Variacao linguistica

19
VARIAÇÃO LINGUÍSTICA

Transcript of Variacao linguistica

VARIAÇÃO

LINGUÍSTICA

Português repleto de

diferenças:

• os menino folgado;

• os meninos folgados;

• feliz: e aberto (é); z com som de ch; e

como i e o z como ch; e fechado e o z

com som de s;

• você pode ser pronunciada com todas as

suas letras ou como ocê e até mesmo cê.

Tipos de questão sobre

variantes nos

vestibulares e no Enem

I. Tradução intralinguística:

Exemplo (questão adaptada da publicação Vestibular Unicamp, Língua Portuguesa. São Paulo: Globo, 1993. p. 39-40):

Os trechos que seguem mostram que certas construções típicas do português falado, consideradas incorretas pelas gramaticas normativas da língua, já estão sendo utilizadas na modalidade escrita:

a) Concentre sua atenção nas matérias que você tem maior dificuldade...

(Fovest, 03.01.89)

b) Uma casa, onde na frente funcionava um bar, foi totalmente destruída por um incêndio, na madrugada de ontem.

(O Liberal, Belém, 27.09.89)

Reescreva as frases de modo a adequar as marcas típicas da linguagem oral às exigências da gramática normativa.

a) Concentre sua atenção nas matérias em

que (ou nas quais) você tem mais

dificuldade.

b) Uma casa, em cuja frente (na frente da

qual) funcionava um bar, foi totalmente

destruída por um incêndio na madrugada

de ontem.

II. A variante linguística como

“indicador de identidade”

De domingo, de noite, lá em casa nói

manja uma bela pizza de alice, de

escarola ou napolitana, sempre com un

buon vino.

MACHADO, Antônio de

Alcântara. Novelas paulistanas:

Brás, Bexiga e Barra Funda.

– O doutor...

– Eu não sou doutor, Senhor Melli.

– Parlo assim para facilitar. Non é para

ofender. Primo o doutor pense bem. E poi

me dê a sua resposta. Domani, dopo

domani, na outra semana, quando quiser,

lo resto à sua disposição. Ma pense bem!

III. Variante como caricatura

– Como você analisa a vitória do seu

time?

– Futebol é uma caixinha de surpresa:

o adversário tava cascateando vantagem

antes da partida, a torcida deles já

estourando as champanha, aí nós na

manha e na mutreta cortô a crista deles.

UNICAMP

Você habitualmente usa e

reconhece vários níveis de linguagem,

associados a diferentes falantes, estilos ou

contextos. Você sabe também que às

vezes o falante utiliza um estilo que não é o

seu, para produzir efeitos específicos, que é

o que faz o maestro Júlio Medaglia na carta

abaixo:

MASSA! Pô, Erundina, massa! Agora que o maneiro Cazuza virou nome num pedaço aqui na Sampa, quem sabe tu te anima e acha aí um point pra botá o nome de Madalena Tagliaferro, Cláudio Santoro, Jaques Klein, Edoardo de Guarnieri, Guiomar Novaes, João de Souza Lima, Armando Belardi e Radamés Gnattali. Esses caras não foi cruner de banda a la “Trogloditas do Sucesso”, mas se a tua moçada não manjar quem eles foi, dá um look aí na Enciclopédia Britânica ou no Groves International e tu vai sacá que o astral do século 20 musical deve muito a eles.

c) O texto contém uma crítica

implícita. Qual é e a quem é dirigida?

Primeiro contra a então prefeita de São

Paulo, Luíza Erundina, que, tendo

homenageado Cazuza (músico admirado pelos

falantes dessa variedade linguística que o

maestro está arremedando), deveria também,

segundo o autor, ter homenageado artistas

notáveis da música brasileira. Mas a crítica é

endereçada também aos jovens roqueiros

(admiradores de Cazuza e falantes da

variedade simulada pelo maestro).

Depreende-se claramente que o maestro

Júlio Medaglia está vestindo a máscara de

um falante dessa variedade não para

identificar-se com eles, mas para

debochar. Isso se percebe claramente por

certos exageros escolhidos para

demonstrar desconhecimento de normas

elementares da língua padrão.

IV. Variantes linguísticas e recursos argumentativos

Essa história aconteceu

Pros lados do Pantanal

Um estouro de elefantes

Correndo que era um displante

Do fogo num capinzal

O estouro foi tamanho

Que os tigres acharam estranho

E largaram a desembestar

No caminho os rinocerontes

Parece que foi ontem

Correram pra me chifrar

Ligeira saltei de banda

Quando vi um urso panda

Mascando meu bambuzal

Lhe ensinei uma lição

E espero que você aprenda

Fui mordida por leão

E nem foi o Imposto de Renda

O bicho corria solto

Na beirada da lagoa

Quando vi a moita mexer

Atirei! Era leoa

Meus amigos

Eu vou-me embora

Já cansei de prosear

No finzinho a saideira:

Minha terra tem toupeira

Texugo e pavão grená.

A Associação “In Natura” de consciência

ecológica vem a público perguntar aos

secretários de educação e às editoras: por que

é que os animais brasileiros não têm espaço nas

enciclopédias e livros escolares? Até quando

nossas crianças vão conhecer mais o elefante

que o tatu? Saber mais do urso que do

tamanduá? Dá vontade de mandar os

responsáveis pentear macaco. Naturalmente

um mico-leão, se é que se encontra um por aí.

Na construção de seu texto, você usou traços

típicos de uma variante linguística do

Português tida como depreciada: o dialeto

caipira. Que resultados você tinha em mente

ao fazer essa escolha?

“Primeiro, busquei uma forma bem-humorada de espelhar uma situação que já é irônica por si: no Brasil – terra de fauna riquíssima e variada – as pessoas sabem mais sobre a fauna da África e da Austrália do que sobre a própria fauna brasileira. Simplesmente há uma carência absoluta de informação em nossos livros. Procurei, então, criar uma historinha onde houvesse um contraste de situação que gerasse curiosidade, incômodo e, se possível, também simpatia.

Para essa historinha refletir o que eu pretendia,

precisei buscar um referencial conhecido e

reconhecido como amostra de brasileirismo. A

linguagem/dialeto caipira foi perfeita. Alguém

ia declamar um ‘causo’ fantasioso, típico dos

relatos caipiras, onde o cenário seria o

Pantanal. A pimenta nesse tempero seria que os

personagens – os animais, no caso – são todos

africanos. E aí nasceu o ‘spot’ Elefantes no

Pantanal”.