ESTADO DO PARANÁ
SECRETARIA DA AGRICULTURA E DO ABASTECIMENTO
DEPARTAMENTO DE ECONOMIA RURAL
ANÁLISE DA CONJUNTURA AGROPECUÁRIA
SAFRA 2009/2010
BOVINOCULTURA DE CORTE
Médico Veterinário Adelio Ribeiro BorgesMédico Veterinário Fábio Peixoto Mezzadri
Outubro de 2008
1 PANORAMA MUNDIAL
Em uma análise do panorama através da Tabela 1, a seguir, observa-se que
a tendência de redução do rebanho mundial verificada até 2008 deve se confirmar
também em 2009.
Para 2009, segundo as estimativas do USDA1, o efetivo que situava-se em
1,08 bilhão de cabeças em 2000, para 2009 deverá ficar em torno de 977 milhões de
cabeças.
Este decréscimo tem várias causas entre elas as estiagens prolongadas dos
últimos anos na Argentina e Austrália.
No vizinho platino, grandes extensões de pastagens foram substituídas,
principalmente pelas lavouras de soja.
1 Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (United States Department of Agriculture – USDA)
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TABELA 1 – MUNDO – REBANHO DE GADO BOVINO – 2005 A 2009, EM MILHARES DE CABEÇAS
O Brasil, que em 2006 registrou os mais altos índices de abate de fêmeas
em função do ciclo pecuário de alta iniciado em julho 2007, deverá apresentar um
acréscimo em 2009.
Países como a Rússia e Ucrânia vêm apresentando reduções em seus
rebanhos, tendo como principal causa as condições climáticas adversas e os
elevados custos de produção.
Segundo a imprensa, a China vem apresentando aumento do rebanho mas
a produção é direcionada ao mercado interno.
Observa-se que mais de 60% do rebanho está concentrado nas mãos de
quatro países: Índia, Brasil, China e EUA. Outro bloco que chama atenção é o
Mercosul onde o somatório dos respectivos países atinge 25% do efetivo mundial.
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1.1 PRODUÇÃO MUNDIAL DE CARNE BOVINA
Conforme se observa na Tabela 2, a produção mundial vem apresentando
aumentos sucessivos a partir de 2001 até 2006, com pequenos decréscimos nos
últimos 3 anos. Para 2009, segundo os analistas de mercado, esta tem como causa
os reflexos da redução de consumo, esperada devido à crise financeira, ocorrida em
setembro de 2008.
TABELA 2 – MUNDO – PRODUÇÃO DE CARNE BOVINA – 2005 A 2009
Na mesma Tabela, Estados Unidos, Brasil e União Européia, são os
principais produtores individuais, embora não detentores dos maiores rebanhos.
Os Estados Unidos, classificados na 4ª posição quanto ao efetivo bovino, em
função da sua alta taxa de desfrute ocupam o 1° lugar quanto à produção de carne
bovina mundial.
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1.2 EXPORTAÇÃO MUNDIAL DE CARNE BOVINA
O rol dos maiores exportadores de carne bovina está listado na Tabela 3.
TABELA 3 – MUNDO – EXPORTAÇÃO DE CARNE BOVINA – 2005 A 2009
Conforme se observa na Tabela 3, os Estados Unidos, até 2003, exportavam
um volume superior a 1 milhão de toneladas. Devido à ocorrência de casos de
Encefalopatia Espongiforme Bovina – BSE2 (Doença da Vaca Louca), registrados
entre 2002 e 2003 suas exportações recuaram para 209.000 toneladas em 2004. A
estimativa do USDA para 2009 é da ordem de 934.000 toneladas.
Quanto às exportações brasileiras para 2009, em função do câmbio e alta
valorização do real frente ao dólar, a competitividade da carne brasileira para
exportação tem reduzido muito. Outro fator são os reflexos da crise financeira, o
maior importador, a Rússia, reduziu as importações em quase 50%.
Nesse contexto, segundo os principais analistas do mercado, a Austrália e
Argentina, tem aproveitado para aumentar seus volumes de exportação.
2 Bovine Spongiform Encephalopathy (BSE)
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1.3 MERCOSUL
Este bloco representa um volume significativo nas exportações de carne
bovina.
A Argentina é detentora de grande prestígio no mercado da União Européia
(UE) porém, vem perdendo espaço desde 1980. No fim da década de 80 e início de
90, significativas áreas de pastagens cederam lugar ao plantio de grãos,
principalmente soja. Neste período também foram registrados os maiores índices de
abates de fêmeas entre vacas e novilhas.
A agricultura, sobretudo a soja, tem invadido os pampas úmidos, áreas de
fertilidade excepcional, antes voltada a criação de gado. Os argentinos tinham um
custo baixíssimo por causa desta área.
Segundo José Vicente Ferraz, da AgraFNP, com a migração da pecuária
para o norte, os custos de produção serão bem maiores. Terão que fazer correção
de solo e o manejo ficará mais caro e complexo.
Além disto, a Argentina está sofrendo a pior estiagem dos últimos 50 anos. A
seca arrasou as pastagens e as lavouras de soja, principal grão cultivado no país.
A Secretaria da Agricultura da Argentina divulgou um relatório que aponta
que a produção de carne bovina despencará de 3,11 milhões de toneladas este ano
para 2,67 milhões em 2010. Se isso de fato acontecer, o país deverá passar de
exportador para importador.
A expectativa é de que deverão importar carne barata do Brasil para
abastecer a demanda doméstica e deixar a produção própria para suprir o mercado
externo.
TABELA 4 – MERCOSUL – REBANHO BOVINO – 2005 A 2009
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Nos últimos três anos, grandes frigoríficos brasileiros como Friboi e Marfrig,
adquiriram plantas industriais na Argentina, Uruguai e Paraguai. Estas têm como
pano de fundo a tentativa de aumentar a participação no mercado internacional.
É a procura de espaço, principalmente no mercado europeu, onde a
Argentina e o Uruguai desfrutam de grande prestígio.
Cota Hilton – assim denominadas inicialmente pela Organização Mundial de
Comércio (OMC) porque eram carnes destinadas à rede de Hotéis Hilton – são
originárias de novilhos precoces e com qualidade excepcional. Atualmente, outros
estabelecimentos como hotéis e restaurantes de 1ª linha, principalmente localizados
em países da União Européia, demandam este produto.
Dado ao prestígio da carne bovina argentina, das 70 mil toneladas de carne
Cota Hilton para o mundo, a Argentina responde por 28 mil toneladas, o Uruguai 18
mil toneladas e o Brasil apenas 10 mil toneladas.
A principal vantagem da Cota Hilton é o preço praticado para a mesma, via
de regra, quatro vezes superior ao da média do mercado, além de gozar de uma
série de facilidades quanto a taxas alfandegárias junto à União Européia.
O Paraguai, com um rebanho de aproximadamente 10,5 milhões de
cabeças, vem apresentando uma melhora genética significativa em seu plantel. A
exemplo do Brasil, a raça nelore é a predominante nas pastagens do Paraguai. As
exportações, que em 2000 situavam-se em 58 mil toneladas, fecharam o ano de
2008 em 290.000 toneladas, significando um aumento de quase 500% .
O Uruguai, com um rebanho de, aproximadamente, 11,76 milhões de
cabeças estimadas para 2009, dispõe de uma das pecuárias mais desenvolvidas do
mundo. Devido a suas características de clima, topografia e fertilidade, apresenta
baixos custos de produção. As exportações que segundo a Secretaria da Agricultura
Ganaderia e Pesca ficaram próximas de US$ 1,5 bilhões para 2009, com a menor
exportação brasileira, a estimativa é ultrapassar este patamar.
A proposta é de que no futuro as exportações sejam feitas em bloco, abrindo
assim maior poder de negociação. Estreitar ainda mais os laços de união para
execução de políticas de sanidade animal que englobem Bolívia e Peru.
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2 CENÁRIO NACIONAL
O Censo Agropecuário de 2006, de fato confirmou as previsões de queda do
rebanho nacional, em função do abate indiscriminado de fêmeas. O efetivo bovino
que até então era estimado em 205 milhões de cabeças indicou um número de
169.900.049 cabeças, segundo o IBGE3, significando, uma redução de,
aproximadamente, 17,5%.
TABELA 5 – REBANHOS BOVINOS BRASILEIROS (CABEÇAS)
FONTE: AgraFNP (estimativa) *PROJEÇÃO: DEFIS/DSA/SEAB-PR
Conforme se observa na Tabela 5 é esperado um aumento do rebanho total
para 2009, da ordem de 3,0 milhões de cabeças.
Esta estimativa tem como causa a valorização do gado para reposição nos
3 Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
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Regiões 2005 2006 2007 2008 2009*NORTE 30.656.917 31.266.275 32.266.275 33.646.656 35.606.111RO 8.746.366 8.649.683 87.101.212 8.978.492 9.363.027AC 1.689.359 1.784.474 1.912.198 2.047.184 2.214.169AM 1.197.077 1.266.076 1.367.336 1.492.631 1.627.095RR 554.651 572.516 601.661 635.508 674.528PA 12.263.376 12.811.522 13.437.708 14.073.318 15.035.994AP 59.785 60.151 62.732 65.657 69.687TO 6.146.303 6.093.118 6.174.520 6.353.866 6.621.611NORDESTE 25.747.665 26.032.760 26.564.110 27.126.368 27.861.484MA 5.534.514 5.645.657 5.769.808 5.915.675 6.088.652PI 1.605.663 1.594.708 1.607.624 1.631.940 1.671.731CE 2.132.512 2.125.427 2.143.753 2.196.850 2.260.377RN 959.024 973.683 993.397 1.016.568 1.047.499PB 1.282.750 1.303.478 1.316.828 1.333.637 1.354.117PE 2.051.570 2.079.518 2.208.408 2.275.750 2.341.181AL 925.870 913.530 903.474 903.059 911.115SE 953.156 955.898 958.284 969.947 990.672BA 10.302.606 10.440.861 10.662.533 10.882.944 11.196.139SUDESTE 36.964.309 35.569.493 34.083.327 33.615.363 33.688.759MG 21.914.431 21.425.625 20.727.532 20.685.639 20.810.819ES 1.806.565 1.789.518 1.799.835 1.847.878 1.918.886RJ 2.059.720 2.003.852 1.994.029 2.037.362 2.098.356SP 11.183.592 10.350.498 9.561.930 9.044.484 8.860.698SUL 24.486.889 23.888.586 23.925.685 24.163.718 24.575.472PR* 9.555.761 9.153.983 9.407.108 9.608.200 9.778.410SC 3.581.146 3.586.476 3.715.075 3.876.500 4.017.012RS 11.349.982 11.148.126 11.313.210 11.623.521 12.008.548C.OESTE 57.199.890 53.750.534 51.380.971 51.152.536 51.457.588MS 18.771.084 17.405.501 16.414.548 16.505.097 16.568.636MT 20.682.740 19.582.504 18.818.043 18.736.503 18.883.347GO 17.662.218 16.684.133 16.068.955 15.830.569 15.921.843DF 79.848 78.395 79.425 80.365 83.762BRASIL 175.055.670 170.478.912 168.220.369 169.704.641 173.189.414
8
últimos dois anos, contribuindo assim para uma redução no abate de fêmeas.
Na mesma Tabela 5, a expansão maior continua sendo em 2008 em relação
a 2000, para Rondônia foi um aumento de 41,35% no mesmo período, no Maranhão
de 34,65%, no Pará o aumento foi de 69,49%.
Estes números confirmam que de fato a pecuária de corte está sempre a
procura de terras mais baratas e aumento da escala.
Na mesma Tabela 5, os estados que apresentaram menos redução nos seus
efetivos foram: São Paulo, Rio Grande do Sul e Mato Grosso do Sul.
2.1 FRIGORÍFICOS
O que tem chamado atenção neste ano são as grandes fusões,
incorporações entre os grandes grupos de frigoríficos. Em 14/09/2009, a MARFRIG,
criada em 2000, adquiriu a SEARA, braço de frangos e suínos da americana
CARGILL. No dia 16/09/2009, a JBS – Friboi, já a maior empresa bovina do Brasil e
do mundo, tornou-se o maior grupo de proteínas animais do planeta com a
incorporação do frigorífico BERTIN e a compra da americana PILGRIMS PRIDE, dos
EUA, com foco em aves.
Com estas negociações, o JBS – FRIBOI e MARFRIG, passam a
representar 30% do abate nacional e quase 70% das exportações.
Um dos efeitos da concentração no mercado externo é que as empresas
brasileiras deverão ter maior poder de barganha na hora de vender a carne.
A distribuição mundial da JBS-FRIBOI no mundo se dá da seguinte forma:
● Estados Unidos: 13 unidades de bovinos, 34 de aves, 3 de suínos, 1 de ovino,
1 curtume e 11 confinamentos;
● No México: 3 unidades de aves;
● Brasil: 39 unidades de bovinos, 12 curtumes, 7 de lácteos e 1 confinamento;
● Paraguai: 1 unidade de bovinos;
● Uruguai: 1 unidade de bovinos;
● Argentina: 6 unidades de bovinos;
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● Austrália: 10 unidades de bovinos, ovinos, suínos e 5 confinamentos;
● Europa: 8 unidades de bovinos e 2 confinamentos;
O segundo maior grupo no setor é o Marfrig com 39 unidades de bovinos no
Brasil, 12 unidades de couros, 7 de lácteos, 15 de aves e uma de cordeiros, além
destas, conta com unidades no Uruguai, Chile, Argentina e Europa.
Uma campanha deflagrada no ano passado pela Associação dos
Fazendeiros (R-Calf USA) contribuiu de forma significativa para convencer a Divisão
Antitruste do Departamento de Justiça dos Estados Unidos a vetar a compra da
National Beef pela JBS-Friboi, que se viu forçada a desistir do negócio em fevereiro
de 2009.
A associação angariou apoio político para a causa dos pecuaristas
mobilizando senadores e autoridades nos estados em que o JBS atua, para ampliar
a pressão com a finalidade de que a Divisão Antitruste impusesse limites ao avanço
do JBS, no mercado de carne bovina, que é bastante concentrado nos EUA.
No Brasil, em fevereiro de 2005 foi realizada uma reunião em São José do
Rio Preto-SP, com a presença da maioria dos frigoríficos, tendo como objetivo a
redução dos preços da arroba do boi. O argumento dos frigoríficos era de que o
câmbio estava muito desfavoravel e não tinha como remunerar os produtores os
R$62,00/arroba. Após a reunião, os preços recuaram para R$ 55,00/arroba e o
Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE) abriu um processo de defesa
dos pecuaristas brasileiros.
Enfim, existe uma preocupação quanto a estas concentrações no setor
industrial, o que poderá vir a diminuir o poder de barganha do produtor.
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2.2 COURO
É um subproduto do boi, de suma importância para a indústria calçadista e
outros artefatos, bem como para a indústria automobilística (revestimento de
assentos) e moveleiras (assentos).
O couro, após o processamento nos curtumes, tem um peso significativo nas
exportações, além de atender as várias indústrias processadoras.
As exportações brasileiras de carne bovina, em 2008, foram da ordem de
US$ 5,3 bilhões, e as de couro bovino perfizeram um total de US$ 1,9 bilhões. Em
consequência da crise financeira, ambas vem registrando quedas significativas. De
janeiro até julho deste ano, o volume de vendas dos curtumes brasileiros ao exterior
caiu 52% em relação a igual período do ano anterior.
2.2.1 EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS DE COURO
De acordo com o IBGE, o Brasil é o maior exportador mundial de couro, com
um rebanho de aproximadamente 170 milhões de bovinos em 2008 e estimativa
para 173 milhões para 2009. Com número de cabeças abatidas em 2008 de 39,5
milhões e com estimativa para 2009 de 40 milhões. A Índia, que possui o maior
rebanho mundial, com 281,2 milhões de cabeças, não tem objetivo comercial; devido
as questões religiosas, as taxas de desfrute e abate de carne são extremamente
baixas, não despontando como grande exportador de couro. Só a guisa de exemplo,
em 2008, segundo o USDA, enquanto a taxa de abate no Brasil era de 23%, na Índia
era de apenas 9%.
Os principais importadores de couro do Brasil são: China, Hong Kong, Itália,
Alemanha e França. Na China, a principal destinação é para indústria calçadista
enquanto que nos países europeus o couro é destinado à indústria automobilística e
moveleira. Segundo o centro das indústrias de curtumes do Brasil (CICB), com base
no balanço da Secretaria do Comércio Exterior (SECEX) do Ministério de
Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), nos primeiros 4 meses
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deste ano foi registrado um aumento de embarques de couro semi-acabados e
acabados de maior valor agregado (crust + acabado: 57,3%). Os principais destinos
continuam sendo China, Hong Kong, correspondendo a 33,21% das exportações
brasileiras desse produto, Itália com aproximadamente 30%, Estados Unidos com
7% e México com 6%.
Principais Estados Exportadores de Couro:
• São Paulo: 25,88%
• Rio Grande do Sul: 25,17%
• Ceará: 10,67%
• Paraná: 9,17%
A indústria automobilística, tanto nacional quanto estrangeira e mesmo a
moveleira, com objetivo de reduzir custos e preservar as vendas após outubro de
2008, optaram por substituir o couro pelo produto sintético, bem similar e com um
preço mais em conta. Esta substituição trouxe como consequência um excesso de
oferta de couro, tanto cru como semiprocessado e acabado. Os preços do couro
salgado que o frigorífico vendia para os curtumes caiu de R$ 1,80 até R$ 2,00/kg
praticados até dezembro de 2008, para os atuais R$ 0,40 a R$ 0,60/kg, ou seja,
redução de 70%.
A indústria de celulose, bem como as indústrias de couro (curtume), são
consideradas pelos países europeus como “indústrias sujas”, ou altamente
poluidoras do ambiente (ar e água), o que resulta na dificuldade de instalação destas
plantas nesses mesmos países. Assim, dá-se preferência pela importação do Wet
Blue, de baixo valor agregado, alta liquidez, menos poluente e preço pouco maior
que o couro salgado.
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Conforme se observa na Tabela 6, apenas o couro salgado em 2008
registrou um ligeiro aumento em relação a 2007.
TABELA 6 - EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS DE COURO BOVINO
FONTE: SECEX
O curtume é considerado também como indústria de base, pois o número de
empregos diretos e indiretos gerados na cadeia é altamente significativo.
O Paraná, conforme se observa na Tabela 7, é o 6º no “Ranking”, porém, as
plantas aqui localizadas são de tecnologia de ponta e se primam por produzir e
exportar couros “crust” e acabados com alto valor agregado. Segundo informações
do Sindicato dos curtumes localizado em Apucarana, principal centro de curtumes do
estado, de julho a agosto o setor começou a se recuperar dos efeitos da crise
financeira.
TABELA 7 - PROCESSAMENTO BRASILEIRO DE COURO BOVINO “RANKING” DOS 10 PRIMEIROS
FONTE: IBGE*N.D = Dados não disponíveis para os estados
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Tipo 2005 2006 2007 2008MU$ TON MU$ TON MU$ TON MU$ TON
Salgado 5.251 6.765 2.693 5.185 992 1.178 2.436 1.917Wet Blue 427.083 227.917 639.639 300.801 702.263 287.900 412.018 197.950Crust 239.414 23.389 247.416 23.553 3 81.326 28.044 347.147 25.343Acabado 649.036 49.878 920.272 67.612 1.081.358 68.765 1.093.323 63.148Total 1.320.784 307.949 1.810.021 397.151 2.165.939 385.887 1.854.824 288.358
Estados 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008São Paulo 4.715.873 6.514.813 7.327.795 9.233.078 9.198.833 9.451.145 8.838.035 7.971.168M. Grosso 1.468.833 1.799.477 2.359.242 3.147.923 4.028.408 5.557.602 5.681.823 4.797.349R. G. Sul 4.547.817 4.508.497 4.330.389 5.074.684 5.566.403 5.604.403 5.604.354 3.964.917Goias 1.276.202 3.183.126 3.138.866 3.225.286 3.365.104 4.023.440 3.816.564 3.783.814M. G. Sul 3.116.228 3.120.141 3.443.371 3.815.309 4.328.203 4.403.399 4.234.356 3.554.990Paraná 2.477.687 2.995.616 2.674.354 2.909.292 3.557.225 3.359.176 3.152.640 2.977.095Pará *N.D 694.278 711.443 1.120.842 1.464.005 2.224.376 2.533.425 2.411.497M. Gerais 1.721.140 1.833.252 1.646.327 1.797.433 1.715.618 1.763.291 1.828.217 1.112.985Tocantins *N.D *N.D *N.D *N.D 857.309 1.313.847 1.350.053 1.061.924Bahia *N.D *N.D *N.D *N.D *N.D 736.979 882.260 953.226Brasil 23.253.822 28.759.701 30.240.100 34.994.488 38.427.267 42.670.736 41.740.265 36.738.847
13
Para os frigoríficos, no entanto, os baixos preços ainda continuam
contribuindo para reduzir a rentabilidade. Um couro pesa em média 35 kg, a preços
médios de hoje (R$ 0,50/kg) perfaz R$ 28,00/ud. em média. Até dezembro de 2008,
quando chegava até R$ 2,00/kg representava R$ 70,00/ud. Um frigorífico com
capacidade instalada de abate de 1.000 bois/dia faturava portanto R$ 70.000,00/dia
ou R$ 1.400.000,00/mês. Considerando o mercado atual, o couro a R$ 0,80/kg x
35kg = R$ 28,00/ud. abate de 1.000 cabeças dias resulta em R$ 28.000,00/dia ou
R$ 560.000,00/mês. Este diferencial da ordem de R$ 840.000,00/mês em várias
plantas é fundamental para manter o ponto de equilíbrio da indústria, impedindo que
comecem a entrar no vermelho e às vezes resultando em fechamento ou
paralisação das atividades. O parque industrial frigorífico no Paraná, predominam as
plantas de médio porte entre 300 e 600 cabeças/dia que significam mais de 70% das
unidades. São as que mais correm risco, em função da globalização, ou seja,
aumentou a necessidade dos ganhos de escala. Segundo estudos técnico científicos
publicados pelo Instituto de Economia Agrícola de São Paulo (IEA/SP), uma planta
frigorífico de médio porte, com capacidade instalada de 300 a 600 bois/dia gera
3.700 empregos diretos e indiretos na cadeia, é considerada indústria de alto
benefício social. O Estado de São Paulo é o maior exportador de carne e couro do
país e onde se localizam as maiores plantas. Em função do elevado benefício social
da atividade, o Governo Estadual sempre teve políticas públicas de apoio a estes
elos da cadeia produtiva da carne bovina.
2.2.2 SUGESTÃO NA TAXAÇÃO DO COURO
Com o objetivo de minimizar os impactos da crise financeira sobre a
rentabilidade do setor e contribuir para o não fechamento de plantas industriais no
Estado, evitando assim perda de emprego e renda, sugere-se que as autoridades
constituídas do Estado do Paraná proponham à Câmara Federal (Comissão de
Agricultura), ao Senado, ao Ministério da Fazenda, ou à Secretaria do Comércio
Exterior, do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, a
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14
eliminação da taxa de exportação de 9% que incide sobre o “Wet Blue”. Tal medida
poderá não resolver o problema, porém deverá contribuir de forma significativa para
“enxugar” o mercado de couro. Tal proposta tem como pano de fundo um dos
fundamentos das ciências econômicas, ou seja: os preços determinam o equilíbrio
entre a oferta e a demanda, o que significa que após um certo equilíbrio, volta
novamente a taxa. Esta medida é importante porém, como já foi dito, o ideal é
exportar couro acabado, pois detém maior valor agregado.
2.3 COMERCIALIZAÇÃO NA BOVINOCULTURA DE CORTE
A comercialização ou venda dos produtos da pecuária de corte variam em
função dos sistemas de produção:
1. Cria = Venda de bezerros desmamados e vacas de corte
2. Cria e Recria = Venda de bezerros de 1,5 a 2 anos e vacas de descarte.
3. Recria = Compra do bezerro à desmama e revenda do garrote de 2 anos
4. Recria e Engorda = Compra de bezerros ou do garrote de 2 anos recria e
engorda.
5. Engorda= Compra do boi magro de 11 a 12 arrobas ou de vaca para descarte
e engorda em pastagem extensiva, pastagem de inverno (azevém aveia),
suplementação a pasto, semi-confinamento ou confinamento.
Em cada um destes sistemas, o pecuarista opta por um parâmetro principal
para a tomada de decisão de venda.
O pecuarista sempre observou três (03) parâmetros ou informações para
venda do boi gordo:
1. Valor nominal (R$/arroba)
2. Valor real U$/arroba
3. Relação de troca ou físico
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15
TABELA 8 – PREÇOS MÉDIOS MENSAIS DO BOI GORDO, RECEBIDOS PELOS PRODUTORES NO PARANÁ-1995-2009, EM REAIS (R$/ARROBA)
TABELA 9 – PREÇOS MÉDIOS MENSAIS DO BOI GORDO, RECEBIDOS PELOS PRODUTORES NO PARANÁ-1995-2009, EM DÓLAR (US$/ARROBA)
As vezes toma decisão em função de uma ou outra combinação de 2 destes
parâmetros.
Estes últimos 3 (três) anos o dólar tem sido desprezado como suporte para
venda. Antes de 2006, conforme se observa na Tabela 9, historicamente os preços
da arroba oscilavam entre U$ 19,00 e U$ 22,00/arroba, o câmbio era mais estável e
refletia as relações de mercado.
Em 2008 e 2009, no entanto, com a supervalorização do real, o dólar deixou
de ser considerado para a tomada de decisão, haja vista que a preços médios de
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16
julho de 2009, a arroba do boi gordo estava a U$ 38,57/arroba (Tabela 9).
Atualmente, a decisão do pecuarista tem como parâmetro o valor nominal
R$/arroba e a reposição ou seja relação de troca, boi:bezerro ou boi gordo:boi
magro.
A grande parte opta pela relação de troca, principalmente os produtores do
sistema de recria e engorda e daqueles que só fazem engorda.
Usualmente com a venda de 1 boi gordo de 16,5 arrobas deve-se repor no
mínimo 2,2 bezerros desmamados a 1 ano de idade.
No caso do invernista, ele deve com a venda de 1 (um) boi gordo (16,5
arrobas) comprar 1,5 boi magro.
Desnecessário dizer também que todos almejam, e é o desejável, repor com
uma carga genética melhor que o da boiada vendida.
Do bezerro desmamado a 1 ano nelore hoje no Paraná e do cruzado
industrial na mesma faixa etária, a reposição se torna em 1: 2,06 e 1: 1,88,
respectivamente, com o boi gordo de 16,5 arrobas e média de R$ 75,22 em
20/08/2009.
Esta realidade tem contribuído para que o mercado do boi gordo se encontre
“estagnado” ou “frio”. A previsão de “aquecimento” só deverá retornar com o
aumento das cotações da arroba ou queda nos preços do gado de reposição.
Nos patamares atuais, a relação de troca está significativamente prejudicada
principalmente para o sistema de recria e engorda e mesmo para os terminadores.
O boi magro está variando entre R$ 900,00 e R$ 1.000,00/cabeça, donde,
considerando o boi gordo de 16,5 arrobas a R$ 75,00/arroba, a reposição ficará em
1: 1,38 e 1: 1,24, respectivamente, portanto, aquém do 1: 1,5 histórico ou desejável.
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17
2.3.1 CICLO PECUÁRIO
Conforme já explicitado no prognóstico de 2008/2009, desse DERAL, o
comportamento dos preços na bovinocultura de corte é cíclico, alternando períodos
de baixas de preços com períodos de alta devido às oscilações dos estoques de
matrizes.
Um dos itens de maior peso no custo de produção animal é a alimentação.
Todo animal consome de maneira proporcional ao seu peso vivo.
O pecuarista de gado de corte e leite e mesmo bubalinos, tem um custo maior
por fêmea instalada, que um suinocultor e mesmo o avicultor. Ele gasta muito
mais para alimentar suas matrizes durante o ciclo de produção. A manutenção
de uma vaca é uma das principais razões que elevam os preços da carne
bovina em relação às demais espécies.
A variação do estoque de matrizes de um rebanho afeta diretamente a
produção de bezerros(as).
Quando existe excesso de fêmeas no rebanho, obviamente existirá também
tendência de ocorrer grande ou excesso de oferta de crias bezerros(as), o
que traz como consequência uma desvalorização destes produtos, na ordem
sequencial uma desvalorização do boi terminado, o que se observou no
período de 2002 a 2007.
A cria desta forma torna-se então menos lucrativa do que recria e engorda,
uma vez que a relação de troca do boi gordo pelo bezerro fica muito favorável
para os recriadores e terminadores.
A tendência passa a ser de abandono da cria, através do aumento dos abates
de matrizes, o que significa na prática o aumento do deságio do preço da
vaca para abate, em relação ao boi gordo.
Analisando o processo evolutivo e várias categorias de animais do rebanho
brasileiro os ciclos até 1986 eram de aproximadamente 6 a 7 anos.
Com os ganhos de produtividade devido a incremento de tecnologia
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18
genética, manejo e sanidade, o ciclo brasileiro encurtou e passou a ter uma duração
média de aproximadamente quatro anos.
TABELA 10 - TAXA DE ABATE DE FÊMEAS BASE TOTAL DE CABEÇAS ABATIDAS
NOTA: Quantidade de fêmeas abatidas sobre o total de cabeças abatidasFonte: AgraFNP (estimativa) *Projeção
Conforme se observa na Tabela 10, taxa de abate de fêmeas no período de
2000 a estimativa para 2009, relativamente o ano de maior abate foi 2006.
No Paraná registrou-se 49,7% e no Brasil da ordem de 48,5%. O ano de
2006, conforme a Tabela 10, preços médios nominais recebidos pelos produtores, no
Paraná de 1995 a julho de 2009, foram os menores ou seja foi o “fundo do poço”, ou
de menor rentabilidade, pois, analisando os preços médios de 2002, estes foram
praticamente os mesmos de 2006, com um agravante, os custos de produção foram
significativamente maiores que em 2002.
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Regiões 2005 2006 2007 2008 2009*NORTERO 53,0% 56,9% 53,4% 46,9% 46,9%AC 41,9% 45,6% 43,5% 40,4% 40,5%AM 39,0% 40,8% 40,2% 38,8% 37,0%RR 48,3% 47,6% 49,9% 49,8% 49,3%PA 35,2% 35,8% 35,3% 32,0% 33,8%AP 45,2% 46,3% 50,1% 45,7% 47,0%TO 49,6% 51,9% 49,9% 48,2% 48,2%NORDESTEMA 50,0% 52,1% 50,9% 48,7% 47,5%PI 51,3% 51,7% 51,7% 48,0% 47,7%CE 45,4% 46,9% 50,0% 48,1% 46,8%RN 46,2% 48,6% 50,2% 47,6% 47,2%PB 47,1% 48,2% 49,8% 50,8% 49,6%PE 44,2% 50,5% 50,5% 48,2% 48,8%AL 49,6% 52,1% 53,0% 47,1% 47,0%SE 48,6% 51,6% 52,3% 48,0% 47,9%BA 46,1% 47,2% 45,2% 44,2% 44,4%SUDESTEMG 53,6% 59,4% 56,0% 53,4% 51,1%ES 43,0% 46,8% 47,5% 41,1% 41,0%RJ 48,3% 48,4% 48,1% 45,5% 45,5%SP 48,1% 48,9% 47,9% 46,7% 45,8%SULPR 48,5% 49,7% 49,0% 46,8% 47,2%SC 48,1% 48,6% 46,2% 46,9% 46,5%RS 52,5% 48,3% 47,9% 46,6% 47,7%C.OESTEMS 54,5% 57,4% 55,3% 51,9% 50,9%MT 32,1% 29,9% 29,6% 29,6% 28,1%GO 54,8% 58,7% 55,2% 47,5% 49,6%DF 37,8% 38,3% 39,1% 37,1% 38,9%
BRASIL 46,8% 48,5% 48,1% 45,4% 45,3%
19
Com preços deprimidos e custos elevados em 2006, o criador não conseguia
pagar as contas só com a venda de bezerros e vacas de descartes, daí o abate
indiscriminado de fêmeas (vacas e novilhas).
Este fator explica as altas taxas de abates de fêmeas em 2006 e em 2007 da
ordem de 48,1%, 2008 45,4% e a estimativa para 2009 é de 45,3%.
A mesmaTabela também reflete a reação de preços médios do boi gordo a
partir de julho de 2007. Em função da redução, ainda que pequena, na taxa de abate
de fêmeas, nos últimos 2 anos.
Historicamente, a taxa de abate desejável para descarte em bovinocultura
de corte é da ordem máxima de 30%. Neste patamar, não há o comprometimento da
taxa desejável de evolução de todo o rebanho da propriedade ou do Estado ou País.
A bovinocultura de corte é considerada uma atividade para os investidores
de longo prazo. Segundo os consultores técnicos, a maturação do projeto é de no
mínimo 6 anos.
Voltando ao ciclo na fase de alta voltam os investimentos em aumento de
produção e principalmente produtividade que foram decaindo ou mesmo paralisados
conforme caiam os preços do boi gordo.
Na fase de baixa portanto, cortam-se praticamente todos os investimentos e
reduz-se ao máximo o uso de recursos humanos ou insumos. Sem nenhuma sombra
de dúvida atribui-se a frustação das metas de vendas da maioria dos fornecedores
de insumos para o setor no período de 2002, 2003 a 2007.
Registrou-se queda acentuada de venda de sal mineral, reprodutores,
arames, forrageiras (sementes) e medicamentos.
É desnecessário dizer que nas fases de baixa ao ciclo o elo que mais ganha
são os frigoríficos. Há uma redução pela competição pela matéria prima (boi gordo e
vaca de descarte) que permite assim aumentar a escala de produção (ganhos
quantitativos da indústria).
Os sistemas de produção de recria e engorda, nas fases de baixa o ciclo tem
algum benefício ou registram uma perda menor. Os preços do boi gordo caem, mas
o dos bezerros caem muito mais.
Nesta fase de baixa, a relação de troca, boi gordo: bezerro chega a 1:3, ou
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20
seja, um boi gordo mesmo sendo mais barato vale o mesmo que três bezerros.
No ciclo de alta, a relação ideal é de 1:2,2 a 1:1,88, considerando o preço
médio da arroba do boi gordo a R$ 75,4/arroba.
O mercado hoje, ou melhor, dos últimos dois anos tem sido amplamente
favorável ao criador, o mercado de gado de reposição está “bem aquecido” e os
produtores de bezerros(as), garrotes, bois magros com alta liquidez.
Esta situação está refletindo a situação de 2º ano de fase de alta do ciclo
pecuário.
Este quadro de escassez de gado para reposição é consequência do abate
indiscriminado de fêmeas e em última análise está intimamente relacionado ao ciclo
pecuário de preços.
2.3.2 MERCADO DO GADO PARA REPOSIÇÃO
Embora o mercado do boi gordo se encontra “estagnado”, há praticamente
quatro meses em torno de R$ 74,00/arroba, o do gado de reposição encontra-se
aquecido.
Este aquecimento ocorre não apenas no Paraná, mas em todo o Brasil
pecuário, nas regiões Centro-Oeste, Sudeste, no Norte e Rio Grande do Sul.
Tem como principal causa o “ciclo pecuário” e o abate indiscriminado de
fêmeas, trazendo como consequência uma redução de oferta do gado para
reposição.
A cotação do bezerro no Paraná varia de R$ 550,0 a R$ 580,0/cabeça. O boi
magro de 12 arrobas, em torno de R$ 900,0 reais por cabeça.
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21
2.4 EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS DE CARNE BOVINA
Conforme se observa na Tabela 11, as exportações brasileiras apresentaram
uma explosão de crescimento no período de 2002 a 2008. A partir de 2004, o Brasil
passou a ocupar o 1°lugar no “ranking” das exportações. A lista dos 10 maiores
importadores em volume no ano de 2009 está apresentada na Tabela 12.
TABELA 11 – BRASIL, EXPORTAÇÕES DE
CARNE BOVINA, DE 2002 A 2009*
TABELA 12 – BRASIL, EXPORTAÇÃO DE
CARNE BOVINA, PRINCIPAIS
DESTINOS, 2009
FONTE: MDIC/SECEX
Segundo as informações da imprensa especializada, neste mês de setembro
de 2009 houve uma redução significativa no volume de exportações.
A redução no período de janeiro a setembro de 2009 é da ordem de 27%
comparada com o mesmo período de 2008, conforme se observa na Tabela 12. As
principais causas devem-se os reflexos da crise financeira e nos últimos meses a
valorização do real frente ao dólar provocando uma redução da competitividade da
carne brasileira em relação ao câmbio mais favorável em outros países como por
exemplo: Argentina, Austrália e Uruguai.
TABELA 13 – BRASIL – EXPORTAÇÕES DE CARNE BOVINA, COMPARAÇÃO DOS PERÍODOS DE
JAN A SET/2008 E JAN A SET/2009
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Países Volume (T)1º Rússia 205.8832º Hong-Kong 82.8503º Egito 46.4134º Reino Unido 30.3435º EUA 26.4436º Argélia 25.5147º Irã 25.0038º Arábia Saudita 22.8189º Holanda 19.203
10º Líbia 16.557
“Ranking”
22
3 PARANÁ – CENÁRIO ESTADUAL
A bovinocultura de corte é uma atividade distribuída em todo o Estado,
porém, a maior concentração está nas regiões Norte e Noroeste, significando
57,64% do rebanho.
9.608.200 cabeças;
8º no “ranking” nacional;
5,7% do rebanho nacional;
aproximadamente 7,5 milhões de cabeças formam o rebanho de corte,
alocadas em 94.078 propriedades, com 55.000 produtores que efetivamente
participam do mercado;
TABELA 14 – CLASSIFICAÇÃO DOS MUNICÍPIOS PARANAENSES CONFORME O NÚMERO DE
BOVINOS
FONTE: SEAB/DEFIS/DSA
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23
TABELA 15 – CLASSIFICAÇÃO DOS NÚCLEOS REGIONAIS CONFORME A POPULAÇÃO BOVINA
FONTE: SEAB/DEFIS/DSA
TABELA 16 – DISTRIBUIÇÃO DO REBANHO NO PARANÁ SEGUNDO APTIDÃO E RAÇAS
FONTE: SEAB/DERAL
Os bovinos da raça nelore e anelorados respondem por aproximadamente
70% do rebanho de bovinos do Brasil e também do Paraná, onde a raça adaptou-se
perfeitamente ao clima tropical observado nas regiões Norte e Noroeste e
subtropical no Oeste e Centro-Sul do Estado.
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24
A constante busca de melhores índices de produtividade na pecuária moderna
faz com que cada vez mais sejam utilizadas técnicas reprodutivas, como: a
inseminação artificial, a transferência de embriões e o cruzamento industrial.
No cruzamento industrial são utilizados reprodutores de raças européias,
sobre um rebanho de matrizes de sangue zebuíno (maioria base nelore no Brasil e
Paraná).
Este tipo de cruzamento agrega ao produto obtido, através da heterose
(choque de sangue), fatores positivos, como: rusticidade, maior ganho de peso,
melhor qualidade de carcaça, maior conversão alimentar, melhor habilidade materna
nas fêmeas, maior fertilidade, adaptabilidade, entre outras características.
Além do nelore, outras raças puras européias e zebuínas merecem destaque
no Estado, entre elas: a charolesa, simental, limousin, guzerá, caracu, aberdeen
angus, etc.
3.1 CARACTERÍSTICAS DA PECUÁRIA PARANAENSE
● Produtores cada vez mais tecnificados;
● Pastagens de qualidade;
● Aumento da lotação (> 1,5 cab/ha);
● Rebanhos de alto valor genético;
● Sanidade dos rebanhos;
● Crescimento em produtividade;
O Estado do Paraná está se tornando um pólo superior em pecuária de
corte. Os rebanhos possuem qualidade genética e sanidade, os produtores
preocupam-se cada vez mais em conhecer e utilizar tecnologias, sejam elas:
sanitárias, de manejo, reprodutivas e nutricionais, que levem a uma maior
produtividade de seus rebanhos.
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25
TABELA 17 – PARANÁ – ÍNDICES ZOOTÉCNICOS – ANO 2008
FONTE: SEAB/DERAL - EMATER
O uso destas tecnologias, o entendimento de novos conceitos na pecuária de
corte e a modernização das propriedades rurais, estão resultando, na melhoria
constante dos níveis de produtividade, demonstrados na Tabela 17. Estes índices
são uma média das marcas atingidas em todo o Estado, sendo que em muitas
propriedades os índices de produtividade apresentam-se bem superiores aos
apresentados.
TABELA 18 – ÁREAS DE PASTAGENS DO PARANÁ – CONFRONTO DOS RESULTADOS DOS
DADOS ESTRUTURAIS DOS CENSOS AGROPECUÁRIOS – 1970 / 2006.
1970 1975 1980 1985 1995 2006
4.509.710 4.982.840 5.520.218 5.999.604 6.677.312 5.735.095Fonte: IBGE
A redução da área de pastagens registrada em 2006, em relação a 1995, é de
942.217 ha, ou 14,8%. Esta diminuição de área teve como principal causa a queda
de rentabilidade, forçando os pecuaristas a migrarem para outras atividades como: o
plantio da soja, da cana-de-açúcar (Regiões Norte e Noroeste) e mais recentemente
na Região Centro Sul, onde observamos a implantação de extensas áreas de pínus
e eucalipto.
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INDICADORES REFERÊNCIA ATUAL META
Taxa de natalidade 60% 75 a 80%
Mortalidade no 1º ano 2% 1%
Taxa de lotação de pastagens 1,5 U.A 3,0 U.A
Idade média 1ª cria 36 meses 24 meses
Intervalo entre partos 14,5 meses 12 meses
Produção de carne 82 kg/ha/ano 180 a 200 kg/ha/ano
Idade média de abate 36 meses 24 a 15 meses
Rendimento de carcaça 52% > 55 a 56% (machos)
Taxa de desfrute 22% 30%
INDICADORES REFERÊNCIA ATUAL META
Taxa de natalidade 60% 75 a 80%
Mortalidade no 1º ano 2% 1%
Taxa de lotação de pastagens 1,5 U.A 3,0 U.A
Idade média 1ª cria 36 meses 24 meses
Intervalo entre partos 14,5 meses 12 meses
Produção de carne 82 kg/ha/ano 180 a 200 kg/ha/ano
Idade média de abate 36 meses 24 a 15 meses
Rendimento de carcaça 52% > 55 a 56% (machos)
Taxa de desfrute 22% 30%
INDICADORESINDICADORESINDICADORES REFERÊNCIA ATUALREFERÊNCIA ATUALREFERÊNCIA ATUAL METAMETAMETA
Taxa de natalidadeTaxa de natalidadeTaxa de natalidade 60%60%60% 75 a 80%75 a 80%75 a 80%
Mortalidade no 1º anoMortalidade no 1º anoMortalidade no 1º ano 2%2%2% 1%1%1%
Taxa de lotação de pastagensTaxa de lotação de pastagensTaxa de lotação de pastagens 1,5 U.A1,5 U.A1,5 U.A 3,0 U.A3,0 U.A3,0 U.A
Idade média 1ª criaIdade média 1ª criaIdade média 1ª cria 36 meses36 meses36 meses 24 meses24 meses24 meses
Intervalo entre partosIntervalo entre partosIntervalo entre partos 14,5 meses14,5 meses14,5 meses 12 meses12 meses12 meses
Produção de carneProdução de carneProdução de carne 82 kg/ha/ano82 kg/ha/ano82 kg/ha/ano 180 a 200 kg/ha/ano180 a 200 kg/ha/ano180 a 200 kg/ha/ano
Idade média de abateIdade média de abateIdade média de abate 36 meses36 meses36 meses 24 a 15 meses24 a 15 meses24 a 15 meses
Rendimento de carcaçaRendimento de carcaçaRendimento de carcaça 52%52%52% > 55 a 56% (machos)> 55 a 56% (machos)> 55 a 56% (machos)
Taxa de desfruteTaxa de desfruteTaxa de desfrute 22%22%22% 30%30%30%
26
3.2 PARANÁ - MERCADO DA CARNE BOVINA
TABELA 19 – PARANÁ – ABATE DE BOVINOS COM SERVIÇO DE INSPEÇÃO FEDERAL – SIF,
2005 A 2009
Conforme observa-se na Tabela 19, o número de cabeças abatidas
dificilmente se aproximará da marca observada no ano de 2008, devido a alguns
fatores como: valorização do gado de reposição, o que levou a uma redução
significativa no abate de fêmeas (vacas e novilhas). Também os preços praticados
em 2009, que foram menores dos observados no ano anterior, levaram a uma
redução nos abates.
TABELA 20 – CARNE BOVINA – PARANÁ – EXPORTAÇÕES – 2004 A 2009*
Na Tabela 20 observamos uma redução de 67,61% no volume de carne
exportada, em 2006, comparativamente ao total do ano anterior. A principal causa
desta redução foram as suspeitas de focos de febre aftosa ocorridos em outubro de
2005, resultando em uma série de embargos à entrada da carne brasileira e
paranaense em tradicionais países compradores.
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Em maio de 2008, o Paraná recuperou perante a Organização Mundial para
Saúde Animal (OIE) o seu “status” de livre de febre aftosa, com vacinação, situação
que contribuiu para alavancar as exportações, alcançando o patamar de 26.216
toneladas/equivalente carcaça no ano de 2008. No entanto, em 2009, devido os
reflexos da crise financeira internacional e o câmbio desfavorável à exportação,
observou-se novamente uma significativa redução nas exportações em relação ao
ano anterior, como pode ser analisado na Tabela 21.
TABELA 21 – PARANÁ – EXPORTAÇÕES DE CARNE BOVINA, COMPARAÇÃO DOS PERÍODOS
DE JAN A SET/2008 E JAN A SET/2009
TABELA 22 – RANKING DA RECEITA DA EXPORTAÇÃO DE CARNE E DERIVADOS DE BOVINOS - PARANÁ / 2009 (10 PRINCIPAIS DESTINOS)
Fonte: MMDIC/SECEX
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Países1º Hong-Kong2º Rússia3º Venezuela4º Angola5º Arábia Saudita6º Líbia7º Gabão8º Montenegro9º Egito10º Países Baixos (Holanda)
“Ranking”
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3.2.1 COMPORTAMENTO DAS COTAÇÕES NO PARANÁ
TABELA 23 – PARANÁ – ARROBA DO BOI GORDO - PREÇOS MÉDIOS ANUAIS RECEBIDOS PELOS PRODUTORES, DE 2002 A OUT/2009, EM REAIS (R$)
FONTE: SEAB/DERAL *jan a outubro
GRÁFICO 1 – PARANÁ – ARROBA DO BOI GORDO - PREÇOS MÉDIOS ANUAIS RECEBIDOS PELOS PRODUTORES, DE 2002 A OUT/2009, EM REAIS (R$)
FONTE: SEAB/DERAL *jan a outubro
Na Tabela 23 e no Gráfico 1, observa-se o comportamento dos preços
durante o ciclo de baixa que ocorreu entre 2002 e 2006. Este período se
caracterizou por alto índice de abate de fêmeas, contribuindo para o aumento na
oferta de carnes no mercado e pressionando os preços da arroba do boi gordo para
baixo.
O alto índice de abate de matrizes ainda produtivas tem como causa
principal a queda de rentabilidade na bovinocultura de corte, em função das baixas
cotações na arroba do boi gordo, fato que levou os pecuaristas a buscarem outras
atividades como a cana, soja, pínus e eucalipto.
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Ano 2002Ano 2003Ano 2004Ano 2005Ano 2006Ano 2007Ano 2008Ano 2009 *
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A partir de meados de 2007, inicia-se uma retomada de preços, com novo
ciclo de altas chegando ao ano de 2008 com a cotação média de R$ 78,49. Neste
período observou-se uma redução significativa no abate de fêmeas em virtude da
valorização do gado de reposição (bezerros, novilhos e novilhas).
TABELA 24 – PARANÁ – ARROBA BOVINA (BOI GORDO) – PREÇOS MÉDIOS RECEBIDOS
PELOS PRODUTORES (JANEIRO A SETEMBRO) - 2009, EM R$/@
GRÁFICO 2 – PARANÁ – ARROBA BOVINA (BOI GORDO) – PREÇOS MÉDIOS RECEBIDOS PELOS PRODUTORES (JANEIRO A SETEMBRO) – 2009, EM R$/@
FONTE: SEAB/DERAL
Na Tabela 24 e no Gráfico 2 observa-se uma redução de preços durante o
período de safra (março, abril, maio), quando ocorreu maior oferta de animais
terminados. Na época da entressafra (junho, julho, agosto), foi observado acréscimo
nas cotações da arroba, entretanto, a elevação foi abaixo do esperado para a época,
devido ao clima atípico, com grande incidência de chuvas, o que beneficiou as
pastagens, contribuindo para a antecipação na oferta de bois gordos, tanto
provenientes de criações extensivas, como de confinamentos, uma vez que o
excesso de umidade dificulta este sistema.
Além do fator clima, ocorreu declínio acentuado nas exportações nos meses
de agosto e setembro, devido ao câmbio, o que contribuiu para o aumento ainda
maior de oferta no mercado interno, pressionando os preços para baixo.
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JaneiroFevereiro
MarçoAbri l
MaioJunho
JulhoAgosto
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TABELA 25 – PARANÁ – CARNE BOVINA – PREÇOS MÉDIOS NOMINAIS NO ATACADO – SET/2008 E SET/2009
Fonte: SEAB/DERAL
Conforme a Tabela 25, analisando o mesmo período, setembro de 2008 e
setembro de 2009, se observa uma queda de preços nos cortes de carcaça dianteira
de 20,03% e nos cortes de carcaça traseira de 3,92%.
Em conseqüência da crise financeira e valorização do real frente ao dólar,
reduzindo desta forma as exportações, os frigoríficos aumentaram a oferta interna
de carne, daí esta redução significativa dos preços no atacado.
TABELA 26 – PARANÁ – CARNE BOVINA – PREÇOS MÉDIOS NOMINAIS MENSAIS NO VAREJO /
SET.08 E SET.09
FONTE: SEAB/DERAL
Ao se analisar a Tabela 26, apenas o corte de patinho com osso registra
uma queda maior, ou seja (-13,95%), aproximadamente 50% dos valores apontados
nos cortes de dianteiro, comercializados no atacado.
Através desta Tabela, é possível visualizar que o setor supermercadista
reduziu em muito pouco os preços dos cortes no varejo, tanto dos cortes de dianteiro
como de traseiro.
O que tem se observado nos últimos meses, são promoções de preços de
grandes redes de supermercados sobre determinados cortes, estes na maioria das
vezes que não foram destinados à exportação.
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4 PERSPECTIVAS
O ano de 2009 tem se caracterizado como o 2° de alta do ciclo pecuário;
durante todo o ano se observou a valorização e aquecimento da demanda do gado
de reposição (bezerros, garrotes, novilhas). A oferta destas categorias tem sido
escassa desde julho de 2007, permanecendo em 2008 e 2009. Considerando que a
causa principal foi o abate indiscriminado de fêmeas que continua acontecendo, este
mercado deverá continuar aquecido para 2010 e 2011 (ciclo pecuário).
Quanto ao mercado do boi gordo, a expectativa para 2010 é de aumento do
consumo interno em função do reaquecimento da economia. Por outro lado, os
impactos da crise financeira nos países importadores, na sua maioria emergentes,
deverão estar minimizados, contribuindo para a retomada das exportações.
A considerar o quadro de estabilidade de preços da arroba nos últimos
quatro meses, devido as condições já relatadas, câmbio e chuvas em plena
entressafra, não é de esperar reações ou aumento significativo no curto prazo.
Em função do acima exposto, é provável que durante a safra de 2010
tenhamos preços superiores aos praticados na entressafra de 2009.
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