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V- NOÇÕES DE MICROECONOMIA 14 MERCADOS 14.1 Conceito e Estrutura a)Conceito - consiste em um local onde ocorre uma confrontação entre a oferta/demanda de um determinado “produto” num momento dado. A existência desta situação implica na realização dos atos de compra e venda. O mercado se caracteriza pela existência de: (i) produto definido; (ii) momento, (iii) local; e, (iv) espírito da confrontação entre produtores e consumidores. Ao nível do sist. produtivo existem dois tipos básicos de mercado: (i) de produtos; e, (ii) de recursos; b)Preço –relação que precisa a quantidade de unidades monetárias que se deve desprender na obtenção de uma unidade de determinado produto (mercado de produtos); c) Remuneração expressão monetária da tensão entre a oferta e procura por recursos (mercado de recursos). 14.2 Estruturas de Mercado a) Os tipos de mercados são definidos em função de: Número de agentes envolvidos (compradores e vendedores); Formas de comportamento dos agentes (extra-preço, barreiras, poder); Natureza do fator de produção ou do produto (substituível, homogêneo). b) De acordo o número de agentes, segundo Stackelberg, existe 9 estruturas possíveis de mercado (Figura 1); - 40

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V- NOÇÕES DE MICROECONOMIA

14 MERCADOS

14.1 Conceito e Estruturaa) Conceito - consiste em um local onde ocorre uma confrontação entre a

oferta/demanda de um determinado “produto” num momento dado. A existência desta situação implica na realização dos atos de compra e venda. O mercado se caracteriza pela existência de: (i) produto definido; (ii) momento, (iii) local; e, (iv) espírito da confrontação entre produtores e consumidores. Ao nível do sist. produtivo existem dois tipos básicos de mercado: (i) de produtos; e, (ii) de recursos;

b) Preço – relação que precisa a quantidade de unidades monetárias que se deve desprender na obtenção de uma unidade de determinado produto (mercado de produtos);

c) Remuneração – expressão monetária da tensão entre a oferta e procura por recursos (mercado de recursos).

14.2 Estruturas de Mercadoa) Os tipos de mercados são definidos em função de:

Número de agentes envolvidos (compradores e vendedores); Formas de comportamento dos agentes (extra-preço, barreiras, poder); Natureza do fator de produção ou do produto (substituível, homogêneo).

b) De acordo o número de agentes, segundo Stackelberg, existe 9 estruturas possíveis de mercado (Figura 1);

c) Características das estruturas básicas de mercado: Concorrência perfeita (produtos agrícolas):

Atomização – nº enorme de agentes, nenhum influencia o mercado; Homogeneidade – perfeita homogeneidade do produto, padronizado; Mobilidade – independência total dos agentes, não existem acordos; Permeabilidade–não existem barreiras p/entrada/saída de agentes; Preço–limite – não existem preço acima/abaixo ao do mercado; Extra-preço – não existem vantagem adicional associada ao produto; transparência – nenhum agente detém informações privilegiadas.

Monopólio: Unicidade – apenas um único vendedor; Insubstitutibilidade – inexistem substitutos próximos dos produtos; Barreiras – existem barreiras p/entrada de novos concorrentes; Poder – exerce poder sobre preços e quantidades do produto; Extrapreço – vantagens adicionais são inexistentes; opacidade – operações e transações são mantidas em segredo.

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Figura 1Classificação de Mercados Segundo Stackelberg

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Oligopólios: Número de concorrentes – limitados, vários, alguns, poucos; Diferenciação – pode ser padronizado ou diferenciado; Rivalização – tanto pode ser rivais como haver união; Barreiras – dificuldades de ingresso de novos, mas é possível; Preço, extra-preço e poder – controle de preços, acordos/guerras; Visibilidade – alta visibilidade das estratégias comerciais.

Concorrência monopolística (comb. monopólio/conc.perfeita): Competitibilidade – elevado número de concorrentes; Diferenciação – busca de produtos diferentes, produtos diferenciados; Substitutibilidade – ocorre em variados graus (sêmen); Preço-prêmio–preço depende grau diferenciação determ. comprador; Barreiras – as barreiras de entrada tendem a ser baixas. Informações – geralmente são amplas

14.3 Conflitos de interesse e mecanismo de equilíbrioa) Em praticamente todos os mercados ocorrem em graus variados, situações de

conflitos de interesse, visto que: a concorrência perfeita é uma referência teórica; as empresas buscam a todo momento o maior do lucro (maximização da

receita e minimização dos custos).b) Os desejos dos agentes não se realizam por completo em razão de:

Concorrência entre produtores freia o aumento de preços; Possibilidade de substituição de produtos é um instrumento de poder de que

os consumidores dispõem; Capacidade de substituição de fatores amplia o poder de negociação dos

produtores, aumentando suas margens de manobra e sua flexibilidade para lidar com custos;

Situações de poder desequilibradas, a intervenção corretiva do governo pode vir a ser praticada, tanto no mercado de fatores como de produtos.

- 42

15. TEORIAS DE FUNCIONAMENTO DOS MERCADOS

15.1 Teoria da Demandaa) Definição da Demanda

É o desejo de adquirir quantidades determinadas de um produto em função de vários níveis de preços em dado período de tempo. Corresponde uma relação inversa entre quantidades x preços porque as quantidades demandadas diminuem qdo. os preços aumentam (Fig. 1).

Dx= f(Px)

0 6 8 10 12 14 16 18

b) Determinantes da demanda- Preço do produto (Px);- Níveis e estrutura de repartição da renda nacional (R);- Preços dos produtos substitutos, complementares (Pi);- Número de consumidores (N);- Expectativas sobre a evolução da oferta (E);- Gosto ou preferência do indivíduo (G).

Dx= f(Px,R,P1,P2,...P(n-1),N,E,G)

3,00

4,50

5,00

3,50

2,50

2,00

4,00P Qd

2,00 18.0002,50 16.0003,00 14.0003,50 12.0004,00 10.0004,50 8.0005,00 6.000

Preços($)

Quantd. procuradas(mil unidades por ano)

Figura 1Curva da Demanda

Tabela 1Quantd/Preços

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c) Comportamento da Demanda quando Varia Renda (Fig. 2 e 3)Poderá ocorrer 3 situações (Dx= f(R)):- Normal –a quantidade demandada varia no mesmo sentido da variação

da renda dos consumidores (curva 1, Fig. 2);- Consumo Daciado – quantd demandada não altera qdo ocorre

aumento da renda dos consumidores (curva 2, Fig. 2);- Bem Inferior - a quantidade demandada diminui quando ocorre

aumento da renda dos consumidores (curva 3, Fig. 2);

d) Comportamento da Demanda quando Varia Preço de outros BensPoderá ocorrer três situações (Dx= f(Pi)):

- Independente – o aumento do preço de um produto não altera a quantidade demandada de outro produto

Figura 2Variações em Função da Renda

Qx

R

1

2

3

Figura 3Curva da Demanda em função da Renda

Px

Qx

Qx0

Px0

Qx0´

Dx

Dx1

- 44

- Substituto – o aumento do preço de um produto aumenta a quantidade demandada de outro produto (Fig. 4 e 5);

- Complementar – aumento do preço de um produto reduz a quantidade demandada de outro produto (Fig. 6 e 7);

e) Comportamento da demanda quando varia gosto, preferênciaNormal - a quantidade demandada varia no mesmo sentido da variação do

gosto, preferência (efeitos de marketing, publicidades, crenças, modas e outros).

Pi

Qx

Px

Qx

Qx0

Px0´

Qx0´

Dx

Dx1

Px

Qx

Px0

Qx0´

Dx

Dx1

Pi

Qx

Figura 4Variação em função do preçode outro produto (substituto)

Figura 5Curva da demanda em função do preço

de outro produto (substituto)

Qx0´

Figura 6Variação em função do preço

de outro produto (complementar)

Figura 7Curva da demanda em função do preço

de outro produto (complementar)

- 45

15.2 Teoria da Ofertaa) Definição da Oferta

É o desejo de vender quantidades determinadas de um produto em função de vários níveis de preços em dado período de tempo. Corresponde uma relação direta entre quantidades x preços porque as quantidades ofertadas aumentam qdo os preços aumentam (Figura 8).

Ox= f(Px)

0 6 7 8 9 10 11 12

b) Determinantes da Oferta- Preço do produto (Px);- Capacidade instalada das empresas ©;- Preço e disponibilidade dos fatores de produção ();- Preços dos insumos (I);- Preços de outros produtos (Pi);- Expectativas sobre a evolução da procura (E);- Alterações tecnológicas (T).

Ox= f(Px,C,1, 2,m,I,P1,P2,...P(n-1,E,T)12.3 Equilíbrio de mercado

3,00

4,50

5,00

3,50

2,50

2,00

4,00P Qd

2,00 6.0002,50 7.0003,00 8.0003,50 9.0004,00 10.0004,50 11.0005,00 12.000

Preços($)

Quantd. ofertadas(mil unidades por ano)

Figura 8Curva da Oferta

Tabela 2Quantd/Preços

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a) Em um mercado pode ocorrer: Ponto de Equilíbrio - É o ponto determinado onde as quantidades

que os consumidores desejam adquirir é exatamente igual à quantidade que os produtores desejam vender (Figura 9);

Excesso de Oferta QO>QD; Excesso de Demanda QD>QO

Mudanças do Ponto de Equilíbrio:- Hipótese 1- no caso de haver aumento da demanda e a oferta

constante. Ex: peixe na semana santa, aumenta de renda (Fig. 10);- Hipótese 2- no caso de haver diminuição da demanda e a oferta

constante. Ex: ingressos de estádios em dias de chuvas, bonés qdo time perde (Figura 11);

Px

Qx

P0

Q0

Dx

Figura 9Equilíbrio de mercado

Ox

E

QO>QD

QD>QO

QD e QO

P

O

DD1

Figura 10Hipótese 1

QD e QO

P

O

D1

D

Figura 11Hipótese 2

E’ E

E E’

- 47

- hipótese 3- no caso de haver aumento da oferta e a demanda constante Ex: produtos agrícolas em épocas de safra (Fig. 12);

- hipótese 4- no caso de haver diminuição da oferta e a demanda constante. Ex: oferta boi gordo no período seco (Fig. 13).

QD e QO

P

O

D

Figura 12Hipótese 3

Figura 13Hipótese 4

E’ E

O1

QD e QO

P

O1

D

E E’

O

- 48

Q

P

P.

Q

12.4 Noções de Elasticidade-Preço

a) ConceitoÉ a relação observada entre as modificações das quantidades ofertadas ou demandadas decorrentes das variações verificadas nos preços.

b) Elasticidade Preço da demanda Conceito

É a variação percentual da quantidade procurada do produto x para cada unidade de variação percentual no preço do mesmo produto

Fórmula

Elasticidade no Ponto e no Arco

0 1 2 3 4 5 6 7(Q2) (Q1)

Na figura acima (curva da procura Qd= 8-p), quando o preço do produto x passa de P1 para P2 (P1<P2), logicamente a quantidade demandada passa de Q1 para Q2 (Q2<Q1), portanto de forma inversa.

(P1) 3 A

B

6

7

Var. % Qx

Var. % Px

Q Q Q2- Q1

d

Var. % Qx Qonde

P P P2- P1Var. % Px Ponde

dentão,

4

2

1

Figura 14Curva da Demanda

(P2) 5P Qd

1 72 63 54 45 36 27 1

C

Q

P

Tabela 3Quantd/Preços

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dA Q

P

P1.Q1

3-5

5-33

.5

dA

-1.3

5

3

5-

dB Q

P

P2.Q2

3-5

5-35

.3

dB

-1.5

3

5

3-

dAB Q

P

P1 + P2

2Q1 + Q2

2

. Q P

. P1 + P2

Q1 + Q2-1. 3+5

5+3-1

Elasticidade nos Pontos A e B

- elasticidade no arco A e B

c) Regras da Elasticidade-Preço: Varia de 0 a , então: No ponto C a d = 1; no ponto A a d < 1; no ponto B a d >1; A elasticidade só deve ser dita para um único ponto ou para um

determinado arco; Considera valor da elasticidade sempre em termos absoluto (módulo).

d) ClassificaçõesO valor obtido da elasticidade pode indicar as seguintes definições: Elástica – ocorre quando a variação na quantidade demandada é

proporcionalmente superior à variação no preço; >|d|> 1

Inelástica – ocorre quando a variação na quantidade demandada é proporcionalmente inferior à variação no preço;

0 <|d|< 1 Unitária – ocorre quando a variação na quantidade demandada é

rigorosamente proporcional à variação no preço.|d| = 1

Exceções teóricas:- Perfeitamente Elástica (Elasticidade Infinita) – quando sem

qualquer variação de preço pode ocorrer variação na quantidade demandada;

|d| - Anelástica (Inelasticidade Zero) - quando qualquer variação de

preço não provocará variação na quantidade demandada.|d| 0

Var. % Qx

Var. % Px

Var. % Qx

Var. % Px

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e) Relação entre Receita Total e Elasticidade Receita Total (produto a) = preço x quantd. vendida; Despesa Total Consumidor (produto a) = preço x quantd. comprada; Receita Total (produto a) = despesa total consumidor (produto a)

Tabela 4Resultados da Receita Total em Função do Tipo de Elasticidade do Produto

Classificação Variação no preço Variação na receita total

Elástica ( >|d|> 1) Aumenta ReduzReduz Aumenta

Inelástica (0 <|d|< 1) Aumenta AumentaReduz Reduz

Unitária (|d| = 1) Aumenta/Reduz Permanece igual

Figura 15

0 2 4,5 7,5(Q2) (Q1)

f) Fatores que Influenciam Elasticidade-Preço da Demanda Existência de bens substitutos – a tendência é de qto. maior o número

de produtos substitutos (substitutibilidade) de um determinado produto maior deverá ser a sua elasticidade o inverso também é verdadeiro (sal de cozinha e margarina);

Importância no orçamento – quanto menor seu peso no orçamento menor sua elasticidade-preço (fósforo, sal);

Essencialidade – produtos de maior essencialidade tendem a ter baixos valores de elasticidade-preço (gás de cozinha);

Hábitos – tendem a ter baixa elasticidade-preço (jornais, revistas).

RA

RB

4

(P1) 2(P2) 3

- 51

16 PRINCÍPIOS BÁSICOS PARA TOMADA DE DECISÕES

Existem 2 princípios centrais subjacentes às decisões econômicas:Primeiro: os recursos produtivos são Escassos;Segundo: o verdadeiro custo de qualquer coisa é o seu Custo de Oportunidade.

16.1 Custos Explícitos e Custos Implícitos

Custos Explícitos são aqueles custos que envolvem desembolso direto de dinheiro para pagar fatores de produção. Por exemplo: Compra de insumos; Pagamentos de salários aos trabalhadores de uma firma, etc.

Custos Implícitos são aqueles custos que não envolvem desembolso direto de dinheiro. Por exemplo, depreciação de máquinas e equipamentos; empresário que pode trabalhar como auditor fiscal, mas não trabalha porque ele decide trabalhar na sua empresa, então, cada hora que o empresário trabalha na sua fábrica ele deixa de ganhar R$ X reais por hora como auditor fiscal no outro emprego e esta renda não ganha é também parte de seus custos. São seus custos de oportunidade. Seus custos implícitos16.2 Lucro Econômico e Lucro Contábil

Um economista avalia o Lucro Econômico da empresa como sendo a receita menos os custos totais (implícitos + explícitos= custos de oportunidade) de uma empresa. Já um contador mede o Lucro Contábil como sendo a receita total menos os custos explícitos da empresa.16.3 Papel da Análise MarginalA Análise Marginal estuda as repercussões sobre o lucro total de uma empresa, a partir dos efeitos sobre a receita total (preços x quantidades) e o custo total (custo médio x quantidades). Assim, tem-se que:

Variação do Lucro Total = Receita Marginal - Custo Marginal

A receita marginal é definida como a receita proporcionada pela venda de uma unidade adicional do produto. A receita marginal nos ajuda a responder a seguinte questão: Quanto ganha ao produzir uma unidade adicional do produto? Assim a receita marginal é quanto se ganha pela produção de uma unidade adicional do produto.

O custo marginal é definido como o custo proporcionado pela produção de uma unidade adicional do produto. O custo marginal nos ajuda a responder a seguinte questão: Quanto custa produzir uma unidade adicional do produto? Assim o custo marginal é o custo da produção de uma unidade adicional do produto.

Com a receita marginal de R$ 10 e o custo marginal igual a R$ 8, a variação do lucro total será R$ 2. Portanto, é vantajoso para a firma produzir e vender essa unidade adicional. A importância da análise marginal é intuitiva.

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A firma continuará a produzir unidades adicionais do produto até o ponto em que o custo marginal for igual à receita marginal. Este será o ponto de equilíbrio da produção da firma. Obviamente que, com mais de um produto, os cálculos ficam mais complicados, mas o princípio será o mesmo.16.4 Custos Irrecuperáveis ou Custos Afundados

O Custo Irrecuperável é aquela aplicação de recurso realizada no passado da qual se esperava a geração de benefícios futuros; entretanto, no presente não mais se vislumbra sua potencialidade de geração de benefícios futuros, embora ainda não tenha sido totalmente amortizada.

Imagine que determinada empresa tenha adquirido uma máquina, há três anos, por $ 100.000, cujo tempo de vida útil era estimado em 10 anos. Hoje essa máquina está contabilizada pelo valor líquido de $ 70.000 ($ 100.000 menos $ 30.000 de depreciação). Ocorre que a receita marginal pela venda do produto fabricado nessa máquina está menor que o custo marginal (variável), ou seja, independentemente da depreciação, a empresa perde dinheiro a cada unidade produzida e vendida. Considere que você seja o gestor dessa empresa. Você continuaria produzindo esse produto por mais sete anos (até terminar o tempo de vida útil da máquina)? Certamente que não! Afinal, os $ 70.000 de valor líquido da máquina correspondem a custos irrecuperáveis, pois já foram incorridos (e até pagos) no passado e não há nada que se possa fazer no presente, nem no futuro, para reverter tal situação. Portanto, a melhor decisão é descontinuar a produção desse produto e desfazer-se da máquina (vender por qualquer valor ou, mesmo, jogar fora), pois assim estar-se-ão evitando perdas a cada nova unidade produzida.

16.5 Valor Presente

Na análise de investimentos, o Valor Presente Líquido (VPL) ou Método do Valor Atual é a fórmula matemático-financeira de se determinar o valor presente de pagamentos futuros descontados a uma taxa de juros apropriada, menos o custo do investimento inicial. Basicamente, é o calculo de quanto os futuros pagamentos somados a um custo inicial estaria valendo atualmente. Temos que considerar o conceito de valor do dinheiro no tempo, pois, exemplificando, R$ 1 milhão hoje, não valeria R$ 1 milhão daqui a uma ano, devido ao custo de oportunidade de se colocar, por exemplo, tal montante de dinheiro na poupança para render juros. Dessa forma, o pressuposto básico do valor presente é que existe um valor do dinheiro no tempo. Isso porque se assume que as pessoas e entidades preferem receber uma quantidade de dinheiro hoje, diferente do que estariam dispostas a receber em uma data futura.17 APLICAÇÕES DA METODOLOGIA ECONÔMICA NA TOMADA

DE DECISÕES

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Do mesmo modo que o processo de tomada de decisão relacionado com a produção das empresas e com o consumo das famílias envolvem alguns princípios ou uma lógica econômica que devem ser considerados antes do momento da ação, muitas outras questões humanas envolvem também um processo de escolha dessa lógica que os indivíduos devem fazer.

17.1 O Direito

Na área do Direito, um exemplo da aplicação da metodologia econômica na tomada de decisão é a questão da escolha da especialização. Por exemplo: entre Direito Tributário e Direito Penal, qual das duas áreas traria uma maior satisfação e renda pessoal?

Primeiro princípio: Lei da escassezEm primeiro lugar não é possível fazer as duas especializações porque o tempo é escasso (lei da escassez). Escolher o tempo para se ocupar com uma especialização significa também escolher não gastar o tempo com a outra especialização.

Segundo princípio: Custo de oportunidadeAo decidir pela especialização em Direito Tributário, o custo de oportunidade seria quanto deixaria de ganhar ou qual seria a satisfação que deixaria de ter se a decisão fosse para fazer a especialização em Direito Penal. O custo de oportunidade é tudo aquilo que é preciso abrir mão para fazer uma outra coisa.

Terceiro princípio: Análise marginalRelaciona-se com a decisão de escolhas do tipo “quanto”. Caso tenha decidido pelo Direito Tributário e exercer a atividade de professor e ter também um escritório de advocacia nessa área, a pergunta que deve ser feita é; quanto tempo irá se dedicar a cada uma das duas atividades? Caso a maior renda provenha da atividade de profissional liberal autônomo (no escritório), significa que deveria se dedicar todo o tempo no trabalho do escritório? Provavelmente que não. Mesmo que seja mais importante em termos de renda trabalhar no escritório, deveria dedicar algum tempo com a atividade de professor.Essa decisão envolve custos e benefícios. Gastar mais tempo trabalhando como professor envolve um benefício (ter maior prazer, satisfação e ganhar conhecimento) e um custo (usar mais tempo fazendo outra coisa, como trabalhar no escritório e ter uma renda mais alta). Ou seja, a decisão envolve um trade-of, isto é, uma comparação entre custos e benefícios. Esta decisão pode ser feita a cada dia: se em um dia o beneficio em dar aula for maior que o custo que terá em não ir para o escritório (quanto ganharia se fosse para o escritório), será

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realizada a função de professor e, assim por diante, nos outros dias. A análise marginal desempenha um papel importante na economia porque é a chave para decidir “quanto” fazer algo.

Quarto princípio: explorar a oportunidade de melhorar a situaçãoSe as oportunidades do exercício profissional do professor aumentarem muito e se as dos advogados especializados em direito tributário baixarem, pode-se esperar que mais advogados se interessarão em ser professor dessa matéria do que estabelecer um escritório na mesma área. Quando mudanças nas oportunidades disponíveis compensam aqueles que mudam seu comportamento diz-se que as pessoas se defrontam com novos incentivos.

17.2 O Meio Ambiente

É o caso de uma empresa de sucos e polpas naturais que vai se implantar em uma área de Mata Atlântica, onde já existe de forma nativa a produção de 15 tipos diferentes de fruteiras.

Primeiro princípio: Lei da escassezEmbora a região disponha de uma grande variedade de frutas, a empresa deverá ter um determinado tamanho e com uma certa quantidade de máquinas e equipamentos porque os recursos financeiros, mão-de-obra qualificada e a disponibilidade de terra para plantio de certas lavouras que sejam mais rentáveis na região são limitados, escassos.

Segundo princípio: Custo de oportunidadeA região pode produzir cerca de 15 tipos de fruteiras. Como a estrutura de produção da fábrica é limitada e só poderão ser produzidos cerca de 10 tipos de polpas e sucos, quais serão os sabores escolhidos? Nesse processo de decisão deverá envolver uma análise de quanto se perderá em deixar de produzir aqueles outros 5 tipos de sabores. Essa decisão afetará o nível de intensidade de uso do meio ambiente, já que algumas áreas ou algumas frutas não serão extraídas do meio ambiente.

Terceiro princípio: Análise marginalEsse princípio envolve a questão de se saber quanto a empresa deverá produzir de cada tipo de suco e polpa, ou seja, a escala de produção. Nesse caso envolve a comparação entre as receitas marginais e custos marginais de cada produto. Na produção de um determinado tipo de produto quando o custo marginal for igual à receita marginal a fábrica deverá manter a produção naquele nível. Mantida a produção em determinadas quantidades poderá ser determinado os efeitos da presença da fábrica naquele meio ambiente.

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Quarto princípio: explorar a oportunidade de melhorar a situaçãoSe as oportunidades do mercado de sucos e polpas de frutas naturais aumentarem muito e se as dos fabricantes de refrigerantes baixarem, pode-se esperar que mais empresas se interessarão em produzir sucos e polpas naturais do que produzir refrigerantes. Assim, os incentivos de mercado irão compensar outras empresas a mudarem seu comportamento, ou seja, a se voltarem para o mercado de sucos e polpas naturais em função dos incentivos.

17.3 A Eficiência e as Falhas de Mercado

Os recursos de uma economia são usados eficientemente quando for possível explorar plenamente todas as oportunidades para melhorar a situação de cada uma pessoa sem piorar a situação de outras pessoas.Para uma economia ser eficiente precisa ser:a) Eficiente no consumo – quando não há maneira de redistribuir bens entre

consumidores que torne melhor a situação de alguns sem piorar a de outros. Ex: uma economia que produz frango e carne bovina, mas que dá frango a quem prefere carne bovina e vice-versa. Então seria possível melhorar a situação de pelo menos uma pessoa sem piorar a de nenhuma outra, redistribuindo os bens, ou seja, dando às pessoas o tipo de carne que ela preferem. Quando se pensa em equidade, ocorre que essa eficiência pode não acontecer. Exemplo: vagas de estacionamento para deficiente. As vagas podem estar vazias, em horários de muita procura pelas pessoas não portadoras de deficiência. Desta forma, embora seja um recurso que está tendo um uso ineficiente, entretanto, a sociedade deseja uma melhor equidade social.

b) Eficiente na produção – quando não é possível produzir mais de alguns bens sem produzir menos de outros. É o caso da fronteira da possibilidade de produção. Uma economia que produz carro e pão. No caso que ele esteja em pleno emprego, não se pode produzir mais carro sem reduzir a produção de pão. Uma economia será eficiente na produção se tiver uma alocação eficiente de recursos, ou seja, se não existir uma maneira de redistribuir fatores de produção entre produtores para produzir certos bens em maior quantidade sem produzir menor quantidade de outros. Uma economia que é eficiente na alocação de recursos é eficiente na produção e vice-versa.

c) Eficiente no nível do produto – quando não pode existir uma combinação de produto diferente que melhore a situação de algumas pessoas sem piorar a de outros. Ex: uma economia produz para que a população tenha 5 vezes por semana frango e 2 vezes por semana carne bovina (nível A). Essa economia é ineficiente se essa população preferisse 2 vezes por semana frango e 5 vezes por semana carne bovina (nível B). Então a eficiência no nível do produto

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seria alcançada se a economia passasse a produzir o nível B melhorando, portanto, a situação de toda a população.

A eficiência de uma economia, muitas vezes não ocorre. E quando a eficiência não ocorre em uma economia competitiva é porque existem falhas no mercado. Existem três razões pela ocorrência de falhas de mercado:a) Quando há tentativas de um dos parceiros em captar mais recursos

impedindo a concorrência de transações mutuamente benéficasEx: licença para exploração de táxi no aeroporto – a existência de uma empresa nessa atividade resulta em uma escassez na oferta de corrida de táxi comparada com o equilíbrio de mercado competitivo sem restrições. Em conseqüência os atuais proprietários da licença de táxi no aeroporto ganham, normalmente, mais do que se não houvesse essa licença especial. Caso não existisse a licença (cota) a oferta aumentaria até que a disposição de pagar pelo último cliente no mercado fosse igual ao custo do último motorista nesse mercado e, então o mercado alcançaria a eficiência e eliminaria a escassez na oferta de táxi.

b) Quando ocorre um efeito colateral de certas ações e isso não é considerado no mercado (externalidades)Ex: poluição causada pela criação de porcos ou galinhas em grande escala - essa atividade causa poluição nos rios e na atmosfera reduzindo o bem estar dos vizinhos. A redução de custos obtida pela empresa ao jogar os dejetos nos rios ao invés de dispô-los de modo adequado e de não possuir filtros que impeçam o mau cheiro tem valor menor do que o desconforto a que é submetida a vizinhança, isto é, o que os vizinhos estariam dispostos a pagar para se livrar da poluição. A eficiência poderia ser alcançada se houvesse um mercado para poluição, isto é, se a fazenda pudesse comprar dos vizinhos o direito de lançar os dejetos nos rios ou se os residentes pudessem comprar da fazenda o direito de ter água com um certo grau de pureza. Com qualquer uma dessas opções a eficiência seria alcançada.

c) Quando existe alguns bens que, por sua própria natureza, são inadequados para a administração eficiente dos mercadosEx: música que pode ser baixada pela internet. Depois da gravação da música, o custo marginal da gravadora de permitir que alguém baixe a música é virtualmente zero. A eficiência implicaria na permissão que as pessoas tivessem para baixar a música até que a última pessoa baixando a música da internet tivesse disposição de pagar igual a zero. A eficiência é alcançada somente quando há possibilidade de fazer o download da música de forma livre e irrestrita. Mas se a gravadora não puder cobrar não terá receita e então não pagará aos artistas e estes não recebendo não farão as gravações, e, isto também é ineficiente. Para os bens de informação a eficiência no consumo significa que preço para o consumidor tem de ser zero, mas a eficiência nos

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níveis de produção significa que o preço recebido pelos produtores tem de ser superior a zero. Para esses bens a ineficiência é inevitável. É o caso também dos bens públicos (poluição do rio Tietê, caso esse rio venha a ser limpo o governo não pode cobrar dos consumidores o custo e manutenção do serviço).

17.4 A Regulação Governamental e as Falhas de Governo

Quando os mercados não alcançam a eficiência a intervenção do governo pode melhorar o bem estar da sociedade. Isto é, quando o mercado dá errado ou não funciona adequadamente, uma política apropriada de governo pode algumas vezes aproximar a sociedade de um resultado eficiente, ao modificar a maneira como os recursos da sociedade são usados. Exemplo: (a) os cerrados passaram a ser produtivo no Brasil em razão de três fatores implementados/estimulados pelo Estado: progresso tecnológico, melhoria da política econômica e maior quantidade de investimento; (b) políticas ambientais podem mitigar os impactos decorrentes da atividade econômica descontrolada; leis que regulamentam os aluguéis de moradias; o salário mínimo; controle de preços, entre outras políticas.

Algumas falhas de governoa) Controle de preços de produtos abaixo do preço de mercado leva sua escassez

e os vendedores precisam racionar o bem escasso entre o grande número de compradores;

b) salário mínimo acima do preço de mercado do trabalho leva ao desemprego pela redução da oferta de emprego pelo desestímulo;

b) A fixação de aluguéis leva a escassez de moradias em longo prazo;c) Corrupção que faz aumentar os custos da empresas;d) Intervenção governamental excessiva pode ser um freio para ao crescimento

econômico. Ex: quando algumas atividades econômicas são apoiadas por subsídios governamentais, protegidas das importações ou de outro modo isoladas da competição, a produtividade tende a sofrer em virtude da falta de incentivos;

e) Valor de taxas e impostos relativamente mais altos para determinadas atividades econômicas leva a elevação excessiva dos preços de alguns produtos.

17.5 O Emprego

O trabalho é o fator de produção mais importante porque é responsável pela maior parte da renda dos fatores.

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O mercado de trabalho é diferente do mercado de bens e serviços porque no primeiro o trabalho é ofertado pelas famílias e demandado pelas firmas e no segundo ocorre ao contrário.

Geralmente, um trabalhador tem um controle limitado sobre seus horários de trabalho: ou se aceita um emprego que já estabelece o horário de trabalho ou fica desempregado. No entanto, mesmo que o trabalhador pudesse escolher trabalhar tantas horas quanto queira, ele não trabalharia tantas horas quanto for possível, porque ele é um ser humano e também tem outros usos para seu tempo (lazer), Uma hora gasta no trabalho é uma hora que ele não gasta em outras atividades mais prazerosas. Quanto mais horas uma pessoa trabalha mais bens ela pode comprar, mas isso ocorre às custas de uma redução no tempo de lazer - o tempo gasto sem trabalhar. Embora o bem comprado gere utilidade, o lazer também gera um outro tipo de utilidade. Essa decisão decorre da comparação da utilidade marginal de uma hora a mais adicional de lazer com uma hora a mais adicional de trabalho. Se uma pessoa ganha $10 por hora de trabalho e caso uma hora adicional de trabalho acrescente mais à sua utilidade total que uma hora de lazer, ele pode renunciar àquela hora adicional de lazer, a fim de trabalhar uma hora adicional. Por outro lado, se uma hora extra de lazer acrescenta mais à sua utilidade total mais do que $10 de renda, ele pode aumentar sua utilidade total trabalhando uma hora menos a fim de ganhar uma hora de lazer.

No caso do salário aumentar, passar, por exemplo, para $20 a hora, poderia pensar que a pessoa trabalhará mais horas porque seu salário aumentou: ao renunciar a uma hora de lazer ele ganhará agora o dobro do que ganhava antes. Mas também poderia pensar que ele vai trabalhar menos, porque ele não precisará mais trabalhar tantas horas para gerar a renda para pagar os bens que ele necessita. Portanto a quantidade de trabalho aumenta ou diminui quando a taxa de salário por hora aumenta (ao longo da história enquanto os salários têm aumentado as horas de trabalho têm reduzido).

Mudanças que afetam o mercado de trabalho:

a) Mudanças nas preferências e normas sociais – Ex: aumento da quantidade de mulheres no mercado de trabalho depois da segunda guerra mundial em razão de invenção de aparelhos domésticos, crescente urbanização e níveis mais altos de educação feminina;

b) Mudanças no tamanho da população – uma população maior leva cada vez uma maior quantidade de trabalhadores disponíveis a qualquer salário dado;

c) Mudanças na oportunidade – houve um tempo que ser professora era a única opção considerada adequada para as mulheres bem-educadas;

d) Mudanças na riqueza – uma pessoa cuja riqueza aumenta comprará mais bens normais e lazer.

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17.6 A Discriminação

A discriminação na economia define-se como sendo preferências na contratação de trabalhadores em função da raça, da etnia, do gênero, da idade, entre outros fatores, isto é, quando o mercado de trabalho oferece oportunidades diferentes. A discriminação não é uma conseqüência natural da competição de mercado. Ao contrário forças de mercado tendem a funcionar contra a discriminação. Por exemplo, caso exista uma convenção que estabeleça que as mulheres devam ganhar 30% menos que os trabalhadores do sexo masculino com qualificação e experiência semelhante. Uma firma que embora ela própria não tivesse esse preconceito, reduziria seus custos contratando mulheres ao invés de homens. Essa empresa e outras agindo dessa forma no mercado de trabalho provocariam um excesso de demanda por trabalhadores do sexo feminino que resultaria na elevação dos seus salários.

Causas da discriminação no mercado de trabalho:a) Quando os mercados de trabalho não funcionam bem, os empregadores

podem ter a possibilidade de praticar discriminação sem prejudicar seus lucros. Por exemplo: as interferências no mercado (sindicatos, leis de salário mínimo) ou falhas de mercado (salários prêmios para atividades importantes acima do salário de mercado) podem levar os salários acima dos seus níveis de equilíbrio e, então, essa situação há mais pessoas procurando emprego que empregos disponíveis, deixando os empregadores livres para discriminar os candidatos.

b) Quando a discriminação é institucionalizada através das políticas governamentais ou até pelo próprio governo. Por exemplo: (a) apadrinhamentos no serviço público; (b) a política do apartheid que foi praticada por muito tempo na África do Sul, (c) a proibição de segregação racial que foi praticado nos EEUU que proibia os negros de freqüentarem as escolas dos brancos (que eram as melhores escolas). Essa situação teve um impacto na educação e, conseqüentemente, em suas rendas.

17.7 Distribuição de Renda

Distribuição de renda significa como é repartido o total da renda que é gerada em uma sociedade por fator de produção ou por população, ou seja, qual a participação de cada fator de produção ou cada categoria de população na geração do total da renda de uma economia.

Entre as remunerações dos fatores de produção, a maior parte das famílias obtém sua principal fonte de renda da remuneração do fator trabalho (no Brasil é acima se mantém entre 70 a 75%). As outras formas de remuneração são

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provenientes da propriedade de ações, aplicações financeiras (capital) ou do arrendamento das terras de sua propriedade (terra). Historicamente, quando um país desenvolve sua economia, a renda proveniente da terra reduz enquanto que a renda proveniente do capital aumenta.

Por outro lado, muitas vezes a renda proveniente do fator trabalho é subdimensionada porque não inclui a renda dos proprietários de empresas, isto é, os salários que as pessoas recebem por ser “donas dos negócios”.

17.7.1 Causas da Desigualdade Salarial

Diferenciais de compensações em razão dos tipos diferentes e trabalhoAlguns trabalhos são mais atraentes e outros são mais desagradáveis ou perigosos. Trabalhadores com empregos desagradáveis ou perigosos demandam salários mais altos quando comparados com trabalhadores em emprego que exigem a mesma qualificação e esforço. Ex: motoristas que transportam carga perigosa e motoristas que transportam carga normal.

Diferencial de talentoAs pessoas diferem em sua habilidades. Uma pessoa de habilidade elevada, ao produzir um produto melhor, consegue um preço mais alto comparado com aquele produto produzido por uma outra pessoa de habilidade menor. Ex: jogadores de futebol.

Diferencial na qualidade do capital humanoPessoas diferentes incorporam quantidades bem diferentes de capital humano e uma pessoa com uma quantidade maior de capital humano gera um produto de valor mais alto (cirurgiões, engenheiros, etc). O capital humano cresce pela educação, treinamento formal ou treinamento no próprio emprego e experiência acumulada.

Poder de mercadoExistência de mercados de trabalho com a presença de sindicatos e outras organizações que procuram aumentar o salário e melhorar as condições de trabalho de seus membros (negociação coletiva onde todos os sindicalizados são beneficiados). Também ocorre em alguns mercados a presença de sindicatos e organizações dos empregadores que procuram pagar salários mais baixos do que os que resultariam de uma competição de mercado (área educacional na Bahia).

Salários de eficiênciaCorresponde aos esquemas de incentivos usados pelos empregadores para motivar o trabalhador a se esforçar e reduzir a rotatividade dos trabalhadores. Essa situação leva a existência de dois trabalhadores com o mesmo perfil, as mesmas capacidades e a mesma história empregatícia,mas com salários desiguais.

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DiscriminaçãoÉ a existência de salários diferentes em razão da raça, etnia, gênero, idade ou outras características sociodemográficas do trabalhador.

17.7.2 Distribuição de Renda no Brasil

O Brasil é conhecido como um dos países com maior desigualdade em distribuição de renda do mundo. Entre 1960 e 1999 o nível de desigualdade socioeconômica no Brasil continuou, praticamente, o mesmo.Em 1960: 1% mais ricos detinham 18,6% da Renda Nacional;

50% mais pobres detinham também 18,6% da Renda Nacional.

Em 1999: 1 % mais ricos detinham 13,3% da Renda Nacional;50% mais pobres detinham 12,3% da Renda Nacional (quase igual).

Entretanto, a partir de 2001, esse indicador começa a apresentar uma redução como é indicado na Tabela a seguir:

Tabela 5 - Índice de GiniAno Índice1989 0,637 (mais desigual que Serra da Leoa)2001 0,5972005 0,566 (menor dos últimos 25 anos)

Motivos da estagnação da desigualdade socioeconômica no Brasil:- Expansão lenta do sistema educacional provocando lento processo de

qualificação da mão de obra;- Ausência ou baixa abrangência de programas sociais de melhoria de renda- Ausência de políticas de promoção de redução desigualdades

socioeconômicas;- Tentativas frustradas de estabilização dos preços;- Instabilidades macroeconômicas decorrentes de crises externas (1995/99).

Principais determinantes redução da desigualdade no Brasil (2001-2004):- Expansão de Programas de Transferência Condicionada de Renda (Bolsa

Família);- Progressos educacionais melhorando a qualificação profissional;- Estabilização macroeconômica;- Aumentos dos salários mínimos e das pensões e aposentadorias superiores

à inflação.

17.8 As Finanças Públicas

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17.9 O Gerenciamento de Empresas

Primeiro princípio: Lei da escassez

Segundo princípio: Custo de oportunidade

Terceiro princípio: Análise marginal

Quarto princípio: explorar a oportunidade de melhorar a situação

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