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ABORDAGEM ERGONMICA DO AMBIENTE DE TRABALHO NA PERCEPO DOS TRABALHADORES: ESTUDO DE CASO EM BIBLIOTECA UNIVERSITRIA Andrea Aparecida Silva Elaine Rosngela de Oliveira LucasResumo: Analisa o grau de satisfao dos trabalhadores quanto ao ambiente fsico, atravs da abordagem ergonmica, conhecer a percepo dos trabalhadores relacionados aos aspectos de sade e sua relao na execuo das tarefas, alm de sugestes dos trabalhadores para a melhoria da qualidade de vida no trabalho em Biblioteca Universitria. Caracteriza-se como uma pesquisa exploratria, que utiliza o mtodo descritivo com aplicao de estudo de caso. Utiliza-se como coleta de dados o questionrio com questes abertas e fechadas e entrevista semiestruturada. Os resultados apontam que mesmo insatisfeitos com o espao fsico, localizao e rudos existentes, os trabalhadores gostam do trabalho que realizam. Tem respeito e orgulho pela Instituio. Com tudo isto, conclui-se que mesmo a Biblioteca no atendendo satisfatoriamente a alguns fatores de infra-estrutura, os mesmos se sentem realizados no trabalho. Palavras-chaves: Ergonomia. Percepo dos trabalhadores. Satisfao no Trabalho. Qualidade de vida no trabalho.

1 INTRODUO Partindo do princpio que a maior parte do tempo da vida das pessoas se passa no trabalho, seria ideal que pudssemos transformar em algo prazeroso e saudvel a execuo do mesmo, ou seja, um lugar onde se possa sentir motivado realizando-o plenamente com alegria e satisfao. No entanto, essa realizao s possvel com a premissa bsica da ergonomia: o trabalho deve adptar-se ao homem e no o contrrio. O termo ergonomia significa, etimologicamente, o estudo das leis do trabalho. conveniente aprofundar esta definio e o objeto que ela designa, o trabalho. Isso necessrio para determinar oRevista ACB: Biblioteconomia em Santa Catarina, Florianpolis, v.14, n.2, 382-406, jul./dez., 2009.

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campo de estudo da ergonomia, as relaes que ela mantm com o conhecimento cientfico e com a realidade social (FIALHO, 1995). Esse termo foi criado e utilizado pela primeira vez pelo ingls Murrel e passa a ser adotado oficialmente em 1949, quando da criao da primeira sociedade de ergonomia, a Ergonomics Research Society, que congregava psiclogos, fisiologistas e engenheiros ingleses interessados nos problemas da adaptao do trabalho ao homem (LAVILLE, 1977). A ergonomia o estudo cientfico da relao entre o homem e seus meios, mtodos e espaos de trabalho. Seu objetivo elaborar, mediante a contribuio de diversas disciplinas cientficas que a compem, um corpo de conhecimentos que, dentro de uma perspectiva de aplicao, deve resultar em uma melhor adaptao ao homem dos meios tecnolgicos, dos ambientes de trabalho e de vida (IEA, 2000, traduo nossa). O trabalho dirio realizado em condies adversas, com o passar do tempo, pode desencadear o aparecimento de diversos problemas, como de sade fsica e mental e por isso que as empresas e Unidades de Informao devem compreender a relao entre as condies de trabalho e seus possveis reflexos no rendimento dos funcionrios. sabido que qualquer organizao que vise ou no o lucro tem o potencial humano como de suma importncia. Assim, focalizando a ateno nos trabalhadores de uma Biblioteca Universitria, a ergonomia buscar o aspecto da humanizao do trabalho, tendo em vista propiciar condies satisfatrias para um melhor desempenho destes. Conhecer a percepo dos funcionrios de uma Biblioteca Universitria com base na ergonomia a partir do estudo in loco tornase uma das vias que possibilita criar situaes de um ambiente de trabalho melhor. O que se busca nesta pesquisa analisar o grau de satisfao dos trabalhadores quanto ao ambiente fsico, atravs da abordagem ergonmica, conhecer a percepo dos trabalhadores relacionadosRevista ACB: Biblioteconomia em Santa Catarina, Florianpolis, v.14, n.2, 382-406, jul./dez., 2009.

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aos aspectos de sade e sua relao na execuo das tarefas e as possveis recomendaes dos trabalhadores para a melhoria da qualidade de vida no trabalho na Biblioteca Universitria estudada. 2 EFEITOS TRABALHO DA ERGONOMIA NO AMBIENTE DE

O termo ambiente pode ser usado de forma a incluir ferramentas, equipamentos, materiais e a prpria organizao do trabalho. o envolvimento do ambiente fsico e dos aspectos organizacionais em todas as situaes que ocorre o relacionamento entre o homem e seu trabalho. Fernandes (1996) prope os seguintes critrios para avaliar as condies de trabalho:Jornada de trabalho - nmero de horas de trabalho e sua relao com as tarefas realizadas; carga de trabalho - quantidade de trabalho realizada no turno de trabalho; ambiente fsico - condies de bem-estar e organizao do local de trabalho; material e equipamentos - quantidade e qualidade dos materiais e equipamentos disponibilizados para a realizao do trabalho; ambiente saudvel - condies de trabalho que no ofeream riscos de leso ou doenas aos trabalhadores; estresse - quantidade de estresse percebido pelos trabalhadores na jornada de trabalho.

A abordagem ergonmica baseia-se no princpio bsico de que o trabalho deve adaptar-se ao homem. Atravs da mesma se pode produzir um ambiente de trabalho mais humanizado. Ela procura aproveitar as habilidades mais refinadas dos trabalhadores e proporcionar um ambiente que os encorajem a desenvolver suas atividades. Pode-se distinguir, no ambiente de trabalho, fatores atuantes na sua constituio. Estes fatores podem ser denominados como Fatores Principais e Secundrios. Verdussen (1978) relaciona comoRevista ACB: Biblioteconomia em Santa Catarina, Florianpolis, v.14, n.2, 382-406, jul./dez., 2009.

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Fatores Principais: temperatura, rudos, vibraes, odores e cores. Como Secundrios encontram-se: arquitetura, relaes humana, remunerao, estabilidade e apoio social. A prtica ergonmica pode se caracterizar por uma procura da remoo dos aspectos negativos do trabalho, capazes de gerar danos ao trabalhador e quedas no seu desempenho. Assim, focalizando a ateno no homem a ergonomia busca os aspectos da humanizao do trabalho, tendo em vista propiciar-lhe condies mais agradveis e satisfatrias para se poder alcanar um melhor rendimento. 3 ERGONOMIA E SADE DO TRABALHADOR O Canadian Centre for Ocupational Health and Safety (apud MARTINS, 2005) pressupe que as condies ergonmicas so inadequadas quando o trabalho realizado incompatvel com o corpo dos trabalhadores e/ou sua capacidade de continuar trabalhando, sendo que tais condies podem causar desconforto, fadiga, leses e doenas. No entanto, possvel prevenir leses e doenas relacionadas com condies ergonmicas adequadas, desde que tanto o local quanto organizao do trabalho sejam ajustados s necessidades individuais (fsicas e mentais) de cada um. Segundo Laurell (1985), as condies de trabalho e suas patologias esto estreitamente relacionadas organizao do trabalho e ambas dependem das relaes de trabalho vigentes naquele espao social definido, refletindo valores e regras da sociedade. A ergonomia procura conhecer o trabalho concreto e sua adequao ao homem no que se refere sade e desempenho. Podese defini-la como "conjunto de estudos que visam organizao metdica do trabalho em funo do fim proposto e das relaes entre o homem e a mquina" (RODRIGUES, 2000). Numa definio mais operacional, a ergonomia analisa a atividade real, ou seja, o que, para que e como se faz. A partir dessaRevista ACB: Biblioteconomia em Santa Catarina, Florianpolis, v.14, n.2, 382-406, jul./dez., 2009.

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situao, descobrem pontos crticos, inadequaes e prope mudanas na situao de trabalho. Considerando a subjetividade da impresso e percepo do trabalhador e demais fatores que permeiam o ambiente ocupacional, as seguintes atividades podem contribuir para melhorar a sade, bem-estar e, por conseguinte, a qualidade de vida dos mesmos. Segundo a European Agency for Safety at Work (apud MARTINS, 2005):Diagnsticos mdicos e exames de sade; avaliao da capacidade funcional dos trabalhadores e das exigncias do trabalho; treinamento constante; desenvolvimento de polticas de reabilitao; manuteno segura e saudvel do ambiente de trabalho; promoo da sade (ex: modificao do comportamento de risco, educao sobre sade, desenvolvimento de poltica salutar); design do posto/ambiente de trabalho.

Numa situao ideal a ergonomia deve ser aplicada j nas etapas iniciais do projeto de uma mquina, ambiente ou local de trabalho. Estas devem sempre incluir o ser humano como um de seus componentes, prevenindo a ocorrncia de futuras complicaes osteomioarticulares (IIDA, 1993). Os Distrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho DORT, como a Leso por Esforo Repetitivo LER tm sido nos ltimos anos, dentre as doenas ocupacionais registradas, as mais prevalentes segundo estatsticas referentes populao trabalhadora segurada. a Segunda causa de afastamento do trabalho no Brasil, somente nos ltimos cinco anos foram abertas 532.434 Comunicao por Acidente de Trabalho - CAT (INSS, 1997). Para Bittencourt (2004) a Organizao Mundial de Sade OMS aponta que a LER, o cncer e as patologias mentais (salientando-se a depresso) so os trs grupos de doenas em curva ascendente neste incio de milnio.

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As categorias profissionais que encabeam as estatsticas so: bancrios, digitadores, operadores de linha de montagem, operadores de telemarketing, secretrias, jornalistas, entre outros. O trabalho do bibliotecrio e dos profissionais que atuam em bibliotecas no fogem a regra desses profissionais j que suas funes exigem esforo fsico, como o atendimento ao usurio, onde o funcionrio recebe o acadmico e da seqncia ao ato de busca ou auxlio na procura dos volumes necessrios, assim como o processamento tcnico. Todas estas etapas da tarefa deste profissional requer rapidez, ateno e concentrao dos mesmos, gerando ansiedade, desgaste e sobrecarga mental. O desgaste fsico ainda mais alto, principalmente quanto questo das exigncias de esforos posturais e gestuais dos membros superiores e inferiores. As posturas exigem do sistema msculo-esqueltico, uma permanncia quanto ao tempo e carga elevadas fazem com que provoque risco e so favorveis ao aparecimento e desenvolvimento de distrbios musculoesquelticos, gerando alta incidncia de dor e desconforto das estruturas da mo, punho e coluna vertebral (TAUBE, 2002). 4 QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO No so apenas as condies fsicas de trabalho que importam. As condies sociais e psicolgicas tambm fazem parte do ambiente de trabalho, ou seja, para alcanar qualidade e produtividade, as organizaes precisam ser dotadas de pessoas participantes e motivadas nos trabalhos que executam e recompensadas adequadamente por sua contribuio (CHIAVENATO, 2004). Feigenbaum (1994) entende que Qualidade de Vida no Trabalho - QVT baseada no princpio de que o comprometimento com a qualidade ocorre de forma mais natural nos ambientes em que os funcionrios se encontram intrinsecamente envolvidos nas decises que influenciam diretamente suas atuaes.Revista ACB: Biblioteconomia em Santa Catarina, Florianpolis, v.14, n.2, 382-406, jul./dez., 2009.

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Para Conte (2003) a meta principal do programa de QVT a conciliao dos interesses dos indivduos e das organizaes, ou seja, ao melhorar a satisfao do trabalhador, melhora-se a produtividade da empresa. Novos paradigmas de modos de vida dentro e fora da empresa, construindo novos valores relativos s demandas de QVT, esto sendo estruturados por diversos segmentos da sociedade e do conhecimento cientfico, entre os quais destacam-se a sade, psicologia, sociologia, administrao, engenharia e ergonomia (LIMONGI-FRANA et al., 2002). Como j foi abordado, a ergonomia faz a ligao entre o homem e suas condies de trabalho. o que afirma Grandjean (1998) em seu conceito cincia da configurao do trabalho ajustada para o homem e que o seu objetivo o desenvolvimento de bases cientficas para a adequao das condies de trabalho s capacidades e a realidade das pessoas que realizam o trabalho. Fernandes (1996) entende a QVT como a gesto dinmica e contingencial de fatores fsicos, tecnolgicos e scio-psicolgicos que afetam a cultura e renovam o clima organizacional, refletindo-se no bem-estar do trabalhador e na produtividade. Atualmente, os bibliotecrios e profissionais que atuam em bibliotecas esto cada vez mais expostos aos impactos de trabalho, sejam eles pelo avano tecnolgico, pela nova postura que esse profissional deve possuir, alm do alto grau de exigncia dos usurios. Suaiden (1990) enftico ao afirmar:Racionalidade no trabalho, aumento de produo, melhor controle e maior facilidade para armazenar e disseminar a informao so as grandes vantagens que as novas tecnologias de informao oferecem para a sociedade. No entanto, ainda no se sabe exatamente se as novas tecnologias da informao podero de fato democratizar a informao e se os profissionais tero melhores condies de trabalho.

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Os novos requisitos, exigidos no mercado da informao, denotam a necessidade de um profissional com viso estratgica, receptivo a mudanas e flexvel s inovaes. Quando consideramos que no este o profissional que est sendo qualificado pelas Instituies de Ensino, e que no exerccio de sua profisso quer e precisa de reconhecimento e respeito, entendemos porque, no caso do bibliotecrio, pouco ou nada se sabe de suas atividades e o a imagem social no so das mais positivas. Talvez se parta da premissa de que se ningum conhece, ningum vai exigir. Mas, o sistema de produo vigente inevitavelmente impe cobranas, e o profissional tem de buscar, por sua prpria iniciativa, os meios e mtodos de trabalho que lhe proporcionem valorizao pessoal (CARVALHO, 1998). Para Araripe (2005): indiscutvel que, acoplado a esse universo de conhecimentos e competncias, existem outros aspectos que devem permear o fazer profissional, dos quais depende o bom desempenho do profissional da informao e, conseqentemente, o seu reconhecimento pela comunidade onde atua. Esses aspectos se configuram como requisitos essenciais, numa sociedade onde a informao se caracteriza como elemento fundante para o seu desenvolvimento. Dessa forma, o profissional da informao deve, alm do desempenho intelectual, exercer: aes polticas; aes pedaggicas e de pesquisa; aes proativas; atividades profissionais autnomas; parcerias com profissionais de outras reas do conhecimento; atuao interdisciplinar; atividade de gerncia, de liderana, de empreendedor, de forma tica, dinmica e criativa, e apresentando um bom nvel de autoestima profissional.

Percebe-se, ento, que para esses profissionais, um pouco difcil exercer uma atividade onde sempre se espera dele que corresponda ao modelo.Revista ACB: Biblioteconomia em Santa Catarina, Florianpolis, v.14, n.2, 382-406, jul./dez., 2009.

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Direcionando essa realidade a aspectos ergonmicos de trabalho, implica em ansiedade, desconforto, sentimento de inadequao, fazendo com que esse profissional se sinta desmotivado e desvalorizado. 5 METODOLOGIA A pesquisa aqui relatada se caracterizou como exploratria, utilizando o mtodo descritivo com aplicao de estudo de caso, com uso de tcnicas quali-quantitativa. Alm da pesquisa qualitativa, abordada a pesquisa quantitativa. Para Greenhalgh e Taylor (apud PEREIRA, 2001) a pesquisa quantitativa, deve ser utilizada como uma idia (freqentemente utilizada como uma hiptese) com a qual, atravs de medidas de dados e por deduo, chega-se a uma concluso. Este tipo de abordagem utilizado para responder perguntas de pesquisa simples, precisas e confiveis que permitem uma anlise estatstica. A pesquisa foi realizada em Biblioteca Universitria privada na regio da Grande Florianpolis, Santa Catarina. O universo populacional da presente pesquisa foi constitudo pelos 9 trabalhadores da Unidade de Informao. Os dados primrios foram coletados por meio de um questionrio estruturado, com perguntas abertas e fechadas respondidas pelos trabalhadores da Unidade de Informao. Os dados foram analisados atravs de uma anlise estatstica simples levando em considerao os percentuais das respostas, a entrevista semi-estruturada e o uso da reviso de literatura. A anlise da percepo dos diferentes funcionrios sobre as condies do ambiente de trabalho foi retirada das entrevistas baseadas nas respostas dos mesmos. Segundo Kahn e Cannel (apud MINAYO, 1992) a entrevista definida como uma conversa a dois, feita por iniciativa do entrevistador, destinada a fornecer informaes pertinentes para um objeto de pesquisa, e entrada pelo entrevistador em temas igualmenteRevista ACB: Biblioteconomia em Santa Catarina, Florianpolis, v.14, n.2, 382-406, jul./dez., 2009.

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pertinentes com vistas a este objetivo. Definiu-se como categoria para a anlise dos dados os seguintes itens: 1. Dados profissionais (Perfil do Trabalhador); 2. Dados profissionais e caractersticas do trabalho; 3. Condies fsicas de trabalho; 4. Condies de trabalho (sade). 6 RESULTADOS Este captulo compreende a descrio, anlise e interpretao dos resultados do estudo realizado na Biblioteca analisada. A seguir, apresenta-se a pesquisa junto aos trabalhadores sobre a abordagem ergonmica no ambiente de trabalho e suas percepes. 6.1 Dados pessoais (Perfil do trabalhador) Esta seo apresenta informaes gerais que revelam o perfil dos pesquisados. Como j mencionado anteriormente, a pesquisa foi composta por nove trabalhadores, sendo 7 (78%) do sexo feminino e 2 (22%) do sexo masculino. A faixa etria desses trabalhadores de 25 a 45 anos. Observou-se que os mesmos encontram-se na faixa etria de 25 a 30 anos correspondendo a 4 (45%) dos trabalhadores, 2 (22%) na faixa etria de 31 a 35 anos, 1 (11%) entre 36 e 40 anos e 2 (22%) entre 41 e 45 anos. 6.2 Dados profissionais e caractersticas do trabalho Observou-se, que 4 (45%) so auxiliares administrativos, 3 (33%) auxiliares de biblioteca e 2 (22%) bibliotecrias.Revista ACB: Biblioteconomia em Santa Catarina, Florianpolis, v.14, n.2, 382-406, jul./dez., 2009.

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Pode-se observar que 5 (56%) dos trabalhadores tem menos de 3 anos de tempo de servio na Biblioteca, 2 (22%) de 4 a 7 anos e 2 (22%) de 12 a 15 anos. Ao serem questionados sobre quais atividades exercem na Biblioteca, foram apresentadas na seguinte ordem: 1. Atendimento ao usurio (com 7 citaes); 2. Organizao do acervo (com 4 citaes); 3. Processamento tcnico (com 3 citaes); 4. Emprstimo entre bibliotecas (com 2 citaes); 5. Servios no setor de peridicos (com 2 citaes); 6. Ao cultural (com 1 citao); 7. Leitura de estante (com 1 citao); 8. Busca da recuperao da informao (com 1 citao); 9. Trocar etiquetas (com 1 citao); 10. Capacitao de usurio (com 1 citao). Para o item carga horria profissional, todos os participantes disseram exercer suas atividades dirias por 8 horas. Atendendo ao objetivo de identificar o grau de satisfao dos trabalhadores que compem a populao de estudo em relao s condies fsicas de trabalho, apresenta-se a seguir os resultados relacionados a este aspecto. 6.3 Condies fsicas de trabalho Os trabalhadores foram questionados quanto ao espao fsico. A maioria, 5 (56%) consideram pouco satisfatrio, 3 (33%) satisfatrio, 1 (11%) muito insatisfatrio. No decorrer da entrevista, um dos trabalhadores afirmou: Entrevistado 7: a localizao da biblioteca o lado mais negativo, pois muitas pessoas circulam na mesma sem utiliz-la e por educao temos que cumprimentar um a um. Isso nos desgasta muito. Parece at uma feira. Entrevistado 2: nos colocaram em um corredor. Entrevistado 8: tem que mudar a biblioteca desse lugar.Revista ACB: Biblioteconomia em Santa Catarina, Florianpolis, v.14, n.2, 382-406, jul./dez., 2009.

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Faulkner-Brown (1999) recomenda que o prdio de uma biblioteca seja: flexvel; compacto; acessvel; susceptvel de ampliao; variado; organizado; confortvel; dotado de meio ambiente constante; seguro e econmico. Entrevistado 3: o que mais est nos prejudicando esse novo layout da biblioteca. Entrevistado 5: olha, as vezes acho que a melhor soluo derrubar isto aqui e fazer tudo de novo. Os edifcios inteligentes tm condies ideais de uso. Usam a natureza como meio de descanso para os usurios e se preocupam com a ergonomia do prdio como um todo, dos mveis, a combinao das cores, dos hbitos dos usurios, entre outros fatores. Esses edifcios dispem de um espao mais agradvel e descontrado para seus usurios (AMARAL; FORTES, 2002). Em relao temperatura dentro do setor, 4 (45%) afirmam como satisfatria, 3 (33%) pouco satisfatria e 2 (22%) muito satisfatria. Vale ressaltar que a pesquisa foi feita durante o inverno. Obter um ambiente de trabalho com temperatura adequada importante para que se possa alcanar no apenas o melhor desempenho dos trabalhadores em suas atividades, mas tambm contribuir para a sade e bem estar dos mesmos (SANTANA, 1996). Entrevistado 4: responderei de acordo com hoje. A temperatura est fria, portanto a biblioteca est quentinha. No vero o calor aqui insuportvel. Entrevistado 2: o trreo possui climatizao, mas o 1 andar que comporta os peridicos e multimeios no climatizado. Entrevistado 7: no setor de circulao ficamos sentados. O piso no ideal, ele gelado. Venho sempre com meia de l e bota no inverno, porque sinto muito frio. Foi questionado se existe algum controle de temperatura. A maioria dos trabalhadores afirmam que sim, 6 (67%) e 3 (33%) no. Para Soares (2003):H provas de que a oscilao regular de temperatura,Revista ACB: Biblioteconomia em Santa Catarina, Florianpolis, v.14, n.2, 382-406, jul./dez., 2009.

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como, por exemplo, ligar o ar condicionado durante o dia e deslig-lo durante a noite pode levar ao enfraquecimento do papel ou acervo, como resultado da contrao e dilatao de suas fibras. Mas j se concluiu que se a oscilao for mantida dentro dos limites de 5C os danos sofridos so mnimos.

No que diz respeito aos rudos, 5 (56%) dos trabalhadores afirmam ser bastante prejudiciais na realizao das tarefas, 4 (22%) muito e 4 (22%) muito pouco. Entrevistado 9: em funo da falta de planejamento do espao da U.I. existem vrios pontos que possuem barulho. Um exemplo a escada que serve de passagem de alunos aos demais andares e que liga o piso trreo. Ocorre eco. Essa resposta parece indicar um possvel problema na Biblioteca. Isso corroborado por Iida (1993) presena de rudos elevados no ambiente de trabalho pode gerar dificuldades na comunicao verbal, pois as pessoas precisam falar alto e prestar mais ateno para serem compreendidas. Isto provoca interferncia nas comunicaes reduzindo a concentrao e aumentando a tenso psicolgica. Entrevistado 3: chega uma hora que fica insuportvel, pois passa gente lanchando, conversando alto e os alunos no conseguem estudar e muito menos se concentrar. Santos et al (apud BARBOSA, 2000), afirma que o rudo pode constituir-se tanto numa fonte de informao como num incmodo e at num perigo para os trabalhadores. Acrescenta ainda o autor que num ambiente barulhento a reflexo bastante dificultada. A memorizao mais difcil e, s vezes, modificada. Numerosos erros podem ser cometidos e as comunicaes verbais tornam-se extremamente complicadas, tanto entre duas pessoas como atravs de rdio. A iluminao no ambiente de trabalho considerada para 7 (78%) satisfatria, enquanto para 2 (22%) pouco satisfatria. Iida (1993) afirma:Revista ACB: Biblioteconomia em Santa Catarina, Florianpolis, v.14, n.2, 382-406, jul./dez., 2009.

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Um bom sistema de iluminao, com o uso adequado de cores e a criao dos contrastes, pode produzir um ambiente de fbrica ou escritrio agradvel, onde as pessoas trabalham confortavelmente, com pouca fadiga, monotonia e acidentes, e reproduzem com maior eficincia.

Existe uma srie de fatores a serem considerados para que se tenha um local de trabalho adequadamente iluminado, entre tais fatores destacam-se: tipo de lmpada e de luminria, quantidade de luminria, distribuio e localizao das luminrias, manuteno, cores adequadas, variao brusca do nvel de iluminamento e idade do trabalhador (ASTETE; GIAMPAOLI; ZIDAN, 1993). Os trabalhadores foram questionados quanto a ventilao natural no ambiente de trabalho. 6 (67%) afirmam como satisfatria, 2 (22%) pouco satisfatria e 1 (11%) muito insatisfatria. De acordo com Soares (2003): arquivos e bibliotecas mal ventilados favorecem a presena de biblifagos e microorganismos (fungos, bactrias, algas). Na ventilao natural devemos estar atentos s condies climticas para abrir portas e janelas. Verifica-se que 5 (56%) dos trabalhadores consideram como satisfatria ventilao artificial no ambiente de trabalho e 4 (44%) pouco satisfatria importante ressaltar que somente no trreo a Unidade de Informao possui tal ventilao, sendo que no 1 andar possui somente ventilao natural. Um dos entrevistados que exerce suas atividades no 1 andar diz: Entrevistado 9: no h controle, as janelas precisam ser mantidas abertas, o que deixa o p em excesso entrar no ambiente e fixar-se no acervo. Isso pode inclusive causar danos a sade. Em relao quantidade de equipamento, 6 (67%) dos trabalhadores consideram insuficientes, enquanto 3 (33%) suficientes.Revista ACB: Biblioteconomia em Santa Catarina, Florianpolis, v.14, n.2, 382-406, jul./dez., 2009.

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Os trabalhadores foram questionados sobre a qualidade desses equipamentos, 5 (56%) consideram como pouco satisfatria, 3 (33%) insatisfatria e 1 (11%) satisfatria. Entrevistado 9: apenas 1/3 dos equipamentos esto adequados ao uso da biblioteca no que tange a parte de informtica, o restante, equipamentos como condicionadores de ar esto danificados e no so ideais. A seguir, apresenta-se a os resultados da percepo dos trabalhadores relacionados aos aspectos de sade e sua relao na execuo das tarefas. 6.4 Condies de trabalho (sade) Observa-se que 6 (67%) dos trabalhadores se sentem satisfeitos com as tarefas que desenvolvem, 2 (22%) sobrecarregados e 1 (11%) sob-presso. Foi possvel observar na grande maioria das falas dos entrevistados que realizam suas atividades com prazer e satisfao. Entrevistado 5: gosto do que fao. Entrevistado 6: jamais saio de casa pensando que meu trabalho ruim Entrevistado 8: gosto de trabalhar com o servio de referncia e principalmente com o pblico. Segundo Allan (1992) no trabalho que se pode obter as recompensas mais positivas e efetivas. Apesar de se sentirem satisfeitos, alguns trabalhadores se queixaram a respeito da sobrecarga de trabalho. Entrevistado 7: difcil ter todos os funcionrios em um dia de trabalho, pois sempre tem um curso, outra pessoa est em outro setor, nos sobrecarregando. Sugiro a contratao de auxiliares e bolsistas. As vezes me d um desespero! Tenho tantas coisas administrativas a fazer e tenho que trabalhar em dobro no balco de atendimento pela falta de pessoal. O excesso de trabalho quer em termos quantitativos comoRevista ACB: Biblioteconomia em Santa Catarina, Florianpolis, v.14, n.2, 382-406, jul./dez., 2009.

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qualitativos, uma fonte freqente de estresse. Por sobrecarga quantitativa entende-se o excesso de atividades a realizar, num determinado perodo de tempo. A sobrecarga qualitativa refere-se a excessivas exigncias em relao com as competncias, conhecimentos e habilidades do trabalhador (PEIR, 1993, traduo nossa). Foi questionado aos trabalhadores, como se sentem fisicamente no final da jornada de trabalho. A grande maioria, 8 (89%), sentem-se cansados e 1 (11%) bem. Entrevistado 7: fico dez horas em funo do trabalho. Chego em casa e ainda realizo as tarefas domsticas. Se tenho que trabalhar trs horas em casa, d a impresso de ser o dia inteiro. Entrevistado 4: o trabalho dirio prejudicial, pois uma somatria de todas as atividades exercidas. As causas da fadiga so de natureza diversas, sendo ela decorrente da soma de diversos fatores e solicitaes. Os fatores ligados organizao do trabalho so: repetitividade de movimentos, esforo fsico, postura inadequada ou incmoda, trabalho montono, ausncia de pausas, trabalho automatizado, onde o trabalhador no pode impor o seu ritmo de trabalho, os conflitos com chefias e colegas (SOUZA, 2005). A respeito de como se sentem mentalmente no final da jornada de trabalho, 7 (78%) sentem-se cansados e 2 (22%) bem. Entrevistado 3: nico e maior problema tanto para os funcionrios como para os alunos o barulho. Isto est nos acarretando problemas fsicos e mentais. Os fatores psicolgicos das organizaes envolvem os aspectos relacionais entre trabalhador e a organizao e trabalhadores entre si, abrangendo a produo e distribuio de servios. A satisfao no trabalho depende de fatores, corroborando com Feres (apud IIDA, 1993): 1. Produzir bens e servios que venham a satisfazer as necessidades das pessoas e considerar o bem-estar e os valores das mesmas;Revista ACB: Biblioteconomia em Santa Catarina, Florianpolis, v.14, n.2, 382-406, jul./dez., 2009.

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2. Melhorar a capacidade humana quanto eficcia na produo e distribuio desses bens e servios; 3. Manter ou intensificar determinados valores humanos tais como os que se referem sade, segurana, satisfao no trabalho, socializao, realizao; 4. Praticar uma comunicao de influncias de forma circular, em que as pessoas participem do processo decisrio e as pessoas estejam comprometidas com o processo; 5. Integrar os objetivos da organizao com os dos trabalhadores. Os trabalhadores foram questionados se sentem alguma dificuldade ou dor em algum lugar do corpo decorrente da jornada de trabalho. Todos afirmaram que sim. Entrevistado 7: a maioria dos funcionrios da biblioteca tm problemas de sade. bem comum escutar reclamao que um tem dor na coluna, outro no brao, dor no pescoo e por a vai... Para Lima (2007) algumas doenas ocupacionais podem atingir os profissionais que atuam em bibliotecas como: LER, DORT, doenas por agentes biolgicos, doenas psicolgicas e estresse. Os trabalhadores foram questionados em quais locais sentem dores tais como: cabea, pescoo, coluna, braos, dedos, mos, pernas, joelhos e ps. Os trabalhadores conforme tabela 1 so mais incomodados por dor na coluna, braos, cabea e pernas. Para Browner (apud LIMA, 2007) a LER pode ser definida como doena msculo-tendinosas dos membros superiores, ombro e pescoo causadas pela sobrecarga de um grupo muscular particular, devido ao uso repetitivo ou pela manuteno de posturas contradas que resultam em dor, fadiga e declnio no desempenho profissional. Com o propsito de saber se algum problema citado anteriormente necessitou o afastamento das atividades dos trabalhadores, 7 (78%) no precisou e 2 (22%) ficaram afastados por 15 dias. Entrevistado 5: tenho tendinite, porm preferi continuar comRevista ACB: Biblioteconomia em Santa Catarina, Florianpolis, v.14, n.2, 382-406, jul./dez., 2009.

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o problema para no me afastar, mas tomei remdio para melhorar. Entrevistado 8: fiz cirurgia na coluna e o mdico me deu 90 dias de licena, mas tenho dedicao exclusiva ao meu trabalho e retornei bem antes. Com relao ao questionamento, que procurou saber se os trabalhadores realizam atividades extra jornada de trabalho, obtevese as seguintes respostas: 1. Trabalho domstico e vida social; 2. Lazer (Internet, danar, ler, festas, conversar com amigos passear); 3. Descansar; 4. Faculdade; 5. Atividades fsicas; 6. Tarefas profissionais na rea de vendas e advocacia. Quando perguntado aos trabalhadores quais sugestes dariam para uma melhor qualidade de vida no seu trabalho, eles expressaram diversas recomendaes, como relatado a seguir: Entrevistado 9: equipamentos adequados (mobilirio e informtica), contratao de pessoal, mudana no layout ou transferncia completa da seo para outras dependncias. Entrevistado 5 no momento a permanncia dos funcionrios do setor para melhor distribuio das tarefas Entrevistado 6: trocar o piso. Entrevistado 8: novo espao fsico. Entrevistado 1: mais espao no balco de atendimento com condies ergonmicas. Entrevistado 7: luzes em determinados locais que mesmo acesos ficam escuro. Entrevistado 3: diminuir o fluxo de alunos dentro da biblioteca, pois a mesma fica na passagem dos alunos para a sala de aula. De acordo com as justificativas do grupo pesquisado, fica evidente a conscincia que possuem sobre a necessidade de melhorar as condies do ambiente de trabalho.Revista ACB: Biblioteconomia em Santa Catarina, Florianpolis, v.14, n.2, 382-406, jul./dez., 2009.

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A QVT pode produzir um ambiente de trabalho mais humanizado, seu objetivo servir tanto s aspiraes mais altas dos trabalhadores quanto para suas necessidades mais bsicas. Ela procura aproveitar as habilidades mais refinadas dos trabalhadores e proporcionar um ambiente que os encorajem a desenvolver suas atividades (GRABARSCHI, 2001). 7 CONCLUSO O objetivo deste trabalho foi analisar a percepo dos trabalhadores a partir de uma abordagem ergonmica, relacionados a condies fsicas de trabalho, aos aspectos de sade e sua relao na execuo das tarefas em Biblioteca Universitria. A anlise dos resultados revela insatisfao pela maioria dos trabalhadores no que tange ao espao fsico de trabalho. Isso ocorre pelo fato da biblioteca estar localizada em um corredor e o balco de emprstimo em frente escada que serve de passagem dos usurios aos demais andares e que liga o piso trreo ao andar superior. Outro fator preocupante so os rudos ocasionados devido ao problema citado anteriormente. A presena de rudos elevados tem gerado dificuldades por parte dos trabalhadores assim como para os alunos que esto concentrados na sua leitura. Em relao iluminao, temperatura e ventilao natural so consideradas de uma maneira geral como satisfatria. Talvez isso se deva ao fato da pesquisa ter sido realizada no ms de agosto, ou seja, durante o inverno. Verificou-se que mesmo insatisfeitos com o espao fsico, localizao e rudos existentes, os trabalhadores gostam do trabalho que realizam. Tm respeito e orgulho pela Instituio. Com tudo isto, conclui-se que mesmo a Biblioteca no atendendo satisfatoriamente a alguns fatores de infra-estrutura, os mesmos se sentem realizados no trabalho. A anlise dos resultados revela ser patente o desgaste fsico e mental dos trabalhadores. A maioria sente-se cansado com suasRevista ACB: Biblioteconomia em Santa Catarina, Florianpolis, v.14, n.2, 382-406, jul./dez., 2009.

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tarefas, pois alm do trabalho na biblioteca, os mesmos exercem funes domsticas, ocasionando dupla jornada. Por unanimidade os trabalhadores afirmaram sentir alguma dificuldade ou dor em algum lugar do corpo. Comprovou-se que a maioria das queixas de sade apresentadas est relacionada com a jornada de trabalho, na opinio dos trabalhadores, e possivelmente com as tarefas que desenvolvem. Assim, as queixas mais freqentes so dor na coluna, braos, cabea e pernas. Mediante a anlise dos resultados deste estudo, recomenda-se melhorar as condies fsicas de trabalho, de tal maneira a humanizar o ambiente, valorizando os trabalhadores e ao mesmo tempo promovendo a qualidade de vida no trabalho levando-os a prestar um servio de qualidade aos usurios. Salienta-se que as recomendaes referem-se aos pontos mais importantes levantados, tendo prioridade para a melhoria desse setor em questo, mas possivelmente podem servir a outras bibliotecas. 1. Sistema de climatizao que controle os nveis de temperatura e umidade para a preservao do acervo e para a melhoria das condies de conforto dos trabalhadores e usurios, j que no 1 andar inexiste ventilao artificial; 2. Elaborao de um novo layout da Biblioteca com uma avaliao mais detalhada juntamente com arquitetos, engenheiros e bibliotecrios para que se possa traar melhoria nos fatores ambientais e fsicos; 3. Fazer um levantamento de todos equipamentos existentes no setor com a finalidade de verificar a quantidade e qualidade, as condies de funcionamento e a adequao s necessidades de trabalho; 4. Piso ideal para os trabalhadores e para os cadeirantes que so usurios da biblioteca; 5. Planejar ou oferecer um atendimento sade do trabalhador que d maior credibilidade as suas queixas; 6. Ginstica laboral como ao preventiva no trabalho. Enfim, os resultados apurados e apresentados permitemRevista ACB: Biblioteconomia em Santa Catarina, Florianpolis, v.14, n.2, 382-406, jul./dez., 2009.

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considerar que o enfoque ergonmico trata alm dos fatores fsicos, os aspectos emocionais e psicolgicos do homem no ambiente de trabalho. Certamente no se pode transformar tudo de uma s vez, mas a partir de estudos como este, podem-se levantar possveis problemas e melhorar as condies de trabalho. oportuno mencionar a importncia de iniciativas desta natureza, para contribuio em nveis prticos e tericos. Esta pesquisa sobre abordagem ergonmica no ambiente de trabalho na percepo dos trabalhadores numa biblioteca permitiu uma srie de esclarecimentos sobre os aspectos ergonmicos existentes em bibliotecas, mas no esgotou a relevncia do tema. Cabe ainda ressaltar que mais estudos devem ser realizados no sentido de analisar a satisfao do profissional no ambiente de trabalho a partir da ergonomia e sua relao na qualidade dos servios prestados aos usurios em uma Unidade de Informao. REFERNCIAS AMARAL, Sueli Anglica do; FORTES, Lgia Sardinha. Adequao do espao fsico das bibliotecas universitrias e uso dos recursos disponveis: preocupao suprflua ou necessria, In: Congresso de Iniciao Cientfica da Universidade de Braslia, 8., 2002, Braslia. Anais... Braslia: IMCS, 2002. ARARIPE, Ftima Maria Alencar. Bibliotecrio profissional da informao (re) desenhando perfil a partir da realidade brasileira: proposta para os pases do Mercosul. Disponvel em: . Acesso em: 20 maio 2007. ASTETE, M. W.; GIAMPAOLI, E.; ZIDAN, L. N. Riscos fsicos. So Paulo: Fundacentro, 1993.

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_____ APPROACH ERGONOMICS OF THE ENVIRONMENT OF WORK IN THE PERCEPTION OF THE WORKERS: CASE STUDY IN UNIVERSITY LIBRARYAbstract: Analyse the degree of satisfaction of the workers as for the physical environment, through the approach ergonomics, to know the perception of the workers made a list to the aspects of health and his relation in the execution of the tasks, besides suggestions of the workers for the improvement of the quality of life in the work in University Library. It is characterized like an inquiry exploratory, what uses the descriptive method with application of case study. The questionnaire is used like collection of data with open and shut questions and semi-structured interview. The results point even dissatisfied what with the physical space, location and existent noises, the workers like the work that they carry out. It takes respect and pride as the Institution. With everything this, it are ended what the Library not paying attention satisfactorily to any factors of infrastructure, same are even been seated carried out in the work. Keywords: Ergonomic. Perception of the Workers. Satisfaction in the Work. Quality of life in the work. _______

Andrea Aparecida Silva Discente do Curso de Ps-Graduao em Gesto de Unidades de Informao, Universidade do Estado de Santa Catarina. Atua como Coordenadora da Biblioteca Pblica Municipal Cel. Teixeira de Oliveira. E-mail: [email protected] Elaine Rosangela de Oliveira Lucas Mestre em Engenharia de Produo, Universidade Federal de Santa Catarina, Professora do Departamento de Biblioteconomia e Documentao da Universidade do Estado de Santa Catarina. E-mail: [email protected]: Recebido em: 04/06/2008 Aceito em: 03/09/2008Revista ACB: Biblioteconomia em Santa Catarina, Florianpolis, v.14, n.2, 382-406, jul./dez., 2009.

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