A ARTE DE PERDOARA ARTE DE PERDOARA ARTE DE PERDOARA ARTE DE PERDOAR
Em todos os caminhos de crescimento humano, tanto psicológico quanto espiritual, uma ênfase
especial é dada à questão da mágoa. Não só pelo sofrimento que ela produz, mas também pelo transtorno que provoca nos relacionamentos.
Qualquer que seja o nome que damos a esse sentimento seja mágoa, rancor, ressentimento ou
vingança, ele se caracteriza pela amargura na alma, uma sensação de injustiça a partir do mal que alguém
nos fez.
Além da dor, o componente fundamental da mágoa é a sua permanência. É uma incapacidade de parar de sofrer, mesmo com o passar do tempo.
E como é impossível levar nossas vidas sem sermos machucados pelas outras pessoas, de vez em
quando, tendo em vista a imperfeição da natureza humana,corremos o risco de acumular feridas e nos
tornarmos pessoas amargas, desiludidas e sofredoras.
A mágoa é uma forma de guardarmos para depois coisas que não queremos resolver na hora.
Uma das características da vida é que ela só pode ser vivida no presente. O passado e o
futuro, apesar de existirem na nossa cabeça, não têm existência real.
Seria uma grande tolice imaginarmos que podemos respirar para amanhã, que podemos viver ontem. O natural é que as coisas sejam vividas, mesmo as ruins, no momento em que elas ocorrem.
O sentimento de raiva, que é natural, tem o objetivo de nos ajudar a resolver nossos
problemas, incluindo as ofensas, traições ou quaisquer outros atos que as pessoas produzam.
Quando somos inibidos na nossa raiva, quando temos medo de expressá-la, ela esfria dentro de cada um de nós e se transforma
em mágoa.
Mágoa é toda a raiva que ficou para depois. É a raiva dentro da geladeira. É o medo
de resolvermos nossos conflitos com outras pessoas no momento em
que aparecem.
Guimarães Rosa define, magistralmente, a mágoa no seu livro Grande Sertão Veredas: “Mágoa é lamber frio o que o outro cozinhou quente demais para nós”.
A pessoa rancorosa apresenta as seguintes dificuldades:
aceitar a imperfeição humana, idealizando uma realidade onde as pessoas nunca
falhem com ela; expressar a raiva na colocação clara do seu
desagrado diante do outro; viver o momento presente, sendo extremamente
apegada ao passado.
Por isso, quem guarda mágoa,
em geral, é também um saudosista
e culposo, características
dos que vivem no passado.
Uma vez, porém, instalada a mágoa,
só nos resta uma saída:
o perdão. Se a mágoa nos
envenena e machuca, o perdão
nos alivia e
cura.
Pode-se medir a sanidade psicológica de alguém por sua capacidade de
perdoar. O perdão é a ponte que nos faz sair
da depressão para a alegria: “Perdoai as
nossas ofensas, assim como
nós perdoamos aqueles que
nos têm ofendido”.
Por que tanta dificuldade em perdoar? Porque há equívocos em torno do perdão
que dificultam o exercício dele.
Primeiramente há uma crença falsa de que o beneficiário do perdão é a pessoa que nos ofendeu. O perdão é algo bom para quem perdoa. Perdoar é ficar livre da dor causada pelo outro. É ficar livre daqueles que nos magoaram. É um presente dado a mim mesmo.
Em segundo lugar, há uma idéia igualmente falsa de que, ao
perdoarmos, devemos esquecer o mal que nos fizeram e voltar a
ter com a pessoa o mesmo relacionamento de antes.
Perdoar não é esquecer. É apenas parar de sofrer.
“Devemos, porém, aprender com a experiência e podemos, a partir daí,
escolher qual relacionamento teremos com o ofensor”. Perdoar não significa
fazer de conta que nada aconteceu. Pelo contrário, temos de levar em conta a
experiência, revendo a relação, e por isso mesmo, nos livrando do sofrimento.
Perdoar os outros é o presente que oferecemos a nós mesmos.
Chega de carregar na alma as ofensas e os que
nos ofenderam.
Formatação: Antonietta Graziano ForcioneTexto: Antônio Roberto
Imagens: Internet
Música: “Day of innocence” - Ernesto Cortazar
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