VITOR MOURA LIMA

103
FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS ESCOLA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E DE EMPRESAS VITOR MOURA LIMA ENGAJAMENTO DO CONSUMIDOR EM UMA COMUNIDADE VIRTUAL DE MARCA Rio de Janeiro 2014

Transcript of VITOR MOURA LIMA

FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

ESCOLA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E DE EMPRESAS

VITOR MOURA LIMA

ENGAJAMENTO DO CONSUMIDOR EM UMA

COMUNIDADE VIRTUAL DE MARCA

Rio de Janeiro

2014

VITOR MOURA LIMA

ENGAJAMENTO DO CONSUMIDOR EM UMA

COMUNIDADE VIRTUAL DE MARCA

Dissertação apresentada à Escola Brasileira de

Administração Pública e de Empresas da Fundação

Getulio Vargas como requisito parcial para obtenção do

título de mestre em Gestão de Empresarial.

Orientador: José Mauro Nunes

Rio de Janeiro

2014

Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Mario Henrique Simonsen/FGV

Lima, Vitor Moura Engajamento do consumidor em uma comunidade virtual de marca / Vitor Moura Lima. – 2014.

103 f.

Dissertação (mestrado) - Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas, Centro de Formação Acadêmica e Pesquisa. Orientador: José Mauro Nunes. Inclui bibliografia.

1. Comportamento do consumidor. 2. Consumidores – Atitudes. 3. Marketing na Internet. 4. Marca registrada. 5. Redes sociais on-line. 5. Comunidades virtuais. I. Nunes, José Mauro Gonçalves. II. Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas. Centro de Formação Acadêmica e Pesquisa. III. Título. CDD – 658.8343

Para meus pais e irmãos.

AGRADECIMENTOS

Ao Prof. Dr. José Mauro Nunes pelo apoio, incentivo, inspiração e confiança.

Aos meus amados pais por permitirem, desde sempre, experimentar a vida.

Aos meus amados irmãos, grandes amigos e parceiros de vida.

Ao Aloysio Loyola pela mentoria e oportunidades profissionais.

A todos os meus colegas de turma pelo companheirismo e convivência ao longo do curso.

Ao corpo docente do mestrado.

"Stay hungry, stay foolish."

Steve Jobs

"HITOTSU! DORYOKU NO SEISHIN O YASHINAU KOTO!

Primeiro, criar o intuito do esforço."

Guchin Funakoshi

RESUMO

O estudo objetivou a investigação do fenômeno de engajamento do consumidor em

uma comunidade virtual de marca, tendo a Fan Page da L'Oréal Paris Brasil como contexto

de observação. Para isso, por meio de método netnográfico, foram coletadas as interações

entre os membros da comunidade ao longo de três meses e analisadas sob a perspectiva do

modelo conceitual apresentado por Brodie et al. (2011b). Durante a análise de conteúdo,

considerando as técnicas propostas por Bardin (2007), foram identificadas as dimensões, os

processos e sub-processos do engajamento do consumidor, conforme proposto pelo modelo

conceitual. Além disso, os resultados encontrados apontam para a validação do modelo e

reforçam a perspectiva de que a simples participação ou envolvimento não pressupõe

engajamento, pois este reflete um estado psicológico complexo, dependente de contexto e que

necessita de processos antecedentes e consequentes. Com base nos achados, são discutidas as

implicações teóricas e práticas, assim como sugestão para futuros estudos sobre o tema.

Palavra-chave: engajamento do consumidor, comunidade virtual de marca, redes sociais na

internet, Facebook.

ABSTRACT

The objective of the research was the investigation of the consumer engagement in a

virtual brand community, which considered L'Oréal Paris Brasil Facebook Fan Page as a

context of observation. On this purpose, by a netnography method, the interactions were

collected from members of the website over three months and analyzed from the perspective

of the conceptual model presented by Brodie et al. (2011b). During content analysis, which

considered Bardin (2007) techniques, the dimensions, processes and sub-processes of the

consumer engagement were identified, as proposed by the conceptual model. In addition, the

results point to the validation of the model and reinforce the view that the mere participation

or involvement doesn't indicates engagement, because it reflects a complex psychological

state, context dependent and requires antecedents and consequences processes. Based on these

findings, theoretical and practical implications, as well as suggestions for future studies, are

discussed.

Keywords: consumer engagement, virtual brand community, social network sites, Facebook.

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Definição de Brand Equity .................................................................................... 26  

Quadro 2 - Dimensões do engajamento na literatura ............................................................... 45  

Quadro 3 - Conceitos de engajamento e dimensões em marketing .......................................... 50  

Quadro 4 - Proposições fundamentais ...................................................................................... 50  

Quadro 5 - Termos correlatos do engajamento e definições .................................................... 52  

Quadro 6 - Categorias de conteúdo .......................................................................................... 69  

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Como o brand equity gera valor .............................................................................. 28  

Figura 2 - Customer-Based Brand Equity - CBBE ................................................................... 29  

Figura 3 - Topologia de redes sociais ....................................................................................... 36  

Figura 4 - Perfis de membros de uma comunidade virtual ....................................................... 42  

Figura 5 - Dimensões e objetos de engajamento ...................................................................... 54  

Figura 6 - Processos e sub-processos de engajamento ............................................................. 56  

Figura 7 - Procedimentos para realização da netnografia ........................................................ 63  

Figura 8 - Desenvolvimento da análise de conteúdo ............................................................... 70  

Figura 9 - Publicação realizada em 30 de outubro de 2014 ..................................................... 72  

Figura 10 - Publicação realizada em 5 de agosto de 2014 ....................................................... 73  

Figura 11 - Publicação realizada em 5 de agosto de 2014 ....................................................... 73  

Figura 12 - Publicação realizada em 4 de setembro de 2014 ................................................... 74  

Figura 13 - Publicação realizada em 23 de outubro de 2014 ................................................... 76  

Figura 14 - Publicação realizada em 31 de outubro de 2014 ................................................... 76  

Figura 15 - Publicação realizada em 13 de agosto de 2014 ..................................................... 77  

Figura 16 - Presença das dimensões de engajamento em comentários ................................... 78  

Figura 17 - Publicação com aspiracional da marca e dimensão emocional ............................ 80  

Figura 18 - Publicação sobre produto e dimensão cognitiva ................................................... 81  

Figura 19 - Publicação com suporte ao consumidor e dimensão comportamental ................. 82  

Figura 20 - Sub-processo de engajamento - aprendizado ......................................................... 84  

Figura 21 - Sub-processo de engajamento - compartilhamento ............................................... 85  

Figura 22 - Sub-processo de engajamento - advocacia ............................................................ 85  

Figura 23 - Sub-processo de engajamento - socialização ........................................................ 86  

Figura 24 - Sub-processo de engajamento - co-desenvolvimento ............................................ 86  

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Dados coletados na Fan Page ................................................................................. 71  

Tabela 2 - Classificação dos membros da comunidade ........................................................... 75  

Tabela 3 - Categorias de conteúdo ........................................................................................... 79  

SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 15

1.1 PROBLEMA ................................................................................................................... 17

1.2 OBJETIVO GERAL ....................................................................................................... 18

1.2.1 OBJETIVOS INTERMEDIÁRIOS ............................................................................. 18

1.3 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO ..................................................................................... 18

1.4 RELEVÂNCIA DO ESTUDO ....................................................................................... 19

2. REFERENCIAL TEÓRICO .......................................................................................... 20

2.1 MARCA ........................................................................................................................ 20

2.1.1 BRAND EQUITY ....................................................................................................... 24

2.1.2 BRANDING ................................................................................................................ 30

2.2 REDES SOCIAIS NA INTERNET ............................................................................. 33

2.2.1 MÍDIAS SOCIAIS ...................................................................................................... 37

2.2.2 COMUNIDADES VIRTUAIS DE MARCA .............................................................. 40

2.3 ENGAJAMENTO ......................................................................................................... 44

2.3.1 ENGAJAMENTO EM MARKETING ....................................................................... 46

2.3.2 PROPOSIÇÕES FUNDAMENTAIS E MODELO CONCEITUAL .......................... 50

3. METODOLOGIA ........................................................................................................... 57

3.1 MÉTODO DE PESQUISA ............................................................................................. 57

3.2 MÉTODO DE COLETA DE DADOS ........................................................................... 59

3.3 AMOSTRA ..................................................................................................................... 66

3.4 MÉTODO DE ANÁLISE DE DADOS .......................................................................... 66

4. RESULTADOS ................................................................................................................ 71

4.1 ANÁLISE DE DADOS .................................................................................................. 71

5. CONCLUSÃO ................................................................................................................. 87

6. IMPLICAÇÕES ACADÊMICAS E GERENCIAIS, LIMITAÇÃO DO ESTUDO E

ESTUDOS FUTUROS ............................................................................................................ 90

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................... 92

15

1. INTRODUÇÃO

De acordo com relatório da Organização das Nações Unidas - ONU, até o fim do ano

de 2014, em todo o Mundo serão aproximadamente 3 bilhões de usuários de internet, o que

representa aproximadamente 40% da população mundial (ITU, 2014). Considerando esse

panorama, pode-se dizer que o acesso à rede provoca mundanças em diversas esferas da

sociedade, pois contribui para a reconfiguração das relações entre os indivíduos (TAPSCOT,

2007).

A medida em que cada vez mais o número de usuários de internet aumente, o

fenômeno de sociedade em rede apontado por Castells (2003) fica evidenciado. Segundo o

autor, o conceito pode ser compreendido como a conexão entre pessoas organizadas em torno

de redes de organizações, públicas e privadas, e instituições, possuindo características como a

informação como matéria-prima e a constante convergência entre tecnologias. Nesse sentido,

é possível afirmar que essas conexões mediadas por computadores promovem mudanças

significativas na forma como as pessoas trabalham, relacionam-se e consomem. Como

consequência, surgem as redes sociais na internet, que, segundo Recuero (2009), são

conjuntos de indivíduos agrupados em torno de objetos de interesse em comum, ligados por

vínculos de naturezas variadas, estando, assim, em alinhamento com o sugerido por Castells

(2003) quando aborda o conceito de sociedade em rede.

Considerando o alto impacto da internet no comportamento do consumidor, como

sugere Dholakia e Bagozzi (2001), as organizações vêm estabelecendo relacionamentos com

seus consumidores e construíndo suas marcas através das mídias sociais, que podem ser

compreendidas como ferramentas de comunicação que promovem a emergência das redes

sociais na internet (RECUERO, 2009). De acordo com com Safko e Brake (2010), em uma

das categorias de mídias sociais estão os sites de redes sociais ou sites de relacionamentos,

como o Facebook. Nessa mídia social, é possível que uma organização estruture uma

comunidade virtual de marca por meio de uma Fan Page, que configura-se como uma

ferramenta disponibilizada pelo website para que seja possível estabelecer relacionamentos

entre marcas e consumidores.

16

Para Kotler e Keller (2012), as comunidades de marca devem ser consideradas como

uma poderosa ferramenta de construção de valor, seja para seus membros ou marca.

Agrupando um número de consumidores mais fiéis e comprometidos, a comunidade deve

apresentar três caracteríticas básicas, como aponta Muniz e O’Guinn (2001):

1. Uma consciência compartilhada de espécie;

2. Rituais, histórias e tradições compartilhadas que ajudam a transmitir o significado da

comunidade;

3. Uma responsabilidade ou um dever moral compartilhado com a comunidade como um

todo e seus membros.

Segundo Gobe (2002), a partir de suas narrativas e proposições de valor, as marcas

devem estabelecer uma consistente relação emocional com o consumidor e tornar-se parte de

suas histórias, memórias e relações sociais. Para o autor, o consumidor deve reconhecer o

papel transformador que a marca tem em sua vida para que, então, a estabeleça como um dos

agentes nos processos de significação de suas relações sociais. Considerando as comunidades

virtuais de marca e a perspectiva sugerida por Gobe (2002), pode-se dizer, então, que os

significados das marcas vão sendo construídos de maneira colaborativa e acabam

contribuindo para sustentar laços sociais e afetivos entre os membros (MUNIZ; O’GUINN,

2001).

Segundo Habibi et al. (2014), diversos são os motivadores de participação em uma

comunidade virtual de marca, como pessoalidade, pertencimento e laços afetivos, além dos

benefícios que surgem a partir das interações e consumo de informações trocadas. Segundo os

autores, estes benefícios podem ser observados a partir de duas naturezas que são explicadas

pela teoria da identidade social (TAJFEL; TURNER, 1985) e do capital social (BOURDIEU,

1983). De acordo com a teoria da identidade social, um indivíduo ingressa em uma

comunidade virtual de marca para que seja possível o enquadramento à alguma categoria

social simbólica de maneira que supra sua necessidade de pertencimento e identificação. Pela

perspectiva do capital social, que, segundo Bourdieu (1983), pode ser compreendido como “o

agregado dos recursos efetivos ou potenciais ligados à posse de uma rede durável de relações

mais ou menos institucionalizadas de conhecimento ou reconhecimento mútuo”, há a noção

17

de que os indivíduos relacionam-se com outros considerando sempre uma lógica utilitária. Por

meio de trocas simbólicas, o indivíduo buscar obter mais informações sobre as marcas em

questão com o objetivo de fazer melhor uso de seus produtos e serviços.

Nesse sentido, uma comunidade virtual organizada em torno de uma marca possui

objetos de interesse que geram interações em quantidade e intensidade diferentes, podendo,

por vezes, conduzir ao engajamento do grupo. Dentro do contexto de mídias sociais e gestão

de marcas, o termo engajamento vem surgindo com frequência em discussões acadêmicas e

de mercado (APPEAULBAUM, 2001). O principal ponto em todas elas é que o engajamento

pode ser considerado como um fator de criação e manutenção de relacionamento entre as

organizações e respectivos consumidores, além de uma fonte consistente de vantagem

competitiva (SEDLEY, 2008).

Com o crescente interesse sobre o tema, o Marketing Science Institute - MSI o incluíu

na lista de tópicos prioritários para o período de 2010 até 2012 (BRODIE et at., 2011b).

Diversas são as definições encontradas nas publicações da área, sendo algumas frutos de

estudos seminais, como os dos autores Vivek (2009), Van Doorn et al. (2010), Hollebeek

(2011) e, principalmente, Brodie et al. (2011a). No entanto, cabe ressaltar que alguns

constructos, como participação e interação, estão relacionados ao engajamento e que, de

acordo com o levantamento bibliográfico, atuam como processos antecedentes e/ou

consequentes do estado de engajamento. No Brasil, poucos estudos foram direcionados ao

tema, considerando, principalmente, o modelo conceitual proposto por Brodie et al. (2011b).

Diante do exposto, esta dissertação objetiva a contribuição no preenchimento da lacuna

referente aos processos e sub-processos de engajamento do consumidor em uma comunidade

virtual de marca.

1.1 PROBLEMA

O problema do presente trabalho é: o modelo conceitual de engajamento do

consumidor em uma comunidade virtual de marca proposto por Brodie et al. (2011b) é válido

para uma Fan Page do Facebook?

18

1.2 OBJETIVO GERAL

O objetivo do trabalho é analisar a validade do modelo conceitual de engajamento do

consumidor em uma comunidade virtual de marca proposto por Brodie et al. (2011b),

considerando uma Fan Page do Facebook.

1.2.1 OBJETIVOS INTERMEDIÁRIOS

• Identificar os perfis dos membros da comunidade virtual;

• Identificar os tipos e/ou níveis de engajamento;

• Identificar os temas ou assuntos que sustentam o engajamento.

1.3 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO

Em diversas discussões de mercado e ambiente acadêmico sobre construção de

marcas, relacionamento com consumidores e mídias sociais, o termo engajamento surge de

maneira frequente, mas sem que haja um consenso quanto a conceitos e aplicações

(APPEAULBAUM, 2001). Dessa forma, o presente estudo limita-se a observar e analisar as

interações existentes na comunidade virtual de marca da empresa L’Oréal Paris Brasil no

Facebook, baseando-se no modelo conceitual de engajamento do consumidor proposto por

Brodie et al. (2011b). Como teorias de suporte, serão utilizadas abordagens relacionadas à

construção de marcas, como propostas por Keller e Machado (2006) e Gobe (2002), e redes

sociais, de Muniz e O'Guinn (2001) e Recuero (2009).

Para a organização escolhida como objeto de estudo, justifica-se em função das

mudanças no comportamento de consumo de marcas via internet e, consequentemente,

investimentos feitos em novas mídias para comunicação e relacionamento. Além disso, de

19

acordo com o website www.socialbakers.com (2014), a Fan Page no Facebook da empresa

L’Oréal Paris Brasil é a décima terceira maior comunidade virtual de marca no Brasil e uma

das maiores da categoria de beleza, cosméticos e higiene. A empresa cadastrou-se

oficialmente na rede social em 2010 e, até o momento, possui mais de 6 milhões de fãs que

recebem diariamente dicas e notícias relacionadas ao seu universo associativo de marca. Por

fim, cabe ressaltar que não serão explorados por esta pesquisa modelos analíticos e

financeiros para avaliação de marcas, além de aspectos relacionados à comunicação boca-a-

boca e seu impacto da rede.

1.4 RELEVÂNCIA DO ESTUDO

Segundo o relatório Brazil Digital Future in Focus produzido pela consultoria

comScore (2013), os 52,3 milhões de brasileiros ativos que navegam na internet através de

um computador em casa ou no trabalho gastam 27 horas por mês online. Grande parte dessas

horas são direcionadas ao consumo e troca de conteúdo em mídias sociais, sendo o Facebook

a plataforma de maior uso. Todo esse tempo gasto em interações nas redes sociais desperta

um legítimo interesse pela atenção dos consumidores nesse contexto.

Como sugere Batista (2011), cada vez mais, as organizações fazem uso das mídias

sociais para construção de suas marcas e, portanto, o entendimento das interações e relações

existentes em uma comunidade virtual de marca faz-se necessário. Quando considerada a

perspectiva de construção de valor, assume-se que uma marca forte é a que desperta maior

interesse em sua base de consumidores, que, quando estimulados corretamente, tendem a

engajar-se e co-construir valor.

As discussões sobre o tema proposto têm aproximadamente mais de uma década e,

portanto, poucos estudos realizados, sejam eles com foco puramente acadêmico ou mesmo

com viés mercadológico. Dessa forma, o objetivo deste estudo reside na colaboração para

uma ampliação das teorias sobre engajamento do consumidor, gestão de marcas e redes

sociais.

20

2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 MARCA

De acordo com Pinho (1996), determinar uma data exata para o surgimento das

marcas não é algo simples. Sua existência pode ser considerada tão antiga quanto as

assinaturas presentes nas pinturas rupestres de 30.000 anos atrás, onde mãos impressas ou

alguma outra figura indicava a autoria. A origem das marcas como símbolo distintivo para as

ofertas de organizações retoma o período da Grécia antiga, onde era comum a indicação de

produtos manufaturados por meio de símbolos. Em alguns textos, é possível encontrar

referências sobre comerciantes fazendo uso de pinturas e ícones, como o desenho de uma pata

de um boi utilizado pelos mercados de carne.

Segundo Low e Fullerton (1994), as corporações de ofício faziam uso de marcas com

o objetivo de facilitar a identificação e reconhecimento de suas produções. A medida em que

a produção seguia uma determinada lógica, esperava-se que houvesse certo rigor na qualidade

do que era colocado no mercado e a marca, de certa forma, exercia a função de comunicar

essa característica com o objetivo de fidelizar e atrair consumidores. Além disso, era muito

comum que eventuais práticas que iam contra o monopólio das corporações, fossem pelo

controle de qualidade ou produção, pudessem ser descobertas pelo uso indevido ou ausência

de suas marcas. Há registros de uma lei datada de 1266 que determinava a aplicação de um

símbolo em todo pão produzido para que fosse possível saber quem era o responsável pela

venda de um item provavelmente fora do padrão (KELLER; MACHADO, 2006).

Um importante marco na evolução clássica do conceito é o surgimento das marcas

registradas que eram utilizadas pelas associações de comércio para garantir qualidade e

proporcionar proteção legal aos produtores (TAVARES, 1997). Até aqui, é possível dizer que

as marcas exerciam basicamente um papel funcional, como na definição proposta por Aaker

(1998) na qual apresenta a marca como um nome diferenciado e/ou símbolo, como logotipo

ou embalagem, destinado a identificar os bens e serviços de uma organização e de seus

concorrentes. Complementando a visão proposta sobre a questão de proteção do valor

patrimonial da marca, Chantérac (1989) aponta para uma definição mais diretamente

21

relacionada ao âmbito jurídico. Para o autor, a marca é um sinal ou conjunto de sinais

nominativos, figurativos ou emblemáticos que aplicados, por qualquer forma, num produto ou

no seu invólucro o façam distinguir de outros idênticos ou semelhantes.

Para Perez (2004), um dos principais pontos na história em que a marca passa a ter

uma função mais estratégica foi a Revolução Industrial, onde a produção de bens deixa de ser

artesanal e passa para o processo de fabricação em massa. Foi no início do século XX, dado

aumento na complexidade dos mercados, que as marcas deixaram de exercer a função apenas

de identificação e passaram a ter mais valor como elemento de diferenciação e,

consequentemente, fonte de vantagem competitiva. De acordo com Klein (2003), uma das

origens da diferenciação está na imagem formada na mente do público através de estímulos de

marketing, o que pode ser corroborado por estudos de Mattos (2007). O autor aponta para o

caso de fabricantes que passaram a verificar que seus consumidores associavam vários tipos

de valores e significados a seus produtos quando feitos os estímulos de marketing.

Para Louro (2000), pode-se determinar, então, três momentos de maior relevância para

a discussão do conceito: o primeiro, a marca como elemento identificador do proprietário para

transações comerciais e, pela perspectiva do comprador, como fonte. No segundo momento, é

tratada como recurso para proteção do valor patrimonial, considerando-a como uma entidade

jurídica. E, por fim, o momento em que torna-se item distintivo e de diferenciação de ofertas

presentes no mercado.

Apesar de uma extensa realidade histórica e utilização, as teorias sobre o conceito são

um fenômeno recente. Segundo Louro (2000), a primeira discussão aprofundada em uma

publicação especializada na área de marketing surge em meados da década de 50, na qual os

autores sugerem que uma marca está além de um nome utilizado para diferenciar fabricantes

de produtos. Trata-se, na verdade, de um sistema complexo e representativo de ideias,

carregado de atributos emocionais (GARDNER; LEVY, 1955).

É interessante notar que, com o passar do tempo, há o deslocamento de uma visão

puramente funcional para uma um tanto mais simbólica, complexa e holística. O caráter

distintivo, tendo como ponto focal a organização, é deslocado para o nível de produto e

consumidor, passando a considerar suas percepções e associações com os valores transmitidos

por essas marcas.

22

De acordo com a AMA - American Marketing Association (2013), uma marca pode ser

definida como a experiência do consumidor representada por um conjunto de imagens, ideias

e até mesmo personalidade, sendo geralmente identificada por um símbolo como o nome, cor,

som, logo, slogan. O reconhecimento de uma marca e outras reações são criadas pelo acúmulo

de experiências diretas com um produto ou serviço, sendo influenciado pela mídia, design,

propaganda e outras ferramentas de comunicação.

Considerando a dificuldade em estabelecer uma única definição, a compreensão do

conceito pode ser complementada pela fundamentação em dois importantes elementos: as

associações e os significados. Segundo Aaker (1998), para que uma organização consiga

estabelecer uma marca forte a partir corretas associações e, consequentemente, potencializar o

valor percebido, é necessário que sejam observados os seguintes elementos em sua

composição:

1. Processamento de informação: serve como sintetizador de conhecimento;

2. Diferenciação: elemento que contribui na distinção entre concorrentes;

3. Razão para comprar: uma motivação ímpar para efetuar a compra;

4. Atitudes positivas: sentimentos positivos que podem ser transferidos para a marca;

5. Extensões: possibilidade de usar a marca para outros produtos.

Já para Kotler (2000), potencializar a percepção de valor deve ser dada a partir da

estruturação de seis níveis de significados:

1. Atributo: deve ser a primeira informação a ser transmitida;

2. Benefício: todo atributo presente em uma oferta deve prover um benefício que atenda a

questão do consumidor;

3. Valores: a marca deve estar coberta por valores significativos para a organização e

consumidores;

23

4. Cultura: precisa ser representativa para um determinado grupo;

5. Personalidade: deve transmitir valores que sejam compatíveis com uma personalidade,

pois precisa representar algo;

6. Usuário: deve representar o consumidor que compra a oferta.

Seguindo a ideia de uma abordagem mais subjetiva, Batey (2010) sugere que uma

marca pode ser definida como o resultado das atividades de marketing de uma organização,

mas também da percepção e reação do consumidor a esses estímulos. Do ponto de vista do

profissional responsável por seu gerenciamento, a marca é uma promessa, um pacto carregado

de significados. Já pela perspectiva do consumidor, é uma série de associações, percepções e

expectativas que existem em sua mente. As associações de marca são criadas, mantidas e

incrementadas por todo encontro que o consumidor tem com ela. A exemplo, embalagens,

comerciais de TV, lojas e demais pontos de contato são contextos de reforço de significados e

valores transmitidos pelas marcas.

Ainda de acordo com o autor, com o passar do tempo, experiências e encontros vão

formando associações, influenciando percepções e gerando uma rede associativa ou engrama

da marca. Para Schachter (1996), engramas são mudanças transitórias ou permanentes no

cérebro, ou seja, são o resultado de codificações de uma experiência. Como exemplo, um

evento na vida de um indivíduo consiste em diversas visões, sons e sensações e, a partir disso,

diferentes regiões do cérebro são ativadas para analisar os vários aspectos de um mesmo

acontecimento. Consequentemente, os neurônios das diferentes regiões se conectam de

maneira mais forte uns com os outros e esse novo padrão de conexões constitui a gravação

que o cérebro faz do evento: o engrama.

A partir dessa lógica, pode-se assumir que novas informações e experiências se

conectam com qualquer um dos milhares de engramas já existentes. Esse padrão de conexão

tem potencial para ser ativado a qualquer momento, embora na maioria das vezes mantenha-

se adormecido. Quando considerada a rede associativa de uma marca, a informação vem de

diversos encontros que se tem com as ofertas das organizações, o que gera um

armazenamento de impressões que são acrescentadas à uma rede associativa já existente.

Dessa forma, formata-se a imagem da marca na mente do consumidor. Corroborando com

24

esta abordagem mais complexa do conceito, Deutsch (2006) afirma que uma marca pode ser

entendida como uma fusão metafórica entre as histórias que os consumidores têm de um

produto ou serviço com suas próprias histórias.

Assim, é possível dizer que as marcas desempenham papel fundamental na plena

existência das organizações, pois dão suporte às decisões de compras, potencializam

percepção de valor, sustentam relacionamentos de longo prazo e, consequentemente,

proporcionam melhores margens. Apesar de diversos estudos abordando os conceitos de

marca, não é possível estabelecer uma definição integradora de maneira que contemple uma

dimensão funcional (visão clássica), como a de identificação entre concorrentes (KOTLER;

KELLER, 2006), e uma dimensão simbólica (visão holística) que a indica como uma

composição de símbolos e significados que induzem a percepção de valor (ZEITHAML,

1988; VAN GELDER, 2005).

Apesar disto, percebe-se que um dos principais pontos na discussão do conceito seja o

valor de marca, independente de estar ligado a uma visão centrada no negócio, produto ou

mesmo consumidor. Para sua melhor compreensão, nas linhas que seguem serão apresentados

os conceitos relacionados ao termo brand equity ou valor de marca e o processo de criação de

valor.

2.1.1 BRAND EQUITY

De acordo com Machado (2010), o termo brand equity traduzido para o português

apresenta variações como ativo de marca ou valor de marca e pode ser encontrado na

literatura, mais frequentemente, a partir da década de 80 quando um grande movimento de

fusões e aquisições com valores fora do padrão começaram a chamar atenção do mercado.

Esse fato deu início a uma série de questionamentos sobre a função da marca como elemento

de geração de receitas futuras e aumento no valor monetário das organizações.

Segundo Kapferer (2003), ao realizar a compra de uma empresa cujo valor estava

muito acima do mercado, o comprador esperava adquirir, na verdade, um espaço na mente

dos consumidores em compras futuras. Por essa perspectiva, é possível assumir que uma

25

marca é, de fato, um ativo de grande capacidade transformacional no contexto de uma

organização, pois tem o poder de influenciar as tomadas de decisão de seus gestores e

consumidores. Uma marca cuja reputação seja positiva e tenha alto valor percebido,

geralmente, terá melhores condições de prover maiores retornos a seus acionistas e garantir

estabilidade em sua existência.

Como uma das primeiras definições para o conceito, Aaker (1998) sugere que o brand

equity seja considerado como um conjunto de ativos e passivos ligados a uma marca que

permite aumentar e diminuir o valor dos produtos oferecidos, seja para a empresa, seja para o

consumidor. Nota-se que o tema nasce de discussões financeiras, o que gera constructos não

relacionados diretamente com perspectivas de marketing. O interesse dos gestores de

marketing sobre o assunto veio em função da possibilidade de uma relação direta entre o

correto gerenciamento de suas marcas e o processo de fidelização de seus consumidores. É

interessante perceber que diversos executivos, como John Stuart - presidente da Quaker Oats,

declaram que ficariam com suas marcas e registros no lugar de suas fábricas, dado o valor

desses ativos (DYSON; FARR; HOLLIS, 1996). Essa visão relacionada a aspectos de

marketing é corroborada por Farquhar (1990) a medida em que considera o brand equity

como o valor incremental conseguido pela associação de uma marca com um produto.

Segundo Lencastre (2005), uma outra abordagem observada na literatura, indica o

valor de marca relacionado à percepção e preferências dos consumidores. Essa definição

corrobora a visão de Batey (2010) sobre o tema, uma vez que, para o autor, os consumidores

compram mais que produtos e serviços, compram as marcas e suas promessas. Ainda, Kotler

e Keller (2012) definem brand equity como um importante ativo intangível que representa

valor psicológico e financeiro para a empresa. A partir das definições apresentadas, é possível

dizer que as marcas são percebidas de maneira subjetiva e ímpar na vida de cada consumidor,

exigindo, assim, um grande esforço para a gestão de posicionamento e proposições de valor

(MARTINS, 2000).

A diversidade de conceitos na literatura é potencializada pela falta de um constructo

integrador, o que pode ser percebido por definições que partem sempre de duas perspectivas

dominantes: a primeira sendo direcionada para o valor que as organizações possuem em

função de suas marcas; e a segunda considerando a percepção e decisão dos consumidores.

Como sugere Riezebos (1995), há sempre uma dualidade nas discussões sobre o tema. A

26

partir de algumas definições selecionadas por Lancastre (2005) no quadro 1, nota-se a

pluralidade apontada e a presença de ambas as perspectivas:

Autor Definição

Aaker (1998)

Conjunto de ativos e passivos ligados a uma marca que permitem aumentar ou diminuir o valor de produtos oferecidos, seja para a empresa ou consumidor.

Keller (1998)

Efeito diferencial que o conhecimento da marca tem sobre a resposta do consumidor ao marketing dessa marca. A este conceito o autor dá o nome de customer-based brand equity – CBBE.

Farquhar (1989) A marca confere valor ao produto, valor que vai além da sua função. Dessa forma, a marca permite ser fonte de valor para a empresa e consuimdor.

Marketing Science Institute – MSI (1990)

Conjunto de associações e comportamentos dos consumidores, dos canais de distribuição e da empresa proprietária de marca que conduzem a maiores volumes de vendas e margens, permitindo ainda uma vantagem competitiva diferenciada frente à concorrência.

Acelrod (1992) Quantia adicional que o consumidor está disposto a pagar pela oferta da marca, em vez de um produto similar sem marca.

Swait et al. (1993) Equivalente monetário de utilidade total que o consumidor associa a uma marca.

Simon e Sullivan (1993) Cash Flow adicional derivado dos produtos com marcas comparado com produtos sem marca.

Quadro 1 - Definição de Brand Equity Fonte: Lencastre (2005, p. 270).

Os autores Aaker (1998), Keller e Machado (2006) defendem que o processo de

construção de brand equity deve ser compreendido a partir da identificação da fontes de valor

das marcas. Para que se obtenha êxito nesse processo, faz-se necessário que os estímulos de

marketing sejam consistentes em suas repercussões e evolução ao longo de um período.

Segundo Aaker (1998), com o objetivo de gerar valor para o consumidor ou para a

empresa, as marcas devem considerar cinco dimensões. A primeira dimensão, nomeada

lealdade, refere-se às conexões emocionais estabelecidas entre consumidores e marcas que

são desenvolvidas a partir das experiências de consumo. Para o autor, existem níveis de

lealdade, os quais indicam maior ou menor possibilidade de ocorrer recomendação ou mesmo

recompra. O gerenciamento dessa dimensão é de extrema importância, uma vez que reduza

custos de marketing no que tange a retenção da base de consumidores e maior proteção contra

investidas da concorrência para possíveis substituições. Como segunda dimensão, a

27

notoriedade refere-se a capacidade do consumidor em reconhecer ou recordar-se da marca

como pertencente a uma determinada categoria. Assim como a lealdade, o autor considera que

pode ser entendida a partir de níveis, onde há o reconhecimento como o primeiro deles e, caso

seja referenciada com alta frequência dentro de uma mesma categoria, pode ser enquadrada

no mais alto nível e considerada uma marca dominante. A importância dessa dimensão para a

compreensão da construção de valor é dada a partir da ideia de que a notoriedade desempenha

a função de base ou mesmo âncora para as demais dimensões e associações de significados

(AAKER, 1998).

Como terceira dimensão, a qualidade percebida pode ser definida como a percepção

dos consumidores sobre a qualidade geral e superioridade de produtos e serviços em relação

às alternativas que tenham uma mesma finalidade (AAKER, 1998). Partindo dessa premissa,

pode-se dizer que essa característica contribui na manutenção da diferenciação e

posicionamento no mercado, além de sustentar práticas de preços mais elevados que a média

da concorrência. Já para a quarta dimensão, o autor aponta para as associações de significados

que compõem a imagem da marca na mente do consumidor como fator de geração de valor.

Por meio delas, é possível estimular pensamentos e atitudes positivas em relação à marca

através da criação, reforço ou mesmo enfraquecimento de algum significado. A medida em

que as associações de marca estejam alinhadas com os objetivos da organização, faz-se

necessário que as ações de marketing promovidas contribuam sempre para o aumento do

valor da marca em questão.

A quinta dimensão do brand equity é constituída por outros ativos proprietários como

patentes, outras marcas e relacionamento com canais de distribuição. Para Aaker (1998), esses

elementos devem ser considerados fontes de vantagem competitiva da organização e,

portanto, de extrema importância para a manutenção do valor da marca, como mostrado na

figura 1.

28

Figura 1 - Como o brand equity gera valor Fonte: Aaker (1998).

Interessante perceber que, para o autor, não há um processo linear de construção de

valor, mas, sim, um conjunto de ativos intangíveis relacionados diretamente à empresa que

devem ser observados durante suas práticas no mercado. Fazendo um contraponto ao proposto

por Aaker (1998), Keller e Machado (2006) propõe o CBBE - customer-based brand equity -

• Proporciona valor aos

clientes, aperfeiçoando:

• A interpretação /

processamento das

informações;

• A confiança na decisão de

compra;

• A satisfação dos usuários.

• Proporciona valor à

empresa, aperfeiçoando:

• A eficiência dos programas

de marketing; ���

• A fidelidade à marca; ���

• Preços / margens de lucro; ���

• As extensões de marca; ���

• A alavancagem de

negócios; ���

• A vantagem competitiva.

Lealdade à marca

• Custos de marketing reduzidos;���

• Alavancagem operacional;���

• Atração de novos clientes; ���

• Criação de

conscientização/reafirmação; ���

• Tempo para reação às ameaças

da ���concorrência.

Notoriedade

• Âncora à qual podem ser

acopladas outras associações; ���

• Familiaridade; ���

• Estima; ���

• Sinal de substância /

compromisso; ���

• Marca a ser considerada.

Brand Equity Qualidade percebida

• Razão da compra; ���

• Diferenciação / posição; ���

• Preço; ���

• Interesse dos componentes dos

canais de ���comercialização; ���

• Expansões. ���

Associações com a marca

• Processo de auxílio / resgate de

informação;

• Razão de compra;

• Criação de atitude / sentimentos

positivos;

• Extensões.

Outros ativos • Vantagens competitivas.

29

que estabelece a mente do consumidor como a morada do poder de uma marca. Segundo os

autores, sua construção parte de um sequenciamento processual baseado em quatro etapas,

onde cada uma depende do êxito da anterior. É importante que as atividades de construção

desses ativos obedeçam ao que chamam de seis pilares ou blocos para construção de marcas,

conforme pirâmide apresentada na figura 2.

Figura 2 - Customer-Based Brand Equity - CBBE Fonte: Keller e Machado (2006).

A primeira parte da pirâmide relaciona-se com a estruturação da identidade da marca e

sua comunicação para a base de consumidores. Essa identidade deve estar ancorada em

associações corretas e consistentes em profundidade e amplitude. Considera-se uma relação

profunda a medida em que o consumidor reconhece um determinado elemento como

pertencente ao universo associativo da marca e, ampla, quando é alto o número de situações

de compra em que algum elemento da marca é lembrado. A segunda parte aponta para a

estruturação de significados que passam pelo desempenho no atendimento de necessidades

funcionais e psicológicas, estas últimas relacionando-se com a imagem formatada na mente

dos consumidores (KELLER; MACHADO, 2006).

A terceira parte refere-se ao que os consumidores pensam e sentem. As respostas

obtidas nesse ponto são os julgamentos feitos a partir de experiências de consumo e os

sentimentos vindos de interações sociais onde a marca é exposta e, de certa forma, contribui

Ressonância

Julgamentos Sentimentos

Desempenho Imagens

Proeminência

4. Relacionamentos Que relação quero com você?

3. Respostas O que penso ou sinto por você?

2. Significado O que você é?

1. Identificação Quem é você?

30

para evocar reações emocionais positivas. Para a última etapa, a ressonância, o foco é no

estabelecimento de relacionamentos consistentes com a marca, pois, nesse momento, a

premissa é de identificação pessoal com a proposição de valor em questão. Vale destacar que

há duas dimensões envolvidas nesse processo: intensidade e atividade. A primeira, é

relacionada a força atitudinal e senso de comunidade proporcionado pelo consumo e, a

segunda, relaciona-se com a frequência na compra e envolvimento em outras atividades não

relacionadas diretamente ao consumo (KELLER; MACHADO, 2006).

Finalizando o processo, essas quatro etapas devem responder a um conjunto de

perguntas lógicas que os consumidores invariavelmente fazem sobre as marcas:

1. Quem é você? (relacionando-se com a identificação);

2. O que você é? (relacionando-se com o significado);

3. O que penso ou sinto por você? (relacionando-se com as respostas);

4. Que relação quero com você? (relacionando-se com o relacionamento estabelecido).

Dado o exposto, é possível afirmar que ações pontuais para construção de valor não

são suficientes, uma vez que a perspectiva de longo prazo deva ser atendida de maneira

consistente. O correto gerenciamento de valor é um dos principais pontos de observação nas

atividades dos gestores que objetivam prover retornos significativos, o que indica a

necessidade de aprofundamento específico nos próximos parágrafos.

2.1.2 BRANDING

Para que seja possível a construção e manutenção da marca na mente dos

consumidores, o branding apresenta-se como uma importante ferramenta colaborativa dos

tradicionais programas de marketing. Segundo Keller e Machado (2006, p.30), branding

significa dotar um produto ou serviço de brand equity e, durante seu processo, todas as

escolhas para a criação e gerenciamento de ofertas devem transcender a própria oferta.

31

Somente assim, com proposições de alto valor, é possível criar vínculos emocionais mais

fortes com os consumidores.

A criação desses vínculos pode ser dada, por exemplo, a partir de estímulos de

comunicação corporativa, quando direcionada para o público interno, e mercadológica,

quando o foco é o consumidor. Independente do público, é importante considerar que a marca

sofre um processo de desgaste natural ao longo do tempo e, para se evitar perda de valor, é

preciso observar os movimentos e influências culturais que ocorrem no contexto em questão.

O desafio para os gestores é, então, estabelecer e atribuir traços de contemporaneidade sem

que as características distintivas e tradicionais da marca sejam afetadas. Faz-se necessário,

ainda, que as associações e significados evocados sejam o tempo todo preservados de acordo

com a estratégia e posicionamento estabelecido (PEREZ, 2004).

Considerando o topo dos seis blocos para construção de marcas, a pirâmide proposta

por Keller e Machado (2006), assume-se que uma marca bem construída e gerenciada é

aquela que sustenta seu valor baseado nos relacionamentos que desenvolve. Sudharshan

(1995) indica que a correta elaboração de estratégias de relacionamento permite o

acompanhamento das percepções dos consumidores e, consequentemente, contribui para a

necessária evolução dos ativos da marca ao longo do tempo, como também aponta Perez

(2004).

Indo além de uma visão internalizada do compromisso da criação de valor, McKenna

(2002) propõe que todo o processo de relacionamento gerado pelas organizações seja baseado

na integração do consumidor com a empresa. Ou seja, há necessidade da participação do

consumidor no processo de criação de valor, pois, somente através dessa interação, a marca é

construída em bases consistentes. As organizações devem estabelecer marcas que inspirem

confiança e tenham vínculo com os desejos e aspirações de seus consumidores para que,

assim, consigam sustentar estes relacionamentos (ROBERTS, 2004).

Diferentemente de modelos onde são considerados argumentos racionais e benefícios

tangíveis como principais fontes de valor, como os propostos por Aaker (1996), as

abordagens de branding relacionadas às conexões emocionais, ou emotional branding, vêm

crescendo cada vez mais. Em sua base, estão fundamentadas premissas de identificação de

personalidade, senso de comunidade e geração de significados centrados no consumidor. Em

32

diversos estudos sobre gestão de marcas, é possível encontrar referências sustentando a ideia

de que perspectivas mais sensoriais, participativas e carregadas de emoção podem

desempenhar o papel de fonte de diferenciação e vantagem competitiva (GOBE, 2001).

A partir da perspectiva do emotional branding, as proposições de valor devem ser

inspiradoras e atraentes de forma que o consumidor identifique-se com a narrativa das marcas

e, consequentemente, perceba o valor que têm em sua vida. Gobe (2002) aponta que os

consumidores desejam estabelecer relações com as marcas que escolhem quando é possível

perceber, de fato, um papel positivo e transformador em suas vidas. O objetivo da gestão de

marcas por essa perspectiva é, dessa maneira, forjar uma consistente e significativa relação

emocional com o consumidor e tornar-se parte de suas histórias, memórias e relações sociais.

Como exemplo de vínculos estabelecidos, a dinâmica das relações sociais que serve como

base para a lógica do emotional branding pode ser observada em diversas comunidades de

marca, como o Grupo de Proprietários de Harley e Apple Maníacos. Apesar de distantes

fisicamente em muitos dos casos, em locais como esses, os significados das marcas são

construídos de maneira colaborativa e acabam contribuindo para sustentar laços sociais e

afetivos entre os membros (MUNIZ; O’GUINN, 2001).

Complementando a proposta de vínculos emocionais forjados via relacionamentos,

Kotler e Keller (2012) também apontam as comunidades de marca como uma poderosa

ferramenta de construção de brand equity. Segundo Muniz e O’Guinn (2001), esses espaços

resultam em uma base maior de clientes fiéis e comprometidos, tendo sua composição dada a

partir de três características básicas:

1. Uma consciência compartilhada de espécie;

2. Rituais, histórias e tradições compartilhadas que ajudam a transmitir o significado da

comunidade;

3. Uma responsabilidade ou um dever moral compartilhado com a comunidade como um

todo e seus membros.

Nas últimas décadas, o alto crescimento e rápido desenvolvimento da internet como

ambiente de relações sociais proporcionou o encontro virtual de indivíduos com interesses em

33

comum, culminando em novas formas de interação e geração de valor (THOMSEN et al.,

1998). Com o surgimento desses ambientes, os consumidores cada vez mais se tornaram

importantes agentes no processo de relacionamento, tendo, por diversas vezes, seus feedbacks

e considerações observadas em tempo real (HOFFMAN; NOVAK, 1996; PRAHALAD;

RAMASWAMY, 2004). Como exemplo de plataforma de relacionamento e interação virtual,

podem ser observadas as comunidades virtuais de marca estruturadas nas diversas mídias

sociais. Em todos os casos, as funcionalidades das plataformas permitem que as marcas e

consumidores interajam e participem de maneira a co-criar valor para ambas as partes,

potencializando os vínculos emocionais destes relacionamentos (DE VALCK et al., 2009).

Posto isto, pode-se dizer que a gestão de marcas por meio da internet apresenta-se

como uma opção interessante, uma vez que tenha sinergia com as premissas de construção,

manutenção e elevação de valor apontadas pelas teorias de branding apresentadas.

Atualmente, segundo Batista (2011), as organizações estão fazendo uso das mídias sociais

como plataforma de relacionamentos, considerando sempre estratégias que contribuam na

construção de suas marcas. Assim sendo, para um melhor entendimento de como a internet

pode ser utilizada na gestão de marcas, a seguir, será abordado o tema relacionado às redes

sociais, mídias sociais e comunidades virtuais de marca.

2.2 REDES SOCIAIS NA INTERNET

Aqui, cabe ressaltar que as discussões a seguir são direcionadas às redes sociais

estabelecidas apenas no ambiente digital, mais especificamente na internet. Para tanto, é

importante reafirmar sua criação e desenvolvimento como infraestrutura de comunicação e

troca de informação que vai além de restrições de tempo e espaço, fundamentando o que Lévy

(1999) denomina de ciberespaço. Segundo o autor, o conceito pode ser compreendido como

“o espaço de comunicação aberto pela interconexão mundial dos computadores e das

memórias dos computadores com poder de deixar em sinergia e “interfacear” todos os

dispositivos da elaboração da informação, além de proporcionar trocas comunicativas entre os

pares, levando a todo tipo de relação até se chegar às comunidades virtuais”.

34

Em uma outra visão do tema, Lemos (2002) entende o ciberespaço como o local em

que se entra quando se conecta no ambiente virtual e como o conjunto de computadores

conectados em todo o planeta. Complementando o entendimento do autor, esse local deve ser

considerado como objeto de constante observação dado que é propício para o

engrandecimento dos valores e saberes humanos, pois as informações ali trocadas são de

natureza variada e possuem tempo de vida único. A cada instante, uma nova informação é

gerada, o que pode potencializar ou anular uma outra já existente, sendo, portanto, de extrema

importância a constante conexão.

Para ambos os autores, o ciberespaço apresenta-se como um local de livre circulação

de informações e agrupamento de indivíduos, independente de sua localização física. Dando

sequência ao raciocínio, Araújo (2007) sugere que os indivíduos neste contexto possuem os

mesmos valores e relações sociais que existem em sociedade, não sendo possível afastar-se da

ideia de que o mundo digital é de certa forma reflexo do físico. Ou seja, o ciberespaço deve

ser compreendido além da conexão entre computadores e ser observado como um local de

conexão e relacionamento entre pessoas.

De acordo com Castells (2003), a internet pode ser considerada a principal via de

comunicação mundial mediada por computadores, uma vez que conecta grande parte das

demais redes. Como panorama atual do cenário de usuários de internet no mundo, a

Organização das Nações Unidas (ONU) estima que até o final do ano de 2014 serão

aproximadamente 3 bilhões de usuários, o que representa aproximadamente 40% da

população mundial (ITU, 2014). Considerando a quantidade de usuários, dinâmicas de uso e

desenvolvimento das tecnologias da informação, Castells (2003) aponta para o surgimento do

conceito de sociedade em rede, onde pessoas estão agrupados em torno de redes de

organizações, públicas e privadas, e instituições. O conceito possui características

fundamentais:

1. Informação como matéria-prima;

2. A lógica das redes encontra-se em qualquer sistema ou conjuntos de relações que

façam uso das novas tecnologias;

3. Flexibilidade de organizar pessoas, organizações e instituições;

35

4. A crescente convergência entre tecnologias.

Aprofundando-se no conceito de redes sociais, de acordo com Recuero (2009), sua

definição é anterior a de ciberespaço e sociedade em rede e pode ser compreendida a partir do

trabalho de Leonard Ëuler, matemático criador do teorema dos grafos. Para o matemático, um

grafo é a representação de um conjunto de nós unidos por arestas que formam uma rede.

Dentre as diversas possibilidades para uso do teorema, uma das aplicações encontra-se na

sociologia, onde foi utilizada como base para a análise e entendimento das estruturas sociais.

Levando-se em conta a lógica estrutural proposta, independente de sua localização, as redes

sociais possuem características comuns, como objetivos compartilhados construídos de

maneira colaborativa, uma dinâmica multilateral e de intenção consistente por parte de seus

membros, apresenta criação, edição e troca de informações, descentralização de poder em

determinados momentos, iniciativas legítimas dos envolvidos, ambiente favorável à parcerias

e, por fim, configuração dinâmica e mutável (RIBAS; ZIVIANI, 2008).

Uma melhor compreensão sobre os movimentos e relações existentes em uma rede

social depende fortemente de decupar sua estrutura e observar a relação entre as partes, como

sugere Recuero (2009). Para tanto, como pilares de uma rede social, podem ser considerados

os nós e atores, vínculos ou laços sociais e fluxo de informação.

Por definição, os atores em uma rede social são representados por indivíduos, grupos

ou mesmo instituições que interagem entre si e moldam um formato da rede. É importante

ressaltar que, dada natureza de interação social virtual, muitas vezes não é possível o

discernimento sobre quem é o ator em questão e, portanto, considera-se a interação a partir de

uma representação ou mesmo de uma construção identitária dentro do ciberespaço. Nesse

caso, considera-se que o ambiente é um local de interações e representações, tendo o

estabelecimento de identidade em rede como um processo carregado de elementos da

personalidade do indivíduo. A percepção das posições de cada ator e, consequentemente, das

conexões ou nós que possuem é fator primordial para entendimento da formatação da rede,

bem como sua dinâmica.

Como segundo pilar, os vínculos ou laços sociais, são definidos como o nível e

intensidade que há entre os atores durante as interações sociais. A autora ainda considera que

o processo de interações seja pautado por manifestações comunicacionais que, repetidas por

36

diversas vezes, podem se tornar relações sociais. O conteúdo de uma relação social, segundo

Recuero (2005), está relacionado ao capital social que pode ser definido como tudo aquilo

trocado entre os integrantes de uma rede, como informações, conhecimentos, opiniões,

sugestões, reclamações, percepções e sentimentos. Nesse sentido, assume-se que as trocas

feitas de maneira positiva e consistente geram confiabilidade e aumentam de intensidade, a

medida em que ocorram com mais frequência e legitimidade.

Com base nas relações sociais estabelecidas, é possível observar o fluxo de

informação que existe, gerando, por vezes, um sistema de hierarquia para facilitar a

disseminação e o compartilhamento de conteúdo. Aqui, cabe ponderar que a rede pode ter em

sua composição atores que possuam maior ou menor capital social e, consequentemente, que

podem determinar a dinâmica de trocas e dos valores construídos de maneira colaborativa

(RECUERO, 2009). Em muitos casos, a esse ator com maior capacidade de direcionar o rumo

das trocas de uma rede dá-se o nome de influenciador (SALZMAN; MATATHIA;

O’REILLY, 2003). As redes sociais podem ter seu formato de organização denominados

topologia ou arquitetura, tendo dois fundamentos principais: capacidade de concentração de

usuários e dinâmica de formatação da rede. Uma outra forma de se observar o tipo de rede em

questão é com base nos vínculos e fluxos de informação que ocorrem entre influenciados e

influenciadores, podendo, nesse caso, ser classificadas como centralizadas, descentralizadas e

distribuídas (TERRA, 2010).

Figura 3 - Topologia de redes sociais Fonte: Terra (2010).

Centralizada Descentralizada Distribuída

37

As redes sociais centralizadas são aquelas que possuem forte concentração de

influência em seu centro e extremidades funcionando como receptores de conteúdo. As redes

descentralizadas são as que há distribuição de pólos centralizadores de influência e fluxo de

informação mais dinâmico. Por fim, as distribuídas são as que apresentam certo equilíbrio

entre atores, vínculos e, consequentemente, fluxo de informação (BARAN, 1964).

Independente de seu formato, as redes sociais na internet baseiam-se em plataformas

que possuem como características principais a interação, participação e, consequentemente, o

engajamento (TERRA, 2010). Segundo Schultz (2007), muitas delas são denominadas de

sites participativos ou sites de redes sociais, onde é possível que os membros exponham suas

vidas, discutam sobre amenidades, compartilhem perspectivas, sonhos e sentimentos de

maneira que outros possam opinar e até mesmo participar da situação. De acordo com Safko e

Brake (2010), esse tipo de site permite que um usuário constitua perfil público ou privado,

preencha com informações pessoais ou profissionais e interaja com outros membros dessa

mesma rede.

As redes sociais na internet, ainda de acordo com os autores, são viabilizadas através

de diversas plataformas conhecidas como mídias sociais. Para um melhor entendimento sobre

os conceitos relacionados, as linhas que seguem dedicam-se a aprofundar a discussão sobre

definições, categorias e uso das mídias sociais como ferramenta de construção de marca.

2.2.1 MÍDIAS SOCIAIS

Para Solomon e Tuten (2013), no estágio conhecido como web 1.0, não havia a

possibilidade de interação entre os usuários, pois sua lógica era baseada na concentração de

informações em páginas estáticas onde somente o editor possuía autonomia para publicação

de conteúdo. Nesta fase, os sites operavam meramente como fonte de consulta de dados.

Fazendo um paralelo com essa perspectiva, um exemplo citado pelos autores é a enciclopédia

clássica, na qual há a concentração de informações produzidas por poucos, limitando sua

disponibilização massificada e, por consequência, o acesso ao conhecimento. Em contraste, a

web 2.0 viabilizada por novas tecnologias possibilita que informações sejam trocadas de

maneira multilateral, promovendo, assim, a construção colaborativa de conteúdos e valores.

38

Como exemplo, há a Wikipedia, uma versão online da enciclopédia que é construída

baseando-se no conhecimento dos próprios usuários. No site, é possível que cada pessoa

contribua escrevendo sobre um tópico de domínio ou faça a correção de uma informação

errada, o que gera senso de pertencimento, comunidade e proximidade.

Há diversos exemplos da evolução das fases da web 1.0 para a 2.0, mas a principal

quebra de paradigma baseia-se na mudança de uma perspectiva centralizadora para uma mais

participativa e colaborativa, como no exemplo da Wikipedia. Considerando a característica de

interação entre pessoas, atualmente, muitas das relações em rede sociais na internet são

viabilizadas pelas mídias sociais, onde usuários compartilham suas vidas e interagem

livremente. Para Recuero (2009), o conceito de mídias sociais pode ser compreendido como

uma ferramenta de comunicação que possibilita a emergência das redes sociais na internet. Já

segundo Kaplan e Haenlein (2010), são plataformas desenvolvidas a partir das premissas de

interação da web 2.0 e que, por conta disto, possibilitam a criação de vínculos afetivos entre

os membros de uma determinada rede.

Por uma abordagem mais direcionada às plataformas, o conceito de mídia social pode

ser entendido como um conjunto de novas fontes online de informação, como sites de redes

sociais, blogs, chats, hospedagem de vídeos e fotos que tenham propósitos variados, incluindo

discussões sobre marcas e produtos (MANGOLD; FAULDS, 2008). Complementando a

ideia, Safko e Brake (2010), apontam para a existência de um ecossistema de mídias sociais e

que sua categorização é dada em 15 diferentes tipos: editoração, fotos, vídeos, áudio,

microblog, livecast, mundos virtuais, jogos, aplicativos de produtividade, agregadores, rich

site summary - RSS, buscas, dispositivos móveis, interpessoal e, por fim, sites de redes

sociais.

As mídias relacionadas à editoração são aquelas que permitem a criação, edição,

gerenciamento e distribuição de conteúdos para diversos usuários a partir de um canal, como

e-mail marketing, wikis e blogs. As relacionadas às fotos, vídeos e áudios são repositórios de

conteúdos em que se pode classificar, organizar e compartilhar o que é armazenado pelos

usuários. Tendo características similares as de um blog, a categoria de microblogs

compreende plataformas baseadas na transmissão de mensagens curtas em formato de texto,

como o Twitter.

39

Ainda, segundo Safko e Brake (2010), o livecast permite que usuários compartilhem

suas vidas em rede por meio de transmissões online, sejam por áudio ou vídeo. Uma outra

possibilidade citada pelos autores é a participação em mundos virtuais, como o Second Life,

onde os usuários constituem avatares, relacionam-se com outros e exploram o mundo em que

estão inseridos. Ainda com referências à explorar universos fictícios, os jogos agrupam

pessoas com interesses em comum e possuem uma dinâmica de interação muito particular.

Possivelmente, é a categoria de mídia social que mais agrega usuários engajados com o

propósito que sustenta essas rede.

Com um foco mais corporativo, os aplicativos de produtividade são aqueles que

reúnem usuários para que colaborem em um projeto, como no caso do Google Drive, onde é

possível intervir ao mesmo tempo na elaboração de documentos. Uma outra plataforma que

pode auxiliar em ambientes de projetos é o agregador. Com esse tipo de ferramenta é possível

coletar e atualizar informações relevantes para o negócio em questão e disponibilizá-las em

um único local. Contribuindo para isso, em alguns casos, podem ser usados RSS ou rich site

summary que são ferramentas auxiliares na coleta de dados atualizados de sites considerados

relevantes para seus usuários. Na prática, não é necessário acessar o site de interesse para que

se veja o conteúdo disponibilizado, pois ele aparece em um agregador ou leitor de RSS.

Apesar de sua lógica não ser pautada por redes de pessoas, as buscas são incluídas nas

categorias de mídias sociais pela condição de conexão entre os sites. Afastando-se um pouco

das características das demais mídias sociais, os dispositivos móveis possuem papel

fundamental na conexão entre pessoas. Até o final de 2014, de acordo com pesquisas da

empresa eMarketer, a base de usuários de smartphones do Brasil será de aproximadamente

41,2 milhões, número 36% maior que o último ano (EMARKETER, 2014). Assim como os

celulares, os comunicadores interpessoais, como o Skype, não possuem semelhanças com a

maioria das plataformas, mas de acordo com os autores, são essenciais para a manutenção de

comunicação e relacionamento entre membros de uma equipe ou pessoas localizadas em

diferentes lugares.

Por fim, são estabelecidos os sites de redes sociais, onde usuários constituem um

perfil, como pessoa física ou organização, e interagem com outros membros, compartilhando

suas vidas, interesses e desejos. Essas plataformas vêm transformando a maneira como as

pessoas se comunicam, socializam, aprendem e tomam decisões. No que tange as relações de

40

consumo, gradativamente, é possível perceber uma mudança no padrão de recomendações e

compartilhamento de experiências em páginas como essas, o que gera novas formas de se

estabelecer vínculos de confiança e credibilidade (SABATE et al., 2014). Em diversos

estudos (REHMANI; KHAN, 2011; YE; LO; GU, 2009) nota-se que o poder de

recomendação está diretamente ligado ao quanto de influência determinado usuário possui, o

que, por consequência, impacta nas decisões sobre a compra de produtos e serviços. Essa

força, conhecida como boca-a-boca online, pode e deve ser estimulada a partir de conteúdos

produzidos pelas organizações presentes nos sites de redes sociais.

A título de exemplo, tem-se o Facebook, maior rede social do mundo. No site, é

possível que pessoas e empresas participem por meio de seus perfis e iniciem diálogos a partir

de publicações de texto, imagens ou vídeos. Levando em consideração sua utilização por

empresas, o conteúdo é o instrumento que estimula a interação e relacionamento e, portanto,

deve ser elaborado de acordo com as associações desejadas para as marcas e de forma que

seja atrativo para o consumidor interagir e compartilhar com sua rede (SMITH et al., 2012).

No Facebook, uma empresa ao se cadastrar cria uma Fan Page ou página de fãs e,

com ela, pode publicar conteúdos específicos de marketing com o objetivo de estabelecer

relacionamentos com sua base de consumidores. Para isso, é necessário que o usuário

encontre a página em questão e a “curta”. Somente após essa ação proativa é que os

conteúdos promovidos pela marca serão exibidos para ele e respectiva rede de amigos.

Seguindo essa lógica, pode-se, então, considerar estas Fan Pages como comunidades virtuais

de marca, pois reúnem o que Muniz e O’Guinn (2001) apontam como premissa básica: uma

comunidade especializada não localizada fisicamente estruturada em laços sociais fortes entre

os membros e marca em questão. Dado o objeto de estudo deste trabalho, as linhas que

seguem são dedicadas a compreensão das definições de comunidade virtual de marca, dos

motivadores em participação e sua utilização pelas organizações.

2.2.2 COMUNIDADES VIRTUAIS DE MARCA

Na literatura, uma das primeiras definições sobre comunidades virtuais é dada como:

agrupamentos sociais estruturados em torno de discussões públicas que possuem número e

41

sentimentos suficientes para formarem redes de relações pessoais dentro do ciberespaço

(RHEINGOLD, 1996). Segundo Bagozzi e Dholakia (2002), a maior parte das comunidades

virtuais é estabelecida, de maneira individual, em torno de interesses únicos que podem estar

relacionados a diversos tópicos. Essa premissa pode ser observada na definição apresentada

pelos autores Ridings, Gefen e Arinze (2002) quando consideram a comunidade virtual como

sendo “grupos de pessoas com interesses e práticas em comum que se comunicam

regularmente, por um período de tempo determinado, de uma forma organizada na Internet,

utilizando um mecanismo específico”.

Ainda pelas mesmas bases, Mansour e Bellini (2005) consideram a comunidade

virtual como um agrupamento de pessoas com interesses em comum que utilizam o mesmo

tipo de tecnologia para trocar informações em determinado período na internet. Autores como

Porter e Donthu (2005) apontam que, apesar da ausência de um constructo integrador para o

tema, pode ser definido como “uma agregação de indivíduos ou parceiros de negócios que

interagem em torno de um interesse em comum, onde a interação é pelo menos parcialmente

suportada e mediada pela tecnologia e guiada por protocolos e normas”.

De acordo com Kozinets (1999), as comunidades virtuais possuem diversos efeitos

culturais, sendo a influência no comportamento do consumidor uma delas. Em alguns casos, o

objeto de interesse dessas comunidades são produtos, organizações e marcas, sendo, portanto,

conhecidas como comunidades virtuais de marca ou de consumo e seus membros em quarto

categorias. Essa classificação pode ser considerada a partir do grau de intensidade dos laços

afetivos que o membro tem com a comunidade e nível de interesse nas atitividades que

acontecem em rede, como detalhado abaixo:

1. Turista ou tourist – possuem laços fracos com a comunidade e possuem interesse

superficial pelas das atividades do grupo;

2. Nômade ou mingler – mantêm fortes laços com a comunidade, mas não participa com

frequência das atividades do grupo;

3. Dedicado ou devotee – possui laços fracos com a comunidade, mas alto interesse nas

atividades do grupo;

42

4. Embaixador ou insider – mantêm fortes laços com a comunidade e com as atividades

do grupo.

A figura 4 propõe um esquema visual para a classificação dos membros de uma

comunidade virtual, de acordo com Kozinets (1999).

Figura 4 - Perfis de membros de uma comunidade virtual Fonte: Kozinets (1999).

Mesmo referindo-se às marcas e organizações, cabe ponderar que a participação em

comunidades como essas tem fundamento em uma ação social na qual os indivíduos agem

propositalmente em função das características da comunidade (SHAU et al., 2009). Quanto

maior o alinhamento da atividade central do grupo com o objetivo do membro, maior a

possibilidade de participação na comunidade virtual em questão (KOZINETS, 1999).

Considerando os pontos em comum encontrados em todas as definições, como

pessoalidade, pertencimento e laços afetivos, é importante observar que os motivadores para

participação em uma comunidade virtual de marca são os benefícios que advém de interações

e consumo de informações ali trocadas (HABIBI et al., 2014). Em geral, duas naturezas de

benefícios podem ser consideradas quando se discute a ideia de participação, sendo uma

hedonista e outra utilitária, ambas explicadas pela teoria da identidade social (TAJFEL;

Alta participação nas atividades do grupo

Baixa participação nas atividades do grupo

Laços fortes com a comunidade

Laços fracos com a comunidade

Nômade ou mingler Turista ou tourist

Embaixador ou insider Dedicado ou devotee

43

TURNER, 1985) e do capital social (BOURDIEU, 1983). De acordo com a teoria da

identidade social, um indivíduo ingressa em uma comunidade virtual de marca para que seja

possível o enquadramento à alguma categoria social simbólica de maneira que supra sua

necessidade de pertencimento e identificação. Sua permanência em grupo, então, o ajuda no

processo de auto-referência, como mostram estudos de Muniz e Schau (2007).

Pela perspectiva do capital social, que, segundo Bourdieu (1983), pode ser

compreendido como “o agregado dos recursos efetivos ou potenciais ligados à posse de uma

rede durável de relações mais ou menos institucionalizadas de conhecimento ou

reconhecimento mútuo”, há a noção de que os indivíduos relacionam-se com outros

considerando sempre uma lógica utilitária. Por meio de trocas simbólicas, o indivíduo busca

obter mais informações sobre as marcas em questão com o objetivo de fazer melhor uso de

seus produtos e serviços. Acredita-se que o repasse de informações feito por pares ou

influenciadores tende a ser mais valioso e aceito pelos membros de uma mesma rede, pois

compartilham do mesmo objeto de interesse e afeto (ZAGLIA, 2013).

Baseando-se nos estudos de Muniz e O’Guinn (2001), Almeida (2009) em sua tese de

doutorado aponta que o indivíduo atinge um senso de comunidade quando percebe quatro

benefícios advindos de sua participação: o primeiro relaciona-se com a associação e

consciência compartilhada, o que implica em investimentos dos membros no processo de

entrada na rede, como a compra do produto em questão. O segundo está relacionado ao

processo de co-construir valor para a comunidade e, possivelmente, para a marca. Já para o

terceiro, aproveitando-se das premissas das teorias da identidade social e capital social, é

relacionado à identificação e preenchimento de necessidades que serão resolvidas em

sociedade, podendo ser de status ou mesmo de informações. Por fim, as conexões emocionais

compartilhadas, comprometimento e crenças. Este último benefício indica que o indivíduo

pode perceber sua participação em comunidade virtual de marca como uma extensão de sua

identidade individual.

Dessa forma, pode-se dizer que as comunidades virtuais de marca são grupos de

comprometimento relativamente consistente, de relacionamentos estáveis e de trocas

simbólicas de extremo valor, seja para os membros ou marca. A medida em que as marcas

consigam gerar proposições de valor inspiradoras e atraentes de maneira que os indivíduos

identifiquem-se com suas narrativas e as insiram em suas vidas, a chance de se constituir uma

44

comunidade engajada aumenta consideravelmente. Portanto, tende-se a assumir que uma

comunidade de alto valor e representatividade nos processos de gestão de marcas é a que

apresenta melhores panoramas de relacionamento, comprometimento e, consequentemente,

engajamento.

Dentro do contexto de mídias sociais, relacionamento e branding, o termo

engajamento aparece de maneira frequente, seja em conferências, livros, artigos ou mesmo

discussões de mercado (APPEAULBAUM, 2001). O ponto central em todas essas situações é

que o engajamento pode ser considerado como um fator de criação e manutenção de

relacionamento entre as empresas e respectivos consumidores, além de uma fonte consistente

de vantagem competitiva (SEDLEY, 2008). De acordo com Bowden (2009), o conceito de

engajamento do consumidor é originário das teorias de marketing de serviços e, dada sua

natureza interativa e dinâmica, seu entendimento é essencial para a criação de valor e

desenvolvimento de negócios. Para melhor compreensão dos conceitos, antecedentes e

consequentes do engajamento, as próximas linhas exploram o assunto.

2.3 ENGAJAMENTO

As discussões sobre o conceito de engajamento estão presentes em diversas áreas do

conhecimento e podem ser encontradas baseando-se em perspectivas, naturezas e aplicações

variadas. Como exemplo, segundo London, Downey e Mace (2007), o termo engajamento

vem sendo relacionado à noções de comprometimento legal, obrigação, compromisso e, por

uma perspectiva mais subjetiva, a conexão, envolvimento e/ou participação emocional. Já

uma outra abordagem (BRYSON; HAND, 2007) apresenta o engajamento a partir de uma

lógica processual e ampla, de forma que seu resultado seja dado por meio de interações

sociais ocorridas ao longo de um determinado período. Em nenhum dos dois casos, os autores

apontam para a natureza ou mesmo aplicação ideal do conceito.

Nas últimas duas décadas, é possível perceber um movimento de crescimento e

utilização do conceito em diversos campos, como os das ciências sociais. Publicações das

áreas de sociologia, ciências políticas, educação, psicologia e comportamento organizacional

são as de maior frequência. Nos estudos da sociologia, geralmente, o conceito refere-se ao

45

engajamento cívico; nas ciências políticas, a abordagem está relacionada ao engajamento do

Estado e na consequência desse processo; na educação, o foco é o engajamento do estudante;

na psicologia, o enfoque é no engajamento social, de tarefa ou ocupacional; por fim, em

estudos sobre comportamento organizacional, o engajamento surge quando observada a

relação dos funcionários com a empresa em questão (BRODIE et al., 2011a).

Apesar da extensa utilização do termo em diversos campos e da pluralidade de

definições, considerando a natureza de cada área, contexto e objeto de engajamento, é

possível dizer que o constructo é sempre elaborado a partir de uma perspectiva

unidimensional ou multidimensional, tendo como base as dimensões de emoção, cognição e

comportamento. Em um dos principais estudos sobre o tema, Brodie et al. (2011a)

observaram a predominância dessas dimensões no extenso levantamento bibliográfico

realizado, como mostra o quadro 2.

Dimensões do engajamento Literatura de ciências sociais Literatura de gestão de negócios

Unidimensional

Emocional Catteeuw (2007) Roberts e Davenport (2002)

Heath (2007) Campanelli (2007) Shevlin (2007b) Smith e Wallace (2010)

Cognitiva Blumenfeld e Meece (1988) Guthrie (2001) Guthrie e Cox (2001)

Comportamental

Balsano (2005) Pomerantz (2006) Downer, Sara e Roberts (2007) Saczynski et al. (2006) Achterberg et al. (2003) Grudens-Schuck (2000

McConnell (2006) Peppers e Rogers (2005) Peterson (2007) Ghuneim (2006) Jasra (2007)

Multidimensional

Cognitiva / Emocional

Koyuncu, Ronald e Lisa (2006) London, Geraldine e Shauna (2007) Marks (2000) Marks e Printy (2003)

Passikoff (2006) Harris (2006)

Emocional / Comportamental Norris, Jean e Garth (2003) Huo, Billing e Molina (2009) Shevlin (2007a)

Cognitiva / Comportamental

Bejerholm e Eklund (2007) Kane (2008) Matthews et al. (2010) Hu (2010)

Sedley (2008) ARF (2006) Harvey (2005) Haven (2007) Owyang (2007)

Cognitiva / Emocional / Comportamental Macy e Scheinder (2008) Appelbaum (2001)

PeopleMetrics (2010) Quadro 2 - Dimensões do engajamento na literatura Fonte: Adaptado de BRODIE et al. (2011a).

46

2.3.1 ENGAJAMENTO EM MARKETING

Considerando a perspectiva de marketing, foco desta pesquisa, apesar da noção de

engajamento estar presente em discussões sobre relacionamentos entre consumidores e

empresas há muito tempo, poucos autores se propuseram a aprofundar seus estudos sobre o

tema até uma década atrás. Desde então, um crescente interesse pode ser observado pelo

volume de estudos publicados e compartilhados em congressos, seminários e conferências,

além do foco de trabalho de consultorias reconhecidas, como Gallup Group, Nielsen Media

Research e IAG Research (BRODIE et at., 2011a).

Em grande parte dos trabalhos, é sugerido que o engajamento represente uma

importante fonte de valor para as organizações que desejam manter sua vantagem

competitiva, aumento de vendas e rentabilidade (NEFF, 2007; VOYLES, 2007; SEDLEY,

2008). Todo esse cenário de interesse e, consequentemente, uso do termo engajamento nas

práticas gerenciais, levou o Marketing Science Institute - MSI a incluí-lo na lista de tópicos

prioritários para o período de 2010 até 2012 (BRODIE et at., 2011b).

Diversos são os conceitos e termos encontrados nas publicações da área, sendo alguns

frutos de estudos seminais, como os dos autores Vivek (2009), Van Doorn et al. (2010),

Brodie et al. (2011a) e Hollebeek (2011), e, portanto, de extrema relevância para uma melhor

compreensão do engajamento. Por vezes, é possível notar certa especificidade na descrição e

aplicação do conceito, além de uma complementariedade nas propostas de alguns autores.

As discussões ganham maior atenção em meados de 2005 quando termos como, por

exemplo, engajamento do consumidor, engajamento do cliente e engajamento da marca

aparecem com maior frequência. Uma das primeiras referências encontradas está relacionada

ao engajamento da comunidade de marca proposto por Algesheimer et al. (2005), onde é visto

como a interação e cooperação entre membros de uma determinada comunidade de marca.

No ano seguinte, Patterson et al. (2006) publicam um dos estudos que melhor suporta

os conceitos sobre engajamento discutidos em publicações posteriores. Para os autores, o

engajamento do cliente é dado a medida em que o indivíduo tenha envolvimento físico,

cognitivo e emocional com uma empresa, que no caso da publicação foi uma prestadora de

47

serviços. Já para Higgins (2006), o engajamento é quando o consumidor está ocupado,

interessado e envolvido com algum objeto.

De acordo com Marra e Damacena (2013), Ilic (2008), possivelmente, é um dos

primeiros autores a fazer uso do termo engajamento do consumidor, ainda que o considere um

processo contextualizado baseado em interações com o objeto de engajamento ao longo de

um determinado período. Ou seja, o foco do conceito para este autor é no objeto em si e não

necessariamente no consumidor, apesar do termo utilizado. Já com foco um pouco maior no

indivíduo, Bowden (2009) propõe que o engajamento do cliente é um processo psicológico

que tem como consequência a fidelização e lealdade de clientes, sejam novos ou atuais.

Como base para a compreensão do conceito, Vargo (2009) considerada a lógica

dominante de serviços - service dominant logic (SD-Logic). Para ele, o engajamento é dado

por meio da co-criação de valor por parte dos consumidores nos processos de interação com

as marcas, fazendo, assim, um contraponto ao conceito tradicional de lógica dominante de

produtos - goods dominant logic (GD-Logic). Baseando-se nos estudos de Vargo (2009),

Vivek (2009) propõe que as estratégias que objetivam engajar devem estar focadas em

produzir experiências e não a simples oferta de bens e serviços. Nesse sentido, deve-se

engajar de maneirar sustentável para que se crie relacionamento de longo prazo e de conexões

emocionais duradouras e consistentes. Esse contexto só é possível, então, a medida em que o

consumidor faça parte do processo de construção de valor através de interações múltiplas,

como apontado por Vargo (2009).

Ainda, Vivek (2009) traz o entendimento de que o engajamento do consumidor é mais

amplo do que o de cliente, pois envolve os atuais e potenciais por meio de programas de

marketing. Ao fazer uso de teorias relacionadas a marketing de relacionamento e serviços, a

autora sugere que o engajamento seja entendido, portanto, como a intensidade de participação

e conexão do consumidor com as ofertas de uma organização estimuladas por atividades,

sejam elas iniciadas pelo próprio consumidor ou mesmo organização.

Especificamente para ambientes online, Mollen e Wilson (2010) definem engajamento

de marca como o comprometimento afetivo e cognitivo que se tem com o relacionamento

com uma marca personificada por meio de um website, tendo este a finalidade de comunicar

suas proposições de valor. O conceito caracteriza as dimensões cognitivas envolvidas no

48

processo de relacionamento, sendo elas a percepção do indivíduo quanto ao valor

instrumental, de utilidade e relevância, e a de valor experimental, sendo o alinhamento

emocional do indivíduo com as narrativas propostas no website em questão. Ainda segundo

os autores, quando se discute engajamento de marca, é preciso atentar para a diferença com o

termo envolvimento. Segundo eles, o engajamento vai além do mero envolvimento, uma vez

que, para engajar, seja necessária uma experiência interativa com a marca e que o indivíduo

tenha o valor instrumental e experimental ativados em suas interações. Essa perspectiva é

consistente quanto ao alinhamento com o conceito proposto por Vargo (2009), na qual há

ênfase para a interatividade e experiência do consumidor no processo de relacionamento com

a marca.

Publicado no Journal of Service Research, um dos principais artigos sobre o tema

ressalta a necessidade do entendimento sobre como e quais motivos levam o cliente a se

comportar de determinada maneira quando considerado o engajamento. Ao constructo foi

dado o nome de Comportamento do Engajamento do Cliente - CEC. Nessa pesquisa, Van

Doorn et al. (2010) desenvolveram um modelo para compreensão desses comportamentos e,

consequentemente, utilização de informações em estratégias que promovam benefícios de

longo prazo para a organização em questão. Os autores acreditam que clientes engajados

tendem a manter relacionamentos com pares e podem exercer forte influência em processos

de tomada de decisão de compra. Assim, reforçam a necessidade de observar e compreender

de que forma o CEC pode ser gerenciado para que todos os stakeholders da organização

sejam beneficiados por terem clientes engajados.

Como última referência ao conceito, Hollebeek (2011) argumenta que o engajamento

do consumidor de uma marca deve ser entendido como o nível de comprometimento

cognitivo, emocional e comportamental por meio de interações com a marca. Esse processo

deve ainda considerar a relação de dependência de um contexto e motivação para as trocas

dos indivíduos com os estímulos realizados pelas organizações. Considerando os diversos

conceitos de engajamento presentes na literatura de marketing, certamente, alguns possuem

maior relevância para entendimento e aplicação. Brodie et al. (2011a) condensam as

principais definições sobre engajamento e as cruzam com as perspectivas dimensionais

apontadas, como mostrado no quadro 3.

49

Autores Termos Definições Dimensões

Patterson et al. (2006) Engajamento do cliente

O nível de comprometimento físico, cognitivo e emocional no relacionamento com uma prestadora de serviços.

Absorção – Cognitivo, Dedicação – Emocional, Interação – comportamental.

Vivek, Beatt e Morgan (2010) Engajamento do

consumidor

A intensidade de participação e conexão de um indivíduo com as ofertas de uma organização e suas atividades iniciadas pelos clientes ou mesmo organização.

Cognitivo, comportamental e emocional.

Mollen e Wilson (2010) Engajamento online do consumidor

O comprometimento cognitivo e afetivo de um cliente com uma marca personificada por um website ou outra plataforma mediada por computador que comunique os valores da marca.

Processo continuado – Cognitivo, valor instrumental – Comportamental, valor de experiêcia – Emocional.

Bowden (2009a) Processo de engajamento do cliente

Um processo psicológico que suporte a formatação de lealdade para novos clientes e suporta a manutenção de lealdade para os atuais clientes.

Cognitivo, comportamental e emocional.

Van Doorn et al. (2010) Comportamento de engajamento do cliente

Manifestação comportamental de um cliente frente à uma marca ou empresa, indo além do processo de compra e resultando em comunicação boca-a-boca, recomendações, ajuda a outros clientes, publicações em blogs e avaliações.

Comportamental

Hollebeek (2011) Engajamento de marca do cliente

O nível de motivação do cliente com a marca, sendo dependente de contexto no que se refere ao comprometimento cognitivo, emocional e comportamental durante interações com a marca.

Cognitivo, comportamental e emocional.

Pham e Avnet (2009) Comportamento de engajamento

É uma inferência a partir de um padrão de ações ou comportamento com determinado objeto.

Cognitivo e comportamental.

Higgins e Scholer (2009) Engajamento

Um estado de envolvimento, ocupação e entrega com algo, gerando consequências de atração ou repulsa. Quanto mais ou menos engajados, maior ou menor o nível de atração

Cognitivo, comportamental e emocional.

50

ou repulsa. Quadro 3 - Conceitos de engajamento e dimensões em marketing Fonte: Adaptado de BRODIE et al. (2011a).

2.3.2 PROPOSIÇÕES FUNDAMENTAIS E MODELO CONCEITUAL

Os estudos de Brodie et al. (2011a) permitem que seja elaborada uma definição

integradora sobre engajamento do consumidor para esta pesquisa, pois sugerem que as bases

conceituais do engajamento podem ser explicadas por teorias que contemplem experiências

interativas e co-criação de valor nas relações de marketing. A contribuição desses autores

reside na extensa revisão de literatura e na pesquisa realizada com outros autores para validar

seus conceitos.

Baseando-se nos principais temas e conceitos explorados, um conjunto de cinco

proposições fundamentais foi elaborado, de forma que funcione como delineador de uma

definição integradora. Segundo os autores, a intenção de se estabelecer as proposições é

prover uma conceituação que seja capaz de aplicação em diversas áreas e não somente a um

contexto ou objeto específico, como comunidade de marca ou cliente. As premissas

fundamentais são demonstradas resumidamente no quadro 4.

Proposição fundamental Definição

PF1 O engajamento do cliente reflete um estado psicológico que ocorre em virtude de experiências interativas do cliente com um objeto em uma relação específica de serviços.

PF2 O estado de engajamento do cliente ocorre de maneira dinâmica a partir de processos iterativos que co-criam valor em uma relação de serviços.

PF3 O engajamento do cliente desempenha uma função primordial em uma rede nomológica de serviços.

PF4 O engajamento do cliente é um conceito multidimensional que possui relação direta com contexto ou ator, sendo uma expressão significativa das dimensões de cognição, emoção e comportamento.

PF5 O engajamento do cliente possui níveis diferentes quando relacionado com objetos diferentes.

Quadro 4 - Proposições fundamentais Fonte: Adaptado de BRODIE et al. (2011a).

51

Para melhor compreensão de cada premissa, segue detalhamento:

PF1) A primeira é um ponto central no entendimento do engajamento, pois reconhece a

importância das experiências de interações entre os consumidores, membros de uma

determinada rede ou mesmo com marcas como antecedentes do estado de engajamento. Estas

experiências interativas, como apontado por Van Doorn et at. (2010), podem ocorrer em

fóruns, formulários online de pesquisa e comunidades virtuais de marca.

PF2) A fundamentação conceitual do engajamento está nas teorias de marketing de

relacionamento e serviços que consideram a service dominant logic (SD-Logic) como linha

guia, uma vez que aponte para a importância de experiências iterativas e interativas para a co-

construção de valor. Nesse caso, a intensidade de motivação para engajar-se em determinada

proposta, como uma comunidade virtual de marca, pode estar relacionada, como sugerem

Nolan et al. (2007), a uma percepção de valor utilitário acima do risco percebido.

PF3) Considerando uma lógica processual, o engajamento possui antecedentes e consequentes

que, em diversas publicações, são utilizados como equivalentes do conceito. Dado que as

discussões sejam recentes, é natural que termos como participação e envolvimento surjam

mesmo que não contemplem a complexidade necessária para definição do estado de

engajamento. Considerando uma rede nomológica, o engajamento necessita de antecedentes

essenciais, como a participação e envolvimento, e outros não essenciais, como empatia e

estado de imersão, que pressupõe foco total no objeto de engajamento. Indo além, há os

possíveis consequentes, como comprometimento, lealdade, confiança e afeto com a marca. O

quadro 5 apresenta melhor detalhamento e justificativa para uso de cada termo, segundo os

autores (BRODIE et al., 2011a).

Termo Definição Relação com engajamento

Envolvimento

O nível de relevância e interesse do indivíduo em uma relação com objeto ou decisão baseando-se em suas necessidades básicas, objetivos e auto-imagem (MITTAL, 1995; ZAICHKOWSKY, 1994).

É um antecedente necessário para o estado relevante de engajamento do cliente.

Participação

O grau de produção e entrega que o cliente realiza em uma prestação de serviço (BOLTON, SAXENA-LYER, 2009).

É um antecedente necessário para a expressão individual do engajamento.

Imersão Um estado de total imersão Funciona como antecedente do

52

psicológica e física, tendo perda de noções de tempo e espaço pelo alto envolvimento com um objeto (CSIKSZENTMIHALY, 1990).

engajamento em um contexto específico, incluíndo ambientes online.

Empatia

Nível percebido de harmonia, empatia e simpatia com outro (BROOKS, 1989). Um senso de conexão interpessoal genuíno (ASHFORTH, HUMPHREY, 1993).

Pode funcionar como antecedente do engajamento para atuais clientes em um contexto específico. Pode ser considerado um consequente para novos clientes.

Satisfação

Uma avaliação baseada em experiências de consumo de produtos e serviços ao longo de um período (JOHNSON, FORNELL, 1991).

Antecedente do comportamento do engajamento do cliente (VAN DOORN et al., 2010) para atuais clientes. É um consequente para novos clientes.

Comprometimento

Valoração de uma contínua relação entre indivíduos de forma que seja garantida sua manutenção (MOORMAN, ROHIT, GERALD 1993; MORGAN, HUNT 1994).

Consequente do engajamento do cliente que aponta para um possível e positivo relacionamento (SAKS, 2006).

Confiança

Segurança e confiabilidade percebida pelo consumidor em uma interação, uma vez que acredite nas ações de uma marca sempre como uma forma de maximização de benefício dos consumidores (DELGADO-BALLESTER, MUNUERA-ALEMA N, YAGU E-GUILLE N, 2003; ROTTER, 1967).

É um consequente para novos clientes e atua como antecedente do engajamento do cliente para atuais clientes (BOWDEN, 2009, 2009b). Van Doorn et al. (2010), em contraste, consideram a confiança como antecedente do comportamento do engajamento do cliente para atuais clientes.

Conexão com a marca

O nível de conexões que o consumidor faz com a personalidade da marca e sua auto-imagem (ESCALAS, 2004; ESCALAS, BETTMAN, 2005).

Potencial consequente do engajamento do cliente desenvolvido por experiências interativas do cliente.

Afeto com a marca Vínculo emocional de uma pessoa com uma marca (THOMSON, MACLNNIS, PARK, 2005).

Potencial consequente resultado de uma específica experiência interativa do cliente.

Lealdade

Compras repetidas (lealdade comportamental) impulsionadas por uma intenção direta (lealdade atitudinal) ao longo de um período (GUEST, 1944).

Potencial consequente (BOWDEN, 2009a; PATTERSON, YU, RUYTER, 2006).

Quadro 5 - Termos correlatos do engajamento e definições Fonte: Brodie et al. (2011a).

PF4) A análise da literatura aponta para a predominância de dimensões de comportamento,

cognição e emoção que são combinadas ou não pelos diversos autores das áreas estudadas.

Especificamente quando considerada a literatura de marketing, o constructo surge a partir de

uma perspectiva multidimensional e permite que seja observado, ainda, a partir de contextos e

objetos de engajamento diferentes.

53

PF5) A revisão feita aponta para a natureza individual e dependente de contexto do conceito,

que pode ser analisada também por níveis de intensidade e complexidade em diferentes

situações. De acordo com os autores, o estado de engajamento pode ser observado de maneira

contínua, considerando o estado desengajado - quando não há experiência de interação do

cliente ou mesmo da organização; pouco engajado - quando há baixo nível de

comprometimento comportamental, cognitivo e emocional; engajado - quando há amplo nível

de comprometimento comportamental, cognitivo e emocional; e altamente engajado - quando

há alto nível de comprometimento comportamental, cognitivo e emocional com as

experiências interativas propostas. Importante ponderar que o nível de comprometimento

durante o engajamento varia de acordo com o objeto, consumidor e contexto (BRODIE et al.,

2011a).

Considerando as cinco premissas fundamentais apresentadas, Brodie et al. (2011b)

propõe que a definição do conceito seja entendida como: o engajamento do cliente ou EC é

um estado psicológico que deriva de interações e experiências de co-criação de valor entre

indivíduos com um objeto de engajamento, como uma marca ou comunidade, em uma relação

de serviços. Ele ocorre de maneira dinâmica, cíclica e iterativa sob específicas condições que

geram diferentes níveis de engajamento. O engajamento do cliente desempenha papel

fundamental na rede nomológica de serviços e relacionamento, uma vez que possua como

antecedentes a participação e envolvimento e, como exemplo de consequente, a lealdade. O

conceito é, ainda, pautado de maneira multidimensional, tendo o comportamento, cognição e

emoção como dimensões fundamentais.

Mesmo tendo como natureza o contexto de serviços, a definição proposta por Brodie

et al. (2011b) deve ser adequada a outros contextos. Baseando-se neste direcionamento, os

autores propõe uma adaptação do conceito para comunidades virtuais de marca, conforme

artigo publicado no Journal of Business Research, tendo, assim, alinhamento com o

propósito desta pesquisa. Neste contexto, deve-se considerar como definição integradora:

O engajamento do consumidor em uma comunidade virtual de marca

envolve experiências específicas de interação entre consumidores e

marca e/ou com outros membros da comunidade. Deve ser

considerado como um estado psicológico altamente dependente de

54

contexto que pode ser observado e classificado a partir de níveis de

comprometimento estabelecidos por interações dinâmicas e

contínuas. O engajamento é um conceito multidimensional que possui

o comportamento, a cognição e a emoção como dimensões

fundamentais, além de possuir elementos de significado correlato que

funcionam como antecedentes e/ou consequentes no processo

(BRODIE et al., 2011b).

A partir das cinco premissas fundamentais e definição proposta, é possível estabelecer

relações entre as dimensões e objetos de engajamento dentro de uma comunidade virtual de

marca, como ilustrado na figura 5.

Figura 5 - Dimensões e objetos de engajamento Fonte: Brodie et al. (2011b).

Engajamento do consumidor em

uma comunidade virtual de marca

Cognitivo

Emocional

Comportamental

Tema

Comunidade virtual

Engajamento offline (invisível) do consumidor

Marcas

Produtos/Serviços

Organizações

Indústria

A comunidade virtual

Regras da comunidade

Membros da comunidade

Relacionamento estabelecido Relacionamento possível Elemento conceitual

55

A observação e análise das interações em uma comunidade virtual de marca permitem

que seja elaborado um modelo de processos e sub-processos de engajamento. Como primeiro

processo, estando em alinhamento com o proposto por Muniz e Schau (2007), o estímulo

inicial ou necessidade de participação em uma comunidade virtual pode ter origem na redução

de custos por informações ou mesmo pelo senso de pertencimento, por exemplo. A partir

disso, a medida em que o consumidor esteja contextualizado na comunidade, desenvolvem-se

os sub-processos de engajamento.

Brodie et al. (2011b) identificam cinco sub-processos que ocorrem de maneira

iterativa e dinâmica, não tendo uma ordem exata para seu desenvolvimento. Para melhor

compreensão, segue detalhamento de cada um:

1. Aprendizado: é caracterizado pela aquisição indireta de competências cognitivas que o

consumidor aplica em sua compra ou mesmo no processo de tomada de decisão;

2. Compartilhamento: este elemento reflete as dimensões de comportamento e cognição em

uma comunidade virtual, uma vez que o consumidor compartilhe seus conhecimentos

sobre o tema em questão. Ao promover o conhecimento, contribui para a co-construção

de valor da comunidade;

3. Advocacia: ocorre quando um consumidor ou um grupo ativamente e frequentemente

recomenda determinado item, seja produto, serviço ou marca. Também é considerado

quando há recomendação sobre o melhor uso de produtos, reforçando ainda mais o

compartilhamento;

4. Socialização: aponta para senso de pertencimento e comunidade, tendo relação com a

teoria da identidade social (TAJFEL; TURNER, 1985). Este sub-processo pode ser

identificado quando é possível perceber que há normas estabelecidas, linguagem

específica dentro da comunidade e declarações pessoais entre os membros;

5. Co-desenvolvimento: é um sub-processo onde os consumidores contribuem com a

organização no desenvolvimento e melhoria de produtos, serviços, marcas e outros tipos

de ofertas.

56

Ainda como processos, há o estado de dormência, onde há inatividade temporária por

parte de consumidores ativos no passado, e o desengajamento, quando não há mais atividade

do consumidor ou grupo na comunidade virtual em questão. Assim como os sub-processos,

não há sequenciamento ou ordem para análise dos consequentes do engajamento, que são

baseados no nível percebido de valor co-construído. As consequências do engajamento

incluem lealdade, satisfação, empoderamento do consumidor, conexão e vínculos emocionais,

confiança e comprometimento. Na figura 6 são mostradas as relações entre os processos e

sub-processos observados por Brodie et al. (2011b).

Figura 6 - Processos e sub-processos de engajamento Fonte: Brodie et al. (2011b).

Dado o exposto, é importante ressaltar que, na literatura levantada, termos correlatos,

como participação e interação, são vastamente utilizados tendo a mesma intenção de

significação. No entanto, deve-se deixar claro que o engajamento, como mostrado

principalmente pelos autores Vivek (2009), Vargo (2010), Van Doorn et al. (2010), Hollebeek

(2011) e Brodie et al. (2011a), é um processo complexo e contínuo de experiência de

consumo pautado pela co-construção de valor entre consumidores e marcas.

Estímulos iniciais do engajamento

Aprendizado

Advocacia

Compartilhamento

Co-desenvolvimento

Socialização

Dormência

Desengajamento

Lealdade e satisfação

Empoderamento

Conexão e vínculos

emocionais

Confiança e comprometimento

57

3. METODOLOGIA

3.1 MÉTODO DE PESQUISA

De acordo com Creswell (2003), é necessário estabelecer os limites da pesquisa para

que seja possível melhor compreender o problema em questão. É necessária a identificação

dos locais e indivíduos que possuem relação com o problema, o que não aponta para uma

delimitação de amostra aleatória. Aqui, faz-se necessário ter claro onde a pesquisa deve ser

realizada, quem e o que será observado, bem como respectivas evoluções nos contextos

determinados. Para Selltiz et al. (1974), a pesquisa e seu objeto devem considerar os seguintes

pontos:

1. Familiarização com um fenômeno de maneira que seja possível estabelecer um problema

de pesquisa melhor definido ou mesmo hipóteses;

2. Descrição de maneira detalhada dos aspectos de determinado grupo ou evento;

3. Verificação da ocorrência de um evento e se há relação com outros;

4. Baseado em hipótese, verificação de relação causal em determinados eventos.

Dessa forma, pode-se dizer que para cada objetivo há um tipo de pesquisa

recomendado. Quando há necessidade de compreensão de fenômenos, recomenda-se a

exploratória. Quando necessário verificar frequência ou mesmo descrever os aspectos de

determinado evento, indica-se a descritiva. Já quando é preciso verificar a validade de

hipóteses, a pesquisa indicada é a causal (MALHOTRA, 2012).

Ao contrário de estudos quantitativos, a pesquisa qualitativa não busca estabelecer

parâmetros numéricos ou mensurar eventos por meio de instrumentos estatísticos para

descrever ou explicar fenômenos observados. Por ela, o pesquisador objetiva o entendimento

do fenômeno pela perspectiva do participante da situação estudada e, a partir disso, interpreta

os dados coletados durante o processo. Godoy (1995), aponta que, apesar de diferenças

58

quanto ao método, forma e objetivos, as abordagens qualitativas apresentam um conjunto de

características que são fundamentais para sua identificação:

1. Ambiente natural como fonte de dados e pesquisador como agente fundamental no

processo - o fenômeno é melhor observado no contexto em que ocorre e o pesquisador

deve fazer uso de instrumentos que potencializem sua capacidade de seleção, coleta e

interpretação de dados;

2. Natureza descritiva - o ambiente e os indivíduos inseridos nele devem ser observados de

maneira holística, contribuindo para o entendimento de como o fenômeno se manifesta

durante o período considerado;

3. Os significados atribuídos as coisas são objetos de observação - o pesquisador deve

considerar sempre a perspectiva do participante para a compreensão dos fenômenos em

questão;

4. Uso do enfoque indutivo - como não há hipótese formatada, o pesquisador parte de

premissas que são confirmadas ou não ao longo do processo de pesquisa.

Dada a natureza do proposto estudo, caracterizou-se como objetivo a familiarização

com o fenômeno e, portanto, uma pesquisa exploratória de cunho qualitativo. Segundo Godoy

(1995), é a abordagem mais indicada para o entendimento de problemas complexos e que

buscam a compreensão das relações sociais ao redor de temas organizacionais. Segundo

Vergara (2013), há várias taxonomias de tipos de pesquisa. De acordo com o proposto pela

autora, esta pesquisa pode ser caracterizada pelos seguintes critérios:

1. Quanto aos fins: pesquisa exploratória - objetiva-se o acúmulo de conhecimento sobre

determinado tema, pois há poucos estudos relacionando as áreas de gestão de marcas,

mídias sociais e engajamento do consumidor.

2. Quanto aos meios: ex post facto - nesse caso, não é possível que o pesquisador intervenha

ou manipule a realidade, pois o fato, ou seja, as interações na comunidade virtual de

marca já ocorreram.

59

A partir da definição do tipo de pesquisa, faz-se a definição do tipo de coleta de dados

utilizada. Ainda segundo Godoy (1995), para o processo de coleta de dados, podem ser

adotadas três modalidades associadas à pesquisa exploratória, sendo a documental, que

consiste em uma varredura nos documentos que ainda não receberam tratamento analítico ou

que possam contribuir para uma nova visão sobre um mesmo fenômeno; o estudo de caso, que

baseia-se em um estudo aprofundado de uma unidade analítica em um determinado contexto;

e, por fim, a etnografia. Este último pressupõe que o pesquisador faça anotações sobre os

eventos e comportamentos dos indivíduos pesquisados em seu ambiente de atuação.

Levando em consideração o objeto do proposto estudo, para uma melhor compreensão

das relações de participação, interação e engajamento que ocorrem em uma comunidade

virtual, Kozinets (2010) propõe que a abordagem etnográfica seja o método de coleta de

dados mais apropriado. Denominado de netnografia, o método é uma adaptação das

abordagens utilizadas em pesquisas de consumo, antropologia e estudos culturais, resultando

no entendimento das relações sociais que ocorrem em comunidades virtuais. Uma vez

estabelecido o tipo de pesquisa, o próximo tópico abordará o método de coleta de dados e

respectivo processo.

3.2 MÉTODO DE COLETA DE DADOS

Comumente, associa-se a pesquisa etnográfica à antropologia, onde é largamente

utilizada e aperfeiçoada em estudos com populações de etnias e culturas diversas. Quando

observadas questões relacionadas à cultura organizacional, por exemplo, o método

etnográfico vem sendo utilizado de maneira frequente por pesquisadores da área da

administração (VAN MAANEN, 1979) e em pesquisas sobre comportamento do consumidor

(BARBOSA, 2003).

A definição de etnografia, de acordo com Fetterman (1989), pode ser dada como “a

arte e a ciência de descrever uma cultura ou grupo”, o que vai ao encontro do conceito

colocado por Ouchi (2000). Para a autora, a etnografia é uma técnica que procura valores

culturais considerando uma ótica interna. Ou seja, é um estudo “por dentro” do universo de

significações do grupo em questão. Como terceira definição, mas seguindo a mesma lógica,

60

Godoy (1995), afirma que a etnografia compreende a descrição e interpretação de significados

ocorridos em eventos dentro de um determinado contexto, bem como seus impactos na cultura

do grupo estudado. Para Geertz (1989), o processo etnográfico funciona como tentar ler um

manuscrito completo de incoerências, emendas suspeitas e comentários tendenciosos.

Toda a lógica envolvendo os padrões culturais, ainda de acordo com o autor, são

conjuntos ordenados de símbolos repletos de significados que permitem o indivíduo encontrar

e dar sentido sentido as suas experiências. De maneira geral, o indivíduo decide, cria

conceitos, pensa, julga e age sendo guiado por estes símbolos. Assim, pode-se pensar na

cultura não como um fator determinante das ações, mas, sim, como um parâmetro. Nesse

contexto, o pesquisador interpreta os meios semióticos utilizados pelas pessoas no processo

de vivência da cultura. A construção do interpretativismo possui como base conceitos

simbólicos e a semiótica e não aspectos cognitivos.

Segundo Geertz (1989), os símbolos sociais somente podem ser interpretados por

meio da imersão do pesquisador no ambiente do objeto de estudo, da observação e de uma

descrição densa. Através de um trabalho de campo quase obsessivo de peneiramento do

material etnográfico, o antropólogo pode analisar as dimensões simbólicas da ação social do

grupo em questão. A análise deve ser encarada como uma ciência interpretativa que está à

procura de significados e não em busca de leis ou relações de causa e efeito. A etnografia,

resultado do trabalho do antropólogo, envolve estabelecer relações, selecionar informantes,

transcrever textos, mapear campos, levantar genealogias, manter um diário, dentre outras

atividades. A cultura, e seus sistemas entrelaçados de signos interpretáveis, é pública porque o

significado também é. A descrição densa é o resultado final desse trabalho interpretativo.

Considerada como a ciência da descrição cultural, a etnografia possui um ponto

central em todas as suas discussões: o conceito de cultura. Segundo Geertz (1989), o conceito

é essencialmente semiótico e pode ser entendido a partir de sua colocação: “Acreditando,

como Max Weber, que o homem é um animal amarrado a teias de significados que ele mesmo

teceu, assumo a cultura como sendo essas teias e sua análise; portanto, não como uma ciência

experimental em busca de leis, mas como ciência interpretativa em busca de significados”.

Para a realização de um estudo etnográfico, assim como em outras metodologias, é necessário

que sejam seguidos procedimentos de forma que garantam a validade do estudo

61

(ATKINSON; HAMMERSLEY, 1994). Na prática, a pesquisa social deve possuir as

seguintes características:

1. Foco na natureza de um fenômeno social;

2. Uso de dados não estruturados em categorias fechadas;

3. Investigação de um ou poucos casos de forma detalhada;

4. Análise de interações e comportamentos sem que a estatística assuma o principal papel

para validar o estudo.

Como aponta Howard (2002), a etnografia, assim como outros métodos de coleta de

dados, enfrenta desafios em sua aplicação, principalmente quando a formação de grupos não é

dada de maneira tradicional. Nesse sentido, a remodelação do método acaba ocorrendo por

uma maior adequação aos objetos de pesquisa, período analisado, o próprio pesquisador e,

sem dúvida, os grupos estudados.

Com o aumento das atividades de relacionamento e consumo na internet, é possível

verificar cada vez mais adequações em pesquisas para que seja possível estudar fenômenos

no ambiente digital (ROCHA et al., 2005). De acordo com Kozinets (2010), para estudos de

cultura e comunidades virtuais na internet, faz-se necessária a transposição das práticas

etnográficas para o contexto digital.

Denominado pelo autor de Netnografia, o método tem por característica básica em seu

processo a velocidade e discrição, uma vez que seja realizada em ambiente não produzido

pelo pesquisador e faça uso de informações publicadas na internet, diferentemente de grupos

focais ou outras formas de coleta de dados em pesquisas qualitativas. Em resumo, Kozinets

(1998) a define como: “uma descrição escrita resultante do trabalho de campo que estuda as

culturas e comunidades online emergentes, mediadas por computador, ou comunicações

baseadas na internet, onde tanto o trabalho de campo como a descrição textual são

metodologicamente conduzidas pelas tradições e técnicas da antropologia cultural”. O uso da

netnografia pode, então, ser dado a partir de três perspectivas:

62

1. Como ferramenta metodológica para estudo e entendimento da cibercultura e

comunidades virtuais puras;

2. Como ferramenta metodológica para estudo e entendimento da cibercultura e

comunidades virtuais derivadas;

3. Como ferramenta para explorar assuntos diversos.

Ainda segundo o autor, as comunidades puras são as que apresentam fundamentação na

internet e, portanto, seus estudos devem ser baseados exclusivamente em observacão,

participação direta e imersiva por parte do pesquisador. As comunidades derivadas, são as que

emergem da internet para a vida real, necessitando de instrumentos complementares de

estudo, como entrevistas pessoais ou grupos de discussão. Por fim, explorar assuntos de

naturezas variadas no ambiente da cibercultura, independente de trocas somente no virtual

(KOZINETS, 1998). Recuero (2013) cita que, ao iniciar o processo de pesquisa, a observação

e narração dos fatos é o que Geertz (1989) denomina de descrição densa e o relato como

produto de múltiplas textualidades. Segundo Winkin (1998), o processo etnográfico consiste

em saber ver, saber estar e saber escrever, sendo todos eles baseados em protocolos

organizados. Essa lógica processual pode ser observada nas etapas que sustentam a

netnografia, como mostrado na figura 7.

63

Figura 7 - Procedimentos para realização da netnografia Fonte: Elaborado pelo autor.

Para Kozinets (2010), a primeira etapa corresponde à entrada cultural ou entreé

cultural, onde o pesquisador elabora suas questões e aprende sobre a comunidade e seus

participantes. Na prática, o pesquisador deve enviar um comunicado ao gestor da

comunidade, apresentar-se, pontuar o objetivo da pesquisa e solicitar apoio e permissão de

entrada, quando o grupo for restrito. Winkin (1998) cita, como uma das dificuldades iniciais

dessa etapa, a negociação com os membros do grupo, a procrastinação e possível

incompreensão do cenário encontrado por parte do pesquisador.

A segunda etapa refere-se a coleta de dados e observação. Esse procedimento pode ser

realizado de maneira automatizada com auxílio de programas de computador ou

manualmente. A forma de coleta está diretamente relacionada ao volume de dados necessários

para a pesquisa, mas, independente do uso de programas, é importante que seja mantido um

5. Divulgação dos resultados

Apresentar os resultados. Realizar observações sobre comentários dos participantes, quando necessário.

4. Garantia da ética na pesquisa

Manter confidencialidade dos participantes. Buscar integrar feedback do grupo.

3. Interpretação das informações

Revisão de anotações. Quando possível, realização de triangulação de métodos.

2. Coleta de dados e observação

Coleta de interações dos membros. Realização de observações.

1. Entrada cultural

Definição de questões para observação. Aprendizado sobre a comunidade.

64

diário de campo onde se anotam as impressões do pesquisador sobre as questões da

comunidade, tal qual se faz tradicionalmente na etnografia (RECUERO, 2013). Para esta

pequisa, foi considerada a utilização do software SCUP, específico para coleta de dados em

mídias sociais. Atualmente, o software vem sendo utilizado por organizações como TAM

Linhas Aéreas e Banco Bradesco em seus estudos sobre as mídias sociais (SCUP, 2014).

Na terceira etapa, o pesquisador deve rever as anotações feitas e realizar a

interpretação das informações coletadas. A netnografia envolve perspectivas indutivas para

análise de dados qualitativos que podem ser divididos em partes e categorias para facilitar seu

entendimento. De maneira geral, a análise objetiva a transformação do que é coletado em

insights relevantes e para isso, de acordo com Miles e Huberman (1986), deve seguir

processos característicos de grande parte dos tipos de pesquisa qualitativa, como descrito

abaixo:

1. Codificação - determinação de categorias de dados a partir de anotações e observações

feitas em entrevistas, documentos, conteúdo publicado na internet e outros. Geralmente, a

codificação pode ser feita sem que previamente se defina as categorias de análise;

2. Anotações - deve-se realizar anotações de maneira frequente em cada categoria

estabelecida para facilitar o processo de interpretação;

3. Comparação - o material deve ser separado de maneira que seja possível a identificação

de padrões, relações e diferenças;

4. Refinamento - retorno ao campo para validação dos panoramas estabelecidos na etapa

anterior;

5. Generalização - elaboração de ideias sobre o comportamento observado de forma que

contribua na continuidade dos estudos;

6. Teorização - realizar confrontamento entre o que foi coletado com as teorias que

suportam o estudo e, caso possível, elaboração de novas teorias sobre o objeto de estudo.

65

Na quarta etapa, deve-se garantir a ética da pesquisa e manter a confidencialidade dos

participantes. Segundo Buchanan (2010), a ética de pesquisa na internet ou internet research

ethics - IRE é definida como a análise de questões éticas e a aplicação dos princípios de ética

em pesquisas que dizem respeito à pesquisa realizada via e/ou na internet. A pesquisa baseada

em internet, amplamente definida, é a pesquisa que utiliza a rede para coletar informações por

meio de uma ferramenta online, como formulários de pesquisa, estudos sobre como as

pessoas usam a internet, observação de atividades ou utilização de bases de dados.

Baseando-se em guias éticos de instituições como Association of Internet Researchers

Ethics Working Group (2002), Kozinets (2010) define quatro condutas que o pesquisador

deve adotar para garantir o máximo de ética em suas pesquisas. São elas:

1. Deixar clara sua presença, identidade, objetivo no estudo;

2. Garantir o anonimato de identidade dos envolvidos;

3. Integrar o feedback dos envolvidos;

4. Ter postura cautelosa quanto ao que é público e privado.

As premissas e condutas sugeridas pelo autor também estão em alinhamento com o

proposto pela Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa - ABEP. A instituição baseia-se

em um código de conduta proposto pela ESOMAR (2011) que considera os seguintes pontos

de observação em procedimentos de pesquisa em redes sociais na internet:

1. Não permitir que os dados dos pesquisados sejam utilizados para outro fim que não o

proposto pela pesquisa;

2. Estar em conformidade com a lei no que tange o aceite de participação do indivíduo,

seja por declaração ou mesmo por termos de uso de cada rede social explorada;

3. Certificar-se de que há conhecimento e consentimento dos pesquisados sobre a

pesquisa, sejam de forma declarada ou mesmo por termos de uso;

66

4. Garantir a proteção dos dados identificáveis;

5. Assegurar que não ocorra prejuízos advindos da pesquisa para os pesquisados;

6. Respeitar a lei e normas quando crianças forem objetos de pesquisa;

7. Respeitar a indústria e seus princípios;

8. Transparência na análise dos dados e respectiva publicação;

Por fim, a última etapa está relacionada a divulgação dos resultados e feedback do

grupo pesquisado. O pesquisador deve divulgar o relatório final para o grupo estudado e

realizar inclusões de novas observações, caso os membros façam alguma consideração

(KOZINETS, 2010).

3.3 AMOSTRA

De acordo com Vergara (2013), a amostra pode ser compreendida como uma parte do

universo escolhido segundo algum critério estabelecido pelo pesquisador. São dois os tipos de

amostra: a probabilística e a não probabilística. A primeira, baseia-se em procedimentos

estatísticos para sua definição e, de sua tipificação, podem ser destacadas a aleatória simples,

a estratificada e a por conglomerado. Já para a segunda, podem ser destacadas as selecionadas

por conveniência (acessibilidade) e por tipicidade. Para esta pesquisa, de maneira

intencional, a amostra configura-se por conveniência (acessibilidade), considerando a Fan

Page da empresa L’Oréal Paris Brasil na rede social Facebook e sua base de consumidores. A

pesquisa foi realizada por meio de observação não participante, uma vez que não tenha

ocorrido interação com os membros da comunidade virtual pesquisada.

3.4 MÉTODO DE ANÁLISE DE DADOS

67

Para o proposto estudo, no que se refere ao tratamento dos dados coletados, foi

adotada a análise de conteúdo, que, segundo Bardin (2007), é um conjunto de técnicas de

análise de comunicações visando obter, por procedimentos sistemáticos e objetivos de

descrição de conteúdo das mensagens, indicadores (quantitativos ou não) que permitam a

inferência de conhecimentos relativos às condições de produção/recepção (variáveis inferidas)

dessas mensagens. Segundo a autora, o procedimento deve ser iniciado com a descrição do texto e

finalizar com a sua análise, considerando as inferências como fase intermediária. Nessa etapa, a

inferência faz uso de indicadores que não necessariamente são quantitativos, mas relacionados ao

conteúdo em questão. De maneira detalhada, o método deve ser executado em três etapas: pré-análise,

exploração do material e, por fim, tratamento dos resultados e interpretação.

Para a primeira etapa, pré-análise, o pesquisador deve sistematizar as ideias iniciais

sobre o objeto pesquisado, considerando os temas ou índices para decodificação. Esta fase

compreende as seguintes características:

1. Leitura flutuante: caracteriza-se como o primeiro contato do pesquisador com o objeto

de análise de maneira que seja possível familiarizar-se com o conteúdo;

2. Seleção dos documentos: consiste na definição do corpus da análise;

3. Formatação de hipóteses e objetivos: devem ser propostos de acordo com a leitura

flutuante realizada;

4. Elaboração de indicadores ou índices: com o objetivo de interpretar o material já

coletado.

Na segunda etapa, exploração do material, deve-se codificar o coletado seguindo os

procedimentos de:

1. Definição das unidades de registro;

2. Definição das unidades de contexto;

3. Definição dos sistemas de categorias;

68

4. Identificação das unidades de registro nos documentos.

Para Bardin (2007), a unidade de registro corresponde à significação a codificar,

correspondendo ao segmento de conteúdo a considerar como unidade básica de maneira que

seja possível a categorização e contagem frequencial. Para o presente estudo, o tema foi

adotado como unidade de registro. Na definição de unidade de contexto, a autora sugere que

esta corresponde ao segmento de mensagem cujas dimensões são adequadas para que se possa

compreender a significação exata da unidade de registro. Assim, a unidade de contexto

considerada nesta pesquisa foram as mensagens publicadas na Fan Page do Facebook.

No que se refere à definição do sistema de categorias, faz-se necessário que seja

estabelecida uma regra de enumeração e variação semântica em uma classe de elementos.

Ainda, segundo a autora, o sistema de categorias pode surgir de uma teoria que suporta a

pesquisa, da leitura prévia do texto ou mesmo da junção das duas formas, podendo, dessa

maneira, criar uma grade de categorias que pode ser aberta (formatada após leitura flutuante e

exploração de dados), fechada (suportada previamente por uma teoria ou hipótese) ou mista.

Ainda, segundo a autora, a categorização poderia ser realizada considerando o critério

semântico, léxico, expressivo ou sintático. Para garantir a confiabilidade do sistema de

categorização proposto, Bardin (2007) sugere que sejam respeitados alguns critérios:

1. Exaustividade: não se deve deixar de fora da pesquisa qualquer elemento que seja

relevante para o cumprimento de objetivos estabelecidos;

2. Exclusão mútua: uma unidade de registro não deve pertencer a mais de uma categoria;

3. Homogeneidade: cada categoria deve seguir um único padrão de classificação;

4. Pertinência: o sistema de categorias deve adequar-se ao material coletado e objetivo da

pesquisa;

5. Objetividade: deve-se evitar a subjetividade na classificação de forma que a

sistematização dos critérios utilizados garanta a validade da análise;

69

6. Produtividade: deve prover uma análise fértil e passível de novas hipóteses, mas

mantendo sempre a coerência com os dados coletados.

Para a definição nesta pesquisa, partiu-se de uma grade fechada, onde as categorias

utilizadas são as apontadas por Brodie et al. (2011b) em seu modelo conceitual para análise

do engajamento do consumidor em comunidades virtuais de marca. Neste caso, o critério de

categorização foi semântico, ou seja, pautado por temas com significados. No quadro 6, há o

critério para cada uma das categorias estabelecidas.

Objeto de engajamento Categoria Critério

Temas

Marca Mensagens que estimulem associações e significados aspiracionais da marca.

Produtos Mensagens que abordem questões sobre os produtos, preço e amostra grátis.

Organização Mensagens que abordem questões relacionadas à empresa, ações promocionais, vagas de emprego, formação de profissionais.

Indústria Mensagens que abordem questões do mercado de beleza, como concorrentes e fornecedores.

Comunidade virtual

Comunidade virtual Mensagens que abordem a comunidade em si.

Regras da comunidade Mensagens que abordem a política de uso da comunidade.

Membros da comunidade Mensagens que abordem outros membros da comunidade.

Quadro 6 - Categorias de conteúdo Fonte: Elaborado pelo autor.

Como último procedimento, a identificação das unidades de registro nos documentos

consiste em tratamento estatístico simples dos resultados de maneira que seja possível a

formatação de conhecimento sobre o objeto pesquisado. Este último processo deve ser

realizado quando houver necessidade de compreensão do fenômeno por perspectivas

quantitativas. Por fim, com o objetivo de tornar mais claro o método da análise de conteúdo, o

esquema proposto por Bardin (2007) é apresentado na figura 8.

70

Figura 8 - Desenvolvimento da análise de conteúdo Fonte: Bardin (2007).

Leitura flutuante

Seleção dos documentos

Formulação de hipóteses e objetivos

Referenciação dos índices

Dimensões e direções de análise

Elaboração de indicadores

Constituição do Corpus

Regras de recorte, categorização, de

codificação

Preparação do material Texting das técnicas

EXPLORAÇÃO DO MATERIAL

Administração das técnicas sobre o

corpus

TRATAMENTO DOS RESULTADOS E INTERPRETAÇÕES

Operações estatísticas

Provas de validação

Síntese dos resultados

Inferências

Interpretação

Outras orientações para uma nova

análise

Utilização dos resultados de análise com fins teóricos ou

pragmáticos

PRÉ-ANÁLISE

71

4. RESULTADOS

4.1 ANÁLISE DE DADOS

Durante o período de 01 de agosto de 2014 até 31 de outubro de 2014, por meio do

software SCUP, específico para coleta de dados em mídias sociais, foram coletadas 20.939

publicações na Fan Page da L’Óreal Paris Brasil, considerando conteúdos gerados pela

empresa e base de consumidores. Para as interações, sendo as curtidas, compartilhamentos e

comentários, foram registradas 1.325.244, como mostrado na tabela 1.

Mês Publicação inicial da empresa

Curtidas nas publicações

iniciais

Compartilhamentos das publicações iniciais

Comentários nas

publicações inciais

Interações da empresa com os consumidores a

partir das publicações

iniciais (respostas aos comentários

feitos) Agosto 33 623.694 18.961 8.507 990

Setembro 25 579.511 14.560 9.284 764 Outubro 27 67.989 1.628 1.110 196

Total 85 1.271.194 35.149 18.901 1.950 Tabela 1 - Dados coletados na Fan Page Fonte: Elaborado pelo autor.

Como observado, há uma variação no número de interações, conforme tabela 1. Dado

que não houve mudança na régua de publicação, seja conteúdo, mensagem ou mesmo

frequência, é possível assumir que o número de interações está relacionado com uma

ferramenta do Facebook chamada de Impulsionador de Posts. Por meio dela, a empresa

proprietária da Fan Page paga uma determinada quantia para que a mensagem publicada

alcance um maior número de pessoas dentro da rede.

Nota-se que em Agosto e Setembro houve investimentos para aumentar o alcance das

publicações e, em Outubro, a empresa obteve resultado inferior aos meses anteriores por,

possivelmente, não ter investido o necessário. Ou seja, quanto maior número de pessoas

72

impactadas pelas publicações, maior o número de interações.

Segundo Kotler e Keller (2012), uma comunidade virtual de marca apresenta-se como

uma poderosa ferramenta na construção de marcas, pois resulta em uma base de consumidores

fiéis e comprometidos, o que corrobora os estudos de Muniz e O’Guinn (2001) quando citam

seus benefícios e características básicas. Considerando as características apontadas por estes

autores, pode-se afirmar que a Fan Page da L’Oréal Paris Brasil no Facebook possui todas

elas, como segue:

1. Uma consciência compartilhada de espécie: foi possível observar em diversas

publicações um senso de pertencimento e afeto compartilhado pelos membros para

com a marca em questão, como mostrado na figura 9.

Figura 9 - Publicação realizada em 30 de outubro de 2014 Fonte: www.facebook.com/lorealparisbrasil, acesso em 2014.

2. Rituais, histórias e tradições compartilhadas que ajudam a transmitir o significado da

comunidade: a publicação do dia 1 de agosto de 2014 foi sobre uma linha destinada ao

73

tratamento e hidratação de cabelos que recebeu um grande volume de interações. Em

uma delas, um consumidor solicita informações para o cuidado com os cabelos da

filha e gera uma série de interações com outros membros da rede, o que acaba

resultando em uma dica dada por outro consumidor, como mostrado nas figuras 10 e

11.

Figura 10 - Publicação realizada em 5 de agosto de 2014 Fonte: www.facebook.com/lorealparisbrasil, acesso em 2014.

Figura 11 - Publicação realizada em 5 de agosto de 2014 Fonte: www.facebook.com/lorealparisbrasil, acesso em 2014.

74

3. Uma responsabilidade ou um dever moral compartilhado com a comunidade como um

todo e seus membros: na publicação do dia 4 de setembro de 2014, a empresa ensina

como fazer um determinado penteado e recebe alto volume de interações, como

17.158 curtidas. Como mostrado na figura 12, em um dos comentários, um

consumidor sugere que sejam ensinados outros tipos, dado que seu cabelo não é

compatível com o da modelo. Em resposta, a L’Oréal Paris Brasil indica que irá

guardar a sugestão para o futuro, o que aponta para um senso de responsabilidade e

obrigação com a comunidade.

Figura 12 - Publicação realizada em 4 de setembro de 2014 Fonte: www.facebook.com/lorealparisbrasil, acesso em 2014.

Considerando a base de consumidores que compõem a comunidade virtual, foi

observado que a atividade de maior volume é a curtida nas publicações iniciais realizadas pela

empresa, ficando em 1.217.194. É importante destacar que, por regras do Facebook, um

mesmo membro pode realizar a ação de curtir uma única vez em cada publicação. Quando

considerada a atividade de compartilhar a publicação inicial, o número registrado foi de

75

35.149, independentemente de um mesmo consumidor a ter compartilhado mais de uma vez,

como permitido pelo Facebook.

Para os comentários, atividade de maior envolvimento com a comunidade e outros

consumidores e nesta pesquisa tratados como unidade de contexto (BARDIN, 2007), não há

grande frequência de interações dos mesmos membros no período analisado. Ao todo, foram

coletados 18.901 comentários, sendo que o membro que mais gerou conteúdo participou

somente 10 vezes em todo o período. Em resposta a um dos objetivos intermediários, que é

identificar os perfis dos membros da comunidade virtual, fazendo uma adequação ao esquema

de classificação de membros de uma comunidade virtual proposto por Kozinets (1999), pode-

se assumir que:

1. Turista ou tourist – membro que recebe a publicação inicial, eventualmente faz a

leitura e não curte, compartilha ou comenta;

2. Nômade ou mingler – membro que recebe a publicação inicial, faz a leitura e

raramente curte, compartilha e/ou comenta;

3. Dedicado ou devotee – membro que recebe a publicação inicial, eventualmente faz a

leitura, mas curte, compartilha e/ou comenta com frequência;

4. Embaixador ou insider – membro que recebe a publicação inicial, faz a leitura e curte,

compartilha e/ou comenta sempre.

A partir da análise de conteúdo coletado e frequência de participação por meio de

comentários, é possível fazer uma relação do modelo de classificação com os membros

observados no período, como mostrado na tabela 2.

Classificação Representatividade N=6.390.041 membros

Turista ou tourist 90% Nômade ou mingler 9% Dedicado ou devotee 1%

Embaixador ou insider 0% Tabela 2 - Classificação dos membros da comunidade Fonte: Elaborado pelo autor.

76

Dentre os membros que mais produziram conteúdo individualmente, os classificados

como dedicados ou devotee, pode ser destacado um deles como exemplo. Em uma das

publicações, mostrada na figura 13 e 14, o consumidor declara que possui o produto, atribui

valor positivo ao uso e comunica a recomendação, mostrando, assim, compromisso com a

marca e lógica de co-construção de valor da comunidade.

Figura 13 - Publicação realizada em 23 de outubro de 2014 Fonte: www.facebook.com/lorealparisbrasil, acesso em 2014.

Figura 14 - Publicação realizada em 31 de outubro de 2014 Fonte: www.facebook.com/lorealparisbrasil, acesso em 2014.

77

Como exemplo de publicação de um nômade ou mingler, pode ser observado

na publicação do dia 13 de agosto de 2014 uma única participação no período de um

consumidor, como mostrado na figura 15.

Figura 15 - Publicação realizada em 13 de agosto de 2014 Fonte: www.facebook.com/lorealparisbrasil, acesso em 2014.

Dado o curto tempo de observação, uma limitação desta pesquisa, não é possível

estabelecer que toda a classificação de membros da comunidade seja baseada nos resultados

obtidos. Ou seja, não cabe estabelecer tal representatividade. No entanto, considerando o

universo total de membros da comunidade que, atualmente, possui em torno de 6 milhões de

fãs, pode-se dizer que há pouca interação com os conteúdos distribuídos na Fan Page. Este

fato aponta para a possibilidade de que a maioria dos membros dessa comunidade apenas

consuma os conteúdos de maneira passiva, assemelhando-se ao processo de lurking. De

acordo com Kozinets (1999), o processo pode ser entendido como uma atividade de

navegação pouco atenta ao conteúdo disponibilizado, onde o usuário rola a página de

conteúdo do website em questão de maneira desconcentrada e sem objetivo claro.

78

Partindo para uma melhor compreensão do valor co-construído na comunidade virtual

de marca e, consequentemente, do processo de engajamento, parte-se para a análise das

interações realizadas via comentários nas publicações. Considerando o objetivo intermediário

de identificação de tipos e/ou níveis de engajamento, foram observadas as relações

estabelecidas entre as dimensões cognitivas, comportamentais e emocionais e os objetos de

engajamento, bem como sua complexidade e nível de intensidade. Na figura 16, é possível

perceber a presença da dimensão cognitiva - pelo benefício percebido do uso do produto, da

comportamental - pela recompra frequente, e da emocioal - pelos elogios e forte declaração de

afeto. De acordo com Brodie et al. (2011b), um alto nível de engajamento emocional pode

gerar altos níveis de comprometimento cognitivo e comportamental quando considerado um

consumidor atual.

Figura 16 - Presença das dimensões de engajamento em comentários Fonte: www.facebook.com/lorealparisbrasil, acesso em 2014.

Além disso, utilizando o método proposto por Bardin (2007), a análise possibilitou a

identificação das categorias ou temas discutidos pelos membros, como estabelecido por um

dos objetivos intermediários. Em geral, a natureza dos comentários seguiu a mesma lógica da

publicação inicial. Ou seja, quando a L'Oréal Paris Brasil publicou sobre produto, as

interações via comentário foram relacionadas a esse tema. Cabe pontuar que as discussões

somente são iniciadas a partir de uma publicação realizada pela empresa e não diretamente

79

pelo consumidor, sendo esta uma característica da dinâmica de uso de Fan Pages no

Facebook.

Na tabela 3, podem ser observadas as categorias identificadas e sua relação com as

propostas pelo modelo conceitual de engajamento do consumidor de Brodie et al. (2011b).

Objeto de engajamento Categoria Representatividade N=18.901

Temas

Marca 52%

Produtos 36%

Organização 11%

Indústria 0%

Comunidade virtual

Comunidade virtual 1%

Regras da comunidade 0%

Membros da comunidade 0%

Tabela 3 - Categorias de conteúdo Fonte: Elaborado pelo autor.

As publicações sobre a marca e suas associações e significados foram as de maior

prevalência no período, o que aponta para uma construção de valor baseada em conexões

emocionais, estando em alinhamento com o proposto por Gobe (2002). Segundo o autor, as

marcas devem fazer proposições de valor de maneira atratente para que ocorra identificação

do consumidor com as narrativas propostas. Como resultado, é esperado que o consumidor

faça uso da marca em questão para contribuir na significação de suas histórias, memórias e

relações sociais. A dimensão emocional, nesse caso, emerge polarizada em positiva ou

negativa, de alta ou baixa intensidade, de longo ou curto prazo, podendo ser encontrada na

forma de estima, empatia, confiança, segurança e pertencimento (BRODIE et al., 2011b). A

figura 17 exemplifica o estilo de vida aspiracional proposto pela L'Oréal Paris Brasil e, como

resultado, os comentários com inclinação positiva para a proposta.

80

Figura 17 - Publicação com aspiracional da marca e dimensão emocional Fonte: www.facebook.com/lorealparisbrasil, acesso em 2014.

Com relação às publicações sobre produtos, segunda maior prevalência, foram

observadas discussões sobre produtos em si, preço, descontos e amostras grátis. A natureza

desse tipo de publicação e interação aponta para a dimensão cognitiva do conceito de

engajamento do consumidor, uma vez que, segundo Mollen e Wilson (2010), a troca de

experiências sobre esse tipo de tema contribui para o valor instrumental e de utilidade que a

comunidade deve possuir para manter seus membros. Ainda fazendo uma relação ao aspecto

cognitivo, publicações feitas pelos consumidores sobre as lições aprendidas ao utilizar os

produtos corroboram o que Bourdieu (1983) sugere pela perspectiva do capital social: os

indivíduos relacionam-se com outros considerando uma lógica utilitária. A figura 18 mostra a

relação entre membros, tendo o produto como tema de discussão.

81

Figura 18 - Publicação sobre produto e dimensão cognitiva Fonte: www.facebook.com/lorealparisbrasil, acesso em 2014.

A dimensão comportamental pode ser observada por meio de publicações que

ressaltavam preços e pontos de venda e, sem dúvida, pela participação nas atividades da

comunidade. Ainda dentro de uma perspectiva instrumental, os consumidores interagiram

comunicando sua intenção de procura e compra dos produtos. Em grande parte dos pedidos de

suporte nesse processo, a L'Oréal Paris Brasil fez a indicação de lugar mais indicado para

compra ou mesmo procedimento para solicitação de amostra grátis. A figura 19 exemplifica

esse tipo de interação entre a marca e consumidor.

82

Figura 19 - Publicação com suporte ao consumidor e dimensão comportamental Fonte: www.facebook.com/lorealparisbrasil, acesso em 2014.

Uma vez identificadas as dimensões cognitiva, comportamental e emocional presentes

nas mensagens trocadas na comunidade virtual, partiu-se para a análise do engajamento

baseando-se nas cinco proposições fundamentais proposta por Brodie et al. (2011a), base para

a formatação do constructo integrador adotado por esta pesquisa. Considerando a proposição

fundamental PF1, o engajamento deve ser um reflexo do estado psicológico do cliente em

função de experiências interativas com um objeto. Nesse caso, pode-se observar que a

comunidade possui temas como a marca e produtos sendo discutidos em forma de troca de

experiências de uso e recomendações, indo além do simples estímulo a compra.

Para a proposição fundamental PF2, foi possível observar que a participação de alguns

consumidores por meio de interações em comentários contribui para a co-construção de valor

da marca. É importante ponderar que esse processo, se observado somente pela curtida ou

compartilhamento, mesmo em grandes volumes, pouco contribui para a comunidade, uma vez

que não seja possível estabelecer juízo de valor ou mesmo curva de aprendizado observando

somente esses dois indicadores. Ou seja, é preciso considerar as histórias e experiências de

consumo que são trocadas de maneira bilateral ou multilateral por meio de comentários, como

sugere Muniz e O'Guinn (2001) quando citam as características básicas de uma comunidade

virtual de marca.

83

Levando em conta a proposição fundamental PF3, o engajamento possui termos

correlatos que atuam como antecedentes, como participação e envolvimento, e consequentes,

como afeto e lealdade, e que não devem ser usados como termos equivalentes. Para novos

membros, a participação funciona como pré-requisito de envolvimento com a comunidade,

uma vez que seja necessária a ação de curtir a Fan Page para envolver-se com as publicações

por meio das atividades de curtir, compartilhar e comentar. Já para membros atuais, ela atua

como consequente. Somente a partir disso, considera-se, então, que o membro esteja

envolvido em algum nível com a marca. Na Fan Page da L'Oréal Paris Brasil pode ser

observado que a maioria dos consumidores está envolvida, pois tem acesso ao conteúdo ali

trocado, mas não participa de maneira frequente.

A medida em que ocorra baixa participação na comunidade, o estado de imersão, que

pressupõe foco total no objeto de envolvimento, dificilmente acontece. Apesar de

identificados membros e publicações que apontavam para um senso de pertencimento e

comunidade, quando considerado o volume total de participantes da rede, o número é pouco

expressivo e o conteúdo produzido por eles de baixo impacto, pois não são considerados

influenciadores, como sugere Salzman, Matathia, O’Reilly (2003).

Nesse caso, a satisfação e confiança também funcionam como antecedentes, pois a

permanência do indivíduo na comunidade sofre influência dessas duas variáveis. Como

sugerido por Habibi et al. (2014), os motivadores de participação em uma comunidade virtual

de marca refletem os benefícios percebidos resultantes das trocas realizadas, tendo estes duas

naturezas: uma hedonista, explicada pela teoria da identidade social (TAJFEL; TURNER,

1985) e outra utilitária, baseada no capital social (BOURDIEU, 1983).

Ainda como termos correlatos do engajamento, surgem na literatura o

comprometimento, conexão com a marca, afeto com a marca e lealdade. Estes podem ser

compreendidos a partir de uma maior intensidade da dimensão emocional no processo de

engajamento com um objeto, uma vez que, para se alcançar esse nível de comprometimento,

as dimensões de cognição e comportamento devem estar intensificadas e consistentes,

considerando a rede nomológica prevista pelo constructo de engajamento (BRODIE et at.,

2011a).

84

A proposição fundamental PF4 contempla a ideia de que o conceito de engajamento

do consumidor pela perspectiva de marketing é multidimensional, considerando aspectos

cognitivos, comportamentais e emocionais. A partir da observação da Fan Page como um

todo, é possível encontrar atividades que sustentem a proposição, mesmo que em volume não

sejam representativas. As publicações observadas no período tiveram declarações de

aprendizado de uso - dimensão cognitiva, procura e compra de produto - dimensão

comportamental, e declarações de afeto e recomendações - dimensão emocional. Seguindo

essa lógica, o engajamento possui níveis diferentes de intensidade dado que os objetos ou

temas de discussão variam. Como exemplo, em uma mesma publicação inicial realizada pela

L'Oréal Paris Brasil encontra-se um consumidor declarando afeto de maneira muito intensa,

por palavras e imagens, e outro, de maneira objetiva, solicitando o endereço de lojas para

comprar o produto. Esse cenário é previsto pela proposição fundamental PF5 que aponta para

a existência de diferentes níveis de engajamento com diferentes objetos de engajamento.

Ainda considerando o modelo conceitual de engajamento do consumidor em uma comunidade

virtual de marca proposto por Brodie et al. (2011b), foi possível observar e interpretar os sub-

processos que ocorrem de maneira iterativa e dinâmica, sem que necessariamente aconteçam

de forma sequencial.

Para o aprendizado, caracterizado pelo ganho de competências cognitivas, pode ser

exemplificado pela mensagem ilustrada na figura 20.

Figura 20 - Sub-processo de engajamento - aprendizado Fonte: www.facebook.com/lorealparisbrasil, acesso em 2014.

O ato de compartilhar reflete as dimensões de comportamento e cognição e tem como

resultado a colaboração para a co-construção de valor da comunidade. Nesse caso, há a

85

publicação de um consumidor relatando os benefícios pelo uso do produto, como mostrado na

figura 21.

Figura 21 - Sub-processo de engajamento - compartilhamento Fonte: www.facebook.com/lorealparisbrasil, acesso em 2014.

A advocacia ocorre quando um consumidor, por experiência, recomenda um produto

e/ou sua forma de utilização para o restante da comunidade. A figura 22 ilustra o sub-

processo.

Figura 22 - Sub-processo de engajamento - advocacia Fonte: www.facebook.com/lorealparisbrasil, acesso em 2014.

86

O sub-processo de socialização aponta para o senso de pertencimento e processo de

auto-referência dentro da comunidade virtual, como sugerem Muniz e Schau (2007). A figura

23 exemplifica o contexto pela troca positiva de mensagens entre os membros.

Figura 23 - Sub-processo de engajamento - socialização Fonte: www.facebook.com/lorealparisbrasil, acesso em 2014.

Por fim, o co-desenvolvimento é um sub-processo em que o membro, de certa forma,

contribui para a melhoria das ofertas da organização em questão. Na Fan Page foram

encontradas poucas referências a este sub-processo, mas pode-se exemplificar com a sugestão

de aumento de informações sobre determinados produtos, como mostrado na figura 24.

Figura 24 - Sub-processo de engajamento - co-desenvolvimento Fonte: www.facebook.com/lorealparisbrasil, acesso em 2014.

87

5. CONCLUSÃO

A construção de marcas apresenta-se como uma atividade complexa e que demanda

uma série de esforços de seus gestores, principalmente levando-se em conta o uso da internet

em processos de consumo. Tanto para a academia quanto para o mercado, a compreensão dos

mecanismos de marketing que promovem a elevação do valor das marcas, seja para o

consumidor ou mesmo acionistas, é uma tarefa desafiadora em um contexto dinâmico como

esse. Neste sentido, o proposto estudo teve como intuito a investigação das relações entre

consumidores e marcas em uma rede social na internet, especificamente uma comunidade

virtual de marca, sendo este um local propício para a construção de valor, como sugerem

Kotler e Keller (2012).

Para o entendimento de tais relações, foram observados diversos aspectos referentes

ao modelo conceitual de engajamento do consumidor em uma comunidade virtual de marca

proposto por Brodie et al. (2011b). Além das teorias que sustentam este constructo, foram

consideradas outras relacionadas às redes sociais na internet e construção de marcas. Como

resultado, a fundamentação teórica proporcionou uma visão interessante sobre um tema que,

até o presente momento, possui poucos estudos relevantes e que, de fato, contribuam para a

consolidação de constructos, termos e aplicações na academia e mercado.

Após a análise dos dados, pode-se dizer que, com relação aos conceitos de construção

de marca, a Fan Page da L'Oréal Paris Brasil apresenta-se como uma ferramenta estratégica,

uma vez que reúna um número considerável de membros espontaneamente envolvidos e

possivelmente impactados pelas mensagens da organização. Levando em conta os conceitos

de marcas propostos por Batey (2010) e Deutsch (2006), a empresa explora os recursos

simbólicos da marca de maneira estratégica por meio de mensagens publicadas na Fan Page,

sempre fazendo uso de elementos que reforcem os significados e associações pertinentes,

como beleza, perfeição, bem-estar, jovialidade e saúde.

Para o processo continuado de construção de valor, percebe-se um alinhamento com o

sugerido por Gobe (2002), quando aponta para identificação do consumidor com as narrativas

da marca para aumento de valor percebido. Ainda pela perspectiva do autor, o consumidor,

uma vez impactado e envolvido, tende a estabelecer relações com a marca de forma que a

88

utilize como instrumento de significação em suas vidas. Esse ponto pode ser observado em

mensagens que estimulam o lado aspiracional da marca e possuam alto teor emocional em

suas composições.

Levando em consideração o objetivo intermediário de identificação de assuntos ou

temas que sustentam o engajamento, foi apontado que estão alinhados com a grade proposta

pelo modelo conceitual e presentes nas publicações da Fan Page. Baseando-se nas relações

sociais que ocorrem na comunidade virtual a partir do conteúdo trocado, nota-se a presença

dos motivadores de participação, como sugerido por Habibi et al. (2014). Na Fan Page, dado

que há baixa participação nas atividades do grupo, é possível que o principal motivador de

entrada não seja o que é produzido por membros e marca, como histórias, experiências e

informações sobre produtos. Aparentemente, a principal razão pela qual um consumidor

executa a ação de curtir a página no Facebook e ingressa na rede seja explicada pela teoria da

identidade social (TAJFEL; TURNER, 1985). Ou seja, a maioria dos 6 milhões de fãs que a

organização possui na rede social ingressou pela identificação com os significados evocados

pela marca em atos de consumo e processos sociais, como status e auto-referência (MUNIZ;

SCHAU, 2007).

Dado que a marca propõe conteúdos que colaborem com a construção do seu universo

de significados, mas os consumidores pouco façam além de positivar ou legitimar o que é

publicado por meio de curtidas, a dinâmica da página fica basicamente unilateral. Os

membros, dessa forma, acabam assumindo postura passiva e tendo comportamento reativo ao

que é publicado inicialmente pela organização. Essa dinâmica de relacionamento em uma

comunidade virtual pouco contribui para o processo de co-construção de valor necessário para

o engajamento, como sugerido por Vivek (2009). Considerando o fenômeno de lurking

apontado por Kozinets (1999), pode-se dizer que é identificado e a ele associado a ação de

curtir a publicação, o que explicaria um maior volume de curtidas, seguido de

compartilhamentos e pequeno número de comentários. Esse fato reforça o perfil identificado

dos membros da comunidade virtual, sendo este um dos objetivos intermediários.

Considerando as ferramentas disponibilizadas pelo Facebook e dinâmica da rede

social, pode-se dizer que uma curtida promove menos valor para a comunidade, pois apenas

sugere que o membro possivelmente concorda com a publicação, não ficando claro o juízo de

valor ou significação afetiva do ato. Já o compartilhamento não necessariamente aponta para a

89

legitimação ou concordância com a publicação, uma vez que seja possível inserir um

comentário que estabeleça opinião, por exemplo. O comentário seria, dessa forma, a

ferramenta que melhor viabiliza uma maior conexão com as proposições da comunidade e

processo de co-construção de valor que sustente o engajamento.

Considerando o último objetivo intermediário, que é a identificação de níveis e/ou

tipos de engajamento, e levando-se em conta as dimensões do engajamento do consumidor

sugeridas por Brodie et al. (2011b), a ação de curtir possui forte peso para a dimensão

comportamental, pois indica apenas que o membro clicou no botão de curtir a publicação, mas

não necessariamente leu e abosrveu o conteúdo de maneira a formatar juízo de valor. A ação

de compartilhar também possui peso para a dimensão comportamental, mas, possivelmente, o

membro antes de decidir se compartilha o conteúdo ou não, efetuou a leitura e formatou juízo

de valor. Já no comentário, a presença das três dimensões apresenta-se de forma consistente,

tendo, certamente, uma possibilidade maior de peso para a emocional, pois o membro fica

exposto para toda a comunidade, o que pode interferir em seu processo de auto-referência,

como sugerido por Muniz e Schau (2007).

Com relação aos termos correlatos, buscou-se esclarecer que o estado de engajamento

necessita de antecedentes, como a interação e participação, e consequentes, como a conexão

com a marca e lealdade. Mesmo sendo uma das maiores do Brasil e considerando a definição

integradora adotada por esta pesquisa, a Fan Page da L'Oréal Paris Brasil não apresenta um

nível de engajamento elevado, dado que a base de consumidores que de fato interege com a

marca pouco promove a co-construção de valor necessária. O engajamento do consumidor em

uma comunidade virtual de marca apresenta-se como um estado complexo e dependente de

um conjunto de variáveis que vão além da simples interação e participação.

Posto isto, em resposta ao problema de pesquisa levantado e objetivo primário

estabelecido, conclui-se que o modelo conceitual de engajamento do consumidor em uma

comunidade virtual de marca proposto por Brodie et al. (2011b) é válido para análise de uma

Fan Page no Facebook. O presente estudo mostrou que as dimensões, processos e sub-

processos de engajamento estão presentes na página, mesmo que em intensidades e

frequências variadas, corroborando as proposições fundamentais que sustentam o constructo

de engajamento do consumidor em uma comunidade virtual adotado. Mesmo tendo sido

90

selecionada uma página brasileira, não houve disparidades ou mesmo necessidades de

adaptações no modelo para que a análise fosse possível.

6. IMPLICAÇÕES ACADÊMICAS E GERENCIAIS, LIMITAÇÃO DO ESTUDO E ESTUDOS FUTUROS

O presente estudo contribui, principalmente, no preenchimento de uma lacuna nos

estudos sobre engajamento do consumidor, especificamente, em redes sociais na internet.

Apesar do constante aumento no uso da internet, seja por consumidores ou organizações, o

número de estudos que abordam o tema e oferecem diretrizes consistentes para o avanço das

discussões é reduzido.

Tendo em vista o cenário apontado, a pesquisa direcionou-se à uma das maiores Fan

Pages do Brasil e buscou observar o processo de engajamento dos consumidores com a marca

L'Oréal Paris Brasil e seus produtos. Os resultados obtidos demonstraram a aplicabilidade do

modelo conceitual adotado e sua importância no esclarecimento sobre a correta utilização de

termos correlatos de engajamento. Dessa forma, do ponto de vista acadêmico, espera-se que o

estudo contribua para o acúmulo de conhecimento e consolidação teórica sobre o engajamento

do consumdor, principalmente em comunidades virtuais de marca, como uma Fan Page no

Facebook.

Para as contribuições práticas, o estudo pode colaborar no entendimento das dinâmicas

de construção de marcas na internet, tendo o engajamento do consumidor como ferramenta

para aumento de valor das marcas. Primeiramente, baseando-se nas teorias utilizadas, fica

claro que o motivador de entrada em uma comunidade possui naturezas variadas, bem como

sua permanência e participação. Dessa maneira, faz-se necessário que gestores compreendam

melhor essas variáveis para a geração contínua de valor e construção de marca por meio de

ações estratégicas. Em segundo lugar, o conhecimento sobre os perfis de membros,

influenciadores ou não, presentes na comunidade pode colaborar em estratégias de

disseminação de conteúdo de maneira mais segmentada e eficaz. Por fim, o estudo oferece

91

uma visão mais consistente sobre o processo de consumo dos significados produzidos pelas

marcas.

Com relação às limitações da pesquisa, cabe ressaltar que os achados não devem ser

considerados realidades representativas, dado que a natureza da pesquisa é exploratória, de

cunho qualitativo e a análise de conteúdo depende diretamente da interpretação do

pesquisador. Além disso, o estudo teve duração limitada pelo prazo de entrega do projeto, o

que não viabilizou a identificação das variações de engajamento (dimensões, processos e sub-

processos) ao longo do tempo, bem como os principais influenciadores, de acordo com o

sugerido por Kozinets (1999).

Outro ponto importante para destaque é o critério de seleção da comunidade para

observação. Foi considerada a classificação e ranking propostos pelo site

www.socialbakers.com, sendo estes baseados em critérios quantitativos, como o número de

fãs que cada página possui. A metodologia adotada por este site não leva em conta a

qualidade da interações ou mesmo o impacto que as publicações possuem na rede como um

todo. Assim, a posição da empresa pode variar periodicamente de acordo com o número de

membros que possui ou caso considere-se outro ranking.

Dado o exposto, há um vasto caminho que poderá ser explorado por pesquisadores e,

para tanto, seguem sugestões para estudos futuros:

1. Realizar o acompanhamento longitudinal da comunidade virtual para melhor

entendimento do engajamento do consumidor;

2. Estudos que explorem as razões pelas quais o consumidor entra em uma comunidade

virtual de marca, mas não participa de forma a co-criar valor;

3. Utilizar um modelo quantitativo para mensurar e avaliar o engajamento do consumidor,

considerando o modelo conceitual proposto por Brodie et al. (2011b);

4. Verificar se o modelo conceitual utilizado é aplicável em redes sociais na internet que

não sejam comunidades virtuais, como o Twitter.

92

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AAKER, D. Building Strong Brands. New York: The Free Press, 1996. ______. Marcas – Brand Equity – Gerenciando o valor da marca. São Paulo: Negócio, 1998. ALGESHEIMER, R.; DHOLAKIA, U., HERMANN, A. The Social Influence of Brand Community: Evidence from European Car Clubs. Journal of Marketing, n. 69, p. 19–34, julho, 2005. ALMEIDA, S. Efeitos da participação em comunidades virtuais de marca no comportamento do consumidor: um estudo comparativo entre comunidades gerenciadas pelas organizações e pelos consumidores. Tese (Doutorado em Administração de Empresas) - Programa de Pós-Graduação em Administração, Departamento de Administração, Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo. São Paulo, 2009. AMERICAN MARKETING ASSOCIATION - AMA: Definição de marca. Disponível em: < https://www.ama.org/resources/Pages/Dictionary.aspx?dLetter=B>. Acesso em: 20/12/2013. APPEULBAUM, A. The constant consumer. Gallup Management Journal 2001. Disponível em: <http://gmj.gallup.com/content/745/Constant-Customer.aspx>. Acesso em: 29/03/2013. ARAÚJO, U. (Org). Educação e valores: pontos e contrapontos. São Paulo: Summus, 2007. ASHFORTH, B.; HUMPHREY, R. Emotional Labor in Service Roles: The Influence of Identity. Academy of Management Review, 18 (1), p. 88-115, 1993. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE EMPRESAS DE PESQUISA. Guia de ética para pesquisas em redes sociais - ESOMAR. Disponível em: < http://www.abep.org/new/codigosCondutas.aspx>. Acesso em: 01/09/2014. ASSOCIATION OF INTERNET RESEARCHERS. Guia de ética para pesquisas na internet. Disponível em: <http://aoir.org/reports/ethics2.pdf>. Acesso em: 01/09/2014.

93

BAGOZZI, R.; DHOLAKIA, U. International Social Action in Virtual Communities. Journal of Interactive Marketing, vol. 16, n. 2, 2002. BATEY, M. O significado da marca: como as marcas ganham vida na mente dos consumidores. Rio de Janeiro: Best Business, 2010.��� BATISTA, F. Gestão de marcas por meio das redes sociais: um estudo de caso sobre a utilização do Facebook. Dissertação (Mestrado em Administração de Empresas) - Programa de Pós-Graduação em Administração, Departamento de Administração, Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo. São Paulo, 2011. BARAN, P. On Distributed Communications. RAND Corporation, 1964. BARBOSA, L. Marketing etnográfico: colocando a etnografia em seu devido lugar. RAE, vol. 43, n. 3, 2003. BARDIN, L. Análise de conteúdo. 4.ed., Lisboa: Edições 70, 2007. BOLTON, D.; RUTH N.; SAXENA-IYER, S. Interactive Services: A Framework, Synthesis and Research Directions. Journal of Interactive Marketing, 23 (1), p. 91-104, 2009. BOURDIEU, P. Forms of capital. In G. Richardson (Ed.), Handbook of theory and research for the sociology of education, pp. 241–260. New York: Greenwood Press, 1983.��� BOWDEN, J. The process of customer engagement: a conceptual framework. Journal of Marketing Theory and Practice, 17(1), p. 63–74, 2009. BRODIE, R., et al. Customer Engagement: Conceptual Domain, Fundamental Propositions, and Implications for Research. Journal of Service Research, vol. 14, n. 3, p. 252- 271, 2011a. ______., et al. Consumer engagement in a virtual brand community: An exploratory analysis. Journal of Business Research, 2011b. BUCHANAN, E. Internet Research Ethics: Past, Present, Future. In: The Blackwell Handbook of Internet Studies, C. Ess and M. Consalvo, (eds.), Oxford: Oxford University Press, 2010.

94

BRYSON, R.; COLIN, M.; HAND, L. The Role of Engagement in Inspiring Teaching and Learning. Innovations in Education and Teaching International, 44 (4), p. 349-362, 2007. CASTELLS, M. A Sociedade em rede - a era da informação: economia, sociedade e cultura. São Paulo: Paz e Terra, 2003.��� CHANTERAC, V. La marque a travers le droit. In: KAPFERER, J., THOENIG, J. (Eds.). La marque moteur de la competitivite des entreprises et de la crissance de l’economie. Paris: McGraw-Hill, p. 45-90, 1989. COMSCORE. Relatório Brazil Digital Future in Focus. Disponível em: <https://www.comscore.com/por/Insights/Press-Releases/2014/5/Estudo-da-comScore-Brazil-Digital-Future-in-Focus-2014-esta- disponivel>. Acesso em: 23/08/2014. CRESWELL, J. Projeto de pesquisa: métodos qualitativo, quantitativo e misto. 2.ed. Porto Alegre: Artmed, 2007. CSIKSZENTMIHALYI, M. Flow: The Psychology of Optimal Experience. New York: Harper & Row, 1990. DELGADO, E.; MUNUERA, J.; GUILLE, M. Development and Validation of a Trust Scale. International Journal of Market Research, 45 (1), p. 35-58, 2003. DEUTSCH, B. Sobre marcas. In: CONFERÊNCIA DE PLANEJAMENTO 4A'S. Estados Unidos, 2006. DE VALCK, K.; VAN BRUGGEN, G.; WIERENGA, B. Virtual communities: a marketing perspective. Decision Support Systems, vol. 47, p. 185–203, 2009. DHOLAKIA, U.; BAGOZZI, R. P. Consumer behavior in digital environments. In: WIND, J.; MAHAJAN, V. Digital marketing, cap. 7, p. 163 - 200. New York: Wiley, 2001. DYSON, P.; FARR, A.; HOLLIS, N. S. Understanding, measuring and using brand equity. Journal of Advertising Research, Oxfordshire, vol. 36, n.6, p. 9-20, 1996. ��� EMARKETER. Dados de acesso mobile. Disponível em: <http://www.emarketer.com/Article/Mobile-Ad-Spending-Shows-Strong-Growth-Brazil/1010099>. Acesso em: 23/08/2014.���

95

ESCALAS, J.;. BETTMAN, J. Self-Construal, Reference Groups and Brand Meaning. Journal of Consumer Research, 32 (3), p. 378-389, 2005. ______. Narrative Processing: Building Consumer Connec- tions to Brands. Journal of Consumer Psychology, 14 (1/2), p. 168-180, 2004. FARQUHAR, P. Managing Brand Equity. Journal of Advertising Research, vol.30(4), p. RC-7-12, 1990. FETTERMAN, D. Ethnography step by step. Newbury Park, CA: Sage Publications, 1989. GARDNER, B.; LEVY, S. The product and the brand. Harvard Business Review. p. 33-9, 1955. GEERTZ, C. A interpretação das Culturas. LTC: Rio de Janeiro, 1989. GLOBALWEBINDEX. Dados de uso da internet. Disponível em: <http://pt.slideshare.net/ globalwebindex/gwi-social-summary-2014>. Acesso em: 23/08/2014. GOBE, M. Emotional Branding: The New Paradigm for Connecting Brands to People. New York: Allworth Press, 2001. ______. Citizen Brand. New York: Allworth Press, 2002. GODOY, A. Introdução à pesquisa qualitativa e suas possibilidades. Revista de Administração de Empresas. São Paulo vol. 35, n. 2, p. 57 - 63; n.3, p. 20 - 29; n.4, p. 65 - 71, 1995. GUEST, L. A Study of Brand Loyalty. Journal of Applied Psychology, 28 (1), p. 16-27, 1944. HABIBI, M., R.; LAROCHE, M.; RICHARD, M. The roles of brand community and community engagement in building brand trust on social media. Computers in human beahaviors, p. 152-161, 2014. HAENLEIN, M; KAPLAN, A. The fairyland of second life: virtual social worlds and how to use them. Business Horizons, v. 52, n.6, p. 563-572, nov. 2009.

96

HIGGINS, E. Value from Hedonic Experience and Engagement. Psychological Review, 113, p. 439-460, 2006. ______.; SCHOLER, A. Engaging the Consumer: The Science and Art of the Value Creation Process. Journal of Consumer Psychology, 19 (2), p. 100-114, 2009. HAMMERSLEY, M.; ATKINSON, P. Ethnography – Principles in pratice. Routledge, 2003. HOFFMAN, D.; NOVAK, T. Marketing in hypermedia computer-mediated environments: conceptual foundations. Journal of Marketing, 60, p. 50–68.��� 1996. HOLLEBEEK, L.D. Demystifying customer brand engagement: exploring the loyalty nexus. Journal of Marketing Management, 27(7/8), p. 785–807, 2011. HOWARD, P. Network ethnography and the hypemedia organization: new media, new organizations, new methods. New media & society. vol. 4, n.4, p. 550 - 574, 2002. ILIC, A. Towards a conceptualization of consumer engagement in online communities: An etnographic study of vibration training online community. Tese (Mestrado) – Department of Marketing, University of Auckland, Auckland, New Zealand, 2008. ITU. Relatório sobre uso da internet. Disponível em: <http://www.itu.int/net/pressoffice/press_releases/ 2014/23.aspx#.U_lSLkv7Jqn>. Acesso em: 23/08/2014.��� JOHNSON, A.; MICHAEL, D.; FORNELL, C. A Framework for Comparing Customer Satisfaction Across Individuals and Product Categories, Journal of Economic Psychology, 12 (2), p. 267-286, 1991. KAPFERER, J. As marcas. 3. ed. Porto Alegre: Bookman, 2003.��� KELLER, K.; MACHADO, M. Gestão estratégica de marcas. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2006. KLEIN, N. Sem Logo: a tirania das marcas em um planeta vendido. Rio de Janeiro: Record, 2004.

97

KOTLER, P. Administração de marketing. 10 ed. São Paulo: Prentice-Hall, 2000. ���KOTLER, P.; KELLER, K. Administração de marketing. 14.ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2012. KOZINETS, R. On Netnography: Initial Reflections on Consumer Research Investigations of Cyberculture. In: ALBA, J; HUTCHINSON, W. (ed.). Advances in Consumer Research, Provo, UT: Association for Consumer Research, 1998. ______. E-Tribalized Marketing: The Strategic Implications of Virtual Communities of Consumption. European Management Journal. vol. 17, No. 3, p. 252–264, 1999. ______. Nethnography: doing ethnographic research online. London: Sage, 2010. LEMOS, A. Cibercultura: tecnologia e vida social na cultura contemporânea. Porto Alegre: Sulina, 2002. LENCASTRE, P. O livro da marca. Lisboa: Publicações Dom Quixote, 2005. LÉVY, P. Cibercultura. São Paulo: Ed. 34, 1999. LONDON, B.; DOWNEY, G.; MACE, S. Psy- chological Theories of Educational Engagement: A Multi-Method Approach to Studying Individual Engagement and Institutional Change. Vanderbilt Law Review, 60 (2), p. 455-481, 2007. LOURO, M. Modelos de avaliação de marca. Revista de Administração de Empresas. Rio de Janeiro, v. 40, n. 2, p. 26-37, 2000. LOW, G.; FULLERTON, R. Brands, brand management, and the brand manager system: a critical – historical evaluation. Journal of Marketing Research,1994. MACHADO, M. Análise de clusters de indicadores de brand equity em marcas globais de comésticos. Dissertação de mestrado (mestrado em administração) - Programa de pós-graduação em administração da Fundação Capixaba de Pesquisas em Contabilidade, Economia e Finanças (FUCAPE). Vitória. 2010. MALHOTRA, N. K. Pesquisa de Marketing: uma orientação aplicada. 6a. ed. São Paulo: Bookman, 2012.���

98

MANGOLD, W.; FAULDS, D. Social media: the new hybrid element of the promotion mix. Kelley School of Business - Indiana University: Business Horizons, n. 52, p. 357-365, 2009. MANSSOUR, A.; BELLINI, C. Understanding the success of an internet-mediated community in Brazl. In: 6TH ANNUAL GLOBAL INFORMATION TECHNOLOGY MANAGEMENT WORLD CONFERENCE - Anchorage, Anais. AK, USA, p. 105 - 109, 2005. MARTINS, J. Branding: um manual para você criar, gerenciar e avaliar marcas. São ���Paulo: Negócio, 2000. MARRA, G.; DAMACENA, C. Engajamento do consumidor: revisão teórica do conceito e seus antecedentes. REGE, São Paulo, v. 20, n. 2, p. 233-249, abr./jun. 2013. MATTOS, M. O consumidor de baixa renda e sua relacao com as marcas no processo de decisa o de compra de refrigerante e sabao em po . Dissertacao (Mestrado em Administracao de Empresas) – PUC - RIO, Rio de Janeiro, 2007. MCKENNA, R. Acesso total: o novo conceito de marketing de atendimento. Rio de Janeiro: Campus, 2002.��� MILES, M., HUBERMAN, A. Qualitative data anaiysis: a sourcebook of new methods. 4. ed. Beverly Hills, CA: Sage Publications, 1986. MITTAL, B. A Comparative Analysis of Four Scales of Consumer Involvement. Psychology & Marketing, 12 (7), p. 663-682, 1995. MOLLEN, A., WILSON, H. Engagement, telepresence and interactivity in online consumer experience: reconciling scholastic and managerial perspectives. Journal of Business Research, 63, p. 919–25, 2010. MOORMAN, C.;, ROHIT, D.; ZALTMAN, G. Factors Affecting Trust in Market Relationships. Journal of Marketing, 57, p. 81-101, 1993. MORGAN, R.; HUNT, S. The commitment-trust theory of relationship marketing. Journal of Marketing. v58, n.3, 1994.���

99

MUNIZ, A.; O’GUINN, C. Brand Community. Journal of Consumer Research, 27, p. 412–32, 2001. ______. ; Schau, H. Vigilante marketing and consumer-created communications. Journal of Advertising, 36(3), p. 35–50.��� 2007. NEFF, J. OMD Proves the Power of Engagement. Advertising Age, 78. Disponível em <http:// www.fipp.com/News.aspx?PageIndex1⁄42002&ItemId1⁄413735>. Acesso em: 10/08/2013.

NOLAN, T.; BRIZLAND, R.; MACAULAY, L. Individual trust and development of online business communities. Information Technology & People, 20(1), p. 53–71, 2007. OUCHI, C. O global e o local na construção da identidade: um estudo em marketing e antropologia de adolescentes. Dissertação (Mestrado em administração de empresas). Coppead/UFRJ. Rio de Janeiro, 2000. PATTERSON, P.; TING, Y.; RUYTER, K. Understanding Customer Engagement in Services. Brisbane: AZMAC Proceedings���, 2006. PEREZ, C. Signos da marca: expressividade e sensorialidade. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2004. PHAM, M.; AVNET, T. Rethinking Regulatory Engagement Theory. Journal of Consumer Psychology, 19 (2), p. 115-123, 2009. PINHO, J. O poder das marcas. São Paulo: Summus, 1996. PORTER, C.; DONTHU, N. Relationship Marketing in virtual communities: the effect of a community sponsor’s effort to manage content, embeddedness and interaction on beliefs, trust and trus-based outcomes. Unpublished working paper, 2005. PRAHALAD, C.; RAMASWAMY V. Co-creation experiences: the next practice in value creation. Journal of Interactive Marketing, 18(3), p. 5–14, 2004. RECUERO, R.; FRAGOSO, S.; AMARAL, A. Metodos de pesquisa para internet. Porto Alegre: Sulina, 2013.

100

______. Um estudo do capital social gerado a partir das Redes Sociais no Orkut e nos Weblogs. Trabalho apresentado no GT de Tecnologias da Comunicação e da Informação da COMPÓS 2005. Artigo publicado na Revista da FAMECOS, Porto Alegre, vol. 28, n. dez 2005. ______. Redes sociais na internet. Porto Alegre: Sulina, 2009. REHMANI, M.; KHAN, M. The impact of E-media on customer purchase intention. International Journal of Advanced Computer Science and Applications 2, p. 100– 103, 2011. RHEINGOLD, Howard. A comunidade virtual. 1 ed. Lisboa: Gradiva, 1996. RIBAS, C.; ZIVIANI, P. Redes de informação: novas relações sociais. Revista de Economía Política de las Tecnologías de la Información y Comunicación, vol. X, n. 1, 2008. RIDINGS, C; GEFEN, D; ARINZE, B. Some antecedents and effects of trust in virtual communities. Journal of Strategic Information Systems, vol. 11, n. 3-4, p. 271-29, 2002.��� RIEZEBOS, R. Unravelling brand value: a conceptual model n consumer and producer-based brand value. Erasmus Universitie/Rotterdam School of Management, 1995. ROBERTS, K. Lovemarks - o futuro além das marcas. São Paulo: Makron Books, 2004. ROCHA, E.; BARROS, C.; PEREIRA, C. Perspectivas do método etnográfico em marketing: consumo, comunicação e netnografia. ENCONTRO ANUAL NACIONAL DA ASSOCIAÇÃO DOS PROGRAMAS DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO, vol. 29, 2005. ���SABATE, F., et al. Factors influencing popularity of branded content in Facebook fan pages. European Management Journal, 2014. SAFKO, L.; BRAKE, D. K. A Bíblia da Mídia Social: táticas, ferramentas e estratégias para construir e transformar negócio. São Paulo: Blucher, 2010. SEDLEY, R. Six theses on digital customer engagement in a troubled economy. Disponível em: <http://richard-sedley.iuplog.com/default.asp?item=298747>. Acesso em: 29/03/2013.

101

SAKS, A. Antecedents and Consequences of Employee Engagement, Journal of Managerial Psychology, 21 (7), p. 600-619, 2006. SALZMAN, M.; MATATHIA, I.; O’REILLY, A. Buzz: A era do marketing viral – Como aumentar o poder da influência e criar demanda. São Paulo: Pensamento-Cultrix, 2003. SCHACHTER, D. Searching for Memory. New York: Basic Books, 1996. SCHAU, H. J.; MUÑIZ A. M.; ARNOULD, E.J. How brand community practices create value. Journal of Marketing, vol.73, n.1, p.30-51, 2009. SCHULTS, D., E. Social Call. Marketing Management, vol. 16, n. 4, p.10 - 11, 2007. SCUP. Sobre o Scup. Disponível em: <www.scup.com.br>. Acesso em: 12/10/2014. SELLTIZ, C. et al. Métodos de pesquisa nas relações sociais. São Paulo: EPU, 1974. SMITH, A.; FISCHER, E.; YONGJIAN, C. How does brand-related user-generated content differ across YouTube, Facebook, and Twitter? Journal of Interactive Marketing 26, p. 102–113, 2012. SOCIALBAKERS. Ranking de Fan Pages no Brasil. Disponível em: <www.socialbakers.com>. Acesso em: 12/10/2014. SUDARSHAN D. Marketing strategy: relationships, offerings, timing and resource location. New Jersey: Prentice Hall, 1995. TAPSCOT, D.; WILLIAMS, A. Wikinomics: Como a colaboração em massa pode mudar o seu negócio. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2007. TAJFEL, H.,; TURNER, J. C. The social identity theory of intergroup behavior. In: S. Worchel & W. G. Austin (Eds.), Psychology of intergroup relations, p. 7–24. Chicago: Nelson Hall, 1985. TAVARES, M. Um estudo da construção do valor da marca baseado na sua extensão. Tese (Doutorado em Administração) – Programa de Pós-Graduação em Administração, Departamento de Administração, Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo. São Paulo, 1997.

102

TERRA, C. F. Usuário-mídia: a relação da comunicação organizacional e do conteúdo gerado pelo usuário. Tese (Doutorado em Comunicação) - Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo. São Paulo, 2010. THOMSEN, S.; STRAUBHRR, J.; BOLVARD, D. Ethnomethodology and the study of online communities: exploring the cyber streets. Information Research, 4(1). Disponível em <http://informationr.net/ir/4-1/paper50.html?ref=BenimShopum.com>. Acesso em: 30/03/2013. THOMSON, M.; MACINNIS, D.; PARK, C. The Ties that Bind: Measuring the Strength of Consumers’ Emotional Attachment to Brands. Journal of Consumer Psychology, 15 (1), p. 77-91, 2005. TUTEN, T.; SOLOMON, M. Social media marketing. Boston: Pearson, 2013.��� VAN DOORN, J. et al. Customer Engagement Behavior: Theoretical Foundations and Research Directions. Journal of Service Research, 13 (3), p. 253-266, 2010. VAN GELDER, S. Global brand strategy: unlocking brand potential across countries, cultures and markets. London: Kogan Page Limited, 2005.��� VAN MAANEN, J. The fact of fiction in organizational ethnography. Administrative Science Quartely, New York, vol. 24, n. 4, p. 539-5-, 1979. VARGO, S. Toward a transcending conceptualization of relationship: a service-dominant logic perspective. The Journal of Business and Industrial Marketing, 24(5/6), p. 373–9, 2009. VERGARA, S. Projetos e Relatórios de Pesquisa em administração. 14a Ed. São Paulo: Editora Atlas S.A, 2013. VIVEK, S. A Scale of Consumer Engagement. Tese (Doutorado em Administração). Department of Management & Marketing, Graduate School–The University of Alabama, UMI, 2009. ______.; SHARON, B.; Morgan, R. Consumer Engagement: Exploring Customer Relationships Beyond Purchase. Paper submitted to the Journal of Marketing Theory and Practice, 2010.

103

VOYLES, B. Beyond Loyalty: Meeting the Challenge of Customer Engagement. Economist Intelligence Unit. Disponível em: <http://www.adobe.com/engagement/pdfs/partI.pdf>. Acesso em: 10/08/2013. WINKIN, Y. A nova comunicação: da teoria ao trabalho de campo. Papirus. Campinas. 1998. YE, Q.; LAW, R.; Gu, B. The impact of online user reviews on hotel room sales. International Journal of Hospitality Management 28, p. 180–182, 2009. ZAGLIA, M. Brand communities embedded in social networks. Journal of Business Research, 66(2), p. 216–223, 2013. ZAICHKOWSKY, J. The Personal Involvement Inventory: Reduction, Revision, and Application to Advertising. Journal of Advertising, 23 (4), p. 59-70, 1994. ZEITHAML, V. Consumer perception of price, quality and value: a means-end model and synthesis and evidence. Journal of Marketing. vol.52, 1998.