Modelo de acao comunicativa e de informacao para redes sociais em ambientes digitais
Marcia MarquesTese apresentada ao Programa de Pos-graduacao da Faculdade de Ciencia da Informacao da Universidade
de Brasilia (UnB), como requisito parcial para a obtencao do grau de Doutor em Ciencia da Informacao.Orientadora: Profa. Dra. Elmira Melo Simeao
Objeto
• O objeto desta pesquisa e o desenvolvimento de um Modelo de Acao Comunicativa e de Informacao em Redes Sociais em Ambientes Digitais
• a partir da indagacao: e possivel promover acao de comunicacao e de informacao, para o entendimento em rede, em ambientes digitais?
Objetivo geral
• Desenhar o Modelo teorico-metodologico para elaboracao de diagnostico de fluxos de informacao e comunicacao em redes sociais em ambientes digitais, que contemple o perfil e contexto do grupo delimitado, que oriente o planejamento de estrategias de acao comunicativa para o entendimento
Objetivos especificos
• Apresentacao de arcabouco conceitual que envolva a comunicacao, a informacao e a tecnologia para a compreensao do campo multi e interdisciplinar do Modelo;
• Definicao dos indicadores macro para a pesquisa sobre o individuo em rede, atraves de Estudo de Usuarios que colete dados demograficos e de habilidades, competencias e necessidades de informacao, comunicacao e tecnologias para a obtencao do perfil e contexto dos usuarios/participantes da rede;
• Definicao de categorias relacionais da rede, via Analise de Redes Sociais, para aplicacao do modelo;
• Testar, em diferentes tipos de rede, os aspectos metodologicos que envolvem a aplicacao do modelo.
Modelo
• Todo modelo e uma aproximacao da natureza das coisas, e tecnologia de simplificacao da complexidade, que fornece instrumentos de investigacao para a compreensao das teorias do mundo. E uma criacao cultural.
Modelo transdisciplinar
• E uma articulacao transdisciplinar de conceitos e metodologias para orientar a elaboracao de diagnostico e o planejamento de estrategias de acao de comunicacao e de informacao que promovam o entendimento na diversidade de uma rede social em ambientes digitais
A definicao de estrategias envolve observar: •a rede e o individuo, •as relacoes do individuo em rede, •os conteudos de informacao e •os meios tecnologicos e ambientes em que comunicacao e informacao se consumam
Modelo e disciplinas
• Ciencia da Informacao, Comunicacao e Ciencia da Computacao: formadoras, amalgamadoras e organizadoras de relacoes de comunicacao e de informacao nas redes sociais em ambientes digitais.
• Ainda que mantenham as especificidades, as disciplinas articuladas proporcionam multiplos pontos de observacao para o objeto em analise
Metodologia: a mescla de procedimentos
• A interrelacao de diferentes paradigmas teoricos para a construcao de um arcabouco capaz de lidar com a complexidade do objeto de pesquisa resulta na necessidade de utilizacao de uma mescla de metodos quantitativos e qualitativos das ciencias sociais.
O paradigma indiciario
• Ginzburg faz levantamento do paradigma, modelo de rigor flexivel, com regras que nao se prestam a ser formalizadas nem ditas.
• Utiliza analise, comparacao e classificacao em busca de indicios, que dependem de elementos imponderaveis, como faro, golpe de vista e intuicao.
A busca ao acaso
• O processo de busca dos indicios denomina-se “brauseio”(ARAÚJO in FREIRE, 2014), um deambular em biblioteca ou centro de documentos ao acaso, coletando flashes de informacao de todo tipo, para depois selecionar as informacoes validas e uteis, por exemplo.
• O uso de multiplas metodologias oferece multiplas pistas, diversidade de indicios para o desenho da rede, fluida e mutante.
Metodologia para a tese
• Revisao bibliografica de Comunicacao, Informacao e TIC – teorias e metodos de pesquisa (quantitativos e qualitativos)
• Aprofundamento metodologias em disciplinas especificas (EU e ARS), experimentacao da multivocalidade
Metodologia para o Modelo• Estudo de Usuários – individuo na rede –
usos, necessidades, competencias instrumentais, em informacao e em comunicacao
• Análise de Redes Sociais – individuo e a rede, uma relacao intima – os fluxos nas redes, mediacao e intermediacao
• Multivocalidades – riquezas sao diferencas – a rede nao e a media, nem maioria, e tambem minorias
Informacao
Modelo de três mundos de Popper
Três significados de Informação
Material e humano (mundo dos objetos ou
estados fisicos)informação como coisa
Conhecimento subjetivo (mundo da consciência ou
estados psiquicos)
informação como conhecimento
Conhecimento objetivo (mundo constituido de
signos)
informação como processo
Informacao como coisa
• Sistemas de Organizacao da Informacao:
• Organizar a informacao e buscar a entropia negativa, a neguentropia, com a compreensao de que a ordem das coisas vivas nao e simples, nao diz respeito a logica aplicada as coisas mecanicas e que postula uma logica da complexidade (MORIN, 2011, p. 31-32)
Competencias e direitos humanos
• Declaracao Universal dos Direitos Humanos – artigo 19
• e novo conjunto de direitos: ao Desenvolvimento; a Diversidade Cultural; dos Povos Indigenas; relativos a protecao ao ecossistema e ao patrimonio da humanidade; relativos ao novo estatuto juridico sobre a vida humana;
Competencias e Direitos Humanos
• Direitos decorrentes das novas tecnologias da comunicacao e da informacao, dos quais derivam os direitos:
• 1. A comunicacao e a Informacao completa e verdadeira; de acesso a informacao relevante para a humanidade; a informacao genetica; a livre comunicacao de ideias, pensamentos e opinioes; de acesso aos meios tecnicos de comunicacao publica; a autodeterminacao informativa; a protecao de dados de carater pessoal e familiar.
• 2. Na rede: direitos informaticos; a conhecer a identidade do emissor de informacao e opinioes; a vida privada na rede, a honra e a propria imagem; a propriedade intelectual e industrial na rede.
Competencias
• Competencia em informacao (informacao como conhecimento) e espinha dorsal do processo de formacao permanente
• Competencia Instrumental – a tecnologia como mediadora
• Competencia socio-comunicacional (informacao como processo) – alfabetizacao em midia e informacao
Comunicacao
• Sete paradigmas observados: funcionalista, matematico, critico, culturologico, midiologico/tecnologico, linguistico semiotico e dialetico
• O contexto da comunicacao extensiva e a linguagem da animaverbivocovisualidade (AV3): a comunicacao em rede
Comunicacao
• No horizonte da incomunicacao, a Acao Comunicativa para o entendimento e para o sucesso
• A organizacao da comunicacao – integrada e com foco na formacao
• O jornalismo – linguagem e estrutura de producao coletiva
Comunicacao
• O leitor participante
• Atores que influem, positiva ou negativamente, nos fluxos de informacao, na comunicacao em rede: o intermediador e o mediador –na perspectiva de que sao atores que se comunicam no contexto do AV3.
Tecnologia
• Para a informacao e para a comunicacao – integra este modelo desde o objeto, as redes sociais que se situam em ambientes digitais, e a partir de tres perspectivas:
• conceitual – desenvolvimento da internet e da web, e as questoes da cibercultura e redes
• instrumental – solucoes e desenvolvimento de ferramentas e servicos para o uso das TIC, bem como a oferta de formacao de competencias e habilidades para o uso dessas ferramentas e servicos
• metodologica – uso de Analise de Redes Sociais (ARS) – filha moderna da Sociometria, nascida nos anos 1930 com Moreno, no seio da Ciencia da Informacao
Tecnologia
• A web e a principal teia hipertextual;
• A rede 3.0, multimodal, representa a integracao de multiplas redes, plataformas e funcionalidades por meio do uso de aplicativos e de midias moveis
• os ambientes digitais: um conjunto de diferentes artefatos fisicos, sistemas, programas e aplicativos digitais que propiciam a efetivacao da comunicacao integrada e desterritorializada entre pessoas individual ou coletivamente.
Rede e complexidade
• A separacao cartesiana de individuo e mundo criou um sujeito ideologico que deve reinar sobre o mundo dos objetos. Um sujeito que possui, manipula e transforma este mundo.
• O pensamento complexo compreende este sujeito como um dos atores no tecido de relacoes – humanas e nao humanas – deste pequeno planeta.
• Neste trabalho, rede e complexidade mantem uma similaridade semantica, uma interseccao de sentido, quando a rede e avaliada em sua complexidade
As redes de Baran
Aspectos das redes
• Rede social e a relacao entre atores, que se desenha em um contexto, digital ou nao;
• Digital meio para relacoes em rede e em sub-redes;
• Midias sociais digitais sub-redes de comunicacao e de informacao, caminhos das redes sociais nas redes digitais.
Analise de Redes Sociais
• Faz analise exploratoria do que se desenha da rede a partir das relacoes entre os atores
• Nao parte de hipoteses especificas sobre a rede que estuda
Aplicacao do Modelo
rede Estudo de Usuários Multivocalidade Análise de Redes Sociais
1 Avaliadores de software X
2 Gestao da Memoria X X
3 Rede do Cafezinho X
4 Rede de Sobradinho/Serrana X
5 Disciplina de Extensao X* X
6 Redes do DF X X
7 Rede FAC X X X
Redes e metodologias testadas
Aplicacao do ModeloResumo das informacões da rede
item metodologia específico elementos encontrados
A rede contextualizacao geral
Tipo ator/rede descritivo dos tipos de ator e rede
Metodologia Estudo de Usuários olhar o indivíduo – competências (e necessidades) de formacao para a informacao, a comunicacao e a tecnologia
Multivocalidade a expressao do indivíduo e dos indivíduos (coletivos) em rede
Análise de Redes Sociais observar a rede e os fluxos
Resultados Dados Demográficos perfil dos atores
Dados sobre competências instrumental contexto de uso instrumental
em informacao contexto de uso da informacao
em comunicacao contexto de uso da comunicacao
Dados sobre necessidades de informacao contexto de busca/acesso
Dados multivocais a diversidade da rede
Dados relacionais os fluxos e conteúdos
Diagnóstico conjunto de dados para planejar
Resultados multivocaisGestao da memoria, os articuladores do encontro e suas perspectivas:
comunicacao, memoria e informacao. A visualidade do conteúdo em nuvem de tags
Figura 3 – nuvem de tags ressalta comunicação, memória e informação
Os nos das redesNa rede do Cafezinho, as trocas de mensagens em uma “zona neutra”, que reuniu turmas de diferentes
salas virtuais de estudo de seguranca da informacao, utilizadas para observar os atores humanos, a autoridade da sala de aula migrou para o espaco informal. Observacao com divisões temporais.
Os nos dialogicos da redeNa rede Serrana, uma rede territorializada, destacam-se os que mais recebem respostas às mensagens
enviadas, o ator 18 era a técnica da Fiocruz responsavel por organizar e divulgar atas e agendas de encontros do grupo. Também se destacam as representantes da ACM (27) e do CDCA (19)
Os dialogos agrupadosA observacao, via ARS, da troca de mensagens também permite agrupar e sub-
agrupar a rede em temas, que facilitam acões especificas. Aqui, a Rede Serrana/Sobradinho e as sub-redes tematicas encontradas.
Coordenadores/
Articuladores
institucional
segurança pública
políticas públicas
subgrupo que participa pouco da rede
Competencias para redesUso instrumental para comunicacao em rede na atividade de Extensao/grupo focal. Escolha de uso de grupo no Facebook porque todos do grupo estavam
nesta midia social
#nosdaFAC
Competencias para a rede
A Rede FAC foi objeto de investigacao com a mescla de metodologias. Na busca das pistas sobre competencias, as perguntas demandavam o que atores sabiam e o que precisavam aprender para a
comunicacao e uso da informacao em rede. Aplicada à rede de coordenacao institucional da faculdade, atores nao-humanos de representacao humana
O que precisa aprender para se comunicar em redeCompetências instrumentais para comunicação em rede
Necessidade de
informacaoO calendario de atividades
academicas (90%), essencial ao funcionamento da rede, e informacões sobre eventos
na faculdade (70%) tem maior importância para os
respondentes
Informações de interesse da Rede FAC
MultivocalidadeA busca de documentos, varredura de informacões do portal existente e algumas questões
abertas apresentadas aos atores institucionais. A segunda fase da pesquisa vai aprofundar a busca de das múltiplas vozes que compõem a Rede FAC: alunos, professores, servidores.
Conexoes institucionaisDestaques: (04) Laboratorios, sobrecarregada e que mantém relacões com praticamente toda a Rede FAC, e (05) de
Extensao, que tem relacionamento com as linhas de pesquisa da Pos-Graduacao (professores e alunos) e com alunos de Graduacao. Poucas conexões: chefia do Departamento de Publicidade e Audiovisual (10), com relacões dirigidas ao seu
grupo, e o Cedoc (02) que nao esta pronto para atender o público.
01. Graduação Diurno
02. Cedoc
03. vice/linha imagem e som
04. Laboratórios
05 Extensão
06 linha políticas de comunicação
07 Coordenação da Pós
08 - Direção
09. Projetos Experimentais
10.Departamento de Publicidade e
Audiovisual
Quem a rede demandaServidores administrativos e professores da Graduacao sao os mais
acionados. Ha uma linha de servidores de todas as areas na terceira camada de contatos.
observacao
A rede Rede da Faculdade de Comunicacao da Universidade de Brasília
Tipo ator/rede identificados quatro grupos de atores individuais e coletivos, em uma rede descentralizada, com hierarquias e ao mesmo tempo muitas relacões horizontais
Metodologia Estudo de Usuários sim
Multivocalidade sim
Análise de Redes Sociais sim
Resultados Dados Demográficos Resultado apenas dos atores individuais institucionais: grupo de respondentes dividido igualmente entre homens e mulheres, idades variando entre 37 e 63 anos (imigrantes digitais)
Dados sobre competências instrumental poucas habilidades e competências instrumentais para producao de informacao e de comunicacao em rede
em informacao alto nível de competência para o enfrentamento da informacao
em comunicacao alto nível de competência para se comunicar, mas prejudicado pelas dificuldades instrumentais
Dados sobre necessidades de informacao demonstram necessidade de informacao relacionada com agendas administrativas e acadêmicas
Dados multivocais nesta etapa uso de documentos, que mostram como a instituicao se vê e também nas respostas abertas dos participantes, que se mostram dispostos a oferecer os conteúdos necessários ao funcionamento dos ambientes digitais para a rede
Dados relacionais Rede capilarizada, com destaque de contatos para as coordenacões de Laboratórios e de Extensao. Servidores sao sub-rede importante no entorno das atividades dos coordenadores
Para planejar Indicada necessidade de criacao de uma Coordenacao de Comunicacao, Informacao e Tecnologia, para organizar o planejamento. Apresentada primeira proposta de construcao do portal da FAC, como âncora dos ambientes digitais que serao produzidos de forma modular. Cada coordenacao deve ter estrutura própria (e nao apenas um modelo reproduzido igualmente para todas as páginas) com o objetivo de atender os fluxos e necessidades indicados na pesquisa. Os novos ambientes e módulos serao complementados a partir da aplicacao da pesquisa a todos os atores da rede
Conclusoes
• A rede – mesmo que territorial – pode aplicar o Modelo. Necessaria a multidisciplinaridade
• Universidades e bibliotecas podem dar apoio as redes via projetos academicos ou prestacao de servicos.
• Em processo colaborativo de elaboracao de acoes de comunicacao e de informacao, e importante compartilhar o estagio de andamento dos trabalhos, resultados de pesquisas etc.
• A curadoria da informacao deve ser discutida pela rede. Ha muitas modalidades de gestao da informacao em rede.
• Necessario manter espacos multivocais para planejar para a diversidade e nao para a media, como no modelo da Comunicacao de Massas.
• Do ponto de vista operacional, os dados multivocais permitem manter atualizacao de paginas, midias, repositorios, linguagens etc.
• O planejamento para a rede pede controle, avaliacao periodica, porque a rede muda, e nuvem.
• Planejamento deve inserir a formacao permanente, estruturas colaborativas e de compartilhamento e deve observar:
• tipos de atores: institucionais, individuais (humanos e nao-humanos)
• tipos de rede: centralizada, descentralizada, distribuida;
• buscar a multivocalidade, encontrar a diversidade
Conclusoes
• A mesma metodologia pode ser aplicada de maneiras diversas e estao diretamente relacionadas com o que se busca observar. Sao metodologias exploratorias, que mostram retratos, e devem ser tratadas como fotogramas. Para haver evolucao (o movimento dos fotogramas) e necessario definir tipos, indicadores, temas etc. que possam ser medidos conforme o tempo avanca.
• Os dados de perfil e contexto dos respondentes ao questionario sao consoantes com o que a literatura diz sobre os imigrantes digitais quanto as dificuldades para o uso instrumental das TIC.
• E necessario diferenciar nativos e imigrantes, porque tem niveis diferentes de necessidades e capacidades para o uso das tecnologias, da informacao e da comunicacao.
• As redes territoriais parecem, a principio, ser do tipo distribuida, mas, ao se fazer o recorte (via Analise de Redes Sociais) ela passa a ser descentralizada, com divisoes em sub-redes tematicas, por exemplo. ARS permite enxergar as redes descentralizadas, onde e possivel planejar.
• O uso da metodologia de Analise de Redes Sociais a partir da troca de mensagens dos atores permite observar movimentos da rede com pouco impacto da presenca do pesquisador. Tambem e interessante porque as trocas de mensagens permitem avaliar as multiplas vozes, agrupar conteudos, encontrar atores que se destacam como indutores, ou como bloqueadores, de fluxo da informacao.
• Cabem novos estudos para definicoes mais precisas sobre os tipos de ator-rede. No caso institucional – especificamente na Rede FAC – foi possivel delinear quatro tipos especificos, mas para as redes territoriais as definicoes nao se aplicaram claramente. (nao era intencao criar categorias de tipos de atores)
Obrigada
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