AJES - INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA
ESPECIALIZAÇÃO EM EDUCAÇÃO AMBIENTAL
A CRIAÇÃO DE PEIXES EM TANQUES ESCAVADOS COMO ALTERNATIVA
SUSTENTÁVEL PARA PEQUENOS PRODUTORES DO MUNICÍPIO DE JUINA/MT
Michael Bezerra da Silva
Orientador: Prof. Ilso Fernandes do Carmo
JUINA/2013
AJES - INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA
ESPECIALIZAÇÃO EM EDUCAÇÃO AMBIENTAL
A CRIAÇÃO DE PEIXES EM TANQUES ESCAVADOS COMO ALTERNATIVA
SUSTENTÁVEL PARA PEQUENOS PRODUTORES DO MUNICÍPIO DE JUINA/MT
Michael Bezerra da Silva
Orientador: Prof. Ilso Fernandes do Carmo
“Trabalho apresentado como exigência parcial para a obtenção do título de Especialização em Educação Ambiental.”
JUINA/2013
RESUMO
Este trabalho buscou identificar se a criação de peixes adotada pelos
piscicultores do município de Juina/MT se ajusta a um caminho sustentável. A
piscicultura é um ramo da atividade da Aqüicultura, classificada como muito antiga,
desenvolvendo-se em diversas regiões possivelmente entre oito a cinco mil anos
a.C.. O Brasil é o quarto país com maior crescimento da atividade aqüicultora do
mundo, pois apresenta algumas características favoráveis como seu tamanho
territorial e grande quantidade de recursos hídricos, com 20% de toda água doce do
planeta. Inicialmente, recorremos a um levantamento bibliográfico, em seguida, foi
realizada a pesquisa de campo através de questionários juntamente com o
levantamento fotográfico das propriedades, por último foi feita a análise e
organização dos dados. As análises realizadas mostram um grande avanço na vida
econômica dos produtores, a piscicultura lhes proporcionam estabilidade econômica
e facilidade no manejo. A pesquisa mostra também o potencial hídrico que o
município apresenta, enfatizando o crescimento do empreendimento nas pequenas
propriedades. O trabalho não para por aqui, abre muitos leques para trabalhos
futuros referentes à piscicultura em Juina/MT.
Palavras- Chave: Piscicultura, Aquicultura Sustentável, Juina
LISTA DE SIGLAS
MPA: Ministério da Pesca e Aquicultura
EMBRAPA: Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
SEMA: Secretaria Estadual de Meio Ambiente
SUMÁRIO
INTRODUCÃO...........................................................................................................05
1. REFERÊNCIAL TEÓRICO.....................................................................................08
1.1. Aqüicultura e piscicultura: uma definição essencial........................................08
1.2. Piscicultura brasileira e matogrossense..........................................................09
1.2.1. Principais espécies cultivadas no Brasil e mato grosso .................. ....09
1.3. A piscicultura como alternativa sustentável ............................................... ....12
2. MATERIAIS E MÉTODOS.....................................................................................13
2.1. Saída de campo ............................................................................................ ....13
3. O GRANDE POTENCIAL JUINENSE PARA A PISCICULTURA ................... ....14
3.1. Localização do Município de Juina-MT...............................................................14
3.2. Visita as propriedades ................................................................................... ....15
3.2.1. Proprietário “A” ........................................................................................... ....15
3.2.2. Proprietário “B” ........................................................................................... ....18
3.2.3. Proprietário “C” ........................................................................................... ....19
CONCLUSÃO ...................................................................................................... ....22
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................... ....23
ANEXOS .............................................................................................................. ....26
INTRODUCÃO
A piscicultura é um ramo da atividade da Aqüicultura, e tem como finalidade
cultivar peixes de águas salgadas ou doces. Ela se configurou em nossa História
como uma prática social e econômica enraizada pelas tradições e conhecimentos
obtidos em diversas experiências, e passou a se difundir, desenvolvendo-se em
diversas regiões possivelmente entre oito a cinco mil anos a.C.. Na história da
atividade de cultivar espécies aquáticas, os registros mais antigos apontam para o
extremo oriente, no território Chinês, nos territórios da Europa Central, e na região
Central do Continente Americano. Esses pólos do desenvolvimento da atividade da
piscicultura disseminaram pelo mundo suas informações, métodos e técnicas
(GARROTE, 2009).
O Brasil é o quarto país com maior crescimento da atividade aqüicultora do
mundo, pois apresenta algumas características favoráveis como seu tamanho
territorial, grande quantidade de recursos hídricos, com 20% de toda água doce do
planeta, além de possuir mais de 8.000 quilômetros de linha de costa favoráveis a
aqüicultura costeira e um grande mercado consumidor interno (ROUBACH, 2003, p.
09, apud BINDA, 2006)
Nesse contexto a Aqüicultura é uma das atividades mais antigas e
importantes do mundo, prestando grande contribuição ao homem através da
produção de carne de peixe, considerada de excelente qualidade para a alimentação
humana por possuir melhor digestibilidade, baixo custo e baixo valor calórico. É uma
atividade econômica de baixo impacto ambiental que possibilita a utilização
permanente dos recursos aquáticos.
A criação de peixes apresenta um grande potencial econômico para região
centro-oeste como é o caso do município de Juina/MT, em função de características
como: necessidade de pequenas áreas, grande potencial hidrológico, exigência de
pequenos valores de capital inicial e de recursos para o custeio de manutenção,
fatos que oferecem vantagem competitiva se compararmos a piscicultura com a
criação de animais de maior porte. Dessa forma, a criação de peixes contribui na
melhoria de renda das famílias, na condição de vida dos pequenos proprietários e
torna-se a cada dia uma atividade econômica sustentável a ser desenvolvida pelos
pequenos produtores agrícolas.
Desde seu surgimento, o município de Juina já passou por muitas
transformações no setor econômico. Mineração, exploração da madeira, pecuária e
agricultura sempre foram o foco da economia. Mas há algum tempo, pequenos
produtores estão investindo na criação de peixes, pois essa atividade é considerada
sustentável por ocupar pequenos espaços, baixo custo e não agridem ao meio
ambiente se comparado com a mineração ou a pecuária.
Essa atividade no município é pouco estudada, não se tem trabalhos
publicados em relação a essa atividade, o que evidencia uma carência de dados em
relação à piscicultura em Juina.
A confecção deste trabalho de pesquisa irá beneficiar trabalhos futuros, pois
a piscicultura em Juina tem a tendência de ampliar campo cada vez mais.
OBJETIVOS
GERAL
Mostrar como a criação de peixes enquadra-se como uma alternativa sustentável
para pequenos produtores do município de Juina.
ESPECÍFICOS
Analisar a piscicultura como atividade sustentável
Mostrar como pequenos produtores lidam com a piscicultura em Juina
Identificar quem são os consumidores da produção
Mostrar custo/benefício de se criar peixes
Promover a coleta desses dados para a região
Deixar ponte para trabalhos futuros
Esse trabalho pretende analisar a atividade aqüicultora no município de
Juina, analisando o custo/beneficio desta atividade buscando mostrar como a
piscicultura é importante para famílias que possuem pequenas propriedades, e
também mostrar que famílias que possuem propriedades maiores estão mudando o
ramo de produção devido ao fácil manejo dos peixes em tanques escavados.
06
A estrutura do presente trabalho está organizada da seguinte forma: O
Capitulo I faz uma abordagem conceitual sobre piscicultura e sustentabilidade,
esclarecendo por meio da literatura pertinente sobre tais temas no qual a presente
pesquisa tem seu foco principal. Relata brevemente sobre a definição de aqüicultura
e piscicultura, seu papel no cenário econômico brasileiro e matogrossense. O
Capitulo II faz uma amostragem do material e métodos usados no desenvolvimento
do presente trabalho. O Capitulo III apresenta o objeto de estudo, analisa os dados,
mostra os resultados e faz as discussões básicas sobre a realidade dos dados
coletados. Por fim as considerações gerais da pesquisa abordando os resultados
alcançados mediante os objetivos propostos para a pesquisa.
07
1. REFERENCIAL TEÓRICO
Neste capítulo, abordaremos o conceito de Aqüicultura e Piscicultura,
destacando a importância econômica que a atividade de criação de peixes traz ao
município de Juina e aos pequenos produtores que faz desta prática uma atividade
sustentável.
1.1. AQÜICULTURA E PISCICULTURA: UMA DEFINIÇÃO ESSENCIAL
O MPA (2012), define Aqüicultura como o cultivo de organismos cujo ciclo de
vida em condições naturais se dá total ou parcialmente em meio
aquático. Complementando, VALENTI et al (2000), apud BINDA (2006), inclui em
sua definição de aqüicultura o cultivo de organismos aquáticos em qualquer estágio
de desenvolvimento do ciclo de vida.
De acordo com o MPA (2012), a Aqüicultura abrange as seguintes
especialidades:
• Piscicultura (criação de peixes, em água doce e marinha);
• Malacocultura (produção de moluscos como ostras, mexilhões, caramujos e
vieiras). A criação de ostras é conhecida por Ostreicultura e a criação de
mexilhão por Mitilicultura.
• Carcinicultura (criação de camarão em viveiros, ou ainda de caranguejo, siri);
• Algicultura (Cultivo macro ou microalgas);
• Ranicultura (Criação de rãs);
• Criação de Jacarés;
GARROTE (2009), classifica a piscicultura como um ramo de atividade da
Aqüicultura, e tem como finalidade cultivar peixes de águas salgadas ou doces. Ela
se configurou em nossa História como uma prática social e econômica enraizada
pelas tradições e conhecimentos obtidos em diversas experiências, e passou a se
difundir, desenvolvendo-se em diversas regiões possivelmente entre oito a cinco mil
anos a.C..
1.2. PISCICULTURA BRASILEIRA E MATOGROSSENSE
De acordo com PIZAIA et al (2008), O Brasil tem grande potencial para o
desenvolvimento do setor pesqueiro, dadas as condições naturais favoráveis. Em
1998 o Brasil importou por volta de 200 mil toneladas de peixes para suprir a
demanda interna, o que evidencia a potencialidade do mercado consumidor
nacional. O país responde por menos de 1% da produção mundial de pescados
entre captura e cultivo.
De acordo com dados obtidos no portal da EMBRAPA (2012), a piscicultura
é uma atividade que vem se desenvolvendo em um ritmo muito acelerado
(aproximadamente 30% ao ano) no Brasil. Este índice é muito superior ao obtido na
maioria das atividades agropecuárias mais tradicionais. Isso se deve ao fato da
piscicultura possuir uma boa lucratividade, no entanto, devemos considerar também
que, muita das pessoas que decidem investir na produção de peixes não tem a
menor idéia do que venha a ser criar com qualidade, baixo custo e sustentabilidade.
Segundo a SEMA (2012),, hoje o Estado de Mato Grosso já vem se
destacando na piscicultura, com uma produção anual de 36 mil toneladas de peixes.
Está classificado em 1º lugar no ranking nacional como maior produtor de peixe
nativo da região, e, em 5º lugar, na produção de peixe de água doce, segundo o
Ministério da Pesca.
[...] A política estadual de desenvolvimento sustentado da aqüicultura e da piscicultura (Pró-Peixe) foi sancionada pelo governador Silval Barbosa, pela Lei nº 9619, divulgada no Diário Oficial, no último dia 4 de outubro. Essa lei altera e redefine pontos importantes das leis anteriores do ano de 2006 e 2010. [...] (SEMA, 2012).
O aumento da produtividade, resultante do incentivo dessa lei, vai beneficiar,
principalmente, os pequenos proprietários de áreas rurais, os quais terão mais uma
fonte de renda. E, conseqüentemente, ser um grande potencial de geração de
emprego no meio rural. (SEMA, 2012).
1.2.1. PRINCIPAIS ESPÉCIES CULTIVADAS NO BRASIL E MATO GROSSO
De acordo com o MPA (2012), atualmente cada região brasileira vem se
especializando em determinados tipos de pescado. Na Região Norte predomina
peixes como o tambaqui e o pirarucu. No Nordeste a preferência é pela tilápia e pelo
09
camarão marinho. No sudeste a tilápia tem grande presença na aqüicultura. No sul
predominam as carpas, as tilápias, as ostras e os mexilhões. Já no centro-oeste os
destaques são o tambaqui, o pacu e os pintados.
Como foi destacado acima, em Mato Grosso destaca-se a criação do
tambaqui, pacu, pintado e tambatinga. Vamos conhecê-los.
Segundo TEIXEIRA (1997), o tambaqui é um peixe da Amazônia, sendo
chamado, quando novo, de Bocó ou Ruelo. Cresce nos lagos e alimenta-se de frutos
e sementes da mata até tornar-se adulto, fase em que a forma do corpo começa a
mudar de arredondado para mais alongado, e, a partir de três a quatro anos de vida,
sobe os rios no fenômeno chamado de “piracema”, quando inicia a fase reprodutiva.
Veja um exemplar de tambaqui adulto na foto abaixo:
Figura 1: Tambaqui adulto Fonte: VIVA TERRA (2012).
O pacu, Piaractus mesopotamicus, é um peixe importante na piscicultura
brasileira, destacando-se tanto em termos de rusticidade no manejo, pelo
crescimento rápido, pela sua carne de excelente qualidade (NUNES, 2011).
BARRETO (2009), relata que o pacu é uma espécie onívora, nativa da Bacia do Rio
da Prata, ocorrendo principalmente nos rios Paraná e Paraguai e seus afluentes,
adapta-se a diversos sistemas de criação, tem excelente crescimento e conversão
alimentar. Veja um exemplar de pacu adulto na foto abaixo:
Figura 2: Pacu adulto Fonte: VIVA TERRA (2012).
10
Surubim-pintado (Pseudoplastystoma coruscans) e o Surubim-cachara
(Pseudoplastystoma fasciatum) são peixes da espécie dos bagres e dos mandis
apresentam o corpo sem escamas (daí serem popularmente conhecidos como
peixes de couro). A distinção entre o pintado e o cachara se dá no visual. O pintado
apresenta manchas escuras pelo corpo, o cachara apresenta listras verticais. Podem
ser encontrados nas Bacias do Prata, do Rio São Francisco e nos Rios da
Amazônia. Os surubins são peixes carnívoros, portanto, alimentam-se de outros
animais. Para haver reprodução em cativeiro, os alevinos são submetidos a
tratamento na alimentação, por via de ração própria. Sua taxa de conversão
concentra-se em 1,5 a 2 quilos de ração para cada quilo do peixe vivo, chega a
atingir 3 a 4 quilos em 12 meses (VIEIRA FILHO, 2009). Veja um exemplar de
Pseudoplatystoma corruscans na foto abaixo:
Figura 3: Pseudoplastystoma coruscans Fonte: PESCA (2012).
O tambatinga é um híbrido resultante do cruzamento entre a fêmea de
tambaqui e o macho da pirapitinga. Possui rastros branquiais mais desenvolvidos
que a pirapitinga, possibilitando maior eficiência no processo de filtragem do
plâncton existente no meio (GUERRA et al, 1992, apud PAULA 2009). Vide figura 4.
Figura 4: Tambatinga adulto Fonte: CLUBE (2012)
11
1.3. A PISCICULTURA COMO ATIVIDADE SUSTENTÁVEL
Na concepção de GARROTE (2009), a piscicultura foi sendo implantada com
um discurso de promoção de crescimento econômico, e nos últimos anos, devido à
problemática ambiental na qual a civilização configurou, a piscicultura vem
ganhando no seu discurso de implantação nos territórios, a característica de ser uma
atividade sustentável.
De acordo com VIEIRA FILHO (2009), o conceito de sustentabilidade
somente encorpou-se nos últimos 30 anos no Brasil, e somente após o encontro da
Rio-92, ele passou a ser aceito como uma proposta aceitável e viável de
transformação da sociedade.
O conceito de sustentabilidade vem sendo amplamente discutido no âmbito
da sociedade civil e dos tomadores de decisões, mas ainda não se chegou a um
consenso sobre o seu significado exato. Assim, sustentabilidade vem sendo definida
de várias maneiras por diferentes autores e instituições (VALENTI, 2008).
VALENTI (2008), complementa definindo a sustentabilidade como o
gerenciamento dos recursos naturais, financeiros, tecnológicos e institucionais de
modo a garantir a contínua satisfação das necessidades humanas para as gerações
presentes e futuras.
Já CORBIN E YOUNG (1997), apud MATIAS (2012), afirmam que a
aqüicultura sustentável deve conservar os recursos naturais e a biodiversidade,
causar a mínima degradação ao meio ambiente, utilizar técnicas e tecnologias
apropriadas à situação ao lugar, gerar lucros e benefícios econômicos, causar
mínimos conflitos sociais e satisfazer as necessidades das pequenas comunidades.
Fechando o raciocínio, BARDACH (1997), apud MATIAS (2012), complementam que
a aqüicultura é uma das maneiras de ajudar a obter o desenvolvimento sustentável.
12
2. MATERIAL E MÉTODOS
A fase inicial do trabalho será pelo levantamento bibliográfico para
apresentação do suporte teórico, no que diz respeito à busca de conceitos sobre
Aqüicultura e Piscicultura. No segundo momento realizaremos pesquisa de campo
que consiste no levantamento de dados relacionados à cadeia produtiva de peixes
do município de Juina. Concomitante será feita entrevista com produtores por meio
de questionário fechado.
Em seguida, partimos para a análise do questionário e o confronto com os
dados coletados mais a bibliográfica pertinente para que possamos saber a
importância da piscicultura no município bem como mostrar como esse ramo pode
ser considerado sustentável para pequenos produtores.
Serão utilizadas fotografias e mapas a fim de referendar, ainda mais, a
pesquisa.
2.1. SAÍDA DE CAMPO
Foi realizada uma visita em cada propriedade todas no município de Juina-
MT, com o objetivo de levantar informações sobre a piscicultura dessas localidades,
dando ênfase aos produtores dessas comunidades que representam o crescimento
da atividade no município relatando a importância desse segmento para a economia
de Juina.
As visitas aconteceram nos meses de junho e julho em três propriedades. As
visitas tiveram como objetivo conhecer a área estudada e entregar o questionário
elaborado para os produtores para avaliar a importância sócio-econômica da
atividade para os mesmos. Através de câmera fotográfica digital foi possível registrar
as condições locais de trabalho mostrando a estrutura hidrológica de cada
propriedade.
O questionário foi elaborado com questões dissertativas para facilitar a
tabulação e interpretação dos dados. Esta pesquisa classifica-se como uma
pesquisa de campo, realizada através da aplicação de instrumentos de coleta de
dados e fundamentada por pesquisas bibliográficas.
3. O GRANDE POTENCIAL JUINENSE PARA A PISCICULTURA
A piscicultura é uma prática que está em grande crescimento no município
de Juina pela grande quantidade de lâmina d’água, clima favorável e principalmente
pela rentabilidade que a piscicultura proporciona aos produtores. Ao longo das
discussões mostraremos a verdadeira face deste processo no que diz respeito aos
produtores do município de Juina.
3.1. LOCALIZAÇÃO DO MUNICÍPIO DE JUÍNA-MT
O município de Juína localiza-se a 724 km da capital Cuiabá com uma
extensão territorial de 26.351 km² distribuído entre as seguintes coordenadas
geográficas: latitude 11º22'42" sul e longitude 58º44'28" oeste. Obteve sua
emancipação política no dia 09 de maio de 1982 sendo o primeiro prefeito o
professor Orlando Pereira. Ver mapa 1.
Mapa 1: Localização do Município de Juína-MT Fonte: MAPA (2013).
Para FERREIRA (2001), predomina no município o clima equatorial quente e
úmido segundo a classificação climática de Köppen, caracterizando assim duas
estações bem definidas – uma chuvosa e outra seca. Juína aloca-se na região
noroeste do Estado sendo Pólo dos municípios de Brasnorte, Castanheira, Juruena,
Cotriguaçu, Colniza, Aripuanã e Rondolândia ..
3.2. VISITA AS PROPRIEDADES
Durante o período de confecção do trabalho, estivemos visitando alguns
produtores da Comunidade Santo Isidoro, localizada a aproximadamente 4 km do
centro de Juína e Comunidade Todos os Santos, localizada à 5 km do município.
De acordo com relatos dos produtores, a criação de peixes foi uma
alternativa encontrada para aproveitar o potencial hidrológico da região, pois seria
difícil empregar agricultura numa área pequena e ainda levando em consideração a
abundancia de água nas áreas estudadas. Outra razão pela qual optaram pela
prática foi à questão do baixo investimento inicial e a facilidade no manejo.
Dentre as propriedades visitadas, toda a produção é vendida no município
mesmo, parte da produção vai para os mercados e a outra parte é vendida na
propriedade através do sistema de pesque-pague, ou seja, o cliente vai até o
tanque, captura o peixe e paga o preço sugerido pelo proprietário.
3.2.1. PROPRIETÁRIO “A”
O proprietário “A” disse-nos que aprendeu a prática da piscicultura através
de um curso em Tangará da Serra.
Sua propriedade localiza-se na Comunidade Santo Isidoro à 4 km do centro
de Juína. Sua alevinagem segue um padrão de qualidade, de acordo com ele, logo
que iniciou o empreendimento, preferiu pegar alevinos produzidos aqui mesmo no
município, porém esses não deram os resultados esperados, foi então que preferiu
comprar alevinos do município de Nova Mutum, hoje sua perda na produção é quase
mínima chegando a 5% da produção total. O proprietário trabalha com o
Pseudoplastystoma coruscans, popularmente conhecido como pintado.
15
Sua propriedade conta com dois pequenos tanques que recebem o nome de
berçário conforme figuras 5 e 6, neste local os alevinos permanecem por até 45 dias
até serem transferidos para um tanque maior.
Figura 5: Tanque berçário 1
Fonte: Michael Bezerra da Silva (2013)
16
Figura 6: Tanque berçário 2 Fonte: Michael Bezerra da Silva (2013)
Após 45 dias no berçário os alevinos seguem para outro tanque de
crescimento (Figura 7) e permanecem por aproximadamente 60 dias, logo após são
transferidos para outro tanque (Figura 8) até completarem o ciclo de 12 meses,
tempo necessário para alcançarem o tamanho ideal para o abate.
Figura 7: Segundo tanque de crescimento Fonte: Michael Bezerra da Silva (2013)
Figura 8: Terceiro tanque de crescimento
17
Fonte: Michael Bezerra da Silva (2013)
3.2.2. PROPRIETÁRIO “B”
A propriedade deste produtor encontra-se a aproximadamente 3 km do
centro da cidade, na comunidade Todos os Santos. Os alevinos são adquiridos de
fornecedores do município com aproximadamente 30 dias de vida e fixados no
viveiro até atingirem o peso ideal para o abate que varia entre 12 e 14 meses.
O tambatinga, pintado e tambaqui são as espécies criadas com destaque
para o primeiro, pois esta espécie ganha peso rápido e apresenta fácil manejo. Parte
da produção é entregue em mercados e parte é comercializada na propriedade onde
o cliente desloca-se até a chácara e compra seu peixe. Vejamos nas figuras 9 e 10
os viveiros da propriedade.
Figura 9: Viveiro usado para pesca esportiva
Fonte: Michael Bezerra da Silva (2013)
Figura 10: Viveiro usado para produção destinada aos mercados
18
Fonte: Michael Bezerra da Silva (2013)
De acordo com o produtor, a piscicultura é uma atividade lucrativa, o manejo
é fácil e não demanda muito tempo de trabalho. A ração é lançada no viveiro de
manhã e a tarde, o custo final para cada 1 quilo de peixe produzido é de 3 reais. De
8 mil quilos de peixe produzido, o lucro estimado tirando as perdas e os gastos
chegam a 20 mil reais.
3.2.3. PROPRIETÁRIO “C”
A propriedade deste produtor encontra-se a aproximadamente 5 km do
centro da cidade, na comunidade Todos os Santos. Os alevinos também são
adquiridos de fornecedores do município com aproximadamente 30 dias de vida e
fixados no viveiro e permanecem até o fim do ciclo que varia entre 12 e 14 meses.
O produtor trabalha com o tambatinga e o pintado, a clientela tem
preferência por essas espécies e a rentabilidade é maior. Parte da produção é
entregue em mercados e parte é comercializada na chácara por meio de pesque
pague, conforme podemos ver nas figuras 11 e 12.
Figura 11: Viveiro dos pintados
Fonte: Michael Bezerra da Silva (2013)
19
Figura 12: Viveiro dos tambatingas Fonte: Michael Bezerra da Silva (2013)
De acordo com o produtor, o lucro da atividade é bom, o fácil manejo e
grande procura favorecem o crescimento do empreendimento. Atualmente a
propriedade conta com 3 viveiros conforme figura 13 , porém o produtor destaca que
já estuda ampliar o negócio construindo mais alguns viveiros em sua propriedade.
Figura 13: Visão geral dos viveiros da propriedade “C”
20
CONCLUSÃO
Este trabalho identificou que o manejo da produção de peixes adotada pelos
piscicultores do município de Juina/MT vem ao longo do tempo se ajustando a um
caminho sustentável, a atividade vem sendo aos poucos explorada e usada como
ótimo caminho para a sustentabilidade. Foi possível identificar as principais espécies
criadas bem como as respectivas características do ciclo de produção.
Constatou-se que o manejo e comercialização dos peixes vêm a cada ano
sendo inovados, unindo tecnologia e educação ambiental numa perspectiva concreta
de atividade sustentável. A piscicultura em Juina/MT esta em crescente expansão, o
grande potencial hidrológico, o fácil manejo e boa lucratividade estão atraindo
adeptos a essa prática econômica.
Devemos destacar ainda que o município de Juina/MT conta com um grande
potencial hidrológico e clima favorável à prática da piscicultura. Os produtores se
atentam as questões ambientais traçando planos de educação ambiental a fim de
melhorar sua produção.
A piscicultura colabora muito para o crescimento econômico do município, o
que acaba beneficiando todos que aqui moram.
Dente as propriedades visitadas, conclui-se que os produtores classificam a
atividade como sustentável. Trocaram a agricultura, antes sendo a principal fonte de
renda familiar, pela piscicultura que no conceito unanime dos produtores,
caracteriza-se como uma atividade rentável e de caráter próspero.
Sendo assim, o piscicultor entre outras atribuições, deve fazer da atividade
da piscicultura uma grande arma ecológica, respeitando as questões ambientais,
conservando o meio ambiente para que a produção seja rentável, de qualidade e
atendendo as expectativas do produtor e do meio ecológico sustentável.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BARRETO, E. Relação entre helmintos gastrointestinais ambiente e alimentação de pacus (Piaractus mesopotamicus Holberg, 1887) em tanques de piscicultura, Campinas, SP: [s.n.]. 2009. Disponível: <http://www.bibliotecadigital.unicamp.br/document/?code=000479592&fd=y>.Acesso em: 03 set. 2012.
BINDA, F. P.; Contribuição da piscicultura para eutrofização de sistemas costeiros: estudo de caso de alevinagem no Rio Bubú (Baía de Vitória, ES). 2006. Disponível em: <http://www.dern.ufes.br/oceano/link/monografias/2006/mono10_2006.pdf.>. Acesso em: 26 abr. 2012. CLUBE da pescaria - TAMBATINGA (Cypriniforme, família Serrasalmidae e subfamília Myleinae). Disponível em:< http:// http://www.clubedapescaria.com.br/peixe/tambatinga >. Acesso em: 18, out, 2012. EMBRAPA. Princípios básicos para produção de alevinos de surubins (Pintado e Cachara). Disponível em:<
http://www.cpap.embrapa.br/publicacoes/online/DOC100.pdf>. Acesso em: 26 set. 2012. EMBRAPA, Produção de alevinos: situação atual e desafios. Disponível em: <http://www.cpafap.embrapa.br/aquicultura/download/producao_alevinos_clesiocardoso.pdf.>. Acesso em: 29 ago, 2012. FERREIRA, J. C. V. Mato Grosso e seus municípios. 2.ed. Cuiabá: Buriti, 2001. GARROTE, M. S. A rede sociotécnica da piscicultura: desenvolvimento e meio ambiente no município de Blumenau - SC. 2009. Disponível em: <http://proxy.furb.br/tede/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=669>. Acesso em: 04 abr. 2012. MATIAS, J. F. N. Análise da sustentabilidade da aqüicultura em águas de domínio da união, nos parques aquícolas do reservatório do castanhão, estado do Ceará: estudo de caso. 2012.126 f. : il. color., enc. ; 30 cm. Disponível em:<http://www.teses.ufc.br/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=8128>. Acesso em: 17 out. 2012. MPA, Ministério da Pesca e Aqüicultura. O que é Aqüicultura? Disponível em: <http://www.mpa.gov.br/aquiculturampa/informacoes/o-que-e>. Acesso em: 04 abr. 2012. MPA, Ministério da Pesca e Aqüicultura. Espécies mais cultivadas no Brasil. Disponível em: <http://www.mpa.gov.br/aquiculturampa/informacoes/especies-cultivadas.>. Acesso em: 03 set. 2012.
MAPA do estado de MATO GROSSO. Localização do Município de Juina. Disponível em:< http://www.geomapas.com.br/site/#!prettyPhoto>. Acesso em 01, out, 2013. NUNES, C. S. Crescimento, hematologia e metabolismo de pacu (Piaractus mesopotamicus) submetido ao exercício aeróbico e alimentado com níveis crescentes de proteínas, São Paulo: UFSCar, 2011. 144 p. – Disponível em: <http://www.bdtd.ufscar.br/htdocs/tedeSimplificado//tde_busca/arquivo.php?codArquivo=4283>. Acesso em: 02 out. 2012. PAULA, F. G.; Desempenho do tambaqui (Colossoma macropomum), de pirapitinga (Piaractus brachypomum), e do híbrido tambatiga (C. macropomum x P. brachypomum) mantidos em viveiros fertilizados, na fase de engorda. Goiania: UFG, 2009. 57 p. Disponível em: <http://bdtd.ufg.br/tedesimplificado/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=248>.Acesso em: 01 jul. 2013. PESCA Esportiva - PINTADO (Pseudoplatystoma corruscans). Disponível em:< http://www.pescaesportiva.org/pintado.htm>. Acesso em: 18, out, 2012. PIZAIA, M. G.; CAMARA, M. R. G.; SANTANA, M. A.; ALVES, R. XLVI Congresso da sociedade brasileira de economia, administração e sociologia rural. A piscicultura no Brasil: um estudo sobre a produção e comercialização de “oreochromis niloticus”. Disponível em: <http://www.sober.org.br/palestra/9/497.pdf>. Acesso em: 28 ago. 2012. SEMA, Secretaria Estadual de Meio Ambiente. Incentivo à piscicultura em Mato Grosso, Disponível em: <http://www.sema.mt.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=1262:incentivo-a-piscicultura-em-mato-grosso&catid=291:governo&Itemid=180.> Acesso em: 03 set, 2012. SIMOES, F. S. Impacto da piscicultura sobre bacias hidrográficas de pequeno porte. Disponível em: <http://www.bibliotecadigital.uel.br/document/?code=vtls000124323>. – Acesso em: 27 mar. 2012. TEIXEIRA, R. N. G. Criação de Tambaqui. Centro de pesquisa Agro florestal da Amazônia oriental. EMBRAPA, 1997. Disponível em: <http://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/bitstream/doc/375236/1/RB36OK.pdf>. Acesso em: 04 set. 2012.
VALENTI, W. C. A aqüicultura brasileira é sustentável? Palestra apresentada durante o IV Seminário Internacional de Aqüicultura, Maricultura e Pesca, Aquafair 2008, Florianópolis, 13-15 de maio de 2008. p. 1-11 (www.avesui.com/anais). VIEIRA FILHO, D. D. A piscicultura como alternativa de desenvolvimento local na região de Dourados-MS. Programa de Pós-graduação em Desenvolvimento Local. UCDB, Campo Grande-MS/2009. Disponível
24
em:<http://www.tede.ucdb.br/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=407>. Acesso em: 16, out, 2012. VIVATERRA - Sociedade de defesa, pesquisa e educação ambiental - PACU (Piaractus mesopotamicus). Disponível em:< http://www.vivaterra.org.br/peixes_doce_2.htm#pacu>. Acesso em: 17 out. 2012.
VIVATERRA - Sociedade de defesa, pesquisa e educação Ambiental - TAMBAQUI (Colossoma macropomum). Disponível em:< http://www.vivaterra.org.br/peixes_doce_3.htm# tambaqui >. Acesso em: 17, out, 2012.
25
Top Related