Vínculo Familiar de Usuários de Crack

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Artigo Original Rev. Latino-Am. Enfermagem 19(5):[08 telas] set.-out. 2011 www.eerp.usp.br/rlae Endereço para correspondência: Maycon Rogério Seleghim Rua Osvaldo Cruz, 340, Apto. 309 Bairro: Zona 07 CEP: 87020-200, Maringá, PR, Brasil E-mail: [email protected] Vínculo familiar de usuários de crack atendidos em uma unidade de emergência psiquiátrica Maycon Rogério Seleghim 1 Sônia Regina Marangoni 1 Sonia Silva Marcon 2 Magda Lúcia Félix de Oliveira 3 O objetivo deste estudo foi conhecer o vínculo familiar de usuários de crack, atendidos em uma unidade de emergência psiquiátrica do Sul do Brasil. Trata-se de pesquisa qualitativa, com delineamento de série de casos, realizada no município de Maringá, PR, no período de abril a junho de 2010. Para a coleta dos dados utilizou-se roteiro semiestruturado de entrevista. Os dados foram analisados seguindo a técnica de análise de conteúdo e organizados em duas categorias: o vínculo familiar como facilitador do uso de crack e outras drogas, e o vínculo familiar fragmentado de usuários de crack. Entre os dez usuários investigados, evidenciou-se a perda dos vínculos relacionais com a família e o meio social, presença de drogas e violência no ambiente familiar. A realização de pesquisas sobre o uso de crack e sua interface com a família deve ser estimulada, visto que as famílias possuem papel fundamental na iniciação e continuidade ao uso de drogas. Descritores: Relações Familiares; Drogas Ilícitas; Cocaína Crack; Serviços de Emergência Psiquiátrica. 1 Enfermeiro, Mestrando em Enfermagem, Universidade Estadual de Maringá, PR, Brasil. E-mail: Maycon - [email protected], Sônia - [email protected]. 2 Enfermeira, Doutor em Filosofia da Enfermagem, Professor Associado, Departamento de Enfermagem, Universidade Estadual de Maringá, PR, Brasil. E-mail: [email protected]. 3 Enfermeira, Doutor em Saúde Coletiva, Professor Assistente, Departamento de Enfermagem, Universidade Estadual de Maringá, PR, Brasil. E-mail: [email protected].

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Vínculo Familiar de Usuários de Crack. Artigo Científico.

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Artigo OriginalRev. Latino-Am. Enfermagem19(5):[08 telas]set.-out. 2011www.eerp.usp.br/rlaeEndereo para correspondncia:Maycon Rogrio SeleghimRua Osvaldo Cruz, 340, Apto. 309Bairro: Zona 07CEP: 87020-200, Maring, PR, BrasilE-mail: [email protected] familiar de usurios de crack atendidos em uma unidade de emergncia psiquitricaMaycon Rogrio Seleghim1Snia Regina Marangoni1Sonia Silva Marcon2Magda Lcia Flix de Oliveira3O objetivo deste estudo foi conhecer o vnculo familiar de usurios de crack, atendidos em uma unidadedeemergnciapsiquitricadoSuldoBrasil.Trata-sedepesquisaqualitativa,com delineamento de srie de casos, realizada no municpio de Maring, PR, no perodo de abril a junho de 2010. Para a coleta dos dados utilizou-se roteiro semiestruturado de entrevista. Os dados foram analisados seguindo a tcnica de anlise de contedo e organizados em duas categorias:ovnculofamiliarcomofacilitadordousodecrackeoutrasdrogas,eovnculo familiar fragmentado de usurios de crack. Entre os dez usurios investigados, evidenciou-se a perda dos vnculos relacionais com a famlia e o meio social, presena de drogas e violncia no ambiente familiar. A realizao de pesquisas sobre o uso de crack e sua interface com a famlia deve ser estimulada, visto que as famlias possuem papel fundamental na iniciao e continuidade ao uso de drogas.Descritores:RelaesFamiliares;DrogasIlcitas;CocanaCrack;ServiosdeEmergncia Psiquitrica.1Enfermeiro,MestrandoemEnfermagem,UniversidadeEstadualdeMaring,PR,Brasil.E-mail:[email protected], Snia - [email protected] Enfermeira, Doutor em Filosofia da Enfermagem, Professor Associado, Departamento de Enfermagem, Universidade Estadual de Maring, PR, Brasil. E-mail: [email protected] Enfermeira, Doutor em Sade Coletiva, Professor Assistente, Departamento de Enfermagem, Universidade Estadual de Maring, PR, Brasil. E-mail: [email protected]/rlaeTela 2Familytiesofcrackcocaineuserscaredforinapsychiatricemergency departmentThisstudycharacterizesthefamilytiesofcrackcocaineuserscaredforinapsychiatric emergencydepartmentinsouthernBrazil.Itisaqualitativestudywithaseriesofcases carried out in the city of Maring, PR, Brazil from April to June 2010. Data were collected throughsemi-structuredinterviews,analyzedusingcontentanalysis,andorganizedinto two categories: family ties as facilitators in the use of crack cocaine and other drugs; and fragmented family ties of crack users. Loss of relational bonds with family and social milieu was observed among the ten studied users in addition to the presence of drugs and violence in the family sphere. Further studies addressing the use of crack and its interface with the family are encouraged, taking into consideration that families have an essential role in the initiation and continuity of drug use.Descriptors:FamilyRelations;StreetDrugs;CrackCocaine;EmergencyServices Psychiatrics.Vnculofamiliardeusuariosdecrackatendidosenunaunidadde emergencia psiquitricaElobjetivodelestudiofueconocerelvnculofamiliardeusuariosdecrackatendidosen unaUnidaddeEmergenciaPsiquitricadelSurdeBrasil.Setratadeunainvestigacin cualitativa, con delineamiento de serie de casos, realizada en el municipio de Maring, en Paran,enelperododeabrilajuniode2010.Paralarecoleccindedatosseutilizun guin semiestructurado de entrevista. Los datos fueron analizados siguiendo la tcnica de anlisis de contenido y organizados en dos categoras: el vnculo familiar como facilitador del uso de crack y otras drogas, y el vnculo familiar fragmentado de los usuarios de crack. Entre los diez usuarios investigados, se evidenci: prdida de los vnculos relacionales con la familia y con el medio social y, presencia de drogas y violencia en el ambiente familiar. La realizacin de investigaciones sobre el uso de crack y su interfaz con la familia deben ser estimuladas, ya que las familias poseen un papel fundamental en la iniciacin y continuidad del uso de drogas.Descriptores: Relaciones Familiares; Drogas Ilcitas; Cocana Crack; Servicios de Urgencia Psiquitrica.IntroduoOconsumodecrackconsideradoproblema emergente,nasadepblica.Emboraosprimeiros registros de sua introduo no Brasil tenham ocorrido no fnaldadcadade1980,observa-secrescenteaumento na prevalncia de seu uso(1).Acomplexidadequeenvolveofenmenodouso decrack,eofatodesuasconsequnciasatingirem osusurios,asfamliaseasociedade,comelevao dendicesdeviolncias,indicamanecessidadede investigaesnosmltiplosaspectosdessatemtica, na tentativa de contribuir para a formulao de polticas pblicas especfcas para o seu controle e tratamento(2).Ocrackumsubprodutodacocana,substncia extradadasfolhasdaplantadenominadaErythroxilon coca,encontradaempasesdaAmricadoSuleda Amrica Central, e uma pasta de coca combinada com obicarbonatodesdio(3).Apresentacomoprincipais caractersticaspotenteefeitorecompensador,decurta durao,estimulandoaadministraorepetida,detal forma que, depois de sua experimentao, defagra-se o usointensoecompulsivo,passandoeleadesempenhar papelcentralnavidadousurio,ouseja,torna-se prioritrioem detrimento de comportamentos que antes tinham relevncia(1-2).Tela 3www.eerp.usp.br/rlaeSeleghim MR, Marangoni SR, Marcon SS, Oliveira MLF.Pela fssura, ou seja, o desejo incontrolvel em usar a droga, os usurios relatam a venda de pertences prprios edefamiliares,roubos,sequestros,atividadesligadas ao trfco e prostituio, seja feminina ou masculina, a qual, pelos inmeros parceiros sexuais e a baixa adeso ao uso de preservativos, tem exposto os usurios ao risco de adquirir doenas sexualmente transmissveis e infeco pelo HIV(4).Ousocompulsivodocrackinterferenadimenso individualdousurio,comprometendotambmseu relacionamentosocial,deformaqueosvnculossociais efamiliaresestveisenormalizadossefragilizame rompem-se, marginalizando-o progressivamente(2,4).Considerando-se que os fatores que levam adeso ou no do uso de drogas so infuenciados principalmente pelocontextosocioculturalemqueseinseremos indivduos,afamliadeextremaimportnciaparaa iniciao, manuteno e resoluo do uso de drogas entre seus membros(5).Afamliaseconstituisocialmenteemuma unidadeprimordialnombitodaconstruo,formao edesenvolvimentodosindivduosqueacompem, transmitindosgeraesvalores,regras,costumes, ideias,almdemodelosepadresdecomportamentos, inclusivehbitosnocivossade(6-7).Aexistnciade vnculosrelacionaissaudveisentreosindivduoseas famlias, como delimitao das responsabilidades, apoio e afeto familiar, apontada como fator protetor quanto ao uso de drogas(5).Demodogeral,opapeldafamliapodeser compreendido a partir de trs lcus principais. O primeiro sereferecentralidadedasfamliascomofatorde proteosocial,oqueimplicaterpresenteseucarter ativo e participante nos processos de mudana; o segundo ressaltaafamliacomoaquelaque,paradoxalmente, podeformaroudestruir,daridentidadeoudesintegrar oindivduoemformaoeoterceirorefere-sesua importncianapromooemanutenodasadeentre seus membros(8).Autoresapontamoimportantepapeldasrelaes familiares na iniciao ao uso de drogas, tendo em vista que a negligncia, o abandono e a privao de cuidados soconsideradosumaformadeviolnciafamiliar,que seexpressapelaausncia,recusaoufaltadeateno necessria a quem deveria receber ateno e cuidados(9).Partindodopressupostodequeovnculoest relacionado,entreoutrosfatores,interaodos indivduos com a famlia, o uso de drogas pode ser tambm compreendido a partir dessa perspectiva. A pesquisa sobre os fatores contextuais de risco e de proteo, relacionados ao ambiente familiar, relevante para a compreenso do uso drogas e, portanto, constitui-se uma necessidade, pois contribuiparaaoefetivaemrelaospossibilidades de preveno(5).Diantedoexposto,oobjetivodesteestudofoi conhecer o vnculo familiar de usurios de crack atendidos em uma unidade de emergncia psiquitrica da regio Sul do Brasil.MtodosTrata-sedepesquisadenaturezaqualitativa,com delineamento de srie de casos, realizada no perodo de abril a junho de 2010. O estudo de srie de casos consiste na descrio de um grupo de dez ou mais indivduos com umadoenaouproblemaemparticular,sendocomum anlise retrospectiva da vida dos indivduos(10).Os casos investigados foram originrios da Unidade de Emergncia Psiquitrica do Hospital Municipal de Maring (HMM), instituio de carter pblico, caracterizada como hospitalgeraldemdiacomplexidade,erefernciaem atenosemergnciaseinternaespsiquitricasdos 67 municpios que compem trs regionais de sade (RS) do Paran 11a RS (Campo Mouro), 13a RS (Cianorte) e 15a RS (Maring).Paraaseleodosparticipantes,recorreu-se consulta do mapa de pacientes internados, com posterior levantamento dos pronturios dos casos selecionados, para oestabelecimentodosmotivosquelevaramosusurios ao atendimento na unidade de emergncia psiquitrica.Acomposiodoscasosestudadosfoirealizadaa partirdavalorizaodecritriosderepresentatividade qualitativa,denominadaamostraintencional(11).Foram entrevistadostodososusuriosdecrack,quese encontravam internados na referida unidade nos dias da coletadosdados,apscumpriremosseguintescritrios de incluso/excluso: idade igual ou superior a 18 anos e estar em condies clnicas e mentais favorveis, segundo a avaliao da equipe de sade da unidade, para responder ao instrumento de coleta dos dados. Foram entrevistados 12usurios,deambosossexos;contudo,doisforam excludos da pesquisa um por ser menor de idade e o outro por haver negado o uso de crack, fcando, assim, a amostra constituda por dez usurios.Foi observado, inicialmente, grande receio dos usurios emparticipardeumapesquisasobreousodedrogas, principalmenteemrelaoaousodecrack.Diantedessa constatao,houvemaiornecessidadedeesclarecimento quanto aos objetivos da pesquisa, aproveitando o momento paraoestreitamentodovnculoentreopesquisador eoentrevistado.Apsessaaproximaoinicialeo esclarecimentodeeventuaisdvidassobreoestudo, www.eerp.usp.br/rlaeTela 4 Rev. Latino-Am. Enfermagem set.-out. 2011;19(5):[08 telas]em especial acerca da confdencialidade das informaes fornecidas, os indivduos aceitaram participar do mesmo.As entrevistas foram realizadas individualmente em localreservadonaprpriaunidade,etiveramdurao mdia de 1h. Em todas elas houve a participao de dois pesquisadoresumresponsvelporsuaconduoeo outro por seu registro. Dada a especifcidade da populao emestudo,asentrevistasnoforamgravadas;porm, os depoimentos emitidos foram registrados integralmente noroteirodeentrevista.Valesalientarque,apso trmino de cada entrevista, os registros foram lidos para osentrevistados,demodoqueelespuderamconfrmar, completaroumesmomudaroquehaviamrelatado inicialmente.Oroteirodeentrevista,elaboradopelosprprios pesquisadores,comquestessemiestruturadas,foi constitudo de duas partes: uma destinada identifcao dosrespondentesemrelaoadadossocioeconmicos edemogrfcos,ereferentesaousodecrackeoutras drogas,easegundaconstitudadequestesabertas que buscaram investigar aspectos do ambiente e vnculo familiar.Paraaanlisedomaterialcoletadofoiutilizadaa tcnica de anlise de contedo, na modalidade de anlise temtica.Aanlisetemticaconsisteemdescobriros ncleos de sentido que compem uma comunicao, cuja presenaoufrequnciasignifquealgumacoisaparao objetivo analtico visado, e, operacionalmente, abrange as fases de pr-anlise, explorao do material, tratamento Usurio Sexo* Idade Escolaridade Estado civil N de filhos Ocupao atualE1 F 37 Mdio incompleto Separada 4 Situao de ruaE2 F 20 Fundamental incompleto Separada 1 Situao de ruaE3 M 20 Mdio incompleto Solteiro - DesempregadoE4 M 25 Fundamental incompleto Separado 1 Situao de ruaE5 M 49 Mdio incompleto Solteiro - PintorE6 M 27 Fundamental incompleto Solteiro - DesempregadoE7 M 31 Mdio incompleto Separado - DesempregadoE8 M 35 Mdio incompleto Separado 3 DesempregadoE9 M 23 Superior incompleto Solteiro - Operador de empilhadeiraE10 F 42 Fundamental incompleto Separada 2 Desempregadadosresultadosobtidoseinterpretao(12).Paratanto,os registrosdasentrevistasforamlidosexaustivamente, seguidos da organizao dos dados em duas categorias.Arealizaodesteestudofoiautorizadapela SecretariaMunicipaldeSadedeMaring,eaprovada pelo Comit Permanente de tica em Pesquisas com Seres Humanos, da Universidade Estadual de Maring (Parecer n291/10). Todas as diretrizes e normas regulamentadoras da Resoluo n196/96, do Conselho Nacional de Sade, foramcumpridas,inclusivecomaassinaturadotermo de consentimento livre e esclarecido, em duas vias. Para garantiadoanonimato,osusuriosforamidentifcados com a letra E, seguida de algarismos arbicos, conforme a sequncia de realizao das entrevistas.ResultadosOsusuriosdecrackinvestigadoseram,emsua maioria, do sexo masculino, com idade que variou de 20 a 49 anos, mas com maior ocorrncia na faixa etria de 20 a 27 anos. A evaso dos estudos foi observada em todos os casos, sendo que quase a totalidade tinha, no mximo, oensinomdioincompleto,eapenasumentrevistado possua o ensino superior incompleto (Figura 1).Nenhumdosusuriospossua,nomomentoda entrevista, relao estvel com parceiro, e boa parte era separada e tinha flhos. Em relao ocupao, somente umusuriopossuavnculoempregatcioformal,etrs encontravam-se em situao de rua.Nota: *F=feminino e M=masculinoFigura1Distribuiodosusuriosdecrack,segundodadossocioeconmicosedemogrfcos.Maring,PR,Brasil, 2010O tempo de uso do crack variou de dois a 17 anos, masamaioriausavahaviamenosdeoitoanos.Ouso dirio foi o mais relatado, inclusive com a presena de uso compulsivo, em alguns desses usurios, caracterizado por o tanto que tiver.A maioria dos usurios iniciou o uso de drogas com o lcool e/ou tabaco, e todos relataram o crack como ltima droga de uso. A idade de incio do uso de drogas lcitas ou ilcitas variou de 11 a 17 anos, mas o incio, aos 15 anos de idade, foi frequentemente evidenciado entre os usurios. O envolvimento em atividades ilcitas para adquirir o crack tambm foi verbalizado pelos entrevistados, bem como a venda de algum pertence prprio e/ou familiar.Os motivos que levaram os usurios ao atendimento na emergncia psiquitrica foram: a procura espontnea do servio para tratamento da dependncia causada pelo uso Tela 5www.eerp.usp.br/rlaeSeleghim MR, Marangoni SR, Marcon SS, Oliveira MLF.do crack (E1, E2, E8 e E10); histria de agressividade com a famlia (E3 e E5); transferncia do pronto atendimento do HMM, aps tratamento clnico (E6 e E7), e a presena de sinais e sintomas de transtorno mental no momento do atendimento (E4 e E9).Apartirdaleituraexaustivadosregistros,os dadosforamagrupadosemduascategoriastemticas: ovnculofamiliarcomoelementofacilitadordousode crackeoutrasdrogas,eovnculofamiliarfragmentado de usurios de crack. Essas categorias so apresentadas a seguir.O vnculo familiar como elemento facilitador do uso de crack e outras drogasNestacategoria,foipossvelidentifcarapresena dealgumascaractersticasrelacionadasaosvnculos familiares,consideradasfavorveisparaoincioe continuidade do uso de drogas.O uso de drogas lcitas e/ou ilcitas por um ou mais dosmembrosdafamliafoirelatadopelosusuriosde crack, bem como indcios de uma implcita cultura familiar do uso de drogas, disseminada entre a famlia nuclear, e associadaocorrnciadeviolnciaserupturassociais. Minhafamliaeragrande,tenhoseisirmos,umfalecido,a gente brigava, discutia, mas no pelo uso das drogas, eles bebiam (E5). Minha irm usava escondido tiner e cola, agora j casada, no sei se usa mais (E2). [...] minha irm fumava maconha (E1). Todo mundo fumava e bebia (E8).Emrelaopresenadeviolnciaintrafamiliar, caracterizada pelos entrevistados como brigas e discusses, boapartedosusuriosverbalizouatitudesrepressivas da famlia frente ao uso de crack, como encarceramento domiciliaredennciapolcia.Eusaiocorrendo,fujo[...] briga s de boca, fala que vai me internar (E2). O ambiente tinha muitoconfito,meupaitentoumataraminhameporbebida (E10).Chamou ateno o depoimento de uma das usurias, que relatou um tipo especfco de violncia intrafamiliar: o abuso sexual infantil praticado por parentes prximos, dentro do prprio lar. [..] s fcava em casa quando a minha me estava, pra no ser violentada pelo meu irmo (E10).Entre os usurios que eram separados, a ocorrncia deconfitosrelacionaiscomocnjugepelousode crack,caracterizadospordesentendimentosebrigas, econstantescobranasparacessarousodadroga,foi frequentementeevidenciada.Algunsdessesusurios apontaramofmdorelacionamentoemdecorrnciado crack. Ela (esposa) brigava, eu fcava at tarde na rua, gastava todo o dinheiro do salrio [...] no aguentou mais e saiu de casa (E4). Antes, j tinha briga porque eu bebia, depois, com o crack, piorou (E7). Ela falava para parar (E8). s vezes, ele (esposo) me deixavaembriagada,drogada,parasairdecasa,eufcavacom os flhos (E10).O vnculo familiar fragmentado de usurios de crackQuantointeraodosusuriosdecrackcomas famlias,poucosaindamoramcomospais,sendoque o casamento foi o motivo mais relatado para a sada da casa dos pais, ocorrendo principalmente na adolescncia. Contudo, uma das usurias relatou a gravidez, e a outra, o abuso sexual como fatores desencadeantes para a sada do ambiente familiar.Emrelaoaorelacionamentoatualdosusurios comospais,algunsinformaramnomantermais contato com os mesmos, e boa parte relatou manter bom relacionamento; no entanto, em consulta aos pronturios hospitalaresdessesltimos,constatou-seque,para algunsdeles,ainternaoocorreuemdecorrnciade agressividade dos mesmos para com a famlia.Dentre os usurios que afrmaram bom relacionamento comospais,foramidentifcadosdepoimentosque remetemasentimentosdeafetoeapoiodafamliaem relao ao problema das drogas, divergindo do motivo da internao, como se segue: [...] graas a Deus eles (pais) me apoiam a deixar o crack (E3). No tenho confitos familiares, eu desencadeiooconfitopelousodasdrogas(E9).Tentouajudar (a famlia), mas quem tem que se ajudar eu (E3). Tenho bom relacionamento, todos so amveis comigo, do apoio para largar a droga (E9).Dos usurios que eram separados, muitos j usavam ocrackantesmesmodaunioconjugal.Duasusurias relataram que consumiam o crack e outras drogas com os cnjuges, dentro do ambiente familiar; convm destacar que essas possuam flhos. Ele (cnjuge) vendia pedra (crack) eagentecurtiajunto(E10).Eu,ele(cnjuge)eoirmodele fumava tudo junto (E2).Noqueserefererelaoatualdosusurioscom os cnjuges e os flhos, evidenciou-se o rompimento dos vnculosrelacionaiscomoscnjuges,vistoquenenhum usurio relatou manter contanto com os ex-companheiros. Um usurio relatou separao recente, havendo ocorrido cerca de dois meses antes da entrevista para o estudo.Observou-se,tambm,poucocontatodosusurios comosflhos,sendoqueamaioriavisitavaosflhos nomximoumavezporsemana.Apenasumausuria moracomoflho,eessatemdiagnsticomdicode esquizofrenia.DiscussoOperfldousuriodecrack,evidenciadoneste estudo, semelhante ao descrito na literatura. A descrio do perfl do usurio de crack brasileiro de homem jovem, www.eerp.usp.br/rlaeTela 6 Rev. Latino-Am. Enfermagem set.-out. 2011;19(5):[08 telas]debaixaescolaridadeesemvnculosempregatcios formais(13). A presena de usurios jovens ou no incio da fase adulta caracterstica marcante do fenmeno crack, apresentando uso mais associado a processos disruptivos emrelaovidasocial.Abaixaescolaridadeimplica, entre outros aspectos, menor insero no mercado formal, menordisponibilidadefnanceirae,consequentemente, maior vulnerabilidade social.Apesardeaintroduodocrackserrelativamente recentenocenriobrasileiro,observou-sequealguns entrevistadosiniciaramoseuusopoucosanosapsos primeirosregistrosdesuaocorrncianopas,fatoque demonstratanto a rpida agregao como a disseminao da droga na sociedade. Somado a isso, no perodo de 2001 a 2005, observou-seaumento do uso na vida de crack pela populao geral, corroborando essa afrmativa(14).Aculturadousodecracktemsofridomudanas quanto ao padro de uso e, embora a maioria dos usurios o faa de forma compulsiva, observou-se, em alguns casos deste estudo, a existncia de uso controlado, que merece maior detalhamento, principalmente quanto s estratgias adotadasparaseualcance(4).Noentanto,valedestacar queasensaodeurgnciaporcrackpodeincentivaro usuriorealizaodeatividadesilcitas,intensifcando oprocessodemarginalizaosocialeosriscossua liberdade e integridade fsica, psquica e moral(4).Conhecer a sequncia de estgios de uso de drogas dentrodeumapopulao,eosinterferentesquenela agem,poderiaserferramentaefcaz,nosparao entendimento desse fenmeno, mas, sobretudo, para se deter a exposio, cada vez maior, ao risco proporcionado por uma progresso de drogas(15).Oinciodousodedrogascomsubstnciaslcitas, relatado pelos usurios, semelhante ao dos resultados encontradosemumestudocujoobjetivofoiidentifcar, entre usurios de crack, a progresso no uso de drogas e seus fatores interferentes(15). Foram encontradas duas fases distintas de uso de drogas. A primeira, com drogas lcitas, sendo o cigarro e o lcool as mais citadas, e a segunda, com o uso de drogas ilcitas. Nesses casos, parentes e amigos dosentrevistadosforamosincentivadoresdoconsumo, eomotivoalegadoparaousodessassubstnciasfoia necessidade de autoconfana. Ainda de acordo com esse estudo,aidadeprecocedoconsumoeousopesadode uma ou mais drogas foram determinantes para o incio de uma escalada de drogas ilcitas.Emrelaorealizaodaprticadeatividades ilcitas para adquirir o crack, relatada pelos entrevistados, pode-se dizer que essa situao tambm frequentemente evidenciada no contexto social dos usurios. Em funo da sensao de urgncia pela droga e na falta de condies fnanceirasparaadquiri-la,ousuriosevforadoa participardeatividadesilcitascomotrfcodedrogas, roubos, assaltos, dentre outros(2,4).Emestudodesenvolvidocomusuriosdecrack, internadosnoHospitalPsiquitricoSoPedro,dePorto Alegre, RS, verifcou-se que a presena de antecedentes criminaisfoiobservadaem40%daamostra,sendo queessavarivelestavarelacionadaamaisansiedade, depresso e fssura(16).Chamaatenoaprocuraespontneadeusurios para tratamento da dependncia qumica, principalmente pelo fato de o crack ser considerado droga com alto poder de dependncia, com consequncias negativas no mbito individualecoletivo.Contudo,foipossvelperceber,em alguns indivduos, que a procura pelo atendimento surgiu como meio de aliviar os longos perodos de uso da droga na rua, sem a evidncia real de motivao para a cessao do uso de crack.Considerandoopapeldafamliaedovnculo familiarnaresistnciadosindivduossadversidades(9), verifcou-sequeogrupoestudadoapresentavavrios eventos desfavorveis, que podem ter atuado como fator indutoraoinciodousodedrogas:doenasnafamlia, principalmente uso de lcool e drogas, brigas e separao dos cnjuges, violncia intrafamiliar fsica e psicolgica e rupturasdosvnculosrelacionaiscomafamliaecomo meio social.A instituio familiar considerada um dos elos mais fortes na cadeia multifacetada que pode levar ao uso de lcool e drogas, alm de tambm atuar como importante fatordeproteo(17-18).Issosejustifcapelofatode queoconsumodesubstnciaspsicoativasaprendido, predominantemente, a partir das interaes estabelecidas entre os indivduos e suas fontes primrias de socializao que, no Ocidente, correspondem famlia, escola e ao grupo de amigos. O resultado dessa constante interao o estabelecimento de vnculo que possibilita a comunicao de um conjunto de normas(17).fundamental,nodesenvolvimentodoindivduo, aformacomoelecriadopelafamlia,estandosoba responsabilidadedospais,principalmentenoquese refere proteo contra os fatores de risco relacionados s drogas(18).Aconfguraodeambientefavorveladoo doconsumodesubstnciaspsicoativasinfuenciada porumasriedefatores,sendoafamliaumdosmais importantes(19). A falta de suporte parental, o uso de drogas pelos prprios pais, atitudes permissivas dos pais perante o consumo e incapacidade dos pais de controlar os flhos so fatores predisponentes iniciao ou continuao do uso de drogas(20).Tela 7www.eerp.usp.br/rlaeSeleghim MR, Marangoni SR, Marcon SS, Oliveira MLF.Emrelaoausnciaderelacionamentocomos pais, a situao complica-se com o avano da dependncia qumicageradapelousodecrack,emquearupturado carterlevaousurioautilizar-sedemanobrasilcitas, na relao com a famlia: a mentira recorrente, os roubos praticados dentro de casa e violncia so relatos comuns entreosdependentes(2,4).Comisso,ocorreaperdada referncia com a famlia, com o trabalho e com a escola; situao verifcada na maioria dos casos estudados.Vale ressaltar, ainda, a diversidade de confguraes sociais expressadas pela dependncia do uso de crack. Em alguns casos, j possvel encontrar usurios com mais de cinco anos de consumo, com padro de uso associado aoutrasdrogasemqueamarginalidadenocomum. Nesses casos, esses indivduos tm conseguido manter o vnculo empregatcio e familiar(13,21).Sobreodomniofamiliareasuainfunciana utilizao de substncias psicoativas ainda na adolescncia, destacam-secomofatoresdeproteocontraousode drogas o estabelecimento de fortes vnculos entre pais e flhos, a criao de regras e a imposio de limites claros ecoerentes,almdamonitorizao,supervisoeapoio aosjovensnassuasdeciseseatitudes,adotando-se, principalmente, o dilogo como prtica comum na rotina familiar(5).Evidenciou-se,nesteestudo,aimportnciada participao da famlia no comportamento dos indivduos emrelaoaousodedrogas.Ressalte-sequeessa importnciaresultadodasrelaesedosvnculos estabelecidoscomasfamlias,aolongodoprocesso decrescimentoeamadurecimentoemocionaldesses indivduos.Ousodedrogaspelospaiseoutrosfamiliares certamenteumadasgrandesinfunciasparaque osadolescentessetornemdependentesdedrogas.A transmisso intergeracional de pautas de comportamento frequentenaliteraturacientfca;paisquefazemuso dealgumadrogaservemdemodeloparaosflhosna experimentao e continuidade do uso de lcool e outras drogas(5,7,20).A partir dessa viso, pode-se entender melhor alguns fenmenos como, por exemplo, quando em uma mesma famlia,compostadepai,meeflhos,somenteum desses flhos torna-se dependente de drogas. Contudo, h que se pontuar que, em alguns casos, o evento drogas pode interferir, infuenciar ou se localizar no processo de singularizaro dos indivduos, fazendo com que cada um adotecomportamentosdiferenciadoscomrelaoaum evento, aparentemente semelhante(22).Aviolnciaintrafamiliar,evidenciadanoscasos estudados, defnida como [...] toda ao ou omisso que prejudique o bem-estar, a integridade fsica, psicolgica ou a liberdade e o direito ao pleno desenvolvimento de outro membro da famlia. Pode ser cometida dentro ou fora de casa por algum membro da famlia, incluindo pessoas que passam a assumir funo parental, ainda que sem laos de consanguinidade, e em relao de poder a outra(23).Oabusosexualinfantil,relatadoporumausuria, problemaqueenvolvequesteslegaisdeproteo crianaepuniodoagressor,etambmteraputicas deatenosadefsicaementaldacriana,tendo emvistaasconsequnciaspsicolgicasdecorrentesda situao de abuso. Tais consequncias esto diretamente relacionadas a fatores como: idade da criana e durao do abuso; condies em que ocorre, envolvendo violncia ouameaas;grauderelacionamentocomoabusador eausnciadefgurasparentaisprotetoras.Esses fatorespodemestarassociados,tambm,adesviosde comportamento na fase adulta da vida e iniciao ao uso de drogas(24).ConclusoEvidenciaram-se, nos casos investigados, a perda dos vnculos relacionais na famlia e no meio social, presena de uso de drogas e violncia no ambiente familiar.Torna-se importante, ento, a realizao de pesquisas para o avano dos conhecimentos e prticas relacionados aousodecrack,visandoestabeleceralianascomas famlias, de modo a conhecer suas tradies, seus valores e costumes, pois as famlias possuem papel fundamental na preveno e no tratamento do uso de drogas. importante considerar, ainda, que muitos usurios notmmais(oununcativeram)refernciafamiliar minimamente organizada. Nesses casos, imprescindvel aatuaodosprofssionaisdasade,principalmente aquelesinseridosnombitodaatenoprimria,no sentido de identifcar esses usurios e encaminh-los para tratamento de sade adequado.Apesar de que temas dessa natureza so transversais a quaisquer categorias profssionais, os da rea da sade e mesmo das cincias humanas poderiam se apropriar dessa discusso, pois existe a necessidade urgente da articulao dessa temtica com o cuidado de Enfermagem, que, por ser uma profsso que tem na ao educativa um de seus principais eixos norteadores, contribui para a identifcao e a realizao de aes de preveno, especialmente por parte dos profssionais que atuam na Estratgia Sade da Famlia, pela maior proximidade com as famlias.Porfm,aausnciadesuportesocialaqui entendido como emprego, estabilidade do ncleo familiar edisponibilidadederededetratamentoadequadoe adefcincianoacessoevnculoaosserviosdesade primrios,poucoacessveisquelaspessoasquemais necessitam, tm agravado a situao do uso de crack na atualidade.OSistemanicodeSadetemsedeparadocomo aumento do nmero de usurios que procuram tratamento, www.eerp.usp.br/rlaeTela 8 Rev. Latino-Am. Enfermagem set.-out. 2011;19(5):[08 telas]Como citar este artigo:Seleghim MR, Marangoni SR, Marcon SS, Oliveira MLF. Vnculo familiar de usurios de crack atendidos em uma unidade de emergncia psiquitrica. Rev. Latino-Am. Enfermagem [Internet]. set.-out. 2011 [acesso em: ___ ___ ___];19(5):[08 telas]. Disponvel em: ______________________________________Recebido: 2.10.2010Aceito: 10.8.2011exigindoumaredeestruturadadeatenopsiquitrica, com garantia de continuidade da assistncia, sempre que necessrio. A redefnio do modelo de ateno sade mentalnopasfoiumavano,nosentidodeevitarque osdoentesfossemexcludosdasociedade.Noentanto, o Brasil ainda no foi capaz de criar servios substitutos adequados e em quantidade compatvel com a demanda.Referncias1.DunnJ,LaranjeiraRR,DaSilveiraDX,FormigoniML, FerriCP.Crackcocaine:anincreaseintheuseamong patientattendingclinicsinSoPaulo1990-1993.Subst Use Misuse. 1996;31(4):519-27.2. Oliveira LG, Nappo AS. 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