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GÊNEROS TEXTUAIS: uma proposta para o ensino de língua inglesa no Projovem Urbano
SILVA, Maria do Socorro1
BARBIERI, Sueli Caraçço2
RESUMO
O presente artigo é resultado de um estudo de análise de natureza qualitativo-exploratória, relacionado ao desenvolvimento da prática do ensino de língua inglesa, bem como discute os objetivos de ensino na educação básica através de Gêneros Textuais, com base nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), a Lei de Diretrizes e Base (LDB), entre outros referenciais teóricos. O trabalho se deu em turmas do ensino fundamental de jovens e adultos, em escola pública municipal de Campina Grande, PB. Devido à necessidade de mudança no ensino da língua inglesa, considerando o desempenho e dificuldade do aluno em relação ao estudo de língua estrangeira, percebe-se que o trabalho com textos que fazem parte do cotidiano do aprendiz mostrou-se bastante relevante, porque ajuda a promover a participação do aluno nas atividades que envolvam a leitura e a escrita na língua estrangeira. Dessa forma, pode-se observar o seu progresso/fracasso ao mesmo tempo em que lhe possibilita fazer suas próprias interpretações e desenvolver sua autonomia na aprendizagem de língua inglesa. Por fim, mostra-se que o resultado do trabalho com gêneros textuais mostrou-se relevante apesar da dificuldade de assimilação por parte do público alvo do Projovem Urbano.
Palavras- chave: Gêneros Textuais. Prática de Ensino de Língua Inglesa. Educação Básica.
1 INTRODUÇÃO
O presente artigo contém informações relacionadas ao desenvolvimento da
aprendizagem de língua estrangeira através de gêneros textuais. As informações
relatam a experiência com a prática de ensino em sala de aula por uma professora
de Língua Inglesa em instituição pública municipal, com uma turma do Projovem
Urbano.
1 Professora graduada em Letras-Habilitação-Língua Inglesa-UEPB e cursando especialização em Metodologia no ensino de Língua Portuguesa e Estrangeira-UNINTER-Polo de Campina Grande-PB, 2015. 22 Graduada em Letras Português-Inglês (Faculdades Integradas de Santo Ângelo - FISA-RS) e Pedagogia pela UNICESUMAR (Universidade de Maringá, PR). Especialista no Ensino de Língua Portuguesa e Literatura Brasileira (CEFET-PR), alfabetizadora do Núcleo Regional de Educação do município de Curitiba, orientadora de estudos do Programa PNAIC do Governo Federal, orientadora de TCC do Grupo UNINTER. Programa de inclusão social dentro da modalidade do Ensino de Jovens e Adultos com faixa etária de 18 a 29 anos.
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Visando a necessidade de mudança no ensino de Língua Estrangeira (LE),
durante os segundo e terceiro ciclos, foram realizadas várias leituras teóricas do
processo de ensino e aprendizagem de Língua Inglesa (LI). ANTUNES (2007),
BERGMANN; LISBOA (2008), BOTH (2012), BRASIL (2011), BROWN (1994),
CORDEIRO (2009), COSTA (2010), DOLZ; NOVERRAZ; SCHNEUWLY (2004),
DIAS; GOMES (2008), LAKOMY (2008), LIMA (2011), FERRO; BERGMANN (2008),
LOPES; ROSSI (2011), GUINSKI (2012), PCNs, PNLD (2000), FERNANDES;
PAULA (2012), MELO (2012), PAULA; SILVA (2012), Ur (1996) entre outros.
Em referência ao trabalho com gêneros textuais no ensino da língua inglesa,
discutimos Marcuschi (2008), que menciona:
[...] Hoje o estudo dos gêneros textuais está na moda... E muitos estudiosos de áreas diferentes estão se interessando cada vez mais por ele, tais como: teóricos da literatura, retóricos sociólogos, cientistas da cognição, tradutores, linguistas da computação, analistas do discurso, especialistas no Ensino de Inglês para Fins Específicos e professores de língua. [...] (op. cit. p. 147)
Levando em consideração a necessidade de leitura e escrita, o
desenvolvimento de aulas dinâmicas e interativas, mostrou-se eficaz e bastante
produtivo o ensino da língua inglesa a partir dos gêneros textuais. Trabalhar histórias
atualizadas como diálogos e os gêneros que são utilizados no dia a dia dos alunos é
interessante, pois suscita o interesse deles na participação das aulas,
desmistificando o preconceito que aprender uma língua estrangeira está restrito às
classes sociais mais altas ou para pessoas que viajam para fora do país.
Com a globalização o mercado de trabalho fica cada vez mais competitivo,
portanto, saber ler e escrever na língua inglesa é muito importante e possibilita aos
indivíduos encontrar uma colocação melhor no campo profissional e social. Uma vez
que cabe ao professor a responsabilidade de viabilizar aos alunos oportunidades de
crescimento intelectual, a formação desses profissionais tornou-se relevante. Nesta
perspectiva, tomou-se como base a leitura dos Parâmetros Curriculares Nacionais
do Ensino Médio (PCNEM, 1988), Linguagens, Códigos e suas Tecnologias, que
orientam os docentes em formação direcionando-os a inovar e refletir sobre as
metodologias/estratégias de ensino com relação à diversidade cultural existente em
sala de aula. Assim, conforme este documento (PCNEM, 1988):
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[...] As diretrizes têm como referência a perspectiva de criar uma escola média com identidade, que atenda às expectativas de formação escolar dos alunos para o mundo contemporâneo. O respeito à diversidade é o principal eixo da proposta [...] (op. cit. p.4)
Considerando válido o postulado da LBD com relação às competências e
habilidades desenvolvidas em LE, fizemos também uma leitura às teorias do Guia de
Livros Didáticos (2011) (PNLD) e Ferro (2008), que nos orienta quanto à escolha do
livro a ser adotado pelo professor. Também trabalhamos as finalidades das
sequências didáticas, que segundo Marcuschi (2008, p.214), “é proporcionar ao
aluno um procedimento de realizar todas as tarefas e etapas para produção de um
gênero”. Além desse autor, estudamos Dolz, Noverraz e Schneuwly (2004) que
detalham o procedimento das estruturas de base de uma Sequência Didática, e nos
fornece elementos interessantes para o ensino da oralidade em sala de aula.
O referido estudo foi desenvolvido em turmas de educação básica ensino
Fundamental, tendo como objetivo despertar o interesse do aluno em desenvolver
suas habilidades no aprendizado de língua inglesa.
Em referência aos alunos participantes de nossa prática de ensino teve como
principais objetivos:
(i) a inovação e o desenvolvimento da aprendizagem de língua estrangeira em
sala de aula no ensino fundamental tendo como base os gêneros textuais;
(ii) a promoção da capacidade de observação e participação do aluno, fazendo-
o reconhecer a necessidade de aprender a ler e escrever em uma língua
diferente.
Para alcançarmos estes objetivos, elaboramos o plano de curso objetivando
proporcionar aos alunos uma aprendizagem pautada na leitura, compreensão e
produção de gêneros textuais diversos, através do trabalho interdisciplinar com as
demais disciplinas ou componentes da grade curricular obrigatórios. Os
procedimentos de trabalho e os resultados do mesmo estão explicitados na seção
“Descrição e Análise das Aulas”.
2 PRÁTICA DE ENSINO
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Através do aprendizado de uma língua estrangeira, muitos estudantes se
descobrem e alcançam suas metas no caminho pelo qual iniciaram sua vida
profissional. Contudo, em referência ao ensino de escolas públicas, esta realidade
está aquém do esperado, devido a diversos fatores que dificultam a prática efetiva
do ensino de língua estrangeira, principalmente com relação ao ensino de língua
inglesa em sala de aula no Projovem Urbano (programa de inclusão de jovens com
história de risco social na educação básica). Como exemplificação, podemos citar a
Narrativa 14 (LIMA, 2011), que nos mostra a precariedade do ensino de língua
estrangeira, porém esta realidade provoca efeito contrário e conduz o protagonista
ao desejo de melhorar a proposta do ensino da rede pública.
Segundo os PCNEM (1988), a Lei de Diretrizes e Base (LDB) deve servir de
apoio às discussões e ao desenvolvimento do projeto educativo de sua escola, a
reflexão sobre a prática pedagógica, ao planejamento de suas aulas de língua
estrangeira, a análise e seleção de materiais didáticos e de recursos tecnológicos, e
em especial, que possam contribuir para sua formação e atualização profissional.
Desta forma cabe ao professor, procurar adquirir conhecimentos teóricos que
viabilize uma prática didático-metodológica que proporcione ao aluno de rede
pública motivação e interesse em estudar uma língua estrangeira, especificamente
em nosso caso, a língua inglesa.
Aluno que tem o hábito de ler muito tem mais possibilidade de desenvolver a
aprendizagem da língua estrangeira com mais facilidade. A abordagem
interacionista tem se mostrado bastante eficiente no ensino de língua inglesa, pois
possibilita ao aluno interagir com o professor e com os colegas, formando uma
abordagem de novos métodos de ensino, visando uma melhoria no ensino da língua
alvo. Segundo Lima (2011, p.186) o professor reflexivo “consegue provocar
mudanças na postura da escola e do aluno com relação à língua estrangeira que ele
ensina”. Desse modo, um professor preparado para o ensino de línguas pode
motivar os alunos e transformar conceitos errôneos com relação ao ensino de língua
estrangeira na escola pública. Uma nova metodologia de ensino em que acontece a
interação pode promover o interesse dos alunos no desenvolvimento de suas
habilidades de leitura e escrita. Para Lima (op.cit.) “Sua motivação foi o combustível
para uma árdua jornada entremeada de frustrações, desilusões e perplexidade
diante do ensino de língua em escola pública brasileira”.
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Vale ressaltar que mais árduo e complexo é trabalhar línguas com jovens e
adultos, pois esse público se encontra fora da escola há um longo tempo, tornando o
ensino/aprendizagem mais difícil. Assim despertar o interesse deles com métodos
de ensino diferente, por exemplo, usar uma abordagem interacionista ou
comunicativa não significa abolir a gramática tradicional, pelo contrário, mostra que o
professor deve estar preparado para lidar com diversos tipos de situação em que
uma ou outra abordagem não funcione com determinada turma e que ele seja capaz
de encontrar solução eficiente para cada uma. Dito de outra forma, quando um tipo
de abordagem ou método de ensino não funciona com uma turma o professor deve
ser capaz de utilizar outra abordagem que se adeque a necessidade da turma.
Embora o livro didático seja uma ferramenta obrigatória do programa de inclusão de
jovens e adultos (Projovem Urbano) na educação básica, sendo, portanto obrigatório
o seu uso.
Um elemento importante que ajuda o professor no processo de ensino e
aprendizagem de língua estrangeira é o livro didático, e vinculado a este uso, cabe
ao professor à responsabilidade de sua escolha, já que o mesmo será ponto de ao
apoio para professor e aluno durante, no mínimo, três anos. Conforme PNLD 2012:
[...] a responsabilidade da escolha do livro didático de língua estrangeira requer da equipe envolvida a compreensão de que esse processo implica compromisso didático-pedagógico. Esse compromisso, ao levar em consideração as circunstâncias histórico-sociais do sue grupo, exige cuidado nas discussões, a fim de que não se trate como homogêneo e simples aquilo que é naturalmente heterogêneo e complexo: o processo de ensino/aprendizagem é dinâmico e plural. (op. cit., p.8)
Desse modo, é necessário que o professor selecione e analise bem o livro
didático antes de adotá-lo para suporte em sala de aula. O livro deve se adequar a
realidade sociocultural dos estudantes. Contudo, proporcionar aos alunos uma aula
agradável e produtiva exige um planejamento sequencial didático-pedagógico, assim
como a seleção de gêneros textuais que desperte a atenção dos alunos.
[...] O procedimento sequência didática é um conjunto de atividades pedagógicas organizadas, de maneira sistemática, com base em um gênero textual. Estas têm o objetivo de dar acesso aos alunos às práticas de linguagens tipificadas, ou seja, de ajudá-los a dominar os diversos gêneros textuais que permeiam nossa vida em sociedade, preparando-os para saberem usar a língua nas mais variadas situações sociais, oferecendo-lhes
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instrumentos eficazes para melhorar suas capacidades de ler e escrever. (DOLZ, NOVERRAZ & SCHNEUWLY, 2004)
Nesse sentido trabalhar com gêneros textuais é uma forma de ensinar a
gramática na sua funcionalidade. De acordo com Antunes (2003, p. 121), “mesmo
quando se está fazendo a análise linguística de categorias gramaticais, o objeto de
estudo é o texto” assim explorar as particularidades de gêneros que abordem o
cotidiano do aluno é uma forma de motivá-lo a leitura e a produção textual. Abordar
a interdisciplinaridade é uma metodologia eficaz no ensino/aprendizagem de língua
estrangeira, porque além de intensificar o estudo de disciplinas importantes para seu
currículo, desenvolve o vocabulário de língua inglesa ou outra língua estrangeira,
assim como trabalha a língua materna. Porém, a maioria dos alunos não estão
capacitados no trabalho de produção escrita com esses materiais.
Aponta a crítica de muitos pesquisadores e estudiosos de que a Escola não capacita seus alunos para a leitura e compreensão dos diversos gêneros textuais como: manuais, relatórios, códigos, instruções, poemas, crônicas, resumos, gráficos, tabelas, artigos, editoriais e muitos outros materiais escritos, bem como não os capacita para a produção escrita desses materiais. (ANTUNES 2003, p.15, apud CAMPOS, p.9).
Segundo a crítica de alguns autores a proposta de trabalho com gênero
textual em que se trabalham os aspectos gramaticais juntamente com a produção
escrita e a leitura promove o desenvolvimento das habilidades de leitura e escrita.
Nesse sentido não podemos deixar de ressaltar que no ensino de língua inglesa nas
escolas públicas geralmente se exclui duas habilidades o speaking e o listening,
dando maior importância ao reading e writing.
De acordo com Brown (1994, p.219) “Além das ressalvas acima, a interação
das quatro habilidades é a única abordagem plausível para ter dentro de um quadro ,
comunicativo interativo”. Isso que dizer que uma habilidade depende da outra ou
uma sem a outra é incompleta, ou seja, a integração das habilidades é de
fundamental importância para os estudantes de segunda língua.
Após estas informações teóricas, passemos agora para a parte prática de
nosso trabalho. Na seção que se segue tratamos de detalhar questões sobre a
escola e a prática de ensino.
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2.1 A ORGANIZAÇÃO DA PRÁTICA DE ENSINO
Em uma Escola Municipal de Ensino Fundamental, na cidade de Campina
Grande- PB, trabalha-se com alunos na faixa etária de 18 a 30 anos no ensino
básico (Projovem Urbano). Optou-se por desenvolver atividades de produção de
gêneros textuais partindo de situações vividas pelos alunos em sala de aula. Foi
sugerido que o trabalho fosse desenvolvido em dupla ou grupo com quatro
componentes.
Assim, foram propostos diversos tipos de produção textual, cujos temas
sugeridos foram de produção livre onde seriam descritas as aulas de Inglês em
interação com os demais componentes de relevância da grade curricular. As
atividades através de gêneros textuais têm como objetivo proporcionar ao aluno o
desenvolvimento da habilidade de leitura e escrita de língua inglesa. Como
esclarece Fernandes e Paula:
Em se tratando de competência linguística, então, é o estudo dos gêneros que permitirá um maior número de possibilidades comunicativas. Daí ser importante compreender tais gêneros como resultantes de demandas de nossa sociedade letrada. É bom mostrar aos alunos como a fala dos jogadores de futebol muda à proporção que se profissionalizam, jogam em determinados times e até têm experiências em outros países. (FERNANDES; PAULA, 2012, p. 34)
Com isso, o aluno aprende noções básicas de como trabalhar a leitura e a
escrita, ao mesmo tempo em que adquire vocabulário e uso de novas palavras da
língua inglesa.
2.2 DESCRIÇÃO E ANÁLISE DAS AULAS
Durante as aulas foram trabalhados vários textos sempre visando a leitura,
compreensão textual e itens gramaticais como: tempos verbais enfatizando o Simple
Present, formas interrogativas com uso de verbos auxiliares (do/does), ordem das
palavras, palavras transparentes, emprego afixo e vocabulário. Contudo, ficou
constatado a dificuldade dos alunos em compreender as regras gramaticais da
língua como também o sentido do texto em língua estrangeira. A motivação que eles
expressam ao se deparar com a produção escrita tem sido baixa, devido à
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dificuldade da maioria deles, poucos se mostram entusiasmados. Diante disso foi
incentivado que produzissem pequenos textos e “imitassem” os autores nas suas
produções escritas.
Assim, foram trabalhados gêneros textuais diversos e prova escrita como
avaliação de aprendizagem ao término de cada unidade formativa. As avaliações
não foram elaboradas pelos professores do programa, e sim pelos órgãos superiores
que coordenam o curso. O trabalho com a interdisciplinaridade nas aulas facilitou a
compreensão de alguns textos pelo fato de os alunos já conhecerem o assunto na
língua materna. Desse modo trabalhou-se em conexão com as aulas de português e
outras disciplinas.
De forma geral, é possível indicar que os alunos tiveram bom desempenho
com relação aos conteúdos estudados. Todas as atividades foram trabalhadas com
contextualização dos assuntos expostos. As aulas foram desenvolvidas por meio da
leitura, de forma que os estudantes interagissem com o conteúdo/texto. Os itens
gramaticais expostos tiveram como propósito apresentar as estruturas gramaticais
da língua estudada. As aulas foram satisfatórias, principalmente com relação ao
trabalho com gêneros textuais, em que os alunos tiveram um bom desempenho
tanto na compreensão da leitura, embora o desenvolvimento da escrita e as outras
duas habilidades tenham sido um pouco deficiente, pois o tempo é um fator crucial
na aprendizagem de uma língua estrangeira.
Levando em consideração as teorias estudadas com os PCNs, PNLD,
Gêneros Textuais e Sequência Didática, percebeu-se alguns conflitos enfrentados
pelo professor com relação à Sequência Didática, mesmo estando a aula planejada
o tempo não foi suficiente para cumprir todas as exigências descritas nos PCNs
(1998), principalmente nas escolas públicas que estão inseridas nas periferias ou
nas zonas mais carentes, em que os alunos são desmotivados ou desinteressados
quanto a aprendizagem de língua estrangeira. Considerando a heterogeneidade de
uma sala de aula, para desenvolver uma aula adequada e que atenda a todos em
suas especificidades é necessário lançar mão de recursos diversificados. Porém, na
rede pública geralmente a disciplina em pauta não é valorizada, os referenciais
teóricos são de grande valia para a formação dos docentes, porém ainda é precário
o ensino quando tratamos de estudar ou ensinar uma língua estrangeira globalizada,
a qual é tão requisitada no atual mercado de trabalho e falta investimento na
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capacitação do professor de língua estrangeira pela mantenedora, nesse caso
promovida pelo Estado.
Além disso, as turmas numerosas sempre se tornam um obstáculo a ser
superado, pois deve se considerar as diversas culturas e meio social, ou seja, a
interculturalidade social dos alunos e tratá-los como sujeitos pensantes e não meros
ouvintes de postulados. Essa heterogeneidade em sala de aula é um desafio ao
professor que deve mediar vários tipos de personalidades e comportamentos.
Porém isso não é motivo de desânimo, mas sim um convite a perceber as múltiplas
habilidades dos estudantes e que torna o trabalho do professor gratificante
aumentando a esperança que esse quadro mudará em breve, transformando o
ensino de língua estrangeira em prazer de aprender. De acordo com Ur (1996), os
professores precisam entender os diferentes níveis do estudante com relação à
língua estrangeira.
Todavia, considerando o desempenho dos alunos com a produção escrita
sugerida com o tema: “What happens in the classroom during the week in English
and Portuguese lessons?” Não foi uma produção muito interessante, os alunos tem
muita dificuldade com relação à produção escrita na língua estrangeira. Porém
devemos considerar a precariedade no ensino público, já que neste se exclui duas
das quatro habilidades o speaking e o listening, priorizando o Reading e o writing.
Além disso, temos a questão do tempo, espaço e poucos recursos didáticos. Mas,
não podemos deixar de questionar e incentivar o aluno a produção textual, já que
vivemos numa sociedade competitiva em que o meio mais eficaz de progredir é
saber ler e escrever.
A linguagem escrita é uma grande conquista humana. Ela representa a evolução de nossa espécie em termos cognitivos, uma vez que culturas ágrafas foram sucessivamente superadas ao longo do tempo. [...] A vida contemporânea exige o constante exercício da leitura e da escrita. Imersos em um mundo centrado na comunicação, estamos cercados por palavras, textos, imagens e por tantos outros conjuntos de signos. Assim é que se caracteriza a sociedade letrada, ou seja, verificamos um cotidiano marcado pela necessidade de leitura: desde as orientações presentes nas telas dos caixas eletrônicos, sem as quais estaríamos condenados a longas e intermináveis filas nos bancos, até os rótulos das embalagens dos produtos que consumimos. (FERNANDES; PAULA 2012, p.17-19)
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Sendo assim, fica clara a importância de se aprender ler e escrever bem,
para isso observamos: Como as aulas de Inglês e de Português foram ministradas
como trabalho interdisciplinar? As atividades possibilitaram a melhora da
compreensão de leitura e da produção de textos dos alunos? Quais os temas
trabalhados e como foi à participação e interação deles durante algumas semanas
consecutivas às respectivas aulas? Essas são questões presentes no dia a dia no
trabalho docente.
Apesar de essa ser uma estratégia que envolve mais do que a compreensão
de textos, foi sugerida aos alunos uma produção escrita como uma das opções de
avaliação ao final de unidade, mas não foi obrigatório, sendo uma das opções a
prova escrita. O objetivo dessa produção escrita foi trabalhar a interdisciplinaridade,
propiciando ao aluno ampliar seu vocabulário e trabalhar a língua inglesa em
interação com outras disciplinas que ele já tenha conhecimento técnico. Porém,
poucos realizaram o trabalho dentro do padrão solicitado, a maioria apesar de ter
alternado entre o português e o inglês cumpriu a atividade avaliativa proposta.
2.3 RESULTADO DO TRABALHO DA SEQUÊNCIA DIDÁTICA COM GÊNEROS TEXTUAIS
Mesmo com dificuldades, o trabalho com gêneros textuais mostrou-se
bastante eficaz com relação à compreensão de leitura, sendo que os alunos se
destacaram melhor do que com a produção escrita. Considerando que os gêneros
trabalhados são textos que relatam fatos do dia a dia, fica muito mais fácil trabalhar
a compreensão de leitura. Enquanto que, trabalhar a escrita é mais complicado
porque os alunos têm muitos problemas com relação à estrutura da língua inglesa.
Dessa forma, considerando a dificuldade apresentada, apenas 06 de 22
alunos entregaram a produção na data prevista, mesmo considerando muitos
imprevistos que interromperam algumas aulas como eventos extras disciplinares que
impossibilitaram a entrega dos trabalhos. Mesmo assim é plausível considerar o
trabalho satisfatório por se tratar de uma produção em língua estrangeira e de
alunos com dificuldades e defasagens acadêmicas até em sua língua materna.
Quanto à avaliação dos alunos, considerando os poucos que simpatizam com
a disciplina de língua inglesa, a produção textual funciona de modo restrito apenas
para alguns que desejam ampliar suas capacidades. Os demais optam por fazer
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prova escrita, pois lhe garante o direito de reposição mais de uma vez, também dão
preferência ao ensino tradicional em que se explicam as regras e eles decoram para
fazer a prova. Eles questionam quando as avaliações são baseadas na
compreensão e produção textual, principalmente se for solicitado qualquer tipo de
produção escrita por menor que seja não funciona com a maioria dos alunos, só
uma minoria consegue com muito esforço cumprir a atividade proposta. Diante da
política referente ao ensino de língua estrangeira na rede pública, os alunos acham
irrelevantes as avaliações as quais são submetidos, pois dizem que em nada
contribui para suas vidas como profissionais. Nestes termos, vale salientar que as
escolas mais periféricas, ou seja, as escolas que estão inseridas em áreas menos
favorecidas, são mais tendenciosas em relação ao desinteresse pela disciplina de
língua estrangeira.
2.4 METODOLOGIA
O presente estudo trata-se de uma análise de natureza qualitativo-
exploratória, já que pretendemos investigar as características participativas e
interativas dos alunos em aulas de língua inglesa, sem preocupação quantitativa.
Segundo Gonçalves (2003, p.68), “a pesquisa qualitativa preocupa-se com a
compreensão, com a interpretação do fenômeno, considerando o significado que os
outros dão às suas práticas, o que impõe ao pesquisador uma abordagem
hermenêutica”. Dessa forma, este projeto de pesquisa é caracterizado como um
estudo qualitativo.
O trabalho foi realizado através de uma pesquisa exploratória, uma vez que
teve como objetivo avaliar os elementos de desenvolvimento pessoal e social que
caracterizam aprendizes de língua estrangeira. De acordo com Gonçalves (2003,
p.65), “a pesquisa exploratória é aquela que se caracteriza pelo desenvolvimento e
esclarecimento de ideias, com o objetivo de oferecer uma visão panorâmica, uma
primeira aproximação a um determinado fenômeno que é pouco explorado”.
O procedimento técnico utilizado na investigação foi à pesquisa bibliográfica,
desenvolvida a partir de material já elaborado de fontes bibliográficas.
Com relação ao tema proposto, foi feita uma revisão bibliográfica das obras
que ofereceram um embasamento satisfatório com relação às características e as
crenças que envolvem os alunos no ensino e aprendizagem de língua estrangeira
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respectivamente. Na elaboração do mesmo foi utilizada leitura das obras que tratam
da metodologia e prática de ensino na era contemporânea.
Assim, a partir dos dados coletados através da leitura das bibliografias
selecionadas, foi possível chegar a uma melhor compreensão em relação aos
efeitos do trabalho desenvolvido em sala de aula de língua inglesa através de
gêneros textuais.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante do exposto, vê-se claramente que o trabalho com gêneros textuais
oferece ao aluno a oportunidade de trabalhar assuntos do cotidiano deles e textos
que tratam de informações gerais do mundo moderno. Transformando seus
conceitos com relação ao aprendizado de outras línguas na escola pública. Como
também perceber o quanto o trabalho com ensino da língua estrangeira exige do
professor com relação à metodologia de ensino e a interação com o aluno.
Apesar da falta de interesse de alguns alunos é gratificante contribuir com
aqueles que realmente desejam aprender, especialmente uma língua estrangeira.
Enfrentar os obstáculos encontrados em sala de aula no ensino da língua inglesa
não tem sido tarefa fácil. A falta de estrutura, de recursos e o desinteresse pela
disciplina tem sido um fator crucial no fracasso do ensino e aprendizagem da língua
inglesa nas escolas públicas. Quanto ao nível do ensino temos que nos adequar a
realidade social e econômica na qual o aluno está inserido. Porém, mesmo com toda
precariedade apresentada, ainda assim, é prazeroso para o professor perceber que
contribuiu para o crescimento profissional e pessoal de muitos alunos.
Embora, ensinar uma língua estrangeira na rede pública seja difícil com
relação à aceitação da disciplina, a atuação do professor em sala de aula é muito
importante, sempre há o que aprender e a compartilhar com outras pessoas. O
ensino no Projovem Urbano se dá de forma diferenciada, isso exige do professor
uma adaptação ao novo processo de ensino de modo que além de ensinar inglês
possa atuar também como Professor Orientador (PO) em uma das turmas no núcleo
em que leciona. Dessa forma é possível participar do desempenho/desenvolvimento
e atividades dos alunos em todas as outras áreas do ensino. Porém, mais
importante ainda é envolver o aluno nas atividades fazendo com que ele se sinta
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parte atuante nas atividades propostas. Daí a necessidade do docente estar
preparado e atualizado para compartilhar experiências e receber orientação de
modos diferentes de atuar como professor de língua estrangeira, sempre se
aperfeiçoando para melhor desempenho em sala de aula.
O trabalho com gêneros textuais é relevante no ensino de língua estrangeira,
pois ajuda o aluno a desenvolver sua habilidade de leitura e de escrita. O trabalho
interdisciplinar é de grande importância para eles ajudando a socialização. Assim,
podemos considerar que o resultado mostrou-se satisfatório.
Todavia, um ponto negativo em relação a esse trabalho foi à dificuldade que
alguns tiveram em interagir com os colegas, muitos deles encontraram grande
resistência por partes de outros colegas para aceitá-los como integrante de seu
grupo na sala de aula. Nesse momento é essencial a mediação do professor.
Muitas vezes o professor não receba nenhum suporte para lidar com
situações de preconceito linguístico. Quando é necessário que os alunos se
expressem em língua estrangeira, alguns de seus colegas começam zombar
daqueles que se dispõe a participar e isso provoca discussões ou até mesmo
agressões. Nesse caso, precisamos de apoio para combater a desvalorização da
disciplina em discussão, de mais incentivo, pois a carreira é árdua e não há muitos
atrativos no magistério nos dias atuais. Contudo, o professor tem lutado
incansavelmente por melhorias no ensino público e pelo seu reconhecimento como
profissional.
Considerando que temos cumprido favoravelmente nosso trabalho e
realizamos todas as exigências da disciplina, dentro das normas dos órgãos
superiores, fica aqui expresso o desejo que o magistério ainda alcance seus dias de
glória na era contemporânea.
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