UNIVERSIDADE REGIONAL DO CARIRI - URCA CENTRO DE...
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UNIVERSIDADE REGIONAL DO CARIRI - URCA
CENTRO DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA - CCT
DEPARTAMENTO DA CONSTRUÇÃO CIVIL
CURSO DE TECNOLOGIA DA CONSTRUÇÃO CIVIL
HABILITAÇÃO EM TOPOGRAFIA E ESTRADAS
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO
FERNANDO CORREIA LEITE
TRANSPORTE DE COORDENADAS UTILIZANDO A ESTAÇÃO DE
REFERÊNCIA RBMC CRATO - CE
JUAZEIRO DO NORTE-CE
2017
FERNANDO CORREIA LEITE
TRANSPORTE DE COORDENADAS UTILIZANDO A ESTAÇÃO DE REFERÊNCIA
RBMC CRATO - CE
Monografia submetida ao curso de Tecnologia
da Construção Civil com habilitação em
Topografia e Estradas, cursado na URCA -
Universidade Regional do Cariri, para
obtenção do título de Tecnólogo da
Construção Civil com Habilitação em
Topografia e Estradas. Orientador professor
Paulo Ricardo Evangelista de Araújo.
JUAZEIRO DO NORTE-CE
2017
FERNANDO CORREIA LEITE
TRANSPORTE DE COORDENADAS UTILIZANDO A ESTAÇÃO DE REFERÊNCIA
RBMC CRATO - CE
BANCA EXAMINADORA
________________________________________________________________
Prof. Paulo Ricardo Evangelista de Araújo (Orientador)
Universidade Regional do Cariri (URCA)
________________________________________________________________
Prof. Ernandes Venícios de Sousa Silva (Avaliador)
Universidade Regional do Cariri (URCA)
________________________________________________________________
Prof. Dr. Eliakim Martins Araújo (Avaliador)
Universidade Regional do Cariri (URCA)
DATA DE APROVAÇÃO: _____ DE _______________ DE 2017.
A minha esposa Gilvania.
Aos meus pais, Erismar e Josiana.
AGRADECIMENTOS
A Deus, pela dádiva da vida, por ser onipresente em nossas vidas e nos dar a força de
batalhar por nossos ideais, principalmente nos momentos mais difíceis.
Aos meus pais, Erismar e Josiana e a minha esposa Gilvania por todo o empenho e
incentivo na vivência do dia-a-dia, principalmente na parte motivacional, sempre
aconselhando a seguir em frente nos estudos e a persistir nos objetivos que desejamos
alcançar.
Ao Prof. Paulo Ricardo Evangelista de Araújo, por aceitar ser o orientador e ter
apoiado o trabalho desde o desenvolver teórico até a execução prática onde disponibilizou
seus equipamentos e por toda a disponibilidade nos momentos de reunião.
A todos os docentes do Curso de Tecnologia da Construção Civil, pelo empenho e
dedicação em transmitir seus conhecimentos aos alunos e pelo vasto incentivo a carreira dos
futuros profissionais.
RESUMO
Diante à necessidade de obter trabalhos georreferenciados de boa precisão existem vários
métodos de posicionamentos para os receptores do Global Navigation Satellite System -
GNSS. Esta pesquisa enfoca o método relativo estático, onde o tempo de permanência do
receptor no rastreio varia de acordo com o comprimento da linha de base, do tipo de
equipamento e da precisão requerida no transporte de coordenadas. Em métodos relativos é
essencial utilizar coordenadas conhecidas como referência, no presente contexto o ponto
referencial será à estação da Rede Brasileira de Monitoramento Contínuo - RBMC do
município de Crato-CE. O principal objetivo da pesquisa consiste em realizar o transporte de
coordenadas através do método relativo estático, utilizando-se a estação RBMC do município
de Crato - CE, diante desse contexto definiram-se os seguintes objetivos específicos, a)
apresentar os componentes do GNSS, b) coletar os dados do levantamento conforme as
recomendações presentes na literatura, c) realizar o pós-processamento das coordenadas a
partir dos dados da RBMC e d) analisar os resultados dos pós-processamento. A presente
pesquisa foi baseada na literatura citada pelo autor MONICO (2008), pelo Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística - IBGE (2008 e 2017) e pelo Instituto Nacional de Colonização e
Reforma Agrária - INCRA (2013). Na etapa prática, a coleta de dados foi efetivada no
Campus URCA Crajubar, instalando-se o receptor GNSS de marca Hi-Target L1/L2 modelo
V30 sobre um marco de concreto que foi alocado nas proximidades da biblioteca. Alguns dias
após o trabalho de coleta de dados foi efetuado o descarregamento, o pós-processamento e a
obtenção das coordenadas referentes ao ponto mensurado, o detalhamento destas etapas assim
como os resultados alcançados encontram-se apresentados no contexto da presente pesquisa.
Obteve-se como resultado final deste trabalho, coordenadas corrigidas e ajustadas,
percebendo-se com isto a importância e eficácia do método relativo estático em conjunto com
a RBMC que desempenha sua função oferecendo ótimos resultados além de proporcionar
grande praticidade aos seus usuários.
Palavras-chave: Posicionamento Relativo. GNSS. Coordenadas.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1 - Esquema da projeção UTM ............................................................................... 18
Figura 2 - Fusos e zonas UTM do território brasileiro ....................................................... 19
Figura 3 - Ilustração da ocorrência de multicaminho ......................................................... 21
Figura 4 – PDOP ................................................................................................................. 21
Figura 5 - Posicionamento Relativo ................................................................................... 24
Figura 6 - Localização das estações da RBMC .................................................................. 28
Figura 7 - Cadastro para download na página do IBGE ..................................................... 30
Figura 8 - Relatório da estação Crato-CE ........................................................................... 31
Figura 9 - Marco de concreto inserido no jardim da biblioteca Campus URCA
Crajubar ............................................................................................................................... 32
Figura 10 - Receptor GNSS, marco de concreto, tripé e boca de lobo ................................ 32
Figura 11 - Instalação do tripé ............................................................................................ 33
Figura 12 - Configurações do equipamento, através da coletora ....................................... 33
Figura 13 - Receptor GNSS efetuando o rastreamento ...................................................... 34
Figura 14 - Pesquisa estação RBMC de Crato-CE ............................................................. 35
Figura 15 - Seleção e consulta da data do levantamento .................................................... 35
Figura 16 - Rinex e descritivo da RBMC de Crato-CE ...................................................... 36
Figura 17 - Criando e predefinindo o projeto Ponto URCA Crajubar no software
GNSS Solutions Versão 3.80 .............................................................................................. 36
Figura 18 - Janela para alteração dos dados da estação com os devidos valores
Ajustados ............................................................................................................................ 38
Figura 19 - Coordenadas ajustadas, levantamento URCA Crajubar .................................. 39
Figura 20 - Visualização das coordenadas no Google Earth Pro ....................................... 40
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Precisão do posicionamento relativo em função do tempo da
observação, equipamento e comprimento da linha de base .............................................. 25
Tabela 2 - Precisões das técnicas de posicionamento....................................................... 27
Tabela 3 - Coordenadas UTM disponíveis no arquivo rinex e no descritivo da
estação RBMC de Crato-CE ............................................................................................ 37
Tabela 4 - Altura elipsoidal do arquivo rinex e do descritivo da estação RBMC
de Crato-CE ..................................................................................................................... 38
Tabela 5 - Coordenadas UTM coletadas e ajustadas ponto URCA Crajubar ................... 39
Tabela 6 - Altura elipsoidal do arquivo rinex e ajustada ponto URCA Crajubar ............. 39
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
DOP Dilution of Precision
GNSS Global Navigation Satellite Systems
GPS Global Positioning System
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IGS International GNSS Service
INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária
Km Quilômetros
m Metros
PDOP Position Dilution of Precision
RBMC Rede Brasileira De Monitoramento Contínuo
SGB Sistema Geodésico Brasileiro
SIRGAS Sistema de Referência Geocêntrico das Américas
URCA Universidade Regional do Cariri
UTC Universal Coordinated Time
UTM Universal Transversa de Mercator
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 10
1.1 Objetivos .................................................................................................................. 12
1.1.1 Objetivo geral .......................................................................................................... 12
1.1.2 Objetivos específicos .............................................................................................. 12
1.2 Justificativa ............................................................................................................ 12
1.3 Problema ................................................................................................................ 13
1.4 Metodologia ............................................................................................................ 13
2 COMPONENTES DO SISTEMA GNSS .............................................................. 14
2.1 Sistema Geodésico de Referência........................................................................... 16
2.2 Sistema de Coordenadas ........................................................................................ 18
2.3 Máscara de Elevação .............................................................................................. 20
2.4 Multicaminho.......................................................................................................... 20
2.5 PDOP ..................................................................................................................... 21
3 TÉCNICAS DE POSICIONAMENTO .................................................................. 22
3.1 Posicionamento Por Ponto ...................................................................................... 23
3.1.1 Posicionamento Por Ponto a partir do Código C/A ............................................... 23
3.1.2 Posicionamento Por Ponto Preciso (PPP) ............................................................... 23
3.2 Posicionamento Relativo ....................................................................................... 23
3.2.1 Posicionamento Relativo Estático ......................................................................... 25
3.2.2 Posicionamento Relativo Estático-rápido ............................................................... 26
3.2.3 Posicionamento Relativo Semicinemático ............................................................. 26
3.2.4 Posicionamento Relativo Cinemático ..................................................................... 26
3.2.5 Rede Brasileira de Monitoramento Contínuo ........................................................ 27
3.2.6 Informações sobre estação RBMC Crato-CE ........................................................ 30
4 PROCEDIMENTO PRÁTICO COM RECEPTOR GNSS ................................... 32
5 PÓS-PROCESSAMENTO DOS DADOS DO LEVANTAMENTO .................... 35
6 RESULTADOS E DISCUSSÕES .......................................................................... 41
7 CONCLUSÃO ........................................................................................................ 42
REFERÊNCIAS .................................................................................................... 44
ANEXO A – RELATÓRIO FINAL GNSS SOLUTIONS VERSÃO 3.80 .......... 45
10
1 INTRODUÇÃO
O posicionamento consiste em alocar algo, sejam limites, estruturas ou pontos
materiais nos devidos lugares para os quais foram determinados, facilitando assim a
localização dos mesmos em um determinado espaço. O presente contexto é baseado na
afirmação do autor Monico (2008) onde o mesmo aborda que:
Posicionar um objeto nada mais é do que lhe atribuir coordenadas. Embora
atualmente esta seja uma tarefa que pode ser realizada com relativa simplicidade,
utilizando-se, por exemplo, satélites artificiais apropriados para esse fim, determinar
a posição foi um dos primeiros problemas científicos que o ser humano procurou
solucionar. O homem sempre esteve interessado em saber onde ele estava; de início
restrito à vizinhança imediata de seu lar, mais tarde o interesse se ampliou para os
locais de comércio e, finalmente, com o desenvolvimento da navegação marítima
praticamente para o mundo todo. (p. 29)
Com o passar do tempo, a necessidade de localização e navegação juntamente com o
desenvolvimento dos meios eletrônicos levaram a criação de sistemas que foram os pioneiros
na obtenção do posicionamento, quanto a isto Op.cit. (2008) cita que:
[...] Com o avanço da eletrônica, alguns sistemas foram desenvolvidos, mas mesmo
assim eles sempre apresentavam algum tipo de problema. Qualquer navegador
provavelmente já deve ter ouvido sobre o Loran (Long-Range Navigation System), o
Decca (Low frequency continous wave phase comparison navigation) e o Omega
(Global low frequency navigation system). Eles são baseados em ondas de rádio. (p.
30)
Conforme Op.cit. (2008, p.30), posteriormente a criação destes sistemas foi elaborado
o NNSS (Navy Navigation Satellite System) trabalhando agora com base em satélites
artificiais e no efeito Doppler, apesar de ser utilizado em posicionamentos o mesmo não
possuía boa precisão, vale ressaltar que este sistema NNSS também era chamado de Transit.
Diante dos problemas encontrados anteriormente, foi desenvolvido na década de 1970 nos
Estados Unidos o NAVSTAR-GPS (Global Positioning System). Op.cit. (2008) afirma que o
mesmo foi o “[...] sistema que revolucionou praticamente todas as atividades que dependiam
da determinação de posições”. (p. 30-1)
O Sistema NAVSTAR-GPS ou somente GPS como é mais conhecido popularmente,
foi inicialmente desenvolvido para fins militares. Conforme Op.cit. (2008, p.31) o mesmo foi
desenvolvido pelo Departamento de Defesa dos Estados Unidos baseado na radio navegação
objetivando ser o sistema de posicionamento utilizado pelas Forças Armadas norte-
americanas. Referente a este contexto Op.cit. (2008) faz a seguinte afirmação:
11
[...] Ele resultou da fusão de dois programas financiados pelo governo norte-
americano para desenvolver um sistema de navegação de abrangência global:
Timation e System 621B, sob responsabilidade da marinha e da força aérea,
respectivamente. (p. 31)
Diante do presente contexto percebe-se que o sistema de posicionamento foi
inicialmente baseado em ondas de rádio sendo utilizado para a navegação marítima, em
seguida foi concebido o NNSS que funcionava agora através de satélites artificiais e
proporcionava posicionamento global mesmo possuindo algumas limitações. Devido a estas
limitações apresentadas pelo NNSS criou-se o NAVSTAR-GPS que foi desenvolvido e
aprimorado para fins militares. Diante das vastas utilidades proporcionadas por esse novo
sistema que inicialmente era restrito ao uso militar, concedeu-se o acesso para o uso civil, de
acordo com isto, Op.cit. (2008) ressalta que:
[...] Em razão da alta acurácia proporcionada pelo sistema e do grande
desenvolvimento da tecnologia envolvida nos receptores GPS, uma grande
comunidade usuária emergiu dos mais variados segmentos da comunidade civil
(navegação, posicionamento geodésico, agricultura, controle de frotas etc.). (p. 31)
Na mesma época da criação do projeto NAVSTAR-GPS foi desenvolvido o sistema
GLONASS (Global Orbiting Navigation Satellite System) pela antiga União Soviética, este
foi outro sistema que inicialmente era restrito ao uso militar e que posteriormente também
passou a ser disponibilizado para a comunidade civil. Alguns anos após a implantação do
GPS e do GLONASS a União Européia criou um sistema para uso civil chamado Galileo, na
sequência a China criou o seu sistema de posicionamento de nome Beidou que também é
muito conhecido por Compass. Desde então todos estes sistemas vêem sendo aperfeiçoados
originando o GNSS (Global Navigation Satellite System).
Diante do avanço da tecnologia existem vários tipos de receptores GNSS, assim como
vários métodos de posicionamento dos mesmos. Dentre essa variedade de métodos será
abordado neste trabalho o transporte de coordenadas através do método relativo estático, onde
as coordenadas de referência serão as da estação da Rede Brasileira de Monitoramento
Contínuo - RBMC do município de Crato-CE. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística - IBGE (2008) e o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária - INCRA
(2013), em posicionamentos pelo método relativo é necessário o uso de dois ou mais
receptores GNSS para elaboração do levantamento, sendo que um dos receptores permanece
em um ponto de coordenadas conhecidas e o outro instalado no vértice ou ponto de
coordenadas que ainda serão determinadas. Já em relação à RBMC, o IBGE (2017b) aborda
12
que a principal utilidade desta estação é servir de referencial, ou seja, de oferecer coordenadas
conhecidas, devido a esta peculiaridade da mesma, dispensa-se o uso de um dos equipamentos
instalado em um vértice ou ponto de coordenadas conhecidas, além do mais, os trabalhos
realizados através desse sistema resultam em boas precisões e grande credibilidade.
1.1 Objetivos
1.1.1 Objetivo geral
Realizar o transporte de coordenadas no Campus URCA Crajubar, pelo método
relativo estático através da estação RBMC de Crato-CE, observando o tempo de permanência
do receptor que é relacionado ao comprimento da linha de base, ao tipo de equipamento e a
precisão requerida no levantamento, conforme recomendações do IBGE, apresentando as
etapas e os resultados obtidos neste processo.
1.1.2 Objetivos específicos
Apresentar os componentes do sistema GNSS.
Coletar os dados conforme o tempo de permanência recomendado pelo IBGE.
Realizar o pós-processamento das coordenadas através dos dados da RBMC estação
Crato-CE.
Analisar os resultados do pós-processamento.
1.2 Justificava
Com o notório avanço da construção civil no Brasil e com as recentes tecnologias dos
receptores GNSS é necessário realizar levantamentos topográficos com alta precisão através
do sistema geodésico. O transporte de coordenadas geodésicas é indispensável para estes
levantamentos topográficos, esse processo consiste em determinar a coordenada de uma base
conhecida e a partir desta obter a coordenada de outro ponto, principalmente em trabalhos que
exigem georreferenciamento.
Acredita-se na necessidade de realizar o estudo do transporte de coordenadas a partir
de uma estação RBMC, por ser uma estação de coordenadas conhecidas com boa precisão e
pela sua importante contribuição para o método de posicionamento relativo que é
indispensável em trabalhos vinculados a rede geodésica brasileira.
13
1.3 Problema
Diante da apresentação do presente contexto a problemática desta pesquisa está
centrada na seguinte questão, quais são os resultados de um transporte de coordenadas
realizado através de uma estação RBMC pelo método relativo estático?
1.4 Metodologia
O presente trabalho é desenvolvido e fundamentado através de pesquisas
bibliográficas compostas pela revisão literária sobre o GNSS, sobre os métodos de
posicionamentos dos receptores além de informações sobre a RBMC que é operada pelo
IBGE, com a finalidade de contextualizar a cerca do transporte de coordenadas de acordo com
as recomendações pertinentes a este processo.
A pesquisa é realizada com base no histórico do GNSS abordado pelo autor MONICO
(2008) e nas recomendações do IBGE (2008) e do INCRA (2013) para execução de
levantamentos relativos com receptores GNSS, sendo que a coordenada referencial do
trabalho é a estação RBMC de Crato-CE. Na primeira etapa é efetuada a revisão literária de
acordo com os pressupostos do autor MONICO (2008) referente ao histórico do GNSS e nas
recomendações do IBGE (2008) e INCRA (2013) assim como nas características e finalidades
das estações da RBMC que são citadas pelo IBGE (2017b). Na segunda etapa é desenvolvida
a parte prática do trabalho, através da instalação do receptor GNSS no campus URCA
Crajubar, aguardando o tempo de permanência recomendado pelo IBGE para execuções de
levantamentos relativos, onde o tempo de rastreio é relacionado ao comprimento da linha de
base, ao tipo de equipamento e a precisão requerida no levantamento. Dando continuidade a
etapa prática, é efetuado o pós-processamento para obtenção da coordenada do ponto
levantado em campo, em seguida é realizada a descrição do procedimento prático, assim
como, a exposição dos dados obtidos no levantamento.
14
2 COMPONENTES DO SISTEMA GNSS
O GNSS surgiu a partir da interação dos sistemas de posicionamento GPS,
GLONASS, Galileo e Compass/Beidou. O sistema GPS é baseado na disponibilidade de
satélites artificiais que determinam a localização do usuário em qualquer local do globo
terrestre. Monico (2008) afirma que “A concepção do sistema GPS permite que um usuário,
em qualquer local da superfície terrestre, ou próximo a esta, tenha à sua disposição no mínimo
quatro satélites para serem rastreados.” (p. 32). De acordo com a disponibilidade destes
satélites é possível obter as coordenadas do local onde o usuário do sistema encontra-se em
tempo real. Quanto a isto Op.cit. (2008) cita que:
O principio básico de navegação pelo GPS consiste na medida de distâncias entre o
usuário e quatro satélites. Conhecendo as coordenadas dos satélites em um sistema
de referência apropriado, é possível calcular as coordenadas da antena do usuário no
mesmo sistema de referência dos satélites. Do ponto de vista geométrico, apenas três
distâncias, desde que não pertencentes ao mesmo plano, seriam suficientes. Nesse
caso, o problema se reduziria à solução de um sistema de três equações com três
incógnitas. A quarta medida é necessária por causa do não sincronismo entre os
relógios dos satélites e o do usuário, que adiciona uma incógnita ao problema. (p.
32-3)
Conforme Op.cit. (2008, p.33), em meados do ano de 1985 o sistema de GPS entrou
oficialmente em funcionamento possuindo um total de 24 satélites artificiais em órbita, porém
o posicionamento já era utilizado desde 1983. Posteriormente foram adicionados mais
satélites ao sistema, Op.cit. (2008, p.33), afirma que “[...] No final de 2005, 29 satélites
estavam operacionais e, em junho de 2007, havia trinta satélites.” Este sistema é dividido em
três partes principais, com relação a isto Op.cit. (2008) enfatiza que:
O GPS consiste de três segmentos principais: Espacial, Controle e de Usuários.
Enquanto o primeiro está associado com a constelação dos satélites e seus sinais, o
de Controle monitora e faz a devida manutenção do sistema. O sistema de Usuários
do GPS é abrangente e continua a se ampliar. (p. 34)
Um sistema bastante similar ao GPS é o sistema russo de posicionamento que possui o
nome GLONASS, o mesmo foi desenvolvido em meados do ano de 1970, segundo Op.cit.
(2008, p.34) ele foi criado para obter informações de tempo, posicionamento e velocidade
com abrangência global, sendo concebido inicialmente para fins militares onde
posteriormente o governo russo disponibilizou para uso civil. No final do ano de 1995 o
sistema tornou-se inteiramente operacional com um total de 24 satélites em sua constelação.
15
Devido a problemas de manutenção a constelação do GLONASS teve uma grande diminuição
no número de satélites operantes, Op.cit. (2008) faz a seguinte afirmação:
[...] No fim de 2005 a constelação contava com apenas doze satélites e em alguns
períodos esse número foi até menor. Por exemplo, no fim de 2006, apenas dez
satélites estavam operacionais. Deve-se considerar, porém, que três satélites
lançados no Natal de 2006 ainda não tinham entrado em operação naquele momento.
(p. 34)
Outro aspecto que é muito similar ao GPS refere-se aos segmentos principais, neste contexto
Op.cit. (2008) enfatiza que: “Da mesma forma que o GPS, o GLONASS é composto de três
segmentos, sendo o segmento de usuários muito menor que o do GPS.” (p. 35)
Outro sistema que compõe o GNSS é o sistema europeu conhecido por Galileo, o
mesmo foi criado diretamente para o uso civil diferentemente do GPS e do GLONASS que
eram inicialmente sistemas militares, segundo Op.cit. (2008, p.35) a motivação para a
implantação deste sistema foi devido aos europeus não serem permitidos de utilizar o sistema
GPS, no período de 1998 a 1999 foram desenvolvidos vários estudos para implantação da
constelação de satélites artificiais, referente a este contexto Op.cit. (2008) ressalta que:
Em junho de 1999, baseado nos trabalhos anteriores realizados pelo Fórum Europeu
do GNSS, o Ministério dos Transportes Europeu concordou com a fase de definição
desse sistema, denominado Galileo, que é a contribuição europeia para o GNSS.
Este será um sistema aberto e global, com controle civil, que deverá ser
completamente compatível com o GPS (e, provavelmente, com o GLONASS), mas
independente. (p. 35)
Conforme Op.cit. (2008, p.35) os aspectos estruturais e as características de implantação do
sistema foram estabelecidos no período de 1999 a 2002, onde foram realizados estudos sobre
o aspecto estrutural e o conjunto espacial do sistema Galileo. Esta etapa de estudos foi de
grande relevância para a concepção e implantação do mesmo. De acordo com a procedência
do projeto Op.cit. (2008) afirma que:
Em seguida, com aprovação da continuidade do Galileo em 26 de março de 2003,
teve início a fase de desenvolvimento do sistema, em que estão o planejamento e a
validação do Galileo. Essa fase deve consolidar os requisitos iniciais, o
desenvolvimento dos satélites e as componentes do terreno, bem como a validação
dos satélites em órbita. O primeiro satélite experimental foi lançado em dezembro de
2005 e denominado GIOVE (Galileo In-Orbit Validation Element) A. O lançamento
do segundo estava previsto para 2007. Os primeiros quatro satélites operacionais, de
um total de trinta, devem ser lançados em 2008 para validação final dos segmentos
espacial e terrestre. Os demais satélites operacionais devem ser lançados na fase de
implementação do sistema, por um consórcio privado, momento em que o sistema
deverá alcançar a capacidade operacional. A fase operacional, na qual os serviços
16
serão oferecidos e a manutenção do sistema iniciada, deve ter início em 2011 (COM,
2006). (p. 35-6)
Referente ao sistema chinês Compass/Beidou que é mais um dos integrantes do GNSS
é válido mencionar conforme Op.cit. (2008, p. 36) que no dia 11 de abril de 2007 a China
realizou o lançamento do quinto satélite para compor a constelação do seu sistema de
posicionamento. Com início em 1983 o sistema Compass/Beidou inicialmente foi utilizado
em órbitas geoestacionárias, diante disto Op.cit. (2008) faz a seguinte afirmação:
[...] O primeiro satélite foi lançado em 2000 e a expectativa é que por volta de 2008
o sistema esteja pronto para serviços de navegação na China e em regiões vizinhas.
E, gradualmente, poderá tornar-se um sistema global. (p. 36-7)
Posteriormente a China lançará mais satélites em órbita para aprimorar o sistema de
posicionamento Compass, diante deste contexto Op.cit. (2008) ressalta que:
A partir das informações disponíveis atualmente, a china deverá lançar uma série de
satélites para criar o sistema Compass Navigation Satellite System, que diferirá um
pouco dos demais. Enquanto GPS, Galileo e GLONASS utilizam satélites de órbitas
médias, o Beidou (ou Compass) deverá posicionar cinco de seus satélites em órbitas
geoestacionárias, tendo os demais (por volta de trinta) órbitas similares às dos
GNSS. (p. 37)
As últimas atualizações referentes ao número total de satélites de posicionamento em
órbita são citadas pelo Instituto GEOeduc em sua página on-line no dia 06 de Abril de 2015,
onde mesmo afirma que:
Com os lançamentos realizados na semana passada, a “constelação” do sistema
russo Glonass agora possui 28 satélites, sendo 24 operacionais. Já o GPS conta com
32 veículos em órbita, com 30 operacionais. Por sua vez, o sistema europeu Galileo
chegou a 8 satélites, com 4 operacionais e o chinês Beidou já possui 17, sendo 16
operacionais.
2.1 Sistema Geodésico de Referência
É a representação da superfície terrestre por meio de uma imagem, que servirá de
referência para determinar o posicionamento. Referente a este assunto o IBGE (2017a) cita
que o mesmo, é o:
Sistema de referência composto por uma figura geométrica representativa da
superfície terrestre, posicionada no espaço, permitindo a localização única de cada
ponto da superfície em função de suas coordenadas tridimensionais, e materializado
17
por uma rede de estações geodésicas. Coordenadas, como latitude, longitude e
altitude, necessitam de um sistema geodésico de referência para sua determinação.
Atualmente o sistema de referência utilizado no Brasil é o SIRGAS2000 (Sistema de
Referência Geocêntrico para as Américas) quanto a esse sistema o IBGE (2017a) afirma que:
Desde 25 de fevereiro de 2015, o SIRGAS2000 (Sistema de Referência Geocêntrico
para as Américas) é o único sistema geodésico de referência oficialmente adotado no
Brasil. Entre 25 de fevereiro de 2005 e 25 de fevereiro de 2015, admitia-se o uso,
além do SIRGAS2000, dos referenciais SAD 69 (South American Datum 1969) e
Córrego Alegre. O emprego de outros sistemas que não possuam respaldo em lei,
pode provocar inconsistências e imprecisões na combinação de diferentes bases de
dados georreferenciadas.
Diferentemente dos sistemas SAD 69 e Córrego Alegre (CA) que possuem como referenciais
a superfície terrestre, o referencial do SIRGAS2000 é em relação ao centro de massa do
planeta, no que diz respeito a isto o IBGE (2017a) explica que:
São sistemas de concepção diferente. Enquanto a definição/orientação do CA/SAD
69 é topocêntrica, ou seja, o ponto de origem e orientação está na superfície
terrestre, a definição/orientação do SIRGAS2000 é geocêntrica. Isto significa que
esse sistema adota um referencial que tem a origem dos seus três eixos cartesianos
localizada no centro de massa da Terra. Além disso, as redes de referência que
materializam esses sistemas foram determinadas com técnicas de posicionamento
diferentes. Enquanto que no caso do CA e SAD 69 foram utilizadas basicamente
técnicas clássicas (triangulação e poligonação), no SIRGAS2000 foram empregados
os sistemas globais de navegação (posicionamento) por satélites – GNSS.
Uma das principais vantagens de utilizar o sistema de referência SIRGAS2000 que foi
definido o oficial do país, é a sua ligação direta ao GNSS, ou seja, ao utilizar esta referência o
posicionamento já será vinculado a rede geodésica global. O IBGE (2017a) esclarece que:
Adotando-se o referencial geocêntrico, é possível fazer uso direto da tecnologia
GNSS (Global Navigation Satellite Systems, ou Sistemas Globais de Navegação por
Satélites), importante ferramenta para a atualização de mapas, nas obras e atividades
de infraestrutura no país, controle de frota de empresas transportadoras, navegação
aérea, marítima e terrestre em tempo real. O SIRGAS2000 permite o alcance de uma
maior precisão no mapeamento do território brasileiro e, consequentemente, no seu
ordenamento, bem como na demarcação de suas fronteiras. Além disso, a adoção
desse sistema na América Latina tem contribuído para o fim de uma série de
problemas de discrepância entre as coordenadas obtidas com o uso dos sistemas
GNSS (especialmente GPS e GLONASS nos dias de hoje) e aquelas extraídas dos
mapas utilizados anteriormente no continente.
18
2.2 Sistema de Coordenadas
No que se refere a posicionamento é possível utilizar dois tipos de sistemas de
coordenadas, sendo um de coordenadas geográficas que são identificadas por unidades de
medida angular, ou seja, grau (°), minuto (‘) e segundo (‘’), complementada pela abreviação
N ou S para os hemisfério norte e sul respectivamente e pela abreviação E para leste (East) ou
W para oeste (West), já o outro sistema refere-se a coordenadas planas que utilizam valores
lineares, esse sistema baseia-se na projeção UTM (Universal Transversa de Mercator), esta
projeção é cilíndrica e recebe o nome de transversa devido ao eixo do cilindro secante
encontrar-se no plano do equador, é utilizada internacionalmente em representações da
superfície terrestre, porém é limitada pelas latitudes 80° S e 84° N diferentemente das
geográficas que podem ser utilizadas em qualquer ponto do globo. A figura 1 representa este
sistema de projeção.
Figura 1. Esquema da projeção UTM1.
Fonte: DOMINGUES, 2017.
No sistema de coordenadas geográficas a latitude origina-se no equador 0° e pode
variar até 90° em direção ao pólo norte ou ao pólo sul, sendo que as do hemisfério norte
recebem o sinal positivo e as do sul sinal negativo. Em relação a longitude a origem da
mesma situa-se no meridiano de Greenwich sendo 0° neste ponto, sua medição é realizada na
direção leste ou oeste prevalecendo a mais próxima, variando de 0 a 180 graus, onde as
longitudes a oeste da origem são negativas e a leste positivas. Na projeção UTM o cilindro
1 Disponível em:
<https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/3187586/mod_resource/content/1/Orienta%C3%A7%C3%A3o_C
oordenadas_%20UTM.pdf>. Data de Acesso 20 de Agosto de 2017.
19
transverso secante é dividido e numerado de 1 a 60, cada um dos 60 fusos possuem 6° de
longitude, sua origem é a 180° do meridiano de Greenwich que também pode ser chamado de
antimeridiano de Greenwich, tomando-se o pólo norte como referencial a contagem dos fusos
é efetuada no sentido anti-horário, além dos fusos a projeção UTM também é dividida em
zonas ou faixas que possuem 4° de latitude a partir do equador sendo para o hemisfério norte
ou para o hemisfério sul, essas zonas são representadas pelas letras do alfabeto. Na projeção
UTM a latitude possui o valor 10.000.000 m no equador sendo que no hemisfério sul os
valores decrescem em direção ao pólo sul já no hemisfério norte os valores são crescentes e
iniciam de 0 m logo após a linha do equador até 10.000.000 m em direção ao pólo norte, já na
longitude o valor atribuído a cada meridiano central é 500.000 m onde os valores são
crescentes a leste e decrescentes a oeste do meridiano central. As coordenadas neste sistema
são indicadas pelas letras N (North) representando a latitude e pela letra E (East)
representando a longitude.
O Brasil possui um total de 8 fusos UTM, o sistema UTM brasileiro abrange os fusos
de numeração 18, 19, 20, 21, 22, 23 24 e 25. Percebe-se que o fuso a ser utilizado no presente
trabalho é o de número 24 e a zona de letra M, pois o mesmo abrange o estado do Ceará. A
figura 2 ilustra os fusos e zonas presentes no território brasileiro.
Figura 2. Fusos e zonas UTM do território brasileiro.
20
2.3 Máscara de Elevação
Este tópico refere-se a uma configuração tanto no receptor GNSS quanto no software
de pós-processamento, a mesma determina o ângulo de corte que elimina os sinais ruidosos de
satélites que estejam muito próximos a linha do horizonte, a máscara de elevação com um
ângulo menor provoca uma coleta de sinais com ruídos, já um ângulo maior elimina sinais de
vários satélites prejudicando a qualidade do ponto, o ângulo ideal deve está configurado em
torno de 15º.
2.4 Multicaminho
O multicaminho é um efeito muito conhecido na recepção dos sinais emitidos pelos
satélites, ao instalar um receptor GNSS próximo de objetos e/ou superfícies refletoras o
mesmo passa a receber um sinal direto seguido de um sinal refletido, ambos são captados pela
antena do receptor afetando a acurácia do levantamento, referente a isto tem-se o seguinte
trecho afirmado pelo autor Monico (2008):
O efeito provocado pelo multicaminhamento do sinal é bem descrito pelo próprio
nome. O receptor pode, em algumas circunstâncias, receber, além do sinal que chega
diretamente à antena, sinais refletidos em superfícies vizinhas a ela, como
construções, carros, árvores, massa d’água, cercas etc. (p. 221)
O efeito do multicaminho é ilustrado na figura 3, vale ressaltar que é de grande importância
ter precaução no que diz respeito ao local escolhido para instalação do receptor assim como a
utilização de algumas técnicas especiais com intuito de reduzir ao máximo este efeito, já que
o mesmo não pode ser totalmente eliminado. Segundo os autores Polezel; Souza; Monico
(2004, p.3) existem algumas técnicas que mitigam o efeito do multicaminho, essas técnicas
são as seguintes: Planejamento das observações, Antenas especiais, Processamento espacial
de várias antenas, Calibração da estação e Coleta de dados por maior período de tempo.
Dentre essa variedade de técnicas será aplicada neste trabalho a técnica da coleta de dados por
maior período de tempo, com a finalidade de diminuir o efeito do multicaminho.
21
Figura 3. Ilustração da ocorrência de multicaminho.
Fonte: MONICO, 2008, p.223.
2.5 PDOP
A qualidade do posicionamento depende muito da geometria em que os satélites
encontram-se dispostos acima do receptor GNSS, essa característica é chamada de DOP
(Dilution of Precision) que em português significa diluição da precisão. Diante da diversidade
de tipos de DOP, o mais importante no âmbito de posicionamento é o PDOP (Position
Dilution of Precision), que em português significa diluição da precisão da posição. Quanto ao
PDOP o IBGE (2008), afirma que:
O PDOP é o DOP para posicionamento tridimensional. Vale ressaltar que, quanto
menor o seu valor, melhor a precisão esperada. Em termos práticos, o PDOP está
relacionado com o inverso do volume do sólido formado entre as antenas do
receptor e dos satélites sendo rastreados, onde volumes maiores proporcionam
PDOP menores. (p. 7)
A figura 4 demonstra a disposição dos satélites e o PDOP de cada situação.
Figura 4. PDOP.
Fonte: IBGE, 2008, p. 7.
22
3 TÉCNICAS DE POSICIONAMENTO
De acordo com o IBGE (2008, p.6) existem diferentes técnicas de posicionamento e
variáveis nas quais resultam em diferentes precisões que abrangem dos milímetros aos metros.
O processo de posicionamento é realizado com embasamento na fase de batimento da onda
portadora e/ou da pseudodistância, sendo que a medida da fase da onda portadora é utilizada
em posicionamentos que requerem precisões milimétricas, já a pseudodistância é utilizada
onde a exigência da precisão do trabalho pode ser dada em metros. Devido a isto existem
diferentes tipos de receptores, conforme a necessidade da precisão requerida pode ser
utilizado receptor de navegação, receptor topográfico ou receptor geodésico. A principal
diferença entre eles é a capacidade de rastreamento dos dados dos satélites, pois mesmo os
dados sendo comum a todos eles, a tecnologia do equipamento, implicará na capacidade de
obtenção desses dados. Enquanto um receptor de navegação rastreia apenas a pseudodistância,
um geodésico tem a capacidade de rastrear a fase das portadoras L1/L2, ou seja, são
receptores de dupla freqüência que conseguem obter precisões milimétricas no
posicionamento. Como visto anteriormente a tecnologia empregada na construção do
equipamento resulta em precisões distintas, porém, outro aspecto que influencia diretamente
na precisão do levantamento é a técnica de posicionamento utilizada na obtenção das
coordenadas. Em relação ao movimento da antena na execução do levantamento, o
posicionamento pode ser considerado estático ou cinemático, no estático o equipamento
permanece imóvel durante o tempo de rastreio das coordenadas, já no cinemático é permitido
o deslocamento do equipamento durante o levantamento. No que se refere à obtenção das
coordenadas do ponto, existe o resultado em tempo real, ou seja, coordenada obtida no ato do
levantamento e o pós-processado, onde a coordenada do ponto é obtida após a manipulação
dos dados através de softwares específicos para tal finalidade. Outro aspecto que difere o tipo
de posicionamento são as coordenadas referenciais, em levantamentos onde há
disponibilidade de coordenadas conhecidas servindo como estação referencial, tem-se um
posicionamento relativo, porém, quando não há disponível uma estação de referência o
mesmo é denominado posicionamento por ponto. As técnicas de posicionamento existentes
são: Posicionamento por Ponto a partir do Código C/A, Posicionamento por Ponto Preciso,
Posicionamento Relativo Estático, Posicionamento Relativo Estático-rápido, Posicionamento
Relativo Semicinemático e Posicionamento Relativo Cinemático.
23
3.1 Posicionamento por Ponto
Este tipo de posicionamento é realizado com o uso de apenas um receptor, o mesmo
também pode ser chamado de posicionamento absoluto e encontra-se dividido em dois
métodos, um destes métodos é o posicionamento por ponto a partir do código C/A onde o
referencial é determinado pelas efemérides transmitidas já o outro método consiste no
posicionamento por ponto preciso (PPP) sendo baseado nas efemérides produzidas.
3.1.1 Posicionamento por Ponto a partir do Código C/A
Segundo o IBGE (2008, p.7), neste tipo de posicionamento são utilizadas as
efemérides transmitidas pelos satélites e a partir destas são obtidas informações tais como as
coordenadas e o erro dos relógios dos satélites. Já as coordenadas e o erro do relógio do
receptor são originados a partir do processamento de informações do código C/A enviado por
no mínimo quatro satélites.
3.1.2 Posicionamento por Ponto Preciso (PPP)
O PPP consiste em outro método de posicionamento por ponto onde as coordenadas
são obtidas de maneira absoluta, ou seja, não dependem de uma referência de coordenadas
conhecidas. Neste método as coordenadas são determinadas pelas efemérides produzidas pelo
IGS (International GNSS Service), que são as órbitas e erro dos relógios dos satélites.
Referente ao PPP o INCRA (2013) afirma que “Com o posicionamento por ponto preciso, as
coordenadas do vértice de interesse são determinadas de forma absoluta, portanto, dispensa o
uso de receptor instalado sobre um vértice de coordenadas conhecidas”. (p.13)
3.2 Posicionamento Relativo
Segundo o INCRA (2013, p.7) as coordenadas neste tipo de posicionamento são
obtidas de um referencial materializado de um ou mais pontos que já possuem coordenadas
estabelecidas, em posicionamentos relativos é necessário que um dos dois receptores
desempenhe a função de estação base, ou seja, permaneça estacionado sobre o ponto de
coordenadas conhecidas, conforme o demonstrado na figura 5.
24
Figura 5- Posicionamento Relativo.
Fonte: INCRA, 2013, p. 8.
Diante do contexto apresentado anteriormente, a utilização desta técnica de
posicionamento, requer equipamentos receptores que consigam receber os dados de fase
disponibilizados pelos satélites.
A fase de batimento da onda portadora é indispensável para se conseguir resultados
precisos com esta técnica de posicionamento. No entanto, a pseudodistância pode
ser utilizada conjuntamente com a fase ou, até mesmo, isoladamente. (IBGE, 2008,
p. 9)
Ainda com base nas informações do texto, vale ressaltar que geralmente são utilizados
dois equipamentos, um permanece como base e outro atua na função móvel, onde o móvel
depende das informações da base. “O princípio básico desta técnica de posicionamento é
minimizar as fontes de erro através da diferença entre observações recebidas simultaneamente
por receptores que ocupam duas estações.” (IBGE, 2008, p. 9).
Devido às inúmeras condições e possibilidades ligadas ao posicionamento, os
resultados podem ser os mais variados possíveis.
Há uma dificuldade muito grande em definir valores que representem a precisão do
posicionamento geodésico com GPS, tendo em vista todas as variáveis que
influenciam essa precisão. Neste sentido vários pesquisadores vêm trabalhando para
definir de forma mais confiável e realística possível os valores para a precisão
posicional em função do comprimento da linha de base, do tempo de observação e
do tipo de equipamento utilizado (L1 e L1/L2). Entretanto, devido às dificuldades
em determinar esses valores de forma homogênea, ainda não há resultados
definitivos que expressem as relações entre essas variáveis e a precisão. (IBGE,
2008, p.11)
Com base neste contexto, o IBGE (2008, p.11), apresenta uma tabela relacionando variáveis
como: o comprimento da linha de base, o tempo de permanência e o tipo de equipamento
25
utilizado, com isto têm-se a noção de como proceder de forma adequada, conforme a real
necessidade do levantamento. A tabela 1 apresenta a relação das variáveis e o resultado
obtido.
Tabela 1. Precisão do posicionamento relativo em função do tempo da observação, equipamento e
comprimento da linha de base.
Linha de
Base
Tempo de
observação
Equipamento
Utilizado
Precisão
00 – 05 Km 05 – 10 min L1 ou L1/L2 5 – 10 mm + 1 ppm
05 – 10 Km 10 – 15 min L1 ou L1/L2 5 – 10 mm + 1 ppm
10 – 20 Km 10 – 30 min L1 ou L1/L2 5 – 10 mm + 1 ppm
20 – 50 Km 02 – 03 hr L1/L2 5 mm + 1 ppm
50 – 100 Km mínimo. 03 hr L1/L2 5 mm + 1 ppm
>100 Km mínimo. 04 hr L1/L2 5 mm + 1 ppm
Fonte: IBGE, 2008, p. 11.
3.2.1 Posicionamento Relativo Estático
Conforme o IBGE (2008, p.9-10), neste tipo de posicionamento, os receptores devem
permanecer estacionados durante todo o levantamento, o equipamento da base permanece no
ponto de coordenadas conhecidas e o equipamento móvel no vértice de coordenadas a serem
determinadas, o tempo de permanência possui duração de alguns minutos a até varias horas,
essa variação do tempo de permanência no rastreio depende do comprimento da linha de base,
do tipo de equipamento e da precisão requerida. Quanto a isto o IBGE (2008) considera que,
Levantamentos realizados em linha de base com comprimento inferior a 10 km,
cujos receptores estejam estacionados em locais onde não haja ocorrência de
obstrução e sob condições ionosféricas favoráveis, 20 minutos são suficientes para
se conseguir solução das ambiguidades com receptores de simples frequência. Esta
situação se modifica conforme as condições de localização das estações e com o
comprimento da linha de base. No caso de linhas de base maiores que 10 km
recomenda-se a utilização de receptores de dupla freqüência, bem como a utilização
de efemérides e do erro do relógio do IGS. (p.10)
26
3.2.2 Posicionamento Relativo Estático-rápido
Essa técnica utiliza o mesmo princípio do método relativo estático, diferindo apenas
no tempo de permanecia da coleta de dados, quanto a esta técnica o INCRA (2013) aborda
que “O posicionamento relativo estático-rápido é similar ao relativo estático, porém, a
diferença básica é a duração da sessão de rastreio, que neste caso, em geral é inferior a 20
minutos.” (p. 9). Sua vantagem consiste na produtividade e no desligamento do equipamento
móvel durante os intervalos entre os vértices, o INCRA (2013) cita que “Por não haver
necessidade de manter o receptor coletando dados no deslocamento entre os vértices de
interesse, esse método é uma alternativa para os casos onde ocorram obstruções no intervalo
entre os vértices de interesse.” (p. 9)
3.2.3 Posicionamento Relativo Semicinemático
Possui muita similaridade com o método estático-rápido, porém a diferença básica
consiste no tempo de permanência do rastreio de cada vértice ou ponto. Neste método o
equipamento deve permanecer ligado durante todo o trabalho, diferentemente do estático-
rápido que permite o desligamento entre as estações. No que diz respeito a este método o
INCRA (2013) afirma o seguinte trecho:
Este método de posicionamento é uma transição o estático-rápido e o cinemático. O
receptor que ocupa o vértice de interesse permanece estático, porém num tempo de
ocupação bastante curto, necessitando coletar dados no deslocamento entre um
vértice de interessa e outro. Quanto maior a duração da sessão de levantamento com
a coleta de dados íntegros, sem perdas de ciclos melhor a precisão na determinação
de coordenadas. (p. 9)
3.2.4 Posicionamento Relativo Cinemático
Nesta técnica de posicionamento um dos equipamentos é fixado no vértice de
referência, ou seja, desempenha a função base, já o equipamento móvel é deslocado através
do percurso obtendo os dados e traçando uma trajetória de pontos conforme o percorrer dos
vértices de interesse, percebe-se que pela suas características a mesma não deve ser utilizada
onde há muitos obstáculos no decorrer do percurso. Referente a esta técnica o INCRA (2013)
afirma o seguinte trecho:
27
No posicionamento relativo cinemático, enquanto um ou mais receptores estão
estacionados no(s) vértices(s) de referência, o(s) receptor(es) que coleta(m) dados
dos vértices de interesse permanece(m) em movimento. A cada instante de
observação, que coincide com o intervalo de gravação, é determinado um conjunto
de coordenadas. (p. 9-10)
Diante desta variedade de técnicas o IBGE (2008, p.11) apresenta o resumo das
precisões obtidas em cada técnica, conforme a tabela 2.
Tabela 2. Precisões das técnicas de posicionamento
Técnica Observação Precisão (nível de
confiança de 68,2 %)
Por ponto Convencional Pseudodistância 15,3 m
Preciso Pseudodistância e fase 0,02 m
Relativo
Estático
DD pseudodistância e fase
0,01 a 1 ppm
Estático-rápido DD pseudodistância e fase 1 a 10 ppm
Semicinemático DD pseudodistância e fase 1 a 10 ppm
Cinemático DD pseudodistância e fase 1 a 10 ppm Fonte: IBGE, 2008, p. 11.
Dentre as várias técnicas de posicionamento citadas neste contexto, a utilizada no presente
trabalho foi a do posicionamento relativo estático devido a boa precisão que esta técnica
proporciona, de acordo com o IBGE (2008, p.9) o posicionamento relativo é o mais indicado
para levantamentos vinculados a rede geodésica
3.2.5 Rede Brasileira de Monitoramento Contínuo
Segundo o IBGE (2017b) a utilização da tecnologia GNSS induziu uma grande
expansão ao sistema de navegação e posicionamento global. “Os trabalhos geodésicos e
topográficos passaram a ser realizados de forma mais rápida, precisa e econômica.” (IBGE,
2017b). É bastante notória a utilização cada vez mais freqüente do método relativo, seja em
levantamentos geodésicos ou topográficos. O ponto referencial indispensável neste tipo de
método é justamente a estação RBMC, com isto, elimina-se a necessidade de utilizar um
receptor GNSS instalado em um ponto ou vértice de referência, vale ressaltar que mesmo
havendo uma referência de coordenadas conhecidas nas proximidades do levantamento, nem
sempre o acesso a estes pontos será possível, porém através de uma estação RBMC torna-se
possível a realização do trabalho. Em relação aos dados obtidos a partir da RBMC, os
28
mesmos são bastante precisos e provenientes de receptores confiáveis, de boa tecnologia e de
grande confiabilidade.
No que diz respeito ao aspecto físico, “As estações da RBMC são materializadas
através de pinos de centragem forçada, especialmente projetados, e cravados em pilares
estáveis”. (IBGE, 2017b). De acordo com a Instituição, grande parte dos receptores rastreia
satélites GPS e GLONASS, e outros somente GPS. Constantemente os mesmos coletam e
gravam os dados obtidos nas observações, dados estes, que foram enviados a partir dos
satélites constituintes das constelações em órbita. ”Cada estação possui um receptor e antena
geodésica, conexão de internet e fornecimento constante de energia elétrica, que possibilita a
operação continua da estação”. (IBGE, 2017b). A figura 6 apresenta as estações existentes no
território brasileiro.
Figura 6. Localização das estações da RBMC1.
1 Disponível em
<ftp://geoftp.ibge.gov.br/informacoes_sobre_posicionamento_geodesico/rbmc/cartogramas/RBMC_2016.pn
g >. Acesso em 27 de Setembro de 2017.
29
As coordenadas obtidas a partir das estações RBMC fazem parte do Sistema de
Referência Geocêntrico das Américas (SIRGAS), o IBGE (2017b) cita que [...] ”as
coordenadas finais tem precisão da ordem de ± 5 mm, configurando-se como uma das redes
mais precisas do mundo”. Em relação ao funcionamento Op.cit. faz a seguinte afirmação:
A operação das estações da RBMC é totalmente automatizada. As observações são
organizadas, ainda na memória do receptor, em arquivos diários, correspondendo a
sessões iniciando às 00h 01min e encerrando às 24h 00min (tempo universal), com
intervalo de rastreio de 15 seg. (IBGE, 2017a)
De acordo com Op.cit. (2017b) após o término de cada sessão, os dados das
observações são enviados dos receptores para o Centro de Controle da Rede Brasileira De
Monitoramento Contínuo dos sistemas GNSS – RBMC - Kátia Duarte Pereira, na
Coordenação de Geodésia, localizada no Rio de Janeiro - RJ. Então são criados novos
arquivos na estrutura padrão RINEX2 onde os dados obtidos passam por um processamento e
inspeção de qualidade, após esta etapa os arquivos RINEX2 juntamente com as órbitas
obtidas nas observações são inseridas em um arquivo compactado disponível para download
na página do IBGE, [...] “realizem o download através da página do IBGE (RBMC) ou
solicitem os dados diretamente ao IBGE através do e-mail [email protected].” (IBGE,
2017b). A mesma adverte que é sempre importante verificar a situação em que se encontra a
estação antes de efetuar o levantamento. Para ter acesso aos dados da RBMC o usuário deve
efetuar um cadastro na página da instituição para que possa ter acesso ao download de
produtos e serviços disponibilizados pelo IBGE. As informações necessárias para realizar o
cadastro, encontram-se disponíveis na figura 7.
30
Figura 7. Cadastro para download de produtos na página do IBGE1.
3.2.6 Informações sobre estação RBMC Crato-CE
Dentre as estações RBMC presentes no território brasileiro a estação utilizada no
presente trabalho é a que está localizada no campus URCA Pimenta no município de Crato-
CE, a figura 8 apresenta algumas informações sobre a referida estação.
1 Disponível em <http://www.ibge.gov.br/home/geociencias/cadastro/>. Acesso em 27 de Setembro de 2017.
31
Figura 8. Relatório da estação Crato-CE1.
NOME DA ESTAÇÃO: 92300
TIPO: Estação GPS
ORIGEM: Ajustada
MUNICÍPIO: Crato
DATUM: SIRGAS 2000
LOCALIZAÇÃO: Sobre uma viga de sustentação da laje, do bloco do curso de enfermagem.
DESCRIÇÃO: Marco de concreto retangular medindo 0,20 m x 0,20 m x 1,0 m. No
topo um pino de centragem forçada. Abaixo do topo chapa medindo 0,06 m de
diâmetro estampada SAT 92300.
1 Disponível em < http://www.bdg.ibge.gov.br/bdg/pdf/relatorio.asp?L1=92300>. Acesso em 27 de Setembro
de 2017.
32
4 PROCEDIMENTO PRÁTICO COM RECEPTOR GNSS
No procedimento prático do presente trabalho foi inserido um marco de concreto no
jardim próximo a biblioteca da URCA, campus Crajubar, conforme a figura 9.
Figura 9. Marco de concreto inserido no jardim
da biblioteca Campus URCA Crajubar.
Dando continuidade ao trabalho foi realizado o manuseio dos equipamentos assim
como a conferência da integridade dos mesmos, conforme figura 10. O receptor GNSS
utilizado na coleta de dados foi o Hi-Target modelo V30 que foi disponibilizado pelo
professor e orientador Paulo Ricardo Evangelista de Araújo.
Figura 10. Receptor GNSS, marco de concreto,
tripé e boca de lobo.
33
Em seguida foi realizada a instalação, centralização e travamento do tripé para receber
adequadamente o receptor GNSS, conforme figura 11.
Figura 11. Instalação do tripé.
Após a instalação do tripé foi instalado o receptor GNSS na base fixada no tripé, em seguida o
mesmo foi inicializado e configurado através da coletora, figura 12.
Figura 12. Configurações do equipamento,
através da coletora.
As principais configurações realizadas foram o nome do arquivo que neste caso foi
atribuído URCA JUA, altura do centro de fase da antena do equipamento sendo 1,562 m, o
intervalo de gravação das coordenadas que foi de 1 coordenada a cada segundo e a máscara de
34
elevação que fora definida em 15 graus. Após todo o procedimento de configuração o receptor
iniciou o processo de coleta de dados, conforme figura 13, permanecendo no rastreio por
aproximadamente 1 hora e 15 minutos, porém, conforme a tabela 2, o tempo de observação
necessário seria de 10 a 30 minutos devido à precisão requerida ser de 5 a 10 mm + 1ppm, ao
tipo de equipamento ser L1/L2 e a distância entre o campus URCA Pimenta e o campus
URCA Crajubar ser de aproximadamente 10 km estando situada no intervalo da linha de base
que é de 10 a 20 km,
Uma importante observação a ser feita diz respeito ao efeito do multicaminho, ou seja,
a reflexão dos sinais por parte da estrutura da biblioteca, este é um problema enfrentado
frequentemente no âmbito de coleta de dados devido à proximidade de objetos e/ou estruturas,
interferindo na acurácia do levantamento, devido a isto o equipamento permaneceu na coleta
de dados por período de tempo maior do que o recomendado na tabela 2, este acréscimo no
tempo de rastreio consiste em uma técnica de mitigação do efeito multicaminho que é baseada
na mudança da geometria das reflexões ao longo do tempo.
Figura 13. Receptor GNSS efetuando o
rastreamento.
35
5 PÓS-PROCESSAMENTO DOS DADOS DO LEVANTAMENTO
Alguns dias após a coleta do ponto com o receptor Hi-Target modelo V30, foi
realizado o descarregamento dos dados binário do equipamento para o computador e a
conversão para arquivo Rinex através do software HGO que processa dados do receptor Hi-
Target. Em seguida realizou-se o login no site do IBGE conforme mostrado anteriormente
efetuou-se a pesquisa das estações RBMC onde foi selecionada a estação de Crato-CE,
conforme a figura 14.
Figura 14. Pesquisa estação RBMC de Crato-CE1.
Em seguida foi selecionada e consultada a data do levantamento do ponto, conforme figura
15.
Figura 15. Seleção e consulta da data do levantamento2.
1 Disponível em< https://ww2.ibge.gov.br/home/geociencias/download/tela_inicial.php?tipo=8.>. Acesso em:
02 de Outubro de 2017. 2 Disponível em< https://ww2.ibge.gov.br/home/geociencias/download/tela_inicial.php?tipo=8.>. Acesso em:
02 de Outubro de 2017.
36
Após a realização da consulta, ficaram disponíveis para download o arquivo Rinex e o
relatório em arquivo PDF da estação RBMC de Crato-CE, conforme figura 16.
Figura 16. Rinex e descritivo da RBMC de Crato-CE1.
Posteriormente ao download dos arquivos foi realizado o pós-processamento dos dados no
software GNSS Solutions Versão 3.80. Ao utilizar o software inicialmente configurou-se o
ambiente de trabalho, conforme apresentado na figura 17.
Figura 17. Criando e predefinindo o projeto Ponto URCA Crajubar no
software GNSS Solutions Versão 3.80.
1 Disponível em< https://ww2.ibge.gov.br/home/geociencias/download/tela_inicial.php?tipo=8.> Acesso em:
02 de Outubro de 2017.
37
Nas predefinições, na guia Região devem ser definidos o sistema de referência espacial (em
coordenadas UTM deve-se atentar para o fuso e a zona em que se está trabalhando), o fuso
horário (em UTC) e a unidade linear (metros ou pés). Neste projeto foram definidos os
seguintes aspectos:
Sistema de referência espacial: BRAZIL / SIRGAS2000 / UTM zone 24S
(Essa definição está de acordo com a zona UTM em que o estado do Ceará encontra-se
localizado);
Fuso horário: (UTC -03:00) Brasília (Referente ao horário oficial)
Unidade linear: Metros
Em seguida na guia Generalidades, em Controle de Qualidade determino-se a precisão
desejada do projeto nas janelas Horizontal e Vertical. Após inserir os valores clicou-se na
opção OK. Então apareceu uma janela com várias opções, dentre as opções disponíveis
clicou-se na opção Importar dados brutos de ficheiros ou dispositivos ProMark/Proflex.
Dando prosseguimento foram acessadas as pastas que contém os arquivos rinex da estação
RBMC de referência e do rastreio do levantamento, então na guia Processo clicou-se na opção
Definir pontos de controle e selecionou-se o ficheiro referente à estação de Crato-CE,
definindo-a como ponto de controle. Logo após efetuou-se a alteração dos valores das
coordenadas UTM N e UTM E assim como o da altura elipsoidal, do referido ponto de
controle de acordo com as informações contidas no descritivo que foi baixado anteriormente,
as coordenadas do arquivo rinex e do descritivo encontram-se apresentadas na tabela 3.
Tabela 3. Coordenadas UTM disponíveis no arquivo rinex e no descritivo da estação RBMC de
Crato-CE.
Coordenadas Rinex Descritivo Sigma (95%)
UTM (N) 9199916.763 m 9199917.892 m 0.000 m
UTM (E) 454119.883 m 454119.207 m 0.000 m
A tabela 4 apresenta os valores da altura elipsoidal presente no rinex e no descritivo da
referida estação.
38
Tabela 4. Altura elipsoidal do arquivo rinex e do descritivo da estação RBMC de Crato-CE.
Altura Elipsoidal Rinex Descritivo Sigma (95%)
444.362 m 436.051 m 0.000 m
A janela do software GNSS Solutions Versão 3.80 para alteração de valores das coordenadas
e da altura elipsoidal é apresentada na figura 18.
Figura 18. Janela para alteração dos dados da estação com os devidos valores ajustados.
Após a alteração dos dados clicou-se na opção OK e em seguida na guia Processo clicou-se na
opção Processar todas as Baselines, outra maneira de realizar este processamento seria
pressionando a tecla F5. Aguardou-se o processamento das Baselines e em seguida na guia
Vectores observou-se o resultado obtido na aba Solução, nesta aba pode aparecer o nome fixo
ou flutuar, quando o nome fixo é apresentado o processamento dos dados obteve um bom
resultado, porém quando o nome flutuar é apresentado deve-se realizar uma nova coleta de
dados, neste processamento a solução apresentou o nome fixo. Após o processamento, na guia
Ajuste, clicou-se na opção Ajustar Rede que também poderia ter sido efetuado através da tecla
F7, com isto obteve-se coordenadas corrigidas e ajustadas. A figura 19 ilustra o ajustamento
das coordenadas finais.
39
Figura 19. Coordenadas ajustadas, levantamento URCA Crajubar.
Após o processo de ajustamento clicou-se na opção Relatório de Levantamento de
Terreno na guia Exportar para obtenção do relatório de processamento dos dados, esse
relatório também poderia ser gerado através da tecla F9, o relatório do presente trabalho
encontra-se em anexo. A tabela 4 apresenta os dados coletados que foram gravados no
arquivo rinex e os dados obtidos após o processamento no software GNSS Solutions.
Tabela 5. Coordenadas UTM coletadas e ajustadas ponto URCA Crajubar.
Coordenadas Rinex Ajustada Sigma (95%)
UTM (N) 9201056.871 m 9201059.349 m 0.020 m
UTM (E) 464083.715 m 464081.988 m 0.013 m
Obteve-se também a correção e o ajustamento da altura elipsoidal, conforme apresentado
na tabela 6.
Tabela 6. Altura elipsoidal do arquivo rinex e ajustada ponto URCA Crajubar.
Altura Elipsoidal Rinex Ajustada Sigma (95%)
427.327 m 421.843 m 0.025 m
40
Posteriormente a etapa de ajustamento dos dados as coordenadas obtidas foram
inseridas em um marcador nomeado URCA JUA no software Google Earth Pro, em seguida
realizou-se a visualização e foi averiguado que o mesmo estava nas proximidades do local
onde foi realizada a coleta de dados conforme ilustra a figura 20, vale ressaltar que o próprio
sistema do software realiza um arredondamento nas coordenadas interferindo na posição final
do marcador, que neste caso deslocou-se um pouco do local onde o marco de concreto foi
alocado.
Figura 20. Visualização das coordenadas no Google Earth Pro.
41
6 RESULTADOS E DISCUSSÕES
O transporte de coordenadas conforme o referencial teórico citado neste trabalho tem a
sua precisão influenciada por diversos fatores, devido a isto o georreferenciamento de um
lugar pode resultar em um trabalho adequado, quando os devidos fatores são observados ou
em caso contrário serão obtidos resultados insatisfatórios que implicam em uma nova coleta
de dados.
De acordo com objetivo geral do presente trabalho realizou-se o transporte de
coordenadas pelo método relativo estático conforme as recomendações do IBGE e em seguida
o pós-processamento dos dados. Embora tenham sidos utilizados a estação RBMC de Crato-
CE como estação de referência e o método de posicionamento relativo estático, para que se
possam obter melhores resultados no pós-processamento é necessária a utilização conjunta de
mais estações RBMC que estejam no mesmo fuso, com isto tem-se uma maior quantidade de
linhas de base e consequentemente mais vetores na formação da rede das estações utilizadas.
Como resultado da formação da rede, tem-se a obtenção do ajustamento da mesma assim
como a de um melhor sigma no resultado geral do levantamento.
Outro aspecto referente à obtenção dos resultados finais diz respeito à repetição das
seções de rastreio, que no caso do presente trabalho só houve uma seção com duração de
aproximadamente 1 hora e 15 minutos, ou seja, para obtenção de uma melhor precisão
deveriam ter sido efetuadas mais seções de rastreio no ponto de interesse. Diante do presente
contexto percebe-se que para obtenções de melhores resultados finais devem-se efetuar mais
seções de rastreamento assim como utilizar mais estações de referência no pós-processamento
dos dados.
42
7 CONCLUSÃO
Diante deste contexto percebe-se que o transporte de coordenadas foi realizado
conforme as recomendações abordadas na bibliografia, onde se utilizou do método relativo
estático observando o tempo de permanência recomendado conforme o comprimento da linha
de base que foi mensurada em aproximadamente 10 Km, o equipamento utilizado ser do tipo
L1/L2 e a precisão resultante para essas condições ser de 5 a 10 mm + 1 ppm.
As coordenadas referenciais utilizadas foram obtidas a partir de uma estação RBMC
que além de ser vinculada ao sistema geodésico brasileiro possui uma grande confiabilidade e
precisão, além disto, em métodos relativos deve-se utilizar um dos receptores GNSS na
função base, porém, ao se utilizar uma estação RBMC a mesma desempenha esta função,
dispensando a utilização de um dos receptores na configuração base.
Através das coordenadas referenciais oriundas da estação RBMC do município de
Crato-CE efetuou-se o pós-processamento das coordenadas coletadas pelo receptor GNSS
utilizando o software GNSS Solutions Versão 3.80, resultando em dados corrigidos e
ajustados. Diante deste processo prático e dos resultados alcançados, constatou-se a
importância de realizar o transporte de coordenadas conforme as recomendações para
levantamentos assim como a de utilizar as estações RBMC, que proporcionam boa precisão e
praticidade.
De acordo com os objetivos que foram determinados percebe-se que o trabalho obteve
êxito, conseguiu-se apresentar os componentes do sistema GNSS revisando-se inicialmente o
seu histórico desde o inicio do projeto NAVSTAR-GPS até os dias atuais onde diversos
sistemas de posicionamento interagem formando a rede geodésica mundial que é amplamente
utilizada nas mais diversas áreas e finalidades. Posteriormente a revisão do histórico, foi
efetuada a exploração de conceitos e fatores que fazem parte do GNSS assim como a
apresentação do sistema RBMC. A etapa prática contempla todos os outros objetivos, a
mesma foi elaborada inicialmente através da coleta de dados conforme as recomendações
citadas neste trabalho em seguida realizou-se o pós-processamento dos dados utilizando a
RBMC de Crato-CE como referencial. Então, após a coleta e o processamento dos dados
realizou-se a análise dos resultados obtidos, finalizando todo o processo de transporte de
coordenadas.
Como resultado final deste trabalho obteve-se êxito no transporte de coordenadas onde
conseguiu-se obter coordenadas corrigidas e ajustadas, percebe-se com isto a importância e
43
eficácia do método relativo estático em conjunto com a RBMC que oferece ótimos resultados
e muita praticidade.
Observando-se o contexto do presente trabalho, percebe-se que diante do avanço das
tecnologias e da necessidade de trabalhos georreferenciados de boa precisão, principalmente
na área da construção civil, cabe aos profissionais do ramo estarem sempre buscando novas
informações, novos conhecimentos e inovações para que os trabalhos realizados possam obter
os dados mais precisos e acurados que a rede geodésica tem capacidade de proporcionar.
44
REFERÊNCIAS
DOMINGUES, Prof. Dra. Mariana Soares. Orientação, Coordenadas geográficas, Projeção
UTM Universal transversa de Mercator. [20--?]. il. Disponível em: <
https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/3187586/mod_resource/content/1/Orienta%C3%A7
%C3%A3o_Coordenadas_%20UTM.pdf>. Acesso em: 20 de Agosto de 2017.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. RBMC - Rede Brasileira
de Monitoramento Contínuo dos Sistemas GNSS. 2017b. Disponível em: <
http://www.ibge.gov.br/home/geociencias/geodesia/rbmc/rbmc.shtm?c=7 >. Acesso em: 25 de
Setembro de 2017.
______. Download de Produtos. 2017. Disponível em:
<https://ww2.ibge.gov.br/home/geociencias/download/tela_inicial.php?tipo=8 >. Acesso em:
02 de Outubro de 2017.
______. FAQ (Frequently Asked Questions - Perguntas Mais Frequentes). 2017a.
Disponível em:< https://ww2.ibge.gov.br/home/geociencias/geodesia/pmrg/faq.shtm#1.>
Acesso em: 15 de Agosto de 2017.
______. RECOMENDAÇÕES PARA LEVANTAMENTOS RELATIVOS
ESTÁTICOS-GPS. 2008. Disponível em:
<ftp://geoftp.ibge.gov.br/metodos_e_outros_documentos_de_referencia/normas/recom_gps_i
nternet.pdf>.
Acesso em: 20 de Setembro de 2017.
______. Relatório de Estação Geodésica. 2017. Disponível em:<
http://www.bdg.ibge.gov.br/bdg/pdf/relatorio.asp?L1=92300>. Acesso em: 27 de Setembro de
2017. il.color.
INSTITUTO GEOeduc: qualificação sem fronteiras. Mais de 70 satélites de posicionamento
global já estão em órbita. Entenda. 2017. Disponível em: < http://www.geoeduc.com/mais-
de-70-satelites-de-posicionamento-global-ja-estao-em-orbita-entenda/ >. Acesso em: 15 de
Agosto de 2017.
INSTITUTO NACIONAL DE COLONIZAÇÃO E REFORMA AGRÁRIA. Manual
Técnico de Posicionamento: georreferenciamento de imóveis rurais. 2013. Disponível em:
< http://www.incra.gov.br/sites/default/files/uploads/estrutura-fundiaria/regularizacao-
fundiaria/certificacao-de-imoveis-rurais/manual_tecnico_de_posicionamento_1_edicao.pdf >.
Acesso em: 10 de Setembro de 2017.
MONICO, João Francisco Galera. Posicionamento pelo GNSS: Definições, fundamentos e
aplicações. 2. Ed. São Paulo: Editora Unesp, 2008.
POLEZEL, Wesley Gildo Canducci; SOUZA, Msc. Eniuce Menezes de; MONICO, Prof. Dr.
João Francisco Galera. Análise dos fatores que influenciam o Multicaminho. 2004.
Disponível em:
<http://www2.fct.unesp.br/pos/cartografia/docs/anaiseventos/polezel_anan_fat_influ_mult_co
brac_2004.PDF>. Acesso em: 23 de Agosto de 2017.
45
ANEXO A – RELATÓRIO FINAL GNSS SOLUTIONS VERSÃO 3.80
Visão Geral do Levantamento de Terrenos
GNSS Solutions (C) 2012 Trimble Navigation Limited. All rights reserved. Spectra Precision is a Division of Trimble Navigation Limited.
06/11/2017 13:39:35 www.spectraprecision.com
Nome do Projecto: Ponto Urca Crajubar Sistema de Referência Espacial: BRAZIL/SIRGAS 2000/UTM zone 24S
Fuso Horário: (UTC-03:00) Brasília Unidades Lineares: Metros
Resumo do Sistema de Coordenadas
Sistema de coordenadas Nome: BRAZIL/SIRGAS 2000/UTM zone 24S
Tipo: Projectado
Nome da Unidade: Metros
Metros por unidade: 1
Datum Vertical: Elipsóide
Unidade vertical: Metros
Metros por unidade: 1
Dado Nome: SIRGAS 2000=ITRF00,2000.4,SOAM
Nome da Elipsóide: GRS 1980
Eixo Semi-maior: 6378137.000 m
Achatamento Inverso: 298.257222101
DX para WGS84: 0.0000 m
DY para WGS84: 0.0000 m
DY para WGS84: 0.0000 m
RX para WGS84: -0.000000 "
RY para WGS84: -0.000000 "
RZ para WGS84: -0.000000 "
ppm para WGS84: 0.000000000000
Projecção Classe da Projecção: Transverse_Mercator
latitude_of_origin 0° 00' 00.00000"N
central_meridian 39° 00' 00.00000"W
scale_factor 0.999600000000
false_easting 500000.000 m
false_northing 10000000.000 m
Pontos de Controlo 95%
Nome Componentes Erro Estado Erro de
Controlo
CRAT Este 454119.207 0.000 Fixo
Norte 9199917.892 0.000 Fixo
Altura da elipse 436.051 0.000 Fixo
Descrição CRAT
46
Pontos Registados 95%
Nome Componentes Erro Estado
URCA Este 464081.988 0.013 Ajustado
Norte 9201059.349 0.020 Ajustado
Altura da elipse 421.843 0.025 Ajustado
Descrição URCA
Ficheiros
Nome Hora de InícioAmostragem ÉpocasTamanho (Kb) Tipo
URCA JUA.17o 17/04/05 19:10:43 1 4478 4709 L1/L2 GPS/GLONASS
crat0951.17o 17/04/04 21:00:00 15 5760 5676 L1/L2 GPS/GLONASS
Ocupações
Local Hora de InícioIntervalo de horas Tipo
Ficheiro
URCA 5 abril 2017 19:10:43.00 01:14:37.00 Static URCA
JUA.17o
CRAT 4 abril 2017 21:00:00.00 23:59:45.00 Static
crat0951.17o
Processos
Referência Ficheiro de Referência Móvel Ficheiro Móvel Modo
Núm
CRAT crat0951.17o URCA URCA JUA.17o Static 1
Vectores processados
Vector 95% Vector 95%
Identificador de VectorComprimento Erro Componentes Erro SV PDOP QA
Solução
CRAT - URCA 10032.445 0.049 X 6422.585 0.020 17 1.2 No Fixo
17/04/05 19:10:43.00 Y 7624.374 0.020
+01:14:37.00 Z 1126.619 0.020
Vectores ajustados
VectorComprimento Vector Tau
Identificador de Vector Comprimento Resid. Componentes Resid. Teste QA
CRAT - URCA 10032.445 0.000 X 6422.585 0.000 No
17/04/05 19:10:43.00 Y 7624.374 0.000
Z 1126.619 0.000