V16N5_online_03-PT

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A RTIGO O NLINE * Dental Press J Orthod 43 2011 Sept-Oct;16(5):43-5 * Acesse www.dentalpress.com.br/revistas para ler o artigo na íntegra. Recidiva do apinhamento anterossuperior nas más oclusões de Classe I e Classe II tratadas ortodonticamente sem extrações Willian J. G. Guirro**, Karina Maria Salvatore de Freitas***, Marcos Roberto de Freitas****, José Fernando Castanha Henriques****, Guilherme Janson*****, Luiz Filiphe Gonçalves Canuto****** Objetivo: o presente estudo objetivou comparar retrospectivamente a estabilidade pós-contenção do alinhamento dos incisivos anterossuperiores em pacientes Classe I e Classe II. Métodos: a amos- tra consistiu de 38 pacientes de ambos os sexos, tratados sem extrações e com mecânica Edgewise, divididos em dois grupos — Grupo 1, constituído por 19 pacientes, com idade inicial média de 13,06 anos, portadores da má oclusão de Classe I com apinhamento anterossuperior inicial maior que 3mm; Grupo 2, constituído por 19 pacientes, com idade inicial de 12,54 anos, portadores da má oclusão de Classe II e, também, com apinhamento anterossuperior inicial maior que 3mm. Foram medidos nos modelos de estudo, das fases pré- e pós-tratamento e pós-contenção, o índice de irregularidade de Little, as distâncias intercaninos e entre os primeiros e segundos pré-molares, a distância intermolares e o comprimento da arcada superior. Para a comparação intragrupo nos 3 tempos de avaliação, utilizou-se os testes ANOVA e Tukey. A comparação intergrupos foi realizada pelo teste t independente. Para verificação da presença de correlação, utilizou-se o teste de cor- relação de Pearson. Resultados: os resultados evidenciaram maior estabilidade do tratamento no grupo 2 (Classe II), pois, durante o período pós-contenção, foi observada recidiva do apinhamento dos dentes anterossuperiores menor no grupo 2 (0,80mm) do que no grupo 1 (1,67mm). Conclu- são: concluiu-se que o tratamento do apinhamento dos dentes anterossuperiores é mais estável na má oclusão de Classe II do que na má oclusão de Classe I. Resumo Palavras-chave: Recidiva. Apinhamento anterossuperior. Estabilidade pós-tratamento. ** Mestre em Ortodontia pela Faculdade de Odontologia de Bauru, Universidade de São Paulo. *** Mestre e Doutora em Ortodontia pela Faculdade de Odontologia de Bauru, Universidade de São Paulo. Coordenadora do Mestrado em Odontologia, área de concentração Ortodontia, da Faculdade Ingá, Maringá/PR. **** Professor Titular da Disciplina de Ortodontia da Faculdade de Odontologia de Bauru, Universidade de São Paulo. ***** Titular da Disciplina de Ortodontia da Faculdade de Odontologia de Bauru, Universidade de São Paulo. ****** Mestre e Doutor em Ortodontia pela Faculdade de Odontologia de Bauru, Universidade de São Paulo. Como citar este artigo: Guirro WJG, Freitas KMS, Freitas MR, Henriques JFC, Janson G, Canuto LFG. Recidiva do apinhamento anterossuperior nas más oclusões de Classe I e Classe II tratadas ortodonticamente sem extrações. Dental Press J Orthod. 2011 Sept-Oct;16(5):43-5. » Os autores declaram não ter interesses associativos, comerciais, de proprie- dade ou financeiros que representem conflito de interesse, nos produtos e companhias descritos nesse artigo.

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Willian J. g. guirro**, karina maria salvatore de freitas***, marcos roberto de freitas****, José fernando Castanha Henriques****, guilherme Janson*****, luiz filiphe gonçalves Canuto****** Palavras-chave: Recidiva. Apinhamento anterossuperior. Estabilidade pós-tratamento. Dental Press J Orthod 43 2011 Sept-Oct;16(5):43-5 * acesse www.dentalpress.com.br/revistas para ler o artigo na íntegra.

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a r t i g o o n l i n E *

Dental Press J Orthod 43 2011 Sept-Oct;16(5):43-5

* acesse www.dentalpress.com.br/revistas para ler o artigo na íntegra.

recidiva do apinhamento anterossuperior nas más oclusões de Classe i e Classe ii tratadas ortodonticamente sem extrações

Willian J. g. guirro**, karina maria salvatore de freitas***, marcos roberto de freitas****, José fernando Castanha Henriques****, guilherme Janson*****, luiz filiphe gonçalves Canuto******

Objetivo: o presente estudo objetivou comparar retrospectivamente a estabilidade pós-contenção do alinhamento dos incisivos anterossuperiores em pacientes Classe I e Classe II. métodos: a amos-tra consistiu de 38 pacientes de ambos os sexos, tratados sem extrações e com mecânica Edgewise, divididos em dois grupos — Grupo 1, constituído por 19 pacientes, com idade inicial média de 13,06 anos, portadores da má oclusão de Classe I com apinhamento anterossuperior inicial maior que 3mm; Grupo 2, constituído por 19 pacientes, com idade inicial de 12,54 anos, portadores da má oclusão de Classe II e, também, com apinhamento anterossuperior inicial maior que 3mm. Foram medidos nos modelos de estudo, das fases pré- e pós-tratamento e pós-contenção, o índice de irregularidade de Little, as distâncias intercaninos e entre os primeiros e segundos pré-molares, a distância intermolares e o comprimento da arcada superior. Para a comparação intragrupo nos 3 tempos de avaliação, utilizou-se os testes ANOVA e Tukey. A comparação intergrupos foi realizada pelo teste t independente. Para verificação da presença de correlação, utilizou-se o teste de cor-relação de Pearson. Resultados: os resultados evidenciaram maior estabilidade do tratamento no grupo 2 (Classe II), pois, durante o período pós-contenção, foi observada recidiva do apinhamento dos dentes anterossuperiores menor no grupo 2 (0,80mm) do que no grupo 1 (1,67mm). conclu-são: concluiu-se que o tratamento do apinhamento dos dentes anterossuperiores é mais estável na má oclusão de Classe II do que na má oclusão de Classe I.

Resumo

Palavras-chave: Recidiva. Apinhamento anterossuperior. Estabilidade pós-tratamento.

** Mestre em Ortodontia pela Faculdade de Odontologia de Bauru, Universidade de São Paulo. *** Mestre e Doutora em Ortodontia pela Faculdade de Odontologia de Bauru, Universidade de São Paulo. Coordenadora do Mestrado em Odontologia,

área de concentração Ortodontia, da Faculdade Ingá, Maringá/PR. **** Professor Titular da Disciplina de Ortodontia da Faculdade de Odontologia de Bauru, Universidade de São Paulo. ***** Titular da Disciplina de Ortodontia da Faculdade de Odontologia de Bauru, Universidade de São Paulo. ****** Mestre e Doutor em Ortodontia pela Faculdade de Odontologia de Bauru, Universidade de São Paulo.

Como citar este artigo: Guirro WJG, Freitas KMS, Freitas MR, Henriques JFC, Janson G, Canuto LFG. Recidiva do apinhamento anterossuperior nas más oclusões de Classe I e Classe II tratadas ortodonticamente sem extrações. Dental Press J Orthod. 2011 Sept-Oct;16(5):43-5.

» Os autores declaram não ter interesses associativos, comerciais, de proprie-dade ou financeiros que representem conflito de interesse, nos produtos e companhias descritos nesse artigo.

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Recidiva do apinhamento anterossuperior nas más oclusões de Classe I e Classe II tratadas ortodonticamente sem extrações

Questões aos autores

1) Baseados nos achados do artigo, vocês indicariam protocolos diferentes, quanto à contenção, em má oclusões de classes i e ii?

Teoricamente, como o tratamento das más oclusões de Classe II apresentou-se menos está-vel em longo prazo, a adoção de um protocolo de contenção mais rígido (prolongar o tempo de contenção removível ou fixa) apresentaria indi-cação nesses casos. Entretanto, observamos que a diferença entre os grupos em relação à quan-tidade de recidiva do apinhamento anterossu-perior foi de 0,87mm: em termos clínicos, uma diferença que tende a ser pouco significativa. O clínico deve ter em mente que, indiferente-mente do tipo de má oclusão inicial, a adoção de protocolos mais restritos de contenção será, na maioria das situações, favorável à estabilida-de em longo prazo dos tratamentos. O paciente

maior ou igual a 3mm, segundo Little1. A amos-tra foi dividida em dois grupos, de acordo com a má oclusão inicial, ou seja: Grupo 1 – pacientes Classe I de Angle; e Grupo 2 – Classe II de An-gle. O tempo médio de avaliação pós-contenção foi de 8,6 anos para o Grupo 1 e 8,04 anos para o Grupo 2. As variáveis avaliadas foram: Índice de irregularidade de Little (modificado); distân-cias intercaninos, interpré-molares, intermolares e comprimento da arcada superior. Os resultados demonstraram maior estabilidade do tratamento da má oclusão de Classe II, haja vista que, durante o período pós-contenção, ocorreu maior recidi-va do apinhamento anterossuperior nos pacien-tes que inicialmente apresentavam má oclusão de Classe I. Com os resultados obtidos, pôde-se concluir que a má oclusão de Classe I tratada sem extração é mais recidivante do que a de Classe II, quando se avalia o apinhamento anterossuperior.

Resumo do editor Dentre as metas a serem alcançadas com a re-

alização do tratamento ortodôntico, a estabilidade talvez seja a mais difícil de ser obtida. A literatura mundial tem se dedicado muito na tentativa de desvendar a etiologia da recidiva do tratamento ortodôntico do apinhamento anteroinferior; en-tretanto, pouca atenção tem sido dada ao apinha-mento anterossuperior. Baseados nessa premissa, os autores do presente trabalho tiveram como ob-jetivo avaliar a recidiva do apinhamento anteros-superior em casos de má oclusão de Classes I e II tratados ortodonticamente sem extrações. Para tal, utilizou-se amostra de 48 documentações orto-dônticas de pacientes tratados sem extrações que apresentavam, inicialmente, más oclusões de Clas-se I ou Classe II. Todos os pacientes foram tratados com aparelho fixo e mecânica Edgewise e tinham, inicialmente, uma irregularidade anterossuperior

que apresenta má oclusão de Classe II também deve ser orientado sobre a importância de sua colaboração quanto ao uso das contenções, de-vido à maior tendência de recidiva.

2) O fato de ter havido maior índice de irre-gularidade de Little do Grupo 1 (classe i) ao final de tratamento não pode estar relacio-nado com os resultados finais conseguidos? Ou seja, casos melhor finalizados teriam me-nor tendência à recidiva?

Acreditamos que não. A relação entre “quali-dade de finalização versus recidiva ortodôntica” consiste em um tópico controverso na literatu-ra. Sugeria-se que, quanto melhor o padrão de qualidade da finalização, maior seria a estabili-dade ortodôntica2,3. Entretanto, estudos recen-tes não observaram correlação entre a qualidade

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Guirro WJG, Freitas KMS, Freitas MR, Henriques JFC, Janson G, Canuto LFG

endereço para correspondênciakarina maria salvatore de freitasrua Jamil gebara, 1-25, apto. 111, Jd. PaulistaCeP: 17.017-150 – Bauru/sPe-mail: [email protected]

da finalização e a estabilidade em longo pra-zo4,5,6,7. Os resultados dos testes de correlação do presente estudo tendem a corroborar esses outros estudos. Deve-se ressaltar que ambos os grupos apresentaram, ao final do tratamento, ali-nhamento anterossuperior bastante satisfatório (índices de Little de 0,34mm e 0,00mm para os Grupos 1 e 2, respectivamente). Dessa forma, não foram comparados grupos que podem ser classificados como bem ou mal finalizados.

3) Para vocês, o que mais influenciaria a re-cidiva anterossuperior: a severidade inicial apresentada pelo caso ou a finalização orto-dôntica conseguida?

A opinião dos autores, baseada no presente estudo e em trabalhos relacionados ao tema, é que ambos os fatores não apresentam influência significativa na recidiva anterossuperior. Nota-se que indivíduos com apinhamento inicial acentu-ado tendem a apresentar uma quantidade maior

de irregularidade na fase de pós-contenção, mas esse fato não significa que houve maior recidiva. A avaliação da recidiva deve ser baseada na rela-ção entre a quantidade de correção ortodôntica e a quantidade de recidiva do apinhamento. Por exemplo, uma irregularidade anterossuperior pós-contenção de 1,0mm em um paciente com apinhamento inicial de 3mm implicaria em uma recidiva de 33,3% da correção obtida (se ao fi-nal do tratamento verificarmos um alinhamento dentário perfeito). Por outro lado, há também uma recidiva de 33,3% da correção em um pa-ciente com apinhamento inicial de 6mm e que apresenta 2mm de apinhamento na fase de pós--contenção. Fatores como a tração das fibras pe-riodontais, presença de giroversões na fase ini-cial, função muscular, recidiva do apinhamento na arcada oposta, tempo e protocolo de conten-ção e má oclusão inicial (Classe I ou II) consis-tem em fatores que, efetivamente, influenciam na recidiva anterossuperior.

1. Little RM. The irregularity index: a quantitative score of mandibular anterior alignment. Am J Orthod. 1975 Nov;68(5):554-63.

2. Andrews LF. The six keys to normal occlusion. Am J Orthod. 1972;62(3):296-309.

3. Roth RH. Functional occlusion for the orthodontist. Part III. J Clin Orthod. 1981;15(3):174-9, 182-98.

4. Freitas KM, Janson G, Freitas MR, Pinzan A, Henriques JF, Pinzan-Vercelino CR. Influence of the quality of the finished occlusion on postretention occlusal relapse. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 2007;132(4):428.e9-14.

RefeRências

Enviado em: 4 de junho de 2009Revisado e aceito: 13 de abril de 2010

5. Canuto LFG. Avaliação da influência da realização da expansão rápida da maxila sobre a recidiva do apinhamento ântero-superior, em casos tratados ortodonticamente sem extrações [dissertação]. 2006. Bauru (SP): Universidade de São Paulo; 2006.

6. Nett BC, Huang GJ. Long-term posttreatment changes measured by the American Board of Orthodontics objective grading system. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 2005;127(4):444-50.

7. Ormiston JP, Huang GJ, Little RM, Decker JD, Seuk GD. Retrospective analysis of long-term stable and unstable orthodontic treatment outcomes. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 2005;128(5):568-74.