Sistmica
Gnero na terapia de casal e famlia
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Gnero uma categoria social imposta sobre um corpo sexuado. O gnero um elemento constitutivo de relaes sociais fundadas sobre as diferenas percebidas entre os sexos (...) um primeiro modo de dar significado s relaes de poder.
Concepo patriarcal
Modelo familiar:
Estrutura hierarquizada, pai com poder sobre a famlia.
Diviso sexual do trabalho.
Vnculo afetivo maior entre me e filhos.
Controle da sexualidade.
Famlia patriarcal
Para o homem:
Exerccio do poder.
Objetividade.
Racionalidade
Dificuldade com afetividade.
Agressividade e conquista
Paternidade provedora.
Aventuras extraconjugais.
Para a mulher:
Submisso
Subjetividade
emotividade
Afetividade e intimidade
Docilidade e cuidado
Maternidade amorosa
fidelidade
Cinco posies ao longo da evoluo do conceito de gnero no casal:
Tradicional
Consciente de gnero
Polarizada
Em transio
Equilibrada
Tradicional
Papis do homem como provedor, mulher cuidadora e dona de casa; mesmo trabalhando fora de casa.
Problemas que aparecem em terapia: tom queixoso sugerindo opresso e atitudes que supe raiva.
Nos homens aparecem culpas que so aliviadas por meio de consideraes sobre a presso no trabalho.
Na mulher comum a insatisfao pessoal e a sensao de desqualificao.
Trabalho teraputico
Conscientizar o casal sobre as questes de gnero.
Questionar as expresses que fortalecem o patriarcado.
Discutir as mudanas histricas e culturais atravs do genograma.
Trabalhar com o impacto emocional do sentimento de desvalorizao e sobrecarga.
Conscincia de gnero
O casal questiona a distribuio de papis, com clara percepo que sua vivncia opressora.
Oscilao entre questionamento e conformismo, mas no sabem resolver a situao.
As mulheres apresentam-se zangadas, sendo comum a restrio de afeto e negao de relaes sexuais.
Questionam ao papis de gnero entre amigos.
Trabalho teraputico
Ajud-los a ampliar as experincias de desequilbrio entre os gneros, discutindo a explorao e as oportunidades de novos papis, explorao de possibilidades para novos arranjos, contratos, verbalizaes das mgoas e das queixas.
Polarizada
Observa-se um constante e aberto desafio quanto aos papis de gnero. So claras as divises na famlia, as alianas e as coalizes.
Sistema competitivo organizado em torno das divises.
Misto de raiva, preocupao e medo, com dificuldades em encontrar alternativas para o desequilbrio.
Exigncias de mudanas um do outro. Ataques constantes.
Trabalho teraputico
Validar expectativas de mudanas, encorajar a exposio de queixas e acusaes para que sejam ouvidas, conhecidas e transformadas em pedidos e acordos.
Buscar a compreenso do outro.
Estimular as conversaes, buscando evitar as divises que alimentam a disputa e a competio.
Transio
A meta da terapia a amplificao das mudanas visando o estabelecimento de uma certa igualdade, ou melhor equilbrio entre as aes de cada um.
Diminuir ou eliminar os desequilbrios que percebem.
Ampliao e experimentao de novos papis.
Conversar sobre as coisas boas e ruins das mudanas e verbalizar satisfao ou sentimentos de perda.
A conscincia do desequilbrio de papis fundamental para se estabelecer acordos e propiciar uma espontaneidade maior nos relacionamentos familiares, menos mgoas enrustidas e deslocadas para comportamentos de boicote, ironia e desqualificao entre outros.
Discusso sobre como cada um afetado com as mudanas na famlia.
Equilibrada
Supe a possibilidade da famlia vivenciar uma mudana na medida em que seus membros se livraram dos condicionamentos que os padres tradicionais lhe s impingiram.
Democratizao na tomada de deciso como nos papis de interao na famlia: pais, mes e filhos, marido e mulher.
A posio equilibrada resulta em relaes mais colaborativas, mas supe maior confiana e assertividade de cada membro do casal, como companheiros e pais.
Presena de negociao e dilogo, alternncia da liderana.
Casos da clnica
Mulheres de meia-idade com filhos adultos queixa : vazio, se sentem dispensveis, sem perspectiva...
Culpar os maridos nesta fase de vida no tem sentido.
Trabalho teraputico sob a perspectiva de gnero e ciclo vital
Na fase da aquisio antes do primeiro filho, as posies de gnero podem ser mais flexveis.
Depois do nascimento ajustes precisam ser feitos, entre o casal.
Na fase da adolescncia, ocorre a oportunidade para discusso, conscientizao e mudana dos papis de gnero.
Fase p/ fortalecer posies tradicionais ou negociar novas posies.
Comportamento mais liberal das filhas, tm encorajado muitas mes a assumir mudanas na direo de maior autonomia e liberdade pessoal.
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A fase dos filhos adultos pode ocasionar uma sensao de esvaziamento do casamento, pois os filhos esto mais independentes.
So comuns as queixas de indiferena, falta de interesse sexual, apontando para a necessidade do terapeuta trabalhar a histria do casal.
Na fase ltima, a gentica pesa um pouco mais para as mulheres, na medida que tm maior sobrevida que os homens, os quais, por consequncia, adoecem mais, colocando-as como cuidadoras .
Fase tambm em que o casal vive como parceiros, apoiando-se, consolando-se nas perdas, testemunhando o crescimento da famlia, as realizaes dos netos e cultivando seus lazeres em conjunto.
O trabalho teraputico gira em torno de:
Validao da experincia dos casais e famlias;
Ampliao dos seus contextos;
Co-construo dos significados que atribuem aos papis de gnero, no se esquecendo da importncia das afirmaes universais.
Sugestes de trabalhos
Com a famlia tradicional por exemplo, o papel do terapeuta facilitar a conscincia do desequilbrio dos gneros.
Ex: Pergunta p/ o pai:
Que consequncias tm para a famlia o fato de sua esposa no trabalhar fora?
suficiente p/ suscitar colocaes divergentes pelos membros, propiciando assim uma percepo do desequilbrio e desencadeando processos reflexivos que acabam levando maior expanso dos papis daquela famlia.
Nas famlias c/ alguma conscincia de gnero fazer perguntas reflexivas sobre as consequncias de mudar: o que seria diferente, que ganhos, que perdas teriam...
Quando h polarizao na famlia, h maior facilidade p/ o terapeuta perceber as posies de desequilbrio de gnero; por outro o clima de guerra fria, a competio pela liderana, a defensividade dos homens e medos da perda nas mulheres tornam a questo mais complicada.
A tarefa do terapeuta produzir a polarizao, validando as diferentes experincias de cada membro da famlia. Atravs do dilogo, desfazer culpas e criar contextos que encorajem a negociao no sentido de buscar solues para os impasses que se encontram.
Bibliografia
Questes de Gnero na terapia de Casal e Famlia. Manual de Terapia familiar. Osorio, Luiz Carlos. Artmed
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