Universitári@ - UNISALESIANO€¦  · Web viewThe 5S program originated in Japan after World War...

21
OS BENEFÍCIOS DO PROGRAMA 5S EM UMA ORGANIZAÇÃO THE PROGRAM BENEFITS 5S IN AN ORGANIZATION Julia Nayara Caperucci – [email protected] Juliano Pires da Silva – [email protected] Lucas Pereira dos Santos – [email protected] Maike Henrique Rocha Zellerhoff – [email protected] Graduandos em administração no UniSALESIANO - Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium Ricardo Yoshio Horita – [email protected] Mestre em Ciência da Computação no UniSALESIANO – Centro Universitário Salesiano Auxilium RESUMO A alta competitividade e a presença de clientes cada vez mais exigentes fazem com que as empresas, que desejam se manter neste mercado, busquem a melhoria contínua da qualidade de seus produtos e serviços. O programa 5S surgiu no Japão após a Segunda Guerra Mundial. Arrasado e com poucos recursos naturais, este país buscou alternativas para continuar produzindo com eficiência e qualidade utilizando o mínimo de Universitári@ - Revista Científica do Unisalesiano – Lins – SP, ano 7, n.15, jul- dez de 2016

Transcript of Universitári@ - UNISALESIANO€¦  · Web viewThe 5S program originated in Japan after World War...

1

OS BENEFÍCIOS DO PROGRAMA 5S EM UMA ORGANIZAÇÃOTHE PROGRAM BENEFITS 5S IN AN ORGANIZATION

Julia Nayara Caperucci – [email protected]

Juliano Pires da Silva – [email protected]

Lucas Pereira dos Santos – [email protected]

Maike Henrique Rocha Zellerhoff – [email protected]

Graduandos em administração no UniSALESIANO - Centro Universitário

Católico Salesiano Auxilium

Ricardo Yoshio Horita – [email protected]

Mestre em Ciência da Computação no UniSALESIANO – Centro Universitário

Salesiano Auxilium

RESUMO

A alta competitividade e a presença de clientes cada vez mais exigentes

fazem com que as empresas, que desejam se manter neste mercado, busquem a

melhoria contínua da qualidade de seus produtos e serviços. O programa 5S surgiu

no Japão após a Segunda Guerra Mundial. Arrasado e com poucos recursos

naturais, este país buscou alternativas para continuar produzindo com eficiência e

qualidade utilizando o mínimo de recursos possíveis, a fim de obter condições de

competir com as grandes potências industriais. O programa recebe esse nome

devido a cinco palavras japonesas iniciadas com a letra S, traduzido para o

Português como sensos: utilização (seiri), ordenação (seiton), limpeza (seiso), saúde

(seiketsu) e disciplina (shitsuke). Estes sensos auxiliam os colaboradores a detectar

e solucionar os problemas dentro da organização. O programa 5S tem uma grande

importância nos processos de mudanças, sendo imprescindível para a implantação

de programas de qualidade total. Para o sucesso do programa, é necessário um

trabalho eficaz, onde todos os envolvidos entendam e se comprometam com a sua

Universitári@ - Revista Científica do Unisalesiano – Lins – SP, ano 7, n.15, jul-dez de 2016

2

implementação. Através da aplicação destes cinco sensos, é possível melhorar a

qualidade do ambiente de trabalho e consequentemente a qualidade de vida dos

colaboradores, construindo um ambiente produtivo e saudável para todos. O

presente artigo foi elaborado através de revisão bibliográficas e buscou abordar os

fundamentos e benefícios da adoção do programa 5S dentro das empresas, bem

como, a possibilidade de corrigir falhas e desperdícios, mobilizando, motivando e

conscientizando seus colaboradores na busca pela gestão da qualidade através da

organização e disciplina no local de trabalho possibilitando que a organização atinja

os seus objetivos.

Palavras - chave: Programa 5S. Qualidade. Senso.

ABSTRACT

The high competitiveness and the presence of increasingly demanding

customers make businesses that want to stay in this market, seek continuous

improvement in the quality of their products and services. The 5S program originated

in Japan after World War II. Devastated and with few natural resources, the country

sought alternatives to continue producing with efficiency and quality using the least

possible resources in order to get a position to compete with the major industrial

powers. The program gets its name from the five Japanese words beginning with the

letter S, translated into Portuguese as senses: use (seiri), ordering (seiton), cleaning

(Seiso), health (Seiketsu) and discipline (Shitsuke). These senses assist employees

to detect and solve problems within the organization. The 5S program has a great

importance in processes of change, it is indispensable for the implementation of total

quality programs. For the success of the program, effective work is required where all

parties understand and commit to its implementation. By applying these five senses,

you can improve the quality of the work environment and consequently the quality of

life of employees, building a productive and healthy environment for all. This article

was prepared by literature review and sought to address the basics and benefits of

adopting the 5S program within companies, addressing how you can correct flaws

and waste, mobilizing, motivating and educating its employees in the search for

Universitári@ - Revista Científica do Unisalesiano – Lins – SP, ano 7, n.15, jul-dez de 2016

3

quality management throughout the organization and discipline in the workplace

enabling the organization to achieve its goals

Keywords: 5S Program. Quality. Sense.

INTRODUÇÃO

Segundo Rodrigues (2006, p. 4), o conceito de qualidade não é algo novo. Ao

longo da história, é possível verificar diversas preocupações com a qualidade dos

produtos desde a existência da humanidade. A revolução mercantil possibilitou uma

maior integração entre as sociedades por meio do intercambio de produtos

confeccionados por artesãos.

De acordo com Juran (1997) no início do século XX os Estados Unidos era

uma nação industrialmente desenvolvida, contudo, a gestão da qualidade era

basicamente informal, os gerentes e supervisores faziam de forma simplifica o

controle dos produtos produzidos e os artesãos controlavam seu próprio serviço.

Rodrigues (2006) cita que, a partir do século XX, as preocupações voltadas à

qualidade tinham uma abordagem mais sistematizada, fazendo parte das normas e

objetivos das empresas.

Juran (1997) ainda cita que o pós-guerra foi o evento mais importante para a

revolução japonesa na qualidade, assim, contribuiu para que o Japão se tornasse

uma superpotência econômica.

O autor ainda aponta que o século XXI seria considerado como o século da

qualidade, isso devido ao advento da globalização, o mercado ficou mais competitivo

e exigente, obrigando as empresas que quisessem continuar sólidas a buscarem

técnicas que visassem a melhoria dos processos de forma continua, além das

demandas implacáveis do consumidor.

Este trabalho busca, através de revisão bibliográfica, abordar os fundamentos

e benefícios da implantação do programa 5S em uma organização.

1 SURGIMENTO DA QUALIDADE

Universitári@ - Revista Científica do Unisalesiano – Lins – SP, ano 7, n.15, jul-dez de 2016

4

Segundo Faria (2016), o termo qualidade surgiu por causa da Segunda

Guerra Mundial. Nas grandes indústrias americanas, havia uma preocupação com a

qualidade do que era produzido. Os produtos eram verificados se tinham as

características do projeto e se os mesmos não apresentavam defeitos.

Por outro lado, os japoneses desenvolveram um método de controle da

qualidade oposto daquele conhecido na América. Eles identificavam a causa dos

defeitos para serem tratadas, evitando assim, a produção de peças defeituosas.

Após esse controle, surgiram vários outros métodos e programas voltados à

qualidade, como: o TQC (Total Quality Control), ou Controle da Qualidade Total.

(RODRIGUES, 2006)

De acordo com Rodrigues (2006), o milagre industrial japonês teve como

pioneiros Juran e Deming, considerados pelos japoneses os grandes realizadores de

tal feito no início dos anos 50.

2 DEFINIÇÃO DA QUALIDADE

A conceituação do termo qualidade pode ser específico e ao mesmo tempo

amplo, segundo Paladini (2004, p. 20) “Definir qualidade de forma errônea leva a

Gestão da Qualidade a adotar ações cujas consequências podem ser extremamente

sérias para a empresa (em alguns casos, fatais em termos de competitividade)”.

Segundo Chaves (2013) a definição em desacordo com o que será esperado

de um processo, produto ou serviço pode gerar interpretações e observações

genéricas acerca da qualidade esperada, isso porque a qualidade tem várias

dimensões que são abordadas pelas empresas atualmente, sendo:

1. Qualidade intrínseca: satisfação obtida;

2. Qualidade extrínseca: defeito ou irregularidade encontrada (padrão);

3. Custo: adequado para a empresa e acessível ao cliente;

4. Atendimento: comunicação e entrega (local, prazo, quantidade, produto

correto);

5. Segurança: de quem produz para quem compra;

6. Moral: rotatividade, absenteísmo, imagem da marca, funcionários,

sustentabilidade.

Universitári@ - Revista Científica do Unisalesiano – Lins – SP, ano 7, n.15, jul-dez de 2016

5

Conforme o catalogo da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), a

ISO 9000:2015 é uma norma que descreve conceitos e princípios que fundamentam

a gestão da qualidade, que são universalmente aplicáveis.

A garantia da qualidade não trata somente de controle, mas de todos os aspectos da gestão da qualidade – planejamento, controle e melhoria da qualidade. É a parte da gestão da qualidade que provê a estrutura. (O´HANLON, 2009, p. 2)

O´hanlon (2009) cita a nova definição da qualidade apontada na ISO

9001:2000, sendo o grau pelo qual um conjunto de características inerentes satisfaz

a requisitos, que segundo o mesmo, “Se essa definição não é muito esclarecedora,

ao menos nos dá o básico: satisfação de requisitos, quaisquer que sejam e quem

querem os tenha estabelecido”.

3 PROGRAMAS E FERRAMENTAS DA QUALIDADE

Serão abordados alguns programas e ferramentas de qualidade dentre os

vários disponíveis aos gestores da qualidade.

3.1 PROGRAMA 5S

Segundo Rodrigues (2006), Este programa é considerado como um modelo

ou programa de educação e iniciação à qualidade nas organizações. É formado por

cinco sensos, Seiri (Senso de Utilização), Seiso (Senso de Limpeza), Seiton (Seiso

de Ordem), Seiketsu (Senso de Saúde) e Shitsuke (Senso de Disciplina). Este

programa é utilizado com a finalidade de melhoria da qualidade, aumento de

produtividade e diminuição de desperdícios. A implantação correta do programa é

com todos os sensos em perfeita harmonia, não devendo ser utilizada de forma

separada ou ausência de um dos sensos.

O Programa 5S, como ficou mundialmente conhecido, busca através da otimização da utilização, ordem, limpeza, saúde e disciplina, o comprometimento e a participação do trabalhador em relação a fatores básicos e que consistem em pré-requisitos à implantação de um programa de melhoria. (RODRIGUES, 2006, p. 214)

Universitári@ - Revista Científica do Unisalesiano – Lins – SP, ano 7, n.15, jul-dez de 2016

6

3.2 BENCHMARKING

De acordo com RODRIGUES (2006), é considerado como uma técnica ou

ferramenta com o objetivo de facilitar e disseminar a busca pelas melhores práticas,

utilizando-as como referência e baseando na comparação com os seus

concorrentes. Assim, espera-se conduzir as empresas a maximizar o desempenho

organizacional e a competitividade, com foco nos processos.

Ainda, segundo este mesmo autor, o processo de um Benchmarking é

composto por três principais etapas: o planejamento, onde procura-se identificar os

problemas a serem comparadas com outras empresas; a análise, onde determina-se

o grau de desempenho das empresas e projeta-se níveis futuros; e implantação,

onde apresenta-se os resultados e estabelece-se as metas de nível funcional.

3.3 CICLO PDCA

É uma sigla em inglês que significa Plan, Do, Check, Act, que pode ser

traduzida como: Planejar, Organizar, Dirigir e Controlar. Normalmente é utilizado

como abordagem para desenvolvimento, implementação e melhoria da gestão da

qualidade, com uma abordagem sistemática em controle de processo, além de ser

considerada como uma ferramenta de melhoria contínua. Para Campos (2004), o

método PDCA é um caminho para se atingirem as metas.

Melhorar continuamente um processo significa melhorar continuamente os seus padrões (padrões de equipamento, padrões de materiais, padrões técnicos, padrões de procedimento, padrões de produto, etc.). Cada melhoria corresponde ao estabelecimento de um novo ‘nível de controle’ (novo valor-meta para um item de controle). (CAMPOS, 2004, p. 35).

Para garantir que as metas voltadas à melhoria contínua sejam alcançadas, é

fundamental a utilização do método PDCA. Segundo Campos (2004), nessa

situação, existem duas formas para a implementação do método, sendo, a projeção

de um novo processo para atingir o objetivo desejado ou a realização de sucessivas

alterações nos processos existentes.

Universitári@ - Revista Científica do Unisalesiano – Lins – SP, ano 7, n.15, jul-dez de 2016

7

3.4 TQC e TQM

Tanto o TQC “Total Quality Control” ou Controle da Qualidade Total, como o

TQM “Total Quality Management” ou Gestão da Qualidade Total, representam o

mesmo sistema, que ao passar das décadas mudou sua abordagem que, de

controle, passou para a gestão da qualidade. (HENRIQUE, FIORO, 2013b)

Segundo Campos (2004, p. 14) “O TQC, como praticado no Japão, é baseado

na participação de todos os setores da empresa e de todos os empregados no

estudo e condução do controle da qualidade”. Este programa tem uma abordagem

mais sistemática na prevenção de problemas críticos, abordando uma ação

preventiva em relação à ocorrência de problemas originadas das mesmas causas,

estimulado o gerenciamento participativo, o envolvimento e comprometimento da

alta gerência.

Campos (2004) define Qualidade Total como sendo as dimensões que, de

alguma forma, afetam a satisfação das pessoas e, por consequência, a

sobrevivência da empresa, sendo elas: Qualidade, Custo, Entrega, Moral e

Segurança.

Com a implementação eficiente da gestão da qualidade, é possível analisar

melhorias na redução de defeitos, e consequentemente, a diminuição dos custos de

produção.

A otimização do processo engloba os esforços destinados a minimizar custos, reduzir defeitos, eliminar perdas ou falhas e, enfim, racionalizar as atividades produtivas. É evidente que o reflexo dessas melhorias pode migrar diretamente para os produtos, que, afinal são resultados dos processos otimizados. (PALADINI, 2004, p. 34)

Faz se, necessário entender que o TQC é um sistema complexo e de grande

aplicabilidade nas organizações, porém, é crucial a integração da gestão da

qualidade com os stakeholders, a inspeção dos processos, o controle estatístico e

os demais programas de suporte à Gestão da Qualidade Total, como os Seis

Sigmas. (CAMPOS, 2004)

4 CONCEITOS DO PROGRAMA 5S

Universitári@ - Revista Científica do Unisalesiano – Lins – SP, ano 7, n.15, jul-dez de 2016

8

De acordo com a história, o programa 5S foi criado por Dr. Kaoru Ishikawa,

um engenheiro químico japonês, orador de conceitos da Qualidade Total. (RIBEIRO,

2006)

“O 5S é uma técnica japonesa, um estilo de vida, um jeito especial de viver”

(ARAÚJO, 1997, p. 98)

De acordo com Marshall (2006), o 5S é uma filosofia que busca a participação

dos colaboradores para a mudança no local de trabalho evitando desperdícios,

mantendo a limpeza e a arrumação das salas.

Campos (1999, p.173) afirma que: “O programa 5S não é somente um evento

episódico de limpeza, mas uma nova maneira de conduzir a empresa com ganhos

efetivos de produtividade”.

A importância dos 5S’s parece tão óbvia que muitas pessoas cometem o erro de pensar em cada termo, como se eles fossem uma espécie de talismã. Entretanto, é preciso lembrar que na verdade, os 5S’s são um meio de se atingir fins específicos. E, ao implementar os 5S’s, é necessário ter uma mente esses objetivos. (OSADA, 1992, p.33)

Os cincos sensos são integrados, formando um sistema. Não há necessidade

de separá-los, cada senso interligado é um pré-requisito para a implantação do

seguinte. (SILVA, 1994)

O Programa 5S é base para qualquer programa de qualidade, e quando bem

aplicado é considerado uma excelente ferramenta de transformação organizacional.

(GONZALEZ, 2005)

De acordo com Ribeiro (1994), as práticas do 5S estão presentes em toda

população, pátria, sociedade, família, zelando pela limpeza, segurança, bem-estar,

sensatez e respeito ao próximo.

No Brasil, a prática do programa 5S, iniciou formalmente a partir de maio de

1991, criando um ambiente de qualidade total. De acordo com Silva (1994), o

programa 5S tem caráter universal, podendo aplicá-lo em empresas públicas e

privadas, com ou sem envolvimento em programas de qualidade e produtividade.

Por ser de simples entendimento, fácil aplicação e por gerar resultados

notórios e instantâneos em todas as organizações, o 5S é responsável por preparar

o ambiente para vastas mudanças. (GODOY; MATOS, 2004)

O 5S é um programa simples, mas um escritor já dizia: “ser simples é a coisa

Universitári@ - Revista Científica do Unisalesiano – Lins – SP, ano 7, n.15, jul-dez de 2016

9

mais difícil do mundo”. “É fácil de começar, difícil de manter, mas, sobretudo é

altamente mobilizador do potencial humano latente nas organizações”. (SILVA,

1994, p. 25)

5. FUNDAMENTOS DO PROGRAMA 5S

Segundo Osada (2004), o nome surgiu de cinco palavras japonesas iniciadas

pela letra S, na tradução adotou-se a palavra senso para expressar os termos.

Os 5S's foram interpretados como ‘sensos’ não só para manter o nome original do programa, mas porque refletem melhor a ideia de profunda mudança comportamental. É preciso ‘sentir’ a necessidade de fazer. Assim, adotou-se: senso de utilização, para seiri; senso de ordenação, para seiton; senso de limpeza, para seisou; senso de saúde, para seiketsu e senso de autodisciplina, para shitsuke. Outros termos encontrados na literatura com certa frequência são: organização, arrumação ou seleção, para seiri; ordenação, arrumação, organização e sistematização, para seiton; higiene, asseio ou padronização para seiketsu e disciplina, educação e comprometimento para shitsuke. Limpeza tem sido adotada sem variações para seisou. (SILVA, 1994, p. 14-15).

5.1 SEIRI – SENSO DE UTILIZAÇÃO

Para Ribeiro (1997, p.99) o senso de utilização “É separar as coisas

necessárias das que são desnecessárias, dando um destino aquelas que não são

úteis para um determinado local.” Possuir senso de utilização é separar materiais, equipamentos, utensílios,

informações e dados, descartando o desnecessário para as atividades da rotina.

(GONZALEZ, 2005)

Na linguagem do 5S significa distinguir o necessário do desnecessário, tomar as decisões difíceis e implementar o gerenciamento pela estratificação, para livrar-se do desnecessário. Ocupar-se das causas para eliminar o desnecessário, impedindo que se transforme em problemas. (OSADA, 1992, p.27)

De acordo com Osada (2004), as principais vantagens do seiri são:

A. Conseguir liberação de espaço;

B. Eliminar ferramentas, armários, prateleiras e materiais em excesso;

Universitári@ - Revista Científica do Unisalesiano – Lins – SP, ano 7, n.15, jul-dez de 2016

10

C. Eliminar itens fora de uso.

5.2 SEITON – SENSO DE ORDENAÇÃO

De acordo com Osada (1992) organizar é guardar de acordo com a facilidade

para manuseá-las de acordo com a frequência utilizada. Quando está organizado e

identificado as pessoas poupam tempo encontrando as coisas facilmente.

Ordenar é guardar as coisas necessárias, de acordo com a facilidade de acessá-las levando em conta a frequência de utilização, o tipo e o peso do objeto, como também uma sequência lógica praticada, ou de fácil assimilação. Quando se tenta ordenar as coisas, necessariamente o ambiente fica mais arrumado, mais agradável para o trabalho e, consequentemente, mais produtivo. (RIBEIRO, 1994, p. 18)

Conforme Osada (2004), arrumar significa guardar, levando em consideração

a eficiência, a qualidade e a garantia, ou seja, procurar a forma ideal de se guardar

as coisas.

É importante lembrar que quando se fala em organização, refere-se também

ao planejamento dos trabalhos, deve-se organizar o tempo e a sequencias das

tarefas a realizar ao longo do dia, aumentando a produtividade pessoal e profissional

(LEONEL, 2011)

Segundo Ribeiro (2010) as vantagens do senso são:

A. Diminuição do cansaço físico por movimentação desnecessária;

B. Melhoria do fluxo de pessoas e materiais;

C. Diminuição do estresse por buscas mal sucedidas;

D. Melhor utilização do tempo disponível;

E. Adequação da estrutura física aos objetos desejados.

“Não é difícil visualizar e avaliar o conceito. Difícil é colocá-lo em prática.”

(OSADA, 2004, p 71)

5.3 SEISOU – SENSO DE LIMPEZA

Ter senso de limpeza é eliminar a sujeira para conservar limpo o ambiente e

Universitári@ - Revista Científica do Unisalesiano – Lins – SP, ano 7, n.15, jul-dez de 2016

11

também manter dados e informações atualizadas para facilitar na tomada de

decisão. É necessário evitar a procedência da sujeira impedindo a recorrência do

problema, pois mais importante do que limpar é não sujar. (LAPA, 1998)

Limpar é eliminar a sujeira, inspecionando para descobrir e atacar as fontes de problemas. A limpeza deve ser encarada como uma oportunidade de inspeção e de reconhecimento do ambiente. Para tanto, é de fundamental importância que a limpeza seja feita pelo próprio usuário do ambiente. (RIBEIRO, 1994, p. 18).

A limpeza é ferramenta que aumenta a vida útil dos equipamentos, a

qualidade, a segurança de todos os outros elementos. Por isso eliminar toda sujeira,

falhas e erros são pontos chave de vistoria do Programa 5S. (OSADA, 1992)

Para efetuar o Seisou tudo deve estar em seu devido lugar. Para isso, deve-

se decidir o lugar de cada coisa. Depois de elaborado o plano de instalação, poderá

encontrá-las com facilidade. (CAMARGO, 1994, p. 15).

Dentre as vantagens deste senso conforme Osada (2004), destacam-se:

A. Ambiente mais agradável e sadio;

B. Prevenção de acidentes;

C. Diminuição de desperdício;

D. Prevenção de poluição;

E. Melhoria da imagem interna e externa da empresa.

5.4 SEIKETSU – SENSO DE SAÚDE

Ter senso de saúde significa preocupar-se com a saúde, seja físico, mental

ou emocional, pois ela é essencial para a felicidade do colaborador e de sua família.

(RIBEIRO, 2010)

Para Osada (1992), o Seiketsu é manter e praticar constantemente os três

primeiros sensos para que eles não se percam. A comunicação visual deve ser

utilizada para construir padrões e instruções objetivas.

Manter o asseio é conservar a higiene, tendo o cuidado para que os estágios de organização, ordem e limpeza, já alcançados, não retrocedam. Isto é executado através da padronização de hábitos, normas e procedimentos. (RIBEIRO, 1994, p. 19)

Universitári@ - Revista Científica do Unisalesiano – Lins – SP, ano 7, n.15, jul-dez de 2016

12

De acordo com Bittencourt (2010), é importante identificar os problemas que

afetam a saúde dos colaboradores, deve-se também verificar os estados dos

banheiros, refeitórios, salas e áreas de descansos.

Gonzalez (2005) cita como principais vantagens do Seiketsu:A. Preservar a saúde, reduzindo gastos com doenças e acidentes;

B. Reduzir riscos de contaminação;

C. Reforçar hábitos de higiene pessoal;

D. Reduzir ou evitar acidentes no trabalho;

E. Propiciar crescimento da autoestima e cuidados com a saúde;

F. Oferecer condições propícias à produtividade.

5.5 SHITSUKE - SENSO DE DISCIPLINA

“Ser disciplinado é cumprir rigorosamente as normas e tudo o que for

estabelecido pelo grupo. A disciplina é um sinal de respeito ao próximo”. (RIBEIRO,

1994, p. 19)

Conforme Osada (2004), ter autodisciplina é praticar os sensos de Utilização,

Ordenação, Limpeza e Saúde em uma doutrina de vida, tendo bons hábitos no modo

de operar, de sentir e de viver, estabelecendo a qualidade total.

A disciplina é fundamental para manter a ordem nos setores, este senso é o

requisito mínimo para que a organização funcione. (OSADA, 1992).

O Shitsuke é o cumprimento rigoroso daquilo que for estabelecido entre as pessoas (regras de convivência), bem como das normas e procedimentos vigentes, sem necessitar monitoramento, é uma atitude de respeito ao próximo. (RIBEIRO, 2006, p. 186)

A ausência de disciplina causa desperdícios de recurso e tempo,

descontentamento entre as pessoas e informações desnecessárias. O respeito às

normas e as pessoas são essenciais para o trabalho em equipe e eficiência dos

processos e do programa 5S. (OSADA, 1992)

De acordo com Gonzalez (2005) as vantagens do senso de autodisciplina

são:

Universitári@ - Revista Científica do Unisalesiano – Lins – SP, ano 7, n.15, jul-dez de 2016

13

A. Cooperação entre os colegas;

B. Responsabilidades bem definidas;

C. Melhoria das relações humanas no trabalho;

D. Manutenção de padrões mais elevados de qualidade;

E. Melhoria da imagem da empresa;

F. Satisfação dos clientes.

6 OBJETIVOS DOS CINCO SENSOS

De acordo com Campos (1994, p. 28), "o 5S promove o aculturamento das

pessoas a um ambiente de economia, organização, limpeza, higiene e disciplina,

fatores fundamentais à elevada produtividade".

Do ponto de vista de Silva (1996), os objetivos do 5S são os mesmo da

educação, desenvolver cidadãos capazes de continuar o seu progresso após a

escola. No ponto de vista organizacional, o programa melhora a qualidade do

ambiente e do trabalho, estimulando o potencial dos colaboradores.

CONCLUSÃO

Muitos são os benefícios do programa 5S, sendo um deles, servir como base

para outras ferramentas de produção ou de qualidade (RIBEIRO, 2006).

Jesus (2003) relaciona os benefícios do programa 5S para os colaboradores e

para a organização. Para as empresas, a aplicação do 5S reflete em um ambiente

de trabalho mais seguro e saudável, incentivando a participação de todos com o

objetivo de evitar desperdícios e retrabalhos, refletindo na redução de custos,

melhoria da qualidade e da produtividade. Ao eliminar o desnecessário, facilita-se o

manuseio, guarda dos itens a serem utilizados. Tudo isso leva a empresa a se tornar

mais competitiva no mercado. Para os colaboradores, o programa melhora a

qualidade de vida, o crescimento profissional e pessoal pois é uma fonte de

conhecimento e oportunidades; estimula o trabalho em equipe, aumentando o

comprometimento com resultados.

Segundo Silva (1994), por só trazer benefícios, o programa 5S pode ser

Universitári@ - Revista Científica do Unisalesiano – Lins – SP, ano 7, n.15, jul-dez de 2016

14

implantado em qualquer organização independente do segmento ou tamanho, assim

desenvolvendo o espírito de equipe, autoestima, tornando o ambiente organizado, e

facilitando a localização de objetos, otimizando recursos, eliminando desperdícios e

conscientizando sobre o meio ambiente.

REFERÊNCIAS

ARAÚJO, P. H.; REDI, R. Qualidade ao alcance de todos. São Paulo: Gente, 1997.

BITENCOURT, Cláudia. O que é a metodologia 5s e como ela é utilizada. Sobre Administração, 25 mai 2010. Disponível em: http://www.sobreadministracao.com/o-que-e-a-metodologia-5s-e-como-ela-e-utilizada/. Acesso em: 20 maio 2016.

CAMARGO, J. A. A prática do bom housekeeping. São Paulo: IMAM, 1994.

CAMPOS, V. F. Gerenciamento da rotina do trabalho do dia-a-dia. Belo Horizonte: Fundação Christiano Ottoni, 1994.

______. TQC – Controle de qualidade total no estilo Japonês. 8. ed. Belo Horizonte: Desenvolvimento Gerencial, 1999.

______. TQC – Controle da Qualidade total (no estilo japonês). 8. ed. Nova Lima – MG: INDG Tecnologia e Serviços Ltda, 2004.

______. Gerenciamento da rotina do trabalho do dia-a-dia. 8. ed. Belo Horizonte: Desenvolvimento Gerencial, 2004.

______. Gerenciamento pelas diretrizes. 4. ed. Belo Horizonte: Editora de Desenvolvimento Gerencial, 2004.

CHAVES, F. Gestão e cia: as 5 dimensões da qualidade. Notícias de Itauna, São Paulo, 10 abr. 2013. Disponível em: <http://www.noticiasdeitauna.com.br/noticiasdiarias/renatochaves/2013/04/10/gestao-cia-as-5-dimensoes-da-qualidade/>

FARIA, C. História da Qualidade. InfoEscola, São Paulo. Disponível em: <http://www.infoescola.com/administracao/historia-da-qualidade/ > Acesso em:

19 mai. 2016.

GODOY, M. H. P. C.; MATOS, K. K. Trabalhando com 5S. Minas Gerais: Desenvolvimento Gerencial, 2004.

GONZALEZ, E. F. Aplicando 5S na construção civil. Florianópolis: UFSC, 2005.

Universitári@ - Revista Científica do Unisalesiano – Lins – SP, ano 7, n.15, jul-dez de 2016

15

JURAN, J. M. HSM Management. Qualidade no século XXI. São Paulo, 3 julho-agosto. 1997.

HENRIQUE, F.; FIORIO, V. O Que é TQM – Total Quality Management. Redação Indústria, São Paulo, 26 set. 2013b. Disponível em: <http://www.industriahoje.com.br/tqm-total-quality-management.> Acesso em: 20 maio 2016.

JESUS, A. R. Programa 5S. Comitê de Qualidade dos Correios, São Paulo, v. 65, n. 2, p.1-2, dez. 2003.

LAPA, R. P. Programa 5S. Rio de Janeiro: Qualitymark, 1998.

LEONEL, J. C. R. R. P. O Programa 5S e sua aplicação em uma fábrica de embalagens de papel. 2011. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Engenharia de Produção) - Universidade Federal de Juiz de Fora, Juiz de Fora.

MARSHALL, I. J. Gestão da qualidade. Rio de Janeiro: FGV, 2006.

PALADINI, E. P. Gestão da qualidade: teoria e prática. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2004.

PALADY, P. FMEA - Análise dos Modos de Falha e Efeitos: Provendo e prevenindo problemas antes que ocorram. São Paulo: IMAN, 1997.

O´HANLON, T. Auditoria da qualidade: com base na ISO 9001:2000 conformidade agregando valor. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2009.

OSADA, T. 5S’s: cinco pontos-chaves para o ambiente da qualidade total. 3. ed. São Paulo: IMAM, 1992.

OSADA, T. House 5S’s: cinco pontos chaves para o ambiente da qualidade total. São Paulo: IMAM, 2004.

RIBEIRO, H. A base para qualidade total: 5S. Salvador: Casa da Qualidade, 1994.

______. 5S’s barreiras & soluções: porque algumas empresas fracassam enquanto outras alcançam resultados extraordinários com o 5S? Salvador: Lis, 1997.

______. A bíblia do 5S da implantação á excelência. 2. ed. Salvador: Casa da qualidade, 2006

RODRIGUES, M. V. Ações para a qualidade GEIQ: gestão integrada para a qualidade padrão seis sigma, classe mundial. 2. ed. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2006.

SILVA, J. M. 5S: O ambiente da qualidade. 3. ed. Belo Horizonte: Fundação Christiano Ottoni, 1994.

SILVA, J. M. da. O ambiente da qualidade na prática: 5S. Belo Horizonte: Fundação Christiano Ottoni, 1996.

Universitári@ - Revista Científica do Unisalesiano – Lins – SP, ano 7, n.15, jul-dez de 2016