isso o desculparia dos exercícios diários de oração e louvor. Como ele fez antes - Ele não
diminuiu suas orações por causa do comando do rei e pelo medo da morte pelos leões; nem quebrou
a lei propositadamente: porque ele não fazia mais do que costumava fazer antes, ele só perseverava
em seu antigo e prolongado curso.
DANIEL 6:16
ח־ לה ל נת ק) פ י [אנתה כ] (אה דא ך להי אל אמ ר לדני ואמא א ענהה מלכא י אריות א דא לגשב אל ורמו ני לדא ר והיתיו מי ין מלכאא אש באד
רך׃ וא ישיזבנ א ה בתדיר
ין באד bê·ḏa·yin Então
מלכאא mal·kā o rei
אשמיר ’ă·mar, deu ordem
והיתיו wə·hay·ṯîw e eles trouxeram
אל ני לדא lə·ḏā·nî·yêl, Daniel
ורמו ū·rə·mōw e lançaram
א לגשב lə·ḡub·bā [ele] na cova
דאי dî dos
אריותא ’ar·yā·wā·ṯā; leões
ענהה ‘ā·nêh falou
מלכא mal·kā [Agora] O rei
ואמאר wə·’ā·mar e disse
אל לדני lə·ḏā·nî·yêl, a Daniel
ך להי אמ ’ĕ·lā·hāḵ, seu Deus
דאי dî a quem
אנתה [’an·tāh -
כ ḵ] -
נת אה (’ant você
ק q) -
ח־ ל פ pā·laḥ- serve
לה lêh para
א בתדיר biṯ·ḏî·rā, continuamente
ה וא hū ele
ישיזבנרך׃ yə·šê·zə·ḇin·nāḵ. livrará
COMENTÁRIO: Os leões rondavam a campina e os bosques da Mesopotâmia, e os antigos lhes
tinham grande respeito. Alguns reis caçavam leões por esporte. Os persas capturavam leões, e os
mantinham em grandes parques aonde lhes alimentava e atendia. Também utilizavam aos leões para
executar às pessoas. Mas Deus tem formas de liberar a seu povo (6.22) que um nem se imagina. É
sempre prematuro ceder antes as pressões dos incrédulos porque Deus tem poderes que
desconhecem. Até pode fechar bocas de leões. Dario encontrou-se tolhido e amordaçado por sua
própria lei. Nisto demonstrou que sua autoridade era bastante inferior em natureza a de
Nabucodonosor, cuja pessoa estava acima da lei. O governo de Dario aproximou-se do ideal
democrático, mas era menos absoluto do que o dos caldeus. Neste sentido era inferior, e assim
cumpriu o que fora predito dele pela porção de prata da imagem na profecia do capítulo 2. Observe
que a admiração do rei por Daniel não desapareceu, e que a fé de Daniel inspirou o rei a crer
também.
ANÁLISE LINGUÍSTICA: Eles trouxeram Daniel. De acordo com o costume oriental, a sentença
foi geralmente executada no dia em que foi pronunciada. Isso explica por que os esforços do rei
para comutar a sentença foram prolongados até o pôr do sol (Daniel 6:14). Os leões provavelmente
foram mantidos aqui para fins esportivos. A forma da guarida é desconhecida, mas a etimologia
sugere uma câmara abobadada. Daniel estava chegando aos noventa quando este grande teste de sua
fidelidade lhe foi apresentado. Ele tinha sido honrado e confiável por todas as mudanças no reino e,
quando a conquista medo-persa veio, o novo monarca encontrou naturalmente nele, como um
estrangeiro, um ministro mais confiável do que nas autoridades nativas.
DANIEL 6:27
א׃ אל מן־ י ד אריות ני י שיזאיב לד א ד ין בשמי א ובארע ין ותמה ל ועבד אתא משיזאב ומצי
משיזאב mə·šê·ziḇ Ele livra
ומציל ū·maṣ·ṣil, e resgata
ועבד wə·‘ā·ḇêḏ e ele opera
ין אתא ’ā·ṯîn sinais
ין ותמה wə·ṯim·hîn, e maravilhas
בשמי א biš·may·yā no céu
ובארעא ū·ḇə·’ar·‘ā; e na terra
י ד dî Quem
שיזאיב šê·zîḇ livrou
אל ני לד lə·ḏā·nî·yêl, Daniel
מן־ min- do
י ד yaḏ poder
אריותא׃ ’ar·yā·wā·ṯā. dos leões
COMENTÁRIO: O céu pode ser tomado em sentido cosmológico: os antigos o imaginavam como
firmamento sólido (Is 40,22; 44,24), apoiado sobre colunas (Jó 26,11). No firmamento há eclusas e
por cima estão as águas do Oceano primitivo (Gn 7,11; Sl 148,4-6). Se Daniel orou por si mesmo,
então os versículos 21-23 descrevem a resposta; se foi pelo rei, então o versículo 16 da seção
anterior mostra a operação divina no seu coração; se pela glória de Deus, então os versículos 24-28
dão a resposta. A fé zoroastriana do rei era o ponto mais próximo do monoteísmo ético judeu que o
paganismo conseguiu alcançar. Esta declaração traduz-se quase como se ele tivesse contribuído para
o desenlace. Deus foi glorificado pela destruição dos Seus inimigos, pela confissão do rei e pela
recompensa do Seu servo.
ANÁLISE LINGUÍSTICA: Ele entrega e resgata - como no caso de Daniel. Este atributo,
obviamente, seria proeminente na visão de Dario, uma vez que um exemplo tão notável de seu
poder se manifestou recentemente no resgate de Daniel. E ele faz sinais e maravilhas ... - Executa
milagres muito acima de todo poder humano. Se ele tivesse feito isso na terra no caso de Daniel, era
justo inferir que ele também o fazia no céu. O poder dos leões - Margem, mão. A mão é o
instrumento do poder. A palavra pata expressaria a ideia aqui e concordaria com o significado, como
geralmente é com a pata que o leão derruba sua presa antes de devorá-la.
DANIEL 7:14
ל׃ א תתחב ה די־ לב ה ומלכות א יעד י־ לא ן עלם ד ה שלטה ה יפלחון שלטנ א ולשני א לא מי א אש ממיי ל ע ר ומלכו וכא יב שלטן ויקא ה יהה ול
פ
ה ול wə·lêh E
יב יהה yə·hîḇ foi-lhe dado
שלטן šā·lə·ṭān domínio
ויקאר wî·qār glória
ומלכו ū·mal·ḵū, que um reino
ל וכא wə·ḵōl todas
א ממיי ע ‘am·may·yā, pessoas
א אשמי ’u·may·yā nações
ולשני א wə·liš·šā·nay·yā e línguas
ה לא lêh para
יפלחון yip·lə·ḥūn; dever servir
ה שלטנ šā·lə·ṭā·nêh seu domínio
ן שלטה šā·lə·ṭān domínio
עלם ‘ā·lam [é] uma eternidade
י־ ד dî- que
לאא lā não deve
ה יעד ye‘·dêh, passar
ה ומלכות ū·mal·ḵū·ṯêh e seu reino
די־ dî- que
לבא lā [não] deverá
ל׃ תתחב ṯiṯ·ḥab·bal. ser destruído
פ p -
COMENTÁRIO: Foi dado ao filho do homem (v. 13), que reinará sobre todas as coisas como o
regente do Deus todo-poderoso (1 Co 15.27,28; Ef 1.20-23; Fp 2.9-11; Ap 17.14; 19.16). Ao
contrário da efêmera natureza dos impérios anteriores, o seu domínio é um domínio eterno, que não
passará.
ANÁLISE LINGUÍSTICA: Foi-lhe dado o domínio, & c. - "Todos esses reinos, em suas curvas,
serão destruídos, mas o reino do Messias permanecerá eternamente. Foi em alusão a esta profecia
que o anjo disse de Jesus, antes de ser concebido no útero, Lucas 1:33 , ele reinará sobre a casa de
Jacó para sempre, e do seu reino não haverá fim.De que maneira essas grandes mudanças serão
efetuadas, não podemos fingir dizer, como Deus não ficou satisfeito em revelá-la. Vemos os restos
dos dez chifres que surgiram do império romano. Nós vemos o pequeno chifre ainda subsistente,
embora não em plena força e vigor, mas como esperamos em declínio e tendendo a uma dissolução.
E tendo visto tantos desses detalhes realizados, não podemos ter motivos para duvidar de que o
resto também será cumprido no devido período; embora não possamos enquadrar qualquer
concepção de como Cristo se manifestará em glória; Como o pequeno chifre, com o corpo da quarta
fera, será dado à chama ardente;ou como os santos tomarão o reino, e o possuirá por todo o sempre.
É a natureza de tais profecias, para não ser perfeitamente entendidas até serem cumpridas. O melhor
comentário sobre eles será a sua conclusão.
E foi-lhe dado o domínio - isto é, por aquele que é representado como o "antigo dos dias". A
interpretação justa disso é que ele recebeu o domínio dele. Esta é a representação uniforme no Novo
Testamento. Compare Mateus 28:18; João 3:35; 1 Coríntios 15:27. A palavra domínio aqui significa
regra ou autoridade - como um príncipe exercita. Ele foi colocado sobre um reino como um príncipe
ou uma governante.
E glória - Essa é a glória ou a honra apropriada para um na frente de um império como esse.
E um reino - Ou seja, ele reinaria. Ele teria soberania. A natureza e a extensão deste reino são
imediatamente designados como um ser universal e perpétuo. O que está devidamente implícito
nesta linguagem quanto à questão de saber se será literal e visível, será apropriadamente
considerado no final do verso. Tudo o que é necessário notar aqui é que está em todos os lugares
prometido no Antigo Testamento que o Messias seria um rei e que tenha um reino. Compare o
Salmo 2: 1-12; Isaías 9: 6-7.
Para que todas as pessoas, nações e línguas o sirvam - seria universal; abraçaria todas as nações. O
idioma aqui é o que denota enfaticamente a universalidade. Veja as notas em Daniel 3: 4; Daniel 4:
1. Isso implica que esse reino se estenderia sobre todas as nações da terra, e devemos buscar o
cumprimento deste somente em um reino tão universal do Messias.
Seu domínio é um domínio eterno ... - Os outros, representados pelas quatro bestas, todos
passariam, mas isso seria permanente e eterno. Nada o destruiria. Não teria, como a maioria dos
reinos da Terra tiveram, tal fraqueza interna ou fonte de discórdia que seria a causa da sua
destruição, nem haveria qualquer poder externo que a invadisse ou derrubasse. Esta declaração não
afirma nada quanto à forma em que o reino existiria, mas apenas afirma o fato de que o faria.
Respeitando o reino do Messias, ao qual isso indubitavelmente alude, o mesmo é repetidamente e
uniformemente afirmado no Novo Testamento. Compare Mateus 16:18; Hebreus 12:28; Apocalipse
11:15. A forma e a maneira pela qual isso ocorrerá são mais desenvolvidas no Novo Testamento; Na
visão vista por Daniel, o fato apenas é afirmado.
DANIEL 7:25
ג ין ופלב ן ועדנ ה עד־ עדב ון ביד בא ת ויתיהש ין וד ר להשניה זמנא א ויסבי ין יבל י עליונ ל ולקדישב ד [עליא כ] (עלאה ק) ימל ין לצה ומלי
ן׃ עד
ליין ומ ū·mil·lîn, [muitas] palavras
לצהד lə·ṣaḏ contra
עליא [‘il·lā·yā -
כ ḵ] -
עלאה (‘il·lā·’āh o Altíssimo
ק q) -
ל ל ימ yə·mal·lil, ele falará
י ולקדישב ū·lə·qad·dî·šê e os santos
עליונ ין ‘el·yō·w·nîn do Altíssimo
יבלא yə·ḇal·lê; destruirá (consumirá)
ויסביר wə·yis·bar, e pensará
להשניה lə·haš·nā·yāh para fazer expiação
ין זמנא zim·nîn tempos
ודת wə·ḏāṯ, e leis
ויתיהשבאון wə·yiṯ·ya·hă·ḇūn e eles serão entregues
ה ביד bî·ḏêh, na mão dele
עד־ ‘aḏ- até
ן עדב ‘id·dān um tempo
ין ועדנ wə·‘id·dā·nîn e tempos
ופלבג ū·pə·laḡ e a divisão
ן׃ עד ‘id·dān. do tempo
COMENTÁRIO: Embora o significado exato de "tempo, e tempos, e meio tempo" é tema de
debate, sabemos que Deus disse ao Daniel que a perseguição continuaria sozinho por um curto
tempo. Deus prometeu dar seu reino aos Santos.
Possível alusão às medidas persecutórias do rei Antíoco IV ou algum rei nos últimos tempos.
Antíoco IV, em efeito, não só introduziu práticas idolátricas no templo de Jerusalém (veja-se Dn
9.27), mas sim além disso quis obrigar ao povo judeu a abandonar a observância do sábado, a
suprimir suas festas religiosas (cf. Dn 12.11), a comer mantimentos proibidos (cf. Dn 1.5) e a não
circuncidar a seus filhos. O conflito entre o rei Antíoco IV e o povo do Israel se inscreve em um
drama muito mais vasto, que afeta ao povo de Deus ao longo de toda sua história terrena. Para estar
à altura de sua vocação e de sua missão, esse povo deve passar pelas provas que Deus lhe impõe
para desencardi-lo e aperfeiçoá-lo (Dn 11.35; 12.10; cf. Dt 8.2; Hb 12.3-11). Daí que o Apocalipse
do João tenha atualizado a mensagem do Dn para a igreja perseguida pelo império romano. A
perseguição do Antíoco IV durou de fato desde ano 168 até o 165 a.C., quer dizer, aprox., uns três
anos e meio. Mas tenha-se em conta, do mesmo modo, que três e médio é a metade de sete, cifra
que na simbologia bíblica representa o bem terminado e completo (veja-se Gn 4.18). portanto, este
número de anos poderia ter um valor simbólico além de seu valor real, já que sugere a ideia de algo
inconcluso e frustrado antes de chegar a sua meta. Cf. Dn 12.7; Ap 12.14; 13.5-6.
ANÁLISE LINGUÍSTICA: E ele deve falar. - As marcas de identificação do pequeno chifre são:
(1) blasfêmia de Deus; (2) perseguição e aflição dos santos; (3) tentativas, aparentemente ineficazes
(ele "pensará em mudar"), contra todas as instituições, seja da autoridade divina ou humana: em
suma, um espírito geral de ilegalidade e descrença. Parece que o pequeno chifre, o anticristo dos
últimos dias, ou a besta, será bem sucedido por um tempo em suas blasfêmias e perseguições, mas
no final ele será destruído. (Veja 2Thessalonians 2: 8)
Tempo e horários e a divisão do tempo. Isso é frequentemente explicado para significar três anos e
meio. Aqueles que adotam esta explicação assumem que, por "tempos", um duplo está implícito,
que no Caldeu é representado pelo plural. Eles assumem que "um tempo" significa um ano,
descansando sua suposição em parte em Daniel 4:16 , e em parte em uma comparação de Daniel 12:
7 com Apocalipse 13: 5 ; Apocalipse 11: 2-3 . Isso dá uma soma de três anos e meio, que é
interpretada literalmente, ou explicou significar meio período sabático, ou meio de um período
divinamente simbolizado simbolizado pelo número "sete". Segundo a segunda interpretação, Daniel
nos ensina que os dias de tribulação devem ser encurtados (Mateus 24:22 ). Mas pode-se questionar
se "anos" se destinam em Daniel 4:16 . Também o idioma em Daniel 12: 7 é muito obscuro. Uma
visão mais correta da predição é que o reinado do Anticristo será dividido em três períodos - o
primeiro longo, o segundo maior, o terceiro mais curto de todos. Parece também que o último é o
período mais severo do julgamento. Pode-se notar que em Daniel 9 as setenta semanas são divididas
em três períodos, formando uma série similar, 7 + 62 + 1 = 70.
SOBRE JEREMIAS
Quando Deus chamou Jeremias ao ministério profético em 626 A.C., a Assíria, senhora do mundo,
sujeitara Judá ao seu domínio, cobrando-lhe tributo. Todavia, a própria Assíria gradualmente
enfraqueceu, após a morte de Assurbanipal em 633 A. C. Certas províncias do império perderam-se
em 614 A. C., e outras no cerco final de dois anos. Assurubalut foi o último monarca reinante,
conservando-se em Harran durante, pelo menos, dois anos após a destruição de Nínive em 612 A. C.
Potencialmente, o trono da Assíria estava aberto a qualquer cabo de guerra do tempo. Neco, do
Egito, conduziu as suas forças até ao norte da Palestina, defrontando e matando Josias, rei de Judá,
em Megido em 609 A. C., subjugando a Síria e pondo-se novamente em marcha até ao Eufrates.
Foi, porém, enfrentado por Nabucodonosor da Babilônia, que desbaratou os seus exércitos na
histórica batalha de Carquemis e o obrigou a recoar para as suas próprias fronteiras, pondo, assim,
termo temporário à ambição egípcia de dominar o Oriente. Foi deste modo que Judá, até ali sujeito
à Assíria, passou automaticamente para o controle da Babilônia. Depois da morte trágica de Josias,
o seu povo ungiu Jeoacaz, seu filho, rei em seu lugar. Neco, porém, depô-lo a favor de Jeoaquim,
seu irmão, pensando que ele serviria melhor os interesses egípcios. Que esta convicção tinha bons
fundamentos prova-o claramente o tratamento a que Jeoaquim sujeitou o profeta Jeremias. Depois
de Carquemis, Nabucodonosor interessou-se menos por Judá, possivelmente por o
descontentamento em Babilônia exigir o seu regresso imediato após ter sido desferido um golpe
decisivo contra o Egito. Entretanto, Jeoaquim, confiante nas promessas egípcias de auxí1io massiço,
fez uma tentativa de sacudir o jugo de Babilônia. Em resultado disso, em 596 A. C.,
Nabucodonosor, consolidado o seu poder na pátria, atacou Jerusalém, prendeu Jeoaquim, filho do
rebelde e agora seu sucessor, e levou-o com algum do seu povo para o cativeiro. Ao mesmo tempo,
pôs Zedequias no trono. O Egito não ousava arriscar uma guerra com Babilônia; em vez disso,
procurava enfraquecer pela intriga os laços impostos por Nabucodonosor à Síria e Palestina. A Neco
sucedeu no trono egípcio Psamatique II, e presumivelmente foi ele quem procurou persuadir estes
países a tomarem parte numa aliança com o Egito contra Babilônia. Zedequias foi um dos monarcas
abordados, e parece haver fortes indícios de ter existido um partido pró-Egito na corte. Ananias, o
profeta, salientava-se bastante nesta conjuntura, mas Jeremias opôs-se firmemente à proposta. Ver,
por exemplo, o capítulo 28, com o seu oráculo do jugo de ferro. Jeremias opunha-se vigorosamente
a estes funcionários da corte. Como porta-voz de Jeová, denunciava-os como falsos profetas,
afirmando que as suas atividades pró-Egito eram contrárias à Sua vontade e teriam um resultado
trágico. Sem dúvida se consideravam verdadeiros patriotas, e é evidente que o seu ódio feroz a
Jeremias se fundamentava no fato de, na opinião deles, o profeta ser um traidor confesso.
Chamando-lhes falsos profetas, Jeremias não implica necessariamente que fossem homens cruéis,
mas antes que a sua intuição ou critério não eram inspirados por Iavé. A sua acusação contra os seus
adversários é que não fora Iavé quem os mandara, mas que eles se destacam por iniciativa própria,
pelo que as suas predições não se realizarão. Era, pois, aí que residia a falsidade. Falavam em nome
de Iavé quando, afinal, Ele não lhes tinha ordenado que o fizessem. De tudo isto se depreende que a
sinceridade não basta; só a inspiração divina é que faz de alguém um profeta. É impossível dizer se
Nabucodonosor tinha recebido um aviso direto do descontentamento que grassava, ou apenas
boatos, mas o certo é que Zedequias foi intimado a avistar-se com ele e a descrever as condições na
sua pátria. O seu regresso implica que deu garantias de fidelidade. É pena que, ao que parece, ele
não tivesse a coragem e a força moral para resistir à influência de conspiradores pró-egipcistas
como Ananias e os seus confederados. Jeremias instava constantemente com o rei para que
permanecesse fiel ao seu compromisso, mas quando Hofra se tornou faraó em 589 A C., sucedendo
a Psamatique II, a influência egípcia na corte acentuou-se ainda mais e, em resultado de tramas
urdidas em segredo, Zedequias foi finalmente induzido a faltar à sua palavra para com
Nabucodonosor. O Egito foi lento no seu socorro, e o monarca babilônio tornou a pôr cerco a
Jerusalém em 587 A. C. Por fim, apareceu o exército egípcio e os babilônios levantaram o cerco
temporariamente. Foi nessa altura que Jeremias foi preso como desertor que procurava fugir para os
caldeus (ver Jr 37.11-15). A repetição do assédio parece ter provocado uma crise. Jeremias tinha a
certeza de que a sua intuição provinha de Deus, de que Ele lhe revelara os Seus propósitos de
transformar Babilônia no instrumento da Sua vontade. A confiança no Egito, portanto, só poderia
abrir caminho à tragédia e ao exílio. Além disso, os inimigos do profeta serviam-se do nome de Iavé
para apoiar a sua política pró-egipcista. Por conseguinte, afirmavam que a atitude e as palavras de
Jeremias enfraqueciam a vontade nacional de combater. Esta luta revela-se de forma crucial na
pessoa de Zedequias, que se erguia entre as duas facções, sendo atraído ora para um dos partidos,
ora para o outro. Costuma-se dizer que Zedequias era um fraco, incapaz de tomar uma decisão e
enfrentar as consequências. Percebe-se que Jeremias não o conseguiu influenciar de forma a fazê-lo
manter-se firme no seu juramento de fidelidade para com Nabucodonosor. A batalha foi ganha pelos
falsos profetas e Zedequias arriscou a sua sorte, mas pagou amargamente a sua decisão e delongas.
O Egito revelou-se uma cana quebrada; o segundo cerco foi coroado de êxito, os babilônios
comportavam-se de forma desapiedada e, com grande desgosto seu, Jeremias assistiu à amarga
realização da sua profecia. Este livro dá-nos pormenores referentes à vida de Jeremias até à sua
partida forçada para o Egito. Depois, abatem-se as trevas sobre o profeta, atenuadas, se porventura o
são, apenas por vagas tradições. Nada há que permita chegar a conclusões definitivas quanto à sua
sorte. Segundo uma tradição cristã, alguns cinco anos depois da queda de Jerusalém, foi lapidado
em Tahpanhes pelos judeus, que, mesmo então, se recusavam a comungar na sua visão e na sua fé.
JEREMIAS 10:11
לה׃ ס ות שמי א א א ומן־ תחב ארע דו מ דו יאב א עשב א לא י־ שמיבא וארק א ד הי לא ון להום אמ כדנה תאמרא
כדנה kiḏ·nāh Então
תאמראון tê·mə·rūn vocês devem dizer
להום lə·hō·wm, a eles
א הי לא אמ ’ĕ·lā·hay·yā, Os deuses
י־ ד dî- que
שמיבא šə·may·yā os céus
וארק א wə·’ar·qā e a terra
לאא lā não
דו עשב ‘ă·ḇa·ḏū; fizeram
יאבדו yê·ḇa·ḏū [também] eles devem perecer
א מארע mê·’ar·‘ā da terra
ומן־ ū·min- .. .. ..
תחבות tə·ḥō·wṯ debaixo
שמי א šə·may·yā céus
לה׃ א ’êl·leh. estes
ס s -
COMENTÁRIO: Esse versículo foi escrito originalmente em aramaico, e não em hebraico, a
linguagem usual do Antigo Testamento. Entretanto, não se sabe o motivo para essa mudança de
idioma. (Isso também acontece nos livros de Esdras e Daniel.) A mensagem, porém, é bastante
clara: os deuses impotentes seriam destruídos. O céu pode ser tomado em sentido cosmológico: os
antigos o imaginavam como firmamento sólido (Is 40,22; 44,24), apoiado sobre colunas (Jó 26,11).
No firmamento há eclusas e por cima estão as águas do Oceano primitivo (Gn 7,11; Sl 148,4-6).
ANÁLISE LINGUÍSTICA: Assim lhes dirá.- O verso apresenta um fenômeno quase único. Não é,
como o resto do livro, em hebraico, mas em caldeu ou aramaico, o idioma dos inimigos de Israel.
Duas explicações foram oferecidas - (1) que uma nota marginal, adicionada por um dos exilados na
Babilônia, encontrou seu caminho em um período posterior no texto; (2) uma visão muito mais
provável, a saber, que o profeta, cujas relações com os caldeus o tornaram familiarizado com a sua
língua, colocou na boca de seus próprios compatriotas a resposta que deveriam dar quando foram
convidados a participar o culto de seus conquistadores. Pouco que possam saber da linguagem
estranha, eles podem aprender o suficiente para dar essa resposta. As palavras têm o anel de um tipo
de provérbio popular, e no original há uma peça de som que só pode ser reproduzida fraca em inglês
-Os deuses que não fizeram . . . eles devem ser feitos com. A epístola apócrifa de Jeremias, já
referida, pode, talvez, ser considerada como um sermão retórico neste texto.
Assim dir-lhes-ás : "Este versículo está na língua caldeia, e aparece aqui como uma espécie de
parêntese. Houbigant pensa que a razão mais provável por que está aqui inserida na Caldeia, e não
no hebraico, é que Jeremias prescreve aos judeus o que eles devem responder vivendo entre
idólatras e usando a língua caldeia; Prescrevendo que deveriam ser os cativos dos caldeus. "- Dodd.
Os deuses que não fizeram os céus e a terra - E, portanto, eles não são deuses, mas os usurpadores
da honra que lhe pertence, somente quem os fez; perecerá da terra, & c. - Perecerão, claro, porque
são vaidade,formado de materiais perecentes; e perecerá por sua justa sentença, porque são rivais
com aquele que fez todas as coisas. Aqui os propósitos do profeta que haverá um período final
colocado na idolatria. Deus já apagou os nomes de muitos dos ídolos pagãos, como uma fervorosa
destruição total do resto no devido tempo.
Copyright © 2017, João Marcos Brandet
Todos os direitos reservados.
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