A Educação à Luz do Digital
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Ana Balcão Reis
Nova SBE, Universidade Nova de Lisboa
28 de Janeiro de 2016
“O olhar da Economia da Educação”
Projeto TEA: Tablets no Ensino e na Aprendizagem
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Tópicos a abordar:
• O que estuda a Economia da Educação?
• Qual o contributo da “Economia da Educação”?
O que sabemos sobre:
• Efeitos da adoção, nas escolas, de tecnologias digitais.
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O que estuda a Economia da Educação?
• Retorno (social) do investimento em educação
– Qual a relação entre nível de educação da população e crescimento económico do país?
• Retorno (individual) do investimento em educação
– Qual o rendimento adicional obtido por se concluir o ensino secundário?
– Outros benefícos (não financeiros) de se estudar mais anos.
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O que estuda a Economia da Educação?
• “Função de produção” da educação
– Questão prévia: como medir o “Resultado”? • notas em exames, nível de educação concluído
• salários obtidos, criminalidade, saúde
– Quais os recursos relevantes?• Dimensão das turmas/composição das turmas
• Qualidade dos professores
• Existência de biblioteca/computadores/...
• Adoção de tecnologias digitais
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Quais os contributos da Economia da Educação?
• Tem em conta os processos de decisão dos vários agentes envolvidos: incentivos
• Metodologia: análise estatística rigorosa– Procura estabelecer o impacto causal das medidas
estudadas (causalidade e não apenas correlação)
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Como avaliar políticas?
• Pretende-se determinar o impacto da medida a avaliar na apendizagem dos alunos
• Idealmente quer-se isolar este impacto de todas as variáveis que podem condicionar este impacto:
– Nível de conhecimento inicial dos alunos
– Características das famílias, da escola, do professor ...
• A disponibilidade e a qualidade de dados individuais é fundamental para se poder estabelecer o impacto da medida.
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Como avaliar políticas?Exemplo: avaliar o efeito de dar computadores a uma turma de alunos. É preciso controlar para:
– Nível de conhecimento inicial daqueles alunos.
– Características da escola e da sua população.
– Características da turma/professores escolhidos.
Metodologia ideal: experiência com grande nº de turmas, sendo as escolas e as turmas escolhidas de forma aleatória e havendo avaliação antes e depois da experiência.
Outras metodologias: matching, diferenças nas diferenças,...
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Como comparar políticas alternativas?
i. Estabelecer o impacto de medidas alternativas
ii. Para aquelas medidas que têm um impacto positivo: avaliar os custo de implementação
iii. Comparar a eficiência relativa das alternativas: para um mesmo montante de despesa qual a medida que produz mais resultados?
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Exemplo: impacto das retenções
Nunes, Reis e Seabra (resultados preliminares)
Comparação simples entre alunos retidos e alunos que passaram para o 5º ano
População do 4th anoAlunos em 2006/07
Aprovados Retidos Diferença
# médio de retenções em[06/07, 08/09] (período 3 anos)
0.11 1.11 -1.00
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Population - Promoted vs. Retained
Promoted Retained
No. of students 99,817 6,652
Males (%) 52 59
Year of Birth (%)
up to 1995 (aged 12) 8 18
1996 (aged 11) 17 28
1997 on (aged 10) 76 54
Students' and Mothers‘ Nationality (%)
Other Portuguese Speak. Countries 2 and 4 6 and 9
Residence Lisboa 26 38
Mother's Academic Background (%)
Primary 43 51Higher 10 2
Student's Social Support (%) Level A 12 22
Computer at home (%) 50 32
Internet at home (%) 31 19
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Sample (2 Negatives) - Promoted vs. Retained
Promoted Retained
No. of students 4,313 1,726
Males (%) 61 62
Year of Birth (%)up to 1995 (aged 12) 35 131996 (aged 11) 37 341997 on (aged 10) 28 53
Students' and Mothers‘ Nationality (%)
Other Portuguese Speak. Countries 4 and 7 8 and 12
Residence Lisboa 29 38Mother's Academic Background (%)
Primary 57 55Higher 2 2
Student's Social Support (%) Level A 24 24Computer at home (%) 32 33Internet at home (%) 16 17
Estratégia: considerar apenas os alunos com duas negativas nas provas de aferição do 4º ano
Comparação entre alunos retidos e alunos que passaram para o 5º ano na nossa amostra.
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Amostra (2 Negativas)
Passaram Retidos Diferença
# médio de retenções em [06/07, 08/09] (período de 3 anos) *
0.5 1.3= 1 + 0.3
-0.8
Percentagem de alunos que não chumbaram até 08/09**
53.8% - -
*só para alunos na via académica** incluindo o último ano
Resultado: nota no exame de 6ºano
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• De acordo com os nossos resultados preliminares, em média, o benefício da retenção, em termos de apendizagem, quando existe é pequeno
• Para além de outros custos, o custo financeiro de ter um aluno mais um ano na escola é elevado (estimativa custo médio CNE: 4000 euros ano/aluno)
• O mesmo montante poderia ser utilizado noutras medidas que se mostre terem mais impacto
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Efeitos do investimento em “Digital”
Technology and Education: Computers, Software, and the Internet , Bulman and Fairlie, 2015
1) Enorme maioria dos estudos que olham para efeito de aumento do nº computadores, maior acesso à internet, disponibilização de fundos para as escolas investirem:
Não encontram impacto nos resultados escolares.
2) Estudos que olham para projetos “um computador por aluno” e por professor:
Têm encontados efeitos positivos, em geral pequenos.
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Efeitos do investimento em “Digital”
O aumento do nº computadores, maior acesso à internet, disponibilização de fundos para as escolas investirem, produz efeitos estatisticamente não significativos nos resultados escolares:
– Angrist and Lavy (2002) – Israel
– Leuven et al. (2007) - Holanda
– Goolsbee and Guryan (2006) - US
– Barrera-Osorio and Linden (2009) – Colombia
– Cristia et al. (2014) – Peru
» Retenção, abandono escolar, inscrição no secundário
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Estudo para Portugal:
Belo, Ferreira and Telang (2014) - estudam impacto acesso à internet de banda larga entre 2005 e 2009 nas escolas do 3º ciclo em Portugal. Olham para os resultados nos exames no 9ºano.
Obtêm um impacto negativo e significativo.
Nas escolas que permitem o acesso ao Youtube os resultados foram piores.
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Efeitos do investimento em “Digital”
Estudos apontam para:
1) efeitos pequenos quando existem
2) dimensão dos efeitos depende da forma como os computadores são usados:
– Pelos professores e pelos alunos
– Dentro e fora da aula
2) dimensão dos efeitos depende da qualidade dos recursos que os computadores substituem/complementam
O projeto TEA, ao estudar como professores e alunos se apropriam desta tecnologia, pode ajudar a perceber estes mecanismos.
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