VISAO CRITICA

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11111Lato & Sensu, Belém, v. 4, n. 1, p. 3-5, out, 2003.

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QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO:uma visão crítica da relação entre o

trabalhador e a empresa

Oswaldo Gomes de Souza Jr. *

RESUMO: Este artigo trata das relações entre a empresa e o trabalhador, no tocante à qualidadede vida no trabalho – QVT, mostrando que fatores como segurança no trabalho, remuneração,salário e ambiente deixaram de ser fatores de única importância para a satisfação do trabalhador.Hoje, devido as grandes mudanças ocorridas tanto nos meios de produção através da própriarevolução tecnológica, como o processo de globalização com a quebra de fronteiras e a constantebusca por maior competitividade num mercado altamente disputado abriram grandes espaços entreinteresses distintos, tanto do trabalhador como da própria organização. E isso transformou a satisfaçãolaboral em desgaste físico, mental e social, deixando o saber pelo querer ter maior proporcionalidadeestratégica.

PALAVRAS-CHAVE: revolução tecnológica; lesões de continuidade; qualidade de vida

* Aluno do 4º ano do Curso de Administração e monitor da disciplina de Administração de Recursos Financeiros I da UNAMA.

A Qualidade de Vida noTrabalho - QVT sempre foi umapreocupação constante do ho-mem desde o início de sua exis-tência, porém a evolução social eeconômica mundial deixou, emvários momentos, esse assunto delado em prol da busca constantepela maior riqueza e constanteacumulação de capital. Mas, a in-cessante luta do trabalhador paraconseguir meios que facilitassemsuas tarefas diárias e as trans-formassem em algo prazerosotornou-se um alvo de estudo, ini-ciando-se pelos economistas libe-rais e posteriormente passandopela Administração científica eEscola das Relações Humanas.Hoje, o tema já é uma constante

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em diversos livros e artigos derevistas semanais, por exemplo.

HUSE & CUMMINGS(1985) explicam em sua obra ospontos de maiores convergênci-as e preocupações sobre as di-mensões que trariam ao indivíduouma melhor qualidade de vida.São eles:

1). Adequada e satisfa-tória recompensa;

2). Segurança e saúde notrabalho;

3). Desenvolvimento dascapacidades humanas;

4). Crescimento e segu-rança profissional;

5). Integração social;

6). Direitos dos trabalha-dores;

7). Espaço total de vida notrabalho e fora dele; e

8). Relevância social

As questões políticas, eco-nômicas e sociais dos países, bemcomo o processo de globalizaçãotrouxeram diversas incertezas aocampo do trabalho, onde acompetitividade das empresaspassou a ser o seu Calcanhar deAquiles num mercado altamenteinstável. Com isso, o trabalhadorpassou a substituir fatores comoalta remuneração e estabilidadepor melhor qualidade de vida(QVT) e maior participação nosprocessos decisórios das empre-

sas. Este fato abriu um novo ni-cho a ser explorado pelas empre-sas, as quais hoje estão procuran-do atender as mais diversas ne-cessidades presentes no dia-a-diado trabalhador, por falta de con-dições de saúde e lazer, que de-veriam ser o papel forte do pró-prio Estado. Esse fato procuracriar no trabalhador um maiorcomprometimento com os objeti-vos organizacionais, porém, aca-bam por torná-lo mais dependen-te. E isso é muito perigoso.

As lesões de continuidadeno sistema abriram espaço paraque as organizações assumissemum papel dito “social”, como for-ma de melhorar a qualidade devida de seus trabalhadores atra-vés do incentivo às reuniões so-ciais em clubes, jogos esportivose outros. O novo quadro pintado,pelos atuais atores do processo,fala de participação, maior liber-dade do indivíduo, flexibilizaçãode horários, quedas de barreirasformais de comunicação hierár-quica e menos controles por par-te dos gestores, ou seja, surge aauto gestão do trabalho. Contu-do, percebe-se que uma nova for-ma de controle passa a serexercida, não pelos chefes, maspelos próprios pares, os quais co-bram ainda mais do seu parceirode equipe, quando a opinião dospróprios colegas tem grande pesono comportamento do trabalha-dor. Podemos enganar o patrão,mas não nossos pares (OUCHI,1982).

As novas políticas de RHprocuram estimular uma maiorqualificação daqueles que preten-

dem continuar no mercado de tra-balho. A maior cobrança encon-tra-se ao nível das habilidades ecompetências pessoais do traba-lhador quando estes são selecio-nados. Hoje, diferentemente doTaylorismo, não mais o uso má-ximo da força física do trabalha-dor é explorada, mas seu esforçomental, pois, visto de outro ângu-lo, todas as facilidades ofertadaspelas organizações, bem como apreocupação com a qualidade devida do trabalhador fora do am-biente de trabalho, nada mais sãodo que instrumentos de maior in-serção deste com o projeto pro-posto para o alcance de resulta-dos da empresa. Nesse contex-to, a organização assume carac-terísticas de maior especializaçãoinstitucional, trazendo grande pe-rigo para o trabalhador, que fazda empresa parte inseparável deum todo: sua vida. As empresasseduzem e seqüestram os indiví-duos de si mesmos(SHIRATO,2002)..

O nível de dependênciafica muito mais evidente quandoeste trabalhador é desligado daempresa, ele praticamente se sen-te morto para a novidade. E, éexatamente aí que ele percebeque sua relação de amor com aempresa não obteve a respostadesejada, ou seja, até que a mor-te os separe. A empresa, um serinanimado, seguirá seu caminhosem qualquer sentimento de cul-pa, enquanto ele levará um bomtempo para acordar do pesadelo.

As experiências viven-ciadas devem ser um canal queabre para novos horizontes à vi-

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são do trabalhador, pois, doar-setotalmente à empresa é esquecerde que a qualidade de sua pró-pria vida está em risco eminente.

A constante busca poruma melhor qualidade de vida dotrabalhador poderá estender-secontinuamente, pois fatores comoas relações entre trabalhador xorganização continuarão sendoalvo de constante interação. Nãohá receitas milagrosas que pro-porcionem uma zona de confortopara o trabalhador na procura deuma melhor Qualidade de Vida,e sim uma adequação aos novosmovimentos.

Os acontecimentos cotidi-anos produzem e continuarão pro-duzindo efeitos indesejáveis dediversas formas ao trabalhador.O estresse é um claro exemplodisso; trabalhos que não conse-guimos realizar em tempo hábil;as cobranças pelo sucesso aindanão obtido. Tudo isso contribuipara um grande sofrimento físicoe mental do trabalhador. Diantedisso, devemos sim, buscar no-vas atitudes que tragam satisfa-ção e melhores resultados.

A qualidade de vida estárelacionada com a satisfa-ção que você sente ao rea-lizar as coisas. Aprender agerenciar a qualidade desua vida está longe de seruma questão subjetiva. Naverdade está relacionadacom uma mudança de ati-tude mental (NAKAI, 2003,p.74).

CONCLUSÃO

A problemática discutidaenvolve critérios não só técnicos,mas também éticos e de mudan-ça do próprio comportamento dotrabalhador, bem como de suaatitudes nas relações de trabalho.Não se pode deixar que apenasfatores ligados as atividades eco-nômicas transformem-se no ti-mão mestre da absorção da pro-dução humana, mas que destemeio faça parte, também, a qua-lidade de vida tanto oferecidacomo a aquela que é buscada poraqueles que são a força maiornessa relação: o trabalhador.

Deixar sua vida ser total-mente dependente da empresapode causar extensas lesões decontinuidade tanta em sua vida

profissional, como na própria re-lação familiar, onde suadesestruturação muitas vezes éfato e deixa seqüelas que podemcausar sua própria destruição.Então, abrir os olhos para as coi-sas invisíveis na relação de tra-balho onde o interesse da empre-sa nem sempre está alinhado como do trabalhador, pode ser o mai-or trunfo em suas mãos, devendoser usado como profilática a essaincômoda situação.

REFERÊNCIAS BIBLIO-GRÁFICAS

RODRIGUES, Marcus ViníciusCarvalho Qualidade de vida notrabalho. Petrópolis, RJ: Vozes,1994.

SILVÉRIO, Célia. Qualidadede vida. Disponível em: <http://www.manager.com.br/reporta-gem>. Acesso em: 20 set. 2003.

Teletrabalho: Qualidade de vidae trabalho de Qualidade.disponívelem: http://www.saci.org.br/i n d e x . p h p ? m o d u l o =akemi&parâmetro-4859. Acessoem: 28 set. 2003.