UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL ESCOLA DE ... Lorenzatto... · Universidade Federal do...

71
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E TRANSPORTES ESTRUTURAÇÃO DE UM SISTEMA DE INDICADORES LOGÍSTICOS JÚLIA TRINDADE LORENZATTO Trabalho de Diplomação Orientador: Prof. José Luís Duarte Ribeiro, Dr. Porto Alegre 2008

Transcript of UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL ESCOLA DE ... Lorenzatto... · Universidade Federal do...

Page 1: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL ESCOLA DE ... Lorenzatto... · Universidade Federal do Rio Grande do Sul Escola de Engenharia Departamento de ... avaliação de desempenho

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL ESCOLA DE ENGENHARIA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E TRANSPORTES

ESTRUTURAÇÃO DE UM SISTEMA DE INDICADORES LOGÍSTICOS

JÚLIA TRINDADE LORENZATTO

Trabalho de Diplomação

Orientador: Prof. José Luís Duarte Ribeiro, Dr.

Porto Alegre

2008

Page 2: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL ESCOLA DE ... Lorenzatto... · Universidade Federal do Rio Grande do Sul Escola de Engenharia Departamento de ... avaliação de desempenho

1

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL ESCOLA DE ENGENHARIA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E TRANSPORTES

ESTRUTURAÇÃO DE UM SISTEMA DE INDICADORES LOGÍSTICOS

JÚLIA TRINDADE LORENZATTO

Trabalho de Diplomação para a obtenção do título de Engenheiro de Produção

Universidade Federal do Rio Grande do Sul Escola de Engenharia Departamento de Engenharia de

Produção e Transportes

Orientador: Prof. José Luís Duarte Ribeiro, Dr.

Porto Alegre

2008

Page 3: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL ESCOLA DE ... Lorenzatto... · Universidade Federal do Rio Grande do Sul Escola de Engenharia Departamento de ... avaliação de desempenho

2

RESUMO

Este trabalho apresenta a estruturação de um sistema de indicadores logísticos para uma empresa siderúrgica. O trabalho realizado fundamenta-se em uma revisão teórica sobre avaliação de desempenho e logística, a qual contempla o sistema de gestão estratégico Balanced Scorecard e os aspectos relevantes do gerenciamento da logística empresarial. Com base nas características da empresa e nas informações analisadas na literatura, um sistema de indicadores apropriado para a empresa em estudo foi estruturado. O trabalho envolveu três etapas principais: (i) análise dos indicadores utilizados atualmente; (ii) construção de um novo placar de indicadores de desempenho logístico; (iii) avaliação do sistema de indicadores proposto. Os indicadores logísticos propostos estão alinhados com a estratégia da organização e solucionam problemas identificados no sistema anterior. O novo sistema estabelece um ambiente propício à avaliação de desempenho e ao aperfeiçoamento da logística da empresa.

Palavras-chave: Logística, indicadores, siderurgia.

Page 4: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL ESCOLA DE ... Lorenzatto... · Universidade Federal do Rio Grande do Sul Escola de Engenharia Departamento de ... avaliação de desempenho

3

ABSTRACT

This paper presents the construction of a logistics indicator system for use in a steel

mill. The work was based on a theoretical review on performance, management and logistics

assessment, which considers the Balanced Scorecard strategic management system and

relevant aspects for logistics business. Taking into account literature review and

characteristics of the company an appropriated indicator system was structured. The work

was conducted in three stages: (i) analysis of previous indicators; (ii) construction of a new

logistics performance indicator scorecard; (iii) evaluation of the proposed indicator system.

The proposed logistics indicators are aligned to company’s strategic goals and solve

systematic problems observed in the previous system. The new system establishes a favorable

environment for assessing and improving logistics performance.

Key words:

Logistics, indicators, steel mill

Page 5: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL ESCOLA DE ... Lorenzatto... · Universidade Federal do Rio Grande do Sul Escola de Engenharia Departamento de ... avaliação de desempenho

4

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO................................................................................................................. 7 1.1 TEMA E DEFINIÇÃO DO PROBLEMA ........................................................................ 8 1.2 OBJETIVO GERAL E OBJETIVO ESPECÍFICO ........................................................... 9 1.3 JUSTIFICATIVA ............................................................................................................ 9 1.4 MÉTODO DE PESQUISA............................................................................................. 10 1.5 DELIMITAÇÕES DO TRABALHO.............................................................................. 11 1.6 ESTRUTURA DO TRABALHO ................................................................................... 12

2 REFERENCIAL TEÓRICO .......................................................................................... 13 2.1 AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO............................................................................... 13 2.1.1 Apresentação do Balanced Scorecard (BSC)............................................................ 14 2.1.2 Características do BSC ............................................................................................. 15 2.1.3 Perspectivas do BSC ................................................................................................ 17 2.1.3.1 A perspectiva financeira ........................................................................................... 18 2.1.3.2 A perspectiva do cliente ........................................................................................... 19 2.1.3.3 A perspectiva dos processos internos........................................................................ 20 2.1.3.4 A perspectiva do aprendizado e crescimento............................................................. 21 2.1.4 Mapas Estratégicos................................................................................................... 22 2.2 SISTEMA LOGÍSTICO................................................................................................. 24 2.2.1 Estratégia Logística .................................................................................................. 27 2.2.2 Desempenho Logístico ............................................................................................. 31 2.2.3 Indicadores Logísticos.............................................................................................. 37 2.3 CONSIDERAÇÕES SOBRE AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO E LOGÍSTICA........ 42

3 PROPOSTA ESTRUTURADA DE APLICAÇÃO........................................................ 44 3.1 EMPRESA..................................................................................................................... 44 3.1.1 Área Logística .......................................................................................................... 44 3.2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS .................................................................... 45 3.2.1 Análise dos indicadores utilizados atualmente .......................................................... 46 3.2.2 Construção de um placar de indicadores de desempenho logístico ............................ 47 3.2.3 Avaliação do sistema proposto ................................................................................. 48

4 ESTRUTURAÇÃO DE UM SISTEMA DE INDICADORES LOGÍSTICOS ............. 49 4.1 ANÁLISE DOS INDICADORES UTILIZADOS ATUALMENTE ............................... 49 4.2 CONSTRUÇÃO DE UM PLACAR DE INDICADORES DE DESEMPENHO LOGÍSTICO........................................................................................................................ 56 4.3 AVALIAÇÃO DO SISTEMA PROPOSTO ................................................................... 63

Page 6: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL ESCOLA DE ... Lorenzatto... · Universidade Federal do Rio Grande do Sul Escola de Engenharia Departamento de ... avaliação de desempenho

5

5 CONCLUSÃO................................................................................................................. 65 5.1 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS........................................................... 66

REFERÊNCIAS................................................................................................................. 67

APÊNDICES ...................................................................................................................... 70

Page 7: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL ESCOLA DE ... Lorenzatto... · Universidade Federal do Rio Grande do Sul Escola de Engenharia Departamento de ... avaliação de desempenho

6

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: As quatro perspectivas e as relações de causa e efeito ........................................... 18 Figura 2: Modelo genérico de mapa estratégico do BSC....................................................... 23 Figura 3: Logística integrada................................................................................................ 24 Figura 4: Evolução da logística ............................................................................................ 26 Figura 5: Influências ambientais sobre a logística................................................................. 29 Figura 6: Modelo “World Class Logistics” ........................................................................... 31 Figura 7: Abordagens para avaliação de desempenho em de cadeias de suprimentos ............ 37 Figura 8: Relacionamento entre medidas e estratégia ........................................................... 37 Figura 9: Indicadores de custos logísticos ............................................................................ 39 Figura 10: Indicadores de serviço ao cliente e qualidade ...................................................... 40 Figura 11: Indicadores de produtividade............................................................................... 41 Figura 12: Indicadores de gerenciamento de ativos............................................................... 41 Figura 13: Aspectos relevantes num sistema de mensuração de desempenho........................ 42 Figura 14: Modelo conceitual para gerenciamento da logística empresarial .......................... 46 Figura 15: Mapa estratégico da empresa em estudo .............................................................. 50 Figura 16: Mapa estratégico da Logística ............................................................................. 51 Figura 17: Indicadores estratégicos da perspectiva de processos........................................... 52 Figura 18: Classificação dos indicadores logísticos nas métricas do modelo WCL ............... 53 Figura 19: Análise qualitativa dos indicadores estratégicos versus indicadores logísticos ..... 54 Figura 20: Amostra do atual sistema de indicadores logísticos ............................................. 56 Figura 21: Amostra de ID e IQED........................................................................................ 58 Figura 22: Amostra dos indicadores de desempenho logístico .............................................. 59 Figura 23: Primeira proposta do placar de indicadores de desempenho logístico .................. 61 Figura 24: Placar de indicadores de desempenho logístico ................................................... 62

Page 8: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL ESCOLA DE ... Lorenzatto... · Universidade Federal do Rio Grande do Sul Escola de Engenharia Departamento de ... avaliação de desempenho

7

1 INTRODUÇÃO

Para assegurar competitividade e sustentabilidade ao longo prazo, as empresas

precisam ser dinâmicas, flexíveis e inovadoras. Em se tratando do mercado de aços, segmento

de atuação da empresa em estudo, observa-se o estabelecimento e consolidação das grandes

siderúrgicas. Nesse cenário, o equilíbrio consiste em dosar rentabilidade e participação de

mercado.

Para alcançar sucesso, as corporações estão tendo que reavaliar suas estratégias para

tornarem-se flexíveis. Elas precisam estar preparadas para eventuais transformações nos seus

produtos ou serviços e desenvolver competências individuais e organizacionais para aumentar

a habilidade de identificar e solucionar problemas. Nesse contexto, os empresários procuram

ferramentas consistentes que lhes permitam decidir de maneira rápida e precisa (SOARES,

2001).

Kaplan e Norton (1997) afirmam que melhorias de desempenho requerem mudanças

significativas e isso inclui modificações nos sistemas de medição e gestão utilizados pelas

empresas. Para se adaptarem, as organizações estão buscando estratégias e sistemas gerenciais

que lhes proporcionem diferencial competitivo. Assim, torna-se evidente a importância do

acesso a informações úteis e confiáveis para auxiliar nas suas administrações. Com esse

objetivo, têm sido desenvolvidos sistemas de coleta e análise de dados a respeito dos clientes,

do mercado financeiro e dos processos organizacionais (PILZ, 2004).

Essas informações constituem uma base importante para a identificação dos

processos realmente estratégicos. Segundo Kaplan e Norton (1997), a maioria das empresas

buscava aprimorar o resultado dos processos existentes, mas não sabia identificar os processos

que deveriam apresentar um desempenho excepcional para que a estratégia da empresa fosse

bem sucedida. Em decorrência disso, os sistemas de medição tornam-se fundamentais à

medida que orientam as ações dos executivos (SOARES, 2001).

A implantação dessas ações ocorre ao nível dos processos organizacionais, onde elas

acontecem efetivamente. A fim de possibilitar a implantação ou operacionalização do

planejamento estratégico, o sistema de indicadores desdobra metas aos processos e retorna o

seu desempenho (MÜLLER, 2003).

Desse modo, o desenvolvimento de um bom sistema de mensuração de desempenho

é fundamental para o gerenciamento de atividades logísticas. Esse monitoramento é essencial

para verificar se os objetivos estabelecidos pela empresa estão sendo atingidos e auxilia na

melhor aplicação dos recursos destinados à logística (HIJJAR et al., 2005).

Page 9: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL ESCOLA DE ... Lorenzatto... · Universidade Federal do Rio Grande do Sul Escola de Engenharia Departamento de ... avaliação de desempenho

8

Christopher (2001) defende que a logística constitui a ligação entre o mercado e as

atividades operacionais da empresa. Por conseguinte, o gerenciamento logístico deve ter como

objetivo integrar recursos ao longo de toda a organização, desde os fornecedores até os

clientes finais. Conforme o mesmo autor e Ballou (1995), uma vez que as atividades logísticas

relacionam-se com os produtos e informações que fluem pela empresa, o gerenciamento da

cadeia de suprimentos representa uma importante oportunidade para a obtenção de altos

níveis de desempenho.

Ballou (1995) também afirma que, quando as companhias buscarem maior

participação de mercado ao invés de gerenciar seu crescimento para competir, a logística

eficiente e eficaz pode ser a vantagem necessária para se tornar competitivo. Ele explicita que,

quando um segmento passa por um rápido crescimento, pode-se tolerar distribuição

ineficiente, porque mesmo assim as empresas podem manter-se rentáveis. Porém, quando se

compete por maior participação no mercado, não há margem para desperdícios.

Assim, a logística representa um instrumento fundamental para a manutenção da

competitividade. Conforme o Council of Logistics Management, “o gerenciamento da

logística empresarial (...) é responsável pelo planejamento, implementação e controle eficiente

e econômico do fluxo direto e reverso e do armazenamento de bens, serviços e informações

associadas, desde o ponto-de-origem até o ponto-de-consumo, satisfazendo as exigências dos

clientes” (CLM apud GEHLEN DE LEÃO, 2004, p.20).

1.1 TEMA E DEFINIÇÃO DO PROBLEMA

A discussão deste trabalho de conclusão compreende a necessidade de integração

entre as diretrizes estratégicas da empresa e o seu processo logístico. Nesse sentido, busca-se

o alinhamento a partir do planejamento, passando pelos objetivos estratégicos até as ações

operacionais.

A complexidade dos cenários onde as empresas atuam impõe dificuldades em sua

administração que vão além da melhoria do gerenciamento dos seus processos. É necessário

integrar toda a organização a uma estratégia consistente e flexível, a fim de concentrar os

esforços e possibilitar que a empresa se adapte aos novos desafios que vão surgindo (PILZ,

2004).

Keebler et al. (apud GEHLEN DE LEÃO, 2004) afirmam que as empresas,

freqüentemente, mensuram o desempenho das suas áreas funcionais independentemente da

análise de seus processos logísticos. Além disso, normalmente, as medidas para a avaliação de

Page 10: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL ESCOLA DE ... Lorenzatto... · Universidade Federal do Rio Grande do Sul Escola de Engenharia Departamento de ... avaliação de desempenho

9

desempenho logístico não estão sincronizadas com a estratégia corporativa da empresa. Como

conseqüência, o impacto dessas atividades nos processos da cadeia de abastecimento não é

avaliado.

Novaes (2001) enfatiza que, durante um bom período de tempo, a logística foi

considerada como um setor que não agregava valor ao produto e, portanto, não possuía

implicações estratégicas. Como ela era analisada apenas como um centro de custo e uma área

de apoio, atuava de forma reativa. Essa situação ilustra o passado recente da empresa em

estudo, onde o processo logístico era visto, exclusivamente, como apoio à produção.

À medida que se evoluiu no conceito de gestão da logística, a necessidade de

incorporar essa área à visão estratégica ficou evidente. Nesse contexto, a presente pesquisa

procura estudar aspectos associados ao sistema de indicadores de desempenho logístico.

1.2 OBJETIVO GERAL E OBJETIVO ESPECÍFICO

O objetivo geral deste trabalho é estruturar o sistema de medição de desempenho

logístico da empresa em estudo. Dessa forma, busca-se o esclarecimento, a comunicação e o

alinhamento das atividades da área à estratégia de negócio da empresa.

O objetivo específico consiste em relacionar os objetivos e indicadores estratégicos

da empresa com os indicadores locais, o que resulta na construção de um placar de

indicadores para a área Logística. Visa-se, também, verificar o alinhamento da ferramenta

proposta e avaliá-la.

1.3 JUSTIFICATIVA

A avaliação de desempenho empresarial tem sido foco de muitos estudos ao longo

dos últimos anos. De acordo com Kaplan e Norton (1997), as empresas que traduzem sua

estratégia em sistemas de medidas de desempenho têm maiores chances de executá-las,

porque conseguem transmitir seus objetivos e metas aos diversos níveis organizacionais. Eles

também destacam que aspectos financeiros e não-financeiros devem ser avaliados no

desempenho empresarial. Além disso, argumentam que uma das principais dificuldades

encontradas na execução da estratégia é que, enquanto ela mudou, as ferramentas para sua

mensuração permaneceram estagnadas.

Müller (2003) destaca que um planejamento estratégico sem indicadores é um dos

problemas da gestão empresarial, pois não adianta definir um rumo e depois não saber se a

empresa está no caminho correto. Do mesmo modo, indicadores desvinculados da estratégia

Page 11: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL ESCOLA DE ... Lorenzatto... · Universidade Federal do Rio Grande do Sul Escola de Engenharia Departamento de ... avaliação de desempenho

10

não orientam a empresa para a direção certa. Assim, o autor enfatiza que um sistema de

indicadores representa um elemento importante do desdobramento estratégico.

Conforme Gehlen de Leão (2004), o emprego crescente de tecnologias tem

modificado o perfil de consumo de recursos nos sistemas logísticos. Em decorrência disso, a

única forma de avaliar como esses recursos estão sendo utilizados e se as operações logísticas

estão atingindo as metas de serviços desejadas é através da mensuração do seu desempenho

(HIJJAR et al., 2005).

Nesse sentido, e considerando que a reestruturação da siderurgia brasileira vem se

caracterizando por uma significativa redução do número de empresas (PINHO; OLIVEIRA,

2002), um sistema de avaliação de desempenho é essencial para o sucesso da organização. Por

conseguinte, torna-se indispensável a estruturação de uma ferramenta que avalie, a partir de

uma abordagem estratégica, as atividades logísticas da empresa em estudo.

1.4 MÉTODO DE PESQUISA

De acordo com Silva e Menezes (2001), a pesquisa pode ser classificada segundo sua

natureza, sua abordagem, seus procedimentos técnicos e seus objetivos. Analisando a

natureza, a pesquisa pode ser básica ou aplicada. Quanto à abordagem do problema, ela pode

ser quantitativa ou qualitativa. Já em relação aos objetivos, classifica-se em exploratória,

descritiva ou explicativa. E, sob o ponto de vista dos procedimentos técnicos utilizados, ela

pode ser caracterizada como: bibliográfica, documental, experimental, levantamento (survey),

estudo de caso, pesquisa-ação ou participante.

Considerando a natureza, este trabalho consiste numa pesquisa aplicada, pois busca

gerar conhecimentos para a solução prática de problemas específicos. Com relação à

abordagem do problema, serão utilizadas técnicas qualitativas (estudo de estratégias e

indicadores associados) e quantitativas (estudo numérico dos indicadores, faixas, metas). Já

analisando o critério dos objetivos, o trabalho utiliza elementos da pesquisa explicativa e

exploratória, porque envolve levantamento bibliográfico e utilizações de exemplos para

análise dos resultados. Finalmente, no aspecto corresponde aos procedimentos técnicos, este

trabalho é classificado como estudo de caso, pois investiga um fenômeno específico, assim

como o seu contexto, o que proporciona um conhecimento detalhado da situação (SILVA;

MENEZES, 2001).

Page 12: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL ESCOLA DE ... Lorenzatto... · Universidade Federal do Rio Grande do Sul Escola de Engenharia Departamento de ... avaliação de desempenho

11

Como o trabalho apresenta uma proposta de estruturação de indicadores de

desempenho baseada nas ferramentas analisadas no referencial teórico, ele está baseado nas

seguintes etapas:

a) delimitação do problema;

b) realização de uma revisão teórica a respeito dos temas avaliação de desempenho e

logística;

c) compreensão da estratégia da empresa, do seu mapa-estratégico, dos seus

objetivos e indicadores estratégicos;

d) análise das atividades desenvolvidas no local em estudo;

e) levantamento dos indicadores inicialmente utilizados no local em estudo com

subseqüente análise crítica dos mesmos;

f) elaboração de uma proposta de um sistema de indicadores de desempenho

logístico;

g) avaliação qualitativa da proposta.

1.5 DELIMITAÇÕES DO TRABALHO

Primeiramente, deve-se considerar que, devido à grande abrangência do tema em

estudo, não se pretende, neste trabalho de conclusão, aprofundar demasiadamente o assunto,

optando-se por realizar uma breve contextualização teórica acerca de avaliação de

desempenho e logística.

Com relação à avaliação de desempenho, como a empresa utiliza o Balanced

Scorecard (BSC) como sistema de gestão estratégico, este trabalho não aborda outras

ferramentas empregadas para o estabelecimento de sistemas gerenciais. Pelo mesmo motivo,

não são discutidos assuntos referentes à sua implantação e aplicações. Da mesma forma, as

questões de estratégia e o mapa estratégico da empresa servem apenas como referência

durante o trabalho, não sendo alvos de análises, questionamentos ou críticas.

Por fim, a implementação completa da proposta apresentada ao final desse trabalho

não faz parte do seu escopo. Igualmente, deve-se considerar que a aplicação da ferramenta é

restrita a uma área da empresa, e, desse modo, não compreende os demais processos da

organização.

Page 13: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL ESCOLA DE ... Lorenzatto... · Universidade Federal do Rio Grande do Sul Escola de Engenharia Departamento de ... avaliação de desempenho

12

1.6 ESTRUTURA DO TRABALHO

Este trabalho está estruturado em cinco capítulos. No capítulo inicial, constam as

informações introdutórias necessárias para a sua compreensão. Nele são apresentados o tema

e a definição do problema, os objetivos, as justificativas para o estudo, o método de pesquisa a

ser utilizado, as delimitações e, por fim, a estrutura do trabalho.

O segundo capítulo apresenta o referencial teórico a respeito de avaliação de

desempenho e logística. Inicialmente, realizou-se uma pesquisa sobre o Balanced Scorecard,

onde foram apresentados aspectos relacionados ao histórico, características principais,

perspectivas e mapas estratégicos. Após, foram abordados os assuntos referentes à logística,

como logística empresarial, desempenho e indicadores logísticos.

O terceiro capítulo contempla a proposta do trabalho aplicado. Assim, ele

compreende uma breve apresentação da empresa e da área em estudo e os procedimentos

metodológicos utilizados. Especificamente, apresentam-se o modelo conceitual, as questões

norteadoras e os testes de avaliação empregados na estruturação do sistema de indicadores

logísticos.

No quarto capítulo estão expostos e discutidos os resultados obtidos com a aplicação

dos procedimentos metodológicos na área em estudo. Dessa maneira, ele apresenta: (i) a

análise dos indicadores utilizados atualmente e a relação entre a estratégia da empresa e esses

indicadores; (ii) a construção de um placar de indicadores de desempenho para a área

Logística; (iii) o processo de avaliação qualitativa do sistema proposto.

Por fim, no capítulo 5, são apresentadas as conclusões mais importantes que foram

obtidas na realização do trabalho e sugestões para trabalhos futuros.

Page 14: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL ESCOLA DE ... Lorenzatto... · Universidade Federal do Rio Grande do Sul Escola de Engenharia Departamento de ... avaliação de desempenho

13

2 REFERENCIAL TEÓRICO

Este capítulo consiste em uma revisão teórica sobre avaliação de desempenho e

logística. Com relação ao primeiro tópico e considerando as delimitações citadas na seção 1.5,

o sistema de avaliação de desempenho estudado é o Balanced Scorecard. Desse modelo,

foram abordados o conceito, as principais características, as perspectivas e a finalidade dos

mapas estratégicos. Quanto à logística, ela foi analisada sob uma ótica estratégica. Dessa

forma, foram pesquisados assuntos referentes a desempenho e indicadores logísticos.

2.1 AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO

Definidos os aspectos relacionados à identidade organizacional, traçada a estratégia e

implementados os meios operacionais; é necessário saber se as metas estão sendo atingidas, se

a empresa está no caminho traçado pela visão, se a missão está sendo cumprida e se todos

estão informados e colaborando com a estratégia da organização. Afinal, para que ela tenha

sucesso, é preciso que o planejamento seja seguido. Nesse contexto, se insere a avaliação de

desempenho (MÜLLER, 2003).

O sistema de avaliação de desempenho deve integrar as diretrizes estratégicas e a

operação das empresas. Assim, ele deve induzir nos processos os objetivos e estratégias. Para

atender essa demanda, o planejamento estratégico deve incluir o plano da avaliação,

expandindo o escopo de planejamento para gestão (MÜLLER, 2003).

Hronec (1994) destaca como antigos paradigmas da medição de desempenho a

estrutura funcional e a indução das medidas pelos eventos. O primeiro refere-se à necessidade

de priorizar os processos sobre as funções, pois é através deles que se atende aos clientes,

devendo-se evitar a otimização local de uma função. Já em relação ao segundo, o autor

enfatiza que a avaliação de desempenho tornou-se tão relevante que requer um processo

sistemático. Nessa mesma linha, Bonelli et al. (apud MÜLLER, 2003) coloca que um sistema

de indicadores deve permitir análises prospectivas e não apenas apreciações do desempenho

passado. Para isso, é preciso focar nos fatores geradores e não apenas nos resultados.

De acordo com Müller (2003), após definir os objetivos e as dimensões do sistema de

medição de desempenho, parte-se para a definição do conjunto de indicadores que irão

operacionalizá-lo. Bonelli et al. (apud MÜLLER, 2003) explicitam que a seleção dos

indicadores deve preceder o entendimento da estratégia e da estrutura da empresa. Também é

relevante considerar a forma como esses indicadores serão coletados, assim como a sua

Page 15: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL ESCOLA DE ... Lorenzatto... · Universidade Federal do Rio Grande do Sul Escola de Engenharia Departamento de ... avaliação de desempenho

14

interação com o planejamento estratégico, a cultura organizacional e forma de administração

dos gestores (MÜLLER, 2003).

Segundo Gehlen de Leão (2004), os modelos para avaliação de desempenho

empresarial englobam, em geral, indicadores de eficiência, eficácia, qualidade e produtividade

parcial ou total. Conforme Zimmermann (apud GEHLEN DE LEÃO, 2004), a abordagem de

Kaplan e Norton (1997), através do Balanced Scorecard, amplia essa discussão para a cadeia

de abastecimento, demonstrando a dependência, por meio de mapas estratégicos (KAPLAN;

NORTON, 2004), entre os indicadores e os objetivos da empresa, através de quatro

perspectivas de desempenho.

2.1.1 Apresentação do Balanced Scorecard (BSC)

Em média, mais de 75% do valor de mercado das empresas resulta de ativos

intangíveis que não são mensurados pelos critérios de avaliação tradicionais. Com base no

argumento de que não se pode gerenciar o que não se consegue medir, Kaplan e Norton

(1997) desenvolveram o Balanced Scorecard (BSC), um sistema de avaliação de desempenho

que possibilita a quantificação desses intangíveis críticos, como pessoas, informações e

cultura (KAPLAN; NORTON, 2004).

O Balanced Scorecard pode ser conceituado como um sistema estratégico de

avaliação de desempenho empresarial, que “complementa as medidas financeiras de

desempenho passado com medidas dos vetores que impulsionam o desempenho futuro”

(KAPLAN; NORTON, 1997, p.8). Müller (2003) afirma que o BSC constitui um sistema

gerencial capaz de canalizar as energias, habilidades e os conhecimentos em busca da

realização de metas estratégicas.

Conforme Kaplan e Norton (1997), os métodos tradicionais estavam prejudicando a

capacidade das empresas de criarem valor para o futuro, porque propiciavam análises

baseadas em resultados já alcançados, sem considerar os processos de aprendizagem,

desenvolvimento de competências e relações com os clientes, que são aqueles capazes de

garantir a sobrevivência das empresas em um longo prazo. Assim, o BSC surgiu para

propiciar uma avaliação das organizações cujo objetivo vai além do lucro em curto prazo.

Soares (2001) ressalta que a grande diferença entre o Balanced Scorecard e os

sistemas de medições que utilizam medidas financeiras e não-financeiras é que estes últimos,

geralmente, servem para orientar melhorias localizadas, enquanto que o BSC procura traduzir

a visão e a estratégia da empresa em objetivos e medidas tangíveis, buscando o progresso

Page 16: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL ESCOLA DE ... Lorenzatto... · Universidade Federal do Rio Grande do Sul Escola de Engenharia Departamento de ... avaliação de desempenho

15

global. Conseqüentemente, o BSC não consiste em um conjunto de medidas aleatórias, elas

devem estar integradas com as estratégias da empresa de forma a alinhar iniciativas

individuais, organizacionais e interdepartamentais.

Madiolo et al. (2003) afirmam que o Balanced Scorecard integra os três grupos de

ações que conduzem ao sucesso empresarial: estratégicas, operacionais e organizacionais. O

modelo estabelece um processo estruturado para a concepção de medidas e objetivos em todos

os níveis, possibilitando a integração entre as ações e garantindo o alinhamento de toda a

organização.

Segundo Gasparetto (2003), a partir da estratégia são identificados os objetivos

estratégicos, os quais são desmembrados em indicadores de desempenho. Para cada indicador,

são estabelecidas as metas. Para o alcance dessas, são desenvolvidas iniciativas, as quais

poderão ser operacionalizadas através de planos de ação.

Além disso, o BSC possibilita o feedback sobre o desempenho dos processos internos

e dos resultados externos da empresa, de forma a promover a melhoria contínua da estratégia

e do desempenho (KAPLAN; NORTON, 1997). Desse modo, permite que a estratégia seja

reavaliada, que se incluam estratégias emergentes e se eliminem as que não são mais válidas

(GASPARETTO, 2003).

Por fim, cabe lembrar que, embora existam algumas críticas em relação ao Balanced

Scorecard, ele é o modelo de avaliação de desempenho que vem recebendo maior aceitação,

nos últimos anos, tanto no meio acadêmico quanto empresarial (GASPARETTO, 2003).

2.1.2 Características do BSC

O Balanced Scorecard tem sido amplamente difundido como um sistema gerencial

que auxilia as empresas na administração da estratégia a longo prazo. De acordo com Kaplan

e Norton (1997, p.9), as organizações adotam a filosofia do scorecard para viabilizar

processos gerenciais críticos:

a) esclarecer e traduzir a visão e a estratégia;

b) comunicar e associar objetivos e medidas estratégicas;

c) planejar, estabelecer metas e alinhar iniciativas estratégicas;

d) melhorar o feedback e o aprendizado estratégico.

Assim, segundo Kaplan e Norton (1997), através de quatro processos: tradução da

visão, comunicação e conexão, planejamento de negócios, feedback e aprendizado; é possível

integrar os objetivos de longo prazo às ações de curto prazo. Dessa forma, traduzir a visão

Page 17: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL ESCOLA DE ... Lorenzatto... · Universidade Federal do Rio Grande do Sul Escola de Engenharia Departamento de ... avaliação de desempenho

16

ajuda os gerentes a desenvolver o consenso sobre a estratégia da empresa, expressando-a de

modo a orientar a ação no nível local. O segundo processo possibilita que a estratégia seja

comunicada de cima para baixo e que as metas das unidades e das pessoas sejam conectadas.

O terceiro permite que a organização integre o plano de negócios e o plano financeiro. Por

fim, o quarto, proporciona à empresa a capacidade de aprendizado estratégico, que consiste

em realizar feedback, testar as hipóteses que basearam a estratégia e efetuar os ajustes

necessários (GANGA et al., 2003).

Portanto, Kaplan e Norton (1997) e Pilz (2004) apontam como características

principais do Balanced Scorecard:

a) o sistema de gerenciamento centralizado na visão e na estratégia da organização, e

não no controle;

b) o uso de múltiplas perspectivas, equilibrando objetivos e metas de curto e longo

prazo;

c) o quadro de indicadores apresenta uma combinação de medidas de resultados e de

tendência;

d) o BSC é estruturado assumindo-se relações de causa e efeito, que evidenciam as

hipóteses que sustentam a estratégia concebida pela organização;

e) a existência de um ciclo de avaliação e feedback estratégico;

f) a integração de medidas internas e externas de desempenho, o que evita esforços

em melhorias localizadas sem relação com uma visão global.

Kaplan e Norton (1997) destacam três princípios que permitem a integração do BSC

de uma empresa à sua estratégia: relações de causa e efeito, vetores de desempenho e relação

com os fatores financeiros.

Soares (2001) explicita que toda a medida do BSC deve estar associada numa cadeia

de relações de causa e efeito que transmite a estratégia da empresa às unidades de negócio e

proporciona o alinhamento, de modo que quando as medidas forem atingidas, garante-se o

alcance da meta. A autora também ressalta que essas relações causais devem atravessar as

quatro perspectivas e devem estar integradas.

Os indicadores de resultado, também denominados de indicadores de ocorrência ou

lagging indicatores (KAPLAN; NORTON, 1997), são medidas genéricas, e, normalmente,

estão relacionadas ao desempenho financeiro e aos clientes. Já as medidas de tendência,

também chamadas de condutores de performance, vetores de desempenho ou leading

indicators (KAPLAN; NORTON, 1997), são utilizadas para verificar se a empresa está

executando a estratégia conforme o planejado (PILZ, 2004; GASPARETTO, 2003).

Page 18: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL ESCOLA DE ... Lorenzatto... · Universidade Federal do Rio Grande do Sul Escola de Engenharia Departamento de ... avaliação de desempenho

17

Gasparetto (2003) afirma que os indicadores de resultado justificam medições menos

freqüentes que os de tendência, pois os segundos sinalizam aos tomadores de decisão se seus

objetivos estão sendo atendidos ao longo do período, servindo para monitorar o alcance das

metas de longo prazo, que serão avaliadas através dos indicadores de resultado.

Todas as medidas compreendidas pelo BSC da empresa devem ter, ao final da cadeia

de relações de causa e efeito, um objetivo financeiro (SOARES, 2001). Kaplan e Norton

(1997) enfatizam que muitas das empresas que implantam sistemas de melhoria que não

visam resultados financeiros acabam se desiludindo com a falta de recompensas tangíveis de

suas mudanças. Por conseguinte, os indicadores de desempenho das perspectivas de

aprendizado e crescimento, dos processos internos e dos clientes devem estar associados aos

indicadores da perspectiva financeira (GASPARETTO, 2003).

2.1.3 Perspectivas do BSC

O Balanced Scorecard originalmente é composto de quatro perspectivas: financeira,

do cliente, dos processos internos e aprendizado e crescimento (KAPLAN; NORTON, 1997).

Dessa forma, conserva indicadores financeiros como a síntese final do desempenho da

organização, equilibrando-os com indicadores de longo prazo que avaliam o desempenho sob

a ótica dos clientes, dos seus processos internos e dos seus funcionários e sistemas. Em cada

uma das perspectivas, o BSC procura responder a uma questão, conforme ilustra a Figura 1

(PILZ, 2004; GASPARETTO, 2003). Nessa mesma figura, podem-se visualizar as relações de

causa e efeito entre as perspectivas e a estratégia.

Assim, para cada perspectiva são traçados os objetivos estratégicos que a empresa

deve buscar e o que é determinante para o seu sucesso. Conforme Walter e Kliemann (2000),

cada objetivo deve conter pelo menos um indicador, que deve medir e acompanhar se a

estratégia está sendo alcançada. Da mesma forma, cada indicador deve estar relacionado a

uma meta que determine a taxa de melhoria necessária. Por fim, é necessário planejar

iniciativas que proporcionem o alcance dos objetivos.

Pilz (2004) menciona que existem discussões a respeito da necessidade de serem

adicionadas outras perspectivas no quadro de indicadores. Em geral, é consenso que as

perspectivas podem ser complementadas de forma a adequarem-se às estratégias das

diferentes organizações. O autor afirma, entretanto, que o modelo original de Kaplan e Norton

tem a vantagem de ser compacto, por isso alguns autores preferem que a abrangência das

Page 19: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL ESCOLA DE ... Lorenzatto... · Universidade Federal do Rio Grande do Sul Escola de Engenharia Departamento de ... avaliação de desempenho

18

quatro perspectivas já existentes seja ampliada para englobar fatores críticos de determinadas

companhias, ao invés de serem criadas novas perspectivas.

Objetivos Indicadores Metas Iniciativas

Objetivos Indicadores Metas Iniciativas

Objetivos Indicadores Metas Iniciativas

Objetivos Indicadores Metas Iniciativas"Para realizar a visão, como a organização deve

aprender a melhorar?"

Perspectiva do cliente

Perspectiva dos processos internos

Perspectiva financeira

Perspectiva de aprendizado e crescimento

Visão e Estratégia

"Se formos bem-sucedidos, como

cuidaremos de nossos acionistas?"

"Para realizar a visão, como devo cuidar dos

clientes?"

"Para satisfazer os clientes, em que

processos devo ser excelente?"

Figura 1: As quatro perspectivas e as relações de causa e efeito

Fonte: Kaplan e Norton (2000)

2.1.3.1 A perspectiva financeira

Os objetivos financeiros de uma organização orientam os objetivos e medidas das

outras perspectivas do Balanced Scorecard. Qualquer medida escolhida deve integrar a cadeia

de relações de causa e efeito que culminam com a melhoria do desempenho financeiro. Desse

modo, os objetivos e medidas financeiras desempenham uma função dupla: definir o

desempenho financeiro esperado da estratégia adotada e servir de meta principal para os

objetivos e metas das demais perspectivas (PILZ, 2003; SOARES, 2001).

Page 20: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL ESCOLA DE ... Lorenzatto... · Universidade Federal do Rio Grande do Sul Escola de Engenharia Departamento de ... avaliação de desempenho

19

A definição dos objetivos financeiros de uma empresa está relacionada à fase em que

ela se encontra em seu ciclo de vida. De acordo com Kaplan e Norton (1997), existem três

fases: crescimento, sustentação e colheita. Empresas em fase de crescimento requerem

investimentos em desenvolvimento de produtos e mercados, aquisição de capacidade

produtiva e na montagem de uma estrutura de distribuição, entre outros. Nessa fase, elas estão

focadas no crescimento da receita e no aumento das vendas. Empresas em fase de sustentação

ainda investem na exploração de oportunidades de mercado ou buscam a melhoria contínua,

contudo, precisam apresentar retorno sobre o investimento. Assim, os seus objetivos

financeiros devem estar relacionados à lucratividade. Já as empresas maduras desejam colher

os resultados dos investimentos realizados nas fases anteriores. Nesse caso, os objetivos

financeiros estão relacionados à diminuição do capital de giro e à geração de caixa (PILZ,

2003).

Pilz (2003) afirma que a maioria das empresas e unidades de negócio encontra-se em

uma fase intermediária do seu ciclo de vida e opta por uma estratégia de crescimento rentável.

Dessa forma, elas equilibram indicadores de crescimento de receita, redução de custos e

aumento de produtividade.

Segundo Kato (2003), para nortear as estratégias de crescimento, sustentação e

colheita de um sistema logístico, existem três temas financeiros básicos: crescimento de

receita, otimização de custos e melhoria da produtividade e utilização dos ativos e estratégias

de investimentos.

2.1.3.2 A perspectiva do cliente

Em um cenário empresarial competitivo, a percepção do cliente merece destaque.

Pilz (2003) referencia Kaplan e Norton (1997) ao destacar que estes são indicadores de

tendência muito fortes, considerando que um baixo resultado nessa perspectiva é um

indicativo de um futuro declínio no desempenho da empresa, mesmo que os números

financeiros no presente estejam satisfatórios.

A essência da estratégia de um negócio é a sua proposta de valor, a qual combina

produto, preço, serviço, relacionamento e imagem que ele oferece aos clientes. A proposta de

valor define quais os segmentos de mercado que a empresa atuará e como ela se diferenciará

em relação à concorrência. Assim, a proposta de valor define os objetivos estratégicos da

empresa na perspectiva dos clientes, e determina os processos internos e recursos para que

eles sejam atendidos (PILZ, 2004).

Page 21: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL ESCOLA DE ... Lorenzatto... · Universidade Federal do Rio Grande do Sul Escola de Engenharia Departamento de ... avaliação de desempenho

20

Segundo Soares (2001), além do grupo de medidas relacionadas à proposta de valor,

a empresa deve considerar as medidas essenciais: participação no segmento de mercado,

índice de retenção de clientes, índice de novos clientes, índice de satisfação dos clientes e

lucratividade do cliente.

2.1.3.3 A perspectiva dos processos internos

A perspectiva dos processos internos busca identificar os processos mais críticos da

empresa na percepção dos clientes e acionistas, ou seja, os processos que a empresa deve

alcançar a excelência (SOARES, 2001). Assim, identificam-se os recursos e capacidades

necessárias para atender aos objetivos dos clientes e, desta forma, atingir os objetivos

financeiros.

De acordo com Pilz (2003), a estratégia não deve limitar-se a especificar os

resultados desejados, mas também apresentar como eles devem ser alcançados. O mesmo

autor cita que as medidas dessa perspectiva possibilitam aos executivos saber como o negócio

está evoluindo, se as atividades internas estão alinhadas com a proposta de valor e se os seus

produtos e serviços estão atendendo aos seus clientes (KAPLAN; NORTON, 1997).

Kaplan e Norton (1997) consideram como um dos principais problemas no

gerenciamento dos processos internos, os esforços das organizações para melhorar os

processos operacionais já existentes. Como os sistemas tradicionais de medição de

desempenho não priorizam os processos críticos, todos parecem ter o mesmo nível de

importância e as melhorias são aplicadas localmente e não nos processos de negócio

integrados.

Kubiak (apud PILZ, 2003) menciona outro problema na administração dos processos

internos, que é a falsa sensação de segurança que as organizações podem ter ao confundirem

medidas preditivas e operacionais. Segundo o autor, os processos preditivos estão diretamente

relacionados aos clientes, portanto, se estiverem sendo bem conduzidos, resultam na

satisfação desses clientes. Por outro lado, os processos operacionais incluem medidas de

processos invisíveis aos clientes, como produtividade, giro de estoque e parâmetros de

eficiência. Como esses indicadores não agregam valor para os consumidores, eles não se

importam com os seus resultados. Conseqüentemente, deve se ter bom desempenho em ambos

os processos para atender aos objetivos dos clientes e os financeiros.

Por fim, Kato (2003) salienta que a perspectiva dos processos internos revela duas

diferenças fundamentais entre a abordagem tradicional e a abordagem do BSC para a medição

Page 22: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL ESCOLA DE ... Lorenzatto... · Universidade Federal do Rio Grande do Sul Escola de Engenharia Departamento de ... avaliação de desempenho

21

de desempenho. A primeira delas refere-se à busca de melhorias nos processos já existentes, a

qual já foi citada. A segunda grande diferença consiste na incorporação de processos de

inovação à perspectiva de processos internos.

2.1.3.4 A perspectiva do aprendizado e crescimento

A perspectiva do aprendizado e crescimento procura identificar a infra-estrutura que

a empresa deve construir para gerar crescimento e sustentabilidade. Segundo Kato (2003), é

improvável que as organizações sejam capazes de atingir suas metas de longo prazo para

clientes e processos internos utilizando as tecnologias e capacidades atuais. Além disso, o

autor ressalta que a intensa competição global exige que as empresas melhorem

continuamente sua capacidade de oferecer valor a clientes e acionistas, a partir de sua

habilidade e competência em trabalhar em equipe.

Conforme Kaplan e Norton (2004), a quarta perspectiva do BSC trata da gestão dos

ativos intangíveis da organização e de seu papel na estratégia. Os autores classificam esses

ativos em três categorias: capital humano, capital de informação e capital organizacional.

Assim, a perspectiva de aprendizado e crescimento aponta a necessidade de se investir em

pessoas, sistemas e procedimentos, incluindo o treinamento de funcionários, o

desenvolvimento da cultura organizacional e a busca pelo aprimoramento individual e

corporativo (KAPLAN; NORTON, 1997).

Kaplan e Norton (2004) defendem que quando o capital humano, o capital de

informação e o capital organizacional estão alinhados, a empresa desfruta de alto grau de

prontidão, possuindo capacidade de mobilizar e sustentar o processo de mudança necessária

para executar a estratégia.

Para concluir, Ganga et al. (2003, p.4) descrevem: “o Balanced Scorecard

informa/declara o conhecimento, habilidades e sistemas que os empregados precisarão (seu

aprendizado e crescimento) para inovar e construir certas capacidades estratégicas e

eficiências (os processos internos) que fornecem um valor específico ao mercado (os clientes),

que irão eventualmente conduzir ao mais alto valor aos acionistas (perspectiva financeira)”.

Aplicando o BSC na avaliação do desempenho logístico, Gehlen de Leão (2004,

p.42) realiza um diagnóstico estratégico segundo as quatro perspectivas:

a) perspectiva financeira: mensuração do lucro, do retorno sobre o investimento e do

valor econômico agregado (OTLEY apud GEHLEN DE LEÃO, 2004);

Page 23: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL ESCOLA DE ... Lorenzatto... · Universidade Federal do Rio Grande do Sul Escola de Engenharia Departamento de ... avaliação de desempenho

22

b) perspectiva dos clientes: mensuração de desempenho orientado ao mercado,

avaliando a satisfação e a fidelidade dos clientes (CLARK apud GEHLEN DE

LEÃO, 2004);

c) perspectiva dos processos internos: mensuração de desempenho das atividades

executadas e avaliação do seu impacto na perspectiva dos clientes e da sua

influência na perspectiva financeira (NEELY; AUSTIN apud GEHLEN DE

LEÃO, 2004);

d) perspectiva de aprendizado e crescimento: mensuração e avaliação do impacto da

utilização de recursos no desempenho dos processos internos da organização

(GEHLEN DE LEÃO, 2004).

2.1.4 Mapas Estratégicos

Do mesmo modo como não se pode gerenciar o que não se mede, também não se

pode medir o que não se descreve (KAPLAN; NORTON, 2004). Os mapas estratégicos

representam uma importante ferramenta que conecta a formulação à implementação da

estratégia. Dessa forma, os mapas estratégicos que estão adequados, permitem às empresas:

a) esclarecer suas estratégias e comunicá-las a todos envolvidos;

b) identificar os principais processos internos determinantes para o seu sucesso;

c) orientar os investimentos em pessoas, tecnologia e capital organizacional, para

que exerçam o maior impacto possível;

d) expor as lacunas na estratégia e adotar medidas corretivas imediatas.

Ganga et al. (2003) referenciam Kaplan e Norton ao descreverem o conceito de mapa

estratégico como uma ferramenta que proporciona aos empregados uma clara visão de como

os seus trabalhos estão ligados aos objetivos da empresa, possibilitando a sua orientação em

direção às metas globais da companhia. Os autores afirmam que os mapas fornecem uma

representação visual dos objetivos críticos e o seu relacionamento, impulsionando o

desempenho organizacional. Igualmente, mostram as relações de causa e efeito, através das

quais ações específicas geram os resultados almejados. Sob uma ótica ampla, os mapas

indicam como a organização converterá suas iniciativas e recursos, incluindo ativos

intangíveis, em resultados tangíveis (GANGA et al., 2003).

De acordo com Pilz (2004), os mapas estratégicos possuem uma arquitetura lógica e

abrangente para descrever a estratégia. A sua construção consiste em uma forma importante

para explicitar visualmente as perspectivas, objetivos e medidas de uma empresa. Assim,

Page 24: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL ESCOLA DE ... Lorenzatto... · Universidade Federal do Rio Grande do Sul Escola de Engenharia Departamento de ... avaliação de desempenho

23

organizar os objetivos dentro de cada perspectiva e mapear seus relacionamentos é uma

maneira de se avaliar a sua consistência.

A Figura 2 ilustra um modelo genérico de mapa estratégico, onde se pode visualizar

a integração dos objetivos de uma organização nas quatro perspectivas do Balanced

Scorecard. Também estão presentes as relações de causa e efeito, que conectam os resultados

desejados nas perspectivas do cliente e financeira ao desempenho dos processos internos. Do

mesmo modo, estão identificadas as competências específicas dos ativos intangíveis, os quais

são necessários para o desempenho satisfatório nos processos internos críticos.

Analisando-se o mapa, percebe-se que a sua construção tem como base alguns

princípios (KAPLAN; NORTON, 2004):

a) perspectiva financeira: a estratégia equilibra forças contraditórias - longo prazo

(crescimento) versus curto prazo (produtividade);

b) perspectiva do cliente: a estratégia é baseada na proposição de valor diferenciado

e sustentável para clientes-alvo;

c) perspectiva interna: cria-se valor por meio dos processos de negócios internos –

processos de gestão operacional, de clientes, inovação e regulatórios e sociais;

d) perspectiva de aprendizado e crescimento: alinhamento estratégico de ativos

intangíveis – capital humano, informação e capital organizacional.

Estratégia de Produtividade Estratégia de Crescimento

Redução de Custos Utilização de Ativos Aumento de Valor ao ClienteExpansão de Receitas

Perspectiva Financeira

Proposição de Valor ao Cliente

Preço Disponibilidade Variedade

Perspectiva dos Clientes

Conformidade Funcionalidade Serviço MarcaParceria

Processos de Criação de Valor

Gerenciamento de Operações Gerenciamento dos Clientes Regulatórios e SociaisInovação

Perspectiva dos Processos Internos

Cultura Trabalho em Equipe

Pessoal Informação Organização

Perspectiva de Aprendizado e Crescimento

Liderança Alinhamento

Figura 2: Modelo genérico de mapa estratégico do BSC

Fonte: Adaptado de Kaplan e Norton apud Gehlen de Leão (2004)

Page 25: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL ESCOLA DE ... Lorenzatto... · Universidade Federal do Rio Grande do Sul Escola de Engenharia Departamento de ... avaliação de desempenho

24

2.2 SISTEMA LOGÍSTICO

A combinação do crescimento econômico mais lento e a concorrência mais acirrada

vêm forçando as empresas de todos os setores a se concentrarem na utilização eficaz e

eficiente dos seus recursos logísticos (GANGA et al., 2003). Em decorrência disso, observou-

se o surgimento de uma posição estratégica nas organizações dedicada a esse controle. Alguns

executivos reestruturaram a competência logística de suas empresas a ponto de tornar a

excelência operacional uma parte essencial da estratégia empresarial (BOWERSOX; CLOSS,

2001).

Nesse contexto, dois importantes conceitos foram criados: a logística integrada e o

Supply Chain Management (SCM) ou Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos (FLEURY;

WANK; FIGUEIREDO apud KATO, 2003). O primeiro deles surgiu na década de 1980,

conduzido pela revolução da Tecnologia da Informação, dos modelos MRP e MRP II,

sistemas de programação da produção, e do Just in Time (JIT). O segundo consiste em um

conjunto de processos de negócio, trata de uma abordagem mais abrangente e possui elevada

relevância na evolução da logística contemporânea (KATO, 2003).

O conceito de logística integrada é ilustrado na Figura 3, onde se observa que a

logística é a competência que conecta a organização aos clientes e fornecedores. Assim, as

funções da logística são combinadas em três áreas operacionais principais: suprimento, apoio

à manufatura e distribuição física. Desse modo, as informações recebidas dos consumidores

fluem pela empresa na forma de atividades de vendas, previsões e pedidos. Já o fluxo de bens

de valor agregado inicia com o suprimento de produtos e materiais e resulta na transferência

de produtos acabados aos clientes (BOWERSOX; CLOSS, 2001).

Apoio àmanufatura

Distribuição física

SuprimentoClientes Fornecedores

Fluxo de informações

Fluxo de materiais

Apoio àmanufatura

Distribuição física

SuprimentoClientes Fornecedores

Fluxo de informações

Fluxo de materiais

Figura 3: Logística integrada Fonte: Bowersox e Closs (2001)

Page 26: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL ESCOLA DE ... Lorenzatto... · Universidade Federal do Rio Grande do Sul Escola de Engenharia Departamento de ... avaliação de desempenho

25

O SCM foi definido pelos membros do The International Center of Competitive

Excellence, em 1994, como a integração dos processos de negócios desde o usuário final até

os fornecedores originais que proporcionam os produtos, serviços e informações que agregam

valor para o cliente (STOK; VANTINO apud KATO, 2003).

Ao escrever sobre a evolução da logística, Novaes (2001) divide esse processo em

quatro fases, conforme ilustrado na Figura 4. O autor afirma que, considerando os conceitos

de gerenciamento da cadeia de abastecimento, todo o processo logístico, desde os

fornecedores até os usuários de bens e serviços, é considerado um sistema único, onde cada

parte depende das demais e deve ser ajustada visando o todo. Kato (2003) complementa,

explicitando que o ambiente competitivo exige dos participantes de cada mercado um nível de

desempenho logístico eficiente, sendo esse um fator crítico de sobrevivência.

De acordo com Novaes (2001), são características da primeira fase da logística:

controle de custos, despachos econômicos, visão de transporte e controle de estoque baseado

no modelo de lote econômico. Nessa fase, o estoque representa o elemento-chave no

balanceamento da cadeia de suprimentos, atua como um pulmão entre a manufatura e os

centros de distribuição e entre os depósitos e o varejo. Nessa época, cada empresa buscava

reduzir ao máximo seus custos, mesmo que em detrimento dos outros componentes da cadeia.

Já na segunda fase observa-se o uso crescente dos recursos de informática, o que

possibilitou uma maior integração entre pedidos de fabricação e despacho e induziu as

empresas a uma maior racionalização de seus processos. Os elementos-chave dessa

racionalização foram a otimização de atividades e o planejamento. Como o processo de

integração era ainda muito rígido, pois não permitia a correção dinâmica do planejamento ao

longo do tempo, verificou-se uma otimização parcial (NOVAES, 2001).

A terceira fase é caracterizada pela integração dinâmica e flexível entre os

componentes da cadeia de suprimento. Essa integração ocorre em dois níveis: dentro da

empresa e nas inter-relações com os fornecedores e clientes. Nessa fase, observa-se uma

maior preocupação com a satisfação do cliente e uma busca contínua pela redução dos

estoques. Além disso, há o uso intensivo da informação e da informática (NOVAES, 2001).

Por fim, na quarta fase as empresas passam a tratar a questão logística de forma

estratégica, buscando na competência logística um diferencial competitivo. Essa fase

caracteriza-se pelo uso da postergação, visando à redução dos prazos e das incertezas ao longo

da cadeia de suprimentos, pelo uso crescente de compras eletrônicas, pelos transportes

otimizados e monitorados em tempo real e pelo compromisso com as questões ambientais

(NOVAES, 2001).

Page 27: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL ESCOLA DE ... Lorenzatto... · Universidade Federal do Rio Grande do Sul Escola de Engenharia Departamento de ... avaliação de desempenho

26

Primeira Fase: Atuação segmentada

Sub-sistemas otimizados separadamente, com estoques servindo de pulmão.

Estoque

Manufatura Centro de Distribuição

Varejista

Estoque EstoqueEstoque

Manufatura Centro de Distribuição

Varejista

Estoque Estoque

Segunda Fase: Integração rígida

Integração formando um duto rígido, com otimização dois a dois.

Centro de Distribuição

VarejistaManufatura

Transporte Transporte Transporte Transporte

Centro de Distribuição

VarejistaManufatura

Transporte Transporte Transporte Transporte

Terceira Fase: Integração flexível

Duto flexível adaptável às condições externas.

Fornecedor FábricaAtacadista

VarejistaConsumidor

TransporteTransporte

Transporte Transporte

Transporte

Fornecedor FábricaAtacadista

VarejistaConsumidor

TransporteTransporte

Transporte Transporte

Transporte

Quarta Fase: Integração estratégica (SCM)

Integração plena, estratégica e flexível ao longo de toda a cadeia de suprimento (SCM).

A EB

CD Consumidor

Fornecedor matéria-prima

Fornecedor componentes

ManufaturaDistribuidor

Varejista

A EB

CD Consumidor

Fornecedor matéria-prima

Fornecedor componentes

ManufaturaDistribuidor

Varejista

Figura 4: Evolução da logística

Fonte: Adaptado de Novaes (2001)

Page 28: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL ESCOLA DE ... Lorenzatto... · Universidade Federal do Rio Grande do Sul Escola de Engenharia Departamento de ... avaliação de desempenho

27

Segundo Bowersox e Closs (2001), um dos pilares que sustentam os modelos de

excelência em logística, que são baseados nas melhores práticas, é composto pela medição de

desempenho. À medida que a competência logística se torna um elemento mais crítico na

criação e manutenção de vantagem competitiva, a precisão nessas tarefas torna-se mais

importante, visto que a diferença entre operações rentáveis e não rentáveis é cada vez menor.

Os objetivos principais do controle logístico são monitorar o desempenho em relação

aos planos operacionais e identificar oportunidades de melhoria. Conforme Bowersox e Closs

(2001) coexistem medidas de desempenho funcionais e de processos. As primeiras

compreendem as atividades concentradas em tarefas individuais necessárias para processar e

expedir pedidos. Já as segundas, consideram a satisfação do cliente proporcionada em toda a

cadeia de suprimentos, examinam o tempo total do ciclo de atividades ou a qualidade total do

serviço. Como estas representam a eficácia coletiva de todas as atividades necessárias para

satisfazer os clientes, são mais apropriadas ao ambiente competitivo atual.

Nesse sentido, o mercado tem impulsionado as empresas a transpor suas fronteiras

físicas para melhor compreender seus clientes e fornecedores. De acordo com Savaris e

Voltolini (2004), esse movimento de aproximação e alinhamento estratégico é importante por

sua influência na competitividade da empresa e impacto sobre a satisfação do consumidor

final, visto que o sucesso é alcançado quando o cliente recebe o produto ou serviço e percebe

claramente o seu valor.

Assim, os desafios enfrentados pela logística relacionam-se à explosão dos serviços

ao cliente, compreensão do tempo, globalização da indústria e integração organizacional

(CHRISTOPHER, 2001). Adicionam-se a esses, o entendimento e a aplicação dos conceitos

de logística nas empresas. A habilidade de cada organização determina como esses desafios

são administrados para atender o cliente, no tempo certo, na quantidade certa, com a

qualidade e o custo do produto e serviço adequados (KATO, 2003).

Enfim, como o gerenciamento da cadeia de suprimentos está focado no atendimento

aos clientes, a mensuração da performance e dos resultados são essenciais, o que torna a

interação da gestão com ferramentas voltadas para avaliação de desempenho imprescindível

(KATO, 2003).

2.2.1 Estratégia Logística

Estratégia consiste em fazer com que as atividades da empresa se complementem.

Posicionamento estratégico significa executar atividades diferentes de seus concorrentes ou

Page 29: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL ESCOLA DE ... Lorenzatto... · Universidade Federal do Rio Grande do Sul Escola de Engenharia Departamento de ... avaliação de desempenho

28

atividades similares de maneira diferente, proporcionando: mais valor aos consumidores; o

mesmo valor que os concorrentes, mas a um custo menor; ou uma combinação de ambas as

situações (PORTER, 1996).

A logística envolve a integração de informações, transporte, estoque,

armazenamento, manuseio de materiais e embalagem. O seu interesse tem origem na conexão

de áreas tradicionais em uma iniciativa estratégica integrada concentrada no atendimento ao

cliente. Assim, o desafio da logística contemporânea consiste em tornar os resultados

combinados das operações internas e externas numa das competências centrais da organização

(BOWERSOX; CLOSS, 2001).

Dornier et al. (2000) afirmam que a integração de operações e logística ao processo

decisório possibilita à empresa obter vantagem competitiva por meio da racionalização dos

recursos necessários à realização de tarefas. Nesse contexto, os autores propõem o seguinte

conceito para a estratégia de operações e logística:

a) processo de decisões coerente, unificado e integrativo;

b) identifica e determina o propósito das atividades de operações e logística em

termos dos objetivos de longo prazo da organização, programas de ação e

prioridades de alocação de recursos;

c) procura atingir e sustentar uma vantagem a longo prazo por meio da resposta

adequada às oportunidades e ameaças no ambiente da empresa.

Um fator básico no desenvolvimento de uma estratégia logística é o entendimento

das forças externas e internas que influenciarão o desempenho. Desse modo, um insumo

importante para esse planejamento é o acesso, monitoramento e avaliação das mudanças

ambientais (BOWERSOX; CLOSS, 2001). Segundo Dornier et al. (2000), as quatro forças

que dirigem as mudanças do ambiente do negócio e levam as empresas a ajustarem suas

estratégias e táticas de logística são: mercado, concorrência, evolução tecnológica e

regulamentação governamental (conforme apresentado na Figura 5).

Page 30: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL ESCOLA DE ... Lorenzatto... · Universidade Federal do Rio Grande do Sul Escola de Engenharia Departamento de ... avaliação de desempenho

29

Fornecimento de serviço logístico

Produção logística

Situação competitiva Mercado

O modelo legal

Tecnologia

ProdutividadeIntensidade de

competição

Adaptação e acompanhamento

MudançasConformidade

Obrigação das normas

SatisfaçãoNecessidade dos clientes

Fornecimento de serviço logístico

Produção logística

Situação competitiva Mercado

O modelo legal

Tecnologia

ProdutividadeIntensidade de

competição

Adaptação e acompanhamento

MudançasConformidade

Obrigação das normas

SatisfaçãoNecessidade dos clientes

Figura 5: Influências ambientais sobre a logística

Fonte: Dornier et al. (2000)

Ballou (2001, p.39) sugere que uma estratégia logística tenha três objetivos:

a) redução de custos – minimizar os custos variáveis associados à movimentação e à

estocagem através da avaliação de alternativas como, por exemplo, diferentes

locais de armazenagem e utilização de diferentes recursos de transporte. Os níveis

de serviço se mantêm constantes, enquanto alternativas de custos mínimos estão

sendo definidas. De acordo com o autor, a maximização do lucro é a primeira

meta.

b) redução de capital – maximizar o retorno sobre o investimento. O autor sugere,

por exemplo, a utilização de armazéns públicos ao invés de privados, a abordagem

de suprimentos just-in-time em vez de manutenção de estoque, e a terceirização

dos serviços logísticos. Ele explicita que essas estratégias podem resultar em

custos variáveis maiores do que as que requerem investimentos mais elevados,

mas podem aumentar o retorno sobre os investimentos.

c) melhorias no serviço – as receitas dependem do nível de serviço logístico

oferecido. Segundo o autor, para ser eficaz, a estratégia de serviços é desenvolvida

em comparação com os fornecidos pela concorrência.

De acordo com Bowersox e Closs (2001), os custos logísticos das empresas são

responsáveis por uma das maiores parcelas do custo final do produto. Normalmente, os gastos

com logística variam de 5 a 35% do valor das vendas, dependendo do tipo de atividade, da

área geográfica de atuação e da relação peso/valor dos produtos e materiais. No entanto, os

Page 31: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL ESCOLA DE ... Lorenzatto... · Universidade Federal do Rio Grande do Sul Escola de Engenharia Departamento de ... avaliação de desempenho

30

mesmos autores destacam que, embora esses valores sejam significativos, o interesse da

logística não se relaciona diretamente com a redução desses custos, mas o foco consiste em

fazer da competência logística uma vantagem competitiva.

As empresas que possuem competência logística de classe mundial adquirem

vantagem competitiva oferecendo aos clientes um serviço superior. Em decorrência disso, o

objetivo principal é atingir um nível de serviço que atenda ou supere as expectativas do

cliente pelo menor custo possível. Assim, o desafio incide em equilibrar as expectativas de

serviços e os gastos de modo a atingir os objetivos do negócio (BOWERSOX; CLOSS, 2001).

Lambert (apud GANGA et al., 2003) aponta o serviço ao cliente como a maneira

mais eficaz para a manutenção de um diferencial competitivo duradouro, de difícil

benchmarking por parte da concorrência. Segundo os autores, manter-se competitivo

pressupõe o conhecimento acerca da importância e consistência do serviço ao cliente, e em

relação às perspectivas desse mercado, atentando para o posicionamento em relação aos

concorrentes.

Ballou (1995) define o nível de serviço logístico como a qualidade com que o fluxo

de bens ou serviços é gerenciado. É o desempenho dos fornecedores no atendimento dos

pedidos e o fator principal do conjunto de valores logísticos que as empresas oferecem aos

seus clientes para garantir sua fidelidade.

Para Christopher (2001), o serviço ao cliente compreende a oferta de utilidade de

tempo e lugar, visto que os produtos não têm valor até que eles estejam com o cliente, na hora

e lugar exigidos. Assim, uma diferenciação da oferta total, produto conjuntamente com o

pacote de serviços, é obtida.

Portanto, o serviço ao cliente, como forma de se agregar valor ao produto, faz parte

da definição da estratégia competitiva das empresas. Bowersox e Closs (2001) afirmam que a

capacitação logística das organizações tem papel importante no processo de manutenção da

satisfação do cliente e, como conseqüência, na lucratividade dos negócios. Os mesmos autores

destacam a dificuldade para mensurar a qualidade do serviço prestado, pois o desempenho

médio não mede a qualidade do desempenho logístico. Além disso, eles salientam que o

cliente, mesmo tendo recebido atendimentos de excelente qualidade, permanece exigindo

serviços melhores em seus pedidos atuais e futuros.

Nesse contexto, Bowersox e Closs (2001) afirmam que empresas líderes possuem,

normalmente, sistemas de informação capazes de monitorar sua performance logística em

tempo real, o que lhes possibilita identificar falhas operacionais e tomar ações corretivas antes

da ocorrência de falhas no serviço aos clientes.

Page 32: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL ESCOLA DE ... Lorenzatto... · Universidade Federal do Rio Grande do Sul Escola de Engenharia Departamento de ... avaliação de desempenho

31

Conseqüentemente, as empresas têm adotado novas técnicas ou modelos de gestão,

os quais buscam atender, e até mesmo superar, as expectativas do cliente através da maior

qualidade, produtividade, gerenciamento eficaz de recursos e uso de um sistema de medição

do desempenho logístico. Com base em indicadores sistêmicos e confiáveis, esse desempenho

deve proporcionar a melhoria contínua para a empresa (DURSKI, 2003).

2.2.2 Desempenho Logístico

Pesquisadores da Michigan State University desenvolveram uma série de

levantamentos com o objetivo de identificar elementos comuns nas empresas bem sucedidas

em suas atividades logísticas. Através dos seus estudos, eles procuraram entender como

algumas empresas eram capazes de atender clientes exigentes de uma forma melhor que seus

concorrentes, como se tornavam líder em excelência operacional e também como traduziam

seu desempenho em vantagem competitiva e valor superior para os acionistas. Como

resultado da sua pesquisa, eles propuseram, em conjunto com o Council of Logistics

Management, o modelo “World Class Logistics” (CLM apud HIJJAR et al., 2005).

O modelo, ilustrado na Figura 6, apresenta as competências logísticas perseguidas

pelas empresas com desempenho logístico de classe mundial: posicionamento, integração,

agilidade e mensuração. De acordo com os autores do modelo, o posicionamento consiste na

forma pela qual a empresa compete, o tipo de serviço ofertado, o grupo de consumidores alvo

e a sua comparação à oferta dos concorrentes. A integração lida com o que e como fazer para

criar uma operação logística de excelência. A agilidade compreende a capacidade de reagir às

mudanças das necessidades dos clientes de modo que eles se mantenham fiéis e tenham

oportunidades de crescimento. Por fim, a mensuração é a competência que proporciona,

através de medidas de avaliação, base para a realização de ajustes nas outras três

competências logísticas (HIJJAR et al., 2005).

Integração Agilidade

Mensuração

Posicionamento

Integração Agilidade

Mensuração

Posicionamento

Figura 6: Modelo “World Class Logistics”

Fonte: Hijjar et al. (2005)

Page 33: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL ESCOLA DE ... Lorenzatto... · Universidade Federal do Rio Grande do Sul Escola de Engenharia Departamento de ... avaliação de desempenho

32

Segundo Dornier et al. (2000), a integração e a globalização da logística têm

implicações significativas na definição e utilização de medidas de desempenho. Sistemas de

avaliação de desempenho adaptados às realidades logísticas são críticos, pois o controle eficaz

da gestão de custos e operações demanda informações apropriadas sobre o desempenho dessa

área. O nível de detalhe das medidas deve ser definido com a finalidade de garantir que o

serviço logístico se ajuste aos objetivos desejados.

De acordo com Dornier et al. (2000), as funções primárias de gestão pertencem a

duas categorias: planejamento e controle. O processo de planejamento é dinâmico para

permitir que a empresa identifique estratégias para atingir seus objetivos. Esses objetivos são

normalmente formalizados através de previsões de orçamento e por investimento operacional

e planos estratégicos. O gerenciamento da logística, assim como das demais áreas, requer

informações para identificar se existe alguma lacuna entre o objetivo desejado e o resultado

que seria alcançado sem nenhuma mudança em recursos. Dessa forma, informações

quantitativas e qualitativas são necessárias.

Há três fatores importantes a serem considerados na elaboração de orçamentos,

planos de investimento e planos estratégicos de operações e logística (DORNIER et al., 2000,

p.621):

a) qualidade – voltada à satisfação do cliente;

b) pontualidade – as atividades da logística relacionam-se a prazos finais e

interferem em outras partes do processo no atendimento dos seus prazos;

c) produtividade – o nível de desempenho dos recursos utilizados é

tradicionalmente medido em custos, o que torna a busca pelo aumento da

produtividade um desafio constante.

Dornier et al. (2000) também afirma que as atividades de controle procuram

identificar diferenças entre os objetivos do planejamento e os resultados reais, de modo que a

análise dessas diferenças leva às ações corretivas. O mesmo autor destaca a gestão de custos,

ou seja, o relacionamento entre nível de serviço desejado e a minimização do custo logístico,

como um aspecto bastante importante a ser considerado no controle.

Com relação a essa minimização dos custos logísticos, Lambert (apud GANGA et

al., 2003) avalia que o posicionamento mercadológico baseado em capacitação logística pode

ter impactos substanciais nas margens de lucros, principalmente em empresas de setores em

que o valor agregado pela logística é relevante.

Bowersox e Closs (2001) defendem que analisar e controlar o desempenho são duas

tarefas necessárias para destinar e monitorar recursos. Eles afirmam que o serviço logístico

Page 34: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL ESCOLA DE ... Lorenzatto... · Universidade Federal do Rio Grande do Sul Escola de Engenharia Departamento de ... avaliação de desempenho

33

básico é medido em termos de disponibilidade, desempenho operacional e confiabilidade, e os

objetivos essenciais desse controle são monitorar o desempenho em relação ao planejado e

identificar oportunidades para aumentar sua eficiência e eficácia. De acordo com esses

autores, a avaliação logística deve ser orientada por processos, pois, desse modo, é

considerado o custo total associado ao nível de atendimento dos clientes.

Bowersox e Closs (2001) propõem que sejam examinadas medidas internas e

externas para a avaliação da satisfação dos clientes. Assim, as internas concentram-se nas

atividades necessárias para servir o cliente e compreendem aspectos como qualidade,

enquanto que as externas enfocam o benchmarking e o serviço sob a percepção do cliente, e

não da empresa. Conforme os mesmos autores, o benchmarking é importante para atender e

manter uma perspectiva orientada ao cliente, além de possibilitar o compartilhamento das

melhores práticas e de idéias inovadoras de outros setores.

O modelo “World Class Logistics” sugere que a mensuração do desempenho

logístico compreenda três habilidades ou perspectivas de medição: a avaliação funcional ou

por atividades, a avaliação de processo ou de sistema e o benchmarking (HIJJAR et al., 2005),

o que demonstra complementaridade às medidas já explicitadas. Bowersox e Closs (2001)

defendem que as perspectivas de medição não são excludentes e podem ser sobrepostas.

De acordo com Hijjar et al. (2005), os indicadores funcionais avaliam a eficiência e

eficácia das tarefas. Eles podem ser considerados pré-requisitos para o gerenciamento e

controle do desempenho logístico, fornecem informações para identificação de problemas e

constituem a base para a melhoria contínua. A avaliação funcional envolve várias e diferentes

áreas operacionais. No entanto, a perspectiva funcional deve ser complementada pela

perspectiva de processo, caso contrário, a visão de um processo integrado fica prejudicada e a

busca pela otimização funcional pode sub-otimizar o todo.

A abordagem de processo visualiza a existência de inter-relações, de tal forma que

uma ação que afete uma das partes afetará o todo, e possibilita a análise de trade-offs

inerentes às atividades logísticas. Nesse sentido, é dada ênfase ao esforço integrado para o

alcance de um objetivo conjunto e a atenção se direciona para a interação de todas as partes

do sistema (HIJJAR et al., 2005).

Como já mencionado, o benchmarking é defendido por alguns autores devido à

avaliação externa que proporciona. Além disso, essa prática atua contra a complacência da

avaliação de performance que utiliza como comparação o desempenho anterior, o que pode

gerar uma falsa sensação de segurança. Considerando a relação entre os participantes do

benchmarking, o processo pode ser: interno - com outras divisões da empresa; competitivo -

Page 35: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL ESCOLA DE ... Lorenzatto... · Universidade Federal do Rio Grande do Sul Escola de Engenharia Departamento de ... avaliação de desempenho

34

com os concorrentes; ou funcional - com empresas pertencentes a outros segmentos (HIJJAR

et al., 2005).

O modelo “World Class Logistics” também atenta para alguns aspectos operacionais

e de gerenciamento necessários para que se obtenha sucesso no uso efetivo de um sistema de

mensuração:

a) o suporte de um sistema de informação;

b) o uso de um sistema dinâmico de acompanhamento dos indicadores, o que

implica na necessidade de revisão periódica dos índices utilizados, acrescentando-

se novos e retirando-se os obsoletos;

c) a utilização efetiva dos resultados obtidos, utilizando-os para tomar ações

efetivas de melhoria quando necessário.

À medida que as empresas integram funções para a melhoria de seus processos e

operações, os objetivos e as formas de fazer negócios mudam. Um elemento crítico da

integração bem-sucedida incide sobre desenvolver sistemas de medição de desempenho que

reflitam essas mudanças e permitam a avaliação de seu progresso e impacto na

competitividade (DORNIER et al., 2000).

Nesse contexto, estão disponíveis na literatura algumas abordagens sobre avaliação

de desempenho em cadeias de suprimentos. Gasparetto (2003) apresenta uma discussão

detalhada sobre esse assunto. Na sua análise foram estudadas as seguintes referências: Stewart

(1995); Supply Chain Council – SCC (2002); Beamon (1999); Cravens, Piercy e Cravens

(2000); Dreyer (2000); Miranda (2000); Holmberg (2000); Aravechia e Pires (2000);

Gunasekaran, Patel e Tirtiroglu (2001); Brewer e Speh (2001); Stank et al. (2001); Bowersox

e Closs (2001); Lambert e Pohlen (2001). Gasparetto (2003) analisou-as em relação ao

escopo, à discussão de objetivos estratégicos, às categorias de indicadores propostas, ao

envolvimento dos parceiros e à forma como a governança é tratada em cada uma delas. A

Figura 7 apresenta um breve panorama dessas abordagens e na seção 2.2.3 será apresentada

uma análise específica sobre os indicadores propostos.

Page 36: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL ESCOLA DE ... Lorenzatto... · Universidade Federal do Rio Grande do Sul Escola de Engenharia Departamento de ... avaliação de desempenho

35

Critérios analisados em cada abordagem Autores

Escopo da Proposta

Objetivos estratégicos

Categorias de indicadores

Envolvimento dos parceiros

Governança

Stew

art (

1995

) Indicadores em 4 processos: planejamento, aquisição, fabricação e entrega.

Não menciona.

Desempenho da entrega, flexibilidade e responsabilidade, custos logísticos, e gerenciamento de ativos.

Cada empresa mensura o desempenho, podendo fazer benchmarking

com outras.

O PRTM agiria como um agente de governança, coletando dados e fazendo o benchmarking

entre as empresas.

SCO

R, d

o S

CC

(20

02)

Indicadores de 5 processos: planejamento, aquisição, fabricação, entrega e retorno.

Não menciona.

Clientes: confiabilidade, responsabilidade e flexibilidade. Empresa: custos e ativos.

Cada empresa mensura o desempenho dos processos que executa, podendo fazer benchmarking com outras.

Não menciona.

Bea

mon

(1

999)

Avaliação de aspectos que podem influenciar o desempenho da cadeia.

Devem ser consistentes com as metas da organização.

Recursos; output; e flexibilidade.

Não menciona. Não menciona.

Cra

vens

, Pie

rcy

e C

rave

ns

(200

0)

Discussão do processo de formação de uma parceria e a avaliação do seu desempenho.

Objetivos estratégicos específicos para a parceria podem não ter significado para a empresa, a não ser nesse contexto.

Perspectivas do BSC.

Não mencionam.

Através de: estrutura de comando; sistemas de incentivo; procedimentos; padrões de operação; e sistemas de preços não baseados no mercado.

Dre

yer

(200

0)

Avaliação de desempenho em uma empresa global, para realizar benchmarking entre suas unidades no mundo, refere-se apenas à cadeia de valor da empresa.

Definidos a partir das declarações de visão e missão da empresa.

Indicadores estratégicos, táticos e operacionais para os aspectos: segurança, qualidade, custo, responsabilidade e pessoas.

Pregam o envolvimento de todos stakeholders, inclusive clientes fornecedores, definição dos indicadores não há maiores detalhes.

Não menciona.

Mir

anda

(20

00)

Discute pesquisa realizada com fornecedores e sub-fornecedores de uma montadora.

Elo com maior poder de contribuição (montadora) define a estratégia da cadeia e a desdobra para os fornecedores.

Indicadores específicos para cada fornecedor e componente, a partir das prioridades competitivas da cadeia.

Existe integração entre a montadora e seus fornecedores e troca de informações, mas a relação é baseada em preço.

Realizada pelo elo de maior poder, que define normas a serem atendidas pelos fornecedores e realiza reuniões, para repassar critérios a serem atendidos.

- Continua -

Page 37: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL ESCOLA DE ... Lorenzatto... · Universidade Federal do Rio Grande do Sul Escola de Engenharia Departamento de ... avaliação de desempenho

36

Critérios analisados em cada abordagem Autores

Escopo da Proposta

Objetivos estratégicos

Categorias de indicadores

Envolvimento dos parceiros

Governança H

olm

berg

(20

00)

Discute a avaliação de desempenho em cadeias de suprimentos, numa perspectiva sistêmica.

Definidos a partir das necessidades dos clientes finais da cadeia.

Não é foco da abordagem.

Deixa implícita a necessidade de envolvimento, mas não menciona forma de envolvimento.

Afirma que há necessidade de desenvolver relacionamentos de colaboração na cadeia.

Ara

vech

ia e

Pir

es

(200

0)

Propõem um modelo para a avaliação de desempenho das cadeias de suprimentos.

Deve haver alinhamento dos indicadores para a cadeia com as metas das empresas envolvidas.

Sugerem a utilização dos indicadores propostos por Beamon.

Não discutem, mas afirmam que deve haver consistência entre os indicadores ao longo da cadeia.

Não mencionam.

Gun

asek

aran

, Pat

el

e T

irtir

oglu

(20

01)

Definem processos da cadeia e mensuram o que consideram os aspectos mais importantes.

Todos os objetivos da cadeia de suprimentos devem ser considerados nas mensurações.

Desempenho do planejamento; do suprimento; da produção; da entrega; e serviço e satisfação do cliente.

Não mencionam.

Não mencionam, mas sugerem indicadores relativos a parcerias na cadeia.

Bre

wer

e S

peh

(200

1)

Apresentam um modelo para avaliação de desempenho em uma cadeia, que mensura aspectos internos e externos a cada empresa.

Cada empresa define seus objetivos estratégicos para a cadeia. Após, verificam com os demais membros se convergem ou divergem, afinando-os.

Perspectivas do BSC associadas aos objetivos do gerenciamento da cadeia de suprimentos, para definir o que será mensurado.

Na discussão dos objetivos estratégicos para a cadeia; na definição dos indicadores; e na discussão dos resultados.

Deve haver colaboração entre as empresas da cadeia. Sugerem a criação de equipes inter-organizacionais, para avaliação de desempenho.

Stan

k et

al.

(200

1)

Mostram resultado de pesquisa com empresas do setor de alimentação, sobre as práticas de avaliação de desempenho na cadeia.

Constataram que deve existir visão comum e entendimento mútuo das metas, entre as empresas de uma cadeia.

Não se propõem a definir indicadores.

Empresas devem manter, no início do processo, reuniões diárias, semanais ou mensais, que serão menos freqüentes à medida que a relação se tornar mais madura.

Relacionamentos devem envolver colaboração e confiança. Não devem ser baseados no mercado, e os riscos e recompensas devem ser compartilhados.

Bow

erso

x e

Clo

ss

(200

1)

No contexto da logística, propõem a utilização de indicadores de desempenho integrados para todas as empresas de uma cadeia.

Não mencionam, mas dizem que todas as empresas devem ter a mesma percepção do que é importante para a cadeia.

Indicadores de resultado e de diagnóstico, nas categorias: qualidade / satisfação dos clientes; tempo; custos; e ativos.

Não mencionam.

Não mencionam.

- Continua -

- Continuação -

Page 38: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL ESCOLA DE ... Lorenzatto... · Universidade Federal do Rio Grande do Sul Escola de Engenharia Departamento de ... avaliação de desempenho

37

Critérios analisados em cada abordagem Autores

Escopo da Proposta

Objetivos estratégicos

Categorias de indicadores

Envolvimento dos parceiros

Governança L

ambe

rt e

Poh

len

(200

1)

São avaliadas todas as ligações da cadeia de suprimentos, nos oito processos-chave, analisando-se pares de empresas.

Metas de uma empresa devem estar alinhadas com as dos outros membros, e todas devem servir de base para a definição de metas da cadeia.

Financeiros (EVA e Demonstrativo de resultado de cada relação); e não-financeiros (indicadores nos oito processos-chave).

Os indicadores são definidos a partir dos processos-chave, e depois de avaliados, são discutidos com os parceiros.

Colaboração com os membros da cadeia para gerar maiores ganhos e economias mútuas e melhorar a sincronização, integração otimização dos processos de contato entre as empresas.

Figura 7: Abordagens para avaliação de desempenho em de cadeias de suprimentos Fonte: Gasparetto (2003)

2.2.3 Indicadores Logísticos

Os planos logísticos podem ser feitos e implementados, mas isso não garante o seu

sucesso. Segundo Ballou (2001, p. 494), o controle é “o processo no qual o desempenho

planejado é alinhado, ou mantido em linha, com os objetivos desejados”. Assim, o processo

de controle consiste, em parte, em monitorar a mudança das condições com a antecipação das

ações corretivas que possam ser necessárias para o realinhamento do desempenho real com o

planejado.

Os indicadores logísticos relevantes são as ferramentas-chave do sistema de controle,

porque permitem tomadas de ações e decisões coerentes e orientadas para a estratégia,

conforme ilustrado na Figura 8.

EstratégiaProcessos de orçamento/

projetos traduzem a estratégia em planos de ação

Coerência garantida pela escolha de indicadores traduzindo as orientações estratégicas e os

planos de ação

Ação Indicadores de desempenhoInformações sobre

novas oportunidades

EstratégiaProcessos de orçamento/

projetos traduzem a estratégia em planos de ação

Coerência garantida pela escolha de indicadores traduzindo as orientações estratégicas e os

planos de ação

Ação Indicadores de desempenhoInformações sobre

novas oportunidades

Figura 8: Relacionamento entre medidas e estratégia Fonte: Dornier et al. (2000, p.629)

- Continuação -

Page 39: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL ESCOLA DE ... Lorenzatto... · Universidade Federal do Rio Grande do Sul Escola de Engenharia Departamento de ... avaliação de desempenho

38

Como o objetivo das medidas é capacitar a atuar sobre as causas, os três principais

critérios para medidas eficientes são: velocidade, confiabilidade e simplicidade. Quanto às

características, os indicadores devem possuir (DORNIER et al., 2000, p. 637):

a) independência – cada indicador deve mensurar determinado aspecto da

atividade;

b) conexão com outros indicadores – cada indicador deve adicionar informações

aos demais, reduzindo a probabilidade de que problemas sejam esquecidos ou

mascarados;

c) adequação – representar os fenômenos que se propõem a medir;

d) objetividade – definir quantitativamente a extensão e direção do problema;

e) regularidade – quando o mesmo controle é aplicado nas mesmas condições, o

resultado deve ser estritamente o mesmo;

f) coerência – a definição de um indicador não deve variar no tempo e no espaço;

g) simplicidade – as medidas-chave devem ser compreendidas imediatamente,

pois raciocínios muito complicados comprometem a utilidade do indicador;

h) cumulativo – permitir agregações sucessivas de dados.

Miranda e Silva (apud MÜLLER, 2003) destacam que o teste mais importante de

qualquer informação consiste na utilidade, que é determinada pela relevância quanto a seus

próprios objetivos, sua oportunidade, sua precisão e sua forma de apresentação.

De acordo com Dornier et al. (2000), medidas apropriadas à competição global

medem, além dos indicadores de produtividade tradicionais, os indicadores de utilização e

desempenho. Os indicadores de utilização concentram-se na freqüência com que os meios são

disponibilizados para a logística. Já os indicadores de desempenho medem funções

comparadas a padrões definidos. Segundo os mesmos autores, as medidas podem medir o

nível de:

a) eficiência das funções gerenciais envolvidas, tais como qualidade, organização

e custos;

b) adaptabilidade às necessidades dos clientes, o que envolve a medição de

desempenho da organização ao lidar com a demanda imprevisível do cliente;

c) adaptabilidade às necessidades de mercado, ou desempenho relativo às

incertezas no mercado.

Page 40: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL ESCOLA DE ... Lorenzatto... · Universidade Federal do Rio Grande do Sul Escola de Engenharia Departamento de ... avaliação de desempenho

39

Conforme o modelo “World Class Logistics”, as medidas de desempenho utilizadas

pelas empresas de classe mundial pertencem a quatro áreas: serviço ao cliente/qualidade,

custos, produtividade e gerenciamento de ativos (HIJJAR et al., 2005). Segundo Savaris e

Voltolini (2004), os indicadores propostos por esse modelo abordam diferentes aspectos da

cadeia de suprimentos, considerando a sua eficiência e eficácia na gestão dos seus recursos

para atender as metas operacionais, financeiras e de nível de serviço ao cliente.

Com base nas métricas propostas pelo modelo “Word Class Logistics”, nas Figuras

9, 10, 11 e 12 são apresentados, respectivamente, exemplos de indicadores de custos, serviço

ao cliente e qualidade, produtividade e gerenciamento de ativos propostos por diversos

autores.

Tipo Exemplo de indicadores de custos

Fonte

Custo total CLM (apud HIJJAR et al., 2005); BOWERSOX, CLOSS (2001); SCOR – SCC; BEAMON; STEWART; GUNASEKARAN, PATEL e TIRTIROGLU (apud GASPARETTO, 2003)

Custo total como percentual das vendas

CLM (apud HIJJAR et al., 2005) Custo total

Valor real versus orçado CLM (apud HIJJAR et al., 2005) Custo de frete CLM (apud HIJJAR et al., 2005); BOWERSOX,

CLOSS (2001); BEAMON (apud GASPARETTO, 2003)

Custo de processamento de pedidos

CLM (apud HIJJAR et al., 2005); BOWERSOX, CLOSS (2001); KAPLAN, NORTON (2004); STEWART (apud GASPARETTO, 2003)

Custos com armazém e movimentação

CLM (apud HIJJAR et al., 2005); BOWERSOX, CLOSS (2001); KAPLAN, NORTON (2004); BEAMON; GUNASEKARAN, PATEL e TIRTIROGLU (apud GASPARETTO, 2003)

Custos administrativos (indiretos) CLM (apud HIJJAR et al., 2005); BOWERSOX, CLOSS (2001)

Custos com mão-de-obra direta CLM (apud HIJJAR et al., 2005); BOWERSOX, CLOSS (2001)

Custos de capital: relativos à oportunidade de possuir recursos financeiros dedicados à logística

DURSKI (2003)

Custos com aluguel e/ou manutenção de equipamentos

DURSKI (2003)

Custos com o sistema de informação

DURSKI (2003); GUNASEKARAN, PATEL e TIRTIROGLU (apud GASPARETTO, 2003)

Custo de garantia ou de processamento de retornos

CLM (apud HIJJAR et al., 2005); SCOR – SCC (apud GASPARETTO, 2003); BOWERSOX; CLOSS (2001)

Custos funcionais

Rentabilidade por cliente ou segmento de clientes

CLM (apud HIJJAR et al., 2005)

Custeio ABC Rentabilidade direta do produto CLM (apud HIJJAR et al., 2005); BOWERSOX,

CLOSS (2001); SCOR – SCC (apud GEHLEN DE LEÃO, 2004)

Figura 9: Indicadores de custos logísticos Fonte: Adaptado de Hijjar et al. (2005)

Page 41: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL ESCOLA DE ... Lorenzatto... · Universidade Federal do Rio Grande do Sul Escola de Engenharia Departamento de ... avaliação de desempenho

40

Tipo Exemplo de indicadores de serviço ao cliente / qualidade

Fonte

Taxa de perfeito atendimento do pedido

BOWERSOX, CLOSS (2001); SCOR – SCC; GUNASEKARAN, PATEL e TIRTIROGLU (apud GASPARETTO, 2003); LAMBERT; HARRINGTON (apud HIJJAR et al., 2005)

Pontualidade de entrega MENTZER et al. (apud HIJJAR et al., 2005); BOWERSOX, CLOSS (2001); KAPLAN, NORTON (2004); SCOR – SCC; BEAMON; STEWART (apud GASPARETTO, 2003)

Tempo de atraso médio FLEURY, LAVALLE (apud HIJJAR et al., 2005) % de itens incorretos em um pedido

BOWERSOX, CLOSS (2001); FLEURY, LAVALLE (apud HIJJAR et al., 2005); BEAMON (apud GASPARETTO, 2003)

Envio de pedidos para o local errado

BOWERSOX, CLOSS (2001)

Índice de avarias BOWERSOX, CLOSS (2001); COYLE et al. (apud HIJJAR et al., 2005)

Confiabilidade

Fidelidade dos clientes (transportadoras)

COOPER et al. (apud HIJJAR et al., 2005)

Freqüência de falta de estoque por item

BOWERSOX, CLOSS (2001); BEAMON (apud GASPARETTO, 2003)

% de pedidos completos

MENTZER et al. (apud HIJJAR et al., 2005); BOWERSOX, CLOSS (2001)

Disponibilidade

% itens fora do estoque / total de itens estocados

BOWERSOX, CLOSS (2001)

Tempo de ciclo de pedido ou lead

time do pedido DORNIER et al. (2000); MENTZER et al.; FLEURY, LAVALLE (apud HIJJAR et al., 2005); BOWERSOX, CLOSS (2001); SCOR – SCC; BEAMON; STEWART; GUNASEKARAN, PATEL e TIRTIROGLU (apud GASPARETTO, 2003)

Tempo de resposta da cadeia de suprimentos

BOWERSOX, CLOSS (2001); SCOR – SCC; BEAMON; GUNASEKARAN, PATEL e TIRTIROGLU (apud GASPARETTO, 2003)

Prazo decorrido entre o pedido e o recebimento

KAPLAN, NORTON (2004)

Flexibilidade de produção, volume, mix, novos produtos

SCOR – SCC; STEWART; BEAMON (apud GASPARETTO, 2003)

% dos pedidos entregues pelos fornecedores diretamente no processo de produção

KAPLAN, NORTON (2004)

Flexibilidade

% de solicitações por condições especiais de entregas atendidas

FLEURY, LAVALLE (apud HIJJAR et al., 2005); BEAMON; GUNASEKARAN, PATEL e TIRTIROGLU (apud GASPARETTO, 2003)

Tempo para fornecer informações sobre status do pedido

FLEURY, LAVALLE (apud HIJJAR et al., 2005) Sistema de

informação de apoio Precisão no faturamento e

documentação FRAZELLE (apud HIJJAR et al., 2005)

% de pedidos que resultem em reclamações

BOWERSOX, CLOSS (2001); FLEURY, LAVALLE (apud HIJJAR et al., 2005); BEAMON (apud GASPARETTO, 2003) Recuperação de

falhas Tempo para resolução de problemas

FLEURY, LAVALLE (apud HIJJAR et al., 2005)

Figura 10: Indicadores de serviço ao cliente e qualidade Fonte: Adaptado de Hijjar et al. (2005)

Page 42: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL ESCOLA DE ... Lorenzatto... · Universidade Federal do Rio Grande do Sul Escola de Engenharia Departamento de ... avaliação de desempenho

41

Tipo Exemplo de indicadores de

produtividade Fonte

Produtividade com valor agregado (número de pallets movimentados por hora ou número de unidades separadas ou empacotadas por hora ou quantidade de pedidos processados por hora).

CLM (apud HIJJAR et al., 2005); BOWERSOX, CLOSS (2001); SCOR – SCC (apud GASPARETTO, 2003);

Unidades expedidas por funcionário

CLM (apud HIJJAR et al., 2005); BOWERSOX, CLOSS (2001)

Unidades por unidade monetária de mão-de-obra

CLM (apud HIJJAR et al., 2005); BOWERSOX, CLOSS (2001)

Produtividade no nível micro – relacionada

diretamente a uma determinada

operação

Utilização eficiente de recursos CLM (apud HIJJAR et al., 2005); DORNIER et al. (2000); BEAMON; GUNASEKARAN, PATEL e TIRTIROGLU (apud GASPARETTO, 2003)

Total de despesas operacionais / valor total das mercadorias processadas (ou recebidas ou despachadas)

BOWERSOX, CLOSS (2001) Produtividade no nível macro – relacionada a indicadores de

desempenho para o total das

instalações das operações de um

grupo

Output total / input total STAINER (apud HIJJAR et al., 2005)

Figura 11: Indicadores de produtividade Fonte: Adaptado de Hijjar et al. (2005)

Tipo Exemplo de indicadores de

gerenciamento de ativos Fonte

Nível de estoque: quantidade de material realmente existente em estoque e disponível para uso

CLM (apud HIJJAR et al., 2005); BOWERSOX, CLOSS (2001); SCOR – SCC; GUNASEKARAN, PATEL e TIRTIROGLU (apud GASPARETTO, 2003)

Giro de estoque: razão do custo das vendas anuais pelo investimento médio em estoque no período

CLM (apud HIJJAR et al., 2005); BOWERSOX, CLOSS (2001); BALLOU (1995); KAPLAN, NORTON (2004); SCOR – SCC; STEWART (apud GASPARETTO, 2003)

Obsolescência do estoque: diferença entre o custo original e seu valor residual

CLM (apud HIJJAR et al., 2005); BOWERSOX, CLOSS (2001); LAMBERT, STOCK (apud HIJJAR et al., 2005)

Retorno sobre o capital próprio – ROE: razão do lucro líquido obtido no ano pelo patrimônio líquido da empresa

CLM (apud HIJJAR et al., 2005); BOWERSOX, CLOSS (2001)

Retorno sobre o investimento – ROI: relaciona os lucros provenientes de um investimento com a magnitude do mesmo

CLM (apud HIJJAR et al., 2005); BOWERSOX, CLOSS (2001); BEAMON; GUNASEKARAN, PATEL e TIRTIROGLU (apud GASPARETTO, 2003)

Retorno sobre os ativos – ROA: mostra a lucratividade em relação ao valor dos ativos empregados

LAMBERT, STOCK (apud HIJJAR et al., 2005)

Indicadores para gerenciamento de

ativos

Classificação dos estoques utilizando a curva ABC

CLM (apud HIJJAR et al., 2005)

Figura 12: Indicadores de gerenciamento de ativos Fonte: Adaptado de Hijjar et al. (2005)

Page 43: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL ESCOLA DE ... Lorenzatto... · Universidade Federal do Rio Grande do Sul Escola de Engenharia Departamento de ... avaliação de desempenho

42

Por fim, a Figura 13 ilustra os aspectos relevantes num sistema eficaz de mensuração

de desempenho segundo o modelo World Class Logistics. Como já apresentado na seção

2.2.2, adicionalmente ao acompanhamento das métricas, esse modelo propõe que sejam

adotadas algumas perspectivas de análise, assim como um sistema de gerenciamento que

permita a maior eficácia da mensuração de desempenho na empresa (HIJJAR et al., 2005).

MÉTRICAS

Serviço ao Cliente / Qualidade

Custos

Produtividade

Gerenciamento de Ativos

PERSPECTIVAS DE AVALIAÇÃO

Perspectiva funcional

Perspectiva de processo

Benchmarking

Perspectiva do Supply Chain

ASPECTOS OPERACIONAIS E DE GERENCIAMENTO

Suporte de um sistema de informação

Ações dinâmicas de acompanhamento dos

indicadores

Utilização efetiva dos resultados

MÉTRICAS

Serviço ao Cliente / Qualidade

Custos

Produtividade

Gerenciamento de Ativos

PERSPECTIVAS DE AVALIAÇÃO

Perspectiva funcional

Perspectiva de processo

Benchmarking

Perspectiva do Supply Chain

ASPECTOS OPERACIONAIS E DE GERENCIAMENTO

Suporte de um sistema de informação

Ações dinâmicas de acompanhamento dos

indicadores

Utilização efetiva dos resultados

Figura 13: Aspectos relevantes num sistema de mensuração de desempenho

Fonte: Hijjar et al. (2005)

2.3 CONSIDERAÇÕES SOBRE AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO E LOGÍSTICA

Os processos operacionais produzem e entregam bens e serviços para os clientes. De

acordo com Kaplan e Norton (2004, p.67), “embora a excelência operacional sozinha não seja

a base da estratégia sustentável, a gestão operacional ainda é prioridade em todas as

organizações”. Isso decorre do fato de que, sem operações excelentes, as empresas

enfrentarão dificuldades em executar as estratégias. Além disso, a implantação das ações

ocorre ao nível dos processos, pois é nesse ambiente que elas acontecem efetivamente.

Nesse sentido, sob a ótica do Balanced Scorecard, os processos de gestão

operacional conectam-se para cima aos objetivos das perspectivas do cliente e financeira e,

para baixo, à perspectiva de aprendizado e crescimento. A eficácia e eficiência da gestão

operacional criam condições para que a organização ofereça aos clientes uma proposição de

valor atraente. Da mesma forma, a excelência na operação impacta diretamente na

produtividade e, indiretamente, no crescimento da receita, que pertencem à perspectiva

financeira. Por último, os processos internos ligam-se aos objetivos de aprendizado e

Page 44: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL ESCOLA DE ... Lorenzatto... · Universidade Federal do Rio Grande do Sul Escola de Engenharia Departamento de ... avaliação de desempenho

43

crescimento à medida que estes identificam as competências, tecnologias e climas

organizacionais que sustentam a excelência na gestão operacional (KAPLAN; NORTON,

2004).

Nesse contexto, um sistema de medição bem estruturado constitui uma ferramenta

fundamental para o sucesso da gestão operacional, visto que orienta as ações na

operacionalização do planejamento estratégico. Portanto, o desempenho logístico deve ser

mensurado sob diversas perspectivas e, para tanto, devem ser utilizados indicadores que

capturem as dimensões mais importantes. Conseqüentemente, o sistema de indicadores de

desempenho logístico fornece aos tomadores de decisão uma visão de curto e longo prazo,

possibilitando a análise do desempenho em relação aos principais aspectos da estratégia

empresarial.

Page 45: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL ESCOLA DE ... Lorenzatto... · Universidade Federal do Rio Grande do Sul Escola de Engenharia Departamento de ... avaliação de desempenho

44

3 PROPOSTA ESTRUTURADA DE APLICAÇÃO

Este capítulo contempla a proposta do trabalho aplicado. Inicialmente, ele

compreende uma breve apresentação da empresa e da área em estudo e, a seguir, discute os

procedimentos metodológicos utilizados.

3.1 EMPRESA

A empresa onde o estudo foi realizado pertence a um grupo siderúrgico que ocupa a

posição de maior produtor de aços longos no continente americano. Esse grupo conta hoje

com uma capacidade instalada total de 25,9 milhões de toneladas de aço por ano e mais de 45

mil colaboradores. A sua gestão engloba cinco operações de negócios definidas a partir da

linha de produtos e localização geográfica das unidades. A organização tem como visão

estratégica ser uma empresa siderúrgica internacional, de classe mundial.

O trabalho foi realizado na unidade de aços especiais, a qual iniciou suas operações

em 1973 e foi adquirida pelo grupo em 1992. Os aços especiais diferem dos convencionais

por apresentarem maior teor de carbono e/ou possuírem elementos ligantes, além de

trabalharem com especificações mais críticas, tanto em relação à composição química quanto

a características mecânicas e metalúrgicas. A usina produz aços inoxidáveis, aços ferramenta,

aços ao carbono, ligados e microligados, sendo que a maior parte da produção destina-se a

atender a indústria automotiva e metal-mecânica. Quanto ao formato final, os aços produzidos

pela empresa estão disponíveis em barras laminadas (redondas e quadradas), fio-máquina ou

em barras forjadas (redondas, quadradas e chatas). Existem ainda opções de acabamento e

tratamento térmico. O fluxo de produção é apresentado no Apêndice A.

A empresa possui uma capacidade instalada de quinhentas mil toneladas anuais e

fornece aços especiais a mais de trezentos clientes no Brasil e exterior. Para alcançar tal

produção, a unidade conta com aproximadamente 1.400 funcionários.

3.1.1 Área Logística

No âmbito da empresa em estudo, a Logística é responsável pelo controle de

informações, transporte, estoque, armazenamento e manuseio de produtos intermediários e

prontos, faturamento e expedição. Além disso, é responsável pelos veículos industriais que

utiliza nas suas atividades e coordena a gestão de transportes externos de produtos (terceiros),

sua contratação, avaliação e controle.

Page 46: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL ESCOLA DE ... Lorenzatto... · Universidade Federal do Rio Grande do Sul Escola de Engenharia Departamento de ... avaliação de desempenho

45

A área está dividida em: logística interna; armazenagem e carregamento; e expedição

e transporte. Assim, visa compatibilizar a capacidade e necessidade das áreas produtivas, a

fim de atingir os objetivos de serviço ao cliente, qualidade, custos, produtividade e

gerenciamento de ativos.

Os processos da logística interna, que envolvem o controle, a movimentação e

armazenagem dos materiais intermediários dentro da usina e o abastecimento de todas as

áreas produtivas, são divididos em duas células: Pátio de Tarugos e Pátio de Barras. Essas

duas células são responsáveis pelo fluxo entre áreas, o que possibilita as transformações que

agregam valor aos produtos. Sendo assim, as maiores preocupações dessas células dizem

respeito a: custos, satisfação dos clientes internos, qualidade, utilização dos recursos de

movimentação, produtividade da mão-de-obra, níveis de estoque e acuracidade de inventário.

Já a célula de armazenagem e carregamento é responsável pelo recebimento,

armazenagem, movimentação, carregamento e controle dos produtos prontos dentro dos

depósitos. Dessa forma, seus elementos relevantes, que devem ser monitorados,

compreendem: produtividade das frentes de carregamento, tempo de permanência dos

veículos, utilização dos recursos de movimentação, níveis de estoque, acuracidade de

inventário, além dos custos envolvidos nessas atividades.

Por fim, a célula de expedição e transporte realiza a interface com os clientes da

empresa, encaminhando os produtos até o mercado consumidor e concretizando a

comercialização. Assim, é responsável pela gestão de transportes, os quais são feitos por

empresas transportadoras (serviço terceirizado). Conseqüentemente, as maiores preocupações

dessa célula são: satisfação dos clientes, atendimento ao prazo de entrega, custos de entrega,

qualificação e avaliação dos transportadores e o desenvolvimento de novas alternativas

logísticas.

Este trabalho, realizado na área de logística, foi conduzido de acordo com os

procedimentos metodológicos apresentados na seção 3.2.

3.2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Os procedimentos metodológicos utilizados neste estudo seguem as indicações de

Gehlen de Leão (2004), do modelo World Class Logistics (CLM apud HIJJAR et al., 2005),

Gasparetto (2003) e Savaris e Voltolini (2004). Mais especificamente, a análise dos

indicadores atuais e a estruturação do sistema de indicadores logísticos foram conduzidas de

acordo com a primeira etapa prevista no modelo conceitual proposto por Gehlen de Leão

Page 47: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL ESCOLA DE ... Lorenzatto... · Universidade Federal do Rio Grande do Sul Escola de Engenharia Departamento de ... avaliação de desempenho

46

(2004), conforme apresentado na Figura 14. Paralelamente, a construção do sistema de

indicadores orientou-se pelo conjunto de questões proposto por Gasparetto (2003).

Finalmente, o sistema desenvolvido foi avaliado através de uma adaptação dos testes

propostos por Savaris e Voltolini (2004).

Elaboração de Projetos de Aperfeiçoamento Análise de Projetos de Investimento

Aperfeiçoamento da Logística Empresarial

Avaliação do Desempenho Logístico

Construção de Mapas Estratégicos Mapeamento de Processos Logísticos

Definição de Indicadores de Desempenho Logístico

Sistemas de Avaliação de Desempenho Logístico

Figura 14: Modelo conceitual para gerenciamento da logística empresarial

Fonte: Gehlen de Leão (2004)

3.2.1 Análise dos indicadores utilizados atualmente

Gehlen de Leão (2004) explica que um sistema de avaliação de desempenho logístico

pode ser desenvolvido a partir da construção de um mapa estratégico, da análise da estrutura

organizacional e do mapeamento dos processos logísticos, permitindo a definição de um

sistema de indicadores de desempenho para gerenciamento da logística empresarial.

De acordo com Gehlen de Leão (2004), a construção de mapas estratégicos permite a

identificação dos processos que são competência central da empresa, através de uma análise

da cadeia de agregação de valor. Segundo o autor, determinam-se, então, os processos

estratégicos, que são aqueles que influenciam a percepção do cliente quanto ao desempenho

logístico, e que permitem atingir as metas financeiras. Também devem ser considerados

estratégicos os processos que exigem pessoal, informação e procedimentos especializados ou

que envolvam tecnologia estratégica.

Page 48: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL ESCOLA DE ... Lorenzatto... · Universidade Federal do Rio Grande do Sul Escola de Engenharia Departamento de ... avaliação de desempenho

47

Gehlen de Leão (2004) ainda afirma que, a seguir, realiza-se um diagnóstico segundo

as quatro perspectivas genéricas do Balanced Scorecard e determinam-se os indicadores e as

respectivas metas de desempenho. O mesmo autor sugere a utilização de benchmarking para a

determinação desses indicadores e metas.

Conforme apresentado nas delimitações do trabalho, como a empresa já utiliza o

Balanced Scorecard como sistema de gestão estratégico e adota práticas de benchmarking, o

modelo apresentado por Gehlen de Leão (2004) está adequado à cultura empresarial e,

portanto, pode ser seguido no momento de aplicação deste trabalho.

Na condução deste trabalho, o mapa estratégico da empresa serviu apenas como

referência. No entanto, o mapa dos processos logísticos foi analisado criticamente. Nesse

contexto, utilizou-se a revisão teórica realizada como base para verificar o alinhamento dos

objetivos e indicadores estratégicos da empresa com os indicadores locais. Assim, tendo como

referência o mapa estratégico da empresa, foca-se nos indicadores estratégicos da perspectiva

de processos e analisam-se as suas relações com os indicadores logísticos.

3.2.2 Construção de um placar de indicadores de desempenho logístico

Segundo o modelo conceitual apresentado na Figura 14, na primeira etapa há uma

sub-etapa dedicada à definição de indicadores de desempenho logístico. Como neste estudo de

caso, os indicadores logísticos já existiam, eles foram criticamente analisados, agrupados e

estruturados de acordo com as métricas propostas pelo modelo World Class Logistics.

Conforme explicado na seção 2.2.3, essas métricas são: serviço ao cliente e qualidade, custos,

produtividade e gerenciamento de ativos.

É pertinente explicitar que a estruturação nas métricas do modelo World Class

Logistics foi feita a fim de facilitar a compreensão dos indicadores e com o objetivo de

proporcionar uma visão estratégica do sistema de avaliação de desempenho. Durante essa

estruturação, foram estudados os dados que compõem cada indicador, como eles são

calculados e foi coletada uma amostra de valores históricos para cada um.

O resultado desse estudo revelou deficiências no sistema anterior e conduziu a um

redesenho do placar de indicadores para a área Logística. Dessa maneira, técnicas qualitativas

(estudo de estratégias e indicadores associados) e quantitativas (estudo numérico dos

indicadores, faixas, metas) foram empregadas.

Page 49: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL ESCOLA DE ... Lorenzatto... · Universidade Federal do Rio Grande do Sul Escola de Engenharia Departamento de ... avaliação de desempenho

48

A estruturação do sistema contemplou questões envolvidas na construção de um

modelo de avaliação de desempenho, tais como (GASPARETTO, 2003):

a) O que será mensurado?

b) Como vários indicadores individuais serão integrados em um sistema de

mensuração?

c) Com que freqüência mensurar?

d) Como e quando os indicadores serão reavaliados?

Cabe mencionar que as informações necessárias para alimentar o sistema de

indicadores logísticos encontram-se disponíveis nos sistemas de informação já utilizados pela

empresa.

3.2.3 Avaliação do sistema proposto

O sistema como um todo deve ser avaliado. Isso foi feito através de uma adaptação

da proposta de Savaris e Voltolini (2004). Neste trabalho foram utilizados três testes,

detalhados a seguir, para avaliar se a medida projetada é boa ou não:

a) O teste da relevância: o que está sendo medido é o que se quer e esta medida

tem foco, é veraz e é consistente? Ou seja, as informações traduzidas por este

indicador refletem o que se quer e ele está suficientemente específico para mostrar

quando o processo melhora ou piora na realidade?

b) O teste de acessibilidade: é fácil localizar e coletar os dados necessários para

fazer a mensuração? E em relação ao custo, vale a pena medir o indicador? Ou seja,

analisando a relação custo versus benefício, o indicador é acessível?

c) O teste de clareza: o indicador é facilmente compreendido por todos sem que

surjam ambigüidades na interpretação dos resultados?

Portanto, além de ser projetado e implementado, o sistema de medição de

desempenho deve ser analisado e revisado continuamente, assegurando que, num processo

dinâmico e muitas vezes complexo de avaliação de desempenho, ele não perca sua

representatividade e agilidade. O processo de monitoramento e revisão contínua da

metodologia, dos indicadores adotados e do sistema como um todo deve ser encarado, pela

sua complexidade, como um processo de gerenciamento (BUOSI et al., 2003).

Page 50: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL ESCOLA DE ... Lorenzatto... · Universidade Federal do Rio Grande do Sul Escola de Engenharia Departamento de ... avaliação de desempenho

49

4 ESTRUTURAÇÃO DE UM SISTEMA DE INDICADORES LOGÍSTICOS

Este capítulo contempla a aplicação dos procedimentos metodológicos explicados na

seção 3.2. Além disso, apresenta a exposição e discussão dos resultados obtidos neste estudo

de caso e uma análise crítica do trabalho desenvolvido. Assim, ele contém as seguintes etapas:

(i) análise dos indicadores utilizados atualmente, (ii) construção de um placar de indicadores

de desempenho logístico e (iii) avaliação do sistema proposto.

4.1 ANÁLISE DOS INDICADORES UTILIZADOS ATUALMENTE

Seguindo o modelo conceitual para gerenciamento da logística empresarial proposto

por Gehlen de Leão (2004), a primeira análise realizada compreendeu os indicadores

utilizados atualmente pela empresa e pela área Logística. Neste contexto, primeiramente

foram estudados os mapas estratégicos da empresa e da área, seguidos da análise dos

indicadores estratégicos e dos indicadores locais.

As Figuras 15 e 16 representam, respectivamente, os mapas estratégicos da empresa

e da área em estudo. Vale mencionar que, para garantir o sigilo das informações contidas

nesses mapas, eles foram adaptados para serem utilizados neste trabalho. As adaptações

realizadas, contudo, não prejudicam as análises e discussões apresentadas neste capítulo. A

partir de uma análise do mapa estratégico da Logística, é perceptível o seu alinhamento ao

mapa estratégico da empresa nas quatro perspectivas do Balanced Scorecard: financeira; de

clientes; de processos; e de pessoas, aprendizado e crescimento.

Considerando o mapa estratégico da empresa, a ênfase deste trabalho corresponde a

perspectiva de processos, onde será feita a análise dos indicadores estratégicos. Esse enfoque

foi escolhido porque é principalmente essa perspectiva que é influenciada pelo desempenho

logístico. Assim, foram coletados junto à área responsável da empresa os indicadores

estratégicos de: eficácia no uso dos recursos, excelência em processos, relacionamento com

cliente e responsabilidade sócio-ambiental. Esses quatro grupos são exatamente os que

aparecem no mapa estratégico da empresa na perspectiva de processos. A Figura 17 apresenta

esses indicadores.

Page 51: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL ESCOLA DE ... Lorenzatto... · Universidade Federal do Rio Grande do Sul Escola de Engenharia Departamento de ... avaliação de desempenho

50

Figura 15: Mapa estratégico da empresa em estudo Fonte: Adaptado da empresa em estudo

MAPA ESTRATÉGICO EMPRESA

Perspectiva Financeira

Perspectiva de Clientes e Comunidade

Perspectiva de Processos

Perspectiva de Pessoas, Aprendizado e Crescimento

Eficácia Operacional Foco no Cliente

Reduzir Custos

Maximizar Resultados

Maximizar Receitas

Ter a preferência do cliente

Obter qualidade em produtos e serviços, percebida e valorizada pelo cliente

Contribuir para o desenvolvimentodas comunidades

onde atuamos

Eficácia no uso dos recursos

Aumentar a eficácia de compras

Maximizar a ocupação Da capacidade da usina

Excelência em Processos

Estabilizar e otimizarTodos os processos

Aprimorar a gestão do Planejamento de vendas

e produção

Relacionamento com o cliente

Flexibilizar a operação

Aprimorar relacionamentoCom o cliente

Desenvolver relacionamentoCom a cadeia produtiva

ResponsabilidadeSócio-Ambiental

Apoiar projetos com Sustentabilidade

Trabalhar em Harmonia com o M.A.

Competências

Prover competências

Ambiente de Trabalho

Garantir a segurança total

Fortalecer comprometimentoE realização das pessoas

Tecnologias

Manter tecnologiasatualizadas

Contribuição para o sucesso dos clientesSoluções competitivas para a cadeia produtiva

Flexibilidade e pontualidade na entregaQualidade dos produtos e serviços

MAPA ESTRATÉGICO EMPRESA

Perspectiva Financeira

Perspectiva de Clientes e Comunidade

Perspectiva de Processos

Perspectiva de Pessoas, Aprendizado e Crescimento

Eficácia Operacional Foco no Cliente

Reduzir Custos

Maximizar Resultados

Maximizar Receitas

Ter a preferência do cliente

Obter qualidade em produtos e serviços, percebida e valorizada pelo cliente

Contribuir para o desenvolvimentodas comunidades

onde atuamos

Eficácia no uso dos recursos

Aumentar a eficácia de compras

Maximizar a ocupação Da capacidade da usina

Excelência em Processos

Estabilizar e otimizarTodos os processos

Aprimorar a gestão do Planejamento de vendas

e produção

Relacionamento com o cliente

Flexibilizar a operação

Aprimorar relacionamentoCom o cliente

Desenvolver relacionamentoCom a cadeia produtiva

ResponsabilidadeSócio-Ambiental

Apoiar projetos com Sustentabilidade

Trabalhar em Harmonia com o M.A.

Competências

Prover competências

Ambiente de Trabalho

Garantir a segurança total

Fortalecer comprometimentoE realização das pessoas

Tecnologias

Manter tecnologiasatualizadas

Contribuição para o sucesso dos clientesSoluções competitivas para a cadeia produtiva

Flexibilidade e pontualidade na entregaQualidade dos produtos e serviços

Page 52: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL ESCOLA DE ... Lorenzatto... · Universidade Federal do Rio Grande do Sul Escola de Engenharia Departamento de ... avaliação de desempenho

51

Figura 16: Mapa estratégico da Logística Fonte: Adaptado da empresa em estudo

MAPA ESTRATÉGICO LOGÍSTICA

Perspectiva Financeira

Perspectiva de Clientes e Comunidade

Perspectiva de Processos

Perspectiva de Pessoas, Aprendizado e Crescimento

Otimizar os preços de frete

Contribuir para a maximização dos objetivos

Atender na quantidade e prazo prometidos e garantir qualidade do

produto e do atendimento

Desenvolver transportadoresqualificados

Garantir disponibilidade De recursos

Adequada à demanda

Otimizar a eficiência Dos processos

Explorar e desenvolver novas Alternativas logísticas

Balancear concentraçãoE pulverização de transportadores.

Competências

Desenvolvercompetências

Ambiente de Trabalho

Garantir a segurança total

Orientar equipes para resultados

Tecnologias

Buscar atualização em Logística

Obter qualidade diferenciadaPercebida e valorizada pelo cliente

Prover motivação das equipes

Maximizar o uso da tecnologiaDe gestão e informação

Custos de entrega otimizados

Otimizar custo operacional

Inteligência OperacionalGarantir uma malha Logística competitiva

Contribuir para a otimização Do atendimento no prazo

MAPA ESTRATÉGICO LOGÍSTICA

Perspectiva Financeira

Perspectiva de Clientes e Comunidade

Perspectiva de Processos

Perspectiva de Pessoas, Aprendizado e Crescimento

Otimizar os preços de frete

Contribuir para a maximização dos objetivos

Atender na quantidade e prazo prometidos e garantir qualidade do

produto e do atendimento

Desenvolver transportadoresqualificados

Garantir disponibilidade De recursos

Adequada à demanda

Otimizar a eficiência Dos processos

Explorar e desenvolver novas Alternativas logísticas

Balancear concentraçãoE pulverização de transportadores.

Competências

Desenvolvercompetências

Ambiente de Trabalho

Garantir a segurança total

Orientar equipes para resultados

Tecnologias

Buscar atualização em Logística

Obter qualidade diferenciadaPercebida e valorizada pelo cliente

Prover motivação das equipes

Maximizar o uso da tecnologiaDe gestão e informação

Custos de entrega otimizados

Otimizar custo operacional

Inteligência OperacionalGarantir uma malha Logística competitiva

Contribuir para a otimização Do atendimento no prazo

Page 53: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL ESCOLA DE ... Lorenzatto... · Universidade Federal do Rio Grande do Sul Escola de Engenharia Departamento de ... avaliação de desempenho

52

Entregas (kT) Eficácia no uso dos recursos Variação média nos preços dos insumos (%)

GAP industrial (US$/ano) Reclamações de clientes (ppm) Excelência em processos Eficácia do planejamento de vendas Atendimento de pedidos no prazo solicitado (%) Relacionamento com o

cliente Satisfação de clientes com serviços e atendimento (%) Projetos com a comunidade (nº) Responsabilidade sócio-

ambiental Reutilização de resíduos (%) Figura 17: Indicadores estratégicos da perspectiva de processos

Fonte: Adaptado da empresa em estudo

Na seqüência, foram coletados os indicadores utilizados atualmente pela área

Logística. Essa coleta foi realizada com os dados disponibilizados nos sistemas de informação

da empresa. Cabe lembrar que, conforme apresentado na seção 3.1.1, a área está divida em:

logística interna (Pátio de Tarugos e Pátio de Barras); armazenagem e carregamento; e

expedição e transporte. Portanto, há indicadores para cada célula, além dos indicadores da

área.

Para melhor compreensão de todos os indicadores logísticos, e considerando a

necessidade de obter uma visão geral desses indicadores, eles foram classificados de acordo

com as métricas do modelo World Class Logistics (WCL), conforme a Figura 18.

Ao considerar essa classificação, percebeu-se que a distribuição do número de

indicadores para cada métrica não é uniforme. Cerca de 60% dos indicadores existentes

mensuram o serviço ao cliente e qualidade, 23% referem-se a custos, 17% medem aspectos de

produtividade e 17% restantes avaliam o gerenciamento de ativos. Vale mencionar que esta

importância dada à métrica de serviço ao cliente e qualidade demonstra-se plausível quando

se recorre ao referencial teórico. Muitos autores defendem o serviço ao cliente como forma de

se agregar valor ao produto e, portanto a sua mensuração deve ser valorizada na definição da

estratégia competitiva da empresa, principalmente no âmbito da Logística.

Page 54: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL ESCOLA DE ... Lorenzatto... · Universidade Federal do Rio Grande do Sul Escola de Engenharia Departamento de ... avaliação de desempenho

53

Cél

ula

Itens de Controle

Un

idad

e

Cu

sto

s

Ser

viço

ao

clie

nte

e

qu

alid

ade

Pro

du

tivi

dad

e

Ger

enci

amen

to d

e A

tivo

s

4 Atraso de Carregamento - entregas atendidas fora do prazo % x3 Eliminar as RCs por Mistura de Material (interna + RC) nº x1 Eliminar as RCs por Mistura de Material (interna + RC) nº x4 Estabilização de Processos - Reclamações de Cliente ppm x1 Acurácia de Estoque no Inventário % x2 Acurácia de Estoque no Inventário % x1 Anomalias Tratadas % x2 Anomalias Tratadas % x1 Atendimento à Matriz de Capacitação %2 Atendimento à Matriz de Capacitação %0 Atendimento à Matriz de Capacitação %1 Atendimento ao Inventário nº x2 Atendimento ao Inventário nº x1 Auditoria de Padrões % x2 Auditoria de Padrões % x4 Cesta Padrão de Fretes R$/t x4 Cesta Padrão de Fretes US$/t x0 Custo Total de Entregas US$/t x1 Diferença de Estoque no Inventário % x2 Diferença de Estoque no Inventário % x1 Horas Extras % x2 Horas Extras % x3 Índice de Desclassificação de Fio-Máquina por Manuseio % x4 Retirada de Remessas em D+3 % x4 Frete / Receita Líquida % x0 Custo Operacional R$/t x0 Custo Operacional US$/t x3 Tempo Médio de Permanência min x4 Matriz de Modais % x1 Notas de QM + Reclamações de Cliente nº x2 Notas de QM + Reclamações de Cliente nº x1 Não Atendimento ao Programa nº x2 Não Atendimento ao Programa nº x1 Pendências de Anomalias % x2 Pendências de Anomalias % x1 Pendências de Auditoria de Padrões % x2 Pendências de Auditoria de Padrões % x0 Produtividade Logística t/H.a x0 Programa Metas - % do Salário %0 Quadro de Lotação nº4 Retirada de Cargas em até D+0 % x4 Retirada de Remessas em D+1 % x0 Acidentes CPT Total nº x0 Acidentes SPT Total nº x1 Produtividade Recursos de Movimentação % x2 Produtividade Recursos de Movimentação % x

23% 60% 17% 17% Figura 18: Classificação dos indicadores logísticos nas métricas do modelo WCL

Fonte: Elaborado pela autora

Page 55: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL ESCOLA DE ... Lorenzatto... · Universidade Federal do Rio Grande do Sul Escola de Engenharia Departamento de ... avaliação de desempenho

54

Mantendo essas métricas, e considerando o objetivo de relacionar os indicadores

estratégicos da perspectiva de processos aos indicadores logísticos existentes, realizou-se uma

análise qualitativa. Essa inter-relação foi feita como uma primeira tentativa para verificar o

quanto os indicadores logísticos estão alinhados aos indicadores estratégicos. A Figura 19

apresenta essa análise e a partir dela pode-se inferir: (i) os indicadores de custos logísticos

estão relacionados a um dos indicadores estratégicos de processos; (ii) os indicadores de

serviço ao cliente e qualidade estão fortemente ligados a três indicadores estratégicos de

processos; (iii) os indicadores de produtividade logística estão fortemente conectados a dois

indicadores estratégicos de processo; (iv) os indicadores de gerenciamento de ativos não

possuem relação direta com nenhum indicador estratégico de processo.

Un

idad

e

Cu

sto

s

Ser

viço

ao

clie

nte

e

qu

alid

ade

Pro

du

tivi

dad

e

Ger

enci

amen

to d

e A

tivo

s

Eficácia no uso dos recursosEntregas mil t Forte

Variação média nos preços dos insumos %

Excelência em ProcessosGAP Industrial US$/ano Médio Forte

Reclamações de Clientes ppm Forte

Eficácia do Planejamento de VendasRelacionamento com o cliente / cadeia produtiva

Atendimento de pedidos com prazo solicitado % Forte

Satisfação de cliente com serviços e atendimento % Forte

Responsabilidade Sócio-AmbientalProjetos com a comunidade nº

Reutilização de resíduos %

Indicadores Logísticos

Indicadores Estratégicos da Perspectiva de Processos

Figura 19: Análise qualitativa dos indicadores estratégicos versus indicadores logísticos

Fonte: Elaborado pela autora

Neste contexto, percebeu-se que a forma como os indicadores estão dispostos

atualmente, não está adequada e, por isso, esse sistema de mensuração do desempenho

logístico não possibilita que ações eficientes sejam tomadas. Todos os indicadores são

tratados da mesma maneira, de forma que estão misturados indicadores de desempenho, que

traduzem desempenho, com indicadores de processo, que não indicam diretamente

desempenho, mas podem explicar o desempenho obtido. Uma gestão sobre os indicadores, do

modo como eles estão, requer mais recursos do que o necessário.

Page 56: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL ESCOLA DE ... Lorenzatto... · Universidade Federal do Rio Grande do Sul Escola de Engenharia Departamento de ... avaliação de desempenho

55

Além disso, quando se partiu para a compreensão dos valores de cada indicador

logístico, um aspecto importante observado foi a existência de apenas dois valores de

referência: planejado e real. Ou seja, neste caso não há informação explicita de benchmarking.

Embora o valor planejado possa considerar além de cenários e dados históricos, o benchmark,

é relevante saber com precisão esse valor para que ele seja almejado. Aliás, a avaliação de

performance que utiliza como comparação o desempenho anterior pode gerar uma falsa

sensação de segurança.

Ainda, como cada indicador possui sua unidade de medida, uma comparação em

maior profundidade dos indicadores entre si é inviável. Por exemplo, dois indicadores podem

estar a duas unidades de distância da sua meta, contudo, como as unidades e faixas de

variação são diferentes, isso pode significar desempenhos muito distintos.

A Figura 20 ilustra uma amostra do sistema de indicadores utilizado atualmente. O

cálculo dos indicadores, tanto para os do tipo menor-é-melhor quanto para os do tipo maior-é-

melhor, ocorre da seguinte forma:

Desempenho = Real / Planejado (eq. 1)

Assim, considerando-se, por exemplo, “Cesta Padrão de Fretes” em julho, que é um

indicador do tipo menor-é-melhor, tem-se:

Desempenho = (81,80 / 76,50) = 1,07

Da mesma maneira, analisando-se “Auditoria de Padrões” em dezembro, que é um

indicador do tipo maior-é-melhor, tem-se:

Desempenho = (100,00 / 85,00) = 1,06

Também se observa na Figura 20 que a distinção entre os indicadores do tipo menor-

é-melhor para os do tipo maior-é-melhor foi feita na definição das faixas, através do sinaleiro

verde, amarelo e vermelho. Para os indicadores do tipo menor-é-melhor, foi utilizada a regra:

verde – R <= 1,02; amarelo – 1,02 < R < 1,12; vermelho – R> =1,12. Já para os do tipo

maior-é-melhor, usou-se: verde – R >= 0,98; amarelo – 0,88 < R < 0,98; vermelho – R <=

0,88.

Para finalizar este passo metodológico e completar a primeira etapa do modelo

conceitual de Gehlen de Leão (2004), convém mencionar a questão referente a mapeamento

de processos logísticos. Neste estudo de caso, como os indicadores não serão criados e, sim,

estruturados em um sistema mais eficiente para uso gerencial, torna-se dispensável um

mapeamento detalhado dos processos. No entanto, é válida a visão geral dos processos

logísticos, a qual pode ser obtida através do fluxo de produção que se encontra no Apêndice

A. As atividades logísticas envolvendo as áreas Aciaria, Preparo de Tarugos, Forjaria,

Page 57: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL ESCOLA DE ... Lorenzatto... · Universidade Federal do Rio Grande do Sul Escola de Engenharia Departamento de ... avaliação de desempenho

56

Laminação, Tratamento Térmico, Transformação Mecânica e expedição são realizadas pela

área em estudo. Portanto, os indicadores devem refletir o desempenho logístico para todas

essas operações.

Cél Itens de Controle Un. P/R jul ago set out nov dez Vd Am Vm

Plan. 0,30 0,30 0,30 0,20 0,20 0,20Real 0,30 0,90 0,20 4,40 3,40 1,20Ind 1,00 3,00 0,67 22,00 17,00 6,00Plan. 0,02 0,02 0,02 0,02 0,02 0,02Real 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00Ind 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00Plan. 1,00 0,02 0,02 1,00 0,02 1,00Real 1,00 2,00 1,00 1,00 0,02 1,00Ind 1,00 100,00 50,00 1,00 1,00 1,00Plan. 943,00 629,00 629,00 629,00 629,00 629,00Real 610,00 293,00 634,00 330,00 0,00 0,00Ind 0,65 0,47 1,01 0,52 0,00 0,00Plan. 93,80 93,80 93,80 93,80 93,80 93,80Real 97,90 98,50 98,70 98,20 97,91 93,70Ind 1,04 1,05 1,05 1,05 1,04 1,00Plan. 88,00 88,00 88,00 88,00 88,00 88,00Real 89,11 92,26 86,90 89,95 92,10 93,55Ind 1,01 1,05 0,99 1,02 1,05 1,06Plan. 80,00 80,00 80,00 80,00 80,00 80,00Real 100,00 83,00 80,00 100,00 100,00 100,00Ind 1,25 1,04 1,00 1,25 1,25 1,25Plan. 80,00 80,00 80,00 80,00 80,00 80,00Real 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 80,00Ind 1,25 1,25 1,25 1,25 1,25 1,00Plan. 69,00 71,00 72,00 51,00 53,00 55,00Real 69,00 71,00 46,70 51,10 56,70 60,50Ind 1,00 1,00 0,65 1,00 1,07 1,10Plan. 32,00 204,00 504,00 750,00 900,00 1271,0Real 32,00 204,00 314,00 513,00 687,00 1271,0Ind 1,00 1,00 0,62 0,68 0,76 1,00Plan. 86,00 224,00 332,00 441,00 657,00 986,00Real 88,00 296,00 426,00 535,00 751,00 986,00Ind 1,02 1,32 1,28 1,21 1,14 1,00Plan. 80,00 80,00 80,00 80,00 80,00 80,00Real 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 85,00Ind 1,25 1,25 1,25 1,25 1,25 1,06Plan. 76,50 76,50 76,50 76,00 75,50 75,00Real 81,80 82,30 80,30 81,00 81,60 81,70Ind 1,07 1,08 1,05 1,07 1,08 1,09

0,88 < R < 0,98

R <= 0,88

1,02 < R < 1,12

R >= 1,12

0,88 < R < 0,98

R <= 0,88

0,88 < R < 0,98

R <= 0,88

0,88 < R < 0,98

R <= 0,88

0,88 < R < 0,98

R <= 0,88

R <= 0,88

0,88 < R < 0,98

R <= 0,88

0,88 < R < 0,98

R <= 0,88

R <= 1,02

1,02 < R < 1,12

R >= 1,12

1,02 < R < 1,12

R >= 1,12

1,02 < R < 1,12

R >= 1,12

1,02 < R < 1,12

R >= 1,12

0,88 < R < 0,98

R >= 0,98

R >= 0,98

R >= 0,98

R >= 0,98

R >= 0,98

R >= 0,98

R >= 0,98

R >= 0,98

R <= 1,02

R <= 1,02

R <= 1,02

R <= 1,02

2

1

4

0

1

4

3

1

4

2

1

1

2

%

R$/t

%

%

%

%

%

%

ppm

Cesta Padrão de Fretes

Atendimento ao Inventário

Auditoria de Padrões

Anomalias Tratadas

Atendimento à Matriz de Capacitação

Acurácia de Estoque no Inventário

Acurácia de Estoque no Inventário

Anomalias Tratadas

Atendimento ao Inventário

Atraso de Carregamento - entregas atendidas fora do prazo

Eliminar as RCs por Mistura de Material (interna + RC)

Eliminar as RCs por Mistura de Material (interna + RC)

Estabilização de Processos - Reclamações de Cliente

Figura 20: Amostra do atual sistema de indicadores logísticos

Fonte: Adaptado da empresa em estudo

4.2 CONSTRUÇÃO DE UM PLACAR DE INDICADORES DE DESEMPENHO

LOGÍSTICO

Como já explicado, a construção do novo placar teve como ponto de partida a análise

crítica do atual sistema de indicadores logísticos. Na seção 4.1, foram identificados alguns

problemas desse sistema que foram solucionados na nova proposta.

Page 58: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL ESCOLA DE ... Lorenzatto... · Universidade Federal do Rio Grande do Sul Escola de Engenharia Departamento de ... avaliação de desempenho

57

O primeiro problema analisado relaciona-se à questão de que todos os indicadores

são tratados da mesma maneira, ou seja, há indicadores de desempenho – que traduzem

diretamente desempenho – posicionados ao lado de indicadores de processo – que não

indicam desempenho, mas podem explicar o desempenho obtido.

Com o objetivo de fazer essa distinção, entre indicadores de desempenho (ID) e

indicadores que explicam desempenho (IQED), todos os indicadores foram analisados

individualmente. Essa análise foi realizada com a participação de uma equipe da empresa

composta pelo gestor da área, um facilitador, um operador e um estagiário. Os critérios

utilizados nessa classificação foram qualitativos e empíricos, e a decisão foi baseada em

consenso.

Com a intenção de facilitar a análise e sustentar a visão estratégica do sistema de

avaliação de desempenho, optou-se por manter os indicadores agrupados nas métricas do

modelo World Class Logistics: serviço ao cliente e qualidade, custos, produtividade e

gerenciamento de ativos. Vale lembrar que esse agrupamento havia sido realizado

anteriormente, quando se estava analisando o sistema atual de indicadores e relacionando os

indicadores estratégicos da perspectiva de processos aos indicadores logísticos, na seção 4.1.

A Figura 21 apresenta uma amostra da classificação entre ID e IQED da métrica

serviço ao cliente e qualidade. Por esses indicadores, percebe-se que todos os que foram

classificados como indicadores de desempenho, realmente traduzem resultados da área. Por

exemplo, “Eliminar as RCs por Mistura de Material (interna + RC)” indica que sempre que há

alguma RC (reclamação de cliente) a área obteve um desempenho ruim neste quesito. Da

mesma forma ocorre com o “Não Atendimento ao Programa”, “Atraso de Carregamento –

entregas atendidas fora do prazo” e demais IDs. Já os IQEDs consistem em indicadores que

não indicam desempenho, mas podem explicar o desempenho obtido em um ID. Por exemplo,

“Anomalias Tratadas”, quando analisada pontualmente, não reflete um desempenho, mas ela

pode explicar o porquê do resultado do ID “Não Atendimento ao Programa”.

Essa mesma análise foi realizada com os indicadores de custos, produtividade e

gerenciamento de ativos. Nesse contexto, como o objetivo do novo placar é o gerenciamento

estratégico, configurando um instrumento de apoio à tomada de decisão por parte da gerência,

ele contemplou apenas os IDs. Cabe explicar que ao considerar a lógica do BSC e a análise

qualitativa dos indicadores estratégicos versus indicadores logísticos realizada, é cabível

afirmar que os indicadores da área Logística foram originados do desdobramento dos

indicadores da empresa e, portanto, os IDs da área são, possivelmente, os IQEDs da empresa.

A coleta dos valores dos IQEDs da Logística se manteve, porém eles são analisados por

Page 59: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL ESCOLA DE ... Lorenzatto... · Universidade Federal do Rio Grande do Sul Escola de Engenharia Departamento de ... avaliação de desempenho

58

responsáveis que respondem à gerência e são utilizados para prevenir um mau desempenho de

um ID ou quando um ID já apresentou um mau desempenho e deseja-se buscar a sua causa

para evitar a reincidência.

ID/IQED Cél. Indicadores Logísticos Un.ID 1 Eliminar as RCs por Mistura de Material (interna + RC) nºIQED 1 Anomalias Tratadas %IQED 1 Auditoria de Padrões %ID 1 Notas de QM + Reclamações de Cliente nºID 1 Não Atendimento ao Programa nºIQED 1 Pendências de Anomalias %IQED 1 Pendências de Auditoria de Padrões %IQED 2 Anomalias Tratadas * %IQED 2 Auditoria de Padrões * %ID 2 Notas de QM + Reclamações de Cliente * nºID 2 Não Atendimento ao Programa * nºIQED 2 Pendências de Anomalias * %IQED 2 Pendências de Auditoria de Padrões * %ID 3 Eliminar as RCs por Mistura de Material (interna + RC) * nºID 3 Índice de Desclassificação de Fio-Máquina por Manuseio %ID 4 Atraso de Carregamento - entregas atendidas fora do prazo %ID 4 Estabilização de Processos - Reclamações de Cliente ppmID 4 Retirada de Remessas em D+3 %IQED 4 Matriz de Modais %ID 4 Retirada de Cargas em até D+0 %ID 4 Retirada de Remessas em D+1 %

Serviço ao cliente e qualidade

* Há indicadores repetidos, porque pertencem a células distintas.

Figura 21: Amostra de ID e IQED Fonte: Elaborado pela autora

O segundo problema destacado no sistema atual refere-se à existência de apenas dois

valores de referência para cada indicador: planejado e real. Nesta nova proposta buscou-se

considerar além do valor planejado (que pode ser considerado como o limite aceitável), um

resultado ótimo ou um benchmarking. Deste modo, é possível avaliar o quão distante o

resultado real está do ótimo em relação à diferença do aceitável para o ótimo. Para melhor

compreensão e visualização, a Figura 22 ilustra uma amostra dos indicadores e seus valores

reais, aceitáveis e ótimos. Os indicadores na íntegra estão no Apêndice B.

Nesta proposta, o cálculo dos indicadores, tanto para os do tipo menor-é-melhor

quanto para os do tipo maior-é-melhor, ocorre da seguinte forma:

Desempenho = (Real – Ótimo) / (Aceitável – Ótimo) (eq. 2)

Assim, considerando-se, por exemplo, “Cesta Padrão de Fretes” em julho, que é um

indicador do tipo menor-é-melhor, tem-se:

Page 60: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL ESCOLA DE ... Lorenzatto... · Universidade Federal do Rio Grande do Sul Escola de Engenharia Departamento de ... avaliação de desempenho

59

Desempenho = (81,80 – 74,00) / (79,00 – 74,00) = 1,56

Da mesma maneira, analisando-se “Auditoria de Padrões” em dezembro, que é um

indicador do tipo maior-é-melhor, tem-se:

Desempenho = (85,00 – 100,00) / (80,00 – 100,00) = 0,75

Cél Itens de Controle Métrica Un. P/R jul/06 ago/06 set/06 out/06 nov/06 dez/06

Otm 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00Aceit. 0,50 0,50 0,50 0,50 0,50 0,50Real 0,30 0,90 0,20 3,00 3,40 1,20Ind 0,60 1,80 0,40 6,00 6,80 2,40

Otm 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00Aceit. 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00Real 1,00 2,00 1,00 1,00 0,00 0,00Ind 1,00 2,00 1,00 1,00 0,00 0,00

Otm 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00Aceit. 943,00 629,00 629,00 629,00 629,00 629,00Real 610,00 293,00 634,00 330,00 0,00 0,00Ind 0,65 0,47 1,01 0,52 0,00 0,00

Otm 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00Aceit. 93,80 93,80 93,80 93,80 93,80 93,80Real 97,90 98,50 98,70 98,20 97,91 93,70Ind 0,34 0,24 0,21 0,29 0,34 1,02

Otm 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00Aceit. 88,00 88,00 88,00 88,00 88,00 88,00Real 89,11 92,26 86,90 89,95 92,10 93,55Ind 0,91 0,65 1,09 0,84 0,66 0,54

Otm 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00Aceit. 80,00 80,00 80,00 80,00 80,00 80,00Real 100,00 83,00 80,00 100,00 100,00 100,00Ind 0,00 0,85 1,00 0,00 0,00 0,00

Otm 85,00 90,00 93,00 95,00 97,00 100,00Aceit. 69,00 70,00 70,00 70,00 75,00 75,00Real 69,00 71,00 73,00 75,00 85,00 89,00Ind 1,00 0,95 0,87 0,80 0,55 0,44

Otm 33,00 205,00 505,00 751,00 901,00 1272,00Aceit. 32,00 204,00 504,00 750,00 900,00 1271,00Real 32,00 204,00 503,00 748,00 899,00 1271,00Ind 1,00 1,00 2,00 3,00 2,00 1,00

Otm 87,00 300,00 430,00 540,00 752,00 987,00Aceit. 86,00 297,00 426,00 530,00 750,00 986,00Real 87,00 296,00 426,00 535,00 751,00 986,00Ind 0,00 1,33 1,00 0,50 0,50 1,00

Otm 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00Aceit. 80,00 80,00 80,00 80,00 80,00 80,00Real 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 85,00Ind 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,75

Otm 74,00 74,00 74,00 74,00 74,00 74,00Aceit. 79,00 79,00 79,00 79,00 79,00 79,00Real 81,80 82,30 80,30 81,00 81,60 81,70Ind 1,56 1,66 1,26 1,40 1,52 1,54

0,7 < R < 1,3R <= 0,7 R >= 1,3

%

R$/t

ppm

%

%

%

C

GA

GA

SC

%

P

SC

SC

SC

GA

GA

SC

%

1

4

0

1

2

4

1

4

2

1

1

Cesta Padrão de Fretes

Atendimento ao Inventário

Atendimento ao Inventário

Auditoria de Padrões

Atendimento à Matriz de Capacitação

Acurácia de Estoque no Inventário

Anomalias Tratadas

Atraso de Carregamento - entregas atendidas fora do prazo

Eliminar as RCs por Mistura de Material (interna + RC)

Estabilização de Processos - Reclamações de Cliente

Acurácia de Estoque no Inventário

Figura 22: Amostra dos indicadores de desempenho logístico

Fonte: Elaborado pela autora

Page 61: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL ESCOLA DE ... Lorenzatto... · Universidade Federal do Rio Grande do Sul Escola de Engenharia Departamento de ... avaliação de desempenho

60

Nesta abordagem, os limites que definiram as faixas verde, amarela e vermelha

foram analisados e sofreram modificações em relação ao sistema atual utilizado pela empresa.

A faixa amarela compreende o intervalo que está próximo do aceitável, entre 0,7 e 1,3. A

faixa verde, com valores menores ou iguais a 0,7, indica que o valor real está próximo do

ótimo, ou seja, o indicador está bem. Já a faixa vermelha sinaliza que o indicador apresenta

mal resultado porque está fora dos limites aceitáveis. Como agora a escala é única, tanto para

os indicadores do tipo maior-é-melhor quanto para os do tipo menor-é-melhor, as cores

servem como elemento visual, já que o valor do indicador por si só é suficiente para que se

compreenda o desempenho. Ou seja, independente do tipo de indicador, quanto mais próximo

de zero ele estiver, melhor.

Além de se buscar o valor ótimo, neste sistema os indicadores ficam independentes

de suas unidades de medida e podem ser comparados entre si. A importância da viabilidade

dessa comparação é evidente quando se deseja, por exemplo, comparar desempenho entre

indicadores de diferentes métricas, ou quando se pretende agrupar os valores de diferentes

indicadores para se obter um valor consolidado. Esse valor consolidado pode representar, por

exemplo, uma nota para o desempenho de uma célula ou para o desempenho de uma área.

O placar de indicadores proposto neste trabalho teve como um dos seus objetivos a

avaliação da área Logística como um todo. Em decorrência disso, um agrupamento dos

indicadores foi realizado para compor uma nota para cada métrica (custos, serviço ao cliente e

qualidade, produtividade e gerenciamento de ativos). Na seqüência, um novo agrupamento foi

feito, desta vez com as notas das métricas, para que a Logística recebesse a sua nota. Ambos

os agrupamentos foram realizados a partir da definição de pesos para os indicadores e para as

métricas. Cabe explicitar que esses pesos foram definidos pela equipe da empresa composta

pelo gestor da área, um facilitador, um operador e um estagiário.

A Figura 23 ilustra a primeira proposta do placar de indicadores de desempenho

logístico. Nele pode-se observar a apropriação dos pesos e os agrupamentos realizados. Para

cada métrica, uma média ponderada (soma do produto do indicador com o seu peso) dos seus

indicadores de desempenho foi calculada. Por exemplo, os indicadores de custos representam

20% do desempenho da Logística; os de serviço ao cliente e qualidade, 40%; os de

produtividade, 30%; e os de gerenciamento de ativos, 10% (esses pesos foram definidos em

consenso, por especialistas da empresa em estudo). Em função dos valores padronizados e

auxílio das cores, a análise da Figura 23 revela imediatamente os itens que demandam ação

(valores maiores que 1,0 e indicações em vermelho). Claramente, as principais defasagens

concentram-se no grupo Custos.

Page 62: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL ESCOLA DE ... Lorenzatto... · Universidade Federal do Rio Grande do Sul Escola de Engenharia Departamento de ... avaliação de desempenho

61

jul ago set out nov dezMédia Ano

LOGÍSTICA 0,86 1,50 0,96 1,18 1,69 0,93 1,09

Cél Peso

Custos 0,2 2,00 1,14 2,05 2,13 1,88 2,03 1,390 ID Custo Total de Entregas 0,25 1,29 1,24 1,24 1,31 1,30 1,39 1,040 ID Custo Operacional 0,25 4,20 1,50 4,10 3,50 3,00 3,80 2,081 ID Horas Extras 0,125 0,48 0,98 1,21 0,90 0,87 0,84 0,952 ID Horas Extras 0,125 0,33 0,32 0,91 0,93 0,99 1,05 0,854 ID Frete / Receita Líquida 0,25 2,11 1,17 1,78 2,81 2,31 2,00 1,52

Serviço ao cliente e qualidade 0,4 0,55 0,80 0,79 1,31 0,95 0,46 0,94

1 IDNotas de QM + Reclamações de Cliente 0,13 1,00 2,0 1,00 1,00 0,00 0,00 1,17

1 ID Não Atendimento ao Programa 0,07 0,50 0,86 0,97 0,69 0,46 0,39 0,80

2 IDNotas de QM + Reclamações de Cliente 0,13 0,00 0,00 1,00 0,00 0,00 0,00 0,08

2 ID Não Atendimento ao Programa 0,07 0,71 0,86 0,86 0,57 0,57 0,57 1,00

3 IDEliminar as RCs por Mistura de Material (interna + RC) 0,15 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00

3 IDÍndice de Desclassificação de Fio-Máquina por Manuseio 0,05 1,38 0,70 1,12 3,76 1,10 1,08 1,22

4 IDAtraso de Carregamento - entregas atendidas fora do prazo 0,1 0,60 1,80 0,40 6,00 6,80 2,40 2,32

4 IDEstabilização de Processos - Reclamações de Cliente 0,2 0,65 0,47 1,01 0,52 0,00 0,00 1,10

4 ID Retirada de Remessas em D+3 0,03 0,62 1,32 1,06 1,94 1,82 1,00 1,214 ID Retirada de Cargas em até D+0 0,04 0,89 1,12 1,12 1,57 1,11 1,23 1,414 ID Retirada de Remessas em D+1 0,03 0,66 0,93 0,90 2,44 1,55 0,50 1,56

Produtividade 0,3 0,45 3,0 0,54 0,51 2,9 0,50 1,130 ID Produtividade Logística 0,25 1,18 1,36 0,79 0,83 0,59 0,91 1,160 ID Acidentes CPT Total 0,25 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,000 ID Acidentes SPT Total 0,25 0,00 10 0,00 0,00 10 0,00 2,53 ID Tempo Médio de Permanência 0,25 0,63 0,53 1,37 1,20 1,07 1,10 0,88

Gerenciamento de Ativos 0,1 1,05 0,56 0,71 0,76 0,55 1,86 0,91

1 ID Diferença de Estoque no Inventário 0,5 0,28 0,11 0,61 0,76 0,41 0,22 0,40

2 ID Diferença de Estoque no Inventário 0,5 1,82 1,02 0,82 0,77 0,68 3,50 1,43

ID <= 0,7 ID >=1,30,7< ID <1,3

Figura 23: Primeira proposta do placar de indicadores de desempenho logístico

Fonte: Elaborado pela autora

Após a análise desta primeira proposta, uma questão levantada foi com relação ao

número de indicadores que compõem cada métrica. No caso, por exemplo, de serviço ao

cliente e qualidade, há onze IDs, o que resulta em um peso pouco significativo para cada

indicador. Assim, corre-se o risco do desempenho de um indicador importante estar ruim e

mesmo assim a nota da métrica estar satisfatória. Em virtude disso, uma nova análise sobre os

IDs foi feita e optou-se por reduzir a quantidade de indicadores que compõem o placar.

Page 63: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL ESCOLA DE ... Lorenzatto... · Universidade Federal do Rio Grande do Sul Escola de Engenharia Departamento de ... avaliação de desempenho

62

Buscou-se limitar o número de IDs entre dois a cinco em cada métrica. Vale explicitar que os

indicadores retirados continuam sendo controlados, porém esse controle não é feito em nível

gerencial. A nova proposta do placar de indicadores está mostrada na Figura 24.

jul ago set out nov dezMédia Ano

LOGÍSTICA 0,93 1,53 1,01 1,11 1,56 0,93 1,08

Cél Peso

Custos 0,2 2,41 1,30 2,26 2,42 2,11 2,29 1,500 ID Custo Total de Entregas 0,4 1,29 1,24 1,24 1,31 1,30 1,39 1,040 ID Custo Operacional 0,3 4,20 1,50 4,10 3,50 3,00 3,80 2,084 ID Frete / Receita Líquida 0,3 2,11 1,17 1,78 2,81 2,31 2,00 1,52

Serviço ao cliente e qualidade 0,4 0,51 0,81 0,80 1,00 0,53 0,35 0,841 ID Notas de QM + Reclamações de Cliente 0,2 1,00 2,0 1,00 1,00 0,00 0,00 1,172 ID Notas de QM + Reclamações de Cliente 0,2 0,00 0,00 1,00 0,00 0,00 0,00 0,083 ID Eliminar as RCs por Mistura de Material 0,2 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,004 ID Retirada de Cargas em até D+0 0,2 0,89 1,12 1,12 1,57 1,11 1,23 1,414 ID Retirada de Remessas em D+1 0,2 0,66 0,93 0,90 2,44 1,55 0,50 1,56

Produtividade 0,3 0,45 3,0 0,54 0,51 2,9 0,50 1,130 ID Produtividade Logística 0,25 1,18 1,36 0,79 0,83 0,59 0,91 1,160 ID Acidentes CPT Total 0,25 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,000 ID Acidentes SPT Total 0,25 0,00 10 0,00 0,00 10 0,00 2,53 ID Tempo Médio de Permanência 0,25 0,63 0,53 1,37 1,20 1,07 1,10 0,88

Gerenciamento de Ativos 0,1 1,05 0,56 0,71 0,76 0,55 1,86 0,911 ID Diferença de Estoque no Inventário 0,5 0,28 0,11 0,61 0,76 0,41 0,22 0,402 ID Diferença de Estoque no Inventário 0,5 1,82 1,02 0,82 0,77 0,68 3,50 1,43

ID <= 0,7 ID >=1,30,7< ID <1,3

Figura 24: Placar de indicadores de desempenho logístico

Fonte: Elaborado pela autora

Convém explicar que a freqüência com que os indicadores são mensurados varia de

acordo com a gerência que pode ser feita sobre eles. Há indicadores que demandam um

acompanhamento diário, como por exemplo, o ID “Tempo Médio de Permanência” (que se

refere ao tempo que o caminhão aguarda para ser carregado e liberado) e o ID “Retirada de

Cargas em até D+0”, pois um desempenho ruim em um dia requer ações imediatas que podem

recuperar e reverter o mau resultado. Já o ID “Custo Operacional” pode ter acompanhamento

semanal, porque as ações que são tomadas em virtude desse indicador são muito importantes,

mas, na maioria das vezes, não precisam ser imediatas. Neste contexto, foi definido com a

equipe da empresa um cronograma com a freqüência com que cada indicador deve ser

mensurado.

Por fim, sabe-se que, após o término da estruturação do novo sistema de indicadores

de desempenho logístico, inicia-se a fase de monitoramento e controle desses indicadores.

Page 64: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL ESCOLA DE ... Lorenzatto... · Universidade Federal do Rio Grande do Sul Escola de Engenharia Departamento de ... avaliação de desempenho

63

Neste momento, tão importante quanto buscar atingir a meta, é validar os limites que foram

estabelecidos dentro dos quais os indicadores podem variar. Torna-se relevante mencionar

que quando uma meta é determinada, implicitamente, é definida a quantidade de recursos que

serão alocados para as atividades a fim de oportunizar o alcance dessa meta.

Com relação à reavaliação dos indicadores, foi sugerido que eles sejam reavaliados

sempre que houver evidências que uma gerência sobre eles não é mais necessária. Também,

os valores aceitáveis devem ser reavaliados quando o seu atendimento sistemático ocorrer. Da

mesma forma, os valores ótimos podem ser revistos, quando houver alteração no

benchmarking.

4.3 AVALIAÇÃO DO SISTEMA PROPOSTO

O sistema de indicadores logísticos foi avaliado por duas pessoas da empresa que não

participaram das etapas de estruturação do sistema. Uma dessas pessoas possui cargo e função

gerencial e outra operacional. A avaliação foi conduzida após uma apresentação e

contextualização do trabalho realizado. Essa avaliação foi feita considerando a proposta de

Savaris e Voltolini (2004), que sugerem a análise da relevância, acessibilidade e clareza.

Em relação ao teste da relevância, ambos responderam que as informações traduzidas

pelos indicadores refletem o que se quer e que eles estão suficientemente específicos para

mostrar quando o processo melhora ou piora na realidade. Um aspecto importante, discutido

pelos entrevistados, foi com respeito à coleta de dados, a qual merece especial atenção quando

se trata da medição de qualquer indicador. No caso desses indicadores de desempenho

logístico, grande parte ou até totalidade dos dados necessários são provindos de sistemas de

informações. Portanto, deve-se atentar para a acuracidade dos dados fornecidos pelo sistema,

para garantir que os indicadores reflitam o real desempenho dos processos logísticos.

O teste de acessibilidade confirmou que é fácil localizar e coletar os dados

necessários para fazer a mensuração, considerando-se que eles já estão disponíveis nas bases

de dados e sistemas de informação da empresa. Assim, não há custos adicionais relacionados

à tecnologia necessária para coletar os dados, sendo que o custo nesse processo é o custo do

tempo que o responsável despende na coleta. Como a pessoa encarregada dessa atividade faz

parte do quadro laboral da área, é preciso apenas que seja feita uma adaptação a sua rotina

para que a coleta de dados seja realizada sem que outras atividades sejam prejudicadas. Cabe

mencionar a idéia trazida por um dos avaliadores que disse: “vale a pena medir se a

informação servir de apoio à tomada de decisão”.

Page 65: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL ESCOLA DE ... Lorenzatto... · Universidade Federal do Rio Grande do Sul Escola de Engenharia Departamento de ... avaliação de desempenho

64

Por último, o teste da clareza foi explorado e revelou que os indicadores são

facilmente compreendidos por todos sempre que há uma boa comunicação entre gerência e

operação. Para dar sustentação ao sistema, é fundamental que todos estejam cientes dos

objetivos que estão por trás de um sistema de avaliação do desempenho. Assim, é muito

menos provável que surjam ambigüidades na interpretação dos resultados.

Page 66: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL ESCOLA DE ... Lorenzatto... · Universidade Federal do Rio Grande do Sul Escola de Engenharia Departamento de ... avaliação de desempenho

65

5 CONCLUSÃO

Este trabalho abordou a necessidade de integração entre as diretrizes estratégicas da

empresa e o seu processo logístico. Buscou-se a compreensão dos desdobramentos que

iniciaram na estratégia de negócio da empresa, passaram pelos seus objetivos estratégicos e

finalizaram na definição dos indicadores de desempenho logísticos.

Neste contexto, o objetivo geral deste trabalho foi a reestruturação de um sistema de

medição de desempenho logístico para a empresa em estudo. O objetivo específico consistiu

em relacionar os objetivos e indicadores estratégicos da empresa com os indicadores locais, o

que resultou na construção de um placar de indicadores para a área Logística. Também fez

parte do trabalho, a avaliação da proposta realizada.

A revisão teórica apresentou conceitos referentes à avaliação de desempenho e

logística. Especificamente, o sistema de avaliação de desempenho estudado foi o Balanced

Scorecard e a logística foi analisada sob uma ótica estratégica. Em decorrência disso, foram

pesquisados assuntos referentes a desempenho e indicadores logísticos. Como a análise dos

indicadores deve ser precedida do entendimento da estratégia da empresa, essa ordem foi

seguida na abordagem do referencial teórico.

A proposta estruturada de aplicação incorreu em um estudo da empresa e da área

Logística que foram relevantes para o sucesso da estruturação do sistema de indicadores de

desempenho logístico. Os procedimentos metodológicos utilizados compreenderam: (i)

análise dos indicadores atuais, (ii) construção de um placar de indicadores de desempenho

logístico e (iii) avaliação do sistema proposto.

A análise dos indicadores atuais possibilitou o levantamento de algumas deficiências

do sistema de avaliação de desempenho atual: (i) todos os indicadores são tratados da mesma

maneira, de forma que estão misturados indicadores de desempenho com indicadores de

processo; (ii) há apenas dois valores de referência para cada indicador - planejado e real - o

que implica na inviabilidade da comparação direta entre os indicadores e não explicita o

benchmark; (iii) há faixas distintas para os indicadores do tipo maior-é-melhor e para os do

tipo menor-é-melhor, que geram maior complexidade para o sistema.

O placar de indicadores de desempenho proposto considerou as oportunidades de

melhorias detectadas. Em decorrência disso, primeiramente, os indicadores foram

classificados em IDs (indicadores de desempenho) ou IQEDs (indicadores que explicam

desempenho) e uma análise diferenciada sobre eles foi feita. Na seqüência, foram

estabelecidos valores ótimos e limites aceitáveis para cada indicador. Dessa forma, o novo

Page 67: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL ESCOLA DE ... Lorenzatto... · Universidade Federal do Rio Grande do Sul Escola de Engenharia Departamento de ... avaliação de desempenho

66

cálculo de desempenho considerou o quão distante o resultado real está do ótimo em relação à

diferença do aceitável para o ótimo, o que possibilitou comparações diretas entre indicadores.

Além disso, foram feitos agrupamentos que permitiram que cada métrica (custos, serviço ao

cliente e qualidade, produtividade e gerenciamento de ativos) e a área Logística obtivessem

suas respectivas notas. Por fim, a escala única para as faixas de indicadores do tipo maior-é-

melhor e menor-é-melhor simplifica o sistema e as conseqüentes análises.

Quanto à avaliação do sistema proposto, foram analisados os aspectos referentes à

relevância, acessibilidade e clareza do sistema de indicadores logísticos. Em relação à

relevância, foi confirmado que as informações traduzidas pelos indicadores refletem quando o

processo melhora ou piora na realidade. O sistema também foi aprovado nos testes de

acessibilidade e clareza, visto que é simples localizar e coletar os dados necessários para fazer

a mensuração e que os indicadores são facilmente compreendidos por todos.

5.1 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

Como a aplicação da ferramenta foi restrita a uma área da empresa, a adaptação da

metodologia para a aplicação em outras áreas seria interessante. A integração entre as

diretrizes estratégicas da empresa e os seus processos é fundamental para o seu sucesso. Além

disso, o processo de verificação do alinhamento dos indicadores locais aos indicadores

estratégicos pode revelar a necessidade de outros trabalhos futuros.

Adicionalmente, como a implementação completa da proposta na Logística não foi

realizada, sugere-se fazer uma reavaliação do sistema após um determinado período para

verificar a evolução dos indicadores e, caso seja necessário, realizar ajustes.

Page 68: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL ESCOLA DE ... Lorenzatto... · Universidade Federal do Rio Grande do Sul Escola de Engenharia Departamento de ... avaliação de desempenho

67

REFERÊNCIAS BALLOU, R. H. Gerenciamento da cadeia de suprimentos: planejamento, organização e logística empresarial. 4.ed. Porto Alegre: Bookman, 2001. BALLOU, R. H. Logística empresarial: transportes, administração de materiais e distribuição física. São Paulo: Atlas, 1995. BUOSI, T.; GANGA, G. M. D.; SILVA, A. L. Proposição de um modelo conceitual para o projeto de sistemas de medição de desempenho. In: SIMPÓSIO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO, X, 2003, São Paulo. Anais. Disponível em: <http://www.simpep.feb.unesp.br/anais10/gestaoqualidprodutividade/arq06.PDF>. Acesso em: 10 out. 2006. BOWERSOX, D. J.; CLOSS, D. Logística empresarial: o processo de integração da cadeia de suprimento. São Paulo: Atlas, 2001. CHRISTOPHER, M. Logística e gerenciamento da cadeia de suprimentos: estratégias para a redução de custos e melhoria dos serviços. São Paulo: Pioneira, 2001. DORNIER, P. et al. Logística e operações globais: textos e casos. São Paulo: Atlas, 2001. DURSKI, G. R. Avaliação do desempenho em cadeias de suprimentos. Revista da FAE, Curitiba, v.6, n.1, p.27-38, jan./abr. 2003. GANGA, G. M. D. et al., Medindo o desempenho logístico: a perspectiva do nível de serviço logístico. In: SIMPÓSIO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO, X, 2003, São Paulo. Anais. Disponível em: <http://www.simpep.feb.unesp.br/anais10/gestaodaproducao/arq08.PDF>. Acesso em: 10 out. 2006. GASPARETTO, V. Proposta de uma sistemática para avaliação de desempenho em cadeias de suprimentos. Florianópolis: UFSC, 2003. Tese (Doutorado em Engenharia de Produção), Engenharia de Produção, Universidade Federal de Santa Catarina, 2003. GEHLEN DE LEÃO, A. Utilização integrada de modelos simbólicos no desenvolvimento de sistemas de avaliação de desempenho para gerenciamento da logística empresarial. Florianópolis: UFSC, 2004. Tese (Doutorado em Engenharia de Produção), Engenharia de Produção, Universidade Federal de Santa Catarina, 2004.

Page 69: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL ESCOLA DE ... Lorenzatto... · Universidade Federal do Rio Grande do Sul Escola de Engenharia Departamento de ... avaliação de desempenho

68

HIJJAR, F.; GERVÁSIO, H.; FIGUEIREDO, K. F. Mensuração de desempenho logístico e o modelo World Class Logistics. Disponível em: <http://www.centrodelogistica.com.br/news/fs-public.htm>. Acesso em: 13 set. 2006. HRONEC, S. M.; Sinais vitais: usando medidas do desempenho da qualidade, tempo e custo para traçar a rota para o futuro de sua empresa. São Paulo: Makron Books, 1994. KAPLAN, R.; NORTON, D. Mapas estratégicos: convertendo ativos intangíveis em resultados tangíveis. 7.ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004. KAPLAN, R.; NORTON, D. A organização orientada para a estratégia: como as empresas que adotam o Balanced Scorecard prosperam no novo ambiente de negócios. Rio de Janeiro: Elsevier, 2000. KAPLAN, R.; NORTON, D. A estratégia em ação: Balanced Scorecard. 5.ed. Rio de Janeiro: Campus, 1997. KATO, J. M. Avaliação de desempenho de sistemas logísticos através do Seis Sigma e Balanced Scorecard. Revista da FAE, Curitiba, v.6, n.2, p.113-124, maio/dez. 2003. MADIOLO, A. S. et al. Desenvolvimento e aplicação da metodologia baseada no Balanced

Scorecard em uma empresa logística. In: SIMPÓSIO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO, X, 2003, São Paulo. Anais. Disponível em: <http://www.simpep.feb.unesp.br/anais10/gestaodainformacao/arq08.PDF>. Acesso em: 10 out. 2006. MÜLLER, C. J. Modelo de gestão integrando planejamento estratégico, sistemas de avaliação de desempenho e gerenciamento de processos (MEIO – Modelo de Estratégias, Indicadores e Operações). Porto Alegre: UFRGS, 2003. Tese (Doutorado em Engenharia de Produção), Escola de Engenharia, Universidade Federal do Rio Grande Sul, 2003. NOVAES, A. G. Logística e gerenciamento da cadeia de distribuição: estratégia, operação e avaliação. Rio de Janeiro: Campus, 2001. PILZ, T. J. Estruturação de um sistema de indicadores segundo os preceitos do Balanced

Scorecard. Porto Alegre: UFRGS, 2004. Dissertação (Mestrado Profissionalizante em Engenharia), Escola de Engenharia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2004. PINHO, M.; OLIVEIRA, V. P. Internacionalização e tecnologia em empresas líderes da siderurgia mundial. São Carlos: UNESP/Araraquara, 2002. Relatório do Projeto Comportamento Tecnológico das Empresas. PORTER, M. E. What is strategy? Harvard Business Review, Boston, v.74, n.6, p.61-78, nov./dec. 1996. SAVARIS, C. E.; VOLTOLINI, E. Modelo de aplicação do Balanced Scorecard para cadeia de suprimentos. Revista da FAE, Curitiba, v.7, n.2, p.59-72, jul./dez. 2004. SILVA, E. L.; MENEZES, E. M. Metodologia de pesquisa e elaboração de dissertação. Florianópolis: Laboratório de ensino da Universidade Federal de Santa Catarina, 2001.

Page 70: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL ESCOLA DE ... Lorenzatto... · Universidade Federal do Rio Grande do Sul Escola de Engenharia Departamento de ... avaliação de desempenho

69

SOARES, C. R. D. Desenvolvimento de uma sistemática de elaboração do Balanced

Scorecard para pequenas empresas. Porto Alegre: UFRGS, 2001. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção), Escola de Engenharia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2001. WALTER, F.; KLIEMANN, F. J. Uma proposta de metodologia de elaboração do Balanced

Scorecard. In: VII Congresso Brasileiro de Custos, 2000, Recife. Anais. Recife: MBI Consulting, 2000.

Page 71: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL ESCOLA DE ... Lorenzatto... · Universidade Federal do Rio Grande do Sul Escola de Engenharia Departamento de ... avaliação de desempenho

70

APÊNDICES