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UNIVERSIDADE METODISTA DE SÃO PAULO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA DA SAÚDE Escola de Ciências Médicas e da Saúde RICARDO SILVA DOS SANTOS DURÃES IDENTIFICAÇÃO DE DISTORÇÕES COGNITIVAS EM CASAIS E INTERVENÇÃO COGNITIVO-COMPORTAMENTAL São Bernardo do Campo 2016

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UNIVERSIDADE METODISTA DE SÃO PAULO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA DA SAÚDE

Escola de Ciências Médicas e da Saúde

RICARDO SILVA DOS SANTOS DURÃES

IDENTIFICAÇÃO DE DISTORÇÕES COGNITIVAS EM CASAIS E INTERVENÇÃO COGNITIVO-COMPORTAMENTAL

São Bernardo do Campo

2016

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RICARDO SILVA DOS SANTOS DURÃES

IDENTIFICAÇÃO DE DISTORÇÕES COGNITIVAS EM CASAIS E INTERVENÇÃO COGNITIVO-COMPORTAMENTAL

Dissertação de Mestrado apresentado ao Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Saúde da Escola de Ciências Médicas e da Saúde da Universidade Metodista de São Paulo – UMESP.

Orientador: Prof. Dr. Antonio de Pádua Serafim.

São Bernardo do Campo, 2016

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A dissertação de mestrado sob o título “Identificação de distorções cognitivas em casais e intervenções cognitivo-comportamentais”, elaborada por Ricardo Silva dos Santos Durães foi apresentada e aprovada em 16 de novembro de 2016, perante a banca composta por Prof. Dr. Antonio de Pádua Serafim (Presidente/UMESP), Profa. Dra. Maria Geralda Viana Heleno (Titular/UMESP) e Profa. Dra. Priscila Dib Gonçalves (Titular/Ipq-HCFMUSP).

________________________________________

Prof. Dr. Antonio de Pádua Serafim

Orientador e Presidente da Banca Examinadora

________________________________________

Profa. Dra. Maria do Carmo Fernandes Martins

Coordenadora do Programa de Pós-Graduação

Programa: Pós-Graduação em Psicologia da Saúde

Área de Concentração: Psicologia da Saúde

Linha de Pesquisa: Prevenção e Tratamento

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Epígrafe

“Em última análise, precisamos amar para não adoecer”.

Freud

“Os psicólogos interessam-se,

sobretudo, por saber em que ocasiões há, ou não, tomada de consciência, mas

negligenciam demasiadamente a outra questão, que lhe é complementar e consiste

em estabelecer ‘como’ ela se processa”.

Jean Piaget

“O autoconhecimento tem um valor especial para o próprio indivíduo. Uma pessoa

que se tornou consciente de si mesma, por meio de perguntas que lhe foram feitas,

está em melhor posição de prever e controlar seu próprio comportamento”.

Skinner

“Se nossos pensamentos forem limpos e claros, estaremos melhor preparados para

alcançar nossos objetivos.”

Aaron Beck

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RESUMO

Durães, R. S. S. (2016). Identificação de distorções cognitivas em casais e intervenções cognitivo-comportamentais. Dissertação de mestrado, Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Saúde da Escola de Ciências Médicas e da Saúde da Universidade Metodista de São Paulo (UMESP), São Bernardo do Campo – São Paulo.

Os pensamentos automáticos, as emoções, os comportamentos e as respostas fisiológicas têm relações entre si e estão diretamente ligados às atribuição das causas, crenças, valores, atitudes e expectativas na relação dos casais e estão associados à satisfação conjugal e sofrimento psíquico. O objetivo desse estudo foi identificar distorções cognitivas em casais e intervir a partir da terapia cognitivo-comportamental e aumentar os níveis de satisfação conjugal. A amostra foi composta por 16 casais heteroafetivos, brasileiros, maiores de 18 anos, alfabetizados e com no mínimo um ano de união. Assim, a idade média da amostra foi de 30,4 (DP=4,13) anos e a maioria (37,5%) relatou ter ensino médio completo. Foram utilizados os seguintes instrumentos: Escala de Satisfação Conjugal (ESC); Escala de Ajustamento Diádico (DAS); Inventário de Crença Sobre Relacionamento (RBI); Inventário de Habilidades Sociais Conjugais (IHSC); Questionário de Pensamentos Automáticos (ATQ); Escala de Atitudes Disfuncionais (EAD); Inventário Back de Depressão – (BDI) e Inventário Beck de Ansiedade (BAI) aplicados antes e depois da intervenção cognitivo comportamental, além de um Questionário Sociodemográfico. Quanto ao procedimento, os casais passaram por 12 sessões de terapia de 50 minutos com base cognitivo-comportamental. Somente a segunda sessão foi individual. No entanto, a primeira e as demais sessões foram conjuntas. Os resultados mostraram que as distorções cognitivas mais frenquentes foram a Leitura de pensamento 34,4% (n=11) e de hipergeneralização 31,3% (n=10). Foi possível observar que a intervenção cognitivo comportamental se mostou eficaz, corroborando melhora nas satisfação conjugal da maioria dos casais. As correlações de amostras emparelhadas apresentaram significância estatística (p=0,00) na melhora dos níveis de satisfação conjugal, depressão, ansiedade, habilidades sociais conjugais e pensamentos automáticos comparado com o antes e depois da intervenção.

Palavras-chave: Terapia cognitivo-comportamental; distorções cognitivas; relações conjugais. Apoio: Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES)

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ABSTRACT

Durães, R. S. S. (2016). Identification of cognitive distortions in marital relationship and cognitive-behavioral interventions. Master’s dissertation, Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Saúde da Escola de Ciências Médicas e da Saúde da Universidade Metodista de São Paulo (UMESP), São Bernardo do Campo, São Paulo, Brazil.

Automatic thoughts, emotions, behaviors and physiological responses have

relationships with each other and are directly linked to the attribution of the causes,

beliefs, values, attitudes and expectations in the relationship of couples and are

associated with marital satisfaction and psychological distress. The aim of this

study was to identify cognitive distortions couples and intervene from cognitive-

behavioral therapy and increase levels of marital satisfaction. The sample

consisted of 16 heteroafetivos couples, Brazilian, 18 years, literate and at least one

year of marriage. Thus, the average age of the sample was 30.4 (SD=4,13) years

and the majority (37.5%) reported having completed high school. The following

instruments were used: Marital Satisfaction Scale (ESC); Dyadic Adjustment Scale

(DAS); Relationship Belief Inventory (RBI); Marital Social Skills Inventory (IHSC);

Automatic Thoughts Questionnaire (ATQ); Dysfunctional Attitude Scale (EAD);

Back Depression Inventory - (BDI) and Beck Anxiety Inventory (BAI) applied before

and after cognitive behavioral intervention, and a Questionnaire Sociodemographic.

In the procedure, the couples came by 12 therapy sessions for 50-minutes weekly

with cognitive-behavioral approach. Only the second session was individual.

However, the first and the other sessions were combined. The results discloused

as the most frenquentes cognitive distortions have the Mind Reading 34.4% (n =

11) and Hipergeneralization 31.3% (n = 10). In terms of final considerations it was

observed that the cognitive behavioral intervention showed its effective, and then,

corroborating improvement in marital satisfaction of most couples. Thus, the

correlations of paired samples showed statistical significance (p=0,00) in the

improvement of the levels of marital satisfaction, depression, anxiety, marital social

skills and automatic thought compared to before and after the intervention.

Keywords: Cognitive-behavioral therapy; cognitive distortions; marital relations.

Support: Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES)

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DEDICATÓRIA

À minha querida esposa, Luziane Durães, com amor,

admiração, apreço e gratidão, por sua compreensão, carinho,

insentivo, presença constante e incansável e apoio ao longo do

período da elaboração deste trabalho.

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AGRADECIMENTOS

A Deus,

Aos meus pais, irmãos e irmã, Sogra, Sogro, cunhados e cunhadas,

Ao meu orientador Prof. Dr. Antonio de Pádua Serafim,

À banca de qualificação composta pelo Prof. Dr. Antonio de Pádua Serafim, Profa.

Dra. Miria Benincasa Gomes e Profa. Dra. Maria GeraldaViana Heleno,

À banca de defesa da dissertação que foi composta pelo Prof. Dr. Antonio de Pádua

Serafim, Profa. Dra. Priscila Dib Gonçalves e Profa. Dra. Maria GeraldaViana

Heleno,

À Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Saúde, Profa.

Dra. Maria do Carmo Fernandes Martins,

A todos/as os/as professores/as do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da

Saúde da Universidade Metodista de São Paulo,

À Coordenadora do curso de Psicologia da Escola de Ciências Médicas e da Saúde

da Universidade Metodista de São Paulo, Profa. Me. Mariantonia Chippari,

À Coordenadora do curso de Teologia da Escola de Teologia da Universidade

Metodista de São Paulo, Profa. Dra. Blanches de Paula.

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SUMÁRIO

1. JUSTIFICATIVA .................................................................................................... 15

2. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 16

3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................................................. 20

3.1. Satisfação conjugal ............................................................................................ 20

3.2. Satisfação conjugal e habilidades sociais ......................................................... 21

3.4. Satisfação conjugal, ansiedade e depressão ..................................................... 22

3.5. Satisfação conjugal e pensamentos automáticos negativos .............................. 23

3.6. Satisfação conjugal e ajustamento diádico......................................................... 24

3.7. Satisfação conjugal e crenças sobre o relacionamento ..................................... 26

3.8. Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) ......................................................... 27

3.9. Terapia cognitivo-comportamental com casais .................................................. 29

3.10. Distorções cognitivas e identificação ................................................................ 30

3.11. Pensamentos automáticos, pressupostos subjacentes e crenças centrais ...... 32

3.12. Regulação emocional e reestruturação cognitiva ............................................. 32

3.13. Questionamento socrático ................................................................................ 34

3.14. Seta descendente ............................................................................................ 34

3.15. Psicoeducação ................................................................................................. 35

3.16. Role-playing ..................................................................................................... 36

3.17. Treino em comunicação ................................................................................... 37

3.18. Conceitualização de caso cognitivo-comportamental ....................................... 38

3.19. Estrutura das sessões ...................................................................................... 41

3.20. Tarefas de casa ................................................................................................ 42

3.21. Sessões conjuntas e individuais na terapia com casais ................................... 43

3.22. Prevenção de recaída ...................................................................................... 44

4. OBJETIVOS .......................................................................................................... 45

4.1. Geral.................................................................................................................. 45

4.2. Específicos ........................................................................................................ 45

5. HIPÓTESE ............................................................................................................ 45

6. MÉTODO ............................................................................................................... 45

6.1. Participantes ...................................................................................................... 45

6.2. Obtenção da amostra ........................................................................................ 45

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6.3. Critérios de Inclusão .......................................................................................... 46

6.4. Critérios de Exclusão......................................................................................... 46

6.5. Local .................................................................................................................. 46

6.6. Procedimentos .................................................................................................. 46

6.7. Aspectos Éticos ................................................................................................. 46

6.8.1. Questionário Sociodemográfico ....................................................................... 47

6.8.2. Inventário Back de Depressão (BDI – Beck Depression Inventory) .......... 47

6.8.3. Inventário Beck de Ansiedade (BAI – Beck Anxiety Inventory) .................. 47

6.8.4. Escala de Satisfação Conjugal (ESC)- (Pick de Weiss e Andrade Palos

(traduzida e adaptada por Dela Coleta, 1989). ........................................................ 47

6.8.5. Escala de Ajustamento Diádico (DAS – Dyadic Adjustment Scale)

(Spainer, 1976 (traduzida por Bernard, 2007). .......................................................... 48

6.8.6. Inventário de Habilidades Sociais Conjugais (IHSC)- (Del Prette - Del

Prette & Del Prette, 2001). ............................................................................................ 48

6.8.7 Inventário de Crença Sobre Relacionamento (RBI – Relationship Belief

Inventory) (Eidelson e Epstein,1982 (traduzido por Peçanha e Rangé, 2008). ... 49

6.8.8. Questionário de Pensamentos Automáticos (ATQ – Automatic Thought

Questionnaire) - (Philip C. Kendall and Steven D. Hollon, 1980). .......................... 49

6.8.9. Escala de Atitudes Disfuncionais (EAD – Dysfuctional Attitudes Scale)

(Arlene Weissman - adaptado por Orsini, Tavares e Trccoli, 2005). ..................... 49

6.8.10. Registro Pensamentos Disfuncionais (RDT - Record of Dysfunctional

Thoughts)(Whight, Beck, Rust at al, 1979). ............................................................... 50

6.9. Descrição do protocolo da terapia ...................................................................... 50

6.9.1. Protocolo piloto de atendimento ...................................................................... 50

6.10. Descrição dos procedimentos de atendimento por sessão .............................. 51

6.10.1. 1ª sessão – Rapport; Avaliação (conjunta) - Questionário

sociodemográfico; ESC; BDI; BAI ............................................................................... 51

6.10.2. 2ª sessão – Avaliação (individual); DAS; QPA; EAD ................................. 51

6.10.3. 3ª sessão – Avaliação conjunta e plano de tratamento, IHSC, RBI ....... 52

6.10.4. 4ª sessão – Role playing (dramatização) ..................................................... 52

6.10.5. 5ª sessão – Psicoeducação sobre pensamentos automáticos, resposta

comportamental, resposta fisiológica, estratégia compensatória de

enfrentamento, regulação emocional .......................................................................... 53

6.10.6. 6ª sessão – Treino em comunicação e habilidades sociais conjugais .... 54

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6.10.7. 7ª sessão – Treino em comunicação, identificação de distorções

cognitivas ......................................................................................................................... 54

6.10.8. 8ª sessão – Treino em resolução de problemas baseado em evidências

........................................................................................................................................... 55

6.10.9. 9ª sessão – Treino em resolução de problemas, plano de ação ............. 56

6.10.10. 10ª sessão – Reestruturação cognitiva, RPD ........................................... 56

6.10.11. 11ª sessão – Prevenção de recaída ........................................................... 57

6.10.12. 12ª sessão – Feedback geral, devolução dos inventários, questionários

e avaliações finais .......................................................................................................... 57

6.11.1 1º – 10’ - Cumprimento ao casal; obteção de uma atualização da sessão

anterior até a atual e revisão do exercício de casa .................................................. 58

6.11.2 2º – 2’ - Verificação do humor ......................................................................... 58

6.11.3 3º – 5’ - Definição da pauta, embora pré-programada, acontece

colaborativamente com os casais ................................................................................ 58

6.11.4 4º – 25’ – O desenvolvimento da pauta, definida em colaboração –

terapeuta-casal ............................................................................................................... 58

6.11.5 5º – 3’ – A definição das tarefas de casa ...................................................... 58

6.11.6 6º – 5’ – É solicitação um resumo e feedback da sessão atual ................ 59

7. ANÁLISE DOS RESULTADOS ............................................................................. 60

8. RESULTADOS ...................................................................................................... 61

9. DISCUSSÃO ......................................................................................................... 71

9.1. Comunicação e satisfação conjugal ................................................................... 71

9.2. Distorções cognitivas e funcionamento conjugal ................................................ 74

9.3. Satisfação conjugal ............................................................................................ 78

10. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................ 80

10.1. Limitações ........................................................................................................ 81

10.2. Orientações para futuras pesquisas ................................................................. 81

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 82

ANEXOS ................................................................................................................... 92

1 Termo de autorização da instituição ................................................................................ 93

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (TCLE) ................................................ 94

2 Questionário Sociodemográfico ....................................................................................... 96

3 Descrição de expectativas do casal ................................................................................. 100

3 Registro de Pensamentos Disfuncionais (RDT - Record of Dysfunctional Thoughts) ..... 101

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13. Princípios Para Quem Fala e Para Que Ouve ................................................................ 102

Lista de Atribuições Disfuncionais ...................................................................................... 106

Lista de Expectativas Irrealistas .......................................................................................... 107

Distorções Cognitivas Comuns ............................................................................................ 108

Regras Para Resolução de Problemas ................................................................................. 109

Modelo dos resultados de um caso ......................................................................... 110

Caso 1 ..................................................................................................................... 110

Resultados das avaliações – antes e depois da intervenção ............................... 116

Síntese dos resultados do caso 1 .............................................................................. 117

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

A Antes da intervenção terapêutica

AS Abstração seletiva (distorção cognitiva)

ATQ Questionário de Pensamentos Automáticos (Automatic Thought Questionnaire)

BAI Inventário Beck de Ansiedade (Beck Anxiety Inventory)

BDI Inventário Back de Depressão (Beck Depression Inventory)

Cc Comunicação (queixas)

D Depois da intervenção terapêutica

DAS Escala de Ajustamento Diádico (Dyadic Adjustment Scale)

Dc Desconfiança (queixas)

DP Desvio padrão

EAD Escala de Atitudes Disfuncionais (Dysfuctional Attitudes Scale)

ESC Escala de Satisfação Conjugal

FA Falta de afeto (queixas)

FI Falta de iniciativa (queixas)

H Homem

HG Hipergeneralização (distorção cognitiva)

IHSC Inventário de Habilidades Sociais Conjugais

LP Leitura de pensamento (distorção cognitiva)

M Mulher

MD Média

MH Mau humor (queixas)

MM Minimização e maximização (distorção cognitiva)

p Valor

PA Pensamentos Automáticos

PD Pensamento dicotômico (distorção cognitiva)

PL Personalização (distorção cognitiva)

RBI Inventário de Crença Sobre o Relacionamento (Relationship Belief Inventory)

RL Rotulação (distorção cognitiva)

RPD Registro Pensamentos Disfuncionais (Record of Dysfunctional Thoughts)

RS Relações sexuais (queixas)

T Total da média geral

TAG Transtorno de Ansiedade Generalizada

Tc Traição (queixas)

TCC Terapia Cognitivo-Comportamental (Cognitive Behavioral Therapy)

TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Composição da amostra (n=32 casais heteroafetivos). .......................... 61

Tabela 2 – Frequência das principais queixas entre os 32 participantes. ................. 63

Tabela 3 – Frequências das distorções cognitivas nos 32 participantes. ................. 63

Tabela 4 – Resultados das tabelas cruzadas para verificação de dependência entre

variáveis sociodemográficas e distorções cognitivas. ............................ 64

Tabela 5 – Resultados da análise univariada das VD’s, antes da intervenção, entre

as distorções, covariada por gênero. ..................................................... 66

Tabela 6 – Resultados das correlações das amostras emparelhadas – antes e

depois da intervenção para todas as escalas......................................... 67

Tabela 7 – Resultados das correlações das amostras emparelhadas – antes e

depois da intervenção. ........................................................................... 68

Tabela 8 – Resultados de teste não-paramétrico de BAI e RBI, antes e depois da

intervenção. ............................................................................................ 69

Tabela 9 – Resultados das correlações de Pearson das variáveis por gênero – antes

e depois da intervenção terapêutica. ...................................................... 69

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Descrição das distorções cognitivas e seus respectivos significados e

exemplos. ............................................................................................. 31

Quadro 2 – Registro de Pensamentos Disfuncionais .............................................. 33

Quadro 3 – Exemplo da utilização da seta descendente até a implicação do

pensamento ......................................................................................... 35

Quadro 4 – Modelo de conceitualização de caso cognitivo-comportamental com

casais ................................................................................................... 39

Quadro 5 – Passos importantes de uma sessão cognitivo-comportamental .......... 41

Quadro 6 – Descrição do protocolo piloto de atendimento da terapia .................... 50

Quadro 7 - Conceitualização do caso de Allinson .................................................. 111

Quadro 8 - Conceitualização do caso de Allan ....................................................... 113

Quadro 9 - Descrição de registro de pensamentos disfuncionais do caso Allan .. 116

Quadro 10 - Descrição de registro de pensamentos disfuncionais do caso Allinson

........................................................................................................... 117

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1. JUSTIFICATIVA

Esta pesquisa foi motivada a partir da percepção dos grandes e constantes

conflitos entre casais bem como a dificuldade destes em resolverem seus

problemas que, às vezes se mantêm por falta de habilidades sociais ou por

padrões de pensamentos rígidos e irraizados, expectativas irrealistas sobre

relacionamento conjugal, atribuições disfuncionais. Além disso, estes desajustes e

insatisfações conjugais são fatores de risco para transtornos mentais,

principalmente a depressão.

Após trabalhar com casais por uma década, percebi que, além de ser um

tema relevante, havia a necessidade de se fazer um estudo de intervenção

terapêutica com este público a fim de investigar as distorções cognitivas que

interfem na dinâmica dos casais e o impacto que estas têm na satisfação conjugal

e a relação com as suas crenças, habilidades sociais, pensamentos automáticos,

padrões de comportamentos.

Uma vez que a terapia cognitivo-comportamental tem sido eficaz no

atendimento a casais, resolvemos utilizar desta abordagem a fim de reestruturar as

cognições distorcidas dos casais participantes da pesquisa, melhorar a satisfação

destes e, por consequência, aumentar os níveis de qualidade de vida, bem-estar e

percepção de si próprio, do outro e do próprio futuro, além de propor um protocolo

de atendimento para casais.

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2. INTRODUÇÃO

De acordo com Zordan, Wagner e Mosmann (2012), pesquisas demonstram

que as pessoas continuam considerando o casamento importante e,

consequentemente, querendo casar-se. Entretanto, algumas características

tradicionais das uniões como, por exemplo, a estabilidade e durabilidade da

relação, não têm sido mais uma premissa básica do casamento. Desta forma, há

uma crescente diminuição das relações conjugais duradouras.

A partir desses pressupostos, tem-se observado que nos últimos anos as

uniões conjugais são múltiplas e a separação um fato recorrente. Entre as

possíveis variáveis que podem contribuir para essas mudanças estão os fatores

socioeconômico-culturais que têm atravessado um processo cada vez mais

constante de transformações entre os casais (Wagner e Falcke, 2002).

Além disso, tem o fato de que os interesses pessoais tendem a ser mais

valorizados que os conjugais na relação, ou seja, relacionamentos marcados por

demandas ou sobreposição dos interesses têm a tendência de reduzir os espaços

e disponibilidade para compartilhar, dividir e socializar (Zordan, Wagner, &

Mosmann, 2012). A “cultura do eu” toma o lugar da “cultura do nós”,

estabelecendo, então, dificuldades nas relações conjugais e afetivas, pois, há um

distanciamento e esfriamento emocional por estes viverem em constante busca de

prazer próprio e nunca se satisfazerem (Perez-Alvarez, 2003).

Outra questão que tem sido discutida sobre o divórcio, compreensão e razões

predominantes às separações conjugais é a ascensão do status feminino e o fato

de ambos os cônjuges poderem ser bem-sucedidos de forma igualitária (Zordan,

Falcke, & Wagner, 2009; Zordan, Wagner, & Mosmann, 2012). Não obstante,

aspectos como valores, hábitos, interesses, exercício de papéis familiares e

domésticos, bem como a ruptura com a família extensa e o isolamento social,

também tem sido pesquisado. No entanto, é difícil compreender ou indentificar

apenas um motivo que implique na dinâmica do casal e leve à dissolução das

relações (Wagner & Falcke, 2002).

Segundo Rizzon, Mosmann e Wagner (2013), causas psicossociais permeiam

os conflitos conjugais e podem levar ao divórcio. Associado a isto, estão fatores

psicológicos e, em destaque, a influência da família de origem e do meio social.

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Em consequência, as pessoas que vivenciam o processo de separação também

sofrem (Rizzon, Mosmann, & Wagner, 2013).

Sobre a família de origem, Dattilio e Padesky (1995) acreditam que essa

exerce um papel importante no modo como o indivíduo se relaciona e nas crenças

que este carrega consigo. Geralmente, se ouve afirmações como, “Bem que minha

mãe dizia”, “Meus pais nunca discutiram estas coisas” ou “Eu aprendi desta forma

com o meu pai”. Assim, conversar sobre o relacionamento dos pais, como, por

exemplo, costumes, valores, crenças pode ajudar o casal a compreender melhor

alguns dos seus próprios padrões e tentar modificá-los, se necessário, e adotar

novas diretrizes. Também, reforça a percepção da compreensão sobre o outro, as

crenças derivadas da família de origem e a verificação do seu grau de

funcionalidade em detrminada situação.

Assim, cada cônjuge leva consigo uma bagagem de conteúdos para o

relacionamento conjugal, por exemplo, conflitos, padrões de certo e errado,

esquemas rígidos de valores, crenças. Estes podem ser aprendidos ou

experienciado na convivência familiar de origem ao longo da vida, tanto entre os

pais e irmãos como entre si. Às vezes, estes esquemas estão profundamente

internalizados, enraizados e reforçados no indivíduo, que o torna cada vez mais

resistente à mudanças (Dattilio, 2009).

Segundo Sana e Scribel (2003), estas experiências podem aparecer na troca

de mensagem entre os cônjuges e no padrão de atitudes que, muitas vezes, não

comportam a realidade da vida conjugal, gerando assim, outros conflitos. No

entanto, (Dattilio & Padesky, 1990) o reconhecimento por parte dos cônjuges sobre

certos padrões ou esquemas serem derivados da família de origem, os ajuda a

comprender melhor as suas interações conjugais e a funcionalidade dessas no

relacionamento, podendo adotar novas diretrizes em busca da satisfação conjugal.

De acordo com Rizzon, Mosmann e Wagner (2013), cônjuges com maiores

índices de escolaridade relatam melhores níveis de satisfação conjugal, e, por

outro lado, casais com menores oportunidades econômicos reportam maiores

níveis de conflito conjugal e menores níveis de satisfação na relação.

Segundo Dattilio (2009), os índices de novas uniões e as taxas mundiais de

recasamento tem sido crescente ano após ano. Este fenômeno mostra que as

pessoas têm buscado encontrar relacionamentos mais satisfatórios. Entretanto, as

mesmas problemáticas têm sido observadas nos relacionamentos seguintes.

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Zordan, Wagner e Mosmann (2012) concordam que as pessoas somente trocam

de parceiros, no entanto, os problemas continuam. Assim, possivelmente, os

motivos que levaram ao fim da primeira união podem se repetir nos

relacionamentos sucessivos.

A fim de aliviar o sofrimento dos cônjuges dentro da relação é necessário

desenvolver um projeto piloto de intervenção com casais que indique alternativas

de promoção de saúde e bem-estar, além de oferecer recursos que os auxiliem nos

seus relacionamentos amorosos, desenvolvendo habilidades de comunicação e

resolução de problemas, melhorando assim, a satisfação conjugal (Zordan,

Wagner, & Mosmann, 2012). Casais que recebem orientações profissionais sobre

relacionamento conjugal e resolução de possíveis conflitos, antes dos primeiros

cinco anos de união, têm menor probabilidade de divórcio (Dattilio, 2009).

As intervenções que têm uma perspectiva de psicoeducação, treinamento de

habilidades sociais conjugais são alternativas cada vez mais relevantes na

atualidade. Essa forma de intervenção terapêutica têm ajudado os casais nos

processos de aprendizagem, reflexão, conscientização, empatia e, além disso,

tende a melhorar níveis de saúde e bem-estar (Zordan, Wagner, & Mosmann,

2012).

Ao longo da história humana, a família e o convívio conjugal nunca

permaneceram na forma estacionária, ou seja, com as mesmas práticas, modelos

e crenças, mas, a medida que a sociedade evolui, a família, também se estrutura

de forma mais elevada. Sendo assim, estão em constante movimento de

adaptação e sobrevivência. Em cada novo modelo há, também, novos desafios

para as diversas áreas do conhecimento e para a sociedade (Engels, 2010).

Segundo Dattilio (2009) e Lipp (2010), diante das mudanças no sistema

familiar, especialmente na vivência conjugal, os conceitos, crenças e valores têm

levado casais a se separarem ou viverem em constantes conflitos (o que é um

agente estressor catastrófico capaz de levar os envolvidos a um estado de crise).

Segundo Lipp (2010), quanto mais mudanças bruscas acontecerem no

relacionamento e na sociedade, maior será a probabilidade de acontecer um stress

que pode gerar conflitos e crises nos relacionamentos. Consequentemente, devido

ao pouco conhecimento que cada cônjuge tem sobre suas próprias reações diante

dos agentes estressores e da compreensão da relação entre pensamentos

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automáticos, emoções, comportamentos e respostas fisiológicas, estas

dificuldades podem levar à perda de controle, atitudes irracionais e até ao divórcio.

Os processos cognitivos, emocionais, fisiológicos e comportamentais estão

interligados (Lipp, 2010). O processo de informações do sistema nervoso se

constitui de estruturas e funções de células que transmitem sinais elétricos neurais

de um local para o outro do corpo humano. A maior concentração de neurônios

está no neocórtex, parte associada ao complexo cognitivo, formando redes de

transmissão de informações emocionais, sentimentais e fisiológicas (Sternberg &

Sternberg, 2011).

Assim, segundo Peçanha (2005), as intervenções terapêuticas cognitivo-

comportamentais, têm sido eficazes no tratamento das crenças disfuncionais,

comunicação inadequada e resolução de problemas conjugais.

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3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

3.1. Satisfação conjugal

Segundo Wagner e Falcke (2002), a satisfação conjugal está associada às

expectativas sobre o casamento e seus resultados e custos representados. Assim,

a satisfação na relação conjugal é mais uma conceito intrapessoal que

interpessoal, isto, devido a quantidade de crenças disfuncionais entre as

expectativas que um cônjuge tem sobre o outro e a relação e recompensas

recebidas na realidade.

Dentre os diversos tipos de estudos realizados, a abordagem cognitivista da

Psicologia tem utilizado as teorias e modelos baseados na percepção de si e do

outro, na avaliação do relacionamento, na atribuição das causas, crenças, valores,

atitudes e expectativas, para melhor entender as questões associadas a relação

conjugal e seus conflitos (Machado, 2007).

Nesta perspectiva, um cônjuge que obtém mais ganhos que perdas, tanto

pessoais quanto no seu relacionamento, ou seja, menos exigência, pode ser

considerada satisfeita na sua relação. Por outro lado, quando uma pessoa percebe

que recebe muito menos do que ela doa na relação, esta possivelmente sentir-se-á

insatisfeita com o/a parceiro/a (Wagner e Falcke, 2002).

Os resultados obtidos pelos cônjuges em suas avaliações, do ponto de vista -

positivos ou negativos estão relacionados com o padrão interno de satisfação. Isto

varia de acordo com as experiências passadas de cada indivíduo. Quanto mais

resultados satisfatórios forem obtidos, maior será o nível de esperança na relação,

ou seja, o indivíduo terá maiores expectativas racionais quando os benefícios

superarem os custos (Sardinha, Falcone, & Ferreira, 2009; Machado, 2007).

Sendo assim, satisfação conjugal, sobretudo, é uma relação subjetiva, pois

envolve diferentes variáveis como características de personalidade de ambos os

cônjuges, experiências vivenciadas ao longo da vida familiar, a forma como

interpretam os eventos diários de uma relação conjugal. Neste escopo, as causas

atribuídas para a satisfação conjugal são variadas (Wagner e Falcke, 2002).

As variáveis para a satisfação conjugal podem estar no nível macro, ou seja,

influências que estão fora do indivíduo, como família, condições de trabalho,

pressões sociais ou, ainda, no nível micro que são características particulares do

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indivíduo, como traços de personalidade, habilidades em diferentes áreas da vida,

na qual, a comunicação é de importância considerável (Wagner e Falcke, 2002;

Rizzon, Mosmann, & Wagner, 2013).

De acordo com Epstein (2010), casais infelizes tendem a ter interações e

comportamentos mais disfuncionais do que aqueles que convivem num

relacionamento feliz. Além disso, os casais que vivem em conflitos tendem a ter

déficits de habilidades comunicativas e de resolução de problemas, bem como

atitudes defensivas e afastamento.

3.2. Satisfação conjugal e habilidades sociais

Problemas de relacionamentos conjugais e de insatisfação com o casamento

têm sido apontados como um dos maiores estressores da vida, levando a

sofrimentos psíquicos e enfermidades físicas (Machado, 2007). O estresse na

relação conjugal pode levar à violência entre os parceiros e, até consequências

mais extremas como, por exemplo, o homicídio ou suicídio. Estes problemas

podem afetar os filhos, familiares, amigos. A crise conjugal e o divórcio têm

ocupado um papel importante na literatura psicológica. Por isso, há uma grande

busca de protocolo de intervenções para tratar os conflito entre casais (Sardinha,

Falcone, & Ferreira, 2009).

Segundo Dela Coleta (1992), as pesquisas buscam compreender quais os

principais fatores que contribuem para a satisfação conjugal, como também sobre

os ganhos na saúde do indivíduo. Pois, esta satisfação fortalece o sistema

imunológico e aumenta a longevidade do indivíduo.

Para Dela Coleta (1992), satisfação conjugal envolve a relação de diversas

variáveis, como: características de personalidade, valores, atitudes e

necessidades, sexo, momento do ciclo da vida familiar, presença de filhos, nível de

escolaridade, nível socioeconômico, nível cultural, trabalho remunerado e

experiência sexual anterior ao casamento.

Entretanto, a capacidade para se comunicar, que é um dos pontos principais

para a resolução de problemas, sofre influência destas variáveis. Pois, as

habilidades de manejo de críticas, de direitos e deveres, expressão de

assertividade e sentimentos positivos, valorização do cônjuge e feedback de

sentimentos e desejos, estabelecem um ambiente de satisfação na convivência

conjugal (Del Prette, Villa, Freitas & Del Prette, 2008).

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Pesquisas mostram que a satisfação conjugal depende de habilidades de

interação como, por exemplo, capacidade para lidar com conflitos; consultar o

parceiro no momento da tomada de decisões; boa comunicação; valores como a

confiança, respeito, compreensão e equidade; intimidade sexual e psicológica.

Também, indivíduos que relatam maiores níveis de satisfação conjugal são mais

habilidosos socialmente e comunicam mais adequadamente. Estes estudos

mostram que a capacidade de escuta e de resolução de conflitos, além de levar ao

aumento da satisfação conjugal, também reduz o índice de divórcio (Sardinha,

Falcone, & Ferreira, 2009; Dela Coleta, 1992; Zordan, Wagner, & Mosmann, 2012).

Neste cenário, terapeutas de base cognitivo-comportamental propõem que o

desenvolvimento de habilidades sociais entre os casais em crise contribui

significativamente para a maior eficácia da comunicação e resolução de problemas

conjugais e, consequentemente, a prevenção de transtornos mentais como a

depressão e a ansiedade (Dattilio, 2009; Epstein & Schlesinger, 2000).

3.4. Satisfação conjugal, ansiedade e depressão

A ansiedade e a depressão têm afetado a satisfação nos relacionamentos

entre os casais. As dificuldades conjugais relacionadas com a depressão e a

ansiedade têm sido consideradas uma das maiores fontes de stress (Del Prette,

Villa, Freitas, & Del Prette, 2008). Assim, pessoas com maiores níveis de

ansiedade, geralmente têm mais prejuízos na relação conjugal. Um dos

influenciadores é a grande expectativa de receber muito mais do que a relação

oferece. Por outro lado, a depressão também tem afetado fortemente tanto homens

como mulheres em suas relações conjugais, levado a relatos de baixos níveis de

satisfação ao apresentarem sintomas depressivos (Wagner & Falcke, 2001). As

crenças disfuncionais e os pensamentos automáticos negativos são fatores de

vulnerabilidade para a depressão (Dezois & Beck, 2008).

A prevalência de Depressão Maior é consistente ao redor do mundo,

principalmente em países em desenvolvimento. Em uma revisão sistemática com

26 estudos focados na prevalência e incidência de depressão e fatores associados,

Lima e Soares (2005) mostraram que as condições sociais, como sexo feminino,

idade, baixa renda, educação e ocorrência de estresse na relação conjugal podem

levar à depressão.

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Além disso, a dificuldade em manter a satisfação conjugal, a insatisfação com

o funcionamento conjugal também são fatores de risco para a depressão (Whisman

& Kaiser, 2008; Miller, Mason, Canlas, Wang, Nelson, & Hart, 2013). Em um estudo

(Rehman, Ginting, Karimiha & Goodnight, 2010) sobre os efeitos específicos da

depressão sobre a satisfação conjugal foram identificados correlações entre os

efeitos dos sintomas depressivos com uma comunicação disfuncional e

insatisfação conjugal.

De acordo com Cohen, O'Leary e Foran (2010), a melhora na percepção de

satisfação conjugal tem impacto significativo na redução dos níveis de depressão

em mulheres. Por consequência, os homens relatam maior satisfação conjugal com

a mudança de percepção da mulher. Por outro lado, as mulheres relatam que as

mudanças positivas em seus pensamentos, atitudes e comportamentos estão

relacionados com a percepção de aumento da positividade e apoio aos seus

maridos (Cohen, Daniel, O'Leary, Foran, & Kliem, 2014).

3.5. Satisfação conjugal e pensamentos automáticos negativos

Segundo Beck (2011), os pensamentos automáticos (PA) é um fluxo de

pensamentos que coexistem com outros que são manifestos em palavras, por

exemplo, e não são baseados em reflexões nem deliberações. Geralmente, não se

tem consciência destes pensamentos, contudo, pode-se treinar para trazê-los à

consciência, questioná-los e modificá-los, pois, embora pareça que os

pensamentos automáticos sejam somente espontâneos, estes tornam-se

previsíveis após crenças subjacentes serem identificadas. Na maioria das vezes,

estes pensamentos são negativos.

Para Banaco (2001), os PA são acessos imediatos que percorrem a mente

sem o mínimo de esforço por parte do indivíduo. Portanto, são ideias, crenças e

imagens específicas a determinadas situações. É um diálogo interno que parece

claro e natural para o próprio indivíduo. Assim, o reconhecimento destes conteúdos

permitem a descoberta de suposições e respectivas estruturas ou esquemas que

se encontram no núcleo deste processo, que são as crenças centrais.

Os PA’s causados por crenças centrais e intermediárias desadaptativas

geram emoções adversas que podem ser, na maioria dos casos, negativas (Beck,

Rush, Shaw, & Emery, 1997). Nesse sentido, diversos problemas conjugais estão

relacionados a um padrão cognitivo peculiar, ou seja, são mantidos por certas

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crenças centrais disfuncionais que acabam por desencadear PA que comprometem

a qualidade de vida e, consequentemente a vida conjugal (Dattilio, 2009).

Segundo Beck et al. (1997), os sintomas depressivos estão relacionados com

a ativação de três padrões cognitivos, chamados de tríade cognitiva, que

conduzem o indivíduo a ter uma visão negativa do self, ou seja, de si próprio, do

mundo e do futuro.

A maioria dos casais insatisfeitos com a relação conjugal relatam mais

eventos e pensamentos negativos do que positivos. Assim, as estruturas cognitivas

e padrões de pensamentos influenciam na dinâmica e interação do casal. Os

conteúdos negativos afetam as reações cognitivas, emocionais e comportamentais

levando assim, o casal a vulnerabilidade para conflitos (Dattilio, 2009; Beck, 1989).

Os esquemas ou padrões de pensamentos influenciam na maneira como o

indivíduo processa as informações em diferentes situações (Leahy, 2003; Dattilio,

2009). Desta forma, as diferentes perspectivas são centrais nos conflitos conjugais.

Sendo assim, é de suma importância trabalhar os PA’s individuais entre o casal,

pois as brigas e desentendimentos geralmente estão relacionados ao significado

ou interpretação que um cônjuge tem da atitude do outro (Beck, 1989).

3.6. Satisfação conjugal e ajustamento diádico

A expressão “ajustamento conjugal” propõe harmonia, comunicação,

felicidade, integração e satisfação na relação conjugal. No entanto, a constituição e

manutenção do relacionamento conjugal tem sido influenciada por valores

individualistas vigentes na sociedade contemporânea. Por outro lado, esta

constituição demanda a avaliação de fatores como, interação conjugal, resolução

de problemas conjugais, significados, expectativas e percepção da união de ambos

os cônjuges, custos e benefícios e dificuldades no estabelecimento dessa

conjugalidade (Scorsolini-Comin, & Santos, 2010).

Entretanto, associadas a esta avaliação podem haver influências de respostas

fisiológicas dos cônjuges, variáveis sociodemográficas, como renda, escolaridade,

idade, questões religiosas, filosofia de vida, confiança sobre o/a parceiro/a, senso

de compartilhamento emocional e expressão de amor afeto entre o casal, questões

relacionadas a vida sexual ou, ainda, a saúde física de ambos, psicopatologia

como a depressão, transtorno de estresse pós-traumático, traços de personalidade

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ou combinações entre essas variáveis (Scorsolini-Comin, & Santos, 2010; Ahmady,

Karami, Noohi, Mokhtari, Gholampour, & Rahimi, 2009).

A partir de uma pesquisa com amostra de 106 casais heteroafetivos foram

apresentados resultados que indicam correlação entre satisfação conjugal e

consenso e (r=-0,25; p<0,01), satisfação conjugal e coesão (r=0,55; p<0,01) e

satisfação conjugal e expressão do afeto (r=0,45; p<0,01). Desta forma, a eficácia

na interação não envolve apenas a troca de informações, sentimentos e

expectativas, mas também o diálogo que promove bem-estar e satisfação na

relação do casal (Scorsolini-Comin, & Santos, 2010).

Outro estudo incluindo 1.800 casais heteroafetivos com idades entre 28 e 59

anos (M = 42, SD = 5.24) com o objetivo de medir a concepção de ajustamento

diádico entre gênero em diferentes grupos e analisar se há invariância nas

subscalas (consenso diádico, satisfação diádica, coesão diádica e expressão

afetiva) da Escala de Ajustamento Diádico (DAS), mostrou baixa significância entre

os homens nos fatores consenso (0.10 DP abaixo das mulheres; Z=− 2.14 p≤0.05)

e na expressão de afeto (0.13 DP; Z=−2.66, p≤0.01). Por outro lado, não houve

diferença entre gênero nos valores de satisfação e coesão (South, Krueger, &

Iacon, 2009).

De acordo com a pesquisa acima, há uma maior confiança de que a DAS

fornece utilidade clínica, tanto para homens quanto para mulheres. Entretanto,

também existe a necessidade de réplica de pesquisa utilizando a DAS com

amostras clínicas de casais em crise (South, Krueger, & Iacon, 2009).

Em outro estudo incluindo 188 mulheres e 35 homens com média de 28,9

anos de idade, a fim de examinar mediadores entre ajustamento diádico e

sintomas depressivos, foram encontrados resultados que demonstraram

significante associação entre baixos níveis de ajustamento entre casais e sintomas

depressivos. No entanto, os autores ampliaram a pesquisa a fim de identificarem a

mediação de sintomas depressives e ansiedade e ajustamento diádico por

subscalas (Satisfação, consenso e coesão) da DAS revisada (RDAS). Assim, a

depressão e a ansiedade mediaram somente na coesão, porém não houve

influência na associação entre satisfação e consenso com sintomas depressivos.

(Parker, Tambling, & Campbell, 2013).

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3.7. Satisfação conjugal e crenças sobre o relacionamento

Desde que foi criado o Inventário de Crenças Sobre o Relacionamento (RBI)

(James, Hunsley, & Hemsworth, 2002) muitos pesquisadores fizeram diversos

estudos a fim de investigar a relação entre crenças disfuncionais e fatores como,

por exemplo, a comunicação, o auto-conceito sobre o papel sexual, a percepção

sobre a comunicação do cônjuge, desejabilidade social e ajustamento conjugal.

Entre os mitos e crenças mais encontrados entre os casais estão: há uma

pessoa no mundo separada para casar-se comigo; Enquanto a pessoa não

encontrar o/a parceiro/a perfeita/a para casar-se não será possível estar satisfeita;

A pessoa deve sentir-se totalmente competente sobre o cônjuge, mesmo antes de

casar-se; A pessoa somente será feliz no casamento se o/a parceiro/a for

escolhido arduamente; Uma pessoa tem que se casar com alguém que tenha

características opostas a dela; Amar alguém é a razão suficiente para casar-se; A

escolha do/a parceiro/a deve ser algo que “venha do coração”; Viver juntos leva

os/as parceiros/as a uma preparação para o casamento, além de aumentar as

chanches de serem felizes; Escolher o/a parceiro/a e preparar-se para o

casamento é algo fácil e que acontece naturalmente; Não sabemos nada sobre os

fatores que levam um casal a felicidade no casamento, então, vamos nos dar uma

chance (Edmundson, 2005; James, Hunsley, & Hemsworth, 2002).

Em uma pesquisa (James, Hunsley, & Hemsworth, 2002) visando identificar

evidências da existência de falsas crenças e mitos sobre relacionamentos e

casamento, com uma amostra composta de 210 participantes, sendo 110 mulheres

e 99 homens, dos quais todos tinham sido casados ou conviviam com um

parceiro/a do sexo oposto durante pelo menos 6 meses. Verificou-se os seguintes

fatores: Desacordo é destrutivo, Leitura de pensamento, Parceiros não podem

mudar e, Perfeccionismo Sexual e, ainda, a subscala sexos foi dividida em dois

fatores: Sexos são diferentes em necessidades e Dificuldade em entender o sexo

oposto.

O resultado mais surpreendente foi a de que os sexos são diferente. Assim,

dividido em dois fatores foram encontrados: Sexos são diferentes em necessidades

e Dificuldade em entender o sexo oposto foi responsável por 39% da variância

total. Além disso, houve uma correlação entre estes dois fatores. Também, houve

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uma associação entre crenças sobre o relacionamento e ajustamento do casal

(James, Hunsley, & Hemsworth, 2002).

Por outro lado, em um estudo que examinou as crenças que fizeram

relacionamentos bem sucedidos em uma amostra de 230 participantes na Coréia

do Sul, utilizando a Escala de Crenças Sobre o Relacionamento (RBS) não foram

encontrados significância na correlação dos fatores com a satisfação com o

relacionamento, mas sim, às atitudes de amor. Desta forma, demostrando crenças

de mitos sobre relacionamento (Edmundson, 2005).

Crenças irracionais sobre o relacionamento e insatisfação conjugal afetam

negativamente o ajustamento do casal, o bem-estar, qualidade de vida e causa

angústia e sofrimento mental. Entretanto, em estudos de 1972 a 1989 com casais

foram identificados uma tendência a inconsistência na crença sobre felicidade

pessoal ao longo dos anos. A pesquisa também mostrou que tanto homens quanto

mulheres de pais divorciados tendem a ter mais problemas de ajustamento nos

relacionamentos. Os resultados também se associaram com baixos níveis de

educação, casamentos precoces, insatisfação na relação e maiores níveis de

divórcio (Edmundson, 2005).

Em outro estudo com o mesmo objetivo as mulheres tiveram resultados mais

negativos (conflitos, pessimismo sobre a relação, desconfiança) em seus

relacionamentos quando comparados com aquelas que não tiveram pais

divorciados (Edmundson, 2005). Assim, há uma necessidade de avaliação das

crenças, questionamentos dos pensamentos automáticos e distorções cognitivas e

regulação emocional e reestruturação cognitiva, a fim de que os casais tenham

expectativas e crenças mais realistas sobre a relação conjugal (Dattilio, 2009).

3.8. Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC)

No início dos anos 60 iniciou-se na Universidade da Pennsylvania - EUA uma

importante revolução cognitiva no que diz respeito à saúde mental. Este

movimento foi impulsionado pelo Aaron T. Beck que, na época, era psicanalista e

começou a questionar os processos psicanalíticos, em particular, com pesquisas

sobre a depressão (Beck, 2011; Dobson & Dezois, 2010).

Em seus experimentos em busca de explicações para a depressão, Beck

identificou cognições negativas e distorcidas à realidade e, a partir daí,

desenvolveu uma psicoterapia estruturada de curta duração e direcionada às

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situações do presente e em formas de modificação dos pensamentos. Este modelo

de psicoterapia é chamado de Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC). Autores

analistas pós-freudiano, como Karen Horney, Alfred Adler, George Kelly, Albert

Ellis, Richard Lazarus, Albert Bandura e os primeiros filósofos, em especial, o

estóico, Epiteto foram fontes de pesquisas para o desenvolvimento da teoria

cognitiva (Beck, 2011).

Desde então, com o desenvolvimento das pesquisas, Beck percebeu que os

pensamentos automáticos negativos de seus clientes estavam ligados às suas

emoções. Assim, passou a ensiná-los a identificar e modificá-los. Os resultados

foram positivos e os clientes relatavam uma melhora rápida (Beck, 2011).

No Brasil, a TCC começou a ser introduzida, somente nos anos 80, mais

especificamente, no Rio de Janeiro e em São Paulo. Em 1985 com a criação de um

Ambulatório no Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de

Medicina da Universidade de São Paulo (Ipq-HCFMUSP) para tratamentos de

ansiedade (AMBAN) surgiu, então um grupo de psiquiatras que, liderado pelo

psiquiatra Francisco Lotufo Neto, desenvolveu diversos trabalhos cognitivo-

comportamentais. A partir daí, outros autores também se interessaram no

aprofundamento do tema em território brasileiro (Rangé, Falcone, & Sardinha,

2011).

As pesquisas mostram que a atividade cognitiva afeta o comportamento e

esta pode ser monitorada e alterada. Assim, a mudança do comportamento

desejado pode ser efetivado através da mudança cognitiva. Portanto, a TCC é uma

abordagem psicoeducacional, colaborativa e objetiva, principalmente, na

monitoração dos pensamentos automáticos, teste e validação, substituição dos

pensamentos distorcidos por cognições mais realistas, identificação e alteração de

pensamentos subjacentes e centrais, reconhecimento da relação entre cognição,

afeto e comportamento (Beck, 2011; Dobson & Dezois, 2010; Beck et al., 1979;

Hawton, Salkovskis, Kirk, & Clark, 1997).

Assim, a TCC busca desenvolver as habilidades do indivíduo, o capacitando a

identificar e modificar seus próprios pensamentos disfuncionais, crenças

irracionais, emoções negativas e comportamentos desadaptados. No processo

terapêutico, o cliente é ensinado a refletir sobre as suas hipóteses distorcidas e

buscar evidências que a confirmem ou não, a fim de chegar a uma ideia mais

realista (Rangé, 2001).

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Segundo Beck (2011), a TCC pode ser adaptada a diferentes níveis de

educação, renda, idade, etnia, cultura e, atualmente, tem sido eficaz em cuidados

primários de saúde, programas escolares, vocacionais e prisionais, além de

atendimentos em grupos, casais e famílias e têm demonstrado alterações

neurobiológicas no tratamento de vários transtornos.

A TCC também busca investigar o processamento de informações na

atribuição dos significados, ou seja, a sua natureza e a função dos aspectos

cognitivos que o indivíduo atribui às questões da vida. Portanto, sistemas de

crenças precisam ser testados, avaliando assim, as suas consequências e

funcionalidades em contextos específicos (Bahls & Navolar, 2004; Saffi, 2009).

Sendo assim, ao identificar e prever relações complexas entre eventos,

possivelmente facilitará a adaptação do cliente a ambientes passíveis de mudança,

uma vez que a adaptação envolve processos cognitivos de crenças que implicam

nas percepções como, por exemplo, padrões, expectativas, suposições,

atribuições, atenção seletiva e, consequentemente, determina a emoção e o

comportamento (McMullin, 2000; Dattilio, 2009).

O funcionamento cognitivo se desenvolve a partir de esquemas, isto é,

codificações mentais de experiências que, de forma organizada e perceptível

cognitivamente, reage às situações da vida (Dattilio, 2009). Assim, neste processo

existe níveis de pensamentos automáticos que direcionam a percepção e

interpretação dos eventos, afetando então, os sentimentos do indivíduo. Estes

pensamentos automáticos, uma vez conscientes, proporcionam um caminho de

acesso aos esquemas pessoais básicos (Leahy, 2003).

3.9. Terapia cognitivo-comportamental com casais

Até os anos 80, as avaliações cognitivas e emocionais concernentes às

relações conjugais eram muito limitadas (Baucom, Epstein, Kirby & LaTaillade,

2010). Nos anos de 1981 e 1982 iniciou-se mensurações cognitivas de

relacionamentos íntimos por meio do instrumento Relationship Belief Inventory

(RBI) avaliando crenças que eram potenciais de conflitos e sofrimento conjugal

(Epstain, 2010).

Na intervenção com casais é importante levar em conta os aspectos

emocionais que, também são potenciais influenciadores na relação conjugal, por

exemplo, afeta a capacidade de expressar sentimentos ao/a parceiro/a;

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capacidade de regulação de expressão emocional; relação com os acontecimentos

da vida. Portanto, a satisfação conjugal também está relacionada as respostas

emocionais que um/a parceiro/a dá em relação ao outro. Assim, a intervenção

cognitivo-comportamental com casais busca modificar os comportamentos

disfuncionais, as cognições distorcidas e as emoções que contribuem e mantêm os

conflitos conjugais (Epstein, 2010).

Segundo Baucom et al. (2010), muitos conflitos conjugais podem ser

solucionados através da comunicação construtiva, desenvolvimento de habilidades

de interação, modificação de comportamento e pensamento negativo. Além disso,

cinco fenômenos cognitivos (Percepção e expectativas sobre o relacionamento,

suposições, atribuições ao/a parceiro/a, e padrões de pensamentos) podem

influenciar no comportamento e na resposta afetiva aos acontecimentos no

relacionamento amoroso (Baucom & Epstein, 1990).

3.10. Distorções cognitivas e identificação

Como uma das finalidades da TCC é promover a reestruturação das

cognições disfuncionais, sua aplicação com casais premite que cada cônjuge

aprenda a compreender como seu comportamento se associa com a sua maneira

de pensar e sua reação emocional e como isto contribui para um desajuste

conjugal (Beck, 2011; Beck; 1989).

O Registro de Pensamentos Disfuncionais é útil nesta atividade, pois, além de

ajudar o cliente na identificação das distorções do pensamento, também o auxilia

no desenvolvimento de habilidades para a redução, frequência e intensidade

destes pensamentos (Wright, Basco, & Thase, 2006).

Outra forma de auxiliar o/a cliente na observação de distorções cognitivas é

disponibilizar uma lista com as distorções e seus respectivos exemplos, a fim de

que este/a identifique-as no dia a dia, tornando-os/as conscientes destes

pensamentos e/ou atitudes, facilitando assim, a mudança e restruturação cognitiva

(Beck, 2011).

Posteriormente a identificação de cognições distorcidas, busca-se

explicações alternativas racionais para o ocorrido, bem com, reavaliação dos

estilos de pensamentos. Nesta etapa, o questionamento socrático é importante,

pois as questões vão além do objetivo da obtenção de dados e detalhes de um fato

(Abreu & Guilhardi, 2004; Wright et al., 2006).

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Assim, as questões, quando bem elaboradas, encorajam o indivíduo a

analisar, sintetizar, avaliar diferentes fontes de informação sobre um determinado

evento ocorrido, além de desenvolver habilidades para solução de problemas

relacionados ao evento (Miyazaki, 2004). Por outro lado, é importante que tenha

um equilíbrio entre questionamentos e outras formas de intervenção e estratégias

educativas, ou seja, manter-se concentrado em uma área de questionamento de

alto potencial pode ser mais eficaz (Wright et al., 2010; Dattilio, 2009).

Quadro 1 – Descrição das distorções* cognitivas e seus respectivos significados e exemplos.

Distorção Cognitiva

Significado Exemplo

Leitura de pensamento

Saber o que outra pessoa está pensando e sentindo sem se comunicar diretamente com ela.

Ao notar que o marido/esposa está particularmente quieto e concluir: “Ele/Ela está infeliz com o nosso casamento e deve estar pensando em me abandonar”.

Hipergeneralização Interpretar um evento isolado como representação de situações semelhantes em outros contextos, relacionados ou não relacionados.

Um cônjuge que é criticado pelo outro por não jogar o lixo fora, conclui: “Ele/Ela sempre me critica”, "nunca me elogia".

Abstração seletiva Tirar informações de contexto e destacar certos detalhes, ignorando outras informações como um todo.

Um cônjuge, ao não responder o cumprimento do outro pela manhã, conclui: “Ele/Ela está me ignorando”.

Personalização Atribuir eventos externos a si mesmo, quando não existem evidências suficientes para tirar uma conclusão.

Um cônjuge ao perceber que o outro não está comendo o jantar como havia previsto, conclui: “Ele/Ela detesta minha comida”.

Rotulação Representar a si mesma ou outra pessoa em termos de características estáveis e globais, com base em ações passadas.

Após o cônjuge cometer vários erros no orçamento familiar e no equilíbrio das finanças, conclui: “Ele/Ela é negligente”.

Maximização/ minimização

Julgar um caso ou circunstância como tendo maior ou menor importância do que é adequado.

Caso o cônjuge esqueça a data de casamento, conclui: “Ele/Ela está deixando de me amar”.

Inferência arbitrária Pular para conclusões na ausência de comprovadas evidências concretas.

Um cônjuge, ao notar que o outro chegou em casa do trabalho com meia hora de atraso, conclui: “Ele/Ela deve estar fazendo algo escondido de mim”.

Pensamento dicotômico

Classificar experiências em categorias extremas, mutuamente exclusivas, tais como êxito completo ou fracasso total.

Um cônjuge pode chegar à seguinte conclusão após uma discussão: “Se ele/ela não me ama, então me odeia”.

Nota: *Somente as distorções usadas nesta pesquisa.

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Com o passar do tempo e a prática repetitiva, tanto por parte do cliente

quanto do terapeuta, as habilidades de avaliação e respostas alternativas dos

pensamentos são melhoradas (Beck, 2011; Leahy, 2003).

3.11. Pensamentos automáticos, pressupostos subjacentes e crenças centrais

Os pensamentos automáticos surgem no dia a dia descrevendo imagens e

pensamentos à medida em que as pessoas estão em consonência com as suas

experiências. Geralmente, os PA’s não são conscientes às pessoas como são

percebidas as reações emocionais que as precedem. Por outro lado, as crenças

centrais são a base da construção da tríade cognitiva, ou seja, a visão de si

mesmo, do mundo e do futuro (Kuyken, Padesky, & Dudley, 2010; Beck, 2011;

Wright, Basco, & Thase, 2006).

Identificar as crenças centrais do cliente é fundamental para o decorrer da

terapia, pois, geralmente, está associado a problemas emocionais. No entanto, é

necessário uma correta interpretação (McMullin, 2000). Estas são ideias mais

profundas e rígidas sobre si próprio, geralmente, formadas desde a infância. Já as

crenças intermediárias são suposições feitas pela pessoa sobre determinado

evento, tendo base em atitudes e regras não relacionadas diretamente às

situações (Abreu & Guilhardi, 2004).

3.12. Regulação emocional e reestruturação cognitiva

A mudança ou reestruturação cognitiva é colocada como um dos fatores mais

importantes para a melhora emocional. O primeiro passo no processo de

reestruturação cognitiva é auxiliar o indivíduo a identificar o sentimento relacionado

a um sofrimento significativo dentro de um contexto específico (Charchat-Fichman,

Fernandes, & Landeira-Fernandez, 2012).

O pensamento a ser identificado e modificado pode estar ligado diretamente à

emoção desagradável intensa experimentada numa situação específica (Peçanha,

2005). O indivíduo é questionado por meio de técnicas de “flechas descendentes” e

busca respostas mais racionais e explicações alternativas para seus pensamentos

distorcidos específicos, bem como refletir sobre as vantagens e desvantagens de

uma determinada crença (Beck, 2011; Leahy, 2003; Wright et al., 2010).

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Segundo Leahy, Tirch e Napolitano (2005), os processos cognitivos podem

levar o indivíduo a uma experiência emocional exacerbaba e essa ser um grande

fator de vulnerabilidade à depressão e a ansiedade. Isto envolve pensamentos

automáticos e atitudes disfuncionais. Assim, as distorções cognitivas podem ser

parte de um trantornno depressivo ou de ansiedade ou, ainda, vulnerabilidades

latentes dependentes do humor.

Quadro 2 – Registro de Pensamentos Disfuncionais

Registro de Pensamentos Disfuncionais Orientação: quando você perceber que seu humor/emoção não está bem, pergunte-se, "o que está se passando em minha mente nesse exato momento?" e assim que possível escreva o pensamento ou imagem mental na coluna dos pensamentos automáticos, bem como as demais colunas, referindo-se à situação que o desencadeou.

Situação Emoção Pensamento Automático

Resposta alternativa

Resultado

DESCREVER: Evento real que

conduziu a emoção desagradável ou recordação que

conduziu à emoção desagradável.

ESPECIFICAR: Sentimentos ou

emoções (triste/ ansioso, raivoso etc.) que sentiu naqula situação;

Classificar grau de intensidade e

convicção emoção - 1 - 100%

ESCREVER: Pensamento

Automático que precedeu a/as emoção/ões; Classificar o quanto você

acredita neste pensamento

automático - 1 - 100%

ESCREVER: 1 - Utilize as

perguntas abaixo a fim de encontrar a

resposta alternativa ao pensamento; 2 - Possível Distorção Cognitiva;

3 - Classificar crença em

resposta racional – 1 - 100%

REAVALIE: 1 - Reavalie a

crença em Pensamento/s automático /s

1-100%; 2. Especificar e

reavaliar Emoção/ões ou

comportamento/s subsequentes - 1 -

100%.

Perguntas para ajudar a construir uma RESPOSTA ALTERNATIVA: 1) Qual é a evidência de que o pensamento automático é verdadeiro? Ou não é verdadeiro? 2) Quais as hipóteses alternativas? 3) Qual é a pior coisa que poderia acontecer? Eu poderia conviver com isso? Qual a melhor coisa que poderia acontecer? Qual o resultado mais realista? 4) O que eu deveria fazer a respeito disso? 5) Qual o efeito da minha crença no pensamento automático? Qual seria o efeito de eu mudar a minha maneira de pensar? 6) O que eu diria a um amigo que tivesse o mesmo pensamento?

Ao fazer uma reinterpretação dos eventos potencialmente estressantes e

mudança dos pensamentos distorcidos, o indivíduo pode, também, mudar o

impacto emocional relacionado a este. Embora estas técnicas cognitivas tenham

sido questionadas, pesquisas mostram a eficácia destas no tratamento da

depressão e da ansiedade (Beck et al., 1979; Wright et al., 2010; Dobson & Dezois,

2010; Leahy et al., 2005; Hawton, Salkovskis, Kirk, & Clark, 1997).

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Pessoas com sintomas depressivos ou ansiosos, habitualmente têm uma uma

distorção das informações e desconsidera possíveis evidências contrárias. Às

vezes, as emoções são usadas como provas de evidêcias ou somente uma

pequena parte de um evento é levado em conta, quando deveria ser observado as

demais. Entrtanto, o questionamento socrático é uma ferramenta importante na

busca de evidências contra a crença distorcida (Leahy et al., 2005).

3.13. Questionamento socrático

Após a identificação de cognições distorcidas, busca-se explicações

alternativas racionais para o ocorrido, bem como uma reavaliação dos estilos de

pensamentos. Portanto, nesta fase, o questionamento socrático é fundamental,

pois os questionamentos vão além do objetivo da obtenção de dados e detalhes de

um evento (Abreu & Guilhardi, 2004).

Sendo assim, as perguntas, quando bem elaboradas, encorajam a pessoa a

analisar, sintetizar, avaliar diferentes fontes de informação sobre o evento e sobre

as evidências dos pensamentos automáticos, além da aquisição de habilidades de

resolução de problemas (Abreu & Guilhardi, 2004). O questionamento socrático

ajuda o/a cliente na avaliação de uma situação específica, sendo mais concreto/a e

realista e menos abstrato/a e intelectualizado/a na descrição de um pensamento,

por exemplo (Beck, 2011; Leahy, 2003).

Desta forma, as perguntas devem ser produtivas e revelar oportunidades de

mudança que tragam resultados, pois boas perguntas socráticas, geralmente

abrem possibilidades e alternativas razoáveis e produtivas para os pacientes,

levando-os assim, a olharem por uma nova perspectiva e, sobretudo, funcionam

melhor quando rompem um padrão de pensamento desadaptativo rígido e a sua

curiosidade é estimulada (Wright, Basco, & Thase, 2006, Leahy, 2003).

Um dos objetivos do questionamento socrático é ajudar os pacientes a se

especializarem sobre a própria forma de pensar, levando em conta o nível de

funcionamento cognitivo, os seus sintomas e capacidade de concentração, como

uma estrutura de seta descendente.

3.14. Seta descendente

A seta descendente é uma técnica que auxilia na identificação de inferências

e significados atrelados, bem como estruturas como esquemas ou crenças

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nucleares, chegando, por exemplo, aos medos subjacentes não conscientes para o

cliente. Isto ocorre a partir da exploração de crenças subjacentes ajudando na

despotencialização do pensamento. A intenção é “cavar” estes pensamentos até o

fundo da crença central com perguntas sobre a situação que desencadeou o

pensamento. Por exemplo: Terapeuta: “O que aconteceria se isto fosse verdade?”

ou “O que isso significa para você se isto acontecesse?”, “O que aconteceria a

seguir?” (Leahy, 2003; Dobson & Dobson, 2009).

Quadro 3 – Exemplo da utilização da seta descendente até a implicação do pensamento*

Evento: Estou com dúvidas sobre ir à festa. Pensamento: "Ficarei muito ansioso se eu me aproximar de alguém para conversar"

Utilização da seta descendente Implicações

T: "O que você acha que acontecerá? C: "Serei rejeitado"

T: "Se isso acontecer, então significa que..." C: "Eu sou um fracassado"

T: "Se for um fracassado, isso significa que..." C: "Jamais encontrarei alguém para me relacionar

T: "Se jamais encontrar alguém, então..." C: "Estarei sempre sozinho"

T: "se estivesse sempre sozinho, isso o incomodaria porque..."

C: "Não serei feliz; serei sempre muito infeliz"

Pressuposto subjacente Preciso de outras pessoas para me sentir feliz

Nota: T=terapeuta, C=cliente. *Retirado de: Leahy, 2003.

Além de auxiliar na identificação de pensamentos e sentimentos, a seta

descendente também examina a validade e as evidências contra e a favor de

determinado pensamento, além dos seus custos e benefícios, cálculo de

probabilidades como, por exemplo, “Qual é a probabilidade de ... acontecer, de 0 a

100%?” e contestações das crenças. É um processo de psicoeducação, que é

fundamental para a eficácia de um tratamento cognitivo-comportamental (Leahy,

2003).

3.15. Psicoeducação

A psicoeducação baseia-se no ensino de princípios e conhecimentos

psicológicos relevantes para o cliente. Desta forma, é interessante, também a

indicação de materiais como livros, filmes entre outros recursos de imagem, pois,

estes têm um papel fundamental na compreensão e aprendizagem. Entretanto, é

importante que o/a terapeuta conheça o material anteriormente. Por outro lado,

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alguns clientes podem não ter o hábito de leitura. Assim, em geral, materiais

breves e concisos são mais adequados (Dobson & Dobson, 2009; McMullin, 2000).

A psicoeducação utilizada na TCC é um dos motivos da eficácia e grande

potencial no manejo de psicoterapia breve. Pois, o tempo, geralmente é bem

administrado devido a estrutura proposta, com fase de abertura, intermediária e de

encerramento, e, isso sem que o cliente perceba pressa por parte do/a terapeuta.

Apesar da TCC ter um caráter colaborativo, na sessão breve o/a terapeuta precisa

da habilidade e responsabilidade de conduzi-la por um caminho construtivo e

eficiente (Wright et al., 2010).

As sessões de terapia com casais precisam ter caráter educativo, sendo

estimuladoras, compreensivas e orientadoras, mantendo assim, a relação

terapêutica. Antes do final de cada sessão é importante fazer algumas perguntas

como, por exemplo, “Como você avalia a sessão de hoje ”, “Tem alguma coisa que

falei e você não entendeu ou te perturbou”, “Se sente aliviado/a”, “Entendeu a

tarefa de casa”. O resumo da sessão e feedback de ambas as partes é o momento

de observar possíveis mal-entendidos, distorções, dúvidas (Dattilio & Padesky,

1995; Dattilio, 2011; Beck, 2011; Leahy, 2003). Entre outras técnicas utilizadas

pela TCC, o role-playing também tem um caráter psicoeducativo e de treino de

habilidades sociais assertivas e comunicação, tendo também um papel importante

na identificação de distorções a na modificação destas (Leahy, 2003).

3.16. Role-playing

O role-playing ou dramatização pode ser usada com uma amlpa variedade de

propósitos, como, por exemplo, evocar pensamentos automáticos, identificar

esquemas, desenvolver habilidades como estilo de comunicação, posturas

empáticas, práticas de assertividades em relacionamentos ou respostas

adaptativas, auxiliar na modificação de crenças intermediárias e centrais (Beck,

2011; Leahy, 2003; Epstein & Schlesinger, 2000).

A dramatização também ajuda no desenvolvimento de habilidades sociais.

Por exemplo, clientes muito tímidos e ansiosos poder sentir-se liberado para

interpretar um papel que não é deles (Dobson & Dobson, 2009).

A inversão de papéis pode ser usada na terapia de casais com o objetivo de

fazer com que as partes vejam na perspectiva do outro. Assim, pede-se ao casal

que discutam algum ploblema ou conflito que tem acontecido com frequência,

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porém, com os papéis invertidos. Desta forma, há grande probabilidade de, tanto

terapeuta quanto cônjuges, se tornarem mais sensíveis às percepções e

interpretações errôneas ou irrealistas, podendo mudar, então, a maneira como

pensa a respeito do problema, conflito ou discussão além de gerar empatia

(Dattilio, 2009; Corsini, 2010).

Após a dramatização o/a terapeuta solicita feedback de ambos os cônjuges.

Ademais, a inversão de papéis, na maioria dos casos provoca risos, divertimento e,

consequentemente, pode servir de alívio de stress e tensão, sendo assim,

importante para o decorrer do tratamento (Dattilio, 2009).

3.17. Treino em comunicação

Autores que examinaram a relação entre depressão, ansiedade e

comunicação entre cônjuges, evidenciaram forte ligação entre estas variáveis,

interferindo assim, no bem-estar e na estabilidade do relacionamento (Epstein &

Schlesinger, 2000; Dobson & Dezois, 2010). Além disso, estudos também revelam

que, comparados com um grupo controle, parceiros de cônjuges deprimidos

relataram diminuição do nível de emoção, apoio prático, pobreza de empatia,

expressão de afeição por parte do seu par (Dobson & Dezois, 2010). No entanto,

avaliações e expressões de emoções negativas sobre o parceiro com sintomas

depressivos pode levá-lo a persistência e deixá-lo vulnerável à recaídas e

recorrências, isto, independente da personalidade, dos sintomas depressivos ou da

forma de funcionamento do casal (Beck et al., 1997; Dobson & Dezois, 2010).

Segundo Dattilio (2011), geralmente, a queixa consiste na expressão de

desacordo ou raiva, desprezo, zombaria, insulto, sarcasmo, indicando desdém,

humilhação, julgamento, além de defensividade na perspectiva de ataque, negação

ou responsabilização por algum problema e atribuições irracionais.

Dessa forma, o treino em habilidades de comunicação entre o casais é de

extrema importância, pois os ajuda a expressarem os seus pensamentos e

emoções, bem como ouvir um ao outro de maneira efetiva. Esta é uma das formas

de intervenção que tem feito os relacionamentos funcionarem de modo mais

saudável. A falta de comunicação, a inadequação desta incomunicabilidade

(quando o ouvinte não faz nenhuma menção ou manifestação em relação ao

falante) têm sido uma das principais queixas entre os cônjuges, às vezes, levando

ao rompimento da relação (Dattilio & Padesky, 1995).

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Assim, as habilidades de treino de assertividade ou comunicação verbal

básica pode incluir, como iniciar uma conversa, fazer transições tópicas e

responder a pedidos e não-verbal que pode ser ritmo e velocidade do discurso,

modulação da altura de voz, mudança de padrões e hábitos estranhos, tom de voz,

linguagem corporal, proximidade física, expressividade facial entre outos.

Entretanto, deve-se avaliar o que é déficit interpessoal e prognósticos negativos ou

pensamentos automáticos negativos que levam o indivíduo a ansiedade (Dobson &

Dobson, 2009; Dattilio, 2009).

3.18. Conceitualização de caso cognitivo-comportamental

A conceitualização de caso pode ser definida como um processo de

empirismo colaborativo entre terapeuta e cliente a fim de descrever e explicar e

esclarecer os problemas do cliente na terapia, buscando assim, guiar o tratamento

e a intervenção terapêutica aliviando o sofrimento e desenvolvendo a resiliência do

cliente (Kuyken, Padesky, & Dudley, 2010).

Segundo Kuyken, Padesky e Dudley (2010) e Beck (2011), as principais

funções da conceitualização de caso para a TCC são: a sintetização da experência

do cliente; normalização e validação dos problemas apresentados; promoção de

engajamento no tratamento, pois é pré-requisito para a mudança; melhor manejo

dos problemas mais complexos, dando uma visão de maior probabilidade de

resolução, tanto por parte do cliente quanto do terapeuta; orientação de escolha,

passos e foco na intervenção; sugestão de maior custo-benefício do tratamento;

visão antecipada e abordagem dos possíveis problemas; obtenção de

compreensão das questões subjacentes e sugestões de rotas alternativas para a

mudança; identificação de pontos fortes que ajudem no desenvolvimento da

resiliência do cliente e possibilidade de supervisão e consulta de alta qualidade.

Na incorporação dos pontos fortes é importantes que seja observado,

também, áreas como, fé religiosa ou espiritual, moral, cognitiva, social, física,

atividades voluntárias, pois, estas podem ser pontos poderosos neste processo de

aprendizagem da conceitualização de casos colaborativa (Kuyken, Padesky, &

Dudley, 2010).

Nos dados relevantes da infância pode-se descrever quais experiências

contribuíram para o desenvolvimento e manutenção da/s crença/s nuclear/es. Além

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disso, na conceitualização de caso os PA’s explicam a ligação entre uma

determinada situação e a reação emocional (Kuyken, Padesky, & Dudley, 2010; ).

Quadro 4 – Modelo de conceitualização de caso cognitivo-comportamental com casais

CONCEITUALIZAÇÃO DE CASO COGNITIVO-COMPORTAMENTAL COM CASAIS

l. Identificação do/a cliente - nº _ _

Nome: Idade:

Profissão: Religião:

Estado Civil: Escolaridade:

Número de dependentes:

Outras informações relevantes:

ll. Lista de problemas conjugais

1.

2.

3.

lll. Conceitualização cognitiva

Dados relevantes da história de vida

Tríade cognitiva

Visão de si Visão de mundo Visão de futuro

Crenças centrais

Crenças intermediárias

Estratégias compensatórias

Situação 1 Situação 2 Situação 3

Pensamentos Automáticos Pensamentos Automáticos Pensamentos Automáticos

Significado do PA Significado do PA Significado do PA

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Emoções Emoções Emoções

Comportamentos Comportamentos Comportamentos

Respostas fisiológicas Respostas fisiológicas Respostas fisiológicas

lV. Hipótese de trabalho

Situações precipitantes ou ativadoras:

Fatores predisponentes:

Fatores perpetuadores e Distorção cognitiva:

Resumo da Hipótese:

V. Pontos fortes e recursos

Vl. Plano de trabalho

Objetivos e metas

Intervenções

Obstáculos

VII. Diagnósticos prováveis (DSM-IV)

Eixo I -

Eixo II -

Eixo II -

Eixo IV -

Eixo V -

Desta forma, a conceitualização de caso é a ponte que liga a avaliação ao

tratamento e intervenção, ou seja, é a conexão entre os dados descritivos da

avaliação e o plano de tratamento. De acordo com dois estudo de avaliação da

consistência e confiabilidade deste modelo identificou-se que entre 60 e 70% das

conceitualizações de caso havia concordância dos clientes sobre as descrições

observadas pelo/a terapeuta (Dobson & Dobson, 2009).

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3.19. Estrutura das sessões

Estruturar as sessões de terapia cognitivo-comportamental facilita na

compreensão do evento, nas queixas, além de possibilitar a percepção de

possíveis meios da resolução de problemas e mudanças de comportamentos

(Beck, 2011). Além disso, as torna mais eficientes e educativas, levando o

indivíduo a utilizar as técnicas, teorias e habilidades aprendidas em situações e

problemas futuros. No entanto, o objetivo não é tornar o processo mecânico, e sim,

claro (Finger, 2012; Peçanha, 2009).

Quadro 5 – Passos importantes de uma sessão cognitivo-comportamental

Passos Descrição

Avaliação do humor A fim de saber e comparar a evolução do humor entre cada sessão pode-se avaliar o cliente por meio de uma escala. Por exemplo, de 0 a 100, sendo 0 o pior humor que já se teve e 100, o melhor humor, que nota você daria para o seu humor, hoje e na semana?

Breve atualização Permite saber se as sessões estão gerando uma resposta terapêutica. É possível fazer esta avaliação perguntando diretamente à pessoa ou através de escalas e inventários.

Realização de uma ponte com a sessão anterior

Nas primeiras sessões é recomendável que o cliente seja levado a compreender o que está acontecendo com ele e como fazer para melhorar. Nas sessões intermediárias as responsabilidades e condução devem ser divididas entre terapeuta e cliente, o qual é estimulado a contribuir de forma mais ativa. Assim, a fase final deve ser marcada por técnicas e direcionamentos à prevenção de recaídas.

Estabelecimento de agenda Tem o objetivo de estabelecer o que será tratada na sessão, além de dar oportunidade do cliente falar o que realmente tem relação com o problema e com o cumprimento de suas metas terapêuticas. É preciso ter o cuidado de não colocar muitos tópicos para a discussão. Estes devem ser específicos, mensuráveis e focados na resolução.

Discussão dos tópicos da agenda e utilização de ferramentas terapêuticas

Os tópicos precisam desenvolver melhoras nos sentimentos, pensamentos ou comportamento do cliente. Se necessário, um tópico pode ser abordado até que a intervenção demonstre resultados (por exemplo, modificação do pensamento, alívio do sentimento).

Revisão da tarefa de casa É importante estar atento quanto a resistência em realizá-las. Isto pode ser evitado tornando-as descomplicadas e claras.

Estabelecimento de nova

tarefa de casa O/A terapeuta sempre deve anotar qual foi a tarefa solicitada (não muitas

para uma semana) e, antes do início dos encontros, reservar tempo para revisar e falar da tarefa anterior.

Solicitar feedback Este é o momento em que o/a cliente fala sobre a presente sessão, de forma sintetizada e tira as possíveis dúvidas ou mal entendidos.

Nota: Baseada na proposta de Finger, 2012.

Na sessão de avaliação desenvolve-se uma conceitualização de caso inicial

em colaboração com o cliente. No entanto, o/a terapeuta deve observar se está

apto para atender o cliente, caso contrário, deve fazer encaminhamentos. Então, é

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necessário colher informações sobre a história familiar, status social, história

religiosa, valores, estratégias de enfretamento e adaptação, como interage com

familiares, amigos e no trabalho, como gasta o tempo livre. Entretanto, estes dados

não se limita somente a esta sessão, mas no decorrer do tratamento deve-se ficar

atento às novas questões que podem surgir (Beck, 2011; Baucom, Epstein, Kirby,

& LaTaillade, 2010).

Embora a TCC tenha uma estrutura pré-estabelecida, muitos clientes se

sentem comfortáveis quando o/a terapeuta pergunta-os como ele gostaria que

fosse a sessão. Ademais, também é importante saber as expectativas do cliente

sobre o tratamento e deixar claro as questões sobre o setting (Kuyken, Padesky, &

Dudley, 2010; Beck, 2011).

Na primeira sessão após a avaliação o estabelecimento de um bom rapport é

de fundamental importância, assim como a confiança e a esperança. Além disso,

deve-se socializar o/a cliente sobre os processos do tratamento e do modelo

cognitivo-comportamental (Beck, 2011). Assim, esta sessão, bem como as demais

no modelo cognitivo-comportamental tem um início, meio e fim pré-estabelecido,

pois isto, também faz parte do processo de psicoeducação (Beck, 2011; Wright et

al., 2010).

3.20. Tarefas de casa

A tarefa de casa que também pode ser chamado de “exercícios entre

sessões”, “tarefas terapêuticas”, “atividades para a semana” é uma ferramenta

fundamental na terapia cognitivo-comportamental, pois o/a cliente desenvolve

habilidades para lidar com problemas em situações reais. Pesquisas mostram que

quem as executa, geralmente, apresenta maiores resultados de melhoras do que

aqueles/as que não as realiza (Beck, 2011; Kuyken, Padesky, & Dudley, 2010).

No estabelecimento de nova tarefa de casa, o/a terapeuta sempre deve

anotar qual foi a tarefa solicitada e, antes do início das sessões, revisar e falar da

tarefa anterior. Entretanto, é importante não solicitar muitas tarefas para uma única

semana para não tornar um fardo. As possíveis resistências em realizar as tarefas

de casa pode ser evitadas tornando-as descomplicadas e claras. Por outro lado,

quando não se faz a revisão das tarefas, pode também gerar desinteresse ou

desestímulo e, então, torná-la ineficaz (Finger, 2012; Abreu & Guilhardi, 2004).

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As tarefas de casa podem ajudar o/a cliente na monitoração e avaliação dos

seus próprios pensamentos automáticos e questioná-los sobre a sua validade,

praticando-as entre as sessões, além de adquirir habilidades de resolução de

problemas hipotéticos que o/a auxiliará em possíveis problemas reais nos

intervalos das sessões (Beck, 2011; Dattilio, 2009; Leahy, 2003).

3.21. Sessões conjuntas e individuais na terapia com casais

De acordo com Dattilio e Padesky (1995), a entrevista inicial de avaliação

deve ser conjunta a fim de obter informações como idade, número de filhos entre

outras relevantes. Além disso, é importante saber sobre o histórico do casal e da

família de ambos, bem como fatores ambientais, culturais emocionais, cognitivos

das discordâncias e possíveis conflitos atuais, características de personalidade,

como e onde se conheceram, em quais circunstâncias; se vivem juntos e já

viveram outros relacionamentos.

Entretanto, casais podem reter informações que poderiam ser cruciais no

desenvolvimento da terapia e na compreensão dos problemas conjugais. Contudo,

geralmente, estas aparecem em outros momentos no decorrer do tratamento. Por

outro lado, o/a terapeuta pode perguntar se há alguma outra informação que

poderia ajudar na dinâmica da intervenção ou utilizar formulários e questionários

(Dattilio & Padesky, 1995).

As sessões individuais proporcionam a oportunidade de maior interação na

ausência do outro, pois, quando este/a está presente, pode haver uma relutância

em revelar como realmente se sente ou as principais queixas. Da mesma forma,

detalhes do relacionamento, como casos extraconjugais, fracassos, envolvimento

em problemas que podem gerar um conflito maior na relação do casal pode ser

revelado. Além disso, o foco também está em identificar como cada indivíduo vê e

interpreta os problemas no relacionamento, o que este pensa sobre si próprio,

sobre o/a parceiro/a e sobre aqueles que os/as cercam (Dattilio & Padesky, 1995;

Dattilio, 2009). Entretanto, as demais sessões devem ser em conjunto, inclusive as

sessões de prevenção de recaída, pois ambos precisam estar cientes de possíveis

conflitos após o término da terapia e, assim, precisarão de apoio mútuo na

administração e na prática das habilidades aprendidas (Dattilio & Padesky, 1995).

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3.22. Prevenção de recaída

A recaída é a recorrência de sintomas ou comportamentos problemáticos que

se segue à remissão, ou seja, tanto a melhora total ou parcial dos sintomas, ao

ponto de critérios de diagnóstico serem observados novamente (Dobson & Dobson,

2009). A prevenção de recaída é a fase final da maioria dos tratamentos da TCC e

isto inclui uma revisão do tratamento, criação de planejamento para o futuro e

verificação do sentimento de finalização da terapia. Além disso, sessões menos

frequentes e feedback sobre as mudanças percebidas são estratégias que podem

ter um resultado significativo (Dobson & Dobson, 2009; Beck, 2011).

Segundo Peçanha (2005) e Saffi (2009), a prevenção da recaída auxilia,

também, na consolidação das mudanças. O casal deve ter a consciência que nem

todos os seus problemas serão resolvidos durante o processo terapêutico e, assim,

também devem ser preparados para o término do acompanhamento.

Desta forma, o objetivo deve ser orientar o casal a fim de adquirirem

habilidades para resolverem e administrarem seus próprios problemas e, também,

antecipar e corrigir possíveis deslizes e desentendimentos no decorrer do

relacionamento conjugal, após o término da terapia (Dobson & Dobson, 2009;

Dattilio, 2009; Beck, 2011).

Assim, é importante que o/a terapeuta estimule seus clientes a terem

responsabilidades pelo próprio tratamento, pois, muitos atribuem a melhora de

sintomas ou mudança de comportamento a fatores externos como ambiente,

dedicação do/a terapeuta, medicamentos e, então não dão créditos a seus próprios

esforços.

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4. OBJETIVOS

4.1. Geral

Identificar as distorções cognitivas que interferem na dinâmica de casais.

4.2. Específicos

1. Identificar e intervir nos quadros de: Inferência arbitrária; Abstração

seletiva; Leitura de pensamento; Hipergeneralização; Maximização e

minimização; Personalização; Pensamento dicotômico absolutista;

2. Substituir as distorções cognitivas e esquemas disfuncionais por

interpretações mais realistas;

3. Melhorar a satisfação conjugal dos participantes da pesquisa.

5. HIPÓTESE

H1 – A hipergeneralização será a distorção de maior ocorrência entre os

casais.

6. MÉTODO

6.1. Participantes

A amostra foi composta por 16 (dezesseis) casais heteroafetivos com mínimo

de um ano de união, totalizando 32 participantes, brasileiros, alfabetizados – 37,5%

tinham ensino médio completo, maiores de 18 anos, sendo a idade média de 30,4

(DP=4,13) anos,.

6.2. Obtenção da amostra

Foi anunciado e explicado em igrejas e escolas sobre o projeto, os objetivos e

critérios para a participação da pesquisa, solicitando que os interessados entrasse

em contato por telefone ou email disponibilizado.

Os quatro primeiros participantes foram indicados por amigos, pois estavam

em uma crise aguda em seus relacionamentos amorosos e estavam decididos em

separar-se. Na medida em que as sessões chegavam próximas do fim, estes

casais indicaram outros amigos que passavam por conflitos no casamento. Foram

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mais três. Os demais foram entrando em contato para compreender como

funcionava e, então, eram agendadas as sessões.

6.3. Critérios de Inclusão

Maiores de 18 anos, com mais de 1 (um) ano de união consensual;

independente de estarem vivendo um recasamento; que busquem orientações

quanto a presença de conflitos conjugais.

6.4. Critérios de Exclusão

Menores de 18 anos, menos de 1 (um) ano de união consensual; sem

indicação ou relatos da presença de conflitos conjugais.

6.5. Local

Dependências da Associação da Igreja Metodista na Baixada Santista

(Cubatão-SP).

6.6. Procedimentos

Todos os casais foram avaliados pré e pós-intervenção terapêutica conforme

os instrumentos abaixo relacionados. Quanto às sessões, estas foram constituidas

de 12 encontros de 50 min por casal, havendo uma sessão individual (2ª) e as

demais em conjunto. As sessões foram semanais, contudo, entre a 11ª e 12ª

houve um intervalo de 15 dias. A pesquisa durou 12 meses. A coleta de dados

iniciou-se em julho de 2015. Todos os participantes assinaram o Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE)1 antes do início do tratamento.

A pesquisa iniciou com 17 casais e somente um destes desistiu da terapia

devido a mudança para outro estado do Brasil. Esta desistência ocorreu na sexta

sessão. Os demais cumpriram todos os passos pré-estabelecidos no

procedimento.

6.7. Aspectos Éticos

Esta pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética – Resolução 466 – protocolo

número CAAE 44805115.5.0000.5508.

1 Modelo em anexo.

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6.8. Instrumentos

6.8.1. Questionário Sociodemográfico2

Descrição: o questionário teve questões como: nome, idade, prática religiosa,

número de filhos, escolaridade, renda familiar, tempo de casado/a, histórico e

razão da decisão do casamento, se tem pais divorciados, recasamento. O

questionário foi composto por questões objetivas e dissertativas.

6.8.2. Inventário Back de Depressão (BDI – Beck Depression Inventory)3

Descrição: o questionário consiste de 21 tópicos com quatro (4) afirmações em

cada. Deve-se marcar com um “X” no número correspondente (0, 1, 2 ou 3) diante

da afirmação, em cada grupo, que descreve melhor a maneira como o indivíduo

tem se sentido durante a última semana, incluindo o dia da resposta. Significado da

pontuação: entre 0 e 10, depressão leve; entre 11 e 18, depressão leve a

moderada; entre 19 e 29 depressão, moderada a grave; entre 30 e 63, depressão

grave ou severa.

6.8.3. Inventário Beck de Ansiedade (BAI – Beck Anxiety Inventory)4

Descrição: é apresentada uma lista de sintomas comuns de ansiedade, na qual, o

indivíduo identifica o quanto tem sido incomodado por cada sintoma durante a

última semana, incluindo o dia da resposta, colocando um “X” no espaço

correspondente a cada sintoma. O respondente pode escolher uma entre quatro

respostas: “Absolutamente não”, “levemente”, “moderadamente”, “gravemente”

para as questões como, “Sensação de sufocação”, “medo de morrer”. Significado

da pontuação: entre 0 e 10, mínimo de ansiedade; entre 11 e 19, nível leve de

ansiedade; entre 20 e 30, ansiedade moderada; e entre 31 e 63, ansiedade grave.

6.8.4. Escala de Satisfação Conjugal (ESC)5- (Pick de Weiss e Andrade Palos

(traduzida e adaptada por Dela Coleta, 1989).

Descrição: o instrumento permite avaliar três aspectos na relação conjugal:

satisfação com aspectos emocionais do cônjuge; satisfação com a interação

2 Em anexo. 3 Em anexo. 4 Em anexo. 5 Em anexo.

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conjugal; satisfação com a forma de organização, de estabelecimento e

cumprimento de regras pelo cônjuge. Cada questão tem três (3) opção como

resposta: 1 – “Eu gosto como tem sido”; 2 - “Eu gostaria que fosse um pouco

diferente”; 3 - “Eu gostaria que fosse um pouco diferente”. O respondente escolhe

uma.

6.8.5. Escala de Ajustamento Diádico (DAS – Dyadic Adjustment Scale)6 (Spainer,

1976 (traduzida por Bernard, 2007).

Descrição: avalia a qualidade do relacionamento pela percepção dos casais ou

parceiros, além de diferentes aspectos de uma relação conjugal que incluem:

satisfação diádica; coesão diádica; consenso diádico; expressão afetiva. O

respondente pode escolher as alternativas em cinco colunas: “Sempre concorda”,

“Quase sempre concorda”, “Ocasionalmente discorda”, “Frequentemente discorda”,

“Sempre discorda” para questões como: Manejo das finanças, Demonstração de

afeto; “O tempo todo”, “A maior parte do tempo”, “Ocasionalmente”, “Raramente”,

“Nunca” para questões como: Você confia em seu cônjuge?, Com que frequência

vocês brigam?; “Todo dia”, “Quase todo dia”, “Ocasionalmente”, “Raramente”,

“Nunca” para a questão: Você beija o seu cônjuge?; “Sempre”, “Frequentemente”,

“Ocasionalmente”, Raramente”, “Nunca” para questões com: Frequência em que

vocês riem juntos, Frequência em que vocês trabalham num projeto juntos. Escore

mais alto reflete um relacionamento amoroso melhor.

6.8.6. Inventário de Habilidades Sociais Conjugais (IHSC)7- (Del Prette - Del Prette &

Del Prette, 2001).

Descrição: O IHSC é semelhante ao IHS-Del Prette, contudo, com algumas

formulações a fim de torná-lo mais específico às situações próprias do

relacionamento conjugal. Assim, resulta em um instrumento com 32 itens. A

análise da estrutura fatorial do IHSC foi feita pelo método Alpha, com rotação

Varimax, resultando em cinco fatores (comunicação assertiva, expressão de

sentimento positivo/agrado, expressão de desacordo/desagrado,

desinibição/espontaneidade e controle da agressividade). Significado da

pontuação: Quanto maior a pontuação, menos habilidades sociais conjugais.

6 Em anexo. 7 Em anexo.

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6.8.7 Inventário de Crença Sobre Relacionamento (RBI – Relationship Belief

Inventory)8 (Eidelson e Epstein,1982 (traduzido por Peçanha e Rangé, 2008).

Descrição: O RBI é dividido em cinco sub-escalas: 1) Desacordo é destrutivo, é a

crença de que a falta de consenso é uma ameaça à relação amorosa; 2) Leitura

mental é esperada, os parceiros acreditam que o seu companheiro deveria ser

capaz de saber o que sentem ou pensam sem comunicarem; 3) Parceiros não

podem mudar, uma pessoa acredita que seu companheiro não seria capaz de

mudar nem a si próprio nem a sua relação; 4) Perfeccionismo sexual, é a idéia de

que o parceiro deve ter um desempenho sexual perfeito; 5) Os sexos são

diferentes, é a crença de que os problemas no relacionamento são diferenças

típicas entre o gênero masculino e feminino.

As escolhas variam entre seis respostas (5 - Acredito fortemente que a

afirmação é verdadeira; 4 - Acredito que a afirmação é verdadeira; 3 - Acredito que

a afirmação é provavelmente verdadeira, ou mais verdadeira do que falsa; 2 -

Acredito que a afirmação é provavelmente falsa, ou mais falsa do que verdadeira; 1

- Acredito que a afirmação é a afirmação é falsa; 0 - Acredito fortemente que a

sentença é falsa. Quanto maior a pontuação, maior a aderência a uma crença

inadequada particular.

6.8.8. Questionário de Pensamentos Automáticos (ATQ – Automatic Thought

Questionnaire)9 - (Philip C. Kendall and Steven D. Hollon, 1980).

Descrição: Avalia quatro aspectos dos pensamentos automáticos e a frequência

dos pensamentos relacionados com sintomas depressivos. Quanto maior a

pontuação, maior o nível de pensamentos automáticos distorcidos.

6.8.9. Escala de Atitudes Disfuncionais (EAD – Dysfuctional Attitudes Scale)10

(Arlene Weissman - adaptado por Orsini, Tavares e Trccoli, 2005).

Descrição: Avalia as atitudes do indivíduo frente às situações do cotidiano. Mede a

vulnerabilidade para a depressão. Quanto maior a pontuação, maior a aderência a

crenças adaptativas e menos distorção cognitiva.

8 Em anexo. 9 Em anexo. 10 Em anexo.

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6.8.10. Registro Pensamentos Disfuncionais (RDT - Record of Dysfunctional

Thoughts)11(Whight, Beck, Rust at al, 1979).

Descrição: o respondente descreve a situação em que percebeu a emoção

negativa (também especificada), o pensamento automático que desencadeou a

emoção. Posteriormente, deve apresentar uma resposta alternativa ao pensamento

automático. Para se chegar à resposta alternativa deve-se utilizar as seguintes

questões: 1) Qual é a evidência de que o pensamento automático é verdadeiro?

Ou não é verdadeiro? 2) Quais as hipóteses alternativas? 3) Qual é a pior coisa

que poderia acontecer? Eu poderia conviver com isso? Qual a melhor coisa que

poderia acontecer? Qual o resultado mais realista? 4) O que eu deveria fazer a

respeito disso? 5) Qual o efeito da minha crença no pensamento automático? Qual

seria o efeito de eu mudar a minha maneira de pensar? 6) O que eu diria a um

amigo que tivesse o mesmo pessamento? Pontuação: Em cada item deve haver a

descrição, também em porcentagem – 0 - 100. Intensidade da emoção e dos

pensamentos. Quanto maior a intensidade, pior é o pensamento disfuncional.

6.9. Descrição do protocolo da terapia

6.9.1. Protocolo piloto de atendimento

Quadro 6 – Descrição do protocolo piloto de atendimento da terapia

Protocolo piloto de atendimento – 12 sessões

Sesssão Estrutura

1ª Rapport; Avaliação (conjunta) - Questionário sociodemográfico; Escala de Satisfação Conjugal; BDI; BAI

2ª Avaliação (individual); DAS; QPA; EAD

3ª Avaliação conjunta e plano de tratamento, IHSC, RBI

4ª Psicoeducação - pensamentos automáticos, resposta comportamental, resposta fisiológica, estratégia compensatória de enfrentamento, regulação emocional

5ª Role playing (dramatização)

6ª Treino em comunicação e habilidades sociais conjugais

7ª Treino em comunicação, identificação de distorções cognitivas

8ª Treino em resolução de problemas baseado em evidências

9ª Treino em resolução de problemas, plano de ação

10ª Reestruturação cognitiva, RPD

11 Em anexo.

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11ª Prevenção de recaída

12ª Feedback geral, preenchimento dos inventários, questionários e avaliações.

Nota: este quadro mostra cada atividade planejada em cada uma das 12 (doze) sessões.

6.10. Descrição dos procedimentos de atendimento por sessão

6.10.1. 1ª sessão – Rapport; Avaliação (conjunta) - Questionário sociodemográfico;

ESC; BDI; BAI

A sessão inicial teve como objetivo colher assinaturas do Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE); preenchimento estabelecer o rapport e

a confiança do casal; familiarizar o casal sobre o modelo da terapia cognitivo-

comportamento e os processos entre pensamentos automáticos, emoção e

comportamento; preenchimento da Escala de Satisfação Conjugal (ESC),

Inventário Beck de Depressão (BDI) e Inventário Beck de Ansiedade (BAI); avaliar

as expectativas do casal sobre a terapia.

Obs.: no primeiro contato com o casal (antes da 1ª sessão) foi entregue o

TCLE e o Questionário Sociodemográfico, então, o casal leva tais documentos

preenchidos para a 1ª sessão. Assim, é esclarecido possíveis dúvidas. E, então,

feito uma avaliação geral.

6.10.2. 2ª sessão – Avaliação (individual); DAS; QPA; EAD

Nesta, o casal é avaliado individualmente. É feita uma rápida avaliação

baseada em principais respostas do Questionário Sociodemográfico, ESC, BDI e

BAI, a fim de colher informações pontuais para a conceitualização do caso.

Também, é solicitado que o cônjugue faça uma atualização dos principais

problemas enfretados no relacionamento; resumo da sua vivência na infância e

adolescência.

Nesta sessão, geralmente o indivíduo comenta algumas questões que não

teria coragem, a princípio, de falar na sessão conjunta. Cada cônjuge tem 40min.

Enquanto um está sendo atendido, o outro, em sala separada, responde os

questionários (QPA, EAD e DAS), depois inverte, ou seja, aquele que estava em

atendimento, responde os questionários, enquanto o outro é atendido. Ao final,

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junta-se os cônjuges e é passado terefas para casa (ISHC e RBI) e solicitado ao

casal um feedback da sessão. Esta última parte da sessão dura no máximo 10min.

6.10.3. 3ª sessão – Avaliação conjunta e plano de tratamento, IHSC, RBI

Na terceira sessão é discutido as principais questões apresentadas na sessão

anterior (individual), por exemplo, a percepção que cada cônjuge tem sobre a

relação, sobre si próprio e sobre o/a parceiro/a.

Se for autorizado pelo cliente a apresentação de alguma questão confidencial

colocada na sessão individual como, por exemplo, traição, envolvimento em drogas

psicoativas etc., então, é iniciado nesta sessão. Contudo, o terapeuta deve estar

sensível ao momento, ou seja, se houver a percepçaõ que não seja o momento

carreto, pode-se deixar para introduzir o problema na sessão seguinte.

Também é apresentado ao casal um plano de tratamento inicial e parcial. O

desenvolvimento e processo de conceitualização acontece e é efetivado através do

empirismo colaborativo (terapeuta e Cliente).

6.10.4. 4ª sessão – Role playing (dramatização)

A quarta sessão é de dramatização. Baseado na conceitualização de caso

inicial, nas questões identificadas de situações desencadeantes de stress, por

exemplo, um dos cônjuges apresentou como uma das principais causas de

conflitos e sofrimento na relação e disse: "Não consigo me expressar quando ele

fala sobre o nós" (situação), "O que ele vai pensar de mim?", "Sou incapaz de ser

clara" (Pensamento Automático), “Fico desapontada comigo mesma e muito

ansiosa” (Emoção), “Fico calada e não expresso o que penso e sinto”

(comportamento). Da mesma forma é colocada uma situação por parte do/a

parceiro/a. Deve ser apresentado por ambos os cônjuges, uma situação atual e

específica, por exemplo, esta situação aconteceu esta semana no supermercado.

A seguir, é explicado ao casal que eles reproduzirão a mesma situação,

porém com os personagens invertidos, ou seja, a esposa faz o papel do marido e o

marido, o papel da esposa. Ambos colocaram a sua percepção sobre a situação

ocorrida. Depois, eles repetem a situação, contudo, desta vez, cada um fará o seu

próprio papel na cena, e, se ambos perceberem que agiram de forma desagradável

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ou falou alguma coisa que não deveria ou de forma estúpida, por exemplo, desta

vez eles poderam repensar e agir de forma diferente.

Após a dramatização, terapeuta e casal avaliam a primeira cena (papéis

invertidos), descrevendo as percepções e sentimentos de se colocarem no lugar do

outro e a segunda cena (agir de forma diferente) descrevendo os resultados e

percepções de pensarem formas alternativas de resolverem problemas.

É passado uma tarefa para casa – Descrição de Expectativas do Casal12, na

qual, ambos descreverão, individualmente, as expectativas pessoais e conjugais,

bem como a percepção atual, o que pode ser feito para ajudar a alcançar tal

expectativa, por que isto é importante e a intensidade (0-100).

6.10.5. 5ª sessão – Psicoeducação sobre pensamentos automáticos, resposta

comportamental, resposta fisiológica, estratégia compensatória de enfrentamento,

regulação emocional

Nesta sessão, ainda baseado na conceitualização de caso cognitivo-

comportamental e no plano de tratamento desenvolvido colaborativamente é feita

uma psicoeducação explicando, também por meio de imagens, ao casal como

pensamentos automático estão relacionados às emoções, comportamentos,

respostas fisiológicas e estratégias compensatórias de enfrentamento. Isto,

utilizando exemplos identificados e descritos pelo próprio casal. Ex.:

12 Em anexo.

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Situação: “Meu esposo diz que não aguenta mais a nossa relação, então, não consigo me expressar ou dizer o que eu penso”

Pensamentos automáticos: "O que ele vai pensar de mim?", "Sou incapaz de ser clara"

Emoção: “Ansiedade, desapostamento consigo mesma”

Comportamento: “Fico calada, não expresso os meus sentimentos e pensamentos sobre a situação”

Resposta fisiológica: “Sinto uma sensação de sufocação, falta de ar, dor no peito”.

6.10.6. 6ª sessão – Treino em comunicação e habilidades sociais conjugais

Nesta sessão, é utilizado manual Pricípios Para Quem Ouve e Para Quem

Fala13 a fim de desenvolver habilidades eficazes de comunicação e identificar

padrões evitativos de enfrentamento. Os casais falam como tem sido a

comunicação deles, dando exemplos de situações específicas e a percepção de

cada um sobre tal situação. Também é colocado formas alternativas de

comunicação em uma situação, se o caso do sofrimento do casal estiver na forma

como eles se comunicam.

Alguns exemplos colocados nesta sessão, também são baseadas nos

questionários respondidos pelos casais, principalmente, IHSC, por exemplo, “Se

meu cônjuge faz algo que não gosto, tenho dificuldade em dizer isso a ele/a”,

“Sinto dificuldades em expressar sentimentos de carinho através de palavras ou

gestos a meu cônjuge”, ESC, “Gostaria que a comunicação com minha

esposa/meu marido fosse muito diferente”.

A tarefa de casa é identificar, durante a semana, distorções cognitivas

próprias baseado numa lista (em anexo) disponibilizada ao final da sessão.

6.10.7. 7ª sessão – Treino em comunicação, identificação de distorções cognitivas

A lista de distorções cognitivas (Inferência arbitrária; Abstração seletiva;

Leitura de pensamento; Hipergeneralização; Maximização e minimização;

Personalização; Pensamento dicotômico absolutista) disponibilizada na sessão

anterior é discutida nesta sessão, com definições e exemplos. Cada cônjuge busca

se identificar nos padrões de pensamentos distorcidos. Também, cada um tenta

identificar o/a parceiro/a de acordo com a própria percepção, dando exemplos de

13 Em anexo.

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situações específicas ocorridas nas últimas semanas na relação do conjugal e

quanto e como os/ pensamento/s distorcido/s afetou/afetaram a dinâmica do casal.

6.10.8. 8ª sessão – Treino em resolução de problemas baseado em evidências

A partir dos problemas identificados e descritos pelos cônjuges, de forma

precisa, busca-se defini-los e dá-los nomes, ou seja, identificar e especificar

preocupações, cognições, emoções, crenças e déficits de habilidades envolvidas

nos problemas. Isto, por meio de questionamentos socráticos e técnicas de seta

descendente.

Assim, analisa-se custo-benefício, autorreforço, automonitoramento,

estimulação, conclusões precipitadas antes de avaliar as evidências de cada

situação e a relação com os pensamentos automáticos, busca de maior número de

alternativas possíveis para resolução de um determinado problema (brainstorming)

e escolha da melhor opção. Para isto é utilizado Regras Para Resolução de

Problemas14 com os seguintes passos:

1. O primeiro passo consiste em proceder a um brainstorming (tempestade de

idéias) ao elaborar uma lista de soluções para o problema; 2. Qualquer solução é

aceitável nesse momento. Vocês não devem censurar ou avaliar suas próprias

soluções ou do seu parceiro/a; 3. Esse procedimento deve continuar até não ser

encontrada mais nenhuma solução; 4. Cada uma dessas soluções deve ser

anotada; 5. Depois cada solução deve ser avaliada segundo os quatro critérios: É

absurda? a. Esta solução ajudaria a resolver o problema, b. Quais são os prós

desta solução? Quais os pensamentos automáticos relacionados à essa

conclusão? Quais as evidências deste/s pensamento/s?, c. Quais são os contras

desta solução? Quais os pensamentos automáticos relacionados à essa

conclusão? Quais as evidências deste/s pensamento/s?; 6. O consenso final deve

incluir quem fará o quê, por quê, quando, onde, quando, como e custo em termos

específicos; 7. Colocar o plano em ação (utilizar um plano de ação); 8. Verificar o

que deu certo e o que deu errado; 9. Caso necessário, tomar outra solução para o

mesmo problema.

Após explicação dos passos acima, é feito um exercício de resolução de

problemas específicos do próprio casal e solicitado a mesma tarefa para casa.

14 Em anexo.

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6.10.9. 9ª sessão – Treino em resolução de problemas, plano de ação

A partir da tarefa de casa, a solução encontrada e discutida pelo casal é

colocada no Plano de Ação15 (o quê, por quê, quando, onde, quando, como e

custo). O casal preenche o quadro em conjunto. Posteriormente, é retomado o

exercício de Descrição de Expectativas do Casal. As expectativas conjugais,

também são colocadas em um plano de ação após concordância de ambos os

cônjuges.

Neste exercício é observado o desenvolvimento das habilidades sociais

conjugais e da comunicação entre o casal e capacidade de resolver problemas. A

tarefa para casa é a leitura da Lista de Expectativas Irrealistas, Lista de Atribuições

Disfuncionais e Lista de Padrões Disfuncionais.

6.10.10. 10ª sessão – Reestruturação cognitiva, RPD

Nesta sessão é avaliado as expectativas, atribuições e padrões disfuncionais.

Em seguida é relembrado as explicações da 5ª sessão sobre o modelo cognitivo-

comportamental (identificação e nomeação da emoção, a situação que disparou o

sentimento, o pensamento automático relacionado a emoção na situação

específica, busca de resposta alternativa ao pensamento automático na situação

específica e resultado ou consequência (emoção e resposta fisiológica) após a

resposta alternativa ao pensamento automático. Sempre avaliando a intensidade

em cada passo, por exemplo:

Situação/evento

Emoção e intesidade – 0-100

Pensamento Automático e intensidade da crença – 0-100

Resposta alternativa e intensidade da crença – 0-100

Resultado/consequência após a resposta altrnativa e intensidade – 0-100

15 Em anexo.

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Para ajudar a construir uma resposta alternativa o cliente segue as seguintes

questões, presentes no RPD16: 1) Qual é a evidência de que o pensamento

automático é verdadeiro? Ou não é verdadeiro? 2) Quais as hipóteses

alternativas? 3) Qual é a pior coisa que poderia acontecer? Eu poderia conviver

com isso? Qual a melhor coisa que poderia acontecer? Qual o resultado mais

realista? 4) O que eu deveria fazer a respeito disso? 5) Qual o efeito da minha

crença no pensamento automático? Qual seria o efeito de eu mudar a minha

maneira de pensar? 6) O que eu diria a um amigo que tivesse o mesmo

pensamento? A tarefa de casa foi o Registro de Pensamentos Disfuncionais (RPD).

6.10.11. 11ª sessão – Prevenção de recaída

Após quinze dias ou duas semanas ocorre a sessão de prevenção de recaída.

Essa inclui uma revisão da terapia até o momento, como habilidades e formas de

enfrentamento aprendidas, criação de um plano futuro buscando que o cliente seja

seu “próprio terapeuta”. É relembrado alguns gatilhos pessoais ou acontecimentos

que geraram emoções desagradáveis estimulando o cliente a pensar em diferentes

formas e estratégias de enfrentamento, caso voltem a acontecer após o término da

terapia.

A tarefa de casa é o prenchimento de todos os preditores utilizados no início

da terapia da terapia.

6.10.12. 12ª sessão – Feedback geral, devolução dos inventários, questionários e

avaliações finais

Na última sessão, após duas semanas, o casal dá um feedback da terapia.

Cada cônjuge descreve a sua percepção atual da relação como, as mudanças nos

pensamentos automáticos, emoções, comportamentos. O/A parceiro/a, além de

descrever a sua própria percepção, também comenta sobre a percepção do outro e

as suas futuras expectativas. Neste processo, o casal já passou por uma rápida

revisão sobre treinamento em comunicação, reflexão sobre as vantagens e

desvantagens do pensamento, reestruturação de problemas cognitivos, prevenção

de recaídas.

16 Em anexo.

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6.11. Descrição dos procedimentos de atendimento da sessão

6.11.1 1º – 10’ - Cumprimento ao casal; obteção de uma atualização da sessão

anterior até a atual e revisão do exercício de casa

Este é um espaço para os cônjuges falarem da semana deles no que diz

respeito ao relacionamento conjugal, ou seja, as dificuldades, conflitos e como

buscaram resolvê-los, o que eles colocaram em práticas daquilo que aprenderam

até o momento na terapia e qual a percepção de ambos na/s situação/ões. também

é discutido sobre a tarefa de casa, se houve dificuldades e por quê.

6.11.2 2º – 2’ - Verificação do humor

Desde o primeiro contato com o casal, em cada sessão, deve-se observar o

seu humor, se está variando, se melhorou, comparando com as sessões

anteriores. isto é observado durante toda a terapia. contudo, pode-se perguntar a

cada cônjuge: em uma escala de 0 a 10/100, como está o seu humor, hoje ou em

relação a semana anterior a este encontro, inclusive hoje.

6.11.3 3º – 5’ - Definição da pauta, embora pré-programada, acontece

colaborativamente com os casais

É colocado os pontos à serem tratados na sessão e se ambos os cônjuges

estão de acordo ou querem acrescentar alguma coisa. também é perguntado se há

alguma questão que o casal gostaria de discutir na sessão atual.

6.11.4 4º – 25’ – O desenvolvimento da pauta, definida em colaboração – terapeuta-

casal

A pauta, estabelecida previamente entre terapeuta e casal, é desenvolvida,

de acordo com o protocolo de atendimento por sessão, durante este período, bem

como as dinâmicas e tarefas relacionadas ao tema em questão.

6.11.5 5º – 3’ – A definição das tarefas de casa

Este tempo é dedicado para explicações sobre as terefas de casa

relacionadas a sessão atual, bem como tirar dúvidas sobre esta.

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6.11.6 6º – 5’ – É solicitação um resumo e feedback da sessão atual

Cada casal fala sobre as questões desenvolvidas na sessão atual, fazendo

uma avaliação final, se supriu as necessidades para aquele dia e se alguma coisa

ficou mal entendida.

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7. ANÁLISE DOS RESULTADOS

Foi utilizado o teste Kolmogorov-Smirnov (K-S), a fim de testar a normalidade

e a correlação de significância de Lilliefors das variáveis antes e depois da

intervenção. Para os casos de não normalidade, utilizou-se os testes não-

paramétricos (NPar), Teste de Mann-Whitney e Teste Qui-quadrado a fim de

encontrar um valor da dispersão para duas variáveis nominais, avaliando a

associação existente entre as variáveis qualitativas.

A eficácia no resultado foi avaliada a partir do aumento de satisfação e

ajustamento do casal após o tratamento. A análise dos dados se deu da seguinte

maneira: para as variáveis categóricas foi realizada análise descritiva por meio do

Teste Qui-quadrado para verificar significância das frequências. Para as análises

quantitativas foi utilizado o teste T de Student para verificar a igualdade de médias e,

entre as fases do estudo antes e depois da intervenção foi utilizado o teste t pareado

ou correlação de amostras emparelhadas. Para todas as análises o p<0,05 foi

considerado significante.

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8. RESULTADOS

Na tabela 1 estão expressos os os dados sociodemográficos da média de

idade da amostra é de 30,4 (DP=4,13) anos. Entre os homens, a média é de 31,7 e

entre as mulheres, 29,1 anos. O tempo de casamento entre 8 e 12 anos foi de

56%, n=18 e entre 1 e 7 anos, 44%, n=14 e a principal razão pela decisão da união

foi a gravidez (37,5%, n=12). Por outro lado, o amor como motivo da união foram

sete (7) indivíduos (21,9%) e 40% tiveram outros motivos (medo da solidão,

questões religiosas ou não sabiam explicar).

Além disso, 71,9%, n=23 dos participantes relataram terem pais divorciados.

Entretanto, 18,8%, n=6 declararam estar no segundo ou terceiro casamento. Os

resultados ainda expressam que 62,5% da amostra frequenta alguma igreja cristã,

pelo menos uma vez por semana. Na variável escolaridade foram identificados

EMC aqui apresenta apenas o de maior frequência. aNo quesito renda familiar que,

ao lado da escolaridade, tiveram um índice muito alto de diferença quando

comparado com com as demais opções dentro da própria variável, teve 81,3%,

n=26 com uma renda familiar entre R$500,00 e R$2.000,00. Além disso, o número

de filhos é considerado baixo quando relacionado com escolaridade e renda. Os

resultados também mostram que 40%, n=13) da amostra declararou ter apenas um

(1) filho.

Tabela 1 – Composição da amostra (n=32 casais heteroafetivos).

Dados sociodemográficos

Variáveis Homem Mulher Total

Idade (média e DP)

31,7 (DP=3,11) 29,1(DP=4,69) 30,4(DP=4,13)

% (n) % (n) % (n)

Número de filhos 0 (nenhum) 12,5 (2) 12,5 (2) 12,5 (4)

1 (um) 43,8 (7) 37,5 (6) 40,6 (13)

2 (dois) 25,0 (4) 25,0 (4) 25,0 (8)

3 (três) 12,5 (2) 18,8 (3) 15,6 (5)

4 (quatro) 6,3 (1) 0 3,1 (1)

5 (cinco) 0 6,3 (1) 3,1 (1)

Tempo Casado 08 a 12 anos

56,0 (18)

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01 a 07 anos

44,0 (14)

Escolaridade EMC 25,0 (4) 50,0 (8) 37,5 (12)

EFI 25,0 (4) 6,3 (1) 15,6 (5)

EMI 18,8 (3) 12,5 (2) 15,6 (5)

EFC 12,5 (2) 12,5 (2) 12,5 (4)

ESI 6,3 (1) 12,5 (2) 9,4 (3)

ESC 6,3 (1) 6,3 (1) 6,3 (2)

PGI 6,3 (1) 0 3,1 (1)

Renda R$ 500-2.000

81,3 (26)

R$ 2.100-4.000

18,8 (6)

Serviços religiosos Semanal 62,5 (10) 62,5 (10) 62,5 (20)

Razão da união Gravidez 37,5 (6) 37,5 (6) 37,5 (12)

Amor 25,0 (4) 18,8 (3) 21,9 (7)

Outros* 37,5 (6) 43,8 (7) 40,6 (13)

Pais divorciados

75,0 (12) 68,8 (11) 71,9 (23)

Recasamento 18,8 (3) 18,8 (3) 18,8 (6)

Nota: EMC=ensino médio completo; EFI=ensino fundamental incompleto; EFC=ensino fundamental completo; ESI=ensino superior incompleto; EMI=ensino médio incompleto; ESC=ensino superior completo. Os dados sobre os serviços religiosos diz respeito a frequência de pelo menos uma vez por semana. DP=desvio padrão. *solidão, sexo, questões religiosas, não sabe explicar.

As principais queixas apresentadas (Tabela 2) mostram que a comunicação

disfuncional que, conforme relatos, inclui verbalização agressiva ou estupida,

silêncio, ironia, desrespeito foi a mais notificada. Entre os homens foi 62,5% e

entre as mulheres, 43,8% e no total, 53,1%. A segunda queixa foi a traição com

18,8%) mais prevalente no relato das mulheres. A falta de iniciativa que, segundo

relatos, envolve responsabilidades domésticas, cuidado com os filhos e resolução

de problemas foi a terceira queixa mais encontrada no total (9,4%), sendo 12,5%,

entre as mulheres e 6,3%, n=1, entre os homens.

Também houve relatos de mau humor e falta de afeto. Ambos 12,5%, sendo

um homem e uma mulher em cada variável (6,3%). Queixas de relações sexuais

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foram duas (12,5%), na qual, somente apresentada entre os homens que relataram

indisposição por parte das parceiras. Da mesma forma, a desconfiança como

principal queixa somente foram apresentadas por mulheres (12,5%) que relataram

viver em tensão a todo tempo por ter um parceiro imprevisível e que não é digno

de confiança.

Tabela 2 – Frequência das principais queixas entre os 32 participantes.

Principais queixas

Tipos Homem (n=16) Mulher (n=16) Total (n=32)

% (n) % (n) % (n)

Comunicação* 62,5 (10) 43,8 (7) 53,1 (17)

Traição 6,3 (1) 18,8 (3) 12,5 (4)

Falta de iniciativa 6,3 (1) 12,5 (2) 9,4 (3)

Mau humor 6,3 (1) 6,3 (1) 6,3 (2)

Falta de afeto 6,3 (1) 6,3 (1) 6,3 (2)

Relações sexuais 12,5 (2) 0 6,3 (2)

Desconfiança 0 12,5 (2) 6,3 (2)

Nota: As queixas de comunicação envolvem estupidez, desrespeito, silêncio, ironia e agressividade verbal.

Quanto as distorções (Tabela 3) a Leitura de pensamento com 34,4%, e a

Hipergeneralização com 31,3%, foram as mais frequentes com p<0,05.

Tabela 3 – Frequências das distorções cognitivas nos 32 participantes.

Distorções cognitivas

Tipos Homem (n=16) Mulher (n=16) Total (n=32) p

% (n) % (n) % (n)

Leitura de pensamento 12,5 (2) 56,3 (9) 34,4 (11) 0,05*

Hipergeneralização 50,0 (8) 12,5 (2) 31,3 (10) 0,05*

Abstração seletiva 12,5 (2) 12,5 (2) 12,5 (4)

Personalização 0 12,5 (2) 6,3 (2)

Rotulação 0 6,3 (1) 3,1 (1)

Maximização e minimização 18,8 (3) 0 9,4 (3)

Pensamento dicotômico 6,3 (1) 0 3,1 (1)

* Teste Qui-quadrado.

Na tabela 4 constam as tabulações cruzadas (crosstabs/tables) com as

variáveis nominais Gênero, Pais divorciados, Escolaridade, Renda familiar,

Práticas religiosas semanais, Razão do casamento, Recasamento e Queixa

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principal por Distorções cognitivas pelo Teste qui-quadrado a fim de verificar a

existência de dependência entre essas variáveis. Contudo, dentre as sete

distorções encontradas, foram selecionadas Leitura de pensamento e

Hipergeneralização para fazer as tabulações, pois as demais tiveram resultado

muito baixo (1 ou 2), além de que a amostra é relativamente pequena, o que

poderia ser incoerente para esta análise. Assim, as estatísticas de cada tabela

foram baseadas em todos os casos com dados válidos no/s intervalo/s

especificado/s para todas as variáveis de cada tabela. Dessa foma foi observada

significância somente entre as variáveis Gênero e Distorções cognitivas (p=0,00).

As demais tiveram resultados estatísticos negativos.

Tabela 4 – Resultados das tabelas cruzadas para verificação de dependência

entre variáveis sociodemográficas e distorções cognitivas.

Teste de tabelas cruzadas

Variáveis DC

p

Escolaridade HG 0.88a

LP

Razão da união HG 0.85a

LP

Principal queixa HG 0.53a

LP

Gênero HG 0.01*b

LP

Pais divorciados HG 1.00b

LP

Renda familiar HG 0.31b

LP

Práticas religiosas HG 0.66b

LP

Recasamento HG 0.59b

LP

Média (DP)

Número de filhos HG 1,60 (0,97) 0,66**

LP 1,55 (1,37)

Idade HG 30,20 (1,75) 0,14***

LP 27,73 (4,92)

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Tempo de casamento HG 7,90 (3,18) 0,75***

LP 7,36 (4,39)

Nota: DC=distorções cognitivas; aTeste Qui-quadrado baseado em 10000 tabelas de amostra com o valor inicial 126474071, variáveis com mais de duas categorias e resultados fornecidos por Sig. Monte Carlo (2 lados); bTeste Qui-quadrado para a tabulação cruzada 2x2, resultados exatos são fornecidos em vez dos resultados de Monte Carlo. *p<0,01; ** Teste de Mann-Whitney; ***Teste Qui-quadrado.

Para as variáveis ordinais idade, número de filhos e tempo de casamento foram

feitos testes não-paramétricos. Assim, após o Teste de Kolmogorov-Smirnov de uma

amostra para verificar a normalidade da distribuição utilizou-se o Teste Mann-

Whitney (Tabela 6) para a variável ordinal número de filhos (Z-0,44; p=0,71),

obtendo então, resultado negativo. Para as variáveis idade e tempo de casamento

foram feitos testes de amostras independentes e os resultados do teste-t o que

também não foram significativos, ou seja, não houve diferença entre idade (p=0,14)

e nem tempo de casamento (p=0,75) e os grupos de distorções cognitivas de Leitura

de pensamento e Hipergeneralização.

A fim de verificar se há diferenças entre as variáveis Satisfação Conjugal,

Depressão, Ansiedade, Ajustamento Diádico, Habilidades Soiciais Conjugais,

Crenças Disfuncionais, Pensamentos Automáticos e Atitudes Disfunicionais e as

distorções cognitivas de Leitura de pensamento e Hipergeneralização covariado por

gênero. Nesta análise foi utilizado o Teste de Kolmogorov-Smirnov de uma amostra

para identificar a normalidade da distribuição do teste e correção de Significância de

Lilliefors. Em seguida, a partir da análise univariada, baseada em todos os casos

com dados válidos para todas as variáveis no modelo e nas médias marginais

estimadas.

Os resultados das análises de pares ajustados para diversas comparações

expressos na tabela 5 mostrou que não existe diferença significante entre nenhuma

escala e os grupos de distorções (HG/LP), covariados por gênero.

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Tabela 5 – Resultados da análise univariada das VD’s, antes da intervenção, entre as

distorções, covariada por gênero.

Comparações de pares univariada ANOVA

VD Antes Distorções Média** Erro Padrão p *

ESC HG 52,85 3,30 0,28

LP 47,22 3,11

BDI HG 11,36 2,14 0,17

LP 16,03 2,02

BAI HG 2,33 0,18 0,10

LP 2,79 0,17

DAS HG 45,61 5,56 0,29

LP 36,35 5,24

IHSC HG 115,23 6,02 0,41

LP 107,52 5,68

RBI HG 87,63 4,76 0,62

LP 91,33 4,49

ATQ HG 111,48 8,24 0,97

LP 110,93 7,77

EAD HG 123,44 3,84 0,25

LP 116,42 3,62

Nota: ESC=Escala de Satisfação Conjugal; BDI=Inventário Beck de Depressão; BAI=Inventário Beck de Ansiedade; DAS=Escala de Ajustamento Diádico; IHSC=Inventário de Habilidades Sociais Conjugais; ATQ=Questionário de Pensamentos Automáticos; RBI= Inventário de Crenças Sobre o Relacionamento; EAD=Escala de Atitudes Disfuncional. HG=hipergeneralização; LP=leitura de pensamento. **As covariáveis que aparecem no modelo são avaliadas nos seguintes valores: Gênero = 1,5238. *Baseado em médias marginais estimadas, ajustado para diversas comparações: Bonferroni.

Utilizou-se ainda o teste-t pareado para verificar estatisticamente a existência

de diferença de tempo para as variáveis Satisfação Conjugal, Depressão,

Ansiedade, Ajustamento Diádico, Habilidades Soiciais Conjugais, Crenças

Disfuncionais, Pensamentos Automáticos e Atitudes Disfunicionais comparando

antes e depois da intervenção, com base nos casos sem dados ausentes ou fora

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do intervalo para qualquer variável da análise (Tabela 6). As correlações de

amostras emparelhadas resultaram em significância estatística, com excessão

das variáveis Atitudes Disfunicionais, Ansiedade e Crença sobre o relacionamento.

Tabela 6 – Resultados das correlações das amostras emparelhadas – antes e depois da

intervenção para todas as escalas.

Teste t de amostras pareadas

Variáveis

Antes Depois

p Média (DP) Média (DP)

ESC 49,9 (8,9) 44,6 (11,5) 0,00*

BDI 13,8 (6,6) 10,3 (6,7) 0,00*

DAS 40,8 (16,0) 33,9 (17,8) 0,00*

IHSC 111,2 (16,2) 107,6 (19,9) 0,00*

ATQ 111,2 (21,5) 100,4 (23,5) 0,00*

EAD 119,8 (11,3) 123,0 (14,8) 0,65

RBI 89,6 (12,5) 84,1 (20,4) 0,15**

BAI 14,8 (8,5) 10,6 (9,1) 0,08**

Nota: ESC=Escala de Satisfação Conjugal; BDI=Inventário Beck de Depressão; BAI=Inventário Beck de Ansiedade; DAS=Escala de Ajustamento Diádico; IHSC=Inventário de Habilidades Sociais Conjugais; ATQ=Questionário de Pensamentos Automáticos; RBI=Inventário de Crenças Sobre o Relacionamento; EAD=Escala de Atitudes Disfuncional. *p<0,01; **Teste NPar de Classificações Assinadas por Wilcoxon.

A tabela 7 expressa os resultados da correlação entre o tempo antes e depois

da intervenção e apresenta a eficácia da intervenção por gênero. Assim, foi feito

um teste t pareado com as os resultados das escalas ESC, DAS, RBI, ATQ, BDI,

BAI, IHSC e EAD. Entre os homens, não houve significância estatística para BAI e

EAD e, entre as mulheres, somente a variável EAD. Além disso, as mulheres

apresentaram maiores índices de redução dos sintomas que afetavam

negativamente a relação conjugal.

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Tabela 7 – Resultados das correlações das amostras emparelhadas – antes

e depois da intervenção.

Teste t Pareado

Homem

Mulher

Média (DP) P Média (DP) P

ESC

Antes 47,4 (8,8) 0,00*

48,9 (9,6) 0,02**

Depois 43,3 (9,2)

44,9 (11,7)

DAS

Antes 34,2 (12,5) 0,00*

42,2 (15,5) 0,00*

Depois 31,1 (14,2)

36,0 (19)

RBI

Antes 90,6 (9,7) 0,00*

87,8 (13,8) 0,03**

Depois 87,1 (18,1)

80,7 (17,6)

ATQ

Antes 112,9 (15,9) 0,00*

106 (23,3) 0,01*

Depois 102,4 (19,7)

97,7 (20,6)

BDI

Antes 11,5 (4,4) 0,01*

16,4 (6,4) 0,04**

Depois 9,0 (4,2)

11,9 (7,1)

BAI

Antes 13,7 (6,3) 0,25

14,8 (8,1) 0,00*

Depois 9,5 (9,1)

8,9 (6,1)

IHSC

Antes 112,3 (13,3) 0,00*

111,6 (17) 0,00*

Depois 106,7 (14,7)

112,3 (20,7)

EAD

Antes 122,1 (13,8) 0,15

118,5 (9,8) 0,47

Depois 121,2 (14,8) 124,3 (12)

Nota: ESC=Escala de Satisfação Conjugal; BDI=Inventário Beck de Depressão; BAI=Inventário Beck de Ansiedade; DAS=Escala de Ajustamento Diádico; IHSC=Inventário de Habilidades Sociais Conjugais; ATQ=Questionário de Pensamentos Automáticos; RBI= Inventário de Crenças Sobre o Relacionamento; EAD=Escala de Atitudes Disfuncional. *p<0,01; **p<0,05.

Foi feito um Teste não-paramétrico de Classificações Assinadas por Wilcoxon

para as variáveis BAI e RBI uma vez que estas não apresentaram normalidade na

distribuição do Teste de Kolmogorov-Smirnov de uma amostra (tabela 8). No

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entanto, estas duas variáveis não apresentaram diferenças significativas de tempo

(antes e depois da intervenção).

Tabela 8 – Resultados de teste não-paramétrico de BAI e RBI,

antes e depois da intervenção.

Teste de Classificações Assinadas por Wilcoxon

Variáveis Z P

BAI-Depois - BAI-Antes -1.74 0,08

RBI-Depois - RBI-Antes -1.43 0,15

Nota: BAI=Inventário Beck de Ansiedade; RBI= Inventário de Crenças Sobre o Relacionamento. Z=baseado nos postos positivos.

A fim de identificar correlações entre as variáveis por gênero foram realizadas

correlações de pearson com o tempo antes da intervenção e, separadamente o

tempo depois da intervenção.

Os resultados para as variáveis antes apresentados (Tabela 9) mostram

correlação de ESC com DAS e ATQ; BDI com IHSC e RBI; DAS com IHSC, ATQ e

RBI; IHSC com ATQ e RBI. Já as variáveis Atitudes Disfuncionais e Ansiedade não

apresentaram correlação por gênero.

Tabela 9 – Resultados das correlações de Pearson das variáveis por gênero – antes e depois da

intervenção terapêutica.

Correlações de Pearson

Por gênero Variáveis de controle – antes

ESC BDI BAI DAS IHSC QPA RBI EAD

ESC p

0,27 0,62 0,00* 0,08 0,00* 0,46 0,74

BDI p

0,81 0,11 0,03** 0,25 0,00* 0,56

BAI p

0,82 0,80 0,71 0,98 0,54

DAS p

0,01* 0,01* 0,02** 0,86

IHSC p

0,02** 0,02** 0,68

QPA p

0,69 0,83

RBI p

0,57

EAD p

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Variáveis de controle – depois

ESC BDI BAI DAS IHSC QPA RBI EAD

ESC p

0,01* 0,00* 0,00* 0,11 0,09 0,03** 0,30

BDI p

0,04** 0,00* 0,09 0,08 0,00* 0,43

BAI p

0,00* 0,46 0,01* 0,07 0,12

DAS p

0,17 0,20 0,01* 0,17

IHSC p

0,33 0,03** 0,95

QPA p

0,23 0,95

RBI p

0,81

EAD p

Nota: ESC=Escala de Satisfação Conjugal; BDI=Inventário Beck de Depressão; BAI=Inventário Beck de Ansiedade; DAS=Escala de Ajustamento Diádico; IHSC=Inventário de Habilidades Sociais Conjugais; ATQ=Questionário de Pensamentos Automáticos; RBI= Inventário de Crenças Sobre o Relacionamento; EAD=Escala de Atitudes Disfuncional; *p <0,01; **p <0,05.

Por outro lado, os resultados para as variáveis depois da intervenção

apresentaram (parte inferior da tabela 9) correlação de ESC com BDI, BAI, DAS e

RBI; o BDI com BAI, DAS e RBI; BAI com DAS e ATQ; DAS com RBI; IHSC com

RBI. Entretanto, a variável EAD não apresentou correlação por gênero com

nenhuma das demais.

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9. DISCUSSÃO

Esta pesquisa foi motivada a partir da percepção dos grandes e constantes

conflitos entre casais e a dificuldade destes resolverem seus problemas que, às

vezes se mantinham por falta de habilidades sociais ou por padrões de

pensamentos rígidos e irraizados, expectativas irrealistas sobre relacionamento

conjugal e atribuições disfuncionais. Além do que, estes desajustes e insatisfações

conjugais são fatores de risco para transtornos mentais, principalmente a

depressão (Mosmann & Falcke, 2011).

Neste cenário este estudo teve como objetivo principal identificar as

distorções cognitivas que interferem na dinâmica e satisfação do casal, bem como

utilizar técnicas cognitivo-comportamentai para modificá-las por crenças mais

realistas a fim de melhorar a percepção da relação e a satisfação conjugal.

Destaca-se que os estudos de TCC com casais em sua maioria trabalham com

crenças irracionais, pensamentos automáticos e ajustamento diádico (Kavitha,

Rangan, & Nirmalan, 2014; Hofmann, Asnaani, Vonk, Sawyer, & Fang, 2012;

South, Krueger, & Iacono, 2009; Peçanha, 2009; Butler, Chapman, Foreman, &

Beck, 2006).

Em nosso trabalho além de verificar os aspectos supracitados, introduzimos a

avaliação de sintomas de ansiedade e depressão e habilidades sociais do casal.

9.1. Comunicação e satisfação conjugal

As principais queixas em um relacionamento conjugal estão relacionadas às

percepções que cada indivíduo tem do outro e da relação. Esta atividade cognitiva

de pensamentos automáticos, subjacentes e centrais afeta a emoção e o

comportamento, porém, pode ser monitorada e alterada (Beck, & Haigh, 2014;

Hofmann, Asmundson, & Beck, 2013; Hofmann, Asnaani, Vonk, Sawyer, & Fang,

2012; Knapp, & Beck, 2008; Sardinha, Falcone, & Ferreira, 2009; Dozois, Bieling,

Patelis-Siotis, Hoar, Chudzik, et al., 2009).

Nossos resultados demonstraram que a comunicação disfuncional que inclui

verbalização agressiva ou estupida, silêncio, ironia, desrespeito foi a mais relatada

pelos casais aqui estudados. . Estes resultados corrobroam dados da literatura que

mostram a comunicação como as principais queixas entre os cônjuges e as

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principais causas de conflitos (Kavitha, Rangan, & Nirmalan, 2014; Baucom et al.,

2011; Yalcin, & Karahan, 2007; Ahmady et al., 2009).

Segundo Dattilio (2011), geralmente, a queixa consiste na expressão de

desacordo ou raiva, desprezo, zombaria, insulto, sarcasmo, indicando desdém,

humilhação, julgamento, atribuições irracionais que, a pesquisa também

apresentou resultados semelhantes.

Embora as queixas de traição, falta de iniciativa, afeto e mau humor foram as

mais encontradas na sequência e, com relação a falta de iniciativa envolvem

responsabilidades domésticas, cuidado com os filhos e resolução de problemas,

durante a terapia percebemos que a comunicação era o problema primário para a

insatisfação na relação.

As habilidades de comunicação são fundamentais para o funcionamento e

manutenção do casamento, bem como para a satisfação na relação (Mosmann e

Falcke, 2011). Desta forma, os casais que enfretam problemas de comunicação,

geralmente ficam desacreditados e acham que não meios de resolver as questões

da relação, levando-os ao desânimo, mau humor, distanciamento do/a parceiro/a e

até à traição e ao divórcio, situações observadas neste pesquisa.

A comunicação reflete a uma forma de pensamento e quando os cônjuges

conseguem falar entre si sobre esses padrões, é possível que haja um

esclarecimento do/s significado/s destes pensamentos e como isto afeta o outro e

como este responde (Baucom, Sevier, Eldridge, Doss, & Christensen, 2011; Yalcin,

& Karahan, 2007; Sher, & Baucom, 2003). Assim, ambos podem incorporar

cognitivamente aos próprios sistemas de crenças estes conhecimentos, tornando

possível a mudança nos padrões disfuncionais de interação e comunicação, além

de contribuir para a experiência regulada e emoção expressiva, aspecto este

aplicado aos casais participantes.

Com foco em um processo de intervenção que possa melhorar o

relacionamento e a comunicação, o role-playing ou dramatização é uma técnica

utilizada por vários autores e têm sido apontado para uma amlpa variedade de

propósitos, como, por exemplo, evocar pensamentos automáticos, identificar

esquemas, desenvolver habilidades como estilo de comunicação, posturas

empáticas, práticas de assertividades em relacionamentos ou respostas

adaptativas, auxiliar na modificação de crenças intermediárias e centrais (Knapp, &

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Beck, 2008; Sholomskas, Syracuse-Siewert, Rounsaville, Ball, Nuro, & Carroll,

2005; Silva, & Serra, 2004).

Visto isto, podemos observar que estes aspectos estavam presentes no relato

dos participanetes e o grande diferencial deste estudo foram as sessões de

dramatização (role-playing), na qual, cada cônjuge colocava uma situação

recorrente que causava estresse para a relação, em especial, alguma situação

ocorrida recentemente na qual o casal não conseguiu resolver. Então, era

explicado ao casal que eles reproduziriam a mesma situação, porém com os

papéis invertidos, ou seja, a esposa faz o papel do marido e o marido, o papel da

esposa. O terapeuta não interpreta nenhum papel, somente observa. Ambos os

cônjuges relatavam a sua percepção sobre a situação ocorrida. Depois, eles

repetiam a situação, contudo, desta vez, cada um fazendo o seu próprio papel na

cena e, se ambos percebiam que agiram de forma desagradável ou falaram

alguma coisa que não deveria ou de forma estúpida, por exemplo, eles poderiam

repensar e agir de forma diferente.

Nesta etapa, após a dramatização, terapeuta e casal avaliam a primeira cena

(papéis invertidos), descrevendo as percepções e sentimentos de se colocarem no

lugar do outro e a segunda cena (agir de forma diferente) descrevendo os

resultados e percepções de pensarem formas alternativas de resolverem

problemas.

No decorrer das sessões, os casais relataram melhoras nas formas de

resolução de problemas, na interação e habilidades sociais, pois passaram a

refletir sobre alternativas de respostas de comportamentos e questionarem seus

próprios sentimentos em situações específicas.

Juntamente com a técnica de dramatização, o resultado positivo na

comunicação assertiva foram as sessões de treinamentos em comunicação

utilizando regras para quem ouve e para quem fala e de resolução de problemas

(ambos em anexo).

Nas tarefas de casa foram aplicados exercícios baseados no questionário de

resolução de problemas e de regras para a comunicação, com temas conflitantes

entre o casal, na qual ambos tinham dificuldades em resolvê-los. Os casais, ao

perceberem melhoras na interação relataram melhoras sobre os pensamentos

rígidos, na satisfação conjugal e passaram a ter esperança sobre o relacionamento

e expectativas mais realistas em relação ao/a parceiro/a.

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Isto, também está de acordo com a literatura em que mostra as crenças

centrais são a base da construção da tríade cognitiva, ou seja, a visão que o

indivíduo tem de si mesmo, do mundo e do seu semelhante e do futuro (Kuyken,

Padesky, & Dudley, 2010; Beck, 2011; Wright, Basco, & Thase, 2006),

evidenciando a importância do uso dessas técnias como resursos terapêuticos

importantes na intervenção com casais.

9.2. Distorções cognitivas e funcionamento conjugal

De acordo com Beck (2011), as distorções cognitivas mais comuns em

pessoas com sintomas depressivos são inferência arbitrária, que é semelhante a

leitura de pensamento, abstração seletiva, hipergeneralização e personalização.

No entanto, não encontramos pesquisas empíricas mostrando as distorções

cognitivas mais encontradas em casais insatisfeitos com a relação conjugal.

No Brasil, encontramos duas pesquisas de avaliação de distorções cognitivas.

Em uma tese de doutorado, Carvalho (2014) realizou uma análise psicométrica

com 444 estudantes universitários. Nesta pesquisa a distorção de LP foi mais

encontrada levando em conta somente as distorções avaliadas em nossa pesquisa,

porém, não houve intervenção para modificá-las. Na outra, Luz em uma

dissertação de mestrado (2013) comparou distorções cognitivas, esquemas iniciais

desadaptativos, sintomas de depressão, ansiedade e estresse em pessoas com

obesidade mórbida e pessoas com peso normal e a LP foi a terceira mais

encontrada e HG, a quarta, isto levando em conta somente as distorções avaliadas

em nossa pesquisa. Contudo, esta é a primeira pesquisa que avalia a freqência de

distorções cognitivas em casais insatisfeitos no relacionamento e intervem.

Os pensamentos automáticos individuais entre o casal, e as distorções

cognitivas geram brigas e estão relacionadas ao significado ou interpretação que

um cônjuge tem da atitude do outro (Beck, 1989; Dattilio, 2009).

As distorções cognitivas de HG e LP relatadas pela maioria desta amostra e a

hipótese é que podem estar associadas aos altos níveis de crenças distorcidas

sobre o relacionamento apresentados neste estudo, pois ambas as distorções

interferem tanto na comunicação quanto no ajustamento do casal. A LP é um tipo

de inferência arbitrária na qual, o indivíduo diz saber o que o outro está pensando e

o que vai fazer devido estar com tal pensamento e isto sem nenhuma evidência,

por exemplo, a esposa percebe que o marido está quieto e pensativo e, então

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conclui: “Ele está planejando fazer alguma coisa de errado, está me traindo; vai me

abandonar. Uma vez que estas distorções geram sentimentos desagradáveis e

comportamentos disfuncionais, são potenciais para reforços em disfunção na

comunicação e para insatisfação em uma relação conjugal (Kavitha, Rangan, &

Nirmalan, 2014; Baucom et al., 2011; Yalcin, & Karahan, 2007; Peçanha, 2009;

Sher, & Baucom, 2003).

Por outro lado, na distorção de HG o indivíduo tende a interpretar um evento

isolado como representação de situações semelhantes em outros contextos,

relacionados ou não relacionados. Por exemplo, um cônjuge que é criticado pelo

outro por não jogar o lixo fora, conclui: “Ele/Ela sempre me critica”, “nunca me

elogia” ou “todas as mulheres são iguais”. Isto leva o indivíduo a não perceber as

atitudes funcionais do outro, pois, independente do contexto ou situação, o/a

parceiro/a sempre será percebido e interpretado da mesma forma, gerando

insatisfação em ambos os cônjuges.

Esta pesquisa traz um aspecto inovador, pois identificou as distorções que

geram insatisfação entre os casais e interviu a fim de modificá-los e,

consequentemente, melhorou a satisfação dos cônjuges e obteve resultados

satisfatórios. Não encontramos pesquisas que investigaram as distorções

cognitivas em casais e interviram a fim de melhorar a satisfação conjugal.

Após a identificação das distorções, os casais passaram por uma

psicoeducação sobre o funcionamento e possíveis prejuízos na relação, bem como

sobre as técnicas de modificação e reestruturação cognitiva. Também foram

indicadas tarefas de casa de preenchimento do Registro de Pensamentos

Disfuncionais, no qual a pessoa descreve, logo em seguida a uma situação

experienciada na relação que causou estresse, colocando a situação específica, a

emoção vivenciada e a intensidade (0-100), os pensamentos automáticos que

surgiram naquela situação específica e a intensidade (0-100). Dessa forma, a

pessoa busca uma resposta racional ou realista baseado em uma série de próprios

questionamentos orientados no registro, classifica esta crença alternativa e o seu

grau de intensidade e avalia as consequências, comportamento, resposta

fisiológica posteriores.

Na semana seguite a situação, terapeuta e casal discutiam sobre o exercício,

analisando a percepção de ambos os cônjuges. Ao final da terapia os casais

relataram que este exercício desenvolveu entre eles a percepção na identificação e

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nomeação dos pensamentos automáticos e na reflexão sobre respostas

alternativas mais realistas, reduzindo assim, os conflitos entre eles. Isso é bom,

comente, reforce o diferencial do estudo em relação a outros.

Outra questão importante foi que os casais que aderiram as tarefas de casa

obtiveram melhores resultados na modificação dos pensamentos disfuncionais

comparados àqueles que não cumpriram todas as tarefas desde o início da terapia

ou apresentaram resistência, embora tenhamos enfatizado isto durante as

sessões, buscando alternativas possíveis para o indivíduo lidar com a atividade e

explorando a dinâmica subjacente à resistência.

A literatura mostra que esta é uma das questões mais importantes para a

eficácia no tratamento (Kazantzis, Whittington, & Dattilio, 2010; Dozois, 2010;

Barbosa, Piovesan, & Barletta, 2010; Peçanha & Rangé, 2008).

Embora os resultados desta pesquisa, a respeito da relação das variáveis

sociodemográficas e as distorções cognitivas não tenham sido estatisticamente

significantes, com exceção da variável gênero, ou seja, as distorções de LP e HG

independem das variáveis idade, número de filhos, escolaridade, religião, tempo de

casado, recasamento e renda. A literatura aponta que as distorções cognitivas são

PA baseados em conceitos negativos, rígidos e preconcebidos sobre si mesmos,

sobre o mundo e o futuro (Barbosa, Piovesan, & Barletta, 2010; Peçanha & Rangé,

2008; Dattilio, 2010). Essas são ideias enraizadas que se desenvolvem

principalmente nas experiências mais significativas da família de origem e é levado

por toda a vida. A hipóteses para este resultado é o pequeno número da amostra.

Talvez uma amostra mais robusta possa apresentar diferenças destas variáveis.

Por outro lado, a variável gênero apresentou resultado significante, ou seja,

há diferenças entre as duas distorções e os homens e mulheres. O que esta

pesquisa mostrou foi que os homens que apresentaram a distorção de HG eram

mais práticos em seus pensamentos, isto é, não refletiam sobre as situaçãoes

ocorridas em diferentes contextos, então generalizavam, por exemplo: “toda vez

que eu chego do trabalho você pergunta a mesma coisa. Por que chegou tarde?”,

quando a esposa só estava preocupada. Já entre as mulheres, que apresentaram

mais a distorção de LP, relatavam que pelo tempo de convívio, já conhecia os

gestos, feições, imaginações que os esposos tinham e seus significados e sabiam

como eles se comportariam, por exemplo: (pensando consigo mesma) “Este sorriso

dele é de quem está aprontando alguma coisa. Ele só está esperando eu sair para

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colocar o plano em ação”. Ambas as situações não há evidências concretas para

as suposições.

Não encontramos pesquisas que demonstrassem qual seria a distorção mais

presente entre os diferentes gêneros. Assim, se faz necessário estudos de

investigação entre a relação de distorção cognitivas de LP e gênero feminino e HG

com o masculino entre casais.

Fazendo uso do questionamento socrático e da seta descendente a fim de

encontrar as crenças centrais percebemos que ambos os cônjuges baseavam as

suas crenças nas observações e nos ensinos dos pais sobre os papéis no

casamento.

Os casais foram treinados a investigar as raízes das suas crenças distorcidas

e a descreverem os pós e contra os pensamentos e a descreverem o

desencadeamento destes pensamentos a partir do RPD. Observamos resultados

positivos nos relatos dos casais no pós exercícios. Este também foi um aspecto

inovador desta pesquisa, pois treinou a habilidade de cada indivíduo na

identificação dos próprios pensamentos distorcidos e na modificação destes.

Os resultados da análise univariada das variáveis Satisfação Conjugal,

Depressão, Ansiedade, Ajustamento Diádico, Habilidades Sociais Conjugais,

Crenças Disfuncionais, Pensamentos Automáticos e Atitudes Disfunicionais (antes

da intervenção) com as distorções cognitivas HG e LP covariadas por gênero não

demonstraram significância estatística, ou seja, tanto para os pensamentos de HG

quanto para LP os níveis dos resultados dos instrumentos de medidas foram

similares. Isto indica que ambas as distorções interferem igualmente nos sintomas

depressivos e ansiosos, no ajustamento e na satisfação do casal, nos

pensamentos, crenças e habilidades sociais entre os cônjuges.

A literatura enfatiza estas relações, pois as crenças distorcidas de HG e LP

geram pensamentos automáticos negativos que são fatores de vulnerabilidade

para a depressão e ansiedade (Dezois & Beck, 2008) e podem gerar emoções

adversas desadaptativas, além de reações cognitivas fisiológicas e

comportamentais (Kavitha, Rangan, & Nirmalan, 2014; Knapp, & Beck, 2008;

Dozois, Bieling, Patelis-Siotis, Hoar, Chudzik, et al., 2009; Deacon, Abramowitz,

2004; Sher, & Baucom, 2003; Gloaguen, Cottraux, Cucherat, & Blackburn, 1998),

levar a desajustes na relação e, consequentemente a insatisfação conjugal e

comprometimento da qualidade de vida devido as expectativas e percepções

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irrealiatas (Kavitha, Rangan, & Nirmalan, 2014; Yalcin, & Karahan, 2007; Sher, &

Baucom, 2003; Baucom & Epstein, 1990).

Os casais foram educados a observar as correlações das variáveis

Ajustamento diádico, Crenças sobre a relação, Pensamentos automáticos,

sintomas depressivos e ansiosos e as distorções específicas de cada cânjuge e o

impacto sobre a satisfação conjugal.

Assim, os cônjuges relataram melhoras nas distorções cognitivas, tanto em si

próprios como em seus/suas parceiros/as e, por conseguinte, também relataram

melhoras na comunicação, no ajustamento diádico, nos sintomas depressivos e

ansiosos e na satisfação conjugal.

9.3. Satisfação conjugal

A literatura indica que a significância na avaliação das atitudes disfuncionais

são maiores quando associadas a altos níveis de sintomas depressivos (Beshai,

Dobson, Adel, & Hanna, 2016; Dozois et al., 2009;).

Em uma pesquisa (Beshai, Dobson, Adel & Hanna, 2016) com o objetivo de

verificar os níveis de depressão, pensamentos automáticos e atitudes disfuncionais

em 64 indivíduos com depressão e 67 no grupo controle, entre egípcios e

canadences, foi identificado significância nos resultados da Escala de Atitudes

Disfuncionais somente para os participantes que tinham altos níveis de depressão.

A hipótese para a não significância estatística nos resultados da EAD em

nossa pesquisa está nos baixos níveis de depressão da nossa amostra.

Na etapa anterior as intevenções, as maiores correlações foram

apresentadas entre desajuste conjugal, habilidades sociais e pensamentos

automáticos. Talvez esteja aqui uma hipótese para o maior número de queixas na

comunicação e interação na relação, pois, uma vez desajustados, dificilmente o

casal interage, além de manterem seus pensamentos automáticos negativos e

crenças irracionais.

Para a variável depressão nossa pesquisa apresentou níveis maiores de

sintomas depressivos entre as mulheres, tanto antes quanto após a intervenção,

comparados aos homens nos dois tempos. Da mesma foram para a satisfação

conjugal. Isto está de acordo com a literetura que mostra que as mulheres tendem

a ter maiores níveis de depressão do que o homem em caso de insatisfação

conjugal (Whisman & Kaiser, 2008; Kendler & Gardner, 2014; Cohen, O'Leary, &

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Foran, 2010; Rehman et al., 2010; Miller, Mason, Canlas, Wang, Nelson, & Hart,

2013).

Nossos resultados mostraram que quanto maior for o aumento da satisfação

conjugal, maior será a redução dos sintomas depressivos e vice-versa.

Elas também apresentaram maiores níveis de ansiedade, comparado aos

homens no tempo antes da intervenção o que também é esperado pela literatura,

pois, indivíduos mais ansiosos tendem a ter maiores níveis de insatisfação

conjugal, principalmente por apresentarem mais pensamentos distorcidos sobre a

relação (Kavitha, Rangan, & Nirmalan, 2014; Peçanha, 2009; Deacon, &

Abramowitz, 2004).

A nossa pesquisa enfatiza também que a utilização da intervenção em TCC

modificou este panorama de maneira significativa, ou seja, ambos os cônjuges

apresentaram redução nos níveis de ansiedade, depressão e melhoraram a

satisfação conjugal após a terapia.

Os resultados também apresentaram melhoras significativas nos níveis de

ajustamento diádico, habilidades sociais conjugais pensamentos automáticos e

crenças sobre o relacionamento e indicaram que baixos níveis de satisfação

conjugal impacta nas interações do casal, bem como nas habilidades sociais na

relação, corroborando dados da literatura (Del Prette, Villa, Freitas & Del Prette,

2008; Wagner & Falcke, 2001; Edmundson, 2005; Zordan, Falcke, & Wagner,

2009; Zordan, Wagner, & Mosmann, 2012; Sardinha, Falcone, & Ferreira, 2009;

Machado, 2007).

Estes resultados reproduzem dados da literatura que associa ajustamento

diádico e sintomas depressivos (Parker, Tambling, & Campbell, 2013; Kavitha,

Rangan, & Nirmalan, 2014; South, Krueger, & Iacono, 2009; Sher, & Baucom,

2003), funcionamento conjugal e fatores de risco para a depressão (Whisman &

Kaiser, 2008; Miller et al., 2013) e efeitos da depressão sobre a satisfação conjugal

e habilidades de comunicação (Rehman, Ginting, Karimiha & Goodnight, 2010),

nos quais, estão associados padrões de crenças e pensamentos automáticos

(Parker, Tambling, & Campbell, 2013; Miller et al., 2013; Dozois et al., 2009; Beck,

2005; Dela Coleta, 1992).

De acordo com Kavitha, Rangan e Nirmalan (2014), Parker, Tambling e

Campbell (2013), Baucom et al. (2011), Peçanha e Rangé (2008) e Dela Coleta

(1992), cônjuges infelizes com as interações tendem a ter comportamentos mais

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disfuncionais do que aqueles que estão satisfeitos com a forma de interação

conjugal. Por outro lado, os casais que vivem em comportamentos ou atitudes

disfuncionais tendem a ter déficits de habilidades comunicativas e de resolução de

problemas, bem como apresentarem atitudes defensivas.

Um diferencial deste estudo está na avaliação destas relações antes e após

a intervenção com TCC, pois mostra também os maiores impactos de mudanças

após terapia com casais. Além disso, não foram encontradas pesquisas de

intervenção desta modalidade que avaliaram a Satisfação Conjugal, Depressão,

Ajustamento Diádico, Habilidades Soiciais Conjugais e Pensamentos Automáticos,

bem como, demonstraram melhoras quanto as distorções a partir de técnicas

cognitivo-comportamentais. Um dos pontos importantes em termos de limitações

deste estudo está no tamanho da amostra, acredita-se que um “n” mais robusto

poderia proporcionar dados diferentes. Também, não foram exploradas as

distorções cognitivas além das HG e LP e as relações com as queixas

apresentadas pelos participantes, o que pode ser relevante, pois a partir destas

identificações pode-se intervir na modificação dos padrões de pensamentos

específicos e melhorar não somente a satisfação na relação conjugal como

também pode reduzir os níveis de sofrimento psíquico relacionados às distorções

cognitivas.

10. CONSIDERAÇÕES FINAIS

As intervenções cognitivo-comportamentais têm uma perspectiva de

psicoeducação, treinamento de habilidades conjugais e são alternativas cada vez

mais relevantes na atualidade. Assim, este modelo de intervenção terapêutica

também mostrou-se eficaz no atendimento a casais em conflitos, bem como na

melhora dos processos de aprendizagem, reflexão, conscientização, empatia,

saúde e bem-estar.

Além disso, identificar as distorções cognitivas que interfiriam na

relacionamento do casal e na satisfação conjugal e modificá-las por percepções e

interpretações mais realistas foram alcançados. Foi verificado, também as relações

das variáveis Satisfação Conjugal, Depressão, Ansiedade, Ajustamento Diádico,

Habilidades Soiciais Conjugais, Crenças Disfuncionais, Pensamentos Automáticos

entre elas e como estas relações podem interferir na relação conjugal.

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O protocolo cognitivo-comportamental desenvolvido neste projeto com casais

resultou em melhoras signitifcativas no que tange às variáveis satisfação conjugal,

depressão, habilidades sociais conjugais, ajustamento do casal e pensamentos

automáticos.

10.1. Limitações

Não foi utilizada escala para mensurar o grau de conflitos entre os casais

antes do início da terapia, no entanto, foi verificado o grau de insatisfação conjugal

na primeira sessão.

A ausência de um grupo controle a fim de verificar e comparar níveis de

melhoras das variáveis pesquisadas em casais que, por exemplo, não passaram

pelas 12 sessões de terapia, mas foram orientados através de palestras

reperesenta outro aspecto de limitação deste estudo.

10.2. Orientações para futuras pesquisas

Para futuras pesquisas, é importante detalhar a caracterização dos conflitos

da amostra e avaliar e mensurar os níveis de cada conflito, antes e depois da

intervenção. Além disso, pode-se verificar a relação dos conflitos com o uso de

álcool e/ou drogas, personalidade e problemas psiqiátricos.

Como sugestão, indicamos também um follow-up estruturado de seis (6) e

doze (12) meses, com uma amostra mais robusta, avaliando todas as variáveis

utilizadas nesta pesquisa a fim de verificar quais as áreas mais vulneráveis à

recaída e quais as habilidades mais eficazes a longo prazo.

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ANEXOS17

17 Os questionários, escalas e inventários não foram publicados, pois são instrumentos de avaliação de uso restrito de psicólogos/os.

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1 Termo de autorização da instituição

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TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (TCLE)

Eu, _______________________________________________ consinto de minha livre e espontânea vontade, participar da pesquisa “Identificação de disfunções cognitivas e intervenção a partir de técnicas cognitivo-comportamentais com casais”, sob a responsabilidade dos pesquisadores Ricardo Silva dos Santos Durães aluno do Mestrado no Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Saúde e do Prof. Dr. Antonio de Pádua Serafim seu orientador da Universidade Metodista de São Paulo (UMESP). Fui informado que o objetivo do estudo é identificar as disfunções cognitivas que interferem na dinâmica de casais. Bem como estou ciente que os riscos estão reduzidos ao mínimo por se tratar apenas de aplicação de questionários de autopreenchimento com duração de no máximo 40 minutos, além de 12 encontros durante 07 meses. No entanto, durante a aplicação do questionário e das sessões, poderá ocorrer cansaço físico,

mental e/ou reação emocional. Caso isso ocorra, o participante poderá interromper a qualquer

momento e desistir, independentemente do motivo, sem sofrer dano algum e se necessário

contará com o apoio em termos de atendimento e /ou orientação por parte dos pesquisadores.

Sei que se for recomendado, necessário ou de meu interesse, poderei contar com o atendimento

psicológico na Policlínica da Universidade Metodista de São Paulo pelos pesquisadores

responsáveis.

Enquanto participante declaro estar ciente de que poderei interromper / desistir de minha

participação a qualquer momento, sem nenhum tipo de prejuízo. Bem como ficou devidamente

esclarecido que não precisarei pagar ou gastar nenhuma quantia monetária em nenhum

momento da pesquisa, pois, todos os custos com os materiais para a execução da pesquisa

ficarão a cargo dos pesquisadores.

Como se trata de uma pesquisa que respeita a integridade do participante, não acarretando em

riscos previsíveis para sua saúde, ou seja, os riscos envolvidos são mínimos. No caso de alguma

ocorrência que traga dano decorrente da participação na pesquisa, estou ciente de que terei

direito a uma indenização, conforme estabelecido na Resolução 466/12.

Estou ciente de que tenho assegurado que minha privacidade será totalmente preservada e as

informações permanecerão em sigilo, não sendo divulgado em nenhum momento o meu nome

e/ou outros dados que possam me identificar.

Eu terei acesso aos profissionais responsáveis pela pesquisa para esclarecimento de eventuais

dúvidas, em qualquer momento. O pesquisador principal é o Prof. Dr. Antonio de Pádua Serafim,

que pode ser encontrado nos seguintes endereços: Rua Ovídio Pires De Campos No. 785 – CEP:

05403-903 - NUFOR– Ambulatório do Programa de Psiquiatria Forense e Psicologia Jurídica , 1º

ANDAR Telefone (s) 26621-7929 (Andréa Secretária) e no Programa de Pós-Graduação em

Psicologia da Saúde - Universidade Metodista de São Paulo – Campus Planalto, na Av. Dom Jaime

de Barros Câmara, 3º andar, São Bernardo do Campo, SP, CEP 09895-400, Telefone: 4366-5351,

como também com o pesquisador executante Ricardo Silva dos Santos Durães no Programa de

Pós-Graduação em Psicologia da Saúde - Universidade Metodista de São Paulo – Campus

Planalto, na Av. Dom Jaime de Barros Câmara, 3º andar, São Bernardo do Campo, SP, CEP 09895-

400, Telefone: 4366-5351.

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Se eu tiver alguma consideração ou dúvida sobre a ética da pesquisa, entrarei em contato com o

Comitê de Ética em Pesquisa (CEP-UMESP) – Rua do Sacramento, 231 – Ed. Capa sala 401-

Telefone: 4366-5814 – E-mail: [email protected].

Este documento será assinado em duas vias, sendo que uma permanecerá em meu poder e outra

com o pesquisador responsável.

Cubatão, ____ /____ / 2016.

Assinatura do participante:______________________________

RG:___________________________

____________________________________ Pesquisador Executante Ricardo Silva dos Santos Durães E-mail: [email protected]

____________________________________ Pesquisador Responsável Prof. Dr. Antonio de Pádua Serafim E-mail: [email protected] ou [email protected]

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2 Questionário Sociodemográfico18

Data da entrevista: ____ / ____ / _____ No: __________

Nome:____________________________________________________

Data de nascimento: _____ / _____ / _____

Endereço:

_________________________________________________________

_________________________________________________________

Telefone: ( ) ________________ Celular: ( ) __________________

E-mail: ___________________________________________________

Estado Civil: ( ) Casado/a ( ) União estável ( ) Separado/a ou Divorciado/a Tem filhos? ( ) Sim ( ) Não - Quantos? __________ Vive com eles? ( ) Sim ( ) Não Biológico? ( ) Sim ( ) Não Adotivo? ( ) Sim ( ) Não Do outro casamento? ( ) Sim ( ) Não ( )

Professa alguma religião? Sim ( ) Não ( )

Se afirmativo, qual _________________. É praticante? Sim ( ) Não ( )

Histórico do casamento

Quanto tempo tem o casamento? ______________________________

Quem vive na sua casa atual?

18 Baseado na tese: Peçanha, R. F. (2009). Técnicas cognitivas e comportamentais na terapia de

casal: uma intervenção baseada em evidências. 332 f. Dissertações (Doutorado em Psicologia) - Curso de Pós-graduação em Psicologia, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro. Disponível em: <http://www.http://raphaelfischer.com.br/Tese-Modificada.pdf>. Acesso em: 20/08/14.

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Escolaridade:

( ) Ensino fundamental incompleto ( ) Ensino superior incompleto ( ) Ensino fundamental completo ( ) Ensino superior completo ( ) Ensino médio incompleto ( ) Pós-graduação completa ( ) Ensino médio completo ( ) Pós-graduação incompleta

Qual sua ocupação? Especificar.

_________________________________________________________

Rendimento familiar:

( ) R$ 500,00 até R$ 2.000,00 ( ) R$ 6.100,00 até 8.000,00 ( ) R$ 2.100, 00 até 4.000,00 ( ) R$ 8.100,00 até R$ 10.000,00 ( ) R$ 4.100,00 até R$ 6.000,00 ( ) Mais de R$ 10.000,00

Histórico Conjugal

I – Encontro

A. Como vocês se conheceram?

_________________________________________________________

1. Onde?

_________________________________________________________

2. Quem estava presente?

_________________________________________________________

B. O que atraiu você em seu parceiro?

_________________________________________________________

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C. Quais dessas características ainda estão presentes?

_________________________________________________________

II – Desenvolvimento do relacionamento

A. O que aconteceu a seguir?

_________________________________________________________

B. Quais foram os principais eventos da época em que vocês se conheceram até quando decidiram se casar? _________________________________________________________

_________________________________________________________

C. Como vocês se relacionavam durante esse período de tempo – brigas, afeição, comunicação, diversão juntos etc.? _________________________________________________________

_________________________________________________________

III. Casamento

A. Quais foram às circunstâncias que envolveram sua decisão de casarem? _________________________________________________________

B. Aconteceram grandes mudanças no seu relacionamento após o casamento? _________________________________________________________

_________________________________________________________

C. Quais foram os principais eventos, tanto positivos quanto negativos, que aconteceram desde que vocês se casaram? _________________________________________________________

_________________________________________________________

IV. Relacionamento e dificuldades pessoais

A. Quando cada um de vocês percebeu primeiro que seu relacionamento estava passando por dificuldades significativas? _________________________________________________________

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B. Como vocês decidiram buscar aconselhamento neste momento?

_________________________________________________________

1. De quem foi à ideia?

_________________________________________________________

2. Vocês estão de acordo em estarem aqui?

_________________________________________________________

C. Você já esteve ou está atualmente fazendo terapia individual ou de

casal?

_________________________________________________________

1. Caso afirmativo, como foi ou como está sendo?

_________________________________________________________

2. O que você achou ou acha mais útil ou menos útil?

_________________________________________________________

D. Algum de vocês foi casado anteriormente?

_________________________________________________________

1. Caso afirmativo, como terminou?

_________________________________________________________

2. Quais foram as suas contribuições que você percebeu para as dificuldades no seu relacionamento anterior? _________________________________________________________

_________________________________________________________

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3 Descrição de expectativas do casal19

DESCRIÇÃO DE PERCEPÇÕES E EXPECTATIVAS DO CASAL

NOME: ___________________________________________ DATA: _____________

EXPECTATIVAS

PESSOAIS

PERCEPÇÃO

ATUAL

O QUE VOCÊ

PODE FAZER

PARA

CONTRIBUIR?

O QUANTO ISTO

É REALMENTE

IMPORTANTE

PARA VOCÊ?

POR QUÊ?

0 – 100

_____________

EXPECTATIVAS

CONJUGAIS

PERCEPÇÃO

ATUAL

O QUE VOCÊ

PODE FAZER

PARA

CONTRIBUIR?

O QUANTO ISTO

É REALMENTE

IMPORTANTE

PARA VOCÊ?

POR QUÊ?

0 – 100

_____________

19 Baseado no livro: Dattillio, F. M. (2011). Manual de terapia cognitivo-comportamental para casais e

famílias. Porto Alegre, RS: Artmed, p. 30-33.

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3 Registro de Pensamentos Disfuncionais (RDT - Record of Dysfunctional

Thoughts)20

Registro de Pensamentos Disfuncionais

Orientação: quando você perceber que seu humor/emoção não está bem, pergunte-se, "o que está se passando em minha mente nesse exato momento?" e assim que possível escreva o pensamento ou imagem mental na coluna dos pensamentos automáticos, bem como as demais colunas, referindo-se à situação que o desencadeou.

Situação Emoção Pensamento Automático

Resposta alternativa

Resultado

DESCREVER: Evento real que

conduziu a emoção desagradável ou recordação que

conduziu à emoção desagradável.

ESPECIFICAR: Sentimentos ou

emoções (triste / ansioso, raivoso etc.) que sentiu naqula situação;

Classificar grau de intensidade e

convicção emoção - 1 - 100%

ESCREVER: Pensamento

Automático que precedeu a/as emoção/ões;

Classificar o quanto você acredita neste

pensamento automático - 1 -

100%

ESCREVER: 1 - Utilize as

perguntas abaixo a fim de encontrar a

resposta alternativa ao pensamento;

2 - Possível Distorção Cognitiva;

3 - Classificar crença em

resposta racional – 1 - 100%

REAVALIE: 1 - Reavalie a

crença em Pensamento/s automático /s

1-100%; 2. Especificar e

reavaliar Emoção/ões ou

comportamento/s subsequentes - 1 -

100%.

Perguntas para ajudar a construir uma RESPOSTA ALTERNATIVA: 1) Qual é a evidência de que o pensamento automático é verdadeiro? Ou não é verdadeiro? 2) Quais as hipóteses alternativas? 3) Qual é a pior coisa que poderia acontecer? Eu poderia conviver com isso? Qual a melhor coisa que poderia acontecer? Qual o resultado mais realista? 4) O que eu deveria fazer a respeito disso? 5) Qual o efeito da minha crença no pensamento automático? Qual seria o efeito de eu mudar a minha maneira de pensar? 6) O que eu diria a um amigo que tivesse o mesmo pessamento?

Nota:

20 Baseado no livro: Beck, A. T., Rush, A. J., Shaw, B. F. & Emery, G. (1997). Terapia Cognitiva da

Depressão. Porto Alegre: Artes Médicas.

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102

13. Princípios Para Quem Fala e Para Que Ouve30

Para quem fala

Ser breve: Tentar ser o mais conciso possível naquilo que se tem a dizer.

Ser específico: Evitar comentários vagos e genéricos.

Não insultar, xingar ou acusar: Limita-se a sugerir uma atitude corretiva sem

acusar ou culpar o outro.

Não rotular: Evitar rótulos como “egoísta”, “irresponsável” que costumam ser

generalizações e que encobrem o problema em questão.

Não ser absoluto: Não usar expressões como “nunca” e “sempre”. Estes são

termos inexatos e só pedem por refutação.

Afirmar de forma positiva. Evitar críticas: A parceira pode falar ao companheiro

”Quero sua ajuda para jogar o lixo fora”, e não “você nunca me ajuda a retirar o lixo”.

Não tentar ler as intenções do outro: As inferências costumam estar errada a

maior parte das vezes, o que só agrava a situação.

Para quem ouve

Descubra os pontos de acordo ou de entendimento mútuo: A ideia é que você

não pareça um oponente.

Desconsiderar as afirmações negativas do outro: Tente se concentrar na causa

do rancor e ignorar as expressões de culpa e de crítica.

Faça perguntas a si mesmo: Às vezes a queixa do companheiro pode parecer

clara a ele, mas não a você. Pergunte-se “O que ela(ele) está tentando me dizer?”.

Verifique o seu entendimento das queixas do outro: Por exemplo, “Você está

tentando me dizer que ...” ou “Acho que você está me dizendo que ...”.

30 Baseado no livro: Beck, A. T. (1995). Para além do amor. Tradução de Paulo Fróes. Rio de Janeiro: Record.

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Esclareça os seus motivos: Caso você ache que está sendo interpretado

incorretamente por seu parceiro(a), diga os fatores que levaram você a se comportar

de determinada maneira.

Não receie dizer que sente muito: Amar requer a manifestação do arrependimento

quando se magoa o outro de forma inadvertida ou deliberada. É importante

comunicar este sentimento.

Regras De Etiqueta Para O Diálogo

Essas são cinco diretrizes que podem ajudar a tornar as conversas mais alegres e

também mais eficazes.

Sintonizar no canal do parceiro

Para se ter uma conversa frutífera é necessário que marido e mulher estejam

sintonizados um no outro, que estabeleçam contato um com o outro. Fale

diretamente ao seu parceiro o que você deseja em uma conversa com ele. Por

exemplo, um conselho prático ou um apoio emocional. O outro cônjuge por sua vez

precisa ser sensível a esses sinais.

Dar sinais de que está ouvindo

É importante que o ouvinte demonstre que está escutando atentamente o que fala.

As pessoas às vezes se esquecem que a conversa é uma troca mútua de

informações e de ideias.

Exemplos de vocalizações que indicam ao parceiro que ele está sendo ouvido são:

“hum-hum, hã-hã”, “estou entendendo; estou ouvindo”. Também podem ser

utilizadas expressões faciais e corporais para informar a outra pessoa que ela está

sendo ouvida atentamente. Por exemplo, balançar a cabeça positivamente.

Não interromper

As interrupções podem parecer muito naturais para quem interrompe, mas podem

evocar uma série de pensamentos negativos em quem é interrompido. Por exemplo,

“Ela não me escuta”, “Ele só quer ouvir a si mesmo” etc.

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Perguntar com habilidade

As perguntas podem dar início a uma conversa e mantê-la em andamento – ou

interrompê-la prematuramente. Uma boa pergunta pode às vezes ter um efeito

positivo para seu parceiro falar. Por exemplo, pedir ao seu cônjuge a opinião sobre

alguma coisa.

Por outro lado, algumas pessoas interrompem o fluxo de um diálogo por seu estilo

de conversar. Respondem as perguntas feitas de uma forma monossilábica. Por

exemplo, quando a esposa pergunta “Como foi seu dia?”, o marido responde

“Legal”. Ela volta a perguntar “Aconteceu alguma coisa diferente?”, ele responde

”Nada”, assim por diante. Por fim, as perguntas que começam com “por que” devem

ser evitadas, pois costumam bloquear o diálogo por parecerem acusatórias.

Usar de tato e de diplomacia

Todas as pessoas têm áreas sensíveis em suas vidas, incluindo o seu cônjuge.

Fique atento e use de critério antes de abordar determinados assuntos durante uma

conversa amistosa. Por exemplo, algumas pessoas costumam falar do aparente

excesso de peso da outra quando está conversando sobre um assunto totalmente

diferente.

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Lista de Atribuições Disfuncionais31

1. Não acredito que as coisas que eu digo e faço pioram as coisas entre nós dois. 2. Mudando como eu ajo não mudaria nosso casamento. 3. Mesmo se minha personalidade mudasse, nós ainda não nos daríamos melhor de qualquer forma. 4. Qualquer tipo de dificuldade que nós tenhamos, não é por causa do tipo de pessoa que eu sou. 5. Se meu parceiro fizesse as coisas de forma diferente, poderíamos nos dar melhor. 6. O modo como meu parceiro me trata determina quão bem nos damos. 7. Quaisquer dos problemas que nós temos são causados pelas coisas que meu (minha) parceiro (a) diz e faz. 8. Mesmo se a personalidade do meu (minha) parceiro (a) mudasse, ainda não nos daríamos melhor de qualquer modo. 9. A personalidade do (a) meu (minha) parceiro (a) teria que mudar para que nos déssemos melhor. 10. Nós nos lidaríamos melhor, se não fosse pelo tipo de pessoa que ele (ela) é. 11. Meu (minha) parceiro (a) faz intencionalmente coisas para me irritar. 12. Parece que o (a) meu (minha) parceiro (a) deliberadamente me provoca. 13. Tenho certeza que meu (minha) parceiro (a) às vezes faz coisas apenas para me aborrecer. 14. Penso que meu (minha) parceiro (a) me perturba de propósito. 15. Quando não estamos nos dando bem, me pergunto se meu (minha) parceiro (a) me ama. 16. Quando as coisas não estão bem entre nós, sinto que meu (minha) parceiro (a) não me ama. 17. Quando as coisas ficam difíceis entre nós, isso mostra que meu (minha) parceiro (a) não me ama. 18. Quando meu (minha) parceiro (a) não é gentil comigo, sinto que ele (ela) não me.

31 Retirado de Pretzer, J. L., Epstein, N.; Fleming, B. The marital attitude survey: a measure of dysfunctional attributions and expectancies. Unpublished manuscript, 1985.

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Lista de Expectativas Irrealistas32

1. Espero que meu (minha) parceiro (a) perceba todos os meus sentimentos.

2. Espero que meu (minha) parceiro (a) seja capaz de saber o que estou pensando.

3. É importante para mim que meu (minha) parceiro (a) antecipe minhas necessidades ao

perceber mudanças em meus humores.

4. Não espero que meu (minha) parceiro (a) seja capa de mudar.

5. Não espero que o nosso relacionamento melhore nem um pouco. (11)

6. Mesmo que eu mude meu comportamento, (minha) parceiro (a) não vai mudar o dele

(a).

7. Se meu (minha) parceiro (a) mudar o comportamento dele (a), eu provavelmente

mudarei o meu.

8. Mesmo que nós mudemos nossos comportamentos, é improvável que nosso

relacionamento melhore.

32 Retirado de Baucom, D. H.; Epstein, N. Cognitive-behavioral marital therapy. New York: Brunner/Mazel, 1990.

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108

Distorções Cognitivas Comuns33

Inferência arbitrária: Pular para conclusões na ausência de comprovadas

evidências concretas. Por exemplo, um homem cuja esposa chega em casa do

trabalho com meia hora de atraso conclui: “Ela deve estar fazendo algo escondido

de mim”.

Leitura de pensamento: Trata-se de um tipo de inferência arbitrária em que uma

pessoa acredita que sabe o que outra pessoa está pensando e sentindo sem se

comunicar diretamente com ela. Por exemplo, uma esposa que nota que o marido

está particularmente quieto e conclui: “Ele está infeliz com o nosso casamento e

deve estar pensando em me abandonar”.

Abstração seletiva: Informações são tiradas de contexto e certos detalhes são

destacados, enquanto outras informações são ignoradas. Por exemplo, um marido

cuja esposa não responde a seu cumprimento pela manhã conclui: “Ela está me

ignorando”.

Hipergeneralização: Um acidente isolado é visto como representação de situações

semelhantes em outros contextos, relacionados ou não relacionados. Por exemplo,

uma esposa que criticada pelo marido por não jogar o lixo fora conclui: “Ele sempre

me critica”.

Maximização e minimização: Um caso ou circunstância é julgado como tendo

maior ou menor importância do que é adequado. Por exemplo, quando a esposa

lembra da data de aniversário de casamento, o marido conclui: “Ela ainda gosta de

mim depois de tanto anos casados”. Caso o cônjuge esqueça, o marido conclui: “Ela

está deixando de gostar de mim”.

Personalização: Eventos externos são atribuídos a si mesmo, quando não existem

evidências suficientes para tirar uma conclusão. Por exemplo, uma

esposa que percebe que o marido não está comendo o jantar como ela havia

previsto e conclui: “Ele detesta minha comida”.

Pensamento dicotômico: As experiências de uma pessoa são classificadas em

categorias extremas mutuamente exclusivas, tais como êxito completo ou fracasso

total. Por exemplo, um marido pode chegar à seguinte conclusão após uma

discussão: “Se ela não me amam, ela me odeia”.

Rotulação: A tendência da pessoa a representar a si mesma ou outra pessoa em

termos de características estáveis e globais, com base em ações passadas. Por

exemplo, depois que o marido comete vários erros no orçamento familiar e no

equilíbrio das finanças, a esposa conclui: “Ele é negligente”.

33 Adaptado do seguinte artigo: DATTILIO, F. M. Casais e família. In: KNAPP, P. (org). Terapia cognitivo-

comportamental na prática clínica psiquiátrica. Porto Alegre: Artmed, 2004, cap.25, p. 377-401.

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Regras Para Resolução de Problemas34

1. O primeiro passo consiste em proceder a um brainstorming (tempestade de

idéias) ao elaborar uma lista de soluções para o problema.

2. Qualquer solução é aceitável nesse momento. Vocês não devem censurar ou

avaliar suas próprias soluções ou do seu parceiro/a.

3. Esse procedimento deve continuar até não ser encontrada mais nenhuma

solução.

4. Cada uma dessas soluções deve ser anotada.

5. Depois cada solução deve ser avaliada segundo os quatro critérios:

É absurda?

a. Esta solução ajudaria a resolver o problema

b. Quais são os prós desta solução? Quais os pensamentos automáticos

relacionados à essa conclusão? Quais as evidências deste/s pensamento/s?

c. Quais são os contras desta solução? Quais os pensamentos automáticos

relacionados à essa conclusão? Quais as evidências deste/s pensamento/s?

6. O consenso final deve incluir quem fará o quê, por quê, quando, onde, quando e

como em termos específicos.

7. Colocar o plano em ação (utilizar um plano de ação).

8. Verificar o que deu certo e o que deu errado.

9. Caso necessário, tomar outra solução para o mesmo problema.

34 Retirado do livro: SCHMALING, K. B.; FRUZZETTI, A. E.; JACOBSON, N. S. Problemas conjugais. In: HAWTON, K. et al. Terapia cognitivo-comportamental para problemas psiquiátricos: um guia prático. Tradução de Alvamar Lamparelli. São Paulo: M. Fontes, 1997, cap. 10, p. 481-525.

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Modelo dos resultados de um caso

Caso 1

Allinson & Allan (nome fictício).

O casal 1 estava em crise aguda e decididos a divorciar-se, principalmente

por parte de Allan, o esposo, que na primeira sessão disse ao terapeuta:“Eu estava

decidido a ir embora. Já estava arrumando as minhas coisas. Meu coração está

totalmente fechado para ela (Allinson)”. Ambos disseram um ao outro: “Não sinto

mais nada por você”. Allan disse que nunca foi feliz no relacionamento conjugal.

Desde que foi morar com Allinson (em cima da casa dos pais dela) eles

começaram a brigar constantemente. Os dois foram aconselhados a procurar

ajuda.

Allan diz que não recebe carinho da esposa, mesmo quando ele é carinhoso:

“Ela me ignora, me sinto desprezado”. Também diz que ela não o procura para

terem relações sexuais e, quando ele cobra ela responde “Você só pensa nisso”.

Assim, eles não têm contato físico a muito tempo. Ele afirma que tentou conversar

com a esposa sobre os problemas no relacionamento por diversas vezes, porém

sem sucesso. “Eu falava com ela durante horas, porém não havia resposta. Ela

não falava nada”, disse Allan.

Allinson, por sua vez, afirma que o esposo fez ela sofrer por muitos anos,

devido aos vícios. Ela sempre o aconselhava, porém ele não dava ouvidos. “Há

mais ou menos dois anos ele mudou muito, para melhor. Foi para a Igreja, deixou

os vícios e começou a tratar melhor tanto eu quanto aos meus filhos”. Foi

perguntado a Allinson porque ela ignora o esposo, conforme ele afirma. Ela

respondeu: “Acho que a mudança foi muito rápida e eu ainda não consegui

assimilar. Pensava que era falsidade e que ele era a mesma pessoa que sempre

foi”. Assim, Allinson afirma que, devido a esses pensamentos, ela não conseguia

falar com o esposo e não tinha desejos sexuais.

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Quadro 7 - Conceitualização do caso de Allinson

CONCEITUALIZAÇÃO DE CASO COGNITIVO-COMPORTAMENTAL COM CASAIS

l. Identificação do/a cliente - nº 01

Nome: Allinson B. C. (fictício) Idade: 30

Profissão: Auxiliar de serviçõs gerais Religião: Evangélica*

Estado Civil: União estável (12 anos) Escolaridade: E.M.C.

Número de dependentes: 2

Outras informações relevantes: *Não praticante

ll. Lista de problemas conjugais

1. Brigas constantes

2. Falta de afeto/carinho no relacionamento

3. Problemas na relação sexual

4. Comunicação disfuncional

5.

lll. Conceitualização cognitiva

Dados relevantes da história de vida

Pais sem habilidade de conversação e rígidos

Pais vivem em constantes brigas

Pai viciado em álcool e tabaco

Tríade cognitiva

Visão de si Visão de mundo Visão de futuro

Incapaz, culpada Sofrimento Medo que aconteça o

pior

Crenças centrais

“Sou incapaz"

“Não consigo mudar”

Crenças intermediárias

"Se o meu relacionamento está ruim, então a culpa é minha"

Estratégias compensatórias

Chorar; Evitação de exposição de pensamentos

Situação 1 Situação 2 Situação 3

"Meu esposo chega do

trabalho e vai para a

academia"

"Meu esposo não me

ajuda nos afazeres de

casa"

"Não consigo me

expressar quando ele

fala sobre o nós"

Pensamentos Automáticos Pensamentos Automáticos Pensamentos Automáticos

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"Ele não liga para

mim"

"Ele só pensa em si

próprio"

"O que ele vai pensar

de mim?", "Sou

incapaz de ser clara"

Significado do PA Significado do PA Significado do PA

Abandono, punição Desinteresse Incapacidade

Emoções Emoções Emoções

Raiva, nervoso

Raiva, nervoso

Desapontamento,

ansiedade

Comportamentos Comportamentos Comportamentos

Discussões

Discussões

Fica calada, não se

expressa

Respostas fisiológicas Respostas fisiológicas Respostas fisiológicas

Sensação de sufocação

Cansaço físico

Sensação de sufocação

lV. Hipótese de trabalho

Situações precipitantes ou ativadoras:

Falta de habilidade social e de comunicação

Fatores predisponentes:

Pais incomunicáveis e rígidos

Fatores perpetuadores:

Distorção cognitiva : Leitura de Pensamento

Resumo da Hipótese:

Crenças de culpa

Ausência de diálogo com

os pais na infância, pouca

habilidade social e timidez

Pensamentos de abandono e frustração

Incapaz de uma comunicação funcional

Evitação de comunicação e

exposição de pensamentos

Ansiedade e nervosismo

generalizado

V. Pontos fortes e recursos

Conscientização dos problemas apresentados e motivação para a

adesão ao tratamento e mudança

Vl. Plano de trabalho

Objetivos e metas

Melhorar a habilidade de comunicação e percepção de pensamentos

distorcidos; desenvolver habilidades afetivas e comunicação

Intervenções

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Familiarização com o modelo cognitivo-comportamental, Ensino de

técnicas de: eficácia na comunicação; reestruturação cognitiva,

pensamentos mais realistas.

Obstáculos

Vulnerabilidade social

VII. Diagnósticos prováveis (DSM-IV)

Eixo I - Depressão leve; ansiedade moderada

Eixo II - Problemas de relacionamentos

Eixo II - Não costa

Eixo IV - Problemas de apoio primário

Eixo V -

Quadro 8 - Conceitualização do caso de Allan

CONCEITUALIZAÇÃO DE CASO COGNITIVO-COMPORTAMENTAL COM CASAIS

l. Identificação do paciente - nº 01

Nome: Allan B. C. (fictício) Idade: 31

Profissão: Maquinista Religião: Evangélico*

Estado Civil: União estável (12 anos) Escolaridade: E.F.I.

Número de dependentes: 2

Outras informações relevantes: *Praticante

ll. Lista de problemas conjugais

1. Brigas constantes

2. Falta de afeto/carinho no relacionamento

3. Problemas na relação sexual

4. Comunicação disfuncional

5.

lll. Conceitualização cognitiva

Dados relevantes da história de vida

Família ausente na infância e adolescência

Falta de orientação nas decisões durante a adolescência

Família desestruturada

Foi viciado em jogos durante muito tempo

Tríade cognitiva

Visão de si Visão de mundo Visão de futuro

Infeliz, machucado Estressante Incerto

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Crenças centrais

“Sou infeliz"

“Sou rejeitado”

Crenças intermediárias

"Se não consigo me relacionar com a minha esposa, então sou uma pessoa

infeliz"

"Só serei feliz se a minha vida financeira e familiar mudarem"

Estratégias compensatórias

Frequentar academia e comer compulsivamente

Situação 1 Situação 2 Situação 3

"Minha esposa não

retribui o meu

carinho"

"Minha esposa não

quer ter relações

sexuais comigo"

"Minha esposa não me

dá retorno quando eu

converso com ela"

Pensamentos Automáticos Pensamentos Automáticos Pensamentos Automáticos

"Ela não liga para

mim"

"Ela não me deseja

mais"

"Ela não me dá

atenção"

Significado do PA Significado do PA Significado do PA

Abandono Esfriamento sexual Desprezo

Emoções Emoções Emoções

Raiva

Desapontado,

insatisfeito

Rejeitado

Comportamentos Comportamentos Comportamentos

Esquiva

Discussões

Discussões e esquiva

Respostas fisiológicas Respostas fisiológicas Respostas fisiológicas

Dor de cabeça

Diminuição do desejo

sexual

Dor de cabeça

lV. Hipótese de trabalho

Situações precipitantes ou ativadoras:

Falta de interação e habilidade social

Fatores predisponentes:

Pais ausentes e incomunicáveis e falta de carinho e apoio na infância

Fatores perpetuadores:

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Distorção cognitiva: Hipergeneralização

Resumo da Hipótese:

Crenças de infelicidade

Ausência dos pais na

infância, pouca habilidade

social e falta de carinho

Pensamentos de abandono e desamor

Incapaz de uma comunicação funcional

Evitação de possíveis

problemas

Ansiedade quanto ao

futuro

V. Pontos fortes e recursos

Conscientização dos problemas apresentados e motivação para a

adesão ao tratamento e mudança

Vl. Plano de trabalho

Objetivos e metas

Melhorar a habilidade de comunicação e percepção de pensamentos

disfuncionais, desenvolver habilidades afetivas e comunicação sexual

Intervenções

Familiarização com o modelo cognitivo-comportamental, Ensino de

técnicas de: eficácia na comunicação; resolução de problemas;

pensamentos mais realistas.

Obstáculos

Vulnerabilidade social (moradia precária)

VII. Diagnósticos prováveis (DSM-IV)

Eixo I - Depressão mínima; ansiedade moderada

Eixo II - Problemas de relacionamentos

Eixo II - Não costa

Eixo IV - Problemas de apoio primário

Eixo V -

A conceitualização de caso é apresentada ao cliente em forma de resumo,

com os principais pontos, a fim de que seja discutido. Além disso, levanta-se

algumas perguntas que não ficaram claras ou não apareceram na entrevista inicial.

Os objetivos e metas são definidos em colaboração com o/a cliente.

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Resultados das avaliações – antes e depois da intervenção

Na última sessão, é apresentado para o casal gráficos e tabelas com os

respectivos resultados da terapia, bem como uma reavaliação dos principais

pontos da conceitualização do caso definida no início da terapia em colaboração

com os cônjuges. Assim, ambos os cônjuges dão feedback sobre os resultados

apresentados. Além de ser psicoeducativo, esta prática também mostrou-se

motivadora para o casal.

Registro de reestruturação de pensamento

Quadro 9 - Descrição de registro de pensamentos disfuncionais do caso Allan

Situação Emoção Pensamento Automático Resposta alternativa Resultado

DESCREVER:

Evento real que conduziu

a emoção desagradável

ou recordação que

conduziu à emoção

desagradável.

ESPECIFICAR:

Sentimentos ou emoções

(triste / ansioso, raivoso

etc.) que sentiu naqula

situação;

Classificar grau de

intensidade e convicção

emoção - 1 - 100%

ESCREVER:

Pensamento

Automático que

precedeu a/as

emoção/ões;

Classificar o quanto você

acredita neste

pensamento automático -

1 - 100%

ESCREVER:

1 - Utilize as perguntas

abaixo a fim de encontrar

a resposta alternativa ao

pensamento;

2 - Possível Distorção

Cognitiva;

3 - Classificar crença em

resposta racional –

1 - 100%

REAVALIE:

1 - Reavalie a crença em

Pensamento/s

automático /s

1-100%;

2. Especificar e reavaliar

Emoção/ões ou

comportamento/s

subsequentes - 1 - 100%.

"Minha esposa nunca

me dá carinho"Desanimado - 90% "Ele não me ama" - 80%

Ela tem uma

personalidade igual a

dos pais dela. Isto não

quer dizer que ela não

me ama - 60%.

Generalização

Crença anterior - 40%

Aliviado - 50%

Registro de Pensamentos DisfuncionaisOrientação: quando você perceber que seu humor/emoção não está bem, pergunte-se, "o que está se passando em minha mente

nesse exato momento?" e assim que possível escreva o pensamento ou imagem mental na coluna dos pensamentos automáticos,

bem como as demais colunas, referindo-se à situação que o desencadeou.

Perguntas para ajudar a construir uma RESPOSTA ALTERNATIVA: 1) Qual é a evidência de que o pensamento automático é verdadeiro?

Ou não é verdadeiro? 2) Quais as hipóteses alternativas? 3) Qual é a pior coisa que poderia acontecer? Eu poderia conviver com isso?

Qual a melhor coisa que poderia acontecer? Qual o resultado mais realista? 4) O que eu deveria fazer a respeito disso? 5) Qual o

efeito da minha crença no pensamento automático? Qual seria o efeito de eu mudar a minha maneira de pensar? 6) O que eu diria a

um amigo que tivesse o mesmo pessamento? Nota: Registro descrito entre a 10ª sessão e 11ª sessão.

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Quadro 10 - Descrição de registro de pensamentos disfuncionais do caso Allinson

Situação Emoção Pensamento Automático Resposta alternativa Resultado

DESCREVER:

Evento real que conduziu

a emoção desagradável

ou recordação que

conduziu à emoção

desagradável.

ESPECIFICAR:

Sentimentos ou emoções

(triste / ansioso, raivoso

etc.) que sentiu naqula

situação;

Classificar grau de

intensidade e convicção

emoção - 1 - 100%

ESCREVER:

Pensamento

Automático que

precedeu a/as

emoção/ões;

Classificar o quanto você

acredita neste

pensamento automático -

1 - 100%

ESCREVER:

1 - Utilize as perguntas

abaixo a fim de encontrar

a resposta alternativa ao

pensamento;

2 - Possível Distorção

Cognitiva;

3 - Classificar crença em

resposta racional –

1 - 100%

REAVALIE:

1 - Reavalie a crença em

Pensamento/s

automático /s

1-100%;

2. Especificar e reavaliar

Emoção/ões ou

comportamento/s

subsequentes - 1 - 100%.

"Meu esposo nunca me

ajuda. Chega e fica

sentado"

Raiva - 80%"Ele só pensa nele" -

80%

Talvez, esteja muito

cansado. 70%.

Generalização

Crença anterior - 40%

Calma - 60%

Registro de Pensamentos DisfuncionaisOrientação: quando você perceber que seu humor/emoção não está bem, pergunte-se, "o que está se passando em minha mente

nesse exato momento?" e assim que possível escreva o pensamento ou imagem mental na coluna dos pensamentos automáticos,

bem como as demais colunas, referindo-se à situação que o desencadeou.

Perguntas para ajudar a construir uma RESPOSTA ALTERNATIVA: 1) Qual é a evidência de que o pensamento automático é verdadeiro?

Ou não é verdadeiro? 2) Quais as hipóteses alternativas? 3) Qual é a pior coisa que poderia acontecer? Eu poderia conviver com isso?

Qual a melhor coisa que poderia acontecer? Qual o resultado mais realista? 4) O que eu deveria fazer a respeito disso? 5) Qual o

efeito da minha crença no pensamento automático? Qual seria o efeito de eu mudar a minha maneira de pensar? 6) O que eu diria a

um amigo que tivesse o mesmo pessamento?

Nota: Registro descrito entre a 10ª sessão e 11ª sessão.

Síntese dos resultados do caso 1

O andamento da sessões foram difíceis devido aos diversos problemas que o

casal já enfrentava a anos. Allan dizia que mudou o seu comportamento diante da

esposa, porém ela não reconhecia isso, o que o deixava cada vez mais furioso. No

decorrer das sessões, Allinson disse que a sua “ficha não havia caído”, ou seja,

Allan teria realmente mudado, porém ela não conseguia acreditar. Devido a estes

desencontros, Allinson não queria ter relações sexuais com o esposo. Ela dizia que

houve um “esfriamento”.

A sessão mais difícil foi a 5ª porque veio à tona algo que Allinson já

desconfiava, a traição. Eles pensaram em desistir da terapia, mais resolveram

tentar mais uma vez. Allan disse que suportou por muito tempo o distanciamento

da esposa, permanecendo fiel. No início ele não queria admitir a traição, mas, com

o tempo, foi inevitável. A situação ficou cada vez mais complicada entre eles, a

ponto de saírem aos tapas, insultos e palavrões.

Esta situação foi, aos poucos, sendo contornada. Ambos conseguiram

conversar respeitosamente e continuarem com a terapia. Após o término da terapia

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118

eles decidiram se separar, percebendo que seria a melhor decisão, no momento.

Tudo foi resolvido de forma pacífica e compreensível.

Outras variáveis influenciaram esta decisão, como os pais da Allinson, que

moravam com o casal e conviviam em constantes conflitos e problemas financeiros

do casal.

Allan teve uma melhora na sua percepção sobre Allinson e na satisfação

conjugal (61-57), contudo, a sua ansiedade se elevou (16 A - 32 D) após a perda

do emprego e a descoberta da traição por parte da esposa.

Allan melhorou a sua habilidade social conjugal (70 A – 45 D), porém, Allinson

piorou demasiadamente neste quesito (47-88), bem como na satisfação conjugal

(52 A – 62 D), na crença sobre o relacionamento (91 A – 101 D) e nos sintomas

depressivos (17 A – 24 D), após a descoberta da infidelidade. Ambos somente

tiveram melhoras nos níveis das atitudes disfuncionais35, Allan (118 A – 129 D) e

Allinson (108 A – 144 D).

Ao final da terapia, ambos decidiram se separar em comum acordo, pois

entenderam que seria a melhor decisão a tomarem.

35 Quanto maior a pontuação nesta escala, menores são as atitudes disfuncionais.