VARIAÇÕES DE VALORES DE 013C NAS FEZES, LEITE ESANGUE … · Centro de Energia Nuclear na...

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B. Indústr. anim., Nova Odessa, SP, 41 (Único) :183·192, 1984 VARIAÇÕES DE VALORES DE 013C NAS FEZES, LEITE E SANGUE DE VACAS EM LACTAÇÃO MANTlDAS EM PASTAGENS EXCLUSIVAS DE GRAMfNEAS OU CONSORCIADAS (1) (Variations of 0 13 C values in faeces,mllk and blood of lactating cows in grass-Iegumepastures) ANTONIO JOÃO LOURENÇO (2), EIICHI MATSUI (3) e IRINEU ARCAR O JÚNIOR (4) RESUMO: O experimento foi conduzido na Estação Experimental Central, do Instituto de Zootecnia, em Nova Odessa (SPI. durante o per íodo novembro 1980- abril 1981, e a deter- minação de isótopos naturais de carbono, através da espectrometria de massa realizada no Centro de Energia Nuclear na Agricultura - Piracicaba (SP). O trabalho visou avaliar, median- te determinação de 013C nas fezes, a proporção de leguminosa e gramínea na dieta ingerida por vacas em lactação mantidas em pastagens consorciadas. Visou também correlacionar os valores de o13C determinados nas fezes, leite e sangue dos mesmos animais. O experimento constou de duas fases: na fase I, as vacas foram estabuladas recebendo silagem de milho (C-4) e feno de soja-perene (C-3) para coleta de amostras de fezes, leite e sangue. Na fase 11, os tra- tamentos consistiram em quatro tipos de pasto: A) green panic (Panicum maximum Jacq., varo trichoglume CV. Petrie/ exclusivo; B) green panic consorciado com soja-perene (Neono- tonia wiqhtii}; C) setária (Setaria anceps Stapf. cv. kazungula) exclusiva; D) setária consor- ciada com soja-perene. Utilizaram-se quatro vacas em lactação por tratamento. Para avalia- ção qualitativa da forragem selecionada empregaram-se bovinos mestiços fistulados no esô- fago. Os resultados mostraram que: 1) Os valores de 013C encontrados nas fezes e no leite de vacas em lactação modificaram-se rapidamente nos três pri meiros dias após a mudança da alimentação com silagem de milho para feno de soja, enquanto no sangue a variabilidade foi pequena; 2) Os valores de 013C nas fezes, leite e sangue das vacas em lactação mantidas em pastos consorciados (gramínea + leguminosa) foram mais negativos do que os obtidos com os animais em pastos de gramínea exclusiva, demonstrando haver um consumo efetivo de soja- -perene pelas vacas mantidas nas pastagens consorciadas; 3) Houve maior consumo de SO!8- -perene pelas vacas em abril do que em janeiro, demonstrado através dos resultados de 0 1 C nas fezes dos animais; 4) Os coeficientes de correlação obtidos foram altamente significati- vos (P < 0,01) entre fezes e leite = 0,90, sangue e leite = 0,61, e significativos (P < 0,05) entre fezes e sangue = 0,48; 5) Os teores de protefna bruta da forragem disponível e da dieta selecionada nos pastos consorciados apresentaram-se mais elevados do que os obtidos nos pastos exclusivos, em razão da participação da leguminosa. INTRODUÇÃO Os bovinos em pastejo podem modificar rá- pida e substanciaimente a composição botânica de uma pastagem, principalmente quando consor- ciada, afetando sobremaneira a proporcionalidade entre as espécies. O pastejo seletivo tende a prejudicar as espé- cies mais palatáveis: por isso, o sistema de manejo é muito importante para a manutenção do equil í- brio entre gram ínea e leguminosa em pasto consor- ciado. A legum inosa adaptada às condições de solo e clima, e atendida adequadamente em suas exigêri- cias nutricionais, tem oportunidade de fixar o ni- trogênio atmosférico, transferindo-o para a gram í- nea, ou ainda através de um consumo direto pelos animais em pastejo, contribuir na melhoria da qua- lidade da dieta ingerida, principalmente durante o per íodo da "seca". STOBBS 9 encontrou, em diferentes épocas do ano, diferenças na ingestão de gramínea e legu- minosa por bovinos mantidos em pasto de Setaria anceps cv. Nandi, consorciada com Macroptilium atropurpureum cv. Siratro. Na primavera e parte inicial do verão, os bovinos consumiram pouca (1) Parte do Projeto I.Z.-0050. Recebido para publicação em 29 de marçode 1983. (2) Da Seção de Avaliação de Forragens, Divisão de Nutrição Animal e Pastagens. Bolsista do CNPq. (3) Da Divisão de Ciências Ambientais do Centro de Energia Nuclear na Agricultura (CENA), Piracicaba (SP). (4) Da Seção de Criação e Manejo de Gado de Leite, Divisão de Zootecnia de Bovinos Leiteiros. 183

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B. Indústr.anim., Nova Odessa, SP, 41 (Único) :183·192, 1984

VARIAÇÕES DE VALORES DE 013C NAS FEZES, LEITE E SANGUE DE VACASEM LACTAÇÃO MANTlDAS EM PASTAGENS EXCLUSIVAS DE GRAMfNEAS

OU CONSORCIADAS (1)(Variations of 013 C values in faeces,mllk and blood of lactating cows in grass-Iegumepastures)

ANTONIO JOÃO LOURENÇO (2), EIICHI MATSUI (3) e IRINEU ARCAR O JÚNIOR (4)

RESUMO: O experimento foi conduzido na Estação Experimental Central, do Instituto deZootecnia, em Nova Odessa (SPI. durante o per íodo novembro 1980- abril 1981, e a deter-minação de isótopos naturais de carbono, através da espectrometria de massa realizada noCentro de Energia Nuclear na Agricultura - Piracicaba (SP). O trabalho visou avaliar, median-

te determinação de 013C nas fezes, a proporção de leguminosa e gramínea na dieta ingerida

por vacas em lactação mantidas em pastagens consorciadas. Visou também correlacionar osvalores de o13C determinados nas fezes, leite e sangue dos mesmos animais. O experimento

constou de duas fases: na fase I, as vacas foram estabuladas recebendo silagem de milho (C-4)e feno de soja-perene (C-3) para coleta de amostras de fezes, leite e sangue. Na fase 11, os tra-

tamentos consistiram em quatro tipos de pasto: A) green panic (Panicum maximum Jacq.,varo trichoglume CV. Petrie/ exclusivo; B) green panic consorciado com soja-perene (Neono-tonia wiqhtii}; C) setária (Setaria anceps Stapf. cv. kazungula) exclusiva; D) setária consor-

ciada com soja-perene. Utilizaram-se quatro vacas em lactação por tratamento. Para avalia-

ção qualitativa da forragem selecionada empregaram-se bovinos mestiços fistulados no esô-fago. Os resultados mostraram que: 1) Os valores de 013C encontrados nas fezes e no leite

de vacas em lactação modificaram-se rapidamente nos três pri meiros dias após a mudança da

alimentação com silagem de milho para feno de soja, enquanto no sangue a variabilidade foipequena; 2) Os valores de 013C nas fezes, leite e sangue das vacas em lactação mantidas em

pastos consorciados (gramínea + leguminosa) foram mais negativos do que os obtidos com osanimais em pastos de gramínea exclusiva, demonstrando haver um consumo efetivo de soja-

-perene pelas vacas mantidas nas pastagens consorciadas; 3) Houve maior consumo de SO!8--perene pelas vacas em abril do que em janeiro, demonstrado através dos resultados de 01 Cnas fezes dos animais; 4) Os coeficientes de correlação obtidos foram altamente significati-vos (P < 0,01) entre fezes e leite = 0,90, sangue e leite = 0,61, e significativos (P < 0,05)entre fezes e sangue = 0,48; 5) Os teores de protefna bruta da forragem disponível e da dieta

selecionada nos pastos consorciados apresentaram-se mais elevados do que os obtidos nospastos exclusivos, em razão da participação da leguminosa.

INTRODUÇÃO

Os bovinos em pastejo podem modificar rá-pida e substanciaimente a composição botânica deuma pastagem, principalmente quando consor-ciada, afetando sobremaneira a proporcionalidadeentre as espécies.

O pastejo seletivo tende a prejudicar as espé-cies mais palatáveis: por isso, o sistema de manejoé muito importante para a manutenção do equil í-brio entre gram ínea e leguminosa em pasto consor-ciado.

A legum inosa adaptada às condições de soloe clima, e atendida adequadamente em suas exigêri-

cias nutricionais, tem oportunidade de fixar o ni-trogênio atmosférico, transferindo-o para a gram í-nea, ou ainda através de um consumo direto pelosanimais em pastejo, contribuir na melhoria da qua-lidade da dieta ingerida, principalmente durante oper íodo da "seca".

STOBBS9 encontrou, em diferentes épocasdo ano, diferenças na ingestão de gramínea e legu-minosa por bovinos mantidos em pasto de Setariaanceps cv. Nandi, consorciada com Macroptiliumatropurpureum cv. Siratro. Na primavera e parteinicial do verão, os bovinos consumiram pouca

(1) Parte do Projeto I.Z.-0050. Recebido para publicação em 29 de marçode 1983.

(2) Da Seção de Avaliação de Forragens, Divisão de Nutrição Animal e Pastagens. Bolsista do CNPq.(3) Da Divisão de Ciências Ambientais do Centro de Energia Nuclear na Agricultura (CENA), Piracicaba (SP).(4) Da Seção de Criação e Manejo de Gado de Leite, Divisão de Zootecnia de Bovinos Leiteiros.

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leguminosa (2-10% da dieta), enquanto no outonoa legum inosa constitu iu a maior parte da dieta(62-73%).

GARDENER2 relata que, em uma associa-ção de Sty/osanthes hamata com pastagem nativana Austrália, os bovinos selecionaram gramínea naépoca das chuvas (dezernbro-janelro}, rn'as no pe-ríodo da seca consumiram alta proporção de legu-minosa.

Através da utilização da diferença de o 13 Centre plantas C-3 (013C -28,0° /00) e G4(013C = -12,0%

0), é possível determinar asproporçõesde gramínea (C-4) e leguminosa (G3)presentes na dieta, avaliadas a partir da coleta defezes. Essa metodologia no estudo de seletividadede forragem por bovinos em pastagem consorciada

tem sido demonstrada como uma técnica perfeita-mente viável, proporcionando alta precisão e repre-sentatividade da dieta ingerida, sem alterar o hábi-to de pastejo dos bovinos (LUD LOW et alii",JONES et alii3 e LOURENÇO & MATSUI4).

MINSON et alii~ encontraram valores deo 13 C em leite e pêlos de herbívoros, modificadosem função do grupo fotossintético (G3 ou G4) daforragem consumida. No pêlo, houve necessidadede um maior espaço de tempo para ocorrer a alte-ração nos valores de 013 C, enquanto no leite, foimais rápida.

O objetivo do presente trabalho foi avaliar ograu de seletividade da dieta de vacas em lactaçãomantidas em pastos de gramínea e leguminosa,através de 013 C determinados nas fezes, leite esangue.

MATERIAL E M!:TODOS

O experimento foi conduzido na EstaçãoExperimental Central, do Instituto de Zootecnia,em Nova Odessa, durante o período novembro1980 - abril 1981, e a determinação de isótoposnatu rais de carbono através da espectrometria demassa foi feita no Centro de Energia Nuclear naAgricultura (CENA) em Piracicaba (SP).

Fase I

Na fase I, foram utilizadas três vacas leiteirasmestiças, com produção média diária de 10,Okg deleite, em duas ordenhas e apresentando-se em boascondições físicas. Durante um período de sete diasconsecutivos, essas vacas receberam diariamente si-lagem de milho à vontade no estábulo em cochosindividuais, período esse considerado como pré--experimental, visando a uma adaptação às condi-ções de estábulo e, principalmente, eliminar toda aalimentação anteriormente recebida.

A partir do oitavo dia, duas das três vacascomeçaram a receber exclusivamente feno de soja,sendo que a outra continuou recebendo silagem demilho. A quantidade de feno de soja-perene torne-cida foi 2,Okg/dia/1 OOkg de peso vivo.

Pela manhã, a partir do oitavo dia em que asvacas se encontravam no estábulo, correspondendoao primeiro dia do fornecimento do feno de soja,iniciou-se coleta das amostras de leite, sangue efezes, a qual se prolongou por dez dias consecuti-vos.

As vacas eram ordenhadas manualmente e,após uma homogeneização do leite, coletava-seuma amostra de aproximadamente 20ml. Essaamostra de leite, colocada em um vidro relógio,

.era levado à estufa a 650 C para secagem, por 72horas. A amostragem de fezes e sangue também erafeita no momento da ordenha.

A coleta das amostras do sangue foi feita naveia jugular e a das fezes, no reto das vacas, sendoposteriormente o material levado à estufa para se-cagem, em frascos de vidro.

Amostras da silagem de milho e do feno desoja-perene fornecidos às vacas nesta fase foram re-tiradas, secas a 650C, preparadas e enviadas junta-mente com as amostras de fezes, sangue e leite, aoCE NA, para as determ inações de o I 3 C.

Fase 11

A fase II foi realizada com vacas em lactaçãomantidas em pastos de gram íneas exclusivas ouconsorciadas com leguminosas.

A figura 1 ilustra a área experimental com27,2ha dividida em oito piquetes.

Estes pastos são objeto de outro trabalhoexperimental que tem como objetivo medir a pro-dução de leite, em gram íneas exclusivas adubadascom nitrogênio ou consorciadas com soja-perene,com os seguintes tratamentos:

1) Pasto de green panic {Panicum maximum. varo trichog/ume cv . Petrie} exclusivo fertilizado

com 50kg de nitrogênio/hectare/ano..,

2) Pasto de Setaria anceps cv. Kazungulaexclusivo fertilizado com 50kg de nitrogênio/hec-tare.

3) Pasto de green panic (Panicum maximumvaro trichoglume cv. Petrie) consorciado com soja--perene (Neonotonia wightii cv. Tinaroo).'-....

4) Pasto de Setaria enceps cv. Kazungulaconsorciado com soja-perene (Neonotonia wightiicv. Tlnaroo).

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Cada um desses tratamentos era represen-tado por dois piquetes conforme mostra a fi-gura 1.

As pastagens foram estabelecidas em fins de1977 e in ício de 1978. O manejo inicial foi feitovisando atingir boa proporção da legum inosa nospastos consorciados.

A adubação de manutenção de fósforo epotássio foi feita com adubadeira, a lanço e emcobertura nos pastos, sendo que os consorciadosreceberam mais os micronutrientes: molibdênio,cobre e zinco.

A fertilização nitrogenada (50kg N/ha) àbase de sulfato de amônio foi feita no final do pe-ríodo das "águas" nos pastos exclusivos.

O pastejo foi realizado, alternando-se o pe-ríodo de permanência dos animais nos pastos(lado A ou B) dentro do mesmo tratamento e deacordo com a disponibilidade de forragem.

estrado rnun ici pai

se tória+

soja -perene

green panic+

nitrogênio

Cada tratamento (tipo de pasto) era paste-jado por oito vacas mestiças em lactação, sendoque se utilizavam, para a amostragem de leite, san-gue e fezes, somente quatro animais.

O procedimento de coleta de amostra deleite, sangue e fezes dessas vacas em pastejo foi omesmo que o adotado na fase I.

As amostragens de leite, sangue e fezes fo-ram feitas a 22 de janeiro e 9 de abril de 1981.

Para fins de análise de variância, conside-rou-se como repetição cada vaca em lactação (4),sendo os tratamentos representados pela combi-nação tipo de pasto e época de amostragem .

Na amostragem para a avaliação de quanti-dade de matéria seca disponível e composição bo-tânica do pasto, utilizaram-se de duas barras decondu íte com 3m de comprimento, colocadassobre um suporte de ferro nas extremidades, deforma a proporcionar uma largura de O,3m. A

setória+

nitrogênio

g reen pa nic+

soja-perene

AIA2

'" A3 setório+

green panic nitrogênio

A4 +green panic soja-perene 3,Oho

setó r ia + '"o+ nitrogênio 3,Oha

c.-sojo-perene

o-

3,Oha Eo

3,Oha o

Fig.1- Croqui do área experimeltal - Local: Estação Experimental CentralInstituto de Zootecnia - Nova Odessa- SP

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área de cada amostra era então 0,30 x 3,00 == O,90m2• O número de amostras de cada pastoera proporcional ao tamanho do piquete, e o seutotal representava 0,05% do pasto. O corte da for' .ragem era feito manualmente com uma tesoura auma altura de aproximadamente 10cm da super-fície do solo.

A forragem verde de todas as amostras decada piquete era colocada num mesmo saco de pa-no, que era pesado em laboratório para avaliaçãoda disponibilidade de forragem no pasto. Da meta-de desse material, fazia-se a separação manual doscomponentes: green panic ou setária, soja-perene eplantas invasoras, visando à determinação da com-posição botânica do pasto. De cada um dos com-ponentes separados, era retirada um a amostra decerca de 200-3OOg para determ inação da matériaseca parcial (6S>C) e proteína bruta. A outra me-tade do material não separado em seus componen-tes era passado em uma picadeira, e conveniente-mente homogeneizada para tirar uma amostra de

200-300g, visando à determinação da matéria se-ca parcial e proteína bruta da forragem total dispo-nível.

Para a obtenção da matéria seca parcial, asamostras de forragem permaneciam em estufa a650C, por 48 horas. Após o processo da secagemparcial, a forragem era moída em moinho apro-priado, utilizando-se de uma peneira de 1mm.Posteriormente, as amostras eram enviadas ao La-boratório Central do Instituto de Zootecnia, paradeterminação da proteína bruta e matéria secaa 1050C.

Para a avaliação qualitativa da forragem se-lecionada, utilizaram-se quatro bovinos mestiços(5/8 europeu e 3/8 zebu) fistuladosno esôfago.Colhiam-se três amostras por piquete da dieta inqe-rida por bovinos fistulados no esôfago em três dias 'consecutivos, introduzindo-se para pastejo somen-te um animal por dia e por piquete. A metodolo-gia no procedimento da amostragem com os ani-mais de fístula de esôfago foi a mesma empregadapo LOURENÇO et alii ",

RESULTADOS E DISCUssAo

Fase I

O milho é uma gram ínea pertencente aogrupo fotossintético C-4, que, analisado na formade silagem, apresentou um valor de 613 C igual a

-12,50/00,

A soja-perene é uma leguminosa pertencenteao grupo fotossi ntético C-3, que utilizada nesta fa-se sob a forma de feno, registrou um valor 613 Cigual a -26,00/00,

A figura 2-A, B e C mostra os valores de613 C nas amostras de fezes, leite e sangue de vacasem lactação, alimentadas com silagem de milho oufeno de soja-perene durante dez dias consecutivos.

Os valores 61 3 C encontrados nas fezes e noleite das vacas que receberam feno de soja modifi-cararn-se rapidamente nos três primeiros dias,quando ocorreu a substituição da alimentação dasilagem de milho (C-4) pela do feno de soja (C-3),(Figura 2-A e B) enquanto para o sangue (Figu-ra 2-C), os valores de 613 C tiveram uma pequenavariabilidade (de -16,0 a -16,60

/0 o) com essa subs-tituição. A provável explicação para a pequena va-riação dos valores de 613 C no sangue, com a modi-ficação da fonte de alimento, é que os dez dias uti-lizados para a avaliação tenham sido insuficientes,em razão do processo de metabolismo. Sugere-seentão que nos próximos trabalhas onde se utilize osangue para medir o 613 C, os animais recebam aalimentação por um espaço de tempo superior aoque foi empregado.

Os valores de 613 C, obtidos no décimo diadas vacas em lactação alimentadas exclusivamentede feno de soja-perene, apresentaram os seguintesresultados, respectivamente para as fezes, leite esangue: -250/00; -22,00/00 e -16,60/00, Portan-to, os valores de 613 C encontrados nas fezes forammais negativos do que para o leite e para o sangue.

Fase 11

o quadro 1 mostra os valores médios de613 C nas fezes, leite e sangue das vacas em lacta-ção mantidas nos diferentes tipos de pastos.<,

As análises de variância para os. valores de61

3 C nas fezes, leite e sangue mostraram, atra-vés do teste F, que os tipos de pastos diferiramestatisticamente (P < 0,01) entre si.

Os resultados apresentados demonstraramque os valores de 613 C nas fezes, leite e sangue dasvacas em lactação mantidas nos pastos consorcia-dos foram mais negativos do que os obtidos comos animais dos pastos somente de gramínea, evi-denciando, dessa forma, uma participação da le-guminosa na dieta. Esses resultados estão coerentescom trabalhos de JONES et alii3, e LOURENÇO &MATSUI4, onde os valores de 613C tornaram-semais negativos quando ocorreu um aumento naproporção de leguminosas na dieta.

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-25-24-23

(/)Q) -22NQ)- - 21(/)

OC -20,.ç..J

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feno de soja-perene

2A

_, silogem de milho.•........._-----------

feno de soja-perene

28

/-- ..•.../ •.•.._ si lagem de milho~~~~ ~--~~~~

2C

feno de soja-perene

-----'-------- --- silagem de milho

12 22 32 412 52 612 712 82 9'2 102----- D j o s ------

Fig. 2- Valores de Sl3C nas amostras de fezes, leite e sangue de vacas em lactação,alimentadas com silagem de milho e feno de soja-perene durante IOdias

consecutivos.

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Para estimar o percentual de participação daleguminosa na dieta, procedeu-se da mesma formadescrita no trabalho de LOURENÇO et alii ". Asoja-perene participou com 49,1% no pasto de se-tária consorciada, enqu anto no de green panic essaparticipação foi 53,4% do total de forragem ingeri·da pelas vacas em lactação, no período experi-mental.

Os valores de 813 C nas fezes das vacas queestavam nos pastos de setária (·14,3%0) e dogreen panic (.15,1° /0 o) exclusivos apresentaramvalores um pouco mais negativos do que os obtidoscom a vaca alimentada com silagem de milho emestábulo (fase I). Esse acontecimento pode estarrelacionado com o provável consumo, pelas vacas,de leguminosas ou invasoras (grupo fotossintéticoC-3), que ccorreram espontaneamente nestes pas-tos (quadro 3).

Os valores de 813 C nas fezes, no leite e nosangue das vacas rnantidas nos pastos das gram i·neas (setária e green panic) exclusivos e fertilizadoscom sulfato de amônio não diferiram estatistica-mente entre si.

Os valores encontrados para (j 1 J C nas fezese no lei te mostraram a mesma tendência nos dite-rentes tipos de pasto estudados, enqu anto no san-gue, os valores obtidos foram menos negativos doque nas fezes e leite das vacas mantidas nas pasta-gens das gram (ncas exclusivas ou consorci adas.

O quadro 2 mostra os valores médios de813 C nas fezes, leite e sangue das vacas em lacta-ção em duas datas de amostragem. A análise esta-t ística revelou, através do teste F, um efeito signi-ficativo, onde os valores de 81 3 C foram mais nega-tivos na amostragem de abril que em janeiro, indi-cando, portanto, maior participação da leguminosana dieta, no início do per íodo da "seca". Essesresultados estão bastante coerentes com as infor-mações de ALCÂNTARA et alii ", utilizando mé-todo da observação visual, e de LOURENÇO etalii", empregando a técnica de fístula de esôfago emedidas das relações 13 C/I 2 C nas fezes, assimcomo os de STOBBS9

, que encontrou maior con-sumo de leguminosas pelos bovinos no outono quena primavera e verão.

Os coeficientes de correlação obtidos foramaltamente significativos (P < 0,01) entre fezes eleite = 0,90, sangue e leite = 0,61, e significati-vos (P < 0,05) entre fezes e sangue = 0,48.

O quadro 3 mostra a quantidade (matériaseca/hectare) de forragem dispon ível (gram meae legum inosa) e a composição botânica na ma-téria verde (porcentagem de setária ou green panic,porcentagem de soja-perene e de plantas invaso-ras) nos diferentes tipos de pastos.

Os pastos consorciados apresentaram menorquantidade disporuvel de gram (ne a, tanto da seta-ria como de green panic, comparados com os pas-tos exclusivos, mas no total de matéria seca porhectare, não houve diferença. A provável explica-ção para o acontecido é que as gram meas sofreramuma competição da leguminosa, reduzindo suasproduções de matéria seca além da maior preferên-cia pelos animais. A soja-perene nos pastos consor·ciados com a setária ou com o green panic encon-trava-se, por ocasião da realização desse trabalho,em proporções desejáveis, enquanto a representa-tividade de plantas invasoras na composição botâ-nica da forragem disponível nos diferentes tipos depasto era baixa (variando de 0,6 a 2,2%), comomostra o quadro 3.

Os dados de proteína bruta na matéria secaa 1050C da forragem dispon ível das gram íneas (se-tária e green panic) e da leguminosa (soja-perene) eda dieta selecionada pelos bovinos com fístula deesôfago (que foram introduzidos nos piquetes so-mente nos dias de amostragens) são apresentadosno quadro 4.05 teores de prote ína bruta da forra-gem disponível e da dieta selecionada nos pastosconsorciados apresentaram um percentual maiselevado do que os obtidos nos pastos exclusivos,em razão da participação da legum inosa.

Observa-se também que as gram rneas (se-tária e green panic). quando nos pastos consor-ciados, apresentaram aproximadamente uma uni-dade a mais de proteína bruta do que nos pastosexclusivos. Isso significa que a presença da legumi-nosa no pasto contri bu iu para a elevação do teorde proteína da gram ínea, através do enriquecimen-to de nitrogênio do solo, pela fixação biológica,além de melhorar a qualidade da dieta pelo pró-prio consumo da leguminosa.

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QUADRO 1. Valores médios de o 13 C nas fezes, leite e sangue das vacas em lactaçãomantidas em diferentes tipos de pasto

Tipo de pasto Fezes Leite Sangue

Setária + nitrogênio -14,3 b -14,2 b -12,2 b

Setária + soja-perene -19,0 a -19,5 a -15,9 a

Green panic + nitrogênio -15,1 b -16,0 b -12,8 b

Green panic + soja-perene -19,5 a -20,56 a -15,8 a

F 49,32** 44,27* * 33,28*'d.m.s. (5%, Tukey) 1,47 1,84 1,32s 2,66 3,01 1,98C.V. (%) 15,65 17,14 13,98

QUADRO 2. Valores médios o 13 C nas fezes, leite e sangue das vacas em lactação,em duas datas de amostragem

)

o 13 C o /0 o

Data de amostragem Fezes Leite Sangue----"-_._----

22/01/81 -18,30 -19,05 -15,2409/04/81 -20,22 -21,01 16,42

F 9,89** 6,36* 3,74

s 1,63 2,00 1,26

C.V. (%) 8,46 9,98 7,96

189

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QUADRO 3. Forragem disponível e composição botânica de pastos exclusivos e consorciados ~:lo-c'

~••:l3'

Forragem dispon ível Composição botânica - Matéria Verde

Tipo de pasto Gramínea Soja-perene Total Gramínea Soja-perene Plantasinvasoras

kg M.S./ha %

Setária exclusiva 1.119 - 1.119 98,5 - 1,5

Setária + soja-perene 680 397 1.067 64,6 34,8 0,6

Green panic exclusivo 1.080 - 1.080 97,9 - 2,1

Green panic + soja-perene 705 279 984 70,9 26,9 2,2

zo~Oc.'"~Ol

(J)

-"~...c':lõ'SCXl

~co

_I'..)

stOCXl~QUADRO 4. Proteína bruta na matéria seca (1050C) da forragem total disponível, das gramíneas (setária e green panic). da leguminosa

e da dieta selecionada pelos bovinos'

Tipo de pasto Forragem total Gramíneadisponível

%<;

Setária exclusiva 6,53 6,38

Setária com soja-perene 9,42 7,44

Green panic exclusivo 6,54 6,44

Green panic com soja-perene 10,62 7,86

Soja-perene Dietaselecionada

10,27

14,49 11,31

9,68

15,14 12,19

• Valores médios de seis avaliações da forragem dispon ível no pasto e da forragem selecionada (dieta) feita por bovinos com fístula de esôfago, em diferentesdatas.

"

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B. Indústr. anim., Nova Odessa, SP, 41(Único):183-192, 1984

CONCLUSOES

1. Os valores de 01 3 C encontrados nas fezese no leite de vacas em lactação modificaram-serapidamente nos três primei ros dias após a mudan-ça da alimentação com silagem de milho (C-4)para feno de soja (C-3), enquanto no sanque avariabilidade foi pequena;

2. Os valores de 01 3 C nas fezes, leite e san-gue das vacas em lactação mantidas em pastosconsorciados (gram ínea + leguminosa) foram maisnegativos do que os obtidos com os animais empastos de gram ínea exclusiva, demonstrando haverum consumo efetivo de soja-perene pelas vacasmantidas nas pastagens consorciadas;

3. Houve maior consumo de soja-perene pe-las vacas durante o mês de abril do que em janeiro,demonstrado através dos resultados de 013 C nasfezes dos animais;

4. Os coeficientes de correlação obtidos fo-ram altamente significativos (P < 0,01) entre fe-zes e leite = 0,90, sangue e leite = 0,61 e, signifi-cativos (P < 0,05) entre fezes e sangue = 0,48;

5. Os teores de proteína bruta da forragemdisponível e da dieta selecionada nos pastos con-sorciados apresentaram-se mais elevados do que osobtidos nos pastos exclusivos, em razão da partici-pação da leguminosa.

SUMMARY: The trial was carried out at the Estação Experimental Central of the Instituto deZootecnia, in Nova Odessa, State of São Paulo, Brazil. The ratio of natural t 2C and t 3C

isotopes in the feed, faeces, milk and blood of lactating cows were determined in the Centrode Energia Nuclear na Agricultura - Piracicaba, State of São Paulo. Using this technics it was

evaluated the proportion of C-3 species (tropical legumes) and C-4 species (tropical grasses)selected by lactating cows grazing grass-Iegume pastures and the correlation of the 1)13C

values determined in the faeces, milk and blood. The work was carried out in two steps : step I- lactating cow were penned and fed corn silage alone or perennial soybean hay substitutingfor corn silage; step II - the lactating cows were mantained in different pasture treatments as

follows: A) green panic with nitrogen fertilization; B) green panic mixed with perennialsoybean; C) setaria cv. Kazunyula with nitrogen fertilization; D) setaria cv. Kazungula mixed

with perennial soybean. The results showed that: 1) The O'~C values in the faeces and in themil k of the penned lactating cows decreased quickly in the first three days after changing cornsilage by perennial soybean hav. while 'rad less variation in the blood; 2) The 013C values in

the faeces, milk and blood of lactating cows grazing grass-Iegume pastures were more negative

than those of the cows grazing grass alone, demonstrating to have an effective intake of

perennial soybean by the cows grazing the mixed pasture; 3) There was more intake ofperennial soybean by the cows during April (autmn) than January (surnrner). This was showedby the results of the 013C values in the faeces; 4) The correlation coefficients were highlysignificative (P < 0.01) between faeces and milk = 0.90, blood and mil k = 0.61, and signifi-cative (P < 0.05) between faeces and blood = 0.48; 5) The crude protein contents either of

the forage available 01' the diet selected by esophageal fistulated stee~ were higher in thegrass-Iegume pastures than in the single grass pastures.

AGRADECIMENTOS

Ao Estatístico Antonio Álvaro Duarte de Oliveira, pela colaboração prestada nas análises devariância;

Ao Zootecnista Édson Gonçalves, e ao Auxiliar de Engenheiro Agrônomo Carlos Eduardo CostaMaria, pela expressiva colaboração, nas atividades de campo.

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B. Indústr. anirn., Nova Odessa,SP,41(Único):183-192, 1984

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