Word Maias

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Conteúdo Introdução............................... 2 Tema da intriga..........................5 Protagonistas............................6 Presságios............................... 7 o..Nível da ação…………………………………………………………………………… 7 o.............................Nível do espaço físico…………………………………………………………....................9 Ramalhete................................10 ...................Casa de Maria Eduarda………. ……………………………………………......................11 Toca.....................................12 oDiscurso..................................13 Narrador................................. 13 Personagens.............................. 14 o........................Nível da linguagem e estilo…………………………………………………….....................16 ......Advérbio de modo……………………………………….. …………………….................................. 16 Adjetivo..................................16 Peripécia................................. 16 Reconhecimento..........................19 Sofrimento................................ 21 Destino................................. 24 Hybris.................................. 26 Climáx........Erro! Marcador não definido. Catástrofe.............................. 28 Katharsis (Catarse).....................28 Conclusão.....Erro! Marcador não definido. 1

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Transcript of Word Maias

Contedo

2Introduo

5Tema da intriga

6Protagonistas

7Pressgios

7oNvel da ao

9oNvel do espao fsico..

10Ramalhete

11Casa de Maria Eduarda.

12Toca

13oDiscurso

13Narrador

14Personagens

16oNvel da linguagem e estilo

16Advrbio de modo..

16Adjetivo

16Peripcia

19Reconhecimento

21Sofrimento

24Destino

26Hybris

Erro! Marcador no definido.Climx

28Catstrofe

28Katharsis (Catarse)

Erro! Marcador no definido.Concluso

29Webgrafia

IntroduoEste trabalho tem como objetivo explorar a dimenso trgica da obra Os Maias.

Os Maias, uma das obras mais conhecidas do escritor portugus Ea de Queiroz. Este livro foi publicado no Porto em 1888.

A obra ocupa-se da histria da famlia Maia, ao longo de trs geraes, centrando-se, mais aprofundadamente, na ltima com a histria de amor incestuoso entre Carlos da Maia e Maria Eduarda. Tudo comea no ano de 1875 com a descrio da casa de Lisboa da famlia Maia, o Ramalhete. Aps esta descrio ocorre uma prolepse onde contado um pouco da vida das personagens at chegarem ao presente:Afonso da Maia casou-se com Maria Eduarda Runa e deste casamento resultou apenas um filho, com o nome de Pedro da Maia. Este teve uma educao tipicamente romntica, era muito ligado me e aps a sua morte ficou inconsolvel. S recuperou do luto quando conheceu uma mulher chamada Maria Monforte, com quem casou, contra a vontade do seu pai. Deste casamento resultaram dois filhos: Carlos Eduardo e Maria Eduarda. Maria Monforte, algum tempo aps o nascimento de Carlos Eduardo, apaixona-se por Tancredo (um italiano que Pedro fere acidentalmente e acolhe em sua casa) e foge com ele para Itlia, levando a filha consigo. Pedro, destroado, vai com Carlos para casa de Afonso, onde comete suicdio. Carlos fica na casa do av, onde educado inglesa, tal como Afonso gostaria que Pedro tivesse sido criado.

Passam-se alguns anos e Carlos torna-se mdico - abre um consultrio e um laboratrio em Lisboa (fim da prolepse). No Hotel Central conhece uma mulher, chamada Maria Eduarda, por quem se apaixona. Os dois namoram em segredo. Guimares vai falar com Joo de Ega, e d-lhe uma caixa com documentos, de Maria Monforte, que provam que Carlos Eduardo irm de Maria Eduarda. A Ega descobre tudo, conta a Vilaa (procurador da famlia Maia) e este acaba por contar a Carlos o incesto que anda a cometer. Afonso da Maia morre de desgosto.

A ao trgica da obra Os Maias est presente a vrios nveis: ao nvel estrutural, a nvel da ao, a nvel do espao fsico, a nvel do discurso e a nvel da linguagem e do estilo. Estes encontram-se, na maioria das vezes associados s caractersticas da tragdia clssica.A Tragdia uma forma de drama, que se caracteriza pela sua seriedade e dignidade, frequentemente envolvendo um conflito entre uma personagem e algum poder de instncia maior, como a lei, os deuses, o destino ou a sociedade. Este tipo de drama provm da Grcia Antiga e podem ser rastreadas nos ditirambos, nos cantos e nas danas em honra ao deus grego Dionsio. Aristteles descreve a tragdia como imitao de uma ao completa e elevada, em uma linguagem que tem ritmo, harmonia e canto. Afirma que suas partes se constituem de passagens em versos recitados e cantados, e nela atuam os personagens diretamente, no havendo relato indireto. Por isso chamada (assim como a comdia) de drama. Sua funo provocar por meio da compaixo e do temor a expurgao ou purificao dos sentimentos (catarse).

A tragdia clssica deve cumprir as seguintes condies: o assunto deve ser de cariz poltico e social; possuir personagens de elevada condio (heris, reis, deuses); ser contada em linguagem elevada e digna; haver um caminho rduo para desgraa, embora tenha anteriormente conhecido a felicidade, essa desgraa pode culminar na destruio ou na loucura de uma ou vrias personagens sacrificados pelo seu orgulho ao tentar rebelar-se contra as foras do destino; existir uma personagem coletiva (Coro) com funo de prever e comentar o desenrolar dos acontecimentos, manifestando a voz do bom senso perante a exaltao das personagens; a linguagem escrita em verso e respeita a lei das trs unidades: Unidade de ao (a intriga deve ser simples, sem aes secundrias, de modo a evitar a disperso, aumentando assim a tenso dramtica), a Unidade de espao (toda a ao dever-se-ia desenrolar no mesmo espao) e a Unidade de tempo (a durao da ao dramtica nunca deveria exceder a durao de 24 horas).A tragdia clssica tem o fulcro da ao num conflito que leva as personagens a interrogarem-se sobre o destino, fazendo com que o indivduo lance um desafio s autoridades ou aos deuses. Como reao, surge a punio, o castigo que tem como consequncia o sofrimento das personagens. O conflito do protagonista avoluma-se e, por vezes, os acontecimentos precipitam a ao no seu curso atravs de alteraes que acabam por dar lugar ao desenlace fatal. Um reconhecimento, muitas vezes, desencadeia essa mudana brusca. Estes acontecimentos criam no espectador uma tenso e expectativa tais que o levam a participar dos sentimentos e apreenses das personagens como forma de purificar as suas paixes.A dimenso trgica da intriga d Os Maias insiste fundamentalmente em valores antipositivistas mas se pretendermos fazer uma aproximao entre Os Maias e a tragdia clssica, possvel encontrar alguns elementos caractersticos da tragdia, embora nem sempre obedeam sua estruturao objetiva. Os elementos caractersticos deste tipo de drama presentes nesta obra so: as personagens esto inseridas na alta sociedade; o tema da intriga de cariz social; contada em uma linguagem elevada e digna; as personagens passam de extrema felicidade para uma infelicidade fatal; e ainda esto presentes as seguintes caractersticas: reconhecimento, sofrimento, catstrofe,peripcia,destino,clmax, catarsee hybris. Tema da intriga

A escolha do tema da intriga por parte de Ea de Queirs intencional, na medida em que o sculo XIX vivia numa certa euforia cientfica e no progresso tcnico e social alicerado no positivismo. Atravs do incesto, o autor, demonstra a incapacidade do Homem de controlar certas variveis como a existncia, o carter imprevisvel dos fenmenos e a derrocada de uma situao de felicidade que aparentemente nada poderia pr em causa.

Os dois protagonistas, Carlos Eduardo e Maria Eduarda, figuras de exceo so irresistivelmente levadas a um encontro e a uma unio que afirmam a supremacia do sentimento, concebido segundo um padro elevado a ideal.

Perante os obstculos oferecidos por Afonso e respeitados pelos prprios amantes, assiste-se intensificao das relaes amorosas que atinge o seu auge na felicidade perfeita.

Quando a unio se torna perfeita, quando o sentimento se eleva ao ponto superior da sua realizao, desaba a catstrofe - depara-se-nos a tragdia.

Carlos, ao tentar a recusa de uma verdade imposta pelo implacvel destino concorre para a sua completa realizao - a efetivao de um incesto consciente. O incesto traduzido no amor dos dois irmos percorreu o processo do conhecimento, do amor, do reconhecimento e da separao.

Classicamente, o aparecimento da tragdia, no s corta o desenrolar harmonioso dos acontecimentos, como tambm impede a reestruturao dos mesmos. A Fatalidade aniquila a possibilidade de recuperao.

ProtagonistasOs protagonistas dOs Maias so Carlos Eduardo e Maria Eduarda. Estes ultrapassam a dimenso reduzida e pragmtica do tipo queirosiano, embora (encarados nessa mesma perspetiva) nos possam dar elementos concretos, a nvel essencialmente sociolgico e j no literrio. Destacam-se como figuras eleitas, pertencentes a uma elite, dotados de qualidades superiores, requintados, seres de exceo, no integrados numa sociedade grosseira, limitada e suja.

Assim, Carlos, regressado da Europa, -nos apresentado como um formoso e magnfico moo, alto, bem feito, de ombros largos, com uma testa de mrmore sob os anis dos cabelos pretos, e os olhos dos Maias.... O autor compara-o ento a um belo cavaleiro da Renascena. Para os conhecidos, ele o primeiro elegante...da ptria ou o romntico Prncipe Tenebroso. Vive de forma exacerbada e intensa a sua paixo por Maria Eduarda. Carlos o diletante culto, por excelncia, que acaba por se deixar submergir pela sonolncia da sociedade Lisboeta em que vive, desistindo, um a um, de todos os seus projetos de vida, inclusive da sua paixo, embora esta ltima por razes que Carlos no consegue controlar.

Paralelamente, Maria Eduarda aparece, no peristilo do Hotel Central, como uma senhora alta, loira, com um meio vu muito apertado e muito escuro que realava o esplendor da sua carnao ebrnea. Craft e Carlos afastaram-se, ela passou diante deles, com um passo soberano de deusa, maravilhosamente bem-feita, deixando atrs de si como uma claridade, um reflexo de cabelos de oiro, e um aroma no ar. Para as personagens que com ela contactam ela surge como algo de harmonioso, so, perfeito.

Maria Eduarda encarna a herona romntica, perseguida pela vida e pelo destino, mas que acaba por encontrar, ainda que momentaneamente a razo da sua vida, na paixo e no amor. Ela tambm vtima do seu passado e das circunstncias em que cresceu e viveu.

Carlos e Maria Eduarda elevam-se ao nvel da tragdia amorosa, embora no rompendo totalmente com as regras do romance de costumes ao qual tambm pertencem e no qual acabam por se reintegrar. Como detentores da mscara que Ea lhes impe, definem-se, j no como tipos sociais, mas como smbolos duma fatalidade superior. A nvel da ao, nesta perspetiva, quase desaparecem como reais actantes para cederem ao destino a que alude Ega.

Pressgios

Pressgios so circunstncia que nos podem levar a prever o futuro, por outras palavras, um pressgio um sinal hipottico que indica um acontecimento futuro. Assim, n Os Maias, ao longo de toda a obra esto presentes pressgios, a vrios nveis: a nvel da ao, nvel do espao fsico, a nvel do discurso do narrador e das personagens e a nvel da linguagem e do estilo.

Nvel da ao

No captulo I, de salientar o momento em que Afonso da Maia v Maria Monforte pela primeira vez, pois nesta ocasio esto presentes indcios do suicdio de Pedro.

Citao da obra que comprova:

No captulo XIV, na Toca, quando Maria est aconchegada e refugiada em Carlos, enquanto estes conversam sobre a possibilidade de partirem para a Itlia -nos indicado que os olhos de Maria esto perdidos na escurido, o que pressagia o futuro sombrio. Nesta mesma noite de amor entre Carlos e Maria Eduarda, d-se uma grande trovoada a pressagiar um mau ambiente que se criaria resultante deste incesto.Citao da obra que comprova

No captulo I, Vilaa fala com Afonso sobre uma lenda que diz que as paredes do Ramalhete so sempre fatais aos Maias. Aps a morte de Afonso da Maia, consequncia do desgosto sofrido aps a descoberta do incesto que o seu neto (Carlos Eduardo) e a sua neta (Maria Eduarda) estavam a praticar, Vilaa diz ter lembrado Afonso desta lenda mas que este ter-se-ia rido pois no acreditava em agoiros porm, as paredes do ramalhete foram-lhe mesmo fatais. Vilaa afirma isto no captulo XVIII.

Citaes da obra que comprovam

Nvel do espao fsicoO espao onde a ao ocorre, remete, na maioria das vezes, para a ao trgica. O Ramalhete, a Casa de Maria Eduarda e a Toca so os locais onde h mais indcios: Ramalhete

No incio este local aparece bastante sombrio, um local frio e abandonando representando a ideia de morte. Mais tarde este local volta a ter esplendor e vida como outrora tinha tido, no entanto, aps a tragdia volta a ser um stio representativo de morte e dor.

A decorao do ramalhete tambm remete para a tragicidade da ao pois a frontaria da casa era ornamentada por azulejos com girassis o que se pode associar incapacidade de ultrapassar um amor no correspondido pois estes simbolizam a atitude de um amante que se vira continuamente para a sua amada assim como os girassis se viram para o sol. Outra decorao que remete o leitor para a tragicidade da ao a existncia dos panos brancos a cobrir os mveis do salo de Afonso pois estes vo ser comparados com as mortalhas no qual se envolvem os cadveres, estes vo prenunciar a morte sobre a famlia Maia. Citaes da obra que comprovam

Casa de Maria Eduarda

Durante o livro so referidos trs lrios brancos que esto murchos em casa de Maria Eduarda estes representam a morte de Maria Eduarda Runa e Maria Monforte. O terceiro lrio remete-nos para a morte moral e espiritual de Maria Eduarda Maia. Citao da obra que comprova

Toca

A decorao sinistra da toca fazia com que Maria Eduarda tivesse receio em relao sua vida futura. Este receio pode ser observado em diferentes momentos como por exemplo com a existncia de tapearias com representaes de Vnus e Marte. A representao destes Deuses um pressgio pois Vnus casada com Vulcano sendo assim amante de Marte. Para alm deste fato o pai de Marte, Jpiter, tambm o pai de Vnus tendo estes uma relao incestuosa como Carlos e Maria Eduarda. Existia tambm um painel onde se podia ver uma cabea degolada num prato de prata, constituindo assim um pressgio pois remete o leitor para a morte, neste caso a morte de Afonso da Maia que morreu de desgosto ao saber da relao incestuoso de Carlos e Maria Eduarda. A existncia de uma coruja pressagia um futuro sinistro pois esta considerada uma ave de mau agoiro. Citao da obra que comprova

A alcova onde ocorrem as relaes de Carlos e Maria Eduarda comparada com um tabernculo profanado. Um tabernculo um local sagrado ou destinado a guardar objetos sagrados enquanto algo profano diz respeito a algo alheio religio. Assim, a expresso tabernculo profanado para a descrio do quarto de dormis da toca, prenuncia a coliso entre a situao incestuosa e os valores morais da sociedade.

Discurso Narrador

O facto da palavra toca significar abrigo para animais remota o leitor para o carcter animalesco da relao entre Carlos e Maria Eduarda pois o local onde eles se encontram e onde se d o incesto denominado de Toca. Outro facto que remete para a tragicidade a satisfao de Carlos pela semelhana do seu nome com o de Maria Eduarda e por ela ser parecida com o seu av, transmitida atravs do discurso do narrador.Citao da obra que comprova

Personagens

Ao nvel do discurso das personagens, existem vrios momentos em que h a remitncia para a tragicidade da obra, alguns desses momentos so: No captulo VI, em sequncia da conversa sobre os desejos que Carlos tinha pela Gouvarinho, Ega diz-lhe que a sua inconstncia sentimental iria ter consequncias trgicas comparando com o fim trgico que teve D. Juan.Citao da obra que comprova

Quando a ministra da Baviera (Corrida de Cavalos) comenta que se existe felicidade no jogo ento existe infelicidade no amor. Citao da obra que comprova

Quando no dilogo com Craft como resposta ao facto do ingls afirmar que algo de bom deveria ter acontecido a Carlos este responde: A gente, nunca sabe se o que lhe sucede , em definitivo, bom ou mau Craft diz Ordinariamente mau No captulo XIV, referido, por Maria Eduarda, que Carlos tem semelhana com a sua me, o que pressagia que este seja filho de Maria Monforte e que, consequentemente, estes sejam irmos.Citaes da obra que comprovam

Nvel da linguagem e estilo

Ea de Queirs tem e utiliza vrias tcnicas que nos remetem para a tragicidade da obra. Este utiliza vrias vezes Advrbios de modo e Adjetivos para dar enfase fatalidade.

Advrbio de modo

Quando Ega numa frase diz estais ambos insensivelmente, irreversivelmente, fatalmente marchando um para o outro! mostra a irremediabilidade de um destino que tem de ser cumprido. Adjetivo

Quando o narrador, focando-se em Ega diz Ega escutava-o () e agora s pelo modo como Carlos falava daquele grande amor, ele sentia-o () o seu irreparvel destino traduz a ideia de um aprisionamento ao destino.

Peripcia

A Peripcia a sbita mudana dos acontecimentos que faz com que acontea a passagens brusca da felicidade para a infelicidade. Assim, poderemos considerar que esta um acontecimento imprevisvel que altera o normal rumo dos da ao, ao contrrio do que a situao at ento poderia fazer esperar.

As peripcias verificam-se com:

O encontro e a apresentao do Sr. Guimares a Ega, feita por Alencar, no captulo XVI:

Alencar a apresentando Joo da Ega ao Sr. Guimares, estar a dar um grande passo para o reconhecimento de Maria Eduarda e da relao incestuosa que esta mantm com o seu irmo. O encontro casual de Maria Eduarda com Guimares, relatado no captulo XVI na conversa de Sr. Guimares com Joo da Ega:Citao da obra que comprova

Neste excerto da conversa, o Sr. Guimares diz que viu Maria Eduarda com Ega e Carlos numa carruagem no cais do Sodr. As revelaes casuais de Guimares a Ega sobre a identidade de Maria Eduarda, concretizadas no captulo XVI tornando assim Guimares o mensageiro, caracterstico da tragdia clssica, pois este quem transporta e entrega o cofre com todas as revelaes a Ega. Citaes da obra que comprovam

Nestes dois excertos do dilogo, o Sr. Guimares revela a Joo da Ega, a verdadeira identidade de Maria Eduarda, ou seja, que esta irm de Carlos da Maia.

Reconhecimento atravs destas peripcias que se realiza o reconhecimento da verdadeira identidade de Maria Eduarda. Assim, conhecido que Carlos Eduardo e Maria Eduarda esto a cometer incesto pois so irmos.Na obra sucede-se um triplo reconhecimento com as revelaes de Guimares a Ega, de Ega a Carlos e de Carlos a Afonso. desta forma, que nos no captulo XVI e XVII, Carlos Eduardo constata que vive uma relao incestuosa, pois a mulher que ama sua irm (Maria Eduarda). As revelaes de Ega a Carlos, no captulo XVII:

Citao da obra Perante as revelaes de Ega, Carlos fica revoltado. Carlos, tentando lutar contra aquilo que o destino lhe reservou, no aceita o que ouve.

As revelaes de Carlos a Afonso da Maia, sobre a identidade de Maria Eduarda, no captulo XVII:Citao da obra

Carlos Eduardo da Maia, conta ao av, Afonso da Maia, que conheceu uma mulher que diziam ser sua irm, sem se preocupar com a reao deste ltimo. Sofrimento

O sofrimento dos protagonistas progressivo e imposto pelo Destino. O sofrimento das personagens est presente na obra e de uma forma progressiva. Na intriga secundria, no captulo I, as primeiras duas primeiras personagens a sofrer so Afonso da Maia e a sua me, Maria Eduarda Runa, quando Caetano da Maia expulsa o filho de casa, deserdando-o e tirando-lhe a mesada e a bno. Citao da obra que comprova

Ainda na intriga secundria e no mesmo captulo, Afonso da Maia volta a sofrer com a morte de Caetano da Maia, seu pai, ficando de luto.

Citao da obra que comprova

Continuando na intriga secundria e no captulo I, quando, Afonso, a sua mulher, Maria Eduarda Runa, e o seu filho, Pedro da Maia, partem para o exlio em Inglaterra, Maria a que mais sofre, principalmente, devido a estar numa terra de descrentes na religio catlica e que possuem uma lngua barbara.Citao da obra que comprova

Na intriga secundria, no captulo II, Pedro, o nico filho de Afonso da Maia e de Maria Eduarda Runa, apaixona-se e casa-se, sem o consentimento do seu pai, com Maria Monforte e dela tem dois filhos, Maria Eduarda e Carlos Eduardo. Maria Monforte, levando a sua filha com ela, acaba por fugir com Tranquedo. Pedro vai ao Palacete de Benfica reconciliar-se com o seu pai, aps 4 anos de separao. Nesse mesmo dia, deixando o seu filho aos cuidados do av, suicida-se. Assim, Afonso da Maia a primeira personagem a sofrer profundamente devido morte do seu nico filho. Citao da obra que comprova

Na intriga principal, aps o reconhecimento da relao incestuosa dos protagonistas, todas as personagens sofrem de alguma forma. Mas Carlos da Maia e Afonso da Maia so os que mais sofrem com tudo.Citao da obra que comprova o sofrimento Afonso da Maia

Citao da obra que comprova o sofrimento e a revolta de Carlos

Destino

O destino a combinao de circunstncias ou de acontecimentos que influem de um modo inelutvel. Este o responsvel pela destruio dos protagonistas.Na obra o destino personificado por Guimares, que involuntariamente informa Ega do facto de Carlos da Maia e Maria Eduarda serem irmos o que leva ao trgico desfecho da histria.

Est patente ainda o simbolismo de Guimares aparecer na obra vestido de preto, indiciando o luto na famlia. Este luto mais uma vez questionvel, pois Guimares vem a Portugal receber uma herana, mas a sua vinda despoleta uma srie de acontecimentos que levam a um falecimento no cl dos Maias.

Carlos apresentado como um ser superior, dotado de todos os trunfos para vencer na vida, que, todavia, fracassa, no apenas por influncia negativa da sociedade portuguesa, mas sobretudo devido ao destino adverso que se abate sobre a sua felicidade, provocando uma tragdia familiar.Existem vrias citaes na obra que nos remetem para o destino trgico inevitvel, estas so:Citaes da obra que comprovam

Hybris

violao, por parte das personagens de certas leis (leis dos deuses, leis da cidade, leis da famlia, leis da natureza) atravs de uma aco ou comportamento que se assume como um desafio.Os desafios cometidos nesta obra so os vrios relacionamentos contra a vontade da famlia, como por exemplo: O casamento de Pedro da Maia com Maria Monforte aps pedir autorizao a Afonso da Maia e este no lha dar, acabando assim por decidir casar-se com ela mesmo sem a autorizao, cometendo o crime (hybris) porque desrespeita as leis da sociedade e da sua famlia; E Carlos concretizar a relao amorosa com Maria Eduarda, julgando-a casada. E mais tarde comete incesto voluntrio ao saber da consanguinidade com a mesma.Citao da obra

Carlos fala com Ega sobre o amor que sente por Maria Eduarda, achando-a casada. Mesmo assim, este sente-se atrado por ela e quer fugir com a mesma.Citaes da obra

Clmax o momento determinante na aco a partir do qual se gera o desfecho ou esclarecimento dos acontecimentos, ponto culminante.Na obra este momento caracterizado pela consumao do incesto.

Catstrofe

A catstrofe o desenlace trgico que indiciado desde o incio, pelos pressgios.

N Os Maias, a catstrofe corresponde morte das personagens: Afonso da Maia morre fisicamente; Carlos Eduardo e Maria Eduarda so atingidos tambm pela morte no que diz respeito ao seu amor; e a famlia dilacerada pela morte a nvel social. Katharsis (Catarse)

a purificao das emoes e paixes (idnticas s das personagens), efeito que se pretende da tragdia, atravs do terror (phobos) e da piedade (eleos) que deve provocar nos espectadores.

a remediao ou purificao emocional que pretende o desaparecimento do sofrimento.

A catarse nesta obra o ltimo encontro de Carlos com o av e a separao dos dois amantes: Carlos que embarca numa viagem pela Europa e Maria Eduarda que parte para Paris. Na viagem de Carlos est presente o simbolismo da purificao dos pecados. Esta viagem tem a durao de dez anos; o nmero dez simboliza a purificao dos pecados.Concluso

Com este trabalho podemos compreender melhor a obra Os Maias, de Ea de Queirs, assim como a dimenso trgica que possui. Foi possvel identificar algumas das caractersticas da tragdia clssica presentes na obra que contribuem para o seu desenvolvimento, e, consequentemente, para o final da obra, cativando assim a leitura. A dimenso trgica dOs Maias insiste principalmente nos valores anti positivistas e realada pelo simbolismo, que incide na negatividade das personagens, no espao fsico, na ao, nos discursos tanto do narrador como das personagens, da linguagem e at do estilo, provocando assim o destino arrasador da famlia Maia, no decorrer da obra. Webgrafiahttp://faroldasletras.no.sapo.pt/os_maias_tecnica_de_tragedia.html

https://sites.google.com/site/aulasdeliteratura/podcast

http://auladaproflis.blogspot.pt/2012/04/ideologia-do-tragico-vs-o-naturalismo.html

http://www.notapositiva.com/pt/trbestbs/portugues/11_os_maias_passeio_final_d.htm

http://www.infopedia.pt/$tragedia

http://portefolioptpedrom.blogspot.pt/2011/05/os-maias-uma-tragedia.html

http://faroldasletras.no.sapo.pt/os_maias_textos_teoricos.htm

http://faroldasletras.no.sapo.pt/frls_elementos_da_tragedia.htm

http://cpd1.ufmt.br/bocadatribo/adm/artigos/OsMaias_revista4.pdf

http://portefolio-port.blogspot.pt/2009/04/elementos-da-tragedia-em-os-maias.html

http://oegodequeiros.blogs.sapo.pt/7040.html

Afonso no respondeu: olhava cabisbaixo aquela sombrinha escarlate, que agora se inclinava sobre Pedro, quasi o escondia, parecia envolv-lo todo - como uma larga mancha de sangue alastrando a caleche sob o verde triste das ramas.

(Capitulo I)

Os olhos de Maria perdiam-se outra vez na escurido como recebendo dela o pressgio dum futuro, onde tudo seria confuso e escuro tambm.

Fora, para os lados do mar, um trovo rolou lento e surdo. Mas Maria j o no ouviu, caa nos braos de Carlos.

Quando saiu, ao amanhecer, chovia.

(Captulo XIV)

aludia mesmo a uma lenda, segundo a qual eram sempre fatais aos Maias as paredes do Ramalhete

(Captulo I)

-H trs anos, quando o Sr. Afonso me encomendou aqui as primeiras obras, lembrei-lhe eu que, segundo uma antiga lenda, eram sempre fatais aos Maias as paredes do Ramalhete. O Sr. Afonso da Maia riu de agouros e lendasPois fatais foram! (Captulo XVIII)

Longos anos o Ramalhete permanecera desabitado, com teias de aranha pelas grandes dos postigos trreos, e cobrindo-se de tons de runa.

(Captulo I)

Carlos apareceu em Lisboa com uma arquiteto-decorador de Londres, e, depois de estudar com ele pressa algumas ornamentaes e alguns tons de estofos, entregou-lhe as quatro paredes do Ramalhete, para ele ali criar, exercendo o seu gosto, um interior confortvel, de luxo inteligente e sbrio

(Captulo I)

Depois Ega escreveu bilhetes a D. Diogo e ao Sequeira, os mais velhos amigos de Afonso: e davam duas horas quando chegaram os homens com o caixo para amortalhar o corpo.

No salo nobre os mveis de brocado cor de musgo estavam embrulhados em lenis de algodo, como amortalhados, exalando um cheiro de mmia a terebentina e cnfora.

(Captulo XVII)

O nome de Ramalhete provinha decerto de um revestimento quadrado de azulejos fazendo painel no lugar herldico do escudo de armas, que nunca chegara a ser colocado, e representando um grande ramo de girassis atado por uma fita onde se distinguiam letras e nmeros de uma data.

(Captulo I)

Vaso do Japo onde murchavam trs lrios brancos

(Captulo XI)

sala forrada de tapearias, onde desmaiavam, na trama de l, os amores de Vnus e Marte; painel antigo, defumado, ressaltando em negro do fundo de todo aquele oiro onde apenas se distinguia uma cabea degolada, lvida, gelada no seu sangue, dentro de um prato de cobre e uma enorme coruja empalhada fixava no leito de amor, com um ar de meditao sinistra, os seus dois olhos redondos e agoirentos

(Captulo XIII)

Maria Eduarda, Carlos EduardoHavia uma similitude nos seus nomes. Quem sabe se no pressagiava a concordncia dos seus destinos!

(Captulo XI)

- Tu s extraordinrio, menino!... Mas o teu caso simples, o caso de D. Juan. D. Juan tambm tinha essas alternaes de chama e cinza. Andava busca do seu ideal, da sua mulher, procurando-a principalmente, como de justia, entre as mulheres dos outros. E aprs avoir couch, declarava que se tinha enganado, que no era aquela. Pedia desculpa e retirava-se. Em Espanha experimentou assim mil e trs. Tu s simplesmente, como ele, um devasso; e hs-de vir a acabar desgraadamente como ele, numa tragdia infernal!

(Captulo VI)

Mfiez-vous()heureux au jeu

(Captulo X)

- Sabes tu com quem te pareces s vezes?... extraordinrio, mas verdade. Pareces-te com minha me!

()

- Tens razo, disse ela, que a mam era formosa... Pois verdade, h um no sei qu na testa, no nariz... Mas sobretudo certos jeitos, uma maneira de sorrir... Outra maneira que tu tens de ficar assim um pouco vago, esquecido... Tenho pensado nisto muitas vezes...

(Captulo XIV)

Estavam porta do botequim - e precisamente o Sr. Guimares saia, com o chapu sobre o olho, de charuto aceso, abotoando a sobrecasaca. Alencar lanou a apresentao, com imensa gravidade:

- O meu amigo Joo da Ega... O meu velho amigo Guimares, um bravo c dos nossos, um veterano da Democracia.

(Captulo XVI)

-Como vi, ainda no h muitos dias, o Sr. Carlos da Maia com a irm e com V. Exc., na mesma carruagem, no cais do Sodr...

- O qu! Aquela senhora! A que ia na carruagem?

- Sim! Exclamou o Sr. Guimares irritado []

... Essa mesma!

(Captulo XVI)

Ele estreitou-lha com calor.

- Muito agradecido a V. Exc.! Eu junto-lhe ento um bilhete e V. Exc. entrega-o da minha parte ao Carlos da Maia, ou irm. Ega teve um movimento de espanto:

- irm!... A que irm?

O Sr. Guimares considerou Ega tambm com assombro. E abandonando-lhe lentamente a mo:

- A que irm!? A irm dele, nica que tem, Maria!

(Captulo XVI)

- Como vi, ainda no h muitos dias, o Sr. Carlos da Maia com a irm e com V. Exc., na mesma carruagem, no cais do Sodr...

- O qu! Aquela senhora! A que ia na carruagem?

- Sim! Exclamou o Sr. Guimares irritado, farto enfim dessa confuso em que se debatiam. Aquela mesma, a Maria Eduarda Monforte, ou a Maria

Eduarda Maia, como quiser, que eu conheci de pequena, com quem andei muitas vezes ao colo, que fugiu com o Mac-Gren, que esteve depois com a besta do Castro Gomes... Essa mesma!

(Captulo XVI)

No curto silncio que caiu,um chuveiro mais largo, alagando o arvoredo do jardim, cantou nas vidraas. Carlos ergueu-searrebatadamente, numa revolta de todo o ser:

- E tu acreditas que isso seja possvel? Acreditas que suceda a um homem como eu, como tu, numa rua de Lisboa?Encontro uma mulher, olho para ela, conheo-a durmo com ela e, entre todas as mulheres do mundo, essa justamente h-de ser minha irm! impossvel...Noh Guimares,noh papis,noh documentos que me convenam!

E como Ega permanecia mudo, a um canto do sof, com os olhos no cho:

-Dizealguma coisa gritou-lheCarlos. Duvida tambm, homem, duvida comigo!...

(Captulo XVII)

- H uma coisa extraordinria, av! O av talvez saiba... O av deve saber alguma coisa que nos tire desta aflio!... Aqui est, em duas palavras. Eu conheo a uma senhora que chegou h tempos a Lisboa, mora na rua de S. Francisco. Agora de repente descobre-se que minha irm legtima!... Passou a um homem que a conhecia, que tinha uns papis... Os papis a esto. So cartas, uma declarao de minha me... Enfim uma trapalhada, um monto de provas... Que significa tudo isto? Essa minha irm, a que foi levada em pequena, no morreu?... O av deve saber!

(Captulo XVII)

Decidiu expuls-lo de sua casa, sem mesada e sem bno, renegado como um bastardo!

(Captulo I)

ao fim do luto

(Captulo I)

Pobre senhora! A nostalgia do pas, da parentela, das igrejas, ia-a minando. [] tinha vivido desde que chegara num dio surdo aquela terra de hereges e ao seu idioma brbara: [] o seu corao no estivera nunca ali, mas longe, em Lisboa, nos adros, nos bairros batidos do sol.

(Captulo I)

E Vilaa foi encontrar Afonso na livraria, com as janelas cerradas ao lindo sol de inverno, cado para uma poltrona, a face cavada sob os cabelos crescidos e brancos, as mos magras e ociosas sobre os joelhos... O procurador veio dizer para Lisboa que o velho no durava um ano.

(Captulo II)

Afonso da Maia, que um tremor tomara, agarrou-se um momento com fora bengala, caiu por fim pesadamente numa poltrona, junto do reposteiro. E ficou devorando o neto, o Ega, com o olhar esgazeado e mudo.

(Captulo XVII)

Carlos ergueu-se arrebatadamente, numa revolta de todo o ser

(Capitulo XVII)

- Dize alguma coisa, gritou-lhe Carlos. Dvida tambm, homem, dvida comigo!... extraordinrio! Todos vocs acreditam, como se isto fosse a coisa fosse a coisa mais natural do mundo, e no houvesse por essa cidade fora seno irmos a dormir juntos!

(Capitulo XVII)

(Capitulo XVII)

Todo dobrado sobre a bengala, vencido enfim por aquele implacvel destino que depois de o ter ferido na idade de fora com a desgraa do filho - o esmagava ao fim de velhice com a desgraa do neto.

(Capitulo XVII)

S pelo modo como Carlos falava daquele grande amor, ele sentia-o profundo, absorvente, eterno, e para bem ou para mal tornando-se da por diante, e para sempre, o seu irreparvel destino.

(Capitulo XIII)

- Meu pai, - disse, esforando-se por ser claro e decidido - venho pedir lhe licena para casar com uma senhora que se chama Maria Monforte. Afonso pousou o livro aberto sobre os joelhos, e numa voz grave e lenta:

- No me tinhas falado disso... Creio que a filha dum assassino, dum negreiro, a quem chamam tambm a negreira...

[]

Pois pode estar certo, meu pai, que hei de casar! Saiu, atirando furiosamente com a porta. No corredor gritou pelo escudeiro, muito alto para que o pai ouvisse, e deu-lhe ordem para levar as suas malas ao hotel da Europa.

(Captulo I)

(Captulo I)

s pelo modo como Carlos falava daquele grande amor, ele sentia-o profundo, absorvente, eterno, e para bem ou para mal tornando-se da por diante, e para sempre, o seu irreparvel destino.

[]

- Ento ests decidido a safar-te com ela?

- A safar-me, no; a ir viver com ela longe daqui, decididssimo!

(Captulo XII)

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