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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS
CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS
DENNIS FERREIRA DA COSTA
FATORES QUE INFLUENCIAM AS FONTES DE RECURSOS TRIBUTÁRIOS:
ANÁLISE NOS MUNICÍPIOS BRASILEIROS
Natal/RN
2016
DENNIS FERREIRA DA COSTA
FATORES QUE INFLUENCIAM AS FONTES DE RECURSOS TRIBUTÁRIOS:
ANÁLISE NOS MUNICÍPIOS BRASILEIROS
Monografia apresentada à Coordenação do Curso de
Ciências Contábeis da Universidade Federal do Rio
Grande do Norte como requisito para a obtenção do
título de Bacharel em Ciências Contábeis.
Orientador: Prof. Esp. Ronaldo José Rêgo de Araújo
Natal/RN
2016
DENNIS FERREIRA DA COSTA
FATORES QUE INFLUENCIAM AS FONTES DE RECURSOS TRIBUTÁRIOS:
ANÁLISE NOS MUNICÍPIOS BRASILEIROS
Monografia apresentada à Coordenação do Curso de
Ciências Contábeis da Universidade Federal do Rio
Grande do Norte como requisito para a obtenção do
título de Bacharel em Ciências Contábeis.
APROVADA EM 08 DE DEZEMBRO DE 2016.
BANCA EXAMINADORA
Prof. Esp. RONALDO JOSÉ RÊGO DE ARAÚJO –
Orientador/Presidente
Prof. Dr. JOSÉ JAILSON DA SILVA –
Membro da Banca
Profª. Msc. MAYARA BARBOSA BEZERRA –
Membro da Banca
Dedico este trabalho primeiramente a Deus, pois,
para mim, Ele representa tudo em minha vida, é meu
pai, meu protetor, e sem ele não estaria aqui. Em
seguida, dedico à minha família por todo apoio que
me deram ao logo dessa jornada, a minha esposa
linda que me apoiou e me ajudou muito e aos meus
professores, em especial ao meu orientador por
todos os incentivos e direcionamentos para que eu
pudesse concluir mais essa etapa de minha vida.
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus, por estar aqui hoje realizando mais um de muitos
sonhos que ainda irei realizar e sei que ele sempre estará ao meu lado, como sempre.
Agradeço à minha mãe, vó e as minhas irmãs pelo carinho, ajuda, compreensão, força e
por elas estarem sempre comigo, agradeço a todos da minha família e posso dizer que tenho a
melhor família.
Agradeço a minha esposa, que esteve e está ao meu lado em todos os momentos, felizes,
tristes, estressantes, me aguentou nesse momento de conclusão de curso, que juntos estamos
formando uma nova família e dizer que te amo muito.
Aos meus amigos pelo incentivo e amizade verdadeira que temos uns com os outros.
Agradeço à Universidade Federal do Rio Grande do Norte por todos os direcionamentos
acadêmicos ao longo dessa jornada.
Aos professores que tive o prazer de conviver e aprender com eles durante essa
passagem acadêmica pelo curso de Ciências Contábeis, pelo companheirismo e
comprometimento em sempre me repassar os ensinamentos pertinentes a este curso e,
consequentemente, me ajudar a ser sempre uma pessoa melhor.
A todos os laços de amizades construídos no decorrer desses anos de curso.
Ao meu professor orientador pela paciência e por todos os incentivos, ajuda, correções,
comprometimento e profissionalismo, estando sempre pronto para responder aos seus
orientandos no que for preciso.
Enfim, a todos aqueles que direta ou indiretamente me ajudaram a concluir esta etapa de
minha vida, o meu muito obrigado.
RESUMO
O objetivo desta pesquisa foi identificar e analisar a influência dos determinantes que incidem
sob as receitas tributárias dos governos municipais brasileiros. Mais precisamente a influência
dos fatores econômicos e demográficos sob cada um dos tributos municipais, ISS, IPTU e
ITBI. Como justificativa, seus gestores tendo uma visão melhor das suas receitas. Adotou-se
como métrica do fator econômico o PIB e o Emprego e Renda e para o fator demográfico, a
quantidade de habitantes. Para verificar essas influências, fez-se um estudo descritivo,
quantitativo, bibliográfico e documental. Utilizou-se como amostra os municípios brasileiros
que tem mais de meio milhão de habitantes, resultando em 41 municípios. O período de
análise compreendeu os anos de 2009 a 2013, limitados pelo indicadores econômicos, tendo
sua última atualização neste ano. Os dados foram obtidos no sistema de Informações
Contábeis e Fiscais do Setor Público Brasileiro – SICONFI, no Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística – IBGE e no sistema da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro
(FIRJAN). Adotou-se modelo econométrico de dados em painéis com efeitos fixos e
variáveis, a depender do tributo dependente. Realizada a análise, os dados revelaram que o
PIB - Produto Interno Bruto é o fator econômico que mais influencia positivamente na
arrecadação de todos os tributos municipais, ISS, IPTU e ITBI, corroborando com os
resultados de Araújo et al. (2016), e a quantidade populacional influencia negativamente a
arrecadação do ISS e ITBI, contrariando os achados dos autores (2016). Os demais fatores
como emprego e renda no fator econômico e a população no fator demográfico não obtiveram
significância estatística. Com isso, foi possível confirmar a hipótese de pesquisa de que os
fatores econômicos influenciam positivamente a arrecadação dos tributos municipais, mas
recusou-se a hipótese de que os fatores demográficos influenciam positivamente na
arrecadação deles.
Palavras-chave: Descentralização, Federalismo Econômico, Fator Econômico e Fator
Demográfico.
ABSTRACT
The objective of this research was to identify and analyze the influence of the determinants
that affect the tax revenues of Brazilian municipal governments. More precisely, the influence
of the economic and demographic factors under each of the municipal taxes, ISS, IPTU and
ITBI. As justification, their managers have a better view of their revenues .The metric of the
economic factor was adopted as GDP and Employment and Income, and for the demographic
factor, the number of inhabitants. To verify these influences, a descriptive, quantitative,
bibliographic and documentary study was carried out. It was used as sample the Brazilian
municipalities that has more than half a million inhabitants, resulting in 41 municipalities.
The period of analysis included the years 2009 to 2013, limited by economic indicators, and
its last update this year. The data were obtained from the Brazilian Public Sector Accounting
and Tax Information System - SICONFI, at the Brazilian Institute of Geography and Statistics
(IBGE) and the Federation of Industries of Rio de Janeiro (FIRJAN) system. An econometric
model of data was adopted in panels with fixed and variable effects, depending on the
dependent tax. In the analysis, the data revealed that GDP - Gross Domestic Product is the
economic factor that most positively influences the collection of all municipal taxes, ISS,
IPTU and ITBI, corroborating with the results of Araújo et al. (2016), and the population
quantity negatively influences the ISS and ITBI collection, contrary to the authors' findings
(2016). Other factors such as employment and income in the economic factor and population
in the demographic factor did not reach statistical significance. Thus, it was possible to
confirm the hypothesis of research that the economic factors positively influence the
collection of municipal taxes, but it was rejected the hypothesis that the demographic factors
influence positively in the collection of them.
Key-words: Decentralization, Economic Federalism, Economic Factor and Demographic
Factor.
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Estatística Descritiva..................................................................................................... 32
Tabela 2 – Matriz de Correlação de Pearson (ISS).......................................................................... 33
Tabela 3 – Matriz de Correlação de Pearson (IPTU)....................................................................... 34
Tabela 4 – Matriz de Correlação de Pearson (ITBI)........................................................................ 35
Tabela 5 – Coeficientes obtidos por meio do Modelo Econométrico – ISS (Equação 6)................ 36
Tabela 6 – Coeficientes obtidos por meio do Modelo Econométrico – IPTU (Equação 7)............. 37
Tabela 7 – Coeficientes obtidos por meio do Modelo Econométrico – ITBI (Equação 8).............. 38
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 – Repartição de Receitas Tributárias Entre as Esferas do Governo.................................. 16
Quadro 2 – Estudos Recentes Sobre Recursos Próprios................................................................. 24
Quadro 3 – Detalhamento dos Municípios que Compõem a Amostra desta Pesquisa..................... 26
Quadro 4 – Coletas de Dados.......................................................................................................... 28
Quadro 5 – Influências dos Fatores Econômicos e Demográficos................................................... 39
LISTA DE SIGLAS
ART. ARTIGO
CF CONSTITUIÇÃO FEDERAL DO BRASIL
CPC COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS
CTN CÓDIGO TRIBUTÁRIO NACIONAL
FIRJAN FEDERAÇÃO DAS INDÚSTRIAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
IBGE INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA
IPTU IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE PREDIAL E TERRITORIAL URBANA
ISS IMPOSTO SOBRE SERVIÇOS DE QUALQUER NATUREZA
ITBI IMPOSTO SOBRE A TRANSMISSÃO DE BENS IMÓVEIS
NBC TG NORMAS BRASILEIRAS DE CONTABILIDADE TÉCNICA GERAL
PL PATRIMÔNIO LÍQUIDO
STN SECRETARIA DO TESOURO NACIONAL
SICONFI SISTEMA DE INFORMAÇÕES CONTÁBEIS E FISCAIS DO SETOR
PÚBLICO BRASILEIRO
TCU TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO......................................................................................................... 13
1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO PROBLEMA.............................................................. 13
1.2 OBJETIVOS..........................................................................,,,................................... 15
1.2.1 Objetivo geral........................................................................................................... 15
1.2.2 Objetivos específicos................................................................................................ 15
1.3 JUSTIFICATIVA........................................................................................................ 15
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA........................................................................... 18
2.1 RECEITA PÚBLICA MUNICIPAL........................................................................... 18
2.2 RECEITA TRIBUTÁRIA MUNICIPAL.................................................................... 19
2.3 BASES TRIBUTÁRIAS............................................................................................. 23
2.4 ESTUDOS ANTERIORES......................................................................................... 24
3 METODOLOGIA..................................................................................................... 26
3.1 TIPOLOGIA DA PESQUISA..................................................................................... 26
3.2 UNIVERSO DA AMOSTRA..................................................................................... 26
3.3 COLETA E TRATAMENTO DOS DADOS.............................................................. 27
3.4 LIMITAÇÃO DA PESQUISA............................................................................... 30
4 RESULTADOS E ANÁLISE DA PESQUISA....................................................... 32
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................... 40
REFERÊNCIAS.................................................................................................................. 41
13
1 INTRODUÇÃO
1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO PROBLEMA
No Brasil, com o alto nível de descentralização, a gestão pública é um dos pontos
fundamentais, em que as ações por meio de um planejamento estratégico podem gerar
resultados significativos.
Outro ponto é o federalismo brasileiro, que se caracterizou no passado, tornando o
nosso regime mais próximo do federalismo econômico em virtude do poder ser exercido pelo
Presidente da República. Sendo seu aperfeiçoamento muito importante tanto para dar
estabilidade econômica quanto para continuar o desenvolvimento sustentado (BARBOSA, et
al 1998).
A Constituição Federal 1988, no seu art. 18 prevê autonomia para os munícipios,
permitindo a adoção de um gestor para cada região, sendo possível conhecer melhor as
necessidades de cada município.
Nesse contexto, um efeito destacado da descentralização municipal e do federalismo
tem sido o aumento dos recursos fiscais tornando-se disponíveis para os municípios
principalmente em relação aos recursos dos Estados e da União. Outro ponto que se destaca é
que quanto mais municípios são criados mais recursos serão utilizados para o legislativo,
sendo necessária a participação de prefeitos, vereadores e funcionários administrativos,
sobrando pouco recurso para ser investido em escolas, saneamento, segurança, dentre outros
(GOMES, CRISTINA & DOWELL, 2000).
Chiavenato e Sapiro (2003, p. 41) conceituam o termo estratégia como “um padrão ou
plano que integra as principais políticas, objetivos, metas e ações da organização”. Assim,
compreende-se que a partir de um bom planejamento estratégico, torna-se possível a
execução, controle das ações implementadas, resultando num maior nível de eficiência para a
utilização dos recursos públicos.
Ainda, segundo os mesmos autores (2003), a adoção de uma estratégia adequada,
resulta em uma distribuição melhor dos recursos, possibilitando tomar providências e adequar
às ações, caso ocorram fatores contingenciais.
Em contrapartida, com a autonomia financeira para arrecadar tributos, os municípios
também adquiriram diversas obrigações, e para que essas fossem desempenhadas de maneira
eficiente, precisariam de regras e funções. Funções essas, que levassem estabilização
14
econômica, diminuíssem as desigualdades encontradas e fornecessem bens e serviços para a
sociedade (SILVA, 2009).
Em um preceito federalista, vários motivos fazem ter a existência das transferências
governamentais, que de certa forma é um meio de obter receitas e de desafogar as despesas
dos governos locais, galardoar governos por suas contribuições fora do seu território, dentre
outros, porém, se o preceito das transferências não for bem planejado, podem originar
comportamentos e resultados indesejáveis ao alcance do bem-estar da sociedade (VARELA,
2008).
De maneira geral, as receitas tributárias são originadas das riquezas da região onde
sofrem influências de fatores ambientais, tendo que serem identificadas para que sejam
exploradas adequadamente, pois as necessidades da região surgem independentemente de
ações dos governantes (ARAUJO, et al 2016).
Nesse sentido, fatores como: população, força de trabalho, estrutura industrial, dentre
outros, são aspectos utilizados para caracterizar a riqueza, sendo necessário que o governo
identifique-os para poder utilizá-los de maneira a absorver ao máximo os seus recursos
(BERNE, 1992 apud ARAUJO, et al 2016).
Embora muito se discuta sobre os fatores que possam influenciar as receitas dos
municípios, no Brasil ainda são incipiente essas discussões. Araújo et al. (2016) buscaram
identificar quais eram os fatores que influenciavam as receitas dos municípios, mas não foram
evidenciadas as receitas tributárias propriamente ditas. Diante disso surge o seguinte
questionamento: Qual a influenciam dos fatores que incidem sobre as fontes das receitas
tributárias nos municípios brasileiros?
15
1.2 OBJETIVOS
1.2.1 Objetivo Geral
Analisar a influência das fontes que incidem sob as receitas tributárias dos governos
municipais brasileiros.
1.2.2 Objetivos Específicos
Com o fim de alcançar o objetivo geral proposto, são traçados os seguintes objetivos
específicos:
Identificar quais os fatores que estão relacionados ao comportamento das receitas
tributárias dos municípios.
Verificar os fatores relacionados ao comportamento das receitas tributárias dos
municípios.
Analisar de que forma os fatores econômicos e demográficos influenciam as Receitas
Tributárias nos municípios brasileiros.
1.3 JUSTIFICATIVA
O acompanhamento das receitas tributárias e os fatores causados por aspectos
econômicos e demográficos tornam-se essencial e indispensável, pois, são onde os gestores de
cada região podem obter informações confiáveis e fidedignas da real realidade dos seus
municípios, e assim, tomar decisões acertadas no que diz respeito à utilização dos recursos
para atender as necessidades da população.
A receita tributária é de suma importância para gestores públicos, ela é um dos poucos
recursos dos municípios juntamente com as transferências intergovernamentais e que precisa
de direções para poder administrar, pois, apenas com essas receitas que são desempenhadas as
obrigações com a população e hoje com a atual crise no país, intensificou mais essa
16
dependência, então tudo vai depender de uma boa gestão para levar o bem-estar para a
sociedade.
Embora, a Constituição Federal de 1988 tenha dado autonomia tributária aos
municípios, os mesmos não estão conseguindo arrecadar o suficiente para equilibrar as suas
contas públicas, havendo uma necessidade de uma maior arrecadação, o quadro abaixo
demonstra a distribuição das receitas tributarias entre as esferas dos governos.
Quadro 1 – Repartição de Receitas Tributárias Entre as Esferas do Governo
Repartição de Receitas Tributárias entre as esferas de governo
Tributos de Competência da União - Arts. 153 e 154
Inciso Nomenclatura União Estado Município Reg. N, NE,
CO
I I – Importação 100% - -
II IE – Exportação 90% 10% -
III IR - Renda e Proventos 53% 21,5% 22,5% 3%
IV IPI - Produtos Industrializados 53% 21,5% 22,5% 3%
V IOF - Operações de Crédito Câmbio e Seguros 100% - -
VI ITR - Propriedade Territorial Rural 50% - 50%
VII IGF - Grandes Fortunas 100% - -
VIII CPMF - Contr. Prov. s/ Movim. Financeiro 100% - -
IX CIDE - Contribuição s/ Domínio Econômico 75% 18,75% 6,25%
Tributos de Competência dos Estados - Art. 155
Inciso Nomenclatura União Estado Município Reg. N, NE,
CO
I ITBI - Transm. Bens Imóveis e Doação (causa
Mortis)
- 100% - -
II ICMS - Circulação Mercadorias e Serviços - 75% 25% -
III IPVA - Propriedades de Veículos Automotores - 50% 50% -
Tributos de Competência dos Municípios - Art. 156
Inciso Nomenclatura União Estado Município Reg. N, NE,
CO
I IPTU -Predial e Territorial Urbana 100%
II ITBI - Transmissão Inter Vivos de Bens Imóveis 100%
III ISSQN - Serviços de Qualquer Natureza 100%
* 15% Para o FUNDEF
Fonte: Informativo Especial FECAM – Abril/2005
A sociedade vive num dilema, em que a população, por um lado, demanda por
serviços públicos de forma crescente, por outro, a capacidade de extrair recursos da sociedade
para financiar os serviços é limitado, com isso, a solução para esse dilema está na qualidade
do gasto público, priorizando sempre a racionalização dos gastos, buscando fazer muito com
pouco.
Alguns estudos anteriores, apenas verificaram as receitas como um todo (ARAUJO et
al, 2016), não fazendo a análise mais específica das receitas tributárias. Dessa forma, a
17
presente investigação se justifica pela importância da análise dos fatores que incidem sob as
receitas tributárias dos governos municipais brasileiros.
O estudo em questão ainda busca identificar quais as receitas sofrem mais influências
com os fatores, população local, renda da população, força de trabalho, estrutura indústria,
dentre outros. E também verificar as receitas que podem ser melhoradas, aumentado assim à
arrecadação. Dessa forma, assim, a administração pública teria a informação onde estão sendo
mais eficiente e com isso ganhar mais independência.
18
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 RECEITA PÚBLICA MUNICIPAL
A Receita Pública segundo Araújo et al (2004) é todo o recolhimento feito aos cofres
públicos alcançados de forma de numerários e de outros bens representativos de valores, que
o governo tem o direito de arrecadar em virtude da constituição, das leis, contratos, ou de
quaisquer outros títulos de que derivem direitos a favor da sua comunidade.
De acordo com Marques (2012), Receita Pública corresponde de proventos
arrecadados de tributos, do tesouro nacional e de outras fontes de recursos financeiros que
passe a fazer parte do patrimônio público, e que permita custear as despesas e investimentos
decorrentes dos serviços públicos.
Já para o Comitê de Pronunciamentos Contábeis, o CPC, em seu Pronunciamento 30
(2012), a receita é definida como o ganho nos benefícios econômicos durante o período
contábil no ativo ou perdas do passivo, com isso, fazendo o patrimônio líquido da entidade
aumentar, e que não sejam recursos contribuídos dos próprios proprietários da entidade. E a
NBC TG 1000 (2012) define a receita como sendo um aumento no PL e são mencionadas por
diversos nomes como vendas, honorários, juros, dividendos, lucros distribuídos, royalties e
aluguéis.
A contabilidade tem se apresentado cada vez importante no setor público, sobretudo
com os avanços da tecnologia, a mesma vem evoluindo aceleradamente podendo trazer
informações cada vez mais tempestivas, com isso, podendo oferecer serviços de qualidade
para seus gestores, e os mesmos podendo tomar decisões cada vez mais eficazes para seus
municípios, demonstrado receitas, despesas e os incrementos patrimoniais provocados pela
gestão (ANGELICO, 1995).
Para tornar a Receita Pública um importante instrumento, tanto para a área pública
quanto para privada, é necessário ter um planejamento orçamentário, buscando sempre um
bom fluxo previsto de ingressos e de aplicações de recursos em um determinado período
(STN, 2014). Com a promulgação da Constituição Federal de 1988, os municípios se
tornarem mais importantes e participativos, tanto na oferta de bens e serviços públicos, quanto
no acesso da cidadania, aprimorando e acentuando as diferentes práticas de participação da
sociedade na gestão pública (KLERING et al., 2011).
A participação dos municípios com a gestão dos recursos públicos tem uma
importância muito significativa, pois, a partir do seu envolvimento a um deslocamento do
19
poder geral para o local, possibilitando a participação da população, dotando ao município
capacidade necessária para gerenciar as políticas sociais com maior exatidão, permitindo
melhorias na qualidade de vida dos cidadãos locais (JUNQUIERA et al., 1997).
Os municípios com essa visão ficam designados a exercer todos os seus objetivos
planejados por sua gestão, bem como as atribuições legais, mediante o bem-estar público,
zelando pela eficiência, alcançando a eficácia, empregando os recursos públicos disponíveis
por meio de instrumentos e ferramentas de gestão adequada.
Portanto, o gestor público somente conseguirá fazer uma boa gestão, a partir do
momento em que consiga executar adequadamente seu orçamento, necessitando, para isto,
angariar recursos que consigam garantir as despesas das quais suprirão as necessidades da
população, motivo pelo qual ele deve buscar identificar potencialidades arrecadativas. Do
contrário, o gestor ficaria impedido de executar seu orçamento e não conseguiria atender as
necessidades de seu povo, fracassando em sua gestão.
2.2 RECEITA TRIBUTÁRIA MUNICIPAL
Para que os municípios possam se subsidiar são necessários recursos financeiros. Na
classificação Orçamentaria, tributo é uma das origens da receita corrente, cuja finalidade é a
obtenção de recursos financeiros para as autoridades públicas desempenharem as atividades
que lhes cabem. Obedecem aos princípios da reserva legal e da anterioridade da lei, salvo
exceções (STN, 2014).
No Art. 3º do Código Tributário Nacional – CTN o tributo é definido da seguinte
forma:
"Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor
nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em
lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada".
Também no Art. nº 5 do CTN e nos incisos I, II e III da CF/1988 define que as
espécies de tributos são os impostos, taxas e contribuições.
Já a Lei 4.320/64 define tributo como sendo uma receita derivada, inserida pelas
entidades de direito público, abrangendo os impostos, as taxas e contribuições nos termos da
constituição e das leis, destinando-se em atividades gerais e especificas, classificando-os em
duas categorias econômicas: Receitas Correntes e a Receita de Capital. As receitas correntes
são aquelas que são arrecadadas dentro do exercício financeiro, obtendo efeito positivo no
20
patrimônio liquido e constituem instrumento a satisfazer finalidades públicas, já às de capital
são parecidas com a corrente só que em geral não tem influência sobre o PL.
Segundo Riani (1997), as receitas correntes são basicamente compostas pela cobrança
de tributos e as transferências governamentais. A CF, em seu Art. 30, delegou aos municípios
a sua própria arrecadação, quando diz que os municípios são responsáveis pela instituição e
arrecadação dos tributos de sua competência, obedecendo, no entanto, as normas
Constitucionais e tributárias vigentes. Assim, dando autonomia politica, administrativa e
financeira.
Ainda, de acordo com a Constituição Federal, em seu Art. 156, o município tem a
competência de instituir e cobrar três tipos de impostos: Imposto Sobre a Propriedade Predial
e Territorial Urbana (IPTU), Imposto sobre a Transmissão de Bens Imóveis (ITBI) e Imposto
sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS). E ainda estabelece que a redução das
desigualdades sociais e regionais constitui um objetivo fundamental da República Federativa
do Brasil, visando descentralizar a política fiscal criando as transferências de recursos federais
para uma melhor gestão e um crescimento mais equitativo das regiões brasileiras.
O IPTU é um imposto que, como o próprio nome diz, estende-se sobre a propriedade
urbana. O sistema tributário brasileiro resolveu instituir dois tipos de impostos sobre a
propriedade imobiliária: IPTU sobre imóveis situados em área urbana e ITR sobre os situados
em área rural (ALEXANDRE, 2007). Mas esta pesquisa tratará apenas do IPTU, que é um
dos objetos desse estudo. O seu fato gerador está exposto no Art. 156, inciso I, da
Constituição de 1988, que receptou o Art. 32 do CTN (BRASIL, 1966):
Art. 32. O imposto, de competência dos Municípios, sobre a propriedade
predial e territorial urbana tem como fato gerador a propriedade, o domínio
útil ou a posse de bem imóvel por natureza ou por acessão física, como
definido na lei civil, localizado na zona urbana do Município (BRASIL,
1966).
Ainda segundo CTN (BRASIL, 1966) é considerada como área urbana aquela que
possui meio-fio ou calçamento, com canalização de águas pluviais; abastecimento de água;
sistema de esgotos sanitários; tendo iluminação pública, postos de saúde e escolas próximos.
E ainda pode ser considerada como urbana, cuja área esteja em expansão.
Sobre a base de cálculo desse imposto, está exposto no CTN (BRASIL, 1966):
Art. 33. A base de cálculo do imposto é o valor venal do imóvel.
21
Paragrafo único. Na determinação da base de calculo, não se considera o
valor dos bens móveis mantidos, em caráter permanente ou temporário, no
imóvel, para efeito de sua utilização, exploração, aformoseamento ou
comodidade.
Em outras palavras, valor venal seria aquele valor alcançado em uma operação de
compra e venda e considerando a dificuldade em atribuir esse valor real e individualizado, os
gestores responsáveis fixaram para cada imóvel por lei, podendo ser modificado por vários
fatores, como: modificação da área construída, localização, e essa avaliação é feita anual
(CASSONE, 2004).
Já suas alíquotas são progressivas, com a Emenda Constitucional 29/2000, que
permitiu que as alíquotas fossem em razão do imóvel, aumentando para quem mais tem,
podendo ser diferenciadas tanto no seu uso quanto na sua localização. Alexandre (2007) traz
que a diferença do uso permite que as alíquotas sejam desiguais para prédios comerciais
quanto para os residenciais, já sua localização permite a criação de tabelas diferenciadas de
classes, alta, média e baixa.
Outro imposto municipal é o de Transmissão de Bens Imóveis – ITBI, que tem sua
fonte na CF em seu Art. 156 combinado com CTN, onde dizem que suas incidências são
sobre transmissão de inter vivos (entre vivos), a qualquer título, contando que seja onerosa de
bens imóveis por natureza, por cessão física e por cessão de direito, com exceção os de
garantia, e pode ser observado que diferente do IPTU que tributa sobre o titular do imóvel, o
ITBI tributa-se na transmissão ou cessão do imóvel.
Alexandre (2007) esclarece que no momento da transmissão ou da cessão, mediante o
registro do imóvel é que determina a obrigação do tributo diante do município onde está
situado, independente do lugar onde foi feito o registro.
É importante elucidar que a obrigatoriedade do tributo é de umas das partes envolvida
na transação, porém a responsabilidade é aferida aos cartórios e demais serventuários pelos
tributos devidos, e quando não puderem ser cobrados os contribuintes, relativamente às
omissões que forem causadores ou quando atuarem com excessos de poderes. (Art.134 e 135,
CNT).
A sua alíquota é o seu valor de mercado ou de direito transmitidos, incidindo sobre a
percentagem que varia de cada município, esse imposto não representa uma fonte confiável de
recursos para seus gestores, visto que só teria a realização com compra e venda.
E o Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza - ISS, que com o amparo da
Constituição e do Código Tributário Nacional, surgiu a Lei Complementar Nº 116, de 31 de
Julho de 2003, na qual vem às normas que regulamentam o ISS. Esse imposto tem caráter
22
fiscal e é uma importante fonte de recursos para o desenvolvimento da região municipal
(ALEXANDRE, 2007).
No Art. 3º da Lei Complementar diz que esse imposto é devido no local do prestador,
e na falta deste, exceto previstos nos incisos de I a XXII, quando o imposto será divido no
local. Evitando assim fraudes das empresas, favorecendo corretamente aos municípios que
realmente corresponde à atividade nele exercida.
Art. 4º Considera-se estabelecimento prestador o local onde o contribuinte
desenvolva a atividade de prestar serviços, de modo permanente ou
temporário, e que configure unidade econômica ou profissional, sendo
irrelevante para caracterizá-lo as denominações de sede, filial, agência, posto
de atendimento, sucursal, escritório de representação ou contato ou
quaisquer outras que venham a ser utilizadas (BRASIL, 2003).
O ISS é um imposto cumulativo, ou seja, mesmo que estes serviços não sejam a
atividade principal do prestador, só em exercer de forma esporádica já se consolida como
prestação do serviço (FORTES, 2009).
Gallo (2007) descreve que o ISS constitui-se como um imposto sobre as receitas dos
serviços prestados as empresas e que suas alíquotas variam entre 2 a 5%, sendo mínimo e
máximo que podem ser cobrados sobre o tipo e o valor do serviço.
E sua base de calculo é o preço cobrado pelo serviço. Vale ressaltar as exceções, na
prestação de serviços, como por exemplo, a construção civil em que é deduzido o valor
referente ao material, outra, é os profissionais liberais que são cobrados uma taxa fixa,
independente do preço a ser cobrado, dentre outras (BIDERMAN E OZAKI, 2004).
Por apresentar um melhor desempenho evolutivo e ser uma confiante fonte de
recursos, o ISS é o imposto no qual os gestores mais se preocupam, pois, tem um grande
potencial de crescimento na receita tributaria, dessa forma, mais recursos para seus
respectivos municípios (SOUZA, 2009).
E por fim, mesmo não sendo uma receita tributária, as Transferências Governamentais
é uma importante fonte de recursos complementares para os municípios, representada pelo
Fundo de Participação dos Municípios – FPM, sendo um importante instrumento de finanças
públicas principalmente para os municípios pequenos que não tem uma força financeira para
arrecadação própria, sendo sua distribuição baseada em alguns coeficientes divulgados pelo
Tribunal de Contas da União – TCU, e com os dados populacionais divulgados pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE (MACIEL, ANDRADE E TELES, 2008).
No Brasil, as transferências são usadas com grande intensidade, pois, no país existi
uma descentralização muito grande, com isso, existem distinções regionais, dificuldades de
23
inserir politicas de estabilização, dessa forma, não arrecadando de forma eficiente e ocorrendo
uma insuficiência de receita. Por tanto, a existência das transferências é lidar com essas
necessidades de arrecadar recursos, dando suporte para os municípios (SHAH, 2007).
2.3 BASES TRIBUTÁRIAS
Segundo Lima e Diniz (2016), a finalidade do governo está, exaustivamente e
sucessivamente, em prestar serviços para a comunidade e, para isso, está atrelada a dois
fatores determinantes: a capacidade de gerar recursos financeiros e a compressão por gastos.
Groves e Valente (2003) dizem que a base tributária e as características econômicas e
demográficas são de lados contrários, sendo que, de um lado a base tributaria é a que gera a
riqueza da sociedade, e do outro, aspectos ambientais e econômicos, contribuindo para a
demanda da comunidade e quando as condições econômicas decaem, são afetadas num todo,
pois, são essenciais para obtenção de uma maior demanda por bens e serviços e com isso,
gerando mais recursos públicos.
Algumas variáveis, do ambiente econômico evidenciam e influenciam a condição
financeira governamental, explorando a base econômica para atender as necessidades sociais,
mantendo relações com alguns grupos que, além de contribuírem com as receitas, também irá
cobrar por mais gastos financeiros (BERNE, 1992).
Ainda segundo Berne (1992), as bases precisam ser primeiramente identificadas no
ambiente onde estão inseridas para que possam ser exploradas adequadamente reduzindo os
custos e aumentando as receitas governamentais. Neste sentido, fatores como força de
trabalho, população local, renda da população e a estrutura industrial, são umas das bases que
caracterizam a riqueza da comunidade.
Com isso, tendo em vista que os tributos municipais brasileiros tem seu fato gerador
sobre a riqueza da população, uma vez representada sob seus imóveis (o IPTU), sobre a
capacidade e/ou necessidade de contratação serviços adicionais prestados pela iniciativa
privada (atrelada à figura do ISS) e até mesmo dessa capacidade e/ou necessidade de
negociação de bens (por meio do ITBI), percebe-se que o ambiente econômico e demográfico
ao qual o município estará inserido pode ser determinante do montante de recursos ao qual
será canalizado aos cofres públicos municipais.
Dessa forma, as discussões teóricas apresentadas anteriormente sustentam a definição
da hipótese desta pesquisa, a qual é apresentada a seguir:
24
H1: Fatores econômicos e demográficos influenciam diretamente a arrecadação de
recursos tributários municipais.
Todavia, as autoridades públicas devem estar alerta sobre fatores que também fazem a
receita diminuírem, são os casos do aumento da população com pouca renda, desemprego,
baixa diversificação na economia, dentre outros. Esses fatores fazem a economia caírem
muito, pois além de não terem receitas pra contribuírem, o governo tem que gastar mais com
hospitais, transporte, escolas, coletas de lixo, espaços públicos e outros mais, ocorrendo assim
um desequilíbrio econômico (PETERSON, 1978).
Portanto, as autoridades públicas precisam identificar seus fatores econômicos em
geral para que possam ter um equilíbrio financeiro, arrecadando a quantidade de receitas
necessária para suprir suas despesas. E assim, como esse trabalho busca explorar as bases
econômicas, pode se dizer que esses fatores ambientais e econômicos são objeto de pesquisa
desse trabalho.
2.4 ESTUDOS ANTERIORES
Muitos trabalhos, embora busquem estudar as receitas próprias dos municípios sob
outros aspectos, como sua qualidade, como se originam, conforme demonstrado no Quadro 2.
Quadro 2 – Estudos recentes sobre recursos próprios
Titulo Autores/Ano Conteúdo
A administração tributária dos
municípios brasileiros uma avaliação
do desempenho da arrecadação
Tristão (2003) Este trabalho visou ampliar o conhecimento das
peculiaridades e propôs estimulo para melhorar
a arrecadação.
Capacidade e limites à participação
dos municípios no financiamento do
desenvolvimento urbano
Pinto (2005) Analisaram as possibilidades e problemas dos
municípios de regiões metropolitanas e
comprovaram que a situação financeira está
equilibrada.
Análise das receitas do município de
São Lourenço do Sul/RS no período de
2005 a 2010
Fumagalli (2012) O estudo buscou verificar as transferências
obrigatórias e as receitas voluntárias, e
mostraram que pode crescer independente das
receitas no geral.
O comportamento da receita pública
municipal
Brito (2014) Fatores que influenciam a receita do município
da Parnaíba – PI. E na maior parte do estudo
houve uma elevação das receitas.
25
Receita pública municipal um estudo
sobre o comportamento das receitas
próprias e de transferência no
município de Picos-PI
Carvalho et al
(2015)
Como se comportou a receita no município de
Picos-PI no período de 2010 a 2014 e percebeu
uma evolução constante na receita.
Análise dos condicionadores de
recursos próprios dos municípios
brasileiros
Araújo et al
(2016)
O objetivo dessa pesquisa foi analisar os efeitos
dos condicionadores de recursos próprios e
revelaram que as variáveis são importantes para
os recursos próprios.
Fonte: Elaborado pelo autor (2016)
Observa-se que nenhum deles buscaram analisar e identificar fatores nos quais
influenciam a arrecadação tributária municipal. Dessa forma, para além dessa investigação,
este estudo visa, por meio de sua metodologia empregada, identificar quais são os fatores e
em quais níveis estes determinam e influenciam as receitas tributárias dos municípios
brasileiros.
26
3 METODOLOGIA
3.1 TIPOLOGIA DA PESQUISA
A pesquisa é um tipo de procedimento metodológico que busca alcançar respostas para
um ou mais problemas fixados, contribuindo assim para a ciência e desenvolvimento social,
ficando esquematizada em objetivos, procedimentos e abordagem do problema (BEUREN,
2009).
O objetivo dessa pesquisa se caracteriza como descritiva que para Ferrari (1982) tem a
finalidade de enumerar ou descrever as características dos fenômenos, também para Gil
(2010) as pesquisas descritivas tem a finalidade de identificar as plausíveis variáveis.
Quanto à abordagem do problema, este estudo define-se como quantitativo levando em
conta a objetividade, ou seja, tendo seus resultados quantificados por meio de uma análise de
dados e utilização de ferramentas estatísticas.
E com relação aos procedimentos, essa pesquisa caracterizou-se como bibliográfica e
documental, pois o referencial teórico desde trabalho foi baseado em livros, artigos,
monografias, leis, normas, no próprio IBGE, dentre outras, com a finalidade de garantir de
forma ampla assuntos relacionados ao tema, podendo assim contribuir para solucionar os
objetivos da pesquisa.
3.2 UNIVERSO DA AMOSTRA
No universo dessa pesquisa agrega-se os municípios brasileiros que totalizam em
5.570 no ano de 2015, para essa escolha, consideraram-se os municípios maiores que 500.000
habitantes, sendo necessário à amostra atendam ao seguinte critério: disponibilidades das
informações necessárias para essa pesquisa em todo o período – 2009 a 2013, visto que essa
amostra possui grande representatividade financeira e de grande relevância para essa
pesquisa, de acordo com o Quadro 3 totalizando-se 41 municípios.
Quadro 3 Detalhamento dos Municípios que compõem a amostra desta Pesquisa
UF RANKING NOME DO MUNICÍPIO POPULAÇÃO ESTIMADA
SP 1º São Paulo 11.967.825
RJ 2º Rio de Janeiro 6.476.631
BA 3º Salvador 2.921.087
DF 4º Brasília 2.914.830
CE 5º Fortaleza 2.591.188
MG 6º Belo Horizonte 2.502.557
27
AM 7º Manaus 2.057.711
PR 8º Curitiba 1.879.355
PE 9º Recife 1.617.183
RS 10º Porto Alegre 1.476.867
PA 11º Belém 1.439.561
GO 12º Goiânia 1.430.697
SP 13º Guarulhos 1.324.781
SP 14º Campinas 1.164.098
MA 15º São Luís 1.073.893
RJ 16º São Gonçalo 1.038.081
AL 17º Maceió 1.013.773
RJ 18º Duque de Caxias 882.729
RN 19º Natal 869.954
MS 20º Campo Grande 853.622
PI 21º Teresina 844.245
SP 22º São Bernardo do Campo 816.925
RJ 23º Nova Iguaçu 807.492
PB 24º João Pessoa 791.438
SP 25º Santo André 710.210
SP 26º Osasco 694.844
SP 27º São José dos Campos 688.597
PE 28º Jaboatão dos Guararapes 686.122
SP 29º Ribeirão Preto 666.323
MG 30º Uberlândia 662.362
MG 31º Contagem 648.766
SP 32º Sorocaba 644.919
SE 33º Aracaju 632.744
BA 34º Feira de Santana 617.528
MT 35º Cuiabá 580.489
SC 36º Joinville 562.151
MG 37º Juiz de Fora 555.284
PR 38º Londrina 548.249
GO 39º Aparecida de Goiânia 521.910
PA 40º Ananindeua 505.404
RO 41º Porto Velho 502.748 Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisa – DPE – Coordenação de população e indicadores sociais - COPIS
3.3 COLETA E TRATAMENTO DOS DADOS
Os dados desta pesquisa foram coletados no FINBRA, disponível num website da
Secretaria do Tesouro Nacional (STN), sobre as variáveis orçamentarias; na Federação das
Indústria do Rio de Janeiro – FIRAJN, sobre emprego e renda e populacional; no Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatísticas – IBGE, correspondentes aos indicadores demográficos
e econômicos, todos referentes aos anos de 2009 a 2013, resumidos no Quadro 4.
28
Quadro 4 Coleta de Dados
Variáveis Fonte de Dados
Receita Sistema de Informações Contábeis e Fiscais do Setor Público Brasileiro -
SICONFI Despesa
PIBM Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas - IBGE
Estimativa Populacional
EmpRend Federação das Indústria do Rio de Janeiro – FIRAJN
Fonte: Elaborado pelo Autor (2016)
Já com relação aos tratamentos dos dados, esta pesquisa utilizará alguns indicadores
que servirão de métrica para identificar as características socioeconômicas e demográficas dos
municípios brasileiros (ARAUJO el al, 2016), conforme detalhado na sequência.
No que se refletem a base da riqueza da comunidade estão os indicadores. Produto
Interno Bruto dos Municípios - PIBM, que trata da soma de todos os bens e serviços da
comunidade, com isso, podendo trazer informações econômicas de todas as atividades das
regiões. Ficando expressa da seguinte forma.
PIBM it = ∑ Bens + ∑Serviços (1)
Outro indicador é a Renda média da população, implicam que quanto maior a renda
per capita maior será a receita dos municípios, pois, serão maiores os impostos sobre a
propriedade, sobre as vendas, sobre a renda pessoal e empresarial (BERNE, 1992).
Contudo, Groves e Valente (2003) considera que a renda familiar seja mais valida,
pois, os serviços são estimados por elas, ficando como a equação a seguir.
Rend it
(2)
Outra variável que será considerada nessa pesquisa é examinar a base de emprego,
para isso, utiliza-se o nível de desemprego, que segundo IBGE (2015), é aquela pessoa que
não está trabalhando, está disponível para o mercado de trabalho ou que está na procura de
emprego nos últimos meses. Sendo exposta a seguir.
Desemp It =
(3)
29
Entretanto, em todos os anos da pesquisa as variáveis renda e desemprego
apresentaram dificuldades na sua identificação, empregando-se para as essas duas variáveis, o
indicador do índice FIRJAN de Desenvolvimento Municipal (IFDM), utilizando somente as
notas atribuídas as variáveis emprego e renda. Segundo o FIRJAN (2015) essas notas
consistem em a geração de emprego formal e a capacidade de absorção da mão de obra local, a
geração de renda e sua distribuição no mercado de trabalho do município, sendo atribuído peso de
25% em cada conceito. Sendo mostrada na equação a seguir.
EmpRend It =
(4)
A Quantidade de Habitantes, que busca trazer informações sobre a capacidade de
geração de recursos, quanto com a necessidade dos gastos, e a variação da população afeta
diretamente, segundo Miller (2001) se ha diminuição da população naquela comunidade, há
uma fragilidade na economia, e se há um aumento, é necessário mais investimentos, dentre
outros fatores que são influenciados, por isso, torna-se importante essa análise, sendo expressa
a seguir.
Popit = (5)
Entretanto, as receitas não são suficientes ou não estão sendo bem administradas, por
isso, precisam de mais recursos, recursos esses que vem da União e dos Estados, o Fundo de
Participação dos Municípios (FPM) e também chamada de Transferências Governamentais.
Dessa forma, espera-se identificar de que forma estes determinantes exercem influência sob
os recursos oriundos de outras esferas governamentais, resultando, pois, na equação 6.
Depend It =
(6)
Dessa forma, o modelo empregado nesta investigação consiste em relacionar as
variáveis PIBM, Emprego e Renda (FIRJAN) e Quantidade de Habitantes com cada um dos
tributos ao qual o município tem a competência constitucional de instituir e arrecadar, o ISS,
IPTU e ITBI. Sendo assim, tem-se a equação 7.
Geração de Emprego + Capacidade de absorção da Mão
de Obra + Geração de Renda + Distribuição no mercado
de trabalho
30
ISSit = β1 PIBMit + β2 Popit + β3 EmpRendit + β4 Dependit + ɛ (7)
Em que:
- ISSit corresponde à arrecadação do Imposto sobre os Serviços de Qualquer Natureza (ISS) do
município i no período t;
- PIBMit corresponde ao Produto Interno Bruto (PIBM) do município i no período t, conforme
a Equação 1;
- Popit corresponde à quantidade da população do município i no período t;
- EmpRendit corresponde à nota atribuída ao conceito emprego e renda do IFDM ao município
i no período t, conforme equação 4.
- Dependit corresponde proporção das transferências governamentais em relação ao total das
receitas correntes do município i no período t.
De mesma, esta pesquisa pretende analisar a influências dos fatores elencados
anteriormente com as demais receitas tributárias dos municípios brasileiros (IPTU e ITBI).
Assim sendo, apresenta-se as equações 8 e 9.
IPTUit = β1 PIBMit + β2 Popit + β3 EmpRendit + β4 Dependit + ɛ (8)
ITBIt = β1 PIBMit + β2 Popit + β3 EmpRendit + β4 Dependit + ɛ (9)
3.4 LIMITAÇÃO DA PESQUISA
O estudo realizado apresentou algumas limitações no tocante ao Centro-Oeste do
Brasil, o município de Brasília – DF, não disponibilizando as informações no FINBRA
referente ao ISS, IPTU e ITBI, sendo imprescindível para essa pesquisa, portanto ficando com
um total de 40 municípios respectivamente para a realização desse trabalho.
Outra limitação foi no que tange a dados mais atuais como o PIB, limitando a
pesquisa até o ano de 2013.
31
Contudo, não foi apenas o PIB que limitou a pesquisa, foi também a renda e o
desemprego, empregando-se para essas duas variáveis as notas que são atribuídas pelo
indicador do índice FIRJAN de Desenvolvimento Municipal (IFDM).
32
4 RESULTADOS E ANÁLISES DA PESQUISA
Conforme definido nos procedimentos metodológicos, utilizou-se de algumas
variáveis como PIB, EmpRend e Pop, para analisar as influencias nos tributos municipais,
sendo eles o ISS, IPTU e o ITBI, conforme equações 6 para o ISS, 7 para o IPTU e 8 para o
ITBI.
A tabela 1 apresenta as estatísticas descritivas, onde é possível identificar que foram
realizadas 5 observações em bases anuais para cada uma das variáveis, no período de 2009 a
2013, o que resultou em 200 observações, tendo em vista que a amostra compusera 40
municípios.
Tabela 1 Estatística Descritiva
Variável/Estatística Obs. Média Desvio-Padrão Máximo Mínimo
ISS 200 523.020.467,96 1.398.364.457,34 10.136.074.125,55 19.514.323,23
IPTU 200 266.802.578,70 729.798.924,84 5.448.089.754,40 5.313.907,18
ITBI 200 89.529.856,75 195.209.038,20 1.415.530.846,93 1.693.797,07
PIB 200 40.595.981,39 80.843.982,45 570.706.191,59 54.440,60
Pop 200 1.388.433 1.895.458 11.821.873 382.829
EmpRend 200 0,75 0,06 0,87 0,59
Depend 200 0,59 0,10 0,79 0,36
Fonte: Dados da Pesquisa (2016).
A Tabela 1 demonstra que a média da arrecadação do ISS foi de 523milhões, do IPTU
266milhões e do ITBI foi de 89milhões. Embora neste caso a média não possa ser um bom
parâmetro de representação da amostra observada, tendo em vista os elevados desvios-padrão,
os valores máximos e mínimos demonstram a forte contribuição do ISS nas finanças públicas
municipais. O que implica dizer que os gestores municipais devem buscar fortalecer suas
bases tributárias do ISS para conseguir angariar recursos para administração pública.
Porém, de maneira geral, quando se verifica o EmpRend, o indicador Firjan da uma
nota de 0,6 a 0,8 considerando como boa gestão, indicando que boa parte dos municípios
analisados apresentam uma nota boa, média de 0,75, ou seja, são municípios que conseguem
gerar emprego e renda, que, de acordo com os aspectos teóricos, são fortes determinantes para
a geração de recursos públicos, tendo em vista assinalar aspectos da riqueza da sociedade.
Outro ponto que pode ser visto corresponde à Dependência dos municípios pelas
Transferências Governamentais, obtendo uma média de 59%, o que implica dizer que os
municípios analisados apresentam, em média, alta dependência orçamentária de outras esferas
33
governamentais, sobretudo ao se observar que houve municípios em que esse tipo de
dependência chegou a 79% (máximo).
A tabela 2 expõem através da Matriz de Pearson sobre o ISS e as correlações
observadas entre as variáveis que tratam nesse estudo.
Tabela 2 Matriz de Correlação de Pearson (ISS)
ISS PIB Pop EmpRend Depend
ISS 1.0000
PIB 0.9916*** 1.0000
0.0000
Pop 0.9593*** 0.9659*** 1.0000
0.0000 0.0000
EmpRend 0.0517 0.0415 0.0820 1.0000
0.4676 0.5600 0.2484
Depend -0.4933*** -0.5207*** -0.4828*** -0.1764* 1.0000
0.0000 0.0000 0.0000 0.0125
Nota: Os asteriscos indicam os níveis de significância: * p < 0,05; ** p < 0,01; *** p < 0,001.
Fonte: Dados da Pesquisa (2016).
Os resultados da Tabela 2 permitem afirmar que, de acordo com a amostra desse
estudo, existe uma forte relação positiva e significante entre o ISS e o PIB, evidenciando que
o PIB é um fator determinante da arrecadação do ISS. O que implica dizer que se o gestor
público estimular suas bases econômicas, no sentido de elevar a produção de bens e serviços,
administração pública será retribuída com o aumento da arrecadação de ISS.
Do mesmo modo, observa-se relação semelhante entre o ISS e a Pop, confirmando que
a população também é um fator determinante a arrecadação desse imposto, isso porque quanto
maior for à população, maior será a necessidade da oferta de serviços e maior será o nível de
envolvimento da população na prestação desses serviços, que é o próprio fato gerador do ISS,
fornecendo recursos aos cofres públicos municipais.
Observa-se, também, que embora a relação ISS com EmpRend tenha sido positiva, não
houve relevância estatística nessa informação, uma justificativa para isto possa ser pelo fato
de não necessariamente qualquer tipo de emprego vá vim aumentar o ISS, uma vez que o ISS
incide sobre os serviços e não sobre o emprego ou a renda geral. A tabela 2 ainda trás a
34
correlação entre o PIB com Pop, dando 96% em que o aumento do PIB tem relação com o
aumento da população.
Vale evidenciar também a relação entre o ISS e a Depend, estando essa correlação
negativa, então, se essa dependência orçamentaria aumenta, cai à arrecadação do ISS e vice
versa. Isso pode ser explicado por dois motivos, primeiro pelo fato da maior arrecadação do
ISS gerar mesmo um desprendimento do gestor municipal por recursos de outras esferas
governamentais, como também pelo fato de, quando o gestor recebe muitas transferências
governamentais, ele pode ficar acostumado em recebê-las e não buscar esforços arrecadativos.
A tabela 3, por sua vez, apresenta as correlações obtidas entre o IPTU com os
indicadores, os mesmos tratados para o ISS.
Tabela 3 Matriz de Correlação de Pearson (IPTU)
IPTU PIB Pop EmpRend Depend
IPTU 1.0000
PIB 0.9868*** 1.0000
0.0000
Pop 0.9476*** 0.9659*** 1.0000
0.0000 0.0000
EmpRend 0.0424 0.0415 0.0820 1.0000
0.5509 0.5600 0.2484
Depend -0.5004*** -0.5207*** -0.4828*** -0.1764* 1.0000
0.0000 0.0000 0.0000 0.0125
Nota: Os asteriscos indicam os níveis de significância: * p < 0,05; ** p < 0,01; *** p < 0,001.
Fonte: Dados da Pesquisa (2016).
Assim como observado no ISS, as variáveis PIB, Pop e Depend apresentaram as
mesmas relações com o IPTU e todas elas foram relevantes para o estudo. Observa-se,
portanto, que o PIB pode fazer com que os valores venais dos imóveis sejam encarecidos, o
que, naturalmente, impactará na crescente arrecadação do IPTU. Do mesmo modo, quanto
maior a população, maior será a necessidade de imóveis para suportar a capacidade
habitacional, mesmo que nem toda a população tenha sua casa própria, mas isso é indiferente
para administração pública no sentido de arrecadação do Imposto sobre a Propriedade.
35
O mesmo comportamento observado do ISS com a Depend foi observado com relação
ao IPTU, indicando que maiores arrecadações de IPTU reduzem a dependência
governamental dos municípios.
Continuando com essa análise dos indicadores, a tabela 4 traz a correlação do ITBI
com as mesmas variáveis tratadas anteriormente.
Tabela 4 Matriz de Correlação de Pearson (ITBI)
ITBI PIB Pop EmpRend Depend
ITBI 1.0000
PIB 0.9738* 1.0000
0.0000
Pop 0.9491* 0.9659* 1.0000
0.0000 0.0000
EmpRend 0.0811 0.0415 0.0820 1.0000
0.2535 0.5600 0.2484
Depend -0.5705* -0.5207* -0.4828* -0.1764* 1.0000
0.0000 0.0000 0.0000 0.0125
Fonte: Dados da Pesquisa (2016).
Ao verificar a matriz de correlação do ITBI com as demais variáveis, verifica-se que
os resultados das correlações com o PIB, Pop e Depend se repetiram, assim como observado
nas correlações do ISS e IPTU. O PIB, que é uma métrica para mensurar a riqueza da
comunidade, ao demonstrar correlações fortes e positivas com o ITBI, indica que o aumento
do PIB pode ocasionar maior movimentação de bens, assim como a maior quantidade
populacional poderá gerar transferências de bens entre os habitantes, fatores que
condicionarão maiores recursos aos cofres públicos municipais.
As correlações nas três variáveis dependentes, ISS, IPTU e ITBI, demonstraram que a
variável EmpRend, que avalia a geração de emprego e renda em cada município, não
demonstrou relevância estatística em nenhuma das observações, mesmo tendo apresentado
sinal positivo nas três observações. Tais resultados podem ser justificados pelo fato do
emprego ou a quantidade não estarem diretamente ligados à incidência de nenhum dos
impostos municipais, mesmo sendo fator de riqueza da comunidade.
36
Verificada as relações, partiu-se para uma análise geral de todos os indicadores que
influenciam no ISS. A Tabela 5 apresenta os coeficientes obtidos por meio de um modelo
regressivo em Dados em Painel, conforme o modelo apresentado na equação 6.
Tabela 5 Coeficientes obtidos por meio do Modelo Econométrico – ISS (Equação 7)
ISS Coeficiente Erro Padrão z p-value Intervalo de Confiança
95%
PIB 20.32546 .5892944 34.49 0.000 1.917.046 2.148.045
POP -117.8159 2.781.958 -4.24 0.000 -1.723.413 -6.329.057
EmpRend -3.50e+07 2.05e+08 -0.17 0.865 -4.37e+08 3.67e+08
Depend 3.49e+08 2.08e+08 1.68 0.094 -5.90e+07 7.57e+08
Constante -3.18e+08 2.03e+08 -1.57 0.117 -7.17e+08 7.96e+07
Sigma_u 1,41 Prob > F 0.0000
Sigma_e 98608292 Hausman 0.0862
Rho 0,67
Modelo:
ISSit = β1 PIBMit + β2 Popit + β3 EmpRendit + β4 Dependit + ɛ
Fonte: Dados da Pesquisa (2016).
O teste de Hausman indicou que os resultados mais adequados às variáveis trabalhadas
na pesquisa apontam para efeitos fixos, indicando que os dados partem de um mesmo
intercepto. Com relação ao teste F, afastou-se a hipótese que qualquer uma das variáveis
resultem em zero, indicando, pois, que o modelo existe e pode ser levado em consideração.
Verificado os pressupostos para os modelos econométricos, os resultados apontaram
que as variáveis PIB, POP e Depend foram estatisticamente relevantes aos níveis de 1% para
as duas primeiras variáveis e 10% para a última variável.
Com isso, os resultados permitem ratificar aquilo que já fora observado nas
correlações (Tabela 2), quando se verifica as inferências do PIB sobre o ISS. Ou seja, o
modelo indicou que o Produto Interno Bruto do Município determina fortemente o nível de
arrecadação do ISS em cada Município. De fato, sendo o PIB a melhor métrica para riqueza
da comunidade, indicando a estrutura econômica, promoção de bens e serviços, geração de
emprego e renda, faz com que todos esses fatores canalizem para maior necessidade e, por sua
vez, maior utilização de serviços de qualquer natureza, que é o fator gerador do imposto
municipal.
Adversamente ao indicado na correlação, o modelo econométrico indicou que o nível
populacional do município não determina que a gestão pública municipal angariará mais
recursos à título do Imposto sobre os Serviços. O que faz todo sentido, pois um município
pode ter um quantitativo habitacional elevado, mas não necessariamente a população
37
residente necessitará ou trabalhará declaradamente e legalmente na promoção dos serviços.
Sendo assim, observa-se que os serviços estão mais atrelados a questões econômicas e não
populacionais.
Do mesmo modo, no contraponto das correlações apresentadas, verificou-se que a
Dependência Orçamentária não desestimula a arrecadação do ISS. Os resultados indicam que
mesmo o município recebendo muitos recursos de outras esferas governamentais, o gestor
local faz esforços arrecadativos no sentido de obter recursos oriundos da Prestação de
Serviços. Isso pode ser explicado pelo fato de todos os municípios da amostra serem de
grande porte, em que os gestores são, de maneira geral, mais comprometidos e buscam
sempre explorar suas bases arrecadativas, o que nem sempre pode ser observado em
municípios de pequeno porte.
Ratificando o que apontou a correlação, a variável que mensura a geração de emprego
e renda (EmpRend) não apresentou relevância estatística para o modelo.
Adicionalmente, buscou-se verificar se as mesmas variáveis determinam a arrecadação
de outro imposto municipal, o IPTU. A Tabela 6 apresenta os coeficientes obtidos pelo
método de regressão, também utilizando Dados em Painel.
Tabela 6 Coeficientes obtidos por meio do Modelo Econométrico – IPTU (Equação 8)
IPTU Coeficiente Erro Padrão Z p-value Intervalo de Confiança 95%
PIB 9.071856 .3361097 26.99 0.000 8.413.093 9.730.619
POP -3.610674 1.716546 -0.21 0.833 -3.725.435 30.033
EmpRend -5.12e+07 1.17e+08 -0.44 0.662 -2.81e+08 1.78e+08
Depend 9.40e+07 1.29e+08 0.73 0.465 -1.58e+08 3.46e+08
Constante -1.13e+08 1.19e+08 -0.95 0.340 -3.46e+08 1.20e+08
Sigma_u 1,07 Prob > F 0.0000
Sigma_e 55560517 Hausman 0.3005
Rho 0,78
Modelo:
IPTUit = β1 PIBMit + β2 Popit + β3 EmpRendit + β4 Dependit + ɛ
Fonte: Dados da Pesquisa (2016).
No modelo do IPTU, apenas a variável PIB apresentou significância estatística, sendo
todas as demais desprezadas para efeito das análises deste modelo. O PIB, por sua vez,
demonstrou que influencia positivamente a arrecadação do Imposto sobre a Propriedade.
Embora os resultados indiquem que o PIB determina mais a arrecadação do ISS do que do
IPTU, ele não deixa de ser relevante para arrecadação do IPTU, abraçando a ideia de que o
38
PIB fará com que os imóveis tenham seus valores elevados, aumentando, por sua vez, a
arrecadação do imposto municipal.
E, por último, foi utilizado as mesmas variáveis com a finalidade de também fazer
inferências com relação à determinação da arrecadação do ITBI. Os resultados do modelo de
regressão, por meio de Dados em Painel, estão apresentados na Tabela 7.
Tabela 7 Coeficientes obtidos por meio do Modelo Econométrico – ITBI (Equação 9)
ITBI Coeficiente Erro Padrão Z p-value Intervalo de Confiança
95% PIB 3.618724 .0946643 38.23 0.000 3.433.185 3.804.263
POP -49.93397 5.192954 -9.62 0.000 -6.011.198 -3.975.597
EmpRend -1.49e+07 3.30e+07 -0.45 0.652 -7.96e+07 4.98e+07
Depend -1.47e+07 3.78e+07 -0.39 0.697 -8.89e+07 5.94e+07
Constante 3.19e+07 3.41e+07 0.94 0.349 -3.49e+07 9.87e+07
Sigma_u 298008943 Prob > F 0.0000
Sigma_e 12670010 Breusch and Pagan 0.0000
Rho 0,84
Modelo:
ITBIt = β1 PIBMit + β2 Popit + β3 EmpRendit + β4 Dependit + ɛ
Fonte: Dados da Pesquisa (2016).
Diferentemente dos dois modelos anteriormente apresentados, o teste de Hausman
indicou que os resultados mais adequados às variáveis trabalhadas na pesquisa apontam para
efeitos aleatórios, indicando que os dados partem de interceptos diferentes. Sendo assim,
realizou-se o teste Breusch e Pagan, adequando à conformidade dos efeitos variáveis.
Os resultados obtidos neste modelo ratificam os já identificados nas correlações
apresentadas na Tabela 4, indicando que o PIB também determina fortemente os níveis de
arrecadação do ITBI.
Já com relação à quantidade de habitantes do município, os resultados indicaram uma
relação inversa, sugerindo que níveis elevados de Impostos sobre a Transmissão de Bens
Inter-Vivos são denotados a municípios de baixa população, e vice versa. Isso implica dizer
que em municípios em que há uma concentração maior de habitantes não há muita permuta de
troca de bens, sendo mais frequente em municípios de baixos aspectos populacionais.
39
Assim, ao se observar o fator econômico sob a ótica do PIB, percebe-se que este
influência positivamente na arrecadação de todos os tributos, com isso, é possível aceitar a
hipótese. Já sob a ótica da geração de emprego e renda (EmpRend), não foi possível observar
nenhum inferência, tendo em vista não ter conseguido significância estatística.
O resumo dos fatores observados encontram-se no Quadro 5.
Quadro 5 Influências dos fatores econômicos e demográficos
MÉTRICA
FATOR
ECONÔMICO DEMOGRÁFICO DEPENDÊNCIA
PIB Emprego e Renda População Transferências Govern.
ISS + NS - +
IPTU + NS NS NS
ITBI + NS - NS
Notas: O sinal + indica que identificou-se relação direta (positiva) entre as variáveis observadas; o sinal - indica
que identificou-se relação inversa (negativa) entre as variáveis observadas; a sigla NS indica não significativo,
informando que não foi identificada relação relevante entre as variáveis.
Fonte: Elaborado pelo Autor (2016).
Com relação ao fator demográfico, percebe-se que este apresentou-se de forma
negativa com o ISS e o ITBI, não conseguindo uma significância estatística para o IPTU,
rejeitando-se assim, a hipótese sob o aspecto demográfico.
E, ainda, com relação à dependência orçamentária, variável de controle, foi possível
identificar que mesmo o município recebendo muitos recursos a título de transferência de
outras esferas governamentais, os gestores não desestimulam a arrecadação do ISS. Com
relação aos demais tributos, não se pôde fazer qualquer observação.
40
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Esta pesquisa teve como objetivo verificar quais os níveis de influência dos
determinantes das fontes das receitas tributárias nos municípios brasileiros, adotando-se como
pressupostos teóricos que as variáveis do ambiente econômico e demográfico influenciam na
geração dos recursos.
Buscou-se uma análise mais detalhada dos dados referentes aos anos de 2009 a 2013,
por meio dos recursos tributários (ISS, IPTU e ISS) e as proxies dos fatores econômicos (PIB
e Emprego e Renda) e demográficos (Quantidade Populacional). Como variável de controle,
adotou-se a Dependência Financeira Governamental, como verificar as relações da
arrecadação dos tributos municipais com a dependência de outras esferas governamentais.
Utilizou-se o modelo econométrico de dados em painéis com efeitos fixos para o ISS
(Equação 7) e IPTU (Equação 8) e aleatórios para o ITBI (Equação 9), justificados pelos
testes estatísticos aplicados.
Tendo em vista os resultados apresentados nesta pesquisa, observou-se que o PIB é o
fator econômico que mais influência na arrecadação de todos os tributos municipais. Como as
relações identificadas foram diretas, tal resultado permite afirmar que, se o gestor tiver sob
sua gestão PIB crescentes, ele está mais propenso a ter uma maior arrecadação dos seus
tributos. Sendo possível, pois, aceitar a hipótese de pesquisa, em que os fatores econômicos
influenciam positivamente na arrecadação, corroborando com os resultados de Araújo et al
(2016). Contudo, utilizando a métrica do emprego e renda para o aspecto econômico, o
mesmo não obteve significância estatística, não sendo possível fazer qualquer inferência.
Já com relação ao aspecto demográfico, verificou-se que a quantidade populacional
influencia negativamente na arrecadação do ISS e do ITBI, não obtendo significância
estatística para o IPTU. Tais resultados canalizam para rejeição da hipótese de que o fator
demográfico influencia positivamente a arrecadação dos recursos tributários municipais,
contrariando os achados de Araújo et al (2016).
Recomenda-se, para pesquisas futuras, trabalhar com outras variáveis para tentar
verificar outros determinantes das receitas, trabalhar amostra mais abrangente e, ainda,
replicar esse trabalho quando houver disponibilidades das informações mais recentes pelas
instituições governamentais.
Vale ressaltar que os resultados se limitam a metodologia e amostra da pesquisa, não
sendo, pois, tidos como generalizados.
41
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