UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE …...O estudo possibilitou sistematizar informações...
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO DE
PROCESSOS INSTITUCIONAIS
ANDRESSA AZEVEDO DE SOUTO DA SILVA
CONDIÇÕES DE TRABALHO E DISTÚRBIOS OSTEOMUSCULARES EM
PROFISIONAIS DE ENFERMAGEM DA UTI NEONATAL DE UM HOSPITAL
UNIVERSITÁRIO
NATAL/RN
2018
ANDRESSA AZEVEDO DE SOUTO DA SILVA
CONDIÇÕES DE TRABALHO E DISTÚRBIOS OSTEOMUSCULARES EM
PROFISIONAIS DE ENFERMAGEM DA UTI NEONATAL DE UM HOSPITAL
UNIVERSITÁRIO
Trabalho apresentado ao Programa de Pós Graduação em Gestão de Processos Institucionais (PPGGPI), da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito final para a obtenção do título de Mestre. Orientadora: Profª. Drª. Denise Pereira do Rego. Linha de Pesquisa: Inovação, desenvolvimento sustentável e bem estar nas organizações.
NATAL/RN
2018
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI
Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial do Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes - CCHLA
Silva, Andressa Azevedo de Souto da.
Condições de trabalho e distúrbios osteomusculares em profissionais de enfermagem da UTI neonatal de um hospital
universitário / Andressa Azevedo de Souto da Silva. - 2018. 104f.: il.
Dissertação (mestrado) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes. Programa de Pós-graduação em Gestão de Processos Institucionais. Natal, RN, 2019.
Orientadora: Prof.ª Dr.ª Denise Pereira do Rego.
1. Profissionais de Enfermagem - Dissertação. 2. Condições de Trabalho - Dissertação. 3. Distúrbios musculoesqueléticos - Dissertação. 4. Unidade de Terapia Intensiva - Dissertação. I. Rego, Denise Pereira do. II. Título.
RN/UF/BS-CCHLA CDU 614.253.5
Elaborado por Ana Luísa Lincka de Sousa - CRB-15/748
ANDRESSA AZEVEDO DE SOUTO DA SILVA
CONDIÇÕES DE TRABALHO E DISTÚRBIOS OSTEOMUSCULARES EM
PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM DA UTI NEONATAL DE UM HOSPITAL
UNIVERSITÁRIO
BANCA EXAMINADORA
__________________________________________________ Prof.ª Dr.ª Denise Pereira do Rego
Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN (Presidente)
__________________________________________________ Prof. Dr. Marcelo Rique Carício
Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN (Examinador Interno)
__________________________________________________ Prof.ª Dr.ª Alda Karoline Lima da Silva
Universidade Potiguar - UNP Examinadora externa
NATAL/RN
2018
AGRADECIMENTOS
O Deus pela grande benção que me concedeu de iniciar e concluir esse
trabalho.
A minha mãe, Nelma, exemplo de mulher, que me ensinou o valor do trabalho
e que me preparou para vida.
Ao meu esposo, Sivoney que acreditou no meu potencial desde o inicio, me
incentivou, colaborou, compartilhou das minhas preocupações e alegrias para
realização desse sonho.
Ao meu filho, Natanael que esteve presente em todos os momentos,
compartilhando desse sonho e servindo de estimulo pra cada dia eu continuar a luta
por essa conquista.
Aos meus avós verdadeiros exemplos de brasileiros trabalhadores que com o
suor dos seus rostos ergueram nossa família.
À professora Maria Tereza Pires Costa que me orientou no projeto inicial e
tem uma história de vida motivadora.
À professora Denise Pereira do Rego que compartilhou comigo seu
conhecimento e me orientou na construção desse trabalho.
A Enfermeira Maria de Lourdes que colaborou e acreditou nesse trabalho.
A equipe da UTI NEO que desempenha um papel fundamental na instituição
proponente e colaborou na participação desse estudo.
A todos os amigos que me incentivaram e contribuíram de alguma forma para
realização do meu mestrado.
Não há nada melhor
para uma pessoa do que ele
deve comer e beber e
encontrar prazer em seu
trabalho. Isso também, eu vi, é
da mão de Deus,
Eclesiastes 2:2
RESUMO
A Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTI) agrega uma complexidade de ações assistenciais, que são desenvolvidas para a prestação de cuidados a pacientes com sérios agravos à saúde. Nesse contexto, a equipe de enfermagem tem um importante papel, mas, por outro lado, seus integrantes são submetidos a constantes riscos ocupacionais, que se originam das condições insalubres e perigosas, causando sérios danos à saúde do profissional de enfermagem. Diante desse quadro, o presente estudo teve como objetivo analisar as condições de trabalho e a presença de distúrbios musculoesqueléticos entre os profissionais de enfermagem lotados na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal. Trata-se de um estudo descritivo, que congregou técnicas quantitativas e qualitativas, tais como observações, entrevistas semiestruturadas e aplicação de questionários (Questionário de Condições de Trabalho, Questionário Nórdico e um questionário contendo informações sociodemográficas e funcionais). A amostra foi composta por 42 servidoras técnicas de enfermagem e enfermeiras lotadas na UTI Neonatal da Maternidade Escola Januário Cicco, hospital universitário vinculado a Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Os resultados indicam que as participantes deste estudo tem idade entre 25 a 55 anos, em sua maioria, são casadas ou encontra-se em união estável, metade têm filhos e trabalham cerca de 30 a 40 horas semanais. Com relação às condições de trabalho, os Aspectos Psicobiológicos foram o fator mais crítico, o qual carece de providências para eliminá-los e/ou atenuá-los. Os sintomas de distúrbios osteomusculares foram relatados por 95,2% dos participantes, sendo que 50% da população apresentaram dois ou mais sintomas com um índice de severidade moderado. Quase um terço da amostra relatou sintomas nos 12 meses e nos sete dias precedentes ao afastamento das atividades, dado preocupante, que carece de intervenção. As queixas mais recorrentes nos discursos das entrevistadas apontam para problemas relacionados às más condições de trabalho, número insuficiente de funcionários e sobrecarga de trabalho. O estudo possibilitou sistematizar informações que servirão como subsídios para a proposição de medidas visando à melhoria do ambiente de trabalho, o que refletirá de forma positiva no bem-estar dos profissionais de enfermagem e consequentemente na redução de afastamentos, licenças ou desvio de função.
PALAVRAS-CHAVES: Profissionais de Enfermagem. Condições de Trabalho.
Distúrbios musculoesqueléticos. Unidade de Terapia Intensiva.
ABSTRACT
The Neonatal Intensive Care Unit (ICU) adds a complex of care actions, which are developed to provide care to patients with serious health problems. In this context, the nursing team plays an important role, but on the other hand, its members are subjected to constant occupational risks, which originate from unhealthy and dangerous conditions, causing serious damage to the health of the nursing professional. In view of this situation, the present study had the objective of analyzing the working conditions and the presence of musculoskeletal disorders among nursing professionals in the Neonatal Intensive Care Unit. This was a descriptive study that included quantitative and qualitative techniques such as observations, semi-structured interviews and questionnaires (Questionnaire on Working Conditions, Nordic Questionnaire and a questionnaire containing sociodemographic and functional information). The sample consisted of 42 nursing technicians and nurses at the neonatal intensive care unit of the Januário Cicco Maternity School, a university hospital linked to the Federal University of Rio Grande do Norte. The results indicate that the participants of this study are aged between 25 and 55 years, most of them are married or are in stable union, half have children and work about 30 to 40 hours a week. With regard to working conditions, the Psychobiological Aspects were the most critical factor, which lacks measures to eliminate them and / or attenuate them. Symptoms of musculoskeletal disorders were reported by 95.2% of the participants, and 50% of the population had two or more symptoms with a moderate severity index. Almost one-third of the sample reported symptoms in the 12 months and seven days preceding the withdrawal from the activities, a worrying one, which requires intervention. The most recurring complaints in the interviewees' speeches point to problems related to poor working conditions, insufficient numbers of employees and work overload. The study made it possible to systematize information that will serve as subsidies for proposing measures aimed at improving the work environment, which will positively reflect the well-being of nursing professionals and consequently the reduction of leave, leave or deviation of function.
KEYWORDS: Nursing professionals. Work conditions. Musculoskeletal disorders. Intensive care unit.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
QUADRO 1 Classificação dos principais riscos ocupacionais................................ 30
QUADRO 2 Mapa de classificação de riscos ocupacionais na UTI NEO............... 32
QUADRO 3 – Fluxograma representativo das etapas da pesquisa........................ 47
FIGURA 1 Visão panorâmica da unidade I da UTI NEO........................................ 52
FIGURA 2 Visão panorâmica da unidade II da UTI NEO....................................... 53
FIGURA 3 Postura durante o trabalho da UTI NEO............................................... 55
LISTA DE TABELAS
TABELA 01 - Aspectos sociodemográficos e ocupacionais................................. 56
TABELA 02 - Atividades oficialmente desenvolvidas........................................... 57
TABELA 03 - Consistência interna dos fatores e análises descritivas das
condições de trabalho..........................................................................................
58
TABELA 04 - Comparação de médias (teste t e ANOVA) entre as variáveis
sócio demográficas e as condições de trabalho..................................................
61
TABELA 05 – Frequência dos casos de Distúrbios Musculoesqueléticos........... 62
TABELA 06 – Consistência interna das distribuições de sintomas
osteomusculares, incapacidade funcional, procura por profissional da área da
saúde em profissionais de enfermagem.............................................................
62
TABELA 07 – Média e desvio-padrão de severidade de sintomas...................... 63
TABELA 08 – Comparação de médias (teste t, ANOVA e Qui-quadrado) entre
as variáveis sociodemográficas e os Distúrbios Musculoesqueléticos dos
membros superiores em profissionais de enfermagem.......................................
64
TABELA 09 – Comparação de médias (teste t, ANOVA e Qui-quadrado) entre
as variáveis sociodemográficas e os Distúrbios Musculoesqueléticos dos
membros inferiores em profissionais de enfermagem.........................................
65
TABELA 10 – Correlações entre as condições de trabalho e a presença de
distúrbios musculoesqueléticos e os índice de severidade de sintomas.............
66
TABELA 11 – Regressão linear múltipla das condições de trabalho, sobre a
presença e índice de severidade de sintomas musculoesqueléticos...................
67
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ABERGO Associação Brasileira de Ergonomia
COFEM Conselho Federal de Enfermagem
CIPA Comissão Interna de Prevenção de acidentes nas instituições
DORT Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho
AET Análise Ergonômica do Trabalho
EBSERV Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares
LER Lesões por esforços repetitivos
MEJC Maternidade Escola Januário Cicco
NR Norma Regulamentadora
OIT Organização Internacional do Trabalho
QVT Qualidade de vida no trabalho
QVP Qualidade de Vida Psicológica
QVO Qualidade de Vida Ocupacional
PPRA Programa de Prevenção de Riscos Ambientais
PCMSO Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional
SESMT Serviços Especializados em Engenharia e em Medicina do
Trabalho
SOST Serviço Ocupacional de Saúde e Segurança do Trabalhador
SUS Sistema Único de Saúde
UFRN Universidade Federal do Rio Grande do Norte
UTI NEO Unidade de Terapia Intensiva Neonatal
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO................................................................................................. 14
1.1 CARACTERIZAÇÃO DO CAMPO EMPÍRICO E JUSTIFICATIVA............ 16
1.2 OBJETIVOS............................................................................................... 18
1.2.1 Objetivo geral.................................................................................... 18
1.2.2 Objetivos específicos......................................................................... 18
1.3 ESTRUTURA DO ESTUDO....................................................................... 19
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA....................................................................... 20
2.1 O TRABALHO DA ENFERMAGEM............................................................ 20
2.1.1 O histórico da enfermagem.............................................................. 21
2.2 AS RELAÇÕES ENTRE O TRABALHO DA ENFERMAGEM E BEM-
ESTAR NO CONTEXTO HOSPITALAR..........................................................
23
2.3 O TRABALHO EM ENFERMAGEM NA UTI NEONATAL, SUAS DEMANDAS E AS RELAÇÕES COM OS RISCOS À SAÚDE DO PROFISSIONAL...............................................................................................
25
2.3.1 Interesse pela saúde e segurança do trabalhador: condições de
trabalho e riscos ocupacionais.........................................................................
26
2.3.2 Os riscos ergonômicos e psicossociais e seu impacto sobre a
saúde do profissional de enfermagem: Os disturbios musculoesqueleticos....
32
2.3.3 Os distúrbios osteomusculares e sua relação com bem-estar do
profissional da enfermagem.............................................................................
36
2.4 O TRABALHO DA ENFERMAGEM COM ENFOQUE NA ERGONOMIA.. 40
3 METODO DO ESTUDO................................................................................... 45
3.1 DELINEAMENTO DO ESTUDO................................................................. 45
3.2 LÓCUS DA PESQUISA E PARTICIPANTES............................................. 45
3.3 PROCEDIMENTOS.................................................................................... 46
3.4 INSTRUMENTOS PARA COLETA DE DADOS......................................... 48
3.5 ANÁLISE DE DADOS................................................................................. 51
4 RESULTADOS................................................................................................. 52
4.1CARACTERIZAÇÃO DO TRABALHO DA EQUIPE DE ENFERMAGEM
DA UTI NEO DA MEJC....................................................................................
52
4.2 ANÁLISE DAS CONDIÇÕES DE TRABALHO E DISTÚRBIOS
OSTEOMUSCULARES....................................................................................
56
4.2.1 Perfil Sociodemográfico e Ocupacionais......................................... 56
4.2.2 Condições de Trabalho................................................................... 57
4.2.3 Distúrbios Musculoesqueléticos...................................................... 61
4.2.4 Condições de Trabalho e Distúrbios Musculoesqueléticos............. 66
4.3 ANÁLISE DAS ENTREVISTAS SEMIESTRUTURADAS........................... 68
4.3.1 O processo de trabalho na UTI NEO sob a visão do profissional
de enfermagem................................................................................................
68
4.3.2 Condições de trabalho na UTI NEO................................................ 69
4.3.3 Impacto do trabalho na UTI NEO sob a saúde das profissionais
de enfermagem................................................................................................
69
5 TRABALHO E SAÚDE NA UTI NEO :DISCUSSÃO DOS RESULTADOS.... 71
CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................. 81
REFERÊNCIAS................................................................................................ 84
APÊNDICES..................................................................................................... 91
APÊNDICE A - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
– TCLE.............................................................................................................
91
ANEXO A - QUESTIONÁRIO DE CONDIÇÕES DE TRABALHO.................. 95
ANEXO B - QUESTIONARIO DE CONDIÇÕES DE TRABALHO-QCT.......... 97
ANEXO C - QUESTIONÁRIO NÓRDICO........................................................ 104
14
1 INTRODUÇÃO
O trabalho ocupa uma posição central na vida dos indivíduos, sendo operador
da própria construção do sujeito. O “ato de trabalhar” permite ao sujeito dar sentido a
sua experiência e conquistar uma identidade. Prestes (2015) assina-la que a
atividade laboral é dinâmica e pode favorecer o bem-estar, tendo um papel
estruturante, como também, contribuir para o sofrimento, frustração ou adoecimento
do trabalhador.
Na contemporaneidade, as políticas de gestão em saúde e segurança são
imprescindíveis para manter o ambiente de trabalho saudável e produtivo. Tais
questões estão diretamente ligadas à valorização do elemento humano como
primordial para o sucesso de qualquer organização. Apesar de serem peças chave
na organização hospitalar, os profissionais de saúde são constantemente
submetidos a riscos gerais e específicos, expostos a acidentes e suscetíveis às
doenças ocupacionais. O ambiente de trabalho hospitalar é insalubre e agrupa
pacientes portadores de diversas enfermidades que oferecem riscos de acidentes e
doenças para os trabalhadores (TEIXEIRA; CASANOVA, 2014; GONÇALVES,
2014).
Os hospitais, assim como outros contextos de trabalho, vivenciaram os
impactos da reestruturação produtiva e, com isso, vêm adotando modelo de gestão,
alicerçados na perspectiva taylorista-toyotista. Uma das principais consequências de
tal reestruturação no âmbito hospitalar é a precarização, que se expressa nos baixos
salários e múltiplos empregos, insegurança e ausência de reconhecimento
profissional, aspectos que impactam negativamente sobre a saúde dos
trabalhadores, constantemente expostos a inúmeros riscos ocupacionais (SILVA,
2014).
Ao direcionar o olhar para as atividades desenvolvidas no ambiente
hospitalar, nota-se que alguns setores apresentam especificidades com relação ao
trabalho. Dentre esses, a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) reúne ações
assistenciais destinadas à prestação de cuidados complexos a pacientes com sérios
agravos à saúde. Os pacientes internados nesse setor apresentam um quadro
clínico crítico, necessitando de cuidados intensivos, por conta do risco de morte.
Nesse contexto, percebe-se que o trabalho dos profissionais de saúde,
particularmente dos profissionais de enfermagem, exige uma maior tenacidade e
15
envolvimento, visto que essa categoria toma como ofício a prática do cuidado frente
a situações adversas que envolvem sofrimento, morte e luto (MEDEIROS-COSTA et
al., 2017).
Segundo dados da Pesquisa Perfil da Enfermagem no Brasil realizada pela
COFEN (2015), 65,9% dos enfermeiros, auxiliares e técnicos de enfermagem
consideram a profissão desgastante. Isso ocorre, pelo número insuficiente de
materiais e recursos humanos, pela baixa remuneração e jornada excessiva de
trabalho. De acordo com Ferreira (2016, p. 75), essa situação está relacionada “à
questão da valorização profissional, numa abominável demonstração de que a
enfermagem brasileira não é valorizada. Daí, destacando-se a nítida insatisfação no
cenário da força de trabalho”.
Braga, Torres e Ferreira (2016) ao analisarem as condições de trabalho na
enfermagem, pontuam que esses profissionais sentem-se presos a tarefas
administrativas, relacionadas à manutenção física e de equipamentos. Outro ponto
relatado por eles foi o exercício de atividades que não fazem parte do seu fazer
profissional.
Ao explorar as condições de trabalho na enfermagem, Medeiros et al., (2009)
apreenderam que o estresse e sofrimento gerado são causado pelo sentimento de
impotência no trabalho e acúmulo de jornadas, o que afeta a assistência prestada,
como também, leva a deterioração das relações interpessoais com colegas de
profissão e familiares.
A inadequação das condições laborais, a (des) organização do trabalho e o
excessivo acúmulo de horas na enfermagem são reconhecidos como fatores de
risco para o desencadeamento de distúrbios musculoesqueléticos. Estudos em
diversos países têm mostrado prevalências superiores a 80% de ocorrência em
trabalhadores de enfermagem. No contexto brasileiro, esses números variam entre
43% a 93% dos casos (MAGNAGO et al., 2010).
Boa parte dos casos de distúrbios osteomusculares na enfermagem está
relacionada, principalmente, a aspectos ergonômicos e posturais inadequados os
quais estão presentes no cotidiano hospitalar, demostrando assim, a severidade
desse problema nessa categoria profissional (LEITE; SILVA; MERIGHI, 2007).
Os profissionais de enfermagem desempenham suas funções em diversos
setores hospitalares e realizam essas tarefas de forma contínua. O trabalho na
enfermagem exige atenção e cuidado, esforço físico, movimentos repetitivos,
16
levantamento de pesos e posições inadequadas, o que pode acarretar o surgimento
de deteriorações relacionadas à presença de tendinites em braço e/ou ombro,
lombalgias, hérnias de disco, problemas no joelho e problemas álgicos em pernas,
pés, mãos, braços e ombros (LELIS et al., 2012).
Fica evidente que o trabalhador deva executar suas tarefas em condições
ambientais favoráveis, com mobiliários, instrumentos, temperatura adequada e boa
iluminação. Provido de segurança necessária para desenvolver com qualidade,
autonomia, respeito e bem-estar seu trabalho (NASCIMENTO; CAHET 2014).
Diante do exposto, a presente investigação toma como ponto de partida as
seguintes questões norteadoras: A quais condições de trabalho são submetidas os
profissionais de saúde que integram a equipe de enfermagem da UTI Neonatal da
Maternidade escola Januário Cicco - MEJC? É possível identificar a incidência de
distúrbios musculoesqueléticos em tal grupo de profissionais?
1.1 CARACTERIZAÇÃO DO CAMPO EMPÍRICO E JUSTIFICATIVA
Este trabalho foi desenvolvido na UTI Neonatal da Maternidade Escola
Januário Cicco, antiga Maternidade de Natal, Fundada em 19 de março de 1928. O
casarão foi ocupado para servir como Quartel General e Hospital de Campanha ao
Exército Brasileiro durante a II Guerra Mundial (1939-1945). A história da primeira
Maternidade de Natal tem o nome de idealizador: Januário Cicco – médico, escritor e
humanista. Natural de São José de Mipibu, filho de pai italiano e mãe norte-
riograndense, o médico se formou na Faculdade de Medicina da Bahia em 1906 e
buscou criar condições de assistência à saúde da população.
Sob a liderança de Januário Cicco e seus ideais de melhorias na saúde e na
educação o prédio foi devolvido em péssimas condições após a Guerra, mas com a
indenização do Governo Federal, a Maternidade de Natal foi inaugurada em 12 de
fevereiro de 1950, quando a instituição recebeu o nome de Maternidade Januário
Cicco em homenagem ao seu idealizador e fundador.
De características neoclássicas, de elevado valor arquitetônico e histórico, a
Maternidade Januário Cicco – como é conhecida pelos natalenses – é uma das raras
exceções, na cidade do Natal, de uma construção que permanece até os dias atuais
desenvolvendo as atividades para as quais foi planejada. Hoje, a Maternidade
Escola é referência na cidade e funciona como campo de pesquisa, ensino e
17
aplicação prática na área de saúde, além de prestar atendimento à população
carente ou usuária do Sistema Único de Saúde (SUS).
Em 1961, com a criação da Cátedra de Obstetrícia da Faculdade de Medicina
da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), passou a ser denominada
Maternidade Escola Januário Cicco (MEJC).
Desde 29 de agosto de 2013 a MEJC passou a fazer parte do grupo de
hospitais sob a gestão da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh),
estatal vinculada ao Ministério da Educação, que administra atualmente 39 hospitais
universitários federais.
O órgão, criado em dezembro de 2011, também é responsável pela gestão
do Programa Nacional de Reestruturação dos Hospitais Universitários Federais
(REHUF), que contempla ações nas 50 unidades existentes no país, incluindo as
não filiadas à EBSERH.
Um levantamento de dados preliminares realizado no Serviço Ocupacional de
Saúde do Trabalhador (SOST) indicou que no ano de 2017, os problemas
osteomusculares ocupavam o segundo lugar como causa de afastamento por
licença-saúde de trabalhadores no setor da UTI Neonatal da Maternidade Escola
Januário Cicco. Tais distúrbios se configuram, no âmbito da MEJC, como um dos
principais fatores que, ao comprometer a força de trabalho, influencia negativamente
na qualidade de assistência de enfermagem.
Há possibilidade de esses problemas estarem associados às condições do
trabalho, devido à inadequação dos instrumentos e mobiliário utilizados, a
organização do trabalho, as atividades executadas e a fatores do próprio ambiente.
A UTI Neonatal da MEJC passou por recente reforma (em 2015), sendo
atualmente seus 23 leitos distribuídos em duas unidades. Apesar disso, há relatos
de reclamações por parte dos profissionais que ali atuam, indicando, assim, a
possível incidência de inúmeros riscos ocupacionais. Diante de tais observações
tornou-se relevante a realização do presente estudo, uma vez que buscou investigar
as condições de trabalho e a presença de distúrbios musculoesqueléticos em
profissionais de enfermagem, a fim de verificar as relações de natureza entre esses
dois construtos.
Dessa forma, o produto desse estudo fornecido à instituição contribui para a
identificação dos riscos. Fornecido essas informações a fim de servir como subsídios
para favorecer a elaboração das medidas corretivas necessárias para melhoria do
18
ambiente de trabalho. Refletindo de forma positiva para o bem-estar dos
profissionais de enfermagem e, consequentemente, na redução de afastamentos,
licenças ou desvio de função.
Espera-se que o produto final desse estudo, o diagnostico das condições de
trabalho e sua relação com a incidência de distúrbios osteomusculares forneça
informações que poderão servir como subsídios para a proposição e implementação
de medidas necessárias para melhoria do ambiente de trabalho, refletindo de forma
positiva na saúde e bem-estar dos profissionais de enfermagem e,
consequentemente, na redução de afastamentos, licenças ou desvio de função.
1.2 OBJETIVOS
O papel desenvolvido pela equipe de enfermagem na assistência a saúde no
contexto hospitalar é de suma importância, haja vista as inúmeras tarefas
desempenhadas no ato do cuidar. Considerando as condições e a natureza do
trabalho, é comum o estresse e o desgaste psicológico gerado pelas atividades
realizadas, o que impacta negativamente na saúde e bem estar desses profissionais.
A partir desta problemática, foram propostos os seguintes objetivos:
1.2.1 Objetivo geral
Analisar as condições de trabalho e a presença de distúrbios osteomusculares
em profissionais de enfermagem da UTI Neonatal da Maternidade Escola Januário
Cicco.
1.2.2 Objetivos específicos
Investigar as condições de trabalho dos profissionais de enfermagem da UTI
Neonatal da Maternidade Escola Januário Cicco;
Verificar a presença dos distúrbios osteomusculares em profissionais de
enfermagem da UTI Neonatal da Maternidade Escola Januário Cicco;
Averiguar as associações entre os aspectos sociodemográficos e as
condições de trabalho e os distúrbios osteomusculares em profissionais de
enfermagem da UTI Neonatal da Maternidade Escola Januário Cicco;
19
1.3 ESTRUTURA DO ESTUDO
O presente documento apresenta os resultados da investigação empreendida
e está estruturado em cinco partes. Inicialmente, são apresentadas as bases
teóricas que fundamentaram a pesquisa e nesta seção, discutem-se as relações
entre trabalho e bem estar no contexto hospitalar, às especificidades da atuação da
equipe de enfermagem em uma UTI neonatal, os riscos ocupacionais inerentes a tal
atividade e a prevalência dos distúrbios musculoesqueléticos nessa categoria.
Na sequência, descreve-se a metodologia da pesquisa, especificando como
se deu a investigação sobre as condições de trabalho e a analise da incidência de
distúrbios osteomusculares entre os profissionais de enfermagem. Em seguida, são
apresentados os resultados derivados da coleta de dados efetuada através da
observação, utilização de questionários e entrevistas, bem como uma breve
discussão sobre os principais achados da pesquisa.
Por fim, a título de conclusão, são tecidas algumas considerações finais,
momento em que se discutem brevemente os achados e limitações da pesquisa, as
possíveis contribuições geradas para a instituição, além das perspectivas de novos e
futuros estudos.
20
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Nesse capitulo serão apresentadas as bases teóricas que fundamentam o
presente trabalho. A princípio, discute-se o trabalho da enfermagem, que ao longo
dos anos vem sendo influenciado pelas constantes transformações que envolvem a
sociedade. Em seguida, abordam-se as relações entre o trabalho da enfermagem e
o bem-estar no contexto hospitalar. A análise do trabalho desenvolvido pelos
profissionais de enfermagem na UTI Neonatal e os riscos à saúde do trabalhador de
enfermagem envolvidos nesse contexto encerram a presente seção.
2.1 O trabalho da enfermagem
Por meio do trabalho, o homem se constrói – ele assume o papel de autor e
ator (coletivo) de sua história. Por conseguinte, o resultado do trabalho é, na
verdade, um impulso para além dele mesmo, uma vez que, neste processo, surgem
novas necessidades que demandam outros tipos de intercâmbio (que não aquele
envolvendo, em um dos polos, a natureza não humana, mas agora envolvendo
humanos em ambos os polos) para serem satisfeitas (TEXEIRA; CASANOVA,
2014).
Trata-se do surgimento de novas atividades (novas práxis particulares, como
a educação, a ciência, a arte, o cuidado etc.) que conferem, ao ser social, o caráter
de crescente complexidade.
Diante disso, evidencia-se que o homem, ao final do processo de trabalho, já
não é mais o mesmo, ele transformou a natureza, mas também se transformou: nem
sua corporalidade nem sua consciência a respeito do mundo são mais os mesmos
(SILVA, 2014).
No contexto hospitalar, a enfermagem constitui-se na maior força de trabalho,
e suas atividades são frequentemente marcadas por divisão fragmentada de tarefas,
rígida estrutura hierárquica para o cumprimento de rotinas, normas e regulamentos,
dimensionamento qualitativo e quantitativo insuficiente de pessoal, situação de
exercício profissional que tem repercutido em elevado absenteísmo e afastamentos
por doenças (DALRI, ROBAZZI, 2010).
21
2.1.1 O histórico da enfermagem
No início do século XX, no Brasil os cenários de saúde eram caóticos, pois
várias epidemias estavam presentes na sociedade, o que fez a população fazer
movimentos em busca de qualidade de vida em saúde pública e saneamento básico,
buscando o surgimento de outros profissionais de saúde e não apenas o médico.
Os movimentos resultaram em grande conquista dos brasileiros e um marco
histórico para a saúde e para a inserção da enfermagem no país, desenvolvendo o
Departamento Nacional de Saúde Pública, Escola de Enfermagem Anna Nery e os
serviços de enfermagem de Saúde Pública (DANTAS; AGUILLAR, 1999).
Em 1949 o Ministério da Educação e Saúde, passou a regular escolas de
enfermagem no país e organizou em dois cursos. O Decreto n° 27426/49,
regulamentou a lei, adicionando dois cursos de enfermagem. Designou que o curso
de auxiliar em 6 enfermagens tinha como objetivo formar pessoas qualificadas para
auxiliar o enfermeiro em procedimentos assistenciais, exigia que os alunos que
faziam o curso de auxiliar realizassem estágios em hospitais gerais e fazer
revezamento entre campos (DANTAS; AGUILLAR, 1999).
Na trajetória histórica da enfermagem é importante abordar sobre a
Associação Brasileira de Enfermagem (ABEn), que tem grande marcos ao longo de
sua história em que representou a enfermagem, com ações culturais e políticas
caracterizando a prática profissional, dentre os marcos destaca-se o “Jornal ABEn”,
criado em 1958 que ao longo do tempo tornou-se um informativo de caráter político e
educativa e atualmente intitulada REBEn, que está disponível na versão eletrônica
sendo referência na área de periódico do país (MENESES; KADOGUTI; SANNA,
2008). Em 1923 no Brasil, teve início à enfermagem moderna baseado nos
princípios científicos do modelo de Florence Nightingale, com a necessidade de mão
de obra qualificada para combater epidemias infectocontagiosas, abrindo espaço
para enfermagem atuar e se profissionalizar cada vez mais.
A enfermagem brasileira antes do modelo de Nightingale baseava-se no
modelo norte-americano no processo saúde doença, que tratava o doente de forma
individualista e curativista, no qual havia apenas técnicos que não agiam de forma
humanizada dificultando a promoção da saúde, onde a maioria era moldada apenas
para área hospitalar. No entanto os processos históricos que aconteceram no Brasil
22
contribuíram para transformações que se apresentaram desde o ensino até a prática
da enfermagem em saúde pública (SILVEIRA; PAIVA, 2011).
O processo de construção da identidade dessa categoria passou por muitos
momentos históricos e também por preconceitos advindos de uma profissão com
total poder feminino no princípio, onde se deu pelo instinto natural e maternal da
mulher de cuidar dos enfermos de uma forma humanizada e não somente técnica,
pois estas primordialmente usaram plantas medicinais para promover a cura, sem
que deixasse de lado a caridade, paciência e dedicação (CAMPOS; OGUISSO,
2008).
O trabalho da enfermagem passou, historicamente, por todas as modificações
que os demais serviços e categorias deste seguimento desde o período da
Revolução Industrial. Uma dessas mudanças foi à assistência fragmentada que é
visualizada principalmente na área hospitalar, onde a assistência ao paciente é
dividida em partes e cada parte é atribuída a profissionais diferentes.
O ambiente hospitalar é rico em situações conflituosas e estressantes que
afetam a qualidade de escuta dos clientes e fragilizam os vínculos inter-profissionais,
dificultando o encontro de espaços projetores de satisfação no trabalho.
A complexidade existente nesse contexto exige refletir sobre esses
profissionais que desempenham atividades em hospitais, cuja clientela demanda
cuidados de enfermagem com distintos graus de intervenção, envolvendo excessiva
carga emocional (RODRIGUES, 2009).
Portanto diante dos fatos, os cursos de enfermagem passaram por várias
mudanças ao longo das épocas, em que suas transformações eram baseadas de
acordo com o contexto histórico e a sociedade brasileira. Desse modo o perfil
profissional do enfermeiro acompanhou essa transição em aspecto político social e
econômico, sendo necessária uma modificação do ser enfermeiro para acompanhar
sua evolução de acordo com as exigências de cada período.
Apesar disso, o trabalho de enfermagem ainda é compartimentalizado, dentro
do próprio âmbito profissional. Cada componente da equipe profissional de
enfermagem (enfermeiros, técnicos e auxiliares) presta parte da assistência de
saúde separado dos demais, muitas vezes duplicando esforços e até tomando
atitudes contraditórias (SOUZA, PASSOS e TAVARES, 2015). Parte significativa dos
profissionais de enfermagem executa atividades delegadas, mantendo espaço
23
limitado de decisão, criação e domínio de conhecimentos, típico do trabalho
profissional dominado.
As condições de trabalho em saúde e enfermagem no Brasil se deterioram
pela influência da política neoliberal, onde o setor de saúde é submetido à rígida
contenção de custos, que impõe salários cada vez mais aviltantes aos trabalhadores
de enfermagem.
2.2 AS RELAÇÕES ENTRE O TRABALHO DA ENFERMAGEM E BEM-ESTAR NO
CONTEXTO HOSPITALAR.
As constantes descobertas, avanços tecnológicos e desenvolvimento de
novas tecnologias no âmbito da medicina, tem ampliado o leque de assistência
oferecida na área da saúde, exigindo cada vez, mas uma atualização e necessidade
de adaptação dos profissionais da saúde a tais mudanças.
Nessa perspectiva, Silva (2015) adverte sobre a transformação do mundo do
trabalho realizado pelo capitalismo nos últimos 30 anos, resultando na redefinição
dos riscos para a saúde e processos laborais. Ademais, o mundo do trabalho
contemporâneo vem sendo marcado pela modernização tecnológica e novos
modelos de gestão, que impactam as organizações e processos laborais.
Assim, toda essa conjuntura implica mudanças no conteúdo, na natureza e no
significado do trabalho. Muitos processos e organizações do trabalho são
configurados, atualmente, por carga horária excessiva, ritmo intenso de trabalho,
controle rigoroso das atividades, pressão temporal e necessidade de profissionais
polivalentes e multifuncionais. É evidente que esse contexto tem repercutido na
saúde do trabalhador e na qualidade dos serviços prestados, na área da saúde
inclusive e, por sua vez, na enfermagem (MARQUES, 2015).
Sendo a enfermagem uma das profissões da área da saúde cuja
especificidade é o cuidado ao ser humano individualmente, na família e ou na
comunidade, desenvolvendo atividades de promoção, prevenção de doenças,
recuperação e reabilitação da saúde, atuando em equipes, tais profissionais no
exercício de sua profissão estão expostos a vários riscos ocupacionais.
O bem-estar dos profissionais de saúde é fundamental para que possam
prestar com segurança, motivação e eficácia seus serviços. A equipe de
enfermagem atuante no ambiente hospitalar merece atenção, pois as atividades
24
laborais desempenhadas por esses profissionais os expõem constantemente aos
riscos biológicos, químicos, físicos entre outros que podem comprometer a saúde do
trabalhador.
O trabalho de enfermagem, sistematizado por normas e rotinas de serviços,
compreende um modelo técnico de fazer, caracterizado tanto por ser uma atividade
produtiva cujas ações de saúde são diversificadas como por ser um trabalho
organizado na lógica da administração taylorista, consistindo--se em um labor
decomposto por tarefas, hierarquizado e sistematizado em trabalhadores por
categorias profissionais.
Estudo aponta que no exercício de sua profissão os trabalhadores de
enfermagem estão vulneráveis a vários riscos ocupacionais, a sobrecarga de
trabalho, competitividade, níveis elevados de exigência, longos turnos de trabalho,
jornadas duplas quando existe mais de um vínculo empregatício, baixa
remuneração, ambientes insalubres. As somas de tais fatores contribuem no
processo saúde-doença (TEXEIRA E CASANOVA, 2014).
Além disso, no trabalho de enfermagem, verificam-se a constância de
profissionais que possuem mais de um vínculo empregatício devido aos baixos
salários recebidos e por conta do piso salarial da categoria ser muito baixo para 40
horas semanais trabalhadas.
Atualmente no Brasil verifica-se que a precarização no ambiente hospitalar,
isso provoca diversas repercussões para a organização e para o processo de
trabalho. Isso porque um dos fatores que favorece a dinâmica do trabalho de
enfermagem é a adequada distribuição, qualitativa e quantitativa, de recursos
materiais. A disponibilização dos mesmos proporciona ao trabalhador boas
condições laborais, garantindo, portanto, tranquilidade e segurança para o
desenvolvimento das atividades, evitando o sofrimento psíquico e o desgaste físico
de trabalhadores e pacientes (GONÇALVES, 2014).
Associado a esses fatores, o profissional de enfermagem ainda vive, muitas
vezes, em seu ambiente laboral em torno de um terço de sua vida, um ambiente que
se transforma constantemente, com novas tecnologias, novas posturas frente às
necessidades de mercado, interferindo nas relações de trabalho. Em muitas
situações, as causas do adoecimento originam-se das relações de trabalho que
causam desconforto, conflitos, estresse e em situações extremas, diminuição da
25
capacidade vital, o que pode vir desencadear a morte do profissional (TEIXEIRA,
2007).
A preocupação com as condições de trabalho da enfermagem em hospitais
vem atraindo a atenção de muitos pesquisadores, devido aos riscos que o ambiente
oferece e aos aspectos penosos das atividades peculiares à assistência de
enfermagem entre os quais se destacam o desrespeito aos ritmos biológicos e aos
horários de alimentação, falta de programa de trabalho, longas distâncias
percorridas durante a jornada de trabalho, dimensão inadequada de mobiliários e a
inexistência, insuficiência ou inadaptação de materiais. Neste sentido, torna-se
necessário repensarmos os tradicionais modelos de organização do trabalho,
criando condições de flexibilização através da participação dos trabalhadores nas
suas decisões e transformações, favorecendo a promoção da saúde e a melhoria da
qualidade de vida do trabalhador.
2.3 O TRABALHO EM ENFERMAGEM NA UTI NEONATAL, SUAS DEMANDAS
E AS RELAÇÕES COM OS RISCOS À SAÚDE DO PROFISSIONAL.
A Unidade de Terapia Intensiva (UTI) é o setor que visa prestar atendimento
aos pacientes graves e críticos, sendo considerado o ambiente com maior carga de
tensão de todos os setores dentro da rede hospitalar (RODRIGUES et al. 2013).
Conforme Paschoa, Zanei e Whitaker (2007), há desgaste físico e psicológico dos
profissionais da área da saúde, principalmente para aqueles que trabalham na UTI,
pois a aproximação e atenção com os pacientes e familiares são intensas; tudo isso
adicionado às duplicidades de vínculos empregatícios, leva o desgaste físico a esses
trabalhadores.
Partindo desse pressuposto e sabendo que a UTI é uma unidade preparada
para atender pacientes graves ou potencialmente graves, mas que, no entanto
expõe um ambiente hostil, com ação intensa de fatores estressantes,
complementaram Berttinelle e Erdmann (2009) que esses fatores agressivos não
atingem somente os pacientes e familiares, mas também, trazem repercussões na
vida cotidiana da equipe multiprofissional.
Conforme dados disponibilizados pela Organização Internacional do Trabalho
(2015), os riscos oriundos de mudanças tecnológicas, sociais e de organização
(consequências da globalização) afetam gravemente a saúde dos trabalhadores,
26
ainda que alguns dos riscos tradicionais tenham diminuído devido a maior
segurança, a melhor regulamentação e a maiores recursos técnicos empregados.
Paralelamente surgem novos tipos de Doenças Profissionais oriundas de riscos
emergentes ocasionados por condições ergonômicas deficientes, exposição à
radiação eletromagnética e devido aos riscos psicossociais.
A associação entre o constante déficit de profissionais, turnos prolongados, as
condições inadequadas de trabalho, poder de decisão restrito, entre outros fatores
também contribuem para o esgotamento físico e emocional destes trabalhadores
(MACHADO et al., 2014).
Na UTI NEO da MEJC, tais riscos podem ser visualizados diariamente, pela
demanda de atividades diárias como a realização de exames radiológicos, rotina de
monitoramento intensivo das condições clinicas dos pacientes, lotação dos leitos,
risco de morte eminente, tensão em lida com graves patologias, envolvimento
psicológico e emocional com o paciente e seus familiares, conflitos interpessoais
entre os membros da equipe, em sua maioria desencadeada pelo excesso de
atividades laborais, lotação das unidades e reduzido número de funcionários.
Sabe-se que a exposição aos riscos ocupacionais traz, como consequências,
diversos problemas de saúde que afetam a qualidade de vida do servidor,
comprometendo assim a qualidade da assistência prestada.
Neste sentido, dentro do ambiente de uma UTI Neonatal, os profissionais de
enfermagem vivenciam situações de risco cotidianamente, deixando de proteger-se,
de cuidar-se, como se fosse uma atitude “natural”, essencial para o exercício da
profissão cujo objeto é a prática do cuidar. Observamos que, muitas vezes, a
atenção da equipe no ambiente de trabalho se concentra no cuidar, porém, no cuidar
apenas “dos outros”.
2.3.1 Interesse pela saúde e segurança do trabalhador: condições de
trabalho e riscos ocupacionais
O trabalho da saúde, e em especial, da enfermagem, é árduo, de longas
jornadas e, especialmente, continuo e permanentemente, com atividades intensas e
rotineiras quase todo o período. A enfermagem em seu percurso histórico vem se
adaptando às mudanças geradas pela organização do trabalho (2-3).
27
Quando o cotidiano do trabalhador de enfermagem encontra-se permeado por
precárias condições relacionadas ao vínculo, à extensão de jornada e à (des)
qualidade da assistência prestada, percebe-se a insatisfação e rompimento do
processo de trabalho (). Para alguns autores a saúde ou o adoecimento são
influenciados pelas particularidades e complexidades do serviço.
As condições de trabalho contribuem para a precarização do trabalho da
enfermagem, consequentemente, acabam interferindo no modo de trabalhar desses
profissionais, bem como na sua saúde, visto que estes fatores influenciam também a
qualidade de vida.
Em seu estudo Ferreira e Silva (2018), identificaram que o processo de
adoecimento ocorre principalmente pelas agressões frequentes que o ambiente de
trabalho e suas condições ocasionam à saúde desses indivíduos e a maneira como
eles as enfrentarão.
É preciso levar em consideração que cada indivíduo responderá de uma
maneira a estes estímulos, dependendo de sua capacidade intelectual, física e
psicológica; bem como devemos levar em consideração também que o docente tem
dificuldade de se considerar como trabalhador e, principalmente, de se reconhecer
como pessoa que adoece o que explica a ausência de queixas em relação a sua
saúde.
Para Darli (2010) a realidade cotidiana dos trabalhadores de Enfermagem nos
serviços hospitalares do Brasil se resume às longas jornadas de serviço, à
precarização das relações existentes, à desvalorização do salário, às péssimas
condições oferecidas pelo empregador, que contribuem para o desgaste físico e
emocional, cujas exigências são tão expressivas que afasta o enfermeiro da
assistência, obrigando a delegar as ações para a equipe, infelizmente.
O trabalho em saúde, ainda que uma necessidade ao desenvolvimento
humano visto sua característica inerente ao cuidado do próximo, tem potencial
danoso à saúde dos trabalhadores, uma vez que a exposição destes aos mais
diversos riscos oriundos do labor é um problema de domínio não apenas da
comunidade científica.
Os riscos de adoecimento vinculados ou não ao trabalho compreendem uma
reação complexa que envolve componentes físicos e psicológicos de enfrentamento
do ser humano a uma variedade de situações de temeridade dos quais excedem os
recursos disponíveis para lidar com uma ocorrência (HAYECK, 2010).
28
A equipe de enfermagem é preparada para o cuidado, porém, muitas
variáveis decorrentes das condições de trabalho podem modificar o modo que o
cuidador desenvolve suas atividades. Tal panorama certamente gera conflitos que,
se não geridos adequadamente, acabam se tornando fontes de violência, que pode
ser explícita ou velada. Independentemente de a violência ser física ou moral, esta
interfere na qualidade de vida, na saúde e segurança do trabalhador.
Na maioria das vezes, o trabalhador de enfermagem está tão envolvido no
processo de cuidar que não percebe um ciclo vicioso, ou seja, ao sofrer um ato de
violência, rebate ao usuário a agressão, sem se dar conta de sua atitude. Nesse
cenário, o trabalhador pode iniciar um processo de adoecimento, manifestando os
primeiros sinais de alerta, como desânimo, frustração, insegurança e medo,
traduzidos em sofrimento, que por vezes evolui para o afastamento ou para a
desistência da profissão, explícitos no absenteísmo e no afastamentos elevados
(SECCO 2010).
No Brasil, a regulamentação da saúde dos trabalhadores começou ainda na
década de 80, com a reformulação do processo saúde-doença relacionada ao
ambiente de trabalho, período em que houve destaque para as epidemias e doenças
oriundas da profissão. Nesse mesmo período, começaram a surgir à formação
especializada de profissionais voltados para a saúde do trabalhador (PAZ; KAISER,
2011).
A saúde do trabalhador no Brasil é um direito garantido pela constituição
federal de 1988, no seu artigo 196, ao definir que:
A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação. (BRASIL, 1988).
Em 1990, a lei 8.080 afirma em seu artigo 3° que a saúde tem “como
determinantes e condicionantes, entre outros a alimentação, a moradia, o
saneamento básico, o meio ambiente, o trabalho, a renda, a educação, o transporte,
o lazer e o acesso a bens e serviços essenciais” (BRASIL, 1990). Nesse sentido,
algumas inciativas procuram consolidar avanços nas politicas de atenção integral a
saúde do trabalhador, como se verifica na PORTARIA N.1.823/12, que institui a
29
Politica Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora, que tem como
finalidade:
Definir os princípios, as diretrizes e as estratégias a serem observados pelas três esferas de gestão do Sistema Único de Saúde (SUS), para o desenvolvimento da atenção integral à saúde do trabalhador, com ênfase na vigilância, visando à promoção e a proteção da saúde dos trabalhadores e a redução da morbimortalidade decorrente dos modelos de desenvolvimento e dos processos produtivos. (BRASIL, 2012)
A Política Nacional de Saúde do Trabalhador reconhece na promoção da
saúde a busca da equidade e busca estimular as ações intersetoriais; fortalecer a
participação social; promover mudanças na cultura organizacional; incentivar a
pesquisa e divulgar as iniciativas voltadas para a promoção da saúde para
profissionais de saúde, gestores e usuários do Sistema Único de Saúde – SUS.
(BRASIL, 2012)
Os riscos ocupacionais constituem são outro fator que esta ligada a saúde do
trabalhador, sendo considerado como riscos todo acidente que coloque o
trabalhador em situação vulnerável e possa afetar sua integridade e seu bem estar
físico e psíquico.
Para o Ministério do Trabalho, em sua portaria nº 3.14-1978, os Riscos
Ocupacionais Hospitalares são classificados em: risco de acidente, ergonômicos,
físicos, químicos e biológicos e 29 psicossociais.
Riscos Acidentais: são os que colocam em situação de perigo o
trabalhador, podendo afetar sua integridade física ou moral. Como exemplo:
explosões.
Riscos Ergonômicos: trata-se de riscos que podem interferir nas
características psicofisiológicas do trabalhador, causando desconforto ou afetando
sua saúde. Como exemplos têm os traumatismos de coluna dos profissionais da
enfermagem ao realizarem o translado de pacientes de determinado lugar para
outro.
Riscos Físicos: são as diferentes formas de energia que o trabalhador
pode estar exposto como calor, frio, radiações ionizantes.
Risco Químico: são as substâncias químicas manipuladas pelos
trabalhadores de forma direta ou indireta no ambiente de trabalho, como: poeiras,
névoas e neblinas.
30
Riscos Biológicos: compreendem-se as exposições ocupacionais aos
mais diversos agentes biológicos como vírus, bactérias, e fungos dentre outros.
Riscos Psicossociais relacionados com o trabalho: são definidos como
todos os aspetos relativos ao desempenho do trabalho, assim como à organização e
gestão e aos seus contextos sociais e ambientais, que têm o potencial de causar
danos de tipo físico, social ou psicológico.
Com base nos conhecimentos desses riscos, a NR nº9 estabelece a
obrigatoriedade de identificar os riscos à saúde humana no ambiente de trabalho e
atribui à Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA) em fazer conhecer ao
trabalhador e aos demais, os locais a serem identificados com os riscos
ocupacionais presentes naquela área, através da simbologia das cores, que indicam
30 os grupos de riscos, segundo sua natureza como marrom – biológico; vermelho –
químico; verde – físico; amarelo – ergonômico; e azul – mecânico ou de acidente
conforme demonstra a figura a baixo.
QUADRO 1: CLASSIFICAÇÃO DOS PRÍNCIPAIS RISCOS OCUPACIONAIS EM GRUPOS
DE ACORDO COM A SUA NATUREZA E A PADRONIZAÇÃO DAS CORES CORRESPONDENTES
Fonte: SILVA, 2015.
31
Nesse contexto a preocupação com a saúde do trabalhador expressa nas
inúmeras leis, produz ainda a criação das Normas Regulamentadoras (NRs), cujo
papel é contribuir especificamente para normatizar a segurança e saúde do
trabalhador na atividade econômica e outras provisões, constituídas de 36 NRs,
conforme a Lei nº 6.514, de 22 de dezembro de 1977, aprovada pela Portaria nº
3.214, de junho de 1978 (ROSA, 2012).
As NRs de Segurança e Medicina do Trabalho estabelecem os requisitos
mínimos de segurança a serem adotados por todas as empresas que admitam
trabalhadores como empregados, sejam elas privadas ou publicas (SILVA, 2015).
Apesar das mudanças realizadas terem conseguido reduzir os riscos
ocupacionais tradicionais por promover maior segurança, melhor regulamentação e
maiores recursos técnicos empregados, as mudanças tecnológicas e sociais
resultantes da globalização, favorecem o surgimento de novos riscos, que afetam
significativamente a saúde dos trabalhadores, simultaneamente, surgem novos tipos
de Doenças Profissionais, oriundas de riscos emergentes ocasionados por
condições ergonômicas deficientes, exposição à radiação eletromagnética e riscos
psicossociais (OIT, 2015). A seguir temos a ilustração do mapa de riscos
ocupacionais no ambiente na UTI NEO DA MEJC, elaborado pelo SOST.
QUADRO 2 - MAPA DE CLASSIFICAÇÃO DE RISCOS OCUPACIOANAIS NA UTI NEO DA MEJC
FONTE: SOST MEJC, 2017.
32
2.3.2 Os riscos ergonômicos e psicossociais e seu impacto sobre a saúde do
profissional de enfermagem : Os disturbios musculoesqueleticos.
Conforme Teixeira e Silva (2014), as principais doenças relacionadas ao
trabalho e que são responsáveis pelo afastamento dos trabalhadores do ambiente
de trabalho, consistem nas doenças osteomusculares relacionadas ao trabalho
(DORT), Síndrome de Burnout, depressão, afecções do trato respiratório, afecções
do trato urinário, dermatoses, lombalgias, distúrbios osteomusculares relacionados
ao transporte e movimentação de pacientes e à postura inadequada.
De acordo com Silva e Zeitoune (2009), a postura inadequada dos
profissionais de saúde, ao prestar assistência ao paciente, tem sido uma das
principais causas que levam ao adoecimento dos trabalhadores dentro dos riscos
ergonômicos.
O estudo ergonômico objetiva a aplicação de princípios voltados à teoria de
que o ser humano é composto por elementos aperfeiçoáveis para sua satisfação e
autoestima. (SOUZA.,et al., 2017). O trabalho da enfermagem envolve fatores de
riscos que comprometem a saúde. E em inúmeras atividades desenvolvidas por
esses profissionais incluem um misto de posturas penosas vinculadas aos aspectos
assistenciais (MERCHAN; JURADO, 2007).
Atualmente, há adoção de medidas como as ergonomias para prevenir as
exposições frequentes de trabalho visam diminuir as sobrecargas biopsicossociais.
Em todos os tipos de esforços, é necessário detectar quais fatores e riscos o
indivíduo poderá obter. Desse modo, as estratégias para a diminuição dos riscos
ergonômicos promovem uma melhor qualidade de vida no ambiente de trabalho.
(NERY, ET al., 2013).
Na avaliação de Simão et al.(2010), os riscos ergonômicos estão presentes
no local de trabalho inadequado, ritmo de trabalho excessivo, rodízio de trabalho,
jornadas de trabalho prolongadas, repetição de atividades, que podem vir a serem
agentes causadores das alterações psíquicas. Dessa forma, conforme Elias; Navarro
(2006), além dos riscos ergonômicos, a própria atividade desempenhada pelos
trabalhadores da saúde em ambiente hospitalar já traz uma grande carga psíquica,
devida à própria pressão e tensão das atividades.
33
Portanto, Paulino, Lopes e Rolim (2008), afirmam nas suas pesquisas que os
riscos ergonômicos na UTI podem ser explicados pelo grande número de pacientes
que se encontram em quadro de inconsciência, além das grandes quantidades de
procedimentos a serem realizados, repetidas vezes, em curto espaço de tempo,
exigindo longa permanência em exercícios e posições desconfortáveis. Assim,
estima-se que 64% dos pacientes hospitalizados nessa unidade oferecem este tipo
de risco aos profissionais da enfermagem.
Segundo Leite; Silva e Merighi (2007) no ambiente ocupacional existem vários
fatores ergonômicos relacionados a problemas ambientais e organizacionais que
aumentam o risco do surgimento dos distúrbios osteomusculares (DORT), entre eles
estão à presença de recursos tecnológicos inadequados, incluindo mobiliário, a falta
de equipamentos especiais para movimentar pacientes, além da escassez de
recursos humanos e a falta de educação permanente em saúde.
Estudo realizado por Wagner (2013) aponta para a atenção dirigida às lesões
do sistema musculoesquelético, por serem importantes causas de morbidade, de
aumento do absenteísmo e da incapacidade temporária ou permanente do
trabalhador com custo expressivo, não só pela perda de dias de trabalho, mas
também pelos gastos com benefícios previdências e pelos tratamentos
medicamentoso e fisioterápico. Por entender que qualquer doença de origem
ocupacional passa pelo conhecimento de “como” e “onde” o trabalhador executa sua
tarefa, a análise da organização e do processo de trabalho em enfermagem permite
detectar os fatores que podem contribuir para o aparecimento de patologias de
origem ocupacional nesses profissionais, mais especificamente lesões
osteomusculares.
Uma pesquisa realizada num serviço de unidade ambulatorial especializada
detectou que os principais fatores ergonômicos observados que podem aumentar as
repercussões negativas na saúde dos sujeitos submetidos ao estudo foram: os
corredores longos; ausência ou pouca disponibilidade de banheiros, exigindo mais
locomoção; manipulação de cargas; e mobílias insuficientes e inadequadas para a
postura laboral, entre outros (SHOJI, SOUZA, FARIAS, 2014).
Proporcionar um ambiente ergonomicamente adequado através da aplicação
dos princípios da ergonomia no desenvolvimento das atividades laborais é essencial
a todos os trabalhadores. Garantindo desta forma uma interação adequada e
confortável do ser humano com os objetos que maneja, assim como com o ambiente
34
de trabalho. O ambiente de trabalho implica na evolução da produtividade, assim
reduzir riscos e os custos laborais que se manifestam através de absenteísmo,
conflitos e pela falta de interesse pelo trabalho. Sabendo que sendo respeitados
todos estes fatores poderemos ter ambientes seguros, saudáveis, confortáveis e
eficientes, atuando direta ou indiretamente na qualidade de vida das pessoas e nos
resultados do próprio trabalho (GODINHO, 2004).
As NRs de Segurança e Medicina do Trabalho estabelecem os requisitos
mínimos de segurança a serem adotados por todas as empresas que admitam
trabalhadores como empregados, sejam elas privadas ou publicas (SILVA, 2015).
Atualmente, existem 36 normas, cada uma delas destinada a alguma área de
trabalho, inclusive à instalação de Serviços Especializados em Engenharia e em
Medicina do Trabalho (SESMT) (NR-4); da Comissão Interna de Prevenção de
acidentes (CIPA) nas instituições (NR-5), Programa de Controle Médico de Saúde
Ocupacional (PCMSO) (NR-7) e o Programa de Prevenção de Riscos Ambientais
(PPRA) (NR-9) (OLIVEIRA, 2014).
A NR n.º 17 destaca que o risco ergonômico refere-se às condições de
trabalho no que tange ao levantamento, transporte e descarregamento de materiais,
além dos mobiliários e equipamentos e visa também estabelecer parâmetros que
permitam a adaptação das condições de trabalho às características psicofisiológicas
dos trabalhadores, de modo a proporcionar o máximo de conforto, segurança e
desempenho eficiente. (BRASIL, 2011).
Desta forma consideramos a aplicação dos princípios ergonômicos na
Enfermagem condizentes com a fase de desenvolvimento em que esta profissão se
encontra, onde o corpo de conhecimento científico, embora ainda em formação, está
sendo construído, vislumbrando não apenas a técnica, mas o embasamento teórico
engajado nos modelos assistenciais contextualizados no atual momento sócio-
político e econômico.
Numa tentativa de compreender as interações entre as atividades laborais e
seus executores, a ergonomia é empregada como o estudo de vários aspectos da
relação da pessoa com as condições de trabalho, observando postura, movimentos
corporais, fatores ambientais, equipamentos, cargos e tarefas desempenhadas.
(GODINHO, 2004).
A aplicabilidade dos princípios da Ergonomia visa propiciar uma interação
adequada e confortável do ser humano com os objetos que maneja e com o
35
ambiente onde trabalha e ainda melhorar a produtividade, reduzir os custos laborais
que se manifestam através de absenteísmo, rotatividade, conflitos e pela falta de
interesse para o trabalho (BRITO et al. 2015).
Para a ergonomia, as condições de trabalho são representadas por um
conjunto de fatores interdependentes, que atuam direta ou indiretamente na
qualidade de vida das pessoas e nos resultados do próprio trabalho e que o homem,
a atividade e o ambiente de trabalho são os elementos componentes da situação de
trabalho.
A Ergonomia apresenta como domínios de especialização: a ergonomia física,
cognitiva ou organizacional. A ergonomia física trata da relação das características
anatômicas, antropométricas, fisiológicas e biomecânicas do homem com a atividade
física realizada, envolvendo, por exemplo, o estudo do posto de trabalho, posturas,
alcances, distúrbios, entre outros. A ergonomia cognitiva compreende os processos
mentais (percepção, memória, raciocínio) nas interações do homem com os
elementos de um sistema, envolvendo o estudo das cargas de trabalho, estresse,
desempenho, entre outros. Por fim, a ergonomia organizacional busca a melhoria do
sistema como um todo (estrutural, política e processual), incluindo o estudo das
comunicações, cooperatividade, participação, gestão da qualidade, entre outros
(ABERGO, 2013).
Dentro da instituição o trabalhador deve executar suas tarefas em condições
ambientais favoráveis para que ele possa produzir com qualidade, segurança e que
o trabalho seja algo que te dê prazer, para que isto aconteça é necessário que a
instituição ofereça mobiliários, instrumentos, temperatura adequada, boa iluminação,
segurança para praticar as tarefas, dar autonomia ao funcionário em suas atividades
para que se sinta respeitado perante a instituição. (NASCIMENTO, CAHET 2014).
Os profissionais que não recebem uma orientação sobre os princípios
ergonômicos estão mais susceptíveis ao desenvolvimento de doenças relacionadas
ao ofício como: stress, fadiga exaustão cognitiva e também ao desenvolvimento de
agravos à saúde. Com isso, a diminuição dos riscos ergonômicos à saúde do
trabalhador está em grande parte, relacionada com a disponibilidade dos
profissionais em colocar em prática todos os cuidados e medidas de proteção,
entendendo a importância das mesmas para sua própria saúde (SILVA, 2010).
Portanto, o conhecimento e avaliação dos fatores de riscos ergonômicos
presentes no ambiente de trabalho merecem tratamentos adequados visando
36
melhorar o conforto, a segurança e a saúde dos trabalhadores e consequentemente
resultando em melhor qualidade de vida no trabalho e melhor desempenho produtivo
para as organizações.
2.3.3 Os distúrbios osteomusculares e sua relação com bem-estar do
profissional da enfermagem
Os Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORT) é um
termo que abrange um variado grupo de disfunções do sistema musculoesquelético
ocasionadas por atividades realizadas durante o trabalho por um longo período de
tempo. Acometem músculos, tendões, articulações, nervos e ligamentos,
apresentando um quadro clínico diversificado, incluindo dor, formigamento,
dormência, peso e fadiga. Entre os profissionais de enfermagem, é um dos
problemas mais recorrentes e mais dispendiosos, contribuindo significativamente
para o afastamento do trabalho e a inaptidão laboral (BATTAUS et al., 2012;
FERNANDES et al., 2012;).
Os Distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho (DORT) são doenças
que possuem etiologia ocupacional, são causados pela forma como o profissional
executa, ou que lhe é imposto, o trabalho. Quando o processo laboral é feito de
maneira extenuante, sem pausas, com movimentos repetitivos, estereotipados e
posturas incorretas surgem sintomas sem “entidade clínica específica”, mas com
aspectos relacionados à dor, à parestesia, à fadiga, à perda de força e à amplitude
de movimento (SANTOS E ALMEIDA, 2016).
Para o autor destacam-se como doenças pertencentes ao grupo dos DORT,
afecções que acometem tendões, músculos, fáscias e ligamentos, ocorrendo de
forma isolada ou combinada, e acarretando em doenças que atingem principalmente
os membros superiores e a coluna como as tendinites, as lombalgias, cervicalgias e
as dorsalgias (SANTOS E ALMEIDA, 2016).
Uma das principais características dos DORT é o caráter crônico da doença.
Os sintomas são remitentes e frequentemente causam sequelas que afastam o
trabalhador do ambiente laboral (OLIVEIRA, 2015).
Esse problema de saúde inicialmente foi diagnosticado como “doenças dos
digitadores, na década de 80, aqui no Brasil, posteriormente no ano de 1991 ocorreu
o seu reconhecimento como doença ocupacional pela Norma Técnica para Perícia
37
Médica do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), sendo considerada como um
problema de saúde pública e ao longo dos anos os DORT vêm assumindo um
caráter epidêmico pela expansão dos casos, acarretando incapacidade para a vida,
a qual não se resume apenas ao ambiente de trabalho e, por conseguinte, causando
fortes impactos no sistema de previdência pública e na distribuição do encargo para
toda a sociedade (CARRIJO; NAVARRO, 2009).
Deve-se atentar que os DORTs não são causados por um esforço repetitivo
qualquer, e que as causas vão além dos sintomas físicos, pois elas passam pela
organização do trabalho, dificuldades interpessoais bem como os fatores
ergonômicos inerentes a cada ambiente (BAPTISTA et al, 2011).
A enfermagem é caracterizada por ser uma profissão árdua, que se defronta
diretamente com o sofrimento humano, o que requer do trabalhador não somente o
esforço físico, mas principalmente, emocional (MACHADO et al., 2014).
Portanto diante desse contexto faz-se necessário entender as implicações
que o trabalho produz sobre o bem estar desses profissionais e mediante essa
compreensão buscar elaborar e executar programas de promoção, prevenção e
recuperação da sua saúde desses trabalhadores.
O trabalho de enfermagem é repetitivo, demanda esforço físico levantamento
de peso, elevado número de doentes, pacientes com sobrepeso ou obesidade,
posturas inadequadas exigidas durante a prestação de cuidados, trabalho por turno,
falta de adequação arquitetônica dos locais de trabalho, os quais associados aos
estressores mentais são fatores de risco para ocorrência destes distúrbios
(BAPTISTA et al., 2011; FERNANDES et al., 2012).
Estudos mostraram que trabalhadores da área de enfermagem possuem
exposição exagerada a movimentos manuais repetitivos, adoção de posturas em pé
e caminhando na maioria do tempo e, além disso, o levantamento de carga e a força
muscular desenvolvida com os braços e com as mãos também ocupam grande parte
da jornada de trabalho desses profissionais (MACHADO et al., 2014; RIBEIRO et al.,
2012).
Há que se considerar que o caminhar pode aumentar a chance de dor
muscular devido ao excesso de esforço e impacto, porém pode diminuir a
probabilidade de dor em membros inferiores por mecanismos do sistema vascular
(RIBEIRO; FERNANDES, 2011).
38
A adequação do trabalho ao trabalhador oferece inúmeras vantagens para
empregador e empregado. Tais como a melhoria da qualidade de vida de seus
empregados; diminuição dos gastos com assistência médica; aumento da eficiência
do trabalho humano; diminuição da rotatividade no quadro de funcionários da
empresa (aproveitamento da qualificação profissional); maior proteção legal à
empresa, contra possíveis processos de empregados; aumento da produtividade;
melhor imagem e melhor ambiente de trabalho. Além das vantagens ao empregado
como: diminuição da fadiga e desconforto físico; diminuição do estresse e maior
estabilidade emocional; favorecimento da socialização do trabalhador junto ao grupo
de trabalho; maior eficiência no trabalho; diminuição da incidência de doenças
ocupacionais; melhora da qualidade de vida. (BLOEMER, 2010).
Na área da saúde o impacto dos riscos psicossociais sob o bem estar do dos
profissionais de enfermagem diariamente sujeitos a inúmeras situações
desgastantes, quer pela proximidade com os utentes e pela natureza específica das
tarefas desempenhadas quer, ainda, pelas características próprias do ambiente de
trabalho e sua organização (SILVA, 2015). Essa classe profissional, que nos últimos
anos tem sido alvo de diversos estudos, particularmente exposta a elevados níveis
de depressão e estresse.
Convém mencionar que existem inúmeras tensões às quais os indivíduos
estão expostos diariamente no seu ambiente de trabalho e que são consideradas
como geradoras de estresse, e que põem em risco a integridade social e psicológica
do homem. Uma delas é o risco psicossocial, que se manifesta de forma silenciosa,
afetando a saúde e o bem estar do indivíduo como: estresse, desgaste mental,
transtornos; distúrbios, como insônia e depressão; patologias psicossomáticas, como
hipertensão arterial, entre outros (DIAS et al., 2013). Desse modo, o interesse pelo
estudo do estresse em enfermagem é justificado pela natureza dos serviços
prestados, uma vez que a qualidade e eficácia do seu trabalho pode ter impacto
decisivo na qualidade dos cuidados prestados aos utentes (Almeida SRW, Dal
Sasso, GTM, Barra DCC, 2016).
As situações e relações sociais inerentes ao contexto de trabalho no âmbito
de um serviço hospitalar, principalmente em um setor de alta especificidade como
uma UTI Neonatal, promove um desgaste psíquico, mas intenso que o físico sofrido
com a própria natureza do trabalho, impactando no bem-estar dos profissionais.
39
Segundo a OIT, (1986) que publicou na década de 1980, um documento
solicitando a mobilização dos países, no âmbito das políticas públicas uma descrição
sobre os riscos psicossociais presentes no contexto laboral como sendo: são fatores
que exercem influência sobre a qualidade da saúde do trabalhador, seu
desempenho e sua satisfação no trabalho. Tais fatores resultam das interações entre
o ambiente de trabalho, o conteúdo, natureza e condições de trabalho, bem como
das necessidades, da cultura e condições de vida do trabalhador no contexto de vida
extratrabalho.
Os riscos psicossociais associados ao trabalhador são vários, tais como,
fadiga, tensão, trabalho sob pressão, que, por exemplo, podem resultar na perda do
controle sobre o trabalho e desqualificação do trabalhador até a sua completa
exaustão. O estresse, síndrome de burnout, neuroses, distúrbio do sono, ansiedade
intensa, depressão, obsessões, conflitos interpessoais, assédio moral, conflitos
familiares e violência, são consequências que afetam a saúde e o bem-estar dos
trabalhadores (CHIODI; MARZIALE, 2006). Ou seja, riscos psicossociais estão
associados a agentes, fatores e aspectos de riscos presentes no ambiente laboral,
que podem alterar e transformar de forma negativa a situação de bem-estar,
trazendo prejuízos à saúde e rotina pessoal dos trabalhadores (CARAN, 2007). Além
destes, podem ser citados os prejuízos financeiros, de desprazer e de desagregação
social entre os mesmos (ZANELLI; KANAN, 2018).
Brito et al. (2015), em revisão integrativa de literatura sobre os riscos
psicossociais relacionados ao trabalho de enfermeiros hospitalares, destacam a
violência verbal e violência física por parte dos pacientes devido a longos tempos de
espera, assim como, exames médicos e testes, regras hospitalares, escassez de
profissionais e a sobrecarga de trabalho que resultam em cansaço e estresse. Estes
são exemplos de aspectos que podem afetar sobremaneira o bem-estar do
trabalhador. De acordo com essa pesquisa, o cansaço mental e o estresse são
atualmente uma das principais causas de adoecimento desses profissionais. Outros
problemas encontrados foram alergias, alterações cardiovasculares, distúrbios do
sono, decorrentes de situações estressoras ligadas diretamente ao campo
psicossocial. Os autores destacam ainda, que há muitos estudos acerca do tema na
área da enfermagem, o que mostra o investimento dessa categoria profissional em
conhecer os riscos ocupacionais.
40
Essa condição é comum entre os profissionais de saúde e está relacionada a
diversos fatores, como lidar cotidianamente com dor, morte, sofrimento, desespero,
incompreensão, irritabilidade e tantos outros sentimentos, assim como reações
desencadeadas pelas situações de adoecimento dos pacientes sob sua
responsabilidade (BATISTA, 2011). Somam-se a essas questões do dia a dia, o
acúmulo de tarefas, o desgaste físico e outros. Ainda dentro desse contexto, são
delegadas a esses profissionais, múltiplas tarefas, com alto grau de exigência e de
responsabilidade. Dependendo do ambiente, da organização do trabalho e do
preparo para realizar as atividades, podem surgir tensão para o próprio funcionário,
para a equipe como um todo e para a comunidade assistida (CAMELO; ANGERAMI,
2007).
Velasco (2014) afirma que os profissionais de Enfermagem, por acumularem
grande número de funções, percebem o seu trabalho como desestimulante, tedioso
ou desinteressante, incluindo o fato de que a maioria desses trabalhadores
apresenta elevado risco para o desenvolvimento de distúrbios psicológicos ou
doenças físicas, baixo apoio social e possibilidade de estresse ocupacional.
2.4 O TRABALHO DA ENFERMAGEM COM ENFOQUE NA ERGONOMIA
Ao analisar o contexto atual, na era da globalização, o quadro da
modernização tecnológica, da privatização e terceirização dos postos de trabalho, da
concorrência e competitividade entre os homens e a precarização de emprego, de
condições de trabalho, salários, enfim, condições necessárias ao sustento, bem-
estar e saúde do trabalhador, verifica-se que o trabalhador se submete ao mercado
de trabalho muitas vezes, questionar os riscos a que estão expostos no ambiente
laboral.
No âmbito da saúde, os trabalhadores da área de enfermagem possuem
exposição exagerada a movimentos manuais repetitivos, bem como adoção de
posturas em pé, andando durante a maior parte do tempo, levantamento de carga e
a força muscular desenvolvida com os braços e com as mãos também ocupavam a
maior parte da jornada de trabalho, não atentando a qualidade do cuidado que
oferece ao cliente, sua própria qualidade devida e, muito menos, o seu autocuidado
– o cuidar de si.
41
Por tanto, ao estudar os riscos ocupacionais, destaca-se a classificação de
Moraes, que os divide em cinco grupos, conforme sua natureza, a saber: riscos
físicos; químicos; biológicos; ergonômicos e de acidentes. De acordo com a
classificação referida, percebe-se que os trabalhadores de enfermagem estão
expostos a inúmeros riscos que podem causar agravos à sua saúde, acidentes de
trabalho e/ou doenças, principalmente durante a assistência ao cliente, e que essa
exposição pode trazer consequências para a saúde do trabalhador em vários
aspectos: físico, psíquico, emocional e social.
Sobre o risco ergonômico Loro, Zeitoune, Guido, Silveira e Silva, identificam
no seu estudo que o trabalho de enfermagem em hospitais é realizado em longas
jornadas, em pé, e com manipulação de peso excessivo sem respeitar a
biomecânica corporal. Como consequências traz danos à saúde mental do
profissional e ainda, a interferência disto na qualidade da assistência prestada.
Albuquerque, Castro, Ferreira e Oliveira fala somente que os riscos ergonômicos
podem afetar a vida do trabalhador interferindo em suas características
psicofiiológicas.
Estudos realizados por Rodrigues (2009) identificaram os danos causados à
saúde do trabalhador decorrentes de sua atividade laboral, enfatizando: os distúrbios
osteomusculares e a enfermagem hospitalar; o estresse nos trabalhadores de
enfermagem; danos consequentes da prática hospitalar e adoecimento dos
trabalhadores de enfermagem (incluindo os distúrbios do sistema osteomuscular,
seguidos dos transtornos mentais e comportamentais, dentre outros).
O termo “Ergonomia” é composto por duas palavras gregas; ergon (trabalho)
e nomos (normas, regras, leis) e denomina o estudo da adaptação do trabalho às
características dos indivíduos, de modo a lhes proporcionar um máximo de conforto,
segurança, e bom desempenho nas suas atividades no trabalho (FALZON, 2007).
A Associação Internacional de Ergonomia (IEA) em 2000 adotou a seguinte
definição: A ergonomia é a disciplina científica que visa à compreensão fundamental
das interações entre os seres humanos e os outros componentes de um sistema, e a
profissão que aplica princípios teóricos, dados e métodos com o objetivo de otimizar
o bem-estar das pessoas e o desempenho global dos sistemas (FALZON, 2007).
Daniellou (2004) a definiu como Método destinado a examinar a complexidade, sem
colocar em prova um modelo escolhido a priori.
42
Sendo assim, ao desenvolvermos uma ação ergonômica buscamos
elementos que nos permitam transformar o trabalho e também produzir
conhecimentos. Nesta perspectiva a ergonomia foi se desenvolvendo, adotando
como referência a noção de variabilidade, a distinção entre tarefa e atividade, e a
regulação das ações associada ao reconhecimento da competência dos
trabalhadores (ABRAHÃO et al., 2009).
Portanto a aplicabilidade dos conhecimentos da Ergonomia tem a finalidade
de apontar alternativas que reduzam os constrangimentos impostos aos
trabalhadores, como estabelecer recomendações que possam orientar a criação de
ambientes de trabalho mais cooperativos e motivadores, tem significativa relevância,
uma vez que oportuniza a conscientização dos trabalhadores quanto aos meios
necessários à prevenção do estresse ocupacional (SANTOS et al., 2005).
Estudos demostram que a causa de danos e/ou adoecimento dos
trabalhadores de enfermagem decorrentes da atividade laboral, estando os
distúrbios osteomusculares presentes em mais de um estudo, sendo esse um
agravo que tem acometido em grande escala a equipe de enfermagem, em especial,
sob a forma de lombalgias (RODRIGUES, 2009; DARLIR e ROBAZZI, 2010).
Os distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho não são causados
por um esforço repetitivo qualquer. Suas causas vão além dos sintomas físicos, pois
elas passam pela organização do trabalho, dificuldades interpessoais, bem como os
fatores ergonômicos intrínsecos ao ambiente laboral.
De acordo com Villarouco e Mont’Alvão (2011) os elementos que compõe o
ambiente que devem ser considerados pela Ergonomia do Ambiente Construído, são
aqueles referentes ao conforto ambiental (luminoso, térmico e acústico), à percepção
ambiental (aspectos cognitivos), adequação de materiais (revestimentos e
acabamentos), cores e texturas, acessibilidade, medidas antropométricas (layout,
dimensionamento), e sustentabilidade. “Faz-se necessário uma abordagem
sistêmica quando se trata de avaliar o ambiente sob a ótica da ergonomia”. A autora
defende que: Uma metodologia pensada a fim de verificar adequação ergonômica de
espaços construídos deve contemplar duas fases, sendo uma de ordem física do
ambiente e outra da identificação da percepção do usuário em relação a este
espaço. As análises e recomendações são geradas da confrontação dos dados
obtidos nas duas fases.
43
Nesse entendimento, PASQUALINI (2010), afirma que o posto de trabalho
deve estar ergonomicamente adequado ao operador para que possa realizar suas
tarefas com conforto, eficiência e eficácia, sem causar dados à saúde física, psíquica
e mental, visto que o posto de trabalho envolve o homem, seu local e toda ajuda
material que o indivíduo necessita, tais como máquinas, ferramentas, equipamentos,
mobiliário, softwares, sistemas de proteção e segurança, equipamentos de proteção
individual e o próprio sistema de produção.
Partindo em direção de outra perspectiva sobre a análise do trabalho, temos a
Ergonomia denominada de língua francesa, atualmente denominada como
“Ergonomia da Atividade”, esse novo olhar sobre a atividade do trabalho esta
centrada na atividade humana, e mais concretamente, na atividade situada na ação.
Um dos conceitos fundamentais da presente abordagem é a distinção entre o
conceito de tarefa e de atividade: “A tarefa é o que se deve fazer o que é prescrito
pela organização. A atividade é o que é feito, o que o sujeito mobiliza para efetuar a
tarefa” (FALZON, 2007). Com base em tais conceitos, a tarefa é o trabalho prescrito
pela empresa, o qual influencia e constrange as atividades, e assim o trabalho real
(GUÉRIN et al., 2001).
Portanto ao fazer uso do termo “atividade de trabalho” a ergonomia refere-se
ao individuo que trabalha com uma série de habilidades e saber prático, baseado em
suas experiências no trabalho, que o capacitam a controlar, regular e coordenar, e
construir sua ação para alcançar determinado objetivo. Tal atividade é situada em
um determinado contexto, composto por componentes materiais, sociais e históricos,
que fornecem recursos, mas também apresentam constrangimentos.
Simultaneamente, tal contexto é afetado pela experiência de vida subjetiva do
individuo, e assim, é constantemente revisada e atualizada.
Neste contexto, a Ergonomia da Atividade vai se preocupar com as estratégias
(regulação, antecipação, etc.) usadas pelo operador para administrar a distância
entre a prescrição e o trabalho real (Guérin et al., 2001). Assim, esta modalidade de
análise ergonômica focará o modo como o trabalho é sempre objeto de uma gestão
e de uma apropriação pessoal pelo trabalhador, mesmo tendo sido prévia e
heteronomamente fixado pela definição da tarefa, ferramentas utilizadas;
características próprias das pessoas e do contexto de uso.
44
A vasta quantidade de pesquisas nessa área sobre os mecanismos de
regulação e sua interação com os sistemas organizacionais tem comprovado que a
ergonomia desempenha um papel importante no contexto do trabalho.
De acordo com Couto (2011), dentre as metas finais da ergonomia está à busca por
reduzir significativamente as lesões e doenças relacionadas ao trabalho, bem como
reduzir os acidentes que venham a ser ocasionados por atos e condições
inadequadas. Também faz parte dessa meta conseguir de modo gradativo a
eliminação das situações que possam causar desconforto, fadiga, dor e dificuldade
na realização do trabalho.
Atualmente muitas instituições já fazem uso da análise ergonômica do
trabalho, para intervir em situações cujas problemáticas variam desde a concepção
de salas de controle, extremamente automatizadas, passando por questões
referentes ao trabalho manual ou, ainda, por queixas relacionadas ao ambiente físico
de trabalho, sem deixar de lado os problemas de saúde, em particular, os
decorrentes das lesões por esforços repetitivos.
Sendo assim a empregabilidade na área da saúde dos estudos ergonômicos
constituem-se em um caminho para a obtenção de informações específicas e
relevantes sobre a melhoria da qualidade do cuidado e da qualidade de vida do
trabalhador no trabalho.
45
3. METODO DO ESTUDO
A seguir são definidos e descritos os procedimentos utilizados a fim de
alcançar os objetivos propostos para o presente trabalho. Serão apresentados o
delineamento do estudo, a definição da amostra, os procedimentos realizados, os
instrumentos e técnicas para levantamento e analise dos dados.
3.1 DELINEAMENTO DO ESTUDO
A presente investigação, quanto ao seu objetivo, caracterizou-se como sendo
um estudo do tipo descritivo, com abordagem quantitativa. Descritivo em virtude que
o estudo estar interessado em descobrir as características de uma população e
observar fenômenos (como a incidência de riscos ocupacionais no ambiente e sua
repercussão sobre a saúde e o bem estar entre os trabalhadores da equipe de
enfermagem, foco desta pesquisa), procurando descrevê-los, classificá-los e
interpretá-los (RUDIO, 2000).
Os estudos descritivos são definidos por Gil (2002, p. 42) como aqueles que
“têm como objetivo primordial a descrição das características de determinada
população ou fenômeno ou, então, o estabelecimento de relações entre variáveis”.
Complementando, Richardson (1999, p.71) acrescenta que “o estudo descritivo
representa um nível de análise que permite identificar as características dos
fenômenos, possibilitando, também, a ordenação e a classificação destes”.
Quanto à temporalidade (recorte), o estudo caracterizou-se como um estudo
transversal, que é definido por Richardson (1999, p. 148) como aquele no qual “os
dados são coletados em um ponto no tempo, com base em uma amostra
selecionada para descrever uma população nesse determinado momento”. O
presente estudo dessa forma, considerando que foi limitado a um período específico
de tempo (primeiro semestre de 2018) e que os resultados, obtidos através de dados
que foram coletados uma única vez, fornecerão um “retrato” do objeto da pesquisa,
possibilitando sua descrição.
3.2 LÓCUS DA PESQUISA E PARTICIPANTES
46
Este estudo foi realizado na Maternidade Escola Januário Cicco- MEJC,
instituição pertencente ao Complexo Hospitalar da Universidade Federal do Rio
Grande do Norte que é referência no estado em assistência à saúde da mulher. A
MEJEC funciona 24 horas por dia, de domingo a domingo e conta com 242
servidores RJU.
A população da pesquisa compreendeu os profissionais de enfermagem que
trabalham no setor da UTI Neonatal dessa maternidade,
A equipe de enfermagem da UTI Neonatal é composta por 76 profissionais
(enfermeiros, técnicos de enfermagem e residentes de enfermagem), que atuam na
assistência oferecida no serviço.
O tipo de amostra é não probabilístico, por conveniência, por permitir
descrever as características principais do grupo de estudo, bem como, a inclusão de
participantes ao alcance do pesquisador e dispostos a responderem os
questionários. Neste sentido, os critérios estabelecidos para delimitar a participação
dos indivíduos na pesquisa foram:
a. Critérios de inclusão: ser funcionário da UTI Neonatal, ser profissional
de enfermagem (enfermeiro, técnico ou auxiliar), concordar em participar da
pesquisa e assinar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.
b. Critérios de exclusão: indivíduos que não concordarem em participar da
pesquisa e\ou não assinarem o termo de consentimento livre e esclarecido.
Esta pesquisa foi submetida e aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa
através de cadastramento do projeto na Plataforma Brasil para a aprovação,
conforme a Resolução Nº 510, DE 07 DE ABRIL DE 2016 do Conselho Nacional de
Saúde que Regulamenta as Pesquisas nas Ciências Humanas e Sociais sob número
do parecer: 2.685.657 de 30 de maio de 2018.
3.3 PROCEDIMENTOS
Inicialmente, foi realizado o levantamento bibliográfico baseado em teses,
dissertações, artigos científicos e livros de bases indexadas, bem como, a pesquisa
documental, de modo a identificar o que já foi sistematizado sobre o tema na
literatura e no âmbito institucional (documentos, relatórios e outras formas de
comunicação).
47
Em relação a analise documental, a Maternidade Escola Januário Cicco,
possui um Serviço Ocupacional de Saúde do Trabalhado (SOST), que reunir
informações referentes dados relacionados à saúde dos servidores, dentre esses
foram pesquisados os seguintes documentos: o relatório de qualidade de vida no
trabalho, o relatório de absenteísmo, o relatório de clima organizacional do hospital e
para caracterização dos afastamentos de trabalho dos servidores lotados nesse
setor. Simultaneamente, antes da entrada em campo, foi solicitada a Carta de
Anuência da instituição campo da pesquisa e efetuado o cadastramento do projeto
na Plataforma Brasil.
Em seguida, definido o setor da UTI Neonatal como local da pesquisa, foi
realizada uma explanação para o gestor da unidade e equipe de enfermagem de
cada turno de serviço sobre o estudo a ser realizado no setor. Posteriormente, foram
realizadas visitas para observação das atividades desenvolvidas pelos profissionais
da enfermagem, bem como do ambiente de trabalho.
A etapa seguinte consistiu em realizar a aplicação dos questionários no
próprio local e ao longo do turno de trabalho. Na oportunidade, foi disponibilizado
para todos os participantes o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido – TCLE
(APÊNDICE), com esclarecimentos acerca do estudo. Na sequencia, foram feitas
algumas entrevistas com profissionais do setor para obter uma maior compreensão
em relação ao processo e condições de trabalho, bem como aspectos relacionados
à saúde e adoecimento.
O fluxograma abaixo apresenta as etapas para realização do estudo:
QUADRO 3 – Fluxograma representativo das etapas da pesquisa
1º • Análise documental e levantamento de dados secundários
2º
•Contato com gestores e apresentação da proposta de estudo
3º
•Visita ao campo de pesquisa e observação das atividades desenvolvidas.
4º • Aplicação dos questionarios de forma presencial e entrevista semi estruturada
5º •Análise e interpretação dos dados
48
3.4 INSTRUMENTOS PARA COLETA DE DADOS
Os dados foram coletados através de observações dentro das duas unidades
da UTI Neonatal, no decorre dos turnos de trabalho, sendo realizadas anotações
sobre a distribuição das tarefas entre os trabalhadores, as rotinas de trabalho nos
diferentes turnos de serviço, as atividades realizadas pelos enfermeiros e técnicos
em enfermagem ao prestarem assistência aos recém-nascidos ali internados e a
atribuição do número de leitos entre os profissionais presentes em cada turno de
trabalho.
Como próxima etapa foi realizada a entrevista semiestruturada, na qual foram
utilizados três questionários, aplicados no próprio ambiente de trabalho e
respondidos pelos profissionais nos intervalos entre as tarefas de enfermagem,
durante o turno de trabalho. O primeiro, questionário para identificar o perfil
sociodemográfico e funcional (contendo informações sobre faixa etária, função,
tempo de serviço na empresa e turno de trabalho), o seguinte, para investigar as
condições e os riscos ocupacionais inerentes ao trabalho das equipes de
enfermagem da UTI Neonatal da Maternidade Escola Januário Cicco e o terceiro,
com a finalidade de obter informações sobre queixas osteomusculares dos
profissionais (ANEXO A).
Ao longo das observações, foram registradas algumas imagens que serviram
para ilustrar o ambiente de trabalho e os participantes em ação. O quadro a seguir
sintetiza os aspectos observados no contexto investigado.
Aspectos ergonômicos
Aspectos da tarefa e da atividade
Características do ambiente quanto aos
aspectos físicos e materiais (tamanho,
iluminação, temperatura, quantidade e
disposição/distribuição e usabilidade dos
equipamentos e mobiliário).
As tarefas prescritas (o que
deve ser feito).
Funcionamento do Setor (detalhamento do
que é feito, rotinas) e divisão das tarefas
(quem faz o que).
A atividade (como os
profissionais desenvolvem seu
trabalho).
Após oito visitas ao setor (destas quatro durante o expediente diurno e quatro
no expediente noturno) e tendo sido feita uma rápida apresentação quanto aos
49
objetivos da pesquisa, teve inicio a aplicação dos questionários sócio demográfico e
funcional, de condições de trabalho e sobre distúrbios osteomusculares.
O Questionário de Condições de Trabalho (QCT) foi elaborado e validado em
varias categorias de trabalhadores por Borges et al (2013). Tal instrumento contém
perguntas para identificação sociodemográfica e funcional e outras relacionadas a
situações e características das atividades laborais, buscando identificar, a partir da
percepção dos entrevistados, os aspectos inerentes ao entorno do trabalho,
notadamente no que se refere às condições contratuais e jurídicas; físicas e
materiais; processos e características da atividade; condições do ambiente
sociogerencial.
O Questionário Nórdico (Nordic Muscoloskeletal Questionnaire) foi
desenvolvido com a proposta de padronizar e classificar os sintomas
osteomusculares. Apesar dos autores deste questionário não o indicam como base
para o diagnóstico clínico, contudo, existe a indicação para identificação dos
distúrbios osteomusculares, tornando-o um importante instrumento de diagnóstico do
ambiente de trabalho. (Pinheiro, Tróccoli e Carvalho 2002).
Ferrari (2006) afirma que o NMQ é um dos principais instrumentos utilizados
para analisar sintomas musculoesqueléticos em um contexto de saúde ocupacional
ou ergonômico. Este instrumento permite a identificação de sintomas
musculoesqueléticos pelo trabalhador, assim como a necessidade de procura por
recursos de saúde e a interferência na realização das atividades laborativas.
O Questionário Nórdico (Nordic Muscoloskeletal Questionnaire) foi
desenvolvido com a proposta de padronizar e classificar os sintomas
osteomusculares. Apesar dos autores deste questionário não o indicarem como base
para o diagnóstico clínico, trata-se de um recurso eficiente para a identificação dos
distúrbios osteomusculares, tornando-o um importante instrumento de diagnóstico
inicial a ser realizado no ambiente de trabalho. (PINHEIRO, TRÓCCOLI &
CARVALHO 2002).
Ferrari (2006) afirma que o NMQ é um dos principais instrumentos utilizados
para analisar sintomas musculoesqueléticos em um contexto de saúde ocupacional
ou ergonômico. Este instrumento permite a identificação de sintomas
musculoesqueléticos pelo próprio trabalhador, sinalizando, ainda, se há necessidade
de procurar por recursos de saúde ou se ocorre interferência na realização das
atividades laborativas.
50
O Questionário Nórdico foi escolhido devido a sua rápida aplicação e eficácia
como instrumento de avaliação dos sintomas osteomusculares. A versão utilizada
nesse estudo (Anexo B) foi adaptada por Barros e Alexandre (2003) e consiste na
apresentação de um esboço de uma figura humana em posição posterior, dividida
em nove regiões anatômicas. Os participantes indicam o desconforto osteomuscular
relacionado ao trabalho que consigam detectar em cada uma dessas nove regiões.
Pinheiro et al. (2002) ao proporem em seu estudo intitulado “Validação do
Questionário Nórdico de Sintomas Musculoesqueléticos (NMQ) como medida de
Morbidade”, concluíram que a versão brasileira do NMQ apresentou bom índice de
validade e recomenda sua utilização como medida de morbidade osteomuscular.
Os participantes da pesquisa foram orientados a responderem todas as
perguntas, escolhendo entre as opções sim ou não.
Com o intuito de enriquecer o estudo e promover uma maior compreensão da
realidade vivenciada pelos participantes foram feitas sete entrevistas. No formato
proposto (entrevista semiestruturada), os profissionais foram convidados a
responder três questões não obrigatórias que versaram sobre o processo de
trabalho, as condições de trabalho e o impacto do trabalho na UTI NEO sobre o
bem-estar e a saúde. O roteiro utilizado desta fase de coleta de dados foi o seguinte:
Perguntas
Sobre o processo de trabalho Como é o seu trabalho na UTI NEO?
Descreva sucintamente como é a sua
rotina de trabalho.
Sobre as condições de trabalho Fale sobre as condições de trabalho na
UTI NEO
O que você tem a dizer sobre as
condições materiais e físicas, a
organização do trabalho, o
gerenciamento do processo, as relações
interpessoais e a forma de contratação,
remuneração e incentivos.
Sobre os riscos ocupacionais e
impactos do trabalho sobre a
saúde e o bem estar
Na sua percepção, quais os reflexos do
trabalho na UTI NEO na sua saúde e
bem estar?
Você identifica algum tipo de risco?
51
Foram efetuadas sete entrevistas e, terminada a coleta, as questões foram
lidas e selecionaram-se algumas respostas que expressassem os sentimentos
vivenciados pelos profissionais em relação ao próprio trabalho. Os participantes não
foram identificados, sendo codificados pela categoria (técnicas de enfermagem ou
enfermeiras), acrescido de um número inteiro em ordem crescente, garantindo o
anonimato.
Para a compreensão das respostas, utilizou-se a análise de conteúdo de
inspiração bardaniana (BARDIN, 2011) estruturada em três fases: pré-análise
(seleção e leitura do material, criação de indicadores), exploração do material
(análise propriamente dita, codificação, enumeração) e tratamento dos resultados
(inferências e interpretações).
3.5 ANÁLISE DE DADOS
Os dados coletados foram formatados em tabelas e gráficos para sistematizar
a análise utilizando-se o software Statistical Package for Social Science – SPSS,
versão 20.0, a partir do qual foram realizadas análises descritivas, aplicando
medidas de frequência absoluta (n) e relativa (%), médias (M), mediana e desvio
padrão (DP), para caracterização da população em relação às variáveis estudadas.
Foram realizadas, ainda, análises inferenciais (nas quais a população
estudada é considerada como uma amostra aleatória simples), para avaliar a relação
entre as variáveis sociodemográficas, as condições de trabalho e a incidência de
distúrbios osteomusculares.
52
4. RESULTADOS
Neste capítulo são descritos os principais resultados obtidos ao longo da
investigação. A seção inicia-se com a caracterização do processo de trabalho da
equipe, tomando como referência a observação sistemática realizada na UTI NEO e
a analise de imagens ilustrativas. Na segunda seção, são apresentados os
resultados quantitativos referentes às condições de trabalho e os distúrbios
osteomusculares derivados dos questionários. A última sessão detalha os achados
qualitativos derivados da entrevista semiestruturada na qual se investigou a
percepção dos profissionais quanto ao processo, condições e impactos do trabalho
sobre a saúde e o bem estar.
4.1 CARACTERIZAÇÃO DO TRABALHO DA EQUIPE DE ENFERMAGEM DA UTI
NEO DA MEJC
A UTI Neonatal da MEJC, esta dividida em duas unidades localizadas no 1º
andar da instituição hospitalar, funcionando 24 horas ininterruptas. Na unidade I se
tem 11 leitos, sendo um desse destinado a paciente que necessite ficar em
isolamento rigoroso, devido a sua patologia ser de alto grau infeccioso de contágio.
A figura 1 traz uma visão panorâmica dessa unidade, com destaque ao centro para o
posto de serviço destinado a preparação de medicações, soros, hemocomponentes
e hemoderivados, bem como armazenamento de medicamentos e de materiais na
assistência diária. Também, é nesse espaço, que são descartados todo material
perfuro-cortante, como agulhas e lâminas de bisturi e onde se encontram
distribuídas as pias para higienização das mãos dos profissionais.
Figura 1 - Visão panorâmica da unidade I da UTI NEO.
Fonte: Própria autora
53
A unidade II dispoe de 12 leitos, quatro pias para higienização das mãos,
armários para armazenamento (de matérias estéreis, roupas e equipamentos) e
posto de serviço. Ao contrario da unidade I, o posto de serviço fica localizado
próximo a porta de entrada, aumentando bastante a distância percorrida pelos
profissionais de enfermagem até os leitos dos pacientes. Na figura 2, tem-se uma
visão do salão principal dessa unidade. As bancadas ao centro são destinadas ao
armazenamento de materias para procedimentos diarios e material de escritorio.
Figura 2 - Visão panorâmica da Unidade II da UTI NEO.
Fonte: Própria autora
Conforme observações realizadas nas visitas de campo, esse complexo
conta, ainda, com uma sala de prescrições médica (destinada à evolução das
prescrições diárias, armazenamento dos prontuários, reuniões e passagem de
plantão da equipe multidisciplinar), sala para armazenamento de equipamentos
como incubadoras, incubadoras de transporte, bombas de infusão, ventiladores
mecânicos. Sala de expurgo (que funciona como destino de armazenamento de todo
material que foi utilizado e está sujo e, posteriormente, será recolhido pela equipe da
central de processamento de material do hospital, bem como local onde são
desprezados as secreções e fluidos corpóreos dos pacientes pós-procedimentos),
sala da copa (destinada exclusivamente à realização das refeições dos funcionários
da UTI NEO), sala de acolhimento (destinada a atendimento dos familiares dos
pacientes por parte da equipe) e duas salas destinadas ao repouso, uma
exclusivamente destinada aos técnicos de enfermagem e outra aos demais
54
membros da equipe multidisciplinar da UTI NEO, ambas contendo um banheiro no
seu interior.
Atualmente, a equipe de enfermagem é composta por enfermeiros e técnicos
em enfermagem concursados pela UFRN (Regime Jurídico único – RJU) e pela
EBSERH (Consolidação das Leis de Trabalho – CLT). Na assistência direta aos
pacientes, a equipe é composta por quatro técnicos em enfermagem da UFRN
(todas são mulheres e que dão uma carga horaria extra na UTI NEO, com média de
12h semanais, por meio do Adicional de Plantão Hospitalar- APH, mas que são
lotadas em outros setores) e 50 vinculados a EBSERH (49 mulheres e um homem).
Com relação ao número de enfermeiras, são 22 assistencialistas e uma na gestão
administrativa do setor. Essa equipe está distribuída na escala diurna, noturna e
mista, nas 24 horas do dia.
Em síntese, no que se refere aos fatores ergonômicos, foi possível observar
que os aspectos físicos e materiais não se configuram como de todo nocivos. O
espaço é relativamente amplo, as salas são bem iluminadas e a temperatura é
agradável. Entretanto, o arranjo do mobiliário e a disposição das ilhas de trabalho
dificultam o andamento das atividades.
No que concerne ao funcionamento do Setor, a rotina de trabalho segue um
protocolo geral no qual se estabelece uma sequencia de passos a serem
desenvolvidos em momentos pré-determinados (hora para o banho, a medicação, o
controle de sinais vitais) e uma divisão das tarefas que expressa, por um lado, a
delimitação de espaços (cada profissional se encarrega de um leito) e competências
(às enfermeiras, o trabalho intelectual e às técnicas, o trabalho braçal) e, por outro, a
personalização dos modos de agir (ao se dedicar mais tempo e energia com uma
atividade ou paciente, por exemplo).
Quanto a analise da tarefa (o que deve ser feito) e da atividade propriamente
dita (como os profissionais desenvolvem seu trabalho), a figura abaixo é bem
ilustrativa:
55
Figura 3 - Posturante durante o trabalho da UTI NEO
Fonte: Própria autora
As informações coletadas durante as visitas de observação associadas às
anotações do diário de campo possibilitou o entendimento acerca da divisão das
atividades, que se dá pela atribuição de um determinado número leitos para cada
profissional, ficando estes responsáveis, durante todo o turno de trabalho, pelos
bebês internados, bem como por seus “cuidados de rotina”, tais como higiene,
administração de medicação, alimentação e verificação dos sinais vitais
(temperatura, pressão arterial, acompanhamento do peso, controle da quantidade de
diurese e evacuação, profilaxia de infecções, entre outros), entre diversas outras
tarefas.
Boa parte das profissionais se encarrega de atividades que vão além do que
está prescrito ou desempenham papeis diferentes do que é exigido para o seu
cargo. Há sobreposição de funções, (enfermeira executando tarefas que são da
alçada do fisioterapeuta, técnicas de enfermagem fazendo às vezes de secretaria) e
há sobrecarga de trabalho (dobrar plantão, se encarregar de mais pacientes para
cobrir uma colega que faltou ou que esteja muito ocupada cuidando de um de seus
pacientes ou atendendo um familiar, por exemplo).
Ainda durante o período de observação desse ambiente de trabalho, destaca-
se que a postura adotada pelos profissionais durante o turno, para realização de
suas tarefas era em pé, seja para preparar e/ou administrar medicações, prestar
assistência de enfermagem, auxiliar o enfermeiro nas atividades assistenciais, seja
até pra registar algumas das ocorrências durante o turno de trabalho. Tem-se ciência
56
que os profissionais personalizam a forma como trabalham, dosando o ritmo, o
tempo dedicado a cada paciente, por exemplo, mas, na pratica, não lhes é permitido
muita variabilidade.
4.2 ANÁLISE DAS CONDIÇÕES DE TRABALHO E DISTÚRBIOS
OSTEOMUSCULARES
4.2.1 Perfil Sociodemográfico e Ocupacionais
O presente estudo contou com uma amostra de 42 profissionais de
enfermagem, mulheres, com idade de média de 36,32±6,62 anos, que variam em 26
e 57. Boa parte delas são casadas (64,3%), outras solteiras (28,6%). A metade da
amostra possui filhos (com uma média de 1,81±0,87). O nível escolar ficou bem
distribuído, já que 38,1% possuem nível médio, 23,8% nível superior e 38,1% pós-
graduação (especialização, mestrado ou doutorado), conforme é apresentado na
tabela 01.
Tabela 01 - Aspectos sociodemográficos e ocupacionais
Dados de Identificação Categoria M±DP Nº %
Idade (anos) Mínimo
26 Máximo
57 36,32±6,62 42 100
Sexo Feminino
42 100
Estado Civil
Solteira
12 28.6
Casada ou união estável
27 64,3
Separada ou divorciada
3 7,1
Filho Mínimo
1 Máximo
4 1,81±0,87 42 100
Escolaridade Nível Médio 16 38,1 Nível Superior 10 23,8 Pós-Graduação 16 38,1
Este trabalho (sobre o qual você está respondendo) é o seu único trabalho remunerado
Sim 24 57,1
Não 18 42,9
Se não, quantas horas por semana trabalha em média no(s) seu(s) outro(s) trabalho(s).
20 a 30 horas 12 28,6 31 a 40 horas 4 9,5 Mais de 40 horas 4 9,5
Seu cargo determina uma jornada de trabalho de quantas horas semanais
20 a 30 horas 6 14,3 31 a 40 horas 35 83,3 Mais de 40 horas 1 2,4
Tempo na UFRN Meses a 5 anos 32 76,2 6 a 10 anos 4 9,5 Mais de 10 anos 6 14,3
57
Cargo Técnico em enfermagem
36 85,7
Enfermeiro 6 14,3 Você acha que desempenha atividades diferentes das que exigidas para o seu cargo
Sim 26 61,9 Não 16 38,1
Fonte: Elaboração da autora, a partir dos dados da pesquisa (2018).
Boa parte das profissionais que integram a equipe de enfermagem da UTI
NEO estão desenvolvendo suas atividades acerca de cinco anos (76,2%) na UFRN.
A grande maioria desempenha o cargo de técnica de enfermagem (85,7%).
Quanto aos vínculos empregatícios, 57,1% só possui um emprego. Os demais
trabalham cerca de 20 a 30 horas (28,6%), 31 a 40 horas (9,5%) e mais de 40 horas
(9,5%) semanais no outro emprego. Boa parte dessas servidoras trabalha de 31 a 40
horas semanais (88,3%) na UFRN (Tabela 01).
Quando questionadas a respeito do desvio de funções, boa parte afirmou se
encarregar de atividades ou desempenhar papeis diferentes dos que são exigidos
para o seu cargo (61,9%). Neste caso, observa-se que há uma discrepância entre o
que é prescrito e o que é desempenhado. Assim, o que é esperado ou planejado não
condiz com a realidade vivenciada por elas na execução de suas atividades, algo
que necessita ser revisto (Tabela 02).
Tabela 02 – Atividades oficialmente desenvolvidas
Atividades desenvolvidas Nº %
Aspirar RN's 4 9,6 Enfermeira 10 23,8 Enfermeira e Fisioterapeuta 2 4,8 Enfermeira, Abastecedora, Telefonista. 1 2,4 Farmácia, Secretária e Técnica de Enfermagem. 1 2,4 Fisioterapia e Farmácia 1 2,4 Laboratório, farmácia e distribuição. 1 2,4 Limpeza 1 2,4 Secretária 2 4,8 Técnica em Enfermagem 1 2,4
Fonte: Elaboração da autora, a partir dos dados da pesquisa (2018).
Boa parte da amostra relata desempenhar o cargo de enfermeira (23,8%),
seguida da atividade de aspiração de RNs. Outra parte da amostra relatou
desempenhar funções de Enfermeira e Fisioterapeuta (4,8%), Secretária (4,8%),
conforme mostra a tabela 02.
4.2.2 Condições de Trabalho
58
As condições de trabalho foram analisadas considerando seis fatores
distintos. São eles: Aspectos Psicobiológicos, Espaço de Trabalho, Aspectos
Fisioquímicos, Exigências de Esforço Físico, Riscos de Acidentes e Organização do
Tempo. A consistência interna do instrumento utilizado mostrou-se moderado-
substancial (LANDIS; KOCH, 1977), com alfas que variam em 0,48 e 0,74. Os
fatores mais consistentes foram Aspectos Psicobiológicos, Exigências de Esforço
Físico e Riscos de acidentes, com alfas de 0,74 cada (Tabela XX).
Os Aspectos Psicobiológicos foram o fator que apresentou maiores escores
médios, com 3,89±0,61. Tal dado é crítico e carece atenção. Visto que, das variáveis
que constituem esse fator, as mais preocupantes são: Ficar de pé ou andar;
Situações que podem desenvolver doenças ocupacionais; e, Manuseio ou contato
direto com materiais que podem transmitir doenças infecciosas (lixo, dejetos, etc.),
com escores médios de 4,74±0,70, 4,57±0,74 e 4,40±1,11, respectivamente (Tabela
XX).
O fator Espaço de Trabalho (1,84±0,52) manteve escores médios baixo-
moderados, que variam em 1,10±0,30 e 2,93±1,18. Semelhante, Aspectos
Fisioquímicos também apresentou escores médios baixo-moderados, com um
escore geral de 2,45±0,48. A variável Usar vestuário ou equipamento pessoal de
proteção foi a mais acentuada dentre os profissionais de enfermagem (4,31±0,84),
mas não apresenta preocupação.
Por sua vez, as Exigências de Esforço Físico configuram-se como um aspecto
que se manteve moderado, com escores médios de 3,44±0,69. Das varáveis que
compõem tal fator as mais críticas são: Movimentos repetitivos da mão ou do braço
(4,50±0,77); Vibrações provocadas por instrumentos manuais, máquinas, etc
(4,33±1,12); e, Posições dolorosas ou fatigantes (3,83±1,01). Conforme visto na
tabela 03.
Tabela 03 - Consistência interna dos fatores e análises descritivas das condições de trabalho.
Condições de Trabalho M DP Intervalos %
x≤2 2<x≤3 3<x≤4 x>4
Quanto você se expõe a: Manuseio ou contato da pele com produtos ou substâncias químicas
3,17 1,38 31 26,2 21,4 21,4
Quanto você se expõe a: Contato com pessoas com doenças infectocontagiosas
4,10 0,98 4,8 21,4 31,0 42,9
Quanto você se expõe a: Situações que podem desenvolver doenças ocupacionais
4,57 0,74 2,4 7,1 21,4 69,0
Quanto você se expõe a: Exigências psíquicas estressantes
4,31 1,07 9,5 9,5 19,0 61,9
59
Quanto você se expõe a: Riscos de pequenos acidentes de trabalho
4,31 0,90 2,4 21,4 19,0 57,1
Quanto você se expõe a: Riscos de acidentes de trabalho incapacitantes
2,55 1,23 57,1 23,8 7,1 11,9
Quanto você se expõe a: Transportar ou levantar pessoas
2,90 1,36 40,5 26,2 16,7 16,7
Quanto você se expõe a: Ficar de pé ou andar 4,74 0,70 2,4 - 16,7 81,0
Quanto você se expõe a: Manuseio ou contato direto com materiais que podem transmitir doenças infecciosas (lixo, dejetos, etc.).
4,40 1,11 9,5 4,8 16,7 69,0
Aspectos Psicobiológicos (α= 0,74) 3,89 0,61
Quanto você se expõe a: Exposição prolongada ao sol
1,19 0,59 95,2 2,4 2,4 -
Quanto você se expõe a: Mudança brusca de temperatura
2,10 1,03 64,3 28,6 4,8 2,4
Quanto você se expõe a: Excesso de umidade 1,76 1,03 81,0 7,1 11,9 -
Quanto você se expõe a: Trabalhar fora da empresa/organização a partir de sua casa com um computador
1,71 0,99 83,3 9,5 4,8 2,4
Quanto você se expõe a: Trabalhar em casa excluindo o trabalho fora da empresa/organização com um computador
1,64 1,01 83,3 9,5 4,8 2,4
Quanto você se expõe a: Trabalhar noutros locais que não sejam sua casa ou instalações da empresa/organização como por ex.: nas instalações de clientes, em viagens.
1,10 0,30 100 - - -
Quanto você se expõe a: Trabalhar com computadores pessoais, redes de dados, servidores.
2,26 1,38 61,9 16,7 11,9 9,5
Quanto você se expõe a: Uso da internet e e-mail para fins profissionais
2,93 1,18 35,7 35,7 16,7 11,9
Espaço de Trabalho (α= 0,63) 1,84 0,52
Quanto você se expõe a: Ruídos tão fortes que obrigam a levantar a voz para falar com as pessoas
3,69 1,26 21,4 19,0 23,8 35,7
Quanto você se expõe a: Calor desconfortável 2,43 1,06 52,4 35,7 7,1 4,8
Quanto você se expõe a: Fumaça (fumaça de soldas, etc), pó (de madeira, etc) ou poeiras (de cimento, de barro), etc.
1,57 0,94 85,7 9,5 2,4 2,4
Quanto você se expõe a: Inalação de vapores (tais como de solventes, diluentes e/ou inseticidas).
1,79 1,07 81,0 11,9 2,4 4,8
Quanto você se expõe a: Fumaça de cigarro de outras pessoas
1,26 0,73 95,2 2,4 - 2,4
Quanto você se expõe a: Iluminação insuficiente 2,71 1,09 42,9 33,3 19,0 4,8
Quanto você se expõe a: Iluminação excessiva 2,55 1,29 50,0 23,8 19,0 7,1
Quanto você se expõe a: Usar vestuário ou equipamento pessoal de proteção
4,31 0,84 2,4 16,7 28,6 52,4
Aspectos Fisioquímicos (α= 0,48) 2,45 0,48
Quanto você se expõe a: vibrações provocadas por instrumentos manuais, máquinas, etc..
4,33 1,12 9,5 14,3 71,0 69,0
Quanto você se expõe a: Posições dolorosas ou fatigantes
3,83 1,01 9,5 31,0 26,2 33,3
Quanto você se expõe a: Operar máquinas e ferramentas que lhes exigem acentuado esforço físico
1,60 0,83 83,3 14,3 2,4 -
Quanto você se expõe a: Usar máquinas, equipamentos e/ou ferramentas com defeitos.
3,17 1,12 19,0 45,2 23,8 11,9
Quanto você se expõe a: Movimentos repetitivos da mão ou do braço
4,50 0,77 2,4 9,5 23,8 64,3
Quanto você se expõe a: Repetir movimentos em intervalos menores que dez minutos
3,62 1,23 23,8 21,4 21,4 33,3
60
Quanto você se expõe a: Repetir movimentos em intervalos de menos de um minuto
3,00 1,40 42,9 16,7 21,4 19,0
Exigências de Esforço Físico (α= 0,74) 3,44 0,69
Quanto você se expõe a: Acidentes físicos (desabamentos, quedas de materiais, etc.).
2,05 0,94 64,3 31,0 4,8 -
Quanto você se expõe a: Acidentes com ferramentas, instrumentos e maquinários.
1,88 0,97 78,6 11,9 9,5 -
Quanto você se expõe a: Riscos de acidentes de trabalho fatais
2,10 1,21 73,8 11,9 7,1 7,1
Quanto você se expõe a: Transportar ou deslocar cargas pesadas
2,05 1,10 66,7 26,2 2,4 4,8
Riscos de acidentes (α= 0,74) 2,02 0,77
Na execução de suas atividades de trabalho: você pode receber ajuda de colegas
4,17 0,79 - 23,8 35,7 40,5
Na execução de suas atividades de trabalho: Você pode receber ajuda dos seus superiores/chefes
3,83 0,99 9,5 28,6 31,0 31,0
Na execução de suas atividades de trabalho: Você pode receber ajuda externa à empresa/organização
2,02 1,24 73,8 11,9 7,1 7,1
Na execução de suas atividades de trabalho: Você tem influência sobre a escolha dos seus colegas de trabalho
1,67 1,03 81,0 11,9 4,8 2,4
Na execução de suas atividades de trabalho: Você pode fazer pausa quando desejar
2,29 0,94 64,3 26,2 7,1 2,4
Na execução de suas atividades de trabalho: Você tem tempo suficiente para terminar o seu trabalho
2,95 0,91 23,8 47,6 28,6 -
Na execução de suas atividades de trabalho: Você é livre para decidir quando tira férias ou dias de folga
2,40 1,06 52,4 33,3 11,9 2,4
Na execução de suas atividades de trabalho: Você pode negociar com chefes e colegas quando tirar férias e/ou dias de folga
3,48 0,97 14,3 35,7 35,7 14,3
Na execução de suas atividades de trabalho: Você tem oportunidade para fazer o que sabe fazer melhor
3,62 0,96 7,1 35,7 40,5 16,7
Na execução de suas atividades de trabalho: Você pode fazer um trabalho bem feito nas condições de trabalho atuais
3,05 0,94 23,8 42,9 31,0 2,4
Na execução de suas atividades de trabalho: Você pode pôr em prática as suas ideias
2,93 0,87 28,6 47,6 21,4 2,4
Na execução de suas atividades de trabalho: Você é intelectualmente exigido (desafiado)
3,60 1,08 16,7 21,4 42,9 19,0
Na execução de suas atividades de trabalho: Você precisa apresentar emoções específicas
2,86 1,16 35,7 38,1 16,7 9,5
Na execução de suas atividades de trabalho: Você precisa dissimular suas emoções
2,43 1,38 57,1 23,8 4,8 14,3
Organização do tempo (α= 0,66) 2,95 0,45
Fonte: Elaboração da autora, a partir dos dados da pesquisa (2018).
Os Riscos de Acidentes se manteve baixo, com um escore de 2,02±0,77. Tal
fator é constituído por quatro variáveis que obtiveram escores médios entre
1,88±0,97 e 2,10±1,121. Já a Organização do Tempo, que congrega 14 itens,
apresentou um escore médio moderado com 2,95±0,45, mas suas variáveis
apresentaram escores médios que variaram em 1,67±1,03 e 4,17±0,79 (Tabela 03).
Ao verificar as médias entre grupos e os fatores das condições de trabalho
usando o teste t e a ANOVA, constatou-se não haver diferenças estatisticamente
61
significativas entre o estado civil, nível escolar, categoria profissional e tempo de
atuação na instituição no que diz respeito às condições de trabalho (Tabela 04).
Tabela 04 - Comparação de médias (teste t e ANOVA) entre as variáveis sociodemográficas e as condições de trabalho
Variáveis nº
Aspectos
Psicobiológicos Espaço de Trabalho
Aspectos
Fisioquímicos
Exigências de
Esforço Físico Riscos de acidentes
Organização do
tempo
M DP p M DP p M DP p M DP p M DP p M DP P
Estado Civil
Solteiro 12 3,99 0,66
0,74
1,85 0,35
0,98
2,48 0,45
0,90
3,35 0,86
0,59
2,10 0,71
0,66
2,92 0,40
0,58
Casado ou
União Estável 27 3,87 0,62 1,83 0,59 2,45 0,53 3,43 0,62 1,98 0,82 2,99 0,48
Separado ou
Divorciado 3 3,70 0,26 1,79 0,64 2,33 0,11 3,81 0,59 2,00 0,66 2,71 0,25
Nível escolar
Ensino Médio 16 3,81 0,66
0,19
1,63 0,38
0,11
2,30 0,52
0,27
3,40 0,68
0,82
1,75 0,59
0,19
2,97 0,46
0,81 Superior Completo
10 4,20 0,40 1,88 0,61 2,51 0,45 3,56 0,69 2,28 0,65 3,00 0,40
Pós-Graduação
16 3,79 0,63 2,02 0,55 2,57 0,45 3,39 0,73 2,13 0,94 2,89 0,48
Categoria professional
Enfermeiro(a) 36 3,95 0,62
0,17
1,80 0,54
0,30
2,46 0,50
0,89
3,49 0,72
0,23
2,03 0,78
0,73
2,91 0,44
0,23 Técnico(a) de enfermagem
6 3,57 0,44 2,04 0,33 2,43 0,42 3,12 0,37 1,92 0,72 3,15 0,49
Há quantos anos trabalha na instituição
< 5 anos 32 3,90 0,63
0,97
1,87 0,52
0,75
2,44 0,51
0,80
3,38 0,71
0,59
1,94 0,78
0,31
2,94 0,39
0,97 6 a 10 anos 4 3,83 0,29 1,81 0,62 2,39 0,35 3,57 0,56 2,56 0,72 2,98 0,54
≥10 anos 6 3,93 0,75 1,69 0,53 2,57 0,47 3,67 0,67 2,08 0,72 2,98 0,72
Desempenha atividades diferentes das que são exigidas para o seu cargo
Sim 26 4,05 0,51 0,03
1,95 0,58 0,07
2,49 0,48 0,51
3,71 0,52 0,00
2,14 0,81 0,18
3,00 0,41 0,35
Não 16 3,64 0,69 1,65 0,36 2,39 0,51 2,99 0,71 1,81 0,67 2,87 0,51
Trabalha em outro local
Sim 24 3,75 0,64 0,09
1,70 0,45 0,06
2,39 0,41 0,33
3,27 0,68 0,08
1,96 0,64 0,53
2,99 0,45 0,52
Não 18 4,08 0,53 2,01 0,57 2,54 0,57 3,65 0,66 2,10 0,93 2,90 0,44
Fonte: Elaboração da autora, a partir dos dados da pesquisa (2018).
As condições de trabalho não impactam de maneira significativa para quem
trabalho em outro local. Porém, desempenhar atividades diferentes das que são
exigidas para o seu cargo, apresentou diferenças significativas no tocante aos
Aspectos Psicobiológicos e Exigências de Esforço Físico. Vale salientar que, as
profissionais de enfermagem que desempenham atividades que não fazem parte das
suas atribuições laborais, segundo o que regulamenta o exercício da sua profissão
nos cargos de técnico em enfermagem e de enfermeiro, também obtiveram maiores
escores médias em todos os fatores das condições de trabalho.
4.2.3 Distúrbios Musculoesqueléticos
Os sintomas de distúrbios osteomusculares foram relatados por 95,2% dos
participantes, sendo que 50% da amostra apresentaram dois ou mais sintomas. Os
membros inferiores como joelhos e tornozelos e/ou pés foram os mais frequentes
citados como foco de problemas, com 9,5 cada (Tabela 05).
62
Tabela 05 – Frequência dos casos de Distúrbios Musculoesqueléticos
Distúrbios musculoesqueléticos nº %
Ausência de sintomas 2 4,8 Pescoço 1 2,4 Parte superior das costas 3 7,1 Punhos/Mãos 2 4,8 Parte inferior das costas 2 4,8 Quadril/Coxas 3 7,1 Joelhos 4 9,5 Tornozelos/Pés 4 9,5 ≥ 2 sintomas 21 50,0
Total 42 100,0
Fonte: Elaboração da autora, a partir dos dados da pesquisa (2018).
A consistência interna geral do Questionário Nórdico foi considerada
excelente, com alfa de 0,92. Suas dimensões – Pescoço, Ombros, Parte Superior
das Costas, Cotovelos, Punhos e/ou mãos, Parte Inferior das Costas, Quadril e/ou
Coxas, Joelhos e Tornozelos e/ou Pés – classificaram como substanciais, com alfas
que variam em 0,61 e 0,83 (Tabela 05).
Os distúrbios osteomusculares relatados como mais recorrentes nos últimos
12 meses de foram os que se concentram nos tornozelos e/ou pés (69%). Porém,
distúrbios no Quadril e/ou Coxas e Joelhos foram às incapacidades funcionais mais
relatadas entre os profissionais de enfermagem, com 26,2% dos casos, conforme
mostra a tabela 06.
Tabela 06 – Consistência interna das dimensões, Distribuição de sintomas osteomusculares, incapacidade funcional, procura por profissional da área da saúde em profissionais de enfermagem.
Distúrbios Osteomusculares
(α= 0,92)
Nos últimos 12 meses, você teve problemas (como
dor, formigamento/ dormência em):
Nos últimos 12 meses, você foi impedido(a) de
realizar atividades normais por causa desse problema em:
Nos últimos 12 meses, você
consultou algum profissional da
área da saúde por causa dessa condição em:
Nos últimos 7 dias, você teve algum problema em?
Não Sim Não Sim Não Sim Não Sim
nº(%) nº(%) nº(%) nº(%) nº(%) nº(%) nº(%) nº(%)
Pescoço(α= 0,72) 19(45,2) 23(54,8) 33(78,6) 9(21,4) 33(78,6) 9(21,4) 33(78,6) 9(21,4)
Ombros(α= 0,83) 21(50) 21(50) 34(81) 8(19) 31(73,8) 11
(26,2) 30(71,4) 12(28,6)
Parte Superior das Costas (α=
0,61) 16(38,1) 26(61,9) 33(78,6) 9(21,4) 32(76,2)
10 (23,8)
32(76,2) 10(23,8)
Cotovelos (α=
0,70) 36(85,7) 6(14,3) 39(92,9) 3(7,1) 40(95,2) 2(4,8) 41(97,6) 1(2,4)
Punhos e/ou mãos(α= 0,76)
19(45,2) 23(54,8) 33(78,6) 9(21,4) 34(81) 8(19) 36(85,7) 6(14,3)
Parte Inferior das Costas (α=
0,70) 20(47,6) 22(52,4) 34 (81) 8 (19)
32 (76,2)
10 (23,8)
30(71,4) 12(28,6)
Quadril e/ou Coxas(α= 0,75)
22(52,4) 20(47,6) 31(73,8) 11
(26,2) 35(83,3) 7(16,7) 35(83,3) 7(16,7)
63
Joelhos(α= 0,83) 24(57,1) 18(42,9) 31(73,8) 11
(26,2) 32
(76,2) 10
(23,8) 32
(76,2) 10(23,8)
Tornozelos e/ou Pés(α= 0,67)
13(31) 29(69) 33(78,6) 9(21,4) 33(78,6) 9(21,4) 30(71,4) 12(28,6)
Fonte: Elaboração da autora, a partir dos dados da pesquisa (2018).
Os casos de queixas osteomusculares relacionadas a dores e/ou
formigamento na parte dos ombros levaram os profissionais de enfermagem a
consultas com profissionais de saúde (médico, fisioterapeuta) em 26,2% dos casos.
As queixas relatadas como tendo sido sentidas nos últimos sete dias foram
problemas nos Ombros, Parte Inferior das Costas e Tornozelos e/ou Pés, presente
em 28,6% cada (Tabela XX).
Conforme Pinheiro, Tróccoli e Carvalho (2002), pesquisadores que validaram
o Questionário Nórdico para o contexto brasileiro, o índice de severidade de
sintomas variam em 0 e quatro. O valor zero (0) representa a ausência de sintomas,
já o valor um (1) foi atribuído àqueles casos em que a pessoa relatou sintomas nos
12 meses precedentes ou nos sete dias precedentes. O valor dois (2) foi atribuído
para casos de sintomas nos 12 meses e nos sete dias precedentes. O valor três (3),
para os casos de relato de sintomas nos sete dias ou nos 12 meses precedentes e
afastamento das atividades. Por fim, o valor quatro (4), para as situações em que há
de sintomas nos 12 meses e nos sete dias precedentes e afastamento das
atividades.
Do grupo estudado, 28,6% relataram casos de registros de sintomas nos 12
meses e nos sete dias precedentes e afastamento das atividades. Dado preocupante
que carece de intervenção. Outra parte dos profissionais de enfermagem relataram
sintomas nos 12 meses e nos sete dias precedentes, quadro que também já merece
atenção. Essas informações são detalhadas na tabela 07.
Tabela 07 - Média e desvio-padrão de severidade de sintomas
M DP
Índice de severidade de sintomas
Ausência de
sintomas
Sintomas nos 12 meses
precedentes ou nos sete
dias precedentes
Sintomas nos 12
meses e nos sete
dias precedentes
Relato de sintomas nos sete
dias ou nos 12 meses
precedentes e
afastamento das
atividades
Registros de sintomas
nos 12 meses e nos sete
dias precedentes
e afastamento
das atividades
nº casos 3,48 1,25 3 6 13 8 12
64
(%) 7,1 14,3 31,0 19,0 28,6
Fonte: Elaboração da autora, a partir dos dados da pesquisa (2018).
Apenas 7,1% da amostra relatou ausência de sintomas de distúrbios
osteomusculares. Outros 19% dos casos relataram sintomas nos sete dias ou nos 12
meses precedentes e afastamento das atividades, e um grupo menor, com 14,3%
dos sujeitos estudos, relatam sintomas nos 12 meses precedentes ou nos sete dias
precedentes (Tabela XX).
Ao associar os Distúrbios Musculoesqueléticos dos membros superiores e os
aspectos sociodemográficos e ocupacionais, verificou-se não haver diferenças
estatisticamente significantes entre os grupos das variáveis estados civis, nível
escolar categoria profissional e se desempenha atividades diferentes das que são
exigidas para o seu cargo, conforme mostra a tabela 08.
Tabela 08 - Comparação de médias (teste t, ANOVA e Qui-quadrado) entre as variáveis sociodemográficas e os Distúrbios Musculoesqueléticos dos membros superiores em profissionais de enfermagem.
Variáveis nº Pescoço Ombros
Parte
Superior
das Costas
Cotovelos
Punhos
e/ou
mãos
Parte
Inferior
das Costas
p P P p P P Estado Civil
Solteiro 12
0,57 0,32 0,31 0,76 0,83 0,41 Casado ou União Estável
27
Separado ou Divorciado
3
Nível escolar
Ensino Médio 16
0,28 0,28 0,69 0,59 0,72 0,72 Superior Completo
10
Pós-Graduação 16 Categoria professional
Enfermeiro(a) 36 0,96 0,11 0,30 0,68 0,13 0,85 Técnico(a) de
enfermagem 6
Há quantos anos trabalha na instituição
< 5 anos* 32 0,01* 0,16 0,36 0,33 0,03* 0,85 6 a 10 anos 4
≥10 anos* 6 Desempenha atividades diferentes das que são exigidas para o seu cargo
Sim 26 0,49 0,70 0,79 0,14 0,27 0,13
Não 16 Trabalha em outro local
Sim 24 0,22 0,44 0,69 0,37 0,26 0,44
Não 18
65
Fonte: Elaboração da autora, a partir dos dados da pesquisa (2018).
O variável Tempo de trabalho na instituição apresentou correlação
estatisticamente significativa no que diz respeito às queixas do pescoço (p <0,01) e
punhos e/ou mãos (p <0,03). As outras partes não evidenciaram diferenças,
conforme detectou o teste qui-quadrado. A variável Trabalha em outro local também
não obteve diferenças significativas (Tabela 08).
Ao verificar a associação dos Distúrbios Musculoesqueléticos dos membros
inferiores e os aspectos sociodemográficos e ocupacionais, as variáveis estado civil,
nível escolar, desempenha atividades diferentes das que são exigidas para o seu
cargo e trabalha em outro local, não apresentaram diferenças estatisticamente
significantes entre os grupos (Tabela 09).
Tabela 09 - Comparação de médias (teste t, ANOVA e Qui-quadrado) entre as variáveis sociodemográficas e os Distúrbios Musculoesqueléticos dos membros inferiores em profissionais de enfermagem.
Variáveis nº
Quadril e/ou
coxas Joelhos
Tornozelos e/ou
pés
P p P Estado Civil
Solteiro 12
0,20 0,48 0,96 Casado ou União Estável 27
Separado ou Divorciado 3 Nível escolar
Ensino Médio 16
0,15 0,37 0,13 Superior Completo 10
Pós-Graduação 16 Categoria professional
Enfermeiro(a) 36 0,25 0,24 0,05
Técnico(a) de enfermagem 6 Há quantos anos trabalha na instituição
< 5 anos* 32
0,71 0,45 0,04* 6 a 10 anos 4
≥10 anos* 6 Desempenha atividades diferentes das que são exigidas para o seu cargo
Sim 26 0,78 0,89 0,54
Não 16 Trabalha em outro local
Sim 24 0,76 0,41 0,12
Não 18
Fonte: Elaboração da autora, a partir dos dados da pesquisa (2018).
Conforme dado apresentado na tabela 09, as variáveis categorias
profissionais e tempo de trabalho na instituição apresentaram correlação
66
estatisticamente significativas no que diz respeito aos distúrbios nos tornozelos e/ou
pés, com o p-value de 0,05 e 0,04, respectivamente.
4.2.4 Condições de Trabalho e Distúrbios Musculoesqueléticos
Ao verificar as correlações entre os fatores das condições de trabalho, a
presença de distúrbios musculoesqueléticos e os índices de severidade desses
sintomas, constatou-se uma correlação ínfimo-moderada positiva dentre os fatores
que constituem as condições de trabalho, com índices que variam em 0,11 e, 624
(Tabela 10).
Tabela 10 – Correlações entre as condições de trabalho e a presença de distúrbios musculoesqueléticos e os índice de severidade de sintomas
Fatores 1 2 3 4 5 6 7 8
1 Aspectos Psicobiológicos 1
2 Espaço de Trabalho 0,26
1
3 Aspectos Fisioquímicos ,558
** 0,25
1
4 Exigências de Esforço Físico ,624
** ,421
** ,624
**
1
5 Riscos de acidentes ,401
** ,418
** ,480
** ,433
**
1
6 Organização do tempo 0,04 0,22 0,11 0,11 0,10
1
7 Índice de severidade de sintomas 0,06 0,04 -0,10 -0,19 0,14 0,09
1
8 Distúrbios musculoesqueléticos -0,14 -0,21 0,08 -0,04 -0,11 -0,29 0,16
1
**. A correlação é significativa no nível 0,01 (1 extremidade). Fonte: Elaboração do autor, a partir dos dados da pesquisa (2018).
Ao correlacionar as condições de trabalho com a presença de distúrbios
musculoesqueléticos, verificou-se haver uma correlação ínfima positiva com os
aspectos fisioquímicos (r = 0,08). Entretanto, os demais fatores das condições de
trabalho mantiveram correlações ínfimo-fracas negativa com os distúrbios
musculoesqueléticos, com índices que variaram em -0,11 e -0,29 (Tabela XX).
Já o índice de severidade de sintomas musculoesqueléticos possuiu
correlação ínfima negativa com os Aspectos Fisioquímicos (r = -0,10) e correlação
fraca negativa com as Exigências de Esforço Físico (r = -0,19). Os demais fatores
67
das condições de trabalho mantiveram valores que variavam em 0,04 e 0,14,
manifestando uma correlação ínfimo-fraca positiva (Tabela 10).
Os critérios de índices das correlações adotada nesta pesquisa, foram: r = 0,
nula ou sem correlação; 0 < r < 0,10, ínfima positiva 0,10 < r < 0,50, fraca positiva;
0,50 < r < 0,80, moderada positiva; 0,80 <r < 0,1 forte positiva; r = 1, correlação
perfeita; -0,1 < r < 0, ínfima negativa; -0,50 < r < -0,10, fraca negativa; -0,80 <r < -
0,5, moderada negativa; -0,1 < r < -0,8, forte negativa; e, r = 1, correlação perfeita
negativa. Tal parâmetro foi estabelecido por Santos (2007).
Em seguida, foram executas as análises de Regressão Linear Múltipla para
explicar a natureza da relação entre as variáveis. O variável critério foram os
Distúrbios Musculoesqueléticos e o Índice de Severidade de Sintomas. As
explicativas são os Aspectos Psicobiológicos, Espaço de Trabalho, Aspectos
Fisioquímicos, Exigências de Esforço Físico, Riscos de Acidentes e Organização do
Tempo, fatores que constituem as condições de trabalho (Tabela 11).
Tabela 11 - Regressão linear múltipla das condições de trabalho sobre a presença e índice de severidade de sintomas musculoesqueléticos
Variáveis Explicativas
Variáveis Dependentes
Distúrbios musculoesqueléticos
Índice de severidade de sintomas
B Β B Β Aspectos Psicobiológicos -1,37 -0,27 0,57 0,28 Espaço de Trabalho -0,87 -0,15 0,12 0,05 Aspectos Fisioquímicos 1,84 0,29 -0,33 -0,13 Exigências de Esforço Físico 0,36 0,08 -0,78 -0,43 Riscos de acidentes -0,34 -0,08 0,40 0,25 Organização do tempo -1,94 -0,28 0,31 0,11
R² = 0,03 R² ajustado = 0,18
R = 0,419
R² = 0,05 R² ajustado = 0,16
R = 0,398
Fonte: Elaboração do autor, a partir dos dados da pesquisa (2018).
Para avaliar a previsão dos efeitos das condições de trabalho sobre os
distúrbios musculoesqueléticos e índice de severidade de sintomas, empregou-se os
mesmos índices adotados na análise de correlação. Quanto mais perto de 1/-1 for o
coeficiente, mais forte será sua capacidade de influência (RAMOS et al., 2016). O R²
ajustado é o coeficiente de previsão ou poder explicativo da regressão. O R² mostra
quanto da variação de uma variável dependente, neste caso, são os distúrbios
musculoesqueléticos e o índice de severidade de sintomas, é impactada pelas
condições de trabalho (Tabela 10).
68
Os coeficientes de determinação (R²), obtidos na análise de regressão linear
múltipla mostrou que 0,03% da variação dos distúrbios musculoesqueléticos fomos
explicadas pelas condições de trabalho. Os variáveis explicativos Aspectos
Fisioquímicos foi quem mais detém relação com os distúrbios musculoesqueléticos
(β = 0,29) (Tabela 11).
No tocante as condições de trabalho e o índice de severidade de sintomas,
semelhantemente aos distúrbios musculoesqueléticos, as condições de trabalho
apresentou uma baixa explicação da variável dependente, com 0,05% da variação
índice de severidade. Nesse caso, o fator Exigências de Esforço Físico foi que
possuiu os maiores índices de correlação inversa (β = -0,43) (Tabela 11).
4.3 ANÁLISE DAS ENTREVISTAS SEMIESTRUTURADAS
Considerando os elementos de discursos dos profissionais de enfermagem,
foi possível identificar após a análise do material, três classes temáticas, que
exploram: Processo de trabalho das profissionais de enfermagem da UTI NEO; As
condições de trabalho na UTI NEO; e, o impacto do trabalho na UTI NEO sob o bem-
estar dessas profissionais de enfermagem.
4.3.1 O processo de trabalho na UTI NEO sob a visão do profissional de
enfermagem
O processo de trabalho na UTI NEO requer uma complexidade de serviços e
protocolos em saúde, os quais são monitorados 24hrs por dia. Diante dessa gama
de atribuições, as profissionais de enfermagem sentem-se sobrecarregam
angustiadas e insatisfeitas, pois não conseguem prestar um bom atendimento a seus
pacientes.
Me vejo uma profissional super sobrecarregada, onde não consigo prestar boas condições de serviços aos meus pacientes (Técnica de enfermagem 1). A UTI é um setor de trabalho, onde diariamente somos confrontados. Trabalhar com recém-nascido graves que necessitam de todo um cuidado especial... Onde cuidar de pacientes que não sabem expressar verbalmente suas angustias, irritações, dor e medo. Onde é preciso a aprender a lidar com a angústia, frustação que muitas das vezes é gerado pela participação do sofrimento do paciente. A vivência cotidiana com essa realidade pode
69
levar a sentimentos de diminuição da satisfação com o trabalho (Enfermeira 1). Me vejo como um objeto de trabalho sem muitos direitos só deveres (Técnica de enfermagem 4). Me vejo uma profissional muito exigida, sobrecarregada pela inúmeras funções exercidas, pelo fato de não ter na unidade todos os profissionais que uma UTI Neonatal exige nas 24hrs (Enfermeira 2).
4.3.2 Condições de trabalho na UTI NEO
As condições de trabalho na UTI NEO foi a categoria que congregou o maior
número de narrativas. As principais queixas estão relacionadas às péssimas
condições do espaço físico do prédio, dos leitos, falta de materiais e equipamentos,
como pode ser visto abaixo:
Trabalho em péssimas qualidades no que se diz respeito a dimensionamento! (Técnica de enfermagem 1). As condições de trabalho não eram satisfatórias no que se refere a recursos humanos, a sobrecarga de trabalho ao assumir a responsabilidade de cuidar de crianças graves em grande demanda. Além do redimensionamento incorreto, acredito ser um dos maiores problemas da NEO, acarretando em estresse e adoecimento dos colaboradores do setor (Técnica de enfermagem 2). As condições de trabalho ainda deixam a desejar no quesito de recursos humanos, às vezes com falta de materiais adequado para uma assistência ideal para os bebês. Também se faz muitos improvisos, falta de equipamentos, incubadora, em bom funcionamento. Alguns monitores ultrapassados e inadequados. (Técnica de enfermagem 3). Realizando o comparativo de quando fui admitida e o momento atual, a evolução em termos de estrutura, condutas, interação entre demais classes de profissionais é bastante perceptível e positiva. No entanto, as quantidades de leitos e de trabalho aumentaram e o número de profissionais não seguiu o mesmo ritmo. Tendo como consequências diversas atestadas, sejam eles problemas emocionais e/ou físicos [...] o número insuficiente de profissionais levando a mesma pessoa a executar vários procedimentos (Enfermeira 2).
No entanto, através das falas das profissionais de enfermagem percebe-se
que o grande entrave nas condições de trabalho está relacionado ao número
insuficiente de recursos humanos, essa problema é que causa sobrecarga e com
isso, os afastamentos de trabalho.
4.3.3 Impacto do trabalho na UTI NEO sob a saúde das profissionais de
enfermagem
70
Indagadas a respeito do reflexo do trabalho na UTI sob o bem-estar, as
profissionais relataram a manifestação de riscos psicossociais, dentre eles o
estresse causado pela sobrecarga é o mais recorrente, como mostram as falas
abaixo:
Acabamos absorvendo todo o estresse acarretado no trabalho [...] Assim no meu ponto de vista ficamos com má qualidade de vida por causa do trabalho. O estresse do setor acaba refletindo na minha vida pessoal! Sei que todo meu estresse é devido à sobrecarga de trabalho, porque quando estou longe de lá, me sinto outra pessoa. (Técnica de enfermagem 1). Visto que a equipe era reduzida e tinha o horário do revezamento, aumentando, assim, o número de bebês pra cada profissional, resultando em angústia e medo, porque temia não dar conta de prestar os cuidados de forma eficiente as crianças sob minha responsabilidade. (Técnica de enfermagem 2). [...] Estresse, a ansiedade, o cansaço, são fatores que muitas vezes são influenciados pela sobrecarga de trabalho. (Enfermeira 1). [...] Da pior maneira possível. Só ganhei doença, estresse hipertensão” (Técnica de enfermagem 4). Em relação a problemas físicos, houve a manifestação de um problema [...] Que foi intensificado por passar tempo prolongado em pé, necessitando de acompanhamento médico, até mesmo cirurgia. (Enfermeira 2).
No contexto investigado, são frequentes as queixas relacionadas aos
sentimentos de angústia, medo, ansiedade e cansaço. Há registro de casos de
hipertensão e cirurgia no pé por conta do tempo excessivo que se passa em pé
durante o trabalho. Tais falas revelam um pouco da situação vivenciadas por essas
profissionais, as quais se encontram exauridas em função da sobrecarga de trabalho
decorrente do numero reduzido de trabalhadores, que são insuficientes para dar
conta de tantas e tão intensas demandas.
71
5. TRABALHO E SAÚDE NA UTI NEO: DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
A fim de melhor apreender a relação entre condições de trabalho e a
presença de distúrbios osteomusculares em profissionais de enfermagem da UTI
Neonatal da Maternidade Escola Januário Cicco se faz necessário efetuar uma
caracterização do grupo investigado. A amostra obtida para o presente estudo foi
constituída inteiramente por profissionais do gênero feminino. Tal dado já era
esperado, pois há décadas o setor saúde é, estrutural e historicamente, feminino.
A profissionalização feminina, iniciada no final do século XIX ocorreu porque a
enfermagem toma a prática do cuidado enquanto “gênese do ofício” e, que estava
relacionada aos papéis femininos tradicionais. Em que, a mulher é vinculada ao
cuidar, ao educar e ao servir, entendidos como dom ou vocação. A enfermagem,
nesse contexto, foi à primeira profissão feminina universitária no Brasil, sustentando
programas de saúde pública e garantindo o funcionamento dos serviços de saúde
(APERIBENSE; BARREIRA, 2008).
O fato anteriormente mencionado esta explicita em dados fornecidos pelo
COFEM (2016), que demostram no Brasil, do total de profissionais de enfermagem,
aproximadamente 15% são do sexo masculino. Apesar do crescimento do número
de homens, o campo da enfermagem é predominantemente feminino, com 85,1%.
No que tange os profissionais de enfermagem, esse grupo – enfermeiros,
auxiliares e técnicos – detêm mais de um 1,8 milhões de trabalhadores. O que
equivale à metade da força de trabalho que opera na área da saúde (COFEM, 2015).
A equipe de enfermagem é constituída por 77% de técnicos e auxiliares de
enfermagem, e o restante, é formado por enfermeiros (23%). Segundo o último
estudo demográfico da categoria, foi constatado que é cada vez mais vigoroso o
aumento do número de enfermeiros (COFEM, 2015).
Os achados sobre a questão de gênero não tem sido um aspecto priorizado
nas análises acerca da relação entre trabalho, ocupação e sofrimento psíquico.
Assim, pouco se sabe sobre as especificidades e as implicações presentes,
inerentes ao processo de feminilização na área da saúde (Machado et al., 2014).
Entre a década de 70 e 80 houve um aumento do contingente masculino com
formação em nível superior (crescimento particularmente acentuado nas faixas
etárias mais jovens). Apesar desse fenômeno, a força de trabalho em enfermagem é
ainda hegemonicamente feminina “(COFEM, 2010)”.
72
A população de pacientes nas Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) é
assistida por uma equipe multiprofissional e interdisciplinar, na qual os profissionais
de enfermagem são numericamente superiores a outros profissionais na maioria das
instituições de saúde (PASCHOA; ZANEI; WHITAKER, 2007).
Observando a questão histórica dessa categoria que é composta em sua
maioria por mulheres e considerando o contexto socioeconômico atual pode-se
inferir que grande parte do contingente dessas trabalhadoras está sujeitas a
vivenciar conflitos em razão da dupla ou tripla jornada da instituição que utiliza
escalas de turnos pela necessidade da manutenção das atividades durante 24 horas
ininterruptas, mesmos nos finais de semana ou feriados.
A feminização na enfermagem brasileira pode ser observada tanto na
qualificação universitária como nos níveis médio e técnico e marca as preferências
do sistema em todos os níveis, sendo marcada pela seletividade com base em
qualidades de sexo.
Frente a todas essas questões as enfermeiras sentem-se importantes e
valorizadas por perceberem que a mulher tem hoje condições e capacidade para
assumir diversos papéis sociais, sendo que um número considerável exerce as
atividades no horário noturno, para cuidar das atividades da residência e dos filhos,
formando um ciclo interrupto nas 24 horas.
Outro estudo ressalta o prejuízo dessas trabalhadoras na participação de
atividades como as escolares, culturais, sociais, entre outras, além de estarem
submetendo-se a uma carga mental excessiva de trabalho (SPINDOLA; SANTOS,
2003). Um dos fatores de desgaste físico e psicológicos para os trabalhadores da
área da saúde é o acúmulo de dois ou mais vínculos empregatícios (PASCHOA;
ZANEI; WHITAKER, 2007).
É possível perceber neste estudo que o trabalho real se distancia do trabalho
prescrito, gerando frustração e sofrimento para as trabalhadoras, que não
desenvolvem sua atividade como gostariam e, ainda experimentam a desvalorização
e desmotivação. Por outro lado, é na distância entre o real e o prescrito que o
trabalhador pode encontrar espaço para a realização de seus desejos, por meio da
criação, do exercício da autonomia e do uso da inteligência prática (KANNO, 2014).
Todavia, quando somado, a divergência entre o trabalho prescrito e o real,
com outros fatores como a polivalência de atividades, fragmentação, sobrecarga e
aceleração do ritmo de trabalho e número insuficientes de profissionais o resultado
73
são condições desfavoráveis de trabalho, que propiciam o adoecimento das
trabalhadoras no ambiente hospitalar.
Apesar dessas condições, descritas anteriormente, nem sempre poderem ser
mensuráveis como doença ou acidentes, todavia, elas prejudicam imensamente
essas mulheres (LEITE, SILVA, BARBOSA, 2007). Achados do estudo indicam que
associado a todas essas condições, ainda acontece à adição de outro fator
preocupante, o desvio de funções.
Quando questionadas sobre a realização de atividades que não competem ao
técnico de enfermagem, as profissionais de enfermagem, em sua maioria, revelaram
desenvolver atividades que são “extra ofício”. Neste caso, as atribuições mais
recorrentes foram a de enfermeira, fisioterapeuta e secretária. Observa-se, assim,
que as condições, por vezes, impróprias para a realização das atividades e os
impasses criados entre as necessidades dos trabalhadores e da gestão, dificultam a
realização daquilo que estava previsto (TRINDADE, 2014).
No estudo conduzido por Rocha, Nogueira e Zeitoune (2005), os técnicos de
enfermagem também desenvolviam atividades de outros profissionais. Para as
autoras é oportuno analisar situações como essas, pondo em pauta os aspectos
ético-legais institucionais e profissionais.
Além das funções assistenciais, os profissionais relatam a realização de uma
variedade de funções administrativas, muitas delas relacionadas às funções de
secretária, ou à falta de assistência multiprofissional, como o de fisioterapeuta,
principalmente no período noturno, haja vista que esses profissionais só prestam
assistência no turnos diurnos, não havendo fisioterapeutas 24h na UTI NEO.
Entende-se que a sobreposição de tarefas na assistência de enfermagem
dentro da UTI NEO decorre principalmente da demanda espontânea e da realização
de atividades que vão além do que estava programado, prejudicando a realização de
ações que compõem as atribuições dos trabalhadores. Frequentemente, o
profissional abarca uma alta demanda de atividades, o que gera sobrecarga de
trabalho. No estudo realizado por Martins e Robazzi (2009) as autoras apontam que
a sobrecarga de trabalho na UTI gera cansaço, estresse, desgaste físico e mental e
também, é responsável pelo rodízio de funcionários e o absenteísmo.
A insuficiência de material para a realização dos procedimentos de rotina
também são uma queixa frequente observada nas falas dos participantes do estudo.
No estudo realizado por Martins e Robazzi (2009) as autoras apontam que a
74
sobrecarga de trabalho na UTI gera cansaço, estresse, desgaste físico e mental e
também, é responsável pelo rodízio de funcionários e o absenteísmo.
Para um gerenciamento adequado, deve-se estar atento às necessidades
desses profissionais, a fim de proporcionar um ambiente organizacional favorável e
relações interpessoais saudáveis com a promoção de uma assistência de
enfermagem com excelência, sem riscos à segurança do paciente.
No que diz respeito às condições de trabalho, os Aspectos Psicobiológicos
configuram-se como fator semelhante ao encontrado por Costa, Borges e Barros
(2015), num estudo junto a profissionais de saúde de dois hospitais universitários. As
autoras constataram que quanto mais críticas forem às condições de trabalho, mais
depreciada será a saúde psíquica e os afetos com relação ao trabalho.
É pratica comum no ambiente da UTI NEO, conforme observado, que as
profissionais prestam cuidados aos RN’s efetuando a de higienização corporal,
aferição dos sinais vitais e medidas corporais (peso), controles hemodinâmicos,
administração de medicamentos, bem como, auxiliar os neonatologistas em
procedimentos médicos, sem que haja uma padronização das atividades diárias.
Sendo assim, um mesmo procedimento é realizado de formas diferentes pelas
diversas profissionais.
A falta de sistematização das tarefas a serem executadas na rotina de
cuidados da UTI NEO, dificulta a prestação da assistência. A prescrição do trabalho
e padronização dos procedimentos visa reduzir o retrabalho e os desgastes físico e
psicológico. Entretanto, os protocolos de ação ainda estão em fase de elaboração e
implantação, por parte da gerência de enfermagem.
Ao realizar uma correlação os achados, observa-se que boa parte das
participantes deste estudo são casadas (64,3%). Sendo assim, frequentemente
exercem uma dupla e até tripla jornada, quando se leva em consideração sua
atuação no ambiente doméstico, o que implica em sobrecarga de atividades e,
consequentemente, possibilidade de agravos à saúde das trabalhadoras.
Assim, fica claro que é necessário que todas as questões acerca do ser
mulher e trabalhar na enfermagem sejam consideradas, possibilitando intervenções
reais, que possam minimizar os riscos inerentes à função, haja visto a sobrecarga
imposta não apenas pelo ambiente profissional como pelas atividades necessárias à
organização do trabalho doméstico.
75
É necessário ir além da divisão do trabalho na busca de se compreender a
desigualdade na distribuição dos DORT, para situá-las no campo das relações de
gênero, redefinidas, por sua vez, pelas novas formas de organização do trabalho,
nas quais, sem dúvida, as condições têm se revelado particularmente mais
deletérias à saúde das mulheres.
Um fator de risco para a equipe de Enfermagem é a remuneração baixa, o
que implica a submissão de outros empregos em diferentes turnos de trabalho,
aumentando a jornada de trabalho de 40 horas para 80 ou mais horas, na tentativa
de melhorar seus rendimentos, o que possibilita a exposição de riscos para o
profissional e a clientela, pois ao acontecer uma situação iatrogênica, o trabalhador é
penalizado e nada muda diante deste problema.
Na amostra 42,9 % das participantes possuem outro vinculo empregatício,
sendo que 9,5% trabalham entre 31 a 40 horas semanais e 9,5% trabalham mais de
40 horas. Esse dado é sugestivo de investigação, considerando, que em pesquisa
realizada com essa categoria, verificou-se que o fator relacionado à carga horária de
trabalho foi preditor de distúrbios osteomusculares. Observou-se que os
trabalhadores com 30 horas semanais se mostraram mais propensos à redução da
capacidade para o trabalho (MAGNAGO et al., 2012).
Ainda em relação à sobrecarga de trabalho, conforme identificado nos
discursos das participantes, esta é motivada principalmente pela quantidade
insuficiente de profissionais. Conforme determina o COFEM (2015), a cada dois
leitos de UTI, é necessário um técnico em enfermagem. Todavia na pratica, as
entrevistadas lotadas no cargo de técnico em enfermagem, geralmente assumem a
assistência de três a quatro leitos, existindo situações em que assumem de cinco a
seis leitos, principalmente no turno noturno, horário em que a falta de profissionais é
mais intensa.
A deficiência dos recursos humanos interfere na resolutividade, na qualidade
do atendimento em saúde prestada à população, levando à insatisfação dos
profissionais, sendo esta uma condição imprópria para o exercício das atividades
profissionais.
Apesar das mudanças que vem ocorrendo na instituição após a implantação
da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares, a gestão em enfermagem têm
encontrado resistências do ponto de vista orçamentário para adequar o quantitativo
76
de pessoal de enfermagem, por ser necessária a realização de concurso público
com oferta de vagas para profissionais de enfermagem.
Para atender a essa demanda em termos de qualidade e quantidade de
profissionais de enfermagem, deve-se levar em consideração a complexidade dos
cuidados em saúde, as características do paciente e o grau de dependência de
cuidados de enfermagem, sendo necessária a contratação de profissionais com
especialidade em assistência em enfermagem nessa área neonatal.
Leite, Silva e Merighi (2007) assinalam ser prováveis que as características de
trabalho de países em desenvolvimento predisponham as piores condições laborais,
provavelmente relacionadas à alta demanda de atividades, escassezes de recursos
humanos sobrecarga mecânica em determinados segmentos do corpo e
intensificação de ritmo, jornada e pressão no ambiente laboral. No caso das
profissionais de enfermagem da UTI NEO, o aspecto que mais se destaca é a
sobrecarga de trabalho.
Outro ponto a ser ressaltado, é identificado nos discursos das participantes, é
com relação sobrecarga de trabalho, desencadeada pela falta de profissionais
suficientes, conforme determina o COFEM (2015), a cada dois leitos de UTI devem
ser necessários um técnico em enfermagem, todavia na pratica, as entrevistadas
lotadas no cargo de técnico em enfermagem, geralmente assumem a assistência de
três a quatro leitos, existindo situações em que assumem de cinco a seis leitos,
principalmente no turno noturno, horário em que a falta de profissionais é mais
frequente.
Ao realizarmos a análise e correlação dos dados obtidos, identificamos que o
processo e as condições de trabalho influenciam no desenvolvimento do trabalho da
enfermagem, assim como na sua saúde e qualidade de vida, sendo que, quando
estas condições não estão adequadas, acabam interferindo negativamente na saúde
e no trabalho deste profissional.
Os problemas de saúde decorrem da exposição dos trabalhadores a agentes
nocivos no trabalho, sejam eles biológicos, físicos, químicos, mecânicos, fisiológicos
ou psíquicos. O estudo constatou um elevado número de casos de distúrbios
osteomusculares, com 95,2 % da amostra, em decorrência das atuais condições em
que as atividades vêm sendo realizadas, intensificando os riscos existentes no
ambiente a saúde das trabalhadoras.
77
A soma da sobrecarga de trabalho, superlotação de pacientes no setor, o
redimensionamento da equipe de enfermagem e da tarefa prescrita, o número de
profissionais insuficientes para demanda aliado ao excesso de atividades e cuidados
assistências repetitivo.
Diante desse achado pode-se concordar com as afirmações de Feli e Araujo
(2009) de que esses trabalhadores apresentam distúrbios musculoesqueléticos pela
exposição cotidiana a uma multiplicidade de tarefas repetitivas, intenso ritmo de
trabalho e sobrecarga psíquica, implicando assim, em diversos tipos de
acometimento e desgastes físicos e mentais.
Diante disso, tem-se como consequência, as doenças do sistema
osteomuscular que foram as principais causas de afastamento dos trabalhadores da
equipe de enfermagem (FERREIRA et al., 2011; MARQUES et al., 2015), seguidas
por transtornos mentais e comportamentais (MARQUES et al., 2015).
Segundo dados obtidos com o SOST no decorrer do estudo, no período de
janeiro a dezembro de 2017, o maior número de absenteísmo na instituição se deu
no setor da UTI NEO, sendo que a, categoria profissional que mais necessitou de
uso da licença-saúde foram os profissionais de enfermagem. Dada, a natureza do
trabalho realizado pela categoria, que presta assistência diária e ininterrupta a
pacientes, em estado grave, num setor de alta complexidade e sob condições
desfavoráveis, tais trabalhadores estão expostos aos riscos ocupacionais
constantes.
Isso corrobora com os estudos anteriores, confirmando que as atividades
insalubres e perigosas desencadeiam riscos ocupacionais que provocam danos à
saúde do trabalhador exposto aos agentes causadores de doenças (TEIXEIRA E
CASANOVA, 2014; GONÇALVES, 2014).
Segundo Gropelli (2010), as repercussões de doenças osteomusculares
podem levar uma parcela de trabalhadores à desistência do exercício da profissão,
embora a autora afirme que grande parte da equipe de enfermagem aceite e
internalize as lesões como sendo próprias do ofício e não realize nenhuma ação
para prevenir lesões relacionadas à ocupação.
O estudo de Sancinetti (2009) com 647 trabalhadores de Enfermagem refere
que as doenças relacionadas aos sistemas osteomuscular e conjuntivo
representaram 30% do total. Também relatou que, nesse subgrupo de doenças, os
sintomas geraram maior quantidade de dias de ausência no trabalho – 11.948 dias
78
no total. Ainda, evidenciou que os técnicos de Enfermagem apresentaram maior taxa
de licenças por doença e os auxiliares de Enfermagem, maior taxa de absenteísmo.
Por outro lado, também é comum verificar que os trabalhadores desconhecem
a relação entre os sinais e sintomas apresentados com o diagnóstico dos DORT, a
importância do tratamento precoce e adequado, e os meios de evitá-los
(BERNARDINO, FELLI, 2006).
Guedes (2000) chama atenção para o fato que somente 50% dos
trabalhadores de enfermagem percebem os riscos existentes no ambiente de
trabalho, e somando-se a isso o ritmo intenso, a repetitividade das tarefas e o tempo
reduzido para realizá-las, o trabalhador adoece sem mesmo perceber o
desenvolvimento do desgaste.
Em outro estudo, realizado por Oliveira e Murofuse (2001), verificando o
conhecimento dos trabalhadores de saúde hospitalar sobre os riscos a que estão
expostos no desenvolvimento de suas atividades, constatou-se que eles conhecem
os riscos de forma genérica, e que esse conhecimento não se transforma em ações
para a prevenção de acidentes e doenças ocupacionais, apontando a necessidade
de intervenções que venham a modificar essa situação.
No Brasil, país em desenvolvimento, achados de Murofuse e Marziale (2005)
sugerem que a maior visibilidade das LER/DORT advém do maior número de
pesquisas sobre problemas de saúde em trabalhadores da área da Saúde.
Em estudo em rede hospitalar mineira sobre problemas de saúde em
trabalhadores de enfermagem, as autoras constataram que, dos 6.070 atendimentos
de saúde prestados aos profissionais citados, 35% deles apresentaram sintomas
musculoesqueléticos, sendo 20% de dores nas costas e 13,7% de tenossinovites e
sinovites (Murofuse, Marziale, 2005).
A observação das atividades dentro da UTI NEO, possibilitou identificar que
boa parte das profissionais não realizam suas atividades Em estudo visando analisar
as condições de trabalho e a ergonomia como fatores de risco para o adoecimento
de trabalhadores de enfermagem de um serviço médico de urgência na região
nordeste do Brasil, constatou-se que mais de 65% desses trabalhadores apresentam
fadiga muscular, e 80% deles apresentaram algum sintoma osteomuscular no último
ano, principalmente na região inferior das costas (Santos Júnior, Silveira, Araújo,
2010).
79
Estudo realizado por Magnano et al. (2010), investigando a prevalência de
sintomas musculoesqueléticos em trabalhadores de enfermagem de um hospital
público e universitário do Rio Grande do Sul, verificou que, dentre os participantes,
96,3% referiram sentir dor em alguma região do corpo no último ano, 73,1% nos
últimos sete dias e 65,8% relataram dificuldade nas atividades diárias. As regiões
com maior frequência de dor referida pelos trabalhadores de enfermagem foram:
lombar (71,5%), pescoço (68%), ombros (62,3%) e pernas (54,6%).
De acordo com o Ministério da Saúde, a UTI é um local de grande
especialização e tecnologia, identificado como espaço laboral destinado a
profissionais da saúde, principalmente médicos e enfermeiros, possuidores de
grande aporte de conhecimento, habilidades e destreza para a realização de
procedimentos (Brasil, 2005).
Nesse sentido, subentende-se que, os profissionais que atuam nessas
unidades, necessitam de muito preparo, pois invariavelmente, podem se defrontar
com situações cujas decisões definem o limite entre a vida ou a morte das pessoas
(Inoue, Matsuda, 2009).
O trabalho realizado em UTI NEO é complexo, pois os pacientes são
considerados críticos e apresentam risco iminente de vida. Por essa razão, os
profissionais de enfermagem enfrentam dificuldades relacionadas à complexidade
técnica da assistência aos pacientes, estando expostos às exigentes solicitações
dos pacientes, familiares, médicos e instituições, podendo levá-los a vivenciar
sentimentos de sofrimento (Shimizu, 2000; Stumm et al., 2009).
Os achados nas entrevistas indicam ainda que as profissionais não se sentem
satisfeitas ao realizar prestar uma assistência incompleta aos seus pacientes,
desencadeando um sentimento de angustia e frustação. Outros estudos
evidenciaram que o trabalho de enfermagem em UTI gera sentimentos de sofrimento
ao trabalhador, relacionados também às condições e organização do trabalho
(Garanhani, 2008; Martins, Robazzi, 2009).
Frente aos recursos tecnológicos existentes nas UTIs e a grande quantidade
de procedimentos a que são submetidos os pacientes que ali se encontra, o
ambiente é reconhecido como um dos mais traumatizantes e agressivos, tanto pela
ótica dos usuários, como pelos prestadores de serviços. Além disso, o estresse que
envolve a equipe de saúde, devido à presença constante da morte, propicia
80
sentimento de sofrimento, dor, DORT e a depressão (Martins, Robazzi, 2009, Felli,
Tronchin, 2010).
Findo o trabalho de investigação, o que parece se destaca na analise do
cotidiano de trabalho das profissionais de enfermagem, no setor da UTI NEO, é que
as atuais condições são desfavoráveis e tem produzido um ambiente desconfortável
mediante os aspetos evidenciado com esse estudo.
Assim, fica claro que investimentos por parte da instituição voltados para
diagnóstico dos riscos à saúde desses trabalhadores, considerando que se trata de
um tema relevante para organização, para o trabalhador e para sociedade. Sendo,
então, necessária uma redefinição de como o trabalho é gerenciado e executado no
âmbito da UTI NEO.
81
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A UTI NEO é um contexto propicio para o desenvolvimento de DORT’s entre
seus trabalhadores, pela demanda de trabalho elevada, o número de trabalhadores
da unidade, que muitas vezes é insuficiente, considerando o perfil dos pacientes,
que exigem cuidados intensivos, e o ambiente físico, agitado, tenso e ruidoso, que
aumenta a tensão dos trabalhadores.
No contexto de trabalho desse ambiente os profissionais da enfermagem
estão sujeitos a uma carga de trabalho desgastante, devido à alocação de pacientes
com constantes alterações hemodinâmicas e iminentes risco de morte, os quais
exigem cuidados complexos, atenção ininterrupta e tomada de decisões imediatas.
Os trabalhadores de enfermagem no exercício de sua profissão realizam suas
atividades diárias desrespeitando seus ritmos biológicos e horários de alimentação.
Uma das dificuldades evidenciadas durante a aplicação desse estudo foi que os
protocolos de procedimentos a serem realizados com os RN’s ainda estão em fazer
de construção, os trabalhadores percorrem longas distâncias durante a jornada de
trabalho, dimensões inadequadas de mobiliários, falta de pausas durante a jornada
de trabalho para alongamentos, entre outros, resultando em desgaste e
adoecimento.
O estudo evidenciou que os sintomas musculoesqueléticos interferem na
qualidade de vida dos profissionais, afetando as atitudes pessoais e
comportamentos importantes para a produtividade individual. Os profissionais
demostram por meio de seus discursos uma desmotivação para suas atividades
laborais e tal fator reflete também no grau de satisfação encontrado na vida.
Outra confirmação importante, é que a amostra demostrou nesse local a
predominância de profissionais do sexo feminino, sendo assim indispensável serem
repensadas estratégias de intervenção no processo de adoecimento das mulheres
trabalhadoras, dentro da instituição, levando em consideração as particularidades
biológicas e sociais desse gênero, já que elas apresentaram índice significativos de
distúrbios osteomusculares. As mulheres que integram as equipes de enfermagem
da UTI NEO da MEJC são uma clara expressão da hegemonia feminina na saúde,
mas o que elas fazem e como fazem? Em que as atividades que permeiam o
cotidiano do trabalho impactam na saúde dessas profissionais?
82
A valorização e o reconhecimento são elementos indispensáveis para o
trabalhador, portanto devem ser consideradas as queixas das profissionais, tendo
em vista que, ademais estudos realizados com essa categoria, apontam que as
angustias enfrentadas em razão da precariedade das condições de trabalho
interferem na saúde dos profissionais.
Faz–se necessário a implantação de um plano de intervenção eficaz
adequado às especificidades desse setor, como horário flexível, local apropriado,
estratégias de ação voltadas a atender a necessidade dos mesmos, possibilitando a
adesão dos trabalhadores aos programas de qualidade de vida, oferecidos pela
instituição.
Apesar dos esforços para pesquisa de campo, não foi possível reunir uma
amostra maior, devido à indisponibilidade das profissionais, que estavam sempre
ocupadas em diversas atividades assistenciais, isso dificultou a aplicação dos
questionários e consequentemente isso influenciou os resultados das analises dos
dados obtidos.
O presente estudo não conseguiu explorar com profundidade os inúmeros
aspectos relacionados às reais condições de trabalho vivenciadas pelas
profissionais. Sendo assim, é necessário que sejam realizadas novas investigações
que ampliem a compreensão sobre os riscos à saúde dos profissionais de
enfermagem e sobre os recursos disponíveis para a promoção da saúde e
prevenção de transtornos os mais variados.
Além disso, é importante que os resultados sejam disponibilizados a todos,
permitindo, assim, que a mulheres da equipe tenham ciência de quais são os de
riscos aos quais estão expostas, bem como, quais são as ações desenvolvidas ou
as medidas adotadas para prevenção que se coadunam com as especificidades do
grupo (treinamentos, trabalho em equipe, ginástica laboral, técnicas de relaxamento,
mudanças de equipamentos, redimensionamento do pessoal de enfermagem,
reestruturação do local de descanso).
Os trabalhadores também propõem intervenções como treinamentos, trabalho
em equipe, ginástica laboral, técnicas de relaxamento, substituição de equipamentos
defeituosos, redimensionamento do pessoal de enfermagem, sua adequação ao
setor e reestruturação do local de descanso como formas de prevenir estes
distúrbios.
83
Esta investigação não finaliza a discussão sobre condições de trabalho e
saúde dos profissionais de enfermagem nos postos de trabalho da UTI NEO. Na
verdade, é apenas a primeira fase do diagnóstico. Contudo aponta a necessidade da
implementação das ações de melhoria desse quadro, na UTI Neo, que, sem duvida,
se configura como um ambiente adoecedor.
84
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91
Rubrica do Pesquisador:
APÊNDICE
APÊNDICE A - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO – TCLE
TCLE para maiores de idade:
Esclarecimentos
Este é um convite para você participar da pesquisa: “A relação entre os riscos
ocupacionais e o bem-estar no ambiente de trabalho dos profissionais de
enfermagem na UTI Neonatal de um hospital universitário”, que tem como
pesquisador responsável Andressa Azevedo de Souto da Silva, sob a orientação da
Prof.ª Drª. Denise Pereira do Rego.
Esta pesquisa pretende conhecer os riscos ocupacionais presentes no
ambiente de trabalho na UTI Neonatal da Maternidade Escola Januário Cicco e
como eles influenciam no bem-estar dos profissionais de enfermagem
O motivo que nos leva a fazer esse estudo é a alta incidência que os
problemas osteomusculares ocupam como causa de afastamento por licença-saúde
de trabalhadores no setor da UTI Neonatal da Maternidade Escola Januário Cicco.
Tais distúrbios se configuram, no âmbito da MEJC, como um dos principais fatores
que, ao comprometer a força de trabalho, influência negativamente na qualidade de
assistência de enfermagem, bem como em seu bem-estar. Os benefícios serão:
Conhecer dos riscos ocupacionais aos quais você está exposto no seu ambiente de
trabalho, isso irá favorecer a mudança de postura e a busca de condições de
trabalho adequada, bem como a melhoria do seu bem-estar.
Caso você decida participar, você deverá você responderá a três instrumentos
de pesquisa, sendo dois questionários e um protocolo, os primeiros com questões
sobre suas características sócias demográficas e funcionais (contendo informações
sobre faixa etária, função, tempo de serviço na empresa e horário de trabalho), bem
como, sob alguns distúrbios osteomusculares sentido por você, o último instrumento
para identificar os riscos inerentes ao contexto de trabalho. Sendo necessário um
tempo de 20 minutos para preenchimento dos questionários e do protocolo.
Rubrica do Participante/Responsável legal:
92
Durante a realização da pesquisa você ficará sentado e receberá os
questionários e o protocolo impressos em papel A4 e uma caneta. A previsão de
riscos é mínima, ou seja, o risco que você corre é semelhante àquele sentido num
exame físico ou psicológico de rotina não há previsão de riscos ao participar dessa
pesquisa.
Pode acontecer um desconforto por cansaço manual durante o
preenchimento dos questionários e protocolo por apresentarem vários itens, caso
você sinta esse desconforto, ele será minimizado com a orientação para você
realizar o alongamento dos músculos extensores e flexores dos dedos e punho e
você terá como benefício conhecimento dos riscos ocupacionais em seu ambiente
de trabalho e que relação eles tem exercido sob seu bem-estar, bem como a
contribuição desses para o surgimento de problemas osteomusculares.
Em caso de algum problema que você possa ter, relacionado com a
pesquisa, você terá direito a assistência gratuita com um encontro com a
coordenadora da pesquisa Drª Denise Pereira do Rego, psicóloga social no
Departamento de letras da UFRN, que realizará uma consulta psicológica a fim de
auxiliar no entendimento do seu contexto de trabalho.
Durante todo o período da pesquisa você poderá tirar suas dúvidas ligando
para Andressa Azevedo de Souto da Silva, telefone (84) 98737-2442 – e-mail:
Você tem o direito de se recusar a participar ou retirar seu consentimento,
em qualquer fase da pesquisa, sem nenhum prejuízo para você.
Os dados que você irá nos fornecer serão confidenciais e serão divulgados
apenas em congressos ou publicações científicas, não havendo divulgação de
nenhum dado que possa lhe identificar.
Rubrica do Participante/Responsável legal: Rubrica do Pesquisador
93
Esses dados serão guardados pelo pesquisador responsável por essa
pesquisa em local seguro e por um período de 5 anos.
Se você tiver algum gasto pela sua participação nessa pesquisa, ele será
assumido pelo pesquisador e reembolsado para você.
Se você sofrer algum dano comprovadamente decorrente desta pesquisa,
você será indenizado.
Qualquer dúvida sobre a ética dessa pesquisa você deverá entrar em contato
com o Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital Universitário Onofre Lopes,
telefone: 3342-5003 endereço: Av. Nilo Peçanha, 620 – Petrópolis – Espaço João
Machado – 1° Andar – Prédio Administrativo - CEP 59.012-300 - Nata/RN, e-mail:
Este documento foi impresso em duas vias. Uma ficará com você e a outra
com o pesquisador responsável Andressa Azevedo de Souto da Silva.
Consentimento Livre e Esclarecido
Após ter sido esclarecido sobre os objetivos, importância e o modo como os
dados serão coletados nessa pesquisa, além de conhecer os riscos, desconfortos e
benefícios que ela trará para mim e ter ficado ciente de todos os meus direitos,
concordo em participar da pesquisa: “A relação entre os riscos ocupacionais e o
bem-estar no ambiente de trabalho dos profissionais de enfermagem na UTI
Neonatal de um hospital universitário”, e autorizo a divulgação das informações por
mim fornecidas em congressos e/ou publicações científicas desde que nenhum dado
possa me identifica.
Natal, ___ de __________ de _________
Assinatura do participante da pesquisa Declaração do pesquisador responsável
Rubrica do Participante/Responsável legal:
Rubrica do Participante/Responsável legal:
94
Como pesquisador responsável pelo estudo: “A relação entre os riscos
ocupacionais e o bem-estar no ambiente de trabalho dos profissionais de
enfermagem na UTI Neonatal de um hospital universitário” declaro que assumo a
inteira responsabilidade de cumprir fielmente os procedimentos metodologicamente
e direitos que foram esclarecidos e assegurados ao participante desse estudo, assim
como manter sigilo e confidencialidade sobre a identidade do mesmo.
Declaro ainda estar ciente que na inobservância do compromisso ora assumido
estarei infringindo as normas e diretrizes propostas pela Resolução 466/12 do
Conselho Nacional de Saúde – CNS, que regulamenta as pesquisas envolvendo o
ser humano.
Natal, ____de ____________ de ________
Andressa Azevedo de Souto da Silva
Rubrica do Participante/Responsável legal:
Rubrica do Pesquisador:
95
ANEXOS
ANEXO A – QUESTIONÁRIO DE CONDIÇÕES DE TRABALHO
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO DE PROCESSOS INSTITUCIONAIS
Caro servidor,
Gostaríamos de solicitar a sua participação na pesquisa intitulada “...................” desenvolvida
pela aluna .......................... ................ .......do Mestrado Profissional em Gestão de Processos
Institucionais - MPGPI, sob a orientação da Profa. Dra. Denise Pereira Rêgo.
A referida pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética da UFRN e tem como objetivo -----------
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------.
O conhecimento gerado por esse estudo é de grande relevância para a implementação de ações que
visem à melhoria da qualidade de vida e saúde dos servidores da instituição.
Esse estudo destina-se apenas a fins científicos e asseguramos que todas as informações
serão processadas com o máximo sigilo. Desde já, agradecemos pela sua colaboração, que é de
fundamental importância para o êxito deste trabalho.
FICHA SÓCIO-DEMOGRÁFICA E FUNCIONAL
Idade:_____ Sexo: ( ) F ( ) M
Cargo:
( ) Auxiliar em administração
( ) Assistente em administração
( ) Outro. Qual: _____________
Setor de lotação:______________________________
Setor onde desempenha as atividades:_____________
Tempo de trabalho na UFRN:_____________________
Tempo de trabalho no setor atual: ___________________
Você acha que desempenha atividades diferentes das que são exigidas para o seu cargo?
( ) Sim ( )Não
Se sim, as atividades executadas equivale as de qual cargo?_____________________
Grau de escolaridade:
( ) Nunca estudou
( ) Ensino fundamental incompl
eto
( ) Ensino fundamental complet
( ) Ensino médio completo
( ) Ensino superior completo
( ) Ensino superior incompleto
( ) Pós-
96
o
( ) Ensino médio incompleto
graduação (especialização, residência, mestrado e/oudoutorado
Estado Civil:
( ) Solteiro(a)
( ) Casado(a) ou União
Estável
( ) Separado(a) ou
Divorciado(a)
( ) Viúvo(a)
( ) Outros
Nº de filhos: ____________
97
ANEXO B - QUESTIONARIO DE CONDIÇÕES DE TRABALHO-QCT
CONDIÇÕES DE TRABALHO: CONTRATUAIS E JURÍDICAS
010) Você trabalha ... ?
Nu
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Sem
pre
010.1) o mesmo número de horas todos os dias
010.2) o mesmo número de dias todas as semanas
010.3) com horários fixos de entrada e de saída
010.4) por turnos ou escala
001)Este trabalho (sobre o qual você está respondendo) é o seu único trabalho remunerado?
( ) Sim ( ) Não Se não, quantas horas por semana trabalha em média, no(s) seu(s) outro(s) trabalho(s)?
( ) 20 horas semanais
( ) 30 horas semanais
( ) 40 horas semanais
( ) Outras. Se outra, especifique:________horas semanais
( ) Não se aplica
002) Seu cargo determina uma jornada de trabalho de quantas horas semanais?
( ) 20 horas semanais
( ) 30 horas semanais
( ) 40 horas semanais
( ) 44 horas semanais
( ) Outras. Especifique:_______horas
( ) Não se aplica
003) Na prática, quantas horas você trabalha normalmente por semana aqui?
( ) 20 horas semanais
( ) 30 horas semanais
( ) 40 horas semanais
( ) 44 horas semanais
( ) Outras. Especifique:_______horas
004) Normalmente, quantos dias por semana você trabalha aqui?______________________ dias por semana
005) Normalmente, quantas vezes por mês trabalha durante a noite (pelo menos 2 horas entre as 10 horas da noit
e e às 5 horas da manhã)? _______noites por mês ( ) Nunca
006) Quantas vezes por mês (em média) trabalha aos domingos? _______ domingos por mês ( ) Nunca
007) Gostaria de trabalhar ... ?
( ) 44 horas semanais
( ) 40 horas semanais
( ) 30 horas semanais
( ) 20 horas semanais
( ) Outro. Especifique: ___________
__
007.1) Essa quantidade de horas de trabalho de minha pre
ferência
representa:
( ) Mais horas que no momento
( ) A mesma quantidade de horas que atualmente
( ) Menos horas que atualmente
008) No total, quantos minutos por dia demora normalmente no percurso de casa para o trabalho e do trabalho pa
ra casa (soma)? __________________ minutos
009) O que você ganha é:
( ) A única renda de sua família
( )Quase a totalidade da renda familia
( ) Aproximadamente a metade da renda familiar
( ) Uma parcela pequena da renda da família
98 CONDIÇÕES DE TRABALHO: FÍSICAS E MATERIAIS
Utilizando a seguinte escala (de ‘Nunca’ a ‘Todo o tempo’), responda cada item, marcando com X:
011)Quanto você se expõe às condições de trabalho abaixo?
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Não
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011.1) Vibrações provocadas por instrumentos manuais, máquinas, etc..
011.2) Ruídos tão fortes que obrigam a levantar a voz para falar com as pessoas
011.3) Calor desconfortável
011.4) Frio desconfortável
011.5) Fumaça ( como fumaça de soldas ou de canos de escape), pó ( como pó
de madeira, de algodão) ou poeiras (como poeira de cimento, de barro), etc.
011.6) Inalação de vapores (tais como de solventes, diluentes e/ou inseticidas)
011.7) Manuseio ou contato da pele com produtos ou substâncias químicas
011.8) Radiações, raio x, radioatividade, luz de soldadura, raios laser
011.9) Fumaça de cigarro de outras pessoas
011.10) Manuseio ou contato direto com materiais que podem transmitir doenças infecciosas (tais como lixo, dejetos, sangue , fluidos corporais, materiais de laboratório, etc)
011.11) Exposição prolongada ao sol
011.12) Mudança brusca de temperatura
011.13) Excesso de umidade
011.14) Iluminação insuficiente
011.15) Iluminação excessiva
011.16) Acidentes físicos (desabamentos, quedas de materiais, etc.)
011.17) Acidentes com ferramentas, instrumentos e maquinários
011.18) Falta de higiene no local de trabalho
011.19) Contato com pessoas com doenças infecto-contagiosas
011.20) Situações que podem desenvolver doenças ocupacionais
011.21) Exigências psíquicas estressantes
011.22) Riscos de pequenos acidentes de trabalho
011.23) Riscos de acidentes de trabalho incapacitantes
011.24) Riscos de acidentes de trabalho fatais
011.25) Riscos de acidentes no trânsito
011.26) Agravo de doenças que você contraiu por razões diversas
011.27) Posições dolorosas ou fatigantes
011.28) Levantar ou deslocar pessoas
011.29) Transportar ou deslocar cargas pesadas
011.30) Operar máquinas e ferramentas que lhes exigem acentuado esforço físico
011.31) Usar máquinas, equipamentos e/ou ferramentas com defeitos
99
011.32) Ficar de pé ou andar
011.33) Movimentos repetitivos da mão ou do braço
011.34) Repetir movimentos em intervalos menores que dez minutos
011) Quanto você se expõe às condições de trabalho abaixo?
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a
011.35) Repetir movimentos em intervalos de menos de um minuto
011.36) Trabalhar nas instalações da organização
011.37) Trabalhar fora da organização, a partir de sua casa com um computador
011.38) Trabalhar em casa, excluindo o trabalho fora organização com computador
011.39) Trabalhar noutros locais que não sejam a sua casa ou instalações da organização, como por ex.: nas instalações de clientes, em viagem
011.40) Estar em contato direto com pessoas que não são empregadas no seu local
de trabalho, por exemplo, clientes, passageiros, alunos, doentes, etc.
011.41) Trabalhar com computadores: Computadores pessoais, rede de dados,
servidor
011.42) Uso da Internet /e-mail para fins profissionais
011.43) Usar vestuário ou equipamento pessoal de proteção
011.44) Trabalhar em vias públicas (na rua)
CONDIÇÕES DE TRABALHO: PROCESSOS E CARACTERÍSTICAS DE TRABALHO
Utilizando a seguinte escala (de ‘Nunca’ a ‘Todo o tempo’), responda cada item, marcando com X:
012) O horário de seu trabalho é ... Nu
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a
012.1) Definido pela empresa/organização sem possibilidade de alteração
012.2) Uma escolha entre vários horários de trabalho fixos, determinados pela empresa/organização
012.3) Adaptado por você dentro de certos limites (ex.: poder ocasionalmente trocar horário sob justificativa)
012.4) Inteiramente determinado por você
012.5) Combinado (acordado) entre você e clientes
012.6) Combinado (acordado) entre você, colegas e outras pessoas
012.7) Alterado com frequência pela chefia sem aviso prévio a você
012.8) Alterado com frequência pela chefia com aviso prévio a você
013) O seu trabalho implica ...
100
013.1) Ritmo acelerado
013.2) Prazos muito rígidos e muito curtos
014) De uma maneira geral, o seu ritmo de trabalho depende ... ?
Nu
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aplic
a
014.1) Do trabalho feito pelos seus colegas
014.2) Dos pedidos diretos de pessoas como os clientes, os passageiros, os alunos, os usuários, os pacientes, etc.
014.3) De objetivos quantitativos de produção ou desempenho
014.4) Da velocidade automática de uma máquina ou do movimento de
um produto
014.5) Do controle direto do seu chefe
015) O seu trabalho lhe exige ... ?
015.1) Respeitar normas (administrativas, técnicas, de segurança, etc.)?
015.2) Avaliar por você mesmo(a) da qualidade do seu trabalho?
015.3) Resolver por você mesmo(a) problemas imprevistos?
015.4) Realizar tarefas monótonas?
015.5) Realizar tarefas repetitivas?
015.6) Realizar tarefas complexas?
015.7) Aprender coisas novas?
015.8) Interromper uma tarefa para realizar outras
015.9) Ser contatado por e-mail e/ou por telefone fora do seu horário
016) Você pode escolher ou modificar ... ?
016.1) A ordem das suas tarefas?
016.2) Os seus métodos de trabalho?
016.3) O ritmo da realização das tarefas?
017) Na execução de suas atividades de trabalho...
017.1) Você pode receber ajuda de colegas
017.2) Você pode receber ajuda dos seus superiores/chefes
017.3) você pode receber ajuda externa à organização
017.4) Você tem influência sobre a escolha dos seus colegas de trabalho
017.5) Você pode fazer pausa quando desejar
017.6) Você tem tempo suficiente para terminar o seu trabalho
017.7) Você é livre para decidir quando tira férias ou dias de folga
017.8) Você pode negociar com chefes e colegas quando tirar férias e/ou dias de folga
017.9) Você tem oportunidade para fazer o que sabe fazer melhor
017.10) Você pode fazer um trabalho bem feito nas condições de trabalho atuais.
017.11) Você pode pôr em prática as suas idéias
017.12) Você é intelectualmente exigido (desafiado)
101
017.13) Você precisa apresentar emoções específicas
017.14) Você precisa dissimular suas emoções
018) As suas atividades são executadas ...? Nu
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aplic
a
018.1) por você sozinho
018.2) em equipe
019) O que você faz é definido ...
019.1) Previamente por setores aos quais você tem pouco acesso
019.2) Em manuais de serviço que você precisa seguir passo a passo
019.3) Por seu chefe/administrador sozinho
019.4) Por seu chefe/administrador após ouvir a equipe de trabalho
019.5) Pela equipe de trabalho
019.6) Por você, planejando independentemente
019.7) Por você, negociando com colegas e chefes
020) Suas atividades e funções exigem...
020.1) As qualificações e experiência que você já tem
020.2) Atualizações
020.3) Formação suplementar ao que já tenho
021) Quanto às suas responsabilidades você responde por...
021.1) Danos a equipamentos, máquinas e objetos
021.2) Por qualidade no atendimento a outras pessoas
021.3) Erros técnicos no desenvolvimento de seu trabalho
022) Nos últimos 12 meses, você participou de algum tipo de formação para melhorar as suas competências?
Considerar os cursos de capacitação, especialização, mestrado e/ou doutorado
( ) Sim( ) Não
022.1) Se sim, quem pagou por esta formação?
( ) Você.
( ) Seu empregador. ( ) Outro, com anuência do empregador.
022.2) Quanto tempo durou tal formação? __________dias
022.3) Participou de outro tipo de formação ou aprendizagem (por ex: auto-aprendizagem, seminários na
internet, etc).
( ) Sim( ) Não
102
CONDIÇÕES DE TRABALHO: AMBIENTE SOCIOGERENCIAL
Utilizando a seguinte escala (de ‘Nunca’ a ‘Todo o tempo’), responda cada item, marcando com X:
023) No último ano, você...?
Nu
nca
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do
o
tem
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N
ão s
e
aplic
a
023.1) Teve uma discussão franca com o seu chefe acerca do desempenho da sua função?
023.2) Foi consultado sobre mudanças na organização do trabalho e/ou
nas suas condições de trabalho?
023.3) Foi sujeito a uma avaliação formal regular do desempenho das suasfu
nções?
023.4) Discutiu com o seu chefe problemas relacionados ao trabalho?
023.5) Foi informado sobre os riscos de acidentes no trabalho
023.6) Foi informado sobre os riscos de adoecimento decorrente do
trabalho
024) Em seu trabalho, você está exposto a:
024.1) Pressão por decisões rápidas
024.2) Falta de material necessário para a realização de suas tarefas
024.3) Falta de equipamentos/ferramentas adequadas
024.4) Exigências desproporcionais às condições de trabalho
024.5) Conflitos com colegas e chefias
024.6) Exigências conflitantes com seus princípios e valores
024.7) Realizar tarefas diferentes das suas
024.8) Sobrecarga de tarefas
024.9) Realizar tarefas conflitivas ou contraditórias
024.10) Realizar tarefas desagradáveis
024.11) Ficar sem fazer nada
024.12) Assumir responsabilidade por punir
025) No último ano, esteve sujeito no trabalho a...?
025.1) Agressões verbais?
025.2) Ameaças de violência física?
025.3) Violência física?
025.4) Intimidações / perseguição?
025.5) Discriminação de sexo (homem x mulher)?
025.6) Assédio sexual?
025.7) Discriminações ligadas à idade?
025.8) Discriminações ligadas à nacionalidade?
025.9) Discriminações ligadas a questões raciais?
025.10) Discriminação ligada à classe social?
025.11) Discriminação ligada à religião?
025.12) Discriminação ligada a características pessoais (altura, surdez, cegueira, gagueira, etc.)?
103
CONDIÇÕES DE TRABALHO: ASPECTOS DE SAÚDE
Existe algo que não foi perguntado, mas que você considera muito importante que seja dito
para que possamos melhor compreender a realidade do servidor da UFRN em sua relação com o
trabalho?
___________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
Quais ações ou medidas você gostaria de sugerir para melhoria das condições do seu
trabalho?__________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________
025.13) Discriminação ligada a preferências sexuais?
025.14) Discriminação ligada à história pessoal (prostituição, ex- presidários, portadores de doenças contagiosas ou crônicas, etc.)?
026) Quantas pessoas trabalham com você aqui (no setor ou unidade administrativa)
( ) Sozinho ( ) 2 a 4 pessoas ( ) 5 a 9 pessoas ( ) 10 a 49 pess
oas
( ) 50 a 99 pessoas ( ) 100 a 249 pessoas ( ) 250 a 499 pessoas ( ) 500 e mais pessoas
027) Quantas pessoas trabalham sob a sua direção e dependem de você para receber aumentos de salário,
prêmios ou promoções?______________pessoa(s) ( ) Nenhuma
Teve afastamento do trabalho por problema de saúde no período de 2010 a 2015? ( ) Não ( ) Entre 1 e 3 vezes ( ) Mais de 3 vezes Fez tratamento de saúde em decorrência de sintomas gerados pelo trabalho no período 2010 a 2015?
( ) Não ( ) Sim. Qual enfermidade?___________________________
Faz uso de algum medicamento em decorrência de sintomas gerados pelo trabalho? ( ) Não ( ) Sim. Qual? ___________________________
Participa das ações voltadas para a prevenção e/ou melhoria da saude e qualidade de vida no trabalho oferecidas pela UFRN?
( ) Não ( ) Sim. Qual(ais)?_________________________________________________________________________________
_____
104
ANEXO C- QUESTIONÁRIO NÓRDICO