biodiversidade
impactos, vulnerabilidades e adaptação às alterações climáticas
Índice9 IMPACTOS E VULNERABILIDADES ÀS ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS
15 1. Introdução
15 1.1. Enquadramento17 1.2. BiodiversidadedaMadeira19 1.3. Alteraçõesclimáticasebiodiversidade22 1.4. Objetivodorelatório
25 2. Metodologia
25 2.1. Listarespécies-alvo29 2.3. Avaliaravulnerabilidadedasespécies-alvo29 2.3.1. CCVI–vulnerabilidadedeespéciesterrestres
30 2.3.2. Vulnerabilidadedoscetáceos
32 2.3.3. Vulnerabilidadedeoutrosgruposdefaunamarinha
32 2.3.3.1. Peixes
32 2.3.3.2. Invertebradosmarinhos
33 2.4. Avaliaraconfiançaassociadaaosresultados33 2.4.1. Avaliaçãodaconfiançaefalhasdeconhecimentoparaasespéciesterrestres
33 2.4.2. Avaliaçãodaconfiançaefalhasdeconhecimentoparaoscetáceos
37 3. Resultados
39 3.1. Vulnerabilidadedosgruposdefaunaefloraterrestres39 3.1.1. Líquenes
39 3.1.1.1. Espéciesestudadas
41 3.1.1.2. VulnerabilidadesAtuais
42 3.1.1.3. VulnerabilidadesFuturas
45 3.1.1.4. Fatoresdevulnerabilidade
46 3.1.1.5. Falhasdeconhecimentoeconfiançanosresultados
47 3.1.2. Briófitos
47 3.1.2.1. Espéciesestudadas
48 3.1.2.2. VulnerabilidadesAtuais
51 3.1.2.3. VulnerabilidadesFuturas
53 3.1.2.4. Fatoresdevulnerabilidade
53 3.1.2.5. Falhasdeconhecimentoeconfiançanosresultados
55 3.1.3. Plantasvasculares
55 3.1.3.1. Espéciesestudadas
57 3.1.3.2. VulnerabilidadesAtuais
59 3.1.3.3. VulnerabilidadesFuturas
61 3.1.3.4. Fatoresdevulnerabilidade
61 3.1.3.5. Falhasdeconhecimentoeconfiançanosresultados
114 3.3.3.1. Espéciesestudadas
114 3.3.3.2. Vulnerabilidadesatuaisefuturas
115 3.3.3.3. Falhasdeconhecimentoeconfiançanosresultados
117 4. Conclusões
125 5. Referências
163 ADAPTAÇÃO ÀS ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS
169 1. Introdução
169 1.1. Enquadramento170 1.2. BiodiversidadedaMadeira172 1.3. Objetivosdorelatório
175 2. Metodologia
175 2.1. Avaliarosimpactosevulnerabilidades176 2.2. Avaliaracapacidadeadaptativaatual177 2.3. Avaliarlacunasnoconhecimento177 2.4. Identificarprincipaismedidasdeadaptação
179 3. Resultados
179 3.1. Vulnerabilidadeevulnerabilidadecruzada(inter-sectorial)179 3.1.1. Vulnerabilidadedabiodiversidadeàsalteraçõesclimáticas
183 3.1.2. Vulnerabilidadesparaabiodiversidadedecorrentesdosimpactosesperadosnoutros
sectores
185 3.1.3. Impactosdasalteraçõesdabiodiversidadenoutrossectores
186 3.2. Lacunasnoconhecimento186 3.2.1. Habitatsterrestres
186 3.2.2. Habitatsmarinhos
186 3.2.3. FaunaeFloraterrestres
187 3.2.4. Faunamarinha
188 3.3. Capacidadeadaptativaactualdossistemashumanos190 3.3.1. Conhecimento
191 3.3.2. Planos/programasdeconservaçãoatuais
191 3.3.3. Níveldeprotecçãoactual
195 3.5. Medidasdeadaptação
201 4. Conclusões
203 5. Referências
62 3.1.4. Moluscos
62 3.1.4.1. Espéciesestudadas
63 3.1.4.2. VulnerabilidadesAtuais
65 3.1.4.3. VulnerabilidadesFuturas
67 3.1.4.4. Fatoresdevulnerabilidade
68 3.1.4.5. Falhasdeconhecimentoeconfiançanosresultados
69 3.1.5. Artrópodes
69 3.1.5.1. Espéciesestudadas
71 3.1.5.2. Vulnerabilidadesatuais
73 3.1.5.3. Vulnerabilidadesfuturas
76 3.1.5.4. Fatoresdevulnerabilidade
77 3.1.5.5. Falhasdeconhecimentoeconfiançanosresultados
78 3.1.6. Répteis
78 3.1.6.1. Espéciesestudadas
79 3.1.6.2. VulnerabilidadesAtuais
80 3.1.6.3. VulnerabilidadesFuturas
82 3.1.6.4. Fatoresdevulnerabilidade
82 3.1.6.5. Falhasdeconhecimentoeconfiançanosresultados
83 3.1.7. Aves
83 3.1.7.1. Espéciesestudadas
84 3.1.7.2. VulnerabilidadesAtuais
86 3.1.7.3. VulnerabilidadesFuturas
87 3.1.7.4. Fatoresdevulnerabilidade
88 3.1.7.5. Falhasdeconhecimentoeconfiançanosresultados
89 3.1.8. Mamíferos
89 3.1.8.1. Espéciesestudadas
90 3.1.8.2. VulnerabilidadesAtuais
91 3.1.8.3. VulnerabilidadesFuturas
92 3.1.8.4. Fatoresdevulnerabilidade
93 3.1.8.5. Falhasdeconhecimentoeconfiançanosresultados
103 3.3. Vulnerabilidadedosgruposdefaunamarinhos103 3.3.1. Cetáceos
103 3.3.1.1. Espéciesestudadas
104 3.3.1.2. Vulnerabilidadesatuais
105 3.3.1.3. Vulnerabilidadesfuturas
106 3.3.1.4. Fatoresdevulnerabilidadefutura
108 3.3.1.5. Falhasdeconhecimentoeconfiançanosresultados
109 3.3.2. Peixes
109 3.3.2.1. Espéciesestudadas
110 3.3.2.2. Vulnerabilidadesatuais:tendênciaspescaenovasobservações
112 3.3.2.3. Vulnerabilidadesfuturas
113 3.3.2.4. Falhasdeconhecimentoeconfiançanosresultados
114 3.3.3. Invertebrados(Espéciesnãoindígenas)
impactos e vulnerabilidades às alterações climáticas
BIODIVERSIDADE
AUTORES
Maria João Cruz, David Avelar, Andreia Sousa,
Filipa Vasconcelos, Roberto Jardim, Mário Pulquério
COLABORADORESAna Dinis (CCIMAR-Madeira), Andreia Pereira (Instituto D.Luís, FCUL), António M.
Franquinho Aguiar (LQA), Bruce Young (NatureServe), Cátia Gouveia (SPEA-Madeira),
Cecília Sérgio (Ce3C, FCUL), Cláudia Ribeiro (CCIMAR-Madeira), Cristina Abreu
(Universidade da Madeira), Cristina Branquinho (Ce3C, FCUL), Filipe Alves (CCIMAR-
Madeira), Francisco Martinho, João Canning-Clode (Canning-Clode Marine Lab, MARE),
Jorge Palmeirim (Ce3C, FCUL), José Azevedo (Coord. BEST III Macaronesian Hub), Manuela
Sim-Sim (Ce3C, FCUL), Mário Boieiro (Ce3C, FCUL), Mark Nelson (NOAA, MNFS), Paula Matos
(Ce3C, FCUL), Rui Rebelo (Ce3C, FCUL) e Sara Ruas.
DEZEMBRO 2014
BIODIVERSIDADE 11
ResumoOprojetoCLIMA-MadeiratemcomoobjetivoestudaravulnerabilidadeeasrespostasàsalteraçõesclimáticasnoarquipélagodaMadeira.Oprojetoenvolvediferentessetores,incluindoagriculturaeflorestas,saúde,turismo,biodiversidade,energiaerecursoshídricos.
Nosetordabiodiversidade,procurou-seavaliar,numaprimeirafase,avulnerabilidadedabiodiversidadeendémicaedeoutrasespéciescominteressedaregiãoautónomadaMadeiraàsalteraçõesclimáticas.Foiefetuadaumalistagemdeespécies-alvoparaasquaisfoiavaliadaasuavulnerabilidadenumaabordagemquantitativaatravésdeíndicesdevulnerabilidadeparaasespéciesterrestreseparaoscetáceos.Avulnerabilidadedasrestantesespéciesmarinhasfoiavaliadaqualitativamente.Oshabitatsterrestresforamavaliadosatravésdeexpert judgment. Osresultadosdevulnerabilidadeobtidosforamanalisadosevalidadospor20especialistasdosdiferentesgrupostaxonómicos.
Nesteestudoforamavaliados11gruposdefaunaefloraterrestreemarinha,numtotalde74espécies.Deentreosgruposterrestres,osbriófitos,asplantasvasculareseosmoluscos,apresentaramomaiornúmerodeespéciescomumavulnerabilidade“Crítica(-3)”paraocenárioA2nofinaldoséculo.Asespéciesquepoderãobeneficiarcomasalteraçõesdoclima,apresen-tandoumavulnerabilidade“Positiva(1)”nocenárioA2paralongoprazo,pertencemsobretudoaogrupodosrépteisedosartrópodes.Emgeral,asespéciesexóticas,apresentaramvulnerabili-dadesneutrasoupositivas,independentementedogrupoemanálise.
OshabitatsterrestresdoMaciçoMontanhosoCentral,MatagalMarmuladoeZambujalMadei-renseapresentaramumavulnerabilidade“Crítica(-3)”nocenárioA2paralongoprazo,enquantoqueaFlorestaLaurissilvaapresentouumavulnerabilidade“Muitonegativa(-2)”.
Asespéciesdecetáceosmaisvulneráveissãoocachaloteeabaleiacomum,naclasse“Muitonegativa(-2)”;espéciescomoabaleiatropicaleogolfinhoroazassociadosàilhaapresentamumavulnerabilidade“Negativa(-1)”.Relativamenteaospeixeseinvertebradosmarinhos,poderãosurgirtantoimpactosnegativos(comoareduçãodaspopulaçõesdeespéciesdeclimasmaisfrios)comoimpactospositivos,comoaumentodaabundânciadeespéciescomafinidades
BIODIVERSIDADE12
tropicaisousubtropicaiseoaparecimentodenovasespécies.Aavaliaçãodavulnerabilidadeàsalteraçõesclimáticas,nomeadamenteatravésdaaplicaçãodeíndices,permitiuaidentificaçãodeespéciesemriscoeapriorizaçãodemedidasqueserãoutilizadasparadefinirrespostasdeadaptaçãoeinformaraçõesdegestãoeconservaçãodabiodiversidade.
Palavras-chave:Avaliaçãodavulnerabilidade;Alteraçõesclimáticas;Índicedevulnerabilidade;Biodiversidade;ArquipélagodaMadeira.
BIODIVERSIDADE 15
1. Introdução
1.1. Enquadramento
Anívelinternacionalhádiversosdocumentoscomrecomendaçõeseorientaçõesquevisamacriaçãodemecanismosdeadaptaçãoàsalteraçõesclimáticasparaamanutençãodabiodi-versidade.SãoexemplosaConvençãoparaaDiversidadeBiológica,aConvençãosobreZonasHúmidas,aConvençãosobreaVidaSelvagemeosHabitatsNaturaisnaEuropa,oPlanodeAçãodaUniãoEuropeia“Até2010—emaisalém”e,maisrecentemente,aEstratégiadeBiodiversi-dadedaUniãoEuropeiapara2020.
EmlinhacomosdesenvolvimentosemmatériadeadaptaçãoàsalteraçõesclimáticasnaUniãoEuropeia,porexemploo“LivroBranco.Adaptaçãoàsalteraçõesclimáticas:paraumquadrodeaçãoeuropeu”(ComissãoEuropeia2009),PortugalaprovouasuaEstratégiaNacionaldeAdap-taçãoàsAlteraçõesClimáticas(ENAAC)emAbrilde2010(ResoluçãodoConselhodeMinistrosn.º24/2010,DR:1.ªsérieN.º64de1deAbrilde2010).Esteinstrumentoestratégicopretendeenquadrarepromoverumconjuntodeorientaçõesedemedidasdeadaptaçãoaaplicaratravésdeumaabordagemintegradaeenvolvendoumalargadoconjuntodesetores.
AaplicaçãonacionaldaENAACestásobacoordenaçãointerministerialdaComissãoparaasAlteraçõesClimáticas(CAC),criadapelaResoluçãodoConselhodeMinistrosn.º72/98,de29deJunho,apoiadapeloseuComitéExecutivo(CECAC),queporsuavezéapoiadoporumgrupodecoordenação,pelosgruposdetrabalhosectoriaiseporumpainelcientífico(Despachon.º14893/2010,de18deSetembro).AaplicaçãodaENAACnasRegiõesAutónomasdosAçoresedaMadeiraédaresponsabilidadedosrespetivosGovernosRegionais.
OprojetoCLIMA-MADEIRAiráidentificarecaracterizarpotenciaisimpactosdasalteraçõesclimáticassobreossetoressaúdehumana,biodiversidade,recursoshídricos,turismo,energia,agriculturaeflorestasnoArquipélagodaMadeira,permitindoassimavaliarquaisasprincipaisvulnerabilidadesdessessistemasàsalteraçõesclimáticaseidentificarepriorizarmedidasdeadaptação.
BIODIVERSIDADE BIODIVERSIDADE16 17
1.2. Biodiversidade da Madeira
AMadeiraapresentaumafaunaefloraúnica,sendoconsideradaum‘hot-spot’debiodiver- sidademediterrânica.Localizadanaregiãobiogeográficadamacaronésia,temumelevadonúmerodeendemismosehabitatsricoscomumaelevadadiversidadedeespéciesterrestesemarinhas.Paraosprincipaisgrupostaxonómicosterrestressãoconhecidoscercade1419taxa-1286espéciese182subespécies-sendoosgruposcommaiornúmerodeendemismososmoluscoseosartrópodes,comcercade210e979espéciesesubespéciesrespetivamente. Ogrupodosmoluscosrepresentaassim14,68%dototaldeendemismoseosartrópodesa69,09%(Figura1)(Borgesetal.2008).Váriasespéciesmarinhasestãopresentesemáguasmadeirensesnomeadamente25espéciesdecetáceos,cincoespéciesdetartarugasmarinhaseafocamongeclassificadacomocriticamenteameaçada(Cabraletal.2005).
Figura 1 – Proporção de taxa endémicos (espécies e subespécies) dos vários grupos de fungos, plantas e animais terrestres dos arquipélagos da Madeira e Selvagens. Fonte: Borges et al.,2008.
Osdiferenteshabitatsterrestresestãodistribuídosemaltitudeemdiferentessériesdevegeta-ção,sendoestasvitaisparaaconservaçãoemanutençãodosserviçosecossistémicos(Figura2). AilhadaMadeiracompreendeváriosandaresdevegetaçãoclimatófiladesdeascotasmaisbaixasatéàsdemaioraltitude(Capelo2004).AprimeirasériedevegetaçãocorrespondeaoZambujalMadeirensequeseencontraacotasinferiorescomescarpasrochosasentre0e200metrosnaencostasul.AsériedoMatagalMarmulanoocorreacotasentreos200e300metrosdealtitudenaencostasuleentreos0e50metrosnaencostanorte.Estasérieestáassociadaasolospoucoprofundoseapresentaumaelevadaexposiçãoaosventoshúmidosnaencostanorte.Aflorestaautóctone,Laurissilva,éumecossistemadeextremaimportânciaedeelevadararidade,queocorreemduassériesdistintas:LaurissilvaMediterrânicadoBarbusanoquesedistribuiaproximadamenteentreos300e800metrosemsolospoucoprofundosemambasasencostaseaLaurissilvaTemperadadoTilqueseencontraemsolosmaisprofundosentre
Estedocumentoéoprimeiroresultadodesteprojetoparaosetordabiodiversidadeetemcomoprincipaisobjetivos:
1 ) Identificaravulnerabilidadeàsalteraçõesclimáticasdeumconjuntoalargadodeespéciesendémicaseoutrasespéciescomimportânciaparaaregião;
2 ) Identificarlacunasnoconhecimentoeincentivarestudosemuniversidadeseoutrasinsti-tuiçõessobreavulnerabilidadedabiodiversidadeàsalteraçõesclimáticas;
3 ) Servirdebaseparaidentificaçãodemedidasdeadaptaçãoparaosetordabiodiversidade;
4 ) ServirdebaseparaadiscussãoalargadaquesepretenderealizarnoâmbitodoClima-Ma-deira,comaparticipaçãoativadediferentesagentessocioeconómicos,nomeadamentedosetoracadémico,daadministraçãopúblicaedosetorprivado.
Existemaindamuitosdesafiosnaprevisãoemonitorizaçãodosimpactosdasalteraçõesclimáti-casnabiodiversidade.Énecessárioteremcontaquealgunsefeitospoderãotornar-seevidentesapenasalongoprazo.Alémdisso,osefeitosdasalteraçõesclimáticasnosecossistemasenabiodiversidadeassociadasãomuitocomplexos,sendonecessárioconsideraraflexibilidadefenotípicaegenotípicadasespécies,assuasrespostasaosefeitosdeváriosfatoresclimáticosemsimultâneo,assimcomoasinteraçõesentreasváriascomponentesdosecossistemaseosimpactosindiretosquedaíadvêm.
Aslimitaçõesdestedocumentodevem-seprincipalmentea:
1 ) Faltadedadosdebasesobreasespécies,asuabiologia,ecologiaourequisitosambientais;
2 ) Faltadedadosdebasesobreoefeitodasalteraçõesclimáticasnosecossistemas,habitatsouespécies;
3 ) Elevadacomplexidadedasrelaçõesentreasespécies,ascomunidadesecológicaseoclima;
4 ) Incertezadevidoàcomplexidade,variedadeeinteraçõesdosimpactosesperadosnosdiversoscomponentesdosecossistemas;
5 ) Inúmerassinergiasquepodemocorrerentreosefeitosdasalteraçõesclimáticaseosefeitosdeoutrasalteraçõesantropogénicas.
Emtermosestruturais,opresentedocumentoécompostoportrêsoutroscapítulos,alémdesteprimeirocapítulointrodutório.Nosegundocapítulosãoapresentadasasmetodologiasutilizadasparaaavaliaçãodavulnerabilidadedasespéciesemestudo.Noterceirocapítulosãosumarizadososresultadosobtidos.Noúltimocapítuloapresentam-seasprincipaisconclusõesdopresentetrabalho.
Arthropoda(69,09%)
Mollusca(14,68%)
Nematoda(0,07%)
Platyhelminthes(0,07%)
Chordata(1,06%)
Spermatophyta(10,30%)
Lichens(0,85%)
Fungi(2,54%)
Bryophyta(0,78%)
Pteridophyta(0,56%)
BIODIVERSIDADE BIODIVERSIDADE18 19
1.3. Alterações climáticas e biodiversidade
Muitosestudosefetuadosemsistemasbiológicosrevelamjáimpactossignificativosdevidoàsalteraçõesclimáticas(Lovejoy&Hannah2005;Rosenzweig&Tubiello2007;EEAetal.2008;Stenseth2008)masasgrandesimplicaçõesnosecossistemasaindanãoforamcompletamentereconhecidas(EEA2009).Projeta-sequeasalteraçõesclimáticasvenhamaseramaiorameaçaparaabiodiversidadeduranteesteséculo(MEA2005).Porexemplo,umestudodosimpactosdasalteraçõesclimáticasnabiodiversidadeeuropeiamostrouque20a30%dasespéciesdefaunaeflorapoderãoextinguir-seduranteopróximoséculo;estareduçãodebiodiversidadeserámaisgravenospaísesmediterrânicosdevidoaoesperadoaumentodaaridez(Piper&Wilson2008).Asilhassãomaisvulneráveisàsalteraçõesclimáticasdoqueasáreascontinentais(IPCC2007).Considerandooselevadosgrausdeendemismosassociadosàsilhasoceânicas,oisolamentodaspopulaçõesinsulares,easuavulnerabilidadeaoutrosfatoresdeameaçacomoaintroduçãodeespéciesexóticas,abiodiversidadeinsularéemgeralmuitovulnerávelàsaltera-çõesclimáticas(Cruzetal.2009;IPCC2014).
Osimpactosdasalteraçõesclimáticasnabiodiversidadedividem-seemdoistipos:
1 ) Alterações fenológicasdevidoaoadiantamentodaprimaveraedoverão.
2 ) Deslocaçãoemlatitudeealtitudedasespéciessensíveisàsalteraçõesdetemperatura,resultandoemextinções locais de populações,alterações na distribuiçãooudeclí-nios populacionais.
Aintensidadedosimpactosdasalteraçõesclimáticas,numdeterminadohabitatouespécie,dependedasuavulnerabilidade.Avulnerabilidadevariadeespécieparaespécieederegiãopararegiãoeconsistenograudesuscetibilidadeedeincapacidadedeumsistemalidarcomosefeitosadversosdasalteraçõesclimáticas(IPCC,2007).
os800e1450metrosnaencostasuleos300–1400metrosnaencostanorte.ALaurissilvaTemperadadoTiléasériedevegetaçãocomamaioráreaocupadaemambasasencostas.AvegetaçãodealtitudedoMaciçoMontanhosoCentraldivide-senassériesUrzaldeAltitudeeVegetaçãoRupícoladeAltitude.AprimeiraconsistenumbosquedeurzalarbóreopresenteemsolospoucoespessoseafloramentosrochososcompredominânciadeErica arborea queocupacotassuperioresa1400metros.AsériedeVegetaçãoRupícoladeAltitudeécaracterizadaporcomunidadespermanentesqueocorrememsubstratorochosoacotasacimade1560metrosdealtitude(SRA2014a).
Figura 2 – Séries de vegetação natural potencial da ilha da Madeira. Fonte: Capelo, 2004.
BIODIVERSIDADE BIODIVERSIDADE20 21
Tabela 1 – Generalização dos fatores de sensibilidade às alterações climáticas e identificação das características que conferem às espécies, grupos de espécies ou habitats uma maior ou menor vulnerabilidade.
MAIS VULNERÁVEIS MENOS VULNERÁVEIS
Sensibilidadediretaàsalteraçõesclimáticas(característicasfisiológi-casefenológicas)
Nichosclimáticospequenos Nichosclimáticosamplos
Ectotérmicas Endotérmicas
Limitesuldadistribuiçãogeográficadaespécie
Limitenortedadistribuiçãogeográ-ficadaespécie
Incapacidadedeajustarciclodevidaàsalteraçõesclimáticas(ajustesfenológicos)
Capacidadedeajustarciclodevidaàsalteraçõesclimáticas(ajustesfenológicos)
Especializaçãoecológica
Associadasahabitatsvulneráveis aoclima
Associadosahabitatsresilientes
Dietaespecialista Dietageneralista
Dependênciadeoutrasespéciesparacriarhabitat,dispersão, polinização,etc.
Nãodependentedeoutrasespéciesparacriarhabitat,dispersão,polini-zação,etc.
Estratégiadereprodução K-estrategistas R-estrategistas
Movimentos/capacidadededispersão
Baixacapacidadededispersão Elevadacapacidadededispersão
Fatoresgenéticos Baixadiversidadegenética Elevadadiversidadegenética
Estadodaspopulações
Efetivopopulacionalreduzido Efetivopopulacionalelevado
Sujeitasaoutraspressõesantropogénicas
Nãosujeitasaoutraspressõesantropogénicas
Distribuiçãoreduzidaoufragmentada
Distribuiçãoabrangenteecontígua
EXPOSIÇÃO
ALTERAÇÕES E VARIABILIDADE CLIMÁTICA
OUTRAS PRESSÕES HUMANAS
SENSIBILIDADE
BIOLOGIA E ECOLOGIA DAS
ESPÉCIES
DISTRIBUIÇÃO E ESTADO DAS POPULAÇÕES
CAPACIDADE ADAPTATIVAIMPACTOS POTENCIAIS
VULNERABILIDADES
Figura 3 – Representação esquemática dos fatores que afetam a vulnerabilidade das espécies às alterações climáticas.
Avulnerabilidadeéoresultadodainteraçãodaexposiçãocomasensibilidadeàsalteraçõesclimáticas.Aexposiçãorefere-seàsalteraçõesclimáticasaquedeterminadaespécieouhabitatestãoexpostas(porexemplotemperaturaehumidade)(Figura3).Estefatorvariacomocenárioclimáticoeperíodoconsiderados.Nesteestudoconsideraram-sedoiscenários(A2eB2)etrêsperíodostemporais(iníciodoséculo–2010-2039;meadosdoséculo–2040-2069;finaisdoséculo–2070-2099),sendoocenárioA2paraofinaldoséculoocenárioparaoqualseesperamMaioresalteraçõesclimáticas.Asensibilidadeàsalteraçõesclimáticas refere-seàscaracterísticasdasespé-ciesqueastornammaisoumenosvulneráveiseincluemosfatoresidentificadosnaTabela1.
BIODIVERSIDADE22
Sensibilidade direta às alterações climáticas–relacionadoscomolimiardetolerânciadedeterminadaespécieouhabitatemrelaçãoavariáveisabióticas(porexemplotemperaturaehumidade).Deumaformageral,espéciesectotérmicassãomaisvulneráveis.Consideram-semaisvulneráveisasespéciesouhabitatsquesedistribuemporáreaspróximasdeumoumaislimitesdetolerânciaquepoderãoserultrapassadosnascondiçõesclimáticasfuturas.Destaforma,popula-çõesdasregiõeslimítrofesdaáreadistribuiçãodaespéciepoderãoestarnolimitedasuatolerânciaadeterminadosfatores(e.g.,temperaturaselevadasoustresshídrico),podendodesaparecer.
1 ) Especialização ecológica(habitats,dietasouinteraçõesinterespecíficas)–espéciescomrequerimentosecológicosmuitoespecíficos,comoporexemploasassociadasacharcostemporários,serãomuitovulneráveis.
2 ) Estratégias de reprodução–espéciescomciclosdevidamaiscurtos(r-estrategistas)podemapresentarumaMaiorcapacidadedeadaptaçãocomportamentalougenética.Todavia,tendematerumalongevidadecurta,oquepodeserumaameaçaemsituaçõesderápidasvariaçõesdoclimaduranteperíodoscríticoscomosejamareproduçãoourecrutamento.Porexemplo,condiçõesdesecapodemlevaraextinçõeslocaisdevidoàausênciadascondiçõesdereproduçãoporperíodosdetempoqueultrapassamacurtalongevidadedosindivíduosdestegrupo.Espéciescomumciclodevidalento(k-estrategis-tas)serãotendencialmentemaisvulneráveisaalteraçõesclimáticasgraduais(Chiba1998).Estasespéciesterãomenorcapacidadederecuperardealteraçõesalongoprazo,dadooseubaixopotencialreprodutorealtograudeespecialização.
3 ) Capacidade de dispersão–espéciescombaixacapacidadededispersãopodemficariso-ladaspornãoconseguiremdeslocar-separaáreascomcondiçõesbioclimáticasadequadas.
4 ) Fatores genéticos–espéciescombaixadiversidadegenéticaterãomenorcapacidadedeseadaptaremaalteraçõesdoclima.
5 ) Estado das populações (distribuição, efetivo populacional e vulnerabilidade a outras pressões antropogénicas)–espéciescomreduzidonúmerodeindivíduosoucompopulaçõesfragmentadasouisoladasserãomuitovulneráveisaalteraçõesclimáticas;espéciescompopulaçõesserãotambémmaisvulneráveisaalteraçõesclimáticas;fatoresdepressãocomoasobre-exploraçãoouacompetiçãocomespéciesexóticaspodematuardeformasinergísticacomasalteraçõesclimáticas.
1.4. Objetivo do relatório
AvaliaçãodavulnerabilidadedabiodiversidadeendémicaedeoutrasespéciescominteressedaregiãoautónomadaMadeiraàsalteraçõesclimáticasatravésdeíndicesdevulnerabilidade.
BIODIVERSIDADE 25
2. MetodologiaDemodoaavaliaravulnerabilidadedabiodiversidadedaregiãoautónomadaMadeiraàsaltera-çõesclimáticasseguiram-seasseguintesetapas:
2.1.Listarespécies-alvo;
2.2.Identificardadosexistentesedefinirametodologiaparaaavaliaçãodevulnerabilidade;
2.3.Avaliaravulnerabilidadedasespécies-alvo;
2.4.Avaliarconfiançanosresultadosobtidos.
Deseguidadescrevem-seosmétodosutilizadosparacadaumadessasetapas.
2.1. Listar espécies-alvo
Apósdiscussãocomarestanteequipadoprojeto(incluindoaequipadecoordenaçãoeasequipassectoriaisedeadaptação)ecomosrepresentantesdogovernoregionaloptou-seporincluirnopresenteestudonãoapenasespéciesendémicascomotambémoutrasespéciesrele-vantesparaasquaissejaimportanteestudaravulnerabilidadeàsalteraçõesclimáticas.Assimoscritériosdefinidosparaaseleçãodeespécies-alvoforam:
1 ) Espéciesendémicas;
2 ) Espéciesinvasoras;
3 ) Espécieskey-stone,porexemplo,espéciescominteresseeconómico—pescas,turismo,etc.—ouinteressedeconservação,espéciesrepresentativasdedeterminadoshabitatsoumodosdevidaouespéciesindicadorasdosefeitosdasalteraçõesclimáticas.
BIODIVERSIDADE BIODIVERSIDADE26 27
2.2. Identificar dados existentes e definir a metodologia para a avaliação de vulnerabilidade
Aavaliaçãodevulnerabilidadespodeserfeitacomrecursoadiferentesmetodologias(verTabela2). Paraopresenteprojeto,tendoemcontaosdadosdisponíveis,autilizaçãodeíndicesdevulne-rabilidade(Bagneetal.2011;Davisonetal.2012)seráaúnicametodologiaaplicávelaumvastonúmerodeespéciesecomresultadosfiáveis.
Tabela 2 – Metodologias utilizadas para a avaliação da vulnerabilidade da biodiversidade às alterações climáticas.
MÉTODO PRÓS CONTRAS
Modelaçãobioclimática
› Fáceisdeimplementar › Disponibilidadededados; › Apenasmedemimpactosdiretos › ApenasaplicávelàilhadaMadeira
Expert judgement › Aplicáveisquandohápoucosdadosdebase(aespéciesraras)
› Aplicávelatodooarquipélago
› Subjetivos; › Resultadospoucocomparáveis
Índicesdevulnerabilidade
› Integramimpactosdiretos,indiretosecapacidadeadaptativa; › Podemseratualizadosquandohouver+infodisponível; › Permitemavaliaçãodeincerteza › Aplicávelatodooarquipélago
› Necessário+tempo
Sãováriososíndicesdevulnerabilidadedisponíveis(Faber-Langendoenetal.2009;Bagneetal.2011;Bertzkyetal.2011;Comeretal.2012;Davisonetal.2012).Numaprimeirafase,analisaram--seosdiferentesíndicesemtermosde:
1 ) Aplicabilidadeaosdiferentesgruposdeespécies;
2 ) Atributos/característicasusadas;
3 ) Capacidadedeavaliarconfiançaefalhasnoconhecimento.
Noentanto,considerandoaimpossibilidade,paraamaioriadosgrupos,deavaliartodasasespéciesdeacordocomoscritériosdefinidos,foiefetuada,numasegundafase,aidentificaçãode10espécies-alvoporgrupodeacordocomosseguintescritérios:
1 ) Espéciescomestatutodeconservação;
2 ) Espéciesquerepresentemdiferenteshabitats/nichosecológicos/diferentesgrausdevulnerabilidadeàsalteraçõesclimáticas;
3 ) Espéciesparaasquaisexistaalgumainformaçãosobreabiologiaeecologiadasmesmasquepermitaaaplicaçãodeíndicesdevulnerabilidade.
Assim,paraidentificarasespécies-alvodesteestudotendoemcontaoscritériosacimadescri-tos,seguiram-seosseguintespassos:
2.1.1.ListarespéciesendémicasterrestresutilizandoapublicaçãodeBorgesecolegas(2008);
2.1.2.Listaroutrasespéciesterrestrescomrelevânciacombaseemexpert judgement(verlistagemdecolaboradores);
2.1.3.ListarespéciesdepeixescomrelevânciaapartirdasestatísticasdapescadisponíveisnaDireçãoRegionaldeEstatísticadaMadeira(http://estatistica.gov-madeira.pt/).
2.1.4.Listarasespéciesdecetáceoscomestatutodeconservaçãoregionaleparaasquaisexistemdadossuficientesparaaatribuiçãodeumestatutodeameaça(Freitas2004).
2.1.5.Paraogrupodosinvertebradosmarinhos,foicompiladaumalistagemdeespéciesnão-indígenasporJoãoCanning-Clode.Devidoàpoucainformaçãoexistenteparaestegrupoalistacompiladarefleteaanálisededadosembrutoaindanãopublicada(Anexo1).
2.1.6.Estaslistasiniciaisforamenviadasaespecialistasdosdiferentesgruposdeespéciesdemodoaseremrevistasecompletadas(umavezqueseassumequeainformaçãodebasepodenãoestarcompleta).Avalidaçãodaslistasdosgruposterrestresfoirealizadaporapenasumperitoporgrupoàexcepçãodogrupodoslíquenes(trêsperitos)edosartrópodes(doisperitos).
2.1.7.Asespéciesforamclassificadasdeacordocomoscritériosdefinidoseosperitosselecio-naramalistafinaldeespécies-alvodesteestudo(Anexo1).
BIODIVERSIDADE BIODIVERSIDADE28 29
2.3. Avaliar a vulnerabilidade das espécies-alvo 2.3.1. CCVI – vulnerabilidade de espécies terrestres
OCCVIbaseia-senaanálisede4gruposdefatoresprincipais:
1 ) Exposiçãodiretaàsalteraçõesclimáticas;
2 ) Exposiçãoindiretaàsalteraçõesclimáticas;
3 ) Sensibilidadeàsalteraçõesclimáticas;
4 ) Respostasdocumentadasoumodeladasàsalteraçõesclimáticas.
Relativamenteaoprimeirofator–Exposiçãoafatoresdiretos–oCCVIconsideraduasvariáveis:anomaliadatemperaturamédiaereduçãodoíndicedehumidadeHamonAET:PET(Hamon1961).
TodososcenáriosdeiníciosemeadosdoséculoparaaMadeiraapresentamalteraçõesdetemperaturaehumidaderelativamentebaixas,apenasseesperandoalteraçõesclimáticasmaisgravosasparaofinaldoséculo(Tabela4).
Tabela 4 – Fatores de exposição direta às alterações climáticas. Anomalia da temperatura e da humidade (Hamon AET:PET) nos cenários A2 e B2 para curto, médio e longo prazo. Dados climáticos produzidos no projeto CLIMAAT II.
ANOMALIA TEMPERATURA ANOMALIA ÍNDICE HUMIDADE
A22010-2039 <2.2ºC >-0.028
B22010-2039 <2.2ºC >-0.028
A22040-2069 <2.2ºC >-0.028
B22040-2069 <2.2ºC >-0.028
A22070-2099 2.2a2.4°C -0.074a-0.096
B22070-2099 <2.2ºC -0.051a-0.073
Considerandoosresultadosdaanáliserealizadaeadisponibilidadedeinformaçãoparaasdiferentesespéciesemestudo,optou-sepor:
1 ) Utilizar,oíndice“ClimateChangeVulnerabilityIndex”(CCVI)desenvolvidopelaNatureServeatodososgruposdefaunaefloraterrestres(Faber-Langendoenetal.2009;Youngetal.2011);
2 ) Desenvolverumíndicedevulnerabilidadeaplicávelaoscetáceosapartirdo“FishStockVulnerabilityAssessment”desenvolvidopelaNOAAparaospeixes(Morrisonetal,in prep.)edoíndicedesensibilidadedecetáceos(Laidreetal.2008;Simmonds&Smith2009)theirhabitatrequirements,andevidenceforbiologicalanddemographicresponsestoclimatechange.Wethendescribeapan-Arcticquantitativeindexofspeciessensitivitytoclimatechangebasedonpopulationsize,geographicrange,habitatspecificity,dietdiversity,migra-tion,sitefidelity,sensitivitytochangesinseaice,sensitivitytochangesinthetrophicweb,andmaximumpopulationgrowthpotential(Rmax);
3 ) Paraasespéciesdepeixeseinvertebradosmarinhos,dadaafaltadeinformaçãodebaseeanecessidadedeadaptaroúnicoíndiceexistenteàsnecessidadesdesteprojeto,optou-seporfazerapenasumaavaliaçãoqualitativadosimpactospotenciais.
Aavaliaçãodavulnerabilidadeparaasespéciesterrestreseparaoscetáceos,foirealizadautilizandoaescaladaTabela3.
Tabela 3 – Escala de vulnerabilidade do projeto [CLIMA-Madeira].
2 Muito Positiva
1 Positiva
0 Neutra
-1 Negativa
-2 Muito Negativa
-3 Crítica
Apósaavaliaçãodosdiferentesgrupos,foiefetuadaumaanálisedavulnerabilidadedasespéciesendémicasenativasporhabitat(definidosdeacordocomCapelo2004),naqualseconsidera-ramapenasasespéciesdependentesdedeterminadohabitatduranteparteouatotalidadedoseuciclodevida.Avulnerabilidadedoshabitatsfoiavaliadaporperitosconsiderandoainfor-maçãodavulnerabilidadedasespéciesporhabitat,osresultadosdamodelaçãobioclimáticaefectuadanoestudoCLIMAATII(2006)eoconhecimentoactualsobreoshabitatsnaMadeira.
BIODIVERSIDADE BIODIVERSIDADE30 31
al,in prep.).Nogeral,aadopçãodeumaavaliaçãoquantitativadavulnerabilidadeprende-secomanecessidadedepriorizarasespéciesmaisemenosvulneráveisnumatentativadeauxiliarnosesforçosdeconservaçãoegestãodeespéciesqueestãogeralmentecondicionadospelotempoerecursosdisponíveis.Autilizaçãodeíndicesdevulnerabilidadeparaasespéciesmarinhasaindaéumaabordagemrelativamenterecentecomparandocomaaplicaçãodestesmétodosnasespéciesterrestres.Pelacomplexidadedomeiomarinhoedasrelaçõesentreníveistróficosasmetodolo-giasdeavaliaçãodevulnerabilidadefocam-seemespécieseporvezesemhabitats.
Oíndicedevulnerabilidadeparacetáceosutilizadonesteprojectofoiadaptadodoíndice“Fishstockvulnerabilityassessment”desenvolvidopelaNOAAparaospeixes(Morrisonetal,in prep.)utilizandoosfatoresdesensibilidadereunidosnotrabalhodesenvolvidopor(Simmonds&Smith2009)paracetáceos.Comodescritoanteriormente(Figura1),avulnerabilidadeéconsideradacomooprodutodaexposiçãoedasensibilidadedasespéciesàsalteraçõesclimáticas.Relativamenteaosfactoresdeexposiçãoéaindadifícildeterminaroimpactodestesfactoresnasespéciesemestudo.Porumladomuitosdosfactoresactuamdeformaglobalnãosendoconhecidososimpactosanívellocal.Aavaliaçãodosfactoresdeexposiçãoémuitasvezesfeitacombasenaáreadedistribuiçãodasespé-cies,queparamuitasépoucoconhecida.Nestetrabalho,osfatoresclimáticos(ouseja,aexposição)nãoforamconsideradosdevidoàelevadamobilidadedasespéciesdestegrupoeàsuavastaáreadedistribuição.Naprática,asalteraçõesclimáticasaqueasespéciesestãosujeitassãosemelhan-tesparatodasasespéciesavaliadas,nãosendoporissoinformativoincluirfatoresquereflitamaexposiçãonoíndicedevulnerabilidade(i.e.,estefatorpodeserconsideradocomoumaconstante).
Combasenotrabalhodesenvolvidopor(Simmonds&Smith2009)foramselecionadossetefatoresdesensibilidade(Anexo4).Cadafatordesensibilidadetemtrêsrespostas(ouclasses)possíveisquevariamde1a3(SCORES),deumamenor(1)paraumamaior(3)contribuiçãoparaoaumentodavulnerabilidadedaespécie(Tabela5).Aaplicaçãodoíndiceconsistenaatribuiçãode5pontosparacadafator,sendoqueaformadedistribuiçãodesses5pontospelas3classesderespostarefleteograudeconfiançanaavaliação.
Tabela 5 – Representação da avaliação de vulnerabilidade aplicada ao grupo dos cetáceos.
FACTORES DE SENSIBILIDADE
RESPOSTAS CONCORDÂNCIA
SCORE 1 SCORE 2 SCORE 3
FACTOR 1
1 1 2 Baixa
3 2 Média
5 Alta
Relativamenteaosfatoresdeexposiçãoindireta,oCCVIconsideratrêsfatores:
1 ) Subidadonívelmédiodomar;
2 ) Alteraçõesrelativamenteabarreirasnaturais(ex.:montanhas,vales)eantropogénicas(ex.:zonasurbanas,estradas);
3 ) Alteraçõesdosusosdosolodevidoàsalteraçõesclimáticas.
Relativamenteaosfatoresdesensibilidade,oCCVIconsidera6fatores:
1 ) Capacidadededispersãoemovimentos;
2 ) Característicasgeológicasincomuns;
3 ) Fatoresgenéticos;
4 ) Interaçõesinterespecíficas(e.g.dieta,competição,simbioses,etc.);
5 ) Característicasfisiológicasefenológicasdasespécies(e.g.tolerânciatérmicaehidrológica;dependênciadeumregimededistúrbiosespecífico);
6 ) Extensão/distribuiçãodoshabitats.
Finalmente,oíndicepermiteaindaincluirinformaçãosobrerespostasdocumentadasàsaltera-çõesclimáticasobtidasapartirdesériestemporaisdedados,ourepostasmodeladas,obtidasapartirdemodelaçãobioclimática.
NoAnexo2,descrevem-seempormenorosfatoresutilizadosnoíndiceCCVIeapresenta-seumexemplodosresultadosobtidosparaumaespécieavaliada.
AaplicaçãodoíndiceCCVIfoifeitaemcolaboraçãocomespecialistasdosdiferentesgrupostaxonómicos,estandoestesindicadoscomoautoresnosresultadosdopresenterelatório.
2.3.2. Vulnerabilidade dos cetáceos
Deformageraloscetáceossãoumgrupoquesecaracterizapelasuaplasticidadefisiológicaecomportamental,conferindo-lhesumamaiorresiliênciaàsalteraçõesclimáticas.Noentanto,existeaindaumagrandefaltadeconhecimentosobreaspossíveisrespostasdoscetáceosàsalteraçõesclimáticasnomeadamentedevidoaodesconhecimentodospotenciaisimpactosindirectosnascadeiastróficasedecomooscetáceosrespondemaestasalterações.Nesteprojectofoinecessá-rioadoptarumametodologiaquantitativadeavaliaçãodavulnerabilidadequepermiteaatribuiçãodefactoresdesensibilidade,poisháumamaiorcertezanoquerespeitaaparâmetrosdeciclodevidaquandocomparadocomconjecturassobreascondiçõesclimáticasnofuturo(Morrisonet
BIODIVERSIDADE BIODIVERSIDADE32 33
2.4. Avaliar a confiança associada aos resultados
ParatodososresultadosdevulnerabilidadeobtidosfoirealizadaumaavaliaçãodaconfiançautilizandoaescaladaTabela6.
Tabela 6 – Escala de confiança utilizada em todos os grupos terrestres e marinhos.
80-100% Muitoalta
60-80% Alta
40-60% Média
20-40% Baixa
0-20% Muitobaixa
2.4.1. Avaliação da confiança e falhas de conhecimento para as espécies terrestres
ParaaavaliaçãodaconfiançanosresultadosobtidoscomoCCVI,calculou-se,paracadaespécieecadacenárioemcadahorizontetemporal,apercentagemdefatoresparaosquaisarespostafoiUnknown.OresultadodaconfiançaparacadaespéciecorrespondeàpercentagemdosfatoresquecontêmUnknown.Paraavaliarasfalhasdeconhecimentoemrelaçãoacadagrupodeespécies,identificaram-seosfatoresqueapresentavamumMaiornúmeroderespostasUnknown.Atítulodeexemplo,noanexo3encontra-seaavaliaçãodeconfiançaefalhasdeconhecimentoparaumadasespéciesestudadas.
2.4.2. Avaliação da confiança e falhas de conhecimento para os cetáceos
SegundooIPCC,aconfiançadependedaconcordênciaedaevidência(IPCC,2007).Aconcordân-ciaéograudeconformidadeentreosresultadosobtidoscomdiferentesmétodosoudiferentesperitos.Aevidênciaégraucomqueosdados/observaçõessuportamoresultado.Ograudeconfiançaéobtidocomooprodutodeambososfactores(Figura4).
Aavaliaçãodaconfiançanosresultadosobtidoscomoíndicedevulnerabilidadedoscetáceos,foicalculadacombasenadistribuiçãodapontuaçãoatribuídaacadafatordesensibilidade(tra-duzindoaconcordância)eàqualidadedainformação(traduzindoaevidência).Aqualidadedainformaçãopermitiuaindaidentificarasfalhasnoconhecimentosobreosefeitosdasalteraçõesclimáticasnasespéciesavaliadas.
Ofator“qualidadedainformação”(Morrisonetal,in prep.)foiincluídonoíndicedeformaaavaliaraevidêncianaavaliaçãodavulnerabilidadedasespécies.Foicalculadoofator“Confiançatotal”combinandoaconcordâncianaavaliaçãoeaevidência.
Demodoaatribuirvaloresdevulnerabilidadeparacadafatoreparacadaespécie,foiefetuadaumarevisãobibliográficadeimpactosevulnerabilidadesdasespéciesdecetáceosàsalteraçõesclimáticas(Anexo5).
Osresultadosobtidosforamenviadosaespecialistasdogrupodoscetáceos(verautoresdocapítulo3.2.1Cetáceos)eposteriormentefoirealizadoumwebinarcomestesespecialistasdemodoaavaliarevalidaroíndicedesenvolvido,queincluiuumavalidaçãodosfatoresdesensibili-dadeutilizados,assimcomoavalidaçãodosresultadosobtidosparacadaespécie(veranexo5).
2.3.3. Vulnerabilidade de outros grupos de fauna marinha
2.3.3.1. Peixes
NoarquipélagodaMadeiranãoseencontramespéciesendémicasdepeixes.AMadeirapartilhaapenasumaespécieendémica(Gobius maderensis)comasCanáriaseoutracomosAçores(Paraconger macrops)(Wirtzetal.2008).Nesteestudo,considerou-sequeseriarelevanteincluiralgumasespéciesdepeixesdadaasuaimportânciaparaosetordaspescas.Asespécies-alvoselecionadasfazempartedoconjuntodeespéciesmaisdescarregadasemlotanaRAM.Desteconjuntodeespéciesapenasnãoforamavaliadasascategoriasqueincluemváriasespéciescomo“Atunsesimilares”e“Outros”.
Dadaafaltadedadosdebaseearesultanteimpossibilidadedeaplicarumíndicedevulnera-bilidadeàsalteraçõesclimáticasaestegrupo,optou-seporrealizarapenasumaanálisedastendênciasdepescasedasnovasobservaçõesparaoarquipélagodaMadeira.
2.3.3.2. Invertebrados marinhos
NoarquipélagodaMadeiraencontram-sepoucasespéciesendémicasdeinvertebradosmari-nhos.Noentanto,etendoemcontaquesetemobservadooaparecimentodeespéciesnãoindí-genasnoarquipélago,considerou-sequeseriarelevanteincluiralgumasdestasespéciesnesterelatório.Foicompiladaumalistade10espéciesnãoindígenasdeinvertebradosnaMadeiraporJoãoCanning-Clode(Anexo1).
Nesteestudonãofoipossívelaaplicaçãodeumíndicedevulnerabilidade,considerandoqueodesenvolvimentodemétodosquantitativosparaavaliaçãodavulnerabilidadedasespécieséumaabordagemrecente,nomeadamentenoquedizrespeitoaespéciesmarinhas.
Outradaslimitaçõesnaaplicaçãodeíndicesdevulnerabilidadeprende-secomanaturezadosdadosdisponíveisnaavaliaçãodosfatoresdevulnerabilidade,sendooconhecimentomuitolimitado,especialmentenoquerespeitaàsespéciesnãoindígenas.Assim,optou-seporfazerumaanálisequalitativacombasenainformaçãoexistenteparaestasespéciesnoarquipélagodaMadeira.
BIODIVERSIDADE34
MÉDIAConcordânciaAltaEvidênciaLimitada
ALTAConcordânciaAltaEvidênciaMédia
MUITO ALTAConcordânciaAltaEvidênciaRobusta
BAIXAConcordâncaMédiaEvidênciaLimitada
MÉDIAConcordânciaMédiaEvidênciaMédia
ALTAConcordânciaMédiaEvidênciaRobusta
MUITO BAIXAConcordânciaBaixaEvidênciaLimitada
BAIXAConcordânciaBaixaEvidênciaMédia
MÉDIAConcordânciaBaixaEvidênciaRobusta
CON
COR
DÂ
NCI
A
EVIDÊNCIA
Figura 4 – Escala de confiança dos impactos potenciais com base na concordância e evidência (adaptado de Mastrandrea et al. 2010)
BIODIVERSIDADE 37
3. ResultadosNesteestudoforamavaliados11gruposdefaunaefloraterrestreemarinha,numtotalde74espécies.
Asespéciesterrestresavaliadasforamagrupadasemespéciesendémicas,nativaseexóticas(Figura5).NocenárioA2paraofinaldoséculoamaioriadasespéciesendémicasforamavalia-dascomocríticas.Amaioriadasespéciesnativasnãoendémicasforamavaliadascomonegati-vasouneutras.Asespéciesexóticasnasuamaioriaapresentaramumavulnerabilidadepositivaàsalteraçõesclimáticas.
0
5
10
15
20
25
30
Crítica (-3) Muito negativa (-2)
Negativa (-1) Neutra (0) Positiva (1) Muito positiva (2)
Núm
ero
de e
spéc
ies
Escala de vulnerabilidade
Endémica
Exótica
Nativa
Figura 5 – Vulnerabilidade das espécies endémicas, nativas não endémicas, e exóticas no cenário A2 no final do século.
BIODIVERSIDADE BIODIVERSIDADE38 39
3.1. Vulnerabilidade dos grupos de fauna e flora terrestres3.1.1. Líquenes
Autores:CristinaBranquinho,PaulaMatos,SaraRuaseFilipaVasconcelos
3.1.1.1. Espécies estudadas
Tabela 7 – Lista de espécies-alvo por critério de seleção, habitat e área de distribuição.
ESPÉCIES-ALVO CRITÉRIO DE SELEÇÃO HABITAT ÁREA DE DISTRIBUIÇÃO
Graphis scripta Comum Habitatscosteiros IlhadaMadeira
Pseudocyphellaria crocata
CianolíqueneLaurissilvaTemperadadoTil
IlhadaMadeira
Sphaerophorus globosus HabitatmontanhosoMaciçoMontanhosoCentral
IlhadaMadeira
Nephroma areolatum EndémicamuitoraraLaurissilvatemperadadoTil
IlhadaMadeira
Parmotrema reticulatum Comum FlorestasAbertas IlhadaMadeira
Fellhanera seroexspectata
Endémicamasocorreemlocaisperturbados
Laurissilva IlhadaMadeira
Sticta canariensis CianolíqueneLaurissilvatemperadadoTil
IlhadaMadeira
OconhecimentosobreoslíquenesdaMadeiraé,nogeral,muitopobre.Ainformaçãorelativaàsespéciesendémicaséaindamaisescassa,eapoucadisponívelnãopermiteresponderàsques-tõesimpostaspelosmodelos,jáquenãoexisteindicaçãodosrequisitosecológicosdasespécies(Tabela7).Destaforma,optou-seporseleccionarseteespéciesdelíquenesdoArquipélagodaMadeira,procurandoincluirespéciesrepresentativasdosváriostiposdehabitat,comdiferentesrequisitosecológicos,quecolonizamdiferentessubstratoseparaasquaisexisteinformaçãosuficientesobreasuaecologia.
Oslíquenessãoorganismosresultantesdeumasimbioseentreumparceirocapazdefotossin-tetizar(umaalgaverdee/ouumacianobactéria)eumfungo.Elesestãoentreosorganismosquemaisrápidorespondemàsalteraçõesambientais,incluíndooclima.Forampublicadosestudos
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
Crítica Muito negativa
Negativa Neutra Positiva Muito Positiva
Núm
ero
de e
spéc
ies
Escala de Vulnerabilidade
Maciço Montanhoso Central
Laurissilva
Matagal Marmulano
Zambujal Madeirense
Figura 6 – Vulnerabilidade dos habitats terrestres de acordo com as espécies que destes dependem no cenário A2 para o final do século.
Paracadaumdoshabitatsterrestres(definidosdeacordocomCapelo2004),foiavaliadaavul-nerabilidadedasespéciesendémicasenativasdependentesdessehabitatduranteumaparteounatotalidadedoseuciclodevida(Figura6).MetadedasespéciesdependentesdoZambujalMadeirenseemaisde40%dasespéciesdoMatagalMarmulanoapresentaramumavulnera-bilidadecrítica.Esteshabitatsconcentramomaiornúmerodeespéciesnasclasses“crítica”e“muitonegativa”enãoapresentamespéciescomvulnerabilidadeneutraoupositiva.OMaciçoMontanhosoCentralapresentaumavulnerabilidadenegativaparaamaioriadasespécieseaflorestaLaurissilvaumavulnerabilidadeneutra.AFlorestaLaurissilvaéohabitatcomomaiornúmerodeespéciesnaclassepositiva.
BIODIVERSIDADE BIODIVERSIDADE40 41
3.1.1.2. Vulnerabilidades Atuais
Tabela 8 – Espécies-alvo de acordo com o seu estatuto de ameaça UICN.
ESPÉCIES-ALVO ESTATUTO DE AMEAÇA (UICN)
Graphis scripta NãoAvaliado(NE)
Pseudocyphellaria crocata NãoAvaliado(NE)
Sphaerophorus globosus NãoAvaliado(NE)
Nephroma areolatum NãoAvaliado(NE)
Parmotrema reticulatum NãoAvaliado(NE)
Fellhanera seroexspectata NãoAvaliado(NE)
Sticta canariensis NãoAvaliado(NE)
OestatutodeameaçadaUICNnãofoiavaliadoemnenhumadasespéciesconsideradasnesteestudo(Tabela8)devidoàfaltadeinformaçãosobreaecologiadasespécies,limitandoassimasuaavaliaçãoemtermosdeameaça.
Emtermosdavulnerabilidadeatualàsalteraçõesclimáticas,vistoqueasespéciesseencontramadaptadasaoclimaexistente,estafoiconsideradacomo“Neutra(0)”deacordocomaescaladevulnerabilidade[CLIMA-Madeira].Muitoemboraseconsiderequepossamjáexistiralgunsefeitosdasalteraçõesclimáticassobreestegrupo,estesnãoforamaindadocumentados.
quemostramumarespostadoslíquenesàsalteraçõesclimáticas,aoníveldascomunidades,emintervalosdetempotãopequenoscomo3a5anos.Foitambémpublicadoumtrabalhoquemostraalgunsdoscaracteresdoslíquenesquesãofundamentaisnaformacomorespondemàsalteraçõesclimáticas(Matosetal.2015).Oprimeirodestescaractereséotipodefotobiontepresentenoslíquenes:aalgaverdeclorococóiderepresentaumgrupomaisgeneralista,capazdeviverdeformageralnumespectromaisalargadodecondições;aalgaverdetrentepolióideétípicadeambientestropicaisequetenderáaaumentaremabundânciaenúmerodeespéciescasooclimasetropicalize(maishumidaderelativaetemperaturasmaisaltas);efinalmenteascianobactériasquerequeremnogeralcondiçõesmaistemperadas(temperaturasnãomuitoquentesnemmuitofrias)econdiçõeselevadasdehumidadedaatmosferaequetenderãoadecrescercasooclimasetornemaisárido.Damesmaformaotipodecrescimentoéumarespostaàquantidadedeáguanaatmosfera,eporessarazãoforamselecionadoslíquenesrepresentativosdastrêsprincipaisformasdecrescimento:crustosos,foliáceosefruticulosos.Estarespostaémensurável,nãopeloaparecimentooudesaparecimentodeumaespécieendémicacomestascaracterísticas,maspelasmudançasqueocorremnacomunidadecomoumtodo,naformacomoasuacomposiçãoeabundânciamuda.Destaforma,selecionaram-separaestetrabalhoespéciesquepossuemdiferentestiposdealgasediferentesformasdecresci-mento,quepossamserusadascomosinalizadoresdealteraçõesclimáticas.Nesteconjunto,háaindaespéciesextremamentesensíveisadiferentesperturbaçõesambientais,nomeadamenteamudançasdeusodosolo,eoutrasquesãomaistolerantes,porformaaqueestestiposdeperturbaçõessejamtambémcontempladasnocontextodasalteraçõesclimáticas.Noconjuntodasespéciesapresentadasduassãoendémicas,ambascompoucainformaçãoecológica.Apri-meiraespécieseleccionada(Nephroma areolatum)nãoapresentainformaçãosuficenteparaseravaliada,evidenciandoodesconhecimentosobreafloraexistente.Estaespéciepossuiumtipodealgaqueserápotencialmentemaisafectada,pordependerususalmentedecondiçõesele-vadasdehumidadeetemperaturasmaistemperatadas.Adicionalmente,porquetemumaáreadedistribuiçãomuitolimitadajáqueéconhecidaapenasnumlocal,poderáserpotencialmenteimpactadacasoousodesolonalocalidademudefuturamenteemrespostaàsalteraçõesclimá-ticas.Asegundaespécieendémica(Fellhanera seroexspectata)foiescolhidaporexistirumpoucomaisdeinformaçãoeporque,apesardeserconhecidaempoucaslocalidades,estápresenteemhabitatsgeralmenteperturbados,edestaformapoderásermaisresilienteàsperturbaçõesdeusodesolodecorrentesdosefeitosdasalteraçõesclimáticasnofuturo.
BIODIVERSIDADE BIODIVERSIDADE42 43
0
1
2
3
4
5
6
7
Muito positiva [2]
Positiva [1] Neutra [0] Negativa [-1] Muito negativa [-2]
Critica [-3]
Núm
erode
espécies
Vulnerabilidade futura
A2_B2_2020
A2_B2_2040
A2_2070
B2_2070
Figura 7 – Vulnerabilidades futuras por cenário e horizonte temporal para cada espécie-alvo de acordo com a escala de vulnerabilidade [CLIMA-Madeira]. Escala de vulnerabilidade varia entre -3 e 2: Crítica (-3); Muito negativa (-2); Negativa (-1); Neutra (0); Positiva (1); Muito positiva (2).
Paratodososcenárioseperíodostemporais,todasasespéciesforamclassificadascomvulnerabilidade“Neutra[0]”,peloquenãoserãoimpactadasnegativamentepelasasalteraçõesclimáticas,comexcepçãodeapenasumaespécie(Sticta canariensis)queapresentaumavulne-rabilidadesuperiorencontrando-senacategoria“Muitonegativa[-2]”nocenárioA2paralongoprazo.AespécieendémicaNephroma areolatumresultounumaevidênciainsuficienteemtodososcenários,peloquenãofoipossívelfazeraavaliaçãodasuavulnerabilidadeàsalteraçõesclimáticasporfaltadeinformaçãosobreasuaecologia(Tabela9eFigura7).
Édesalientar,queparaaespécieGraphis scriptaseriaesperadoumaumentodasuadistribuiçãoatualnocenárioA2alongoprazoe,porconseguinte,umavulnerabilidade“Positiva(1)”nessecenário.Ajáquetemperaturaehumidaderelativaelevadasprevistasnestecenáriopodempotencialmentefavorecerodesenvolvimentodestaespécie.Porém,permanecenaclassedevulnerabilidade“Neutra(0)”emtodososcenários,mantendoassimasuapopulaçãoestávelcomaspotenciaisalteraçõesdoclima.
Emgeralnãoseesperamimpactosmuitonegativosnosdiversoscenários,ouseja,nãosãoesperadasextinçõesnasespéciesdelíquenesseleccionadas.Aocorrerextinções,estasseriamdeesperarapenascasodasespéciesendémicas,masnosdoisendemismosseleccionadosissonãoseverificou.Esteresultadodevulnerabilidade“Neutra(0)”paraogrupoemestudo,éconsequenciadafaltadeinformaçãoacercadaecologiadasespéciesquepermitaumacor-rectamodelaçãodarespostadasespéciesendémicasfaceaoscenáriosclimáticosprevistos.
3.1.1.3. Vulnerabilidades Futuras
Tabela 9 – Vulnerabilidades futuras por cenário e horizonte temporal para cada espécie-alvo de acordo com a escala de vulnerabilidade [CLIMA-Madeira]. Escala de vulnerabilidade varia entre -3 e 2: Crítica (-3); Muito negativa (-2); Negativa (-1); Neutra (0); Positiva (1); Muito positiva (2).
CENÁRIOS E PERÍODOS TEMPORAIS
ESPÉCIES–ALVO A2 e B2_2020 A2 e B2_2040 A2_2070 B2_2070
Graphis scripta Neutra(0) Neutra(0) Neutra(0) Neutra(0)
Pseudocyphellaria crocata
Neutra(0) Neutra(0) Neutra(0) Neutra(0)
Sphaerophorus globosus
Neutra(0) Neutra(0) Neutra(0) Neutra(0)
Nephroma areolatum NA* NA* NA* NA*
Parmotrema reticulatum
Neutra(0) Neutra(0) Neutra(0) Neutra(0)
Fellhanera seroexspectata
Neutra(0) Neutra(0) Neutra(0) Neutra(0)
Sticta canariensis Neutra(0) Neutra(0) Muitonegativa(-2) Neutra(0)
NA* Não avaliada
BIODIVERSIDADE BIODIVERSIDADE44 45
3.1.1.4. Fatores de vulnerabilidade
OsprincipaisfatoresquecontribuíramparaaclassificaçãodaespécieSticta canariensiscomovulnerávelforam:
1 ) Barreirasnaturais;
2 ) Alteraçõesdosusosdossolosdevidoàsalteraçõesclimáticas;
3 ) Nichohistórico–tolerânciatérmica;
4 ) Nichofisiológico–tolerânciahidrológica;
5 ) Dependênciadeumregimededistúrbios.
Estaespécienãoapresentaemteoriae,talcomo,agrandegeneralidadedoslíquenesbarreirasàsuadispersão.Noentantonecessitadeumconjuntodecondiçõesmuitorestritasparaoseuestabelecimentoedesenvolvimento.Estascondiçõesestãorelacionadascomohabitatepodemserconsideradasbarreirasnaturais.EstaespécieocorresobretudoemzonasdeLaurisilvamuitobemconservadaseantigas.Opotencialdesaparecimentodestehabitatdevidoàsalteraçõesclimáticaspoderálevaràausênciadecondiçõesmicroclimáticasadequadasàmanutençãodaespécie.
ComapotencialdeslocaçãodaáreadeLaurisilvaemaltitudeépossívelqueaespécieacompa-nheamudançageográficadehabitat,noentantoaestabilidadeelongevidadedaflorestapode-rãoserfatoresqueaumentamaincertezadasuapermanência.EstaespécieestádependentedascondiçõesmicroclimáticasedaestruturaflorestalqueosvalesondeocorreaLaurissilvadoTilproporcionam.Estaespécienãoseencontraespecificamentedependentedafloresta,jáqueéumaespéciequesedesenvolveemrochasepenhascosnasbermasdaslevadasenosolo,masnecessitadaestruturadaflorestaparamanterascondiçõesdehumidadeesombraessenciaisàsuasobrevivência.Seaflorestasedeslocaremaltitude,poderánãoacompanharessadeslo-cação,querporfaltadeexistênciadasvertentesondecresce,querporqueaestabilidadeelongevidadenaflorestadequedependepodenãoseratingidaacurtoprazo.
EstaespécieestáassociadaàLaurissilva,umhabitatondeaexistênciadeabundantevegetaçãoemuitaáguaatenuaoefeitodetemperaturasaltasedaaridez.Opotencialdesaparecimentodestehabitataumentaasuscetibilidadeàexistênciadetemperaturasmaisaltaseaumentaoriscodearidez.
Alteraçõesdousodosolodevidoàsalteraçõesclimáticaspodemreduzirohabitatdisponívelparaasespécies(comoexplicadoanteriormente).Podetambémaumentarapoluiçãoatmosfé-ricadevidoaoaumentodasemissõesdegasescomefeitodeestufa.
Adicionalmente,aelevadacapacidadededispersãodoslíquenesconfere-lhesacapacidadededeslocamentoecolonizaçãodenovoslocaiscomcondiçõesmicroclimáticasmaisfavoráveiscasoascondiçõesdoshabitatsaqueelesestãoconfinadossealterem.
NocasodoNephroma areolatum,ainsuficiênciadedadosimpediupreverasuadistribuiçãofutura.QuantoàFellhanera seroexspectata, avulnerabilidadeé“Neutra(0)”jáqueestaespécieestáassociadaalocaiscomalgumaperturbaçãoe,poressarazão,poderánãosertãoafectada.Asrestantesespéciesnãosãoendémicaseestãoligadasàocorrênciadeumdeterminadohabitat.Desdequeessehabitatpersistaconsiderandooscenáriosclimáticosfuturos,asespé-ciespoderãopotencialmenteexistir.Emteoria,oslíquenesnãopossuemnamaioriadoscasos,barreirasnaturaisàsuadispersão,jáqueosseusesporos(estruturaassociadaàreprodução do fungo)sãocapazesdeviajarmilharesdekmsnascorrentesdeardaatmosfera,podendodestaformaestabelecer-senoutroslocaisdesdequeascondiçõesencontradasestejamdeacordocomosseusrequisitosecológicos.Destaformaascondiçõesmicroclimáticasdoslocaissãoofactordeterminanteaoseuestabelecimentoedesenvolvimento.Deentreasespéciesseleccio-nadas,aSticta canariensiséprovavelmenteaespéciequeapresentarequisitosmaisespecíficoselimitadosdecondiçõesmicroclimáticas,ligadasànecessidadedeexistênciadeumaflorestamatura,comumaestruturajáestávelecapazdemanterascondiçõesmicroclimáticasdetempe-raturaehumidadenecessáriasaoseudesenvolvimento.Estaespécieéumlíquenequepodetercomofotobiontequerumacianobactériaquerumaalgaverde.NaMacaronésiaomorfotipoquedominaéoquecontémaalgaverde,provavelmenteporsermaiscapazdesuportarcondiçõesdehumidademaisbaixas.EstaespécieaparecenoutroslocaisdaEuropaeAméricadoNorte,associadaazonasdeescarpanabermaderibeirascomregimestorrenciaisebaixaaltitude,emzonashúmidas,emsombradaseabrigadasgeralmenteexpostasanorteouemsuperfíciesrochosasmaisoumenosverticaisemlocaiscomalgumainfluênciamarítima.Apesardenãoserumaespécieepífita(vivesobreoutrasplantas),estaespécienecessitadaestruturamaduradaflorestalaurissivadoTilparaterascondiçõesdeensombramentoehumidadenecessáriasaoseudesenvolvimento.Porestarazão,casoatemperaturaaumentemuitoeconsequentementeahumidaderelativadiminua,aespéciepoderásermuitonegativamenteafectada.
Oslíquenessãoorganismospoiquilohídricos,istoé,dependeminteiramentedaatmosferaparaatomadadeágua(funcionamdeformasimilaraumaesponja,seahumidadeestáhúmidaelesestãohúmidoseactivos,seaatmosferaseca,elessecamtambémeficaminactivosemestadodelatência).Porestarazão,sãoexcelentesindicadoresdasalteraçõesclimáticas.Alteraçõesnopadrãodedistribuiçãoeabundânciadassuascomunidadesemfunçãodealteraçõesdoclimatêm,destaforma,umpotencialenormeparaseremutilizadoscomoindicadoresdasalteraçõesclimáticasemcursonaregiãodaMadeira.Porestarazão,devemserpropostoscomoumgrupoaseguirparaavaliaroimpactodestasalteraçõesnaregião.PropomosqueasuadistribuiçãosejaseguidausandoummétodoEuropeuestandardizado,ométodoLichenDiversityValue(LDV)equeasuaamostragemsejafeitaemlocaisdetransiçãoentrehabitats,emparticularosqueenvolvemoshabitatsmaissuscetíveisàmudançaclimáticanaMadeira.EmparticularsugerimosaamostragemdaszonasdetransiçãodoshabitatsdealtitudeparaoshabitatsdominadosporLaurissilva.
BIODIVERSIDADE BIODIVERSIDADE46 47
3.1.2. Briófitos
Autores:ManuelaSim-SimeFilipaVasconcelos
3.1.2.1. Espécies estudadas
Tabela 10 – Lista de espécies-alvo por critério de seleção, habitat e área de distribuição.
ESPÉCIES-ALVO CRITÉRIO DE SELEÇÃO HABITAT ÁREA DE DISTRIBUIÇÃO
Campylopus introflexus Exótica
Habitatsalterados/eutrofizadoscomoresul-tadodaacçãoantropo-génicahumanizados.
IlhadaMadeira
Andreaea flexuosa ssp. luisieri
EndémicaMadeiraMaciçoMontanhosocentral
IlhadaMadeira
Frullania sergiae EndémicaMadeira HabitatscosteirosDesertaGrandeePortoSanto
Riccia atlantica EndémicaMadeira HabitatscosteirosIlhadaMadeiraeDesertas
Heteroschyphus denticulatus
EndémicaMacaronésiaLaurissilvaMediterrânicadoBarbusanoestenden-do-seàlaurssilvadoTil
ArquipélagodaMadeira,AçoreseCanárias
Bryoxiphium madeirense EndémicaMadeiraLaurissilvaTemperadadoTil
IlhadaMadeira
Fissidens nobreganus EndémicaMadeiraLaurissilvaTemperadadoTil
IlhadaMadeira
Echinodium setigerum EndémicaMadeiraLaurissilvaTemperadadoTil
IlhadaMadeira
Isothecium montanum EndémicaMadeiraMaciçoMontanhosoCentral
IlhadaMadeira
Echinodium spinosum EndémicaMadeiraLaurissilvaTemperadadoTil
IlhadaMadeira
Emboraaespécienãodependadosdistúrbiosparaasuaexistência,adestruiçãodohabitat,nomeadamente,quedadeárvores,cheias,incêndiosflorestais,entreoutros,podemresultarnumfactorderiscoparaestaespécieeprovocarumareduçãosubstancialdasuapopulação.
3.1.1.5. Falhas de conhecimento e confiança nos resultados
Paraestegrupo,asprincipaisfalhasnoconhecimentoprendem-secomfaltadeinformaçãoacercadadistribuiçãodasespécies.Aausênciaderesoluçãoespacialdadistribuiçãodasespéciesimpedeoconhecimentodoseunichoecológico.Alémdisso,nãoháinformaçãorelati-vamenteàsrespostasfisiológicas,àvariabilidadegenéticadasespécieseàsuacapacidadedeadaptaçãoàspotenciaisalteraçõesclimáticas.
Confiança= Alta.Paratodasasespéciesaconfiançafoialta,excetoparaumaespécie(Nephroma areolatum)ondeograudeconfiançafoimédio.Paracadaespécieonúmerodefatoressemrespostarondouos33%.
BIODIVERSIDADE BIODIVERSIDADE48 49
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
CR EN VU NT LC NE
Núm
ero
de e
spéc
ies
Estatuto de ameaça UICN
Figura 8 – Espécies-alvo de acordo com o seu estatuto de ameaça UICN adaptado para pequenas ilhas (Sim-Sim et al., 2014). CR – Criticamente em perigo; EN – Em perigo; VU – Vulnerável; NT – Quase ameaçado; LC – Pouco Preocupante; DD – Informação insuficiente; NE – Não avaliado.
Ogrupodosbriófitosapresentaumelevadonúmerodeendemismos,sendoque,combasenoestatutodeameaçaUICNadaptadoapequenasilhas(Sim-Simetal.2014)foram,nasuamaioriaavaliadascomo“Vulnerável”(VU).Dasespéciesconsideradasnesteestudo,duasencontram-seclassificadascomo“EmPerigo”(EN),seisencontram-senacategoriade“Vulnerável”(VU),umaespéciecomo“QuaseAmeaçada”(NT)eoutracomo“PoucoPreocupante”(LC)(Tabela11eFigura8).
Deummodogeralosbriófitospossuemamplitudesecológicasrestritasebemdefinidas,resul-tadodeadaptaçõesaumdeterminadohabitataolongodeumprocessoevolutivodemilharesdeanos,mastambémumaelevadasensibilidadeàscondiçõesdomeio.Estaparticularidadealiadaàsuasimplicidadeestruturaleatividadecontínuatornaestegrupodeplantascomobonsbioindicadoresdascondiçõesecológicasquernadeteçãodaestabilidadedoshabitats,quernaavaliaçãodosefeitoscausadospelasalteraçõesclimáticasouaindadapoluiçãoatmosféricaeaquática.Osbriófitospodemassimserconsideradoscomoorganismos-chavedamonitori-zaçãodosecossistemas.Entreasprincipaisameaçasatuaisaestegrupopodemreferir-seas
ForamselecionadasdezespéciesdebriófitosdoArquipélagodaMadeira,sendoquedasespé-ciesendémicasselecionaram-senoverepresentativasdosváriostiposdehabitaterequisitosecológicos.Foiaindaselecionadaumaespécieexótica(Campylopus introflexus),espécieinvasoranaEuropa,sendorelevanteavaliarasuavulnerabilidadeàsalteraçõesclimáticasdevidoaopos-sívelaumentodasuaáreadedistribuiçãoepotenciaisinteraçõescomespéciesnativas(Tabela10).
3.1.2.2. Vulnerabilidades Atuais
Tabela 11 – Espécies-alvo de acordo com o seu estatuto de ameaça UICN adaptado para pequenas ilhas (Sim-Sim et al. 2014). CR – Criticamente em perigo; EN – Em perigo; VU – Vulnerável; NT – Quase ameaçado; LC – Pouco Preocupante; DD – Informação insuficiente; NE – Não avaliado.
ESPÉCIES-ALVO ESTATUTO DE AMEAÇA (UICN)
Campylopus introflexus PoucoPreocupante(LC)
Andreaea flexuosa ssp. luisieri Vulnerável(VU)
Frullania sergiae Vulnerável(VU)
Riccia atlantica Vulnerável(VU)
Heteroschyphus denticulatus QuaseAmeaçado(NT)
Bryoxiphium madeirense EmPerigo(EN)
Fissidens nobreganus EmPerigo(EN)
Echinodium setigerum Vulnerável(VU)
Isothecium montanum Vulnerável(VU)
Echinodium spinosum Vulnerável(VU)
BIODIVERSIDADE BIODIVERSIDADE50 51
3.1.2.3. Vulnerabilidades Futuras
Tabela 12 – Vulnerabilidades futuras por cenário e horizonte temporal para cada espécie-alvo de acordo com a escala de vulnerabilidade [CLIMA-Madeira]. Escala de vulnerabilidade varia entre -3 e 2: Crítica (-3); Muito negativa (-2); Negativa (-1); Neutra (0); Positiva (1); Muito positiva (2).
CENÁRIOS E PERÍODOS TEMPORAIS
ESPÉCIES-ALVO A2 E B2_2020 A2 E B2_ 2040 A2_2070 B2_2070
Campylopus introflexus
Positiva(1) Positiva(1) Positiva(1) Positiva(1)
Andreaea flexuosa ssp. luisieri
Neutra(0) Neutra(0) Negativa(-1) Negativa(-1)
Frullania sergiae Negativa(-1) Negativa(-1) Crítica(-3) Muitonegativa(-2)
Riccia atlantica Negativa(-1) Negativa(-1) Crítica(-3) Muitonegativa(-2)
Heteroschyphus denticulatus
Neutra(0) Neutra(0) Negativa(-1) Neutra(0)
Bryoxiphium madeirense
Negativa(-1) Negativa(-1) Crítica(-3) Muitonegativa(-2)
Fissidens nobreganus Negativa(-1) Negativa(-1) Crítica(-3) Muitonegativa(-2)
Echinodium setigerum
Negativa(-1) Negativa(-1) Crítica(-3) Muitonegativa(-2)
Isothecium montanum
Negativa(-1) Negativa(-1) Crítica(-3) Muitonegativa(-2)
Echinodium spinosum
Neutra(0) Neutra(0) Crítica(-3) Negativa(-1)
alteraçõesdousodosolo,afragmentaçãoedegradaçãodoshabitats,asalteraçõesnoregimehídricoenaqualidadedaáguaedoardevidoprincipalmenteaatividadesantropogénicas,bemcomoosefeitoscausadospelasalteraçõesclimáticas.Osefeitosdofogoaliadosàgestãopoucoapropriadadosecossistemasnaturais,propiciamodesaparecimentodebiótoposimprescindí-veisparaalgumasespéciesdebriófitosefacilitamaintroduçãodeespéciesinvasoras.
Entreosprincipaisfatoresquecontribuíramparaaatribuiçãodoestatutodeameaçaaosbriófi-tosdaMadeira,destacam-seosdadosatualizadosacercadadistribuiçãoeecologia,bemcomoascaracterísticasdohabitat,estratégiadevidaecapacidadededispersãodafloradebriófitosdaMadeira.Dereferiraimportânciadacompilaçãodeumavastainformaçãofacilitadapelosdadosdeherbário,bemcomodeumacoleçãoquetemvindoaserconstruídaaolongodeváriasdécadas.
Emtermosdavulnerabilidadeatualàsalteraçõesclimáticas,vistoqueasespéciesseencontramadaptadasaoclimaexistente,estafoiconsideradacomo“Neutra(0)”deacordocomaescaladevulnerabilidade[CLIMA-Madeira].Muitoemboraseconsiderequepossamjáexistiralgunsefeitosdasalteraçõesclimáticassobreestegrupo,devidoporexemploaoaumentodafrequên-ciadosfogos,estesnãoforamaindadocumentados.
BIODIVERSIDADE BIODIVERSIDADE52 53
Édesalientarqueapenasumaespécie(Campylopus introflexus)nãoseráimpactadanegativa-mentepelasalteraçõesesperadasdoclima,sendoqueemtodososcenáriospermaneceránaclassedevulnerabilidade“Positiva(1)”,podendoviraaumentarasuaáreadedistribuição.Seráumaespéciequeseiráadaptarbastantebemeatémesmobeneficiarcomoaumentodatempe-raturaereduçãodosníveisdehumidaderelativa.
3.1.2.4. Fatores de vulnerabilidade
Osprincipaisfatoresquecontribuíramparaaclassificaçãodosbriófitoscomovulneráveisforam:
1 ) Barreirasnaturais;
2 ) Capacidadededispersão;
3 ) Dependênciadeoutrasespéciesparacriaçãodehabitat;
4 ) Nichofisiológico–tolerânciahidrológica;
1 ) Barreirasantropogénicas.
AgeomorfologiaparticulardaIlhadaMadeirarepresentaumdosfatoreschavequepermiteacriaçãodebarreirasnaturaisàdispersãodasdiferentesespéciesdebriófitos.Apesardepartesignificativadestaflorapossuirmecanismosdedispersãoalongadistânciaaltamenteeficientes,talnãoseverificaemmuitosdosendemismos,osquaisdependemmuitodaestabilidadedohabitatedaestruturadoecossistemaondeseinserem(florestaLaurissilva),nomeadamenteasespéciesEchinodium setigerumestritamenteassociadoapequenoscursosdeágua,Echinodium spinosumfrequenteemtaludessombriosehúmidos(espéciereferidanoAnexoIIdaDirectivaHabitats)eFissidens nobreganusqueocorrepredominantementesobretroncosdeOcotea foetens.
Asalteraçõesdoregimehídrico,causadassobretudopelacaptaçãodeáguas,afragmentaçãoedesflorestaçãoporincêndiosouoaparecimentodeespéciesinvasoras,representamfatoresderiscoparaamanutençãoedesenvolvimentoequilibradodascomunidadesdebriófitoscomoBryoxiphium madeirenseeIsothecium montanum(Draperetal.in press).
Naszonascosteirasoaumentodapressãohumanaaliadoàsdiversasbarreirasdeorigemantropogénicasãoosfatoresquemaiscondicionamascomunidadesdebriófitos,emparticularoendemismoRiccia atlantica.Comasubidadonívelmédiodomar,estapressãopoderáviraseraindamaior.
3.1.2.5. Falhas de conhecimento e confiança nos resultados
Paraestegrupo,asprincipaisfalhasnoconhecimentoprendem-secomfaltadeinformaçãorelativamentearespostasfisiológicasefenológicasàvariabilidadeeàsalteraçõesclimáticas.Noentanto,dadosprovenientesdeobservaçãonocampopermitiramverificarqueascomuni-dadesdealgumasespéciesquandosedesenvolvempróximodolimitesuperiordedistribuição
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
Muito positiva [2]
Positiva [1] Neutra [0] Negativa [-1] Muito negativa [-2]
Critica [-3]
Núm
ero
de e
spéc
ies
Vulnerabilidade futura
A2_B2_2020
A2_B2_2040
A2_2070
B2_2070
Figura 9 – Vulnerabilidades futuras por cenário e horizonte temporal para cada espécie-alvo de acordo com a escala de vulnerabilidade [CLIMA-Madeira]. Escala de vulnerabilidade varia entre -3 e 2: Crítica (-3); Muito negativa (-2); Negativa (-1); Neutra (0); Positiva (1); Muito positiva (2).
ComosepodeverificarnaTabela12enaFigura9,noscenáriosA2eB2paracurtoemédioprazo,umaespécie(Campylopus introflexus)encontra-senaclasse“Positiva(1)”comumpotencialaumentodasuaáreadedistribuiçãoatual,trêsespécies(Andreaea flexuosa ssp. luisieri, Hete-roschyphus denticulatus e Echinodium spinosum)nacategoriadevulnerabilidade“Neutra(0)”easrestantesseisespécies(Frullania sergiae, Riccia atlantica, Bryoxiphium madeirense, Fissidens nobreganus, Echinodium setigerumeIsothecium montanum)comvulnerabilidade“Negativa(1)”.
NocenárioB2paralongoprazo,háumincrementodavulnerabilidadedestegrupo.Dasdezespéciesestudadas,umadelas(Campylopus introflexus)mantém-senaclassedevulnerabilidade“Positiva(1)”,outraespécie(Heteroschyphus denticulatus)irápermanecercomo“Neutra(0)”,duasespécies(Andreaea flexuosa ssp. luisierieEchinodium spinosum)passamàcategoriade“Negativa(-1)”easrestantesseisespécies(Frullania sergiae,Riccia atlantica,Bryoxiphium madeirense,Fissi-dens nobreganus,Echinodium setigerumeIsothecium montanum)aumentamasuavulnerabilidadepara“Muitonegativa(-2)”.
NocenárioA2paraomesmohorizontetemporal,verifica-seumaumentodavulnerabilidadenageneralidadedasespécies.AespécieCampylopus introflexuspermanecerácomo“Positiva(1)”,duasespécies(Andreaea flexuosa ssp. luisierieHeteroschyphus denticulatus)encontram-senaclasse“Nega-tiva(-1)”easseteespéciesseguintespassamaestarclassificadascomvulnerabilidade“Crítica(-3)”.
BIODIVERSIDADE BIODIVERSIDADE54 55
3.1.3. Plantas vasculares
Autores:RobertoJardim,FilipaVasconceloseMariaJoãoCruz
3.1.3.1. Espécies estudadas
Tabela 13 – Lista de espécies-alvo por critério de seleção, habitat e área de distribuição.
ESPÉCIES-ALVO CRITÉRIO DE SELEÇÃO HABITAT ÁREA DE DISTRIBUIÇÃO
Aichryson dumosum Endémica Aichrysetum dumosi IlhadaMadeira
Chamaemeles coriacea Endémica ZambujalMadeirense ArquipélagodaMadeira
Convolvulus massonii EndémicaLaurissilvaMediterrânicadoBarbusano
IlhadaMadeiraeDesertas
Pittosporum coriaceum EndémicaLaurissilvaTemperadadoTil
IlhadaMadeira
Polystichum drepanum EndémicaLaurissilvaTemperadadoTil
IlhadaMadeira
Sibthorpia peregrina EndémicaLaurissilvaTemperadadoTil
IlhadaMadeiraePortoSanto
Sorbus maderensis EndémicaMaciçoMontanhosoCentral
IlhadaMadeira
Armeria maderensis EndémicaMaciçoMontanhosoCentral
IlhadaMadeira
Saxifraga portosanctana EndémicaDavalliocanarien-sis-Saxifragetumportosanctanae
PortoSanto
Acacia mearnsii Exótica Laurissilva IlhadaMadeira
AfloradosarquipélagosdaMadeiraeSelvagens,segundoJardim&Sequeira2008FunchaleAngradoHero\u00edsmo.”,“title”:“Asplantasvasculares(PteridophytaeSpermatophytaéconstituídapor1204taxa(espéciesesubespécies)deplantasvasculares.Destes,154(aquecor-respondem136espéciese21subespécies)sãoendemismosdosarquipélagosdaMadeiraedas
latitudinal,desenvolvemfenologiasbastantedistintasquelhesfacilitatoleraremcondiçõesmaisacentuadasprincipalmentedetemperaturaedehumidadeambiental.
Confiança = Alta.Paratodasasespécies,aconfiançafoialtaexcetoparaumaespécie(Andreaea flexuosa ssp. luisieri)comconfiançamédia.Emmédia,onúmerodefatoressemres-postaparacadaespécierondouos33%.
BIODIVERSIDADE BIODIVERSIDADE56 57
3.1.3.2. Vulnerabilidades Atuais
Tabela 14 – Espécies-alvo de acordo com o seu estatuto de ameaça UICN. CR – Criticamente em perigo; EN – Em perigo; VU – Vulnerável; NT – Quase ameaçado; LC – Pouco Preocupante; DD – Informação insuficiente; NE – Não avaliado.
ESPÉCIES-ALVOESTATUTO DE AMEAÇA UICN*
DIRETIVA HABITATS REDE NATURA 2000
Aichryson dumosumCríticamenteemPerigo(CR)*
AnexoB-IIMoledos-MadalenadoMar
Chamaemeles coriacea Vulnerável(VU)*AnexoB-II(espécieprioritária)
Pináculo,PicoBranco-PortoSanto,IlhasDesertas
Convolvulus massonii Vulnerável(VU)*AnexoB-II(espécieprioritária)
FlorestaLaurissilva,IlhasDesertas
Polystichum drepanumCríticamenteemPerigo(CR)*
AnexoB-II(espécieprioritária)
FlorestaLaurissilva
Sibthorpia peregrina PoucoPreocupante(LC)* AnexoB-II FlorestaLaurissilva
Pittosporum coriaceumCríticamenteemPerigo(CR)*
AnexoB-II(espécieprioritária)
FlorestaLaurissilva
Sorbus maderensisCríticamenteemPerigo(CR)*
AnexoB-IIMaciçoMontanhosoCentral
Armeria maderensisVulnerável(VU)Jardim&Sequeira(2008)
_MaciçoMontanhosoCentral
Saxifraga portosanctana Vulnerável(VU)* AnexoB-IVPicoBranco-PortoSanto
Acacia mearnsii NãoAvaliado(NE)* _ _
Selvagens(12,8%),74sãoendemismosmacaronésicos(6,1%),480sãotaxanativos(39,9%),66sãonativosprováveis(5,5%),29sãointroduzidosprováveis(2,4%)e401sãotaxaintroduzidos(33,3%).
ParaoestudodasvulnerabilidadesfuturasforamselecionadasnoveespéciesendémicasdoarquipélagodaMadeiraeumaexóticainvasora(Acacia mearnsiiDeWild.)(Tabela13).Osende-mismosestudadossãorepresentativosouocorremnascincoprincipaissériesdevegetaçãodailhadaMadeira,sendoalgunscomunsàsrestantesilhasdoarquipélago,econstamdosanexosdaDiretivaHabitats(Costaetal.,2004;Jardimetal.,2006).Assim,dasériedozambujal(May-teno umbellatae-Oleo maderensis sigmetum)foramselecionadosChamaemeles coriacea,espéciearbustiva,endémicadasilhasdaMadeira,PortoSantoeDesertaGrande,pertencenteaumgéneroendémicodaMadeiraeainda Aichryson dumosum,espécieherbáceaendémicadailhadaMadeiraqueconstituiumhabitatrupícola(Aichrysetum dumosi)queocorrenestasérie.Dasériedalaurissilvamediterrânica(Semele androgynae-Apollonio barbujanae sigmetum)foiselecionadoalianaConvolvulus massonii,endemismodailhadaMadeiraedaDesertaGrande.Dasériedevegetaçãodalaurissilvatemperada(Clethro arboreae-Ocoteo foetentis sigmetum)foramselecio-nadas,aespéciearbóreaendémicadailhadaMadeira Pittosporum coriaceum,umpteridófitoendémicodailhadaMadeira,Polystichum drepanumeSibthorpia peregrina,espécieherbácea,endémicadailhadaMadeiraedoPortoSanto,quetambémécaracterísticadaslaurissilvasripícolas(Diplazio-caudati-Perseetum indicae eRhmno glandulosi-Sambucetum lanceolatae).Dasériedevegetaçãodourzaldealtitude(Polysticho falcinelli-Erico arboreae sigmetum)foiselecionadaaespéciearbustivaSorbus maderensis.Dasériedevegetaçãorupícoladealtitude(Amerio maderen-sis-Parafestuco albidae microgeosigmetum)foiselecionadaaespécieherbácea,endémicadailhadaMadeiraArmeria maderensis.FoiaindaselecionadoumendemismoherbáceoexclusivodailhadoPortoSanto,Saxifraga portosanctana,queconstituiumhabitatprópriodasfendasterrosasdospicosmaiselevados(Saxifragetum portosanctanae).FoiselecionadaumaespéciearbóreanativadaAustrália,naturalizadanailhadamadeiraequeapresentacaráterinvasor,dominandograndesáreasquepotencialmenteseriamocupadasporlaurissilvamediterrânicaelaurissilvatemperada.
BIODIVERSIDADE BIODIVERSIDADE58 59
3.1.3.3. Vulnerabilidades Futuras
Tabela 15 – Vulnerabilidades futuras por cenário e horizonte temporal para cada espécie-alvo de acordo com a escala de vulnerabilidade [CLIMA-Madeira]. Escala de vulnerabilidade varia entre -3 e 2: Crítica (-3); Muito negativa (-2); Negativa (-1); Neutra (0); Positiva (1); Muito positiva (2).
CENÁRIOS E PERÍODOS TEMPORAIS
ESPÉCIES-ALVO A2 E B2_2020 A2 E B2_ 2040 A2_2070 B2_2070
Aichryson dumosum Negativa(-1) Negativa(-1) Crítica(-3) Muitonegativa(-2)
Chamaemeles coriacea
Negativa(-1) Negativa(-1) Crítica(-3) Muitonegativa(-2)
Convolvulus massonii Neutra(0) Neutra(0) Muitonegativa(-2) Negativa(-1)
Polystichum drepanum
Negativa(-1) Negativa(-1) Crítica(-3) Muitonegativa(-2)
Sibthorpia peregrina Negativa(-1) Negativa(-1) Crítica(-3) Muitonegativa(-2)
Pittosporum coriaceum
Negativa(-1) Negativa(-1) Crítica(-3) Muitonegativa(-2)
Sorbus maderensis Negativa(-1) Negativa(-1) Crítica(-3) Muitonegativa(-2)
Armeria maderensis Negativa(-1) Negativa(-1) Crítica(-3) Muitonegativa(-2)
Saxifraga portosanctana
Negativa(-1) Negativa(-1) Crítica(-3) Muitonegativa(-2)
Acacia mearnsii Neutra(0) Neutra(0) Positiva(1) Positiva(1)
Figura 10 – Espécies-alvo de acordo com o seu estatuto de ameaça UICN. CR – Criticamente em perigo; EN – Em perigo; VU – Vulnerável; NT – Quase ameaçado; LC – Pouco Preocupante; DD – Informação insuficiente; NE – Não avaliado.
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
CR EN VU NT LC NE
Núm
ero
de e
spéc
ies
Estatuto de ameaça UICN
Dasnoveespéciesendémicasdeplantasvascularesestudadas,quatroapresentamumestatutodeameaça“CríticamenteemPerigo”(CR),outrasquatronacategoriade“Vulnerável”(VU)eape-nasumanãoseencontraameaçadasendoclassificadacomo“PoucoPreocupante”(LC)(Tabela14eFigura10).Asespéciesqueseencontramem“CríticamenteemPerigo”ocorremempoucaslocalidades,sendoaspopulaçõesmuitopequenas,emqueonúmerodeindivíduosadultosesti-madoéinferiora50,ounocasodeAichrson dumosumapesardonúmerodeindivíduosadultosestimadoserinferiora250,apresentaflutuaçõesanuaiseencontra-serestritaaumalocalidadedeapenas100m2.Asespéciesvulneráveis,apesardeocorrememmaislocalidades,aspopula-çõescontinuamaserpequenaseonúmeroestimadodeindivíduosadultoséinferiora1000.Asprincipaisameaçassãoacompetiçãocomespéciesinvasoras,incêndios,derrocadas,herbívoria,fragmentaçãodaspopulações,atividadesantrópicas.
Emtermosdavulnerabilidadeatualàsalteraçõesclimáticas,vistoqueasespéciesseencontramadaptadasaoclimaexistente,estafoiconsideradacomo“Neutra(0)”deacordocomaescaladevulnerabilidade[CLIMA-Madeira].Muitoemboraseconsiderequepossamjáexistiralgunsefeitosdasalteraçõesclimáticassobreestegrupo,estesnãoforamaindadocumentados.
BIODIVERSIDADE BIODIVERSIDADE60 61
3.1.3.4. Fatores de vulnerabilidade
Osprincipaisfatoresquecontribuíramparaaclassificaçãodasplantasvascularescomovulnerá-veisforam:
1 ) Barreirasnaturais;
2 ) Barreirasantropogénicas;
3 ) Nichofisiológico–tolerânciahidrológica;
4 ) Capacidadededispersão;
5 ) Nichofisiológico–tolerânciatérmica.
Ainexistênciadeáreascomascondiçõesedafoclimáticasadequadasàsespéciesdeplantasvasculares,resultantesdasalteraçõesclimáticaséumadasprincipaisbarreirasnaturais.Asbarreirasantropogénicas,comoporexemploaáreadeconstruçãourbana,irãolimitaradispersãodasplantasqueatualmenteocupamposiçõesaltitudinaisinferioresequedestaformanãopoderãodispersarparanovasáreascomcondiçõesclimáticasfavoráveis.Muitasespéciesestudadasdependemdeumelevadograudehumidadeeoutrasdetemperaturasmaisbaixas(porexemplo,asespéciesdealtitude)equepeloscenáriosprevistosestascondiçõesserãoalteradasnãohavendoascondiçõesnecessáriasaoseudesenvolvimento.
3.1.3.5. Falhas de conhecimento e confiança nos resultados
Paraestegrupo,asprincipaisfalhasnoconhecimentoprendem-secomfaltadeinformaçãorelativamentearespostasfisiológicasàvariabilidadeeàsalteraçõesclimáticas.
Confiança= Alta.Paratodasasespécies,aconfiançanosresultadoséalta.Paracadaespécie,onúmerodefatoressemrespostarondouos33%.
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
Muito positiva [2]
Positiva [1] Neutra [0] Negativa [-1] Muito negativa [-2]
Critica [-3]
Núm
ero
de e
spéc
ies
Vulnerabilidade futura
A2_B2_2020
A2_B2_2040
A2_2070
B2_2070
Figura 11 – Vulnerabilidades futuras por cenário e horizonte temporal para cada espécie-alvo de acordo com a escala de vulnerabilidade [CLIMA-Madeira]. Escala de vulnerabilidade varia entre -3 e 2: Crítica (-3); Muito negativa (-2); Negativa (-1); Neutra (0); Positiva (1); Muito positiva (2).
Apósanálise(Tabela15eFigura11),podeverificar-sequenocenárioA2eB2paracurtoemédioprazo,amaioriadasespéciesforamclassificadascomvulnerabilidade“Negativa(-2)”,sendoqueapenasduasespécies(Convolvulus massoniieAcacia mearnsii)estãonacategoria“Neutra(0)”.
NocenárioB2paralongoprazo,oitoespéciesaumentamasuavulnerabilidadeparaacategoriade“Muitonegativa(-2)”eumaespécie(Convolvulus massonii)para “Negativa(-1)”.Somenteumaespécie(Acacia mearnsii)foiavaliadanaclassedevulnerabilidade“Positiva(1)”eapresenta,assim,umaumentodasuaresiliênciaàsalteraçõesclimáticas.
NocenárioA2paraomesmohorizontetemporal,verifica-seumincrementodavulnerabilidadedessasmesmasoitoespéciesficandoclassificadascomacategoria“Crítica(-3)”edaespécieConvolvulus massoniiquepassaa“Muitonegativa(-2)”.AespécieAcacia mearnsii mantémasuavulnerabilidadecomo“Positiva(1)”.
BIODIVERSIDADE BIODIVERSIDADE62 63
ESPÉCIES-ALVO CRITÉRIO DE SELEÇÃO HABITAT ÁREA DE DISTRIBUIÇÃO
Leptaxis groviana groviana
Endémica
ZambujalMadeirense;MatagaldoMarmulanoeLaurissilvamediterrâ-nicodoBarbusano
IlhadaMadeira
Theba pisana Exótica Matagaldomarmulano ArquipélagodaMadeira
ForamselecionadasdezespéciesdemoluscosterrestresnoArquipélagodaMadeira,sendoqueforamselecionadasnoveespéciesendémicasrepresentativasdogrupodosmoluscosterrestres,acercadosquaisexisteinformaçãoatualizada.Foiaindaescolhidaumaespécieexótica(Theba pisana),sendorelevanteavaliarasuavulnerabilidadeàsalteraçõesclimáticasdevidoaopossívelaumentodasuaáreadedistribuiçãoeinteraçãocomespéciesnativas(Tabela16).
3.1.4.2. Vulnerabilidades Atuais
Tabela 17 – Espécies-alvo de acordo com o seu estatuto de ameaça UICN. CR – Criticamente em perigo; EN – Em perigo; VU – Vulnerável; NT – Quase ameaçado; LC – Pouco Preocupante; DD – Informação insuficiente; NE – Não avaliado.
ESPÉCIES-ALVO ESTATUTO DE AMEAÇA (UICN)
Actinella nitidiuscula nitidiuscula PoucoPreocupante(LC)
Caseolus (Caseolus) calculus Vulnerável(VU)
Caseolus (Helicomela) punctulatus punctulatus PoucoPreocupante(LC)
Discula (Discula) calcigena calcigena PoucoPreocupante(LC)
Discula polymorpha polymorpha PoucoPreocupante(LC)
Geomitra Turricula Vulnerável(VU)
Idiomela subplicata CríticamenteemPerigo(CR)
Leptaxis membranacea PoucoPreocupante(LC)
Leptaxis groviana groviana PoucoPreocupante(LC)
Theba pisana NãoAvaliado(NE)
3.1.4. Moluscos
Autores:CristinaAbreu,AndreiaSousaeFilipaVasconcelos
3.1.4.1. Espécies estudadas
Tabela 16 – Lista de espécies-alvo por critério de seleção, habitat e área de distribuição.
ESPÉCIES-ALVO CRITÉRIO DE SELEÇÃO HABITAT ÁREA DE DISTRIBUIÇÃO
Actinella nitidiuscula nitidiuscula
EndémicaMatagaldoMarmulanoeLaurissilvamediterrâ-nicadoBarbusano
IlhadaMadeira
Caseolus (Caseolus) calculus
EndémicaFalésiasdefloraendémicadascostasmacaronésicas
PortoSanto
Caseolus (Helicomela) punctulatus punctulatus
EndémicaFalésiasdefloraendémicadascostasmacaronésicas
PortoSanto
Discula (Discula) calci-gena calcigena
EndémicaFalésiasdefloraendémicadascostasmacaronésicas
PortoSanto
Discula polymorpha polymorpha
Endémica
Matagaldomarmulano.Nosolodebaixodepedraseassociadaaervaeherbáceas
IlhadaMadeiraeIlhasDesertas
Geomitra Turricula EndémicaFalésiasdefloraendémicadascostasmacaronésicas
PortoSanto
Idiomela subplicata EndémicaMatostermomediter-rânicosprédesérticos
PortoSanto
Leptaxis membranacea EndémicaLaurissilvatemperadadoTil
IlhadaMadeira
BIODIVERSIDADE BIODIVERSIDADE64 65
3.1.4.3. Vulnerabilidades Futuras
Tabela 18 – Vulnerabilidades futuras por cenário e horizonte temporal para cada espécie-alvo de acordo com a escala de vulnerabilidade [CLIMA-Madeira]. Escala de vulnerabilidade varia entre -3 e 2: Crítica (-3); Muito negativa (-2); Negativa (-1); Neutra (0); Positiva (1); Muito positiva (2).
CENÁRIOS E PERÍODOS TEMPORAIS
ESPÉCIES-ALVO A2 E B2_2020 A2 E B2_ 2040 A2_2070 B2_2070
Actinella nitidiuscula nitidiuscula
Negativa(-1) Negativa(-1) Crítica(-3) Muitonegativa(-2)
Caseolus (Caseolus) calculus
Negativa(-1) Negativa(-1) Crítica(-3) Muitonegativa(-2)
Caseolus (Helico-mela) punctulatus punctulatus
Negativa(-1) Negativa(-1) Crítica(-3) Negativa(-1)
Discula (Discula) calcigena calcigena
Negativa(-1) Negativa(-1) Crítica(-3) Muitonegativa(-2)
Discula polymorpha polymorpha
Negativa(-1) Negativa(-1) Crítica(-3) Muitonegativa(-2)
Geomitra Turricula Muitonegativa(-2) Muitonegativa(-2) Crítica(-3) Crítica(-3)
Idiomela subplicata Muitonegativa(-2) Muitonegativa(-2) Crítica(-3) Crítica(-3)
Leptaxis membranacea
Muitonegativa(-2) Muitonegativa(-2) Crítica(-3) Crítica(-3)
Leptaxis groviana groviana
Muitonegativa(-2) Muitonegativa(-2) Crítica(-3) Crítica(-3)
Theba pisana Neutra(0) Neutra(0) Negativa(-1) Negativa(-1)
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
CR EN VU NT LC NE
Núm
ero
de e
spéc
ies
Estatuto de ameaça UICN
Figura 12 – Espécies-alvo de acordo com o seu estatuto de ameaça UICN. CR – Criticamente em perigo; EN – Em perigo; VU – Vulnerável; NT – Quase ameaçado; LC – Pouco Preocupante; DD – Informação insuficiente; NE – Não avaliado.
Ogrupodosmoluscosterrestresapresentaumelevadonúmerodeendemismos,sendoqueasuavulnerabilidadedeacordocomoestatutodeameaçadaUICN,foiavaliadanasuamaio-riacomo“PoucoPreocupante”(LC).Noentanto,duasespécies(Caseolus (Caseolus) calculuseGeomitra Turricula)estãoavaliadascomacategoriade“Vulnerável”(VU)eumaespécie(Idiomela subplicata)como“CríticamenteemPerigo”(CR)(Tabela17eFigura12).Osprincipaisfatoresquecontribuemparaavulnerabilidadedestasespéciessãofundamentalmenteapresençadealgunscompetidoresnomeadamenteaformigaargentina,carabídeosearanhas.Poroutroladoexisteofactodeestaspopulaçõesseremrelativamentepequenasecomumadistribuiçãomuitorestrita,limitadacadaumadelas,aumpequenoilhéudailhadoPortoSanto.
Emtermosdavulnerabilidadeatualàsalteraçõesclimáticas,vistoqueasespéciesseencontramadaptadasaoclimaexistente,estafoiconsideradacomo“Neutra(0)”deacordocomaescaladevulnerabilidade[CLIMA-Madeira].Muitoemboraseconsiderequepossamjáexistiralgunsefeitosdasalteraçõesclimáticassobreestegrupo,estesnãoforamaindadocumentados.
BIODIVERSIDADE BIODIVERSIDADE66 67
3.1.4.4. Fatores de vulnerabilidade
Osprincipaisfatoresquecontribuíramparaaclassificaçãodosmoluscosterrestrescomovulneráveisforam:
1 ) Barreirasnaturais;
2 ) Barreirasantropogénicas;
3 ) Capacidadededispersão
4 ) Subidadonívelmédiodomar;
5 ) Interaçõesbióticas(dependênciadehabitatsespecíficose/oudeinteracçõescom outrasespécies).
Avariaçãodetemperatura,aaltitudeecaracterísticastopográficassãovariáveisqueinfluen-ciamadispersãodosmoluscosterrestres(Barker2001).Deacordocom(Cameron1989)querelacionaramaescolhadohabitat,pelosmoluscosterrestresnoarquipélagodaMadeira,comaformaeotamanhodassuasconchas,bemcomocomatopografiadoshabitats,asubidadonívelmédiodaságuasdomarpoderáserresponsávelpelodesaparecimentodedeterminadoshabitats,oquepoderáconduziràperdadeespéciesouàmigraçãodeespéciesparaoutraszonasdeacordocomassuascapacidadesadaptativas.Noquedizrespeitoàinteraçãocomoutrasespécies,nomeadamenteplantas,nãoexistemdadosqueassociemumadeterminadaespéciedemoluscoterrestreaumaplantaespecífica,poisasobservaçõesnocamposugeremqueéapresençadevegetaçãoeomicroclimaexistenteenãoaespecificidadedavegetaçãoexistente(Barker2001),quemaiscondicionamadistribuiçãoodsmoluscosterrestres.
Adisponibilidadedeáguaéfundamentalparaosmoluscosterrestres,dependendoasuasobre-vivênciaemgrandepartedoseucomportamento,mastambémdasuahabilidadepararesistiràdesidratação(Barker2001).OsmoluscosterrestresquevivemnaszonastemperadashibernamcomfrequênciaduranteosmesesdeInverno(Barker2001).Aduraçãodestahibernaçãovariacomascondiçõesclimáticas.Apósahibernação,osmoluscosvoltamàactividadenormalereproduzem-se(Barker2001).Contudo,aexposiçãoatemperaturaselevadas,sobretudonasépocasdeverão,fazcomqueosmoluscossedefendam,domesmomodoqueofazemduranteasbaixastemperaturasdeinverno.Aexposiçãoatemperaturasmaisbaixasoumuitomaiselevadas,doqueosvalorestoleradospelosmoluscosterrestres,poderãoafectarasuasobre-vivêncianamedidaquepoderãocontribuirparaumamaiordesidrataçãoesimultânemanentecomprometerãoacapacidadereprodutiva,umavezquesegundoP.Gomotetal.(1990)(Barker2001,p.333)aespérmatogéseeovogéneseocorremprefencialmenteentre20a25°C.
Algumasespécies(e.g.,Caseolus (Caseolus) calculus;Caseolus (Helicomela) punctulatus punctulatus;Discula (Discula) calcigena calcigena),sãoexclusivasdailhadoPortoSantoepossuembarreirasnaturaiscomoospicosevalesdestailha,quediretaouindiretamentelimitamasuadistribuição.
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
Muito positiva [2]
Positiva [1] Neutra [0] Negativa [-1] Muito negativa [-2]
Critica [-3]
Núm
ero
de e
spéc
ies
Vulnerabilidade futura
A2_B2_2020
A2_B2_2040
A2_2070
B2_2070
Figura 13 – Vulnerabilidades futuras por cenário e horizonte temporal para cada espécie-alvo de acordo com a escala de vulnerabilidade [CLIMA-Madeira]. Escala de vulnerabilidade varia entre -3 e 2: Crítica (-3); Muito negativa (-2); Negativa (-1); Neutra (0); Positiva (1); Muito positiva (2).
Apósanálisedosresultadosobtidos(Tabela18eFigura13),verifica-sequenocenárioA2eB2paracurtoemédioprazo,quatroespéciesforamclassificadascomvulnerabilidade“Muitonega-tiva(-2)”(Geomitra Turricula,Idiomela subplicata, Leptaxis membranácea,Leptaxis groviana groviana)ecincoespéciescomo“Negativa(-1)”(Actinella nitidiuscula nitidiuscula,Caseolus (Caseolus) calculus,Caseolus (Helicomela) punctulatus punctulatus,Discula (Discula) calcigena calcigena,Discula polymor-pha polymorpha).AespécieintroduzidaTheba pisanaapresentaumavulnerabilidade“Neutra(0)”.
NocenárioB2paralongoprazo,ogrupoapresentaumaumentodasuavulnerabilidade,duasespéciesencontram-senacategoria“Negativa(-1)”(Caseolus (Helicomela) punctulatus punctulatus eTheba pisana),quatroespécies(Actinella nitidiuscula nitidiuscula,Caseolus (Caseolus) calculus,Discula (Discula) calcigena calcigena,Discula polymorpha polymorpha)como“Muitonegativa(-2)”eoutrasquatro(Geomitra Turricula,Idiomela subplicata,Leptaxis membranácea,Leptaxis groviana groviana)estãoclassificadascomo“Crítica(-3)”.
NocenárioA2paraomesmohorizontetemporal,todasasespéciesforamclassificadascomvulnerabilidade“Crítica[-3]”exceptoaespécieintroduzidaTheba pisanaqueseencontranaclasse“Negativa(-1)”.
BIODIVERSIDADE BIODIVERSIDADE68 69
3.1.5. Artrópodes
Autores:MárioBoieiroeFilipaVasconcelos
3.1.5.1. Espécies estudadas
Tabela 19 – Lista de espécies-alvo por critério de seleção, habitat e área de distribuição.
ESPÉCIES-ALVO CRITÉRIO DE SELEÇÃO HABITAT ÁREA DE DISTRIBUIÇÃO
Amara superans EndémicaMaciçoMontanhosoCentral
IlhadaMadeira
Hipparchia maderensis EndémicaSobretudoempradosdealtitude
IlhadaMadeira
Scarites abbreviatus EndémicaVárioshabitatsterrestres
ArquipélagodaMadeira
Linepithema humile ExóticaZonasabertasabaixaaltitudeeambienteshumanizados
ArquipélagodaMadeira
Ocypus olens Exótica Sobretudoemprados ArquipélagodaMadeira
Ommatoiulus moreletii ExóticaVárioshabitatsterrestres
ArquipélagodaMadeira
Aedes aegypti Exótica Habitatshumanizados IlhadaMadeira
Tapinoma madeirense NativaVárioshabitatsterrestres
ArquipélagodaMadeira
Deucalion oceanicum Endémica IlhéudeFora Selvagens
Gonepteryx maderensis EndémicaLaurissilvaeurzaldealtitude
IlhadaMadeira
ForamselecionadasdezespéciesdeartrópodesterrestresdoArquipélagodaMadeira,procu-randoabrangerdiferentesgrupostaxonómicoseincluirespéciesrepresentativasdosváriostiposdehabitat,comdiferentesrequisitosecológicoseestatutosdeameaça.Aseleçãodestasespéciesteveaindaemconsideraçãoorazoávelconhecimentosobreasuabiologia,distribuição
NaPontadeSãoLourençoasbarreirasnaturaissãofundamentalmenteosilhéus,ilhéuDesem-barcadouroseoilhéudoFarolquecondicionamamobilidadedosmoluscosterrestres.
Asbarreirasantropogénicasestãorelacionadasmaioritariamentecomopisoteioemzonasdeelevadaintensidadeturística,comoporexemplonaPontadeSãoLourenço.HátambémareferirofactodoPortoSantoserumailhahabitadaepercorridaporestradasemtodaasuaextensão,quecontribuemparaumafragmentaçãodehabitatsconsiderável,seatendermosàdimensãodailha.Poroutroladoaedificaçãonestailhaéconsiderável,inclusivamentenaszonaslitoraisemaispróximasdaszonasdunares.Alocalizaçãodacidadedividefundamentalmenteailhaemduaszonas,azonaesteeazonaleste,econstituiumabarreiraparaaexpansãodasespéciesdentrodailha.
Poroutroladoenodecursodeinvestigaçõesrecentes,estãoadecorreralgumasaçõesconcre-tasaoníveldocontrolodepragasnomeadamenteaformigaargentina.Estaaçãoérelevanteumavezquedeacordocomaavaliaçãodaformigaargentina(ver3.2.5Artrópodes)estaespécieirábeneficiarcomasalteraçõesclimáticas.
Estãoasertestadosabrigosdemadeira,PVCetelhasparaaproteçãodemoluscosterrestresemalgunsilhéusdoPortoSantoequevisamsobretudoprotegerestesanimaisdeataquesdeaves,nomeadamenteasgaivotas,mastambémproporcionarcondiçõesprivilegiadasrelativa-menteàscondiçõesclimáticas,sobretudoproporcionandoambientesmaishúmidos.
3.1.4.5. Falhas de conhecimento e confiança nos resultados
Paraestegrupo,aprincipalfalhanoconhecimentoprende-secomfaltadeinformaçãorelativa-menteàspotenciaisalteraçõesdosusosdosolodevidoàsalteraçõesclimáticas.Porexemploautilizaçãodeáreasextensasporimplantaçãodepainéissolares(PontadeS.Lourenço)induzumaalteraçãonohabitatcujosimpactossãoindeterminados.TambémnaPontadeS.Lourençoexistemeólicasnumaáreaqueemboranãodemasiadoextensa,condicionamadistribuiçãodosmoluscosterrestres,sendoosseusimpactosindeterminados.
Confiança= Muito Alta.Paratodasasespécies,aconfiançafoimuitoaltaexcetoparaumaespécie(Discula (Discula) calcigena calcigena)comconfiançaalta.Paracadaespécieonúmerodefatoressemrespostarondouos17%.
BIODIVERSIDADE BIODIVERSIDADE70 71
3.1.5.2. Vulnerabilidades atuais
Tabela 20 – Espécies-alvo de acordo com o seu estatuto de ameaça UICN. CR – Criticamente em perigo; EN – Em perigo; VU – Vulnerável; NT – Quase ameaçado; LC – Pouco Preocupante; DD – Informação insuficiente; NE – Não avaliado.
ESPÉCIES-ALVO ESTATUTO DE AMEAÇA (UICN)
Amara superans NãoAvaliado(NE)
Hipparchia maderensis PoucoPreocupante(LC)
Scarites abbreviatus NãoAvaliado(NE)
Linepithema humile NãoAvaliado(NE)
Ocypus olens NãoAvaliado(NE)
Ommatoiulus moreletii NãoAvaliado(NE)
Aedes aegypti NãoAvaliado(NE)
Tapinoma madeirense NãoAvaliado(NE)
Deucalion oceanicum NãoAvaliado(NE)
Gonepteryx maderensis EmPerigo(EN)
eabundância,bemcomoaexistênciadeinformaçãopublicadasobreestesaspetos.Dasespé-ciesescolhidascincosãoendémicas,umaénativaequatrosãointroduzidas(Tabela19).Entreasespéciesindígenas(i.e.,endemismosenativas)estãoincluídasespéciescomampladistribuiçãonoarquipélagoequesãorelativamentecomuns,bemcomoespéciesdedistribuiçãomuitorestrita.Noquedizrespeitoàsespéciesintroduzidas,duasdelassãoconsideradasinvasoras–odiplópodeO. moreletiieaformiga-argentinaL. humile (Silvaetal.2008).Enquantoodiplópodetempotencialimpactoporaçãocompetitivacomespéciesnativasherbívorasedetritívoras,osimpactosdaformiga-argentinasãoconsideravelmentemaisgravosos,envolvendoapredaçãodeoutrosinvertebradoseainterferêncianosprocessosnaturaisdapolinização,fitofagiaedispersãodesementes.Aformiga-argentinaéconhecidanaMadeiradesde1855,estandoasuaáreadedistribuiçãoestabilizada,emboraestaespécieaproveiteaperturbaçãohumananosecossistemasnaturaisparaseestabelecer(Wettereretal.2006).Nocasododiplópode,ainformaçãopublicadasobreasuadistribuiçãoémuitoescassa,masaespécieencontra-sejáamplamentedispersanoarquipélago,sendocomumemáreasondeaindanãofoioficialmenteassinalada(PortoSantoeDesertas)(Borgesetal.2008).
BIODIVERSIDADE BIODIVERSIDADE72 73
Emtermosdavulnerabilidadeatualàsalteraçõesclimáticas,vistoqueasespéciesseencontramadaptadasaoclimaexistente,estafoiconsideradacomo“Neutra(0)”deacordocomaescaladevulnerabilidade[CLIMA-Madeira].Muitoemboraseconsiderequepossamjáexistiralgunsefeitosdasalteraçõesclimáticassobreestegrupo,estesnãoforamaindadocumentados.
3.1.5.3. Vulnerabilidades futuras
Tabela 21 – Vulnerabilidades futuras por cenário e horizonte temporal para cada espécie-alvo de acordo com a escala de vulnerabilidade [CLIMA-Madeira]. Escala de vulnerabilidade varia entre -3 e 2: Crítica (-3); Muito negativa (-2); Negativa (-1); Neutra (0); Positiva (1); Muito positiva (2).
CENÁRIOS E PERÍODOS TEMPORAIS
ESPÉCIES-ALVO A2 E B2_2020 A2 E B2_ 2040 A2_2070 B2_2070
Amara superans Negativa(-1) Negativa(-1) Muitonegativa(-2) Negativa(-1)
Hipparchia maderensis
Neutra(0) Neutra(0) Negativa(-1) Negativa(-1)
Scarites abbreviatus Neutra(0) Neutra(0) Neutra(0) Neutra(0)
Linepithema humile Neutra(0) Neutra(0) Positiva(1) Positiva(1)
Ocypus olens Neutra(0) Neutra(0) Neutra(0) Neutra(0)
Ommatoiulus moreletii
Neutra(0) Neutra(0) Neutra(0) Neutra(0)
Aedes aegypti Neutra(0) Neutra(0) Positiva(1) Neutra(0)
Tapinoma madeirense Neutra(0) Neutra(0) Negativa(-1) Neutra(0)
Deucalion oceanicum Negativa(-1) Negativa(-1) Crítica(-3) Muitonegativa(-2)
Gonepteryx maderensis
Neutra(0) Neutra(0) Negativa(-1) Negativa(-1)
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
Muito positiva [2]
Positiva [1] Neutra [0] Negativa [-1] Muito negativa [-2]
Critica [-3]
Núm
ero
de e
spéc
ies
Vulnerabilidade futura
A2_B2_2020
A2_B2_2040
A2_2070
B2_2070
Figura 14 – Espécies-alvo de acordo com o seu estatuto de ameaça UICN. CR – Criticamente em perigo; EN – Em perigo; VU – Vulnerável; NT – Quase ameaçado; LC – Pouco Preocupante; DD – Informação insuficiente; NE – Não avaliado.
Relativamenteàsvulnerabilidadesatuais,combasenoestatutodeameaçaUICN,dasespé-ciesconsideradasparaesteestudo,umaencontra-seclassificadacomo“EmPerigo”(EN)eoutracomo“PoucoPreocupante”(LC)(VanSwaayetal.2010;http://www.UICNredlist.org/).Asrestantesoitoespéciesforamclassificadasnacategoria“NãoAvaliada”(NE),umavezquequatrodelassãoespéciesintroduzidaseasrestantesaindanãoforamalvodeatribuiçãodeestatutodeameaça,emboraexistaalgumainformaçãosobreasuadistribuiçãoeabundância(Tabela20eFigura14).OcoleópterocerambicídeoD. oceanicum estáincluídonalistagemdascemespéciesmaisameaçadasdaMadeira(Martínetal.2008),enquantoocoleópterocarabídeoA. superans,apesardemuitoraro,nãotemqualquerestatutoatribuído.Asoutrasduasespécies(S. abbrevia-tuseT. madeirense)sãorelativamentecomuns.
OsartrópodesterrestressãoogrupodeorganismoscommaisespéciesemaiornúmerodeendemismosnoarquipélagodaMadeira(Borgesetal.2008;Boieiroetal.2013).Muitasdasespéciesdestegrupoencontram-semuitoameaçadaspeloimpactonegativodeespéciesinvasoras,nomeadamenteváriasespéciesdeplantasedeanimais,comocoelhosecabras,quelhestransformamohabitatou,nocasodevertebradospredadores(ratos,ratazanasegatos),queospredam(Silvaetal.2008).Tambémadestruiçãoefragmentaçãodohabitatcomportagravesimpactosnaspopulaçõesdasespéciesnativas,emboraainformaçãosobreestetemanoarquipélagodaMadeirasejaextremamenteescassa.MuitoemboraapenasseconheçaumcasodeextinçãodeartrópodesnaMadeira–aborboletaGrande-Branca-da-Madeira(Pieris wollas-toni)(Gardiner2003)–muitasespéciesendémicasnãosãoobservadasdesdeháváriasdécadas.
BIODIVERSIDADE BIODIVERSIDADE74 75
passama“Negativa(-1)”,umaespécie(Amara superans)aumentaasuavulnerabilidadepara“Muitonegativa(-2)”e,porfim,umaoutraespécie(Deucalion oceanicum)atingeacategoriade“Crítica(-3)”.
ÉdesalientarqueaespécieDeucalion oceanicum apresentaumamaiorvulnerabilidadeàsaltera-çõesclimáticasrelativamenteàsrestantesespécies,eaolongodoscenáriosclimáticostemumaumentodasuavulnerabilidade,atingindoacategoriade“Crítica(-3)”.AprincipalrazãoparaestaclassificaçãoresultadofactodaprevisãodesubidadoníveldomarsetraduzirnumareduçãoconsideráveldaáreadehabitatdeD. oceanicum,espéciequeactualmenteapresentajáumareduzidaáreadedistribuição(Martínetal.2008).Estareduçãodaáreadedistribuiçãopoderácontribuirparaadiminuiçãodoefectivopopulacionaldestaespécieameaçada,tornando-amaissusceptívelaperturbaçõesecológicaseapossíveisefeitosgenéticosnegativos.TambémseprevêumaconsiderávelreduçãonaáreadedistribuiçãodohabitatdeAmara superans,umaespécieraradeescaravelhoconfinadaàszonasdemaioraltitudedailhadaMadeira.Asáreasondeestaespécieocorrepresentementetenderãoaserocupadasporumtipodehabitatdistinto,situaçãoquecontribuiráparaqueaáreadehabitatpotencialdisponívelsejaprogres-sivamentemenortendocomoconsequênciadirectaareduçãodoefectivopopulacionaldesteendemismoMadeirense.
Poroutrolado,duasespécies(Linepithema humile eAedes aegypti)poderão,noscenáriosparaofinaldoséculo,beneficiardasalteraçõesclimáticaseaumentarasuaáreadedistribuiçãoactual.AespécieLinepithema humileocorrepredominantementenasáreascosteiras,mastambémemáreasabertaslocalizadasemambientesamenos(Wettereretal.2006;Wetterer&Espadaler2010).Étambémfrequenteeabundanteemáreastransformadaspelaactividadehumana.Faceaoscenáriosdealteraçõesclimáticasqueprevêemaumentosdetemperaturaedaáreaocupadapeloshabitatscosteirosemesófilos,éesperadoqueaLinepithema humilevenhaaacompanharessasalteraçõesaumentandoasuaáreadedistribuiçãonoarquipélagodaMadeira.Poroutrolado,várioslocaishumanizadoslocalizadosemáreasonde,porconstrangimentosfisiológicos,aformiga-argentina estáhojeemdiaausente,serãoprevisivelmentenofuturocolonizadosporestaespécie.JánoquedizrespeitoaoAedes aegypti,asalteraçõesclimáticaspotenciarãoacriaçãodehabitatfavorávelàocorrênciadestaespécieemáreasondepresentementeelanãoocorre.Comotal,casonãosejamtomadasmedidasdecontrolopopulacionaldestemosquito,éexpectávelqueelepossaviraaumentarasuaáreadedistribuiçãoemfunçãodasaltera-çõesclimáticasprevistas.OaumentodaáreadedistribuiçãodeAedes aegypti poderáaindaserpotenciadodeformaindirecta,emvirtudedasalteraçõesclimáticaspoderemfavorecerahumanizaçãodecertosespaçosnaturaisemáreasdedistribuiçãopotencialdaespécie.Sabe-sequeoaumentodetemperaturafavoreceodesenvolvimentodosmosquitos,oaumentoastaxasdeoviposiçãoeadiminuiçãodostemposdegeração(Williamsetal.2014).Porém,avariaçãonosvaloresdepluviosidadefuturaeasuadistribuiçãonoarquipélagodaMadeira,serãofortescon-dicionantesaosucessodecolonizaçãodestaespécie.Importareferirque,apesardesepoderemfazerprevisõesgeneralizadassobreadistribuiçãofuturadasespécies,énecessáriacautelanainterpretaçãodosmodelosdealteraçõesclimáticas,umavezqueosresultadosdasinteracçõesdeváriasvariáveisnoambientenaturaledestascomasalteraçõesinduzidaspeloHomemsãoimpossíveisdeavaliarnestafase.
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
Muito positiva [2]
Positiva [1] Neutra [0] Negativa [-1] Muito negativa [-2]
Critica [-3]
Núm
ero
de e
spéc
ies
Vulnerabilidade futura
A2_B2_2020
A2_B2_2040
A2_2070
B2_2070
Figura 15 – Vulnerabilidades futuras por cenário e horizonte temporal para cada espécie-alvo de acordo com a escala de vulnerabilidade [CLIMA-Madeira]. Escala de vulnerabilidade varia entre -3 e 2: Crítica (-3); Muito negativa (-2); Negativa (-1); Neutra (0); Positiva (1); Muito positiva (2).
Verifica-se(Tabela21eFigura15)quenoscenáriosA2eB2paracurtoemédioprazo,amaioriadasespéciesfoiclassificadacomvulnerabilidade“Neutra(0)”àsalteraçõesclimáticas.Apenasduasespécies(Amara superanseDeucalion oceanicum)seencontramnacategoria“Negativa(-1)”.
NocenárioB2paralongoprazo,umadasespécies(Linepithema humile)apresentaumavulne-rabilidade“Positiva(1)”,cincoespécies (Scarites abbreviatus,Ocypus olens,Ommatoiulus moreletii,Tapinoma madeirense,Aedes aegypti)irãopermanecerclassificadascomvulnerabilidade“Neutra(0)”,trêsespécies(Amara superans,Hipparchia maderensise Gonepteryx maderensis)nacategoria“Negativa(-1)”eumaespécie(Deucalion oceanicum)passaa“Muitonegativa(-2)”.
NocenárioA2paralongoprazo,ocenáriodealteraçãoclimáticamaisgrave,verifica-seumagrandeheterogeneidadenaevoluçãodaclassificaçãodevulnerabilidadedasdiferentesespécies.Duasespécies(Linepithema humileeAedes aegypti)detêmumavulnerabilidade“Positiva(1)”,trêsespécies(Scarites abbreviatus,Ocypus olenseOmmatoiulus moreletii)mantêm-senaclasse“Neutra(0)”,outrastrêsespécies(Hipparchia maderensis,Tapinoma madeirense e Gonepteryx maderensis)
BIODIVERSIDADE BIODIVERSIDADE76 77
3.1.5.5. Falhas de conhecimento e confiança nos resultados
Osartrópodesterrestressão,deummodogeral,umgrupoaindainsuficientementeestudadonoarquipélagodaMadeira,tendoemconsideraçãoqueainformaçãobásicasobreabiologia,distribuição,abundânciaerequisitosecológicosdamaioriadasespécieséaindapoucoconhe-cida.Paraalémdisso,informaçãosobreafisiologia,fenologiaegenéticadasespécieséprati-camenteinexistente.Destemodo,odesconhecimentodasrespostasfisiológicas,fenológicaserelativamenteaosfatoresgenéticoseadaptaçãodasespéciesàspotenciaisalteraçõesclimáticasconstituiuumforteentraveparaoconhecimentodastendênciaspopulacionaisdasespéciesemfunçãodosdiferentescenáriosdealteraçõesnoclimadaMadeira.Comotal,aavaliaçãodasespéciesselecionadasvalorizousobretudooconhecimentodasuaassociaçãoaoshabitatsdoarquipélagoeaevoluçãoesperadaparaosmesmosemcenáriosdealteraçõesclimáticas.ImportadestacarqueatendênciapopulacionaldeG. maderensispoderáserdistintadaprevista,umavezqueestaespécieseencontraintimamenteassociadaàsuaplantahospedeira(Rhamnus glandulosa)e,nestafase,desconhece-sequalseráocomportamentodestaplantaemfunçãodasalteraçõesclimáticas.
Confiança= Alta.Paratodasasespéciesaconfiançafoialta,excetoparaumaespécie(Aedes aegypti)ondeograudeconfiançafoimédio.Paracadaespécieonúmerodefatoressemres-postarondouos38%.
3.1.5.4. Fatores de vulnerabilidade
Osprincipaisfatoresquecontribuíramparaaclassificaçãodealgumasdasespéciesdeartrópo-desterrestrescomestatutodeconservaçãodesfavorávelforam:
1 ) Barreirasnaturais;
2 ) Nichofisiológico–tolerânciatérmicaehidrológica;
3 ) Dependênciadeoutrasespéciesparacriaçãodehabitat;
4 ) Dependênciastróficas(dieta);
5 ) Capacidadededispersão.
Napresenteanálisedatendênciapopulacionaldasespéciesdeartrópodesemfunçãodediferentescenáriosdealteraçõesclimáticas,houvenecessidade,emfunçãodainformaçãodis-ponível,deefetuaressaavaliaçãovalorizandooaspetodaassociaçãodasespéciesàstipologiasdehabitat.Nestecontexto,emfunçãodasalteraçõesclimáticas,duasdasespéciesendémicasverãooseuhabitatdrasticamentereduzido:1)aespécieAmara superansocorreempradosdealtitudeeprevê-sequeestesvenhamasersubstituídosporurzaldealtitudee2)aespécieDeucalion oceanicum queocorrenumilhéucomapenas0,08km2e18mdealtitude,ondeparteconsideráveldaáreaficarásubmersaseseverificaremasalteraçõesdoníveldomarprevistas.
Paraalémdestaslimitaçõesàdistribuiçãodasespécies,algumasespéciesexclusivasdeumtipodehabitatterãodeseconfrontarcomváriosobstáculosfísicosquelimitarãoacapacidadededispersãoecolonizaçãodeáreasmaisfavoráveis.Poroutrolado,sabendo-sequehaveráumaumentodatemperaturaeumareduçãodosvaloresdehumidade,asespéciescaracterísticasdosambientesflorestaisedealtitudeestarãopotencialmentemaisvulneráveisàsalteraçõesclimáticas,seconsiderarmosqueasuaassociaçãoaestetipodehabitatspoderápotenciarqueosseuslimitesdetolerânciafisiológicasejamultrapassados.
Algumasdasespéciesavaliadas–G. maderensiseD. oceanicum–estabelecemumarelaçãodedependênciacomplantashospedeiras,quelhesservemdehabitatduranteparteconsideráveldociclodevida,eétambémnessasplantasqueestesinsetosfazemoviposiçãoesealimentamduranteafaselarvar(Martínetal.2008;Franquinhoetal.2009).NocasodoescaravelhoD. ocea-nicumédestacadaasuaassociaçãoàtambémameaçadaEuphorbia anachoreta, plantaexclusivadoIlhéudeForaeclassificadanoTop100(Martínetal.2008).JáaborboletaG. maderensis,aCleópatradaMadeira,estáassociadaàplantaRhamnus glandulosaqueépoucofrequentenaLaurissilva(Martínetal.2008;Franquinhoetal.2009).
Paraalgunsdosartrópodesterrestresanalisados,particularmenteoscoleópterosendémicos,asuabaixacapacidadededispersãopoderáconstituirumgraveconstrangimentoàcolonizaçãodehabitatsfavoráveiscriadosemresultadodasalteraçõesclimáticas.
BIODIVERSIDADE BIODIVERSIDADE78 79
3.1.6.2. Vulnerabilidades Atuais
Tabela 23 – Espécies-alvo de acordo com o seu estatuto de ameaça UICN. CR – Criticamente em perigo; EN – Em perigo; VU – Vulnerável; NT – Quase ameaçado; LC – Pouco Preocupante; DD – Informação insuficiente; NE – Não avaliado.
ESPÉCIES-ALVO ESTATUTO DE AMEAÇA (UICN)
Tarentola boettgeri bischoffi Vulnerável(VU)
Teira dugesii PoucoPreocupante(LC)
Hemidactylus mabouia PoucoPreocupante(LC)
Tarentola mauritanica PoucoPreocupante(LC)
0
1
2
3
4
CR EN VU NT LC NE
Núm
ero
de e
spéc
ies
Estatuto de ameaça UICN
Figura 16 – Espécies-alvo de acordo com o seu estatuto de ameaça UICN. CR – Criticamente em perigo; EN – Em perigo; VU – Vulnerável; NT – Quase ameaçado; LC – Pouco Preocupante; DD – Informação insuficiente; NE – Não avaliado.
Ogrupodosrépteisapresentaumbaixonúmerodeendemismos,sendoqueasuavulnerabi-lidadecombasenoestatutodeameaçaéavaliadanasuamaioriacomo“PoucoPreocupante”(LC).Apenasumadasespéciesavaliadasnesteestudoestáclassificadacomo“Vulnerável”(VU)pelaUICN(Tabela23eFigura16).Oprincipalfatorquecontribuiparaavulnerabilidadedaosga-das-Selvagens(Tarentola boettgeri bischoffi)éasualimitadaáreadedistribuição,dadooseuconfinamentoaoarquipélago.
3.1.6. Répteis
Autores:FilipaVasconceloseRuiRebelo
3.1.6.1. Espécies estudadas
Tabela 22 – Lista de espécies-alvo por critério de seleção, habitat e área de distribuição.
ESPÉCIES-ALVO CRITÉRIO DE SELEÇÃO HABITAT ÁREA DE DISTRIBUIÇÃO
Tarentola boettgeri bischoffi
EndémicaTodososhabitatsterrestres
Selvagens
Teira dugesii EndémicaTodososhabitatsterrestres
ArquipélagodaMadeira
Hemidactylus mabouia ExóticaZambujalMadeirenseeMatagaldoMarmulano
IlhadaMadeira
Tarentola mauritanica ExóticaZambujalMadeirenseeMatagaldoMarmulano
IlhadaMadeira
ForamselecionadasquatroespéciesderépteisdoArquipélagodaMadeira.DuasdelassãoasúnicasespéciesendémicaspresentesnoArquipélago(Tarentola boettgeri bischoffieTeira dugesii).Foramaindaescolhidasduasespéciesexóticas(Hemidactylus mabouia e Tarentola mauritanica)(Tabela22).Aprimeiraéinvasoraumpoucoportodoogloboe,dadooseupotencialdeinvasãoserbastanteelevado,podetornar-seproblemáticanaIlhadaMadeira.Asegundaespécieprovémdocontinentee,apesardeserexótica,apresentaumpotencialdeinvasãomenorqueaespécieanterior.Érelevanteavaliaravulnerabilidadedasduasespéciesàsalteraçõesclimáticasdevidoaospossíveisaumentosdasuaáreadedistribuiçãopotencialedasuainteraçãocomasespéciesnativas.
BIODIVERSIDADE BIODIVERSIDADE80 81
0
1
2
3
4
Muito positiva [2]
Positiva [1] Neutra [0] Negativa [-1] Muito negativa [-2]
Critica [-3]
Núm
ero
de e
spéc
ies
Vulnerabilidade Futura
A2_B2_2020
A2_B2_2040
A2_2070
B2_2070
Figura 17 – Vulnerabilidades futuras por cenário e horizonte temporal para cada espécie-alvo de acordo com a escala de vulnerabilidade [CLIMA-Madeira]. Escala de vulnerabilidade varia entre -3 e 2: Crítica (-3); Muito negativa (-2); Negativa (-1); Neutra (0); Positiva (1); Muito positiva (2).
Comestaanálise(Tabela24eFigura17)constata-sequenoscenáriosA2eB2paracurtoemédioprazoenocenárioB2paralongoprazo,todasasespéciesforamclassificadascomvulne-rabilidade“Neutra(0)”expectoaespécieTarentola boettgeri bischoffiqueseencontranaclassedevulnerabilidade“Negativa(-1)”.
NocenárioA2paralongoprazo,asduasespéciesexóticasapresentamumavulnerabilidade“Positiva(1)”podendomesmoviraterumaumentoprováveldasuaáreaatualdedistribuiçãocomasalteraçõesclimáticas.Quantoàsespéciesnativas,umadelas(Teira dugesii)mantém-secomo“Neutra(0)”,enquantoqueseverificaumaumentodavulnerabilidadedaespécieatual-mentejáameaçada(Tarentola boettgeri bischoffi)paraaclasse“Crítica(-3)”.
Édesalientarqueapenasaosga-das-Selvagensseráimpactadanegativamentepelasalteraçõesclimáticas,vistoquenosdoiscenárioseaolongodostrêshorizontestemporais,estaespécieevidenciaumaumentodasuavulnerabilidade.Pelocontrário,asduasespéciesexóticas(Hemi-dactylus mabouiaeTarentola mauritanica)poderãobeneficiarcomoaumentodatemperaturaereduçãodahumidaderelativadoar,poisaguentamumagrandeamplitudetérmicaehidrológicanãosendoultrapassadosseuslimitesfisiológicos,assimcomo,tambémdetêmumagrandecapacidadededispersãoepoderdeinvasão,podendoviraaumentarasuaáreadedistribuiçãoatualecompetircomasrestantesespécies.
Emtermosdavulnerabilidadeatualàsalteraçõesclimáticas,vistoqueasespéciesseencontramadaptadasaoclimaexistente,estafoiconsideradacomo“Neutra(0)”deacordocomaescaladevulnerabilidade[CLIMA-Madeira].Muitoemboraseconsiderequepossamjáexistiralgunsefeitosdasalteraçõesclimáticassobreestegrupo,estesnãoforamaindadocumentados.
3.1.6.3. Vulnerabilidades Futuras
Tabela 24 – Vulnerabilidades futuras por cenário e horizonte temporal para cada espécie-alvo de acordo com a escala de vulnerabilidade [CLIMA-Madeira]. Escala de vulnerabilidade varia entre -3 e 2: Crítica (-3); Muito negativa (-2); Negativa (-1); Neutra (0); Positiva (1); Muito positiva (2).
CENÁRIOS E PERÍODOS TEMPORAIS
ESPÉCIES-ALVO A2 E B2_2020 A2 E B2_ 2040 A2_2070 B2_2070
Tarentola boettgeri bischoffi
Negativa(-1) Negativa(-1) Crítica(-3) Negativa(-1)
Teira dugesii Neutra(0) Neutra(0) Neutra(0) Neutra(0)
Hemidactylus mabouia
Neutra(0) Neutra(0) Positiva(1) Neutra(0)
Tarentola mauritanica Neutra(0) Neutra(0) Positiva(1) Neutra(0)
BIODIVERSIDADE BIODIVERSIDADE82 83
3.1.7. Aves
Autores:CátiaGouveiaeFilipaVasconcelos
3.1.7.1. Espécies estudadas
Tabela 25 – Lista de espécies-alvo por critério de seleção, habitat e área de distribuição.
ESPÉCIES-ALVO CRITÉRIO DE SELEÇÃO HABITAT ÁREA DE DISTRIBUIÇÃO
Pterodroma madeira EndémicaMaciçoMontanhosoCentral
Madeira(NID)*
Pterodroma deserta EndémicaVegetaçãorasteira(Bugio)
Desertas(NID)*
Buteo buteo hartertiSubespécieendémicadoarquipélago
Zonasflorestais,agrí-colas,clareiraseáreashumanizadas
Madeira(NID)*,PortoSantoeDesertas
Tyto alba schmitziSubespécieendémicadoarquipélago
Zonasflorestais,agrí-colas,clareiraseáreashumanizadas
Madeira(NID)*Desertas
Motacilla cinerea schmitzi
Subespécieendémicadoarquipélago
Diverso,desdequeasso-ciadaalinhasdeágua
Madeira(NID)*
Regulus madeirensis Endémica Laurissilva Madeira(NID)*
Fringilla coelebs madeirensis
SubespécieendémicadaMacaronésia
Laurissilva Madeira(NID)*
Carduelis cannabina guentheri
Subespécieendémicadoarquipélago
Vegetaçãorasteiraouáreasagrícolas
Madeira(NID)*,PortoSanto
Anthus berthelotii madeirensis
EspécieendémicadaMacaronésia
VegetaçãorasteiraMadeira(NID)*,PortoSanto(NID)*eDesertas(NID)*
Columba trocaz Endémica Laurissilva Madeira(NID)*
*(NID) – Nidifica
3.1.6.4. Fatores de vulnerabilidade
Osprincipaisfatoresquecontribuíramparaaclassificaçãodaosga-das-Selvagenscomovulnerá-velforam:
1 ) Níveldomar;
2 ) Barreirasnaturais;
3 ) Dieta.
Aúnicaespéciederéptilclassificadacomovulnerávelàsalteraçõesclimáticasfoiaosga-das-Sel-vagens.Aespécieestádivididaemtrêspopulações,semcontactoentresidevidoàseparaçãoentreasváriasilhas,peloquearecolonizaçãodequalquerumadasilhasapósaextinçãolocalémuitoimprovável.Duasdestaspopulaçõesencontram-seisoladasemilhasmuitopequenasecompoucorelevo(IlhéudeForaeSelvagemPequena),peloquenestecasoosfactoresreferen-tesàsbarreirasnaturaisedasubidadoníveldomarsãofactoresquetornamestaespéciemaisvulnerável.
Finalmente,asosgassãoexclusivamenteinsectívoras,nãotendoamesmaplasticidadenadietademonstradapelalagartixa-da-Madeira(Teira dugesii).Sãoassimespéciesmaisvulneráveisaextensosperíodosdeseca,quandoadisponibilidadedeinsectospodediminuirmuito.
3.1.6.5. Falhas de conhecimento e confiança nos resultados
Paraestegrupo,asprincipaisfalhasnoconhecimentoprendem-secomfaltadeinformaçãorelativamentearespostasfenológicasàvariabilidadeeàsalteraçõesclimáticas,nomeadamentenoquedizrespeitoàpossibilidadedeanteciparouadiarareproduçãoconsoanteatemperaturae/ouadisponibilidadedealimento.
Confiança= Muito Alta.Aconfiançafoimuitoaltaparaduasespécies,enquantoparaasduasrestantes(Teira dugesiieHemidactylus mabouia)aconfiançafoialta.Paracadaespécieonúmerodefatoressemrespostarondouos19%.
BIODIVERSIDADE BIODIVERSIDADE84 85
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
Muito positiva (2)
Positiva (1) Neutra (0) Negativa (-1) Muito negativa (-2)
Critica (-3)
Núm
ero
de e
spéc
ies
Vulnerabilidade futura
A2_B2_2020
A2_B2_2040
A2_2070
B2_2070
Figura 18 – Espécies-alvo de acordo com o seu estatuto de ameaça UICN. CR – Criticamente em perigo; EN – Em perigo; VU – Vulnerável; NT – Quase ameaçado; LC – Pouco Preocupante; DD – Informação insuficiente; NE – Não avaliado.
Ogrupodasavesapresentaumelevadonúmerodeendemismos,sendoqueasuavulne-rabilidade,deacordocomoestatutodeameaçadaUICN,foiavaliadanasuaMaioriacomo“PoucoPreocupante”(LC).Noentanto,umaespécie(Pterodroma deserta)estáclassificadacomo“Vulnerável”(VU)eoutraespécie(Pterodroma madeira)encontra-se“EmPerigo”(EN)(Tabela26eFigura18).Osprincipaisfatoresquecontribuemparaavulnerabilidadedasespéciessão,princi-palmente,oreduzidotamanhodassuaspopulaçõesearestriçãodoseuhabitatdenidificaçãoaumpequenolocalsendo,nocasodaFreira-do-Bugio(Pterodroma deserta),umilhéue,nocasodaFreira-da-Madeira(Pterodroma madeira),azonadomaciçomontanhosocentraldailhadaMadeira.Emambososcasos,oshabitatsdestasespéciessãosuscetíveisaoimpactohumano,noqualsedestacamaintroduçãodeespéciesinvasoraseeventosestocásticos.Importasalientarque,em2010,omaciçomontanhosocentralfoiamplamentedevastadoporviolentosincêndiosquedestruírampartedoseuhabitat.
Emtermosdavulnerabilidadeatualàsalteraçõesclimáticas,vistoqueasespéciesseencontramadaptadasaoclimaexistente,estafoiconsideradacomo“Neutra(0)”deacordocomaescaladevulnerabilidade[CLIMA-Madeira].Muitoemboraseconsiderequepossamjáexistiralgunsefeitosdasalteraçõesclimáticassobreestegrupo,estesnãoforamaindadocumentados.
Comumaelevadataxadeendemismos,aavifaunadoarquipélagodaMadeiraédeelevadaimportância.Paraesteestudo,foramselecionadasdezespéciesdeavesnidificantesnoarqui-pélago,sendoestasrepresentativasdosváriostiposdehabitaterequisitosecológicos.Nestegrupoconstamespéciesendémicasecominteresseemtermosdeconservação(Tabela25).
3.1.7.2. Vulnerabilidades Atuais
Tabela 26 – Espécies-alvo de acordo com o seu estatuto de ameaça UICN. CR – Criticamente em perigo; EN – Em perigo; VU – Vulnerável; NT – Quase ameaçado; LC – Pouco Preocupante; DD – Informação insuficiente; NE – Não avaliado.
ESPÉCIES-ALVO ESTATUTO DE AMEAÇA (UICN)
Pterodroma madeira EmPerigo(EN)
Pterodroma deserta Vulnerável(VU)
Buteo buteo harterti PoucoPreocupante(LC)
Tyto alba schmitzi PoucoPreocupante(LC)
Motacilla cinerea schmitzi PoucoPreocupante(LC)
Regulus madeirensis PoucoPreocupante(LC)
Fringilla coelebs maderensis PoucoPreocupante(LC)
Carduelis cannabina guentheri PoucoPreocupante(LC)
Anthus berthelotii madeirensis PoucoPreocupante(LC)
Columba trocaz PoucoPreocupante(LC)
BIODIVERSIDADE BIODIVERSIDADE86 87
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
Muito positiva (2)
Positiva (1) Neutra (0) Negativa (-1) Muito negativa (-2)
Critica (-3)
Núm
ero
de e
spéc
ies
Vulnerabilidade futura
A2_B2_2020
A2_B2_2040
A2_2070
B2_2070
Figura 19 – Vulnerabilidades futuras por cenário e horizonte temporal para cada espécie-alvo de acordo com a escala de vulnerabilidade [CLIMA-Madeira]. Escala de vulnerabilidade varia entre -3 e 2: Critica (-3); Muito negativa (-2); Negativa (-1); Neutra (0); Positiva (1); Muito positiva (2).
Paratodososcenárioseperíodostemporais,todasasespéciesforamclassificadascomvulne-rabilidade“Neutra(0)”àsalteraçõesclimáticas.Apenasduasespécies,aFreira-da-MadeiraeaFreira-do-Bugioforamconsideradasvulneráveisparalongoprazo.AFreira-da-Madeira,encon-tra-senaclassedevulnerabilidade“Negativa(-1)”paraoscenáriosA2eB2easegundaespécieestácomo“Negativa(-1)somenteparaocenárioA2(Tabela27eFigura19).
Importarealçarque,deacordocomametodologiaadoptada[CLIMA-Madeira],asaves,devidoàsuacapacidadededispersãoedistribuiçãoaolongodoarquipélago,sãoclassificadascomVulnerabilidade“Neutra(0)”,nocasodasduasFreiras,devidoàelevadaespecificidadedoseuhabitatdenidificação,foramincluídasnumacategoriadevulnerabilidademenosfavorável.
3.1.7.4. Fatores de vulnerabilidade
Amaioriadasespéciesestudadasparecepoucovulnerávelàsalteraçõesclimáticas.Estesresul-tadosprendem-secomofactodeestegrupoterumaelevadacapacidadededispersãoecomofactodeasespéciesestudadasterem,regrageralpoucosrequisitosecológicosespecíficos,podendoutilizarumasériedehabitats.
3.1.7.3. Vulnerabilidades Futuras
Tabela 27 – Vulnerabilidades futuras por cenário e horizonte temporal para cada espécie-alvo de acordo com a escala de vulnerabilidade [CLIMA-Madeira]. Escala de vulnerabilidade varia entre -3 e 2: Critica (-3); Muito negativa (-2); Negativa (-1); Neutra (0); Positiva (1); Muito positiva (2).
CENÁRIOS E PERÍODOS TEMPORAIS
Espécies-alvo A2 e B2_2020 A2 e B2_ 2040 A2_2070 B2_2070
Pterodroma madeira Neutra(0) Neutra(0) Negativa(-1) Negativa(-1)
Pterodroma deserta Neutra(0) Neutra(0) Negativa(-1) Neutra(0)
Buteo buteo harterti Neutra(0) Neutra(0) Neutra(0) Neutra(0)
Tyto alba schmitzi Neutra(0) Neutra(0) Neutra(0) Neutra(0)
Motacilla cinerea schmitzi
Neutra(0) Neutra(0) Neutra(0) Neutra(0)
Regulus madeirensis Neutra(0) Neutra(0) Neutra(0) Neutra(0)
Fringilla coelebs maderensis
Neutra(0) Neutra(0) Neutra(0) Neutra(0)
Carduelis cannabina guentheri
Neutra(0) Neutra(0) Neutra(0) Neutra(0)
Anthus berthelotii madeirensis
Neutra(0) Neutra(0) Neutra(0) Neutra(0)
Columba trocaz Neutra(0) Neutra(0) Neutra(0) Neutra(0)
BIODIVERSIDADE BIODIVERSIDADE88 89
3.1.8. Mamíferos
Autores:JorgePalmeirimeFilipaVasconcelos
3.1.8.1. Espécies estudadas
Tabela 28 – Lista de espécies-alvo por critério de seleção, habitat e área de distribuição.
ESPÉCIES-ALVO CRITÉRIO DE SELEÇÃO HABITAT ÁREA DE DISTRIBUIÇÃO
Pipistrellus maderensis EndémicaTodososhabitatsterrestres
ArquipélagodaMadeira
Nyctalus leisleri verrucosus
Endémica Laurissilva IlhadaMadeira
Plecotus austriacus Nativa Laurissilva ArquipélagodaMadeira
ForamselecionadastrêsespéciesdemamíferosterrestresdoArquipélagodaMadeirasendoquetodaspertencemàordemChiroptera(morcegos).Duasdelassãoasúnicasespéciesendé-micaspresentesnoArquipélagodaMadeira(Pipistrellus maderensiseNyctalus leisleri verrucosus)eaoutraéumaespécienativa(Plecotus austriacus)presentenaIlhadaMadeirae,maisrecente-mente,localizadatambémnasIlhasDesertas(Cabraletal.2005)(Tabela28).Apesardafaltadeconhecimentodotamanhodapopulaçãodestaespécienativaedasuatendênciapopulacional,éumaespéciequedetémumaáreadeocupaçãoeextensãodeocorrênciamuitoreduzidas,fragmentaçãoelevadaeapresentaumdeclíniodaqualidadedohabitatbastanteacentuado(Cabraletal.2005).É,portanto,relevanteavaliarasuavulnerabilidadeàsalteraçõesclimáticasdevidoaoseupossívelaumentocomareduçãodoseuhabitate,consequentemente,dasuadistribuiçãoatual.
AFreira-da-MadeiraeaFreira-do-Bugiosãoasúnicasespéciesaapresentarumamaiorvulne-rabilidaderelativamenteàsalteraçõesclimáticas.OsprincipaisfatoresquecontribuíramparaaclassificaçãodasduasFreirascomestatutovulnerávelforam:
1 ) Barreirasnaturais;
2 ) Alteraçõesdosusosdosolodevidoàsalteraçõesclimáticas;
3 ) Capacidadededispersão;
4 ) Sensíveladistúrbios(e.g.Incêndios);
5 ) Característicasgeológicasincomuns.
Comoreferidoanteriormente,ascolóniasdeFreira-da-Madeiraencontram-serestritasaumapequenaáreanaregiãodoMaciçoMontanhosoCentral,sendoque,peranteumcenárioclimáticofuturoondeascondiçõesdehabitat(incluídocaracterísticasgeológicasalteradas)possamserdife-rentesdasatuais,estaespéciepoderádeparar-secomalgumasbarreirasaoestabelecimentodassuascolónias.Ofatodepartedohabitatdestaespécietersidodestruídoporviolentosincêndiosem2010,ameaçandoaúnicacolóniadaespécie,poderáindiciarquefuturamente,etendoporbaseoaumentodoriscodeincêndioperantecenáriosclimáticosfuturos,estaespéciepossaenfrentarumfatordeameaçaacrescido.AdependênciadecondiçõesedafoclimáticasespecíficasdazonadoMaciçoMontanhosoCentralparaasuanidificação,poderáimplicarumareduçãonasuacapacidadededispersão,dadoofactodenãoexistirhabitatcomcondiçõessimilaresnoraiodeaçãodaespécie.
Relativamente,àFreira-doBugio,encontra-seexclusivamenteconfinadaàIlhadoBugionasIlhasDesertas,comotal,asbarreirasnaturaissãoumfactorquepotenciaamaiorvulnerabilidadedestaespéciedevidoaoisolamentogeográficoaqueamesmaestáexposta.Tambémsedeveatenderaofatodeestaserbastantesensívelaalteraçõesdosusosdosoloedeestardepen-dentedeumtipodevegetaçãoesubstratoespecificosparanidificar.
3.1.7.5. Falhas de conhecimento e confiança nos resultados
Paraestegrupo,asprincipaisfalhasnoconhecimentoprendem-secomafaltadeinformaçãorelativamentearespostasfisiológicasefenológicasàvariabilidadeeàsalteraçõesclimáticas.Importadestacarofatodametodologiaadoptadanãopermitircontemplaralgunsefeitosindirectosdasalteraçõesclimáticas,nomeadamenteaoníveldadisponibilidadedealimento,alteraçõesnascaracterísticasfísicasnascolóniasdenidificação(ex:vegetação),competiçãocomoutrasespécies,alteraçõesnafenologia,etc..Assimsendo,emboraosresultadosapontemparaumabaixavulnerabilidadeparaestegrupo,estaavaliaçãodeveráseraprofundadademodoaaferir,commaiorsegurançaosreaisimpactosdasalteraçãoesclimáticasnestegrupoanimal.
Confiança = Alta.Paratodasasespécies,aconfiançafoialta.Paracadaespécieonúmerodefatoressemrespostarondouos37%.
BIODIVERSIDADE BIODIVERSIDADE90 91
Osprincipaisfatoresquecontribuemparaavulnerabilidadedestegrupo,sãooisolamentogeográficoaqueaspopulaçõesestãosujeitasnoArquipélagodaMadeira,tornando-asmaissensíveisadistúrbiosdeorigemnatural(e.g.tempestades)eaoutrotipodeameaças.Outrasameaçasassociadasaestasespéciesprendem-secomareduçãodassuasáreasdeocupação,usoexcessivodepesticidascausandoareduçãodadiversidadedepresaseacontaminaçãodosmorcegosporingestãodeinsetoscontaminados,perturbaçãodecolónias,alteraçãoedestrui-çãodehabitatsdealimentaçãoedeabrigos(e.g.,eliminaçãodeárvoresantigasdefolhosasbemdesenvolvidascomcavidadeserecuperaçãonãoplaneadadeedifícios)e,porúltimo,substitui-çãodailuminaçãopúblicacomlâmpadasdemercúrioqueatraemmaisinsetos,porlâmpadasdesódiomaiseficientesenergeticamente,reduzindoassimadisponibilidadedealimento(Cabraletal.2005).
Emtermosdavulnerabilidadeatualàsalteraçõesclimáticas,vistoqueasespéciesseencontramadaptadasaoclimaexistente,estafoiconsideradacomo“Neutra(0)”deacordocomaescaladevulnerabilidade[CLIMA-Madeira].Muitoemboraseconsiderequepossamjáexistiralgunsefeitosdasalteraçõesclimáticassobreestegrupo,estesnãoforamaindadocumentados.
3.1.8.3. Vulnerabilidades Futuras
Tabela 30 – Vulnerabilidades futuras por cenário e horizonte temporal para cada espécie-alvo de acordo com a escala de vulnerabilidade [CLIMA-Madeira]. Escala de vulnerabilidade varia entre -3 e 2: Crítica (-3); Muito negativa (-2); Negativa (-1); Neutra (0); Positiva (1); Muito positiva (2).
CENÁRIOS E PERÍODOS TEMPORAIS
ESPÉCIES-ALVO A2 E B2_2020 A2 E B2_ 2040 A2_2070 B2_2070
Pipistrellus maderensis
Neutra(0) Neutra(0) Neutra(0) Neutra(0)
Nyctalus leisleri verrucosus
Neutra(0) Neutra(0) Neutra(0) Neutra(0)
Plecotus austriacus Neutra(0) Neutra(0) Neutra(0) Neutra(0)
3.1.8.2. Vulnerabilidades Atuais
Tabela 29 – Espécies-alvo de acordo com o seu estatuto de ameaça UICN. CR – Criticamente em perigo; EN – Em perigo; VU – Vulnerável; NT – Quase ameaçado; LC – Pouco Preocupante; DD – Informação insuficiente; NE – Não avaliado.
ESPÉCIES-ALVO ESTATUTO DE AMEAÇA (UICN)
Pipistrellus maderensis EmPerigo(EN)
Nyctalus leisleri verrucosus CríticamenteemPerigo(CR)
Plecotus austriacus PoucoPreocupante(LC)
0
1
2
3
CR EN VU NT LC NE
Núm
ero
de e
spéc
ies
Estatuto de ameaça UICN
Figura 20 – Espécies-alvo de acordo com o seu estatuto de ameaça UICN. CR – Criticamente em perigo; EN – Em perigo; VU – Vulnerável; NT – Quase ameaçado; LC – Pouco Preocupante; DD – Informação insuficiente; NE – Não avaliado.
Ogrupodosmamíferosterrestresapresentaumbaixonúmerodeendemismos,sendoqueapenasforamavaliadastrêsespéciescujacategoriadeameaçaédistinta:umaespécie(Plecotus austriacus)encontra-secomo“PoucoPreocupante”(LC),outraespécie(Pipistrellus maderensis)estáclassificadacomo“EmPerigo”(EN),eporúltimo,aespécie(Nyctalus leisleri verrucosus)está“CríticamenteemPerigo”(CR)(Tabela29eFigura20).
BIODIVERSIDADE BIODIVERSIDADE92 93
3.1.8.5. Falhas de conhecimento e confiança nos resultados
Paraestegrupo,asprincipaisfalhasnoconhecimentoprendem-secomfaltadeinformaçãorelativamenteaosfatoresgenéticoseàadaptaçãodasespéciesàsalteraçõesclimáticas.
Confiança = Alta.Paratodasasespécies,aconfiançafoialta.Paracadaespécieonúmerodefatoressemrespostarondouos25%.
0
1
2
3
Muito positiva [2]
Positiva [1] Neutra [0] Negativa [-1] Muito negativa [-2]
Critica [-3]
Núm
ero
de e
spéc
ies
Vulnerabilidade futura
A2_B2_2020
A2_B2_2040
A2_2070
B2_2070
Figura 21 – Vulnerabilidades futuras por cenário e horizonte temporal para cada espécie-alvo de acordo com a escala de vulnerabilidade [CLIMA-Madeira]. Escala de vulnerabilidade varia entre -3 e 2: Crítica (-3); Muito negativa (-2); Negativa (-1); Neutra (0); Positiva (1); Muito positiva (2).
Paratodososcenárioseperíodostemporais,todasasespéciesforamclassificadascomaclassedevulnerabilidade“Neutra(0)”(Tabela30eFigura21).
Estaanálisepareceindicarquenenhumadasespéciesselecionadasseráimpactadanegativaoupositivamentepelasalteraçõesclimáticas,vistoquenosdoiscenárioseaolongodostrêshori-zontestemporais,estima-sequenogeralseadaptembemequeaspopulaçõessemantenhamestáveisaumpossívelaumentodetemperaturaereduçãodahumidaderelativadoar.
3.1.8.4. Fatores de vulnerabilidade
Nenhumadasespéciesfoiconsideradacomovulnerável.Oúnicofatoridentificadocomopodendotornarestasespéciesvulneráveisfoi:
1 ) Nichofisiológico–tolerânciahidrológica.
Emtodasasespéciesestefatorpronunciou-secomoumfatorderisco,evidenciandoumpossívelaumentodavulnerabilidadedestegrupo.Édebastanterelevância,atenderaofactodeahumidaderelativaserumfatorimportanteparaaconservaçãodosseushabitatse,também,emtermosdasuacadeiatróficaaoníveldadisponibilidadedealimentoedassuasinteraçõesbióticas.Comadiminuiçãodahumidaderelativaevistoquetodasasespéciessãoinsectivorasedependemdadisponibilidadedeinsectos,istopoderáresultarnumareduçãodorecursoali-mentar,deimpactosaoníveldossicronismoscomumapossívelalteraçãodospicosdealimentoedereprodução,levandoaumareduçãodoefectivopopulacional.
BIODIVERSIDADE BIODIVERSIDADE94 95
3.2. Padrões de vulnerabilidade entre espécies, grupos e habitats terrestres
Figura 22 – Distribuição das espécies-alvo por habitat de acordo com a escala de vulnerabilidade [CLIMA-Madeira].
MUITO POSITIVO (2)
POSITIVO (1)
NEUTRO (0)
NEGATIVO (-1)
MUITO NEGATIVO (-2)
CRÍTICO (-3)
Spha
erop
horusglob
osus
Andreaeaflexuo
saluisieri
Isothe
cium
mon
tanu
m
Sorbusm
aderen
sis
Armeriam
aderen
sis
Amarasupe
rans
Hippa
rchiamad
eren
sis
Gon
epteryxmad
eren
sis
Pterod
romamad
eira
Pseu
docyph
ellariacrocata
Fellhan
eraseroexspectata
Stictacan
ariensis
Heteroschyphu
sde
nticulatus
Bryoxiphium
mad
eirense
Fissiden
sno
bregan
us
Echino
dium
setigerum
Echino
dium
spino
sum
Convolvulusmassonii
Pittospo
rumcoriaceum
Polystichu
mdrepa
num
Sibtho
rpiaperegrina
Actin
ellanitidiusculanitidiuscula
Leptaxisgrovian
agroviana
Leptaxism
embran
acea
Fringillacoe
lebsm
adeirensis
Regu
lusmad
eirensis
Columba
trocaz
Nyctalusleisleriverrucosus
Plecotusaustriacus
Gon
epteryxmad
eren
sis
Actin
ellanitidiusculanitidiuscula
Leptaxisgrovian
agroviana
Disculapolym
orph
apo
lymorph
a
Cham
aemelescoriacea
Leptaxisgrovian
agroviana
Líqu
enes
Briófitas
Plan
tasvasculares
Artróp
odes
Aves
Líqu
enes
Briófitos
Plan
tasvasculares
Moluscos
Aves
Mam
íferos
Artróp
odes
Moluscos
Plan
tasvasculares
Moluscos
Maciço Montanhoso Central Floresta Laurissilva Floresta Laurissilva
Matagal Marmulano
Zam-bujal
ma dei-ren se
HABITATS HABITATS
-3
-2
-1
0
1
2
Esca
la d
e Vu
lner
abili
dade
A2(Longo)
B2(Longo)
A2eB2(CurtoeMédio)
BIODIVERSIDADE BIODIVERSIDADE96 97
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Líquen
es
Briófito
s
Plantas
Vascu
lares
Moluscos
Artrópodes
Réptei
s Ave
s
Mamífe
ros
Perc
enta
gem
de
espé
cies
-alv
o (%
)
Grupos terrestres
Crítica
Muito negativa
Negativa
Neutra
Positiva
Figura 23 – Vulnerabilidade dos grupos terrestres no cenário A2 a longo prazo.
OsgruposqueapresentammaiornúmerodeespéciesvulneráveisnocenárioA2paralongoprazosãoosbriófitos,asplantasvasculareseosmoluscosterrestres.Destes,80%dasespéciesdeplantasvascularesedemoluscosterrestrese70%dasespéciesdebriófitosforamclassifica-dasnaclasse“Crítica(-3)”(Figura23).
Osartrópodesapresentam30%dasespéciesavaliadascomvulnerabilidadenegativae30%comvulnerabilidadeneutra.Amaioriadasespéciesnosgruposdasaves,mamíferoselíquenes,apresentamumavulnerabilidadeneutra.
Ogrupodosrépteisapresenta50%dasespéciescomumavulnerabilidadepositivapodendoestegrupobeneficiardasalteraçõesclimáticas.Paraalémdestegrupo10%dosbriófitos,dasplantasvascularesedosmoluscose20%dosartópodestambémapresentamumavulnerabili-dadepositiva(Figura23).
Importareferirqueasespécies-alvoconsideradasnosdiferentesgruposforamselecionadassegundoumconjuntodecritérios(ver2.1Listarespécies-alvo)equeonúmerodeespéciesvariaconsoanteosgrupos.Assim,oconjuntodeespéciesselecionadasnãosãorepresentativasdosrespectivosgrupos,nãopodendoosresultadosserextrapoladoscomorepresentativosdetodaadiversidadedeespéciesdosrespectivosgruposnaMadeira.
NaanálisedavulnerabilidadedoshabitatsforamconsideradasapenasasespéciesquedurantetodooupartedoseuciclodevidadependemdeumoumaisdoshabitatsdailhadaMadeira(35espéciesdas74estudadasnesteprojecto).DadoqueparamuitasespéciesainformaçãosobreassériesdevegetaçãodeacordocomCapelo(2004)nãoéconhecida,oshabitatsconsideradosnestaanáliseforamoMaciçoMontanhosoCentral,aFlorestaLaurissilva,oMatagalMarmulanoeoZambujalMadeirense(Figura22).
Considerandoadistribuiçãodasespéciesnasdiferentesclassesdaescaladevulnerabilidadeemtodososcenários,aFlorestaLaurissilvaapresentaummaiornúmerodeespéciesnasclasses“Neutra(0)”.OMaciçoMontanhosoCentraleaFlorestaLaurissilvasãooshabitatsmelhorrepre-sentadosnaRAMeporissoapresentamummaioremaisdiversificadonúmerodeespéciesconsideradas.OMaciçoMontanhosoCentralapresentaummaiornúmerodeespéciesnaclassenegativa“Negativa(-1)”.OZambujalMadeirenseeoMatagalMarmulanoapresentamomaiornúmerodeespéciesnaclasse“Crítica”.
Considerandoqueavulnerabilidadedoshabitatsestádependentedonúmeroevulnerabilidadedasespéciesselecionadas,estaanáliseapresentalimitaçõesinerentesàescolhadasespéciesselecionadas,nãosendoporissorepresentativadavulnerabilidadedoshabitatsassim,proce-deu-setambémaumaanálisedosresultadosdamodelaçãobioclimáticarealizadanoestudoCLIMAATII(Cruzetal.2009).Esteestudoindicouqueasalteraçõesclimáticasirãopotenciarumadeslocaçãodoshabitatsemaltitude,resultadonumadiminuiçãodaáreadedistribuiçãodoMaciçoMontanhosoCentralqueseráprogressivamentesubstituídopelaflorestalaurissilva.Noentanto,aconfiançanestesresultadosébaixapoisexistemfundamentaislacunasnoconheci-mento,noquerespeita,porexemplo,àecofisiologiadasespécieseàincertezanasimulaçãodaprecipitaçãooculta.Poroutrolado,considerandoascaracterísticasactuaisdedistribuiçãodoshabitatseosdiferentesusosdoterritórionailhadaMadeira,aindaqueaflorestaLaurissilvapossadeslocar-seemaltitudeestadeslocaçãoiráestarcondicionadapelatopografiaesubs-tracto.OshabitatsMatagalMarmuladoeZambujalMadeirense,nãoforamalvodemodelaçãobioclimáticanoentantosãohabitatscondicionadospelafortepressãourbanaefragmentaçãodohabitat.
ConsiderandoainformaçãoacimadescritaoshabitatsdoMaciçoMontanhosoCentral,MatagalMarmuladoeZambujalMadeirenseforamavaliadoscomvulnerabilidadecríticanocenárioA2paralongoprazoeaFlorestaLaurissilvafoiavaliadacomvulnerabilidademuitonegativa(Anexo6).
BIODIVERSIDADE BIODIVERSIDADE98 99
Figura 24 – Vulnerabilidade das espécies e grupos terrestres por cenário (A2 e B2) e por período temporal (curto, médio e longo prazo).
MUITO POSITIVO (2)
POSITIVO (1)
NEUTRO (0)
NEGATIVO (-1)
MUITO NEGATIVO (-2)
CRÍTICO (-3)
Graph
isscripta
Pseu
docyph
ellariacrocata
Spha
erop
horusglob
osus
Nep
hrom
aareo
latum
Parm
otremareticulatum
Fellhan
eraseroexspectata
Stictacan
ariensis
Campylopu
sintrofl
exus
Andreaeaflexuo
saluisieri
Frullaniasergiae
Ricciaatlâ
ntica
Heteroschyphu
sde
nticulatus
Bryoxiphium
mad
eirense
Fissiden
sno
bregan
us
Echino
dium
setigerum
Isothe
cium
mon
tanu
m
Echino
dium
spino
sum
Aichrysondu
mosum
Cham
aemelescoriacea
Convolvulusmassonii
Polystichu
mdrepa
num
Sibtho
rpiaperegrina
Pittospo
rumcoriaceum
Sorbusm
aderen
sis
Armeriam
aderen
sis
Saxifragapo
rtosan
ctan
a
Acaciam
earnsii
Actin
ellanitidiusculanitidiuscula
Caseolus(C
aseo
lus)calculus
Caseolus(H
elicom
ela)pun
ctulatuspun
ctulatus
Discula(D
iscula)calcigena
calcigena
Disculapolym
orph
apo
lymorph
a
Geo
mitraTurricula
Idiomelasubp
licata
Leptaxism
embran
acea
Leptaxisgrovian
agroviana
Theb
apisana
Amarasupe
rans
Hippa
rchiamad
eren
sis
Scarite
sab
breviatus
Line
pithem
ahu
mile
Ocypu
solen
s
Ommatoiulusm
oreletii
Aede
saegypti
Tapino
mamad
eirense
Deu
calionoceanicum
Gon
epteryxmad
eren
sis
Tarentolabo
ettgeribischoffi
Teiradu
gesii
Hem
idactylusmab
ouia
Tarentolamau
ritanica
Pterod
romamad
eira
Pterod
romade
serta
Buteo
buteo
harterti
Tytoalbaschm
itzi
Motacillacine
reaschm
itzi
Regu
lusmad
eirensis
Fringillacoe
lebsm
adeirensis
Cardue
liscan
nabina
gue
nthe
ri
Anthusberthelotiimad
eirensis
Columba
trocaz
Pipistrellusmad
eren
sis
Nyctalusleisleriverrucosus
Plecotusaustriacus
Líqu
enes
Briófitos
Plan
tasvasculares
Moluscos
Artróp
odes
Répteis
Aves
Mam
íferos
GRUPOS GRUPOS
-3
-2
-1
0
1
2
Esca
la d
e Vu
lner
abili
dade
A2(Longo)
B2(Longo)
A2eB2(CurtoeMédio)
BIODIVERSIDADE BIODIVERSIDADE100 101
0
1
2
3
4
5
6
7
8
Barreiras Naturais Nicho fisiológico – tolerância hidrológica
Nicho histórico – tolerância térmica
Barreiras antropogénicas
Capacidade de dispersão
Núm
ero
de g
rupo
s
Factor de sensibilidade
Figura 25 – Principais fatores que contribuem para uma vulnerabilidade negativa dos grupos terrestres
Foramanalisadososprincipaisfatoresquecontribuiramparaumaelevadavulnerabilidadedasespécies,ondeseincluiramtodasasvulnerabilidadesavaliadascomo“Negativo(-1)”,”Muitonegativo(-2)”ou“Crítico(-3)”(Figura25).Ofatorquemaiscontribuíuparaaclassificaçãodeespé-ciescomovulneráveisfoiaexistênciadebarreirasnaturais.NumaáreacomooarquipélagodaMadeira,emqueamaioriadasespéciesseencontrarestringidaaáreasrelativamentepequenas,édeesperarqueasbarreirasnaturaissejamumfactordeterminanteporlimitaremacapacidadedasespéciesalteraremasuaáreadedistribuiçãoemrespostaàsalteraçõesclimáticas.Asbarrei-rasantropogénicasexistentestantonailhadaMadeiracomoemPortoSantoequeincluemzonasurbanas,estradas,zonasagrícolaseáreasdeflorestaexótica,tambémlimitamacapacidadedasespéciesseadaptaremàsnovascondiçõesclimáticas.Atolerânciahidrológicarelaciona-secomadependênciadasespéciesdeumregimedeprecipitaçãooudecondiçõesdehumidadelocaliza-dasquepodemviradiminuirouadesaparecercomasalteraçõesclimáticasquevãolevaraumareduçãosignificativadaprecipitaçãoedahumidaderelativaparatodaaáreadeestudo.
Atolerânciatérmicaéumfatordesensibilidadeimportanteparaasespéciesassociadasatempe-raturasfriasquepodemsofrerreduçõesnasuaáreadedistribuiçãoe/ouabundância.Acapaci-dadededispersãoemovimentoéumacaracterísticaintrínsecadasespécies,quesendoelevada,tornaasespéciesmaisresilientesàsalteraçõesnascondiçõesclimáticasaolongodotempo.
Avulnerabilidadedasespéciesdelíquenesé“Neutra(0)”acurto,médioelongoprazoemambososcenários,comexceçãodaespécieSticta canariensisquealongoprazonocenárioA2apre-sentaumavulnerabilidade“Muitonegativa(-2)”(Figura24).
Avulnerabilidadedasespéciesdebriófitostambémiráaumentaramédioelongoprazo.Asespéciesqueacurtoemédioprazoapresentamumavulnerabilidade“Negativa(-1)”,alongoprazonocenárioB2passamaapresentarumavulnerabilidade“Muitonegativa(-2)”enocenárioA2umavulnerabilidade“Crítica(-3)”.Paraasespéciescomumavulnerabilidadeneutraacurtoemédioprazo,alongoprazoapresentamumavulnerabilidadenegativa.AespécieEchinodium spinosumdesdeoinícioatéaofinaldoséculoatravessadoisníveisnaescaladevulnerabilidade,passandode“Neutra(0)”a“Crítica(-3)”.
Amaioriadasespéciesdeplantasvascularesapresentaumaumentodavulnerabilidadealongoprazoemambososcenários.AespécieexóticaAcacia mearnsiiéaúnicaquealongoprazopoderábeneficiardasalteraçõesclimáticas.Ogrupodosmoluscosterrestresapresentaomesmopadrãodeaumentodevulnerabilidadealongoprazo.
Ogrupodosartrópodesnãoapresentaumpadrãodevulnerabilidadenosdiferentescenárioseperíodostemporais,sendoquequatroespéciesaumentamasuavulnerabilidadepara“Negativa(-1)”,“Muitonegativa(-2)”ou“Crítica(-3)”.Noentanto,trêsespéciesdeartrópodesemambososcenárioseperíodostemporaisapresentamumavulnerabilidade“Neutra(0)”.AsespéciesLinepithema humileeAedes aegyptiirãobeneficiardasalteraçõesclimáticas,avaliadascomumavulnerabilidade“Positiva(1)”paraofinaldoséculo(Figura24).
Nogrupodosrépteis,aespécieTarentola boettgeri bischoffifoiavaliadacomumavulnerabilidade“Negativa(-1)”acurtoemédioprazoealongoprazonocenárioA2atingiuumavulnerabilidade“Crítica(-3)”.AsespéciesHemidactylus mabouiaeTarentola mauritanica,nofinaldoséculoparaocenárioA2apresentamumavulnerabilidade“Positiva(1)”.AespécieTeira dugesiiapresentaumavulnerabilidade“Neutra(0)”emambososcenárioseperíodostemporais.Àsemelhançadaespé-cieTeira dugesii,astrêsespéciesdemamíferosavaliadastambémapresentamumavulnerabili-dade“Neutra(0)”.Amaioriadasespéciesdeavesapresentaumavulnerabilidadeneutraalongoprazo,comexceçãodasespéciesPterodroma desertaePterodroma madeiraqueapresentamumavulnerabilidade“Negativa(-2)”alongoprazo.
BIODIVERSIDADE BIODIVERSIDADE102 103
3.3. Vulnerabilidade dos grupos de fauna marinhos3.3.1. Cetáceos
Autores:AndreiaSousa,FilipeAlves,AnaDinis,MariaJoãoCruz,AndreiaPereiraeFranciscoMartinho
3.3.1.1. Espécies estudadas
Das25espéciesdecetáceosconfirmadasqueocorremnoarquipélagodaMadeira(Freitasetal.2012)foramselecionadasasespéciescomestatutodeconservaçãoregionaleparaasquaisexistemdadossuficientesparaaatribuiçãodeumestatutodeameaça(Freitas2004;Cabraletal.2005).AestalistafoiadicionadaaBaleiadeBrydedevidoaocadavezmaisfrequentereavista-mentosazonal(verão)daespécienaságuasdaMadeira(Tabela31–Listadeespécies).Asseisespéciesselecionadasnesteestudoconstituemmaisde80%dosavistamentosnoarquipélagodaMadeira.
Tabela 31 – Lista de espécies-alvo e respetivo estatuto global (UICN) e regional (Freitas 2004). CR – Criticamente em perigo; EN – Em perigo; VU – Vulnerável; NT – Quase ameaçado; LC – Pouco Preocupante; DD – Informação insuficiente; NE – Não avaliado.
ESPÉCIES-ALVOESTATUTO GLOBAL (UICN)
ESTATUTO REGIONAL (FREITAS 2004)
Physeter macrocephalus Vulnerável(VU) Vulnerável(VU)
Globicephala macrorhynchus Informaçãoinsuficiente(DD) PoucoPreocupante(LC)
Stenella frontalis Informaçãoinsuficiente(DD) PoucoPreocupante(LC)
Tursiops truncatus Poucopreocupante(LC) Poucopreocupante(LC)
Delphinus delphis Poucopreocupante(LC) Poucopreocupante(LC)
Balaenoptera brydei Informaçãoinsuficiente(DD) Nãoavaliada(NA)
Balaenoptera physalus EmPerigo(EN) EmPerigo(EN)
NaavaliaçãodevulnerabilidadedasespéciesforamconsideradasaspopulaçõesdoAtlânticonorte.Paraabaleia-pilototropical(Globicephala macrorhynchus)eogolfinhoroaz(Tursiops trun-catus)foirealizadaumasegundaanálisedevulnerabilidadeconsiderandoapenasaspopulaçõesassociadasàilhadaMadeira(i.e.,utilizandoindivíduosresidentese/ouimigrantestemporários),devidoàdisponibilidadedeinformaçãoparaestaspopulações.
Àsemelhançadosfatoresdesensibilidadequemaiscontribuemparaumaelevadavulnerabi-lidade,algunsdosmesmosfatorestambémcontribuemparaumamenorvulnerabilidadedasespécies(Figura26).Existemespéciesquepoderãobeneficiardaalteraçãodoregimehidroló-gicoedoaumentodatemperatura.Aelevadacapacidadededispersãotambémcontribuíparadiminuiçãodavulnerabilidadenamaioriadasespéciesmigratóriaspermitindoqueestasalteremasuaáreadedistribuição,adaptando-seàsalteraçõesdoclima.Asalteraçõesnoecossistemacomoresultadodeumregimededistúrbios(cheias,fogos,etc.)podemtambémbeneficiaralgumasespécies,sobretudoespéciesintroduzidas.
0
1
2
3
4
5
6
Capacidade de dispersão Nicho fisiológico - tolerância térmica
Nicho fisiológico - tolerância hidrológica
Regime de distúrbios
Núm
ero
de g
rupo
s
Factor de sensibilidade
Figura 26 – Principais fatores que contribuem para uma vulnerabilidade positiva dos grupos terrestres.
BIODIVERSIDADE BIODIVERSIDADE104 105
Emtermosdavulnerabilidadeatualàsalteraçõesclimáticas,vistoqueasespéciesseencontramadaptadasaoclimaexistente,estafoiconsideradacomo“Neutra(0)”deacordocomaescaladevulnerabilidade[CLIMA-Madeira].Muitoemboraseconsiderequepossamjáexistiralgunsefeitosdasalteraçõesclimáticassobreestegrupo,estesnãoforamaindadocumentados.
3.3.1.3. Vulnerabilidades futuras
Naavaliaçãodasvulnerabilidadesdasespéciesàsalteraçõesclimáticasfoiaplicadooíndicedevulnerabilidadedesenvolvidoparaoscetáceoscombasenotrabalhode(Simmonds&Smith2009)e(Morrisonetal,in prep.).
Tabela 32 – Vulnerabilidade futura e confiança nos resultados de acordo com a escala do projeto [CLIMA-Madeira]. Escala de vulnerabilidade [CLIMA-Madeira] [-3; 2]: Crítica (-3); Muito negativa (-2); Negativa (-1); Neutra (0); Positiva (1); Muito positiva (2).
ESPÉCIES-ALVO VULNERABILIDADE CONFIANÇA
Physeter macrocephalusCachalote
Muitonegativa(-2) Alta
Balaenoptera physalusBaleiacomum
Muitonegativa(-2) Alta
Globicephala macrorhynchusBaleia-pilototropical(associadosàilha)
Negativa(-1) Alta
Globicephala macrorhynchusBaleia-pilototropical
Negativa(-1) Alta
Balaenoptera brydeiBaleiadeBryde
Negativa(-1) Alta
Tursiops truncatusGolfinhoroaz(associadosàilha)
Negativa(-1) Alta
Tursiops truncatusGolfinhoroaz
Neutra(0) Alta
Delphinus delphisGolfinhocomum
Neutra(0) Alta
Stenella frontalisGolfinhopintado
Neutra(0) Alta
3.3.1.2. Vulnerabilidades atuais
0
1
2
3
4
5
CR EN VU NT LC DD NE
Núm
ero
de e
spéc
ies
Estatuto de ameaça do UICN
Global
Regional
Figura 27 – Espécies-alvo de acordo com o seu estatuto de ameaça global e regional UICN. CR – Criticamente em perigo; EN – Em perigo; VU – Vulnerável; NT – Quase ameaçado; LC – Pouco Preocupante; DD – Informação insuficiente; NE – Não avaliado.
DeacordocomoestatutodoUICN,umadasespéciesestudadasé“Vulnerável”(VU)anívelglobaleregional,quatrodasespéciesestudadasencontram-senacategoriade“PoucoPreocu-pante”(LC)anívelregional,sendoquedestas,duassãoclassificadascom“InformaçãoInsufi-ciente”(DD)anívelglobal(Figura27).
Ocachalote(Physeter macrocephalus)éumaespécievulnerável,tendoemcontaquesofreuumareduçãodoseuefetivopopulacionalduranteoperíododabaleação,emváriasregiõesnomundo.EmPortugal,abaleaçãoindustrialteveinícionoséculoXIXeterminounoséculoXX,sendoquenoarquipélagodaMadeiraentre1940e1981cercade6000cachalotesforamcapturados.Emboraacaçaàbaleianãosejaatualmenteumaameaçaparaaespécie,areduçãodoseuefetivopopulacionalfazcomquesejaconsideradavulnerável.
Abaleia-pilototropical(Globicephala macrorhynchus),ogolfinhopintado(Stenella frontalis)eabaleiadeBryde(Balaenoptera brydei)nãopossueminformaçãosuficienteparaseravaliadaasuavulnerabilidadeatual.Ogolfinhoroaz(Tursiops truncatus)eogolfinhocomum(Delphinus delphis),sãoespéciescomumaamplaáreadedistribuiçãoeelevadaabundância,apresentandoumabaixavulnerabilidadeanívelglobal.Noentantopopulaçõeslocaispodemestarsujeitasaamea-çasespecíficas.Nogeral,paraasespéciesavaliadas,asprincipaisameaçasestãorelacionadascomatividadesantropogénicascomoacapturaacidentalemartesdepesca,asinteraçõescomolixonomareopotencialimpactodaobservaçãocomercialdecetáceosoudotráfegomarítimo.
BIODIVERSIDADE BIODIVERSIDADE106 107
Otamanhodapopulaçãoéumdosprincipaisfatoresquecontribuiuparaavulnerabilidadedasespécies.Espéciescomelevadotamanhopopulacionalterãoumamaiorcapacidadeparaseadaptaremousereestabelecerememnovasáreas.Nogeral,comexceçãodogolfinhopintadoedogolfinhocomum,todasasespéciesapresentamumamaiorpontuaçãoatribuídaaomaisbaixotamanhopopulacional,definidonaclasse<100.000indivíduos(Anexo5).Dasespéciescomummenorefetivopopulacionalsalientam-seabaleiadebryde,abaleiacomumeasespé-ciesdebaleiapilotoegolfinhoroazassociadasàilha.
NaMadeira,abaleiadeBrydefoiavistadapelaprimeiravezem2003(Freitasetal.2012),edesdeentão,algunsindivíduostêmdemonstradoumaresidênciasazonalduranteoverão(Alvesetal.2009).ExistemváriasexplicaçõespossíveisparaestesavistamentosregularesnaMadeira.Umaumentodatemperaturapoderáalterarolimitenortededistribuiçãodediversasespéciesdepeixes,oquepoderálevaraumaumentodonúmerodebaleiasdeBrydeemáguasmadei-renses.Umaumentodoesforçodeobservação,ouamoratóriadecaçaquetemcontribuídoparaoaumentodaspopulaçõespodemtambémcontribuirparaoaumentodosavistamentos.Possivelmente,esteaumentodever-se-áàaçãoconjuntadestesváriosfatores.Omesmopoderáocorrercomogolfinhopintado,quetinhaumapresençasazonalnaságuasdaMadeiramasqueatualmentejáexistemindivíduosquepermanecemdurantetodooano.
Asespéciesdegolfinhoroazebaleia-pilotopertencem,anívelgenético,aumasuperpopulaçãodoAtlânticonorte(Quérouiletal.2007;Alvesetal.2013).Contudo,existemindivíduosassocia-dosàsilhascomdiferentespadrõesderesidência.Àpartedeumelevadonúmerodetranseun-tesqueocorremaolongodetodooano,foramaindaidentificadoscercade180indivíduosdegolfinhoroaz(Dinis2014)e140(IC95%)debaleia-piloto(Alvesetal.2014)comosendoresiden-tese/oumigrantes/visitantessazonaisnaságuasdosuldailhadaMadeira,commaiorregulari-dade.Assim,estaspopulaçõesassociadasàilhaserãomaissensíveisaalteraçõesnoclimapoisestãopotencialmentemaisdependentesdesteshabitats.
Asatividadeshumanasfoioutrodosfatoresdesensibilidadeconsideradosvistoqueopossívelaumentodestasatividadespoderáampliaroimpactodasalteraçõesclimáticas.Apontuaçãoatribuídaaestefatorrefletiuumcenárioemqueaintensidadedasatividadeshumanasseman-tinha,comtendênciaaaumentarnofuturo.AsprincipaisameaçashumanasparaaspopulaçõesdecetáceosnoarquipélagodaMadeirasãoasinteraçõescomaatividadecomercialdeobserva-çãodecetáceos,comasembarcaçõesderecreioecomotráfegomarítimo(Cunha2013;Freitasetal.2013;SRA2014b).AsinteraçõesdecetáceoscomartesdepescanaMadeirasãoreduzidasesãopoucososregistosdecapturasacidentais(Nicolauetal.2013).
Cunha,2013fezumaavaliaçãodotráfegomarítimonaMadeiraeidentificouumaáreaderisco,queincluíacostasuldailha,ondeapresençadecetáceosedeembarcaçõessesobrepõe,aumentandopotencialmenteoriscodecolisões.
AatividadedeobservaçãodecetáceosnaMadeirateveinícioàquaseduasdécadas,comumcrescimentoacentuadonaúltimadécada(Dinisetal.2004;Ferreira2007;Vera2012).Acurto
0
1
2
3
4
5
Muito positiva (2) Positiva (1) Neutra (0) Negativa (-1) Muito negativa (-2)
Critica (-3)
Núm
ero
de e
spéc
ies
Vulnerabilidade futura
Figura 28 – Vulnerabilidades futuras das espécie-alvo de acordo com a escala de vulnerabilidade [CLIMA-Madeira]. Escala de vulnerabilidade varia entre -3 e 2: Crítica (-3); Muito negativa (-2); Negativa (-1); Neutra (0); Positiva (1); Muito positiva (2).
Avulnerabilidadefuturadasespécieséumaponderaçãodapontuaçãoatribuídaacadafactoredaincertezaassociada(vermétodoseAnexo5).Ocachaloteeabaleiacomumapresentamumavulnerabilidademuitonegativasendoqueosprincipaisfactoresquecontribuemparaestaclassificaçãosãootamanhodapopulação,dieta,migraçõeseestatutodeameaça(Tabela32).Paraosíndivíduosassociadosàilhadebaleiapilotoegolfinhoroaz,ofactorquediferenciaoresultadodavulnerabilidadeéadistribuiçãogeográfica.Paraabaleiapilototropicaladietaéofactorquedistingueestaespécieecontribuiparaaclassificaçãodevulnerabilidadenegativa,enquantoqueparaabaleiadebrydeabaixavariabilidadegenéticaéumfactorquediferenciaestaespécie.Asespéciesdegolfinhoroaz,comumepintadoapresentamumavulnerabilidadeneutra,sendoasactividadeshumanasoúnicofactorqueapareceacontribuirparaaumentaraasuavulnerabilidade.
3.3.1.4. Fatores de vulnerabilidade futura
Osprincipaisfatoresquemaiscontribuíramparaaclassificaçãodasváriaspopulaçõesdecetá-ceoscomovulneráveisàsalteraçõesclimáticasnofuturo,foram:
1 ) Tamanhodapopulação
2 ) Atividadeshumanas
3 ) Dieta
BIODIVERSIDADE BIODIVERSIDADE108 109
Asespéciesquerealizammigraçõesanuais,estãodependentestemporalouespacialmentedehabitatsespecíficostornando-asmaisvulneráveisàsalteraçõesclimáticas.Paramuitasespé-cies,ospadrõesdemigraçãosãopoucoconhecidos.Porexemplo,paraocachalote,osmachosduranteoverãomigramparazonaspolaresenquantoqueasfêmeasmantêm-seemáguastropicaisesubtropicais.Noentanto,nosAçores,epossivelmentenaMadeira,háindivíduosqueestãopresentestodooano,existindoapossibilidadedealgunsnãorealizaremmovimentosmigratóriosatéàszonaspolares.Silvaetal.2013suportaahipóteselevantadaporClarke1956dequeosAçorespodemserumaáreadereproduçãoparaocachalote.
Oimpactodasatividadeshumanasnaspopulaçõesdecetáceoséofatorcommaiorincertezaemtodasasespéciesavaliadas.Nestetrabalho,tendoemcontaastendênciasobservadasnasúltimasdécadas,assumiu-sequeestasatividadesseirãomanterouaumentarnofuturo,noentanto,associou-seaestefatorumafortecomponentedeincerteza.
OestatutodeconservaçãoatribuídopeloInternationalUnionforconservationofNature(UICN)estádependenteemgrandepartedoconhecimentobiológicoexistenteparaasespécies.Nesteestudo,aincertezainerenteaosdadosdisponíveisparaavaliaçãodoestatutodeconservaçãofoirefletidanapontuaçãoatribuídaaestefator.
3.3.2. Peixes
Autores:AndreiaSousaeMariaJoãoCruz
3.3.2.1. Espécies estudadas
Asespécies-alvoselecionadasestãoentreasprincipaisespéciesdepescadodescarregadasnosportosdaregiãoeparaasquaisexistemdadosdepesodopescadoentre1976e2013(DREM2013).
OsetordaspescasnaMadeiraéinfluenciadopelascaracterísticasoceanográficasebiológicasdoecossistemamarinhodaregião.Destacam-seocaráteroligotróficodaáreaondenãoexistemafloramentospersistenteseaestreitaplataformainsularquelimitaapescaàcapturadeespé-ciesdemersais.EstascaracterísticasfazemcomqueapescacomercialnaMadeirasejadirigidaaespéciesmigratóriasedeprofundidade(SRA2014b).
Em2013foramdescarregadasemlota4172toneladasdepescadocorrespondentea10,9M€transacionados.Noentanto,acontribuiçãodosetordaspescasparaoPIBregionaléde0,8%(SRA2014b).Estefactodeve-seàscaracterísticasnaturaisacimamencionadasquemoldamaatividadepesqueiranaMadeira,sendonecessáriorecorreràimportaçãocomercialdeprodutosdapesca(SRA2014b).
prazo(entre2002e2008),foiobservadoumaumentodavelocidadedosdelfinídeoscompa-randoosperíodos“antes”e“duranteeapós”oencontrocomembarcações(Ferreira2007).Nesteperíodo,aatividadedeobservaçãodecetáceosnãoseencontravaregulamentadaeregia-seporumcódigodecondutavoluntáriopropostopeloMuseudaBaleia(Dinisetal.2004).Em2013,aAssembleiaLegislativaRegionaldaMadeiraaprovouumdecreto-lei(Nº15/2013/M)emqueregulamentaaobservaçãodecetáceosnoarquipélagodaMadeira.Nestesentidoseráimportantedarcontinuidadeàmonitorizaçãodasinteraçõesentreoscetáceoseasembarca-ções,acurtoelongoprazo,designadamenteapósaregulamentaçãodestaatividade.
Aspopulaçõesassociadasàilhadegolfinhoroazebaleiapilotoserãomaisvulneráveisàsativida-deshumanaspoisestãomaisconcentradasnaszonascosteiras.
Relativamenteaogolfinhocomumeaogolfinhopintado,estasespéciesserãomenosvulnerá-veisàsalteraçõesclimáticasdevidoàsuavastaáreadedistribuiçãoeaoseuelevadotamanhopopulacional.OgolfinhocomuméumaespéciequeocorrenaMadeiranoinvernoeprimavera,sendonestasépocasumadasespéciesmaisobservadasnaatividadecomercialdeobservaçãodecetáceos(Ferreira2007).
Adietaéoutrodosprincipaisfatoresquecontribuiparaavulnerabilidadedasespécies.Ocacha-loteeabaleia-pilototropicalalimentam-seessencialmentedelulaseoutroscefalópodes(Tayloretal.2008;Tayloretal.2011).Asrestantesespéciestêmumadietamaisgeneralistapodendoalimen-tar-sedediferentesespéciesdepeixe.Assim,espéciesquesealimentamdeumamaiorvariedadedepresas,sãopotencialmentemaisresilientesemenosvulneráveisàsalteraçõesclimáticas.
3.3.1.5. Falhas de conhecimento e confiança nos resultados
Paraestegrupo,aconfiançaéumreflexodaconcordânciaedaevidênciarepresentadapela“qualidadedosdados”(vermétodos).Asprincipaisfalhasnoconhecimentosãoafaltadeinfor-maçãorelativamenteaotamanhopopulacionaldasespécies,àsmigraçõeseaoimpactodasatividadeshumanasnaspopulaçõesdecetáceos.
Asespéciesdegolfinhoroazebaleiapilotoassociadasàilhasãodasqueapresentamumamaiorconfiançanosresultadospoissãopopulaçõesquesedistribuemjuntoàcostasendoalvodostrabalhosdeinvestigaçãocientíficaeparaasquaisexistemaisinformaçãosobreasuaecologia.Ogolfinhoroazeogolfinhocomumsãoespéciescosmopolitas,comumelevadoefetivopopula-cionalsendodasespéciesmaisbemestudadasglobalmente(Perrinetal.2009).
OtamanhopopulacionaléumdosfatorescommaiorincertezanosresultadospoisparamuitaspopulaçõesnãoexistemestimativasparaoAtlânticosendoaavaliaçãofeitacombaseemestimativasparaoutrasáreas.
Nocasodocachaloteestaéumaespécieparaaqualexistemenosinformaçãoconcretasobreestimativaspopulacionaisnoatlânticonorte,ospadrõesdemigraçãoediferenciaçãogenéticadestocksàescalaregional(Cabraletal.2005).
BIODIVERSIDADE BIODIVERSIDADE110 111
DasespéciesavaliadasopeixeespadapretoéaespéciemaisdescarregadanosportosdaMadeira,seguindo-seacavalaeochicharro(Figura29).Atualmentesabe-sequeosdadosdedescargasdopeixe-espada-pretoincluemtambémaespéciesimpátricaA. Intermedius(Biscoitoetal.2011).
cavala(19%)chicharro(18%)peixeespada-preto(62%)
Figura 29 – Percentagem de peso do pescado descarregado em lota para as espécies-alvo.
Opescadepeixeespadapretoéumaatividadeancestralqueseiniciouàmaisde200anosnaMadeirasendooprimeirolocaldomundoondeseexploroucomercialmenteumaespéciedeprofundidade(verhttp://goo.gl/L0UACw).Apescadopeixeespadapretoéfeitaatravésdautilizaçãodeumpalangrehorizontaldeprofundidade,sendoestaartedepescaconsideravel-menteseletiva(SRA2014b).OpeixeespadapretoéaespéciecomummaiorpesodepescadonaMadeira,comumcrescimentodesde1976até1998(Figura30).Apartirdestadataobser-va-seumdecréscimonapescadescarregadadevidoaumapossíveldiminuiçãodesterecursopesqueiro.Deformaagarantiraexploraçãosustentáveldopeixeespadapretoforamimplemen-tadosdoisplanosdeajustamentodeesforçodepescaparaestaespécie(SRA2012).SegundoorelatóriodaDGPIU(2008),areduçãonascapturasdepeixeespadapretoestavamaobrigaràprocuradebancosdepescacadavezmaislongínquos.AdiminuiçãodascapturasfoiatribuídaàsalteraçõesdatemperaturadaságuaseaofactodegrandepartedaspescariasserealizarentreOutubroeDezembro,coincidindocomoperíododadesova.
Ochicharroeacavalasãoespéciescapturadasatravésdapescadecerco,nafaixacosteiradaMadeira,sobretudonacostasul(SRA2014b).Desde1976,acavalamanteve-seentreas500eas1500toneladassendoqueapartirde2001eaté2013osvaloressesituamabaixodas500tone-ladas.Ochicharroteveumaumentogradualaté1986comumdecréscimoem1995,atingindoonúmeromínimodetoneladasdasérietemporal.Desdeestadataeaté2013onúmerodedescargasmanteve-sepróximodas500toneladastendovindoadiminuirnosúltimosanos.Foitambémdelineadoumplanodeajustamentodoesforçodepescadepequenospelágicoscomoobjetivodemanterumníveldecapturassustentável(SRA2008).
Tabela 33 – Lista de espécies-alvo deste estudo e respetivo critério de seleção.
ESPÉCIES(NOME CIENTÍFICO)
ESPÉCIES(NOME COMUM)
CRITÉRIO DE SELEÇÃO
Scomber colias CavalaInteresseeconómicoedadosdisponíveis(DREM)
Trachurus picturatus ChicharroInteresseeconómicoedadosdisponíveis(DREM)
Aphanopus carbo Peixe-espada-pretoInteresseeconómicoedadosdisponíveis(DREM)
Foramselecionadasespéciessegundoocritériodeinteresseeconómicoededadosdisponíveis,tendosidoseleccionadasastrêsespéciesmaiscapturadas(Tabela33).
3.3.2.2. Vulnerabilidades atuais: tendências pesca e novas observações
Tabela 34 – Lista de espécies-alvo deste estudo e respetivo estatuto global de ameaça (UICN). CR – Criticamente em perigo; EN – Em perigo; VU – Vulnerável; NT – Quase ameaçado; LC – Pouco Preocupante; DD – Informação insuficiente; NE – Não avaliado.
ESPÉCIES (NOME CIENTÍFICO)
ESPÉCIES (NOME COMUM)
ESTATUTO GLOBAL (UICN)
Scomber colias Cavala PoucoPreocupante(LC)
Trachurus picturatus Chicharro NãoAvaliado(NE)
Aphanopus carbo Peixe-espada-preto NãoAvaliado(NE)
Emtermosdavulnerabilidadeatualàsalteraçõesclimáticas,vistoqueasespéciesseencontramadaptadasaoclimaexistente,apresenta-secomoneutra.
DeacordocomoestatutodoUICN,acavala(Scomber colias)éclassificadacomopoucoPreocu-pante(LC)sendoqueochicharro(Trachurus picturatus)eopeixe-espada-preto(Aphanopus carbo)nãoforamavaliadospeloUICN(Tabela34)(verwww.iucnredlist.org).
BIODIVERSIDADE BIODIVERSIDADE112 113
Tendoemcontaastendênciasobservadasnasúltimasdécadas,pareceestaraobservar-seumdecréscimodastrêsespéciesemestudo–Peixeespadapreto,CavalaeChicharro.Estedecrés-cimodeveráestarassociadoàsobrepesca,nãosendonoentantopossívelafirmarqueoutrosfatorescomoasalteraçõesclimáticasnãoestejamtambémenvolvidos.
Relativamenteaopeixeespadapreto,dadoqueoArquipélagodaMadeirarepresentaumdoslimitessuldasuadistribuição(verhttp://www.fishbase.org/summary/646),nãosepodedescartarahipótesede,comoaumentodatemperaturadomar,haverumareduçãodapopulação,oumesmooseudesaparecimento.Opeixe-espada-pretoéumaespéciequehabitaemmédiaprofundidadesentreos800eos1200m,sendoquedeacordocomIPCC(2007)asobserva-çõesdesde1961mostramqueoOceanotemestadoaabsorvermaisde80%datemperaturaadicionadaaosistemaclimáticoequeestastemaumentadoatéprofundidadesdepelomenos3000metros.TantoaCavalacomooChicharrosãoespéciesassociadasaáguasmaisquenteseportantomenosvulneráveisaoaumentodatemperaturadomar.Paraalémdosefeitosdiretosdoaumentodatemperatura,poderãoobservar-seefeitosindiretosaoníveldascadeiastróficasdifíceisdequantificar.
Resumindo,oimpactopotencialdasalteraçõesclimáticasnosetordaspescasédedifícilquan-tificação.Porumladopoderãosurgirnovasespécies,criandooportunidadesparaosetordaspescasnoarquipélago.Poroutrolado,poderãodesaparecertambémalgumasespécieseoutraspoderãosofreralteraçõesnasuaabundância.
3.3.2.4. Falhas de conhecimento e confiança nos resultados
Paraestegrupo,foiefetuadaumaavaliaçãoqualitativadavulnerabilidadedasespéciescombasenumarevisãobibliográficaenastendênciasdepescaobservadas(pescadodescarregadoemlota)enovosavistamentos.Aconfiançanosresultadosapresentadoséportantobaixa.Osdadosdedescargadopescadoapresentamlimitaçõesquandosepretendeinferirsobreoimpactoalteraçõesclimáticasnascomunidadesdepeixes.Estasestatísticasestãoinfluenciadasporfatoresambientaismastambémsociaiseeconómicoscomoastécnicaseequipamentosdepescaeasnecessidadesdosmercados.Destaformaécomplexoavaliarosimpactosdasalteraçõesclimáticasnosecossistemasmarinhosdevidoàinteraçãosinergísticaentreosfatoresnaturaisehumanos.Noentanto,Teixeiraetal.2014utilizandodadosdedescargasdepescado,identificouumdecréscimodeespéciestemperadaseumaumentodeespéciescomafinidadestropicaisousubtropicaisparaPortugal.Adicionalmente,osefeitosindiretosdasalteraçõesclimáticasnascadeiastróficassãocomplexosedifíceisdeprever.
Asprincipaisfalhasnoconhecimentorelacionam-secomafaltadeinformaçãosobreabiologiaeecologiadasespéciesecomafaltadeinformaçãosobreosefeitospotenciaisaníveldasaltera-çõesclimáticasnaspresasconsumidaspelasespéciesestudadas.
Umaverdadeiraavaliaçãodevulnerabilidadesàsalteraçõesclimáticasparaestegrupoterádepassarpelaelaboraçãodeumíndicedevulnerabilidadesemelhanteaousadoparaosrestantesgruposdesterelatório(veremcima).Muitoemboraainformaçãodisponívelsejaaindaescassa,
500
1 000
1 500
2 000
2 500
3 000
3 500
4 000
4 500
5 000
1976
19
77
1978
19
79
1980
19
81
1982
19
83
1984
19
85
1986
19
87
1988
19
89
1990
19
91
1992
19
93
1994
19
95
1996
19
97
1998
19
99
2000
20
01
2002
20
03
2004
20
05
2006
20
07
2008
20
09
2010
20
11
2012
20
13
Tone
lada
s
Ano
Cavala Chicharro Peixe espada - preto
Figura 30 – Série temporal retrospetiva entre 1976 e 2012 de peso do pescado descarregado em lota em toneladas para as espécies-alvo.
3.3.2.3. Vulnerabilidades futuras
Asalteraçõesclimáticaspodemlevaràalteraçãodaáreadedistribuiçãodasespécies,ocorrendoumdeslocamentoparanortedoseulimitededistribuição.Esteprocesso,tambémocorreemambientesterrestresmasécercade10vezesmaisrápidonomar(Pinskyetal.2013).Édifícilidentificaroefeitodestasalterações,dadoquemuitosoutrosfatorespodematuarsinergisti-camentecomoasobre-exploraçãodosrecursoseodesenvolvimentotecnológico(EEA2012;Cheungetal.2013).Paraalémdasalteraçõesnadistribuiçãoenascomunidadesdepeixes,outrosimpactosconhecidossãoaalteraçãodafenologiadasmigraçõesanuaiseépocadedesovaealteraçõesnocrescimentoetamanhocorporaldevidoàdependênciadatemperaturanatermoregulaçãoenasrespostasmetabólicas(Simpsonetal.2013).Osfatoresclimáticosatuamemconjuntoedeformacomplexanadeterminaçãodociclodevida,distribuiçãoeabundânciadasespécies.Destemodo,édifícilpreverosefeitosdasalteraçõesclimáticasnosrecursosmarinhos.Noentanto,deacordocomoIPCC(2007),asalteraçõesclimáticasterãoumimpactomuitosignificativonosrecursospesqueirosglobais.
AfaunamarinhadaMadeiraécaracterizadaporumconjuntodeespéciesdaregiãotemperadadoMediterrâneo-Atlânticoeumconjuntodeespéciestropicais(Wirtzetal.2008).OsefeitosdasalteraçõesclimáticassãojáobservadosnoarquipélagodaMadeira,tendosidorecentementeidentificadas22novasespéciesprovenientesdelatitudesmenores(Freitas&Canning-Clode2014).Orecenteaparecimentoe/ouaumentodafrequênciadeespéciestropicaiscomoAbudef-duf saxatilis,Aluterus scriptus,Canthidermis sufflamen,Caranx crysoseGnatholepis thompsonipodeprovocarnofuturoumaalteraçãosignificativanacomposiçãofaunísticadaMadeira(Bianchietal.1999;Wirtzetal.2008;Freitas&Canning-Clode2014).
BIODIVERSIDADE BIODIVERSIDADE114 115
Asespéciesnãoindígenas,nãoforamavaliadaspeloInternationalUnionforconservationofNature(UICN).Noentanto,todasasespéciesselecionadasapresentamatualmentepopulaçõesestáveisnaMadeira(Anexo1).Umadelas(Distaplia corolla)éconhecidapordominarascomu-nidadesdebiofixaçãonamarinadaQuintadoLordeeporcompetircomespéciesindígenasnaRAM(Canning-Clodeetal.2013;SRA2014b).
UmainventariaçãodetrintaenoveespéciesmarinhasnãoindígenasfoicompiladanaEstratégiaMarinhaparaasubdivisãodaMadeira(SRA2014b).Nestetrabalhoconcluiu-sequeonúmerodeespéciesnãoindígenaséreduzidoequenãosãoconhecidosefeitosadversosdeespéciesnãoindígenas.Foiverificadoqueorácioentreespéciesnãoindígenaseespéciesnativastambémébaixo(SRA2014b).Noentanto,éimportantesalientarqueaconfiançanestesresultadosébaixa.
Édifícilestabelecerumarelaçãodiretaentreasalteraçõesclimáticaseapropagaçãodasespéciesnãoindígenasdevidoàinfluênciadeoutrosfatorescomoaatividadeantropogénica(Cooketal.2013).Noentanto,éprovávelquecomoaumentodatemperatura,outrasespéciesnãoindígenaspossamencontrarcondiçõesfavoráveisparaseintroduzirem,estabelecerem,ouestenderemoseulimitededistribuição,podendoviracompetircomespéciesnativas.
3.3.3.3. Falhas de conhecimento e confiança nos resultados
Énecessáriamaisinformaçãosobreaabundânciadeespéciesnãoindígenasmarinhasnoarqui-pélagodaMadeira.Étambémnecessárioaumentardeformaconsistenteaáreadeavaliaçãodestasespéciesedarcontinuidadeaostrabalhosdemonitorização(Canning-Clodeetal.2013;SRA2014b).Noquerespeitaapolíticasdegestão,maisinformaçãosobrevetoresdeintroduçãodeespéciesnãoindígenas(tipologiaemagnitude)érelevanteparareduzirachegadadenovasespécies(VECTORS2014).
Aaplicaçãodeumíndicedevulnerabilidadetantoainvertebradosmarinhosnativoscomoaespéciesintroduzidaspoderápermitirnofuturofazerumaavaliaçãomaisobjetivadospoten-ciaisimpactosquepoderãodecorrerdasalteraçõesclimáticas.
Muitasdasespéciesdeinvertebradosmarinhossãoespéciesfundadorascomumpapelimpor-tantenaestruturadascomunidadesmarinhas.NaMadeiramuitosinvertebradosmarinhosdominamazonacosteira,sendoosmaisimportantesoscrustáceos,moluscosepoliquetas.OgrupoosinvertebradosnaMadeiraéconstituídoporespéciesdoMediterrâneoeespéciestemperadasetropicaisecontinuamaserdescobertasnovasespéciestodososanos(e.g.Wirtz2006;Wirtz&Canning-Clode2009;Canning-Clodeetal.2013;Ramalhosaetal.2014).
autilizaçãodeumíndiceirápermitiridentificarespéciesmaisvulneráveiseosprincipaisfatoresderiscoparaestegrupoassimcomoasprincipaisfalhasnoconhecimento.Estainformaçãoénecessárianãosóparaavaliaçãodosimpactosdasalteraçõesclimáticasmastambémparainformaraavaliaçãodosstocksdepesca.
Seriatambémimportantealargararecolhadedadosdepescasaoutrasespéciesoquepermiti-ria,porexemplo,monitorizaradescargadenovasespéciescaracterísticasdezonastropicaisousubtropicais.
ComoobjetivodecontribuirparaaintegraçãodoconhecimentosobreomarnaRAM,oObservatórioOceânicodaMadeira(OOM,veroom.arditi.pt)iniciouodesenvolvimentodeumaplataformadevisualizaçãogeográficadabiodiversidademarinhanaMadeira(Visor-Bio),deumabasededadosdeespéciesmarinhascomerciaisnaMadeira(MadeiraFish),bemcomoumabasededadosdebiodiversidademarinhanaMadeira(BioDivMarMadeira)queseencontra,àdatadesteestudo,emconstrução.
3.3.3. Invertebrados (Espécies não indígenas)
Autores:JoãoCanning-ClodeeAndreiaSousa
3.3.3.1. Espécies estudadas
Comoobjetivodereunirumconjuntodeespéciesquefossemrepresentativasdosdiferentesgrupos,considerou-sequeseriarelevanteincluiralgumasespéciesdestegruponesterelatório(Anexo1).DadoquesetêmobservadonosúltimosanosumaumentodonúmerodeespéciesnãoindígenasnoarquipélagodaMadeira(Wirtz&Canning-Clode2009;Canning-Clodeetal.2013;Ramalhosaetal.2014)frutodeumprogramadedeteçãoemonitorizaçãoiniciadoem2006,foicompiladaumalistade10espéciesnãoindígenasdeinvertebradosnaMadeiraporJoãoCanning-Clode(Anexo1).
Nesteestudonãofoipossívelaaplicaçãodeumíndicedevulnerabilidade,considerandoqueodesenvolvimentodemétodosquantitativosparaavaliaçãodavulnerabilidadedasespécieséumaabordagemrecente,nomeadamentenoquedizrespeitoaespéciesmarinhas.
Outradaslimitaçõesnaaplicaçãodeíndicesdevulnerabilidadeprende-secomanaturezadosdadosdisponíveisnaavaliaçãodosfatoresdevulnerabilidade.Porexemplo,noquerespeitaàabundânciadeespéciesnãoindígenasoconhecimentoémuitolimitado,sendoqueasprimeirasestimativasparaaMadeira(naMarinadaQuintadoLorde)forampublicadasrecentemente(Canning-Clodeetal.2013).
3.3.3.2. Vulnerabilidades atuais e futuras
Emtermosdavulnerabilidadeatualàsalteraçõesclimáticas,considerou-sequeasespéciescompopulaçõesestabelecidasseencontramadaptadasaoclimaexistente.Destemodo,avulnerabi-lidadeatualdas10espéciesemestudofoiconsideradacomoneutra.
BIODIVERSIDADE 117
4. ConclusõesNesteestudofoiavaliadaavulnerabilidadeatualefuturaàsalteraçõesclimáticasdosváriosgrupostaxonómicosterrestresemarinhospresentesnoarquipélagodaMadeira.Emtermosdavulnerabilidadeatualàsalteraçõesclimáticas,vistoqueasespéciesseencontramadaptadasaoclimaexistente,estafoiconsideradacomo“Neutra(0)”deacordocomaescaladevulnera-bilidade[CLIMA-Madeira].Muitoemboraseconsiderequepossamjáexistiralgunsefeitosdasalteraçõesclimáticasqueaindanãoforamdocumentados.
Biodiversidade Terrestre
AavaliaçãodevulnerabilidadesdabiodiversidadeterrestredaRAMébastantecomplexadevidoàsuagrandediversidade,quantidadedeespéciesendémicaselimitadainformaçãotantoaníveldoconhecimentoemonitorizaçãodasespécies,comosistematizaçãodeacçõesquelevamaoaumentodasuacapacidadeadaptativa.Aabordagempodeseradoisníveis:dasespéciesqueconstituemosváriosgruposdefloraefaunaoudoshabitats.
Espécies
Emtermosgerais,asespéciesmaisvulneráveisàsalteraçõesclimáticasnaRAMsãoasespécies:i)ectotérmicasecujolimiartérmicojáseencontrapertodoseulimitemáximooudependentesdeeventosdeperturbaçãocíclica,ii)dependentesdefactoresclimáticosquedespoletamoiníciodassuasactividadesouintervenhamnosseussincronismosbiológicoseecológicos,iii)especializadasemnichosambientaissingularesoucujacapacidadededispersãoébastantelimi-tada,iv)dependentesdeinteraçõesbióticasespecíficastantonocasodesimbioseserelaçõespositivascomonocasodepredaçãoecompetição(porexemplocomespéciesinvasoras),v)cujohabitatébastantereduzidoouseencontrafragmentado(nãoconectado)evi)assuaspopula-çõesestãobastanteameaçadasdevidoaoutraspressõesantropogénicas.
Emsuma,osgruposterrestrescommaisespéciesidentificadascomovulneráveisàsalteraçõesclimáticasforamosgruposdosbriófitos,dasplantasvascularesedosmoluscosterrestres.Osgruposquedetêmmaisespéciesquepodembeneficiardasalteraçõesdoclimasãoogrupodosrépteisedosartrópodes.
BIODIVERSIDADE BIODIVERSIDADE118 119
Emtermosgerais,asalteraçõesclimáticasirãopromoveradeslocaçãodesteshabitatsemaltitude(dadoqueemlatitudeestãocondicionadosaovastooceanoAtlântico).Noentanto,estadeslocaçãopoderáestarlimitadapelaspressõesantropogénicas(comoapressãourbanísticaepoluição),fragmentação(comovales,montanhaseoceanonocasodasilhasdesertaseselva-gens),espéciesexóticas(comcaracterísticasinvasoras)eeventosclimáticosextremos(comoosfogosflorestais).
Avulnerabilidadedoshabitatsterrestresfoiavaliadapor“expert judgment”recorrendoàinfor-maçãodosmodelosbioclimáticos(Cruzetal.,2009),àavaliaçãodasespéciesqueoscompõemeàscaracterísticasactuaisdoshabitats.OMaciçoMontanhosoCentral,oZambujalMadeirenseeoMatagalMarmulanoapresentaramumavulnerabilidadenaclasse“Crítico(-3)”eaFlorestaLaurissilvanaclasse“Muitonegativa(-2)”alongoprazonocenárioA2(Anexo6).
OMaciçoMontanhosoCentralestácondicionadoaotopodeilhadaMadeirapeloquenãosepoderádeslocaremaltitude.Casossemelhantesmascomseriesdevegetaçãodiferentessãoosvárioshabitatsdasilhasdesertaseselvagensporseremrelativamentepequenoseconfinadosnovastooceano.
NocasodoshabitatsdoZambujalMadeirense,MatagalMarmulanoeLaurissilva(emparticularamediterrâneadobarbuzano)estãofortementecondicionadospelapressãourbana,agrícolaeflorestaldaszonascosteirasdailhadaMadeira.
Avulnerabilidadedoshabitatsestátambémrepresentadanoesquemaconceptual(Figura31).
Destacam-seasespéciesendémicaspelasuaimportânciaóbviaparaopatrimónionaturalmundialeporqueserãodasespéciesmaisafectadasquandocomparadascomasrestantes.Emtermosgeraissãoespéciesaindapoucoconhecidas,queexploramnichosecológicosespecíficos,porvezesdegradados,combaixosefectivospopulacionaiseáreasdedistribuiçãorestritas.
Poroutrolado,asespéciesexóticascomcaracterísticasinvasorassãodeigualrelevânciaumavezqueoâmbitodoestudoéumaregiãoinsular,cujoequilíbriodosecossistemastemdinâmi-casúnicasfrutodeanosdeisolamento,quepodemestaremcausaaquandodoaparecimentodeespéciesdesestabilizadoras.
Importaevidenciarasváriasespéciesindicadorasdasalteraçõesambientais,emparticulardogrupodosbriófitos,líquenes,moluscoseartrópodes.Osresultadosnestasespéciesindicamqueestáaocorrerumamudançaeasuamonitorizaçãoéessencialparaanteciparimpactosfuturos.Éentãovantajosocingirosesforçosaestasespéciesdadoquereflectemoqueestáaaconteceraoutrasespéciesdosmesmoshabitats.
Interessantereconhecerquenocasodosmamíferos,apesardeseteremestudadoespéciespotencialmentesensíveiscomoosmorcegosdevidoàsuaecologiaúnica,parecemterumacapacidadeadaptativaíntrinsecarobusta,dadoquenãoaparentamsersensíveisàsalteraçõesclimáticas.
ImportantedestacarigualmentequealgumasespéciespoderãobeneficiarcomasalteraçõesclimáticasprojectadasparaaRAM,emparticularespéciesdogrupodosrépteiseartrópodes.
Comoobjetivoderepresentardeformageralosfactoresdeexposição,sensibilidade,impac-tosevulnerabilidadedabiodiversidadeterrestesàsalteraçõesclimáticas,foielaboradoumesquemaconceptual(Figura31)comumarepresentaçãosimplificadadavulnerabilidadedosgrupos,sendoqueestesforamdivididosemduascategoriasdevulnerabilidade:1)“Muitovulnerável”quecorrespondeàsclasses-3a-1naescaladevulnerabilidadedo[CLIMA-Madeira]2)“Neutra(0)”quecorrespondeàsclassesde“Neutra(0)”a“Positiva(2)”(Figura31).Ogrupodosbriófitos,plantasvasculares,moluscoseartrópodessãogruposquepoderãosofrerumareduçãoaoníveldonúmerodeespéciesedeindividuos,sobretudoosquepossuambaixacapacidadededispersãooupopulaçõesmuitofragmentadas.Osrestantesgrupos,serão,nogeral,menosimpactadosnegativamentepelasasalteraçõesclimáticas.
Habitats
OshabitatsconsideradosnesteestudoforamoMaciçoMontanhosoCentral(caracterizadopelasériedevegetaçãodourzaldealtitude),aFlorestaLaurissilva(caracterizadopelasériedevegetaçãodaLaurissilvamediterrânicaetemperada),oMatagalMarmulano(caracterizadopelasériedevegetaçãoMayteno umbeliatae–Oleo madenrensis),oZambujalMadeirense(caracteri-zadopelasériedevegetaçãoHelichryso melaleuci–Sideroxylo marmulanae)easilhasdesertaseselvagens(nãocaracterizados).
BIODIVERSIDADE BIODIVERSIDADE120 121
Biodiversidade Marinha
AavaliaçãodevulnerabilidadesdabiodiversidademarinhadaRAMébastantecomplexadevidoàgrandediversidadedeespécieselimitadainformaçãosobretudoaníveldoconhecimentoeco-lógicodasespéciesedasinteraçõesentreasespéciesecadeiastróficas.Aavaliaçãodavulnera-bilidadedasespéciesseguiu,nogrupodoscetáceos,umaabordagemquantitativaenogrupodospeixeseinvertebradosumaabordagemqualitativa.OshabitatsmarinhosnaRAMnãoforamavalaliadosdevidoàfaltadeinformaçãobasenecessáriaparacaracterizaravulnerabilidade.
AFigura32representaumesquemaconceptualgeralesimplificadodosfactoresdeexposição,sensibilidadeeimpactosdasalteraçõesclimáticasnabiodiversidademarinha.
Espécies e habitats
Asespéciesdecetáceosmaisvulneráveisforamocachaloteeabaleiacomumavaliadasnaclasse“Muitonegativa(-1)”.Asespéciesdebaleiapilotoegolfinhoroazcomindivíduosassocia-dosàilhasãorelevantesparaaRAMnomeadamenteparaosectordoturismoeapresentaramumavulnerabilidade“Muitonegativa”.Aresidênciasazonal,duranteoverãodaespéciedebaleiadeBryde,poderádever-seaumconjuntodefactoresqueactuamdeformaconjunta,incluindoasalteraçõesnoclima.
Nogrupodospeixes,econsiderandoqueosimpactosdasalteraçõesclimáticassãodifíceisdequantificar,foramidentificadas22novasespéciesdepeixeprovenientesdelatitudesmenores.Considerandoastendênciasobservadasnasúltimasdécadas,odecréscimodastrêsespécies–Peixeespadapreto,CavalaeChicharrodeveráestarassociadoaumconjuntodefactoresqueactuamdeformasinergística,nãosendonoentantopossívelafirmarquefactorescomoasalteraçõesclimáticasnãoestejamtambémenvolvidos.
Nosúltimosanostem-seobservadoumaumentodonúmerodeespéciesnãoindígenasnoarquipélagodaMadeiranãosendoconhecidososimpactosadversosprovocadosporestasespécies.Éprovávelquecomoaumentodatemperatura,outrasespéciesnãoindígenaspossamencontrarcondiçõesfavoráveisparaseintroduzirem,estabelecerem,ouestenderemoseulimitededistribuição,podendoviracompetircomespéciesnativas.
Nofuturo,énecessáriodesenvolverumaavaliaçãoquantitativadosimpactosparaospeixes,invertebradoseaindaoutrasespéciesrelavantesnaMadeiracomoafoca-mongeouasespéciesdetartarugas,através,porexemplo,daaplicaçãodeíndicesdevulnerabilidade.
Asfalhasdeconhecimentocomunsaváriosgruposprendem-secomanecessidadedeummaiorconhecimentodabiologiaeecologiadasespéciesedeumamonitorizaçãoalongoprazodascomunidadesfaunísticas.
NoshabitatsmarinhosdoArquipélago,asprincipaisfalhasnoconhecimentoprendem-secomfaltadeinformaçãobaseacercadasuadistribuição,composiçãoefuncionamento.Umadas
FACTORES DE EXPOSIÇÃO
Temperatura Vento NMMPrecipitação
Reduçãodeespécies endémicas+Aumento
deinvasoras
Reduçãodeespécies endémicas(sobretudo combaixacapacidade dedispersãooucom populaçõesmuito fragmentadas
Reduçãodabiodiversidade (sobretudosppendémicas, dezonashúmidas,com
baixamobilidade
Reduçãodehabitat (muitoreduzidos,
fragmentadosenão contectados)
VULNERABILIDADE
FISIOLOGIALimiares (sp. ectotérmicas); Sex ratio; Eventos de perturbação; Período de actividade diário; Flutuação do recurso; Requisitos energéticos.
FISIOLOGIADespoleta início de actividades; Sin-cronismos; Proximidade; Resiliência/oportunidade.
CICLO DE VIDAK estrategistas; Capacidade de dispersão.
INTERACÇÕES BIÓTICASRecursos alimentares; Predação; Simbioses; Doenças; Competidores.
HABITATÁrea e distribuição; Componentes específicas no ciclo de vida; Quali-dades específicas; Habilidade para colonizar novas áreas; Migração ou necessidade de habitats de transição.
ESTADO DA POPULAÇÃODiversidade genética; Efectivo populacional; Distribuição reduzida ou fragmentada; Outras pressões antropogénicas.
FACTORES DE SENSIBILIDADE
Medidas de conservação
Conectividade dos habitats
Monitorização e Avaliação
Aumento do conhecimento
CAPACIDADE ADAPTATIVA
AumentodaaridezDistúrbios
(ex:fogosflorestais, quedadeárvores,cheias)
BIODIVERSIDADE TERRESTRE DA REGIÃO AUTÓNOMA DA MADEIRA
Humidade relativa
Briófitos
PlantasVasculares
Moluscos
Artrópodes
Líquenes
Répteis
Aves
Mamíferos
Deslocaçãodoshabitats emaltitude
MaciçoCentral
Laurissilva
MatagalMarmulano
ZambujalMadeirense
MuitovulnerávelVulnerávelNeutraNãomodeladoBioindicador
diminuição
aumento
ImpactopotencialImpactointermédioExposiçãoSensibilidadeCapacidadeadaptativaatualdossistemashumanos
Figura 31 – Esquema conceptual da biodiversidade terrestre. Representação simplificada dos factores de exposição, sensibilidade e impactos das alterações climáticas.
BIODIVERSIDADE122
principaislacunassobreoecossistemamarinhodasubdivisãodaMadeiraconsistenafaltadeconhecimentosobreasinteraçõesentreasespécieseosseusecossistemasqueacabaporlimitarodesenvolvimentodeestudosmaisdetalhadosnoquerespeitaàidentificaçãodeindicadoresdebiodiversidade(SRA2014b)edosimpactosdasalteraçõesclimáticasnoecossistemamarinho.
FACTORES DE EXPOSIÇÃO
Temperatura CO2pHFISIOLOGIALimiares (sp. ectotérmicas); Sex ratio; Eventos de perturbação; Período de actividade diário; Flutuação do recurso; Requisitos energéticos.
FISIOLOGIADespoleta início de actividades; Sin-cronismos; Proximidade; Resiliência/oportunidade.
CICLO DE VIDAK estrategistas; Capacidade de dispersão.
INTERACÇÕES BIÓTICASRecursos alimentares; Predação; Simbioses; Doenças; Competidores.
HABITATÁrea e distribuição; Componentes específicas no ciclo de vida; Quali-dades específicas; Habilidade para colonizar novas áreas; Migração ou necessidade de habitats de transição.
ESTADO DA POPULAÇÃODiversidade genética; Efectivo populacional; Distribuição reduzida ou fragmentada; Outras pressões antropogénicas.
FACTORES DE SENSIBILIDADE
Medidas de conservação
Conectividade dos habitats
Monitorização e Avaliação
Aumento do conhecimento
CAPACIDADE ADAPTATIVA
MuitovulnerávelVulnerávelNeutraDemuitovulnerável apositivaNãomodeladoBioindicador
ImpactopotencialImpactointermédioExposiçãoSensibilidadeCapacidadeadaptativaatualdossistemashumanos
diminuição
aumento
Perdadeespécies (mediterrâneo-atlântico)
Ganhodeespécies (e.g.exóticas)
Alteraçãoda distribuição+ Abundânciadas
espécies
Cetáceos
Peixes
Invertebrados
Reduçãodeespécies coralinas,bivalvese
crustáceos
Reduçãoda produtividadeprimária
(ex.:fitoplâncton)
VULNERABILIDADE
Extinções locais
Diminuiçãoabundância deespécies(diminuição dosstocksdepesca)
Alteraçõesna cadeiatrófica
Aumentodo efeitodehipoxia
Alteraçãodos habitats
Figura 32 – Esquema conceptual da biodiversidade marinha. Representação simplificada dos factores de exposição,
sensibilidade e impactos das alterações climáticas.
BIODIVERSIDADE 125
5. Referências › AlvesF,DinisA,CascãoI,FreitasL.2009.Bryde’swhale(Balaenopterabrydei)stableassocia-tionsanddiveprofiles:Newinsightsintoforagingbehavior.MarMammalSci[Internet].[cited2014Dec15];26:202–212.Availablefrom:http://doi.wiley.com/10.1111/j.1748-7692.2009.00333.x
› AlvesF,DinisA,NicolauC,RibeiroC,KaufmannM,FortunaC,FreitasL.2014.Survivalandabun-danceofshort-finnedpilotwhalesinthearchipelagoofMadeira,NEAtlantic.MarMammalSci.
› AlvesF,QuérouilS,DinisA,NicolauC,RibeiroC,FreitasL,KaufmannM,FortunaC.2013.Populationstructureofshort-finnedpilotwhalesintheoceanicarchipelagoofMadeirabasedonphoto-identificationandgeneticanalyses:implicationsforconservation.AquatConservMarFreshwEcosyst.23:758–776.
› BagneK,FriggensM,FinchD.2011.Asystemforassessingvulnerabilityofspecies(SAVS)toclimatechange.GeneralTechnicalReportRMRS-GTR-257.FortCollins,CO:U.S.DepartmentofAgriculture,ForestService,RockyMountainResearchStation.
› BarkerGM.2001.Thebiologyofterrestrialmolluscs.Ed.LandcareResearchHamilton,NewZealand.558pp.
› BertzkyM,DicksonB,GaltR,GlenE.2011.ImpactsofclimatechangeandselectedrenewableenergyinfrastructuresonEUbiodiversityandtheNatura2000network:SummaryReport.EurCommIntUnionConservNature,Brussels.
› BianchiCN,MorriC,SartoniG,WirtzP.1999.SublittoralepibenthiccommunitiesaroundFun-chal(IslandofMadeira,NEAtlantic):anupdateofpreviousinformationandacomparisonwiththeMediterraneanSea.BolMusMunicFunchalSupno5,59–80.
› BiscoitoM,DelgadoJ,GonzálezJA,StefanniS,TusetVM,IsidroE,MederosGM,CarvalhoD.2011.MorphologicalidentificationoftwosympatricspeciesofTrichiuridae,AphanopuscarboandA.intermedius,inNEAtlantic.Cybium.35:19–32.
BIODIVERSIDADE BIODIVERSIDADE126 127
› CunhaISA.2013.MarinetrafficandpotentialimpactstowardscetaceanswithintheMadeiraEEZ:apioneerstudy.MestradoemEcologiaAmbienteeTerritório.DepartamentodeBiologia.
› DavisonJ,CoeS,FinchD,RowlandE,FriggensM,GraumlichL.2012.Bringingindicesofspeciesvulnerabilitytoclimatechangeintogeographicspace:anassessmentacrosstheCoronadonationalforest.BiodiversConserv.21:189–204.
› DinisA,NóbregaF,FreitasL.2004.RelatóriodaCaracterizaçãodaActividadedeWhaleWat-chingeAvaliaçãodosseusImpactos(DocumentoJ).RelatóriotécnicopreparadonoâmbitodoProjectoparaaConservaçãodosCetáceosnoArquipélagodaMadeira.MuseudaBaleia,Caniçal.
› DinisA.2014.EcologyandConservationofBottlenoseDolphinsinMadeiraArchipelago,Portu-gal.DoctorateThesisinBiologicalSciences.UniversidadedaMadeira,Portugal.
› DraperI,HedenäsL,StechM,PatiñoJ,WernerO,González-Mancebo,J.M.Sim-SimM,LopesT,RosRM.2015.HowmanyspeciesofIsothecium(Lembophyllaceae,Bryophyta)arethereinMaca-ronesia?AsurveyusingintegrativeBotanicalJournaloftheLinneanSociety(inpress).taxonomy”.
› DREM.2013.Sérieretrospectivadaagricultiraepesca.PescadescarregadanosportosdaRegião(1976-2013).DireçãoRegionaldeEstatísticadaMadeira.
› EEA,JRC,WHO.2008.ImpactsofEurope’schangingclimate-2008indicator-basedassessment.EurEnvironAgency,Copenhagen.
› EEA.2009.ProgresstowardstheEuropean2010biodiversitytarget–EuropeanEnvironmentAgency.Report.Nº4/2009.
› EEA.2012.Climatechange,impactsandvulnerabilityinEurope2012.Anindicator-basedreport.EuropeanEnvironmentAgency.ReportNo12/2012.
› Faber-LangendoenD,MasterL,NicholsJ.2009.NatureServeConservationStatusAssessments:MethodologyforAssigningRanks.NatureServe,Arlington,VA.
› FerreiraBR.2007.MonitorizaçãodaactividadedeobservaçãodecetáceosnoarquipélagodaMadeira,Portugal.TesedeMestrado,UniversidadedeLisboa,FaculdadedeCiências,Portugal.
› FranquinhoAAM,Wakeham-DawsonA,FreitasJJG.2009.ThelifecycleofthelittleknownandendangeredendemicMadeiranBrimstoneButterflyGonepteryxrhamniFelder,1862(Pieridae).Notalepidopterologica32(2):145-157.
› FreitasL,DinisA,NicolauC,AlvesF,RibeiroC.2013.MardaMadeiraumoásisaconservar-baleiasegolfinhosdaMadeira.MusdaBaleiadaMadeira.
› BoieiroM,AguiarAF,AguiarCAS,BorgesAV,CardosoP,CrespoL,MenezesD,PereiraF,RegoC,SilvaI,etal.2013.Madeira,thebiodiversitypearl-valuingthenativehabitatsandendemiclifeforms.Lisboa,80pp.
› BorgesPAV,AbreuC,AguiarAMF,CarvalhoP,JardimR,MeloI,OliveiraP,SérgioC,SerranoARM,VieiraP(Eds).2008.Alistoftheterrestrialfungi,floraandfaunaofMadeiraandSelvagensarchipelagos.DirecçãoRegionaldoAmbientedaMadeiraeUniversidadedosAçores,FunchaleAngradoHeroísmo.438pp.
› CabralMJ,AlmeidaJ,AlmeidaPR,DellingerT,FerranddeAlmeida,N.,OliveiraME,PalmeirimJM,QueirozAI,L.R,Santos-ReisM.2005.LivroVermelhodosVertebradosdePortugal.InstitutodaConservaçãodaNatureza,Lisboa.
› CameronRAD.1989.ShellsizeshapeinMadeiraLandsnails:donichesremainunfilled?Biologi-calJournaloftheLinneanSociety36:79-96.
› Canning-ClodeJ,FofonoffP,McCannL,CarltonJT,RuizG.2013.Marineinvasionsonasubtropi-calisland:FoulingstudiesandnewrecordsinarecentmarinaonMadeiraIsland(EasternAtlanticOcean).AquatInvasions.8:261–270.
› CapeloJ.2004.ApaisagemvegetaldailhadaMadeira.Quarcetea.6:3–200.FCT.
› CheungWWL,WatsonR,PaulyD.2013.Signatureofoceanwarminginglobalfisheriescatch.Nature[Internet].497:365–368.Availablefrom:http://dx.doi.org/10.1038/nature12156
› ChibaS.1998.Amathematicalmodelforlong-termpatternsofevolution:effectsofenviron-mentalstabilityandinstabilityonmacroevolutionarypatternsandmassextinctions.Paleobio-logy.24:336–348.
› ClarkeR.1956.SpermwhalesoftheAzores.DiscoveryReports28.
› ComerP,YoungB,SchulzK.2012.ClimateChangeVulnerabilityandAdaptationStrategiesforNaturalCommunities:PilotingmethodsintheMojaveandSonorandeserts.ReporttotheU.S.FishandWildlifeService.NatureServe,Arlington,VA.
› ComissãoEuropeia.2009.Whitepaper-Adaptingtoclimatechange:towardsaEuropeanframeworkforaction.Brussels.
› CookEJ,JenkinsS,MaggsC,MinchinD,MineurF,NallC,SewellJ.2013.Impactsofclimatechangeonnon-nativespecies.MCCIPSciRev2013.:155–166.
› CruzMJ,AguiarR,CorreiaA,TavaresT,PereiraJS,SantosFD.2009.ImpactsofclimatechangeontheterrestrialecosystemsofMadeira.IntJDesNatEcodynamics.4:413–422.
BIODIVERSIDADE BIODIVERSIDADE128 129
› MatosP,PinhoP,AragónG,MartínezI,NunesA,SoaresAMVM,BranquinhoC.2015.Lichentraitsrespondingtoaridity.JEcol[Internet].103:451–458.Availablefrom:http://doi.wiley.com/10.1111/1365-2745.12364
› MEA.2005.Ecosystemsandhumanwell-being.WorldResourcesInstitute,Washington,DC.
› MorrisonW,NelsonM,HowardJ,TeetersE,HareJ,GriffisR,ScottDJ,AlexanderAM.Asses-singtheVulnerabilityofFishStockstoClimateChange.(inprep.).NOAA,OfficeofScienceandTechnology.
› NicolauC,AlvesF,FerreiraBR,HenriquesF,DinisA,RibeiroC,FreitasL.2013.AFirstAsses-smentOfTheCetaceans’OccurrenceAndThreatsInTheOffshoreWatersOfMadeira.Posterpresentation.In:EuropeanCetaceanSocietyConference.Setúbal,Portugal.
› PerrinWF,WursigB,ThewissenJGM.2009.EncyclopediaofMarineMammals.ElsevierScience.
› PinskyML,WormB,FogartyMJ,SarmientoJL,LevinSA.2013.MarineTaxaTrackLocalCli-mateVelocities.Sci[Internet].341:1239–1242.Availablefrom:http://www.sciencemag.org/con-tent/341/6151/1239.abstract
› PiperJ,WilsonE.2008.Deliverable4.1:PolicyAnalysisforBiodiversityunderclimatechange.MinimisationAdapttoClimChangImpactsBiodivers[Internet].Availablefrom:http://www.macis-project.net
› QuérouilS,SilvaMA,FreitasL,PrietoR,MagalhãesS,DinisA,AlvesF,MatosAJ,MendonçaD,HammondPS,SantosRS.2007.Highgeneflowinoceanicbottlenosedolphins(Tursiopstrunca-tus)oftheNorthAtlantic.ConservGenet.8:1405–1419.
› RamalhosaP,Camacho-CruzK,Bastida-ZavalaR,Canning-ClodeJ.2014.FirstrecordofBran-chiommabairdiMcIntosh,1885(Annelida:Sabellidae)fromMadeiraIsland,Portugal(northeas-ternAtlanticOcean).BioInvasionsRec.3:235–239.
› RosenzweigC,TubielloFN.2007.Adaptationandmitigationstrategiesinagriculture:ananalysisofpotentialsynergies.MitigAdaptStrategGlobChang.12:855–873.
› SilvaL,LandEO,RodríguezLuengoJL(Eds).2008.Invasiveterrestrialflora&faunaofMacarone-sia.TOP100inAzores,MadeiraandCanaries.ARENA,PontaDelgada,546pp.
› SilvaMA,PrietoR,CascãoI,SeabraMI,MacheteM,BaumgartnerMF,SantosRS.2013.Spatialandtemporaldistributionofcetaceansinthemid-AtlanticwatersaroundtheAzores.MarBiolRes.10:123–137.
› SimmondsMP,SmithV.2009.CetaceansandClimateChange–AssessingtheRisks.SC-F09-CC8.
› FreitasL,DinisA,NicolauC,RibeiroC,AlvesF.2012.NewrecordsofcetaceanspeciesforMadeiraArchipelagowithanupdatedchecklist.BoldoMusMunicdoFunchal.62:25–43.
› FreitasL.2004.EstatutosdeconservaçãodoscetáceosnoarquipélagodaMadeira(documentoF).RelatóriotécnicodoProjectoCETACEOSMADEIRA(LIFE99NAT/P/06432).MuseudaBaleiadaMadeira.
› FreitasM,Canning-ClodeJ.2014.Non-indigenousfishinthefreshandmarinewatersoftheMadeiraArchipelago.In:PosterapresentadonoSIBIC–VJornadasIbéricasIctiolMusNacHistó-riaNatedaCiência.24a27deJunho2014.
› GardinerB.2003.ThepossiblecauseofextinctionofPierisbrassicaewollastoniButler(Lepi-doptera:Pieridae).EntomolGaz.54:267–268.
› HamonWR.1961.Estimatingpotentialevapotranspiration.J.oftheHydraul.Div.Amer.Soc.Civ.Engrs.87:107-120.
› IPCC.2007.IPCCFourthAssessmentReport(AR4).Watson,R.T.andtheCoreWritingTeam(Eds.).IPCC,Geneva,Switzerland.
› IPCC.2014.ClimateChange2014:Impacts,Adaptation,andVulnerability.PartA:globalandsectoralaspects.ContributionofWorkingGroupIItotheFifthAssessmentReportoftheIntergo-vernmentalPanelonClimateChange.eds.C.B.FieldV.R.BarrosD.J.DokkenK.UKandNewYork,USA:CambridgeUniversityPress.
› JardimR,SequeiraM.2008.Asplantasvasculares(PteridophytaeSpermatophyta)dosarqui-pélagosdaMadeiraedasSelvagens.In:Listdosfungos,floraefaunaTerrdosarquipélagosdaMadeiraeSelvagens.DirecçãoRegionaldoAmbientedaMadeiraeUniversidadedosAçores,FunchaleAngradoHeroísmo.
› LaidreKL,StirlingI,LowryLF,WiigØ,Heide-JørgensenMP,FergusonSH.2008.Quantifyingthesensitivityofthearcticmarinemammalstoclimate-inducedhabitatchange.EcolAppl[Internet].18:S97–S125.Availablefrom:http://dx.doi.org/10.1890/06-0546.1
› LovejoyTE,HannahL.2005.ClimateChangeandBiodiversity.YaleUniversityPress.
› MartínJL,ArechavaletaM,BorgesPAV,FariaB(Eds).2008.TOP100-Ascemespéciesameaça-dasprioritáriasemtermosdegestãonaRegiãoEuropeiaBiogeográficadaMacaronésia.Conseje-ríadeMedioAmbienteyOrdenaciónTerritorial,GobiernodeCanarias,500pp.
› MastrandreaMD,ChristopherBF,StockerFT,EdenhoferO,EbiKL,DavidJ,FrameHH.2010.GuidanceNoteforLeadAuthorsoftheIPCCFifthAssessmentReportonConsistentTreatmentofUncertaintiesGuidance.NoteforLeadAuthorsoftheIPCCFifthAssessmentReport.
BIODIVERSIDADE BIODIVERSIDADE130 131
› WettererJK,EspadalerX.2010.InvasiveantsofMacaronesia.Pp.133-144.In:A.R.M.Serrano,P.A.V.Borges,M.Boieiro&P.Oromí(Eds).TerrestrialarthropodsofMacaronesia–Biodiversity,EcologyandEvolution.SociedadePortuguesadeEntomologia.
› WilliamsCR,MinchamG,RitchieSa,ViennetE,HarleyD.2014.BionomicresponseofAedesaegyptitotwofutureclimatechangescenariosinfarnorthQueensland,Australia:implicationsfordengueoutbreaks.ParasitVectors[Internet].7:447.Availablefrom:http://www.parasitesand-vectors.com/content/7/1/447
› WirtzP,Canning-ClodeJ.2009.TheinvasivebryozoanZoobotryonverticillatumhasarrivedatMadeiraIsland.AquatInvasions.4:669–670.
› WirtzP,FrickeR,BiscoitoMJ.2008.ThecoastalfishesofMadeiraIsland—newrecordsandanannotatedcheck-list.Zootaxa.1715:1–26.
› WirtzP.2006.TeninvertebratesnewforthemarinefaunaofMadeiraArquipélago.LifeMarSci.23A:75–78.
› YoungB,ByersE,GravuerK,HallK,HammersonG,RedderA,CordeiroJ,SzaboK.2011.Guideli-nesforUsingtheNatureServeClimateChangeVulnerabilityIndex.NatureServe.
› SimpsonDS,BlanchardJ,GennerM.2013.Impactsofclimatechangeonfish.MarineClimateChangeImpactsPartnership:ScienceReview2013:113-124.
› Sim-SimM,RuasS,FontinhaS,HedenäsL,SérgioC,LoboC.2014.BryophyteconservationonaNorthAtlantichotspot:threatenedbryophytesinMadeiraandSelvagensArchipelagos(Portugal).SystBiodivers.12:315–330.
› SRA.2008.Planodeajustamentodoesforçodepescaparaospequenospelágicos.DirecçãodeServiçosdeDesenvolvimentoeAdministraçãodasPescas.Funchal,Junhode2008.
› SRA.2012.2°Planodeajustamentodoesforçodepescaparaopeixe-espada-preto.DirecçãodeServiçosdeDesenvolvimentoeAdministraçãodasPescas.Funchal,Junhode2012.
› SRA.2014a.JardimBotânicodaMadeira–RecursosNaturais–Vegetação[Internet].Availablefrom:http://goo.gl/CVi8Fh
› SRA.2014b.EstratégiaMarinhaparaasubdivisãodaMadeira.DiretivaQuadroEstratégiaMari-nha.SecretariaRegionaldoAmbienteedosRecursosNaturais,Junho2014.
› StensethN.2008.Effectsofclimatechangeonmarineecosystems.ClimRes.37:121–122.
›TaylorBL,BairdR,BarlowJ,DawsonSM,FordJ,MeadJG,NotarbartolodiSciara,G.WadeP,PitmanRL.2008.Physetermacrocephalus.TheIUCNRedListofThreatenedSpecies.Version2014.3.IUCNRedListThreatSpeciesVersion20143[Internet].Availablefrom:http://www.iucnre-dlist.org
›TaylorBL,BairdR,BarlowJ,DawsonSM,FordJ,MeadJG,NotarbartolodiSciara,G.,WadeP,PitmanRL.2011.Globicephalamacrorhynchus.TheIUCNRedListofThreatenedSpecies.Version2014.3.IUCNRedListThreatSpeciesVersion20143[Internet].Availablefrom:http://www.iucnredlist.org
›TeixeiraCM,GamitoR,LeitãoF,CabralHN,ErziniK,CostaMJ.2014.TrendsinlandingsoffishspeciespotentiallyaffectedbyclimatechangeinPortuguesefisheries.RegEnvironChang[Inter-net].14:657–669.Availablefrom:http://dx.doi.org/10.1007/s10113-013-0524-5
› VECTORS.2014.Vectorsinview.Newsletter.Issue7.December2014.
› VeraAH.2012.Quantificationoftheexposureofcetaceanindividualstowhale-watchingvesselsthroughthephoto-identificationtechniqueintheSouthcoastofMadeiraIsland(Portugal).Facul-dadedeBiologia.UniversidadedeMurcia.
› WettererJK,EspadalerX,WettererAL,Aguin-PomboD,Franquinho-AguiarAM.2006.Long-termimpactofexoticantsonthenativeantsofMadeira.EcolEntomol.31:358–368.
BIODIVERSIDADE 133
Anexo 1 - Listagem de espécies-alvo
Líquenes
Graphis scriptaPseudocyphellaria crocataSphaerophorus globosusNephroma areolatumParmotrema reticulatumFellhanera seroexspectataSticta canariensis
Briófitos
Campylopus introflexusAndreaea flexuosa luisieriFrullania sergiaeRiccia atlanticaHeteroschyphus denticulatusBryoxiphium madeirenseFissidens nobreganusEchinodium setigerumIsothecium montanumEchinodium spinosum
Plantas Vasculares
Aichryson dumosumChamaemeles coriaceaConvolvulus massoniiPittosporum coriaceum
Polystichum drepanumSaxifraga portosanctanaSorbus maderensisArmeria maderensisSibthorpia peregrinaAcacia mearnsii
Moluscos terrestres
Actinella nitidiuscula nitidiusculaCaseolus (Caseolus) calculusCaseolus (Helicomela) punctulatus punctulatusDiscula (Discula) calcigena calcigenaDiscula polymorpha polymorphaGeomitra TurriculaIdiomela subplicataLeptaxis membranaceaLeptaxis groviana grovianaTheba pisana
Artrópodes
Amara superansHipparchia maderensisScarites abbreviatusLinepithema humileOcypus olensOmmatoiulus moreletiiGonepteryx maderensis
BIODIVERSIDADE BIODIVERSIDADE134 135
Macroalgae
Asparagopsis armata (Harvey,1855)Taxonomy:PhylumRhodophytaFirst record in Madeira: 1974Notes:Establishedpopulations.PresentinMadeira,PortoSanto,DesertasandSelvagens.References:(Levring1974,Netoetal.2001)
Macroinvertebrates
Distaplia corolla (MonniotF.,1974)Taxonomy:PhylumChordataFirst record in Madeira: 2006Notes:Establishedpopulations.
1)PresentinMadeiraandPortoSanto.HighabundancesfoundinPVCsettlingplatesinQuintadoLorde(southcoastofMadeira)inthe2006-2012surveyperformedbyCanning-Clodeetal(2013).
2)Myresearchgroupisconductingamonitoringprogramonmarinenon-indigenousspeciesinMadeirabydeployingPVCsettlingplatesinfourmarinasofMadeira(Mad_MOMISproject–seewww.canning-clode.com).Settlingplatesweresampledevery3months(4samplingeventsin1year).Distaplia corollawasfoundin3(outof4)marinasatall4samplingevents(4outof4).Distaplia corollawasfoundin17%ofanalyzedplatesatallsamplingevents(Mad_MOMISproject,Canning-Clode,unpublished)
References:(Canning-Clodeetal.2013;Canning-Clode,unpublished)
Aiptasia diaphana (Rapp,1829)Taxonomy:PhylumCnidariaFirst record in Madeira: 2008Notes:Establishedpopulations.
1)PresentinMadeiraandPortoSanto.HighabundancesfoundinPVCsettlingplatesinQuintadoLorde(southcoastofMadeira)inthe2006-2012surveyperformedbyCanning-Clodeetal(2013).
2)Aiptasia diaphanawasfoundin4(outof4)marinasatall4samplingevents(4outof4).Aipta-sia diaphanawasfoundin22%ofanalyzedplatesatallsamplingevents(Mad_MOMISproject,Canning-Clode,unpublished).
References:(Canning-Clodeetal.2013;Canning-Clode,unpublished)
Aedes aegyptiDeucalion oceanicumTapinoma madeirense
Répteis
Tarentola boettgeri bischoffiTeira dugesiiHemidactylus mabouiaTarentola mauritanica
Aves
Buteo buteo hartertiFringilla coelebs madeirensisCarduelis cannabina guentheriMotacilla cinerea schmitzi Tyto alba schmitziRegulus madeirensisAnthus berthelotii madeirensisColumba trocazPterodroma madeiraPterodroma deserta
Mamíferos Terrestres
Pipistrellus maderensisNyctalus leisleri verrucosusPlecotus austriacus
Mamíferos marinhos
Physeter macrocephalusGlobicephala macrorhynchusStenella frontalisTursiops truncatusDelphinus delphisBalaenoptera brydeiBalaenoptera physalus
Peixes
Scomber coliasTrachurus picturatusAphanopus carbo
Espécies não indígenas (invertebrados)
TOP 10 of non-indigenous species for the Madeira archipelago
ListcompiledbyJoãoCanningClode1,2,3
1 CentreofIMARoftheUniversityoftheAzores,DepartmentofOceanographyandFisheries/UAz,RuaProf.DrFredericoMachado,4,PT-9901-862Horta,Azores,Portugal
2 MARE–MarineandEnvironmentalSciencesCentre,EstaçãodeBiologiaMarinhadoFunchal,CaisdoCarvão9000-107Funchal,Madeira,Portugal.
3 SmithsonianEnvironmentalResearchCenter,Edgewater,MD21037
BIODIVERSIDADE BIODIVERSIDADE136 137
Clavelina lepadiformiswasfoundin27%ofanalyzedplatesatallsamplingevents(Mad_MOMISproject,Canning-Clode,unpublished).
References:(Canning-Clodeetal.2013;Canning-Clode,unpublished)
Bugula neritina (Linnaeus,1758)Taxonomy:PhylumBryozoaFirst record in Madeira: 1909Notes:Establishedpopulations.
1)PresentinMadeiraandPortoSanto.NotfoundinPVCsettlingplates inQuintadoLorde(southcoastofMadeira) in the2006-2012surveyperformedbyCanning-Clodeetal(2013)
2)Bugula neritinawasfoundin4(outof4)marinasatall4samplingevents(4outof4).Bugula neritinawasfoundin44%ofanalyzedplatesatallsamplingevents(Mad_MOMISproject,Canning-Clode,unpublished).
References:(Norman1909,Canning-Clodeetal.2013;Canning-Clode,unpublished).
Schizoporella pungens Canu & Bassler, 1928Taxonomy:PhylumBryozoaFirst record in Madeira: 2006Notes:Establishedpopulations.
1)PresentinMadeiraandPortoSanto.FoundinlowabundancesinPVCsettlingplatesatQuintadoLorde(southcoastofMadeira)inthe2006-2012surveyperformedbyCanning--Clodeetal(2013).
2)Schizoporella pungenswasfoundin4(outof4)marinasatall4samplingevents(4outof4).Schizoporella pungenswasfoundin64%ofanalyzedplatesatallsamplingevents(Mad_MOMISproject,Canning-Clode,unpublished).
References:(Canning-Clodeetal.2013;Canning-Clode,unpublished)
Watersipora subtorquata (d’Orbigny1852)Taxonomy:PhylumBryozoaFirst record in Madeira: 2006Notes:Establishedpopulations.
1)PresentinMadeiraandPortoSanto.FoundinverylowabundancesinPVCsettlingplates
Botrylloides leachii (Savigny,1816)Taxonomy:PhylumChordataFirst record in Madeira:ThisspeciesispresentinMadeiraforquitesometime(atleast1990s)andisnotyetconsideredintroduced.Canning-Clodeetal2013haveconsideredthisspeciesasbeingcryptogenic(Unknownorigin)buthintthatpreliminaryevidencewouldsuggestthatthisspeciesisverylikelytoturnouttobeNISinthefuture.Notes:Establishedpopulations.
1)PresentinMadeira.LowabundancesfoundinPVCsettlingplatesinQuintadoLorde(southcoastofMadeira)inthe2006-2012surveyperformedbyCanning-Clodeetal(2013).
2)Botrylloides leachiiwasfoundin4(outof4)marinasatall4samplingevents(4outof4).Botrylloides leachiiwasfoundin60%ofanalyzedplatesatallsamplingevents(Mad_MOMISproject,Canning-Clode,unpublished).
References:(Canning-Clodeetal.2013;Canning-Clode,unpublished)
Botryllus schlosseri (Pallas,1766)Taxonomy:PhylumChordataFirst record in Madeira: 2004Notes:Establishedpopulations.
1)PresentinMadeiraandPortoSanto.Medium-highabundancesfoundinPVCsettlingplatesinQuintadoLorde(southcoastofMadeira)inthe2006-2012surveyperformedbyCanning--Clodeetal(2013).
2)Botryllus schlosseri wasfoundin3(outof4)marinasatall4samplingevents(4outof4).Botryllus schlosseri wasfoundin44%ofanalyzedplatesatallsamplingevents(Mad_MOMISproject,Canning-Clode,unpublished).
References:(Canning-Clodeetal.2008,Canning-Clodeetal.2013;Canning-Clode,unpublished)
Clavelina lepadiformis (Müller,1776)Taxonomy:PhylumChordataFirstrecordinMadeira:1995Notes:Establishedpopulations.
1)PresentinMadeiraandPortoSanto.Medium-HighabundancesfoundinPVCsettlingplatesinQuintadoLorde(southcoastofMadeira)inthe2006-2012surveyperformedbyCanning--Clodeetal(2013).
2)Clavelina lepadiformiswasfoundin3(outof4)marinasatall4samplingevents(4outof4).
BIODIVERSIDADE BIODIVERSIDADE138 139
References
› Canning-Clode,J.,P.Fofonoff,L.McCann,J.T.Carlton,andG.Ruiz.2013.Marineinvasionsonasubtropicalisland:FoulingstudiesandnewrecordsinarecentmarinaonMadeiraIsland(EasternAtlanticOcean).AquaticInvasions8:261-270.
› Canning-Clode,J.,M.Kaufmann,M.Molis,M.Wahl,andM.Lenz.2008.Influenceofdisturbanceandnutrientenrichmentonearlysuccessionalfoulingcommunitiesinanoligotrophicmarinesystem.MarineEcology29:115-124.
› Levring,T.1974.Themarinealgaeof thearchipelagoofMadeira.Bol.Mus.Mun.Funchal28:5-111.
› Neto,A.I.,D.C.Cravo,andR.T.Haroun.2001.ChecklistofthebenthicmarineplantsoftheMadeiraArchipelago.Bot.Mar.44:391-414.
› Norman,A.M.1909.ThePolyzoaofMadeiraandneighbouring islands. JournaloftheLinneanSocietyofLondon30:275-314.
› Wirtz,P.,andJ.Canning-Clode.2009.TheinvasivebryozoanZoobotryonverticillatumhasarrivedatMadeiraIsland.AquaticInvasions4:669-670.
atQuintadoLorde(southcoastofMadeira)inthe2006-2012surveyperformedbyCanning--Clodeetal(2013).
2)Watersipora subtorquatawasfoundin4(outof4)marinasatall4samplingevents(4outof4).Watersipora subtorquatawasfoundin35%ofanalyzedplatesatallsamplingevents(Mad_MOMISproject,Canning-Clode,unpublished).
References:(Canning-Clodeetal.2013;Canning-Clode,unpublished)
Zoobotryon verticillatum (DellaChaije,1828)Taxonomy:PhylumBryozoaFirst record in Madeira: 2009Notes:Establishedpopulations.
1)PresentinMadeiraandPortoSanto.FoundinmediumabundancesinPVCsettlingplatesatQuintadoLorde(southcoastofMadeira)inthe2006-2012surveyperformedbyCanning--Clodeetal(2013).
2)Zoobotryon verticillatumwasfoundin3(outof4)marinasatall4samplingevents(4outof4).Zoobotryon verticillatumwasfoundin11%ofanalyzedplatesatallsamplingevents(Mad_MOMISproject,Canning-Clode,unpublished).
References:(WirtzandCanning-Clode2009,Canning-Clodeetal.2013;Canning-Clode,unpublished)
BIODIVERSIDADE 141
Anexo 2 – Definição dos fatores de exposição indireta utilizados no CCVI
B. Indirect Exposure to Climate Change1) Exposure to Sea Level Rise
Thisfactorcomesintoplayonlyinthecasethatalloraportionoftherangewithintheassess-mentareamaybesubjecttotheeffectsofa0.5-1msealevelriseandtheconsequentinfluenceofstormsurges.Mostclimatemodelscenariospredictatleasta0.5msealevelrise.Becauseprojectedsealevelrise(0.5-2mby2100)isgreatcomparedtohistoricalsealevelchanges,thenegativeimpactonhabitatsformostaffectedspeciesisexpectedtobehigh.Seehttp://www.geo.arizona.edu/dgesl/research/other/climate_change_and_sea_level/sea_level_rise/sea_level_rise.htmforaninteractivemaptovisualizetheeffectofsealevelriseinyourarea.
2) Distribution to Barriers
Thisfactorassessesthedegreetowhichnatural(e.g.topographic,geographic,ecological)oranthropogenicbarrierslimitaspecies’abilitytoshiftitsrangeinresponsetoclimatechange.Barriersaredefinedhereasfeaturesorareasthatcompletelyoralmostcompletelypreventmovementordispersalofthespecies(currentlyandfortheforeseeablefuture).Speciesforwhichbarrierswouldinhibitdistributionalshiftswithclimatechange-causedshiftsinclimateenvelopeslikelyaremorevulnerabletoclimatechangethanarespecieswhosemovementsarenotaffectedbybarriers.Barriersmustbeidentifiedforeachspecies(butoftenarethesameforagroupofcloselyrelatedspecies).NaturalandanthropogenicbarriersaredefinedformanyspeciesandtaxonomicgroupsinNatureServe’sElementOccurrenceSpecifications(viewableinthePopulation/Occurrence DelineationsectionofspeciesaccountsonNatureserveExplorer,www.natureserve.org/explorer),butusuallythesereadilycanbedeterminedbyconsideringaspecies’basicmovementcapacityandecologicaltolerances.
Thedistinctionbetweenabarrierandunsuitablehabitatsometimesmaybeunclear;inthesecasesassumethefeatureorareaisunsuitablehabitat(habitatthroughwhichthespeciescandisperseormovebutthatdoesnotsupportreproductionorlong-termsurvival)andscorethe
BIODIVERSIDADE BIODIVERSIDADE142 143
applytobothterrestrialandaquaticspecies.ThesedistancesarederivedfromLoarieetal.(2009,Nature462:1052).
Thefollowingcategoriesandcriteriaapplytobothnaturalandanthropogenicbarriers,butthetwotypesofbarriersarescoredseparately.Notethatitisillogicalfornaturalandanthropogenicbarrierstobothcausegreatlyincreasedvulnerabilitytoclimatechangeforasinglespecies(onlyoneortheothercancompletelysurroundaspecies’range).Ifbothbarriersoccur,estimatetherelativeportionsofthecircumferenceoftherangeblockedbyeachandthenscoreaccordingly.
3) Predicted Impact of Land Use Changes Resulting from Human Responses to Climate Change (e.g., plantations for carbon offsets, new seawalls in response to sea level rise, and renewable energy projects such as wind-farms, solar arrays, or biofuels production)
Strategiesdesignedtomitigateoradapttoclimatechangehavethepotentialtoaffectverylargeareasoflandandthespeciesthatdependontheseareas,inbothpositiveandnegativeways.Thisfactorarguablyshouldbeconsideredinconservationstatusassessments,butconsideringthatformostspeciesthisfactorhasnotyetbeenconsideredintheseassessments,weincludeithere.ThisfactorisNOTintendedtocapturehabitatlossordestructionduetoon-goinghumanactivities,astheseshouldalreadybeincludedinexistingconservationstatusranks.Includeonlynewactivitiesrelateddirectlytoclimatechangemitigationhere.Thereismuchuncertaintyaboutthetypesofmitigationactionthatarelikelytothreatenhabitatsandspecies.Rememberthatmultiplecategoriescanbecheckedforeachfactortocaptureuncertainty.Asfederalandstateclimatechangelegislationisenacted,someofthemitigationdirections(andassociatedthreatsorbenefitstospecies)willbecomeclearer.
C. Sensitivity, or Species-Specific Factors
Thesefactorsrelatetocharacteristicsofthespeciesonly.Anthropogeniceffects,suchasontheavailabilityofdispersalcorridors,shouldNOTbeconsideredinthissection.
1) Dispersal and Movements
Thisfactorpertainstoknownorpredicteddispersalormovementcapacitiesandcharacteristicsandabilitytoshiftlocationintheabsenceofbarriersasconditionschangeovertimeasaresultofclimatechange.Speciesinwhichindividualsexhibitsubstantialdispersal,readilymovelongdistancesasadultsorimmatures,orexhibitflexiblemovementpatternsshouldbebetterabletotrackshiftingclimateenvelopesthanarespeciesinwhichdispersalandmovementsaremorelimitedorinflexible.Thisfactorisassessedconservativelyandpertainsspecificallytodisper-salthroughunsuitablehabitat,which,inmostcases,ishabitatthroughwhichpropagulesorindividualsmaymovebutthatdoesnotsupportreproductionorlong-termsurvival.Ifallhabitatisregardedassuitable(i.e.,speciescanreproduceandpersistineveryhabitatinwhichitoccurs),thendispersalabilityisassessedforsuitablehabitat.Ifappropriate,scoringofspecieswhosedispersalcapacityisnotknowncanbebasedoncharacteristicsofcloselyrelatedspecies(orspeciesofsimilarbodysizeinthesamemajorgroup).
specieshereand/orinFactorC1asappropriate.NotethatcavesareconsideredunderFactorC3:RestrictiontoUncommonGeologicalFeatures,andnotherewherethefocusisonbarriersthataffectthewidearrayofnonsubterraneanspecies.
a ) Natural barriers
Examplesoffeaturesthatmayfunctionasnaturalbarriersforvariousspeciesinclude:uplandhabitat(i.e.,absenceofaquaticstream,lake,orpondhabitat)isabarrierforfishes(butnotforsemiaquaticoramphibiousspeciesthatmayoccupythesamebodyofwater);highmountainran-ges(especiallythosethatextendwest-east)areabarrierformanylowlandplantsandnonvolantlowlandanimals;warmlowlandsareabarrierforsomealpinespeciessuchasAmericanpikabutnotforelkorAmericanpipit;largeexpansesofwaterarebarriersforpocketgophersandmanyothersmallterrestrialanimals(butnotformanyvolantspecies,orforplantspeciesthataredispersedbywide-rangingbirds,orforspeciesthatreadilyswimbetweenlandareasifthedistanceisnottoogreat);ahighwaterfallisabarrierforfishes(butnotforAmericandippersorgartersnakesthatoccuralongthesamestream).
b ) Anthropogenic barriers
Examplesoffeaturesthatmayfunctionasanthropogenicbarriersinclude:largeareasofintensiveurbanoragriculturaldevelopmentarebarriersformanyanimalsandplants;waterssubjecttochronicchemicalpollution(e.g.acidminedrainage)canbeabarrierforfishesandotherstrictlyaquaticspecies;waterssubjecttothermalpollution(e.g.frompowerplants)maybeabarrierforsomestrictlyaquaticspeciesbutnotforothers(notethermalalterationsassociatedwithreservoirsoftenproduceunsuitablehabitatratherthanimposeabarrier);damswithoutfishpassagefacilitiesandimproperlyinstalledculvertscanbebarriersforfishesandcertainotherstrictlyaquaticspecies;tortoise-prooffencingmaybebarrierforsmallreptilesandcertainothernonvolantanimals(butnotformostplants,largemammals,orlargesnakes).
Thedegreetowhichabarriermayaffectaspecies’abilitytoshiftitsrangeinresponsetoclimatechangedependsinpartonthedistanceofthebarrierfromthespecies’currentdistribution.Barriersthatareseparatedfromaspecies’rangebyalongdistanceofrelativelyflattopographycanneverthelessaffectrangeshiftsbecauseingentleterrainrelativelysmallchangesinclimatecanresultinlargeshiftsinthelocationofaparticularclimateenvelope.Ifaspecieschangeditsrangeaccordingly(totrackaparticularclimateenvelope),itmightencounterbarriersthatwerefarfromitsoriginalrange.Incontrast,inlandscapesinwhichclimaticconditionschangerapidlyoversmallhorizontaldistances(e.g.mountainousareas,steepslopes,orothertopographicallydiverselandscapes)aspecies’distributionwouldhavetoshiftarelativelysmalldistanceinordertotrackaparticularclimateenvelope,sothespeciesislesslikelytoencounterdistantbarriers.
Tocountasabarrierforthepurposesofthisfactor,afeaturecanbeupto50kmfromthespe-cies’currentrangewhenmeasuredacrossareaswhereclimatechangesgraduallyoverlatitudeorlongitude(e.g.relativelyflatterrain)andupto10kmwhenmeasuredacrossareaswhereclimatechangesabruptlyoverlatitudeorlongitude(e.g.mountainousorsteepterrain).Use25kmforspeciesthatoccurinintermediatetopography,suchasmoderatehillcountry.Thesedistances
BIODIVERSIDADE BIODIVERSIDADE144 145
Usetheannualmapforbothresidentandmigratoryspecies.Althoughmigratoryspeciesarenotphysicallypresenttoexperiencetemperaturevariations,theynonethelessareaffectedbythesevariationsthrougheffectsonfoodsupplyandhabitatavailability.
Notethattropicalspeciesinhighdesertsoralpineenvironmentsmayexperiencedailytempe-raturevariationsashighasseasonalvariationsinthetemperatezone.Speciesinthesetropicalsettingsshouldeitherbeassessedusingdailytemperaturevariation,orifdataisnotavailable,theymayberankedonecategorylessvulnerableforthisfactor.
ii) Physiological thermal nicheCurrentprojectionsindicatethatclimatewarmingwillbenearlypervasiveinNorthAmericaoverthenextseveraldecades.Speciesassociatedwithcoolorcoldconditionslikelywillexperienceareductioninhabitatextentorqualityandmayexperiencedeclinesindistributionorabundancewithinagivenassessmentarea.Thisfactorassessesthedegreetowhichaspeciesisrestrictedtorelativelycoolorcoldabove-groundterrestrialoraquaticenvironmentsthatarethoughttobevulnerabletolossorsignificantreductionasaresultofclimatechange.Speciesthatdependonthesecool/coldenvironmentsinclude(butmaynotbelimitedto)thosethatoccurintheassess-mentarea’shighestelevationalzones,northernmostareas,orthecoldestwaters.Therestrictiontotheserelativelycoolenvironmentsmaybepermanentorseasonal.
Speciesthatoccurinfrostpockets,onnorth-facingslopes,inshadyravines,inalpineareas,orsimilarcoolsitesarescoredhereifthoseareasrepresentorareamongthecoldestenviron-mentsintheassessmentarea;lackingthisstipulation,speciesoccurringinsuchsitesmaynotbevulnerabletoclimatechangebecausefavorablesitesmaysimplyshiftinlocationwithoutreduc-tionorloss.SpeciesthatareassociatedspecificallywithsnoworiceareassessedseparatelyinFactorC2d.Notethattemperatureconditionsandhydrologicalregimesoftencovaryandoftenarenotneatlyseparable;thesesituationsshouldbescoredhereiftemperatureperseappearstobetheoverridingfactor;otherwisetheyshouldbescoredunderFactorC2bii:PhysiologicalHydrologicalNiche.
a ) Predicted sensitivity to changes in precipitation, hydrology, or moisture regime.
i) Historical hydrological niche (exposure to past variations in precipitation)Thisfactormeasureslarge-scaleprecipitationvariationthataspecieshasexperiencedinrecenthistoricaltimes(i.e.,thepast50years),asapproximatedbymeanannualprecipitationvariationacrossoccupiedcellswithintheassessmentarea.Overlaythespecies’rangeontheClimateWizardmeanannualprecipitationmap1951-2006.Subtractthelowestpixelvaluefromthehighestvaluetoassessthisfactor.Usetheextremepixelvaluesforthiscalculation.Useannualdataformigratoryspecies,asthismeasurereflectstheprecipitationregimeoftheecosystemasawhole.
ii) Physiological hydrological nicheThisfactorpertainstoaspecies’dependenceonanarrowlydefinedprecipitation/hydrologicregime,includingstronglyseasonalprecipitationpatternsand/orspecificaquatic/wetland
Barriers,whichareheredefinedasfeaturesorareasthatcompletelyoralmostcompletelyblockdispersal,aretreatedinFactorB2.Ifaspeciesrequiresotherspeciesforpropaguledispersal,pleasealsocompletefactorC4d.Thefollowingcategorizationforplantsislooselybasedon:Vittoz,P.,andR.Engler.2007.Seeddispersaldistances:atypologybasedondispersalmodesandplanttraits.BotanicaHelvetica117:109–124.
Asmallnumberofspeciesareconfinedbybarrierstoareasthataresmallerthanthespecies’potentialdispersaldistance(fishesinsmallisolatedspringsareaclassicexample).Mostifnotallofthefishspeciesthatoccurinthesmallestsuchhabitatpatchescoulddispersefartherthanthegreatestextentoftheoccupiedpatchifalargerextentofhabitatwereavaiilabletothem.Forthepurposesofthisfactor,thedispersalabilityofthesespeciesisscoredasifthespeciesoccurredinalargepatchofhabitat(longerthanthedispersaldistance),basedondispersalormovementpatternsorcapabilitiesofcloselyrelatedspecies(orspeciesofsimilarbodysizeinthesamemajorgroup).
Mostmigratoryspecieswillsatisfycriteriaforthedecreasevulnerabilitycriteria.Usetheirabilitytoshifttheirdistributionwithintheassessmentduringtheperiodofoccupationorfromoneyeartothenext(whicheverislarger)asthemeasureofdispersaldistance.
Speciesinwhichpropaguledispersalisbothsynchronousamongallmembersofthepopulationintheassessmentareaandinfrequent(averageofseveralyearsbetweensuccessfulreproduc-tionevents)shouldbescoredasonecategorymorevulnerablethanthecategorythatwouldotherwiseapply.Anexampleisthemonocarpicgiantcane(Arundinaria gigantea),abamboospeciesthatreproducessynchronouslyevery25-50yearsandthendies.
2) Predicted Sensitivity to Temperature and Moisture Changes
Thisfactorpertainstothebreadthoftemperatureandprecipitationconditions,atbothbroadandlocalscales,withinwhichaspeciesisknowntobecapableofreproducing,feeding,growing,orotherwiseexisting.Specieswithnarrowenvironmentaltolerances/requirementsmaybemorevul-nerabletohabitatlossfromclimatechangethanarespeciesthatthriveunderdiverseconditions.
a ) Predicted sensitivity to changes in temperature, based on current/recent past tempera-
ture tolerance
i) Historical thermal niche (exposure to past variations in temperature)Thisfactormeasureslarge-scaletemperaturevariationthataspecieshasexperiencedinrecenthistoricaltimes(i.e.,thepast50years),asapproximatedbymeanseasonaltemperaturevariation(differencebetweenhighestmeanmonthlymaximumtemperatureandlowestmeanmonthlyminimumtemperature)foroccupiedcellswithintheassessmentarea.Itisaproxyforspecies’temperaturetoleranceatabroadscale.ThisfactormaybeevaluatedbycomparingthespeciesrangewiththeAnnualTemperatureVariationmap1951-2006(seefirstimageatbottomofthispage)orcalculatedusingGISdatadownloadedfromNatureServe(http://www.natureserve.org/climatechange).Foraquaticspecies,followthesameprocedureasforterrestrialspecies,sincethisfactormeasuresbroadregionalpatterns.
BIODIVERSIDADE BIODIVERSIDADE146 147
andchemistry,thusimpactingaquaticspeciessensitivetotheseaspectsofwaterquality.Thepotentialimpactsofaltereddisturbanceregimesonspeciesthatrequirespecificriverfeaturescreatedbypeakflowsshouldalsobeconsideredhere;forexample,somefishrequirefloodplainwetlandsforlarval/juveniledevelopmentorhighpeakflowstorenewsuitablespawninghabitat.Usecarewhenestimatingthemostlikelyeffectsofincreasedfires;inmanyecosystems,whileasmallincreaseinfirefrequencymightbebeneficial,agreatlyincreasedfirefrequencycouldresultincompletehabitatdestruction.
Finally,besuretoalsoconsiderspeciesthatbenefitfromalackofdisturbanceandmaysufferduetodisturbanceincreaseswhenscoringthisfactor.Foramapofmodeledfuturefireregime,seeFigura2inKrawchuketal.(2009)PLoSONE4(4):e5102,available:http://www.plosone.org/article/info%3Adoi%2F10.1371%2Fjournal.pone.0005102.
c ) Dependence on ice, ice-edge, or snow cover habitats
Thisfactorpertainstoaspecies’dependenceonhabitatsassociatedwithice(e.g.seaice,gla-ciers)orsnow(e.g.long-lastingsnowbeds,avalanchechutes)throughouttheyearorseasonallyduringanessentialperiodofthelifecycle.Foraquaticspecies,theimportanceofsnowpackformaintainingdownstreamwatertemperaturesshouldbeconsideredhere.“Range”referstotherangewithintheassessmentarea.
3) Restriction to Uncommon Geological Features or Derivatives
Thisfactorpertainstoaspecies’needforaparticularsoil/substrate,geology,waterchemistry,orspecificphysicalfeature(e.g.caves,cliffs,ativesanddunes)forreproduction,feeding,growth,orotherwiseexistingforoneormoreportionsofthelifecycle(e.g.normalgrowth,shelter,repro-duction,seedlingestablishment).Itfocusesonthecommonnessofsuitableconditionsforthespeciesonthelandscape,asindicatedbythecommonnessofthefeaturesthemselvescombinedwiththedegreeofthespecies’restrictiontothem.Climateenvelopesmayshiftawayfromthelocationsoffixed(withinatleasta50yeartimeframe)geologicalfeaturesortheirderivatives,makingspeciestiedtotheseuncommonfeaturespotentiallymorevulnerabletohabitatlossfromclimatechangethanarespeciesthatthriveunderdiverseconditions.
ThisfactordoesNOTincludehabitatpreferencesbasedontemperature,hydrology,ordistur-banceregime,asthesearecoveredelsewhereintheIndex.Forexample,speciesdependentonspringsorephemeralpoolsshouldnotbescoredasmorevulnerableforthisfactorsolelyonthatbasis(addressedunderFactorC2bii:PhysiologicalHydrologicalNiche).However,restrictiontoaquaticfeatureswithregionallyuncommonwaterchemistryshouldbeconsideredhere.ThisfactoralsodoesNOTincludemicrohabitatfeaturessuchasstreamrifflesorbaskingrocks.Finally,thisfactordoesNOTincludebiotichabitatcomponents;forexample,speciesthatrequirefeaturessuchastreesnagsoraparticulartype/conditionofplantcommunity(e.g.oldgrowthforest)shouldnotbescoredasmorevulnerableforthisfactor.
Iftheideaofspecificitytosoil/substrate,geology,orspecificphysicalfeaturesisnotrelevanttothespecies(e.g.manybirdsandmammals),chooseSomewhatDecrease.
habitats(e.g.certainsprings,*vernalpools,seeps,seasonalstandingorflowingwater)orlocali-zedmoistureconditionsthatmaybehighlyvulnerabletolossorreductionwithclimatechange.Dependencemaybepermanentorseasonal.Aquaticcaveobligatespeciesareconsideredhereaccordingtotheirhydrologicalneeds.**Speciesnestingonislandsinlakes,reservoirs,and/orwetlandsthatpreventpredatoraccesscanbescoredheretotheextentthatachangedhydro-logicalregimemayinfluencetheavailabilityofthesepredator-freebreedingsites(forexample,birdsnestingonislandstoavoidpredationbymammals).Ifaspeciesisdependentonaquatic/wetlandhabitatsthatareactivelymanagedtomaintainaparticularhydrology,considerwhetherthismanagementwouldbesufficienttoameliorateprojectedclimatechangeimpacts(and,ifso,scoreasNeutral).
ManyhabitatsintheU.S.arepredictedtoexperiencenetdrying(seeannualHamonAET:PETmoisturemetricmapbelowandseasonmapsintheGuidelinesdocumentordownloadableGISfilesatwww.natureserve.org/climatechange),eveninareaswhereprecipitationispredictedtoincrease.Considerthedirection,strength,andseasonalityofmoisturechangeinrankingthisfactor,alongwiththelevelofdependenceofthespeciesonparticularhydrologicconditions.
Forplantspecies,theadvantageoftheC4photosyntheticpathwayforwateruseefficiencywilllikelyenableC4plantstobelessvulnerabletodeclineunderdryingconditionsthanC3plants(Tayloretal.2010,NewPhytologist185:780).Assuch,C4plantswhoserangesarepredictedtoexperiencenetdryingduringthegrowingseason(seeHamonAET:PETMoistureMetricmapsintheGuidelinesdocument)shouldbescoredonecategorylessvulnerablethantheyotherwisewouldbeforthisfactor.
Asaresultofgeographicaldifferencesinmodeledfuturehydrologicalconditions,aspeciesmayfallintomorethanoneofthefollowingcategories.Insuchcasesselectallcategoriesthatapply;ifthecategoriesarenotcontiguous(e.g.IncreaseVulnerabilityandSomewhatDecreaseVulnera-bility),selectonlythosecategoriesanddonotselectthenonapplicableintermediatecategories.Notethattemperatureconditionsandhydrologicalregimesoftencovaryandoftenarenotneatlyseparable;thesesituationsshouldbescoredunderFactorC2aii:PhysiologicalThermalNicheiftemperatureperseappearstobetheoverridingfactor;otherwisetheyshouldbescoredhere.“Range”referstotherangewithintheassessmentarea.
*Notethatspringsfedbybedrockgroundwatersourcesarelesslikelytobesignificantlyimpac-tedbyprecipitationchanges;considerscoringspeciesassociatedwithsuchspringsasNeutral.**Similarly,speciesinhabitingcavesfedbygroundwatermaybelessvulnerabletochangesinprecipitationthanspeciesinhabitingcavesfedbysurfacerunoffwater.
b ) Dependence on a specific disturbance regime likely to be impacted by climate change
Thisfactorpertainstoaspecies’responsetospecificdisturbanceregimessuchasfires,floods,severewinds,pathogenoutbreaks,orsimilarevents.Itincludesdisturbancesthatimpactspeciesdirectlyaswellasthosethatimpactspeciesviaabioticaspectsofhabitatquality.Forexample,changesinfloodandfirefrequency/intensitymaycausechangesinwaterturbidity,siltlevels,
BIODIVERSIDADE BIODIVERSIDADE148 149
b ) Occurrence of bottlenecks in recent evolutionary history (use only if C5a is “unknown”)
Intheabsenceofrangewidegeneticvariationinformation(C5a),thisfactorcanbeusedtoinferwhetherreductionsinspecies-levelgeneticvariationthatwouldpotentiallyimpedeitsadaptationtoclimatechangemayhaveoccurred.OnlyspeciesthatsufferedpopulationreductionsandthensubsequentlyreboundedqualifyfortheSomewhatIncreaseorIncreaseVulnerabilitycategories.
6) Phenological Response to Changing Seasonal Temperature or Precipitation Dynamics
Recentresearchsuggeststhatsomephylogeneticgroupsaredecliningduetolackofresponsetochangingannualtemperaturedynamics(e.g.earlieronsetofspring,longergrowingseason),includingEuropeanbirdspeciesthathavenotadvancedtheirmigrationtimes(Molleretal.2008),andsometemperatezoneplantsthatarenotmovingtheirfloweringtimes(Willisetal.2008)tocorrespondtoearlierspringonset.Thismaybeassessedusingeitherpublishedmul-tisspeciesstudiessuchasthosecitedaboveorlargedatabasessuchasthatoftheU.S.NationalPhenologyNetwork.
4) Reliance on Interspecific Interactions
Theprimaryimpactofclimatechangeonmanyspeciesmayoccurviaeffectsonsynchronywithotherspeciesonwhichtheydepend(Parmesan2006),ratherthanthroughdirectphysiologi-calstress.
d ) Dependence on other species to generate habitat.
Habitatreferstoanyhabitat(e.g.forreproduction,feeding,hibernation,seedlingestablish-ment,etc.)necessaryforcompletionofthelifecycle,includinghabitatsusedonlyonaseasonalbasis.Forplants,creationofhabitatconditionsnecessaryforseedlingestablishmentshouldbeconsideredhere;nutritionalrelationshipsnecessaryforseedlingestablishment(e.g.parasiticorobligatelymyco-heterotrophicplants)shouldbeconsideredunderC4e.
e ) Dietary versatility (animals only)
Thisfactorpertainstothediversityoffoodtypesconsumedbyanimalspecies.Dietaryspecia-listsaremorelikelytobenegativelyaffectedbyclimatechangethanarespeciesthatreadilyswitchamongdifferentfoodtypes.
f ) Pollinator versatility (plants only)
QuantitativethresholdslooselybasedondatainWaseretal.1996(Ecology77:1043-1060).
g ) Dependence on other species for propagule dispersal
Canbeappliedtoplantsoranimals.Examples:Differentspeciesoffreshwatermusselscanbedispersedbyonetomanyfishspecies;fruitdispersalbyanimals.
h ) Forms part of an interspecific interaction not covered by C4a-d
Canbeappliedtoplantsoranimals.Referstointeractionsunrelatedtohabitat,seedlingestab-lishment,diet,pollination,orpropaguledispersal.Forexample,anacaciabushrequiringanantcolonyforprotectionagainstherbivores.Hereaninterspecificinteractioncanincludemutualism,parasitism,commensalism,orpredator-preyrelationship.
5) Genetic Factors
a ) Measured genetic variation
Specieswithlessstandinggeneticvariationwillbelessabletoadaptbecausetheappearanceofbeneficialmutationsisnotexpectedtokeeppacewiththerateof21stcenturyclimatechange.Throughoutthisquestion,“geneticvariation”mayreferneutralmarkervariation,quantitativegeneticvariation,orboth.Toanswerthequestion,geneticvariationshouldhavebeenassessedoverasubstantialproportionofaspecies’range.
Becausemeasuresofgeneticvariabilityvaryacrosstaxonomicgroups,therecannotbespecificthresholdnumberstodistinguishamongthecategories.Theassessorshouldinterpretgeneticvariationinaspeciesrelativetothatmeasuredinrelatedspeciestodetermineifitislow,high,orinbetween.
BIODIVERSIDADE BIODIVERSIDADE150 151
Anexo 3 - Exemplo do índice CCVI aplicado a um grupo terrestre (Plantas vasculares)
Nív
el d
o m
ar
Bar
reir
as n
atur
ais
Bar
reir
as a
ntro
pogé
nica
s
Mit
igaç
ão à
s al
tera
ções
clim
átic
as
Capa
cida
de d
e di
sper
são/
mov
imen
tos
Nic
ho h
istó
rico
- to
lerâ
ncia
té
rmic
a
Nic
ho fi
siol
ógic
o - t
oler
ânci
a té
rmic
a
Nic
ho h
istó
rico
- to
lerâ
ncia
hi
drol
ógic
a
Nic
ho fi
siol
ógic
o - t
oler
ânci
a hi
drol
ógic
a
Dep
endê
ncia
de
um r
egim
e de
di
stur
bios
Gel
o/ne
ve
Cara
cter
ísti
cas
geol
ógic
as
inco
mun
s
Dep
endê
ncia
de
outr
as e
spéc
ies
para
cri
ação
de
habi
tat
Die
ta
Polin
azad
ores
Dep
endê
ncia
de
outr
as e
spéc
ies
para
dis
pers
ão
Inte
raçã
o co
m o
utra
s es
péci
es
Vari
abili
dade
gen
étic
a
Redu
ção
subs
tânc
ial d
a po
pula
ção
“bot
tlen
eck”
Resp
osta
s fe
noló
gica
s
Esca
la d
e vu
lner
abili
dade
[C
LIM
A-M
adei
ra]
Confi
ança
Esca
la d
e co
nfian
ça
[CLI
MA
-Mad
eira
]
Fato
res
sem
res
post
a
Espécies B1 B2a B2b B3 C1 C2ai C2aii C2bi C2bii C2c C2d C3 C4a C4b C4c C4d C4e C5a C5b C6
Aichryson dumosum_A2_B2_2020_2040 N GI GI Inc Inc U N U SI Inc N Inc N N/A N N N U U N Negativa[-1] 67% Alta 33%
Aichryson dumosum_A2_2070 N GI GI Inc Inc U N U SI Inc N Inc N N/A N N N U U N Crítica[-3] 67% Alta 33%
Aichryson dumosum_B2_2070 N GI GI Inc Inc U N U SI Inc N Inc N N/A N N N U U N Muitonegativa[-2] 67% Alta 33%
Chamaemeles coriacea_A2_B2_2020_2040 N Inc GI Inc Inc U N U SI Inc N N N N/A N N N U U N Negativa[-1] 67% Alta 33%
Chamaemeles coriacea_A2_2070 N Inc GI Inc Inc U N U SI Inc N N N N/A N N N U U N Crítica[-3] 67% Alta 33%
Chamaemeles coriacea_B2_2070 N Inc GI Inc Inc U N U SI Inc N N N N/A N N N U U N Muitonegativa[-2] 67% Alta 33%
Convolvulus massonii_A2_B2_2020_2040 N SI SI SI Inc U N U SI Inc N N N N/A N N N U U N Neutra[0] 67% Alta 33%
Convolvulus massonii_A2_2070 N SI SI SI Inc U N U SI Inc N N N N/A N N N U U N Muitonegativa[-2] 67% Alta 33%
Convolvulus massonii_B2_2070 N SI SI SI Inc U N U SI Inc N N N N/A N N N U U N Negativa[-1] 67% Alta 33%
Polystichum drepanum_A2_B2_2020_2040 N Inc SI SI Inc U GI U GI Inc N N N N/A N N N U U N Negativa[-1] 67% Alta 33%
Polystichum drepanum_A2_2070 N Inc SI SI Inc U GI U GI Inc N N N N/A N N N U U N Crítica[-3] 67% Alta 33%
Polystichum drepanum_B2_2070 N Inc SI SI Inc U GI U GI Inc N N N N/A N N N U U N Muitonegativa[-2] 67% Alta 33%
BIODIVERSIDADE BIODIVERSIDADE152 153
Nív
el d
o m
ar
Bar
reir
as n
atur
ais
Bar
reir
as a
ntro
pogé
nica
s
Mit
igaç
ão à
s al
tera
ções
clim
átic
as
Capa
cida
de d
e di
sper
são/
mov
imen
tos
Nic
ho h
istó
rico
- to
lerâ
ncia
té
rmic
a
Nic
ho fi
siol
ógic
o - t
oler
ânci
a té
rmic
a
Nic
ho h
istó
rico
- to
lerâ
ncia
hi
drol
ógic
a
Nic
ho fi
siol
ógic
o - t
oler
ânci
a hi
drol
ógic
a
Dep
endê
ncia
de
um r
egim
e de
di
stur
bios
Gel
o/ne
ve
Cara
cter
ísti
cas
geol
ógic
as
inco
mun
s
Dep
endê
ncia
de
outr
as e
spéc
ies
para
cri
ação
de
habi
tat
Die
ta
Polin
azad
ores
Dep
endê
ncia
de
outr
as e
spéc
ies
para
dis
pers
ão
Inte
raçã
o co
m o
utra
s es
péci
es
Vari
abili
dade
gen
étic
a
Redu
ção
subs
tânc
ial d
a po
pula
ção
“bot
tlen
eck”
Resp
osta
s fe
noló
gica
s
Esca
la d
e vu
lner
abili
dade
[C
LIM
A-M
adei
ra]
Confi
ança
Esca
la d
e co
nfian
ça
[CLI
MA
-Mad
eira
]
Fato
res
sem
res
post
a
Espécies B1 B2a B2b B3 C1 C2ai C2aii C2bi C2bii C2c C2d C3 C4a C4b C4c C4d C4e C5a C5b C6
Sibthorpia peregrina_A2_B2_2020_2040 N Inc SI SI Inc U Inc U Inc Inc N N N N/A N N N U U N Negativa[-1] 67% Alta 33%
Sibthorpia peregrina_A2_2070 N Inc SI SI Inc U Inc U Inc Inc N N N N/A N N N U U N Crítica[-3] 67% Alta 33%
Sibthorpia peregrina_B2_2070 N Inc SI SI Inc U Inc U Inc Inc N N N N/A N N N U U N Muitonegativa[-2] 67% Alta 33%
Pittosporum coriaceum_A2_B2_2020_2040 N Inc SI SI GI U Inc U GI Inc N U N N/A N N N U U N Negativa[-1] 63% Alta 33%
Pittosporum coriaceum_A2_2070 N Inc SI SI GI U Inc U GI Inc N U N N/A N N N U U N Crítica[-3] 63% Alta 33%
Pittosporum coriaceum_B2_2070 N Inc SI SI GI U Inc U GI Inc N U N N/A N N N U U N Muitonegativa[-2] 63% Alta 33%
Sorbus maderensis_A2_B2_2020_2040 N GI N N Inc U Inc U GI Inc SI N N N/A N N N U Inc N Negativa[-1] 71% Alta 33%
Sorbus maderensis_A2_2070 N GI N N Inc U Inc U GI Inc SI N N N/A N N N U Inc N Crítica[-3] 71% Alta 33%
Sorbus maderensis_B2_2070 N GI N N Inc U Inc U GI Inc SI N N N/A N N N U Inc N Muitonegativa[-2] 71% Alta 33%
Armeria maderensis_A2_B2_2020_2040 N GI N N Inc U Inc U GI Inc N SI N N/A N N N SI N/A N Negativa[-1] 75% Alta 33%
Armeria maderensis_A2_2070 N GI N N Inc U Inc U GI Inc N SI N N/A N N N SI N/A N Crítica[-3] 75% Alta 33%
Armeria maderensis_B2_2070 N GI N N Inc U Inc U GI Inc N SI N N/A N N N SI N/A N Muitonegativa[-2] 75% Alta 33%
Saxifraga portosanctana_A2_B2_2020_2040 N GI SI SI Inc U Inc U GI Inc N SI N N/A N N N U U N Negativa[-1] 67% Alta 33%
Saxifraga portosanctana_A2_2070 N GI SI SI Inc U Inc U GI Inc N SI N N/A N N N U U N Crítica[-3] 67% Alta 33%
Saxifraga portosanctana_B2_2070 N GI SI SI Inc U Inc U GI Inc N SI N N/A N N N U U N Muitonegativa[-2] 67% Alta 33%
Acacia mearnsii_A2_B2_2020_2040 N N N N SD U SD U N Dec N N N N/A N N N U U N Neutra[0] 67% Alta 33%
Acacia mearnsii_A2_2070 N N N N SD U SD U N Dec N N N N/A N N N U U N Positiva[1] 67% Alta 33%
Acacia mearnsii_B2_2070 N N N N SD U SD U N Dec N N N N/A N N N U U N Positiva[1] 67% Alta 33%
Falhas de conhecimento 0 0 0 0 0 30 0 30 0 0 0 3 0 0 0 0 0 27 24 0
BIODIVERSIDADE 155
Anexo 4 – Definição dos fatores de sensibilidade utilizados no índice de vulnerabilidade de cetáceos
Fatoresdesensibilidade,adaptadosde(Laidreetal.2008;Simmonds&Smith2009)theirhabitatrequirements,andevidenceforbiologicalanddemographicresponsestoclimatechange.Wethendescribeapan-Arcticquantitativeindexofspeciessensitivitytoclimatechangebasedonpopulationsize,geographicrange,habitatspecificity,dietdiversity,migration,sitefidelity,sensi-tivitytochangesinseaice,sensitivitytochangesinthetrophicweb,andmaximumpopulationgrowthpotential(Rmax
Population size:Thecurrentpopulationsize.Specieswithbiggerpopulationsshouldhavemoreoptionsforadaptingorreestablishingthemselvesinlocalornewareas.ConsideringestimatesfortheAltanticareoftennotavaible,globalpopulationsizeisusedtoinformadequatejudgements.
Geographic distribution:GeographicdistributionofeachspecieswithintheNorthAtlantic.Widelydistributedspeciesshouldbelessvulnerablethannarrowlydistributedspeciesgivenregionaldeviationsinthedirectionandmagnitudeofclimatewarming.
Diet diversity:Thisvariableidentifiesthediversityofdiet.Thedietdiversityofaspeciesisconsideredafundamentalvariablebecausedietflexibilityorabilitytoconsumeavarietyofpreyspeciesshouldresultindecreasedsensitivity.
Migrations:Thisvariabledescribestheextentandfrequencyofannualmigrations.Migratoryspeciesarecharacterizedasmorevulnerableduetoapotentialspecifictemporalorseasonalrelianceonacertainhabitat.
*Human activities:Thisvariabledescribesthedegreeofvulnerabilityofspeciestohumanactivities.Increasedhumanactivitiesmaygaugevulnerabilityforspecies.
BIODIVERSIDADE156
*Genetic variability:Thisvariableidentifiesthespeciesgeneticvariability.Lowgeneticdiversitymaymakespecieslessabletorespondtochanges.
UICN Status:StatusattributedbyUICNRedList,bothglobalandregionalstatuswhenavailable.
*Definidonesteprojeto.
BIODIVERSIDADE BIODIVERSIDADE158 159
Anexo 5 – Exemplo do índice de vulnerabilidade de cetáceos aplicado à espécie baleia piloto (indivíduos associados à ilha)
Sensitivity Indicators Possible answers
Score Data
Agr
eem
ent
Data quality
Tota
l con
fide
nce
1 2 3 Globicephala macrorhynchus short-finned pilot whale
0- n
o da
ta
1- E
xper
t Jud
gmen
t
2- L
imit
ed D
ata
3- A
dequ
ate
Dat
a
Population size
<100.000-SCORE=3
5
140island-associatedwhales(CI:131to151)usedthesouthernandeasternwatersofMadeiraduringthethreemonthperiodscoveringsummers/autumnsof2005-2011.Alvesetal.,2014describedatleasteightpodsofresidentandregularvisitorpilotwhalesinMadeira,eachwithanestimatedmeanof15individuals(SD=9,range:4to29).TheChapman’smodificationestimatedthatthetotalnumberofallwhales usingthesameareaandperiodsof2010and2011was340animals(CI:306to381).
3 3 6100.000-500.000-SCORE=2
>500.000-SCORE=1
Geographic distribution
restrictedtoanarea-SCORE=3
2 3
Acorearea,inthesouth-eastoftheislandofMadeira,isindicativeofthewhales’habitatpreferences.Whilebreedingissuggestedtobemainlyassociatedwiththeincreaseintherelativedensityduringautumn,theareaplaysanimportantroleforthespeciesthroughouttheyear.
2 3 5widespreadintheNortheastAtlanticbutrestrictedbyhabitat(e.g.coastalorinshorewaters)-SCORE=2
widespreadintheNortheastAtlantic-SCORE=1
Sensitivity Indicators Possible answers
Score Data
Agr
eem
ent
Data quality
Tota
l con
fide
nce
1 2 3 Globicephala macrorhynchus short-finned pilot whale
0- n
o da
ta
1- E
xper
t Jud
gmen
t
2- L
imit
ed D
ata
3- A
dequ
ate
Dat
a
Diet diversity
Onepreytypecomprisedof>20%ofitsdiet-SCORE=3
2 3Resultsfromdifferentregionsagreethattheirdietconsistsprimarilyofsquid,withlesseramountsoffish(Alves,2013)
2 3 5Twopreytypecomprisedof>20%ofitsdiet=2-SCORE=2
If3ormorepreytypescomprisedof>20%ofitsdiet-SCORE=1
Migrations
Wholepopulationundertookanannualmigrationof>1000kmalongdefinedroutesandspecificsitesusedthroughtheyear-SCORE=3
3 2
Photo-identificationstudyofshort-finnedpilotwhalesinthearchipelagoofMadeira(Portugal)suggestsvaryingpatternsofoccurrencewithresident(upto14years),transientandtempo-raryemigrantwhalesoccupyingthestudyarea(Alvesetal.,2013).
2 3 5Populationundertooksmallermigrationsorsubstantialregionalshifts-SCORE=2
Populationstayedinthesamegeneralregionthroughouttheyear-SCORE=1
Human activities
Increaseinspeciesvulnerabilityduetohumanactivities-SCORE=3
2 3
*Assumedthathumanactivitiesimpactwilleitherstaythesameorincrease.whale-wa-tchingactivitystandsasthemajorpotentialthreat.
2 2 4Speciesvulnerabilityismaintainedduetohumanactivities-SCORE=2
Reductioninspeciesvulnerabilityduetohumanactivities-SCORE=1
Genetic variability
Lowgeneticvariability-SCORE=3
4 1
GeneticanalysessuggestthatindividualsofthedifferentresidencypatternsencounteredinMadeiramaynotbegeneticallyisolatedandthattheymayinteractformatingpurposesuponmeeting(Alvesetal.,2013).*Assumedmediumtohighgeneticvariability.
2 2 4Mediumgeneticvariability-SCORE=2
Highgeneticvariability-SCORE=1
IUCN Status
CriticallyEndangered(CR),Endangered(EN),Vulnerable(VU)-SCORE=3
5 Globalandregionalstatus:LC 3 2 5TOTAL
CONFIDENCENearThreatened(NT)-SCORE=2
LeastConcern(LC)-SCORE=1
12 9 14 0 0 6 12 34,0 77
ScoreVULNERABILITY SCORE
Dat
a Q
ualit
y Sc
ore
1 2 3 2,6
12 18 42 53
adaptação às alterações climáticas
BIODIVERSIDADE
AUTORES
Andreia Sousa, Filipa Vasconcelos,
David Avelar, Maria João Cruz
27 DE FEVEREIRO DE 2015
BIODIVERSIDADE 165
ResumoOprojetoCLIMA-Madeiratemcomoobjetivoestudaravulnerabilidadeeasrespostasàsaltera-çõesclimáticasnoarquipélagodaMadeira.Oprojetoenvolvediferentessetorescomoagricul-turaeflorestas,saúde,turismo,biodiversidade,energiaerecursoshídricos.Oprojetopretendeidentificarasvulnerabilidadesnosdiferentessetores,criarumaplataformadeapoioàdecisãoeinformarodesenvolvimentodeumaestratégiaregionaldeadaptaçãoàsalteraçõesclimáticas.
Nosetordabiodiversidade,oprojetovisaavaliaravulnerabilidadedasespéciesàsalteraçõesclimáticasparadepoisdefinirumplanodeadaptaçãoemonitorizaçãoparaaBiodiversidade.Norelatório1dosetordabiodiversidadefoiselecionadoumconjuntodeespécies-alvotantoparagruposterrestrescomoparamarinhosparaasquaisseavaliouavulnerabilidadeàsalteraçõesclimáticasatravésdaaplicaçãodeíndicesdevulnerabilidade.Deentreosgruposterrestres,osbriófitos,asplantasvasculareseosmoluscosapresentaramumaumentodavulnerabilidadeaolongodoscenáriostemporaisatingindoaclassedevulnerabilidade“Crítica(-3)”nofinaldoséculo.Osgruposquedetêmmaisespéciesquepodembeneficiardasalteraçõesdoclimasãoogrupodosrépteiseodasaves,atingindoacategoriadevulnerabilidade“Positiva(1)”nocenárioA2paralongoprazo.OshabitatsterrestresdoMaciçoMontanhosoCentral,MatagalMarmuladoeZambujalMadeirenseapresentaramumavulnerabilidade“Crítica(-3)”nocenárioA2paralongoprazo,enquantoqueaFlorestaLaurissilvaapresentouumavulnerabilidade“Muitonegativa(-2)”.
Asespéciesdecetáceosmaisvulneráveissãoocachaloteeabaleiacomum,naclasse“Muitonegativa(-2)”eespéciescomoabaleiatropicaleogolfinhoroazassociadosàilhaapresen-tamumavulnerabilidade“Negativa(-1)”.Relativamenteaospeixeseinvertebradosmarinhos,poderãosurgirtantoimpactosnegativos(comoareduçãodaspopulaçõesdeespéciesdeclimasmaisfrios)comoimpactospositivos,comoaumentodaabundânciadeespéciescomafinidadestropicaisousubtropicaiseoaparecimentodenovasespécies.Estaavaliaçãodavulnerabilidadepermitiuaidentificaçãodeespéciesemriscoedeespéciesindicadoras.
Aavaliaçãodacapacidadeadaptativahumanaveiopermitirumaavaliaçãomaiscompletadavulnerabilidadedosdiferentesgruposehabitats.Osgruposterrestresmaispreocupantessãoosbriófitoseosartrópodescujasespéciesestudadasapresentamumamaiorvulnerabilidade
BIODIVERSIDADE166
eacapacidadeadaptativafoiavaliadacomo“razoável”.Ogrupodoslíquenesapresentaumavulnerabilidadebaixa,noentanto,temumareduzidacapacidadeadaptativa.
Nogeralogrupodoscetáceoséumgrupovulnerável,masqueapresentaumaelevadacapa-cidadeadaptativa.Osgruposdospeixeseinvertebradosapresentamumavulnerabilidadequepodevariardepositivaacríticamasambososgruposapresentamumabaixacapacidadeadaptativa.
Asmedidasdeadaptaçãoforamcompiladascombasenoscontributosdoworkshopdeadap-taçãodoprojetoCLIMA-MadeiraecomumaseleçãodemedidaslistadasdaEstratégiaNacionaldeAdaptaçãoàsAlteraçõesClimáticasparaosectordabiodiversidade,aplicáveisàrealidadedaRAM.Amaioriadasmedidas,focam-senasdimensõesconhecimentoegovernança.
Palavras-chave:Adaptação;AlteraçõesClimáticas;Biodiversidade;CapacidadeAdaptativaAtual;ArquipélagodaMadeira.
BIODIVERSIDADE 169
1. Introdução
1.1. Enquadramento
Anívelinternacionalhádiversosdocumentoscomrecomendaçõeseorientaçõesquevisamacriaçãodemecanismosdeadaptaçãoàsalteraçõesclimáticasparaamanutençãodabiodi-versidade.SãoexemplosaConvençãoparaaDiversidadeBiológica,aConvençãosobreZonasHúmidas,aConvençãosobreaVidaSelvagemeosHabitatsNaturaisnaEuropa,oPlanodeAçãodaUniãoEuropeia“Até2010—emaisalém”e,maisrecentemente,aEstratégiadeBiodiversi-dadedaUniãoEuropeiapara2020.
EmlinhacomosdesenvolvimentosemmatériadeadaptaçãoàsalteraçõesclimáticasnaUniãoEuropeia,porexemploo“LivroBranco.Adaptaçãoàsalteraçõesclimáticas:paraumquadrodeaçãoeuropeu”(ComissãoEuropeia2009),PortugalaprovouasuaEstratégiaNacionaldeAdap-taçãoàsAlteraçõesClimáticas(ENAAC)emAbrilde2010(ResoluçãodoConselhodeMinistrosn.º24/2010,DR:1.ªsérieN.º64de1deAbrilde2010).Esteinstrumentoestratégicopretendeenquadrarepromoverumconjuntodeorientaçõesedemedidasdeadaptaçãoaaplicaratravésdeumaabordagemintegradaeenvolvendoumalargadoconjuntodesetores.
AaplicaçãonacionaldaENAACestásobacoordenaçãointerministerialdaComissãoparaasAlteraçõesClimáticas(CAC),criadapelaResoluçãodoConselhodeMinistrosn.º72/98,de29deJunho,apoiadapeloseuComitéExecutivo(CECAC),queporsuavezéapoiadoporumgrupodecoordenação,pelosgruposdetrabalhosectoriaiseporumpainelcientífico(Despachon.º14893/2010,de18deSetembro).AaplicaçãodaENAACnasRegiõesAutónomasdosAçoresedaMadeiraédaresponsabilidadedosrespetivosGovernosRegionais.
OprojetoCLIMA-MADEIRApretendeidentificarecaracterizarpotenciaisimpactosdasalte-raçõesclimáticassobreossetoressaúdehumana,biodiversidade,recursoshídricos,turismo,energia,agriculturaeflorestasnoArquipélagodaMadeira,permitindoassimavaliarquaisasprincipaisvulnerabilidadesdessessistemasàsalteraçõesclimáticaseidentificarepriorizarmedidasdeadaptação.
BIODIVERSIDADE BIODIVERSIDADE170 171
Arthropoda(69,09%)
Mollusca(14,68%)
Nematoda(0,07%)
Platyhelminthes(0,07%)
Chordata(1,06%)
Spermatophyta(10,30%)
Lichens(0,85%)
Fungi(2,54%)
Bryophyta(0,78%)
Pteridophyta(0,56%)
Figura 1 – Proporção de taxa endémicos (espécies e subespécies) dos vários grupos de fungos, plantas e animais terrestres dos arquipélagos da Madeira e Selvagens. Fonte: Borges et al.,2008.
Osdiferenteshabitatsterrestresestãodistribuídosemaltitudeemdiferentessériesdevegeta-ção,sendoestasvitaisparaaconservaçãoemanutençãodosserviçosdeecossistemas.AilhadaMadeiracompreendeváriosandaresdevegetaçãoclimatófiladesdeascotasmaisbaixasatéàsdemaioraltitude(Capelo2004).AprimeirasériedevegetaçãocorrespondeaoZambujalMadeirensequeseencontraacotasinferiorescomescarpasrochosasentre0e200metrosnaencostasul(Figura2).AsériedoMatagalMarmulanoocorreacotasentreos200e300metrosdealtitudenaencostasuleentreos0e50metrosnaencostanorte.Estasérieestáassociadaasolospoucoprofundoseapresentaumaelevadaexposiçãoaosventoshúmidosnaencostanorte.Aflorestaautóctone,Laurissilva,éumecossistemadeextremaimportânciaedeelevadararidade,queocorreemduassériesdistintas:LaurissilvaMediterrânicadoBarbusanoquesedistribuiaproximadamenteentreos300e800metrosemsolospoucoprofundosemambasasencostaseaLaurissilvaTemperadadoTilqueseencontraemsolosmaisprofundosentreos800e1450metrosnaencostasuleos300–1400metrosnaencostanorte.ALaurissilvaTemperadadoTiléasériedevegetaçãocomamaioráreaocupadaemambasasencostas.AvegetaçãodealtitudedoMaciçoMontanhosoCentraldivide-senassériesUrzaldeAltitudeeVegetaçãoRupícoladeAltitude.AprimeiraconsistenumbosquedeurzalarbóreopresenteemsolospoucoespessoseafloramentosrochososcompredominânciadeEricaarboreaqueocupacotassuperioresa1400metros.AsériedeVegetaçãoRupícoladeAltitudeécaracterizadaporcomunidadespermanentesqueocorrememsubstratorochosoacotasacimade1560metrosdealtitude(SRA2014a).
Existemaindamuitosdesafiosnaprevisãoemonitorizaçãodosimpactosdasalteraçõesclimáti-casnabiodiversidade.Énecessárioteremcontaquealgunsefeitospoderãotornar-seevidentesapenasalongoprazo.Alémdisso,osefeitosdasalteraçõesclimáticasnosecossistemasenabiodiversidadeassociadasãomuitocomplexos,sendonecessárioconsideraraflexibilidadefenotípicaegenotípicadasespécies,assuasrespostasaosefeitosdeváriosfatoresclimáticosemsimultâneo,assimcomoasinteraçõesentreasváriascomponentesdosecossistemaseosimpactosindiretosquedaíadvêm.
Emtermosestruturais,opresentedocumentoécompostoporcincooutroscapítulos,alémdesteprimeirocapítulointrodutório.Nosegundocapítulosãoapresentadasasmetodologiasutilizadas.Noterceirocapítulosãosumarizadososresultadosobtidosaníveldelacunasdoconhecimento.Noquartocapítuloapresenta-seacapacidadeadaptativaatual.OquintocapítulolistaasmedidasdeadaptaçãoaplicáveisaosectordabiodiversidadenocontextodoArquipé-lago.Noúltimocapítuloapresentam-seasprincipaisconclusõesdopresentetrabalho.
1.2. Biodiversidade da Madeira
AMadeiraapresentaumafaunaefloraúnica,sendoconsideradaum‘hot-spot’debiodiversidademediterrânica.Localizadanaregiãobiogeográficadamacaronésia,temumelevadonúmerodeendemismosehabitatsricoscomumaelevadadiversidadedeespéciesterrestesemarinhas.Paraosprincipaisgrupostaxonómicosterrestressãoconhecidoscercade1419taxa-1286espéciese182subespécies-sendoosgruposcommaiornúmerodeendemismososmoluscoseosartrópodes,comcercade210e979espéciesesubespéciesrespetivamente.Ogrupodosmoluscosrepresentaassim14,68%dototaldeendemismoseosartrópodesa69,09%(Borgesetal.2008).Váriasespéciesmarinhasestãopresentesemáguasmadeirensesnomeadamente25espéciesdecetáceos,cincoespéciesdetartarugasmarinhaseafocamongeclassificadacomocriticamenteameaçada(Cabraletal.2005).
BIODIVERSIDADE172
Figura 2 – Séries de vegetação natural potencial da ilha da Madeira (Capelo et al, 2004).
1.3. Objetivos do relatório
1 ) AvaliaçãodavulnerabilidadedabiodiversidadeendémicaedeoutrasespéciescominteressedaregiãoautónomadaMadeiraàsalteraçõesclimáticasatravésdeíndicesdevulnerabilidadequeintegramacapacidadeadaptativaintrínsecadasespécies;
2 ) Identificarlacunasnoconhecimento;
3 ) Avaliardequemodoosresultadosobtidospelosrestantessetoresaníveldevulnerabilidadeàsalteraçõesclimáticaspoderãoterefeitossobreabiodiversidade;
4 ) Definirmedidasdeadaptaçãoàsalteraçõesclimáticasparaosectordabiodiversidade.
BIODIVERSIDADE 175
2. MetodologiaDemodoaidentificarmedidasdeadaptaçãoàsalteraçõesclimáticasparaosectordabiodiversi-dadedaregiãoautónomadaMadeiraseguiram-seasseguintesetapas:
2.1.Avaliarosimpactosevulnerabilidadedasespécies-alvoàsalteraçõesclimáticas;
2.2.Avaliaracapacidadeadaptativaatualdossistemashumanos;
2.3.Avaliarlacunasnoconhecimento;
2.4.Identificarprincipaismedidasdeadaptaçãotendoemcontaasvulnerabilidadesidentifica-daseacapacidadeadaptativaatual.
Deseguidadescrevem-seosmétodosutilizadosparacadaumadessasetapas.
2.1. Avaliar os impactos e vulnerabilidades
OsprincipaisimpactosevulnerabilidadesdabiodiversidadedoArquipélagodaMadeiraàsalteraçõesclimáticasencontram-sedescritosnoprimeirorelatóriodoprojecto(Cruzetal.2014).Denotarqueapenasfoiavaliadaavulnerabilidadedecercade10espécies-alvoporgrupo,nãosendoporissoumaavaliaçãocompletaeexaustiva.Osresultadosdevemporissoseranalisadoscomprecaução.
Numafaseposterior,foramavaliadosospotenciaisimpactosindiretosnabiodiversidadedecor-rentesdasvulnerabilidadesidentificadasnosoutrossectoresemestudo.Estaavaliaçãoteveporbaseosresultadosdeimpactosevulnerabilidadesobtidospelosoutrossectores,seguindoumametodologiadeexpert judgement.Estecruzamentointer-sectorialdosimpactospermiteodesenvolvimentoderespostasintegradasàsalteraçõesclimáticas.
BIODIVERSIDADE BIODIVERSIDADE176 177
Tabela 2 – Escala da avaliação sumária da capacidade adaptativa atual.
ELEVADA RAZOÁVEL REDUZIDA
2.3. Avaliar lacunas no conhecimento
Nosgruposterrestres,aslacunasnoconhecimentoforamavaliadasaquandodaaplicaçãodoíndiceCCVI(verCruzetal.2014).
Aavaliaçãodaconfiançanosresultadosobtidoscomoíndicedevulnerabilidadedoscetáceos,foicalculadacombasenapontuaçãoatribuídaacadafatordesensibilidadeeàqualidadedainformaçãoutilizadanaavaliação.Aqualidadedainformaçãopermitiutambémidentificarasfalhasnoconhecimentodasespéciesavaliadas.Aslacunasnoconhecimentoparaogrupodospeixesedosinvertebradosfoiavaliadaatravésderevisãobibliográfica.
2.4. Identificar principais medidas de adaptação
No1ºworkshopdoprojetoCLIMA-Madeira,foramidentificadasmedidasdeadaptaçãoparaofuturo,porpartedosagentesexternosrepresentativosdopoderregional,dopodereconhe-cimentolocal,dasociedadeciviledaindústrianaRAM.Asmedidasestratégicasparaosectordabiodiversidadeforamcompiladascombaseem:i)medidasidentificadasnoworkshoppelosagentesexternoseii)umaseleçãodemedidaslistadasdaEstratégiaNacionaldeAdaptaçãoàsAlteraçõesClimáticasparaosectordabiodiversidade(Araújoetal.2013)aplicáveisàrealidadedaRAM.Aseleçãodestasmedidastevecomobaseaavaliaçãodevulnerabilidadesedacapa-cidadeadaptativa.Estasmedidasdeadaptaçãoforamagrupadasnasseguintesdimensões:i)conhecimento;ii)tecnologia;iii)governança;iv)socio-economiaev)natureza.
2.2. Avaliar a capacidade adaptativa atual
Acapacidadeadaptativaatualavaliadarefere-seàcapacidadeatualdossistemashumanosdedarrespostaaosimpactosdasalteraçõesclimáticas.AcapacidadeadaptativaintrínsecadasespéciesfoiconsideradaaquandododesenvolvimentodoíndiceCCVI(verCruzetal2014).
Ametodologiautilizadaparaavaliaracapacidadeadaptativaatualdossistemashumanosconsi-deratrêscritérios(Tabela1):
4 ) Conhecimento;
5 ) Planose/ouprogramasdeconservaçãoatuais;
6 ) Níveldeproteçãoatual(legislaçãoregionaleeuropeiaeestatutodeameaçaIUCN).
AcadaumdoscritériosfoiatribuídaumaavaliaçãodeacordocomaescaladaTabela1paraosdiferentesgruposehabitatsterrestresemarinhos(Tabela4).
Aavaliaçãodacapacidadeadaptativaatualfoielaboradacombaseemrevisãobibliográficaecontribuiçõesdosperitosedestakeholderslocais.Estascontribuiçõesforamvalidadasno1ºworkshopdoprojetoCLIMA-Madeira,a12deFevereirode2015quetevelugarnoFunchal.
Tabela 1 – Critérios e escala de avaliação da capacidade adaptativa atual.
CRITÉRIOS AVALIAÇÃO
Conhecimento(-)(+/-)(+)
ReduzidoRazoávelElevado
Planos/programasdeconservaçãoatuais
(-)(+)
NãoexistemplanosExistemplanos
Estatutolegaldeproteçãoe/ou estatutodeconservação(IUCN)
(-)(+)
NãoexisteproteçãoouproteçãoreduzidaElevadograudeproteção(todasasespéciesougrandepartedaáreadedistribuiçãonocasodoshabitats)
Aavaliaçãosumáriadacapacidadeadaptativaatualparacomparaçãocomavulnerabilidadedosgruposehabitatsterrestresemarinhos(verseção3.4),foirealizadautilizandoaseguinteescaladaTabela2:
BIODIVERSIDADE 179
3. Resultados
3.1. Vulnerabilidade e vulnerabilidade cruzada (inter-sectorial)3.1.1. Vulnerabilidade da biodiversidade às alterações climáticas
OsprincipaisimpactosevulnerabilidadesdabiodiversidadedoArquipélagodaMadeiraàsalteraçõesclimáticasencontram-sedescritosnoprimeirorelatório(Cruzetal.2014).
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Líquen
es
Briófito
s
Plantas
Vascu
lares
Moluscos
Artrópodes
Réptei
s Ave
s
Mamífe
ros
Perc
enta
gem
de
espé
cies
-alv
o (%
)
Grupos terrestres
Crítica
Muito negativa
Negativa
Neutra
Positiva
Figura 3 – Vulnerabilidade dos grupos terrestres para o cenário A2 de longo prazo.
BIODIVERSIDADE BIODIVERSIDADE180 181
ESPÉCIES (nome científico e nome comum)
VULNERABILIDADE CLIMA-MADEIRA
[-3; 2]
CONFIANÇA CLIMA-MADEIRA
[Muito alta; Muito baixa]
Globicephala macrorhynchusBaleia-pilototropical(associadosàilha)
Negativa(-1) Alta
Globicephala macrorhynchusBaleia-pilototropical
Negativa(-1) Alta
Balaenoptera brydeiBaleiadeBryde
Negativa(-1) Alta
Tursiops truncatusGolfinhoroaz(associadosàilha)
Negativa(-1) Alta
Tursiops truncatusGolfinhoroaz
Neutra(0) Alta
Delphinus delphisGolfinhocomum
Neutra(0) Alta
Stenella frontalisGolfinhopintado
Neutra(0) Alta
Oimpactopotencialdasalteraçõesclimáticasnospeixesenosinvertebradosmarinhosédedifícilquantificação.Porumladopoderãosurgirnovasespécies,criandooportunidadesparaosetordaspescasnoarquipélagomas,também,podendocriarimpactosnegativosaníveldealteraçõesnascadeiastróficas.Poroutrolado,poderãodesapareceralgumasespécieseoutraspoderãosofreralteraçõesnasuaabundância.Éocaso,porexemplo,dopeixe-espada-preto,dadoqueoArquipélagodaMadeirarepresentaumdoslimitessuldasuadistribuição.TantoaCavalacomooChicharro(asoutrasduasespéciesmaispescadasnoarquipélago)sãoespéciesassociadasaáguasmaisquenteseportantomenosvulneráveisaoaumentodatemperaturadomar.
Principais fatores de Vulnerabilidade
Foramanalisadososprincipaisfatoresquecontribuemparaumaelevadavulnerabilidadedasespéciesterrestres.Paraamaioriadasespéciesasbarreirasnaturaissãoofatorquemaiscontribuiuparaavulnerabilidadedasespécies.Asbarreirasnaturaiseantropogénicaslimitam
Osgruposterrestresqueapresentammaiornúmerodeespéciesvulneráveissãoosbriófitos,asplantasvasculareseosmoluscosterrestres.Destes,80%dasespéciesdeplantasvascularesedemoluscosterrestrese70%dasespéciesdebriófitosforamclassificadasnaclasse“Critica(-3)”,nocenárioA2paraofinaldoséculo.Nogeral,comexceçãodasavesedosrépteis,amaioriadosrestantesgruposapresentaumavulnerabilidade“Neutra(0)”(Figura3).
Emresumoadistribuiçãodasespéciesnasdiferentesclassesdaescaladevulnerabilidadeemtodososcenários,aFlorestaLaurissilvaapresentaummaiornúmerodeespéciesnasclasses“Neutra(0)”.OMaciçoMontanhosoCentraleaFlorestaLaurissilvasãooshabitatsmelhorrepre-sentadosnaRAMeporissoapresentamummaioremaisdiversificadonúmerodeespéciesconsideradas.OMaciçoMontanhosoCentralapresentaummaiornúmerodeespéciesnaclassenegativa“Negativa(-1)”.OZambujalMadeirenseeoMatagalMarmulanoapresentamomaiornúmerodeespéciesnaclasse“Crítica”.
Paraalémdestacaracterizaçãodoshabitatsdeacordocomadistribuiçãodasdiferentesespécies,foitambémconsideradaainformaçãodamodelaçãobioclimáticaparaoMaciçoMontanhosoCentraleparaaLaurissilvaeoutrascondicionantesdohabitatcomoatopografiaesubstrato,apressãourbanaeafragmentaçãodohabitat.Avulnerabilidadefinaldoshabitatséapresentadanamatrizdevulnerabilidade(Anexo3).
Relativamenteaogrupodoscetáceosocachaloteeabaleiacomumapresentamumavulnera-bilidademuitonegativa,asespéciesdebaleiapiloto(incluindoosindivíduosassociadosàilha),abaleiadeBrydeeosindivíduosassociadosàilhadegolfinhoroazapresentamumavulne-rabilidadenegativa.Ogolfinhoroaz,ogolfinhocomumeogolfinhopintadoapresentamumavulnerabilidadeneutra(Tabela3).
Tabela 3 – Vulnerabilidade futura dos cetáceos e confiança nos resultados de acordo com a escala do projeto [CLIMA-Madeira: Critica (-3); Muito negativa (-2); Negativa (-1); Neutra (0); Positiva (1); Muito positiva (2).]
ESPÉCIES (nome científico e nome comum)
VULNERABILIDADE CLIMA-MADEIRA
[-3; 2]
CONFIANÇA CLIMA-MADEIRA
[Muito alta; Muito baixa]
Physeter macrocephalusCachalote
Muitonegativa(-2) Alta
Balaenoptera physalusBaleiacomum
Muitonegativa(-2) Alta
BIODIVERSIDADE BIODIVERSIDADE182 183
0
1
2
3
4
5
6
Capacidade de dispersão Nicho fisiológico - tolerância térmica
Nicho fisiológico - tolerância hidrológica
Regime de distúrbios
Núm
ero
de g
rupo
s
Factor de sensibilidade
Figura 5 – Principais fatores que contribuem para uma vulnerabilidade positiva dos grupos terrestres.
Relativamenteaoscetáceos,ocachaloteeabaleiacomumapresentamumavulnerabilidade“Muitonegativa(-2)”devidoaosfatorestamanhodapopulação,dieta,migraçõeseestatutodeameaça.Osindivíduosassociadosàilha,comoabaleiapiloto,apresentamumavulnerabili-dadenegativadevidoaosfatorestamanhodapopulação,distribuiçãogeográfica,migraçõeseestatutodeameaça.Asespéciesqueapresentamumavulnerabilidade“Neutra(0)”,devem-seàavaliaçãodosfatorestamanhodapopulação,distribuiçãogeográfica,dieta,variabilidadegenéticaeestatutodeameaça.
Osresultadossumáriosdavulnerabilidadedasespéciesehabitatsmarinhoseterrestres,comosrespetivosfatoresdeexposiçãoeaavaliaçãodeconfiançaestãorepresentadosnamatrizdevulnerabilidadesnoAnexo3.
3.1.2. Vulnerabilidades para a biodiversidade decorrentes dos impactos esperados noutros sectores
FoiidentificadapelosparticipantesnoworkshopdeadaptaçãodoprojetoCLIMA-Madeira,apotencialidadedeasaluviõesteremimpactonoecossistemalitoraldailhadaMadeiracomrepercussõesnasatividadesmarítimo-turísticas.Assim,casoseverifiqueumaumentodestesfenómenos,avulnerabilidadedosecossistemasmarinhoslitoraispoderátambémaumentar.
acapacidadedasespéciesalteraremasuaáreadedistribuiçãoemrespostaàsalteraçõescli-máticas.Atolerânciahidrológicarelaciona-secomadependênciadasespéciesdeumregimedeprecipitaçãooudecondiçõesdehumidadelocalizadasquepodemviradiminuiroudesaparecercomasalteraçõesclimáticas.Atolerânciatérmicaéumfatordesensibilidadeimportanteparaespéciesassociadasatemperaturasfriasquepodemsofrerreduçõesnasuaáreadedistribui-çãoeabundância.Acapacidadededispersãoemovimentopretenderefletirestacaracterísticaintrínsecadasespécies,que,sendoelevada,tornaasespéciesmaisresilientesàsalteraçõesnascondiçõesclimáticasaolongodotempo(Figura4).
Àsemelhançadosfatoresdesensibilidadequemaiscontribuemparaumaelevadavulnerabi-lidade,algunsdosmesmosfatorestambémcontribuemparaumamenorvulnerabilidadedasespécies(Figura5).Existemespéciesquepoderãobeneficiardaalteraçãodoregimehidrológicoedoaumentodatemperatura.Aelevadacapacidadededispersãotambémcontribuíparadiminuiçãodavulnerabilidadenamaioriadasespéciesmigratóriaspermitindoqueestasalteremasuaáreadedistribuição.Asalteraçõesnoecossistemacomoresultadodeumregimesdedistúrbios(cheias,fogos,etc)podembeneficiaralgumasespécies.
0
1
2
3
4
5
6
7
8
Barreiras Naturais Nicho fisiológico – tolerância hidrológica
Nicho histórico – tolerância térmica
Barreiras antropogénicas
Capacidade de dispersão
Núm
ero
de g
rupo
s
Factor de sensibilidade
Figura 4 – Principais fatores que contribuem para uma vulnerabilidade negativa dos grupos terrestres
BIODIVERSIDADE BIODIVERSIDADE184 185
3.1.3. Impactos das alterações da biodiversidade noutros sectores
Osectordosrecursoshídricosidentificouasalteraçõesnaqualidadeedisponibilidadedeáguasubterrâneacomodependentesdarecargaresultantedaprecipitação,precipitaçãoocultaetemperatura.Noentanto,paraalémdestesfatoresarecargaéaindainfluenciadapelapermeabi-lidade,ousoeocupaçãodosolo,odecliveeocobertovegetal.Aimportânciadascaracterísticasfísicasmastambémnaturaisnadisponibilidadedeáguapodemserarticuladascomoimpactonoshabitatsavaliadosnosectordabiodiversidade.
OspotenciaisimpactosidentificadosparaosectordoTurismonaMadeiraprendem-secomaafetaçãodospercursosterrestres,doscursosdeáguaedapaisagemflorestal.Nomeiomarinho,aafetaçãodeatividadescomoexcursões,passeioseprodutosturísticoscomoaobservaçãodevertebradosmarinhos,apescaturística,avelaouoremotambémterãoimpactonaofertaturísticadaMadeira.Nestesentidoérelevanteaarticulaçãodestesimpactoscomosimpactosidentificadosparaabiodiversidadeterrestreemarinha.
OsectordaSaúdeHumanaidentificoucomoimpactopotencialdasalteraçõesclimáticasodesenvolvimentoesobrevivênciadomosquitoAedes aegypti.Segundoaavaliaçãofeitapelosectordabiodiversidade,espera-sequeestaespéciepossabeneficiardasalteraçõesclimáticaseaaumentarasuaáreadedistribuiçãoatual.
NofuturoesteimpactopoderáviraseravaliadoemconjuntocomosectordosrecursoshídricosnacomponentedosriscosetambémemarticulaçãocomosectordoTurismo.
OsectordaAgriculturaeflorestasidentificouaexpansãodeexóticasinvasoraseaexistênciadepragasedoençascomoimpactosqueinfluenciamaprodutividadedasculturasdebananeira,vinhaehortícolas.Osectordabiodiversidadeidentificouquenogeralasespéciesexóticasterãotendênciaabeneficiardasalteraçõesclimáticas(verfigura6).Naavaliaçãodaáreadedistribui-çãopotencialdasculturasfoiconsideradooefeitodadeslocaçãodaadequaçãoclimáticaemaltitudeeascaracterísticasdasculturascomofatorescríticosaestadeslocação.EsteimpactopoderáterconsequênciasnaflorestanaturaldaMadeira,poispoderáhavercompetiçãoporespaçoerecursoscomasculturas.
Oriscodeocorrênciadepragasinfluenciadopeloaumentodatemperatura,diminuiçãodaprecipitaçãoeinteraçõesbióticaspoderánofuturoseravaliadoemarticulaçãocomosectordabiodiversidadenoquerespeitaàsespéciesenvolvidaseàsinteraçõesbióticasdasmesmas.
Poroutrolado,osectordaagriculturaidentificouopotencialdeemcenáriosfuturosseobservarumareduçãodaáreaagrícola,sobretudodasáreasagrícolasmaispequenas,emmosaicos,e,portanto,comumamaiorimportânciaaníveldebiodiversidade.Estapotencialreduçãopoderáterimpactosnegativosnasespéciesassociadasaesteshabitats.Assim,algumasespéciesdeavescomoaColumba torcazouaCarduelis cannabinaqueforamclassificadascomonãovulneráveisàsalteraçõesclimáticas,poderãoserafectadasindirectamentepelosimpactosaníveldaagricultura.
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
Crítica Muito negativa Negativa Neutra Positiva Muito Positiva
Núm
ero
de e
spéc
ies
Escala de Vulnerabilidade
Maciço Montanhoso Central
Laurissilva
Matagal Marmulano
Zambujal Madeirense
Figura 6 – Distribuição da vulnerabilidade das espécies endémicas, exóticas e nativas para o cenário A2 no final do século.
BIODIVERSIDADE BIODIVERSIDADE186 187
Noqueconcerneaosmamíferos,asprincipaisfalhasnoconhecimentoprendem-secomfaltadeinformaçãorelativamenteaosfatoresgenéticoseàadaptaçãodasespéciesàsalteraçõesclimáticas.
Quantoaogrupodosmoluscosaprincipalfalhanoconhecimentoprende-secomfaltadeinfor-maçãorelativamenteàspotenciaisalteraçõesdosusosdosolodevidoàsalteraçõesclimáticas.
Paraogrupodasplantasvasculares,asprincipaisfalhasnoconhecimentoprendem-secomfaltadeinformaçãorelativamentearespostasfisiológicasàvariabilidadeeàsalteraçõesclimáticas.
Porfim,nogrupodosrépteis,asprincipaisfalhasnoconhecimentoprendem-secomfaltadeinformaçãorelativamentearespostasfenológicasàvariabilidadeeàsalteraçõesclimáticas,nomeadamentenoquedizrespeitoàpossibilidadedeanteciparouadiarareproduçãocon-soanteatemperaturae/ouadisponibilidadedealimento.
3.2.4. Fauna marinha
Nogrupodoscetáceosasprincipaisfalhasnoconhecimentosãoafaltadeinformaçãorela-tivamenteaotamanhopopulacionaldasespécies,àsmigraçõeseaoimpactodasatividadeshumanasnaspopulaçõesdecetáceos.
Asprincipaisfalhasnoconhecimentonogrupodospeixeseinvertebradosrelacionam-secomafaltadeinformaçãosobreabiologiaeecologiadasespéciesesobreosimpactosdirectosaoníveldacadeiratróficadosefeitosdasalteraçõesclimáticas.
Noquerespeitaaosdadosdedescargadopescado,estesapresentamlimitaçõesquandosepretendeinferirsobreoimpactoalteraçõesclimáticasnascomunidadesdepeixes.Estasestatísticasestãoinfluenciadasporfatoresambientaismastambémsociaiseeconómicoscomoastécnicaseequipamentosdepescaeasnecessidadesdosmercados.Destaformaécomplexoavaliarosimpactosdasalteraçõesclimáticasnosecossistemasmarinhosdevidoàinteraçãosinergísticaentreosfatoresnaturaisehumanos.Nestesentidodevemserdesenvolvidasmeto-dologiasquantitativasparaavaliaravulnerabilidadedasespécies(verCruzetal2014).
NocasodasespéciesnãoindígenasénecessáriamaisinformaçãosobreaabundânciadestasespéciesnoarquipélagodaMadeira.Étambémnecessárioaumentardeformaconsistenteaáreadeavaliaçãoedarcontinuidadeaostrabalhosdemonitorização(Canning-Clodeetal.2013;SRA2014b).Noquerespeitaapolíticasdegestão,maisinformaçãosobrevetoresdeintroduçãodeespéciesnãoindígenas(tipologiaemagnitude)érelevanteparareduzirachegadadenovasespécies(VECTORS2014).
3.2. Lacunas no conhecimento3.2.1. Habitats terrestres
Paraoshabitatsnaturais,asprincipaisfalhasnoconhecimentoprendem-secomfaltadeinformaçãoacercadasuadistribuiçãorealassimcomoaslimitaçõesinerentesàmodelaçãodosimpactosdiretosdasalteraçõesclimáticas.ParaoMaciçoMontanhosoeparaaFlorestadaLaurissilvafoirealizadoumestudodemodelaçãobioclimática(Cruzetal.2009),sendoporissoconhecidosospotenciaisimpactosdiretosdasalteraçõesclimáticasnestesdoishabitats.Porém,existemaindaelevadasfalhasnoconhecimentodosefeitosindiretosedaspotenciaisinteraçõesbióticas.ParaoshabitatsdoMatagalMarmulanoedoZambujalMadeirensenãoexistequalquerinformaçãodisponívelsobreospotenciaisimpactosdiretosouindiretos,tendo-seapresenteavaliaçãobaseadoapenasemexpert judgement.
3.2.2. Habitats marinhos
ParaoshabitatsmarinhosdoArquipélago,asprincipaisfalhasnoconhecimentoprendem-secomfaltadeinformaçãoacercadasuadistribuição,composiçãoefuncionamentoqueempartesetraduzemtambémnaslimitaçõesinerentesàmodelaçãodosimpactosdasalteraçõesclimáticas.
Nogeral,umadasprincipaislacunassobreoecossistemamarinhodasubdivisãodaMadeiraconsistenafaltadeconhecimentosobreasinteraçõesentreasespécieseosseusecossis-temasqueacabaporlimitarodesenvolvimentodeindicadoresdebiodiversidade,queestãodependentesdevaloresdereferência,paraaavaliaçãodoestadoambientaldosecossistemas(SRA2014b).
3.2.3. Fauna e Flora terrestres
Osartrópodessão,deummodogeral,umgrupoaindainsuficientementeestudadonoarquipé-lagodaMadeira,tendoemconsideraçãoqueainformaçãobásicasobreabiologia,distribuição,abundânciaerequisitosecológicosdamaioriadasespécieséaindapoucoconhecida.Paraalémdisso,informaçãosobreafisiologia,fenologiaegenéticadasespéciesépraticamenteinexistente.Destemodo,odesconhecimentodasrespostasfisiológicas,fenológicaserelativamenteaosfatoresgenéticoseadaptaçãodasespéciesàspotenciaisalteraçõesclimáticasconstituiuumforteentraveparaoconhecimentodastendênciaspopulacionaisdasespéciesemfunçãodosdiferentescenáriosdealteraçõesnoclimadaMadeira.
Paraogrupodoslíquenes,asprincipaisfalhasnoconhecimentoprendem-secomfaltadeinformaçãoacercadadistribuiçãodasespéciescomelevadaresoluçãoespacialeissolevaaumaausênciadeinformaçãosobreonichoecológico.Paraalémdissonãoháinformaçãorela-tivamentearespostasfisiológicaseàvariabilidadegenéticadecadaespécienemquantoàsuacapacidadedeadaptaçãoàspotenciaisalteraçõesclimáticas.
Relativamenteaosgruposdasavesebriófitos,asprincipaisfalhasnoconhecimentoprendem-secomafaltadeinformaçãorelativamentearespostasfisiológicasefenológicasàvariabilidadeeàsalteraçõesclimáticas.
BIODIVERSIDADE BIODIVERSIDADE188 189
CONHECIMENTO
PLANOS/PROGRAMAS DE CONSERVAÇÃO
ACTUAIS
NÍVEL DE PROTECÇÃO
ACTUAL
HABITATS TERRESTRES
MaciçoMontanhosoCentral + + +
Laurissilva + + +
MartagalMarmulano +/− - +/−
ZambujalMadeirense +/− - +/−
HABITATS MARINHOS
ReservaNaturalParcialdoGarajau(marinha) +/− + +
ReservaNaturaldaRochadoNavio(marinha) +/− + +
RededeÁreasMarinhasProtegidasdoPortoSanto(mista)
+ + +
ReservaNaturaldasIlhasDesertas(mista) + + +
ReservaNaturaldasIlhasSelvagens(mista) + + +
ÁreamarinhadaPontadeSãoLourenço +/− + +
3.3. Capacidade adaptativa actual dos sistemas humanos
Acapacidadeadaptativaatualavaliadanestesubcapítulorefere-seàcapacidadeatualdossiste-mashumanosdedarrespostaaosimpactosdasalteraçõesclimáticas.Acapacidadeadaptativaintrínsecadasespéciesfoiconsideradaaquandododesenvolvimentodosíndicesdevulnerabili-dade(Cruzetal.2014).
Acapacidadeadaptativaactualdossistemashumanosfoiavaliadaconsiderandoosseguintescritérios:i)conhecimento;ii)Planos/programasdeconservaçãoeiii)Níveldeproteçãoactual.Atabela4resumeaavaliaçãodestescritériosparaosgruposehabitatsterrestresemarinhosqueseencontramdetalhadosnaseção3.3.1e3.3.2.
Considerandooscritériosacimamencionadosfoiefectuadaumaavaliaçãoglobaldacapacidadeadaptativaactual(tabela4)erepresentadanoesquemadafigura7.
Tabela 4 – Avaliação da capacidade adaptativa atual dos sistemas humanos às alterações climáticas para os grupos e habitats terrestres e marinhos de acordo com os critérios Conhecimento, Planos/programas de conservação e nível de proteção atual.
CONHECIMENTO
PLANOS/PROGRAMAS DE CONSERVAÇÃO
ACTUAIS
NÍVEL DE PROTECÇÃO
ACTUAL
GRUPOS TERRESTRES
Líquenes - - -
Briófitos + - +
Plantasvasculares + + +
Moluscos + + +
Artrópodes - + +/−
Répteis + + +
Aves + + +
Mamíferos +/− - +
GRUPOS MARINHOS
Cetáceos + + +
Peixes + + -
Invertebrados - - -
BIODIVERSIDADE BIODIVERSIDADE190 191
3.3.2. Planos/programas de conservação atuais
Nopresentecritérioacapacidadeadaptativaactualfoiavaliadacombasenaexistênciaouinexistênciadeplanosdeconservaçãoatuaisparaosdiferentesgruposehabitatsterrestres.Emrelaçãoaosgruposterrestresexistemplanosadecorreractualmenteparaogrupodasplantasvasculares,moluscos,artrópodes,répteiseaves,queseencontramlistadosnoAnexo1.Paraogrupodoslíquenes,briófitosemamíferosnãoexistemplanos(tabela4).
Quantoaoshabitatsterrestres,aanálisefoifeitacombasenoconhecimentodisponíveldeprojetosdeconservaçãoemcurso.NoAnexo1,verifica-sequeexistemprojetosemcursoqueabrangemoMaciçoMontanhosoCentraleaLaurissilva(e.g.LIFEMaciçoMontanhosoeLIFERECOVERNATURA).Aclassificaçãofoipositiva(+)paraestesdoishabitats.Paraosrestanteshabitats(ZambujalmadeirenseeMatagaldoMarmulano)aavaliaçãofoinegativa(-),vistoqueosplanosdegestãodasZECnãofazemreferênciaaestasduasformaçõesflorestais(foramreconhecidasdepoisdacriaçãodosSICdaRedeNatura)masapenasaalgumasespéciesqueconstituemestesecossistemas,comoporexemplo,Chamaemeles coriácea(espécieprioritária)eMaytenus umbellataquepertencemaoZambujalequetêmmedidaspropostasnalgunsplanosdegestão,comoporexemplonodopináculo.
ARegiãoAutónomadaMadeiradesenvolveuPlanosdeOrdenamentoeGestãodasdiferentesáreasmarinhasprotegidasqueestãorefletidasnaavaliaçãopositiva(+)databela4.Doconjuntodehabitatsmarinhosavaliados,5(ReservaNaturaldasIlhasDesertas,IlhasSelvagens,dosIlhéusdoPortoSanto,IlhéudaViúvaePontadeSãoLourenço)sãoZonasEspeciaisdeConser-vação(ZEC)aoabrigodaDiretivaHabitatscomáreamarinha.Destes,3(IlhasSelvagens,IlhasDesertasePontadeSãoLourenço)sãotambémZonasdeProteçãoEspecial(ZPE)aoabrigodaDiretivaAves.
Relativamenteaogrupodoscetáceos,em2013,aAssembleiaLegislativaRegionaldaMadeiraaprovouoDecretoLegislativoRegional15/2013/M,queregulamentaaobservaçãodevertebra-dosmarinhosnaságuasdoArquipélagodaMadeira.Estalegislaçãocontemplaadefiniçãoeimplementaçãodeáreasdeatuaçãoerespetivacapacidadedecarga.
Nogrupodospeixes,asespéciesdepeixe-espada-preto,cavalaechicharronãoforamavaliadaspelaIUCNenãoapresentamumestatutodeconservação.
Afaltadeconhecimentonogrupodosinvertebrados(ver3.3.1e3.2.4)acabaporsereflectirnafaltadeplanosoumedidasdeconservaçãoespecíficasparaestasespéciesbemcomodaatribuiçãodeumestatutodeameaça.
3.3.3. Nível de protecção actual
Estecritériofoiavaliadodeacordonaexistênciadeumestatutodeproteçãolegalaonívelregionaleeuropeudosgruposehabitatsterrestrese/ouoestatutodeameaçaIUCNdosgrupostendocomobaseasespécies.
3.3.1. Conhecimento
Nestecritérioaavaliaçãoglobaldacapacidadeadaptativaatualtevecomobaseoconhecimentoexistentesobreaecologiaebiologiadasespéciesesobreosdiferenteshabitats.Aoníveldosgruposterrestres,estecritériofoiclassificadocomopositivo(+)paraosbriófitos,plantasvascu-lares,moluscos,répteiseaves,poisestesgruposencontram-serelativamentebemestudados,sendoqueaslacunasdeconhecimentosãoreduzidas.Paraogrupodosmamíferosaavaliaçãofoirazoável(+/-),pelofactodeexistiralgumconhecimentosobreasespéciesestudadas,porémnãomuitoaprofundado.Oslíqueneseosartrópodessãoosgruposondeaslacunasdeconheci-mentosãosuperiorese,comotal,foramavaliadoscomonegativo(-).
Relativamenteaoshabitatsterrestres,oMaciçoMontanhosoCentraleaLaurissilvaforamavalia-dospositivamente(Tabela4)considerandoosestudosrealizadossobreesteshabitats,nomea-damente,aoníveldasalteraçõesnoclimaatravésdemodelaçãobioclimáticacomdoiscenáriosetrêsperíodostemporaisdesenvolvidanoprojecto(Santos&Aguiar2006).ParaoshabitatsMatagaldoMarmulanoeZambujalMadeirenseoconhecimentoérazoável(+/-).
AavaliaçãodoconhecimentodoshabitatsmarinhosnaMadeirafoifeitacombasenaavaliaçãodoestadoambientaldecadahabitatdeacordocomaEstratégiaMarinhaparaasubdivisãodaMadeira(SRA2014b).Aavaliaçãodoestadoambientalfoiefetuadacombasenumconjuntodecritérioscomoadistribuição,extensãoecondiçõesdoshabitats.Aestaavaliaçãofoiassociadoumgraudeconfiançaquepretendeurefletiraslimitaçõesaoníveldainformaçãoeconheci-mentodisponível.AReservaNaturalParcialdoGarajau,aReservaNaturaldaRochadoNavioeaÁreamarinhadaPontadeSãoLourençoapresentaramumgraudeconfiançamoderadoeasrestantesáreasprotegidasapresentaramumgraudeconfiançaelevado.
OconhecimentoparaogrupodoscetáceosfoiavaliadocomopositivoconsiderandoosváriosestudoscientíficosatéàdataqueinventariaramasespéciesdecetáceosdaMadeiraenosquaisforamrecolhidosdadossobreaabundância,sazonalidade,distribuição,estruturasocial,genéticapopulacionaleimpactosdasatividadeshumanasnoscetáceos.
Nogrupodospeixesoconhecimentofoiavaliadocomopositivoconsiderandoodesenvolvi-mentodeprojetosdemonitorizaçãodaspescariasnaRAMpelaDireçãoGeraldasPescascomvistaàsustentabilidadedosrecursospesqueiros.
Dosgruposmarinhosavaliados,ogrupodosinvertebradosapresentaasmaioreslacunasnoconhecimento(tabela4).MuitopoucainformaçãoexisteparaestegrupoenovasespéciesparaaMadeirasãodescobertastodososanos(Wirtz2006).Nomeadamenteasespéciesnãoindígenasqueencontramcondiçõesfavoráveisparaseintroduzirem,estabeleceremoualargaremoseulimitededistribuição.AlgunsestudospreliminaressobreasespéciesmarinhasnãoindígenaseoseuimpactonoecossistemaestãoadecorrernaMadeira(verCruzetal.2014).
BIODIVERSIDADE BIODIVERSIDADE192 193
3.4. Vulnerabilidade e capacidade adaptativa atual dos sistemas humanos
Arelaçãoentreavulnerabilidadedosgruposehabitats(Cruzetal.2014)eaavaliaçãoglobaldacapacidadeadaptativaactual(tabela4)érepresentadadeformasimplificadanaFigura7.
Noqueconcerneaosgruposterrestres,dentrodosgruposmaisvulneráveis,asplantasvascu-lareseosmoluscossãoosgruposcomumamaiorcapacidadeadaptativaatual,poroposiçãoogrupodosbriófitosedosartrópodesapresentamumacapacidadeadaptativainferior(Figura7).
Relativamenteaosgruposemqueavulnerabilidadeéneutra,osrépteiseavesapresentamumamaiorcapacidadeadaptativaatual.Osmamíferosapresentamumacapacidadeadaptativarazoável.Ogrupodoslíquenes,apesardeestarclassificadocomvulnerabilidadeneutra,sãoogrupocomumamenorcapacidadeadaptativaatual,conferindo-lhesnogeralumamaiorvulne-rabilidadedevidoàreduzidacapacidadedestegruposeadaptaràsalteraçõesclimáticas.
Noshabitatsterrestres,oMaciçoMontanhosoCentraléohabitatmaisvulneráveldevidosobretudoaofactodecomoaumentodatemperaturaolimiteinferiordohabitattenderáadeslocar-seemaltitudeficandocadavezmaisconfinadoaotopodailhadaMadeira,seguindo-sepelaLaurissilvaquetenderáadeslocar-seemaltitude(sobretudoaLaurissilvadoTil)estandocondicionadapelatopografiaesubstrato,contudoacapacidadeadaptativaatualparaambososhabitatséelevada.NocasodoshabitatsMatagaldoMarmulanoeZambujalMadeirense,oconhecimentosobreéreduzidonãoexistindoinclusivamentemodelaçãobioclimática.Consi-dera-sequeesteshabitatsestãomuitovulneráveisàsalteraçõesclimáticas,essencialmente,devidoaofactoderepresentarempequenasparcelas,serembastantefragmentadoseimpac-tadospelapressãourbana.Devidoaessaslacunasnoconhecimentoe,também,aoníveldaconservaçãoegestãodessesterritórios,acapacidadeadaptativaébaixa.
Nosgruposmarinhos,oscetáceossãoogrupocommaiorvulnerabilidademastambémcommaiorcapacidadeadaptativaatual.Asespéciesdepeixeseinvertebrados,apresentamumavulnerabilidadequevariademuitovulnerávelapositiva,poispoderãoexistirespéciesnegativa-menteimpactadaspelasaalteraçõesclimáticaseespéciesquepoderãobeneficiardaalteraçãodascondiçõesdoclima,porexemplo,atravésdaextensãodasuaáreadedistribuição.Emambososgruposfoiefetuadaumaavaliaçãoqualitativadavulnerabilidade.Ogrupodospeixesapresentaumamaiorcapacidadeadaptativaatualqueogrupodosinvertebrados.
DevidoàslacunasnoconhecimentosobreoshabitatsmarinhosnaMadeira(ver3.2.1)nãofoipossívelavaliarasvulnerabilidadesdesteshabitats.Noentantofoipossívelavaliaracapacidadeadaptativaatualdoshabitatsmarinhos(Figura7).
Nosgruposterrestres,existeumelevadoníveldeproteção(+)paraosbriófitos,plantasvascu-lares,moluscos,répteis,avesemamíferos.TodososgruposapresentamespéciescomestatutodeameaçaavaliadopeloIUCN(e.g.Sim-Simetal.2014).Paraalémdoestatuto,asplantasvasculareseaespécieLacerta/Teira dugesii (grupodosrépteis)constamdoAnexoBdaDiretivaHabitats.AsavesestãoprotegidaspelaDiretivaAvesealgumasespéciesdemoluscosconstamdosanexosIIeIVdaDiretivaHabitats.Ogrupodoslíquenesfoiavaliadocomonegativo(-),vistoquenãoexisteníveldeproteçãoatualparaasespéciesestudadas,nãoestandoestasincluídasemnenhumaDiretivaeoseuestatutodeameaçaaindanãoseencontraravaliado.Ogrupodosartrópodestambémfoiavaliadocomonegativo(-),poisapresentaumníveldeproteçãoreduzido,estandoapenasduasespéciesabrangidaspeloestatutodeameaçaIUCN(Cruzetal.2014).
Aoníveldoshabitatsterrestres,aavaliaçãoparaoMaciçoMontanhosoCentraleLaurissilvafoipositiva(+),poisesteshabitatsestãoinseridosemáreasclassificadasdeZECeZPEenoParqueNaturaldaMadeira,encontrando-secomumelevadoníveldeproteção(Anexo2).ParaoZambujalMadeirenseeMatagaldoMarmulanoaavaliaçãofoinegativa(-)considerandoquenemtodoohabitatestáprotegidonatotalidade.AáreadeZambujalquesepodeencontraremáreasprotegidasdaMadeiraémuitoreduzida,pequenosnúcleosnasZECdaRedeNatura2000doPináculoedosMoledos-MadalenadoMar.Comefeito,amaiorpartedaáreadeZambujalnãoestáincluídaemqualqueráreaprotegida.NoPortoSantosobrevivemalgunsexemplaresdezambujeirosedeoutrosarbustosnaZECdoBicoBranco,masnãopodemosconsiderarumaverdadeiraformaçãoflorestal,poissóocorremalgunselementosdispersoseomesmosepassanaDesertas(ReservaNaturaldasIlhasDesertas).Ozambujalcorrespondeaohabitat9320“FlorestasdeOleaeCeratonia”daDiretivaHabitats.ObosquedeMarmulano,correspondeaumavariantemediterrânicasub-xerofíticadohabitatprioritário9360“laurissilvasmacaronési-cas”,masapenasumaínfimaparteestáincluídanaporçãodoParqueNaturaldaMadeiraqueatingeaszonasmaisbaixasnaencostanortedailhadaMadeira.NoPortoSantoocorremalgunsexemplaresisoladosdeMarmulano(árvoreprincipaldestaformaçãovegetal)principalmentenaZECdoPicoBranco.NaReservaNaturaldasIlhasDesertasapenasocorrempoucosexemplaresdispersosdeMarmulano.
Nogrupodoscetáceos,aníveleuropeu,ogolfinhoroazestáincluídonoAnexoIIdaDiretivaHabitatseasrestantesespéciesavaliadasestãoincluídasnoAnexoIVdaDiretivaHabitats.Anívelregionaltodasasespéciesavaliadasapresentamumestatutoregionaldeconservação(Freitas2004).
Nocasodopeixe-espadapretoforamimplementadosdoisplanosdeajustamentodeesforçodepesca,bemcomoparaapescadepequenospelágicoscomoobjetivodemanterumníveldecapturassustentável.
Nocasodosinvertebradoseapesardaslacunasnoconhecimentoexistentes,algunsplanosdegestãodasáreasmarinhasprotegidasacabamporconferirboascondiçõesdeproteção,repro-dução,repousoeáreasdealimentaçãoadiversasespécies.
BIODIVERSIDADE BIODIVERSIDADE194 195
GRUPOS
Vuln
erab
ilida
de
Briófitos
Capa
cida
de a
dapt
ativ
a ac
tual
PlantasVasculares
Moluscos
Artrópodes
Líquenes
Répteis
Aves
Mamíferos
HABITATS
Vuln
erab
ilida
de?
ReservaNaturalParcialdoGarajau(marinha)
Capa
cida
de a
dapt
ativ
a ac
tual
?ReservaNaturaldaRocha
doNavio(marinha)
?RededeÁguasMarinhasProtegidasdoPortoSanto
(mista)
?ReservaNaturaldasIlhas
Desertas(mistas)
?ReservaNaturaldasIlhas
Selvagens(mistas)
GRUPOS
Vuln
erab
ilida
de Briófitos
Capa
cida
de
adap
tati
va a
ctua
l
PlantasVasculares
Moluscos
HABITATS
Vuln
erab
ilida
de
MaciçoCentral
Capa
cida
de
adap
tati
va a
ctua
l
Laurissilva
MatagalMarmulano
ZambujalMadeirense
Vulnerabilidade Capacidade adaptativa atual
muitovulnerávelvulnerávelneutrademuitovulnerável apositivanãomodelado
elevadarazoávelreduzida
Biodiversidade terrestre Biodiversidade marinha
Figura 7 – Esquema sumário da vulnerabilidade e capacidade adaptativa atual para a biodiversidade terrestre e marinha.
3.5. Medidas de adaptação
Nototalforamselecionadas16medidasdeadaptaçãoparaosectordabiodiversidade.AmaioriadasmedidassãoprovenientesdaEstratégiaNacionaldeAdaptaçãoàsAlteraçõesClimáticas(Araújoetal.2013),mastambémforamincluídasmedidasreunidasnoworkshopdeadaptaçãorealizadonaMadeiracomagenteslocaisnodia12deFevereirode2015.AlgumasaçõesconcretasidentificadasparaaRAMnesseworkshopencontram-sedetalhadasnatabela5.Asmedidasestãodivididasem5dimensões:conhecimento,tecnologia,governança,socio-eco-nomiaenatureza.Amaiorpartedestasmedidasencontram-senadimensãodoconhecimentoedagovernança.Setedasmedidasindicadasnatabelapossuemrelevânciaparaoutrossectores.Esteconjuntodemedidas,serãopriorizadas,emconjuntocomosrestantessectores,numsegundoworkshopcomagenteslocaisnaMadeira.
BIODIVERSIDADE BIODIVERSIDADE196 197
Tabela 5 – Medidas de adaptação para o sector da biodiversidade.
OBJETIVO ENAAC
OBJ. ESPECÍFICO BIODIVERSIDADE
MEDIDASPROVENIÊNCIA MEDIDAS
MEDIDAS RELEVANTES PARA OUTROS SECTORES
AÇÕES CONCRETAS JÁ IDENTIFICADAS NA MADEIRADIMENSÕES DE ADAPTAÇÃO
1. Informação e conhecimento
1.1.Aumentaroconhecimentosobreosefeitoseformasdeadaptaçãodasespéciesehabitats,edaestruturaefunçãodosecossistemasàsalteraçõesclimáticas
1.1.1.Estabelecerplanosregionaisdeinvestigaçãodelongotermosobreosefeitoseformasdeadaptaçãoaoníveldacomunidade,ecossistema,paisagemedasespéciesterres-tresemarinhas,garantindofinanciamentodelongoprazo.
AdaptadoENAACeWS Todosossectores
Avaliarasoportunidadesparaosectordaspescasdoaparecimentodenovasespéciesmarinhas(WS).Desenvolverestudosdecaracterizaçãodosfundosmarinhos(WS).Desenvolvermetodologiasdeavaliaçãodevulnerabilidade,parapeixes,invertebradoseoutrosvertebradosmarinhos(verCruzetal.2014).Con-sideraraAgênciaRegionalparaoDesenvolvimentodaInvestigaçãoTecnologiaeInovação-ARDITI
Conhecimento
1.1.2.ReverestatutosregionaisdeameaçadeespéciescombasenoscritériosdefinidospelaIUCN
ENAACeWS Conhecimento
1.2.Monitorizarosefeitosdasalteraçõesclimáticasaoníveldasespécies,habitatseecossistemas
1.2.1.Criarumprogramademonitorizaçãoregionalcomespéciesindicadorasdasaltera-çõesclimáticasreunidosnumabasededadosemformatoSIG.
AdaptadoENAACeWS TodosossectoresMedidaparaasespéciesterrestres(grupodoslíquenes,briófitosemoluscos)eespéciesmarinhasnãoindígenas,identificadasnorelatório.IntegrarestamedidanasplataformasSIGjáexistentes(e.g.VISOR-BIOdoOOM).
ConhecimentoTecnologia
1.2.2.Criarplanosdeacompanhamentoemoni-torizaçãoparasituaçõesderiscoimprevisíveis,comoosfogos,asinundações,assecaseasondasdecalor.
ENAAC TodosossectoresConhecimentoTecnologiaGovernança
2. Reduzir a vulnera-bilidade e aumentar a capacidade de resposta.
2.1.Diminuiravulnerabilidadedeespécies,habitatseecossistemasaosefeitosdasalteraçõesclimáticas
2.1.1.Criaroumanteráreasdeproteção, considerandoosefeitosdasalterações climáticas,paraosecossistemasehabitats maisvulneráveis.
ENAAC Recursoshídricos MaciçoMontanhosoCentral,MatagalMarmulano;ZambujalMadeirense Natureza
2.1.2.Garantiraexistênciadeumapaisagemdiversificadaquesuporteumarededecorredo-resecológicoseficaz.
ENAAC Turismo,AgriculturaeFlorestas Natureza
2.1.3.Reduziroutraspressõesantropogénicassobreabiodiversidade. ENAAC
Pressãourbanísticaeturística.Aparecimentoeestabelecimentodeespéciesexóticaseasobreexploraçãoderecursos.Desenvolvimentodeartesdepescamaisselectivas(WS).
NaturezaeGovernança
2.2.Integrarabiodiversidadeeasalteraçõesclimáticasnasváriaspolíticassectoriais,planoseprogramas,incluindoosinstrumentosdegestãoterritorialdeâmbitoregionalelocal,enosprojetos
2.2.1.Reverpolíticassectoriais,planoselegis-laçãoassociadaedocumentosdereferênciaegarantirasuavalidaçãoclimáticaemtermosdebiodiversidade.
ENAACeWS Governança
2.2.2.ReveraRedeFundamentaldeConserva-çãodaNatureza(RFCN)faceàproblemáticadasalteraçõesclimáticas.
ENAAC Florestas ConsiderarapropostadecriaçãodeumSICpararoazesnaságuasdoarquipé-lagodaMadeira. Governança
2.2.3.Rever,implementarefiscalizarplanosdegestãoeaçãoparaespéciesehabitatsvulneráveiseáreasclassificadas.
ENAACeWS EfetivarafiscalizaçãodaspescariasnaRAM. Governança
ENAAC: Estratégia nacional de adaptação às alterações climáticas - sector biodiversidade
WS: Workshop realizado na Madeira com stakeholders locais no dia 12 de Fevereiro
OBJETIVO ENAAC
OBJ. ESPECÍFICO BIODIVERSIDADE
MEDIDASPROVENIÊNCIA MEDIDAS
MEDIDAS RELEVANTES PARA OUTROS SECTORES
AÇÕES CONCRETAS JÁ IDENTIFICADAS NA MADEIRADIMENSÕES DE ADAPTAÇÃO
3. Participar, sensi-bilizar e divulgar
3.1.Capacitarosváriosagen-tespúblicoseprivadoscomresponsabilidadesnatomadadedecisõesinfluenciadaspelasalteraçõesclimáticas
3.1.1.Disponibilizaràsociedadeeaosdecisoresoconhecimentocientíficoatualizadosobreaadaptaçãodabiodiversidadeàsalteraçõesclimáticas.
ENAACeWS DivulgarepromoveracontinuaçãodaplataformaCLIMA-Madeira. Conhecimento
3.1.2.Promoveraçõesdeformaçãosobreasalteraçõesclimáticasquecontribuamparaavalorizaçãodasespéciesehabitatsmaisvulneráveis.
ENAACeWSConhecimentoSocio-economia
3.2.Sensibilizareenvolverumvastoconjuntodepartesinteressadasnaadaptaçãodabiodiversidadeàsalteraçõesclimáticas
3.2.1.Implementarumprogramadesensibilizaçãosobrealteraçõesclimáticaseabiodiversidade.
ENAACeWS EscolasnaRAMConhecimentoSocio-economia
4. Cooperar a nível regional, nacional e internacional
4.1.Cooperaranívelregionalecomregiõesdamacaronésia
4.1.1.Promoveracooperaçãoearticulaçãodemedidasdegestãoentrediferentesinstituiçõesresponsáveispelasflorestas,biodiversidadeeambiente(e.g.DROTA,SRA,DRFlorestas,Agricultura)
WS AgriculturaeFlorestas Governança
4.1.2.Melhoraracirculaçãoedivulgaçãodeinformaçãoeparticiparemprojetosdecoope-raçãosobreaadaptaçãodabiodiversidadeàsalteraçõesclimáticasanívelregional,nacional(ENAAC)enaregiãodamacaronésia.
AdaptadoENAAC Nomeadamenteparaespéciesmigratórias(avesecetáceos)Conhecimento
4.2CooperarnocontextoEuropeuedaONU
4.2.1.Proporarevisãodosestatutosdeprote-çãodeespéciesehabitatsanívelinternacional. AdaptadoENAAC;WS Conhecimento
BIODIVERSIDADE 201
4. ConclusõesEsterelatórioidentificouasprincipaislacunasdoconhecimentoecruzouaavaliaçãodevulne-rabilidadesapresentadanorelatórioanterior(Cruzetal.2014)comaavaliaçãodacapacidadeadaptativadossistemashumanosdemodoaidentificarquaisosgruposehabitatsprioritáriosparaaaplicaçãodemedidasdeadaptação.Nototalforamselecionadas16medidasdeadapta-çãoparaosectordabiodiversidadedivididasem5dimensões:conhecimento,tecnologia,gover-nança,socio-economiaenatureza.Amaiorpartedestasmedidasencontram-senadimensãodoconhecimentoedagovernança.Setedasmedidasindicadasnatabela5possuemrelevânciaparaoutrossectores.
BIODIVERSIDADE 203
5. Referências › AraújoP,SilvaREP,CostaT,CruzMJ,AvelarD,PulquérioM.2013.EstratégiaNacionaldeAdapta-çãoàsAlteraçõesClimáticas-SectordaBiodiversidade-R-DPOT/001/2013.Lisboa.
› BorgesPAV,AbreuC,AguiarAMF,CarvalhoP,JardimR,MeloI,OliveiraP,SérgioC,SerranoARM,VieiraP(Eds).2008.Alistoftheterrestrialfungi,floraandfaunaofMadeiraandSelvagensarchipelagos.DirecçãoRegionaldoAmbientedaMadeiraeUniversidadedosAçores,FunchaleAngradoHeroísmo.438pp.
› CabralMJ,AlmeidaJ,AlmeidaPR,DellingerT,FerranddeAlmeida,N.,OliveiraME,PalmeirimJM,QueirozAI,L.R,Santos-ReisM.2005.LivroVermelhodosVertebradosdePortugal.InstitutodaConservaçãodaNatureza,Lisboa.
› Canning-ClodeJ,FofonoffP,McCannL,CarltonJT,RuizG.2013.Marineinvasionsonasubtropi-calisland:FoulingstudiesandnewrecordsinarecentmarinaonMadeiraIsland(EasternAtlanticOcean).AquatInvasions.8:261–270.
› CapeloJ.2004.ApaisagemvegetaldailhadaMadeira.Quarcetea.6:3–200.FCT.
› ComissãoEuropeia.2009.Whitepaper-Adaptingtoclimatechange:towardsaEuropeanframeworkforaction.Brussels.
› CruzMJ,AguiarR,CorreiaA,TavaresT,PereiraJS,SantosFD.2009.ImpactsofclimatechangeontheterrestrialecosystemsofMadeira.IntJDesNatEcodynamics.4:413–422.
› CruzMJ,AvelarD,SousaA,VasconcelosF,JardimR.2014.RelatóriodaVulnerabilidadedoSetordabiodiversidadenaRegiãoAutónomadaMadeira.ElaboraçãodoEstudosobreasVulnerabili-dadeseRespostasàsAlteraçõesClimáticasnoArquipélagodaMadeira.
› FreitasL.2004.EstatutosdeconservaçãodoscetáceosnoarquipélagodaMadeira(documentoF).RelatóriotécnicodoProjectoCETACEOSMADEIRA(LIFE99NAT/P/06432).MuseudaBaleiadaMadeira.
BIODIVERSIDADE204
› SantosFD,AguiarR.2006.CLIMAATII,ImpactoseMedidasdeAdaptaçãoàsAlteraçõesClimáti-casnoArquipélagodaMadeira,ProjectoCLIMAATII.DirecçãoRegionaldoAmbientedaMadeira,Funchal.
› Sim-SimM,RuasS,FontinhaS,HedenäsL,SérgioC,LoboC.2014.BryophyteconservationonaNorthAtlantichotspot:threatenedbryophytesinMadeiraandSelvagensArchipelagos(Portugal).SystBiodivers[Internet].12:315–330.Availablefrom:http://www.tandfonline.com/doi/abs/10.1080/14772000.2014.918063
› SRA.2014a.JardimBotânicodaMadeira–RecursosNaturais–Vegetação[Internet].Availablefrom:http://goo.gl/CVi8Fh
› SRA.2014b.EstratégiaMarinhaparaasubdivisãodaMadeira.DiretivaQuadroEstratégiaMari-nha.SecretariaRegionaldoAmbienteedosRecursosNaturais,Junho2014.
› VECTORS.2014.Vectorsinview.Newsletter.Issue7.December2014.
› WirtzP.2006.TeninvertebratesnewforthemarinefaunaofMadeiraArquipélago.LifeMarSci.23A:75–78.
BIODIVERSIDADE 207
Anexo 1 - Lista de Planos/programas de conservação atuais Fonte:ParqueNaturaldaMadeira(http://www.pnm.pt/ )
Projeto LIFE RECOVER NATURA
Objetivo:RecuperaçãodeespéciesehabitatsterrestresdossítiosdaRedeNatura2000daPontadeSãoLourençoeIlhasDesertas,noCentroCívicodoCaniçal
Programa de controlo de plantas invasoras
Objetivos:1)SalvaguardadoPatrimónioNaturaldaRAM,atravésdocontroloeerradicaçãodeplantasinvasorasedarecuperaçãodeecossistemasnaturais.2)Sensibilizaçãodosgestoreseutilizadoresdosespaçosnaturais,assimcomodetodosaquelesqueestãoligadosaosetordaproduçãoevendadeplantas.
Programa de monitorização do estado de conservação do pombo-torcaz
Objetivo:Estabelecerumalinhademonitorização,quepermitaseguirosefetivospopulacionaisdaespécieepelacompatibilizaçãoentreapresençadopombo-torcazeapráticaagrícolanaszonaslimítrofesdoseuhabitat,atravésdaminimizaçãodosestragoscausados(ilhadaMadeira).
Projeto LIFE “Conservação da Freira-da-Madeira através da recuperação do seu habitat”
Objetivo:Monitorizaçãodapopulaçãoeavaliaçãodosucessodasmedidasdegestãoimple-mentadas,paraqueseprocedaaeventuaisalteraçõesnomesmoseassimfornecessário.(IlhadaMadeira;MaciçoMontanhosoCentral)
Programa de Educação Ambiental
Objetivo:OCentrodeinformaçãodoServiçodoParqueNaturaldaMadeira(CISPNM),dandocontinuidadeaotrabalhoiniciadonosanosanteriores,apresentouedesenvolveuumprogramadeeducaçãoambientalespecifico,paraailhadaMadeiraeparaPortoSanto,comumplanodeatividadesquevisoupromoveraconservaçãodabiodiversidade,maisespecificamentenas
BIODIVERSIDADE208
áreasprotegidasdaRegiãoAutónomadamadeira,assimcomo,osprojetosdeconservaçãoeinformaçãodesenvolvidosnessesespaços.
Projeto LIFE Natureza “Medidas urgentes para a recuperação da Freira-do-Bugio (Pterodroma
deserta) e do seu habitat/SOS Freira-do-Bugio”
Objetivo:GarantirqueapopulaçãodeFreira-do-BugioeoseuhabitatdenidificaçãonasilhasDesertas.
Projeto LIFE Maciço Montanhoso
Objetivo:RecuperaçãoeconservaçãodeespéciesehabitatsdoMaciçoMontanhosoCentraldaMadeira.
Levantamento das plantas e seus usos tradicionais
Objetivos:1)Efetuarumlevantamentodafloraaromáticaemedicinallocal,identificandoecatalogandoosseususos,bemcomoastradiçõeseastecnologiasagráriasassociadas,con-tribuindoparaoconhecimentodopatrimónionaturaleodesenvolvimentoruraldafreguesia.2)Recuperaroconhecimentopopularparaasfuturasgerações,valorizandoasinformaçõesencontradas,atravésdaediçãodumapublicação,dadinamizaçãodeexposiçõeseumpequenojardimdeervasaromáticasemedicinais,emmododeproduçãobiológico.3)Contribuirparaadiversificaçãoevalorizaçãodasatividadesrurais.
Projeto LIFE Ilhéus do Porto Santo
Objetivo:OcorrepredominantementenaáreaterrestredosseisilhéusdoPortoSantonoArqui-pélagodaMadeira:IlhéudaCal,IlhéudoFarol,IlhéudeFerro,IlhéudaFontedaAreia,IlhéudasCenouraseIlhéudeFora.Aáreaterrestretotalaintervirécercade232hectaresestandoprevis-tascercade45açõesdistintas.Esteprojetoéfundamentalparacessarascausaseameaçasdedegradaçãodoshabitats.
BIODIVERSIDADE 211
Anexo 2 - Nível de proteção atual Fonte:ParqueNaturaldaMadeira(http://www.pnm.pt/ )
Classificação Regional
ÁREA TIPO CLASSIFICAÇÃO
ParqueNaturaldaMadeira Incluiáreascomdiferentestiposdeproteção
ReservaNaturalParcialdoGarajau Reservamarinha
ReservaNaturaldaRochadoNavio Reservamarinha
RededeÁreasMarinhasProtegidasdoPortoSanto
ÁreaProtegida(incluiaÁreaClassificadadeZEC)
ReservaNaturaldasIlhasDesertasReservaNatural(sobrepõeaáreaclassificadadeZECeZPE)
ReservaNaturaldasIlhasSelvagens
ReservaNatural(sobrepõeaáreaclassificadadeZECeZPE)
BIODIVERSIDADE212
Classificação da Rede Natura 2000 (Europeu)
ÁREA TIPO CLASSIFICAÇÃO
MaciçoMontanhosoCentralÁreaClassificadadeZECeZPEapenasazonaocidental,totalmenteincluídanoPNM
LaurissilvaÁreaClassificadadeZECeZPE,maioritariamenteincluídanoPNM
PontadeS.LourençoÁreaClassificadadeZEC,parcialmenteincluídanoPNMeZPE
IlhéudaViúvaÁreaClassificadadeZEC,sobrepõeàReservaNaturaldaRochadoNavio
AchadasdaCruz ÁreaClassificadadeZEC
Moledos ÁreaClassificadadeZEC
Pináculo ÁreaClassificadadeZEC
PicoBranco(PortoSanto) ÁreaClassificadadeZEC
IlhéusdoPortoSantoÁreaClassificadadeZEC,incluídanaRededeÁreasMarinhasProtegidasdoPortoSanto
IlhasDesertasÁreaClassificadadeZECeZPE,sobrepõeàReservaNaturaldasIlhasDesertas
IlhasSelvagensÁreaClassificadadeZECeZPE,sobrepõeàReservaNaturaldasIlhasSelvagens
BIODIVERSIDADE BIODIVERSIDADE216 217
Anexo 3 - Matriz de vulnerabilidade dos habitats e grupos terrestres e marinhos
radiaçãosolar vento
temperatura efeitofertilizanteCO2
precipitação humidaderelativa
subidanívelmédiodomar acidificaçãodooceano
CONFIANÇA
Muitobaixa
Baixa
Média
Alta
Muitoalta
VULNERABILIDADE
Muitopositiva
Positiva
Neutra
Negativa
Muitonegativa
Crítica
IMPACTOS NA BIODIVERSIDADE - HABITATS E GRUPOS MARINHOS E TERRESTRES EXPOSIÇÃOHORIZONTE TEMPORAL
CONFIANÇA VULNERABILIDADE
HA
BIT
ATS
MaciçoMontanhosoCentralDevidosobretudoaoaumentodetemperaturaolimiteinferiordohabitattenderáadeslocar-seemaltitude(ex.:SorbusmaderensiseArmeriamaderensis),ficandocadavezmaisconfinadonotopodailhadaMadeira.
Atual
Curto(2020-2039)
Longo(2070-2099)
FlorestaLaurissilvaALaurissilvatenderáadeslocar-seemaltitude(sobretudoaLaurissilvadoTil,ex.:PittosporumcoriaceumePolystichumdrepanum)estandocondicionadapelatopografiaesubstrato.
Atual
Curto(2020-2039)
Longo(2070-2099)
MatagalMarmulanoDevidoaoaumentodatemperaturaediminuiçãodahumidaderelativa,estehabitattendeadeslocar-seemaltitude.Noentantoestácondicionadopelafortepressãourbanaefragmentaçãodohabitat.
Atual
Curto(2020-2039)
Longo(2070-2099)
ZambujalMadeirenseAsubidadonívelmédiodomariráforçarohabitatadeslocar-seemaltitude,noentantoesteencontra-sealtamentefragmentadoecondicionadopelapressãourbana.
Atual
Curto(2020-2039)
Longo(2070-2099)
BIODIVERSIDADE BIODIVERSIDADE218 219
IMPACTOS NA BIODIVERSIDADE - HABITATS E GRUPOS MARINHOS E TERRESTRES EXPOSIÇÃOHORIZONTE TEMPORAL
CONFIANÇA VULNERABILIDADETE
RR
ESTR
E
AVESSobretudodevidoaoaumentodatemperaturaediminuiçãodaprecipitaçãoohabitatdafreiradaMadeirareduzir-se-á.Oseventosextremos(e.g.incêndios)tenderãoaaumentardegradandooseuhabitat.Asrestantesespéciesbeneficiamdevidoàcapacidadededispersãoeporseremgeneralistasnohabitat.
Atual
Curto(2020-2039)
Longo(2070-2099)
BRIÓFITOSOaumentodatemperatura,diminuiçãodaprecipitaçãoedahumidaderelativa,iráproduziralteraçõesnoregimehídricodosecossistemasqueseráampliadopelabaixacapacidadededispersãodasespécies,desflorestaçãoporincêndiosouaparecimentodeespéciesinvasoras.
Atual
Curto(2020-2039)
Longo(2070-2099)
MAMÍFEROSComadiminuiçãodahumidaderelativa,existiráumareduçãodadisponibilidadedeinsetosealteraçãodospicosdealimentoereprodução.Asespéciestenderãoadeslocar-se,estandonoentantolimitadaspelafragmentaçãodohabitat.Nãosãovulneráveispoistêmumaboacapacidadededispersãoesãoendotérmicos.
Atual
Curto(2020-2039)
Longo(2070-2099)
PLANTASVASCULARESOaumentodatemperaturaediminuiçãodaprecipitaçãoedahumidaderelativa,irápotenciaralteraçõesdoregimehídricolimitandoacapacidadededispersãodasespéciesdevidoàmaiorfragmentaçãodohabitat,aumentodedistúrbiosouaparecimentodeespéciesinvasoras.
Atual
Curto(2020-2039)
Longo(2070-2099)
RÉPTEISComaumentodatemperaturaediminuiçãodaprecipitaçãoedahumidaderelativa,tenderáaexistirumareduçãodadisponibilidadedeinsetos,queserápotenciadocomoaumentodeespéciesinvasoras.Espéciesbeneficiamdevidoaoslimitesfisiológicosnãoultrapassadoseboacapacidadededispersão.
Atual
Curto(2020-2039)
Longo(2070-2099)
ARTRÓPODESOaumentodatemperaturaediminuiçãodahumidaderelativa,teráimpactonoslimitesfisiológicostérmicosehídricosdasespécies,potenciadocomareduçãodoshabitatseaumentodeespéciesinvasoras.
Atual
Curto(2020-2039)
Longo(2070-2099)
MOLUSCOSDevidosobretudoaoaumentodatemperaturaediminuiçãodahumidaderelativa,asespéciestenderãoadeslocar-se,estandonoentantolimitadaspelageomorfo-logiadasilhas,fragmentaçãodohabitateespéciescompetidoras.
Atual
Curto(2020-2039)
Longo(2070-2099)
LÍQUENESOaumentodatemperaturaediminuiçãodahumidaderelativa,iráafetaroslimitestérmicosehidrológicosdosecossistemas.Sãobonsbiondicadoresdascondiçõesmicroclimáticasedetêmumaboacapacidadededispersão.
Atual
Curto(2020-2039)
Longo(2070-2099)
MA
RIN
HO
CETÁCEOSAlteraçãonadistribuiçãodasespécies,reduçãodaimunidadedasespécies,perdadehabitatparaespéciesassociadasaáreasespecíficas(e.g.zonacosteira)ecompetiçãocomatividadeshumanas.
Atual
Curto(2020-2039)
Longo(2070-2099)
PEIXESAáreadedistribuiçãodasespéciestenderáaalterar-se,occorrendoumaperdadeespéciesmediterrâneo-atlânticoeganhodeumconjuntodeespéciestropicais.Outrosimpactosprendem-secomalteraçõesnaabundância,nafenologiaenocrescimentodasespécies.
Atual
Curto(2020-2039)
Longo(2070-2099)
INVERTEBRADOSImpactonadistribuição,abundância,fenologiaecrescimentodasespécies.Espéciesnãoindígenaspodemencontrarcondiçõesparaseintroduzirem,estabeleceremouestenderemoseulimitededistribuiçãopodendoviracompetircomespéciesnativas.
Atual
Curto(2020-2039)
Longo(2070-2099)
Top Related