__________________________________________________________________________________________
Projeto de Aperfeiçoamento Teórico e Prático – Getúlio Vargas – RS – Brasil 1
INSTITUTO DE DESENVOLVIMENTO
EDUCACIONAL DO ALTO URUGUAI
FACULDADES IDEAU
ANÁLISE DE ENDOPARASITAS E ECTOPARASITAS EM
COELHOS
BERTOLDO, Taiana Piana1
CZIZEWESKI, Nicolas1
LEMOS, Eloiza1
PERUZIN, Raissa Antonya1
PESSOA, Greiciele Hoffmann1
MAHL, Deise Luiza2
PIEROZAN, Morgana Karin2
RANGHETTI, Alvaro2
ROCHA, Anilza Andréia da2
ROSÉS, Thiago de Souza2
URIO, Elisandra Andreia2
RIITER, Filipe²
¹ Discentes do Curso de Medicina Veterinária, Nível III 2016/1- Faculdade IDEAU – Getúlio Vargas/RS.
² Docentes do Curso de Medicina Veterinária, Nível III 2016/1- Faculdade IDEAU – Getúlio Vargas/RS.
__________________________________________________________________________________________
Projeto de Aperfeiçoamento Teórico e Prático – Getúlio Vargas – RS – Brasil 2
INSTITUTO DE DESENVOLVIMENTO
EDUCACIONAL DO ALTO URUGUAI
FACULDADES IDEAU
RESUMO: A cunicultura, ou seja, a cultura ou criação de coelhos tem por objetivo a utilização da carne deste
animal, bem como a sua pele e filhotes (como animal de estimação). A carne do coelho é de alto valor proteico,
tendo em média 21,6% a mais do que a carne bovina, baixo teor de gordura e principalmente boa digestibilidade.
O objetivo deste trabalho foi observar os tipos de ectoparasitas e endoparasitas encontrados na cunicultura. As
técnicas utilizadas foram de raspagem de pele, flutuação em solução de cloreto de sódio e por fim a de
coprocultura. As amostras foram coletadas em coelhos de cinco propriedades distintas, onde foi determinada a
coleta de fezes (50 amostras) e de possíveis ectoparasitária por meio de raspagem de pele (20 amostras). Nas
amostras de pele coletadas por meio de raspagem não foi encontrado nenhum tipo de ectoparasita, nem na
observação e avaliação de pele e pelos feita a olho nu. Depois de realizada e analisada a Técnica da
Coprocultura, constatou-se que a presença de parasitas era inexistente, mesmo sendo uma técnica de resultados
satisfatórios, a mesma mostrou-se semelhante às outras técnicas realizadas. Nas análises de endoparasitas
realizadas através de fezes, foi encontrado na propriedade 3, oocistos semelhantes a Eimeria irresidua, que é um
parasita localizado no intestino delgado onde sua principal inflamação, ocorre no jejuno. Acredita-se que os
resultados encontrados, mesmo tendo sido adaptado para as diferentes técnicas, tenha sido devido à pouca
quantidade de fezes que se obteve nas coletas, mesmo nas propriedades maiores, pois o volume de defecação de
cada animal é mínimo.
Palavras-chave: Cunicultura; Parasitoses; Identificação
ABSTRACT: The rabbits, ie, culture or breeding rabbits aims to use the meat of this animal, as well as your
skin and puppies (as pet). Rabbit meat is high protein, averaging 21.6% more than the beef, low-fat and
especially good digestibility. The aim of this study was to observe the types of ectoparasites and endoparasites
found in rabbits. The techniques employed were skin scraping, floating sodium chloride solution and finally the
coproculture. The samples were collected at five different properties rabbits, which was determined to collect
feces (50 samples) and ectoparasitic possible through skin scraping (20 samples). All skin samples collected by
scraping any ectoparasite was not found, or the monitoring and assessment of skin and made by the naked eye.
After performed and analyzed Technical Coproculture, it was found that the presence of parasites was
nonexistent, even if a technique satisfactory results, it was similar to the other techniques performed. In the
analyzes performed by endoparasites stool was found in Property 3, similar to Eimeria irresidua oocysts, a
parasite which is located in the small intestine where the main inflammation, occurs in the jejunum. It is believed
that the results, although it has been adapted to the different techniques, has been due to the small amount of
feces that was obtained in the collections, even the largest properties, because the volume of defecation of each
animal is minimal.
Keywords: Dairy Cattle; Parasitosis; Identification
1 INTRODUÇÃO
Segundo Cavalcanti (2004), as atividades alternativas têm ganhado espaço tanto na
produção quanto no mercado consumidor brasileiro com o passar dos anos. As possibilidades
de lucro oferecidas pelas criações em pequena escala são inúmeras. Pouco exigentes em
termos de espaço físico e investimentos, atividades como a cunicultura possuem um mercado
forte e em plena ascensão. Este tipo de criação teve início no Brasil em 1957, porém seu
destaque econômico surgiu apenas na década de 70. O estado de São Paulo é produtor e
consumidor de cerca de 40% da produção nacional, seguido do Paraná com 15% (ACBC,
2010).
Esta cultura de criação de coelhos tem por objetivo a utilização da carne deste animal,
bem como a sua pele e filhotes (como animal de estimação). A carne do coelho é de alto valor
__________________________________________________________________________________________
Projeto de Aperfeiçoamento Teórico e Prático – Getúlio Vargas – RS – Brasil 3
INSTITUTO DE DESENVOLVIMENTO
EDUCACIONAL DO ALTO URUGUAI
FACULDADES IDEAU
proteico, tendo em média 21,6% a mais do que a carne bovina, baixo teor de gordura e
principalmente boa digestibilidade. É um animal que se prolifera com muita facilidade, onde
em torno de 27-32 dias após o acasalamento a fêmea já está parindo. Estes animais já estão
prontos para o primeiro acasalamento com seis meses de idade, podendo ser desmamados aos
quarenta e cinco dias de vida. Em locais de criação, deve-se sempre manter cuidados
sanitários necessários simples e práticos, mas que se tornam necessários para o bem estar dos
animais e a alta da produtividade (DUARTE, 2016).
Os coelhos são afetados por diversas doenças que podem interferir na sua produção.
As doenças mais comuns em coelhos são as do trato respiratório e as intestinais. Muitas
dessas doenças são parasitárias e estão presentes no rebanho de forma subclínica, podendo
aparecer como surtos em consequência do estresse provocado por mudança de manejo ou
transporte (PEREIRA, 2002, p.105).
A Parasitologia é a ciência que estuda os parasitas, seus hospedeiros e a relação entre
eles. Parasitas são seres vivos que retiram de outros organismos os recursos para sua
sobrevivência e são considerados agressores por prejudicarem o hospedeiro. Existem várias
espécies de parasitas, dentre elas o parasita facultativo, que se destaca por não necessitarem
unicamente de um hospedeiro para sobreviver, sendo assim ele pode viver dentro do
organismo vivo (na forma de parasita), quanto fora (vida livre). Um caso que pode ser
descrito é o das larvas de moscas, que vivem tanto em feridas necrosadas, tanto em matéria
orgânica em decomposição. Os custos para o hospedeiro, na manutenção do parasita, podem
ser desprezíveis, mas podem também ser substanciais ou mesmo insuportáveis. Isso depende
do número de parasitas, do tipo e do grau das lesões que eles infligem, também do vigor e do
status nutricional do hospedeiro (BOWMAN, 2010).
As infecções endoparasitárias, que são infecções internas no organismo, podem ser
observadas em coelhos principalmente no trato gastrointestinal, desde o estômago, porções do
intestino e fígado, porém podem ser encontrados parasitas de importante relevância nos
sitemas respiratório, circulatório, nervoso e locomotor destes animais. Normalmente as
avaliações e diagnósticos são feitos através de análises de fezes ou após o óbito do animal por
meio de exames histopatológicos dos órgãos ou por observação de mudanças nas formas
anatômicas do determinado sistema parasitado (BRESSAN et al., 2010; FERREIRA et al.,
2013).
__________________________________________________________________________________________
Projeto de Aperfeiçoamento Teórico e Prático – Getúlio Vargas – RS – Brasil 4
INSTITUTO DE DESENVOLVIMENTO
EDUCACIONAL DO ALTO URUGUAI
FACULDADES IDEAU
Infecções parasitárias causadas por helmintos são obeservadas em animais domésticos
se estes forem expostos a ambientes que facilitem a contaminação, sendo mais frequentes em
animais silvestres. Já as infecções ectoparasitárias, ou seja, parasitas externos são encontrados
na pele e pelo dos animais, normalmente são ácaros e pulgas, mas podem ainda ser
acometidos por larvas de moscas como as do gênero Luciliasericata (BRESSAN et al., 2010).
Psoroptes cuniculi é um parasita onipresente do canal auditivo externo e pode com
frequência ser evidenciado em coelhos com a formação de ácaros que causam otite externa
(BOWMAN, 2010).
Este estudo teve como objetivo coletar e identificar os principais endoparasitas e
ectoparasitas encontrados dentro da cunicultura em propriedades da região do Alto Uruguai
Gaúcho.
2 MATERIAL E MÉTODOS
As amostras foram coletadas em coelhos de cinco propriedades distintas, onde foi
determinada a coleta para investigação endoparasitária e ectoparasitária em animais de cada
criador, totalizando 20 amostras de raspagem de pele e 50 amostras de coleta de fezes. A tabela 1
apresenta o número de animais por propriedade, peso, idade, se realizado controle parasitário e
quantidade de amostras de pele e fezes. A tabela 1 apresenta o número de animais por
propriedade, peso, idade, se realizado controle parasitário e quantidade de amostras de pele e
fezes.
Tabela 1: Relação de animais por propriedade e coletas realizadas.
Propriedade Quantidade Peso
médio
Idade Controle
parasitário
Amostras de
Pele
Amostras
de fezes
Propriedade 1 4 4 kg 6 meses Sim 4 4
Propriedade 2 38 1kg - 3,5kg 2 a 10 meses Não 10 38
Propriedade 3 3 3 kg 6 meses Não 3 3
Propriedade 4 4 3 kg 8 meses Não 2 4
Propriedade 5 1 4 kg 11 meses Sim 1 1
Fonte: PESSOA, 2016. Cacique Doble - RS.
A coleta endoparasitária foi realizada através de estímulos no canal retal (Figura 1) com
consequente defecação do animal, o material coletado não teve contato com outras superfícies,
__________________________________________________________________________________________
Projeto de Aperfeiçoamento Teórico e Prático – Getúlio Vargas – RS – Brasil 5
INSTITUTO DE DESENVOLVIMENTO
EDUCACIONAL DO ALTO URUGUAI
FACULDADES IDEAU
sendo acondicionado em recipiente plástico e acondicionado em geladeira até ser relizada a
análise laboratarial.
Figura 1 – Estímulo no canal retal para defecação do animal. – Fonte: Lemos, 2016. Cacique
Doble - RS.
Um dos animais utilizados para análise encontrava-se com quadro avançado de
enfermidade da pele em decorrência de agressões por outros animais, sendo assim abatido para
descarte. Foi realizada uma abertura abdominal neste animal, para observação e coleta de material
do estômago e diretamente do intestino grosso, para posterior análise (Figura 2). Ainda foi
realizada raspagem na pele da região abdominal onde se encontrava maior número de lesões
(Figura 3).
Figura 2 – Coleta de material em animal abatido. - Fonte: Lemos, 2016. Cacique Doble – RS.
__________________________________________________________________________________________
Projeto de Aperfeiçoamento Teórico e Prático – Getúlio Vargas – RS – Brasil 6
INSTITUTO DE DESENVOLVIMENTO
EDUCACIONAL DO ALTO URUGUAI
FACULDADES IDEAU
Figura 3 – Raspagem de pele em animal abatido – Fonte: Lemos, 2016. Cacique Doble – RS.
A avaliação da presença de ectoparasitas foi feita por meio de raspagem da pele. O
material para observação de ectoparasitas foi coletado com auxílio de bisturi e óleo, fazendo-se a
raspagem na pele do animal, até observar pequena presença de sangue. Então o material foi
depositado sobre a lâmina e recoberto com lamínula para posterior observação microscópica
(Figura 4). A raspagem foi realizada na orelha dos animais saudáveis (Figura 5), e no animal
abatido foi coletado material da região ventral ondese encontravam as lesões. Algumas amostras
foram feitas sem o uso de óleo para verificar a ocorrência de diferentes resultados.
Figura 4–Depósito do material coletado – Fonte: Lemos, 2016. Cacique Doble - RS.
__________________________________________________________________________________________
Projeto de Aperfeiçoamento Teórico e Prático – Getúlio Vargas – RS – Brasil 7
INSTITUTO DE DESENVOLVIMENTO
EDUCACIONAL DO ALTO URUGUAI
FACULDADES IDEAU
Figura 5 – Raspagem de pele – Fonte: Lemos, 2016. Cacique Doble - RS.
As técninas de raspagem de pele, flutuação em solução de cloreto de sódio, método de
Willis (1921), método de Hoffman (1934) (Sedimentação Espontânea) e coprocultura foram
observadas em Laboratório de Análises.
Para a técnica de flutuação (Mollay, 1921) pesou-se aproximadamente 2g (gramas) de
fezes em Becker, juntamente com 25 ml de solução hipersaturada de Cloreto de Sódio, para
dissolução das fezes com auxílio de um bastão de vidro. Em seguida, com o auxílio de uma
gaze e funil, as fezes dissolvidas na solução foram transferidas para um recipiente Borel, logo
após, o mesmo foi completado com a solução hipersaturada de Cloreto de Sódio e
acrescentado uma lâmina em cima por cerca de 10 a 20 minutos. Para finalizar, logo após 20
minutos, a lâmina foi virada para acrescentar gotas de Lugol e em seguida ser posta a
lamínula em cima e com isso, conseguir visualizar os possíveis parasitas nas fezes, utilizando
o microscópio óptico.
Esta técnica foi adaptada para obter uma melhor visualização dos resultados. Foi
utilizado em regra de 3 (três), por exemplo, quando eram utilizados 2 (dois) gramas de fezes
usava – se 25 (vinte e cinco) mL de solução hipersaturada, e 0,4 gramas de fezes, utilizou-se 5
(cinco) mL de solução hipersaturada de cloreto de sódio.
Optou-se por adaptar as técnicas à quantidade de material coletado por regra de três. O
material foi pesado em duas partes, apresentando dois resultados diferentes, 0,5g e 0,6g. Para
0,6g foi adaptado o método de Willis (1921), onde foi dissolvido em 1,2 ml de solução
__________________________________________________________________________________________
Projeto de Aperfeiçoamento Teórico e Prático – Getúlio Vargas – RS – Brasil 8
INSTITUTO DE DESENVOLVIMENTO
EDUCACIONAL DO ALTO URUGUAI
FACULDADES IDEAU
saturada de NaCl, filtrado e em seguida completado com essa solução, foi depositada a lâmina
nas extremidades do frasco permanecendo nesta posição por aproximadamente cinco minutos,
foi montado três lâminas e observadas no microscópio. Para 0,5g de material foi adaptado o
método de Hoffman (1934) onde foi utilizado para dissolver 0,5ml de água e em seguida
filtrado e completado com água, depois disso foi depositada a lâmina nas bordas do frasco
aguardando por trinta minutos e por fim foi montado três lâminas para observá-las. Todas as
lâminas, de ambos os métodos utilizados, receberam uma gota de lugol para melhor
visualização microscópica.
Utilizou-se também a Técnica De Roberts E O’sullivan (1950) (Coprocultura) que teve
como objetivo a identificação genérica de nematoides gastrintestinais através da morfologia
das larvas e com isso a incubação de ovos de helmintos presentes nas fezes até sua eclosão e
liberação das larvas dos nematoides.
Em um recipiente de vidro, foram misturadas às fezes com a vermiculita ou serragem,
na proporção de cerca de duas partes de vermiculita para uma de fezes, borrifando a cultura
com água, fazendo com que a mistura ficasse homogênea e solta. Logo após, o frasco foi
coberto com gaze para entrada de ar e permaneceu em temperatura ambiente, durante 7 dias.
Foi verificado diariamente o grau de umidade da cultura e borrifada com água para melhor
aproveitamento e absorvação das larvas. A Figura 6 mostra o processo durante o período da
eclosão das larvas.
Figura 6: Período de eclosão das larvas – Fonte: Bertoldo, 2016. Laboratório de Bioquímica
da Faculdade Ideau/ Getulio Vargas - RS.
Transcorrido o período de sete dias na estufa, foi realizada a coleta do material, da
seguinte maneira: encher o frasco de cultivo com água à temperatura de 45º C até a borda,
tampar o frasco com placa de Petri, invertendo-se bruscamente, para evitar que a água
__________________________________________________________________________________________
Projeto de Aperfeiçoamento Teórico e Prático – Getúlio Vargas – RS – Brasil 9
INSTITUTO DE DESENVOLVIMENTO
EDUCACIONAL DO ALTO URUGUAI
FACULDADES IDEAU
derrame, colocar água a 45º C até a metade da placa de Petri, após 12 horas, retirada com
pipeta Pasteur o conteúdo da Placa de Petri, transferindo-o para um vidro de relógio,
observando em lupa, transferindo uma ou duas gotas do líquido em uma lâmina,
adicionadolugol para matar e corar as larvas, acrescentando uma lamínula e procedendo à
identificação microscópica das larvas.
3. RESULTADOS E ANÁLISE
Dentre todos os animais analisados, não foram encontrados ectoparasitas nas
observações a olho nu, como pulgas, carrapatos, sarnas, nem nas placas de raspagem
analisadas em microscopia óptica.
Na propriedade 3, foram encontrados oocistos semelhantes a Eimeria spp, como pode
ser observado na Figura 7.
Comparando-se com reproduções da literatura conforme Figura 8, se observam
imagens semelhantes a oocistos descobertos em laboratório. Nos demais animais não foram
encontrados ovos, oocistos ou larvas de endoparasitas através da análise das fezes, nem
mesmo no que foi realizada a coleta diretamente do intestino grosso e do estômago.
Figura 7: Lâmina parasitológica com possível Oocisto de protozoários- Fonte: Bertoldo, 2016.
Laboratório de Bioquímica da Faculdade Ideau/ Getulio Vargas - RS.
__________________________________________________________________________________________
Projeto de Aperfeiçoamento Teórico e Prático – Getúlio Vargas – RS – Brasil 10
INSTITUTO DE DESENVOLVIMENTO
EDUCACIONAL DO ALTO URUGUAI
FACULDADES IDEAU
Figura 8: Eimeria irresidua. Fonte: Parasitologia Veterinária, 2014.
Diversos fatores podem interferir no diagnóstico de doenças causadas por parasitas,
tais como o método de coleta e transporte das amostras e a forma de avaliação laboratorial. A
maioria dos parasitas podem ser identificados em amostragens de fezes, sangue, esputo ou
raspados de pele, porém infecções imaturas ou latentes pedem apresentar maior dificultade no
diagnóstico. Outros fatores importantes na avaliação devem ser levados em conta, sendo eles
a idade do hospedeiro, a resistência por exposição prévia parasitária, o período do ano que
interfere na carga de microrganismos, o estado fisiológico do animal como período pré-parto
que também aumenta a quantidade de parasitas, a localização geográfica, tratamentos
helmíntico já administrado e o histórico patológico clínico (FOREYT, 2005).
De acordo com Bressan et al. (2010), apesar de existirem outros meios de análise, o
método mais utilizado e mais prático para diagnóstico de endoparasitas helmintos é o exame
fecal, por meio do qual podem ser observados ovos, larvas e helmintos. A coleta das fezes
deve ser feita preferencialmente direto da região do reto, usando-se luvas podendo esta ser
utilizadas como receptáculo, ou por serem animais pequenos pode ser coletado com auxílio de
termômetro ou um bastão de vidro. A análise deve ser feita nas fezes ainda frescas, em média
de 5 a 10 gramas é suficiente, devendo ser armazenadas se necessário em geladeira, já que os
ovos se tornam embrionados de forma rápida (FOYRET, 2005; BRESSAN et al., 2010).
Os resultados negativos nas análises de endoparasitas foram provavelmente associados
a pouca quantidade de fezes que se consegue coletar diretamente no canal retal dos animais,
pois mesmo na propriedade maior foi conseguido numa coleta realizada de todos os animais,
um máximo de 8 gramas, o que se tornou insuficiente para adaptar às técnicas propostas.
__________________________________________________________________________________________
Projeto de Aperfeiçoamento Teórico e Prático – Getúlio Vargas – RS – Brasil 11
INSTITUTO DE DESENVOLVIMENTO
EDUCACIONAL DO ALTO URUGUAI
FACULDADES IDEAU
Após coleta, de acordo com o método de análise escolhido, as lâminas devem ser
observadas com aumento baixo e se necessário uma maior ampliação, permitirá a observação
da morfologia e dimensões dos ovos ou larvas (BRESSAN et al., 2010).
De acordo com Souza (2011), coelhos quando doentes podem demonstrar sintomas
como quadro depressivo, olhar triste e ofuscado, queda das orelhas, isolamento, além de
anomalias físicas como pelos mais ásperos, opacos, sem viço, pele mais enrugada, presença
de tumores, feridas, edemas, crostas e calombos. A boca pode desenvolver abcessos e
inflamações, e maior formação de cera nas orelhas. O apetite fica comprometido e o animal
passa a perder peso, podem ainda apresentar a formação de secreções como pus ou catarro,
quadros de hemorragia, febre e diarreia.
Os animais dos quais foram realizadas as coletas de material não apresentavam
nenhum dos quadros a cima citados, exceto em alguns com certo grau de desnutrição, e falhas
em áreas na pelagem por agressões entre os animais mantidos nas mesmas gaiolas na
Propriedade 2.
Para Souza (2011) e Pereira (2002, p.110), as patologias mais comuns em coelhos são
disenteria, coriza, sarnas auriculares, coccídeose no fígado, vermes no aparelho intestinal,
parasitas externos, toxoplasmose, conjuntivite em animais pequenos e casos de torcicolo.
Segundo Bressan et al. (2010), os ectoparasitas mais importantes na veterinária são
dos grupos Insecta como moscas, piolhos e pulgas e Arachnida como carrapatos e ácaros,
podendo ser temporários ou permanentes na pele ou sob ela. O diagnóstico é realizado através
da coleta e identificação deles.
A coleta de ectoparasitas pode ser feita por meio de raspagem da pele, principalmente
quando se suspeita da presença de ácaros (FOYRET, 2005).
De acordo com Pereira (2002, p. 110), a sarna auricular uma das principais patologias
nesta espécie, de rápido contágio entre os animais. Os sintomas são intensa irritação na pele,
com consequente inflamação e produção de secreções serosas e amareladas, que se não
tratadas formam crostas na pele que podem chegar a trancar o ouvido do animal, além da
formação de pus e perda de sangue (Figura 9). Souza (2011) relata que a infecção pode ser
ocasionada por Psoroptes communis e Chorioptes cuniculis, parasitas que se alojam dentro do
pavilhão auricular, podendo levar a morte do animal se não for tratado.
__________________________________________________________________________________________
Projeto de Aperfeiçoamento Teórico e Prático – Getúlio Vargas – RS – Brasil 12
INSTITUTO DE DESENVOLVIMENTO
EDUCACIONAL DO ALTO URUGUAI
FACULDADES IDEAU
Figura 9: Lesões por sarna aurícular. Fonte: Souza, 2011.
Infestações por ácaros causam enfraquecimento do animal, perdem peso e tendem a
permanecerem com a cabeça inclinada para o lado lesionado, tentando coçar a região. As
medidas de prevenção contra esta enfermidade são o isolamento do animal infectado e
desinfecção das gaiolas, o tratamento consiste em fazer a remoção das crostas com auxílio de
uma pinça e aplicação de sarnicida em spray, também a administração de medicamento
antiparasitário (SOUZA, 2011; SERRA-FREIRE et al.,2013).
Segundo Pereira (2002, p. 111) e Souza (2011), a sarna que acomote o corpo de
coelhos também é contagiosa, caracterizada pela presença de prurido, lesões em forma de
arranhões, crostas na cabeça, boca, olhos e nariz, pode ainda ser observada nas patas e
genitais. É oriunda do contato com parasitas, desenvolvendo irritação local, formação de
secreção que ao secar forma a crosta, com cor amarela acinzentada, a pele fica enrugada e
edemaciada, com perda dos pelos no local. O parasita se aloja abaixo da pele e se nutre do
sangue do hospedeiro. Quando os locais de lesão são a boca ou as narinas, o animal apresenta
muito dificuldade para se alimentar e tem sua respiração dificultada, ficando muito debilitado
e dificultando o tratamento. A medida mais eficaz no controle da doença é o abate do animal
acometido
Animais contaminados com vermes intestinais apresentam um quadro de
enfraquecimento, perda de apetite e de peso, também convulsões e paralisias. No intestino
destes animais pode ser observado um grau elevado de enrijecimento dificultando o corte na
__________________________________________________________________________________________
Projeto de Aperfeiçoamento Teórico e Prático – Getúlio Vargas – RS – Brasil 13
INSTITUTO DE DESENVOLVIMENTO
EDUCACIONAL DO ALTO URUGUAI
FACULDADES IDEAU
necrópsia, alem da presença de grande quantidade de helmintos em seu interior (SOUZA,
2011).
A Eimeriose é uma doença que afeta os coelhos, principalmente jovens, sendo causada
pelo protozoário do gênero Eimeria pertencente à classe coccidia, causando diarreia que pode
levar a uma enterite mais grave, devendo-se considerar a intensidade dos sinais clínicos e a
idade do hospedeiro (FERREIRA et al., 2013).
Para Almeida et al. (2006), o gênero Eimeria é o mais frequente em infecções de
coelhos por endoparasitas, sendo o causador da coccideose. São oocistos muito resistentes
quando na forma esporulada, liberados nas fezes, vindo à forma de esporulados de acordo
com a temperatura, umidade e oxigenação do ambiente. São normalmente parasitas
gastrointestinais, porém já foram observados no sangue, no baço e em linfonodos na região
mesentérica, sendo uma forma mais agravada da infecção. As espécies de Eimeria se
diferenciam principalmente pela forma dos oocistos e estruturas endógenas destes, além dos
diferentes tipos de hospedeiros.
Existem muitas espécies de coccídeos que infectam os coelhos, entre elas as principais
são a Eimeria stiedae, Eimeria flavescens e Eimeria intestinalis. Esses parasitas podem causar
a destruição da parede intestinal que resultam em diarréia principalmente em animais jovens,
no período de desmame, causando também a coccidiose hepática. Infecções acarretadas por
coccídeos são observadas em fazendas de criação comercial e na cunicultura industrial, sendo
uma das principais causas em perdas econômicas. A identificação da espécie de Eimeria se dá
pela observação das lesões hepáticas e intestinais, bem como sua localização no exame pós
morte. Também a identificação de oocistos nas fezes do animal, sendo que grandes
quantidades de oocistos nas fezes são indicativos de que os coelhos necessitam de tratamento.
A limpeza diária de gaiolas ou instalações, bem como a disponibilidade de comedouros
higienizados são influentes no controle das infecções por coccidioses, sendo que em unidades
de grandes proporções, consegue-se controle através do manejo dos animais em instalações
com assoalho de fios de arame e através da administração de coccídeostáticos incorporados à
alimentação, desta forma em cuniculturas destinadas à indústria percebem-se bons métodos de
higiene, gaiolas de metal sem contato com o solo, e ainda a manutenção através de
medicamentos profiláticos (BRESSAN et al., 2010; FERREIRA et al., 2013).
A coccideose hepática é uma enfermidade que causa grandes prejuízos aos produtores,
pois causa grande taxa de mortalidade. Desenvolve-se pela presença de protozoários, os quais
__________________________________________________________________________________________
Projeto de Aperfeiçoamento Teórico e Prático – Getúlio Vargas – RS – Brasil 14
INSTITUTO DE DESENVOLVIMENTO
EDUCACIONAL DO ALTO URUGUAI
FACULDADES IDEAU
tem seus ovos expelidos junto às fezes, atacando preferencialmente coelhos entre 2 e 4 meses.
Coelhos adultos são mais resistentes, podendo ser apenas portadores e propagadores dos
parasitas, sem desenvolver a sintomatologia. Os sintomas são abatimento, tristeza, inibição de
apetite, diarréia, pelos arrepiados e edema ventral, além de casos de convulsões e paralisia nas
patas. A infecção pode ocorrer pela água e alimentos que estejam contaminados pelos
parasitas. A morte do animal pode acontecer em alguns dias, ou até dentro de 3 meses.
(SOUZA, 2011)
Eimeria spp tem seu ciclo de vida a partir de quatro estágios de merogonia. Na
primeira geração os merontes infectam as criptas, na segunda estão localizados na lâmina
própria, os de terceira e quarta geração juntamente com os gamontes atacam o epitélio das
vilosidades no jejuno e no íleo. O período pré-patente é de 9 dias e o tempo de esporulação é
de 4 dias. Pode causar redução no ganho de peso e desencadear casos de diarreia. Durante
esse período, há diminuição no consumo de alimentos e água, podendo causar morte do
animal dependendo do grau de infecção. Sua patologia pode ocasionar inflamação catarral do
intestino delgado, podendo se observar no exame pós-morte a presença de enterite, com
espessamento intestinal. Podem ser encontrados merontes e famontes nas raspagens da
mucosa, aparecendo também no exame histopatológico uma mucosa espessa, atrofiada, com
as vilosidades fundidas entre si, hiperplasia das criptas e diversos estágios parasitários dentro
da mucosa. (BRESSAN et al., 2010)
Depois de realizada e analisada a técnica da Coprocultura, constatou-se que a presença
de parasitas era inexistente, mesmo sendo uma técnica de resultados satisfatórios, a mesma
mostrou-se semelhante às outras técnicas realizadas.
4 CONCLUSÃO
Apesar de terem sido realizadas diversas coletas de fezes e adaptadas diferentes
formas de análises laboratoriais, foi possível fazer a identificação de poucos endoparasitas,
como na Propriedade 3, semelhantes aos oocitos de Eimeria.
Nas coletas para observação de ectoraparitas realizadas através de observação da pele
e pelos do animal e nas análises feitas através de raspagem não foram identificados nenhum
tipo de parasita externo.
__________________________________________________________________________________________
Projeto de Aperfeiçoamento Teórico e Prático – Getúlio Vargas – RS – Brasil 15
INSTITUTO DE DESENVOLVIMENTO
EDUCACIONAL DO ALTO URUGUAI
FACULDADES IDEAU
REFERÊNCIAS
ACBC, Associação Científica Brasileira de Cunicultura. Preços comumente praticados em
cunicultura. Bambuí Minas Gerais, 2010.
ALMEIDA, A. J.; MAYEN, F. L.; OLIVEIRA, F. C. R. Espécies do gênero Eimeria
observadas em fezes de coelhos domésticos (Oryctolagus cuniculus) criados no município
de Campos dos Goytacazes, estado do Rio de Janeiro, Brasil. Revista Brasileira de
Parasitologia Veterinária, 15, 5, 163-166 (2006). Disponivel em:
<<http://www.cbpv.org.br/rbpv/documentos/1542006/c154163_166.pdf>> Acesso em: 18 de
maio de 2016.
BOWMAN, D. D. G. Parasitologia veterinária. 9.ed. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010.
BRESSAN, M. C. R. V.; TAYLOR, M. A.; COOP, R. L.; WALL, R. L.; Parasitologia
veterinária. 3. ed. Ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2010.
CAVALCANTI, R. Pequenas criações ganham mercado e prometem lucros. 2004.
Disponível em: http://www.old.pernambuco.com/diario/2004/08/01/economia7_0.html.
Acesso em: 19 set. 2015.
DUARTE, M. Infoescola: Navegando e Aprendendo. Criação de Coelhos (Cunicultura),
2016. Disponível em: <<http://www.infoescola.com/zootecnia/criacao-de-coelhos-
cunicultura/>> Acesso em: 21 de março de 2016
Ferreira, A. C. T., D., PINTO, M. M. V.; MONTEIRO, J. M. A. Contribuição para o estudo
de lesões abcessiformes em coelhos abatidos para consumo. Universidade de Trás-os
Montes e Alto Douro. Vila real:2013. Disponível em:
<<http://repositorio.utad.pt/bitstream/10348/3405/1/msc_actferreira.pdf>> Acesso em: 24 de
maio de 2016.
FOREYT, W. J. Parasitologia veterinária: manual de referência/ William J. Foreyt;
[tradução e revisão técnica Marcio Botelho de Castro, Lucia Padilha Cury Thomaz de
Aquino]. São Paulo: Roca, 2005. Pág. 1 e 2.
PEREIRA, A. Principais doenças dos coelhos. IN: ANDRADE, A., PINTO, S. C.,
OLIVEIRA, R. S. Orgs. Animais de Laboratório: criação e experimentação [online]. Rio
de Janeiro: Editora FIOCRUZ, 2002. P. 105 à 113. Disponível em:
<<http://books.scielo.org/id/sfwtj/pdf/andrade-9788575413869-15.pdf.>> Acesso em: 24 de
maio de 2016.
SERRA-FREIRE, N. M.; BORSOI;A. B. P.; MELO, N. S. Leporacarus Gibbus (acari,
listrophoridae) em coelhos (Oryctolagus Cuniculus) criados em programa de
agropecuária familiar no estado do Rio de Janeiro. Revista UNIABEU, Belford Roxo. V.6
Número 12, janeiro- abril 2013. Disponível em:
<<http://www.arca.fiocruz.br/xmlui/bitstream/handle/icict/11733/nicolau-
freire2_etal_IOC_2013.pdf?sequence=2>> Acesso em: 18 de maio de 2016.
__________________________________________________________________________________________
Projeto de Aperfeiçoamento Teórico e Prático – Getúlio Vargas – RS – Brasil 16
INSTITUTO DE DESENVOLVIMENTO
EDUCACIONAL DO ALTO URUGUAI
FACULDADES IDEAU
SOUZA, G. C. C. F. Dossiê Técnico: Cunicultura. Instituto de Tecnologia do Paraná -
TECPAR 10/11/2011. Disponível em: <<http://sbrt.ibict.br/dossie-
tecnico/downloadsDT/NTY5NA==>> Acesso em: 18 de maio de 2016.
Top Related