CONCORDÂNCIA VERBAL E NOMINAL
* Concordância VerbalA Concordância Verbal é a que diz respeito aos verbos, também podendo (como ocorre com a concordância nominal) ser regular ou irregular.Concordância Verbal regular é aquela em que o verbo concorda em número e pessoa com o seu sujeito, venha ele claro ou subentendido. Exemplos:
Tu tinhas razão quando falaste.Nós precisamos voltar aqui.Carlos e Pedro saíram juntos.A maior parte dos sócios deste clube é rica. (“é”
concorda com o núcleo do sujeito: “parte”)
Concordância Verbal irregular é a que se dá por atração ou por elipse de número ou de pessoa (também chamada de concordância ideológica).
Exemplos: A maior parte dos sócios deste clube são
ricos (“são” concorda, por atração, com “sócios”, que não é o núcleo do sujeito).
Coisa curiosa é criança em dia de chuva: como ficam irrequietos! (= silepse de número → “ficam” não concorda com “criança” e sim com uma ideia coletiva: eles ficam irrequietos).
Os brasileiros somos um povo esperançoso (=silepse de pessoa → “somos” não concorda com “brasileiros”, mas com o pronome pessoal “nós”, que está elíptico: nós, os brasileiros, somos...).
CASOS ESPECIAIS DE CONCORDÂNCIA
→ O sujeito, sendo simples, com ele concordará o verbo em número e pessoa. Exemplos:
As saúvas eram uma praga.Acontecem tantas desgraças nesse planeta! Por dia, bastam quinze minutos de
exercícios.Apareceram as fórmulas salvadoras.Surgiram, após acalorada discussão, boas
soluções.
→ O sujeito, sendo composto e anteposto ao verbo, leva geralmente este para o plural: Exemplos:
A esposa e o amigo seguem sua marcha.
O Céu e a Terra passarão.
Porém é lícito (mas não obrigatório) deixar o verbo no singular:
Quando os núcleos do sujeito forem sinônimos. Exemplos:
A decência e a honestidade ainda reinava. A calma e a tranquilidade paira naquele
ambiente. Quando os núcleos do sujeito formarem sequência
gradativa. Exemplo: Uma ânsia, uma aflição, uma angústia repentina
começou a me apertar a alma.
→ O sujeito, sendo composto e posposto ao verbo, esse poderá ir para o plural ou singular. Exemplos:
Bateram à nossa porta um mendigo e seu filho. (concordância regular)
Reinavam a paz e o silêncio ali. (concordância regular)
“Passará o Céu e a Terra, mas minhas palavras não passarão.” (concordância irregular, por atração)
Chegou Paulo e o seu irmão. (concordância irregular, por atração)
→ O sujeito, sendo composto por pronomes pessoais de pessoas diferentes, leva o verbo para o plural, concordando com a menor pessoa (numericamente falando). Exemplos:
Eu (1ª) e tu (2ª) vamos ao cinema. (verbo = 1ª pessoa do plural)
Tu (2ª) e ele (3ª) sois bons amigos (verbo = 2ª pessoa do plural)
OBSERVAÇÃO:
Na linguagem coloquial, se aceita a construção – “Tu e ele são bons amigos” – porque o conjunto tu + ele equivale ao pronome de tratamento vocês.
→ O sujeito, sendo composto e ligado por “ou” ou “nem”, leva o verbo para o singular ou para o plural, conforme haja ideia de ação individual (exclusivamente) ou de ação conjunta (alternância). Exemplos:
A neve no inverno ou o sol tropical atraem os turistas. (ação conjunta: os dois atraem).
Pedro ou Luís receberão a resposta, pois ambos devem saber a verdade. (ação conjunta)
Nem as greves nem a recessão preocuparam o ministro. (ação conjunta: as duas não preocuparam)
O pai ou o filho será escolhido presidente da fábrica. (ação individual: somente um será o presidente.)
Pedro ou Luís receberá a resposta, pois não quero responder a ambos. (ação individual)
Nem João nem Marcos será o juiz da partida. (ação individual)
OBSERVAÇÕES→A expressão “um ou outro” pede o verbo
no singular. Exemplos: Um ou outro pássaro chilreava ao
amanhecer. Uma ou outra estrela brilhava no
firmamento.→ A expressão “nem um, nem outro”
também pede o verbo no singular. Exemplo:
Suspeitava-se que nem um, nem outro disse a verdade.
→ A expressão “mais de um” pede verbo no singular, a não ser que esteja repetida ou haja ideia de reciprocidade. Exemplos:
Mais de um orador fez alusão ao aniversário do jornal.
Mais de um povo, mais de uma nação foram arrasados nessa guerra. (repetição)
Mais de um voluntário, corajosamente, deram-se as mãos nessa causa. (reciprocidade)
Verbos HAVER e FAZER
O verbo haver (com o sentido de existir) e fazer (indicando tempo) são impessoais; não devem concordar, portanto, com as expressões que os acompanham. Exemplos:
Houve vários debates sobre o assunto.Havia candidatos despreparados. Na Bahia, faz verões quentíssimos.Fez dois anos que ele se formou.
OBSERVAÇÕES:
→Numa locução verbal com esses dois verbos, o auxiliar assume as características de impessoalidade do principal. Exemplos:
Deve haver coisas erradas. (Deve = auxiliar; haver = principal; deve haver = sentido de existir, portanto é impessoal).
Está fazendo dois anos que ela nasceu. (Está = auxiliar; fazendo =principal; está fazendo = indica tempo, portanto é impessoal)
→Já numa locução verbal com verbo pessoal em que o auxiliar é o verbo haver, este se flexiona de acordo com seu sujeito. Exemplos:
Há de surgir uma pessoa interessada. (Há = auxiliar; surgir = principal)
Hão de surgir pessoas interessadas. (Hão = auxiliar; surgir = principal)
Havia aparecido uma mancha de óleo no mar. (Havia = auxiliar; aparecido = principal)
Haviam aparecido manchas de óleo no mar. (Haviam = auxiliar; aparecido = principal)
→ O verbo haver com sentido de existir é impessoal, mas o verbo existir não o é. Exemplos:
Há coisas mais sérias a pensar.Existem coisas mais sérias a penar.Havia plantas venenosas neste lugar.Existiam plantas venenosas neste lugar.
→ O verbo haver com sentido de comportar-se é pessoal, flexionando-se. Exemplo:
Eles se houveram com dignidade.(eles se comportaram com dignidade)
VOZ PASSIVA PRONOMINAL Em construções do tipo “vendem-se
casas, consertam-se calçados, aluga-se um apartamento”, o verbo deve concordar com a expressão que o acompanha, porque ela é o seu sujeito. Se essa expressão, entretanto, vier precedida de preposição, ela não será sujeito e não teremos voz passiva.
Assim, por exemplo, na expressão “vendem-se casas”, a palavra “casas” é sujeito. A frase deve ser entendida assim: “Casas (sujeito) são vendidas.”
Observações:
→ Se o termo que acompanhar o verbo vier preposicionado, não haverá sujeito (porque o sujeito não pode ser preposicionado); o verbo ficará no singular e a voz não será passiva. Exemplos:
Precisa-se de operários. Necessita-se de secretárias. Aqui se assiste a bons filmes. Lá se obedece às autoridades.
Nestes exemplos o “se” é índice de indeterminação do sujeito, e a expressão preposicionada é objeto indireto.
→Atenção!
Às vezes, aparece, junto ao verbo, uma expressão preposicionada, estando, porém, o sujeito mais afastado. Exemplos:
Viam-se, além do horizonte, muitos pontos luminosos.
(Muitos pontos luminosos eram vistos além do horizonte.)
Observavam-se, daquele local, os lances da luta.
(Os lances da luta eram observados daquele local.)
SUJEITO COMO EXPRESSÃO FRACIONÁRIA
Sempre que a expressão for inferior a duas unidades o verbo ficará no singular. Exemplos:
É uma hora e cinquenta e oito minutos.Um salário e meio parece pouco, não
achas?
VERBOS DAR, BATER, SOAR
Os verbos dar, bater, soar e sinônimos concordam com o sujeito, seja ele o número que indica as horas ou outra expressão. Exemplos:
Deram dez horas. Deu uma hora. O relógio deu dez horas. Batiam seis badaladas no sino. (no sino =
adjunto adverbial de lugar) O sino batia seis badaladas. (o sino = sujeito)
LOCUÇÃO DE REALCE É QUE
Nas frases em que ocorre a locução expletiva é que, o verbo concorda com o substantivo ou o pronome que a precede, pois são eles efetivamente o seu sujeito.
Exemplos: Os efeitos é que foram diversos. Eu é que não posso cuidar dos problemas
dele.
Observação:
A locução de realce “é que” é invariável e vem sempre colocada entre o sujeito da oração e o verbo a que ele se refere.
Exemplo: José é que trabalhou, mas os irmãos é
que usufruíram sua riqueza.
SUJEITO COM PLURAL APARENTE
Sujeitos formados por nomes plurais de lugares e obras artísticas são tratados como singular se não vierem precedidos por artigo. Se lhes antecede o artigo, o verbo o acompanhará, fazendo-se singular ou plural de acordo com o artigo.
Exemplos:Estados Unidos é um país rico.Os Estados Unidos são um país rico.
SUJEITO RESUMIDO POR UM PRONOME INDEFINIDO (APOSTO RESUMITIVO)
Quando os sujeitos são resumidos por um pronome indefinido (tudo, nada, ninguém etc.), o verbo fica no singular, em concordância com esse pronome. Exemplos:
A pasta, a caneta, o fichário, o documento, TUDO pertence ao meu colega de firma.
O diretor, o professor, os alunos, NINGUÉM faltou à aula hoje.
VERBO SER
Casos em que a concordância é facultativa
Exemplos: O perigo seria as febres. O perigo seriam as febres. Na vida, nem tudo é flores. Na vida, nem tudo são flores. Na primeira frase de cada exemplo, o
verbo concorda com o sujeito; na segunda, o verbo vai para o plural, concordando com o predicativo.
→ O verbo ser, nas indicações de hora, data ou distância, concorda com a expressão numérica. Esse caso vai aparecer sempre que não houver sujeito ( o verbo ser é impessoal) : a concordância, então, será feita obrigatoriamente com o predicativo. Exemplos:
São cinco horas da madrugada. Hoje são quinze de abril. São sete horas. É meio-dia. Que horas são? Amanhã será primeiro de maio.
Observe, porém:
Hoje é dia quinze de abril. (A palavra dia vem expressa –é predicativo –, e o verbo concorda com ela.)
→ Nas expressões é muito, é pouco, é mais de, é tanto, especificando preço, peso ou quantidade, o verbo vai para o singular. Exemplos:
Duas semanas não é muito para quem tanto esperou.
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