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UNIVERSIDADE SANTA CECÍLIA FACULDADE DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA
FARMÁCIA
DANIELA ALVES SIMÕES LIZANDRA TAMMY ITIOKA
AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ANTIFÚNGICA FRENTE AO FUNGO OPORTUNISTA Candida albicans E PERFIL
FITOQUÍMICO DO EXTRATO DA FORMULAÇÃO CHINESA Ba Wei Daí Xia Tang
SANTOS/SP NOVEMBRO/2010
UNIVERSIDADE SANTA CECÍLIA FACULDADE DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA
FARMÁCIA
DANIELA ALVES SIMÕES LIZANDRA TAMMY ITIOKA
AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ANTIFÚNGICA FRENTE AO FUNGO OPORTUNISTA Candida albicans E PERFIL
FITOQUÍMICO DO EXTRATO DA FORMULAÇÃO CHINESA Ba Wei Daí Xia Tang
Trabalho de Conclusão de curso apresentado como exigência parcial para a obtenção do título de Farmacêutico a Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Santa Cecília, sob a orientação da Profª Dra. Luciana L. Guimarães Fernandes.
SANTOS/SP NOVEMBRO/2010
DANIELA ALVES SIMÕES LIZANDRA TAMMY ITIOKA
AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ANTIFÚNGICA FRENTE AO FUNGO OPORTUNISTA Candida albicans E PERFIL
FITOQUÍMICO DO EXTRATO DA FORMULAÇÃO CHINESA Ba Wei Daí Xia Tang
Trabalho de Conclusão de curso apresentado como exigência parcial para a obtenção do título de Bacharel à Faculdade de Farmácia da Universidade Santa Cecília. Data da aprovação:09 /11/2010. Banca Examinadora __________________________________________ Profª. Dra. Luciana L. Guimarães Fernandes Orientadora __________________________________________ Profo Dr. Fernando Augusto Garcia Guimarães __________________________________________ Profº. Dra Elisabeth Brossi Sabia
AGRADECIMENTOS
Agradecemos à Deus por estar sempre do nosso lado mostrando o caminho e
nos dando força para que este trabalho fosse realizado.
Aos nossos pais que se sempre se esforçaram e se sacrificaram para que
estudássemos.
A Profª Dra. Luciana Lopes Guimarães que nos recebeu da melhor forma
possível, nos incentivando a realizar este trabalho de iniciação cientifica e passando
seus conhecimentos para que concluíssemos este trabalho.
Ao Sandro e toda a equipe do laboratório de Biologia Marinha que nos
ajudou intensamente preparando todos os materiais, cedendo os laboratórios e
equipamentos utilizados na execução desse trabalho.
A Kátia e toda equipe do Laboratório de Química que nos forneceu os
materiais e equipamentos utilizados no preparo e análise fitoquímica do extrato.
A Universidade Santa Cecília pelo espaço cedido.
Ao Profº Ms. Edson Spanghero Dalur pela cobrança e conhecimentos
passados.
Aos amigos de classe pela convivência e momentos de alegria.
A todos os Professores do Curso de Farmácia que passaram seus
conhecimentos.
A Viviane Bergamo, pela sua paciência, atenção, material fornecido e por
usar muitos dos seus dias para nos ajudar. Ao Dr. Bergamo por nos passar parte de seus conhecimentos e pela atenção
que nos foi dada.
EPÍGRAFE
Chame o sucesso para fazer parte de sua vida. Acredite no seu potencial criador, seja inovador, treine sua mente para vencer, estipule metas e, principalmente, lute
por seus ideais.
(Flávio Souza)
RESUMO
A busca de tratamentos alternativos para Candida albicans vem aumentando, pois
os fármacos disponíveis produzem resistência, além de apresentarem importante toxicidade. Por esse motivo há uma grande procura de novas terapias e utilizamos então, neste estudo, a Medicina Tradicional Chinesa, pela sua eficácia comprovada ao longo dos séculos. Esta terapia se baseia em recuperar o equilíbrio Yin e Yang, forças que percorrem e nutrem o Organismo Humano através de Canais de Energia chamados Meridianos. Analisamos o efeito antifúngico da formulação magistral chinesa Ba Wei Daí Xia Tang frente ao fungo oportunista Candida albicans, através de testes baseados na medicina ocidental “in vitro” com método de macrodiluição em caldo, sendo testada três concentrações: a descrita na farmacopéia chinesa, a metade dessa concentração e um quarto da mesma, nas quais obtivemos resultados negativos. Na triagem fitoquímica foram realizados testes de identificação para alcalóides, taninos, flavonóides e saponinas, sendo considerada positiva a presença de taninos no extrato aquoso e saponinas de núcleo triterpênico para o extrato etanólico. Baseado nos conceitos da Medicina Tradicional Chinesa a Formulação BA WEI DAÍ XIA TANG atua estagnando a umidade morna, tendo sua ação de purificar o calor, eliminar toxina, gerando assim uma melhora no quadro de Candidíase, mas “in vitro” mostrou-se ser ineficaz.
PALAVRAS-CHAVE : Medicinal chinesa; Candida albicans; triagem fitoquímica; Ba Wei Daí Xia Tang.
ABTRACT The search for alternative treatments for Candida albicans has been increasing since the available drugs produce resistance, and offer significant toxicity. Therefore there is great demand for new therapies and use then in this study, the traditional Chinese medicine for its effectiveness proven over the centuries. This therapy is based on recovering the balance of Yin and Yang forces that run through and nourish the human body through energy channels called meridians. We analyzed the effect of antifungal formulation masterful Chinese Ba Wei Xia Wei Tang against the opportunistic fungus Candida albicans, using tests based on Western medicine in vitro with broth macrodilution method, and tested three concentrations: the one described in Chinese Pharmacopoeia, the half of this concentration and the same quarter in which we obtained negative results. The phytochemical screening tests were performed to identify alkaloids, tannins, flavonoids and saponins, being considered positive the presence of tannins in aqueous extract and triterpenoid saponins core for the ethanol extract. Based on the concepts of traditional Chinese medicine formulation Ba Wei Xia Tang then acts to damp warm stagnating, with its action to purge the heat, eliminate toxin, thus generating an improvement in the condition of candidiasis, but in vitro proved to be ineffective .
KEYWORDS: Chinese Medicinal; Candida albicans, chemical screening, Ba Xia Tang
Wei Dai
LISTA DE TABELAS
Tabela 1- Quadro demonstrativo das reações cromáticas dos diferentes grupos de
flavonóides.................................................................................................................48
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Teoria dos cinco elementos aplicada na medicina chinesa.......................22
Figura 2 - Imagem de Angelicae sinenses.................................................................28
Figura 3 - Imagem de Radix ligusciti..........................................................................28
Figura 4 - Imagem de Sclerotium poria cocos............................................................29
Figura 5 - Imagem de Flos lonicerae japonicae.........................................................30
Figura 6 - Imagem de Pericarpium citri reticulatae.....................................................30
Figura 7 - Imagem de Caulis akebiae........................................................................30
Figura 8 - Imagem de Radix et rhizoma rhei..............................................................31
Figura 9 - Imagem de Córtex Fraxini.........................................................................32
Figura 10 - Imagem das ervas secas que constituem a formulação Ba Wei Daí
Xia Tang....................................................................................................................44
Figura 11 - Placas de cândida albicans ....................................................................52
Figura 12 - Reação de cloreto férrico.........................................................................53
Figura 13 - Teste com sais de chumbo (acetato).......................................................54
Figura 14 - Reação de sais de cobre (acetato)..........................................................55
Figura 15 - Reação de sais de ferro...........................................................................55
Figura 16 - Reação de acetato de chumbo................................................................56
Figura 17 - Determinação do índice de espuma........................................................56
Figura 18 - Teste de ação superficial.........................................................................57
Figura 19 - Análise quantitativa para saponinas........................................................57
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO................................................................................................12
1.1 Candida albicans.......................................................................................12
1.1.1 Tratamento para Candidíase.......................................................13
1.2 Teoria da Medicina Tradicional Chinesa...................................................13
1.2.1 Teoria do Qi.................................................................................14
1.2.2 Oito princípios..............................................................................14
1.2.2.1 A Teoria do Yin e Yang..................................................15
1.2.2.1.1 As aplicações da teoria Yin e Yang na medicina... 16
1.2.2.2 Exterior versus interior...................................................16
1.2.2.3 Frio versus calor.............................................................17
1.2.2.4 Deficiência versus excesso............................................18
1.2.3 Os cincos sabores .......................................................................19
1.2.4 Cinco elementos ..........................................................................20
1.2.5 As quatro tendências ...................................................................22
1.2.6 A visão chinesa das causas das doenças....................................23
1.2.6.1 Candidíase na medicina chinesa....................................24
1.2.7 Origem dos medicamentos chineses...........................................24
1.2.8 A colheita......................................................................................25
1.2.8.1 Raízes............................................................................25
1.2.8.2 Casca de árvores e raízes..............................................25
1.2.8.3 Plantas inteiras, caules, ramos e folhas.........................25
1.2.8.4 Flores..............................................................................25
1.2.8.5 Frutos.............................................................................26
1.2.8.6 Sementes e cernes.........................................................26
1.2.9 Hierarquia das fórmulas...............................................................26
1.2.10 Fórmula Ba Wei Daí Xia Tang...................................................27
1.3 Triagem fitoquímica...................................................................................32
1.3.1 Alcalóides.....................................................................................33
1.3.1.1 Atividades biológicas e emprego farmacêutico .............34
1.3.1.2 Detecção e caracterização.............................................34
1.3.2 Saponinas....................................................................................35
1.3.2.1 Terminologia e classificação..........................................35
1.3.2.2 Detecção e identificação................................................37
1.3.2.3 Propriedades biológicas.................................................37
1.3.3 Taninos.........................................................................................38
1.3.3.1 Atividades farmacológicas e biológicas..........................38
1.3.3.2 Emprego industrial e outros............................................39
1.3.3.3 Métodos de análises.......................................................40
1.3.4 Flavonóides..................................................................................40
1.3.4.1 Propriedades farmacológicas dos flavonóides...............42
1.3.4.2 Caracterização de flavonóides.......................................42
2. OBJETIVO..............................................................................................................43
3. MATERIAS E MÉTODOS.......................................................................................44
3.1 Extrato etanólico da formulação Ba Wei Daí Xia Tang................................44
3.1.1 Obtenção dos extratos e identificação das ervas........................44
3.1.2 Extrato etanólico padrão..............................................................44
3.2 Cultivo de fungos.......................................................................................45
3.3. Avaliação da atividade antifúngica...........................................................45
3.3.1 Preparo do inóculo......................................................................45
3.3.2 Teste de susceptibilidade ao extrato vegetal...............................45
3.3.2.1 Candida albicans............................................................46
3.4 Perfil fitoquímico........................................................................................47
3.4.1 Extrato hidroalcóolico...................................................................47
3.4.1.1 Flavonóides....................................................................47
3.4.1.1.1 Reações de Shinoda ou Cianidina...................47
3.4.1.1.2 Reação com hidróxido de sódio........................48
3.4.1.1.3 Reação com cloreto férrico...............................48
3.4.1.1.4 Reação com ácido sulfúrico concentrado........48
3.4.1.2 Alcalóides.......................................................................49
3.4.1.3 Taninos...........................................................................49
3.4.1.3.1 Teste com sais de chumbo (acetato)................49
3.4.1.3.2 Reação com sais de cobre (acetato)................49
3.4.1.3.3 Reação com sais de ferro.................................50
3.4.1.3.4 Reação com acetato de chumbo......................50
3.4.1.4 Saponinas.......................................................................50
3.4.1.4.1 Determinação do índice de espuma.................50
3.4.1.4.2 Teste de ação superficial..................................50
3.4.1.4.3 Análise qualitativa para saponinas...................51
4.RESULTADOS........................................................................................................52
4.1 Avaliação da atividade antifúngica do extrato etanólico da formulação Ba Wei Daí
Xia Tang.......................................................................................................52
4.2 Triagem fitoquimica....................................................................................52
4.2.1 Extrato hidroalcóolico...................................................................52
4.2.1.1 Flavonóides ....................................................................52
4.2.1.1.1 Reação de Shinoda ou Cianidina.....................52
4.2.1.1.2 Reação com hidróxido de sódio........................53
4.2.1.1.3 Reação com cloreto férrico...............................53
4.2.1.1.4 Reação com ácido sulfúrico concentrado.........53
4.2.1.2 Alcalóides.......................................................................54
4.2.1.3 Taninos...........................................................................54
4.2.1.3.1 Teste com sais de chumbo (acetato)................54
4.2.2.2.2 Reação com sais de cobre (acetato)................54
4.2.1.3.2 Reação com sais de ferro.................................54
4.2.1.3.4 Reação com acetato de chumbo......................56
4.2.1.4 Saponinas......................................................................56
4.2.1.4.1 Determinação do índice de espuma.................56
4.2.1.4.2 Teste de ação superficial..................................57
4.2.1.4.3 Análise quantitativa para saponinas.................56
5. DISCUSSÃO..........................................................................................................58
6. CONCLUSÃO.........................................................................................................60
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................................61
ANEXO I.....................................................................................................................65
ANEXO II ...................................................................................................................66
ANEXO III...................................................................................................................67
ANEXO IV...................................................................................................................68
ANEXO V....................................................................................................................69
ANEXO VI...................................................................................................................70
ANEXO VII..................................................................................................................71
ANEXO VIII.................................................................................................................72
12
1. INTRODUÇÃO
1.1 Candida albicans
C. albicans é um fungo dimórfico, que se apresenta sob formas
leveduriformes (blasto conídios) no estado saprofítico, estando associado à
colonização assintomática; ou como formas filamentosas (pseudo-hifas e hifas
verdadeiras), observadas em processos patogênicos. Além disso, sob condições de
crescimento subótimas, nesse fungo pode ocorrer a formação de clamidósporos
(esporos arredondados que possuem uma espessa parede celular). Dessa forma, o
fungo tem a capacidade de se adaptar a diferentes nichos biológicos, podendo ser
considerado, a rigor, um organismo "pleomórfico". (ÁLVARES et al, 2007)
Candidíase vulvovaginal (CVV) é uma infecção da vulva e da vagina, causada
pelas várias espécies de Candida, fungos comensais da mucosa vaginal e digestiva,
que podem tornar-se patogênica, sob determinadas condições que alteram o
ambiente vaginal. (HOLANDA et al, 2007)
Do ponto de vista taxonômico, são reconhecidas cerca de 200 espécies de
leveduras pertencentes ao gênero Candida, das quais 10% podem causar infecções
em seres humanos. A Candida albicans é a espécie mais frequentemente descrita
nos casos de CVV, seguida por C. glabrata, C. tropicalis, C. parapsilosis e C. krusei.
(ANDRIOLI et al, 2009)
Essa infecção caracteriza-se por prurido, ardor, dispareunia e pela eliminação
de um corrimento vaginal em grumos, semelhante à nata de leite. Com freqüência, a
vulva e a vagina encontram-se edemaciadas e hiperemiadas, algumas vezes
acompanhadas de ardor ao urinar e sensação de queimadura. As lesões podem-se
estender pelo períneo, região perianal e inguinal. O corrimento, que geralmente é
branco e espesso, é inodoro e, quando depositado nas vestes a seco, tem aspecto
farináceo. Em casos típicos, nas paredes vaginais e no colo uterino aparecem
pequenos pontos branco-amarelados. Os sintomas se intensificam no período pré-
menstrual, quando a acidez vaginal aumenta. (ÁLVARES et al, 2007)
A CVV é um dos diagnósticos mais freqüentes na prática diária em
ginecologia e sua incidência tem aumentado drasticamente, tornando-a a segunda
13
infecção genital mais freqüente nos Estados Unidos e no Brasil. (ÁLVARES et al,
2007)
1.1.1 Tratamento para candidíase
As três principais classes de antifúngicos usados, atualmente, no tratamento
da candidíase são os polienos (como nistatina e anfotericina B), os imidazóis (como
clotrimazol e miconazol) e os triazóis (como o fluconazol e itraconazol). Geralmente,
o tratamento inicial é feito com um agente tópico, a nistatina e miconazol são as
drogas de escolha inicial. Caso a terapêutica tópica não apresente resultados, é
iniciado o tratamento sistêmico, sendo o fluconazol a droga mais prescrita. (Paiva,
2009)
O tratamento das micoses humanas não é sempre efetivo, pois os fármacos
antifúngicos disponíveis produzem recorrência ou causam resistência, além de
apresentarem importante toxicidade. Por esta razão, há uma busca contínua de
novos fármacos antifúngicos mais potentes, mas, sobretudo mais seguros que os
existentes. (FENNER et al, 2006)
1.2 Teoria da medicina tradicional chinesa
A Medicina tradicional chinesa (MTC) apresenta muitos recursos naturais que
vêm sendo utilizados em tratamentos terapêuticos há mais de 5.000 anos. Esse
sistema medicinal se baseia na mistura de diferentes plantas e até mesmo de
produtos de origem animal ou mineral, para que os compostos presentes nestes
elementos interajam entre si e obtenham o objetivo desejado, que é a cura da
doença. O componente principal da mistura, geralmente adicionado em maior
quantidade, é o responsável pelo efeito terapêutico desejado; o componente
secundário potencializa ou colabora com o efeito terapêutico deste. Já os demais
componentes da mistura tratam dos sintomas periféricos, reduzem os efeitos tóxicos
ou direcionam o componente majoritário ao órgão alvo. A MTC considera a saúde
como equilíbrio existente no organismo como um todo. Os medicamentos seriam os
elementos responsáveis pelo restabelecimento deste equilíbrio. (SANTOS, 2006)
14
1.2.1 A Teoria do QI
. O Qi é frequentemente traduzido em energia vital. De acordo com a Filosofia
chinesa antiga, o universo origina-se do Qi original ou primitivo. O Qi Essencial era
tido como o elemento básico de que o universo era composto, e todas as coisas do
mundo eram produzidas por meio das mudanças e movimentos do Qi. (ZHUFAN,
2009)
É importante notar que, na Medicina Chinesa, todas as atividades da vida,
incluindo as atividades mentais, como pensamento, desejos, emoções, são baseadas
nas ações e mudanças do Qi. Acredita-se que os seres humanos são derivados do Qi
da Natureza, baseado nesta visão, a Medicina Chinesa enfatiza que todas as
atividades psicológicas estão em sintonia com as mudanças do meio ambiente natural
e, se conclui que para preservar a saúde deve-se manter a harmonia segundo as leis
da Natureza. (ZHUFAN, 2009).
O Qi na Medicina Chinesa pode ser classificado em duas principais categorias:
O Qi patogênico ou nocivo e o Qi normal ou verdadeiro. O Qi patogênico é prejudicial
à saúde. Isso inclui vários fatores ou agentes patogênicos, como por exemplo,
mudanças atmosféricas anormais, tais como vento, frio, calor, umidade ou secura. O
Qi verdadeiro dos seres humanos vem de três fontes: Qi primordial, Qi da essência
dos alimentos e Qi do ar. O Qi primordial é aquele herdado dos pais, enquanto que o
Qi da Essência dos alimentos e o Qi do ar são adquiridos. Qi verdadeiro inclui toda
matéria e energia essencial das atividades da vida assim como a resistência do corpo
contra as patologias. Neste contexto, a patologia e definida como um processo de luta
entre o Qi patógeno e o Qi verdadeiro, assim podendo afirmar que se o Qi verdadeiro
prevalecer o patógeno nunca acontecerá. (ZHUFAN, 2009).
1.2.2 Oito Princípios
É comum se dizer que há oito critérios gerais para a diferenciação das
síndromes na MTC. Mas deve-se observar que eles não estão no mesmo nível.
Dois deles estão no nível primário, ou seja, Yin e Yang, que é mais geral. A
diferenciação das síndromes Yin e Yang fornecem informação sobre a
característica geral da síndrome, mas nenhum tratamento concreto pode ser
15
determinado simplesmente com base no diagnóstico das síndromes de Yin ou
Yang. Na verdade, as síndromes exteriores, síndromes de excesso e síndromes
de calor são todas Yang, e as síndromes interiores, síndromes de deficiência e
síndromes de frio são todas Yin.
Os outros seis critérios estão todos no nível secundário. São eles; exteriores
versus interior, frio versus calor e deficiência versus excesso. Os seis critérios não
servem como um guia independente de princípios para a classificação das
síndromes. Eles estão envolvidos com os diferentes aspectos de uma síndrome -
exterior e interior indicando a profundidade ou localização da patologia, frio e calor
indicando a Natureza na patologia e deficiência e excesso indicando a força relativa
da resistência do corpo (Qi “antipatogênico” ou normal) e os fatores patogênicos (Qi
patogênico) para sua confrontação. Portanto, devem ser considerados em conjunto
durante a diferenciação das síndromes. Por exemplo, uma síndrome pode ser de
exterior na localização, frio em sua natureza e apresentar, ao mesmo tempo, fatores
patogênicos em excesso. Durante o tratamento uma síndrome exterior pode
transformar-se em uma interior, uma síndrome de frio em uma de calor e uma
síndrome de excesso em uma de deficiência. (ZHUFAN, 2009)
1.2.2.1. A Teoria do Yin e Yang
Acredita-se que todas as coisas têm dois lados. Yin e Yang representam dois
lados opostos de um objeto ou fenômeno.
Não há conflito entre as teorias do Qi e do Yin e Yang. Na verdade, Qi, como o
elemento básico que constitui o universo, pode ser dividido em dois: Yin Qi e Yang Qi.
Yin Qi refere-se, ao aspecto material do elemento, e Yang Qi, o dinâmico.
O equilíbrio entre o Yin e o Yang não é estático, mas dinâmico. O aumento ou
excesso de um está geralmente associado à diminuição ou deficiência de outro. Em
condições normais, aumento-diminuição do Yin e Yang é um estado de equilíbrio
relativo. Se isso for além dos limites fisiológicos, o equilíbrio Yin e Yang serão
alterados, resultando em patologia. (ZHUFAN, 2009).
16
1.2.2.1.1 As aplicações da teoria Yin e Yang na medicina
Para explicar a teoria do Yin Yang todo o corpo é envolvido, visto como uma
estrutura orgânica, a porção externa pertence ao Yang, ao passo que a interior
pertence ao Yin; a parte dorsal pertence ao Yang, enquanto que a parte ventral
pertence ao Yin; a porção superior pertence ao Yang, enquanto que a porção inferior
pertence ao Yin. Entre os órgãos Zang, o coração e o pulmão, situados na parte
superior do corpo (cavidade torácica), pertencem ao Yang, enquanto que o fígado,
baço e rins, situados na parte inferior do corpo (cavidade abdominal), pertencem ao
Yin. Ao considerar cada órgão, pode-se dividi-lo posteriormente em Yin e Yang. Os
equilíbrios dinâmicos entre o Yin e o Yang garantem a saúde. Quando o equilíbrio é
afetado, a patologia surge. A ruptura do equilíbrio normal do Yin e Yang está
relacionada a fatores patogênicos. (ZHUFAN, 2009)
Há dois tipos de fatores patogênicos: - fatores patogênicos Yin: frio, umidade; -
fatores patogênicos Yang: calor, secura e fogo. Por isso, o tratamento na Medicina
Chinesa está sempre focado na restauração do equilíbrio normal do Yin e do Yang.
Os princípios terapêuticos seguintes decorrentes da teoria do Yin e Yang são da
maior importância. (ZHUFAN, 2009).
1.2.2.2 Exterior versus interior
Exterior e interior indicam a profundidade ou a localização da patologia. O
exterior refere-se à porção superficial do corpo incluindo o tecido subcutâneo,
glândulas sudoríparas, músculos esqueléticos e meridianos e colaterais que correm
por esta porção. O interior refere-se aos órgãos internos (Zang Fu). (ZHUFAN,
2009).
A invasão dos fatores exógenos patogênicos (patologia exógena) geralmente
causa uma Síndrome Exterior no início do estágio. De acordo com a natureza do
fator patogênico exógeno e da resposta do corpo humano, as síndromes exteriores
podem ser diferenciadas entre as que envolvem frio exterior e calor exterior.
(ZHUFAN, 2009).
17
Ambas as síndromes são do tipo excesso. Geralmente ocorrem em indivíduos
previamente saudáveis sem deficiência do Qi normal após um ataque dos fatores
patogênicos em excesso. (ZHUFAN, 2009)
As síndromes interiores, associadas com patologias dos órgãos internos,
podem ser causadas em qualquer um dos três caminhos:
1. Transmissão dos fatores patogênicos exógenos do exterior para o interior. Por
exemplo, na síndrome exterior com calafrios, febre, cefaléia, pulso flutuante, os
calafrios desaparecem quando a febre ocorre acompanhada de dispnéia,
expectoração de muco amarelado e pegajoso, dores torácicas, língua avermelhada
com saburra amarela e espessa e pulso vigoroso e rápido. Esta é uma síndrome
interior (calor nos pulmões) devido à invasão do fator patogênico do exterior.
2. Ataque direto dos fatores patogênicos sobre os órgãos internos. Por exemplo,
ficar no frio pode resultar em vômito, dor abdominal e diarréia, que indicam que o
estômago e o baço foram afetados - uma síndrome de ataque direto ao interior pelo
frio.
3. Disfunção dos órgãos internos devido às desarmonias internas. Por exemplo,
crise emocional pode resultar em cefaléia, tontura, olhos injetados, zumbido, pulso
em corda e rápido e língua avermelhada com saburra amarelada, o que indica
hiperatividade do fígado - uma síndrome de fogo do fígado. (ZHUFAN, 2009).
Os pontos-chave que diferenciam as síndromes exteriores das interiores são
as seguintes: a maioria das síndromes exteriores é causada por fatores patogênicos
exógenos (tais como os seis fatores patogênicos exógenos do ambiente natural). As
síndromes exteriores ocorrem no estágio precoce das invasões exógenas e duram
um período curto de tempo, e depois ou se curam ou transformam-se em síndromes
interiores. (ZHUFAN, 2009).
1.2.2.3 Frio versus calor
As síndromes de frio ou calor refletem a deficiência ou o excesso de Yin e
Yang. "Como afirma o The Canon af medicine, a predominância do Yang origina o
18
calor e a predominância do calor origina o frio". Além disso, como regra de
tratamento, a "Síndrome de Frio deve ser tratada com medicamentos de
propriedades quentes e as Síndromes de Calor com medicamentos frios". Portanto,
a diferenciação entre o frio e o calor na natureza de uma síndrome é da maior
importância clínica. De modo geral, a síndrome de frio de um órgão interno refere-se
à hipofunção daquele órgão, e a síndrome de calor à hiperfunção. As características
comuns das síndromes de frio interior e das síndromes de calor Interior podem ser
descritas como seguem:
Síndromes de Frio Interior causam palidez, intolerância ao frio, ausência de
sede, aumento da freqüência intestinal, micção profusa e clara, língua pálida com
saburra branca e pulso lento ou tenso. Se houver dor, pode ser agravada por frio e
aliviada por calor. Se houver expectoração, o muco é fino, espumoso e
esbranquiçado. (ZHUFAN, 2009).
Os sintomas freqüentes da síndromes de calor interior são: rubor facial, febre ou
estado febril, sede, irritabilidade e agitação, constipação, micção escassa de
coloração escura, língua avermelhada com saburra amarelada e pulso rápido. Se
houver dor, é agravada por calor e aliviada por frio. Se houver expectoração, o muco
será espesso, pegajoso e amarelado. (ZHUFAN, 2009)
A síndrome de calor pode se transformar em frio, geralmente devido ao
tratamento impróprio ou inadequado ou por causa do consumo do Qi
“antipatogênico” pelos fatores patogênicos excessivos. A transformação pode ser
abrupta ou gradual. (ZHUFAN, 2009).
1.2.2.4 Deficiência versus Excesso
A deficiência e o excesso definem forças opostas - fatores patogênicos que
atacam o corpo e os fatores “antipatogênicos” que resistem aos fatores patogênicos.
A deficiência refere-se á deficiência na resistência do corpo, excesso refere-se ao
excesso dos fatores patogênicos. Quando os fatores patogênicos estão ausentes ou
debilitados e a resistência corporal é adequada ou forte, o indivíduo apresenta um
estado saudável ou se recuperará rapidamente da patologia. (ZHUFAN, 2009)
As síndromes de deficiência podem ser congênitas ou adquiridas, mas, na
maioria dos casos, são adquiridos por causa de dieta inadequada, fatores
emocionais, estresse, excesso de atividade sexual, patologias crônicas ou
19
tratamentos equivocados. Uma vez que os fatores “antipatogênicos” dos organismos
incluem Yin, Yang, Qi, sangue, essência, fluidos e várias funções dos órgãos
internos (Zang Fu), as síndromes de deficiência podem ser classificadas de acordo:
Deficiência de Yin, Deficiência de Yang, deficiência de Qi, deficiência de sangue etc.
(ZHUFAN, 2009)
O tratamento específico depende de um diagnóstico adicional detalhado da
Síndrome de deficiência, incluindo o elemento deficiente (Yin, Yang, Qi, essência ou
fluidos) e o órgão Zang Fu envolvido, bem como a natureza do frio ou do calor da
síndrome. (ZHUFAN, 2009)
A palavra "Excesso" aqui está relacionada a fatores patogênicos. As
Síndromes de Excesso são causadas por fatores patogênicos excessivos. Os
fatores patogênicos podem ser exógenos ou endógenos. Na maioria dos casos, o
simples excesso dos fatores patogênicos é exógeno. Muitos fatores patogênicos
endógenos são produtos da disfunção dos órgãos Zang Fu, tais como fluido retido,
muco e umidade, estagnação do Qi e do sangue. Os órgãos internos relacionados
podem se encontrar em um estado de deficiência, por exemplo, insuficiência dos rins
com retenção de líquidos e diminuição da função do baço na produção de umidade e
muco. Portanto, as síndromes causadas pelos fatores patogênicos endógenos
podem ser, simplesmente, do tipo excesso, mas podem também ser Síndromes de
Deficiência complicadas pelos sintomas de excesso. (ZHUFAN, 2009)[
1.2.3 Os cinco sabores
São eles:Picante (Xin), doce (Gan), ácido (Suan), amargo (Ku), salgado (
Xian)
Os cinco sabores determinam as funções medicinais das substâncias.
Funções:
Xin (picante): Dispersar e mover.
- Picante dispersivo: dispersa fatores pátogenos externo.
- Picante e movente: mover o Qi e mover o Xue
Energia
Sangue
20
Gan (doce): Tonifica, harmoniza e abrandar.
- Tonificantes: tonificar e nutrir. A maioria das substâncias tonificantes
são de sabor doce.
-Harmonizadoras: harmoniza o Zhong Qi, harmoniza as funções de
outras substancias.
-Abrandante: Abrandar a urgência e acalmar a dor, reduzir a
intoxicação e enfraquecer ação violenta de outras substancias. (NOLETO, 2009)
Suan (ácido): Adstringir e reter.
-Adstringe o suor, o Qi; retém diarréia, hemorragia, esperma e
leucorréia, pode reter urina (corrigir incontinência urinaria).
-Por ter a função de adstringir pode reter o patógeno, por isso, não se
deve ser utilizado em pacientes que sofrem síndrome de patógeno de excesso.
(NOLETO, 2009).
Ku (amargo):
Drena secar umidade e firmar, assim, temos:
-Amargo de drenagem:
-Laxativa: Drena o fogo por evacuação.
-Impedir e drenar a inversão do Qi que sobe:com função de descender
o Qi.
Eliminar o calor e drenar o fogo: com função antipirética.
-Amargo para secar:
-Amargo frio para secar umidade: para tratar calor úmido.
-Amargo morno para secar umidade: para tratar frio úmido (NOLETO,
2009).
Xian (salgado): Amolecem a consistência de massas endurecidas.
1.2.4 Cinco elementos
A Medicina Tradicional Chinesa sintetiza de acordo com as propriedades dos
cinco movimentos, as características fisiológicas dos cinco órgãos correlacionando
as relações fisiológicas entre Zang- Fu e vísceras.
21
O fígado tem a natureza de subir, estender-se livremente e controlar a
drenagem, natureza similar às propriedades da madeira, razão pela qual o fígado
está ligado à madeira. No coração situa-se a energia mental e esta é a manifestação
central da essência de todo o corpo; o coração controla os vasos sanguíneos,
fazendo com que o sangue aqueça e nutra todo o corpo, natureza esta que é similar
às propriedades do fogo, razão pela qual, o coração está associado ao fogo. O
baço/pâncreas encarrega-se de transportar e transformar o alimento e a água,
fontes dos nutrientes, pois o baço/pâncreas tem a natureza da terra, que produz
todo ser, por isso, este órgão está atribuído à terra. O pulmão purifica o ar, fazendo-
o descer e tem a propriedade do metal e por isso o pulmão está associado ao metal.
Nos rins está armazenado a essência, que nutre o Yin de todo o corpo, e controla a
circulação da água, regulando o equilíbrio dos líquidos orgânicos, com propriedades
similares da água de ser fria úmida e que flui para baixo, razão pela quais os rins
estão associados à água.
As relações de geração entre os cinco órgãos estão refletidas na: a essência
dos rins nutre o sangue do fígado e o mantém cheio (a água gera a madeira); o
sangue armazenado no fígado proporciona ao coração e completa o sangue deste
(a madeira gera o fogo); yang do coração aquece o baço / pâncreas, fazendo-o
funcionar normalmente no transporte (o fogo gera a terra); o baço/pâncreas
transforma a água e o alimento em nutrientes para a energia do pulmão (a terra gera
o metal); o pulmão se encarrega de purificar e fazer descender, de normalizar as
vias da água e ajuda os rins no controle da água (o metal gera a água).
Em relação à dominância, a descida e purificação do pulmão inibem o
possível excesso de ascensão do fígado (o metal domina a madeira); a função de
drenagem e de dispersão do fígado evita a estagnação da função do baço /pâncreas
no transporte e na transformação (a madeira domina a terra); o transporte e a
transformação dos líquidos do baço / pâncreas controla o transbordamento da água
dos rins (a terra domina a água); e a água dos rins proporciona o sangue do coração
prevenindo a hiperatividade do coração (a água domina o fogo); o calor de yang do
coração inibe as purificações excessivas do pulmão (o fogo domina o metal).
(NOLETO et al, 2009).
22
Figura 1: Teoria dos cinco elementos aplicada na medicina chinesa
Fonte: AUTEROCHE, 1986
1.2.5 As quatro tendências
São elas: ascensão, descensão, flutuamento e aprofundamento
Conceito: Compreende-se a tendência direcional das funções
medicinais.
Ascensão e flutuamento Yang
Descensão e aprofundamento Yin
Ascensão: Tendência de ascender à ação medicinal
Flutuamento: Tendência de ascender à ação medicinal
Descensão: Tendência de descender a ação medicinal
Aprofundamento: Tendência de mover ação medicinal para baixo (favorece a
diurese) (NOLETO, 2009).
SECURA
FRIO
VENTO
UMIDADE
RIM
FÍGADO
CORAÇÃO
PULMÃO BAÇO
CALOR
GERAÇÃO AVERSÃO
MADEIRA
FOGO
TERRA METAL
ÁGUA
DOMINAÇÃO (controle e avaliação)
23
1.2.6 A visão chinesa das causas das doenças
Na medicina Ocidental, germes e vírus são os principais agentes causadores
de doenças, mas na medicina tradicional chinesa, as causas das doenças são
divididas em três categorias básicas: primeira, causas externas, que incluem seis
energias atmosféricas (isto é, vento, frio, calor de verão, umidade, secura e fogo);
segunda, causas internas que incluem sete emoções (alegria, raiva, preocupação,
reflexão, tristeza, medo e choque); e a terceira, fadiga e alimentos. Sendo estes
fatores não baseados em pesquisas laboratoriais, mas em experiência comum.
(LU,1999)
O bloqueio das funções do baço de transporte e de digestão de água e dos
cereais e na distribuição dos líquidos orgânicos produz umidade, que e turva,
denominada umidade interna, que forma muco. Como a umidade interna é produzida
em virtude de uma fraqueza funcional do baço, ela é classificada como a umidade e
devida à insuficiência do baço ou “baço úmido”. (HUI et al,1999)
A umidade e o calor freqüentemente trabalham juntos para causar todos os
tipos de sintoma, incluindo eliminação de urina amarelada, micção freqüente mais
difícil e corrimento vaginal com odor fétido nas mulheres. Esses sintomas são
chamados de “sintomas do calor úmido” na Medicina Tradicional Chinesa. (LU, 1999)
O corpo humano precisa de fogo para manter a temperatura corpórea normal,
como uma sala precisa de calor para manter-se aquecida, por isso, que o fogo é
essencial para a saúde humana, sendo este o “fogo amigável”. Entretanto, o fogo
também pode ser uma energia hostil quando se origina de cinco outras energias
atmosféricas. O calor extremo torna-se fogo, e o fogo extremo produz efeitos tóxicos,
que na Medicina Tradicional Chinesa e chamado de “efeitos tóxicos de fogo “ou “fogo
tóxico”. (HUI et al,1999)
Os sintomas causados pelo fogo tóxico são caracterizados por sensação de
queimação e dor. A maioria dos casos de infecção e inflamação se inclui nesta
categoria, incluindo infecções oculares, infecções renais, infecção de garganta,
inflamação dos pulmões, inflamações vulvovaginais, furúnculos, carbúnculos e
infecções urinárias. (LU, 1999)
24
1.2.6.1 Candidíase na medicina Tradicional Chinesa
A candidíase do ponto de vista dessa medicina é originada de uma combinação
do calor no fígado e da umidade surgindo da deficiência do baço. A deficiência do
baço é portando, uma pré-condição para que este padrão se manifeste. A umidade
apresenta uma tendência a infundir em descendência. Se fluir em descendência e se
estabelecer no aquecedor inferior, causará secreções vaginais, prurido ou dor e
edema bem como irritação escrotal nos homens. (MACIOCIA, 1999)
Uma vez que a deficiência no baço, que conduz a formação da umidade, e uma
pré-condição para este padrão, qualquer uma das causas que provoca deficiência no
baço pode estar presente. Há um consumo excessivo de alimentos oleosos ou uma
dieta e estilo de vida irregular. (MACIOCIA,1999)
A estagnação persistente do Qi do fígado pode conduzir ao calor do fígado que
combina com a umidade. Qualquer uma das causas da estagnação do Qi do fígado,
portanto, pode conduzir a este padrão. (MACIOCIA, 1999)
Finalmente, calor-umidade pode também ser causado pelo calor-umidade
climático e externo. Sendo comum nos países tropicais, mas não é completamente
desconhecido nos países frios ou de clima temperado, especialmente no verão.
(MACIOCIA, 1999)
Por isso o princípio do tratamento é resolver a umidade e dispersar o calor do
fígado. (MACIOCIA, 1999)
1.2.7 Origem dos medicamentos chineses
A produção e distribuição dos medicamentos estão relacionadas com o clima
do ambiente. A China é um país em que as condições climáticas variam muito de
lugar para lugar devido ao vasto território, portanto, os medicamentos que não sofrem
processamento, carregam uma característica da região onde se encontram, ou seja, o
mesmo medicamento produzido em lugares diferentes pode variar tanto em qualidade
como em produção, por isso médicos antigos davam preferência ao uso de
medicamento „‟didao” (genuínos), que são aqueles produzidos em áreas reconhecidas
pelos vastos campos, excelente efeito terapêutico e alta qualidade. (AEMFTC, 2004)
25
1.2.8 A Colheita
As partes da planta a serem coletadas têm períodos diferentes de maturação, o
que difere assim a eficácia e suas propriedades de partes maduras e imaturas,
portanto colher a planta em seu período correto tem grande importância em seu efeito
terapêutico, pois somente quando são colhidas em sua correta estação produzem
efeitos terapêuticos desejados. (AEMFTC, 2004)
1.2.8.1 Raízes
Aconselha-se a colher raízes no inicio da primavera antes do aparecimento de
brotos e botões, ou quando as plantas começarem a amarelar o que normalmente
ocorre no fim do outono. Isso porque durante este período a maioria dos nutrientes
estão estocadas nas raízes que contem substâncias de maior qualidade e mais
eficazes. Existem algumas exceções. Como por exemplo, Rhizoma pinelia, Rhizoma
cordalis e Radix pseudostellaria, que amarelam no verão sendo assim seu melhor
período de colheita. (AEMFTC, 2004)
1.2.8.2 Casca de árvores e raízes
É recomendada colher as cascas das árvores no início do verão ou no final da
primavera quando as plantas crescem com abundante vigor, pois as cascas colhidas
nesta época podem sem descascadas mais facilmente e contêm mais nutrientes. Em
se tratando de cascas das raízes, a colheita deve ser feita no outono, pois estão
vigorosas e com boa qualidade. (AEMFTC, 2004)
1.2.8.3 Plantas inteiras, caules, ramos e folhas
São colhidos quando seu crescimento está exuberante, com ramos e folhas, ou
florescendo. As plantas com caules e ramos frágeis, ou aquelas que são pequenas e
devem ser utilizadas com suas raízes devem ser totalmente colhidas; as plantas
perenes têm suas partes aéreas cotadas e colhidas; as folhas de algumas plantas são
colhidas no inverno e no outono. (AEMFTC, 2004)
26
1.2.8.4 Flores
Essas devem ser colhidas apenas quando estão começando a abrir ou botões,
assim evitamos que suas pétalas e fragrância se percam. Aconselha-se também a
colher flores com tempo bom para que elas sequem ao ar livre. Algumas plantas
também são colhidas em várias estações porque florescem em diferentes épocas.
(AEMFTC, 2004)
1.2.8.5 Frutos
De uma maneira geral os frutos devem ser colhidos quando estão maduros.
Alguns, contudo, são colhidos antes como por exemplo: Pericarpium citri, Reticulatae
viride e Fructus anrantii immaturus; a alguns que são colhidos quando estão
vermelho; como Fructus trichosanthis e Retinerus luffae fructus. Frutas que
deterioram com facilidade, suculents, devem ser colhidas na época certa e
desidratadas mais tarde como por exemplo Fructus lycii. (AEMFTC, 2004)
1.2.8.6 Sementes e cernes
Estes são colhidos quando os frutos estão maduros. Para aqueles frutos que
se abrem e perdem sementes são colhidos em dias ensolarados assim que
amadurecem, mas ainda, não tenham aberto. (AEMFTC, 2004)
1.2.9 Hierarquia das fórmulas
As fórmulas Magistrais são formadas para manter um equilíbrio, evitando
efeitos colaterais e indesejáveis das drogas vegetais. Portanto as drogas vegetais são
classificadas em:
ERVAS IMPERIAIS
Responsáveis pela ação principal (indispensáveis)
ERVAS MINISTERIAIS
Potencializam a ação terapêutica das imperiais
27
Tratam Padrões Energéticos coexistentes
ERVAS ASSISTENTES
Potencializam as ervas imperiais e ministeriais
Moderam ou neutralizam a toxicidade das demais ervas
Diminuem ou neutralizam a ação das demais ervas
ERVAS AUXILIARES
Harmonizam e integram a ação das demais ervas
Potencializam a ação das demais ervas
ERVAS MENSAGEIRAS
Direcionam a ação das ervas (LOBOSCO, 2005)
1.2.10 Fórmula Ba Wei Daí Xia Tang
Fórmula utilizada para tratar síndrome de retenção de umidade-calor no
aquecedor Inferior acompanhada de deficiência de sangue, indicada para casos de
uretrite, candidíase vaginal, leucorréia, endometrite e cistite. (BERGAMO, 2000)
Ações:
Purifica o calor.
Elimina toxinas.
Elimina a umidade.
Dispersa estagnação.
Indicações:
Estagnação de umidade-morna-calor.
Sintomas e sinais:
Leucorréia.
Prurido.
Disúria.
Estrangúria.
28
Correspondências:
Distúrbios genitourinários: uretrite, candidíase vaginal, leucorréia, cistite.
(LO,2007)
Constituintes da fórmula:
Dang Gui
Figura 2 - Imagem de Angelicae sinensis
Nome científico: Angelicae sinensis Características: Acre, doce, morna. Merianos fígado e estômago Quantidade usada: 80,50 mg Uso tradicional: Tonifica e ativa o sangue, inibe a dor, umedece intestinos e promove fluxo intestinal. (LO, 2007) Farmacologia: Efeito regulador do útero, efeito sobre o metabolismo a secreção, efeito sedativo, efeito antibacteriano. (HSU,1999)
Chuang Xiong
Figura 3 - Imagem de Radix ligustici
29
Nome científico: Radix ligustici Características: Fortemente aromática; acre e amarga; morna. Meridianos: fígado, pericárdio e vesícula Biliar Quantidade usada: 47,20 mg Uso tradicional: Ativa fluxo de sangue e Qi, inibe o vento e alivia a dor.(LO, 2007) Farmacologia: Efeito antifúngico, tranqüilizante, hipotensivo, vasodilatador, antibacteriano (HSU,1999)
Fu Ling
Figura 4 - Imagem de Sclerotium poria cocos
Nome científico: Sclerotium poria cocos Características: Doce e insípida; neutra. Meridianos: coração, baço bexiga e pulmão Quantidade usada: 47,20 mg Uso tradicional: Promove diurese, elimina a umidade, fortalece o baço, harmoniza o aquecedor médio, tranquiliza o coração, acalma os nervos. (LO, 2007) Farmacologia: Efeito diurético, efeito nutritivo, tranqüilizante, e também diminui níveis de açúcar no sangue. (HSU,1999)
Jin-Yin-Hua
Figura 5 – Imagem de Flos lionicerae japonicae
30
Nome científico: Flos lonicerae japonicae Características: Doce; fria. Meridianos: intestino grosso, estômago e pulmão Quantidade usada: 15,8 mg Uso tradicional: Purifica o calor, inibe toxinas, dispersa calor .(LO, 2007) Farmacologia: Efeito antibacteriano, antiviral, estomáquico, antiespasmódico e diurético. (HSU,1999)
Chen Pi
Figura 6 – Imagem de Pericarpium citri reticulatae
Nome científico: Pericarpium citri reticulatae Características: Aromática; acre e amarga; morna. Meridianos: baço e pulmão Quantidade usada: 31,50 mg Uso tradicional: Regula o Qi, alivia o tórax, seca a umidade e dissolve a mucosidade. (LO, 2007)
Mu tong
Figura 7- Imagem de Caulis akebiae
31
Nome científico: Caulis akebiae Características: Amarga; fria. Meridianos: coração, bexiga e intestino delgado Quantidade usada: 47,20 mg Uso tradicional: Promove ação purgativa, purifica o calor, refresca o sangue, seda o fogo e inibe toxinas. (LO,2007) Farmacologia: Efeito diurético, cardiotônico, antibacteriano e anticancerígeno. (HSU, 1999)
Da Huang
Figura 8 - Imagem de Radix et rhizoma rhei
Nome científico: Radix et rhizoma rhei Características: amarga; fria. meridianos: fígado, pericárdio, baço, estômago e intestino grosso Quantidade usada: 15,8 mg Uso tradicional: Remove acúmulo e estagnação, remove fogo, esfria sangue, regula a menstruação. (LO, 2007) Farmacologia: Efeito purgativo, antibacteriano, adstringente, anticarcinogenio, beneficiar o efeito da vesícula biliar. (HSU, 1999)
32
Cortex fraxini
Figura 9 - Imagem de Cortex fraxini
Nome científico: Cortex fraxini Características: doce e insípida; neutra. meridianos: fígado e estômago Quantidade usada: 64,80 mg Uso tradicional: Adstringente, controla diarréia, dispersa o calor, seca a umidade, limpa fígado, clareia a visão. (LO, 2007) Farmacologia: Efeito antiflogístico, analgésico e diurético. (HSU, 1999)
1.3 Triagem Fitoquímica
O estudo químico vem despertando ao longo da história o interesse na
composição química das plantas classificadas como medicinais. A pesquisa
fitoquímica tem como objetivo conhecer os constituintes químicos das plantas ou
conhecer o grupo de metabólitos secundários relevantes nas mesmas. (PAIVA,
2009)
Na maioria das vezes, para se proceder a caracterização de um determinado
grupo de substâncias presentes em um vegetal, deve-se primeiro extrair essas
substancias com um solvente adequado, para, então, caracterizá-las. (SIMOES et
al., 2004).
Os produtos secundários têm um papel importante na adaptação das plantas
aos seus ambientes; são moléculas que contribuem para que as mesmas possam
ter uma boa interação com os diferentes ecossistemas. Os produtos secundários
aumentam a probabilidade de sobrevivência de uma espécie, pois são responsáveis
33
por diversas atividades biológicas com este fim como, por exemplo, podem atuar
como antibióticos, antifúngicos e antivirais para proteger as plantas dos patógenos, e
também apresentando atividades antigerminativas ou tóxicas para outras plantas,
fitoalexinas. Além disso, alguns destes metabólitos constituem importantes
compostos que absorvem a luz ultravioleta evitando que as folhas sejam
danificadas. (FUMAGALI et al.2008)
Classicamente, a caracterização dos principais grupos de substancias vegetais
de interesse tem sido conseguida pela realização de reações químicas que resultem
no desenvolvimento de precipitado e/ou coloração característica. Usualmente, essas
reações são realizadas em tubo de ensaio ou placa de toque, podendo também ser
utilizada a detecção cromatográfica com reagentes específicos (SIMOES et al., 2004).
Assim os metabólitos secundários, por serem fatores de interação entre
organismos, frequentemente, apresentam atividades biológicas interessantes. Nesse
sentido, tem sido estudada a atividade antifúngica de várias classes de compostos
químicos, naturais ou seus modelos sintéticos, como alcalóides, flavonóides,
taninos, saponinas, diterpenos, cumarinas e imidas sobre fungos filamentosos e
leveduriformes. (VIEIRA et al., 2009)
1.3.1 Alcalóides
Alcalóides são compostos nitrogenados farmacologicamente ativos e são
encontrados predominantemente nas angiospermas. A palavra alcalóide é derivada
da palavra arabe alquari, denominação vulgar da planta da qual a soda foi
originalmente obtida. Na sua grande maioria possuem caráter alcalino, com
exceções tais como piperina, colchicina, oximas e alguns sais quaternários como o
cloridrato de laurifolina. Para a definição dessa classe existe uma certa dificuldade
devido a ausência de uma precisa separação entre as aminas complexas de
ocorrência natural. (SIMOES et al., 2007)
Os alcalóides constituem-se num vasto grupo de metabólitos com grande
diversidade estrutural, comparável aquela dos terpenoides, representando cerca de
20% das substancias naturais descritas. Esse grupo químico tem apresentado um
grande impacto através dos tempos na economia, medicina e em outros setores
34
sociais e políticos. O uso de extratos vegetais contendo alcalóides como
medicamentos, venenos e poções mágicas, pode ser traçado desde os primórdios
da civilização. (SIMOES et al., 2007)
Tem sido observado que muitas plantas que produzem alcalóides são
evitadas por insetos ou animais em sua alimentação, isto certamente devido a sua
toxicidade ou ao fato de a maioria dos alcalóides tem gosto amargo. Porem não se
pode afirmar que as plantas produzam tais substâncias apenas para sua proteção,
pois se esse fosse o caso, plantas que não produzissem alcalóides teriam sido
extintas, causando uma predominância daquelas produzindo esses compostos.
(WINK, 1993).
1.3.1.1 Atividades biológicas e emprego farmacêutico
A presença de alcalóides pode ser assinalada em ampla gama de atividades
biológicas investigadas. Assim, pode-se citar emetina (amebicida e emético),
atropina, hiosciamina e escopolamina (anticolinérgicos), reserpina e protoveractrina
A (anti-hipertensivo), quinina (anti-malárico), camptotecina, vimblastina e vincristina
(antitumorais), codeína e noscapina (antitussígenos), morfina (hipnoanalgésico),
quinidina (depressor cardíaco), cafeína (estimulante do SNC), teobromina e teofilina
(diuréticos), colchicina (tratamento da gota), tubocurarina (miorrelaxante), efedrina
(simpaticomiméticos), castanospermina (antiviral), galantamina (tratamento do mal
de Alzheimer), entre muito outros. (SIMOES et al., 2007).
1.3.1.2 Detecção e caracterização
Usualmente os métodos de detecção são procedidos de uma extração e
consistem de reações de precipitação com reativos específicos.
Existem diversos reagentes gerais para a detecção de alcalóides por
precipitação.
A maioria dos alcalóides precipitam em soluções neutras ou levemente ácidas
pelos reagentes de Mayer (solução de iodeto de potássio e cloreto de mercúrio),
Dragendorff (solução de iodeto de potássio e subnitrato de bismuto), Wagner ou
Bouchardat (solução de iodo e iodeto de potássio), Bertand (solução de acido sílico-
35
túngstico), Hager (solução saturada de ácido pícrico) ou com solução de ácido
tânico. Esses precipitados podem ser amorfos ou cristalinos, possui cores diferentes
variando do branco ao marrom alaranjado, podendo ser solubilizados em meio
alcalino ou em excesso de reagente. Assim, resultados negativos com esse
reagentes são indicativos da ausência de alcalóides, enquanto a formação de
precipitados pode ser considerada apenas como provável presença de alcalóides.
(SIMOES et al., 2007).
Existem dois métodos gerais para extração de alcalóides (exceto aqueles
contendo um nitrogênio quaternário) podem ser aplicados: um com extração com
solventes em meio alcalino e outro em meio ácido. (SIMOES et al., 2007).
1.3.2 Saponinas
Saponinas são glicosídeos de esteróides ou de terpenos policíclicos. Esse
tipo estrutura, que possui uma parte com característica lipofílica (triterpeno ou
esteróide) e outra parte hidrofílica (açucares), determina a propriedade de redução
da tensão superficial da água e suas ações detergente e emulsificante. (SIMOES et
al., 2007).
Ao longo do tempo, esse grupo de substâncias sempre tem sido de interesse
farmacêutico, seja como adjuvante em formulações, componentes ativos em drogas
vegetais, ou ainda, como matéria-prima para síntese de esteróides. (SIMOES et al.,
2007).
As saponinas em solução aquosa formam espuma persistente e abundante.
Essa atividade provém, como nos outros detergentes, do fato de apresentarem na
estrutura, uma parte lipofílica, denominada aglicona ou sapogenina e uma parte
hidrofílica constituída por um ou mais açúcares. A espuma formada é estável à ação
de ácidos minerais diluídos, diferenciando-a daquela dos sabões comuns. Essa
propriedade e a mais característica desse grupo de compostos, da qual deriva o seu
nome (do latim sapone = sabão).
Outras propriedades físico-químicas e biológicas encontradas, mas nem
sempre presentes em todas as saponinas, são:
-elevada solubilidade em água;
36
-ação sobre membranas: muitas saponinas são capazes de causar
desorganização das membranas das células sanguíneas (ação hemolítica) ou das
células das brânquias em peixes (ação ictiotóxica);
- complexação com esteróides: razão pela qual freqüentemente apresentam
ação antifúngica e hipocolesterolemiante. (SIMOES et al., 2007).
1.3.2.1 Terminologia e classificação
As saponinas podem ser classificadas de acordo com o núcleo fundamental
da aglicona ou, ainda, pelo se caráter ácido, básico ou neutro. Assim, quanto à
aglicona, denominam-se saponinas esteroidais e saponinas triterpênicas. No grupo
das saponinas esteroidais podem ser considerados também os glicosídeos
nitrogenados esteroidais, que são tratados por alguns autores como um grupo à
parte. O caráter ácido pode ser devido à presença de um grupamento carboxila na
aglicona ou na cadeia de açúcares (por exemplo, ácidos glicurônico e galacturônico),
ou ambos. O caráter básico decorre da presença de nitrogênio, em geral sob forma
de uma amina secundária ou terciária, como nos glicosídeos nitrogenados
esteroidais.
Outra classificação refere-se ao número de cadeias de açúcares ligadas na
aglicona. Assim, saponinas monodesmosídicas possuem uma cadeia de açúcares,
enquanto que saponinas bidesmosídicas tem duas cadeia de açúcares, a maioria
com ligação éter na hidroxila em C-3 e a outra com ligação éster. Essa diferenciação
é importante já que, freqüentemente, as saponinas bidesmosídicas não apresentam
as atividades biológicas relatadas para as saponinas monodesmosídicas. (SIMOES
et al., 2007).
Nas saponinas esteroidais, a aglicona e formada por um esqueleto de 27
carbonos dispostos num sistema tetracíclico. As saponinas mais freqüentemente
encontradas na natureza possuem 30 átomos de carbono e núcleo triterpênico. As
saponinas esteroidais e triterpênicas apresentam uma distribuição diferenciada no
reino vegetal. (SIMOES et al., 2007)
37
1.3.2.2 Detecção e identificação
A detecção de saponinas no vegetal é realizada a partir de suas propriedades
químicas e físico-químicas: pela reação com ácidos minerais, aldeídos aromáticos
ou sais de metais produzindo compostos corados, pela diminuição da tensão
superficial e/ou pela ação hemolítica. Esses testes podem ser realizados qualitativa
ou quantitativos.
O teste de ação superficial e realizado com o extrato aquoso obtido a partir do
decocto do vegetal. Apos agitação enérgica do extrato filtrado em tubo de ensaio, a
formação de espuma, que não desaparece com a adição de um acido mineral
diluído, indica a presença de saponinas.
Sendo glicosídeos, e, portanto, substâncias polares, as saponinas são
geralmente solúveis em água e pouco solúveis em solventes apolares. O extrato
aquoso apresenta como vantagem, além do custo menor, a ausência de lipídeos e
clorofila. (SIMOES et al., 2007)
1.3.2.3 Propriedades Biológicas
O comportamento anfifílico das saponinas e a capacidade de formar
complexos com esteróides, proteínas e fosfolipídeos de membranas determinam um
número variado de propriedades biológicas para essas substâncias, destacando-se
a ação sobre membranas celulares, alterando a sua permeabilidade, ou causando
sua destruição. (SIMOES et al., 2007)
Relacionadas com essa ação sobre membranas, estão as atividades
hemolíticas, ictiotóxica e molusquicida, frequentemente observadas. Para algumas
saponinas também foi relatada ação espermicida; o mecanismo proposto até agora
para essa ação seria a ruptura da membrana plasmática da célula do
espermatozóide. Atividade anti-helmíntica foi apontada para um número significativo
de saponinas; no entanto, irritação causada nas mucosas tem impedindo o
desenvolvimento de aplicações práticas.
38
1.3.3 Taninos
Historicamente, a importância das plantas ricas em taninos esta ligada as
suas propriedades de transformar a pele animal em couro. Durante o curtimento são
formados ligações entre as fibras de colágeno na pele animal, a qual adquire
resistência ao calor, água e abrasivos. Esta capacidade dos taninos em combinar-se
com macromoléculas explica a capacidade deles precipitarem celulose, pectinas e
proteínas. Essas propriedades são a base da definição clássica dos taninos:
substancias fenólicas solúveis em água com massa molecular entre 500 e cerca de
3000 Dalton, as quais apresentam a habilidade de formar complexos insolúveis em
água com alcalóides, gelatina e outras proteínas.
A complexação entre taninos e proteínas é a base para suas propriedades
como fatores de controle de insetos, fungos e bactérias tanto quanto para suas
atividades farmacológicas. (SIMOES et al., 2007)
1.3.3.1 Atividades farmacológicas e biológicas
Tradicionalmente os taninos são classificados segundo sua estrutura química
em dois grupos: taninos hidrolisáveis e taninos condensados. (SIMOES et al., 2007)
Plantas ricas em taninos são empregadas na medicina tradicional no
tratamento de diversas moléstias, tais como diarréia, hipertensão arterial,
reumatismo, hemorragias, feridas, queimaduras, problemas estomacais (azia,
náusea, gastrite e úlcera gástrica), problemas renais e do sistema urinário e
processos inflamatórios em geral. (SIMOES et al., 2007)
Testes in vitro que são realizados com extratos ricos em taninos ou com
taninos puros tem identificado diversas atividades biológicas dessa classe de
substâncias. Dentre essas se podem citar: ação bactericida e fungicida, antiviral,
moluscicida, inibição de enzimas como glicosiltransferases de Streptococcus mutans
e Streptococcus sobrinus, inibição da peroxidação de lipídeos e sequestrador de
radicais livres e antitumoral.
Acredita-se que as atividades farmacológicas são devidas, pelo menos em
parte, a três características gerais que são comuns em maior ou menor grau aos
dois grupos de taninos, condensados e hidrolisáveis:
39
1) complexação com íons metálicos (ferro, manganês, vanádio, cobre, alumínio,
cálcio, entre outros).
2) atividade antioxidante e sequestradora de radicais livres.
3) habilidade de complexar com outras moléculas incluindo macromoléculas tais
como proteínas e polissacarídeos.
Foi sugerido o possível mecanismo de ação dos taninos para o tratamento de
doenças estão intimamente ligados a essas três propriedades.
Outros estudos mostram que os taninos tem efeitos inibitórios sobre bactérias.
Existem três hipóteses para o mecanismo de ação antimicrobiana. A primeira
hipótese pressupõe a inibição das enzimas de bactérias e fungos e/ou a
complexação dos substratos dessas enzimas; a segunda seria a ação dos taninos
sobre as membranas celulares dos microorganismos, modificando o seu
metabolismo. Finalmente, a terceira hipótese menciona a complexação dos taninos
com íons metálicos, diminuindo, assim, a disponibilidade destes elementos
essenciais para o metabolismo dos microorganismos. (SIMOES et al., 2007)
1.3.3.2 Emprego industrial e outros
Taninos condensados reagem rapidamente com formaldeído produzindo
polímeros com poder aglutinante. Esses polímeros têm sido empregados como um
meio para reduzir o fluxo de água em barragens, para estabilizar, o solo em
fundações de construções, na produção de borrachas, na fabricação de
aglomerados e laminados de madeira e na fabricação de resinas de troca catiônicas.
Derivados produzidos entre taninos condensados e amônio quaternário com
etanolamina, dimetilamina e formaldeído, ou cloreto de dietilaminoetila e iodeto de
metila tem sido usados como base para agentes floculantes ou coagulantes para o
tratamento de água. (SIMOES et al., 2007)
Taninos contribuem significativamente para a sensação adstringente de
vinhos, sucos de frutas, chás e de outras bebidas. Os flavan-3-ois, proantocianidinas
e antocianidinas são de crucial importância para o desenvolvimento do sabor e da
aparência do vinho tinto em seu processo de envelhecimento.
O papel biológico dos taninos nas plantas tem sido investigado e acredita-se
que eles estejam envolvidos na defesa química das plantas contra o ataque de
40
herbívoros vertebrados ou invertebrados e contra microorganismos patogênicos.
(SIMOES et al., 2007)
1.3.3.3 Métodos de análise
Vários métodos são conhecidos e tradicionais para o reconhecimento de
taninos. Teste com solução de gelatina a 1%, contendo 10% de cloreto de sódio,
fornece um precipitado ou mesmo turvação. Esse teste não é especifico, sendo que
alguns fenois apresentam reação positiva ao se encontrarem em altas
concentrações. Outro teste baseia-se na propriedade dos taninos de precipitarem
com alcalóides: p.ex. com soluções de cinchonina, cafeína ou estricnina a 1 a 2%.
Na tentativa de diferenciar os tipos de taninos, podem ser empregados dois
diferentes reativos.
1 – Solução de cloreto férrico: taninos hidrolisáveis produzem, com solução
diluída de cloreto férrico, uma forte coloração azul, principalmente em meio alcalino.
Soluções derivados de catequinas, por sua vez, resultam numa coloração verde,
cuja intensidade e mais fraca que os taninos hidrolisáveis. Em misturas de ambos os
tipos de taninos, a coloração verde não é observada.
2 – Formaldeído- ácido clorídrico: uma solução de taninos e mantida sobre
refluxo com formaldeído- ácido clorídrico por 30 minutos. Derivados da catequina
formam precipitados e são separados por filtração. No filtrado, pode ser verificada a
presença do ácido gálico através da adição de acetato de sódio e cloreto férrico.
(SIMOES et al., 2007)
1.3.4 Flavonóides
Os flavonóides, biossintetizados a partir da via dos fenilpropanóides,
constituem uma importante classe de polifenóis, presente em relativa abundância
entre os metabólitos secundários de vegetais. Uma “substância fenólica ou
polifenólica” é aquela que possui um ou mais núcleos aromáticos contendo
substituintes hidroxilados e/ou seus derivados funcionais (ésteres, éteres, glicosídeos
e outros). (SIMOES et al., 2007)
41
Os flavonóides representam um dos grupos fenólicos mais importantes e
diversificados entre os produtos de origem natural. Essa classe de compostos e
amplamente distribuída no reino vegetal.
Podem-se encontrar flavonóides em diversas formas estruturais. Entretanto, a
maioria dos representantes desta classe possui 15 átomos de carbono em seu núcleo
fundamental, constituído de duas fenilas ligadas por uma cadeia de três carbonos
entre elas. (SIMOES et al., 2007)
São conhecidos, até o presente mais de 4.200 flavonóides diferentes, sendo
que o número de novas estruturas identificadas praticamente dobrou nos últimos vinte
anos.
Diversas funções são atribuídas aos flavonóides nas plantas. Dentre elas pode-
se citar:
(a) proteção dos vegetais contra a incidência dos raios ultra-violeta e visível,
além de proteção contra insetos, fungos, vírus e bactérias.
(b) atração de animais com a finalidade de polinização.
(c) antioxidantes.
(d) controle de ação de hormônios vegetais.
(e) agentes alelopáticos
(f) inibidores de enzimas.
Esses compostos possuem também importância farmacológica, resultados de
algumas propriedades atribuídas a alguns representantes da classe, como por
exemplo: antitumoral, antiinflamatória, antioxidante, antiviral, entre outras.
Devido ao grande número de flavonóides existentes eles estão representados
em classes de acordo com suas características químicas e biosintéticas. Dentre essas
classes podemos citar:
1. Flavonas, flavonóis e seus O-heterosídeos
2. Flavonóides C-heterosídeos
3. Antocianos
4.Chalconas
5. Auronas
6. Di-hidro-flavonóis
7. Flavanas, leucoantocianidinas e proantocianidinas
8. Isoflavonóides
9. Neoflavonóides
42
10. Biflavonóides
11. Flavanonas
12. Di-hidro-chalconas. (SIMOES et al., 2007)
1.3.4.1 Propriedades farmacológicas dos flavonóides
De fato, pode-se inferir que os seres humanos ingerem muitas gramas de
flavonóides diariamente, sendo encontrados com freqüência nas frutas e muitas
outras espécies vegetais, no vinho, em cereais e ocasionalmente em corantes
alimentares.
O emprego terapêutico das plantas contendo flavonóides é vasto e, em muitos
casos ainda e empírico. Embora alguns resultados tenham mostrado que alguns
flavonóides possam apresentar efeitos mutagênicos, em geral, são considerados
como benéficos. Alguns medicamentos são elaborados a partir de flavonóides, em
particular para o tratamento de doenças circulatórias, hipertensão e agindo como
cofator da vitamina C. Outras pesquisas sugerem que alguns flavonóides são
responsáveis por ação antitumoral considerável, podendo ainda agir como antivirais,
anti-hemorrágicos, hormonais, antiinflamatórios, antimicrobianos e antioxidantes.
(SIMOES et al., 2007)
1.3.4.2 Caracterização de flavonóides
Os ensaios cromáticos apresentam importância como estágio preliminar de
análise e, em alguns casos, podem ser empregados às dosagens dos respectivos
derivados flavônicos. Em alguns casos é possível distinguir entre as diversas classes
de flavonóides. As cores obtidas variam conforme o núcleo, o número e a disposição
dos substituintes hidroxilados. Dessa forma, os hidróxi-flavonóides reagem a frio com
soluções alcalinas, resultando em fenolatos geralmente corados, solúveis em água,
mas decomponíveis por ácidos; vapores de amônia mudam a coloração das
antocianinas de vermelho para azul e de chalconas e auronas, de laranja para
vermelho. (SIMOES et al., 2007)
43
2. OBJETIVO
Esse trabalho tem como objetivo avaliar o efeito antifúngico in vitro da
formulação chinesa Ba Wei Daí Xia Tang, frente ao fungo oportunista Candida
albicans.
Realizar testes fitoquímicos do extrato da formulação Ba Wei Daí Xia Tang.
44
2. MATERIAS E MÉTODOS
3.1 Extrato etanólico da formulação Ba Wei Dai Xia tang
3.1.1 Obtenção do extrato e identificação das ervas
As oito plantas que constituem a formulação usada para este estudo foram
cedidas pela Fitofórmula farmácia e laboratório, especializada em fitoterapia
chinesa.
As identificações das mesmas foram feitas através de laudos farmacêuticos
que estão citados nos anexos I, II, III, IV, V, VI, VII e VIII.
Figura 10 – Imagem das ervas secas que constituem a formulação Ba Wei Daí Xia Tang
3.1.2 Extrato etanólico padrão
As plantas chegaram secas e embaladas, pois foram fornecidas por um
representante específico. Pesamos 100g das amostras para cada 500mL de álcool
30% (Farmacopoeia of the people´s republic of China, 2005), em seguida,
separadamente as mesmas passaram pelo processo de turbolização e maceração.
Logo após foram filtradas e mantidas, em frasco âmbar esterelizado. Em uma
proveta de 500 ml colocamos a quantidade correspondente de cada erva (citadas no
45
item 1.9.1), está foi armazenada em outro frasco âmbar esterelizado e mantida
sobre refrigeração até o dia do experimento.
3.2 Cultivo dos fungos
As cepas Candida albicans (ATCC-6454-8) foram cedidas pela Profa Dra
Luciana Lopes Fernandes Guimarães. As culturas dos fungos foram cultivadas no
meio Agar Sabourand-dextrose e incubadas a 35°C, subculturas (repiques)
semanais eram feitos para manter as colônias viáveis ate o ensaio.
3.3 Avaliação da atividade antifúngica
Para a avaliação da atividade antifúngica do extrato etanóico da formulação
Ba Wei Dai Xia Tang, foi utilizado o método de macrodiluição em caldo, padronizado
pelo National Comittee for Clinical Laboratory Standards NCCLS (1997) e descrito
em detalhes no trabalho de Colombo (1994).
3.3.1 Preparo do inóculo
Foram realizadas subculturas do fungo para o meio Sabourand-dextrose, este
foi mantido por 48 horas a 35°C. Decorrido tempo as leveduras foram contadas em
câmara de Newbauer, e a suspensão do inoculo foi ajustada para 2,5x103cel/mL com
meio Sabourand- dextrose estéril. (COLOMBO, 1994).
3.3.2 Teste de susceptibilidade ao extrato vegetal
Os experimentos foram realizados em triplicata através de diluições seriadas.
No dia do experimento a suspensão inicial do inoculo foi preparada após ter
determinado a quantidade de inóculo a ser utilizado. (VIEIRA, 2009)
46
3.3.2.1 Candida albicans
Foram preparados nove tubos de ensaio estéreis para serem feitas três series
testando três concentrações diferentes (a citada na farmacopéia tradicional chinesa,
a metade, e um quarto da mesma) e 3 tubos de ensaio estéreis para o controle
negativo contendo somente 100 μL, do álcool a 30% e 0,9ml do inóculo.
Os tubos foram classificados como CA (controle), A1(concentração padrão),
A1/2 (concentração padrão pela metade), A1/4 (¼ da concentração padrão), e
subseqüentes B e C.
Para obter a primeira concentração foi adicionado em um tubo de ensaio 100
μL do Extrato Etanólico Padrão, e 0,9ml de inoculo.
Para obter a segunda concentração foram adicionadas 100 μL de TSB estéril,
100 μL, do extrato e 0,9ml do inóculo, foi realizado a homogeneização e retirados
100 μL, obtendo assim a concentração de ½ da concentração padrão .
Os 100 μL retirados do tubo da segunda concentração foram adicionados a
um terceiro tubo, contendo 100 μL TSB estéril, realiza a homogeneização e retirado
100 μL, obtendo assim a concentração de ¼ da solução padrão.
Foi repetido esse mesmo teste por mais duas vezes classificando os tubos
subseqüentes como B e C. (triplicata)
Os tubos foram homogeneizados e incubados em estufa a 35°C pelo período
de 48 horas. Decorrido o tempo de incubação, foi realizado procedimento de
lavagem das culturas em meio Sabourand-dextrose estéril, e a seguir foram
transferidas para Placa de Petri com meio sólido, como mostra o procedimento a
seguir:
A um tubo de ensaio estéril foi adicionado 1 ml de TSB estéril e 50 μL da
solução padrão, realizou-se homogeneização e transferiu-se 50μL para Placa de
Petri, contendo o meio Agar Sabourand-dextrose.
Este procedimento é repetido com todas as concentrações e com o controle,
as placas são incubadas a 35°C por 48 horas, decorrido tempo é realizada leitura
visual, observando o crescimento das colônias submetidas ao extrato e comparado
com crescimento das colônias do controle negativo. (NCCLS, 1997)
47
3.4 Perfil fitoquímico
Visando a identificação dos principais grupos químicos presentes na
formulação Ba Wei Daí Xia Tang, procedeu-se o ensaio sistemático de analise
fitoquímica do extrato hidroalcóolico utilizando metodologias descritas por Costa,
2000, ( SIMOES et al. 2007), e Gambeta (2008) com algumas adaptações.
.
3.4.1 Extrato hidroalcoólico
O extrato hidroalcoólico utilizado para a triagem fitoquímica foi preparado
conforme o item 3.1.2, a partir do extrato hidroalcoólico procedeu-se as seguintes
reações:
3.4.1.1 Flavonóides
Foi realizada analise qualitativa de flavonóides obtido do extrato hidroalcoólico
das folhas secas da formulação Ba Wei Daí Xia Tang através de reações cromáticas
descritas nos procedimentos a seguir, afim de previamente classificar o tipo de
flavonóide encontrado através das colorações formadas nas reações de
caracterização.
3.4.1.1.1 Reações de Shinoda ou Cianidina
Colocar em um tubo de ensaio 2mL do extrato e adicionar fragmentos de
magnésio e em seguida, cuidadosamente, 5 gotas de Hcl concentrado (verificando a
efervescência). O resultado é considerado positivo com a formação da coloração
com tonalidade avermelhada (laranja, rosa, vermelho) comparada com o tubo
controle (COSTA, 2000).
48
3.4.1.1.2 Reação com hidróxido de sódio
Colocar em um tubo de ensaio 2 mL do extrato e adicionar 2 mL de solução
de hidróxido de sódio 2%. O resultado é considerado positivo com a formação de
coloração amarela comparada ao tubo controle (COSTA, 2000).
3.4.1.1.3 Reação com cloreto férrico
Colocar em um tubo de ensaio 2 mL do extrato hidroalcóolico e adicionar 3
gotas da solução de cloreto férrico a 4,5%. O resultado é considerado positivo com a
formação da coloração verde, amarela, verde-castanho ou violeta comparada ao
tubo controle (COSTA, 2000).
Tabela 1: Quadro demonstrativo das reações cromáticas dos diferentes grupos de flavonóides
Reação Flavonas Flavonóis Flavanonas Chalconas Isoflavonas
Shinoda ou Cianidina
Vermelho – Laranja
Vermelho Vermelho – Laranja
-------- --------
Hidróxido de sódio
Amarelo Amarelo – escura
Amarelo Amarelo Amarelo
Cloreto Ferrico
Verde Verde – Castanho
Verde – Castanho
Amarelo Verde
Fonte: Costa, 2000
3.4.1.1.4 Reação com ácido sulfúrico concentrado
Colocar em um tubo de ensaio 2 mL do extrato e adicionar algumas gotas de
acido sulfúrico concentrado. O resultado é considerado positivo para flavonas e
flavonóis com a formação de coloração fortemente amarelada, as flavononas
originam coloração que podem variar de laranja a vermelho, e as chalconas e
auronas formam coloração que variam do vermelho ao carmim (SIMOES et al.,
2007).
49
3.4.1.2 Alcalóides
A 10 mL do extrato aquoso adiciona 5mL de acido clorídrico 1%, realizando
extração durante 30 minutos em banho-maria. Após resfriado, filtrar com papel filtro.
Coloca-se algumas gotas do filtrado e 3 gotas do Reagente de Dragendorff sobre
uma lamina de vidro, sendo a reação considerada positiva apresentando precipitado
marrom-avermelhado. Para controle é colocado 3 gotas do filtrado sobre uma lâmina
e efetua-se comparação. (GAMBETA, 2008)
O mesmo procedimento pode ser realizado substituindo o Reagente de
Dragendorff pelos Reagentes de Bertrand e Reagentes de Mayer, sendo as reações
consideradas positivas na formação de precipitado branco-azulado e branco-
amarelado respectivamente. (GAMBETA, 2008)
3.4.1.3 Taninos
Do extrato hidroalcoólico foram retiradas alíquotas que foram transferidas a
tubos de ensaio para a análise através de reações descritas abaixo, para o controle
foi utilizado um tubo de ensaio contendo apenas o extrato hidroalcóolico, sem
nenhum reativo.
3.4.1.3.1 Teste com sais de chumbo (acetato)
Adiciona-se a 2 mL do extrato hidroalcóolico algumas gotas de solução a 10%
p/v de acetato de chumbo. Normalmente surge precipitado volumoso e denso
(COSTA, 2000).
3.4.1.3.2 Reação com sais de cobre (acetato)
Junta- se a 2 mL do extrato algumas gotas de acetato de cobre a 3% p/v.
Verifica-se cor do precipitado. (COSTA, 2000)
50
3.4.1.3.3 Reação com sais de ferro
Acrescenta-se a 2 mL do extrato hidroalcoólico 5mL de água destilada e
algumas gotas da solução de cloreto férrico a 2%. Nesta reação os taninos
hidrolisáveis produzem coloração azul-violeta e os taninos condensados coloração
esverdeada. (COSTA, 2000)
3.4.1.3.4 Reação com acetato de chumbo
Adiciona-se a 5 mL de extrato hidroalcoólico 10 mL de ácido acético diluído a
10% e cerca de 5 mL de solução de acetato de chumbo a 10%. Esta reação é
considerada positiva para galhotaninos na presença de precipitado. Nestas
circunstancias, o ácido acético conserva dissolvidos os catequinataninos e evita sua
precipitação. (COSTA, 2000).
3.4.1.4 Saponinas
3.4.1.4.1 Determinação do índice de espuma
Transferir 5 mL do extrato hidroalcoólico para um tubo de ensaio e agitar
vigorosamente, vedando o mesmo com o polegar. A reação é considerada positiva
quando observar o aparecimento do anel de espuma persistente (SIMOES et
al.,2007; GAMBETA, 2008).
3.4.1.4.2 Teste de ação superficial
A um tubo de ensaio contendo extrato hidroalcoólico é realizada agitação
enérgica, após agitação é verificada a formação de espuma, que não desaparece
com a adição de um ácido mineral diluído (ácido clorídrico diluído a 10%), indicando
presença de saponinas (SIMOES et al., 2007).
51
3.4.1.4.3 Análise qualitativa para saponinas
Adiciona-se a 25mL do extrato hidroalcoólico 5mL de acido clorídrico
concentrado e aquece-se por 10 minutos. Esperar esfriar e transferir o liquido para
um funil de extração, contendo 20mL de clorofórmio. Efetua-se a extração obtendo
assim o extrato clorofórmio. Em um tubo de ensaio colocar 5mL do extrato
clorofórmio e adicionar 2mL do reagente de Salkowski (2mL H2SO4 concentrado)
cuidadosamente pelas paredes do tubo, sem agitar.
O aparecimento de um anel de coloração vermelha ou pardo-avermelhada
caracteriza resultado positivo para saponinas que contenham o núcleo triterpenico,
enquanto que, o anel de coloração rósea a violeta indica resultado positivo para
saponinas que contenham o núcleo esteroidal. (SIMOES et al.,2007).
52
4. RESULTADOS
4.1 Avaliação da atividade antifúngica do extrato hidroalcóolico da
formulação Ba Wei Daí Xia Tang
Através da leitura visual das placas de petri verificou-se que o extrato
hidroalcóolico da formulação Ba Wei Daí Xia Tang não inibiu o crescimento do fungo
Candida albicans, sendo assim a atividade antifúngica nula na concentração testada
com a metodologia aplicada no presente trabalho.
Figura 11 - Placas de Candida albicans
4.2 Triagem fitoquimica
4.2.1 Extrato hidroalcoólico
4.2.1.1 Flavonóides
4.2.1.1.1 Reações de Shinoda ou Cianidina
O resultado foi considerado negativo, pois não houve formação de coloração
com tonalidade avermelhada em relação ao tubo controle.
53
4.2.1.1.2 Reação com hidróxido de sódio
O resultado foi considerado negativo, pois não houve formação de coloração
amarela em relação ao tubo controle.
4.2.1.1.3 Reação com cloreto férrico
O resultado foi considerado positivo para flavonoides pois obteve a coloração
verde,comparada ao tubo controle, o que pode indicar presenca flavonoides do tipo
flavonas, flavonois, flavanonas e isoflavonas, segundo Tabela 1 descrita por Costa
(2000).
Figura 12 - Reação com cloreto férrico
4.2.1.1.4 Reação com ácido sulfúrico concentrado
O resultado foi considerado negativo, pois não houve formação das
colorações verde, amarela, verde-castanho ou violeta em relação ao tubo controle.
54
4.2.1.2 Alcalóides
` O resultado foi considerado negativo, pois com a presença do reagente
Dragendorff não houve formação de precipitado marrom-avermelhado, e para os
Reagentes de Bertrand e Reagentes de Mayer, não houve formação de precipitado
branco-azulado e branco-amarelado respectivamente
4.2.1.3 Taninos
4.2.1.3.1 Teste com sais de chumbo (acetato)
O resultado foi considerado positivo, pois houve o aparecimento de
precipitado denso e volumoso.
Figura 13 - Teste com sais de chumbo (acetato)
4.2.1.3.2 Reação com sais de cobre (acetato)
O resultado obtido foi considerado positivo, pois observa-se a formação de
precipitado de coloração esverdeada.
55
Figura 14 – Reação de sais de cobre (acetato)
4.2.1.3.3 Reação com sais de ferro
O resultado obtido foi considerado positivo pois houve formação de coloração
esverdiada, indicando a presença de taninos condensados
Figura 15 – Reação de sais de ferro
56
4.2.1.3.4 Reação com acetato de chumbo
O resultado foi considerado positivo, pois houve formação de precipitado, o
que evidencia um resultado positivo para galhotaninos.
Figura 16 – Reação de acetato de chumbo
4.2.1.4 Saponinas
4.2.1.4.1 Determinação do índice de espuma
O resultado foi considerado positivo, pois houve aparecimento de espuma
após agitação.
Figura 17 – Determinação do índice de espuma
57
4.2.1.4.2 Teste de ação superficial
A reação foi considerada positiva, pois houve presença de espuma
persistente após a adição do ácido mineral diluído.
Figura 18 –Teste de ação superficial
4.2.1.4.3 Análise quantitativa para saponinas
O resultado foi considerado positivo, pois houve aparecimento de um anel de
coloração vermelha ou pardo-avermelhada.
Figura 19 – Análise quantitativa para saponinas
58
5. DISCUSSÃO
A candidíase vulvovaginal é uma das infecções mais comuns na prática clínica
de um ginecologista, a incidência desta infecção micótica tem crescido
acentuadamente, sendo a segunda causa de vaginite logo após a vaginose
bacteriana. Já foram identificadas mais de 400 cepas de candida, sendo a espécie
Candida albicans a mais importante causadora de candidíase. (NETO et.al. 1999)
Os fármacos antifúngicos disponíveis produzem grande recorrência ou causam
resistência, além de apresentarem importante toxicidade (FENNER et al, 2006). A
medicina tradicional chinesa trata-se de uma das artes médicas mais antigas da
humanidade ainda em uso que vem conquistando o mundo com suas técnicas
terapêuticas milenares. A medicina tradicional chinesa e a medicina ocidental têm
suas próprias vantagens e, por isso, tem sido realizados esforços para combinar estas
duas escolas na teoria e na pratica. (FRÓIO, 2006)
Tendo em vista os problemas encontrados, e a popularidade da Medicina
Tradicional Chinesa, neste estudo foi proposto a pesquisa de uma nova alternativa
terapêutica para o tratamento do fungo oportunista Candida albicans, usando uma
formulação tradicional chinesa composta por oito ervas chinesas, através do método
de macrodiluição em calda (NCCLS, 1997), testando a concentração descritas por
Der Cheng Lo da formulação Ba Wei Da Xia Tang, e verificamos o crescimento de
todas as placas de Candida albicans, portanto podemos dizer que para este teste in
vitro realizado, a formulação mostrou-se ineficaz.
De acordo com a Teoria da Medicina Tradicional Chinesa a formulação usada
para este estudo, age tratando áreas do organismo que estão debilitadas (umidade no
fígado e calor no baço citada no item 1.2.6.1), sendo essas, responsáveis por causar
a candidíase melhorando assim o quadro dessa doença.
Na análise fitoquimica do extrato hidroalcóolico da formulação Bai Wei Daí Xia
Tang foram identificados a presença de taninos do tipo condensado que segundo
Simoes et al.(2004) esses metabólitos encontrados possuem atividade antifúngica.,
existindo três hipóteses para pressupor o mecanismo. A primeira hipótese pressupõe
a inibição das enzimas das bactérias e fungos e/ou a complexação dos substratos
dessas enzimas, a segunda seria a ação dos taninos sobre as membranas celulares
modificando o seu metabolismo e a terceira hipótese menciona a complexação dos
taninos com os íons metálicos diminuindo assim, a disponibilidade dos elementos
59
essenciais para o metabolismo dos microorganismos. Também houve presença de
saponinas de núcleo triterpênico que por sua vez possui atividade antifúngica. Para
esse mesmo extrato também foi encontrado um resultado positivo dentro da classe de
flavonóides frente ao reagente cloreto férrico, e de acordo com COSTA et al.,2000,
derivados de catequininas com as soluções de cloreto férrico, resultando uma
coloração verde, cuja intensidade e mais fraca que os taninos hidrolisáveis, o que
pode ter corrido devido a grande presença de taninos evidenciado na amostra.
Informações cedidas pela farmácia e laboratório fitofórmula, relatam que as
pacientes que fazem uso dessa formulação tem tido boa aceitação, e melhora no
caso de candidíase, apesar de não existir nenhuma comprovação científica, mas de
acordo com a Medicina Tradicional Chinesa, essa formulação age em padrões
energéticos, o que não se pode analisar em uma placa de petri, sendo assim de
grande importância estudos “in vitro” com essa formulação.
60
6- CONCLUSÃO
O extrato hidroalcóolico obtido através da formulação Chinesa Bai Wei Daí
Xia Tang não apresentou atividade antifúngica “in vitro” frente ao fungo Candida
albicans.
Na análise fitoquímica o extrato hidroalcóolico evidenciou a presença de
taninos do tipo condensado e saponinas de núcleo triterpênico, que por sua vez
possuem atividade antifúngica
61
7 . REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ADMINISTRAÇÃO ESTADUAL DE MEDICINA E FARMÁCIA TRADICIONAL
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66
ANEXO II
67
ANEXO III
68
ANEXO IV
69
ANEXO V
70
ANEXO VI
71
ANEXO VII
72
ANEXO VIII