A UNIVERSIDADE VIRTUAL:
O DESAFIO DE ENSINAR PELA INTERNET
Junho de 2004
Charles Benigno é administrador, com especialização em controladoria e mestrado em marketing, doutorando pela Université Pierre Mendès France II. Consultor de empresas, professor universitário de graduação e pós-graduação. Atua há 10 anos na área de tecnologias educacionais e de gestão e educação a distância na implementação de projetos, como a Universidade Virtual Brasileira. Consultor da TerraForum em Gestão do Conhecimento, desenvolveu projetos de bibliotecas digitais, sistema de satélite, videoconferência, multimídia e projetos Web. Foi diretor executivo da franquia TOVS S.A. para a região Norte. Contatos: E-mail: [email protected] LinkedIn: http://br.linkedin.com/in/charlesbenigno Blog: www.charlesbenigno.wordpress.com
RESUMO O presente artigo apresenta questões envolvendo o conceito de universidade virtual. Apresenta o resultado de estudos recentes e bases tecnológicas utilizadas. Apresenta também um panorama educacional e casos concretos de universidades virtuais.
Palavras-chave: Educação a distância; Ambientes Virtuais de Aprendizagem; Aprendizagem on-line; universidade virtual; tecnologia educacional. Área principal: educação a distância, gestão do conhecimento, e-learning, ensino superior, universidade. Setor: educação
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A UNIVERSIDADE VIRTUAL: O DESAFIO DE ENSINAR PELA INTERNET
1. INTRODUÇÃO
As universidades enquanto organizações têm mil anos. As universidades estão
entre as organizações mais longevas em nossa sociedade. Por outro lado, sua
estrutura de funcionamento e seus métodos de ensino pouco mudaram. Essa
constatação se torna surpreendente quando olhamos em volta e vemos como a
sociedade, as organizações e as tecnologias mudaram neste mesmo período. É de
assustar saber que um aluno do século XVIII, por exemplo, não veria muita diferença
nos métodos de ensino se tivesse vivido o suficiente para fazer tal comparação.
As universidades virtuais trazem uma renovação para um modelo de ensino que
já dura mil anos. Enquanto organização, as universidades tradicionais ainda estão na
fase pré-industrial, como defendem alguns autores. O emprego de novos métodos e
novas tecnologias permite uma revolução no modo de ensino tradicional.
Por mais que muitos educadores se questionem se a universidade virtual é um
modelo eficiente, se tem qualidade, de uma coisa temos certeza: o ensino que temos
hoje não pode continuar como está. O modelo de ensino tradicional já não atende mais
às necessidades do mundo moderno. O mundo mudou, o aluno mudou. Falta a
universidade mudar, o professor mudar.
Se outrora os alunos aprendiam essencialmente através do texto impresso, a
nova geração que chega às universidades aprende de forma “multimídia”. É só parar e
prestar atenção. As pessoas hoje utilizam celular para tudo, para bater foto, enviar
mensagem, até mesmo – pasmem – para fazer ligação telefônica. As pessoas usam a
Internet para comprar, para conversar, até para arranjar casamento. Os mais chiques
estão abolindo o cartão de visitas de papelão e entregando mini disc´s. Esse é o mundo
em que vivemos, no qual a universidade tradicional cada vez mais parece uma máquina
de escrever.
Apresentaremos neste trabalho algumas questões que envolvem o conceito de
universidade virtual, o panorama da educação no qual surgiram. Os diferentes modelos,
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as experiências existentes, diferenças entre as instituições tradicionais, entre outras
coisas. Nosso objetivo é levar à discussão, reflexão acerca do assunto. Antes de tudo,
porém, é necessário que se compreenda o que é esse modelo, mostrando inclusive
alguns exemplos. Reflita conosco, e faça sua própria avaliação.
2. AFINAL, O QUE É UMA UNIVERSIDADE VIRTUAL?
Antes de falarmos de universidade virtual, é preciso que conheçamos o conceito
de universidade virtual, no que ela se traduz enquanto instituição. Desta forma,
definimos universidade virtual como:
1) Uma instituição que está envolvida como provedor direto ou educação
para estudantes e está usando tecnologias da informação e comunicação para ofertar
seus programas e cursos e fornecer suporte de tutoria. Como instituições podem
também utilizar as tecnologias da informação para outro núcleo de atividades, a saber:
a) administração (marketing, registro acadêmico, serviços financeiros etc.);
b) produção, desenvolvimento e distribuição de materiais (biblioteca virtual,
home page com conteúdo de aulas);
c) aconselhamento e assessoramento de carreira/estágio, processo seletivo
e exames
2) Uma organização que tenha criado programas para facilitar o ensino e a
aprendizagem, através de alianças ou sociedades, sem necessariamente ela estar
envolvida diretamente como provedora direta da instrução. Exemplos que podem ser
citados:
Open Learning Agency of Austrália (www.ola.edu.au);
Western Governors University (EUA) (www.wgu.org);
National Techonological University (www.ntu.edu);
Instituto Universidade Virtual Brasileira (www.uvb.com.br);
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The African Virtual University (www.avu.org);
Universidade Virtual do Maranhão – UNIVIMA (www.univima.ma.gov.br);
Universidade Virtual – UNIVIR.COM (www.univir.br).
Outra definição de universidade virtual inclui os modelos “híbridos”, ou as
instituições que combinam as duas modalidades, utilizando as possibilidades das NTICs
com as vantagens do ensino presencial. Essas instituições podem oferecer uma gama
de cursos, alguns presenciais e outros através da web ou tecnologias ligadas à Internet.
No presente trabalho analisaremos somente as instituições exclusivamente a distância,
além de também excluir organizações que não podem ser caracterizadas como
instituições de ensino, apesar de estarem inseridas no conceito acima. É o caso das
chamadas universidades corporativas.
3. SURGIMENTO DA UNIVERSIDADE VIRTUAL
O surgimento da universidade virtual no Brasil e no mundo aconteceu na década
de 90 e está relacionado com a mudança de contexto na área de educação, como
ratifica o professor João Vianney (in MAIA (org); 2003: pg. 48):
O final dos anos 90 coincide exatamente com a expansão do uso educacional das tecnologias da comunicação digital, e que passam a permitir, a um custo decrescente, a adoção efetiva de práticas pedagógicas focadas na interatividade entre os agentes, tanto verticais entre professores e alunos, quanto horizontais entre os próprios alunos a distância, permitindo pela primeira vez na história que eles possam formar turmas ou classes remotas em permanente comunicação por mídia digital, abrindo caminho para formar comunidades virtuais de aprendizagem.
No mesmo contexto, a legislação brasileira responde à necessidade de promover
a educação a distância através da promulgação da nova LDB 9.394/96, que em seu
artigo 80 deixa clara a postura do governo em relação à EAD.
Art. 80. O Poder Público incentivará o desenvolvimento e a veiculação de programas de ensino a distância, em todos os níveis e modalidades de ensino, e de educação continuada.
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§ 1º A educação a distância, organizada com abertura e regime especiais, será oferecida por instituições especificamente credenciadas pela União. § 2º A União regulamentará os requisitos para a realização de exames e registro de diploma relativos a cursos de educação a distância. § 3º As normas para produção, controle e avaliação de programas de educação a distância e a autorização para sua implementação, caberão aos respectivos sistemas de ensino, podendo haver cooperação e integração entre os diferentes sistemas. § 4º A educação a distância gozará de tratamento diferenciado, que incluirá: I - custos de transmissão reduzidos em canais comerciais de radiodifusão sonora e de sons e imagens; II - concessão de canais com finalidades exclusivamente educativas; III - reserva de tempo mínimo, sem ônus para o Poder Público, pelos concessionários de anais comerciais.
Considerando este panorama favorável, e na certeza de que o desenvolvimento
da EAD é uma tendência concreta, algumas instituições de ensino começaram a
realizar pesquisa e criar projetos de EAD.
João Vianney (in MAIA (org); 2003; pg. 51) destaca as principais instituições de
ensino superior que lideraram o surgimento e o desenvolvimento das universidades
virtuais. São elas:
Universidade Federal de Santa Catarina www.ufsc.br
Universidade Federal de Pernambuco www.ufpe.br
Universidade Federal de Minas Gerais www.ufmg.br
Universidade Federal do Rio Grande do Sul www.ufrs.br
Universidade Federal de São Paulo www.unifesp.br
Universidade Anhembi Morumbi www.anhembi.br
Pontifícia Universidade Católica de Campinas www.puccamp.br
Centro Universitário Carioca www.carioca.br
4. BASES TECNOLÓGICAS
Não há dúvidas quanto ao impacto da internet na educação. A partir do advento
da Internet, as possibilidades e instrumentos para o ensino e o aprendizado
expandiram-se extraordinariamente. Apesar da existência de inúmeras tecnologias que
eram utilizadas pelas instituições de ensino para fazer educação a distância, foi
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somente a partir da popularização da Internet que houve um grande impulso no sentido
da oferta de programas educacionais utilizando a EAD.
A Internet propicia condições para um ensino flexível, que quebra as barreiras
geográficas e de tempo. Da mesma forma possui condições para unir diversas mídias
de uma forma muito mais dinâmica e interativa. A capacidade de unir áudio, vídeo,
imagem e hipertexto descortinou um cenário pedagógico inimaginável dantes. Além dos
mais, a Internet é uma tecnologia muito acessível, comparada com outras tecnologias
existentes. Apesar dos problemas em massificar o uso e o acesso do computador e da
Internet, ainda assim é uma tecnologia altamente disponível e de baixo custo. O
impacto da Internet na educação e o surgimento das universidades virtuais estão
diretamente ligados.
Existem vários aspectos que envolvem a formação de universidades virtuais
enquanto organização. O primeiro aspecto está relacionado às questões
pedagógicas/metodológicas. Como ensinar através da Internet é uma questão que está
inserida na base de qualquer planejamento de curso a ser ofertado online. Isso implica
no desenvolvimento do conteúdo, na definição do papel dos diversos atores
(professores, alunos, monitores, pedagogos), no design instrucional etc. O segundo
aspecto está ligado à influência da Internet nas relações das instituições de ensino com
as organizações e a comunidade. A Internet permitiu a ampliação do espaço
universitário, estreitando os laços entre as instituições de ensino e o ambiente no qual
estão inseridas. Esses laços caracterizam-se pela integração das atividades e do
conhecimento. Ou seja, a universidade virtual, através da Internet, tem a possibilidade
de estar virtualmente dentro das organizações (e vice-versa). Permite também maior
proximidade com a comunidade e demais interessados nas suas atividades. Não é mais
necessário estar dentro do campus universitário para interagir e integra-se à
comunidade acadêmica e seus gestores. O terceiro aspecto refere-se à redefinição de
campus universitário e dos limites de abrangência da universidade. Se antes as
universidades tinham uma área de abrangência delimitada por um espaço geográfico
(região, município, país), a partir do surgimento da universidade virtual estas questões
precisam ser repensadas. Se antes o campus universitário era o local físico onde se
reuniam professores e alunos, onde ocorria o processo de ensino-aprendizagem, como
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definir campus quando esse processo ocorre no ciberespaço, não delimitado por um
tempo (hora-aula), nem por um espaço (sala de aula)?
Considerando o impacto da Internet nos atores do processo de ensino-
aprendizagem, notadamente professores e alunos, vemos que a Internet trouxe
substanciais mudanças no comportamento destes indivíduos, como podemos perceber
a seguir.
a) Os professores estão usando a web para incorporar recursos ao seu
processo de ensino. Se antes os professores utilizavam apenas textos distribuídos em
sala, o retroprojetor ou o datashow, agora estes professores utilizam vídeos, imagens,
animações, hipertexto, e-mail, fóruns de discussão e chats.
b) Os professores estão influenciando seus alunos para usar os recursos da
web e eles também estão usando os recursos da web por si próprios. A popularização
dos sites de busca, inclusive com o surgimento de sites especializados por assunto,
possibilita o acesso à informação, à formação de comunidades de pesquisa, a
pesquisas em tempo real sobre publicações, jornais, revistas etc.;
c) Cursos inteiros ou partes substanciais de cursos são oferecidos online;
d) Alunos utilizam e-mail, fóruns, murais, web conferência, ambientes virtuais
de aprendizagem para comunicação entre si e fora do campus;
e) Os administradores acadêmicos estão utilizando a web para fazer o
gerenciamento do curso, através de sistemas administrativos que utilizam interface
web.
A Internet possibilitou a criação de um aparato tecnológico (hardware e software)
que dinamiza e otimiza o processo de ensino. Ao mesmo tempo permite a criação de
relações entre alunos e professores que antes não existiam. Um exemplo disso são as
comunidades virtuais.
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Quadro 1 – Diferenças de paradigma
Velho Paradigma E-learning
Baseado no professor Foco no aluno
Sala de aula como local do aprendizado Aprender em qualquer lugar
Hora de aula de ensino como parâmetro
de tempo
Medida de tempo baseada na aprendizagem
Professor controla o conteúdo Aluno dirige também o processo e tem grande
independência
Palestra como método central Diferentes meios (animações, áudio, hipertexto,
simulações etc.)
Planejamento e produção individual pelo
professor
Planejamento integrado e produção em escala,
racionalizada
Um dos grandes instrumentos que a Internet permitiu o desenvolvimento, são os
ambientes virtuais de aprendizagem, conhecidos também como LMS (Learning
Management Systems).
No Brasil, e no mundo todo, várias instituições de ensino desenvolveram projetos
para a criação de ambientes virtuais de aprendizagem. O know how para
desenvolvimento destes sistemas foi principalmente a partir de 1997, entretanto,
somente a partir de 2000 que esta tecnologia foi amplamente difundida.
Destacamos aqui o trabalho da PUCRJ, com o AulaNet, da Unicamp, com o
TelEduc, o Eureka, da PUCPR, da Universidade de Columbia (EUA), com o WebCT.
Empresas privadas, de olho neste filão também desenvolveram suas próprias
plataformas. É o caso de softwares como o Learning Space e o Blackboard.
Atualmente, há uma infinidade de ambientes virtuais de aprendizagem,
desenvolvidas por instituições de ensino e empresas privadas, alguns gratuitos e outros
pagos. O domínio do conhecimento destas ferramentas e a difusão desse
conhecimento propiciou a amplitude das ofertas de cursos online.
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4.1. OUTRAS TECNOLOGIAS
Apesar da Internet ser a estrela deste processo, outras tecnologias ganham
destaque e são bastante utilizadas pelas universidades virtuais. A videoconferência, por
exemplo, é amplamente utilizada na EAD. Alguns projetos no Brasil são pioneiros. Entre
eles destaca-se o projeto de videoconferência do Laboratório de Ensino a Distância
(LED) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
O projeto de videoconferência da Universidade da Amazônia – Unama,
desenvolvido pelo Núcleo de Educação a Distância - NEAD, por exemplo, teve início em
2000 e atualmente interliga as Faculdades Integradas do Tapajós (FIT), em Santarém,
com o campus Alcindo Cacela, em Belém. A cada semestre são cerca de 400 horas de
aula com professores dos cursos de graduação da Unama. A próxima etapa do projeto
prevê a instalação de mais pontos em seis municípios no interior do Estado do Pará,
como suporte ao projeto de educação a distância dos cursos seqüenciais.
Outra tecnologia já bastante conhecida, difundida para o uso educacional, é o
sistema de transmissão via satélite. Atualmente estão surgindo diversos programas
utilizando esse sistema. Para exemplificar, menciono três projetos.
O primeiro projeto é da Universidade do Norte do Paraná – Unopar (www.unopar.br).
Através do uso de sistema de satélite, com pontos de recepção espalhados por
diversos pólos. Sobre esse projeto, falaremos detalhadamente em tópico específico.
Outro exemplo de utilização de sistema de satélite é a Rede Nacional de Educação
Teleinterativa – Renaet (www.renaet.com.br). A Renaet é uma rede de ensino a
distância por satélite, que consiste na implantação de pontos de recepção em todo o
território nacional para oferta de cursos de capacitação. Esses cursos podem ser
direcionados aos alunos de instituições de ensino ou para empresas privadas.
Temos também a Universidade Virtual da África (The African Virtual University) que
utiliza sistema de transmissão por satélite. Sobre este projeto também falaremos mais
adiante.
A escolha das tecnologias utilizadas é uma decisão extremamente importante. Ao
decidir por uma ou outra tecnologia a instituição tem que considerar diversos aspectos.
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A instituição tem que considerar o custo da tecnologia, a disponibilidade de infra-
estrutura e a influência da tecnologia na qualidade do ensino; tem que considerar ainda
se os alunos estão qualificados para o uso desta tecnologia e se a tecnologia escolhida
trará os resultados esperados.
Voltando à questão dos custos, este é um item muito relevante. Em EAD a
tecnologia pode ser o fator crucial quando falamos em viabilidade financeira dos
projetos. Na Figura 1 temos um demonstrativo do comportamento dos custos para
diferentes tecnologias, até mesmo o material impresso. Há que se avaliar a relação
custo-benefício.
Já que falamos em material impresso, vemos na Figura 1 que seu custo de
utilização – em pequena e grande escala – não se altera muito. Entretanto, é um tipo de
mídia com diversas limitações. Nos métodos de EAD atuais não se admite mais o uso
de material impresso sem outros meios, ou mídias.
Figura 1 – comportamento dos custos de diferentes tecnologias em relação ao número de alunos e o investimento inicial necessário.
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5. UNIVERSIDADE VIRTUAL E O PANORAMA DA EDUCAÇÃO
Nos últimos anos a política governamental tem privilegiado o ensino fundamental
e médio, notadamente a partir do governo FHC. Desta forma, a crise das universidades
públicas foi acentuada. Entretanto, como pode ser visto na Figura 2, a demanda por
ensino superior supera a oferta. Essa demanda crescente e não atendida tem duas
causas básicas, que veremos a seguir.
1) O investimento no ensino médio gerou uma grande quantidade de alunos
aptos a entrar na faculdade.
2) As mudanças no mundo do trabalho praticamente excluíram as possibilidades
de emprego digno para os que só têm o nível médio. Isso fez com que muitos alunos
que tinham parado de estudar voltassem a procurar um curso superior.
Figura 2 – demanda por cursos superiores versus oferta de vagas
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6
19901993199619992002200520082011201420172020
Oferta de Vagas
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Dentro deste panorama entendemos os motivos pelos quais o governo considera
a EAD como a solução para levar o ensino superior em larga escala para todo o país. A
universidade virtual, portanto, enquadra-se como uma das soluções para os problemas
aqui citados.
O governo, não tendo recursos para investir nas universidades públicas – até
mesmo porque não elegeu isso como prioridade – encontra a solução através de duas
ações: incentivar os programas de educação a distância, públicos e privados; e permitir
a abertura de novas instituições de ensino privadas.
A forma como o governo adotou a segunda alternativa mostrou-se desastrosa.
A avalanche de novas instituições aumentou de sobremaneira a oferta de vagas
e levou a uma crise de oferta, não pela falta de demanda, mas por esta demanda não
ter condições de cursar um curso tradicional. Isso aconteceu por alguns erros de
avaliação sobre o perfil da demanda, como podemos observar:
1) os alunos que têm poder aquisitivo para bancar os altos custos das IES
privadas já estão na universidade. Como o investimento no ensino médio foi feito em
escolas públicas, os alunos oriundos destas escolas são de classes menos favorecidas.
Ou seja, a demanda cresceu nas classes C, D e E, justamente na parcela da população
que não pode bancar a mensalidade de uma faculdade paga. Vemos isso muito
claramente na Tabela 1, que mostra a relação entre faixa de renda e valor de
mensalidades;
2) grande parte da demanda criada é formada por alunos que trabalham para
prover seu sustento e encontram dificuldades em freqüentar cursos tradicionais;
3) da mesma forma, há uma demanda muito grande nas regiões periféricas aos
centros urbanos, e de forma muito fragmentada. Ou seja, implantar cursos presenciais
nestas localidades é inviável, seja pela falta de recursos humanos qualificados
(professores), seja pela inviabilidade financeira de manter um campus universitário.
Ironicamente, a oferta se expandiu muito fortemente em grandes capitais, como o Rio
de Janeiro e São Paulo. As IES localizadas no Rio de Janeiro foram das primeiras a
sentirem o aumento da concorrência e a sobra de vagas.
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Figura 3 – Número de Ingressantes no Ensino Superior por Classe Social (x 1000)
Tabela 1 – Poder Aquisitivo dos Alunos do Ensino Superior
Classe Social Renda mensal (em R$) Renda mensal média (em R$)
Valor máximo de mensalidade
absorvido (em R$)
A + > 5.555,00 5.894,00 1.473,50
A - De 2.944,00 a 5.554,00 3.743,00 935,75
B + De 1.771,00 a 2.943,00 2.444,00 611,00
B - De 1.065,00 a 1.770,00 1.614,00 403,50
C De 497,00 a 1.064,00 844,00 211,00
Fonte: IBGE, 2000 (comprometimento da renda familiar com a educação não ultrapassa a 25%)
A+
B+
C
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
1800
2000
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006
A+ A- B+ B- C Total
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Tentar atender à demanda por educação superior através do ensino presencial
mostrou que não resolve todos os problemas – até mesmo cria outros. O resultado foi
uma crise financeira no setor, com aumento da inadimplência e queda da qualidade
média do ensino.
O ensino presencial, apesar de ter custos menores de implantação, não
consegue substancial redução de custos com o crescimento do número de alunos. Ou
seja, não possui redução de custos em função da escala. Essa característica faz com
que o valor médio das mensalidades seja muito equiparado – entre grandes, médias e
pequenas instituições (ver Figura 4).
Figura 4 – Comportamento dos custos vs. número de alunos no ensino presencial e a distância.
Por outro lado, apesar dos altos custos de implantação, principalmente os custos
dos recursos tecnológicos, a EAD, notadamente através das universidades virtuais, tem
a capacidade de atender o grande número de alunos com custos mais baixos, sem
queda da qualidade. Isso permite o acesso a pessoas sem renda para pagar um curso
presencial. É claro, e tem que ficar bem claro, que isso depende de grande número de
alunos.
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Para citar um exemplo, na Universidade de Phoenix (www.uopxonline.com), o
custo por hora do ensino presencial é de US$486, contra U$237 dos cursos online.
Enquanto o custo anual com salários e benefícios de um professor em curso presencial
é de US$67,000.00, um tutor online custa US$2,000.00 por ano (RYAN et al; 2001, pg.
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O uso de tecnologias de ponta e a mudança nos processos de produção e
distribuição do conhecimento vão fazer pelo ensino o que Henri Ford fez pela indústria
automobilística. Neste sentido, a EAD representa um modelo de ensino característico
de uma sociedade pós-industrial. Os custos no ensino presencial são menores no
início, mas sobem proporcionalmente ao número de alunos. Isso traz poucas vantagens
em termos de custo e equipara – em termos de competição – grandes e pequenas
instituições. As universidades virtuais, entretanto, têm altos custos iniciais por aluno,
mas obtém vantagens crescentes à medida que cresce o número de alunos. Existe,
portanto, a necessidade de atingir escala e conseguir recursos suficientes para os
investimentos iniciais. Investimentos estes que incluem, além da tecnologia, a produção
de conteúdos.
Da mesma forma, os custos das tecnologias precisam ser mais acessíveis, tanto
para as universidades quanto para os alunos.
Podemos também outros desafios a serem suplantados pelas universidades
virtuais, que listaremos a seguir.
1) Capacitação do corpo docente. Os professores ainda não estão preparados
para produzir conteúdo para EAD, assim como ensinar através de novas tecnologias.
2) Produção e atualização do conteúdo. O domínio das técnicas de produção de
conteúdos, em termos de design instrucional, elaboração de objetos de aprendizagem,
animações, vídeo e áudio ainda é incipiente e as experiências neste sentido ainda são
recentes.
3) Os alunos ainda valorizam o lado material das universidades (móveis,
imóveis, ambientes de estudo, laboratórios). Há resistência por parte do aluno em
estudar sem conseguir materializar a instituição de ensino. Faz parte do aspecto
cognitivo enquanto fator decisório na realização de um curso.
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4) Necessidade de oferecer biblioteca virtual. Além das questões de direito
autoral, as editoras ainda não criaram um modelo para digitalização de obras que seja
viável financeiramente. Isto prejudica a disponibilidade das principais obras em formato
digital, implicando em custos e dificuldades de acesso ao conteúdo.
5) O aluno ainda não possui autodidatismo. É realidade que os alunos ainda
estão acostumados ao tipo de ensino tradicional, o que implica em dificuldades de
adaptação à metodologia da EAD, que implica em disciplina, capacidade de pesquisa,
pro-atividade, entre outras coisas.
6) Oferta de estágios e realização de atividades práticas nos locais onde estão
os alunos. Em muitas situações os alunos estão fora dos grandes centros, e,
dependendo do curso e da localidade em que reside, há carência de locais onde
possam realizar estágios, pesquisas de campo e outras atividades práticas.
7) Resistência por parte dos professores em seguir um programa já pronto. De
modo geral, os professores têm preconceito quanto ao uso do livro texto. Dentro da
academia há uma idéia difundida de que isso restringe a chamada liberdade
acadêmica. A mesma coisa quanto à aplicação de métodos prontos, já programados.
8) Aprimoramento dos sistemas de avaliação. No ensino online precisamos
também nos preocupar com a seriedade da aferição da aprendizagem. Considerando
que o aluno está em frente a um computador, longe de um professor, como saber se
ele mesmo realizou os trabalhos? Como saber se é ele mesmo que está participando
do chat? Para resolver estes problemas estão sendo estudadas tecnologias que
avaliam a linguagem escrita de um determinado indivíduo, através de padrões. Desta
forma, um software pode avaliar – pela linguagem utilizada – quem foi que escreveu o
texto. Isso pode também ser utilizado para analisar participações em fóruns. Os chats
utilizando webcam também ajudarão a identificar a pessoa que está participando. Neste
mesmo sentido, há que se aprimorar os sistemas de avaliação, muito mais dinâmicos,
interativos e interdisiciplinares.
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Considero que todos os problemas encontrados pelas universidades virtuais são
passageiros e é uma questão de tempo para que este modelo de ensino seja
incorporado ao cotidiano da maioria da população.
Independente disso, é fato que as universidades virtuais também terão impacto
na estrutura de custos do setor e seus métodos de ensino se transformarão em
vantagem competitiva. O ensino totalmente presencial já não suporta os altos custos de
seu modelo de funcionamento, principalmente quando percebemos que a demanda
crescente está nas classes C, D e E, e nas localidades periféricas aos grandes centros
urbanos. Ao mesmo tempo, a falência do modelo tradicional de ensino, baseada na
lousa e em forma de palestras, fará o aluno migrar para o ensino a distância.
Desenvolvimento Regional e Inclusão Social
É notório que muitas pessoas, para poderem freqüentar um curso que melhor
atenda aos seus desejos, têm que se descolar das cidades em que nasceram. Os curso
de Astronomia, por exemplo, só existe na Universidade Federal do Rio de Janeiro.
As universidades virtuais servem como instrumento para o desenvolvimento
regional, ao permitir a pessoas residentes em zonas periféricas aos centros urbanos, o
acesso à educação, reduzindo o que podemos chamar de “ilhas do saber”.
As populações residentes em localidades distantes, ao receberem formação
profissional, atuam como agentes do desenvolvimento local. Assim sendo, o
administrador abre uma empresa, o professor uma escola e o técnico em informática
pode desenvolver softwares. Além, é claro, de melhorar a eficiência dos serviços
prestados dentro da comunidade em que vivem, em diferentes áreas de atuação.
Por outro lado, as universidades virtuais também exercem um papel de inclusão
social. Ao possibilitar o acesso ao ensino superior a pessoas que, em outras condições,
não poderiam estudar, a Universidade Virtual também funciona como elemento de
promoção da cidadania e redução das desigualdades sociais. O acesso a ensino de
qualidade e de alto nível sempre foi visto como um modo de controle social das elites.
Levar educação a diferentes pessoas, a diferentes lugares, elimina barreiras culturais
que mantêm um sistema de dominação excludente.
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Educação para o trabalho e no trabalho
Um outro aspecto envolvendo as universidades virtuais é a necessidade de
formação continuada, para o trabalho e no trabalho. No passado as pessoas passavam
um tempo de sua vida estudando, terminavam sua formação e trabalhavam. Quando
precisavam se aperfeiçoar, paravam novamente de trabalhar para realizar cursos ou
pós-graduação. Isso mudou, há necessidade dos profissionais estarem continuamente
se aperfeiçoando. Esse aperfeiçoamento pode ser feito dentro do local de trabalho.
Esta necessidade levou grandes empresas a investirem em “universidades
corporativas”, através de iniciativas individuais ou em parceria com instituições de
ensino.
As universidades virtuais, por utilizarem tecnologias de comunicação como a
Internet, a videoconferência e o satélite, permitem a integração de seus sistemas de
ensino com as empresas. Vimos por conta disso a proliferação de redes de
videoconferência empresariais a instalações de telessalas em fábricas, além da
integração de ambientes virtuais de aprendizagem com as redes empresariais, sendo
administrados cooperativamente entre os parceiros.
Como exemplo desta realidade, podemos citar o caso do Banco da Amazônia –
BASA. Seu projeto de EAD consiste na integração por sistema de videoconferência, de
todas as agências na Amazônia. O BASA também utiliza ambientes virtuais de
aprendizagem. Os investimentos somam 50 milhões de reais para cinco anos.
6. UNIVERSIDADES VIRTUAIS: CASOS CONCRETOS
Como dissemos no início, o conceito de universidade virtual abrange não
somente um tipo, mas diversos modelos, utilizando diferentes tecnologias. Uma
universidade pode utilizar a tecnologia para a oferta de cursos a distância, oferecendo
acesso à educação para um público que tem dificuldades em freqüentar cursos
tradicionais. Pode optar por utilizar as NTICs para melhorar a qualidade do ensino
presencial, agregando valor aos seus cursos tradicionais. Ou ainda permitir o uso de
serviços à comunidade acadêmica. No sistema híbrido, ou dual, uma universidade
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desenvolve programas em diversas modalidades, de acordo com as necessidades do
seu público.
No Brasil recentemente foram criados vários modelos de universidades virtuais –
públicas e privadas. Algumas foram fruto de iniciativas individuais de instituições
pioneiras. Outras surgiram através da formação de redes, na tentativa de unir esforços
no desenvolvimento da EAD. A criação destas redes resultou em grande troca de
experiência entre as IES participantes, diluição dos riscos e concentração de
investimentos.
Uma das grandes questões que envolvem a formação destas redes e das
iniciativas individuais é o foco inicial do trabalho. Por onde começar, quais cursos
oferecer, para que público, usando que tecnologias são questões cruciais a serem
respondidas.
Decidir pelo mercado corporativo sem dúvida é uma decisão mais simples, no
entanto não tem o potencial de crescimento e abrangência de projetos de graduação
que envolvem o público em geral. Trabalhar com foco no mercado corporativo também
impõe desafios. Historicamente as instituições brasileiras não têm muita prática nesse
mercado. Para alguns acadêmicos mais conservadores é a degradação do princípio da
universidade, que se curva ao liberalismo econômico.
Oferecer graduação exige maior volume de recursos iniciais, sem falar que das
dificuldades legais existentes. Não é à toa que o IUVB passou três anos para conseguir
aprovar a oferta de seus cursos iniciais. Até hoje o projeto da Unirede não tem cursos
próprios de graduação, apesar de suas associadas já terem projetos neste sentido.
Desta forma, algumas universidades virtuais foram criadas – como veremos –
com foco no mercado corporativo, enquanto que outras resolveram investir em cursos
tradicionais, como formação de professores.
É claro que atender aos diversos públicos não é excludente. Entretanto,
estabelecer um foco inicial é parte de uma decisão estratégica e da criação de uma
identidade inicial.
A partir daqui iremos mostrar alguns projetos de universidades virtuais no Brasil
e um exemplo fora do Brasil. É importante frisar, antes de tudo, que quem quiser
estudar mais a fundo os modelos de universidade virtual, quais cursos elas oferecem,
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as tecnologias utilizadas, não pode esquecer de procurar experiências fora do Brasil.
Nos Estados Unidos, por exemplo, pode-se fazer até doutorado a distância. Na
Espanha também existem programas neste sentido. No Brasil, a CAPES, órgão do
MEC que regula a pós-graduação, ainda restringe muito a criação de programas.
Conservadorismo? Falta de visão? Pode ser, e pode não ser. Há prós e contras.
Entretanto, uma coisa a história mostra: quem mais faz, mais aprende.
Agora vamos aos exemplos.
Universidade Virtual – UNIVIR
Criada em 1996, a Univir (www.univir.br) objetiva ofertar soluções para o
mercado corporativo, através de programas de e-learning. Lançada pela UniCarioca,
sendo seu braço na área de EAD.
Segundo dados da própria empresa, a Univir conta com mais de 35.000
participantes, em mais de 100 cursos nas áreas de direito, comércio exterior,
administração, educação, finanças, informática, letras, marketing, meio ambiente, saúde
telecomunicações e hotelaria.
O objetivo da Univir não é vender tecnologias, mas ofertar conteúdo e assessoria
para organizações que desejam implementar o e-learning, através de comunidades
virtuais de aprendizagem.
A proposta da Univir é colocar todo seu Know how em ensino a distância a
serviço destas empresas, de diversas formas. Para isso utiliza um ambiente virtual de
aprendizagem denominado EVA (Espaço Virtual de Aprendizagem). Para acessar os
cursos, os alunos e professores têm acesso a esse ambiente, que pode ser integrado à
Intranet das empresas.
Apesar do uso intenso da Internet, a Univir também utiliza outros recursos, como
material impresso, vídeo e CD-Rom, assim como momentos presenciais.
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Universidade Virtual Pública do Brasil - UNIREDE
Consórcio que abrange cerca de 70 instituições públicas da rede federal,
estadual e municipal, tendo sido criada em 2000. Dentro da Unirede encontra-se
também o CEDERJ (Consórcio Centro de Educação a Distância do Estado do Rio de
Janeiro).
Através de parceria com o MEC, desenvolveu o programa “TV na Escola e os
Desafios de Hoje” e “Formação em Educação a Distância”. Este último busca capacitar
professores para trabalhar com educação a distância.
Recentemente o MEC aprovou, para 2005, da abertura de 17.585 vagas em
cursos de graduação a distância nas áreas de pedagogia, matemática, biologia, física e
química. Muitas das instituições contempladas fazem parte do consórcio Unirede.
Todas as vagas são para instituições públicas.
Instituto Universidade Virtual Brasileira – IUVB.BR
Rede formada por 10 instituições privadas, é o primeiro consórcio de instituições
de ensino superior privadas. O IUVB (www.uvb.com.br) nasceu oficialmente em agosto
de 2000. O objetivo era reunir competências acadêmicas e compartilhar a estrutura
física das 10 instituições. Da mesma forma cada instituição contribuiu com recursos
financeiros para o desenvolvimento metodológico e a infra-estrutura tecnológica
necessária. Como marco da criação do IUVB, em agosto de 2000 foi realização o curso
Preparação de Professores Autores e Tutores para Educação a Distância, cuja tutora
foi a professora Dênia Falcão.
Fazem parte do IUVB as seguintes instituições:
Universidade da Amazônia – Unama (PA)
Universidade Anhembi Morumbi (SP)
Universidade Potiguar (RN)
Universidade para o Desenvolvimento do Estado e da Região do Pantanal –
Uniderp (MS)
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Universidade do Sul de Santa Catarina – Unisul (SC)
Universidade Veiga de Almeida – UVA (RJ)
Centro Universitário Monte Serrat – Unimont (SP)
Centro Universitário Newton Paiva – Unicentro (MG)
Centro Universitário Vila Velha – UVV (ES)
Centro Universitário do Triângulo – UNIT (MG)
Figura 6 – Imagem da tela principal do ambiente virtual de aprendizagem NearYou
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A Internet é a tecnologia central utilizada em seus cursos, através do uso de um
ambiente virtual de aprendizagem denominado NearYou. Este ambiente virtual de
aprendizagem está totalmente integrado ao um sistema de gestão acadêmica
Universus. Através deles, o aluno pode não somente ter acesso às aulas, mas também
a todos os procedimentos administrativos e acadêmicos de uma universidade
presencial, como controle e registro de cadastro, controle financeiro, notas etc.
Oferta de Cursos
Desenvolvida a metodologia e de posse da tecnologia necessária, em 2003 o
IUVB recebe autorização do MEC para ofertar quatro cursos de graduação, nos estados
de São Paulo, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de
Janeiro, Pará e Mato Grosso do Sul. Os cursos ofertados pelo IUVB:
Bacharelado em Administração
Bacharelado em Marketing
Secretariado Executivo Bilíngüe
Ciências Econômicas
Os cursos ofertados são 90% a distância utilizando a Internet e 10% utilizando
momentos presenciais. Os alunos contam ainda com uma equipe de suporte por e-mail
e um telefone 0800 para contato, inclusive aos fins de semana.
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Os alunos do IUVB podem realizar o processo seletivo em qualquer uma das
instituições que fazem parte da rede. Todo aluno do IUVB tem os mesmos privilégios
dos alunos das associadas, utilizando os laboratórios, biblioteca e demais serviços.
The African Virtual University
Para não ficarmos restritos aos exemplos brasileiros, achamos interessante falar
sobre a Universidade Virtual da África (www.avu.org).
Criada em 1997, foi desenvolvida como um projeto piloto com recursos do Banco
Mundial, com sede em Washington.
Atualmente está presente em países africanos, atendendo 23.000 alunos em
áreas como jornalismo, negócios, computação, línguas e contabilidade. Cerca de 40%
de seus alunos são mulheres.
Como tecnologia, a AVU utiliza sistema de satélite para transmissão de aulas e
ambiente virtual de aprendizagem (WebCT) como suporte e interação. Atualmente
estão estudando novas tecnologias, como conexão wireless por sistema de telefonia
celular, uso de PDAS e notebooks.
Figura 7 - as diversas tecnologias utilizadas pela African Virtual University (AVU)
Universidade Virtual do Maranhão – UNIVIMA
Criada pela Gerência de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior e
Desenvolvimento Tecnológico (GECTEC), a UNIVIMA (www.univima.ma.gov.br) está
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ofertando cursos de Formação de Professores e está ofertando vagas para o Curso
Vestibular da Cidadania para Inclusão Social.
Como tecnologias, utiliza sistemas de videoconferência IPTV (www.ip.tv) e o
ambiente virtual de aprendizagem TelEduc desenvolvido pela Unicamp.
Unopar Virtual
O Unopar Virtual é um projeto da Universidade do Norte do Paraná – Unopar
(www.unoparvirtual.com.br). Através do uso de sistema de satélite, com pontos de
recepção espalhados por diversos pólos, é possível à Unopar atender milhares de
alunos, ofertando o Curso Normal Superior nas distintas habilitações – Educação
Infantil e Anos iniciais do Ensino Fundamental. Também oferece o curso Formação de
Docentes para o uso de tecnologias multimídia em EAD.
A Unopar também utiliza ambientes virtuais de aprendizagem para os alunos e os
professores interagirem, mas o sistema de transmissão via satélite é a tecnologia
central do programa.
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
É claro que ainda há muito a conhecer sobre o funcionamento das universidades
virtuais. O assunto não se encerra aqui. Não falamos, por exemplo, sobre a qualidade
do ensino, os aspectos pedagógicos. Mas esse não foi nosso objetivo.
O que quisemos mostrar foi um panorama geral, de modo levar os
conhecimentos básicos sobre o assunto a educadores e outros interessados.
A universidade virtual é uma modelo de instituição novo, estreitamente ligado ao
que chamamos de sociedade do conhecimento e sociedade da informação. Em
algumas situações substituirá o ensino presencial, em outras será um complemento.
Ao mesmo tempo há muitas tecnologias novas surgindo, novas soluções,
enquanto que as tecnologias atuais estão se aprimorando e se tornando mais
massificadas. Os custos também tendem a diminuir por conta disso.
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Decerto muito há que se aprender ainda, os modelos ainda não estão prontos.
Muito do que se aprende, como já disse, é por tentativa e erro. Entretanto, a
universidade virtual veio para ficar, por mais que no futuro seja muito diferente do que
temos hoje.
REFERÊNCIAS
BITTENCOURT, Dênia Falcão de. Estratégia e tomada de decisões para educação a distância. Tubarão: Unisul, 2003. DANIEL, John S. Mega-Universities & Knowleage Media: techology strategies for higher education. London: Kogan Page, 1999. MAIA, Carmen (org.). ead.br: experiências inovadoras em educação a distância no Brasil: reflexões atuais em tempo real. São Paulo: Anhembi Morumbi, 2003. (série Universidade Virtual). ______. Guia Brasileiro de Educação a Distância. São Paulo: Esfera, 2001. RYAN, Steve et al. The Virtual University: the internet and resourced-based learning. London: Kogan Page, 2001. SIMPSON, Ormond. Supporting Students in Online, Open and Distance Learning. 2. ed. London: Kogan Page, 2002. STEPHENSON, John. Teaching & Learning Online: pedagogies for new technologies. London: Kogan Page, 2002. VIANNEY, João; TORRES, Patrícia Lupion; DA SILVA, Elizabeth Farias. A Universidade Virtual no Brasil. Tubarão: Unisul, 2003.
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