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1 AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DO PIRARUCU (Arapaima gigas) SALGADO SECO SERVIDO NA MERENDA ESCOLAR DO ESTADO DO AMAZONAS. Sabrina Miyuki Kimura Ishii¹*; Antônio José Inhamuns² 1 [email protected] . Acadêmica de Engenharia de Pesca/ UFAM. ² [email protected] Docente do curso de engenharia de Pesca Departamento de Ciências Pesqueira, Laboratório de Tecnologia do Pescado (TECPESCA/UFAM). RESUMO O pirarucu (Arapaimas gigas) é a espécie mais comercializada no Amazonas, tradicionalmente como pescado salgado seco. Motivo atribuído ao seu grande porte, sendo o maior peixe de água doce do mundo, e ao sabor de sua carne, comumente apreciada na região. A carne do peixe possui alto valor nutritivo, e quando associada a outros alimentos igualmente ricos em micronutrientes minerais, ácidos graxos essenciais e proteínas, proporciona uma alimentação saudável. Porém o pescado se deteriora rapidamente, o que torna susceptível a agentes biológicos que podem ser prejudiciais à saúde humana. A salga e a secagem da carne, são um dos métodos mais comuns e antigos utilizados na conservação do pescado, porém o pirarucu salgado seco é um produto produzido sem qualquer fiscalização sanitária, o que pode contribuir ao comprometimento da saúde do consumidor. Muitas escolas de ensino público do Amazonas aderiram o peixe ao cardápio da merenda servidos aos alunos. Com isso, este estudo teve como finalidade fazer uma análise nutricional de amostras de pirarucu salgado e seco, coletados nas escolas públicas no momento da entrega pelos fornecedores, e identificar os agentes microbiológicos de acordo com a Instrução Normativa Nº 62 do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, além de avaliar os aspectos físico- químicos de composição. Foram coletadas três amostras, e os resultados do teor de umidade esteve acima do máximo recomendado e o teor de cinza dentro dos limites permitidos. As análises de NaCl, mostraram um teor de sal acima de 10%, atendendo ao estabelecido pela legislação brasileira. Os estudos microbiológicos também apontaram boa qualidade higiênica do produto, exceto para uma amostra que apresentou contaminação por Salmonella spp., portanto que a mesma não se encontrava propícia para o consumo da população estudantil em escolas da Rede Pública Estadual de Ensino do Amazonas.

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AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DO PIRARUCU (Arapaima gigas) SALGADO SECO

SERVIDO NA MERENDA ESCOLAR DO ESTADO DO AMAZONAS.

Sabrina Miyuki Kimura Ishii¹*; Antônio José Inhamuns²

[email protected]. Acadêmica de Engenharia de Pesca/ UFAM. ² [email protected] Docente do curso de engenharia de Pesca Departamento de Ciências Pesqueira, Laboratório de Tecnologia do Pescado (TECPESCA/UFAM).

RESUMO

O pirarucu (Arapaimas gigas) é a espécie mais comercializada no Amazonas, tradicionalmente como pescado salgado seco. Motivo atribuído ao seu grande porte, sendo o maior peixe de água doce do mundo, e ao sabor de sua carne, comumente apreciada na região. A carne do peixe possui alto valor nutritivo, e quando associada a outros alimentos igualmente ricos em micronutrientes minerais, ácidos graxos essenciais e proteínas, proporciona uma alimentação saudável. Porém o pescado se deteriora rapidamente, o que torna susceptível a agentes biológicos que podem ser prejudiciais à saúde humana. A salga e a secagem da carne, são um dos métodos mais comuns e antigos utilizados na conservação do pescado, porém o pirarucu salgado seco é um produto produzido sem qualquer fiscalização sanitária, o que pode contribuir ao comprometimento da saúde do consumidor. Muitas escolas de ensino público do Amazonas aderiram o peixe ao cardápio da merenda servidos aos alunos. Com isso, este estudo teve como finalidade fazer uma análise nutricional de amostras de pirarucu salgado e seco, coletados nas escolas públicas no momento da entrega pelos fornecedores, e identificar os agentes microbiológicos de acordo com a Instrução Normativa Nº 62 do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, além de avaliar os aspectos físico-químicos de composição. Foram coletadas três amostras, e os resultados do teor de umidade esteve acima do máximo recomendado e o teor de cinza dentro dos limites permitidos. As análises de NaCl, mostraram um teor de sal acima de 10%, atendendo ao estabelecido pela legislação brasileira. Os estudos microbiológicos também apontaram boa qualidade higiênica do produto, exceto para uma amostra que apresentou contaminação por Salmonella spp., portanto que a mesma não se encontrava propícia para o consumo da população estudantil em escolas da Rede Pública Estadual de Ensino do Amazonas.

Palavras-chave: segurança alimentar, pescado de água doce, pirarucu salgado-seco.

ABSTRAT

Pirarucu (Arapaimas gigas) is the most traded species in the Amazon, traditionally as dry salted fish. Reason attributed to its large size, being the largest freshwater fish in the world and the taste of its meat, commonly appreciated in the region. Fish meat has high nutritional value and when combined with other foods equally rich in mineral micronutrients, fatty acids and essential proteins, provides a healthy diet. However, the fish deteriorates rapidly, which makes them susceptible to biological agents that can be harmful to human health. Salting and drying meat are one of the most common and ancient methods used for fish conservation, but dry salted pirarucu is a product produced without sanitary inspection, which can contribute to consumer health. Many public schools in the Amazon joined the fish for the lunch menu served to students. The objective of this study was to perform a nutritional analysis of samples of salted and dried pirarucu collected in public schools at the time of delivery by the suppliers and to identify the microbiological agents according to Normative Instruction 62 of the brazilian Ministry of Agriculture, Livestock and Supply, to evaluate the physico-chemical aspects of the composition. Three samples were collected and the results of the moisture content were above the recommended maximum and the ash content within the allowed limits. The NaCl analysis showed a salt content above 10%, in accordance with brazilian legislation. Microbiological studies also indicated a good hygienic quality of the product, with the exception of a sample that showed contamination by Salmonella spp. Therefore, it was not suitable for the consumption of the student population in the schools of the Public Education School of Amazonas..

Key words: food security, freshwater fish, salty-dried pirarucu.

1- INTRODUÇÃO

O pirarucu (Arapaima gigas) é o maior peixe de água doce do mundo e o único representante da família Arapaimidae no Brasil. Por ter uma carne bastante saborosa, este peixe vem sendo extremamente pescado e já se encontra em vias de extinção (MOUCHREK, 2002). Tanto Solar (1949) e Imbiriba et al. (1985) ressaltam a sua importância econômica e seu alto valor devido ao grande porte e ao excelente sabor de sua carne.

Produtos da pesca têm sido obtidos por anos, desta espécie fresca através de uma ampla variedade de processos tecnológicos, que incluem refrigeração, aquecimento, secagem e salgamento (MEDINA et al., 2009).

A conservação pelo sal e a secagem, foi e ainda é um dos métodos mais antigos utilizados na conservação. Sendo a secagem um método da natureza copiado e aperfeiçoado pelo homem, podendo se enquadrar em processamento de secagem natural ou artificial (GAVA, 1977).

A salga é baseada no princípio da desidratação osmótica. Quando utilizada de forma úmida aumenta o tempo de conservação do pescado, bloqueando a ação enzimática e das bactérias, reduzindo o desenvolvimento de microrganismos aeróbios, pelo fato de diminuir a solubilidade do oxigênio na salmoura ou desinfecção direta do produto com íons Cl- (OGAWA e MAIA, 1999).

A higiene durante o processo da salga é de grande importância para se obter um produto de boa qualidade. Um dos aspectos que torna o produto salgado-seco de baixa qualidade é a condição do sal utilizado sem o menor critério de sanidade, pois o sal contaminado pode conter bactérias halófílas apresentando características como coloração vermelha, odor desagradável e limosidade no produto (SILVA, 2005).

O pirarucu salgado seco é um produto produzido na Amazônia sem nenhum critério tecnológico, higiênico e sanitário, interferindo assim na sua qualidade final, principalmente no que se refere à contaminação microbiológica e aos aspectos físico-químicos, comprometendo a produção de alimento seguro. Poucos estudos foram realizados sobre a qualidade desse produto regional, tanto do ponto de vista microbiológico, quanto físico-químico (NUNES, 2011).

ROSA et al. realizaram em 2008 um trabalho que visava avaliar as práticas referentes à aquisição, higienização com análises microbiológicas, conservação e preparo dos alimentos, por parte das escolas da cidade de Natal – RN, e ainda, fornecer dados para que a parti daí se pudesse formular propostas de melhoria do processamento de alimentos, contribuindo para a saúde da população estudantil assistida na rede pública de ensino do município.

Portanto a análise e a identificação de agentes microbiológicos são uma importante etapa no processo de aquisição destes produtos para o consumo da população estudantil bem como poderá contribuir de forma eficaz para a melhoria e o aumento da segurança alimentar dos estudantes da Rede Pública de Ensino do Estado do Amazonas.

2- MATERIAL E MÉTODOS

2.1 – Local de coleta

Foram coletadas três amostras nas escolas públicas selecionadas por coordenadorias de ensino, da Secretaria Estadual de Educação, do Estado do Amazonas, no momento da entrega pelos fornecedores. As amostras após serem coletadas, foram direcionadas ao laboratório e devidamente armazenadas e refrigeradas, onde se deram início às análises.

2.2 – Análise da composição centesimal

As análises físico-químicas foram realizadas tendo como base os métodos propostos por A.O.A.C. (1995) e Instituto Adolfo Lutz (SÃO PAULO, 2008):

2.2.1 Proteína – Realizada pelo método micro-KJEDHAL, usando fator de conversão de 6,25.

2.2.2 Umidade – Determinada pelo método gravimétrico, através de perda de massa do material aquecido à 105ºC em estufa, até peso constante.

2.2.3 Lipídios – Foi realizado à quente pelo método de Soxhlet, usando hexano como solvente.

2.2.4 Cinza (Resíduo Mineral Fixo) – Determinada sobre 2 g da amostra por incineração em mufla à 550º C.

2.2.5 Carboidratos – Foi estimado somando-se os valores de umidade, cinzas, lipídios, e proteína e subtraindo-se o somatório de 100.

2.3 - Determinação de cloretos

O teor de cloreto foi determinado em 5 gramas da amostra incinerada, titulada com solução de nitrato de prata 0,1 N (SÃO PAULO, 2008).

2.4 – Análises microbiológicas

As análises foram realizadas para identificação de contagens de coliformes totais, coliformes termotolerantes, Staphylococcus coagulase positiva, e presença/ausência de Escherichia coli e Salmonella spp. em 25g de alimento, conforme as recomendações da Instrução Normativa Nº 62 do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (BRASIL, 2003). Os resultados foram analisados em função das normas preconizadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA (BRASIL, 2001).

2.5 – Análise dos dados

Sendo esta uma pesquisa de avaliação de um produto já processado e amplamente distribuído no comércio varejista do Estado do Amazonas, foi utilizada estatística descritiva para expressão dos dados.

3- RESULTADOS E DISCUSSÃO

A composição centesimal do pirarucu salgado seco na primeira coleta apresentou médias percentuais (desvio padrão) de umidade, cinzas, lipídios e proteínas e carboidratos estão apresentados na Tabela 1.

Resultados de umidade e cinzas foram próximos aos encontrados no trabalho descrito por Nunes (2012) com análises feitas com pirarucu salgado seco comercializados em mercados varejistas com valores de 45,29 % de umidade, 16,39 % de cinzas. E também próximos aos valores de umidade e cinzas encontrados por Nunes (2011) em pirarucu salgado seco comercializado em Belém de 46,99% e 18,82%, sendo que o mesmo estudo justifica a divergência do teor de umidade e cinzas ao processo artesanal de salga realizado no pirarucu, o que resulta em produtos sem qualidade.

Tabela 1. Análise da composição centesimal das amostras de pirarucu salgado seco servido na merenda escolar.

Fração

Composição centesimal (%)

AM1

AM2

AM3

Umidade

48,82 ± 0,23

45,85 ± 0,36

53,32 ± 0,51

Cinza

20,29 ± 0,17

16,91 ± 0,51

18,06 ± 0,43

Lipídios

5,60 ±1,07

12,50 ± 0,39

1,05 ± 0,47

Proteína

16,64 ± 0,49

13,90 ± 0,13

15,52 ± 0,27

Carboidratos

8,65 ± 1,07

10,82 ± 0,86

12,04 ± 1,13

AM1 (Amostra 1); AM2 (Amostra 2); AM3 (Amostra 3). Os valores constituem-se em média de três repetições ± desvio padrão.

Os teores de umidades encontrados foram superiores a 45%, que é o valor estabelecido oficialmente pela Legislação (BRASIL, 2000), mas inferiores ao valor máximo de 25% permitido ao teor de cinza, em produto salgado seco de pescado (BRASIL, 1997). Tais resultados sugerem que o teor de sal utilizado no processo de salga foi inferior ao recomendado pela literatura que gira em torno de 30% em relação ao peso do lote (SANCHEZ, 1973; OGAWA e MAIA, 1999)

Pode-se observar uma diferença nos resultados obtidos na análise de lipídios entre as amostras. Tais diferenças podem ser explicadas pela diferença na composição química nas diferentes regiões musculares do pescado (CONTRERAZ-GUZMAN, 1994), sendo que o teor de gordura pode variar ao longo das regiões do corpo do pescado, como cauda, lombo e ventre. O estudo feito por Reis (2015), avaliou a composição centesimal do filé in natura de pirarucu, sendo que obteve o menor valore de 1,99% para o filé do lombo do pescado, por sua vez, os cortes de ventre apresentaram maior concentração de até 4,13%.

Oliveira (2006), também ressaltou que o pirarucu de cativeiro apresentou uma grande variabilidade quanto ao teor de lipídios determinada entre a porção dorsal e a porção abdominal do filé. Seus estudos constataram que a porção abdominal apresentou maior quantidade de lipídios (2,49%) em relação à porção dorsal (0,62%).

De acordo com os resultados, o teor de proteína no pescado de pirarucu salgado seco nos estudos de Santos (1997) variou de 21,08 a 25,73%, e no estudo de Dias (1983) alcançou até 36,5%. Comparando com os resultados obtidos nesse estudo pode-se observar uma divergência nos valores, onde os obtidos foram inferiores ao encontrados na literatura.

Os valores de NaCl obtidos (Tabela 2), comparados aos resultados de Nunes nos estudos de 2011 e 2012 que analisou pirarucu salgado seco, obteve, respectivamente, um teor de 24,63% e 28,62%. Quando comparados, os valores obtidos nesse estudo foram inferiores aos dados apresentados na literatura. Porém comparando o estudo com as análises de cloreto em bacalhau de mercados varejistas no Rio de Janeiro (MÁRCICO et al., 2009), que variou de 14,67% a 25,53%, observou-se que os teores de cloreto encontrados se enquadram na média.

Tabela 2. Análise de cloreto das amostras de pirarucu salgado seco servido na merenda escolar.

Análise

AM1

AM2

AM3

Cloreto (%)

17,72 ± 0,19

19,77 ± 0,22

20,60± 2,03

1(17,54 – 17,92)

(20,021 – 19,62)

(22,14 – 18,30)

AM1 (Amostra 1); AM2 (Amostra 2); AM3 (Amostra 3). Os valores constituem-se em média de três repetições ± desvio padrão.1Valores máximo e mínimo.

E ainda, as análises de NaCl realizadas por Santos (1997), apresentaram valores de 19,40%, sendo que há semelhança ao da encontrada na AM2. Todos os valores estão condizentes ao estabelecido pelo regulamento de inspeção industrial e sanitária de produtos de origem animal (DIPOA), que preconiza o teor mínimo em 10% (BRASIL, 2000). Nunes (2012) ressalta ainda que a diferença do teor de cloretos nos diferentes estudos, pode ser devido à variedade de concentração de sal utilizada e ainda nos diferentes períodos em que o processo de salga foi realizado.

A Tabela 3 mostra os resultados das análises microbiológicas no pirarucu salgado seco. Podemos observar resultados satisfatórios, apenas havendo presença de Salmonella spp. nas análises realizas com a AM2 (Figura 1), porém nas demais amostras, Salmonella spp., Staphylococcus coagulase, Coliformes totais, Coliformes termotolerantes e Escherichia coli se mostraram ausentes (Figura 2).

Tabela 3. Análise de cloreto das amostras de pirarucu salgado seco servido na merenda escolar.

Análises

AM1

AM2

AM3

Coliformes totais

negativo

negativo

negativo

Coliformes termotolerantes

negativo

negativo

negativo

Staphylococcus coagulase positiva

negativo

negativo

negativo

Salmonella spp.

ausência

presença

ausência

Escherichia coli

ausência

ausência

ausência

AM1 (Amostra 1); AM2 (Amostra 2); AM3 (Amostra 3).

A presença de Salmonella spp. caracteriza um problema de saúde pública, considerando que é o único microrganismo que não pode estar presente em pescado e produtos de pescado (BRASIL, 2001). Nunes et al. (2012) encontraram Salmonella spp. em amostras comerciais de pirarucu salgado seco, e em camarão salgado seco (NUNES et al., 2013), o que demonstra que, em pescado salgado, o desenvolvimento deste agente bacteriano é plenamente possível, mas não recomendável ao consumo humano.

((A)) ((B)) (Figura 1. (A) Teste confirmativo para Salmonella spp., com ausência para amostras AM1 e AM3, respectivamente; (B) coloração típica da presença de Salmonella spp. para a amostra AM2.)

((A)) ((B))

(Figura 2. (A) Teste de coagulase para Staphylococcu aureus. (B) imagem mostrando que não houve coagulação.)

A ausência de Salmonella spp. e Staphylococcus coagulase nas amostras foi observada também nos estudos feitos por Maciel (2012), que realizou análises microbiológicas em pirarucu submetido à desidratação osmótica. Ressalta que os resultados indicam condições higiênico-sanitárias adequadas e satisfatórias, desde a captura do pescado até o seu transporte ao laboratório.

Segundo Silva (2015), as análises físico-químicas e microbiológicas estando dentro dos limites estabelecidos, comprova que o processo de salga do pescado foi desenvolvido de forma eficiente, o que podemos observar pelos resultados apresentados nesse estudo, relacionando-os com o teor de cloreto que se apresentaram acima do teor estabelecido pelo regulamento brasileiro. Entretanto a secagem não foi eficiente, pois a umidade ficou acima do limite estabelecido.

A contaminação por Salmonella spp. em uma das amostras e o elevado teor de umidade das amostras, pode caracterizar estocagem inadequada do pirarucu salgado seco, que na região norte é comum ser mantido fora da refrigeração e exposto sem nenhuma embalagem de proteção.

4- CONCLUSÃO

O teor de lipídios foi elevado em algumas amostras de pirarucu salgado seco, devido principalmente ao tipo de corte em diferentes regiões do corpo que o pescado foi submetido.Os teores de cloretos se mostraram acima de 10%, atendendo a legislação vigente. As análises microbiológicas se mostraram bastante satisfatórias, apresentando apenas inconformidade em uma amostra contaminada por Salmonella spp.

5- AGRADECIMENTOS

Ao término deste trabalho, agradeço aos meus familiares e amigos, por todo o apoio e ajuda durante o desenvolvimento do mesmo.

Agradecer ao CNPq a oportunidade que a mim foi dada para a realização das pesquisas e inserção neste meio.

Ao Prof. Dr. Antonio José Inhamuns, pela dedicação e pela orientação na realização deste trabalho.

6- REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

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