1
BIOSSEGURANÇA E GESTÃO DE RESÍDUOS DE SALÕES DE BELEZA –
UMA CONTRIBUIÇÃO PARA A BIOTECNOLOGIA
Ana de Fátima Corrêa Martins1, Elisangela Ferruci Carolino2, Roseli Aparecida de Mello3, Daniele Ferreira
Santos4
1 Acadêmica do curso de Tecnologia em Bioprocessos e Biotecnologia da Universidade Tuiuti do Paraná (Curitiba, PR); 2 Professora, orientadora, Dra do curso de Tecnologia em Bioprocessos e Biotecnologia da Universidade Tuiuti do Paraná; (Curitiba, PR) 3 Professora, co-orientadora, Msc do curso de Tecnologia em Bioprocessos e Biotecnologia da Universidade Tuiuti do Paraná; (Curitiba,PR). 4 .Acadêmica do curso de Tecnologia em Bioprocessos e Biotecnologia da Universidade Tuiuti do Paraná (Curitiba, PR).
Endereço para correspondência: Ana de Fátima: [email protected]
_____________________________________________________________
RESUMO: O presente trabalho busca alertar a sociedade sobre os riscos que se pode
encontrar num salão de beleza, tanto biológicos como patogênicos. Teve como principais
objetivos verificar o índice de contaminação dos ambientes, identificar as metodologias
adotadas para esterilização dos instrumentos e identificar as formas de destinação dos
resíduos e, ainda, identificar as formas de assepsia dos materiais e do local. Para isso foi
adotada uma pesquisa experimental com a realização de análises microbiológicas e uma
pesquisa exploratória de abordagem, com aplicação de questionários em 15 salões de beleza
escolhidos aleatoriamente no município de Curitiba-PR. Os microrganismos identificados
foram cocos gram positivos, bacilos gram negativos, levedura cândida, fungo penicilium,
além de Staphylococcus aureus. Em relação às tecnologias adotadas para esterilização
observou-se que todos os salões estavam de acordo com as especificações da ANVISA.
Verificou-se que os resíduos descartados pelos salões são colocados todos no lixo comum, o
que se torna uma ameaça para toda a sociedade. Conclui-se, portanto, que os cuidado com a
higiene nos salões de beleza são mínimos, mesmo com leis que deveriam garantir a proteção
do consumidor.
Palavras-chave: resíduos sólidos, biossegurança, salão de beleza, esterilização de
alicates e espátulas.
_____________________________________________________________
ABSTRACT : The present study searches to alert the society about the risks that can
be found in a beauty center, such as biologic risks and also pathogenic. The principals
purposes were to verify the contamination index of the environments, identify the adopted
tecnology for instrumental esterilization, identify the ways of destinations of the residues and,
2
also, identify the modes of asepsis of the materials and the environment. For that was adopted
an experimental research with the realization of microbiological analysis and an exploratory
research of approah, with the application of questionaires in 15 beauty centers chosen
randomly in the city of Curitiba, state of Paraná. The microorganisms identified were gram
positive coccus, gram negative bacilum, cândida yeast, penicilium fungi, besides
Staphylococcus aureus. In respect to the tecnologies adoptes for esterilization was observed
that all the beauty centers were following the especifications of ANVISA. Was observed that
the descarted residues by the beauty centers are placed all in comum garbage, what can be a
threat to the society. So, in conclusion, caution with the hygiene on the beauty centers are
minimum, even with laws that are suposed to guarantee the protection of the consumer.
Key-words: solid rediues, biossecurity, beauty center, esterilization of nail clipper
and spattle.
_____________________________________________________________
INTRODUÇÃO
Uma preocupação bastante atual em nosso país é a questão do acúmulo, cada vez em
maior escala, dos resíduos sólidos resultantes das diversas atividades que vão desde atividades
domésticas até as industriais, que descartam material sólido resultante das operações.
Esse descarte se dá em locais nem sempre convenientes, gerando, além de
incômodos, até mesmo risco à saúde pública. Tal é a preocupação com tais incômodos e riscos
que o Senado Federal se manifesta buscando soluções legais para o destino de tais resíduos,
discutindo regulamentação para o problema: “Ao defender a aprovação do projeto de lei que
institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos, a ministra do Meio Ambiente, Izabella
Teixeira, argumentou que a gestão dos resíduos sólidos não pode depender das ações de cada
governo, mas, sim, deve estar fundamentada em políticas de Estado. Ela fez essa declaração
durante audiência pública no Senado.”(BRASIL, 2010), o que deixa claro a magnitude de tal
problema.
Denomina-se resíduo sólido, todo o dejeto resultante de qualquer operação de
transformação de materiais cujas sobras, em estado sólido, resultem inaproveitáveis e têm
como destino o lixo.
Define-se lixo “todo e qualquer resíduo sólido resultante das atividades diárias do
homem em sociedade. Pode encontrar-se nos estados sólido, líquido e gasoso. Como exemplo
de lixo temos as sobras de alimentos, embalagens, papéis, plásticos e outros.”(ECOL NEWS,
2010).
3
De acordo com a proveniência e produção de lixo, assim se classifica:
· Doméstico: gerado basicamente em residências;
· Comercial: gerado pelo setor comercial e de serviços;
· Industrial: gerado por indústrias (classe I, II e III);
· Hospitalares: gerado por hospitais, farmácias, clínicas, etc.;
· Especial: podas de jardins, entulhos de construções e animais mortos. (ECOL
NEWS,2010).
O lixo produzido pelos salões de beleza, poderiam ter sua própria classificação, pois
são, em certos aspectos, comerciais, porém, em outros, podem ser comparados ao lixo
hospitalar, visto que, pelas atividades dos salões, contém resíduos como partículas de sangue,
de pele e outros.
Com o crescimento da população a demanda da coleta aumenta cada vez mais, e se
não for coletado e tratado corretamente pode trazer efeitos a saúde e ao meio ambiente. Em
alguns locais do Brasil tem-se o serviço de coleta de lixo orgânico e do lixo reutilizável mais
nem sempre é separado adequadamente pelos cidadãos brasileiros, infelizmente a maioria não
dá a grande importância ao ambiente que vivem, acabam misturando tudo o que torna difícil a
separação do mesmo (SANTOS, 2008)
A simples visita à um salão de beleza, além de melhorar a aparência, pode se tornar
um grande risco para os clientes. Fazer uma escova no cabelo, uma limpeza de pele ou até
mesmo fazer as unhas escondem um grande perigo de contaminação de doenças desde as mais
simples como micoses, ou até mesmo as mais graves, como hepatite C e B, além do HIV. A
transmissão pode acontecer por meio de alicates, espátulas, tesouras e lâminas. Não há
números específicos sobre o contágio, mas para evitar a transmissão de doenças é importante
que cada cliente tenha seu próprio kit de material que será utilizado durante o tratamento
(SALÕES DE BELEZA, 2009).
Segundo (ANVISA, 2006), todo material de metal cortante deve ser lavado,
desinfetado e esterilizado. Pode-se orientar a cliente em trazer o seu próprio material de uso
pessoal como lixas, palitos, alicates, espátulas. Embora a Biossegurança apresente um manual
para o uso de proteção individual e a prevenção de doenças transmissíveis é preciso ter
cautela sobre o assunto. O processo de esterilização é o conjunto das ações que envolvem e
fazem parte das medidas que diminuem a possibilidade de disseminação das infecções.
A falta de um programa específico para a destinação adequada dos resíduos
produzidos pelos salões de beleza pode estar ocasionando o despejo anual de algumas
toneladas de cabelos no aterro controlado, além de milhões de litros de água contaminada na
4
rede de esgoto. (JORNAL DE LONDRINA,2009).
Metais como chumbo, cádmio e arsênio são alguns dos componentes das tinturas
para cabelo que são descartados com a água dos lavatórios. Muito se fala do formol e etanol
usados nas escovas progressivas, mas a amônia presente em tinturas é muito mais prejudicial
ao ambiente, sendo que todos esses elementos acabam na rede de esgoto. Além das tinturas,
há ainda os resíduos de xampu, cremes e outros produtos usados no tratamento dos cabelos.
(JORNAL DE LONDRINA,2009).
A água descartada que foi utilizada nos lavatórios poderia ser tratada antes de ser
despejada na rede de esgoto. Uma alternativa para reduzir os danos ambientais seria instalar
caixas de esgoto nos salões de beleza, para tratar os resíduos no próprio estabelecimento.
(JORNAL DE LONDRINA,2009).
O objetivo geral do trabalho é contribuir para uma melhor gestão de resíduos e
aspectos de biossegurança nos salões de beleza. Os objetivos específicos são: identificar os
tipos de metodologias adotadas para esterilização dos instrumentos, identificar as formas de
destinação dos resíduos gerados e verificar o índice de contaminação dos ambientes.
MATERIAIS E MÉTODOS
Conforme os objetivos propostos inicialmente foi utilizada uma pesquisa do tipo
exploratória de abordagem quantitativa, utilizando a aplicação de questionários (Apêndice 1)
para os profissionais que atuam em salões de beleza. O questionário foi compostos por
questões fechadas e aplicado em 15 salões de beleza escolhidos aleatoriamente no município
de Curitiba-PR, nos Bairros Água Verde, Batel, Capão Raso, Centro e Cidade Indústrial.
No terceiro objetivo proposto, que foi a verificação do índice de contaminação dos
ambientes dos salões pesquisados, foi adotada uma pesquisa experimental com a realização de
análises microbiológicas.
As amostras foram coletadas na segunda quinzena do mês de Abril de 2010, em 9
salões de beleza localizados nos bairros Cidade Industrial, Capão Raso e Água Verde, para
análise do grau de higiene. Ao coletar as amostras por meio do Método do Esfregaço de
Superfície-SWAB, conforme (SOUNIS, 1989). Na superfície seca do lavatório, o mesmo foi
passado para um caldo nutritivo Bacto Brain Heart Infusion, previamente preparado
utilizando 3.7g para 100 ml de água destilada dissolvido, e auto clavado e distribuídos em 9
frascos com 10ml cada. Esses tubos foram devidamente identificados com os números 1,2,3...
referente ao lavatório a ser analisado.
5
Os tubos foram conservados sob refrigeração para posterior análise microbiológica.
As amostras foram coletadas e levadas imediatamente para o laboratório de Microbiologia da
Universidade Tuiuti do Paraná e inoculadas nos meios de cultura ágar salmanitol, ágar verde
brilante e ágar eosina azul de metileno para uma possível identificação microbiológica. As
amostras foram inoculadas nos meios de cultura e cultivados a 37°C durante 48 hrs. Todas as
coletas e os cultivos foram realizados em triplicatas A preparação dos meios ocorreu de
acordo com as especificações contidas nas embalagens fornecidas pelo fabricante. A
identificação morfológica foi realizada através da coloração de Gram para bactérias e
leveduras e microcultivo com coloração de lactofenol azul de algodão para identificação
morfológica de fungos filamentosos.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na primeira etapa do trabalho foi aplicado o questionário para analisar como está
sendo feito o descarte dos resíduos gerados pelos salões de beleza, sendo esta uma
preocupação ambiental.
O levantamento de dados foi realizado por meio de pesquisa quantitativa, com
aplicação de questionários em salões de beleza de classes sociais diferenciadas, onde poderia
ter um número maior de estabelecimentos visitado mais alguns se recusaram a responder por
receio da divulgação do nome do estabelecimento, foi visitado dentro de 40 salões e obtive
resultado 15 salões de beleza que responderam o questionário por completo.
A primeira parte do questionário foi às manicures e a segunda parte aos cabeleireiros.
Com esta pesquisa percebeu-se que os salões não estão preocupados com o meio ambiente.
Em relação às tecnologias adotadas para esterilização dos instrumentos de metais,
observou-se que todos os salões visitados estão de acordo com as orientações da ANVISA
(Figura 1). Portanto, todos os 15 salões estão de acordo com as normas da ANVISA
(ANVISA, 2006), a qual prevê que todos os instrumentos invasivos devem manter uma rotina
de esterilização.
Figura 1 - Métodos de esterilização de instrumentos de metais nos salões observados.
6
Método de Esterilização
33%
67%
Auto Clave Estufa
Foi feita uma avaliação sobre o conhecimento das manicures com relação aos
instrumentos de trabalho que devem passar por esterilização. O resultado mostra que a
maioria das manicures sabe quais são os materiais, apenas três não souberam responder. Entre
as respostas estão os seguintes materiais: alicate, espátulas, tesoura, palitos e outros objetos
metálicos.
A mesma pergunta feita para as cabeleireiras mostra que estas desconhecem a
esterilização de instrumentos de metal em auto-clave ou estufa.
A questão (número 3) aplicada às manicures nos salões foi de múltipla escolha
(Figura 2). Observou-se que os resíduos descartados nos salões de beleza pelas manicures não
são separados e são colocados todos no mesmo lixo em comum, juntamente com o lixo de
outras pessoas que trabalham no salão.
Figura 2 - Materiais descartáveis gerados pelas manicures nos salões de beleza.
Materiais descartáveis
10
3
10
15 15
02468
10121416
Luvas comcremes
Bacia c/ sacoplástico
Bota comcreme
Lixa de unha Palito
Outra questão foi com relação aos materiais descartáveis usados pelas cabeleireiras
(Questão número 6) que foi também de múltipla escolha (Figura 3).
Figura 3 - Materiais descartáveis gerados pelas cabeleireiras nos salões de beleza.
7
MATERIAIS DESCARTÁVEIS
02468
10121416
Luvas Plástico paratintura
Tubo de tinta vazia Papel Alumínio Outros
Esses resíduos deveriam ser separados dos lixos comum e feito o descarte correto.
Ao avaliar a assepsia dos materias utilizados e dos ambientes do salão verificou-se
que o conhecimento das cabeleireiras com relação aos materiais que devem passar por
esterilização, os resultados demonstram que todas sabem, já que as mesmas usam alcool 70 %
para fazer assepsia de seus ambientes.
As questões 8, 9, 10, 11 e 12 foram respondidas de acordo com a Tabela 1.
Tabela 1 - Assepsia dos materiais e ambientes dos salões de beleza.
Questão Sim Não Não Responderam
As escovas de cabelos são limpas para cada cliente? 9 6 0
Os lavatórios são limpos todos os dias? 3 6 6
É feita assepsia dos lavatórios? 6 2 7
É feita assepsia para as macas em cada troca de cliente? 13 2 0
Os resultados mostram que ainda há falta higiene com os materiais de uso exclusivo
para cada cliente. As escovas de cabelos podem ser contaminadas com fungos e bactérias e
passadas para várias clientes. Hoje no mercado já existe um equipamento próprio para a
higienização das escovas de cabelos.
Na questão dos lavatórios, como a análise microbiológica feita anteriormente,
demonstrou-se que ainda há falta de assepsia correta do mesmo. Lavar todos os dias os
lavatórios é uma rotina básica que todos os estabelecimentos devem ter. (ANVISA, 2006)
Nas macas, além de fazer uma assepsia correta, há necessidade de colocar sobre a
mesma um papel descartável o qual deve ser trocado para cada cliente. (ANVISA, 2006)
A questão treze foi direcionada aos salões que possuem o serviço de maquiagem
definitiva. Apenas seis salões responderam que sim e foram questionados quanto ao descarte
das agulhas. Três salões descartam em lixo comum, dois em caixa amarela e um fornece a
agulha para o cliente. Para o descarte a forma correta seria colocar na caixa amarela.
8
Quando se verificou o uso de toalhas no salão, os resultados da pesquisa
demonstraram que dos quinze estabelecimentos visitados, nove salões utilizam toalhas
descartáveis e seis utilizam toalhas de tecido, as quais são lavadas. (ANVISA, 2006)
Em relação ao conhecimento sobre as normas vigentes da ANVISA, a pesquisa
demonstrou que nem todos conhecem as normas (Figura 4). Alguns salões relataram que já
tiveram que criar alguns hábitos que antes não tinham, como por exemplo, a esterilização
correta e higiene de seus ambientes.
Figura 4– Conhecimento das normas da ANVISA dos funcionários dos salões.
ANVISA
33%
40%
27%
Conhecem as normas Não Conhecem Não responderam
Na segunda etapa do trabalho descreve a avaliação do índice de contaminação dos
ambientes dos salões de beleza, através de análises microbiológicas encontra-se na tabela 2.
Tabela 2 - Resultado da avaliação definitivo do índice de contaminação através de análises
microbianas.
AMOSTRA SAL MANITOL EOSINA AZUL DE METILENO
AZUL VERDE BRILHANTE
1) G+ Cocus - - G- Bacilus Fungo não identificado - G- Bacilus Bacilus G- -
4) Stafilococus sp Bacilus G- E. Coli G- Stafilococus sp Bacilus G- Bacilus G- Stafilococus sp Levedura Bacilus G-
6) - - - - - Penicilium - - Peniclium
7) - - - - Fungo não identificado - - Penicilium Bacilus G-
8) Penicilium Bacilus G- Bacilus G-
Bacilus Bacilus G- Bastonetes e bacilus G- Penicilium Bacilus G- Bacilus G-
9) - Aspergilus -
9
- Bacilus G- - Bacilus G- Bacilus G- -
Nos resultados das amostras 2, 3 e 5 não foram observados crescimento microbiano
em nenhum dos três meios de cultura, este resultado demonstra que nestes lavatórios houve
uma higienização adequada, já nas amostras 1,4,6,7,8 e 9 ocorreu o aparecimento de bactérias
e/ou fungos em pelo menos um dos meios. O ambiente analisado foi o lavatório para lavagem
de cabelos dos clientes. Os resultados encontrados na tabela 1 demonstram que há uma
contaminação por bactérias e fungos oportunistas da flora humana. Estes microrganismos são
agentes causadores de muitas doenças humanas demonstrando que a falta de Biossegurança
nos ambientes de salões de beleza requerem um atenção especial na limpeza e
descontaminação.
Os microrganismos identificados foram cocos gram positivos e bacilos gram
negativos além da levedura cândida e do fungo penicilium (Apêndice2). Esses
microorganismos quando deixam seu habitat natural e entram em contato com o corpo
humano podem provocar uma série de infecções oportunistas que podem evoluir para
infecções crônicas, como infecções de pele, micoses e dermatites. O microrganismo que foi
possível a identifição a nível de gênero foi o Staphylococcus aureus . Segundo a literatura, o
S. aureus é uma bactéria que está presente em indivíduos sadios, estes são colonizados
intermitentemente por o desde a amamentação, e podem abrigar o microrganismo na
nasofaringe, ocasionalmente na pele e raramente na vagina. A partir destes sítios, o S. aureus
pode contaminar a pele e membranas mucosas de humanos e mamíferos, também pode ser
encontrado como contaminante de objetos inanimados, estar presentes em superfícies e serem
transmitido para outros indivíduos por contato direto ou por aerossol, ocasionando infecções
oportunistas e até mesmo graves por conta dos fatores de virulência ou através de resistência
aos antimicrobianos atualmente utilizados. Já foram descritos no Brasil casos de infecções
causadas por Staphylococcus aureus parcialmente resistentes aos antibióticos mais potentes
como a Vancomicina, e relatos da capacidade que os Staphylococcus coagulase negativa tem
de desenvolver resistência. Assim há necessidade de uma identificação rápida e eficiente de
todos os casos em que estes microrganismos se apresentam para uma possível intervenção e
ação de prevenção.(ANVISA, MÓDULO V).
As micoses cutâneas causadas por leveduras são infecções fúngicas localizadas nas
camadas superficiais da pele e podem ser causadas por leveduras e fungos. Estudos
epidemológicos indicam que as micoses cutâneas estão entre as doenças de maior incidência
do mundo, acometendo todas as faixas etárias. As micoses variam quanto às formas clínicas e
10
agentes casuais. As infecções por dermatófitos afetam aproximadamente 40% da população
mundial, sendo mais comuns as que comprometem pele e unhas. .(ALMEIDA, SOUZA,
BIANCHIN,2009).
Grande parte da população pelos ambulatórios e consultórios dermatológicos se
deve às micoses superficiais e cutâneas, algumas vezes de díficil tratamento, o que em parte
pode ser atribuído à falta de adesão ao tratamento pelo alto custo de medicamento, tratamento
prolongados, má utilização ou pela descontinuidade do fármaco, ineficácia ou resistência à
droga e efeitos colaterias, como manifestações gastrointestinais. O sucesso do tratamento está
vinculado tanto ao correto diagnóstico e prescrição adequada quanto à total adesão ao
tratamento pelo paciente, o que muitas vezes implica em persistência e alterações de hábitos,
que devem ser orientados pelos profissionais. .(ALMEIDA, SOUZA, BIANCHIN, 2009).
Dentre as micoses cutâneas, as que apresentamas maiores dificuldades de tratamento
são as que comprometem as unhas, alguns fatores podem estar relacionados ao insucesso
dentre eles a dificuldade de se obterem concentrações adequadas da droga no local infectado,
o lento crescimento das unhas, especialmente as dos pés, tornando-as vulneráveis a uma
reinfecção, e o surgimento da resistência antifúngica. Apesar de atualmente haver uma
variabilidade maior de opções de antifúngicos, tanto tópicos quanto sistêmicos, com arsenal
terapêutico ainda é bastante restrito, mais é clara a necessidade de novcs antifúngicos mais
eficases e menos tóxicos. .(ALMEIDA, SOUZA, BIANCHIN, 2009).
CONCLUSÃO
Ao freqüentar um salão de beleza, os clientes nem imaginam o quanto estão expostos
aos ricos de contaminação. Geralmente, a grande preocupação é com os serviços de manicure
e pedicure; no entanto este trabalho demonstrou que até mesmo ao lavar os cabelos o cliente
está sujeito à contaminação nos lavatórios.
Como se não bastasse, além disso as pessoas que não freqüentam este tipo de
estabelecimento estão à mercê de doenças caso entre em contato com os resíduos depositados
incorretamente nos lixos comuns.
O meio ambiente também está sendo afetado pela falta de cuidados dos salões de
beleza, os quais não apresentam gerenciamento de resíduos de forma adequada, depositando
produtos químicos na rede de esgoto sem tratamento algum.
Apesar das normas impostas pela ANVISA, a fim de garantir a segurança da
sociedade em geral, percebe-se um descaso pelos estabelecimentos, que não cumprem as
11
normas e a falta de conscientização dos riscos que estão causando à sociedade.
Por meio deste trabalho foi possível concluir que os salões de beleza apresentam
ambientes contaminados e com condições mínimas de higiene. A esterilização dos materiais
das manicures é algo mais comum, talvez pelo fato de ter sido mais divulgado pela mídia e
pela conscientização dos próprios clientes, no entanto a assepsia de macas e outros
instrumentos utilizados nos salões ainda é algo a ser trabalhado. Outra questão foi a
destinação dos resíduos sólidos no lixo comum e os resíduos líquidos sendo descartados no
esgoto sem tratamento prévio.
Fica como sugestão uma maior fiscalização dos órgãos competentes nestes
estabelecimentos, com visitas freqüentes, a fim de regularizar situações fora das normas.
Outro ponto importante é a informação e conscientização dos problemas que a falta de higiene
e cuidado com os resíduos podem causar à saúde dos próprios funcionários, clientes e
degradação do meio ambiente.
Para finalizar é preciso fazer com que os próprios freqüentadores de salões de beleza
exijam dos estabelecimentos uma melhor higienização e cuidados ambientais.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALMEIDA, Lívia Maria Martins; SOUZA Eliane Alves de Freitas; BIANCHIN Débora Bertoluzzi; Resposta in vitro de fungos agentes de micoses cutâneas frente aos antifúngicos sistêmicos mais utilizados na dermatologia. Anais Brasileiros de Dermatologia. Rio de Janeiro, v. 84, n.3 , jul 2009. ANVISA . Manual e gerenciamento de serviço de saúde, Agência Nacional de Vigilância Sanitária, Brasilia : Ministério da Saúde, 182 p, 2006. ANVISA. Detecção e Identificação de Bactérias de Importância Médica, Agência Nacional de Vigilância Sanitária, Módulo V. BRASIL. SENADO FEDERAL. Política de resíduos sólidos tem de se basear em políticas de Estado, diz ministra. Disponível em:<http://www.senado.gov.br/agencia/verNoticia.aspx?codNoticia=101639&codAplicativo=2>. Acesso em 05/05/2010. ECOL NEWS. Resíduos sólidos: noções básicas. Disponível em: <http://www.ecolnews.com.br/lixo.htm#Lixo>. Acesso em 05/05/2010. FIORENTINI, Sandra Regina Bruno. Exigências da Vigilância Sanitária Para Salões de Beleza. SEBRAE, São Paulo.
12
JORNAL DE LONDRINA. Sem destino adequado, lixo de salões agrava poluição na Cidade. Disponível em: <http://portal.rpc.com.br/jl/online/conteudo.phtml?tl=1&id=900093&tit=Sem-destino-adequado-lixo-dos-saloes-agrava-poluicao-na-cidade>. Acesso em: 05/05/2010 SALÕES DE BELEZA ESCONDEM RISCO DE DOENÇAS. Disponível em:<http://www.folhavitoria.com.br/site/?target=noticia&cid=8&ch=d7dad6ca0f755603d7dcf2855c521bec&nid=121917> Acesso em: 07/10/2009. SANTOS, Gemmelle Oliveira. Lixo e Saúde as experiências de alguns trabalhadores de Forataleza/CE. Saúde e Ambiente em Revista, Duque de Caxias, v. 3, n.2 , p.33-40, jul-dez. 2008. SOUNIUS, Emílio Leão de Mattos. Curso Prático de Microbiologia. 2. Ed. Rio de Janeiro s.p. 1989.
13
APÊNDICE 1-Questionário aplicado para os salões
Questionário para as manicures de salões de beleza: Número de manicures no salão: 1)Qual o método de esterilização utilizado no salão? Para as manicures:
auto clave Estufa Outros. Qual ou quais?
Para os cabeleireiros:
auto clave Estufa Outros. Qual ou quais?
2) Quais são os materiais utilizados no salão que são necessários para fazer a esterilização?
3) Qual ou quais são os materiais descartáveis utilizados no salão? Para as manicures:
luvas com cremes
na bacia com saco plástico
na bota com creme lixa de unha
palito Outro. Qual?
4)As toalhas para se fazer as unhas são descartáveis? Sim Não
5) As pessoas que trabalham no salão tem conhecimento das normas da ANVISA-Agência Nacional de Segurança Sanitária. Sim Não
Questionário para os cabeleireiros de salões de beleza:
Número de cabeleireiros no salão?
6) Qual ou quais são os materiais descartáveis utilizados no salão? Luvas Plástico para Tintura Tubo de tinta vazia Papel Alumínio Outros. Quais? 7)Quais são os materiais utilizados por vc que são necessários para fazer a esterilização?
8) As escovas de cabelos são limpas para cada cliente? Sim Não
9) Os lavatórios são limpos todos os dias? Sim Não
14
10) É feito assepsia dos lavatórios? Sim Não
11) É feito assepsia de álcool 70% nas macas para cada cliente? Sim Não 12) No salão tem maquiagem definitiva? Se tem, onde são descartadas as agulhas? Sim Não
15
APÊNDICE 2-Contaminação por bactérias e fungos
Foto 1-cocos gram positivos e bacilos gram negativos
Foto 2- Fungo penicilium
Foto 3- cocos gram positivos e bacilos gram negativos
Top Related