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1 MICROECONOMIA 1.º Semestre de 2014/2015 João Amador Paulo Gonçalves CADERNO DE EXERCÍCIOS I. Conceitos básicos e Modelo Ricardiano de Troca II. Procura, Oferta e Equilíbrio de Mercado III. Aplicações do Modelo de Procura e Oferta IV. Concorrência Perfeita e Monopólio

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MICROECONOMIA

1.º Semestre de 2014/2015

João Amador

Paulo Gonçalves

CADERNO DE EXERCÍCIOS

I. Conceitos básicos e Modelo Ricardiano de Troca

II. Procura, Oferta e Equilíbrio de Mercado

III. Aplicações do Modelo de Procura e Oferta

IV. Concorrência Perfeita e Monopólio

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I. Conceitos Básicos e Modelo Ricardiano de Troca

1. O Custo de oportunidade é:

a) o valor da melhor alternativa sacrificada quando fazemos uma determinada opção;

b) o número de escolhas possíveis para gastar o dinheiro;

c) uma medida das oportunidades em termos dos seus preços relativos;

d) é sempre o mesmo que o custo do dinheiro.

2. Mesmo as políticas do Estado têm custos de oportunidade o que significa:

a) que será necessário aumentar os impostos;

b) ter um determinado objectivo pode exigir prescindir de outro objectivo;

c) a acção do governo é habitualmente ineficiente;

d) a acção do governo fornece novas oportunidades.

3. Numa aldeia do Neolítico existem duas famílias que se dedicam à pesca e à recolha de

frutos. A família dos Flinstones necessita de 20 e 30 minutos para pescar um kg de peixe

e recolher um kg de frutos, respectivamente. A família dos Rollingstones necessita de 40

e 80 minutos para pescar um kg de peixe e recolher um kg de frutos, respectivamente.

Cada família trabalha 12 horas por dia.

a) Qual das famílias tem vantagem absoluta na recolha de frutos? E de peixe?

b) Qual das famílias tem vantagem comparativa na recolha de frutos? E de peixe?

c) Qual o padrão de especialização que proporia? Será este o padrão que resulta de uma

situação de comércio livre entre as duas famílias? Justifique as suas respostas.

d) Determine o preço relativo dos bens que vai vigorar nas trocas entre as duas famílias.

e) Considera que uma alteração do número de horas de trabalho disponível, por parte

dos Flinstones, altera o padrão de especialização e o padrão de troca identificado nas

alíneas anteriores? De que forma? Justifique as suas respostas.

f) Considera que uma alteração do número de minutos que os Flinstones precisam para

pescar um kg de peixe pode alterar o padrão de especialização e o padrão de troca

definido nas alíneas anteriores? De que forma? Justifique as suas respostas.

g) Suponha agora que a filha mais velha dos Flinstones casa-se com o filho mais velho

dos Rollingstones, passando o jovem casal a viver na casa dos Rollingstones. Em

resultado desta união, os Rollingstones descobrem os segredos de pesca e de recolha

de frutos dos Flinstones, passando a ser tão eficientes quanto estes nas actividades de

pesca e de recolha de frutos. Ou seja, os Rollingstones passam a conseguir pescar um

kg de peixe ou a recolher um kg de frutos em, respectivamente, 20 e 30 minutos.

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Qual o impacto do referido casamento sobre os padrões de especialização e de troca

dos Flinstones e dos Rollingstones, assim como sobre o bem-estar de cada uma destas

famílias? Seria possível, através da negociação de um dote de casamento a pagar

pelos Rollingstones aos Flinstones, que o bem-estar de cada uma das famílias

aumentasse em resultado do referido casamento? Justifique as suas respostas.

4. Em resultado de uma grave crise económica e financeira, um determinado país decide

fechar as suas fronteiras ao comércio internacional. Anteriormente a esta decisão, o

comércio consistia na troca de dois bens – cereais e máquinas. Em termos de coeficientes

técnicos, este país necessitava de 1 trabalhador para produzir uma tonelada de cereais e

de 2 trabalhadores para produzir uma máquina, enquanto que o seu parceiro comercial

necessitava de 9 trabalhadores para produzir uma tonelada de cereais e de apenas 3

trabalhadores para produzir uma máquina.

a) Qual o padrão de comércio que existia entre estes dois países? Justifique a sua

resposta.

b) Represente graficamente as perdas de bem-estar decorrentes da eliminação do

comércio. A existência prévia de uma situação de especialização produtiva acentua

estas perdas? Justifique as suas respostas.

Um dirigente do país afirma que “esta decisão de fechar as nossas fronteiras ao comércio

internacional permite a criação de mais empregos na economia, pois passaremos a

produzir internamente o que anteriormente importávamos”.

c) Como reagiria a esta afirmação?

Surge entretanto uma proposta para criar uma parceria entre os dois países, como forma

de resolver a atual crise económica, que se traduzirá no comércio livre e o intercâmbio de

investigadores entre os dois países. Em reação, um dirigente do país afirma que “essa

proposta é errada, pois o outro país poderá apropriar-se da nossa tecnologia de produção

de máquinas, reduzindo significativamente o nosso bem-estar social”.

d) Está de acordo com esta afirmação? Justifique a sua resposta.

5. Assuma que é consultor económico do governo da ilha das Tartarugas, pertencente ao

arquipélago das Conchas, onde os habitantes consomem apenas peixe e bananas. Dizem-

lhe que, na ilha das Tartarugas, são necessários oito e quatro trabalhadores para obter,

respectivamente, uma unidade de bananas e uma unidade de peixe. Já na vizinha ilha

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dos Papagaios, são necessários quatro trabalhadores para obter uma unidade de peixe, e

o custo de oportunidade do peixe face às bananas é igual a 1/4.

a) Com base nesta informação, construa a matriz dos coeficientes técnicos da economia,

identificando ainda, graficamente, os ganhos de especialização e de troca que

resultariam de um equilíbrio de mercado.

Suponha agora a existência de uma terceira ilha no arquipélago das Conchas, a ilha das

Iguanas, onde são necessários dois e um trabalhadores para obter, respectivamente, uma

unidade de bananas e uma unidade de peixe.

b) Como consultor do governo da ilha das Tartarugas, qual seria a sua recomendação

relativamente a qual das ilhas deveria ser escolhida para parceiro comercial da ilha

das Tartarugas? Justifique a sua resposta.

Durante o Inverno, as ligações por barco entre as várias ilhas do arquipélago das Conchas

são afectadas por perigosas correntes, as quais resultam, em média, na perda de metade

da carga transportada entre as várias ilhas.

c) Como consultor do governo da ilha das Tartarugas, mostre que, durante o Inverno, as

trocas comerciais entre as várias ilhas deixam de se justificar.

6. Comente sucintamente a veracidade das seguintes afirmações:

a) Num modelo com uma tecnologia de coeficientes fixos onde se produzem dois bens

recorrendo à utilização do factor trabalho, a inclinação da fronteira de possibilidades

de produção depende do número total de trabalhadores do país.

b) O comércio internacional permite aos países alargar o seu espaço de possibilidades de

consumo sem que se altere o seu espaço de possibilidades de produção.

c) O comércio internacional é responsável pela diminuição do bem-estar nos países mais

pobres.

d) Uma alteração na dotação de recursos de um país é suficiente para alterar os padrões

de especialização e de troca.

e) Numa economia de mercado, o mecanismo de preços leva cada agente económico a

especializar-se de acordo com a vantagem comparativa.

f) As trocas entre dois países ou agentes económicos geram ganhos de troca, na estrita

medida em que existem diferenças (em termos de recursos, capacidades ou

tecnologias, interesses ou preferências) entre os referidos países ou agentes

económicos.

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g) As reformas estruturais da economia qie facilitam a mobilidade dos recursos ou fatores

produtivos potenciam os ganhos que resultam do comércio livre (nesta resposta,

exemplifique com alguns aspetos relacionados com a legislação e com o Direito que

condicionam a mobilidade dos recursos económicos).

h) As escolhas com custos de oportunidade elevados são sempre desadequadas.

7. Assuma que, no seu país, decorre uma acesa discussão parlamentar sobre a ratificação

de um acordo de comércio livre com um país vizinho.

a) Em sede parlamentar, um deputado terá dito que “este acordo de comércio livre será

ruinoso para a economia, dado que a nossa tecnologia é mais atrasada do que a do

país vizinho”. Como comentaria esta afirmação junto da opinião pública do seu país?

Entretanto, tem acesso a um estudo sobre os coeficientes técnicos associados à produção

de arroz e de bicicletas, os dois bens produzidos e consumidos nos dois países em causa.

No seu país, são necessários 8 e 4 trabalhadores, respectivamente, para produzir uma

bicicleta e uma unidade de arroz. Já o país vizinho necessita, apenas, de 6 e 2

trabalhadores para produzir as mesmas quantidades de bens.

b) Construa a matriz de coeficientes técnicos e diga qual o padrão de trocas que

resultaria de um cenário de comércio livre entre os dois países.

c) Represente graficamente os ganhos de comércio e de especialização de cada uma das

economias.

d) Um deputado acusa-o de esquecer que os salários no país vizinho são metade dos

salários praticados no seu país, pelo que, em resultado da implementação de um

acordo de comércio livre, as empresas nacionais enfrentarão um sério problema de

competitividade. Como se defenderia desta argumentação?

8. Um jovem advogado encontra-se a trabalhar, simultaneamente, na preparação de três

julgamentos. O objectivo do advogado é maximizar as indeminizações a receber pelos

clientes, uma vez que os seus honorários correspondem a uma determinada percentagem

das indeminizações conseguidas em tribunal. Naturalmente, a probabilidade de ganhar

um caso, assim como o montante da indeminização a receber pelo cliente, dependem do

tempo que o advogado utiliza na preparação desse caso. A tabela seguinte ilustra o valor

esperado das indeminizações, em cada um dos três casos, e a sua relação com o número

de horas utilizadas na preparação desse caso:

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Horas de preparação Caso I Caso II Caso III

0 100 0 0

1 120 40 70

2 130 70 120

3 135 90 150

4 137 105 175

5 138 115 195

6 138 120 210

7 136 127 220

8 132 128 228

9 125 128 232

10 110 127 233

a) Suponha que o advogado decidiu utilizar 4 horas na preparação do 3º Caso, e 5 horas

na preparação de cada um dos outros casos. Neste cenário, diga-nos qual o custo de

oportunidade associado a gastar uma hora adicional na preparação do 3º Caso?

b) Comparando o custo de oportunidade calculado na alínea anterior, com o benefício que

resulta de aplicar uma hora adicional na preparação do 3º caso – ou seja, o benefício

marginal –, diga-nos se a afectação que foi proposta para o tempo de preparação

daquele caso é ou não a mais eficiente? Em que sentido deveria ser ajustado o tempo

de preparação do referido caso? Justifique as suas respostas.

c) Determine a forma como o advogado deverá afectar as 14 horas que tem disponíveis

para preparar estes três casos.

d) Aplique os princípios económicos que resultam das alíneas anteriores às seguintes

situações: (i) consumidor deverá escolher quais as quantidades a adquirir de dois

bens; (ii) produtor deverá decidir a forma de afectar a sua produção entre duas

fábricas; (iii) produtor deverá decidir qual a quantidade a produzir.

9. Em termos de análise normativa, os principais critérios ou objectivos que servem de

base às recomendações apresentadas pelos economistas são os critérios de eficiência –

eficiência produtiva, eficiência na afectação de recursos e eficiência dinâmica – e

de equidade, relacionados, respectivamente, com a “maximização da dimensão do

bolo” produzido pela economia e com a forma como se procede à “divisão do bolo”.

Que outros critérios normativos serão adequados à avaliação de questões jurídicas?

Em muitas das áreas da economia e do direito, existem potenciais conflitos entre a

eficiência, equidade e outros possíveis objectivos normativos que possam ser

considerados (v.g., potenciais conflitos entre objectivos normativos surgem quando se

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procede à avaliação de diferentes regimes legais). Nestes casos, o decisor terá de avaliar

e proceder a determinados trade-offs – por exemplo, uma determinada lei que melhore

a eficiência da economia pode resultar numa distribuição menos equitativa dos recursos.

Também importa notar que, não obstante os economistas se referirem a questões de

equidade, grande parte das suas análises normativas baseiam-se nos critérios de

eficiência, uma vez que as avaliações de equidade obrigam a juízos de valor, que apenas

poderão ser resolvidos através de um processo de escolha política ou outros qualquer

processo de escolha colectiva. Ou seja, não deverá ser o economista a impor, à

sociedade, os seus próprios juízos de valor no que concerne a questões relacionadas com

a equidade.

Não obstante, o recurso à análise económica para avaliar custos e benefícios ao nível da

eficiência, que resultam de uma qualquer política, é particularmente útil, uma vez que

permite aos decisores políticos estar informados sobre as implicações das suas escolhas

em termos de eficiência e, desta forma, estarão mais bem informados para proceder a

eventuais trade-offs entre a eficiência da economia e a equidade ou outros possíveis

objectivos normativos que se pretenda prosseguir.

O presente exercício introduz os alunos à necessidade de se proceder a trade-offs,

quando se está perante uma escolha entre diversas opções, e existem vários critérios ou

objectivos normativos a prosseguir.

Suponha que, nas suas funções como assessor do ministro da justiça, é-lhe solicitado que

avalie uma nova legislação sobre a responsabilidade civil em caso de atropelamento.

Neste momento, encontram-se em estudo diversas formas alternativas de definir a

referida legislação: (i) o condutor não é responsabilizado pelos danos causados; (ii) o

condutor é responsabilizado em caso de atropelamento; (iii) o condutor só não será

responsabilizado, se se demonstrar que houve negligência da parte do peão; (iv) o

condutor apenas será responsabilizado se se demonstrar que este foi negligente e, ao

mesmo tempo, que o peão não foi negligente; (v) a responsabilidade divide-se entre o

condutor e o peão, em função do grau de negligência de cada um.

A tabela seguinte identifica os objectivos normativos que servirão de base à presente

avaliação, assim como as consequências de cada um daqueles regimes legais em termos

dos referidos objectivos.

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Objectivos Legislação A Legislação B Legislação C Legislação D Legislação E

Número de

atropelamentos 450 250 250 250 300

Gravidade dos

atropelamentos (nº

de mortes)

70 55 65 50 60

Litigância (nº de

casos em tribunal) 50 50 80 50 80

Erros judiciais na

aplicação da lei 10% 15% 20% 5% 15%

Custos de

implementação 1.950 M€ 1.700 M€ 1.500 M€ 1.900 M€ 1.750 M€

Ademais, estima-se que os custos associados à litigância em tribunal são, em média, iguais a

cerca de 10.000 € por cada caso que chega a tribunal.

Qual seria o seu Parecer para o ministro da justiça, no que concerne à escolha do novo regime

legal de responsabilidade civil em caso de atropelamento? Que outros critérios normativos

deveriam ter sido tidos em conta no presente caso?

Sugestão: Alguma daquelas legislações é dominada por outra? Alguns dos critérios de

escolha pode ser eliminado? Simplifique o seu problema, eliminando as alternativas e critérios

que resultaram das duas perguntas anteriores. Posteriormente, pense em termos dos trade-

offs que a sociedade estaria disposta a fazer.

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II. Procura, Oferta e Equilíbrio de Mercado

10. Com base nas leis da procura e da oferta, diga como se alteram o preço e a quantidade

de equilíbrio no mercado relevante, na sequência dos seguintes choques:

Sugestão: Comece por verificar como é que cada um daqueles choques faz deslocar as

curvas de procura e de oferta. Recorde-se que a curva de procura desloca-se em

resultado de choques que afectem a valorização que o consumidor atribui ao bem –

i.e., o seu preço de reserva –, e a curva de oferta desloca-se em resultado de choques

que afectem os custos de produção ou os custos de oportunidade do bem.

a) Aumento da população na sequência de um fluxo imigratório;

b) Diminuição do preço da energia no produtor;

c) Diminuição do rendimento disponível dos consumidores;

d) Mau ano agrícola devido a condições climatéricas;

e) Melhorias nos processos produtivos devido a progresso tecnológico;

f) Aumento do preço de um bem substituto;

g) Diminuição do preço de um bem complementar;

h) Criação de expectativas de crise económica por parte da população.

11. A legislação Europeia vai obrigar os produtores de electrodomésticos a fixar o prazo da

garantia em 2 anos. Actualmente, a generalidade dos electrodomésticos têm um prazo de

garantia de 1 ano. Apresente os efeitos desta medida sobre o mercado de

electrodomésticos, referindo, de forma justificada, os seguintes efeitos:

a) Efeitos sobre a curva de procura;

b) Efeitos sobre a curva de oferta;

c) Efeitos sobre o equilíbrio do mercado (quantidades e preços de equilíbrio).

Os consumidores estimam que a probabilidade do electrodoméstico sofrer uma avaria,

durante o 2º ano de utilização, é igual a cerca de 20%, e que, em caso de avaria e na

ausência da extensão de garantia, o consumidor teria que suportar, em média, uma

despesa de 100 euros com o arranjo do electrodoméstico avariado.

Já os produtores estimam que, em caso de extensão da garantia, terão de suportar, em

média, uma despesa adicional de 50 euros com o arranjo de cada electrodoméstico

avariado. Os produtores concordam que a probabilidade do electrodoméstico sofrer uma

avaria, durante o 2º ano de utilização, é igual a cerca de 20%.

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d) Determine o impacto que a legislação sobre a extensão de garantia terá sobre os

preços de reserva (ou valorização) dos consumidores e dos produtores de

electrodomésticos. Consegue calcular o impacto desta medida sobre o preço de

equilíbrio do mercado de electrodomésticos?

e) Apresente ainda uma análise de bem-estar, avaliando o impacto da extensão de

garantia sobre o bem-estar dos consumidores e sobre o bem-estar dos produtores.

12. Mostre, graficamente, qual o impacto sobre o equilíbrio de mercado e sobre o bem-estar

dos consumidores e dos produtores, que resulta de um acréscimo generalizado na

qualidade de um qualquer bem (sem alteração nos respectivos custos marginais de

produção). Nesta sua análise, considere dois cenários alternativos: (i) os consumidores

que mais valorizam o acréscimo de qualidade são os consumidores com preços de reserva

mais elevados; (ii) os consumidores que mais valorizam o acréscimo de qualidade são os

consumidores com preços de reserva mais baixos.

13. Suponha que é contratado para prestar consultoria económica a uma empresa do sector

informático. Pedem-lhe para identificar os efeitos sobre o mercado de computadores – no

preço e na quantidade transaccionada – que resultam de diferentes cenários alternativos:

a) Descida do preço dos microchips utilizados na produção dos processadores que

integram o computador.

b) Redução do tarifário de acesso à Internet de banda larga.

c) Redução generalizada das campanhas de marketing, por parte das empresas

produtoras de computadores, como forma de reduzir custos de produção.

d) Aumento da disponibilidade de software livre de custos na internet.

e) Redução das contribuições para a segurança social, realizadas pelas empresas

produtoras de computadores, como forma de promover a competitividade desta

indústria.

f) Aumento da cobertura do acesso à internet sem fios em lugares públicos, financiado

pelas autarquias.

g) Aumento das verbas destinadas a programas de formação para as novas tecnologias .

14. A Associação de Produtores de Máquinas de Café desenvolveu uma nova máquina que

reduz o desperdício de café por Bica sem alterar a qualidade da mesma.

a) Como se alteram o preço e a quantidade de equilíbrio no mercado de máquinas de

café?

b) Avalie os efeitos sobre o bem-estar do produtor e do consumidor?

c) De que forma é que as suas respostas anteriores dependem do preço do café?

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d) De que dados necessitaria para estimar o impacto da introdução desta nova máquina,

sobre o preço de reserva (ou valorização) dos utilizadores da máquina?

e) Suponha que a nova máquina, para além de reduzir o desperdício de café, tem um

custo de produção unitário mais baixo. Qual o efeito esperado sobre a quantidade e

preço de equilíbrio no mercado das máquinas de café?

15. Em 1987 um PC 386 era vendido por $6995. Actualmente podemos adquirir um Pentium

com características superiores ao velhinho 386 por uma parcela do preço do 386.

a) Explique as razões que levaram a uma tão drástica diminuição do preço.

b) Qual o impacto esperado do crescimento da utilização da Internet sobre o preço dos

computadores?

16. As seguintes alíneas apresentam fenómenos ou padrões de comportamento normalmente

observados em diversos mercados de bens e serviços, sendo-lhe pedido uma explicação

para os mesmos com base no Modelo de Procura e Oferta. Na última alínea é-lhe pedido

que descreva um padrão de comportamento por si observado, num qualquer mercado, e

que o explique com o recurso ao Modelo de Procura e Oferta.

Queira explicar os seguintes fenómenos, recorrendo ao Modelo de Procura e Oferta

(pretendem-se respostas baseadas em análise gráfica):

a) Alguns bares cobram aos seus clientes a água consumida, enquanto disponibilizam

gratuitamente taças cheias de amendoins salgados. Atendendo a que estes custam

muito mais ao dono do bar do que a água, não deveria ser ao contrário? Isto é, não

deveriam os bares cobrar pelos amendoins e oferecer a água?

b) Algumas lojas de fotografia oferecem gratuitamente um segundo conjunto de

impressões do mesmo rolo fotográfico?

c) Os construtores automóveis japoneses foram pioneiros no desenvolvimento de

sistemas de gestão da qualidade total, adotando processos produtivos que procuram,

entre outros, minimizar os defeitos de produção. Queira explicar a razão porque foram

os construtores de automóveis japoneses os primeiros a alargar os prazos de garantia

dos automóveis vendidos.

d) Queira descrever um fenómeno ou padrão observado num qualquer mercado, e

explique-o com o recurso ao Modelo de Procura e Oferta.

17. A electricidade é produzida com o recurso, entre outros, a dois processos alternativos, as

centrais hidroeléctricas localizadas em barragens, e as centrais de ciclo combinado que

transformam gás natural em electricidade.

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Sabe-se que o custo unitário de produção de electricidade em centrais hidroeléctricas é

significativamente inferior ao respectivo custo de produção quando se recorre a centrais

de ciclo combinado. No entanto, a capacidade limitada das barragens existentes obriga a

produzir uma parte da electricidade com o recurso a centrais de ciclo combinado.

Com base nesta informação, e recorrendo ao modelo de procura e oferta, avalie

graficamente os efeitos dos seguintes fenómenos sobre o mercado da electricidade (i.e.

sobre a quantidade e preço de equilíbrio, no mercado da electricidade). Não se esqueça

de justificar as suas respostas.

a) Inverno particularmente rigoroso em termos de temperaturas.

b) Diminuição significativa dos níveis de pluviosidade.

c) Reforço do caudal do rio Douro, em resultado de um novo acordo com Espanha

relativo à gestão do caudal deste rio ibérico.

d) Aumento das taxas associadas ao serviço de transporte de electricidade, cobradas (aos

produtores de energia eléctrica) pela empresa que gere a rede eléctrica nacional.

e) Diminuição significativa do preço do gás natural (note que o gás natural tem dois tipos

de utilização, pode ser utilizado como fonte de energia pelo consumidor final, em

alternativa à electricidade, e pode ser transformado em electricidade nas centrais de

ciclo combinado, conforme supra referido).

18. A energia eléctrica é produzida com o recurso, entre outros, a centrais hidroeléctricas

(barragens) e a centrais térmicas (centrais que transformam gás natural, carvão ou

outras fontes térmicas em energia eléctrica). Por outro lado, note que a água acumulada

na maior parte das barragens tem duas utilizações possíveis, a produção de energia

eléctrica e o fornecimento de água para consumo humano ou para fins agrícolas.

Recorrendo ao modelo de procura e oferta, avalie graficamente os efeitos dos seguintes

fenómenos sobre o mercado da electricidade. Não se esqueça de justificar as suas

respostas.

a) Instabilidade política num dos principais países fornecedores de gás natural.

b) Lançamento de um programa de incentivos à compra, por parte das famílias, de

painéis solares para fornecimento de energia às suas habitações.

c) Aumento dos preços da água que é fornecida para consumo humano ou para fins

agrícolas.

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Diferentes tipos de centrais eléctricas (v.g., centrais hidroeléctricas, centrais térmicas a

gás natural e centrais térmicas a carvão) apresentam diferentes custos marginais de

produção, em resultado, por exemplo, da tecnologia utilizada, da dimensão da central em

causa, dos níveis de pluviosidade e preços do gás natural e do carvão. Considere a

seguinte informação sobre a capacidade de produção horária e os custos marginais de

produção da electricidade, nas várias centrais existentes em determinado país:

Tipo de Central Capacidade de produção

horária (em MW)

Custos marginais de

produção (por MW)

Central Hidroeléctrica I 100 15

Central Hidroeléctrica II 300 12

Central Hidroeléctrica III 600 10

Central a Gás Natural I 200 22

Central a Gás Natural II 200 25

Central a Carvão 150 20

d) Represente graficamente a curva de oferta de energia eléctrica.

e) Considere que a curva de procura de electricidade é infinitamente rígida (i.e.,

alterações no preço da electricidade não têm qualquer impacto na quantidade

procurada de energia), sendo a procura horária igual a 1100 MW. Determine o preço

de mercado da electricidade e represente graficamente o equilíbrio de mercado.

f) Suponha que, em resultado do aumento do consumo de carvão na China, o preço do

carvão aumenta cerca de 50%, o que se traduz no aumento, em cerca de 40%, nos

custos marginais da Central a Carvão. Avalie o impacto deste fenómeno sobre o preço

de mercado da electricidade referido na alínea anterior.

A jusante das maiores barragens do país, constrói-se, normalmente, uma segunda

barragem de dimensão mais pequena (a chamada barragem de contra-embalse), e que

permite reter parte da água que é libertada pela primeira barragem. Por exemplo, a

barragem do Alqueva tem a jusante, no mesmo rio, a barragem de contra-embalse do

Pedrogão, sendo frequente a bombagem ou o turbinamento reversível, para a barragem

do Alqueva, de água que foi retida na barragem do Pedrogão, para que essa água possa

voltar a ser utilizada na produção de energia eléctrica.

A bombagem de água é feita com o recurso a energia eléctrica, sabendo-se que a

bombagem da água necessária à produção de um KW de energia eléctrica gasta mais do

que um KW de energia. Considere, por exemplo, que a bombagem da água necessária à

produção de um KW de energia gasta, em média, dois KW de energia.

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g) Recorrendo ao Modelo de Procura e Oferta, e atendendo a que a procura de energia

eléctrica varia significativamente ao longo do dia, havendo horas de procura elevada

(horas de ponta) e horas de procura reduzida (horas de vazio), queira explicar o

racional económico que justifica a existência de bombagem de água para o Alqueva, a

partir da barragem de contra-embalse do Pedrogão (ambas localizadas no rio

Guadiana), não obstante o processo de bombagem ou de turbinamento reversível

gastar mais energia do que aquela que poderá ser produzida a partir da água

turbinada.

19. O modelo de procura e oferta é um instrumento de enorme utilidade, mesmo quando não

se conseguem quantificar os preços de reserva dos consumidores e dos produtores,

conforme resulta, aliás, dos vários exercícios já realizados. Não obstante, em

determinadas circunstâncias, importa ter uma estimativa dos aludidos preços de reserva,

ou, quanto muito, uma estimativa da forma como os preços de reserva variam em

resposta a determinados fenómenos (v.g., aumento da qualidade dos produtos ou uma

extensão de garantia). Ainda que os economistas tenham desenvolvido métodos

relativamente sofisticados para determinar os preços de reserva, importa notar que, em

determinados casos, estes preços de reserva podem ser estimados de forma simples. O

presente exercício apresenta uma situação hipotética, em que a quantificação dos preços

de reserva pode ser feita de uma forma relativamente simples. Noutros casos, será

suficiente estimar o impacto que determinados fenómenos terão sobre os preços de

reserva, remetendo-se, desde já, para a análise que foi feita no exercício 11.

A Maria, jovem advogada licenciada pela FDUNL, obteve uma colocação num dos maiores

escritórios de advogados Ingleses. A Maria decidiu que, antes de partir para Londres, terá

de vender o seu carro, um pequeno utilitário com seis anos e cerca de 60.000 kms.

Depois de visitar vários stands de automóveis usados, a Maria obteve três propostas pelo

seu carro, no valor de 5.500 €, 6.900 € e 6.000 €. Simultaneamente, a Maria colocou um

anúncio no jornal, pedindo um preço de 8.000 € pelo carro. O carro deverá ser vendido

antes da partida da Maria para Londres, o que ocorrerá dentro de 5 dias.

Entretanto, um antigo colega de estágio da Maria, o António, necessita de adquirir um

carro usado. Conhecendo a forma cuidadosa como a Maria tratava o carro, o António tem

plena confiança no mesmo, pelo que se propôs adquiri-lo. O António estima que um carro

do mesmo modelo, estado de conservação e quilometragem, poderia custar-lhe, num

stand de automóveis usados, cerca de 10.000 €. Aliás, o António visitou vários stands de

automóveis usados, tendo encontrado à venda três automóveis do mesmo modelo: um

deles com 6 anos e cerca de 40.000 kms; o outro com sete anos e cerca de 70.000 kms;

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o terceiro com seis anos e cerca de 70.000 kms; estes três carros estão à venda por um

preço de 11.500 €, 6.750 € e 6.500 €, respectivamente.

O que pode dizer acerca do custo de oportunidade da Maria, associado à opção de vender

o carro ao António? Qual o preço de reserva (ou valorização) que a Maria atribui ao carro?

Consegue determinar o preço de reserva do António? Quais os ganhos potenciais de troca

que resultam deste cenário? Consegue determinar o preço a que o carro será vendido?

20. Durante o ano de 1986 o sudeste dos E.U.A. sofreu uma das maiores secas deste século.

Alguns políticos defenderam a necessidade de compensar os agricultores, enquanto

outros argumentaram que o mercado se encarregaria de o fazer. Comente ilustrando

graficamente e utilizando o conceito de elasticidade da procura.

21. Suponha que se encontra a trabalhar no Departamento de Análise Económica de uma

Tabaqueira. O seu chefe pede-lhe que determine a elasticidade da procura que é dirigida

à empresa. Depois de alguns cálculos, conclui que aquela procura é elástica. O seu chefe

fica intrigado porque sempre considerou que o tabaco, ao criar habituação, tem uma

procura rígida. Apresente os argumentos necessários para convencer o seu chefe da

validade das suas conclusões.

22. O teatro municipal e a empresa de transportes públicos de uma determinada cidade são

altamente deficitários. O presidente da Câmara Municipal decide alterar o preço dos

bilhetes com vista à alteração da situação financeira das duas empresas.

a) Tendo em consideração a natureza da procura de peças de teatro e de transportes

públicos urbanos, designadamente ao nível da elasticidade da procura, que conselho

daria ao presidente da Câmara?

b) De acordo com um estudo que estima as elasticidades da procura de peças de teatro e

de viagens em transportes públicos, estas são iguais a cerca 1,5 e 0,5

respectivamente. Actualmente, os bilhetes de teatro custam 20 euros, sendo

adquiridos 200 bilhetes por dia. Já os bilhetes para transportes públicos custam 1

euro, sendo adquiridos 10.000 bilhetes por dia. Estime o impacto que um aumento de

10% nos preços dos espectáculos de teatro teria sobre a procura de peças de teatro e

sobre a receita do teatro municipal. Avalie, igualmente, o impacto de um aumento de

10% nos preços dos transportes públicos sobre a procura de viagens e receita da

empresa municipal de transportes públicos.

23. A ligação rodoviária em auto-estrada, entre Lisboa e o Porto, pode ser feita através de

duas vias alternativas, as auto-estradas A1 e A8. Suponha que estas duas vias se

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encontram concessionadas a duas entidades distintas. Tendo sido contratado para prestar

serviços de consultoria económica à empresa concessionária da auto-estrada A8, pedem-

lhe para avaliar do interesse que poderia ter uma eventual diminuição nas portagens

desta auto-estrada. É-lhe fornecido um estudo de tráfego, onde se conclui que uma

diminuição de 10% nas portagens da A8 teria, como impacto, uma redução de 7% no

tráfego da A1. Sabendo que o actual tráfego médio diário da A1 e da A8 corresponde a

cerca de 2 milhões de veículos/km e 1,4 milhões de veículos/km, respectivamente, diga-

nos qual seria o seu parecer sobre a eventual alteração nas portagens da A8.

Para efeitos da sua resposta, note que a diminuição das portagens da A8 terá um impacto

na procura dirigida a esta auto-estrada que, em princípio, resultará de três fenómenos:

(i) Desvio de tráfego da A1 para a A8; (ii) Desvio de tráfego de outras vias rodoviárias

para a A8; (iii) Geração de novas viagens por via rodoviária, quer em resultado de

consumidores que, antes da diminuição das portagens, não faziam a viagem entre Lisboa

e o Porto, quer em resultado de desvio de viagens que eram feitas por via não rodoviária.

Apresente um parecer baseado numa análise quantificada, relacionando com os conceitos

de elasticidade que conhece.

24. O mercado das viagens aéreas entre Lisboa e o Rio de Janeiro é caracterizado pelas

funções procura P = 100 – Q e oferta P = 20 + Q.

a) Determine o equilíbrio do mercado das viagens aéreas entre Lisboa e o Rio de Janeiro.

b) Avalie, graficamente, os efeitos no mercado que resultaria da introdução, por parte

das companhias aéreas, de programas de passageiro frequentes, os quais oferecem

uma viagem por cada quatro viagens realizadas na mesma companhia aérea.

c) Volte a responder à alínea anterior, assumindo agora que o cliente que recebe uma

viagem de bónus, apenas a poderá utilizar em viagens com destino e datas para as

quais o avião não se encontra totalmente lotado.

25. Para comemorar os 20 anos do lançamento do Mazda MX5, a Mazda decidiu produzir uma

edição especial daquele automóvel desportivo, limitada a 1000 unidades produzidas. Note

que, dado tratar-se de uma edição limitada, a oferta deste modelo comemorativo é

infinitamente rígida.

a) Queira analisar o impacto dos seguintes fenómenos sobre o preço de equilíbrio do

referido modelo automóvel:

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(i) Aumento dos juros do crédito automóvel, crédito pessoal e outras formas de

financiamento da compra de automóveis.

(ii) Diminuição generalizada do preço dos automóveis familiares.

(iii) Aumento do preço das matérias-primas, incluindo o aço e outros componentes

utilizadas pela indústria automóvel.

O Diretor de Produção da Mazda calculou os custos de produção do modelo comemorativo,

tendo concluído que o custo económico do automóvel é igual a 10.000 euros. Assim,

argumenta que a Mazda deveria colocar aquele automóvel no mercado por um preço de

10.000 euros.

b) Concorda com o Diretor de Produção? Que outro(s) factor(es) deveria(m) ser

levado(s) em consideração, para além do custo económico de produção do automóvel,

na determinação do preço de mercado do bem? Justifique a sua resposta.

O Diretor de Produção da Mazda defendeu, em Conselho de Administração, que se deveria

aumentar a produção da edição comemorativa para 1500 unidades. O Diretor de

Marketing da Mazda opôs-se ao aumento da produção, argumentando que tal resultaria

numa diminuição acentuada na receita de venda da referida edição do Mazda MX5.

c) Concorda com a posição defendida pelo Diretor de Marketing? De que forma é que a

sua resposta depende da elasticidade da procura? Justifique as suas respostas.

Um colecionador de automóveis, ao ter conhecimento que a Maxda se prepararia para

lançar um modelo comemorativo, contacta um revendedor oficial da marca e encomenda

um destes automóveis. O preço contratado foi de 30.000 euros, correspondendo ao preço

de revenda anunciado pela Mazda.

Entretanto, quando o automóvel é colocado à venda, o revendedor oficial da marca

informa o referido colecionador que “perante um excesso de procura do modelo

comemorativo, não lhe poderá entregar o automóvel pelo preço combinado de 30.000

euros, mas antes pelo preço de mercado que resultar de um leilão entre todos os

consumidores interessados no referido modelo”. Em reação, o referido colecionador

intenta uma ação em tribunal, exigindo uma indeminização ao revendedor oficial da

marca, por incumprimento do contrato em que este se comprometia a vender-lhe o

automóvel por 30.000 euros.

d) Considerando que o preço de mercado resultante do leilão foi de 45.000 euros, o que

é que poderá concluir acerca do preço de reserva do colecionador e do valor da

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indeminização que lhe deverá ser paga? Justifique as suas respostas. Na sua resposta,

assuma que o referido colecionador tinha participado no leilão, tendo apresentado uma

proposta de preço máxima de 40.000 euros.

Para evitar situações como a descrita na alínea anterior, a Maxda decide obrigar os seus

revendedores a praticar um preço máximo de 30.000 euros. Os revendedores da Maxda

criticam esta opção, argumentando que o preço máximo traduzir-se-á em carga

excedente, resultando, assim, na destruição de valor económico para os clientes da

empresa e para a própria empresa.

e) Atendendo a que a curva de oferta do modelo comemorativo da Maxda é infinitamente

rígida, diga-nos se concorda com a posição defendida pelos revendedores da Maxda.

Justifique a sua resposta.

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Aplicação Prática

Um jovem advogado, licenciado pela FDUNL, é contactado por um cliente – o sr. Sebastião –

que pretende avançar com um processo judicial por quebra de contrato, em que a parte

visada é uma empresa multinacional que actua na indústria extractiva.

A empresa – Minas & C.ª – realizou um contrato com o sr. Sebastião, em 1990, segundo o

qual aquela podia desenvolver, por um período de 20 anos e em troca do pagamento de uma

renda anual, trabalhos de extracção de urânio numa propriedade que o sr. Sebastião possui

em Freixo de Espada a Cinta, com a condição de, no final do período de exploração mineira,

serem desenvolvidos, por conta da Minas & C.ª, determinados trabalhos de remoção e

tratamento dos resíduos que resultarem da actividade mineira.

Entretanto, tendo a Minas & C.ª, após o período de exploração mineira, se recusado a

proceder aos trabalhos de remoção e tratamento de resíduos, o que redunda numa clara

violação dos termos do referido contrato, o sr. Sebastião decide avançar com um processo

judicial por quebra contratual contra a Minas & C.ª.

Durante o julgamento, é considerado o testemunho de um especialista, o qual estima que os

trabalhos de remoção e tratamento dos resíduos que resultaram da actividade mineira

obrigariam a uma despesa de cerca de 500.000 euros. Simultaneamente, os advogados da

Minas & C.ª arrolam ao processo uma testemunha especialista no mercado imobiliário, a qual

conclui que a propriedade do sr. Sebastião teria, num cenário em que fossem feitos os

adequados trabalhos de remoção e tratamento dos resíduos, um valor de mercado de cerca de

200.000 euros. Conclui ainda este especialista que, nas condições actuais, em que os resíduos

não foram removidos da propriedade do sr. Sebastião, esta tem um valor de mercado igual a

cerca de 50.000 euros. Ou seja, o acréscimo de valor de mercado da propriedade, que

resultaria dos trabalhos de remoção e tratamento dos resíduos, corresponde a cerca de

150.000 euros.

Assuma que no momento da assinatura do contrato, as partes antecipavam razoavelmente as

condições que se verificam no final do contrato, em particular no que concerne ao custo de

remoção e tratamento dos resíduos e ao valor de mercado do terreno (com ou sem remoção

de resíduos). Assuma igualmente que, durante aquele período, não se alteraram

significativamente os preços de reserva do sr. Sebastião relativamente ao terreno em Freixo

de Espada à Cinta (com ou sem a remoção dos resíduos).

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Neste cenário, e como advogado do sr. Sebastião, queira argumentar relativamente aos

critérios que deverão ser utilizados para calcular o valor de uma eventual indeminização a

pagar pela Minas & C.ª ao sr. Sebastião.

Queira também desempenhar o papel do “advogado do diabo”, apresentando os argumentos

que seriam utilizados pelas Minas & C.ª relativamente aos critérios que deveriam ser utilizados

para calcular o valor da referida indeminização.

Na sua resposta, queira ter em conta os seguintes aspectos:

O custo dos trabalhos de remoção e tratamento dos resíduos – no montante de

500.000 euros;

O acréscimo do preço (ou valor) de mercado da propriedade que resulta da realização

dos trabalhos de remoção dos resíduos – no montante de 150.000 euros;

O acréscimo no valor de reserva do sr. Sebastião, que resulta da realização dos

trabalhos de remoção dos resíduos – consegue determinar um limite mínimo para este

acréscimo de preço de reserva? Justifique a sua resposta. [Nota: No momento da

assinatura do contrato, as partes acordaram trabalhos de remoção que custariam

cerca de 500.000 euros; o que revela isto sobre o valor de reserva do sr. Sebastião?]

A eventual realização dos trabalhos de remoção e tratamento dos resíduos resultaria

na destruição de valor económico? Responda a esta questão, justificando a sua

resposta.

Concordaria com a seguinte solução para um caso de quebra contratual deste género:

“a indemnização a pagar, em resultado da quebra contratual, deve corresponder ao

custo de implementação do referido contrato, excepto quando este valor se revela

desproporcional face aos benefícios que resultam da referida implementação; verificando-

se esta excepção, a indeminização a pagar deverá corresponder aos benefícios que

resultariam da implementação do referido contrato”

Ou seja, no presente caso, o custo de implementação do contrato corresponde às

despesas associadas à realização dos trabalhos de remoção e tratamento dos resíduos –

no montante de 500.000 euros;

Queira quantificar o valor monetário dos benefícios associados à realização dos

trabalhos de remoção dos resíduos? Será este valor igual a 150.000 euros, ou seja, igual

ao acréscimo do preço ou valor de mercado da propriedade que resultaria da

implementação dos trabalhos de remoção dos resíduos? Será este valor claramente

superior a 150.000 euros? Justifique as suas respostas.

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Concordaria com a regra supra apresentada, como solução para o presente caso? Qual

o montante da indeminização a pagar pela Minas & C.ª, em resultado da quebra contratual

do contrato? Justifique as suas respostas.

Suponha agora que, contrariamente ao que se assumiu supra, houve uma alteração

significativa nas condições que, no momento de assinatura do contrato, se

antecipavam para o ano de 2005, em particular, ao nível da diferença entre os

benefícios que resultam da remoção dos resíduos e o respectivo custo de remoção e

tratamento, passando esta diferença a assumir um valor negativo, contrariamente ao

que se previa inicialmente.

Nestas condições, será eficiente exigir o cumprimento da cláusula contratual relativa à

remoção e tratamento dos resíduos? Poderão as partes chegar a acordo relativamente

à alteração do contrato, em particular, ao nível da cláusula respeitante à remoção e

tratamento dos resíduos? O tipo de solução normalmente adoptada pelo tribunal, ao

nível da determinação da indeminização em caso de quebra contratual, influencia os

termos do eventual acordo negociado entre as partes relativamente ao não

cumprimento da cláusula contratual de remoção e tratamento dos resíduos? Justifique

as suas respostas.

Considerando que, no momento da assinatura do contrato, o sr. Sebastião já

antecipava o risco de não cumprimento, por parte da Minas & C.ª, da cláusula

contratual referente à remoção e tratamento dos resíduos, que outro tipo de cláusula

contratual alternativa poderia ter sido considerada para eliminar o referido risco?

Quais os problemas destas cláusulas alternativas? Justifique as suas respostas.

Finalmente, e em jeito de conclusão, diga-se que a presente aplicação faz a distinção

entre valor (ou preço) de mercado e valor (ou preço) de reserva, demonstrando as

dificuldades que resultam, na prática, de lidar com os valores de reserva dos agentes

económicos, os quais tenderão a não ser iguais aos preços de mercado dos bens em

causa, nomeadamente no caso de bens que não são facilmente replicáveis.

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III. Aplicações do Modelo de Procura e Oferta (tributação, controlo de preços, preços

não lineares e comércio internacional)

26. O mercado de combustíveis de um determinado país caracteriza-se pelas funções procura

P = 120 – Q e oferta P = 20 + Q. O Estado decidiu criar um imposto unitário de 10 sobre

os combustíveis.

a) Determine o equilíbrio de mercado antes e depois da criação daquele imposto.

Represente, graficamente, a receita e a carga excedente do imposto.

O Estado decidiu construir uma nova auto-estrada. Durante a fase de avaliação do

projecto, concluiu-se que a procura pelos serviços da futura auto-estrada é dada pela

função P = 50 – Q, onde P e Q identificam, respectivamente, a portagem cobrada ao

automobilista e o número de automóveis que utilizam a auto-estrada.

b) O Estado pode optar por construir a auto-estrada em regime de SCUT (auto-estrada

sem portagens para o utilizador) financiando-a através da cobrança de impostos.

Suponha que a receita do imposto da alínea a) corresponde ao montante necessário

para financiar a auto-estrada. Recomendaria a construção desta auto-estrada?

Justifique.

c) Suponha que, em alternativa, o Estado pondera financiar a construção da auto-estrada

com o recurso à cobrança de portagens. Compare, em termos de bem-estar social,

esta opção com a opção que foi discutida na alínea anterior.

27. Discuta a relação existente entre a inclinação relativa das curvas de procura e oferta e as

perdas de excedente de consumidores e produtores, que resultam da introdução de um

imposto ou de um subsídio. (Sugestão: Comece por estudar os casos limites de procura

ou oferta perfeitamente elásticas e perfeitamente rígidas)

Neste âmbito, discuta, ainda, a veracidade da seguinte afirmação:

“A carga excedente de um imposto sobre o consumo é tanto maior quanto maior a rigidez

da curva de procura, por se tratarem, por exemplo, de bens de primeira necessidade ou

bens com poucos substitutos”.

28. Numa discussão parlamentar, um deputado eleito por determinada região propõe a

diminuição das portagens cobradas na auto-estrada que atravessa aquela região, como

forma de reanimar a economia local. Um outro deputado relembra que tal medida

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obrigaria à atribuição de uma compensação à concessionária da auto-estrada, uma vez

que a mesma irá perder receitas de portagem.

a) Considera que este último deputado tem razão, quando alega que a concessionária irá

perder receitas de portagem? Como é que a sua resposta depende da elasticidade da

procura de viagens na auto-estrada? Justifique graficamente a sua resposta.

Considere agora que tem acesso a um estudo que quantifica a elasticidade da procura da

auto-estrada, concluindo que a mesma é igual a 0,5. Assuma ainda que, na situação

anterior à alteração do valor da portagem, a auto-estrada era utilizada por 10.000

veículos por dia e o valor da portagem paga por cada veículo era igual a 100.

b) Estime o impacto de uma diminuição de 10% no valor da portagem (isto é, a

portagem diminui para 90) na quantidade de veículos que, diariamente, utilizarão a

auto-estrada. Estime igualmente, algébrica e graficamente, o impacto desta medida no

bem-estar do consumidor.

c) Calcule o impacto da diminuição da portagem nas receitas de portagem da

concessionária da auto-estrada (ou seja, no valor da compensação que terá de ser

dada à concessionária).

Suponha que tem acesso a um estudo que conclui que, em média, cada euro de receita

de impostos gera uma carga excedente de 20 cêntimos, ou seja, de 20% do valor da

receita gerada.

d) Atendendo a que a compensação a atribuir à concessionária, determinada na alínea

anterior, terá que ser feita com recurso a verbas do orçamento geral do estado, ou

seja, com a receita de impostos, diga-nos se apoiaria a proposta de diminuição das

portagens. Justifique a sua resposta, avaliando os custos e benefícios dessa medida,

em termos de impacto no bem-estar social.

29. O Ministro das Finanças, a braços com um défice orçamental elevado, estuda a

possibilidade de lançar um novo imposto sobre produtos lácteos. Existem duas opções

alternativas: (i) criar um imposto unitário de 50 cêntimos/litro sobre os leites

enriquecidos (v.g., leite com cálcio e leite com chocolate); ou (ii) criar um imposto

unitário de 25 cêntimos/litro sobre todos os tipos de leite. Suponha que o consumo de

leites enriquecidos é de 200 milhões de litros por ano, correspondendo a cerca de 50% do

consumo total de leite.

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Um deputado da oposição discorda com a tributação de todos os tipos de leite,

argumentando que os dois impostos alternativos terão o mesmo impacto na receita do

Estado, mas que o imposto sobre os leites enriquecidos será, seguramente, uma escolha

mais justa do que a tributação sobre todos os tipos de leite.

a) Considera que o deputado da oposição tem razão, quando argumenta que os dois

impostos alternativos teriam o mesmo impacto na receita do Estado? Justifique a sua

resposta.

b) Compare aqueles dois impostos alternativos, em termos de eficiência económica,

avaliando graficamente a carga excedente de cada um dos impostos.

c) Suponha que é assessor jurídico da administração de uma empresa produtora de

leites, a qual comercializa, sobretudo, leites simples, não tendo apostado na

comercialização de leites enriquecidos. No âmbito das suas funções como assessor da

administração, apresente os argumentos que utilizaria na estratégia de tentar

influenciar a escolha do Ministro das Finanças. Justifique a sua resposta.

30. Determinado país estuda a possibilidade de prover seis unidades de um dado bem através

do fornecimento público. A procura daquele bem é dada por P = 100 – Q. O

financiamento do projecto será completamente assegurado pela cobrança de um imposto

unitário de 30 no mercado de um outro bem, com procura e oferta dadas,

respectivamente, por:

P = 200 – 2Q

P = 20 + 4Q

Apoiaria a concretização deste projecto?

31. Discuta as seguintes afirmações:

“O custo efectivo de um projecto, financiado através de impostos, é sempre superior ao

seu custo contabilístico”.

“A carga excedente resultante da tributação deve ser considerada como um custo

associado aos investimentos públicos”.

32. Suponha que o Estado, preocupado com o aumento do preço da electricidade, decide

intervir neste mercado através da fixação de um preço máximo.

A referida medida é criticada por um deputado da oposição, o qual propõe, em

alternativa, a atribuição de um subsídio aos produtores que tenha o mesmo impacto

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sobre o preço do mercado eléctrico. Em sua defesa, o deputado da oposição argumenta

que esta medida alternativa será preferível para os produtores e, ao mesmo tempo, terá

idêntico impacto sobre o bem-estar dos consumidores, pelo que, do ponto de vista social,

será uma alternativa claramente preferível à que foi proposta pelo Governo.

Comente as posições assumidas pelo deputado da oposição.

Neste âmbito, comente ainda a veracidade da seguinte afirmação: “A atribuição de um

subsídio aos consumidores faz aumentar as quantidades transaccionadas e,

consequentemente, faz aumentar o bem-estar social”.

33. Considere o mercado do arrendamento de apartamentos, que se caracteriza pela curva de

procura P = 100 – 0,5Q.

a) De modo a tornar acessível a habitação a toda a população, o governo decidiu fixar um

tecto para as rendas no valor de 70. Discuta o sucesso desta medida no ano da sua

concretização, sabendo que neste período a oferta se manteve rígida e que exis tem 30

apartamentos no mercado.

b) Considere um horizonte temporal mais alargado, em que a oferta de apartamentos

passa a ser dada por P = 60 + 0,5Q. Avalie a nova situação, em termos de preço e

quantidade de equilíbrio, assim como o impacto da imposição de uma renda máxima

nos excedentes do consumidor e do produtor.

c) Em alternativa a esta medida, o governo poderia atribuir aos senhorios um subsídio

por cada apartamento arrendado. Compare as duas medidas alternativas, em termos

de bem-estar social.

34. Suponha que se encontra a assessorar a administração do metropolitano de Lisboa.

Recorrendo ao modelo de procura e oferta, avalie graficamente os efeitos dos seguintes

fenómenos sobre o mercado de viagens de metropolitano.

a) O Metropolitano de Lisboa faz um acordo com uma empresa espanhola de energia

eléctrica, que lhe permite reduzir significativamente o preço que paga pela energia

eléctrica consumida.

b) Melhoria do conforto das carruagens utilizadas pelo Metropolitano.

c) Após críticas do presidente da câmara dirigidas à Carris, esta empresa decide

reorganizar os trajectos da maior parte das carreiras realizadas, reduzindo o número

de carreiras que fazem trajectos sobrepostos com a rede de metro e, ao mesmo

tempo, aumentando o número de carreiras que fazem trajectos complementares ao da

rede de metro.

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No âmbito de um programa de promoção do transporte público, é proposto a atribuição

de um subsídio por passageiro transportado à empresa Metropolitano de Lisboa. Um

vereador municipal critica esta iniciativa, propondo, em alternativa, a fixação de um preço

máximo que o Metropolitano poderá praticar.

d) Em defesa desta medida alternativa, o vereador municipal defende que as duas

medidas teriam idêntico impacto na promoção de viagens em transporte público, mas

que a fixação de um preço máximo poderia ser mais vantajosa para os passageiros e,

ao mesmo tempo, não implicaria um custo para as finanças municipais, pelo que esta

medida seria preferível do ponto de vista social. Queira, com base no modelo de

procura e oferta, comentar a afirmação do vereador municipal que propôs o preço

máximo.

e) Na discussão sobre qual das medidas deveria ser adoptada, o deputado municipal

refere um estudo que quantificou a carga excedente associada ao subsídio, afirmando

que a mesma é significativa. Em reacção, o presidente da câmara argumenta que o

estudo foi feito em momento anterior à reorganização dos trajectos realizados pelas

carreiras da Carris, referida na aliena c), pelo que, actualmente, a carga excedente de

um subsidio ao metropolitano seria claramente inferior ao valor indicado naquele

estudo. Queira comentar esta afirmação do presidente da câmara.

35. O quarto operador de telemóveis "Pessimus, Lda" definiu o seguinte tarifário:

(i) O cliente paga uma taxa fixa mensal de 12,5 euros;

(ii) O cliente paga 0,4 euros por minuto pelos primeiros 15 minutos de conversação;

(iii) Cada minuto adicional de conversação custa 1 euro.

Suponha que a curva de procura individual é dada por P = 220 – 10Q.

a) Represente graficamente o preço que o consumidor paga, por cada minuto adicional

de conversação.

b) Represente no mesmo gráfico a curva de procura individual.

c) Admitindo que o consumidor adere à "Pessimus, Lda", qual o número de minutos de

conversação que ele irá efectuar?

d) Este consumidor está interessado em aderir à "Pessimus, Lda"? Justifique.

36. Suponha que a Portugal Telecom (PT) cobra 5 euros pelo aluguer do telefone e 7,5

cêntimos por cada chamada efectuada. A PT estuda a possibilidade de adoptar um novo

esquema de tarifação – o aluguer do telefone passa a custar 15 euros, e as primeiras 100

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chamadas efectuadas são grátis; As chamadas efectuadas para além deste limite custarão

5 cêntimos cada. O sr. Silva, utente da PT, realiza actualmente (segundo o 1º tarifário)

200 chamadas por mês.

Será que a introdução do novo esquema de tarifas fará aumentar a quantidade de

chamadas realizadas pelo sr. Silva? E o seu bem-estar? E qual o impacto do novo

esquema no lucro da PT? Justifique.

37. Este Exercício modeliza idêntica situação à dos exercícios anteriores, mas agora com

recurso à Teoria do Consumidor.

Considere um consumidor tipo que gasta todo o seu rendimento em dois bens, serviços

de telecomunicações (bem x1) e outros bens (bem x2). Assuma que o preço dos outros

bens é igual a 1 e o preço dos serviços de telecomunicações é dado por p 1. Este

consumidor dispõe de um rendimento dado por M.

a) Explique como determinaria, algébrica e graficamente, o cabaz ótimo de consumo

deste consumidor.

b) Explique ainda, graficamente, como obteria a curva de procura de serviços de

telecomunicações deste consumidor.

Suponha agora que a empresa de telecomunicações decide baixar o preço dos serviços de

telecomunicações p1 e, ao mesmo tempo, decide introduzir uma tarifa fixa F que cobra

aos seus clientes. Ou seja, os consumidores passam a pagar uma tarifa duas partes do

tipo T=F+p1x1, em que F é a tarifa fixa que pagam e p1 é o preço unitário que pagam por

cada unidade consumida do bem x1, sendo este preço unitário inferior ao que lhe era

cobrado na alínea a), antes da introdução da tarifa duas partes.

Admita ainda que a empresa de telecomunicações definiu valores para as duas

componentes da tarifa de forma a que o consumidor mantenha exatamente o mesmo

nível de bem-estar que tinha na alínea a).

c) Represente graficamente a nova situação e compare-a com a situação da alínea a).

Como se alterou a quantidade consumida do bem x1? Como se alterou o consumo e a

despesa que o consumidor gasta no bem x2? Como se alterou a despesa gasta no bem

x1?

d) Como comentaria a seguinte afirmação: “A introdução de uma tarifa duas partes pela

empresa de telecomunicações, que resulte num aumento da despesa do consumidor

em serviços de telecomunicações, tem necessariamente um impacto negativo no bem-

estar do consumidor”.

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38. A Portugal Telecom vende, aos seus clientes, três tipos de serviços de comunicações:

telefone, acesso à internet e televisão por subscrição. Nos últimos tempos, a empresa

tem feito um esforço crescente no sentido de oferecer, aos seus clientes, ofertas de triple

play que incluam os três serviços.

Suponha que a empresa consegue segmentar os seus clientes em três grupos, de igual

dimensão, os grupos A, B e C. A empresa estimou os preços de reserva de cada grupo de

consumidores, relativamente a cada um dos serviços oferecidos, da seguinte forma:

Telefone Internet Televisão

Grupo A 8 2 12

Grupo B 9 16 1

Grupo C 5 7 8

a) Suponha que a Portugal Telecom decidiu vender os três serviços de forma isolada,

sem os incluir em ofertas de pacote que incluam vários serviços. Determine os preços

que a Portugal Telecom deveria cobrar por cada um dos serviços, bem como os grupos

de consumidores que adquiriram cada um dos serviços.

b) Suponha agora que a Portugal deixa de comercializar os serviços de forma isolada,

passando a vendê-los apenas sobre a forma de ofertas triple play, em pacotes que

incluam os três serviços. Neste caso, qual deveria ser o preço cobrado pela oferta

integrada dos três serviços? Quais os grupos de consumidores que adquiririam os

serviços à Portugal Telecom?

c) Como se comparam os dois cenários das alíneas anteriores, em termos de bem-estar

social para os consumidores e para a empresa? Justifique a sua resposta.

Suponha agora que a Vodafone não dispõe de serviços de televisão para oferecer aos

seus clientes, o que a impede de oferecer pacotes de triple play. Neste cenário, o

regulador sectorial pondera impedir a Portugal Telecom de fazer ofertas triple play aos

seus clientes.

d) Concordaria com aquela medida do regulador sectorial? Apresente argumentos a favor

e contra a medida do regulador sectorial.

39. Discuta a veracidade da seguinte afirmação:

“O estabelecimento de preços não lineares, ao facilitar a extração de excedente aos

consumidores por parte dos produtores, resulta, necessariamente, em perda de bem-

estar social e, nessa medida, deveria ser proibida qualquer forma de preços não lineares ”.

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40. Assuma que a curva de procura de tabaco, no País à Beira Mar Plantado (PBMP), é dada

por P = 800 – Q. A oferta doméstica de tabaco no PBMP é P = 50 + 0.5Q

a) Determine o preço e a quantidade de equilíbrio neste mercado.

O governo decide abrir o país à importação de tabaco. Suponha que a oferta internacional

é infinitamente elástica, sendo o preço mundial PM=200.

b) Quais as quantidades produzidas e consumidas domesticamente? E importadas?

Compare este equilíbrio com o anterior em termos de bem-estar.

c) Qual o efeito do lançamento de uma tarifa t=50 sobre a importação de cigarros? Quem

ganha e quem perde relativamente ao equilíbrio de comércio livre?

d) Qual o efeito no mercado que resulta da introdução de uma quota à importação de 150

unidades de tabaco? Compare esta situação, em termos de bem-estar, com a situação

de comércio livre.

41. Discuta a veracidade da seguinte afirmação:

“Conseguimos sempre lançar uma quota que reproduza os efeitos de uma tarifa. Por isso,

quotas e tarifas são dois instrumentos de política comercial perfeitamente equivalentes ”.

42. Considere um determinado país de pequenas dimensões que exporta cerveja. O governo,

ciente das vantagens do comércio internacional, decide subsidiar as exportações de

cerveja, atribuindo ao produtor a quantia de 50 u.m. por hectolitro de cerveja vendida.

Suponha que o mercado doméstico de cerveja é caracterizado pelas curvas de procura e

oferta seguintes:

P = 1000 – Q

P= 100 + 2Q

Suponha que o país exportava 150 hectolitros deste produto antes da concessão do

subsídio.

a) Determine o preço em vigor no mercado mundial.

b) Analise as consequências da atribuição do subsídio sobre o preço, a quantidade de

cerveja consumida e a quantidade exportada.

c) Analise, graficamente, as variações dos excedentes dos consumidores e dos

produtores, bem como as despesas do governo, que resultam deste subsídio às

exportações.

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d) Comente a seguinte afirmação: “O apoio às exportações para fora da europa, através

da atribuição de um subsídio unitário às empresas exportadoras, faz aumentar as

exportações europeias e, consequentemente, é uma medida defensável do ponto de

vista social”.

43. Discuta a veracidade da seguinte afirmação:

“Os impostos e subsídios geram, sempre, carga excedente, mesmo naqueles casos em

que visam a correção das externalidades”.

44. Considere um determinado mercado caracterizado pelas funções procura P = 1000 – Q e

oferta P = 200 + Q. O Estado decidiu atribuir, aos produtores deste mercado, um subsídio

unitário de 100.

a) Determine o equilíbrio de mercado antes e depois da criação daquele subsídio.

Represente, graficamente, o impacto da medida no bem-estar dos consumidores e dos

produtores, bem como a carga excedente do subsídio.

Considere agora o mercado dos concertos de música pop-rock. É frequente, neste

mercado, os bilhetes para os principais espetáculos, envolvendo artistas internacionais de

maior renome, serem revendidos por preços muito superiores aos preços inicialmente

definidos pelo promotor do espetáculo.

b) Explique este fenómeno, recorrendo ao modelo de procura e oferta.

O modelo de procura e oferta pode ser utilizado para analisar fenómenos que afetam o

mercado de trabalho. Neste mercado, as empresas procuram trabalho e os trabalhadores

oferecem trabalho, resultando, da interação da procura com a oferta, um salário ou preço

de equilíbrio. Recentemente, discutiu-se, em Portugal, uma diminuição das contribuições

das empresas e um aumento das contribuições dos trabalhadores para a segurança

social.

c) Recorrendo ao modelo de procura e oferta, analise o impacto que tais medidas teriam

sobre o salário de equilíbrio e sobre o nível de emprego.

No início de cada ano são, normalmente, definidos aumentos para determinados bens,

tais como os transportes. Suponha que tem acesso a um estudo que quantifica a

elasticidade da procura do Metropolitano de Lisboa, concluindo que a mesma é igual a

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0,5. Assuma ainda que, no ano anterior, o preço dos bilhetes de metro eram iguais a 1

euro, e que o Metropolitano de Lisboa foi utilizado por 10.000 passageiros por dia.

d) Estime o impacto de um aumento em 10 por cento no preço dos bilhetes de Metro

(isto é, o preço do bilhete passaria a ser igual a 1,1 euros) sobre o número de

passageiros e a receita diária da empresa que gere o Metropolitano.

e) Diga-nos como é que tal alteração no preço dos bilhetes de Metro se refletiria sobre o

mercado das viagens em autocarros da Carris.

Um determinado país do Sudoeste Asiático, produtor e exportador de arroz, decidiu,

perante um aumento muito acentuado dos preços internacionais de arroz, introduzir uma

tarifa às exportações de arroz, como forma de evitar que o aumento dos preços

internacionais se refletisse nos preços internos (o que pdoeria gerar problemas sociais

internos graves, uma vez que a população tem a sua alimentação muito baseada no

consumo de arroz).

f) Recorrendo ao modelo de procura e oferta, analise e represente graficamente o

impacto da introdução da tarifa às exportações, sobre os preços do mercado interno, o

nível de exportações e o bem-estar social dos consumidores e dos produtores daquele

país. Represente graficamente a carga excedente que resultaria da tarifa Às

exportações.

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IV. Concorrência Perfeita e monopólio

45. Numa economia de mercado, a promoção da concorrência deve constituir um vector

fundamental da intervenção das autoridades públicas.

a) Caracterize sucintamente as estruturas de mercado de concorrência perfeita, oligopólio

e monopólio.

b) Determine o equilíbrio de concorrência perfeita e monopólio num sector de

actividade onde a curva de procura, a curva de receita marginal (no caso de

monopólio) e as curvas de custo total médio e custo marginal de cada empresa são

dadas respectivamente por:

P=110-Q

Rmg (Q) = 110-2Q

CTM (q) = 100/q+10+q

Cmg (q) = 10+2q

c) Por que motivo a existência de ‘poder de mercado’ por parte das empresas constitui

uma falha de mercado?

d) Considera que pode existir um “trade-off” entre eficiência na afectação dos recursos,

eficiência produtiva e eficiência dinâmica?

46. Num determinado aeroporto apenas a Air Catering possui autorização para confeccionar

as refeições destinadas a serem consumidas a bordo. As funções custo total e custo

marginal desta empresa são dadas por

CT(Q) = 100 + 20Q + Q2

Cmg(Q) = 20 + 2Q

A curva de procura é dada por P = 160 – 4Q.

a) Determine a solução de monopólio, assumindo que a empresa enfrenta uma receita

marginal dada por Rmg(Q) = 160 – 8Q.

b) Tem sido discutida a possibilidade de liberalizar o acesso ao mercado, passando este a

funcionar em concorrência perfeita. Assumindo que todas as empresas têm as mesmas

funções custo que a Air Catering, determine o equilíbrio de concorrência perfeita.

c) Compare as soluções de monopólio e de concorrência perfeita, em termos de bem-

estar.

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47. Num determinado país, o mercado de combustíveis funciona em concorrência perfeita. A

função custo total de cada empresa é dada por

CT(Q) = 10Q

Cmg = 10

A curva de procura de produtos petrolíferos é dada por P = 110 – Q.

a) Determine o preço e a quantidade de equilíbrio neste mercado.

b) Os gestores destas empresas manifestaram o interesse em iniciar um processo de

fusão. Surgiria pois uma única empresa no mercado, a qual apresentaria funções custo

total, custo marginal e receita marginal dadas, respectivamente, por

CT(Q) = 6Q

Cmg = 6

Rmg(Q) = 110 – 2Q

Qual seria o equilíbrio de mercado após a fusão?

c) A concretização da fusão depende de um parecer favorável das autoridades de

concorrência. Em seu entender, qual deveria ser o sentido deste parecer? Justifique.

48. Considere o mercado eléctrico de um determinado país. Este mercado é constituído por

uma única empresa produtora de electricidade, a Electricidade de Primeira (EDP),

empresa monopolista que recorre a centrais de ciclo combinado para transformar gás

natural em electricidade. Suponha que a tecnologia das centrais de ciclo combinado

transforma cada metro cúbico de gás natural em um kilowatt de electricidade.

Por outro lado, sabe-se que a totalidade do gás natural consumido no país é importado,

existindo apenas um importador de gás natural, a Gás de Primeira (GDP), que adquire o

gás natural por um preço de c por metro cúbico e o vende à EDP por um preço de c + m

por metro cúbico, onde c é o custo de importação do gás natural e m é a margem bruta

de comercialização cobrada pela GDP. Como simplificação, assume-se que a GDP não

suporta outros custos para além do custo de importação do gás natural.

Para além dos custos com a aquisição do gás natural, o qual tem um preço unitário de

c+m, a EDP não suporta qualquer outro tipo de custos variáveis, suportando apenas

custos fixos no valor de F.

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a) Represente graficamente as funções custo marginal, custo variável médio e custo total

médio da EDP.

b) Assumindo uma procura de electricidade linear, e sendo a EDP monopolista no

mercado da electricidade, represente graficamente a quantidade e preço que esta

empresa monopolista irá fixar. Represente graficamente o lucro da EDP.

c) A EDP pretende adquirir a GDP, passando a dedicar-se simultaneamente às actividades

de importação de gás natural, à sua transformação em electricidade e à

comercialização de electricidade, i.e. dar-se-ia uma concentração vertical de

empresas, com a EDP a controlar a cadeia produtiva desde a importação do gás

natural até à comercialização de electricidade. Nestas condições, a EDP passaria a ter

acesso a gás natural a um preço de c em vez de c + m, i.e. deixaria de ter de pagar a

margem de comercialização fixada pela GDP, em resultado desta ter passado a

integrar o grupo EDP. Mostre graficamente que esta solução seria mais vantajosa para

o consumidor final de electricidade.

d) Como avalia este processo de concentração vertical se considerar que, paralelamente

à utilização nas centrais de ciclo combinado, o gás natural é substituto da electricidade

como fonte de energia para os consumidores?

49. Suponha que a procura de cimento é representada pela função P=100-Q e os custos

marginais de produção são constantes e iguais a 20. Neste mercado, existe apenas uma

empresa produtora de cimento, sendo a sua receita marginal identificada por Rmg=100-

2Q.

a) Determine a solução de monopólio.

b) Compare, em termos de bem-estar social, a solução da alínea anterior com a solução

que resultaria de um equilíbrio de concorrência perfeita.

c) Suponha agora que a criação de um monopólio gera um conjunto de eficiências de

custos e sinergias, traduzidas numa redução dos custos marginais face à situação de

concorrência perfeita. Volte a comparar, em termos de bem-estar social, as soluções

de monopólio e de concorrência perfeita.

d) Suponha que a produção de cimento origina uma externalidade negativa de 30 por

unidade de cimento produzida, em resultado da poluição gerada pelo processo

produtivo do cimento. Neste cenário, volte a comparar, em termos de bem-estar

social, as soluções de monopólio e de concorrência perfeita.

e) Uma empresa siderúrgica lançou uma Oferta Pública de Aquisição (OPA) sobre a

empresa cimenteira, através da qual se propôs adquirir a totalidade das acções da

cimenteira. Suponha que determinados resíduos que resultam do processo de

produção da siderurgia são utilizados como matéria-prima na produção de cimento.

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Demonstre, graficamente, que a integração da empresa cimenteira com a empresa

siderúrgica poderá ser benéfica para os consumidores de cimento.

50. A Companhia de Produtos Petrolíferos (CPP) é monopolista nas actividades de produção e

de distribuição de combustíveis. Os custos marginais da CPP são constituídos por duas

parcelas, os custos de produção e de distribuição de combustíveis, sendo os custos

marginais de produção e de distribuição iguais a 15 e 5, respectivamente.

A procura de combustíveis é representada pela função P = 220 − Q.

a) Considerando que a receita marginal de monopólio é dada pela expressão

Rmg=220−2Q, determine a quantidade e o preço dos combustíveis que será fixado

pela CPP, neste cenário de monopólio.

b) Considere agora que as actividades de produção e a distribuição de combustíveis

funcionam ambas em regime de concorrência perfeita. Suponha ainda que, neste caso,

e em resultado de uma maior eficiência produtiva resultante do acréscimo de

concorrência, os custos marginais de produção e de distribuição são inferiores aos

verificados na alínea anterior, sendo agora iguais a 8 e 2 respectivamente. Determine

o preço e a quantidade de mercado, neste cenário de concorrência perfeita, e compare

esta solução com a solução da alínea anterior.

c) Suponha a criação de duas empresas monopolistas, a Companhia de Produção de

Combustíveis (CPC) que será monopolista na produção de combustíveis, e a

Companhia de Distribuição de Combustíveis (CDC) que será monopolista na

distribuição de combustíveis. A CDC tem custos marginais constantes e iguais a 20+m,

em que m representa a margem de comercialização de combustíveis fixada pela

empresa produtora de combustíveis, ao vender combustíveis à empresa distribuidora.

Neste cenário, determine graficamente a solução de monopólio da CDC.

Compare graficamente esta solução com a solução da alínea a), em termos de bem-

estar social, ou seja, compare o cenário da alínea a) em que o mesmo monopolista

controla a produção e a distribuição de combustíveis, com o cenário desta alínea em

que duas empresas monopolistas distintas controlam a produção e a distribuição de

combustíveis.

d) Suponha que a actividade de distribuição de combustíveis passa a funcionar em

concorrência perfeita, tendo as empresas custos marginais constantes e iguais a

20+m, em que m representa a margem de comercialização de combustíveis fixada

pela empresa produtora de combustíveis, ao vender combustíveis às empresas

distribuidoras. Já a produção de combustíveis continua a ser controlada pela

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Companhia de Produção de Combustíveis (CPC), sendo esta empresa monopolista.

Neste cenário, determine graficamente a solução de monopólio da CPC.

Compare, em termos de bem-estar, o cenário da alínea a) em que o mesmo

monopolista controla a produção e a distribuição de combustíveis, com o cenário desta

alínea, em que uma empresa monopolista controla a produção de combustíveis, sendo

a distribuição de combustíveis uma actividade que funciona em regime de concorrência

perfeita.

51. O mercado das viagens de táxi de uma determinada cidade apresenta diariamente as

seguintes curvas de custos totais (por taxista, onde q representa a quilometragem

percorrida), de procura do passageiro típico e do conjunto do mercado (correspondente a

1000 viagens típicas):

CT (q) = 8 + q + 0,5q2

Cmg (q) = 1 + q

P = 26 – 5q (procura do passageiro típico)

P = 26 – 0,05Q (procura do mercado)

a) Considerando que as autoridades fixaram o preço por quilómetro a cobrar pelos

taxistas em 6, queira responder às seguintes questões:

(i) Considerando o passageiro típico, qual o valor da bandeirada por viagem desejado

pelos taxistas?

(ii) Num contexto em que existe heterogeneidade nos tipos de passageiros, quais os

elementos a ter em conta na sua resposta anterior?

b) Dado que os taxistas são tomadores de preços (price-takers), diga qual o número de

quilómetros percorridos por cada táxi e o respetivo lucro económico no curto prazo,

considerando um preço por quilómetro de 6 e bandeirada nula.

c) Qual o preço por quilómetro e o número de licenças de táxi que proporia oara

maximizar o bem-estar social no longo prazo?

d) Após um processo de aquisição, duas empresas passaram a deter a totalidade dos

táxis da cidade:

(i) Como se designa esta estrutura de mercado?

(ii) Qual o equilíbrio num cenário em que as empresas decidissem cartelizar o

mercado?

(iii) Mostre que estes acordos entre empresas são potencialmente instáveis.

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e) Existe apenas uma empresa homologada para o fornecimento de serviços de

manutenção para táxis. As duas empresas detentoras de táxis discutem a possibilidade

de adquirirem, conjuntamente, a empresa de serviços de manutenção. Considera esta

decisão vantajosa do ponto de vista do bem-estar social? Justifique a sua resposta.

52. Suponha que a procura de pasta de papel é representada pela função P = 500 – 2Q e os

custos marginais de produção são constantes e iguais a 100. Neste mercado, existe

apenas uma empresa produtora de pasta de papel, sendo a sua receita marginal

representada pela função Rmg = 500 – 4Q.

a) Determine, algébrica e graficamente, a solução de monopólio.

b) Compare, em termos de bem-estar social, a solução de monopólio determinada na

alínea anterior com a solução que resultaria de um equilíbrio de concorrência

perfeita.

As centrais de biomassa produzem energia eléctrica a partir da matéria florestal,

concorrendo, assim, pela mesma matéria-prima que é utilizada na produção de pasta de

papel.

c) Queira demonstrar, graficamente, o impacto sobre os preços da pasta de papel que

resultaria de um aumento da procura de matéria florestal, por parte das centrais de

biomassa. Na sua resposta, indique em qual dos cenários se assistiria a um maior

aumento dos preços da pasta de papel, no cenário em que este mercado funciona em

monopólio, ou no cenário em que o mesmo funciona em concorrência perfeita?

Considere agora que o mercado da pasta de papel funciona em regime de oligopólio, e

que, neste contexto, foi detectado um Cartel entre as empresas produtoras de pasta de

papel, que vigorou ao longo da última década.

d) Suponha que é contratado por uma empresa produtora de papel, para intentar uma

acção de indemnização por danos contra a indústria da pasta de papel, com o

argumento de que, durante a última década, a empresa produtora de papel foi

prejudicada pelo Cartel, uma vez que pagou pela pasta de papel um preço (de

monopólio) superior ao que resultaria do normal funcionamento do mercado (da pasta

de papel) em oligopólio.

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Assumindo que o mercado do papel funciona em regime de monopólio, mostre

graficamente qual deveria ser o montante da indemnização, para que a empresa

produtora de papel fosse integralmente compensada pelos danos sofridos.

E se o mercado do papel funcionasse em regime de concorrência perfeita?

Considera que, neste caso, deveria haver lugar ao pagamento de uma indemnização?

Justifique a sua resposta.

53. Suponha que, em Portugal, a XPTO é a única empresa a fazer recolha de leite cru junto

dos agricultores. Este leite é posteriormente processado, sendo comercializado pela XPTO

sobre a forma de leite UHT e de leite pasteurizado. Considere que, a nível da

comercialização de leite processado, a XPTO é uma empresa tomadora de preços, uma

vez que enfrenta a concorrência das importações de leite processado. Já a nível da

recolha de leite cru, em Portugal, a XPTO tem capacidade para fixar os preços que paga

aos agricultores, uma vez que é a única empresa a fazer recolha de le ite.

Considerando que a oferta de leite cru é positivamente inclinada, e que,

consequentemente, quanto maior for a quantidade de leite cru adquirida pela XPTO,

maior será o preço de mercado deste leite, demonstre graficamente que existe uma carga

excedente associada ao facto de haver uma única empresa a comprar leite aos

agricultores nacionais. (Sugestão: Comece por representar a oferta de leite cru e, a partir

desta, represente a curva de custos marginais da XPTO; Note que, contrariamente a uma

situação de monopólio em que a empresa tem poder de mercado do lado da receita,

neste caso a XPTO tem poder de mercado do lado dos custos).

54. Numa economia de mercado, a promoção da concorrência deve constituir um vetor

fundamental da intervenção das autoridades públicas.

a) Determine o equilíbrio de concorrência perfeita e monopólio num sector de

atividade onde a curva de procura, a curva de receita marginal (no caso de monopólio)

e as curvas de custo total médio e custo marginal de cada empresa são dadas

respetivamente por:

P = 500 – Q

Rmg (Q) = 500 – 2Q

CTM (q) = 100/q + 20 + q

Cmg (q) = 20 + 2q

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b) Compare, do ponto de vista social, as soluções de monopólio e de concorrência

perfeita determinadas na alínea anterior.

c) Resolva o problema de um monopolista que possui duas fábricas, tendo de determinar

a quantidade total que irá produzir, bem como a quantidade que irá produzir em cada

uma das suas fábricas (ou seja, a forma como distribuirá a sua produção pelas duas

fábricas). As curvas de procura, receita marginal e custos marginais associados a cada

uma das fábricas é representada, respetivamente, por:

P = 500 – Q

Rmg (Q) = 500 – 2Q

Cmg1 (q1) = 20 + 2q1

Cmg2 (q2) = 200

(q1 e q2 representam a produção na fábrica 1 e na fábrica 2, respetivamente; a

quantidade total produzida é igual à soma destas duas quantidades, ou seja, Q=q1+q2)

Considere agora a situação de uma empresa monopsonista, isto é, uma empresa que é a

única compradora de determinada matéria-prima e que, por essa razão, tem poder de

mercado na sua relação com os fornecedores da matéria-prima.

Considere que a oferta da matéria-prima é positivamente inclinada, e que,

consequentemente, quanto maior for a quantidade de matéria-prima adquirida pelo

monopsonista, maior será o preço que ele tem de pagar aos fornecedores.

d) Demonstre graficamente que existe uma carga excedente associada a este cenário de

monopsónio (Sugestão: Comece por representar a oferta da matéria-prima e, a partir

desta, represente a curva de custos marginais do monopsonista).

e) Neste cenário, mostre que a imposição de um preço mínimo a pagar aos fornecedores

pode aumentar a quantidade de matéria-prima transacionada e aumentar o bem-estar

social, reduzindo a carga excedente.

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55. Suponha que o mercado dos serviços de mecânica funciona em concorrência perfeita e

que as curvas de custos totais médios e custos marginais de cada uma das empresas é

dada, respetivamente, por:

CTM (q) = 25/q + 10 + q

Cmg (q) = 10 + 2q

a) Considerando que o preço de mercado é, no curto prazo, igual a 30, determina:

i. A quantidade de serviços de mecânica que cada uma das empresas irá prestar;

ii. O lucro económico de cada uma das empresas;

iii. Diga, justificando, se o preço que equilibra o mercado no longo prazo será

superior, igual ou inferior a 30.

Considere agora que a procura de mercado é dada pela expressão P = 1020 – Q.

b) Determine o equilíbrio de longo prazo (incluindo o preço e a quantidade de serviços a

prestar por cada empresa, bem como o número de empresas no mercado).

c) Compare, em termos de preço e quantidade de equilíbrio, bem como de bem-estar

social, a solução da alínea anterior com uma solução que resultaria de uma situação

de monopólio (para esse efeito, considere que a curva de receita marginal do

monopolista é dada por Rmg = 1020 – 2Q e que os seus custos marginais são

constantes e iguais a 20).

d) Volte agora a considerar o cenário de concorrência perfeita. Suponha que se assiste a

uma discussão parlamentar relativa a uma proposta de introdução de uma taxa fixa de

75, a cobrar a cada uma das empresas de serviços de mecânica:

i. Esta medida teria efeitos sobre a curva de custos marginais das empresas?

Justifique.

ii. Mostre graficamente como se alteraria a curva de custos totais médios, petante a

introdução desta taxa fixa?

iii. Demonstre graficamente que, em resultado da introdução da referida taxa, o

preço de equilíbrio, bem como a quantidade produzida por cada empresa,

aumentariam, mas que o número de empresas no mercado diminuiria.

iv. Como avaliaria, do ponto de vista social, a referida medida? Justifique a sua

resposta.

56. Suponha que a Jerónimo Martins (dona do Pingo Doce) pode fornecer-se de carne de vaca

em Portugal ou em Espanha, sendo que o preço de importação da carne de vaca a partir

de Espanha é igual a 5.000 euros por tonelada. Por outro lado, para os agricultores

nacionais, o custo de produção da carne de vaca é igual a 5.100 euros por tonelada.

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a) Determine os preços de reserva da Jerónimo Martins e dos agricultores nacionais, por

tonelada de carne de vaca. Neste cenário, seria possível haver um acordo de

fornecimento entre os agricultores nacionais e a Jerónimo Martins?

Suponha agora que normalmente, a Jerónimo Martins paga aos seus fornecedores a 90

dias. Mas que, em resultado de um acordo entre a Jerónimo Martins e a Confederação

que representa os agricultores, passou a pagar a pronto pagamento. Assuma que a

Jerónimo Martins tem acesso a financiamento em melhores condições, do que os

agricultores nacionais. Assim, a taxa de juro a 90 dias para a Jerónimo Martins é de 1%,

enquanto que a taxa de juro a três meses para os agricultores é igual a 4%.

b) Diga como é que a alteração da política de pagamento da Jerónimo Martins, de

pagamento a 3 meses para pagamento a pronto pagamento, alteraria o preço de

reserva da Jerónimo Martins? E o preço de reserva dos agricultores? Neste cenário,

seria possível haver um acordo de fornecimento entre os agricultores nacionais e a

Jerónimo Martins?

Suponha agora a seguinte situação. Uma equipa de cientistas está a desenvolver um

novo medicamento. Estimam que o processo de investigação e desenvolvimento do novo

produto será bem sucedido com uma probabilidade de 80% (e uma probabilidade de 20%

de não ser bem sucedido). E sabem que, com os meios que têm ao dispor, o produto

gerará lucros na ordem dos 100 milhões de euros, no caso da investigação e

desenvolvimento vir a ser bem sucedida (e não gerará qualquer lucro caso a investigação

não seja bem sucedida).

Uma grande empresa farmacêutica propõe-se adquirir os direitos sobre o novo produto.

Esta empresa estima que a equipa de investigação será bem sucedida no processo de

investigação e desenvolvimento do produto com uma probabilidade de 50%. E, nesse

caso, estima que, com a sua enorme força de vendas e capacidade de investimento em

marketing, conseguirá lucros na ordem dos 150 milhões de euros.

c) Determine os preços de reserva do vendedor (equipa de cientistas) e do comprador

(empresa farmacêutica)? Será possível que cheguem a um acordo para a venda dos

direitos sobre o novo produto?

Suponha agora que a empresa farmacêutica propõe, à equipa de cientistas, dar-lhes uma

participação de 20% de todos os lucros gerados pelo novo produto.

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d) Qual o impacto desta repartição dos lucros sobre os preços de reserva do vendedor e

do comprador? Será possível, neste caso, chegarem a um acordo para a venda dos

direitos sobre o novo produto?

e) Como é que a sua resposta anterior se poderia alterar, se o comprador e o vendedor

apresentassem diferentes níveis de aversão ao risco?