Viva o Povo Brasileiro. Ser brasileiro, eis a questão! O Papel do Romantismo: Desejo de afirmação...

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Viva o Povo

Brasileiro

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Viva o Povo BrasileiroViva o Povo Brasileiro

Ser brasileiro, eis a questão!

O Papel do Romantismo:

Desejo de afirmação nacionalista.

• Grandeza territorial.

• Opulência da natureza.

Valorização das nossas particularidades.

• O índio dotado de bondade natural.

Uma identidade falsa: preservam-se os valores europeus com os quais o índio está em íntima comunhão.

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Ser brasileiro, eis a questão!

Contribuição do Modernismo:

Grupos

Pau

Brasil Verde

Amarelo

Denúncia da alienação.

Antropofágic

o

Revisão crítica do passado.

Reconstrução da cultura pela aglutinação do passado com o presente.

Desmistificação da história.

Proposta de uma visão sincrética (Antropofagia).

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Ser brasileiro, eis a questão!

A Proposta de João Ubaldo

A formação da nação, da brasilidade se deu de maneira dual, antitética: “O povo brasileiro não é uno; pelo contrário, é plural e só pode ser universalizado no que se refere à categoria de opressão.”Conceito: O povo brasileiro é uma irmandade(um jeito de andar, de falar, a liberdade, a igualdade)

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Viva o Povo: Classificação Literária

Trata-se de um romance:

• Dialógico

• Irônico

• Panfletário

• Fantástico - realista

Conclusão:

O livro é uma revisão sistemática de todos os discursos de autoridade que excluem a cultura das classes populares e uma conseqüente reordenação deste universo a partir da ótica dos excluídos.

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A palavra povo: polissemiaA palavra povo: polissemia

EliteElite:: aglomeração de aglomeração de gente, multidão, gente, multidão, plebe, ralé, plebe, ralé, massa rude de massa rude de iletrados, iletrados, mestiços, negros, mestiços, negros, pessoas que pessoas que pertencem às pertencem às camadas menos camadas menos favorecidas da favorecidas da sociedadesociedade

DesfavorecidosDesfavorecidos:: cconjunto de

indivíduos que falam a mesma língua, têm costumes e hábitos idênticos, afinidade de interesses, uma história e tradição comuns.

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Chaves interpretativas do romance:

A conjunção contudo: João Ubaldo Ribeiro oferece ao leitor um segundo Brasil

A epígrafe: “Não existem fatos, só existem histórias”

O pensamento do cego Faustino:

“A história não é só essa que está nos livros, até porque muitos mentem.(...) A história dos livros é tão inventada quanto a dos jornais.(...) Poucos livros devem se confiados, assim como as pessoas, é a mesma coisa(...) A história é feita por papéis e neles só se bota o que interessa.”

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Viva o Povo: Composição

O Romance é composto de duas linhas: a que encarna a mentalidade das elites dominantes, e a que envolve uma grande massa de oprimidos.

ElitePerilo Ambrósio

Amleto

Descendentes

PovoAlferes José Francisco

Caboco Capiroba

Maria da Fé

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Como o autor se posiciona

O autor interfere pouco: o universo ideológico se manifesta pela voz e pelo discurso das personagens.

Em Relação à Elite:

A linguagem se vincula às condições sociais econômicas e culturais, e funciona como instrumento de dominação.

Ironiza o discurso esnobe em que esta elite inferioriza o povo brasileiro.

O discurso autoritário é demolido pelo imprevisto, pela invenção, pela novidade.

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Como o autor se posiciona

O autor participa mais da narrativa.

Em Relação à Massa dos Oprimidos:

Acompanha a trajetória das personagens, que têm em comum os traços da negritude e os efeitos do regime escravista.

Narram-se vidas, experiências, aprendizagens e transformações.

Firmam-se o desejo de conscientização e a ação libertadora, uma vontade construtiva e corretiva.

Estão presentes as questões econômicas, a luta de classe.

A alma brasileira começa a definir-se através de um processo traumático, via encarnações.

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Aspectos do Enredo

O romance abre com a rápida história do jovem pescador José Francisco Brandão Galvão, tornado alferes pelo povo da ponta das baleias.

Morre durante a invasão portuguesa à Ilha de Itaparica – 10 de junho de 1822.

Seu perfil se dinamiza no tempo, conforme a carência de mitos do povo.

O imaginário popular o faz herói da independência.

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Aspectos do Enredo

A carência de herói

Pois, se depois da metralha portuguesa não havia ali mais que as aves marinhas, o oceano e a indiferença dos acontecimentos naturais, havia o suficiente para que se gravassem para todo o sempre na consciência dos homens as palavras que ele agora pronuncia, embora daqui não se ouçam, nem de mais perto, nem se vejam seus lábios movendo-se, nem se enxergue em seu rosto mais que a expressão perplexa de quem morre sem saber.

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Aspectos do Enredo

A Antropofagia

O Caboclo Capiroba – Comia portugueses e passou a comer holandeses.Significados:

• Resistência ao processo de aculturação.

• Repúdio ao colonizador, aos valores transplantados.

• O objeto da catequese vira sujeito da ação: é a história vista pelo lado silenciado.

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Aspectos do Enredo

O Falso Herói

Perilo Ambrósio – Barão de Pirapuana

Ação: Forja uma situação de heroísmo, matando o escravo Inocêncio, sujando-se no seu sangue, para simular ter lutado contra os portugueses. Corta a língua do escravo Feliciano para silenciá-lo.Perfil: Gula, sadismo, violência, abjeção.

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Aspectos do Enredo

Perilo Ambrósio: caricatura do antipovo brasileiro.Enriquece com a caça da baleia, plantações e escravos.

Masturba-se na janela da casa, enquanto a esposa dorme.

Violenta a negra Vevé, e desse estupro nasce Maria da Fé.

Será assassinado pelos próprios escravos.

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Aspectos do Enredo

Perilo Ambrósio: Valores, Mentalidade...

Mas não há de ser nada – acrescentou com um riso obsceno, passando a mão gorda e peluda pelo traseiro de Feliciano -, pois destes cus da tua família ainda não tive cá o meu quinhão completo, e chegará o dia em que te chamarei ao meu quarto para que te ponhas de quatro pés e te enfie toda esta chibata pelo vaso de trás, que nisto hás de ser bom.

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Aspectos do Enredo

Perilo Ambrósio: Valores, Mentalidade...

Para ele, “(...) os negros não têm alma e têm quanto direito a expressar-se quanto o têm porcos e galinhas!”. E ainda: “(...) os escravos, pretos rudes e praticamente irracionais, encontravam no serviço humilde o caminho da salvação cristã que do contrário nunca lhes seria aberto, faziam suas tarefas e recebiam comida, agasalho, teto e remédios, mais do que a maioria merecia (...)”.

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Aspectos do Enredo

Perilo Ambrósio: Valores, Mentalidade...

“Sopesou os ovos, esboçou um meio sorriso e, fazendo uma expressão que sabia que jamais faria diante de qualquer pessoa, nem mesmo diante do espelho, começou a masturbar-se à janela”“E finalmente pegando a negrinha Vevé e, sem dizer uma palavra, atirá-la à cama, abrir-lhe as pernas, deixar bem claro que não queira que se mexesse e, passando cuspe por aquela cabeça de carne inchada e embrutecida, deflorá-la de um só golpe.”

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Aspectos do Enredo

De Guarda-Livro a Banqueiro

Amleto Henrique Nobre Ferreira-Dutton

Guarda-livro de Perilo Ambrósio.

Mulato magro e sarará, falante.

De mulato bastardo converte-se em homem branco e iniciador de estirpe.

Rouba Perilo Ambrósio, rejeita a mãe, alisa os cabelos, prende o nariz com um grampo para afiná-lo, por certidão falsa renega a origem brasileira.

Adquire o discurso e a linguagem da classe dominante.

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Aspectos do Enredo

De Guarda-Livro a Banqueiro

Amleto Henrique Nobre Ferreira-Dutton

“Pensando sobre como ganhara tanto dinheiro, já nem admitia para si mesmo a não ser vagamente e a cada dia com menos freqüência, que desviara os recursos da Barão e se apropriara de tudo em que pudera por as mãos, em todo tipo de traquibérmia possível.”“Mesmo depuradas, como prevejo, as classes trabalhadoras não serão jamais o povo brasileiro, eis que esse povo será representado pela classe dirigente, única que verdadeiramente faz jus a foros de civilização e cultura nos moldes superiores europeus – pois quem somos nós senão europeus transplantados?”

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Aspectos do Enredo

Cresce a estirpe, elastecem-se os nomes.

Bonifácio Odulfo Nobre dos Reis Ferreira-Dutton Poeta romântico idealista quando jovem.

Sensível ao sofrimento do povo e aos ideais nacionalistas.

Muda de Postura quando assume os negócios do pai:

• Considera o brasileiro preguiçoso.

• Incorpora o discurso racista.

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Aspectos do Enredo

Assim pensa toda a estirpe.

Bonifácio Odulfo: “Tem espírito, o velho. Estava a pensarem como é linda esta casa, este palácio, não achas? Já comentamos isto, mas não me canso de comparar esta riqueza e este refinamento à pobreza do Brasil, onde, por mais que haja dinheiro, não se pode realmente ter nada disso. Não é nem que não consiga comprar essas coisas, importá-las, mas há algo que não se pode levar, esta atmosfera, esta civilização que está no ar.”

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Aspectos do Enredo

Assim pensa toda a estirpe.

Dr. Eulálio Henrique Martins Braga Ferraz: “Já ando de saco cheio dessa conversa que anda na moda na imprensa – ainda bem que cada vez eu leio menos os jornais brasileiros – e em toda parte, que foi nordestino que construiu São Paulo, que construiu isso e aquilo. Construiu porra nenhuma, quem construiu São Paulo fomos nós, foi gente como a nossa família que carregou esta merda nas costas, fundou Higienópolis, pintou o caralho. Eu queria ver soltarem uma porção desses paraíbas quando isso aqui era um pouso de tropeiros para ver o que era que eles iam construir.”

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Aspectos do Enredo

E a Igreja?...

Cônego Visitador Dom Francisco Manoel de Araújo Marques:

Covalida o discurso da elite.

Autoritarismo, conservadorismo, presunção e preconceito.

Condena o Brasil à miséria e ao atraso, por conta da origem do seu povo

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Aspectos do Enredo

E a Igreja?...

Cônego Visitador Dom Francisco Manoel de Araújo Marques:

“E em verdade digo-vos, Senhor Barão, mesmo nessas civilizações avançadas, onde o espírito do homem não pervertido por uma natureza luxuriosa e corruptora, onde a mestiçagem não estiola o sangue e o temperamento, onde, enfim, é possível existir o que aqui jamais será, ou seja, uma cultura e vida dignas de homens superiores (...)”.

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Do Outro Lado da “Nobreza”

Contrapondo-se à linhagem elitista, com sua visão preconceituosa, o autor encaixa a trajetória de outras importantes personagens, que canalizam a emoção do leitor, por sua condição de oprimidos.

O Caboco Capiroba – deglutidor de holandeses.

Vu, filha do “Caboco”, que estupra o holandês Sinique.Dadinha, neta de Vu e mãe de Turíbio Cafubã, que terá uma filha com Roxinha, a negra Vevé – mãe de Maria da Fé

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Do Outro Lado da “Nobreza”

Dadinha Ex-escrava de Perilo Ambrósio.

Matriarca guardiã do saber popular ancestral.Depositária de um conhecimento ignorado pela historiografia oficial.

Morre aos cem anos.

Conserva os valores étnicos e culturais do povo.

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Do Outro Lado da “Nobreza”

Dandão, Budião, Feliciano

Participam do assassinato do Barão, com o apoio de Meirinha.

Com Zé Pinto reúnem-se na casa de farinha, e falam pela primeira vez na incerta Irmandade do Povo Brasileiro.

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Do Outro Lado da “Nobreza”

A Irmandade: Utopia congregadora

Enquanto Júlio Dandão vai aos poucos catando na canastra o que mostrar e vai exibindo alguma coisa explicando outra, essa Irmandade talvez esteja se fundando, talvez não esteja, talvez tenha sido fundada para sempre e para sempre persista, talvez seja tudo mentira, talvez seja verdade mais patente e por isso mesmo invisível, porém não se sabendo, porque essa Irmandade, se bem que mate e morra, não fala.

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Do Outro Lado da “Nobreza”

Pai e Filho em campos opostos

• Visão ufanista e conservadora de país.

• Sonho ter um filho herói na Guerra do Paraguai.

João Popó • Decepciona o pai com um visão crítica da guerra.

• Fala do medo, das bicheiras, da fome, do respeito ao inimigos vencidos.

Zé Popó

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Do Outro Lado da “Nobreza”

Pai e Filho em campos opostos Não tinha ódio aos paraguaios, nem achava que se devia ter ódio deles, pois lutaram pela sua terra como nós lutamos pela nossa. Também os paraguaios eram um povo, gente como aquela gente, gente com nós (...). Teria orgulho, sim, e estava seguro de que um dia teria mesmo esse orgulho, se a luta e o sofrimento fossem não para preservar um Brasil onde muitos trabalhavam e poucos ganhavam, onde o verdadeiro povo brasileiro, o povo que produzia, o povo que construía, o povo que vivia e criava, não tinha voz nem respeito, onde os poderosos encaravam sua terra apenas como algo a ser pilhado e aproveitado sem nada darem em troca, piratas do seu próprio país.

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Do Outro Lado da “Nobreza”

Unidos pela rebeldia

• Filho problemático de Amleto.

• Rejeita a doutrinação ideológica do pai.

• É mandado para o exército. Chega a general e morre aos cem anos

• Combate a guerrilha de Maria da Fé, mas muda de posição, aderindo ao povo.

Patrício Macário • Filha de Vevé.

• Torna-se guerrilheira.

• Mensagem de esclarecimento e esperança aos oprimidos.

• Emancipação cultural e política do povo.

• Tem um filho com Patrício Macário, Lourenço – também um revolucionário.

Maria da Fé

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Do Outro Lado da “Nobreza”

Unidos pelo discurso [Patrício Macário X Maria da Fé]Patrício Macário:

“Mas a verdade era que [Macário] não via mais nada como via antes. Nem as pessoas, brancas ou pretas, nem as coisas, nem os acontecimentos. Aprendera inicialmen-te, com muita vividez, que, ao contrário do que pensava, tudo pode ser visto de formas diversas, muito diversas, daquela que se pensa ser a única, a correta. E depois, história ou não história de Rufina, começou a sentir uma grande afinidade com aquela gente. Não uma afinidade que significasse a assunção de vida idêntica, mas que tornava absurda toda a sua existência anterior, passada como se aquele povo não tivesse significado, como se não fosse parte dele, como se toda a Nação se resumisse àqueles com quem convivia, na verdade uma minoria que se julgava de europeus transplantados (...)”

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Do Outro Lado da “Nobreza”

Unidos pelo discurso [Patrício Macário X Maria da Fé]Maria da Fé:

A única coisa que ela [Maria da Fé] sabia era da força do povo, força de que ele [Macário] precisava ter consciência, força não só dos números mas daquilo que produzia com suas mãos, cabeças e vozes, pois o povo era o verdadeiro dono do país, não aqueles que o subjugavam para a consecução dos próprios interesses. Tinha certeza de que um dia isso seria reconhecido, de que haveria liberdade e justiça.

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Do Outro Lado da “Nobreza”

Nego Leléu: O herói sem caráter

Responsável por Vevé após o estupro.

Ao nascer Maria da Fé, adotou-a como neta.

Porém venceu na vida através do “jeitinho”, da malandragem, da trambicagem, do individualismo.

Assassina os responsáveis pela morte de Vevé.

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Do Outro Lado da “Nobreza”

Stalin José:

Denuncia a corrupção das classes dominantes, o vampirismo das multinacionais, o imperialismo norte-americano, a violência da ditadura esmaga o povo brasileiro

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O Espaço Histórico

João Ubaldo, ao investir na questão da Identidade Nacional, cria uma obra cujo conteúdo se articula entre História e ficção. Assim vincula suas personagens a episódios da História do Brasil, num espaço temporal que vai de 1697 a 1977.

A Catequese

A Independência

A Guerra do Paraguai

A Guerra Farroupilha

A Abolição

A República

O Golpe Militar de 1964

A Guerra de Canudos

Por ser um romance de quadros, as datas não são seqüenciadas; ora avançam, ora retroagem.

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O Espaço Físico: Círculos concêntricos

•A ilha é o espaço primordial da encarnação da “alminha brasileira”;

• Salvador é o espaço amulatado de Amleto e seus descendentes;

• Rio e São Paulo refazem o percurso da classe dominante na história do país.

Brasil

Salvador

Recôncavo

Itaparica

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Conclusão

O discurso( a história) se apresenta de várias maneiras:

• utópica e esperançosa: Patrício Macário

• mítica e ufana: Alferes José Brandão Galvão

• dissimulada: Amleto, Ambrósio e Nego Leléu

• antropofágica: Caboclo Capiroba

• messiânica: Maria da Fé

• melancólica: Stalin José

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Testes para a UFBA

Texto: “Mas, vejamos bem, que será aquilo que chamamos de povo? Seguramente não é essa massa de iletrados, mestiços, negros, enfermiços e impaludados. A isso não se pode chamar um povo, não era isso o que mostraríamos a um estrangeiro como exemplo de nosso povo. O nosso povo é um de nós, ou seja, um como os próprios europeus. As classes trabalhadoras não podem passar disso, não serão jamais povo. Povo é raça, é cultura, é civilização, é afirmação,não é o rebotalho dessa mesma nacionalidade. Mesmo depuradas, como prevejo, as classes trabalhadoras não serão jamais o povo brasileiro, eis que esse povo será representado pela classe dirigente, única que verdadeiramente faz jus a foros de civilização e cultura nos moldes superiores europeus – pois quem somos nós senão europeus transplantados?”

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Viva o Povo BrasileiroViva o Povo BrasileiroO conceito de “povo” é, no texto,

(01) visto democraticamente atendendo à evolução histórica de u todas as classes sociais, baseadas nos modelos europeus.

(02) uma discriminação ao trabalhadores pelo julgamento de sua u limitação na construção da identidade nacional.

(04) uma reflexão a respeito da visão pejorativa das elites que u u u enxergam as classes trabalhadoras como antônimas da u u u u cultura e da civilização.

(08) a convicção expressa pelo autor da impossibilidade de u u u u crescimento mental dos trabalhadores.

(16) Uma imitação da fórmula européia num processo coerente u u u com a afirmação da personalidade nacional.

(32) uma integração entre trabalhadores, negros e mestiços do u u u Brasil com os superiores europeus transplantados.

(64) uma análise subjetiva da capacidade de mudança dos u u u u trabalhadores e, ao mesmo tempo, a incapacidade da classe u u de ser modelo do povo brasileiro.

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Viva o Povo BrasileiroViva o Povo BrasileiroTexto:

“ – Os inimigos do regime são aqueles que, apesar de economicamente privilegiados, se sentem prejudicados e causam essa brigalhada interesseira e ridícula, que realmente não interessa ao povo, à coletividade. Que benefício trouxe a República ao povo?

– Nesse caso, que benefício trazia a Monarquia?

– Nenhum. Não se trata de monarquia ou república,

trata-se de perceber que não vamos eternamente poder abafar a voz dos despossuídos, oprimidos e injustiçados, que são a grande maioria, através de ações militares. Trata-se de estabelecer um regime que , em lugar de procurar solidificar as vantagens de seus sequazes no poder, procure compreender que o país só poderá ser grande na medida em que não mantiver seu povo marginalizado, escravizado, ignorante e faminto. Isto me parece elementar. Você conhece o desespero, a miséria , a desesperança daquele povo do sertão? Então? Então o que a República faz por eles é enviar-lhes soldados para matá-los, varrê-los da face da terra, é assim que se resolvem as coisas?”

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Viva o Povo BrasileiroViva o Povo BrasileiroInfere- se do texto e /ou da totalidade da obra que

(01) a Guerra do Paraguai serve como referência para as aaaaaa a diferentes posições assumidas pelas personagens.

(02) o confronto ideológico revela a mudança histórica do zzz regime num evidente antagonismo de idéias.

(04) a mudança de sistema do governo coincidiu com o massacre zz do homem do sertão no período crítico de nossa história.

(08) o descompromisso social e cultural do governo republicano aa atingiu duramente o sertanejo na Guerra de Canudos.

(16) a persistência dos danos ao povo brasileiro independente da aaforma de governo dificulta o crescimento da nação.

(32) os militares agem de forma condizente com os privilégios a a alcançados pela coletividade através da luta.

(64) a defesa do pensamento monárquico é a solução vista zz pela personagem para solidificar as vantagens de um povo zz oprimido e injustiçado.