CENTRO UNIVERSITÁRIO DO LESTE DE MINAS GERAIS CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO
JOAO BATISTA DE SOUSA
ARQUITETURA E CENÁRIO: a influência do local na criação de cenários efêmeros.
Coronel Fabriciano
2015
JOAO BATISTA DE SOUSA
ARQUITETURA E CENÁRIO: a influência do local na criação de cenários efêmeros.
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Arquitetura e Urbanismo do Centro Universitário do Leste de Minas Gerais como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Arquitetura e Urbanismo.
Orientadora: Amanda Machado
Coronel Fabriciano
2015
JOAO BATISTA DE SOUSA
ARQUITETURA E CENÁRIO: a influência do local na criação de cenários efêmeros.
Coronel Fabriciano, 08 de dezembro de 2015
BANCA EXAMINADORA
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AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus, Ser Supremo, Único e merecedor de toda a honra e toda a glória!
À minha mãe Maria Rita, que em outro tempo e lugar sempre esteve presente junto a mim.
Ao meu pai João, que quando em vida, com toda sua simplicidade sempre torceu por meu sucesso.
À minha orientadora Amanda Machado por sua crença tão contagiante na beleza da profissão e por fazer da arte tão essencial a este trabalho o elo entre a
minha profissão e este estudo. Muitíssimo obrigado por acreditar em mim!
À Eliane e Elzi, amigas para sempre, companheiras fiéis, por me tolerar nos momentos de ansiedade, cansaço e com paciência e dedicação terem me
proporcionado condições de concluir esta etapa.
A todos os meus amigos, em especial à minha amiga Fabiane pela generosidade e dedicação e aos amigos Fernando e Ney pelo companheirismo. O auxílio
de vocês nos dias e horas menos prováveis foi fundamental.
E a cada um que carinhosamente ao longo do tempo me dirigiu palavras tão incentivadoras e estimulantes nesta caminhada, a minha eterna gratidão!
“O futuro não é um lugar onde estamos indo, mas um lugar que estamos criando. O caminho para ele não é encontrado, mas construído e o ato de fazê-lo muda tanto o realizador quanto o destino”.
(Antoine de Saint-Exupéry)
RESUMO
A relação entre arquitetura, cenário e efemeridade se dá de forma metafórmica. E no intuito de entender o processo de criação de cenários efêmeros através
da percepção, da compreensão de cada local, é feita uma análise entre arquitetura e cenário, a forma como se misturam provisoriamente na conformação
plástica de ambientes para usos diversificados, dentro da efemeridade, pois, são criações que nascem com previsão do seu tempo de duração. Porém, a
construção ou intervenção nos ambientes demandam uma série de fatores que se aglutinam para chegar ao objetivo idealizado. Outro fio condutor que
merece relevância nessa relação são as pessoas, que irão interagir com o cenário efêmero proposto. A proposta, portanto, deste trabalho refere-se
compreender os processos de criação, produção e execução dos cenários efêmeros nos espaços arquitetônicos, relacionando-os às possibilidades
espaciais e técnicas das construções, identificando as necessidades e alterações possíveis que contribuam para otimização do processo executivo.
Palavras-chave: Arquitetura. Cenário. Efêmero.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Pavilhão Brasileiro da Feira Mundial de Nova York .................................................................................................................................................... 18
Figura 2 - Pavilhão do Brasil na Exposição Internacional de Bruxelas ........................................................................................................................................ 19
Figura 3 - Pavilhão para Sevilha ................................................................................................................................................................................................. 19
Figura 5 - Acrópole - Intervenção ................................................................................................................................................................................................ 23
Figura 4 - Acrópole – Grécia ....................................................................................................................................................................................................... 23
Figura 6 - Coliseu ........................................................................................................................................................................................................................ 24
Figura 7 - Coliseu com intervenção ............................................................................................................................................................................................. 24
Figura 8 - Taj Mahal .................................................................................................................................................................................................................... 25
Figura 9 - Taj Mahal com intervenção ......................................................................................................................................................................................... 26
Figura 10 – Toscana: Lajatico ..................................................................................................................................................................................................... 27
Figura 11 - Toscana .................................................................................................................................................................................................................... 27
Figura 12 - Lajatico com intervenção .......................................................................................................................................................................................... 27
Figura 13 - Processo de criação de cenário ................................................................................................................................................................................ 29
Figura 14 - Ciclo de criação de cenário ....................................................................................................................................................................................... 30
Figura 15 – Cronograma do processo de criação ....................................................................................................................................................................... 31
Figura 16 – Seminário 01 ............................................................................................................................................................................................................ 35
Figura 17 - Seminário 02 ............................................................................................................................................................................................................. 36
Figura 18 – Seminário 03 ............................................................................................................................................................................................................ 37
Figura 19 - Seminário 04 ............................................................................................................................................................................................................. 37
Figura 20 - Seminário 05 ............................................................................................................................................................................................................. 38
Figura 21 - Pavilhão Pele de Dragão 1........................................................................................................................................................................................ 39
Figura 22 - Pavilhão Pele de Dragão 2........................................................................................................................................................................................ 39
Figura 23 - Linha de produção de componentes 1 ...................................................................................................................................................................... 40
Figura 24 - Linha de produção de componentes 2 ...................................................................................................................................................................... 40
Figura 25 - Esquema para construção 1 ..................................................................................................................................................................................... 41
Figura 26 - Esquema para construção 2 ..................................................................................................................................................................................... 41
Figura 27 - Esquema da estrutura ............................................................................................................................................................................................... 42
Figura 28 - Montagem 1 .............................................................................................................................................................................................................. 42
Figura 29 - Montagem 2 .............................................................................................................................................................................................................. 42
Figura 30 - Exposição.................................................................................................................................................................................................................. 43
Figura 31 - O Anel 1 .................................................................................................................................................................................................................... 43
Figura 32 - O Anel 2 .................................................................................................................................................................................................................... 44
Figura 33 - Cenário 1................................................................................................................................................................................................................... 44
Figura 34 - Cenário 2................................................................................................................................................................................................................... 45
Figura 35 - Cenário 3................................................................................................................................................................................................................... 45
Figura 36 - Cenário 4................................................................................................................................................................................................................... 45
Figura 37 - Imagem 1 .................................................................................................................................................................................................................. 46
Figura 38 - Imagem 2 .................................................................................................................................................................................................................. 46
Figura 39 - Planta baixa .............................................................................................................................................................................................................. 47
Figura 40 - Imagem 3 .................................................................................................................................................................................................................. 47
Figura 41 - Imagem 4 .................................................................................................................................................................................................................. 47
Figura 42 - Esquema de localização do bairro Castelo ............................................................................................................................................................... 54
Figura 43 - Localização – Bairro Castelo..................................................................................................................................................................................... 54
Figura 44 - Planta baixa .............................................................................................................................................................................................................. 55
Figura 45 - Condicionantes ambientais ....................................................................................................................................................................................... 55
Figura 46 - Vista frontal do espaço pela rua Beta ....................................................................................................................................................................... 56
Figura 47 - Vista da rampa de acesso da rua à entrada do salão ............................................................................................................................................... 56
Figura 48 - Vista interna do local corredor central ....................................................................................................................................................................... 57
Figura 49 - Vista interna do local lado esquerdo ......................................................................................................................................................................... 57
Figura 50 - Vista da área externa acesso de entrada .................................................................................................................................................................. 58
Figura 51 - Perspectiva do espaço arquitetônico 1 ..................................................................................................................................................................... 58
Figura 52 - Perspectiva do espaço arquitetônico 2 ..................................................................................................................................................................... 58
Figura 53 - Perspectiva do espaço arquitetônico 3 ..................................................................................................................................................................... 59
Figura 54 - Cronograma das etapas do projeto ........................................................................................................................................................................... 60
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................................................................................................................................... 9
1.1 Pesquisa ............................................................................................................................................................................................................................. 9
1.2 Objetivos ............................................................................................................................................................................................................................. 9
1.2.1 Objetivo geral .............................................................................................................................................................................................................. 9
1.2.2 Objetivos específicos ................................................................................................................................................................................................. 10
1.3 Justificativa ....................................................................................................................................................................................................................... 10
1.4 Metodologia de pesquisa .................................................................................................................................................................................................. 10
2 CONCEITOS ........................................................................................................................................................................................................................ 12
2.1 Arquitetura ........................................................................................................................................................................................................................ 12
2.2 Cenário ............................................................................................................................................................................................................................. 14
2.3 Efemeridade ..................................................................................................................................................................................................................... 16
3 O USO DAS ARQUITETURAS E ESPAÇOS NA CRIAÇÃO DE CENÁRIOS EFÊMEROS ............................................................................................... 18
3.1 Arquitetura efêmera e sua história .................................................................................................................................................................................... 18
3.2 Concepção de cenários efêmeros .................................................................................................................................................................................... 20
3.3 Exemplos de intervenções em patrimônios históricos da humanidade............................................................................................................................. 22
3.3.1 Acrópole Grega ......................................................................................................................................................................................................... 22
3.3.2 Coliseu ...................................................................................................................................................................................................................... 23
3.3.3 Taj Mahal ................................................................................................................................................................................................................... 25
3.3.4 Toscana ..................................................................................................................................................................................................................... 26
4 ETAPAS DA CRIAÇAO DE CENÁRIOS ............................................................................................................................................................................. 29
4.1 Concepção ....................................................................................................................................................................................................................... 32
4.2 Planejamento .................................................................................................................................................................................................................... 32
5 OBRAS ANÁLOGAS ........................................................................................................................................................................................................... 35
5.3 Cenografia e Arquitetura: Anfiteatro Grego em Siracusa / OMA ...................................................................................................................................... 43
5.4 Casa Efêmera ................................................................................................................................................................................................................... 45
6 TCC2 .................................................................................................................................................................................................................................... 49
6.1 Proposta ........................................................................................................................................................................................................................... 49
6.2 História de Alice no País das Maravilhas .......................................................................................................................................................................... 50
6.3 Demandas ........................................................................................................................................................................................................................ 51
6.4 Levantamento do espaço escolhido ................................................................................................................................................................................. 53
6.5 Conceito do projeto........................................................................................................................................................................................................... 59
6.6 Cronograma das etapas do projeto .................................................................................................................................................................................. 59
7 CONCLUSÃO ...................................................................................................................................................................................................................... 62
8 REFERÊNCIAS.................................................................................................................................................................................................................... 64
9
1 INTRODUÇÃO
Este estudo visa analisar a relação entre arquitetura e local no processo de
criação de cenários efêmeros, através da percepção, compreensão e
entendimento dos espaços construídos e não construídos, para proposição
dos projetos. O entendimento de como acontece o processo de
apropriação dos espaços na criação de novos cenários, torna-se relevante,
no panorama da arquitetura atual, pois a criação de cenários efêmeros tem
adquirido uma importante presença na cultura contemporânea, como
expressão livre no processo de concepção do projeto, com as escolhas e
renúncias, traduzindo uma busca por respostas à materialização de
sonhos, à realização de vontades e às necessidades transitórias.
De acordo com Carnide (2012, pag.9) “O efêmero pressupõe uma
temporalidade fugaz, uma duração tão curta que a própria criação admite a
destruição. Porém, o tempo é um elemento ambíguo, não tem uma medida
quando traduzido em palavras”. O eterno é algo que está em uma escala
de tempo imperceptível pelo homem, já o efêmero é transitório, se desfaz,
dentro de uma escala de tempo perceptível pelo homem. A curta e a longa
duração estão diretamente ligadas a um referencial temporal. Como definir
algo como efêmero se nada é eterno? O conceito então de efêmero é, de
certa forma, relativo.
Ao longo da história observa-se que a arquitetura de certa maneira sempre
esteve no âmbito do efêmero, ou seja, está presente em toda a evolução
da humanidade, desde as tendas nômades, as ocas aborígenes, e assim
como os grandes impérios da antiguidade. Também, nos dias atuais
utilizam-se de estruturas tensionadas, metálicas, entre outros materiais
para pavilhões de grandes exposições, feiras, apresentações teatrais,
espetáculos, festas, shows e uma infinidade de eventos temporários.
Este estudo buscar entender a relação da arquitetura com os espaços
efêmeros e responder a perguntas como: até onde os cenários efêmeros
são tratados com a devida importância, vistos como arquitetura digna de
projetos bem elaborados?
1.1 Pesquisa Como é o processo de elaboração de cenários efêmeros partindo da
arquitetura e espaço existentes?
1.2 Objetivos
1.2.1 Objetivo geral
Identificar as relações entre os espaços propostos com as intervenções de
cenários efêmeros.
10
1.2.2 Objetivos específicos
Entender dos conceitos de arquitetura, cenário e efemeridade.
Perceber o uso das arquiteturas e espaços na criação de cenários
efêmeros
Compreender as etapas da criação de cenários
1.3 Justificativa
A importância deste trabalho dentro do cenário atual está na
contextualização do processo criativo de cenários efêmeros devido à
grande demanda de eventos, que movimenta muito a economia, gerando
empregos, movimentando o comércio em geral com vendas de matéria
prima, restaurantes, hotéis e até mesmo atraindo pessoas para o turismo.
O processo de execução dos mesmos faz com que se tenha um
aprendizado, experiência acumulada no fazer/aprendendo a idealizar e
executar cenários diversificados e passageiros, onde as ideias e a
execução se davam de forma mediática.
Tudo tende a ser efêmero. O mercado exige cada vez mais um diferencial
na criação de cenários, planejamento, execução, otimização no processo
executivo, minimização de custos e facilitação de uso.
A arquitetura contribui na aprimoração das etapas dos projetos a partir de
interfaces do aprendizado adquirido com pesquisas, conhecimentos e
projetos elaborados no ambiente acadêmico, pois, várias análises são
feitas na criação de ambientes para que sejam vivos e que interajam com
o meio e com as pessoas, estimulando os sentidos de quem os vivencia,
seja na impressão, no encantamento ou na emoção.
E o papel do arquiteto é fazer arquitetura que seja para todos, ainda que
por um curto tempo de duração.
1.4 Metodologia de pesquisa
O trabalho desenvolvido trata-se de um estudo exploratório por meio de
revisão bibliográfica que segundo Gil (2008, p.50) “é desenvolvida a partir
de material já elaborado, constituído de livros e artigos científicos”. Nesta
perspectiva, utilizou-se fontes como Hertzberger (1974) e Norberg-Schulz
(2006) para análise de conceitos de arquitetura, noção geral de arquitetura
e espaços arquitetônicos; Carnide (2012) contribuiu nos conceitos de
11
efemeridade e Schoemaker (1995) e Mantovani (1989) nos conceitos de
cenários.
Trabalhou-se ainda Mantovani (1989) para contextualizar o uso dos
espaços efêmeros; Paz (2008) e Cardoso (2003) para a fundamentação de
efemeridade e Norberg-Schulz (2006) para pertencimento e lugar. Para a
fundamentação histórica, trabalhou-se Martins Junior (2008) e Rosseti
(2003), entre outros que estão na bibliografia deste trabalho.
12
2 CONCEITOS
A arquitetura sempre teve um papel importante na vida das pessoas, nos
lugares, na cultura de cada local, causando sensações inusitadas ao longo
dos tempos. Na visão de Rossi (2001) sobre as cidades, percebe-se que
ele trata da união de todos os elementos e conformações plásticas que
constituem as cidades e que se devem observar tantos os aspectos dos
espaços como também que tudo está relacionado ao tempo.
Desta forma deve-se pensar na cidade ou na paisagem urbana como
estética urbana e a relação entre a fusão dos fatos urbanos na cidade, ou
arquitetura da cidade, cuja interatividade se dá pelas sensações hápticas
(táteis visuais) de forma que o fruidor perceba a cada instante os cenários
diferentes, ainda que haja uma unidade arquitetônica ou não, e, que esses
cenários são mutantes e sofrem transformações ao longo do tempo, seja
por intervenções pré-definidas ou não.
Neste caso se constata a atividade humana e do tempo agindo nas
cidades e suas transformações. O estudo dos conceitos de arquitetura,
cenário e efemeridade se faz necessário para que se compreenda o
significado de cada um e como há a fusão dos mesmos em um projeto. A
arquitetura existente ou o espaço vazio, se tornando num cenário que
passou por todo um processo de elaboração, e podem ser projetos com
longo, médio ou curto tempo de duração. A efemeridade se manifesta nas
criações que nascem para morrer e nas que com o tempo vão se
transformando.
2.1 Arquitetura
Os espaços podem ser por si só diferenciados ou modificados de acordo
com as edificações construídas. Podem possuir seus próprios significados
emocionais, psicológicos e culturais, promovendo diversas e diferentes
sensações nas pessoas.
De acordo com Norberg-Schulz (2006), espaço indica a organização
tridimensional dos elementos que formam um lugar. Espaço como
geometria tridimensional (altura profundidade e largura) e espaço como
campo perceptual (como se organiza e interpreta as impressões sensoriais
para atribuir significado ao meio, ao lugar). Consiste na aquisição,
interpretação, seleção e organização das informações obtidas pelos
sentidos. A percepção espacial envolve também os processos mentais, a
memória e outros aspectos que podem influenciar na interpretação dos
dados percebidos.
A qualificação do espaço acontece pela vivência interagindo com o todo.
Segundo Ching (1999), espaço é a extensão do campo tridimensional que
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abrange tudo o que nos cerca. É onde as coisas do mundo sensível
existem, e no qual nos deslocamos em três dimensões: esquerda e direita,
para frente e para trás e para cima e para baixo. É também a relação de
posição entre corpos, intervalo vazio entre corpos, ou partes de um corpo,
ou entre objetos.
Hertzberger (1974) considera ainda o espaço arquitetônico como uma
arena onde atores e os corpos se acomodam e, de diferentes modos e em
diferentes proporções, compartilham o controle. Arte e técnica de organizar
espaços e criar ambientes para abrigar os diversos tipos de atividades
humanas, visando também a determinada intenção plástica. Já para
Cornel (2012), o lugar onde se está é edificado e equipado no convite à
ação, à inspiração, à sugestão, à viabilidade, à predisposição, à
correspondência, ao esclarecimento, à conscientização, à prescrição, à
orientação; serve de espaço, é palco e cenário do ato e do fato.
De modo algum se admita a existenciação do espaço arquitetônico como
excludente da ação, ou vista independentemente da experiência artística,
porque por meio da ação experimentamos a arquitetura-arte, levando à
plenitude sua existenciação, ou seja, é preciso entender a arte do
construir, a relação entre corpo e lugar, como o que se tem diante do olhar
leva os outros sentidos a se manifestarem. É poder sentir o lugar com
suas luzes, suas cores, seus cheiros, suas texturas e até mesmo a própria
relação com outras pessoas. É na interação de todos os sentidos humanos
que se pode começar a ver; a experimentar a arquitetura.
Segundo Castelnou (2003), a compreensão do espaço arquitetônico – seja
este vernáculo ou erudito – passa necessariamente pelas vias subjetivas.
Os espaços devem ser concebidos no contexto da interação dos mesmos
com as pessoas. Embora se conceba os espaços analisando as relações
entre as pessoas e os lugares, admite-se que na maioria das vezes as
sensações são as mais inusitadas, surpreendentes e fora do que por
vezes fostes planejadas.
Diante destas constatações compartilha-se plenamente da apropriação
das edificações. Primeiro como lugar de pesquisa e experimentação para
ser realizar um projeto tanto nas proporções como na abstração que
causará conforto, beleza, aconchego através de elementos diversificados
que se fundem para aguçar as sensações dos usuários.
A apropriação se dá a partir da percepção e interpretação da arquitetura,
que envolve a dinâmica dos espaços e a observação espacial tanto do
lugar como na distribuição dos objetos, compartilhadas com os elementos
que atuam na audição, visão e de tempo de permanência e interatividade.
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Os seres humanos percebem de formas diferentes o espaço, que depende
de certa forma da diversidade cultural. Contudo há semelhanças culturais
que favorecem a base para a organização espacial, ou seja, “O homem é a
medida de todas as coisas [...]” 1. E nesse aspecto, propõe-se a pesquisa
do lugar em três categorias: o espaço fixo, ou seja, existente, os
obstáculos, os adornos, a disposição do mobiliário, a intervenção e ou
exclusão (camuflagem) de estruturas, como espaço pessoal ao redor do
corpo dos indivíduos.
Portanto, a sensação e percepção dos espaços pelas pessoas se
convergem para todos os sentidos, psiquismo, meio ambiente, causando
emoções hápticas (táteis visuais), ou seja, neste contexto os termos
objetivos na construção de cenários são apropriação, percepção,
inspiração e execução, tendo em vista os elementos que o envolvem,
anteriormente descritas.
2.2 Cenário
De acordo com dicionário FERREIRA (1999), o significado de cenário
exprime uma série de conjecturas sobre o termo na atualidade: 1 PROTÁGORAS de ABDERA (Abdera, 480 a.C. – Sicília, 410 a.C.), filósofo que cunhou a frase “o homem é a medida de todas as coisas, das coisas que são, enquanto são, das coisas que não são, enquanto não são.”, tendo como base para isso o pensamento de Heráclito. In: HALL. E. T. A dimensão oculta. Rio de Janeiro: F. Alves, 2005.
[Do it. Scenário] S.m.1.Teatr. Conjunto dos diversos materiais e efeitos cênicos (realidade visual ou a atmosfera dos locais onde decorre a ação dramática. [Sin.: cena telões, bambolinas, bastidores, móveis, luzes, formas e cores), que serve para criar a, cenografia, dispositivo cênico e (fr) décor]. 2. Teatr. V. teatro (....). 3. Conjunto de vistas aos fatos representados. 4. Lugar onde ocorre algum fato, ou onde decorre a ação, ou a parte da ação, de uma peça, romance, filme, etc. 5. Panorama, paisagem. 6. Fig. Modelo para análise, construído a partir de indicadores, sociais, econômicos, políticos, etc., referentes a determinados período histórico. [Cf., nesta acepç.., panorama (3).] 7. Conjunto de elementos que compõem o espaço criado para a realização de um espetáculo artístico, filme cinematográfico ou programa de televisão. [Cf. senário].
O termo cenografia se refere à arte e a técnica de representar em
perspectiva – para Godet (1993), um cenário é um conjunto formado pela
descrição de uma situação futura e do encaminhamento dos
acontecimentos que permitem passar da situação de origem a essa
situação futura.
A metodologia de elaboração de cenários, segundo Schoemaker (1995),
consiste de um processo estruturado de imaginar futuros possíveis, que
pode ser aplicado a um amplo leque de assuntos nas mais diversas áreas.
Ainda que, para o autor, há alto grau de incerteza com relação à
capacidade de predizer o futuro ou corrigir rumos.
O significado dos termos arquitetura e cenário se misturam
provisoriamente, se fundem na conformação plástica de ambientes nas
15
diferentes condições espaciais que o local pode tomar, quer seja este ao
ar livre ou inserido dentro de um edifício já existente. Essa conformação
pode ser um lugar, um ambiente, uma arquitetura. Para se chegar à
execução dos cenários efêmeros – a serem explanados no próximo tópico
- são várias ideias que se consolidam através de um espírito crítico sobre
materiais e seu uso.
De uma forma geral vivemos direta ou indiretamente diante ou cercados de
cenários externos (arquitetura e urbanismo) e ou interiores (interior
design), onde ambos são mutantes ao longo do tempo e do espaço, mas
também de forma consciente de acordo com as percepções e sensações
que se deseja causar e/ou obter.
Sobre os parâmetros de Mantovani (1989, pag.6) “[...] cada apresentação
é “diferente” da anterior, porque a relação cena/público muda de acordo
com este e com a disposição do ator, que, não sendo uma máquina, tem
uma maneira de se expressar em cada apresentação”. Mais uma vez,
toma-se a referência cenográfica como desdobramento para a criação de
cenários em lugares pré-estabelecidos de maneira bem mais ampla que a
cenografia. Ainda que não se rivalize com a proposta cenográfica.
A cenografia deixa de ser elemento meramente ilustrativo, diante das
encenações, e, é de grande importância que se aproprie dos espaços em
favor da encenação. O público se manifesta fortemente mediante o que
lhes é proposto. Não é só um lugar de apreciação, mas sim, de total
conectividade e grande força a relação do local, com a ação e a recepção
das pessoas.
Quando se fala em cenários, foge-se completamente do espaço
tridimensional, atuando-se nos mais diversificados espaços internos e/ou
externos. Embora a autora esteja se referindo ao espetáculo no âmbito
específico da cenografia, vale lembrar que o que se discute são cenários
que remetem ao interior design, cujo trabalho além de depender de
propostas e objetivos, exige a criação de uma equipe de trabalho coesa
nos vários âmbitos de intervenção nos espaços.
Os estudos dos cenários, sejam para quaisquer fins, nos leva a questionar
a ideia de espaço expositivo ideal para o uso proposto e para as novas
possibilidades arquitetônicas dos espaços, a forma como esses novos
cenários traduzem expressões artísticas, conceituais, com total
interatividade com o público que dele se apropriará. Os cenários podem
ser melhor compreendidos se o que se propõe apresentar seguir a questão
conceitual. É então fundamental para fazer com que a transformação
tenha um bom resultado.
16
2.3 Efemeridade
A relação entre cenário e arquitetura se dá de forma metafórmica. Em um
momento ele existe e em outro deixa de existir, graças a esta relação de
tempo lhes são conferidos certa efemeridade.
Efêmero, para MICHAELIS (2009) significa: adj (gr ephémeros) 1 Que dura
um só dia. 2 Passageiro, transitório.
A arquitetura efêmera neste sentido, portanto, é o cenário ou o espaço
arquitetônico de caráter temporário e breve. O repositório SIGNIFICADOS
(2015) denota sobre efêmero conforme a seguir:
Efêmero é um termo de origem grega (em que “ephémeros” e
significa “apenas por um dia”). Usado para designar uma
situação que dura muito pouco tempo. É antônimo de
duradouro, permanente. Em geral, o termo é associado a tudo
aquilo que tem caráter passageiro, transitório, fugaz, de curta
duração, que é visto por apenas um momento.
Presente em montagens teatrais e de espetáculos, estandes, exposições,
festas ou eventos, a arquitetura efêmera trabalha com materiais
alternativos aos da construção civil, usados para durar uma temporada. De
acordo com Carnide (2012), o conceito de efemeridade, nos tempos
atuais, influencia no projeto arquitetônico enquanto exposição de ideias,
criação de ambientes sinestésicos e interação com o público.
Ao serem então executados para uma curta duração, também podem
passar por mutações e ou mesmo serem cenários mutantes. De acordo
com as exigências e os conceitos estabelecidos em consenso são
respaldados na premissa da cenógrafa e mestre em artes Mantovani
(1989, p. 6), onde ela cita que: “De qualquer forma, o espetáculo é sempre
fruto do trabalho coletivo”. Ou seja, o espetáculo é fruto de intervenções de
quem cria, executa e de quem participa dele.
A arquitetura efêmera e seus ambientes são construídos a partir de objetos
arquitetônicos, sistemas construtivos e unidades de infraestrutura portátil.
Para Paz (2008), os ambientes efêmeros são constituídos por objetos e
ainda por elementos que não são arquitetônicos propriamente ditos, que
não abrigam dentro de si atividades humanas.
Neste contexto, Cardoso (2003) afirma que a arquitetura e o espetáculo
cênico entram então como ferramenta, para possibilitar processos de
revitalização e reanimação dos espaços arquitetônicos, no sentido de dar
novo ânimo e de revigorar, por exemplo, o cotidiano. O autor ainda deixa
claro como as intervenções artísticas na cidade (efêmeras por natureza),
inclusive os eventos culturais que envolvem as mais diversas áreas e
lugares da cidade, podem valorizar o espaço no qual estão inseridos.
17
Em constante evolução no uso de materiais, energia e tempo, a
efemeridade das construções dentro de uma tendência de técnicas de se
fazer mais com menos, numa real preocupação com as condições do local,
precisa deixar de existir sem deixar rastro físico da sua ocupação.
Respeitando ainda os recursos disponíveis e dialogando com o real,
sugerindo também novos modos de interação e harmonia com o sentido
da vida.
18
3 O USO DAS ARQUITETURAS E ESPAÇOS NA CRIAÇÃO DE CENÁRIOS EFÊMEROS
3.1 Arquitetura efêmera e sua história
Ao longo da história, segundo Martins Júnior (2008), a arquitetura efêmera
tem se manifestado de diferentes maneiras. Para o autor, a tenda é um
importante exemplo, utilizada na era dos primórdios e ainda até os dias
atuais. Podia ser construída com peles de animais, ser deslocadas, e ter
seus materiais substituídos pela deterioração. Os circos, advindos desta
época e ainda hoje, marcam a efemeridade das atividades culturais, pois,
existem apenas num curto espaço de tempo, podem ser reapresentados
em outros lugares através do deslocamento dos espaços que lhes dão
suporte.
Rossetti (2013) informa que no Brasil arquiteturas efêmeras e pavilhões
são construídos desde a chegada da família real portuguesa ao menos,
quando portais, arcos de triunfo e outros marcos eram improvisados para
dar um pouco mais de pompa às circunstâncias de exercício e evocação
simbólica de seu poder. Ainda conforme o autor, os pavilhões de 1908 e os
pavilhões de 1922 foram idealizados para rememorar datas históricas: o
centenário da abertura dos portos e centenário da Independência.
A arquitetura moderna brasileira ensaiou sua potencialidade e futuro
reconhecimento internacional com o pavilhão construído em Nova York em
1939, projetado por Lucio Costa e Oscar Niemeyer conforme figura 1:
Figura 1 - Pavilhão Brasileiro da Feira Mundial de Nova York
Fonte: Vitruvirus: Curvas e retas não alcançam as cidades no Brasil. (Recamán, 2006)
Rossetti (2013) informa ainda que em 1958, com Brasília em plena
construção, Sergio Bernardes engendra a representação do Brasil na
exposição de Bruxelas com uma estrutura tensionada que tinha um balão
como chamariz (Figura 2). Em 1964, Lucio Costa elabora a representação
do Brasil na Trienal de Milão com as redes, fotografias e tecidos e seu
Riposatevi. Em 1970, Paulo Mendes da Rocha constrói uma potente
19
estrutura em concreto aparente para evidenciar o domínio técnico e realiza
uma operação na topografia do território destinado ao pavilhão.
Figura 2 - Pavilhão do Brasil na Exposição Internacional de Bruxelas
Fonte: Vitruvírus: O pavilhão brasileiro na Expo de Bruxelas. (Meurs, 2000)
Figura 3 - Pavilhão para Sevilha
Fonte: Pavilhões de exposições e concursos: lições a aprender. (Amaral, 2009)
Para Martins Júnior (2008), na atualidade, alguns edifícios assumiram
caráter provisório quando o homem iniciou a utilização do ferro nas
construções e, com o domínio da tecnologia, o autor cita que o arquiteto
alemão Frei Otto, marcou sua época como precursor nos estudos das
tenso-estruturas na qual possibilitaram o uso da arquitetura efêmera em
grandes escalas.
Ainda para o autor, a preocupação está em definir as características dos
cenários efêmeros, suas concepções, incluindo materiais empregados nas
confecções.
Devem ser pensados em função de princípio como: facilidade de
deslocamento, leveza, adaptabilidade a diferentes programas. Tudo que se
20
possa, pela sua operacionalidade, ser qualificável como flexível, pois, na
intenção de simplificar e acelerar o manuseio reduz o tempo, o que é
significativo em se tratando de valores de mão de obra e outros custos que
incidem sobre dias a mais de trabalho.
3.2 Concepção de cenários efêmeros
Para Carnide (2012, p.9) “... toda arquitetura é efêmera. Uma obra efêmera
é aquela que nasce para morrer: o efêmero é algo que anuncia o seu
próprio fim, renunciando ao futuro. A sua temporária presença é intensa e
resistente”. Já um cenário pensado e construído para um evento pode
deixar de existir, mas também poderá sofrer mutações para outros
cenários à posteriori ou ser transferido no todo ou em parte para um local
já pré-existente.
As obras efêmeras podem se adequar a todos os locais, de acordo com os
diferentes níveis do processo, diferente de como se faz uma obra perene.
Segundo Heidegger (2008 apud NORBERG-SCHULZ, 2006, p. 450). “A
fronteira não é aquilo em que uma coisa termina, mas, como já sabiam os
gregos, a fronteira é aquilo de onde algo começa a se fazer presente”.
Porém, a construção ou intervenção nos ambientes demandam uma série
de fatores que se aglutinam para chegar ao objetivo idealizado.
Apesar da intenção primária dos cenários efêmeros apontarem para a pura
vivência do instante, privilegiando o evento, toda a experimentação
plástica, formal e até social da intervenção, inspira uma estratégia de
análise e reflexão sobre materiais, espaço e forma, importantes ao
desenvolvimento da construção e do desenho arquitetônico. Essa análise
é embasada em vários fatores.
Esses fatores podem ser de diferentes tradições culturais e de diferentes
condições ambientais. Sob as palavras de Norberg-Schulz (2006, p. 444)
“pensar numa totalidade constituída de coisas concretas que possuem
substância material, forma, textura e cor. Juntas, essas coisas determinam
uma qualidade ambiental que é a essência do lugar”.
Usando das palavras de Mantovani (1989), em termos práticos, os
cenários efêmeros concretizam-se perante o arquiteto como o desafio de
transformar muito com pouco. O conceito de efemeridade descreve-se
numa tendência de técnicas de fazer mais com menos, numa constante
evolução em direção ao uso mais rentabilizado de matéria, energia e
tempo.
É fazer com que o espaço se torne um lugar, revelando os significados
presentes nos cenários criados. Significados esses que podem se
divergirem pelas pessoas, pois, cada um entende a produção do espaço
21
sob uma perspectiva. É a liberdade de pensar, viver, consumir, usar,
diferentes atitudes, falas e gestos. Os significados são revelados quando
o lugar é vivido em sua dimensão, sendo sentido, pensado, apropriado e
vivido através do corpo. A forma como o homem se apropria faz com que
o lugar vá ganhando o significado dado pelo seu uso.
Conforme Arnheim (1994), o ver está ligado a uma busca por sentidos
naquilo que é visto: O pensamento psicológico recente nos encoraja então a considerar a visão uma atividade criadora da mente humana. A percepção realiza ao nível sensório o que no domínio do raciocínio se conhece como entendimento. O ato de ver de todo o homem antecipa de um modo modesto a capacidade, tão admirada no artista, de produzir padrões que validamente interpretam a experiência por meio da forma organizada. O ver é compreender. (ARNHEIM, 1998, P.39)
A criação de cenários demanda intervenções de acordo com o conceito e
preferência dos envolvidos nestes cenários. Portanto, objetiva-se idealizar,
realizar e executar um ou mais cenários para atender os desejos das
pessoas que irão se apropriar dele.
Outro fio condutor que merece relevância nessa relação são as pessoas,
que irão interagir com os cenários propostos. Os públicos que farão uso
destes espaços, quanto a sexo, raça, culturas, costumes e preferências
são fundamentais na elaboração e execução de um projeto. Como os
cenários criados são transformados em uso pelos diferentes personagens
da sociedade.
A ideia, portanto, deste trabalho refere-se compreender os processos de
criação, produção e execução dos cenários nos espaços relacionando-os
às possibilidades espaciais e técnicas das construções, identificando as
necessidades e alterações possíveis que contribuam para otimização do
processo executivo. A capacidade de uma obra se montar e desmontar
implica novas posturas de projeto ao arquiteto. “Não podemos confundir
cenografia com decoração. Cenografia é um elemento do espetáculo
(teatral, cinematográfico, etc.), e decoração é sinônimo de arquitetura de
interiores.” (Mantovani, 1989, p. 6).
Sob a luz das ideias de cenografia de Anna Mantovani cujos objetivos são
adequados ao teatro, ao cinema, à ópera, ballet, etc. aqui se pretende
tratar de cenários/interior design, cujo conceito para o GUIA DO
ESTUDANTE (2015) é:
O design de interiores é a arte de planejar e arranjar ambientes de acordo com padrões de estética e funcionalidade. O profissional harmoniza, em um determinado espaço, móveis, objetos e acessórios (...), procurando conciliar conforto, praticidade e beleza. Planeja cores, materiais, acabamentos e iluminação, utilizando tudo de acordo com o ambiente e adequando o projeto às necessidades, à personalidade, ao gosto e à disponibilidade financeira do cliente. Administra o
22
projeto de decoração, estabelece cronogramas, fixa prazos, define orçamentos e coordena o trabalho de marceneiros, pintores e eletricistas. Pode projetar salas comerciais, residências ou espaços em locais públicos. Esse profissional costuma trabalhar como autônomo, mas pode atuar também como funcionário de empresas especializadas em decoração e design de interiores ou, ainda, como consultor em lojas de móveis.
Tendo em vista os trabalhos idealizados e executados pelo autor, no início
do seu processo criativo eram denominados como cenários até o momento
no qual passou a investir no universo acadêmico, passando então a se
identificar como Interior design, com a utilização da teoria e das
ferramentas virtuais. Potencializou a observação de lugares como cada
lugar tendo a sua especificidade e características, interferindo, de alguma
forma, no espaço e na vida dos fruidores.
No entanto, existe uma relação entre o real com o efêmero em termos de
velocidade e tempo, e em termos de idealização, construção, participação
e desconstrução. O objetivo é identificar as relações entre os espaços
propostos com as intervenções de cenários efêmeros.
O local é o ponto de partida. No início ele se apresenta como um dado,
que precisa ser vivido em sua totalidade. Ao fim, surge como um mundo
estruturado, iluminado pela análise de todos os aspectos do espaço.
A concepção de cenários parte de um pensamento, da capacidade de
entender o espaço, e neste pensamento seja para atender a uma vontade,
um pedido surgem novas ideias que podem proporcionar ao local uma
nova roupagem dentro do que se vê ou se sente. E esses pensamentos
criativos e ideias gerais são que favorecem na qualificação deste novo
espaço. A compreensão da essência do espaço culmina na elaboração
dos conceitos, permitindo diversas possibilidades ao local.
3.3 Exemplos de intervenções em patrimônios históricos da humanidade
No patrimônio histórico da humanidade temos inúmeros exemplos de
intervenções. Os exemplos serão explanados a seguir.
3.3.1 Acrópole Grega
Na Grécia Antiga, a Acrópole era o ponto mais alto da cidade (geralmente
uma montanha). Segundo Lawrence (2015), a acrópole possuía um papel
muito importante na vida das pólis (cidade-estado) gregas e era usada
como refúgio para os habitantes das cidades no momento de ataques
militares dos inimigos na qual serviam para observação militar.
23
Fonte: L’acropole d’athenes. (Technomc, 2015).
Os gregos também costumam construir templos religiosos nestes pontos.
A Acrópole mais conhecida foi e continua sendo a Acrópole de Atenas, que
abriga o Partenon que é o templo da deusa grega Atenas.
Conforme Cabral (2015), o Teatro de Dionísio, o mais antigo do mundo, foi
fundado no fim do século VI A.C. Assentos de madeira e espaço em
formato retangular, reservado para representações dramáticas,
assembleias e cerimônias de vários tipos, compunham o local. No século
IV A.C. o auditorium foi totalmente reconstruído à base de pedra e adquiriu
a forma que pode ser vista até os dias de hoje, apesar dos efeitos do
tempo. Hoje, recuperado, o local é palco de festivais e concertos.
Figura 5 - Acrópole - Intervenção
Fonte: Yanni Live at the Acropolis, Greece. (Youtube, 2011).
3.3.2 Coliseu
Conhecido também como Anfiteatro Flaviano ou Flávio, o coliseu foi
construído no período da Roma Antiga e está localizado no centro de
Roma. Tem capacidade de abrigar aproximadamente 50.000 pessoas.
Seu tempo de construção foi entre oito a dez anos e exigiu dos
construtores da época lançar mão da mais reputada engenharia, da
indústria naval para cobertura de lona retrátil, saneamento básico para
escoamento de água e dejetos, além de contar com serviço de distribuição
de guloseimas e ceias durante a apresentação de espetáculos da época.
Figura 4 - Acrópole – Grécia
24
Segundo historiadores a mobilidade no seu interior é considerada também
uma forma avançada tanto para a ocupação e evacuação.
Figura 6 - Coliseu
Fonte: Porto dos Museus. (Pportodosmuseus, 2011)
Figura 7 - Coliseu com intervenção
Fonte: Apresentação Andrea Bocelli no Coliseu. (Uol, 2015)
O Coliseu Romano, hoje Patrimônio Histórico da Humanidade está em
ruínas, isso devido a terremotos e pilhagens, mas sempre visto como um
dos símbolos do Império Romano, sendo um dos melhores exemplos da
monumentalidade de sua complexa arquitetura no período de sua
construção. Era o lugar dos grandes acontecimentos para diversão do
povo e onde se estabelecia grandes embates religiosos e políticos, agora,
palco de visitações e apresentações artísticas de renomados artistas do
planeta.
Assim como inúmeros outros monumentos históricos o Coliseu já passou
por inúmeras requalificações e restaurações. A utilização para shows e
25
espetáculos só é possível pelas novas tecnologias e da arquitetura
contemporânea para instalação de estruturas que suportam equipamentos,
pessoas, instrumentos, enfim, cenários completos.
3.3.3 Taj Mahal
O Taj Mahal é um mausoléu situado na cidade de Agra (Índia). Foi
construído, em mármore branco, entre os anos de 1630 e 1652. A
construção é uma homenagem do imperador Shah Jahan para sua esposa
falecida. A cúpula é costurada com fios de ouro. Internamente existem
várias pedras preciosas nas paredes. Ao lado do palácio, localizam-se
duas mesquitas (templo religioso islâmico). Foram usados mais de 20 mil
homens em sua construção. Principais espaços do complexo do Taj
Mahal: jardins, edifícios secundários, mesquita, mausoléu, portal de
acesso ao palácio, sala central e túmulo assimétrico de Shah Jahan.
Figura 8 - Taj Mahal
Fonte: Posta, 2015.
Também um edifício monumental da antiguidade que se utiliza para fins
artísticos-culturais, apropriação por artistas que trabalham com projeções,
entre outros espetáculos externos para o povo indiano.
26
Figura 9 - Taj Mahal com intervenção
Fonte: Design Partners Inc. (DPI, 1997)
O compositor e tecladista grego Yanni, amante da música erudita,
descreve este concerto como um tributo aos construtores do Taj Mahal e a
cidade proibida, assim como ao povo da Índia e da China. Em 1997 Yanni
tinha o sonho de visitar a Índia e conseguiu a autorização do governo
indiano para realizar o concerto em frente ao Taj Mahal, com uma
belíssima performance e especialmente nesta apresentação, ele foi
apoiado por vários músicos do mundo inteiro.
3.3.4 Toscana
Região da Itália conhecida por suas belas paisagens, de acordo com o
guia Toscanaitalia (2015), a Toscana ocupa uma área de
aproximadamente 23 mil quilômetros quadrados e registra uma população
estimada em 3.7 milhões de habitantes. Fica a cerca de 300 km de Veneza
e a 230 km de Roma.
Seu rico legado artístico e a vasta influência da cultura erudita fizeram com
que fosse considerada o verdadeiro berço da Itália Renascentista. Foi na
Toscana, mais especificamente de Florença, de onde surgiram os mais
influentes personagens da ciência e das artes como Petrarch, Dante,
Botticelli, Michelangelo, Leonardo da Vinci, Galileo Galilei, Américo
Vespúcio, Luca Pacioli e Puccini.
Por este motivo, a região abriga muitos museus como Uffizi, Palazio Pitti e
Museo Chinciano.
27
Figura 10 – Toscana: Lajatico
Fonte: Lajatico. (Lajatico, 2015).
A movimentação artística em Florença é intensa. Por todo o ano
acontecem inúmeros e variados eventos que apresentam desde o folclore,
as tradições da região, como também é espaço para obras
contemporâneas, como por exemplo, as esculturas de Gianluca e Alessio
Salvadori e Catia Marucci que juntos formam a Naturaliter. As esculturas
impressionantes foram produzidas em poliuretano, poliestireno e
fibrocimento de alta densidade, e foram chamadas de “Presenze”
(presença).
Figura 11 - Toscana
Fonte: Passeio na Toscana. (Ribeiro, 2015).
Figura 12 - Lajatico com intervenção
Fonte: Concert Opera Package. (Mulberry, 2015).
28
Para a realização de grandes eventos sempre há um processo complicado
em sua logística. Quando se pretende reunir milhares de pessoas num
local, há que assegurar toda a infraestrutura necessária para satisfazer as
suas necessidades, bem como coordenar todo o programa proposto, pois,
esse é o motivo que reúne todas essas pessoas.
Nas intervenções apresentadas, em espaços vazios ou construídos, houve
uma grande equipe por trás de toda a organização, pois, os processos de
montagem são complicados.
As intervenções nos espaços para os cenários efêmeros foram ao ar livre,
e é neste ponto que as complexidades de logística aumentam. Tudo se
inicia no ponto zero. As preocupações com saneamento básico,
eletricidade, estacionamento, conforto das pessoas e principalmente a
segurança das mesmas. Desde a fase inicial da construção/execução do
processo se faz necessário pessoal qualificado, empresas que possam
atuar nas várias fases de preparação.
No decorrer do evento, equipes de segurança e de técnicos para
manutenção dos equipamentos envolvidos de modo que assegure um
perfeito funcionamento ou mesmo, se algo de anormal acontecer, que haja
uma solução breve. São gastos vários dias de montagem para
apresentações de um único dia, ou mesmo de algumas poucas horas.
Os locais escolhidos para a realização de eventos musicais como
concertos, óperas, apresentações teatrais e outros aliam a estrutura física
do espaço, com as possibilidades de inserção das estruturas removíveis,
acessibilidade e locomoção do público dentro destes locais. Grandes
ícones da arte em geral do mundo inteiro optam por se apropriarem de
espaços de grande relevância na história da arquitetura, pois, podem
mostrar o quanto um lugar da história antiga permite grandes histórias
contemporâneas. As análises feitas e os ajustes necessários, dentro deste
conjunto, contribuem para que o público presente tenha momentos únicos,
que em sua duração são efêmeros e em sua permanência na mente e na
alma, eternos.
29
4 ETAPAS DA CRIAÇAO DE CENÁRIOS
A ideia de construir cenários surgiu em meados do século XVII quando
William Davenant (1606-1668), gerente do teatro do Duque de York,
passou, a partir de 1660, a representar o ambiente de suas comédias e
tragédias usando cenários montados no palco.
Somente um século e meio mais tarde, no século XIX, a tecnologia da
montagem de cenários de teatro desenvolveu-se com rapidez. Muitos
efeitos especiais foram criados, tanto na simulação de ambientes internos
(móveis verdadeiros, paredes com portas e janelas, etc.) e externos
(jardins, calçadas com postes de luz, fontes, praias, pores do sol, cúpulas
de céus estrelados, etc.) passaram a integrar os recursos para
ambientação das histórias vividas nos palcos.
Antes de se elaborar/orçar é preciso fazer uma análise do local e
confrontar com a solicitação feita pelo cliente. O erro em não conhecer
bem o local a ser trabalhado pode prejudicar completamente o efeito
almejado.
A importância em falar sobre as etapas do processo de montagem de
cenários está no fato de permitir que pessoas não ligadas a este tipo de
trabalho possam entender como são os bastidores deste processo. Na
maioria das vezes as pessoas encontram o trabalho já todo pronto e
montado, e assim não têm a noção dos dias, mão de obra, equipamentos
e materiais que foram necessários.
O ciclo do processo de um cenário/evento compreende as fases e seus
responsáveis indicados na figura abaixo:
Figura 13 - Processo de criação de cenário FASES RESPONSÁVEL
Concepção Arquiteto
Planejamento Arquiteto
Preparação Supervisor/Coordenador
Realização Arquiteto / Supervisor / Coordenador /
Colaboradores / Terceiros
Uso Espectadores
Desmontagem Supervisor / Coordenador / Colaboradores / Terceiros
Análise Arquiteto / Supervisor / Coordenador
Fonte: Elaborada pelo autor.
O processo está indicado na figura a seguir:
32
É preciso pensar como superar as expectativas do contratante, estimular a
imaginação dos convidados, na intenção de causar sensações inusitadas.
4.1 Concepção
Esta é a fase na qual se precisa recorrer às viabilidades em razão da
limitação de recursos tanto financeiros como técnicos. Por exemplo, é
preciso definir quais os materiais e recursos serão necessários, o
detalhamento do mobiliário, o layout, o tempo que será despendido para a
montagem, principalmente porque sempre há um prazo previsto para a
entrega dos serviços.
Na elaboração de uma intervenção, os gastos com o cenário proposto
estão relacionados à diversidade de ambientes e ao grau de detalhamento.
Por isso, quase sempre se faz necessário pensar em como reaproveitar,
por motivo de economia, peças de um ambiente em outro, dando sempre
uma nova apresentação.
4.2 Planejamento
O planejamento de uma intervenção está na análise do local e na
interação com o cliente, buscando o levantamento de informações,
expectativas, infraestrutura e viabilidade econômica. De posse do
levantamento realizado, é elaborado um projeto mostrando os serviços que
serão prestados, o orçamento, o cronograma, as parcerias, os meios
legais, e os dados que envolvem toda concepção da ideia.
Após a assinatura do contrato, é então feita a aquisição de materiais e
equipamentos, contratação da equipe necessária para a execução de
todas as etapas, listagem da relação dos recursos necessários,
transportes adequados para o material/equipamentos e para a equipe e
ainda a análise das condições do local.
4.3 Preparação
A preparação pode acontecer durante meses de antecedência da
construção/execução. Tudo dependerá das necessidades que podem ser
de materiais ainda a adquirir ou confecção de objetos, detalhes morosos.
E, ainda há a preparação que ocorre entre dois a três dias do processo
inicial de realização.
4.4 Realização
A construção de uma intervenção consiste no encontro do local
devidamente livre para se iniciar o trabalho. Dentro do planejamento do
tempo e pessoal necessários, deve-se acompanhar todas as etapas para
33
que as mesmas sejam cumpridas no devido prazo, sem nenhuma etapa
prejudicar outra.
Manter à mão uma reserva dos materiais mais empregados nas
montagens para que o trabalho possa ser feito sem riscos de atraso, tanto
na fase de criação e fabricação dos objetos, quanto propriamente na
execução. Deve ser dada atenção especial aos profissionais quanto ao
uso de equipamentos de proteção para manuseio de ferramentas que
ofereçam riscos à saúde ou à segurança da equipe durante o exercício da
atividade.
4.5 Uso
É importante sempre estar atento quanto ao uso do cenário proposto,
independente de sua finalidade. A apropriação do espaço deve ser
analisada de forma que sua verificação preliminar contemple as várias
possibilidades de utilização e então que se assegure e se certifique de que
na execução do projeto ou da atividade haja gerenciamento do imprevisto.
As estruturas devem ser firmes o bastante para que não comprometa a
segurança das pessoas, o cuidado com os materiais quanto a uso,
controle e prevenção de riscos e a facilitação de acessos para entrada,
circulação e saída de todos são exemplos de análises a serem feitas para
a utilização dos espaços.
Trata-se de calcular a probabilidade de que um conjunto de ações
humanas seja executado com sucesso num tempo estabelecido ou numa
determinada circunstância.
Considerando a importância do papel do arquiteto em projetar espaços
que propicie ao usuário uma identificação com os mesmos, é importante
que o arquiteto tenha conhecimento e interação com o que está proposto e
qual o público alvo. Pois a relação entre corpo, mente e espaço estão
totalmente associadas no contexto da identidade do local.
4.6 Desmontagem
O processo de desmontagem inicia-se pela conferência do local após a
utilização. É preciso verificar se os itens de reutilização que estão
dispostos na listagem de recursos permanecem intactos e ainda, se o local
permanece sem danos estruturais. Se algo foi quebrado, danificado ou
desaparecido. Limpeza dos materiais e embalagem dos mesmos para um
melhor armazenamento, uma vez que esse mesmo material poderá ser
usado outras vezes.
34
4.7 Análise
Após a desmontagem, se faz necessária uma reunião entre o arquiteto,
supervisor e coordenador para análise, fechamento do processo. Verificar
quais foram as deficiências e quais poderão ser as melhorias para a
execução de um novo processo.
35
5 OBRAS ANÁLOGAS
A escolha das obras análogas partiu da necessidade de análise de três
diferentes cenários efêmeros: a primeira nos mostra um espaço criado
para uma exposição, como o uso de materiais adequados aliados à
tecnologia proporcionando resultados expressivos, a segunda um teatro a
céu aberto em um patrimônio da humanidade que tem suas possibilidades
de alterações conforme os espetáculos a serem apresentados, e, a
terceira uma casa de mais de um século que internamente foi modificada,
sendo reconstruída sem nenhuma alteração da arquitetura existente,
mostrando a possibilidade de uma arquitetura efêmera de acordo com os
desejos e tempo de cada morador que por ela passar e como um bom
conceito pode garantir espaços atraentes.
5.1 Seminário
Durante os dias 27 de setembro a 02 de outubro de 2015, aconteceu no
Centro Universitário do Leste de Minas Gerais a 26ª Semana Integrada do
curso de Arquitetura e Urbanismo. A semana integrada é dedicada a
exposição de trabalhos e oficinas e seminários com um tema pré-
determinado.
Nessa edição do seminário foram desenvolvidas pesquisas e trabalhos
para contemplar o tema “Arquitetura Efêmera”, objetivando a interface
entre arquitetura, espaço e efemeridade, que estava coincidentemente,
dentro do conceito aqui abordado, “Arquitetura e Cenário: A Influência do
Local na Criação de Cenários Efêmeros”.
Figura 16 – Seminário 01
Fonte: Orientadora Amanda Machado
Neste evento apresentou-se um vídeo que abarca conceitos oriundos do
processo de pesquisa deste trabalho (ver item 3.3 – exemplos de
36
intervenções em patrimônios históricos da humanidade), que aconteceu
em duas etapas distintas. Os vídeos selecionados e apresentados foram:
Acrópole (Grécia), Coliseu Romano (Roma-Itália), Massadas (Deserto-
Israel), Taj Mahal (India) e Lajatico (Toscana-Itália). Durante a mostra dos
vídeos descrevia-se sobre os lugares, as intervenções e a forma como
elas foram realizadas, ou seja, para eventos diversificados.
Na primeira utilizou-se o espaço da sala de aula no formato no qual os
alunos utilizam no cotidiano, com mesas e cadeiras dispostas para
frequentar as aulas. Neste ambiente já assimilado por todos os
participantes foi apresentado um vídeo com os conceitos de arquitetura,
cenário e efemeridade.
Em seguida os participantes foram convidados para alternar o espaço da
mesma sala até então desconhecida dos envolvidos e separada por uma
cortina na cor preta. Ao adentrar o espaço cortinado todos se depararam
com um novo e inusitado cenário idealizado e executado pelo
apresentador da proposta, com mobiliário e equipamento (poltronas, pufes,
tapetes, mesas de centro, TV e duas paredes com jardins verticais) e
paisagismo, fugindo completamente de uma sala de aula convencional.
Figura 17 - Seminário 02
Fonte: Orientadora Amanda Machado
A partir do momento em que todos se apropriaram do novo espaço deu-se
continuidade à apresentação do vídeo, no qual se mostrava e comentava-
se espaços arquitetônicos (alguns patrimônios históricos da humanidade),
onde houve intervenções para criação de cenários efêmeros, no intuito de
realização de acontecimentos artísticos-culturais.
Ao final corroborou-se a apresentação sobre cenários efêmeros com um
vídeo da fachada da Loja Melissa, em São Paulo (BR), onde foi realizada
37
uma intervenção com post-it (25 mil papéis coloridos, colados na fachada
da loja) para que os transeuntes pudessem deixar mensagens no formato
bilhete, ou seja, interagissem com a obra. A intervenção foi realizada em
15 dias e a cada três dias os papéis eram alterados criando verdadeiros
mosaicos em formas e cores distintas e permanentemente interagindo com
o público.
Figura 18 – Seminário 03
Fonte: Orientadora Amanda Machado
Figura 19 - Seminário 04
Fonte: Orientadora Amanda Machado
38
Figura 20 - Seminário 05
Fonte: Orientadora Amanda Machado
A apresentação foi interessante, pois, além de estudantes de arquitetura
também havia estudantes da engenharia civil. Houve debates sobre a
apropriação dos espaços apresentados, a influência das intervenções na
vida das pessoas, como as mesmas fazem o uso dos espaços. Pode-se
debater também sobre como as profissões de arquitetura e engenharia se
complementam. O seminário trouxe benefícios para a pesquisa desta
monografia, pois, possibilitou que novas opiniões pudessem ser expostas.
Enfim, mostrou-se como se dá o processo de apropriação dos espaços
construídos ou não para cenários efêmeros, tendo em vista as tecnologias
e materiais contemporâneos.
39
5.2 Pavilhão Pele de Dragão
Projeto Emmi Keskisarja, Pekka Tynkkynen e LEAD (Kristof Crolla e
Sebastien Delagrange.
Localização Hong kong (China).
Ano 2012.
Fonte Macedo, 2012.
Processo de Concepção: o Dragon Skin Pavilion (Pavilhão Pele de
Dragão) é uma instalação de arte / arquitetura que desafia e explora o
espaço, o tato e as possibilidades materiais da arquitetura que hoje são
oferecidas pelas revoluções digitais e dos novos sistemas tecnológicos de
fabricação.
Figura 21 - Pavilhão Pele de Dragão 1
Fonte: Keskisarja e Tynkkynen, 2012.
A intensa e expressiva porosidade da Pele questiona noções de limite e
fronteira: como luz e visão são filtradas e suavizadas para o interior, o
interior é vagarosamente revelado.
Figura 22 - Pavilhão Pele de Dragão 2
Fonte: Keskisarja e Tynkkynen, 2012.
Processo de Planejamento: os padrões e ritmos emergentes do Pavilhão
desafiam a percepção da estrutura contra a definida estrutura de
ornamento. Há um equilíbrio cuidadoso entre os painéis regulares
retangulares e suas interconexões gradualmente irregulares. A
combinação de um material novo com design contemporâneo junto a um
processo de fabricação convencional os permitiu executar um processo de
construção bastante preciso.
40
Processo de preparação: o Pavilhão começou a ser construído num
workshop com os estudantes de arquitetura da Universidade de
Tecnologia de Tampere, na Finlândia, no Outono de 2011. A primeira
versão do Pavilhão foi projetada e construída a partir de croquis em
apenas 8 dias. Para a 2012 Hong Kong e Shenzhen Bi-City Bienal de
Urbanismo e Arquitetura, a equipe trabalhou juntamente com uma equipe
internacional composta de engenheiros de materiais e estruturas, gerando
o protótipo, impecável, do Pavilhão.
Figura 23 - Linha de produção de componentes 1
Fonte: Keskisarja e Tynkkynen, 2012.
Figura 24 - Linha de produção de componentes 2
Fonte: Keskisarja e Tynkkynen, 2012.
41
Figura 25 - Esquema para construção 1
Fonte: Keskisarja e Tynkkynen, 2012.
Figura 26 - Esquema para construção 2
Fonte: Keskisarja e Tynkkynen, 2012.
O único material utilizado no Pavilhão é a madeira moldável tipo Plywood
Grada, um material novo que parece revolucionar a indústria de madeira
compensada curvada. Uma máquina de CNC-Router foi usada para fazer
o molde de madeira em que as peças planas e retangulares foram
dobradas.
42
Figura 27 - Esquema da estrutura
Fonte: Keskisarja e Tynkkynen, 2012.
Um programa de computação em 3D gerou os arquivos para o corte das
peças em processo industrial: procedimentos algorítmicos foram escritos
para dar a cada componente retangular as marcas precisamente
calculadas para se fazer as articulações deslizantes e dar a forma final do
Pavilhão em curva.
Processo de realização: uma meticulosa sequência de montagem exigiu
que todos os componentes fossem identificados e numerados para facilitar
tanto a montagem quanto a desmontagem da estrutura. Todos esses
componentes foram fabricados na Finlândia e enviados para Hong-Kong
onde a equipe montou o Pavilhão no espaço de exposições, em Kowloon
Park.
Figura 28 - Montagem 1
Fonte: Keskisarja e Tynkkynen, 2012.
Figura 29 - Montagem 2
Fonte: Keskisarja e Tynkkynen, 2012.
43
Processo de Uso: A exposição foi aberta, permanecendo para uso do
público durante quase 65 dias.
Figura 30 - Exposição
Fonte: Keskisarja e Tynkkynen, 2012.
5.3 Cenografia e Arquitetura: Anfiteatro Grego em Siracusa / OMA
Projeto OMA (Rem Koolhas).
Localização Siracusa (Grécia).
Ano 2012.
Fonte Márquez, 2012.
Processo de Concepção: as intervenções concebidas pelo OMA
consideraram estratégias adaptáveis para três peças diferentes, que foram
encenadas pelo Istituto Nazionale del dramma Antico, que inclui Prometeu
Acorrentado (dirigido por Claudio Longhi), Bacantes de Eurípides (dir.
Antonio Calenda) e As Aves, de Aristofanes (dir. Roberta Torre). As três
intervenções, o anel, a máquina, e a Jangada, geram diferentes
configurações espaciais no teatro.
Figura 31 - O Anel 1
Fonte: Moncada, 2012.
Processo de Uso: a primeira intervenção, o Anel, é uma passarela
suspensa que completa o semicírculo dos assentos do terraço,
44
compreendendo o palco e os bastidores, dando aos atores uma forma
alternativa de entrar na cena.
Figura 32 - O Anel 2
Fonte: Moncada, 2012.
A máquina é um cenário totalmente adaptável para as peças: uma
plataforma inclinada circular, sete metros de altura, que espelham o
anfiteatro. O cenário pode girar, simbolizando a passagem de XIII séculos
durante a tortura de Prometeu; dividido ao meio, ela também pode ser
aberta, permitindo a entrada dos atores, e simbolizando eventos
dramáticos como o de Prometeu sendo engolido nas entranhas da terra.
Figura 33 - Cenário 1
Fonte: Moncada, 2012.
A jangada, um palco circular para os atores e dançarinos, re imagina o
espaço da orquestra como um thymele moderno, o altar que nos tempos
antigos era dedicado a rituais dionisíacos.
45
Figura 34 - Cenário 2
Fonte: Moncada, 2012.
.
Figura 35 - Cenário 3
Fonte: Moncada, 2012.
Figura 36 - Cenário 4
Fonte: Moncada, 2012.
5.4 Casa Efêmera
Projeto NAAD (Yoichiro Hayashi e Shogo Sakurai).
Área 60.0 m².
Localização Kyoto (Japão).
Ano 2014.
Fonte Victor, 2015.
Processo de concepção: a Casa Efêmera é um projeto de remodelação de
um edifício de madeira de 100 anos situado no centro de Kyoto, Japão. O
cliente, que tem cerca de 25 anos e vive sozinho, pediu uma habitação
46
temporária. A intenção neste projeto não é apenas gerar um ambiente
adequado para a vida, mas também evitar a dicotomia hierárquica entre o
passado e o presente, através da criação de um espaço que conta com
uma sensação rica de fugacidade e festividade.
Figura 37 - Imagem 1
Fonte: Yamada, 2015.
Processo de construção: o mesmo material de madeira compensada é
aplicado em cada superfície existente do espaço exceto na parte das
colunas existentes e nas divisórias.
Processo de uso: o espaço é unificado pelo mesmo material, o que
proporciona um ambiente íntimo e um impressionante sentido de
permanência, enquanto evoca a sensação de que as colunas existentes e
divisórias foram agregadas depois. Neste caso, a ordem cronológica dos
elementos de construção, novos e existentes, está conceitualmente
invertida.
Figura 38 - Imagem 2
Fonte: Yamada, 2015.
47
Figura 39 - Planta baixa
Fonte: Yamada, 2015.
Figura 40 - Imagem 3
Fonte: Yamada, 2015.
No entanto, detalhadamente, a superfície de madeira que constitui o piso,
parede, teto e os montantes está exposta no lado posterior da parede, o
que gera a impressão de que o espaço está em construção ou em
processo de desmontagem. O espaço, que ao princípio é percebido como
seguro e permanente, na realidade parece frágil e tem complexos eixos de
tempo. O que surge aqui é um espaço singular do "aqui-e-agora" para
viver.
Figura 41 - Imagem 4
Fonte: Yamada, 2015.
48
As obras análogas apresentadas neste capítulo são diferentes entre si,
com expressões específicas.
Enquanto O Pavilhão Pele de Dragão (item 5.2) que em uma exposição
apresenta a tecnologia aplicada na modulação de materiais, o Anfiteatro
Grego em Siracusa (item 5.3) apropria-se de um local já existente para
apresentações de eventos consolidados culturalmente, e, na Casa
Efêmera (item 5.4) a expressão particular de quem habitará num novo
espaço, mantendo todo o invólucro existente.
Todas as obras numa linguagem sensível à modelação de espaço. E,
embora sejam diferentes entre si, todas correspondem à arquitetura
efêmera.
49
6 TCC2
6.1 Proposta
O presente estudo objetivou a análise da obra de Lewis Carrol, Alice no
País das Maravilhas. Publicada em 18652, obra que exerceu uma posição
altamente representativa na história da literatura, trazendo a nós leitores
lições de existências que marcaram a relação homem versus espaço. Esta
proposta concentrou-se em estabelecer relações entre espaço literário e
espaço geográfico, visto que o espaço é um dos elementos fundamentais
para a compreensão da fábula3.
A fábula é uma narrativa figurada, na qual as personagens são geralmente
animais que possuem características humanas. Pode ser escrita em prosa
ou em verso e é sustentada sempre por uma lição de moral, constatada na
conclusão da história.
2 A referência da obra aqui utilizada é a tradução em Português da Relógios D’água, 2009. 3 Composição. Geralmente em verso, em que se narra um fato cuja verdade moral se oculta sob o véu da ficção. 2. Mitologia. 3. Mentira. 4. Ficção, falsidade. 5. Sucesso inventado. 6. Assunto principal (com todo o seu desenvolvimento) de um romance, drama, poema, etc. FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Dicionário da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira AS.
Está presente em nosso meio há muito tempo e, desde então, é utilizada
com fins educacionais. O diálogo deve estar presente, uma vez que se
trata de uma narrativa. A fábula pode ter diversas versões de uma mesma
história e, por esse motivo, dá-se ênfase a um princípio ou outro,
dependendo da intenção do que se pretende propor. Pode-se utilizar da
ironia, da sátira, da emoção, etc.
A proposta de TCC2 é desenvolver um projeto arquitetônico conceitual de
um cenário efêmero inspirado no livro intitulado “Alice no País das
Maravilhas”, dotado de semiótica e fenomenologia, que reflita a ideologia
do autor e produza espaços lúdicos.
Como plataforma para realização de um cenário efêmero, será um espaço
existente para uma finalidade específica: festas em geral como
casamentos, quinze anos e formaturas. O local escolhido para receber
este cenário efêmero foi com o objetivo de romper com essa dialética de
que um salão de festas não possa abarcar espaços efêmeros. É um salão
de festas existente na cidade de Ipatinga (MG), na região do Vale do Aço.
O local é uma caixa, um estereótipo, onde será inserida uma nova
arquitetura dentro dele.
O tema Alice foi escolhido por ser uma história fictícia, mais lúdica, e que a
partir de uma história de uma literatura, o espaço efêmero irá materializar
50
sem ser de forma literal as sensações, os conceitos. Uma adaptação que
não seja apenas uma ilustração da obra escrita, mas, uma criação com um
gênero autônomo, com total liberdade criativa.
Através desta literatura de estreitos, altos, claustrofobias poderá se
trabalhar várias sensações com os usuários, através da efemeridade, pois,
o tempo de duração será de quatro a seis horas. A pessoa poderá se
apropriar deste espaço, tendo experiências que ela não teria no espaço
anterior, através desta inserção na arquitetura já existente.
Sabemos que um livro é o resultado de um trabalho individual. Quando
essa história é adaptada para um filme, uma peça de teatro ou no caso
aqui para a montagem de um cenário passa a ser um trabalho que envolve
toda uma equipe. E toda a montagem realizada pode não ser fiel à própria
linguagem literária. O autor enquanto arquiteto, de uma forma não literal,
mas de maneira criativa expressará através do cenário o seu olhar, a sua
interpretação a partir da leitura da obra.
6.2 História de Alice no País das Maravilhas
A obra de Lewis Carroll conta a história de uma menina chamada Alice que
cai numa toca de um coelho que a transporta para um lugar fantástico
povoado por criaturas peculiares e antropomórficas.
A partir da leitura do livro, a história se desenvolve assim: Alice e a sua
irmã descansavam debaixo de uma árvore, quando apareceu por ali um
coelho branco com um relógio de bolso. Curiosa, Alice corre atrás do
coelho, que a leva à sua toca, espreita para dentro dela e cai, vendo
objetos “estranhos”. Após uma aterragem segura no átrio, Alice vê uma
mesa pequena e em cima dela havia uma chave, e foi à procura da porta
correspondente, até que encontra apesar de a porta ser pequena para ela
entrar.
Alice encontra uma garrafa a dizer “beba-me” e, ao bebê-la, diminui seu
tamanho. Só que se esqueceu da chave em cima da mesa, sem conseguir
então alcançá-la. Então ela encontra um bolo a dizer “coma-me” e ao
comê-lo, Alice fica enorme. Ela volta a beber da garrafa até ficar
novamente pequena e consegue atravessar pela fechadura.
Alice entra num mundo onde nunca esteve antes. Enquanto seguia o
caminho pelo mundo desconhecido, a menina encontra uma lagarta que a
aconselha a tirar um pedaço do lado direito de um cogumelo para poder
voltar ao tamanho normal. Alice obedece e assim que o fez, seguiu o
mesmo caminho.
Ainda desorientada, Alice entra numa floresta onde encontra o gato a sorrir
para ela. A menina pede-lhe que indique o caminho que deve seguir. O
51
gato disse que se seguisse o caminho, iria encontrar o Chapéu Maluco e a
Lebre de Março. A menina assim o fez e encontrou-se com os dois, que
lhe pediram para acompanhar a hora do chá. Alice reparou nas
personalidades loucas deles e saiu dali assustada.
Mais tarde, Alice via-se no meio de flores e relva. Tinha entrado no jardim
real da Rainha de Copas. Uns soldados estavam a pintar as rosas brancas
de vermelho, correndo o risco de a Rainha lhes cortar a cabeça caso visse
rosas brancas no seu jardim. A menina ofereceu-lhes ajuda.
No entanto, um soldado roubou um bolo da rainha e foi levado a
julgamento. Alice, apesar de não saber de nada, foi para o julgamento
como testemunha. De repente, durante o julgamento, Alice cresce até ficar
enorme outra vez. A rainha que estava presente no julgamento ordenou
aos seus soldados a expulsarem a menina do seu reino. Alice fugiu com
medo.
Nesse instante, Alice acordou com a voz da sua irmã. Afinal, tudo aquilo
não se passava de um sonho. Considerada uma história nonsense, ou
seja, sem sentido, Alice no país das Maravilhas contêm núcleos
fantasiosos repletos de situações inusitadas e excêntricas. Cada núcleo
consiste em personagens muito peculiares, cativantes (até os mais cruéis,
como a Rainha de Copas) e interações divertidas entre a pequena Alice e
o mundo paralelo criado por Lewis.
Aliás, uma característica da história é utilizar a literatura de travessia, na
qual o autor emprega artifícios como meio de ligação entre o nosso mundo
real, e o imaginário (ou paralelo e fantasioso), a exemplo do buraco pelo
qual Alice cai e chega até o país das maravilhas.
As histórias são curtas, fluídas e cativantes. O enredo é sem sentido e
influente (você lê e crê, mesmo estranhando, e continua lendo - como num
sonho) que depois de lido, dá a impressão de quando se acorda depois de
sonhar: perde-se a precisão dos acontecimentos, tem-se que voltar para
relembrar e ainda não se consegue traçar uma linha unidirecional do
contexto.
6.3 Demandas
A importância das análises das demandas implica em tomadas de
decisões. Dependendo do grau de detalhamento de um trabalho algumas
etapas podem ser eliminadas. Essa previsão de demanda favorece a
identificação e avaliação das incertezas e riscos no processo do trabalho,
auxiliando nas tomadas de decisões, nos dando suporte no planejamento
52
e controle das diversas etapas, identificando as prioridades e quais os
recursos que se farão necessários.
6.3.1 Logística da Estrutura Depois de escolhido o local em que se irá realizar o evento, sendo o
mesmo um espaço fechado, será preciso analisar quais as condições
favoráveis e desfavoráveis à realização do trabalho. Essas condições irão
depender do número de pessoas e do perfil para o que se propõe. Analisar
a complexidade dos problemas logísticos e tudo o que encontrar por fazer.
Neste campo de logísticas da estrutura será preciso averiguar as mais
diversas necessidades como segurança do local, condicionantes
ambientais, prestadores de serviços, materiais necessários, acessos.
6.3.2 Prevenção O espaço escolhido precisa estar regularizado em relação a todas as
normas de segurança exigidas por lei, corpo de bombeiros. Estas medidas
são importantes, pois caso algum imprevisto de mal aconteça, o mais
importante é que as pessoas possam se retirar na maior segurança.
7.3.3 Meios Humanos
Faz-se necessário a seleção de prestadores de serviços com mão de obra
especializada para as diferentes funções, trabalhos a serem realizados
desde o processo de preparação até o de desmontagem do cenário.
Para a criação deste cenário, dentro das diversidades e complexidades
das tarefas, se faz necessário a formação de uma equipe preparada, como
por exemplo os profissionais do carregamento, forração e iluminação,
entre outros.
Cada colaborador deve dentro da sua tarefa e com o grau de
responsabilidade, focar no cumprir e atingir os objetivos.
7.3.4 Meios mecânicos e tecnológicos
Os meios mecânicos e tecnológicos são usados como complemento aos
meios humanos para otimização das tarefas e nunca em substituição dos
mesmos.
7.3.5 Meio ambiente
O local escolhido é um espaço com capacidade para receber até duas mil
novecentas e noventa pessoas estando já preparado para receber
53
eventuais detritos que possam ser causados, isto dentro deste limite de
pessoas. Desenvolver!
7.3.6 Infraestruturas
As infraestruturas envolvem todo o espaço físico. Deve-se ter uma atenção
especial quanto às necessidades especiais que a montagem proposta
exigirá.
O local deve ser avaliado considerando as condições permanentes como
pisos, pilares, coberturas, paredes e acessos, por exemplo, e ainda
propriedades móveis como arquibancadas, tablados, estruturas metálicas,
passarelas, tendas, coberturas e palcos.
Todas as exigências extras deverão ser equacionadas para que tudo
esteja pronto dentro do prazo necessário para conclusão do processo.
Contatar os fornecedores de materiais e equacionar a quantidade de cada
material será necessária, além de compatibilizar os trabalhos dos
diferentes prestadores de serviços.
7.3.7 Acessos
Os acessos no processo de montagem e utilização do espaço no cenário
efêmero proposto é um ponto essencial. Tudo precisará ser bem situado
para que a circulação das pessoas ocorra de forma facilitada.
A acessibilidade deve ser considerada para diversos públicos e adaptada a
várias condições como, por exemplo, rampas, escadas, corrimão,
instalações sanitárias e espaços para portadores de necessidades
especiais, sempre considerando as normas técnicas de mobilidade e
eliminação de barreiras.
6.4 Levantamento do espaço escolhido
O local escolhido para o projeto que será desenvolvido na segunda
metade do trabalho (TCC2) localiza-se no bairro Castelo, na cidade de
Ipatinga-MG, Brasil (figura 42). O bairro situa-se próximo à BR 458, na
principal via de ligação à BR 116, dos municípios de Ipatinga a Caratinga.
54
Figura 42 - Esquema de localização do bairro Castelo
Fonte: Elaborada pelo autor
Figura 43 - Localização – Bairro Castelo
Fonte: Google Earth, 2015
No bairro, predomina-se o uso residencial com edificações uni familiares
de um a dois pavimentos, padrão construtivo elevado. O espaço
construído (salão para eventos) possui em torno de mil e quatrocentos
metros quadrados e fácil locomoção inclusive para cadeirantes.
55
Figura 44 - Planta baixa
Fonte: Elaborada pelo autor
Figura 45 - Condicionantes ambientais
Fonte: Elaborada pelo autor
56
Figura 46 - Vista frontal do espaço pela rua Beta
Fonte: Elaborada pelo autor
Figura 47 - Vista da rampa de acesso da rua à entrada do salão
Fonte: Elaborada pelo autor
57
Figura 48 - Vista interna do local corredor central
Fonte: Elaborada pelo autor
Figura 49 - Vista interna do local lado esquerdo
Fonte: Elaborada pelo autor
58
Figura 50 - Vista da área externa acesso de entrada
Fonte: Elaborada pelo autor
Figura 51 - Perspectiva do espaço arquitetônico 1
Fonte: Elaborada pelo autor
Figura 52 - Perspectiva do espaço arquitetônico 2
Fonte: Elaborada pelo autor
59
Figura 53 - Perspectiva do espaço arquitetônico 3
Fonte: Elaborada pelo autor
6.5 Conceito do projeto
O conceito do projeto surge de um entendimento da obra fictícia literária. O
ponto forte é a transição do mundo real para o mundo imaginário. A base
do projeto será o estudo de iluminação (artificial), que garantirá um jogo de
luz e sombra capaz de criar semiótica e fenomenologia no espaço. Então,
um dos elementos fundamentais a promover a mística do espaço será a
luz.
Atrelado a esse conceito e enxergando potencial no espaço a ser
projetado, trabalhar em uma construção efêmera que possibilite aos
usuários viver sensações inusitadas. Para potencializar tais análises
apontadas, o projeto se fundamenta em algumas considerações: a
interpretação da fábula em questão, as novas tecnologias em iluminação,
o paisagismo e o mobiliário que dentro de uma nova leitura dê
características particulares, fundamentais para definir o tipo de lugar.
6.6 Cronograma das etapas do projeto
Para melhor desenvolvimento do projeto o processo será dividido dentro
das suas etapas, como pode ser visto no cronograma a seguir (Figura 54).
60
Figura 54 - Cronograma das etapas do projeto CRONOGRAMA DO PROJETO – PROPOSTA TCC2
PERÍODO ATIVIDADES
CO
NC
EPÇ
ÃO
SEMANA 01 Visita ao espaço para análise das condições nas quais se encontra o local escolhido. SEMANA 02 Reunir com a direção do espaço para apresentar as intenções do projeto/o objetivo do trabalho/conceitos da obra escolhida.
SEMANA 03 Documentação da análise semana 02. SEMANA 04 Retorno ao local para medição do espaço e esquematização do processo.
SEMANA 05 Documentação do levantamento semana 04.
PLA
NEJ
AM
ENTO
SEMANA 06 Ver as necessidades materiais e operacionais de cada etapa do trabalho.
SEMANA 07 Documentação da análise semana 06.
SEMANA 08 Reunir com profissionais envolvidos para ajustes do processo.
SEMANA 09 Documentação do levantamento semana 08.
PREP
AR
ÇÃ
O SEMANA 10 BANCA INTERMEDIÁRIA TCC2
SEMANA 11 Compatibilizar o tempo de montagem dos trabalhos dos diferentes prestadores de serviços. SEMANA 12 Documentação da análise semana 10.
SEMANA 13 Separar os materiais necessários e contratar mão de obra terceirizada. SEMANA 14 Documentação do levantamento semana 12.
REA
LIZA
ÇÃ
O SEMANA 15 Execução dos trabalhos dos diferentes prestadores de serviços.
SEMANA 16 Documentação da análise semana 15.
SEMANA 17 Conferência dos serviços realizados e testes para verificar o funcionamento.
SEMANA 18 Documentação do levantamento semana 17.
FIN
ALI
ZAÇ
ÃO
SEMANA 19 Análise das etapas anteriores.
SEMANA 20 Postagem dos trabalhos.
SEMANA 21 BANCA FINAL Fonte: Elaborada pelo Autor
61
A proposta de criar um espaço efêmero, na qual as pessoas possam
vivenciar um espaço existente a partir de novas percepções sensoriais, é
uma forma de estimular as sensações, a permanência no local, onde cada
pessoa possa organizar e interpretar as suas próprias impressões para dar
ao meio o seu significado.
O projeto busca então estimular as pessoas a terem um comportamento
baseado na interpretação que elas possam experimentar da realidade e
por vezes não da própria realidade. Isso faz com que cada pessoa perceba
um objeto, um detalhe ou uma situação que tenha importância para si.
O objetivo é provocar as percepções que se assemelhem ou que sejam
totalmente únicas para cada um.
62
7 CONCLUSÃO
A identificação, intenção e análise na pesquisa de cenários se deram no
processo de apropriação do local, na criação de cenários efêmeros e como
a arquitetura se faz presente para a existência desses espaços.
O cenário efêmero é condicionado pelo tempo de sua existência, gerador
de espaço e forma, respondendo à expectativa de pensamento do
idealizador pelo usuário. Apesar das diferentes abordagens, interpretações
e configurações, esses cenários são valorizados pelo seu caráter aberto e
experimental.
O espaço efêmero, enquanto evento materializa muitas destas ações,
surgindo como uma obra de valor sócio-artistico, potencializador de
encontros sociais, estimulando o diálogo, a interação e a reflexão. Numa
atmosfera sensorial associada a uma deliberada composição espacial,
celebra o instante como testemunho da comunicação sócio-artística-
cultural, envolvendo a arquitetura.
Os elementos que compõem o programa de elaboração e montagem do
cenário efêmero atrelado às questões sensoriais adquiridas através da
semiótica e da fenomenologia são importantes auxiliadores e indutores na
prática da execução. Com a análise realizada sobre algumas obras
efêmeras se conclui o quanto o resultado do trabalho vem carregado de
emoções e sensações.
As obras análogas selecionadas serviram para entender que os espaços
efêmeros são possíveis em todos os locais, aliados às novas tecnologias,
podendo-se criar ambientes que expressem significações e/ou
resseguinificações em relação à arquitetura do passado ou
contemporânea, uma vez que a do local pode ser a principal fonte de
identidade e significância para o trabalho.
A análise desenvolvida garantiu um amadurecimento da proposta para a
etapa seguinte (TCC2), onde será levada em consideração a atual
consciência de arquitetura, cenário, efemeridade, elementos necessários
para a formação do espaço lúdico dentro da obra literária escolhida e
formas artísticas que sejam fundamentais para a produção de semiótica e
fenomenologia no espaço, além da capacidade cultural de entendimento
dos usuários: elemento essencial para compreensão interação com o
projeto.
Os cenários efêmeros traduzem um pensamento artístico em busca de
inovação, expressão, materialização, permitindo novas experimentações
do espaço nas percepções sensoriais resultante da interação com os
63
usuários. O projeto de um cenário efêmero está na harmonização de
diversos fatores através de um gesto artístico claro e unificado.
64
8 REFERÊNCIAS
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