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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE PÓS-GRADUAÇÃO EM DESENVOLVIMENTO E INOVAÇÃO TECNOLÓGICA EM MEDICAMENTOS Claudio Bruno Silva de Oliveira Determinação de Patogenicidade e Resistência à Sulfadiazina de Três Isolados de Toxoplasma gondii do Estado do Rio Grande do Norte e Atividade Anti- Toxoplasma do Timol e Estragol Natal/RN Fevereiro/2016

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

PÓS-GRADUAÇÃO EM DESENVOLVIMENTO E INOVAÇÃO TECNOLÓGICA EM

MEDICAMENTOS

Claudio Bruno Silva de Oliveira

Determinação de Patogenicidade e Resistência à

Sulfadiazina de Três Isolados de Toxoplasma gondii do

Estado do Rio Grande do Norte e Atividade Anti-

Toxoplasma do Timol e Estragol

Natal/RN

Fevereiro/2016

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CLAUDIO BRUNO SILVA DE OLIVEIRA

Determinação de Patogenicidade e Resistência à Sulfadiazina de

Três Isolados de Toxoplasma gondii do Estado do Rio Grande do

Norte e Atividade Anti-Toxoplasma do Timol e Estragol

Tese de doutorado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Inovação Tecnológica em Medicamentos da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como requisito parcial para obtenção do título de Doutor em Desenvolvimento e Inovação Tecnológica em Medicamentos.

Orientador: Prof. Dr. Valter Ferreira de Andrade Neto

Natal/RN

Fevereiro/2016

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CLAUDIO BRUNO SILVA DE OLIVEIRA

Determinação de Patogenicidade e Resistência à Sulfadiazina de Três Isolados

de Toxoplasma gondii do Estado do Rio Grande do Norte e Atividade Anti-

Toxoplasma do Timol e Estragol

Tese de doutorado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Inovação Tecnológica em Medicamentos da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como requisito parcial para obtenção do título de Doutor em Desenvolvimento e Inovação Tecnológica em Medicamentos.

COMISSÃO JULGADORA:

Prof. Dra. Milena de Medeiros Clementino Andrade

Examinador externo - UFBA

Profa. Dra. Marilia Gabriela dos Santos Cavalcanti

Examinador externo - UFPB

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Profa. Dra. Antônia Cláudia Jacome Câmara

Examinador interno - UFRN

Prof. Dr. Paulo Marcos da Matta Guedes

Examinador interno - UFRN

Prof. Dr. Valter Ferreira Andrade Neto

Presidente da banca - UFRN

Natal/RN 25 de Fevereiro de 2016

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente agradeço ao senhor meu Deus por ter me dado forças para

superar todos os desafios que apareceram em minha vida, por ter me dado forças

para seguir e buscar meus sonhos e assim concluir este trabalho.

Agradeço também à minha família por me dar sempre exemplos de vida, pela

constante compreensão, pela confiança e apoio que sempre tiveram por mim e,

acima de tudo, pelo amor e carinho.

Ao meu orientador/amigo Prof. Dr. Valter Ferreira de Andrade Neto por ter

confiado no meu trabalho e nas minhas proprostas, por ter sido sempre receptivo a

sanar dúvidas e repassar conhecimentos. Meu muito obrigado.

Aos meus companheiros de LaBMaT pela importante/fundamental

contribuição em todas as etapas desse trabalho. Agradeço em especial às pessoas

que lá, cada uma do seu jeito, foram importantíssimos para a realização deste

trabalho, em especial: Ywlliane, Valeska, Lis, Andrea, Marianne... Enfim, agradeço a

toda equipe LaBMat por tudo!!!

Agradecimento todo especial aos meus inesquecíveis amigos da

Biomedicina!!! Sem essa turma eu não seria a pessoa que sou hoje e sem as

conversas e pensamentos em conjunto eu não teria chegado ate aqui!!! Enorme

abraço meus amigos: Caio, Thales, Pedro, Lorena, Lis, Monique, Priscila, Hebert,

Jonas, entre outros da Biomedicina!!!

Aos meus conterrâneos que ajudaram nos meus primeiros passos da vida

científica e com os quais criei laços e enorme carinho. Muito obrigado a vocês, muito

obrigado minha cidade-mãe, Pau dos Ferros.

Agradeço à toda equipe da Parasitologia da Faculdade de Fármacia, aos

professores Plínio, Ana Cláudia e Antônia Cláudia, aos monitores e funcionários,

obrigado pelo carinho e pelos valiosos conhecimentos adquiridos.

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Aos professores, alunos, funcionários e coordenação da Pós Graduação em

Desenvolvimento e Inovação Tecnológica em Medicamentos pelos ensinamentos e

pela contribuição em vários e importantes momentos;

Aos professores que participaram de minhas bancas de qualificação e defesa

de tese por todos os valorosos conhecimentos compartilhados;

Aos meus demais amigos, com os quais tenho certeza que posso sempre

contar;

Aos demais colegas, funcionários e professores pela receptividade em seus

laboratórios;

À CAPES e ao CNPq, pelo financiamento que permitiu a realização deste

trabalho.

Por fim, dedico todo meu carinho e amor para a minha hoje noiva e futura

esposa Joelma Andrade, ela que esteve presente em todos os momentos deste

trabalho, por melhores ou piores que fossem. Muito obrigado pela compreensão,

apoio, confiança e pelo amor que sempre manifestou acima de tudo! Sem você tudo

seria mais chato, mais difícil. Te amo!

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RESUMO

Toxoplasma gondii é um protozoário intracelular obrigatório amplamente distribuído,

ele é o etiológico da toxoplasmose, doença de curso normalmente benigno que pode

ter sérias repercursões em imunossuprimidos e fetos congenitamente infectados.

Esta doença é uma das principais responsáveis por hospitalização relacionada à

alimentos e, considerando o padrão atípico pelo qual esta se observa no Brasil, os

efeitos adversos no tratamento-padrão e os fenótipos emergentes de resistência o

presente estudo teve como objetivo padronizar a manutenção e determinar o perfil

de patogenicidade e resistência à sulfadiazina de isolados locais do T. gondii;

verificar o potencial imunogênico e alterações comportamentais; além de avaliar o

potencial antiparasitário do timol e estragol versus cepa clonal e isolados locais do

parasito. O efeito citopático induzido pelo parasito foi avaliado em cultura de células

RAW 264.7 e a patogenicidade foi determinada em modelo murino após infecção

com monitoramento por 30 dias e confirmada por PCR-RFLP, usando o marcador

CS3. A resistência fenotípica à sulfadiazina foi medida utilizando de uma curva de

doses em animais infectados (100, 200 ou 300 mg/kg) e a atividade anti-Toxoplasma

do timol e estragol contra isolados locais e cepa padrão foram determinadas em

camundongos Suiços infectados e tratados durante 6 dias. As alterações na

memória/aprendizado e impulsividade foram avaliados em labirinto em cruz elevado.

Polimorfismos foram determinados por sequenciamento do gene DHPS. Amostras

de sangue foram coletadas de camundongos C57BL/6 para o ELISA e dosagem de

citocinas em camundongos C57BL/6. O efeito citopático e a PCR-RFLP mostraram

que os isolados de galinhas representam diferentes populações do parasito. O

isolado Ck3 foi o mais patogênico in vivo, o isolado moderadamente patogênico Ck2

induziu uma resposta humoral e alterações comportamentais diferentes da cepa

ME49. Falhas terapêuticas foram observadas nos animais infectados com Ck3 e Pg1

e tratados com sulfadiazina, porém não foram observados polimorfismos no gene

DHPS. Foi possível estabelecer um modelo para determinação da atividade anti-

Toxoplasma de novos compostos e, através deste, foi obervado que timol e estragol

apresentaram efetividade contra a cepa ME49, mas apenas o estragol apresentou

ação contra o isolado Ck2, com forte resposta Th1. Timol, estragol e sulfadiazina

não tiveram ação contra Ck3 e Pg1. Estes perfis atípicos de patogenicidade e

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resistência dos parasitos locais foram observados de forma inédita e podem explicar

os perfis diferenciados da toxoplasmose observados nessa região.

Palavras-chave: Toxoplasma gondii. Patogenicidade. Resistência. Sulfadiazina.

Timol. Estragol.

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ABSTRACT

Toxoplasma gondii is an obligate intracellular protozoan widely distributed, it is the

cause of toxoplasmosis, a usually benign disease that can have serious

repercussions in immunosuppressed and congenitally infected fetuses. This disease

is one of the main drivers of hospitalization related to food and, considering the

atypical pattern by which this can be seen in Brazil, the adverse effects on the

standard treatment and resistance emerging phenotypes present this study aimed to

standardize the maintenance and determine Profile of pathogenicity and resistance

to sulfadiazine of local isolates de T. gondii; check the immunogenic potential and

behavioral change; Besides evaluating the antiparasitic potential of thymol and

estragol versus clonal and local isolated of the parasite. The parasite-induced

cytopathic effect was evaluated in RAW 264.7 cell culture and pathogenicity was

determined in mice following infection with monitoring for 30 days and confirmed by

PRC-RFLP using CS3 marker. The phenotypic resistance to sulfadiazine was

measured using a curve doses in animals infected (100, 200 or 300 mg / kg) and

anti-Toxoplasma activity of thymol and estragole against local isolates and standard

strains were determined in infected Swiss mice and treated during 6 days. Changes

in memory/learning and impulsiveness were assessed in plus-maze discriminative

avoidance task. Polymorphisms were determined by sequencing of DHPS gene.

Blood samples were collected from C57BL/6 mice for the ELISA and measurement of

cytokines in C57BL/6 mice. The cytopathic effect and PCR-RFLP analysis showed

that the chicken populations represent different isolates of the parasite. Isolated CK3

was the most pathogenic in vivo, moderately pathogenic isolated CK2 induced a

humoral response and different behavior of ME49 strain changes. Treatment failures

were observed in animals infected with CK3 and Pg 1 and treated with sulfadiazine

but were not observed polymorphisms in the DHPS gene. It was possible to establish

a model for determination of anti-Toxoplasma activity of new compounds and,

through this, it was observable that thymol and estragole were effective against the

strain ME49, but only estragole was active against the isolated CK2 with a strong

Th1 response. Thymol, estragole, and sulfadiazine had no action against CK3 and

Pg 1. These atypical pathogenicity and resistance profiles of local parasites were first

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observed in the literature and may explain the differential toxoplasmosis profiles

observed in this region.

Keywords: Toxoplasma gondii. Pathogenicity. Resistance. Sulfadiazine. Thymol.

Estragole.

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LISTA DE FIGURAS E TABELA

FIGURA 1 - Ciclo vital do Toxoplasma gondii.......................................................................... 19

FIGURA 2 - Mapeamento genético dos 14 cromossomos do T. gondii.................................. 23

FIGURA 3 - Fluxograma apresentando o delineamento experimental desta pesquisa........... 35

FIGURA 4 - Labirinto em cruz elevado modificado utilizado para análise de

memória/aprendizagem e ansiedade...................................................................

41

FIGURA 5 - Cultura de Célula RAW 264.7 infectada pelo isolado Ck2 do Toxoplasma

gondii....................................................................................................................

48

FIGURA 6 - Cultura de Célula RAW 264.7 infectada pelo isolado Ck3 do Toxoplasma

gondii....................................................................................................................

49

FIGURA 7 - Cultura de Célula RAW 264.7 infectada pelo isolado Ck3 do Toxoplasma

gondii. Caixa destacando célula com alta carga parasitária e lise celular ..........

50

FIGURA 8 - Cultura de Célula RAW 264.7 infectada pela cepa ME49 do Toxoplasma

gondii...................................................................................................................

51

FIGURA 9 - Cultura de células RAW 264.7 infectadas pela cepa RH do Toxoplasma

gondii...................................................................................................................

52

FIGURA 10 - Porcentagem de sobrevivência de camundongos infectados com os isolados

Ck2, Ck3 e Pg1 do Toxoplasma gondii...............................................................

54

FIGURA 11 - Gel de eletroforese obtido por PCR-RFLP da região gênica CS3 do T. gondii

de isolados clonais, atípicos e parasitos isolados locais ....................................

55

FIGURA 12 - Porcentagem de sobrevivência de camundongos Suiços infectados com os

isolados Ck2, Ck3 ou Pg1 do Toxoplasma gondii e tratados com sulfadiazina,

via oral, nas concentrações de 100; 200 e 300mg/Kg.........................................

56

FIGURA 13 - Eletroferograma parcial de uma região do gene DHPS, focando a asparagina

do códon 407. …..………………………………………………………………….….

57

FIGURA 14 - Análise comparativa do gene DHPS de sequências de Toxoplasma gondii de

diferentes regiões do mundo……………………………………………………..…..

58

FIGURA 15 - Níveis séricos de IgM (A) e IgG (B) em camundongos fêmeas C57BL/6

infectados com cinco cistos das linhagens Ck2 ou ME49………………..…….…

59

FIGURA 16 - Distância percorrida (treino e teste) por camundongos Suiços sadios ou

infectados com a cepa ME49 ou com o isolado Ck2 do Toxoplasma

gondii...................................................................................................................

60

FIGURA 17 - Permanência de camundongos Suiços sadios, ou infectados com a cepa

ME49 ou com o isolado Ck2 do Toxoplasma gondii, nos braços abertos de

Labirinto em cruz elevado modificado.................................................................

61

FIGURA 18 - Comparação entre tempo no braço não aversivo x tempo no braço aversivo de

camundongos Suiços, infectados ou não, no Labirinto em cruz elevado

modificado............................................................................................................

61

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FIGURA 19 - Porcentagem de sobrevivência de camundongos suíços infectados com a

cepa ME49 ou com os isolados Ck2, Ck3 ou Pg1 do Toxoplasma gondii e

tratados com Timol, Estragol, Sulfadiazina ou deixados sem

tratamento............................................................................................................

63

FIGURA 20 - Porcentagem de sobrevivência de camundongos suíços infectados com a

cepa ME49 ou com os isolados Ck2, Ck3 ou Pg1 do Toxoplasma gondii e

tratados com Timol, Estragol, Sulfadiazina ou deixados sem tratamento (grupo

controle)...............................................................................................................

64

FIGURA 21 - Balanço sérico de citocinas induzidas por diferentes tratamentos em

camundongos C57BL/6 infectados com 10 cistos da cepa ME49 do T.

gondii...................................................................................................................

65

FIGURA 22 - Produção sérica de interferon-γ induzida por diferentes tratamentos em

camundongos C57BL/6 infectados com 10 cistos da cepa ME40 do T.

gondii……………………………………………………………………………….…...

66

FIGURA 23 - Produção de IgG em camundongos C57BL/6 infectados com 10 cistos da

cepa ME49 do T. gondii e submetidos a tratamentos com Timol, Estragol,

Sulfadiazina ou não tratados..............................................................................

67

FIGURA 24 - Produção de IgM em camundongos C57BL/6 infectados com 10 cistos da

cepa ME49 do T. gondii e submetidos a tratamentos com Timol, Estragol,

Sulfadiazina ou não tratados...............................................................................

68

TABELA 1 - Medicamentos usados para o tratamento da toxoplasmose, bem como seus

mecanismos de ação, dose, duração e efeitos adversos....................................

27

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

Ac Anticorpo

AIDS Acquired Immunodeficiency Syndrome

ANOVA Analysis Of Variance

APICO Marcador gênico APICO

BtuB Beta-tubulin

CA California

CEUA Comitê de Ética no Uso de Animais

Ck2 Isolado TgCkBrRn2

Ck3 Isolado TgCkBrRn3

CTBR21 Isolado de toxoplasmose congênita CTBR21

CTBR24 Isolado de toxoplasmose congênita CTBR21

CS3 Locus gênico CS3

DHPS Dihidropteroato Sintetase

DMEM Dulbecco's Modified Eagle Medium

DNA Deoxyribonucleic Acid

Dntp Deoxynucleotide

ELISA Enzyme Linked Immuno Sorbent Assay

Eo Estragol via Oral

Esc Estragol via Subcutânea

GRA5 Proteína de Granulo denso 5

GRA6 Proteína de Granulo denso 6

H2SO4 Ácido Sulfúrico

IFN-γ Interferon-Gama

IgM Imunoglobulina M

IgG Imunoglobulina G

IL-10 Interleucina-10

IL-12 Interleucina-12

I/NT Infectado/Não Tratado

KHz QuiloHertz

Kg Quilograma

LaBMaT Laboratório de Biologia da Malária e Toxoplasmose

L358 Locus gênico 358

Mg Miligrama

MgCl2 Cloreto de Magnésio

Mm Milimolar

NI/NT Não Infectado/Não Tratado

Nm Nanomolar

ON Óxido Nítrico

PABA Ácido Para-Aminobenzóico

PBS Phosphate Buffered Saline

PBS-T Phosphate Buffered Saline + Tween20

PCR Polymerase Chain Reaction

PCR-RFLP Polymerase Chain Reaction + Restriction Fragment Length Polymorphism

Pg1 Isolado TgPgBrRN1

PK1 Pyruvate Kinase-1

RAPD Random Amplification of Polymorphic DNA

ROP18 Proteína de Roptrias 18

Rpm Rotações Por Minuto

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SAG1 Surface Antigen 1

SAG2 Surface Antigen 2

SAG3 Surface Antigen 3

SIDA Síndrome da Imunodeficiência Adquirida

SFB Soro Fetal Bovino

Th1 Células T helper tipo I

Th2 Células T helper tipo II

TMB 3,3′,5,5′-Tetramethylbenzidine

To Timol via Oral

Tsc Timol via Subcutânea

TTT Tratamento

UFRN Universidade Federal do Rio Grande do Norte

USA United States of America

μL Microlitro

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO................................................................................. 16

1.1 HISTÓRICO...................................................................................... 16

1.2 BIOLOGIA DO PARASITO............................................................... 17

1.3 DIVERSIDADE DO PARASITO…………………………………......... 19

1.3.1 Marcadores de patogenicidade..................................................... 20

1.4 TOXOPLASMOSE HUMANA……………………………………......... 24

1.5 TRATAMENTO PARA TOXOPLASMOSE………………………....... 26

1.5.1 Tratamentos Clássicos……………………………………………..... 27

1.5.2 Novos Tratamentos………………………………………………….... 29

1.5.3 Resistência à Sulfadiazina…………………………………………… 31

2 OBJETIVOS…………………………………………………………...... 33

2.1 OBJETIVO GERAL…………………………………………………...... 33

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS………………………………………...... 33

3 MATERIAIS E MÉTODOS…………………………………………….. 35

3.1 PADRONIZAÇÃO DO CULTIVO DOS ISOLADOS LOCAIS DE TOXOPLASMA GONDII IN VITRO...................................................

35

3.2 MANUTENÇÃO DOS ISOLADOS DO PARASITO IN VIVO............ 36

3.3 DETERMINAÇÃO DO EFEITO CITOPÁTICO.................................. 36

3.4 PROTOCOLO DE EXTRAÇÃO DO DNA......................................... 37

3.5 PCR-RFLP DO LOCUS CS3………………………………………...... 38

3.6 PERFIL FENOTÍPICO DE PATOGENICIDADE IN VIVO................. 38

3.7 PERFIL FENOTÍPICO DE RESISTÊNCIA Á SULFADIAZINA......... 39

3.8 SEQUENCIAMENTO DO GENE DHPS........................................... 39

3.9 ANÁLISE COMPORTAMENTAL...................................................... 40

3.9.1 Esquiva discriminativa em labirinto cruz elevado...................... 40

3.10 DOSAGEM DE CITOCINAS............................................................. 41

3.11 PROTOCOLO DE ELISA INDIRETO PARA TOXOPLASMOSE MURINA............................................................................................

43

3.11.1 Preparo do Antígeno de T. gondii para ELISA............................. 43

3.11.1.1 Preparação dos Parasitos................................................................ 43

3.11.1.2 Preparo do Lisado............................................................................ 43

3.11.1.3 Quantificação Proteica..................................................................... 43

3.11.2 Ensaio Imunoenzimático................................................................ 44

3.12 ATIVIDADE ANTI-TOXOPLASMA DE TIMOL OU ESTRAGOL CONTRA A CEPA ME49 DO PARASITO........................................

44

3.13 ATIVIDADE ANTI-TOXOPLASMA DE TIMOL OU ESTRAGOL EM ISOLADOS LOCAIS DO PARASITO................................................

45

3.14 COMITÊ DE ÉTICA.......................................................................... 45

3.15 ANÁLISE ESTATÍSTICA……………………………………………….. 45

4 RESULTADOS………………………………………………………….. 47

5 DISCUSSÃO…………………………………………………………….. 69

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS…………………………………………… 78

REFERÊNCIAS…………………………………………………………………….... 79

APÊNDICE A – Artigo 1………...………………………………………………..... 89

APÊNDICE B – Artigo 2………………………………………………………….... 89

APÊNDICE C – Artigo 3………………………………………………………….... 89

APENDICE D – Artigo 4……….…………………………………………………… 89

APENDICE E – Artigo 5………………………………………………………..…… 89

APENDICE F – Patente 1………………………………………………………..…. 89

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16

1 INTRODUÇÃO

1.1 HISTÓRICO

O Toxoplasma gondii foi inicialmente observado por Splendore em coelhos,

em junho de 1908. Já no mês seguinte, em nota preliminar à Sociedade Científica de

São Paulo, referiu que estes parasitos provocavam uma doença semelhante ao

calazar humano. Também em 1908, Nicolle e Manceaux comunicaram à Academia

de Ciências Francesa a descoberta de um parasito intracelular no baço e no fígado

do “gundi” (Ctenodactylus gondi), roedor do norte da África (NICOLLE; MANCEAUX,

1908).

Este parasito foi inicialmente denominado de Leishmania gondii devido à sua

semelhança com os protozoários desse gênero. Contudo, observações mais

cuidadosas, mostraram que se tratava de outro gênero e não de uma nova espécie

de Leishmania. Então, em fevereiro de 1909, Nicolle e Manceaux em nota à

Academia de Ciências da França o denominaram Toxoplasma, pela sua forma

arqueada, e gondii, como referência ao roedor de onde eles inicialmente observaram

o parasito (NICOLLE; MANCEAUX, 1909). Durante os primeiros anos após a

descoberta do parasito, alguns casos clínicos foram atribuídos ao T. gondii. Aldo

Castellani (1914), médico da London School of Hygiene & Tropical Medicine, foi

provavelmente o primeiro a relatar um caso suspeito de toxoplasmose humana ao

descrever um parasito similar no sangue e baço de um menino de 14 anos que

morreu por anemia grave, febre e esplenomegalia. Dois anos depois Fedorovitch

(1916), na Rússia, observou parasitos semelhantes no sangue de uma criança de 10

anos que também apresentava anemia, febre e esplenomegalia.

Contudo, devido aos casos anteriores serem inconclusivos, o primeiro caso

descrito de toxoplasmose em humanos foi relatado pelo oftalmologista Janku, na

cidade de Praga, em 1923, durante a necropsia de uma criança que foi a óbito em

decorrência de uma doença disseminada e grave, com hidrocefalia congênita,

microftalmia e coloboma na região da mácula. Na época foi encontrado um cisto

tissular compatível com o T. gondii no globo ocular da criança (JANKU, 1923).

No Brasil, em 1927 Margarino Torres no Rio de Janeiro descreveu a presença

deste protozoário em cortes histológicos de músculo cardíaco, esquelético e tecido

nervoso de uma criança com aproximadamente um mês de vida, iniciando as

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especulações acerca da possibilidade de doença congênita (TORRES, 1927). Wolf e

Cowen (1937) foram os primeiros a descrever lesões anátomopatológicas

características em um caso de encefalite granulomatosa infantil causada pelo T.

gondii (WOLF; COWEN, 1937) e em 1939 Wolf, Cowen e Paige realizaram a

primeira transmissão experimental de toxoplasmose humana para animais de

laboratório e confirmaram que este protozoário poderia ser transmitido

congenitamente (WOLF et al., 1939 a, b).

A introdução do teste do corante, em 1948, por Sabin e Feldman – Reação de

Sabin & Feldman ou dye-test, permitiu maior facilidade diagnóstica além de

possibilitar investigações epidemiológicas (SABIN; FELDMAN, 1948). Na década de

70, o ciclo biológico do T. gondii foi completamente elucidado, tendo a confirmação

dos felídeos como hospedeiros que albergam os ciclos sexuado e assexuado do T.

gondii. O parasito foi então classificado entre os coccídeos, confirmou-se que os

felídeos eram os únicos hospedeiros definitivos e que os animais homeotérmicos,

incluindo mamíferos e aves, eram seus hospedeiros intermediários ou acidentais

(revisado por TENTER; HECKEROTH; WEISS, 2000).

1.2 BIOLOGIA DO PARASITO

O T. gondii é um parasito intracelular obrigatório de baixa especificidade e

grande sucesso evolutivo, capaz de interagir com o hospedeiro utilizando

mecanismos imunomodulatórios que o tornam capaz de evadir ou de resistir aos

mecanismos da resposta imune (CARRUTHERS; SUZUKI, 2007). Esta espécie é

única no gênero Toxoplasma e tem, potencialmente, capacidade de infectar

qualquer vertebrado homeotérmico, tornando este um dos parasitos mais bem

sucedidos na natureza. Sendo à sua alta adaptabilidade e seus diversos

mecanismos de transmissão umas das razões para sua ampla distribuição e

prevalência (DUBEY; SU, 2009).

O ciclo vital desse parasito é bastante complexo (Figura 1) e inclui também

fases extracelulares (DUBEY; LINDSAY; SPEER, 1998; SACKS; SHER, 2002). A

infecção pelo T. gondii pode ocorrer por qualquer uma das três formas infectantes do

parasito: os taquizoítos; bradizoítos e esporozoítos (presentes nos oocistos)

(DUBEY; LINDSAY; SPEER, 1998).

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Os taquizoítos são pequenos (2-6 µm) e apresentam uma rápida replicação,

caracterizando a fase aguda da parasitose, com capacidade de invadir ativamente

as células nucleadas e nelas se multiplicar em vacúolos denominados vacúolos

parasitóforos ou pseudocistos (DUBEY, 1998). Constituem a forma de menor

resistência do parasito, sendo facilmente destruídos por condições adversas, tais

como: desidratação e variáveis osmóticas; também são menos resistentes à tripsina

e pepsina (JACOBS et al., 1996).

Os bradizoítos, presentes emcistos tissulares, representam a forma

encontrada na fase crônica da infecçãodoença. Apesar destes cistos serem

inativados por temperaturas superiores a 67ºC por um tempo de 15 minutos ou pelo

congelamento overnight em temperatura de -12ºC (TENTER et al., 2009) o consumo

de carne crua ou mal cozida ainda segue como um fator importante na transmissão

da doença (CARELLOS et al. 2014). Os bradizoitos medem de 7 a 9 µm e, nos

cistos, se dividem lentamente por endodiogenia, podendo assim resistir às várias

condições adversas (DUBEY; LINDSAY; SPEER, 1998). Os cistos apresentam

grande variação de tamanho, de acordo com o tempo de infecção, medindo cerca de

5 µm e contendo apenas 2 bradizoítos, até 70 -100 µm com milhares de bradizoítos

em seu interior (DUBEY; LINDSAY; SPEER, 1998). Os cistos podem se desenvolver

em qualquer tecido, contudo eles se encontram principalmente nos tecido nervoso e

muscular, onde podem passar muitos anos em um status de equilíbrio imunológico

(CRISTINA et al., 2008). Atuando no controle destes cistos se encontram células-T e

células Natural Killers derivadas e produtoras do Interferon-γ, reforçando o papel da

resposta inflamatória no controle da infecção crônica (BLANCHARD; DUNAY;

SCHLÜTER, 2015).

Finalmente, os esporozoitos são as formas presentes nos oocistos, os quais

são produzidos no intestino de felinos (entre eles o gato) e eliminados em suas

fezes. Dentro desta estrutura os esporozoítos podem resistir à digestão gástrica e

assim chegar ao intestino delgado, onde ocorre a penetração ativa do T. gondii no

epitélio intestinal (DUBEY; LINDSAY; SPEER, 1998). Cada oocisto apresenta em

seu interior dois esporocistos, cada qual contendo quatro esporozoítos, que passam

a ser infectantes no ambiente, após período de esporulação. No solo, após 1 - 21

dias os oocistos se tornam infectantes, mantendo-se viáveis por até 18 meses.

Neste intervalo, o consumo de um único oocisto pode gerar a produção de milhões

de esporozoitos em felinos susceptíveis (DUBEY; LINDSAY; SPEER, 1998; LELU et

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al., 2012). Quando estes são de uma cepa virulenta, tipo I, a morte pode ocorrer em

apenas 21 dias em modelo murino (DUBEY et al., 2011).

Figura 1: Ciclo vital do Toxoplasma gondii (DUBEY; LINDSAY; SPEER, 1998)

1.3 DIVERSIDADE DO PARASITO

Devido às características de seu ciclo de vida, o T. gondii pode apresentar

crescimento assexuado, independente do hospedeiro definitivo, desse modo se

desenvolve em linhagens clonais (HOWE; SIBLEY, 1995; MINOT et al., 2012). Estas

linhagens proporcionam diferentes manifestações clínicas em modelo murino,

apesar de apresentarem pouco mais de 1% de variabilidade genética entre si

(GRIGG et al., 2001a).

Classicamente o T. gondii é organizado dentro de três linhagens clonais com

diferentes níveis de patogenicidade em modelo murino: tipo I: patogênico; II:

parcialmente patogênico e III: não patogênico (HOWE; SIBLEY, 1995). Entretanto,

recentemente um novo grupo, chamado haplogrupo 12, foi descrito América do

Norte, representando a quarta linhagem clonal (KHAN; DUBEY; SU, 2011). A

propagação clonal do parasito é favorecida pela sua habilidade de ser transmitido

entre os hospedeiros intermediários, não passando necessariamente entre os

definitivos, através da ingestão de cistos tissulares (SU et al., 2003). No Brasil e

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outros países da América do Sul, diferentemente, tem sido observado que não

ocorre uma distribuição clonal, mas sim atípica e multivariada (CARNEIRO et al.,

2013).

Possíveis explicações para o crescimento clonal se baseiam: primeiro, na não

obrigatoriedade da fase sexuada, uma vez que o ciclo pode ocorrer por carnivorismo

entre hospedeiros intermediários; segundo, no fato de um único parasito haploide

poder se diferenciar no hospedeiro definitivo e assim completar o ciclo, soma-se a

este a dificuldade de uma infecção mista ocorrer naturalmente em felinos (SIBLEY et

al., 2009).

Já os fenótipos atípicos possivelmente ocorrem devido a um maior número de

passagens pelo hospedeiro definitivo, onde ocorre recombinação gênica com

geração de variabilidade (KHAN; DUBEY; SU, 2011). Estima-se que a divergência

entre as cepas da América do Norte e do Sul ocorreu a aproximadamente um milhão

de anos atrás. Uma teoria para este fato seria a migração de felinos do norte para o

sul, ocorrida após o estabelecimento de um caminho de terra na região do canal do

Panamá que data desta época (JOHNSON et al., 2006; KHAN et al., 2007).

Após essa migração as populações do parasito na América do Sul se

desenvolveram de forma atípica em relação às populações europeias (CARNEIRO

et al., 2013). Pode-se explicar este fato pela maior diversidade de hospedeiros em

países da região amazônica, uma vez que é sabido que parasitos isolados de

animais selvagens apresentam mais genótipos atípicos (DUBEY et al., 2008) e

também são mais associados a aumento de mortalidade (SUNDAR et al., 2008).

Desse modo, uma atenção especial vem sendo dada às cepas atípicas com objetivo

de compreender melhor suas localizações e a mapear as que apresentam sintomas

graves em pacientes imunocompetentes, nos quais tem se observado quadros

desde lesão atípica ocular até a morte (DEMAR et al., 2007; KHAN et al., 2007;

MENDES et al., 2014).

1.3.1 Marcadores de patogenicidade

Os estudos a cerca da patogenicidade de T. gondii em modelo murino são

bem estabelecidos para as linhagens clonais, sendo a linhagem I altamente

patogênica em camundongos enquanto as linhagens II e III apresentam

patogenicidade significativamente menor (SIBLEY; BOOTHROYD, 1992;

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BOOTHROYD; GRIGG, 2002). Contudo não há uma correlação direta do observado

nestes modelos com a doença em humanos, mas observa-se que as linhagens tipo

II são frequentemente encontradas causando toxoplasmose em humanos; as

linhagens tipo I são encontradas em casos graves de retinocoroidite (GRIGG et al.

2001b) e as linhagens atípicas se encontram particularmente em casos graves de

doença disseminada em pacientes imunocompetentes (BOSSI; BRICAIRE, 2004).

Assim, torna-se necessário, além do diagnóstico da doença a caracterização de

patogenicidade dos parasitos responsáveis, principalmente em regiões onde se

encontram casos graves em pacientes imunocompetentes.

Dubey e colaboradores (2002) propõem uma metodologia onde a avaliação

da patogenicidade de isolados de T. gondii in vivo seria feita durante o isolamento

primário em camundongos. A mortalidade e o tempo decorrido até a morte dos

camundongos devem ser observados por um período de 30 dias. Os isolados

patogênicos apresentam 100% de mortalidade entre os camundongos infectados; os

isolados não patogênicos apresentam 100% de sobrevivência entre os

camundongos infectados, enquanto os de patogenicidade intermediária apresentam

taxas de sobrevivência entre 0 e 100%.

Várias técnicas moleculares têm sido utilizadas para estudar a variabilidade

genética dos isolados de T. gondii, tais como: amplificação aleatória de DNA

polimórfico (RAPD); polimorfismo do comprimento de fragmentos gerados por

enzimas de restrição (PCR-RFLP) além de marcadores microssatélites (sequências

simples repetidas- SSR) (HOWE; SIBLEY, 1995; FERREIRA et al., 2004; YAI et al.,

2009; ZHOU et al., 2009; SILVA et al., 2011). Dentre essas, devido à sua maior

simplicidade, a metodologia mais utilizada é a PCR-RFLP (SU et al., 2010).

A PCR-RFLP rotineiramente tem utilizado um conjunto de 11 marcadores:

SAG1; SAG2 (3'SAG2 e 5'SAG2); SAG3; BtuB; GRA6; c22-8; c29-2; L358; PK1;

novo SAG2; e APICO (SU et al., 2010). Este modelo se mostra eficiente para

caracterização de genótipos do parasito em países onde ocorrem principalmente as

linhagens clonais. Contudo, estudos recentes sugerem que esta ferramenta seja

incapaz de determinar com precisão a patogenicidade em linhagens atípicas

(CLEMENTINO ANDRADE et al., 2013; SILVA et al., 2014), as quais são mais

comuns em países da América do Sul (PENA et al., 2008).

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Estudos com mapeamento genético tem sugerido que o marcador CS3, locus

gênico presente no cromossomo VIIa do T. gondii (Figura 2), está fortemente

associado com patogenicidade em camundongos (KHAN et al., 2005; PENA et al.,

2008). O mapeamento do gene ROP18, o qual codifica uma serina-treonina quinase

altamente polimórfica segregada na célula-alvo durante o momento da invasão

celular (TAYLOR et al., 2006), revelou uma grande proximidade deste com a região

CS3. Provavelmente CS3 apresenta-se associado à ROP18 e esta associação pode

explicar diversos fenótipos do parasito encontrados no Brasil (PENA et al., 2008).

Este novo fato tem estimulado vários autores, os quais estão utilizando a

amplificação desse marcador para determinação de patogenicidade em isolados

atípicos, onde as metodologias atuais não têm apresentado a mesma eficicência

(PENA et al., 2008; YAI et al., 2009; DUBEY et al., 2010; RAGOZO et al., 2010;

SILVA et al., 2011; SILVA et al., 2014).

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Figura 2: Mapeamento genético dos 14 cromossomos do T. gondii. Marcadores de

polimorfismos exclusivos para o tipo I são mostrados em vermelho, aqueles únicos para o

Tipo II são mostrados em verde e aqueles exclusivos para o tipo III são mostrados a azul

(KHAN et al., 2005).

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1.4 TOXOPLASMOSE HUMANA

A toxoplasmose em humanos é comumente assintomática resultando em uma

infecção latente com produção de cistos teciduais. As manifestações mais graves da

doença ocorrem em pacientes imunossuprimidos ou em fetos congenitamente

infectados, onde podem ocorrer desordens oculares e neurológicas (WEISS;

DUBEY, 2009).

Pacientes com imunodeficiência, que recebem tratamento com corticoides ou

drogas citotóxicas, além de pacientes com doenças malignas hematológicas,

transplantados ou com Síndrome da Imunodeficiência Adiquirida (SIDA/AIDS)

apresentam grande chance de desenvolver problemas neurológicos (WEISS;

DUBEY, 2009). Em pacientes imunocomprometidos também podem ocorrer

desordens psiquiátricas como: depressão, ansiedade e esquizofrenia (EL LAKKIS et

al., 2015). Nestes casos, a doença decorre da reativação de cistos de uma infecção

prévia já cronificada. Nos imunocompetentes, quando presentes, os principais

sintomas são: coriorretinite, linfadenopatia e miocardite. Destaque para a

linfadenopatia nos linfonodos cervicais (MCCABE et al., 1987; WEISS; DUBEY,

2009).

No ano de 1942, Albert B. Sabin, médico pediatra, descreveu uma síndrome

(tétrade de Sabin) caracterizada por sinais clínicos clássicos presentes na

toxoplasmose congênita, que são: microcefalia ou anencefalia, calcificações

cerebrais, convulsões e coriorretinite que, geralmente, compromete a mácula dos

dois olhos (SABIN, 1942). Atualmente, sabe-se que a toxoplasmose pode manifestar

doença neonatal; nos primeiros meses de vida; além de sequelas de infecções

prévias não diagnosticadas durante a infância até a adolescência (REMINGTON et

al., 2001).

A prevalência da toxoplasmose apresenta grandes variações, onde se estima

uma frequência de aproximadamente 13% a 60% da população mundial (JONES et

al., 2001). Nos Estados Unidos ela aparece em declínio de 14,1% entre 1988 - 1994

em pessoas de 12 - 49 de idade, enquanto em outro estudo, em indivíduos da

mesma faixa etária, a soroprevalência foi de 9,0% no período de 1999 – 2004

(NUTTER et al., 2004).

A toxoplasmose adquirida durante a gestação apresenta especial relevância

pelos danos causados ao desenvolvimento fetal. Em geral, o risco de adquirir

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toxoplasmose durante o período gestacional correlaciona-se a três fatores: a

prevalência na comunidade, o número de contatos com uma fonte de infecção e o

número de mulheres suscetíveis (não imunizadas por infecção prévia) na

comunidade (SANTANA et al., 2003). A incidência de toxoplasmose congênita

mostra grande variação: na Suécia 0,07/1.000 nascimentos (EVENGARD et al.,

2001); 0,12/1.000 na Suiça (SIGNORELL et al., 2006); 0,3/1.000 somente em

Barcelona (MUNOZ BATET et al., 2004) e 1,9-3,2/1.000 em Paris (REMINGTON et

al., 2005).

Um boletim emitido pela Organização Mundial de Saúde (TORGERSON;

MASTROIACOVO, 2013) apresenta diversas informações acerca de dados atuais e

estimativas da toxoplasmose congênita a nível mundial. Nele é possível observar

que está doença apresenta uma incidência anual de 190.100 casos, representando

aproximadamente 1,5 casos para cada 1.000 nascidos vivos. Esta doença apresenta

diversidade de manifestações clínicas de acordo com o local ou período analisados.

Na França, uma análise de casos de toxoplasmose congênita do período entre 1987

e 2008 apresentou que a introdução de um protocolo mensal de acompanhamento

pré-natal reduziu a taxa de infecção materno-fetal (WALLON et al., 2013). Esse

mesmo estudo apresentou que a introdução da técnica de PCR usando o líquido

amniótico e consequente diagnóstico precoce, com início imediato do tratamento,

durante o pré-natal reduziu a apresentação de sintomas da doença nos primeiros

três anos de vida. Nesta pesquisa, as probabilidades de infecção materno-fetal

foram <10% para infecções maternas antes de 12 semanas de gestação, subiram

bruscamente para 20% em 19 semanas, e depois continuou aumentando para 52,

3%; 62,8% e quase 70% em 28, 35 e 39 semanas de idade gestacional,

respectivamente (WALLON et al., 2013).

As sequelas da toxoplasmose congênita se apresentam muito relacionadas à

cepa do parasito. As linhagens do tipo II, mais comuns na Europa e América do

Norte, costumam apresentar uma doença mais branda (AJZENBERG et al., 2002).

Sabe-se, contudo, que existe um importante polimorfismo genético das cepas do

parasito na América do Sul (CARNEIRO et al., 2013; SILVA et al., 2014),

repercutindo em uma doença atípica nessa região. Isso pode explicar porque no

Brasil são registrados casos de coriorretinite em 2/3 das crianças expostas enquanto

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que na Europa ocorre em aproximadamente 1/6 das crianças (GILBERT et al.,

2008).

A doença ocular no Brasil tem se mostrado mais grave. Foi constatado que

até 80% dos casos de toxoplasmose congênita evoluíram para coriorretinite, e um

dado ainda mais preocupante é que em 63% dos casos ocorreu a bilateralidade da

lesão (VASCONSELOS-SANTOS et al., 2009). Dado similar ao observado no Estado

do Rio Grande do Norte, onde um estudo realizado em um centro de referência

oftalmológico relatou uma alta frequência de lesões bilaterais nos pacientes com

toxoplasmose ocular (MENDES et al., 2014). Desse modo, o conhecimento dos

parasitos que circulam na população humana pode ser de grande importância para o

entendimento dos diferentes sintomas e sinais clínicos que são observados nos

casos de toxoplasmose congênita.

1.5 TRATAMENTO PARA TOXOPLASMOSE

Embora a biologia e aspectos fisiológicos do T. gondii sejam amplamente

investigados, o tratamento para a toxoplasmose apresenta ainda limitações devido

aos seus efeitos secundários importantes (Tabela 1) e à baixa tolerância dos

pacientes aos fármacos disponíveis (SONDA; HEHL, 2006). Apesar desta baixa

tolerância, em alguns casos, como na doença ocular ou congênita o tratamento deve

ser agilmente utilizado visando diminuir mais rapidamente a multiplicação dos

parasitos e, desse modo reduzir os riscos de lesão grave (KAYE, 2011).

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Tabela 1- Medicamentos usados para o tratamento da toxoplasmose, bem como seus mecanismos

de ação, dose, duração e efeitos adversos.

Medicamento Mecanismo de

Ação

Dose

Recomendada

Duração do

Tratamento

Efeitos Adversos

Sulfadiazina Inibe síntese do

ácido fólico

100mg/Kg/dia a

cada 12 horas

1 ano Supressão de medula

óssea, febre,

vasculite, rash,

nausea, vômito e

nefropatia

Pirimetamina Inibe síntese de

ácido

tetrahidrofólico

1mg/Kg/dia –

1mg/Kg/dia 3x

semana

Primeiro 6

meses-

Segundo seis

meses

Supressão de medula

óssea, febre, rash,

vômitos, diarréia e

hematúria

Ácido folínico Forma reduzida do

ácido fólico

5-10mg a cada 3

dias- 10mg 3x

semana

Primeiro 6

meses-

Segundo seis

meses

Rash, eritema,

urticária, trombocitose,

hipersensibilidade

Sulfametoxazol/

Trimetropim

Inibe síntese do

ácido dihidrofólico

Consultar médico Consultar

médico

Supressão de medula

óssea, hipotensão,

rash e febre

Clindamicina Inibe síntese

proteica

Não há dose

padronizada

Consultar

médico

Colite

pseudomembranosa,

hipotensão, arritimia,

rash e Supressão de

medula óssea

Azitromicina Inibe síntese

proteica

Consultar médico Consultar

médico

Hipersensibilidade,

ototoxicidade, nausea,

diarréia, rash e

palpitação

Fonte: KAYE, 2011

1.5.1 Tratamentos Clássicos

Como citado anteriormente, o tratamento para a toxoplasmose baseia-se

primordialmente em uma associação entre dois inibidores da síntese do ácido fólico,

a sulfadiazina e a pirimetamina (KAYE, 2011). Este tratamento é efetivo contra os

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taquizoitos, mas não tem ação contra as formas císticas, encontradas na fase

crônica da doença (ARAÚJO et al., 1991; KAYE, 2011).

O primeiro relato de ação das sulfonamidas contra o parasito foi feito no ano

de 1942 (SABIN; WARREN, 1942). Eyles e Coleman (1953) foram pioneiros em

relatar que a associação de sulfonamidas com a pirimetamina teriam uma ação

sinérgica e efetiva no tratamento da toxoplasmose.

Garin e Eyles (1958) demonstraram que a espiramicina tinha atividade

antitoxoplásmica in vivo em modelo murino. A partir de observações realizadas

durante 14 anos, na França, foi possível concluir que esta apresentava baixa

toxicidade em humanos e reduzia danos fetais. Pelo fato deste medicamento ser

incapaz de atravessar a membrana placentária vem sendo utilizado desde então

como medicamento profilático (DESMONTS; COUVREUR, 1974).

Eyles e Coleman (1953) mostraram que a associação de sulfonamidas e

pirimetamina também apresentavam eficácia no controle da doença ocular, mas

apenas em casos de reativação uma vez que estas drogas não apresentam ação

contra cistos. Esta associação vem sendo utilizada até hoje, com acréscimo de

prednisona e ácido folínico (ENGSTROM et al., 1991).

Para o tratamento da forma congênita da toxoplasmose o "U.S. Nacional

Collaborative Treatment Trial”, em Chicago, (MCAULEY et al., 1994; REMINGTON

et al., 2001) preconiza para os casos de infecção por T. gondii na gestação, que a

gestante deve ser tratada com a espiramicina até o final da gravidez, com o objetivo

de diminuir a transmissão vertical e desta forma prevenir o aparecimento da

toxoplasmose congênita. No caso de transmissão fetal confirmada recomenda-se

que a partir da 21ª semana de gestação, seja feita a substituição da espiramicina

(esquema medicamentoso 1) pela a associação da sulfadiazina, pirimetamina e o

ácido folínico (esquema medicamentoso 2), visando o tratamento da infecção

congênita no feto. Após 30 dias do esquema 2 alterna-se mensalmente o esquema 1

com o esquema 2 e assim sucessivamente até ao final da gestação. Após o

nascimento, recomenda-se a continuidade do tratamento no neonato com

toxoplasmose congênita subclínica ou aparente, com o uso do esquema 2 que

deverá se estender por todo o primeiro ano de vida. Os efeitos adversos podem

ocorrer devido aos tratamentos convencionas para toxoplasmose com a sulfadiazina

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e pirimetamina. A combinação destes medicamentos pode trazer diversos efeitos

adversos incluindo o potencial efeito teratogênico da pirimetamina no primeiro

trimestre de gestação (DEGERLI et al., 2003). Outro efeito adverso deste tratamento

seria a supressão da medula óssea, embora este efeito possa ser prevenido pelo

uso simultâneo do ácido folínico (DEGERLI et al., 2003; SCHMIDT et al., 2006;

ELSHEIKHA, 2008).

Apesar de alguns estudos questionarem a eficácia dos tratamentos no

combate à toxoplasmose congênita (GILBERT et al., 2001; THIEBAUT et al. 2006;

CHÊNE; THIÉBAUT, 2009) Rodrigues e colaboradores (2014) relatam em seu

trabalho que este tratamento pode diminuir a carga parasitária, reduzindo a

exposição fetal ao parasito e consequentemente diminuindo as manifestações

clínicas da doença.

1.5.2 Novos Tratamentos

Devido aos significativos efeitos adversos do tratamento clássico para

toxoplasmose, com destaque para supressão de medula óssea, teratogênese, rash

cutâneo, eritema, febre, etc (KAYE, 2011), surge a necessidade de novas terapias

que possam também ser eficientes e menos agressivas ao paciente.

Valentini e colaboradores (2015) avaliaram uma alternativa para o tratamento

da toxoplasmose congênita e encontraram que a associação entre cotrimoxazol e

espiramicina apresenta uma melhor capacidade de reduzir a transmissão materno-

fetal, em humanos, comparada à espiramicina e à associação entre sulfadiazina e

pirimetamina.

Patil e colaboradores (2011) observaram que o tratamento com cotrimoxazol

foi capaz de reduzir quadros de convulsões e epilepsia em um paciente com quadro

clínico de neurotoxoplasmose associada à AIDS. Goswami e colaboradores (2014)

também em pacientes com AIDS associada à toxoplasmose observaram que a

associação de cotrimoxazol/clindamicina apresentava superior eficácia e melhor

tolerabilidade em relação ao tratamento padrão. Neste estudo, a mais comum

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complicação do tratamento clássico foi a trombocitopenia, algo não observado no

tratamento proposto.

Os tratamentos utilizados para outras doenças, como os antifúngicos, também

aparecem como opções em modelos murinos, que eventualmente poderiam ser

utilizadas (MARTINS-DUARTE et al., 2010). Também em modelo murino diversas

moléculas como: derivados de vanilina, derivados de artemisinina e naftoquinonas

aparecem como possibilidades (FERREIRA et al., 2006; OLIVEIRA et al., 2009;

OLIVEIRA et al., 2014).

Baseado na presença de uma organela de estrutura vegetal, denominada

apicoplasto (MAZUMDAR et al., 2006; VAN DOOREN et al., 2008) alguns autores

sugerem que esta pode ser um novo alvo terapêutico em organismos Apicomplexa

(RALPH; D'OMBRAIN; MCFADDEN, 2001) e, com base em experimentos in vitro,

afirmam que alguns compostos com ação herbicida também poderiam ter ação anti-

Toxoplasma (ZUTHER et al., 1999; DUKE, 2010).

Compostos com origem a partir de plantas com ação medicinal também

representam uma alternativa promissora. A busca racional dessas moléculas

bioativas, utilizando de conhecimentos da medicina popular, associada à grande

diversidade em nosso país constitui, portanto, uma excelente estratégia para o

desenvolvimento de novos medicamentos (HARVEY, 2000). Neste caso merecem

destaque o timol e o estragol; pois ambos apresentaram atividade contra parasitos

intracelulares em cultura e em modelos animais (COSTA et al., 2008; MEDEIROS et

al., 2011), incluindo ação contra Plasmodium berghei em modelo murino e P.

falciparum in vitro (MOTA et al., 2012). Logo, também aparecem como alternativas

promissoras para substituir ou complementar os atuais esquemas terapêuticos para

toxoplasmose.

Desse modo, a ausência de dados concretos relacionados aos novos

tratamentos para toxoplasmose, bem como fármacos que tenham ação contra os

cistos tissulares, associados a baixo custo e efeitos adversos reduzidos, abre

perspectivas para novas linhas de pesquisa em desenvolvimento e inovação no

sentido de controlar e/ou minimizar a morbidade nessa parasitose ainda

negligenciada.

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1.5.3 Resistência à Sulfadiazina

A resistência do T. gondii à sulfadiazina (2-sulfamilamidopirimidina) ainda se

apresenta como um evento relativamente raro na literatura, motivo pelo qual esta

droga, em associação com a pirimetamina, segue como tratamento padrão para

toxoplasmose (BOSCH-DRIESSEN et al., 2002; KAYE, 2011). Este tratamento é

geralmente necessário em casos de doença ocular, congênita e disseminada em

pacientes imunocompetentes e imunossuprimidos (PETERSEN, 2007).

A sulfadiazina apresenta uma conformação análoga estrutural, desse modo

se comportando como um antagonista competitivo, do ácido para-aminobenzóico

(PABA). O PABA, por sua vez, é utilizado no processo metabólico de síntese do

ácido fólico. Assim, a sulfadiazina compete com o PABA pelo sítio ativo da enzima

dihidropteroato sintetase (DHPS), envolvida na produção de ácido fólico. Logo, esse

medicamento inibe a replicação dos parasitos por inibir a produção de ácidos

nucleicos nos mesmos (MENECEUR et al., 2008). Contudo, o mesmo não leva à

cura, mas à cronificação da infecção.

Em estudos realizados com o Plasmodium falciparum, verifica-se que a

resistência à sulfadiazina apresenta mutações em regiões bem específicas. Essa

resistência costuma ser associada à mutações no gene DHPS, mais precisamente

com envolvimento no códon 437, onde há substituição de uma asparagina por uma

molécula de aspartato (ASPINALL et al., 2002; MENECEUR et al., 2008;

BOUGHATTAS et al., 2011; ASPINALL et al., 2012; DOLIWA et al., 2013a), com

consequente redução na ação do medicamento. Por outro lado, em T. gondii

alterações genéticas não costumam estar associadas há alteração na

susceptibilidade à sulfadiazina. Meneceur e colaboradores (2008) avaliaram diversas

cepas isoladas de animais e humanos na França, sendo estes envolvidos em

doenças congênitas, cerebral, etc. Mesmo com a observação de fenótipos com

aparente resistência in vitro, as analises genéticas não encontraram associação

destas com mutações, pois os isolados que apresentavam mutações não as

manifestaram fenotipicamente.

Famílias de transportadores ABC também não parecem estar associadas a

mecanismos de resistência, dando a entender que os casos já relatados de

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resistência à sulfadiazina (ASPINALL et al., 2002; ALVES; VITOR, 2005;

MENECEUR et al., 2008) são provavelmente devido a mecanismos indiretos e

potencialmente associados a outras vias metabólicas (DOLIWA et al., 2013a;

DOLIWA et al., 2013b). Estas observações mostram que há necessidade de estudos

para entender os mecanismos de resistência à sulfadiazina em T. gondii.

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2 OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

Determinar o padrão de patogenicidade e resistência à sulfadiazina de Três

Isolados de Toxoplasma gondii do Estado do Rio Grande do Norte. Além de analisar

o potencial anti-Toxoplasma dos compostos timol e estragol contra cepas clonais e

isolados de campo.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

• Padronizar a manutenção de isolados TgCkBrRN2, TgCkBrRN3 e

TgPgBrRN1 do Toxoplasma gondii in vivo e in vitro;

• Determinar o padrão de patogenicidade dos isolados obtidos de galinhas in

vitro;

• Determinar fenotipicamente o perfil de patogenicidade dos isolados por

diferentes vias de infecção in vivo;

• Determinar o padrão molecular de patogenicidade utilizando o marcador CS3;

• Estabelecer fenotipicamente o perfil de resistência à sulfadiazina dos isolados

em modelo murino;

• Sequenciar uma região do gene DHPS associado à resistência à sulfadiazina

nos isolados locais;

• Quantificar a produção de anticorpos induzida pelos parasitos locais em

modelo murino;

• Verificar alterações motoras e na memória/aprendizado em camundongos

infectados com os isolados locais;

• Padronizar um modelo para determinação de atividade anti-Toxoplasma de

novas moléculas;

• Determinar alterações nos níveis de citocinas e imunoglobulinas em animais

infectados e tratados com timol ou estragol;

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• Verificar a atividade anti-Toxoplasma do timol e estragol contra uma cepa

padrão e três isolados locais do T. gondii in vivo.

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3 MATERIAIS E MÉTODOS

Com o intuito de se cumprirem os objetivos propostos, foram empregadas as

seguintes metodologias (Figura 3), resumidas no desenho experimental abaixo:

Figura 3: Fluxograma apresentando o delineamento experimental desta pesquisa.

3.1 PADRONIZAÇÃO DO CULTIVO DOS ISOLADOS LOCAIS DE TOXOPLASMA

GONDII IN VITRO

Os parasitos utilizados nesta pesquisa foram recuperados a partir de animais

utilizados para consumo humano (galinhas, porcos, cabras, etc), de fazendas e

matadouros do Estado do Rio Grande do Norte, Brasil. A avaliação destes isolados

faz parte de um projeto do nosso grupo que tem como parte de seus objetivos

conhecer a diversidade local destes parasitos locais (CLEMENTINO ANDRADE et

al., 2013).

Após o isolamento e caracterização inicial dos parasitos, estes foram

mantidos congelados no Laboratório de Toxoplasmose da Universidade Federal de

Minas Gerais, que é parceira do grupo. Para a realização do presente estudo,

cérebros de camundongos previamente infectados foram então enviados ao

LABMAT. Os cérebros continham cistos dos seguintes isolados: TgPgBrRN1 (Pg1);

TgCkBrRN2 (Ck2) e TgCkBrRN3 (Ck3) (CLEMENTINO ANDRADE et al., 2013).

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Estes cérebros foram então macerados em 1mL de solução salina tamponada

(PBS). A partir do macerado, um valor de 150 – 200 cistos de cada um dos isolados

foi então inoculado, via intraperitoneal, em 3 camundongos C57BL/6. Após 4 dias de

infecção os animais foram, então, eutanasiados e tiveram suas cavidades

peritoneais lavadas com 5mL de PBS estéril. O exsudato foi coletado e centrifugado

por 10 minutos à 3000rpm para precipitação dos taquizoítos.

Finalmente, o precipitado obtido foi acrescentado à uma cultura de células

RAW 264.7, a qual era mantida com meio de cultura DMEM (Dulbecco's Modified

Eagle Medium) (Sigma-Aldrich) suplementado com 10% de soro fetal bovino (Life

technologies) e 40mg/L de Gentamicina (Neo Quimica). O meio de cultura foi

trocado a cada 48h e o crescimento do parasito foi monitorado pela observação em

microscópio invertido. O crescimento dos parasitos foi fotografado e a sua

capacidade patogênica foi confirmada pela inoculação destes em camundongos

sadios, com posterior observação.

3.2 MANUTENÇÃO DOS ISOLADOS DO PARASITO IN VIVO

Os cérebros de camundongos infectados, (Ck2; Ck3 e PG1) recebidos do

Laboratório de Toxoplasmose da UFMG, foram macerados em 1mL de PBS e após

quantificação da carga parasitária um total de 5 cistos foi inoculada por via oral em 4

camundongos machos suíços.

Após 3 dias de infecção a água fornecida aos animais foi substituída por uma

solução de sulfadiazina 500mg/L (DUBEY, 2010) por um período de 10 dias. Ao final

deste período os animais voltaram a receber água pura e a partir daí eles foram

acompanhados para monitorar a cronificação da infecção.

3.3 DETERMINAÇÃO DE EFEITO CITOPÁTICO

Inicialmente foram mantidas culturas estáveis de células RAW 264.7, com

trocas de meio DMEM suplementado de soro fetal bovino 10% em dias alternados,

com subcultivos realizados semanalmente. Então, 1 × 105 células foram transferidas

para placas de 24 poços e incubadas a 37 °C por 24 h. Em seguida, esta cultura foi

infectada na proporção de dois parasitos por célula, utilizando Ck2 ou Ck3. Como

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controles positivos foram utilizadas as linhagens virulentas (RH) ou moderadamente

virulenta (ME49), poços com células livres de infecção foram mantidos como

controles negativos.

A partir da infecção, as células foram então monitoradas e as imagens das

interações parasito/célula feitas utilizando um microscópio Zeiss Axiovert (Carl Zeiss

Inc., Thornwood, NY, USA), o qual era equipado com camera e acoplado a um

sistema de incubação com CO2. O microscópio recuperou fotos dos poços a cada 30

min, durante 48 horas. Decorrido esse período as imagens foram submetidas a uma

análise qualitative, onde a presença e o tempo de inicio da lise celular foram

utilizados como critério de categorização do efeito citopático dos parasitos.

3.4 PROTOCOLO DE EXTRAÇÃO DE DNA

A extração do DNA dos parasitos foi feita utilizando o kit comercial QIAamp

DNA mini kit 250 da Quiagen. Inicialmente foi obtida uma massa densa de parasitos

a partir de cultura previamente infectada com as linhagens clonais RH88 (RH), ME49

ou VEG. Também foi obtida massa de linhagens não clonais Ck2, Ck3 ou Pg1. Essa

massa de parasitos foi então centrifugada em uma rotação de 8000rpm por 10

minutos, para concentrar os parasitos. O sobrenadante foi descartado e o

precipitado ressuspendido em 200µL de PBS estéril. Posteriormente foi adicionado

20µL de proteínase K e adicionado 200µL de tampão AL, com posterior agitação por

15s em vortex. A mistura foi Incubada em banho-maria 56ºC por 10 minutos. Em

seguida foi adicionado 200µL de etanol PA e ressuspendido novamente em vortex

por 15s. Todo o conteúdo foi colocado na coluna com filtro fornecida pelo kit e

centrifugado a 8000rpm/1min e 30s /15ºC. O tubo com volume filtrado foi descartado

e um novo tubo foi utilizado. Adicionou-se 500µL de tampão AW1 e centrifugou-se a

8000rpm/1min e 30s /15ºC. A seguir o tubo foi novamente descartado. Adicionou-se

novo tubo e 500µL de tampão AW2 e centrifugou-se a 14000rpm/3 min e 30s/15ºC.

Após troca do tubo com filtrado e adição de novo tubo, foi dado spin em centrifuga a

15000rpm/1min. Finalmente, a coluna foi colocada em um eppendorf de 1,5mL e

adicionou-se 100µL de tampão AE ou água destilada com incubação por 1min em

temperatura ambiente. Centrifugou-se a 8000rpm/1min e 30s, descartou-se a coluna

e o DNA foi armazenado a -20ºC. O sucesso da extração foi observado pela

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quantificação do DNA extraído utilizando nanodrop com leituras feitas em 260 e

280nm.

3.5 PCR-RFLP DO LOCUS CS3

A sequência alvo de DNA do marcador CS3 foi inicialmente amplificada

conforme descrito previamente (SILVA et al., 2014). As condições utilizadas para

amplificação foram as mesmas utilizadas por Pena e colaboradores (2008) para

PCR-RFLP. Foram usados 2,5 µL de DNA molde, com temperatura de anelamento

dos ciclos de 63°C por 30 segundos. Os produtos da PCR foram duplamente

digeridos, com as enzimas N1aIII e MboI (New England BioLabs) (SILVA et al.,

2014). Os produtos digeridos foram posteriormente purificados por extração com um

volume de fenol/clorofórmio (1:1). O padrão de bandas de DNA foi revelado em gel

de poliacrilamida corado com nitrato de prata e posteriormente fotografado. Foram

também utilizadas as cepas RH (tipo I), ME49 (tipo II) e VEG (tipo III) como padrões

clonais de referência. Adicionalmente foram utilizadas as cepas CTBR24 e CTBR21

como padrões recombinantes (PENA et al., 2008; CARNEIRO et al., 2013).

3.6 PERFIL FENOTÍPICO DE PATOGENICIDADE IN VIVO

A avaliação da patogenicidade dos isolados de T. gondii foi realizada de

acordo com Dubey e colaboradores (2002), com modificações. Neste caso, foi

observado o tempo de sobrevivência dos animais infectados durante 30 dias, a partir

da infecção em camundongos. Os isolados patogênicos apresentam 100% de

mortalidade entre os camundongos infectados; os isolados não patogênicos

apresentam 100% de sobrevivência entre os camundongos infectados, enquanto os

de patogenicidade intermediária apresentam taxas de sobrevivência intermediárias.

Para determinação desta característica patogênica nos isolados locais do

parasito foram utilizados camundongos suíços (n=4) ou C57BL/6 (n=3), os quais

foram organizados em três diferentes grupos:

- Infecção com 5 cistos, via oral em camundongos suíços;

- Infecção com 5 cistos, via oral em camundongos C57BL/6;

- Infecção com 5x104 taquizoitos, via intraperitoneal em camundongos suíços.

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3.7 PERFIL FENOTÍPICO DE RESISTÊNCIA Á SULFADIAZINA

Para determinação de resistência à sulfadiazina foram separados grupos de

camundongos suíços (n=4). Estes foram infectados com 5 cistos das linhagens

atípicas Ck2, Ck3 ou Pg1 ou com a linhagem clonal ME49 (normalmente utilizada

como controle em testes com medicamentos). Decorridas 24h da infecção iniciou-se

o tratamento com sulfadiazina. Este tratamento foi feito nas concentrações de 100;

200 ou 300mg/Kg de animal, pela via oral. A avaliação da eficácia do tratamento foi

feita pela taxa de mortalidade destes animais, a qual foi acompanhada por 30 dias

consecutivos.

3.8 SEQUENCIAMENTO DO GENE DHPS

Uma região de 396pb de uma sequência codificante do gene DHPS,

correspondendo aos nucleotídeos das posições 968 – 1364 (considerando o

primeiro ATG da região codificante como o ponto inicial) foi amplificada a partir do

DNA total dos isolados Ck2, Ck3 e Pg1, usando os primers DHPS407F (5’-

ACGCGGATCAGATAATCAAGG-3’) e DHPS407R (5’- ACAGCATCTCTCGCGACT-

3’). Esta região abrange o códon 407, normalmente associado a resistência à

sulfadiazina. A PCR foi realizada em 20µL de reação, contendo 0,25µM de cada

primer; 1,5 mM de MgCl2; 1U de Taq; 0,2 mM de cada dNTP e tampão de reação

1X.

A amplificação ocorreu em termociclador (BIOER) e foram utilizados os

seguintes ciclos: desnaturação inicial à 94oC por 2 min, seguida por 35 ciclos de

94ºC por 40s, 57ºC por 40s e 70ºC por 40s com uma extensão final de 70ºC por

3min. Finalmente, os produtos da PCR foram analisados em gel de agarose a 1,5%

e corados com brometo de etídeo. Os amplicons foram purificados e sequenciados

utilizando a plataforma Applied Biosystems® 3500 Genetic Analyzer de acordo com

instruções do fabricante. Todos os amplicons foram sequenciados pelo menos duas

vezes (forward e reverse) e os eletroferogramas foram analisados usando o BioEdit

versão 7.2.5.

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3.9 ANÁLISE COMPORTAMENTAL

3.9.1 Esquiva discriminativa em labirinto cruz elevado

Para avaliação de memória/aprendizagem/ansiedade nos animais sadios ou

infectados com a linhagem clonal ME49 ou isolado Ck2 (apenas esta linhagem local

apresentou sobrevivência ao final de 30 dias de infecção), foi utilizado um labirinto

cruz elevado (SILVA; FRUSSA-FILHO, 2000; MELO, 2012). Este foi feito de madeira

tendo dois braços fechados (28,5 x 7 x 14cm) opostos a dois braços abertos (28,5 x

7cm). O braço aversivo continha uma lâmpada de 100 W (Figura 4).

No primeiro dia de experimento foi realizado o treinamento dos animais. Estes

foram colocados no centro do aparato (após um período de 30 minutos de

ambientação na sala do experimento) e monitorados por 10 minutos. Sempre que o

animal entrava do braço aversivo, um estímulo aversivo era efetuado, no caso: a

lâmpada era acesa e um ruído de 80db emitido de um autofalante. Este estímulo

durava o tempo que o animal permanecia no braço.

No segundo dia de experimento após a ambientação (30 minutos) foi

realizada a sessão-teste. Neste caso os animais foram novamente posicionados no

centro do aparato e monitorados por 10 minutos cada. Contudo, neste dia nenhum

estímulo foi emitido no braço aversivo. Em cada lado externo do aparato foram

colocadas pistas visuais (desenhos) que os camundongos poderiam utilizar para

localização no aparelho.

Após as duas sessões, o tempo gasto no braço fechado aversivo e não

aversivo foi medido e comparado por análise de variância (ANOVA). O número de

entradas nesses braços foi comparado pelo teste t Student. A Memória foi avaliada

pelo tempo gasto no braço fechado aversivo versus braço fechado não aversivo. A

atividade locomotora foi avaliada pela distância percorrida pelos animais dentro do

aparato e a ansiedade pelo tempo gasto nos braços abertos.

O comportamento dos animais foi monitorado e analisado utilizando o

software de seguimento de vídeo Anymaze (Stoelting, EUA).

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Figura 4: Labirinto em cruz elevado modificado utilizado para análise de

memória/aprendizagem e ansiedade.

3.10 DOSAGEM DE CITOCINAS

Cinco grupos contendo quatro camundongos C57BL/6 machos com 8 - 10

semanas foram primeiramente pesados para cálculo da concentração dos

tratamentos a serem realizados. Os grupos de animais foram organizados da

seguinte maneira:

1- Controle Não Infectado e Não Tratado;

2- Controle Infectado e Tratado com Veículo da diluição;

3- Infectado TTT Timol;

4- Infectado TTT Estragol;

5- Infectado TTT Sulfadiazina;

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No dia 01 do experimento os camundongos foram infectados, via oral, com 10

cistos da cepa ME49 do T. gondii. Então após 24h os animais tiveram seus

diferentes tratamentos iniciados com Timol 80mg/Kg, Estragol 100mg/Kg ou

Sulfadiazina 200mg/Kg. Todos os tratamentos ocorreram por via oral e duraram 6

dias consecutivos.

No sétimo dia após a infecção os animais tiveram amostras de sangue coletas

a partir de seu plexo orbital. O material foi posteriormente centrifugado a 3000rpm

por 5min em 15ºC. O soro resultante foi então congelado em freezer -80ºC até o

momento da análise.

Esta dosagem foi realizada pelo método de ELISA Sandwich, de acordo com

instruções do fabricante (BD Biosciences). Inicialmente foi realizada a sensibilização

das placas de 96 poços com 50 μL do anticorpo (Ac) de captura, na diluição de

1/250. Após esta incubação a placa foi mantida overnight na geladeira. No dia

seguinte foram realizadas 3 lavagens com PBS-T.

Para o bloqueio de sítios inespecíficos foi utilizada uma solução de PBS +

10% de soro fetal bovino (SFB). Neste caso, um volume de 150 μL/poço foi incubado

por 1h em temperatura ambiente com posterior lavagem dos poços (3x, PBS-T).

Paralelamente foi preparada uma curva padrão com interleucinas recombinantes nas

concentrações a partir de 2000pg/mL, para IL-10 e 80ng/mL, para IL-12.

Posteriormente, 50 μL das amostras ou curva-padrão, foram incubadas na

placa por 2h em temperatura ambiente, com 5 lavagens com PBS-T após este

intervalo. Na sequência foi acrescentado o Ac de detecção (50 μL /1h), marcado

com estreptoavidina e peroxidase (1/250), diluído em PBS+SFB 10%, com

posteriores lavagens após a incubação (sete vezes com PBS-T)

Finalmente as reações foram reveladas com a adição de 50μL/poço da

solução reveladora de TMB, a qual foi mantida por 30 minutos ao abrigo da luz. Está

reação foi parada com 25 μL de H2SO4 2N. As leituras foram realizadas em

espectrofotômetro em comprimentos de onda de 450 e 570nm.

A dosagem de IFN-γ foi realizada utilizando o kit “BDTM cytokine cytometric

bead array (CBA) mouse Th1/Th2” (BD Biosciences, San Jose, CA, USA). A

quantificação da citocina foi feita a partir do sangue obtido de camundongos

C57BL/6 seguindo instruções do fabricante.

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3. 11 PROTOCOLO DE ELISA INDIRETO PARA TOXOPLASMOSE MURINA

3.11.1 Preparo do Antígeno de T. gondii para ELISA

3.11.1.1 Preparação dos Parasitos

Primeiramente foram retirados de camundongos, previamente infectados com

a cepa RH do T. gondii, um exsudato peritoneal rico em taquizoítos. Esse exsudato

foi, então, centrifugado em baixa rotação (500rpm, 5 minutos) e o sobrenadante foi

preservado. Deste modo foi possível separar os parasitos, menores, dos

macrófagos, maiores.

Após a separação dos parasitos, foi realizada uma centrifugação em alta rotação

(3000rpm, 5 minutos) e os parasitos presentes no precipitado foram recuperados e

diluídos em 1mL de PBS.

3.11.1.2 Preparo do Lisado

O eppendorf contendo os parasitos foi inicialmente mergulhado em nitrogênio

líquido, por 2 minutos. Após o descongelamento os parasitos foram submetidos a 3

banhos em ultrassom (40KHz) por 5 minutos (com ressuspensão entre cada banho).

Quando, se procedeu a centrifugação do material por 30min a 15000rpm. O

sobrenadante foi então guardado em freezer -20ºC até a quantificação proteica.

3.11.1.3 Quantificação Proteica

Para a determinação da curva de controle padrão se preparou uma solução

estoque de 1mg/mL de albumina. A partir desta foi construída a curva de

concentrações conhecidas de albumina.

Foi utilizada uma placa de 96 poços à qual foi adicionada 20 µL de amostra,

curva-padrão ou branco (água) mais 180 µL de reagente de Bradford. Esta reação

foi incubada por 10 minutos ao abrigo da luz. Decorrido este tempo a placa foi lida

em espectrofotômetro em comprimento de onda de 595nm.

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3.11.2 Ensaio Imunoenzimático

Uma placa de 96 poços fundo chato foi sensibilizada com antígeno de T.

gondii na concentração de 1μg/mL. Um volume final de 100μL da solução de

antígeno, diluída em coating buffer, foi acrescentado por poço. A placa sensibilizada

foi então mantida, totalmente coberta, em papel alumínio overnight, em geladeira

(4ºC).

No dia seguinte a solução foi descartada e a placa foi então lavada 4x com

solução de lavagem PBS + tween 0,05% (PBS-T). Após a lavagem foi realizado o

bloqueio de sítios inespecíficos. Neste sentido foi administrado 200μL de solução de

bloqueio (Leite Molico 2%) em cada poço. Esta incubação ocorreu por 1h em estufa

a 37ºC. Decorrido este tempo foram realizadas 4 lavagens com PBS-T.

A seguir, os soros que estavam sendo testados foram diluídos em PBS na

concentração de 1/200 e 200μL deste/poço foi incubado por 1h à 37ºC. A placa foi

separada em poços para controles positivos, negativos e branco (PBS no lugar do

soro), além dos soros-teste. Ao final da incubação foram realizadas 4 lavagens com

PBS-T.

Posteriormente foi adicionado 100μL de solução de Ac conjugado (1:10.000

IgG ou 1:1000 IgM) por poço e levado à estufa por 1h, diluído em PBS. Decorrido

este tempo o conjugado foi descartado e placa lavada por 5 vezes com PBS-T.

Finalmente foi adicionado 50μL de solução reveladora TMB/poço. Esta reação

aconteceu por 10 min ao abrigo da luz e a reação foi parada com 30μL de H2SO4

diluído em água destilada (1:20). A leitura foi feita em espectrofotômetro no

comprimento de onda de 450nm.

3.12 ATIVIDADE ANTI-TOXOPLASMA DE TIMOL E ESTRAGOL CONTRA A CEPA

ME49 DO PARASITO

No experimento com a cepa ME49 os camundongos foram infectados por via

oral com 25 cistos. O tratamento com timol (80mg/Kg), estragol (100 mg/Kg) ou

controles sulfadiazina (200 mg/Kg) e não tratados, foi realizado por via oral ou

subcutânea 24 horas após a infecção durante 6 dias, com administração de doses

únicas diárias. A mortalidade dos animais foi acompanhada por 30 dias. Após este

período os animais sobreviventes foram eutanasiados e tiveram seus cérebros

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removidos e mascerados para pesquisa de cistos cerebrais, confirmando assim a

infecção (OLIVEIRA et al., 2014).

3.13 ATIVIDADE ANTI-TOXOPLASMA DE TIMOL E ESTRAGOL EM ISOLADOS

LOCAIS DO PARASITO

Os camundongos suíços foram infectados com 5 cistos dos isolados Ck2, Ck3

ou Pg1 do parasito ou com linhagem controle ME49, via oral. Decorrido um intervalo

de 24h após a infecção estes animais iniciaram o tratamento com timol (80mg/Kg),

estragol (100mg/Kg) ou sulfadiazina (200mg/Kg). Um grupo controle foi deixado sem

tratamento, porém mantendo todas as demais condições experimentais. Estes

tratamentos foram feitos por via oral, dose única diária, e tiveram duração de seis

dias consecutivos (OLIVEIRA et al., 2014). A mortalidade dos animais foi monitorada

diariamente por 30 dias. Animais moribundos ou com sinais típicos de dor foram

eutanasiados com doses letais de anestésicos.

3.14 COMITÊ DE ÉTICA

Este estudo foi realizado seguindo estritamente as recomendações do Comitê

de Ética no Uso de Animais da Universidade Federal do Rio Grande do Norte

(CEUA/UFRN parecer número 46/2013). Todos os procedimentos cirúrgicos

realizados nos animais foram feitos sob efeito de analgesia e anestesia (Cetamina +

Xilazina) e todos os esforços foram feitos de modo a amenizar o sofrimento dos

animais.

3.15 ANÁLISE ESTATÍSTICA

Todos os gráficos foram desenvolvidos utilizando o software GraphPad Prism

5.0 (GraphPad Software, La Jolla, California). Os valores aparecem descritos como

media + desvio padrão ou erro padrão. Comparações intragrupos foram feitas antes

e após tratamentos utilizando teste-T. O One way foi utilizado para comparações

multiplas. Métodos não paramétricos foram utilizados quando necessário. Todas as

análises estatísticas também foram desenvolvidas pelo software GraphPad Prism

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5.0. e as diferenças foram consideradas significaticas quando o valor p < 0,05 e

altamente significativas quando p < 0,001.

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47

4 RESULTADOS

MANUTENÇÃO DOS ISOLADOS LOCAIS E DETERMINAÇÃO DE EFEITO

CITOPÁTICO IN VITRO

As figuras (5-9) mostram que em todos os grupos celulares a infecção foi

bem-sucedida, uma vez que em todos foi possível observar a interação parasito-

célula em diferentes períodos após infecção com os isolados de galinhas e

controles. Dentre os isolados locais de galinhas foi observado um maior efeito

citopático em Ck3 (Figura 6), pois nestes ocorreu lise celular de forma mais precoce.

As linhagens clonais ME49 (Figura 8) e RH (Figura 9) apresentaram crescimentos

característicos com maior efeito citopático observado na cepa RH.

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48

Figura 5: Cultura de Célula RAW 264.7 infectada pelo isolado Ck2 do Toxoplasma gondii.

A: 1,5h; B: 17,5h e C: 20h de infecção, aumento de 20X. Setas destacando a forma

taquizoítos do parasito e caixa destacando célula infectada.

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49

Figura 6: Cultura de Célula RAW 264.7 infectada pelo isolado Ck3 do Toxoplasma gondii.

A: 22,5h; B: 23h e C: 23,5h de infecção, aumento de 20X. Caixa destacando célula

parasitada.

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50

Figura 7: Cultura de Célula RAW 264.7 infectada pelo isolado Ck3 do Toxoplasma gondii.

Caixa destacando célula com alta carga parasitária (A: 43h e B: 43,5h de infecção) e lise

celular (C: 44h de infecção), aumento de 20X.

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51

Figura 8: Cultura de Célula RAW 264.7 infectada pela cepa ME49 do Toxoplasma gondii. A:

15h; B: 15,5h; C: 16h e D: 29,5h após infecção, aumento de 20X. Setas destacando

vacúolos parasitóforos e caixa maior destacando macrófagos ativados e vacúolos

parasitóforos.

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52

Figura 9: Cultura de células RAW 264.7 infectadas pela cepa RH do Toxoplasma gondii. A:

Caixa destacando célula com alta carga parasitária e seta destacando um taquizoíto (13,5h

de infecção); B e C: Caixa destacando macrófago ativado infectado (14,5h e 16,5h após

infecção); D e E: Caixa destacando macrófago imediatamente antes e logo após lise celular;

F: Caixa destacando conjunto de taquizoitos em contato com células em divisão, aumento

de 20X.

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53

MANUTENÇÃO DOS ISOLADOS LOCAIS IN VIVO

Através de um protocolo de infecção com 5 cistos por via oral, associado a

subdoses de sulfadiazina (500mg/L durante 10 dias), foi possível estabelecer no

Laboratório de Biologia da Malária e Toxoplasmose (LaBMaT) uma rotina para

manutenção dos isolados Ck3, Pg1 e Ck2 do T. gondii em camundongos suíços,

com passagens sendo feitas a cada três, oito e doze semanas, respectivamente.

Estas cepas encontram-se desde então sendo mantidas em camundongos.

PATOGENICIDADE DOS ISOLADOS DE CAMPO

A análise de patogenicidade em modelo murino foi feita utilizando as vias de

infecção intraperitoneal (Figura 10A) e oral (Figura 10B e 10C). Por ambas as vias

foi possível observar uma patogenicidade semelhante, onde a mortalidade ocorreu

mais precocemente em animais infectados com os isolados Ck3, Pg1 e Ck2,

respectivamente. Os controles RH, ME49 e VEG apresentaram padrão de

mortalidade característico.

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54

Figura 10: Porcentagem de sobrevivência de camundongos (n=4) infectados com os isolados Ck2, Ck3 ou Pg1 ou cepas clonais RH, ME49 ou VEG do Toxoplasma gondii. A: camundongos suíços infectados por via intraperitoneal; B: camundongos suíços infectados por via oral; C: Camundongos C57BL/6 infectados por via oral.

0 1 0 2 0 3 0

0

2 0

4 0

6 0

8 0

1 0 0

C k 2

C k 3

P g 1

*

RH

M E 4 9

V E G

D ia s a p ó s in fe c ç ã o

So

bre

viv

ên

cia

(%

)

0 1 0 2 0 3 0

0

2 0

4 0

6 0

8 0

1 0 0**

D ia s a p ó s in fe c ç ã o

So

bre

viv

ên

cia

(%

)

0 1 0 2 0 3 0

0

2 0

4 0

6 0

8 0

1 0 0

*

D ia s a p ó s in fe c ç ã o

So

bre

viv

ên

cia

(%

)

A

B

C

PADRÃO MOLECULAR DE PATOGENICIDADE COM O MARCADOR CS3

A análise molecular feita por PCR-RFLP a partir do marcador CS3 revelou

que os isolados Ck3, Pg1 e Ck2 apresentavam padrão molecular semelhante às

linhagens clonais RH (tipo I), ME49 (tipo II) e VEG (tipo III), respectivamente (Figura

11). Complemetando assim o achado em modelo murino.

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55

Figura 11: Gel de eletroforese obtido por PCR-RFLP da região gênica CS3 do T. gondii de isolados clonais (RH, ME49 e VEG), atípicos (CTBR24 e CTBR21) e parasitos isolados locais (Ck2, Ck3 e Pg1).

PERFIL DE RESISTÊNCIA À SULFADIAZINA DOS ISOLADOS LOCAIS

O perfil fenotípico de resistência à sulfadiazina em modelo murino foi obtido a

partir de infecção seguida de tratamento por seis dias consecutivos com três

diferentes doses (100, 200 ou 300mg/Kg) de sulfadiazina. A mortalidade ocorreu em

dois grupos, apesar do tratamento, nos animais infectados com os isolados Ck3 e

Pg1 do parasito. Nos animais infectados com a linhagem Ck2 não houve mortalidade

em nenhuma concentração testada (Figura 12).

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56

Figura 12: Porcentagem de sobrevivência de camundongos Suiços (n=4) infectados com os isolados Ck2, Ck3 ou Pg1 do Toxoplasma gondii e tratados com Sulfadiazina, via oral, nas concentrações de 100; 200 e 300mg/Kg.

0 1 5 3 0

0

2 0

4 0

6 0

8 0

1 0 0

C k 2 - 1 0 0

C k 2 - 2 0 0

C k 2 - 3 0 0

D ia s a p ó s in fe c ç ã o

So

bre

viv

ên

cia

(%

)

0 1 5 3 0

0

2 0

4 0

6 0

8 0

1 0 0

C k 3 - 1 0 0

C k 3 - 2 0 0

C k 3 - 3 0 0

D ia s a p ó s in fe c ç ã o

So

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cia

(%

)

0 1 5 3 0

0

2 0

4 0

6 0

8 0

1 0 0

P g 1 - 1 0 0

P g 1 - 2 0 0

P g 1 - 3 0 0

D ia s a p ó s in fe c ç ã o

So

bre

viv

ên

cia

(%

)

A

B

C

SEQUENCIAMENTO DE REGIÃO DO GENE DHPS ASSOCIADA À RESISTÊNCIA

À SULFADIAZINA NOS ISOLADOS LOCAIS

A avaliação de polimorfismos gênicos foi feita em uma região de 396

nucleotídeos do gene da enzima dihidropteroato sintase (DHPS), normalmente

associada à resistência à sulfadiazina em Plasmodium spp (codon 407). Em nenhum

dos três isolados foi possível observar polimorfismos (Figuras 13 e 14).

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57

Figura 13: Eletroferograma parcial de uma região do gene DHPS, focando a asparagina do códon 407. A sequência foi amplificada a partir do DNA de isolados Ck2, Ck3 e Pg1.

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58

Figura 14: Análise comparativa do gene DHPS de sequências de Toxoplasma gondii de

diferentes regiões do mundo incluindo os isolados Ck2, Ck3 e Pg1.

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59

PRODUÇÃO DE IMUNOGLOBULINAS INDUZIDAS PELOS PARASITOS LOCAIS

Após 30 dias de infecção com as linhagens locais Ck2, Ck3 ou Pg1, ou

controle ME49, apenas os animais infectados com Ck2 ou ME49 permaneceram

vivos para quantificação da produção de anticorpos. Neste caso, foi encontrada uma

produção significativamente menor de IgG e IgM nos animais infectados com a

linhagem clonal ME49 em relação aos animais infectados com o isolado local (Figura

15).

Figura 15: Níveis séricos de IgM (A) e IgG (B) em camundongos fêmeas C57BL/6 (n=3) infectados com cinco cistos das linhagens Ck2 ou ME49.

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60

ALTERAÇÕES MOTORAS E NA MEMÓRIA/APRENDIZADO/ANSIEDADE EM

CAMUNDONGOS INFECTADOS COM PARASITOS LOCAIS

Após 30 dias de infecção com parasitos locais ou clonais foi possível proceder

a análise comportamental apenas com dois grupos experimentais, ME49 e Ck2, pois

nos outros tratamentos houve 100% de mortalidade. Ocorreu um aparente dano na

área motora cerebral, representado pela redução no deslocamento de animais

infectados por Ck2 no aparato (Figura 16). O grupo de animais não infectados

apresentou o maior deslocamento entre todos os grupos.

Figura 16: Distância percorrida (treino e teste) por camundongos Suiços (n=6) sadios ou infectados com a cepa ME49 ou com o isolado Ck2 do Toxoplasma gondii.

Sad

io T

rein

o

Sad

io T

este

ME

49 T

rein

o

ME

49 T

este

Ck2 T

rein

o

Ck2 T

este

0

5

1 0

1 5

2 0

Dis

tân

cia

(m

)

As figuras 17 e 18 mostram que apenas os animais infectados com a cepa

ME49 tiveram alterações comportamentais em relação aos animais sadios. Nestes

ocorreu um aumento de impulsividade, representado pelo aumento do tempo nos

braços abertos, e também déficit de aprendizagem, pelo fato deste grupo não

aumentar sua permanência nos braços não aversivos com o passar do tempo. Os

animais infectados com o isolado Ck2 apresentaram um curso similar aos animais

mantidos sem infecção.

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61

Figura 17: Permanência (em segundos) de camundongos Suiços (n=6) sadios ou infectados com a cepa ME49 ou com o isolado Ck2 do Toxoplasma gondii nos braços abertos de Labirinto em cruz elevado modificado.

Sad

io T

rein

o 0

-200

ME

49 T

rein

o 0

-200

Ck2 T

rein

o 0

-200

Sad

io T

rein

o 2

00-4

00

ME

49 T

rein

o 2

00-4

00

Ck2 T

rein

o 2

00-4

00

Sad

io T

rein

o 4

00-6

00

ME

49 T

rein

o 4

00-6

00

Ck2 T

rein

o 4

00-6

00

Sad

io T

este

0-2

00

ME

49 T

este

0-2

00

Ck2 T

este

0-2

00

Sad

io T

este

200-4

00

ME

49 T

este

200-4

00

Ck2 T

este

200-4

00

Sad

io T

este

400-6

00

ME

49 T

este

400-6

00

Ck2 T

este

400-6

00

0

1 0

2 0

3 0

4 0

5 0

Te

mp

o (

s)

Figura 18: Comparação entre tempo (segundos) no braço não aversivo x tempo (segundos) no braço aversivo de camundongos Suiços (n=6), infectados ou não, no Labirinto em cruz elevado modificado.

PADRONIZAÇÃO DE MODELO PARA DETERMINAÇÃO DE ATIVIDADE ANTI-

TOXOPLASMA DE NOVAS MOLÉCULAS

A falta de modelos estabelecidos de ensaios de atividade anti-Toxoplasma

dificultam as avaliações pré-clínicas na busca por novos medicamentos contra este

parasito. Portanto, a padronização deste novo modelo, com infecção via oral,

tratamento por seis dias consecutivos, tendo inicio 24h após a infecção, com

Sadio NA x AV treino

NAV 0

-200

AV 0

-200

NAV 2

00-4

00

AV 2

00-4

00

NAV 4

00-6

00

AV 4

00-6

00

0

50

100

150

200

Tem

po

(s)

ME49 NA x AV Treino

NAV 0

-200

AV 0

-200

NAV 2

00-4

00

AV 2

00-4

00

NAV 4

00-6

00

AV 4

00-6

00

0

50

100

150

200

Tem

po

(s)

C k 2 N A x A V T re in o

NA

V 0

-200

AV

0-2

00

NA

V 2

00-4

00

AV

200-4

00

NA

V 4

00-6

00

AV

400-6

00

0

5 0

1 0 0

1 5 0

2 0 0

Te

mp

o (

s)

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62

posterior acompanhamento dos animais por um período de 30 dias (anexo 1), foi um

fator importante para os próximos passos da pesquisa.

ATIVIDADE ANTI-TOXOPLASMA DO TIMOL E ESTRAGOL CONTRA CEPA-

PADRÃO E TRÊS ISOLADOS LOCAIS DO T. GONDII IN VIVO

Após infecção com cepa ME49 do parasito e tratamento com timol, estragol

ou controle sulfadiazina foi observado que o timol teve a capacidade de aumentar a

sobrevivência dos animais quando aplicado por via subcutânea; o estragol teve

eficiência tanto por via oral como pela subcutânea. Nestes casos a ação foi

semelhante ao controle com sulfadiazina (Figura 19).

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63

Figura 19: Porcentagem de sobrevivência de camundongos suíços (n=4) infectados com a cepa ME49 do T. gondii e tratados com Timol, Estragol ou Sulfadiazina. I/NT: Infectado e não tratado; S: Infectado e tratado com Sulfadiazina; Esc e Eo: Infectado e tratado com Estragol por via subcutânea ou oral; Tsc e To: Infectado e tratado com Timol por via subcutânea ou oral.

0 1 0 2 0 3 0

0

2 5

5 0

7 5

1 0 0

I/N T

T o

T s c

E o

E s c

**

S

D ia s a p ó s in fe c ç ã o

Po

rc

en

tag

em

de

So

bre

viv

ên

cia

Porém, ao se observar a eficácia dos tratamentos contra os isolados locais do

T. gondii não houve redução de mortalidade em nenhum dos grupos infectados com

Ck3 e Pg1 e tratados, incluindo o grupo controle (Figura 20). Nesses a mortalidade

foi de 100%. Nos animais infectados com o isolado Ck2 houve uma redução na

mortalidade nos animais tratados com sulfadiazina e com o estragol.

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64

Figura 20: Porcentagem de sobrevivência de camundongos suíços (n=4) infectados com a

cepa ME49 ou com os isolados Ck2, Ck3 ou Pg1 do Toxoplasma gondii e tratados com

Timol, Estragol, Sulfadiazina ou deixados sem tratamento (grupo controle).

PERFIL DE PRODUÇÃO DE CITOCINAS

No tocante a resposta imune, verificou-se uma elevada relação IL-12/IL-10

(Figura 21) principalmente no grupo de animais que recebeu tratamento com o

estragol, onde ocorreu uma alta produção de IL-12 e baixa de IL-10 o que indica

uma polarização para a via Th1. Os animais tratados com timol ou sulfadiazina ou

deixados sem tratamento apresentaram baixa relação IL-12/IL-10.

Ck2

Ck3

Pg1

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65

Figura 21: Balanço sérico de citocinas induzidas por diferentes tratamentos em

camundongos C57BL/6 infectados com 10 cistos da cepa ME49 do T. gondii. A: Produção

de IL-12; B: Produção de IL-10; C: Relação IL-12/IL-10. (***=ρ<0,001 comparado ao grupo

NI/NT; δ= ρ<0.001 comparado ao grupo I/NT; ○= ρ<0.01 comparado ao I/NT; Φ= ρ<0.05

comparado ao I/NT). NI/NT= Não infectado e não tratado; I/NT= Infectado e não tratado; I/S=

Infectado e tratado com sulfadiazina; I/T= Infectado e tratado com timol; I/E= Infectado e

tratado com estragol.

Os níveis séricos de IFN- γ mostram que também houve uma maior produção

desta citocina (Figura 22) nos animais infectados e tratados com estragol, em

relação aos demais tratamentos. A maior produção geral foi encontrada nos animais

infectados e não tratados.

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66

Figura 22: Produção sérica de interferon-γ induzida por diferentes tratamentos em

camundongos C57BL/6 infectados com 10 cistos da cepa ME40 do T. gondii. NI/NT= Não

infectado e não tratado; I/NT= Infectado e não tratado; I/S= Infectado e tratado com

sulfadiazina; I/T= Infectado e tratado com timol; I/E= Infectado e tratado com estragol.

RESPOSTA HUMORAL AOS DIFERENTES TRATAMENTOS

Quanto ao efeito dos compostos nos níveis séricos de imunoglobulinas, houve

redução significativa na produção de IgG no grupo tratado com sulfadiazina 15 e 30

após a infecção (Figura 23). Os animais que receberam os outros tratamentos

mantiveram alta produção imunoglobulinas, semelhante ao controle não tratado.

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67

Figura 23: Produção de IgG em camundongos C57BL/6 infectados com 10 cistos da cepa

ME49 do T. gondii e submetidos a tratamentos com Timol, Estragol, Sulfadiazina ou não

tratados.

A análise da produção de IgM (Figura 24) mostra que em animais infectados

com sulfadiazina houve redução significativa da produção deste anticorpo no 15º dia

de infecção. Neste mesmo período houve elevação significativa na produção de IgM

no grupo tratado com timol. Os animais tratados com estragol apresentaram níveis

semelhantes aos animais não tratados.

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68

Figura 24: Produção de IgM em camundongos C57BL/6 infectados com 10 cistos da cepa

ME49 do T. gondii e submetidos a tratamentos com Timol, Estragol, Sulfadiazina ou não

tratados.

0 1 5 3 0 4 5 6 0

0 .0

0 .5

1 .0

1 .5

2 .0

2 .5

In fe c ta d o T T tim o l

In fe c ta d o T T e s tra g o l

In fe c ta d o T T s u lfa d ia z in a

C o n tro le in fe c ta d o n ã o

tra ta d o

*

#

D ia s a p ó s in fe c ç ã o

IgM

Es

pe

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ica

pa

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To

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sm

a g

on

dii

(OD

)

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69

5 DISCUSSÃO

Na região Nordeste do Brasil o consumo de churrasco mal-passado de

coração de galinha é apreciado como uma iguaria (CLEMENTINO ANDRADE et al.,

2013). Esta situação pode ser considerada como importante fator de risco para

transmissão do T. gondii porque esta carne potencialmente possui cistos ainda

viáveis do parasito (TENTER et al., 2000; KIJLSTRA; JONGERT, 2008; HALOS et

al., 2010), os quais constituem uma das principais rotas de infecção pelo parasito

(SUKTHANA, 2006).

No ano de 2013, Clementino Andrade e colaboradores caracterizaram

parcialmente o padrão de patogenicidade de 19 isolados de T. gondii, os quais foram

obtidos de animais de criação utilizados para consumo humano; 13 dos quais foram

recuperados de galinhas caipiras. Contudo, no trabalho citado não foi feita a analise

de patogenicidade a partir de inóculuo padronizado ou por outras vias de infecção.

Neste estudo também não foi possivel determinar o padrão de resistência à

sulfadiazina, utilizando um modelo próximo ao natural de infecção, por via oral.

Então, especula-se que esses padrões atípicos de patogenicidade e resistência à

sulfadiazina, observada nos parasitos, poderiam explicar as manifestações clínicas

que são encontradas nesta região (MENDES et al., 2014). Embora até o momento

seja difícil correlacionar os achados em modelo murino com a sintomatologia

observada em pacientes humanos (MORISSET et al., 2008; SILVA et al., 2014).

Nesta pesquisa foi possível manter culturas estáveis dos isolados do parasito

in vivo e in vitro, isso constitue um avanço importante por permitir possibilidades de

novas investigações futuras dessas cepas também a partir de ferramentas

moleculares e filogenéticas. A pesquisa contribuiu de forma importante por reafirmar

a utilidade do marcador CS3 na determinação de patogenicidade, assim

complementando o modelo de patogenicidade utilizado por Clementino Andrade e

colaboradores (2013), o qual sugeria que os isolados de galinhas pareciam ter a

mesma fonte de infecção.

No entanto, foi possível confirmar por meio da análise do efeito citopático dos

parasitos Ck2 e Ck3 em cultura de células RAW 264.7 que esses não possuem a

mesma origem. A análise realizada in vitro, de forma inédita, mostra os períodos de

lise celular provocadas por esses parasitos, onde os isolados Ck2 não causam

morte nas células infectadas após 48 horas de infecção, enquanto, o isolado Ck3

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70

provoca morte por lise celular após 23h de infecção. Isso demonstra que, mesmo

tendo sido recuperados da mesma região, esses protozoários possuem uma

dinâmica de crescimento diferente, logo é provável que os mesmos tenham uma

diferente origem. Este achado demonstra uma limitação do modelo de determinação

de patogenicidade proposto por Su e colaboradores (2010), o qual não pode

diferenciar esses isolados. Este modelo é de grande valor na distinção de parasitos

de linhagens clonais, os quais são mais prevalentes nos Estados Unidos (KHAN et

al., 2011) e Europa (HOWE; SIBLEY, 1995). Porém, tem se observado limitações em

diferenciar cepas com padrão atípico de patogenicidade, como observado nos

países de América do Sul, por exemplo, o Brasil (PENA et al., 2008).

Neste contexto, um novo marcador que pode completar e aperfeiçoar o

modelo atual é o CS3. Pesquisas com mapeamento genético do T. gondii sugerem

que este marcador, presente no cromossomo VIIa do parasito está associado com

patogenicidade em camundongos. Diversos autores estão utilizando a amplificação

desse marcador neste contexto (PENA et al., 2008; YAI et al., 2009; DUBEY et al.,

2010; RAGOZO et al., 2010; SILVA et al., 2011) e ele vem se mostrando efetivo na

diferenciação de isolados atípicos do parasito. Após análise do resultado da PCR-

RFLP do locus CS3 foi então possível diferenciar, claramente, os três isolados, onde

Ck2 apresentou alelo tipo III (normalmente apatogênicos) o qual correspondeu à

baixa patogenicidade observada em modelo murino. Os isolados Ck3 e Pg1

possuíam alelos dos tipos I (normalmente patogênicos) e II (moderadamente

patogênicos), respectivamente. Este padrão também correspondeu aos achados in

vivo e confirmam a utilidade deste novo marcador na diferenciação de isolados do

parasito no Brasil (PENA et al., 2008; RAGOZO et al., 2010; SILVA et al., 2014).

A determinação da patogenicidade in vivo foi feita a partir de um inóculuo

padronizado e por duas vias de infecção (oral e intraperitoneal). Esta análise

permitiu confirmar a presença de parasitos com diferentes perfis e corroborou os

dados obtidos a partir do marcador CS3. Em ordem de maior patogenicidade foi

observado: Ck3, Pg1 e Ck2, onde os dois primeiros foram classificados como

patogênicos e o ultimo como moderadamente patogênico por não ter causado

mortalidade em 100% dos animais (CARNEIRO et al., 2013). Logo, foi demonstrado

que os dois isolados de galinhas, mesmo tendo sido coletados da mesma região

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apresentam origens diferentes, comprovando a grande diversidade genética desse

parasito.

A via de infecção, oral ou intraperitoneal, não gerou diferenças no curso da

infecção, uma vez que não foram encontradas diferenças no perfil patogênico das

cepas. Então na maior parte da pesquisa foi utilizada a via oral por esta simular de

uma forma mais real a infecção natural pelo parasito (DUBEY; LINDSAY; SPEER,

1998).

Tendo se determinado que há variabilidade nos isolados locais, foi então

investigado se esta estaria relacionada à uma resposta imune diferenciada.

Decorridos 30 dias de monitoramento dos animais infectados apenas o isolado Ck2,

além do controle ME49 ainda apresentavam viabilidade. Logo, a dosagem de

imunoglobulinas só foi possível nos animais com essas infecções. Houve uma

produção significativamente maior de IgM e IgG nos camundongos infectados com

Ck2 em relação aos infectados com a cepa ME49, após 15 dias de infecção. É

conhecido que o tratamento para toxoplasmose pode causar em humanos e em

modelos experimentais uma redução na produção de anticorpos (ALVARADO-

ESQUIVEL et al., 2011). Porém, considerando que os animais não foram sujeitos à

tratamento, tais variações devem ter ocorrido exclusivamente por alterações

antigênicas presentes nestes dois grupos de parasitos. Morisset e colaboradores

(2008) utilizaram proteinas de grânulos densos (GRA5 e GRA6) e nestes

observaram que diferenças nos perfis de polipeptídeos podem ser utilizadas na

diferenciação e categorização dos parasitos. Desse modo, o sequenciamento de

regiões de GRA5 e GRA6 dos parasitos Ck2 poderia contribuir na elucidação destes

diferentes perfis imunes.

Reconhecendo o perfil polimórfico desses parasitos surge a necessidade de

averiguar se isso acarretaria em redução na sensibilidade ao tratamento-padrão com

a sulfadiazina. A falha terapêutica em modelo murino foi associada à resistência e

neste caso foi observado que apenas o genótipo Ck2 apresentou cronificação da

infecção e, consequentemente, sobrevivência de todos os animais infectados e

tratados com sulfadiazina. Já os animais infectados com isolados Ck3 ou Pg1

tiveram uma mortalidade total ou parcial. Estes dados são de grande relevânia pois

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a sulfadiazina é um medicamento de referência no tratamento da toxoplasmose

(KAYE, 2011).

A avaliação da resistência à sulfadiazina em modelo murino é importante, pois

os atuais marcadores moleculares não correspondem aos achados in vivo, logo não

reproduzem o achado fenotípico (DOLIWA et al., 2013a). Apesar disso, foi realizada

a busca por polimorfismos. Esta foi direcionada à polimorfismos normalmente

presentes no gene DHPS, o qual produz a enzima que é alvo da sulfadiazina. Mais

especificamente a busca foi direcionada a uma região de 396 nucleotídeos que

compreende o códon 407. Embora poucas mutações sejam associadas à resistência

à sulfadiazina, neste ponto há uma substituição de asparagina por aspartato

(ASPINALL et al., 2002; MENECEUR et al., 2008; BOUGHATTAS et al., 2011;

ASPINALL et al., 2012; DOLIWA et al., 2013a) que confere resistência à sulfadiazina

no gênero Plasmodium. Contudo, nenhum polimorfismo foi encontrado nos isolados

locais do parasito, o que sugere que este fenótipo de resistência deve ocorrer por

outros mecanismos indiretos (DOLIWA et al., 2013b).

Dentre os mecanismos indiretos normalmente investigados também não

foram observadas alterações nas famílias de transportadores-ABC (DOLIWA et al.,

2013a). Logo, a origem dessa resistência segue sendo um campo desafiador na

área da parasitologia.

Essa resistência já foi demonstrada em outros estudos por outras

metodologias (ASPINALL et al., 2002; ALVES; VITOR 2005; MENECEUR et al.,

2008). Todavia, o padrão de resistência apresentado neste estudo é o primeiro

relato de populações de parasitos resistentes à sulfadiazina no Brasil, a partir de um

modelo natural de infecção. Alves; Vitor (2005) também descreveram populações de

parasitos resistentes utilizando outros modelos de infecção. Eles especularam que

esses parasitos podem explicar falhas terapêuticas em 10% dos casos de encefalite

toxoplásmica em pacientes tratados com sulfadiazina (ASPINALL et al., 2002).

Devido a ausência de marcadores genéticos efetivos para resistência à

sulfadiazina outras propostas que podem ser utilizadas incluem análises

proteômicas dos parasitos. Esta metodologia tem se mostrado eficiente em avaliar

resistência em Trypanosoma cruzi (ANDRADE et al., 2008) e Leishmania spp.

(KUMAR et al., 2010). Doliwa e colaboradores (2013b) demonstraram diferenças no

padrão de eletroforese de proteínas (envolvidas em diversos mecanismos, como:

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metabolismo de carboidratos, interação com célula hospedeira, etc) entre cepas

sensíveis e resistentes do T. gondii (DOLIWA et al., 2013b). Desse modo, embora

nenhuma destas proteínas permita identificar diretamente os mecanismos de

resistência à sulfadiazina, elas oferecem mais uma alternativa que pode ser utilizada

neste contexto e assim confirmar o padrão observado fenotipicamente.

A emergência de cepas resistentes aos medicamentos usuais merece ser

comunicada às autoridades locais de saúde, pois estes parasitos foram recuperados

de animais normalmente utilizados para consumo humano e pode estar envolvido

em complicações clínicas e falhas terapêuticas observadas na cidade do Natal/RN

(MENDES et al., 2014).

O conhecimento da existência de cepas resistentes aos tratamentos

convencionais, além dos importantes efeitos adversos destes (KAYE, 2011) torna

premente a busca por novas moléculas que possam ser utilizadas para este fim.

Uma fonte sempre requisitada de novas moléculas inclue os produtos naturais. Entre

as espécies utilizadas na medicina tradicional da região nordeste destacam-se a

Croton zehntneri Pax e K. Hoffm. e a Lippia sidoides Cham., (OLIVEIRA et al.,

2016b) conhecidas popularmente como “canelinha” e “alecrim-pimenta”,

respectivamente. Elas apresentam importante ação antibacteriana e contra

promastigotas e amastigotas de Leishmania amazonensis (COSTA et al., 2008;

MEDEIROS et al., 2011). Além disso, os óleos essenciais destas possuem ação

contra outro Apicomplexa o: Plasmodium in vivo e in vitro (MOTA et al., 2012),

motivo pelo qual os compostos majoritários destes óleos (timol e estragol) foram

estudados para possível ação contra T. gondii.

A segurança dos compostos foi investigada inicialmente e a baixa

citotoxicidade observada neste estudo em células HeLa, HepG2 e macrófagos

peritoneais murinos corroboram o observado por Mota e colaboradores (2012)

(OLIVEIRA et al., 2016b). Muller e colaboradores (1994) mostraram que o estragol

não causa alterações cromossomais em células V79 ou nas vias metabólicas, após

exposição aos hepatócitos de ratos. Além disso, o estragol foi capaz de induzir

reparo de DNA em hepatócitos in vitro e in vivo. A citotoxicidade do timol foi

estudada por Llana-Ruiz-Cabello e colaboradores (2014 a,b) que não encontraram

efeitos citotóxicos, mas verificaram nas concentrações mais altas a presença de

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alterações ultraestruturais, evidenciadas por danos como degeneração lipídica, dano

mitocondrial e fragmentação nuclear.

De forma correspondente ao achado in vitro os estudos in vivo de toxicidade

aguda mostram uma toxicidade baixa ou moderada (OLIVEIRA et al., 2016b). A

baixa toxicidade do estragol foi similar ao dado observado por Gori e colaboradores

(2012). O conjunto destes dados de toxicidade fornece um suporte de segurança

para utilização destes compostos em testes com animais.

A análise inicial da ação anti-Toxoplasma dos compostos foi feita utilizando a

cepa ME49 do T. gondii. Esta cepa é uma boa alternativa para testes anti-

protozoários in vivo (MARTINS-DUARTE et al., 2010) por apresentar uma menor

patogenicidade, o que leva a um curso crônico na infecção (COSTA-SILVA;

PEREIRA-CHIOCCOLA, 2010). Esta cronicicidade permite um maior tempo para

avaliar os esquemas de tratamento e se aplica de forma mais eficiente por simular

melhor o curso da infecção em humanos.

A atividade anti-toxoplásmica foi avaliada pela taxa de sobrevivência dos

animais infectados, e tratados ou não, monitorados durante 30 dias. Neste sentido,

foi constatada a eficácia do timol principalmente pela via subcutânea e do estragol

pela via oral e subcutânea (OLIVEIRA et al., 2016b). A redução de mortalidade foi

similar ao observado com a infusão de Artemisia annua (OLIVEIRA et al., 2009),

onde também se verificou um efeito similar à droga-padrão sulfadiazina em reduzir a

mortalidade dos animais.

O timol já havia apresentado efeito contra formas promastigotas de

Leishmania amazonensis (MEDEIROS et al., 2011) e contra Trypanosoma cruzi

(Santoro et al., 2007; Escobar et al., 2010a). Enquanto outros terpenos como

carvacrol já haviam demonstrado eficácia contra a cepa PRU do T. gondii (DAHBI et

al., 2010). Entretanto, ainda não havia sido encontrada ação anti-Toxoplasma do

timol em animais infectados com a cepa ME49 do parasito.

O estragol apresentou uma menor toxicidade e superior capacidade anti-

Toxoplasma em relação ao timol por ambas as vias testadas, sugerindo que a forma

de administração não interfere em sua ação biológica. Já havia sido demonstrado

que óleo essencial rico em estragol apresentava capacidade de inibir o crescimento

de Trypanosoma cruzi (ESCOBAR et al., 2010b). Contudo, esse foi o primeiro relato

de atividade do estragol contra T. gondii em modelo murino.

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A ação antiparasitária destes compostos também pode ser explicada por sua

ação antiinflamatória, a qual tem papel importante na patogenia da infecção (PONTE

et al., 2012; RIELLA et al., 2012; OLIVEIRA et al., 2016a). Em adição o timol

também possui uma potente capacidade antioxidante, o que poderia conferir certa

proteção aos protozoários por reduzir o estresse oxidativo gerado pela infecção.

Porém, ele proporcionou uma maior sobrevida aos animais infectados, o que pode

ser explicado pelo menor dano tecidual proveniente da menor produção desses

radicais.

Outro possível mecanismo de ação do timol e estragol é baseado em seus

efeitos imunomodulatórios. É bem estabelecido que a via Th1 é a principal no

combate a parasitos intracelulares como o T. gondii, por meio da produção de

Interleucina-12 (IL-12), Interferon-gama (INF-γ) e óxido nítrico (PIFER;

YAROVINSKY, 2011). Para manter uma infecção bem sucedida o parasito induz

uma inibição parcial da síntese de óxido nítrico (ON) por meio da enzima óxido

nítrico sintase (SEABRA; SOUZA; MATTA, 2002). A modulação da resposta imune é

de grande importância por esta molécula, fazer parte da resposta primária ao

parasito (BRUNET, 2001; CARRUTHERS; SUZUKI, 2007).

Estudos anteriores realizados pelo grupo demonstraram que o estragol

apresenta efeito imunomodulatório em cultura de macrófagos peritoneais de

camundongos (dados não apresentados). Neste caso a molécula induziu a produção

de ON in vitro. A confirmação desse potencial foi realizado in vivo, onde o tratamento

com estragol em animais infectados proporcionou um importante direcionamento

para a via Th1 (com elevada produção de IL-12 e INF-γ associada a baixa produção

de IL-10). Este resultado é relevante pelo fato do INF-γ ser fundamental na geração

de uma potente resposta Th1, a qual é altamente eficiente no controle de parasitos

intracelulares. Esta resposta imune limita a replicação do protozoário e conduz a

uma resposta de células-T específicas (MUNOZ et al., 2011). O timol não

apresentou direcionamento direto para a via Th1, desse modo sua ação anti-

Toxoplasma deve ocorrer por outros mecanismos.

Quando se observa a resposta humoral, timol e estragol não afetaram a

produção dos anticorpos IgM e IgG, enquanto estes anticorpos foram

significativamente reduzidos pelo tratamento com sulfadiazina, como já havia sido

observado anteriormente (ALVARADO-ESQUIVEL et al., 2011). Imunoglobulinas

específicas para T. gondii previnem a invasão celular e limitam a disseminação

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sistêmica dos taquizoitos durante a fase inicial da infecção aguda. Desse modo, as

diferentes imunoglobulinas contribuem para a proteção contra o protozoário

(MUNOZ et al., 2011). Logo, a redução na produção de anticorpos é uma importante

desvantagem do tratamento convencional, comparado às moléculas propostas, pois

é bem conhecido que o balanço entre as vias Th1/Th2 é fundamental para uma

gestação bem sucedida (SAITO et al., 2010) e que a redução de imunoglobulinas

maternas pode facilitar a transmissão vertical. Uma possível explicação para a

menor produção de anticorpos é o dano hematológico provocado pela sulfadiazina,

que pode ter como consequência uma redução das células produtoras de anticorpos

(LEPORT et al., 1988; KAYE, 2011).

Diferentes cepas do T. gondii também são reconhecidas por causar

alterações comportamentais em animais infectados, entre as quais destacam-se:

perda de medo inato, aumento de impulsividade e déficit de memória (VYAS et al.,

2007; AFONSO et al., 2012; XIAO et al., 2012; DANIELS et al., 2015). Nesta

pesquisa, utilizando animais infectados com cepas atípicas, clonal e animais sadios

foi verificado um aparente dano motor nos animais infectados com o isolado Ck2,

uma vez que estes se deslocaram menos no aparato. A confirmação deste dano

necessita de análise histológica do tecido com marcadores de morte celular. A

diminuição de memória/aprendizado e o aumento de impulsividade ocorreu apenas

nos animais infectados com a cepa ME49. Este dado já havia sido observado

anteriormente com cepas clonais do tipo II do parasito (DANIELS et al., 2015).

Alterações na distribuição cerebral dos cistos (AFONSO et al., 2012) e na via

dopaminérgica (PRANDOVSZKY et al., 2011) ajudam a explicar este dado, o qual

ainda necessita de mais experimentos para maiores esclarecimentos. Kerns e

colaboradores (2014) realizaram um estudo com crianças que foram expostas a um

surto de toxoplasmose congênita e que receberam os tratamentos convencionais.

Neste foi possível observar que as crianças (numa faixa etária entre 7 - 8,5 anos)

apresentavam um funcionamento cognitivo, acadêmico e comportamental

adequados à idade, com uma redução significativa na sustentação da atenção e no

controle da impulsividade. Apesar dessas pequenas alterações o tratamento precoce

é de grande importância, principalmente quando se verifica que as crianças que não

receberam tratamento apresentam repercussões maiores como: deficiência visual,

cegueira, coriorretinite, convulsões, retardo motor e mental além de déficit intelectual

ao longo do tempo (VASCONCELOS-SANTOS et al., 2009; KERNS et al., 2014).

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Assim, apesar de não haver uma associação definida entre as diferentes cepas do

parasito e alterações comportamentais, foi demonstrado que o isolado Ck2 não

proporcionou alterações desse tipo em modelo animal e que o tratamento eficiente é

de muita importância na redução de sinais/sintomas.

Finalmente, quando foi analisada a ação anti-Toxoplasma dos compostos

contra isolados locais do T. gondii, constatou-se que estes não apresentavam uma

ação efetiva, pois apenas o isolado Ck2 apresentou sobrevivência após o tratamento

com sulfadiazina ou estragol. Esta ação diferencial já era esperada por esses

parasitos apresentarem características divergentes entre si. Características

patogênicas diferenciadas associadas à mutações nas vias metabólicas do ácido

fólico podem explicar esse fato. Destaque neste resultado para o estragol que exibiu

ação similar à sulfadiazina na redução de mortalidade em animais infectados e que

futuramente pode ser utilizada isoladamente ou em associação à sulfadiazina de

modo a otimizar a terapêutica da toxoplasmose.

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6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A partir de tudo que foi exposto é possivel concluir que os isolados Ck2 e Ck3

representam diferentes populações do T. gondii, com importante patogenicidade do

Ck3 in vitro. In vivo o isolado Ck3 foi o mais patogênico, seguido do Pg1. A via de

infecção parece não interferir no curso da infecção. O atual modelo molecular de

categorização de patogenicidade não se mostrou eficiente para estas cepas,

recomenda-se a adição do locus CS3 para complementar esse modelo. O isolado

Ck2 gerou um diferente padrão de produção de imunoglobulinas e manifestações

comportamentais em relação à cepa clonal. Duas moléculas, timol e estragol, são

propostas como tendo potencial anti-Toxoplasma. Elas apresentam-se pouco tóxicas

in vivo e in vitro e apresentam capacidade de diminuir mortalidade em animais

infectados com cepas clonais. Elas também apresentam capacidade de influenciar

na resposta imunológica, o que pode ser parte de seu mecanismo de ação. A ação

destas contra isolados locais clonais foi evidente apenas para o estragol contra o

isolado Ck2. Finalmente, o padrão de patogenicidade e resistência aqui descritos

são inéditos na literatura e as moléculas testadas apresentam-se promissoras na

otimização do atual esquema terapêutico para toxoplasmose.

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APÊNDICES

Apêndice 1- Artigo: Comparative Study on the Antioxidant and Anti-Toxoplasma Activities of Vanillin and Its Resorcinarene Derivative

Apêndice 2- Artigo: Epidemiological and Serological Profiles of Ocular Toxoplasmosis in the Municipality of Natal, North Eastern Brazil

Apêndice 3- Artigo: Anti-Toxoplasma Activity of Estragole and Thymol in Murine Models of Congenital and Non-Congenital Toxoplasmosis

Apêndice 4- Artigo: Anti-Inflammatory Activity of Thymol and Estragole

Apêndice 5- Artigo: Pathogenicity and phenotypic sulfadiazine-resistance of isolates of Toxoplasma gondii obtained from livestock, at northeastern Brazil

Apêndice 6- Patente: Sequência de ácidos nucleicos e uso para detecção do protozoário Toxoplasma gondii