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Relatrio de Estabilidade Financeira Braslia v. 12 n 2 set. 2013 p. 1-65
ISSN 2176-8102CNPJ 00.038.166/0001-05
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Relatrio de Estabilidade Financeira
Publicao semestral do Banco Central do Brasil (BCB)
permitida a reproduo das matrias, desde que mencionada a fonte: Relatrio de Estabilidade Financeira, volume 12, n 2.
Eventuais divergncias entre dados e totais ou variaes percentuais so provenientes de arredondamentos.
No so citadas as fontes das tabelas e dos grficos de autoria exclusiva do Banco Central do Brasil.
Diviso de Atendimento ao Cidado
Banco Central do BrasilDeati/DiateSBS Quadra 3 Bloco B Edifcio-Sede 2 subsolo70074-900 Braslia DF
DDG: 0800 9792345Fax: (61) 3414-2553Internet:
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Sumrio
Prefcio 5
Sumrio executivo 6
1 Ambiente macroeconmico e financeiro 7
1.1 Introduo ___________________________________________________________________ 7
1.2 Mercados financeiros internacionais _______________________________________________ 7
1.3 Mercado financeiro nacional ____________________________________________________ 11
2 Sistema bancrio 14
2.1 Introduo __________________________________________________________________ 14
2.2 Liquidez ____________________________________________________________________ 14
2.3 Crdito _____________________________________________________________________ 182.4 Rentabilidade ________________________________________________________________ 24
2.5 Solvncia ___________________________________________________________________ 28
2.6 Testes de estresse de capital _____________________________________________________ 31
2.6.1 Anlise de cenrio Testes de estresse nas condies macroeconmicas ____________ 32
2.6.2 Anlise de sensibilidade ___________________________________________________ 33
3 Sistema de Pagamentos Brasileiro 35
3.1 Desempenho dos sistemas de transferncia de fundos _________________________________ 35
3.2 Desempenho dos sistemas de compensao e de liquidao de ttulos,
valores mobilirios, derivativos e cmbio __________________________________________ 36
4 Organizao do Sistema Financeiro Nacional 42
4.1 Introduo __________________________________________________________________ 42
4.2 Instituies bancrias __________________________________________________________ 42
4.3 Nveis de concentrao no Sistema Financeiro Nacional ______________________________ 43
4.4 Instituies no bancrias ______________________________________________________ 45
4.5 Participao estrangeira no Sistema Financeiro Nacional ______________________________ 45
4.6 Participao de instituies financeiras brasileiras no exterior __________________________ 45
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5 Regulao do Sistema Financeiro Nacional 46
5.1 Introduo __________________________________________________________________ 46
5.2 Cadastro Positivo _____________________________________________________________ 46
5.3 Letra Financeira Subordinada (Lei n 12.838/2013) __________________________________ 47
5.4 Implementao das recomendaes de Basileia III ___________________________________ 47
5.5 Balancete Conglomerado prudencial ____________________________________________ 495.6 Conta de bancos centrais estrangeiros no BCB ______________________________________ 49
5.7 Reviso da codificao para classificao das operaes de cmbio ______________________ 50
5.8 Modernizao do Sistema de Transferncias Internacionais em Reais (TIR) _______________ 50
5.9 Alteraes no Estatuto e Regulamento do Fundo Garantidor de Crdito (FGC) _____________ 50
Boxes
Arranjos e instituies de pagamento no mbito do SPB __________________________________ 40
Trabalhos para Discusso que versam sobre estabilidade financeira _________________________ 52
Apndice 54
Anexo 60
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Prefcio
aprovadas pelo Conselho Monetrio Nacional (CMN) epelo BCB para regular o funcionamento do SFN.
Esta edio apresenta, tambm, um boxe sobre os arranjose as instituies de pagamento no mbito do SPB.
O relatrio em PDF est disponvel no endereoeletrnico . Tambm est disponvela base de dados utilizada para a elaborao dos grficose tabelas do relatrio, alm de outros dados de interesse,como a matriz de migrao de classificao de crdito.
O Relatrio de Estabilidade Financeira (REF) umapublicao semestral do Banco Central do Brasil (BCB)destinada a apresentar, com foco no risco sistmico,os principais resultados das anlises sobre o SistemaFinanceiro Nacional (SFN), especialmente com respeito sua dinmica recente, s perspectivas para os prximosanos e ao grau de resilincia a eventuais choques naeconomia brasileira ou no prprio sistema. Esta edioconcentra-se nos eventos ocorridos no primeiro semestrede 2013.1
O relatrio constitudo por cinco captulos. No primeiro,Ambiente macroeconmico e financeiro, realizada aanlise dos principais mercados internacionais e o seureflexo no mercado financeiro nacional. O segundocaptulo, Sistema bancrio, apresenta um panoramada exposio a riscos, da rentabilidade e da solvnciadas instituies e dos conglomerados que compem osistema bancrio brasileiro. Os testes de estresse de riscode mercado e de crdito e seus reflexos sobre a situaode solvncia das instituies esto includos nessecaptulo. No terceiro captulo, Sistema de PagamentosBrasileiro, so descritos os resultados da avaliao acercado funcionamento do Sistema de Pagamentos Brasileiro(SPB) e do desempenho dos sistemas de liquidao, asprincipais atividades e os avanos ocorridos no perodo,
o comportamento da liquidez intradia e o resultadodos testes de estresse dos sistemas de compensaoe de liquidao de ttulos e valores mobilirios, dederivativos e de cmbio interbancrio. O quarto captulo,Organizao do Sistema Financeiro Nacional, analisa asprincipais alteraes ocorridas no controle acionrio deinstituiesfinanceiras. O quinto captulo, Regulao doSistema Financeiro Nacional, trata das principais normas
1/ Neste relatrio, foi utilizada a data-base de 30 de junho de 2013 para osdocumentos contbeis. Eventuais divergncias em relao edio anteriore a outras publicaes do BCB so decorrentes de substituies.
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Sumrio executivo
O lucro lquido (LL) do sistema bancrio manteve-seestvel, levando a recuo no Retorno sobre o PatrimnioLquido (RSPL). O LL foi limitado pelo fraco crescimentodo resultado de intermediao financeira, em razo dareduo das margens brutas nas operaes de crdito,do arrefecimento no ritmo das concesses de crditoe do impacto negativo da marcao a mercado nacarteira de ttulos. Apesar disso, permaneceu robustoe eminentemente oriundo de operaes financeiras denatureza recorrente, sobretudo bancrias e de seguros.
No obstante a leve piora nos resultados dos testes deestresse, a desacelerao no ritmo de crescimento docapital, a ligeira reduo na relao capital prprio sobreativos e o leve incremento na participao de ativoscontingentes, a capacidade de solvncia do sistema bancriobrasileiro permanece em patamar confortvel, com IBem nvel elevado e a quase totalidade das instituiesfinanceiras atendendo exigncia regulatria de capital.A solidez do sistema bancrio verificada tambm pelosresultados dos estudos de impacto da implementao deBasileia III e pelos resultados dos testes de estresse, osquais demonstram a resilincia das instituies em todosos cenrios analisados, inclusive naqueles de extremadeteriorao das condies macroeconmicas.
O SPB funcionou de forma eficiente e segura noprimeiro semestre de 2013. As anlises de backtesting,periodicamente realizadas para os sistemas de compensaoe de liquidao de transaes com ttulos, valoresmobilirios, derivativos e moeda estrangeira, nos quaish uma entidade atuando como contraparte central (CPC),apresentaram resultados satisfatrios ao longo do semestre.Nos sistemas de transferncia de fundos, a liquidez intradiaagregada disponvel continuou acima das necessidadesdas instituies financeiras participantes, o que garanteliquidaes com tranquilidade, sobretudo no que diz
respeito ao Sistema de Transferncia de Reservas (STR),o sistema de transferncia de grandes valores do BCB.
No primeiro semestre de 2013, o cenrio econmicomundial permaneceu complexo, com desempenhosheterogneos entre os pases e mudanas de cenrios aolongo do perodo. As redues na percepo de risco ena volatilidade dos mercados financeiros, observadasa partir do segundo semestre de 2012, mantiveram-seat meados de maio, quando verificou-se progressivainflexo do comportamento dos investidores. Asincertezas quanto ao incio da reduo no volume decompras de ttulos pelo banco central norte-americanoe seus impactos sobre a liquidez global implicaram aelevao da volatilidade nos mercados, com efeitosadversos e generalizados sobre a precificao de ativosfinanceiros. Especialmente nas economias emergentes,as condies de financiamento ficaram menos favorveis,
levando a quedas nos mercados acionrios e adesvalorizaes cambiais.
O impacto das incertezas nos mercados financeiros noprimeiro semestre de 2013, com reflexos na liquidezglobal e no aumento da volatilidade nos mercados,atestou a percepo de baixo risco de liquidez e deresilincia do sistema bancrio brasileiro.
O ndice de liquidez (IL) permaneceu elevado apesar daqueda no valor do estoque de ttulos pblicos federais
(TPF) e de maior vinculao de ativos lquidos paraatender ao aumento da demanda por garantias em bolsa,decorrente do aumento de volatilidade nas taxas de jurose de cmbio.
O crdito concedido pelo SFN continuou a crescer deforma moderada, sustentado pelo crescimento do crditonos bancos pblicos, que aumentaram sua participaona carteira total. A continuidade no movimento demigrao para modalidades de menor risco, com taxasmais baixas e prazos mais longos, contribuiu para reduzir
a inadimplncia da carteira total e o comprometimentode renda das famlias e de receita das empresas.
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1Ambiente macroeconmico e financeiro
1.1 Introduo
No primeiro semestre de 2013, o cenrio econmicomundial permaneceu complexo, e em um primeiromomento manteve o otimismo observado no final doano anterior, contribuindo para elevar o apetite por riscoe melhorar as condies de financiamento. No entanto,no segundo trimestre, houve elevao na volatilidade dosmercados, com efeitos adversos e generalizados sobre aprecificao de ativos financeiros.
Especialmente nas economias emergentes, as condiesde financiamento ficaram menos favorveis, levando aquedas nos mercados acionrios e a desvalorizaescambiais. Nesse cenrio, o BCB iniciou novo ciclo
de aumento da taxa de juros e adotou medidas paramanter a liquidez e reduzir a volatilidade no mercadode cmbio, sem contudo ter reduzido o nvel dasreservas internacionais.
1.2 Mercados financeirosinternacionais
A atividade econmica global seguiu em ritmomoderado de crescimento no primeiro semestre de
2013, com desempenhos heterogneos entre os pases,destacando-se a acelerao do crescimento no Japoe no Reino Unido e a desacelerao na China. Depoisde seis semestres consecutivos de contrao, a reado Euro voltou a crescer no segundo trimestre do ano,impulsionada pelos bons desempenhos de Alemanha eFrana, as duas maiores economias do bloco, enquantoque Itlia e Espanha, respectivamente a terceira equarta economias da regio, contraram menos que notrimestre anterior. A rea do Euro, no entanto, ainda sedepara com os desafios da consolidao fiscal e com
taxas de desemprego elevadas. Nos Estados Unidos
(EUA), importante ressaltar a melhora dos indicadoresmacroeconmicos do pas, em especial os relativosaos mercados de trabalho e imobilirio, com impactospositivos no crescimento do consumo das famlias, aindaque diante de restries fiscais.
Nesse ambiente, observou-se, at meados de maio,intensificao do otimismo nos mercados financeiros,em parte favorecido pelo maior ativismo anticclico porparte dos governos, o qual contribuiu para a reduoda averso ao risco e para a melhora continuadadas condies de financiamento de economias maisvulnerveis, em especial na Europa.2 Por outro lado, essecenrio, onde prevaleceu o relaxamento das condiesde crdito e sinais de excessos na tomada de risco porparte dos investidores os quais passaram a demandarpapis de emissores com baixa qualidade de crditoa taxas historicamente reduzidas suscitou alertas deautoridades multilaterais.3
Todavia, ao longo do ms de maio, verificou-se umaprogressiva inflexo do sentimento dos investidores.As incertezas quanto ao incio da reduo no volume decompras de ttulos pelo banco central norte-americanoe seus impactos sobre a liquidez global implicaram aelevao da volatilidade nos mercados, com efeitos
adversos e generalizados sobre a precificao deativos financeiros. Especialmente nas economiasemergentes, as condies de financiamento ficaram
2/ A consolidao desse ambiente foi favorecida por eventos ocorridosainda em 2012: encaminhamento do impasse fiscal nos EUA; adoode medidas anticclicas por parte de autoridades monetrias e fiscais nas
maiores economias; e ratificao do Banco Central Europeu (BCE) comoemprestador de ltima instncia dos entes soberanos da rea do Euro.
3/ A esse respeito, vide, por exemplo: Caruana, Jaime. Bank for InternationalSettlements General Manager. Debt, global liquidity and the challengesof exit (julho 2013), disponvel em e OECD (2013), OECD Economic Outlook, vol. 2013/1,OECD publishing, disponvel em .
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soberanos de dez anos dos EUA a 2,61%, em 25 dejunho, nvel mais alto em 22 meses, tendo recuado a2,49% no final do mesmo ms, prevalecendo a alta de0,73 ponto percentual (p.p.) no semestre. Na mesmabase semestral de comparao, os rendimentos anuaisde papis similares de Alemanha e Itlia registraram
elevaes respectivas de 1,32% para 1,73%; e de 3,81%para 3,95%; enquanto que os da Espanha reduziram de5,27% para 4,77% (grfico 1.1.3).
No mercado cambial, o dlar dos EUA se valorizou nosemestre, em relao ao iene, 14,3%, e libra esterlina,6,8%, refletindo, de forma geral, o otimismo decorrentedos sinais de recuperao mais robusta nos EUA e,especificamente em relao ao iene, a intensificaodo relaxamento monetrio na economia japonesa. Emrelao ao euro, a alta do dlar foi menos acentuada,1,4% (grfico 1.1.4). Em relao s moedas de economiasemergentes, o dlar tambm se valorizou, com altas de16,6%, 8,8%, 8,1%, 8,0% e 6,1%, respectivamente,frente ao rand sul-africano, real brasileiro, lira turca,rpia indiana e peso chileno. Ressalve-se, entretanto,que a tendncia de valorizao do dlar frente s demais
moedas de reserva4
foi revertida entre meados de maioe de junho. Nesse intervalo, as moedas de economiasemergentes estiveram pressionadas, haja vista a maiordependncia definanciamento externo dessas economias,com o dlar valorizando-se, dada a perspectiva dereduo da liquidez global (grfico 1.1.5).
4/ Moedas de reserva so as moedas que compem a maior parte das reservasinternacionais dos pases. Alguns exemplos so: dlar Americano, euro,iene, franco suo e libra esterlina.
menos favorveis, levando a quedas nos mercadosacionrios e a desvalorizaes cambiais.
Nesse contexto, os prmios de risco soberano de diversaseconomias, medidos pelos respectivos Credit DefaultSwaps (CDS) de cinco anos, aumentaram a partir de
meados de maio de 2013. Os prmios dos CDS medidosem pontos-base (p.b.) de frica do Sul, Rssia, Turquia,Brasil, Mxico e Chile avanaram para 216, 195, 191,185, 131 e 98, respectivamente, ao final do semestre, de143, 132, 127, 108, 98 e 72, na mesma sequncia, no fimde 2012 (grfico 1.1.1). Na Europa, os prmios de riscosoberano de Espanha, Frana e Itlia, tambm medidosem p.b. pelos CDS de cinco anos, registraram variaesmais modestas, declinando nos dois primeiros pases para281 e 80, de 295 e 91, na ordem; mas aumentando para281 de 278, no ltimo (grfico 1.1.2).
As expectativas de incio do processo de reduo
do ritmo de compras de ativos por parte do FederalReserve (Fed) levaram o rendimento anual dos ttulos
50
110
170
230
290
350
29.62011
28.10 28.22012
28.6 29.10 27.22013
28.6
frica do Sul Rssia Turquia
Brasil Mxico Chile
Fonte: Bloomberg
Grfico 1.1.1 CDS soberanos (5 anos)p.b.
0
130
260
390
520
650
29.62011
28.10 28.22012
28.6 29.10 27.22013
28.6
Alemanha Frana Espanha Itlia
Fonte: Bloomberg
Grfico 1.1.2 CDS soberanos (5 anos)
p.b.
0,0
1,6
3,2
4,8
6,4
8,0
29.62011
28.10 28.22012
28.6 29.10 27.22013
28.6
EUA Alemanha Itlia Espanha
Fonte: Bloomberg
Grfico 1.1.3 Rendimento de ttulos soberanos10 anos
% a.a.
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Os principais ndices acionrios de economiasdesenvo lv idas e emergen tes ap resen ta ramcomportamentos distintos. No semestre, as bolsas devalores de Japo, EUA, Alemanha, Reino Unido e Franavalorizaram-se, na ordem, 31,6%, 12,6%, 4,6%, 5,4% e2,7% (grfico 1.1.6). A alta observada no Japo refletiu,em especial, a intensificao das polticas expansionistasempreendidas naquele pas. Em contraste, nos mercadosemergentes, os ndices acionrios de China, Mxico,
Turquia e ndia recuaram, respectivamente, 12,8%,7,1%, 2,4% e 0,2% no semestre, enquanto o da frica doSul avanou 0,8% (grfico 1.1.7). Os ativos financeirosdas economias emergentes foram especialmenteafetados pela possibilidade de reduo da liquidezglobal, tornando as condies de financiamento dessaseconomias menos favorveis.
O ndice Chicago Board Options Volatility Index (VIX),que afere o sentimento dos investidores a partir davolatilidade implcita de curto prazo dos preos dasopes do ndice S&P500, diminuiu para 16,7 pontos
ao final de junho, de 18,0 pontos no final de 2012. Nosemestre, o VIX oscilou entre 11,3 e 20,5 pontos, picoalcanado em 20 de junho em meio s preocupaesassociadas eventual antecipao da reduo do ritmode compra de ativos por parte do Fed (grfico 1.1.8).
90
98
106
114
122
130
29.62011
28.10 28.22012
28.6 29.10 27.22013
28.6
Fonte: Bloomberg
Euro/Dlar Iene/Dlar Libra/Dlar
28.6.2011 = 100
Grfico 1.1.4 Taxas de cmbio de economias avanadas
90
102
114
126
138
150
29.62011
28.10 28.22012
28.6 29.10 27.22013
28.6
Fonte: Bloomberg
Rand Real Lira turca Rpia Peso chileno
28.6.2011 = 100
Grfico 1.1.5 Taxas de cmbio de economiasemergentes versus dlar EUA
60
80
100
120
140
160
29.62011
28.10 28.2 28.62012
29.10 27.2 28.62013
Grfico 1.1.6 Bolsas de valoresEconomias desenvolvidas
EUA S&P 500 Reino Unido FTSE 100Alemanha DAX Frana CAC 40
Japo NIKKEI 225
Fonte: Bloomberg
29.6.2011 = 100
55
75
95
115
135
155
29.62011
28.10 28.22012
28.6 29.10 27.22013
28.6
28.6.2011 = 100
Grfico 1.1.7 Bolsas de valoresEconomias emergentes
China - SHCOMP Mxico - IPC Turquia - ISE 100
ndia - S ENSEX 30 frica do Sul - J SE
Fonte: Bloomberg
0
10
20
30
40
50
29.62011
28.10 28.22012
28.6 29.10 27.22013
28.6
Fonte: Bloomberg
pontos
Grfico 1.1.8 CBOE volatility index VIXndice de volatilidade
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Os ndicesMorgan Stanley Capital International(MSCI)para bancos dos EUA, da Europa e de economiasemergentes registraram variaes de 19,4%, -3,2% e-9,2% ao longo do primeiro semestre de 2013, ante altasrespectivas de 2,5%, 23,3% e 16,4% no segundo semestrede 2012. A alta nos preos das aes de bancos dos EUA
superou o avano do ndice S&P500 e refletiu o otimismocom o avano da atividade econmica local e o potencialimpacto sobre os balanos dos bancos estadunidenses.Entre meados de maro e de abril, o MSCI para bancoseuropeus e de mercados emergentes sofreu perdasdecorrentes de incertezas associadas aos desdobramentosda crise de Chipre. Mais recentemente, entre 20 demaio e o fim de junho, os preos das aes dos bancosentraram em trajetria declinante na Europa, -12,7%, e naseconomias emergentes, -14,1%, enquanto interromperama tendncia de alta nos EUA, refletindo preocupaes
associadas diminuio da postura acomodatcia dapoltica monetria dos EUA (grfico 1.1.9).
As condies de financiamento nos mercadosinterbancrios5 nos EUA e na rea do Euro mantiveram-se favorveis durante o primeiro semestre do ano,
com os spreads, em relativa estabilidade ao longo doperodo, tendo registrado nos EUA os mesmos 15,9p.b. no fim de junho e, na rea do Euro, reduzido para11 p.b., de 12 p.b. no final de 2012 (grfico 1.1.10). Aconfiana no provimento da liquidez necessria aossistemas bancrios por parte das autoridades monetriassegue como fator importante para a normalizao dosmercados interbancrios.
5/ As condies de financiamento nos mercados interbancrios foram
avaliadas por meio da diferena entre as taxas Euribor(trs meses) eEuro OverNight Index Average (EONIA), no caso da Europa; e, entre astaxas Libor (trs meses) e Overnight Indexed Swap (OIS), nos EUA.
Os bancos da rea do Euro reportaram, ao longo dosemestre, melhorias adicionais nas condies de acesso
ao financiamento. No entanto, a pesquisa realizada peloBanco Central Europeu (BCE) relativa ao segundotrimestre reportou melhoria menos acentuada no acessoaofinanciamento na comparao com o trimestre anteriore apontou perspectiva de deteriorao marginal dascondies de financiamento para o terceiro trimestre de2013.6 Ainda na rea do Euro, importante destacarevidncias de reduo do grau de fragmentao financeirana regio.7 A despeito da melhora relatada pelos bancos,desde meados de maio, observou-se elevao expressivanos custos mdios de proteo contra default(CDS) de
bancos europeus, repercutindo em custos mais elevadosde proteo ao final de junho em comparao ao finalde 2012. No semestre, os prmios mdios8 dos CDS decinco anos de bancos avanaram 37,9% no Reino Unido,24,9% na Itlia, 14,8% na Alemanha, 9,4% na Espanha, e9% na Frana, situando-se, respectivamente em 144 p.b.,361 p.b., 142 p.b., 304 p.b. e 166 p.b. Em relao aosbancos dos EUA, o prmio mdio dos CDS, em trajetriadescendente at meados de maio, reverteu a tendncia eregistrou alta de 5,5% no semestre, situando-se em 118p.b. no final do perodo (grfico 1.1.11).
6/ VideThe Euro Area Bank Lending Survey relativos ao primeiro e segundotrimestres de 2013, publicados em abril e julho de 2013, respectivamente, e
disponveis em .
7/ Fragmentao manifesta pela migrao de fluxos de no residentes dos
pases mais vulnerveis da rea do Euro (Grcia, Irlanda, Itlia, Portugale Espanha) para os seus mercados domsticos, assim como a transferncia
de depsitos de residentes dessas economias para outras consideradasmais seguras.
8/ Prmios mdios calculados pela mdia aritmtica dos CDS dos dois
maiores bancos de cada pas pelo critrio de capitalizao de mercado.Exceo para os EUA, onde consideraram-se os bancos JPM Chase eBank of America.
0
21
42
63
84
105
29.62011
28.10 28.22012
28.6 29.10 27.22013
28.6
p.b.
Grfico 1.1.9 SpreadinterbancrioEUA e rea do Euro
EUA: Libor vs. OIS rea do Euro: Euribor vs. EONIA
Fonte: Bloomberg
60
76
92
108
124
140
29.62011
28.10 28.22012
28.6 29.10 27.22013
28.6
Grfico 1.1.10 MSCI Bancos
EUA Europa Economias emergentes
Fonte: Bloomberg
29.6.2011 = 100
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negativamente diversos indicadores domsticos aavaliao de risco-pas subiu; as taxas de juros locaisse elevaram, principalmente as de mdio e longo prazo,acompanhadas de maior volatilidade; o real, que chegaraa apresentar valorizao frente ao dlar norte-americanono primeiro bimestre, registrou desvalorizao; e o
mercado burstil terminou o semestre em queda. Nombito interno, contriburam para esses movimentos apersistncia da inflao, as sucessivas revises para baixodas estimativas de crescimento econmico e o incio, emabril, do ciclo de ajuste na taxa bsica de juros.
O Banco Central do Brasil (BCB) manteve a taxa bsicade juros em 7,25% ao longo do primeiro trimestre de2013, aps ter interrompido em outubro de 2012 suaestratgia de afrouxamento da poltica monetria.9 Devido persistncia de ndices de inflao mensais elevados e
desancoragem das expectativas de inflao futura10, oComit de Poltica Monetria (Copom) explicitou emjaneiro sua preocupao com o nvel da inflao e com adisperso dos aumentos de preos e, posteriormente, emabril, iniciou novo ciclo de aumento da taxa de juros, comelevao de 0,25 p.p. da meta para a taxa Selic, seguidode alta de 0,5 p.p. em maio (grfico 1.2.1 Evoluo dastaxas de juros). Ao longo desse semestre, as taxas de jurosno mercado futuro apresentaram trajetria crescente,exceto as de curto prazo que, at meados de abril,permaneceram relativamente estveis. A desvalorizaocambial e a expectativa de reduo dos estmulosmonetrios por parte doFederal Reserve e de reviso daperspectiva de ratingsoberano do Brasil11 desencadearamum movimento de alta no mercado de juros futuros apartir de maio, resultando em aumento de inclinao dacurva de juros domstica. No mercado de cmbio, almdas medidas adotadas pelo BCB para manter a liquideze reduzir a volatilidade, no incio de junho o governofederal retirou o Imposto sobre Operaes Financeiras(IOF) incidente sobre os investimentos estrangeiros em
ttulos de rendafi
xa no pas12
e tambm sobre contratosde derivativosfinanceiros que resultassem em aumento da
9/ De agosto de 2011 a outubro de 2012, o BCB reduziu a taxa Selic em5,25 p.p.
10/ As Resolues n 3.991, de 30 de junho de 2011, n 4.095, de 28 de junhode 2012, e n 4.237, de 28 de junho de 2013, do Conselho MonetrioNacional (CMN), fixaram, respectivamente, as metas de inflao para
2013, 2014 e 2015 em 4,5%, e os intervalos de tolerncia em 2,0 p.p.abaixo e acima da meta.
11/ No incio de junho, a agncia deratingStandard & Poors (S&P) manteve anota do ratingsoberano do Brasil em BBB, mas rebaixou sua perspectivade estvel para negativa; em julho, a agncia Fitch Ratings confirmou a
nota de crdito de longo prazo em moeda estrangeira do Brasil em BBBcom perspectiva estvel.
12/ Desde dezembro de 2010 a alquota dessas aplicaes estava em 6%.
Em sntese, apesar do progresso que vem sendo alcanadona restaurao da solidez dos bancos, em especial nosEUA, ainda existem incertezas em relao qualidadedos ativos nos respectivos balanos, notadamente nosbancos europeus, em razo da aplicao em ttulossoberanos e da compresso de receita decorrente do fracodesempenho econmico.
O balano de riscos para a estabilidade financeira,positivo no incio do perodo, deslocou-se a partir demaio, com a retrao das condies de financiamento a
partir da perspectiva de antecipao do incio do processode normalizao das condies monetrias nos EUA econsequente contrao da liquidez financeira global, quefavorece a consolidao de taxas de juros de longo prazomais elevadas e prejudica a retomada do crescimentoeconmico global.
Em relao aos mercados emergentes, acrescente-se orisco de deteriorao das condies de financiamento,com a possvel reverso dos influxos de capital eajustamentos desordenados nos preos dos ativos
e mercado de crdito. Nesse contexto e, ainda,considerando as disparidades relativas ao ritmo dedesalavancagem nas economias avanadas afetadaspela crise, a consolidao da estabilidade financeira emnvel global ainda permanece frgil, apesar de avanosno fortalecimento dos balanos bancrios.
1.3 Mercado financeiro nacional
Ao longo do primeiro semestre de 2013, o aumento
na averso ao risco nos mercados internacionaislevou realocao de portflios globais e influenciou
50
180
310
440
570
700
29.62011
28.10 28.22012
28.6 29.10 27.22013
28.6
p.b.
Grfico 1.1.11 CDS de 5 anos BancosPrmios mdios de pases selecionados1/
Espanha Frana Alemanha
Reino Unido EUA Itlia
Fonte: Bloomberg1/ Calculados pela mdia aritmtica dos prmios de CDS dos dois maiores bancos pelocritrio de capitalizao de mercado de cada pas. Exceo EUA: JPM Chase e Bank of
America.
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Setembro 2013 | Relatrio de Estabilidade Financeira | 12
exposio cambial comprada ou em reduo da exposiocambial vendida.13
As expectativas de mercado para o nvel de atividadedeterioraram-se ao longo do semestre e as previsespara o crescimento em 2013 foram sucessivamenterevisadas para baixo.14 Quanto inflao, embora o ndiceNacional de Preos ao Consumidor Amplo (IPCA) tenhaapresentado trajetria mensal declinante no semestre,o ndice acumulado em doze meses atingiu 6,70% noperodo anual encerrado em junho. As expectativas deinflao para 2013 oscilaram em torno de 5,6%, acimada meta de 4,5% estabelecida pelo Conselho MonetrioNacional (CMN). A persistncia da inflao, o incio dociclo de alta da taxa bsica de juros em abril, e o aumentoda incerteza no mercado internacional favoreceram aelevao da curva de juros domstica, principalmenteas de mdio e longo prazo.
A volatilidade das taxas de juros domsticas aumentouno primeiro semestre de 2013, particularmente nosmeses de maio e junho. A expectativa de que o Fedpoderia reduzir no curto prazo os estmulos monetrios,
a desvalorizao do real ante o dlar e a subida dastaxas de juros dos ttulos do tesouro norte-americanocontriburam para a maior volatilidade das taxas nomercado domstico (grfico 1.2.2 Volatilidade dastaxas de juros).
No semestre, at o incio de maro, o real apresentouvalorizao de 4,4% em relao ao dlar norte-americano, alcanando R$1,95/USD no dia 8. A partir de
13/ Desde setembro de 2011 a alquota dessas operaes estava em 1%.
14/ De fato, o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) foi abaixo dasprevises no primeiro trimestre, mas o ndice divulgado em agosto, parao segundo trimestre de 2013, foi superior s expectativas de mercado.
maio, observou-se um movimento global de apreciaodo dlar, influenciado principalmente pela expectativade antecipao da retirada de estmulos monetrios peloFed. Esse cenrio e os novos sinais de desaceleraoda atividade econmica na China colaboraram paraa elevao da volatilidade e da averso ao risco nos
mercados financeiros internacionais, pressionando ascotaes da moeda brasileira ante o dlar. O BCB,ento, efetuou leiles de swap cambial tradicional15no valor nocional de US$26,3 bilhes. Ao final dosemestre, a posio lquida em swap do BCB erapassiva em cmbio em montante equivalente a US$18,0bilhes. O real encerrou o semestre cotado a R$2,22/USD, com desvalorizao de 8,4% em relao ao dlarnorte-americano. Diante do euro, no mesmo perodo,o real desvalorizou-se em 6,9%, refletindo a pequenadesvalorizao da moeda europeia em relao ao dlar
(grfico 1.2.3 Taxa de cmbio).
15/ Esses leiles foram realizados no final de maro, em maio e em junho apartir de 31/5, os leiles deswap cambial realizados pelo BCB passarama ser referenciados taxa Selic.
6,5
7,7
8,9
10,1
11,3
12,5
Jul2012
Ago Set Out Nov Dez Jan2013
Fev Mar Abr Mai Jun
% a.a.
Taxa Selic 3 meses 6 meses
1 ano 2 anos 5 anos
Fontes: BM&FBovespa e BCB
Grfico 1.2.1 Evoluo das taxas de jurosTaxa Selic e swap de 3 e 6 meses e de 1, 2 e 5 anos
0,0
1,0
2,0
3,0
4,0
5,0
Jul2012
Ago Set Out Nov Dez Jan2013
Fev Mar Abr Mai Jun
Grfico 1.2.2 Volatilidade das taxas de juros
Curto Mdio Longo
Fontes: BM&FBovespa e BCB
% a.a
0,73
0,75
0,77
0,79
0,81
0,83
1,95
2,02
2,09
2,16
2,23
2,30
Jul2012
Ago Set Out Nov Dez Jan2013
Fev Mar Abr Mai Jun
EUR / US$R$ / US$
Grfico 1.2.3 Taxa de cmbio
R$ / US$ EUR / US$
Fontes: BCB e Bloomberg
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O movimento de cmbio comercial foi de U$16,9 bilhesno semestre, porm, devido ao fluxo negativo no cmbiofinanceiro, o saldo de cmbio contratado ficou em US$9,5bilhes. O volume lquido de investimento estrangeirodireto (IED) foi de US$30 bilhes no perodo. J asreservas internacionais encerraram o ms de junho em
US$369,4 bilhes, 1% mais baixas se comparadas aofinal de 2012.
No mercado acionrio, o ndice da Bolsa de Valores deSo Paulo (Ibovespa) apresentou trajetria declinantedurante o primeiro semestre, encerrando o perodo comqueda de 22,1% (grfico 1.2.4 ndice Ibovespa). Esseresultado refletiu a maior averso a risco nos mercadosfinanceiros, sobretudo no segundo trimestre do ano. Aindaassim, o ingresso lquido de recursos de investidoresestrangeiros na BM&FBovespa totalizou R$4,2 bilhes
no perodo, influenciado pelo fluxo positivo observadoat abril.
Em sntese, o aumento da volatilidade nos mercadosinternacionais, particularmente no segundo trimestre,influenciou negativamente diversos indicadoresdomsticos, com elevao das taxas de juros,
desvalorizao do real frente ao dlar norte-americanoe queda no mercado burstil. Nesse cenrio, o BCBiniciou novo ciclo de aumento da taxa de juros e adotoumedidas para manter a liquidez e reduzir a volatilidadeno mercado de cmbio, sem contudo ter reduzido o nveldas reservas internacionais.
45
49
53
57
61
65
Jul2012
Ago Set Out Nov Dez Jan2013
Fev Mar Abr Mai Jun
Pontos (mil)
Grfico 1.2.4 ndice Ibovespa
Fonte: BM&FBovespa
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2Sistema bancrio
Lquido (RSPL). O LL foi limitado pelo fraco crescimentodo resultado de intermediao financeira, em razo dareduo das margens brutas de crdito, do arrefecimentodas concesses de crdito, com menor gerao dereceitas, e do impacto negativo da marcao a mercadoda carteira de ttulos. Apesar disso, permaneceu robustoe eminentemente oriundo de operaes financeiras denatureza recorrente, sobretudo bancrias e de seguros.
No obstante a leve piora nos resultados dos testes deestresse, a desacelerao no ritmo de crescimento docapital, a ligeira reduo na relao capital prprio sobreativos e o leve incremento na participao de ativoscontingentes, a capacidade de solvncia do sistemabancrio brasileiro permanece em patamar confortvel,com IB em nvel elevado e a quase totalidade dasinstituies financeiras atendendo exigncia regulatriade capital. A solidez do sistema bancrio verificadatambm pelos resultados dos estudos de impacto daimplementao de Basileia III e pelos resultados dostestes de estresse, os quais demonstram a resilincia dasinstituies em todos os cenrios analisados, inclusivenaqueles de extrema deteriorao das condiesmacroeconmicas.
2.2 LiquidezNo perodo, a percepo de baixo risco de liquidez nosistema bancrio brasileiro foi reforada pela manutenode nveis de liquidez confortveis, mesmo tendo havidoelevao da estrutura a termo da taxa de juros e aumentoda volatilidade nos mercados.
2.1 Introduo16
A conjuntura de incertezas nos mercados financeirosinternacionais no primeiro semestre de 2013, comreflexos na liquidez global e no aumento da volatilidadenos mercados, atestou a percepo do baixo risco deliquidez e da resilincia do sistema bancrio brasileiro.
O ndice de liquidez (IL) permaneceu elevado apesar daqueda no valor em estoque de ttulos pblicos federais(TPF) e de maior vinculao de ativos lquidos paraatender ao aumento de demanda por garantias embolsa, decorrente do aumento de volatilidade nas taxasde juros e de cmbio. Embora o IL tenha se reduzido,principalmente ao final do semestre, a queda foi em parte
amenizada pela menor velocidade na expanso do crditonos bancos privados.
O crdito concedido pelo Sistema Financeiro Nacional(SFN) cresceu de forma mais moderada, sustentadopelo crescimento do crdito nos bancos pblicos, quecontinuaram a aumentar a participao na carteira total.Observa-se, tanto na carteira pessoa fsica (PF) quantona pessoa jurdica (PJ), continuidade no movimento demigrao para modalidades de menor risco, com taxasmais baixas e prazos mais longos, o que contribuiu para
reduzir o comprometimento de renda das famlias e dareceita das empresas. A inadimplncia da carteira totalrecuou, principalmente devido queda nos atrasos nasoperaes de crdito com PF.
O lucro lquido (LL) do sistema bancrio manteve-seestvel, levando a recuo no Retorno sobre o Patrimnio
16/ Para efeito deste captulo, o sistema bancrio comercial integrado pelasinstituies: banco comercial, banco mltiplo, caixa econmica e bancode investimento; e pelos conglomeradosfinanceiros compostos ao menos
por uma das instituies anteriores. Os bancos de desenvolvimento noesto includos nas anlises, exceto na seo 2.3 Crdito, onde as anlisesenvolvem todo o SFN.
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O comportamento do fluxo de caixa estressado(grfico 2.2.3), denominador do IL, manteve-se
praticamente estvel no segmento bancrio comercial. Os
principais componentes que influenciaram a reduo de
R$2,1 bilhes no semestre foram, por um lado, a maior
estimativa de sadas decorrentes de simulao de estresse
de mercado, devido maior volatilidade, e, por outro
lado, a menor previso de resgates de captaes em
cenrio de estresse, compatvel com a manuteno do
movimento de alongamento de prazos do passivo, a ser
detalhado posteriormente.
A distribuio do IL individual (grfico 2.2.4) tambm
indica a reduo da liquidez no semestre. Apesar disso, a
representatividade, em termos de ativos, das instituies
com IL acima ou prximo de um preponderante (83%),
refletindo a boa liquidez do sistema.
O IL17 do sistema bancrio comercial recuou de 1,91
para 1,63 no primeiro semestre em razo da reduo dos
ativos de alta liquidez,18 sobretudo no segundo trimestre,
enquanto o Fluxo de Caixa Estressado19 apresentou
pequena oscilao (grfico 2.2.1).
A reduo no montante desses ativos est associada
principalmente aos efeitos das oscilaes das taxas de
juros e de cmbio no final do semestre. Essas oscilaes
causaram perda de valor na carteira de TPF,20 em razo
da marcao a mercado e da vinculao ou venda desses
ttulos para fazer frente ao aumento de chamadas de
garantias e a necessidade de cumprimento de ajustes
requeridos por parte da bolsa, em decorrncia da elevao
da volatilidade das referidas taxas. Variaes no estoque
de TPF tm reflexos relevantes no IL, uma vez que
respondem por aproximadamente trs quartos dos ativos
de alta liquidez do sistema (grfico 2.2.2).
17/ O IL relaciona o volume de recursos de alta liquidez disponveis para
a instituio com o fluxo de desembolso dos trinta dias (21 dias teis)
subsequentes em cenrio de estresse. O fluxo de caixa estressado simula
desembolsos em padres bem acima dos esperados, tendo por parmetroo histrico de crises passadas. Instituies com IL superior a 1,0 (100%)
possuem ativos de alta liquidez suficientes para suportar esse cenrio de
estresse. Como a metodologia simula um cenrio de trinta dias em que os
ativos lquidos teriam que ser convertidos em dinheiro, eles so marcados
a mercado e/ou sofrem ponderao que simula reduo de preo no caso de
venda forada. Essa mtrica de liquidez tem por base os mesmos conceitos
que serviram de base para a definio do ndiceLiquidity Coverage Ratio
(LCR), introduzido por Basileia III.
18/ Para definio de ativos de alta liquidez, vide Conceitos e Metodologias,
item i.i.
19/ Para definio de Fluxo de Caixa Estressado, vide Conceitos e
Metodologias, letraj.
20/ No clculo do IL consideram-se os TPFs livres e os recebidos em lastro
de operaes compromissadas no vinculados a garantias de operaes
em bolsa de valores.
-30,7
-54,5
-9,31,1 -1,1
-94,6
-100
-80
-60
-40
-20
0
A B C D E F
R$ bilhes
Grfico 2.2.2 Variao semestral dosativos lquidos1 sem. 2013
A = TPF (marcao a mercado e/ou variao quantitativa)
C = Cotas fundos de investimento
D = Outros ativosE = Variao na estimativa de liberao de compulsrio
F = Variao total
B = TPF (vinculao a compromissadas e garantias)
-14,3
-3,5
15,7
-2,1
-20
-16
-12
-8
-4
0
A B C D
R$ bilhes
A = Estimativa de resgate de depsitos em situao de estresse
C = Estimativa de perdas por estresse de mercado
D = Variao total
B = Fluxo contratado
Grfico 2.2.3 Variao do fluxo decaixa estressado1 sem. 2013
0
200
400
600
800
1.000
0,0
0,6
1,2
1,8
2,4
3,0
Jan2010
Jul Jan2011
Jul Jan2012
Jul Jan2013
Jun
R$ bilhes Un.
Grfico 2.2.1 ndice de liquidez
Ativos lquidos Fluxo de caixa estressado ndice de liquidez
Alterao de metodologia
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(IHCD), poupana e obrigaes por emprstimose repasses. Entre os ttulos,21 destacam-se LetrasFinanceiras (LF), Letras Financeiras Subordinadas (LFS),Letras de Crdito Imobilirio (LCI) e Letras de Crditodo Agronegcio (LCA) (grfico 2.2.7).
A referida realocao levou ao aumento da participaode ttulos, IHCD, compromissadas com ttulos privados,
emprstimos e repasses, de 31,8% das captaesem junho de 2008 para 45,5% no final do primeirosemestre de 2013. Os benefcios para os bancos sooriginados principalmente de iseno de compulsrio ede contribuio ao Fundo Garantidor de Crdito (FGC)e/ou de prazos contratuais mais longos, fatores queproporcionam menor custo final e/ou alongamento doprazo dos passivos.
21/ As LF so emitidas com prazo mnimo de 24 meses, enquanto as LFStm prazo mnimo de sessenta meses. As LCI e LCA so isentas de
recolhimento compulsrio e seus rendimentos so isentos do impostosobre a renda da pessoa fsica (IRPF). No caso das LF, as vantagens soa iseno de recolhimento compulsrio e da contribuio ao FGC.
A reduo no IL ocorreu tanto nos bancos pblicoscomerciais (de 2,83 para 2,29) quanto nos bancosprivados (de 1,60 para 1,39). A queda mais acentuadanos primeiros deve-se ao crescimento do crdito, nocompensado por aumento de captao ou por aumento decapital, tal qual havia ocorrido no segundo semestre de
2012. Ainda assim, o IL dos bancos pblicos comerciaispermaneceu em nveis bem superiores ao dos bancosprivados (grfico 2.2.5).
Os bancos privados continuaram com baixo apetitepor captaes, em linha com o tmido crescimentona concesso de crdito. Assim, os efeitos negativosda marcao a mercado dos ttulos prefixados e doaumento da volatilidade, j comentados, foram osfatores relevantes para a variao no montante de seusativos lquidos (grfico 2.2.6).
No gera l, o es toque de captaes aumentou emaproximadamente R$170 bilhes no semestre (7,5%),sendo que o processo de realocao de instrumentos
continua, com os tradicionais depsitos a prazo dandolugar a ttulos, instrumento hbrido de capital e dvida
23
4
19
9
13
68
52
22
7
12
11
6
95
59
0
6
12
18
24
30
=2,0
Grfico 2.2.4 Distribuio de frequncia para ondice de liquidez1/
Ponderada pelos ativos totais
Dezembro 2012 Junho 2013
ndice de liquidez
1/ Os valores sobre as barras referem-se ao nmero de instituies financeiras comndice de liquidez pertencente quele intervalo.
%
0,0
0,8
1,6
2,4
3,2
4,0
Dez2009
Jun2010
Dez Jun2011
Dez Jun2012
Dez Jun2013
Un.
Grfico 2.2.5 ndice de liquidez por controle
Bancos pblicos comerciais Bancos privados
Aumento de capital(dez/12)
Emisses deIHCD (out/12)
-65
0
65
130
195
260
2 Sem 2012 1 Sem 2013 2 Sem 2012 1 Sem 2013
Captaes lquidas Operaes de crdito Ativos lquidos
1/ Considera capital prprio e de terceiros (lquidas de compulsrio).
Grfico 2.2.6 Variao do estoque de ativos lquidos,operaes de crdito e captaes1/ por controle
R$ bilhesBancos pblicos comerciais Bancos privados
0
640
1.280
1.920
2.560
3.200
Jun2008
Dez Jun2009
Dez Jun2010
Dez Jun2011
Dez Jun2012
Dez Jun2013
R$ bilhes
Grfico 2.2.7 Perfil das captaes
Depsitos a vista Depsitos a prazo
Depsitos de poupana Emprstimos e repasses
Compromissadas (t tulos privados) LCA + LCI + LF + LFS + DPGE + IHCD
Outros
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Uma consequncia direta dessa mudana de perfil anecessidade de adaptao das anlises que relacionama proporo de operaes de crdito e de funding dosegmento bancrio brasileiro. Uma anlise que fiquerestrita aos depsitos convencionais pode levar apercepes inadequadas sobre o risco do sistema.
Essa alterao de perfil beneficia o gerenciamento deprazos entre operaes de crdito e captao, propiciandoque o prazo do estoque de recursos captados harmonize-secom os prazos das operaes de crdito (grfico 2.2.8).22
Assim, o sistema continua a dispor de fundos estveispara suportar o crescimento do crdito, o que indicadopela razo entre crdito e captaes estveis,23 que semanteve abaixo de 90% no semestre (grfico 2.2.9).
Em relao s captaes externas, a dependncia dasinstituies financeiras para operaes no pas continuabaixa, num patamar inferior a 10%. O crescimento dascaptaes externas verificado mais substancialmentenas agncias e subsidirias no exterior,24 que utilizam amaior parte dos recursos para suas operaes fora do pas,
22/ Foram computados os prazos mdios das prestaes vincendas dacarteira de crdito e dos resgates das captaes, ambos ponderados pelos
respectivosfluxos. O crdito imobilirio est considerado no cmputo doprazo mdio da carteira de crdito.
23/ So definidos como recursos estveis aqueles captados de aplicadores
de varejo. Dentre os recursos aplicados por detentores institucionais,tambm so considerados como estveis os montantes captados eminstrumentos com prazo de resgate maior que um ano. Essa mtrica foi
adaptada do conceito doFinancial Soundness Indicators (FSI) 022 Guiade compilao do Fundo Monetrio Internacional (FMI). Detalhes da
definio, vide Conceitos e Metodologias, letra b.24/ Estimativa de captaes externas que ingressam no pas com base em
demonstrativos individuais de instituies financeiras no pas. Estimativa
de captaes externas que no ingressam no pas so captaes externasde agncias e subsidirias no exterior, pertencentes a conglomeradosbancrios com sede no Brasil.
e vai ao encontro do processo de internacionalizao dosbancos brasileiros (grfico 2.2.10).
Em suma, no semestre, confirmou-se a percepo daexistncia de elevado colcho de liquidez, que protegeuo sistema em relao queda no valor de ativos lquidose maior volatilidade no mercado, ao mesmo tempo emque permitiu o adequado financiamento do crescimentodo crdito, com destaque para o maior nvel de atividadedos bancos pblicos comerciais em relao aos privados.
Alm disso, o perfi
l de captao continua com tendnciade maior participao de instrumentos que proporcionamalongamento de prazo do passivo e menor custo decaptao. O primeiro distribui melhor a necessidade denovas captaes ao longo do tempo, aspecto positivopara a gesto da liquidez. O segundo ameniza a pressosobre a rentabilidade decorrente da reduo nas taxascobradas pelos bancos em suas operaes de crdito nosltimos anos.
10
15
20
25
30
35
Dez2010
Jun2011
Dez Jun2012
Dez Jun2013
Meses
Grfico 2.2.8 Descasamento de prazos
Prazo mdio do estoque de captaes
Prazo mdio da carteira de crdito
0
20
40
60
80
100
Jun2009
Dez Jun2010
Dez Jun2011
Dez Jun2012
Dez Jun2013
%
Grfico 2.2.9 Crdito sobre captaes derecursos estveis
0
4
8
12
16
20
Jun2008
Dez Jun2009
Dez Jun2010
Dez Jun2011
Dez Jun2012
Dez Jun2013
%
Capt. externa versus capt. totais do SFN (ingressa no pas)
Capt. externa versus capt. totais do SFN (no ingressa no pas)
Grfico 2.2.10 Perfil das captaes externas
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2.3 Crdito
Tendo em vista o aumento das incertezas macroeconmicas,tanto no ambiente interno quanto no externo, o crditoconcedido pelo SFN cresceu de forma mais moderadano semestre, com destaque para os bancos pblicos,
que mantiveram o ritmo acentuado de concesso econtinuaram ganhando participao na carteira total.Observou-se uma continuidade no movimento demigrao para modalidades de menor risco, taxas maisbaixas e prazos mais longos, tanto na carteira PF quantona PJ, o que contribuiu para reduzir o comprometimentode renda das famlias e das empresas. A inadimplncia dacarteira total apresentou reduo no perodo, explicadapreponderantemente pela queda nos atrasos do crditoPF, embora a inadimplncia da carteira PJ tambm tenhacado, ainda que de forma menos relevante.
O estoque total de operaes de crdito do SFN atingiuR$2,53 trilhes em junho de 2013, com uma expansode 6,9% no semestre e de 16,4% em doze meses,correspondendo a 55,2% do Produto Interno Bruto(PIB). O ritmo de expanso tem desacelerado desde 2010(grfico 2.3.1), coincidindo com a reduo na taxa decrescimento da atividade econmica domstica.
O crescimento do crdito nos bancos pblicos e nosbancos privados continuou em ritmos bem distintos.Enquanto a carteira dos bancos pblicos expandiu 29,3%em doze meses, a dos privados (nacionais e estrangeiros)cresceu de forma mais moderada, 5,7%, confirmando adiferena de apetite ao crdito desses dois segmentos(grfico 2.3.2) e levando o estoque de crdito concedidopelos bancos pblicos metade do estoque de crditodo SFN.
H um conjunto de fatores que explicam parte dasdiferenas nas taxas de crescimento de crdito entreos dois segmentos. Por um lado, perdas decorrentes
da inadimplncia em financiamentos de veculos e decapital de giro, modalidades representativas para asinstituies privadas, levaram adoo de polticasmais conservadoras de concesso, com reflexo nataxa de crescimento de suas carteiras. Por outro lado,as modalidades que apresentam maior demandade crdito (imobilirio, direcionado PJ e rural) somais representativas na carteira dos bancos pblicos(grfico 2.3.3), o que contribuiu para sua maior taxade crescimento. Ademais, as menores taxas de jurospraticadas pelos bancos pblicos contriburam para
expandir a demanda por crdito e possibilitaram oaumento de exposio desses bancos a uma grandebase de clientes j existentes, bem como incentivarama migrao de clientes de outras instituies.
6
12
18
24
30
36
Dez2008
Jun2009
Dez Jun2010
Dez Jun2011
Dez Jun2012
Dez Jun2013
Livre Direcionado Total
%
Grfico 2.3.1 Crescimento anual da carteira de crdito
Recursos direcionados e livres
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Jun2008
Dez Jun2009
Dez Jun2010
Dez Jun2011
Dez Jun2012
Dez Jun2013
%
Grfico 2.3.2 Crescimento anual do crdito porcontrole acionrio
Pblico Privado
-
300
600
900
1.200
1.500
Jun2012
Jun2013
Jun2012
Jun2013
Pblicos Privados
R$ bilhes
Grfico 2.3.3 Composio da carteira decrdito por controle acionrio
Imobilirio Demais direc. PF Consignado
Veculos Demais livre PF Capital de giro
Demais livre PJ BNDES Demais direc. PJ
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mantendo-se em patamar confortvel, de 1,6 em junhode 2013. A comparao das provises constitudas comos crditos baixados para prejuzo nos doze mesesseguintes, ou ainda com o total da carteira de maior risco(classificada nos nveis E a H), indica a suficincia dasprovises (grfico 2.3.7).
O crdito direcionado (grfico 2.3.4) acentuou a diferenade velocidade de crescimento em relao ao crdito livre(grfico 2.3.1) e passou a representar 42,9% do total,ganho de 3,5 p.p. em doze meses. Como as taxas de jurosdomsticas so elevadas, inclusive quando comparadascom as praticadas em outros pases, os recursos
direcionados tm sido a principal fonte de crdito delongo prazo no pas, seja para atender s necessidadesde investimento das empresas, seja para as famliasfinanciarem a compra do imvel. Com taxas mais baixase prazos mais longos, esses recursos impactam de formamais moderada o comprometimento de renda das famliase a capacidade de pagamento das empresas, com efeitoverificado inclusive na inadimplncia, que bem menorque no crdito concedido com recursos livres.
As taxas de juros cobradas pelas instituies, no crditolivre, mostraram moderada elevao no semestre (grfico2.3.5), em parte reflexo do incio do ciclo de aumentosda taxa Selic. A permanncia das taxas de juros prximasaos menores nveis da srie histrica e a diferena entrea precificao feita pelos bancos pblicos e a feita pelosbancos privados continuaram estimulando a concorrnciabancria, com incentivos para a portabilidade de crdito,
buscando menores taxas. Tanto a quantidade de operaestransferidas quanto o volume portado continuamprximos dos maiores nveis j registrados (grfico 2.3.6).
A inadimplncia da carteira total caiu para 3,4% emjunho de 2013 ante 3,7% em dezembro de 2012, comreduo principalmente nos atrasos do crdito PF,embora a inadimplncia PJ tambm tenha se reduzido,ainda que de forma menos acentuada. O ndice decobertura25 apresentou estabilidade no semestre,
25/ O ndice de cobertura mede a razo entre a proviso contabilizada e asoperaes vencidas h mais de noventa dias.
643,7
442,2
801,8
284
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345,7
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Tipo de pessoa Controle Modalidade
%
Grfico 2.3.4 Segmentaes para a carteira decrdito direcionada (junho de 2013)
PJ PF Pblicos Privados BNDES Imobilirio Rural Demais
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Mar2011
Jun Set Dez Mar 2012
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Jun
Livre PJ Livre PF Direcionado PJ Direcionado PF
Grfico 2.3.5 Evoluo das taxas de jurosRecursos livres e direcionados, PF e PJ
% a.a.
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Dez Jun2013
MilR$ milhes
Valor financeiro (eixo da esquerda) Quant idade de operaes
Grfico 2.3.6 Portabilidade de operaes de crditoMdia mvel de 3 meses
1
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3
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Mar2011
Jun Set Dez Mar 2012
Jun Set Dez Mar 2013
Jun
%
Grfico 2.3.7 Inadimplncia, provises e baixaspara prejuzo
Carteira de crdito classificada nos nveis E at H
Provises
InadimplnciaCrditos baixados doze meses seguintes
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De forma geral, o mercado imobilirio brasileiro contacom bons fundamentos e o estoque dessa modalidade ainda baixo na comparao internacional. Aproximadamente95% das operaes possui como garantia a alienaofiduciria, que proporciona maior segurana ao provedordo crdito, pela maior celeridade no processo de execuo
da garantia. A amortizao predominante da carteira sed pelo Sistema de Amortizaes Constantes (SAC),que leva a prestaes decrescentes ao longo do tempo,reduzindo o risco decorrente do alongamento de prazos edo aumento do LTV, comparativamente a outros sistemasde amortizao, como o Price. Devedores com mais deum financiamento representam apenas 2% dos contratose 5% do saldo das operaes. Os ndices de medida davariao dos preos dos imveis residenciais, como ondice de Valores de Garantia de Imveis ResidenciaisFinanciados (IVG-R),27 tm apresentado desacelerao
desde 2010, aproximando-se do ritmo de crescimentoda renda das famlias e, portanto, de um patamar maissustentvel no longo prazo, atenuando as preocupaesem relao ao crescimento acentuado dessa carteira.
O crdito rural PF cresceu 12,0% no semestre e 29,8%em doze meses, em linha com o desempenho do setoragropecurio no Brasil.28 As principais fontes defundingpara essa modalidade so os recursos obrigatrios dosbancos comerciais, calculados com base em percentuaisdos recursos a vista (34%), principalmente depsitos avista, e dos recursos da poupana rural (67%). Outra fonteso as LCA, que, a ttulo de incentivo do governo, soisentas do imposto de renda para as pessoas fsicas. Tudoisso possibilita taxas mais baixas para os tomadores, comreflexos favorveis na inadimplncia da modalidade, que bastante reduzida.
Os emprstimos com consignao foram o outro destaquedo perodo em termos de crescimento, com elevao de10,9% no semestre e 18,2% em doze meses. Ressalta-
se ainda a concentrao de operaes de consignadopara funcionrios pblicos (61,4%) e pensionistas doInstituto Nacional do Seguro Social (INSS) (30,3%),o que representa risco de crdito mais reduzido para as
27/ O IVG-R um indicador que mensura a tendncia de longo prazo dosvalores de imveis residenciais no Brasil, utilizando informaes do
Sistema de Informaes de Crdito (SCR) do BCB. Os dados estopublicados no Sistema Gerenciador de Sries Temporais (SGS), srie n
21.340, e sua metodologia encontra-se descrita no boxe Evoluo dosvalores de imveis residenciais no Brasil, publicado na edio de marode 2013 do Relatrio de Estabilidade Financeira (REF).
28/ O PIB do setor agropecurio cresceu 14,7% no primeiro semestre de 2013comparado com o mesmo perodo de 2012, ante 2,1% do setor de serviose 0,8% da indstria.
O saldo da carteira PF aumentou 7,7% no semestree 16,5% em doze meses, alcanando R$1,16 trilhoem junho de 2013. Analisando o comportamento dasmodalidades destinadas ao consumo das famlias,conjuntamente com o ritmo de crescimento dofinanciamento habitacional, possvel afirmar que
continua o movimento de migrao para modalidadesde menor risco na carteira PF (grfico 2.3.8).
Os financiamentos habitacionais, depois de atingiremtaxas anuais de crescimento superiores a 50% em 2010,vm reduzindo o ritmo de expanso, tendo registrado, emjunho, alta de 16,9% no semestre e de 35,4% em dozemeses. Os prazos mdios de concesso nessa modalidadecontinuam em elevao, bem como o loan-to-value(LTV),26 que atingiu 71,0% em junho de 2013, contra68,0% em dezembro de 2012. Ademais, a inadimplnciada modalidade apresentou leve alta no semestre,influenciada pelas safras mais recentes (grfico 2.3.9).
26/ O LTV calculado com base nas informaes sobre garantias que constamno Sistema de Informaes de Crdito do BCB (SCR), e essa anlise levaem conta somente as operaes concedidas em cada data-base.
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Jun2007
Jun2008
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%
Imobilirio Consignado Veculos Rural
Carto sem juros Mais risco Demais
Grfico 2.3.8 Composio da carteira de crdito PF1/
1/ As modalidades de maior risco so emprstimos sem consignao, chequeespecial, crdito rotativo e compras parceladas pelas instituies financeiras (IF)vinculadas a carto de crdito.
0
0,5
1
1,5
2
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Jun2011
Set Dez Mar 2012
Jun Set Dez Mar 2013
Jun
%
Grfico 2.3.9 Inadimplncia por safras etradicional para financiamento imobilirio
Inadimplncia aps 6 meses Inadimplncia tradicional
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J o comprometimento de renda31 (CR) apresentoureduo significativa no ltimo ano, alcanando 21,5%em junho de 2013, ante 23,0% doze meses antes.Esse comportamento explicado pelo aumento daparticipao de modalidades de prazos mais longos, taxase prestaes menores, que impactam de forma menos
acentuada o CR das famlias (grfico 2.3.11), e tambmpela continuidade do movimento de reduo de taxas dejuros cobradas nos emprstimos.
Na carteira PF, continua em curso a tendncia de
expanso da base de clientes, que cresceu 3,3% nosemestre, atingindo cerca de 63 milhes em junho de2013,32 quantidade significativa comparada com os 100
31/ O indicador de CR das famlias obtido dividindo-se os desembolsosmensais para pagamento de principal e juros referentes s operaes decrdito bancrio pela MSAD daquele ms. Para mais detalhes sobre a
metodologia de clculo do comprometimento de renda das famlias, videboxe Endividamento e Comprometimento de Renda das Famlias com
Dvidas Bancrias: reviso metodolgica, publicado no REF de setembrode 2011.
32/ Nessa quantidade esto includos os clientes com carteira ativa,
coobrigaes e operaes baixadas para prejuzo. Considerando-sesomente aqueles com carteira ativa, a quantidade seria de 51 milhes,crescimento de 2,2% no semestre.
instituies comparado ao dos funcionrios de empresasprivadas, que possuem menor estabilidade no emprego.
J os emprstimos sem consignao, de maior risco,expandiram de forma mais moderada, 6,0% no semestree 10,5% no ano. Outras duas modalidades que possuem
nveis mais altos de inadimplncia e taxas de juros maiselevadas apresentaram crescimento baixo: o estoque decheque especial cresceu 1,0% em doze meses, enquantoo saldo de emprstimos rotativos vinculados a carto decrdito aumentou 1,9%. Isso indica menor apetite dasinstituies financeiras por modalidades de maior risco.
O estoque total de emprstimos vinculados ao carto decrdito, que inclui, alm do rotativo, as compras a vista, asparceladas pelos lojistas e as parceladas por IFs, alcanouR$125,6 bilhes em junho de 2013, queda de 0,8% em
relao a dezembro de 2012 e crescimento de 10,1% emdoze meses. Ressalta-se que as submodalidades sobre asquais no incidem juros, compras a vista e parceladaspelo lojista, so as mais representativas, correspondendoa 71,3% do total vinculado a carto de crdito, alm deterem apresentado o crescimento mais significativo noperodo.
O saldo da carteira de veculos, incluindo osfinanciamentose os arrendamentosfinanceiros, apresentou queda de 2,5%no semestre. Essa reduo , em parte, reflexo de uma
postura mais conservadora por parte das IFs na concessode crdito depois da elevao da inadimplncia dessamodalidade em 2011 e 2012, o que pode ser confirmadopela reduo tanto dos prazos mdios29 quanto do LTVmdio das novas concesses, que atingiu 85,0% no finalde 2010 e tem cado, desde ento, para cerca de 70,8%em junho de 2013.
O endividamento das famlias30 manteve trajetriade alta, embora em ritmo mais moderado, atingindo44,8% em junho de 2013. Essa elevao explicada,em grande parte, pelo crescimento do financiamentoimobilirio, visto que o endividamento nas demaismodalidades tem mostrado estabilidade (grfico 2.3.10).
29/ Vide tabela 2.3.1, que trata dos prazos mdios de concesso pormodalidades PF.
30/ O indicador de endividamento obtido dividindo-se a dvida das famliaspela massa salarial ampliada disponvel (MSAD) dos ltimos doze meses.Para mais detalhes sobre a metodologia de clculo do endividamento das
famlias, vide boxe Endividamento e Comprometimento de Renda dasFamlias com Dvidas Bancrias: reviso metodolgica, publicado noREF de setembro de 2011.
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Grfico 2.3.10 Endividamento das famlias
Endividamento demais Endividamento imobilirio
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%Grfico 2.3.11 Comprometimento de renda dasfamlias
CR demais CR imobilirio
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milhes que compem a Populao EconomicamenteAtiva (PEA). Com a atrao de novos tomadores,as instituies devem prosseguir aperfeioando seuscritrios de concesso e seus modelos de gesto de risco.Nesse sentido, destaca-se o Cadastro Positivo, que entrouem vigor no dia 1 de agosto de 2013 (vide seo 5.2),
ferramenta destinada a tornar mais eficiente a gesto dorisco de crdito.
O prazo mdio (PM) das concesses na carteira PFtotal continua em alta, atingindo 133 meses no primeirosemestre de 2013 (tabela 2.3.1). Essa elevao temsido determinada, em grande parte, pelo financiamentoimobilirio, que tem ganhado representatividade nacarteira e possui o PM mais alto e em ascenso.
A inadimplncia da carteira PF acentuou a tendncia dequeda do semestre anterior, atingindo 5,0% em junho de2013, ante 5,6% em dezembro de 2012. Destaque para acarteira de financiamento de veculos e emprstimos semconsignao, ambas com redues significativas (grfico2.3.12). Estratificando por controle, observa-se que aqueda da inadimplncia foi verificada, principalmente,nos bancos privados, nos quais a reduo pode ser
explicada pela perda de representatividade das safrasmais antigas e de menor qualidade na carteira total, medida que elas so renovadas, baixadas a prejuzoou substitudas por safras mais recentes, de melhorqualidade. Ademais, observou-se uma melhora geral nacomposio da carteira PF, com modalidades de menorrisco ganhando participao no total.
Em relao ao crdito corporativo, a carteira apresentoucrescimento moderado, de 6,2% no semestre e de 16,2%em doze meses, alcanando R$1,37 trilho em junho
(tabela 2.3.2). Desconsiderando-se o efeito cambial, a
alta teria sido de 14,8%33 nos doze meses encerradosem junho de 2013.
Como nos emprstimos s famlias, o crescimentodo crdito PJ explicado basicamente pelos crditosdirecionados, que totalizaram R$644,7 bilhes em junho,expanso de 10,0% no semestre e de 22,5% em doze
meses. O saldo do crdito com recursos livres s empresasalcanou R$728,2 bilhes em junho, crescimento anualde 11,2% e de apenas 3,1% no ltimo semestre.
No crdito PJ com recursos direcionados, o rural e oimobilirio continuaram crescendo acima da mdiadessa carteira, assim como na PF. Apesar do ritmomais moderado de crescimento, o Banco Nacionalde Desenvolvimento Econmico e Social (BNDES)continua sendo a fonte mais relevante de crdito
33/ A carteira de crdito PJ denominada em moeda estrangeira atingiu cercade R$200 bilhes em junho de 2013, representando, aproximadamente,14% do crdito corporativo.
Tabela 2.3.1 Prazo mdio das concesses (meses)
Modalidades 2011 2013
Dez Jun Dez Jun
Pessoa fsica 105 113 123 133
Financiamento de veculos 46 42 43 41
Financiamento imobilirio 289 301 315 324
Emprstimo consignado 57 59 60 61
Emprstimo sem consignao 30 37 39 41
Rural 38 36 38 42
Pessoa jurdica 53 56 61 64
Recursos direcionados 84 87 93 97
Recursos livres 24 27 30 30
2012
0
2
4
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10
Mar2011
Jun Set Dez Mar 2012
Jun Set Dez Mar 2013
Jun
%
Sem consignao Consignado Veculos
Financiamento rural Imobilirio
Grfico 2.3.12 Inadimplncia PF por modalidade
%
2012 2013 2012 2012
Jun Jun Jun Dez
Crdito livre 55,4 53,0 11,2 3,1
Capital de giro 28,5 27,2 11,0 2,0
Comrcio exterior1/ 8,4 8,2 13,5 11,3
Crdito direcionado 44,6 47,0 22,5 10,0
BNDES direto 19,0 19,3 17,8 5,0
BNDES indireto 15,4 15,5 16,7 9,5Crdito rural 3,6 4,2 37,9 18,8
Financiamento imobilirio 3,2 3,4 24,4 10,2
Total PJ / (PJ+PF) 54,3 54,2 16,2 6,2
1/ ACC, financiamento de importaes e exportaes e repasses externos.
Tabela 2.3.2 Composio da carteira de crdito PJModalidades selecionadas
Crescimento doestoque; jun. 2013
em relao a:
Participao damodalidade na
carteira PJ:
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direcionado para as empresas, representando 74,2% dototal dessa carteira.
No que diz respeito forma pela qual o BNDES emprestaseus recursos, mereceu destaque o crescimento maisacentuado no semestre dos financiamentos indiretos,
notadamente as linhas do Programa de Sustentao doInvestimento (PSI), e a atuao dos bancos pblicos, cujacarteira cresceu 18,4% no perodo ante 4,6% dos privados.
No crdito PJ com recursos livres, a expanso maismoderada explicada principalmente pela desaceleraona modalidade capital de giro, que representa mais dametade da carteira e cresceu 11,0% em doze meses. Adiferena na atuao entre IFs de controle pblico e decontrole privado se verificou de forma acentuada nessamodalidade, sendo que os primeiros cresceram 34,9% em
doze meses, ante recuo de 2,8% nos demais. Com efeito,a participao relativa das IFs de controle pblico nessacarteira elevou-se 7,9 p.p. em doze meses, atingindo44,5% em junho. Entre as demais modalidades deemprstimos livres, aquelas de carter rotativo34 retraram2,5% em doze meses (grfico 2.3.13), indicando umamelhora do perfil de risco da carteira PJ.
No que se refere segmentao da carteira de crdito deacordo com o porte das empresas, as pequenas e mdiasempresas (PME) tm perdido participao no crditototal PJ, atingindo 48,1% em junho de 2013, quedade 3,2 p.p em dois anos. Isso explicado pela maiorrepresentatividade das operaes com PME na carteirade crdito livre e pelo crescimento mais moderado dessacarteira no perodo, quando comparado com o crditodirecionado (grfico 2.3.14).
34/ Carteira PJ de crdito livre rotativo compreende as seguintes modalidades:cheque especial, conta garantida e carto de crdito.
Ao operar principalmente com linhas de crdito maiscurtas (tabela 2.3.1) e com taxas livres, as PME tornam-se
mais sensveis a oscilaes adversas na economia e arestries em momentos de maior averso ao risco. Amenor disposio para a concesso de crdito dos bancosprivados s PME reflete-se na diferena sistemticaentre a oferta e a demanda de crdito para esse segmento(grfico 2.3.15), como se pode observar pelos dadosda pesquisa trimestral de condies de crdito.35 Osbancos pblicos, por sua vez, mantiveram sua atuaonesse segmento, o que pode ser parcialmente explicadopelas garantias oferecidas pelos vrios fundos de avaldestinados ao fomento da atividade das micro, pequenas
e mdias empresas.36
Apesar de ainda se constituir na principal fonte definanciamento para as empresas, o sistema bancrio vemperdendo relevncia medida que se expandem os mercadosexterno e de capitais (grfico 2.3.16). Notadamente a partirde meados de 2011, as dvidas contradas pelas empresasno financeiras fora do sistema bancrio tm ganhadoparticipao, constituindo-se, em junho, em 35,3% do totalante 30,8% em dezembro de 2011.
Os crditos de origem bancria representavam, emjunho, 64,7% do endividamento e 85,5% do servio dadvida das empresas no financeiras. Apesar do equilbrio
35/ A pesquisa trimestral de condies de crdito no Brasil conduzidatrimestralmente e visa captar as percepes dos agentes de mercadoacerca das perspectivas do mercado de crdito no que tange demanda e
oferta. A pesquisa capta informaes qualitativas tanto sobre a demanda ea oferta observadas no trimestre como tambm sobre as expectativas para
o perodo seguinte. Para mais informaes, vide Trabalhos para Discusson 245/2011, do BCB, intitulado Pesquisa Trimestral de Condies deCrdito no Brasil.
36/ So exemplos desses mecanismos o Fundo Garantidor de Operaes(FGO), o Fundo de Aval para Gerao de Emprego e Renda (Funproger)e o Fundo de Aval s Micro e Pequenas Empresas (Fampe).
-10
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Dez Jun2013
Rec. livres Rec. direcionados
Livre no rotativo Livre rotativo
%
Grfico 2.3.13 Crescimento anual do crdito PJ
11,03%
24,40%
11,78%
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Carteira Inadimplncia Carteira Inadimplncia
Livre Direcionado
Grandes PMEs
Grfico 2.3.14 Carteira ativa e inadimplncia1/
Por direcionamento e porte do tomador Jun/13 %
1/ Os percentuais dentro dos rtulos expressam o crescimento anual de cada portena respectiva carteira.
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entre crditos livres e direcionados na composio doendividamento, os recursos livres, em razo de prazosmais curtos e taxas mais elevadas, so responsveis por72,7% do CR das empresas, contra apenas 12,8% geradospelos recursos com direcionamento (grfico 2.3.17).
Em razo dessas mudanas de mix, com troca derecursos livres por direcionados, e de crdito bancrio
por mercado de capitais e externo, o CR das empresascom o pagamento de dvidas vem se reduzindo aolongo dos ltimos semestres, a despeito do crescimentodo endividamento.37
37/ Na tentativa de aprimorar o monitoramento do risco de crdito PJ, o BCBempreendeu um exerccio de estimao do comprometimento de renda das
empresas brasileiras. Neste exerccio, a metodologia similar adotada noartigo Do debt service costs affect macroeconomic andfinancial stability?,publicado noBIS Quarterly Review de Setembro de 2012 e disponvel em
. Para mais informaessobre o comprometimento de renda e o endividamento das empresasbrasileiras, vide seo Conceitos e Metodologias, itens e e f.
A inadimplncia PJ caiu 0,1 p.p. no semestre,representando 2,1% da carteira em junho de 2013, depois
de apresentar estabilidade no segundo semestre de 2012.O nvel de atraso se reduziu principalmente em funo dedois fatores: o aumento da representatividade do crditodirecionado e tambm a queda na inadimplncia dasoperaes com recursos livres. Analisando por controle,a queda foi mais pronunciada nos bancos privados, de3,5% para 3,1% no semestre.
A continuidade do cenrio de incertezas econmicasrelacionadas retomada do crescimento da atividadedomstica deve coexistir com a trajetria de reduo doritmo de crescimento da carteira de crdito. Ademais,a substituio de passivos mais onerosos por dvidasmenos dispendiosas vem contribuindo para a reduogradual do comprometimento de renda tanto das famliascomo das empresas. Essa migrao para modalidadesde mais baixo risco deve contribuir para a reduo dainadimplncia, o que propicia melhores condies aoSFN para enfrentar possveis cenrios adversos taiscomo: i) baixa expanso da atividade econmica; ii)interrupo do crescimento da renda real das famlias;
e iii) eventual elevao do desemprego.
2.4 Rentabilidade
No primeiro semestre de 2013, a tendncia de reduodas margens brutas de crdito apresentada nos ltimosanos, o menor apetite concesso de crdito pelos bancosprivados e o impacto negativo da marcao a mercado dacarteira de ttulos limitaram o crescimento do resultado deintermediaofinanceira. Em contrapartida, a reduo no
volume de despesas com provises, fato que no ocorriadesde 2010, e o resultado obtido em uma operao no
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Crditolivre
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Grfico 2.3.16 Endividamento PJPor fonte de recursos
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Crditolivre
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Grfico 2.3.17 Comprometimento de renda PJPor fonte de recursos, mdia mvel 12 meses
Fontes: BCB, Cetip e IBGE
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Demanda Oferta
1/ 3 trim 2013: demanda e oferta esperadas. Demais perodos: observadas.
Grfico 2.3.15 ndice de condies de crditoDemanda xoferta das PME1/ Un.
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negociao gerou despesas de R$8,3 bilhes no perodoante R$2,2 bilhes de receitas em 2012. Alm disso,houve retrao de R$10,2 bilhes em 2012 para R$4,6bilhes no resultado com a venda definitiva de ttulos. Aelevao em rendas com outras operaes de tesouraria,como operaes compromissadas, foi insuficiente para
compensar esses impactos.
Alm do fraco resultado nas operaes de tesouraria,o crescimento moderado da carteira de crdito e amanuteno da presso sobre margens brutas restringiramo avano do resultado de intermediao financeira quevinha ocorrendo nos ltimos exerccios, a despeito dareduo das despesas de proviso.
Conforme discutido na seo 2.3, a perda darepresentatividade de safras mais antigas e de menor
qualidade na carteira total, e mudanas na composio dacarteira, privilegiando modalidades de menor risco, taiscomo crdito habitacional, crdito consignado, crditorural e repasses do BNDES, resultaram em melhora nainadimplncia no setor bancrio, em especial dos bancosprivados. Como consequncia, houve recuo nas despesasde proviso desses bancos nos doze meses findos emjunho de 2013. Assim, apesar da reduo da margembruta de crdito, a margem lquida dos bancos privadosavanou levemente. O mesmo no ocorreu em bancospblicos comerciais, que apresentaram margens bruta elquida mais baixas que em 2012 (grfico 2.4.2).
Destaca-se que os bancos privados obtm margembruta de crdito mais elevada, uma vez que grande
parte de suas operaes envolve maior risco que asde bancos pblicos, consequentemente, h exigncia
recorrente38 contriburam para o acrscimo de R$4,7bilhes no LL e de 0,5 p.p. no RSPL. Desconsiderandoessa operao no recorrente, o LL permaneceria estvele o RSPL recuaria 0,6 p.p., de 13,4%, em dezembro de2012, para 12,8%, em junho de 2013 (tabela 2.4.1 egrfico 2.4.1).
O incio da elevao da taxa bsica de juros e o consequente
deslocamento da curva de juros, com aumento das taxasem todos os prazos, contriburam para a queda noresultado com ttulos e valores mobilirios. Em razo dasignificativa exposio prefixada em ttulos, o ajuste avalor de mercado atingiu R$20,3 bilhes negativos nosdoze meses findos em junho de 2013. Embora grandeparte dessa variao seja na carteira classificada comodisponvel para venda e, portanto, registrada diretamenteno patrimnio lquido, o ajuste proveniente de ttulos para
38/ Em abril de 2013, o Banco do Brasil (BB) alienou parte de sua participao
no BB seguridade, gerando um acrscimo de aproximadamente R$4,7bilhes no LL do sistema bancrio. A anlise de rentabilidade deste REFdesconsidera essa operao.
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% R$ bilhes
Lucro lquido: bancos privados (nacionais e estrangeiros)
Lucro lquido: bancos pblicos comerciais
Lucro decorrente da alienao do BB seguridade
RSPL anual com o resultado da alienao do BB seguridade
RSPL anual sem o resultado da alienao do BB seguridade
Grfico 2.4.1 Lucro lquido e RSPL anualAcumulado nos ltimos doze meses
Tabela 2.4.1 Composio do lucro lquidoR$ bilhes
ltimos doze meses findos em
Dez 2012 Jun 2013
Resultado de intermediao bruto 246,9 250,4 3,5
Desp. prov. p/ crdito, lq. reverses (91,7) (90,9) 0,7
Resultado de intermediao lquido 155,2 159,5 4,3
Receita de servios 87,7 92,3 4,6
Despesas administrativas (163,9) (168,9) (5,0)
Demais resultados operacionais (16,4) (20,3) (3,9)
Itens extraordinrios (2,3) 6,3 8,6
IR e CSLL (5,3) (9,2) (3,8)
Lucro lquido 54,9 59,7 4,7
Variaonominal
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Jun
Bancos pblicos comerciais: margem bruta
Bancos privados: margem bruta
Bancos pblicos comerciais: margem lquida
Bancos privados: margem lquida
Grfico 2.4.2 Margem de crdito bruta e lquida deprovises, por controle acionrioAcumulado nos ltimos doze meses
%
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de maior retorno. Incluindo-se o efeito das despesasde proviso, consideradas como medida de risco, adiferena entre as margens de crdito dos dois tiposde controle acionrio reduz-se de forma expressiva.Vale lembrar que outras caractersticas das operaestambm influenciam a diferena entre margens, como
prazos e vinculao a direcionamento de recursos. Seusefeitos no foram segregados e, portanto, continuamafetando a margem lquida.
Ainda concernente s margens de crdito, verificou-se, no primeiro semestre de 2013, que, diferentementedos bancos pblicos comerciais, os bancos privadosconseguiram compensar a reduo das receitas comreduo proporcional nos custos de captao. Isso devido, em parte, ao menor apetite ao crdito dessesltimos, que lhes permitiu uma maior otimizao da
carteira passiva, privilegiando os instrumentos de custoefetivo mais baixo. Assim, a vantagem de bancos pblicoscomerciais sobre os demais em termos de custo decaptao reduziu-se para apenas 0,4 p.p. (grfico 2.4.3).Para o prximo semestre, os aumentos promovidos naSelic a partir de abril de 2013 devem refletir em aumentono custo de captao em todo o sistema bancrio.
As menores margens obtidas pelos bancos pblicoscomerciais so compensadas, em parte, pela exclusividadeem servios de administrao de loterias e fundos diversos,como o Fundo de Garantia do Tempo de Servio (FGTS),o Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste(FNE) e o Fundo Constitucional de Financiamento doNorte (FNO), que representaram R$6,4 bilhes em
receitas nos doze meses findos em junho de 2013. Essaprerrogativa contribui para que as receitas desses servios
sejam muito relevantes para a formao do resultadooperacional dos bancos pblicos comerciais, mesmoconsiderando as despesas operacionais a elas associadas.
Ressalta-se que, em ambos os tipos de controle, asreceitas de servios tm progressivamente aumentado
sua contribuio para gerao de resultado operacional,antes de descontadas as despesas administrativas. Entreessas receitas, sobressaiu-se, no primeiro semestre de2013, a ampliao das rendas de carto de crdito. Asrendas de tarifas bancrias mantm-se como a principalfonte de receita de servios, embora tenham perdidoflego devido ao menor volume de concesso de crdito(grfico 2.4.4).
Alm do aumento de receitas com servios, ampliaram-seos ganhos com atividades seguradoras, previdenciriase de capitalizao, cuja participao no LL do sistemabancrio atingiu 15,4%. Observa-se que o resultado deR$8,4 bilhes dessas atividades incorporado ao sistemabancrio via equivalncia patrimonial39 (grfico 2.4.5).
39/ Para a anlise do REF, considerou-se o resultado com seguro, previdncia
e capitalizao dos seis maiores bancos BB, Ita, Bradesco, CaixaEconmica Federal (CAIXA), Santander e HSBC obtido nasdemonstraes contbeis publicadas.
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Bancos pblicos comerciais: rentabilidade bruta das op. de crdito
Bancos privados: rentabilidade bruta das operaes de crdito
Bancos pblicos comerciais: custo de captao
Bancos privados: custo de captao
Grfico 2.4.3 Rentabilidade das operaes de crdito ecusto de captao, por controle acionrioAcumulado nos ltimos doze meses
%
5,9 6,9 8,0 8,4 8,5 11,9 12,5 13,2 13,4 13,5
2,8 2,82,9 3,4 4,0 8,1 9,2 10,6
11,8 12,41,9 2,12,2 2,3 2,5 5,2
5,2 5,56,2 6,32,2 2,6
2,8 2,9 3,15,5 5,8
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Dez Jun2013
Jun2011
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Dez Jun2013
Bancos pb licos comerc ia is Bancos pr ivados (naciona is eestrangeiros)
Rendas de tarifas bancrias (PF e PJ)
Rendas de carto de crdito
Rendas de administrao de fundos de investimento
Rendas de servios de cobrana
Rendas de mercado de capitais
Rendas de garantias prestadas
Rendas de servios de arrecadaes e convnios
Rendas de administrao de fundos, programas e loterias
Rendas de outros servios
Grfico 2.4.4 Contribuio das receitas de serviospara o resultado operacional (antes das desp. adm.)1/
%
1/ Os nmeros dentro dos rtulos expressam o valor, em R$ bilhes, da respectivareceita de servio nos ltimos doze meses.
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No entanto, o crescimento das receitas no provenientesde juros e o esforo para a conteno de despesasadministrativas foram insuficientes para garantir melhorado ndice de eficincia operacional40 do sistema bancrio,que passou de 72,4% para 73,0% (grfico 2.4.6).
A estrutura de despesas administrativas dos bancosprivados contribui para que eles obtenham melhoreficincia operacional que os bancos pblicos comerciais.Os bancos privados despendem menos que os demais,
sobretudo com pessoal, para gerar o mesmo montanteem resultado operacional. Um dos motivos a maiorflexibilidade detida pelos primeiros para adequartempestivamente as despesas s suas estratgias.
No primeiro semestre de 2013, enquanto os bancospblicos comerciais incrementaram despesas de pessoal ecom terceiros em R$3,
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