JULIANA LUCAS DE REZENDE
Aplicando Técnicas de Conversação para a Facilitação de Debates
no Ambiente AulaNet
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
DEPARTAMENTO DE INFORMÁTICA
Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro
Rio de Janeiro
Março de 2003
2
Juliana Lucas de Rezende
Aplicando Técnicas de Conversação para a Facilitação de Debates no Ambiente AulaNet
Dissertação de Mestrado
Dissertação apresentada como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre pelo Programa de Pós-graduação em Informática do Departamento de Informática da PUC-Rio.
Orientador: Prof. Hugo Fuks
Rio de Janeiro
Março de 2003
3
Resumo
A coordenação de vários participantes interagindo simultaneamente em uma sessão
de bate-papo é difícil, devido ao grande volume de idéias geradas e à variedade de
assuntos, que podem ser paralelos ou até não relacionados. Durante várias edições do
curso TIAE - Tecnologias da Informação Aplicadas à Educação - as seguintes
dificuldades foram percebidas repetidamente pelos mediadores no debate: estimular a
participação de todos, manter o foco da conversação e manter o ritmo do debate. Esta
pesquisa investiga o uso de técnicas para facilitar a dinâmica dos debates. Uma
ferramenta de bate-papo (Mediated Chat 2.0) implementando técnicas de conversação foi
desenvolvida e disponibilizada para ajudar o mediador na condução da conversação entre
os aprendizes de um curso do ambiente AulaNet. Atualmente, a aplicação usada no
ambiente AulaNet é o Mediated Chat 1.0, uma instanciação do Framework Canais de
Comunicação que foi desenvolvido no Laboratório de Engenharia de Software da PUC-
Rio em 2000. O Mediated Chat 2.0 é uma instanciação deste mesmo framework. Para
avaliar a aplicação desenvolvida foram realizados debates no curso TIAE 2002.2 onde
pôde-se experimentar e comparar as duas ferramentas: Mediated Chat 1.0 e 2.0. As
sessões de debate foram analisadas buscando avaliar se os mediadores conseguiram
aplicar de forma satisfatória a dinâmica elaborada para os debates com a ferramenta
Mediated Chat 2.0. O Mediated Chat 2.0 será incorporado ao software AulaNet.
Palavras-chave
Aprendizagem colaborativa, protocolo social, ferramentas de bate-papo, políticas
de comunicação, técnicas de trabalho em grupo, framework, técnicas de conversação.
4
Abstract
It is difficult to coordinate participants simultaneously interacting and generating
ideas in a textual chat session. During several editions of ITAE course - Information
Technologies Applied to Education - the following difficulties were perceived by the
mediators: ensure participation from all users, keep the focus of the conversation and the
flow of the chat. This research investigates the use of conversation techniques to facilitate
the dynamics of textual chats. A tool (Mediated Chat 2.0) implementing those techniques
was developed and made available to help mediators conduct chat sessions in a course
using the AulaNet environment. Currently, the standard application used in the AulaNet
environment is the Mediated Chat 1.0, an instance of the Communication Channels
Framework developed in the Software Engineering Laboratory at PUC-Rio in 2000. The
Mediated Chat 2.0 is an instance of the same framework. To evaluate the developed
application, chats had been carried out in ITAE 2002.2 where both Mediated Chat 1.0 and
2.0 were used and compared. The chat sessions had been analyzed to evaluate whether
the mediators managed to successfully apply the dynamics supported by the Mediated
Chat 2.0. The Mediated Chat 2.0 will be incorporated into the AulaNet software.
Keywords
Collaborative learning, social protocol, chat tools, communication policies, group
work techniques, framework, conversation techniques.
5
Sumário
1 Introdução 13
1.1 Visão Geral da Pesquisa 13
1.2 Organização do Texto 16
2 Trabalho e Aprendizado em Grupo 18
2.1 Considerações sobre Grupos 19
2.2 Groupware 19
2.3 Colaboração 20
2.3.1 Comunicação 22
2.3.2 Coordenação 23
2.3.3 Cooperação 25
2.3.4 Percepção 26
2.4 Aprendizagem Colaborativa 27
3 Ferramentas de Bate-Papo 29
3.1 IRC e outras Ferramentas Prototípicas de Bate-papo 31
3.2 ICQ e outras Ferramentas Messengers 34
3.3 Ferramentas de Bate-papo com Transmissão de Vídeo 37
3.4 Ferramentas de Bate-papo para Atividades Específicas 38
3.4.1 Entreviste 38
3.4.2 Eletronic Brainstorming 40
3.4.3 Bate-papo (TelEduc) 41
3.5 Ferramentas de Bate-papo para Educação 45
4 Políticas de Comunicação 48
4.1 Escalonamento FIFO (FIFOPolicy) 49
4.2 Escalonamento FILO (FILOPolicy) 51
6
4.3 Escalonamento Round Robin (RoundRobinPolicy) 51
4.4 Escalonamento por Prioridades (PriorityPolicy) 53
4.5 Escalonamento Aleatório (RandomPolicy) 54
5 Técnicas de Trabalho em Grupo e Técnicas de Conversação 56
5.1 Técnicas Implementadas 58
5.1.1 Brainstorming e Contribuição Livre 60
5.1.2 Discussão Circular e Contribuição Circular 60
5.1.3 Votação e Contribuição Única 62
5.1.4 Assembléia e Contribuição Mediada 62
6 Especificação 65
6.1 Framework Canais de Comunicação 65
6.1.1 Framelet Distribuição 66
6.1.2 Framelet Canais de Comunicação 68
6.1.3 Framelet Notificação 70
6.2 Especificação do Mediated Chat 2.0 73
6.2.1 Descrição do Problema (MC2) 75
6.2.2 Dicionário de Dados do MC2 76
6.2.3 Diagramas de Caso de Uso do MC2 78
6.2.4 Diagrama de Classes do MC2 82
7 Interface do Mediated Chat 2.0 87
7.1 Interface do Aprendiz 89
7.2 Interface do Mediador 92
7.3 Funcionamento do MC2 94
8 Cenários de Uso 96
8.1 - Aprendiz entra no debate fora do horário 97
8.2 - Aprendiz entra no debate na hora certa 99
8.3 - Mediador inicia o debate 101
7
8.4- Mediador troca técnica de conversação: Contrib. Livre -> Contrib. Circular
103
8.5- Funcionamento da Discussão Circular 105
8.6- Mediador troca técnica de conversação: Contrib. Circular -> Contrib. Única
108
8.7- Funcionamento da Votação 110
8.8- Mediador troca técnica de conversação: Contrib. Única -> Contrib. Livre
113
8.9- Mediador troca técnica de conversação: Contrib. Livre -> Contrib. Única
114
8.10- Mediador troca técnica de conversação: Contrib. Única -> Contrib. Circular
116
8.11- Mediador troca técnica de conversação: Contrib. Circular -> Contrib. Livre
118
8.12- Mediador troca técnica de conversação: Contrib. Livre -> Contrib. Livre
120
8.13- Mediador troca técnica de conversação: Contrib. Circular -> Contrib.
Circular 122
8.14- Mediador troca técnica de conversação: Contrib. Única -> Contrib. Única
124
8.15- Mediador quer encerrar a discussão 126
9 Análise do Experimento 130
9.1 Primeira Etapa do Experimento 133
9.2 Segunda Etapa do Experimento 137
9.3 Comparação entre as Etapas do Experimento 140
9.4 Análise do MC2 em relação à Perda de Co-texto 157
10- Conclusão 160
Referências Bibliográficas 164
8
Lista de Figuras
Figura 1 - Modelo de Colaboração ................................................................................... 21
Figura 2 - Interface das ferramentas prototípicas de bate-papo ........................................ 30
Figura 3 - Ferramenta de bate-papo mIRC [Mirc, 2003].................................................. 31
Figura 4 - Ferramentas de bate-papo dos principais portais brasileiros na Web [UOL,
2003] [IG, 2003] [PSIU, 2003] [Terra, 2003] [Yahoo, 2003][MSN, 2003] ............. 33
Figura 5 - Audiência das ferramentas de bate-papo dos principais portais brasileiros na
Web [Audiência, 2003]............................................................................................. 34
Figura 6 - Ferramenta de bate-papo ICQ [ICQ, 2003a].................................................... 35
Figura 7 - Crescimento da quantidade de usuários da ferramenta ICQ [ICQ, 2003b]...... 35
Figura 8 - Ferramentas messengers [Yahoo, 2003a] [MSN, 2003a] [UOL, 2003a]......... 36
Figura 9 - Ferramentas de bate-papo com transmissão de vídeo [NetMeeting, 2003]
[ICUII, 2003] ............................................................................................................ 37
Figura 10 - Ferramenta de bate-papo Entreviste: interface dos entrevistadores ............... 39
Figura 11 - Ferramentas de bate-papo prototípicas usadas para realizar entrevistas ........ 39
Figura 12 - Ferramenta de bate-papo Eletronic Brainstorming ........................................ 40
Figura 13 - Ferramenta de Bate-papo do .......................................................................... 42
Figura 14 - Ferramenta Bate-papo: modelo Seminário..................................................... 43
Figura 15 - Ferramenta Bate-papo: modelo Painel ........................................................... 44
Figura 16 - Ferramentas de bate-papo dos atuais ambientes de Educação a Distância
[AulaNet, 2003] [WebCT, 2003] [LearningSpace, 2003] ....................................... 46
Figura 17 - Escalonamento FIFO...................................................................................... 50
Figura 18 - Escalonamento Round Robin......................................................................... 52
Figura 19 - Diagrama de Classes do Framelet Distribuição ............................................. 66
Figura 20 - Diagrama de Classes do Framelet Canais de Comunicação .......................... 69
Figura 21 - Diagrama de Classes do Framelet Notificação .............................................. 71
Figura 22 - Diagrama de classes do Framework Canais de Comunicação ....................... 72
Figura 23 - Atores do AulaNet no MC2 ........................................................................... 78
Figura 24 - Diagrama de Caso de Uso do MC2................................................................ 79
9
Figura 25 - Expansão do Caso de Uso setConversationTechnique .................................. 81
Figura 26 - Pacotes do MC2 ............................................................................................. 83
Figura 27 - Diagrama de Classes do MC2 ........................................................................ 84
Figura 28- Como chegar ao MC2 ..................................................................................... 87
Figura 29 - Interface do Debate ........................................................................................ 88
Figura 30 - Interface do Aprendiz no MC2 ...................................................................... 89
Figura 31 - Interface do aprendiz na técnica Contribuição Mediada................................ 91
Figura 32 - Interface do Mediador no MC2...................................................................... 92
Figura 33 - Interface do mediador na técnica Contribuição Mediada .............................. 93
Figura 34 - Máquina de Estados ....................................................................................... 97
Figura 35 - Visão do aprendiz no MC1 ............................................................................ 98
Figura 36 - Visão do aprendiz no MC2 ............................................................................ 99
Figura 37 - Momentos antes de iniciar a aula no MC1................................................... 100
Figura 38 - Momentos antes de iniciar a aula no MC2................................................... 101
Figura 39 - Início do debate no MC1.............................................................................. 102
Figura 40 - Inicio do debate no MC2.............................................................................. 103
Figura 41 - Troca de técnica no MC1: Contrib. Livre -> Contrib. Circular ................... 104
Figura 42 - Troca de técnica no MC2: Contrib. Livre -> Contrib. Circular ................... 105
Figura 43 - Funcionamento da discussão circular no MC1 ............................................ 106
Figura 44 - Funcionamento da discussão circular no MC1 ............................................ 107
Figura 45 - Funcionamento da discussão circular no MC2 ............................................ 108
Figura 46 - Troca de técnica no MC1: Contrib. Circular -> Contrib. Única .................. 109
Figura 47 - Troca de técnica no MC2: Contrib. Circular -> Contrib. Única .................. 110
Figura 48 - Funcionamento da votação no MC1 ............................................................ 111
Figura 49 - Funcionamento da votação no MC1 ............................................................ 111
Figura 50 - Funcionamento da votação no MC2 ............................................................ 112
Figura 51 - Troca de técnica no MC1: Contrib. Única -> Contrib. Livre....................... 113
Figura 52 - Troca de técnica no MC2: Contrib. Única -> Contrib. Livre....................... 114
Figura 53 - Troca de técnica no MC1: Contrib. Livre -> Contrib. Única....................... 115
Figura 54 - Troca de técnica no MC2: Contrib. Livre -> Contrib. Única....................... 116
Figura 55 - Troca de técnica no MC1: Contrib. Única -> Contrib. Circular .................. 117
10
Figura 56 - Troca de técnica no MC2: Contrib. Única -> Contrib. Circular .................. 118
Figura 57 - Troca de técnica no MC1: Contrib. Circular -> Contrib. Livre ................... 119
Figura 58 - Troca de técnica no MC2: Contrib. Circular -> Contrib. Livre ................... 120
Figura 59 - Troca de técnica no MC1: Contrib. Livre -> Contrib. Livre........................ 121
Figura 60 - Troca de técnica no MC2: Contrib. Livre -> Contrib. Livre........................ 122
Figura 61 - Troca de técnica no MC1: Contrib. Circular -> Contrib. Circular............... 123
Figura 62 - Troca de técnica no MC2: Contrib. Circular -> Contrib. Circular............... 124
Figura 63 - Troca de técnica no MC1: Contrib. Única -> Contrib. Única...................... 125
Figura 64 - Troca de técnica no MC2: Contrib. Única -> Contrib. Única...................... 126
Figura 65 - Encerramento de uma discussão no MC1 .................................................... 127
Figura 66 - Encerramento de uma discussão no MC2 .................................................... 128
Figura 67 - Interrupções na Contribuição Circular ......................................................... 141
Figura 68 - Interrupção do aprendiz na Contribuição Circular (MC1)........................... 141
Figura 69 - Interrupção do moderador na Contribuição Circular (MC1) ....................... 142
Figura 70 - Comportamento das Contribuições enviadas durante a Contrib. Circular ... 142
Figura 71 - Interrupções na Contribuição Única............................................................. 143
Figura 72 - Interrupção do aprendiz na Contribuição Única (MC1) .............................. 144
Figura 73 - Comportamento das Contribuições enviadas durante a Contrib. Única ...... 145
Figura 74 - Contribuições enviadas após o término da Contribuição Livre ................... 146
Figura 75 - Contribuições enviadas após o término da Contrib. Livre no MC1............. 147
Figura 76 - Término da Contribuição Livre no MC2 ..................................................... 147
Figura 77 - Contribuições enviadas após o témino teórico do brainstorming ................ 148
Figura 78 - Contribuições enviadas pelos aprendizes manifestando necessidade de
coordenação ............................................................................................................ 149
Figura 79 - Contrib. enviadas que expressam a necessidade de coordenação ................ 149
Figura 80 - Acesso exclusivo ao canal de comunicação ao mediador ............................ 150
Figura 81 - Contrib. enviadas desnecessariamente pelos aprendizes no MC1 ............... 151
Figura 82 - Contrib. enviadas desnecessariamente pelos aprendizes no MC2 ............... 152
Figura 83 - Comportamento das Contribuições que interromperam o mediador ........... 152
Figura 84 - Acesso exclusivo ao canal de comunicação a alguns aprendizes ................ 153
11
Figura 85 - Insuficiência do protocolo social para dar acesso exclusivo ao canal de
comunicação a um aprendiz.................................................................................... 154
Figura 86 - Insuficiência do protocolo social para dar acesso exclusivo ao canal de
comunicação a alguns aprendizes ........................................................................... 155
Figura 87 - Comportamento das Contribuições que interromperam o acesso exclusivo ao
canal de comunicação dado a alguns aprendizes .................................................... 156
Figura 88 - Ocorrências de Perda de Co-texto................................................................ 158
12
Lista de Tabelas
Tabela 1 – Comunicação síncrona e assíncrona........................................................... 68
Tabela 2 – Dados relativos ao primeiro debate .......................................................... 134
Tabela 3 – Dados relativos ao segundo debate ........................................................... 135
Tabela 4 – Dados relativos ao terceiro debate............................................................ 136
Tabela 5 – Dados relativos ao quarto debate.............................................................. 137
Tabela 6 – Dados relativos ao quinto debate .............................................................. 138
Tabela 7 – Dados relativos ao sexto debate ................................................................ 139
Tabela 8 – Dados relativos ao sétimo debate .............................................................. 139
Tabela 9 – Dados relativos ao oitavo debate............................................................... 140
13
1 Introdução
O desenvolvimento de uma ferramenta de bate-papo cujo objetivo é a facilitação de
debates aplicando técnicas de conversação para ajudar o mediador na condução da
conversação entre os aprendizes de um curso é o principal objetivo dessa dissertação.
Esta aplicação foi batizada de Mediated Chat 2.0 (MC2) e será incorporada ao ambiente
AulaNet [Lucena et al., 1999], substituindo a atual aplicação que é o Mediated Chat 1.0
(MC1).
Dessa forma, o MC2 pretende subsidiar a coordenação, que é um dos três conceitos
básicos no qual o groupware AulaNet está estruturado, que são a comunicação, a
coordenação e a cooperação [Fuks, Raposo & Gerosa, 2002].
Um docente de cursos do AulaNet pode assumir basicamente três papéis, que são:
coordenador do curso, docente co-autor do curso e mediador do curso. Nesta dissertação
o mediador será o papel considerado, por ser ele o ator que utiliza a ferramenta de Debate
do AulaNet. O mediador é o ator responsável pela coordenação do debate, e facilitar tal
coordenação é o objetivo desta pesquisa.
A ferramenta de bate-papo desenvolvida poderá ser utilizada em qualquer tipo de
reunião, como reuniões de negócio (conduzidas ou não), consultas remotas, painel de
discussões, suporte remoto em manutenções técnicas, diagnóstico médico, etc.
1.1 Visão Geral da Pesquisa
O curso TIAE – Tecnologias da Informação Aplicadas à Educação [Fuks, Gerosa &
Lucena, 2002] tem como objetivo que seus alunos aprendam a trabalhar com o grupo as
14
tecnologias da informação, tornando-se educadores baseados na Web. O curso é oferecido
desde 1998 como uma disciplina do Departamento de Informática da PUC-Rio e é
ministrado totalmente via Internet pelo ambiente AulaNet [Lucena & Fuks, 2002].
O serviço Debate possibilita uma conversa em tempo real entre os participantes de
um curso através de um chat textual que é o MC1. No TIAE, os temas são divididos em
aulas e o serviço Debate é utilizado para discuti-los semanalmente. Por ser uma
ferramenta de comunicação síncrona, todos devem estar conectados ao mesmo tempo no
momento do debate. Por esta razão o horário do debate semanal é fixo e os aprendizes
devem se organizar para estarem presentes. Fora deste horário, os aprendizes têm
liberdade de utilizar o serviço Debate para discutir assuntos que sejam do seu interesse.
No TIAE, o que se deseja com o debate é o alinhamento de idéias e não o consenso.
Não é objetivo que todos pensem da mesma forma ou que falem a mesma coisa, mas sim
que todos possam expor seus pontos de vista e idéias, e através dessa exposição um
aprenda com o outro, discutindo e entendendo as diferenças.
As grandes dificuldades dos mediadores do debate são: estimular a participação de
todos, manter o foco da conversa evitando que a discussão caminhe para tópicos
irrelevantes, e manter o ritmo do debate evitando que seja muito monótono ou tão rápido
que não seja possível acompanhá-lo.
Num chat é muito fácil “se perder”: vários participantes teclando, várias idéias
diferentes surgindo, assuntos paralelos e não relacionados, podem dificultar o
entendimento da conversa. Então, como manter o foco? No MC1 a única forma de
coordenação é o protocolo social. O mediador deve estar extremamente atento para
perceber quando a discussão começa a tomar um rumo inadequado ou a se dispersar.
Quando isto ocorrer, ele deve lembrar a todos do “FOCO”. Se não der certo, deve chamar
atenção dos participantes individualmente, ou até “GRITAR” de vez em quando. Se o
mediador não tiver pulso firme o debate vira um bate-papo improdutivo.
Durante as edições do curso TIAE, percebeu-se que ao longo do curso os
aprendizes evoluíam e conseguiam se organizar melhor durante o debate. Pelo fato dessa
15
evolução nem sempre ser satisfatória, surgiu a questão: “Seria possível oferecer suporte
tecnológico para ajudar no processo de evolução do aprendiz?”
Para facilitar a dinâmica dos debates e tentar ajudar no processo de evolução do
aprendiz, esta pesquisa investiga o uso de técnicas de conversação. Para isso,
desenvolveu-se uma ferramenta de bate-papo chamada de MC2 que foi disponibilizada
para ajudar o mediador na condução da conversação entre os aprendizes de um curso do
ambiente AulaNet. O MC2 é uma instanciação do framework Canais de Comunicação
[Ferraz 2000] que foi desenvolvido no Laboratório de Engenharia de Software da PUC-
Rio em 2000. Da mesma forma, o MC1, que é a ferramenta de bate-papo que atualmente
oferece o serviço de Debate no ambiente AulaNet, é uma instanciação do framework
citado.
O MC2 é uma evolução do MC1, pois além de possuir as funcionalidades já
existentes no MC1, adicionou técnicas de conversação para embutir alguns aspectos do
protocolo social nos elementos de coordenação presentes. A própria interface do MC2
também é uma evolução da interface do MC1. Além de possuir os elementos de interface
que fazem parte do MC1, o MC2 acrescentou rótulos que indicam a funcionalidade de
cada elemento, faz uso de dicas (hints) para melhor explicar cada elemento, inseriu o
horário de registro (timestamp) de cada contribuição enviada, acrescentou o elemento
“Título”, aumentou a área para digitação, não permite que o cursor pare em local onde a
escrita não é permitida e diferenciou os mediadores dos aprendizes na “Lista de
Participantes”.
Nesta pesquisa foi realizado um experimento para verificar se o fato de embutir
técnicas de conversação - alguns aspectos do protocolo social - em uma ferramenta de
bate-papo textual, ajuda o mediador na coordenação de uma sessão de bate-papo. Para
realizar o experimento foi definida uma dinâmica, baseada nas técnicas de conversação
implementadas, que foi aplicada a todos os debates que fazem parte do cronograma do
curso TIAE 2002.2 (2º semestre de 2002). Para analisar o experimento, metade dos
debates foram realizados com a aplicação MC1, que é uma ferramenta prototípica de
bate-papo que não oferece suporte tecnológico à coordenação, e a outra metade foi
16
realizada com a aplicação MC2, que oferece suporte tecnológico à coordenação
implementando as técnicas de conversação.
1.2 Organização do Texto
No capítulo 2 são feitas algumas considerações sobre grupos. Também são
apresentados conceitos sobre groupware, colaboração – focando nos principais elementos
e suas inter-relações - e aprendizagem colaborativa.
No capítulo 3, é fornecida uma visão geral sobre as ferramentas de bate-papo
disponíveis no mercado. As ferramentas serão analisadas em relação às trocas textuais,
por ser esta a característica do MC1 e do MC2. O objetivo é constatar que as ferramentas
existentes, que possuem as mesmas características de MC2, não apresentam o suporte
tecnológico pretendido em MC2.
No capítulo 4 são enfocados os conceitos das políticas de comunicação estudadas.
Foi feita uma analogia entre as técnicas de trabalho em grupo e as políticas de
comunicação para tentar oferecer o suporte tecnológico ao MC2 usando conceitos básicos
da computação.
Devido ao fato dos algoritmos de escalonamento não propiciarem coordenação de
forma satisfatória, o trabalho evoluiu para o uso de dinâmicas de pequeno grupo e
técnicas de trabalho em grupo. Essas técnicas são apresentadas no capítulo 5.
No capítulo 6 é fornecida a especificação da aplicação desenvolvida, e no capítulo 7
é apresentada a interface da mesma.
No capítulo 8 serão apresentados cenários que procuram mostrar o funcionamento
adotado para as técnicas de conversação tanto no MC1 como no MC2. As telas e os
fragmentos de bate-papo foram retirados de debates realizados em TIAE 2002.2.
17
Os dados obtidos através das sessões de bate-papo de TIAE 2002.2 foram
analisados com o principal objetivo de avaliar se os mediadores conseguiram aplicar de
forma satisfatória a dinâmica elaborada para os debates usando a aplicação MC2. Os
resultados serão apresentados no capítulo 9.
No capítulo 10 serão apresentadas as conclusões finais e as contribuições desta
pesquisa.
18
2 Trabalho e Aprendizado em Grupo
Uma crescente parte do trabalho das empresas e instituições não é mais realizada
individualmente, com uma pessoa trabalhando sozinha até completar as tarefas. O
trabalho é cada vez mais realizado colaborativamente. Esta tendência se deve
parcialmente ao aumento de complexidade das tarefas, e aos novos paradigmas de
trabalho, que envolvem diversas pessoas trabalhando em conjunto nas diversas fases de
elaboração de um produto ou desenvolvimento de um projeto. [Fuks, Raposo & Gerosa,
2002]
Desenvolver e melhorar habilidades individuais para o uso do conhecimento,
aceitar responsabilidades pelo aprendizado individual e do grupo, e desenvolver a
capacidade de refletir são algumas das vantagens que podem ser auferidas pelo trabalho
em grupo. Algumas desvantagens do trabalho em grupo são o aumento do nível de ruído
na comunicação e a resistência de alguns participantes em assumir um papel mais ativo.
[Cunha 2002]
O serviço Debate é um serviço síncrono de comunicação em grupo. Em geral a
qualidade e o aprofundamento das mensagens neste serviço são menores que nos serviços
assíncronos pois o tempo de resposta é curto o que faz com que as mensagens enviadas
sejam em geral curtas e pouco elaboradas. O resultado da discussão do Debate não
provém de mensagens individuais e sim da união das pequenas mensagens, muitas vezes
sem sentido fora do contexto, que os participantes vão trocando à medida que constróem
o conhecimento colaborativamente. [Lucena & Fuks, 2002]
19
2.1 Considerações sobre Grupos
A cada semana é formado um grupo no debate do TIAE, que pode ser diferente pois
nem sempre os mesmos participantes estão presentes. Segundo as análises estatísticas
realizadas em turmas anteriores, não é possível tirar conclusões quanto à participação dos
aprendizes nos debates. A ausência nestes é aleatória, ou seja, não se verificou nenhum
debate com maior ou menor participação do que os demais.
O tamanho ideal de um grupo é difícil de ser determinado. No caso do TIAE, após
anos de experiência chegou-se ao número ideal de 12 a 18 participantes para evitar a
monotonia e o excesso de participação. Segundo [Kay, 2001] os pares têm um papel
importante no aprendizado, criando oportunidades naturais para o aprendiz articular o seu
entendimento, refletir e justificar ações. O tamanho de um grupo pode influenciar em
outras características de um grupo como por exemplo na necessidade de estruturação ou
organização, na liderança, na diferenciação de papéis, no surgimento de subgrupos, entre
outras [Jaques, 2000]
A estratégia de avaliação de um grupo deve ser escolhida com cautela para que não
haja desmotivação. Conforme apresentado em [Lipman-Blumen & Leavitt, 2001] o
melhor seria apoiar, incentivar e avaliar o grupo como um todo e permitir que o grupo
avalie os seus membros. No TIAE o mediador é o responsável por avaliar a participação
dos aprendizes no debate.
2.2 Groupware
O advento das organizações virtuais, das empresas geograficamente dispersas e das
parcerias entre empresas aumenta a demanda de trabalho colaborativo distribuído. A área
de pesquisa Computer Supported Cooperative Work (CSCW) visa estudar o trabalho
colaborativo através de sistemas de computação, denominados groupware, que apoiem a
20
comunicação, coordenação e cooperação entre os membros da equipe envolvida no
trabalho, mesmo que estes estejam distribuídos no tempo e no espaço.
Existem várias definições para groupware. A definição que será adotada nesta
pesquisa é uma definição geral que diz que um groupware é um tipo de software que
apoia a interação entre indivíduos, ou seja, a interação entre os membros de um grupo de
trabalho para a realização de um objetivo comum.
No MC1 a cooperação é dada pelo próprio espaço compartilhado onde todos podem
enviar mensagens e ler as mensagens enviadas pelos outros participantes do curso. A
comunicação é dada pelo compartilhamento de idéias e opiniões que há entre os
participantes e a coordenação deve ser realizada pelo mediador. O MC1 é uma ferramenta
de comunicação que possui alguns elementos de cooperação. No MC2 a cooperação e a
comunicação ocorrem da mesma forma que no MC1, no entanto o mediador possui apoio
tecnológico para realizar a coordenação.
2.3 Colaboração
Trabalhando colaborativamente, pelo menos potencialmente, pode-se produzir
melhores resultados do que se os membros do grupo atuassem individualmente.[Fuks,
Gerosa & Lucena, 2002]. Colaborando, os membros do grupo têm retorno para identificar
precocemente inconsistências e falhas em seu raciocínio e, juntos, podem buscar idéias,
informações e referências para auxiliar na resolução dos problemas. O grupo também tem
mais capacidade de gerar alternativas, levantar as vantagens e desvantagens de cada uma,
selecionar as viáveis e tomar decisões [Turoff & Hiltz, 1982]
Apesar de suas vantagens, trabalhar colaborativamente demanda um esforço
adicional para a coordenação dos membros de um grupo. Sem coordenação, boa parte dos
esforços de comunicação não será aproveitada na cooperação, isto é, para que o grupo
possa operar em conjunto de forma satisfatória, é necessário que os compromissos
assumidos nas conversações entre os participantes sejam realizados durante a cooperação.
21
A coordenação deve evitar conflitos inter-pessoais que possam prejudicar o grupo. Foi
devido a esta dificuldade de coordenação do debate, manifestada pelos mediadores do
TIAE, que surgiu a idéia de acrescentar ao serviço Debate alguns elementos de
coordenação.
Para possibilitar a colaboração, são necessárias informações sobre o que está
acontecendo. Estas informações são fornecidas através de elementos de percepção que
capturam e condensam as informações coletadas durante a interação entre os
participantes. A percepção em si é relativa ao ser humano, enquanto os elementos de
percepção estão relacionados à interface do ambiente.
Figura 1 - Modelo de Colaboração
O diagrama da Figura 1 sumariza os principais conceitos abordados. Este diagrama
é um refinamento do modelo apresentado em [Fuks & Assis, 2001] que é baseado em
[Ellis, Gibbs & Rein, 1991]. A seguir serão vistos os principais elementos do diagrama e
suas inter-relações. Vale lembrar que apesar destes conceitos estarem sendo separados
22
para efeito de análise, não é possível considerá-los monoliticamente, uma vez que são
intimamente dependentes e inter-relacionados.
2.3.1 Comunicação
Durante a comunicação as pessoas almejam construir um entendimento comum e
compartilhar idéias, discutir, negociar e tomar decisões. Os participantes de uma equipe
de trabalho devem se comunicar para conseguir realizar tarefas interdependentes,
parcialmente descritas ou que necessitem de negociação [Fussell et al., 1998] .
As informações são transmitidas através de um canal de percepção criado no espaço
compartilhado onde ocorre a conversação. Este canal de percepção fica implícito no canal
de comunicação. Por exemplo, em uma conversa face-a-face, as informações são
transmitidas através do som, dos gestos e das expressões dos indivíduos, entre outros.
Para haver entendimento e a comunicação cumprir seu objetivo, é necessário o
conhecimento de todos sobre a utilização das mídias de transmissão e de recebimento dos
dados, bem como a participação ativa do receptor, que deve estar atento às informações
transmitidas e aos elementos utilizados, para que seja viabilizado o canal de percepção.
Todos os envolvidos na comunicação devem estar cientes das estruturas de linguagem e
expressões utilizadas.
Ao contrário de algumas situações onde o importante é saber apenas se o receptor
recebeu uma mensagem, na colaboração é importante assegurar-se do entendimento da
mesma. Sem um entendimento compartilhado, os participantes terão dificuldade em se
coordenar de modo a somar seus esforços para a conclusão das tarefas. Porém, não há
como inspecionar se o conteúdo recebido é equivalente ao enviado e se ele foi assimilado
pelo receptor. A única forma de se obter indícios do entendimento é através das ações (e
reações) do receptor, pois as mesmas são guiadas por seus conhecimentos. Uma falha na
comunicação seria então uma discordância entre as expectativas do emissor e as ações do
23
receptor. Algumas vezes estas falhas são identificadas no discurso do receptor, e outras,
em suas atitudes.
Os membros de uma equipe de trabalho têm necessidade de se comunicar de
diversas maneiras. O coordenador da equipe deve escolher uma ferramenta de
comunicação apropriada para cada situação e objetivo. O groupware utilizado deve
fornecer uma gama de ferramentas, pois algumas vezes uma ferramenta de comunicação
assíncrona é mais apropriada, enquanto em outras, uma síncrona atende melhor.
Ferramentas de comunicação assíncrona são utilizadas quando se deseja valorizar a
reflexão dos participantes, pois estes terão mais tempo antes de agir. Em uma ferramenta
de comunicação síncrona, valoriza-se a interação, visto que o tempo de resposta entre a
ação de um participante e a reação de seus companheiros é curto.
Alguns exemplos de ferramentas de comunicação atualmente utilizadas são: e-mail,
lista de discussão, fórum, ferramentas de CSCA (Computer Supported Collaborative
Argumentation), ferramentas de votação, mensagem instantânea, chat, eletronic
brainstorming, videoconferência, tele-conferência, telefone, etc. [Long & Baecker, 1997]
2.3.2 Coordenação
Trabalho colaborativo foi definido por Karl Marx como “múltiplos indivíduos
trabalhando juntos de maneira planejada no mesmo processo de produção ou em
processos de produção diferentes, mas conectados” (citado em [Bannon & Schmidt,
1991]). No âmago desta definição está a noção de planejamento, garantindo que o
trabalho coletivo seja resultante do conjunto de tarefas individuais.
A noção de planejamento presente na definição de Marx é realizada em CSCW pelo
chamado trabalho de articulação, que é o esforço adicional necessário para a colaboração
ser obtida a partir da soma dos trabalhos individuais. Fazem parte do trabalho de
articulação a identificação dos objetivos, o mapeamento destes objetivos em tarefas, a
24
seleção dos participantes, a distribuição das tarefas entre eles e a coordenação da
realização das atividades.
A coordenação envolve tanto a pré-articulação das atividades, que corresponde às
ações necessárias para preparar a colaboração, normalmente concluídas antes do trabalho
colaborativo se iniciar, e o gerenciamento do aspecto dinâmico da colaboração,
renegociada de maneira quase contínua ao longo de todo o tempo [Malone & Crowston,
1990]. Apesar da interdependência normalmente positiva entre as tarefas na colaboração
(um participante desejando que o trabalho do outro seja bem sucedido), ela nem sempre é
harmoniosa. Sem coordenação, há o risco de os participantes se envolverem em tarefas
conflitantes ou repetitivas.
Segundo Winograd, “Conversação para ação gera compromissos”. [Winograd &
Flores, 1987] [Winograd, 1988]. Para garantir o cumprimento destes compromissos e a
realização do trabalho colaborativo através da soma dos trabalhos individuais, é
necessária a coordenação das atividades. Esta coordenação organiza o grupo para evitar
que esforços de comunicação e cooperação sejam perdidos e que as tarefas sejam
realizadas na ordem correta, no tempo correto e cumprindo as restrições e objetivos
[Raposo et al., 2001].
No TIAE a coordenação do debate é responsabilidade dos mediadores do curso.
Com o MC1 esta coordenação é realizada com o uso do protocolo social sem o apoio de
qualquer mecanismo de coordenação explícito. No MC2 foram acrescentados elementos
de coordenação.
Algumas atividades envolvendo múltiplos indivíduos não exigem um planejamento
formal. Atividades ligadas às relações sociais são bem controladas pelo chamado
protocolo social, caracterizado pela ausência de qualquer mecanismo de coordenação
explícito entre as atividades e pela confiança nas habilidades dos participantes de mediar
as interações. O MC1 é uma aplicação que terá êxito se for usada para este tipo de
atividade.
25
Por outro lado, atividades mais diretamente voltadas para o trabalho colaborativo (e
não para as relações sociais) exigem sofisticados mecanismos de coordenação para
garantir o sucesso da colaboração. Exemplos de ferramentas que dão suporte a este tipo
de atividade são gerenciamento de fluxo de trabalho (workflow), learningware, jogos
multi-usuários e ferramentas de autoria e de desenvolvimento de software colaborativo. É
neste perfil que o AulaNet se encaixa, e foi com o objetivo de dar suporte tecnológico
para oferecer mecanismos de coordenação que o MC2 foi desenvolvido para substituir o
MC1.
Na prática, entretanto, nem sempre é claro o que deve ficar a cargo do protocolo
social e o que deve ter um mecanismo de coordenação associado. É tarefa do
desenvolvedor de groupware a decisão sobre como será feita a coordenação de cada uma
das atividades a serem realizadas. O ideal é que sistemas colaborativos não imponham
padrões rígidos de trabalho ou de comunicação. Deve-se prover facilidades que permitam
aos usuários interpretar e explorar estes padrões, decidir usá-los, modificá-los ou rejeitá-
los [Schmidt, 1991]. O grande desafio ao se propor mecanismos de coordenação para o
trabalho colaborativo consiste em torná-los suficientemente flexíveis para se adequar ao
dinamismo da interação entre os participantes. No MC2 a proposta é oferecer subsídios
para que o mediador coloque em prática qualquer dinâmica podendo decidir quem
participa em determinado momento sem depender apenas do protocolo social.
Conflitos podem ocorrer devido a problemas de comunicação ou de percepção, ou
por diferenças na interpretação da situação ou de interesse [Putnam & Poole, 1987]. A
coordenação deve tratar os conflitos que prejudiquem o grupo, como competição,
desorientação, problemas de hierarquia, difusão de responsabilidade, etc. [Salomon &
Globerson, 1989].
2.3.3 Cooperação
Em um espaço virtual de informação, os indivíduos cooperam produzindo,
manipulando e organizando informações, bem como construindo e refinando artefatos
26
digitais, como documentos, planilhas, gráficos, etc. No debate do TIAE a cooperação se
dá pela troca de mensagens entre os participantes.
O registro da informação visa aumentar o entendimento entre as pessoas, reduzindo
a incerteza (relacionada com a ausência de informação) e a equivocalidade (relacionada
com a ambigüidade e com a existência de informações conflitantes) [Daft & Lengel,
1986]. Os indivíduos trabalham as informações e se comunicam na tentativa de
solucionar os desentendimentos.
Uma forma de garantir a “memória” do grupo nos projetos colaborativos é
armazenar, preservar, catalogar, categorizar e estruturar a documentação produzida pelos
participantes. No serviço Debate todos os participantes presentes podem salvar a qualquer
momento o registro do debate do qual estão participando.
2.3.4 Percepção
Perceber é adquirir informação, por meio dos sentidos, do que está acontecendo e
do que as outras pessoas estão fazendo, mesmo sem se comunicar diretamente com elas
[Brinck & McDaniel, 1997]. A percepção, que é inerente ao ser humano, torna-se central
para a comunicação, coordenação e cooperação de um grupo de trabalho, pois os
indivíduos tomam ciência das mudanças causadas no ambiente pelas ações dos
participantes, e redirecionam as suas atitudes.
Na interação entre pessoas e ambiente dentro de uma situação face-a-face, a
obtenção de informações é rica e natural. Em ambientes virtuais, o suporte à percepção
fica menos claro, pois os meios de transmitir as informações aos órgãos sensoriais dos
seres humanos são restritos. Estações de trabalho típicas são limitadas a fornecer
informações em uma tela com apenas duas dimensões e, em alguns casos, através de
caixas de som.
Elementos de percepção são os elementos do espaço compartilhado por onde são
transmitidas as informações destinadas a prover percepção. Estas informações auxiliam
27
os indivíduos a dirigir suas ações, interpretar eventos e prever possíveis necessidades.
Uma quantidade não gerenciável de informações dificulta a organização dos membros do
grupo, ocasionando desentendimentos [Fussell et al., 1998] Vale ressaltar, que a
existência da sobrecarga de informação está extremamente ligada ao indivíduo. Uns
conseguem lidar com mais informações simultâneas do que outros, dependendo, entre
outros fatores, da maturidade, da capacidade e da habilidade de cada um, bem como das
características e do nível de conhecimento sobre o assunto em questão.
2.4 Aprendizagem Colaborativa
Segundo [Dillenbourg, 1999] não existe uma definição comum de aprendizado
colaborativo que seja aceita por todos os campos de pesquisa. Porém o próprio
Dillenbourg apresenta a seguinte definição geral, ainda que insatisfatória segundo o
mesmo: “Aprendizado colaborativo é uma situação em que duas ou mais pessoas
aprendem ou tentam aprender algo juntas.”
O número de aprendizes pode variar de pares, passando por pequenos grupos até
sociedades com milhares de pessoas. Já o termo aprender pode significar desde o
acompanhamento de um curso até o aprendizado a partir da prática contínua. A forma de
interação descrita pelo termo juntas pode significar interação face-a-face ou mediada por
computador, assíncrona ou síncrona, que ocorre ou não com freqüência, que é realizada
através de um esforço conjunto ou onde o trabalho é dividido. É estranho falar de
colaboração com si próprio, porém as idéias de Piaget e de Vygotsky em [Vygotsky,
1987] de que o pensamento resulta de diálogos internalizados tornam essa visão menos
caótica e plausível.
Para Dillenbourg, a variedade de usos da palavra aprendizagem leva a dois
entendimentos distintos de aprendizado colaborativo. Um é o método pedagógico em que
se diz que dois ou mais indivíduos devem colaborar e é esperado que eles aprendam. O
outro é o processo psicológico onde se observam indivíduos e a colaboração é vista como
o mecanismo que causou o aprendizado.
28
Assim, conforme Dillenbourg, as palavras “aprendizado colaborativo” descrevem
uma situação em que formas particulares de interação entre duas pessoas são esperadas e
que desencadeariam mecanismos de aprendizagem, mas não há garantias que elas
ocorram. Portanto é necessário aumentar a probabilidade de alguns tipos de interação
ocorrerem, o que pode ser alcançado apoiando interações mais produtivas pela inclusão
de regras de interação no ambiente de aprendizagem (auxiliado por computador), como
definir um tema para discussão ou estruturar e categorizar mensagens [Fuks, Gerosa &
Lucena., 2002a] Algumas das vantagens da utilização destas estratégias são um maior
aprofundamento na discussão e a redução da sobrecarga de informação.
Segundo Dillenbourg, colaboração está relacionada a quatro diferentes aspectos de
aprendizagem: situação, interações, mecanismos e os efeitos da aprendizagem
colaborativa. Uma situação pode ser mais ou menos colaborativa, por exemplo, é mais
fácil ocorrer colaboração entre colegas do que entre um subordinado e seu chefe. Já as
interações também possuem níveis diferentes de colaboração, por exemplo, negociação
parece ser mais colaborativa do que dar ordens. Alguns mecanismos de aprendizagem são
intrinsecamente mais colaborativos.
Os conceitos de grupos, groupware, colaboração e aprendizagem colaborativa
fornecem embasamento teórico ao desenvolvimento do MC2 pois este é um serviço de
comunicação que será disponibilizado no groupware AulaNet e que pretende subsidiar a
coordenação para viabilizar a aprendizagem colaborativa.
29
3 Ferramentas de Bate-Papo
Aqui, considera-se “ferramenta de bate-papo” todo programa computacional
utilizado para trocar pequenas mensagens entre participantes conectados ao mesmo
tempo (comunicação síncrona) de tal maneira que eles tenham a sensação de estar
conversando [Pimentel 2002]
Neste capítulo as ferramentas serão analisadas em relação às trocas textuais, sem
considerar os recursos de vídeo e áudio para a comunicação, por ser esta a característica
do MC1 e do MC2. O objetivo é constatar que as ferramentas existentes, que possuem as
mesmas características do MC1 e do MC2, não apresentam o suporte tecnológico
pretendido em MC2.
O termo “mensagem” é definido de forma geral como sendo uma comunicação
verbal ou escrita, uma notícia ou recado. Porém, existe uma outra definição, voltada para
a informática, que define mensagem como sendo uma comunicação enviada ou recebida
por meio de um serviço digital [Dic, 2003]. Na comunidade acadêmica, o termo
“contribuição” também é utilizado para nomear mensagens enviadas em uma sessão de
bate-papo. Nesta dissertação, o termo contribuição será usado quando estivermos falando
do serviço Debate do AulaNet, e nos outros casos será usado o termo mensagem, por ser
uma definição mais abrangente.
A Figura 2 apresenta a interface de uma categoria de ferramenta de bate-papo aqui
denominada “Prototípica” - por ser a mais conhecida, a mais típica. Nesta categoria, a
interface é geralmente composta pela lista dos participantes da sessão de bate-papo, pela
lista das mensagens já enviadas - a conversação propriamente dita, e uma área para a
digitação de novas mensagens.
30
Figura 2 - Interface das ferramentas prototípicas de bate-papo
Para conversar nestas ferramentas, em geral, o participante identifica-se fornecendo
um nome, apelido ou pseudônimo. Ao entrar na sala de bate-papo (ou canal de
comunicação), a identificação do participante é adicionada à lista de participantes e uma
mensagem é automaticamente enviada para avisar a entrada deste novo participante.
Quando um participante envia uma nova mensagem, todos a recebem, sendo que esta é
adicionada ao final da lista de mensagens de todos os participantes na mesma sala.
Qualquer participante pode enviar uma mensagem a qualquer momento. A conversação é
estabelecida com esta troca síncrona de mensagens na sala de bate-papo.
A conversação textual, a organização cronológica das mensagens, vários
participantes ao mesmo tempo e a listagem de seus nomes, são algumas das
características das ferramentas prototípicas de bate-papo.
A seguir serão analisadas algumas ferramentas de bate-papo atualmente
disponíveis. As ferramentas foram agrupadas em categorias para caracterizar as
semelhanças entre ferramentas diferentes, e para enfatizar as diferenças entre as
categorias identificadas.
Men
sage
ns
já E
nvia
das
Área para Digitação de Novas Mensagens
Usuários em
C
omunicação
31
3.1 IRC e outras Ferramentas Prototípicas de Bate-papo
IRC (Internet Relay Chat), desenvolvido por Jarkko Oikarnnen em 1988, foi o
primeiro sistema de bate-papo a se tornar amplamente conhecido. Para utilizar o IRC, é
necessário instalar um programa-cliente como o mIRC (Figura 3). No IRC, os usuários se
encontram num espaço virtual denominado “canal”. Cada canal possui um nome e um
tópico que fornecem indicações do tipo de assunto conversado: Brasil, 25a35anos,
cinema, dentre vários outros. Em geral, não há limite na quantidade de participantes de
um canal.
Figura 3 - Ferramenta de bate-papo mIRC [Mirc, 2003]
As ferramentas de IRC disponibilizam vários recursos: conversação pública em
vários canais ao mesmo tempo; conversação particular em janelas à parte; uso de cores e
efeitos sonoros na mensagem; troca de arquivos (imagem, som, etc.); scripts; entre outros
recursos [Borba 1997]
Dentre os principais problemas das ferramentas de IRC, identifica-se a necessidade
de instalar e configurar um software específico e a necessidade de conhecer alguns
comandos para interagir num canal. Estas dificuldades não estão presentes nas
Mensagens já Enviadas
Nova Mensagem
Usuários no Canal
Conversa Particular
32
ferramentas prototípicas de bate-papo disponíveis na Web, as denominadas web-chats
(Figura 4). No Brasil, o “Bate-papo UOL” tornou-se uma das mais conhecidas
ferramentas de bate-papo na Web.
Algumas destas ferramentas, como “Yahoo! Bate-papo” ou “MSN Chat”,
apresentam interface bem semelhante à das ferramentas de IRC, sendo adicionados
alguns recursos para formatar a mensagem e inserir pequenas imagens. Outras
ferramentas, como as demais ilustradas na Figura 4, apresentam a lista de participantes
colapsada e geralmente esta lista é usada para designar o destinatário da mensagem a ser
enviada.
33
Figura 4 - Ferramentas de bate-papo dos principais portais brasileiros na Web
[UOL, 2003] [IG, 2003] [PSIU, 2003] [Terra, 2003] [Yahoo, 2003][MSN, 2003]
34
Índice de Audiência
368,273
1,220,022
1,325,864
1,514,476
1,899,104
2,175,668
2,489,280
2,557,892
3,515,954
3,956,689
0 500,000 1,000,000
1,500,000
2,000,000
2,500,000
3,000,000
3,500,000
4,000,000
4,500,000
UOL
iG
Globo
Terra
BOL
Cade
Starmedia
Yahoo
MSN
AOL
Usuários Únicos: relativos ao universo de acessos domiciliares
Fonte: Ibope eRatings Nielsen//NetRatings - Dezembro de 2001
Figura 5 - Audiência das ferramentas de bate-papo dos principais portais
brasileiros na Web [Audiência, 2003]
A Figura 5 apresenta o resultado de uma pesquisa realizada pelo Ibope eRatings
Nielsen//NetRatings em dezembro de 2001 sobre o índice de audiência das ferramentas
de bate-papo dos principais portais brasileiro na Web.
3.2 ICQ e outras Ferramentas Messengers
Devido a grande popularidade atingida pelas ferramentas de IRC, outra ferramenta
de bate-papo que se tornou mundialmente conhecida foi o ICQ (I seek you) – Figura 6. O
ICQ foi criado em 1996 por Yair Goldfinger, Arik Vardi, Sefi Vigiser, e Amnon Amir.
[ICQ, 2003]
35
Figura 6 - Ferramenta de bate-papo ICQ [ICQ, 2003a]
A popularidade do ICQ cresceu rapidamente e no final de 1998 existiam 22 milhões
de usuários registrados. Em maio de 2002, já existiam cerca de 200 milhões de usuários
registrados, como mostra a Figura 7.
0
50
100
150
200
250
1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002
Usu
ário
s R
egis
trad
os (e
m m
ilhõe
s)
Figura 7 - Crescimento da quantidade de usuários da ferramenta ICQ [ICQ, 2003b]
Bat
e-pa
po c
om
um a
mig
o D
igita
ção
da
men
sage
m
Am
igos C
onectados
Am
igos não C
onectados
36
Dentre as principais diferenças do ICQ, em relação às ferramentas prototípicas de
bate-papo, é que o usuário não conversa numa sala cheia de pessoas desconhecidas. No
ICQ existe uma “lista de contatos” onde o usuário registra amigos e conhecidos que
também usam esta ferramenta. O usuário pode conversar com qualquer pessoa de sua
lista que esteja conectada à Internet naquele instante.
A conversação no ICQ é predominantemente entre duas pessoas (peer-to-peer)
embora a ferramenta também possibilite a conversação simultânea entre vários usuários
ao mesmo tempo. Dentre outros recursos, a ferramenta possibilita transferir arquivos e
enviar mensagens de correio eletrônico. [ICQ, 2003c]
Atualmente, existem diversas ferramentas de bate-papo com este mesmo propósito:
facilitar a troca de mensagens entre pessoas mutuamente cadastradas e conectadas –
Figura 8. Esta categoria é usualmente denominada “messenger”.
Figura 8 - Ferramentas messengers [Yahoo, 2003a] [MSN, 2003a] [UOL,
2003a]
37
A comunicação nas ferramentas apresentadas até agora é predominantemente
textual, embora algumas ferramentas possibilitem formatar o texto e incluir pequenas
imagens e efeitos sonoros.
3.3 Ferramentas de Bate-papo com Transmissão de Vídeo
Existem algumas ferramentas, como o NetMeeting e ICUII (Figura 9), que
transmitem o vídeo do usuário em tempo real (geralmente capturado por uma web-cam).
Estas ferramentas também possibilitam a conversação falada (transmissão de voz)
embora o bate-papo textual ainda predomine. O vídeo, aliado ao bate-papo, possibilita
perceber melhor as reações, sorrisos e gestos durante a conversação.
Figura 9 - Ferramentas de bate-papo com transmissão de vídeo
[NetMeeting, 2003] [ICUII, 2003]
Dentre os principais fatores de limitação destas ferramentas de bate-papo está a
atual Internet, onde os vídeos são transmitidos com baixa qualidade (baixa resolução e
poucos quadros por segundo), e a necessidade de um equipamento específico. Mesmo
que estes problemas sejam resolvidos (a Internet está aumentando sua capacidade de
transmissão e a web-cam está se tornado um equipamento cada vez mais popular), não é
38
esperado que toda ferramenta de bate-papo faça uso de transmissão de vídeo. Também
não é esperado que as ferramentas gráficas, nem mesmo as textuais (prototípica ou
messenger), caiam em desuso. Cada categoria possibilita um conjunto de características
desejáveis para diferentes situações. A transmissão de vídeo, por exemplo, restringe o
anonimato. Uma maior interoperabilidade tornaria possível, por exemplo, a troca de
mensagens instantâneas independentemente da ferramenta messenger usada; ou então,
participar de um bate-papo independentemente da interface escolhida.
3.4 Ferramentas de Bate-papo para Atividades Específicas
Todas as ferramentas apresentadas até o momento são de uso genérico, ou seja, não
foram construídas para a realização de uma atividade específica. Nesta seção serão
discutidas três ferramentas de uso específico – “Entreviste” [Pessoa, 2002] , construída
especificamente para a realização de entrevistas; “Eletronic BrainStorming” [EB, 2003],
desenvolvida para a realização de brainwriting; e “Bate-papo” [Oeiras et al., 2002] , em
desenvolvimento no ambiente TelEduc da UNICAMP.
3.4.1 Entreviste
A ferramenta Entreviste (Figura 10) desenvolvida por Enrique Pessoa em 2002,
exemplifica como poderia ser uma ferramenta de bate-papo mais específica para a
realização de entrevistas.
39
Figura 10 - Ferramenta de bate-papo Entreviste: interface dos entrevistadores
Esta ferramenta seria útil, por exemplo, em alguns portais da Web que fazem uso de
suas ferramentas prototípicas de bate-papo, com poucas adaptações, para realizar
entrevistas, como mostra a Figura 11.
Figura 11 - Ferramentas de bate-papo prototípicas usadas para realizar entrevistas
Uma entrevista realiza-se principalmente através de perguntas e respostas num
diálogo assimétrico [Fávero, 2000] Estas duas principais características são enfatizadas
na ferramenta Entreviste. Cada resposta do entrevistado é precedida pela pergunta do
Perguntas dos Entrevistadores
Respostas do Entrevistado
40
entrevistador, o que facilita a identificação do par dialógico pergunta-resposta. As
mensagens são organizadas em duas áreas distintas: perguntas dos entrevistadores
(geralmente vários), e respostas do entrevistado (geralmente único) – o que enfatiza a
assimetria do diálogo. Em comparação com as ferramentas de bate-papo prototípicas,
como as apresentadas na Figura 11, a ferramenta Entreviste é mais adequada para a
realização de entrevistas.
3.4.2 Eletronic Brainstorming
Brainstorming é uma técnica desenvolvida para maximizar a geração de idéias
numa reunião. Dentre as principais regras estabelecidas, deve-se eliminar os bloqueios
mentais, coibir o senso crítico, fomentar a participação de todos, e evitar discussões que
não estejam focadas na tarefa a ser desempenhada. Na técnica brainwriting, uma
adaptação da técnica brainstorming, cada membro do grupo escreve suas idéias numa
folha de papel ao invés de expressá-las oralmente, e estas folhas ficam sendo revezadas
entre os participantes [King & Schlicksupp, 1999].
Figura 12 - Ferramenta de bate-papo Eletronic Brainstorming
Folh
as e
m U
so
Nova m
ensagem que
o participante incluirá
nestafolha
41
A ferramenta Eletronic Brainstorming (Figura 12) foi desenvolvida pela empresa
GroupSystems.com e implementa a técnica de brainwriting. Nesta ferramenta a
conversação é realizada através da troca de “folhas-virtuais”. Quando o participante
recebe uma das folhas, pode incluir uma nova mensagem. A folha é devolvida e o
participante imediatamente recebe uma das outras folhas. As folhas são revezadas até que
o coordenador encerre a sessão.
O Eletronic Brainstorming possui a funcionalidade mais típica das ferramentas de
bate-papo: troca síncrona de pequenas mensagens textuais. Por outro lado, possui
funcionalidades atípicas, implementadas especificamente para a realização do
brainwriting: o autor da mensagem não é identificado e as mensagens são organizadas em
páginas distintas sendo cada página usada por um único participante por vez.
3.4.3 Bate-papo (TelEduc)
O Bate-papo do TelEduc [TelEduc, 2003] pode ser executado diretamente pelo
navegador e sua interface atual é semelhante a de outras ferramentas de bate-papo
comumente encontradas na Web, como pode ser visto na Figura 13.
42
Figura 13 - Ferramenta de Bate-papo do
As mensagens trocadas são vistas por todos os participantes e isto decorre da
concepção de projeto adotada, onde a sala de bate-papo seria um ambiente similar ao da
sala de aula presencial: todos "ouvem" o que se fala, não existindo salas reservadas e
evitando cochichos.
A utilização do Bate-papo em cursos a distância revelou algumas dificuldades para
a realização de muitas atividades, o que ocasionou o aparecimento de diversos problemas
relacionados à coordenação do discurso. O reprojeto desta ferramenta foi realizado
utilizando a tecnologia de agentes.
A partir de sugestões de usuários e de uma análise da literatura [Harasim, 1996]
foram escolhidos três formatos iniciais: Seminário, Assembléia e Painel. Uma
característica comum aos formatos é que cada atividade coordenada é previamente
agendada (hora, data, duração e tipo de sessão) segundo um assunto pré-definido do qual
todos os participantes devem estar a par.
fala para pergunta para responde para concorda com discorda de desculpa-se Área para Digitação
de Novas Mensagens
(15:17:04) Sérgio fala para Todos: Olaaaá
(15:17:14) Janne fala para Sérgio: Oi Sérgio! Tudo bem?
(15:18:23) Janne fala para Sérgio: Como está o andamento dos trabalhos?
(15:18:53) Adalbas entra na sala.
(15:19:14) Adalbas fala para Todos: Olá a todos!
(15:19:26) Janne fala para Adalbas: Boa tarde Adalbas! Tudo bem? Usuários em Comunicação
Men
sage
ns
já E
nvia
das
43
No modelo Seminário (Figura 14), como em seminários reais, apenas os
seminaristas podem enviar mensagens para todos participantes. As perguntas feitas pelo
público geral para os seminaristas são submetidas a critérios definidos pela moderação
como: Tempo (aquele que está há mais tempo sem falar tem maior prioridade);
Quantidade de frases (quem falou menos até o momento tem maior prioridade); e Réplica
(aquele que estiver respondendo para alguém recentemente terá maior prioridade).
Esses critérios - usados em todos os modelos - definem as diretrizes que o agente
seguirá para gerenciar a fila de espera e publicar as mensagens enviadas. O agente
reconhece as mensagens submetidas pelos seminaristas e as publica imediatamente
(privilégio deste tipo de participante).
Figura 14 - Ferramenta Bate-papo: modelo Seminário
No modelo Assembléia, o número de participantes normalmente é maior que no
seminário e a pauta mais abrangente, envolvendo a tomada de alguma decisão. Em uma
assembléia, todos os participantes têm os mesmos privilégios e, a princípio, todos os
participantes sempre falam para todos, não havendo a possibilidade da troca de entonação
e destinatário através da interface.
Área para Digitação de Novas Mensagens
Fila de espera: - Janne - Zelia - João - Maria Cândida - Leonel - Cintia
Filade
Espera
Material Auxiliar Seminaristas: - Janice - Célio
Aguarde um instante…
(15:40:15) Janne Entra na sala.
(15:41:44) Janne fala para Todos: Ola a todos!!
(15:42:05) Zelia fala para Todos: Ola Janne!
(15:42:49) Janne fala para Zelia: O que estávamos discutindo me
levou a analisar o artigo referente as técnicas 3D em EAD… Seminaristas
Seminaristas
Men
sage
ns
já E
nvia
das
44
É usada uma metáfora de “levantar a mão”, que eqüivale a clicar no botão
“Levantar Mão” (Figura 15). Nesse momento o nome do usuário é inserido na fila de
espera de acordo com os critérios definidos para o Agente. Quando estiver na primeira
posição da fila este participante terá um tempo pré-definido para escrever sua mensagem
ou enviar sua mensagem previamente elaborada. Há também a possibilidade de clicar no
botão “Sair da Fila” para desistir de falar.
O modelo Painel (Figura 15) é semelhante ao modelo de assembléia referido
anteriormente, porém com número menor de participantes e vários painelistas. As
mensagens são enviadas pelo público para os painelistas, sendo possível a escolha de um
em específico ou “Todos”. Também é usada a metáfora de levantar a mão para pedir a
palavra, porém, os painelistas possuem privilégios de prioridade e suas mensagens são
avaliadas de forma diferenciada e publicadas imediatamente.
Figura 15 - Ferramenta Bate-papo: modelo Painel
É importante ressaltar que apesar de terem sido criados novos modelos, o modelo
de bate-papo atual (Figura 13) não foi eliminado do TelEduc.
Área para Digitação de Novas Mensagens Solicitar
entrada na fila
Material Auxiliar
Painelistas: - Armando - Cláudia - Wagner - Katsumi
Solicitar saída da fila
Fila de espera: - Catarina - Jorge - Adriano - Maria - Carlos
Filade
Espera
(15:42:48) Catarina fala para Jorge: O que estávamos discutindo por mail me levou a analisar o artigo referente as técnicas 3D em EAD…
(15:43:29) Jorge fala para Todos: Ok, mas temos que confirmar se o custo computacional compensa o benefício proporcionado!
(15:44:50) Catarina fala para Jorge: Quando falamos nisso não podemos deixar de observar que www.ic.unicamp.br/~papers/ead.htm nem sempre é uma boa referência…
(15:45:47) Jorge fala para Catarina: Com certeza. Obrigado pela dica.Painelistas
PainelistasM
ensa
gens
já
Env
iada
s
45
Os modelos foram definidos previamente e foram usados agentes de software para
que esses modelos pudessem ser (re)inventados dando a ferramenta a flexibilidade
desejada em um ambiente educacional. O usuário pode personalizar cada um desses
modelos a fim de escolher quais critérios o agente aplicará às mensagens e qual peso será
atribuído. O peso é utilizado como uma forma de desempate. Por exemplo, dois
participantes enviam suas mensagens ao mesmo tempo. O participante A falou mais
vezes e está há mais tempo sem falar que o participante B. Então se o agente estiver
configurado para que o peso da quantidade de frases seja superior ao peso do tempo sem
falar, o participante B terá prioridade pois falou menos vezes.
As dificuldades apontadas pela utilização do Bate-papo do TelEduc são
semelhantes às citadas pela utilização do MC1 do AulaNet, porém, as soluções propostas
são diferentes. No TelEduc a solução proposta é gerar variações do Bate-papo, ou seja,
várias instâncias diferentes. Na prática, o mediador deve escolher o modelo a ser utilizado
antes de iniciar a sessão de bate-papo, e tal modelo não poderá ser alterado durante a
mesma sessão. Já no AulaNet a solução proposta é oferecer a possibilidade de variar os
modelos usando a mesma instância da aplicação. O mediador poderá alternar entre os
modelos disponíveis durante a mesma sessão de bate-papo.
Com a análise destas três ferramentas (Entreviste, Eletronic BrainStorming e Bate-
papo) de comunicação textual síncrona, percebe-se que a ferramenta de bate-papo pode
ser adaptada para um objetivo específico apresentando um projeto mais adequado para a
atividade a ser realizada. O problema é que a ferramenta pode se tornar específica
demais, não permitindo que o mediador use a imaginação e crie dinâmicas de grupo
diversificadas.
3.5 Ferramentas de Bate-papo para Educação
Existem, hoje, diversas ferramentas de bate-papo com diferentes objetivos e níveis
de sofisticação tecnológica. Os principais ambientes de educação a distância mediada por
computador, quando disponibilizam alguma ferramenta de bate-papo (Figura 16), a
46
ferramenta é reduzida às funcionalidades mínimas, ao projeto mais simples. Por exemplo,
a ferramenta só contém os elementos mínimos para a conversação textual – não
possibilita a conversação em particular, não há formatação de texto, não há diferenciação
entre as mensagens, não faz uso de outras mídias, etc. As ferramentas de bate-papo dos
atuais ambientes de educação a distância, não utilizam adequadamente as inúmeras
possibilidades deste meio de comunicação.
(MC1)
http://www.ccead.puc-rio.br/aulanet2/
Figura 16 - Ferramentas de bate-papo dos atuais ambientes de Educação a
Distância [AulaNet, 2003] [WebCT, 2003] [LearningSpace, 2003]
Para o contexto educacional, perante as ferramentas de bate-papo analisadas nas
seções anteriores, é possível vislumbrar diversas propostas pedagógicas. Por exemplo, se
o objetivo fosse entrevistar um especialista numa área ou um “tira dúvidas on-line”, então
talvez fosse mais adequada uma ferramenta semelhante ao Entreviste (Figura 10); ou
47
então, se o objetivo fosse a geração de idéias e pensamento criativo, então alguma
ferramenta semelhante ao Eletronic BrainStorming (Figura 12); enfim, as possibilidades
são amplas. É necessário construir novas ferramentas de bate-papo que sejam mais
adequadas a uma proposta pedagógica específica, bem como desenvolver novas
atividades pedagógicas que sejam mais adequadas às ferramentas de bate-papo.
48
4 Políticas de Comunicação
Uma analogia entre as técnicas de trabalho em grupo [Minicucci, 1992] e as
políticas de comunicação foi realizada para tentar oferecer o suporte tecnológico
pretendido no MC2 usando conceitos da computação.
Uma das características mais importantes de um sistema de comunicação é o
conjunto de políticas de comunicação disponibilizadas por ele. De maneira geral,
políticas de comunicação são responsáveis por coordenar a interação dos atores
envolvidos. Normalmente a política determina quem pode escrever para os canais de
comunicação, quando isto deverá acontecer e quem tem permissão para lê-los.
Em qualquer sistema o controle de acesso ao ambiente (comumente denominado
“floor control”), que gerencia quais participantes têm direito à fala e à manipulação de
documentos em um dado instante, bem como o controle do período máximo de tempo
que cada participante tem, quando detém um controle específico do ambiente, é um
mecanismo chave e, em geral, de difícil implementação. Um sistema ideal deve permitir a
configuração completa do acesso às suas facilidades, e se encarregar de gerenciar as
regras estabelecidas. [Oliveira & Soares, 1996]
É importante definir e implementar as políticas que regulamentam o acesso à
palavra para garantir que o discurso de um usuário não será interrompido [Controle de
Palco, 2003] Há quatro formas básicas de realizar o controle da palavra:
• Nenhum Controle: O sistema permite o acesso livre à superfície compartilhada para
evitar conflitos. O resultado deste controle é satisfatório quando apenas duas pessoas
estão utilizando o chat, mas obviamente não é pratico quando o número de pessoas
aumenta.
49
• Locking Implícito: O participante que começa a enviar informação tem controle sobre
o espaço compartilhado, liberando-o quando acabar.
• Locking Explícito: O participante deve solicitar a palavra.
• Controle da Palavra: Um dos participantes é designado como mediador para a sessão
colaborativa e pode escolher quem terá o controle sobre o espaço compartilhado.
A escolha das políticas de comunicação iniciou-se com a percepção da semelhança
entre as políticas e as técnicas de escalonamento [Tanenbaum & Woodhull, 1997]
utilizadas em Sistemas Operacionais. Normalmente, vários processos precisam utilizar o
processador ao mesmo tempo. Este conflito é solucionado com o uso de técnicas de
escalonamento. Fazendo uma analogia entre os processos e as mensagens enviadas pelos
participantes de uma sessão de bate-papo, pode-se dizer que da mesma forma que o
processo quer usar o processador, a mensagem quer usar o canal de comunicação. Outra
maneira é considerar os participantes como se fossem processos que no lugar de estarem
disputando o uso do processador, estão disputando o uso do canal de comunicação.
Quando um ou mais participantes requisitam a palavra na sessão de bate-papo, é preciso
decidir a ordem em que os pedidos serão atendidos.
A seguir serão apresentados os algoritmos de escalonamento estudados.
4.1 Escalonamento FIFO (FIFOPolicy)
No escalonamento FIFO [Tanenbaum & Woodhull, 1997] , como mostra a Figura
17, os processos prontos são colocados numa fila organizada por ordem de chegada. Na
sua vez, cada processo recebe o uso da CPU até que seja completado, ou seja, o processo
permanece em execução até que seja finalizado, de forma que os demais processos na fila
fiquem esperando por sua oportunidade de processamento, assim sendo, o escalonamento
FIFO é um algoritmo não preemptivo.
50
Processos Prontos
finalização
Figura 17 - Escalonamento FIFO
Devido ao fato de dar igual tratamento a todos os processos, processos de pequena
duração não são favorecidos pois têm seu tempo de resposta fortemente influenciado
pelos processos a serem processados primeiramente, ou seja, o tempo de resposta
aumenta consideravelmente em função da quantidade de processos posicionados à frente
e também pela duração destes.
Outro ponto é que processos importantes podem ficar a espera devido à execução
de outros processos menos importantes dado que o escalonamento FIFO não concebe
qualquer mecanismo de distinção entre processos (por exemplo, processos com diferentes
níveis de prioridade).
De acordo com as considerações relativas ao escalonamento FIFO uma forma de
enxergar o compartilhamento do canal de comunicação entre os participantes de uma
sessão de bate-papo é organizar as mensagens enviadas por eles colocando-as numa fila
ordenada por ordem de chegada. Quando chegar a sua vez, a mensagem recebe o uso do
canal e é enviada para todos os participantes, de forma que as demais mensagens na fila
fiquem esperando por sua oportunidade de utilizar o canal.
O fato do tratamento a todas as mensagens e a todos os participantes ser igual faz
com que participantes cujas mensagens deveriam ter maior importância, não sejam
favorecidos, pois eles não têm acesso imediato ao canal de comunicação e precisam
esperar a sua vez na fila. Como foi dito anteriormente, o escalonamento FIFO não
concebe qualquer mecanismo de distinção entre participantes, como por exemplo,
participantes com diferentes níveis de prioridade.
CPU
51
4.2 Escalonamento FILO (FILOPolicy)
No escalonamento FILO [Tanenbaum & Woodhull, 1997] , os processos prontos
são colocados numa pilha. A partir daí, o funcionamento é o mesmo do escalonamento
FIFO pois cada processo recebe o uso da CPU até que seja completado, ou seja, o
processo permanece em execução até que seja finalizado, de forma que os demais
processos na pilha fiquem esperando por sua oportunidade de processamento. Os
problemas também são os mesmos.
Do mesmo modo que os processos, as mensagens podem ser colocadas em um pilha
e a partir daí a utilização do canal de comunicação poderá ser realizada da mesma forma
que no escalonamento FIFO.
4.3 Escalonamento Round Robin (RoundRobinPolicy)
No escalonamento Round Robin ou circular [Tanenbaum & Woodhull, 1997] ,
como pode ser visto na Figura 18, os processos são organizados numa fila segundo sua
ordem de chegada e então são despachados para execução. No entanto, ao invés de serem
executados até o fim, a cada processo é concedido apenas um intervalo de tempo (time-
slice ou quantum). Caso o processo não seja finalizado neste intervalo de tempo ocorre
sua substituição pelo próximo processo na fila de processos ativos, sendo o processo
interrompido colocado no fim da fila. Isto significa que ao final de seu intervalo de tempo
ocorre a preempção do processador, ou seja, o processador é designado a outro processo,
sendo salvo o contexto do processo interrompido para permitir a continuidade da
execução quando sua vez chegar novamente.
O escalonamento Round Robin se baseia na utilização de temporizadores, sendo um
algoritmo preemptivo e bastante adequado para ambientes interativos, ou seja, em
sistemas de tempo repartido onde coexistem múltiplos usuários simultâneos sendo,
portanto, necessário garantir-se tempos de resposta razoáveis. A sobrecarga imposta pela
52
troca de contexto representa um investimento para atingir-se um bom nível de eficiência,
pois com diversos processos em execução simultânea (pseudoparalelismo) é possível
manter ocupados todos os recursos do sistema.
Processos Prontos
finalização
Preempção
Figura 18 - Escalonamento Round Robin
A determinação do tamanho do intervalo de tempo (quantum) é extremamente
importante pois relaciona-se com a sobrecarga imposta ao sistema pelas trocas de
contexto dos processos ativos. Para cada processo existe uma janela de tempo onde
ocorrem:
1. a recuperação do contexto do processo (trc),
2. a execução do processo pela duração do quantum (q) e
3. a preservação do processo após o término de seu quantum (tpc).
Como o tempo tomado para a troca de contexto (tc) não é útil do ponto de vista de
processamento de processos dos usuários, temos que, para cada janela de tempo
concedida aos processos, a troca de contexto representa uma sobrecarga, pois somente o
quantum de processamento é útil.
Analogamente ao tratamento do escalonamento round robin com processos, a
forma de compartilhar o canal de comunicação entre os participantes de uma sessão de
bate-papo é organizá-los numa fila segundo a ordem de solicitação do espaço
compartilhado e então conceder o uso do canal a cada participante durante um intervalo
de tempo pré-definido. Caso o participante não libere o canal neste intervalo de tempo,
ocorre a sua substituição pelo próximo participante na fila, sendo que o participante
CPU
53
interrompido é colocado no fim da fila. Não faz sentido compartilhar o canal dessa forma
para as mensagens enviadas pelos participantes, pois não faz sentido subdividi-las em
mensagens menores.
4.4 Escalonamento por Prioridades (PriorityPolicy)
O escalonamento round robin faz a suposição implícita de que todo processo é
igualmente importante. Com freqüência, as pessoas que possuem e operam computadores
multiusuários têm idéias diferentes sobre tal assunto. Em uma universidade, a ordem de
prioridade pode ser diretores primeiro, depois professores, secretários, monitores e, por
fim, os alunos. A necessidade de levar em conta fatores externos conduz ao
escalonamento por prioridade. A idéia básica é simples e direta: a cada processo é
atribuída uma prioridade, e o processo executável com a maior prioridade recebe
permissão para executar. [Tanenbaum & Woodhull, 1997]
Mesmo em um PC com um único proprietário, pode haver múltiplos processos,
alguns mais importantes que outros. Por exemplo, a um processo de servidor que envia
uma mensagem de correio eletrônico em segundo plano deve ser atribuído uma
prioridade mais baixa que a um processo que exibe um vídeo na tela em tempo real.
Para evitar que processos de alta prioridade executem indefinidamente, o
escalonador pode diminuir a prioridade do processo atualmente em execução a cada
clock. Se esta ação fizer com que sua prioridade caia para baixo do próximo processo
com maior prioridade, ocorre uma comutação de processos. Alternativamente, a cada
processo pode ser atribuído um quantum máximo em que lhe é permitido usar a CPU
continuamente. Quando esse quantum acaba, é dada uma chance de executar ao próximo
processo com maior prioridade. As prioridades podem ser atribuídas aos processos
estática ou dinamicamente.
54
O sistema UNIX tem um comando, nice, que permite que um usuário
voluntariamente reduza a prioridade do seu processo, para ser gentil (nice) com os outros
usuários. Ninguém o utiliza. [Tanenbaum & Woodhull, 1997]
Muitas vezes é conveniente agrupar processos em classes de prioridade e utilizar
escalonamento por prioridade entre as classes e escalonamento round robin dentro de
cada classe.
Considerando que cada participante pode ser considerado como um processo pelo
escalonamento por prioridades, a cada participante é atribuída uma prioridade, e o
participante com maior prioridade recebe permissão para utilizar o espaço compartilhado.
O mesmo raciocínio pode ser usado com as mensagens. A mensagem cujo participante
tem maior prioridade recebe o uso do canal e é enviada para todos os participantes.
4.5 Escalonamento Aleatório (RandomPolicy)
Também chamado de escalonamento por sorteio, tem como idéia básica dar bilhetes
de loteria para cada processo. Sempre que uma decisão de escalonamento tiver de ser
feita, um bilhete de loteria é escolhido aleatoriamente, e o processo que armazena este
bilhete recebe o recurso. [Tanenbaum & Woodhull, 1997]
Parafraseando George Orwell em [Orwell, 1945], “Todos os processos são iguais,
mas alguns processos são mais iguais”. Os processos mais importantes podem receber
bilhetes extras, para aumentar suas chances de ganhar.
O escalonamento por sorteio tem várias propriedades interessantes. Por exemplo,
se um novo processo aparece e recebe alguns bilhetes, no próximo sorteio, ele terá uma
chance de ganhar em proporção ao número de bilhetes que possui. Em outras palavras, o
escalonamento por sorteio é altamente responsivo.
O principal objetivo dos algoritmos de escalonamento é designar o processador
para um certo processo dentre vários processos existentes, otimizando um ou mais
55
aspectos do comportamento geral do sistema. Stallings em [Stallings, 1995] categoriza os
escalonadores como:
1. Orientados ao Usuário: quando procuram otimizar os tempos de resposta e
permanência além da previsibilidade e,
2. Orientados ao Sistema: quando enfatizam a produtividade, a taxa de utilização do
processador, o tratamento justo e o balanceamento do uso de recursos.
De acordo com o conceito do escalonamento aleatório, a forma de compartilhar o
canal de comunicação entre os participantes de uma sessão de bate-papo é dar bilhetes de
loteria para cada participante. Sempre que uma decisão de escalonamento tiver de ser
tomada, um bilhete de loteria é escolhido aleatoriamente, e ao participante que armazena
este bilhete é concedido o uso do canal.
Após o estudo dos algoritmos de escalonamento, verificou-se que estes não
propiciam coordenação de forma satisfatória, pois os seus objetivos são muito distintos
dos objetivos da coordenação. Os algoritmos de escalonamento têm como objetivo a
utilização do canal com o menor desperdício possível, e dando oportunidade a todos os
processos. Já no caso da mediação da conversação, o objetivo é ter uma utilização
criativa, ou seja, fornecer subsídios ao mediador para que ele conduza a conversação
entre os aprendizes de um debate da forma que desejar.
56
5 Técnicas de Trabalho em Grupo e Técnicas de Conversação
O objetivo é trabalhar com dinâmicas de pequenos grupos e técnicas de trabalho em
grupo [Minicucci, 1992] para tentar oferecer um suporte tecnológico que ajude no
processo de aprendizagem do aprendiz durante a utilização da ferramenta de bate-papo.
As técnicas de conversação disponíveis no MC2 foram adaptadas das técnicas de
trabalho em grupo que serão apresentadas neste capítulo. O termo “técnica de
conversação” foi escolhido para definir as técnicas disponíveis no MC2 pois o objetivo
dessas técnicas é ajudar o mediador na condução da conversação entre os aprendizes de
um curso do ambiente AulaNet.
Desde que Kurt Lewin [Lewin, 1935] lançou a expressão dinâmica de grupo,
muito se tem escrito e pesquisado sobre o assunto, especialmente nas áreas de
comunicação, liderança, coesão de grupo, propriedades estruturais dos grupos e padrões
do grupo. O certo é que dinâmica de grupo é, antes de mais nada, a reformulação de
comportamento, isto é, a democratização de atitudes tão necessárias ao trabalho produtivo
[Minicucci, 1992] Apenas as técnicas de trabalho em grupo não são suficientes para as
atividades grupais. Elas são complementares ao tratamento de reformulação de
comportamento.
O grupo é entendido como um conjunto conhecido de pessoas que são
interdependentes na tentativa de realização de objetivos comuns, e visam a um
relacionamento interpessoal satisfatório. A tentativa da realização desses objetivos cria,
no grupo, um processo de interação entre pessoas que se influenciam reciprocamente.
Num grupo, cada uma das pessoas ajuda as outras e é apoiada por elas, mas também
surgem dificuldades causadas pelos outros, quer diretamente, quer por projeção sobre
seus problemas. Em todos os momentos encontramos pessoas que trabalham em grupo
57
para resolver seus problemas ou tomar decisões. Os grupos podem ser democráticos,
formais ou informais. [Minicucci, 1992]
Todos fazem parte de grupos, mas normalmente o indivíduo não se conduz da
mesma forma quando está só ou quando participa de uma reunião de grupo. Ao participar
de um grupo o indivíduo pode adotar determinada atitude face a outros membros do
grupo, dissimulando certos aspectos pessoais, ou pode sentir-se protegido no anonimato.
Ele deve perceber que, mesmo fazendo parte de um grupo, cada pessoa é particular quer
seja pelo seu modo de pensar, por suas percepções ou por sua envergadura pessoal.
Dentro de um grupo, o indivíduo pode desempenhar dois tipos de relações sociais:
verticais ou horizontais. As relações verticais ocorrem quando existe uma superioridade
de posição, status, liderança ou chefia, enquanto as relações horizontais implicam em
igualdade de condições entre os membros do grupo.
O grupo deve trabalhar evitando a formalidade, tanto para obter fluidez na
comunicação como para conseguir uma boa resolução de problemas. Naturalmente, o
excesso de informalidade poderá levar a desviar a atenção dos membros do grupo. A
manutenção de um grau adequado de informalidade é uma habilidade que se adquire com
treinamento e tem de ser desenvolvida por todo bom membro de grupo.
O tamanho do grupo é um fator que contribui à intimidação e ao caráter
cerimonioso do mesmo. É difícil conseguir um bom debate ou discussão com muitos
indivíduos, por isso, é aconselhável, tratando-se de grupos grandes, recorrer a técnicas
para formar subgrupos e canalizar o problema para grupos pequenos. O tamanho do
grupo e o dos subgrupos depende dos objetivos daquele e da experiência de seus
membros.
Há várias normas de condução de reuniões presenciais, sendo que algumas delas
acabaram de serem citadas. São elas: o uso de técnicas de trabalho em grupo não é
suficiente para as atividades em grupo, os conceitos relativos ao grupo, os conceitos
relativos ao indivíduo que faz parte de um grupo, as relações sociais desempenhadas em
um grupo, a formalidade do trabalho em grupo e o tamanho do grupo. A questão é como
58
adaptá-las ao mundo textual, pois neste caso ocorre a perda da riqueza do áudio e do
vídeo.
As normas para reuniões presenciais citadas até o momento serviram também para
reuniões textuais, porém, em relação à situação física do ambiente isso não ocorre. Uma
das formas de começar a melhorar a atividade de um grupo em reuniões presenciais
consiste em melhorar a situação física na qual ele se reúne. Em geral, isto exerce um
efeito imediato sobre a atividade do grupo. Com grupos textuais este recurso não pode ser
usado pois o ambiente físico não existe.
As técnicas apresentadas neste capítulo não são técnicas rígidas que devem ser
seguidas à risca, com performances pré-estabelecidas. Muito vale a iniciativa de quem as
utiliza, adaptando-as às características do grupo e às exigências da situação.
5.1 Técnicas Implementadas
A seguir serão descritas as técnicas de trabalho em grupo nas quais as técnicas de
conversação que estão disponíveis no MC2 se basearam. Até o TIAE 2002.1 o objetivo
do debate no curso era sincronizar as idéias dos aprendizes e no final de cada sessão de
debate tentava-se uma convergência sobre a discussão. Em TIAE 2002.2, para facilitar a
coordenação, a dinâmica evoluiu e passou a apresentar passos bem definidos a serem
seguidos por todos os participantes do debate. As técnicas de trabalho em grupo que serão
descritas a seguir foram escolhidas pois com elas foi possível aplicar a dinâmica desejada
no debate realizado semanalmente em TIAE 2002.2, onde a nova ferramenta de bate-
papo foi utilizada.
A dinâmica apresentada a seguir foi definida no início do curso e foi utilizada em
todos os debates. A mesma dinâmica foi utilizada em todos os debates para que as duas
aplicações (MC1 e MC2) pudessem ser comparadas.
59
Dinâmica do debate do TIAE 2002.2:
1. Mediador inicia o debate. Antes disto a conversação é livre.
2. Moderador, papel criado no TIAE para o aprendiz responsável pela moderação do
debate da semana, sintetiza a primeira questão da Conferência realizada na semana.
3. Cada aprendiz deve enviar uma contribuição indicando o que gostaria de discutir em
relação àquela questão. (Observações: A contribuição só deverá ser enviada quando o
mediador ou o sistema indicar de quem é a vez de falar. Os aprendizes deverão
formular a sua contribuição antes de iniciar o debate.)
4. Após a etapa 3, é feita uma votação e cada aprendiz indica qual contribuição gostaria
de discutir com o grupo (indica o nome do aprendiz que enviou a contribuição, mas
não pode se auto-indicar).
5. Moderador inicia a discussão sobre a contribuição mais votada (os aprendizes estão
livres para discutir aquela contribuição). Caso a discussão se esgote, o moderador
inicia a discussão sobre a segunda contribuição mais votada. Este processo se repete
até esgotar o tempo (que foi estabelecido pelos mediadores como sendo de
aproximadamente 15 minutos para cada questão).
6. Caso haja tempo, o moderador pode abrir espaço para quem quiser fazer uma
conclusão ou comentário adicional. Repetem-se os passos 2, 3, 4, 5 e 6 para todas as
questões da Conferência.
7. Mediador finaliza o debate após uma hora de duração.
É possível para o mediador aplicar a dinâmica proposta fazendo uso apenas do
protocolo social. Isto foi constatado nos quatro debates realizados utilizando o MC1. No
MC2 existe um suporte tecnológico à coordenação da conversação, porém isso não exclui
a necessidade do uso do protocolo social. Um exemplo do uso do protocolo social no
MC2 pode ser visto no quinto passo da dinâmica. Neste caso o mediador continua
lançando mão do protocolo social para definir o tempo que será gasto na discussão de
uma determinada questão.
60
As técnicas de trabalho em grupo que compõem a dinâmica do debate em TIAE são
o “Brainstorming”, a “Discussão Circular”, a “Votação” e a “Assembléia”. Elas deram
origem, respectivamente, às técnicas de conversação “Contribuição Livre”, “Contribuição
Circular”, “Contribuição Única” e “Contribuição Mediada”.
5.1.1 Brainstorming e Contribuição Livre
O brainstorming é um tipo de interação em grupo, concebido para incentivar a livre
promoção de idéias sem restrições nem limitações quanto à exiquibilidade das mesmas.
No MC2 esta técnica de trabalho em grupo deu origem à técnica de conversação
“Contribuição Livre”, que permite que os aprendizes estejam livres para enviar suas
contribuições a qualquer momento. Eles não precisam preocupar com o número de
contribuições enviadas e nem com algum tipo de estruturação ou organização da
conversação, por exemplo, seguir uma ordem pré-estabelecida. O objetivo principal é ter
um momento onde todos participem livremente, sem qualquer limitação ou restrição.
Devido ao modo de funcionamento do MC1 é razoável considerar que nele a
Contribuição Livre é a técnica que sempre estará em vigor na aplicação. Já no MC2 a
Contribuição Livre é a técnica padrão, ou seja, enquanto o mediador não alterar a técnica
esta será a técnica que estará em vigor na aplicação.
5.1.2 Discussão Circular e Contribuição Circular
Em uma reunião presencial a discussão circular começa com o estabelecimento do
limite de tempo relativo a cada pessoa e a apresentação de uma questão que deverá ser
respondida ou discutida pelo grupo. Quando se torna aparente que todos entenderam a
questão, uma pessoa se apresenta para iniciar a discussão. Terminado o tempo que lhe
cabe, seu vizinho continua em seu lugar e, assim por diante, até que todos tenham falado
sobre o assunto. Cada participante deve contribuir com uma nova idéia, adicionar algo
61
novo à idéia já apresentada ou unir numa só duas idéias anteriormente apresentadas. Ele
pode simplesmente tecer apreciações em torno das idéias dos outros, pode pedir dispensa
e pode sugerir que o minuto que lhe pertence seja dedicado ao silêncio. Silêncio, quando
considerado como pausa para reflexão, também pode ser uma contribuição valiosa.
Ninguém deve interromper ou responder a uma crítica enquanto não chegar a sua
vez. Até lá sua resposta já não será tão acalorada e, quem sabe, alguma pessoa, com toda
a calma, já terá dado a resposta adequada. A discussão circular continua até que todos
achem que nada mais há a comentar, até esgotar o tempo previsto, ou até que os
participantes indiquem que não têm com o que contribuir. Tudo o que foi dito deve ser
registrado e serve como base para a discussão que é a verdadeira finalidade da reunião. O
resumo das contribuições deverá ser organizado por uma equipe de síntese que, ao final
da reunião, apresentará as conclusões.
No MC2, a técnica de trabalho em grupo “Discussão Circular” deu origem à técnica
de conversação “Contribuição Circular”. O MC2 faz uso do suporte tecnológico para
ajudar na organização da conversação. O aprendiz apenas poderá enviar a sua
contribuição no momento em que o botão “Enviar” da sua interface estiver habilitado.
Neste momento os outros aprendizes, que não podem enviar nada, estarão bloqueados.
Para adaptar a técnica de discussão circular ao mundo textual, o MC2 fez algumas
alterações no funcionamento da técnica, que foram:
• O mediador decide quando será o início da conversa;
• Em vez de usar o tempo como limite foi usado o número de contribuições que podem
ser enviadas pelo aprendiz, que no caso é apenas uma por rodada;
• O número de rodadas é definido pelo mediador;
• A ordem seguida é a ordem de entrada na aplicação; e
• O mediador decide quando será o fim da conversa.
62
As alterações realizadas embutiram alguns aspectos do protocolo social nos
elementos de coordenação da aplicação desenvolvida. É possível para o mediador, como
foi feito usando o MC1, aplicar a discussão circular fazendo uso apenas do protocolo
social, porém, com o suporte tecnológico dado pelo MC2 esta tarefa é facilitada.
5.1.3 Votação e Contribuição Única
Uma votação é realizada com o intuito de permitir que os seus participantes
manifestem sua vontade ou opinião sobre um determinado assunto para que decisões
sejam tomadas. Em um processo de votação cada membro tem direito a um voto, porém
tais votos podem ter pesos diferentes.
O processo de votação pode ser realizado de várias formas, como por exemplo,
concordando ou discordando sobre alguma questão, ou escolhendo uma dentre várias
opções. Normalmente é dado ao participante o direito de abstenção. Existem também as
votações secretas.
No MC2 a técnica de conversação “Contribuição Única” originou-se da
necessidade criada na dinâmica do debate de realizar uma “Votação”. Nesta técnica cada
aprendiz só pode enviar uma contribuição (que representa seu voto) e a contribuição pode
ser enviada a qualquer instante (não há ordenação). É importante ressaltar que a técnica
Contribuição Única pode ser utilizada pelo mediador com outros objetivos que não sejam
uma votação propriamente dita.
5.1.4 Assembléia e Contribuição Mediada
Assembléia é uma atividade que normalmente é realizada por grupos grandes, com
pautas abrangentes e envolvendo a tomada de alguma decisão. O termo assembléia veio
ao idioma português através do francês e origina-se do verbo assembler e assimilare, no
63
sentido de reunir. As pessoas se dirigem a uma assembléia com a finalidade de reunir-se
para assimilar conhecimento e ter intercâmbio com seus semelhantes.
Em uma assembléia todos os participantes têm os mesmos privilégios. Para facilitar
a manutenção da organização da assembléia os participantes só podem expor seus pontos
de vista após autorização da mesa diretora. Caso dois ou mais participantes solicitem a
palavra em um mesmo instante, cabe à mesa diretora a responsabilidade pela definição
dos critérios de desempate, ou seja, é ela que decide quem será o próximo a ter a palavra.
No MC2 a técnica de trabalho em grupo “Assembléia” deu origem à técnica de
conversação “Contribuição Mediada”, onde os aprendizes solicitam a palavra
selecionando o botão “Solicitar Palavra”. Nesse momento o aprendiz é inserido na fila de
espera e aguarda até que o mediador decida sobre tal solicitação, de acordo com os seus
critérios.
Enquanto estiver esperando por sua vez de falar, o aprendiz pode escrever a
contribuição que deseja enviar. Quando a sua vez de falar chegar, o botão “Enviar” da sua
interface será habilitado e ele poderá escrever sua contribuição ou enviar a contribuição
previamente elaborada. Há também a possibilidade de selecionar o botão “Devolver a
Palavra” para desistir de falar.
Chamam-se técnicas grupais ou de trabalho de grupo os meios, métodos ou
processos utilizados para alcançar os objetivos propostos pelo grupo. Convém lembrar
que a palavra técnica se origina do grego téchne que significa arte, no sentido de
adequação da habilidade pessoal num desempenho eficaz. Qualquer técnica é eficaz, se a
pessoa que a utiliza tiver “arte e engenho”, como disse o poeta Camões. [Minicucci,
1992]
As melhores técnicas não fazem um bom profissional ou um eficaz dirigente de
grupo. Empregadas na forma e no ambiente adequado, as técnicas têm o poder de ativar o
potencial e as motivações individuais, de estimular os elementos dinâmicos internos e
externos e de mover o grupo a atingir as suas metas.
64
A habilidade de ler a situação, a flexibilidade para adaptar-se a situações novas e a
capacidade de gestão situacional fazem a arte de conduzir grupos. Deve-se perceber que
as técnicas não são formais e organizadas rigidamente. Deve-se, sempre que possível,
adaptá-las às exigências da situação. Uma condução criadora de grupos seleciona as
técnicas apropriadas, combina-as, inventa outras para ajustá-las às situações emergentes e
inesperadas.
65
6 Especificação
Este capítulo apresenta a especificação do MC2, além da especificação do
framework Canais de Comunicação. A especificação do framework Canais de
Comunicação é importante porque o MC2 é uma instanciação deste framework.
Um framework agiliza o processo de desenvolvimento de software que lida com
determinado tipo de problema, provendo recursos que fornecem flexibilidade para os
desenvolvedores adequarem-no às suas necessidades, reutilizando a solução da parte
comum dos problemas. De acordo com [Johnson, 1997] , um framework pode ser
definido como um projeto reutilizável de todo ou de parte de um sistema, fornecendo um
conjunto de classes abstratas e a forma com que suas subclasses interagem. Deste modo,
um framework pode ser encarado como um esqueleto de uma aplicação que pode ser
adaptado por um desenvolvedor. Um framework é adaptável a uma situação específica
em pontos denominados hot-spots, apresentando implementações prototípicas para
domínios de conhecimento. [Fuks, Raposo & Gerosa, 2002]
As classes desenvolvidas foram nomeadas em inglês para seguirem as normas de
nomenclatura especificadas para o projeto AulaNet.
6.1 Framework Canais de Comunicação
O framework Canais de Comunicação [Ferraz 2000] que foi desenvolvido no
Laboratório de Engenharia de Software da PUC-Rio em 2000, tem por objetivo prover
uma estrutura flexível de sessão e aplicação para sistemas de objetos distribuídos,
organizados em espaços (comunidades) virtuais, que se comuniquem através de canais de
comunicação.
66
O framework foi dividido em três framelets independentes, que podem ser usados
sozinhos ou em conjunto para prover uma estrutura de complexidade variável para
aplicações que utilizem comunicação de uma maneira geral.
6.1.1 Framelet Distribuição
O framelet Distribuição tem por objetivo implementar uma interface mais simples
do que a encontrada em transporte para o estabelecimento de circuitos virtuais entre
objetos. Este framelet abstrai os aspectos relativos à comunicação entre cliente e servidor,
que podem ser implementadas usando qualquer protocolo de comunicação de transporte.
A Figura 19 mostra o diagrama de classes produzido na fase de projeto do framelet
Distribuição.
LocalObjectReference
VirtualSpaceCoordinator
Directory
RemoteObjectReference
TCPObjectReference
ObjectReference0..*0..*
Call
Idle Connected Disconnected
ObjectConnection
0..*0..*
+Receiver
0..*0..*
+Caller
ConnectionState11
<<Composition>>
Figura 19 - Diagrama de Classes do Framelet Distribuição
67
No projeto deste framelet foram identificadas as entidades e os papéis a seguir:
Virtual Space Coordinator (Coordenador do Espaço Virtual): Coordena o espaço
virtual de objetos, servindo referências virtuais a objetos registrados e provendo serviços
de admissão e registro.
Call (Ligação): Implementa com uma interface simples, uma ligação em circuito
virtual entre dois objetos, fim a fim e sem erros. A ligação implementa o conceito de
sessão de comunicação, permitindo que marcadores sejam inseridos ao longo da
conversação.
Object Connection (Conexão de Objeto): Garante que a comunicação entre as
partes de uma ligação aconteça corretamente, cuidando para que não existam conflitos
como os provenientes de concorrência (implementando exclusão mútua) e mantendo o
estado da conexão.
Connection State (Estado de Conexão): Implementa o comportamento da conexão
de objetos dependendo do estado que esta conexão se encontra – desocupado, conectado
ou desconectado.
Directory (Diretório): Implementa as operações de diretório de referências virtuais.
Caller (Chamador): É o papel do objeto que inicia uma conexão (cliente).
Receiver (Receptor): É o papel do objeto que atende um pedido de conexão
(servidor).
Object Reference (Referência de Objeto): Implementa a interface entre a camada
de sessão e a de transporte, lidando com os aspectos específicos de cada protocolo.
Referências de objeto podem ser locais ou remotas. Referências locais são para objetos
que residem no espaço local do servidor (i.e. coordenador do espaço virtual). Esta classe
é disponibilizada para que a comunicação entre objetos da mesma máquina seja possível
sem a passagem pela camada de transporte, o que tornaria a comunicação menos
eficiente. Referências remotas são para objetos que residem em outros espaços de
68
memória que não são o servidor. Uma implementação padrão é oferecida para o
transporte TCP.
6.1.2 Framelet Canais de Comunicação
O objetivo deste framelet é abstrair os aspectos essenciais da comunicação entre
publicadores e assinantes através de canais de comunicação, e de prover meios para que
um terceiro ator, chamado mediador, possa controlar esta interação. O domínio modelado
por este framelet é a comunicação. Os conceitos fundamentais envolvidos serão descritos
a seguir.
Comunicação pode ser, de maneira geral, dividida em dois grupos, síncrona e
assíncrona como mostra a Tabela 1.
Síncrona Assíncrona Quadro de Tempo Tempo real (segundos) Indefinido (minutos, horas) Transferência de Conteúdo Quando disponível Quando requisitado Analogia com Meios Tradicionais Telefonia (bidirecional) e
televisão (unidirecional) Quadro de avisos, secretária eletrônica
Nova Tecnologia Videoconferência, shared whiteboard, chat
Correio eletrônico, Real Video
Tabela 1 – Comunicação síncrona e assíncrona
A Figura 20 mostra o diagrama de classes produzido na fase de projeto do framelet
Canais de Comunicação.
69
DefaultFIFOPolicy
MediatedFIFOPolicy
ActiveContent PassiveContent
Mediator
DefaultMediatedPolicy
0..*
11
0..*
CommunicationPolicy
Subscriber
CommunicationChannel
0..*
0..*0..*
0..*
+subscribes to
ExchangeFloor0..*1
+is restricted by0..*1
0..*0..*
<<Composition>>
Content
Publisher0..*0..* 0..*0..*
+publishes
Figura 20 - Diagrama de Classes do Framelet Canais de Comunicação
Existem três atores envolvidos em uma sessão de bate-papo, que são: o publicador,
o assinante e o mediador [Ferraz 2000].
O Publicador (Publisher) é aquele que publica conteúdo em um canal de
comunicação. Ele compartilha conteúdo de sua autoria com os demais assinantes de um
determinado canal. O publicador depende de autorização do contexto de comunicação
para poder publicar para os canais de comunicação deste.
O Assinante (Subscriber) é quem subscreve para um canal de comunicação, sendo
notificado de todo conteúdo publicado neste pelos publicadores. Ele depende de
autorização do canal de comunicação para poder subscrever para este.
O Mediador (Mediator) é o criador de um contexto de comunicação. É ele quem
define a política de comunicação do contexto criado por ele. O mediador é capaz de
interromper a publicação de conteúdo em um contexto de comunicação, retomando seu
controle.
Neste framelet, as políticas de comunicação determinam três fatores: quem pode
publicar conteúdo nos canais de comunicação, quando isto deve acontecer e quem tem
permissão para subscrevê-los. As políticas propostas em [Ferraz 2000] são
DefaultFIFOPolicy, DefaultMediatedPolicy e MediatedFIFOPolicy, porém apenas a
70
primeira foi implementada no MC1. As outras duas políticas tiveram suas características
implementadas no MC2 através da técnica “Contribuição Mediada”.
Na política DefaultFIFOPolicy qualquer pessoa pode se tornar assinante ou
publicador dos canais de comunicação e uma fila de publicadores é criada de forma a dar
a palavra sempre ao próximo da fila, automaticamente.
Já na DefaultMediatedPolicy, a participação do mediador é fundamental. Ele
determina quem pode publicar conteúdo nos canais de comunicação, quando isto deverá
acontecer e quem terá permissão para lê-los.
A política MediatedFIFOPolicy funciona de maneira similar à DefaultFIFOPolicy.
Entretanto, o mediador pode, a qualquer momento, alterar a ordem de participação
padrão. Esta política, embora ainda mediada, exige menos intervenção por parte do
mediador.
6.1.3 Framelet Notificação
Este framelet provê uma estrutura de suporte à notificação e observação de eventos,
seguindo em linhas gerais o padrão de projeto Observador.
Eventos são, em última análise, notificações da alteração do estado de algum
objeto. A este objeto dá-se o nome de notificador. De outro lado está o observador, nome
dado ao interessado em ser notificado da ocorrência de um determinado tipo de evento
com algum objeto notificador em particular.
A Figura 21 mostra o diagrama de classes produzido na fase de projeto do framelet
Notificação.
71
ObservationAssistant
Observer
(f rom util)
NotificationAssistant AcknowledgeableNotifier
DefaultNotificationStrategy AcknoledgeNotificationStrategy
Event(f rom awt)
NotificationStrategy
Notifier
0..*0..* 0..*0..*
0..*0..*
Figura 21 - Diagrama de Classes do Framelet Notificação
Uma das situações mais comuns na comunicação entre notificadores e observadores
é a necessidade de se obter a confirmação de que uma determinada notificação (ou
mensagem) foi recebida corretamente. Para contemplar este requisito, notificadores
podem notificar eventos esperando que seu recebimento seja confirmado. Se for o caso,
esta confirmação é enviada para o notificador com a data da entrega com sucesso. Se o
aviso de recebimento não for entregue em tempo hábil, especificado previamente pelo
notificador como expiração do evento, este deverá ser avisado do fato de forma que possa
tomar as providências necessárias. Eventos expirados podem ser ignorados pelos
observadores.
A implementação deste mecanismo esbarra em um problema notório que é o da
sincronização de relógios. Para que faça sentido se falar em eventos expirados após uma
certa marca no tempo, tanto notificador quanto observador devem possuir relógios
sincronizados.
Para que não seja necessário que notificadores e observadores lidem com a
complexidade descrita acima, são introduzidos os assistentes de observação e notificação.
72
Caso os observadores e notificadores concretos não precisem especializar o
comportamento implementado pelos assistentes, podem reutilizá-los, via agregação,
diretamente.
O primeiro framelet descrito implementa a camada de sessão descrita no modelo de
referência OSI. Os dois seguintes implementam a camada de aplicação, definindo o
protocolo sob o qual se dá a comunicação entre objetos.
O framework Canais de Comunicação é a junção dos três framelets Distribuição,
Canais de Comunicação e Notificação que acabaram de ser descritos. Eles podem ser
usados em conjunto ou em separado, conforme a necessidade da aplicação.
A Figura 22 apresenta o diagrama de classes do Framework Canais de
Comunicação que foi desenvolvido por [Ferraz 2000].
Figura 22 - Diagrama de classes do Framework Canais de Comunicação
Sumário do Diagrama de Classes do Framework Canais de Comunicação:
Publisher (Publicador): As classes que implementam esta interface são capazes de
publicar conteúdo (Content) nos canais de comunicação (CommunicationChannel). Elas
serão notificadas sempre que estiverem capacitadas a publicar para os canais de um
contexto de comunicação (CommunicationContext). As classes devem notificar ao
contexto quando tiverem terminado. Elas serão notificadas quando tiverem que parar de
publicar ao contexto.
73
Subscriber (Assinante): As classes que implementam esta interface são capazes de
subscrever para os canais de comunicação. Elas serão notificadas sempre que algum
conteúdo for publicado no canal por um publicador (Publisher).
ActiveContent (Conteúdo Ativo): Conteúdos deste tipo são executáveis.
CommunicationChannel (Canal de Comunicação): É a mídia atual por onde todo
conteúdo passa. Notifica os assinantes (Subscribers) do conteúdo publicado.
CommunicationContext (Contexto de Comunicação): Agrupa os canais de
comunicação, fazendo com que o grupo mantenha a mesma política e obrigando que a
concessão dos canais de comunicação seja dada a um único publicador por vez.
CommunicationPolicy (Políticas de Comunicação): Controla a política de
comunicação do contexto de comunicação. Decide se alguém pode ser um publicador ou
um assinante do contexto e como o próximo publicador é selecionado.
Content (Conteúdo): O que é publicado para os canais. Conteúdos podem ser ativos
ou passivos.
PassiveContent: Conteúdo passivo.
Esta foi a especificação do Framework Canais de Comunicação. É importante frisar
que tanto o MC1 como o MC2 são instanciações deste framework.
6.2 Especificação do Mediated Chat 2.0
Assim como o MC1, o MC2 foi implementado para a plataforma Web. Utilizou-se
as linguagens Java, HTML e algumas funções em Java Script.
A linguagem Java foi escolhida, principalmente devido à sua característica de
portabilidade e adequação para o desenvolvimento de aplicações para a Internet. A
simplicidade da linguagem aliada a uma série de recursos disponíveis através de
74
bibliotecas e os mecanismos de segurança principalmente para os programas do tipo
applet também contribuíram para esta escolha [Rezende & Drummond, 2000]
A combinação da linguagem Java com recursos para a programação para a Internet
oferece as seguintes vantagens:
• Distribuir aplicações e não apenas informações;
• Eliminar a necessidade de portar aplicações;
• Eliminar a necessidade de instalação por parte do usuário final;
• Cortar gastos com a distribuição de software;
• Possibilitar a execução de programas localmente;
• Utilizar a rede como veículo de distribuição de aplicações; e
• Facilitar a contínua atualização de aplicações.
Applets são pequenas aplicações que são executadas por um servidor de Internet,
podem ser transportadas através da rede, instaladas automaticamente e executar in situ,
como parte de um documento Web. Quando um applet é instalado em uma máquina
cliente, ele possui acesso limitado aos recursos dessa máquina, podendo implementar
uma interface multimídia arbitrária ou efetuar computações complexas, sem entretanto
introduzir risco de contaminação por vírus ou de corrupção da integridade dos dados.
O applet é um programa que pode reagir à entrada do usuário e mudar
dinamicamente – não apenas executar a mesma animação ou som repetidamente. Como o
applet é executado no ambiente de um navegador da Web, ele não é iniciado diretamente
através de um comando. Deve ser criado um arquivo que informe ao navegador o que ele
deve carregar e como executar e em seguida, deve-se apontar o navegador no URL que
especifica esse arquivo HTML.
75
Como os applets são fragmentos de código carregados na Web, eles representariam
um perigo inerente. A maneira encontrada por Java para evitar que um arquivo seja
violado foi através de um modelo de segurança que controla o acesso a praticamente
todas as chamadas em nível de sistema na Máquina Virtual Java (MVJ). O nível de
segurança a ser controlado é implementado no navegador e impede qualquer I/O
(entrada/saída) de arquivo, chamadas de qualquer método nativo, e tentativas de abrir um
soquete para qualquer sistema, com exceção do host que forneceu o applet.
Devido as características apresentadas, assim como o MC1, decidiu-se que o MC2
também seria um applet. Como foi dito anteriormente, foi preciso criar uma página
HTML para carregar e executar o applet. É através desta página que são passados alguns
parâmetros importantes ao applet, que são: nome do participante, identificador do
participante, tipo de participante (mediador ou aprendiz), e-mail do participante, nome e
localização do servidor de bate-papo, tamanho da janela, entre outros. As funções
implementadas em Java Script são aquelas que estão na barra funcional do Debate:
Salvar, Armazena Participantes e Registra Debate.
A seguir serão apresentados os documentos gerados durante as fases de requisitos,
análise, projeto e implementação que fazem parte da modelagem do MC2.
6.2.1 Descrição do Problema (MC2)
A descrição a seguir serve apenas para apresentar alguns conceitos presentes na
aplicação proposta, não sendo, portanto, completa.
O coordenador de um curso do AulaNet atua como projetista do curso, definindo
como será o ambiente virtual onde as atividades do curso se desenrolarão. Ele é o
responsável por adicionar e remover uma sala de bate-papo de um curso do ambiente, o
que é feito com a inserção ou retirada do serviço Debate, na área de atualização dos
Mecanismos de Comunicação, do curso.
76
Uma sala de bate-papo é um contexto de comunicação onde existem canais de
comunicação e membros que usam estes canais. Somente os membros de uma
determinada sala podem usar os canais de comunicação desta sala. Este uso é controlado
pela política de uso do contexto de comunicação, determinada pelo mediador do grupo.
Canais de comunicação servem para o envio e recebimento de conteúdo
(informação). Sobre a ordem das ações dos membros sobre os canais é preciso destacar
que apenas um membro pode publicar conteúdo para canais de um determinado contexto
de comunicação por vez. Existe, portanto, uma ordem para que os membros tenham
direito de enviar conteúdo pelo canal, determinada pela política de uso de contexto de
comunicação ao qual o canal pertence. Os membros de uma sala podem ter dois tipos de
ações sobre os canais que são enviar e receber conteúdo. É preciso definir quais membros
podem enviar e quais podem receber conteúdo pelo canal.
6.2.2 Dicionário de Dados do MC2
A seguir será apresentado o Dicionário de Dados do MC2, que relata a descrição
das entidades externas.
Técnica de Conversação Contribuição Livre
• Noção: Determina uma regra que rege a conversação em salas de bate-papo.
• Impacto: Determina que todos os aprendizes podem subscrever para a sala de bate-
papo e que têm o direito de publicar conteúdo nos canais de comunicação da sala de
bate-papo.
Técnica de Conversação Contribuição Circular
• Noção: Determina uma regra que rege a conversação em salas de bate-papo.
77
• Impacto: Determina que todos os aprendizes podem subscrever para a sala de bate-
papo e que cada um na sua vez deve publicar conteúdo nos canais de comunicação da
sala de bate-papo. A ordem de participação é determinada pela aplicação.
Técnica de Conversação Contribuição Única
• Noção: Determina uma regra que rege a conversação em salas de bate-papo.
• Impacto: Determina que todos os aprendizes podem subscrever para a sala de bate-
papo e que cada um deve publicar conteúdo uma única vez nos canais de
comunicação da sala de bate-papo.
Técnica de Conversação Contribuição Mediada
• Noção: Determina uma regra que rege a conversação em salas de bate-papo.
• Impacto: Determina que todos os aprendizes podem subscrever para a sala de bate-
papo e que o direito de publicar conteúdo nos canais de comunicação da sala de bate-
papo depende da decisão do mediador.
Sala de Bate-Papo
• Noção: É um tipo de contexto de comunicação.
• Impacto: Permite que os participantes cooperem e troquem conteúdo (informação).
Uma sala de bate-papo é criada pelo coordenador. Ela só pode ser uma sala simples,
ou seja, não possui salas de bate-papo subordinadas.
Participante
• Noção: Membro de uma sala de bate-papo, podendo tanto publicar conteúdo como
subscrever para os canais de comunicação destas. Eventualmente pode assumir o
papel de mediador da sala de bate-papo.
• Impacto: Publica conteúdo nos canais de comunicação das salas de bate-papo ou
recebe conteúdo dos canais de comunicação dos quais é assinante.
78
Sala Simples
• Noção: É um tipo de sala de bate-papo que não pode ter subsalas.
• Impacto: Participantes não podem criar outras salas de bate-papo dentro desta.
6.2.3 Diagramas de Caso de Uso do MC2
Na Figura 23 estão representados os atores do ambiente AulaNet que utlizam o
MC2. O coordenador (Coordinator) é quem irá adicionar ou remover uma sala de bate-
papo de um curso do ambiente. O participante (Attendee) que irá usar o MC2 poderá ser
um mediador (Mediator) ou um aprendiz (Learner).
LearnerMediator
Attendee Coordenator
Subscriber
(f rom Framework)
Publisher
(f rom Framework)
Figura 23 - Atores do AulaNet no MC2
O mediador e o aprendiz possuem interfaces distintas, por serem distintos os seus
objetivos. O aprendiz utiliza o MC2 para se comunicar com os outros participantes que
também estejam usando o MC2. O mediador é o participante que possui como
responsabilidade coordenar a conversação, ou seja, organizar a interação, além de ter que
manter um nível de organização da mesma.
79
A seguir na Figura 24 é apresentado o caso de uso que especifica a utilização do
MC2 por seus atores, com o intuito de mostrar a utilização da aplicação.
add chatroom
remove chatroom
Coordenator
add publisher to context
remove publisher from context subscribe to context
unsubscribe to context
Subscriber
(f rom Framework)
broadcast published contentpublish content to channel
notify next publisher
Publisher
(f rom Framework)
done publishing to channel
set conversation technique
Mediator
mediate
Figura 24 - Diagrama de Caso de Uso do MC2
Como já foi dito anteriormente, o coordenador poderá inserir ou retirar o serviço
Debate do curso.
No MC2 o mediador – ator do AulaNet – assume 3 papéis: mediator, publisher e
subscriber. Já o aprendiz assume os papéis de publisher e subscriber. Ao iniciar o uso da
80
aplicação, tanto o mediador quanto o aprendiz adicionam-se como publisher e subscriber
do contexto de comunicação. Eles se removem do mesmo contexto quando saem da
aplicação.
O mediator tem como função a mediação da conversação entre os aprendizes. Para
isso ele pode fazer uso das técnicas de conversação que estão disponíveis na aplicação.
Ele também pode mediar a conversação decidindo quem será o próximo aprendiz a
publicar no canal de comunicação e quando esta publicação deve ser encerrada.
O publisher é quem pode publicar no canal de comunicação. Quando o uso do canal
está liberado ele pode publicar quando e se desejar, porém, quando o uso do canal é
limitado, ele deve aguardar a sua vez de publicar.
O subscriber é aquele que subscreve para o canal de comunicação. No MC2 ele é
notificado de todo conteúdo publicado pelos publicadores, ou seja, ele recebe todas as
contribuições enviadas pelos participantes.
Na Figura 25 é apresentada uma expansão do caso de uso
setConversationTechnique que especifica a alteração das técnicas de conversação por
parte do mediador.
81
Mediator
set to Free Contribution all learner (publisher) can publish
set to Circular Contribution one learner (publisher) can publish one contribution (content) each time
to generate participation order
set to single Contribution each learner (publisher) need to publish only one contribution (content)
set conversation technique
all learner (publisher) can request to publish
set to Mediated Contribution
mediator decide who is the next publisher
Figura 25 - Expansão do Caso de Uso setConversationTechnique
No MC2 o mediador possui 4 técnicas de conversação a sua disposição. Ao
selecionar a Contribuição Livre o mediador deixa o canal de comunicação liberado para
que qualquer aprendiz (publisher) publique quando e se desejar. Quando o mediador
seleciona a Contribuição Circular é gerada, pela aplicação, a ordem de participação, que é
a ordem em que o aprendiz deve publicar. Cada aprendiz deve enviar (publicar) uma
contribuição (conteúdo) por vez. Isto será controlado pela aplicação pois o MC2 apenas
habilita o botão de Enviar de um aprendiz após a publicação de um conteúdo pelo
aprendiz que está imediatamente à sua frente na fila da ordem de participação. Após a
82
publicação do conteúdo o aprendiz terá seu botão de Enviar desabilitado, pela aplicação,
até que sua vez de publicar chegue novamente. Quando o mediador seleciona a
Contribuição Única, a aplicação limitará em um o número de conteúdos que devem ser
publicados por cada aprendiz. Quando o mediador seleciona a Contribuição Mediada,
qualquer aprendiz pode solicitar ao mediador o uso do canal de comunicação. Cabe ao
mediador decidir quem será o próximo a publicar no canal.
6.2.4 Diagrama de Classes do MC2
Como pode ser visto na Figura 26, o MC2 possui três pacotes que são o model, o
net e o view. O pacote model compreende as classes do modelo de negócios do MC2, que
são Attendee, ChatRoom, SimpleRoom, FreeContribution, CircularContribution,
SingleContribution, MediatedContribution. O pacote net compreende as classes do
modelo de negócios do MC2 responsável pela interface entre o modelo no servidor e no
cliente, que são: ChatRoomServer, Server, Connection, Command,
PublishContentCommand, AddAttendeeCommand, RemoveAttendeeCommand,
BlockAttendeeCommand,UnblockAttendeeCommand,
SetConversationTechniqueCommand. O pacote view compreende as classes da interface
entre o MC2 e o participante (mediador ou aprendiz). AttendeeView é o applet que
constitui a própria interface do participante.
83
Figura 26 - Pacotes do MC2
A Figura 27 apresenta o diagrama de classes do Mediated Chat 2.0 que foi a
aplicação desenvolvida para ajudar o mediador na condução da conversação entre os
aprendizes de um curso do ambiente AulaNet.
84
FreeContribution
CircularContribution
SingleContribution
MediatedContribution
AttendeeView
SimpleRoom
CommandPublishContentCommand
AddAttendeeCommand BlockAttendeeCommand
UnblockAttendeeCommandRemoveAttendeeCommand
SetConversationTechniqueCommand
Attendee1 11 1
ChatRoom
Server
ChatRoomServer
11..* 11..*
Connection(from sql)
Subscriber
(f rom Framework)
Publisher
(f rom Framework)
CommunicationContext(from Framework)
CommunicationChannel(from Framework)
0..*
0..*
0..*+subscribes to
0..*
0..*
0..*
0..*+publishes to
0..*
CommunicationPolicy(from Framework)
Figura 27 - Diagrama de Classes do MC2
85
Sumário do Diagrama de Classes do MC2:
Attendee (Participante): Representa um participante da sala de bate-papo. Pode ser
um mediador ou um aprendiz.
AttendeeView (Visão do Participante): É a visão (interface) do participante na sala
de bate-papo. O mediador e o aprendiz possuem interfaces distintas.
ChatRoom (Sala de Bate-papo): Extende a classe CommunicationContext
implementando o design pattern Composite.
SimpleRoom (Sala de Bate-papo Simples): É uma sala de bate-papo que não pode
ter subsalas.
ChatRoomServer (Servidor de Bate-papo): Extende a classe
CommunicationChannel.
Server (Servidor): Serviço do Mediated Chat 2.0.
Connection (Conexão): Responsável pela conexão de cada participante.
FreeContribution (Contribuição Livre): Determina que qualquer aprendiz pode
publicar para o contexto a qualquer momento.
CircularContribution (Contribuição Circular): Determina que cada aprendiz deverá
publicar para o contexto no momento determinado pela aplicação. A participação seguirá
a ordem de entrada do participante e se dará de forma circular.
SingleContribution (Contribuição Única): Determina que cada aprendiz deverá
publicar para o contexto uma única vez.
MediatedContribution (Contribuição Mediada): Determina que o mediador
decidirá sobre a participação ou não de cada aprendiz.
Command (Comando): Comando abstrato que pode ser executado.
86
PublishContentCommand (Comando Publica Conteúdo): Publica o conteúdo no
canal de bate-papo.
AddAttendeeCommand (Comando Adiciona Participante): Pede ao
ChatRoomServer que adicione o participante à sala de bate-papo.
RemoveAttendeeCommand (Comando Remove Participante): Pede ao
ChatRoomServer que remova o participante da sala de bate-papo.
BlockAttendeeCommand (Comando Bloqueia Participante): Bloqueia o aprendiz,
impedindo-o de publicar. Pode ser extendido a todos os aprendizes, ou seja, bloqueia
todos os aprendizes. Este comando só pode ser acionado pelo mediador.
UnblockAttendeeCommand (Comando Desbloqueia Participante): Desbloqueia o
aprendiz, permitindo que volte a publicar. Pode ser extendido a todos os aprendizes, ou
seja, desbloqueia todos os aprendizes. Este comando só pode ser acionado pelo mediador.
SetConversationTechniqueCommand (Comando Seleciona Técnica de
Conversação): Realiza a troca de técnica de conversação. Este comando só pode ser
acionado pelo mediador.
É importante ressaltar que o MC2 foi um projeto desenvolvido totalmente
independente do ambiente AulaNet, ou seja, com simples modificações ele pode ser
usado em qualquer ambiente fora do AulaNet.
87
7 Interface do Mediated Chat 2.0
A única forma de utilizar o MC2 é participando de um curso, que esteja no
ambiente AulaNet, cuho serviço Debate tenha sido selecionado pelo coordenador. O
participante (mediador ou aprendiz) deverá selecionar a opção “Debate” no “Controle
Remoto” do AulaNet como mostra a seta na Figura 28.
Figura 28- Como chegar ao MC2
Na Figura 28 o participante confere o “Plano de Aulas” para depois usar o serviço
Debate, no entanto esta sequência não precisa ser seguida. O participante pode selecionar
Serviço Debate
88
o serviço Debate no Controle Remoto a qualquer momento e enquanto estiver utilizando
qualquer outro serviço do ambiente AulaNet.
Após selecionar o serviço Debate, o MC2 poderá ser visualizado em uma nova
página, como mostra a Figura 29.
Figura 29 - Interface do Debate
O fato de abrir uma nova página permite que o participante possa continuar, sem ter
que interromper, suas atividades no ambiente AulaNet.
O participante que irá usar o MC2 poderá ser um mediador ou um aprendiz. Eles
possuem interfaces distintas, por serem distintos os seus objetivos. O aprendiz utiliza o
serviço Debate para se comunicar com os outros participantes que também estejam
usando o Debate. Ele expõe seu ponto de vista e lê o dos outros, o que possibilita a troca
de experiência e informação com todos os membros do debate. O mediador é o
participante que possui como responsabilidade coordenar a conversação, ou seja,
organizar a interação, além de ter que manter um nível de organização da mesma.
Título
Timestamp
Rótulo Hint
Mediadores
Aprendizes
Área de Digitação
89
A interface do MC2 é uma evolução da interface do MC1. Além de possuir os
elementos que fazem parte do MC1, o MC2 acrescentou rótulos que indicam a
funcionalidade de cada elemento, faz uso de dicas (hints) para melhor explicar cada
elemento, inseriu o horário de registro (timestamp) de cada contribuição enviada,
acrescentou o elemento “Título”, aumentou a área para digitação, não permite que o
cursor pare em local onde a escrita não é permitida e diferenciou os mediadores dos
aprendizes na Lista de Participantes. (Figura 29)
7.1 Interface do Aprendiz
A Figura 30 apresenta a interface do aprendiz destacando seus elementos.
Figura 30 - Interface do Aprendiz no MC2
A interface do aprendiz possui os seguintes elementos:
1. Título: é o próprio título do debate, escolhido pelo mediador
Título Ordem de
Participação
Lista de Participantes
Técnicas de C
onversação
His
tóric
o de
C
ontri
buiç
ões
Contribuição Pessoal Botão
Enviar Botão Salvar
Botão Fechar
90
2. Histórico de Contribuições: contém as contribuições que já foram enviadas para o
Debate em ordem cronológica
3. Contribuição Pessoal: área para digitação onde o participante entra com a
contribuição a ser enviada
4. Participantes: lista dos participantes presentes no Debate
5. Ordem de Participação: mostra a ordem em que os aprendizes deverão enviar suas
contribuições durante a técnica de conversação “Contribuição Circular”
6. Técnica de Conversação: é a técnica que está em vigor no momento (Contribuição
Livre, Contribuição Circular, Contribuição Única ou Contribuição Mediada)
7. Botão “Enviar”: utilizado para que a “Contribuição Pessoal” do aprendiz seja
enviada para o “Histórico de Contribuições”; este botão pode estar desabilitado se for
da vontade do mediador [Alt - E]
8. Botão “Fechar”: fecha a janela do Debate
9. Botão “Salvar”: salva e envia a transcrição do Debate ao participante
Quando o mediador altera a técnica de conversação para Contribuição Mediada, a
interface do aprendiz sofre uma pequena alteração que será mostrada na Figura 31.
91
Figura 31 - Interface do aprendiz na técnica Contribuição Mediada
Os dois novos elementos na interface do aprendiz quando a técnica de conversação
em vigor é a Contribuição Mediada são:
1. Botão “Solicitar Palavra”: utilizado para solicitar a palavra ao mediador
2. Botão “Devolver Palavra”: utilizado para devolver a palavra, ou seja, quando o
aprendiz desiste da solicitação
O botão “Enviar” da interface do aprendiz fica desabilitado enquanto o mediador
não lhe der a palavra. Quando a sua vez de falar chegar, o seu botão “Enviar” será
habilitado e ele poderá enviar a sua contribuição. Caso o aprendiz desista do seu pedido,
basta selecionar o botão “Devolver a Palavra” para que a solicitação seja cancelada. A
Ordem de Participação continua com a mesma função porém a ordem mostrada pode ser
alterada pelo mediador, diferente do que acontece na Contribuição Circular onde a ordem
é fixa.
A seguir será apresentada a interface do mediador.
Solicitar Pala
Devolver Pal
Botão
Solicitar Palavra
Botão Devolver Palavra
92
7.2 Interface do Mediador
A interface do mediador pode ser vista na Figura 32. Os elementos Histórico de
Contribuições, Contribuição Pessoal, Participantes, Ordem de Participação, botão Fechar
e botão Salvar são os mesmos elementos da interface do aprendiz – possuem as mesmas
funções e características.
Figura 32 - Interface do Mediador no MC2
A interface do mediador se diferencia da do aprendiz nos elementos a seguir:
1. Botão Título: selecionar este botão abre a caixa de entrada (Figura 33) para que o
mediador possa alterar o título do debate
2. Técnicas de Conversação: são as técnicas disponíveis na aplicação para dar suporte
tecnológico ao mediador no seu trabalho de coordenação (Contribuição Livre,
Contribuição Circular, Contribuição Única e Contribuição Mediada)
Botão
Bloquear/
Desbloquear
Técnicas de C
onversação
Botão Título
Botão Armazena
Participantes
Botão Registra
Debate…
93
3. Botão “Enviar”: utilizado para que a “Contribuição Pessoal” seja enviada para o
“Histórico de Contribuições”; este botão sempre está habilitado e o mediador pode
enviar suas contribuições a qualquer momento [Alt - E]
4. Botão “Bloquear/Desbloquear”: bloqueia/desbloqueia qualquer envio de
contribuição pelos aprendizes [Alt-B]
5. Botão “Armazena Participantes”: armazena os participantes que estão presentes no
Debate
6. Botão “Registra Debate…”: é onde o mediador registra o Debate e avalia a
participação dos aprendizes
Os botões “Bloquear/Desbloquear”, “Armazena Participantes” e “Registra
Debate…” são de uso exclusivo do mediador. Como pode sr visto na Figura 33, o
mediador também possui um menu flutuante com as opções “Bloquear” e “Desbloquear”
para atuar individualmente sobre cada aprendiz. Ele é disponibilizado na lista da Ordem
de Participação.
Figura 33 - Interface do mediador na técnica Contribuição Mediada
Bloquear Desbloquear Aceitar SolicitaçãoNegar Solicitação Fechar
Menu Flutuante
94
Ao alterar a técnica de conversação para Contribuição Mediada, o menu flutuante
do mediador passa a ter as opções “Aceitar Solicitação” e “Negar Solicitação” para
responder às solicitações dos aprendizes. (Figura 33)
7.3 Funcionamento do MC2
Após a apresentação dos elementos que compõem a interface do MC2 será
apresentada a forma de usá-los e a relação entre os mesmos.
O MC2 é uma ferramenta de bate-papo utilizada para trocar contribuições entre
participantes conectados ao mesmo tempo (comunicação síncrona) de tal maneira que
eles tenham a sensação de estar conversando. Quando um participante envia uma nova
contribuição, todos a recebem; a contribuição é adicionada ao final da lista de
contribuições do Histórico de Contribuições de todos os participantes que estão utilizando
o mesmo canal de comunicação. A conversação é estabelecida com esta troca síncrona de
contribuições na sessão de bate-papo.
Ao entrar no Debate, que é uma sala de bate-papo, a identificação do participante é
adicionada a Participantes e a mensagem de aviso de entrada é enviada pelo ambiente.
A interface do mediador possui funcionalidades que visam apoiar tecnologicamente
a coordenação de um debate, permitindo que o mediador bloqueie ou desbloqueie todos
os aprendizes individulamente ou em grupo, além de fornecer as técnicas de conversação.
O botão “Bloquear/Desbloquear” pode ser usado pelo mediador em qualquer momento do
debate. Ele irá bloquear qualquer envio de contribuição pelos aprendizes, mas os
mediadores poderão continuar enviando suas contribuições normalmente.
As Técnicas de Conversação devem ser aplicadas pelo mediador da forma que lhe
convier. Elas são técnicas de trabalho em grupo utilizadas em reuniões presenciais que
foram adaptadas ao mundo textual, ou seja, perderam a riqueza do áudio e do vídeo. As
técnicas que fazem parte do MC2 são a Contribuição Livre, que é uma adaptação do
Brainstorming, a Contribuição Circular, que é uma adaptação da Discussão Circular, a
95
Contribuição Única que surgiu da intenção de realizar uma Votação e a Contribuição
Mediada que é uma adaptação da Assembléia.
No MC2 a Contribuição Livre permite que os aprendizes estejam livres para enviar
suas contribuições. Eles não precisam preocupar com o número de contribuições enviadas
e nem com algum tipo de organização da conversa, por exemplo, seguir uma ordem pré-
estabelecida. Na Contribuição Circular o aprendiz deverá enviar a sua contribuição no
momento em que o seu botão de Enviar estiver habilitado. A ordem seguida é a ordem de
entrada na aplicação. Já na Contribuição Única, cada aprendiz poderá enviar apenas uma
contribuição. Após enviá-la, seu botão Enviar ficará desabilitado, e só estará habilitado
novamente quando o mediador mudar a técnica. Quando todos os aprendizes tiverem
enviado suas contribuições, a aplicação irá encerrar a Contribuição Única. Na
Contribuição Mediada o aprendiz solicita a palavra, é inserido na fila de espera e aguarda
até que o mediador decida sobre tal solicitação, de acordo com os seus critérios.
É importante ressaltar que independente da técnica em vigor o mediador nunca é
bloqueado.
96
8 Cenários de Uso
Um cenário é uma narrativa, textual ou pictórica, de uma situação (de uso de uma
aplicação), envolvendo usuários, processos e dados reais ou potenciais [Carroll, 1995]. A
grosso modo, pode-se dizer que cenários são instâncias de casos de uso, ricas em detalhes
contextuais. Por serem de fácil compreensão, um dos principais objetivos de se construir
cenários é ratificar ou retificar, junto aos usuários, o entendimento dos projetistas sobre as
tarefas a serem apoiadas pelo sistema, bem como explorar decisões alternativas de
projeto.
Cenários iniciais ajudam o projetista a clarificar as metas de projeto. Desenvolver e
explorar o espaço de projeto com um mínimo de comprometimento ajuda o projetista a
entender o que é necessário fazer e conhecer as percepções individuais do usuário para
com o sistema, atitudes em direção à colaboração, etc. Cenários podem captar
consequências e compromissos de projeto a serem analisadas.
A proposta do projeto baseado em cenários pressupõe a visão de sistemas
computacionais como transformadores das tarefas dos usuários e de suas práticas sociais.
Estórias são elementos coesivos importantes em qualquer sistem social. Representam,
ainda, uma busca pelo equilíbrio entre intuição criativa e análise, entre a flexibilidade e a
informalidade, necessários para a evolução sistemática em direção a um sistema usável
[Rocha & Baranauskas, 2000].
Neste capítulo serão apresentados cenários que procuram mostrar o funcionamento
adotado para as técnicas de conversação tanto no MC1 como no MC2. Eles também
procuram mostrar alguns problemas que surgem usando o MC1 e que podem ser
solucionados com o uso do MC2. As telas e a maioria dos fragmentos de bate-papo
mostrados nas figuras foram retirados de debates realizados em TIAE 2002.2, porém
97
alguns dos fragmentos são fictícios. Várias telas estão incompletas para valorizar os
fragmentos dos debates e para facilitar a utilização dos comentários.
Os cenários apresentados neste capítulo cobrem todas as possibilidades de mudança
de técnica de conversação que podem ser realizadas por um mediador no MC2. Isto pode
ser visto na máquina de estados apresentada na Figura 34.
1 2
15 5 13
17 9 18 21 22
8 10 25 26 12 6
14 23 11 24 16 16
19 20
4 7 3
Figura 34 - Máquina de Estados
Alguns cenários mostram o funcionamento das técnicas de conversação utilizadas
para a aplicação das técnicas de trabalho em grupo desejadas. As possiblidades de
mudanças estão numeradas para facilitar a organização dos cenários criados.
8.1 - Aprendiz entra no debate fora do horário
Comentário: Cenário fictício; Técnica de Conversação = Contribuição Livre; Caso
1 da máquina de estados
Contrib. Única
Contrib. Livre
Contrib. Circular
Contrib. Mediada
Bloquear
Desbloquear
98
Os aprendizes Décio Martins e Flávio Souza formaram um grupo para fazer um
trabalho. Eles combinaram de usar o Debate, fora do horário reservado por Humberto
Filho, coordenador do curso, para conversarem. Eles entraram no Debate na hora que
marcaram e usaram a aplicação normalmente.
MC1
A Figura 35 mostra a visão de Décio Martins, que é um dos aprendizes, usando a
aplicação MC1 no início da conversa com Flávio Souza.
Figura 35 - Visão do aprendiz no MC1
MC2
A Figura 36 mostra a visão de Décio Martins usando a aplicação MC2 durante
outra conversa com Flávio Souza.
99
Figura 36 - Visão do aprendiz no MC2
O resultado da utilização de ambas as aplicações foi semelhante porque apesar de
no MC1 não existir suporte tecnológico para a aplicação de técnicas de conversação, no
MC2 quando não há um mediador para alterar a técnica, a técnica padrão é a
Contribuição Livre.
8.2 - Aprendiz entra no debate na hora certa
Comentário: Técnica de Conversação = Contribuição Livre; Caso 1 da máquina de
estados
MC1
Benedito Lessa de Melo entra no MC1 para participar da aula. Alguns de seus
colegas e o mediador já estavam a sua espera para começar. Como ainda não era hora de
começar o debate, Luciana Lima de Barros deixou os participantes conversarem mais um
pouco, como mostra a Figura 37.
Técnica em vigor
100
Figura 37 - Momentos antes de iniciar a aula no MC1
MC2
A Figura 38 mostra o momento em que Flávio Green entra no debate usando o
MC2. A técnica de conversação que está em vigor é a Contribuição Livre. Alguns de seus
colegas e a mediadora Luciana Lima de Barros já estão presentes. Como o Marcelo
Galvão Pimenta, que também é mediador, ainda não chegou, Luciana resolve não iniciar
o debate. Ela deixa em vigor a técnica Contribuição Livre e os participantes, assim como
Flávio, podem enviar suas contribuições sem qualquer restrição.
101
Figura 38 - Momentos antes de iniciar a aula no MC2
O resultado da utilização de ambas as aplicações foi semelhante porque apesar de
no MC2 existir o suporte tecnológico para aplicação de técnicas de conversação, o
mediador não fez uso destas técnicas, deixando em vigor a Contribuição Livre.
8.3 - Mediador inicia o debate
Comentário: Caso 21 da máquina de estados
MC1
Luciana Lima de Barros percebe que está na hora de começar o debate. Mesmo
com a ausência de alguns aprendizes ela resolve começar. Para marcar o início do debate
e chamar a atenção dos aprendizes, Luciana envia uma contribuição avisando que o
debate irá começar. Apenas com o uso do protocolo social, Luciana não conseguiu
impedir que Benedito Lessa de Melo interrompesse seu discurso enviando uma
contribuição desnecessária (Figura 39).
Entra
da d
o pa
rtici
pant
e Técnica de
conversação em
vi gor
102
Figura 39 - Início do debate no MC1
MC2
Apesar de ter passado da hora de iniciar o debate, os mediadores resolveram
aguardar a chegada de Décio Martins, que é o aprendiz responsável pela moderação do
debate da semana. Quando Décio entra no debate, Marcelo confirma a dinâmica a ser
aplicada por Décio. Pode-se notar na Figura 40 que neste momento a técnica de
conversação em vigor é a Contribuição Livre, e os aprendizes estão enviando suas
contribuições desordenadamente. Luciana resolve dar início ao debate. Ela usa a opção de
“Bloquear” para que todos percebam isso e envia suas contribuições avisando que o
debate irá começar e dizendo quem será o responsável pela aula. Depois que Luciana deu
as instruções, Marcelo desbloqueia os aprendizes para que Décio comece o debate.
Mediador tenta iniciar
o debate Aprendiz
interrompe o mediador
103
Figura 40 - Inicio do debate no MC2
Como pode ser visto, usando o MC2 o mediador conseguiu dar início ao debate
sem ter o seu discurso interrompido. Outra observação que deve ser feita é em relação à
utilização da aplicação por parte dos mediadores e o reflexo que a ação de um tem na
interface dos outros. É possível ver na Figura 40 que um mediador (Luciana) bloqueou os
aprendizes, mas quem os desbloqueou foi o outro mediador (Marcelo). Isso quer dizer
que quando Luciana usou o botão “Bloquear”, automaticamente o botão “Bloquear” da
interface do Marcelo também sofreu alteração – passou a ser o botão “Desbloquear”.
8.4- Mediador troca técnica de conversação: Contrib. Livre -> Contrib. Circular
Comentário: Caso 10 da máquina de estados
MC1
Seguindo a dinâmica pré-definida, Luciana tenta iniciar uma nova discussão
circular (Figura 41). Ela envia uma contribuição avisando a Alessandro Mendes Garcia
que ele deve iniciar a discussão enviando sua contribuição. Antes que isto aconteça,
Botão do mediador
para bloquear e
desbloquear
Sistema informa o
bloqueio e o desbloqueio
dos aprendizes
104
outros participantes enviam contribuições e atrapalham a dinâmica. Luciana precisa
mandar mais 2 contribuições até que Alessandro envie a sua.
Figura 41 - Troca de técnica no MC1: Contrib. Livre -> Contrib. Circular
MC2
Para iniciar uma nova discussão circular no MC2 (Figura 42) Luciana apenas
seleciona a técnica de conversação Contribuição Circular. Ela ainda avisa a João
Henrique Leonel da Costa Neto que ele deve enviar a sua contribuição e ele o faz.
Mediador tenta dar início à
discussão circular
Tentativa de fazer
com que o protocolo social seja respeitado
Início real da discussão circular
105
Figura 42 - Troca de técnica no MC2: Contrib. Livre -> Contrib. Circular
Como pode ser visto na Figura 42, Alessandro só enviou sua contribuição depois de
7 contribuições que não deveriam ter sido enviadas. Já utilizando o MC2, quando o
mediador seleciona a técnica, automaticamente ela entra em vigor, o que evita
interrupções na dinâmica.
8.5- Funcionamento da Discussão Circular
Comentário: Para aplicar a discussão circular o mediador usa a técnica de
conversação Contribuição Circular
MC1
Devido às limitações do MC1, para conseguir aplicar a discussão circular, Luciana
opta por enviar contribuições indicando quem deve ser o próximo a se manifestar. Ela
também define que será usada a ordenação alfabética para que o controle seja mais fácil.
Iníc
io d
a di
scus
são
circ
ula r
Seleção da
técnica Contrib. Circular
106
Figura 43 - Funcionamento da discussão circular no MC1
Como pode ser visto na Figura 43, Cláudio Oliveira Maldini enviou sua
contribuição no momento errado, o que pode ter atrapalhado a dinâmica caso a ordem
fosse importante.
Con
tribu
içõe
s env
iada
s pel
o m
edia
dor p
ara
orga
niza
r a d
iscu
ssão
circ
ular
Contri-buição enviada
em momento inapro-priado
107
Figura 44 - Funcionamento da discussão circular no MC1
Na Figura 44 é possível ver que João Henrique, responsável pela moderação da
discussão circular, se confundiu após Décio ter enviando sua contribuição na hora errada.
MC2
Usando o MC2, Luciana não precisa se preocupar com o andamento da discussão
circular. Após ter selecionado a técnica Contribuição Circular, a aplicação
automaticamente libera o botão de “Enviar” de cada aprendiz um a um, para que eles
enviem suas contribuições. Como pode ser visto na Figura 45, a ordem seguida pelo MC2
está disponível na paleta “Ordem de Participação”.
Contribuições enviadas pelo
moderador que mostram a sua
confusão
108
Figura 45 - Funcionamento da discussão circular no MC2
A utilização do MC1 mostrou que o mediador pode ter dificuldades em aplicar a
discussão circular, pois ele depende do protocolo social e da sua atenção. O MC2 auxilia
o mediador pois nesta aplicação ele não precisa se preocupar com a ordem na qual os
aprendizes deverão participar e também não precisa conferir se todos participaram. O
MC2 libera o mediador para que ele possa prestar mais atenção no conteúdo das
contribuições além de fazer com que a aplicação da técnica de trabalho em grupo não
dependa do protocolo social.
8.6- Mediador troca técnica de conversação: Contrib. Circular -> Contrib. Única
Comentário: Caso 13, 22 e 23 da máquina de estados
Seguindo a dinâmica pré-definida, após enviarem suas contribuições sobre uma
determinada questão, os aprendizes devem escolher qual contribuição será discutida. Para
isto é realizada uma votação.
MC1
Ordem em que o
botão de “Enviar”
dos aprendizes
será habilitado
pelo sistema
Seleção da
técnica Contrib. Circular
Iníc
io d
a di
scus
são
circ
ular
109
Como mostra a Figura 46, Luciana envia uma contribuição dando início à votação.
Entretanto, Alessandro envia uma contribuição que não está relacionada à votação, o que
interrompe o andamento da dinâmica e pode dispersar os aprendizes.
Figura 46 - Troca de técnica no MC1: Contrib. Circular -> Contrib. Única
MC2
No MC2, para trocar a técnica de conversação de Contribuição Circular para
Contribuição Única, Marcelo bloqueia os aprendizes, avisa que a votação irá começar,
seleciona a técnica Contribuição Única e só depois desbloqueia os aprendizes (Figura 47).
Iníc
io d
a vo
taçã
o
Contri-buição
enviada em momento inapro-priado
110
Figura 47 - Troca de técnica no MC2: Contrib. Circular -> Contrib. Única
No MC2 as mudanças de técnicas de conversação são bem definidas, pois a
aplicação envia contribuições de formato diferente para sinalizar tais mudanças. Já no
MC1, isso não pode ser dito pois como o mediador apenas faz uso do protocolo social
para aplicar as técnicas, corre-se o risco de que este não seja respeitado.
8.7- Funcionamento da Votação
Comentário: Para aplicar a votação o mediador usa a técnica de conversação
Contribuição Única
MC1
Usando o MC1, Luciana não tem como impedir que um aprendiz interrompa
durante o processo de votação, como pode ser visto na Figura 48.
Seleção da
técnica Contrib. Única
Inicio da votação
Fim da discussão circular
111
Figura 48 - Funcionamento da votação no MC1
Um outro problema que pode ocorrer durante uma votação está exemplificado na
Figura 49. Alessandro, que é o responsável pela moderação do debate da semana, se
confunde e não sabe se falta alguém votar. Luciana o ajuda e ele contabiliza os votos.
Figura 49 - Funcionamento da votação no MC1
Inte
rrup
ção
da
vota
ção
Contribuições enviadas pelo
moderador que mostram a sua
confusão
112
MC2
Para realizar uma votação no MC2 (Figura 50), Marcelo usa a técnica de
conversação Contribuição Única, ou seja, cada aprendiz deve declarar o seu voto
enviando a única contribuição a que tem direito. Após enviar a sua contribuição, o
aprendiz fica bloqueado até que o mediador mude a técnica. Depois que todos os
aprendizes enviam suas contribuições, a aplicação informa o fim da Contribuição Única.
Neste momento Marcelo contabiliza os votos.
Figura 50 - Funcionamento da votação no MC2
Como pode ser observado, no MC1 o mediador precisa verificar se todos enviaram
suas contribuições e ainda corre o risco de ter o processo interrompido por contribuições
enviadas em momentos inoportunos. Já no MC2, a própria aplicação informa quando
todos tiverem enviado suas contribuições e impossibilita os aprendizes de enviarem
contribuições, mantendo seus botões de “Enviar” bloqueados, até que o mediador troque
a técnica de conversação.
Iníc
io d
a vo
taçã
o Fi
m d
a vo
taçã
o
113
8.8- Mediador troca técnica de conversação: Contrib. Única -> Contrib. Livre
Comentário: Caso 9 da máquina de estados
MC1
Após contabilizar os votos, Marcelo libera os aprendizes para que enviem suas
contribuições sem qualquer restrição (Figura 51).
Figura 51 - Troca de técnica no MC1: Contrib. Única -> Contrib. Livre
MC2
Depois que o MC2 informa o fim da técnica Contribuição Única, Marcelo faz seus
comentários aproveitando que os aprendizes estão bloqueados e não podem interrompê-
lo. Quando termina ele altera a técnica de conversação para Contribuição Livre (Figura
52), e deixa os aprendizes livres para enviarem suas contribuições.
Fim da votação
Início do brainstorming
114
Figura 52 - Troca de técnica no MC2: Contrib. Única -> Contrib. Livre
Com os exemplos analisados é possível notar que quando a técnica em questão é a
Contribuição Livre, não há diferença entre o MC2 e o MC1, pois é razoável considerar
que o MC1 possui a Contribuição Livre como técnica padrão.
8.9- Mediador troca técnica de conversação: Contrib. Livre -> Contrib. Única
Comentário: Casos 5, 21 e 22 da máquina de estados
MC1
Após a discussão de uma determinada questão Marcelo resolve realizar uma
votação que não fazia parte da dinâmica pré-definida. Talvez por saberem que podem
enviar quantas contribuições quiserem, vários aprendizes enviaram comentários
desnecessários que só poluem a conversa (Figura 53).
Fim
da
vota
ção
Iníc
io d
o br
ains
torm
ing Seleção
da técnica Contrib.
Livre
115
Figura 53 - Troca de técnica no MC1: Contrib. Livre -> Contrib. Única
MC2
Assim como na mudança da técnica de conversação de Contribuição Circular para
Contribuição Única, no MC2 a mudança de técnica de Contribuição Livre para
Contribuição Única é bem definida: Marcelo bloqueia os aprendizes, avisa que a votação
irá começar, seleciona a técnica Contribuição Única e só depois desbloqueia os
aprendizes (Figura 54).
Mediador tenta dar início à votação C
ontribuições enviadas em
mom
ento inapropriado
Início real da votação
116
Figura 54 - Troca de técnica no MC2: Contrib. Livre -> Contrib. Única
No exemplo de utilização do MC1 pode ser visto que somente depois de 4
contribuições inúteis que a votação foi realmente iniciada. Já no MC2 o processo não é
interrompido pois os aprendizes ficam bloqueados.
8.10- Mediador troca técnica de conversação: Contrib. Única -> Contrib. Circular
Comentário: Cenário fictício; Caso 14 da máquina de estados
MC1
Após Marcelo contabilizar os votos dos aprendizes e indicar a contribuição
escolhida, Luciana dá início a uma discussão circular para que os aprendizes manifestem
sua opinião sobre a questão levantada. (Figura 55).
Seleção da
técnica Contrib. Única
Início da votação
Fim do brainstor-
ming
117
Figura 55 - Troca de técnica no MC1: Contrib. Única -> Contrib. Circular
Várias interrupções ocorreram até que o aprendiz Alessandro iniciasse a discussão
circular. Mesmo após o início real, Benedito ainda interrompeu mais uma vez, o que
forçou o mediador Marcelo a se manifestar, atrapalhando o andamento da técnica de
trabalho em grupo.
MC2
Depois que o MC2 informa o fim da técnica Contribuição Única, Marcelo
contabiliza os votos e indica a contribuição escolhida, enquanto os aprendizes estão
bloqueados e não podem interrompê-lo. Quando termina ele altera a técnica de
conversação para Contribuição Circular (Figura 56) para que a discussão circular seja
realizada.
Fim da votação
Inte
rrup
ções
à
disc
ussã
o ci
rcul
ar
Início real da discussão circular
118
Figura 56 - Troca de técnica no MC2: Contrib. Única -> Contrib. Circular
A transição entre a técnica de Contribuição Única e a de Contribuição Circular é
clara e bem definida no MC2. Com o fim da Contribuição Única o mediador tem tempo
para decidir o que fazer, pois os aprendizes estão com seus botões de Enviar
desabilitados. Já no MC1, este processo de troca de técnica pode ser interrompido por
algum participante.
8.11- Mediador troca técnica de conversação: Contrib. Circular -> Contrib. Livre
Comentário: Caso 8 da máquina de estados
MC1
Após o témino da discussão circular, Luciana resolve ver se o moderador Décio
deseja fazer algum comentário antes de iniciar a votação. Neste momento ela considera
que implicitamente a conversação está livre (Figura 57).
Fim
da
vota
ção
Iníc
io d
a
disc
ussã
oci
rcul
ar
Seleção da
técnica Contrib. Circular
119
Figura 57 - Troca de técnica no MC1: Contrib. Circular -> Contrib. Livre
MC2
Da mesma forma que Luciana agiu no MC1, Marcelo age no MC2. Quando termina
a discussão circular, ele pergunta ao moderador Décio se ele deseja fazer algum
comentário antes de iniciar a votação. Como mostra a Figura 58, no momento em que
Marcelo resolve permitir que Décio fale ele troca a técnica para Contribuição Livre.
Fim da discussão circular e início do
brainstorming
120
Figura 58 - Troca de técnica no MC2: Contrib. Circular -> Contrib. Livre
Como já havia sido dito, quando a técnica em questão é a Contribuição Livre, não
há diferença entre usar o MC2 ou o MC1, pois é razoável considerar que o MC1 possui a
Contribuição Livre como técnica padrão. Uma vantagem do MC2 é que a mudança de
técnica fica registrada explicitamente, o que pode ser usado futuramente para análise dos
registros gerados pelas sessões de bate-papo.
8.12- Mediador troca técnica de conversação: Contrib. Livre -> Contrib. Livre
Comentário: Caso 17 da máquina de estados
MC1
No MC1 não faz sentido pensar nesta troca de técnica pois a técnica Contribuição
Livre é a técnica padrão. É possível considerar que após qualquer envio de contribuição
esta troca poderia estar acontecendo (Figura 59).
Fim
da
disc
ussã
o ci
rcul
ar e
iníc
io d
o br
ains
torm
ing
Seleção da
técnica Contrib.
Livre
121
Figura 59 - Troca de técnica no MC1: Contrib. Livre -> Contrib. Livre
MC2
Como pode ser visto na Figura 60, o mediador mudou a técnica de conversação
para Contribuição Livre sendo que esta já era a técnica em vigor no momento. Esta troca
de técnica não afetou o andamento da discussão, que continuou normalmente.
Sele
cion
a a
técn
ica
Con
tribu
ição
Liv
re
122
Figura 60 - Troca de técnica no MC2: Contrib. Livre -> Contrib. Livre
No MC1 esta troca de técnica não faz sentido e no MC2 ela pode ocorrer, porém
sem um objetivo específico, como por exemplo por distração do mediador. É importante
ressaltar que em ambas as aplicações tal troca não afeta o discurso.
8.13- Mediador troca técnica de conversação: Contrib. Circular -> Contrib. Circular
Comentário: Cenário Fictício; Casos 19 e 23 da máquina de estados
MC1
Como mostra a Figura 61, o aprendiz Alessandro se confunde e envia uma
contribuição incorreta. Ele interrompe a discussão circular para pedir ao mediador que
permita que ele envie sua contribuição correta. Luciana resolve permitir mas, para que o
discurso não seja quebrado, ela resolve iniciar a discussão circular novamente. O
problema é que Cláudio, que seria o próximo da fila, não prestou atenção na contribuição
da Luciana e enviou a sua contribuição da mesma forma. Isso interrompeu novamente a
discussão circular.
Seleção da
técnica Contrib.
Livre
Iníc
io d
o br
ains
torm
ing
Iníc
io d
o br
ains
torm
ing
123
Figura 61 - Troca de técnica no MC1: Contrib. Circular -> Contrib. Circular
MC2
Já na Figura 62, Luciana percebe que o aprendiz João não enviou sua contribuição
correta, e resolve reiniciar a discussão circular. Ela bloqueia todos os aprendizes, informa
sua decisão de reiniciar a discussão circular e dá início a ela. Agora João participa
corretamente.
Início da discussão circular
Início da discussão circular
Solicitação do
aprendiz
Interrupção
124
Figura 62 - Troca de técnica no MC2: Contrib. Circular -> Contrib. Circular
Em ambas as aplicações, quando é iniciada uma discussão circular antes que a
anterior termine, a segunda entra em vigor e a primeira é desconsiderada. O mediador
toma esta decisão quando o andamento da primeira discussão circular não segue de
acordo com o que foi previsto por ele. No MC1 esta decisão tomada pelo mediador nem
sempre é entendida por todos, o que pode causar interrupções por parte dos participantes.
Já no MC2, este processo é simples pois o mediador apenas precisa selecionar novamente
a técnica Contribuição Circular para dar início a uma nova discussão circular antes de
finalizar a que está em vigor.
8.14- Mediador troca técnica de conversação: Contrib. Única -> Contrib. Única
Comentário: Cenário Fictício; Casos 18 e 22 da máquina de estados
MC1
Usando o MC1, Marcelo dá início a uma votação. Os aprendizes, que já estão
acostumados ao funcionamento do processo de votação, participam de forma correta, mas
Seleção da
técnica Contrib. Circular
Início da discussão circular
Início da discussão circular
125
Marcelo percebe que os aprendizes não entenderam corretamente a questão a ser votada,
e resolve iniciar uma nova votação.
Figura
Figura 63 - Troca de técnica no MC1: Contrib. Única -> Contrib. Única
Apenas com o protocolo social a seu favor, os mediadores Luciana e Marcelo só
conseguem reiniciar uma nova votação depois que Luciana envia uma contribuição
lançando mão do seu status de mediadora.
MC2
Em um debate realizado com o MC2 é iniciada uma votação para selecionar uma
dentre as contribuições enviadas pelos aprendizes. Os aprendizes participam de forma
correta da votação, porém, alguns selecionam uma contribuição que não estava em
votação. Ao perceber este engano dos aprendizes, a mediadora Luciana interrompe a
votação, explica qual era o problema, e logo em seguida dá início à nova votação. A
primeria votação é ignorada pela aplicação.
Início da votação
Tentativa de iniciar a votação
Tentativa de iniciar a votação
Interrupção da votação
126
Figura 64 - Troca de técnica no MC2: Contrib. Única -> Contrib. Única
As situações que ocorreram tanto no MC1 como no MC2 foram semelhantes. Para
contornar a situação no MC2 os mediadores não tiveram qualquer problema, pois a
aplicação oferece o suporte tecnológico necessário. No entanto, para contornar a situação
no MC1 foi difícil, pois como pode ser visto no exemplo os mediadores só conseguiram
reestabelecer a ordem na conversação após o envio de 12 contribuições.
8.15- Mediador quer encerrar a discussão
Comentário: O mediador quer que todos os aprendizes parem de enviar
contribuições; Casos 21, 22, 23 e 24 da máquina de estados; Independente da técnica de
conversação em vigor, caso o mediador deseje parar a conversação, basta bloquear todos
os aprendizes.
MC1
Devido ao limite de tempo, a mediadora Luciana decide encerrar a discussão que
está sendo realizada sobre um determinado assunto. Ela envia uma contribuição avisando
Seleção da
técnica Contrib. Única
Início da votação
Interrupção da votação
Início da votação
127
o encerramento da questão, mas alguns aprendizes continuam a debater, como mostra a
Figura 65. Ela ainda precisa enviar outra contribuição para conseguir a atenção de todos.
Figura 65 - Encerramento de uma discussão no MC1
MC2
Quando o moderador Breno indica que o tempo está esgotado, Marcelo apenas
seleciona a opção “Bloquear” para acabar com a discussão. Logo em seguida ele já inicia
um novo ciclo.
Mediador tenta
encerrar a discussão
Contribuições enviadas em
m
omento ina propriado
Ence
rram
ento
real
da
dis
cuss
ão
128
Figura 66 - Encerramento de uma discussão no MC2
Como pode ser visto na Figura 65, no MC1 o moderador só conseguiu dar início a
um novo ciclo após o envio de 13 contrinuições. Já utilizando o MC2 (Figura 66), quando
o mediador bloqueia os aprendizes eles ficam automaticamente impossibilitados de
enviar qualquer contribuição por estarem com o botão “Enviar” desabilitado, o que evita
interrupções no discurso do mediador.
A seguir serão descritos os casos presentes na máquina de estados para os quais não
foram criados cenários.
Os cenários relacionados às trocas de técnicas de conversação entre a Contribuição
Mediada e qualquer outra técnica (casos 6, 7, 11, 12, 15, 16) não foram construídos pelo
fato desta técnica ter sido incorporada ao MC2 depois que os debates do curso TIAE
2002.2 haviam sido encerrados. Da mesma forma que ocorre com a Contribuição Livre,
caso o mediador selecione a técnica Contribuição Mediada enquanto esta é a técnica em
vigor (caso 20), esta “troca” de técnica não afeta o andamento do discurso.
Se o mediador selecionar a opção Bloquear (caso 25) o MC2 passa imediatamente
para o estado de bloqueado, ou seja, se o MC2 já está bloqueado o mediador não tem
Moderador indica o fim do
brainstor-ming
Fim do brainstor-
ming
Botão usado pelo m
ediador para term
inar o brainstorming
129
como selecionar a opção Bloquear novamente. Ele terá que usar a opção Desbloquear. O
mesmo raciocínio é usado no caso 26. Já nos casos 21, 22, 23 e 24, o comportamento é o
mesmo. Enquanto alguma técnica de conversação estiver em vigor e o mediador
selecionar a opção Bloquear, eles (mediadores) podem alterar a técnica em vigor e podem
enviar contribuições normalmente. Somente quando for selecionada a opção Desbloquear
é que os aprendizes poderão participar de acordo com a técnica em vigor. Este recurso é
muito usado pelos mediadores quando estes desejam enviar alguma contribuição
relacionada ou enfatizar a troca da técnica em vigor.
Se um aprendiz entrar no MC2 e a técnica em vigor for a Contribuição Livre (caso
1), ele poderá participar do debate normalmente. Se um aprendiz entrar no MC2 e a
técnica em vigor for a Contribuição Mediada (caso 3), ele participará da conversação da
mesma forma que os demais aprendizes presentes. Mas se o aprendiz entrar no MC2 e a
técnica em vigor for a Contribuição Única (caso 2) ou a Contribuição Circular (caso 4),
este ficará com o seu botão de Enviar desabilitado até que a técnica seja alterada. Estes
casos não são considerados para os mediadores pois eles não possuem qualquer restrição
em relação ao envio de contribuições.
Neste capítulo foram apresentadas inúmeras situações (aplicação das técnicas e
troca entre técnicas) onde surgiram problemas enquanto o debate era realizado com a
utilização do MC1 que seriam evitados com o uso do MC2.
130
9 Análise do Experimento
Para avaliar a aplicação desenvolvida foi realizado um experimento onde foram
realizados 8 debates, que fazem parte do cronograma do curso TIAE ministrado em
2002.2. Para ser possível experimentar e comparar o MC1, que é a aplicação atualmente
disponível no AulaNet, e o MC2 que é a aplicação desenvolvida, foram realizados 4
debates usando o MC1 e 4 usando o MC2.
No TIAE, os temas são divididos em aulas e o Debate é utilizado para discuti-los
semanalmente. O que se deseja com o debate é o alinhamento de idéias e não o consenso.
O moderador além de conduzir o debate deve propor os tópicos a serem discutidos, que
devem estar relacionados à Conferência da semana. O resultado da discussão do Debate
não provém de mensagens individuais e sim da união das pequenas mensagens, muitas
vezes sem sentido fora do contexto, que os participantes vão trocando à medida que
constroem o conhecimento colaborativamente. Como um participante escreve uma
contribuição enquanto outras contribuições são escritas e enviadas, os assuntos são
intercalados e trocados com facilidade, tornando difícil discutir um tópico em
profundidade. Desta forma o tema do debate é discutido amplamente, mas
superficialmente, detendo-se nos tópicos mais polêmicos, e as discussões são
complementadas nas Conferências. [Lucena & Fuks, 2002]
Até a edição de 2002.1, a dinâmica do debate no TIAE tinha como objetivo a
sincronização das idéias dos aprendizes e no final de cada sessão de debate tentava-se
uma convergência sobre a discussão. O mediador tentava alcançar o objetivo do debate
de forma subjetiva e isso dificultava o seu trabalho. Para tentar melhorar o debate, a
dinâmica evoluiu e passou a apresentar passos bem definidos a serem seguidos pelos
participantes.
131
As sessões de debate foram analisadas buscando avaliar se os mediadores
conseguiram aplicar de forma satisfatória a dinâmica elaborada para os debates do curso
TIAE 2002.2 usando a aplicação MC2. A dinâmica foi definida no início do curso e foi
aplicada em todos os debates. A seguir será apresentado um resumo da dinâmica dos
debates descrita no capítulo 5.
De acordo com o cronograma do curso, no debate são discutidas as questões
postadas na Conferência – serviço do AulaNet – da semana. A dinâmica do debate
consiste em repetir para cada uma das três questões que serão discutidas os passos a
seguir. Primeiro o moderador, que é o aprendiz responsável pela moderação do debate da
semana, sintetiza a questão e em seguida é realizada uma discussão circular onde cada
aprendiz envia uma contribuição indicando o que gostaria de discutir em relação à
questão. Neste momento é realizada uma votação para escolher qual contribuição será
discutida, de forma livre, pelo grupo. O mediador é responsável por finalizar o debate
quando este tiver cerca de uma hora de duração. Para que as duas aplicações (MC1 e
MC2) pudessem ser comparadas, a dinâmica aplicada nos debates foi mantida durante os
oito debates realizados no curso. É bom ressaltar que o moderador é um aprendiz e a sua
interface não possui suporte tecnológico para a coordenação.
As tabelas apresentadas a seguir contém informações sobre a frequência de
acontecimentos relevantes relacionados à aplicação da dinâmica nos debates. Cada tabela
contém os dados relativos a um debate.
Cada debate é composto de três partes, onde cada uma consiste basicamente da
aplicação de uma contribuição circular, uma contribuição única e uma contribuição livre.
O envio da síntese de uma questão marca o início de cada parte. NC é o número de
contribuições enviadas. A seguir será apresentada uma legenda para explicar a tabela
utilizada.
Legenda:
a) Número de vezes em que o mediador deseja ter acesso exclusivo ao canal de
comunicação. NC: número de contribuições que o mediador envia.
132
b) Número de vezes em que o mediador é interrompido no momento em que deseja ter
acesso exclusivo ao canal de comunicação. NC: número de contribuições que o
aprendiz envia interrompendo o mediador.
c) Número de vezes em que o mediador deseja dar acesso exclusivo ao canal de
comunicação apenas a alguns aprendizes. NC: número de contribuições que estes
aprendizes enviam.
d) Número de vezes em que os aprendizes que deveriam ter acesso exclusivo ao canal de
comunicação são interrompidos. NC: número de contribuições que os aprendizes
enviam interrompendo os escolhidos pelo mediador.
e) Número de vezes em que o mediador inicia a Contribuição Circular. NC: número de
contribuições que são enviadas para conseguir dar início à técnica.
f) Número de vezes em que a aplicação da técnica Contribuição Circular é interrompida.
NC: número de contribuições que interromperam a técnica.
g) Número de vezes em que a aplicação da técnica Contribuição Circular é concluida
com êxito. NC: número de contribuições enviadas para concluir a técnica.
h) Número de vezes em que o mediador inicia a Contribuição Única. NC: número de
contribuições que são enviadas para conseguir dar início à técnica.
i) Número de vezes em que a aplicação da técnica Contribuição Única é interrompida.
NC: número de contribuições que interromperam a técnica.
j) Número de vezes em que a aplicação da técnica Contribuição Única é concluida com
êxito. NC: número de contribuições enviadas para concluir a técnica.
k) Número de vezes em que o mediador inicia a Contribuição Livre. NC: número de
contribuições que são enviadas para conseguir dar início à técnica.
133
l) Número de vezes em que a aplicação da técnica Contribuição Livre é concluida com
êxito. NC: número de contribuições enviadas após a primeira tentativa de concluir a
técnica.
m) Número de vezes em que os aprendizes enviam contribuições expressando a
necessidade de coordenação. NC: número de contribuições que os aprendizes enviam
expressando necessidade de coordenação.
São consideradas interrupções tanto as contribuições dos aprendizes enviadas em
momento impróprio, como as contribuições dos mediadores que interferirem no
andamento da técnica. O número de vezes em que a aplicação da técnica Contribuição
Livre é interrompida foi desconsiderado por não fazer sentido neste contexto.
A análise do experimento consiste de três fases. Na primeira fase foram coletadas
as informações relativas aos debates realizados com a aplicação MC1. Já na segunda
fase, foram coletadas as informações relativas aos debates realizados com a aplicação
MC2. Na terceira e última fase foram comparados os resultados obtidos nas segunda e
terceira fases.
9.1 Primeira Etapa do Experimento
A seguir serão apresentadas as informações relativas aos 4 primeiros debates
realizados no TIAE 2002.2. Nestes debates a aplicação utilizada foi o MC1, aplicação
atualmente disponível no AulaNet, que não oferece qualquer suporte tecnológico de
apoio à coordenação.
134
A Tabela 2 contém informações relativas ao primeiro debate, que foi realizado
usando o MC1.
Debate 1 (MC1) Parte 1 NC Parte 2 NC Parte 3 NC (a) Mediador quer a palavra (bloquear todo mundo)
1 4 0 0 0 0
(b) Interrompe (a) 0 0 0 0 0 0 (c) Mediador quer dar a palavra a alguns aprendizes (desbloquear)
2 6 3 7 2 5
(d) Interrompe (c) 1 1 3 6 1 2 (e) Inicia a Contribuição Circular 1 1 1 1 1 1 (f) Interrompe a Contribuição Circular 2 7 2 8 0 0 (g) Fim da Contribuição Circular 1 0 1 0 1 0 (h) Inicia a Contribuição Única 1 2 1 1 1 1 (i) Interrompe a Contribuição Única 0 0 1 2 1 4 (j) Fim da Contribuição Única 1 1 1 1 1 1 (k) Inicia a Contribuição Livre 1 1 1 1 1 1 (l) Fim da Contribuição Livre 1 14 1 10 1 12 (m) Necessidade de coordenação (expressada pelos aprendizes)
9 9 3 3 11 11
Tabela 2 – Dados relativos ao primeiro debate
Neste primeiro debate é possível perceber pela quantidade de contribuições
enviadas (36 contribuições), que o mediador teve dificuldade em finalizar a aplicação da
técnica Contribuição Livre. Além de não estarem acostumados com a dinâmica, neste
momento do debate os aprendizes estão no embalo da discussão e o protocolo social não
foi suficiente para cessar a conversação. Neste debate houveram muitas manifestações
dos aprendizes sobre a necessidade de coordenação durante uma sessão de debate. Ao
todo foram 23 contribuições enviadas por eles dando sugestões ou apenas expondo a
necessidade de coordenação.
135
A Tabela 3 contém os dados coletados do registro do segundo debate realizado no
curso.
Debate 2 (MC1) Parte 1 NC Parte 2 NC Parte 3 NC (a) Mediador quer a palavra (bloquear todo mundo)
1 1 1 1 1 6
(b) Interrompe (a) 0 0 0 0 0 0 (c) Mediador quer dar a palavra a alguns aprendizes (desbloquear)
2 6 3 9 3 6
(d) Interrompe (c) 0 0 1 7 3 22 (e) Inicia a Contribuição Circular 1 1 1 1 1 1 (f) Interrompe a Contribuição Circular 2 4 0 0 1 1 (g) Fim da Contribuição Circular 1 0 1 0 1 0 (h) Inicia a Contribuição Única 1 2 1 1 4 6 (i) Interrompe a Contribuição Única 1 5 0 0 5 26 (j) Fim da Contribuição Única 1 1 1 1 3 3 (k) Inicia a Contribuição Livre 1 1 1 1 1 1 (l) Fim da Contribuição Livre 1 6 1 12 1 4 (m) Necessidade de coordenação (expressada pelos aprendizes)
7 7 0 0 14 14
Tabela 3 – Dados relativos ao segundo debate
Apesar da aplicação não oferecer suporte tecnológico à coordenação, neste debate o
protocolo social foi suficiente para evitar interrupções por parte dos aprendizes no
momento em que os mediadores queriam ter acesso exclusivo ao canal de comunicação.
Neste debate as manifestações dos aprendizes sobre a necessidade de coordenação
durante uma sessão de debate continuaram, sendo que foram enviadas 21 contribuições.
136
A Tabela 4 contém os dados coletados do registro do terceiro debate realizado no
curso.
Debate 3 (MC1) Parte 1 NC Parte 2 NC Parte 3 NC (a) Mediador quer a palavra (bloquear todo mundo)
1 5 0 0 1 5
(b) Interrompe (a) 1 1 0 0 1 4 (c) Mediador quer dar a palavra a alguns aprendizes (desbloquear)
3 7 2 4 2 6
(d) Interrompe (c) 0 0 0 0 1 7 (e) Inicia a Contribuição Circular 1 1 1 1 1 1 (f) Interrompe a Contribuição Circular 0 0 1 1 0 0 (g) Fim da Contribuição Circular 1 0 1 0 1 1 (h) Inicia a Contribuição Única 1 2 1 1 1 1 (i) Interrompe a Contribuição Única 0 0 0 0 0 0 (j) Fim da Contribuição Única 1 1 1 1 1 1 (k) Inicia a Contribuição Livre 1 1 1 1 2 2 (l) Fim da Contribuição Livre 1 13 1 2 1 9 (m) Necessidade de coordenação (expressada pelos aprendizes)
0 0 0 0 0 0
Tabela 4 – Dados relativos ao terceiro debate
Já neste debate, o protocolo social não foi suficiente para evitar interrupções por
parte dos aprendizes no momento em que os mediadores queriam ter acesso exclusivo ao
canal de comunicação. Nas duas vezes em que os mediadores quiseram o acesso
exclusivos eles foram interrompidos. Quando os mediadores tentaram dar acesso
exclusivo ao canal de comunicação apenas a alguns aprendizes, o que aconteceu 7 vezes,
foram interrompidos apenas uma vez. Na Contribuição Circular também só houve uma
interrupção. Este número de interrupções é pequeno mas não há como garantir, sem um
suporte tecnológico, que sempre será assim. Durante a votação (Contribuição Única), não
houve nenhuma interrupção e os aprendizes seguiram adequadamente a dinâmica. O
pequeno número de interrupções se justifica pela evolução do grupo que aprendeu a
dinâmica aplicada. No momento em que os aprendizes se mostraram mais familiarizados
com a dinâmica tendo uma queda significativa de interrupções, não foi registrada
qualquer manifestação por parte dos aprendizes sobre a necessidade de coordenação
durante uma sessão de debate.
137
A Tabela 5 contém os dados coletados do registro do quarto debate realizado no
curso. Este foi o último debate realizado usando a aplicação MC1.
Debate 4 (MC1) Parte 1 NC Parte 2 NC Parte 3 NC (a) Mediador quer a palavra (bloquear todo mundo)
1 4 4 5 3 7
(b) Interrompe (a) 0 0 3 16 1 1 (c) Mediador quer dar a palavra a alguns aprendizes (desbloquear)
3 7 3 7 4 14
(d) Interrompe (c) 1 9 1 3 3 10 (e) Inicia a Contribuição Circular 1 1 1 1 2 2 (f) Interrompe a Contribuição Circular 0 0 0 0 2 9 (g) Fim da Contribuição Circular 1 0 1 0 2 0 (h) Inicia a Contribuição Única 1 1 1 1 2 2 (i) Interrompe a Contribuição Única 0 0 0 0 0 0 (j) Fim da Contribuição Única 1 1 1 1 1 1 (k) Inicia a Contribuição Livre 1 1 1 1 1 0 (l) Fim da Contribuição Livre 1 1 1 1 1 0 (m) Necessidade de coordenação (expressada pelos aprendizes)
16 16 1 1 0 0
Tabela 5 – Dados relativos ao quarto debate
Mesmo depois de um debate com poucas interrupções, no Debate 4 ocorreu um
número alto de interrupções, o que reforça o fato de não ser possível garantir que após
aprender a dinâmica o grupo irá se comportar de forma adequada sem ter um suporte
tecnológico à coordenação. Com a alta nas interrupções, os aprendizes voltaram a sentir a
necessidade de coordenação e enviaram contribuições demonstrando isso.
9.2 Segunda Etapa do Experimento
A seguir serão apresentadas as informações relativas aos 4 últimos debates
realizados no TIAE 2002.2. Nestes debates a aplicação utilizada foi o MC2, aplicação
desenvolvida nesta pesquisa, que oferece suporte tecnológico de apoio à coordenação por
meio das técnicas de conversação.
138
A Tabela 6 contém os dados coletados do registro do quinto debate realizado no
curso. Este foi o primeiro debate realizado usando a aplicação MC2.
Debate 5 (MC2) Parte 1 NC Parte 2 NC Parte 3 NC (a) Mediador quer a palavra (bloquear todo mundo)
4 15 2 7 1 7
(b) Interrompe (a) 0 0 0 0 0 0 (c) Mediador quer dar a palavra a alguns aprendizes (desbloquear)
1 3 1 4 1 4
(d) Interrompe (c) 0 0 0 0 0 0 (e) Inicia a Contribuição Circular 2 2 1 1 1 1 (f) Interrompe a Contribuição Circular 0 0 0 0 0 0 (g) Fim da Contribuição Circular 1 0 1 0 1 0 (h) Inicia a Contribuição Única 1 1 1 1 0 0 (i) Interrompe a Contribuição Única 0 0 0 0 0 0 (j) Fim da Contribuição Única 1 1 1 1 0 0 (k) Inicia a Contribuição Livre 1 1 1 1 1 1 (l) Fim da Contribuição Livre 1 1 1 2 1 0 (m) Necessidade de coordenação (expressada pelos aprendizes)
0 0 0 0 0 0
Tabela 6 – Dados relativos ao quinto debate
Quando a aplicação utilizada passou a ser o MC2 o número de interrupções foi
nulo, pois a automatização do processo impede que algum aprendiz envie contribuições
quando não é a sua vez e retira do mediador a responsabilidade de controlar a aplicação
da técnica. O fato da linha (d) ter sido nula não tem a mesma justificativa, pois no
momento em que foram realizados os debates o MC2 ainda não tinha suporte tecnológico
para evitar este tipo de interrupção. A justificativa é a união do protocolo social ao
amadurecimento da dinâmica pelos aprendizes. Pelo número de contribuições enviadas é
possível perceber que o mediador não teve dificuldade em finalizar a aplicação da técnica
Contribuição Livre, pois ele poderia bloquear todos os aprendizes ou já dar início a outra
técnica. Neste debate não houve qualquer manifestação dos aprendizes sobre a
necessidade de coordenação durante uma sessão de debate.
A Tabela 7 contém os dados coletados do registro do sexto debate realizado no
curso.
3
139
Debate 6 (MC2) Parte 1 NC Parte 2 NC Parte 3 NC (a) Mediador quer a palavra (bloquear todo mundo)
3 9 0 0 0 0
(b) Interrompe (a) 0 0 0 0 0 0 (c) Mediador quer dar a palavra a alguns aprendizes (desbloquear)
2 3 3 4 3 7
(d) Interrompe (c) 1 1 0 0 1 5 (e) Inicia a Contribuição Circular 1 1 1 1 1 1 (f) Interrompe a Contribuição Circular 0 0 0 0 0 0 (g) Fim da Contribuição Circular 1 0 1 0 1 0 (h) Inicia a Contribuição Única 2 2 1 1 1 1 (i) Interrompe a Contribuição Única 0 0 0 0 0 0 (j) Fim da Contribuição Única 1 1 1 1 1 1 (k) Inicia a Contribuição Livre 2 2 1 1 1 0 (l) Fim da Contribuição Livre 1 0 1 2 1 0 (m) Necessidade de coordenação (expressada pelos aprendizes)
0 1 0 0 0 0
Tabela 7 – Dados relativos ao sexto debate
Sem o suporte tecnológico necessário, o mediador não teve como impedir a
ocorrrência de interrupções quando tentaram dar acesso exclusivo ao canal de
comunicação apenas a alguns aprendizes. Enquanto isso os outros tipos de interrupções
continuaram sendo nulos.
A Tabela 8 contém os dados coletados do registro do sétimo debate realizado no
curso.
Debate 7 (MC2) Parte 1 NC Parte 2 NC Parte 3 NC (a) Mediador quer a palavra (bloquear todo mundo)
3 12 0 0 0 0
(b) Interrompe (a) 0 0 0 0 0 0 (c) Mediador quer dar a palavra a alguns aprendizes (desbloquear)
1 5 1 3 1 5
(d) Interrompe (c) 1 2 2 7 0 0 (e) Inicia a Contribuição Circular 1 1 1 1 1 1 (f) Interrompe a Contribuição Circular 0 0 0 0 0 0 (g) Fim da Contribuição Circular 1 0 1 0 1 0 (h) Inicia a Contribuição Única 1 1 1 1 2 2 (i) Interrompe a Contribuição Única 0 0 0 0 0 0 (j) Fim da Contribuição Única 1 1 1 1 1 1 (k) Inicia a Contribuição Livre 1 1 1 1 1 1 (l) Fim da Contribuição Livre 1 0 1 1 1 0 (m) Necessidade de coordenação (expressada pelos aprendizes)
0 0 0 0 0 0
Tabela 8 – Dados relativos ao sétimo debate
140
O Debate 7, assim como o Debate 8 tiveram um comportamento semelhante ao do
debate anterior (Debate6).
A Tabela 9 contém os dados coletados do registro do oitavo debate realizado no
curso. Este foi o último debate realizado no curso e usou a aplicação MC2.
Debate 8 (MC2) Parte 1 NC Parte 2 NC Parte 3 NC (a) Mediador quer a palavra (bloquear todo mundo)
2 8 1 3 2 4
(b) Interrompe (a) 0 0 0 0 0 0 (c) Mediador quer dar a palavra a alguns aprendizes (desbloquear)
2 7 2 6 2 7
(d) Interrompe (c) 2 2 0 0 1 4 (e) Inicia a Contribuição Circular 1 1 1 1 1 1 (f) Interrompe a Contribuição Circular 0 0 0 0 0 0 (g) Fim da Contribuição Circular 1 0 1 0 1 0 (h) Inicia a Contribuição Única 1 1 1 1 1 1 (i) Interrompe a Contribuição Única 0 0 0 0 0 0 (j) Fim da Contribuição Única 1 1 1 1 1 1 (k) Inicia a Contribuição Livre 2 2 1 1 1 1 (l) Fim da Contribuição Livre 2 0 1 0 1 0 (m) Necessidade de coordenação (expressada pelos aprendizes)
0 0 0 0 0 0
Tabela 9 – Dados relativos ao oitavo debate
Os dados coletados dos registros dos debates possibilitam visualizar alguns
fenômenos interessantes que poderão ser vistos nos gráficos apresentados a seguir.
9.3 Comparação entre as Etapas do Experimento
Nesta seção serão apresentadas as comparações realizadas entre as informações
obtidas nas duas etapas do experimento realizado.
O gráfico em colunas apresentado na Figura 67 mostra a frequência com que a
técnica Contribuição Circular é interrompida. São consideradas interrupções tanto as
contribuições dos aprendizes enviadas em momento impróprio, como as contribuições
dos mediadores que interferirem no andamento da técnica. A primeira coluna representa o
número de vezes que a técnica foi aplicada. A segunda coluna representa o número de
141
vezes em que a técnica foi interrompida e na terceira coluna estão o número de
contribuições enviadas que interromperam a técnica.
3 3 34 4
3 3 34
3
12
0 0 0 0
5
1
9
0 0 0 0
15
0
2
4
6
8
10
12
14
16
Debate 1 Debate 2 Debate 3 Debate 4 Debate 5 Debate 6 Debate 7 Debate 8
Ocorrências da TécnicaInterrupções da TécnicaNC
Figura 67 - Interrupções na Contribuição Circular
O fragmento apresentado na Figura 68 mostra que o mediador Marcelo indicou
Alessandro como sendo o próximo da fila, mas Cláudio enviou sua contribuição
interrompendo a Contribuição Circular.
Figura 68 - Interrupção do aprendiz na Contribuição Circular (MC1)
MC1
MC2
<Marcelo Galvão Pimenta> Alessandro, sua contribuição: <Cláudio Oliveira Maldini> Vai depender do interesse do tecnófobo pelo assunto. Se for algo completamente desinteressante ele dificilmente se sentirá imbuído a participar de uma experiência on-line. <Alessandro Mendes Garcia> O tecnófobo é, por definição, aquela pessoa que tem medo de novas tecnologias. O fato de um aprendiz tecnófobo ter que tomar uma atitude ativa numa sala de aula …
Interrupção da
discussão circular
142
O fragmento apresentado na Figura 69 mostra que o moderador Alessandro se
confundiu e indicou o aprendiz Breno, que não estava presente no debate, para ser o
próximo a enviar a sua contribuição. Ao perceber o seu erro, o mediador se justificou e
indicou outro aprendiz. Depois disso a Contribuição Circular prosseguiu normalmente.
Figura 69 - Interrupção do moderador na Contribuição Circular (MC1)
O gráfico em linhas apresentado na Figura 70 mostra a semelhança de
comportamento entre o número de vezes em que a técnica foi interrompida e o número de
contribuições enviadas que interromperam a técnica.
43
12
0 0 0 0
15
5
1
9
0 0 0 00
2
4
6
8
10
12
14
16
Debate 1 Debate 2 Debate 3 Debate 4 Debate 5 Debate 6 Debate 7 Debate 8
Interrupções da TécnicaNúmero de Contribuições
Figura 70 - Comportamento das Contribuições enviadas durante a Contrib.
Circular
<Alessandro Mendes Garcia> Breno... <Alessandro Mendes Garcia> o bren onao esta <Alessandro Mendes Garcia> Cláudio....
<Cláudio Oliveira Maldini> Não existe método mais adequado, tem que haver vários fatores, como coordenação, moderação, críticas...
Interrupção do
moderador
MC1
MC2
143
Como pode ser visto nas Figuras 67 e 70, a frequência de interrupções foi
diminuindo mesmo enquanto a aplicação utilizada ainda era o MC1, o que mostra um
amadurecimento dos aprendizes e mediadores em relação à dinâmica usada. Quando a
aplicação utilizada passou a ser o MC2 o número de interrupções foi nulo, pois o
protocolo social foi embutido nos elementos de coordenação do MC2 impedindo que
algum aprendiz envie contribuições for a da sua vez. O fato do número de ocorrências ter
sido grande no primeiro debate não deve ser considerado como grave pois foi neste
momento que houve o primeiro contato dos aprendizes e dos mediadores com a aplicação
e com a dinâmica.
O gráfico em colunas apresentado na Figura 71 mostra a frequência com que a
técnica Contribuição Única é interrompida. São consideradas interrupções tanto as
contribuições dos aprendizes enviadas em momento impróprio, como as contribuições
dos mediadores que interferirem no andamento da técnica. A primeira coluna representa o
número de vezes que a técnica foi aplicada. A segunda coluna representa o número de
vezes em que a técnica foi interrompida e na terceira coluna estão o número de
contribuições enviadas que interromperam a técnica.
36
3 4 3 4 4 32
9
0 0 0 0 0 0
6
36
0 0 0 0 0 00
5
10
15
20
25
30
35
40
Debate 1 Debate 2 Debate 3 Debate 4 Debate 5 Debate 6 Debate 7 Debate 8
Ocorrências da TécnicaInterrupções da TécnicaNC
Figura 71 - Interrupções na Contribuição Única
MC1
MC2
144
O fragmento apresentado na Figura 72 mostra a dificuldade do mediador Marcelo
conseguir iniciar uma votação. Ele envia uma contribuição informando o início da
votação e apenas após 6 contribuições enviadas desnecessariamente é que o aprendiz
Breno dá início real à votação.
Figura 72 - Interrupção do aprendiz na Contribuição Única (MC1)
O gráfico em linhas apresentado na Figura 73 mostra a semelhança de
comportamento entre o número de vezes em que a técnica foi interrompida e o número de
contribuições enviadas que interromperam a técnica.
<Marcelo Galvão Pimenta> Votem. <Benedito Lessa de Melo> votação? <Benedito Lessa de Melo> doh! <João Henrique Leonel da Costa Neto> hoje eh democracia total ! <Alessandro Mendes Garcia> comigo nao teve votacao marcelo! <Cláudio Oliveira Maldini> João: Exceto o lampejo do Alessandro. :) <Marcelo Galvão Pimenta> (ps: só não pode ser o alessandro) <Breno Amaro de Silveira> Eu votaria sempre na Luciana pra moderadora... Ela tem o dom.. <Flávio Green> João
Mediador tenta iniciar
votação
Início real da votação
145
2
9
0 0 0 0 0 0
6
36
0 0 0 0 0 00
5
10
15
20
25
30
35
40
Debate 1 Debate 2 Debate 3 Debate 4 Debate 5 Debate 6 Debate 7 Debate 8
Interrupções da TécnicaNúmero de Contribuições
Figura 73 - Comportamento das Contribuições enviadas durante a Contrib. Única
Como pode ser visto nas Figuras 71 e 73, a frequência de interrupções foi
diminuindo mesmo enquanto a aplicação utilizada ainda era o MC1, o que mostra um
amadurecimento dos aprendizes e mediadores em relação à dinâmica usada. Quando a
aplicação utilizada passou a ser o MC2 o número de interrupções foi nulo, pois como foi
dito anteriormente, o protocolo social foi embutido nos elementos de coordenação do
MC2 impedindo que algum aprendiz envie contribuições quando não é a sua vez.
O gráfico em colunas apresentado na Figura 74 mostra a frequência com que a
técnica Contribuição Livre é aplicada em cada debate e o número de contribuições
enviadas após informado o término da conversação livre.
MC1
MC2
146
3 3 4 3 3 3 3 4
36
2224
2 3 2 1 00
5
10
15
20
25
30
35
40
Debate 1 Debate 2 Debate 3 Debate 4 Debate 5 Debate 6 Debate 7 Debate 8
Ocorrências da TécnicaNúmero de Contribuições
Figura 74 - Contribuições enviadas após o término da Contribuição Livre
Neste estudo considerou-se que no MC1 as contribuições enviadas após informado
o término da conversação livre são todas aquelas que foram enviadas tanto pelos
aprendizes como pelos mediadores após a primeira contribuição enviada pelo mediador
manifestando o término da conversação livre. Já no MC2, considera-se as contribuições
enviadas após informado o término da conversação livre, todas aquelas enviadas pelos
aprendizes e mediadores entre a primeira contribuição que manifeste o término da
conversação livre e o bloqueio ou troca de técnica.
O fragmento apresentado na Figura 75 mostra a dificuldade do mediador Marcelo
de encerrar uma conversação livre. Ele envia a contribuição “TEMPO ESGOTADO”
informando o término mas apenas após 7 contribuições ele consegue realmente finalizar
esta conversação livre.
MC1
MC2
147
Figura 75 - Contribuições enviadas após o término da Contrib. Livre no MC1
Na Figura 76 o moderador Breno avisa que está na hora de encerrar a conversação
livre. O mediador, que é quem tem o suporte tecnológico, quase que imediatamente
atende ao pedido do moderador e encerra a conversação livre.
Figura 76 - Término da Contribuição Livre no MC2
O gráfico em linhas apresentado na Figura 77 mostra o comportamento da curva do
número de contribuições enviadas após o témino teórico da conversação.
<Marcelo Galvão Pimenta> Ok... galera. <Marcelo Galvão Pimenta> TEMPO ESGOTADO. <João Henrique Leonel da Costa Neto> o medo deve ser tratado por psicologos. <Benedito Lessa de Melo> a interface com certeza tem grande influencia mas não é a causa principal do problema de tecnofobia! <Ricardo de Carvalho Ramminger> Claudio: Exatamente! Imagine sua faxineira usando um computador...e lembre que ela não é minoria! <Marcelo Galvão Pimenta> TEMPO ESGOTADO. <Marcelo Galvão Pimenta> TEMPO ESGOTADO! <Décio Martins> Acho que sim, Flavio. Acho que a fobia é causada em grande parte porque as pessoas nao sabem como funciona
Tentativa de término do
Brainstorming
Término real do
Brainstorming
(12:37:04) Breno Amaro de Silveira --
Tempo acabado..
(12:37:06) @Marcelo Galvão Pimenta -- IBW não se realiza através de uma dinâmica única !!!
(12:37:11) *** O mediador @Marcelo Galvão
Pimenta bloqueou todos os aprendizes!
Moderador informa fim do brainstorming
Fim do brainstorming
148
36
2224
2 3 2 1 00
5
10
15
20
25
30
35
40
Debate 1 Debate 2 Debate 3 Debate 4 Debate 5 Debate 6 Debate 7 Debate 8
Número de Contribuições
Figura 77 - Contribuições enviadas após o témino teórico do brainstorming
Como pode ser visto nas Figuras 74 e 77, nos primeiros debates que usaram o MC1
notou-se uma grande dificuldade de interromper um conversação livre quando os
aprendizes estão no auge da participação. Muitas vezes eles nem percebem as
contribuições enviadas pelos mediadores, e acabam desrespeitando o protocolo social.
Mesmo assim, o número de contribuições foi diminuindo mesmo enquanto a aplicação
utilizada ainda era o MC1, o que mostra um amadurecimento dos aprendizes e
mediadores em relação à dinâmica usada. Quando a aplicação utilizada passou a ser o
MC2 o número de contribuições despencou, mas não foi nulo, pois pode existir um certo
atraso entre a manifestação de fim de conversação e a ação que deve ser tomada pelo
mediador.
O gráfico em linhas apresentado na Figura 78 mostra o número de contribuições
enviadas pelos aprendizes manifestando necessidade de coordenação do debate.
MC1
MC2
149
2321
0
17
01
0 00
5
10
15
20
25
Debate 1 Debate 2 Debate 3 Debate 4 Debate 5 Debate 6 Debate 7 Debate 8
Número de Contribuições
Figura 78 - Contribuições enviadas pelos aprendizes manifestando necessidade de
coordenação
São consideradas contribuições manifestando necessidade de coordenação aquelas
cujo conteúdo expressa tal sentimento. O fragmento apresentado na Figura 79 mostra
algumas contribuições deste tipo que foram enviadas pelos aprendizes. Os trechos que
mais explicitam tais manifestações estão em negrito.
Figura 79 - Contrib. enviadas que expressam a necessidade de coordenação
<Alessandro Mendes Garcia> fica muito confuso discutir por chat, como está sendo agora. Uma discussao presencial é muito, muito mais eficiente <...> <Luciana Lima de Barros> Alessandro, não seria por falta de hábito? <...> <Alessandro Mendes Garcia> luciana: acho que nao, é falta de coordenacao
<Décio Martins> Eu acho que cada um deveria pedir a palavra e so a teria quem recebesse do moderador. <...> <Alessandro Mendes Garcia> concordo com o decio <...> <Ricardo de Carvalho Ramminger> GOsto da idéia do Décio, d i í!
MC1
MC2
150
Como pode ser visto na Figura 79, o início do uso do MC2 coincidiu com a
diminuição do número de contribuições relativas à coordenação. Mesmo assim, não é
possível afirmar que os aprendizes param de se manifestar por estarem satisfeitos pois
outros fatores podem ter afetado esta diminuição, como o assunto discutido no debate em
questão, ou o fato de já ter se manifestado várias vezes.
O gráfico em colunas apresentado na Figura 80 mostra a frequência com que o
mediador deseja ter acesso exclusivo ao canal de comunicação e o número de
contribuições que ele envia neste momento. Aqui também é apresentado o número de
vezes que o mediador é interrompido no momento em que deseja ter acesso exclusivo ao
canal de comunicação e quantas contribuições são enviadas pelos aprendizes
interrompendo o mediador.
13 2
8 7
3 354
810
16
29
912
15
0 0 14
0 0 0 00 0 1
17
0 0 0 00
5
10
15
20
25
30
35
Debate 1 Debate 2 Debate 3 Debate 4 Debate 5 Debate 6 Debate 7 Debate 8
Mediador quer a palavra
Contribuições doMediadorNúmero de Interrupções
Contribuições queInterromperam
Figura 80 - Acesso exclusivo ao canal de comunicação ao mediador
O mediador deseja ter acesso exclusivo ao canal de comunicação quando quer parar
uma discussão ou quando quer chamar a atenção sobre o conteúdo da sua contribuição.
Neste caso serão consideradas interrupções ao mediador as contribuições enviadas pelos
aprendizes que não estão relacionadas com a contribuição importante enviada pelo
mediador, ou quando o mediador quiser dar um recado, por exemplo, e for interrompido.
MC1 MC2
151
O fragmento apresentado na Figura 81 mostra um exemplo onde o moderador João
envia uma questão e apenas três aprendizes se manifestam. As outras contribuições
enviadas não tinham qualquer relação com a do moderador. As reticências foram usadas
para diminuir o fragmento do debate e facilitar o entendimento. Elas representam as
contribuições enviadas que não têm relação com o que o mediador pediu.
Figura 81 - Contrib. enviadas desnecessariamente pelos aprendizes no MC1
O fragmento apresentado na Figura 82 mostra um exemplo onde a mediadora
Luciana deseja ter acesso exclusivo ao canal de comunicação. Com o apoio tecnológico
oferecido pelo MC2, o mediador bloqueia o botão ‘Enviar’ dos aprendizes impedindo o
envio de contribuições por eles. Com isso o mediador nunca é interrompido, e ainda
consegue chamar a atenção de todos.
<João Henrique Leonel da Costa Neto> Alguem acha importante o contato com o professor , como vivencia acadêmica ? <Alessandro Mendes Garcia> ... <Flávio Green> ... <Ricardo de Carvalho Ramminger> ... <Cláudio Oliveira Maldini> João: só para esclarecer dúvidas. <Benedito Lessa de Melo> ... <Marcelo Galvão Pimenta> ... <Flávio Green> ... <Cláudio Oliveira Maldini> ... <Décio Martins> ... <Marcelo Galvão Pimenta> ... <Alessandro Mendes Garcia> ... <Décio Martins> Joao: depende, alguns contatos com professor não renderam boas recordações. <Danilo Soares Arcanjo> João:É importante saber que o professor esta lá para tirar as suas dúvidas,mas esse contato não precisa ser presencial
Con
tribu
içõe
s Rel
evan
tes
152
Figura 82 - Contrib. enviadas desnecessariamente pelos aprendizes no MC2
O gráfico em linhas apresentado na Figura 83 mostra que enquanto o MC1 estava
sendo utilizado, a curva das contribuições que interromperam o mediador seguia um
curso, mas quando o MC2 passou a ser usado este curso alterou-se bruscamente.
4
810
16
29
912
15
0 0 1
17
0 0 0 00
5
10
15
20
25
30
35
Debate 1 Debate 2 Debate 3 Debate 4 Debate 5 Debate 6 Debate 7 Debate 8
Contribuições doMediadorContribuições queinterromperam
Figura 83 - Comportamento das Contribuições que interromperam o mediador
MC1
(12:09:36) *** O mediador @Luciana Lima de Barros bloqueou todos os aprendizes! (12:09:47) @Luciana Lima de Barros -- Bom, então vamos começar! (12:10:11) @Luciana Lima de Barros -- CAda um vai colocar a sua contribuiçao e vamos discutir sem o moderador! (12:10:13) *** O mediador @Luciana Lima de Barros desbloqueou todos os aprendizes!
MC2
153
Como pode ser visto nas Figuras 80 e 83, enquanto a plicação MC1 estava sendo
utilizada, o aumento no número de contribuições que interromperam o mediador é
proporcional ao aumento no número de contribuições enviadas pelo mediador. Quando o
MC2 passou a ser utilizado esta proporcionalidade acabou e o número de interrupções se
tornou nulo. Com o suporte tecnológico oferecido pela aplicação MC2, o mediador nunca
é interrompido quando requisita o canal de comunicação só para ele, e ainda consegue
chamar a atenção de todos.
Outra observação que pode ser feita é que depois que o protocolo social foi
embutido nos elementos de coordenação do MC2 impedindo que algum aprendiz envie
contribuições em momento indesejado pelo mediador, o número de contribuições
enviadas pelo mediador nestes casos passou de 38 (no MC1) para 65 (no MC2).
O gráfico em colunas apresentado na Figura 84 mostra a frequência com que o
mediador deseja dar a alguns aprendizes o acesso exclusivo ao canal de comunicação e o
número de contribuições que tais aprendizes enviam neste momento. Aqui também é
apresentado o número de vezes que ocorre uma interrupção e quantas contribuições são
enviadas pelos aprendizes interrompendo o acesso exclusivo fornecido pelo mediador.
7 8 710
3
8
36
1816 17
28
1114 13
20
5 41
5
02 3 3
9
29
7
22
0
69
6
0
5
10
15
20
25
30
35
Debate 1 Debate 2 Debate 3 Debate 4 Debate 5 Debate 6 Debate 7 Debate 8
Mediador quer dar a palavra
Contribuições dos Aprendizes
Número de Interrupções
Contribuições queInterromperam
Figura 84 - Acesso exclusivo ao canal de comunicação a alguns aprendizes
MC2
MC1
154
O mediador deseja dar acesso exclusivo ao canal de comunicação a alguns
aprendizes quando quer que apenas um ou alguns deles se manifestem, ou quando quer
enfatizar a discussão de alguns fazendo com que os outros apenas leiam e não enviem
contribuições. Neste caso serão consideradas interrupções as contribuições enviadas pelos
aprendizes que não deveriam ter acesso ao canal de comunicação.
O fragmento apresentado na Figura 85 mostra um exemplo onde a mediadora
Luciana deseja dar acesso exclusivo ao canal de comunicação ao aprendiz Ricardo, mas
não conseguiu fazê-lo apenas com o protocolo social.
Figura 85 - Insuficiência do protocolo social para dar acesso exclusivo ao canal
de comunicação a um aprendiz
No exemplo da Figura 85, apenas após o envio de 5 contribuições é que o aprendiz
Ricardo enviou a contribuição solicitada pela mediadora. O fato de terem várias
contribuições entre a primeira contribuição enviada por Ricardo e a última pode tornar
obsoleta a última contribuição.
Na Figura 86 é apresentado um exemplo onde a mediadora Luciana deseja dar
acesso exclusivo ao canal de comunicação aos aprendizes Cláudio, Flávio Souza e Décio
<Ricardo de Carvalho Ramminger> Ele vão ter trauma de internet...
<Felipe Soares> ...
<Cláudio Oliveira Maldini> ...
<Luciana Lima de Barros> Desenvolva Ricardo!
<Décio Martins> ...
<Flávio Green> ...
<Cláudio Oliveira Maldini> ...
<Alessandro Mendes Garcia> ...
<Benedito Lessa de Melo> ...
<Ricardo de Carvalho Ramminger> Luciana: Acho difícil usar Groupware em ensino básico...por tudo o que comentamos
Tent
ativ
a de
dar
ac
esso
exc
lusi
vo
155
para que eles pudessem discutir enquanto os outros deveriam apenas ler suas
contribuições. Isto não foi possível pois no momento quando este debate foi realizado o
MC2 ainda não dava suporte tecnológico a este tipo de dinâmica. As reticências foram
usadas para diminuir o fragmento do debate e facilitar o entendimento. Elas representam
as contribuições enviadas que não têm relação com a conversa de Cláudio, Flávio Souza e
Décio.
Figura 86 - Insuficiência do protocolo social para dar acesso exclusivo ao canal
de comunicação a alguns aprendizes
No exemplo da Figura 86 foram enviadas 16 contribuições que não estão
relacionadas à discussão que deveria ter prioridade de acordo com o desejo do mediador.
Este fato dificulta o encadeamento da conversação.
<Cláudio Oliveira Maldini> Décio: Sim, certamente. Tem que ter alguém para supervisionar o grupo, assim como aqui, senão vira bagunça. <Benedito Lessa de Melo> ... <Alessandro Mendes Garcia> ... <Breno Amaro de Silveira> ... <Breno Amaro de Silveira> ... <João Henrique Leonel da Costa Neto> ... <Ricardo de Carvalho Ramminger> ... <Alessandro Mendes Garcia> ... <Flávio Souza> Décio - Acho que depende da hierarquia estipulada, mas provavelmente o gerente de projeto e talvez o lider do projeto. <Flávio Green> ... <Décio Martins> Cláudio: entao concordamos. Antes do começo do projeto, determina-se a hierarquia, por menor que seja. <Benedito Lessa de Melo> ... <Ricardo de Carvalho Ramminger> ... <Benedito Lessa de Melo> ... <João Henrique Leonel da Costa Neto> ... <Flávio Green> ... <Ricardo de Carvalho Ramminger> ... <Breno Amaro de Silveira> ... <Flávio Green> ... <Cláudio Oliveira Maldini> Décio: exatamente, a coordenação de uma equipe à distância tem que ser hierarquizada, na minha
156
O gráfico em linhas apresentado na Figura 87 mostra que ambas as curvas se
comportam de forma semelhante independente da aplicação utilizada.
1816 17
28
1114 13
20
9
29
7
22
0
69
6
0
5
10
15
20
25
30
35
Debate 1 Debate 2 Debate 3 Debate 4 Debate 5 Debate 6 Debate 7 Debate 8
Contribuições dosAprendizesContribuições queInterromperam
Figura 87 - Comportamento das Contribuições que interromperam o acesso
exclusivo ao canal de comunicação dado a alguns aprendizes
Como pode ser visto nas Figuras 84 e 87, a única coisa que pode ser observada é
que o número de contribuições enviadas foi menor com o uso do MC2, mas isto não nos
leva a nenhuma conclusão. Esta ausência de impacto na mudança de aplicação pode ser
explicado devido ao fato de o MC2, no período em que foi testado, não possuir o suporte
tecnológico para dar apoio ao mediador.
Durante a realização dos debates percebeu-se a necessidade dos mediadores de
poderem atuar individualmente sobre cada aprendiz. Com o poder de bloquear e
desbloquear cada aprendiz individualmente, o mediador pode realizar qualquer dinâmica,
considerando as limitações de tempo. Por exemplo, o mediador pode bloquear todos e
desbloquear apenas um para dar uma palestra, ou ainda, dividir a turma em subgrupos,
por exemplo, dividir a turma em dois grupos (imaginários) e apenas liberar (deixar
desbloqueado) os integrantes do grupo “dono” do tempo, e assim por diante. Este suporte
tecnológico foi desenvolvido mas não foi testado em um curso real. Mesmo assim, supõe-
se que com este apoio tecnológico o número de interrupções seria nulo.
MC2
MC1
157
9.4 Análise do MC2 em relação à Perda de Co-texto
O Mediated Chat 2.0 também foi analisado em [Pimentel 2003]. Nesta pesquisa
foram investigados alguns mecanismos para organizar melhor a conversação nas
ferramentas de bate-papo buscando diminuir a perda de co-texto.
“Perda de co-texto1” foi o termo elaborado para designar o fenômeno que ocorre
numa sessão de bate-papo quando um participante não consegue estabelecer o
encadeamento da conversação. Ocorre perda de co-texto toda vez que o leitor não
consegue identificar para qual mensagem anterior uma determinada mensagem está se
referenciando, não consegue identificar qual das mensagens anteriores fornece os
elementos necessários para compreender a mensagem que está sendo lida.
A perda de co-texto pode ser constatada através de declarações do tipo “do que
você está falando?” ou “não entendi”. Tais declarações, são aqui caracterizadas como
manifestações textuais da perda de co-texto. É preciso enfatizar que uma declaração do
tipo “não entendi” nem sempre poderá ser considerada como uma manifestação da perda
de co-texto. Ao declarar “não entendi”, o participante pode ter identificado o co-texto da
mensagem mas não tê-la compreendido por outro motivo – o participante pode estar
manifestando, por exemplo, a inconsistência ou impertinência do argumento apresentado
na mensagem. Para identificar uma situação de perda de co-texto é preciso analisar a
manifestação de incompreensão, as mensagens anteriores e as mensagens seguintes
procurando investigar se a incompreensão é decorrente da não identificação do
encadeamento conversacional estabelecido entre as mensagens.
É preciso enfatizar que a perda de co-texto é um fenômeno cognitivo e que nem
toda perda de co-texto é manifestada textualmente. A manifestação textual é apenas uma
das conseqüências da perda de co-texto, e não o fenômeno em si. Embora a manifestação
1 “Co-texto” designa texto ao redor, o que está escrito antes ou após um enunciado e que fornece elementos para compreendê-lo. É um termo usado na Lingüística para indicar partes específicas de um texto perto ou adjacente à unidade que tem o foco de atenção do leitor. Este termo é usado numa tentativa de solucionar a ambigüidade da palavra contexto, que possui sentido mais amplo, que pode fazer referência a ambientes tanto lingüísticos quanto situacionais [Crystal, 1985] .
158
textual da perda de co-texto seja uma medida indireta do fenômeno, esta medida já
possibilita operacionalizar esta pesquisa, pois, de alguma forma, torna perceptível a
ocorrência da perda de co-texto nas sessões de bate-papo. Com a análise das sessões de
bate-papo direcionada pelas manifestações textuais da perda de co-texto, foi possível
conceituar “perda de co-texto”, levantar possíveis causas, delimitar as principais
conseqüências e investigar a freqüência com que este fenômeno ocorre nas sessões de
bate-papo.
A perda do ritmo da conversação, a incompreensão de partes da conversação e a
disfluência da conversação são conseqüências potenciais da perda de co-texto e
caracterizam o fenômeno como um problema para a conversação.
A hipótese é que as técnicas de conversação implementadas na aplicação Mediated
Chat 2.0, usadas para efetivar uma dinâmica mais organizada do debate, diminuiria a
perda de co-texto – não pela organização local das mensagens como possibilitado com o
mecanismo de linhas de diálogo, mas sim em função da organização global da
conversação em etapas bem definidas.
Para avaliar se o uso das técnicas de conversação diminuiria a perda de co-texto,
foram usados os debates realizados no curso TIAE 2002.2. Nestes debates deste curso
ainda ocorreram situações de perda de co-texto conforme os dados apresentados na
Figura 88.
Figura 88 - Ocorrências de Perda de Co-texto
Debates ocorridos na aplicação Mediated Chat 2.0
Debates
ocorridos na
159
Ao investigar as perdas de co-texto ocorridas nos debates constatou-se que elas
ocorreram somente na fase de conversação livre (não ocorreram manifestações de perda
de co-texto durante as fases de apresentação da questão, envio de contribuições e
votação). É justamente na fase de conversação livre que a conversação se ramifica
surgindo os tópicos que vão sendo discutidos em paralelo – característica que
potencializa a perda de co-texto. Nas outras fases, a conversação é bem definida, focada,
e o encadeamento da conversação é conhecido – o que potencialmente diminui a
ocorrência da perda de co-texto.
Embora ainda tenham ocorrido perdas de co-texto, em média ocorreu apenas
metade das situações de perda de co-texto nos debates realizados em outras turmas. Este
fato indica que a dinâmica usada nos debates do curso TIAE 2002.2, efetivadas através
das técnicas de conversação, ajudam a diminuir a perda de co-texto.
Outro fato observado foi que o protocolo social foi suficiente, nesta turma, para a
aplicação das técnicas de conversação. Logo no terceiro ciclo do primeiro debate, quando
o moderador apresentou a terceira questão, todos já seguiram corretamente a dinâmica
elaborada para o debate. A menor freqüência da perda de co-texto nos 4 últimos debates,
justificam-se mais pela evolução do grupo (que aprendeu a conversar melhor e a tolerar
mais a perda de co-texto) do que pelo uso da ferramenta MC2.
O que se concluiu da avaliação realizada com o MC2 é que a dinâmica elaborada
para usar as técnicas de conversação ajudou a diminuir a perda de co-texto. Também se
conclui que embora a aplicação não tenha sido imprescindível para a aplicação das
técnicas de conversação, foi a existência deste artefato que estimulou a definição de uma
dinâmica mais organizada para o debate - dinâmica que ainda não havia sido proposta
antes de existir um artefato que possibilitasse impor um técnica de conversação.
160
10- Conclusão
Conforme [Pimentel 2002] as ferramentas de bate-papo textual disponíveis nos
atuais ambientes de educação a distância mediada por computador são reduzidas ao
projeto mais simples com funcionalidades mínimas. Elas não utilizam adequadamente as
inúmeras possibilidades deste meio de comunicação, pois contém apenas os elementos
mínimos para a conversação textual.
A motivação inicial desta pesquisa foi a necessidade de apoio tecnológico,
demostrada pelos mediadores, para ajudar na coordenação dos Debates realizados no
curso TIAE 2002.2.
Nesta pesquisa foi desenvolvida uma nova ferramenta de bate-papo, chamada de
Mediated Chat 2.0, e foi investigado o uso desta aplicação de chat na realização de
debates síncronos entre participantes de curso a distância. Nestes debates, os participantes
(aprendizes e mediadores) freqüentemente reclamam da confusão na conversação do
chat. Esta pesquisa se propôs a investigar mecanismos que possam tornar a conversação
num chat mais organizada e compreensível. O Mediated Chat 2.0 é uma evolução do
Mediated Chat 1.0 – atual ferramenta de bate-papo disponível no AulaNet, pois possui as
funcionalidades já existentes no Mediated Chat 1.0 e incorporou técnicas de conversação
para embutir alguns aspectos do protocolo social nos elementos de coordenação presentes
na aplicação desenvolvida.
O Mediated Chat 2.0, implementa várias técnicas de conversação em grupo:
Contribuição Livre, onde qualquer aprendiz pode enviar uma contribuição a qualquer
momento; Contribuição Circular, onde os aprendizes são organizados em fila e cada
aprendiz só pode enviar uma contribuição quando chegar a sua vez de ser atendido na
fila; Contribuição Única, onde cada aprendiz só pode enviar uma contribuição, mas esta
pode ser enviada a qualquer instante (não há ordenação); e Contribuição Mediada, onde o
161
aprendiz solicita a palavra, é inserido na fila de espera e aguarda até que o mediador
decida sobre tal solicitação, de acordo com os seus critérios.
A hipótese verificada nesta dissertação é que o uso das técnicas de conversação,
implementadas na aplicação MC2 e usadas para realizar uma dinâmica mais organizada
no debate, aumenta a organização global da conversação em etapas bem definidas
subsidiando a coordenação da conversação pelo mediador.
Para avaliar se a automatização do processo de aplicação das técnicas de
conversação realmente facilita a coordenação da conversação, foi realizado um
experimento com 8 debates no curso TIAE 2002.2, com duração de aproximadamente 50
minutos cada sessão, onde, em média, estavam presentes 10 participantes e foram
emitidas 364 mensagens por debate. Os 4 primeiros debates foram realizados com a
aplicação MC1, que é uma ferramenta prototípica de bate-papo, e os 4 últimos foram
realizados com a aplicação MC2, que oferece suporte tecnológico à coordenação
implementando as técnicas de conversação.
Ao investigar as ocorrências de interrupções - contribuições dos aprendizes
enviadas em momento impróprio e contribuições dos mediadores que interferem no
andamento da técnica – na aplicação das técnicas de conversação durante os debates do
curso TIAE 2002.2, constatou-se que elas ocorreram apenas durante a primeira etapa do
experimento. Nesta etapa foi usado o MC1, aplicação que não oferece apoio tecnológico
à coordenação. Na segunda etapa do experimento não houve a ocorrência de interrupções
deste tipo porque a própria aplicação impede, usando a “força bruta”, que isto aconteça.
No MC2, no momento em que o aprendiz não puder enviar uma contribuição, ele terá o
seu botão de “Enviar” desabilitado pela aplicação. Isto acontece quando o mediador
bloqueia todo mundo, ou quando umas das técnicas que bloqueiam determinados
aprendizes em determinados momentos está em vigor. Ocorreram algumas interrupções
nos debates que utilizaram o MC2 mas elas foram desconsideradas pois ocorreram em
uma situação para a qual não existe suporte tecnológico no MC2 - momento em que o
mediador tenta dar acesso exclusivo ao canal de comunicação apenas a alguns aprendizes.
162
Um fato observado foi que ao longo do curso a frequência de interrupções foi
diminuindo, mesmo durante a primeira etapa do experimento que é aquela onde se utiliza
o MC1. Isto mostra a evolução do grupo, tanto aprendizes como mediadores, em relação
à dinâmica usada. O problema é que não há como garantir que esta evolução de dará de
forma satisfatória, pois ela depende de alguns fatores subjetivos.
Um destes fatores é o número de debates que serão realizados utilizando a mesma
dinâmica. Caso sejam vários debates, os participantes terão tempo para incorporar a
dinâmica, mas se forem poucos debates ou pensando no caso extremo de apenas um
debate usando uma determinada dinâmica, fica difícil ou até impossível de haver uma
evolução do grupo. Outro fator é a quantidade de participação dos aprendizes e dos
mediadores em debates com a mesma dinâmica. Não há a obrigatoriedade do grupo ser
sempre o mesmo, ou seja, se a cada debate for um mediador ou se os aprendizes presentes
variarem muito, não é possível garantir que haverá uma evolução satisfatória do grupo.
Outro fator importante é a capacidade dos aprendizes e mediadores de assimilarem a
dinâmica aplicada. Este fator é o mais subjetivo de todos, pois não há como o
coordenador do curso interferir na capacidade de cada participante. Nos outros casos, o
coordenador pode interferir decidindo o número de debates que acontecerão usando a
mesma dinâmica e como deverá ser a participação dos aprendizes e mediadores.
No TIAE, são realizados 8 debates utilizando a mesma dinâmica, os mesmos
mediadores participaram de todos eles e os aprendizes presentes são mais ou menos os
mesmos. Neste curso foi possível observar a evolução do grupo em relação à dinâmica
porém este foi um caso específico, o que não pode ser considerado como regra para todos
os cursos que podem utilizar o MC2.
O que se concluiu da avaliação realizada com a aplicação Mediated Chat 2.0 é que
o uso de uma dinâmica bem definida usando técnicas de conversação ajudou o mediador
na coordenação do debate, pois diminuiu o ritmo acelerado do debate e aumentou a
compreensão da conversação. O excesso de contribuições obriga os participantes a
selecionarem as que serão lidas e muitos dos problemas parecem decorrer do fato de os
participantes simplesmente não terem lido a contribuição de coordenação enviada pelo
163
mediador. Outra conclusão importante é que o fato das técnicas de conversação estarem
disponíveis ao mediador estimulou a definição de uma dinâmica mais organizada para o
debate - dinâmica que em outras edições do curso TIAE ainda não havia sido proposta.
Com os resultados obtidos nesta pesquisa, é possível perceber que a dificuldade de
coordenar uma sessão de bate-papo é muito grande. O uso de técnicas de conversação
ajuda mas não resolve todos os problemas que podem ser encontrados pelo mediador de
uma sessão de bate-papo. A evolução desta pesquisa parece indicar que a solução é ter
uma aplicação que faça uso de vários mecanismos que apóiem a coordenação. Espera-se
que esta pesquisa possa ajudar no futuro desenvolvimento das ferramentas de bate-papo
textuais que objetivem a realização de uma conversação mais organizada e
compreensível.
164
Referências Bibliográficas
[Audiência, 2003] Página Web da UOL. Disponível na World Wide Web em <URL: http://www.uol.com.br/publicidade/uol-audiencia_em_numeros.htm>. Última visita realizada em 12/02/2003.
[AulaNet, 2003] Página do AulaNet. Disponível na World Wide Web em <URL:
http://www.ccead.puc-rio.br/aulanet2>. Última visita realizada em 12/02/2003. [Baecker, 1993] BAECKER, R., “Readings in Groupware and Computer-Supported
Cooperative Work: Assisting Human-Human Collaboration.” San Mateo, CA, EUA: Morgan-Kaufmann, 1993.
[Bannon & Schmidt, 1991] BANNON, L.J., SCHMIDT, K. (1991) “CSCW: Four
Characters in Search of a Context”, In: Computer Supported Cooperative Work, Edited by Bowers, J. M. and Benford, North-Holland: Elsevier Science Publishers B. V., Holland.
[Barcellos e Baranauskas, 1999] BARCELLOS, G. C., BARANAUSKAS, M. C. C..
“Interfaces para Comunicação Eletrônica e o Contexto da Criança.” Anais XIX Congresso Nacional da Sociedade Brasileira de Computação. Rio de Janeiro, 1999.
[Benbunan-Fich & Hiltz, 1999] BENBUNAM-FICH, R. and HILTZ, S.R. (1999)
“Impacts of Asynchronous Learning Networks on Individual and Group Problem Solving: A Field Experiment”, Group Decision and Negotiation, Vol.8, p. 409-426.
[Borba 1997] BORBA, I., “O mIRC sem segredos.”, Rio de Janeiro: Brasport, 1997. [Brinck & McDaniel, 1997] BRINCK, T., MCDANIEL, S.E. (1997), “Awareness in
Colaborative Systems”, Workshop Report, SIGCHI Bulletin. [Controle de Palco, 2003] Módulo 4 do Curso de Educação à Distância da Universidade
do Porto. Documento disponível na World Wide Web em <URL: http://www.terravista.pt/ancora/1777/mòdulo4.html>. Última visita realizada em 12/02/2003.
[Cunha 2002] CUNHA, L. M. (2002), “Formação de Grupos de Trabalho Utilizando
Agentes de Software”, Dissertação de Mestrado, Departamento de Informática, PUC-Rio, Abril de 2002.
[Crystal, 1985] CRYSTAL, D., “Dicionário de Lingüística e Fonética”, 1985.
165
[Daft & Lengel, 1986] DAFT, R.L., LENGEL, R.H. (1986), “Organizational information
requirements, media richness and structural design”, Organizational Science, 32/5: 554-571.
[Delvin & Rosemberg, 1996] DELVIN K., ROSEMBERG, D. (1996), “Language at
Work: analyzing communication breakdown to inform system design”, CSLI lecture notes no. 66.
[Dic, 2003] Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora. Disponível na World
Wide Web em <URL: http://www.portoeditora.pt/dol/default.asp>. Última visita realizada em 12/02/2003.
[Dillenbourg, 1999] DILLENBOURG, P., “What do you mean by collaborative
learning?.” In: DILLENBOURG, P. (Ed) Collaborative-learning: Cognitive and Computational Approaches. Oxford: Elsevier, 1999. p. 1-19.
[Dourish & Belloti, 1992] DOURISH, P., BELLOTI, V. (1992), “Awareness and
coordination in shared workspaces”, Proceedings of Computer Supported Cooperative Work 1992, Toronto, Ontario, ACM Press, USA, p. 107-114.
[EB, 2003] Eletronic BrainStorming (GroupSystems). Disponível na World Wide Web em
<URL: http://www.groupsystems.com/demos/tools_eb.htm>. Última visita realizada em 12/02/2003.
[Ellis, Gibbs & Rein, 1991] ELLIS, C.A., GIBBS, S.J., REIN, G.L. (1991) “Groupware -
Some Issues and Experiences”, Communications of the ACM, January 1991, Vol. 34, N. 1, p. 38-58.
[Ellis & Wainer, 1999] ELLIS, C. A., WAINER, J., “Groupware and Computer
Supported Cooperative Work.” In: WEISS, G. (ed) Multiagent Systems – A Modern Approach to Distributed Artificial Intelligence. Cambridge, MA: MIT Press, 1999. p. 426-457.
[Fávero, 2000] Fávero, L. L. “A entrevista na fala e na escrita. Fala e escrita em
questão”. Dino Preti (org). São Paulo: Humanistas/FFLCH/USP, 2000. [Ferraz 2000] FERRAZ, F.G. (2000), “Framework Canais de Comunicação”, Trabalho
Final de Curso de Engenharia de Computação, Departamento de Informática, PUC-Rio, Julho de 2000.
[Fuks & Assis, 2001] FUKS, H., ASSIS, R.L. (2001), “Facilitating Perception on Virtual
Learningware-based Environments”, The Journal of Systems and Information Technology, Vol 5., No. 1, Edith Cowan University, Australia, p. 93-113. ISSN 1328-7265
166
[Fuks, Gerosa & Lucena, 2002] FUKS, H., GEROSA, M.A. & LUCENA, C.J.P. (2002), “The Development and Application of Distance Learning on the Internet”, The Journal of Open and Distance Learning, Vol. 17, N. 1, ISSN 0268-0513, Fevereiro 2002, pp. 23-38.
[Fuks, Gerosa & Lucena., 2002a] FUKS, H., GEROSA, M. A., LUCENA, C. J. P.,
“Usando a Categorização e Estruturação de Mensagens Textuais em Cursos pelo Ambiente AulaNet”, Revista Brasileira de Informática na Educação, Sociedade Brasileira de Computação, n. 10, Abril 2002.
[Fuks, Raposo & Gerosa, 2002] FUKS, H., RAPOSO, A.B. & GEROSA, M.A. (2002)
Engenharia de Groupware: Desenvolvimento de Aplicações Colaborativas, XXI Jornada de Atualização em Informática, Anais do XXII Congresso da Sociedade Brasileira de Computação, V2, Cap. 3, ISBN 85-88442-24-8, pp. 89-128.
[Fussell et al., 1998] FUSSEL, S.R., KRAUT, R. E., LEARCH, F.J., SCHERLIS, W.L.,
MCNALLY, M.M., CADIZ, J.J. (1998) “Coordination, overload and team performance: effects of team communication strategies”, Proceedings of CSCW '98, Seattle, USA, p. 275-284. ISBN 1-58113-009-0.
[Gardner, 1993] GARDNER, H., “Frames of Mind.” London: Fontana Press, 1993. [Gerosa, Fuks & Lucena, 2001] GEROSA, M.A., FUKS, H., LUCENA, C.J.P. (2001)
“Use of Categorization and Structuring of Messages in Order to Organize the Discussion and Reduce Information Overload in Asynchronous Textual Communication Tools”, Proceedings of the 7th International Workshop on Groupware - CRIWG, Darmstadt, Germany, IEEE Computer Society, USA, p. 136-141. ISBN 0-7695-1351-4.
[Gutwin & Greenberg, 1999] GUTWIN, C., GREENBERG, S. (1999), “A framework of
awareness for small groups in shared-workspace groupware”, Technical Report 99-1, Saskatchewan University, Canada.
[Harasim, 1996] HARASIM, L. (1996), “Learning Networks: A Field Guide to Teaching
and Learning Online.” The MIT Press - Cambridge, Massachusetts - London, England.
[ICQ, 2003] Página Web do ICQ. Disponível na World Wide Web em <URL:
http://www.icq.com/company/about.html>. Última visita realizada em 12/02/2003. [ICQ, 2003a] Bate-papo ICQ. Disponível na World Wide Web em <URL:
http://www.icq.com>. Última visita realizada em 12/02/2003. [ICQ, 2003b] Página Web do ICQ. Disponível na World Wide Web em <URL:
http://www.icq.com/press/index.html>. Última visita realizada em 12/02/2003.
167
[ICQ, 2003c] Página Web do ICQ. Disponível na World Wide Web em <URL: http://www.icq.com/products/whatisicq.html>. Última visita realizada em 12/02/2003.
[ICUII, 2003] Página Web do ICUII. Disponível na World Wide Web em <URL:
http://www.icuii.com>. Última visita realizada em 12/02/2003. [IG, 2003] IG Papo. Disponível na World Wide Web em <URL:
http://www.igpapo.com.br>. Última visita realizada em 12/02/2003. [Jaques, 2000] JAQUES, D., “Learning in Groups”. 3. Ed. London: KoganPage Limited,
2000. [Johnson, 1997] JOHNSON, R. E. (1997), “Frameworks = Components + Patterns.”,
Communications of the ACM, USA, Vol. 40, N. 10, p. 39-42. [Kay, 2001] KAY, J., “Learner Control. User modelling and User Adapted Interaction,
Netherlands”, n. 11, p. 111-127, Kluwer Academic Publishers, 2001. [King & Schlicksupp, 1999] KING, B., SCHLICKSUPP, H. “Criatividade: uma
vantagem competitiva”. Rio de Janeiro: Qualitymark, 1999. [Khoshafian & Buckiewicz, 1995] KHOSHAFIAN, S., BUCKIEWICZ, M.,
“Introduction to Groupware, Workflow, and Workgroup Computing.” New York: John Wiley and Sons, Inc., 1995.
[Kraut & Attewell, 1997] KRAUT, R.E., ATTEWELL, P. (1997), “Media use in global
corporation: eletronic mail and organizational knowledge”, in Research milestone on the information highway, Mahwah, NJ: Erlbaum, USA.
[LearningSpace, 2003] Página Web do LearningSpace. Disponível na World Wide Web
em <URL: http://www.lotus.com/home.nsf/tabs/learnspace>. Última visita realizada em 12/02/2003.
[Lipman-Blumen & Leavitt, 2001] LIPMAN-BLUMEN, J., LEAVITT, H. J., “Hot
Groups: Seeding Them, Feeding Them, and Using Them to Ignite Your Organization”. Oxford University Press (Trade), 2001.
[Long & Baecker, 1997] LONG, B., BAECKER, R. (1997), “A taxonomy of Internet
communication tools”, Proceedings of WebNet - World Conference of the WWW, Internet, and Intranet, Toronto, Canada, p. 318-323. ISBN 1-880094-27-4.
[Lewin, 1935] LEWIN, K., “Dynamic Theory of Personality”, New York: McGraw-Hill,
1935.
168
[Lucena et al., 1999] LUCENA, C.J.P., FUKS, H., MILIDIÚ, R., LAUFER, C., BLOIS, M., CHOREN, R., TORRES, V., DAFLON, L. “AulaNet: Helping Teachers to Do Their Homework”. In: Multimedia Computer Techniques in Engineering Education Workshop. Graz, Austria: Technische Universitat Graz, 1999.
[Lucena & Fuks, 2002] FUKS, H. & LUCENA, C.J.P. (2002), “Tecnologias de
Informação Aplicadas à Educação (TIAE): Manual do Aprendiz”, Maio de 2002. [Malone & Crowston, 1990] MALONE, T.W., CROWSTON, K. (1990) “What Is
Coordination Theory and How Can It Help Design Cooperative Work Systems?”, Proceedings of the Conference on Computer-Supported Cooperative Work, Los Angeles, USA, p. 357-370. ISBN 0-89791-402-3.
[Minicucci, 1992] MINICUCCI, A. “Técnicas do Trabalho de Grupo”. 2. ed. São Paulo:
Atlas, 1992. [Mirc, 2003] Página Web do mIRC. Disponível na World Wide Web em <URL:
http://www.mirc.co.uk>. Última visita realizada em 12/02/2003. [MSN, 2003] MSN Chat. Disponível na World Wide Web em <URL:
http://chat.msn.com.br>. Última visita realizada em 12/02/2003. [MSN, 2003a] MSN Messenger. Disponível na World Wide Web em <URL:
http://messenger.msn.com.br>. Última visita realizada em 12/02/2003. [NetMeeting, 2003] Página Web do NetMeeting. Disponível na World Wide Web em
<URL: http://www.microsoft.com/windows/netmeeting>. Última visita realizada em 12/02/2003.
[Oliveira & Soares, 1996] OLIVEIRA, J. C, SOARES, L. F. G., “TVS – Um Sistema de
Videoconferência com Documentos Compartilhados – Uma Visão Geral”. Laboratótio TeleMídia, Departamento de Informática, PUC-Rio, 1996. Documento disponível na World Wide Web em <URL: http://www.lncc.br/~jauvane/papers/WOSH96.pdf>. Última visita realizada em 12/02/2003.
[Oeiras et al., 2002] OEIRAS, J. Y. Y., VAHL JÚNIOR, J. C., SOUZA NETO, M.,
ROCHA, H. V. (2002) “Modalidades Síncronas de Comunicação e Elementos de Percepção em Ambientes de EaD”, Anais do XXIII Simpósio Brasileiro de Informática na Educação, pp. 317-326.
[Oeiras & Rocha, 2000] OEIRAS, J. Y. Y., ROCHA, H. V. “Uma modalidade de
comunicação medida por computador e suas várias interfaces”. Documento disponível na World Wide Web em <URL: http://www.ic.unicamp.br/~janne/joeiras_ihc2000.pdf>. Última visita realizada em 12/02/2003.
169
[Orwell, 1945] ORWELL, G., “A Revolução dos Bichos”, São Paulo: Círculo do Livro,
1945. [Perkins, 1993] PERKINS, D. N., “Person Plus: a distributed view of thinking and
learning.” In: SALOMON, G. (Ed). Distributed Cognitions. Psychological and educational considerations. Cambridge, USA: Cambridge University Press. 1993. pp. 88-110
[Pessoa, 2002] PESSOA, E., “Entreviste: uma ferramenta de bate-papo para
entrevistas.” Projeto Final de Bacharelado em Informática. Rio de Janeiro: IM/UFRJ, 2002.
[Pimentel 2002] Pimentel, M. G. “HiperDiálogo: Ferramenta de Bate-Papo para
Diminuir a Perda de Co-Texto”. Dissertação de mestrado em Ciências e Informática. Rio de Janeiro: IM-NCE/UFRJ, Abril 2002.
[PSIU, 2003] PSIU.com (Globo). Disponível na World Wide Web em <URL:
http://psiu.globo.com>. Última visita realizada em 12/02/2003. [Putnam & Poole, 1987] PUTNAM, L.L., POOLE, M.S. (1987), “Conflict and
Negotiation”, Handbook of Organizational Communication: An Interdisciplinary Perspective, Newbury Park, p. 549-599.
[Raposo et al., 2001] RAPOSO, A.B., MAGALHÃES, L.P., RICARTE, I.L.M., FUKS,
H. (2001), “Coordination of collaborative activities: A framework for the definition of tasks interdependencies”, Proceedings of the 7th International Workshop on Groupware - CRIWG, Darmstadt, Germany, IEEE Computer Society, USA, p 170-179. ISBN 0-7695-1351-4.
[Rezende & Drummond, 2000] REZENDE, J.L., DRUMMOND, I.N., “Laboratório
Virtual de Física Básica”, Monografia de Final de Curso, Departamento de Computação, UFOP-MG, Dezembro de 2000.
[Salomon & Globerson, 1989] SALOMON, G., GLOBERSON, T. (1989), “When Teams
do not Function the Way They Ought to”, Journal of Educational Research, USA, 13, (1), p. 89-100.
[Schmidt, 1991] SCHMIDT, K. (1991) “Riding a Tiger, or Computer Supported
Cooperative Work”, Proc. of the 2nd European Conf. on Computer-Supported Cooperative Work (ECSCW), p. 1-16.
[Stallings, 1995] STALLINGS, W., “Operating Systems”, 2nd Ed. Prentice-Hall, 1995. [Tanenbaum & Woodhull, 1997] TANENBAUM, A. & WOODHULL, A. “Operating
Systems: Design and Implementation”. Prentice-Hall, 1997.
170
[TelEduc, 2003] Página Web do TelEduc. Disponível na World Wide Web em <URL:
http://teleduc.nied.unicamp.br/teleduc>. Última visita realizada em 12/02/2003. [Terra, 2003] Chat Terra. Disponível na World Wide Web em <URL:
http://chat.terra.com.br>. Última visita realizada em 12/02/2003. [Turoff & Hiltz, 1982] TUROFF, M., HILTZ, S.R. (1982), “Computer Support for
Group versus Individual Decisions”, IEEE Transactions on Communications, USA, 30, (1), p. 82-91.
[UOL, 2003] Bate-Papo UOL. Disponível na World Wide Web em <URL:
http://batepapo.uol.com.br>. Última visita realizada em 12/02/2003. [UOL, 2003a] ComVC (UOL). Disponível na World Wide Web em <URL:
http://www.uol.com.br/comvc>. Última visita realizada em 12/02/2003. [Vygotsky, 1987] VYGOTSKY, L. S., “The Collected Works of L.S.Vygotsky.” v. 1.
New York: Plenum Press, 1987. [WebCT, 2003] Página Web do WebCT. Disponível na World Wide Web em <URL:
http://www.webct.com>. Última visita realizada em 12/02/2003. [Winograd & Flores, 1987] WINOGRAD, T., FLORES, F., “Understanding Computers
and Cognition.” Addison-Wesley, USA, 1987. ISBN 0-201-11297-3. [Winograd, 1988] WINOGRAD, T., (1988) “A Language/Action Perspective on the
Design of Cooperative Work”, IN: Computer Supported Cooperative Work - A book of readings, Edited by Irene Greif, Morgan Kaufmann Publishers, USA. ISBN 0-934613-57-5.
[Yahoo, 2003] Yahoo! Bate-Papo. Disponível na World Wide Web em <URL:
http://br.chat.yahoo.com>. Última visita realizada em 12/02/2003. [Yahoo, 2003a] Yahoo! Messenger. Disponível na World Wide Web em <URL:
http://messenger.yahoo.com>. Última visita realizada em 12/02/2003.
Top Related