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MURO 06 Contos Cinema Fotografia Música Notícia Poesia

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Webzine sobre a sociedade, cultura, musica, cinema, poemas, prosa, tudo o que gostes e em português webzine about society, culture, music, movies, poems, prose, everything you like, in Portuguese

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MURO06

Contos Cinema Fotografia Música Notícia Poesia

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Murenses: João Diogo, Miguel Simões, Mara Mota, Joana Sousa, Rúben Branco, André Consciência

O Beijo ficcionado ........................................................................................................ 7 Atelier, Filosofia para crianças ...................................................................... 8 EntrEvistA: João Henrique ............................................................10 Quando eu partir ..........................................................12 Portfólio: Ana rita ....................................................................14 tWittMEDULA .....................................................................................18 CinEMA: noite dos Mortos-vivos ..............................................................20Para onde vai a lua durante o dia? .......................................................................25

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editoriALJoana Sousa

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http://oladocultodamarciana.blogspot.com/Isa Silva

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O beijo ficcionadoDe pés descalços, deslizo pela superfície preta do piano.Lentamente, deito-me sobre ele.As costas nuas tocam o frio e eu levanto-as abrindo os lábios num murmúrio da tua lembrança.

Sinto um quente súbito na minha mão dos braços estendidos.Sei que a tua mão puxa por mim e eu deixo-me ir.Toco as teclas brancas e pretas com os dedos dos meus pés enquanto tu tocas notas nas minhas pernasPuxas-me mais e sento-me em ti.Juntos, começamos a tocar.O meu coração segue o som das teclas.Não te oiço.

Oiço a música que desejas que eu oiça.Começo a tocar nas teclas brancas enquanto tu tocas nas pretas e... desafinamos quando te sinto ainda mais.Voltamos à melodia e retomamos o ritmo.As teclas tocam-se num beijo ficcionado...inventado...

dissimulado...fingido...

breve...

Elevamos as mãos quase sem deixar de tocar no teclado e escutamos o piano a respirar.

Preciosos momentos em que nos unimos ainda mais.De repente, os nossos dedos recomeçam a mexer e tocam uma frenética mistura de notas que termina com o silêncio na agonia do arrebatamento do espírito.Beijámo-nos com as mãos num beijo ficcionado.

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A Filosofia para Crianças tem conhecido um caminho de acentuada divulgação nos últi-mos anos, em Portugal. Cada vez mais é comum encontrarmos referências a projec-tos nesta área, a acções de formação ou a oficinas / ateliers para as crianças. Com frequência tento passar aos mais peque-nos que o «segredo» e a «magia» da Filosofia reside na pergunta. «O porquê é uma palavra mágica», que nos abre portas para iniciarmos a caminhada pela pesquisa e investigação.

E se a Filosofia para Crianças defende a pergunta, também ela não pode fugir às perguntas. Uma das perguntas mais frequentes é: mas que garan-tias? Que resultados? O que podemos garantir aos pais que optam por inscrever os filhos em ateliers de Filosofia para Crianças? tratar-se-á de uma moda ou de uma forma dos licenciados em Filosofia trabalharem na sua área? Quem pode, quem se encontra habilitado para levar a cabo oficinas / ateliers com as crianças? Poderá a Filosofia para Crianças constituir-se como uma disciplina? Estas e outras questões merecem reflexão e resposta no seio de uma comunidade de investigação, constituída por quem está no terreno a dar formação e a minis-trar ateliers com as crianças e jovens.

A FpC mantém-se hoje no leque de ofertas res-peitante aos AtL e AEC, bem como em centros de formação ou de actividades pedagógicas.

A grande diferença que consiste numa «aula» de Filosofia para Crianças para todas as outras, é que na primeira o tema da aula poderá ser decidir se o grupo pretende ter a aula, ou não. Começar uma sessão ou atelier questionando as crianças e os jovens pela própria Filosofia e não sobre uma «matéria». revela-se aqui o carácter de meta-ciência no qual a Filosofia está mergulhada. A Filosofia reflecte sobre o que nos rodeia, mas também se questiona a si mesma, mantendo vivo o «poder» da questão e a «magia» do porquê. Uma das maiores curiosidades de quem não conhece a Filosofia para Crianças é saber como é que a sessão acontece. O que se ensina? Há um programa? Os professores fazem planos de sessão?

O que é a Filosofia para Crianças1?O programa surge nos EUA com Matthew Lipman no final dos anos sessenta. Lipman toma consciência de que os seus alunos apresentavam dificuldades manifestas em pensar por si mesmos, ao chegarem à Uni-versidade. O que é possível fazer para tornar os alunos universitários capazes de pensar? Lipman coloca em campo um projecto peda-gógico que visa proporcionar aos alunos, desde cedo, o contacto com uma comuni-dade de investigação na qual os alunos prati-quem competências de pensamento crítico, criativo e cuidativo2. À maneira de sócrates,

1 De ora em diante designaremos Filosofia para Crianças pela sigla FpC.2 Caring thinking, também traduzido por ético.3 Aconselha-se a consulta desta obra, da autoria de Matthew Lipman,

à qual tivemos acesso através da tradução brasileira.

ATELIER FILOSOFIA PARACRIANÇAS

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este programa devia permitir «parir ideias», a partir do diálogo com os outros, no seio de uma comunidade de investigação. O autor de «A filosofia vai à escola»3 cria o programa visando o desenvolvimento das habilidades cognitivas mediante discussões de temas filo-sóficos e visando com tais discussões, a inicia-ção filosófica de crianças e jovens.Em conjunto com Ann Margaret sharp, Lip-man escreve várias narrativas e manuais de apoio aos professores. Os livros contêm narra-tivas que envolvem crianças que vivem situa-ções comuns, transversais aos mais diversos contextos culturais, nas quais qualquer criança se poderá rever.

O que pode a Filosofia acrescentar ao processo educativo?

A Filosofia prepara para o pensar, nas várias disciplinas, o que deduz a importância da sua incorporação no currículo de todos os graus de ensino, tendo uma abordagem cul-tural. Porque não proporcionar às crianças esta «educação para o pensar» desde cedo? Desde os 3 anos de idade?

não falamos aqui de colocar as crianças de 3 e 4 anos perante textos de Kant ou Hume, ou aforismos de Heraclito, de forma crua, e pedir-lhes que pensem sobre isso! Que não se assustem com esta ideia, pois o que se pretende com a Filosofia para Crianças é que os mais pequenos exercitem o seu próprio pensamento, tendo como estímulo uma his-tória (à boa maneira de Lipman), ou simples-mente uma pergunta (como sugere Óscar Brenifier). Para nós, é possível que esse tra-balho de pensamento parta da leitura de um conto infantil, da reflexão sobre uma obra de arte, ou simplesmente da conversa que se inicia com os alunos.Para Lipman, a razão para a educação se encontrar em crise tem a ver com o facto das crianças não compreenderem o que se lhes está a ensinar, faltando-lhes um procedi-mento que permita atingir esse mesmo entendimento, para si mesmas. É isso que a Filosofia lhes oferece. A Filosofia reflecte sobre o que nos rodeia, mas também se questiona a si mesma, man-tendo vivo o «poder» da questão e a «magia» do porquê.

Ateliers de filosofia para crianças na Escola Taekwondo Casal novo – fotografia de Marco A. Pires

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Entrevista

E esse menino chama-se João Miguel Mendes Henrique. Nasceu em Lisboa, no dia 12 de Maio de 1977. Signo Touro com ascendente em Virgem. Frequentou Informática e licen-ciou-se em História. Foi professor de História, formador de informática para crianças, músico, empresário, stand-up comedian com falhas de memória e moço de recados do pai.

Conheci o João através de um encontro do #twittlis (encontros de twitters em Lisboa, nas primeiras quartas feiras do mês) e desde logo quis saber mais sobre a sua vida. É claro que isto é mentira e na verdade faltava material para encher este número da Webzine. Assim sendo, rabisquei uma meia dúzia de perguntas et voilà!

O João é humorista guionista e colaborador das Produções Fictícias desde 2006. Redactor e gestor do projecto online do inimigo Público. «Diz» que é adepto do FC Porto (pode até ser um boato!) mas nunca assaltou nenhuma estação de serviço (o que deixa a humanidade muito mais descansada). Guitarrista solista de Blues há 16 anos, gosta de queijo de Nisa, sushi e abraços, Gostava muito de adormecer a ouvir a avó a contar a história do Touro Azul e chumbou 3 vezes no exame de condução.

Era uma vez um menino que queria ser patrão

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WM: Quando surgiu o gosto pela escrita? Ou melhor, quando sentiste «o chama-mento»?

JH: Depois de ver o filme “Laranja Mecâ-nica” do Kubrick. tinha 16 anos. Comecei a escrevinhar contos, crónicas e romances inacabados.

WM: Quando eras pequenino, o que sonhavas ser quando fosses grande?

JH: Eu não sonhava com nenhuma profis-são em especial. Dizia que queria ser patrão.

WM: E agora que já és grande, sonhas ser pequenino de novo?

JH: nem por isso. Estou ainda a meio cami-nho entre pequenino e grande, espero eu.

WM: Como sentes o humor dos portu-gueses nos últimos tempos?

JH: tem melhorado bastante pelas pio-res razões: Jorge Jesus.

WM: De que forma as plataformas Twit-ter, Facebook e afins têm contribuído para divulgar o teu trabalho?

JH: O Twitter e o Facebook criaram-me um “posto de trabalho”. O inimigo Público ia lan-

çar o site e entrar nas redes sociais para divul-gar a edição em papel. Eu já estava integrado no esquema e fui recrutado para fazer esse trabalho.

WM: no âmbito da escrita humorística, consideras que as redes sociais revelam anónimos com talento?

JH: As redes sociais são uma boa fer-ramenta de divulgação como já eram e são os blogues. As redes sociais colocam o teclado no palco como se fosse um microfone num espectáculo de stand-up. isso pode ser giro, excitante e ser uma óptima experiência para aprender e evo-luir. Havendo talento, este nunca será ignorado. Excepto se a pessoa apenas tiver perfil no Google Buzz.

WM: se eu te autografasse o braço, «lavas-se-li-o»?

JH: nunca Mais!

Estão convidados a visitar o blog http://biscoitointerrompido.blogspot.com/ e a «fazer follow» http://twitter.com/joaomhenrique

Joana sousa (Webzine Muro)

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Quandoeu partir

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Quando eu partir vou levar a velha garrafa numa mão, um pedaço de algodão no bolso, o tabaco de enrolar numa mala, e o viagra dentro de uma meia.

no meu caminho de partida partilharei a garrafa com o bêbado desgraçado que de fará sentir mal com a vida, afastar me do meu caminho, seguir uma outra rota.

O algodão será para não me esquecer dos meus dias de felici-dade, e entrega-lo a um jovem casal, esperando que possam ser tão felizes como eu fui, até ao meu derradeiro dia de partida.

O tabaco de enrolar, é apenas para tentar não cair na tentação destes estúpidos químicos cigarros de hoje em dia, mas que-rendo mesmo acabar por ali, injectar-me de estupidez, vamos lá a um maço de cigarrets lights aqueles fininhos, pouca nico-tina, muito químico, para terminar com um cancro alastrado.

O viagra será para o pobre do ninfomaníaco que já auto-frus-trado de compensar o sexo por toda falta de diálogo e aten-ção que não teve, assim, porei fim a sua dor, morrerá de ata-que cardíaco, o pobre homem. Que parta em paz.

Quando eu partir, levo comigo o orgasmo da minha vida. não apertado entre as coxas. nem sequer nada sexual. O orgasmo de viver, cada detalhe como se fosse o último. Porra que a vida é lixada, mas tenho pena minha cara amiga. Eu, sou mais. Der-rubaste-me inúmeras vezes. enxovalhaste-me, entregaste-me ao vento, muitas vezes forte, que me torturou e deixou cicatri-zes eternas. Mas eu apenas combati de volta, You see, you are evil, but I’m Devil.

Quando eu partir, levo um fardo e pêras. Levo todas as consequências dos meus actos insanos. Porque não percebem comuns dos mortais. não entendem, algo tão simples ou complexo como a minha partida. Quando eu partir, deixarei o caos. A desordem, e a tristeza.

não me culpem, não me odeiem, não me martirizem.

são apenas cegos mas mais a frente a visão há de voltar, apenas do grande Caos, verão a luz.

Tex

to: T

omeo

Hid

eyos

hi

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PortefólioPortfólioPortfólioPortfólio

PortfólioPortfólioPortfólioPortfólio

Pintura a acrílico

Ana Costahttp://rythagallery.blogspot.com/

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Pintura a óleo: Recriação de obra de Rembrandt

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Portfólio

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Pintura a aguarela

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Desenho a grafite

Desenho a grafite

Desenho a grafite

Desenho a grafite

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#twittmEdula: utilizar O twittEr para as Causas nObrEs

O twitter é uma plataforma de comunicação que, cada vez mais, se torna parte das nossas vidas. É uma rede social onde a hierarquia é esmagada pela vontade de partilhar conhecimentos, ideias, de estabelecer contactos e de passar um bom bocado, cultivando a boa disposição.Ora se o twitter consegue mobilizar as pessoas para um encontro informal para beber café e conhecer o rosto atrás do avatar… porque não utilizar o twitter para sensibilizar os utilizadores para o registo na base de dados de potenciais dadores de medula óssea?E assim foi! A ideia surgiu de pessoas como a @inesribeiro e a @paulapico, tendo-se juntado a elas o @nunosarandes, no sentido de divulgar massivamente o evento. Escolhida a data e o local (em Lisboa, Pulido valente), bastou passar a mensagem, esclarecer possíveis dúvidas (quais as condições para ser dador, por exº) e o primeiro #twittmedula em Julho de 2009.A partir daí, a família #twittmedula abraçou a causa e no dia 03 de Março de 2010 teve lugar o iv evento deste tipo. salientamos o especial de natal, no dia 23 de Dezembro, que juntou twitters em Lisboa e no Porto! E o fantástico de tudo isto, é que os twitters «arrastam» não-twitters e a família ultrapassa a teia da rede social. O twittmedula também foi notícia na tsF, que divulgou o evento. E a timeline já conhece o espírito desta família e são inúmeras as pessoas que colaboram fazendo rt dos eventos e divulgando noutras redes sociais (como o Facebook, por exº.).reconhecemos a capacidade rápida com que a mensagem passa no twitter ou no Facebook e utilizamos esta «vantagem» para passar uma mensagem simples, mas muito importante: quantos mais potenciais dadores de medula óssea constarem nas bases de dados, mais probabilidades existem de quem está doente encontrar um dador compatível. E o registo não custa nada! Basta uma picada et voilà!

Para seguir o movimento #twittmedula basta estar atento à timeline da @twitt_tribuh e ao blog http://twitt-tribuh.blogspot.com/

A «purzidenta» da triBUH é a @joanarssousa e os seus assessores «meduleiros» são a @paulapico e o @rickbatista. sim, se têm twitter devem seguir esta boa gente, que um dia decidiu que mudar o mundo era possível!

Condições para ser dador de medula óssea:- ter entre 18 e 45 anos- mais de 50 kgs- nunca ter levado uma transfusão sanguínea(outros casos de doença mais específicos deverão ser avaliados pelo CEDACE)

informações adicionaisCEDACE (Centro de Histocompatibilidade do sul)- http://www.chsul.pt/web/

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Em 1968 George A. romero realizou o filme que ficaria para sempre na história do cinema como o pioneiro do género “zom-bies”, e levaria romero a ser considerado um génio. Há que realçar que “A noite dos Mortos vivos” é o primeiro de uma triolo-gia, que, sem dúvida, influenciou por com-pleto todos os filmes subsquentes.

É um clássico que aterroriza os fãs de ter-ror há mais de 40 anos (A imagem de George A. romero com apenas 28 anos não se forma na minha cabeça...

Parece que romero sempre teve a mesma aparência!) e é o exemplo perfeito de que um filme pode ser um clássico, apenas com um simples argumento e sendo low-budget. É um filme que nos prende de início até ao fim (e o final é sim-plesmente indescritível).

É claro que os longos anos passados, e o facto de termos hoje em dia diversos filmes de zombies em que o gore e sangue são as principais características, retiraram ao filme algum do seu impacto, mas se formos a contextualizar este filme, sem dúvida que revolucionou o cinema, sendo assim obri-gatório para os fãs do género. na altura o

filme foi banido em alguns países, foi bas-tante controverso devido ao seu conteúdo explícito. Provocou horrores nos cinemas, isto porque na época, o cinema era visto de outra maneira, havia uma maior ligação entre o herói e os espectadores, e se o herói morresse, era uma verdadeira tragédia para os espectadores.

O filme começa com Johnny (russell streiner) e Barbara (Judith O’Dea) a visita-rem o túmulo do seu pai, sendo derepente

Noite dos

mortos-vivos

Cinema

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atacados por um morto-vivo. Barbara mal consegue escapar, mas corre com as suas máximas forças até uma casa, onde é salva por Ben (Duane Jones). no entanto, enquanto Ben encontra-se muito estável, Barbara encontra-se completamente em choque, perdendo a sua racionalidade. Ambos deparam-se com uma família e um jovem casal na cave. O grupo fica, assim, escondido na casa à espera de salvação, mas não será muito dificil para os zombies encontrarem maneira de entrarem dentro da casa. Para além das preocupações com o exterior, o grupo também começa a lidar com diferenças internas, e o verdadeiro teste começa, isto é, será que conseguem sobreviver se não resolverem os proble-mas entre si?

A vertente humana do filme está muito bem conseguida, isto porque o problema

da humanidade acaba por ser o principal problema. George A. romero não se cansa de utilizar os seus filmes para fazer as suas críticas sociais, já que são vistas igualmente em filmes posteriores. Como já referi, ape-sar da simplicidade do argumento, não deixa de ter uma história intrigante que nos propõe momentos de alta tensão.

Os efeitos especiais do filme, agora com-pletamente ultrapassados, na altura foram um verdadeiro choque. na minha opinião, o filme está verdadeiramente realista e assustador tento em conta a época em que foi feito.

Para além disso, os actores estão muito bem. Duane Jones apresenta-se firme como Ben, e na altura foi bastante controverso, pois foi a primeira vez que um actor afro-americano interpretava o papel principal

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num filme de terror. Devo dizer que fê-lo de uma maneira excepcional e credível. talvez o único senão relativamente aos actores é mesmo a actriz principal, a Judith O’Dea. não me cativou muito, nem penso que tenha interpretado o seu papel de maneira sensata. Ou secalhar o problema foi mesmo do argumento do filme, que tratou as mulhe-res um bocado mal, isto porque todas elas são completamente indefesas. isto, aliás, levou a um protesto das críticas feministas.

É complicado adorar-se este filme hoje em dia, quando muitos estão habitados a certo

tipo de terror. Mas há que não esquecer o que torna este filme espectacular: é o facto de não depender de litros de sangue e ter uma histó-ria bastante sólida que o fazem 5 estrelas. O que torna “night Of the Living Dead” assusta-dor, é a música ambiente, os planos de câmara e luz, e principalmente o grupo de actores que torna tão credível a história de um grupo de pessoas a lutar pela sobrevivência e ver o seu mundo a ser atacado por zombies.

“night of the Living Dead” é a verda-deira obra-prima de George A. romero, e não há nenhum filme que o iguale, mesmo que esteja melhor em termos de efeitos

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especiais. Um clássico será sempre um clássico, e esse é um estatuto que nin-guém pode retirar a este filme.

EXamE

realização: 9/10actores: 8/10argumento/Enredo: 8/10duração/Conteúdo: 7/10transmissão da ideia principaldo filme para o espectador: 8/10média Global: 8/10Crítica feita por: sara Queiroz

inFOrmaçãO

título em português: A noite dos Mortos vivostítulo Original: night of the Living Deadano: 1968realização: George A.romeroactores: Judith O’Dea, Duane Jones

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Para onde vai a Lua

durante o dia?

Questionei, pensei e tinha de descobrir.

Um dia, decidi segui-la.

A Lua não me viu e sentou-se solitária junto a um canto, bem perto da janela e...

... chorou.

Não queria crer no que via. Porque ficou assim, daquele modo?

‘Porquê?’, não parava de perguntar.

Deixei-me ficar escondida e, então, percebi.

A Lua, tinha saudades da sua Noite.

Para si, nada mais importava a não ser a noite.

Era à noite que se sentia útil e desejada.

Era à noite que se sentia parte de um universo, complexo sim, mas dependente das

pequenas individualidades de cada peça viva.

À noite, ficava rodeada de estrelas, cometas, galáxias, suspiros e desejos.

Queria a sua Noite para ajudar a encantar, a seduzir, a reconfortar e a amar.

O que seria dos enamorados sem a sua paixão?

O que seria dos solitários sem a sua luz?

O que seria dos sonhadores sem a sua inspiração?

A Lua necessita receber as juras, as promessas, os desejos... os sonhos, os lamentos.

Durante o dia, a sua magia perde-se para o potente e ditador Sol.

Durante o dia, lamenta a perda da escuridão que lhe dá alento e energia.

Durante o dia, chora o desaparecimento do brilho e do fascínio do Céu nocturno.

Eu não supunha que a Lua fosse assim tão emocional.

Mas agora percebo porque olhamos para ela.

Cada cratera é um coração partido.

Cada grão de areia é um beijo perdido.

Cada silhueta no céu é uma letra de palavras marcantes: D e C.

Cada aparição sua é uma saudação.

Assim, com todo o peso das nossas emoções mais profundas, como pode a Lua

aguentar ficar ausente da Noite durante tantas horas?

Agora percebo porque a Lua tem um lado oculto.

É onde guarda a sua reserva da Noite para aguentar o Dia.

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