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Varnhagen: Analise interpretativa do autor e Sua “História Geral do Brasil”. Uma
concepção acerca do Índio e da Identidade Nacional no século XIX.
Ailton silva dos Santos1
Bruna Ribeiro dos Santos2
Resumo
Varnhagen, influente pensador do século XIX, juntamente com sua concepção acerca do índio
e do negro, atravessou eras, e é impossível se estudar a historiografia brasileira sem beber
desse autor e sem se impressionar com sua visão histórica. Estudando sua obra e autores que
trabalharam com essa figura épica, procuramos apresentar seu pensamento e estudar suas
causas. Demonstrar sua importância para a historiografia nacional, analisando-o em seu
contexto, assim como problematizar sua relação de aversão ao gentio. Tendo em base suas
afirmativas em defesa de seu ideal colonizador, tirânico e português.
Palavras-Chave: Varnhagen, colonizador, índio.
1 Cursando Licenciatura em História, pela Faculdade Dom Pedro II- FJAV. E-mail: [email protected]. 2 Cursando Licenciatura em História, pela Faculdade Dom Pedro II – FJAV. E-mail: [email protected].
1 – Introdução: Varnhagen no tempo e espaço.
Nascido em São João de Ipanema (atual Sorocaba), São. Paulo, em 17 de fevereiro de
1816. Francisco Adolfo de Varnhagen foi um dos maiores historiadores brasileiros e um
grande intelectual de sua época. Tido como o Heródoto Brasileiro, ele influenciou o meio da
pesquisa histórica com seu método de procedência, em torno do que cabia a investigação de
documentos. Sua forma de estudar os acontecimentos, ao longo do tempo, de forma linear e
cronológica, difundindo a máxima de que “as ações humanas espalham as intenções de quem
as pratica” foi um marco para historiadores brasileiros recém-surgidos.
“-Ele pode ser considerado, de fato, o ‘Heródoto do Brasil’, pois foi o
iniciador da pesquisa metódica nos arquivos estrangeiros, onde encontrou e
elaborou inúmeros documentos relativos ao Brasil. Tendo morado sempre no
exterior, se sentia um exilado, dominado que sempre esteve pela saudade do
Brasil-”. (REIS, José Carlos, 1999, p.24).
Privilegia o estado e o estuda de forma isolada de forças econômicas e sociais. E tem
financiamento para suas pesquisas e publicações provindas do próprio D. Pedro II. Em sua
obra, que mesmo tida por muitos da atualidade e vários de sua época como uma concepção
racista que atesta a dominação portuguesa sobre o indígena e negro, conhecemos bem sua
aversão a essas duas etnias, ele foi o criador da “Grande História Brasileira”. Esse termo nos
causa calafrios após termos feito a leitura, mas o que nos vale aqui é avaliar sua escrita e
tentar nos projetar na época e personificar o homem a fim de compreender suas intenções a
partir da avaliação de trechos de sua obra.
Filho da portuguesa Maria Flávia de Sá Magalhães e de Friedrich Ludwig Wilhelm
Varnhagen, um engenheiro militar, surge na historiografia brasileira como um grande nome.
“-Foi um historiador oficial, um adulador dos poderosos e juiz severo das
revoltas populares. A história, para ele, é feita pelos grandes homens, por
reis, guerreiros e governadores, bispos e não pelos homens incultos. Foi à
Casa de Bragança que construiu o Brasil íntegro, uno e independente-”.
(REIS, José Carlos, 1999, p.32).
Deixa claro sua preferência portuguesa, lembremos que ele realizou todos os seus
estudos em Lisboa, cursando em um colégio militar e ingressando nas tropas de D. Pedro IV
contra D. Miguel nas guerras liberais, inicia sua grande obra “Historia Geral do Brasil” com
uma narrativa enfadonha e rebuscada da partida das naus portuguesas e citando figuras
ilustres a seu ver termina por narrar essa partida e travessia transatlântica e continua sua obra
mostrando aspectos e apresentando formas geográficas de nosso país, assim como fauna e
flora.
“-Geognosticamente consta a parte oriental deste território de altas serras,
em geral de formações primitivas, onde predomina o granito e mais rochas
congêneres. A ellas se arrimam pelo dorso Occidental os sandsteins e
itacolumites. Na parte central, sobre as águas do S. Francisco e do Tocantins,
abundam as rochas calcareas, que forne-cerão algum dia á industria humana
mármores de varias cores. Para as bandas do norte, nos extensos paramos re-
talhados pelas águas que vão ao Maranhão e a vários dos afluentes do
Amazonas, quasi tudo são formações cretosas e terrenos de alluvião-”.
(Varnhagen, 1953, p.90; tomo I).
Ainda sobre terras da America Portuguesa, o autor descreve o clima e vegetação típica
do clima tropical:
“-Nos logares mais altos, apenas crescem os sapés e outras gramineas, e
alguns lichens; e nesta vegetação termina a escalla thermometrica dos
differentes climas do nosso território. Apezar de tantas serras, cujos pincaros
parecem desafiar as nuvens, nenhuma ha que se vista de neves perpétuas, e
que se nos figure de longe a estampar sua alvura contra o fundo azul do
firmamento. Se as plantas do Brazil tem paridade com as do continente d'
África fronteiro, não succede assim com os amemaes: todos elles são
especiaes americanos, sem relação, em geral, com os da zona torrida nos
outros continentes, excepto na circunstancia de serem, como ali, mais
perfeitos do que os das zonas temperadas e frias. Os quadrúpedes longe estão
de poderem ser comparados em tamanho aos elefantes, hypopotamos
rhinocerentes do continente visinho. Em vez destes três pachydermes, a
America possuía, como animal mais corpulento, um pachyderme também,
proboscidio como o elefante, mas apenas do tamanho de uma zebra: era o
tapir, a que vulgarmente em virtude da dureza de seu couro chamam anta;
nome este com que os Europeos denominavam o bufalo, de que obtinham
producto análogo ao que veiu a preslar o animal americano-”. (Varnhagen,
1953, p.95; tomo I).
Em sua narrativa ele deixa transparecer o interesse latente em sua observação de
futuras áreas de exploração, com matérias primas favoráveis ao mercado português. Ferrenho
defensor dos interesses lusitanos, nascido e tendo crescido e estudado em meio às concepções
intelectuais desse contexto, não poderíamos esperar de Varnhagen, mais do que sua realidade
permitia que transparecesse, sendo um adepto da historiografia alemã e devoto da dinastia de
Bragança, o autor intenta construir a memória do país recém-independente, a partir de sua
“História Geral do Brazil”.
2 – Perspectivas acerca dos indígenas
Percebendo o Brasil como uma obra iluminada por Portugal, que só terá seu futuro e
desenvolvimento sob a tutela do branco católico liderada pela casa de Bragança, quando
falamos branco católico nos referimos à elite, ao o portador de títulos e meios comerciais,
para assim se chegar à civilização, a evolução e o progresso. E tendo os olhos posto no
continente a partir da caravela conquistadora logo percebemos o papel do indígena para a
sociedade vivida e vislumbrada pelo autor, desse continente que estava legado as sombras da
involução e da barbárie, que logo começa a estipular a não anterior ocupação indígena no
novo mundo.
“-Segundo os princípios admitidos pelos publicistas, não é possível
reconhecer que os nossos antigos índios, pouquíssimos proporcionalmente
em numero, eram os legítimos donos das terras, que, em vez de habitar,
percorriam nómandes, disfructando dellas em quanto não espantavam a caça,
ou em quanto com sua primitiva agricultura não haviam, ao cabo de uns
quatro annos em que seus tejupares ou ranchos haviam apodrecido, cançado
a terra, cujas matas primitivas ou virgens haviam derrubado-” (Varnhagen,
Discurso Preliminar, 1953, p.XVI; tomo II).
Tentando provar que a vida nômade dos indígenas atestava a não atribuição de posse
do território ocupado, uma não ocupação efetiva, tornando assim valida a natureza de quem
chegasse e tomasse posse poderia ter o usufruto. Nômades e também estrangeiros, atestam
isso apresentando uma ideia teórica de que o gentio seria provindo de terras além da America,
de algum lugar da Ásia Menor ou Egito.
Chegados aqui graças a sua marinha bem desenvolvida. Sim os índios não brotaram do
chão da nossa terra eles migraram de outro lugar de origem, mas não pequemos como
Varnhagen e nos dirijamos ao índio e sim a raça humana, seres migrantes que segundo teorias
teriam atravessado o Estreito de Bering saindo assim da África e se dirigindo a outras
paragens. Se eram esses humanos, aqui, afeitos índios, exímios construtores navais capazes de
atravessar águas tormentosas e salobras, sob chuva e todas as demais intempéries, com suas
canoas aqui utilizadas para navegarem rios, não sabemos. Apenas podemos concordar que não
é uma teoria de todo descartável, mas irrelevante no contexto estudado devido a sua natureza
improvável e muito legado à fantasia.
E tendo conquistado a costa brasileira implantaram aqui a indústria da mandioca e a
cultura do milho.
“-Para serem navegadores tiveram em seu favor as mesmas cheias do grande
rio, que lhes trazia boiando desde as cordilheiras do Peru, e lhes depunha nas
praias que lhes serviam de estaleiros grandes cedros; de modo que nem
tinham que cortal-os, nem que transportal-os. Assim são os Tupis os Jazões
de nossa mythologia, são os Fenicios da nossa historia antiga, são os nossos
invasores normandos em tempos bárbaros-“. (Varnhagen, 1953, p.106; tomo
I).
Continua a dissertar acerca do índio apresentando costumes e maneiras, sempre
enfatizando sua posição por meios de adjetivos como bárbaros e selvagens incapazes de
civilização. Sendo esse um pensamento geral no período em questão.
“-Quasi todos pintavam o corpo em fôrmas a capricho, com tinta negra tirada
da sapucaia, e a logares como na face e nos pés com um fino vermelho que
extra-hiam do urucú. Alguns sarjavam o corpo com riscos abertos com o
dente de cutia, instrumento que lhes servia de lanceta, quando sangravam.
Nessas sarjaduras, em quanto frescas , mettiam alguma côr que as tornasse
duráveis; e com ellas presavam-se de valentões, fazendo geralmente novos
riscos, depois de algum grande feito, que por esse meio perpetuavam no
corpo. Outros bandos furavam os beiços, principalmente o inferior, pondo no
buraco um grande botoque, pelo que foram pelos Europeos chamados
Botocudos-”. (Varnhagen, 1953, p.111; tomo I).
O que faltou ao autor foi uma avaliação de costumes e representações, essas que ele
não enxergava como cultura e como histórica, mas como suscitamos ele foi um claro filho de
seu tempo, e na época em questão o foco era dominar e pilhar riquezas para a metrópole,
ainda mais em tempos tortuosos. Discorrendo sobre os costumes dos gentios, Varnhagen não
deixa de falar da mulher índia e da divisão dos trabalhos e tarefas.
“-A divisão do trabalho, segundo os sexos, reduzia-se á seguinte. Os homens
aprestavam as armas, iam á guerra, assentavam e construíam as tabas ou
povoações e tratavam da caça, e da pesca, e de fazer a roça. As mulheres se
occupavam das sementeiras e plantações, fabricavam a farinha, e
preparavam as bebidas; carregavam nas transmigrações os fardos e as
crianças, faziam os utensílios cazeiros, e cuidavam das aves e animaes
criados em casa para regalo, os quaes nunca matavam para comer-“.
(Varnhagen, 1953, p.114; tomo I).
Na narrativa acerca dos costumes o autor peca em não dar um enfoque a didática, as
formas de ensinamentos e aprendizagem dos gentios. Ao pouco que ele se refere é de forma
sucinta e racista. Mas entendemos que ao molde pedagógico da época, tudo o que se
construía, no processo de ensino-aprendizagem, na tribo nada mais era que a propagação de
conceitos e características bárbaras e tribais.
As “gentes vagabundas” guerreavam constantemente entre si, caminhando sozinhos
para a própria destruição. E seguindo sua narrativa e interpretação em relação aos conflitos
entre as tribos o autor acaba por reduzir toda a miríade de tribos e etnias indígenas, com
dialetos e costumes diversos e diferentes a uma única raça, o Tupi.
“-Essas gentes vagabundas, que guerreando sempre povoavam o terreno que
hoje é do Brazil, eram segundo parece verdadeiras emanações de uma só
raça ou grande nação; isto é, procediam de uma origem commum, e falavam
todas dialectos ' da mesma lingua, que os primeiros colonos do Brazil
chamaram geral, e era a mais espalhada das principaes da America
Meridional-“. (Varnhagen, 1953, p.99; tomo I).
Comportou-se como nosso grande arqueólogo, nosso antropólogo de gabinete. Ao
buscar fundo uma origem histórica para o Brasil, com suas teorias e hipóteses diversas e
mesmo com lógicas que, para os dias de hoje, chegam a beirar o absurdo. Utilizou a
linguística para investigar e poder melhor compreender os “Tupis”. Classificando todos os
gentios em uma única raça devido a sua língua comum. Percebamos aqui que é muito fácil se
classificar toda uma diversidade cultural em aspectos diversos, com uma única palavra. Sobre
tudo quando você faz seus estudos no conforto de seu escritório sem sentir o solo entre os
dedos e vivenciando o dia a dia, e ouvindo o disse me disse do povo da terra.
“-Para Varnhagen, os tupis eram a grande nação que existia no Brasil antes
da chegada dos portugueses: O interesse demonstrado por Varnhagen em
relação à língua indígena deve ser entendido como um empenho em saber
como era o Brasil antes da chegada da civilização-”. (RODRIGUES, Kléber,
2011, p.6).
A providência divina chegou por meio dos jesuítas, para salvar a novo continente de
falsos deuses e dos costumes bárbaros, tornando possível a civilização. Mas o autor encara a
catequese ministrada pelos jesuítas, mesmo que necessária, uma pseudofilantropia, pois os
mesmos eram contra a escravidão dos gentios, o que era uma necessidade para o colonizador,
mas utilizavam de seu trabalho, escravo, para construção de templos e localidades que
desejassem, assim como cultivo de terras. “Assim taes rixas perpetuariam neste abençoado
solo a anarchia selvagem, ou viriam a deixal-o sem população, se a Providencia Divina não
tivesse accudido a dispor que o christianismo viesse ter mão a tão triste e degradante estado!”
(Varnhagen, 1953, p.107; tomo I)
Mesmo defendendo o discurso da não escravidão indígena se beneficiavam de seu
trabalho, e se constituíam assim como rivais do mercado colonial. Pois com a não utilização
da mão de obra indígena foi-se necessário à importação de escravos africanos. que acabaram
por se mostrar mais fortes, resistentes e trabalhadores que os indígenas, que segundo
Varnhagen eram vagabundos e preguiçosos, só que também mais caros, o que provocava o
aumento dos preços dos produtos, o que impossibilitava a competição comercial com os
jesuítas e seus preços.
“-Na conversão dos índios prestaram um grande serviço, na infância da
colonização, -animando os governadores a prosseguir sem escrúpulos o
sistema de os obrigar à força, em toda parte reconhecido como mais profícuo
para sujeitar o homem que desconhece o temor de Deus e a sujeição
de si mesmo pela Lei. – Entretanto, é lamentável que justamente se
apresentassem a sustentar o sistema contrário, quando tiveram fazendas que
granjear com o suor dos índios, ao passo que os moradores da terra,
comprando os escravos de África e arruinando-se com isso, não
poderiam competir com eles na cultura do açúcar, etc-“. (VARNHAGEN,
1953, p.141, tomo 4).
É clara a percepção, ao longo da leitura de sua obra, sua aversão a esse povo que
“Nem sequer mereciam o nome de bárbaros: eram selvagens, com o que explicamos a
condição social a que os philologos, independentemente da significação etymologica,
applicam essa palavra” (p.XVII), ele reduz assim o indígena a um estado inferior a barbárie,
ele é sim, um puro selvagem. Mandados e desmandados por déspotas tiranos que incitavam a
guerra por vingança, teria então o português sido um benfeitor benevolente que trouxe a
civilização a esse povo selvagem. Aculturação se torna misericórdia sobre o prisma de
Varnhagen. “Se percorrermos o sagrado texto, foi n’esse regimen de tribu que o innocente
Abel pereceu victima da inveja do irmão, que o velho Noé se viu escarnecido pela família, e
que as filhas de Loth pecaram incestuosamente” (p.XVII)
Valendo-se do apelo a religião, o autor demonstra a vida do selvagem envolta em
“pecado”, e que sua organização social em si representa o pecado, da sodomia por exemplo, e
sem nenhum valor cristão, relega ao lixo toda a crença dos gentios, descrendo e desprezando
o que eles acreditavam e usa de analogias pagãs para apresentar sua ideologia a seus pares,
demonstrando que “Talvez houvesse admitido que a raça humana abandonada a certo gráu de
barbárie e degradação, n’um ou n’outro districto, pode chegar a exterminar-se e a tragar-se a
si própria como os filhos de Saturno” (p.XVIII), como que apresentando que sem a mão
amiga do branco déspota a auto aniquilação era tudo o que os gentios teriam por fim.
“-Se eram porêm tam favorecidos nos dotes do corpo e nos sentidos, outro
tanto não succedia com os do espirito. Eram falsos e infiéis; inconstantes e
ingratos, e bastante desconfiados. Além de que desconheciam a virtude da
compaixão. Não tinham ideas algumas de sã moral; isto é, da que nasce dos
sentimentos do pudor e da sensibilidade, da moral que respeita o decoro e a
boa fé; e eram dotados de uma quasi estúpida brutalidade, e difíceis de
abalar-se de seu gênio fleugmatico-”. (Varnhagen, 1953, p.130-131; tomo I).
“E sem moral, sem admissão das virtudes, com a certeza do castigo dos vícios
oppostos a ellas, sem a sujeição das paixões do homem solitário em favor do gênero humano,
não há civilisação possível” (p.XIX). Para Varnhagen o que os indígenas viviam não era nem
a sombra de uma sociedade organizada, ele não via formas sociais, representações sociais ou
culturais naquele amontoado de gente nua e sem Deus.
“-Nos selvagens não existe o sublime desvelo, que chamamos patriotismo,
que não é lanlo o apego a um pedaço de terra, ou bairrismo (que nem sequer
elles como nômades tinham bairro seu), como um sentimento elevado que
nos impelle a sacrificar o bem estar e até a existência pelos compatriotas, ou
pela glória da pátria , com a só idéa de que a posteridade será grata á nossa
memória , e a ella adjudicará neste mundo a immortalidade,—que a fé
promette para nossas almas no outro-”. (Varnhagen, 1953, p.98-99; tomo I).
E ainda sobre os nossos nativos Varnhagen escrevia:
“-Não conheciam as delicias do amor da pátria, porque, nômades, pátria não
tinham; e a tão curtos horisontes limitavam suas idéas de nacionalidade que
pouco além passavam ellas do alcance do tiro de seus arcos. A satisfação de
contarmos maior número de indivíduos por compatriotas, de pertencermos a
uma família mais crescida, e de gloriarmo-nos com as acções illustres de
maior número de indivíduos por quem nos imaginamos representados, não
pode ser apreciada senão pelos povos que ja chegaram a certo gráu de
civilisação-”. (Varnhagen, 1953, p.103; tomo I).
Então era preciso opor a eles a civilização e Deus, “Não hesitamos em asseverar que
sem o emprego da força não era, nem é possível reduzir os selvagens; assim como não poderia
haver sociedade sem castigos para os delinquentes” (p.XIX), mesmo que pela força bruta,
imposta de forma déspota e cruel, naturalmente justificada pelo ‘bem maior’ dado a eles. “A
escravidão e a subordinação são o primeiro passo para a civilisação das nações: Disse, com
admirável philosofia e coragem, o virtuoso e sábio bispo brazileiro Azevedo Coutinho”
(p.XXI), era preciso escravizar, não só pela necessidade de mão de obra para a construção da
colônia, que virou império, mas para a absolvição, por partes dos gentios, de valores
sociáveis.
“-Assim longe de condemnarmos que se fizesse uso da coacção pela força
para civilisar os nossos Indios, estamos persuadidos que não era possível
haver empregado outro meio; e que delle havemos ter que lançar mão nós
mesmos, em proveito do paiz, que augmentará seus braços uteis, em favor da
dignidade humana, que se vexa em presença de tanta degradação, e até em
beneficio desses mesmos infelizes, que ainda quando nas nossas cidades
passassem à condição em que se acham os nossos Africanos, viviriam nellas
mais tranquillos e mais livres do que vivem, sempre horrorisados na sua
medonha liberdade dos bosques, temendo a cada momento ser apanhados e
trucidados por seus visinhos-” (Varnhagen, Discurso Preliminar, 1953,
p.XXI; tomo II).
Em seu texto fica claro o quanto o autor quer demonstrar a benéfica intervenção
portuguesa no mundo indígena, até no que se refere à escravidão, pois todos os meios
empregados pelo colonizador foram formas de tirar o indígena de seu estado inferior, a
barbárie, de destruição mútua e vida de pecados. “Sim: Acudamos, em quanto é tempo, a
esses infelizes, que se estão exterminando e devorando mutuamente, e que todos são nossos
parentes por Adão: procuremos-lhes o bem, apezar delles, que não sabem o que fazem”
(p.XXI), o índio é apresentado como uma criança ingênua e indefesa que precisa ser tutelada,
guiada pelo caminho dos valores e virtudes, e sua vida sem regras, desvirtuada e sem cristo
representa a perda de valores e uma nodoa que deve ser domesticada.
“-Como as substancias mais adjectas e mais revoltantes, são ainda
susceptíveis de certa degeneração, assim os vícios naturaes da humanidade
são ainda viciados no selvagem, que é ladrão, cruel, dissoluto; Para ser
criminossos, nós vencemos a nosso natural; o selvagem segue-o; tem do
crime o apetite, não os remorsos. E em quanto o filho mata o pai para
arrancal-o aos dissabores da velhice, a mulher destroe o fruto de seus brutos
amores para se poupar à fadiga de amamental-o. Arranca os cabellos
ensopados do sangue do inimigo vivo; atassalha-o, assa-o, e o devora,
cantando; e, se topa licores fortes, bebe até à embriaguez; até à febre, até à
morte, sem os temores que dá a razão, nem o asco que aparta os animaes
pelo próprio instinto-” (Varnhagen, Discurso Preliminar, 1953, p.XXIII;
tomo II).
Reduzindo os gentios a vãos vícios sórdidos e condutas deploráveis, Varnhagen os
coloca em um patamar ainda menos que a barbárie de antes, agora eles encontram-se em igual
status que os animais, um estado de irracionalidade, ou até de falta de sentimentos. Falta-lhes
humanidade, essas lhe depositadas pelo colonizador, que no ato de matar, exterminar,
escravizar, sem contar diversos outras condutas como exploração sexual, está sendo humano e
benevolente.
3 – Varnhagen e a Identidade Nacional
“Quereis saber o que é a nação brazileira? Olhae para o próprio brazão d’armas que a
symbolisa. Nelle vereis a esfera armillar, significando a origem da dynastia de Christo, que
representa por si só a historia da civilização do paiz” (p.XXV), para Varnhagen o Brasil era
português e o indígena não contribuía para a identidade nacional, não antes da guerra contra a
Holanda que foi o marco da identidade nacional, e mesmo assim para o autor ela serviu para
comprovar a superioridade dos portugueses não só contra os holandeses, mas sobre todas as
raças que habitavam esse lado do atlântico. A identidade brasileira estava nos brasões, em
cristo, mas e a selva, Tupã e a cultura e todas as suas manifestações existentes em
Pindorama? Eram conceitos a serem descartados quando da chegada da civilização.
“-Claro está que, se o elemento europeu é o que essencialmente constitue a
nacionalidade actual, e com mais razão (pela vinda de novos colonos da
Europa) constituirá a futura, é com esse elemento christão e civilizador que
principalmente devem andar abraçadas as antigas glorias da pátria, e, por
conseguinte a historia nacional-” (Varnhagen, Discurso Preliminar, 1953,
p.XXV; tomo II).
Vemos novamente que para o autor, o indígena não tem espaço na constituição de uma
história nacional, nem na vigente nem na futura. “Convem que todos estejamos persuadidos
que o nosso passado, o actual império mesmo interessará tanto mais ás outras nações
civilizadas e instruídas quanto mais longe podermos fazer remontar, não as fontes da nossa
história, mas os mythos de seus tempos heroicos, - mas as inspirações de sua poesia”
(p.XXVI), remontando esse passado heroico, cortam-se todo e qualquer vinculo com uma
possível história que esteja ligada ao ‘descobrimento’ da colônia. Mitos heroicos iria
fortalecer a nacionalidade, que, diga-se de passagem, não teria nada de nacional.
“-Os índios não eram donos do Brazil, nem lhes é applicavel como
selvagens o nome de Brasileiros; não podiam civilizar-se sem a presença da
força, da qual não se abusou tanto como se assoalha; e finalmente de modo
algum podem elles ser tomados para nossos guias no presente e no passado
em sentimentos de patriotismo ou em representação da nacionalidade-”
(Varnhagen, Discurso Preliminar, 1953, p.XXVIII; tomo II).
Bárbaros, sem pátria e sem uma cultura a ser valorizada. ‘Os índios não eram donos do
Brazil’ e nem lhes cabia o reconhecimento de habitantes transformadores do ambiente. Eram
peças, esperadas para serem usadas no xadrez do imperialismo despótico do colonizador.
Meros animais sem racionalidade, sentimentos ou pensamento relevante, pois lhe era
impossível à construção de uma identidade nacional a seus moldes. Varnhagen lhes tira a
terra, os modos, a cultura, a liberdade e ate os sentimentos. Tudo em nome de uma forma
bruta de dominação e usurpação em prol do poder, visão geral da época, difundida com
maestria por um de nossos maiores historiadores, o Heródoto brasileiro.
“-No essencial, a história do Brasil será a história de um ramo dos
portugueses, pois o português foi o conquistador e senhor, ele deu as
garantias morais e físicas ao Brasil. O português foi o inventor e moto
essencial do Brasil. Aventureiro, no Brasil, se sentiu livre da obediência ao
rei, sentiu que nada tinha acima de si, e avançou conquista do interior-”.
(REIS, José Carlos, 1999, p.26-27).
Sendo o colonizador o primeiro elemento brasileiro, o índio dono por direito de uso
fruto da localidade lhe cabe um status secundário e o negro, tirado a força de sua terra,
forçado a atravessar mares tormentosos sob péssimas condições de vida, cabia o status
terciário. O Negro, esse, pouco estudado por varnhagen, por se tratar de um elemento inútil
que em nada contribuiu para o país, ao contrario só subtraiu. O índio encarava o africano,
assim como ao português, como alienígenas, seres estranhos, assim como era essa a visão do
português acerca dos demais. O autor encara esses dois outros elementos como descartáveis
em todo o contexto em relação à identidade nacional. E mesmo se falando da guerra contra a
Holanda, que muitos autores, sobre tudo, Capistrano de Abreu, contrário as ideias de
Varnhagen, enxergam nesse acontecimento a marca da criação e do surgimento da identidade
nacional, Varnhagen encarou o fato como fortalecedor do status superior português, o Brasil
querendo ser pseudo puritano.
A colônia recém-independente ansiava por uma história dita como sua, e deseja se
impor e se mostrar como nação. Buscava uma cara brasileira e uma definição do que seria o
povo brasileiro. Que segundo o autor esse desejo estava claro, só se bastava olhar os brasões,
mas:
“-Essa transformação da sociedade colonial pode ser demonstrada com a
modificação ocorrida no significado da palavra brasileiro. Até o século
XVII, essa expressão designava o traficante de pau-brasil, o homem que sai
do reino para recolher e transportar aquela madeira para Lisboa. Como
frequentemente esse comércio era feito por pessoa desqualificadas, a palavra
brasileiro, originalmente, não era das mais elogiosas; mas, a partir do século
XVII, passou ela a ter o significado atual, de pessoa nascida no Brasil-“.
(MICHALANU, 1980, p.95).
Não era essa, a definição ansiada por Varnhagen para seu povo luso-brasileiro. Tendo
nascido no Brasil, mas ido morar e estudar em Portugal aos seis anos de idade retorna ao seu
amado país em 1940 e em 1941 entra para o IHGB (Instituto Histórico e Geográfico
Brasileiro), órgão criado pelo imperador e intelectuais da época com a missão de definir o
território, classificando cidades, rios e etc. E salvaguardar a memória nacional, difundindo os
mitos criadores e enaltecendo heróis da pátria.
“-O novo país precisava reconhecer-se geográfica e historicamente. O
projeto do IHGB era geográfico, teria a tarefa de situar as cidades, vilas, rios,
serras, portos, planícies; de conhecer e engrandecer a natureza brasileira, seu
céu, clima, matas riquezas minerais flora e fauna; de definir limites do
território. Histórico, deveria eternizar os fatos memoráveis da pátria e salvar
do esquecimento os nomes dos seus melhores filhos-”. (REIS, José Carlos,
1999, p.26).
Tendo logo seu nome repercutido entre as paredes dessa fundação do saber,
Varnhagen propagou seu ideal de Brasil, de nacionalidade e escreveu a “grande história”, sua
obra máxima ‘História Geral do Brasil’, em dois volumes respectivamente 1954-1957.
4 – Varnhagen x Capistrano de Abreu
Em meio às turbulentas transformações do sec. XIX variações e construções de
pensamentos diversos e a criação da concepção de uma identidade nacional, com o advento do
IHGB. João Capistrano Honório de Abreu surge na cena da historiografia nacional com uma
concepção do índio diferente da dominante na época. Nordestino natural de Maranguape
nasceu em 23 de outubro de 1853, fez rápida e varias passagens por escolas e teve toda a sua
formação feita no Brasil, 1889 vai para Recife onde se formar em humanidade e dois anos
depois regressa ao Ceará.
Dois grandes nomes da historiografia nacional, inseridos em contextos completamente
diferentes e com visões diferentes da realidade e da nossa tão buscada e aclamada identidade
nacional. Tendo em Capistrano a visão além da selvageria, e da barbárie atribuída aos povos
indígenas, ideia esta, atribuída por Varnhagen, Capistrano enxerga a cultura, e demonstra o
índio como agente transformador do ambiente, e salienta suas ações e invenções, e sua
capacidade criadora.
“-Tinham os sentidos mais apurados, e intensidade de observação da
natureza inconcebível para o homem civilizado. Não lhes faltava talento
artístico, revelado em produtos cerâmicos, traçados, pinturas de cuia,
máscaras, adornos, danças e musicas. Das suas lendas, que às vezes os
conservavam noites inteiras acordados e atentos, muito pouco sabemos: um
dos primeiros cuidados dos missionários consistia e consiste ainda em
apagá-las e substituí-las-”. (ABREU, 1907, p.52-53).
Admite sua característica cultural, assim como artística e vê em suas lendas e
conversas míticas perdidas a manifestação de um consciente, não histórico, mas legado a
fantasia da memória. Esse é um ponto em muito distante do pensamento de Varnhagen que
reduz o índio a um estado de selvageria inferior a dos animais, apresentando caráter
sodomicos e pecados nefastos que nem os animais viriam a cometer. Capistrano apresenta
outros caracteres da vida dos gentios que não eram de importância a estudos da época:
“-De caça e principalmente de pesca era composta sua alimentação animal.
Possuía agricultura incipiente, de mandioca, de milho, de várias frutas.
Como eram-lhes desconhecidos os metais , o fogo, produzido pelo atrito,
fazia quase todos os ofícios do ferro-”. (ABREU, Capistrano, 1907, p.52).
Em Capistrano vemos o gentio como agente ativo e não puramente passivo que precisa
ser tutelado. De inicio Capistrano bebe das considerações de Varnhagen, não atribuindo ao
índio a característica de ‘povo brasileiro’: “O povo brasileiro, começando pelo Oriente a
ocupação do território, concentrou-se principalmente na zona da mata, que lhe fornecia pau-
brasil, madeira de construção, terrenos próprios para cana, para fumo e, afinal, para café”.
(ABREU, Capistrano, 1907, p.50-51).
Mas ao decorrer de sua obra, e de sua investigação, sua concepção é alterada e ele
passa a valorizar os povos indígenas como agentes do meio e transformador. Capistrano viveu
em uma época de grandes transformações e turbulentos conflitos no meio intelectual, que
tinham como fim a concepção da criação de uma identidade nacional. Filho do ceará,
estudante puramente brasileiro, ele reconhece o indígena e o negro como agentes integrantes
do ‘povo brasileiro’, sua obra é impar e temos em sua critica e sarcasmo um melhor vislumbre
do oficio do historiador. E em seu texto, Capítulos da Historia colonial, temos uma melhor
visão dos elementos marginalizados por estudiosos da época, e o indígena é apresentado em
sua forma ativa e transformadora.
Ao confrontar o pensamento desses dois historiadores logo notamos diversas
dicotomias. Capistrano embriagou-se de Varnhagen em seus estudos, não tendo esse
pensamento libertário e igualitário, na sua concepção de povo do Brasil, em inicio. Seu marco
característico como pesquisador. Mas a observação do contexto de vida dessas duas figuras
históricas, seus momentos, meios de influência e por ultimo suas concepções, podemos
compreender o porquê de tão larga dicotomia de pensamento. Capistrano se constituiu a
antítese de seu igual.
5 - considerações finais
A forma rebuscada da escrita de Varnhagen pode vir a inibir o pesquisador que vá
realizar algum trabalho com ou sobre esse personagem. Pois ao longo das páginas de seu livro
vai se iluminando ainda mais a ideia de escultor das letras. Sua forma um tanto cruel e
despótica no trato aos que ele designa como “inferiores” sendo estes os índios e os negros
pode causar repulsa por muitos. Varnhagen molda assim suas fontes e fatos construindo o
mosaico histórico a sua maneira, da forma que satisfaça a ele e aos seus pares, ou seja, os que
comungam das mesmas ideias como a proposito do imperador é claro, sim, o imperador, pois
não há como compreendê-lo ou trabalhar com ele, sem ter em mente seu trato em relação ao
imperador.
Observemos em sua obra, sua escrita linear e puramente cronológica, descritivamente
enfadonha ao decorrer das linhas, acaba por pôr sombras no entendimento da leitura, por
anuviar as ideias e não me refiro aqui aos anos do livro ou a escrita da época, digo sim, que
ele não se fez um homem das letras que cria a vontade de ler no leitor. Sua escrita é fraca e
deixa muito a desejar.
Sua critica era dura e seus pensamentos negros e em certas passagens desprovidos de
humanidade. Foi grande sua pretensão em querer escrever a História Geral do Brasil, intento
esse, que deixa mais a desejar que sua escrita fraca.
Homem de poder e influente, nada lhe tirará o posto e a alcunha de Heródoto
brasileiro, pois apesar dos pesares sua contribuição para nossa concepção histórica e criação
histórica foram muitas.
Sua única linha de pensamento, sua forma cega de escrita nunca olhando de melhores
formas o seu objeto de estudo, mesmo que do seu escritório ou diversos arquivos e bibliotecas
que frequentou foi seu maior pecado.
Seu prisma de conquistador fez-se propagar uma densa nuvem de pensamentos turvos
da concepção intelectual. Que sua obra foi, e ainda é muito influente, isso é claro. Basta-nos
sempre termos em mente que ela também foi o reflexo de uma época. Foi um homem do seu
tempo histórico.
Devemos ter em mente ao ler e estudar Varnhagen que assim como todo historiador e
pessoa, ele era filho de seu tempo, e partilhava do pensamento generalizado em sua época, e
sua origem europeia cristaliza ainda mais sua forma de pensar e agir. Independente de seus
pensamentos hoje tidos como racistas e despóticos, ele foi um filho do seu tempo e um grande
nome da historiografia brasileira, desenvolvendo métodos e formas de proceder na pesquisa
histórica, no que diz respeito à pesquisa documental, que foram de muita importância para
esse ramo do conhecimento. Infelizmente o pensamento desse autor era fortemente difundido
na época. Duras eram suas criticas aos indígenas e aos negros, muito lhe doía atribuir uma
simples nota de rodapé em memória, mesmo que tirana, dessa turba miserável. E Varnhagen
existiu, viveu e morreu, como grande homem nobre, visconde, e aos indígenas uma ínfima
parte de seu território original é o que lhes resta. Se nem lhes atribuir como constituintes da
identidade nacional o autor atribuiu, de nada nos espantas eles, na época, não serem
considerados brasileiros.
Referencias:
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1907], Brasília: Conselho Editorial do Senado Federal, 1998.
BLOCH, March. Apologia da história, ou, O ofício de historiador; prefácio, tradução,
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MICHALANU, Douglas; RAMOS, Ciro de Moura; NETO, José de Nicola. História e
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RODRIGUES, Kleber. (2011), AS REPRESENTAÇÕES SOBRE OS INDÍGENAS
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REIS, José Carlos, As Identidades do Brasil: de Varnhagen a FHC, Rio de
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VARNHAGEN, Francisco Adolfo de. História Geral do Brasil. Tomo 1. 5ª ed. São Paulo:
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____________________________. História Geral do Brasil. Tomo 2. 5ª ed. São Paulo:
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____________________________. História Geral do Brasil. Tomo 4. 5ª ed. São Paulo:
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WEB
Analise do Discurso Fundante de Varhagem. Disponível em:
<http://www.webartigos.com/artigos/analise-do-discurso-fundante-de-varnhagen-no-brasil-
imperio/10718/> Acessado em: 29 agosto. 2012.