8/4/2019 A VERDADEIRA CONCENTRAO MENTAL
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A Verdadeira ConcentraoO Tipo Correto de Concentrao
Produz um Buddha ou um Cristo
John Garrigues
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John Garrigues (1868-1944) foi um dos principais teosofistas dosculo 20. Co-fundador da Loja Unida de Teosofistas em Los Angeles
em 1909, Garrigues trabalhou anonimamente e deu um impulso
decisivo preservao da teosofia original. Ele o autor de
alguns livros importantes e de grande nmero de artigos publicados
na revista Theosophy entre 1912 e 1944. O texto a seguir
traduzido da edio de novembro de 1926 de Theosophy (pp.
31-32), onde foi publicado sem indicao sobre o nome do autor.
A anlise do seu contedo e estilo, porm, indica que o texto foi
escrito por John Garrigues. Ttulo original: Concentration.
(Os editores de www.FilosofiaEsoterica.com )
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Uma vez redescobertos - ou descobertos pela metade -, alguns segredos da Hatha Iogaprovocaram o surgimento de inmeros cultos dedicados conquista deste ou daquele
objetivo pessoal atravs da prtica de concentrao, ou meditao.
H, de fato, um poder imenso na arte da concentrao. A natureza desse poder torna
recomendvel compreend-lo, antes de comear prticas para o seu desenvolvimento.
O tipo correto de concentrao produz um Buddha ou um Cristo. O tipo errado de
concentrao - o nico tipo conhecido da maior parte dos seus expositores ocidentais - produz
um Kansa [1], um Judas, ou um mdium.
A concentrao, como qualquer outra ao, implica a existncia de um tema e de um objeto, e
a existncia daquele que age e daquilo sobre o que exercida a ao. H muitos campos
possveis para a sua aplicao dentro da conscincia humana, e nenhum deles compreendido
pelo Ocidente moderno. Existe a concentrao sobre um campo especial da natureza; e h a
concentrao sobre um objeto especial dentro daquele campo.
O princpio do desejo, Kama, a fora motora da mdia dos seres humanos, e
necessariamente absorve noventa e nove por cento do poder de ateno do indivduo. Para a
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maior parte das pessoas, o resultado disso uma oscilao sem rumo certo, com uma troca
contnua de um objeto dos sentidos por outro. O homem no escolhe um objetivo especfico
no qual concentrar a ambio da sua vida. Desde modo, a vida fragmentada e desperdiada
em uma busca interminvel de gratificaes, e no h um efeito permanente sobre o carter da
pessoa, exceto pela tendncia de repetir a experincia nas vidas futuras.
Alguns poucos buscam a realizao de uma meta definida. Quando a vontade
suficientemente forte para que haja concentrao em torno da meta, a ambio realizada.
Estes so os casos dos nossos modernos Morgan, Rockefeller, etc.[2] Os resultados deste
poder de concentrao tambm incluem grandes artistas e gnios em reas especficas de
conhecimento. So poderes produzidos por uma concentrao unilateral, mantida durante
mais de uma encarnao. E isso, tambm, s produz uma maior cristalizao da mesma
tendncia, com a contnua repetio de uma estrutura destinada a desmoronar ao final de cada
encarnao.
Em tais casos de xito material, o poder da concentrao conhecido. Mas no se conhece a
diferena decisiva entre o que a alma e o que no a alma - entre aquilo que eterno e o que passageiro.
Conta-se que, no caso de Gautama, para que a sua alma chegasse condio de Buddha, a
vontade de obter a libertao espiritual teve que ser mantida sem interrupes durante
incontveis encarnaes.
Nem todos, entre ns, podero tornar-se Buddhas neste Manvntara [3]; mas quem j conhece
alguma coisa da realidade espiritual compreende que mesmo o ganho material mais vasto no
tem qualquer valor, se comparado ainda que seja com uma pequena quantidade de
crescimento permanente. A construo da permanncia no surge da concentrao na busca
de ganhos materiais. Ela vem da concentrao na prtica de aes materiais que possibilitamalcanar metas espirituais.
A verdadeira concentrao tem uma natureza dual: de um lado, a concentrao fixa da
vontade na realizao eficiente do que quer que esteja ao alcance e deva ser feito; e de outro,
uma percepo igualmente constante do verdadeiro motivo pelo qual a ao deve ser
realizada: o benefcio de todos os seres. Assim o indivduo se torna uma fora impessoal da
natureza e no tem motivo para agir para si mesmo.
Durante a vida nesta terra, sentimos que estamos aparentemente presos e acorrentados. Isso se
deve a uma viso errada do objetivo da vida e Daquilo que vive durante esta vida. Para
preservar nossa existncia, temos que praticar aes. Como a vida material se movimentasempre entre os grandes pares de opostos, ningum consegue libertar-se totalmente de aes
tediosas e desagradveis. Portanto, em vo que nos esforamos para escapar dos deveres
necessrios e para seguir a iluso do desejo. Quando os esforos se frustram, eles resultam em
feridas profundamente sensveis, devido aos ferros das correntes. Quando os esforos tm
xito, eles apenas demonstram o fato de que ns trocamos as velhas correntes por outras,
novas.
Todo ser que cumpre seu dever - no para beneficiar a si mesmo, mas porque tal o seu dever
- alcana uma condio de alma em que h indiferena quanto natureza da ao, uma vez
que a ao promova o bem comum. Ao fazer isso, o indivduo descobre que a iluso segundo
a qual a felicidade depende de sensaes no passa de um sonho. A verdadeira felicidadesurge espontaneamente de dentro; e isso ocorre sempre que o Ser se liberta de desejos
voltados para objetos externos.
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A concentrao fsica e mental sobre a realizao correta de aes necessria para que a
roda da vida possa girar suavemente, e para que os destinos das criaturas no sejam lanados
em confuso. A meditao espiritual deve ser dirigida a Ishwara, o Eu Interior, que no
pode ser perturbado por problemas, trabalho, frutos de trabalho, ou desejos. Este o
caminho que leva libertao das dores e dos castigos do egosmo -; libertao do crcere
da limitao humana, e de todo Carma.
A concentrao, portanto, pode ser vista como universal; como aquilo que mantm a
manifestao ao longo do perodo de um ciclo ou perodo de evoluo do universo.
Ela tambm pode ser vista como Hierrquica [4], dentro do ciclo maior; como aquilo que
mantm qualquer estado determinado de conscincia e ao.
E pode ser vista como individual ou pessoal; como aquilo que mantm a identidade do ser,
seja numa determinada forma, num determinado estado, uma determinada Hierarquia, ou ao
longo de todo o vasto ciclo do Manvntara. Esta ltima a concentrao espiritual, cujocultivo o real Objetivo de todas as existncias finitas. Ela exemplificada pelos Mestres de
Sabedoria.
Qualquer outra forma de concentrao perecvel porque no passa de um instrumento para
alcanar um fim igualmente finito e mortal.
NOTAS:
[1] Kansa. Na narrativa clssica do Mahabharata hindu, Kansa, um tio de Arjuna, era um
traidor. Arjuna o personagem central do Bhagavad Gita, que faz parte do Mahabharata.(Nota dos editores de www.FilosofiaEsoterica.com )
[2] Morgan, Rockefeller. Dois famosos milionrios dos Estados Unidos durante o sculo 20.
(Nota dos editores de www.FilosofiaEsoterica.com )
[3] Manvntara. O longo perodo de manifestao objetiva do Universo, que se alterna com o
Pralaya, o perodo de no-manifestao. (Nota dos editores de www.FilosofiaEsoterica.com )
[4] Hierrquica. Aluso s hierarquias de inteligncias divinas.(Nota dos editores de
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