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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE TECNOLOGIA
CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO
TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO
LANA DALILA PINTO ALVES
Anteprojeto de uma pousada de charme com uso da bioconstrução para a
praia de Cotovelo – Parnamirim/RN
NATAL, 2017.
LANA DALILA PINTO ALVES
POUSADA ACAYU
Anteprojeto de uma pousada de charme com uso da bioconstrução para a
praia de Cotovelo – Parnamirim/RN
Trabalho Final de Graduação
apresentado ao curso de Arquitetura e
Urbanismo da Universidade Federal do
Rio Grande do Norte, como requisito
para obtenção do título de Arquiteta e
Urbanista.
Orientadora: Profa. Dra. Maísa Veloso
Co-orientadora: Profa. Dra. Solange
Goulart
NATAL, 2017.
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
Sistema de Bibliotecas - SISBI
Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial Prof. Dr. Marcelo Bezerra de Melo Tinôco - DARQ - CT
Alves, Lana Dalila Pinto.
Pousada Acayu: anteprojeto de uma pousada de charme com uso
da bioconstrução para a praia de Cotovelo Parnamirim/RN / Lana Dalila Pinto Alves. - Natal, 2017.
96f.: il.
Monografia (Graduação) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Tecnologia. Departamento de Arquitetura e
Urbanismo.
Orientadora: Maisa Veloso.
Coorientadora: Solange Goulart.
1. Projeto arquitetônico - Monografia. 2. Pousada - Monografia. 3. Roteiros de Charme - Praia de Cotovelo/RN -
Monografia. 4. Bioconstrução - Monografia. 5. Sustentabilidade -
Monografia. I. Veloso, Maisa. II. Goulart, Solange. III. Título.
RN/UF/BSE15 CDU 72.012.1
LANA DALILA PINTO ALVES
POUSADA ACAYU
Anteprojeto de uma pousada de charme com uso da bioconstrução para
praia de Cotovelo – Parnamirim/RN
Trabalho Final de Graduação
apresentado ao curso de Arquitetura e
Urbanismo da Universidade Federal do
Rio Grande do Norte, como requisito
para obtenção do título de Arquiteta e
Urbanista.
Orientadora: Profa. Dra. Maísa Veloso
Co-orientadora: Profa. Dra. Solange
Goulart
BANCA EXAMINADORA:
_______________________________________
Prof. Dra. Maísa Veloso
Orientadora
_______________________________________
Prof. Dra. Solange Goulart
Co-orientadora
_______________________________________
Prof. Leila Guilhermino
Examinadora Interna
_______________________________________
Arquiteto Verner Monteiro
Convidado Externo
Aprovação em____de junho de 2017.
Dedico este trabalho aos meus
Pais, Williams e Josenilça.
RESUMO
Com o passar do tempo, o turismo se tornou uma atividade econômica
significativa e, diante da atual preocupação ambiental, surgiram novas
denominações como turismo alternativo, responsável, ecológico e geoturismo.
Para que ele seja explorado de forma correta e que também possa continuar a
atrair turistas, é fundamental o investimento em infraestrutura e
estabelecimentos de habitação temporária, com estratégias sustentáveis. Nesse
sentido, o objetivo desse trabalho foi desenvolver o anteprojeto de uma
pousada de charme com uso da bioconstrução para a Praia de Cotovelo –
Parnamirim/RN. Para tal, fez-se necessário analisar necessidades, a t r a t i vo s
e diferenciais para o funcionamento de hotéis e pousadas em regiões litorâneas,
em especial do Rio Grande do Norte. Além disso, foi preciso identificar os
critérios necessários para que a pousada se enquadrasse no Código de
Conduta Ambiental Roteiros de Charme e, por fim, aplicar técnicas de
bioconstrução de forma a conceber ambientes sustentáveis por meio do uso
de materiais de baixo impacto ambiental e adequados ao clima da região.
Palavras-Chave: Projeto de Arquitetura, Pousada, Roteiros de Charme,
Bioconstrução.
ABSTRACT
Over time, the turism has become a significant economic activity and, in face of
the current environmental concern, new concepts emerged such as alternative,
responsible, and ecological turism, as well as geoturism. Therefore, the key to
explore properly this tourism and keep it attractive is investing in infrastructure
and temporary housing facilities using sustainable strategies. As a result, this final
graduation work seeks the development of a preliminary design project for a
charming lodge in Cotovelo Beach (Parnamirim/RN) making use of bio
construction. In order to do that, the analysis of needs, attractions, and
differentials for lodges and hotels in coastal regions, especially in Rio Grande do
Norte, was extremely important. In addition, this project required the identification
of needs to make this lodge comply with the Environmental Conduct Code for
Charming Routes and, finally, apply bio construction strategies to design
sustainable environments by the use of low impact and climate appropriate
materials.
Keywords: Architectural Design Project; Lodge; Charming Route; Bio
Construction.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1- Sistema de aproveitamento de água de chuva ................................. 23
Figura 2- Reuso de água residual .................................................................... 24
Figura 3- Aquecedor solar com um reservatório de capacidade de 200 litros .. 26
Figura 4- Orientação do coletor solar ............................................................... 27
Figura 5- Esquema de circuito para termossifão .............................................. 27
Figura 6- Esquema de circuito para circulação forçada ................................... 28
Figura 7- Itens do Sistema Fotovoltaico ........................................................... 28
Figura 8- Economia de energia após selo Procel ............................................. 30
Figura 9- Vista aérea da pousada .................................................................... 33
Figura 10- Bangalô de luxo e bangalô especial respectivamente .................... 34
Figura 11- Quarto de luxo com banheira externa e quarto especial com banheira
interna respectivamente ................................................................................... 34
Figura 12- Pedra referente à associação Roteiros de Charme ........................ 35
Figura 13- Coleta seletiva ................................................................................ 35
Figura 14- Passarela elevada e recorte na cobertura do bangalô e do deck ... 36
Figura 15-Salas de spa da L’occitane .............................................................. 37
Figura 16- Detalhe de Coberturas e Alvenarias, respectivamente ................... 37
Figura 17- Acesso de funcionário e estacionamento, respectivamente ........... 38
Figura 18- Vista aérea da pousada .................................................................. 39
Figura 19- Pousada Camurim Grande ............................................................. 39
Figura 20- Pedra da Roteiros de Chame e Bangalô elevado ........................... 40
Figura 21- Implantação da pousada ................................................................. 40
Figura 22- Suíte Casa Grande ......................................................................... 41
Figura 23- Chalés piscina ................................................................................. 41
Figura 24- Chalés jardim .................................................................................. 42
Figura 25- Bangalôs ......................................................................................... 42
Figura 26- Área da piscina ............................................................................... 43
Figura 27- Makenna Resort .............................................................................. 43
Figura 28- Makenna Resort .............................................................................. 44
Figura 29- Bangalôs elevados .......................................................................... 44
Figura 30- Implantação do resort ..................................................................... 45
Figura 31- Bangalô ........................................................................................... 45
Figura 32-Localização ...................................................................................... 47
Figura 33-Praia de Cotovelo............................................................................. 48
Figura 34-Localização do terreno ..................................................................... 48
Figura 35-Acesso à praia ................................................................................. 49
Figura 36-Presença de vegetação no terreno .................................................. 49
Figura 37-Dimensões do terreno com curvas de nível ..................................... 50
Figura 38-Zona Bioclimática 8 .......................................................................... 50
Figura 39-Rosa dos ventos na cidade de Natal................................................ 51
Figura 40-Percurso solar nos dias 20/03, 21/06, 22/09 e 21/12, respectivamente.
......................................................................................................................... 52
Figura 41- Manobra de cadeiras de rodas com deslocamento......................... 57
Figura 42- Medidas mínimas de um sanitário acessível. .................................. 59
Figura 43- Dormitório acessível – Área de circulação mínima ......................... 59
Figura 44- Fluxograma ..................................................................................... 69
Figura 45- Primeiro e segundo zoneamento, respectivamente. ....................... 70
Figura 46- Painel Conceito Bangalô tipo 1 ....................................................... 73
Figura 47- Painel Conceito Bangalô tipo 2 ....................................................... 74
Figura 48- Layout padrão e acessível do Bangalô tipo 1 ................................. 75
Figura 49- Layout padrão e acessível do Bangalô tipo 2 ................................. 75
Figura 50- Implantação inicial........................................................................... 76
Figura 51- Vista da borda infinita da piscina..................................................... 77
Figura 52- Vista para piscina e para o jardim, respectivamente. ...................... 77
Figura 53- Detalhe do brise fixo com jardim vertical. ........................................ 78
Figura 54- Detalhe do brise móvel do bangalô tipo 2. ...................................... 78
Figura 55- Localização do restaurante e acesso dos visitantes e hóspedes. ... 79
Figura 56- Bangalô tipo 1 ................................................................................. 80
Figura 57- Casa Tropical - Camarim Arquitetos ............................................... 80
Figura 58- “A kit os parts” - Studio Janzen. ...................................................... 81
Figura 59- Entrada da Pousada Acayu. ........................................................... 81
Figura 60- Uso dos brises fixos e caramanchão. ............................................. 82
Figura 61- Vista da área de lazer. .................................................................... 82
Figura 62- Bangalôs com vista para piscina. .................................................... 82
Figura 63- Uso de gabião em muro. ................................................................. 84
Figura 64- Combinação de madeira reflorestada e bambu. ............................. 84
Figura 65- placas solares nas coberturas. ....................................................... 85
Figura 66- desviador das primeiras aguas. ...................................................... 86
Figura 67- sistema de filtro para aguas cinzas. ................................................ 86
Figura 68- Localização das estações de tratameto. ......................................... 87
Figura 69- Torre Sustentável. ........................................................................... 88
Figura 70- Detalhe Telha Termoroof da Danica. .............................................. 90
Figura 71- Uso do Ecoblock em decks. ............................................................ 91
Figura 72- Glam Mirtilo e Matt Branco .............................................................. 91
Figura 73- Vista da piscina. .............................................................................. 92
Figura 74 – Vista da piscina. ............................................................................ 92
LISTA DE TABELAS
Tabela 1-Vantagens e desvantagens do sistema fotovoltaico ......................... 29
Tabela 2-Área de interesse turístico ................................................................. 53
Tabela 3- Área de controle de gabarito 1 - Orla ............................................... 53
Tabela 4- Cálculo de vaga para estacionamento. ............................................ 54
Tabela 5- Dimensionamento das formas de acesso. ....................................... 54
Tabela 6- Dimensionamento da forma de acesso. ........................................... 55
Tabela 7- Quadro de prescrições urbanísticas. ................................................ 55
Tabela 8- Dimensões mínimas dos compartimentos. ....................................... 56
Tabela 9-Programa de necessidades ............................................................... 61
Tabela 10-Dimensões dos bangalôs ................................................................ 61
Tabela 11- Dimensionamento das vagas de estacionamento .......................... 63
Tabela 12-Dimensionamento das áreas públicas e sociais .............................. 63
Tabela 13- Dimensionamento das áreas administrativas ................................. 64
Tabela 14- Dimensionamento das áreas de serviço ........................................ 65
Tabela 15- Dimensionamento das áreas de alimentos e bebidas .................... 66
Tabela 16- Dimensionamento das áreas de equipamentos ............................. 67
Tabela 17- Dimensionamento das áreas recreativas ....................................... 68
Tabela 18- Conceito X Partido ......................................................................... 72
Tabela 19- Quadro de expressão construtiva................................................... 89
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO .................................................................................................. 12
1 ARQUITETURA HOTELEIRA E O ROTEIRO DE CHARME ...................... 17
2 SUSTENTABILIDADE E BIOCONSTRUÇÃO ............................................ 21
2.1 Gestão de água ................................................................................... 22
2.2 Eficiência Energética ........................................................................... 25
2.3 Gerenciamento de resíduos ................................................................ 30
2.4 Bioconstrução ..................................................................................... 31
3 ESTUDOS DE REFERÊNCIA .................................................................... 33
3.1 Estudo direto ....................................................................................... 33
3.1.1 Pousada Toca da Coruja .............................................................. 33
3.2 Estudos Indiretos ................................................................................ 39
3.2.1 Pousada Camurim Grande ........................................................... 39
3.2.2 Makenna Resort ........................................................................... 43
3.3 Considerações gerais sobre os estudos ............................................. 46
4 CONDICIONANTES PROJETUAIS ............................................................ 47
4.1 Condicionantes Físicos ....................................................................... 47
4.2 Condicionantes Legais ........................................................................ 52
4.2.1 Plano diretor de Parnamirim/RN ................................................... 52
4.2.2 Código de obras de Parnamirim/RN ............................................. 55
4.2.3 NBR 9050 - Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e
equipamentos urbanos. ............................................................................. 57
4.2.4 Código de segurança contra incêndio e pânico ............................ 59
4.3 Condicionantes Funcionais ................................................................. 60
4.3.1 Programa de necessidades e pré-dimensionamento .................... 60
4.3.2 Fluxograma ................................................................................... 68
4.3.3 Zoneamento ................................................................................. 69
5 CONCEPÇÃO E DESENVOLVIMENTO DA PROPOSTA .......................... 71
5.1 Conceito e partido arquitetônico. ......................................................... 71
5.2 Evolução da proposta .......................................................................... 73
5.3 Evolução da implantação .................................................................... 75
5.4 Estudo Volumétrico ............................................................................. 79
5.5 Princípios sustentáveis e sistema de bioconstrução adotados ........... 83
5.5.1 Materiais ....................................................................................... 83
5.5.2 Energia ......................................................................................... 84
5.5.3 Água ............................................................................................. 85
5.5.4 Resíduos ...................................................................................... 87
5.5.5 Piscina ionizada ............................................................................ 87
5.6 Sistema Hidráulico .............................................................................. 88
5.7 Especificação de materiais .................................................................. 89
5.7.1 Esquadrias .................................................................................... 90
5.7.2 Cobertura ...................................................................................... 90
5.7.3 Pisos ............................................................................................. 91
5.7.4 Piscina .......................................................................................... 91
CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................. 93
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................. 94
12
INTRODUÇÃO
O turismo tornou-se uma atividade econômica significativa nos países
desenvolvidos, a partir da segunda guerra mundial. O avanço desses países
aliado à ampliação de renda da população fez com que houvesse mais
disponibilidade de tempo e recursos para o lazer.
Atualmente, a preocupação com o meio ambiente tornou-se algo bastante
discutido e presente em quase toda sociedade. Em razão deste e de outros
motivos surgem novas denominações de turismo como alternativo, responsável,
ecológico e geoturismo. Contudo, é importante obter o equilíbrio entre
interesses econômicos e sua real preocupação em reduzir os impactos
ambientais.
No Brasil, o Nordeste reúne algumas das cidades mais visitadas por
turistas em busca de paisagens e belezas cênicas e, no Rio Grande do Norte
(RN), o turismo tornou-se uma das principais atividades econômicas. O clima
tropical e a diversidade de belezas naturais fazem com que cada vez mais o
estado ganhe destaque. Dessa forma, a procura por belas praias e a
abundante oferta de sol, durante quase todo o ano, são os grandes atrativos
para os turistas nas diversas estações.
Com a globalização da economia mundial, a quantidade de viagens
regionais e internacionais cresceu consideravelmente e com isso, também, a
necessidade de mais locais para hospedagem. Para que o turismo seja
explorado de forma correta e também possa continuar a atrair turistas é
fundamental o investimento em infraestrutura e estabelecimentos de habitação
temporária. Para tal, existem diversos tipos de alojamentos, como resorts,
hotéis e pousadas, que podem trazer experiências diversas e, dessa forma,
contribuir para a opinião do visitante sobre o local.
Alguns hotéis, quando bem projetados, passam a ser o principal motivo
dos visitantes para conhecer determinado destino. São exemplos os hotéis que
buscam um diferencial e garantem, além de uma hospedagem de qualidade,
conforto, charme e preocupação ambiental. Nesse sentido, surgiram
classificações hoteleiras que garantem que o empreendimento desenvolva
atividades sustentáveis e, dessa forma, participe de um turismo responsável.
13
Nesse sentido, foi fundada em 1992 a Associação de Hotéis Roteiros de
Charme como entidade privada e sem fins lucrativos. No ano de 1999, deu-
se o início da adoção de seu Código de Ética e de Conduta Ambiental,
reconhecido nacional e internacionalmente. Esse código ordena práticas
sustentáveis envolvendo gestão responsável de agua, energia e resíduos de
forma simples e objetiva, de modo a minimizar os impactos dos hóspedes sobre
o meio ambiente e adotar posturas que busquem a sustentabilidade do turismo
no Brasil.
Após a elaboração desse código, o programa de sustentabilidade da
“Roteiros de Charme” está em plena sintonia com os conceitos de Turismo
Sustentável e o Geoturismo, definido como "O turismo que sustenta ou aumenta
o caráter geográfico de um destino turístico: seu ambiente, paisagem,
patrimônio histórico e cultural, e o bem-estar da população residente" (National
Geographic Traveller, 2002).
Acredita-se que o arquiteto tem fundamental importância no planejamento
desse tipo de hotelaria, visando à construção da sustentabilidade dos destinos
turísticos onde se localizam e reduzindo os impactos ambientais gerados pela
construção civil.
Dentro dessa perspectiva, trabalho em estudo tem como tema a
arquitetura hoteleira visando sustentabilidade ambiental, uma vez que foi
proposto um projeto arquitetônico de uma pousada com uso da bioconstrução
e a certificação da “Roteiros de Charme”.
A área escolhida para implementação do empreendimento foi a Praia de
Cotovelo, situada a 21km da capital Natal e localizada no município de
Parnamirim-RN.
Cotovelo é uma praia deslumbrante e com forte apelo cênico
paisagístico. Seu visual é composto por belas falésias que modelam
encantadoras esculturas naturais e dunas de areia branca, além de coqueirais
e uma longa faixa de areia clara e fina.
Figura 01: Praia de Cotovelo - RN
14
Fonte: Acervo Pessoal
A escolha da Praia de Cotovelo foi, sobretudo, devido ao seu grande
potencial cênico paisagístico com as belas falésias e o baixo desenvolvimento
do setor hoteleiro no local. A proximidade com a capital Natal também foi motivo
de escolha, pois faz com que a praia se torne um refúgio próximo em busca de
tranquilidade. Todavia, a aproximação com a Praia de Pirangi possibilita,
também, uma fuga para curtir o movimento e festas no período de veraneio.
Portanto, a realização de uma obra diferenciada na área pode incentivar o
turismo local por se tornar um tipo de atrativo.
Dessa forma, tem-se como objetivo geral para o trabalho em questão
desenvolver o anteprojeto de uma pousada de charme com uso da
bioconstrução para a Praia de Cotovelo – Parnamirim/RN.
A ideia de se criar uma pousada surgiu, inicialmente, por não se ter contato
com esse tipo de projeto durante a graduação e, após estágios em escritórios
de arquitetura, percebeu-se que é um tema que sempre apresenta novas
demandas dentro do mercado. Além do que, é uma edificação que permite o
uso de diversas tipologias e possibilita ousar na criatividade quanto à forma.
Associado a isso, o interesse pelo tema de arquitetura sustentável induziu
a busca de um critério dentro da arquitetura hoteleira que a explorasse.
Com a certificação de “Charme” é possível garantir que a pousada atenda à
princípios sustentáveis, de conforto, charme e seja, assim, uma hospedagem
de qualidade. Dessa forma, o estudo de técnicas de bioconstrução
possibilitará a escolha de um sistema construtivo que respeite o meio ambiente,
garantindo um desenvolvimento sustentável sem esgotar os recursos do
planeta.
15
Dessa maneira, para atingir o objetivo geral que é desenvolver o
anteprojeto de uma pousada de charme com uso da bioconstrução para a Praia
de Cotovelo – Parnamirim/RN foi necessário o uso de procedimentos
metodológicos e técnicas próprias para cada objetivo específico levantado, como
também etapas de concepção e desenvolvimento do projeto.
Portanto foi fundamental a realização dos estudos de referência direto e
indiretos de hotéis/pousadas a partir de entrevistas com os proprietários,
levantamento de dados e fotográficos, fichamentos e tabela, bem como se fez
necessário a realização de pesquisas bibliográficas nos livros “Hotel:
planejamento e projeto” e “Hotéis e Resorts: Planejamento, projeto e reforma” e
outros trabalhos acadêmicos.
Visto que a pousada se enquadra no Código de Conduta Ambiental
Roteiros de Charme, foi de suma importância a leitura e fichamento deste código,
como também de estudos de referência diretos e indiretos de hotéis/pousadas.
Por fim, foi realizado uma análise comparativa - através de tabela sintese - entre
os estudos de referência.
A fim de entender as técnicas de bioconstrução também se fez necessário
a realizaçãos dos estudos de referência direto e indiretos de edificações, com
uso da bioconstrução a partir de levantamento de dados e fotográficos,
fichamentos e tabelas. Além disso, foram feitas pesquisas bibliográficas em
livros e publicações em revistas e sites de arquitetura e sustentabilidade, para
dar subsídio à concepção e desenvolvimento do projeto arquitetonico.
Por fim, foi necessário realizar todas as etapas de concepção e
desenvolvimento do projeto. Para tal foi fundamental a leitura de autores como
Elvan Siva (1998), Edson Mahfuz (1995) e Laert Neves (1989).
O trabalho foi estruturado da seguinte maneira: o primeiro capítulo contem
um resumo sobre a arquitetura hoteleira, os tipos de classificações dos meios de
hospedagem e além disso explica o que é um hotel de chame e quais os critérios
para se enquadrar no “Roteiros de Charme”.
O segundo capitulo trará uma breve explicação sobre os princípios básicos
de sustentabilidade ambiental e técnicas de bioconstrução que permitem
16
conceber ambientes sustentáveis por meio do uso de materiais de baixo
impacto ambiental e adequados ao clima da região.
O terceiro apresenta projetos de hotéis e/ou pousadas localizados
em regiões litorâneas com o objetivo de analisar suas necessidades, atrativos e
diferenciais e extrair as boas ideias. Também contem exemplos de soluções
arquitetônicas sustentáveis bem empregadas.
O quarto capitulo compreende uma breve explanação sobre a área
definida, praia de cotovelo – Parnamirim/RN, contendo condicionantes
ambientais, legais e projetuais.
E por fim, no quinto capitulo será desenvolvido um memorial descritivo
da proposta arquitetônica desde seu conceito e partido até a solução final.
17
1 ARQUITETURA HOTELEIRA E O ROTEIRO DE CHARME
“Embora no Brasil o ato de hospedar pessoas remonte aos tempos da colônia,
manifestado pela acolhida de viajantes por moradores locais, a prestação do
serviço de hospedagem com finalidade comercial demorou bastante para existir. ”
(RIBEIRO, 2011, P.23)
De acordo com Andrade, Brito e Jorge (2001), no período colonial, os casarões
dos engenhos e fazendas, no período colonial, eram locais onde os viajantes se
hospedavam. A maioria das famílias desse período já costumava ter o quarto de
hóspedes para receber visitantes em suas casas. Nos conventos também já se
tinha o hábito de receber hóspedes e personalidades ilustres. No mosteiro de São
Bento, no Rio de Janeiro, foi construído um edifício exclusivo para hospedaria.
Ribeiro (2011) explica o surgimento da denominação de hotel a partir da
abertura dos portos e com isso o crescimento do fluxo de estrangeiros, como citado
a seguir:
Em 1808, com a chegada da corte real portuguesa ao Rio de
Janeiro e a abertura dos portos às nações amigas, houve um
aumento do fluxo de pessoas e da demanda por alojamento,
fazendo com que casas de pensão, hospedarias e tavernas
abrissem suas portas aos viajantes e passassem a adotar a
denominação de hotel. (RIBEIRO, 2011).
Ainda segundo esse autor, “No final do século XIX, a circulação dos
primeiros trens e a ligação ferroviária entre Santos e a capital serviram de
importante impulso para o incremento da hotelaria paulista.” (RIBEIRO, 2011). O
Rio de Janeiro nesta mesma época, embora fosse destino de muitas pessoas,
apresentava dificuldades no setor hoteleiro.
Entre meados do século XIX e início do século XX ocorria uma escassez de
hotéis no Rio de Janeiro, com isso, o governo criou o Decreto nº 1160, de 23 de
dezembro de 1907, que incentivava a implantação de cinco hotéis isentando-os por
sete anos de impostos municipais. (ANDRADE, BRITO E JORGE, 2001)
Os incentivos ao turismo nacional ocorreram somente a partir da década de
60, como relata Ribeiro:
18
Com a proibição dos jogos, a hotelaria brasileira somente teve novo
incremento a partir da década de 1960 com a destinação de
incentivos fiscais para o setor, primeiro promovido pelo Banco
Central, em 1963, depois, em 1966, pela EMBRATUR (à época
Empresa Brasileira de Turismo e atualmente Instituto Brasileiro de
Turismo) por meio do Fundo Geral de Turismo (FUNGETUR),
promovendo nova ascensão do ramo. (RIBEIRO, 2011, p.25).
A nível internacional, as redes hoteleiras estrangeiras chegaram ao Brasil
nos anos de 60 e 70 trazendo novos padrões de serviços e de preços, mesmo com
ainda poucos hotéis. De acordo com Andrade, Brito e Jorge:
As viagens turísticas ao exterior apresentam um componente
importante para a hotelaria brasileira: os turistas brasileiros, 80 por
cento dos quais se destinam aos Estados Unidos, passam a
conhecer o padrão da hotelaria de países desenvolvidos, que
apresentam melhor qualidade e menores preços. Gradualmente,
esses turistas irão pressionar as empresas do setor hoteleiro no
Brasil a oferecer mais qualidade e preços menores (2001, p.22).
A década de 80 trouxe o aparecimento de hotéis de padrão econômico e
intermediário, bem como, o surgimento de novos meios de hospedagem como os
flats, por exemplo. Muitos desses administrados por grandes redes como Accor e
Transamérica. (RIBEIRO, 2011)
Em relação ao sistema de classificação de hotéis, a OMT (Organização
Mundial de Turismo) desde 1962 buscava desenvolver um sistema que fosse
universalmente aceito. Mais de 100 tipos de classificação baseados no padrão da
OMT e adequados às condições locais, estavam em operação em 1995. (LAWSON,
2003).
Lawson (2003, p.13) diz que os sistemas podem ser divididos basicamente
em dois grupos:
Classificações oficiais: os padrões são estabelecidos por órgãos
governamentais, geralmente o Ministério do Turismo ou uma
Secretaria Regional de Turismo - seja como pré-requisito ao
registro ou como um sistema voluntário.
19
Classificações independentes: os hotéis são vistoriados e avaliados
por determinadas associações (de hotéis ou automóveis, por
exemplo) ou empresas comerciais (guias de Viagem Mobil e
Michelin).
Os meios de hospedagem existentes atualmente são dos mais diversos
tipos, o SBClass (Sistema Brasileiro de Classificação de Meios de Hospedagem),
como um sistema de classificação oficial, estabelece sete categorias diferentes:
Hotel, Resort, Hotel Fazenda, Cama e Café, Hotel Histórico, Pousada e Flat/Apart-
hotel. Cada um deles visando um mercado específico e provendo condições de
segurança, higiene e satisfação por curtas ou longas temporadas.
Sabendo que o meio de hospedagem em questão se trata de uma pousada,
o SBClass define essa tipologia como sendo:
Empreendimento de característica horizontal, composto de
no máximo 30 unidades habitacionais e 90 leitos, com serviços de
recepção, alimentação e alojamento temporário, podendo ser em
um prédio único com até três pavimentos, ou contar com chalés ou
bangalôs.
Ainda de acordo com o SBClass, as pousadas podem ter de uma a cinco
estrelas. A cada estrela complementar, requisitos de infraestrutura, serviços e
sustentabilidade são comparados, diferenciando-as entre si.
Além das classificações oficiais, existem diversas outras classificações
independentes que trazem características próprias às mais diversas tipologias de
meios de hospedagem. Uma dessas Classificações é a Roteiros de Charme, uma
associação de hotéis como entidade privada e sem fins lucrativos que busca aliar
qualidade, ética e responsabilidade social.
Essa associação procura a prática de atividades hoteleiras que consigam
reduzir os impactos sobre o meio ambiente, mantendo a sustentabilidade do
turismo no Brasil e ao mesmo tempo preservando o charme do estabelecimento.
“A Associação de Hotéis Roteiros de Charme congrega atualmente 69 Hotéis,
20
Pousadas e Refúgios Ecológicos situados, do Norte ao Sul do Brasil, em 16 estados
e 60 destinos turísticos.” 1
Para se enquadrar nesse roteiro, é importante que o estabelecimento atenda
a princípios do seu Código de Ética e Conduta Ambiental desenvolvido em
cooperação com a UNEP (United Nations Environment Programme). Esse código
estabelece práticas sustentáveis, envolvendo gestão responsável de água, energia
e resíduos sólidos e efluentes, de forma simples e objetiva.
De acordo com a associação, os exemplos mais conhecidos de boas práticas
são: o uso de placas solares para aquecimento de água, ampla utilização de
iluminação natural, lâmpadas de baixo consumo, e dispositivos eletrônicos para
maior eficiência no consumo de energia elétrica; a coleta seletiva, a redução e a
reciclagem dos resíduos sólidos; o envolvimento dos hotéis em iniciativas e projetos
de preservação do patrimônio ambiental, histórico e cultural de suas regiões.
1 http://roteirosdecharme.com.br/
21
2 SUSTENTABILIDADE E BIOCONSTRUÇÃO
Somente nas últimas décadas do século XX que surgiu, de fato, a preocupação
com o meio ambiente, o qual era tratado, de forma geral, como uma fonte
inesgotável de recursos naturais. Contudo, o impacto ambiental das ações
humanas não é um acontecimento recente; ele traz um histórico desde o
desenvolvimento das atividades agrícolas, o que contribuiu para os primeiros
desmatamentos, percorrendo pela revolução industrial com grande exploração dos
recursos naturais e elevada quantidade de resíduos gerados, até o atual modo de
vida capitalista.
Atualmente, a construção civil tem relação direta com essa temática, devido à
enorme extração de matérias-primas, produção de materiais, ocupação de terras e
geração de resíduos sólidos. Isso se dá devido à grande urbanização dos países,
cada vez mais as pessoas são atraídas pelas cidades. O crescimento do processo
de urbanização traz consigo o aumento do consumo dos recursos naturais e
consequentemente maior geração de resíduos.
Nesse sentido, o arquiteto é peça fundamental nesse processo em busca de
um ambiente mais sustentável. Pois ele é o responsável por definir de que forma o
edifício funcionará, além de especificar todos os materiais construtivos necessários
para uma arquitetura mais sustentável, ou seja, que use os recursos de forma mais
responsável, com menor consumo de energia, água e outros elementos.
O conceito de sustentabilidade vem associado ao termo desenvolvimento
sustentável, definido no relatório de Brundtland, em 1987 como: o desenvolvimento
que supre as necessidades atuais sem comprometer o atendimento das
necessidades das futuras gerações em atender às suas. Um desenvolvimento
sustentável exige o conhecimento e a consciência de que os recursos são finitos.
(Grupo de Trabalho de Sustentabilidade AsBEA, 2012)
O conceito de desenvolvimento sustentável é bastante abrangente e dessa
forma procura aliar quatro dimensões, a sustentabilidade ambiental, econômica,
sociopolítica e cultural. No âmbito ambiental incide em conservar os ecossistemas
vigentes e também preservar o ambiente natural para que ele possa manter
22
condições favoráveis de vida para todos os seres vivos em relação a habitabilidade,
a beleza do ambiente e a sua função como fonte de energias renováveis. 2
Nesse segmento, para se alcançar o desenvolvimento sustentável é primordial
um bom planejamento em relação a conservação de água, energia, redução e
reciclagem de resíduos sólidos e gestão responsável de efluentes. E ainda assim,
evitar que o interesse financeiro se sobreponha aos interesses ambientais.
2.1 Gestão de água
A água é um recurso natural de valor inestimável e deve ser compreendida
como um bem finito, no Brasil milhões de famílias não têm acesso a esse benefício
essencial à vida. De acordo com a UNEP (UNITED NATIONS ENVIRONMENT
PROGRAMME) menos de 1% da água doce existente no planeta está disponível
para o consumo dos ecossistemas. Seu uso na agricultura e para consumo
humano, afasta a água de seu ciclo natural e com o crescimento das cidades e o
aumento da impermeabilização do solo a reposição do lençol freático é impedida.
Em virtude disso, é primordial que durante a concepção projetual se faça uma
análise da melhor forma para aproveitar esse recurso. Assim sendo, de acordo com
o Selo Casa Azul da Caixa Econômica (2010), a gestão do uso da água em edifícios
deve contemplar, fundamentalmente: o suprimento de água potável, a gestão de
águas pluviais e o esgotamento sanitário. Dessa forma, soluções são adotadas
para substituir o uso de água potável por água não potável em pontos de consumo
onde a potabilidade não é necessária. A utilização da água potável pode se limitar
a piscinas, alimentação, higienização corporal, saunas etc.
O uso de água das chuvas, não potável, para fins como descargas de privadas
e jardinagem é um dos métodos mais comuns para racionalizar a água. Ele
consiste no armazenamento de água proveniente das chuvas em reservatórios
independentes. Os primeiros 5 minutos são descartados, visto que, é a água que
fez a limpeza do telhado da edificação e retém grande quantidade de impurezas,
assim será possível armazenar água de melhor qualidade. A água antes de ser
armazenada, passa por um processo de filtragem seguida de cloração. A figura 1
demonstra como funciona esse tipo de sistema. De acordo com o Selo Casa Azul
2 http://www.oeco.org.br/dicionario-ambiental/28588-o-que-e-desenvolvimento-sustentavel/
23
da Caixa, esse tipo de sistema deve reduzir em, no mínimo, 10% do consumo de
água potável.
Figura 1- Sistema de aproveitamento de água de chuva
Fonte: http://www.sempresustentavel.com.br/hidrica/aguadechuva/agua-de-chuva.htm
Fatores como as condições climáticas do local devem ser levados em
consideração no momento de escolha do melhor sistema a ser implementado, visto
que, o volume pluviométrico é um fator importante para decidir pelo modo de
aproveitamento de água da chuva, por exemplo.
Contudo, também é possível fazer o reuso de água residual e dessa forma
aproveitar as águas provenientes de chuveiros, banheiras e máquinas de lavar
roupa, conhecidas como águas cinza.
A NBR-13.969:1997 que trata dos “Tanques sépticos - Unidades de
tratamento complementar e disposição final dos efluentes líquidos - Projeto,
construção e operação”, no item que fala sobre reuso local, assegura que:
No caso do esgoto de origem essencialmente doméstica ou com
características similares, o esgoto tratado deve ser reutilizado para
fins que exigem qualidade de água não potável, mas sanitariamente
segura, tais como irrigação dos jardins, lavagem dos pisos e dos
veículos automotivos, na descarga dos vasos sanitários, na
manutenção paisagística dos lagos e canais com água, na irrigação
dos campos agrícolas e pastagens. (NBR 13969:1997, p.21)
24
Esse sistema consiste em mais um processo pelo qual a água passa para
que possa ser novamente utilizada. É necessária a existência de dois reservatórios,
um para água potável e outro para água de reuso. Sendo o primeiro localizado,
normalmente, em um nível mais alto que o segundo, isso garante que o fluxo de
água siga o padrão “one way” evitando dessa forma a contaminação da água
potável caso o caminho fosse o inverso. Isso porque ambos os reservatórios são
interligados para permitir o abastecimento com água potável na falta de água de
reuso. A figura 2 demonstra esse sistema de reuso.
Figura 2- Reuso de água residual
Fonte: Notas de Aula da Disciplina de Instalações I CAU/UFRN
Além dos métodos de reaproveitamento é possível fazer o uso racional de
água através da escolha de equipamentos que proporcionem a redução do seu
consumo, como bacia sanitária dotada de sistema de descarga com volume
nominal de seis litros e com duplo acionamento (3/6 L), torneiras de fechamento
automático, dispositivos economizadores arejadores que proporcionam melhor
dispersão do jato em torneiras e registros reguladores de vazão. A sustentabilidade
já é um grande impulsor da inovação tecnológica em diversos setores.
Tendo em vista todos os itens descritos para gerir de forma sustentável o
consumo de água potável, é necessário fazer a escolha correta e consciente
daqueles que serão aplicados no projeto. Independente da escolha e sempre que
houver fontes alternativas, a saúde dos usuários deve ser garantida, assim como o
25
bom desempenho dos sistemas, para isso é necessário o constante monitoramento
da água e gestores capacitados.
2.2 Eficiência Energética
Quanto às diversas formas de energia utilizadas pela sociedade ao longo da
história, Venâncio narra:
Na sociedade moderna, qualquer atividade só é possível com o uso
de uma ou mais formas de energia.
Ao longo dos últimos séculos, a história da humanidade foi
caracterizada pela troca de matriz energética, praticamente a cada
50 anos. [...]
Estima-se que todas as reservas de petróleo durem mais 40 anos,
as de gás 67 anos e as de carvão mais 164 anos. (Venâncio,
2011, p.110)
Além disso, de acordo com o balanço energético nacional (BEN) de 2016,
grande parte do consumo total de energia elétrica do País é proveniente de
edificações, sendo 21,3% referente ao setor residencial, 14,8% ao setor comercial
e 6,9% ao setor público.
Dessa forma, é essencial pensar em edificações com soluções de eficiência
energética para minimizar os impactos ambientais. A ecoeficiência energética se
tornou um dos pilares da sustentabilidade.
Segundo o Selo Casa Azul da Caixa (2010), pesquisa realizada pela
Eletrobrás, Sistema de Informações de Posses de Eletrodomésticos e Hábitos de
Consumo – Sinpha revela que o uso de geladeiras e freezer detém 27% do
consumo de eletricidade no setor residencial brasileiro, seguindo com o chuveiro
elétrico 24%, ar condicionado 20% e por fim a iluminação artificial com 14%.
Como foi exposto, a participação de eletrodomésticos no consumo de
energia elétrica no setor residencial brasileiro é bastante considerável. De acordo
com esse selo, o objetivo para ter um uso racional da energia é reduzir o consumo
e otimizar a quantidade de energia gasta em cada uso a partir de equipamentos
mais eficientes, uso de fontes alternativas de energia, dispositivos economizadores
e medições individualizadas.
26
Ao analisar fontes alternativas de energia e tendo em vista a abundante
oferta de sol durante quase todo o ano na grande Natal, o mais indicado é a
utilização da energia solar como fonte de energia elétrica e aquecimento de agua.
O Selo Casa Azul da Caixa destaca um estudo feito pela Eletrobras e pelo
Laboratório Green Solar da PUC/MG que aponta uma redução em 44% no gasto
com energia devido ao uso de energia solar para aquecimento de água.
O Sistema Solar de Aquecimento de Água (SAS), como forma de energia
renovável para edificações, é uma das formas mais viáveis no âmbito ambiental e
econômico. A NBR 15569 - “Sistema de aquecimento solar de água em circuito
direto - projeto e instalação” descreve o SAS como sistema composto por coletores
solares planos, com ou sem reservatórios térmicos, e com eventual sistema de
aquecimento de água auxiliar.
Os principais componentes desse sistema são: o coletor solar e o
reservatório térmico (Figura 3). O primeiro detém a função de absorver a radiação
solar e conduzir calor para água que circula em seu interior. De forma geral, a cada
m² de placa coletora é possível aquecer 100 litros de água. Já o segundo
equipamento, possui a função de armazenar e manter a água aquecida.
Figura 3- Aquecedor solar com um reservatório de capacidade de 200 litros
Fonte: http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/fisica/coletor-solar.htm
A eficiência energética gerada por esses coletores depende de dois fatores
fundamentais, que são: sua posição em relação ao norte geográfico e sua
inclinação em relação ao plano horizontal que deve ser o valor da latitude local
27
acrescido de 10º. Quanto mais próximo dessa orientação, mais eficiente é a
absorção da radiação solar, principalmente em latitudes mais altas. A figura abaixo
exemplifica isso.
Figura 4- Orientação do coletor solar
Fonte: Selo Casa Azul da Caixa
O SAS apresenta dois princípios básicos de funcionamento a partir da forma
como a água circula em seu interior. Um deles é chamado de termossifão ou
circulação natural (Figura 5), cujo princípio básico é a circulação da água a partir
diferença de densidade. Nesse tipo de sistema quanto mais radiação solar mais
rápido a água circula, a água aquecida fica mais leve e é empurrada pela água mais
fria e mais pesada.
Figura 5- Esquema de circuito para termossifão
Fonte: NBR15569
O outro é chamado de Bombeado ou Circulação Forçada (Figura 6), o
princípio deste se baseia na circulação da água a partir de uma força gerada por
uma bomba hidráulica sempre que houver energia suficiente captada pelos
28
coletores. Essa energia é indicada pelo CDT (Controlador diferencial de
temperatura).
Figura 6- Esquema de circuito para circulação forçada
Fonte: NBR15569
O primeiro, devido seu tipo de funcionamento, é mais indicado para
instalações de pequeno porte (armazenamento de até mil litros). Já o segundo para
instalações de maior porte. Ambos podem ser dimensionados de acordo com
especificações da NBR 15569.
Outra fonte alternativa de energia que também utiliza a radiação solar é o
sistema fotovoltaico, que é capaz de transformar a luz do sol em energia elétrica.
Esse sistema é composto por 4 itens, o módulo, o controlador de carga, a bateria e
o inversor (Figura 07).
Figura 7- Itens do Sistema Fotovoltaico
Fonte: http://sunrioenergiasolar.com.br/sistema-fotovoltaicos/
29
Seu funcionamento se baseia na produção de corrente elétrica pelos
módulos após receber os raios solares, essa energia gerada ao chegar no
controlador de cargas é conduzida e armazenada em baterias, em sistemas
isolados; ou os sistemas podem ser interligados à rede.
“Os painéis coletores de energia fotovoltaica, além de sua função, podem
ser usados como recurso decorativo, cortinas de vidro, brises ou fechamento de
telhado, sendo um bom exemplo de forma e função” (VENÂNCIO, 2011, p.118).
A tabela a seguir mostra as principais vantagens e desvantagem desse tipo
de sistema, de acordo com informações do livro “Minha Casa Sustentável - Guia
para uma construção residencial responsável” do Arquiteto Heliomar Venâncio,
2011.
Tabela 1-Vantagens e desvantagens do sistema fotovoltaico
SISTEMA FOTOVOLTAICO
VANTAGENS DESVANTAGENS
Excedente de energia pode ser
vendido a rede pública
Alto custo de implantação
Energia renovável
Silenciosa
Não emite CO² (limpa) Pouco desenvolvido no Brasil
Gerada no local
Pode ser transportada para outra
edificação
Fonte: Elaborado pela autora, 2017.
Além das fontes alternativas de energia citadas acima, e como já dito
anteriormente, para chegar a um conceito de eficiência energética é importante
utilizar equipamentos mais eficientes. O Selo Casa Azul da Caixa diz que:
Em relação ao uso de equipamentos energeticamente mais
eficientes, é incentivado o emprego daqueles que possuam uma
excelente classificação dentro do Programa Brasileiro de
Etiquetagem – PBE, do Inmetro, tanto em relação ao consumo de
eletricidade quanto ao de gás.
30
O PBE classifica os equipamentos de A (mais eficiente) até E
(menos eficiente). Tanto o Procel (Programa Nacional de
Conservação de Energia Elétrica) quanto o Conpet (Programa
Nacional da Racionalização do Uso dos Derivados do Petróleo e
Gás Natural) premiam anualmente os melhores produtos do
mercado com o selo de eficiência. Este selo é dado aos produtos
mais eficientes do mercado. (Selo Casa Azul da Caixa, 2010,
p.106)
A imagem a seguir demonstra a economia de energia com uso desses
equipamentos.
Figura 8- Economia de energia após selo Procel
Fonte: Selo Casa Azul da Caixa
2.3 Gerenciamento de resíduos
“Resíduo é todo resultado de ação humana ou gerado pela natureza em
aglomerações urbanas.” (VENÂNCIO, 2011, p.198)
Conforme mencionado anteriormente, a construção civil é uma fundamental
consumidora de recursos ambientais, contudo a escolha consciente de materiais e
31
sistemas construtivos minimiza a geração de resíduos na fase construtiva. A
durabilidade do edifício garante menos ciclos de renovação e reposição na fase de
uso.
Segundo o Guia de sustentabilidade na arquitetura – diretrizes de escopo para
projetistas e contratantes:
O projeto arquitetônico adequado é aquele que facilita o
gerenciamento de resíduos, que tem como premissas a não
geração e a redução de resíduos, o aproveitamento desses
recursos. O encaminhamento para reuso ou reciclagem, o descarte
adequado e controlado. (AsBEA, 2012, p.54).
Nesse sentido, a construção civil evoluiu para facilitar as fases relacionadas
a gestão desses resíduos, no caminho para uma industrialização mais completa
obtendo um canteiro de obra cada vez mais limpo.
2.4 Bioconstrução
O termo Bioconstrução remete à existência de uma preocupação ecológica
desde o projeto até a ocupação de edificações. “Combina técnicas milenares com
inovação tecnológica, garantindo a sustentabilidade não só do processo construtivo
como também do período pós ocupação de casas e edifícios.” 3
O Ministério do Meio Ambiente elaborou uma cartilha que fornece instruções
fundamentais para construir sem grandes impactos ambientais e melhor oferta de
qualidade de vida a partir dos conceitos da Bioconstrução. Nessa cartilha o termo
bioconstrução é compreendido como:
Entendemos por bioconstrução os sistemas construtivos que
respeitam o meio ambiente:
• durante a fase de projeto e de construção do edifício (na escolha
dos materiais e técnicas de construção adequadas);
• ao longo do uso do edifício (eficiência energética e tratamento
adequado dos resíduos);
Os itens citados anteriormente para gestão e economia de água como reuso
e aproveitamento de água das chuvas, fontes alternativas de energia como
3 http://www.ecocasa.com.br/bioconstrucao
32
aquecimento solar, coleta seletiva e reciclagem de lixo são exemplos de sistemas
construtivos que respeitam o meio ambiente ao longo do uso do edifício. Já o uso
de técnicas construtivas que preservem o meio ambiente e utilizem matérias-primas
recicladas ou naturais disponíveis no local são exemplos de sistemas construtivos
que respeitam o meio ambiente durante a fase de projeto e de construção do
edifício. Todas as soluções citadas acima visam uma construção menos tóxica e
invasiva para os moradores.
É sabido que a Bioconstrução tem princípios na elaboração de ambientes
sustentáveis por meio do uso de materiais de baixo impacto ambiental, a escolha
do material adequado deve priorizar aqueles encontrados na localidade da obra. A
terra, pedra, palha e madeira são alguns dos tipos de materiais. A disponibilidade
deles vai depender do tipo de região e das atividades desenvolvidas nela. Portanto,
existem técnicas apropriadas para conceber esses ambientes, fundamentados na
Bioconstrução, são eles: o Superadobe, Adobe, Cob, Taipa de mão, Taipa de Pilão,
Solocimento, Fardos de Palha e Ferrocimento. (CURSO DE BIOCONSTRUÇÃO,
2008).
33
3 ESTUDOS DE REFERÊNCIA
Este capítulo apresenta os 3 estudos de referenciais projetuais que
fundamentaram a proposta. Dois são estudos indiretos elaborados por meio de
sites, revistas e publicações e um é estudo direto realizado in loco através de visita,
entrevista e registro fotográfico.
3.1 Estudo direto
3.1.1 Pousada Toca da Coruja
O estudo de referência direto foi realizado na Pousada Toca da Coruja, a qual
se localiza na Av. Baía dos Golfinhos, principal rua da praia da Pipa-RN, próximo a
bares, restaurantes e mercados. A pousada foi construída numa área de jardim
tropical com plantas e árvores da região, totalizando 25 mil m² de extensão.
Figura 9- Vista aérea da pousada
Fonte: Toca da Coruja. Disponível em: http://www.tocadacoruja.com.br/localizacao-toca-da-coruja.htm
No dia 25 de março de 2017 foi realizada uma visita à pousada com o
acompanhamento de um funcionário bem antigo do estabelecimento, chamado
Ninho, que pôde mostrar todo o local e passar o máximo de informações possíveis.
Às demais informações foram fornecidas por Isis, atual proprietária da Toca por
meio de e-mail e também adquiridas através do site da pousada.
Ninho conta que a pousada foi construída há 25 anos com apenas 4
apartamentos na parte da frente, sem camas e apenas colchões. Com o tempo
esse número cresceu para 11. Após reforma desses 11 quartos seu estilo foi
mudado, sendo implementados alguns ambientes como o bar da piscina e foi nessa
configuração que a Toca da Coruja entrou para a Roteiros de Charme. Após
34
comprar mais terreno, foram construídos, inicialmente, mais 5 e posteriormente
mais 12 quartos.
A configuração atual conta com 28 bangalôs, sendo 12 de luxo e 16 especiais.
O primeiro possui uma área de 130 m² e apesar de remeter a um estilo de fazendas
coloniais possui equipamentos eletrônicos como TV LCD, internet sem fio, frigobar
e cofre. Já o segundo possui uma área de 60 m² mas também possui muito charme
e romantismo em seu estilo.
Figura 10- Bangalô de luxo e bangalô especial respectivamente
Fonte: Toca da Coruja. Disponível em: http://www.tocadacoruja.com.br/acomodacoes.htm
Cada detalhe foi muito bem pensado mantendo o charme e sofisticação de
cada quarto. Ambos os bangalôs possuem cama king size, mobiliário especial, ar-
condicionado, ventilador de teto, lençóis de algodão egípcio e travesseiros de pena
de ganso. O que os diferenciam, é que o tipo luxo possui uma banheira de
hidromassagem vitoriana do lado externo e localização mais reservada e
individualizada.
Figura 11- Quarto de luxo com banheira externa e quarto especial com banheira interna respectivamente
35
Fonte: Toca da Coruja. Disponível em: http://www.tocadacoruja.com.br/galeria-de-fotos.htm
Esse estabelecimento foi escolhido para estudo por pertencer ao Roteiros de
Charme. Segundo Isis, atual proprietária, os pontos necessários para que entrasse
no roteiro foram possuir variedade de características e personalidades
independentes, segundo rígidos critérios quanto ao conforto, qualidade de serviços
e responsabilidade socioambiental, sempre de forma economicamente viável e
sustentável.
Figura 12- Pedra referente à associação Roteiros de Charme
Fonte: Acervo pessoal, 2017.
A pousada, além de tudo, possui responsabilidade ambiental com um
programa baseado em práticas sustentáveis. Em relação à gestão de água, a
pousada possui reuso de água residual e uso de sanitários com caixa acoplada. No
tocante à eficiência energética, cada bangalô possui energia solar através de
placas solares instaladas sobre os telhados, além de sensores de presença e
lâmpadas econômicas. Ademais, a pousada conta com tratamento de resíduos
(coleta seletiva, compostagem e reciclagem); após a compostagem os alimentos
são transformados em adubo para uso na própria horta e jardins.
Figura 13- Coleta seletiva
36
Fonte: Acervo pessoal, 2017
O objetivo principal da pousada é preservar a natureza, isso é claramente
observado com as passarelas elevadas interferindo minimamente na topografia,
além de recortes nas coberturas dos bangalôs e no deck do restaurante para
preservar coqueiros e cajueiros e a presença de animais como micos, pássaros
raros como o pipa-pau, iguanas, peixes, camarão de água doce e até jacaré nos
lagos artificiais.
Figura 14- Passarela elevada e recorte na cobertura do bangalô e do deck
Fonte: Acervo pessoal, 2017
Na atual configuração, a pousada conta com um programa de necessidades
composto por: 28 bangalôs, recepção, restaurante, adega climatizada, bar da
piscina, 3 salas de spa da L’occitane, sauna a vapor, academia ao ar livre, 2
piscinas ionizadas com hidromassagem, estacionamento, rouparia, cozinha,
escritório, espaço para funcionários, loja de artesanato, sala de leitura, sala de
jogos, videoteca e barraca na praia das minas.
37
Figura 15-Salas de spa da L’occitane
Fonte: Acervo pessoal, 2017
Em conversa com uma hóspede, os pontos levantados foram que, além de
excelente infraestrutura a Toca possui ótimo atendimento e serviços oferecidos, 5
carros com motoristas estão disponíveis para fazer o translado de hóspedes à
barraca na praia das minas e ao aeroporto, o café da manhã é servido até meio dia,
mesas a luz de velas podem ser colocadas no jardim e todos os espaços estão em
plena sintonia com a natureza unindo música ambiente, iluminação natural e
aromas diferentes.
Ao observar os materiais e sistemas construtivos utilizados na Toca da Coruja,
verificou-se que são dos mais diversificados. Percebeu-se o uso de paredes de
taipa, alvenaria convencional, tijolo de barro, além de cobertura rústica com
armação em troncos de madeira cobertos com palha, coberturas com trama em
troncos de madeira cobertos com telha translúcida em policarbonato e telhado
colonial com madeiramento convencional.
Figura 16- Detalhe de Coberturas e Alvenarias, respectivamente
38
Fonte: Acervo pessoal, 2017
Por fim, em relação aos acessos, considerou-se que eles foram muito bem
pensados. A entrada de funcionários e mercadorias acontece pelos fundos, é
próxima ao restaurante e à cozinha e, dessa forma, não se cruza com a entrada de
hóspedes. As únicas ressalvas são em relação ao acesso de funcionários, que
apesar de ser mais rápido e reservado foi improvisado com caminho de pedras, e
em relação ao estacionamento, que é aparentemente pequeno e próximo aos
primeiros bangalôs, o que se torna prejudicial pela poluição sonora gerada pelos
automóveis. Contudo, tanto o acesso de funcionário quanto o estacionamento já
possuem projeto de melhoria.
Figura 17- Acesso de funcionário e estacionamento, respectivamente
Fonte: Acervo pessoal, 2017
39
3.2 Estudos Indiretos
3.2.1 Pousada Camurim Grande
O primeiro estudo de referência indireto foi realizado com a pousada Camurim
Grande que se localiza a 300 metros da praia de Maragogi, litoral norte de Alagoas.
A pousada foi construída numa área de 5 hectares de mata verde com coqueirais,
pés de manga, caju e manguezais; contudo, apenas 5% da área foi ocupada.
Figura 18- Vista aérea da pousada
Fonte: Pousada Camurim Grande. Disponível em:
http://www.camurimgrande.com.br/maragogi.php
O projeto é do arquiteto Pedro Motta do ano de 2012 e foi escolhido para
análise por ter ganhado a certificação da Roteiros de Charme, além do que, se trata
de uma pousada litorânea com mínimo impacto ambiental e desenvolve uma
arquitetura que não agride o meio ambiente.
Figura 19- Pousada Camurim Grande
Fonte: Pousada Camurim Grande. Disponível em:
http://www.camurimgrande.com.br/maragogi.php
Além da certificação de charme, a pousada ganhou, em 2016, o selo EcoLíder
Platinum que garante o reconhecimento em termos de práticas favoráveis ao meio
ambiente. Ainda se tratando de sustentabilidade, a pousada ocupa minimamente o
40
terreno e os bangalôs são elevados do solo livrando-os assim de humidade e
respeitando a topografia.
Figura 20- Pedra da Roteiros de Chame e Bangalô elevado
Fonte: Roteiros de Charme. Disponível em:
http://roteirosdecharme.com.br/pousadacamurim
A imagem a seguir demostra a implantação da pousada que conta quatro
tipologias, sendo do 1 ao 5 suítes da casa grande, do 6 ao 9 chalés jardim, 10 e 11
chalés piscina e do 12 ao 21 bangalôs. Pode-se observar também que a área de
recepção e serviços é separada da área de acomodação pelo Rio Maragogi e o
acesso se dá apenas por um carrinho elétrico.
Figura 21- Implantação da pousada
Fonte: Pousada Camurim Grande. Disponível em:
http://www.camurimgrande.com.br/maragogi.php
41
As suítes da casa grande possuem uma área de 22m², presença de madeira
no forro e mobiliário com paredes em alvenaria branca. Neles contem cama king
size, TV LCD 32" SKY HDTV, DVD, enxoval Nuvole e internet Wi-Fi.
Figura 22- Suíte Casa Grande
Fonte: Pousada Camurim Grande. Disponível em:
http://www.camurimgrande.com.br/maragogi.php
Os chalés piscina possuem uma área de 20m², presença de madeira no forro
e mobiliário com paredes em alvenaria branca. Neles contem cama king size, TV
LCD 32" SKY HDTV, DVD, bica privativa, enxoval Nuvole e internet Wi-Fi.
Figura 23- Chalés piscina
Fonte: Pousada Camurim Grande. Disponível em:
http://www.camurimgrande.com.br/maragogi.php
Os chalés jardim possuem uma área de 34m², presença de madeira no forro
e mobiliário com paredes em alvenaria branca. Neles contem cama king size, TV
LCD 32" SKY HDTV, DVD, terraço com rede, bica privativa, enxoval Nuvole e
internet Wi-Fi.
42
Figura 24- Chalés jardim
Fonte: Pousada Camurim Grande. Disponível em:
http://www.camurimgrande.com.br/maragogi.php
Os bangalôs possuem uma área de 62m², presença de madeira na cobertura,
mobiliário e paredes e piso na cor branco. Nelas contem cama super king size, TV
LCD 42" SKY HDTV, DVD, terraço com rede, banheira, enxoval Nuvole e internet
Wi-Fi.
Figura 25- Bangalôs
Fonte: Pousada Camurim Grande. Disponível em:
http://www.camurimgrande.com.br/maragogi.php
Por fim, a pousada ainda conta com uma grande piscina que possui diferentes
níveis de profundidade e área de deck e um restaurante aberto ao público, que não
está hospedado, mediante reserva.
43
Figura 26- Área da piscina
Fonte: Pousada Camurim Grande. Disponível em:
http://www.camurimgrande.com.br/maragogi.php
3.2.2 Makenna Resort
O segundo estudo de referência indireto foi realizado com o Makenna Resort
que se localiza entre Itacaré e Ilhéus no estado da Bahia e também se encontra à
beira mar. O resort foi construído numa área de 8 hectares de mata atlântica e
apenas 6,7 mil m² de área foi ocupada.
Figura 27- Makenna Resort
Fonte: Revista AU. Disponível em: http://www.au.pini.com.br/arquitetura-
urbanismo/198/lajes-ao-mar-184786-1.aspx
O projeto é do Drucker Arquitetura do ano de 2010 e foi escolhido para análise
porque, apesar de ser um resort, se encontra em área litorânea, possui mínimo
impacto ambiental e desenvolve uma arquitetura que não agride o meio ambiente.
O Makenna está localizado em uma área de reserva florestal protegida por
entidades como a Unesco e o Ibama, sendo assim alvo de severas restrições
construtivas.
44
Figura 28- Makenna Resort
Fonte: Archdaily. Disponível em: http://www.archdaily.com.br/br/01-45931/resort-
makenna-drucker-arquitetura
Para garantir esse mínimo impacto ambiental o Resort conta com reuso de
água, captação de energia solar através de placas fotovoltaicas, ventilação
cruzada, bangalôs elevados 70cm livrando-os de humidade e laje nervurada e EPS
de forma a assegurar maior conforto térmico.
Figura 29- Bangalôs elevados
Fonte: Archdaily. Disponível em: http://www.archdaily.com.br/br/01-45931/resort-
makenna-drucker-arquitetura
A imagem a seguir demostra a implantação do resort que conta com 16
bangalôs, restaurante e salas de lazer, casas, área de serviços e spa. Pode-se
observar também que as placas fotovoltaicas se localizam em uma área mais
reservada.
45
Figura 30- Implantação do resort
Fonte: Archdaily. Disponível em: http://www.archdaily.com.br/br/01-45931/resort-
makenna-drucker-arquitetura
Os bangalôs possuem uma área entre 80 e 150m², trazem princípios do
modernismo que é uma característica do escritório; apresentam sensação de
horizontalidade, vista para o mar, paredes revestidas com pedra local (arenito do
norte), aberturas com venezianas na frente e no fundo para melhor fluxo de ar e
conforto térmico e, além disso, essas aberturas trazem uma maior integração com
o entorno através da permeabilidade visual.
Figura 31- Bangalô
46
Fonte: Archdaily. Disponível em: http://www.archdaily.com.br/br/01-45931/resort-
makenna-drucker-arquitetura
3.3 Considerações gerais sobre os estudos
Os estudos de referência foram importantes para obter soluções formais,
estéticas e com enfoque sustentável. Os principais pontos observados nos estudos
analisados foram:
- Manutenção do perfil natural do terreno e seu mínimo impacto com, por
exemplo, os bangalôs elevados.
- Uso de matéria prima local
- Estilo rústico.
- Mistura do uso de madeira e cor branca em outros elementos.
- Bangalôs com vista para áreas de lazer ou para áreas atrativas visualmente.
- Edificações térreas ou de máximo 1 pavimento.
- Soluções com princípios sustentáveis (água, energia e resíduos).
Esses pontos deverão nortear a proposta arquitetônica.
47
4 CONDICIONANTES PROJETUAIS
Nesse capítulo, são apresentados os condicionantes físicos, legais e funcionais
que nortearam o desenvolvimento do projeto. Em relação aos condicionantes
físicos, foram abordadas as características referentes à área de localização do lote.
No tocante às condicionantes legais, foi observada a legislação vigente em relação
ao terreno escolhido e ao seu uso. Ao tratar das condicionantes funcionais, foram
evidenciados o programa de necessidades, pré-dimensionamento, fluxograma e
zoneamento.
4.1 Condicionantes Físicos
A área escolhida para implementação da pousada está localizada no
município de Parnamirim, mais especificamente na praia de cotovelo, distante 21km
da capital Natal. A proximidade com Natal faz com que a praia se torne um refúgio
próximo em busca de tranquilidade.
Figura 32-Localização
Fonte: Prefeitura de Parnamirim (2017)
48
Modificado por Kelly Sodré
Como já dito anteriormente, Cotovelo foi escolhido por ter um forte apelo
cênico paisagístico, devido às belas falésias que modelam encantadoras esculturas
naturais e dunas de areia branca, além de coqueirais e uma longa faixa de areia
clara e fina.
Figura 33-Praia de Cotovelo
Fonte: Acervo Pessoal, 2017
Para a escolha do terreno, foram levadas em consideração a proximidade com
a praia, a sua área, de forma que fosse capaz de comportar a pousada e atender
aos princípios de sustentabilidade. Desejou-se também que fosse um terreno
arborizado para que o contato com a natureza acontecesse de forma espontânea.
Dentre as opções disponíveis em Cotovelo, o terreno representado na imagem a
seguir foi o que mais se enquadrou nesses pré-requisitos.
Figura 34-Localização do terreno
Fonte: https://www.scribblemaps.com/
O terreno escolhido apresenta uma área de 5.399,21m² e se localiza entre as
ruas Ismael Wanderley, Engenheiro Carlos Dumaresq e Moacir Lins. Distancia-se
da praia por apenas 2 quadras (150 m) e o acesso a ela se dá pela Rua Engenheiro
Carlos Dumaresq.
49
Figura 35-Acesso à praia
Fonte: Acervo Pessoal, 2017
Apesar do terreno não ter vista direta para o mar, seu charme e conforto visual
se dá pelo contato interno com a natureza a partir da grande presença de
vegetação. Como veremos, a implantação do equipamento foi feita de modo que
fossem preservadas ao máximo as árvores locais e acrescentado vegetação nativa,
com isso, foi possível melhorar o conforto térmico e visual, além de representar
uma estratégia para dar mais privacidade aos bangalôs.
Figura 36-Presença de vegetação no terreno
Fonte: Acervo Pessoal, 2017
O terreno é formado por 3 testadas frontais e possui as seguintes dimensões:
57,9m, 92,94m, 59,79m e 91,20m. Ademais, ele possui 4 curvas de níveis o que
garante um desnível de 4m do ponto mais alto ao mais baixo.
50
Figura 37-Dimensões do terreno com curvas de nível
Fonte: Prefeitura de Parnamirim (2017) Modificado pela autora
Segundo a NBR 15220/03 (Desempenho térmico de edificações. Parte 3:
Zoneamento bioclimático brasileiro e diretrizes construtivas para habitações
unifamiliares de interesse social), o município de Parnamirim está inserido na Zona
Bioclimática 8 e possui clima quente e húmido, como mostra a imagem a seguir:
Figura 38-Zona Bioclimática 8
Fonte: NBR 15220/03
51
A norma indica diretrizes para melhorar o conforto ambiental dentro das
edificações; dentre essas diretrizes tem-se: grandes aberturas para ventilação e
sombreamento das mesmas e uso de ventilação cruzada. Dessa forma, a análise
da ventilação e insolação que incidem no terreno é de extrema importância para o
desenvolvimento do projeto.
VENTILAÇÃO
Em se tratando da ventilação, o programa utilizado para tal análise foi o SOL-
AR, nele foram estudadas informações geradas para a cidade de Natal, já que não
mostra a cidade de Parnamirim. O gráfico a seguir mostra a intensidade dos ventos
e sua direção. Pode-se observar com a rosa dos ventos que a predominância é de
ventos leste/sudeste na primavera/verão e sul/sudeste no outono/inverno.
Figura 39-Rosa dos ventos na cidade de Natal
Fonte: Software SOL-AR
INSOLAÇÃO
A análise da trajetória solar no terreno foi realizada pelo software
SunEarthTools. Para tal, foram definidas quatro datas específicas, uma em cada
estação do ano. As datas e horários foram definidos a partir dos solstícios e
equinócios do ano de 2017. Com isso, foi possível identificar a incidência solar nas
fachadas e concluir as que foram mais ou menos prejudicadas durante o ano.
52
Figura 40-Percurso solar nos dias 20/03, 21/06, 22/09 e 21/12, respectivamente.
Fonte: https://www.sunearthtools.com
4.2 Condicionantes Legais
4.2.1 Plano diretor de Parnamirim/RN
A Lei Complementar Nº 063, de 08 de março de 2013. (compilada com a Lei
Complementar Nº. 067/2013, 17 de julho de 2013) dispõe sobre o Plano diretor de
Parnamirim e dá outras providencias. Esse, por sua vez, tem o objetivo de orientar
o desenvolvimento das diversas funções da cidade sobretudo através do
planejamento do uso e ocupação do solo, a fim de garantir o bem-estar e a melhoria
da qualidade de vida da população, cumprindo obrigatoriamente a função social da
propriedade e da cidade, como consta no Art.2º Cap1.
De acordo com o macrozoneamento presente no Mapa 1 Anexo 2 (parte
integrante da Lei) o município de Parnamirim é dividido em três zonas: I- Zona
Urbana, II- Zona de Expansão Urbana e III- Zona de Proteção Ambiental. O terreno
escolhido, de acordo com esse mapa, se encontra na primeira zona.
Conforme o zoneamento funcional (Mapa 3.I e 3.II Anexo 2) o terreno se
encontra na Área de Interesse Turístico da Orla Marítima. Nesse sentido, necessita
da adição de normas complementares e específicas para uso e ocupação do solo
conforme consta no quadro a seguir.
53
Tabela 2-Área de interesse turístico
Fonte: Lei complementar nº 063/2013.
Nesse sentido, o coeficiente de aproveitamento básico (índice de utilização)
é de 1, o recuo frontal mínimo é de 3m, o lateral de 1,5m, a ocupação máxima de
70% e a permeabilidade mínima de 20%. Para o controle de gabarito foi analisado
o Mapa 3.I que diz que o terreno se encontra em uma Zona Urbana. Para essa
zona o gabarito máximo é de 7.5m como exemplifica o quadro a seguir.
Tabela 3- Área de controle de gabarito 1 - Orla
Fonte: Lei complementar nº 063/2013.
O artigo 96 traz algumas especificações para o recuo. Um ponto importante
é que quando o projeto previr estacionamento na faixa do recuo frontal, este deverá
medir no mínimo 4,50m (quatro metros e meio). Outro item observado é que as
áreas que podem ocupar o recuo são a guarita, portarias, depósitos, gás e lixo.
Para o cálculo de vagas de estacionamento fica decidido pelo Art.104, § 1º
que são utilizados os parâmetros do Anexo I, Quadro 13.
54
Tabela 4- Cálculo de vaga para estacionamento.
Fonte: Lei complementar nº 063/2013.
Ainda sobre o estacionamento, o quadro 12 do anexo 1 contém o
dimensionamento das formas de acesso a partir do tipo de via e capacidade do
estacionamento. Portanto, como a via é coletora, a quantidade de vagas não
ultrapassa 20, e a testada é maior que 50m a forma de acesso ideal é a opção (c).
Tabela 5- Dimensionamento das formas de acesso.
Fonte: Lei complementar nº 063/2013.
55
Tabela 6- Dimensionamento da forma de acesso.
Fonte: Lei complementar nº 063/2013.
Por fim, a tabela a seguir apresenta um resumo das principais informações
obtidas com o estudo do Plano Diretor do Município.
Tabela 7- Quadro de prescrições urbanísticas.
PRESCRIÇÕES URANISTICAS
Área total do terreno 5.399,21m²
Coeficiente de aproveitamento 1
Recuo Frontal 3m
Recuo Lateral e de fundo 1,5m
Taxa de ocupação máxima 70%
Permeabilidade mínima 20%
Gabarito Máximo 7,5m
Fonte: Lei complementar nº 063/2013.
4.2.2 Código de obras de Parnamirim/RN
O código de obras de Parnamirim é um documento que estabelece normas
que disciplinam a elaboração de projetos e execução de obras na zona urbana, de
expansão urbana e rural.
56
O capitulo III das Normas Genéricas das Edificações traz determinações
sobre Ventilação, Isolação e Iluminação. O artigo 56 relata que para áreas de
dormitório, salas de estar, escritórios, refeitórios e bibliotecas o total da superfície
das aberturas para o exterior, não poderá ser inferior a 1/6 da superfície do piso do
compartimento. Já para áreas de cozinhas, copa e banheiros não poderá ser
inferior a 1/8.
O artigo 59 do capitulo IV traz as áreas, dimensões e pés-direito mínimos
para cada compartimento, como exemplifica o quadro a seguir:
Tabela 8- Dimensões mínimas dos compartimentos.
Fonte: Código de obras de Parnamirim/RN
Tendo em vista que o projeto em questão é uma pousada, a seção II do
capitulo I das Normas Específicas contém algumas condições para a construção
de Hotéis, Pensões, Motéis, Pousadas e Hotéis Residência.
As pousadas devem possuir, no mínimo, as seguintes dependências: a)
Vestíbulo; b) Serviços de portaria, administração, recepção e comunicação; c) Sala
de estar; d) Cozinha para preparo de desjejum (área de 20 m²); e) Dependência
para guarda de utensílios de limpeza e serviços; f) Rouparia; g) Depósito para
guarda de bagagem de hóspedes; e h) Vestiário e sanitário de serviço
Além disso, o terceiro item do artigo 82 diz que os banheiros privativos,
corredores, escadas e galerias de circulação podem ter o pé-direito reduzido até
2,20 m e o sétimo item diz que quando existir lavanderia, essa deverá possuir a
seguintes dependências: a) Depósito de roupa servida; b) Local de lavagem e
secagem de roupa; c) Local para passar ferro; e d) Depósito de roupa limpa.
57
4.2.3 NBR 9050 - Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e
equipamentos urbanos.
Esta Norma estabelece critérios e parâmetros técnicos a serem observados
quanto ao projeto, construção, instalação e adaptação do meio urbano e rural, e de
edificações às condições de acessibilidade.
Alguns dos critérios adotados foram:
- Considera-se o módulo de referência a projeção de 0,80 m por 1,20 m no
piso, ocupada por uma pessoa utilizando cadeira de rodas motorizadas ou não.
- A largura para deslocamento em linha reta de pessoas em cadeira de rodas
é de 90cm.
- As medidas necessárias para a manobra de cadeira de rodas sem
deslocamento, são: a) rotação de 90° = 1,20 m × 1,20 m; b) rotação de 180° = 1,50
m × 1,20 m; c) rotação de 360° = círculo com diâmetro de 1,50 m.
- As medidas necessárias para a manobra de cadeira de rodas com
deslocamento, são exemplificadas a seguir:
Figura 41- Manobra de cadeiras de rodas com deslocamento.
58
Fonte: NBR 9050/2015
- As dimensões mínimas para corredores são: a) 0,90 m para corredores de uso
comum com extensão até 4,00 m; b) 1,20 m para corredores de uso comum com
extensão até 10,00 m; e 1,50 m para corredores com extensão superior a 10,00 m;
- As portas, quando abertas, devem ter um vão livre, de no mínimo 0,80 m de
largura e 2,10 m de altura. Em portas de duas ou mais folhas, pelo menos uma
delas deve ter o vão livre de 0,80 m.
- A dimensão mínima de passeios destinados exclusivamente a circulação de
pedestres deve ser livre de qualquer obstáculo, ter inclinação transversal até 3 %,
ser contínua entre lotes e ter no mínimo 1,20 m de largura e 2,10 m de altura livre;
- As dimensões mínimas para um sanitário e chuveiro acessíveis seguem as
medidas da imagem a seguir:
59
Figura 42- Medidas mínimas de um sanitário acessível.
Fonte: NBR 9050/2015
O item 10.9 da NBR trata de particularidades pertinentes aos locais de
hospedagem, com especificações descritas a seguir:
- Os dormitórios acessíveis com banheiros não podem estar isolados dos demais,
mas distribuídos em toda a edificação.
- As áreas de circulação mínima estão exemplificadas na imagem a seguir:
Figura 43- Dormitório acessível – Área de circulação mínima
Fonte: NBR 9050/2015
4.2.4 Código de segurança contra incêndio e pânico
Esse código busca estabelecer critérios básicos indispensáveis à segurança
contra incêndio nas edificações de todo o Estado do Rio Grande do Norte, de forma
que possa garantir os meios necessários ao combate a incêndio, evitar ou
60
minimizar a propagação do fogo, facilitar as ações de socorro e assegurar a
evacuação segura dos ocupantes das edificações.
O capítulo IV refere-se à classificação das edificações, nele consta que hotéis,
“Apart-hotel” e similares se enquadram no item I- Ocupação Residencial. De acordo
com isso, o capítulo V, Art. 7º apresenta exigências de dispositivos de proteção
contra incêndio de acordo com a área construída e altura da edificação para cada
ocupação desejada.
Como o gabarito máximo permitido pelo plano diretor de Parnamirim para a
área é de 7,5m e a área construída é superior a 750m², o termo que interessa ao
projeto é o seguinte:
II - Edificações com altura inferior a nove metros, com área construída superior
a 750 m2:
a) prevenção fixa (hidrantes);
b) prevenção móvel (extintores de incêndio);
c) sinalização;
d) escada convencional;
4.3 Condicionantes Funcionais
4.3.1 Programa de necessidades e pré-dimensionamento
O programa de necessidades e pré-dimensionamento para a pousada foram
elaborados a partir dos estudos de referência, definições do plano diretor de
Parnamirim LEI nº 1058/2000, LEI COMPLEMENTAR Nº 063, DE 08 DE MARÇO
DE 2013 (compilada com a LEI COMPLEMENTAR Nº. 067/2013), 17 DE JULHO
DE 2013), documento da COVISA sobre arquitetura de restaurantes e pesquisas
em Lawson (2003) e Andrade, Brito e Jorge (2005).
A partir de Andrade, Brito e Jorge (2005) e para auxiliar um melhor
desempenho das habitações temporárias, foram definidas diversas áreas que
variam com o grau de importância para as diversas tipologias, são elas: área de
hospedagem, áreas públicas e sociais, áreas administrativas, áreas de serviço,
áreas de alimentos e bebidas, áreas de equipamentos e áreas recreativas. Foi a
61
partir dessas áreas que foi organizado o programa de necessidades para a
pousada. O quadro a seguir resume o programa de necessidades de acordo com
as áreas já mencionadas.
Tabela 9-Programa de necessidades
PROGRAMA DE NECESSIDADES
Área de hospedagem 7 bangalôs tipo 1 e 7 bangalôs tipo 2
Áreas públicas e
sociais Lobby Restaurante Bar Estacionamento
Áreas administrativas Recepção Gerência
Áreas de serviço Lavanderia Copa/estar Vestiário Depósitos
Áreas de alimentos e
bebidas Cozinha
Áreas de
equipamentos
Casa
de gás
Casa de
lixo Castelo d’agua
Áreas recreativas Piscina Playground
Fonte: Elaborado pela autora
ÁREA DE HOSPEDAGEM
A área de hospedagem da pousada é dividida em dois tipos de bangalôs, os
bangalôs: tipo 1 são térreos, destinados a duas pessoas e compostos por quarto
duplo, banheiro, sala de banho com banheira e varanda; já os bangalôs tipo 2
possuem pavimento superior e são destinados a uma ocupação de até cinco
pessoas, possuindo quarto triplo, banheiro, sala com sofá cama para até duas
pessoas e duas varandas. A tabela a seguir demostra o pré-dimensionamento de
cada um desses tipos.
Tabela 10-Dimensões dos bangalôs
BANGALÔ TIPO 1
CÔMODO ÁREA UNIDADE QUANTIDADE TOTAL
62
Quarto 16,83m² 7 117,81m²
Banheiro 2,78m² 7 19,46m²
Sala de banho 8,23m² 7 57,61m²
Varanda 21,05m² 7 147,35m²
TOTAL - 7 342,23m²
BANGALÔ TIPO 2
CÔMODO ÁREA UNIDADE QUANTIDADE TOTAL
Quarto 19,75m² 7 138,25m²
Banheiro 11,24m² 7 78,68m²
Sala de estar 23,26m² 7 162,82m²
Varanda 1 12,32m² 7 86,24m²
Varanda 2 6,60m² 7 46,20m²
TOTAL - 7 512,19m²
Fonte: Elaborado pela autora
ÁREAS PÚBLICAS E SOCIAIS
As áreas de Lobby, Restaurante e Bar foram dimensionadas segundo
Lawson (2003), Hotéis e Resorts - planejamento, projeto e reforma.
LOBBY
Para dimensionar a área de lobby foi estabelecida uma área de 1,20m² por
bangalô totalizando, assim, uma área mínima de 16,80m² tendo em vista que são
14 bangalôs no total.
RESTAURANTE
Para dimensionar a área de restaurante foi estabelecida uma média de 1,8
assentos por bangalô, totalizando assim 26 assentos. Com isso é considerado
1,8m² por assento, totalizando uma área mínima de 46,8m².
BAR
63
Para dimensionar a área de bar foi estabelecida uma média de 1 assento por
bangalô, totalizando assim 14 assentos. Com isso é considerado 1,5m² por
assento, totalizando uma área mínima de 21m².
ESTACIONAMENTO
Para dimensionar a área de estacionamento foi utilizada a LEI
COMPLEMENTAR Nº 063 que diz que é necessária uma vaga para cada bangalô
mais uma vaga a cada 100m² de área de público conforme demonstra imagem a
seguir.
Tabela 11- Dimensionamento das vagas de estacionamento
Fonte: LEI COMPLEMENTAR Nº 063, DE 08 DE MARÇO DE 2013
Dessa forma, são contabilizadas no mínimo 14 vagas relativas a quantidade
de bangalôs, mais 2 vagas para áreas de público totalizando 16 vagas de
estacionamento no mínimo. Além disso, foi destinada uma baia para parada de
ônibus e duas vagas para van e táxi, área de embarque e desembarque e carga e
descarga também pré-estabelecidas pelas exigências do plano diretor para a
pousada. Ainda de acordo com o Plano Diretor de Parnamirim, cada vaga deve
medir 2,5m X 5m.
Tabela 12-Dimensionamento das áreas públicas e sociais
ÁREAS PÚBLICAS E SOCIAIS
CÔMODO ÁREA UNIDADE QUANTIDADE TOTAL
Lobby 43,36m² 1 43,36m²
Restaurante 103,38m² 1 103,38m²
Bar 45,88m² 1 45,88m²
Estacionamento 12.5m² 20 250m²
64
TOTAL - - 442,62m²
Fonte: Elaborado pela autora
ÁREAS ADMINISTRATIVAS
As áreas de recepção e gerência foram dimensionadas segundo Lawson
(2003), Hotéis e Resorts - planejamento, projeto e reforma.
RECEPÇÃO
Para dimensionar a área de recepção foi estabelecida uma área de 0,50m²
por bangalô totalizando assim uma área mínima de 7m² tendo em vista que são 14
bangalôs no total. Essa área deve conter balcão, circulação para funcionários e
espaço para hóspedes.
GERÊNCIA
Para dimensionar a área de gerência foi estabelecida uma área de 0,30m²
por bangalô totalizando assim uma área mínima de 4,2m² tendo em vista que são
14 bangalôs no total.
Tabela 13- Dimensionamento das áreas administrativas
ÁREAS ADMINISTRATIVAS
CÔMODO ÁREA UNIDADE QUANTIDADE TOTAL
Recepção 7,13m² 1 7,13m²
Gerência 7,15m² 1 7,15m²
TOTAL - - 14,28
Fonte: Elaborado pela autora
ÁREAS DE SERVIÇO
As áreas de lavanderia, copa/estar e depósitos foram dimensionadas
segundo Lawson (2003), Hotéis e Resorts - planejamento, projeto e reforma.
LAVANDERIA
65
Para dimensionar a área de lavanderia foi estabelecida uma área de 0,60m²
por bangalô totalizando, assim, uma área mínima de 8,4m² tendo em vista que são
14 bangalôs no total. A lavanderia conta também com a área de rouparia que exige
uma área de 0,4m² por bangalô totalizando assim uma área mínima de 5,6m².
COPA/ESTAR
Para dimensionar a área de estar dos funcionários foi estabelecida uma área
de 0,60m² por bangalô totalizando uma área mínima de 8,4m² tendo em vista que
são 14 bangalôs no total.
A área de copa foi dimensionada a partir de conhecimentos empíricos
(referências) baseados nas necessidades de infraestrutura/equipamentos do
ambiente.
VESTIÁRIO
Para dimensionar a área de vestiário dos funcionários foi estabelecido uma
área de 0,60m² por bangalô totalizando uma área mínima de 8,4m² tendo em vista
que são 14 bangalôs no total.
DEPÓSITOS
A pousada possui 3 depósitos (bebidas, materiais e bagagem). Para
dimensionar a área dos depósitos, foi estabelecida uma área de 0,50m² por bangalô
totalizando uma área mínima de 7m² para cada depósito, tendo em vista que são
14 bangalôs no total.
Tabela 14- Dimensionamento das áreas de serviço
ÁREAS DE SERVIÇO
CÔMODO ÁREA UNIDADE QUANTIDADE TOTAL
Lavanderia 16,10m² 1 16,10m²
Rouparia 7m² 1 7m²
Copa/estar 59,39m² 1 59,39m²
Vestiários 9,75m² 2 19,5m²
66
Depósito de
bebida 8,46m² 1 8,46m²
Depósito de
materiais 8,46m² 1 8,46m²
Depósito de
bagagem 3,30m² 1 3,30m²
TOTAL - - 122,21m²
Fonte: Elaborado pela autora
ÁREA DE ALIMENTOS E BEBIDAS
COZINHA
Para o dimensionamento da cozinha foi analisado o documento da COVISA
sobre arquitetura de restaurantes. Nele consta que o programa de necessidades
para uma cozinha de restaurante é dividido em três setores: aprovisionamento,
processamento e distribuição. O primeiro contém um programa mínimo composto
por área de recepção e setor de armazenagem. O segundo contém as áreas de
pré-preparo e preparo dos alimentos (preparo, cocção e lavagem). O terceiro está
relacionado ao tipo de sistema escolhido pelo restaurante para servir, caso seja o
de Buffet deve contar com balcões, caso seja à la carte deve contar com área de
montagem de pratos (bancada dentro da própria área de produção).
Tabela 15- Dimensionamento das áreas de alimentos e bebidas
ÁREAS DE ALIMENTOS E BEBIDAS
CÔMODO ÁREA UNIDADE QUANTIDADE TOTAL
Hall 10,50m² 1 10,50m²
Recepção/Controle 8,80m² 1 8,80m²
Despensa 8m² 1 8m²
Preparo 14m² 1 14m²
Cocção 20m² 1 20m²
Lavagem 7,60m² 1 7,60m²
67
Montagem de
pratos 7,50m² 1 7,50m²
Buffet 26,66m² 1 26,66m²
TOTAL - - 103,06m²
Fonte: Elaborado pela autora
ÁREAS DE EQUIPAMENTOS
CASA DE GÁS E CASA DE LIXO
Ambos foram dimensionados a partir de conhecimentos empíricos baseados
nas necessidades de infraestrutura de cada um.
CASTELO D’AGUA
A capacidade do castelo d’água foi calculada conforme explicado no capitulo
5. Sabendo que o volume de água fria do reservatório possui 28000L (28m³) e que
o formato escolhido foi o de um cilindro. As formulas usadas para encontrar a
medida ideal do reservatório foram V=h.π.r² (volume do cilindro) e A= π.r² (Área de
círculo).
Tabela 16- Dimensionamento das áreas de equipamentos
ÁREAS DE EQUIPAMENTOS
CÔMODO ÁREA UNIDADE QUANTIDADE TOTAL
Casa de gás 8,24m² 1 8,24m²
Casa de lixo 6m² 1 6m²
Castelo d’agua 4,90m² 1 4,90m²
TOTAL - - 19,14m²
Fonte: Elaborado pela autora
ÁREAS RECREATIVAS
A área de piscina foi dimensionada segundo Lawson (2003), Hotéis e
Resorts - planejamento, projeto e reforma.
68
PISCINA
Uma das grandes atrações dos meios de hospedagem são as piscinas, além
do uso recreativo elas são locais de tomar banho de sol ou apenas admirativas. Na
maioria das vezes possuem formato livre, diversas profundidades e com área
mínima de 120m² para grandes hotéis.
PLAYGROUND
A área de playground possui área variável, dependendo dos equipamentos
de recreação.
Tabela 17- Dimensionamento das áreas recreativas
ÁREAS RECREATIVAS
CÔMODO ÁREA UNIDADE QUANTIDADE TOTAL
Piscina 211,84m² 1 211,84m²
Playground 15,5m² 1 15,5 m²
TOTAL - - 231,34 m²
Fonte: Elaborado pela autora, 2017.
4.3.2 Fluxograma
De acordo com Andrade, Brito e Jorge (2005) e Lawson (2003) foi realizado
um fluxograma para entender o acesso de hóspedes e de funcionários às diversas
áreas e, a partir disso, a necessidade de proximidade entre cada uma delas. Com
esse fluxograma foi possível desenvolver o zoneamento e futuramente a
implantação.
Alguns pontos foram levados em consideração, como:
- O lobby funciona como eixo das atividades do hotel, dando acesso a todos
ou a maioria dos recursos de uso comum, assim como aos bangalôs.
- O restaurante e o bar, além de estarem integrados ao lobby, devem ter fácil
acesso à rua.
- A área de recepção deve se comunicar diretamente com a área de
administração.
69
- O acesso de empregados deve ser feito por uma entrada independente e
exclusiva.
- Os vestiários devem ser localizados tão próximos quanto possível da
entrada dos funcionários.
Figura 44- Fluxograma
Fonte: Elaborado pela autora, 2017.
4.3.3 Zoneamento
O zoneamento foi pensado levando em consideração, principalmente, as
necessidades descritas no fluxograma e aspectos ambientais. Em relação aos
aspectos ambientais, é sabido que na região metropolitana de Natal o sol nasce a
Leste e se põe a Oeste e os ventos predominantes vêm do Sudeste, além disso, foi
previsto que as áreas construídas evitassem ao máximo ocupar espaços onde
existem árvores de grande porte atualmente.
70
A imagem a seguir mostra a evolução do zoneamento; a principal mudança
foi o restaurante que ficava com sua abertura principal para oeste. Com isso, sentiu-
se necessidade de trocar de posição a cozinha com a área de funcionário, visto que
são duas áreas que precisam estar próximas e também porque a área de
funcionários estava, praticamente, toda voltada para oeste. A área dos bangalôs
que ficava ao sul do terreno mudou de lugar devido ao dimensionamento da área
necessária para comportá-los.
Figura 45- Primeiro e segundo zoneamento, respectivamente.
Fonte: Elaborado pela autora, 2017.
A partir desse zoneamento inicial em nível de implantação, é que se partiu,
então, para a definição de um conceito que pudesse nortear o partido arquitetônico
e o desenvolvimento da proposta, conforme detalhado no próximo capítulo.
71
5 CONCEPÇÃO E DESENVOLVIMENTO DA PROPOSTA
Nesse capitulo, serão apresentados o conceito e o partido arquitetônico
adotados, bem como os estudos de implantação e volumétricos. Ademais, serão
descritos os princípios de sustentabilidade adotados e qual sistema da
bioconstrução foi utilizado. Além disso, serão detalhadas, no memorial descritivo,
todas as demais etapas necessárias para se alcançar o resultado final da proposta
arquitetônica.
O processo concepção e desenvolvimento projetual foram embasados em
autores como Elvan Siva (1998), Edson Mahfuz (1995) e Laert Neves (1989).
De acordo com Elvan Silva (1998), não podemos avaliar apenas o produto final,
mas também o processo de projeto. Esse processo projetual se inicia com uma
problemática e progride a uma proposta de solução. As etapas por ele descritas
são três: estudo preliminar, anteprojeto e o projeto executivo. A proposta desse
projeto será em nível de anteprojeto, logo, para ser completo deve conter: definição
volumétrica, zoneamento, enquadramento no terreno, tipologia
construtivo/estrutural, geometria dos espaços, configuração das aberturas,
articulação das funções, indicação do equipamento, solução plástica,
relacionamento com o entorno, acessos, tratamento do espaço externo, memorial
explicativo, esboço das especificações, tabela enunciativa das áreas, entre outros.
Já Edson Mahfuz (1995) trata essencialmente das relações entre partes e todo
na composição arquitetônica, com objetivo de entender como informações
preliminares se “transformam” em um projeto arquitetônico. O autor afirma que, na
composição arquitetônica, o sentido de progressão é das partes para o todo, e não
o contrário.
5.1 Conceito e partido arquitetônico.
Laert Neves (1989) apresenta passos fundamentais para a concepção do
conceito e do partido arquitetônico, a partir da ideia preliminar do edifício projetado.
Para ele, “a questão essencial para o projetista é saber como transformar as ideias
em projeto”, ou seja, o conceito em partido, que é a espacialização do conceito. O
conceito pode ser até abstrato, mas o partido é concreto, representado essa ideia
central no plano bi ou tridimensional.
72
Nesse sentido, o conceito adotado para elaboração da pousada é o de
árvore. A árvore é um vegetal de tronco lenhoso cujos ramos só saem a certa altura
do solo; estes por sua vez se ramificam em vários outros de onde nascem os frutos.
A árvore parte de um único ponto central que é sua raiz, cuja função principal é
retirar a água e os nutrientes que a planta precisa do solo. Além da árvore ser um
vegetal que se auto alimenta, ela desempenha um importante papel na produção
de oxigênio e, a partir dela, obtemos matéria-prima como a madeira e celulose. Por
fim, a árvore traz a concepção de abrigo, a partir de suas grandes copas passando
a ideia de acolhimento e aconchego.
Assim, esse conceito de árvore rebate em soluções projetuais representadas
na tabela a seguir.
Tabela 18- Conceito X Partido
CONCEITO PARTIDO
Raiz Lobby Ramificações Caminhos
Frutos Bangalôs Auto alimentação Sustentabilidade
Abrigo Charme
Fonte: Elaborado pela autora, 2017.
Portanto, é possível observar que a raiz da árvore está relacionada ao lobby
da pousada, pois ela é o ponto central de onde parte todas as outras partes da
árvore, assim como o lobby é o eixo das atividades do hotel, de onde tem acesso
a todos os outros ambientes. Os galhos que se ramificam até os frutos são
representados pelos caminhos da pousada que partem do lobby até os bangalôs.
A função de árvore como vegetal que se auto alimenta absorvendo todos os
nutrientes que precisa do solo, e, ainda assim, produz e libera oxigênio contribuindo
com a sobrevivência do planeta, está relacionada com o fato da proposta da
pousada ser baseada em princípios sustentáveis, como, por exemplo, o
aproveitamento de agua da chuva e uso de placas solares para aquecimento de
agua. Por fim, a ideia de abrigo remete ao conceito de charme com uso de materiais
(como a madeira e o adobe), cores (branco e marrom) e soluções paisagísticas
(presença marcante de vegetação nativa e jardins verticais) que, trabalhando em
conjunto, proporcionam a ideia acolhimento e aconchego.
73
5.2 Evolução da proposta
O elemento base do projeto são os bangalôs; a partir da solução interna e
formal desse elemento é que se desenvolveu a identidade visual da pousada.
Como já dito no programa de necessidades, os bangalôs tipo 1 contem
varanda, quarto, sala de banho e banheiro. Sua orientação foi definida,
principalmente, pela necessidade da cobertura ser orientada norte/sul para correta
colocação das placas solares. Grandes aberturas de vidro e madeira foram
utilizadas para permitir diálogo visual com o entorno e favorecer a ventilação
cruzada.
Os bangalôs foram pensados de forma que tivessem harmonia nos materiais
e mobiliário e que transmitissem conforto, aconchego para alcançar, assim, o
charme desejado. Dessa forma, foi elaborado um painel conceito com as ideias
principais para ambos os bangalôs: piso em madeira, telha branca com
madeiramento aparente, paredes em adobe pintadas de branco e mobiliário
especifico.
Figura 46- Painel Conceito Bangalô tipo 1
Fonte: Elaborado pela autora, 2017.
74
Figura 47- Painel Conceito Bangalô tipo 2
Fonte: Elaborado pela autora, 2017.
A configuração interna do quarto foi baseada no livro “Hotel, Planejamento e
Projeto” de Andrade, Brito e Jorge, que diz que a largura mínima é de 3,30m e a
ideal é 3,80m para garantir mais conforto aliado à economia e para quartos maiores,
com área de estar, por exemplo, é preferível aumentar o comprimento. As imagens
a seguir mostram a configuração final do layout interno de cada um dos tipos de
unidades habitacionais da pousada.
75
Figura 48- Layout padrão e acessível do Bangalô tipo 1
Fonte: Elaborado pela autora, 2017.
Figura 49- Layout padrão e acessível do Bangalô tipo 2
Fonte: Elaborado pela autora, 2017.
5.3 Evolução da implantação
A implantação surgiu a partir da combinação dos estudos anteriores
(programa de necessidades e pré-dimensionamento, fluxograma combinado com
zoneamento e, por fim, definições de conceito e partido).
Foi a partir do conceito de árvore associado à ideia de que o lobby funciona
como ponto principal da pousada (raiz) conectado a todas as outras partes, que se
76
direcionou o estudo de implantação. O lobby foi posicionado centralizado com a
entrada e, partir dele, foi criado um eixo principal, remetendo ao tronco da árvore,
de onde saem os galhos, que são os caminhos que percorrem todo o projeto. Ao
centro se posicionou a área de lazer com a piscina (espaço de grande importância
para o bem-estar dos hóspedes) que dialoga, a partir da forma, com esse eixo
central, pois ela funciona como o elemento água, nutridor da árvore. Nesse sentido,
foram posicionados os outros blocos de modo que respeitassem as questões de
insolação e ventilação, bem como as necessidades de circulação resolvidas no
fluxograma.
As imagens a seguir mostram a evolução da implantação com sua primeira
proposta apresentada na pré-banca e a configuração atual. Pode-se perceber que
as modificações sugeridas na pré-banca no sentido de dar mais organicidade aos
caminhos, bem como procurar uma solução que proporcione mais privacidade aos
bangalôs foram de fundamental importância para uma melhor configuração do
projeto. Além disso, os acessos foram reduzidos de quatro a três, sendo estes a
entrada principal, o acesso de funcionários e o de carga e descarga facilitando,
dessa forma, o controle de quem entra e sai da pousada.
Figura 50- Implantação inicial
Fonte: Elaborado pela autora, 2017.
77
A topografia do terreno foi de fundamental importância para algumas soluções
projetuais, definição dos caminhos e posição dos blocos. Todos os caminhos estão
seguindo as indicações da NBR 9050/15. Além disso, foi pensado em uma borda
infinita para a piscina, visto que, depois de posicionada percebeu-se um desnível
entre sua parte mais alta e o caminho de acesso aos bangalôs tipo 2, a imagem a
seguir ilustra a solução adotada, que além de tudo proporcionou mais calmaria e
tranquilidade para quem passa por ali.
Figura 51- Vista da borda infinita da piscina.
Fonte: Elaborado pela autora, 2017.
Como o terreno não permite vista para o mar, apesar da proximidade, os
bangalôs foram posicionados de modo que alguns tivessem vista para a área de
lazer e outros para o jardim (Figura 52), o conforto visual, nesse sentido, se dá a
partir da grande presença de vegetação nativa e uso de materiais como a madeira.
Além disso, sua posição foi pensada de modo que evitasse ao máximo ocupar
espaços onde já existiam árvores.
Figura 52- Vista para piscina e para o jardim, respectivamente.
Fonte: Elaborado pela autora, 2017.
Os bangalôs tipo 1 foram posicionados de forma que tivessem o maior
espaçamento entre eles, já que o público alvo são casais que, na maioria das vezes,
procuram mais privacidade. Contudo, devido ao tamanho do terreno e respeito aos
78
recuos de 3m, visto que o terreno tem três faces voltadas para a rua, e a
implementação das calçadas em todas as ruas, a proximidade entre os bangalôs
foi inevitável. Mas, para manter a privacidade visual, foi feito uso da vegetação já
existente entre eles e criado um tipo de brise fixo entre os pilares inclinados para
colocação de um jardim vertical. Assim, um bangalô não tem vista direta para áreas
privativa do outro. A imagem a seguir exemplifica essa solução.
Figura 53- Detalhe do brise fixo com jardim vertical.
Fonte: Elaborado pela autora, 2017.
Os bangalôs tipo 2 foram posicionados a Leste do terreno e próximos a piscina
e playground, visto que, eles são destinados ao alojamento de famílias com até 5
pessoas. Apesar de aproveitar a fachada oeste para localização do banheiro no
pavimento superior, a sua varanda de entrada ficou desprotegida e nesse sentido
que foi pensado em um brise, em madeira, de correr que vai do chão ao teto da
varanda como mostra a imagem a seguir.
Figura 54- Detalhe do brise móvel do bangalô tipo 2.
Fonte: Elaborado pela autora, 2017.
Por fim, o bloco do restaurante foi localizado próximo à entrada, visto que,
além de permitir o acesso aos hóspedes, ele permite a entrada de visitantes sem
79
que passem por dentro da pousada necessariamente. Sua orientação, a princípio,
estava desfavorecida e suas aberturas pegando insolação vinda de oeste, assim,
foi melhor localizado no outro lado do terreno para, além de protegê-lo da insolação,
não ter vista direta para áreas intimas e de lazer da pousada.
Figura 55- Localização do restaurante e acesso dos visitantes e hóspedes.
Fonte: Elaborado pela autora, 2017.
5.4 Estudo Volumétrico
Não houve grandes modificações da volumetria dos bangalôs desde a sua
concepção inicial, foram feitas apenas pequenas alterações em fachadas, detalhes
e coberturas em busca de resultado estético. A ideia principal foi a de projetar
blocos elevados do solo, com cobertura em borboleta, grandes beirais sobre
varandas e pilares inclinados de apoio a essa cobertura. Essas resoluções foram
formalmente dominantes e se mantiveram presentes ao longo da evolução da
proposta.
A decisão de adotar edificações elevadas surgiu a partir dos estudos de
referência que mostraram uma grande vantagem dessa solução pelo respeito à
topografia local e diminuição da humidade, além de ser um ponto esteticamente
positivo.
80
Figura 56- Bangalô tipo 1
Fonte: Elaborado pela autora, 2017.
A cobertura borboleta, ou em forma de V, surgiu a partir de referências formais
como a Casa Tropical do Camarim Arquitetos localizada no Ceará. Esse tipo de
cobertura, além de garantir imponência e trazer a ideia de acolhimento com os
brande beirais, facilita no recolhimento de águas da chuva, com uma única calha
central.
Figura 57- Casa Tropical - Camarim Arquitetos
Fonte: www.archdaily.com.br/br/01-3401/casa-tropical-camarim-arquitectos
Já o bloco “retangular”, com os pilares inclinados em madeira apoiando a
cobertura, foi inspirado no projeto de sala de aula “A kit os parts” do Studio Janzen
em Los Angeles.
81
Figura 58- “A kit os parts” - Studio Janzen.
Fonte: http://www.archdaily.com.br/br/762434/a-kit-of-parts-uma-sala-de-aula-pre-
fabricada-por-studio-jantzen.
Essa combinação resultou em um perfil com apelo rústico (uso da madeira
com paredes em adobe) e manifestações da arquitetura contemporânea. Os brises
inclinados fixos, caramanchão em madeira, presença de bambu, paredes de adobe
pintadas de branco e telhando branco com madeiramento se encontram repetidos
em grande parte do projeto, definindo sua identidade visual.
As imagens a seguir mostram como a volumetria e elementos do bangalô se
refletiram no projeto como um todo conferindo harmonia à pousada.
Figura 59- Entrada da Pousada Acayu.
Fonte: Elaborado pela autora, 2017.
82
Figura 60- Uso dos brises fixos e caramanchão.
Fonte: Elaborado pela autora, 2017.
Figura 61- Vista da área de lazer.
Fonte: Elaborado pela autora, 2017.
Figura 62- Bangalôs com vista para piscina.
Fonte: Elaborado pela autora, 2017.
83
5.5 Princípios sustentáveis e sistema de bioconstrução adotados
Os princípios de sustentabilidades e bioconstrução adotados foram
separados por categorias: Materiais, Energia, Água, Resíduos e outras soluções.
5.5.1 Materiais
Em relação aos materiais adotados foram utilizado, preferencialmente,
materiais locais. O primeiro foi a terra que possui um baixo impacto ambiental e é
bastante abundante, ela pode ser utilizada de diversas formas e suas construções
proporcionam ambientes agradáveis com o controle da entrada e saída de calor e
umidade. O sistema adotado para as paredes foi o adobe, que se baseia num bloco
de terra moldado em fôrmas de madeira e seco ao sol, formado por agua, palha,
terra crua e fibras naturais.
Sua principal vantagem é ser um material sustentável, não necessita de
grande quantidade de energia para sua produção e funciona como excelente
isolante térmico. A desvantagem desse tipo de construção é que precisa ser
protegida de humidade, no projeto da pousada os bangalôs são elevados do solo
e nos blocos que não são elevados, a fundação é feita com pedra (baldrame) para
evitar o contato das paredes com a umidade do solo. A disposição dos tijolos é
organizada de modo que a alvenaria fique travada, podendo ser executada de
diferentes maneiras.
O segundo material utilizado foi a pedra, além de ser utilizada na fundação
das alvenarias de adobe, ela foi aplicada nos muros da pousada. A técnica utilizada
para confecção dos muros foi a de gabião, que são “gaiolas” de arame preenchidas
com pedra. Eles são utilizados desde o século XIX e vem surgindo como tendência
em projetos de arquitetura desde fachadas ao paisagismo.
Além do enfoque sustentável pelo uso de pedras locais, é possível garantir
um bom apelo estético a partir da escolha das pedras. As mais utilizadas são pedras
britada ou rolada e devem ser maiores que os vão da tela. A imagem a seguir
mostra como seria esse muro de gabião.
84
Figura 63- Uso de gabião em muro.
Fonte: https://www.hometeka.com.br/inspire-se/o-que-e-gabiao-inspire-se-com-12-
projetos-de-arquitetura-e-construcao/#jp-carousel-30824
O terceiro material utilizado foi a madeira, matéria prima abundante em muitos
lugares e se utilizada de maneira consciente, pode ser considerada um recurso
renovável. Ao optar por utilizar a madeira local se deve atentar para um
planejamento de manejo sustentável. Caso se utilize madeira de fora, deve
observar se seu sistema de exploração respeita o meio ambiente.
A madeira utilizada no projeto é madeira reflorestada, como o eucalipto, que
é muito usado na construção civil como parte estrutural, assim como utilizada no
projeto, e concebe um visual mais rustico. As condições climáticas do brasil
favorecem o seu rápido crescimento. Além desse tipo de madeira foi utilizado o
bambu, como madeira ecológica local. O bambu tem rápido crescimento e suas
raízes fazem a planta se regenerar sem ser destruída, o que o torna auto renovável.
Figura 64- Combinação de madeira reflorestada e bambu.
Fonte: Elaborado pela autora, 2017.
5.5.2 Energia
Em se tratando de energia, e como já foi exposto no capitulo 3, para se chegar
a um conceito de eficiência energética é importante utilizar dispositivos mais
85
eficientes, como por exemplo, geladeiras, freezers, lâmpadas e outros
equipamentos que garantam o selo Procel. Ademais, foi utilizado o sistema de
aquecimento solar de água. Não foram adotadas as placas fotovoltaicas para
produção de energia, visto que, ainda tem grande desvantagem devido ao seu alto
custo.
Como é sabido, para a correta colocação das placas solares elas devem estar
orientadas para o norte geográfico e inclinadas a latitude local mais 10 graus. Essas
especificações foram definidoras da orientação e inclinação do telhado, como a
latitude local é de 5 graus aproximadamente, a cobertura teria que ter quase 15
graus de inclinação o que corresponde a 25%.
A imagem a seguir mostra as placas solares para aquecimento de água nas
coberturas de cada bangalô com sua correta orientação.
Figura 65- placas solares nas coberturas.
Fonte: Elaborado pela autora, 2017.
5.5.3 Água
Para a correta gestão de agua, foi utilizado tanto o sistema de reuso de águas
cinzas quanto o de aproveitamento de aguas da chuva. Mesmo sabendo que na
localidade onde será prevista a pousada não tem uma constante vazão de chuvas,
o telhado em forma de V favorece a captação da mesma, que será utilizada na
irrigação e limpeza de áreas externas.
Como já mencionado no capitulo 3, a água pluvial, quando coletada pelos
telhados, é descartada seus 5 primeiros minutos devido a limpeza que fez no
telhado e após isso passa por um processo de filtragem. Esse desvio das primeiras
86
chuvas pode ser realizado com um desviador confeccionado com tubos e conexões
de PVC como a imagem a seguir.
Figura 66- desviador das primeiras aguas.
Fonte: Notas de Aula da Disciplina de Instalações I CAU/UFRN
O sistema de tratamento das aguas cinzas (reuso) é bem simples. O efluente
oriundo de aguas de chuveiro e lavatórios passa por um filtro com múltiplas
camadas (Imagem 67) ele pode ser confeccionado com um barril plástico e
agregados específicos.
Figura 67- sistema de filtro para aguas cinzas.
Fonte: Notas de Aula da Disciplina de Instalações I CAU/UFRN
A localização tanto da estação de tratamento das aguas pluviais e de aguas
residuais, será em um espaço destinado próximo ao castelo d’agua como
demarcado na imagem a seguir.
87
Figura 68- Localização das estações de tratameto.
Fonte: Elaborado pela autora, 2017.
Além dos métodos de reaproveitamento é possível fazer o uso racional de
água na pousada a partir de equipamentos que proporcionem a redução do seu
consumo. Nos banheiros foram indicadas bacias sanitárias com volume nominal de
seis litros e com duplo acionamento (3/6 L), torneiras de fechamento automático,
dispositivos economizadores arejadores que proporcionam melhor dispersão do
jato em torneiras e registros reguladores de vazão.
5.5.4 Resíduos
Algumas soluções de gerenciamento de resíduos foram adotadas além do
controle de resíduos em canteiros de obra, a indicação de materiais de maior
durabilidade como madeiras resistentes foi uma das soluções. Além disso, os
resíduos gerados serão encaminhados para reuso ou reciclagem.
5.5.5 Piscina ionizada
Uma ótima solução encontrada para as piscinas que dialoga diretamente com
os princípios de sustentabilidade do projeto, é o uso de uma piscina ecológica.
Essas piscinas possuem diferentes sistemas de purificação, como as piscinas
salinizadas, ionizadas e biológicas.
A piscina biológica apesar de possuir um sistema de tratamento interessante
com o uso de plantas aquáticas, possui a desvantagem de, possivelmente,
aparecer anfíbios nela e isso se tornar algo desagradável para alguns hóspedes.
88
O sistema que mais se adequou as necessidades da pousada, e que pode
proporcionar mais conforto aos hóspedes, foi a piscina ionizada que substitui o uso
de cloro por ozônio no combate aos microrganismos.
5.6 Sistema Hidráulico
O sistema para armazenamento de agua foi baseado na Torre Sustentável,
projeto vencedor do prêmio Holcim Bronze Latinoamérica 2008 do LABEE/UFSC.
Esse tipo de sistema se baseia em um castelo d’água em formato cilíndrico que
possui o reservatório de agua potável na sua parte superior e o reservatório de
aguas pluviais e de reuso em sua parte inferior. Uma área técnica em forma de
semicilindro é localizado em sua lateral por onde passam todas as tubulações
necessárias. Na Torre sustentável, o castelo foi utilizado também como suporte
para o sistema de aquecimento solar. Contudo, no projeto da pousada, as placas
solares já foram distribuídas pelas coberturas dos bangalôs.
Figura 69- Torre Sustentável.
Fonte: Notas de Aula da Disciplina de Instalações I CAU/UFRN
A capacidade desse reservatório foi calculada com base no livro Instalações
Hidráulicas e Sanitárias de Hélio Creder. Nesse sentido foi calculado a capacidade
necessária para abastecer os bangalôs, lavanderia, restaurante e demais áreas
comuns chamadas de salas de hotéis
Para as áreas dos bangalôs, foi adotado 120L por hóspede, sabendo que a
capacidade máxima é de 49 hóspedes, a capacidade total para esse fim é de
5.880L.
Para a área de lavanderia, o livro Hotéis e Resorts de Fred Lawson adota o uso
de 4,5kg de roupa por apartamento, visto que, são 14 apartamentos no total, a
89
quantidade de roupas é de 63kg. Nesse sentido, a capacidade de agua para esse
fim foi calculada sabendo que é adotado 30L de agua para cada kg de roupa seca
totalizando 1.890L.
Para área de restaurante é adotado 1 pessoas para cada 1,40m² de área, assim
é encontrado um total de 74 pessoas, visto que a área do restaurante corresponde
a 103,38m². Com isso, pode-se calcular a capacidade de agua para esse fim
sabendo são realizadas 3 refeições por dia e utilizados 25L de agua por refeição,
totalizando, dessa forma, 5.550L de agua por dia.
Por fim, para as áreas ditas como salas de hotéis é adotado 1 pessoa para
cada 5,50m² de área totalizando 18 pessoas, visto que são 94,54 m² de área. Para
esse cálculo foi adotado que cada pessoa utiliza 50L de agua por dia, totalizando
900L.
O consumo diário total a partir da somatória de todas essas áreas é de 14.220L.
Como já foi visto no item de código de segurança contra incêndio é necessário
deixar uma reserva técnica de 20% para o combate contra incêndio devido a
necessidade de hidrantes. Essa reserva totaliza 2.844L, que somado a capacidade
diária calculada anteriormente, totaliza 17.064 litros por dia.
A dimensão do reservatório é sempre calculada para dois dias, portanto uma
média de 35.000L de agua é necessária. Além do castelo d’agua, foi implementada
uma caixa d’água de 500L em cada bangalô, para facilitar a gestão de agua e
diminuir a dimensão do reservatório principal. Como são 14 bangalôs no total, foi
reduzido um total de 7.000L do castelo d’água totalizando um reservatório de água
potável para 28.000L.
5.7 Especificação de materiais
Para a especificação dos materiais utilizados no projeto, foi elaborado ainda
no início de concepção projetual, uma tabela elaborada pela professora Edna
Moura para definir as intenções que os materiais escolhidos devem transmitir no
projeto.
Tabela 19- Quadro de expressão construtiva.
Expressão Construtiva
LEVE X PESADA
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ESBELTA X ROBUSTA
ESTÁVEL X INSTÁVEL
APARENTE X OCULTA
SIMPLES X COMPLEXA
CONVENCIONAL X OUSADA
VERTICAL X HORIZONTAL
BELA X FEIA
ORDENADA X CAÓTICA
RÍGIDA X FLEXIVEL
ORTOGONAL X CURVO
ACONCHEGANTE X HOSTIL
COLORIDA X MONOCROMÁTICO
MAT.NATURAIS X INDUSTRIALIZADO
RÚSTICO X URBANO
Fonte: Elaborado por Edna Moura e adaptado pela autora, 2017
5.7.1 Esquadrias
Todas as esquadrias são elaboradas em madeira de demolição e vidro.
5.7.2 Cobertura
Para a cobertura foi utilizado a Telha Termoroof da Danica, esse tipo de telha
dispensa o uso de forro, são telhas termo acústicas, garantem até 70% de
economia na estrutura por serem mais leves, são resistentes e duráveis, além de
garantir o acabamento desejado branco com o madeiramento aparente. A imagem
a seguir demonstra o modelo das placas e o tipo de encaixe utilizado.
Figura 70- Detalhe Telha Termoroof da Danica.
Fonte: Catalogo da danica.
91
5.7.3 Pisos
Para os pisos da área externa, foi indicado o Ecoblock, que é uma ecomadeira
maciça, reciclada e reciclável, resultado de transformação de resíduos. Substitui a
madeira natural em sua aplicação e aparência, além de contribuir para a limpeza
do meio ambiente.
Figura 71- Uso do Ecoblock em decks.
Fonte: http://www.ecoblock.ind.br/#spucontentspu594011f72b24d
5.7.4 Piscina
Para revestimento da piscina foi utilizado o piso cerâmico da Portobelo 4,5X
4,5 cm nas cores Glam Mirtilo para partes mais fundas e Matt Branco para as partes
mais rasas.
Figura 72- Glam Mirtilo e Matt Branco
Fonte: https://www.portobello.com.br/produtos/revestimento-interno-piscinas
92
Figura 73- Vista da piscina.
Fonte: Elaborado pela autora, 2017.
Figura 74 – Vista da piscina.
Fonte: Elaborado pela autora, 2017.
93
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O trabalho aqui desenvolvido baseou-se em elaborar uma proposta de projeto em
uma área pouco explorada no curso de Arquitetura. Além disso, houve uma
preocupação em adaptar esse aos princípios sustentáveis almejados. Nesse
contexto, esses dois fatores se apresentaram como os maiores desafios
encontrados no processo projetual.
Foi necessário um estudo aprofundado sobre as estratégias ambientais para que
essas fossem aplicadas ao projeto de uma pousada de charme. Somado a isso, foi
de extrema importância adequar esse projeto de forma a garantir o charme,
conforto e bem-estar dos hóspedes.
Fazendo uso de materiais ecológicos, placas solares, sistemas bioconstrutivos,
entre outras estratégias ambientais, além do intenso uso do paisagismo, com
vegetações nativas, agradável área de lazer, permeabilidade visual permitindo
vistas para jardins e áreas comuns da pousada, foi possível alcançar de forma
satisfatória as condicionantes previamente aplicadas a esse projeto.
Sendo assim, todo a análise realizada e a sua aplicação mostrou a importância de
um estudo minucioso das temáticas aplicadas ao projeto, e, dessa forma, o trabalho
se mostra de suma importância para a vida profissional na arquitetura. Da mesma
forma, espera-se que o trabalho aqui apresentado seja exemplo de como uma boa
arquitetura pode ser aliada à preocupação ambiental.
94
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planejamento e projeto. 3ª ed. São Paulo/SP: Editora Senac São Paulo, 2001.
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mais sustentável. São Paulo: Páginas & Letras - Editora e Gráfica, 2010.
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2005.
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95
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