UNIVERSIDADE POTIGUAR-UNP PROGRAMA DE PÓS … · PENSANDO A APOSENTADORIA: UM ESTUDO DE CASO EM...
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UNIVERSIDADE POTIGUAR-UNP
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO – PPGA MESTRADO PROFISSIONAL EM ADMINISTRAÇAO
SUERDA DA SILVA GUEDES
PENSANDO A APOSENTADORIA: UM ESTUDO DE CASO EM UMA
INSTITUIÇÃO FEDERAL DE ENSINO
NATAL/RN 2010
SUERDA DA SILVA GUEDES
PENSANDO A APOSENTADORIA: UM ESTUDO DE CASO EM UMA
INSTITUIÇÃO FEDERAL DE ENSINO
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Administração da Universidade Potiguar, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Administração. Orientadora: Profª Patrícia Whebber Souza de Oliveira, Drª.
NATAL/RN
2010
Aos meus pais, Wilson e Gorette, que me ensinaram que tudo
tem dois lados e que cabe a nós escolhermos por onde
queremos seguir.
Aos meus irmãos de sangue: Wilson Júnior e Tiago, pela
paciência nos meus momentos de stress.
A Danielle, Elma e Monique, irmãs de coração, que me
ajudaram nos momentos de angústia.
Aos meus amigos, pela compreensão da minha ausência nos
encontros de confraternização.
AGRADECIMENTOS
A DEUS,
Em primeiro lugar, pelo dom da vida e da perseverança e pela Fé. Sem Ele, nada
seria possível em minha vida.
AOS MEUS PAIS WILSON E GORETTE,
Por me ensinarem que a vida é uma luta constante e podemos participar dela com fé
e determinação.
A MINHA ORIENTADORA,
Professora PATRÍCIA WHEBBER SOUZA DE OLIVEIRA, por acreditar na minha
capacidade, orientando-me incansável e pacientemente.
A COORDENADORA DO CURSO DO MESTRADO PROFISSIONAL EM
ADMINISTRAÇÂO,
Professora TEREZA DE SOUZA, pela competência, contribuindo para que tudo
transcorresse da melhor forma possível.
De tudo ficaram três coisas...
A certeza de que estamos
começando...
A certeza de que é preciso
continuar...
A certeza de que podemos ser
interrompidos
Antes de terminar...
Façamos da interrupção um
caminho novo...
Da queda, um passo de dança...
Do medo, uma escada...
Do sonho, uma ponte...
Da procura, um encontro!
(FERNANDO SABINO)
RESUMO
Considerando que a aposentadoria é um período repleto de dúvidas e de
expectativas com relação à sua chegada e que a aproximação dessa época pode
ser vivenciada de formas diferentes pelas pessoas, o objetivo principal desta
pesquisa é compreender como os professores de uma instituição federal de ensino
vivenciam a transição para a aposentadoria. O trabalho se caracterizou como um
estudo de caso qualitativo. A técnica de coleta de dados se deu através de
entrevistas aplicadas a doze professores da instituição de ensino. Para o tratamento
dos dados utilizou-se a análise de discurso. Os principais resultados expõem que os
sentimentos que estiveram presentes nos diferentes estágios do processo de
aposentadoria foram a insegurança e o medo do futuro após a aposentadoria.
Dentre os fatores que levaram alguns professores a optar por continuar trabalhando
mesmo já tendo atingido os critérios para se aposentar destacaram-se o prazer no
trabalho que realiza; sensação de utilidade e os relacionamentos sociais mantidos
no trabalho e a partir dele. Quanto às expectativas dos servidores diante da
aposentadoria foi identificada a insegurança diante do desconhecido. Sobre como
está sendo a aposentadoria – para os que se aposentaram - destacam-se a
liberdade proporcionada pela aposentadoria e, quanto à percepção dos servidores
quanto à contribuição do Curso de Preparação para a Aposentadoria, os
participantes relataram que contribuiu sim, destacando-se a possibilidade de
vivenciar esse processo de uma forma tranqüila, minimizando o medo diante do
futuro. Conclui-se que não houve diferenças significativas na forma que os grupos
participantes da pesquisa vivenciam a transição para a aposentadoria.
Palavras-chave: aposentadoria, transição, preparação para a aposentadoria.
ABSTRACT
Given the fact that retirement is a period full of doubts and expectations regarding its
arrival and that the coming of this period is dealt differently by people, the main goal
of this research is to comprehend how the professors of a federal institution of
teaching behave concerning the transition toward retirement. This work is
characterized as a qualitative case of study. The gathering of data technique
occurred through interviews applied with twelve professors of the institution of
teaching. In order to study the data, the discourse analysis was used. The main
results shows that the feelings on the different stages of the retirement process are
insecurity and the fear of the future after the retirement. Amongst the facts that led
some professors to continue working despite achieving the criteria to retire were the
pleasure of performing their job; feeling of usefulness; and the social relationships
maintained at work and built upon it. Considering their expectations before
retirement, it was identified the insecurity of the unknown. Regarding how the
retirement is being dealt, for the ones who retired, it is observed the freedom
provided by the retirement. Besides, taking into account their perception related to
the contribution of the Retirement Preparation Course, the participants confirmed that
it contributed, highlighting the possibility of going through this process in a calm way,
minimizing the fear of the future. It was concluded that there weren’t significant
differences in the way the group of participants of the research went through the
transition toward retirement.
Keywords: retirement, transition, preparation for the retirement.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................. 11
1.1 PROBLEMA/QUESTÕES DA PESQUISA ..................................................... 12
1.2 JUSTIFICATIVA ............................................................................................. 15
1.3 OBJETIVOS ................................................................................................... 16
1.3.1 Objetivo Geral ............................................................................................ 16
1.3.2 Objetivos Específicos ............................................................................... 16
2 REFERENCIAL TEÓRICO ................................................................................ 17
2.1 O TRABALHO ................................................................................................ 17
2.1.1 Identidade e trabalho ................................................................................ 26
2.2 APOSENTADORIA ........................................................................................ 26
2.2.1 Curso de Preparação para a Aposentadoria .......................................... 39
2.2.2 O Curso de Preparação para a Aposentadoria no IFRN ....................... 43
3 METODOLOGIA ............................................................................................... 46
3.1 TIPO DE PESQUISA ..................................................................................... 46
3.2 CAMPO EMPÍRICO ....................................................................................... 46
3.3 CARACTERIZAÇÃO DOS PARTICIPANTES DA PESQUISA ...................... 47
3.3.1 Grupo I – Fez o Curso e não se Aposentou ............................................ 47
3.3.2 Grupo II – Fez o Curso e se Aposentou .................................................. 49
3.3.3 Grupo III – Não Fez o Curso e não se Aposentou .................................. 50
3.3.4 Grupo IV – Não Fez o Curso e se Aposentou ......................................... 50
3.4 COLETA DE DADOS ..................................................................................... 51
4 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS ................................................ 56
4.1 HISTÓRICO DO IFRN ................................................................................... 56
4.2 TRAJETÓRIA DOS PROFESSORES ............................................................ 58
4.3 SERVIDORES QUE FIZERAM O CURSO E SE APOSENTARAM .............. 64
4.3.1 Tema: O que Levou os Professores a Optarem por Continuar
Trabalhando .......................................................................................................
65
4.3.2 Tema: Utilização do Tempo Livre ............................................................ 69
4.3.3 Tema: Contribuições do Programa de Preparação para a
Aposentadoria no Processo de Transição para a Aposentadoria ................
72
4.3.4 Tema: Como Imagina que será sua Aposentadoria ............................... 79
4.4 GRUPO II – SERVIDOR QUE FEZ O CURSO E SE APOSENTOU ............. 83
4.4.1 Tema: Relação entre Trabalho e Aposentadoria .................................... 83
4.4.2 Tema: Utilização do Tempo Livre ............................................................ 84
4.4.3 Tema: Contribuição do Curso na Fase de Transição para a
Aposentadoria ....................................................................................................
86
4.5 GRUPO III – SERVIDOR QUE NÃO FEZ O CURSO E NÃO SE
APOSENTOU .......................................................................................................
88
4.5.1 Tema: O que o Levou a Optar por Continuar Trabalhando ................... 88
4.5.2 Tema: Utilização do Tempo Livre ............................................................ 89
4.6 GRUPO IV – SERVIDORES QUE NÃO PARTICIPARAM DO CURSO E SE
APOSENTARAM ..................................................................................................
89
4.6.1 Tema: Relação entre Trabalho e Aposentadoria .................................... 90
4.6.2 Tema: Utilização do Tempo ...................................................................... 91
4.6.3 Tema: Processo de Transição para a Aposentadoria ........................... 94
4.6.4 Tema: A Aposentadoria está sendo como você Esperava? ................. 95
5. CONSIDERAÇÔES FINAIS ............................................................................. 100
REFERÊNCIAS ................................................................................................... 104
APÊNDICES
1 INTRODUÇÃO
A segunda década do século XXI já está próximo. As análises e previsões
que foram feitas nos anos de 1980 de que no ano de 2000 o avanço tecnológico
acarretaria a substituição dos trabalhadores por máquinas nas atividades que
demandam esforços físicos e que, ainda, a carga horária de trabalho seria de
apenas trinta horas semanais e o restante do tempo seria dedicado ao lazer, soa,
nos dias de hoje, como algo duvidoso e até mesmo como um paradoxo.
No contexto da Aldeia Global as distâncias estão cada vez menores
facilitando as relações culturais e econômicas de forma rápida e eficiente. As redes
sociais estão disponíveis para facilitar a comunicação das pessoas em todo o mundo
e as tecnologias estão cada vez mais aperfeiçoadas para facilitar a vida no dia-a-dia
do trabalho ou da vida pessoal.
No entanto, todas essas facilidades não mudaram em muita coisa na
realidade do mundo do trabalho. O que se vê hoje é a ocupação de boa parte do
tempo voltado para o trabalho e no caso específico dos professores, quando não
estão em sala de aula, muitas vezes estão preparando aulas, elaborando provas, ou
seja, trabalhando no que deveria ser seu tempo livre para voltar-se a outras
atividades como a dedicação à família e ao lazer. As facilidades da internet são
utilizadas, muitas vezes, por esses profissionais, como instrumento para auxiliar na
execução do seu trabalho.
No entanto, no decorrer da vida, o trabalhador está inserido em estruturas e
representações sociais que não o preparam para o envelhecer ou mesmo para o
afastamento do trabalho (CARLOS et al, 1999).
Diante dessa realidade e somado à questão da longevidade tem-se
percebido uma preocupação por parte das organizações em prepararem seus
trabalhadores para o afastamento do trabalho ou até mesmo seu retorno, se for esse
o caso, após sua aposentadoria.
Diante dessa nova realidade – que é a aposentadoria – o aposentado tem,
diante de si, um leque de possibilidades de ocupar o tempo que antes era voltado
para o trabalho, podendo utilizar dos vários recursos disponíveis atualmente, para
estar em contato com outras pessoas, resgatando e interagindo com os amigos,
viajando, estudando, se capacitando para realizar outros trabalhos ou dar
12
continuidade ao que realiza enfim, tem a seu favor instrumentos como as
tecnologias e as redes sociais para tornar essa nova fase de sua vida, um período
que poderá ser usufruído com tranqüilidade e qualidade.
1.2 PROBLEMA DE PESQUISA
A aposentadoria é um período que se apresenta cheio de dúvidas e de
expectativas com relação à sua chegada. A aproximação dessa época pode ser
vivenciada de formas diferentes pelas pessoas. Por um lado, pode ser percebida
como algo assustador, para uns, ao associarem a ela o tédio, a sensação de
inutilidade, a solidão, depressão e aproximação da morte. Outros poderão vivenciá-
la de uma forma mais positiva, podendo considerá-la como a oportunidade de
começar uma nova fase de sua vida, pondo em prática projetos adiados, ao longo
dos anos, pela falta de tempo disponível, devido a dedicação ao trabalho. (ADLER,
1999).
A aposentadoria também pode ser sinônimo de libertação para alguns
trabalhadores, quando finalmente não será mais necessário realizar uma atividade
que não lhes é agradável, ou ainda, que queiram descansar depois de tantos anos
contribuindo com seu trabalho, libertando-se de horários a serem cumpridos, de
rotinas, podendo usufruir o prazer dessa liberdade (FRANÇA, 1999).
A forma que cada indivíduo vai reagir à chegada da aposentadoria
dependerá de vários fatores. De sua história de vida, da percepção que tenha do
futuro, das atividades que realize fora do ambiente de trabalho e, ainda, do nível dos
relacionamentos mantidos. Essas reações podem ser influenciadas, ainda, pela
demografia, a economia e política instituídas pelos países, os valores culturais, o
tipo de trabalho que o indivíduo realiza e a satisfação obtida a partir dele (FRANÇA,
2008).
Os sentimentos dos trabalhadores diante da proximidade da aposentadoria e
da decisão de aposentar-se ou não, variam para cada pessoa e as expectativas que
constroem para o período após a sua aposentadoria também são diferentes. Por
exemplo, muitos trabalhadores gostam da atividade que realizam e/ou das relações
13
sociais mantidas no ambiente de trabalho e não exprimem o desejo de aposentar-se.
Outros pretendem se aposentar, mas gostariam de realizar outra atividade
profissional e reduzindo sua carga horária. Alguns manifestam o desejo de
realmente não trabalhar mais, no entanto, não têm idéia do que fazer com a
chegada da aposentadoria (França 1999).
Além disso, tem o fator financeiro e possibilidade de reorganização da
identidade pessoal, que hoje tem significa relação com a identidade profissional.
Na verdade, a aposentadoria não é um evento isolado. É um processo de
transição que envolve vários sentimentos de quem está próximo a se aposentar como
apreensão, ansiedade, dúvidas diante desse futuro desconhecido, com suas perdas e
ganhos. Adler (1999) relata que a ansiedade e o medo que surgem nesse período
são conseqüência da nossa cultura, que valoriza muito a juventude e associa a idéia
de aposentadoria à velhice e à morte. Associação não necessariamente verdadeira,
tendo em vista que algumas pessoas se aposentam jovens e outras, ainda, vivenciam
a velhice sem estar aposentado.
No caso dos professores, a aposentadoria acontece de forma diferente de
outras profissões. Eles podem ter uma redução no tempo de contribuição para a
Previdência e ainda, na idade mínima exigida para a aposentadoria, em cinco anos,
desde que comprovado seu exercício em sala de aula durante esses anos
trabalhados. Com isso, eles têm um maior tempo disponível, em anos, após a
aposentadoria que a maioria dos trabalhadores.
No IFRN, tem acontecido uma preocupação por parte de seus gestores, com
os seus servidores já aposentados ou em vias de aposentar-se, tendo em vista o
conhecimento de relatos de aposentados sofrendo algumas dificuldades em adaptar-
se a essa nova etapa em suas vidas. Então têm sido pensadas formas de minimizar o
sofrimento vivido nessa fase de transição, e ainda de possibilitar que eles possam
refletir sobre essa nova etapa de suas vidas, através de um curso de preparação
para a aposentadoria que é oferecido à comunidade interna, aos funcionários que
estejam a dois anos ou menos da aposentadoria e ainda foi criado um espaço,
denominado Espaço Livre, no qual são desenvolvidas atividades voltadas para os
aposentados, possibilitando, dessa forma, que eles mantenham ainda um vínculo
com a Instituição mesmo após sua aposentadoria. Diante dessa configuração, surgiu
a necessidade de identificar quais sentimentos podem estar presentes nos
14
servidores, daquele estabelecimento de ensino, que estejam vivenciando essa
transição para a aposentadoria. Pretendendo-se então, investigar:
Como os professores do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia
do Rio Grande do Norte-IFRN vivenciam a transição para a aposentadoria?
Diante desse quadro, algumas questões foram necessárias para a
compreensão deste contexto:
- quais os sentimentos que surgem nos diferentes estágios do processo de
aposentadoria?
- quais os fatores que tenham levado alguns servidores a optarem por
continuar trabalhando mesmo já tendo atingido os requisitos para a
aposentadoria?
- como os servidores que ainda não se aposentaram utilizam seu tempo
livre?
- de que forma os servidores aposentados utilizam esse tempo que antes era
ocupado com o trabalho?
- quais as expectativas dos servidores diante da proximidade da
aposentadoria?
- como está sendo a aposentadoria para os servidores que já se encontram
nessa fase da vida?
- O Programa de Preparação para a Aposentadoria tem contribuído para
esse processo de transição?
15
1.3 JUSTIFICATIVA
Após decorridos anos de dedicação ao trabalho, aproxima-se a época da
aposentadoria para o trabalhador. Esse evento é um direito social, garantido pela
Constituição Federal do Brasil de 1988 (Art. 7º, inciso XXIV) e que foi conquistado a
partir dos movimentos dos operários - a exemplo do que aconteceu na Europa e nos
EUA - que favoreceram a criação das Caixas e dos institutos, bem como da
legislação referente à aposentadoria (FRANÇA, 2008). Essa autora ressalta que,
atualmente, a aposentadoria é percebida como algo complexo, em que estão
envolvidos na busca pela garantia do bem-estar do aposentado, o governo, as
empresas e os trabalhadores.
Esse momento de transição trabalho-aposentadoria pode gerar alguma
ansiedade no pré-aposentado se não houver um planejamento que o ajude a
administrar, de forma eficaz, seu tempo, no novo momento de sua vida, que é a
aposentadoria (BOSSÉ et al (1991), apud FRANÇA, 2008).
Um bom planejamento para a aposentadoria considera vários aspectos,
como a gestão financeira, a manutenção da saúde física e mental e a criatividade,
tão importantes nesse novo momento da vida. Os relacionamentos familiares e com
amigos, como também o afetivo-sexual, o trabalho e os projetos de cada indivíduo
(FRANÇA, 2008), são aspectos relevantes que devem ser considerados no
planejamento dessa nova fase da vida das pessoas.
O estudo foi desenvolvido no Instituto Federal de Educação, Ciência e
Tecnologia do Rio Grande do Norte-IFRN, no Campus Natal Central, situado na
Cidade de Natal.
O IFRN, pensando nessa fase de transição entre o trabalho e o não-
trabalho, de seus servidores desenvolve um Programa de Preparação para a
Aposentadoria que possibilita ao indivíduo refletir sobre sua vida atual, enquanto
trabalhador e sobre possibilidades de ação após a aposentadoria. Facilita a reflexão
sobre a gestão financeira, pessoal, familiar e, ainda, sobre tomadas de decisão a
serem feitas na construção do seu projeto de vida.
A aposentadoria é um momento de possibilidades. Após anos de contribuição
com o seu trabalho o servidor dispõe de tempo livre para realizar outras atividades.
16
Mas o que fazer com esse tempo livre, como administrá-lo e o que esperar
desse novo tempo tão sonhado, esperado e cheio de mistérios são questões a
serem respondidas. O Programa de Preparação para a aposentadoria do IFRN
propõe-se a auxiliar o servidor a refletir sobre esses aspectos e tantos outros,
citados em outros momentos, neste estudo.
Esta investigação se justifica pela necessidade de, a partir dos resultados
obtidos com a pesquisa, melhorar o Programa, fazendo modificações em sua
estrutura, se preciso, no sentido de aprimorá-lo para que contribua para um
planejamento eficaz dessa nova etapa da vida, que é a aposentadoria.
1.4 OBJETIVOS
• Geral
Compreender como os professores do IFRN – Campus Natal Central –
vivenciam a transição para a aposentadoria.
• Específicos:
� Conhecer os sentimentos que assomam nos diferentes estágios do
processo de aposentadoria;
� Identificar os fatores que tenham levado alguns professores a optar por
continuar trabalhando mesmo já tendo atingido os requisitos para a
aposentadoria;
� Conhecer de que forma o tempo livre é utilizado e sua (possível) relação
com a aposentadoria
� Conhecer as expectativas dos servidores diante da aposentadoria;
� Conhecer como está sendo a aposentadoria;
� Identificar se o Programa de Preparação para a Aposentadoria contribuiu
para a re-significação da aposentadoria.
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2 REFERENCIAL TEÓRICO
O objetivo deste capítulo é exprimir a base teórica que fundamenta esta
pesquisa. O mesmo apresenta o contexto do trabalho: a evolução de seu significado
ao longo da história e a questão identitária do trabalhador com a atividade que
realiza. Envolve ainda o significado da aposentadoria e formas de vivenciá-la. Traz
também os objetivos, características e vantagens de um Curso de Preparação para
a Aposentadoria para a organização e seus trabalhadores.
2.1 TRABALHO
Qualquer que seja o enfoque (filosófico, histórico ou sociológico), pode-se
considerar que o trabalho é sempre uma relação do homem com a natureza, com
seu semelhante e consigo mesmo.
O trabalho não encerra em si uma significação que seja inerente ao ser
humano MILLS (1976) apud FERRAZ (2007). Seu significado se modifica ao longo
da história e o valor que lhe é atribuído nesse processo de significação está atrelado
à cultura e à relação existente entre a sua forma de organização vigente e a
subjetividade do trabalhador.
A palavra trabalho origina-se do latim tripalium, que é um instrumento de
tortura, composto por três paus e utilizado para amarrar condenados e prender
animais difíceis de serem domados (MORI, 2006) e que, eram empregados, ainda,
aos escravos e pobres que não possuíam condições de pagar os impostos, na
Antiguidade. Com isso, trabalho está associado à idéia de sacrifício, sofrimento,
martírio, obrigação, castigo e pobreza. (MORI 2006; CARLOS et al 1999).
Segundo Witczak (2005), ao longo da história o homem se distancia dos
demais primatas com a confecção dos primeiros instrumentos e da propagação das
técnicas de sua construção.
Na Bíblia, Adão foi expulso do paraíso, pois lá não havia trabalho, e foi
condenado a ganhar seu pão diário com o suor do próprio rosto.
18
Para Witczak (2005) o trabalho pode ser entendido como um processo de
civilização, em que o homem e a humanidade são estruturados a partir dele (do
trabalho), parecendo que o homem não pode ser compreendido, seja histórica ou
religiosamente, sem estar a ele relacionado.
O trabalho, como entendido na atualidade, tem seus primeiros indícios no
período antecessor a 4000 a.C., com o surgimento dos primeiros homens, durante o
período Neolítico (MENEGASSO, 1998). Sua história teve início quando o homem
voltou-se para a busca dos meios que satisfizessem suas necessidades (CARLOS,
et al, 1999, p. 26) tendo sua procura incessante pela satisfação de sua
sobrevivência levado-o a produzir para o consumo próprio e, ainda, para assegurar
sua sobrevivência Oliveira (1987) apud Menegasso (1998). No entanto, com o
passar do tempo, seu significado foi se modificando à medida em que o homem
evolui da coleta à caça, para a pesca e ao pastoreio (MENEGASSO, 1998), tendo
esta última atividade desenvolvido-se, gradualmente, até a agricultura, processo
esse facilitado pela fabricação de instrumentos.
Na Grécia Antiga, o progresso da vida humana e de suas atividades
acontecia em duas esferas distintas: a vida privada e a pública, havendo uma
separação entre esses dois espaços. O primeiro, refere-se ao lar, ambiente no qual
aconteciam as ações voltadas à satisfação das necessidades mantenedoras da vida,
tanto no sentido biológico como no existencial. O segundo espaço, era a Polis, o
espaço político em que se cultivava o diálogo, sendo debatidos temas como
negócios, vida e comportamentos. (MENEGASSO, 1988).
Na Grécia Antiga, o trabalho não era valorizado pelos cidadãos livres, sendo
considerado por Platão como o “exercício das profissões vil e degradante”
(RIBEIRO; LEDA, 2004). Ele significava castigo, sendo o braçal desvalorizado e
realizado pelos escravos enquanto os membros da classe superior coordenavam e
realizavam os projetos. Dessa forma, o trabalho era considerado uma forma de
aprisionamento das pessoas que não possuíam direitos e ainda eram subjugados à
escravidão. (MORI, 2006).
Em Roma havia a desvalorização do trabalho manual e refletia a “ausência
de lazer” e a “negação ao ócio”, pois estes eram considerados como privilégios dos
homens livres. Aranha (1995:10) apud Mori (2006).
Na Idade Média (século V – XV), houve a tentativa, por parte de São Tomás
de Aquino, em valorizar o trabalho manual ao afirmar a equivalência de todos os
19
trabalhos. No entanto, ao basear-se na teoria grega, segundo Mori (2006), ele
realçou a necessidade da atividade contemplativa.
Os Hebreus o consideravam como uma “labuta penosa” (FERRAZ, 2007)
pois o homem, na sua condição de pecador estava condenado a ele na sua busca
pelo Paraíso que seria o almejado e abençoado descanso de seu espírito. Para o
Cristianismo, trabalhar afastava os maus pensamentos e seria o castigo pelos
pecados cometidos.
Albornoz (1994) assinala que a Reforma Protestante leva a algumas
mudanças dentro do Cristianismo. No Luteranismo, o significado do trabalho está
relacionado à servidão a Deus, sendo considerado como o meio de se alcançar a
salvação, tornando-se a profissão uma vocação.
No Calvinismo o trabalho entendido como virtude está relacionado à imagem
de predestinação uma vez que é vontade Divina que todos trabalhem e é através do
trabalho que se alcança o êxito e, em conseqüência, realiza-se a vontade de Deus,
incluindo, dessa forma, o trabalhador entre os eleitos. A vocação para o trabalho
surge como manifestação de amor ao próximo e, a atividade do trabalho enfatiza a
moral.
Na época Renascentista, o trabalho passa a ser entendido como um
estímulo propiciador do desenvolvimento humano e não mais como um estorvo. “O
trabalho seria a expressão do homem e expressão da personalidade, do indivíduo”
(ALBORNOZ, 1994). Em virtude disso, o homem passa a ser o criador de sua
atividade, tornando-se a melhor forma de ocupar sua vida.
No século XVIII enfatiza-se a condenação ao ócio, ocorrendo a sacralização
do trabalho e da produtividade, como conseqüências à ascensão da burguesia, o
desenvolvimento das fontes produtivas, a transformação da natureza e a evolução
da técnica e da ciência (MENEGASSO, 1998). As idéias de Smith de que a
produtividade é fruto da divisão do trabalho, e não do trabalho em si, contribuiu, de
forma significativa, para esse contexto. A Ele e a David Ricardo, outro economista
clássico daquela época, é dado o mérito de haver percebido o trabalho humano
como originário da riqueza social e também de todo valor. Porém os economistas
dissociaram o trabalhador do homem concreto imaginando o homem como sendo
apenas homo oeconomicus levando à redução do significado do trabalho como
atividade transformadora da realidade natural ao mero conceito econômico.
(ALBORNOZ, 1994).
20
Sobre o moderno significado da palavra trabalho, Carlos et al, (1999)
afirmam que a modificação em seu sentido exprime sua elevação como atividade
humana mais valorizada, encontrando, dessa forma, apoio no modelo capitalista de
produção e revela-se na produção teórica dos séculos XVIII e XIX.
Com esse significado, o conceito de trabalho deixa de ser uma atividade
negativa reservada aos escravos e pobres e passa a se constituir como algo positivo
e indispensável na vida de qualquer ser humano.
De acordo com Edgar de Decca (1988) (apud CARLOS et al, 1999, p. 81), a
glorificação do trabalho apóia-se com o surgimento da fábrica, contexto em que
manifesta sua positividade e firma-se como instrumento para aumentar a
produtividade e auxiliar no controle, na disciplina e hierarquização do processo de
trabalho.
Dessa forma percebe-se, então, que a glorificação do trabalho se fortalece
com o surgimento das fábricas, pelo fato delas alimentarem a ilusão, de que a partir
delas há limites para a produtividade humana. Assim, as fábricas ao mesmo tempo
em que confirmavam a potencialidade criadora do trabalho, anunciavam também a
dimensão ilimitada da produção.
O aumento da produção, o êxodo rural e o aumento da concentração de
pessoas na zona urbana caracterizam o período de desenvolvimento industrial
(DEJOURS, 1992).
No entanto, outros elementos também marcaram esse período de
mudanças. A duração de trabalho que chegava a 12, 14 ou até 16 horas por dia, a
presença de crianças no trabalho industrial, os baixos salários, a falta de condições
de higiene e a pobreza da população caracterizaram essa época (DEJOURS, 1992).
Esse período foi marcado também pelas lutas operárias que tinham
basicamente, dois objetivos: primeiro, a luta pela vida ou sobrevivência, devido às
poucas condições de vida, com elevado número de problemas de saúde; e segundo,
a busca pelas condições de alcançar essa condição de vida, representada pela
liberdade de organização (DEJOURS, 1992).
No final do século XIX, na tentativa de corresponder às demandas geradas
pelo capitalismo em desenvolvimento, os princípios elaborados por Taylor
desencadeiam a separação entre a forma do trabalho ser concebido e sua
execução, objetivando o controle do ritmo de trabalho. (Fleury & Vargas, 1983;
Braverman, 1974) apud Moreira (2000)
21
A Teoria das Organizações começa nos primeiros anos do século XX com a
Escola de Administração Científica e a Escola das Relações Humanas compondo a
base dos clássicos nessa área de estudo. Naquela, seja na organização científica do
trabalho, representada por Taylor, seja na sua organização administrativa,
representada por Fayol, a pessoa é entendida como um ser cuja única motivação é
o retorno econômico que advém da prestação de seu trabalho, não sendo
considerados seus sentimentos e nem os aspectos pessoais nas suas relações com
os colegas de trabalho nem seus superiores (ROULEAU, 2008).
Na primeira década do século XX, Frederick Taylor, considerado o pai da
Administração Científica, organiza o trabalho de forma que leva à desumanização do
operário ao introduzir a divisão de tarefas. Essa iniciativa busca reduzir o
desperdício de tempo na execução das tarefas, elevar os índices de produtividade e,
ainda, combater a anarquia nas fábricas.
Nessa concepção ideológica taylorista o trabalhador é “apenas como mais
uma engrenagem que soma-se às máquinas” (MOREIRA, 2000) não possuindo
iniciativa e distante da concepção humanística do trabalho.
Taylor fundamentou sua organização científica do trabalho em cinco
princípios: 1. a responsabilidade pela organização do trabalho não cabe ao
trabalhador, devendo ser transferida para o gerente, cabendo a este a organização e
o planejamento do trabalho e àquele a implantação das medidas tomadas pelo
gerente; 2. A utilização de métodos científicos para estabelecer a forma mais
eficiente de realizar o trabalho; 3. Seleção da melhor pessoa para um determinado
cargo; 4. Treinamento do trabalhador para a realização eficiente do trabalho; e 5.
Fiscalizar o trabalho para garantir que os procedimentos para a realização de
trabalho sejam atendidos e que os resultados esperados, atingidos (MORGAN,
2006).
Com a aplicação desses princípios Taylor defendeu que as atividades de
trabalho poderiam ser analisadas e padronizadas através do uso dos estudos dos
tempos e movimentos (MORGAN, 2006).
A administração científica de Taylor teve muitos efeitos no ambiente de
trabalho, como por exemplo, a elevação da produtividade e a substituição de
trabalhadores com habilidades especializadas por operários não qualificados. Em
conseqüência desses resultados, essa abordagem tem sido muito influente, apesar
de sê-lo de forma negativa para o trabalhador (MORGAN, 2006).
22
Essa abordagem Taylorista teve conseqüências para a saúde mental e a do
corpo dos trabalhadores. No que se refere à saúde do corpo, com a disciplina a que
era submetido devido à nova tecnologia de submissão. Essa forma de organização
científica exigia do corpo condições fisiológicas até então desconhecidas, à época,
principalmente devido às exigências feitas com relação ao tempo e ritmo do trabalho
a ser realizado (DEJOURS, 1992).
A Primeira Guerra Mundial é um marco nas lutas operárias pela melhoria
das condições de trabalho e de saúde dessa época devido, por exemplo, ao
aumento na produção industrial para suprir as necessidades da guerra, a diminuição
de trabalhadores por causa dos feridos e mortos na batalha, as forças voltadas para
a reconstrução, a recolocação dos inválidos no mercado de trabalho, tudo isso
gerando mudanças na relação homem-trabalho (DEJOURS, 1992).
A partir dessa Guerra começa a se delinear uma preocupação com as
condições de saúde e de trabalho, com os movimentos operários voltados à busca
por melhorias de condições nessas áreas. Então a prevenção de acidentes e do
desenvolvolvimento de doenças relacionadas ao trabalho são alguns dos objetivos
buscados para garantir os tratamentos necessários e adequados aos trabalhadores,
sendo, no entanto, as classes mais favorecidas, economicamente, as mais
beneficiadas (DEJOURS, 1992).
Em suma, esse período é caracterizado pela miséria dos operários, sua luta
pela sobrevivência, a conquista da diminuição da jornada de trabalho que passa a
ser de oito horas diárias, o corpo doente e a busca por melhoria das condições de
saúde e trabalho, e as correntes contemporânea da medicina do trabalho, fisiologia
e ergonomia ocupando o espaço que antes era das correntes das ciências morais e
políticas, higienista e alienista (DEJOURS, 1992).
Dejours (2005) defende que Taylor estava enganado sobre a idéia de
submeter o trabalhador ao treino de um professor competente, com o objetivo de
realizar suas atividades de forma contínua e usual, até que seu trabalho fosse feito
do modo como era considerado científico. Esse pensamento taylorista da época é
contrário à idéia de que o próprio trabalhador é capaz de estabelecer a melhor forma
de executar seu trabalho.
O erro de Taylor, de acordo com Dejours (2005) está em que, o que parece
certo no âmbito da produtividade não o é ao considerar a questão da economia do
corpo. O trabalhador, mesmo que não seja considerado capaz para a busca do
23
rendimento geral da produção, é a pessoa mais indicada para saber os limites de
seu corpo.
Já nos anos 1920, o americano, Henry Ford, fundador da Ford, institui a
linha de produção em massa, fundamentada na padronização dos processos.
As formas de produção concebidas por Taylor, Fayol – com a fragmentação
das tarefas - e Ford, enquanto relações de trabalho, proclamavam a divisão do
trabalho, gerando uma relação desigual e a possibilidade dos indivíduos ficarem à
margem do sistema de produção. (LOBATO,2004).
Apenas nos anos trinta do século passado, com os estudos de Hawthorne, é
que os pesquisadores ligados à Escola de Relações Humanas começaram a voltar
sua atenção para a pessoa. Aquele estudo demonstrou que a atenção
disponibilizada aos recursos humanos levava ao aumento da produtividade. Dessa
forma, os pesquisadores dessa Escola voltaram sua atenção para a afetividade do
indivíduo, ser que sofre a influência das relações mantidas com os outros indivíduos
(ROULEAU, 2008).
Os estudos de Hawthorne tinham à frente, nas décadas de vinte e trinta do
século XX, Elton Mayo. No começo a finalidade desses estudos era investigar a
relação entre condições de trabalho, fadiga e monotonia entre os empregados. No
decorrer da pesquisa, esse enfoque foi substituído por outros aspectos envolvendo a
situação de trabalho, como as atitudes, preocupações dos trabalhadores e fatores
sociais externos ao ambiente de trabalho. Atualmente, esses estudos são
conhecidos pela contribuição em revelarem a importância das necessidades sociais
no ambiente de trabalho (MORGAN, 2006).
Como conseqüência contributiva desses estudos está a motivação no
trabalho, que passou a ser assunto presente nas discussões. Com isso, começa a
surgir uma nova teoria da organização que apóia-se nas idéias de que indivíduos e
grupos atuam de forma mais eficaz à medida que suas necessidades vão sendo
satisfeitas (MORGAN, 2006).
Nas décadas seguintes, quarenta e cinquenta, destacam-se a análise da
burocracia e as teorias de decisão que mantinham a visão parcial do indivíduo
(ROULEAU, 2008).
Com relação à burocracia, a ênfase foi dada à impessoalidade como
característica essencial para a eficácia e a performance. Para Weber apud Rouleau
(2008) as atividades deviam ser geridas com ênfase maior nas regras do que nos
24
sentimentos e laços afetivos com o objetivo de eliminar os comportamentos
arbitrários e injustos.
A Escola da Tomada de Decisão surge em oposição aos sociólogos
americanos. Nessa abordagem, o indivíduo é considerado essencial nas propostas
dos teóricos no entanto, a dimensão econômica ainda é considerada predominante
nas escolhas dos indivíduos. Com isso há uma retomada dos fundamentos da
Escola das Relações Humanas com o indivíduo sendo privilegiado (ROULEAU,
2008).
Nos anos sessenta e setenta, há o predomínio da Abordagem da
Contingência nas teorias organizacionais (Woodward, 1965; Lawrence e Lorsch,
1957; o grupo de Aston, ET AL) apud (ROULEAU, 2008). Essa abordagem
desconsidera a existência do indivíduo, enfatizando as relações estabelecidas entre
o ambiente, a empresa e o resultado da relação entre eles (Miles e Snow, 1978;
Miller e Mintzberg, 1984; Miller, 1986) apud (ROULEAU, 2008).
A pouca importância que é dada ao indivíduo prevalece até o final dos anos
setenta. Até esse período, não havia espaço para ele. Na verdade, ele era
concebido a partir dos papéis e funções que eram definidos pelos sistemas e
estruturas vigentes. Mesmo nas Escolas das Relações Humanas e na de Tomada
de Decisões a atenção dispendida ao indivíduo era no sentido do que fosse melhor
para a empresa. E até mesmo o gestor, toma as decisões que lhes são impostas, ou
seja, não há uma atenção dada realmente ao indivíduo, às suas experiências
(ROULEAU, 2008).
Nos anos oitenta começa a ser reconhecido o caráter político e cultural das
ações do indivíduo (ROULEAU, 2008), havendo uma exaltação por parte da
Administração de Recursos Humanos por encontrar e implementar novos modelos e
técnicas de gestão. (DAVEL; VERGARA, 2008).
Surge o homo strategicus que age da maneira que é melhor para si
utilizando os recursos disponíveis para agir e manter sua posição no campo de ação
em que se encontra. No entanto, apesar da importância dada à dimensão humana a
experiência do indivíduo ainda não é considerada relevante. Os aspectos políticos e
culturais estão relacionados aos limites sociais e cognitivos que precisam ser
estabelecidos na organização (ROULEAU, 2008).
A década seguinte apresenta-se com questionamentos feitos à
Administração de Recursos Humanos da década anterior. Dentre as críticas sofridas
25
destaca-se a visão das pessoas como custos e o tratamento dado a elas como
sendo recursos. A busca pelo desempenho e pela produtividade leva a um
tratamento que é dado às pessoas sem considerar as questões éticas (DAVEL;
VERGARA, 2008).
É nos anos noventa que a questão da subjetividade torna-se um tema de
pesquisa. Não lhe foi dada importância por várias abordagens teóricas dominantes.
O indivíduo era considerado dentro das limitações da organização e do que fosse
melhor para ela. Então ou a subjetividade era desconsiderada em relação ao
privilégio dado à racionalização do agente; ou então definida a partir das estruturas
organizacionais, deixando em segundo plano as experiências dos agentes
(ROULEAU, 2008).
Davel e Vergara (2008) sinalizam que as mudanças efetivadas no campo de
Recursos Humanos levam os gestores a associarem exterioridade e objetividade
com as questões subjetivas do ser humano propiciando uma melhor forma de lidar
com as relações e os aspectos inerentes à natureza humana no contexto
organizacional.
As pessoas fazem parte das organizações na busca pela produtividade.
Porém sua importância não se limita apenas a isso. Elas são a essência da dinâmica
de uma organização, dão vida às atividades e processos, criam e renovam situações
que levam à competitividade da organização com uma postura de cooperação que a
diferencia diante dos clientes e das demais organizações (DAVEL e VERGARA,
2006).
Diante da crença na importância das pessoas para o sucesso
socioeconômico das organizações nos nossos tempos e também na relevância dos
gestores para implantar e facilitar as mudanças organizacionais é, na visão de
Vergara e Davel (2006), clara a necessidade dos gestores buscarem novas formas
de atuação e voltarem o olhar para a complexidade individual e as experiências
vividas coletivamente, indo além da concepção do homo economicus e racional em
direção ao homo interior, homo subjectivus, homo colectivus.
A subjetividade pode auxiliar na forma de lidar com a experiência humana
em toda sua amplitude. Sua forma de pensar, de agir, suas emoções. A partir dela é
possível não considerar mais as pessoas como objetos e não relegar suas relações
ao âmbito da propriedade ou da posse. É necessário o equilíbrio entre a objetividade
e a subjetividade para que a gestão de pessoas possam alcançar sua “efetividade,
26
coerência e consistência na criação sustentável de recursos, serviços e produtos”
(VERGARA e DARVEL, 2006).
Dando continuidade a esse pensamento, Vergara e Darvel (2006) ressaltam
a importância que se deve dar para a gestão das pessoas e de suas relações, não
se limitando à administração de coisas mas considerando as inevitáveis mudanças
que acontecem em função das relações estabelecidas, tornando, dessa forma, o
processo de administração algo contínuo.
Esse tema da subjetividade possibilita a renovação de práticas de gestão de
recursos humanos dentro das organizações. Esse tema ainda é pouco estudado
dentro das teorias organizacionais e também recente, tendo começando a se
destacar a partir dos anos 90 (ROULEAU, 2006).
Davel e Vergara (2006) defendem que conceber a subjetividade nas
organizações é sinônimo de compreender que as pessoas estão em ação e
interagindo sempre e demonstram sua subjetividade através da palavra e de
comportamentos não verbais.
E, nos próximos anos, a competência social do gestor será requisitada. Ele
deverá ser capaz, por exemplo, de administrar as questões conflituosas, auxiliar na
formação de equipes, além de dominar as questões técnicas que seu cargo requer.
2.1.1 Identidade e Trabalho
Ao longo de sua vida, o indivíduo passa por processos de socialização que
influenciarão em suas interações com os outros. Dessa forma, a socialização,
entendida como processo de interação entre os indivíduos, facilitadora do convívio e
adaptação às mais diversas situações sociais, concorre para a construção de
identidades pessoais e sócio-profissionais, possibilitando a atuação do indivíduo em
um grupo social, a construção e re-construção de sua auto-imagem e seu
desempenho nos diversos papéis assumidos.
Dubar (1997) compreende a socialização como processo facilitador da
compreensão do que seja identidade em uma perspectiva sociológica, em que esta
resulta dos variados processos de socialização que atuam na estruturação dos
indivíduos e definem as instituições.
27
Em sua vida, o indivíduo passa por várias socializações, chegando,
inclusive, a passar por processos de re-socialização, em casos extremos. A
socialização pode ser dividida em dois tipos: primária e secundária. Cada uma com
aspectos próprios que influenciam de formas diferentes na vida do indivíduo em
sociedade.
A primeira, é experimentada na infância e é, por meio dela, que o indivíduo
passa a fazer parte da sociedade. Através dela a criança abstrai os papéis e atitudes
dos outros indivíduos com quem se relaciona (BERGER e LUCKMANN, 1985).
Nessa fase é estruturado o primeiro mundo do indivíduo. Mundo esse que possui
caráter inevitável devido à relação do indivíduo com os outros significativos, que
implica em sequências de aprendizagem definidas socialmente, aprendizado esse
que também sofre influência das limitações biológicas e dos aspectos sócio-
históricos e culturais da sociedade.
Essa etapa finaliza quando o indivíduo torna-se consciente das normas e
comportamentos aceitáveis para sua convivência social, sentindo-se aceito pelos
outros quando interioriza o mundo dos outros como se lhe fosse próprio.
A socialização secundária é formada a partir de outros processos de
interação do indivíduo com outros membros da sociedade, no decorrer de sua
trajetória de vida.
Dubar (1997) descreve quatro formas identitárias fundamentadas em
investigações empíricas realizadas na França, feitas nas décadas de 60 a 80. São
elas: identidade de empresa; identidade de ofício; identidade de rede e identidade de
fora-do-trabalho.
Para esse autor, essas formas identitárias são resultado da articulação entre
a transação objetiva e subjetiva, e descrevem estados de continuidade e ruptura
entre a identidade conferida pelo outro e a que é incorporada para si, pelo indivíduo.
Sua construção também está relacionada aos tipos de relações profissionais que
estruturam as variadas formas de mercado de trabalho.
Configura-se, também, a forma como os outros os percebem, as atribuições
de características e formas de interpretar os comportamentos destes indivíduos,
numa dupla relação, peculiares e complementares entre si.
Para esse autor os processos identitários apresentam as seguintes
características: 1) são enraizados na esfera socioprofissional, mas não se reduzem
28
a identidades no trabalho; 2) definem trajetórias diferentes mas não reduzidas a
habitus de classe; 3) envolvem categorias oficiais, posições nos espaços escolares e
socioprofissionais mas não se resumem a categorias sociais; 4) são intensamente
vividas pelos indivíduos tanto em termos de definição de si com de rotulagens feitas
por outros (DUBAR, 1997). Conforme caracterizando o autor (1997, p.239) define
como identidades sociais e profissionais:
[...] as identidades sociais e profissionais típicas não são nem expressões psicológicas de personalidades individuais nem produtos de estruturas e políticas econômicas que se impõem a partir de cima, elas são construções sociais que implicam a interação entre trajectorias individuais e sistema de emprego, sistemas de trabalho e sistemas de formação. Produtos sempre precários, se bem que muito bem construídos no processo de socialização, estas identidades constituem formas sociais de construção de individualidades, em cada geração, em cada sociedade [...] .
Martim-Baró (1985) e Santos (1990) apud Debetir e Monteiro (1999)
defendem que a importância que o trabalho possui no desenvolvimento do indivíduo
é um aspecto a ser considerado. Ele funciona como referência, seja pessoal ou
social, na organização da vida do indivíduo.
Nessa mesma linha de pensamento, estão Carlos et al (1999), Hanna
Arendt (1981) ao se referirem à importância concedida ao homo faber, ao ilustrar
que ao se perguntar a uma pessoa quem ela é, geralmente ela responde dizendo a
atividade que realiza e a descreve, demonstrando sua identificação com o trabalho
que executa, dando, dessa forma, ênfase à atividade e ainda, agrega valores
relacionados ao trabalho que realiza que qualificam e definem seu eu.
No entanto, no decorrer da vida, estamos inseridos em estruturas e
representações sociais que não preparam o sujeito para o envelhecer ou mesmo
para o afastamento do trabalho. (CARLOS et al, 1999) assinalam que:
Da importância da identidade de trabalhador e sua representatividade enquanto identidade do eu, emergem as questões da aposentadoria e suas repercussões. Identidade que se refere, também à consciência de pertencer a determinado grupo social, inclusive laboral, e à carga afetiva que esta pertença implica. O espaço de trabalho e as categorias profissionais, em geral associados a prestígio ou desprestígio social, proporcionam atributos de qualificação ou desqualificação do eu. Nos casos em que a qualificação é de tal forma representativa, o prefixo ex é evocado para dar conta da identidade quando da aposentadoria. (p. 86)
29
Para Santos (1990) apud Carlos et al (1999) existe a possibilidade da
aposentadoria ser compreendida pelo indivíduo como uma perda do seu papel
profissional. Porém, o vínculo simbólico com o trabalho é mantido por intermédio de
sua identidade de trabalhador. Isso acontece pelo fato de os modelos de
identificação construídos anteriormente pelo sujeito não terem sido destruídos.
Esses autores compreendem que a aposentadoria pode ou não significar
uma separação do mundo do trabalho e ressaltam a importância de se buscar
compreender o indivíduo no seu contexto sócio-histórico para entender melhor sua
relação com o trabalho.
2.2 APOSENTADORIA
Enquanto fato social, a aposentadoria é um tema considerado novo porque
só a partir do século XX é que a Previdência Social foi implantada para a maior parte
da população assalariada mundial (FRANÇA, 2008).
Da mesma forma como aconteceu na Europa e nos EUA, no Brasil foram os
operários que estiveram à frente das lutas por melhorias das condições de trabalho,
levando aos movimentos que favoreceram a criação das Caixas e Institutos, bem
como da legislação referente à aposentadoria (FRANÇA, 2008).
No Brasil, segundo Santos (1999), os estudos voltados para o tema da
aposentadoria fundamentam-se em duas abordagens: a da medicina e da
sociologia. A primeira, tende a considerá-la um fenômeno próprio da natureza, à
parte de contexto sociocultural e das características da personalidade de cada um. A
Sociológica, enfatiza os aspectos presentes no contexto social.
Resende (2006) considera a aposentadoria uma fase importante na vida da
pessoa porque além de, para alguns, coincidir com a velhice, ela também é um
limite, uma fronteira, que acarretará mudanças na dinâmica familiar, gerando novos
hábitos em todo o núcleo.
Esse autor assinala na sua teoria da continuidade que as atitudes dos
trabalhadores no período que antecede sua aposentadoria dependem de políticas e
metas desenvolvidas pela sociedade e enfatiza que as pessoas com uma idade mais
avançada tendem à preservação e manutenção de seus valores quando da decisão
30
de aposentar-se, usando, dessa forma, de meios que lhes são familiares e
possibilitam sentir-se seguros, diante das situações de escolhas.
Uma outra teoria considerada é a do desenvolvimento para a vida toda (life-
span development) em que Baltes & Baltes, 1990; Nuttman-Scwartz, 2004 (apud
FRANÇA; VAUGHAN, 2008) concebem a aposentadoria como sendo o maior
evento existente na passagem da vida adulta para o começo da velhice.
França e Vaughan (2008, p. 04) consideram essas duas teorias como
complementares entre si, para eles o ato de aposentar-se é um processo de
transição que, dependendo do “contexto socioeconômico, político e cultural” do país
onde residam, eles terão determinadas perdas ou ganhos. Essas perdas ou ganhos
dependerão, também, da história de vida de cada um e de suas expectativas e as de
seus familiares no momento da aposentadoria e ainda, da forma como pensam seu
futuro, incluindo nesse contexto, seu projeto de vida, para o período pós-
aposentadoria, podendo esse projeto abranger, por exemplo, a realização de um
trabalho voluntário ou mesmo remunerado, mas com sua carga horária reduzida.
No que se refere ao sentido da palavra aposentadoria, em nosso idioma
aposentar-se está relacionado, de acordo com a etimologia da palavra, à
hospedagem, a abrigar-se nos aposentos. (CARLOS et al, 1999). A palavra
aposentadoria significa, então, volta à esfera doméstica após a saída do mundo do
trabalho e refere-se, ainda, à mudança de um ambiente de poder para outro no qual
o poder está nas mãos de outras pessoas e não mais nas suas (STUCCHI, 2003).
França (1999) acrescenta que, além de significar a saída de um trabalho
realizado o termo geralmente é associado à idade. No entanto, a autora defende que
essa associação não corresponde, necessariamente à realidade, porque o fato de
ser considerado jovem ou com mais idade para realizar um trabalho não se refere
apenas à sua capacidade física, mental ou psicológica mas também a outros fatores
como o “contexto demográfico, histórico, sociocultural, econômico e político nos
quais o trabalhador está inserido” (pg. 12).
Ainda nesse contexto de associar aposentadoria à idade, Veras (2003)
assinala que a aposentadoria, no decorrer dos anos, tem sido associada à velhice e
à inutilidade social indicando esse momento como decadente, deixando claro o
sentido de que o aposentado é aquele que retorna aos aposentos.
31
Sobre esse assunto, França e Vaughan (2008) relatam que essa associação
da aposentadoria com envelhecimento ocorre, muitas vezes, porque em alguns
contratos ela pode coincidir com o que é cronologicamente definido como o início do
envelhecimento que é a idade de sessenta e cinco anos, fato esse, causador de
confusão em algumas pessoas.
No entanto, por ser um assunto considerado relativamente novo nos estudos
acadêmicos, ainda não se tem um conhecimento previsível do comportamento dos
trabalhadores e das instituições com a proximidade da aposentadoria, o que leva a
confundir esse momento de vida do trabalhador com a velhice (FRANÇA;
VAUGHAN, 2008). Luborsky e LeBlanc, (2003) (apud FRANÇA; VAUGHAN, 2008)
fazem a distinção entre esses dois aspectos, pois nem todos os indivíduos que se
aposentam são considerados velhos e que nem toda velhice pode ser vivenciada
com uma aposentadoria.
Reforçando esse sentido, Stucchi (2003) considera a aposentadoria como
um intervalo entre a idade madura e a velhice. Esse intervalo favorece o
desenvolvimento pessoal e, se adequadamente planejada, propicia uma
aposentadoria com qualidade.
Atchley (1989) (apud FRANÇA; VAUGHAN, 2008) considera a
aposentadoria como sendo um processo realizável a longo prazo. Ele tem início
antes mesmo do afastamento do servidor de suas atividades de trabalho e estende-
se até algum tempo após sua efetivação.
Esse afastamento do trabalhador de sua atividade de trabalho, em
decorrência de sua aposentadoria é, possivelmente, a maior perda social do ser
humano podendo acarretar outros prejuízos, inclusive em sua estrutura psicológica.
Os efeitos negativos mais imediatos da aposentadoria são a redução da renda
familiar, devido às perdas salariais, a ansiedade diante do desconhecido e o
aumento no número de consultas médicas (FRANÇA,1999).
Essa autora menciona, ainda que, diante da proximidade da aposentadoria e
da decisão de aposentar-se ou não, os sentimentos são variados. Ela relata que
muitos trabalhadores gostam do trabalho que realizam e/ou das relações sociais
estabelecidas no ambiente de trabalho e não exprimem o desejo de aposentar-se.
Outros pretendem se aposentar, mas não gostariam de parar completamente de
trabalhar, realizando alguma atividade profissional. Alguns manifestam o desejo de
32
realmente não trabalhar mais, no entanto, não têm idéia do que fazer com o advento
da aposentadoria.
Diante da situação que o trabalhador delineie para si com a proximidade da
aposentadoria, independente de qual seja, França (1999) afirma a importância de
analisar o significado do trabalho para essa pessoa a fim de possibilitar uma
transição para essa nova etapa de forma mais tranqüila e adequada para ela. Isso
por que o trabalho também proporciona vários pontos positivos para o trabalhador
como o salário em si, o “prazer” que ela sente pela própria realização da atividade, o
ambiente de trabalho, bem como o status e o poder concedidos por determinados
cargos, e mesmo as relações estabelecidas com os colegas. Todos esses fatores
não estão dissociados da vida do trabalhador, pelo contrário, fazem parte de uma
área de sua vida da qual muitas vezes ele não quer se afastar, até por não
conseguir pensar em possibilidades de substituição ao trabalho.
Há ainda a possibilidade da aposentadoria significar uma libertação para o
trabalhador, quando finalmente não precisará mais realizar uma atividade que não
lhe é agradável, ou ainda, que ele queira descansar depois de tantos anos
contribuindo com seu trabalho, libertando-se de horários a serem cumpridos, de
rotinas, podendo vivenciar o prazer dessa liberdade (FRANÇA, 1999).
No que se refere à reação à aposentadoria, a forma que cada indivíduo age
e reage diante do trabalho e da aposentadoria dependerá de sua história de vida, da
percepção que tenha do futuro, das atividades que realize fora do ambiente de
trabalho e, ainda, do nível dos relacionamentos mantidos. Essas reações são
influenciadas, ainda, pela demografia, a economia e política instituídas pelos países,
os valores culturais, o tipo de trabalho que o indivíduo realiza e a satisfação obtida a
partir dele (FRANÇA, 2008).
Grunewald(2004), corrobora com França (2008) quando relata que ao
chegar o momento da aposentadoria e o indivíduo se perguntar o que irá acontecer
com ele dali pra frente, sua resposta dependerá de vários fatores que direcionarão a
forma como vivenciará esse novo momento de sua vida.
33
Dentre esses fatores, ela destaca as crenças pessoais, o auto-
conhecimento, os valores de cada pessoa, suas necessidades, desejos, a forma
como se coloca diante dos acontecimentos da vida.
As crenças estão relacionadas à forma de cada um de ver o ambiente no
qual está inserido. A importância do auto-conhecimento está em quanto melhor o
indivíduo se conhecer, maiores serão as possibilidades de escolhas satisfatórias.
Para Grunewald (2004), destacam-se como pontos focais do auto-conhecimento: os
pensamentos, os sentimentos, as ações, possibilidades e limitações físicas do
corpo. Ela destaca, ainda, a importância da oportunidade de refletir sobre os valores
norteadores das ações e se ter claro quais as suas necessidades e os desejos
existentes nesse momento que antecede a aposentadoria.
Um outro fator citado por Grunewald (2004) de relevância nesse momento é
a forma de olhar para a vida. Esse “olhar” influenciará a percepção que tem de si.
A forma como a pessoa se coloca no mundo direcionará sua vida. Pois como
age e reage diante do que a vida traz facilitará ou dificultará sua inserção no
ambiente. E tem ainda a orientação da pessoa diante da vida. Se ela se coloca
diante das dificuldades de forma negativa ou positiva, pondo-se de forma mais
flexível diante da vida.
Após decorridos anos de dedicação ao trabalho, a aproximação da época da
aposentadoria pode ser experimentada de duas formas distintas para as pessoas.
Por um lado, pode ser esperada como algo assustador, para uns, ao relacionarem a
ela o tédio, a inutilidade, a solidão, depressão e aproximação da morte. Outros a
vivenciarão de uma forma mais positiva, podendo considerá-la como o começo de
uma nova fase de sua vida, em que poderão pôr em prática projetos adiados pela
falta de tempo disponível, devido à dedicação ao trabalho. (ADLER, 1999).
O momento de aposentadoria é, na verdade, um processo de transição que
envolve apreensão, ansiedade, dúvidas diante desse futuro desconhecido. Adler
(1999) considera ainda que a ansiedade e o medo nesse período devem-se à nossa
cultura, que valoriza muito a juventude e associa a idéia de aposentadoria à velhice
e à morte.
Um outro fator importante de ser mencionado nesse tema sobre as distintas
formas de vivenciar a aposentadoria é a questão do gênero. Homens e mulheres
não vivem esse processo da mesma forma.
34
No quesito saúde, as mulheres previnem-se mais, preocupando-se com a
alimentação e com a prática de atividades físicas, o que torna suas vidas mais
longas e saudáveis. Elas, ainda, expressam mais suas emoções e compartilham os
sentimentos, minimizando, desta forma, as doenças psicossomáticas relacionadas
(ROMERO, 2006).
De acordo com essa autora, as mulheres também permanecem mais ativas
ao longo dos anos; sendo que 90% delas mantém-se ocupadas com as atividades
domésticas, sentindo desta forma, com autonomia, com a sensação de ser útil e
ainda, ocupando seu tempo (ROMERO, 2006).
Ao passo que o homem sofre quando não é mais o provedor da casa, tendo
seu papel social masculino comprometido pelo início da velhice. No ambiente
doméstico, ele pode ficar ocioso devido a possuir menor autonomia doméstica,
dependendo de outras pessoas para cuidar de si, do lar e de sua alimentação
(ROMERO, 2006).
Diante desse quadro o surgimento do sentimento de inutilidade no homem é
forte, principalmente para aquele que nunca fez parte do dia-a-dia da família
(BARBOSA, 1999).
Ele se cuida menos, em geral não pratica atividades físicas regularmente e
vai menos ao médico. Em virtude disso é responsável pela maior incidência de
internações e urgências (ROMERO, 2006).
E ainda, não têm uma participação tão efetiva como as mulheres nos
trabalhos de voluntariado.
Dessa forma estar aposentado, na visão masculina, é avocar uma dimensão
de desvalorização social por que com o afastamento do trabalho ele passa a não
dispor mais do status que o trabalho lhe conferia, nem as responsabilidades e o
prestígio que são próprios da atividade realizada. Enquanto que as mulheres, com a
aposentadoria permanecem nas atividades domésticas mantendo seu papel social.
Para a mulher, a ruptura acontecerá não no momento da aposentadoria mas com a
viuvez (WITCZAK, 2005).
Por ter conciliado os afazeres domésticos com o trabalho e o cuidado com os
filhos, a mulher adapta-se a essa nova fase da sua vida – a aposentadoria - de
maneira menos traumática, mais hábil que o homem (ROMERO, 2006). Ao
retornarem ao espaço doméstico, com a chegada da aposentadoria, muitas vezes
35
elas desenvolvem um sentimento de poder, de utilidade, de que seu tempo está
sendo ocupado com essas tarefas que lhe são tão próprios.
Essa sensação de poder desenvolvido pelas mulheres no espaço doméstico,
no entanto não é vivenciado pelo homem. Ao contrário, ao se aposentar ele insere-
se em um ambiente o qual lhe é totalmente estranho devido a ter-se voltado, durante
tantos anos, ao trabalho no espaço público. Com isso, ao chegar nesse ambiente
em que o poder está nas mãos de outro – a esposa – essa perda de poder passa a
ser responsável pelo aparecimento de conflitos familiares (STUCCHI, 2003).
Para Bernardes (1995) apud Witczack (2005) o trabalho que a mulher realiza
no âmbito doméstico, sem remuneração objetiva facilitar o bem-estar dentro da
família. Segnini (1998) apud Witczack (2005) compartilham esse pensamento
quando é estabelecida a superioridade masculina sobre as mulheres que dedicam-
se apenas às atividades do lar ou quando realizam dupla jornada, enquanto que aos
homens cabe o provimento da família através de atividades exclusivamente externas
ao ambiente familiar.
De acordo com Resende (2006) a adaptação do aposentado à esfera
familiar acontece em vários níveis, devendo refletir assuntos desde a relação
conjugal até a redefinição dos papéis dentro do âmbito familiar.
É possível que a família seja o maior ponto de apoio no momento do
aposentar-se. Desta forma, deve-se considerar todos os que constituem o clã
familiar ou que representem esses papéis para o futuro aposentado. (França, 2002).
Essa autora ressalta, ainda, que a aposentadoria pode significar um teste
para o casal pois é preciso haver uma reestruturação na dinâmica familiar pois o
homem aposentado volta-se para o lar gerando uma mudança na rotina familiar:
As mulheres ainda continuam desempenhando seus papéis de referência
dentro do clã familiar. Voltam a estudar e encaram melhor novos desafios. Passam a
cuidar mais de sua saúde, preocupando-se em ter uma vida mais saudável
(ROMERO, 2006).
A vivência masculina da aposentadoria ainda difere da feminina devido ao
forte impacto sofrido por aquele. Frequentemente se deprimem já que, mais
frequentemente, não desenvolveram o hábito de cuidar de si e dos outros
(ROMERO, 2006).
Resende (2006) aponta três fatores, que ele considera importantes, para o
êxito nesse novo momento de vida do indivíduo, a tranqüilidade financeira, a
36
reeducação e a saúde. E afirma ainda, que a principal dificuldade vivenciada nessa
fase de transição para a aposentadoria está em se alcançar uma “sensação”
(destaque do autor) de estar integrado socialmente, mantendo suas relações
interpessoais e ainda, resguardar sua realização pessoal.
No aspecto financeiro, na maioria das vezes, há uma redução no salário do
trabalhador quando de sua aposentadoria (VERAS, 1999). Esse fato pode até levá-
lo a adiar essa decisão por aposentar-se, e os motivos são os mais variados, por
exemplo, a aposentadoria pode coincidir com o início do curso superior dos filhos
gerando uma preocupação com a ajuda que possa dar aos filhos no custeio do curso
universitário (FRANÇA, 1999).
Outro aspecto mencionado por Resende (2006) que ele considera
importante nessa transição do trabalhador é a reeducação. França (1999) relata que
o aproveitamento da mão-de-obra da pessoa com mais idade, pelas empresas, gera
uma reflexão sobre o trinômio escola-trabalho-aposentadoria que, segundo ela, não
precisa necessariamente seguir essa ordem. Ou seja, o que antes era tido como
certo estudar para encontrar um bom trabalho e depois se aposentar não é mais tão
linear, podendo essa fórmula tomar outras posições na vida do indivíduo como se
qualificar para encontrar um trabalho melhor ou, com a aposentadoria retornar aos
estudos e reingressar no mercado de trabalho (SOBRAL, 2003)
Sobre o fator saúde, a aposentadoria pode levar ao desenvolvimento de
várias doenças ou antecipar sua manifestação, sendo freqüente o surgimento de
doenças psicossomáticas no período que antecede à aposentadoria e também após
o desligamento do trabalhador de sua atividade de trabalho (FRANÇA, 1999).
Dentre alguns danos causados à saúde são mais frequentes a depressão (FRANÇA,
1999), o alcoolismo (FRIAS, 1999) e distúrbios do sono (LOURENÇO; MOTTA,
1999).
A depressão pode ser desencadeada no indivíduo pela falta de atividade e
de perspectivas do que fazer com a chegada da aposentadoria, podendo
comprometer sua saúde (FRANÇA, 1999).
O aumento dos casos de alcoolismo pode ser conseqüência do que Frias
(1999) denominou de “espaço vazio aberto pela aposentadoria” (pg.184). Hábito
prejudicial à saúde, desenvolvido muitas vezes, no caso dos aposentados, devido o
indivíduo não saber o que fazer ao aposentar-se. Já a reação mais comum das
mulheres a esse vazio manifesta-se através da alimentação excessiva.
37
Os distúrbios do sono, aqui exemplificados pela insônia, que é a
manifestação mais comum desses distúrbios, são fatores de risco para a saúde,
sendo responsáveis pela redução da capacidade funcional e cognitiva entre as
pessoas com idade mais avançada (LOURENÇO; MOTTA, 1999).
O tempo é um aspecto também importante a ser considerado. Ao aposentar-
se, uma nova necessidade social se impõe ao indivíduo para que “disponha de si
para si mesmo” (WITCZAK, 2005.p. 33). Ou seja, tempo que antes o indivíduo
gozava, era imposto pela empresa, pelas instituições sócio-políticas ou familiares
mas ao aposentar-se, não se trata mais de gozar o tempo livre disponível mas sim
de ocupar esse tempo que antes era ocupado pelo trabalho.
Existe, agora, a possibilidade de distribuir seu tempo em várias atividades,
seja hobbies, passeios, afazeres domésticos). No entanto, essas atividades ainda
são associadas, muitas vezes, à espera de algo que poderia compensar o
desengajamento profissional e social trazido pela aposentadoria e não como
possibilidades de criação de novos valores (WITCZAK, 2005).
Um outro fato a ser considerado quando o assunto é aposentadoria, é a
longevidade. O aumento da expectativa de vida somado à melhoria de sua
qualidade têm levado os gestores a enfrentarem um novo desafio: a longevidade.
Atualmente, os gestores estão diante do desafio de lidar com a longevidade.
Eles, ao mesmo tempo que voltam-se para a capacitação e a manutenção dos
funcionários que desejam continuar trabalhando, estão diante também da
necessidade de preparar o indivíduo para a aposentadoria (FRANÇA, 2008).
Adler (1999) traz o questionamento sobre o que fazer para aproveitar essa
longevidade. Ela menciona que até décadas atrás pouco se discutia essa questão
pois a expectativa de vida não era grande, o que não deixava um tempo muito longo
para ser aproveitado na aposentadoria. Nos dias de hoje, isso está diferente, pois
com o aumento da expectativa de vida o trabalhador pode considerar a
aposentadoria como uma nova etapa em sua vida, com várias possibilidades de
atividades à sua frente.
O envelhecimento populacional é uma questão mundial desde os anos 1980.
O Japão, que ocupa o primeiro lugar no ranking dos países com maior número de
pessoas idosas, tem uma expectativa de vida de 81,6 anos. No Brasil, essa
expectativa atingiu, em 2005, 71,9 anos, de acordo com o IBGE. Ou seja, o Brasil é
muitas vezes retratado como sendo um “país de jovens”. Apesar disso, a população
38
com idade superior a 60 anos aumentou em cinco vezes nas últimas três décadas
(Resende, 2006). Isso significa, de acordo com esse autor, que são
aproximadamente 15 milhões de pessoas com mais de 60 anos, o que equivale a
8,6% do total da população do país e, ainda segundo ele, esse quantitativo poderá
duplicar nos próximos 20 anos. Em 2025, o Brasil terá 3 milhões de pessoas acima
de 60 anos, sendo, com isso, o país com a 6ª maior população de idosos do mundo
(IBGE, Censo 2000).
A aposentadoria é percebida, nos dias atuais, como algo complexo, em que,
estão envolvidos na busca pela garantia do bem-estar do aposentado, o governo, as
empresas e os trabalhadores. É necessário que haja um planejamento para essa
nova fase da vida do trabalhador, planejamento esse que envolverá a análise de
oportunidades e possibilidades que a instituição possa oferecer ao trabalhador
desde o momento em que ele ingressa na organização, durante seus anos de
contribuição com o seu trabalho e, ainda, no momento de transição para a
aposentadoria (FRANÇA, 2008).
Muller (1992) (apud DEBEIR e MONTEIRO, 1999) considera que a
dificuldade vivenciada pelo indivíduo de se afastar do trabalho, deve-se,
principalmente, por que ele ainda percebe-se como possuidor de suas capacidades
física, mental e psicológica. Daí por que é crescente o número de instituições que
buscam um planejamento, junto a seus funcionários, para a aposentadoria,
minimizando, dessa forma, as dificuldades vividas nesse período de transição
trabalho-aposentadoria.
Mas a aposentadoria não significa, necessariamente, o afastamento do
mundo do trabalho. Seja para complementar sua renda ou pela satisfação no
trabalho realizado. E a dificuldade sentida pelo indivíduo de afastar-se do mundo do
trabalho é para (Zanelli; Silva, 1996) apud (Soares; Costa; Rosa; Oliveira, 2007),
proporcional à satisfação sentida com a realização do trabalho.
39
2.2.1 Curso de Preparação para a Aposentadoria
É crescente o número de organizações que incorporam os Programas de
Preparação para a Aposentadoria em sua política de recursos humanos, tendo por
fim uma transição da condição de trabalhador para a de aposentado de uma forma
mais tranqüila, em que possa ocorrer uma adequação à sua nova realidade de vida,
ao seu momento de vida, sem muitas dificuldades (STUCCHI, 2003).
Esse Programa de Preparação para a Aposentadoria – PPA, implantado por
inúmeras empresas, fundamenta-se em oferecer, ao trabalhador, condições para
vivenciar a aposentadoria de uma forma satisfatória para ele, desfrutando-a e
voltando seu tempo para atividades que lhe sejam prazerosas e edificantes.
O programa de preparação para a aposentadoria é que possibilita o
planejamento pessoal e profissional de vida e carreira preparando o servidor para a
aposentadoria. Ele impulsiona os pré-aposentados a buscarem novas possibilidades
de atuarem nos diversos grupos sociais e resgatarem amizades antigas, muitas
vezes deixadas de lado devido à priorização do tempo dedicado ao trabalho. Zanelli
e Silva (1996) citados em Debetir; Monteiro (1999), referem-se a esse tipo de
programa como sendo possibilidades de o trabalhador encontrar outros interesses.
Defendem ainda que, nesses cursos, os servidores são incentivados a descobrir
suas limitações, suas potencialidades e ainda, a antecipar-se aos conflitos que
podem surgir.
Refletir a respeito da aposentadoria é buscar entender como um problema
que era considerado como uma questão individual, familiar ou abordado pelas
instituições filantrópicas transformou-se em uma questão social (STUCCHI, 2003).
Silva e Almeida (2008) atribuem essa importância social, dada ao tema, ao
crescimento do envelhecimento da população brasileira e, também, mundial, que
pode ser compreendido pela elevação gradual na expectativa de vida, como
conseqüência das inovações tecnológicas e científicas e ainda, ao crescimento da
qualidade de vida da população. Por causa disso torna-se inevitável refletir sobre o
assunto com a maior antecedência possível.
Para França (2008) a aposentadoria é um período vivenciado em que as
incertezas sobre o porvir são uma constante. Ela retrata, sob o aspecto psicológico e
40
social, um momento repleto de expectativas na vida do trabalhador, podendo ele
vivenciar tanto uma sensação de liberdade pela não obrigatoriedade de
cumprimento de horários, nem de ordens do seu superior, como também, no outro
extremo, o sentimento de exclusão, por não usufruir nem compartilhar mais daquele
ambiente de trabalho do qual participava efetivamente (MUNIZ, 1997).
As modificações conseqüentes da aposentadoria pedem uma adaptação por
parte do trabalhador que nem todos os pré-aposentados têm condições de alcançar.
Nesse caso, não havendo a adequada adaptação do pré-aposentável, podem ser
desencadeadas manifestações de falta de saúde graves como a depressão, o
isolamento social, conflitos familiares e alcoolismo. Diante do exposto, a
preparação para a aposentadoria deve ser um recurso a ser disponibilizado pelas organizações dentro da sua política de qualidade de vida, desde que garantida a oportunidade de livre-escolha, e ainda que os futuros aposentados sejam estimulados a realizarem atividades intelectuais, laborativas e de lazer, bem como se dedicarem aos seus relacionamentos e a participação na comunidade. (FRANÇA, 2008, p. 10)
Os primeiros registros referentes aos programas de preparação para a
aposentadoria datam dos anos 50, do século XX, nos Estados Unidos. Eles
restringiam-se a informar os participantes sobre questões relacionadas ao sistema
de aposentadoria e pensões. (DEBETIR; MONTEIRO. 1999).
No Congresso de Gerontologia, realizado em 1974, na Espanha, foi
estabelecida a necessidade da implantação de um trabalho voltado aos
trabalhadores que estivessem a cinco anos da aquisição do benefício de
aposentadoria com o objetivo de esclarecer-lhes sobre a possibilidade de
dificuldades que poderiam deparar-se com o advento da aposentadoria; prepará-los
pra esse novo momento em suas vidas; norteá-los quanto ao mercado de trabalho
para os aposentados e ainda, auxiliá-los a refletir sobre questões relacionadas à
saúde.
O trabalhador japonês recebe informações sobre questões pessoais,
financeiras e saúde e é incitado a continuar trabalhando, sendo, inclusive, premiado
como forma de estímulo a permanecer na carreira profissional.
No Brasil, esse trabalho sobre Preparação para Aposentadoria, teve início
com o SESC/São Paulo. No programa desenvolvido à época, eram discutidos temas
como envelhecimento, recursos sócio-culturais e de serviços da comunidade que os
41
aposentados podiam desenvolver com a entrada na aposentadoria. (Magnani,
Mendes, Mello, Barbosa & Bueno, 1993) apud Muniz (1997).
França (2008) considera que, no seu início,
a maioria dos Programas de Preparação para a Aposentadoria eram compostos por seminários ou, ainda, por palestras, com duração de uma semana e aconteciam, geralmente, em hotéis cinco estrelas. Segundo a autora, com isso os participantes recebiam muitas informações e, “sob o efeito da novidade e de uma indenização consistente, avaliavam a saída da empresa como positiva” (p. 03).
Segundo Debetir e Monteiro (1999), ao longo do tempo, esses programas
foram inserindo em sua programação, outros conteúdos, relacionados ao tema,
abordando diversos aspectos relacionados com a ruptura com o trabalho formal. No
dias de hoje, estes programas realizam um trabalho interdisciplinar, com caráter bio-
psico-social, possibilitando aos indivíduos uma reflexão sobre o que seja a
aposentadoria, elaborando-a de forma mais positiva e condizente com a realidade.
Para França (2008), atualmente, com o fim das privatizações e das fusões,
esses programas assumiram uma outra forma a qual enfatiza a qualidade de vida e
a responsabilidade social. Os projetos de vida são valorizados e a longevidade
passa a ser percebida e mais considerada.
Os Programas de Preparação para a Aposentadoria caracterizam-se pela
modificação do significado de velhice – que passa a ser percebida de forma mais
positiva e também da aposentadoria em que cabe ao trabalhador decidir quando
aderir a essa nova etapa (STUCCHI, 2003).
Esses programas têm, por objetivo, proporcionar bem-estar aos pré-
aposentados. Isso é alcançado ao reforçar os aspectos positivos da transição
trabalho-aposentadoria e oportunizando ao indivíduo uma reflexão a respeito dos
aspectos negativos e a busca por alternativas para superá-los (FRANÇA, 2008).
Nessa linha de raciocínio estão Resende et al (1999) ao afirmar que é
crescente o número de instituições públicas e privadas que propõem ações voltadas
para a implantação de um programa de preparação para a aposentadoria. Eles
enumeram como objetivos desse programa: 1) o preparo do indivíduo na construção
de seu projeto de vida, com a chegada da aposentadoria; 2) minimizar as
dificuldades do processo de transmissão de funções no ambiente de trabalho,
possibilitando um repasse eficaz de experiência dos trabalhadores aposentáveis
42
para os ingressantes na instituição; 3) tornar a aposentadoria uma fase da vida em
que produção e bem-estar estejam presentes; 4) administrar o processo de
transição trabalho-aposentadoria na instituição.
Para Resende et al (1999) esses programas apresentam, para as instituições,
a vantagem de, dentre outros aspectos:
1) cumprir o papel social; 2) proporcionar o desenvolvimento de novos talentos; 3) gerar impacto positivo no moral dos colaboradores; 4) facilitar a gestão e transferência do conhecimento na organização; 5) fortalecer a imagem positiva da marca/produto/serviço (p. 03)
Já para os trabalhadores, as vantagens podem ser:
1) desenvolver um projeto de vida, como idealizar a implantação de um sonho que ficou guardado durante vários anos, mas agora pode ser estruturado e organizado, sua ação de mercado; 2) facilitar a transição da identidade profissional para a identidade pessoal; 3) motivar as pessoas a desenvolver outros papéis além do profissional, onde podem se sentir úteis à comunidade em que estão inseridos, através de trabalhos voluntários, associações, participação em ações que contribuam para alavancar benefícios ao município onde vivem; 4) elevar a auto-estima, sentir-se útil.” (p 03)
França (2002) afirma que um Programa de Preparação para a
Aposentadoria deve ser constituído por dois módulos: um informativo e o outro,
experiencial. O primeiro, contendo palestras com quem trabalha com aposentados,
entrevistas com recém-aposentados bem-sucedidos e empreendedores,
informações sobre saúde, bem-estar e hábitos saudáveis. A autora enfatiza a
importância deste módulo porém ele não aborda a qualidade de vida na
aposentadoria. Isso é alcançado com o módulo experiencial, no qual são tratadas
questões como gestão financeira, da saúde, relacional, realização de atividades de
lazer e educação, atividades voluntárias ou remuneradas.
No que tange ao planejamento e avaliação do PPA, Debetir e Monteiro
(1999) afirmam que esses dois elementos constituem um sistema de orientação e
controle que propiciam a realização e continuidade desses cursos. No entanto,
devido à multidimensionalidade dos fatores envolvidos, segundo esses autores, não
é possível definir o grau de influência do programa nos resultados obtidos. Isso
porque a forma de cada pessoa vivenciar a aposentadoria é diferente pois sofrerá
43
influência de sua história de vida, das relações sociais estabelecidas e
principalmente do papel profissional exercido e de como lida com as perdas e de
como adapta-se às mudanças (SANTOS, 1990) citado por Debetir e Monteiro
(1999). Macian (1987) citado por Debetir e Monteiro (1999) sugere que a avaliação
desse tipo de treinamento reúna diferentes instrumentos como questionários,
entrevistas e observações.
2.3.1 O Curso de Preparação para a Aposentadoria no IFRN
O curso de Preparação para a Aposentadoria realizado no Instituto Federal
de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte é um programa gratuito,
cuja adesão dos servidores é voluntária.
A idéia da implantação desse tipo de programa surgiu em 2006, quando esta
pesquisadora tomou conhecimento da vontade de uma colega profissional da área
da Psicologia de implantar esse tipo de proposta naquela instituição de ensino.
Diante do conhecimento do projeto dessa psicóloga, a autora a procurou e ofereceu-
se para, juntas, implantarem o referido curso no IFRN.
O período de 2006 a 2008 foi voltado para pesquisa bibliográfica, estudo e
participação em cursos nesse tema, com o objetivo de se capacitarem a serem
facilitadoras do curso a ser ministrado para os servidores interessados em
prepararem-se para a aposentadoria.
No mês de setembro de 2008, após divulgação do curso, sensibilização dos
servidores sobre a proposta divulgada pelas profissionais, teve início a primeira
turma do Programa de Preparação para a Aposentadoria do IFRN, composto por 16
servidores, sendo 08 docentes e 08 técnico-administrativos.
Dos servidores/alunos que iniciaram o curso, apenas dois não o concluíram.
Um devido a conflito de horários, pois assumiu uma atividade que tinha que ser
realizada no mesmo horário em que era realizado o curso. E uma outra professora
que, infelizmente, veio a falecer durante o decurso do mesmo.
44
No segundo semestre de 2009, aconteceu a segunda turma do curso,
constituída por cinco servidores técnico-administrativos e quatro docentes, dos quais
todos concluíram os módulos oferecidos pelo Programa.
O objetivo desse PPA é possibilitar o planejamento pessoal e profissional de
vida e carreira do servidor pré-aposentado, preparando-o para a aposentadoria a
partir da reflexão sobre:
a) a fase atual do trabalhador e a aposentadoria;
b) a gestão do capital pessoal, familiar, físico e intelectual;
c) tomadas de decisão críticas e conscientes na construção ou re-
construção do seu projeto de vida.
Podem participar desse programa os servidores que estejam a 03 (três)
anos, ou menos, da aposentadoria e que queiram capacitar-se para lidarem com o
fim da etapa de atividade institucional de forma a vivenciá-la com talento e
criatividade diante dos desafios e novos projetos possíveis na fase da
aposentadoria.
O programa é constituído por quatro módulos dispostos da seguinte forma:
1º Módulo – denominado de autoconhecimento
2º Módulo – é o relacional
3º Módulo – é o da gestão financeira
4º Módulo – projeto de vida
Os Programas de Preparação para a Aposentadoria facilitam o bem-estar
dos futuros aposentados, à medida em que reforçam os aspectos positivos e
oportunizam a reflexão sobre os aspectos negativos da transição, bem como a
discussão de alternativas para lidar com eles. É a oportunidade para receber
informações e para a adoção de práticas e estilos de vida que promovam a saúde. É
também o momento para re-construir o projeto de vida, a curto, médio e longo prazo,
priorizando os seus interesses e as atitudes que precisam ser tomadas para a
realização dos projetos pessoais e familiares.
45
A importância em participar de um programa como esse está na
possibilidade do ingresso na aposentadoria compreendendo os medos e as
inseguranças que possam decorrer das perdas do papel profissional, dos colegas e
do ambiente de trabalho, administrando com competência e prazer uma rotina que
incluirá mais tempo livre e desenvolvendo novos interesses quanto à saúde, lazer,
educação, novas ocupações e qualidade de vida.
A preparação para a aposentadoria deve ser um recurso a ser
disponibilizado pelas organizações dentro da sua política de qualidade de vida,
desde que garantida a oportunidade da livre-escolha, e ainda que os futuros
aposentados sejam estimulados a realizarem atividades intelectuais, laborativas, e
de lazer, bem como se dedicarem aos seus relacionamentos e à participação na
comunidade. Todas essas atividades devem estar inseridas no projeto de vida,
sendo que os próprios aposentáveis estabelecem as prioridades, de acordo com os
seus interesses.
46
3. METODOLOGIA
3.1. TIPO DE PESQUISA
A abordagem adotada neste estudo orienta-se pelos princípios da pesquisa
qualitativa, que vem se fortalecendo nas ciências sociais e na Psicologia. Sua
importância no estudo das relações sociais “deve-se à variedade das esferas de vida
possíveis” de serem estudadas (FLICK, 2004).
A presente pesquisa é classificada como exploratória a qual, de acordo com
Gil (2002) possibilita ao pesquisador uma maior compreensão do problema,
tornando-o mais claro.
A forma de pesquisa adotada é o estudo de caso; modalidade essa que tem
sido aplicada nas ciências sociais. Essa forma de tratar os dados foi escolhida por
possibilitar um estudo aprofundado de poucos objetos sem, no entanto, invalidá-los
(GIL, 2002).O instrumento de coleta de dados utilizado foi a entrevista semi-
estruturada, cujo objetivo é adquirir informações que respondam à problemática
central.
3.2 CAMPO EMPÍRICO:
O estudo foi realizado com professores de uma instituição federal de ensino
– O Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte.
No Campus Central – Natal, situado na cidade de Natal.
47
3.3 CARACTERIZAÇÃO DOS PARTICIPANTES DA PESQUISA
As entrevistas foram realizadas com professores do IFRN. Foram aplicadas
com doze professores oriundos do serviço público federal, sendo oito homens e
quatro mulheres que, nos anos de 2008 e 2009, estavam a três anos ou menos para
a aposentadoria.
Os participantes foram distribuídos em dois grupos: 1) os que participaram
do PPA (nove docentes); e 2) os que não participaram (três professores).
A partir dessa classificação, cada grupo foi subdividido em outros dois: 1) os
que se aposentaram; e 2) os que não se aposentaram. (Ver figura 3.1).
Participou ou não do Programa
Aposentado ou não
Sexo
Total
Participantes
Se aposentou
Masculino 0
Feminino 01
Não se aposentou
Masculino 06
Feminino 02
Não participou
Se aposentou
Masculino 01
Feminino 01
Não se aposentou
Masculino 01
Feminino -
Quadro - 3.1. Distribuição dos entrevistados por grupo e gênero Fonte: Elaborado pela pesquisadora, 2010.
Ao buscar identificar as inseguranças que possam decorrer da perda do
papel profissional; do ambiente de trabalho; e dos colegas, bem como, ao procurar
conhecer os sentimentos que assomam nos diferentes estágios do processo de
aposentadoria de servidores que tenham ou não participado do Programa de
Preparação para a Aposentadoria, busca-se analisar se o mesmo possibilita uma
transição para a aposentadoria de uma maneira diferente de quem não participa,
contribuindo para a compreensão e o planejamento da aposentadoria.
3.3.1 Grupo I – Fez o curso e não se aposentou
48
Desse grupo participaram os professores que freqüentaram o curso de
Preparação para a Aposentadoria e ainda não se aposentaram.
Foram entrevistados oito professores, sendo dois do sexo feminino e seis do
masculino.
A faixa etária compreende dos 50 aos 59 anos; sendo um com 50 anos; um
com 52 anos; um, com 53 anos; dois afirmaram ter 56 anos e três têm 59 anos.
Quanto ao estado civil, um entrevistado solteiro e sete casados. A quantidade de
filhos varia de nenhum a seis, sendo que a maioria dos participantes (quatro)
afirmou ter dois filhos; um não os tem; 01 possui três filhos e um é pai de seis.
Todos os entrevistados desse grupo fizeram pós-graduação: três possuem
especialização; três, mestrado e dois, com doutorado.
Quanto ao tempo que trabalham no IFRN, uma professora está há seis anos,
tendo sido transferida de outra instituição, localizada em Roraima; três professores
lecionam há vinte e cinco anos; dois, há vinte e sete; um há vinte e oito anos e outro,
há trinta anos.
No que se refere a possuir ou já ter possuído função de confiança-chefia, na
instituição, três afirmaram não terem assumido esse tipo de atividade, no entanto,
desses três uma disse não ter assumido chefia aqui no IFRN mas o fez no
estabelecimento de ensino em que trabalhou, anteriormente, antes de sua
transferência. Os demais entrevistados responderam que já exerceram função de
chefia.
Quanto a possuir experiência profissional em outras instituições, apenas
uma entrevistada negou ter trabalhado em outra organização.
Com relação aos critérios necessários para solicitar a aposentadoria – se os
mesmos foram atingidos -, quatro entrevistados relataram não poderem, ainda,
solicitar esse benefício. Desses, três relataram ainda não terem o tempo mínimo de
contribuição e um ainda não atingiu a idade mínima necessária. Os outros quatro
professores que já atingiram os requisitos e ainda não se aposentaram, dois não
recebem o abono de permanência, tendo um relatado não ter procurado receber
esse benefício e apenas dois recebem o abono.
A seguir, o quadro 3.2, que demonstra a categorização desse grupo de
estudo.
49
Entrevistado
sexo
Idade
Estado
Civil
Filhos
Escolaridade
Tempo de
Trabalho
na
Instituição
Exerce(eu)
função de
confiança
Experiência
Profissional
anterior ao
IFRN
Atingiu
critérios
PI M 56 casado 02 Especialização 28 Sim Sim Sim
PII M 59 Casado 02 Doutorado 27 Não Sim Não
PIII M 56 casado 01 Mestrado 25 Sim Sim Sim
PIV M 9 casado 06 Especialização 30 Sim Sim Sim
PV M 9 casado 02 Mestrado 27 Sim Sim Não
PVI F 53 solteira 02 Especialização 06 Não Sim Sim
PVII M 52 casado 03 Doutorado 25 Sim Sim Não
PVIII F 50 casado Não Mestrado 25 Não Não Não
Quadro 3.2 – Servidores que fizeram o curso e não se aposentaram Fonte: Elaborado pela pesquisadora a partir dos dados coletados. 2010
3.3.2 Grupo II – Fez o curso e se aposentou
Esse grupo de estudo é constituído de apenas um entrevistado que
freqüentou o curso de Preparação para a Aposentadoria e se aposentou.
O entrevistado é do sexo feminino.
Sua idade é sessenta e cinco anos; divorciada e possui um filho. Fez pós-
graduação, tendo o título de Especialização em Linguística textual.
Quanto ao tempo que trabalhou no IFRN, relatou que trabalhou naquela
instituição por vinte e cinco anos tendo trabalho na esfera estadual
concomitantemente até aposentar-se do primeiro.
No que se refere a possuir ou já ter possuído função de confiança-chefia, na
instituição, afirmou ter ocupado um cargo de coordenação por quase dois anos.
Com relação à sua experiência profissional em outras instituições, relatou ter
trabalhado para o Estado.
Entrevistados Sexo
Idade
Estado Civil
Filhos
Escolaridade
Tempo de
Trabalho na
Instituição
Exerce(eu)
função de
confiança
Experiência
Profissional
anterior ao
IFRN
PIX F
65
Divorciada
01
Especialização
29
Sim
Sim
Quadro 3.3 – Servidor que fez o curso e se aposentou Fonte: Elaborado pela pesquisadora a partir dos dados coletados. 2010
50
3.3.3 Grupo III – Não fez o curso e não se aposentou
Aqui tem-se também, apenas um representante que não freqüentou o curso
de Preparação para a Aposentadoria e não se aposentou.
O entrevistado é do sexo masculino.
Sua idade é cinqüenta e nove anos; casado e possui uma filha. Fez
graduação em Geologia e Mineração.
No que se refere ao tempo que trabalha no IFRN, afirmou que há trinta e
quatro anos. Ocupou, durante alguns anos, função de confiança/chefia na
instituição.
Quanto a possuir experiência profissional em outras instituições, relatou ter
trabalhado anteriormente, por apenas seis meses, em outra organização localizada
no Ceará.
Com relação aos critérios necessários para solicitar a aposentadoria, o
entrevistado diz que os atingiu e recebe o abono de permanência pois pretende se
aposentar apenas com a compulsória, ou seja, aos setenta anos ou, caso aconteça,
se tiver problema de saúde que o impossibilite de continuar trabalhando.
Entrevistados
Sexo
Idade
Estado
Civil
Filhos
Escolaridade
Tempo de Trabalho
na Instituição
Exerce(eu) função de confiança
Experiência Profissional anterior ao
IFRN
Atingiu critérios
PX M 59 Casado 01 Graduação 34 Sim Sim Sim
Quadro 3.4 – Servidor que não fez o curso e não se aposentou Fonte: Elaborado pela pesquisadora a partir dos dados coletados. 2010
3.3.4 Grupo IV – Não participou do curso e se aposentou
Aqui tem-se dois integrantes. Um do sexo masculino e outro do feminino.
Eles não freqüentaram o curso e se aposentaram após a implantação do Programa
no IFRN.
A idade dele é 60 anos e a dela, 54anos. Ambos são casados. Ele tem dois
filhos e ela, três. Ele possui é Mestre em Educação à Distância e ela Doutora em
Ciências Sociais.
51
Quando perguntados sobre o tempo que trabalharam no IFRN, ele
respondeu que foram dezoito anos e para ela foram vinte e cinco anos.
No que se refere a possuir ou já ter possuído função de confiança/chefia,
ambos afirmaram que sim. Ela foi coordenadora da equipe pedagógica por
aproximadamente dois anos e ele foi Coordenador de laboratório e depois Chefe de
Departamento, durante alguns anos, até sua aposentadoria.
Quanto a possuir experiência profissional em outras instituições, ele
trabalhou em outras instituições de ensino, tanto da rede privada como da particular,
durante quinze anos e ela atuou como pedagoga em um estabelecimento
educacional particular, desta cidade e na UFRN, antes de ir trabalhar no IFRN.
Os dois permaneceram trabalhando algum tempo, mesmo após terem
adquirido o direito a se aposentarem.
Entrevista
do
Sexo
Idade
Estado
Civil
Filhos
Escolaridade
Tempo de
Trabalho na Instituição
Exerce(eu) função de confiança
Experiência Profissional anterior ao
IFRN PXI F 54 Casado 03 Doutorado 25 Sim Sim
PXII M 60 Casado 02 Mestrado 18 Sim Sim
Quadro 3.5 – Servidores que não fizeram o curso e se aposentaram Fonte: Elaborado pela pesquisadora a partir dos dados coletados. 2010
Os nomes dos professores não serão revelados. Nos resultados da pesquisa, eles
são identificados como PI, PII, PIII, PIV, PV, PVI, PVII, PVIII, PIX, PX, PXI E PXII. Na
seção 5 apresento a trajetória dos docentes que participaram da pesquisa.
3.4. COLETA DE DADOS
A pesquisa foi realizada no Instituto Federal de Educação, Ciência e
Tecnologia do Rio Grande do Norte, utilizando para isso instrumento de coleta de
dados estruturado. O instrumento de coleta de dados utilizado foi a entrevista semi-
estruturada.
52
A crescente utilização desse tipo de entrevista justifica-se pela crença de
que é mais provável que o entrevistado explane melhor suas opiniões através de
entrevistas com questões relativamente abertas do que ao responder um
questionário ou mesmo à uma entrevista padronizada (FLICK, 2004).
A escolha por realizar a pesquisa com os docentes foi definida de forma
intencional, caracterizando a amostra como não-probabilística
Primeiramente foi feito contato telefônico com os participantes, descrevendo
o objetivo da pesquisa e solicitando a colaboração de cada um nesse trabalho.
Houve a concordância voluntária, de todos os consultados, em participar da
pesquisa e que, ainda, disponibilizaram tempo para responderem à entrevista.
Na oportunidade, foram marcados dia, horário e local da entrevista, de forma
a ficar mais cômodo para o participante/entrevistado. O período de realização das
entrevistas compreendeu os meses de março e abril de 2010.
As entrevistas realizadas foram gravadas, sendo esclarecido aos
participantes a garantia do sigilo de suas identidades e, ainda, solicitada,
autorização para o uso do gravador. A transcrição foi feita na íntegra e, a partir dela,
obteve-se um protocolo codificado semelhante ao utilizado por Silva (2005). Após,
partiu-se para o processo de análise que teve como referência a Tese de Silva
(2005).
O código de protocolo usado foi “PN.n”, em que ‘P’ corresponde a professor,
‘N’, o número do docente entrevistado e ‘n’, ao número dado ao discurso do
protocolo construído a partir da entrevista.
Após concluída a transcrição das entrevistas realizadas, teve início o
processo de análise compreensiva, dos dados coletados, através da Análise do
Discurso.
O processo de análise teve como referência o utilizado por Silva (2005) em
sua Tese de Doutorado, cujo trabalho auxiliou bastante esta pesquisa. Em seu
trabalho, o processo é composto por sete etapas que, para ele, são necessárias
para a análise proposta. Para ele, as etapas são integradas caracterizando o
processo como cíclico.
A primeira etapa consiste na leitura e releitura dos protocolos das entrevistas
realizadas para, a seguir, codificar os discursos. Inicialmente a leitura dessas
entrevistas objetivava sua leitura geral, buscando compreendê-la de forma ampla.
53
Em seguida, fez-se uma leitura linha a linha, para então codificar os discursos
norteada pela questão de pesquisa.
A partir da leitura dos protocolos é construído outro protocolo; dessa vez
codificado com os relatos dos professores. Cada discurso codificado pode retratar
“palavras, frases, sentenças e até parágrafos extraídos do protocolo [...], o qual
ajuda na busca de unidades de significado” (Silva, 2005, pg.84).
Na etapa seguinte foi feita leitura e releitura dos protocolos codificados para
identificar os temas. Van Manen (1990) apud Silva (2005), considera que a
marcação dos temas não possui regras pré-estabelecidas. Para Silva (2005) a forma
como o pesquisador percebe os dados e os trabalha é que definirão a estruturação
dos temas e a sua consequente redação.
No quarto passo, a partir de identificados os temas, os relatos dos
professores foram agrupados, por temas, em quadros temáticos.
Na quinta etapa os quadros temáticos foram preenchidos.
Na etapa seguinte, a partir dos quadros temáticos, os resultados obtidos
foram estruturados em um texto sobre cada tema.
Na sétima e última etapa foi feita a análise compreensiva interpretativa dos
Resultados tendo como base a análise de discurso
Silva (2005) elaborou um modelo de quadro temático com os relatos das
experiências dos gerentes do Banco do Brasil, estruturado em cinco colunas. Esse
modelo foi adotado neste estudo com adaptações. Na primeira coluna de cada
quadro temático os discursos dos professores são literalmente transcritos,
correspondendo à categoria temática específica.
Na segunda coluna estão as unidades de significado obtidas a partir do texto
da coluna anterior e descritos a partir da pergunta de pesquisa elaborada pelo
pesquisador.
A terceira coluna refere-se às categorias abertas que são discursos com
similaridade de significado, em que há, aqui, um agrupamento das unidades de
significado Bicudo (2000) apud Silva (2005).
A outra coluna, denominada por Silva (2005) de rede de significados denota
que os discursos agrupados em uma categoria aberta possuem ligação entre si.
A quinta coluna, também inserida por Silva (2005, p. 87) na construção de
seu modelo de quadro temático “contém asserções articuladas do discurso, que são
54
afirmações do pesquisador que ilustram com fidelidade as idéias articuladas do
discurso na linguagem” do entrevistado.
A seguir, é apresentada uma parte de um quadro temático para demonstrar
o processo de análise adotado neste estudo.
TEMA
O QUE O LEVOU A OPTAR POR CONTINUAR TRABALHANDO E NÃO SE APOSENTAR
Discurso na Linguagem do
Professor
Unidade de
Significado
Categoria
Aberta
Rede de
Significados
Asserções
articuladas
do discurso
PX.15 - Então, por causa
disso, no final do outro ano,
em 2008 eu recebi o abono. Aí
agora ele é o que... A partir do
momento que eu oficializar a
aposentadoria, passa a haver
o desconto no meu salário.
Enquanto eu estiver aqui,
estamos empatados zero a
zero. Eles tiram e colocam.
Esse não é o principal motivo,
mas é um dos fatores que...
mas a qualquer momento eu
estou livre e desimpedido pra ir
embora.
A oficialização
da
aposentadoria
leva à redução
do salário
Financeiro PX.15,
PX.16, PX.17
Redução
financeira
PX.16 - Eu não me sinto ainda
assim... totalmente... eu sinto
que posso colaborar, produzir,
entendeu?
Sensação de
que pode
contribuir com a
instituição
impele a
continuar
trabalhando
Sentir-se útil PX.15,
PX.16, PX.17
Sensação de
que pode
contribuir
com a
instituição
PX.17 - E também que é mais
importante, é que eu sou uma
pessoa assim é...é...é...
tenho...não tem rejeição no
pequeno grupo, entendeu?
Então isso faz com que eu
permaneça aqui nas minhas
atividades laborais.
Ser aceito pelos
colegas faz com
que permaneça
trabalhando
Relacionamentos
sociais
PX.15,
PX.16, PX.17
Aceitação
pelos
colegas
Título: Exemplo da análise estrutural a partir dos relatos dos entrevistados do tema o que o levou a continuar trabalhando e não se aposentar . Adaptado de Silva (2005). O quadro completo encontra-se no Apêndice C)
55
Silva (2005) já considera a elaboração desses quadros temáticos como
sendo uma atividade de interpretação, pois, segundo ele, a partir desses quadros já
se busca delinear uma estrutura que possibilita a compreensão do fenômeno
estudado.
Concluída a tarefa de preenchimento dos quadros temáticos foi iniciada a
elaboração do texto, com as categorias abertas auxiliando na construção interna da
coerência e coesão.
56
4. ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS
4.1 HISTÓRICO
No ano de 1909 ocorre a fundação das Escolas de Aprendizes Artífices, na
gestão do então Presidente da República Nilo Peçanha, através da criação do
decreto nº 7.566. Esse evento assinala a implantação do ensino profissional federal
no país. Na época, foram criadas dezenove escolas com o objetivo de possibilitar o
ensino primário e profissionalizante às crianças de baixa renda. (site do IFRN, 2009)
O surgimento dessas instituições de ensino se deu em um contexto em que
predominava o capital agrário-exportador, contudo haviam também as greves
operárias que ocorriam sob as correntes anarco-sindicalistas que se expadiam pelo
país à época. (PACHECO; PEREIRA; SOBRINHO. 2009)
A profissionalização que se pretendia, à época, fundamentava-se no
conhecimento obtido empiricamente, sendo essencialmente manual, em que se
buscava propagar o artesanato, a manufatura e a arte do ofício. (BRANDÃO, 2007
apud PACHECO; PEREIRA; SOBRINHO. 2009).
No dia 01 de janeiro de 1910 é fundada a Escola de Artífices de Natal, no
prédio do antigo Hospital da Caridade, situado na Cidade Alta, atual Casa do
Estudante. (site do IFRN, 2009).
Na Escola funcionavam as oficinas de marcenaria, sapataria, alfaiataria,
serralheria e funilaria. O regime de funcionamento era o de semi-internato, das 10h
às 16h. Relatório do Presidente da Província do RN (1910) (apud site do IFRN,
2009)
Em 1914, ocorre a mudança para o prédio da Avenida Rio Branco, situado
na Cidade Alta, lá permanecendo até o ano de 1967. Relatório do Presidente da
Província do RN (1910) (apud site do IFRN, 2009)
A partir da década de 1930 até 1945 se efetiva uma mudança significativa na
economia do país, havendo uma transferência da atividade agroexportadora para a
industrial, começando assim, a surgir o capitalismo industrial nacional com forte
apoio do Estado. (PEREIRA, 2003 apud PACHECO; PEREIRA; SOBRINHO. 2009)
57
Dentro desse contexto, no ano de 1937 a então Escola de Aprendizes
Artífices, em nosso estado, recebe outra denominação, a de Liceu Industrial,
passando a oferecer os cursos de: desenho, sapataria, funilaria, marcenaria e
alfaiataria. (site do IFRN, 2009)
No ano de 1942 se dá a inclusão do ginásio industrial aos já existentes
cursos, passando a escola a chamar-se, então, de Escola Industrial de Natal. Para
Pacheco; Pereira; Sobrinho (2009) com isso o ensino industrial começa oficialmente
a vincular-se à estrutura do ensino vigente, à época, no país, pois os alunos com
formação técnica podem iniciar o ensino superior em área equivalente à da sua
formação técnica.
Em 1959, no Governo do Presidente Juscelino Kubitscheck, as Escolas
Industriais são transformadas em autarquia, através da Lei 3.552/59, recebendo a
denominação de Escolas Técnicas Federais. (site do IFRN, 2009).
O Governo do então Presidente tinha como metas o investimento na
infraestrutura, sendo previsto 3,4% para a educação, visando à formação de
profissionais técnicos voltados para o desenvolvimento do país. (PACHECO;
PEREIRA; SOBRINHO. 2009). Como conseqüência, as escolas adquirem autonomia
didática e de gestão com foco na formação técnica e na melhoria da qualidade dos
cursos oferecidos através do aumento da produtividade dos recursos e da
competência em responder às necessidades locais e regionais. (CUNHA, 2005 apud
PACHECO; PEREIRA; SOBRINHO. 2009).
A partir do ano de 1963, a Escola situada no Rio Grande do Norte passa a
oferecer à comunidade, os cursos técnicos de Mineração e Estradas, criados pela
Resolução nº 07/62, somando-se aos já existentes nas áreas de Eletricidade,
Cerâmica, Madeira, Metais, Mecânica e Marcenaria, do Ginásio Industrial. (site do
IFRN, 2009).
No ano de 1968 com o desenvolvimento do ensino industrial o qual passa ao
nível de 2º grau, a Escola recebe a denominação de Escola Técnica Federal do Rio
Grande do Norte (ETFRN). (site do IFRN, 2009).
No ano de 1978 as Escolas Técnicas Federais do Rio de Janeiro, Paraná e
Minas Gerais foram transformadas em Centros Federais de Educação Tecnológica.
A partir de então elas formam engenheiros de operação e tecnólogos. Com o tempo,
as outras Escolas da rede recebem a autorização para serem CEFET´s.
58
(PACHECO; PEREIRA; SOBRINHO. 2009). A Escola do nosso estado é convertida
em CEFET no ano de 1999. (site do IFRN, 2009).
Este, passa, em 2008 a Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia.
Os Institutos surgem, num contexto no qual
ocorrem dezenas de ações de fortalecimento dessa modalidade da Educação, visíveis no aumento do número de unidades por todo o país (expansão que obedece fundamentalmente a critérios técnicos e não a critérios político-eleitorais), na conseqüente ampliação das vagas, passando a beneficiar populações nunca contempladas pela educação profissional, na contratação, por meio de concursos públicos, de servidores em todos os níveis e nas medidas que visam à melhoria salarial e aperfeiçoamento do
Plano de Carreira dos mesmos, dentre outras. (SOBRINHO, 2009, p. 5-6)
Nesse processo de expansão da rede federal de educação o IFRN, hoje,
conta com 11 Campi, distribuídos pelos municípios de Natal, (Campus Central e
Zona Norte), Apodi, João Câmara, Macau, Mossoró, Ipanguaçu, Currais Novos,
Caicó, Santa Cruz e Pau dos Ferros, buscando fortalecer o ensino profissionalizante
e fornecer mais oportunidades para jovens e adultos em todas as regiões do Brasil.
4.2 A TRAJETÓRIA DOS PROFESSORES PESQUISADOS
a) Professor (PI)
Esse professor trabalha no IFRN há vinte e oito anos e, ao longo de sua
trajetória, possuiu função de chefia, tendo sido coordenador de seu setor três ou
quatro vezes, não lhe sendo possível indicar de modo preciso quantas vezes
assumiu essa atividade.
Desempenhou outras atividades fora da instituição, tendo trabalhado em um
colégio da rede privada por dois anos, como treinador de equipe. Exerceu essa
atividade em paralelo ao IFRN, pois à época, sua carga horária era de vinte horas
semanais o que possibilitava atuar em outras instituições. Na oportunidade, não
ministrava aulas no referido colégio; como aquela instituição de ensino participava
59
dos JERN´s, o professor era contratado, à época dos Jogos Escolares, para tomar
conta das equipes.
Trabalhou, ainda, na Cooperativa de Pesca no governo de José Agripino no
projeto para cobrir toda a costa do Rio Grande do Norte com o fim de fornecer
assistência aos pescadores.
Quanto a exercer alguma atividade laborativa fora do IFRN, o participante
diz não realizá-la, atualmente, a não ser esporadicamente, em tempos de jogos
brasileiros, é convidado a prestar seus serviços na equipe. Mas são trabalhos
rápidos, como campeonatos que duram alguns dias. Ele relata, ainda, que, acontece
de algumas agremiações solicitarem suas sugestões para as equipes que estejam
treinando.
b) Professor (PII)
Trabalha no IFRN há vinte e sete anos, não tendo exercido nenhuma função
de chefia ao longo desse período.
Antes de assumir o cargo de professor de Ensino no IFRN, trabalhou na
Universidade Federal do Rio Grande do Norte, também na função de professor;
tendo se aposentado daquela instituição há treze anos.
Desde então, exerce sua profissão apenas no IFRN, não tendo assumido
nenhum trabalho paralelo ao Instituto Federal.
c) Professor (PIII)
Começou a trabalhar aos quatorze anos de idade, atuando em outras áreas
que não fazem parte da sua formação acadêmica. Trabalhou no Estado durante dez
anos e assumiu no IFRN no ano de 1985, instituição em que leciona desde então.
Foi coordenador do Curso de Física e no ano de 1998, entregou o cargo,
não tendo aceito mais nenhuma oferta de Função por considerar não ter o perfil
necessário a essa atividade.
60
d) Professor (PIV)
Leciona no IFRN há trinta anos e poucos meses, conforme ele mesmo
afirmou. Ao longo de sua trajetória assumiu algumas funções, tendo sido convidado
a ser coordenador de Estágio de Desenho. Após, esse período ficou apenas em sala
de aula. Depois surgiu a oportunidade de ser coordenador do Procefet, função que
assumiu concomitantemente à de Coordenador do Registro Escolar. Em seguida,
trabalhou com Concursos realizados para prover cargos na Instituição; após,
assumiu novamente o Procefet, do qual se afastou e passou a coordenador de
Processos Seletivos. Quando então, saiu e foi convidado a ser coordenador do CIE-
E, encargo no qual se encontra até hoje. E, continua, paralelamente, apoiando com
seu trabalho, na realização de Exames Seletivos e em sala de aula.
Começou a trabalhar em 1969, aos dezenove anos. Seu primeiro emprego
foto em uma fábrica de lata, localizada no estado de Pernambuco. Em seguida,
trabalhou em um escritório de arquitetura e, em paralelo, atuou na companhia
pernambucana de saneamento.
Quando veio para Natal, foi convidado a montar uma empresa de
distribuição de material de construção e paralelo a isso, trabalhava, às vezes, no
escritório de representação desse tipo de material.
A empresa não deu certo, então voltou a trabalhar com arquitetura.
Em 1980 começou a trabalhar no IFRN como professor colaborador onde
permanece até hoje.
e) Professor (PV)
Ministra aulas no IFRN há vinte e sete anos. Foi coordenador do Curso de
Desenho e, atualmente, está coordenando o NEP e vai coordenar um curso que
será oferecido às pessoas portadoras de deficiência.
Teve experiência profissional em outras instituições. No entanto, não lhe foi
possível contar esse tempo de serviço para sua aposentadoria. Isso por que, o
Professor pode se aposentar aos sessenta anos de idade, desde que tenha exercido
61
exclusivamente essa função durante sua contribuição. Nesse caso, se o entrevistado
somasse o tempo de serviço que atuou em outra área, se aposentaria ao sessenta e
cinco anos, ficando, conforme afirmou, “uma coisa pela outra”.
Antes de ministrar aulas, trabalhou em diversas empresas, tanto no Rio de
Janeiro como aqui em Natal. Nas oportunidades atuou na área de Arquitetura, em
Projetos e ainda, em uma outra empresa, fazia levantamento dos projetos a serem
feitos, desenhando plataforma.
f) Professor (PVI)
Exerce suas atividades no IFRN há seis anos, tendo vindo transferida de
Roraima. Aqui em Natal não assumiu nenhuma função de Chefia, porém, foi
coordenadora do laboratório do Programa de Saúde Escolar na sua instituição de
origem. Tendo sido, inclusive, voluntária do Conselho da Criança, atividade em que
esteve à frente como Presidente.
g) Professor (PVII)
Assumiu o cargo de Professor de Ensino de I e II Graus, no IFRN, há vinte e
cinco anos. Assumindo, no decorrer desse período, a Coordenação de Química e
Biologia.
Na esfera estadual, foi professor durante cinco anos, dos quais dois foram
exercidos concomitantemente no IFRN. Também relatou experiência profissional em
uma instituição privada, atuando, à época, como engenheiro.
62
h) Professor (PVIII)
Ministra aulas no IFRN há vinte e cinco anos, relatando não ter exercido
nenhuma função de chefia tendo em vista preferir trabalhar apenas em sala de aula.
E a entrevistada afirmou, ainda, não ter experiência profissional em outras
instituições além do IFRN.
i) Professor (PIX)
Professora aposentada em abril de 2009. Trabalhou no IFRN durante vinte e
cinco anos.
Aposentou-se com vinte e oito de serviço pois além dos vinte e cinco anos
trabalhados no IFRN, trouxe um ano e meio da esfera estadual – de onde também é
aposentada – tempo que averbou para sua aposentadoria e ainda uma licença
especial que ela não havia gozado. Com isso, ao procurar o departamento de
Recursos Humanos sobre quanto tempo faltava para sua aposentadoria, foi
surpreendida com a notícia de que já possuía o direito de requerer o benefício há
três anos.
Sempre trabalhou na instituição como professora, tendo assumido por quase
dois, a coordenação de Língua Portuguesa. Durante esse período, trabalhou
concomitantemente na função de chefia e em sala de aula.
No seu ingresso no IFRN, era professora do Estado. Trabalhou como
professora, nas esferas estadual e federal paralelamente. Aí se aposentou daquele e
ficou ministrando aulas apenas no IFRN.
63
j) Professor (PX)
Trabalha na instituição há trinta e três anos, sempre na mesma área de
Geologia e Mineração. Exerceu função de chefia, tendo sido coordenador do então
Registro Escolar e do Pró-técnico. Neste assumiu a coordenação em 82.
Sua experiência profissional anterior ao INFRN foi na SUDENE. Porém
trabalhou lá pouco tempo, durante seis meses, no interior do Ceará. Àquela época já
atuava na área de geologia e mineração.
Atualmente não exerce atividade fora da instituição por possuir Dedicação
Exclusiva.
k) Professor (PII)
Professor aposentado do IFRN. Trabalhou durante trinta e três anos, dos
quais dezoito foram dedicados ao IFRN.
Nesta instituição de ensino, trabalhou lotado no mesmo departamento tendo
assumido funções de confiança, como a de coordenador do laboratório de física e
ainda a de chefe de Departamento.
Trabalhou em outras instituições educadoras, da rede privada e da esfera
estadual, assumindo, neste, a função de coordenador de laboratório lá existente, à
época.
Tinha o direito de requerer sua aposentadoria desde 2005 mas optou por
continuar trabalhando nos três anos seguintes, usufruindo desse benefício a partir
de abril de 2009.
l) Professor (PXII)
Professora aposentada do IFRN, desde o ano de 2009. Trabalhou naquela
instituição por aproximadamente vinte e cinco anos, tendo trabalhado,
64
anteriormente, no Núcleo Educacional Infantil, situado na Universidade Federal do
Rio Grande do Norte, de onde foi transferida para o Instituto Federal, à época ainda
ETFRN.
Trabalhou em um colégio particular da cidade do Natal, como pedagoga,
antes de ir para o Núcleo Educacional Infantil exercendo a mesma função e, ainda,
como professora de crianças pequenas, durante oito anos. Solicitou sua
transferência por motivos de saúde, pois sofre de escoliose e não conseguia pegar
em crianças pequenas. Como o Núcleo é da esfera federal, ela só podia solicitar
transferência para o IFRN ou para Jundiaí e optou pela primeira instituição.
No IFRN, à época ETFRN, foi lotada na biblioteca. Local em que trabalhou
durante dois anos enquanto, paralelamente, se preparava para ser professora.
Assim, nesse período, prestou vestibular para Geografia e ficou substituindo uma
professora em suas licenças médicas.
Da biblioteca foi para a equipe de orientação pedagógica e trabalhando,
concomitantemente, como professora.
Enquanto cursava seu Doutorado, estruturou, junto a mais duas colegas de
trabalho, um projeto de Licenciatura em Geografia no IFRN. Com a implantação da
Licenciatura, passou a ministrar aulas no ensino superior e no médio até sua
aposentadoria no ano de 2009.
4.3 GRUPO I – SERVIDORES QUE FIZERAM O CURSO E NÃO SE
APOSENTARAM
A partir dos protocolos de entrevistas desse grupo, foram construídos quatro
quadros-temas (apêndice A).
Os temas levantados, tendo por base os objetivos da pesquisa foram:
a) O que levou os professores a optarem por continuar trabalhando
b) Utilização do tempo livre
c) Contribuições do PPA para a transição para a aposentadoria
d) Como imagina que será sua aposentadoria.
65
4.3.1 Tema: O que levou os professores a optarem por continuar trabalhando
Para França (1999) a aproximação da aposentadoria e da decisão de
aposentar-se ou não, despertam diferentes sentimentos nos trabalhadores. Segundo
essa autora, muitos trabalhadores gostam do trabalho que realizam e/ou das
relações sociais estabelecidas no ambiente de trabalho e não expressam a vontade
de se aposentarem. Outros pretendem se aposentar, no entanto, não pensam em
parar totalmente suas atividades, realizando alguma atividade profissional.
Tendo por base essas afirmações, buscou-se conhecer o que levou alguns
servidores a optarem por continuar trabalhando.
Dentre os entrevistados, dois relatam o prazer no trabalho realizado como
um fator importante na decisão de continuar trabalhando, apesar de já terem
atingido os critérios necessários para requerer a aposentadoria. Outra categoria
revelada foi a questão de sentir-se útil, mencionado por três participantes. Em
seguida, relacionamentos sociais, citado por dois entrevistados. E ainda
influenciou também: a questão financeira. Esse último expresso uma vez por
participantes diferentes.
O prazer no trabalho enquanto elemento importante na escolha de
continuar trabalhando, está relacionado ao fato de a atividade realizada pelo
professor ser tão prazerosa para ele que não é considerada como uma obrigação
mas como uma diversão, segundo depoimento a seguir.
Primeiro... é o seguinte: a atividade de professor que eu exerço a a aqui...eu faço com o maior prazer então praticamente não é nem um trabalho é é um trabalho pra eu me divertir [PI.12]
A palavra diversão significa distração, passatempo e a afirmação acima,
desse docente, é ratificada em um outro momento, ao relatar que, após ter adquirido
o direito de aposentar-se, vai ao trabalho com mais prazer, não sentindo mais a
obrigação de trabalhar.
... e principalmente depois que eu me aposentei, eu aposentei que digo, que tô com o direito, que adquiri o direito é que eu venho pra escola com...até com mais prazer né? [PI.18]
66
Eu não sinto aquela aquela obrigação de ter que vir pra a Escola, ter que dar aula, ter que trabalhar, certo? [PI.19]
Há de se destacar no discurso acima, que o professor não se aposentou
mas sente-se aposentado. Isso fica evidente quando discorre que desde a aquisição
do direito à aposentadoria ele não se sente mais obrigado a ir para a instituição de
ensino ou de, até mesmo, trabalhar e, em contrapartida, realiza seu trabalho com
mais prazer.
Um outro professor também expressou o prazer no trabalho como um dos
elementos que o levaram a continuar trabalhando. Ele menciona que sente-se
realizado com sua atividade e não a percebe como sendo uma obrigação de ir para
a instituição ministrar suas aulas. Pelo contrário, identifica-se a satisfação em
realizar suas atividades.
Mas dar minhas aulas, estar aqui com você, to fazendo um projeto meu, isso é uma realização muito mais minha do que uma obrigação pra instituição! Tá entendendo? [PVI.63]
Para França (1999) o prazer que a pessoa sente pela própria realização da
atividade é um dos pontos positivos que o trabalho proporciona ao trabalhador.
Diante disso, ela afirma a importância de analisar o significado do trabalho para a
pessoa a fim de possibilitar uma transição para a aposentadoria de forma mais
tranqüila.
Sentir-se útil foi outro fator que emergiu nas entrevistas. Em alguns
depoimentos, os entrevistados relatam acreditar que ainda têm muito a contribuir
com o seu trabalho na instituição e, um deles ratifica sua fala ao expressar ainda
possuir bastante energia para continuar trabalhando e a reforça quando afirma que o
contato com os jovens e com o mercado de trabalho, torna mais forte essa sensação
de utilidade. E, um terceiro participante, afirma sentir-se mais produtivo, quando em
seu ambiente de trabalho.
Bom eu acho que ainda tenho muita contribuição a dar [PIII.15] ...primeiro eu tenho energia ainda suficiente pra trabalhar [PIV.19]
Eu acho que a questão de você estar em contato com com o jovem, de você estar em contato com o mercado de trabalho, você se sente uma pessoa útil. [PIV.25] ...aqui eu me sinto mais produtiva [PVI.18]
67
Homens e mulheres não vivem o processo da aposentadoria da mesma
forma. E a sensação de utilidade é vivenciada de maneiras diferentes entre os
gêneros.
As mulheres permanecem mais ativas ao longo dos anos; sendo que 90%
delas mantém-se ocupadas com as atividades domésticas, sentindo desta forma,
com autonomia, com a sensação de ser útil e ainda, ocupando seu tempo
(ROMERO, 2006).
Ao passo que o homem sofre quando não é mais o provedor da casa, tendo
seu papel social masculino comprometido pelo início da velhice. Ao aposentar-se, no
ambiente doméstico, ele pode ficar ocioso devido a possuir menor autonomia
doméstica, dependendo de outras pessoas para cuidar de si, do lar e de sua
alimentação (ROMERO, 2006).
Diante desse quadro o surgimento do sentimento de inutilidade no homem é
forte, principalmente para aquele que nunca fez parte do dia-a-dia da família
(BARBOSA, 1999).
Outra categoria que emergiu foi a dos relacionamentos sociais. Em um
dos depoimentos, o entrevistado relatou que, com a mudança de outro estado, seus
amigos, de toda uma vida, ficaram lá, não tendo feito, ainda, muitas amizades por
aqui. Então, se viesse a se aposentar agora, acredita que sentiria muita solidão. No
trabalho, de qualquer forma está sempre conversando com alguém, trocando idéias
e não se sente só.
Se eu me aposentasse eu ia ficar muito só [PVI.16]
Aqui eu tenho contato com as pessoas [PVI.17]
O discurso de PVI, é reforçado pela fala de um outro participante que relata
sentir-se bem no ambiente de trabalho. Esse local possibilita encontrar ex-colegas
que já se aposentaram e vivenciaram momentos de conversas agradáveis.
E eu acho que... e também encontro aqui na Escola alguns ex-aposentados também, que quando a gente se encontra...Os ...aposentados aliás, desculpe! (risos). Os aposentados que trabalharam comigo na época né? E...a gente, às vezes, bate até uns papos gostosos, então... me sinto bem aqui dentro da escola. [PI.21]
68
A categoria Relacionamentos sociais foi comum aos servidores que não se
aposentaram, independente de terem participado ou não do curso.
Existe a crença de que os relacionamentos sociais podem diminuir com a
aproximação da aposentadoria. Isso pode acontecer, principalmente com aqueles
que limitam suas amizades ao ambiente de trabalho; local que propicia a
aproximação pelos interesses em comum que são ali estabelecidos, em torno das
atividades a serem realizadas. No entanto França (2002) assinala que se os
interesses e as atividades forem diversificados o estabelecimento e manutenção dos
vínculos sociais serão favorecidos.
Um aspecto também revelado nas entrevistas foi o fator financeiro como
determinante da decisão de adiar a aposentadoria. Para um dos entrevistados,
vários fatores contribuíram para que optasse por continuar trabalhando. Mas a
questão financeira foi determinante. Primeiro ela precisava reestruturar-se
financeiramente pois veio transferida de outro estado e ainda está se reorganizando
financeiramente. Só agora, após seis anos de sua transferência é que está
começando a se refazer da mudança, a se reorganizar.
Foi um bocado de fatores. Mesmo o financeiro que, queira ou não, é um peso [PVI.12] ...e também aqui... eu me encontrar direito aqui, ainda to me achando, certo? [PVI.13] Em tudo! (risos) Por que depois de 23 anos eu trabalhando num lugar com toda a estrutura, quando eu vim pra cá então eu achei... agora que eu to me refazendo da mudança. [PVI.14]
A redução da renda está entre os efeitos negativos mais imediatos da
aposentadoria apontados por França (1999).
No setor financeiro, na maior parte das vezes, há uma redução no salário do
trabalhador quando de sua aposentadoria (VERAS, 1999). A decisão pode ser
adiada devido a vários motivos. No caso do entrevistado foi a necessidade de
reestruturar-se financeiramente (FRANÇA, 1999).
69
4.3.2 Tema: Utilização do tempo livre
Nesse tema buscou-se saber como os servidores que estão próximos à
aposentadoria distribuem seu tempo quando não estão trabalhando.
Enquanto ao longo de sua vida profissional, o trabalhador goza o tempo livre
imposto em parte pela empresa, pelas instituições sócio-políticas ou familiares, com
a aposentadoria não se trata mais de gozar o tempo livre que tenha mas de, agora,
ocupar esse tempo eu antes era ocupado com o trabalho (WITCZAK, 2005)
Alguns professores descreveram a forma como utilizam o tempo livre que
têm disponível. Os afazeres domésticos estão entre as categorias encontradas -
sendo citado por três professores -, bem como outras formas de atividades, como o
trabalho, também descrito por três docentes e o voluntariado, mencionado por
apenas um participante. A categoria Lazer se destacou, apresentando alusões de
cinco entrevistados e a manutenção dos relacionamentos sociais e cuidados com
a própria saúde, também foram relatados uma vez por indivíduos diferentes.
No que tange à categoria aberta afazeres domésticos, um professor relatou
que seu tempo livre está voltado para os afazeres de casa e que, possuem casa de
praia e esse tipo de bem requer manutenção por sempre ter algo quebrando. Como
consequência, freqüentemente, é preciso ir até lá para consertar alguma coisa. E,
acrescenta, que a tarefa de pintura da casa, seja da cidade ou da praia, é de sua
responsabilidade.
É... agora... (risos) é...é... o tempo livre é muito...nos afazeres até de casa, né? [PI.30] ...papai também tem uma casa de praia, a gente sempre fica lá...sempre passa o ano quase todo fazendo alguma atividade lá. Porque é um negócio que quebra muito... [PI.36] Aqueles afazeres da casa, pintar a casa, por exemplo, o apartamento e a casa de praia quem pinta sou eu [PI.43]
Sua fala é reforçada pela de outro participante ao afirmar que os afazeres de casa
despendem muito tempo.
Numa casa sempre tem coisa pra fazer. Se a gente diz que não, a casa fica uma bagunça por que eu não tenho secretária. Lá na minha casa sou eu e meu marido, a gente faz tudo. É a limpeza, a comida a gente faz. A gente resolve problema também de família, né? [PVIII.14]
70
Um outro professor relata que possui pouco tempo disponível devido aos
diversos papéis desempenhados. Ser professora, dona-de-casa e mãe pedem muito
do seu tempo, restando-lhe pouco tempo para si.
É tão pouco meu tempo livre! (risos). Mas no momento eu to assim...não tá tendo muito tempo livre pra mim por que a questão do serviço doméstico e... pra conciliar os dois então, realmente, o tempo livre é muito pouco. O corre corre, as duas atividades me tomam muito tempo por que professora, mãe, dona de casa e coordenar tudo isso eu, tô com pouco tempo livre [PVI.22]
O trabalho surge, no relato de um dos participantes, como uma outra
categoria, pela necessidade de manter-se atualizado para melhor desempenhar
suas atividades profissionais. Essa atualização acontece acompanhando as equipes,
assistindo seus jogos em quadra ou pela TV, fazendo leituras especializadas ou
trocando idéias com outros profissionais da área.
...acompanhando é...algumas equipes né.Tá sempre atualizado pra ser chamado você tem que ta sempre acompanhando mesmo que não esteja trabalhando mas eu to ali olhando, assistindo, conversando com as pessoas né.. Lendo, relação me atualizar, em relação a... essa parte de treinamento né? Muita televisão para poder acompanhar os jogos né? [PI.37]
O estudo nos horários livres, fora do ambiente de trabalho, também foi
verificado na fala de outro professor, ao descrever que estuda para auxiliá-lo na
pesquisa que realiza no IFRN e que atualizar-se em sua área é uma forma de
capacitar-se para realizar seu trabalho.
...com... é... aprofundamento de estudos... como eu tenho também esse trabalho de pesquisa, então queira ou não queira a gente tá sempre... mesmo em casa, a gente tá sempre sendo solicitado por estudantes que estão fazendo suas pesquisas. Também dou muito suporte a um filho que está fazendo engenharia, nas disciplinas, que têm a minha área também, eu dou um suporte em casa, à noite... [PII.24]
Um outro depoimento sobre esse tema relata que a profissão de professor
requer muita dedicação na elaboração das aulas, bem como na elaboração e
correção de avaliações e isso é desgastante por que o tempo que deveria ser
voltado para o lazer é utilizado nestas tarefas. Ela ressalta o cuidado que a pessoa
deve ter em disponibilizar um tempo para si a fim de que o trabalho não ocupe todo
o seu tempo e comprometa seu lazer.
71
Até o lazer fica comprometido por que de repente a atividade da escola toma muito tempo em casa. É outra coisa de professor; a gente se desgasta muito por que a gente, quando tá aqui... feriado, onde? Elaborando prova. Então com isso a gente termina...ou você diz: vou parar e vou fazer alguma coisa, senão você se entrega ao trabalho e... [PVI.27]
O voluntariado também se fez presente. É considerado como compromisso
a ser cumprido, inclusive com a pretensão de dar continuidade a esse tipo de
atividade quando advier a aposentadoria.
Aí dependendo da hora... aí à noite eu tenho um, digamos assim, alguns compromissos particulares mais voltados pra parte assim... a questão voluntária, né? O voluntariado. Quando me aposentar eu vou... tempo integral ao voluntariado. [PV.30]
O lazer esteve presente no discurso de mais de um participante da
pesquisa. Relatos sobre viagens feitas no período de férias; passeios e visitas a
parentes, sempre que possível. Caminhadas na praia, sair à noite, tocar violão, ler,
escrever, assistir filmes, utilizar o computador, foram relatados como formas de
utilizar o tempo livre disponível, por alguns entrevistados.
...nas férias normalmente eu viajo, e... é... principalmente viagens de lazer [PII.19] quando eu posso, viajo! Quando posso, vou à praia! Quando posso, vou ao interior também, certo? visitar familiares e amigos. [PIII.27] Descansando. Fico em casa! Às vezes, como moro em Cotovelo, dou uma volta na praia. Fico vendo um filme. E agora, violão, vou ter que exercitar violão, vou ter que ter um tempinho pra exercitar o violão. Ás vezes saio, uma vez ou outra, vou prum barzinho, uma pizzaria, faço mais naaaaaaaaada. [PIV.39] ... sem falar no meu lazer né? É ... a leitura! Eu sou simplesmente apaixonado! Quando eu compro um livro olhe! Eu não trouxe nada hoje mas to com o livro, quando parar em to lendo! Tá aqui marcada a página, deixa eu ver... a leitura pra mim é... eu sou viciado! Mas é viciado mesmo! É um vício danado! E também filmes, né? Eu adoro filme. Eu tenho 480 filmes mais ou menos guardados pra todo dia... eu to montando uma sala pra mim, pra família, lógico! Pra eu no caso pra... e todo dia assistir um filme por que... enfim... E a leitura... Só pra você entender, atualmente eu tenho cerca de uns 240 livros comprados pra ler, na fila de espera! Esses livros todinhos pra ler e... é muito gostoso [V.31] Eu gosto muito de computador. Eu dou uma olhada nos meus e-mails, pra ver se tem alguma mensagem, alguma coisa [PVIII.12] ...aproveita também pra passear né? [PVIII.18]
72
Outro fator presente às entrevistas foi a questão dos relacionamentos
sociais. A necessidade de ligar para os amigos para conversar um pouco e o
cuidado de visitar os parentes no interior, sempre que possível, demonstram o
cuidado em manter os laços de amizade por parte de um dos docentes. Isso é
ressaltado quando, em seu discurso, ele reforça a importância de manter esses
contatos, seja com os amigos ou com os familiares.
...às vezes eu ligo pra um amigo pra conversar um pouquinho [PVIII.13] A gente sempre visita a família [PVIII.17]
A última categoria revelada nas entrevistas refere-se ao cuidado com a
saúde.
...me cuidando por exemplo: me acordo, em torno de 3h45min manhã, hoje acordei às 3h30min! Me acordo às 3h45min pra caminhar, das 4h às 5h, 5h e pouco [PV.28]
Sobre o fator saúde é freqüente o aparecimento de doenças psicossomáticas
no período que antecede a aposentadoria e também após o trabalhador afastar-se
de suas atividades (FRANÇA, 1999). Então a forma como o pré-aposentado percebe
sua condição de saúde e os cuidados que precisará ter para vivenciar, da melhor
forma possível, sua aposentadoria é um dos três fatores importantes que Resende
(2006) considera importantes para uma boa adaptação.
4.3.3 Tema: Contribuições do PPA no processo de transição para a
aposentadoria
Os relatos revelaram as mais diferentes respostas quanto às expectativas
geradas pelo curso realizado. Desde a manifestação de receio (01), curiosidade
(01), sobre o curso do qual o professor participaria, tendo, no decorrer do tempo
modificado sua impressão quanto a ele, até avaliações sobre a importância dos
módulos e as suas contribuições no que se refere ao autoconhecimento (01) e aos
relacionamentos - quatro participantes - existentes, mantidos ou não ao longo do
tempo, e ainda, nas esferas financeira (03), saúde (01), trabalho, a administração
73
do tempo (01 participante) que tem disponível e o que poderá modificar-se com a
aposentadoria, e ainda a possibilidade de refletir, a partir das novas informações
transmitidas (cinco entrevistados). Sobre a importância de planejar-se (01) para sua
aposentadoria.
Um dos entrevistados relatou ter feito a inscrição no curso com uma certa
desconfiança. Oportunidade em que buscou conversar com outras pessoas na
tentativa de obter informações que viessem a minimizar o receio que sentia. Decidiu
se inscrever com a intenção de abandoná-lo caso não viesse a gostar do mesmo.
Primeiro eu entrei no curso né, assim... com a com um pouco de desconfiança né. E também com receio mas...eu naquela...conversei com um, conversei com outro, né? Eu disse: eu vou me inscrever, se eu não gostar...depois abandono né? [PI.52]
No entanto, a curiosidade sobre o que o curso poderia lhe trazer de
contribuições, prevaleceu apesar de acreditar que não haveria muito a ser
acrescentado ao que acreditava já ter definido de como seria sua aposentadoria.
...e aquela curiosidade: o que é que esse curso podia me trazer em relação pra né? Essa minha aposentadoria então achava que já tava mais ou menos com a cabeça feita em relação ao que eu ia fazer, como era! [PI.55]
Ainda segundo esse professor, no começo ele não achou as aulas
interessantes, considerando-as bobas, sem algo que viesse a acrescentar. No
entanto, no decorrer dos encontros, começou a gostar e se identificar com o curso. E
percebeu que estavam sendo trazidas informações sobre as quais ainda não havia
refletido e que foram importantes na sua decisão de adiar o momento de sua
aposentadoria.
Achei assim meia estranha, meia é... meia infantil, meia besteira mas vamu pra segunda, vamos pra terceira, né? Aí comecei realmente a entrar no negócio, e comecei a gostar e comecei a me identificar e começou também a abrir algumas coisas né que... eu não tinha, até então eu não tinha é ... pensado. Então, gostei demais. Acho que me ajudou. Quer dizer...vai me ajudar demais. Me amadureceu mais a idéia um pouquinho de eu ficar mais um tempo também aqui. [PI.58]
Percepção ratificada em seu discurso, ao relatar que um dos momentos
oportunizados pelo curso foi o de reflexão sobre o que os participantes poderiam
estar fazendo ao se aposentar. Essas reflexões levaram o professor a dar-se conta
de ainda não estar pronto para aposentar-se, por acreditar que as atividades que
74
havia se planejado realizar na aposentadoria não eram suficientes para assegurar-
lhe viver essa nova fase com qualidade.
...em determinado momento a gente né, teve aquela parte o que fazer também depois e eu depois comecei a me preparar e disse que só essa parte de casa, isso aqui, de Igreja...eu acho que ainda não era suficiente ainda, não tava preparado ainda pra isso então... tô dando mais um tempo aqui [PI.71]
Ainda quanto às novas informações trazidas pelo curso, tem o relato de
outro participante que afirma que os fatos baseados em pesquisas, sobre as
mudanças que ocorrem ao aposentar-se surpreenderam. Por exemplo, a vivência
dessa fase, relatada nos depoimentos dos palestrantes e também o retorno para
casa, a postura assumida em casa.
E lá no curso realmente foi fantástico. Foi fantástico no sentido de quê? É ... havia dados, informações que eu tinha. Mas havia, haviam coisas que foram surpresa pra mim. Quer dizer fatos baseados em pesquisa, daquela coisa do da vivência de outrem, né? Como é que você vai? Tô aposentado, to sem fazer nada. É bom! Mas coisa do tipo, por exemplo... a postura dentro de casa, né? [PIV.55]
Ainda sobre a esfera familiar, esse mesmo professor reforça, em um outro
momento, que o retorno para casa é algo sobre o qual ele não havia pensado antes
do curso. Na rotina de casa, no estreitamento do contato, que torna-se mais intenso.
Quando volta pra casa, aquela coisa da rotina. Então que nunca tinha passado pela minha cabeça. Que realmente essa coisa, esse contato, ele passa a ser mais intenso, mais forte. [PIV.58]
O que é ratificado pelo relato de outro participante sobre a mudança de
postura na esfera familiar, diante da aposentadoria. Para ele, suas expectativas
foram superadas com informações trazidas sobre temas relevantes, com os quais
não estava preocupado, antes de fazer o curso. As informações trazidas, segundo
afirma, facilitarão o percurso nessa nova fase. Ele exemplifica com a organização
familiar que sofre o impacto com o retorno do aposentado ao lar.
O homem, ao aposentar-se e ter mais tempo livre para ficar em casa, ele
passa a viver em um ambiente que lhe é estranho por ter ocupado tantos anos com
o trabalho no espaço público. Dessa forma, em casa o poder não está mais em suas
mãos, mas o outro é quem possui o poder – a esposa. Então é preciso ter cuidado
75
com a postura assumida pelo casal diante dessa nova realidade pois essa perda de
poder pode levar a conflitos no âmbito familiar (STUCCHI, 2003).
... E...pra mim é... eu acredito que a minha expectativa era uns, vamos dizer assim... talvez 60% do que poderia ter sido, na realidade chegou a 90%, talvez até 100% em termos de de de da minha colocação perante a postura da aposentadoria né? Vocês me abriram horizontes que eu não tava preocupado! Coisas importantes que com certeza vão me facilitar bastante né? Essa nova caminhada. Por exemplo, vamos assim, um exemplo bom, a questão de organização de família [PV.50]
Ter postura mais equilibrada do que eu tenho, quer dizer, de me preparar melhor é a família, não é? Também vai...lógico...minha família sempre dei muita atenção. Mas a atenção diferenciada, não é mais a atenção que eu dava, é uma atenção que não é mais como pai e sim como amigo, tá entendendo? Hoje eu não tenho mais filhos eu tenho amigos. Quer dizer, nessa aposentadoria eu tenho essa visão e... vocês me facilitaram bastante né? Passaram sobre a família, a família; a importância, a importância blá... [PV.57]
De acordo com Resende (2006) a adaptação do aposentado à esfera familiar
acontece em vários níveis, devendo abranger desde a relação conjugal até a
redefinição dos papéis dentro da esfera familiar.
É possível que a família seja o maior ponto de apoio no momento do
aposentar-se. Desta forma, deve-se considerar todos os que constituem o clã
familiar ou que representem esses papéis para o futuro aposentado. (França, 2002).
Essa autora ressalta, ainda, que a aposentadoria pode significar um teste
para o casal pois leva a uma adaptação familiar em que o homem aposentado volta-
se para o lar gerando uma mudança na rotina familiar:
No que concerne à amizade, o módulo sobre relacionamentos chamou a
atenção de um dos professores porque o levou a refletir que, ao longo dos anos,
possui mais colegas de trabalho. Que sacrificou as amizades que não faziam parte
do seu ciclo de trabalho, mas que, a partir da percepção dessa realidade, ele e a
esposa têm tentado contornar a situação tentando retomar o contato com as
pessoas das quais se afastaram no decorrer dos anos.
Principalmente aquele módulo de relacionamento, que é o segundo módulo, aquele módulo me chamou muito a atenção por quê? Por que me fez ver que apesar de você já ter uma idéia de que a rede de relacionamento é importante, principalmente pós-aposentadoria, né? Por que todo aquele convívio que você tem trabalhando, você chega e encontra todo mundo no trabalho mas... é... socialmente, fora desse convívio aquilo me deu um ... né? Uma ... um caminho! Uma frase e alguns caminhos de que realmente (sacrifício fez?) E aí a gente tem procurado, na medida do possível, tentar
76
né? De vez em quando... por que você tem amigos né? Que você perdeu o contato, então você poooooode retomar isso aí, dentro da de toda aquela história... [PII.43]
Discurso reforçado pelo de outro participante que afirma que foram muito
boas as informações recebidas sobre relacionamento.
Mas o curso pra mim foi uma maravilha... - É... as informações sobre relacionamento pessoal... Autoconhecimento [PIII.40]
O Programa de Preparação para a Aposentadoria estimula os servidores
que estão próximos à aposentadoria, a buscarem novas possibilidades de atuarem
nos diferentes grupos sociais e resgatarem antigas amizades, muitas vezes
deixadas de lado por terem priorizado os vínculos relacionados ao trabalho.
Quanto ao fator financeiro, os relatos apontam a contribuição desse tema
para os participantes do curso.
eu vou procurar ter mais cuidado principalmente, por, com a parte econômica, vou procurar me colocar melhor a partir daquelas informações, não é? [PV.56]
...e também do... da questão do econômico, né? [PVI.39]
Correspondeu. E reforçou, né? Os planejamentos que eu fazia em termos...assim financeiro...de orçamento, financeiro... em termos de: o que é que eu vou fazer quando me aposentar? [PVIII.20]
A categoria trabalho surgiu no relato de um professor que afirma gostar do
trabalho que realiza, mas não sentirá falta do local de trabalho ao se aposentar.
Gosta do que faz, faz o melhor que pode mas ao sair sua aposentadoria, não se
sentirá mais vinculado à instituição.
...quanto a sentir falta daqui eu não acredito que eu vá sentir muito não... talvez.... não porque não seja importante, eu faço... ninguém faz mais do que, trabalho do que eu faço! Pode ter gente que seja igual a mim mas mais do que eu não pode. Eu gosto muito do que faço mas sei separar as coisas. A minha contribuição é até eu me aposentar, quando eu me aposentar acabou! Acabou mesmo! Eu posso até continuar com trabalhos por fora, prestando serviços, até em projetos, nisso, aquilo outro...[PV.58]
Um outro ponto foi o do trabalho voluntariado, expresso em um dos
depoimentos.
77
...e atuar nas outras áreas de social, também um leque muito bom que mostrou... [PVI.41]
A questão de administrar o tempo também se fez presente em um dos
depoimentos. O gráfico sobre administração do tempo, visto em sala de aula,
chocou um professor pois ele se viu na situação de estar trabalhando e, de repente,
parar. O que vai fazer com esse tempo que era dedicado ao trabalho? Um dos
entrevistados salientou, inclusive, o cuidado que se deve ter para, ao aposentar-se,
não ser considerado “faz tudo” na família, devido a ser visto como a pessoa que tem
todo o seu tempo livre.
E ele situa você justamente assim: não, se você tá...é... não tá na atividade funcional mas você não pode também ser a carga de tudo da família. “Não, você tá sem fazer nada...” [PVI.37]
Uma coisa que me chocou foi um gráfico, achei aquilo fantástico! Você com a ocupação do seu tempo. Quantas horas você trabalha por dia? Tanto. Quantas horas por semana? Tal. Muito bem. E... se de repente você pára,você retira esse tempo dedicado à ativa. Tenho doze horas pra ficar sem fazer nada, pelo amor de Deus! [PIV.57]
Houve quem não tenha criado nenhum tipo de expectativa sobre o curso
porque não pensava sobre a aposentadoria mas que no seu decorrer, o curso trouxe
contribuições sobre as quais ainda não se havia pensado.
Não esperava muita coisa! Porque no processo de aposentadoria eu não pensava [PIII.39]
Também foi relatado que as expectativas foram superadas, para um outro
professor, devido ao leque de possibilidades do que fazer ao aposentar-se, que
foram apresentadas no curso. Essas possibilidades, segundo ele, são medidas
preventivas no combate à ociosidade e à depressão.
A depressão é um problema de saúde comumente verificado nas pessoas
que se aposentam podendo ser desencadeada pela falta de atividade e de
perspectivas, por parte do indivíduo, podendo ter sua saúde comprometida
(FRANÇA, 1999).
Corresponderam e foi até mais além, né? Por que assim, o curso tem dá um leque de situações em que você, de repente, não poderia nem imaginar que podia se encontrar [PVI.32]
78
...e outra que te dê um leque que você, é... esse tempo livre que você tem, você já se programar pra não cair na ociosidade, e não cair na depressão e achar que... acabou por que você se aposentou, não tem mais o que fazer! E entrar nessa e... então ele tem essa visão [PVI.38]
Para um dos participantes, os depoimentos dos palestrantes convidados não
trouxeram muitas novidades pelo fato dele já vir observando, a algum tempo, o
comportamento das pessoas que haviam se aposentado.
O que eu digo que não trouxe muita coisa de novidade é tipo o seguinte, por exemplo: você chamou convidados. Vocês chamam convidados pra dar palestras sobre a vida dele como aposentado, né? Então, aquilo pra mim é uma coisa que eu já observava nas pessoas né? Algumas se preparavam para a aposentadoria. Outras não se preparavam e tinha aquele desmantelo tanto do lado emocional, afetivo, familiar, como o lado financeiro, econômico, etc, sabe? Então, isso aí eu vinha, eu falava, desde que entrei aqui eu sempre comentava: puxa, como é que pode, fulano já se aposentou e tem uma vida dessa, fulano se entregou à bebida, fulano se desmantelou depois que se aposentou. Quando ela tá num momento em que a pessoa é pra tá mais tranqüila, né? Mas não todos. Foi intranqüila para algumas pessoas, então isso aí é que eu quero dizer que, aqueles convidados, claro, acrescenta, mas não foi tanta novidade. Por que há muito tempo que eu venho observando isso. [PVII.37]
No entanto, em um outro momento, o professor menciona que os relatos,
textos e discussões realizados em sala de aula e outras informações, contribuíram
para deixá-lo mais tranqüilo para falar em público.
O curso me deu, me deu algumas informações a mais do que eu já pensava, tá? E ao mesmo tempo o curso me fez, me deixou muito descontraído. Eu não sei por que, se foi a dinâmica do trabalho que vocês aplicaram mas hoje, eu sempre gostei de falar em público, sempre gostei. Mas sempre quando ia iniciar uma falação era aquela tensão toda e, sinceramente, o curso me deu uma tranqüilidade pra isso. [PVII.27]
Relatos! Aqueles trabalhos que vocês botavam pra gente, textos, leituras, aquelas apresentações [PVII.34]
Um outro aspecto revelado foi com relação aos módulos. Para um dos
participantes, os quatro módulos foram importantes para que ele viesse a elaborar
seu projeto de vida, sugerido pelas facilitadoras do curso. No momento, esse
projeto não está sendo usado mas está guardado para ser utilizado ao aposentar-se,
quando pretende pô-lo em prática.
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É... e acho que foi muito importante, todos os quatro módulos, tanto o relacional, o autoconhecimento, gestão financeira e o projeto de vida, os quatro módulos, todos eles contribuíram demais pra que eu fizesse esse projeto que está engavetado e é... tentar depois da aposentadoria fazer né? Botar em prática alguma coisa. [PII.40]
E, para encerrar esse tema, um professor relata que o curso possibilitou aos
seus participantes, refletirem sobre se deviam parar ou continuar trabalhando.
...o curso me deu isso aí de eu não parar né? [PI.80]
Os Programas de Preparação para a Aposentadoria apresentam dentre suas
vantagens para os trabalhadores, a possibilidade de que eles desenvolvam um
projeto de vida cujo objetivo é pensar sobre como idealizar um sonho que tenha
ficado guardado durante anos, mas que pode ser planejado e estruturado para pô-lo
em prática, se assim for possível, ao aposentar-se.
4.3.4 Tema: Como imagina que será sua aposentadoria.
Nesse tema, foram identificados, nos discursos, as categorias de
trabalho,com cinco depoentes, relacionamentos sociais, no relato de 01
participante, lazer, também com um entrevistado enunciando essa categoria,
voluntariado, mencionado por dois docentes e família, citado na entrevista de um
participante da pesquisa.
No fator trabalho, identificam-se relatos como o do professor que afirma que
sua rotina não sofrerá muitas alterações pois continuará, em sua percepção,
praticamente com as mesmas atividades que realiza atualmente, como atualizar-se
continuamente, prestar serviços para outras instituições.
Ah...vixe Maria!! (risos) é até difícil a gente assim... eu penso em praticamente ... tirando só aquele horário que eu to dentro da escola, eu vou continuar mais ou menos com as minhas atividades que eu faço hoje, né [PI.74]
...estar sempre atualizado [PI.76]
80
...prestar alguns serviços esporádicos, não não... sistemáticos né, esporádicos a agremiações né? [PI.77]
O mesmo participante ressalta que, apesar de possivelmente não haverem
muitas alterações em sua rotina, ele chama a atenção para a limitação física como
delimitadora do seu ritmo de trabalho e sinalizará quando chegar a hora de parar.
Agora sempre fazendo as coisas dentro do meu limite. Então, como é que eu parar? Eu vou parar na medida que a idade não dê mais, né? Que aí vai chegando um ponto um ponto né? Que você vai ter... até a questão de se locomover, se a gente conseguir chegar lá, né? Os 90 anos, você vai sendo limitado em determinadas coisas, mas enquanto isso eu vou tentando é ser produtivo né? Não daquele do trabalho formal, que é o trabalho da Escola Técnica; é ser produtivo a pessoa, a família, a amigos, a conhecidos...é...e... como eu falei, a associação, alguma agremiação, né? Então eu acho que é por aí! [PI.84]
O trabalho também aparece como uma alternativa de projeto de vida de um
professor. De acordo com esse projeto, o participante pode seguir por duas
direções: continuar trabalhando na academia, reduzindo seu ritmo, ou ter um
negócio próprio.
Como participante do curso, eu fiz esse projeto de vida é... aí eu teria duas vertentes que eu pudesse continuar [PII.52]
...na academia, não é? Trabalhando como sempre fiz em ensino e pesquisa mas de uma forma mais é... suave né? [PII.53]
...e outra seria na área de... também acho que eu e minha esposa temos uma experiência muito grande que é na área turística. Nós temos uma experiência incrível de viagens e...de se interessar, de ler, temos muita coisa, então nessa área teríamos grandes possibilidades de continuar trabalhando, inclusive a minha mulher também há 5 anos se aposentou também e aí a gente dividiu assim, nessas duas vertentes [PII.58]
Um outro participante relata seu susto diante da possibilidade de aposentar-
se e não ter com o que se ocupar. Então pretende reduzir seu ritmo de trabalho e,
concomitantemente, ir passando a realizar outra atividade.
Descreve, ainda, seus planos de somar sua experiência profissional ao de
sua esposa para, juntos, abrirem um negócio próprio. E acrescenta a necessidade
de capacitação para atingir esses objetivos.
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Já. Como seria? E me assustou. Assustou porque você vê o ritmo que eu tenho. Você parar de vez, isso é terrível! Então o que é que eu vou ter que fazer? Eu vou ter que é... primeiro eu acho que tenho que fazer uma coisa que chamo de desmame. Desmame laboral, né? (risos) É reduzir meu ritmo de atividades, minhas atividades e, em paralelo migrando pra outro [PIV.62]
Tava pensando aí em montar um negócio ou tava vendo aí com minha esposa que ela é boa na área de planejamento e projetos também, montar um negócio aí. [PIV.71]
Só que eu tenho que me capacitar. [PIV.72]
Ainda na categoria trabalho, uma professora menciona que ainda não é o
momento de aposentar-se pois teme sentir falta do convívio com os colegas de
trabalho. Então planeja primeiro envolver-se em uma atividade social com o intuito
de, na sua aposentadoria, não ficar ociosa.
Imagino assim, que eu quero estar pronta pra essa decisão assim... não tá sentindo falta de desse convívio aqui, e eu já estar com outro vínculo assim, do lado social, eu já estar engrenada pra quando eu sair daqui eu já tá envolvida com outra atividade que eu vou preencher o tempo mas nesse momento! [PVI.46]
Essa fala ratifica o seu discurso em que menciona o receio de sentir solidão
com a aposentadoria ([PVI.16], pg.85).
A servidora expõe, ainda, que planeja analisar seu atual projeto de vida com
o intuito de saber se o mantém ou se constrói outro.
Mas eu quero já está em mente... tem o projeto de vida que a gente fez no curso mas aí eu quero ver se é aquele projeto mesmo ou se vou criar um outro... [PVI.48]
Para outro professor, a aposentadoria, na verdade, é algo que não
acontecerá tendo em vista que ele deixará de estar no ambiente físico de sala de
aula, para envolver-se com outras atividades para as quais já vem se preparando a
algum tempo.
Na verdade eu eu eu me programei pra, não diria direto para aposentadoria mas eu me programei em tempo pra ter atividade certo? Eu tinha comércio. Tinha seis lojas. Eu fechei por que tava querendo estudar. Então eu pretendo, to construindo um restaurante, né e uma pousada lá no interior. Tô querendo ver se construo uns apartamentos num prédio que tenho lá no Alecrim. Então eu acrescentei uma outra coisa para a perspectiva para a aposentadoria que é se realmente acontecer no próximo ano que é, estou pretendendo entrar na área de pesca por que to me organizando pra comprar um barco próximo ano, entendeu? Pra entrar nessa área de pesca. Então minha aposentadoria, em outras palavras, não vai acontecer, né?
82
Simplesmente eu vou deixar de estar numa sala de aula, se for o caso, mas atividade vou ter a vontade. [PVII.45]
No relato acima o professor faz menção à etimologia da palavra
aposentadoria que significa voltar-se aos aposentos. Em outras palavras, o
professor assinala que, ao se aposentar, não pretende ficar sem ter alguma
atividade. Substituirá a sala de aula por outra atividade para a qual já se planeja
para exercer.
No que se refere ao sentido da palavra aposentadoria, retorno à esfera
doméstica após a saída do mundo do trabalho. (STUCCHI, 2003).
O fator voluntariado também foi expresso no discurso de dois participantes
quando um deles expõe que sente-se bem em poder ajudar as pessoas através
desse tipo de trabalho e uma servidora ao exarar que sua meta é realizar um
trabalho social pois é algo com o qual sempre esteve envolvida e, no momento, faz
falta em sua vida.
Quer coisa melhor do que você ajudar as pessoas fazendo trabalho voluntário? [PV.67]
mas eu quero estar com o lado social, eu nunca... uma coisa que é meta número um pra mim é eu ter um trabalho social, que eu sempre tive e eu sinto falta [PVI.49]
A categoria família surge na fala de um participante ao relatar os planos de
adotar uma criança ao aposentar-se.
É por que eu tenho plano de adotar uma criança, né? [PVII.31]
E o lazer é mencionado pelo participante que diz pretender tirar um tempo
para si, dedicando-se, inicialmente, a viajar durante um período determinado.
Eu vou tirar um tempo só pra mim. Viajar! Tirar assim um ano mas só pra mim mesmo, dizer: Tá certo, esse ano é meu. Pra depois eu engrenar [PVI.47]
83
4.4 GRUPO II – SERVIDOR QUE FEZ O CURSO E SE APOSENTOU
Esse grupo de estudo, que na verdade, é constituído por apenas uma
servidora, e foram construídos três quadros-temas (apêndice B) a partir do protocolo
de entrevista.
Os temas levantados, tendo por base os objetivos da pesquisa foram:
a) Relação entre trabalho e aposentadoria
b) Utilização do tempo livre
c) Contribuição do curso na fase de transição para a aposentadoria.
4.4.1 Tema: Relação entre trabalho e aposentadoria
A aposentadoria é um processo de transição no qual estão envolvidos
sentimentos como apreensão, ansiedade, incertezas sobre essa nova fase da vida
que está para chegar. Adler (1999) credita toda essa ansiedade do indivíduo à
cultura, que valoriza a juventude associando a idéia de aposentadoria à velhice e à
morte.
Em sua fala, a entrevistada, relata a insegurança diante da aposentadoria
como fator que a levou a pensar se continuava trabalhando ou se pediria a
aposentadoria. No caso específico dessa participante, como ela tinha direito a pedir
licença prêmio, optou por usufruí-la, adiando sua aposentadoria por alguns meses.
A professora foi surpreendida pela notícia de que já podia se aposentar. E
para ela, a notícia a deixou apreensiva, insegura, pois não tinha certeza se queria se
aposentar naquele momento.
Para França (1999) o afastamento do trabalhador de sua atividade de
trabalho é, possivelmente, a maior perda social do ser humano e pode gerar danos
ao trabalhador, inclusive em sua estrutura psicológica.
É ... foi assim a incerteza se realmente eu queria me aposentar naquele momento ou não, certo? Até por que foi surpresa pra mim, eu acho que nem tinha o tempo completo ainda, e quando fiquei sabendo que tinha 28,
84
foi aquela coisa que chegou de vez assim pra mim, eu digo: “não, mas eu não sei se vou querer me aposentar agora, né?” [PIX.17]
4.4.2 Tema: Utilização do tempo livre
Seu tempo, segundo ela mesma relata, é preenchido com várias ocupações,
o que ela considera muito bom, pois não fica ociosa ao longo do dia.
A partir do que a professora menciona, nesse tema foram identificadas cinco
categorias como o contato com a família, os afazeres domésticos, o trabalho que
realiza mesmo após sua aposentadoria, os cuidados com a saúde e uma atividade
como hobby.
A família está presente em seu relato quando menciona a visita que faz
regularmente à sua mãe, ao menos uma vez por semana, e aos seus irmãos, nos
finais de semana, bem como ao exarar o cuidado com as netas e, ainda, as compras
mensais que faz pra sua mãe – a feira do mês.
Na quarta-feira a tarde eu vou ficar com a minha mãe. [PIX.53]
E ...também final de semana saio, vou visitar um irmão que tem, que mora na Zona Norte, tem um irmão que mora na estrada de Genipabu, vou embora e passo o dia por lá, certo? [PIX.58]
Estou com duas netas lá em casa... [PIX.57]
É... faço a feira da minha mãe (risos). A feira grande, né, do mês. Então eu tenho que ter o dia do mês pra fazer a feira dela. [PIX.55]
Outra categoria que surgiu foi relacionada aos afazeres domésticos. Ela
afirma que faz todas as tarefas que uma casa requer e ainda reforma suas próprias
roupas. E, ainda, volta sua atenção para o filho que mora com ela, que sai cedo para
trabalhar, então ela acorda cedo para preparar o café dele.
Primeiro, eu tomo conta da minha casa. Eu não tenho empregada. Então eu lavo, eu passo, eu cozinho, eu arrumo, eu costuro quando eu quero consertar minhas roupas, minhas coisas. Às vezes eu não estou gostando daquele modelo, aí vem uma idéia, vou e desmancho novamente, tá? Eu to até com um monte de, lá em casa, pra reformar e não tive tempo ainda. [PIX.47]
85
Cuido do meu filho, lavo roupa dele, passo! E... faço algumas coisas pras pessoas, quando precisa, né [PIX.51] Ele era estudante de enfermagem... e agora está trabalhando, então 5:40 da manhã estou levantando pra fazer o café de Ruy. Pra ele sair pra trabalhar, que ele sai às 6:30, certo. Aí, pronto. [PIX.50]
O discurso acima corrobora com o de PVIII ([PVIII.14, pg. 88) sobre os
afazeres domésticos, as tarefas desempenhadas dentro de casa e com o de PVI
(PVI.22 , pg.88) no que se refere à questão de coordenar os diversos papéis de
mãe, professora e dona de casa.
Bernardes (1995) apud Witczack (2005) retrata o trabalho realizado na esfera
doméstica como sendo uma atividade sem remuneração e que acontece no interior
do ambiente familiar com o objetivo de favorecer o bem-estar dentro do núcleo
familiar. Pensamento compartilhado por Segnini (1998) apud Witczack (2005)
quando estabelece a superioridade masculina sobre as mulheres que dedicam-se
apenas ao trabalho doméstico ou assumem uma dupla jornada – trabalho e
atividades do lar enquanto àqueles cabe o provimento do lar com a realização de
atividades exclusivas fora de casa.
No entanto, por ter se dedicado aos afazeres domésticos e ainda, ao
trabalho, a mulher adapta-se melhor à aposentadoria do que o homem pois ela
estabelece outros vínculos que os papéis de dona de casa e mãe lhe conferem.
Uma outra categoria identificada foi a de trabalho. A participante relata que
realiza alguns trabalhos, como revisão lingüística e elabora provas para concursos
realizados pela FUNCERN, mantendo, dessa forma, as atividades que realizava
enquanto servidora da instituição.
Faço revisão lingüística. Agora mesmo estou com a tese de U... [PIX.61]
Participo da elaboração de provas pra concursos pra FUNCERN... [PIX.62]
...faço revisão também, pra FUNCERN [PIX.63]
A aposentadoria não significa, necessariamente, o afastamento do mundo
do trabalho. Seja para complemento financeiro ou pela satisfação no trabalho
realizado. E a dificuldade sentida pelo indivíduo de afastar-se do mundo do trabalho
86
é proporcional à satisfação sentida com a realização do trabalho. (Zanelli; Silva,
1996) apud (Soares; Costa; Rosa; Oliveira, 2007)
A categoria saúde também está presente no discurso da professora quando
ela afirma praticar atividade física regularmente, todos os dias da semana. Essa
categoria também está presente no discurso de PV.28 (pg. 92) que também relata
os cuidados que possui com sua saúde, através da prática de atividade física.
academia! Todos os dias. Faço hidroginástica e faço yoga. Então eu vou à academia de segunda a sexta, né? E é muito bom. Já fiz outro grupo de amizades lá! [PIX.66] Eu faço hidroginástica, eu faço às 7h da manhã aí a turma é a mesma das 7h. As meninas das 7h! Porque mais ou menos assim o pessoal da terceira idade. Tem gente mais jovem né. Mas a maioria é o pessoal da terceira idade. E vou entrar em pilates também. Que é na terça e quinta pela manhã e à noite eu faço yoga. [PIX.67]
E, para finalizar esse tema sobre a utilização do tempo, o hobby apareceu
como outra categoria quando ela menciona o cuidado que tem com as plantas em
sua casa, inclusive fazendo sua podagem.
Aí, quer dizer, cuido das plantas, por que lá em casa tem um monte de plantas. Eu, o jardim tá até precisando de uma podagem, eu faço essa podagem. [PIX.48]
4.4.3 Tema: Contribuição do curso na fase de transição pra aposentadoria
A partir do protocolo de entrevista, emergiram três categorias:
conscientização, minimização do sofrimento e superação do medo.
Resende (2006) enumera algumas das vantagens do Programa de
Preparação para a Aposentadoria para o trabalhador como facilitar a transição da
identidade profissional para a pessoal e motivar o participante do curso a
desenvolver outros papéis em que podem sentir-se úteis na comunidade da qual
fazem parte e elevar sua auto-estima.
87
No que concerne à conscientização, a participante relata que, para ela, a
maior contribuição do curso foi a de conscientizar os participantes de que a
aposentadoria é uma outra fase da vida e que pode ser vivida sem ociosidade.
A contribuição maior que eu acho, do curso, é a conscientização através das atividades que são desenvolvidas durante o curso por que são todas atividades direcionadas para as pessoas que se aposentam. Mostrando que a sua vida de aposentadoria não vai ser uma vida ociosa, que você vai ter que se ocupar, certo? Então eu acho assim, que foi a contribuição maior foi essa, no sentido de conscientizar, de levar você a perceber que isso é uma fase da vida e que ela deve ser vivida. E que você vai preencher essa fase da vida! Acho que é nesse sentido. [PIX.69]
Quanto à minimização do sofrimento, o curso possibilitou que ela
vivenciasse o processo de aposentadoria de uma forma tranqüila, sem sofrimento
diante do porvir.
Na verdade, eu devo assim a o a minha conscientização pra me aposentar e me aposentar assim sem sofrimento, sem nada eu devo justamente ao curso. Não sei explicar bem foi isso, foi isso, foi isso, mas eu sei na minha cabeça o sentido de que eu, né, me aposentar sem medo, mais tranqüila, sem medo. [PIX.73]
E, com relação à superação do medo, ela afirma que o curso ajudou a
minimizar o medo que sentia de aposentar-se. Segundo ela, provavelmente, se
tivesse o direito ao abono de permanência, teria continuado a trabalhar.
...na verdade eu estava com medo de me aposentar. Se eu não estivesse com medo, na hora que fiquei sabendo que podia, eu teria pedido minha aposentadoria na hora. Mas eu não pedi. Ainda procurei saber se tinha direito ao abono pecuniário e eu não tinha mais. Já tinha passado. Não tinha mais direito. Quer dizer, se me tivesse dado o direito, talvez eu tivesse ainda continuado, não teria feito o curso! [PIX.86]
O depoimento acima retrata que houve mudança de comportamento da
participante do curso, proporcionada pelo programa, ao relatar que pôde vivenciar o
momento de transição à aposentadoria de forma mais tranqüila, havendo uma
minimização do medo que sentia de aposentar-se.
88
4.5 GRUPO 03 – SERVIDOR QUE NÃO FEZ O CURSO E NÃO SE
APOSENTOU
Nesta pesquisa foi entrevistado um professor que não fez o curso de
preparação para aposentadoria e não se aposentou mesmo já tendo atingido os
critérios para aposentar-se.
A partir do protocolo de entrevista foram construídos dois quadros-temas
(apêndice C).
Os temas levantados, tendo por base os objetivos da pesquisa foram:
a) O que levou o professor a optar por continuar trabalhando
b) Utilização do tempo livre
No primeiro, destacaram-se três fatores que o levaram a continuar
trabalhando: a questão financeira, a sensação de ser útil no trabalho que realiza e
o relacionamento que mantém com os colegas de trabalho. Enquanto que, no
quadro-tema sobre como utiliza seu tempo livre, surgiram as categorias trabalho e
trabalho voluntário.
4.5.1 Tema: O que o levou a optar por continuar trabalhando
O entrevistado relata que o aspecto financeiro foi relevante na sua decisão
de continuar trabalhando. Ele recebe o abono de permanência, com isso por
enquanto não há diferença no seu orçamento. No entanto, ao solicitar a
aposentadoria, deixará de receber o referido abono e será descontado em seu
salário de aposentado.
Então, por causa disso, no final do outro ano, em 2008 eu recebi o abono. Aí agora ele é o que... A partir do momento que eu oficializar a aposentadoria, passa a haver o desconto no meu salário. Enquanto eu estiver aqui, estamos empatados zero a zero. Eles tiram e colocam. Esse não é o principal motivo, mas é um dos fatores que... mas a qualquer momento eu estou livre e desimpedido pra ir embora. [PX.15]
89
Um outro aspecto mencionado foi o sentimento de utilidade, de poder
contribuir com seu trabalho para a instituição. Ainda tem condições de colaborar
bastante com seu trabalho.
Eu não me sinto ainda assim... totalmente... eu sinto que posso colaborar, produzir, entendeu? [PX.16]
A categoria relacionamento surge também no protocolo de entrevista e é
considerado, pelo entrevistado, como o fator mais importante para que continue
trabalhando. Segundo ele, sente-se aceito pelos colegas de trabalho e isso faz com
que permaneça trabalhando na instituição.
E também que é mais importante, é que eu sou uma pessoa assim é...é...é... tenho...não tem rejeição no pequeno grupo, entendeu? Então isso faz com que eu permaneça aqui nas minhas atividades laborais. [PX.17]
4.5.2 Tema: Utilização do tempo livre
No relato do professor quanto ao tema da utilização de seu tempo, ele afirma
não ter tempo livre disponível pelo fato de trabalhar os dois expedientes. No entanto,
logo em seguida menciona que, nos finais de semana, dedica-se a realizar trabalho
voluntário na instituição religiosa que freqüenta.
Eu não tenho tempo livre. Eu trabalho dois expedientes. [PX.07] No sábado e domingo eu me dedico à religião. Eu participo com minha esposa, de um trabalho de evangelização infanto-juvenil e colaboro na livraria da Federação Espírita do Rio Grande do Norte. Ah! E tem cargo no conselho deliberativo, sou secretário. E também ajudo lá na livraria, nos fins de semana. [PX.08]
4.6 GRUPO IV – SERVIDORES QUE NÃO PARTICIPARAM DO CURSO E SE
APOSENTARAM
Esse grupo é constituído por dois professores que não participaram do curso
e se aposentaram nos três últimos anos, período da implantação do Programa de
Preparação para a Aposentadoria no IFRN.
90
Essa escolha por professores que tenham se aposentado após a
implantação do Programa na instituição justifica-se pelo fato de se buscar saber se
eles tinham conhecimento da existência do curso, o que sabiam sobre seus
objetivos propostos e por que não participaram do Programa. Os quadros-temas
elaborados a partir dos protocolos de entrevistas com os participantes desta
pesquisa, cujos temas estão relacionados aos objetivos deste trabalho são
(APÊNDICE D):
a) Relação entre trabalho e aposentadoria
b) Utilização do tempo;
c) Processo de transição para a aposentadoria; e
d) A aposentadoria está sendo como esperava?
4.6.1 Tema: Relação entre trabalho e aposentadoria
A aposentadoria é um processo que se realiza a longo prazo, inciando-se
desde antes do servidor afastar-se de suas atividades e se estendendo até um
tempo após se aposentar Atchley (1989) apud (FRANÇA; VAUGHAN, 2008).
Na fala dos entrevistados estão presentes, enquanto categorias, o prazer com o
trabalho que realiza, a pressão sofrida pelo aumento da carga horária de trabalho e
o cumprimento da legislação quanto ao cumprimento de um período de trabalho
devido à licença tirada para cursar a pós-graduação.
Um dos professores relata que optou por continuar trabalhando mesmo já
tendo o direito de solicitar sua aposentadoria por que gostava do trabalho que
realizava fosse como docente ou na área administrativa, enquanto possuidor de
função de chefia de departamento.
Em primeiro lugar por que eu gostava. Sempre gostei do meu trabalho, tá certo? Seja como professor, seja como chefe de departamento, eu sempre me dediquei a meu trabalho. [PXI.21]
O outro participante desse grupo menciona que começou a refletir sobre a
possibilidade de aposentar-se devidos às pressões sofridas com relação à carga
91
horária, que foi aumentada. No entanto, ao buscar, no Departamento de Recursos
Humanos, saber sobre seu tempo de serviço, soube que, apesar de ter preenchido
os requisitos para se aposentar não poderia solicitar esse benefício por que teria que
cumprir dois anos de efetivo exercício, enquanto cumprimento à legislação sobre
afastamento para cursar pós-graduação. Ou seja, não foi a professora que decidiu
continuar trabalhando. Ela havia solicitado redução de carga horária, por dois anos,
para cursar o Doutorado. Com isso, só poderia afastar-se após cumprir dois anos de
efetivo trabalho, após o retorno da licença.
A minha decisão de me aposentar foi assim: uns dois anos antes da aposentadoria mas sempre eu tive essa idéia de que a aposentadoria era um prêmio, né! Um prêmio pelo meu esforço, pelo meu trabalho, pelo que eu dei à sociedade. De uma forma participativa, porque durante esse tempo que eu tive, eu tive participando de tudo, né, então eu sempre achei que a aposentadoria era um prêmio de liberdade, dessa liberdade que eu queria conseguir, então... quando chegou assim uns dois anos eu tive a primeira vontade, porque eu comecei a me sentir um pouco pressionada pela quantidade de horário e fui lá no Departamento de Pessoal e eu não tinha tempo! [PXII.50] Mas aí o que acontecia? Eu tinha feito o doutorado e como eu tinha feito, pedido uma liberação de 50% da carga horária eu tive que ficar o resto do tempo. Então estou ótima! Tá ótimo! Sabe? Porque eu penso exatamente, sabe? Fui maturando...sabe... fazendo uma...reflexão sobre as coisas ... então eu tive esse tempo que não foi nem eu que decidi, né? Mas que foi ótimo pra mim! Então já fui me preparando né! [PXII.51]
4.6.2. Tema: Utilização do tempo
No que se refere ao tema utilização do tempo, emergiram seis categorias. Os
afazeres domésticos que despendem o tempo e ocupam toda a manhã para um
dos entrevistados; os estudos, para outro entrevistado, com a decisão de cursar
uma faculdade após a aposentadoria; o lazer presente no discurso dos dois
participantes; e ainda os cuidados com a saúde, a família.
Com relação aos afazeres domésticos, categoria comum aos participantes
do curso, independente de terem se aposentado; um dos participantes menciona
que, no turno matutino, todos os dias, realiza tarefas domésticas pois, como ele
mesmo justifica, não têm empregada doméstica, a mulher trabalha fora e a filha faz
92
pós-graduação, não dispondo de tempo para os cuidados com a casa, ficando com
ele, a responsabilidade por cuidar das tarefas domésticas.
...na verdade eu passo todas as manhãs trabalhando. Na minha casa nós resolvemos, não é? Em função de de de desavenças com empregadas domésticas, deixar de ter empregadas domésticas. Então só tem eu pra fazer, deixar é... preparar o almoço todas as manhãs, entendeu? Então isso me leva a manhã toda! [PXI.28] De 8h até 11h fico ocupado na cozinha, depois vou buscar minha esposa. [PXI.30] Aí quando dá 6h vou pra cozinha de novo lavar a loucinha que eu adoro, certo? [PXI.33]
Com relação aos estudos, a entrevistada relata estar cursando uma
faculdade desde que se aposentou. Na oportunidade, ela cursa a graduação, como
ela mesma menciona, usando do máximo de sua liberdade para freqüentar a
instituição de ensino. Com isso, por exemplo, ela só freqüenta a Universidade três
vezes por semana. Para ela, essa possibilidade de usufruir dessa liberdade, torna
seu estudo mais prazeroso. Seu objetivo com essa graduação é poder trabalhar sem
vincular-se a uma instituição na qual teria que cumprir horários institucionais
obrigatórios.
... estou fazendo Psicologia na UNP... Então estou usando o máximo dessa minha liberdade de escolha. Então estou fazendo o curso da UNP, pra mim é liberdade máxima! Eu to fazendo meu curso, três dias na semana! [PXII.17]
Aí agora estou estudando né, estudando com afinco, estudando muito mas é muito prazeroso, o curso de Psicologia!... [PXII.47] ...então é isso que eu to preenchendo minha vida agora, depois de aposentada. Vou estudar e querer depois trabalhar em coisas assim sem ser institucional sabe?... [PXII.49]
Resende (2006) considera a importância da reeducação nessa transição do
trabalhador. França (1999) relata que o aproveitamento da mão-de-obra da pessoa
com mais idade, pelas empresas, gera uma reflexão sobre o trinômio escola-
trabalho-aposentadoria que, segundo ela, não precisa necessariamente seguir essa
ordem.
93
A categoria lazer está presente no discurso dos dois participantes. Para um
deles, estão entre as atividades prazerosas que realiza, assistir filmes, ler e cuidar
de seu cachorro. E ainda, às vezes, aos sábados, como ele mesmo afirma, vai a um
barzinho que tem próximo à sua casa e fica um tempo por lá, retornando em
seguida, para sua casa.
Aí, não! Vou assistir um filme até 3h, vou ler um livro e cuidar do meu cachorro. [PXI.32] No sábado pela manhã é que às vezes, né, eu saio um pouquinho aí tem tem, na minha rua tem um barzinho, não é? Aí eu vou lá e converso de 8h até 9h, aí já venho pra casa e já fico na minha casa e pronto. [PXI.17]
Para o outro participante, o lazer está relacionado a administrar seu tempo
de forma que possa fazer, ao longo do dia, o que lhe dá prazer, como ir ao shopping
e ao cinema.
...Então assim eu to administrando o tempo agora, antes já administrava, conseguia administrar mas agora eu tenho muito mais liberdade né? De noite eu só faço lazer sabe? Vou ao shopping quase todos os dias pra ver a praça (risos) vou pro cinema sabe? Faço tudo ou não faço naaaaada! Então estou administrando meu tempo com muito mais facilidade. Eu... o resto do dia é todo administrando coisas que me dão o maior prazer. [PXII.57]
Também foi mencionado nas entrevistas, o cuidado com a saúde presente
no discurso de um dos participantes ao relatar que freqüenta diariamente uma
academia pra práticas de atividade física.
... antes eu faço academia, certo. Então todo dia faço... é é é vou pra academia 7 horas da manhã. Então já me ocupo das 7h até 8h. [PXI.29]
Outra categoria que emergiu foi referente à família, citada por apenas um
participante ao expor a disponibilidade que passou a ter para estar com a família.
Tempo esse que agora é compartilhado com mais “leveza”, conforme explicitado
pela entrevistada.
Eu sempre gostei muito de ser mãe, de ser avó, sabe? É maravilhoso, tem muita responsabilidade mas é muito bom. Então é isso aí também né? É um tempo muito gostoso que agora estou fazendo com mais leveza, né? [PXII.58]
94
4.6.3 Tema: Processo de transição para a aposentadoria
Esse tema está voltado para buscar identificar como se deu o processo de
transição para a aposentadoria para esses professores desde quando começaram a
refletir sobre a possibilidade de usufruir desse benefício até o requerimento do
mesmo. Foram identificadas quatro categorias originadoras da decisão em
aposentar-se: o cansaço devido ao acúmulo de turmas, o que gera a fadiga; a
sobrecarga do trabalho como originadora desse cansaço; a política e a saúde.
A sobrecarga do trabalho é mencionada por um dos participantes desse
grupo. Para ela, o trabalho é apenas uma das várias esferas da vida, é “uma parte
de sua existência”. No entanto, o que as instituições buscam é a dedicação de seus
funcionários, espera-se que eles trabalhem em demasia. Então a professora se viu
com uma sobrecarga de trabalho o que a levou a refletir sobre a possibilidade de
aposentar-se.
a preparação, no meu caso, foi... eu fui naturalmente, sempre eu achei que o trabalho é uma parte da vida, então eu sempre achei isso independente de qualquer discurso exterior, quer dizer, as pessoas querem que as pessoas trabalhem muito! A instituição veste a camisa! A instituição é você! E eu não acho, nunca achei nada disso! Eu sempre acho que qualquer instituição é uma parte da sua existência. Que é muito mais, é muito maior... [PXII.40]
Sua fala é reforçada em outro momento, ao mencionar o cansaço que
passou a sentir no decorrer do trabalho.
Agora eu comecei a me sentir muito cansada! Porque antes eu ensinava no nível superior, tinha também que diminuir no nível médio. E no último ano foi muito estressante assim eu nem imaginava que seria tão estressante! Porque eu fiquei no nível superior, com 3 disciplinas diferentes, porque uma coisa é você ensinar no nível médio, você chega em cinco turmas bem, mesmo os meninos sendo muito medonhos mas tudo bem. É só uma questão de comportamento mas nunca tive problemas com isso! Mas você ensinar Geografia Urbana, Geografia da População, Lazer e Urbanismo e ainda depois ser cobrada estando com 2 turmas do primeiro ano do segundo grau. Então aí eu fui me sentindo sufocadíssima! E como eu já tinha tempo pra aposentadoria, isto é, já ia completar tempo pra aposentadoria achei melhor refletir: olha, as coisas só é boa enquanto for prazerosa, então, eu adoro ensinar, adoro! Agora chega um ponto que... aí sabe! Eu trabalho há muito tempo, vou lá ver se tenho tempo! [PXII.32]
... Aí fiquei sobrecarregada, então chegou meu limite, né! [PXII.34]
95
Para o outro entrevistado, um dos motivos de solicitar sua aposentadoria foi
a questão de saúde. Ele tirou licença para tratamento de saúde e, ao voltar ao
trabalho, ficou com receio de adoecer novamente. Daí requereu a aposentadoria.
Bom. A minha aposentadoria. Ela ocorreu muito mais em face, face um problema que tive. Eu tive um problema no joelho. Eu passei de licença. Estava de licença mas passei doente. Depois foi caracterizada uma necrose no joelho, não é? Aí eu tive que passar 3 meses de licença médica, não é? E quando retornei. Então eu resolvi que, eu tive medo de voltar pra sala de aula e ter problema no joelho de novo não é? E voltar à licença médica, de novo. Então eu resolvi me aposentar. Essa foi uma das razões. [PXI.18]
Um outro fator determinante em sua decisão de aposentar-se foi a questão
política. Para ele, os excessos de “politicagens” na instituição reforçaram sua
decisão.
É. Uma das razões. A outra razão, certo, foi mais uma razão de foro íntimo assim... em relação à política. Eu senti a instituição é... muito mais por... é... excessos de de de politicagens, entre aspas, tá certo? Então é o tipo de coisa que eu não gosto de me envolver. Foi mais uma razão pra eu deixar. [PXI.19]
4.6.4 Tema: A aposentadoria está sendo como esperava?
Nessa temática, surgiram Outros fatores que emergiram foram a família, e
também a liberdade, aqui enquanto possibilidades de escolhas. Foram
mencionados também as relações sociais, trabalho e a questão financeira.
Enquanto um dos entrevistados expôs que para ele a aposentadoria é uma
conquista, um prêmio, a possibilidade de fazer algumas coisas que tem vontade,
com liberdade, esta proporcionada por essa nova etapa de sua vida; o outro
participante sente-se, de certa maneira, aprisionado, pois a necessidade de ficar em
casa durante todo o dia, cuidando dos afazeres domésticos, gera nele essa
sensação de aprisionamento, sente-se solitário, não apresentando-se a
aposentadoria, para ele, como ele esperava que fosse.
O entrevistado que relatou sua percepção da aposentadoria como uma
conquista após anos de dedicação ao trabalho, reforça seu discurso quando
96
menciona que a aposentadoria é um privilégio de não ter obrigação de cumprir
determinados horários institucionais e tendo com isso a liberdade de escolhas
anteriormente não possíveis devido às obrigações institucionais a serem cumpridas.
Eu acho assim, que a minha aposentadoria foi uma grande conquista. Eu
acho que a aposentadoria não é nada a não ser uma conquista. [PXII.44]
...eu tenho o privilégio, é isso que eu digo eu tenho o privilégio, puxa vida!
Eu estou com o privilégio de não ter essas obrigações entendeu ? Eu tenho
esse privilégio. [PXII.48]
...eu tive essa idéia de que a aposentadoria era um prêmio, né! Um prêmio pelo meu esforço, pelo meu trabalho, pelo que eu dei à sociedade. De uma forma participativa, porque durante esse tempo que eu tive, eu tive participando de tudo, né, então eu sempre achei que a aposentadoria era um prêmio de liberdade, dessa liberdade que eu queria conseguir, então... [PXII.50]
A categoria aberta família está presente no relato de um entrevistado ao
mencionar que, devido à obrigação de ficar em casa, isso gera nele a sensação de
estar aprisionado de acordo com o discurso a seguir:
Então, quer dizer, isso e essa obrigação um pouco de ficar em casa. Eu tenho minha esposa e tenho minha filha. Minha esposa trabalha pela manhã e à tarde, certo? Então não tem quem fique em casa e eu tenho um cachorro que a gente gosta muito, certo? E minha filha estuda o dia todo e todo dia ela tem que estudar por que ela tá terminando já o mestrado e precisa estudar. Então ela não pode tomar conta das coisas. Então eu tenho que estar presente, certo? [PXI.36]
Seu discurso é reforçado na fala a seguir:
Então isso atrapalha um pouco... podia ir à Brasília, poderia ir que eu tenho família lá, passar uns dias. Mas em azão desse né, contexto! Aí eu fico um pouco preso. [PXI.38]
Então, para ele sua aposentadoria não está sendo como imaginava que
seria, ele gostaria, por exemplo, de viajar, no entanto, não vislumbra essa
possibilidade, por enquanto,
Mas eu gostaria de quê, meu filho mora em Porto de Galinhas. Eu gostaria de ir lá passar uma semana, tá compreendendo? Mas não em função até de da minha esposa e de de de de minha filha, entendeu? [PXI.37]
97
Em outro momento, ele relata a solidão que vivencia, às vezes,
Às vezes eu fico assim por que tem dias que eu não troco nenhuma palavra com ninguém, certo? Então é uma coisa que realmente me machuca um pouco, sabe? De eu ser assim um pouco anti-social. [PXI.17]
Afirma não sentir falta do trabalho em si, pois trabalha em casa todos os
dias, mantendo-se ocupado,
Olhe, na verdade eu não vou dizer que sim, certo? Por que envolve questões que são, vão além da... do meu, do meu dia-a-dia assim... por exemplo, então eu não sinto falta de trabalho, tá certo? Eu não sinto falta do trabalho. Por que na verdade eu passo todas as manhãs trabalhando. [PXI.28]
E, esse mesmo participante, afirma que, apesar de tudo o que expôs o que
ele sente mais, o que o surpreendeu na aposentadoria foi a perda financeira que se
sucedeu. Então, ele não está gostando muito da experiência de estar aposentado
porém, o que gera esse não gostar dele com maior ênfase é o aspecto financeiro
mesmo.
... na verdade hoje eu poderia até dizer assim, que não estou gostando muito mas não sobre esses fatores assim... é mais um fator da perda de uma questão financeira que possuía. Que quando eu me aposentei eu tinha uma certa reserva. O meu salário era um. Assim que me aposentei, com pouco tempo, foi suspenso o Bresser, né? E, além disso, parte da reserva que eu tinha eu tive que pagar uma, a uma empregada doméstica na justiça. [PXI.34]
A seguir o quadro 4.1 é uma síntese das categorias identificadas na pesquisa
e auxilia na visualização das categorias comuns e as que diferem entre os grupos
pesquisados.
101
GRUPO CONTINUAR TRABALHANDO
UTILIZAÇÃO DO TEMPO
CONTRIBUIÇÃO DO CURSO
COMO IMAGINA QUE SERÁ A
APOSENTADORIA
RELAÇÃO ENTRE TRABALHO E
APOSENTADORIA
PROCESSO DE TRANSIÇÃO PARA
A APOSENTADORIA
APOSENTADORIA ESTÁ
SENDO COMO ESPERAVA?
Grupo I
- Prazer no trabalho - sentir-se útil -relacionamentos sociais - financeiro
-afazeres domésticos - trabalho - voluntariado - lazer -relacionamentos sociais
-relacionamentos sociais - financeiro - saúde - trabalho -administração do tempo
- trabalho -relacionamentos sociais - lazer - voluntariado - família
Grupo II
-afazeres domésticos - trabalho - família - Saúde - lazer
- conscientização -minimização do sofrimento - superação do medo
- insegurança
Grupo III
- financeiro - sentir-se útil -relacionamentos sociais
- trabalho - trabalho voluntário
Não pensa em se aposentar
Grupo IV
-afazeres domésticos - lazer - estudos - saúde - família
- prazer no trabalho - carga horária - cumprimento da legislação
- cansaço - sobrecarga - política - saúde
- relações sociais - financeiro - família - liberdade - trabalho
Quadro 4.1 Síntese dos resultados
Fonte: Elaborado pela pesquisadora a partir da análise interpretativa. 2010
99
O quadro 4.1 demonstra que a questão financeira, os relacionamentos
sociais e a sensação de sentir-se útil são fatores comuns que levaram os servidores
a continuar trabalhando independente de terem participado ou não do curso. O que
difere entre esses dois grupos é o prazer no trabalho que surgiu entre os
participantes do curso que não se aposentaram. Prazer no trabalho realizado
também foi identificado no discurso de quem se aposentou e não fez o curso.
Quanto à utilização do tempo a categoria afazeres domésticos só não foi
mencionada pelo entrevistado que não participou do curso e não se aposentou;
estando, esta categoria, presente nos demais grupos.
Ainda nesse tema, a categoria lazer apenas não está presente no discurso
do servidor que não participou do curso e não se aposentou. O servidor justifica que
trabalha os dois expedientes não tendo, por isso, tempo para o lazer.
A categoria voluntariado aparece, no tema referente à utilização do tempo,
nos grupos dos servidores que não se aposentaram, independentemente de terem
participado ou não do curso. E surgiu, também no primeiro grupo como atividade a
ser realizada ao se aposentar.
Os cuidados com a saúde estão entre os que se aposentaram, também
tendo ou não feito o curso.
A categoria trabalho surge apenas entre os participantes do curso.
A atenção dada à família também aparece apenas no discurso dos que já se
aposentaram.
Quanto às contribuições do Programa de Preparação para a Aposentadoria
não houve categorias comuns entre os que participaram e não se aposentaram e o
servidor que se aposentou, ou seja, não houve contribuições comuns do curso para
esses dois grupos.
No que se refere à relação entre trabalho e aposentadoria, também não
houve semelhanças nesse tema, pois apenas a servidora que participou do curso e
se aposentou relatou a insegurança que sentia diante da aposentadoria.
100
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Conforme apresentado anteriormente, o presente estudo teve como objetivo
principal, compreender como os professores do IFRN – Campus Natal Central –
vivenciam a transição para a aposentadoria.
Neste trabalho, ainda foi possível identificar, através dos objetivos
específicos, os fatores que levaram os professores por continuar trabalhando;
conhecer de que forma o tempo livre é utilizado pelos servidores que ainda não se
aposentaram e de que forma os professores aposentados ocupam seu tempo;
conhecer as expectativas dos servidores diante da aposentadoria; conhecer como
está sendo a aposentadoria para os professores que se aposentaram; e identificar
se o Programa de Preparação para a Aposentadoria contribuiu para a re-significação
da aposentadoria.
Os sentimentos que estiveram presentes nos diferentes estágios do
processo de aposentadoria foram a insegurança; o medo do futuro após a
aposentadoria; o susto diante da idéia de ter tanto tempo livre, após a
aposentadoria.
Os fatores que levaram os professores a optar por continuar trabalhando
foram o prazer no trabalho que realiza; sensação de utilidade; os relacionamentos
sociais mantidos no trabalho e a partir dele. O prazer no trabalho possivelmente
devido ao fato da própria realização da atividade ser um dos pontos positivos que o
trabalho proporciona ao trabalhador (FRANÇA, 1999).
No que se refere à sensação de sentir-se útil, é provável que isso aconteça
devido à associação que muitas vezes é feita entre os termos aposentadoria e
idade. Ou seja, a aposentadoria é comumente associada à velhice e à inutilidade
social indicando esse momento como decadente, revelando nesse caso, o sentido
de que o aposentado é aquele que retorna aos aposentos (VERAS, 2003).
Na visão masculina, estar aposentado significa, muitas vezes, avocar uma
dimensão de desvalorização social por que com o afastamento do trabalho ele
passa a não dispor mais do status que o trabalho lhe conferia, nem as
responsabilidades e o prestígio que são próprios da atividade realizada. O que difere
das mulheres, pois estas, com a aposentadoria permanecem nas atividades
101
domésticas mantendo seu papel social. Para a mulher, a ruptura acontecerá não no
momento da aposentadoria mas com a viuvez (WITCZAK, 2005).
Quanto aos relacionamentos sociais mantidos no trabalho e a partir dele,
Existe a crença de que os relacionamentos sociais podem diminuir com a
aproximação da aposentadoria. Isso pode acontecer, principalmente com aqueles
que limitam suas amizades ao ambiente de trabalho; local que propicia a
aproximação pelos interesses em comum que são ali estabelecidos, em torno das
atividades a serem realizadas. No entanto França (2002) assinala que se os
interesses e as atividades forem diversificados o estabelecimento e manutenção dos
vínculos sociais serão favorecidos.
Para Muller (1992) apud DEBETIR e MONTEIRO (1999) a dificuldade que o
indivíduo vivencia no momento de afastar-se do trabalho, deve-se, principalmente,
porque ele ainda percebe-se como possuidor de suas capacidades, física, mental e
psicológica, reforçando os discursos dos entrevistados sobre o prazer no trabalho e
o sentimento de utilidade enquanto fatores para continuarem trabalhando.
Diante do tempo livre os servidores que não se aposentaram relataram que
o utilizam com os afazeres domésticos; com o trabalho voluntariado; o lazer
(passeios, viagens); a manutenção dos relacionamentos sociais; cuidados com a
saúde, através da prática de atividade física; e atualizando-se para realizar melhor
seu trabalho.
Já os professores que se aposentaram ocupam o tempo que têm disponível
com os cuidados com a família; com os afazeres domésticos; continua trabalhando,
em outra atividade; cuidados com a saúde, através da prática de atividades físicas;
retorno aos estudos (cursando faculdade) e com lazer.
O tempo é um aspecto também importante a ser considerado porque ao
aposentar-se, uma nova necessidade social se impõe ao indivíduo para que
“disponha de si para si mesmo” (WITCZAK, 2005.p. 33). Ou seja, o tempo que antes
o indivíduo gozava, era imposto pela empresa, pelas instituições sócio-políticas ou
familiares mas ao aposentar-se, não se trata mais de gozar o tempo livre disponível
mas sim de ocupar esse tempo que antes era ocupado pelo trabalho.
Quanto às expectativas dos servidores diante da aposentadoria foi
identificada a insegurança diante do desconhecido.
102
Nos depoimentos dos servidores que se aposentaram sobre como está
sendo a aposentadoria para eles destacaram-se a possibilidade de fazer coisas que
têm vontade, com liberdade proporcionada pela aposentadoria.
Essa é uma das possibilidades de significado da aposentadoria para o
trabalhador, quando finalmente não precisará mais realizar uma determinada
atividade, libertando-se de horários a serem cumpridos, de rotinas, podendo
vivenciar o prazer dessa liberdade (FRANÇA, 2008)
No entanto houve também o relato de um servidor que menciona sentir-se,
de certa forma, aprisionado, devido à necessidade de ter que ficar em casa cuidando
dos afazeres domésticos, quando poderia viajar e afirma, ainda, que sente-se
solitário.
Isso pode acontecer, principalmente com aqueles que limitam suas
amizades ao ambiente de trabalho; local que propicia a aproximação pelos
interesses em comum que são ali estabelecidos, em torno das atividades a serem
realizadas (FRANÇA, 2002).
Essa solidão sentida pelo participante reforça a insegurança revelada no
discurso de alguns participantes ao relatarem os relacionamentos sociais mantidos
no trabalho como um dos fatores geradores da opção por continuar trabalhando.
Com isso ressalte-se a importância da manutenção de vínculos sociais não apenas
no trabalho mas também fora dele.
Ao comparar os grupos participantes e não participantes do curso de
Preparação para a Aposentadoria, os discursos dos entrevistados demonstram
similaridades em alguns aspectos. Os motivos que levaram os servidores a continuar
trabalhando são os mesmos tanto para os participantes como os não participantes
do curso preparatório para a aposentadoria.
Quanto à utilização do tempo também houve fatores comuns tanto para
quem participou ou não participou do curso. Não havendo, portanto diferenças
significativas entre esses grupos.
Quanto à percepção dos servidores sobre a contribuição do Curso de
Preparação para a Aposentadoria na re-significação desta, houve contribuições sim.
Foram citados o resgate das antigas amizades; cuidados com a saúde; as atitudes a
serem tomadas no âmbito familiar, quando se aposentar; a conscientização de que a
aposentadoria é uma outra fase da vida e que pode ser vivida sem ociosidade,
103
possibilitando vivenciar esse processo de uma forma tranqüila, minimizando o medo
e sem sofrimento diante do futuro.
Portanto, refletir sobre a aposentadoria é refletir sobre suas implicações nas
diversas esferas da vida nessa nova fase do indivíduo, que não deve ser associada
à idéia de velhice, de morte, mas que está entre a maturidade e a velhice
(STUCCHI, 2003), repleta de possibilidades.
Esta pesquisa limita-se pelo fato dos resultados apontados neste estudo de
caso, através da pesquisa qualitativa, apesar de suas contribuições, não se visualiza
sua generalização.
Para estudos futuros, sugere-se a realização desse tipo de investigação com
os servidores técnico-administrativos e ainda, um outro para verificar se existem
diferenças na forma de vivenciar a aposentadoria para os trabalhadores que
exercem essas funções.
104
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APÊNDICES
APÊNDICE A
SERVIDORES QUE FIZERAM O CURSO E NÃO SE APOSENTARAM
QUADROS-TEMAS
TEMA:
O QUE O LEVOU A OPTAR POR CONTINUAR TRABALHANDO
Discurso na Linguagem do Professor Unidade de
Significado
Categoria
Aberta
Rede de
Significados
Asserções articuladas do discurso
PI.12 - Primeiro... é o seguinte: a atividade
de professor que eu exerço a a aqui...eu faço
com o maior prazer então praticamente não
é nem um trabalho é é um trabalho pra eu
me divertir
O trabalho realizado é prazeroso
Diverte-se com o trabalho que
realiza
Prazer no trabalho PI.12, PI.18
PIV.19, PVI.63
A atividade realizada é tão prazerosa que não é
considerada, pelo entrevistado, como uma
obrigação mas como uma diversão.
PI.13 - e...também aconteceu o seguinte: eu
implantei aqui a 2 anos atrás a equipe de
feminino que até...até...uns tempos atrás era
um tabu, era proibido, inclusive a gente
ainda continua com isso, algumas mães,
inclusive, tão, não querem... é as meninas no
futebol de salão e no futebol de campo,
então existe todo um preconceito
Trabalho inacabado Desafio e identificação
com o trabalho
PI.13, PI.14
PI.17
Implantação, a dois anos, de uma equipe feminina
de futebol. Modalidade anteriormente vista como
tabu e, segundo relato do professor, essa
atividade ainda enfrenta algumas dificuldades
como por exemplo, o de algumas mães não
aceitarem que suas filhas joguem; representando
um desafio para o entrevistado.
PI.14 - eu comecei esse trabalho né e me
identifiquei demais com o grupo
Identificação do professor com a
equipe do projeto
Desafio e identificação
com o trabalho
PI.13, PI.14
PI.17
O professor acompanha esse trabalho desde o
seu início e identifica-se com esse programa.
PI.17 - eu achei que ainda não tinha
terminado esse ciclo com esse grupo aqui,
ainda não tá ...implantado ainda pra ficar, um
negócio ainda definitivo né? E eu fiz essa
opção...
trabalho inacabado Desafio e identificação
com o trabalho
PI.13, PI.14
PI.16
Para o professor, esse trabalho ainda está em
andamento, ainda não está implantado
definitivamente. Então ele pretende continuar
envolvido com essa atividade até que ele esteja
encerrado, quando então se aposentará.
e principalmente depois que eu me
aposentei, eu aposentei que digo, que tô
com o direito, que adquiri o direito é que eu
venho pra escola com...até com mais prazer
né? [PI.18]
Após aquisição do direito de
aposentar-se, o professor vai ao
trabalho com mais prazer
Prazer no trabalho PI.12
PI.18
PIV.19
PVI.63
Após ter adquirido o direito de aposentar-se, vai
ao trabalho com mais prazer, não sentindo mais a
obrigação de trabalhar. Quando decidir aposentar-
se poderá fazê-lo pois já atingiu os requisitos
necessários.
PI.19 - Eu não sinto aquela aquela obrigação
de ter que vir pra a Escola, ter que dar aula,
ter que trabalhar, certo?
Trabalho não é percebido como
obrigação
Prazer no trabalho PI.12, PI.18
PIV.19
PVI.63
O trabalho não é percebido como uma obrigação.
O professor não carrega consigo a obrigação de
ter que ir para o local de trabalho e ministrar suas
aulas.
PI.21 - E eu acho que... e também encontro
aqui na Escola alguns ex-aposentados
também, que quando a gente se encontra...
Os ...aposentados aliás, desculpe! (risos).
Os aposentados que trabalharam comigo na
época né? E...a gente, às vezes, bate até
uns papos gostosos, então... me sinto bem
aqui dentro da escola
Possibilidade de reencontrar
colegas que já se aposentaram
Relacionamentos sociais PI.21 Sentir-se bem no ambiente de trabalho. Local que
possibilita encontrar ex-colegas, que já se
aposentaram, momentos em que conversam
agradavelmente.
PIII.15 - Bom eu acho que ainda tenho muita
contribuição a dar
Professor relata ter muito a
contribuir com seu trabalho
Sentir-se útil PIII.15, PIII.18
PIV.19,PIV.25
Professor acredita que ainda tem muito a
contribuir com o seu trabalho na instituição pois
relata ainda ter muita energia para continuar
trabalhando.
PIV.19 - ...primeiro eu tenho energia ainda
suficiente pra trabalhar
Professor ainda possui energia
para o trabalho
Sentir-se útil PIII.15, PIII.18
PIV.19,PIV.25
PIV.21 - Essa essa essa minha atividade ela
me revigora
Professor sente-se revigorado
com o trabalho que realiza
Atividade revigorante PIV.21 O trabalho renova suas forças.
PIV.23 - Às vezes, à noite eu chego
cansado. Tão cansado. Mas eu tenho que ir
né? Compromisso, tenho que ir. Aí começa a
aula, daqui a pouco pum pum pum pum borá
borá borá. “Professor, olha a hora!” Não
calma, tem mais assunto qui vai! “Professor
olha a hora!” Não senhor, vamos terminar o
assunto!. Quer dizer, né? Então me revigora
muito.
Apesar do cansaço o
compromisso com o trabalho é
mantido e ao chegar em sala de
aula, sente-se revigorado
Atividade revigorante PIV.23 Apesar do cansaço, há o compromisso com os
alunos. Então tem que ir ministrar aulas mesmo
não estando com muito ânimo. Mas aí, a dinâmica
da sala de aula vai envolvendo o professor e suas
forças vão sendo renovadas no decorrer do
trabalho.
PIV.15 - Eu acho que a questão de você
estar em contato com com o jovem, de você
estar em contato com o mercado de
trabalho, você se sente uma pessoa útil.
O contato com o jovem e com o
mercado de trabalho possibilita
o sentimento de utilidade
Sentir-se útil PIII.15, PIII.18
PIV.19,PIV.25
O constante contato com os jovens e também com
o mercado de trabalho faz com que a pessoa,
afirma o professor, sinta-se uma pessoa útil.
PVI.12 - Foi um bocado de fatores. Mesmo o
financeiro que, queira ou não, é um peso
A questão financeira pesa na
hora de decidir sobre
aposentadoria
Fator financeiro PVI.12,PVI.13
PVI.15
Vários fatores contribuíram para que optasse por
continuar trabalhando. Mas a questão financeira
foi determinante.
PVI.13 - e também aqui... eu me encontrar Reestruturar-se financeiramente Fator financeiro PVI.12,PVI.13 Primeiro reestruturar-se financeiramente pois veio
direito aqui, ainda to me achando, certo? PVI.14,PVI.15 transferida de outro estado e ainda está se
reestruturando.
PVI.14 - Em tudo! (risos) Por que depois de
23 anos eu trabalhando num lugar com toda
a estrutura, quando eu vim pra cá então eu
achei... agora que eu to me refazendo da
mudança.
Reestruturando-se
financeiramente após a
mudança
Fator financeiro PVI.12,PVI.13
PVI.14,PVI.15
Só agora, após seis anos que foi transferida é que
está começando a se refazer da mudança, a se
reorganizar.
PVI.16 - Se eu me aposentasse eu ia ficar
muito só
Possibilidade de sentir solidão
ao aposentar-se
Relacionamentos sociais PI.21, PVI.10
PVI.16,PVI.17
Com a mudança de outro estado, seus amigos de
toda uma vida ficaram lá, então ainda não fez
muitas amizades por aqui. Então, se se
aposentasse agora, acredita que sentiria muita
solidão.
PVI.17 - Aqui eu tenho contato com as
pessoas
Contato com outras pessoas Relacionamentos sociais PI.21, PVI.16
PVI.17
No trabalho, de qualquer forma está sempre
conversando com alguém, trocando idéias e não
se sente só.
PVI.18 - aqui eu me sinto mais produtiva Sente-se mais produtiva Sentir-se útil PIII.15,PVI.18 Sente-se útil por poder contribuir comk o seu
trabalho para a instituição.
PVI.63 - Mas dar minhas aulas, estar aqui
com você, to fazendo um projeto meu, isso é
uma realização muito mais minha do que
uma obrigação pra instituição! Tá
entendendo?
Trabalho percebido como
realização e não como
obrigação
Prazer no trabalho PI.12, PI.18
PI.19, PV.63
A possibilidade de ministrar aulas; de dedicar-se a
seus projetos é, para o professor, muito mais uma
realização profissional do que uma obrigação para
com a instituição.
TEMA:
UTILIZAÇÃO DO TEMPO LIVRE
Discurso na Linguagem do Professor Unidade de
Significado
Categoria
Aberta
Rede de
Significados
Asserções articuladas
do discurso
PI.30 - É... agora... (risos) é...é... o tempo livre é muito...nos
afazeres até de casa, né?
O tempo livre
voltado para as
atividades de casa
Afazeres
domésticos
PI.23, PI.36, PI.43,
PVI.22, PVIII.14
Tempo livre voltado para os
afazeres de casa.
PI.31 - ... gosto muito de plantas é...vivo...fazendo ... alguns jardins,
né, na casa do...não só lá em casa, na casa de alguns amigos
Gosto pelas plantas
o que o leva a
cuidar de alguns
jardins
hobby PI.31, PIII.33 Gosto por plantas. Com isso é
convidado por amigos para cuidar
de alguns jardins
PI.36 - papai também tem uma casa de praia, a gente sempre fica
lá...sempre passa o ano quase todo fazendo alguma atividade lá.
Porque é um negócio que quebra muito...
Casa de praia
requer bastante
manutenção
Afazeres
domésticos
PI.23, PI.36, PI.43,
PVI.22, PVIII.14
Casa de praia é um bem que
requer muita manutenção por
quebrar com freqüência. Então
sempre tem algo para consertar
PI.37 - acompanhando é...algumas equipes né.
Tá sempre atualizado pra ser chamado você tem que ta sempre
acompanhando mesmo que não esteja trabalhando mas eu to ali
olhando, assistindo, conversando com as pessoas né. Lendo,
relação me atualizar, em relação a... essa parte de treinamento né?
Muita televisão para poder acompanhar os jogos né?
Acompanhar o
desenvolvimento de
equipes, assistir
jogos em quadra ou
pela TV para
manter-se
atualizado
Trabalho PI.37, PII.24,
PVI.27, PVII.18,
PVII.19
Manter-se atualizado para melhor
desempenhar seu trabalho
PI.43 - Aqueles afazeres da casa, pintar a casa, por exemplo, o
apartamento e a casa de praia quem pinta sou eu
Manutenção da
casa
Afazeres
domésticos
PI.23, PI.36, PI.43,
PVI.22, PVIII.14
Pintar a casa,seja da cidade ou da
praia
PII.19 - nas férias normalmente eu viajo,
e... é... principalmente viagens de lazer
Geralmente realiza
viagens de lazer no
período das férias
Lazer PI.37, PII.19,
PII.24, PVI.27,
PVII.18, PVIII.12,
PVIII.18
Viagens de férias
PII.22 - Agora, no dia-a-dia, fora das férias, o meu tempo eu Tempo preenchido Atividades sociais PII.22 Atividades sociais
preencho muito com atividades sociais, algumas atividades né? com atividades
sociais
PII.24 - com... é... aprofundamento de estudos...
como eu tenho também esse trabalho de pesquisa, então queira ou
não queira a gente tá sempre... mesmo em casa, a gente tá sempre
sendo solicitado por estudantes que estão fazendo suas pesquisas.
também dou muito suporte a um filho que está fazendo engenharia,
nas disciplinas, que têm a minha área também, eu dou um suporte
em casa, á noite...
Trabalho como
prazer
Trabalho PI.37, PII.24,
PVI.27,
PVII.18, PVII.19
Estudar para a pesquisa que
realiza; atualizar-se em sua área,
são formas de capacitar-se para
realizar seu trabalho
PIII.27 - quando eu posso, viajo! Quando posso, vou à praia!
Quando posso, vou ao interior também, certo? Visitar familiares e
amigos.
viagem e visita a
familiars sempre
que possível
Lazer PI.37, PII.19,
PII.24,
PVI.27, PVII.18,
PVIII.12, PVIII.18
Viagens, passeios e visita a
parentes
PIII.33 - e também gosto de ler e escrever Gosto pela leitura e
confecção de livros
hobby PI.31, PIII.33 Gosto pela leitura e escrita
PIV.39 - Descansando. Fico em casa! Às vezes, como moro em
Cotovelo, dou uma volta na praia. Fico vendo um filme. E agora,
violão, vou ter que exercitar violão, vou ter que ter um tempinho pra
exercitar o violão. Ás vezes saio, uma vez ou outra, vou prum
barzinho, uma pizzaria, faço mais naaaaaaaaada.
Ficar em casa
descansando,
caminhar na praia,
assistir filmes, tocar
violão e sair à noite
são opções de
entretenimento
Lazer PI.37, PII.19,
PII.24,
PVI.27, PVII.18,
PVIII.12, PVIII.18
Caminhadas na praia, filmes,
violão, sair à noite
PV.28 - me cuidando por exemplo: me acordo, em torno de 3h45min
manhã, hoje acordei às 3h30min! Me acordo às 3h45min pra
caminhar, das 4h às 5h, 5h e pouco
Acordar cedo para
caminhar como
forma de cuidado
com a saúde
Saúde PV.28 Cuidados com a saúde
PV.30 - Aí dependendo da hora... aí à noite eu tenho um, digamos
assim, alguns compromissos particulares mais voltados pra parte
assim... a questão voluntária, né? O voluntariado. Quando me
aposentar eu vou... tempo integral ao voluntariado.
Realização de
trabalho
voluntariado com
pretensão de
executá-lo em
Voluntariado PV.30 Trabalho voluntariado
tempo integral ao
aposentar-se
PV.31 - sem falar no meu lazer né? É ... a leitura! Eu sou
simplesmente apaixonado! Quando eu compro um livro olhe! Eu não
trouxe nada hoje mas to com o livro, quando parar em to lendo! Tá
aqui marcada a página, deixa eu ver... a leitura pra mim é... eu sou
viciado! Mas é viciado mesmo! É um vício danado!
E também filmes, né? Eu adoro filme. Eu tenho 480 filmes mais ou
menos guardados pra todo dia... eu to montando uma sala pra mim,
pra família, lógico! Pra eu no caso pra... e todo dia assistir um filme
por que... enfim...
E a leitura... Só pra você entender, atualmente eu tenho cerca de
uns 240 livros comprados pra ler, na fila de espera! Esses livros
todinhos pra ler e... é muito gostoso
Leitura e filmes
como paixões
Lazer PI.37, PII.19,
PII.24, PVI.27,
PVII.18, PVIII.12,
PVIII.18
Livros e filmes
PVI.22 - É tão pouco meu tempo livre! (risos). Mas no momento eu
to assim...não tá tendo muito tempo livre pra mim por que a questão
do serviço doméstico e... pra conciliar os dois então, realmente, o
tempo livre é muito pouco.
O corre corre, as duas atividades me tomam muito tempo por que
professora, mãe, dona de casa e coordenar tudo isso eu, to com
pouco tempo livre
Os papéis de
professora, mãe e
dona de casa
ocupam todo o
tempo, reduzindo o
tempo livre
disponível
Afazeres
domésticos
PI.23, PI.36, PI.43,
PVI.22
PVIII.14
Pouco tempo livre disponível
devido aos diversos papéis
desempenhados. Ser professora,
dona-de-casa e mãe despendem
muito do seu tempo, restando-lhe
pouco tempo para si.
PVI.27 - Até o lazer fica comprometido por que de repente a
atividade da escola toma muito tempo em casa
É outra coisa de professor; a gente se desgasta muito por que a
gente, quando tá qui... feriado, onde? Elaborando prova. Então com
isso a gente termina...ou você diz: vou parar e vou fazer alguma
coisa, senão você se entrega ao trabalho e... [PVI.27]
Trabalho levado pra
casa compromete o
lazer
Trabalho PI.37, PII.24,
PVI.27, PVII.18,
PVII.19
A profissão de professor requer
muita dedicação na elaboração das
aulas, bem como na elaboração e
correção de avaliações e isso é
desgastante por que o tempo que
deveria ser voltado para o lazer é
utilizado nestas tarefas. É preciso
ter cuidado
PVIII.12 - Eu gosto muito de computador. Eu dou uma olhada nos
meus e-mails, pra ver se tem alguma mensagem, alguma coisa
Computador como
meio de manter
contato com outras
Lazer PI.37, PII.19,
PII.24, PVI.27,
PVII.18, PVIII.12,
Uso do computador
pessoas PVIII.18
PVIII.13 - às vezes eu ligo pra um amigo pra conversar um
pouquinho
Ligar para amigos
para manter contato
Relacionamentos
Sociais
PVIII.13, PVIII.17 Conversa com amigos
PVIII.14 - Numa casa sempre tem coisa pra fazer. Se a gente diz
que não, a casa fica uma bagunça por que eu não tenho secretária.
Lá na minha casa sou eu e meu marido, a gente faz tudo. É a
limpeza, a comida a gente faz. A gente resolve problema também
de família, né?
Tarefas de casa
realizadas pelo
casal
Afazeres
domésticos
PI.23, PI.36, PI.43,
PVI.22
PVIII.14
Os afazeres de casa despendem
muito tempo
PVIII.17 - A gente sempre visita a família Visita a familiares Relacionamentos
sociais
PVIII.17 Visita a parentes
PVIII.18 - ...aproveita também pra passear né? Passeios Lazer PI.37, PII.19,
PII.24, PVI.27,
PVII.18, PVIII.12,
PVIII.13, PVIII.18
Passeios
TEMA:
AS CONTRIBUIÇÕES DO PPA NO PROCESSO DE TRANSIÇÃO PARA A APOSENTADORIA
Discurso na Linguagem do Professor Unidade de
Significado
Categoria
Aberta
Rede de
Significados
Asserções articuladas do discurso
PI.52 - Primeiro eu entrei no curso né, assim... com a
com um pouco de desconfiança né. E também com
receio mas...eu naquela...conversei com um, conversei
com outro, né? Eu disse: eu vou me inscrever, se eu
não gostar...depois abandono né?
Inscrição no curso com
receio, desconfiança.
Com o pensamento de
abandoná-lo, caso não
viesse a gostar dele.
Receio PI.52 Inscrição no curso com desconfiança,
buscando conversar com outras pessoas na
tentativa de obter informações que viessem a
minimizar seu receio. Decisão por inscrever-se
com a intenção de abandoná-lo caso não
viesse a gostar dele.
PI.55 - e aquela curiosidade: o que é que esse curso
podia me trazer em relação pra né? Essa minha
aposentadoria
então achava que já tava mais ou menos com a
cabeça feita em relação ao que eu ia fazer, como era!
Curiosidade sobre o que
o curso poderia oferecer
sobre a aposentadoria já
que imaginava saber o
que fazer ao aposentar-
se
Curiosidade PI.55
Curiosidade sobre o que o curso poderia
oferecer com relação às informações
referentes à sua aposentadoria pois o
professor acreditava já ter algumas definições
de como seria seu pós-carreira.
PI.58 - Achei assim meia estranha, meia é... meia
infantil, meia besteira mas vamu pra segunda, vamos
pra terceira, né? Aí comecei realmente a entrar no
negócio, e comecei a gostar e comecei a me identificar
e começou também a abrir algumas coisas né que...
eu não tinha, até então eu não tinha é ... pensado
Então, gostei demais.
Acho que me ajudou
Quer dizer...vai me ajudar demais. Me amadureceu
mais a idéia um pouquinho de eu ficar mais um tempo
também aqui.
No início achou as aulas
bobas mas aí começou a
perceber que estavam
sendo trazidas
informações sobre as
quais ainda não havia
pensado
Novas
informações
PI.58, PII.40,
PIV.55, PV.50,
PVII.27, PVII.34
No começo não achou as aulas interessantes,
considerando-as bobas, sem nada que
viessem a acrescentar. No entanto, no
decorrer dos encontros, começou a gostar e
se identificar com o curso. E percebeu que
estavam sendo trazidas informações sobre as
quais ainda não havia refletido e que foram
importantes na sua decisão de adiar o
momento de sua aposentadoria.
PI.71 - em determinado momento a gente né, teve
aquela parte o que fazer também depois e eu depois
comecei a me preparar e disse que só essa parte de
casa, isso aqui, de Igreja...eu acho que ainda não era
Percepção de ainda não
estar preparado para a
aposentadoria
Insegurança
diante do futuro
PI.71 Um dos momentos oportunizados pelo curso
foi o de reflexão sobre o que os participantes
poderiam estar fazendo com o advento da
aposentadoria. Essas reflexões levaram o
suficiente ainda, não tava preparado ainda pra isso
então... tô dando mais um tempo aqui
professor a dar-se conta de ainda não estar
preparado para aposentar-se por acreditar que
as atividades que havia se planejado realizar
no pós-carreira não eram suficientes para
assegurar-lhe uma aposentadoria com
qualidade.
PII.39 - Todos os depoimentos que tenho dado, todos
do primeiro curso, eu tenho dito apesar de ter sido a
primeira versão, por que toda primeira versão é um
aprendizado, mesmo assim é... na minha avaliação ela
ela superou as minhas expectativas certo?
Apesar de ainda ter sido
uma primeira versão, o
curso superou as
expectativas
Expectativas
superadas
PII.39, PIV.52,
PVI.32
Superação das expectativas
PII.40 - É... e acho que foi muito importante, todos os
quatro módulos, tanto o relacional, o
autoconhecimento, gestão financeira e o projeto de
vida, os quatro módulos, todos eles contribuíram
demais pra que eu fizesse esse projeto que está
engavetado
e é... tentar depois da aposentadoria fazer né? Botar
em prática alguma coisa.
Contribuição dos quatro
módulos para a
confecção do Projeto de
Vida
Novas
informações
PI.58, PII.40,
PIV.55, PV.50
PVII.27, PVII.34
Os quatro módulos do curso contribuíram para
que o participante viesse a elaborar seu
projeto de vida, sugerido pelas facilitadoras.
No momento, esse projeto não está sendo
usado mas está guardado para ser utilizado
pelo professor que pretende pô-lo em prática.
PII.43 - Principalmente aquele módulo de
relacionamento, que é o segundo módulo, aquele
módulo me chamou muito a atenção por quê? Por que
me fez ver que apesar de você já ter uma idéia de que
a rede de relacionamento é importante, principalmente
pós-aposentadoria, né?
Por que todo aquele convívio que você tem
trabalhando, você chega e encontra todo mundo no
trabalho mas... é... socialmente, fora desse convívio
aquilo me deu um ... né? Uma ... um caminho! Uma
frase e alguns caminhos de que realmente (sacrifício
fez?)
Reflexão sobre
relacionamentos levando
a retomar as amizades
constituídas ao longo dos
anos
Relacionamento PII.43, PIII.40
PVI.41
O módulo sobre relacionamentos chamou a
atenção do professor por que o levou a refletir
que ao longo dos anos, tem mais colegas de
trabalho. Que as amizades de fora do ciclo de
trabalho foram sacrificadas, mas que ele e a
esposa têm tentado retormar o contato com as
pessoas das quais se afastaram no decorrer
dos anos.
E aí a gente tem procurado, na medida do possível,
tentar né?
De vez em quando... por que você tem amigos né?
Que você perdeu o contato, então você poooooode
retomar isso aí, dentro da de toda aquela história...
PIII.39 - Não esperava muita coisa! Porque no
processo de aposentadoria eu não pensava
Não criação de
expectativas por não
pensar sobre
aposentadoria
PIII.39 O professor não criou nenhum tipo de
expectativa sobre o curso por que ele não
pensava sobre a aposentadoria.
PIII.40 - Mas o curso pra mim foi uma maravilha
- É... as informações sobre relacionamento pessoal
Autoconhecimento
Muito boas as
informações recebidas
sobre relacionamento e
autoconhecimento
Relacionamento e
autoconhecimento
PII.43, PIII.40
PVI.41
Informações recebidas sobre relacionamento e
autoconhecimento
PIV.52 - Elas foram além das minhas expectativas Expectativas
superadas
PII.39, PIV.52
PVI.32
Superação das expectativas
PIV.55 - E lá no curso realmente foi fantástico. Foi
fantástico no sentido de quê? É ... havia dados,
informações que eu tenha. Mas havia, haviam coisas
que foram surpresa pra mim. Quer dizer fatos
baseados em pesquisa, daquela coisa do da vivência
de outrem, né? Como é que você vai? Tô aposentado,
to sem fazer nada. É bom! Mas coisa do tipo, por
exemplo... a postura dentro de casa, né?
Fatos baseados em
pesquisas, sobre as
mudanças que ocorrem
ao aposentar-se que
surpreenderam
Novas
informações
PI.58, PII.40
PIV.55, PV.50
PVII.27, PVII.34
PIV.57 - Uma coisa que me chocou foi um gráfico,
achei aquilo fantástico! Você com a ocupação do seu
tempo. Quantas horas você trabalha por dia? Tanto.
Quantas horas por semana? Tal. Muito bem. E... se de
repente você pára,você retira esse tempo dedicado à
ativa. Tenho doze horas pra ficar sem fazer nada, pelo
amor de Deus!
Gráfico sobre a
administração do tempo
choca o professor
Administração do
tempo
PIV.57 Administração do tempo
PIV.58 - Quando volta pra casa, aquela coisa da O contato com a família Família PIV.58, PV.50,
rotina. Então que nunca tinha passado pela minha
cabeça. Que realmente essa coisa, esse contato, ele
passa a ser mais intenso, mais forte.
torna-se mais intenso ao
aposentar-se
PV.57
PIV.59 - Tem o planejamento, né? Planejar pra fazer, o
que fazer.
Planejar-se para a
aposentadoria
Planejamento “O
que fazer?”
PIV.59 Planejamento para o pós-carreira
PIV.60 - A questão também de preocupação com a
saúde.
Preocupação com a
saúde
Saúde PIV.60 Cuidados com a saúde
PV.50 - E...pra mim é... eu acredito que a minha
expectativa era uns, vamos dizer assim... talvez 60%
do que poderia ter sido, na realidade chegou a 90%,
talvez até 100% em termos de de de da minha
colocação perante a postura da aposentadoria né?
Vocês me abriram horizontes que eu não tava
preocupado! Coisas importantes que com certeza vão
me facilitar bastante né? Essa nova caminhada.
Por exemplo, vamos assim, um exemplo bom, a
questão de organização de família
Mudança de postura
diante da aposentadoria
Novas
informações
(família)
PI.58, PII.40,
PIV.55, PIV.58
PV.50, PV.57
PVII.27, PVII.34
Expectativas superadas com informações
trazidas sobre temas com os quais o professor
não estava preocupado. Informações
importantes que facilitarão o percurso nessa
nova fase. O professor exemplifica com a
organização familiar que sofre o impacto com
o retorno ao lar.
PV.53 - a organização econômica! Mudança de postura
diante da aposentadoria
Financeiro PV.53, PV.56
PVI.39, PVIII.20
Organização financeira
PV.54 - “Já que”, aquela estória do “Já que”, que não
tem nada a ver
Cuidado para não ser a
pessoa que faz tudo para
a família
“Já que” PV.54, PVI.37 Cuidado para não ser a pessoa que faz tudo
para a família
PV.56 - eu vou procurar ter mais cuidado
principalmente, por, com a parte econômica, vou
procurar me colocar melhor a partir daquelas
informações, não é?
Busca do equilíbrio no
aspecto econômico
Financeiro PV.53, PV.56
PVI.39, PVIII.20
Equilíbrio econômico
PV.57 - Ter postura mais equilibrada do que eu tenho,
quer dizer, de me preparar melhor é a família, não é?
Também vai...lógico...minha família sempre dei muita
atenção. Mas a atenção diferenciada, não é mais a
atenção que eu dava, é uma atenção que não é mais
como pai e sim como amigo, tá entendendo? Hoje eu
não tenho mais filhos eu tenho amigos. Quer dizer,
nessa aposentadoria eu tenho essa visão e... vocês
me facilitaram bastante né? Passaram sobre a família,
a família; a importância, a importância blá...
Busca por mais equilíbrio
na relação familiar
Família PIV.58, PV.50
PV.57
Relação familiar
PV.58 - quanto a sentir falta daqui eu não acredito que
eu vá sentir muito não... talvez.... não porque não seja
importante, eu faço... ninguém faz mais do que,
trabalho do que eu faço! Pode ter gente que seja igual
a mim mas mais do que eu não pode. Eu gosto muito
do que faço mas sei separar as coisas. A minha
contribuição é até eu me aposentar, quando eu me
aposentar acabou! Acabou mesmo! Eu posso até
continuar com trabalhos por fora, prestando serviços,
até em projetos, nisso, aquilo outro...
Gosta do trabalho que
realiza, no entanto não
sentirá falta do local de
trabalho ao se aposentar
PV.58 Gosta do trabalho que realiza mas não sentirá
falta do local de trabalho quando se aposentar
PVI.32 - Corresponderam e foi até mais além, né?
Por que assim, o curso tem dá um leque de situações
em que você, de repente, não poderia nem imaginar
que podia se encontrar
As expectativas foram
superadas devido ao
leque de possibilidades
que foram apresentadas
no curso
Expectativas
superadas
PII.39, PIV.52
PVI.32
Superação das expectativas
PVI.37 - E ele situa você justamente assim: não, se
você tá...é... não tá na atividade funcional mas você
não pode também ser a carga de tudo da família.
“Não, você tá sem fazer nada...”
Estar aposentado não
significa ser o “faz tudo”
na família
“Já que” PV.54, PVI.37 O cuidado que se deve ter para, ao aposentar-
se, não ser considerado o “faz tudo” na família,
devido a ser visto como a pessoa que tem
todo o seu tempo livre
PVI.38 - e outra que te dê um leque que você, é... esse
tempo livre que você tem, você já se programar pra
não cair na ociosidade, e não cair na depressão e
Leque de possibilidades
para aposentadoria como
prevenção à ociosidade e
Leque de
possibilidades
PVI.38 Medidas preventivas à ociosidade e à
depressão
achar que... acabou por que você se aposentou, não
tem mais o que fazer! E entrar nessa e... então ele tem
essa visão
à depressão
PVI.39 - e também do... da questão do econômico, né? Financeiro PV.53, PV.56
PVI.39, PVIII.20
Questão econômica
PVI.41 - e atuar nas outras áreas de social, também
um leque muito bom que mostrou
Relacionamentos PII.43, PIII.40
PVI.41
Trabalhos sociais
PVI.42 - E ver também que se aposentar a gente tá
ganhando, isso é um prêmio, eu acho que a gente
chegar em tanto, é um direito; um prêmio e a gente
saber usar toda a experiência que a gente teve pra
esses dias que a gente tem a bel prazer, a gente saber
aproveitar com a qualidade
Aposentadoria é um
prêmio que deve ser
aproveitado com
qualidade
Aposentadoria
como prêmio
PVI.42 Aposentadoria percebida como prêmio
PVI.45 - Eu acho que a melhor coisa que o curso
mostrou pra gente é você se programar pra fazer
aquilo que é benéfico pra você, que você vai fazer por
amor, por prazer e não por obrigação de vir, ter que
vim, fazer por que tem que fazer. Então isso aí. Então
isso aí foi uma coisa que deixou bem claro.
Fazer algo que lhe dê
prazer e não por
obrigação
Prazer PVI.45 Realizar uma outra atividade em que
predomine o prazer pela tarefa que realiza e
não ter a obrigação de ter que fazer algo e
nem de se fazer presente para cumprir horário
PVII.27 - O curso me deu, me deu algumas
informações a mais do que eu já pensava, tá? E ao
mesmo tempo o curso me fez, me deixou muito
descontraído. Eu não sei por que, se foi a dinâmica do
trabalho que vocês aplicaram mas hoje, eu sempre
gostei de falar em público, sempre gostei. Mas sempre
quando ia iniciar uma falação era aquela tensão toda
e, sinceramente, o curso me deu uma tranqüilidade pra
isso.
O curso contribuiu com
novas informações e
deixou o professor mais
tranqüilo para falar em
público
Novas
informações
PI.58, PII.40
PIV.55, PV.50
PVII.27, PVII.34
Estar mais descontraído para falar em publico
PVII.32 - Agora, vou dizer, não foram tantas novidades
por que eu sempre vinha me preocupando com isso.
Não houveram muitas
novidades pois o
Novas
informações
PVII.32 Não houve muito a ser acrescentado
professor já vinha se
preparando para a
aposentadoria
PVI.34 - Relatos! Aqueles trabalhos que vocês
botavam pra gente, textos, leituras, aquelas
apresentações
Novas
informações
PI.58, PII.40
PIV.55, PV.50
PVII.27, PVII.34
Relatos, textos, discussões em sala
PVII.37 - O que eu digo que não trouxe muita coisa de
novidade é tipo o seguinte, por exemplo: você chamou
convidados. Vocês chamam convidados pra dar palestras
sobre a vida dele como aposentado, né? Então, aquilo pra
mim é uma coisa que eu já observava nas pessoas né?
Algumas se preparavam para a aposentadoria. Outras
não se preparavam e tinha aquele desmantelo tanto do
lado emocional, afetivo, familiar, como o lado financeiro,
econômico, etc, sabe? Então, isso aí eu vinha, eu falava,
desde que entrei aqui eu sempre comentava: puxa, como
é que pode, fulano já se aposentou e tem uma vida dessa,
fulano se entregou à bebida, fulano se desmantelou
depois que se aposentou. Quando ela tá num momento
em que a pessoa é pra tá mais tranqüila, né? Mas não
todos. Foi intranqüila para algumas pessoas, então isso aí
é que eu quero dizer que, aqueles convidados, claro,
acrescenta, mas não foi tanta novidade. Por que há muito
tempo que eu venho observando isso.
O professor já observava
o comportamento das
pessoas diante da
aposentadoria
PVII.37, PVII.32 Os depoimentos dos palestrantes convidados
não trouxeram muitas novidades pelo fato de o
entrevistado já vir observando, a algum tempo,
o comportamento das pessoas que haviam se
aposentado.
PVIII.20 - Correspondeu. E reforçou, né?
Os planejamentos que eu fazia em termos...assim
financeiro...de orçamento, financeiro...
... em termos de: o que é que eu vou fazer quando me
aposentar?
Planejamento financeiro Financeiro PV.53, PV.56
PVI.39, PVIII.20
Planejamento financeiro
PI.80 - o curso me deu isso aí de eu não parar né? Reflexão sobre parar ou
continuar trabalhando
Decisão sobre
aposentadoria
PI.80 Reflexão sobre parar ou continuar trabalhando
TEMA:
COMO IMAGINA QUE SERÁ SUA APOSENTADORIA. O QUE PRETENDE FAZER?
Discurso na Linguagem do Professor Unidade de
Significado
Categoria
Aberta
Rede de
Significados
Asserções articuladas do discurso
PI.74 - Ah...vixe Maria!! (risos) é até difícil a gente assim... eu
penso em praticamente ... tirando só aquele horário que eu to
dentro da escola, eu vou continuar mais ou menos com as minhas
atividades que eu faço hoje, né
Rotina sem sofrer
muitas alterações
Trabalho PI.74, PI.76, PI.77,
PI.84,PII.53, PII.58
PIV.62,PIV.71, PIV.72,
VI.46, PVI.48, VII.45
Não ocorrerão muitas mudanças,
continuando, praticamente com as
mesmas atividades que realiza
atualmente
PI.76 - estar sempre atualizado Atualização
profissional
Trabalho PI.74, PI.76, PI.77, PI.84,
PII.53, PII.58
PIV.62, PIV.71, PIV.72,
PVI.46, PVI.48, VII.45
Atualização profissional
PI.77 - ... prestar alguns serviços esporádicos, não não...
sistemáticos né, esporádicos a agremiações né?
Realizar trabalhos
para agremiações
Trabalho PI.74, PI.76, PI.77, PI.84,
PII.53, PII.58
PIV.62, PIV.71, PIV.72,
PVI.46, PVI.48, VII.45
Realizar trabalhos para agremiações
PI.84 - Agora sempre fazendo as coisas dentro do meu limite.
Então, como é que eu parar? Eu vou parar na medida que a idade
não dê mais, né? Que aí vai chegando um ponto um ponto né?
Que você vai ter... até a questão de se locomover, se a gente
conseguir chegar lá, né? Os 90 anos, você vai sendo limitado em
determinadas coisas, mas enquanto isso eu vou tentando é ser
produtivo né? Não daquele do trabalho formal, que é o trabalho da
Escola Técnica; é ser produtivo a pessoa, a família, a amigos, a
conhecidos...é...e... como eu falei, a associação, alguma
agremiação, né? Então eu acho que é por aí!
As limitações
físicas, impostas
pela idade,
delimitarão o ritmo
do trabalho
Trabalho PI.74, PI.76, PI.77, PI.84,
PII.53, PII.58
PIV.62, PIV.71
PIV.72, PVI.46
PVI.48, PVII.45
Limitação física delimitará o ritmo de
trabalho
PII.52 - Como participante do curso, eu fiz esse projeto de vida é...
aí eu teria duas vertentes que eu pudesse continuar
Professor fez
projeto de vida
segundo o qual
pode seguir por
duas direções
Projeto de
Vida
PII.52
PII.53 - ...na academia, não é? Trabalhando como sempre fiz em
ensino e pesquisa mas de uma forma mais é... suave né? [PII.53]
Continuar
trabalhando com
redução do ritmo
Trabalho PI.74, PI.76, PI.77, PI.84,
PII.53, PII.58
PIV.62, PIV.71
PIV.72, PVI.46
PVI.48, VII.45
PII.58 - e outra seria na área de... também acho que eu e minha
esposa temos uma experiência muito grande que é na área
turística.
Nós temos uma experiência incrível de viagens e...de se interessar,
de ler, temos muita coisa, então nessa área teríamos grandes
possibilidades de continuar trabalhando, inclusive a minha mulher
também há 5 anos se aposentou também e aí a gente dividiu
assim, nessas duas vertentes
Abrir o próprio
negócio, na área
turística
Trabalho PI.74, PI.76, PI.77, PI.84,
PII.53, PII.58
PIV.62, PIV.71
PIV.72, PVI.46
PVI.48, PVII.45
Negócio próprio
PIII.51 - Depois de aposentado, será que a gente vai ter esse
momento pra conversar com o outro colega?
Retorno à
instituição para
rever colegas?
Relacioname
ntos sociais
PIII.51 Reflexão sobre se após aposentadoria
terá tempo para os colegas
PIV.62 - Já. Como seria? E me assustou
Assustou porque você vê o ritmo que eu tenho. Você parar de vez,
isso é terrível
? Então o que é que eu vou ter que fazer? Eu vou ter que é...
primeiro eu acho que tenho que fazer uma coisa que chamo de
desmame. Desmame laboral, né? (risos)
É reduzir meu ritmo de atividades, minhas atividades e, em paralelo
migrando pra outro
Susto diante da
possibilidade de
aposentar-se e não
ter o que fazer
Trabalho PI.74, PI.76, PI.77, PI.84,
PII.53, PII.58
PIV.62, PIV.71
PIV.72, PVI.46
PVI.48,PVII.45
Professor assusta-se diante da
possibilidade de aposentar-se e não ter
com o que se ocupar. Então pretende
reduzir seu ritmo de trabalho e,
concomitantemente, ir passando a
realizar outra atividade
PIV.71 - Tava pensando aí em montar um negócio ou tava vendo aí
com minha esposa que ela é boa na área de planejamento e
projetos também, montar um negócio aí.
Montar o próprio
negócio com a
esposa
Trabalho PI.74, PI.76, PI.77, PI.84,
PII.53, PII.58
PIV.62, PIV.71
PIV.72, PVI.46
PVI.48, PVII.45
Somar sua experiência profissional à
da sua esposa para, juntos, abrirem um
negócio próprio
PIV.72 - Só que eu tenho que me capacitar. Ncessidade de
capacitação
Trabalho PI.74, PI.76, PI.77, PI.84,
PII.53, PII.58
Necessidade de capacitação
PIV.62, PIV.71
PIV.72,PVI.46
PVI.48, PVII.45
PV.67 - Quer coisa melhor do que você ajudar as pessoas fazendo
trabalho voluntário?
Prazer em realizar
trabalho voluntário
Voluntariado PV.67, PVI.49 Sente-se bem em poder ajudar as
pessoas através do trabalho voluntário
PVI.46 - Imagino assim, que eu quero estar pronta pra essa
decisão assim... não tá sentindo falta de desse convívio aqui, e eu
já estar com outro vínculo assim, do lado social, eu já estar
engrenada pra quando eu sair daqui eu já tá envolvida com outra
atividade que eu vou preencher o tempo mas nesse momento!
Aposentar-se
quando estiver
envolvida com outro
projeto
Trabalho PI.74, PI.76, PI.77, PI.84,
PII.53, PII.58
PIV.62, PIV.71
PIV.72, PVI.46
PVI.48, PVII.45
Não sente-se preparada para
aposentar-se pois teme sentir falta do
convívio com os colegas de trabalho.
Então planeja estar envolvida com uma
atividade social para não ficar ociosa
PVI.47 - Eu vou tirar um tempo só pra mim. Viajar! Tirar assim uma
ano mas só pra mim mesmo, dizer: Tá certo, esse ano é meu. Pra
depois eu engrenar
Tempo para cuidar
de si
Lazer PVI.47 Pretende tirar um tempo para si,
dedicando-se, inicialmente, a viajar
durante um período determinado
PVI.48 - Mas eu quero já está em mente... tem o projeto de vida
que a gente fez no curso mas aí eu quero ver se é aquele projeto
mesmo ou se vou criar um outro...
Verificar se mantém
seu projeto de vida
ou se o modifica
Trabalho PI.74, PI.76, PI.77, PI.84,
PII.53, PII.58
PIV.62, PIV.71,
PIV.72, PVI.46
PVI.48, PVII.45
Planeja analisar o atual projeto de vida
com o intuito de saber se o mantém ou
se monta outro
PVI.49 - mas eu quero estar com o lado social, eu nunca... uma
coisa que é meta número um pra mim é eu ter um trabalho social,
que eu sempre tive e eu sinto falta
Sente falta de
realizar trabalho
social
Voluntariado PV.67, PVI.49 Relata que sua meta é realizar um
trabalho social pois é algo com o qual
sempre esteve envolvida e, no
momento, faz falta em sua vida
PVII.45 - Na verdade eu eu eu me programei pra, não diria direto
para aposentadoria mas eu me programei em tempo pra ter
atividade certo?
Eu tinha comércio. Tinha seis lojas. Eu fechei por que tava
querendo estuda
Então eu pretendo, to construindo um restaurante, né e uma
pousada lá no interior.
Tô querendo ver se construo uns apartamentos num prédio que
tenho lá no Alecrim.
Mudança de
atividade
Trabalho PI.74, PI.76
PI.77, PI.84
PII.53, PII.58
PIV.62, PIV.71
PIV.72, PVI.46
PVI.48, PVII.45
Para esse servidor a aposentadoria, na
verdade, é algo que não acontecerá
tendo em vista que ele deixará de estar
no ambiente físico de sala de aula,
caso deixe de dar aula, para envolver-
se com outras atividades para as quais
já vem se preparando a algum tempo.
Então eu acrescentei uma outra coisa para a perspectiva para a
aposentadoria que é se realmente acontecer no próximo ano que
é, estou pretendendo entrar na área de pesca por que to me
organizando pra comprar um barco próximo ano, entendeu? Pra
entrar nessa área de pesca.
Então minha aposentadoria, em outras palavras, não vai acontecer,
né? Simplesmente eu vou deixar de estar numa sala de aula, se for
o caso, mas atividade vou ter a vontade.
PVII.31 - É por que eu tenho plano de adotar uma criança, né? Adoção de uma
criança
Família PVII.31 Adoção de uma criança como Projeto
de Vida
APÊNDICE B
SERVIDOR QUE FEZ O CURSO E SE APOSENTOU
QUADROS-TEMAS
TEMA
RELAÇÃO ENTRE TRABALHO E APOSENTADORIA
Discurso na Linguagem do Professor Unidade de
Significado
Categoria
Aberta
Rede de
Significados
Asserções articuladas do
discurso
PIX.17 - É ... foi assim a incerteza se realmente eu queria
me aposentar naquele momento ou não, certo? Até por que
foi surpresa pra mim, eu acho que nem tinha o tempo
completo ainda, e quando fiquei sabendo que tinha 28, foi
aquela coisa que chegou de vez assim pra mim, eu digo:
“não, mas eu não sei se vou querer me aposentar agora,
né?”
Incerteza sobre a
aposentadoria
Surpresa diante da
notícia que poderia
aposentar-se
Insegurança PIX.17 Professora foi surpreendida pela
notícia de que já podia se aposentar.
E pra ela, a notícia a deixou
apreensiva, insegura, pois não tinha
certeza se queria se aposentar
naquele momento.
TEMA
AS INFORMAÇÕES DO CURSO CORRESPONDERAM ÁS EXPECTATIVAS?
Discurso na Linguagem do Professor Unidade de
Significado
Categoria
Aberta
Rede de
Significados
Asserções articuladas do
discurso
PIX.31 - Na verdade, eu fui fazer o curso assim mais
por curiosidade!
Inscrição no curso por
curiosidade
Curiosidade PIX.31, PIX.33
PIX.37, PIX.45
Fez a inscrição no curso por curiosidade
PIX.33 - Então entrei lá sem saber o que é que eu ia
ver, o que é que eu ia aprender, pra quê que o curso
ia me servir, certo?
Iniciou o curso sem saber o que
iria aprender e quais seriam suas
contribuições
Curiosidade PIX.31, PIX.33
PIX.37, PIX.45
Começou o curso sem ter conhecimento
do conteúdo a ser dado e de que forma ele
contribuiria para sua aposentadoria
PIX.34 - E... as professoras começaram, trabalharam
o primeiro módulo, acho que é o autoconhecimento,
né? Aí naquilo eu indagava:” o que é que tem a ver?”
Assim, aquela coisa assim meio...
aí do segundo módulo em diante, né? Aí eu fui
começando a me achar, certo? Fui começando a me
achar
Questionamentos sobre
pertinência do primeiro módulo.
Mas a partir do segundo,
identifica-se com o curso
No primeiro módulo questionava sobre a
sua pertinência com o tema. Mas a partir
do segundo, começou a se identificar com
o curso
PIX.37 - Então foi assim... eu entrei sem saber o que
é que eu ia aprender, não tinha idéia assim... o que é
que vai ser? O que é que vão oferecer lá pra gente.
Como é que elas vão trabalhar isso, né? Então
pronto!
Desconhecimento do que seria
visto no curso
Curiosidade PIX.31, PIX.33
PIX.37, PIX.45
Desconhecimento do que seria ministrado
no curso
PIX.45 - ... Aí quando vi logo, eu nem... nem pensei
em fazer.Aí depois, eu fiz: “eu vou fazer; eu quero
saber o que é isso!” Como eu lhe disse, foi mais por
curiosidade, certo?
Desinteresse em fazer o curso
mas a curiosidade a impulsionou
a fazê-lo
Curiosidade PIX.31, PIX.33
PIX.37, PIX.45
Logo quando da divulgação do curso, não
interessou-se em participar, mas depois,
mudou de idéia, devido à curiosidade
sobre o que o curso poderia oferecer
TEMA
UTILIZAÇÃO DO TEMPO
Discurso na Linguagem do Professor
Unidade de
Significado
Categoria
Aberta
Rede de
Significados
Asserções
articuladas do
discurso
PIX.46 - Olhe eu utilizo meu tempo (risos) eu tenho tantas
ocupações que meu filho já chegou a dizer assim: “Eu nunca vi
uma aposentada tão ocupada” Eu digo: “Graças a Deus”, né?
Tempo integralmente
preenchido
Seu tempo é preenchido
com várias ocupações, o
que pra ela é muito bom
PIX.47 - Primeiro, eu tomo conta da minha casa. Eu não tenho
empregada. Então eu lavo, eu passo, eu cozinho, eu arrumo, eu
costuro quando eu quero consertar minhas roupas, minhas coisas.
Às vezes eu não estou gostando daquele modelo, aí vem uma
idéia, vou e desmancho novamente, tá? Eu to até com um monte
de, lá em casa, pra reformar e não tive tempo ainda.
Atividades
domésticas
Afazeres
domésticos
PIX.47, PIX.49,
PIX.50
PIX.51
Faz todas as tarefas que
uma casa requer e ainda
reforma suas próprias
roupas
PIX.48 - Aí, quer dizer, cuido das plantas, por que lá em casa tem
um monte de plantas. Eu, o jardim tá até precisando de uma
podagem, eu faço essa podagem.
Cuidado com as
plantas
Hobby PIX.48 Cuida das plantas
existentes em sua casa,
fazendo, inclusive, a
podagem delas.
PIX.49 - Mas, lá em casa tudo sou eu. Fazer compras, pra pagar,
né, tudo sou eu, tem o meu filho que mora comigo e agora tá
trabalhando, né?
Responsável por
todas as tarefas para
manutenção do lar
Afazeres
domésticos
PIX.47, PIX.49,
PIX.50, PIX.51
Responsável pelas
tarefas da casa
PIX.50 - Ele era estudante de enfermagem... e agora está
trabalhando, então 5:40 da manhã estou levantando pra fazer o
café de Ruy. Pra ele sair pra trabalhar, que ele sai às 6:30, certo.
Aí, pronto.
Acorda cedo para
preparar o café do
filho
Afazeres
domésticos
PIX.47, PIX.49,
PIX.50
PIX.51
O filho sai cedo para
trabalhar, então ela
acorda às 5h40min para
preparar o café dele
PIX.51 - Cuido do meu filho, lavo roupa dele, passo! E... faço Tarefas domésticas Afazeres PIX.47, PIX.49, Tarefas domésticas
algumas coisas pras pessoas, quando precisa, né domésticos PIX.50
PIX.51
PIX.53 - Na quarta-feira a tarde eu vou ficar com a minha mãe. Visita à mãe Família PIX.53, PIX.55
PIX.57, PIX.58
Visita à mãe uma vez por
semana
PIX.55 - É... faço a feira da minha mãe (risos). A feira grande, né,
do mês. Então eu tenho que ter o dia do mês pra fazer a feira dela.
Família PIX.53, PIX.55
PIX.57, PIX.58
Compras mensais para a
mãe
PIX.57 - Estou com duas netas lá em casa... Família PIX.53, PIX.55
PIX.57, PIX.58
Cuidado com as netas
PIX.58 - E ...também final de semana saio, vou visitar um irmão
que tem, que mora na Zona Norte, tem um irmão que mora na
estrada de Genipabu, vou embora e passo o dia por lá, certo?
Visita aos irmãos Família PIX.53, PIX.55
PIX.57, PIX.58
Visita aos irmãos nos
finais de semana
PIX.61 - Faço revisão lingüística. Agora mesmo estou com a tese
de U...
Trabalho PIX.61, PIX.62
PIX.63
Revisão lingüística
PIX.62 - Participo da elaboração de provas pra concursos pra
FUNCERN...
Trabalho PIX.61,PIX.62
PIX.63
Elaboração de provas
PIX.63 - faço revisão também, pra FUNCERN Trabalho PIX.61, PIX.62
PIX.63
Revisão lingüística para
a FUNCERN
PIX.66 - academia! Todos os dias. Faço hidroginástica e faço
yoga. Então eu vou à academia de segunda a sexta, né? E é muito
bom. Já fiz outro grupo de amizades lá!
Prática de atividades
físicas
Saúde PIX.66, PIX.67 Pratica atividade física
todos os dias, de
segunda a sexta
PIX.67 - Eu faço hidroginástica, eu faço às 7h da manhã aí a turma
é a mesma das 7h. As meninas das 7h! Porque mais ou menos
assim o pessoal da terceira idade. Tem gente mais jovem né. Mas
a maioria é o pessoal da terceira idade. E vou entrar em pilates
também. Que é na terça e quinta pela manhã e à noite eu faço
yoga.
Prática de atividades
físicas
Saúde PIX.66, PIX.67 Prática regular de
atividade física
TEMA
CONTRIBUIÇÃO DO CURSO NA FASE DE TRANSIÇÃO PRA APOSENTADORIA
Discurso na Linguagem do Professor Unidade de
Significado
Categoria
Aberta
Rede de
Significados
Asserções articuladas do
discurso
PIX.69 - A contribuição maior que eu acho, do curso, é a
conscientização através das atividades que são
desenvolvidas durante o curso por que são todas
atividades direcionadas para as pessoas que se
aposentam. Mostrando que a sua vida de aposentadoria
não vai ser uma vida ociosa, que você vai ter que se
ocupar, certo? Então eu acho assim, que foi a
contribuição maior foi essa, no sentido de conscientizar,
de levar você a perceber que isso é uma fase da vida e
que ela deve ser vivida. E que você vai preencher essa
fase da vida! Acho que é nesse sentido.
Conscientização para
uma aposentadoria
sem ócio
Conscientização PIX.69 A maior contribuição do curso foi
a de conscientizar os
participantes de que a
aposentadoria é uma outra fase
da vida e que pode ser vivida
sem ociosidade
PIX.73 - Na verdade, eu devo assim a o a minha
conscientização pra me aposentar e me aposentar assim
sem sofrimento, sem nada eu devo justamente ao curso.
Não sei explicar bem foi isso, foi isso, foi isso, mas eu sei
na minha cabeça o sentido de que eu, né, me aposentar
sem medo, mais tranqüila, sem medo.
Processo de
aposentadoria sem
sofrimento
Minimização do
sofrimento
PIX.73 O curso possibilitou à professora
vivenciar o processo de
aposentadoria de uma forma
tranqüila, sem sofrimento diante
do porvir
PIX.85 - ... o que tem assim...é ...é... reafirmar... reafirmar
a importância do curso, certo? Não é puxasaquismo de
jeito nenhum (risos). Mas assim, reafirmar que o curso é
muito importante, pelo menos pra mim, ele foi de grande
importância, de grande valor.
Reafirmação da
importância do curso
Importância do
curso
PIX.85 Ressalta a importância do curso
para ela
PIX.86 - ...na verdade eu estava com medo de me
aposentar. Se eu não estivesse com medo, na hora que
fiquei sabendo que podia, eu teria pedido minha
aposentadoria na hora. Mas eu não pedi. Ainda procurei
saber se tinha direito ao abono pecuniário e eu não tinha
mais. Já tinha passado. Não tinha mais direito. Quer
dizer, se me tivesse dado o direito, talvez eu tivesse
ainda continuado, não teria feito o curso! [PIX.86]
Receio de aposentar-
se
Se tivesse direito a
receber o abono,
não teria se
aposentado
Superação do
medo
PIX.86 O curso ajudou a minimizar o
medo que sentia de aposentar-
se. Provavelmente, se tivesse o
direito ao abono de permanência
teria continuado a trabalhar
APÊNDICE C
SERVIDOR QUE NÃO FEZ O CURSO E NÃO SE APOSENTOU
QUADROS-TEMAS
TEMA
O QUE O LEVOU A OPTAR POR CONTINUAR TRABALHANDO E NÃO SE APOSENTAR
Discurso na Linguagem do Professor Unidade de
Significado
Categoria
Aberta
Rede de
Significados
Asserções
articuladas do
discurso
PX.15 - Então, por causa disso, no final do outro ano, em 2008 eu
recebi o abono. Aí agora ele é o que... A partir do momento que
eu oficializar a aposentadoria, passa a haver o desconto no meu
salário. Enquanto eu estiver aqui, estamos empatados zero a
zero. Eles tiram e colocam. Esse não é o principal motivo, mas é
um dos fatores que... mas a qualquer momento eu estou livre e
desimpedido pra ir embora.
A oficialização da
aposentadoria leva à
redução do salário
Financeiro PX.15, PX.16,
PX.17
Redução financeira
PX.16 - Eu não me sinto ainda assim... totalmente... eu sinto que
posso colaborar, produzir, entendeu?
Sensação de que pode
contribuir com a
instituição impele a
continuar trabalhando
Sentir-se útil PX.15, PX.16,
PX.17
Sensação de que
pode contribuir
com a instituição
PX.17 - E também que é mais importante, é que eu sou uma
pessoa assim é...é...é... tenho...não tem rejeição no pequeno
grupo, entendeu? Então isso faz com que eu permaneça aqui nas
minhas atividades laborais.
Ser aceito pelos colegas
faz com que permaneça
trabalhando
Relacionamentos
sociais
PX.15, PX.16,
PX.17
Aceitação pelos
colegas
TEMA
UTILIZAÇÃO DO TEMPO LIVRE
Discurso na Linguagem do Professor Unidade de
Significado
Categoria
Aberta
Rede de
Significados
Asserções
articuladas do
discurso
PX.07 - Eu não tenho tempo livre. Eu trabalho dois expedientes. Não possui tempo
disponível por trabalhar os
dois expedientes
Trabalho PX.07, PX.08 Sem tempo para
fazer outras
atividades
PX. 08 - No sábado e domingo eu me dedico à religião. Eu participo
com minha esposa, de um trabalho de evangelização infanto-juvenil
e colaboro na livraria da Federação Espírita do Rio Grande do Norte.
Ah! E tem cargo no conselho deliberativo, sou secretário. E também
ajudo lá na livraria, nos fins de semana.
Trabalho voluntário em
uma instituição religiosa
ocupa suas horas no final
de semana
Trabalho
voluntário
PX.07, PX.08 Trabalho voluntário
religioso
APÊNDICE D
SERVIDORES QUE NÃO FIZERAM O CURSO E SE APOSENTARAM
QUADROS-TEMAS
TEMA
RELAÇÃO ENTRE TRABALHO E APOSENTADORIA
Discurso na Linguagem do Professor Unidade de
Significado
Categoria
Aberta
Rede de
Significados
Asserções articuladas do
discurso
PXI.21 - Em primeiro lugar por que eu gostava. Sempre gostei do
meu trabalho, tá certo? Seja como professor, seja como chefe de
departamento, eu sempre me dediquei a meu trabalho.
Gostava do
trabalho que
realizava, fosse
ele docente ou
administrativo
Gostar do
trabalho ou
prazer?
PXI.21 Gostar do trabalho que realiza
PXII.50 - A minha decisão de me aposentar foi assim: uns dois anos
antes da aposentadoria mas sempre eu tive essa idéia de que a
aposentadoria era um prêmio, né! Um prêmio pelo meu esforço, pelo
meu trabalho, pelo que eu dei à sociedade. De uma forma
participativa, porque durante esse tempo que eu tive, eu tive
participando de tudo, né, então eu sempre achei que a
aposentadoria era um prêmio de liberdade, dessa liberdade que eu
queria conseguir, então... quando chegou assim uns dois anos eu tive
a primeira vontade, porque eu comecei a me sentir um pouco
pressionada pela quantidade de horário e fui lá no Departamento de
Pessoal e eu não tinha tempo!
A pressão sofrida
pelo aumento da
carga horária
Carga horária PXII.50 Começou a refletir sobre a possibilidade de
aposentar-se devido às pressões sofridas
com relação à carga horária, que foi
aumentada.
PXII.51 - Mas aí o que acontecia? Eu tinha feito o doutorado e como
eu tinha feito, pedido uma liberação de 50% da carga horária eu tive
que ficar o resto do tempo. Então estou ótima! Tá ótimo! Sabe?
Porque eu penso exatamente, sabe? Fui maturando...sabe... fazendo
uma...reflexão sobre as coisas ... então eu tive esse tempo que não
foi nem eu que decidi, né? Mas que foi ótimo pra mim! Então já fui me
preparando né
Cumprir dois anos
após retorno de
licença para cursar
Doutorado
Cumprir a
legislação
PXII.51 Não foi a professora que decidiu continuar
trabalhando. Ela havia solicitado redução de
carga horária, por dois anos, para cursar o
Doutorado. Com isso, só poderia afastar-se
após cumprir dois anos de efetivo trabalho,
após o retorno da licença.
TEMA
UTILIZAÇÃO DO TEMPO
Discurso na Linguagem do Professor Unidade de
Significado
Categoria
Aberta
Rede de
Significados
Asserções
articuladas do
discurso
PXI.28 - ...na verdade eu passo todas as manhãs trabalhando. Na minha casa nós resolvemos, não
é? Em função de de de desavenças com empregadas domésticas, deixar de ter empregadas
domésticas. Então só tem eu pra fazer, deixar é... preparar o almoço todas as manhãs, entendeu?
Então isso me leva a manhã toda!
Pela manhã realiza
tarefas domésticas
Afazeres
domésticos
PXI.28, PXI.30,
PXI.33
Pela manhã realiza
tarefas domésticas
PXI.29 - ... antes eu faço academia, certo. Então todo dia faço... é é é vou pra academia 7 horas da
manhã. Então já me ocupo das 7h até 8h.
Prática de
atividade física
Saúde PXI.29 Todos os dias, das 7h
às 8h horas,
freqüenta a academia
PXI.30 - De 8h até 11h fico ocupado na cozinha, depois vou buscar minha esposa. Afazeres
domésticos
Afazeres
domésticos
PXI.28, PXI.30,
PXI.33
Afazeres domésticos
PXI.31 - 1h vou deixar (a esposa).
PXI.32 - Aí, não! Vou assistir um filme até 3h, vou ler um livro e cuidar do meu cachorro. Atividades
prazerosas
Lazer PXI.32, PXI.17,
PXII.57
À tarde assiste um
filme, lê um livro e
cuida de seu
cachorro.
PXI.33 - Aí quando dá 6h vou pra cozinha de novo lavar a loucinha que eu adoro, certo? Afazeres
domésticos
Afazeres
domésticos
PXI.28, PXI.30,
PXI.33
Afazeres domésticos
PXI.17 - No sábado pela manhã é que às vezes, né, eu saio um pouquinho aí tem tem, na minha
rua tem um barzinho, não é? Aí eu vou lá e converso de 8h até 9h, aí já venho pra casa e já fico na
minha casa e pronto.
Ás vezes, aos
sábados pela
manhã, vai a um
barzinho próximo à
sua casa
Lazer PXI.32, PXI.17,
PXII.57
Lazer
PXII.17 - ... estou fazendo Psicologia na UNP... Então estou usando o máximo dessa minha
liberdade de escolha. Então estou fazendo o curso da UNP, pra mim é liberdade máxima! Eu to
fazendo meu curso, três dias na semana!
Cursando
universidade
Estudos PXII.17, PXII.47,
PXII.49
Cursando
universidade
PXII.47 - Aí agora estou estudando né, estudando com afinco, estudando muito mas é muito Cursando Estudos PXII.17, PXII.47, Cursando
prazeroso, o curso de Psicologia!... universidade PXII.49 universidade
PXII – 49 ...então é isso que eu to preenchendo minha vida agora, depois de aposentada. Vou
estudar e querer depois trabalhar em coisas assim sem ser institucional sabe?...
Cursando
universidade
Estudos PXII.17, PXII.47,
PXII.49
Cursando
universidade
PXII.57 - ...Então assim eu to administrando o tempo agora, antes já administrava, conseguia
administrar mas agora eu tenho muito mais liberdade né? De noite eu só faço lazer sabe? Vou ao
shopping quase todos os dias pra ver a praça (risos) vou pro cinema sabe? Faço tudo ou não faço
naaaaada! Então estou administrando meu tempo com muito mais facilidade. Eu... o resto do dia é
todo administrando coisas que me dão o maior prazer.
Administrar o
tempo de forma
que possa fazer,
ao longo do dia, o
que lhe dá prazer
Lazer PXI.32, PXI.17,
PXII.57
Administrar o tempo
de forma que possa
fazer, ao longo do
dia, o que lhe dá
prazer
PXII.58 - Eu sempre gostei muito de ser mãe, de ser avó, sabe? É maravilhoso, tem muita
responsabilidade mas é muito bom. Então é isso aí também né? É um tempo muito gostoso que
agora estou fazendo com mais leveza, né?
Disponibilidade de
tempo para estar
com a família
Família PXII.58 Disponibilidade de
tempo para estar com
a família
PXII.60 - Viajo, com muito mais liberdade porque antes eu tinha todas as organizações de horário e
hoje eu continuo sendo aluna, só que ser aluna é muito melhor que ser professora em relação à
liberdade. Então, vamos dizer hoje! Amanhã! Sabe, não quero ir pra aula não. Posso! Mas se eu for
professora posso dizer que não vou dar aula? Né? Então, eu digo muitas vezes para eles: vocês
são privilegiados! Ser aluno! Então, como professora, a responsabilidade do trabalho é bem maior!
E como aluna, eu posso até reler o assunto, pegar com o colega... então, até isso é muito bom, eu
tenho essa minha atividade mas é uma atividade totalmente livre. Eu vou viajar, então me organizo
toda. Faço provas antecipadas, falo com os professores, converso com eles, faço os trabalhos,
viajo, depois volto, tudo bem! Se fosse professora eu não poderia fazer isso, tinha quer toda aquela
questão burocrática, institucional. Então aquela liberdade agora, sinceramente, não é total porque
tem a vida, tem a responsabilidade, eu continuo com toda a minha rede de responsabilidades mas é
muito maior.
Viagem sem
preocupação com
cumprimento de
horários
Viagem PXII.60 Viagem sem
preocupação com
cumprimento de
horários
TEMA
PROCESSO DE TRANSIÇÃO PARA A APOSENTADORIA
Discurso na Linguagem do Professor Unidade de
Significado
Categoria
Aberta
Rede de
Significados
Asserções
articuladas do
discurso
PXI.18 - Bom. A minha aposentadoria. Ela ocorreu muito mais em face, face um
problema que tive. Eu tive um problema no joelho. Eu passei de licença. Estava de
licença mas passei doente. Depois foi caracterizada uma necrose no joelho, não é?
Aí eu tive que passar 3 meses de licença médica, não é? E quando retornei. Então
eu resolvi que, eu tive medo de voltar pra sala de aula e ter problema no joelho de
novo não é? E voltar à licença médica, de novo. Então eu resolvi me aposentar.
Essa foi uma das razões.
Licença para
tratamento de
saúde
Saúde PXI.18 Licença para tratamento de
saúde e, ao voltar ao
trabalho, receio de adoecer
novamente
PXI.19 - É. Uma das razões. A outra razão, certo, foi mais uma razão de foro íntimo
assim... em relação à política. Eu senti a instituição é... muito mais por... é...
excessos de de de politicagens, entre aspas, tá certo? Então é o tipo de coisa que
eu não gosto de me envolver. Foi mais uma razão pra eu deixar.
Excessos de
“politicagens”
Política PXI.19 Excessos de “politicagens”
PXII.32 - Agora eu comecei a me sentir muito cansada! Porque antes eu ensinava
no nível superior, tinha também que diminuir no nível médio. E no último ano foi
muito estressante assim eu nem imaginava que seria tão estressante! Porque eu
fiquei no nível superior, com 3 disciplinas diferentes, porque uma coisa é você
ensinar no nível médio, você chega em cinco turmas bem, mesmo os meninos
sendo muito medonhos mas tudo bem. É só uma questão de comportamento mas
nunca tive problemas com isso! Mas você ensinar Geografia Urbana, Geografia da
População, Lazer e Urbanismo e ainda depois ser cobrada estando com 2 turmas
do primeiro ano do segundo grau. Então aí eu fui me sentindo sufocadíssima! E
como eu já tinha tempo pra aposentadoria, isto é, já ia completar tempo pra
aposentadoria achei melhor refletir: olha, as coisas só é boa enquanto for
prazerosa, então, eu adoro ensinar, adoro! Agora chega um ponto que... aí sabe!
Eu trabalho há muito tempo, vou lá ver se tenho tempo!
Acúmulo de
turmas gerando
fadiga
Cansaço ou
sobrecarga
de trabalho?
PXII.32, PXII.34 Acúmulo de turmas
gerando fadiga
PXII.34 - ... Aí fiquei sobrecarregada, então chegou meu limite, né! Sobrecarga Cansaço PXII.32, PXII.34 Sobrecarga levando ao seu
levando ao seu
limite
limite
PXII.40 - a preparação, no meu caso, foi... eu fui naturalmente, sempre eu achei
que o trabalho é uma parte da vida, então eu sempre achei isso independente de
qualquer discurso exterior, quer dizer, as pessoas querem que as pessoas
trabalhem muito! A instituição veste a camisa! A instituição é você! E eu não acho,
nunca achei nada disso! Eu sempre acho que qualquer instituição é uma parte da
sua existência. Que é muito mais, é muito maior...
O trabalho é
apenas uma das
várias esferas da
vida
Sobrecarga
de trabalho
PXII.32, PXII.34 O trabalho é apenas uma
das várias esferas da vida
PXII.41 - então quando eu pensei assim, eu disse: não, agora eu vou dar uma
ênfase, né? Ao resto, às outras coisas que eu deixei tanto tempo parada né! E
outros saberes. Porque eu acho assim, as coisas...preciso saber muita coisa, sou
muito curiosa! E minha preocupação aí era assim, saber sobre as pessoas!
Ênfase à outras
esferas da vida
deixadas de lado
devido o trabalho
Ênfase à outras esferas da
vida deixadas de lado
devido o trabalho
PXII.21 - sabe, eu vou refletir sobre essas coisas em outro lugar! Na minha própria
existência! E também porque eu trabalhei com o curso de lazer muitos anos e essa
minha preparação, esse esse estudo de lazer, que inclusive minha tese foi sobre
lazer no espaço urbano. Me fez refletir tanto sobre a questão do tempo, tempo de
trabalho, tempo de aproveitar a vida, outros tempos.
Disciplinas que ministrou
ajudaram na reflexão sobre
sua aposentadoria
PXII.24 - ...eu já vinha me preparando pelos meus estudos, pela minha vivência e
pelas minhas reflexões também, sou uma filósofa de vez em quando (risos). Aí, por
essas coisas, eu acho que já vinha me preparando sabe?
Disciplinas, que ministrou e
estilo de vida ajudaram na
reflexão sobre sua
aposentadoria
TEMA
A APOSENTADORIA ESTÁ SENDO COMO ESPERAVA?
Discurso na Linguagem do Professor Unidade de
Significado
Categoria
Aberta
Rede de
Significados
Asserções
articuladas do
discurso
PXI.17 - Às vezes eu fico assim por que tem dias que eu não troco nenhuma palavra
com ninguém, certo? Então é uma coisa que realmente me machuca um pouco,
sabe? De eu ser assim um pouco anti-social (riso nervoso)
Solidão Relações
sociais
PXI.17 Solidão
PXI.28 - Olhe, na verdade eu não vou dizer que sim, certo? Por que envolve
questões que são, vão além da... do meu, do meu dia-a-dia assim... por exemplo,
então eu não sinto falta de trabalho, tá certo? Eu não sinto falta do trabalho. Por que
na verdade eu passo todas as manhãs trabalhando.
Manter-se
ocupado evita de
sentir falta do
trabalho
Trabalho PXI.28 Manter-se ocupando evita de
sentir falta do trabalho
PXI.34 - na verdade hoje eu poderia até dizer assim, que não estou gostando muito
mas não sobre esses fatores assim... é mais um fator da perda de uma questão
financeira que possuía. Que quando eu me aposentei eu tinha uma certa reserva. O
meu salário era um. Assim que me aposentei, com pouco tempo, foi suspenso o
Bresser, né? E, além disso, parte da reserva que eu tinha eu tive que pagar uma, a
uma empregada doméstica na justiça.
Financeiro PXI.34
Perdas financeiras
PXI.36 - Então, quer dizer, isso e essa obrigação um pouco de ficar em casa. Eu
tenho minha esposa e tenho minha filha. Minha esposa trabalha pela manhã e à
tarde, certo? Então não tem quem fique em casa e eu tenho um cachorro que a
gente gosta muito, certo? E minha filha estuda o dia todo e todo dia ela tem que
estudar por que ela tá terminando já o mestrado e precisa estudar. Então ela não
pode tomar conta das coisas. Então eu tenho que estar presente, certo?
Obrigação de ficar
em casa gera
sensação de estar
aprisionado
Família PXI.36, PXI.38 Obrigação de ficar em casa
gera sensação de estar
aprisionado
PXI.37 - Mas eu gostaria de quê, meu filho mora em Porto de Galinhas. Eu gostaria
de ir lá passar uma semana, tá compreendendo? Mas não em função até de da
minha esposa e de de de de minha filha, entendeu?
Obrigação de ficar
em casa gera
sensação de estar
aprisionado
Viagem PXI.37 Obrigação de ficar em casa
gera sensação de estar
aprisionado
PXI.38 - Então isso atrapalha um pouco... podia ir à Brasília, poderia ir que eu tenho
família lá, passar uns dias. Mas em razão desse né, contexto! Aí eu fico um pouco
Obrigação de ficar
em casa gera
Família PXI.36, PXI.38 Obrigação de ficar em casa
gera sensação de estar
preso. sensação de estar
aprisionado
aprisionado
PXII.44 - Eu acho assim, que a minha aposentadoria foi uma grande conquista. Eu
acho que a aposentadoria não é nada a não ser uma conquista.
Aposentadoria
enquanto
conquista
Conquista PXII.44, PXII.48,
PXII.50
Aposentadoria é uma
conquista após anos de
dedicação ao trabalho
PXII.46 - ...foi muito uma questão assim de liberdade mesmo, eu acho que Graças a
Deus minha aposentadoria me possibilitou a liberdade de continuar trabalhando em
coisas diferentes!
Liberdade de
escolhas
Liberdade PXII.46, PXII.57 Liberdade gerando
possibilidades de escolhas
PXII.48 - eu tenho o privilégio, é isso que eu digo eu tenho o privilégio, puxa vida! Eu
estou com o privilégio de não ter essas obrigações entendeu ? Eu tenho esse
privilégio.
A não obrigação
de cumprir
horários
institucionais
percebida como
privilégio
Conquista PXII.44, PXII.48,
PXII.50
Aposentadoria enquanto
privilégio de não ter
obrigação de cumprir
determinados horários
institucionais
PXII.50 - ...eu tive essa idéia de que a aposentadoria era um prêmio, né! Um prêmio
pelo meu esforço, pelo meu trabalho, pelo que eu dei à sociedade. De uma forma
participativa, porque durante esse tempo que eu tive, eu tive participando de tudo,
né, então eu sempre achei que a aposentadoria era um prêmio de liberdade, dessa
liberdade que eu queria conseguir, então...
Aposentadoria é
um prêmio de
liberdade pelos
anos trabalhados
Conquista PXII.44, PXII.48,
PXII.50
Aposentadoria como prêmio
de liberdade
PXII.57 - ...a minha vida melhorou muito! Porque eu fiquei mais livre pra administrar
meu tempo...
Então assim eu to administrando o tempo agora, antes já administrava, conseguia
administrar mas agora eu tenho muito mais liberdade né?
Liberdade para
administrar o
tempo
Liberdade PXII.46, PXII.57 Liberdade para administrar o
tempo
APÊNDICE E
Roteiro para entrevista dos servidores que participaram do curso e não se
aposentaram.
Idade
Estado civil
Filhos. Quantos
Escolaridade
Há quanto tempo você trabalha na Instituição
Qual seu setor de lotação
Possui (ou já possuiu) alguma função de chefia. Há quanto tempo. Especificar.
Teve experiência profissional antes do IFRN. Qual (is).
Exerce, atualmente, atividade(s) laborativa(s) fora da Instituição. Qual
Como você utiliza seu tempo livre
Participa de alguma associação de bairro, religiosa, sindical, não-governamental-ONG,
entidade filantrópica ou alguma outra que eu não tenha citado
Você já preencheu os requisitos para se aposentar e continua trabalhando. Você poderia
ter se aposentado desde que ano. O que o levou a escolher continuar trabalhando ao
invés de se aposentar. (caso já tenha atingido o tempo para se aposentar)
Com relação ao Curso de Preparação para a Aposentadoria, as informações recebidas
no curso corresponderam ao que você esperava receber com relação ao processo de
aposentadoria
Como você imagina que será sua aposentadoria.
RESPOSTAS
APÊNDICE F
Roteiro para entrevista do servidor que participou do curso e se aposentou
Idade
Estado civil
Filhos. Quantos
Escolaridade
Quanto tempo você trabalhou na Instituição
Qual seu setor de lotação
Possuiu alguma função de chefia
Teve experiência profissional antes do IFRN. Qual (is).
Como você utiliza seu tempo livre
Participa de alguma associação de bairro, religiosa, sindical, não-governamental-ONG,
entidade filantrópica ou alguma outra que eu não tenha citado
Com relação ao Curso de Preparação para a Aposentadoria, as informações recebidas no
curso corresponderam ao que você esperava receber com relação ao processo de
aposentadoria
Como se deu sua aposentadoria?
RESPOSTAS
APÊNDICE G
Roteiro para entrevista do servidor que não participou do curso e não se aposentou
Idade
Estado civil
Filhos. Quantos
Escolaridade
Há quanto tempo você trabalha na Instituição
Qual seu setor de lotação
Possui (ou já possuiu) alguma função de chefia. Há quanto tempo. Especificar.
Teve experiência profissional antes do IFRN. Qual (is).
Exerce, atualmente, atividade(s) laborativa(s) fora da Instituição. Qual
Como você utiliza seu tempo livre
Participa de alguma associação de bairro, religiosa, sindical, não-governamental-ONG,
entidade filantrópica ou alguma outra que eu não tenha citado
Você já preencheu os requisitos para se aposentar e continua trabalhando. Você poderia ter se
aposentado desde que ano. O que o levou a escolher continuar trabalhando ao invés de se
aposentar.
Você tem conhecimento da existência de um Programa de Preparação para a Aposentadoria
na Instituição?
O que você sabe sobre a proposta desse Programa?
Porque você não participou desse Programa?
Como você imagina que será sua aposentadoria.
RESPOSTAS
APÊNDICE H
Roteiro para entrevista dos servidores que participaram do curso e se aposentaram
Idade
Estado civil
Filhos. Quantos
Escolaridade
Quanto tempo você trabalhou na Instituição
Qual seu setor de lotação
Possuiu alguma função de chefia
Teve experiência profissional antes do IFRN. Qual (is).
Como você utiliza seu tempo livre
Participa de alguma associação de bairro, religiosa, sindical, não-governamental-ONG,
entidade filantrópica ou alguma outra que eu não tenha citado
Como se deu sua aposentadoria?
Você tem conhecimento da existência de um Programa de Preparação para a Aposentadoria
na Instituição?
O que você sabe sobre a proposta desse Programa?
Porque você não participou desse Programa?
Sua aposentadoria está sendo como você esperava que fosse?
RESPOSTAS