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1 VERSÃO PRELIMINAR 2b, julho de 2014 UMA VIDA SAUDÁVEL e a prevenção, o controle e a gestão de doenças não transmissíveis em crianças e adolescentes

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VERSÃO PRELIMINAR 2b, julho de 2014

UMA VIDA SAUDÁVEL e a prevenção, o controle e a gestão de

doenças não transmissíveis em crianças e adolescentes

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Índice

Seção 1. INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 3

O que são doenças não transmissíveis? ...........................................................................................3

Crianças e adolescentes ..................................................................................................................3

Principais fatos sobre as doenças não transmissíveis .......................................................................3

Foco em crianças e adolescentes ....................................................................................................5

Resumos dos princípios orientadores ..............................................................................................7

Propósito e escopo do capítulo .......................................................................................................7

Seção 2. MENSAGENS CENTRAIS: O que toda pessoa, família e comunidade têm o direito de

saber ..................................................................................................................................... 9

As dez mensagens centrais .............................................................................................................9

Seção 3. INFORMAÇÕES DE APOIO....................................................................................... 11

1. Ter uma dieta saudável ............................................................................................................. 11

2. Ser fisicamente ativo ............................................................................................................... 18

3. Alcançar um crescimento ideal e manter um peso saudável ....................................................... 22

4. Evitar o uso e a exposição a substâncias perigosas ..................................................................... 24

5. Comportamentos saudáveis em geral e determinantes .............................................................. 27

6. Famílias protetoras ................................................................................................................... 32

7. Comunidades protetoras .......................................................................................................... 34

8.Instituições que oferecem apoio ................................................................................................ 35

Escolas: um recurso comunitário para promover vidas saudáveis ..................................................... 36

Outros ambientes ............................................................................................................................... 39

Setor de saúde e de assistência social que oferecem apoio ............................................................... 39

Parcerias que oferecem apoio ............................................................................................................ 40

9. Políticas, legislações e sistemas propícios .................................................................................. 43

10. Acesso à prevenção, detecção e tratamento eficazes para o controle e gestão de doenças não

transmissíveis .............................................................................................................................. 46

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Seção 1. INTRODUÇÃO

Todos os pais querem que os seus filhos tenham saúde e bem-estar além de uma vida longa e bem-

sucedida. Sabem que um ambiente saudável, cuidados adequados e um estilo de vida saudável são

importantes para promover uma boa saúde e prevenir doenças durante a pequena infância e a infância.

No entanto, presta-se menos atenção ao impacto da saúde, nutrição e comportamento das crianças e

adolescentes na saúde a longo prazo. Hoje, sabemos que deficiências na saúde, no crescimento e no

desenvolvimento das crianças, por sua vez ligadas a deficiências durante a maternidade, além de

afetarem as crianças a curto prazo, influenciam a saúde adulta e particularmente o risco de doenças não

transmissíveis na meia idade e tardiamente.

O que são doenças não transmissíveis?

Doenças não transmissíveis são normalmente consideradas as condições médicas ou doenças de longa

duração e progresso lento, às vezes também chamadas de “doenças crônicas”. O Plano de Ação Global

da Organização Mundial de Saúde (OMS) para a Prevenção e Controle de Doenças Não Transmissíveis

refere-se a quatro tipos principais: doenças cardiovasculares (tais como ataques cardíacos e derrames),

cânceres, doenças respiratórias crônicas (tais como doença pulmonar obstrutiva crônica e asma) e

doenças metabólicas, especialmente diabetes. No entanto, embora não sejam o foco principal deste

capítulo, há muitas outras condições de saúde importantes que não são transmissíveis, incluindo outras

doenças que afetam os pulmões, intestinos, rins, sangue, cérebro e nervos, músculos, ossos, pele e

glândulas endócrinas; transtornos genéticos; doenças mentais, particularmente depressão e suicídio;

deficiências físicas, cegueira e surdez, acidentes e lesões (tanto não intencionais como intencionais).

Crianças e adolescentes

O Plano de Ação Global concentra-se primariamente em pessoas com mais de 18 anos de idade. Neste

capítulo, o foco principal são as pessoas com menos de 18 anos de idade. Criança é o termo usado para

as pessoas com menos de 18 anos de idade. O termo adolescente cobre as pessoas com idades entre 10

e 19 anos; jovem é o termo usado para descrever as pessoas com idades entre 15 e 24 anos, e pessoas

jovens são os indivíduos com idades entre 10 e 24 anos.

Principais fatos sobre as doenças não transmissíveis

Estima-se que 38 milhões de pessoas morrem anualmente devido a doenças não

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transmissíveis, sendo que 18 milhões dessas mortes ocorrem em pessoas mais jovens

do que o esperado. Atualmente, as mortes resultantes de doenças não transmissíveis

são responsáveis por dois terços de todas as mortes mundiais. Duas em cada três

mortes no mundo são decorrentes de doenças não transmissíveis.

As doenças não transmissíveis não afetam apenas pessoas mais velhas. De todas as mortes

decorrentes de doenças não transmissíveis, cerca de 10 por cento ocorrem em pessoas mais

jovens do que 20 anos de idade.

o Nos últimos 30 anos, a obesidade infantil mais do que dobrou em crianças e

quadruplicou em adolescentes. A obesidade é um fator de risco para várias doenças não

transmissíveis.

o Cada vez mais a diabete do tipo 2 é diagnosticada em pessoas mais jovens do que no

passado e, atualmente, afeta metade de todas as crianças com diabete (dos tipos 1 e 2).

o As crianças expostas à poluição do ar interior (por exemplo, fogões abertos) sofrem

entre duas e três vezes mais risco de ter asma e condições respiratórias do trato

inferior.

As doenças não transmissíveis afetam os mais pobres:

o A grande maioria (mais do que oito entre dez) das mortes decorrentes de doenças não

transmissíveis ocorre em países com renda baixa ou média.

o As pessoas pobres são mais propensas a morrerem jovens por causa de doenças não

transmissíveis do que as pessoas ricas do mesmo país.

A carga dupla das doenças não transmissíveis: Para os países que já têm um índice alto de

doenças transmissíveis, o novo desafio das doenças não transmissíveis produz dois tipos de

problemas relacionados à saúde, ameaçam as economias dos países pobres e aumentam as

desigualdades entre os países e entre os grupos populacionais internos de cada país. Ao mesmo

tempo em que as doenças não transmissíveis exacerbam a pobreza, esta contribui para o

crescimento das taxas de doenças não transmissíveis e é uma ameaça para o desenvolvimento

humano. Portanto, o ônus das doenças não transmissíveis é mais pesado para as pessoas mais

desprivilegiadas dos países mais pobres. Os planos e as ações para a erradicação da pobreza e o

desenvolvimento social são cruciais para a redução das doenças não transmissíveis.

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Fatores de risco e sistemas de saúde fracos: Estima-se que até dois terços das mortes

prematuras por causa de doenças não transmissíveis estejam ligadas à exposição a quatro

fatores de risco principais, nomeadamente, o uso de tabaco, uma dieta não saudável, a falta de

atividade física e o uso prejudicial do álcool, sendo que o terço restante dessas mortes está

ligado a sistemas de saúde deficientes que não respondem efetiva e igualitariamente às

necessidades de cuidados médicos das pessoas com doenças não transmissíveis.

As doenças não transmissíveis desaceleram o crescimento econômico e aumentam a pobreza:

Os custos econômicos e sociais das doenças não transmissíveis são imensos. Dadas as

tendências globais em termos de doenças não transmissíveis e os seus fatores de risco

relacionados, nenhum país será capaz de arcar com os custos de tratamento desse acréscimo. A

prevenção das doenças não transmissíveis nas fases iniciais da vida irá reduzir drasticamente

esse fardo para as famílias e também para as nações como um todo. As pessoas jovens que

vivem com doenças não transmissíveis precisam de cuidados e tratamentos ao longo da vida e

tornam-se dependentes de recursos e cuidados médicos muito mais cedo do que as pessoas que

não sofrem dessas doenças. Tal situação afeta toda a família. Viver com doenças não

transmissíveis também pode afetar a capacidade de as pessoas jovens trabalharem e serem

independentes financeiramente. No entanto, a falta de dinheiro não deve ser uma barreira para

se ter acesso aos cuidados e tratamentos necessários e para a oportunidade de viver uma vida

boa e plena.

Muitas doenças não transmissíveis que afetam crianças podem ser tratadas eficazmente, mas

nos países de renda baixa e média, a maioria das crianças com doenças não transmissíveis não

recebe os cuidados e tratamentos de que necessitam, diferentemente do que acontece nos

países de renda alta.

Foco em crianças e adolescentes

Saúde antes do nascimento e ao longo da vida: Fatores anteriores e durante a gravidez da mãe

e no início da vida de uma criança podem fazer uma grande diferença na capacidade de essa

criança ter uma vida longa e saudável. Um início saudável oferece à criança proteção neste

momento e no futuro. Há evidências confiáveis que mostram que a situação de saúde e nutrição

de uma mulher antes e durante a gravidez, e a saúde e, especialmente, a nutrição oferecidas a

bebês e crianças pequenas são criticamente importantes para evitar o risco de doenças não

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transmissíveis. Os 1000 dias entre a concepção e o segundo aniversário de uma criança lançam

as bases para um risco reduzido de doenças não transmissíveis por toda a vida.

A adolescência também representa uma fase de alto risco devido à tendência à

experimentação, pressão de colegas, tentações e a influência da mídia em massa voltada às

pessoas jovens. Por conseguinte, mais de metade de todas as doenças não transmissíveis estão

associadas a comportamentos que começam ou são reforçados durante a adolescência,

incluindo o uso de tabaco e álcool, hábitos e escolhas pouco saudáveis e a falta de exercícios

físicos. Uma vez estabelecidos, esses padrões de comportamento não saudáveis tendem a

persistir ao longo de toda a vida e são mais difíceis de mudar.

Em muitos países, as crianças e as pessoas jovens são maioria: Em muitos países de renda

baixa e média, mais da metade da população é composta por pessoas jovens com menos de 25

anos de idade. Os adolescentes representam 20% da população em países de renda baixa e

média. Essa proporção é cada vez maior devido aos melhores índices de sobrevivência infantil e

à persistência da alta fertilidade. Conforme esse grupo amadurece, as bases lançadas durante a

adolescência em termos de saúde, educação e estilo de vida têm implicações profundas no

desenvolvimento social e econômico. Adolescentes saudáveis e educados são importantes não

apenas para o seu futuro, mas também para o seu presente. São um bem e um recurso

importante, com um grande potencial para contribuir para as suas famílias, comunidades e

países.

Efeitos indiretos das doenças não transmissíveis: As crianças com pais, irmãos, avós ou outros

parentes que morreram por causa de doenças não transmissíveis ou que sofrem de doenças não

transmissíveis e possuem fatores de risco relacionados estão mais propensas a abandonarem a

escola, consumirem menos comida ou alimentos menos nutritivos, terem um estilo de vida

menos saudável e sofrerem tensões que irão afetar a sua própria saúde física e mental.

Debilitações e deficiências relacionadas às doenças não transmissíveis: As doenças não

transmissíveis podem levar a debilidades que podem aumentar a probabilidade de desenvolver

uma deficiência. Além disso, uma deficiência também pode ser um fator no desenvolvimento de

doenças não transmissíveis. Muitas formas de deficiência afetam comportamentos saudáveis,

fazendo com que as doenças não transmissíveis sejam mais prováveis em uma espiral de

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desafios cada vez maior para indivíduos, famílias e sociedades. As crianças deficientes são mais

propensas a sofrerem discriminação, incluindo a exclusão da escola, do emprego e de atividades

sociais normais na infância e na vida adulta.

Uma vida saudável é um direito humano. O Artigo 6 da Convenção de Direitos da Criança

declara que “toda criança tem o direito de sobreviver e crescer com saúde”. O Artigo 24

determina que toda criança tem direito a um padrão de vida que atenda às suas necessidades

físicas, sociais e mentais. Os governos devem ajudar as famílias que não podem oferecer esse

padrão. Dessa forma, toda criança, adolescente ou jovem têm o direito de viver num ambiente

que os proteja contra o desenvolvimento de doenças não transmissíveis e o direito de acesso

aos tratamentos e cuidados médicos necessários caso tenham uma doença não transmissível.

Resumos dos princípios orientadores

As mensagens desenvolvidas aqui são baseadas nos seis princípios globais abaixo:

Uma abordagem ao longo da vida que reconhece as oportunidades para prevenir e controlar as

doenças não transmissíveis em vários estágios da vida e que as intervenções nos primeiros

estágios oferecem a melhor chance de prevenção primária.

Uma abordagem com base em evidências, com ênfase em intervenções e ações que têm a

maior probabilidade de serem eficazes.

Capacitar pessoas e comunidades é fundamental para a prevenção e controle eficazes das

doenças não transmissíveis.

Ações e parcerias entre vários setores são necessárias para estabelecer ambientes favoráveis e

propícios para que as famílias possam ter vidas saudáveis.

Um foco nas populações mais pobres ou nos indivíduos que são, de outra forma, marginalizados é

necessário para reduzir as doenças não transmissíveis, incluindo medidas não médicas.

Uma vida saudável é um direito humano.

Propósito e escopo do capítulo

O capítulo foi preparado para ajudar funcionários de desenvolvimento comunitários, profissionais da

imprensa e outros comunicadores e formadores de opinião na conscientização, comunicação de

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mensagens e estímulo ao diálogo sobre as doenças não transmissíveis entre as pessoas jovens, famílias e

comunidades. O objetivo é informar indivíduos e grupos e influenciá-los a adotar e apoiar a adoção de

comportamentos saudáveis em favor do direito a uma boa saúde. O capítulo também visa influenciar

formadores de opinião/líderes com influência nos níveis comunitário, institucional e de políticas para

estabelecer as provisões necessárias para apoiar vidas saudáveis.

O capítulo destaca que a mudança social mais eficaz e sustentável acontece quando TODOS os níveis da

sociedade trabalham juntos para prevenir riscos ou apoiar comportamentos, práticas culturais e normas

e ações sociais desejadas. Os indivíduos, famílias, líderes comunitários e fornecedores de serviços

precisam agir de tal forma, assim como os responsáveis por políticas. Comunidades e sociedades

saudáveis dependem de vidas saudáveis ao longo de todo o ciclo de vida. Embora os pais e as escolas

tenham a maior responsabilidade na informação de crianças e de adolescentes sobre os fatores de risco

presentes na falta de saúde na vida adulta, as pessoas jovens também podem promover mudanças

sociais para reduzir as doenças não transmissíveis. As escolas (e pré-escolas) são uma parte fundamental

das comunidades locais e oferecem uma oportunidade única para promover vidas saudáveis não apenas

entre as crianças, mas também entre as famílias e toda a comunidade.

Este capítulo destaca as oportunidades para as pessoas jovens maximizarem a sua saúde e a dos seus

pares e mobilizarem a sua capacidade pessoal e coletiva de mudança, particularmente na era das redes

sociais. O capítulo reconhece que as pessoas, jovens ou maduras, podem e devem usar a sua voz para

influenciar mudanças para melhor.

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Seção 2. MENSAGENS CENTRAIS: O que toda pessoa, família e comunidade têm

o direito de saber

As dez mensagens centrais

1. Em todos os estágios da vida e, particularmente durante a infância e a adolescência, uma dieta

adequada, nutritiva e saudável, a começar pelo aleitamento materno e pela alimentação complementar

adequada, é importante para a saúde e o bem-estar atuais e futuros, incluindo a minimização do risco

de doenças não transmissíveis.

2. Em todos os estágios da vida e, particularmente durante a infância e a adolescência, ser fisicamente

ativo é importante para a saúde e bem-estar atuais e futuros.

As crianças e os adolescentes precisam dormir e descansar tempo suficiente.

3. É importante alcançar um crescimento ideal e manter um peso saudável em todos os estágios da vida.

4. Mulheres em idade fértil, mulheres grávidas, crianças e adolescentes não devem fumar tabaco, beber

álcool ou consumir drogas ilegais e têm o direito de não estar expostos passivamente à fumaça do

tabaco.

5. Infâncias e adolescências saudáveis também envolvem a redução dos fatores de risco comunitários e

individuais em relação à gama completa de doenças não transmissíveis, por meio da redução das

exposições ambientais e do risco de violência e lesões, bem como a promoção do bem-estar psicológico.

6. Crianças e adolescentes têm o direito de viver em um ambiente atencioso e protetor que promova

uma vida saudável.

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7. As comunidades exercem um papel fundamental ao proporcionar possibilidades e apoio para que

famílias, crianças e adolescentes tenham vidas saudáveis.

8. As instituições públicas e privadas devem oferecer serviços e parcerias adequados em todos os

setores da sociedade para apoiar, promover e manter vidas saudáveis em todos os estágios da vida.

9. Há muitas formas de os governos e os outros setores promoverem e apoiarem vidas saudáveis para

crianças, famílias e comunidades.

10. Todas as crianças e adolescentes que vivem com doenças não transmissíveis têm o direito de

receber os tratamentos, as tecnologias e os cuidados necessários para maximizar a sua qualidade de

vida.

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Seção 3. INFORMAÇÕES DE APOIO

Essas mensagens gerais e informações de apoio são relevantes para promover vidas saudáveis em todos

os países do mundo. Os detalhes sobre os fatores que facilitam ou impedem uma vida saudável podem

ser diferentes em cada país, portanto as informações de apoio devem ser adaptadas ao contexto local,

assim como devem ser social e culturalmente aceitáveis em cada comunidade ou país.

1. Ter uma dieta saudável

1. Em todos os estágios da vida e, particularmente durante a infância e a adolescência, uma dieta adequada, nutritiva e saudável, a começar pelo aleitamento materno e pela alimentação complementar adequada, é importante para a saúde e bem-estar atuais e futuros.

Informações de apoio

Definição de uma dieta saudável:

o Adequada: Isso significa comer uma quantidade suficiente, não demais ou de menos, de

alimentos para promover um nível adequado de crescimento e permitir uma vida

saudável ativa.

o Nutritiva: Isso significa comer os alimentos certos que contêm tudo que o corpo precisa

para funcionar bem e para permitir que as crianças cresçam e se desenvolvam bem.

o Saudável: Isso significa comer a quantidade certa dos alimentos certos preparados da

forma correta.

o Aleitamento materno: O leite materno é o único alimento e bebida que um bebê

precisa nos primeiros seis meses de vida. O aleitamento deve continuar até os 24 meses

de idade, pois continua a contribuir significativamente para a ingestão de nutrientes do

bebê e da criança pequena.

o Alimentação complementar: Os bebês devem ser introduzidos a alimentos e bebidas

saudáveis a partir dos seis meses de idade.

Uma alimentação saudável é importante em todos os estágios da vida.

Uma alimentação saudável é importante em todos os estágios da vida, dos primeiros alimentos

complementares em diante. De maneira geral, as características de uma dieta saudável são as

mesmas ao longo de toda a vida. No entanto, a quantidade de alimentos que uma pessoa

precisa comer depende se está em fase de crescimento, se está grávida ou se está lutando

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contra uma doença ou infecção ou se recuperando, bem como da quantidade de atividade física

que pratica.

Os 1000 dias desde a concepção até o segundo aniversário da criança são fundamentais para

uma vida saudável e, particularmente, para a redução do risco de doenças não transmissíveis. As

mulheres em fase reprodutiva devem manter uma dieta saudável, mesmo antes da concepção:

o O feto desenvolve vários órgãos e sistemas importantes nos primeiros três meses da

gravidez, muitas vezes, antes mesmo de uma mulher saber que está grávida. Esperar até

que uma gravidez seja confirmada é normalmente tarde demais para começar a pensar

em formas saudáveis de viver e de se alimentar ( o que inclui evitar o consumo

excessivo de álcool e o uso do tabaco), portanto é melhor começar muito antes da

concepção.

o Os primeiros dois anos de vida, começando com seis meses de aleitamento materno

exclusivo e alimentação complementar adequada a partir dos seis meses, são muito

importantes para o crescimento nos primeiros anos de vida e para a saúde mais tarde.

o Para crescer e se desenvolver, uma criança precisa de energia suficiente (e não demais)

e de nutrientes essenciais. Os alimentos que fornecem essa energia precisam ser ricos

em nutrientes essenciais (densos em nutrientes, não apenas densos em energia). O

consumo de calorias vazias, ou seja, energia sem outros nutrientes essenciais, resulta

numa maior deposição de gordura corporal, ao invés do desenvolvimento de músculos e

tecidos.

o A puberdade é outro estágio-chave no desenvolvimento de uma criança, quando uma

dieta saudável é importante para preparar a criança para a vida adulta.

o A adolescência é também uma fase em que os hábitos e comportamentos futuros em

termos de dieta são estabelecidos, incluindo o consumo de álcool, tabaco e drogas

ilícitas.

• Ao serem indagadas, as pessoas, de modo geral, sabem o que é uma dieta saudável, mas hoje

em dia lembretes disso são mais importantes devido ao aumento do número de evidências que

mostram a influência de uma dieta fraca no risco de doenças não transmissíveis a longo prazo.

Padrões de alimentação saudável incluem: muitas frutas e legumes frescos, componentes

básicos, incluindo tubérculos, raízes, grãos, feijões, cereais e outras sementes, e para muitas

pessoas também inclui peixes e mariscos, carne, ovos e leite (no entanto, produtos animais não

são essenciais para uma dieta saudável).

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• Três regras de ouro a serem seguidas (recentemente desenvolvidas para o Brasil, mas que

podem ser aplicadas em todos os lugares):

o Faça com que alimentos frescos e refeições preparadas na hora sejam a base da sua

dieta.

o Certifique-se de que óleos, gorduras, açúcares e sal são usados em moderação nas

preparações culinárias.

o Limite o consumo de produtos prontos para o consumo e evite os produtos

ultraprocessados.

• A maioria dos países produzem diretrizes de nutrição saudável. A lista a seguir, tirada do material recentemente produzido para o Brasil, oferece orientações úteis e fáceis de seguir:

o Prepare refeições com alimentos básicos e frescos. o Use óleo, gordura, açúcar e sal com moderação. o Limite o consumo de produtos alimentícios e bebidas prontos para consumir. o Faça refeições regulares e preste atenção ao que come. o Não faça lanches entre as refeições e não realize várias tarefas enquanto estiver

comendo. o Coma em ambientes adequados. Evite ambientes self-service. o Coma acompanhado, sempre que possível. o Compre alimentos em lugares que oferecem uma variedade de produtos frescos. Evite

os lugares que vendem principalmente produtos prontos para o consumo. o Sempre dê preferência a produtos produzidos localmente e sazonais. o Desenvolva, pratique, compartilhe e usufrua as suas habilidades culinárias e de

preparação dos alimentos. o Planeje com antecedência para que a preparação da refeição e o seu consumo tenham o

seu tempo e espaço próprios. o Reaja criticamente aos anúncios comerciais de produtos alimentícios. o Quando comer fora, escolha restaurantes que sirvam pratos e refeições feitas na hora.

Evite cadeias de fast food.

Bebidas saudáveis fazem parte de uma dieta saudável. As crianças devem ter acesso livre a água

potável, que deve ser consumida, ao invés de refrigerantes, com as refeições e ao longo do dia.

Refrigerantes devem ser consumidos com parcimônia e certamente não todos os dias. Chá e

café devem ser consumidos sem ou com muito pouco açúcar. Os sucos de fruta devem ser

diluídos em água, sem adição de açúcar.

O mais saudável é que as crianças comam em horários de refeição regulares com a família ou

com os seus responsáveis. Fazer lanchinhos regulares ao longo do dia leva ao consumo

demasiado de alimentos que não são saudáveis, com alto teor de gordura, sal e açúcar, e

normalmente fazem com que as crianças não estejam com fome quando as refeições são

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preparadas pela família ou na escola. O acesso a doces, bolos, biscoitos, salgadinhos, batatinhas

fritas e outros petiscos não saudáveis deve ser limitado e não deve ser considerado como

recompensa por comer comidas saudáveis ou outros comportamentos.

Diariamente, as pessoas de todas as idades devem comer uma variedade de alimentos

nutritivos. Uma orientação simples para fazer uma refeição saudável é conferir quantas cores há

no prato. Se a maior parte dos alimentos for de uma cor só (por exemplo, branca – batata, arroz

e pão) ou se os produtos parecerem artificiais e as cores não forem naturalmente associadas a

alimentos, é provável que a refeição não seja saudável.

Comer demais resulta em sobrepeso e obesidade; comer de menos pode emaciar uma pessoa e,

durante a infância e a adolescência, prejudicar o seu crescimento. É importante entender que

uma alimentação saudável é mais do que se preocupar em comer demais ou de menos. Os tipos

de alimentos ingeridos e a forma como são preparados afetam a saúde de outras formas: sal

demais causa pressão sanguínea alta; certos tipos de gordura usadas para cozinhar podem

causar doenças cardíacas e circulatórias; alimentos açucarados podem levar a cáries; sobrepeso

e obesidade são fatores de risco para diabete.

Por outro lado, o conteúdo dos alimentos saudáveis nos protegem contra a maioria das doenças

não transmissíveis, incluindo doenças cardíacas e cânceres.

Como apoiar uma dieta saudável

A maioria dos países (por exemplo, como mostrado acima para o Brasil) produz diretrizes e

materiais para ajudar as pessoas a terem uma dieta saudável. Esses materiais devem ser

apoiados por informações nos rótulos dos alimentos que sejam fáceis de entender e ajudem as

pessoas a decidirem se o alimento é saudável ou não. As pessoas têm o direito de confiar que as

informações sobre o conteúdo e a qualidade de um alimento ou produto alimentício são

corretas. A maioria dos países tem regras muito estritas sobre segurança alimentar, mas é

menos provável que tenham e imponham regras sobre a precisão dos rótulos e promessas de

saúde. Essa é uma área cada vez mais difícil para os governos locais controlarem, já que cada vez

mais alimentos são importados.

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Os hábitos alimentares das pessoas estão mudando rapidamente na maioria dos lugares do

mundo, afastando-se dos alimentos tradicionalmente produzidos localmente em direção a

alimentos altamente processados. Essas mudanças trouxeram benefícios para algumas pessoas

em termos do potencial aumento do acesso a uma maior variedade de alimentos. Entretanto,

para muitas pessoas, o consumo maior de alimentos altamente processados e fritos, petiscos e

bebidas adocicadas fez com que as suas dietas piorassem. Os “alimentos ocidentais” vendidos

nas lojas e cadeias de fast food são também fortemente promovidos, usando várias formas de

marketing e publicidade. Atualmente, alimentos e bebidas altamente processados também

estão disponíveis nos quatro cantos do mundo e estão deslocando alimentos cultivados e

preparados localmente. Essas mudanças são prejudiciais à saúde e também aos agricultores e

produtores de alimentos locais. Também são prejudiciais às comunidades locais que dependem

das atividades agrícolas e do processamento de alimentos locais para proporcionar empregos e

receitas para as famílias. Os alimentos altamente processados são relativamente baratos em

comparação a alimentos mais saudáveis e vários podem parecer mais atraentes quando as

pessoas têm acesso limitado a alimentos saudáveis e aos equipamentos necessários para

preparar refeições saudáveis. Custo e conveniência, juntamente com um marketing pesado, são

muitas vezes vetores potentes que pressionam as pessoas a comerem esses alimentos não

saudáveis em maior quantidade e mais frequentemente.

Esforços para promover uma alimentação saudável devem ser nutricional e culturalmente

apropriados e devem respeitar as práticas tradicionais de cada comunidade. Devem também

levar em consideração o acesso a equipamentos de cozinha, a combustível e água limpa, bem

como o acesso a produtos saudáveis. Além da nutrição, a alimentação exerce vários papéis

importantes na sociedade que devem ser respeitados. É importante promover e manter o que é

bom nessas dietas e nas formas de se alimentar tradicionais, bem como ajudar os indivíduos e

as famílias a melhorarem as suas dietas de uma maneira aceitável e saudável.

Embora um número maior de fabricantes privados de alimentos tenha começado a produzir e

promover alimentos saudáveis, esses produtos, geralmente, não são amplamente econômicos,

acessíveis e disponíveis, especialmente em países de renda baixa e média ou para todas as

comunidades de todos os países. Até o presente, foram feitos progressos limitados para a

redução da adição de açúcar em alimentos processados e também pouco progresso foi

alcançado na redução do marketing inadequado de alimentos não saudáveis e bebidas

açucaradas para crianças. Melhores mecanismos de medição e monitoria dos esforços para

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restringir essas influências no consumo são necessários para guiar ações futuras nas áreas de

produção, marketing e consumo de alimentos e bebidas.

O que as famílias, comunidades, instituições e governos podem fazer para promover uma alimentação

saudável

Há muitas coisas que as famílias e as comunidades podem fazer para promover uma

alimentação saudável. Os pais e os cuidadores responsáveis pela preparação dos alimentos são

um exemplo para as crianças que observam, assim como os seus comportamentos e atitudes em

relação a uma alimentação saudável. As famílias podem saber o que fazer, mas às vezes não têm

os recursos financeiros e de outra natureza necessários para colocar em prática esse

conhecimento. A maioria das famílias não produzem mais (todos) os alimentos que comem e

precisam de empregos para gerar receitas para comprar alimentos e combustível para preparar

as suas refeições. Também precisam de um sistema de distribuição de alimentos que permita

que os alimentos saudáveis estejam disponíveis e sejam acessíveis. A geração de empregos e

serviços e os sistemas de distribuição de alimentos são, portanto, cruciais para permitir que as

pessoas comprem, preparem e comam alimentos saudáveis.

As comunidades, independentemente de como são definidas (ver próxima seção), apoiam

indivíduos e famílias na superação dos desafios que fazem com que ter uma alimentação

saudável seja mais difícil. A partilha de experiências entre grupos de confiança, vendo na prática

o que pode ser feito e trabalhando em conjunto (por exemplo, no desenvolvimento de hortas

comunitárias ou outras ações coletivas) pode aumentar o acesso à água limpa segura e aos

alimentos saudáveis e econômicos. As hortas comunitárias podem ser um local de encontro

importante para as comunidades e para pessoas de diferentes grupos étnicos ou religiosos, para

se reunirem e compartilharem ideias e para apoiarem formas de alimentação saudável. Comprar

em atacado ou estabelecer mercados locais são outros exemplos de ações que as comunidades

podem realizar para ter acesso a alimentos saudáveis. Grupos comunitários também podem

ajudar as famílias a exigirem medidas governamentais que auxiliem em dietas mais saudáveis.

Instituições do setor público e privado podem ser um exemplo de boas práticas:

o Assegurando que os alimentos que fornecem ou produzem e promovem estejam em

conformidade com diretrizes de alimentação saudável.

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o Apoiando funcionários e professores a serem exemplos, desenvolvendo e

desenvolvendo conhecimento, atitudes e competências adequadas nas discussões sobre

a importância de uma alimentação saudável.

o Apoiado empregadores e escolas a assegurarem que as suas instalações ofereçam

oportunidades para uma dieta saudável, incluindo a provisão de intervalos para

refeições, locais para comer, alimentos saudáveis e acesso livre à água potável.

As pessoas precisam ter acesso confiável e econômico a alimentos saudáveis, disponíveis por

meio de sistemas de alimentos ambientalmente sustentáveis. A regulamentação e o controle

dos sistema de alimentos saudáveis é, em última instância, responsabilidade do governo. Um

grande desafio para os governos é conectar as políticas de agricultura e saúde para assegurar

que a escolha dos alimentos produzidos e disponíveis para a população leve em consideração a

saúde e o bem-estar públicos.

Governos podem influenciar o acesso a alimentos saudáveis por meios de políticas de aquisição,

da provisão do apoio necessário às instituições e impondo regulamentações e códigos de

conduta acordados, bem como por meio de políticas que apoiam a produção e o consumo de

alimentos e bebidas saudáveis em vez de não saudáveis.

Para as pessoas que sofrem de doenças não transmissíveis

Uma alimentação saudável é uma parte importante dos cuidados de muitas pessoas que sofrem

de doenças não transmissíveis. Quando as crianças têm necessidades especiais de dieta, estas

devem estar disponíveis, por exemplo, nas escolas, para que as crianças possam participar de

uma vida escolar normal. Profissionais de saúde e todos os funcionários que trabalham com

crianças e adultos, especialmente em escolas, devem ter conhecimentos, atitudes e

competências adequados sobre as necessidades especiais de dieta dessas crianças que sofrem

de doenças não transmissíveis.

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2. Ser fisicamente ativo

2. Em todos os estágios da vida e, particularmente durante a infância e a adolescência, ser fisicamente ativo é importante para a saúde e bem-estar atuais e futuros.

As crianças e os adolescentes precisam dormir e descansar tempo suficiente.

Informações de apoio

Ser ativo é bom para a saúde e para o bem-estar. Exercícios e atividades físicas regulares ajudam

na proteção contra o desenvolvimento de doenças não transmissíveis, incluindo a saúde dos

ossos e outros problemas relacionados, tais como artrite e o risco de fraturas. Uma criança ativa

cresce bem e tem um melhor desempenho na escola. Crianças saudáveis no mundo inteiro

brincam e são naturalmente ativas se tiverem acesso às oportunidades e ao ambiente corretos.

Para crianças e adolescentes, atividades físicas incluem brincadeiras, jogos, esportes, transporte

(caminhar, andar de bicicleta) e recreação, bem como educação física, esportes organizados ou

exercícios planejados. Podem também incluir passar tempo realizando tarefas diárias para a

família, tal como caminhar para buscar água ou combustível, cuidar do gado, rebanho ou

animais de estimação, ajudar com a limpeza, lavar roupas ou jardinagem.

Recomenda-se que as crianças passem pelo menos 60 minutos por dia ativas fisicamente. Isso

pode ser incorporado nas atividades diárias em casa, escola, clube de esportes e outros lugares.

Além das atividades diárias, recomenda-se que, pelo menos três vezes por semana, as crianças

façam atividades mais intensivas. A forma mais fácil de saber se uma atividade é

suficientemente intensa é verificar se a criança respira mais rápido. Exemplos incluem caminhar

ou andar de bicicleta rapidamente ou participar de esportes ou jogos ativos organizados.

Se uma criança é inativa sem razão aparente, é importante procurar aconselhamento

especializado para se certificar de que está bem.

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Em muitos países, as crianças passam tempo demais assistindo televisão ou jogando no

computador, sem estarem ativas. A falta de locais e ambientes seguros pode fazer com as

famílias sintam-se ansiosas em deixar as crianças saírem para brincar.

Descansar o suficiente

Descanso também é importante. As crianças precisam dormir (pelo menos oito horas por dia) e

os jovens que trabalham precisam ter tempo para relaxar diariamente.

Muitas crianças não têm a escolha de não serem fisicamente ativas, pois têm que caminhar

vários quilômetros até a escola, ou para buscar água ou combustível, ou para procurar

alimentos, ou para realizar tarefas para a família. A mensagem para essas crianças pode ser

fazer mais para ajudá-las a terem mais tempo para dormir, descansar e brincar.

Ser ativo é importante em todos os estágios da vida

Ser ativo é importante em todos os estágios da vida.

o As mulheres precisam ser adequadamente ativas (não demais ou de menos) antes,

durante e após a gravidez. A não ser que a recomendação de profissionais médicos seja

diferente, não há motivos para as mulheres grávidas reduzirem as suas atividades

físicas, contanto que essas atividades não coloquem a gravidez em risco. Elas também

devem descansar suficientemente e ter uma ingestão adequada de alimentos. Um

ganho de peso adequado durante a gravidez, quando o consumo de energia é

compatível à atividade física, é uma boa forma de julgar se os níveis de ingestão de

alimentos e atividade física estão equilibrados. Para as mulheres grávidas,

particularmente aquelas em países de renda baixa e média, que realizam trabalhos

físicos duros ou que passam várias horas buscando e carregando água,

madeira/combustível, as famílias devem assegurar que tenham tempo para descansar.

o Oferecer lugares seguros para que os bebês deem os seus primeiros passos e comecem

a andar é crucial para estabelecer um estilo de vida ativo. As preocupações sobre

segurança devem ser contrabalanceadas com as necessidades de os bebês explorarem e

desenvolverem as habilidades necessárias para andar, correr e brincar. Bebês que

andam e crianças pequenas devem ser supervisionados em locais perto da água, mesmo

locais rasos.

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o Ser ativo na infância é um bom indicador de saúde e requer o apoio de famílias para

assegurar que as crianças tenham o espaço, o tempo e o apoio necessários para serem

ativas. As crianças também precisam de tempo para descansar e dormir.

o Quando as crianças alcançam a puberdade e passam a ser independentes e a decidir por

si mesmas o que fazem, as famílias devem incentivá-las a continuar ativas, bem como

assegurar o acesso a oportunidades para serem ativas, mostrando-se, ao mesmo tempo,

sensíveis a sentimentos de constrangimento e desconforto em relação a certas

atividades.

Embora as atividades físicas sejam importantes para a saúde, devem ser prazerosas para que as

crianças queiram fazê-las. Meninos e meninas não devem ser forçados a fazerem atividades

físicas que não gostam ou em locais onde se sintam constrangidos ou humilhados. Devem ser

consideradas preferências por diferentes tipos de atividades culturalmente aceitáveis entre

grupos distintos.

O que as famílias, as comunidades e os governos podem fazer para promover atividades físicas

Famílias e comunidades são fundamentais para apoiar as crianças a serem ativas assegurando

que tenham oportunidades (tempo e espaço) na sua rotina diária em casa, na escola, no

trabalho e na comunidade em geral. Podem ajudar a lidar com as barreiras sociais e culturais

para que meninas e meninos sejam adequadamente ativos e podem servir como exemplos a

serem seguidos pelas crianças.

Instituições e governos são responsáveis por assegurar locais que permitam atividades físicas na

escola e em outros ambientes, por proporcionar acesso comunitário a ambientes seguros para

crianças e adolescentes serem ativos, oportunidades para caminhar até a escola ou o trabalho e

instalações de lazer. Além da provisão da infraestrutura necessária para a realização de

atividades físicas, as instituições e os governos podem ativamente promover atividades físicas

por meio de políticas relacionadas à escola e ao trabalho, que apoiem tempo e espaço para

realizar atividades durante o dia e por meio da provisão de informações corretas sobre os

benefícios de levar uma vida ativa.

Para as pessoas que sofrem de doenças não transmissíveis

As crianças que sofrem de doenças não transmissíveis precisam ter acesso a locais adequados

onde possam ser ativas. Todos os funcionários devem ter o conhecimento, as atitudes e as

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aptidões necessárias para promover atividades adequadas para as pessoas que têm doenças

não transmissíveis.

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3. Alcançar um crescimento ideal e manter um peso saudável

3. É importante alcançar um crescimento ideal e manter um peso saudável em todos os

estágios da vida.

Informações de apoio

A partir do nascimento, as crianças crescem até alcançarem a sua altura adulta. Elas crescem em

comprimento (mais tarde chamado de altura) e peso. O seu peso corporal é constituído de

músculos, ossos, outros tecidos e órgãos e gordura corporal. Uma criança saudável cresce em

comprimento (altura) e ganha peso segundo uma taxa ideal, não rapidamente ou lentamente

demais. A taxa ideal é definida em comparação a padrões de crescimento de crianças saudáveis

da mesma idade vivendo em condições ideais. Nem todas as crianças têm o mesmo peso ao

nascer e durante a infância. Em todas as populações há uma variação natural de pesos e alturas

das crianças da mesma idade. Tal variação é chamada de distribuição normal. Uma criança

nascida a termo (não prematura) de uma mãe bem nutrida e saudável que vive num ambiente

saudável terá, ao nascer, um peso, comprimento e composição corporal (proporção entre

músculo e gordura) ideal para ela. Supondo que irá viver num ambiente saudável e será bem

nutrida e cuidada, essa criança irá manter um peso saudável em todos os estágios da sua vida.

Muito ou pouco ganho de peso não é algo bom para a criança. Estar abaixo do peso e emaciar

são termos usados quando a criança é mais magra do que deveria ser para a sua idade em

comparação com o padrão internacional. Sobrepeso é quando uma criança é um pouco mais

pesada do que deveria ser, e uma criança obesa é aquela que é muito mais pesada do que

deveria ser. Pontos limites são usados para definir essas medidas mais precisamente. Peso e

altura devem ser medidos e registrados regularmente, usando equipamentos adequados sob a

supervisão de funcionários treinados.

As crianças ficam acima do peso quando consomem mais calorias (energia) do que precisam,

levando em consideração as necessidades de crescimento, desenvolvimento e atividade física.

Crianças acima do peso tendem a ser menos ativas, o que aumenta ainda mais o risco de

ficarem acima do peso e desenvolverem uma doença não transmissível no futuro.

Recentemente, as taxas de sobrepeso e obesidade estão aumentando em muitas partes do

mundo, em particular, nos países de renda baixa e média. Em alguns poucos países essas taxas

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pararam de aumentar, mostrando que essas tendências não são inevitáveis e que medidas

podem ser tomadas para interromper esse aumento.

O sobrepeso e a obesidade em crianças e adolescentes aumentam o risco de diabete do tipo

dois na infância e de outras doenças não transmissíveis mais tarde na vida. Além do aumento

dos riscos futuros, as crianças obesas sofrem problemas de saúde imediatos, incluindo

dificuldades de respiração, tendência a serem menos ativas fisicamente, risco maior de fraturas

e efeitos psicológicos, bem como mais problemas de saúde mental e relacionamento.

Há muitas razões pelas quais as crianças podem ser inativas, incluindo estigma e

constrangimento, atitudes familiares e práticas inadequadas e culturalmente inaceitáveis.

Crianças acima do peso podem evitar exercícios porque se sentem constrangidas ou

desconfortáveis ao trocar de roupa na frente de outras pessoas.

Crianças com deficiências são normalmente restritas nas suas atividades, geralmente por causa

de hábitos sociais, culturais e de saúde inadequados que, por sua vez, fazem com que sejam

mais propensas a sobrepeso.

O peso ao nascer e o crescimento nos primeiros dois anos de vida são fundamentais para a

saúde atual e futura das crianças. Um crescimento inicial fraco está ligado a um maior risco de

obesidade na adolescência e o sobrepeso na adolescência tende a continuar na vida adulta.

Quando as crianças cujo o crescimento foi desacelerado no início da vida (que são pequenas

para a sua idade) alcançam a puberdade, estão mais propensas a terem mais gordura corporal

no mesmo peso em comparação às crianças que tiveram um crescimento normal. A gordura

corporal extra aumenta o seu risco de doenças não transmissíveis mais tarde. Atenção especial

deve ser dada a essas crianças de alto risco. É ainda mais importante que essas crianças tenham

uma dieta saudável e sejam ativas.

Alimentos, em particular petiscos e bebidas altamente processadas, não devem ser

considerados como recompensa por bons comportamentos.

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O que famílias, comunidades e instituições podem fazer

As famílias, incluindo avós e outros parentes, precisam entender os benefícios de um

crescimento saudável e apoiar os comportamentos que promovam um crescimento ideal e a

manutenção de um peso saudável. As atitudes familiares em relação a um bebê cheinho ou

gordinho criam a impressão de que uma criança acima do peso é uma criança mais saudável.

Essa atitude pode ser mais comum nos locais em que estar abaixo do peso é comum ou onde

haja um estigma social associado a ser magro. Os profissionais devem apoiar as famílias para

que entendam que bebês e crianças não devem estar abaixo ou acima do peso, e que ser ativo

e brincar são sinais de uma criança feliz e saudável.

As famílias e as comunidades devem oferecer e promover exemplos de boa saúde e peso ideal.

As instituições devem apoiar o monitoramento e o conhecimento do crescimento por parte de

todos os provedores de serviços que entram em contato com crianças e adolescentes.

Para as pessoas que sofrem de doenças não transmissíveis

Manter um peso saudável é uma parte importante dos cuidados prestados a crianças e

adolescentes que sofrem de doenças não transmissíveis.

4. Evitar o uso e a exposição a substâncias perigosas

4. Mulheres grávidas, crianças e adolescentes não devem fumar tabaco, beber álcool ou consumir drogas ilegais e têm o direito de não estarem expostos passivamente à fumaça do tabaco.

Informações de apoio

O consumo de álcool e tabaco são as principais causas de várias doenças não transmissíveis no

mundo todo. Essa relação é conhecida há muitos anos, mas, mesmo assim, pessoas jovens

começam a fumar e a beber quantidades excessivas de álcool.

Noventa por cento dos adultos fumantes começaram a fumar antes de ter 18 anos de idade.

Mundialmente, entre 80 e 100 mil jovens começam a fumar diariamente e um em cada quatro

adolescentes fumantes começou a usar tabaco antes dos 10 anos de idade. Da mesma forma,

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uma em cada duas pessoas jovens que começaram e continuaram a fumar irá morrer de

doenças relacionadas ao cigarro. Fumar aumenta o risco da maioria das doenças não

transmissíveis.

Os adolescentes que começam a beber álcool antes dos 15 anos de idade são cinco vezes mais

propensos ao seu consumo abusivo do que os adultos que começaram a beber já adultos. O

consumo abusivo do álcool está ligado à violência e lesões. Mundialmente, 5% de todas as

mortes de pessoas jovens entre 15 e 29 anos são decorrentes do uso do álcool.

Ao longo da vida

Não é recomendado fumar em nenhum estágio da vida. As pessoas não devem fumar perto de

mulheres grávidas e crianças. As pessoas devem evitar respirar ar que contém fumaça de

tabaco.

O consumo de álcool deve ser evitado durante a gravidez.

As crianças não devem estar expostas à fumaça do tabaco, pois essa exposição aumenta o risco

de doenças respiratórias, doenças cardíacas e outras consequências adversas para a saúde,

tanto a curto como a longo prazo.

Quando as pessoas jovens alcançam a idade em que é legal consumir álcool, devem beber com

moderação, não mais do que o equivalente a uma unidade de álcool por dia. A maioria dos

governos possui limites máximos de consumo (normalmente, cerca de quatro unidades por dia),

baseados em evidências do aumento significativo dos riscos adversos à saúde caso o consumo

seja tal ou acima desses níveis.

Aprender como beber com responsabilidade, nas culturas em que beber é aceitável, funciona

melhor quando é feito com a família e como parte das refeições. Quando as pessoas jovens se

sociabilizam com os seus amigos, às vezes, pode haver um consumo excessivo de álcool, que

está associado ao aumento do risco de lesão e violência, bem como a problemas de saúde

mental posteriormente. O consumo excessivo de álcool também pode ter efeitos adversos na

saúde reprodutiva.

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O que as famílias, comunidades e instituições podem fazer

As famílias, comunidades e instituições – incluindo todos os seus funcionários – servem como

exemplos de comportamento e ajudam a moldar as atitudes das pessoas jovens no que diz

respeito a fumar e beber com responsabilidade. Também exercem um papel importante na

implementação de ambientes livres de fumo e álcool. As escolas são um local importante para

compartilhar conhecimentos sobre os efeitos adversos do cigarro e do consumo de álcool. Os

funcionários devem ser apoiados para que tenham os conhecimentos, atitudes e aptidões

necessários e para que sejam bons exemplos para as crianças.

O Quadro da Convenção sobre Controle de Tabaco (FCTC) da OMS contém artigos sobre a

redução da oferta e da demanda de tabaco. A maioria dos países do mundo endossou essa

Convenção, no entanto nem todos impõem todos os seus artigos. A Convenção é a mais

poderosa ação conjunta acordada em relação a um grande fator de risco para a saúde mundial.

Conta com compromissos políticos, cooperação internacional e medidas plurissetoriais

abrangentes, oferecendo uma legislação para a proibição da venda de produtos de tabaco para

crianças e adolescentes. A Convenção cobre: preços e impostos; proteção contra a exposição;

educação, comunicação, formação e conscientização pública; publicidade, promoção e

patrocínio e medidas para restringir o fornecimento. Essas medidas de fornecimento incluem a

proibição da venda para e por menores de idade e exigem que as lojas que vendem esses

produtos estejam sinalizadas indicando a proibição da venda para menores. Também cobrem a

restrição do acesso a máquinas automáticas de venda e a venda de doces que parecem cigarros.

Embora não haja uma convenção equivalente para o consumo de álcool, recomendam-se várias

das mesmas medidas que estão contidas em diretrizes acordadas internacionalmente.

Para as pessoas que sofrem de doenças não transmissíveis

As crianças e adolescentes que vivem com doenças não transmissíveis não devem fumar ou

estar expostas à fumaça secundária. Não devem beber álcool e, quando alcançam a idade legal

para o consumo de álcool, devem beber apenas com moderação.

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5. Comportamentos saudáveis em geral e determinantes

5. Infâncias e adolescências saudáveis também envolvem a redução dos fatores de risco comunitários e individuais em relação à gama completa de doenças não transmissíveis, por meio da redução da exposição ambiental e do risco de violência e lesões, bem como a promoção do bem-estar psicológico.

Informações de apoio

Este capítulo concentra-se nos principais fatores de risco para as principais causas de morte

decorrente de doenças não transmissíveis. No entanto, há outras várias doenças não

transmissíveis e fatores de risco que contribuem para uma saúde precária em crianças e

adolescentes, que têm consequências a longo prazo e que podem ser prevenidas ou reduzidas

por meio de medidas adequadas. Há também crianças que vivem com outras doenças não

transmissíveis que precisam receber cuidados adequados.

Exposição ambiental à fumaça de fogo e poluição atmosférica:

Aproximadamente 3 bilhões de pessoas cozinham e aquecem as suas casas com combustíveis

sólidos (por exemplo, madeira, carvão, estrume, resíduos agrícolas) em fogo aberto ou fogões

tradicionais. Essas práticas ineficientes de cozinha e aquecimento produzem altos níveis de

poluição atmosférica (interior), que inclui uma variedade de poluentes prejudiciais à saúde, tais

como partículas finas e monóxido de carbono. Em lares mal ventilados, a fumaça dentro e ao

redor da casa pode ultrapassar dez vezes o nível aceitável de partículas finas. Essa exposição é

particularmente alta entre mulheres e crianças pequenas, que passam a maior parte do tempo

perto do fogo.

Há forte evidência de que a exposição à poluição atmosférica dentro de casa pode levar a vários

problemas de saúde em crianças e adultos, incluindo condições respiratórias agudas e crônicas

(por exemplo, pneumonia, doença pulmonar obstrutiva crônica), câncer pulmonar, cardiopatia

isquêmica, derrame e catarata. Há também evidências que sugerem que a exposição à poluição

atmosférica dentro de casa está ligada a problemas na gravidez, tuberculose, câncer no trato

aerodigestivo superior, cervical e outros cânceres. As pessoas jovens expostas estão sob um

risco duas a três vezes maior de ter asma e condições respiratórias do trato inferior.

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Várias intervenções estão disponíveis para reduzir a poluição atmosférica interior e os seus efeitos de saúde associados:

o Intervenções na fonte de poluição: Combustíveis alternativos Fogões melhorados

Em comunidades rurais pobres, nas quais o acesso a combustíveis alternativos é muito limitado e a biomassa continua a ser o combustível mais prático, fogões melhorados podem diminuir os níveis de poluição atmosférica. Esses fogões, contanto que sejam bem concebidos, instalados e mantidos, são eficazes na redução da fumaça por causa da sua melhor combustão, níveis de emissão mais baixos e também por promoverem menos tempo de cozedura.

o Intervenções na sala de estar: Melhorias na ventilação da área da cozinha e da sala de estar podem contribuir

significativamente para a redução da exposição à fumaça.

o Intervenções no comportamento dos usuários: Mudanças no comportamento dos usuários também podem exercer um

papel importante na redução dos níveis de poluição e exposição. Por exemplo, secar a madeira antes do uso melhora a combustão e diminui a produção de fumaça. Manter as crianças longe da fumaça reduz a exposição a poluentes prejudiciais à saúde desse grupo etário mais vulnerável.

É improvável que essas mudanças nos comportamentos dos usuários resultem em reduções tão grandes quanto as esperadas na mudança de combustível ou instalação de um exaustor ou chaminé. No entanto, devem ser vistas como medidas de apoio importantes para outras intervenções.

Vários Objetivos de Desenvolvimento do Milênio estão relacionados à energia doméstica. A redução do uso de combustíveis sólidos está associada à redução da pobreza, de doenças respiratórias e de degradação ambiental.

Lesões

Todos os dias, mais de 200 crianças morrem por causa de uma lesão que poderia ter sido

evitada. As cinco principais causas de lesões não intencionais são: lesões decorrentes de

acidentes de trânsito, afogamentos, queimaduras, quedas e envenenamento. De acordo com os

dados do Ônus Global de Doenças da OMS, em 2002, mais de 700.000 crianças com menos de

15 anos morreram por causa de lesões. As lesões são a principal causa de morte de crianças

após o seu primeiro aniversário. Há também uma alta taxa de morbidade associada a lesões

infantis: para cada criança lesionada que morre, várias milhares de crianças sobrevivem com

graus variáveis de deficiência.

As crianças de famílias mais pobres são desproporcionalmente afetadas por lesões. Mais de 95%

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de todas as mortes infantis por lesões não intencionais ocorrem em países de renda baixa e

média. Nos países de renda alta, há também uma grande variação socioeconômica, pois as

crianças de famílias mais pobres são consideravelmente mais propensas a sofrerem uma lesão

do que os seus pares mais prósperos.

Há formas comprovadas de reduzir a probabilidade e a gravidade de todos os tipos de lesões

com crianças e adolescentes. Muitas delas estão ligadas à forma como os alimentos são

preparados e o uso de álcool e tabaco. Os programas de prevenção que usam uma estratégia

multidisciplinar (por exemplo, uma combinação de educação, modificação ambiental e

legislação) têm sido particularmente eficazes na redução da mortalidade decorrente de lesões

em muitos países de renda alta. Por exemplo, o número de mortes causadas por acidentes de

trânsito caiu significativamente em muitos lugares após a implementação de medidas coletivas

de redução de velocidade, proibição da condução sob o efeito do álcool e incentivo do uso de

cadeirinhas de segurança para crianças. As mortes infantis devido a incêndios e queimaduras

foram reduzidas por causa do maior uso de alarmes de incêndio, mudanças nas

regulamentações que governam o uso de materiais com alto risco de incêndio na fabricação de

pijamas infantis e controle da temperatura da água quente nas casas. O número de

afogamentos também foi reduzido por meio da limitação a certos perigos óbvios, tais como

piscinas, instalando coberturas em poços e ensinando crianças mais velhas a nadarem. Visitas

residenciais e programas de formação de pais ajudaram a prevenir violência juvenil, abuso

infantil e negligência.

Imunização

Este é um elemento crítico na prevenção de vários problemas potencialmente importantes,

incluindo a vacina contra a Hepatite B e HPV para a redução do risco de câncer.

Saúde mental

A saúde mental é uma parte integral da saúde, de fato, não há saúde sem saúde mental. Saúde

mental é mais do que a ausência de distúrbios mentais. A saúde mental é determinada por

fatores socioeconômicos, biológicos e ambientais. Existem estratégias e intervenções eficazes,

econômicas e plurissetoriais para promover, proteger e restaurar a saúde mental. A saúde

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mental é um componente integral e essencial à saúde. A saúde mental é um estado de bem-

estar no qual um indivíduo materializa as suas habilidades, consegue lidar com as tensões

normais da vida e consegue trabalhar produtivamente, bem como é capaz de contribuir para a

sua comunidade.

A falta de saúde mental é a quarta principal causa de deficiências globalmente. Afeta pessoas de

todas as idades e em todas as partes do mundo, embora possa passar despercebida e sem

tratamento adequado.

A promoção da saúde mental depende, largamente, de estratégias plurissetoriais. Maneiras específicas de promover a saúde mental incluem:

Intervenções no início da infância (por exemplo, visitas residenciais a mulheres grávidas, atividades pré-escolares psicossociais, ajuda nutricional e psicossocial combinada para populações desprivilegiadas);

Apoio a crianças (por exemplo, programas de desenvolvimento de aptidões, programas de desenvolvimento infantil e juvenil);

Capacitação socioeconômica das mulheres (por exemplo, melhorando o acesso à educação e esquemas de microcréditos);

Programas voltados a grupos vulneráveis, incluindo minorias, populações indígenas, imigrantes e pessoas afetadas por conflitos e desastres (por exemplo, intervenções psicossociais após desastres);

Atividades que promovam saúde mental em escolas (por exemplo, programas que apoiem mudanças ecológicas em escolas e escolas em prol das crianças);

Intervenções de saúde mental no trabalho (por exemplo, programas de prevenção de estresse);

Políticas de habitação (por exemplo, melhorias em moradias); Programas de prevenção da violência (por exemplo, iniciativas de

policiamento comunitário); Programas de desenvolvimento comunitário (por exemplo, iniciativas do

programa “Comunidades que se importam”, desenvolvimento rural integrado);

Proteção social para as populações pobres; Leis e campanhas contra a discriminação; Promoção dos direitos, oportunidades e cuidados para indivíduos com

transtornos mentais.

Cuidados e tratamentos de saúde mental

No contexto dos esforços nacionais para desenvolver e implementar políticas de saúde mental, é crucial não apenas proteger e promover o bem-estar dos seus cidadãos mas também lidar com as necessidades das pessoas com transtornos mentais definidos.

Determinantes sociais de saúde

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o Pobreza e desigualdades são uma das principais causas da falta de saúde e bem-estar em todos

os países. Quanto maior a lacuna entre ricos e pobres em um país, mais difícil é para as pessoas

melhorarem a sua saúde. Grupos vulneráveis da sociedade incluem imigrantes, refugiados e

pessoas que vivem em favelas e assentamentos informais, onde a infraestrutura e o apoio

comunitário podem ser limitados. Esses grupos também têm um acesso inconsistente e limitado

a tratamentos básicos e necessários e a serviços que permitam que as pessoas que vivem com

doenças não transmissíveis possam receber os cuidados adequados.

Ao longo da vida

Apoio a ações preventivas é crucial em todos os estágios da vida.

A adolescência pode ser uma fase crítica, pois as pessoas jovens começam a ser

independentes e aumentam o risco de exposição.

O que as famílias, comunidades e instituições podem fazer

Atitudes comunitárias positivas e de apoio à saúde mental são vitais para criar um ambiente

no qual essas questões possam ser identificadas e tratadas. As famílias e as comunidades

devem servir de exemplos a serem seguidos pelas crianças.

As famílias, os funcionários comunitários e os funcionários de instituições, tais como escolas,

precisam de apoio e formação para poderem detectar os primeiros sinais de problemas e

buscar a orientação de profissionais especializados. Essas orientações podem ser

desenvolvidas e fornecidas pelo governo, pela igreja ou por outros grupos comunitários da

sociedade.

A atitude dos funcionários é fundamental para uma discussão aberta e sem juízo de valor

sobre essas questões.

As comunidades podem apoiar famílias a buscarem formas alternativas de cozinhar que não

sejam tão perigosas ambientalmente. Aumentar a conscientização sobre o impacto que a

fumaça doméstica interior tem na saúde das crianças é um primeiro passo fundamental.

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São necessários recursos para campanhas de educação e promoção que aumentem a

conscientização e desenvolvam soluções.

Para as pessoas que sofrem de doenças não transmissíveis

Muitos desses comportamentos podem aumentar os riscos de saúde precária entre as

pessoas que vivem com doenças não transmissíveis.

6. Famílias protetoras

6. Crianças e adolescentes têm o direito de viver em um ambiente atencioso e protetor, com mães, pais e/ou outros responsáveis que promovam uma vida saudável.

Informações de apoio

As crianças têm o direito a um padrão de vida que atenda as suas necessidades físicas, sociais e

mentais. As famílias e outros cuidadores exercem um papel crucial em assegurar que esse

direito seja cumprido e defendido.

Famílias em várias partes do mundo têm que lidar com o chamado ônus duplo da doença: um

alto risco de doenças não transmissíveis devido a uma dieta fraca e estilos de vida não saudáveis

e os riscos persistentes de infecções ou doenças contagiosas devido à pobreza, superlotação,

saneamento e higiene precários. Estes e outros fatores aumentam o risco de más condições de

saúde e de deficiências tanto imediatamente quanto mais tarde na vida.

O tempo que passam com adultos responsáveis, por exemplo, durante as refeições ou

brincando juntos, é uma oportunidade importante para se sociabilizar e conversar sobre ideias e

desafios. As famílias que preparam e comem refeições feitas em casa, longe da televisão e

outros distrativos, tendem a comer alimentos mais saudáveis. Os pais e os cuidadores que

brincam com as crianças, caminham ou se exercitam com elas oferecem um bom exemplo e

incentivo.

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Pais, mães e outros cuidadores devem agir como exemplos que as crianças possam admirar,

confiar e seguir. As crianças aprendem com o que veem ao seu redor e estabelecem para si

aquilo que consideram normal e aceitável. As famílias devem ser apoiadas para serem bons

exemplos e levarem elas próprias vidas saudáveis.

Os cuidadores/funcionários não devem culpar os pais pelo comportamento das crianças, mas

devem oferecer-lhes apoio para considerar maneiras positivas de evoluir e apoiar

comportamentos bons/preferíveis. Os próprios funcionários de cuidados, às vezes, não têm

atitudes positivas em relação a uma vida saudável e devem ser apoiados para entender a

importância e os benefícios de uma vida saudável para si próprios, como exemplos, e para

apoiar as famílias.

Monitoramento e exames regulares de saúde: os pais e os cuidadores podem assegurar que as

crianças e os adolescentes façam exames regulares de saúde para identificar problemas logo no

início e levar a medidas necessárias para solucioná-los. As famílias também podem ser apoiadas

para identificar problemas e instigar o acesso a cuidados.

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7. Comunidades protetoras

7. As comunidades exercem um papel fundamental em proporcionar possibilidades e apoio

para que famílias, crianças e adolescentes tenham vidas saudáveis.

Informações de apoio

Comunidades podem ser definidas de diferentes formas, desde agrupamentos locais a grupos

que compartilham um interesse, propósito ou conjunto de valores comuns, tais como os grupos

da igreja. Portanto, os indivíduos podem fazer parte de vários grupos comunitários diferentes

que podem atender a diferentes necessidades. Comunidades saudáveis ajudam umas às outras

sempre que necessário, fortalecendo as demandas por um melhor acesso a serviços e

instalações para terem vidas saudáveis: locais seguros para as crianças brincarem, espaço para

hortas comunitárias e ambientes locais onde seja proibido fumar. Também podem

proporcionar, para os grupos, formas de discutirem problemas, compartilharem melhores

práticas e aprenderem um com os outros, bem como serem um mecanismo para transmitir

essas preocupações para o governo ou para agências locais que podem ajudar a lidar com as

dificuldades em manter uma vida saudável. Nesse caso, podem-se incluir o apoio a medidas

preventivas para manter e promover vidas saudáveis, assim como ações coletivas para exigir o

acesso a tratamentos e cuidados para as pessoas que sofrem de doenças não transmissíveis.

Pode ser difícil identificar as pessoas mais vulneráveis da sociedade, que podem não participar

de atividades comunitárias e, portanto, não ter acesso aos mecanismos de apoio descritos

acima. A urbanização, por exemplo, a moradia em arranha-céus ou favelas, pode fazer com que

seja mais difícil para as famílias se sentirem parte de uma comunidade e terem acesso ao apoio

que esses grupos oferecem. Líderes comunitários podem procurar as novas pessoas que

ingressam nas suas comunidades e ajudar as pessoas a terem conhecimento do apoio que está

disponível localmente. Líderes comunitários presentes também podem servir de exemplos para

ajudar as pessoas a verem o que é possível ser feito.

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Grupos comunitários podem ser fundamentais para assegurar que todas as crianças que vivem

com doenças não transmissíveis recebam o tratamento e os cuidados que necessitam.

8.Instituições que oferecem apoio

8. As instituições públicas e privadas devem oferecer serviços e parcerias adequados em todos os setores da sociedade para apoiar, promover e manter vidas saudáveis em todos os estágios da vida.

Informações de apoio

Os indivíduos, famílias e comunidades devem ter e exigir o acesso a serviços e sistemas que

permitam que tenham vidas saudáveis.

Uma vida saudável requer parcerias entre todos os setores da sociedade para trabalharem

juntos para fazer com que as escolhas saudáveis sejam as escolhas mais fáceis.

As instituições públicas exercem um papel fundamental no controle e regulamentação das

práticas do setor privado para promover estilos de vida não saudáveis. Vários países adotaram

esse controle regulatório para os produtores de tabaco e alguns também o fizeram para a

promoção do álcool, mas poucos impõem esses controles para empresas que promovem

alimentos e bebidas não saudáveis. As empresas de alimentos e bebidas precisam ter

responsabilidade em relação à forma como promovem e anunciam os seus produtos, incluindo a

veracidade das suas promessas, e devem ser forçadas a adotar os mesmos padrões em todos os

países em que trabalham, mesmo naqueles em que não haja padrões locais em vigor. Códigos

voluntários de marketing tendem a ser regulamentados de maneira precária e, muitas vezes,

são violados.

Todos os serviços com os quais as famílias têm contato podem promover vidas saudáveis. Todos

os contatos devem ser uma oportunidade para promover vidas saudáveis e todos os serviços

devem oferecer um apoio preciso, confiável e consistente a famílias e, em particular, a crianças.

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As instituições, tais como centros de saúde, escolas, creches e locais de trabalho devem ser

ambientes onde as crianças e os adultos estão expostos exclusivamente a formas e meios de

viver com saúde.

Todas as instituições devem oferecer, promover e apoiar: o aleitamento materno, alimentos

saudáveis, intervalos para descanso e atividades saudáveis e a proibição do uso de tabaco e

álcool. Esses ambientes devem ser livres de todas as formas de publicidade e mídia/atividade

promocional que promovam vidas não saudáveis. As pessoas que trabalham em instituições

também devem ser incentivadas a serem exemplos de bons comportamentos.

Escolas: um recurso comunitário para promover vidas saudáveis

As escolas (e pré-escolas) são uma parte vital das comunidades locais e oferecem uma

oportunidade única de promover vidas saudáveis não apenas entre crianças como também nas

famílias e em toda a comunidade.

Estilos de vida saudável podem ser incorporados a todos os aspectos da vida escolar.

Planos de ação de saúde na escola, cobrindo todos os aspectos de uma vida saudável, incluindo

a saúde reprodutiva e mental, são uma ferramenta de ação poderosa. Esses planos de ação

oferecem informações detalhadas sobre como estilos de vida saudável serão implementados,

feitos cumprir e monitorados pela sua eficiência. Os planos de ação são mais eficazes se forem

obrigatórios e quando são desenvolvidos com o envolvimento de famílias e líderes comunitários,

que compartilham a sua direção e responsabilidade. O envolvimento de famílias e comunidades

ajuda a reforçar estilos de vida saudável para além da escola, bem como ajuda a gerar recursos

e compromissos necessários para alcançar o plano de ação. Não é possível esperar que os

professores façam tudo sozinhos, eles precisam dos recursos (equipamentos, instalações e

fundos) e da mão-de-obra necessários para cobrir todo o currículo escolar e estabelecer o

ambiente ideal para que a escola seja um modelo de vida saudável para a comunidade.

Monitoria da frequência: as crianças que não estão bem, que têm fome e que vivem em áreas

distantes de escolas e serviços podem ficar fora da escola. Caso a infrequência seja comum, um

serviço de alcance será necessário, com o apoio dos funcionários comunitários, para identificar

porque a criança não está frequentando a escola e para desenvolver estratégias para superar

esse problema.

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As escolas como um ambiente para monitorar vidas saudáveis: isso deve ser feito de uma forma

sem juízo de valor e deve englobar todas as crianças da escola. O envolvimento das famílias é

útil para explicar-lhes por que esse monitoramento está acontecendo e o que será feito com as

informações coletadas. O cumprimento precisa ser monitorado para assegurar que todas as

crianças sejam consideradas e para alcançar os indivíduos que não frequentam a escola.

Alimentação saudável em escolas

Incorporada no currículo escolar para todas as idades; sempre que possível incluir hortas

nas escolas.

Se a escola prepara comida, certificar-se de que todas as refeições observam as diretrizes

recomendadas, incluindo padrões de saúde e segurança.

Se as crianças fazem refeições na escola, fornecer espaço e instalações para preparar e para

comer a refeição.

Se as crianças trazem alimentos e bebidas de casa, fornecer às famílias orientações sobre o

que é adequado para as refeições feitas na escola.

As políticas de licitação da escola devem ter a alimentação saudável como principal

prioridade, não apenas o custo.

Proteger o ambiente ao redor da escola do acesso e promoção de alimentos e bebidas não

saudáveis, incluindo vendedores e lojas.

Treinamento para todos os funcionários, incluindo as pessoas que preparam a comida, em

termos de alimentação saudável; funcionários como exemplos a serem seguidos.

Alimentação na escola: almoços e lanches devem obedecer as diretrizes de alimentação

saudável

o Fornecer gratuitamente frutas na escola tem sido eficaz para aumentar o consumo.

Explorar a possibilidade de doações de famílias ou empresas.

o Certificar-se de que padrões de alimentos estão em vigor e que são implementados

e monitorados: fornecimento de frutas e legumes; sopas, saladas e sobremesas

saudáveis; acesso livre a água potável/segura; acesso restrito a refrigerantes,

permitindo o consumo de água, chá sem açúcar e suco de fruta diluído; uso restrito

de sal ao cozinhar e à mesa; restrição de doces (chocolates, balas, bolos e biscoitos)

e petiscos salgados (batatinhas fritas, etc.) e alimentos altamente processados;

produtos light; uso de óleo e não gordura; evitar o uso de alimentos fritos e oferecer

alternativas integrais.

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o Padrões de energia e nutrientes: o almoço deve fornecer cerca de 1/3 da

necessidade calórica diária, considerando o nível de atividade física.

Clubes de café-da-manhã podem ser fundamentais para que as crianças comecem bem o

dia. Os alimentos fornecidos devem ser saudáveis, incluindo cereais com pouco açúcar

adicionado, quando possível.

Quando alimentos e bebidas estiverem disponíveis em clubes e atividades após a escola,

assegurar que são saudáveis.

Máquinas automáticas de venda: oferecer apenas alimentos e bebidas saudáveis.

Restrições de marketing: evitar o marketing de todos os alimentos e bebidas não saudáveis,

incluindo a promoção de atividades, placas da escola e patrocínios.

Apoio para ser ativo na escola

Incluir no currículo escolar os benefícios de ser ativo na escola.

Atividades físicas incluídas no dia letivo; incentivar que os alunos caminhem para a escola –

garantindo caminhos e acessos seguros; atividades adequadas para diferentes faixas etárias e

habilidades; evitar intimidações, constrangimentos e estigma em relação às atividades

adequadas.

Atividades antes e depois da escola devem complementar as atividades saudáveis, permitindo

também tempo para descansar longe da televisão e dos jogos de computador.

Quando as crianças caminham longas distâncias até a escola, espaço e tempo para descansar e

relaxar são importantes.

Assegurar instalações e espaços disponíveis para atividades diárias, incluindo vestiários

adequados.

Assegurar que há tempo suficiente todos os dias para atividades físicas.

Os funcionários devem servir de exemplo de vida saudável.

Álcool e tabaco nas escolas

O currículo escolar deve incluir a conscientização sobre os efeitos do cigarro e do álcool na

saúde e no comportamento social.

Escolas como zonas livres de cigarro e álcool.

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Todos os funcionários da escola, como exemplos a serem seguidos, não podem ser vistos

fumando.

Outros comportamentos

Todos os aspectos da vida escolar devem promover o bem-estar psicológico e apoiar a redução do risco de violência e lesões.

Outros ambientes

As instituições e locais de trabalho também podem promover e apoiar estilos de vida saudáveis

entre os seus trabalhadores, incluindo a promoção do acesso a alimentos e bebidas saudáveis

em máquinas automáticas de venda e cantinas; a provisão de instalações e/ou oportunidades

para apoiar a amamentação, atividades físicas e descanso; e a declaração de todas as áreas

como livres de cigarro e álcool.

Setor de saúde e de assistência social que oferecem apoio

Serviços e apoio existentes: Muitos países já oferecem uma variedade de informações e

mecanismos de apoio para ajudar as pessoas a pararem de fumar ou beber e a serem ativas ou

manterem um peso saudável. Sempre que possível, esses serviços devem promover uma vida

saudável e devem ser revistos para assegurar que atendem às necessidades de crianças e

adolescentes, que usam linguagem adequada e que entendem os problemas da perspectiva de

uma pessoa jovem. Não há um modelo correto para executar esses serviços, mas o ponto chave

é que todas as pessoas que precisam de cuidados devem recebê-los com base na necessidade e

não capacidade de pagá-los.

Atitude e treinamento dos funcionários: Todos os funcionários que entram em contato com

crianças e adolescentes precisam se adequadamente treinados por meio do desenvolvimento

dos conhecimentos, aptidões e atitudes corretos. Os provedores de serviços devem ser

treinados para entender os fatores que influenciam comportamentos individuais e para evitar

culpar os indivíduos por fatores comportamentais. É crucial agir logo para prevenir, detectar e

melhorar rapidamente os problemas. São necessários conhecimentos e habilidades: monitorar

todos os aspectos do bem-estar físico e psicológico de bebês, crianças e adolescentes; coletar,

analisar e interpretar corretamente as informações coletadas rotineiramente nos centros de

saúde e ter as habilidades necessárias para se comunicar adequadamente com as pessoas. Os

funcionários precisam de apoio para se manterem atualizados (desenvolvimento profissional

contínuo) em relação às mais recentes recomendações para vidas saudáveis, serem treinados

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para identificar problemas cedo e saber quando e onde encaminhar o caso para a contribuição

ou a orientação de especialistas.

Exames de saúde e encaminhamentos: O acesso consistente a profissionais de saúde bem

treinados e com os recursos adequados (como centros de saúde ou clínicas móveis) é uma parte

fundamental no apoio da promoção de medidas preventivas para uma vida saudável. Também é

importante assegurar a detecção e o diagnóstico rápido das condições de saúde e o acesso aos

tratamentos necessários.

O monitoramento de vidas saudáveis é fundamental. Esse monitoramento oferece as

informações necessárias para verificar se os serviços estão sendo oferecidos adequadamente e

para assegurar a detecção rápida dos problemas. O monitoramento do crescimento de rotina é

uma ferramenta simples e efetiva. O fato de uma criança estar ganhando peso demais ou de

menos deve levar a mais investigações e instigar medidas eficazes para lidar com o problema o

mais cedo e rápido possível. É importante avaliar a dieta e as atividades físicas, pois essas

informações podem ajudar a explicar porque o crescimento da criança não é adequado. A

avaliação da saúde mental e reprodutiva também é importante.

Funcionários de saúde e de cuidados como exemplos: Os indivíduos que trabalham nesse setor

devem servir de exemplo para as pessoas com quem entram em contato.

Parcerias que oferecem apoio

Parcerias por vidas saudáveis: As instalações de saúde do governo não são capazes de oferecer

todo o apoio necessário para manter comunidades saudáveis. A promoção da saúde é um

negócio para todos. Os departamentos de saúde devem trabalhar com a educação, agricultura,

finanças e todos os aspectos do governo para oferecer abordagens efetivas integradas,

coerentes e consistentes. Outras organizações, tais como grupos religiosos, grupos de mulheres,

grupos de consumidores, associações profissionais, organizações do setor privado e clubes

esportivos devem estar envolvidos e exercer o seu papel na promoção e apoio a vidas saudáveis.

Ambientes propícios: as agências responsáveis pela organização das comunidades nas quais as

pessoas vivem precisam trabalhar juntas para assegurar que esses lugares oferecem as

melhores oportunidades possíveis para levar vidas saudáveis, impondo regulamentações contra

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cigarros e álcool, maximizando as oportunidades de atividades de lazer físicas seguras e dando

acesso a alimentos saudáveis, seguros e nutritivos, e água potável.

Imprensa responsável: o marketing em todas as suas formas tem uma influência poderosa

sobre todos os aspectos de uma vida saudável. O marketing positivo pode ser importante para

reconhecer comportamentos preferenciais. Códigos voluntários sobre a forma como substitutos

do leite materno e alimentos e bebidas são promovidos, especialmente entre as crianças,

devem ser monitorados para assegurar a conformidade com os compromissos que as indústrias

fizeram. Empresas transnacionais devem aplicar os mesmos padrões de marketing em todos os

países em que operam, dentro dos arcabouços legais de cada país.

Instalações – as crianças devem poder brincar e se exercitar regularmente num ambiente

seguro; é responsabilidade do governo local proporcionar lugares para que as crianças

caminhem com segurança até a escola e brinquem.

As atitudes culturais e as normas sociais em relação às atividades físicas devem ser

consideradas na promoção de oportunidades para crianças e adolescentes serem ativos. As

abordagens devem ser adaptadas às circunstâncias locais. Todas as crianças devem ter

oportunidades para serem ativas, mas a escola e o ambiente para essas atividades devem ser

culturalmente adequados.

Educação e conhecimentos sobre saúde: Os promotores de saúde e os fornecedores de

serviços, sejam eles governamentais ou não governamentais, devem estar cientes da

alimentação em excesso e da subnutrição e serem ativos na promoção de dietas e padrões de

atividades, bem como impor medidas que evitem o fumo e o álcool, reduzindo o risco de saúde

precária tanto a curto como a longo prazo. Também deve haver um foco em ajudar pais,

crianças e jovens a terem conhecimentos sobre saúde. Isso deve incluir a leitura e a

compreensão dos rótulos de produtos.

Para as pessoas que sofrem de doenças não transmissíveis

Os serviços devem refletir as necessidades das pessoas que vivem com doenças não

transmissíveis como um direito.

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9. Políticas, legislações e sistemas propícios

9. Há muitas formas de os governos e os outros setores promoverem e apoiarem vidas saudáveis para crianças, famílias e comunidades.

Informações de apoio

O direito à saúde representa o direito de usufruir uma variedade de instalações, bens, serviços e

condições necessários para a materialização do mais alto padrão de saúde possível. Os governos

exercem o papel primário e são responsáveis por responder aos desafios das doenças não

transmissíveis e por envolver todos os setores da sociedade na produção de respostas efetivas

para a prevenção e controle das doenças não transmissíveis.

A prevenção e o controle eficazes das doenças não transmissíveis requerem uma abordagem da

saúde plurissetorial e de liderança governamental, incluindo, sempre que relevante, a questão

da saúde em todas as políticas e abordagens de todas as áreas governamentais, em todos os

setores, e protegendo, ao mesmo tempo, políticas públicas de saúde dedicadas à prevenção e

ao controle de doenças não transmissíveis contra a influência indevida de qualquer forma de

conflito de interesse real, considerado ou potencial.

As políticas e as legislações para proteger adolescentes contra substâncias perigosas, tais como

tabaco, álcool e alimentos que contêm altos níveis de gorduras saturadas, gordura trans, açúcar

e sal, e para promover vidas saudáveis são a base dos programas nacionais para respeitar e

cumprir os direitos dos adolescentes e evitar comportamentos que aumentem o risco de

doenças não transmissíveis. As políticas devem abordar a concepção, publicidade, marketing,

patrocínio e promoção de estilos de vida não saudáveis. O aumento de impostos sobre essas

substâncias não saudáveis, incluindo alimentos, é uma forma de diminuir a demanda,

especialmente entre os adolescentes, que são particularmente sensíveis aos aumentos de

preços. O Quadro da Convenção sobre o Controle de Tabaco é um modelo que pode ser usado

para apoiar todos os aspectos de uma vida saudável.

Os governos devem estabelecer e impor controles para regular e moderar estilos de vida não

saudáveis e promover e manter alternativas saudáveis locais, incluindo formas de as pessoas

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serem fisicamente mais ativas. As políticas e as legislações podem limitar o acesso das pessoas

jovens a alguns produtos e ao seu uso por meio da criação e imposição de uma idade mínima

para compra, por exemplo, de tabaco e de álcool, e determinando que os espaços públicos, as

escolas e outros lugares em que os adolescentes se reúnem sejam 100% livres do uso de tabaco

e álcool. Os governos locais podem estabelecer padrões para que todos os estabelecimentos

comerciais promovam vidas saudáveis, restringindo o acesso à compra de tabaco e álcool e à

promoção de alimentos não saudáveis.

Os contratos de licitação dos governos para serviços locais, escolas, pré-escolas, creches, etc.

podem promover a compra de alimentos e bebidas saudáveis de origem local e podem insistir

em ambientes livres do consumo de cigarros e álcool, espaços para amamentação, descanso e

atividades físicas.

Os governos podem assegurar que informações confiáveis e corretas sobre como levar uma vida

saudável estejam disponíveis para o uso confiante das famílias. Essas informações não devem

ser patrocinadas ou promovidas por empresas que fabricam produtos não saudáveis.

Os governos têm muitas prioridades com as quais precisam lidar, portanto é essencial que as

famílias e as comunidades se envolvam com os governos e políticos locais para assegurar que as

pessoas responsáveis por decisões entendam a importância de vidas saudáveis, para mostrar

como o investimento em uma vida saudável é bom para as suas comunidades no presente e irá

economizar dinheiro no futuro. Os líderes comunitários precisam ser apoiados para defender

ações, regulamentações, leis e investimentos que promovam um estilo de vida saudável.

Os governos têm um papel fundamental no sentido de garantir a coleta de informações sobre as

condições de vida saudável entre crianças e famílias. Sem essas informações não é possível

monitorar o progresso e verificar quais ações são eficazes. É necessário assegurar atenção

especial para as crianças e adolescentes (principalmente, preenchendo lacunas nos dados para

as crianças entre 6 e 14 anos) em metas nacionais e globais e sistemas nacionais de

informações de saúde para assegurar a medição do progresso dessa faixa etária em relação à

incidência de doenças não transmissíveis, fatores de risco, vigilância, triagem e avaliação (por

exemplo, alimentação em excesso, dietas variadas, índice de hipertensão, intolerância à glucose

ou perfis lipídicos adversos, exposição ao marketing de alimentos e bebidas não alcóolicas),

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observação dos códigos acordados para a promoção do álcool e do tabaco, monitoramento do

acesso a ambientes adequados para atividades físicas seguras, etc.

O setor privado pode exercer um papel fundamental na promoção e apoio de vidas saudáveis.

Parcerias para a saúde: As instalações de saúde do governo não conseguem oferecer todos os

suportes necessários para que as comunidades sejam saudáveis. A promoção da saúde e a

prevenção e apoio às crianças e aos adolescentes que vivem com doenças não transmissíveis é

responsabilidade de todos.

Para as pessoas que sofrem de doenças não transmissíveis

Os governos e as autoridades locais, com o apoio de organizações não governamentais

comunitárias e parceiros internacionais, têm a responsabilidade de assegurar que todas as

crianças, inclusive aquelas de comunidades pobres e marginalizadas, recebam os cuidados de

saúde que necessitam e que têm direito, incluindo o acesso aos serviços e tratamentos

adequados.

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10. Acesso à prevenção, detecção e tratamento eficazes para o controle e gestão de doenças

não transmissíveis

10. Todas as crianças que vivem com doenças não transmissíveis têm o direito de receber os tratamentos, as tecnologias e os cuidados necessários para maximizar a sua qualidade de vida.

Informações de apoio

Várias doenças não transmissíveis são evitáveis, portanto, sempre que possível a prevenção

deve ser a prioridade número um.

Para todas as doenças não transmissíveis, exames regulares, a detenção rápida e a avaliação de

comportamentos de vida saudável a partir do nascimento podem identificar oportunidades para

melhorar comportamentos não saudáveis e obter os tratamentos e cuidados necessários.

Atualmente, existem ferramentas para a detecção e o diagnóstico rápido das doenças não

transmissíveis. Quanto mais cedo os problemas forem detectados, mais rapidamente poderão

ser iniciados os cuidados e os apoios necessários.

Estão disponíveis medicamentos e tecnologias essenciais, econômicos e baratos, incluindo

medicações contra a dor e cuidados paliativos. Estes devem ser formulados adequadamente

para crianças e adolescentes. Com estilos de vida saudáveis, detecção rápida, tratamentos,

tecnologias e cuidados corretos, as crianças com doenças não transmissíveis podem levar vidas

longas e saudáveis.

As crianças e os adolescentes têm o direito de receberem esses tratamentos e tecnologias com

base nas suas necessidades e não na sua capacidade de pagar por eles.

Um número demasiado grande de crianças não recebe o tratamento de que necessitam,

particularmente em países de renda baixa e média. Da mesma forma, o acesso e a

disponibilidade de medicamentos contra a dor são limitados, incluindo os remédios de cuidados

paliativos para crianças e adolescentes, principalmente em ambientes mais pobres. Há enormes

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desigualdades no grau de cuidados e nos índices de sobrevivência para as doenças não

transmissíveis entre países ricos e pobres de recursos. Por exemplo, embora o câncer infantil

seja curável e tenha um índice de sobrevivência de 80-90 por cento em países de renda alta, nos

países de renda baixa e média os índices de sobrevivência estão entre 10 e 30 por cento.

A comunidade internacional assumiu o compromisso de alcançar 80% de disponibilidade de

tecnologias básicas e medicamentos essenciais econômicos, incluindo genéricos, necessários

para tratar e gerir as doenças não transmissíveis, tanto em locais públicos como privados. Estes

incluem remédios contra doenças não transmissíveis que já estão na Lista de Medicamentos

Infantis Essenciais da OMS, tais como insulina, salbutamol, penicilina e medicamentos de

quimioterapia. Também deve ser garantido o acesso a remédios contra a dor, como parte dos

serviços de cuidados paliativos de qualidade para todas as crianças, assim como o acesso a

tecnologias para diagnosticar adequadamente a presença de doenças não transmissíveis na

infância. Esse compromisso ainda não foi cumprido em vários países.

Em muitos países, particularmente naqueles em que ainda há muitas crianças morrendo de

infecções e doenças transmissíveis, os trabalhadores em campo nem sempre são apoiados e

treinados de forma adequada na prevenção, diagnóstico e tratamento de doenças não

transmissíveis em crianças e adolescentes. Um desenvolvimento profissional contínuo é

necessário para manter esses funcionários atualizados e apoiar as competências e atitudes

corretas. Os funcionários de saúde de todos os níveis, principalmente aqueles que trabalham na

linha de frente, e os voluntários comunitários, devem ser treinados na prevenção, diagnóstico e

tratamento de doenças não transmissíveis em crianças e adolescentes, incluindo profissionais

de cuidados paliativos pediátricos e de cuidados dentários.

Informações são vitais. Os sistemas de registro e gestão de informações que acompanham o

risco, incidência e o ônus das doenças não transmissíveis são fundamentais para um

planejamento efetivo e para um bom fornecimento dos serviços e para avaliar se os protocolos

atuais de tratamento estão funcionando e alcançando os seus públicos-alvo. Esses sistemas

precisam ser mantidos corretamente para garantir sua precisão e abrangência. A coleta de

dados deve ser apoiada por recursos adequados e funcionários bem treinados.

O que as famílias, comunidades e instituições podem fazer

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Os sistemas de saúde e outros sistemas institucionais de cada país devem atender às

necessidades de crianças e adolescentes com o acesso igualitário a tratamentos, tecnologias e

cuidados, treinamento e apoio a funcionários, sistemas de monitoramento e informação e

ênfase no apoio de vidas saudáveis. As escolas exercem um papel importante na facilitação de

exames de doenças não transmissíveis e nos fatores de risco, assegurando que as pessoas que

tenham essas doenças estejam integradas na vida escolar, atendendo, ao mesmo tempo, às suas

necessidades específicas, desenvolvendo atitudes adequadas e compreensão e capacitando as

crianças para que sejam agentes de mudança.

Os países têm modelos diferentes para a provisão de cuidados médicos, mas,

independentemente desse aspecto e da sua natureza privada ou financiada pelo Estado, os

sistemas de saúde devem assegurar a provisão de prevenção, cuidados, tratamentos,

acompanhamento e/ou reabilitação de crianças e adolescentes com doenças não transmissíveis.

As crianças e os adolescentes não devem sentir-se culpados ou culparem-se pelo

desenvolvimento de doenças não transmissíveis. Discussões abertas e informadas entre as

famílias e as comunidades podem fazer uma grande diferença na qualidade de vida de pessoas

jovens. Permitir que as pessoas que têm doenças não transmissíveis assumam o controle das

suas vidas, sendo capazes de expressar as suas preocupações e necessidades e de serem ativas

no seu tratamento e no seu cuidado leva a um maior grau de conformidade e resultados mais

positivos. Quando existem obstáculos financeiros ou de outra ordem que restrinjam o acesso

aos melhores cuidados possíveis, a busca de soluções conjunta entre crianças, famílias e

comunidades pode ter um efeito poderoso e inspirador. Envolver pessoas jovens com doenças

não transmissíveis nas equipes de cuidados da comunidade, ou como agentes de comunicação,

pode fazer uma grande diferença para outras pessoas que também tenham doenças não

transmissíveis. Testemunhar o que pode ser feito pode ser inspirador para as pessoas recém-

diagnosticadas ou preocupadas com a sua própria saúde. As instituições devem apoiar esse

envolvimento ativo das pessoas que possuem doenças não transmissíveis.

As comunidades devem assegurar que existam serviços e instalações para garantir que todas as

pessoas que têm doenças não transmissíveis exerçam um papel ativo nas suas comunidades

locais e não sejam excluídas.