A Egeria densa no Reservatório
de Jupiá. Para sua remoção, já
foi necessário usar 77
caminhões por dia
INOVAÇÃO TECNOLÓGICA
----..........,' ;l O fungo que pode
salvar as hidrelétricas Em mais quatro ou cinco anos, a
Hidrelétrica Engenheiro Souza Dias, conhecida como Reservatório de Jupiá, situada no município de Castilho, no oeste paulista, poderá finalmente funcionar sem os crescentes problemas operacionais provocados pela proliferação de plantas aquáticas submersas. Desde 1994, vem ocorrendo ali uma superpopulação de duas dessas plantas, a E geria densa e a E geria najas. Em apenas 20 dias de fevereiro de 1997, a Companhia Energética de São Paulo (CESP) teve um prejuízo superior a R$ 700 mil, devido à redução na geração de energia elétrica, pro-
vocada por essas plantas.A hidrelétrica é uma das maiores do Estado de São Paulo.
A partir de janeiro próximo, pesquisadores da Universidade Estadual Paulista (Unesp) dos campus de Jaboticabal e de Botucatu, encarregados de estudar o problema, começam a testar, em condições similares às do reservatório, o controle biológico dessas plantas, através da utilização de um fungo do gênero Fusarium . A espécie ainda está sendo identificada, mas já se sabe que é um fungo bastante específico e o mais apropriado para conter o crescimento das plantas e promover ore-
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equi líbrio do sistema. A torcida agora é para que tudo dê certo.
"O início desse trabalho está dependendo apenas da liberação de um Registro Especial Temporário (RET) pelo lbama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), que permitirá a utilização do fungo em pequenas lagoas, inicialmente. A idéia é fazer uma análise de impacto ambiental, observar a segurança das outras culturas de interesse econômico, ambiental e social, a toxicidade aos peixes da Bacia do Paraná e a toxicidade humana", adianta o pesquisador Robinson Antonio Pitelli, professor titular de Ecologia da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias da Unesp de Jaboticabal.
Pitelli coordena o projeto denominado Desenvolvimento de um Programa de Manejo de Elodea densa e Egeria densa no Reservatório de lupiá, que está sendo financiado pela FAPESP e pela CESP, no âmbito do Programa de Parceria para Inovação Tecnológica, no valor total de R$ 301.168,00. Iniciada em 1995, a pesquisa entra agora na fase de aplicação prática do tratamento formulado pelos pesquisadores.
Peixe carnívoro é culpado Os problemas começaram a par
tir do crescimento descontrolado da Egeria densa no Reservatório de lupiá, que pertence ao sistema do Rio Paraná e engloba o trecho final do Rio Tietê. Essa planta nativa brasileira, comumente usada para ornamentar aquários,jamais causaria danos se estivesse em equilíbrio com o sistema, esclarece o professor Robinson PiteIIi . A hipótese mais viável para a explosão populacional das duas espécies- E. densa e E. najas- é que, com a introdução de peixes carnívoros no reservatório, como o tucunaré e a pescada-branca, sem a devida avaliação do impacto ambiental, os peixes herbívoros foram sendo reduzidos a níveis insuficientes para controlar o crescimento da planta.
O resultado já se sabe: uma superpopulação de E geria, responsável por prejuízos que envolvem, principalmente, a redução na geração de energia elétrica. Segundo a CESP, em apenas 20 dias em fevereiro de 1997, deixou-se de produzir 235.000 megawatts por hora, de energia, o que, na época, representou perda de R$ 705 mil. Além disso, o problema acarreta grande número de paradas não programadas das máquinas: 132,em 1995,127, em 1996, e 42, em 1997.
LIVRO
Os estudantes brasileiros em 68 Em 28 de março de 1968, o estu
dante secundarista Edson Luís morre com um tiro no peito na repressão policial à manifestação dos estudantes no restaurante universitário Calabouço, no Rio de Janeiro. A partir daí, as manifestações estudantis se propagam pelo país com maior intensidade. Esse acirramento da ação dos estudantes ocorre simultaneamente ao recrudescimento do regime, que culmina com a edição do Ato Institucional n° 5 em 13 de dezembro do mesmo ano.
Boa parte dos fatos daquele período está no livro 1968 Faz Trinta Anos, organizado pelo cientista político João Roberto Martins Filho, da Universidade Federal de São Carlos e autor do texto inicial da coletânea: "Os Estudantes nas Ruas, de Goulart a Collor". O livro, editado pela Editora da UFSCar e Mercado das Letras, com apoio da FAPESP, traz ainda artigos sobre os acontecimentos no Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, Curitiba, Goiânia e Maceió.
Maria Ribeiro do Valle retrata em seu artigo os episódios ligados à morte de Edson Luís no Calabouço, que motivou 26 grandes passeatas em 15 capitais de estados durante uma semana, segundo Martins Filho. O enterro de Edson Luís foi a maior mobilização popular após o golpe de 64, con-centrando mais de 50 mil pessoas. No dia 1°deabril novas manifestações são realizadas e no dia 4, data da Missa de Sétimo Dia da morte do estudante, a cidade é ocupada por tro-pas das Forças Armadas. No dia 6, o presidente • ._ Costa e Silva reúne-se com os ministros no Rio de Janeiro e descarta mais uma vez a decretação de estado de sítio.
Maria Antonia Irene Cardoso analisa a chama
da "Guerra da Maria Antonia", que levou à depredação da edificio da então Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras (FFCL) da USP pelo Comando de Caça aos Comunistas (CCC), alojado na Universidade Mackenzie, em 3 de outubro. O artigo baseia se em dados do "Livro Branco" sobre "Os Acontecimentos da Rua Maria Antonia (2 e 3 de outubro de 1968)", elaborado por uma comissão de profes-
sores à época. Esse documento desapareceu dos arquivos da USP, mas pôde ser resgatado porque Antonio Candido, relator da comissão, guardara uma cópia.
Cardoso considera que, junto com o ataque ao prédio, a FFCL teve minado o seu papel de "coordenação" da USP. Isso levou à dispersão de vários de seus departamentos pela Cidade Universitária, com a criação de outras unidades.
Em Minas Gerais, o ressurgimento do movimento estudantil começou na chamada "passeata dos calouros" da UFMG, em 1966, quando os calouros desfilaram carregando faixas com críticas ao regime militar, lembra Margarida Luiza de Matos Vieira. A reação policial foi violenta e os ataques chegaram ao interior da igreja São José. A reação dos estudantes se deu em protestos de rua em vários estados, dando origem às manifestações dos anos seguintes em todo o país. Foi em Belo Horizonte, nos anos 60, que surgiu aAção Popular ( AP), a partir das organizações católicas universitárias.
No Paraná, tema do artigo deRafael RosaHagemeyer, a luta centralizouse contra a tentativa de implantação do ensino pago na Universidade Federal do
Paraná pelo reitor Flávio Suplicyde Lacerda, ex-ministro da Educação e autor daleiquecolocouaUNEna clandestinidade. Às vésperas do 1 o. de maio, mais de 500 estudantes ocupa,.am o campus do Centro Politécnico. O confronto entre estudantesepoliciaisnasimediações do campus aconteceu num domingo. Seis policiais foram derrubados
a pedradas. No dia 14, os estudantes invadiram a reitoria da universidade no centro da cidade e conquistam do governo o compromisso da não implantação do ensino pago.
Em Goiânia, segundo o artigo de Teresinha Duarte,"' as questões edu-
SECRETARIA DA CIÊNCIA TECNOLOGIA E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO
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cacionais não resolvidas, como a reforma universitária, somavam-se o problema dos 'excedentes' e o repúdio ao Acordo MEC-Usaid". A morte de Edson Luís levou os estudantes a planejar uma passeata em 1°. de abril. As ruas da cidade tomaram se um campo de batalha. Um lavador de carros foi confundido pela polícia com um líder secundarista e morto. No dia seguinte os estudantes saíram em passeata para protestar contra a morte do lavador de carros. Perseguidos pela polícia, refugiaram-se na catedral, invadida por policiais civis que feriram a tiros dois estudantes. Os estudantes voltaram a se manifestar com vigor no desfile de 7 de setembro.
Em Maceió, por sua vez, o movimento estudantil centralizou-se em 1968 na luta pela inclusão dos "excedentes" aprovados no exame de entradada Universidade Federal de Alagoas. Após o assassinato de Edson Luís, os diretórios acadêmicos decretaram luto oficial de sete dias, mas preferiram não realizar manifestações de rua por causa da possível ação repressiva por parte da Secretaria de Segurança Pública. A forma de protesto encontrada foi a decretação de uma greve de 72 horas em várias unidades. Segundo José Alberto Saldanha de Oliveira, "a trajetória alagoana teve a marca da atuação dentro da legalidade, uma tática política de unir forças contra um inimigo mais forte, seja durante as mobilizações de 1968, como também no transcorrer de toda a década de 70 e início dos anos 80".
GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO
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